MICOLOGIA CLINICA E LABORATORIAL Guia rápido...

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MICOLOGIA CLINICA E LABORATORIAL Guia rápido de coleta, processamento e identificação das principais micoses Maria Goreth M. A. Barberino Ana Carolina Arraes Talita Nunes 2016

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MICOLOGIA CLINICA E LABORATORIAL

Guia rápido de coleta, processamento e

identificação das principais micoses

Maria Goreth M. A. Barberino Ana Carolina Arraes

Talita Nunes

2016

1 – Coleta de amostras clínicas

Orientações

PELEEvitar o uso de hidratantes, de perfumes, de desodorantes.

COURO CABELUDONão lavar os cabelos, utilizar cremes e afins pelo menos 3 dias antes da coleta

UNHASNão cortar, não limpar, não pintar

Observações:

O uso prévio de antifúngicos de uso tópico ou sistêmico pode ocasionar

resultados falso-negativos.

Caso não possa suspender o tratamento, necessário anotar na

solicitação as medicações usadas nos últimos 6 dias.

Limpar a área a ser coletada com álcool a 70%, água destilada ou soro

estéril para diminuir a microbiota bacteriana e aumentar a sensibilidade

da cultura.

Não utilizar solução com iodo.

Orientar o paciente para evitar uso de medicação tópica por 4 a 5 dias e

oral pelo menos 20 dias antes da coleta de escamas.

Retirar o esmalte 2 horas antes da coleta.

Evitar a coleta das amostras em swabs, excetos para locais que não é

possível fazer raspados (ex: canal auditivo, nasofaringe, vagina e

cérvice). Esses devem ser colocados em tubos contendo salina estéril e

devem ser transportados o mais rápido possível e/ou conservados a 4ºC

durante o prazo de 8 a 10 horas, de modo a evitar a dessecação da

amostra.

Anotar na solicitação o local da coleta e a descrição do material.

Diagnóstico de infeções fúngicas envolvendo o sistema digestivo deve

ser efetuado por exame histológico da biópsia e não apenas por cultura.

Material:

a) Pele

Realizar o raspado com lâmina de vidro.

Colher o máximo de fragmentos de tecido epidérmico das bordas das

lesões.

Em caso de lesões com pontos de pus, limpar com soro fisiológico e

coletar com swab seco.

Quando lesão vesiculosa, colher o teto da vesícula, com auxílio de

agulha descartável, e colher um raspado, se existir pele em descamação

ou com swab.

No caso de lesões (manchas) hiper ou hipopigmentadas, tipo “pano

branco”, que não descamam, coletar utilizando fita adesiva

transparente (colar na lesão e escarificar com a unha), em seguida colar

a fita durex na lâmina de vidro e enviar para o laboratório (esse tipo de

coleta só pode ser realizada para o micológico direto).

b) Pêlo (couro cabeludo)

Realizar raspado nas bordas da lesão se houver zona de alopecia, bem

como retirar fios de cabelo com auxílio de uma pinça (bordas da lesão).

Pacientes com reações inflamatórias presentes, realizar limpeza com

soro fisiológico, esperar secar e em seguida coletar com swab seco.

c) Unhas

Se a unha apresentar partes frágeis, descoloridas ou distróficas, raspar

esses locais com o auxílio de cureta “odontológica”.

Unhas com lesões subungueais coletar embaixo da unha com uma

cureta “odontológica” (no limite entre a unha integra e a lesão, se

necessário cortar a unha apenas para atingir o local da lesão).

Unhas com lesões inflamatórias, fazer assepsia com soro fisiológico,

enxugar com gaze e coletar com swab.

Colher sempre o máximo possível de material.

d) Urina

Colher urina jato médio ou conforme solicitação médica, em frasco

estéril.

Volume mínimo recomendado de 5mL.

e) Secreções respiratórias e Líquidos corporais

Colher a amostra em coletor seco estéril.

f) Fragmentos de biópsias ou autópsias

Acondicionar em frascos estéreis com solução fisiológica estéril em

volume suficiente para cobrir todo o fragmento.

g) Sangue e Medula óssea

Colher cerca de 5 a 6mL e injetar em frasco com meio de cultura.

Preparar esfregaços do material em uma lâmina lisa e limpa.

Esperar a lâmina secar e colocar em frasco porta-lâminas e enviar ao

laboratório em temperatura ambiente (20 a 25°C).

h) Secreções diversas

Colher com swab a secreção da região afetada e colocar em um tubo

contendo salina estéril (material suficiente para turvar o meio).

Volume: material suficiente para micológico direto e cultura.

Armazenamento e Transporte:

Amostras de lesões secas, unhas e pêlos – acondicionar em Placa de

Petri estéril (60x15), preferencialmente, ou colocar a amostra entre

duas lâminas vedadas (sanduíche). Encaminhar em até 24 horas à

temperatura ambiente (20 a 25°C).

Amostras colhidas em swabs – acondicionar em tubo com salina estéril

(1 a 2mL). Enviar em temperatura ambiente (20 a 25°C) em até 2 horas

ou em caixa térmica refrigerada (2 a 8°C) em até 8 horas.

Amostras colhidas em coletores estéreis (secreções, fragmentos,

líquidos corporais, urina) – enviar em temperatura ambiente (20 a 25°C)

em até 2 horas ou em caixa térmica refrigerada (2 a 8°C) em até 8

horas.

2 – Processamento de amostras

A recuperação do agente etiológico presente na amostra depende não só da

coleta, transporte e conservação adequados, mas também do processamento

da amostra realizado no laboratório. Seguem abaixo as recomendações para

processamento conforme o material coletado:

Pelos, cabelos, escamas de unha e pele – para o exame direto uma porção da

amostra deve ser clarificada com solução aquosa de KOH 20-40%. Para

cultura, a amostra não pode sofrer nenhum tratamento prévio. Dessa forma é

feito o inóculo diretamente na superfície do meio de cultura.

Secreções e líquidos corporais – devem ser concentrados por centrifugação

(1500 a 2000 rpm por 10 minutos). Deve ser utilizado o sedimento tanto para

o exame direto quanto para a cultura.

Swabs – devem ser eluídos em solução salina, de modo a transferir todo o

material do swab para a salina. Em seguida a salina deve ser centrifugada

(1500 a 2000 rpm por 10 minutos) e o sedimento obtido é o material

adequado para o exame microscópico e semeadura em meios de cultura.

Urina – é recomendável que uma alíquota (alça calibrada) seja semeada sobre

o meio de cultura distribuído em placa de Petri, para exame quantitativo, pela

contagem de unidades formadoras de colônias (UFC). A outra alíquota deve

ser centrifugada (1500 a 2000 rpm por 10 minutos) e o sedimento será

utilizado para exame microscópico e nova semeadura em tubo (cultura

qualitativa).

Escarro – pode ser digerido com N-acetil-L-cisteina, porém, não foi

comprovado que esse tratamento melhore a recuperação de fungos da

amostra, sendo, portanto, opcional. A solução de KOH 20-40% pode ser

utilizada como alternativa para digestão da amostra na realização do exame

direto. Para realização da cultura, uma porção da amostra deve ser

centrifugada e o sedimento deve ser semeado.

Fragmentos – devem ser macerados ou cortados em fragmentos menores

com o auxílio de um bisturi estéril (este procedimento pode ser feito dentro

de uma placa de Petri estéril) para posterior semeadura.

Sangue e Medula óssea – o exame direto tem baixa sensibilidade e, portanto,

a cultura é importante para identificação do agente. Estas amostras devem

ser incubadas em frascos com meio de cultura e não necessitam nenhuma

preparação.

3 – Diagnóstico laboratorial das micoses

Exame direto

• Exame à fresco – KOH (20 a 40%)

• Tinta da China

• Histopatologia – mucicarmim, HE

• Colorações – Gram, Giemsa

Cultura

– Meios

• Ágar Sabouraud com cloranfenicol – leveduras e fungos

filamentosos;

• Ágar chromogênico – ex. Candida spp.

• Ágar Batata – fungos filamentosos

• Ágar Mycosel – seletivo para fungos patogênicos.

– Incubação

• Temperatura 28 a 30 oC

Identificação

- Fungo filamentoso ou Levedura

• Observação macroscópica

• Observação microscópica

• Testes para identificação

- Técnicas para preparo de lâminas

• Identificação direta do cultivo

• Fita adesiva – placa

• Sub-cultivo ou microcultivo

Identificação direta Fita Adesiva Microcultivo

4 – Principais Infecções Fúngicas

a) Micoses superficiais e cutâneas: pele, pelo e unhas

1 – P. versicolor

Lesão descamativa - fazer raspado com lâmina

Lesão não descamativa - utilizar o método da fita adesiva

Lesão Coleta Exame direto

Micológico direto: Presença de numerosas, algumas ou raras hifas hialinas

fragmentadas e elementos leveduriformes agrupados, sugestivo de

Malassezia spp.

*Cultura não utilizada de rotina, micro-organismo necessita de ágar

Sabouraud + azeite de oliva e incubação a 37⁰ C.

2 – Tinha nigra

Fazer o raspado da lesão com lâmina de microscopia

Lesão em palma da mão Exame direto (Fungo demácio)

Micológico direto: Presença de hifas septadas, ramificadas e acastanhadas

(ou demácias)

Cultura – Hortaea werneckii

3 – Piedra Branca

Cortar fios de cabelo (couro cabeludo, área genital, barba) contendo

nódulos e colocar em placa de Petri estéril

Pelos com nódulos brancos amolecidos Nódulos brancos e amolecidos

Forma filamentosa: Hifas septadas

castanhas e conídios com um septo.

Forma leveduriforme: leveduras

castanhas com um septo central

5 – Dermatofitoses (cutâneas)

Coleta

1 – Lesão de pele: Raspado das lesões, especialmente das bordas.

2 – Lesão de couro cabeludo: Raspado das bordas da lesão e retirada de fios de cabelo

3 – Lesão de unha: Raspado com cureta na região de transição entre a lesão e a unha

íntegra.

Exame direto

Usar hidróxido de potássio (20 a 40% para clarificar)

Resultado (pele): Hifas hialinas, septadas, ramificadas.

Resultado (pelo): Presença de artrosporos dentro do pelo (endotrix) ou fora do pelo

(ectotrix).

Principais Dermatófitos envolvidos nas micoses

a) Microsporum canis

Macroscopia : Colônia filamentosa esbranquiçada, com reverso amarelo.

Microscopia : Macroconídios, globosos, septos incompletos, parede grossa,

podendo apresentar > 6 divisões.

b) Microsporum gypseum

Macroscopia: colônia puverulenta, cor “açúcar com canela”

Microscopia: macroconídios elipsóides, parede fina, com 4 a 6 divisões celulares.

c) Epidermophyton floccosum

Macroscopia: colônia filamentosa branca com reverso claro (acastanhado)

Microscopia: conidióforo com até 2 conídios (2 a 3 divisões). Forma de raquete de tênis

d) Trichophyton rubrum

Macroscopia: colônia filamentosa, branca, com reverso podendo variar de marrom a

vermelho cor de vinho tinto.

Microscopia: grande quantidade de microconidios dispostos de forma organizada em tirse,

poucos macroconidios em forma de lápis.

e) Trichophyton schoenleinii

Microscopia: colônia pregueada, creme, com aspecto de cera.

Microscopia: Ausência de micro e macroconídios e hifas com terminação

dupla com aspecto de candelabro fávico.

f) Trichophyton tonsurans

Macroscopia: colônia algodonosa, branca com reverso amarelo-acastanhado. Microscopia: microconídios em forma de gotas, desorganizados, lembrando uma centopéia.

g) Trichophyton mentagrophytes

Macroscopia: colônia branca, pulverulenta (lembrando talco)

Microscopia: numerosos microconidios, redondos, parede lisa e hifas em espiral

(gavinha).

b) Micoses subcutâneas

Considerações:

Infecção localizada no tecido subcutâneo e nos linfonodos;

Maior comprometimento dos membros inferiores;

Defesas diminuídas – desnutrição;

Raramente a infecção se dissemina.

As lesões subcutâneas se caracterizam pela cronicidade de áreas duras,

nodulosas, crostosas e ulceradas que não cicatrizam e periodicamente

produzem exsudação.

1 – Esporotricose Coleta: Biópsia: Tecidos obtidos por biópsia, necropsia e peças operatórias devem ser conservadas em salina.

Secreção purulenta: Se a lesão for aberta, limpar o local com salina estéril, para minimizar a contaminação externa. A seguir, colher o material com swab, procurando introduzir o máximo possível na lesão.

Lesão mais comum - 95% dos casos. A partir desta lesão, forma-se cadeias de nódulos indolores, ao longo dos vasos linfáticos, que podem amolecer e ulcerar.

Exame direto

Estrutura em forma de charutos (Giemsa)

Cultura - Sporothrix schenckii (fungo dimórfico)

Macroscopia: Colônia filamentosa membranosa, de brilho nacarado, cor escura na

borda e reverso com pigmento escuro na borda.

Microscopia: microconidios arrumados em forma de flor de margarida.

2 – Cromomicose

Lesões crônicas verrucosas, lembrando couve-flor.

• Principais agentes: Fonsecaea pedrosoi, Fonsecaea compacta,

Phialophora verrucosa e Cladosporium carrionii.

• No Brasil, o agente mais frequente é a Fonsecaea pedrosoi

Exame direto

• Raspado das lesões em pontos enegrecidos e clareadas com KOH a 20%.

• Material de biópsia também pode ser utilizado;

• Ao exame, observam-se células arredondadas, acastanhadas, com ou sem

septações: são os corpos escleróticos ou fumagóides.

Cultura – Principais agentes

• A colônia é escura, filamentosa, e não permite o diagnóstico de gênero e espécie;

• Os diferentes agentes da cromomicose podem apresentar os três tipos de

esporulação, com predomínio de um deles para cada gênero e/ou espécie.

Macroscopia: Fonsecaea pedrosoi Microscopia: Frutificação tipo Cladosporium

Phialophora verrucosa Frutificação tipo Phialophora

Rhinocladiella aquaspersa Frutificação tipo Rhinocladiella

3 – Feohifomicoses

Infecções subcutâneas, geralmente localizadas

Apresenta cistos, granulomas ou abscesso

Inoculação traumática

o Pode ser adquirida por inalação

Ocorre em áreas de climas temperado e tropical

o Pacientes imunossuprimidos e sadios

Fungos demácios

Pigmento naturalmente verde escuro – preto na superfície e verso da

colônia

Colônias glabras e aveludadas

Exame direto

Hifas demácias, ramificadas e septadas

Cultura: Alternaria spp.

Macroscopia: Colônia aveludada, filamentosa. Anverso e reverso = negro

Microscopia: Os conídios são demácios, singulares ou podem formar longas cadeias

(forma de granada).

Cultura: Curvularia spp.

Macroscopia: Colônia negra, aveludada

Microscopia: macroconídios encurvados e com 3-5 septos, lembrando um croissant.

4 – Zigomicose

São as ordens da classe Zygomycetes que dão nome aos dois grupos de

zigomicose: entomoftoromicose e mucormicose.

Agentes etiológicos são de crescimento rápido, saprófitas do solo e de

detritos vegetais.

Doença polimorfa e de etiologia múltipla.

Imunodeprimidos – Aguda e grave.

Predileção por invasão de vasos do sistema arterial, causando

embolização e subseqüente necrose do tecido circundante.

Ordem Mucorales

Mucor sp

Rhizopus sp

Rhizomucor sp

Absidia sp

Ordem Entomophtorales

Basidiobolus sp.

Conidiobolus sp.

Lesões: Mucorales

Exame direto - biópsia

Morfologia típica de zigomicetos em tecido: hifas largas, irregulares,

não-septadas, com ramificação em ângulo perpendicular.

Cultura - Mucor spp.

Macroscopia: Colônia algodonosa, branca.

Microscopia: Esporângio (esporangiósporos)

Cultura: Rhizopus spp.

Macroscopia: Colônia filamentosa algodonosa, enchendo toda placa, cor branca a bege,

com grãos (esporângios) na parte superior e reverso incolor a castanho.

Microscopia: Esporângio (esporangiósporos) – raiz terminal

Lesões - Entomoftoromicoses

Cultura: Basidiobolus spp.

Macroscopia: Colônia clara-cinza, superfície rugosa e cerebriforme (madura-puverulenta).

Microscopia: Balitósporo (esporo globoso)

Cultura: Conidiobolus coronatus

Macroscopia: Colônia creme-bege, rugosa e cerebriforme

Microscopia: Conídio globoso e Papilas basais

5 - Rinosporidiose

Rinosporidium seeberi

Classificado como protozoário

Nunca foi cultivado

Conhecido apenas como se apresenta no tecido infectado

Presença de massa polipóide.

Lesão polipóide

Histopatologia

Esporângio liberando esporoblastos Reação inflamatória crônica

6 - Doença de Jorge Lobo – lobomicose

Lacazia loboi

Descrita pela primeira vez na Amazônia por Jorge Lobo

Limitada ao norte do Brasil

Poucos países da América do Sul

Forma alterações dérmicas crônicas

Lembra tecido cicatricial de aspecto quelóide, lesões indolores

Micose humana e em golfinhos

Não foi cultivado

Lesão queloidiana

Histopatologia

Elementos leveduriformes sem variação tamanho e disposição catenular (cadeias)

c) Micoses profundas ou sistêmicas – fungos patogênicos

Considerações:

Via de penetração: inalatória;

Vias de disseminação: sanguínea e linfática;

Localização da lesão: infecções cutâneas ou disseminada (acomete

órgãos internos);

Resposta do hospedeiro: inflamatória granulomatosa;

Diagnóstico laboratorial

• Exame direto - Fase leveduriforme

• Isolamento do fungo – Prova de Reversão

• História clínica do paciente

Paracoccidioidomicose

Doença infecciosa sistêmica de evolução aguda, subaguda ou crônica.

Agente dimórfico: Paracoccidioides brasiliensis.

Micose sistêmica mais comum e endêmica na maioria dos países da

América Latina.

Adquirida pela inalação de esporos que vivem na natureza, no solo,

vegetais ou na água, determinando lesões primárias pulmonares.

Lesões

Exame direto – Fase leveduriforme

Célula hialina arredondada única ou com células-filhas em um ou mais brotamentos

Gemulações múltiplas em torno da célula mãe Paredes espessas, duplas, birrefrigentes

e esverdeadas “Chapéu de mickey”, “roda de leme”, “roseta”

Cultura

Fase filamentosa (28-30⁰C): Colônia filamentosa pregueada branca com rachadura na superfície

(lembrando pipoca estourada) e reverso castanho.

Fase leveduriforme (35 -37⁰C): Colônia bege, pregueada, cerebriforme

Histoplasmose

Doença granulomatosa, que apresenta especial afinidade pelo sistema

retículo endotelial, produzindo diversas manifestações clínicas, sendo a

forma pulmonar a mais freqüente;

Agente dimórfico: Histoplasma capsulatum;

Distribuição universal, com alta endemia em áreas da América do Norte

e na América do Sul (Argentina).

Fatores relação parasita-hospedeiro: doença pulmonar obstrutiva

crônica de base – Histoplasmose pulmonar crônica.

Exame direto: Não representa muito valor no diagnóstico dessa micose, pela

dificuldade de visualização das leveduras no interior das células.

Coloração Histopatológica: Giemsa, Wright, HE, Grocott,PAS. Estruturas leveduriformes

com núcleo excêntrico em forma de meia lua (Diagnóstico diferencial: Leishmaniose).

Cultura

Fase filamentosa: Macroconídios arredondados em forma de tubérculos (estalagmósporos)

Fase leveduriforme: Colônia creme, pregueada,cerebriforme.

Blastomicose

Infecção aguda ou crônica, granulomatosa, supurativa, que acomete

homem e animais domésticos;

Agente dimórfico: Blastomyces dermatitidis;

Encontrada sobretudo nos EUA e Canadá, África, não sendo muito

frequente na América do Sul (Brasil).

Adquirida pela inalação de esporos que vivem na natureza, no solo,

vegetais e principalmente na água.

Lesões

Exame direto

Fase leveduriforme: Observação de leveduras, células esféricas a ovais, com parede dupla.

Gemulação simples com base de inserção larga. União persistente entre célula filha e mãe.

Cultura

Fase filamentosa: Hifas hialinas finas, ramificadas, septadas com presença de conídios

lisos, terminais de morfologia redonda ou ovalada.

Fase leveduriforme

Coccidioidomicose

Infecção sistêmica, predominantemente pulmonar, que acomete o

homem e uma diversidade de animais, também chamada de Micose do

Novo Mundo ou Febre do Vale;

Agentes dimórficos:

o C. immitis – espécie da “Califórnia”

o C. posadasii – espécie da “não-Califórnia”

Possuem altíssima virulência, classificados como organismos de nível de

biossegurança 3, e descritos como armas biológicas ou agentes de

bioterrorismo

Lesões

Exame direto

Fase leveduriforme: Observação de leveduras maduras grandes esférulas contendo

endósporos

Cultura

a) Fase filamentosa - Hifas hialinas septadas com presença de artroconídios de parede

celular espessa intercalados por células disjuntoras.

b) Fase leveduriforme

d) Micoses profundas - Fungos oportunistas

Considerações:

Definição: causadas por fungos que normalmente são saprófitas e que

em decorrências de fatores adversos passam a produzir infecções.

Indivíduos com ↓ resposta imune

Antibioticoterapia prolongada

Rompimento de barreira de defesa da pele e/ou de mucosas

Criptococose, Zigomicose, Feohifomicose, Hialohifomicose

Aspergilose.

1- Cryptococcus spp.

Levedura encapsulada;

Ambiente - origem exógena;

Agente da meningite criptocócica;

Principais agentes: C. neoformans e C. gattii;

Epidemiologia

A infecção primária no homem é quase sempre pulmonar, devido à inalação do fungo da natureza;

A infecção pulmonar é quase sempre subclínica e transitória, podendo imergir ao lado de outras doenças que debilitam o indivíduo, tornando-se rapidamente sistêmica e fatal.

Exame direto

Tinta da China Gram

Cultura

Colônia leveduriforme, brilhante, mucoide.

Identificação

Meio CGB Vitek Aglutinação

2 - Feohifomicose

Rápido crescimento – 4-5 dias.

Saprófitos de material orgânico.

– Dispensam esporos por meio do ar, animais, insetos, água e o

homem.

Inoculação – Inalação.

Acometem indivíduos debilitados.

Principais agentes:

Alternaria spp Curvularia spp Bipolaris spp

3 - Hialohifomicose

AGENTES – Fungos hialinos

– Hifas septadas

– Colônias com reverso branco e anverso variavel pasteis

– Estruturas microscópicas sem pigmento

Principais agentes:

Acremonium spp.

Aspergillus spp.

Fusarium spp.

Paecilomyces spp.

Penicillium spp.

Scopulariopsis spp.

Fusarium / Acremonium

• F. solani - causa mais freqüente de doença invasiva (maior resistência a

azólicos e MICs elevadas AnfoB)

• Outras espécies: F. oxysporum, F. moniliforme

• Acremonium spp. - > 100 espécies

• Porta de entrada: inalação ou inoculação

Diagnóstico laboratorial

• Isolamento de espécies em culturas de materiais biológicos:

Biópsia (lesões de pele)

Raspado de unha (onicomicose)

Aspirados

Secreções respiratórias

Hemoculturas

Hifas de Fusarium / Acremonium spp. nos tecidos se assemelham

aos de espécies de Aspergillus;

Hemocultura positiva em 50% dos casos,

ID espécie: biologia molecular

Exame direto

Exame direto: Hifas hialinas, septadas e ramificadas.

Cultura - Acremonium spp.

Macroscopia: colônias brancas a rosa pálido, pregueadas.

Microscopia: Hifas hialinas septadas e conidióforo com conídios aglomerados na

extremidade (em forma de roseta)

Cultura - Fusarium spp.

Macroscopia: Colônia filamentosa, algodonosa, branca e reverso lilás.

Microscopia: Hifas septadas hialinas e esporos septados transversalmente e em

meia lua.

Cultura - Aspergillus spp.

As espécies de Aspergillus mais frequentemente isoladas nos

processos patológicos que afetam o ser humano são: A. fumigatus,

A. flavus, A. niger e A. terreus;

A inalação dos esporos não causa doença só por si, é necessário que

existam situações que predisponham (imunossupressão, fenômenos

alérgicos ou lesões pulmonares anatômicas ou vasculares que

afetem a circulação do ar na árvore brônquica ou a oxigenação dos

tecidos).

A. fumigatus é o agente mais comum;

Aumento progressivo da doença causada por outras espécies, como

A. flavus, A. niger e A. terreus (R=Anfot.B)

A confirmação com cultura é importante para diferenciar de

infecção causada por outros fungos filamentosos: Fusariose e de

Scedosporiose.

Exame direto

Hifas hialinas, estreitas, septadas em ângulo agudo.

Cultura - Aspergillus fumigatus

Colônia filamentosa finamente granulosa (lembrando fuligem), cor cinza escuro e reverso

de incolor a castanho.

Cultura - Aspergillus niger

Colônia filamentosa, granulosa preta ou castanho escuro (lembra borra de café) e reverso

de incolor a castanho.

Cultura - Aspergillus flavus

Colônia filamentosa granulosa (representado pelos conidióforos), cor verde e reverso de

incolor a castanho.

4 - Zigomicose

A zigomicose é uma infecção fúngica incomum, causada por fungos

da classe dos zigomicetos, ordem Mucorales e Entomophthorales.

A entomoftoromicose apresenta-se usualmente como uma infecção

subcutânea, ocorrendo em zonas de clima tropical.

A mucormicose é causada por patógenos oportunistas, raramente

gerando doença em pacientes imunocompetentes, originando

principalmente processos que levam à neutropenia ou à disfunção

dos neutrófilos;

Na mucormicose, o gênero fúngico mais frequente é Rhizopus;

entretanto, outros organismos associados com infecção humana são

do gênero Mucor, Rhizomucor, Absidia, Apophysomyces, Saksenaea,

Cunninghamella, Cokeromyces e Syncephalastrum.

O diagnóstico é feito através da correlação entre os exames

micológicos, exames histopatológicos e manifestações clínicas.

Como é a micose mais fulminante, o rápido diagnóstico é

extremamente importante para que o manejo e a terapia tenham

sucesso.

Ordem Mucorales

Mucor sp

Rhizopus sp

Rhizomucor sp

Absidia sp

Ordem Entomophtorales

Basidiobolus sp.

Conidobolus sp.

Exame direto

São observadas hifas largas, esparsamente septadas e ramificadas em ângulo de 90º,

através de uma montagem do material com hidróxido de potássio.

REFERÊNCIAS

BRASIL, Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Manual de Microbiologia Clínica para o Controle de Infecção Relacionada à Assistência à Saúde. Módulo 4: Procedimentos Laboratoriais: da requisição do exame à análise microbiológica e laudo final. Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Brasília: Anvisa, 2013. JEFERSON, C.O. Tópicos em Micologia Médica. 3 ed. Rio de Janeiro, 2012. LACAZ, C.S.; PORTO, C.; MARTINS, J.E.C. Micologia Médica. 9 ed. São Paulo: Sarvier, 2002.

MURRAY, C. et al. Microbiologia médica. 6 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009.

SEVERO, A.B.; GUAZZELLI, L.S.; SEVERO, L.C. Zigomicose. J. bras. Pneumol, v.

36, n. 1, 2010.

SIDRIM, J. J. C.; ROCHA, M. F. G. Micologia Médica à luz de autores contemporâneos. 1 ed. Rio de janeiro: Guanabara Koogan, 2004.

TORTORA, G. J. et al. Microbiologia. 10 ed. Rio de Janeiro: Artmed, 2012.

ZAITH, C. et al. Compêndio de Micologia Médica. 2 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan.

Disponível em: <www.mycology.adelaide.edu.au>. Acesso em 20 de abril de 2016. Disponível em: <www.controllab.com.br>. Acesso em 20 de abril de 2016. Disponível em: www.pgdoy.com. Acesso em 20 de abril de 2016.