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1 EXPERIÊNCIA COM A UTILIZAÇÃO DOS RECURSOS DIDÁTICOS NAS AULAS DE CIÊNCIAS DO 7º ANO NA ESCOLA ESTADUAL PROFº ARÍCIO FORTES Luzia Cristina de Melo Santos 1 EIXO 4 : Formação de Professores Memória e Narrativas Resumo As aulas expositivas é a técnica mais difundida nas escolas. Contudo, estudos revelam que essa técnica pode ser aprimorada com o uso de recursos didáticos diferentes daqueles que são mais utilizados, por serem instrumentos de baixo custo: o quadro e o giz. Esse projeto foi desenvolvido com alunos do 7º ano do Colégio Professor Arício Fortes, onde foram desenvolvidas aulas utilizando recursos didáticos tais como: jogos, recursos audiovisuais e construção de recursos em sala de aula. A iniciativa de desenvolver tal projeto se deu graças ao PIBID (Programa de Iniciação a Docência), onde o mesmo visa o desenvolvimento de aulas mais dinâmicas. Dessa forma, esse trabalho teve como objetivo verificar a importância da utilização dos recursos em sala de aula, identificando o grau de influência de alguns recursos didáticos (jogos, recursos audiovisuais, e fabricação de recursos em sala de aula) na aprendizagem dos alunos. Palavras-chaves: Alunos, Ciências, Recursos didáticos. Abstrat The classes expository are the most widespread technique in schools. However, studies show that this technique can be improved with the use of different didactic resources from those most used for being low-cost tools: the table and chalk. This project has been developed with students of the 7 th grade of the School Teacher Arício Fortes. The classes were developed using didactic resources such as games, audiovisual resources and built resources in the classroom. The initiative to develop such a project was thanks to PIBID (Initiation to Teaching Program), where it aims to develop more dynamic classes. Thus, this project aimed to verify the importance of resource use in the classroom, identifying the degree of influence of some didactic resources (games, 1 Graduada em Ciências Biológicas Licenciatura e Mestranda em Ensino de Ciências e Matemática - [email protected]

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EXPERIÊNCIA COM A UTILIZAÇÃO DOS RECURSOS DIDÁTICOS NAS AULAS DE CIÊNCIAS DO 7º ANO NA ESCOLA

ESTADUAL PROFº ARÍCIO FORTES

Luzia Cristina de Melo Santos1

EIXO 4 : Formação de Professores Memória e Narrativas

Resumo

As aulas expositivas é a técnica mais difundida nas escolas. Contudo, estudos revelam que essa técnica pode ser aprimorada com o uso de recursos didáticos diferentes daqueles que são mais utilizados, por serem instrumentos de baixo custo: o quadro e o giz. Esse projeto foi desenvolvido com alunos do 7º ano do Colégio Professor Arício Fortes, onde foram desenvolvidas aulas utilizando recursos didáticos tais como: jogos, recursos audiovisuais e construção de recursos em sala de aula. A iniciativa de desenvolver tal projeto se deu graças ao PIBID (Programa de Iniciação a Docência), onde o mesmo visa o desenvolvimento de aulas mais dinâmicas. Dessa forma, esse trabalho teve como objetivo verificar a importância da utilização dos recursos em sala de aula, identificando o grau de influência de alguns recursos didáticos (jogos, recursos audiovisuais, e fabricação de recursos em sala de aula) na aprendizagem dos alunos. Palavras-chaves: Alunos, Ciências, Recursos didáticos.

Abstrat

The classes expository are the most widespread technique in schools. However, studies show that this technique can be improved with the use of different didactic resources from those most used for being low-cost tools: the table and chalk. This project has been developed with students of the 7th grade of the School Teacher Arício Fortes. The classes were developed using didactic resources such as games, audiovisual resources and built resources in the classroom. The initiative to develop such a project was thanks to PIBID (Initiation to Teaching Program), where it aims to develop more dynamic classes. Thus, this project aimed to verify the importance of resource use in the classroom, identifying the degree of influence of some didactic resources (games,

1 Graduada em Ciências Biológicas Licenciatura e Mestranda em Ensino de Ciências e

Matemática - [email protected]

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audiovisual resources, and manufacturing resources in the classroom) on student learning. Keywords: Students, Science, Didactic resources.

Introdução

Ensinar ciências nas séries iniciais não é uma tarefa difícil. Ao contrário, pode ser

simples e a chave está na mão do professor, aproveitando aquilo que já é natural dos

alunos: o desejo de conhecer, de agir, de dialogar, de interagir, de experimentar e

também de teorizar.

A técnica mais difundida para esse ensino é a aula expositiva. Uma das possíveis

razões pode estar relacionada ao seu baixo custo. Nessas aulas os principais recursos

utilizados são o quadro e o giz.

Duas das dificuldades enfrentadas com a utilização de aulas expositivas não

participativas estão relacionadas à falta de feedback que geralmente acompanha esse

método e a passividade do aluno. Para a maioria das pessoas, o aprender é facilitado

através do desenvolvimento de algum tipo de atividade.

Além do mais, os conteúdos passados por esse tipo de aula tendem a ser

esquecidos mais rapidamente, uma vez que a audição passiva é um veículo de

aprendizagem menos eficiente, correndo o risco de ocorrer um pequeno aprendizado.

Uma aula expositiva pode ser aprimorada por meio da utilização dos recursos

didáticos. Uma vez que o aluno sairá da sua situação passiva se tornando um agente

ativo da situação, podendo dessa forma absorver mais os conteúdos expostos pelos

professores.

Isso é colocado em discussão por autores como Trivelato (2006), Moreno (2006),

Maratori (2003), dentre outros que mostram a eficácia da utilização dos recursos

didáticos no processo de ensino-aprendizagem.

O interesse de elaborar tal projeto se deu graças ao PIBID (Programa de Bolsa de

Iniciação à Decência). Esse projeto foi criado visto à necessidade de inovar o ensino em

sala de aula, tendo como objetivo levar o licenciado para a vida escolar, para que o

mesmo possa entrar em contato com os alunos, transmitindo o conhecimento de uma

forma mais dinâmica utilizando recursos didáticos.

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Dessa forma, o referido trabalho tem como objetivo verificar a importância da

utilização dos recursos em sala de aula, identificando o grau de influência de alguns

recursos didáticos (jogos, recursos audiovisuais, e fabricação de recursos em sala de

aula) na aprendizagem dos alunos.

Recursos Didáticos e Aprendizagem

Os recursos didáticos são considerados todos os tipos de componente de

aprendizagem que estimulam o aluno em sala de aula, sendo considerados instrumentos

complementares que ajudam a transformar as idéias e fatos em realidade. Esses tipos de

matérias auxiliam na transferência de situações, experiências, demonstrações, sons,

imagens e fatos para o campo da consciência.

Os recursos didáticos envolvem uma diversidade de elementos utilizados como

suporte experimental na organização do processo de ensino e de aprendizagem. Sua

finalidade é servir de interface mediadora para facilitar a relação entre professor-aluno.

De acordo com Costode et al (2009, p. 2) “os recursos didáticos são de

fundamental importância no processo de desenvolvimento cognitivo do aluno” uma vez

que proporciona uma maior oportunidade de aprendê-lo de forma mais efetiva, onde o

aluno poderá aproveitar esse conhecimento por toda a vida.

No momento que o professor utiliza um recurso didático dentro da sala de aula, ele

transfere os conhecimentos que estão expressos no livro para a realidade do aluno.

Dessa forma, o professor pode usar o recurso didático para preparar, melhorar ou

aprimorar a aula que será dada. São exemplos de recursos didáticos: artigos, apostilas,

livros, softwares, sumários de livros, trabalhos acadêmicos, apresentações, filmes,

atividades, exercícios, ilustrações, CDs, DVDs. ( FERREIRA, 2007, p. 3)

Dessa forma, os professores podem utilizar esses instrumentos didático-

pedagógicos para desenvolver um tipo diferente de aula, de forma mais dinâmica e

proveitosa.

Não se sabe ao certo quando esses recursos começaram a ser utilizados em sala

de aula, contudo essa técnica é desenvolvida por professores por muito tempo, geração a

geração, tendo alcançado bons resultados deste então (BRAGA et al, 2007, p. 4).

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Um dos motivos que pode ter levado tal sucesso é pelo fato de ser mais fácil para

o aluno lidar com o conteúdo dado de forma dinâmica que de forma somente textual,

uma vez que ele se torna mais envolvido pelo conteúdo dado, absorvendo mais

informações.

É fato que os professores sempre utilizam um tipo de recurso em sala, uma vez

que o quadro e o giz também são considerados recursos didáticos, contudo esses não

são ditos como os mais eficazes no processo de aprendizagem do aluno.

Trivelato (2006, p.2) diz que “a utilização dos recursos didáticos pedagógicos

diferentes dos utilizados pela maioria dos professores (quadro e giz), deixam os alunos

mais interessados em aprender”, pois ao utilizar um jogo, um filme ou uma dinâmica

em grupo, por exemplo, faz os alunos expressarem suas opiniões, entrando em contato

com os conhecimentos de todos na turma.

Isso revela outro ponto importante na utilização dos recursos didáticos. No

momento que se cria na turma uma discussão, ocorre um envolvimento de todos em

sala, socializando a informação apontada por cada um.

Dessa forma, no momento em que se utiliza um recurso didático, está mobilizando

no aluno uma série de fatores, como: motivação para a participação, desenvolvimento

da capacidade de observação, aproximação para a realidade e permite a fixação da

aprendizagem (BRAGA et al, 2007, p.5).

No momento que se desenvolve uma atividade em grupo, ou um simples jogo, os

alunos têm a oportunidade de se comunicarem mais, trabalhar em grupo e dividir seus

conhecimentos para toda a turma, caso esse que poderia não ocorrer se o professor

desenvolvesse com os alunos uma simples aula expositiva não participativa.

Por esse motivo, torna-se necessário a utilização de novas técnicas para auxiliar

no processo de ensino-aprendizagem do aluno. E os recursos didáticos suprem essa

expectativa, uma vez que todas as experiências apontam bons resultados na utilização

dos mesmos. (MARATORI, 2003, p.6)

Bravim diz que

Ao serem usados no trabalho com os conteúdos escolares, os recursos didáticos servem de mediadores entre estes conteúdos e os alunos. Os alunos se apropriam dos conteúdos e do papel social de determinado recurso didático. (BRAVIN, 2005, p.3)

Dessa forma, ao participar de uma aula prática, por exemplo, o aluno pode utilizar

o que foi aprendido naquele momento em outras situações do seu cotidiano.

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Contudo, Costoldi et al diz que

Os recursos didático-pedagógicos surtem maior efeito nas aulas apresentadas aos alunos do ensino fundamental (séries iniciais), por serem ainda crianças e se interessarem muito mais por aulas diferentes torna-se mais fácil para uma criança se envolver mais durante a aula com recurso pelo “espírito de brincadeira” que ela ainda possui. (COSTOLDI et al, 2009, p.4)

Os alunos do Ensino Fundamental se sentem mais interessados ao lidar com aulas

com recursos didáticos por possuírem ainda um espírito de criança. Contudo, não

significa dizer que os recursos não possam ser aproveitados por alunos de maior faixa

etária, uma vez que é obrigação do professor adequar aquele determinado recurso de

acordo com a série que se deseja trabalhar.

Leite et al (1998, p. 12) mostra que “o papel do professor é de fundamental

importância para que o uso de tais recursos alcance o objetivo” o professor deve ter

formação e competência para elaborar e desenvolver um recurso didático, vindo até

mesmo a construir com os seus alunos, uma vez que dessa forma possibilitará ao aluno

assimilar melhor o conteúdo.

Por essa razão, torna-se necessário que os recursos utilizados em sala de aula

sejam bem elaborados e escolhidos tendo em vista a realidade do aluno, uma vez que

ajudará no desenvolvimento das capacidades de aprender do mesmo, como também

auxiliando na resolução de certas situações que, por ventura possam surgir no seu dia-a-

dia.

Dessa forma, segundo Souza2

O professor deve ter formação e competência para utilizar os recursos didáticos que estão ao seu alcance e muita criatividade, ou ate mesmo construir junto com seus alunos, pois, ao manipular esses objetos a criança tem possibilidade de aprender melhor esses conteúdos. Os recursos didáticos não devem ser utilizados de qualquer jeito, deve haver um planejamento por parte do professor, que deverá saber como utilizá-lo para alcançar o objetivo proposto por sua disciplina (SOUZA, 2007, apud COSTOLDI, 2009).

Com isso, o professor deve saber qual recurso didático irá se adequar mais para

sua turma e levar em consideração como tal atividade é utilizada em sala de aula, tendo

o intuito de não gerar nenhum transtorno para o aluno.

2 SOUZA, S. E. O uso de recursos didáticos no ensino escolar. 2007. COSTODI, Rafael; POLINARSKI, Celso Aparecido. Utilização de recursos didático-pedagogicos na motivação da aprendizagem. I simpósio Internacional de Ensino e Tecnologia. 2009.

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O Processo de aprendizagem

São muitas as pesquisas envolvendo o processo de aprendizagem. Esse termo

emergiu das investigações baseadas na experiência em Psicologia, ou seja, investigações

levadas a termo com base na pressuposição de que todo conhecimento decorre das

experiências vividas por cada indivíduo. (NEVES, 2006, p.5)

O processo de aprendizagem é desencadeado a partir da motivação. Esse processo

se dá no interior do sujeito, estando intimamente ligado às relações de troca que o

mesmo estabelece com o meio, principalmente entre professor e o aluno.

É o que mostra Palagana (2001, p.6) quando diz que “toda estrutura educacional

está organizada com a finalidade de promover o aprendizado e o desenvolvimento do

ser humano”, vindo essa aprendizagem ocorrer através de uma relação entre o sujeito e

o objeto de conhecimento, ou seja, numa relação professor – aluno - conteúdo.

Torna-se necessário observar que os seres humanos nascem com capacidade para

o aprendizado, necessitando apenas de um estímulo externo e interno, ou seja, uma

motivação.

Há aprendizados que podem ser considerados natos, como o ato de aprender a

falar e a andar, necessitando que ele passe pelo processo de maturação física,

psicológica e social. Na maioria dos casos a aprendizagem se dá no meio social e

temporal em que o indivíduo convive; sua conduta muda, normalmente, por esses

fatores, e por predisposições genéticas.

Para Pittengr & Gooding

A questão de saber quando uma pessoa aprende é vital para avaliar se você ou o aluno deverão trabalhar mais ou menos quando um, ou outro, ou ambos deverão agir, e para estabelecer um ritmo adequado nas experiências de avaliação (1977, p. 64).

Nas situações escolares, o interesse é indispensável para que o aluno tenha

motivos de ação no sentido de apropriar-se do conhecimento, uma vez que a

aprendizagem é um fenômeno extremamente complexo, envolvendo aspectos

cognitivos, emocionais, psicossociais e culturais.

A utilização dos recursos audiovisuais no Ensino Fundamental

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Segundo pesquisas, os recursos audiovisuais são os mais utilizados, porque

envolvem os sentidos de captação mais forte na aquisição de conhecimento e apreensão

de informações (a audição e a visão).

É por envolver esses sentidos que os recursos audiovisuais são bastante usados no

âmbito do ensino, principalmente no Ensino Fundamental, principalmente, de filmes

relacionados com temas referentes aos assuntos que se desejam expor em sala de aula.

Segundo Rutz, os recursos audiovisuais

São todos e quaisquer recursos utilizados no contexto de um procedimento visando estimular o aluno e objetivando o aprimoramento do processo de ensino aprendizagem [...] onde podemos destacar folhetos, vídeos, sistema de áudio e projeto de slides (RUTZ, 2008, p. 13).

Por dispor de tantas opções de recursos audiovisuais, deve-se evitar o ensino

puramente verbalizado, uma vez que a aprendizagem é mais eficaz quanto mais se possa

realizar uma experiência direta, vista e ouvida.

Os recursos audiovisuais são utilizados em sala de aula de diferentes maneiras de

acordo com o objetivo da aula dada, cabendo ao professor selecionar os recursos que

deseja abordar em sala de aula (VIDAL, 2009, p.5).

Dessa forma, os recursos audiovisuais devem ser usados de forma criteriosa para

que sejam eficientes e úteis, ou seja, esses recursos não devem ser usados somente

quando o professor não tenha preparado a sua aula. (ROSA, 2007, p. 41).

São através dos recursos audiovisuais que o professor expõe aos alunos textos

ilustrativos com sons e vídeos, tendo como objetivo tornar a aula mais dinâmica. Rosa

(2007, p.41) diz que “[...] o uso de um filme ou de uma simulação multimídia deve ter

uma função definida no plano de Ensino elaborado pelo Professor para um dado

conteúdo”.

O professor não deve adotar um vídeo ou um filme só para “mascarar” uma aula

que não foi planejada, ele deve utilizar tal recurso tendo em mente a contextualização

com um conteúdo já abordado ou que ainda irá abordar.

A importância do jogo no Ensino Fundamental

Segundo Braga et al (2007, p.5) “Nos dias atuais [.....] os jogos podem ser

utilizados como um ótimo recurso para a aprendizagem dos alunos”, sendo um recurso

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que pode ser utilizado em qualquer série e faixa etária, uma vez que está envolvido tanto

no desenvolvimento da criança quanto motivam a manifestação de suas criatividades e

imaginação, uma vez que o brincar estimula a criatividade, a imaginação, aprofundando,

para a criança, a compreensão da realidade.

Contudo, torna-se necessário que o educador utilize um determinado tipo de jogo

de acordo com a faixa etária do aluno, como também imponha regras para que o mesmo

possa ser desenvolvido com mais aproveitamento (BRAGA et al, 2007, p. 5).

É como mostra Vigotski3, quando o mesmo diz que

O tipo de jogo praticado pelo indivíduo depende da sua idade e das habilidades que necessita construir em cada fase do seu desenvolvimento visando dessa forma à idade média da turma antes do desenvolvimento do jogo. (VIGOTSKI, 2003, apud BORGES et al, 2005)

Deve-se antes de dar início a qualquer tipo de jogo deixar claro para o aluno o

objetivo do mesmo e o que ele deve alcançar no fim da atividade, para que tal atividade

não fuja do controle da professora e se transforme numa “zona total”.

Segundo Braga et al

A maneira que se realiza o jogo, envolve varias ações que geram múltiplos sentimentos, como exaltação, tensão, alegria, frustrações [....] também através do jogo a criança manifesta sua criatividade, espontaneidade, iniciativa e imaginação ( BRAGA et al, 2007, p. 3).

Por influenciar tanto a criança, o professor deve ter em mente o papel e o impacto

que o jogo pode vir a causar nos seus alunos, por essa razão o docente deve ter em

mente o poder de tal atividade na aprendizagem do aluno, não deixando passar a

oportunidade de utilizá-lo.

Monteiro (2007, p. 25) diz que “O ato de brincar comporta dois elementos

importantes: a imaginação e as regras [.....] Ao passo que a criança vai crescendo, as

regras vão mudando” para que o jogo possa se adaptar ao aluno e dessa forma possa ir

além do seu nível de desenvolvimento atual.

3 VIGOTSKI, L. S. psicologia pedagógica. 2003. BORGES, Regina Maria Rabello; SCHWARZ, Vera. O papel dos jogos educativos no processo de qualificação de professores de Ciências. Rio de Janeiro. 2005.

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No mundo do brinquedo e dos jogos, no qual o educando aprende a ditar as regras, a brincadeira não é uma atividade inata, mas sim atividade social e humana que supõe contextos sociais, a partir dos quais o aprendiz comanda uma nova realidade e estabelece suas normas. (KAHL, 2006, p. 2).

O professor pode utilizar um jogo já existente e conhecido pela turma e adaptá-lo

para o assunto que deseja abordar. Por exemplo, o mesmo pode utilizar as regras de um

jogo de cartas para criar um jogo de cartas didático com o assunto do reino monera, por

exemplo.

Outro ponto relevante na utilização do jogo como recurso didático-pedagógico diz

respeito ao fato que as vantagens da utilização dos jogos didáticos não estão

relacionadas somente para os alunos, uma vez que os educadores também se

beneficiam.

Quando um professor utiliza em sala de aula um jogo ele necessita de um

objetivo central e muita pesquisa para desenvolver tal atividade. Dessa forma, o docente

irá obter mais conhecimento e irá desenvolver suas diretrizes pedagógicas para a

realização da atividade. (FONTOURA, 2009, p.3).

O professor não deve preparar um jogo de qualquer maneira, ele deve levar em

consideração ao impacto que esse recurso irá ter na aprendizagem do aluno, tendo dessa

forma a necessidade de fazer um estudo mais amplo sobre o assunto a ser levantado

durante um jogo

Para Grubel (2006, p.5) “através de jogos se desenvolvem muitas habilidades e

conhecimento e ainda, aprender de forma lúdica é muito mais prazeroso e encantador”,

dessa forma, os jogos possibilitam para o educador alcançar os objetivos educacionais

com mais facilidade que na sua ausência.

A utilização do lúdico na vida escolar é caracterizada por ser um recurso

pedagógico muito rico, uma vez que essa atividade explora a criatividade, o

desenvolvimento cultural e, sobretudo, a incorporação de novos valores. (KAHL, 2006,

p. 2).

Metodologia

A referida pesquisa foi realizada com 33 alunos (entre 13 e 15 anos) do 7º ano do

Colégio Professor Arício Fortes. A escolha do referido colégio se deu pelo convívio

com o mesmo por outros projetos desenvolvidos.

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Posteriormente foram ministradas aulas utilizando diferentes recursos didáticos. O

assunto escolhido para as aulas foi o Reino Monera, sendo esse um assunto meio

abstrato para os alunos uma vez que os mesmo não têm a oportunidade de vê no seu dia

a dia esses seres, só por ilustrações do livro didático.

As aulas foram discutidas obedecendo à seguinte ordem: Na primeira aula os

alunos conheceram quem são os representantes do Reino Monera, onde habitam como

são as estruturas e fisiologia das bactérias e cianobácterias, tendo o cuidado de

classificar quanto aos tipos morfológicos.

Para ajudar quanto ao entendimento em relação ao aspecto morfológico, os alunos

assistiram aos seguintes vídeos: Introdução ao Reino Monera e bactéria feliz.

Posteriormente, os alunos conheceram os diferentes ambientes que as bactérias podem

estar presentes, como também os benefícios e os malefícios que esses organismos

podem trazer para os seres humanos. Para isso, eles assistiram a dois vídeos do Doutor

Bactéria, onde foram expostos os ambientes onde as bactérias se encontram e o que

deve ser feito para que os alimentos não sejam contaminados por esses organismos.

Ao final das citadas aulas, os alunos foram entrevistados, tendo o objetivo de

verificar a opinião dos mesmos em relação aos vídeos assistidos, tal como o impacto

dos mesmos na aprendizagem.

Após a exposição do conteúdo, os alunos responderam um questionário, onde os

mesmos poderiam estudar, para na aula posterior, utilizar um jogo da memória, tal jogo

consistiu da seguinte forma:

O jogo era formado por 26 cartas, sendo 13 perguntas (em cartolina amarela) e 13

respectivas respostas (em cartolina azul), os alunos virariam primeiro a carta

correspondente a cor amarela e posteriormente a carta de cor azul, tendo que verificar se

a resposta condizia com a pergunta referida. Se ambas (perguntas e respostas) tivesse

relação, eles poderiam ficar com as cartas, caso contrário, eles tinham que passar a vez

para outro colega.

No final do jogo os alunos foram entrevistados com a seguinte pergunta “Qual foi

a contribuição do jogo para sua aprendizagem?”, com o objetivo de saber o

aproveitamento do mesmo durante seu desenvolvimento.

Na aula posterior, utilizando os conhecimentos referentes às formas morfológicas

das bactérias, os alunos confeccionaram, juntamente com a professora, os diferentes

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tipos de bactérias, utilizando material, tais como: isopor, massinha de modelar e cola .

Os alunos foram divididos em quatro grupos, sendo que cada grupo ficou responsável

por uma forma de bactéria (cocos, bacilos, esperilos e vibriões) O objetivo dessa

dinâmica foi fazer com que os alunos representassem esses organismos por meio de um

recurso onde eles mesmos estavam fabricando. Posteriormente, os alunos foram

entrevistados com a seguinte pergunta: “Qual foi a contribuição dessa atividade para sua

aprendizagem?”

Por fim, os alunos responderam um último questionário referente a todas as

atividades desenvolvidas em toda execução do projeto, com intuito de saber qual dos

recursos utilizados em sala de aula os alunos se identificaram mais.

Os resultados foram colocados em gráficos onde pode ser observado o

desempenho da pesquisa.

Resultados e Discussões

O estudo do Reino Monera, para Beneti (2009, p. 3), torna-se difícil, pois os

conteúdos referentes a esses seres vêm muito resumido nos livros, o que é preocupante,

uma vez que, por os alunos não terem conhecimento podem não darem a atenção

necessária a tal conteúdo.

Dessa forma, deve-se tentar retirar do livro esse conhecimento para que os alunos

possam perceber, de forma lúdica, a importância e como esses seres não vistos pelos

mesmos vivem no ambiente. Para isso foi desenvolvida aulas utilizando diferentes

recursos didáticos em sala de aula, como será expostas posteriormente.

Experiência com a utilização de vídeos

Logo após o desenvolvimento das primeiras aulas, foi passado para os alunos

vídeos, no qual mostrava alguns conceitos, curiosidades e imagens reais desses

organismos. Através da observação, pode-se notar que de início os alunos ficaram

surpresos pela imagem, demorando a acreditar que existem seres tão pequenos a ponto

de não se poder ver a olho nu. Essa surpresa pela imagem é posta por Costoldi et al

(2009, p. 6) como uma das reações que ocorrer quando o aluno, nessa idade, se depara

com imagens por meios de vídeos e slides.

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Para vefificar se a utilização desses vídeos surtiu efeito, os alunos foram

entrevistado com a seguinte pergunta: Qual foi a contribuição dos vídeos apresentados

para sua aprendizagem?

Gráfico 1: contribuição dos vídeos para a aprendizagem do aluno

Fonte: Colegio Prof° Arício fortes Autoria: SANTOS, L.C.N. Pode-se observar que os alunos gostaram muito da experiência dos vídeos em sala

de aula, pois os mesmo poderão visualizar imagens reais desses seres que nunca tiveram

a oportunidade de verem por serem seres exclusivamente microscópios. Como mostra

Rosa ( 2007, p. 35) os vídeos, assim como os slides ( que também foi utilizados durante

a pesquisa) apresentam-se como representações bidimensionais de um mundo

tridimensional. Dessa forma, atráves dos vídeos e das imagens apresentados os alunos

puderam visualizar aquilo que não tem oportunidade de verem no seu cotidiano, como

é o caso das bactérias e das cianobactérias.

Algo observado durante os vídeos foi a concentração e a atenção que os alunos

apresentaram no decorrer da execução. Isso está relacionado, segundo Rosa ( 2007,

p.36), ao poder que as imagens e cores despertam nas pessoas.

Experiência com a utilização do jogo

O próximo recurso utilizado nas aulas foi um jogo da memória. Nos dias atuais,

sabe-se que os jogos são uma ótima forma de aprendizagem para os alunos, seja a idade

que for ( BRAGA, 2007, p. 2).

Segundo Vigotsky4

4 VIGOTSKI, L.S. Linguagem, Desenvolvimento e Aprendizagem, 1979. In. MOTEIRO, Juliana Lima.

Jogo, interatividade e tecnologia: uma analise pedagógica. Universidade Federal de São Carlos. São Paulo. 2007.

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O lúdico influência enormemente a criança. É através do jogo que a criança pode aprender a agir, sua curiosidade é estimulada, adquire iniciativa e autoconfiança, proporciona o desenvolvimento da linguagem do conhecimento e da concentração (VIGOTSKY, 1979 apud MONTEIRO, 2007).

Para o desenvolvimento do jogo da memória a sala foi dividida em quatro grupos,

visando a organização no decorrer da atividade, sendo que a professora estava presente

no decorrer do jogo.

Deve-se considerar que durante o desenvolvimento de qualquer tipo de atividade é

indispensável que o professor ou orientador esteja presente para que aquele ambiente

seja estimulador, organizado e capaz de atingir os objetivos propostos pelo jogo, uma

vez que a mesma atividade pode atuar como um instrumento de avaliação. ( BRAGA,

2007, p. 4)

Para verificar a influência do jogo da memória na aprendizagem do aluno, os

mesmos foram entrevistados com a seguinte pergunta: Qual foi a contribuição do jogo

para sua aprendizagem?

Gráfico 2: contribuição do jogo para a aprendizagem do aluno

Fonte: Colegio Prof° Arício fortes Autoria: SANTOS, L.C.N. Esse resultado pode ser explicado segundo Grubel (2006, p. 10) quando o mesmo

mostra que “no momento que a criança está brincando ela explora o mundo, constroi o

seu saber, aprende a respeitar o outro, desenvolve o sentimento de grupo, ativa a

imaginação e se auto-realiza”, uma vez que o jogo desenvolvido não deixa de ser uma

bricandeira de cunho educativo.

Dessa forma, no momento em que se trabalham os jogos em sala de aula, ocorre a

fixação de conteúdos já aprendidos, requer a participação ativa dos alunos favorecendo

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a socialização entre eles e possibilita ao professor identificar algumas dificuldades antes

não vistas pelo mesmo. ( MONTEIRO, 2007, p. 11).

Assim como no desenvolvimento dos vídeos, no início da atividade os alunos se

mostraram um pouco dispersos e sem muito interesse para o desenvolvimento do jogo.

Mas, com o insentivo da professora os alunos começaram a se envolver mais no jogo,

sendo mais participativos.

Construção do recurso didático

Essa atividade foi interessante pois teve a participação tanto dos alunos como da

professora, mostrando a importância da participação do docente na construção de

atividades, uma vez que as crianças tem mais possibilidades de assimilar o conteúdo e

mais segurança no que faz ( COSTOLDI et al, 2009, p.12).

No final da construção do recurso, os alunos foram entrevistados com a seguinte

pergunta: Qual foi a contribuição dessa atividade para sua aprendizagem?

Gráfico 3: contribuição da construção do recurso para a aprendizagem do aluno

Fonte: Colegio Prof° Arício fortes Autoria: SANTOS, L.C.N. Com base nos resultados das entrevistas com os alunos, a forma como tal

atividade foi realizada acabou despertando a atenção dos mesmos, tendo uma grande

aceitação e participação de todos da turma na confecção do recurso, sendo que no final

todos tiveram a oportunidade de expor seus trabalhos

Análise de todos os recursos utilizados na pesquisa

Depois que todos os recursos selecionados foram desenvolvidos com os alunos

(vídeos, jogos, confecção de recursos) os mesmos responderam um último questionário,

tendo como objetivo verificar qual dos recursos utilizados em sala de aula eles gostaram

mais. Os resultados foram expostos no grafico abaixo:

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Gráfico 4: análise do desempenho de todos os recursos utilizados em sala.

Fonte: Colegio Prof° Arício fortes Autoria: SANTOS, L.C.N. Através dos resultados podemos observar que dentre os recursos utilizados em

sala de aula, o momento da confecção das formas das bactérias foi o mais falado pelos

alunos. Pode-se observar também o descontentamento dos alunos a cerca das aulas onde

se utiliza somente quadro e giz. Maratori (2003, p.6) mostra que é visível o

descontentamento dos alunos frente a uma aula onde o professor utiliza o quadro e o giz

como únicos recursos.

Os recursos podem ser utilizados de diferentes maneiras, seja pela utilização de

filmes, como também de matérias palpáveis, levados para a sala de aula, ou até mesmo

confeccionados na presença dos alunos, no intuito de despertar a curiosidade dos

mesmos.

Segundo Maratori (2003, p.8) “os alunos necessitam dominar o processo de

aprendizagem para o desenvolvimento de suas competências”, dessa forma através da

utilização de jogos educativos, dinâmicas e aulas práticas os alunos desenvolvem

melhor as habilidades educativas absorvendo com mais facilidade as informações.

Conclusão

Constatou-se, através dos resultados expostos, que a utilização de recursos em

sala de aula auxilia no processo de aprendizagem do aluno.

Porém, cada recurso tem um resultado diferente nessa aprendizagem. A pesquisa

nos revelou que a construção de recurso em sala de aula é a mais apontada pelo aluno

como a melhor atividade para ser desenvolvida com os próprios. Entretanto, os outros

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recursos pedagógicos, como jogos e filmes, também são vistos com bons olhos pelos

mesmos.

De acordo com os resultados os únicos recursos que os alunos não acham bem

apropriada para serem utilizadas em sala de aula são o quadro e o giz. Esteve evidente o

descontentamento dos alunos a cerca das aulas com utilização desses dois recursos

somente.

Dessa forma, o uso de recursos pedagógicos é um método que os professores

podem utilizar para melhorar o processo de ensino-aprendizagem, uma vez que

contribui e enriquece o desenvolvimento cognitivo do aluno.

Com os dados obtidos, confirmou-se que os alunos sentem-se mais motivados e

demonstram um maior desempenho quando neles é despertado o interesse de aprender,

sendo que esse resultado é proveniente da motivação que o professor realiza nos alunos,

estando extremamente associado com a utilização dos recursos didáticos.

Referencial Bibliográfico

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