Microeconomia · 2020. 6. 6. · Sebenta Economia – 2015/2016 DNB 4 Racionalidade Perfeita: Homo...

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Sebenta Economia – 2015/2016 DNB Regência: PAULA VAZ FREIRE Microeconomia Corolários da Escassez:.................................................................................................................. 6 A economia estuda:....................................................................................................................... 6 Metodologia................................................................................................................................... 7 Produtividade................................................................................................................................. 8 Fronteira de Possibilidade de Produção ......................................................................................... 8 Taxa Marginal de Transformação ................................................................................................... 9 Vantagens Absolutas e Comparativas (David Ricardo) .................................................................... 9 Especialização ............................................................................................................................ 9 Utilidade Marginal ........................................................................................................................ 11 Mercados ..................................................................................................................................... 13 Mercado Concorrencial Perfeito: ................................................................................................. 16 Oferta e Procura........................................................................................................................... 17 Ponto de Equilíbrio................................................................................................................... 18 Elasticidade .................................................................................................................................. 19 Procura .................................................................................................................................... 19 Oferta ...................................................................................................................................... 21 Intervenção do Estado ................................................................................................................. 22 Controlo de Preços .................................................................................................................. 22 Impostos .................................................................................................................................. 23 Teoria do Consumidor .................................................................................................................. 23 Disposição de Pagar ................................................................................................................. 24 Dead weight loss ...................................................................................................................... 24 2ª Lei de Gossen: Princípio da Equimarginalidade ........................................................................ 25 Lógica equimarginalista na aplicação da teoria do consumidor: ............................................. 26 Curvas de Indiferença .............................................................................................................. 26 Perdas absolutas de utilidade....................................................................................................... 27 Impostos .................................................................................................................................. 27 Eficiência de Pareto...................................................................................................................... 27 Oferta em mercado concorrencial................................................................................................ 28 Escala ....................................................................................................................................... 29 Investimento ............................................................................................................................ 30 Mercado eficiente .................................................................................................................... 30 Juro .............................................................................................................................................. 30 Seguros ........................................................................................................................................ 31 Estratégia do Produtor ................................................................................................................. 32

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  • Sebenta Economia – 2015/2016 DNB

    Regência: PAULA VAZ FREIRE

    Microeconomia Corolários da Escassez: .................................................................................................................. 6

    A economia estuda: ....................................................................................................................... 6

    Metodologia ................................................................................................................................... 7

    Produtividade ................................................................................................................................. 8

    Fronteira de Possibilidade de Produção ......................................................................................... 8

    Taxa Marginal de Transformação ................................................................................................... 9

    Vantagens Absolutas e Comparativas (David Ricardo) .................................................................... 9

    Especialização ............................................................................................................................ 9

    Utilidade Marginal ........................................................................................................................ 11

    Mercados ..................................................................................................................................... 13

    Mercado Concorrencial Perfeito: ................................................................................................. 16

    Oferta e Procura ........................................................................................................................... 17

    Ponto de Equilíbrio ................................................................................................................... 18

    Elasticidade .................................................................................................................................. 19

    Procura .................................................................................................................................... 19

    Oferta ...................................................................................................................................... 21

    Intervenção do Estado ................................................................................................................. 22

    Controlo de Preços .................................................................................................................. 22

    Impostos .................................................................................................................................. 23

    Teoria do Consumidor .................................................................................................................. 23

    Disposição de Pagar ................................................................................................................. 24

    Dead weight loss ...................................................................................................................... 24

    2ª Lei de Gossen: Princípio da Equimarginalidade ........................................................................ 25

    Lógica equimarginalista na aplicação da teoria do consumidor: ............................................. 26

    Curvas de Indiferença .............................................................................................................. 26

    Perdas absolutas de utilidade ....................................................................................................... 27

    Impostos .................................................................................................................................. 27

    Eficiência de Pareto ...................................................................................................................... 27

    Oferta em mercado concorrencial ................................................................................................ 28

    Escala ....................................................................................................................................... 29

    Investimento ............................................................................................................................ 30

    Mercado eficiente .................................................................................................................... 30

    Juro .............................................................................................................................................. 30

    Seguros ........................................................................................................................................ 31

    Estratégia do Produtor ................................................................................................................. 32

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    Mercados Reais ........................................................................................................................ 33

    Monopólios .................................................................................................................................. 33

    Discriminação perfeita ............................................................................................................. 34

    Defesa do Monopólio ............................................................................................................... 34

    Políticas antimonopolistas ........................................................................................................ 34

    Mercados contestáveis............................................................................................................. 34

    Economia: ciência social que tem como objeto o comportamento/conduta humana em

    ambientes de escassez (tendencialmente nas suas interações coletivas)

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    Fernando Araújo: escolhas que a economia trata, ditadas pela escassez (problema

    económico fundamental) de bens e recursos.

    • Atividade económica tendencialmente societária mas pode ser solitária – uma vez que

    à economia interessa a gestão dos bens raros.

    • Elevado grau de liberdade na decisão do agente económico.

    • (Não pressupõe a comunidade, como o Direito, que apenas existe quando há relação

    entre homens. A Economia não necessita do coletivo pois o Homem sozinho tem que

    lidar com os seus bens e com as escolhas sobre tais bens)

    • Não há determinismo nas leis económicas, ou seja, não se verifica sempre a mesma

    coisa mas sim consoante as condicionantes.

    Lionel Robins: “Ciência que estuda as opções face à raridade dos

    bens” Bens económicos – gerais // Bens Livres – existem em quantidade e condições tais que podem

    ser obtidos pelo homem sem esforço

    Necessidades (ilimitadas) // Bens/Recursos (limitados/raros/escassos)

    ➔ OPÇÕES: A ciência económica estuda as características das opções, ditadas pela

    escassez – pois há pontos em comuns entre elas.

    ➔ Queremos sempre fazer a melhor opção – aquela que maximiza os benefícios tendo o

    mínimo dos custos

    o Ponto comum das decisões:

    Racionalidade – As decisões são racionais no sentido que procuram maximizar os benefícios e reduzir os custos – atuação hedonista e egoísta

    (persecução do interesse próprio) – lei do menor esforço.

    o Estudamos as características da Racionalidade (a partir de Adam Smith) – “Aos

    defeitos individuais correspondem virtudes públicas” – cada um age

    egoisticamente, no sentido de satisfazer o interesse próprio, mas isso acaba por

    melhorar geralmente a sociedade; há uma certa ordenação natural (social) que

    contribui para uma situação de equilíbrio.

    ▪ A racionalidade conduz os mercados ao equilíbrio, que se alcança

    naturalmente pela interação dos mercados. A sociedade autorregula-

    se, logo, não é necessária a intervenção do Estado (liberalismo

    económico e político)

    ▪ Ordem espontânea para que os mercados tendem é imanente, deriva

    da racionalidade de cada individuo, e não transcendente, no sentido de

    esta ordem provir de um ser superior.

    ▪ Características da Racionalidade

    ➢ Conceção Neoclássica – sistematização e construção de

    modelos mais compreensíveis (inicio do séc. XX até aos anos

    80). Grande abstração e formalização numa metodologia

    dedutivista (passa do geral para o particular – lingando-se à

    matemática e à estatística), que, ao fazer elaboradas

    construções teóricas desligou-se da realidade.

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    Racionalidade Perfeita: Homo economicus – ser perfeitamente

    racional que possui toda a informação disponível.

    ➢ Conceção Neo-institucionalista – a racionalidade não depende

    de apenas o pensamento humano mas sim contextualiza-o às

    instituições vigentes.

    O fator indíviduo é um “dado”, dando ênfase ao carácter

    construído e convencional dos agregados sociais – círculo

    de ação e informação que mutuamente se reforçam.

    Racionalidade Limitada (Herbert Simon, 1957): a racionalidade não é perfeita pois a informação, como qualquer

    outro bem, é escassa. Implica custos a obtenção desse bem –

    não é possível que o decisor tenha toda a informação.

    o Há custos económicos na obtenção de informação (Ex:

    deslocar a todas as lojas para saber o preço; ver na net

    o preço faz perder tempo).

    Fernando Araújo: grau ótimo de informação fica

    sempre muito aquém do grau completo de

    informação.

    o Tem um Custo de Oportunidade – (custo pelo carácter limitado da racionalidade – Ex: não se pode voltar atrás

    no tempo) – “Havia uma oportunidade de fazer

    diferente do que fizemos, mas, quando optámos,

    preterimos aquela oportunidade, e essa alternativa

    às alternativas possíveis é um custo.”

    • Valor do benefício que deixou de ser

    obtido – benefício que corresponde à

    2ª melhor alternativa. A utilidade de

    um foi considerada superior à utilidade

    do outro.

    o A racionalidade é limitada porque a informação tem

    custos, logo, as nossas decisões são tomadas num

    contexto de Ignorância Racional – sabemos que não

    sabemos tudo, mas, o acréscimo de informação, como

    tem custos, deixa de fazer sentido.

    o Tem associado Custos de Transação – tudo o que pode

    causar atrito a uma transação; todos os custos

    económicos ou economicamente mensuráveis

    envolvidos numa troca (ex: custo da procura da

    informação relevante e etc.) – mas se há troca é porque

    os benefícios suplantam os custos.

    o Custos subjacentes medem-se pelo que não se ganha

    (custos de oportunidade) e pelo que se perde (custos

    de transação).

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    ➢ A racionalidade económica é procedimental – afeta meios para

    obtenção de fins – plano da otimização dos meios (olhar

    para os fins e racionalizar a adequação de meios para tal)

    ao invés da maximização dos fins (olhar para os meios e

    encontrar-lhe fins adequados).

    Nisto, é livre de valores morais (ex: mercado das bolachas =

    mercado das drogas), pois determinados agentes económicos

    consideram diferentes produtos como bens – há relevo

    económico em tudo o que envolve custos e benefícios.

    ➢ Utilizamos atalhos racionais – experiências do passado

    (manutenção da tendência) economizam a recolha de

    informação; mimetismo social – a decisão em grupo ou a

    imitação de um certo comportamento leva a economizar custos

    – a partilha de informação diminui a margem de erro associada

    à ignorância racional, contamos com a conduta dos outros que

    têm mais informação do que nós.

    ➢ A racionalidade não é a ponderação de todos os custos e

    benefícios associados à totalidade de opções que o

    horizonte cognitivo possa abarcar – mas apenas uma

    resposta diferenciada, e explicável, a estímulos variáveis.

    (O Homem reage a estímulos para prosseguir certos objetivos

    económicos e tudo pode ser um estímulo do ponto de vista

    económico)

    Ex: quem não quer comer chocolate evita ter um chocolate à

    mão enquanto estuda, mas não tem de calcular a distância

    ótima a que o chocolate tem de estar para se dissipar a

    tentação.

    o Modelo de racionalidade ecológico – muita da

    nossa racionalidade tem uma base instintiva.

    o OPOSTO: Modelo de racionalidade

    “construtivista”

    ➢ Agente económico parte sempre para a Otimização (George

    Stigler) – escolha da conduta que de entre todas as possíveis

    apresente maiores benefícios e menos custos (e de acordo

    com o princípio hedonista da “lei do menor esforço”,

    maximiza-se a atividade económica) – mas pode falhar por

    fatores exógenos a ele próprio: limites intrinsecamente

    humanos à racionalidade (ex: tempo)

    Substitui a otimização pela satisfação.

    Definição: forma como o Homem lida com a escassez/raridade

    Fernando Araújo: A escassez não é um postulado da ciência económica há

    ocasiões em que se atinge o equilíbrio e até a superabundância – ponto de

    saciedade.

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    Corolários da Escassez:

    • É virtualmente impossível atingirmos a saciedade de todas as nossas necessidades. Há

    sempre um bem escasso: seja material, seja imaterial (por ex: Tempo – há sempre um

    constrangimento temporal)

    • Sem escassez as escolhas da Economia seriam irrelevantes – haveria alternativas

    ilimitadas (podia voltar-se atrás no tempo e etc.). Só é relevante falar-se de justiça

    devido à escassez.

    • Face à escassez, tem que se gerir os meios perante os fins (gerem-se os bens conforme

    o fim que se lhes deseja dar)

    • Escassez relativa: varia de individuo para individuo (o que é necessário para um não é

    para outro) – afeta sempre um agente económico.

    • Necessidades Recorrentes: necessidades básicas de sobrevivência são

    sistematicamente satisfeitas (mas não significa que não exista escassez)

    • Crises de sobreprodução: não significa que a escassez acabe, pois não é possível uma

    utilização indiscriminada e universal dos recursos excedentes com eficiência.

    Pontualmente houve um desequilíbrio de mercado que se consegue autorregular onde

    há mais oferta que procura.

    • A procura potencial de meios que satisfazem as necessidades, excede sempre a

    oferta potencial desses meios visto que a quantidade de necessidades que

    suscitam o nosso esforço se renova e aumenta incessantemente.

    • As limitações temporal e orçamental são as manifestações mais restritivas e mais

    sensíveis no plano individual da escassez.

    A economia estuda:

    1. O que produzir e quanto? – O que satisfaz as necessidades dos agentes económicos.

    2. Como produzir? – Sempre de forma eficiente.

    3. Para quem produzir? – Para quem tenha disposição de pagar/poder de compra.

    4. Através de que processo social?

    a. Economias de Mercado: respostas de produção dadas pelo livre funcionamento

    do mercado e das leis da oferta e da procura.

    i. Mercados Concorrenciais:

    ➢ Liberdade – entrada e saída

    ➢ Atomicidade – nº elevado de agentes participantes

    ➢ Fluidez – transparência informativa (o preço é a síntese perfeita

    da informação relativa.

    b. Economias Dirigistas: decisão pública substitui os agentes económicos e as

    respostas são dadas pelo Estado.

    c. Economias Mistas: base de economia de mercado, com alguma intervenção do

    Estado (de forma corretiva, orientadora e de forma a garantir a justiça)

    i. Decisão económica pública deve ser racional (maximizadora de

    benefícios) e compatibilizar a eficiência com a justiça (redistributiva)

    ➢ Ao intervir na justiça, afeta a eficiência pois retira parte de

    recursos privados e coloca-os no público (ex: impostos)

    ➢ Dilema: ao colocar sobre as empresas uma carga fiscal pesada

    (para se obter mais recursos para o setor público), isso torna-as

    menos eficientes, logo elas acabarão por gerar menos e, por sua

    vez, o setor público recebe menos recursos.

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    o Quando a riqueza diminui, o nível de imposto é muito

    mais pesado.

    Ex: 10% de um bolo grande é, comparativamente com

    o total, uma fatia pequena. Mas 10% de um bolo

    pequeno é uma grande parcela. Alguém recebe 1000

    euros, 10% de imposto dá-lhes 900 euros – o que ainda

    é bastante. Quem recebe 100 euros, ao retirar 10%

    acaba por viver só com 90% - o imposto retirou ao

    magro poder de compra, uma parcela significativa.

    Tem de haver uma adaptação de políticas públicas à

    realidade social. (ver utilidade marginal)

    ii. Racionalidade económica das escolhas das regras jurídicas aplicadas –

    compatibilizar justiça e eficiência; instalar segurança sem tolher a

    liberdade.

    5. Como confiar? – Resposta no Direito, ordem jurídica e princípio de organização entre as

    partes contratantes.

    Metodologia Até anos 40: Keynes, Fisher – análise económica incorpora elementos psicológicos

    Pós anos 40: Samuelson, Hicks – pega nos ensinamentos clássicos e depura-os no sentido de maior

    abstração: Dedutivismo Neoclássico

    • Paradigma da Racionalidade Perfeita (já não é o atual: Racionalidade Limitada)

    Análise económica nas vertentes:

    • Descritiva – ser – o que existe e se descreve

    • Prescritiva – dever ser – ou normativo

    • Indutivismo histórico – análise histórica.

    • Indutivismo estatístico – análise da realidade com recolha extensiva de elementos e tratamentos

    com recurso à estatística.

    Leis das ciências sociais são tendências, não são leis necessárias.

    • Correlação – relação entre variáveis

    Modelos Económicos

    • Arquétipos ideais – ideias abstratas que simplificam. Ex: FPP, ceteris paribus (pressuposto que

    tudo o resto se mantém constante)

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    Produtividade Quantidade de bens e serviços por trabalhador e por unidade de tempo. Quanto é que 1

    trabalhador produz numa hora de trabalho.

    Fernando Araújo: Quantidade de bens e serviços que cada trabalhador é capaz de

    produzir, em média, numa unidade de tempo – “output” por hora.

    Fatores:

    • Capital Económico – tecnologia e instrumentos

    • Capital Humano – nível de formação dos trabalhadores

    • Contexto institucional

    • Organização empresarial

    • Inovação – traz acréscimos à produtividade e rentabiliza cada hora de trabalho.

    Fronteira de Possibilidade de Produção Representa as várias combinações de produção de dois bens, alcançáveis pela aplicação

    máxima e ótima dos correspondentes fatores de produção – quantidade máxima de dois

    bens que é possível produzir a partir de certos fatores de produção e do nível tecnológico

    existente.

    • Fronteira passa por todos os pontos intermédios em que se produzem ambos e

    em que é possível ponderar a decisão marginal de produzir mais de um à custa da

    diminuição marginal da produção do outro - expressão/representação do contínuo

    de combinações que estão ao alcance do produtor através de uma mera afetação

    de recursos disponíveis – qualquer ponto na fronteira é eficiente, pois não há

    desperdício de recursos.

    o Abaixo da FPF há uma ineficiência produtiva – há recursos que não estão a ser

    utilizados

    o Fora da FPF é, e princípio, impossível – não há recursos/fatores disponíveis para

    se atingir tal ponto

    • Existe um Vale de Equilíbrio/ Vale de Eficiência rodeado de encostas de custos

    marginais de oportunidades crescentes – onde existe um decréscimo marginal do

    rendimento, através da perda de custos de oportunidade.

    o Existe essa zona devido à Especialização.

    o E devido à Lei dos Rendimentos Marginais Decrescentes / Produtividade

    Marginal Decrescente – David Ricardo – A acréscimos sucessivos de fatores

    variáveis associa-se um decréscimo de produtividade marginal.

    A produtividade total aumenta, mas a marginal diminui.

    Produção de curto prazo em que existe um fator fixo. Ex: mesma terra a que se

    vai sempre acrescendo 1 trabalhador e 1 máquina. Ex: o estudo é mais eficiente quando se encontra na fronteira de possibilidades, se se

    afastar é porque o limite do estudo não pode ser ultrapassado senão há perdas globais –

    estuda-se muito uma e pouco outra.

    • É suscetível a Expansões – através do investimento e das alterações tecnológicas

    que podem aumentar os fatores de produção; e a Contrações – devido à retração de

    recursos – pode reduzir ou aumentar devido a fatores exógenos.

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    Taxa Marginal de Transformação Velocidade com que se passa de um sítio da fronteira para outro.

    • Número de unidades adicionais do bem A sobre o número de unidades do bem B que

    se perdeu.

    • Representação efetiva do custo de oportunidade na ótica da produção.

    o Mesmo processo de produção, mas com uma conjugação diferente de fatores.

    Vantagens Absolutas e Comparativas (David Ricardo) Ex:

    Fator Trabalho - L Portugal (PT) Grã-Bretanha (GBR)

    1 unidade VINHO 10h (de trabalho) 60h (de trabalho)

    1 unidade LÃ 20h (de trabalho) 40h (de trabalho)

    PT tem vantagens face à GBR quanto à produção de ambos os produtos, mas é preferível a

    especialização no Vinho (pois a relação é de 1:6 enquanto a Lã é de 1:2)

    Existe uma vantagem comparativa na produção do vinho.

    Especialização • Os agentes económicos abdicam (ou reduzem até uma importância económica

    insignificante) de um certo produto em detrimento da especialização noutro – maior

    número de bens produzidos.

    o Uma especialização na produção de um só bem A, descura outros bem B

    também necessários, uma vez que os recursos têm que ser canalisados na

    produção especializada do tal bem A.

    o Potencia a manifestação das capacidades produtivas: reduz o número e a

    diversidade das tarefas (potencia a inovação), facilitando a aprendizagem;

    tende a uma estabilização em tarefas repetitivas – liberta-se dos aspetos

    rotineiros e concentra-se nos pontos críticos nos quais é possível um

    progresso técnico.

    o Especialização tem limites: desumanização (ambiente produtivo

    desincentivador), dimensão do mercado.

    ▪ Quanto maior o mercado maior a possibilidade de especialização, pois

    há um mercado que compra. Ex: cabeleireiro numa aldeia corta cabelos

    a homens e a mulheres; numa grande cidade, há muita gente a

    alimentar esse mercado logo a pessoa pode especializar-se em cortar

    cabelo de homem ou de mulher – há mercado para isso

    o Consequências/Custos inerentes:

    Custo de Oportunidade – custo implícito - custos de oportunidade de produzir o

    bem B, ou seja, o que se perde ao não produzir o bem B. Ex: o que Portugal

    deixou de ganhar pelos lanifícios que não vendeu.

    ➢ O Preço Relativo é uma possível medida do custo de oportunidade

    – dir-nos-á quanto é que se vai pagar a mais ou a menos por se ter

    obtido o bem com determinado preço absoluto.

    Custo da que escolhi = preço que paguei.

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    Custo da que não escolhi = preço relativo -> as que poderia

    comprar das que escolhi se comprasse uma que não escolhi

    ➢ Quanto mais elevado for o custo de oportunidade subjacente a uma

    opção, o mais racional será escolher essa opção (não faria sentido

    abdicar)

    O referencial é o preço relativo.

    Custo de Interdependência – custo explícito - aquilo que se gasta para se adquirir

    o bem B, que também é necessário e não produzido. Ex: custo necessário para

    satisfazer as necessidades de Portugal adquirir lanifícios. Pagamos a outrem

    pelo seu investimento na especialização. Ex: pagamos ao médico pelo nosso

    bem-estar (nossa ótica); pagamos ao médico para rentabilizar o seu

    investimento (ótica económica do médico)

    Se me pagassem o custo que eu tenho com os produtos, eu não queria

    produzi-los – daí que tenha de suportar o custo para os obter, uma vez

    que tenho necessidade de tal bem – custos que derivam da não

    autossuficiência.

    Pode haver custos irrecuperáveis se se investe em algo de que o

    mercado não tem necessidade.

    Vantagem Absoluta (Adam Smith): Máximo de produtividade dentro de um universo

    de agentes económicos -> produção de determinado bem ao menor custo possível,

    dentro desse universo de produção. Assumia todas as tarefas nos quais tem esse tipo de

    vantagem.

    Mas é mais benéfico dividir trabalho libertando-se das tarefas em que é menos apto,

    concentrando-se naquela em que a produtividade é relativamente maior –

    especialização na Vantagem Relativa (David Ricardo) -> expande a fronteira de

    possibilidades de produção.

    Aquele que tem vantagens absolutas, se não optar pelas trocas apenas poderá

    dedicar tempo parcial às atividades. Tem implícito um custo de oportunidade.

    Fontes de vantagens comparativas:

    o Dotação natural ou herdada

    o Dotações adquiridas

    o Capital humano

    o Especialização

    Pode ser racional encerrar uma empresa lucrativa, caso o custo de oportunidade seja muito

    elevado.

    Sempre que o lucro económico é menor que 0, deve abandonar-se a atividade pois está a

    incorrer-se num custo de oportunidade muito elevado.

    Todas as atividade são suicidas, pois financiam as pessoas para poderem abandonar

    essas mesmas atividades e ir ganhar mais para outra.

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    Utilidade Marginal Marginal – algo adicional, a mais

    Obras de Jevons, Mengor e Walras fizeram a Revolução Marginalista.

    • 1ª Lei de Gossen: A intensidade das necessidades decresce à medida que vão sendo

    aplicadas doses sucessivas do mesmo bem até se atingir o ponto de saciedade.

    Ex: tenho n copos de água à frente e tenho sede. O primeiro copo de água sabe muito

    bem, até que com os sucessivos copos de água que bebo, vai deixar de saber bem (atingi

    a saciedade e a partir daí vai ser penoso beber água).

    As decisões económicas não são de “tudo ou nada” – há uma gestão para satisfazer

    parcialmente as nossas necessidades, fazer mais ou menos de algo. Fica-se sempre

    aquém do ponto de saciedade.

    Utilidade Marginal – utilidade da última dose necessária para atingir a saciedade.

    Grau de bem-estar individual à dose de consumo n, sendo essa dose n, a última no ato

    do consumo, independente das utilidades dos atos de consumo anteriores – o valor da

    utilidade é independente; embora seja influenciado pelos outros e não seja

    independente na perspetiva do consumo total.

    o É decrescente, o número de doses aumenta e a utilidade marginal decresce.

    o Nunca pode ser negativa.

    Utilidade Total – é o somatório das utilidades marginais. Crescente em menor

    progressão (de uma grande utilidade marginal, vai-se reduzindo).

    • Na teoria da tributação aplica-se o raciocínio marginalista

    o Cada unidade de rendimento prescindido tem maior utilidade para quem tem

    poucos rendimentos – a utilidade marginal do rendimento é maior (será mais

    útil para satisfazer necessidades do que a utilidade marginal do rico).

    • É mais racional satisfazer um pouco de todas as necessidades do que uma até ao fim.

    o Utilidade associada aos benefícios, mas se tem benefícios terá custos

    ▪ Custo – preço que o consumidor suporta.

    o Todas as doses do mesmo bem são vendidas ao mesmo preço.

    ▪ Utilidade – subjetiva; faz a valoração da dose

    ▪ Preço – objetivo; expressão monetária do valor do bem

    ▪ Valor ≠ Preço

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    ➢ As trocas são um jogo de soma positiva (“win win situation”) – o

    consumidor e o vendedor ficam ambos a ganhar mas não

    necessariamente na mesma proporção. Ex: o livro só se vende se o livreiro achar que ele tem um valor

    inferior ao preço que por ele é oferecido; o comprador só compra

    se achar que tem valor superior ao que custa. O livreiro ganha

    com a venda pois recebe dinheiro cujo valor é superior aquele

    que para ele teria marginalmente o livro. O leitor ganhar pois a

    quantia despendida é marginalmente representada pelo livro.

    A que se opõe o jogo de soma zero – a vantagem de um

    corresponde perda do outro (situação de trocas involuntárias,

    não as que se verificam no mercado)

    ➢ O valor, para o consumidor é determinado pela utilidade – só

    está disposto a adquirir um bem quando o valoriza mais que o

    preço a pagar.

    ▪ Quando o benefício líquido assume o valor 0 (ou seja, a utilidade que

    se retira é igual ao preço a pagar), será irracional continuar a consumir,

    pois os custos serão superiores à utilidade.

    Fernando Araújo: optamos por não consumir menos quando o

    custo excede o benefício adicional; optamos por consumir mais

    quando o benefício exceder o custo; optamos por não consumir

    quando os valores coincidem.

    ➢ Preço corresponde à utilidade marginal

    ➢ O benefício líquido é o excedente do consumidor: corresponde

    à diferença entre aquilo que estava disposto a pagar e o que

    efetivamente pagou.

    ❖ Valor da Oferta é determinado em função do

    custo de produção (o produtor tem um

    excedente – uma vantagem – se vender o

    produto). Se o custo marginal tender a crescer

    e igualar-se ao custo de produção, então deixa

    de fazer sentido vender o bem.

    ❖ Só fazem sentido as trocas de soma positiva

    pois há um excedente do produtor (diferença

    entre o preço a que estava disposto a vender e

    o preço a que vende) e um excedente do

    consumidor.

    ❖ Condição de eficiência do mercado

    concorrencial, maximização de trocas –

    máximo de vantagens

    Eficiência máxima = Preço = Utilidade Marginal

  • Sebenta Economia – 2015/2016 DNB

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    • Revolução Marginalista levou a que se percebesse até onde é racional satisfazer as

    necessidades, tendo em conta que há sempre um incentivo ao consumo que pode

    atuar de formas diferentes e contrárias para diferentes indivíduos.

    o Equilíbrio – situação que não pode melhorar. Onde se para de consumir.

    Maximiza-se a utilidade quando a utilidade marginal é igual ao preço a pagar.

    • Paradoxo do Valor (Adam Smith) Porque é que o valor da água é tanto e ela custa tão pouco, e os diamantes custam tanto e não

    valem assim muito quanto a água?

    o A Revolução Marginalista veio responder a esta questão.

    o Ao adquirir um diamante ficamos logo saciados, daí o preço ser mais elevado

    pois a utilidade marginal é maior – pois satisfaz logo as necessidades. Quanto à

    água, temos que consumir várias doses para ficarmos satisfeitos.

    • Produto Marginal – variação na produção que resulta da utilização de uma unidade

    diferente (acrescenta-se 1) do fator de produção, mantendo constantes outros fatores

    como os equipamentos e as quantidades utilizadas na produção.

    • Custo Marginal - O custo marginal traduz o acréscimo de custo necessário para que seja

    possível aumentar o volume de produção numa pequena unidade. (quando se aumenta

    em 1 a produção de bens). Ex: de 5 unidades passa a produzir 6.

    • Função de Produção - relaciona as quantidades de fatores utilizadas na produção (input)

    com a quantidade máxima de produto que pode ser obtida (output). Diferença de

    output com o input.

    Mercados Ponto de encontro entre compradores e

    vendedores (não é necessariamente um local fixo)

    • Grupos de Agentes Económicos: Empresas

    e Famílias.

    • Mercado dos Produtos – mercado dos bens

    e serviços finais, para satisfazer

    necessidades imediatas; “outputs”.

    • Mercado dos Fatores (de produção) e

    respetiva remuneração; “inputs”

    1. Terra (matérias primas) -> Renda

    2. Trabalho -> Salário

    3. Capital (bens intermédios

    necessários à produção) -> Juros

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    • Ao fluxo real corresponde um contrafluxo monetário.

    • O Estado deve também figurar neste quadro – embora haja modelos económicos sem

    estado. Num contexto de economia mista, há um “intervencionismo” do Estado em

    maior ou menos proporção.

    Porque o Estado intervém na Economia?

    Intervenção assenta:

    1. Ignorância – forma desastrada que muitas vezes tem efeitos piores e

    desequilibradores do mercado. Desconhecimento dos requisitos e

    implicações da atitude intervencionista, agrava os problemas ao resolver

    para uns à custa de todos. Ex: fixação das rendas da casa – mercado de

    arrendamento distorcido e há um estreitamento do mercado.

    A lentidão burocrática pode entravar a necessária resposta de uma

    entidade pública a uma evolução rápida de condições.

    2. Eficiência – retificação de falhas verificadas nos mercados e produtos e fatores.

    3. Justiça – retificação corretiva do jogo de mercado – redistribuição. Há pessoas

    incapazes de estar no jogo de mercado e estas medidas aumentam a coesão

    social.

    a. Justiça Social – atitude de solicitude para com os mais

    desfavorecidos. “Imperativo de humanidade” fornecer uma rede

    de segurança a quem está em situações de exclusão e de carência

    absoluta.

    Para emendar as “falhas de mercado” – legitima a intervenção:

    o Externalidades – fatores exógenos ao mercado (positivos ou negativos)

    originado pela conduta de um agente económico que se projeta na esfera

    económica de outrem, sem que esse agente tenha de pagar pelo benefício ou

    indemnizar pelo prejuízo - Estado vem refrear o nível de atividade daquele

    que continua a lucrar quando os danos que causa a terceiros já são em

    elevado grau.

    Ex: Positivo - o comportamento de uma fábrica que polui e não indemniza os

    habitantes da área envolvente.

    Negativo - Vacinas, a taxa de doença na sociedade diminui e quem não é

    vacinado beneficia.

    • Negativas: Sobreprodução – alguém tira benefícios e externaliza

    custos; o Estado legisla para a internalização desses custos que antes

    externalizava – passa então a suportar esses custos que antes eram

    meramente sociais e, assim, aumenta o preço do produto -> a procura

    diminui. A partir do momento em que a externalidade é reduzida, há

    uma sobreprodução (existe mais desse bem do que o ótimo social –

    correspondente à procura)

    • Positivas: Subprodução – A ação de uma das partes beneficia as outras.

    Existe menos desse bem do que o ótimo social, que corresponde à

    procura -> aumentou a procura; produtores desconsideram os

    benefícios externos. Ex: a produção de alfazema influencia a produção

    do mel – apicultores procuram mais produtores de alfazema.

    ➢ Bens Públicos: extremo das externalidades positivas

    1. Não têm rivalidade de uso – utilização por 1 ou mais agentes

    não vai diminuir a utilidade que os outros lhes retiram.

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    2. Impossibilidade de exclusão em termos eficientes – Aquilo

    que se ia gastar para controlar o acesso seria exorbitante

    3. Normalmente estão na esfera do estado pois os agentes do

    mercado não os produzem, porque não há incentivo de

    mercado económico para o fazer. O Estado assegura a

    produção.

    o Poder de Mercado – um agente económico, através da sua conduta, consegue

    influenciar os aspetos essenciais do mercado: preço e quantidade - alguém

    explora abusivamente o mecanismo dos preços para proveito próprio:

    casos de monopólio, oligopólio e monopessónio – Estado regula, legisla,

    incentiva e impõe padrões de conduta.

    o Assimetrias Informativas – uma das partes de uma transação tem mais

    informação que a outra e usa-a em seu benefício.

    ▪ Seleção Adversa: Estreitamento do mercado – situação em que no

    mercado ficam os “piores” agentes económicos, excluindo-se os

    “melhores”.

    Akerlof – exemplo do mercado dos carros usados, apenas o vendedor

    sabe avaliar a qualidade do bem. O potencial comprador não tem

    acesso à informação total do bem, pelo que fixa um valor médio para

    gastar nesse bem. Por esse valor, os vendedores dos bens com

    melhores qualidades retiram-se do mercado (não estão dispostos a

    vender por esse preço). Posteriormente, sairão do mercado os

    medianos até só restarem os maus.

    “Ex Ante”: atinge o contrato antes de este se efetivar.

    Ex: seguradoras; o segurando tem mais informação e a seguradora fixa

    um prémio médio para o seguro. Se o seguro do carro não fosse

    obrigatório, os melhores condutores retirar-se-iam do mercado e, no

    limite, só os piores condutores é que teriam seguro.

    Estado tem a função de legislar para que não haja este estreitamento

    do mercado (seja na obrigação de algo ou não).

    ▪ Risco Moral: Atuação negligente de um agente, por este saber que o seu

    comportamento será dificilmente detetado – contraparte não detetará

    eficientemente essa conduta.

    Não se consegue aferir a diligência na conduta de outrem pelo que há

    uma resposta na ordem jurídica – formulações contratuais para superar

    a aversão ao risco.

    Ex: vendedor da minha empresa n china. Tenho liberdade de

    estabelecer um contrato que dê uma remuneração fixa e uma parte

    variável consoante as vendas.

    “Ex Post”: é com a relação contratual já existente.

    Existem “falhas de intervenção” do Estado:

    • O decisor público não é dotado de racionalidade perfeita e a decisão retificadora pode

    piorar as coisas.

    ➔ Não há clarividência – o decisor público não sabe, com rigor, o que é o interesse

    público.

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    ➔ Não é isento de preferências – a decisão engloba as preferências do decisor. Ex: as

    ideologias políticas são diferentes na interpretação do que é o interesse público.

    ➔ Há interesses particulares – Ex: antes das eleições aumenta-se salários com

    interesses meramente eleitorais.

    • Se as falhas de intervenção forem maiores que a falha de mercado, a situação não se

    corrige e há um problema maior.

    Microeconomia: funcionamento do mercado dos produtos e do mercado dos fatores de

    produção e estuda as decisões dos agentes individualizados: pessoas singulares e empresas.

    Cada pessoa, separadamente prossegue os seus interesses pessoais, concentrando-se na

    maximização das suas próprias vantagens. Todos colaboram no mercado quando estão

    convencidos de que as trocas lhes são vantajosas.

    Mercado Concorrencial Perfeito: ➢ Atomicidade – número suficientemente grande de indivíduos que nenhum consegue

    impor ao mercado as suas preferências. Multiplicidade de agentes económicos do lado

    da oferta e da procura. Contribuição coletiva para a fixação mas que individualmente

    não os podem alterar (não há possibilidade para se distorcer os preços) -> não há poder

    de mercado e todos atuam como “price takers” (o facto de um se retirar do mercado não vai alterar o funcionamento deste - a atuação isolada não afeta o mercado)

    o A falta gera: monopólio, oligopólio (lado da oferta); monopsónio, oligopsónio

    (lado da procura)

    ➢ Liberdade – os agentes são livres de entrarem no mercado e saírem quando quiserem.

    Se fosse possível controlar as trocas, facilmente alcançariam um poder de mercado.

    ➢ Fluidez – combina-se com a racionalidade dos consumidores. Pressuposto (inconsciente) que

    o preço por si só incorpora a informação relevante para que um agente económico

    escolha racionalmente comprar um bem em detrimento de outro. Transparência

    informativa refletida no preço. Assumimos que o vendedor garante a qualidade através

    do preço (algo intrínseco ao comportamento dos agentes económicos). Os vendedores

    nivelam o preço pelo mais baixo

    o A falta gera: Concorrência Monopolística – permite ao consumidor satisfazer as

    mesmas necessidades mas sendo diferenciado, o que fideliza clientes, logo

    pratica os preços que quer.

    Nível Concorrencial:

    • Concorrência perfeita – ninguém dispõe de poder de mercado e os preços são encarados

    apenas como um dado para o qual todos contribuem coletivamente, são todos “price

    takers”.

    • Se falta algum dos fatores, o mercado é de concorrência imperfeita.

  • Sebenta Economia – 2015/2016 DNB

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    Os mercados podem ser reguladores ou espontâneos.

    Oferta e Procura

    Tipos de Bens:

    • Bens de produção conjunta – aquele que ao se produzir um, produz-se o outro. Ex:

    petróleo e gás natural

    • Bens complementares – aqueles cuja utilidade só é possível por utilização conjunta. Ex:

    carro e gasolina

    • Bens sucedâneos – aqueles em que um é utilizado em vez do outro, satisfazem a mesma

    necessidade (mas em grau de utilidade menor). Ex: óleo e azeite

    • Bens de Veblen – bens de ostensão – aqueles bens de luxo que são comprados apenas

    por serem mais caros. Se fosse baratos não compravam.

    o Contrariam a lei da procura

    PROCURA – atitude típica/comportamento daquele que se dirige ao mercado para satisfazer as

    suas necessidades e cujo valor é dado pela utilidade (avaliação em função da utilidade)

    Fatores da Procura:

    • Preços – mais elevados, menor a procura. Correlação inversa. Lei da Procura.

    o Curva da Procura negativamente inclinada

    o Efeito de Substituição: quando o preço varia, existe

    uma transferência de consumidores de um produto

    para outro, sucedâneo.

    o Efeito do Rendimento: variação relativa no rendimento.

    O preço, ao variar, a parte que ocupa no rendimento

    vai variar.

    Ex: ganho 100, se o preço de X aumentar, eu fico mais pobre ao comprá-lo do

    que ficaria

    • Formação de Novas curvas (≠ variação ao longo da curva):

    o Expansão: para cada nível de preço, a procura aumenta.

    o Contração: para cada nível de preço, a procura diminui.

    • Rendimento disponível

    o Aumenta o rendimento, aumenta a procura. Correlação direta – Bens

    Superiores, Bens Normais

    o Aumenta o rendimento, diminui a procura. Correlação inversa – Bens Inferiores

    (de qualidade pior – logo, ao se ter mais rendimento vai-se preferir os bens de

    melhor qualidade)

    • Existência de bens sucedâneos ou complementares

    o Bens sucedâneos: disputam a preferência do consumidor.

    o Bens complementares: a compra de um está associada à compra de outro.

    • Gostos, Efeito da publicidade

    • Expectativas – agem no presente conforme o que anteveem no futuro. Agem como a

    realidade seja a futura

    o As piores previsões concretizam-se no presente, pois age-se em função das

    circunstâncias futuras.

  • Sebenta Economia – 2015/2016 DNB

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    Ex: os preços de A vão aumentar, as pessoas compram logo A para não o

    adquirirem mais caro. Aumenta a procura, os preços aumentam.

    Os fatores da procura e as variações da curva são traduzidos na elasticidade.

    OFERTA – atitude típica/comportamento daquele que se dirige ao

    mercado para vender um bem ou prestar um serviço, cujo valor é

    determinado pelo custo (avaliado em função do custo)

    Fatores da Oferta:

    • Preços – mais elevados, maior a oferta. Correlação direta. Lei da Oferta.

    o Curva positivamente inclinada

    o Lei dos Rendimentos Marginais Decrescentes – custos marginais crescentes. Os

    aumentos cada vez mais pequenos vão inclinar a curva cada vez mais

    • Formação de Novas curvas (≠ variação ao longo da curva):

    o Expansão: para cada nível de preço, a oferta aumenta.

    o Contração: para cada nível de preço, a oferta diminui.

    • Custos dos fatores – aumento dos custos tende a reduzir os incentivos à produção

    e a diminuir a oferta. Correlação inversa.

    • Rendibilidade de produções alternativas – pode-se expandir numa reafectação

    de recursos. Ex: produtores de trigo, veem que é mais rentável produzir cevada, vão

    fazê-lo. Logo a curva da oferta de trigo diminui.

    • Influências especiais

    • Tecnologia, Dimensão do produtor, Estratégia do produtor

    • Expectativas – as previsões são tornadas reais devido a serem feitas.

    Ponto de Equilíbrio Onde as curvas da oferta e da procura se cruzam – situação em que não é possível melhorar.

    ➢ Cruz Marshalliana

    ➢ Quantidade que os produtores estão dispostos a vender é

    igual à quantidade que os consumidores estão dispostos a

    comprar.

    ➢ Máxima satisfação dos consumidores e vendedores –

    satisfação de toda a quantidade procurada àquele preço.

    o Acima do ponto há Excedentes – quantidade

    oferecida é maior que a quantidade procurada. Vendedores dispostos a transacionar mais bens do

    que aqueles que os compradores estariam dispostos a pagar

    o Abaixo do ponto há Escassez – quantidade procurada é maior que a quantidade

    oferecida – não satisfaz a totalidade das necessidades dos consumidores que querem esse bem. Consumidores dispostos a transacionar mais bens do que aqueles que os vendedores.

  • Sebenta Economia – 2015/2016 DNB

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    o Quantidade superior: não seria possível pois subiriam os preços para incentivar

    a produção e queda de preços para incentivar o consumo

    o Quantidade inferior: não seria possível pois desciam os preços que

    desincentivava a produção e subiam os preços que restringiam o consumo.

    Convergência no sentido do equilíbrio -> estabilidade dinâmica – haverá formação de novos

    pontos de equilíbrio ao longo do tempo consoante expansões e contrações das curvas.

    Fator tempo: a procura precisa de menos tempo para se ajustar que a oferta.

    ➢ Procura engloba decisões mais rápidas e implica menos custos

    ➢ Oferta engloba decisões de produção mais lentas pois há custos de entrada e pode haver

    custos de saída (que são de entrada, pois na altura são ponderados). Tem se em conta

    também os sunk costs.

    As expetativas podem ter um efeito estabilizador (se a variação for temporária) ou efeito

    desestabilizador (se a variação for definitiva) – para além do Efeito de Édipo (tornar expetativas

    reais).

    Elasticidade Amplitude da reação dos agentes económicos à alteração das condições fundamentais da sua

    atividade.

    Procura

    Elasticidade-Preço da procura

    • Sensibilidade dos consumidores face à alteração dos preços dos bens e serviços.

    Amplitude das variações de quantidades procuradas que acompanham as variações dos

    preços

    • Se os preços se alterarem e a quantidade se mantiver – é rígido (insensível à alteração)

    o Os agentes maximizadores de lucro aproveitam-se disso e aumentam os preços

    • Se a quantidade se alterar – é elástico (muito instável e sensível)

    o Pode demonstrar ausência de fidelização

    • É sempre um valor positivo, se der negativo usa-se o módulo.

    Regra geral: procura muito elástica -> não se deve aumentar os preços. Mas pode haver fatores exógenos que alteram, como a natureza do bem em questão.

  • Sebenta Economia – 2015/2016 DNB

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    Exemplo de medicamentos necessários. Há uma grande sensibilidade dos consumidores, mas devidos a

    fatores exógenos, os preços podem aumentar – caso contraintuitivo/ atípico

    Procura Elástica > 1 : variação da quantidade procurada mais do que proporcional à variação do

    preço.

    Procura Unitária = 1 : variação da quantidade procurada proporcional à variação do preço

    Procura Rígida < 1 : variação da quantidade procurada menos do que proporcional à variação

    do preço. Rigidez absoluta é para cada nível de preço, sempre a mesma quantidade procurada.

    Quanto mais vertical o gráfico, mais rígida a procura

    Fatores condicionantes:

    ➢ Grau de necessidade – bens normais têm procura mais rígida

    ➢ Efeito de substituição – aumenta elasticidade da procura se há alternativas (bens

    sucedâneos)

    ➢ Efeito de rendimento – aumenta elasticidade

    ➢ Tempo – aumenta elasticidade

    Lei de King

    A procura de bens alimentares é rígida, por isso, se há muita quantidade (devido a um bom ano

    agrícola) o preço diminui – o que é mau para os agricultores.

    Elasticidade-Rendimento

    • Sensibilidade dos padrões de consumo face às alterações do rendimento disponível do

    consumidor

    • Depende dos tipos de bens

    • Bens normais = bens de primeira

    necessidade, não é o rendimento por si só

    que faz deixar de consumir este tipo de bens

  • Sebenta Economia – 2015/2016 DNB

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    Bens de Giffen

    Contrariam a lei da procura (preço aumenta e quantidade também)

    ➢ Bens fundamentais na alimentação das famílias com menores rendimentos. O

    rendimento diminui, abdicam de outros bens para comprar mais deste bem pois é mais

    essecial

    Elasticidade-Cruzada

    • Permite verificar em que medida um bem é

    sucedâneo ou complementar de outro

    • Se o valor for 0 -> independentes

    • Se o valor for positivo -> bens sucedâneos

    • Se o valor for negativo -> bens complementares

    Num cenário de Inelasticidade há uma maior dependência – explica porque as coisas novas são

    mais cara, pois há uma inelastcidade da procura. Por muito que se varia o preço do iPhone,

    haverá sempre muito procura, logo faz sentido que o preço continue elevado.

    Quanto mais integrada e fluida uma economia for, maior homogeneidade há e sucedaneidade

    do bem.

    Oferta

    Elasticidade-Preço da Oferta

    Semelhante ao preço da procura.

    • Se mais produtores entrarem no mercado porque o preço aumentou, é mais elástica

    Fatores:

    ➢ Efeito Substituição – preços descem e se for possível a substituição, os produtores

    retiram-se do mercado e a oferta diminui)

    ➢ Características dos bens (ex: bens perecíveis) – aumenta a elasticidade da oferta

    ➢ Efeito Rendimento – diminui a elasticidade da oferta: necessidade de produtor obter

    certo nível de rendimento vai cuidadosamente decidir colocar o bem no mercado.

    ➢ Tempo – aumenta a elasticidade da oferta.

  • Sebenta Economia – 2015/2016 DNB

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    Elasticidade na Oferta e na Porcura:

    • Oferta relativamente elástica: procura tenderá a influenciar as quantidades

    transacionadas. No limite, oferta muito elástica não terá influência nos preços.

    • Oferta relativamente inelástica: procura terá mais impacto nos preços. No limite, oferta

    muito inelástica impossibilitará aumento de produção.

    • Procura muito elástica: oferta influenciará quantidades transacionadas

    • Procura muito inelástica: oferta influenciará os preços.

    Intervenção do Estado No funcionamento dos mercados – mecanismos de fixação e controlo dos preços.

    O propósito interventor é o da retificação dos mecanismos injustos e/ou ineficientes.

    O Estado age de forma virtuosa e pretende alcançar os melhores resultados possíveis, mas isso

    cria desequilíbrios de mercado

    Adam Smith: "Mão Invisível" - os mercados não precisam de intervenção estatal pois têm uma

    dinâmica própria que conduz ao equilíbrio do mercado. A luta contra esta “mão invisível” muitas

    vezes faz surgir mercados negros.

    Controlo de Preços Nos mercados, o Estado pode estabelecer:

    • Preços Máximos abaixo do ponto de equilíbrio – ex: Estado fixou rendas de casa

    máximas e, por aquele preço, os senhorios não queriam entrar no mercado, logo

    diminuiu a oferta de casas. Nas existentes, deixaram de se fazer obras e etc.A preços

    abaixo do ponto de equilíbrio, a quantidade oferecida é muito inferior à procurada

    (excesso de procura) – Escassez.

    • Preços Mínimos acima do ponto de equilíbrio – ex: Salário mínimo. Poderiam haver

    pessoas dispostas a trabalhar por menos, o que economicamente era uma aproximação

    ao ponto de equilíbrio. Por um valor mais baixo haveria mais empregos mas menos

    pessoas a querer.

    A preços acima do ponto de equilíbrio a quantidade oferecida é superior à procurada

    (excesso de oferta) – Excedente.

  • Sebenta Economia – 2015/2016 DNB

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    Impostos • Diretos: sobre o rendimento

    • Indiretos: sobre despesa ou património

    o Quando o imposto aumenta e incide sobre uma cadeia de despesa, aquele que

    está perante a autoridade tributária é o contribuinte de direito mas não o

    contribuinte de facto

    Repercussão de Imposto – capacidade económica do contribuinte de direito

    transferir esse imposto para contribuinte de facto. Só é racional se houver uma

    procura rígida. Ex: aumenta IVA na restauração, aumentam os preços para

    cobrir os impostos a mais

    Os consumidores suportam o aumento do preço.

    Se a procura for elástica, é o vendedor que suporta pois se aumenta preços

    haverá menos procura – daí suportar o peso do imposto.

    o Suporta o peso do imposto o lado que tem maior rigidez.

    Teoria do Consumidor Consumidor – associado à ideia de utilidade (aptidão para satisfazer necessidades, atribuída a

    um bem ou serviço). A Procura é a decisão do consumidor tendo em conta a utilidade.

    Utilidade dificilmente pode ser objeto de avaliação cardinal (valor numérico). Pode é ser

    objeto de ordenação (valores ordinais) – uma alternativa está em 1º, outra em 2º e etc.

    Expressa-se por preferências reveladas numa medida monetária.

  • Sebenta Economia – 2015/2016 DNB

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    Disposição de Pagar Remete para a 1ª Lei de Gossen1

    • A curva da procura é a transposição da disposição de pagar – quantidades dispostas a

    comprar para cada nível de preço.

    No mercado, todas as doses têm o mesmo preço. Ex: na 1ª estava disposto a pagar 100 mas o

    preço é 50, há uma vantagem – zona de vantagem do consumidor.

    Zona dá-nos o Excedente do Consumidor – diferenças

    entre aquilo que estava disposto a pagar e o que

    efetivamente paga2.

    Consegue adquirir os bens e fica com excedente

    orçamental que aproveita para mais doses desse bem ou

    outro -> bem-estar

    O diferencial de vantagem vai diminuindo.

    Pode-se fazer o mesmo raciocínio em relação à oferta tendo em conta que os custos de

    produção se mantêm.

    Curva da oferta – reflete o custo marginal (a dose produzida a mais é produzida com um custo

    superior ao anterior)

    ➔ Excedente do Produtor: Diferença entre aquilo que

    estava disposto a vender e o que efetivamente vende:

    excedente do produtor3.

    Excedente consumidor + excedente produtor = Excedente Total (bem-estar)4

    Situação de eficiência em que fica de fora quem não consegue produzir.

    Dead weight loss Perda absoluta de bem-estar.

    Situações de concorrência imperfeita – monopólio: existe menos quantidade. O monopolista

    põe menos quantidade no mercado de forma a vender a um preço mais alto, o que leva alguns

    consumidores a saírem do mercado5 (quando a disposição de pagar é menor) -> certas trocas

    deixam de existir

    1 1ª Lei de Gossen: A intensidade das necessidades decresce à medida que vão sendo aplicadas doses sucessivas do mesmo bem até se atingir o ponto de saciedade. 2 Diferença entre a disposição de pagar e o valor atribuído pelo consumidor ao bem. 3 Diferença entre o preço mínimo a que a venda ocorreria e ao preço a que ela efetivamente ocorre. 4 Diferença entre o valor para os compradores e o custo para os vendedores. 5 Consumidor marginal – entra no mercado quando o preço desce e sai quando o preço sobe

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    Conjunto de trocas que deixa de ser feito, zona de excedente que deixa de ser obtida.

    Mercado em concorrência é melhor.

    No entanto, é bom para o monopolista se o que ganhar com o aumento do preço for elevado.

    Ele restringe as trocas, mas se o que ganhar for superior, será positivo

    2ª Lei de Gossen: Princípio da Equimarginalidade A maximização da utilidade total é feita quando é igualada a utilidade marginal da última dose

    de rendimento empregue no consumo de cada um dos bens.

    • Maximização da satisfação individual requer que a utilidade marginal de todos os bens

    empregues na satisfação de necessidades esteja perfeitamente nivelada.

    Não saciamos a necessidade até ao fim, para termos recursos para saciar outras necessidades –

    implica escolhas e transferência de rendimento para maximizar a utilidade.

    Bem A Bem B

    Dose Utilidade Dose Utilidade

    1 7

    1 6

    1 4

    1 1

    É possível transferir esta última dose com utilidade marginal reduzida para outro bem

    Bem A Bem B

    Dose Utilidade Dose Utilidade

    1 7 1 8

    1 6

    1 4

    É racional pois deixei de obter utilidade de 1, para obter utilidade de 8.

    Bem A Bem B

    Dose Utilidade Dose Utilidade

    1 7 1 8

    1 6 1 6

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    Chegou-se ao ponto ótimo porque a seguir, se prescindir de 6, vou ter uma utilidade inferior a

    6. Atingiu-se o ponto de equilíbrio – melhor situação: em que a utilidade marginal é a mesma

    para os dois bens (equimarginalidade).

    Maximizou-se a utilidade total pois a ultima dose de rendimento tem utilidade marginal igual

    para todos os bens.

    Lógica equimarginalista na aplicação da teoria do consumidor: 1. Escolha do tempo de trabalho – entre mais uma hora de trabalho, menos uma de lazer.

    Terá benefícios? O efeito de substituição dessa hora de lazer por trabalho é maior

    quando o rendimento é mais baixo – substituem horas de lazer por trabalho porque o

    ganho a mais faz a diferença.

    2. Nível de poupança – entre poupar ou consumir. Há vários motivos para se poupar –

    consumo diferido: abdica-se da possibilidade de consumo no presente para a

    possibilidade futura do consumo.

    3. Taxa de Desconto – um bem presente vale mais que um bem futuro pois entre o

    presente e o futuro há um conjunto de circunstâncias impossíveis de acautelar.

    a. Quando se priva no presente, isso tem um custo económico – conjunto de

    utilidades que se deixa de obter, espaço de privação da utilidade – de não

    satisfazer já as necessidades. Só faz sentido prescindir quando a taxa de juro for

    superior à taxa de desconto.

    b. As taxas de juro a longo prazo permitem maior rentabilização. Taxa de juro

    existe sempre, mesmo se a inflação for zero e é o preço para compensar a

    privação e tornar o negócio vantajoso.

    c. Para a transação ser racional, tem que se compensar pela utilidade que se deixa

    de obter e haja benefício líquido do negócio. A taxa de juro tem que ser

    superior às taxas de desconto -> valor da utilidade prescindida + benefício.

    Curvas de Indiferença Situações em que o consumidor se encontra igualmente satisfeito. Ex: por 2 relógios aceita 20

    livros. Correspondem a constantes de utilidade. ➢ A taxa marginal de substituição é decrescente pois há uma tendência a diminuir à

    medida que o consumidor se desloca ao longo da curva da indiferença, aumentando o

    consumo de um produto e diminuindo o consumo de outro. Ex: quem já tem 18 relógios,

    prescinde facilmente de adquirir o 19º por apenas 1 livro.

    ➢ Consumidor prefere curvas de indiferença elevadas – aquelas que unem combinações

    mais volumosas de bens, ou seja, que dão mais utilidade. Ex: 75 relógios e 15 livros em

    vez de 50 relógios e 10 livros.

    ➢ Têm inclinação negativa – correlação inversa entre quantidades de bens.

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    Perdas absolutas de utilidade

    Impostos Efeito de transferência – há um diferencial de trocas que vai para o Estado. Perda absoluta é

    quando por força do imposto o preço do bem aumenta de tal forma que inviabiliza a própria

    transação – o preço fica aquém da disposição de comprar e aquém da disposição de vender

    Curva de Laffer

    A taxa de imposto aumenta e o total

    da receita que o Estado recolhe

    também. Mas a partir de certo

    ponto a receita total vai diminuir –

    quando os impostos são muito

    pesados há fuga ao fisco e entra-se

    numa zona de não transação.

    Eficiência de Pareto Qualquer troca (alteração produtor consumidor) tem em vista e como objetivo a Eficiência.

    • Ótimo de Pareto como a situação do máximo de eficiência.

    • Melhoria de Pareto quando uma situação melhora, do ponto de vista do bem-estar, face

    à situação anterior.

    Não é possível aumentar o bem-estar de alguém sem diminuir o de outrem – como se estava

    numa situação máxima, onde nada pode ser acrescentado, só pode existir trocas.

    ➢ Eficiência das trocas: mercado concorrencial e excedente do produtor e do consumidor

    (maximização do excedente total)

    ➢ Eficiência produtiva: economias a funcionar na FPP (sem qualquer desperdício) –

    eficiência na alocação de recursos.

    o Eficiência no “mix produtivo” - benefício de alterar um fator de produção,

    sempre que ocorra uma alteração num, é associado a alteração de um outro.

    ➢ Eficiência de preferência: têm de produzir os bens que vão ao encontro das preferências

    do consumidor.

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    Pressupõe-se um mercado em concorrência perfeita

    Alguém será prejudicado – pois temos máximo de ganhos, para se fazer melhor, tem que se ir

    buscar a outro.

    Oferta em mercado concorrencial Procura-se obter lucro: L6 = Rt – Ct (lucro = receita total – custo total)

    Rt = P * Q (preço * quantidade)

    Ct = Ce + Ci

    ➢ Custos Explícitos – custos contabilísticos: monetariamente possíveis de contar

    ➢ Custos Implícitos – custos de oportunidade

    Lucro Contabilístico: Rt – Ce

    Lucro Económico: Rt – Ce – Ci

    Os custos podem ser

    • Custos Fixos – mantém-se independentemente da quantidade produzida; invariantes

    com a quantidade de output

    • Custos Variáveis – varia com a quantidade (aumenta à medida que a quantidade

    aumenta); têm relação com a quantidade de output – no longo prazo todos os custos

    podem ser alterados

    Em termos unitários7:

    Custo Médio – divide-se o custo total pelo número de unidades produzidas: a média que cada

    unidade custa a produzir

    Custo Marginal – custo de produção de uma unidade a mais.

    Há uma preponderância, mais cedo, dos rendimentos marginais decrescentes.

    Existe quantidade até à qual o custo médio é decrescente – há diluição dos custos fixos. Ex: ao

    entrar mais um cliente divide os custos da infraestrutura também por ele; e a partir dessa parte

    o custo médio é crescente – passa a ser preponderante o custo marginal decrescente

    6 Lucro = ∏ 7 Custos fixos médios decrescem – quanto mais se produz mais os custos por unidade se diluem Custos variáveis médios crescem – à medida que se atinge a saturação do processo produtivo Custos médios totais – fase crescente e ascendente

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    O ponto de interseção das curvas é o ponto em que o custo médio começa a subir: Escala

    Mínima de Eficiência

    ➔ Menor custo médio – quantidade ideal para o produtor produzir.

    No mercado concorrencial tende a que se concorra pelo custo – obtendo o máximo de lucros ao

    baixar os custos (pois são price takers, não definem os preços).

    Diminuem os custos até à altura em que preço = custo marginal

    Quando vende acima da escala mínima de eficiência tem um lucro extraordinário -> mercados

    não concorrenciais.

    • Curto Prazo – pelo menos 1 fator de produção fixo: sujeito à lei dos rendimentos

    marginais decrescentes

    • Longo Prazo – horizonte temporal em que é possível alterar todos os fatores de

    produção (custos variáveis): altera-se a escala de produção

    o Rendimentos Constantes: aumento de produção corresponde à medida do

    aumento de escala – o custo de unidade não sofre alterações.

    o Rendimentos Crescentes – Economias de Escala: aumento da escala leva à

    diminuição dos custos médios totais do produtor.

    o Rendimentos Decrescentes – Perdas de Escala: aumento de escala, aumenta

    mais que proporcional os custos do produtor.

    Num primeiro momento há economias de escala: aumenta a quantidade e diminui os custos ->

    escala mínima de eficiência

    A longo prazo haverá rendimentos constantes de escala -> o último ponto de eficiência é o

    imediatamente anterior a existir perdas de escala.

    Na parte final passamos a ter perdas de escala. O aumento da escala começa a produzir mais

    quantidade mas também tem mais custos.

    Escala • Economias de Gama: produção de 2 ou mais bens que em separado teriam mais custos

    • Economias de Grupo: dentro de uma mesma unidade produtiva

    • Interna: relacionada com a atividade produtiva.

  • Sebenta Economia – 2015/2016 DNB

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    • Externa: relacionada com atividades extrínsecas.

    Investimento Investimento Real – Aplicação do processo produtivo

    Investimento Financeiro – Disponibilização de recursos para investimento real; empréstimos

    • Depósitos Bancários: valores elevados. Dão poucos juros – o mais baixo. Suscetibilidade

    de recuperar imediatamente a conversão para moeda (processo rápido)

    • Investimento direto em aquisição de bens – há risco de desvalorização do bem e pode

    não haver retorno. Ex: imóveis

    • Fundos comuns de investimento – garantia do retorno mais seguro; ao estarem

    acompanhados, podem não sair prejudicados

    • Obrigações – representam empréstimos de capital financeiro feitos a uma empresa. São

    reembolsados com vantagens -> investimento arriscado e o valor do juro é

    relativamente baixo, a longo prazo é mais alto.

    “Junkbox”- obrigações próximas de lixo, risco muito elevado -> mas juro elevado

    também; há risco para os subscritores.

    • Ações – ativos financeiros ou títulos negociáveis de frações em que se divide o capital

    social da sociedade – parcela de titularidade da empresa. Nem todos dividem ações e

    nem todos são cotados em bolsa.

    Vantagens: direitos estatutários (ex: direito a informação, presença na assembleia geral)

    e direitos económicos (distribuição de dividendos)

    Mercado eficiente Preço reflete perfeitamente os bens de investimento.

    No preço está tudo condensado, basta conhecer o preço.

    Empresa precisa de financiamento:

    • Recurso ao mercado de capitais – emite obrigações (que vencem em juros) ou vende

    ações

    • Recurso ao crédito bancário – que ficam a exercer algum controlo sobre a gestão

    • Recurso ao Autofinanciamento: reinvestimento dos lucros – em vez de se distribuir

    dividendos.

    Juro Remuneração de capitais.

    O que justifica poupar é o juro -> recompensa a privação de um bem presente perante um bem

    futuro – embora o bem valha mais no presente.

    Taxa de Desconto: corresponde ao valor da privação (valor da utilidade perdida) Há uma propensão para o consumo presente. O valor presente é descontado face à

    relação do consumo futuro (dentro do qual há juros) – perde-se a utilidade presente.

    Fundamento do juro é a utilidade descontada (Samuelson)

  • Sebenta Economia – 2015/2016 DNB

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    Taxa de Juro > Taxa de Desconto : para ser racional. É se racional se o valor da taxa de juro

    superar em termos de utilidade projetada, a do presente.

    A taxa de juro deve incorporar um ganho para compensar a utilidade perdida (e o juro tem de

    abater a taxa de inflação).

    Taxa de Juro:

    • Fundamento é a taxa de desconto

    • Ganho associado à troca

    • Prémio do risco de inflação

    • Margem para as instituições financeiras

    • Relações de crédito são mediadas por instituições financeiras e não entre particulares

    • Preço de se trocar a preferência pelo presente por uma preferência no futuro – tempo

    e a chave a que se associam riscos e incerteza

    o Frank Knight – lucro associado à incerteza;

    ▪ A incerteza não é assumida por ninguém

    o O risco corresponderia a circunstância suscetível a probabilidade – quando se

    repete com regularidade, há probabilidade de ocorrência

    ▪ Leva-se a fazerem-se seguros

    ▪ Transfere-se o risco para a seguradora

    Seguros Ligados a assimetrias informativas8

    • Seleção Adversa: condiciona-se a celebração de contratos e pode levar ao

    desaparecimento do mercado.

    • Risco Moral: não toma as diligências necessárias e fica mais sujeito ao risco, pois não é

    responsável

    Num mercado concorrencial, os produtores são sempre price takers.

    Há facilidade de entrada e saída no mercado.

    8 Ver Assimetrias Informativas

  • Sebenta Economia – 2015/2016 DNB

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    Estratégia do Produtor • Maximização do lucro e decisões sobre qual a quantidade ótima a produzir-se para ter

    o maior lucro possível.

    • Será a que obter maior receita marginal (quando Rm = Preço)

    • Irá produzir até ao custo marginal ser igual ao preço

    o Mercado de concorrência perfeita: custo marginal = rendimento marginal =

    preço

    Acima do ponto os custos médios descem, abaixo sobem.

    Ponto de lucro máximo – quando tem custo médio mais baixo; só fica no mercado quando

    estiver nesse ponto.

    ➢ Curto Prazo: Se preço ficar abaixo do CMv – encerramento temporário9; Se ficar acima

    de CMv e abaixo de CMt – continua em atividade.

    ➢ Longo Prazo: Se preço ficar acima do CMv e abaixo de CMt – encerramento definitivo.

    Não há break even point – ponto de escala mínima de eficiência. Um produtor mantém-se no

    mercado se alcançar ponto de break even.

    Empresas com diferentes estruturas de custos.

    • Empresa B não é eficiente pois não alcança o ponto de break even, logo terá de sair do

    mercado.

    • Empresa A tem Lucro Normal: corresponde à compensação necessária para que o

    agente permaneça no mercado. Não há incentivo para entrar mais um ou sair ->

    concorrência perfeita

    • Empresa C tem Lucro Extraordinário: qualquer nível de lucro acima do ponto de break

    even -> concorrência imperfeita

    9 Suspende a atividade quando o preço (rendimento marginal) a que vende o bem fica abaixo do custo médio variável.

  • Sebenta Economia – 2015/2016 DNB

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    o Cria efeito de miragem: outros concorrentes por perceberem que há lucro vão

    entrar no mercado. Mas a mera entrada de mais um agente diminui o nível de

    lucro.

    Como todos concorrem entre si, os preços descem e não há lucro extraordinário.

    Há Lucro Normal – lucro zero - corresponde à compensação necessária para que o agente permaneça no mercado. Cobre os custos no curto prazo, sem os quais a atividade não existia.

    Rendimento médio mínimo que é necessário obter, para o qual não se discute a viabilidade da

    atividade.

    Mercados Reais Faltam as características da concorrência perfeita.

    Há alguma concentração de mercado – conjunto de fatores que são barreiras legais à entrada

    de novos agentes no mercado.

    • Económicos – elevada escala mínima de eficiência: quanto mais elevada for, maior será

    a concentração do mercado (pode chegar ao limite de ser um Monopólio Natural -> mais

    um agente no mercado iria começar com elevadíssimos custos iniciais.

    A estrutura de custos torna o mercado mais eficiente, ponto de vista produtivo.

    • Tecnologia – Scumpeter: crescimento económico assenta na destruição criativa e na

    inovação. Produtos querem destacar-se – incentivos para obter diferenciação e

    competir em relação aos outros.

    Monopólio temporário até que os outros possam replicar.

    • Externalidades de Rede – utilidade para um utilizador aumenta com a entrada de outro

    na rede: entre membros da mesma rede há custos de mercado menores. Ex: Microsoft

    e compatibilidade de documentos

    Forma-se um path dependence desse trilho tecnológico, pois há uma aversão a “bens

    órfãos” incompatíveis uns com os outros.

    Monopólios O monopolista tem que perceber o comportamento da procura.

    • Ele não fixa o preço que entende.

    Mercado em que a receita marginal é igual ao preço.

    Receita Marginal = Preço – Receita

    • Preço da ultima unidade menos o que deixou de se receber se vendesse ao preço

    anterior. Por ser mais quantidade ele define o preço do mercado.

    • Para vender mais quantidade, tem que vender a preço mais baixo. Ao colocar mais uma

    unidade, o monopolista ganha o preço menos a diferença do que “perdeu”.

  • Sebenta Economia – 2015/2016 DNB

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    Há um percurso em que a receita marginal não é igual ao preço. O monopolista para quando o

    rendimento marginal e o custo marginal se igualarem.

    Ponto de vista da otimização dos lucros: o preço deve ser superior ao rendimento e ao custo

    marginal.

    Discriminação perfeita ➢ Segmentação de Consumidores: em função das características – reparte a quantidade

    oferecida, indo ao encontro da disposição de pagar de vários consumidores. Cria

    segmentos que atendem à disposição de pagar de cada um. Ex: vários lugares de preço

    diferente nos aviões.

    ➢ Impossibilidade de Revenda: entre as classes de consumidores – desaparece a zona de

    não troca. Há apenas excedente do produtor, maximizando o excedente total.

    ➢ Estratégia maximizadora de lucro que adequa mais estreitamente a oferta à disposição

    de pagar de cada consumidor. É mais eficaz se mais rigidamente separar os segmentos

    de clientes.

    Defesa do Monopólio 1: O monopolista afasta a concorrência praticando preços próximos do custo de produção, que

    subiriam com a entrada de um concorrente no mercado – isto garante um “preço mínimo” pelo

    qual os bens são vendidos o que é positivo para o consumidor, o que leva a fidelização de clientes

    e estimula a taxa de poupança

    2: Há monopólios naturais de bens essenciais, como dos serviços de água, que por terem uma

    economia de escala garantem o preço mínimo – a escala mínima de eficiência é muito elevada.

    Políticas antimonopolistas 1: Leis antitrust – proibição de formas concertadas (“cartelizadas”) de restrição da concorrência,

    nos esforços diretos de monopolização e no controlo e repressão das fusões e participações

    cruzadas de forma a reduzir a concorrência.

    2: Regulação – veda-se o exercício desmedido desse poder de mercado com controlo Estatal.

    3: Nacionalização de Monopólios (pode gerar falhas de intervenção)

    Mercados contestáveis Inexistência de barreiras de entrada no mercado. O monopolista sente-se ameaçado e por isso

    pratica preços de mercado concorrencial -> “efeito de miragem”