MICHELE RAYANE DA SILVA MANUTENÇÃO COMO FATOR …

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MICHELE RAYANE DA SILVA MANUTENÇÃO COMO FATOR DETERMINANTE NO DESEMPENHO DAS EDIFICAÇÕES HABITACIONAIS NBR 15575:2013 NATAL - RN 2018 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

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MICHELE RAYANE DA SILVA

MANUTENÇÃO COMO FATOR DETERMINANTE

NO DESEMPENHO DAS EDIFICAÇÕES

HABITACIONAIS – NBR 15575:2013

NATAL - RN

2018

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

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MICHELE RAYANE DA SILVA

Manutenção como fator determinante no desempenho das edificações

Habitacionais – NBR 15575:2013

Trabalho de Conclusão de Curso na

modalidade Monografia, submetido ao

Departamento de Engenharia Civil da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

como parte dos requisitos necessários para

obtenção do Título de Bacharel em Engenharia

Civil.

Orientadora: Profa. Dra. Jaquelígia Brito da

Silva

NATAL - RN

2018

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede

Silva, Michele Rayane.

Manutenção como fator determinante no desempenho das

edificações habitacionais - NBR 15575:2013 / Michele Rayane

da Silva. - 2018.

67 f.: il.

Monografia (graduação) - Universidade Federal do Rio

Grande do Norte, Centro de Tecnologia, Curso de Engenharia

Civil. Natal, RN, 2018.

Orientador: Profa. Dra. Jaquelígia Brito da Silva.

1. Engenharia civil - Monografia. 2. Edificações

habitacionais - desempenho - Monografia. 3. Norma de

Desempenho - análise - Monografia. I. Silva, Jaquelígia Brito

da. II. Título.

RN/UF/BCZM CDU 624

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Michele Rayane da Silva

Manutenção como fator determinante no desempenho das edificações

Habitacionais – NBR 15575:2013

Trabalho de conclusão de curso na modalidade

Monografia, submetido ao Departamento de

Engenharia Civil da Universidade Federal do

Rio Grande do Norte como parte dos

requisitos necessários para obtenção do título

de Bacharel em Engenharia Civil.

Aprovado em dia 26 de novembro de 2018.

___________________________________________________

Profa. Dra. Jaquelígia Brito da Silva – Orientador

___________________________________________________

Prof. Dr. Marcos Lacerda Almeida – Examinador interno

___________________________________________________

Profa. Dra. Jozilene de Souza – Examinador externo

Natal-RN

2018

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DEDICATÓRIA

Aos meus pais, Manoel e Joselia, pois sempre acreditaram e

incentivaram para eu seguir os meus sonhos.

.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus amigos e colegas de curso, em especial a Jiullia, Laura e Maria,

pelo apoio e incentivo incondicional durante o processo de graduação, não apenas pelas

contribuições acadêmicas, as quais me sinto em profunda dívida, mas pela nossa amizade.

As minhas professoras Fernanda Mitelbach e Micheline Damião, deixo minha

admiração, meu carinho e minha gratidão, vocês foram fundamentais para eu ter chegado até

aqui, agradeço em especial a minha professora e orientadora Jaquelígia Brito da Silva, pela

sua valiosa orientação, pelo apoio e confiança passados, ela transmite paz e isso fez toda

diferença no decorrer deste trabalho.

A Universidade Federal do Rio Grande do Norte e todo o corpo docente pelos

conhecimentos transmitidos e pala enorme contribuição profissional.

Aos meus pais e familiares que me compreenderam e me apoiaram em todos os

momentos no decorrer da minha graduação.

Finalmente a Deus, que estou certa, esteve sempre presente ao meu lado cuidando de

cada detalhe deste sonho realizado.

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RESUMO

SILVA, Michele Rayane. Manutenção como fator determinante no desempenho das

edificações habitacionais – NBR 15575:2013

A indústria da construção civil tem muita importância na economia brasileira, pois

possui uma enorme participação no seu PIB (Produto Interno Bruto), com elevado volume de

recursos financeiros mobilizando a cadeia produtiva do setor, e por isso é um dos setores

responsável pela geração de muitos empregos, devendo-se manter estabilizada para garantir o

crescimento do país. Devido às constantes mudanças do setor e com o avanço na produção de

edificações, tem sido exigido cada vez mais qualidade das mesmas, e nesse contexto surge à

norma da ABNT NBR 15575:2013 “Desempenho de Edificações Habitacionais”, ou como é

popularmente conhecida, Norma de Desempenho, cujo objetivo principal é a reestruturação

do setor através de seus requisitos mínimos de desempenho. Como as normas ABNT NBR

5674:2012 – “Manutenção de edificações”, NBR 14037:2014 – “Diretrizes para elaboração de

manuais de uso, operação e manutenção das edificações – Requisitos para elaboração e

apresentação dos conteúdos”, NBR 16280:2015 – “Reforma em edificações – Sistema de

gestão de reformas – Requisitos” e CE 02-140.02:2012 – “Inspeção Predial” estão

correlacionadas com o desempenho das edificações é imprescindível que sejam revisadas

periodicamente. O objetivo deste trabalho é analisar as referidas normas, estudos e pesquisas

sobre o desempenho das edificações habitacionais e da importância da manutenção na

garantia do desempenho ao longo do tempo, mostrar os intervenientes, principalmente aqueles

envolvidos de forma direta e indireta na realização das manutenções sobre a obrigatoriedade

do planejamento, da execução e processos de controle, que são as evidências das realizações

das ações de manutenção pela equipe de conservação local, por empresa capacitada ou

especializada, para assim tornar possível o alcance de condições que permitam maior eficácia

e eficiência na execução e na manutenção das obras.

Palavras-chave: Construção civil, manutenção, desempenho, planejamento.

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ABSTRACT

SILVA, Michele Rayane. Maintenance as a determining factor in the performance of

residential buildings - NBR 15575: 2013

The construction industry is very important in the Brazilian economy, since it has a

huge participation in its GDP (Gross Domestic Product), with a high volume of financial

resources mobilizing the productive chain of the sector, and therefore is one of the sectors

responsible for the generation of many jobs and should remain stabilized to ensure the

country's growth. Due to the constant changes of the sector and the advance in the production

of buildings, it has been demanded more and more quality of the same, and in this context it

appears to the norm of ABNT NBR 15575:2013 "Performance of Housing Buildings", or as it

is popularly known, Performance Standard, whose main objective is to restructure the

industry through its minimum performance requirements. According to the standards NBR

5674:2012 - "Maintenance of buildings", NBR 14037:2014 - "Guidelines for the elaboration

of manuals for the use, operation and maintenance of buildings - Requirements for elaboration

and presentation of contents", NBR 16280: 2015 - Reform in buildings - System of

management of reforms - Requirements "and EC 02-140.02:2012 -" Inspection of buildings

"are correlated with the performance of the buildings it is imperative that they are periodically

revised. The objective of this study is to analyze the mentioned norms, studies and research on

the performance of residential buildings and the importance of maintenance in guaranteeing

performance over time, showing the stakeholders, especially those directly and indirectly

involved in the maintenance of the mandatory planning, execution and control processes,

which are the evidences of the accomplishment of the maintenance actions by the local

conservation team, by a qualified or specialized company, in order to make it possible to

reach the conditions that allow greater effectiveness and efficiency in the execution and

maintenance of works.

Keywords: Civil construction, maintenance, performance, planning

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ÍNDICE DE FIGURAS

FIGURA PÁGINA

1 Resumo cronológico da elaboração da Norma NBR 15575:2013 -

Edificações Habitacionais – Desempenho. 2

2 Gêneses das patologias encontradas no estudo de 14 diferentes

edifícios residenciais multifamiliares. 3

3 Incêndio no edifício Joelma, São Paulo, 1974. 4

4 Desabamento do edifício Liberdade, Treze de Maio e Colombo, Rio

de Janeiro, 2012. 5

5 Parte da fachada do centro de convenções desabou, em Salvador. 6

6 Ações atuantes sobre a edificação habitacional 9

7 Desenho esquemático da estruturação da Norma 10

8 Esquema de conformação de uma edificação habitacional 12

9 Conceituação de Vida Útil 14

10 Visão convencional e linear do processo de projeto, construção,

Ocupação, uso, operação e manutenção do ambiente construído. 16

11 Esquema de fases da obra e de seus intervenientes 18

12 Exigências dos usuários conforme a NBR 15.575:2013 19

13 Exemplo genérico de um sistema de pisos e seus elementos 24

14 Designações do sub-sistema de telhados 30

15 Diagrama dos fatores relacionados com a manutenção de um edifício 36

16 Proposta de medidas de manutenção 37

17 Lei de Sitter – Estudo de avaliação do custo de reabilitação das

construções. 46

18 Fluxograma de documentação 47

19 Recuperação do desempenho por ações de manutenção 48

20 Campo de ação e ferramentas da engenharia diagnóstica 50

21 Visão tríplice da inspeção predial 52

22 Correlação entre as normas e o desempenho das edificações

habitacionais 57

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ÍNDICE DE TABELAS

TABELA PÁGINA

1 Disposição dos conteúdos. 40

2 Vida útil de projeto (VUP) mínima considerada pela maioria das normas

relacionadas à construção civil. 49

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ÍNDICE DE QUADROS

QUADRO PÁGINA

1 Conjunto normativo da NBR 15575:2013 9

2 Descrição dos Anexos da NBR 15575-1 18

3 Descrição dos Anexos da NBR 15575-2 22

4 Descrição dos Anexos da NBR 15575-3 26

5 Descrição dos Anexos da NBR 15575-4 28

6 Descrição dos Anexos da NBR 15575-5 31

7 Obrigatoriedades do Programa de Manutenção segundo a ABNT

NBR 5674:2012. 44

8 Tipos de mão de obra para a manutenção predial segundo a ABNT

NBR 5674:2012. 45

9 Itens que devem conter o plano de diretrizes 56

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 1

1.1 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................. 3

1.2 OBJETIVOS ................................................................................................................ 6

1.2.1 Objetivo geral: ............................................................................................................ 6

1.2.1 Objetivos específicos: ........................................................................................... 7

1.3 METODOLOGIA ............................................................................................................. 7

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................................ 8

2.1 Desempenho ...................................................................................................................... 8

2.2 NBR 15575:2013 – Norma de desempenho ................................................................ 8

2.2.1 Definições e conceitos .......................................................................................... 9

2.2.1.1 Vida Útil ......................................................................................................... 13

2.2.2 Incumbências ...................................................................................................... 16

2.2.3 NBR 15575:2013 Parte 1 – Requisitos gerais .................................................... 18

2.2.4 Parte 2 – Requisitos para os sistemas estruturais ............................................... 20

2.2.5 Parte 3 – Requisitos para o sistema de pisos ...................................................... 22

2.2.6 Parte 4 – Requisitos para os sistemas de vedações verticais internas e externas 26

2.2.7 Parte 5 – Requisitos para o sistema de cobertas ................................................. 29

2.2.8 Parte 6 – Requisitos para o sistema hidrossanitário ........................................... 33

2.3 Manutenção Predial ................................................................................................... 35

2.3.1 Generalidades ..................................................................................................... 35

2.3.2 Medidas de manutenção ..................................................................................... 37

2.3.3 Classificação dos tipos de manutenção .............................................................. 38

2.4 ABNT NBR 14037:2014 – Diretrizes para elaboração de manuais de uso, operação e

manutenção das edificações – Requisitos para elaboração e apresentação dos conteúdos. .. 40

2.5 ABNT NBR 5674:2012 – Manutenção de edificações .............................................. 43

2.5.1 Gestão e programa de manutenção ..................................................................... 44

2.5.2 Mão de Obra ....................................................................................................... 45

2.5.3 Custos de manutenção ........................................................................................ 46

2.5.4 Fluxograma de documentações .......................................................................... 47

2.6 Manutenção como fator determinante no desempenho das edificações .................... 48

2.7 CE-02:140.02 - Inspeção Predial .................................................................................... 51

2.8 ABNT NBR 16280:2015 – Reforma em edificações – Sistema de gestão de reformas –

Requisitos .............................................................................................................................. 56

2.9 Correlações entre as normas apresentadas ...................................................................... 58

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2.10 Aspectos jurídicos – Obrigatoriedade das normas ........................................................ 59

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................ 61

4. REFERÊNCIAS: ............................................................................................................... 63

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1. INTRODUÇÃO

Após o término da II Guerra Mundial algumas regiões da Europa encontravam-se

destruídas. Era necessário um plano de recuperação e reconstrução das cidades, visando à

retomada do desenvolvimento. Entretanto, a reconstrução deveria ser rápida, técnicas antes

usadas deveriam ser otimizadas para evitar que o aumento da velocidade de construção fosse

inversamente proporcional à queda de desempenho. (CORDOVIL, 2013).

Em 1953, foi fundado o “Conseil International du Bâtiment” (ou CIB, Conselho

Internacional de Construção) com objetivo de trocar informações entre países, divulgando

pesquisas realizadas e sistemas construtivos criados, sendo considerado como um dos

primeiros movimentos voltados para a consolidação da busca pela qualidade no setor da

construção civil.

Com o passar dos anos, aumentou naturalmente a necessidade de estudos na área de

qualidade, sendo a primeira diretriz a ISO 6241:1984 - “Performance Standards in Building”

(Avaliação de Desempenho em Edifícios), um instrumento produzido para se mensurar o

desempenho das edificações, apresentada no 1º Encontro Nacional sobre Qualidade na

Construção, em Lisboa, Portugal.

Em 1987 foi publicada da ISO 9001, que buscava a melhoria do desempenho da

indústria da construção, sendo revisada a cada seis anos, trazendo uma considerável

contribuição no cenário internacional devido a certificação de sistemas da qualidade e a busca

da melhoria contínua mediante a adoção de indicadores da qualidade.

No Brasil, com a publicação técnica elaborada pelo IPT (Instituto de Pesquisas

Tecnológicas) no ano de 1998, para o PBQP-H (Programa Brasileiro da Qualidade e

Produtividade do Habitat) culminou o surgimento da comissão de estudos da ABNT no ano

de 2000.

Em 2000 foi criada a primeira diretriz, o SiAC - Sistema de Avaliação da

Conformidade de Empresas de Serviços e Obras da Construção Civil, com o objetivo de

avaliar a conformidade do sistema de gestão da qualidade das empresas de serviços e obras,

considerando as características específicas da atuação dessas empresas no setor da construção

civil, e baseando-se na série de normas ISO 9000. (PBQP, 2018).

Porém, situações específicas foram surgindo com o passar dos anos, fazendo com que

em 2008 fosse publicada pela primeira vez a “NBR 15575 – Edificações Habitacionais até

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2

cinco pavimentos - Desempenho”, que agrupou e referenciou as exigências em normas já

existentes, com a criação de parâmetros e critérios de desempenho envolvendo habitabilidade,

sustentabilidade e segurança. A exigibilidade foi prevista para 2010, tendo sido prorrogada

para 2012, quando ocorreu nova prorrogação objetivando permitir o término do trabalho de

revisão.

No entanto, em 2013 a NBR 15575 foi revisada e passou por modificações

representativas, tornando-se assim “NBR 15575 – Edificações Habitacionais – Desempenho”,

que traz para o desenvolvimento dos empreendimentos residenciais preocupações com a

expectativa de vida útil, o desempenho, a eficiência, a sustentabilidade e a manutenção dessas

edificações, em resumo insere o fator qualidade ao edifício entregue aos usuários. Na Figura 1

apresenta-se um resumo cronológico da elaboração da Norma NBR 15575:2013 – Edificações

habitacionais – Desempenho.

Com o passar dos anos as exigências de transformação das edificações na maneira de

concebê-las e produzi-las, de forma adequada ao seu uso e operação, relacionados à

construção civil, passou a envolver toda a cadeia produtiva - empreendedores, construtores,

•Estudo do IPT para o PBQP-H 1998

•Criada a comissão de estudos da norma de desempenho 2000

•O primeiro coordenador Ércio Thomaz é substituido por Carlos Borges 2004

•Primeira publicação da norma com exigibilidade prevista para 2010 2008

•A exigibilidade é prorrogada para 2012 e Fábio Villas Boas é coordenador 2010

•Nova prorrogação com revisão dos trabalhos 2011

•Nova consulta pública e nova avaliação 2012

•Publiicação e entrada em vigor da norma 2013

Figura 1 – Resumo cronológico da elaboração da Norma NBR

15575:2013 - Edificações Habitacionais – Desempenho.

Fonte: Autor (2018).

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projetistas, fabricantes, empreiteiras e usuários, modificando seus respectivos processos e o

projeto como um todo. (OKAMOTO, 2015).

A manutenção é um fator determinante no desempenho dessas edificações, pois as

construções estão expostas a várias ações, como cargas de vento, sol, chuva, temperatura,

dentre outros, perdendo o desempenho com o passar dos anos, e a manutenção adequada,

correta e realizada por profissional habilitado nos órgãos competentes, fará com que a mesma

recupere uma parte do desempenho perdido, consequentemente a edificação durará mais

tempo do que se não houvesse manutenção.

1.1 JUSTIFICATIVA

De acordo com o estudo mais recente realizado por Gomes et al. em 2017, verifica-se

que uma das principais causas das patologias encontradas no período pós ocupação, de acordo

com a reclamação dos moradores de 14 edifícios residenciais multifamiliares, de 02

construtoras em João Pessoa/PB, refere-se à falha humana após a ocupação, conforme

apresentado na Figura 2 a seguir, onde de 14 edifícios, 10 apresentaram falhas.

Figura 2 – Gêneses das patologias encontradas no estudo de 14

diferentes edifícios residenciais multifamiliares.

0

2

4

6

8

10

12

14

Falha humana nafase de projeto

Falha humana nafase de execução

Falha humana nafase de utilização

Ações mecânicas Ações químicas

Gêneses das patologias

Fonte: Adaptado de GOMES et al. (2017).

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Segundo Fátima Có (2018), presidente do Conselho Regional de Engenharia e

Agronomia do Distrito Federal (CREA-DF), um dado nacional que serve de alerta é que 06

em cada 10 desabamentos ocorrem por falta de manutenção dos prédios.

Danos e desastres ocorridos em edificações no Brasil causam prejuízos econômicos,

sociais e perdas humanas irreparáveis, com isso verifica-se a necessidade de projetos voltados

para uma maior durabilidade, do maior controle na execução de novas edificações e,

sobretudo, da necessidade do constante monitoramento e/ou manutenção das obras já

existentes. Fatores como plano de manutenção e a necessidade de se construir edificações

mais duráveis devem ter maior importância nos projetos e gerenciamento de

empreendimentos, considerando também o Custo do Ciclo de Vida. (POSSAN,

DEMOLINER, 2013).

Conforme apresentado a seguir, verificam-se alguns casos que tiveram uma grande

repercussão no Brasil.

Um dos acidentes mais representativos ocasionado pela falta de manutenção ocorreu

no ano de 1974 em São Paulo, O Incêndio do Edifício Joelma. Aconteceu devido a um curto

circuito em um aparelho de ar condicionado no décimo segundo andar deixando 191 pessoas

mortas e mais de 300 feridos. (Figura 3).

Figura 3 – Incêndio no Edifício Joelma, São Paulo, 1974.

Fonte: Molberg, (1974).

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5

Outro acidente que teve repercussão na mídia brasileira foi no ano de 2012 no Rio

de Janeiro, o desabamento do Edifício Liberdade, que ocasionou também o desabamento dos

edifícios vizinhos, o Treze de Maio e o Colombo, deixando 19 mortos e 3 desaparecidos, uma

das causas apontadas foi a reforma no 9º andar devido a retirada de algumas paredes, outros

fatores como a construção do metrô na década de 1970 e a execução de novos andares sobre o

projeto original podem ter contribuído para o colapso estrutural. A Figura 4 mostra a foto do

ocorrido.

Além desses acidentes já mencionados, muitos outros acontecem diariamente, como

por exemplo, o desabamento do centro de Convenções em Salvador, Figura 5, ocorrido em

setembro de 2016, que de acordo com os peritos do Departamento de Polícia Técnica (DPT),

Roberto Muiños Ventin, Claudio Fernando Silva Macedo e Paulo Geraldo Mendes Botelho, a

falta de manutenção adequada da estrutura provocou efeitos irreversíveis na oxidação do aço

levando ao seu rompimento.

Figura 4 – Desabamento do Edifício Liberdade, Treze de

Maio e Colombo, Rio de Janeiro, 2012.

Fonte: Carriço, (2012).

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Como a prática da manutenção em edificações é pouco difundida e pouco conhecida,

isso reflete nesses sinistros: incêndios, desabamentos, quedas de marquises, desprendimento

de revestimentos das fachadas consequências da falta de manutenção, quer seja preventiva ou

corretiva, ou até mesmo pela falta de planejamento e estudo do reparo adequado necessário.

Por isso se tem a importância de se planejar, programar e executar essas manutenções de

forma adequada, caso contrário teremos prejuízos econômicos e de vidas.

O desenvolvimento deste trabalho é de interesse das empresas que estão inseridas no

setor da construção civil, aos síndicos e/ou usuários, levando em consideração que a norma de

desempenho já está em vigência desde 2013.

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo geral:

O objetivo geral deste trabalho é analisar as normas ABNT NBR 15575:2013

“Desempenho de Edificações Habitacionais”, ABNT NBR 5674:2012 – “Manutenção de

edificações”, NBR 14037:2014 – “Diretrizes para elaboração de manuais de uso, operação e

manutenção das edificações – Requisitos para elaboração e apresentação dos conteúdos”,

NBR 16280:2015 – “Reforma em edificações – Sistema de gestão de reformas – Requisitos” e

Figura 5 – Desabamento de parte da fachada do Centro

de Convenções de Salvador.

Fonte: Anchieta, (2016).

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CE 02-140.02:2012 – “Inspeção Predial”, estudos e pesquisas sobre o desempenho das

edificações habitacionais e sobre a importância da manutenção na garantia do desempenho ao

longo do tempo, mostrar os intervenientes, principalmente aqueles envolvidos de forma direta

e indireta na realização das manutenções.

1.2.1 Objetivos específicos:

Estudar as normas pertinentes ao tema, apresentando seus pontos principais;

Enfatizar a importância da manutenção predial no quesito desempenho das

edificações;

Apresentar o roteiro de uma inspeção predial;

Averiguar a correlação existente entre as normas apresentadas;

Mostrar todos os intervenientes envolvidos no processo de construção enfatizando

suas responsabilidades, no que diz respeito às manutenções que estão ligadas

diretamente ao desempenho das edificações habitacionais após a ocupação.

1.3 METODOLOGIA

Este trabalho tem caráter exploratório e explicativo, utilizando-se da literatura clássica

como livros, teses e dissertações, além de normas técnicas e materiais disponíveis na internet,

como fonte de pesquisa para a reunião de conceitos e conteúdos que serão apresentados e

discutidos.

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8

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Desempenho

A palavra desempenho é utilizada de forma coloquial por toda a sociedade e possui um

significado bastante amplo. Como, por exemplo, um trabalhador pode ter um bom ou mau

desempenho de acordo com a execução do seu trabalho, uma empresa tem seu desempenho

avaliado de acordo com a qualidade de seus serviços prestados através dos custos oferecidos.

O que é comum a ambos é que definem um desempenho desejado, mesmo que

informalmente, e o comparam com o desempenho entregue. BORGES (2008).

Para Souza (2015) um produto cuja função é satisfazer as exigências do usuário,

independentemente das condições de exposição desse produto durante a sua vida útil,

caracteriza-se como desempenho.

Segundo Mitidieri Filho e Helene (1998) apud Machado Marciano (2016), o termo

“desempenho” constitui de um comportamento em utilização de um produto que deve

apresentar determinadas características e propriedades adequadas, para cumprir a função ao

qual foi projetado quando sujeito a quaisquer tipos de influências ou ações durante sua vida

útil.

De acordo com a NBR 15575: 2013 o desempenho é definido como o comportamento

em uso da edificação e seus sistemas, variando em função do local, do ocupante, e das

condições de exposição.

2.2 NBR 15575:2013 – Norma de desempenho

A norma de desempenho apresenta seu texto dividido em seis partes, ver Quadro 1,

onde cada parte trás as definições e conceitos pertinentes para uma melhor compreensão,

estabelece os requisitos de desempenho que devem ser atendidos pelas edificações

habitacionais, bem como os critérios e métodos de avaliações para averiguar se a edificação

está atendendo pelo menos ao mínimo exigido pela norma.

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9

CONJUNTO NORMATIVO DA NBR 15575:2013

Parte 1: Requisitos gerais;

Parte 2: Requisitos para os sistemas estruturais;

Parte 3: Requisitos para os sistemas de pisos;

Parte 4: Requisitos para o sistema de vedações verticais internas e externas;

Parte 5: Requisitos para o sistema de coberturas;

Parte 6: Requisitos para o sistema hidrossanitário.

2.2.1 Definições e conceitos

De acordo com a NBR 15575:2013 as condições de exposição são definidas como o

conjunto de ações atuantes sobre a edificação, (cargas, ações externas e as resultantes da

própria ocupação do imóvel), conforme Figura 6 a seguir.

Fonte: Campos (2013).

cargas

ventilação

umidade

Temperatura

Interna

Sol e

luz

ruído

chuva

vento

Figura 6 – Ações atuantes sobre a edificação habitacional.

Quadro 1 – Conjunto normativo da NBR 15575:2013

Fonte: Adaptado de ABNT (2013).

Page 23: MICHELE RAYANE DA SILVA MANUTENÇÃO COMO FATOR …

10

O desempenho de uma edificação pode ser estabelecido através de critérios, que são

definidos como especificações quantitativas dos requisitos de desempenho, expressos em

termos de quantidades mensuráveis, a fim de que possam ser objetivamente determinados, e

métodos de avaliação os quais permitem a mensuração clara do seu cumprimento.

As especificações de desempenho são uma expressão das funções exigidas da

edificação ou de seus sistemas e correspondem a um uso claramente definido. No caso da

NBR 15575:2013 referem-se ao uso habitacional de edificações.

Os requisitos de desempenho compreendem as condições qualitativas dos atributos das

edificações, necessários para atender as exigências dos usuários e as especificações de

desempenho podem ser definidos como o conjunto de requisitos e critérios estabelecidos para

a edificação. A Figura 7 apresenta um desenho esquemático da estruturação desta norma.

No que se refere aos participantes da cadeia de interesse, temos a definição de:

Usuário: é proprietário, titular de direitos ou pessoa que ocupa a edificação

habitacional;

Figura 7 – Desenho esquemático da estruturação da Norma NBR 15575:2013.

Condições

de exposição

Exigências

dos usuários

Requisitos

Critérios

Métodos de avaliação

Qualitativos

Quantitativos

Análises de projeto

Ensaios laboratoriais

Protótipos

Simulação computacional

Fonte: Adaptado de NBR 15575:2013.

Page 24: MICHELE RAYANE DA SILVA MANUTENÇÃO COMO FATOR …

11

Fornecedor: é à organização ou pessoa que fornece um produto, podendo ser

o fabricante, distribuidor ou comerciante, e ainda o prestador de um serviço ou

informação;

Incorporador: é a pessoa física ou jurídica que compromissa ou efetiva a

venda das frações ideais de terreno, em edificações a serem entregues,

coordenando e levando a termo a incorporação, responsabilizando-se pelas

condições da obra prometida;

Construtor: é a pessoa física ou jurídica, com habilitação legal, que executa o

empreendimento de acordo com o projeto e condições estabelecidas;

Empresa especializada: é aquela que exerce função na qual são exigidas

qualificação e competência específica.

Além dessas, podemos fazer menção a outras definições de conotação técnica, como:

Ruína: característica do estado-limítrofe último por ruptura ou perda de

estabilidade;

Estado de arte: que é o estágio de desenvolvimento tecnológico em um

determinado momento;

Dias típicos de verão e inverno: que são os dias reais, caracterizado por

diversas variáveis, para o dia mais quente e mais frio do ano, segundo a média

dos últimos dez anos.

A edificação habitacional é constituída por sistemas, elementos e componentes, sendo:

Sistemas: compreendem a maior parte funcional da edificação e é formada por

um conjunto de elementos;

Elementos: são aqueles que apresentam funções específicas, como as

fundações, estrutura, pisos, cobertura, dentre outros, compostos por

componentes;

Componentes: que compreendem as unidades integrantes de determinado

elemento. Ex.: Telha de uma cobertura.

A Figura 8, que segue, apresenta o esquema de conformação de uma edificação

habitacional.

Page 25: MICHELE RAYANE DA SILVA MANUTENÇÃO COMO FATOR …

12

Como itens nocivos à edificação, têm-se:

Falhas: são as ocorrências prejudiciais à sua utilização e resultam em

desempenho inferior do requerido;

Patologias: compreendem as irregularidades manifestadas em decorrência de

falhas no projeto, fabricação, instalação, execução, montagem, uso ou

manutenção, além daquelas que não decorram do envelhecimento natural;

Agentes de degradação: que reúne tudo aquilo que age sobre um sistema,

reduzindo seu desempenho, como sol, chuva e ação dos usuários, dentre

outros;

Degradação: é a redução do desempenho pela ação desses agentes;

Durabilidade: é capacidade da edificação para desempenhar suas funções por

um período de tempo em que o produto tem potencial para cumprir essa

finalidade, decorrente da correta utilização e da realização da adequada

manutenção;

Manutenção: é o conjunto das atividades realizadas com a finalidade de

conservar ou recuperar a capacidade funcional da edificação, que guarda

estreita relação com a manutenibilidade;

EDIFICAÇÃO HABITACIONAL

SISTEMA

ELEMENTO

COMPONENTE

Figura 8 – Esquema de conformação de

uma edificação habitacional.

Fonte: Adaptado de OLIVAR, (2014).

Page 26: MICHELE RAYANE DA SILVA MANUTENÇÃO COMO FATOR …

13

Manutenibilidade: é o grau de facilidade de um sistema, elemento ou

componente, de ser mantido ou recolocado no estado que possa cumprir suas

funções requeridas.

Como derivação dos conceitos relativos à manutenção, torna-se imprescindível citar:

Manual de uso, operação e manutenção: documento que reúne as

informações necessárias à sua implementação, que também é conhecido como:

Manual do proprietário: no que se refere às unidades autônomas;

Manual do síndico: aplicável às áreas comuns da edificação;

Inspeção predial de uso e manutenção: compreende-se a análise técnica das

condições de uso e manutenção preventiva e corretiva;

Operação: que é o conjunto das atividades realizadas na edificação com a

finalidade de mantê-la em funcionamento adequado.

Vida útil (VU): período de tempo em que um edifício e/ou seus sistemas se

prestam às atividades para as quais foram projetados e construídos

considerando a periodicidade e correta execução dos processos de manutenção

especificados no respectivo Manual de Uso, Operação e Manutenção (a vida

útil não pode ser confundida com prazo de garantia legal e certificada).

A Norma define e divide os prazos em dois, sendo o de garantia legal, período em

que o comprador dispõe para reclamar dos defeitos verificados no bem adquirido, cujos

prazos encontram-se detalhados na norma e o de garantia contratual que pode ser igual ou

superior ao de garantia legal, oferecido voluntariamente pelo fornecedor que deve vir na

forma de certificado, termo de garantia ou especificado em contrato.

2.2.1.1 Vida Útil

Interferem na vida útil, além da vida útil projetada, das características dos materiais e

da qualidade da construção como um todo, o correto uso e operação da edificação e de suas

partes, a constância e efetividade das operações de limpeza e manutenção, alterações

Page 27: MICHELE RAYANE DA SILVA MANUTENÇÃO COMO FATOR …

14

Despassivação

Manchas

Fissuras

Redução de seção

Destacamento

Perda de aderência

Mínimo de projeto

Mínimo de

Serviço

Mínimo de

Ruptura

TEMPO

DES

EMP

ENH

O

Vida útil de projeto

Vida útil de serviço 1

Vida útil de serviço 2

Vida última ou total

Vida útil residual

Vida útil residual

climáticas e níveis de poluição no local da obra, mudanças no entorno da obra ao longo do

tempo (trânsito de veículos, obras de infraestrutura, expansão urbana), etc.

O valor real de tempo de vida útil será uma composição do valor teórico de Vida Útil

Projetada devidamente influenciado pelas ações da manutenção, da utilização, da natureza e

da sua vizinhança. As negligências no cumprimento integral dos programas definidos no

manual de operação, uso e manutenção da edificação, bem como ações anormais do meio

ambiente, irão reduzir o tempo de vida útil, podendo este ficar menor que o prazo teórico

calculado como Vida Útil Projetada.

Vida útil definida pela ISO 13823:2008 “como sendo o período de tempo durante o

qual uma estrutura ou qualquer de seus componentes satisfazem os requisitos de desempenho

do projeto, sem ações imprevistas de manutenção ou reparo”.

Para um melhor entendimento do gráfico é necessário conhecer as diferentes

definições de vida útil. (HELENE ET AL, 2011).

Figura 9 – Esquema de funcionamento da Vida Útil

Fonte: Adaptado de HELENE ET AL (2011).

Page 28: MICHELE RAYANE DA SILVA MANUTENÇÃO COMO FATOR …

15

a) Vida útil de projeto: Corresponde ao período utilizado a favor da segurança, na

etapa do projeto da estrutura. Em termos técnicos é o período que vai até a

despassivação da armadura.

b) Vida útil de serviço: corresponde ao período de tempo que vai até o momento

em que aparecem manchas, fissuras ou destacamento do concreto de

cobrimento.

c) Vida útil, última ou total: É o período de tempo onde ocorre uma redução

significativa da seção resistente da armadura ou uma perda importante da

aderência armadura/concreto, ou seja, vai até a ruptura ou colapso parcial ou

total da estrutura.

d) Vida útil residual: é o período de tempo em que a estrutura ainda é capaz de

desempenhar suas funções e existem três possíveis vidas úteis residuais, uma

até a despassivação da armadura, outra até o aparecimento de manchas,

fissuras ou destacamento do concreto e outra longa contada até a perda

significativa da capacidade resistente, ou do seu eventual colapso.

A NBR 15575:2013 também define:

-Vida Útil de Projeto (VUP) - Período estimado de tempo para o qual um sistema é

projetado a fim de atender aos requisitos de desempenho estabelecidos nesta norma,

considerando o atendimento aos requisitos das normas aplicáveis, o estágio do conhecimento

no momento do projeto e supondo o cumprimento da periodicidade e correta execução dos

processos de manutenção especificados no respectivo Manual de Uso, Operação e

Manutenção (a VUP não deve ser confundida com tempo de vida útil, durabilidade, prazo de

garantia legal e certificada).

A vida útil de projeto é considerada uma expressão eminentemente de caráter

econômico de uma exigência do usuário, adotada como uma referência técnica do projeto que

não se confunde com garantia. Recomenda-se, universalmente, que a mesma seja determinada

através de pesquisa entre o meio técnico, usuários e agentes envolvidos no processo

construtivo, para a fixação das vidas úteis médias esperadas, para as diversas partes da

edificação. (FAGUNDES NETO, 2013).

Page 29: MICHELE RAYANE DA SILVA MANUTENÇÃO COMO FATOR …

16

2.2.2 Incumbências

A NBR 15575:2013 atribui responsabilidades para todos os envolvidos no processo

de uma edificação habitacional, projetistas, incorporadores, construtores, usuários, entre

outros, desde a sua concepção até o término de sua vida útil, com o intuito de manter o

desempenho pretendido. A Figura 10 mostra uma visão convencional e linear do processo de

projeto, construção, Ocupação, uso, operação e manutenção do ambiente construído.

A referida norma estabelece nas suas diferentes fases, ações concretas dos

responsáveis pela obra e manutenção no decorrer do processo das habitações. Em resumo:

a) Incorporador:

Cabe ao incorporador à identificação dos riscos previsíveis na época do projeto

através da providência de estudos técnicos requeridos e passar as informações necessárias aos

referidos projetistas. Como riscos previsíveis, exemplifica-se: presença de aterro sanitário na

área de implantação do empreendimento, contaminação do lençol freático, presença de

agentes agressivos no solo e outros riscos ambientais.

E também de definir, em consonância com os projetistas ou com a coordenação

dos projetos, os níveis de desempenho estabelecidos em Norma, sejam eles, Mínimo,

Intermediário ou Superior, para os diferentes elementos da construção e/ou para a obra em sua

totalidade.

Projeto

Construção

Ocupação

Uso, operação,

manutenção

INÍCIO

TÉRMINO

Figura 10 – visão convencional e linear do processo de projeto, construção,

Ocupação, uso, operação e manutenção do ambiente construído.

Fonte: Adaptado de Ornstein (2017).

Page 30: MICHELE RAYANE DA SILVA MANUTENÇÃO COMO FATOR …

17

b) Construtor:

É de responsabilidade do construtor a elaboração do manual de operação uso e

manutenção, tanto das áreas comuns quanto da unidade habitacional, que deve ser entregue ao

proprietário e ao condomínio quando da disponibilidade da edificação para uso. Esse manual

deve atender a norma da ABNT NBR 14037 e NBR 5674.

Além disso, recomenda-se que os citados manuais contenham os respectivos prazos de

Vida Útil de Projeto (VUP) e, se for o caso, também os prazos de garantia oferecidos pelo

construtor ou pelo incorporador, advertindo-se que esses prazos devem ser “iguais ou

maiores” do que aqueles já previstos no próprio texto da NBR – 15.575, em sua Parte 1.

c) Fornecedor:

Ao fornecedor de insumo, material, componente, ou sistema, cabe caracterizar o

desempenho dos seus produtos. Caso não tenham essa caracterização, que forneçam

resultados comprobatórios do desempenho dos mesmos com base nesta norma ou em normas

específicas internacionais ou estrangeiras.

d) Projetistas:

Os projetistas devem estabelecer a vida útil projetada de cada sistema que compõe esta

Norma. Cabe ao projetista o papel de especificar materiais, produtos e processos que atendam

o desempenho mínimo estabelecido com base nas normas prescritivas e no desempenho

declarado pelos fabricantes dos produtos a serem empregados em projeto e quando houver a

omissão dessas informações, compete ao projetista solicitá-las ao fornecedor. Quando forem

considerados valores de VUP maiores que os mínimos estabelecidos nesta norma, estes

devem constar dos projetos e/ou memorial de cálculo.

e) Usuário:

Por fim, cabe ao usuário fazer o uso correto da edificação, não realizando alterações na

sua concepção sem autorização, ou sem consulta de um profissional habilitado, realizar as

manutenções preventivas e corretivas de acordo com os respectivos manuais, efetuando a

gestão e registro das ações, pois não adiantará a edificação ser projeta e construída de acordo

com a norma se a ocupação, o uso e a manutenção não forem realizados adequadamente.

Page 31: MICHELE RAYANE DA SILVA MANUTENÇÃO COMO FATOR …

18

2.2.3 NBR 15575:2013 Parte 1 – Requisitos gerais

Nesta primeira parte da norma apresentam-se as principais informações para a sua

compreensão como um todo, pois estão contidas as definições de termos, os requisitos, as

responsabilidades, e os critérios para que os sistemas possam alcançar o desempenho

necessário e estimado, caso alcance considera-se que as exigências dos usuários foram

atendidas. Também trata-se de características específicas como desempenho estrutural,

segurança contra incêndio, segurança no uso e operação, estanqueidade, desempenho térmico,

desempenho acústico, desempenho lumínico, durabilidade, manutenibilidade, saúde, higiene e

qualidade do ar, funcionalidade e acessibilidade, controle tátil, antropodinâmico e adequação

ambiental.

Completam ainda as determinações contidas na Parte 1 da norma, o conteúdo de seis

anexos, apresentados no Quadro 2.

ANEXOS

A Desempenho térmico de edificações – metodologia e dados técnicos

B Procedimento de avaliação do desempenho lumínico artificial

C Considerações sobre durabilidade e vida útil

D Diretrizes para o esclarecimento de prazos de garantia

E Níveis de desempenho

F Dimensões mínimas e organização funcional dos espaços

Pré-Obra

• Projetista

• Fornecedor

Obra

• Incorporadora

• Construtora

Pós-Obra

• Proprietário

• Usuário

Figura 11 – Esquema de fases da obra e de seus intervenientes.

Fonte: Autor (2018).

Quadro 2 – Descrição dos Anexos da NBR 15575-1.

Fonte: Autor (2018).

Page 32: MICHELE RAYANE DA SILVA MANUTENÇÃO COMO FATOR …

19

O texto divide as exigências dos usuários em três grandes grupos que são eles:

Segurança, Habitabilidade (entende-se como o desempenho da habitação no que tange as

condições térmicas, acústicas e alumínicas, a estanqueidade, a saúde e à higiene, dentre

outros), e a Sustentabilidade, cujos fatores são tratados nas partes específicas da norma.

A Norma de Desempenho trata de forma integrada a questão da sustentabilidade, que

engloba durabilidade, manutenibilidade e impactos ambientais. Isso ocorre porque obras com

maior durabilidade reduz a necessidade de reformas e manutenções acarretando a

minimização dos recursos ambientais necessários para a manutenção adequada da edificação,

consequentemente diminuindo a geração de resíduos sólidos e poluentes. (CBIC, 2013).

Para edifícios ou conjuntos habitacionais com local de implantação definido, os

projetos devem ser desenvolvidos com base nas características do local da obra avaliando-se

os riscos de deslizamentos, enchentes, erosões, vibrações transmitidas por vias férreas,

vibrações transmitidas por trabalhos de terraplenagem e compactação do solo, ocorrência de

subsidência do solo, presença de crateras em camadas profundas, presença de solos

expansíveis ou colapsíveis, presença de camadas profundas deformáveis e outros. Além de

considerar os riscos de explosões oriundas do confinamento de gases resultantes de aterros

sanitários, solos contaminados, proximidade de pedreiras e outros, tomando-se as

providências necessárias para que não ocorram prejuízos à segurança e à funcionalidade da

obra e também devem prever as interações entre construções próximas.

NBR 15.575

Segurança

Sustentabilidade Habitabilidade

Figura 12 – Exigências dos usuários conforme a

NBR 15.575:2013.

Fonte: Autor (2018).

Page 33: MICHELE RAYANE DA SILVA MANUTENÇÃO COMO FATOR …

20

Os requisitos de desempenho devem ser verificados aplicando-se os respectivos

métodos de ensaio previstos e os métodos de avaliação estabelecidos consideram a realização

de ensaios laboratoriais, ensaios de tipo, ensaios em campo, inspeções em protótipos ou em

campo, simulações e análise de projetos. A realização de ensaios laboratoriais deve ser

baseada nas Normas explicitamente referenciadas, em cada caso.

2.2.4 Parte 2 – Requisitos para os sistemas estruturais

a) Introdução

Esta parte da ABNT NBR 15575:2013 trata dos requisitos para os sistemas estruturais

aplicáveis a edificações habitacionais no que se refere ao desempenho estrutural, analisado do

ponto de vista dos estados-limites último e de serviço pelo método semiprobabilístico de

projeto estrutural considerado as solicitações características de acordo com as prescrições das

ABNT NBR 8681 (Ações e segura nas estruturas – procedimento), ABNT NBR 6120 (cargas

para cálculo de estruturas de edificações) e ABNT NBR 6123 (forças devidas ao vento em

edificações), simulando através de modelos matemáticos e físicos as situações de ruína por

esgotamento da capacidade de resistência dos materiais ou por instabilidade do equilíbrio. O

estado-limite de serviço tem como premissa assegurar a durabilidade quando da utilização

normal da estrutura.

b) Conceitos e definições

Dentre os conceitos e definições, frisa-se:

Integridade estrutural: é a capacidade que a estrutura tem de evitar seu

colapso progressivo na decorrência de danificações localizadas;

Ruína: ocasionada por ruptura, por perda de estabilidade ou por deformação

excessiva e é uma característica do estado-limite último;

Falha: ocorrência que compromete o estado da utilização do sistema ou

elemento, ocasionando fissurações, deslocamentos e etc.;

Deformação: é a variação da distância entre pontos de um corpo submetido a

uma determinada tensão, com modificação de sua forma e volume primitivos;

Fissura: é o seccionamento com abertura capilar na superfície ou em toda

seção transversal de um componente, provocado por tensões normais ou

Page 34: MICHELE RAYANE DA SILVA MANUTENÇÃO COMO FATOR …

21

tangenciais. Essas fissuras são classificadas como ativas (variação da abertura

em função de movimentações higrotérmicas ou outras) ou passivas (abertura

constante); trinca é uma expressão coloquial qualitativa aplicável a fissuras

com abertura maior ou igual a 0,6 mm; mossa é o vestígio de pancada ou

pressão.

c) Requisitos

Durante a sua vida útil de projeto e sob as diversas condições de exposições as

edificações habitacionais devem atender os seguintes requisitos gerais:

Não ruir ou perder a estabilidade de nenhuma de suas partes; prover segurança

aos usuários sob ação de impactos, choques, vibrações e outras solicitações

decorrentes da utilização normal da edificação, previsíveis na época do projeto;

Não provocar sensação de insegurança aos usuários pelas deformações de

quaisquer elementos da edificação, admitindo-se tal exigência atendida caso as

deformações se mantenham dentro dos limites estabelecidos nesta Norma;

Não repercutir em estados inaceitáveis de fissuração de vedação e

acabamentos;

Não prejudicar a manobra normal de partes móveis, como portas e janelas, nem

repercutir no funcionamento normal das instalações em face das deformações

dos elementos estruturais;

Cumprir as disposições das ABNT NBR 5629 (execução de tirantes ancorado

no terreno), ABNT NBR 11682 (estabilidade dos taludes) e ABNT NBR 6122

(projeto e execução de fundações) relativamente às interações com o solo e

com o entorno da edificação.

As condições de desempenho devem ser comprovadas analiticamente, sempre

respeitando as normas vigentes e as considerações estabelecidas em projeto. esse deve

apresentar a justificativa dos fundamentos técnicos com base em Normas Brasileiras ou, em

sua ausência, com base nos Eurocódigos ou em ensaios destrutivos e do traçado do

correspondente diagrama x deslocamento. (Anexo A).

O sistema estrutural adotado também não pode ocasionar deslocamentos ou fissuras

excessivas aos elementos de construção ao qual estão ligados, nem impedir o livre

Page 35: MICHELE RAYANE DA SILVA MANUTENÇÃO COMO FATOR …

22

funcionamento de elementos e componentes da edificação, tais como portas e janelas, nem

repercutir no funcionamento das instalações.

Os métodos de avaliação correspondem à análise do projeto, mediante cálculos ou

ensaios através de protótipos em laboratório ou obra, devendo o corpo de prova representar

fielmente as condições executivas da obra, existindo ainda requisitos específicos para

deformações ou estados de fissura do sistema estrutural, estados limites de serviço e impactos

de corpo mole e corpo duro, contendo tabelas específicas, a serem utilizadas pelos

profissionais responsáveis por esses projetos.

Completam ainda as determinações contidas na parte 2 da norma, o conteúdo de cinco

anexos apresentados no Quadro 3.

ANEXOS

A Modelagem matemática do comportamento conjunto para a resistência mínima de

projeto

B Modelagem matemática do comportamento conjunto para as deformações de serviço

C Ensaio de impacto de corpo mole

D Ensaio de impacto de corpo duro

E Níveis de desempenho

2.2.5 Parte 3 – Requisitos para o sistema de pisos

a) Introdução

Esta parte trata do desempenho do sistema de pisos, destinados para a área de uso

privativo ou de uso comum, com a inclusão dos elementos e componentes, em concordância

com os critérios estabelecidos. Tendo em vista que, um requisito que vem cada vez mais

sendo requerido é a segurança em uso de um sistema de piso. As consequências de uma

queda, principalmente para idosos, podem acarretar dados gravíssimos, resultando até em

morte ou imobilização permanente, como são acidentes previsíveis logo deverão ser evitados,

exigindo apenas atenção a alguns requisitos na especificação do sistema de piso da

construção.

Quadro 3 – Descrição dos Anexos da NBR 15575-2.

Fonte: Autor (2018).

Page 36: MICHELE RAYANE DA SILVA MANUTENÇÃO COMO FATOR …

23

b) Conceitos e definições

Nesse tópico faz-se necessário destacar os conceitos e definições a seguir.

Propagação superficial de chamas: alastramento da combustão na superfície

dos materiais;

Estanqueidade: é a propriedade de um elemento (ou de um conjunto de

componentes) de impedir a penetração ou passagem de fluidos através de si;

Ruído de impacto e aéreo: som produzido através do impacto de um corpo

sólido e som produzido e transmitido pelo ar;

Áreas molhadas: aquelas que podem formar lâmina d’água; áreas molháveis,

áreas que recebem respingos de água e que não resulta na formação de lâmina

d’água;

Áreas secas: áreas onde não está prevista a utilização direta de água nem

mesmo durante a operação de limpeza.

Prosseguindo com as definições temos;

Resistência ao fogo: propriedade de suportar o fogo e proteger ambientes

contíguos durante sua ação, caracterizada pela capacidade de confinar o fogo e

de manter a estabilidade ou resistência mecânica por determinado período;

Áreas de uso privativo: áreas cobertas ou descobertas que definem o conjunto

de dependências e instalações de uma unidade autônoma, cuja utilização é

privativa dos respectivos titulares de direito;

Áreas de uso comum: área coberta e/ou descoberta situada nos diversos

pavimentos da edificação e fora dos limites de uso privativo, que pode ser

utilizada em comum por todos ou por parte dos titulares de direito das unidades

autônomas;

Fresta, toda e qualquer fenda, planejada ou não, entre componentes do sistema

de piso que não esteja preenchida.

A Norma de Desempenho vai definir o sistema de piso como um conjunto parcial ou

total de camadas destinado a cumprir a função de estrutura, vedação e tráfego, conforme os

critérios definidos nesta Norma. O sistema de piso é esquematizado conforme a Figura 12.

Page 37: MICHELE RAYANE DA SILVA MANUTENÇÃO COMO FATOR …

24

A camada estrutural é o elemento resistente a cargas diversas na qual o piso é

submetido; a impermeabilização tem por finalidade proteger as construções contra a ação

deletéria de fluidos, vapores e da umidade; o Isolamento térmico ou acústico tem a finalidade

proteger as construções contra a ação dos efeitos de variações de temperatura e de atenuar a

passagem de ruídos; o contrapiso possui a função de regularizar o substrato, proporcionando

uma superfície uniforme de apoio, coesa, aderido ou não e adequada à camada de

acabamento, podendo eventualmente servir como camada de embutimento, caimento ou

declividade; a camada de fixação serve para fixar a camada de acabamento que por sua vez é

destinada a revestir a superfície do sistema de piso e cumprir funções de proteção e

acabamento estético e funcional.

c) Requisitos

O texto da norma apresenta uma gama de requisitos que o sistema de pisos deve

atender, são eles:

Estabilidade e resistência estrutural, cujo sistema não deve apresentar ruína nem falhas

que coloquem em risco a integridade física do usuário;

Limitação dos deslocamentos verticais, vai limitar os deslocamentos verticais da

camada estrutural do sistema de piso, bem como a ocorrência de fissuras ou quaisquer

falhas, de forma a atender às exigências dos usuários da edificação habitacional;

Resistência a impactos de corpo duro, deve resistir aos impactos de corpo-duro

previsíveis nas condições normais de serviço, sem apresentar ruína no sistema de

pisos;

Resistir a cargas verticais concentradas previsíveis nas condições normais de serviço,

sem apresentar ruína ou danos localizados nem deslocamentos excessivos;

Figura 13 – Exemplo genérico de um sistema de pisos e

seus elementos.

Fonte: Adaptado de NBR 15575 (2013).

Page 38: MICHELE RAYANE DA SILVA MANUTENÇÃO COMO FATOR …

25

Dificultar a ocorrência da inflamação generalizada no ambiente de origem do incêndio

e não gerar fumaça excessiva capaz de impedir a fuga dos ocupantes em situações de

incêndio;

Dificultar a propagação do incêndio, da fumaça e preservar a estabilidade estrutural da

edificação;

Coeficiente de atrito da camada de acabamento tornando segura a circulação dos

usuários, evitando escorregamentos e quedas;

Segurança na circulação prevenindo lesões em seus usuários, provocadas por quedas

decorrentes de irregularidades localizadas;

Segurança no contato direto Prevenir lesões em seus usuários, provocadas pelo contato

direto de partes do corpo com a superfície do sistema de piso;

Estanqueidade de sistema de pisos em contato com a umidade ascendente, evitar

condições de risco à saúde dos usuários e deterioração da camada de acabamento dos

pisos e áreas adjacentes;

Estanqueidade de sistemas de pisos de áreas molhadas, impedir a passagem da

umidade para outros elementos construtivos da habitação;

Níveis de ruído admitidos na habitação;

Isolamento de ruído aéreo dos sistemas de pisos entre unidades habitacionais avaliar o

isolamento de som aéreo de ruídos de uso normal (fala, TV, conversas, música) e uso

eventual (áreas comuns, áreas de uso coletivo);

Resistência à umidade do sistema de pisos de áreas molhadas e molháveis, resistir à

exposição à umidade, em condições normais de uso, sem apresentar alterações em

suas propriedades que comprometam seu uso;

Resistência ao ataque químico dos sistemas de pisos, resistir à exposição aos agentes

químicos normalmente utilizados na edificação ou presentes nos produtos de limpeza

doméstica;

Resistência ao desgaste em uso, resistir aos esforços mecânicos associados às

condições normais de uso específicas para cada ambiente;

Sistema de pisos para pessoas portadoras de deficiência física ou pessoas com

mobilidade reduzida (pmr) Propiciar mobilidade e segurança em função das áreas de

uso;

Homogeneidade quanto à planeza da camada de acabamento do sistema de piso, não

comprometer o efeito visual desejado ou a estética.

Page 39: MICHELE RAYANE DA SILVA MANUTENÇÃO COMO FATOR …

26

Enfim, a norma de desempenho traz diversas tabelas contendo critérios, objetivos e

índices numéricos a serem obedecidos. Completam ainda as determinações contidas na parte

3, o conteúdo de cinco anexos apresentados no Quadro 4.

ANEXOS

A Ensaio de impacto de corpo duro

B Verificação da resistência do sistema de pisos a cargas verticais concentradas –

Método de ensaio

C Verificação da resistência à umidade do sistema de pisos de áreas molhadas e

molháveis – Método de ensaio

D Verificação da resistência ao ataque químico dos componentes da camada de

acabamento dos sistemas de pisos – Método de ensaio

E Níveis de desempenho

2.2.6 Parte 4 – Requisitos para os sistemas de vedações verticais internas e externas

a) Introdução

Esta parte refere-se aos sistemas de vedações verticais, sendo eles internos ou

externos, das edificações habitacionais, que, além da volumetria e da compartimentação dos

espaços da edificação, integram-se de forma muito estreita aos demais elementos da

construção, recebendo influências e influenciando o desempenho da edificação habitacional.

As vedações verticais exercem várias funções, tais como, estanqueidade à água, isolação

térmica e acústica, capacidade de fixação de peças suspensas, capacidade de suporte a

esforços de uso, compartimentação em casos de incêndio e mesmo sem possuir função

estrutural, pode atuar como contraventamento de estruturas reticuladas.

Quadro 4 – Descrição dos Anexos da NBR 15575-3.

Fonte: Autor (2018).

Page 40: MICHELE RAYANE DA SILVA MANUTENÇÃO COMO FATOR …

27

b) Conceitos e definições

Apresenta a sigla SVVIE, que significa “sistemas de vedações verticais internas e

externas”;

Ensaio-tipo: é aquele utilizado para aferir a conformidade de um sistema de

vedação, utilizando amostras representativas das condições de projeto e

utilização;

Estado limite último: é o momento a partir do qual ocorre um rebaixamento

no nível de segurança com risco de colapso ou ruína de um sistema de

vedação;

Estado limite de serviço: é aquele caracterizado por solicitações que

prejudicam a funcionalidade, utilização ou durabilidade do sistema, com

aparecimento de fissuras e outras falhas;

Deslocamento: é a perda de aderência entre um componente de acabamento e

sua base.

c) Requisitos

O texto vai apresentar dez requisitos que os sistemas de vedações internas e externas

devem atender, são eles:

Resistência estrutural - apresentar nível de segurança considerando-se as

combinações de ações passíveis de ocorrerem durante a vida útil da edificação

habitacional ou do sistema;

Deslocamentos, fissuras e falhas - deve-se limitar a valores aceitáveis e

assegurar que esses problemas não impeçam o livre funcionamento de

elementos e componentes da edificação habitacional;

Carga de peça suspensa - deve-se resistir às solicitações originadas pela

fixação de peças suspensas (quadros, armários e etc.)40 kg/ponto de fixação;

Impacto de corpo mole – referente a choques acidentais em usos, impactos de

120 a 960 joules; impacto de corpo duro – resistir aos impactos de corpo duro

de 2,5 a 20 joules;

Portas e janelas – resistir as ações transmitidas de portas e cargas em

parapeitos de janelas;

Page 41: MICHELE RAYANE DA SILVA MANUTENÇÃO COMO FATOR …

28

Segurança contra incêndio – dificultar a ocorrência da inflamação generalizada

no ambiente de origem do incêndio e não gerar fumaça excessiva capaz de

impedir a fuga dos ocupantes em situações de incêndio;

Desempenho térmico e acústico – deve-se atingir pelo menos o mínimo

recomendado pela norma;

Estanqueidade - facilitar escoamento e evitar penetração de água

principalmente em fachadas.

O texto vai apresentar para cada requisito o seu critério e o seu método de avaliação,

apresenta várias tabelas, como as de aberturas mínimas de janelas de acordo com a área onde

está localizada a construção, transmitância térmica de paredes externas, parâmetros acústicos

entre outros, e ainda sete anexos para completar a sua fundamentação, no Quadro 5.

ANEXOS

A Determinação da resistência dos SVVIE às solicitações de peças suspensas – Método

de ensaio

B Verificação da resistência a impactos de corpo duro – Método de ensaio

C Verificação, em laboratório, da estanqueidade à água de SVVE – Método de ensaio

D Verificação da permeabilidade à água de SVVIE – Método de ensaio

E Verificação do comportamento de SVVE exposto à ação de calor e choque térmico –

Método de ensaio

F Níveis de desempenho

G Verificação do comportamento de SVVE sob ação de cargas distribuídas horizontais –

Método de ensaio (Adaptado da NBR 5643-1983)

Quadro 5 – Descrição dos Anexos da NBR 15575-4.

Fonte: Autor (2018).

Page 42: MICHELE RAYANE DA SILVA MANUTENÇÃO COMO FATOR …

29

2.2.7 Parte 5 – Requisitos para o sistema de cobertas

a) Introdução

Esta parte da norma de desempenho se refere às exigências dos usuários e aos

requisitos referentes aos sistemas de coberturas. Esse sistema deve ser planejado e executado

de forma a proteger os demais sistemas da edificação, pois exercem funções importantes e

interferem diretamente na durabilidade dos demais elementos que a compõem, já que

impedem a infiltração oriunda das intempéries para os ambientes habitáveis e previnem a

proliferação de microrganismos patogênicos e de diversificados processos de degradação dos

materiais de construção, incluindo apodrecimento, corrosão, fissuras de origem higrotérmica e

outros.

b) Conceitos e definições

O texto vai abordar de forma detalhada no que se refere à caraterização das diversas

partes de uma cobertura, tais como:

Sistema de cobertura (SC): Conjunto de elementos / componentes , dispostos

no topo da construção, com as funções de assegurar estanqueidade às águas

pluviais e salubridade, proteger demais sistemas da edificação habitacional ou

elementos e componentes da deterioração por agentes naturais, e contribuir

positivamente para o conforto termoacústico da edificação habitacional;

Telhado: elemento constituído pelos componentes telhas, peças

complementares e acessórios;

Alpendre: telhado formado por uma única água; telhado de duas águas:

formado por dois planos inclinados que concorrem na linha de cumeeira;

Telhado de quatro águas: constituído por quatro planos inclinados, na forma

de triângulos e ou formando uma pirâmide, ou trapézios concorrentes em linha

de cumeeira ou espigão;

Telhado em arco: aquele formado por águas côncavas; água, pano ou

vertente: cada um dos planos inclinados que constituem um telhado;

Água-mestra: água principal de maior área; ático ou desvão: espaço

compreendido entre o telhado e forro; caimento: declividade da água.

Em continuidade aparece a definição de:

Page 43: MICHELE RAYANE DA SILVA MANUTENÇÃO COMO FATOR …

30

Entreforro ou plenum: espaço compreendido entre o forro e uma laje ou

pano de telhado que lhe é paralelo;

Cobertura-terraço: cobertura de ambientes habitáveis que disponibiliza sua

área, em parte ou em todo, por meio de acesso, para desenvolvimento de

atividades;

Laje plana: laje de cobertura com declividade menor ou igual a 5 %;

Sótão: Ático acessível e passível de utilização pelos usuários da edificação

habitacional;

Subcobertura: Componente impermeável aplicada sob o telhado, com a

finalidade de impedir que pequenas infiltrações de água atinjam o forro ou a

laje da cobertura;

Teto: Superfície inferior de uma cobertura, ou de entre pisos, que delimita

internam internamente a parte superior de um cômodo;

Forro: Revestimento inferior de cobertura ou de entre pisos, aderido,

suspenso ou com estrutura independente;

Viga-calha : Componente estrutural , com formato de canal aberto, destinado

à captação e condução da água de chuva do sistema de cobertura;

Estrutura principal: conjunto resistente apoiado diretamente na estrutura da

edificação habitacional;

Estrutura secundária: conjunto de componentes de sustentação do telhado

apoiada na estrutura principal;

Trama: Estrutura secundaria integrado pelas terças, caibros e ripas;

Tesoura: elemento da estrutura principal de sustentação da trama.

A Figura 14, a seguir, apresenta as designações do sub-sistema de telhados.

Page 44: MICHELE RAYANE DA SILVA MANUTENÇÃO COMO FATOR …

31

c) Requisitos

Em relação ao desempenho estrutural o sistema de cobertura deve apresentar um nível

satisfatório de segurança contra a ruína e não apresentar avarias ou deformações e

deslocamentos que prejudiquem a funcionalidade, deve suportar cargas transmitidas por

pessoas e objetos nas fases de montagem ou de manutenção, possibilitar a fixação de

luminárias e outras cargas de ocupação, não sofrer avarias sob a ação de granizo e de outras

pequenas cargas acidentais dentro dos critérios estabelecidos na norma. Deve apresentar

segurança contra incêndio e sua estrutura deve resistir no mínimo 30 minutos. Segurança no

uso e operação não apresentar partes soltas ou destacáveis sob ação do peso próprio e

sobrecarga de uso, propiciar condições seguras para sua montagem e manutenção. Os

sistemas de coberutas inclinados com declividade superior a 30 % devem estar providos de

dispositivos de segurança suportados pela estrutura principal.

Os Sistemas de cobertura constituídos por estrutura e/ou por telhas metálicas devem

ser aterrados, a fim de propiciar condução das descargas e a dissipação de cargas eletrostáticas

eventualmente acumuladas nas telhas pelo atrito com o vento, bem como para inibir eventuais

problemas de corrosão por corrente de fuga. Quanto à estanqueidade, ser estanques à água de

chuva, evitar a formação de umidade e evitar a proliferação de insetos e microorganismos.

Desempenho térmico e acústico: Apresentar transmitância térmica e absortância à radiação

solar que proporcionem um desempenho térmico apropriado para cada zona bioclimática e

avaliar o isolamento de som aéreo de fontes de emissão externas; Apresentar desempenho

Figura 14 – Designações do sub-sistema de telhados.

Fonte: NBR 15575 (2013).

Page 45: MICHELE RAYANE DA SILVA MANUTENÇÃO COMO FATOR …

32

lumínico e vida útil de projeto conforme períodos especificados na Parte 1 dessa norma, deve

possibilitar a instalação, manutenção e desinstalação de dispositivos e equipamentos

necessários à operação da edificação habitacional.

Dentre outas exigências pode-se destacar e resumir que o sistema de cobertura deve

apresentar uma boa capacidade de drenagem evitando empoçamentos, o aparecimento de

manchas de umidade não devem ultrapassar 35% da sua área, permitir o trabalho de pessoas

em sua superfície, ter seu desempenho termo-acústico dentro dos níveis pré-estabelecidos

nessa norma garantindo o conforto do usuário. E apresenta 11 anexos para completar o

exposto no texto (Quadro 6).

ANEXOS

A Determinação da resistência às cargas concentradas em sistemas de coberturas

acessíveis aos usuários – Método de ensaio

B Determinação da resistência de peças fixadas em forro – Método de ensaio

C Verificação da resistência ao impacto em telhados – Método de ensaio

D Determinação da estanqueidade à água do SC – Método de ensaio

E Verificação da resistência de suporte das garras de fixação ou de apoio – Método de

ensaio

F Determinação da resistência das platibandas – Método de ensaio

G Determinação da resistência ao caminhamento – Método de ensaio

H Verificação da estabilidade da cor de telhas e outros componentes das coberturas –

Método de ensaio

I Níveis de desempenho

J Roteiro de cálculo dos esforços atuantes do vento em coberturas

K Método de ensaio para verificação da reação ao fogo em protótipo

Quadro 6 – Descrição dos Anexos da NBR 15575-5.

Fonte: Autor (2018).

Page 46: MICHELE RAYANE DA SILVA MANUTENÇÃO COMO FATOR …

33

2.2.8 Parte 6 – Requisitos para o sistema hidrossanitário

a) Introdução

A sexta e última parte da referida norma trata das exigências dos usuários e dos

requisitos referentes aos sistemas hidrossanitários. Esse sistema é responsável direto pelas

condições de saúde e higiene requeridas para a habitação, além de apoiarem todas as funções

humanas nela desenvolvidas (cocção de alimentos, higiene pessoal, condução de esgotos e

águas servidas etc.). e devem harmonizar-se com deformabilidade das estruturas, interações

com o solo e características físico-químicas dos demais materiais de construção e compreende

os seguintes sistemas prediais:

Sistema de água fria e água quente;

Sistema de esgoto sanitário e ventilação; e

Sistema de águas pluviais.

b) Conceitos e definições

Para efeitos dessa norma aplicam-se os seguintes conceitos e definições:

Corrente de fuga pelo aparelho elétrico de aquecimento de água: corrente

elétrica errática que os equipamentos elétricos podem transmitir ao usuário;

Fonte de abastecimento de água: sistema destinado a fornecer água para o

sistema (pública ou privada);

Ponto de utilização: extremidade à jusante do sub-ramal a partir de onde a

água passa a ser considerada água para uso;

Protetor térmico: dispositivo que, durante o funcionamento anormal do

aparelho de aquecimento instantâneo de água, limita a temperatura da água

aquecida, sem poder ser ajustado ou alterado pelo usuário;

Refluxo de água: escoamento de água ou outros líquidos e substâncias,

proveniente de qualquer fonte que não a fonte de abastecimento prevista, para

o interior da tubulação destinada a conduzir água desta fonte;

Retrossifonagem: refluxo de água servida para o interior de uma tubulação,

devido à sua pressão ser inferior à atmosférica.

Além desses, temos:

Page 47: MICHELE RAYANE DA SILVA MANUTENÇÃO COMO FATOR …

34

Separação atmosférica: separação física (cujo meio é preenchido por ar) entre

o ponto de utilização ou ponto de suprimento e o nível de transbordamento dos

reservatórios, aparelhos sanitários ou outros componentes associados ao ponto

de utilização;

Sistema de aquecimento instantâneo de água: sistema onde a água a ser

utilizada se aquece de forma instantânea pela sua passagem pela fonte de

aquecimento, como, por exemplo, chuveiros, torneiras, aquecedor de passagem

a gás;

Sistema de aquecimento de água por acumulação: sistema onde a água é

aquecida e armazenada em reservatórios termicamente isolados para ser

posteriormente utilizada pelos usuários, como, por exemplo, os boilers e os

aquecedores de acumulação a gás;

Sistema de aterramento: conjunto de todos os condutores e peças condutoras

com os quais é feita a ligação elétrica com a terra;

Sistema hidrossanitário: sistemas hidráulicos prediais destinados a suprir os

usuários com água potável e de reuso, e a coletar e afastar os esgotos

sanitários, bem como coletar e dar destino às águas pluviais;

Tubulação: conjunto de componentes formado por tubos, conexões, válvulas e

registros, destinado a conduzir água potável e, de reuso esgoto, ou águas

pluviais;

Calha: canal que recolhe a água de coberturas, terraços e similares e a conduz

ao tubo de queda.

c) Requisitos

Ao tratar da segurança estrutural, o sistema deve resistir às solicitações mecânicas

durante o uso, os fixadores ou suportes das tubulações, devem resistir a cinco vezes o peso

próprio das tubulações cheias d’água para tubulações fixas no teto ou em outros elementos

estruturais, bem como não apresentar deformações que excedam 0,5 % do vão. As tubulações

embutidas não devem sofrer ações externas que possam danificá-las ou comprometer a

estanqueidade ou o fluxo, devem resistir às solicitações dinâmicas do próprio sistema, os seus

dispositivos não devem provocar sobrepressões no fechamento, superiores a 0,2 Mpa.

Quanto à segurança contra incêndio, a edificação deve dispor de reservatório de água

fria com um volume de água necessário ao consumo dos usuários e um volume destino ao

Page 48: MICHELE RAYANE DA SILVA MANUTENÇÃO COMO FATOR …

35

combate a incêndio, tal volume é definido na ABNT NBR 13714, aplicável para aqueles casos

que não precisar de hidrantes, dispor de extintores, evitar a propagação de chamas entre os

pavimentos utilizando dispositivos anti chamas.

O Uso e a operação, devemos evitar queimaduras e choques elétricos em sistemas de

equipamentos de aquecimento e em eletrodomésticos ou eletroeletrônicos, Os equipamentos

devem atender às ABNT NBR 12090 e ABNT NBR 14016, limitando-se à corrente de fuga,

para outros aparelhos, em 15 mA, não apresentar riscos de explosão ou intoxicação, aos

usuários, durante o uso, permitir a utilização segura dos usuários. As peças e aparelhos

sanitários devem possuir resistência mecânica aos esforços a que serão submetidos na sua

utilização, quando houver sistema de água quente para os pontos de utilização nos edificações

habitacionais, o sistema deve prever formas de prover ao usuário que a temperatura da água

na saída do ponto de utilização seja limitada. Trata ainda da estanqueidade das instalações dos

sistemas hidrossanitários de água fria e água quente, das instalações de esgoto, águas pluviais

e água das calhas, bem como do desempenho térmico, acústico, lumínico e da durabilidade e

manutenibilidade.

No tocante a saúde, higiene e qualidade do ar o sistema deve evitar a introdução de

substâncias tóxicas ou impurezas, não utilizar material ou componente que permita o

desenvolvimento de bactérias ou outras atividades biológicas, as quais provocam doenças, os

componentes da instalação hidráulica não devem permitir o empoçamento de água, Não

permitir o refluxo ou retrossifonagem, enquanto aborda ainda os requisitos referente a

funcionalidade, acessibilidade, conforto tátil e antropodinâmico e adequação ambiental.

E complementa-se com dois anexos, o anexo A referente à lista de verificações para os

projetos e o anexo B sobre os níveis de desempenho.

2.3 Manutenção Predial

2.3.1 Generalidades

De acordo com a NBR 15575:2013 da ABNT, a manutenção pode ser definida como

um conjunto de procedimentos e ou atividades que devem ser realizadas ao longo da vida total

da edificação com o objetivo de conservar e até mesmo recuperar a sua capacidade funcional

e de seus sistemas constituintes (desempenho), garantindo os critérios de uso e segurança dos

usuários. A referida norma define o manual de uso, operação e manutenção como um

Page 49: MICHELE RAYANE DA SILVA MANUTENÇÃO COMO FATOR …

36

documento que reúne todas as informações necessárias para orientar as atividades de uso,

operação e manutenção sejam elas preventivas ou corretivas.

Segundo Villanueva (2015), várias publicações no Brasil colocam em questão a nossa

cultura de manutenção predial, declaram que ainda estamos muito distantes da realidade dos

países de primeiro mundo e que é quase zero a existência de manutenção preventiva nos

edifícios residenciais. Branco & Neves afirmam:

Nos países de primeiro mundo, manter o patrimônio imobiliário em boas

condições de uso é uma questão cultural e rotineira, sendo que a contratação

dos serviços de Inspeção Predial para elaboração de um plano para

manutenção é realizada naturalmente, demonstrando a consolidação desta

atividade nestes países (BRANCO & NEVES, 2009).

No Brasil, apesar dos últimos avanços relacionados ao tema da manutenção predial a

nossa cultura ainda está muito distante quando comparada com a cultura dos países

desenvolvidos, fato comprovado através de tantos sinistros ocorridos e também pela ínfima

prática de manutenção preventiva nas edificações habitacionais. Gomide; Pujadas; Neto

destacam:

A prática da Manutenção Brasileira, atualmente, está focada em consertar o

que está quebrado, sem a disponibilização de recursos necessários à

implantação de plano de atividades particularizado a cada empreendimento, o

qual de veria considerar alguns pontos fundamentais para o sucesso do

programa de manutenção, quais sejam: vida transcorrida das instalações,

tipos e frequências de uso, horas de funcionamento de máquinas e

equipamentos, 14 operacionalidade e perdas de desempenho. (GOMIDE;

PUJADAS; NETO, 2006).

De acordo com o diagrama apresentado na figura 15, denotamos que a manutenção

predial abrange todas as fases do empreendimento e não apenas na fase de pós ocupação, logo

que as decisões tomadas nas etapas anteriores irão influenciar na manutenibilidade da

edificação. (CANTARELLI, 2017).

Page 50: MICHELE RAYANE DA SILVA MANUTENÇÃO COMO FATOR …

37

2.3.2 Medidas de manutenção

Uma tentativa de não comprometer as exigências funcionais dos vários elementos

construtivos durante a vida útil do prédio é a determinação de medidas de prevenção de

anomalias e falhas, pois é possível evitar a maioria das anomalias durante a fase de utilização

da edificação. (VIEIRA, 2015)

Para tanto se deve implementar um plano de manutenção, pois Vieira (2015) afirma

que o plano de manutenção “pretende detectar fenômenos pré patológicos indicando

anomalias em estado inicial, possibilitando o diagnóstico das causas com o propósito de

intervir com medidas adequadas para a resolução dos problemas.”

Segundo Vieira (2015) as anomalias são incômodas para os usuários ao nível da

funcionalidade e para o proprietário ao nível da necessidade e disponibilidade econômica, a

figura 16 esquematiza as medidas de manutenção a serem adotadas.

Concepção

•Soluções que minimizam custos com manutenção e operação

Projeto

•Especificação de materiais;

•Pensar na pós ocupação

Execução

•Mão de Obra;

•Técnica e tecnologia;

•As-built

•Aramazenamento de materiais

Pós-ocupação

•Registros de manutenção;

•Registros de avaliações;

•Manual do proprietário;

•APO

Figura 15 – Diagrama dos fatores relacionados com a manutenção de um edifício.

Fonte: Adaptado de Ferreira (2010).

Aprendizagem (retroalimentação de informações)

Page 51: MICHELE RAYANE DA SILVA MANUTENÇÃO COMO FATOR …

38

2.3.3 Classificação dos tipos de manutenção

A manutenção predial pode ser classificada de diversas formas segundo a literatura,

que são elas: tipo de manutenção; origem dos problemas dos edifícios; estratégia de

manutenção adotada; periodicidade de realização das atividades e quanto às origens da

necessidade de manutenção.

2.3.3.1 Classificação de acordo com a NBR 5674:2012

Para a ABNT NBR 5674:2012 as manutenções podem ser classificadas em

manutenção rotineira, manutenção planejada ou preventiva e manutenção não planejada ou

corretiva.

2.3.3.2 Manutenção rotineira

É um tipo de manutenção que se caracteriza por um conjunto de serviços simples e

padronizados de fluxo constante, que são apenas necessários equipamentos e pessoal

permanentemente disponível nas edificações. (NBR 5674:2012).

Fonte: Adaptado de Leite (2009).

Figura 16 – Proposta de medidas de manutenção.

FENOMENOS PRÉ

PATOLÓGICOS

MEDIDAS

PREVENTIVAS

MEDIDAS

CORRETIVAS

QUALIDADE

SATISFAÇÃO

DOS

USUÁRIOS

MANUTENÇÃO DE EDIFÍCIOS

Page 52: MICHELE RAYANE DA SILVA MANUTENÇÃO COMO FATOR …

39

Pode-se dizer que as manutenções rotineiras são aquelas atividades diárias que estão

relacionadas com a conservação do edifício, pode-se citar como exemplo a limpeza e lavagens

de áreas comuns.

2.3.3.3 Manutenção planejada ou preventiva

Caracteriza-se pelo planejamento realizado anteriormente para a execução do serviço,

tendo como base as solicitações dos usuários, estimativas da durabilidade esperada dos

componentes das edificações em uso definidas pelas normas ou através de relatórios de

inspeções periódicas sobre o seu estado de deterioração. (NBR 5674:2012).

O planejamento dos serviços de manutenção requer a elaboração de uma previsão

detalhada dos métodos de trabalho, ferramentas e equipamentos necessários, condições

especiais de acesso, cronograma de realização e duração dos serviços de manutenção,

consoante recomendações da norma de Manutenção de Edificações (GOMIDE, 2009).

É necessária a elaboração de um estudo de caracterização da manutenção do prédio

para a efetivação de medidas preventivas como, por exemplo, a sistematização das principais

anomalias encontradas desde a primeira inspeção realizadas com suas respectivas causas,

associando-as a um planejamento de ações, sendo esse o plano de manutenção. (VIEIRA,

2015).

Como exposto a manutenção planejada requer planejamento, disciplina e profissionais

habilitados com capacidade técnica para a execução dessas manutenções, com a diminuição

das falhas, essa reduzirá os recursos físicos e econômicos utilizados.

2.3.3.4 Manutenção não planejada ou corretiva

São ocasionadas pelos serviços não previstos na manutenção planejada, ou seja, é uma

manutenção de emergência, exigindo intervenção imediata, para garantir a continuidade do

uso ou evitar riscos graves de acidente ou prejuízos pessoais e patrimoniais aos seus usuários.

(NBR 5674:2012).

Até a 2ª guerra mundial, a manutenção era exclusivamente corretiva, onde houve o

aumento das pesquisas e a valorização do gerenciamento da manutenção utilizando-se ações

Page 53: MICHELE RAYANE DA SILVA MANUTENÇÃO COMO FATOR …

40

preventivas e a otimização das estratégias de manutenção. (SHARECHI E FAIEZA, 2011 apud

FERREIRA, 2017).

No Brasil a manutenção corretiva ainda é a mais utilizada, pois a nossa cultura de

consertar o que está quebrado ainda tem bastante força, pois a maioria dos usuários e síndicos

não consegue perceber a importância e os benefícios de se fazerem as manutenções

preventivas, pois não querem gastar com esse tipo de prevenção, apesar de que a manutenção

corretiva é mais cara do que a manutenção preventiva, pois os elementos e/ou equipamentos

já se encontram com estado de deterioração avançado.

2.4 ABNT NBR 14037:2014 – Diretrizes para elaboração de manuais de uso, operação e

manutenção das edificações – Requisitos para elaboração e apresentação dos

conteúdos.

Nos últimos anos a busca por qualidade nos processos produtivos de edificações tem

impulsionado a introdução de significativas mudanças no setor de construção civil,

principalmente no que diz respeito à necessidade de uma abordagem mais ampla do processo

e dos intervenientes envolvidos.

A referida norma estabelece os requisitos mínimos para elaboração do manual de

operação, uso e manutenção das edificações, a elaboração do manual, objeto dessa norma,

deve ser feita por empresa ou responsável técnico e a entrega do mesmo deve ser feita pela

incorporadora ou construtora. Deve conter as informações técnicas necessárias ao

desenvolvimento das atividades de uso, operação e manutenção das edificações e se aplica a

edificações em geral independente da altura, tipologia, ou padrão construtivo, de forma a:

Informar aos proprietários e ao condomínio as características técnicas da edificação

construída;

Descrever procedimentos recomendáveis e obrigatórios para a conservação, uso e

manutenção da edificação, bem com para a operação dos equipamentos;

Em linguagem didática, informar e orientar os proprietários e o condomínio com

relação as suas obrigações no tocante a realização de atividades de manutenção e

conservação, e de condições de utilização da edificação;

Prevenir a ocorrência de falhas ou acidentes decorrentes de uso inadequado; e

Contribuir para que a edificação atinja a vida útil de projeto.

Page 54: MICHELE RAYANE DA SILVA MANUTENÇÃO COMO FATOR …

41

A Tabela 1 abaixo, retirada da norma, apresenta a correlação das seções e das

subdivisões do manual com os itens da referida norma para orientar na elaboração do manual.

Capítulo Subdivisões Correlação com os

itens da norma 1. Apresentação Índice

Introdução

Definições

5.1.1

5.1.2

5.1.3

2. Garantias e

assistência técnica

Garantia e assistência técnica 5.2

3. Memorial

descritivo

5.3

4. Fornecedores Relação de fornecedores

Relação de projetistas

Serviços de utilidade pública

5.4.1

5.4.2

5.4.3

5. Operação, uso e

limpeza

Sistemas hidrossanitários

Sistemas eletroeletrônicos

Sistema de proteção contra descargas

atmosféricas

Sistemas de ar-condicionado, ventilação e

calefação

Sistemas de automação

Sistemas de comunicação

Sistemas de incêndio

Fundações e estrutura

Vedações

Revestimentos internos e externos

Pisos

Coberturas

Jardins, paisagismo e área de lazer

Esquadrias e vidros

Pedidos de ligações públicas

5.5

6. Manutenção Programa de manutenção preventiva

Registros

Inspeções

5.6.1

5.6.2

5.6.3

7. Informações

Complementares

Meio ambiente e sustentabilidade

Segurança

Operação dos equipamentos e suas

ligações

Documentação técnica e legal

Elaboração e entrega do manual

Atualização do manual

5.7.1

5.7.2

5.7.3

5.7.4

5.7.5

5.7.6

O manual deve ser escrito em linguagem didática e ter o grau de detalhamento

conforme a complexidade da edificação. Devem ser incluídas as definições necessárias à

compreensão de certos termos técnicos e legais adotados no mesmo.

Ainda, deve: Conter prazos de garantias conforme a NBR 15575-1, apresentar as

condições de perdas de garantias, mostrar a forma como o construtor e/ou incorporador se

Tabela 1 – Disposição dos conteúdos.

Fonte: Adaptado de ABNT (2012).

Page 55: MICHELE RAYANE DA SILVA MANUTENÇÃO COMO FATOR …

42

obriga a prestar o serviço de atendimento ao cliente para orientações e esclarecimentos de

dúvidas referentes à manutenção, garantia e assistência técnica. Ter memorial descritivo,

relação de: fornecedores, projetistas, serviços de utilidade pública.

Além desses, tratar os procedimentos para operação, uso e limpeza dos componentes

ou equipamentos mais importantes da edificação, a fim de prevenir danos que possam

acarretar consequências graves. O proprietário ou condomínio deve elaborar e implementar o

programa de manutenção que atenda a norma ABNT NBR 5674, pois fornecem subsídios

para o bom funcionamento da edificação, atendendo as condições de saúde, segurança e

salubridade do usuário o programa também deve conter orientações para realização de laudos

de inspeção a serem realizados periodicamente por profissionais habilitados registrados nos

conselhos competentes para serem anexados à documentação e registros da edificação. Indicar

a obrigatoriedade de registrar as manutenções realizadas e armazenar conforme a ABNT NBR

5674.

Em relação ao meio ambiente e sustentabilidade o manual deve apresentar recomendações

para o uso racional da água, energia, gás e coleta seletiva de lixo, a fim de utilizar os recursos

de forma consciente e racionalizada e conter informações sobre as consequências decorrentes

do não cumprimento às recomendações fornecidas ou estabelecidas em projeto, e executadas,

que possam acarretar perda do desempenho ambiental preestabelecido inicialmente e/ou risco

de saúde do usuário.

No quesito segurança, devem conter recomendações para situações de emergência,

aquelas que requerem providências rápidas e imediatas que visem à segurança pessoal e

patrimonial dos usuários, em casos típicos de: vazamento de gás, vazamento de água, falha

nos sistemas elétricos, prevenção e combate a incêndio, falhas de instalações e equipamentos

julgados críticos ao funcionamento da edificação. Apresentar a descrição e localização de

todos os controles de operação da edificação, com destaque e alerta aos usuários, proprietários

e ao condomínio sobre os riscos decorrentes da negligência ou não observação das situações

de emergência. Prover de recomendações para evacuação da edificação contendo informações

sobre as rotas de fuga e as saídas de emergência e ter informações sobre modificações e

limitações (reformas).

Referente à operação dos equipamentos e suas ligações o manual deve fazer referência aos

manuais específicos dos fornecedores dos equipamentos e sistemas, a fim de que as devidas

operações sejam respaldadas tecnicamente.

Page 56: MICHELE RAYANE DA SILVA MANUTENÇÃO COMO FATOR …

43

A documentação técnica legal contida no manual deve indicar a incumbência pelo

fornecimento inicial, o responsável e periodicidade da renovação e essa documentação deve

conter no mínimo os seguintes projetos:

Arquitetura;

Estrutura;

Instalações elétricas;

Instalações hidráulicas;

Sistema de proteção de descarga atmosférica (SPDA);

Elevadores;

Paisagismo;

Projetos específicos;

Memoriais descritivos dos respectivos projetos, não contemplando as respectivas

memórias de cálculos.

É de responsabilidade do proprietário e/ou condomínio pelo arquivamento dos

documentos garantindo a sua entrega a quem o substituir, mediante protocolo discriminado

item a item, pela guarda dos documentos legais e fiscais durante os prazos legais e das

providências para a renovação desses documentos. É também de sua responsabilidade a

atualização obrigatória do conteúdo do manual quando da realização de modificações na

edificação em relação ao originalmente construído e documentado no manual original.

A norma também é dotada de um anexo, o A, que contem a tabela A.1 (Incumbência

pelo fornecimento inicial a cargo da construtora ou incorporadora – incumbência pela

renovação a cargo do proprietário ou condomínio e periodicidades) que relaciona os

principais documentos que fazem parte da documentação do condomínio, sendo que alguns

deles são entregues pela construtora ou incorporadora e os demais devem ser providenciados

pelo condomínio.

2.5 ABNT NBR 5674:2012 – Manutenção de edificações

Esta norma estabelece os requisitos para o sistema de gestão de manutenção das

edificações objetivando fixar os procedimentos de orientação para a organização de um

sistema de manutenção que gerencia os serviços de manutenção das edificações. Esses

procedimentos não devem alterar a função de uso da edificação, pois isso descaracteriza o

Page 57: MICHELE RAYANE DA SILVA MANUTENÇÃO COMO FATOR …

44

conceito de manutenção, eles devem prevenir ou corrigir a redução do desempenho ao passar

dos anos, ocasionados por deterioração.

Segundo Ambrosio (2017) o funcionamento do sistema de manutenção adequado

depende de três fatores, do planejamento, que deve considerar as características técnicas das

edificações, do desempenho mínimo exigido pelos usuários atendendo as necessidades de

segurança, saúde, conforto, dentre outros e da disponibilidade de recursos que influenciam no

cronograma e no projeto do sistema. O cronograma define prazos e previsões orçamentárias

através de coleta periódica, análise de dados e levantamento das necessidades e contratação

dos serviços de acordo com os tipos de manutenções e então se faz assim o balanço físico-

financeiro do programa de manutenção.

2.5.1 Gestão e programa de manutenção

A ABNT NBR 5674:2012 determina que a gestão da manutenção deve considerar as

características das edificações e sua manutenção deve ser orientada por um conjunto de

diretrizes, como também deve promover a realização coordenada dos diferentes tipos de

manutenção vistos anteriormente.

"O programa consiste na determinação das atividades essenciais de

manutenção, sua periodicidade, responsáveis pela execução, documentos de

referência, referências normativas, e recursos necessários, todos referidos

individualmente aos sistemas e, quando aplicável, aos elementos,

componentes e equipamentos." (ABNT, 2012).

De acordo com a NBR 5674:2012 o programa deve conter as seguintes

obrigatoriedades conforme o Quadro 7, a seguir:

PROGRAMA DE MANUTENÇÃO SEGUNDO A ABNT NBR 5674:2012

Itens que o programa de manutenção deve considerar:

Projetos;

Memoriais:

Orientações dos fornecedores e manual de uso, operação e manutenção (quando houver);

Tipologia, complexidade e regime de uso da edificação;

Sistemas, materiais e equipamentos;

Quadro 7 – Obrigatoriedades do Programa de Manutenção segundo a ABNT NBR

5674:2012.

Page 58: MICHELE RAYANE DA SILVA MANUTENÇÃO COMO FATOR …

45

PROGRAMA DE MANUTENÇÃO SEGUNDO A ABNT NBR 5674:2012

Itens que o programa de manutenção deve considerar:

Idade das edificações;

Expectativa de durabilidade dos sistemas, devendo atender a ABNT 15575-1 quando

aplicável;

Relatórios das inspeções, constando comparativos entre metas previstas versus metas

efetivas;

Relatórios de inspeções constando as não conformidades encontradas;

Relatórios de inspeções sobre aas ações corretivas e preventivas;

Solicitações e reclamações dos usuários e proprietários;

Histórico das manutenções realizadas;

Rastreabilidade de serviços;

Impactos referentes às condições climáticas e ambientais do local da edificação;

Escala de prioridades entre os diversos serviços;

Previsão financeira.

Em resumo “A elaboração e a implantação de um programa de manutenção corretiva e

preventiva nas edificações, além de serem importantes para a segurança e qualidade de vida

dos usuários, são essenciais para a manutenção dos níveis de desempenho ao longo da vida

útil projetada” (ABNT, 2012, p.2).

“Edificações existentes antes da vigência desta Norma devem se adequar ou criar os

seus programas de manutenção atendendo ao apresentado nesta Norma” (ABNT, 2012, p.2).

2.5.2 Mão de Obra

A ABNT NBR 5674 determina que o programa de manutenção deve especificar se os

serviços devem ser realizados por empresa capacitada, especializada ou a equipe de

manutenção local, seguindo as definições do Quadro 8 a seguir, pois é de extrema importância

Fonte: Adaptado de ABNT (2012).

Continuação Quadro 7 – Obrigatoriedades do Programa de Manutenção segundo a ABNT

NBR 5674:2012.

Page 59: MICHELE RAYANE DA SILVA MANUTENÇÃO COMO FATOR …

46

que a manutenção executada possua garantia técnica, caso contrário o serviço executado pode

acarretar perda de recursos financeiros, perda de desempenho, dentre outros.

TIPOS DE MÃO DE OBRA

Empresa capacitada Organização ou pessoa que tenha recebido capacitação,

orientação e responsabilidade de profissional habilitado e que

trabalhe sob responsabilidade de profissional habilitado.

Empresa especializada Organização ou profissional liberal que exerce função na qual

são exigidas qualificação e competência técnica específica.

Equipe de manutenção

local

Pessoas que realizam diversos serviços, que tenham recebido

orientação e possuam conhecimento de prevenção de riscos e

acidentes.

2.5.3 Custos de manutenção

A norma de manutenção das edificações (ABNT, 2012, p.8) estabelece que “o sistema

de manutenção deve possuir mecanismos capazes de prever os recursos financeiros necessário

para a realização dos serviços de manutenção[...]”.

Com o retardamento da manutenção predial os reparos tornam-se mais trabalhosos e

mais onerosos ao passar do tempo. A lei de Sitter, lei de evolução dos custos ou lei dos cinco,

mostra que os custos de correção crescem a uma progressão geométrica de razão 5.

(VITORIO, 2005).

Portanto, para 1 (um) real gasto na fase de projeto se economiza 5 (cinco) reais

durante a fase de execução, 25 (vinte e cinco) reais durante a fase de manutenção preventiva e

125 (cento e vinte e cinco) reais na manutenção corretiva. A Figura 17 demonstra a aplicação

da lei de Sitter.

Quadro 8 – Tipos de mão de obra para a manutenção predial segundo a ABNT NBR

5674:2012.

Fonte: Adaptado de ABNT (2012).

Page 60: MICHELE RAYANE DA SILVA MANUTENÇÃO COMO FATOR …

47

A maior contribuição dessa lei foi nos trazer o entendimento que os custos aumentam

significativamente quanto maior for a demora em se realizar a intervenção. Logo, em relação

ao exposto pode-se entender a importância de se ter um bom planejamento desde a concepção

do projeto, durante a execução e manutenção, visando reduzir os gastos durante cada fase

dessa cadeia produtiva. (LIMA, 2016).

2.5.4 Fluxograma de documentações

Segundo a norma NBR 5674, para propiciar economia na realização dos serviços de

manutenção, reduzir a incerteza no projeto e execução dos serviços de manutenção e auxiliar

no planejamento de serviços futuros é fundamental que o sistema de manutenção tenha uma

estrutura de documentação e registro de informações permanentemente atualizado.

A norma afirma que “o condomínio deve dispor de um fluxo escrito e aprovado, de

documentação”, conforme Figura 18 abaixo:

0

25

50

75

100

125

1 2 3 4

1 5

25

125 Custo unitário arbitrado

Cu

sto

da

Inte

rven

ção

Tempo decorrido

Du

ran

te o

Pro

jeto

Du

ran

te a

ma

nu

ten

ção

pre

ven

tiv

a

Du

ran

te a

exec

uçã

o

Du

ran

te a

ma

nu

ten

ção

corr

etiv

a

Figura 17 – Lei de Sitter – Estudo de avaliação do custo de reabilitação das construções.

Fonte: Adaptado de (http://exemplo.eng.br/css/LEI, SITTER.pdf).

Page 61: MICHELE RAYANE DA SILVA MANUTENÇÃO COMO FATOR …

48

São exemplos de registros de contratações: Contratos, ordens de serviço, propostas e

mapa de cotações. E como exemplos de registro de execução têm-se: ART, laudos, notas

fiscais de serviço e relatórios fotográficos ilustrando situações de antes e depois da realização

das manutenções.

2.6 Manutenção como fator determinante no desempenho das edificações

A manutenção da edificação é indispensável quando relacionada ao desempenho das

mesmas, pois é impossível manter o desempenho acima do limite definido de habitabilidade e

funcionalidade sem que haja intervenções periodicamente.

Os edifícios, uma vez que estão submetidos a inúmeros agentes de

deterioração tendem a deteriorar-se ao longo de sua vida útil, assim para que

essa deterioração seja minimizada e o edifício consiga atender, durante a sua

vida útil, os requisitos de desempenho para os quais foi projetado, é

necessário realizar atividades de manutenção nos vários componentes,

elementos, subsistemas e sistemas do edifício. Entretanto, essas atividades

não têm como objetivo repor o desempenho inicial do edifício, uma vez que

sempre existe uma perda residual, ou seja, uma deterioração irreversível

(LICHTENSTEIN, 1985).

Todavia, apenas construir não é suficiente. É preciso, também, manter aquilo

que foi construído para que essa edificação permaneça habitável pelo período

para o qual foi projetada, atendendo a todos os requisitos para os quais foi

criada. Além disso, dos pontos de vista econômico e ambiental, é inviável, e

até mesmo inaceitável, que se considerem as edificações como produtos

descartáveis, substituindo-as por construções novas quando as antigas já não

atendem seus usuários (NBR 5674/99).

Inicio

Manual de operação, uso e

manutenção

Programa da manutenção

Registros de contratação

Registros de execução

Arquivo Fim

Figura 18 – Fluxograma de Documentação.

Fonte: Adaptado de Cleide (2016).

Page 62: MICHELE RAYANE DA SILVA MANUTENÇÃO COMO FATOR …

49

A vida útil é prolongada através de ações de manutenção e este comportamento é

representado na Figura 19. As ações de manutenções que devem ser realizadas devem ser

estabelecidas por quem definiu a vida útil de projeto. É de extrema importância à realização

integral das ações de manutenção pelo o usuário, sem ocorre o risco de a vida útil de projeto

não ser atingida.

Com isso nota-se a importância do manual de uso, manutenção e operação, similar ao

difundido na indústria automobilística, que ao se comprar um veículo o proprietário recebe

um manual que indica o tempo e/ou quilometragem necessária para cada ação de manutenção.

Geralmente a vida útil é expressa em anos, sendo estabelecida pela maioria das normas e

códigos de concreto (Tabela 2) uma vida útil de projeto mínima de 50 anos para a maioria das

estruturas e 100 anos para as estruturas civis de obras de infraestrutura, pontes, viadutos,

barragens entre outras. (DEMOLINER; POSSAN, 2013).

Figura 19 – Recuperação do desempenho por ações de manutenção.

Fonte: NBR 15575 -1.

Page 63: MICHELE RAYANE DA SILVA MANUTENÇÃO COMO FATOR …

50

Tipo de estrutura

Vida útil de projeto (VUP) mínima

BS

7543

(1992)

ISO 2394

(1998)

Fib 34 (2006)

e EM 206-1

(2007)

NBR 15575

(2013)

Fib 53

(2010)

Temporárias ≥ 10

anos

1 a 5

anos

≥ 10 anos - -

Partes estruturais

substituíveis (Ex. apoios)

≥ 10

anos

≥ 25 anos 10 a 25 anos 23 a 20

anos

25 a 30

anos

Estruturas para agricultura e

semelhantes

- - 15 a 30 anos - -

Estruturas offshore - - - - ≥ 35 anos

Edifícios industriais e

reformas

≥ 30

anos

- - - -

Edifícios e outras estruturas

comuns

- ≥ 50 anos ≥ 50 anos ≥ 50 anos ≥ 50 anos

Edifícios novos e reformas de

edifícios públicos

≥ 60

anos

- - - -

Edifícios monumentais,

pontes e outras estruturas de

engenharia civil

≥ 120

anos

≥ 100

anos

≥ 100 anos - ≥ 100 anos

Edifícios monumentais - - - - ≥ 200 anos

Quando não se faz a manutenção prevista os gastos com reparos corretivos e reformas

são maiores e ocorre de forma mais intensa e precoce nos edifícios. A manutenção garante a

funcionalidade, e principalmente a segurança do uso das instalações e sistemas da edificação,

mas a manutenção não pode ser realizada por qualquer profissional, pois se realizada sem

critério técnico pode causar falhas, gastos indevidos sem os benefícios esperados, danos

materiais, físicos e psicológicos aos usuários e terceiros, além de desvalorização acentuada do

imóvel, indenizações acidentárias, condenações jurídicas por negligência, impedimento ao

uso, interdições, entre outros. (IBAPE 2012).

Não devemos confundir manutenção com reforma, modernização e/ou retrofit, pois

esses serviços alteram as características originais dos sistemas construtivos da edificação, as

reformas normalmente são utilizadas para repor sistemas que já se encontram com VU

ultrapassada. Independentemente de ser reforma ou manutenção essas atividades necessitam

de profissionais habilitados para sua execução, porque envolvem prestações de serviço de

engenharia e arquitetura, importante a existência de responsáveis técnicos. (IBAPE 2012).

Tabela 2 – Vida útil de projeto (VUP) mínima considerada pela maioria das normas

relacionadas à construção civil.

Fonte: Adaptado de Demoliner e Possan (2013).

Page 64: MICHELE RAYANE DA SILVA MANUTENÇÃO COMO FATOR …

51

2.7 CE-02:140.02 - Inspeção Predial

Como visto anteriormente, ao planejar um empreendimento muitos elementos devem

ser levados em consideração pelas construtoras, desde projeto, material empregado na

construção a obrigatoriedade de realizar a manutenção durante a vida útil. E para garantir o

bom desempenho da edificação no pós-ocupação, surge a engenharia diagnóstica que é

responsável por identificar e prevenir diferentes problemas, como fissuras, infiltrações e

incêndios. A engenharia diagnóstica é composta por três campos de ação e por cinco

ferramentas, que se diferem quanto a sua finalidade seguindo uma hierarquia, conforme

esquema apresentado na Figura 20 abaixo.

Gomide et al., (2009) apresenta as definições dos campos de ações e das ferramentas

previstas na engenharia diagnóstica.

Sintomatologia técnica da edificação: constatações e análises dos sintomas

e condições físicas das anomalias construtivas e falhas de manutenção;

Etiologia técnica da edificação: determinação dos efeitos, origens, causas,

mecanismos de ação, agentes e fatores de agravamento das anomalias

construtivas e falhas de manutenção;

Figura 20 – Campo de ação e ferramentas da engenharia diagnóstica.

Fonte: GOMIDE et al., (2011).

Engenharia Diagnóstica em Edificações

Sintomatologia Etiologia Terapêutica

Vistoria

Inspeção

Auditoria

Perícia Consultoria

Page 65: MICHELE RAYANE DA SILVA MANUTENÇÃO COMO FATOR …

52

Terapêutica da edificação: estudos das reparações das anomalias

construtivas e falhas de manutenção. (GOMIDE et al., 2009, p.14 e 15)

Vistoria em edificação é a constatação técnica de determinado fato,

condição ou direito relativo a uma edificação, mediante verificação "in loco".

Inspeção em edificação é a análise técnica de fato, condição ou direito

relativo a uma edificação, com base em informações genéricas e na

experiência do engenheiro diagnóstico.

Auditoria em edificação é o atestamento técnico, ou não, de conformidade

de um fato, condição ou direito relativo a uma edificação.

Perícia em edificação é a determinação da origem, causa e mecanismo de

ação de um fato, condição ou direito relativo a uma edificação.

Consultoria em edificação é a prescrição técnica a respeito de um fato,

condição ou direito relativo a uma edificação. (GOMIDE et al., 2009, p.14).

Nota-se através do exposto que a engenharia diagnóstica é muito variável, pois seu

diagnóstico é baseado em informações genéricas e da experiência do profissional incumbido

de realizar essa atividade.

A NBR 15575:2013 define a inspeção predial como sendo uma verificação das

condições de uso e de manutenção preventiva e corretiva através de metodologia técnica. E a

NBR 5674:2012 define inspeção como sendo uma avaliação realizada para orientar as

atividades de manutenção que analisa o estado da edificação e de suas partes constituintes. Ou

seja, a inspeção predial é uma das ferramentas que auxiliam na elaboração, ou revisão do

plano de manutenção e na gestão predial.

A norma de inspeção predial IBAPE/SP 2012 define a inspeção predial como sendo

uma análise, seja ela isolada ou combinada, das condições técnicas de uso e de manutenção da

edificação. Esta definição contempla a ideia de que a Inspeção Predial deve atuar em

dinâmica tríplice1, ou seja, analisando:

(i) Aspectos técnicos da edificação, tais como: incidência de anomalias

endógenas, análise de projetos, desempenhos previstos, dados de fabricantes,

etc.;

(ii) Aspectos de uso, tais como: dados funcionais, condições de uso e ocupação,

obsoletismos, degradação, etc. e

(iii) Aspectos de manutenção, tais como: plano de manutenção, níveis de

desempenho atingidos, custos envolvidos, atendimentos às expectativas dos

usuários, níveis de deterioração, operação dos sistemas e elementos

construtivos, etc.

Page 66: MICHELE RAYANE DA SILVA MANUTENÇÃO COMO FATOR …

53

Com essa nova visão, a Inspeção Predial torna-se ferramenta de Auditoria Técnica e,

assim, possibilita seu emprego na Avaliação da Manutenção. A Figura 21 abaixo ilustra o

exposto.

De acordo com Pujadas (2013) para as inspeções prediais que envolvem essa visão

para a avaliação da manutenção, propõe-se a metodologia resumida descrita a seguir:

1º passo: Identificar o tipo de estratégia de Manutenção empregada no

empreendimento, verificando as atividades programadas dentro do plano de manutenção, seus

objetivos e a vinculação ou aderência com as características principais da Manutenção

Predial. A estratégia é a filosofia da Manutenção, espelhada no seu plano. O plano é a

concretização da estratégia. Portanto esse passo visa classificar as atividades de manutenção

empregadas no plano, quais sejam: preditivas, preventivas e corretivas, e analisar se a

TÉCNICA

MANUTENÇÃO FUNCIONAL

AUDITORIA TÉCNICA

(i) Projetos;

(ii) Especificações;

(iii) Conformidades:

anomalias construtivas

(iv) desempenho

(i) Plano/estratégia

(ii) Operação

(iii) Conformidades:

falhas

(iv) desempenho

(i) Segurança

(ii) Habitabilidade

(iii) Meio ambiente

(iv) Conformidade:

anomalias

funcionais

Figura 21 – Visão tríplice da inspeção predial

Fonte: Adaptado de PUJADAS (2013)

Page 67: MICHELE RAYANE DA SILVA MANUTENÇÃO COMO FATOR …

54

Manutenção implantada possui caráter pró- ativo no diagnóstico de problemas e de realização

do plano e procedimentos planejados. A interface entre as atividades do plano de manutenção

com as atividades do plano de ação pode apontar para equívocos na estratégia empregada no

empreendimento, além de problemas no diagnóstico da necessidade das interferências. Toda

essa análise preliminar da estratégia deverá ser validada pela Inspeção Predial da edificação,

abordada no 3º passo.

2º Passo: Verificação da coerência da estratégia identificada com o uso da edificação,

e com as expectativas dos usuários, observados aspectos de confiabilidade e disponibilidade

dos sistemas e elementos construtivos. A coerência entre a estratégia de Manutenção, o uso da

edificação e as expectativas do usuário é pautada na análise e verificação da aderência entre as

atividades e intervenções realizadas com as necessidades da operação dos sistemas,

equipamentos e máquinas existentes no empreendimento. A estratégia de manutenção vai

variar de acordo com a finalidade da edificação, seja ela habitacional, industrial ou hospitalar.

3º Passo: Execução da Inspeção Predial para a constatação de eventuais problemas,

quais sejam: Anomalias e Falhas. Neste passo, importante é a observação quanto à origem dos

problemas constatados e sua pertinência com as atividades de manutenção programadas ou do

plano de reparos existente. Portanto, a Manutenção é entendida como um sistema predial,

passível de manifestações patológicas ou sintomas, denominados falhas. Ou seja, o

Diagnóstico é peça fundamental para a viabilidade da Manutenção, onde são identificados

quais problemas são corrigíveis ou incorrigíveis, sob a ótica da manutenção.

4º passo: Elaboração de orientações técnicas, consoante as não-conformidades

constatadas na avaliação física, observada a estratégia de Manutenção existente. podem ser

classificadas em: (i) Orientações corretivas não planejadas; (ii) Orientações corretivas

planejadas; (iii) Orientações preventivas e (iv) Orientações administrativas Observa-se que as

orientações corretivas podem ser planejadas ou não, tal que as planejadas estão incorporadas

ao plano de manutenção, que se valeu de dados sobre a manutenção preventiva e prazos de

vida útil dos sistemas.

5º passo: Classificação das anomalias e falhas constatadas quanto a criticidade,

consideradas as possíveis causas, as origens e os mecanismos de ação inerentes. Esta

classificação é uma avaliação quanto à gravidade ou criticidade, as consequências ou

tendências e, ainda, a pertinência de melhoria junto à gestão de manutenção existente.

6º passo: Análises de documentos pertinentes a Manutenção para complementar os

dados coletados em campo e identificar eventuais faltas de aderência de contratos de

manutenção das empresas terceirizadas.

Page 68: MICHELE RAYANE DA SILVA MANUTENÇÃO COMO FATOR …

55

7º passo: Avaliação das equipes de Manutenção quanto a sua formação,

dimensionamento e capacidade de cumprimento das atividades do plano e estratégia

existentes.

8º passo: Avaliação de custos de Manutenção Este é um item de difícil avaliação,

tendo em vista que os custos de manutenção estão ligados ao tipo de estratégia adotada, bem

como as características dos sistemas de cada edificação.

9º passo: Avaliação da Qualidade e Atendimento da Manutenção empregando o

enfoque objetivo: “planejado X realizado”. A qualidade de manutenção a ser avaliada segue

os parâmetros baseados na NBR 5674 da ABNT. Com a avaliação de todos os passos

sugeridos, logo, pode-se classificar se a manutenção atende ou não aos seus objetivos, bem

como níveis de deterioração constados, listas de criticidades, análise de responsabilidades

técnicas, dentre outros aspectos mencionados.

Em suma, a inspeção predial utilizada como ferramenta da avaliação da manutenção

empregada, identifica os problemas (falhas) e classifica de acordo com o critério apresentado,

para que exista uma avaliação quanto ao desempenho da manutenção e a eficácia do plano e

estratégia empregados, identificando, também, a qualidade dos serviços e procedimentos,

porém o diagnóstico deficiente das falhas causam uma série de problemas, tais como,

retrabalho e gastos desnecessários, podendo o problema ressurgir agravando a situação

ocasionando problemas ainda maiores. A Inspeção Predial é um dos pontos mais importantes

na Avaliação e Diagnóstico da Manutenção, porque nela residirá a fonte de coleta de

informações sobre o real resultado da estratégia (plano) de manutenção empregada. Para o

sucesso de um Plano de Manutenção, a Inspeção Predial é obrigatória, mas está deve ser

realizada por profissional não integrante da equipe de manutenção. O inspetor predial deverá

ter um caráter de auditor técnico. Para empreendimentos que possuam estratégia de

manutenção proativa, além da Inspeção devem existir rondas ou acompanhamentos de rotina

programados para a própria equipe de manutenção, a fim de aferir os processos executados e

verificar se há cumprimento dos procedimentos da estratégia (plano) implantada. (PUJADAS

2013 e IBAPE 2012).

Vale ressaltar algumas vantagens que os síndicos, os proprietários e os usuários

possuirão caso invistam no diagnóstico da edificação, pois terão uma visão ampla e detalhada

do estado de conservação e manutenção da edificação, conhecendo os pontos críticos a serem

corrigidos e sabendo quais são as prioridades técnicas. (PARISSENTI, 2016).

Page 69: MICHELE RAYANE DA SILVA MANUTENÇÃO COMO FATOR …

56

a) fornece subsídios técnicos e o “estado real” da edificação para estudos preliminares

para retrofit;

b) verifica o estado de conservação da edificação, informando as condições gerais da

mesma, além de estudos de valorização e modernização;

c) auxilia na revisão de manuais de síndico e proprietários, quando contratada na

época da assistência técnica da construtora, a fim de subsidiá-la;

d) preserva a garantia da construção, quando aliada ao manual do síndico e do

proprietário, para melhor orientar o condomínio na boa prática das atividades de manutenção

já recomendadas pela construtora;

e) auxilia em transações imobiliárias (compra e venda de imóveis e locação),

informando o estado de conservação e alertando para eventuais necessidades de reparos

importantes;

f) auxilia na gestão condominial (síndico e administradora), quando elaborada dentro

de uma periodicidade, a fim de atestar e verificar a evolução do estado de conservação do

imóvel, além de ajudar na boa manutenção;

g) reduz o prêmio de seguro, pois atesta o estado de conservação e manutenção.

Finalmente vale destacar que a inspeção predial possibilita esclarecer dúvidas sobre as

responsabilidades na fase de garantia construtiva e, dessa forma, minimizar os conflitos entre

condôminos e/ou usuários e construtores.

2.8 ABNT NBR 16280:2015 – Reforma em edificações – Sistema de gestão de reformas –

Requisitos

Para garantir a segurança e o desempenho das edificações brasileiras, a ABNT em

abril de 2014 publicou a referida norma e a mesma foi posteriormente revisada em agosto de

2015, a NBR 16280:2015 regulamenta as reformas em edificações, tanto na parte das

unidades como nas áreas externas.

Sabe-se que com o passar dos anos é inevitável o envelhecimento das obras

construídas e por questões de segurança, qualidade, perda de função, contudo ao longo do

tempo de serviço existirão necessidades de ajustes, adequações a novas demandas e até

Page 70: MICHELE RAYANE DA SILVA MANUTENÇÃO COMO FATOR …

57

mesmo a recuperação de suas propriedades técnicas, porém essas transformações devem

preservar a segurança das edificações, seus usuários e o entorno por ela impactados. (NBR

16280:2014).

As reformas nas edificações habitacionais visam recuperar, melhorar ou ampliar as

condições de habitabilidade, desempenho, uso ou segurança e que a mesma não seja

manutenção. Essas alterações executadas na edificação existente podem ser com ou sem

mudança de função. (Cleide, 2016).

O Quadro 9, a seguir, apresenta o plano de diretrizes diretamente relacionados a

serviços de reformas.

ITENS QUE DEVEM CONTER O PLANO DE DIRETRIZES

Preservação de sistemas de segurança

Apresentação de modificações à construtora/incorporadora e ao projetista

Apresentação de modificações ao responsável legal

Meios de proteção aos usuários e à vizinhança

Descrição dos processos para realização das obras

Aprovação nos órgãos competentes

Definição de responsáveis e suas atribuições nas diversas etapas

Previsão de recursos para atender interferências, prevenir ou mitigar riscos.

O plano de reforma também deve atender as condições citadas a seguir:

Apresentação de projetos e escopo dos serviços;

Apresentação do cronograma;

Identificação de empresas e responsáveis técnicos;

Identificação de profissionais envolvidos na execução dos serviços;

Atendimento às legislações vigentes e normas técnicas aplicáveis;

Estudo sobre segurança durante a realização dos serviços;

Identificação de impactos na edificação e no entorno durante e após a reforma

(ruídos, materiais perigosos, sobrecargas, alterações de sistemas, etc.);

Quadro 9 – Itens que devem conter no plano de diretrizes que contemple serviços de

reformas

Fonte: Adaptado da NBR 16280 (2015).

Page 71: MICHELE RAYANE DA SILVA MANUTENÇÃO COMO FATOR …

58

Definição de horários de trabalho;

Definição de procedimentos para entrada, circulação e armazenamento de

insumos;

Definição de procedimentos para circulação, armazenamento e descarte de

resíduos;

Identificação de alterações no manual de uso, operação e manutenção;

Identificação de interferências em planos ou procedimentos de manutenção.

Pode-se notar que o serviço de reformas deve ser bem planejado e estruturado

conforme os requisitos exigidos pela norma, cabe ao usuário e/ou síndico contratar empresa

habilitada para a realização dessa atividade e exigir toda a documentação necessária para o

mesmo ter respaldo caso haja algum problema na edificação reformada.

2.9 Correlações entre as normas apresentadas

Constata-se que as normas da ABNT NBR 14037, NBR 5476, CE-02:140.02 e a NBR

1680 estão diretamente ligadas no desempenho das edificações habitacionais conforme a

Figura 22 que segue.

ABNT NBR 15575:2013

NORMA DE DESEMPENHO

ABNT NBR 14037:2014

MANUAL DE USO, OPERAÇÃO E

MANUTENÇÃO

ABNT 5674:2012

GESTÃO DA MANUTENÇÃO

ABNT NBR 16280:2015

GESTÃO DAS REFORMAS

CE-02:140.02

INSPEÇÃO PREDIAL

Figura 22 – Correlação entre Normas e o desempenho das

edificações habitacionais.

Fonte: Autor, (2018).

Page 72: MICHELE RAYANE DA SILVA MANUTENÇÃO COMO FATOR …

59

Essas normas estão diretamente ligadas com o desempenho das edificações

habitacionais no pós-obra, pois a NBR 14037:2014 trata-se da elaboração do manual de uso,

operação e manutenção que é de responsabilidade da construtora e deve ser entregue no ato da

entrega do apartamento e/ou casa, que por sua vez está ligada com a NBR 5674:2012 que irá

designar os requisitos mínimos do programa de manutenção e falar sobre a forma de gerir essa

manutenção, essa norma estará implementada dentro do manual de uso, operação e

manutenção das edificações. A inspeção predial deve estar vinculada ao plano de manutenção

elaborado conforme a NBR 5674:2012 e também está contida dentro do manual entregue

pelas construtoras, pois essa é uma ferramenta extremamente importante na avaliação das

manutenções. A NBR 16280:2015 irá falar sobre a gestão das reformas, pois as mesmas

deverão ser executadas por profissionais habilitados e é importante que se faça o estudo do

projeto de concepção da obra antes de qualquer alteração, pois a reforma pode ocasionar

sérios problemas, tais como: Sobrecarregar a estrutura, demolir alvenarias estruturais,

descaracterizar para o fim em que ela foi projetada. Os usuários e/ou síndicos, por sua vez,

serão responsáveis pelo cumprimento do manual fornecido pela construtora ou incorporadora,

atendendo os prazos de manutenções estabelecidos de acordo com a NBR 5679, pelas

reformas realizadas na edificação e por toda a guarda das documentações geradas nesses

processos, pois se houver algum dano patrimonial ou de vidas humanas e forem constadas as

causas por falta de manutenção a responsabilidade será estritamente do usuário e/ou síndico

desde que seja comprovada que as outras partes tenham cumprido o seu papel para o

atingimento do desempenho mínimo da edificação.

2.10 Aspectos jurídicos – Obrigatoriedade das normas

Apesar da NBR não se tratar de lei especial para o regulamento das relações no setor

da construção civil, é de suma importância, pois em alguns casos terá tanto valor jurídico

quanto a legislação específica. Vejamos alguns:

NBR-12.721 (Norma para avaliações de custos de

construção para incorporação imobiliária), cujos componentes

são partes integrantes dos memoriais de incorporação, conforme

determina a Lei 4.591/64 (Lei dos Condomínios e

Incorporações);

NBR-9.050 (Norma de acessibilidade), que estabelece os

critérios de projeto para atender aos requisitos de acessibilidade,

nos termos da Lei 10.098/00 (Lei de Acessibilidade);

Page 73: MICHELE RAYANE DA SILVA MANUTENÇÃO COMO FATOR …

60

Podem ainda ser citadas a Lei 4.150/62 (Obrigatoriedade

das normas técnicas em obras públicas) e a Lei 10.406/02

(Código Civil Brasileiro) que, em seus artigos 615 e 616, prevê

que o contratante poderá rejeitar o recebimento da obra ou

solicitar abatimento do preço se o empreiteiro se afastar das

instruções recebidas e dos planos dados ou das regras técnicas

em trabalhos de tal natureza. (NETO et., al)

Vale salientar que determinados artigos contidos no código civil e no código de defesa

do consumidor dão força a obrigatória as normas técnicas ou estabelecem consequências para

o seu descumprimento. (BALCONI, 2013).

O código de defesa do consumidor define:

Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviço:

VIII - Colocar, no mercado de consumo, qualquer produto ou serviço em

desacordo com as normas expedidas pelos órgãos oficiais competentes ou, se

normas específicas não existirem, pela Associação Brasileira de normas

técnicas ou outra entidade credenciada pelo Conselho Nacional de

Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial - Conmetro.

Balconi (2013) afirma que cumprir os requisitos exigidos da norma demonstra a boa-fé

do agente, bem como para comprovar, até mesmo judicialmente a utilização correta de todos

os recursos que lhe incumbiam, tornando-o isento de responsabilidade civil e/ou criminal,

com o exposto constatamos a sua importância.

Page 74: MICHELE RAYANE DA SILVA MANUTENÇÃO COMO FATOR …

61

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste trabalho pôde-se estudar e revisar as normas que estão diretamente ligadas com

o desempenho das edificações habitacionais.

É necessária uma nova capacitação de todos os profissionais envolvidos na construção

de edificações habitacionais, pois a norma de desempenho é relativamente nova e requer a

atenção de todos os envolvidos no processo, sejam eles: Projetistas, fornecedores,

incorporadoras e construtoras.

Essas informações também devem chegar aos usuários que juntamente com o

construtor passam a ter uma corresponsabilidade em relação à vida útil da edificação, pois as

garantias de VUP são asseguradas desde que sejam comprovadas que o imóvel tenha recebido

as devidas manutenções programadas e preventivas de forma adequada, e que o seu uso não

foi indevido.

A manutenção predial tem muito a crescer, muito a ser estudada, temos que mudar à

mentalidade de consertar apenas o que está quebrado ou de achar que uma edificação é um

bem descartável, quanto de resíduos nós não estaríamos gerando dessa forma. É necessário

mudar paradigmas, síndicos, administradores de condomínio e condôminos precisam junto ao

plano de manutenção fornecido pela construtora averiguar e acompanhar prazos e ações de

manutenções, visando manter a garantia legal dos sistemas construtivos prediais, afim de que

estes “leigos” tenham a consciência da necessidade de monitoramento e inspeção da

edificação, como se está fosse uma máquina ou um carro que necessita de manutenções

periódicas.

Dessa forma, através do estudo realizado neste trabalho, seguem algumas sugestões

para empresas da construção civil iniciar a implantação de métodos construtivos que garantam

uma maior qualidade das edificações (desempenho) construídas e consequentemente um

menor gasto com manutenção.

A incorporadora deve à identificação dos riscos previsíveis na época do projeto através

da providência de estudos técnicos requeridos, passar as informações necessárias aos referidos

projetistas, definir os níveis de desempenho estabelecidos em Norma, sejam eles, Mínimo,

Intermediário ou Superior, para os diferentes elementos da construção e/ou para a obra em sua

totalidade.

Page 75: MICHELE RAYANE DA SILVA MANUTENÇÃO COMO FATOR …

62

Elaboração de projetos em conformidade com a NBR 15575:2013, garantindo os

níveis de desempenhos mínimos para a habitabilidade do usuário, estabelecendo a VUP de

cada sistema e a especificação dos materiais, produtos e processos que atendam o

desempenho mínimo, sendo sempre representados de forma clara e precisa para melhor

visualização dos funcionários, com o acompanhamento e orientação dos projetistas;

O Fornecedor de insumos, material ou sistema deve garantir o desempenho dos seus

produtos através de caracterização dos mesmos ou apresentar resultados comprobatórios;

A construtora deve a capacitação profissional dos seus funcionários, e a documentação

do processo de produção da empresa para padronização e garantia da qualidade da obra.

Controle dos processos executados de acordo com o planejamento feito inicialmente, elaborar

e fornecer o manual de operação uso e manutenção, tanto das áreas comuns quanto da unidade

habitacional de acordo com as especificações da norma ABNT NBR 14037:2012;

Page 76: MICHELE RAYANE DA SILVA MANUTENÇÃO COMO FATOR …

63

4. REFERÊNCIAS:

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– Requisitos para os sistemas estruturais: Desempenho de Edifícios Habitacionais. Rio de

Janeiro, 2013.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 15575 - Partes 3

– Requisitos para o sistema de pisos: Desempenho de Edifícios Habitacionais. Rio de

Janeiro, 2013.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 15575 - Partes 4

– Requisitos os sistemas de vedações verticais internas e externas: Desempenho de

Edifícios Habitacionais. Rio de Janeiro, 2013.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 15575 - Partes 5

– Requisitos para o sistema de cobertas: Desempenho de Edifícios Habitacionais. Rio de

Janeiro, 2013.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 15575 - Partes 6

– Requisitos para o sistema hidrossanitário: Desempenho de Edifícios Habitacionais. Rio

de Janeiro, 2013.

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Manutenção de edificações – Procedimento. Rio de Janeiro Setembro de 1999.

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Manutenção de edificações: Requisitos para o sistema de gestão de manutenção. Rio de

Janeiro 2012.

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64

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para elaboração de manuais de uso, operação e manutenção das edificações: Requisitos

para elaboração e apresentação dos conteúdos. Rio de Janeiro 2011.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 14037: Diretrizes

para elaboração de manuais de uso, operação e manutenção das edificações: Requisitos

para elaboração e apresentação dos conteúdos. Rio de Janeiro 2014.

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