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“A Competitividade da Indústria do Tomate em Portugal – Aplicação dos paradigmas da competitividade numa indústria agro-alimentar” ________________________________________________________________________________________________________________ 1 Resumo Este trabalho está baseado na indústria de transformação de tomate no período de 1990-93, utilizando a metodologia dos grupos estratégicos com o objectivo de conhecer as estratégias das empresas. A ligação entre a rentabilidade dos grupos estratégicos, a análise da envolvente económica e da cadeia de valor foram também discutidos. Foram retidas em 1990 e 1992 para a formação dos grupos estratégicos as variáveis das despesas em publicidade, a quota de mercado e em 1991 e 1993 para além das variáveis referidas foram ainda consideradas as despesas em formação profissional e as despesas em investigação e desenvolvimento. Não foi evidente a relação entre a rentabilidade dos grupos e o seu comportamento estratégico. A análise da envolvente económica revelou deficiências nos factores de competitividade e na cadeia de valor existe uma reduzida interacção entre as actividades relevantes e entre estas e a distribuição.

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“A Competitividade da Indústria do Tomate em Portugal – Aplicação dos paradigmas da competitividade numa indústria agro-alimentar”________________________________________________________________________________________________________________

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Resumo

Este trabalho está baseado na indústria de transformação de tomate no período de

1990-93, utilizando a metodologia dos grupos estratégicos com o objectivo de conhecer as

estratégias das empresas. A ligação entre a rentabilidade dos grupos estratégicos, a análise da

envolvente económica e da cadeia de valor foram também discutidos. Foram retidas em 1990 e

1992 para a formação dos grupos estratégicos as variáveis das despesas em publicidade, a

quota de mercado e em 1991 e 1993 para além das variáveis referidas foram ainda

consideradas as despesas em formação profissional e as despesas em investigação e

desenvolvimento. Não foi evidente a relação entre a rentabilidade dos grupos e o seu

comportamento estratégico. A análise da envolvente económica revelou deficiências nos

factores de competitividade e na cadeia de valor existe uma reduzida interacção entre as

actividades relevantes e entre estas e a distribuição.

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ÍNDICE

Introdução ............................................................................................................................... 5

Objectivo ................................................................................................................................. 5

Enquadramento teórico .......................................................................................................... 5

Metodologia ............................................................................................................................ 8

Resultados ............................................................................................................................ 16

Constituição dos grupos estratégicos .............................................................................. 28

Conclusão .............................................................................................................................. 45

Bibliografia ............................................................................................................................ 49

Anexos .................................................................................................................................. 53

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Introdução

Portugal é o 4º maior produtor de derivados de tomate da Comunidade Europeia e o

5º exportador da OCDE, sendo um dos principais produtos alimentares exportados por Portugal

apresentando um saldo positivo na Balança Comercial Agro-Alimentar. É um sector onde se

observa uma constante evolução, nomeadamente: modificações do sector fornecedor,

alterações da regulamentação, alterações da orientação produtiva e de mercado e alterações

tecnológicas.

Todas estas alterações, no seio de um sector importante da economia agrícola e

agro-industrial portuguesa, constituem pontos de interesse para um estudo aprofundado sobre

o sector, estudo complementar de outros já existentes, de modo a ter-se um conhecimento

profundo do mesmo e a poderem estudar-se estratégias de desenvolvimento no mercado

mundial.

Objectivo

Este trabalho terá como objectivo básico avaliar a posição competitiva da indústria de

transformação do tomate em Portugal, com a perspectiva de se poderem desenhar estratégias

adequadas para melhorar a rentabilidade e a competitividade relativamente às indústrias de

derivados de tomate dos principais países concorrentes.

Através deste estudo ir-se-ão lançar pistas que permitam às empresas atingir o seu

objectivo "económico". Neste trabalho considerar-se-á que este objectivo pode ser alcançado

pela conjugação de duas "políticas":

1ª.) Aumento do valor acrescentado da produção, pelo aumento da diferenciação do

produto;

2ª.) Aumento de vendas no mercado nacional e internacional, através de uma

penetração sustentada em circuitos de distribuição.

Enquadramento teórico

Este trabalho pretende como foi referido conhecer a competitividade da indústria do

tomate. Mas, para poder estudar a competitividade deve-se tentar perceber o que se entende

por competitividade.

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A repetição na utilização de determinados conceitos, tanto por parte dos economistas

teóricos como dos gestores de política económica, garantem a popularidade dos referidos

termos, mas não a existência de um consenso relativamente ao significado e à justificação dos

mesmos. Este é o caso do conceito da competitividade.

Em concreto e segundo Enrique Puig, as dificuldades existentes em relação à análise

da competitividade podem-se agrupar nos seguintes tópicos:

Em 1º. lugar, a complexidade em elaborar um indicador representativo e operativo,

dada a variedade de factores que intervêm na determinação da competitividade;

Em 2º. lugar, no carácter relativo do conceito, dado que o que é relevante não é o seu

valor absoluto, mas a sua posição e evolução relativamente ao resto da economia;

Em 3º. lugar, no seu carácter dinâmico. Os factores que condicionam a

competitividade variam ao longo do tempo, de modo que não é adequada uma análise

exclusivamente a curto prazo;

Em 4º. lugar, a análise de competitividade encontra certas dificuldades, na distinção

dos factores que são causa de competitividade dos que são efeito da mesma.

Finalmente, a existência de certos aspectos qualitativos de difícil valorização, apesar

de se poderem, de certo modo, encontrar de maneira implícita esses factores em variáveis

quantitativas.

A competitividade tem sido vista desde longa data como a força que pode conduzir à

solução óptima do problema da performance económica. Para Adam Smith, a linha vital para o

sucesso da economia de mercado era a dos indivíduos seguirem os seus próprios interesses,

canalizados e controlados pela competição.

Em 1817, David Ricardo estudou a competitividade internacional. A teoria por si

construída, baseia-se no benefício da especialização internacional, a que ele chamaria a "Lei

das vantagens comparativas". Esta tese demonstra que cada País deve vender aos outros,

bens para os quais os custos relativos nacionais são mais baixos que no exterior e comprar aos

outros, os bens para os quais os custos relativos nacionais são mais elevadas que no

estrangeiro. A teoria prediz a completa especialização do País nas produções para as quais tem

vantagens comparativas.

Nos trabalhos dos economistas clássicos, como Smith (1776) e Ricardo (1817), a

competição foi identificada como o conceito central na teoria económica. A livre competição é

vista como força de equilíbrio e organizadora, num mercado de trocas.

Novas definições de competitividade têm surgido. Sem a intenção de sermos

exaustivos, podemos mencionar algumas das definições mais generalizadas da mesma.

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A OCDE define competitividade de uma nação como o grau em que um país pode,

sob as condições de livre concorrência, produzir bens e serviços que superem a prova, nos

mercados internacionais, e ao mesmo tempo aumentem o rendimento da sua população a

longo prazo (Durand; Simon; Webb, 1992). Esta definição tem implícita uma combinação entre

crescimento e produtividade, doutro modo, o crescimento económico é gerador de bem-estar.

Do ponto de vista da Comunidade Europeia existem dois significados básicos de

competitividade (Report économique annuel, 1993):

- à competitividade de um país associa-se a capacidade de incrementar a sua

quota de exportação nos mercados internacionais;

- entende-se por competitividade a capacidade de manter uma taxa de

crescimento económico elevada, sem que o saldo das suas operações correntes

com o estrangeiro se deteriore.

A primeira ideia associa a competitividade ao crescimento da participação das

exportações do país no comércio internacional, o qual se poderá explicar por modos muito

diversos, como sejam: preços mais baixos, melhor qualidade dos produtos, uma queda da

procura nacional, adequados canais de distribuição, etc.

Na sua segunda definição a Comissão vincula a competitividade com a capacidade

das nações de fazerem frente às restrições impostas pelo exterior.

Uma outra definição é proposta pelo Forum Económico Mundial (1994), segundo o

qual a competitividade é entendida como a capacidade de um país ou de uma empresa para,

proporcionalmente, gerar mais riqueza que os seus competidores nos mercados mundiais.

Esta noção de competitividade, que equipara o comportamento das nações ao das

empresas, tem sido objecto de profunda crítica por parte daqueles autores (Krugman, 1994)

que tem a opinião de que a rivalidade entre as empresas nos mercados internacionais nada tem

a ver com a rivalidade entre as nações

Outros autores (Sti Revue, 1986) "...reconhecem que a competitividade internacional

de uma economia nacional assenta sobre a competitividade das empresas que operam e

exportam para além das suas fronteiras…" (pp.98) O mesmo relatório considera

complementares as dimensões micro-económicas e macro-económicas da competitividade,

afirmando igualmente que as dimensões macro-económicas devem englobar os factores que

sejam marca de como as economias estão organizadas e participam na divisão internacional do

trabalho.

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Sobre o mesmo assunto deve referir-se Porter, que estuda a competitividade nacional

através do estudo das indústrias, "A apropriada unidade de análise na consolidação da

estratégia internacional é a indústria, porque a indústria é a arena onde a vantagem competitiva

é ganha ou perdida". A teoria construída por Porter engloba o conceito de competitividade num

contexto mais largo, envolvendo as indústrias e o país.

Para Porter (Março-Abril, 1990), "...no contexto da evolução do conceito de

competitividade, refere-se que uma nova teoria deve ser organizada na moderna competição

internacional, as empresas competem com uma estratégia global envolvendo não só o

comércio mas também o investimento internacional (...). Uma nova teoria deve ir além da

vantagem comparativa em direcção à vantagem competitiva do País. Deve reflectir uma

concepção mais rica da competição, que inclui mercados segmentados, produtos diferenciados,

diferenças tecnológicas e economias de escala ".

Considerando o objectivo do trabalho, estudo da competitividade de uma indústria, e o

novo conceito de competitividade proposto por Porter, vai-se utilizar como definição de

competitividade a que foi construída por Martin; Westgren; Duren (1991), que define

competitividade como a "Capacidade permanente de criar proveitos e manter quota de

mercado".

Esta definição permite obter dois conceitos que podem ser utilizados para estudar a

competitividade, criar proveitos e quota de mercado. Deste modo, a análise não se limitará ao

estudo dos factores que determinam o duo custo/qualidade. Sem querer subestimar estas

variáveis, o estudo, dentro da nova concepção de competitividade acima referida, irá ter em

atenção um número alargado de variáveis, que permitirão o estudo da competitividade da

indústria de tomate.

Para se conseguir atingir o objectivo a que o trabalho se propõe é necessário uma

metodologia, aspecto que se desenvolve no ponto seguinte.

Metodologia

O método é o de identificar os recursos estratégicos que as empresas de produção de

derivados de tomate devem acumular e os processos pelos quais esses recursos devem ser

acumulados. A metodologia foi dividida em três etapas.

A 1ª. etapa, neste estudo, é o da identificação dos Grupos Estratégicos. Porter

(1980), definiu "grupo estratégico" como um conjunto de empresas que, numa indústria,

seguem a mesma ou semelhante orientação estratégica.

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A determinação dos diversos grupos implica a definição das variáveis, que

funcionarão como elementos aglutinadores ou diferenciadores das diversas empresas numa

indústria. Esta fase é dividida em duas partes.

a) Identificação dos Grupos estratégicos.

Tem havido controvérsia e discussão na literatura da organização industrial acerca de

qual deve ser considerada a unidade apropriada de análise: empresa, indústria ou qualquer

outra estratificação intra-industria.

Para Porter, McGee e Caves não faz sentido considerar a indústria como unidade de

análise, já que o comportamento das empresas não é homogéneo, também não será correcto

considerar a empresa, uma vez que nem todas as empresas adoptam comportamentos

diferenciados. Deste modo resolveram considerar um elemento intermédio que é o grupo

estratégico

A indústria como unidade de análise foi utilizada pelos teóricos clássicos da

Organização Industrial, como J. Bain (1968). Para estes teóricos clássicos, as empresas de

uma indústria são unidades homogéneas. Quanto mais as empresas se assemelham ,maior é a

propensão para concertar decisões. Como referem Porter e Caves (1977), "A abordagem

convencional toma as empresas de uma indústria como idênticas em todos os aspectos

económicos importantes excepto no tamanho".

Uma nova linha de pensamento, surgida nos anos 70, reconhece que os objectivos,

as capacidades e os comportamentos das empresas afectam de maneiras diferentes os

resultados obtidos, podendo esses comportamentos afectar as estruturas de mercado a favor

de algumas empresas, de modo a estas poderem obter níveis de rentabilidade diferentes. O

conceito inicial de espaço homogéneo tem vindo a dar lugar a um novo conceito que é o de

"grupo estratégico".

A homogeneidade continua a existir nas não pode ser generalizada a todas as

empresas de uma indústria, nas sim as empresas que pertencem ao mesmo grupo dentro

dessa indústria. O grupo estratégico é assim um instrumento analítico e operacional, que

permite ter uma visão intermédia entre o conjunto do sector, como um todo, e as empresas na

sua actuação individual.

O conceito de grupo estratégico foi introduzido em 1972 por Hunt (Reger e Huff, 1993)

para descrever a simetria de operações observadas num estudo efectuado sobre a indústria de

electrodomésticos. Os grupos estratégicos têm sido utilizados de modos diversos na literatura.

Hunt, (1973), Porter (1974) e Newman, (1978) utilizaram este conceito para simplificarem a

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estrutura da indústria, reduzindo o número de variáveis da competitividade, tendo considerado

duas, com as quais foram constituídos os mapas da indústria nessas duas dimensões.

Aplicação da teoria dos grupos estratégicos à indústria alimentar na Europa foi

desenvolvida entre outros por McGee & Sejal-Horn (1990). A aplicação da teoria desenvolvida

às empresas agro-alimentares sugere controvérsia, devido à forte ligação da empresa industrial

ao sector agrícola, muito dependente das condições edafo-climáticas colocando-se a hipótese

de que as alterações dos anos agrícolas influenciará fortemente o comportamento e os

resultados das empresas.

O desenvolvimento das técnicas agrícolas, o planeamento da produção e a maior

ligação entre a indústria e o sector agrícola reduziram as diferenças de produção entre as

campanhas, em termos de quantidade e qualidade e permitiram planear de modo mais correcto

a produção industrial diminuindo o impacto dos problemas do aprovisionamento. O aumento

das trocas comerciais entre países permite resolver em casos de maiores dificuldades o

problema de obtenção da matéria prima.

Tendo em consideração os factores referidos, entende-se que os resultados das

empresas serão consequência das estratégias adoptadas e que a influência das alterações

esporádicas na produção agrícola não terão um impacto que altere significativamente o

comportamento e os resultados. A indústria agro-alimentar comportar-se-á reagindo aos

factores exógenos e endógenos, ajustando-se a evolução do sector industrial de acordo com a

estratégia adoptada pelas empresas comportando-se deste modo, como os outros sectores

industriais da economia.

A definição dos grupos estratégicos compreende a realização de vários passos que

podem ser visualizados na figura 1.

Figura 1

Diagrama de Fluxo de Formulação de Grupos

Caracterização do espaço estratégicoEscolha do período de tempo

Escolha das empresas↓

Identificação das variáveis que melhorpermitem a diferenciação das empresas em

relação às suas opções estratégicas↓

Definição dos grupos estratégicos

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Um dos passos para a definição de grupos estratégicos resulta da operacionalização

das variáveis estratégicas consideradas mais representativas.

As variáveis estratégicas que se vão considerar devem permitir a diferenciação das

empresas em relação às suas opções estratégicas. De acordo com Miles & Snow & Sharfman

(1993), "o processo começa pela construção de uma lista das características a nível de

empresa."Os mesmos autores referem que" com o pretexto de que essas variáveis devem

separar as empresas, a lista deve ser reduzida às variáveis que: (a) representem cada factor-

chave de competição e (b) seja claramente diferenciador entre os grupos estratégicos".

Porter (1980) considera que a identificação e representação dos grupos estratégicos

deve contemplar os seguintes princípios:

- Privilegiar, como dimensões estratégicas constituintes de eixos, as que deter-

minam as principais barreiras de mobilidade;

- Seleccionar como eixos dimensões que reflictam a diversidade das combinações

estratégicas existentes;

- Os eixos não necessitam de ser constituídos por variáveis contínuas ou monó-

tonas;

- Podem ser efectuadas várias representações gráficas através de utilizações

diferenciadas de dimensões estratégicas, de forma a serem mais evidentes as

forças competitivas.

O mesmo autor propõe que os grupos estratégicos sejam representados graficamente

como é referido anteriormente, possibilitando a visualização do que designa por "toponímia da

concorrência", e inferir dos potenciais movimentos concorrenciais.

É com base nestas premissas que se irão constituir os grupos estratégicos. As

variáveis estratégicas inicialmente consideradas, e com base nas quais se pretende constituir

os grupos, são:

Variáveis estratégicas

* Tecnologia (custos de produção):

- Custos unitários = custo total de produção/volume produzido

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* Investimento em tecnologia:

Indicadores que permitam reflectir o esforço de um investimento tecnológico realizado

na esfera produtiva e, por outro lado, os investimentos tendentes a modernizar e melhorar a

eficiência em áreas não directamente ligadas à produção:

- Investimentos em máquinas e equipamento/volume de vendas;

- Investimentos em meios informáticos/volume de vendas;

(Desenvolvem-se mecanismos de aprendizagem externa através da aquisição de

novos equipamentos e máquinas).

- Despesas de investigação e desenvolvimento/volume de vendas.

(Verificar se as empresas desenvolvem mecanismos de aprendizagem interna,

por via da actividade de I & D da empresa).

Os rácios acima referidos permitem distinguir estratégias mais ou menos apostadas

no desenvolvimento endógeno de tecnologia de estratégias baseadas apenas ou praticamente

na aquisição desta.

* Recursos humanos (técnicos e de gestão/organização):

Investimento em formação de pessoal:

- Gastos em formação do pessoal / volume de vendas.

Política salarial:

- Remunerações pagas aos trabalhadores de maior nível hierárquico (excluindo

administradores)/volume de vendas.

(discriminar estratégias competitivas, assentes fundamentalmente em baixos

salários, daquelas cuja política salarial constitui um factor de motivação e

produtividade).

Qualificação dos trabalhadores com cargos de chefia:

- Indivíduos com habilitações de nível superior ocupando posição de chefia/total de

indivíduos com cargos idênticos.

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(tentar averiguar a importância do grau de qualificação que a empresa exige para

o desempenho de funções de chefia).

Nível de eficiência:

- Produtividade por trabalhador = Vendas totais/Hora equivalente homem.

A utilização destes rácios permite conhecer a gestão da empresa em termos de

recursos humanos. Uma boa formação profissional, técnica e de gestão é um incentivo ao

trabalho, factor de muita importância em termos da capacidade competitiva de uma indústria.

* Marcas:

- Volume de vendas com marca própria/volume de vendas

- Volume de vendas de produtos genéricos/volume de vendas.

Estes rácios permitem conhecer a estratégia da empresa em termos de imagem de

marca.

* Acessos aos circuitos de comercialização:

- Despesas de publicidade/volume de vendas;

(Este rácio permite verificar quais as empresas que diferenciam mais os seus

produtos através da publicidade).

- Venda em grandes superfícies / volume de vendas;

- Volume de exportações / volume de vendas.

(Este rácio dá-nos a conhecer a estratégia da empresa em termos de mercados

preferidos)

* Quotas de mercado:

- Vendas da empresa/Vendas de todas as empresas.

Este rácio permite medir a quota de mercado que a empresa tem em relação a todas

as empresas da mesma indústria.

* Indicadores de rentabilidade.(rácios financeiros):

- Rentabilidade das vendas = Resultado líquido/Vendas totais;

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(Este rácio indica o lucro obtido por cada unidade vendida, revelando assim a

eficiência da empresa)

- Rentabilidade dos capitais próprios = Resultado líquido/Capitais próprios;

(Revela um valor comparado com a taxa de juro em vigor no mercado e indica se

o investimento feito na empresa está a ser rentável).

- Rotação do capital próprio = Vendas totais/Capital próprio.

(Medida da rotação do capital próprio investido na empresa)

Destas variáveis serão seleccionadas as que permitem efectivamente captar as

diferenças estratégicas entre as empresas, para a formulação dos grupos estratégicos.

b) Relação entre a estratégia dos grupos e a rentabilidade

Através da constituição dos grupos foi possível identificar as variáveis que

provavelmente são as mais importantes para os níveis obtidos pelas empresas, mas não foi

possível quantificar a correlação entre essas variaveis e os níveis de rentabilidade alcançados

por cada grupo. Para o estudo da relação entre o comportamentos dos grupos e a sua

rentabilidade utilizou-se um modelo econométrico relacionando a rentabilidade das vendas com

as variáveis comportamentais e estruturais. Pretende-se assim verificar se existe uma relação

entre a estratégia dos grupos e a rentabilidade. E permitir aferir quais as variáveis estratégicas

que contribuíram para os resultados económicos das empresas.

2.ª Etapa - Análise do impacto da envolvente económica nos recursos de cada grupo

estratégico.

Na literatura sobre gestão estratégica muitos trabalhos explicam o impacto do

envolvente nacional, em particular o papel do governo nas empresas e indústrias. Porter propôs

uma nova perspectiva para a explicação da influência dos factores exógenos, consistindo em

quatro determinantes, o "diamante", cujo os atributos são: condições da procura, indústrias

correlacionadas e de apoio, condições de factores e a estratégia, estrutura e rivalidade da

empresas, influenciando-se mutuamente .

Importa conhecer o papel do Governo nos resultados das empresas e no seu

desenvolvimento. Alguns autores vêm o Governo como um auxiliar ou suporte essencial da

indústria, contribuindo directamente para o desenvolvimento positivo ou negativo das indústrias

que são alvo das suas políticas, visão Keynesiana. Outros aceitam o ponto de vista do

"mercado livre", ou seja, de completa não interferência governamental no mundo dos negócios,

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em que as operações da economia devem ser deixadas ao arbítrio da "invisível mão" (Adam

Smith, 1937).

Para Porter, as duas visões estão incorrectas. Os raciocínios anteriores conduziriam à

erosão das capacidades de competitividade dos países. Porter afirma ainda que os apoiantes

da teoria do Governo como suporte das indústrias, frequentemente propõem políticas que

prejudiquem as empresas a longo prazo, criando a necessidade de uma ajuda cada vez maior

por parte do Governo. Por outro lado, os advogados da não interferência do Governo ignoram o

papel legítimo do Governo no contexto institucional que rodeia as empresas e na promoção de

um ambiente económico que estimula as empresas a ganharem vantagens competitivas.

Na teoria de Porter, o Governo pode criar condições favoráveis à criação de

vantagens competitivas para as empresas e pode actuar como dinamizador das mesmas, mas

o Governo não pode criar vantagens competitivas a não ser indirectamente, por via dos

determinantes. O Governo não será um quinto determinante mas está a influenciar os quatros

determinantes.

Bosch (1994) critica Porter em relação ao nível de análise no que respeita ao papel do

Governo. Porter analisa o papel primário do Governo a nível macro-económico, no entanto este

afirma que "Firms compete in industries, not nations" (Porter pp.619), deste modo a atenção do

Governo deveria ir em direcção a políticas de nível meso e micro-económico. E o nível de

análise sobre o papel do Governo aprofundado ao nível regional e local.

A análise primária que Porter faz sobre o papel do Governo poderá ser devida ao

facto de o papel do Governo na economia norte-americana ser menos importante do que na

economia europeia. Na análise do papel do Governo na teoria de Porter, considera-se que é,

em geral, mais esclarecedor estudar o modo como o Estado influencia a concorrência,

passando como intermediário das cinco forças que determinam a concorrência, mas pode

também considerar-se o Estado como um actor que as influencia.

As empresas têm em conta as condições externas no momento de decidirem quanto

às suas actividades. Consideram-se como factores exógenos todos aqueles que são externos

ao sector e estão fora do âmbito da gestão das empresas, mas que exercem uma influência

importante na posição competitiva das mesmas.

As variáveis mais importantes estudadas neste sector, estudadas são as seguintes:

a) Controladas pelo Governo - Políticas governamentais em conjugação com os

mercados financeiros, política de gestão de recursos humanos e política de

investigação;

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b) Pouco controláveis - Recursos físicos, preços dos factores de produção e

condições da procura.

3.ª Etapa - Depois de se ter realizado a análise da estrutura da indústria em estudo, é

importante reflectir em como os factores determinantes de competitividade afectam o

comportamento de cada uma das áreas funcionais das empresas. Para tal utilizou-se o Modelo

da Cadeia de valor (Porter, 1985).

As actividades realizadas por cada empresa influenciam a sua posição quanto ao

custo e às bases para a diferenciação. Pretende-se com este modelo conhecer as áreas

críticas das empresas da indústria estudada, e as suas relações com os agentes externos da

empresa e o modo como estes influenciam negativa ou positivamente o bom funcionamento da

empresa como um todo. Para além de se utilizar a cadeia de valores para a análise das áreas

críticas das empresas, interessa também conhecer a influência do Governo e das alterações do

meio envolvente.

O modelo da cadeia de valor, como refere Van Duren e C. Paz (1993) é um

instrumento que conduz à avaliação sistemática de alterações internas e externas à empresa

na actividade da mesma, a "cadeia de valores pode ser utilizada na análise do impacto de

alterações das políticas, normas e comportamento negocial da indústria, pela avaliação de

como as actividades primárias e de suporte e, por conseguinte, os custos, as receitas e o lucro

que podem ser retidos serão afectados por essas variáveis nas diferentes empresas".

Resultados

Em primeiro lugar foi caracterizado o espaço estratégico analisando o sector de

tomate para transformação a nível da OCDE, e mais em detalhe as principais zonas

produtoras que são os E.U.A. e a U.E..

Na OCDE a produção atingiu, em 1992/93, as 15 070 mil toneladas, cerca de 89% da

produção mundial tendo atingindo em 1990 o recorde de 19 milhões de toneladas (Anexo 1).

Em 1990 a parte da produção de tomate destinada à transformação foi de 61% do total da

produção comercializada. Os principais derivados de tomate foram: o concentrado e o puré de

tomate, com cerca de 80% do volume total, o tomate pelado (cerca de 12%) e o sumo de

tomate com 8%, (OCDE 92).

Estimulados por um aumento mundial da procura de produtos à base de tomate, as

trocas comerciais aumentaram nos últimos anos as exportações da OCDE atingido, em

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1988/90, cerca de 3,3 milhões de toneladas. Os principais países exportadores foram a U.E.,

com cerca de 73% das exportações, e a Turquia, com cerca de 19% do volume total de tomate

exportado, por outro lado as importações de tomate transformado atingiram no mesmo período

cerca de 1,8 milhões de toneladas sendo os maiores importadores de entre os países da OCDE

os E.U.A. e o Japão, com 27% e 25%, respectivamente, do volume total de tomate

transformado (Anexo 2).

Depois da breve apresentação do sector a nível da OCDE, cabe apresentar de uma

forma mais pormenorizada os dois grandes blocos, E.U.A. e a U E..

Com o estudo do sector relativo aos E.U.A. e a U.E. pretende-se conhecer a

envolvente económica em que as empresas trabalham a nível internacional, visto que Portugal

é um país essencialmente exportador, sendo os E.U.A. e a U. E. um dos principais destinos de

exportação para além de serem os principais concorrentes a nível internacional. A evolução do

sector na produção, consumo, trocas comerciais, estrutura da indústria e políticas, nestes dois

blocos, será importante para compreender e comparar a evolução em Portugal e as suas

perspectivas de competitividade.

A produção de tomate para transformação representa, nos E.U.A., um segmento

muito importante da indústria de transformação de produtos vegetais. Em 1993 a produção de

tomate representou 49% da produção mundial, tendo os E.U.A. representado cerca de 95% da

produção da América do Norte (Ravara, 1991).

Actualmente, os E.U.A. representam cerca de três quatros do consumo de tomate

transformado a nível da OCDE, com um consumo de 32,3 kg/ano per capita ("Tomato News",

Novembro/93) e são os maiores importadores de tomate com 27% das importações dos países

da OCDE. Apesar do peso das importações de derivados de tomate no comércio internacional,

tradicionalmente os produtos importados não têm um lugar preponderante no mercado

americano.

Os principais fornecedores na última década foram; Itália com 23% do valor das

importações, Espanha 14% e o México 11% de acordo com os dados da (OCDE, 92). Os

principais produtos importados foram, o tomate inteiro e o concentrado de tomate.

As exportações dos E.U.A. são insignificantes no comercio mundial. O Ketchup e o

molho de Chili são os principais produtos exportados. A tendência, para os anos mais próximos,

é aumentar a cobertura do consumo através da produção nacional. Os E.U.A. têm, deste modo

virado a sua produção em direcção à satisfação do seu mercado interno.

Verifica-se a integração vertical da industria que procura crescer através da

reutilização do concentrado para a produção de produtos finais de maior valor acrescentado,

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sendo o aumento da procura de produtos mais elaborados o motor de crescimento. No entanto,

de acordo com Ravara (1991), o aumento da procura não teve um efeito claro no aumento da

rentabilidade dos produtores de concentrado sendo mais importante o aumento dos

rendimentos dos produtores de 2ª. transformação.

Segundo Sullivan e Ravara (1990) a indústria de tomate norte-americano conheceu

uma transformação dinâmica na sua organização e estrutura nos últimos dois decénios. A força

directriz das alterações foi e será ainda a procura dos consumidores. O regionalismo da procura

irá condicionar a produção e a estratégia de marketing.. A descentralização da indústria em

direcção à 2ª. transformação e à especialização irão determinar importantes alterações.

O trabalho realizado por Deloite e Touche citado em "Tomato News" (Fevereiro/92)

revela que a indústria norte-americana apresenta ciclos de sete anos, com três a quatro anos

de depressão, seguidos de três a quatro anos de alta. Segundo esta análise os períodos de alta

são caracterizados por uma boa rentabilidade das empresas provocando um aumento da

produção. A redução dos preços provocada pela elevada produção e a crise que se segue é

suficientemente forte para provocar a falência dos produtores mais fracos.

A Comunidade é o segundo maior produtor mundial de derivados de tomate depois

dos E.U.A., com cerca de 33% da produção mundial em 1992/93. 0 maior produtor é a Itália

com cerca de 57% da produção (Anexo 3).

A produção na União Europeia atingiu um valor recorde na campanha de 1984/85,

com cerca de 9 milhões de toneladas. Este valor desceu para cerca de 6,3 milhões de

toneladas em 1993/94 (Anexo 4).

A Itália detêm o mais elevado consumo de derivados de tomate (OCDE, 92), com

cerca de 33% do consumo total da U. E. seguida da França com 15% e Alemanha com 14%. O

consumo per capita é mais elevado nos países mediterrâneos, nomeadamente a Itália e a

Grécia. No período 1989/90 e 1991/92 o consumo oscilou entre os 13,88 e os 14,05 kg per

capita/ano em equivalentes de tomate fresco (Tomato News, Novembro/92). Os produtos de

maior consumo são os de 2.ª transformação, que representaram em 1991/92 cerca de 63% do

consumo.

A Comunidade é o primeiro exportador mundial de tomate transformado, exportando

quase 40% da sua produção para a América do Norte, Médio-Oriente, países da EFTA1 e Japão

(OCDE, 92). Em 1990/91 o conjunto das exportações dos países produtores da Comunidade

sofreu uma redução de 18% em relação ao ano precedente, tendo as exportações sofrido entre

1 A EFTA era constituída em 1992 pelos seguintes países: Áustria, Finlândia, Noruega, Suécia e Suíça.

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1986/87 e 1990/91 uma redução anual de 1,78%. No interior da Comunidade o maior

importador é o Reino Unido.

Em relação ao Resto da Europa a redução é essencialmente devida às dificuldades

na Europa do Leste, nomeadamente na ex-URSS, que era um dos principais importadores de

concentrado de tomate dos países que constituem o Resto da Europa. O mercado americano

tem vindo a descer fortemente, devido a restrição dos E.U.A. às exportações comunitárias

desde 1989 e ao acordo do livre-comércio norte-americano (Anexo 5).

As importações da Comunidade Europeia têm um valor muito inferior ao das

exportações, tendo aumentado a partir de 1985, devido à redução da produção interna

motivada pela política seguida pela Comunidade, nomeadamente a introdução do sistema de

quotas e a redução da ajuda ao preço do tomate para transformação.

É de realçar a grande diferença entre os meados dos anos 70 e os anos 80 em

relação ao rácio importações/consumo, em que a Comunidade era dependente das

importações em cerca de 35% do seu consumo (Anexo 6). As políticas adoptadas pela

Comunidade nos anos 80 e a entrada de novos países como a Grécia conseguiram reduzir a

sua dependência externa neste sector, dinamizando entre 1983 e 1986 a sua política de

exportações. Neste momento, apesar de ser uma região exportadora de derivados de tomate,

esta política orientada para a exportação tem sofrido uma redução e, por outro lado, a

necessidade de satisfazer as suas necessidades internas tem obrigado a aumentar as suas

importações e provocado um aumento da produção interna .

Em relação à estrutura da indústria, esta tem sofrido profundas alterações de modo a

adaptar-se à evolução do sector. Os países analisados são a Itália, Grécia e Espanha devido à

sua importância na produção europeia.

A quota atribuída à Itália em 1985, não representava mais do que 57% da quantidade

transformada em 1984, o que era insuficiente para a capacidade instalada. Este facto levou à

reestruturação do sector com redução do número de empresas, acompanhada de uma

concentração, desaparecimento ou absorção das pequenas empresas e criação de 16 novas

empresas durante a campanha de 1990 na qual o sector cooperativo viu reforçada a sua

posição. Em 1992, o número de empresas ficou reduzido a 250 fábricas (Terra e Vita, Jan./93).

Em 1986 as dez primeiras empresas transformavam 15% da quota atribuída e em

1990 esse valor passou para 24% (Tomato News, Maio 1991).

Na Grécia, o fenómeno da concentração também se verificou nos últimos anos. Em

1986 as onze primeiras empresas representavam 60% e, em 1991 este valor era de 75% da

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produção. Nos últimos anos a indústria modernizou-se em equipamento, na gestão da recepção

e entrega do tomate fresco, melhorando a qualidade da produto (Tomato News, Jan/Fev. 91).

A Espanha tem aumentado a sua produção nos últimos anos. Em 1990 existiam 160

empresas, as noves primeiras empresas transformavam 60% da produção total e 90% de

concentrado (Tomato News, Jan/Fev. 91). Em 1992 o número de empresas de produção de

derivados reduziu para 158 (MAPA, 92). O peso do sector cooperativo na indústria é pouco

importante, mas por outro lado, o peso do cooperativismo no sector agrícola é muito importante

fornecendo 50% da produção. É uma indústria em desenvolvimento acompanhando o

crescimento do consumo interno.

O sector do tomate transformado é regulamentado pelas políticas da Comunidade

através da Política Agrícola Comum, fazendo este sector parte da Organização Comum de

Mercados (OCM) dos Frutos e Legumes Transformados.

A partir de 1978, a Comunidade introduziu um regime de ajuda à transformação de

alguns produtos horto-frutícolas, entre eles o tomate, para favorecer a riqueza económica da

agricultura mediterrânica. A ajuda era dada ao transformador para garantir o pagamento ao

produtor de tomate na base de um preço mínimo pré-determinado.

Tal suporte comunitário, na sua fase inicial de aplicação, causou um efeito

surpreendente acima do previsto, favorecendo a expansão da produção de derivados e

consolidando o melhoramento da matéria-prima. O crescimento da procura não acompanhou o

ritmo do aumento da produção nos anos de 1983 e 1984, verificando-se o aparecimento dum

excedente de produção que pesou duramente no funcionamento do mercado por mais de uma

campanha.

A Comunidade reagiu introduzindo o regime do sistema de "Limiar de Garantia",

baseado na quantidade máxima de produção com direito à ajuda. Em 1985 o Regulamento

1320, veio alterar este sistema, substituindo-o temporariamente (até 1991/92) por um regime de

quotas. Durante este período os limiares foram fixados mas o sistema não foi aplicado.

Em 1992/93 o sistema de quotas foi substituído pelo sistema do limiar de garantia

sendo reintroduzido em 1993/94. A diferença essencial entre os dois sistemas consiste na

gestão do mercado e na responsabilidade individual das indústrias face ao seu nível de

produção.

A Itália é o maior produtor da União Europeia e detém actualmente 49,9% da quota,

sendo a Grécia o segundo maior, com cerca de 14% da quota, seguido da Espanha, Portugal,

França e, por último, a Alemanha que só em 1993 passou a pertencer aos países com quota de

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produção. O produto com maior quota é o concentrado de tomate, com 65% em 1993/94

(Anexo 7)

As ajudas à produção nos últimos quatro anos (Anexo 8), para os países da

Comunidade (excepto para Portugal e Espanha), tiveram uma redução superior à diminuição do

preço mínimo (Anexo 9). Para Portugal e Espanha a variação foi positiva com um aumento para

a Portugal entre os 3,5% e 7% ao ano.

Para além das políticas de âmbito nacional a Comunidade Europeia apoia igualmente

os produtores em relação às trocas comerciais com os Países Terceiros através de uma

combinação de direitos ad valorem e um sistema de preço de referência que é fixado todos os

anos pela União Europeia.

A produção de derivados de tomate em Portugal está sujeita desde de 1986 aos

regulamentos da Comunidade Europeia, em termos de quantidade produzida, ajudas, normas

de qualidade e normas de importação e exportação.

O sector em Portugal tem sofrido profundas alterações na sua estrutura. Na

campanha de 1993/94 existiam 21 fábricas (três cooperativas), com quota atribuída e na

campanha de 1994/95 existiam 18 fábricas (duas cooperativas).com quota atribuída (Anexo

10).

O número de fábricas tem-se vindo a reduzir substancialmente desde 1990 e a

concentração da produção tem vindo a aumentar. As quatro maiores fábricas representaram na

campanha de 1993/94 cerca de 42% da quota nacional e na campanha de 1994/95 esse valor é

já de 57%. A maior parte das empresas teve uma taxa de crescimento anual positiva (não se

considerou as fábricas que deixaram de ter quota atribuída na campanha de 1994/95), tendo

sido ITALAGRO a fábrica com a maior taxa de crescimento (só começou a ter quota na

campanha de 1993/94), seguida pela IDAL.

O número de cooperativas passou de quatro em 1990 para duas cooperativas em

1994/95. Tendo desaparecido em 1993/94 a Cooperativa do Mira e em 1994/95 a Cooperativa

do Roxo. A percentagem de quota atribuída para o sector cooperativo passou de 11,48% em

1990 para 6,86% em 1994/95. A fábrica que detém maior quota desde de 1990/91 é a IDAL

com cerca de 25% da quota na campanha de 1994/95.

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Quadro 1

Evolução das quotas de produção das quatro maiores fábricas

1990/91 1991/92 1993/94 1994/95 1990/94

Quant. Quant. Quant. Quant. TAV

Unidades kg % kg % kg % kg % %

FIT 76640 8,84 67153846 8,23 69399914 8,50 69804298 8,55 2,52

IDAL 97817457 13,35 104608802 12,82 132073285 16,18 199921853 24,49 26

SUGAL 70545105 9,62 74105783 9,08 74705111 9,15 94332129 11,56 10,17

ECRIL 60571661 8,26 63017995 7,72

ITALAGRO 69698925 8,54 98131572 12,02 41

Nota: Na campanha de 1992/93 não foram atribuídas quotas porque o sistema aplicada pela Comunidade foi osistema de limiar de garantia

Fonte: Baseado nos dados do Anexo 10

A produção de concentrado de tomate teve um aumento entre a campanha de

1986/87 e 1991/92 e desde então sofreu uma queda sucessiva. Em relação à produção de

tomate para "pelado" tem-se mantido mais ou menos constante, por outro lado a produção de

"tomate para outros produtos" tem verificado um aumento, sendo esse aumento acentuado nas

últimas campanhas. A produção de concentrado é cerca de 95% da produção de derivados de

tomate (Anexo 11).

A produção de concentrado de tomate (em equivalentes de tomate fresco) tem sido

sempre inferior à quota estabelecida tendo sido essa diferença significativa na campanha de

1993/94 . Em relação aos outros produtos, a diferença entre a quota estabelecida a a produção

é muito elevada tendo aumentado substancialmente nas últimas campanhas

Os coeficientes de conversão da matéria prima em produto final variam de acordo

com o destino e natureza do produto final, o ano de comercialização, com as zonas e as

condições climáticas dos anos de campanha. Nas últimas duas campanhas o rendimento

industrial para o concentrado aumentou significativamente sendo superior em cerca de 10% ao

da Comunidade Europeia que em 1990 era de cerca de 5,6 kg de tomate fresco por kg de

concentrado a 28%.

Em relação aos outros produtos à base de tomate os nossos índices de conversão

são os mais elevados dos da Comunidade, que oscilam entre 1,2 e 1,3, demonstrando um

rendimento industrial inferior aos dos nossos concorrentes.

No respeitante ao consumo per capita os valores diferem muito segundo as fontes de

informação. Segundo Tomato News (Jan./Fev. 91, pp.8) o consumo aparente per capita era de

4,5 kg/ano e de acordo com a OCDE (92) este foi durante o período de 1988-90 de 12,5 kg per

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capita sendo inferior à média da Comunidade Europeia que é de 14,1 kg per capita/ano. Devido

ao grande volume de stocks existente nos anos analisados, é impossível, com os dados

disponíveis o cálculo do consumo aparente neste trabalho

O mercado de molhos em Portugal à base de tomate está a ter um impulso nos

últimos anos, mas em termos globais é um mercado que ainda tem muito que evoluir. Dos

produtos com maior consumo temos o concentrado de tomate e o Ketchup.

Portugal é tradicionalmente um exportador líquido de derivados de tomate. A

exportação de derivados tem-se mantido sensivelmente constante, sendo de salientar a descida

acentuada das exportações de 1989 para 1990, voltando a recuperar em 1991.

O maior país importador de derivados de tomate português em volume, era até 1986

a ex.URSS (destino de cerca de 28% em média das exportações) seguida pela Comunidade

Europeia. A crise económica e política na ex.URSS a partir de 1989, provocou uma forte crise

no comércio externo deste sector. As exportações voltaram-se para a Comunidade e em 1990

representava o destino de cerca 50% das exportações. Dois outros países tinham inicialmente

um grande peso no destino das exportações, eram eles os E.U.A. e o Canadá. A partir de 1986

a importância destes países passou a ser muito inferior e a restrição dos E.U.A. às exportações

comunitários desde 1989 afectaram em grande medida o sector (Anexo 12).

Verifica-se que as exportações a preços constantes variaram numa faixa entre os 2

milhões contos e os 4 milhões contos não revelando uma dinâmica de crescimento (TAV de

1,17%) em 1990 as exportações sofreram uma quebra acentuada atingindo valores de 1982. É

de salientar a grande diferença entre o crescimento dos valores a preços correntes e a preços

constantes (Anexo 13).Em relação ao produto exportado é constituído essencialmente, em

cerca 80%, por concentrado de tomate.

As importações de derivados de tomate foram muito inferiores, tanto em volume como

em termos de valor . Verifica-se um aumento desde 1988 sendo muito acentuado a partir de

1990. Os principais fornecedores são a Espanha, seguida da Itália (Anexo 15).

O preço médio de exportação, a preços correntes, aumentou até 1990 tendo sofrido

uma queda significativa em 1992, mostrando sinais de recuperação em 1993. A preços

constantes este valor teve pequenas oscilações, mantendo-se quase sempre superior aos

preços de importação, excepto nos anos de 1986 e 1987 (Anexo 13 e 14)

Segundo o estudo apresentado por Noéme, C.2 podemos concluir que as nossas

exportações mantêm-se não pela competitividade através do preço mas provavelmente pela

2 Carlos Nóeme (1992, pp.2 do Anexo1) refere que se a diferença entre os preços unitários deimportação (considerado como preço mundial) e o preço de exportação for positiva " poderá afirmar-seque, tendencialmente, os nossos preços são mais competitivos a nível internacional (devido a estruturas

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melhor qualidade dos produtos. A redução das diferenças entre os preços poderá significar uma

alteração em termos de competitividade pela qualidade em direcção da competitividade pelo

preço o que não significa uma redução da qualidade. A diferença entre os preços tende a

diminuir o que pode ser prejudicial à balança comercial do sector, visto que as importações

tendem a aumentar muito rapidamente.

Como podemos observar pelo Quadro 2 que as exportações mantiveram-se mais ou

menos constante e as importações cresceram muito rapidamente desde 1987, sendo a taxa de

cobertura interna elevada com excepção ano de 1993 em que se observa uma forte redução A

existência de stocks origina graus de cobertura interna superiores a 100% em 1987, 1988 e

1992.

Outro problema refere-se com o facto de que a produção referida é a declarada ao

INGA, não correspondendo à totalidade da produção nacional, havendo deste modo uma certa

subvalorização da produção. Mas tendo em consideração de que a maior parte da produção

está sujeita à ajuda e deste modo é declarada ao INGA podemos menosprezar este facto.

Verifica-se tendencialmente uma redução do grau de cobertura mas devido a existências de um

grande volume de stocks não se pode retirar uma conclusão sobre desenvolvimento deste

indicador.

Quadro 2

Evolução do comércio exterior

Anos

1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993

Exportações

ton. 89714 95830 97913 88414 58804 80915 105921 97385

Produção

ton. 100404 80838 90106 114895 146626 124659 87677 100419

Importações

ton 213 336 2853 2016 1421 2716 3364 4642

Grau de cobertura interna 98% 102% 158% 93% 98% 94% 123% 40%

Nota: Grau de cobertura interna = (Produção - Exportação) / Consumo aparenteConsumo aparente = Produção - Exportação + Importação

Fonte: Elaborado com os dados dos Anexos 11, 12 e 15.

de custos de produção, associado ou não a uma pior qualidade do produto). Se, pelo contrário, aqueladiferença se mostrar negativa, poderá concluir que tendencialmente, as exportações mantêm-se devido auma melhor qualidade do produto, ou seja estamos perante produtos com vantagens comparativasqualitativas".

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Cerca de 87% da produção é dirigida para a exportação sendo de salientar uma

grande queda entre 1987 e 1990, devido à redução da exportação. Por outro lado, o consumo

de tomate é coberto pela produção nacional, não sendo importante a importação, mas como já

foi referido anteriormente, esta começou a ter rapidamente um peso importante cobrindo em

1993 cerca 60% do consumo nacional.

Gráfico 1

Dinamismo comercial de Portugal em relação ao tomate transformado

-70%-55%-40%-25%-10%

5%20%35%50%65%80%95%

110%125%

1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993

Rácio exportação / produção Rácio importação / consumo aparente

Fonte: Baseado nos dados do Anexo 16

Portugal é um país exportador, cuja exportação concentra-se quase num só produto,

o concentrado e está perder em termos de balança comercial pois a importação de derivados

de tomate, principalmente proveniente de Espanha está a ter rapidamente um peso cada vez

mais importante.

Realizado o estudo geral das características do sector a nível da OCDE, da Europa

Comunitária e de Portugal, tendo sido focado; a produção, o consumo, as trocas comerciais e

as políticas para o sector, vamos realizar o estudo da indústria a nível estrutural.

A análise estrutural será baseada no inquérito do INE, realizado às empresas que têm

como principal actividade a produção de derivados de tomate. A análise terá como base as

respostas fornecidas ao INE, durante quatro anos (1990, 1991, 1992 e 1993).

Foi escolhido como base de estudo, os resultados deste inquérito, devido à

veracidade das respostas fornecidas, baseadas nos balanços contabilísticos das empresas e

no número de respostas obtidas em relação ao universo estudado, muito superior ao que

geralmente é obtido através de um inquérito privado. A designação das empresas devido ao

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segredo estatístico não é possível obter, assim como, a relação dos valores entre os anos pela

mesma razão.

O número de empresas que responderam ao inquérito representou em média 50%

das empresas com quota atribuída e englobou as empresas mais significativas do sector, deste

modo, podemos considerar o inquérito como representativo e válido para o estudo a efectuar

As empresas apresentam grandes diferenças em todos os indicadores económicos

Os valores muito elevados do desvio padrão das variáveis é significativo das diferenças

existentes entre as empresas, relevando a grande heterogeneidade do sector.

As empresas sofreram uma acentuada descida do seu volume de negócios entre

1990 e 1991 e uma ligeira descida entre 1991 e 1992. Entre 1992 e 1993 verificou-se uma

melhoria de cerca de 42%, mostrando assim o sector potencialidades de expansão em termos

de volume de negócios.

Quadro 3

Evolução do volume de vendas (em 1000 Esc.) e taxa de crescimento em relação ao anoanterior. Preços constantes - Ano base 1991

1990 1991 1992 1993

Índice de preços no consumidor da

alimentação e bebidas91,4 100,0 107,1 110,03

Vendas totais (preços constantes ) 21 273 356 16 090 778 15 518 889 21 912 561

Taxa de crescimento ( %) - 24,4 - 3,6 41,2

Vendas médias (preços constantes) 1 772 780 1 462 798 1 410 808 1 992 051

Taxa de crescimento ( %) -17,5 -3,6 41,2

Fonte: Baseado nos dados do Anexo 17

As empresas até 1992 apresentaram valores mais ou menos constantes,

apresentando uma certa subida nas exportações e uma descida nos custos de mercadorias

vendidas e materiais consumidos. Entre 1992 e 1993 verificou-se um aumento acentuado das

vendas (como já foi referido anteriormente), assim como um aumento de exportações e do

custo de mercadorias vendidas e produtos consumidos o que acompanha o aumento das

variáveis anteriores.

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“A Competitividade da Indústria do Tomate em Portugal – Aplicação dos paradigmas da competitividade numa indústria agro-alimentar”________________________________________________________________________________________________________________

27

Verifica-se um ligeiro aumento das outras varáveis sendo de salientar entre 1992 e

1993 o aumento dos gastos em formação profissional e em publicidade de 69% e de 39%

respectivamente (Gráfico 2).

A heterogeneidade do sector em relação ao volume de negócios aumentou muito

desde 1991. Em relação às outras variáveis verificou-se um aumento da dispersão do sector e,

é de salientar a grande diferença nas exportações entre 1992 e 1993.

Gráfico 2

Evolução de alguns indicadores económicos (preços correntes)

0250000050000007500000

1000000012500000150000001750000020000000225000002500000027500000

1990 1991 1992 1993

Val

ores

tota

is (e

m c

onto

s)

Vendas

Exportações

For. de serviços externos

Publicidade

Custos merc. materiaiscons.

Os níveis de rentabilidade alcançados pelas empresas (Anexo 17) apresentam

valores muito dispersos. A rentabilidade dos investimentos não será considerada para o estudo

devido aos seus valores anormalmente elevados em termos absolutos, devido, em grande parte

aos fortes desinvestimentos realizados por muitas empresas.

No rácio da rentabilidade dos capitais próprios é preciso ter em atenção os valores

superiores a 100%, derivados de dois valores negativos, o que não deve ser considerado em

muitos casos, pois rácios elevados não significarão uma rentabilidade elevada mas, pelo

contrário, poderão significar uma rentabilidade muito baixa. Para efeitos de comparação da

evolução, os indicadores referidos serão apresentados no trabalho, sem que no entanto se

considerem como medidas de rentabilidade.

Considerando estes factos, o rácio considerado como medida de rentabilidade das

empresas será a rentabilidade das vendas.

Fonte: Baseado nos dados do Anexo 17

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28

Gráfico 3

Evolução da rentabilidade das vendas em termos

de valores médios do agregado e do desvio padrão

-100,00

-50,00

0,00

50,00

100,00

1990 1991 1992 1993

Ren

tabi

lidad

e da

s ve

ndas

(e

m %

)

Valores médios

Desvio padrão

Fonte: Baseado nos dados do Anexo 17

A rentabilidade das vendas é positiva até 1990 tornado-se muito negativa em 1992,

nota-se em 1993 uma tendência para a recuperação. Estes dados são coincidentes com a forte

queda das vendas registadas em 1991 que terão causado grandes problemas em termos de

resultados transitados e que se reflectiram fortemente no ano de 1992.

Em termos de dispersão de resultados da rentabilidade das empresas, esta sofreu um

aumento acentuado entre 1991 e 1992, demonstrando que algumas empresas superaram a

crise mantendo a rentabilidade positiva e outras demonstraram grandes dificuldades. Este facto

é confirmado pela redução de empresas que passaram de 26 em 1991 para 17 empresas em

1993/94. Com a melhoria da rentabilidade média verificou-se melhoria do desvio padrão

reduzindo a dispersão das empresas em torno do valor médio.

Constituição dos grupos estratégicos

A partir destes elementos disponíveis e das variáveis inicialmente consideradas,

foram feitos os seguintes rácios que irão ser utilizados como variáveis estratégicas (Anexo 18),

e com base nas quais se pretende constituir os grupos:

Investimento em tecnologia e investigação

- Investimento em investigação e desenvolvimento-rácio (despesas em investi-

gação e desenvolvimento/vendas). Este rácio poderá permitir a diferenciação das

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29

empresas quanto à capacidade de diferenciação dos produtos através de uma

qualidade acrescida e redução de custos pela inovação tecnológica.

Recursos humanos

- Investimento em formação profissional-rácio (despesas em formação/vendas). A

utilização desta variável justifica-se pelo facto dos níveis de formação

constituírem um aspecto importante na avaliação tecnológica de qualquer

economia. As despesas em formação aliadas à variável anterior são necessárias

para empresas que se querem realmente competitivas de forma a ultrapassarem

a concorrência de outros países com custos de mão-de-obra e de matéria prima,

inferiores, nomeadamente nos países em vias de desenvolvimento.

- Nível de eficiência ou produtividade por trabalhador-rácio (vendas totais / horas

trabalhadas pelos operários). Este rácio permite diferenciar as empresas através

de uma boa ou má gestão dos recursos humanos.

Custos de pessoal

- Rácio ( custos de pessoal/vendas).

Acessos aos circuitos de comercialização

- Importância das despesas em publicidade-rácio (despesas com publicidade/

vendas), este rácio permite verificar as empresas que diferenciam mais os seus

produtos através da publicidade, criando vantagens competitivas.

- Importância da orientação em termos de mercado, rácio (valor das exportações/

vendas). A diversificação em termos de mercado é importante em termos de

aproveitamento e conhecimento das oportunidades.

Quota de mercado

- Rácio quota de mercado, (valor das vendas/Valor das vendas de todas as

empresas), este rácio permite conhecer o peso da empresa na indústria.

Como indicador de rentabilidade (rácios financeiros) foi considerado pelas razões

anteriormente explicadas a variável:

- Rentabilidade das vendas

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30

A análise foi realizada por ano e não através de valores médios devido a não se

conhecer a correspondência das empresas entre cada ano pelo facto da necessidade do

segredo estatístico.

Os grupos foram construídos pela análise da correlação entre as variáveis e pela

observação de gráficos. Tendo em consideração a correlação de Pearson (Anexo 19) entre as

variáveis realizaram-se diversos gráficos a duas dimensões relacionando as variáveis de modo

a conhecer as que permitissem a diferenciação das empresas em grupos de acordo com a

estratégia. Para cada ano foram retidas as variáveis que melhor permitiram a separação em

grupos estratégicos.

Ano 1990

Das variáveis referidas e inicialmente consideradas, foram retidas em 1990, apenas

duas na diferenciação estratégica das empresas: a intensidade da publicidade (despesas com

publicidade/vendas) e a quota de mercado.

Quadro 4

Média e desvio padrão das empresas por grupos (% das vendas)

Grupo I Grupo II Grupo III

Número de empresas N = 2 n = 1 n = 9

Média Desvio padrão Média Média Desvio padrão

Quota 22,1% 2,1% 30% 2,9% 2%

Publicidade 4,32% 2,48% 0,13% 0,11% 0,17%

Gráfico 4Distribuição das empresas de acordo com a sua quota e intensidade da publicidade

(escala logarítmica)

0%5%

10%15%20%25%30%35%

0,010% 0,100% 1,000% 10,000% 100,000%

Rácio Intensidade da publicidade (1990)(Despesas em publicidade / Vendas)

Quo

ta

12

3

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31

O grupo I é constituído pelas empresas 5 e 7 (número de código do Anexo 17 e Anexo

18) são empresas com elevadas quotas de mercado, de grandes dimensões e que apostam na

publicidade como estratégia de venda, com gastos em formação profissional em média de 0,5%

das vendas, gastos em pessoal (em % de valor de vendas), relativamente inferior aos outros

grupos, cerca 13%. A rentabilidade média é de 7,35%. Não têm uma política uniforme em

termos de orientação de mercado para a exportação. É o grupo responsável por 96% dos

gastos em publicidade, da formação profissional do sector e representam cerca de 43% das

despesas em custos de pessoal. Contêm a única empresa com despesas em I & D do sector,

tendo um peso de 0,34% nas vendas.

O Grupo II é constituído por uma única empresa, empresa 6, e considerou-se como

um grupo devido, ao facto, do seu comportamento não se enquadrar nos outros grupos. É a

empresa com a maior quota de mercado, distinguido-se assim em termos de dimensão das

empresas do grupo III e não tem um comportamento semelhante às empresas do grupo I em

termos de publicidade e formação profissional, apostando muito fracamente na publicidade,

0,13% das vendas e não procede a gastos em formação profissional. Aposta em menores

custos em pessoal, 6,67% das vendas, sendo a empresa que apresenta menor custo em cada

1000 escudos de ganho, mas é responsável por 14% dos gastos neste sector. O que nos indica

que a empresa apostará em tecnologia de produção de modo a ter os menores custos. Não

apresenta valor de exportações, sendo a única empresa nesta situação.

O grupo III é constituído pela maioria das empresas do sector (75%). São empresas

de pequenas dimensões de quota de mercado, não têm uma estratégia de marketing, sendo

muito fracas as despesas nesta área. Possuem pouca ou nenhuma formação profissional,

cerca de 0,036% das vendas e só 33% das empresas do grupo procederam a alguma formação

profissional, têm uma política essencialmente virada para a exportação, cerca 72% das vendas

são dirigidas para a exportação, oito das nove empresas deste grupo apresentam valores de

exportações em percentagem do valor das vendas superior a 67% e são responsáveis por 59%

das exportações.

A rentabilidade das vendas é de entre as variáveis de performance a única que foi

considerada como medida de performance pelas razões apontadas anteriormente. O grupo I,

apresenta uma rentabilidade das vendas e uma rentabilidade dos capitais próprios, muito

uniforme. O grupo II tem a rentabilidade das vendas e dos capitais próprio inferior às médias

dos restantes grupos. O grupo III é constituído por empresas que apresentam uma grande

heterogeneidade em termos do valor dos indicadores de performance, 4 das 9 empresas

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32

apresentam rentabilidade das vendas superiores a 10% e as restantes apresentam valores

entre (-5%) e 4%.

Ano de 1991

Em 1991 foram consideradas como variáveis de formação dos grupos, a quota, a

intensidade da publicidade e os gastos em formação profissional. Tendo sido constituídos três

grupos mas, com algumas características diferentes em relação ao ano anterior,

nomeadamente no que se refere ao grupo II.

Quadro 5

Média e desvio padrão das empresas por grupos (% das vendas)

Grupo I Grupo II Grupo III

Número de empresas n = 2 n = 1 n = 8

Média Desvio padrão Média Média Desvio padrão

Quota 32,7% 7,67% 5,2% 3,6% 2,6%

Publicidade 4,26% 1,32% 0,13% 0,041% 0,08%

Formação profissional 0,039% 0,028% 0,27% 0,0015% 0,0041%

Gráfico 5

Distribuição das empresas de acordo com a sua quota e intensidade da publicidade(escala logarítmica)

0%5%

10%15%20%25%30%35%40%45%

0,001% 0,010% 0,100% 1,000% 10,000% 100,000%

Rácio Intensidade da publicidade (1991)

Quo

ta

1

23

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33

Gráfico 6

Distribuição das empresas de acordo com a sua quota e despesas em formação de

pessoal

0%

5%

10%15%

20%

25%

30%35%

40%

45%

0,00% 0,03% 0,05% 0,08% 0,10% 0,13% 0,15% 0,18% 0,20% 0,23% 0,25% 0,28%

Rácio formação de pessoal (1991)(Despesas em formação de pessoal / vendas)

Quo

ta

1

23

O grupo I é constituído pelas duas empresas que possuem as maiores quotas de

mercado, empresas 15 e 18, que apostam na publicidade tal como se tinha verificado em 1990.

Este grupo é responsável pela quase totalidade das despesas do sector referentes à

publicidade (99,6%) assim como pelas despesas em formação profissional, apesar desta

variável só significar 0,034% das vendas. Não têm uma política de I & D e são as responsáveis

por 55% das despesas em pessoal. Tal como sucedia em 1990 não têm uma orientação de

mercado para exportação. Este grupo tem as mesmas características do grupo I de 1990.

Em relação ao ano de 1990 verifica-se um aumento em termos absolutos dos gastos

com a publicidade de 21% e uma redução acentuada das despesas em formação de pessoal

de 91%. Estas alterações não se verifica em termos de peso em vendas em relação à

publicidade que se mantêm sensivelmente constante, mas verifica-se em relação às despesas

em formação, que passaram de 0,5% das vendas em 1990 para 0,03% das vendas em 1991.

O Grupo II é constituído pela empresa 16 e difere do grupo II de 1990 devido ao facto

de ser uma empresa de pequena quota de mercado e individualiza-se dos restantes grupos de

1991 devido ao seu comportamento em termos de publicidade, formação profissional e política

de I & D. É responsável por 100% das despesas em I & D e responsável por 35% das despesas

em formação profissional, tendo estas duas variáveis um peso de 0,34% das vendas. É um

grupo que aposta na acumulação de conhecimentos tecnológicos bem como na formação do

seu pessoal.

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34

O grupo III é constituído por 72% das empresas. São empresas de pequena

dimensão em termos de quota de mercado, não ultrapassando os 8%. Não têm preocupações

em termos de gastos em publicidade, nem na formação profissional e I & D. São empresas

voltadas para a exportação (54,9% das exportações do sector), 81% das vendas são para

exportação. Em relação ao ano de 1990 as empresas deste grupo apresentaram em 1991 uma

redução bastante acentuada no interesse na publicidade e na formação profissional tanto em

termos absolutos, como em termos de importância em percentagem das vendas (0,11% em

1990 para 0,041% em 1991 em despesas de publicidade e de 0,036% em 1990 para 0,0015%

em 1991 referentes a despesas em formação profissional).

Em termos de rentabilidade dos diferente grupos verifica-se que o grupo I tem uma

rentabilidade das vendas e dos capitais próprios muito uniforme e é em média superior aos

outros grupos, verificando-se uma redução em relação aos valores de 1990. Em relação ao

grupo II apresenta uma rentabilidade baixa. O grupo III apresenta uma grande heterogeneidade

de valores, mas em média apresenta uma rentabilidade das vendas baixa, quatro das oito

empresas apresentam valores negativos e três empresas têm valores compreendidos entre 0%

e 2%. Verifica-se uma acentuada redução da rentabilidade nas empresas deste grupo em

relação ao grupo III de 1990.

Ano de 1992

Em 1992 foram consideradas duas variáveis, a quota e a intensidade em publicidade

através das quais se constituíram três grupos.

Quadro 6

Média e desvio padrão das empresas por grupos (% das vendas)

Grupo I Grupo II Grupo III

Número de empresas n = 2 n = 3 n = 6

Média Desvio padrão Média Desvio padrão Média Desvio padrão

Quota 35,1% 12,3% 2,9% 1,9% 3,5% 2,2%

Publicidade 4,9% 2,3% 0,82% 0,73 0,025% 0,025%

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35

Gráfico 7

Distribuição das empresas de acordo com a sua quota e intensidade da publicidade

(escala logarítmica)

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

45%

50%

0,010% 0,100% 1,000% 10,000% 100,000%

Rácio Intensidade da publicidade (1992)(Despesas em publicidade / Vendas)

Quo

ta

1

23

O grupo I é representado pelas duas maiores empresas do sector (empresa 27 e 29).

É um grupo semelhante aos grupo I de 1990 e 1991 e tal como nos anos anteriores são

empresas que apostam na publicidade como estratégia, o que as destaca dos outros grupos.

Este grupo reduziu o investimento em formação profissional mas aumentou o seu investimento

em I & D. Em relação aos anos anteriores continua-se a verificar um aumento absoluto das

despesas em publicidade e uma redução dos gastos em formação profissional. Em relação ao

peso deste grupo, relativo ao sector, verifica-se um aumento do seu valor sendo responsável

por cerca de 99% das despesas em publicidade e 87% em formação profissional. Em termos

de exportação representa em média cerca de 38% das vendas.

O grupo II é um grupo intermédio que difere do grupo II dos anos de 1990 e 1991 e é

constituído por três empresas ( 30, 31 e 34). Considerou-se como um grupo, devido do facto de

diferir muito em termos de dimensão do grupo I e diferir em termos de política de publicidade do

grupo III, por ser mais intensa. É constituído por empresas de pequena dimensão, tendo cerca

de 3% da quota, mas têm uma política relativamente importante em relação à publicidade (em

média de 0,73% das vendas). Têm alguns gastos em formação profissional, mas não é um

factor significativo de diferenciação dos outros grupos.

O grupo III é um grupo que corresponde às características do grupo II de 1990 e

1991. É constituído por seis das onze empresas do sector (54%), de pequenas dimensões e

são empresas sem estratégia em termos de publicidade, I & D e de muita pouca formação

profissional (só duas empresas procedem alguma formação). São empresas fortemente

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36

exportadoras Em relação ao ano anterior verifica-se um aumento das despesas em publicidade

(passou de 922 contos em 19913 para 1 057 contos em 1992) e um aumento das despesas em

formação profissional (103 contos em 1991 para 277 contos em 1992). Em relação ao peso nas

vendas verifica-se uma redução na publicidade mas um aumento em formação profissional que

passou de 0,0015% das vendas em 1991 para 0,01 % das vendas em 1992.

Em termos da rentabilidade das empresas verifica-se uma redução em todos os

grupos, sendo o grupo I o mais lucrativo e o único grupo que apresenta todas as empresas com

valores positivos. O grupo II é muito heterogéneo, tem uma rentabilidade das vendas muito

negativa, demonstrando sérias dificuldades, o mesmo verifica-se no grupo III, em que todas as

empresas apresentam valores de rentabilidade das vendas muito negativos. Os valores

extraordinariamente elevados da rentabilidade dos capitais próprios e dos investimentos deve-

se à descapitalização das empresas e aos graves desinvestimentos das mesmas.

Ano de 1993

Em 1993 foram consideradas como variáveis de formação dos grupos a quota, a

intensidade da publicidade e as despesas de investigação e desenvolvimento (I & D), para a

formação dos grupos, tendo sido também considerado três grupos.

Quadro 7

Média e desvio padrão das empresas por grupos (% das vendas)

Grupo I Grupo II Grupo III

Número de empresas n = 2 n = 1 n = 8

Média Desvio padrão Média Média Desvio padrão

Quota 33,3% 4,5% 4,0% 3,7% 2,2%

Publicidade 5,78% 4,96% 0,07% 0,04% 0,063%

Despesas em investigação

e desenvolvimento0,008% 0,012% 3,1% 0,05% 0,13%

3 Este valor peca por defeito porque algumas das empresas incluidas no grupo III de 1991 encontram-seno grupo II em 1992

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37

Gráfico 8

Distribuição das empresas de acordo com a sua quota e intensidade da publicidade

(escala logarítmica)

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

0,010% 0,100% 1,000% 10,000% 100,000%

Rácio Intensidade da publicidade (1993)

Quo

ta

1

2 e 3

Gráfico 9

Distribuição das empresas de acordo com a sua quota e despesasem investigação e desenvolvimento

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

0,00% 0,50% 1,00% 1,50% 2,00% 2,50% 3,00% 3,50%

Rácio Despesas em I & D (1993)(Despesas em I & D / vendas)

Quota

2

1

3

O grupo I do ano de 1993 têm as mesmas características do grupo I dos anos

anteriores e é constituído pelas empresas 38 e 42. Verifica-se um aumento da importância das

despesas em publicidade em relação aos anos anteriores, tanto em percentagem das vendas

como em valor absoluto, sofreu um aumento de 34% em relação a 1992 e um aumento das

despesas em formação profissional de 58% em relação a 1992.

O grupo II é constituído pela empresa 37 e resolveu-se considerar como um grupo à

parte devido às diferenças que apresenta em termos de investimento em I & D, tendo este um

peso de 3,1% das vendas o que é muito significativo em relação aos outros grupos. Este grupo

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38

é responsável por 84% das despesas em investigação e desenvolvimento, é uma empresa de

pequena quota de mercado que noutros aspectos aproxima-se das características das

empresas do grupo III. Aposta numa estratégia de acumulação de conhecimentos. Não existem

elementos que permitam saber se este grupo é constituído pela mesma empresa do grupo II de

1991.

O grupo III é constituído por 73% das empresas do sector. Tal como nos grupos

anteriores são empresas de pequena dimensão fortemente exportadoras e não têm uma

estratégia evidente. Não se poderá comparar a evolução deste grupo com o grupo III do ano de

1992 devido a algumas empresas deste grupo estarem em 1992 incorporadas no grupo II. É

possível fazer uma comparação com o ano de 1991 visto que este grupo contem sensivelmente

as mesmas empresas (não é possível confirmar esta afirmação devido ao segredo estatístico)

verificando-se um aumento muito acentuado nas despesas de publicidade de 285% em relação

a 1901.

Em relação à rentabilidade das empresas nota-se uma acentuada redução da

rentabilidade das empresas do grupo I, apresentando a rentabilidade das vendas e dos capitais

próprios negativa, apesar de continuarem a ser as mais lucrativas do sector. As empresas dos

grupo II apresentam rentabilidade das vendas intermédias entre os grupos e o grupo III é o

grupo que se apresenta com a pior rentabilidade.

É de salientar o desaparecimento de cinco empresas entre a campanha de 1991/92 e

a campanha de 1993/94 e de três empresas da campanha de 1993/94 para a campanha de

1994/95. Estes desaparecimentos são consequência das muito fracas rentabilidades que as

empresas registaram nestes três últimos anos.

Pretendeu-se ainda verificar quais as variáveis comportamentais e estruturais que

mais contribuíram para a performance das empresas estudadas nos quatro anos. Como não foi

possível ter conhecimento da correspondência das empresas nos diversos anos devido ao

segredo estatístico optou-se por realizar quatro modelos para cada um dos anos (mod. 1-1990,

mod. 2-1991, mod. 2-1993 e mod. 4-1994) e não usar a média dos valores, opção que poderia

dar uma visão mais correcta.

Não foi realizada a análise por grupos devido ao reduzido número de empresas e ao

elevado número de variáveis que reduzia o número de Graus de liberdade tornando não viável a

realização estatística. É ainda importante salientar o facto de que o reduzido número de

empresas implica que os resultados apresentados sejam tomados com muita prudência,

devendo ser considerados como pistas e não como afirmações estatisticamente válidas para o

sector estudado.

Modelo misto, integrando variáveis explicativas estruturais e comportamentais

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39

Yi = B0 + B1i X1i + B2i X2i + B3i X3i + B4i X4i + B5i X5i + B6i X6i + B7i X7i + ui

Yi - é a variável dependente (Rentabilidade das Vendas)

i - refere-se à empresa (i = 1, 2, 3, .........n)

Variáveis comportamentais:

X1 - Investimentos em investigação e desenvolvimento (despesas em investigação e desenvol-

vimento / vendas)

X2 - Produtividade por trabalhador, rácio (vendas totais/horas trabalhadas pelos operários)

X3 - Investimento em formação profissional, rácio (despesas em formação/vendas)

X4 - Publicidade, rácio (despesas com publicidade/vendas)

Variáveis estruturais:

X5 - Custos de pessoal, rácio ( custos de pessoal/vendas)

X6 - Exportação (Valor das exportações /Valor das vendas totais)

X7 - Quota de mercado (valor das vendas/Valor das vendas de todas as empresas)

Foram testados vários modelos e apresentam-se no quadro 8, os modelos que

apresentaram a melhor aderência global.

Quadro 8

Modelos para estimação da performance das empresas

C β1 β2 β3 β4 β5 β6 β7 R2 R#2 F DW

MOD. 1

Coef.

t

-30.9

-. 84

127754.8

1.13

1.32

1.07

-8839.8

-1.05

-5680.1

-1. 0

152.9

2.55

-46.2

-1.41

-5.6

-. 04

.75 .32 1.7 2.3

MOD. 2

Coef.

t

11.4

. 60

-17083.8

-. 44

. 081

. 56

7576.7

. 74

-449.2

- .74

-8.7

-. 53

-19.4

-1.86

54.7

. 62

.91 .71 4.4 1.1

MOD. 3

Coef

t

204.8

. 94

5280.6

-.55

1.83

2.33

-5903.2

1.0

-10958.7

-2.86

-22.4

-.16

-374

-1.83

1424

3.20

.98 .94 23.7 0.6

MOD. 4

Coef.

t

188.3

1.94

-1871.8

-1.19

. 019

. 04

257062

2.15

-3989.2

-2.59

-305.2

-1.73

-192.2

-2.52

160.4

1.09

.89 .66 3.7 3.2

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“A Competitividade da Indústria do Tomate em Portugal – Aplicação dos paradigmas da competitividade numa indústria agro-alimentar”________________________________________________________________________________________________________________

40

Comparando os modelos, nota-se grandes diferenças de ano para ano em termos de

explicação da performance pelas variáveis. Vamos tomar o modelo 3 como modelo globalmente

mais significativo, pois apresenta valores de R2 e R#2 elevados assim como o valor da

estatística F.

A produtividade e a quota contribuem positivamente para a performance das

empresas, as exportações e a publicidade contribuem negativamente. É de ter em atenção que

o aumento do peso das exportações nas vendas é um factor negativo para a performance. De

acordo com resultados anteriormente obtidos, as empresas que pertencem ao grupo que se

encontra em pior situação são as que mais exportam. No caso do modelo 4 a produtividade

deixa de ser uma variável significativa passando as despesas em formação profissional a

contribuírem positivamente para a performance. A variável X7 (quota de mercado) é de entre os

factores estruturais a única significativa a 95% de confiança.

Estes resultados confirmam os obtidos por Buzzel (1975) de que as empresas só

serão mais rentáveis se tiverem grandes quotas de mercado. O modelo PIMS também verifica

estes resultados, demonstrando que uma das variáveis que influencia a rentabilidade de uma

actividade é a quota de mercado. Uma das razões parece estar relacionada com o fenómeno

"experiência".

As restantes variáveis são estatisticamente não significativas mas vêm reforçar o

poder explicativo das variáveis significativas, visto que os modelos testados sem todas as

variáveis apresentadas são considerados como estatisticamente não aderentes. Verifica-se

ainda que as despesas em publicidade são variáveis significativas tanto em 1993 como em

1994, mas não contribuem para a melhoria da performance, pelo contrário fazem-no de um

modo negativo, devendo ser considerada como despesa e não como factor favorável. É

importante de salientar que o grupo que mais investe em publicidade é aquele que melhor

performance apresenta em 1992 e 1993 e apresenta a maior quota de mercado, sendo elevada

correlação entre quota e publicidade.

Em 1990 e 1991 não se verifica uma correlação entre a performance e a estratégia

dos grupos sendo a correlação mais evidente em 1992 e 1993. Estes resultados estão na linha

dos obtidos por outros autores, como por exemplo, Lewis, P. e Howard, L. (1990) que afirma

que existe uma evidência limitada que suporta a ligação entre a estratégia dos grupos e a

performance. Cool e Schendel (1987) explica as diferenças de rentabilidade pelas quotas de

mercado, concluindo que não há diferenças de performance entre os grupos estratégicos e, as

diferenças de rentabilidade são explicadas pelas quotas de mercado que detêm.

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41

Por outro lado no trabalho desenvolvido por Lawless, Bergh e Wilsted, (1989)

encontra-se diferenças entre a performance e a estratégia dos grupos, Thomas e Fiegenbaum

(1990) verificaram na indústria de seguros algumas diferenças de performance entre os grupos.

Segundo Thomas e Fiegenbaum (1990), a ligação a performance é importante para a

investigação dos grupos estratégicos, pois estes resultados suportam a teoria da variação da

performance atribuída à estratégia.

A 2.ª fase do trabalho consistiu em conhecer a influência dos elementos exógenos

determinantes das vantagens competitivas e verificou-se que Portugal apresenta condições

físicas excepcionais para a produção de tomate tanto em qualidade como em quantidade, mas

noutros factores de produção como a energia apresenta desvantagens em termos de preços

com os principais concorrentes.

Um factor muito importante na criação de vantagens competitivas é a gestão dos

recursos humanos, em termos dos custos unitários e da qualidade da mão-de-obra. Portugal

perdeu a vantagem comparativa que tinha em relação aos outros países, nomeadamente aos

países da Ásia, da América Central e do Sul, que são concorrentes neste sector. Em relação

aos concorrentes europeus, apesar de apresentar custos de mão-de-obra mais baixos, Portugal

tem vindo a perder vantagem, devido aos aumentos salariais dos últimos anos.

Uma das apostas que Portugal deverá realizar será na qualificação da sua mão-de-

obra. Sendo um dos países da União Europeia com o mais baixo nível de educação será muito

importante o investimento na formação profissional, de modo a podermos competir com os

nossos mais próximos concorrentes.

De acordo com os estudos da OCDE, a produtividade deverá aumentar com o

aumento do nível de formação, apesar de que os efeitos sobre a produtividade global de uma

maior eficiência do sistema educativo da formação dependerão, em grande medida, dos

factores que afectarão a procura e a utilização das capacidades.

Em relação às despesas em investigação e desenvolvimento, Portugal sofre duma

grave desvantagem. Assim, são apenas de salientar as investigações realizadas pela

Universidade de Évora e pelo INIA na melhoria de plantas e técnicas de cultura do tomate,

sendo de destacar o desconhecimento da investigação em relação a técnicas de produção de

tomate concentrado e outros produtos finais, assim como a investigação na inovação de

produtos.

A situação financeira, como já foi referido, é má e as empresas do sector necessitam

de crédito para financiar as campanhas. Este é de elevado custo e difícil de obter, devido à falta

de confiança do sector bancário na capacidade de muitas das empresas. Neste sector, a

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42

maioria das empresas são consideradas PMEs e muitas apresentam rácios de rentabilidade

muito baixos, o que afecta gravemente a confiança do sector bancário nas empresas. Este

facto, que aliado ao elevado custo do dinheiro em Portugal, que é dos mais altos da Europa, faz

com que as empresas sofram uma desvantagem muito forte na competitividade.

Sendo um sector de produção sazonal, a necessidade de capital circulante é muito

importante. Os altos preços do crédito e a dificuldade de encontrar investimentos tem levado a

situações financeiras críticas.

Política cambial: Sendo este um sector exportador e estando a maioria das empresas

dependentes da exportação, é natural que alterações na política cambial influenciem fortemente

este sector. Entre 1990 e 1992 o Governo seguiu uma política cambial valorizando o escudo. A

variação da exportação, tendo como ano-base 1986 (Gráfico 10) indica que nesse período a

exportação teve uma variação negativa, acompanhando a variação do escudo em sentido

inverso. A política cambial seguida pelo Governo, de "moeda valorizada", teve uma grande

importância no sector, como se pode verificar.

Gráfico 10

Variação dos valores das exportações de derivados de tomate

em % em moeda corrente e em volume

(Ano-base 1990 = 100)

90%100%110%120%130%140%150%160%170%180%190%

1990 1991 1992 1993

Taxa

de

varia

ção

(%)

Variação (preços correntes) Variação (toneladas)

Fonte: Elaborado a partir dos dados do ICEP.

As alterações no Sistema Monetário Europeu em Setembro de 1992 provocaram a

desvalorização de várias moedas em proporções variáveis. Tal facto aconteceu em países

exportadores e importadores de derivados de tomate e, deste modo, teve consequências a

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nível do mercado mundial. As variações monetárias permitem às empresas exportadoras a

oportunidade de: desenvolver as suas vendas, graças aos preços mais baixos e melhorar as

margens de comercialização, aumentando os seus preços na percentagem em que correu a

desvalorização da moeda nacional.

As oportunidades não são idênticas para todos, dependendo da desvalorização e do

país para os quais se dirige a sua produção. A "Tomato News", em Janeiro/93, apresentou um

estudo sobre as vantagens para os diferentes países exportadores. O estudo comparava a

situação em Janeiro de 1993 com a situação em Setembro de 1992.

Verificou-se que as vantagens são nulas, excepto para a Itália, em relação ao

mercado inglês, o qual apresenta uma vantagem de 9%. Sobre o mesmo mercado a Espanha

apresenta uma desvantagem de 1%, a Grécia de 3%, Portugal de 8% e a França de 11%.

Em relação ao mercado de importação da Alemanha, Benelux e França, a Itália

apresenta uma vantagem de 18%, a Espanha de 8%, a Grécia de 7% e, por último, Portugal,

com uma vantagem de 2%.

A política cambial, como se pode observar, foi muito negativa para o sector.

Em relação à procura, verifica-se, uma certa estagnação a nível mundial, mas em

Portugal existe ainda um mercado de procura crescente e, com a mundialização dos hábitos de

consumo, poder-se-á esperar um aumento do consumo em países não tradicionalmente

consumidores. É muito importante ter em atenção a necessidade de inovação em relação a

produtos mais elaborados e mais naturais, ou seja, produtos com menor utilização de químicos.

O investimento em produtos ecológicos será um factor importante.

Finalmente, no tocante aos sectores correlacionados, observa-se que, em geral, os

sectores que adquirem vantagens competitivas são aqueles que estão incluídos num grupo de

indústrias relacionadas e que são, de algum modo, fornecedores e clientes do sector.

Verifica-se uma deficiência no sector da produção de maquinaria especializada sendo

a Itália um dos principais fornecedores, sendo igualmente reduzido o sector de segunda

transformação, sendo a maior parte do produto exportado em forma de concentrado. Como foi

já referido, existe ainda uma baixa participação em programas de I & D, por falta de tradição,

capacidade financeira e por muitas das empresas serem de pequena dimensão.

As políticas macroeconómicas são, como se pode verificar, de grande importância

neste sector fortemente enfraquecido. Grant, R. (1991, pp.543) refere que "O papel apropriado

do Governo é contribuir para que as condições sejam as mais adequadas para melhorar a

vantagem competitiva, trabalhando em cada canto do diamante nacional, e tomar acções que

melhorem a interacção entre as suas influências". Confrontados com as novas condições do

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acordo do GATT e do Mercado Único Europeu, cabe aos gestores e ao Governo a criação de

condições para o aparecimento das referidas vantagens competitivas, que constituirão o

trampolim para a melhoria do sector.

Tendo sido estudado o efeito de alguns dos factores que influenciam o sector, ir-se-á

em seguida desenvolver a ultima parte do trabalho, no Quadro da teoria da cadeia de valor, a

análise das actividades relevantes das empresas constituídas em grupos e a influência dos

factores estudados neste

A análise das actividades relevantes foi realizada por grupos e por anos. Não se

poderá realizar uma análise quantitativa de todos os elementos da cadeia de valor, devido à

falta de dados necessários para a sua realização. Por isso, vamo-nos limitar à análise

quantitativa dos elementos para os quais existem dados disponíveis. Em relação aos restantes

componentes da cadeia de valor realizaremos uma análise qualitativa (Anexo 20).

Dado que cada actividade da empresa influencia a estrutura de custos e as bases de

diferenciação, as vantagens competitivas de um sector estão relacionadas com a forma como

as empresas realizam cada uma das actividades que acrescentam valor aos produtos e como

se relacionam entre si. No quadro 9 apresenta-se o resumo das actividades relevantes das

empresas.

Quadro 9

Actividades relevantes das empresas

Actividades de apoio

Infraestruturas

- As empresas necessitam de capital e recursos financeiros

Recursos humanos

-Emprego - tipo sazonal, principalmente no grupo III

-Pouca formação profissional (tendência a reduzir o seu peso em termos de % das vendas) em todos os grupos

- Custos de pessoal muito elevados para os grupos II e III

Tecnologia

- Tecnologia moderna no grupo I e obsoleta no grupo III

- Pouco investimento em I & D. Necessidade em investir em I & D devido às novas tendências de consumo.

Compras (aprovisionamento)

Peso da matéria-prima sobre as vendas, importante para todos os grupos mas externamente elevado para o

grupo III

- Múltiplos fornecedores

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45

Actividades primárias

Logística interna Produção Logística externa Publicidade e

vendas

Serviços

-Gestão de stocks

- Obtenção de

matéria-prima

adequada

- Necessidade de

controle dos custos

- Economias de

escala por volumes

de produção

- Importância do

volume para a

redução dos

custos de

transporte

- Controle dos

custos de stock

-Existente nas

empresas do grupo I

e praticamente

inexistente nos

outros.

- Existe a

necessidade de criar

marcas (grupos II e

III).

Inovação em novos

produtos

- Abertura de

mercados de

exportação com

marcas próprias.

- Existente nas

empresas do grupo

I e inexistentes nos

outros grupos

Conclusões

Após a análise efectuada das variáveis económicas, as empresas foram repartidas

em três grupos, de acordo com a estratégia implantada no período estudado.

Existem dois grupos que instalaram uma estratégia virada para a competitividade nos

mercados internacionais, tendo o grupo I apostado de um modo muito mais forte,

nomeadamente em termos de marketing dos seus produtos. O grupo II é um grupo que, apesar

da sua pequena dimensão no mercado, aposta nos mecanismos de aprendizagem interna

através da formação profissional e algum investimento no processo de desenvolvimento

tecnológico e da inovação.

O último grupo, que é constituído pela maioria das empresas do sector, não

demonstra estratégia em termos de actividades susceptíveis de acrescentarem valor aos seus

produtos, sendo um grupo essencialmente exportador, por isso muito susceptível às alterações

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das políticas macroeconómicas, nomeadamente das taxas de câmbio e de medidas

alfandegárias, tarifárias e não tarifárias. Encontra-se em grandes dificuldades, mas nos últimos

dois anos analisados, apresenta sinais de uma tentativa de desenvolvimento pela implantação

de uma estratégia em termos de penetração no mercado através da publicidade.

Os estudos empíricos nem sempre confirmam os postulados da teoria, em que a

performance da empresa se relaciona com a estratégia do grupo. Em 1990 e 1991 verifica-se

efectivamente que não existe uma diferença significativa entre a performance dos grupos. Nos

dois últimos anos existe uma relação mais estreita entre a performance e a estratégia do grupo.

Em relação à performance dos grupos, estes apresentam diferenças nos últimos dois anos,

entre o grupo I e os restantes grupos. O grupo I, que desenvolve uma estratégia clara para o

reforço da competitividade, é o que apresenta maiores níveis de performance e o que resistiu

de melhor forma à crise surgida entre 1990 e 1993.

Os restantes grupos apresentam uma performance muito baixa em 1992 e 1993, o

que não permite encarar o futuro de uma forma optimista, muito pelo contrário. Sendo de

esperar, apesar de no mercado internacional se aguardar uma melhoria global do sector,

problemas muito graves em relação à rentabilidade de muitas empresas, facto que é

confirmado pela redução do número de empresas em 1994.

Tal facto não significará uma redução da produção nacional, mas sim uma

concentração da mesma. Muitas das empresas deste grupo III serão, no futuro, absorvidas

pelos grandes grupos multinacionais, pois não encontrarão viabilidade económica a curto e

médio prazo.

Para competirem num mercado cada vez mais concorrencial, muitas empresas

deverão ter uma estratégia de desenvolvimento das actividades de apoio, como sejam as

actividade de I & D e de formação profissional, apoiadas pelas instituições governamentais,

visto que muitas das empresas são de pequena dimensão e encontram-se em dificuldades

financeiras. Do mesmo modo, as instituições de investigação terão um papel fundamental na

investigação, não só da parte agrícola como na investigação de novos produtos.

Uma estratégia em termos de penetração de mercado pela publicidade é um factor

que não é considerado como positivo na rentabilidade das empresas, mas é importante como

dinamização destas no mercado, de tal modo que se verificou um aumento do peso desta

variável nas vendas em 1993. As empresas que apresentam maiores quotas de mercado são

também as que apresentam maiores investimento nesta variável de competitividade.

As políticas, orçamental, cambial, monetária, fiscal, de investimento, de crédito e do

desenvolvimento da investigação e formação profissional são factores decisivos na criação de

vantagens competitivas, num quadro estável e coerente, nomeadamente no referente à taxa

cambial, que é um elemento muito importante num sector onde as pequenas empresas são

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essencialmente exportadoras, assim como uma política de crédito que possibilite a

concorrência nos mesmos termos com os nossos mais próximos concorrentes. A promoção da

imagem de Portugal e dos produtos portugueses são também elementos-chave para as

empresas.

Não podendo competir com países como a Turquia a nível de preços, Portugal poderá

competir com sucesso com os restantes países europeus, devido à excelente qualidade da

matéria-prima, mas para tal necessita, como já foi referido, de igualdade de condições da

envolvente económica.

Segundo a análise realizada, espera-se no futuro próximo:

- a redução das empresas pequenas, pouco competitivas em custos, com es-

truturas financeiras débeis e muito dependentes das flutuações dos mercados

internacionais;

- o aumento da concentração da produção com o aumento das quotas de mercado

das empresas competitivas já existentes e o aparecimento de novas empresas

com ligações a grandes multinacionais.

Ambos os processos levarão a uma alteração do cenário actual no sector, o qual se

caracterizará pela existência de um menor número de empresas. O sector será, deste modo,

constituído por empresas de grande ou média dimensão com possibilidade de implantarem

estratégias com vista a serem competitivas no Mercado Único.

As orientações estratégicas, de acordo com o quadro traçado neste trabalho, poderão

ser em linhas gerais as seguintes:

i) Redução dos custos de produção através de investimentos em tecnologia.

ii) Investimentos na inovação dos produtos.

iii) Aumento da actividade da publicidade e das relações com a distribuição.

iv) Aumento da concentração industrial.

O reposicionamento das conservas de derivados de tomate deverá ser realizado de

forma a conseguir uma maior diferenciação e o alcance de segmentos médios altos,

possibilitando uma maior margem de comercialização, o que implica um investimento em

campanhas de promoção eventualmente em associação de imagem com outros produtos,

como sejam as massas. Estas campanhas deveriam abranger, para além dos mercados

externos, o mercado interno, de forma a elevar as barreiras de entrada dos produtos

importados e a fomentar o consumo.

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Para a alteração estrutural o Governo, como "actor" que influencia os quatro

determinantes da vantagem competitiva, tem um papel importante no:

- acompanhamento mais rigoroso aos apoios financeiros;

- apoio e desenvolvimento da imagem do produto.

Os anos que se seguem serão fundamentais para o futuro de uma indústria de longa

tradição e muito importante na dinamização de uma região. Espera-se que consiga recuperar

da crise surgida e o último ano mostra sinais de recuperação, acompanhado por algumas

alterações estruturais do sector.

A falta de estudos recentes sobre esta indústria é um facto que dificulta o

conhecimento das estruturas, sendo de salientar a extrema dificuldade em conseguir obter

informações por parte da indústria, devido ao facto de muita informação ser considerada

sigilosa. O conhecimento do sector é um dos factores que poderá ajudar toda a indústria, sem

prejuízo das empresas.

Devido à importância do sector, seria interessante o estudo das relações das

empresas no grupo, de modo a permitir a caracterização e o conhecimento das interacções

entre elas.

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