Midialab edição 6

20

description

Produto do Midia Lab Maquetização: Pedro Fumo

Transcript of Midialab edição 6

Page 1: Midialab edição 6

MÍDIA LABSEXTA - FEIRA

1 9/03/201 6Preço $ 000

PRODUTO EXPERIMENTAL DOSJORNALISTAS-ESTAGIÁRIOSDO MÍDIA LABNÚMERO 6 ANO II

Praia da Katembe "clama" por limpeza

Moçambique tornou-se membroda Francofonia em 2006. Este é,portanto, o 1 0° ano em que o país setornou parte desta comunidade. Noâmbito das comemorações, o CentroCultural Franco Moçambicano (CCFM)tem agendado para o dia 1 8 de Março,um concerto de solidariedade àsvítimas das secas no sul do país.

O concerto, da Banda Kakana,madrinha do evento, é organizadopelo CCFM em parceria com o MozaBanco, Cervejas de Moçambique eOXFAM. 1 00% das receitas do mesmoserá reencaminhado para o apoio àsvítimas das cheias.

Página 1 8

São no total 1 5 variedades demedicamentos que faltam, dentre osquais, diclofenac, multivitaminas ecomplexo B, os que com maisfrequência tem faltado. Estes dadosforam obtidos a partir da plataformaonline, “utente repórter”, desenvolvidapelo Centro de Integridade Públicade Moçambique (CIP), para monitorara alta de medicamentos no SistemaNacional de Saúde (SNS).Multivitaminas e Complexo B são demaior importância para crianças emulheres grávidas com deficiênciaal imentar, tendo em conta a taxa de43% de desnutrição crônica emMoçambique. Página 3

Foto: https://c2.staticfl ickr.com. Moradores e banhistas não aderem às campanhas de sensibi l ização

Banda Kakana actua emsolidariedade às vítimas de seca

As iniciativas de recolha de lixo nas praias não estão a ser efectivas por falta de uma educação cívica dos cidadãos sobre quecuidados ter com o meio ambiente, e por falta de fiscais de l impeza nas praias. Página 1 0

Faltam medicamentosnos hospitais

Page 2: Midialab edição 6

PRODUTO EXPERIMENTAL DOS ESTAGIÁRIOS DO MÍDIA LABMÍDIALABSEXTA­FEIRA ­ 19/03/2016 destaques2

Falta de fiscal ização prejudica utentes

Yotasse Marlene, estudante, foiao Centro de Saúde daMachava depois de ter

lanchado numa pastelaria na cidadede Maputo. “Cheguei a casa, e deimediato comecei a vomitar, minutosfiquei com febre e diarreia, os meuspais levaram-me logo para o médico”contou a estudante. Depois de serexaminada, o diagnóstico médico foide intoxicação alimentar derivada doconsumo de alimentos contaminados.

A falta de fiscal ização emestabelecimentos vocacionados avenda de refeições pôs em risco asaúde da estudante e de mais cl ientes.A Organização Mundial da Saúde(OMS) estima que, a cada ano, maisde dois milhões de pessoas morrempor doenças diarreicas, muitasadquiridas ao ingerir al imentoscontaminados.

Na da cidade de Maputo

encontramos muitos estabelecimentosvocacionados para este negócio. Maspara abertura e funcionamento destetipo de estabelecimento é necessáriaa autorização do Conselho Municipale do Ministério da Saúde. Por normanenhum estabelecimento podefuncionar sem a visita dos inspectoresde saúde e da entidade de regula estetipo de comércio.

A realidade mostra o contrário,a nossa equipa fez uma visita aoMercado do Povo, famoso a nível dacidade capital por fornecer refeições.Várias são as barracas que funcionamsem terem recebido a visita doinspector de saúde, os funcionáriosnão tem um cartão de saúde (quecomprova que o trabalhador ésaudável e apto para esta actividade)e na sua maioria não recebem a visitafrequente dos inspectores.

“Ainda não estou com todos ospapéis prontos, falta-me cartão desaúde e licença, mas como tenho quealimentar os meus fi lhos, mesmo semautorização já estou a vender comida”revelou Ricardina Nuvunga. Dona

Ricardina Nuvunga, ou melhor tiaRicardina como é carinhosamentechamada pelos seus fregueses, têmo seu posto de venda de comida naavenida 24 de Julho em frente ao CineÁfrica a sensivelmente 2 meses. Actuasem estar legalizada, não passou porexames médicos, o carroque transporta e armazenaas comidas nunca foiinspencionado.

O sustento destavendedora põe em risco asaúde de muitos munícipesque frequentam o seu carropara comprar comida. A faltade conhecimento sobre asregras básicas paraconfecção de alimentos e suaconservação podem contribuir paracontaminação dos mesmos.

De acordo com Mouzinho Nicol ’s,presidente da Associação de Defesado Consumidor de Moçambique(DECOM), o Estado deveria intervir eestabelecer regras para esta prática.“Os carros são móveis, se umconsumidor tiver uma intoxicação

alimentar não tem como responsabil izaro comerciante, ele pode facilmentemudar o seu ponto de venda” afirmouNicol ’s.

Cláudia Noémia é apresentadorade televisão, a sua profissão ocupa-lhe muito tempo, nem sempre

consegue prepararas suas refeições evê-se obrigada acomprar comida narua. “ A minha rotinaé cansativa, nãogosto de comprarcomida, mas nos diasem que não levo decasa sou obrigada aadquirir a minha

refeição na rua”, contou aapresentadora de televisão.

Cláudia é o exemplo doquotidiano de muitos trabalhadores eestudantes da cidade de Maputo querecorrem a restaurantes, barracas,mercados e a carros para comparemrefeições. Muitas destas pessoas nãotêm noção dos riscos de saúde decorrem com esta atitude. Ao comprar

uma refeição contaminada oconsumidor pode contrair uma doençatransmitida por al imentos (DTA).

As causas das DTA’s são: faltade higiene, cruzamento entre alimentoscrus e cozidos (principalmente naarrumação da geleira, uso de alimentoscontaminados, exposição dosalimentos a temperatura ou cozimentoinsuficiente. Segundo Darcenio Jane,médico, os sintomas mais comuns dasDTA’s são: náuseas, vómitos, falta deapetite, diarreia, dores abdominais efebre. “Ao sentir estes sintomas oconsumidor deve ir com urgência auma unidade sanitária para receber otratamento adequado”, aconselhaJane.

A nossa equipa procurou saberdo Conselho Municipal da Cidade deMaputo saber como são atribuídas asl icenças e a periodicidade dafiscal ização dos estabelecimentosespecial izados em comércio derefeições, mas as nossas tentativasredundaram em fracasso, até ao fimdesta edição não nos foi concedidanenhuma entrevista.

Minelda Maússe

Alunas são proibidas de fazer dreads

“Cheguei a casa, e deimediato comecei a vomitar,minutos depois fiquei com

febre e diarreia, os meus paislevaram-me logo para o

médico"

A direção da Centro de FormaçãoDom Bosco, aprovou um novoregulamento que proíbe o uso dedreads. O documento foi apresentadono dia cinco de fevereiro, sexta feira,durante a reunião de abertura do anolectivo. Os pais e alunas tiveram doisdias para acatar a norma, sobe o riscode perder o direito de assistir as aulas.

Maria Tereza e Joana Ananias(nomes fictícios) frequentam o 1 2!ano no Centro de Formação ProfissionalDom Bosco, foram obrigadas a removeras dreads para poder frequentar asaulas. Maria Tereza diz ter sidosurpreendida pela nova norma, umavez que frequentava a escola há seisanos e usava dreads a três anos. Mariadiz a que quando questionou a decisão,a direcção alegou que o penteado tinhamau aspecto e o cabelo ficavadesarrumado. Segundo relata a

estudante alguns professoresconcordaram com a nova norma,dizendo que as dreads são uti l izadaspor marginais.

O regulamento do Centro deFormação Profissional Dom Bosco,disponibi l izado na abertura do anolectivo, diz no artigo 38 alínea seis oseguinte:

“Apresentar-se aprumada edecente: não usar extensões, nãousar mexas, não usar dreads, nãoaplicar cosméticos no cabelo e naface, não usar unhas artificiais, nãousar maquilhagem e não pintar asunhas”

Porém no mesmo regulamento,no artigo 36, consta que a escolareconhece todos direitos que aconstituição e lei concedem às alunas.Na alínea f) é especificado estereconhecimento nos seguintes termos:

“A ser respeitada a sua liberdadede consciência e as convicçõesrel igiosas e morais, acordo com aConstituição.” Até a publicação desteartigo a direção da escola nãorespondeu a carta da nossa equipe,sol icitando uma entrevista. Desta formanão foi possível questionar os motivosque levaram a adopção da medida.

As dreads ganharam visibi l idadeno mundo por via dos rastafáris. Osrastafáris não cortam o cabelo pormotivos rel igiosos e outros não o fazempor questões de afirmação pessoal.As estudantes que foram obrigadas acortar o cabelo não têm qualquerl igação com o movimento rastafári, asfizeram por gostarem do penteado.Maria e Joana fazem parte de um gruporaparigas que sente-se discriminadocom a nova norma. (Eta Matsinhe)

“Ainda nãoestou com todosos papéis prontos,falta-me cartão desaúde e licença"

{

- Yotasse Marlene.

Page 3: Midialab edição 6

3PRODUTO EXPERIMENTAL DOS ESTAGIÁRIOS DO MÍDIA LABMÍDIALAB

SEXTA­FEIRA ­ 19/03/2016destaques

Projecto para VilaAlgarve carece de fundos

O Ministério dos combatentesnão tem fundos paratransformar a Vila Algarve em

Museu Nacional de ResistênciaColonial como pretende. A Assembleiada República aprovou em 201 2/1 3 oprojecto do Museu. Mas ainda nãofoi definido o custo da reabil itação,no entanto, o Ministério está a procurade fundos e parceiros para ajudar nareconstituição de Algarve.

De acordo com o DirectorNacional de História no Ministério dosCombatentes, Vicente Koveke, oobjectivo do museu é de imortal izara história da Vila Algarve. Porem,dependem de Portugal para ter acessoaos arquivos que vão permitir areconstituição da história da Vila efazer réplicas dos objectos que eramusados para tortura na época colonial.

As réplicas pretendidas fazerserá um orçamento adicional para oMinistério que espera contar comajuda externa para a reabil itação.

Mesmo sem valores monetários,já começou o processo de limpezana Vila, que está na responsabil idadede uma empresa privada, Telizer Ltd.A empresa de limpeza ainda nãodefiniu o orçamento dos serviçosprestados. “O orçamento não estadefinido porque só tivemos acessoao exterior”, disse Pedro Bassopa,Director Técnico da empresa.

Algumas pessoas que viviam noedifício foram retiradas pela polícia,para que a empresa proceda com alimpeza e avaliação da infraestrutura.Os detentores do edifício mostram-se indiferentes aos moradoresretirados. “Eles sabem de onde vierame para onde vão. São pessoas deorigem duvidosas, queremos garantir

que elas não voltem a Vila”, disseVicente Koveke. Para garantir que aspessoas não voltem, a instituiçãopretende instalar na Vila guardas.

Tentativas de reabilitaçãoEm 2008, a Vila Algarve foi

entregue a Ordem dos Advogadosque pretendia reabil itar e transformarna sua sede para restituir acredibi l idade do órgão junto dosassociados e da sociedade em geral.A reabil itação estava prevista paradentro de cinco anos durante omandato de Gilberto Correia queterminou em 201 3. Na altura GilbertoCorreia, deixou claro que a ordemnão dispunha de verba suficiente paraa reabil itação, mas garantiu que iafazer um trabalho de mobil ização juntoaos seus parceiros para conseguir os

fundos. Mas, todas a tentativas dearrecadação das verbas foram infel izes,facto que levou esta entidade a desistirdo empreendimento.

Breve historial da VilaAlgarve

A Vila Algarve foi contruída em1 934 por ordem de José dos SantosRufi, em 1 936 sofreu alterações e em1 950 passou por uma ampliação.Durante anos serviu como quartel-general da PIDE (Policia Internacionale Defesa do Estado), ondenacionalistas moçambicanos emil itantes da Frente de Libertação deMoçambique (FRELIMO), eraminterrogados, torturados e oprimidos.Apos a independência o edifício foiabandonado e virou moradia depessoas que não tinham onde viver.

Reportar a doença crónica renal,num país como Moçambique, étambéem ter que lidar com desafiosde encontrar caminhos para ter acessoa dados, num sistema de saúdeextremamente burocrático. A falta declareza sobre o que pode teracontecido com a avaria de duasmáquinas de hemodiál ise tornou-seum obstáculo que tive de superar,para perceber se cerca de 1 7000procedimentos de hemodiál ise foramfeitos ou não.

Estar diante de tamanhacontradição colocou em causa algunsprincípios jornalísticos. Como erapossível não tomar partido se afinalde contas trata-se de um serviço quesó pode ser provido na cidade deMaputo para todo o país. Por um lado,Rosa Bene, médica e especial ista emdiál ise no HCM, mostra que a situaçãoevidencia a incapacidade do SistemaNacional de Saúde de resolver oproblema e diz que a escassez deequipamentos ereagentes dificulta ocontrole da doença empessoas com desfunçãode rins no país.Contrariamente, AneteKupela, médicanefrologista, afirmouque a avaria dosequipamentos não comprometeu ahemodiál ise.

Não ter acesso a dados quecomprovassem uma dessas posiçõesse não todas, deitava por terra todaa matéria. Tive que ativar algunscontactos que me puderam facultaros dados.

O procedimento de hemodiál isedura quase quatro horas, e os cuidadosa tomar necessitam de uma atençãotal que me fez não perceber como éque este procedimento pode ter cidofeito de noite. Me espantou aindasaber que a criação da Unidade de

Hemodiál ise significau a comprade um problema.

Bene advoga que a criação daUnidade de Hemodiál ise, em 2009,representou uma experiência novapara o Ministério da Saúde que nãoprevia o cenário que se viveu em 201 5.“Não tínhamos a dimensão doproblema que estávamos a comprar”.Disse Bene.

Com dificuldades na aquisiçãode reagentes, na manutenção dasmáquinas e na formação de pessoal,o acesso ao serviço exclui pessoasque necessitam de substituição renal.Sheila Momade, paciente renalcrónica, conta que foi difíci l ter acessoa terapia e que deve ficar 1 2 horaspor semana, no hospital, para fazero procedimento, “a minha vida é aqui,eu faço a hemodiál ise três vezes porsemana, há três anos. Nos paíseseuropeus a doença ataca umapopulação adulta, mas na realidademoçambicana a idade média é

relativamente jovem.A doença não

escolhe a idade e nemtodos têm acesso aotratamento. Benejustifica que otratamento dialítico sóocorre na fase final dadoença, mas admite

que nem todos têm acesso. “Nas fasesiniciais nós temos feito um controleclínico, e vários doentes beneficiam-se, mas quando chega a fase dehemodiál ise, há condicionantes”.Afirma.

A especial ista explica que ospacientes que têm acesso aosserviços, também têm a vida l imitada.Numa demostração provou que, emMoçambique, seleccionando 1 0pacientes com indicação de diál ise,ao fim do primeiro ano de vida 20%vai morrer, ao fim do quinto morre

"a minha vidaé aqui, eu faço ahemodiál ise trêsvezes por semana,há três anos"

Miranda Munhua

Editora chefe - Sheila MafuianeEditor executivo - Miranda MunhuaEditor de fotografia - Sérgio MosselaMaquetização - Pedro Fumo e Minelda MaússeRepórteres: Abdul Ibrahimo, Aida Nhavoto, Amina Nofre,Bernadete Nhavene, Cofe Cumba Celeste Macúacua, EsterCumbane, Eta Matsinhe, Ernesta Missage, Hélder Massinga, I lídiaAlberto, José Maneira, Keite Branquinho, Letícia Constantino,Minelda Maússe, Magda Mendonça, Miranda Munhua, Mariol inaUlisses, Orbai Nobre, Pedro Fumo, Patrício ManjateSumeia Cassimo, Sheila Mafuiane, Sheila Magumane, SérgioMossela, Vinódia Janete.

Ministério dos Combatentes quer transformar Vila Algarve em Museu deResistência mas não tem fundos para reabil itar o edifício e depende dePortugal para ter arquivos e replicar materiais para expor no futuro Museu.

Eu repórter

{

Redação

Mesmo sem valores monetários, já começou o processo de limpeza

Page 4: Midialab edição 6

4 MÍDIALABSEXTA­FEIRA ­ 19/03/2016 PRODUTO EXPERIMENTAL DOS ESTAGIÁRIOS DO MÍDIA LABdestaques

Cidadãos reportam a falta demedicamentos nas unidadessanitárias da cidade de

Maputo. De Janeiro a Março de 201 6,foram reportados 38 casos de faltade fármacos. Essas denúncias dizemrespeito ao Hospital Geral deChamanculo, Centro de Saúde daPolana Caniço, e mais três unidadessanitárias do distrito Municipal deKamavota, sendo Hulene, Pescadorese Albazine, respectivamente.

São no total 1 5 variedades demedicamentos que faltam, dentre osquais, diclofenac, multivitaminas ecomplexo B, os que com maisfrequência tem faltado. Estes dadosforam obtidos a partir da plataformaonline, “utente repórter”, desenvolvidapelo Centro de Integridade Pública deMoçambique (CIP), para monitorar a

falta de medicamentos no SistemaNacional de Saúde (SNS).

Multivitaminas e Complexo B sãode maior importância para crianças emulheres grávidas com deficiênciaal imentar, tendo em conta a taxa de43% de desnutrição crônica emMoçambique. Diclofenac é umanalgésico para controlo de dor einflamação, e é importante parapacientes com com dores ouinflamação nos ossos e músculos.

Os três tipos de medicamentosem questão, constam do FormúlarioNacional de Medicamentos (FNM),aprovado em 2007, pelo DiplomaMinisterial n°1 20/2007 de 1 2 deSetembro. Fazem parte ainda da listados 397 medicamentos consideradosessenciais para o SNS emMoçambique, segundo o DiplomaMinisterial nº 54/201 0 de 23 de Março.Este instrumento normativo estabeleceque estes medicamentos não devemfaltar ao SNS.

A prestação de serviços de saúdede qualidade, faz parte da segundaprioridade do Plano Quinquenal doGoverno de Moçambique 201 5-201 9.“A prestação de serviços sociaisbásicos de qualidade e acessoequitativo à (_ ) cuidados de saúde(_ ) concorrem para a criação decapacidades fundamentais do capitalhumano e social e para a melhoria debem-estar social e económico”, refereo documento, no ponto 3.2 relativo aodesenvolvimento capital humano esocial.

Porém, os utentes dos serviçosde saúde reclamam, da qualidade dosserviços, concretamente da ausênciade medicamentos. Fabião Matlombe,de 57 anos, residente no bairro PolanaCaniço, afirma que, por mais de umavez, foi ao centro de saúde da PolanaCaniço e não teve todosmedicamentos receitados para asdores que sentia, faltou diclofenac.

O mesmo aconteceu à Margarida

Mateus, de 28 anos, mãe de umamenina de 3 anos, que foi à mesmaunidade sanitária no dia 03 de Marçocorrente e se deparou com ausênciade multivitaminas para sua fi lha, eteve de ir comprar na farmácia privada.

Nas unidades sanitárias públicas,todo o atendimento, incluíndo osmedicamentos, custa ao cidadão 5,00meticais. No entanto, o preço médiodos três medicamentos na farmáciaprivada é de 80,00 meticais paramultivitamina, 1 0,00 meticais paradiclofenac e 1 0,00 meticais paracomplexo B, por cada lâmina de dezcomprimidos.

Os preços de diclofenac ecomplexo B, na farmácia privada,significam um custo adicional de 1 00%do valor de um tratamento completonas unidades sanitárias públicas e ocusto de multivitamina é 1 6 vezes ovalor.

Nem todos cidadãos podemrecorrer às farmácias privadas, como

é o caso de Matlombe, que afirmounão poder fazer mais nada, depois quenão pôde obter diclofenac no centrode saúde.

A equipa do Mídia Lab procurououvir a Central de Medicamentos eArtigos Médicos, e o centro de saúdeda Polana Caniço, que até a publicaçãodesta edição não mostraramdidponibi l idade para falar.

Uma pesquisa do CIP,apresentada em 201 5, mostra que afalta responsabil ização dos gestoresdo SNS é um dos principais factoresda ausência de medicamentos nasunidades sanitárias.

Este resultado vai de acordo coma afirmação da Ministra da Saúde,Nazira Abdula, segundo a qual, “a faltade fármacos que se regista nasunidades sanitárias públicas derivamais de falhas de gestão por parte dosque coordenam o sector e não deruptura de stocks nos armazéns”.

A Empresa Municipal deMobil idade e Estacionamento (EMME)está conceber um projecto dereorganização do estacionamento, nacidade de Maputo. O reordenamentoimplica a redução do espaço doestacionamento e a retirada de carrosdos passeios.

A execução estava prevista paraJaneiro do ano em curso para l ibertaros passeios e garantir uma boamobil idade rodoviária, mas ainda nãoaconteceu por razões desconhecidas.

De acordo com Jaime Simango,chefe do Departamento de Gestão deEngenharia e Tráfego do municípiode Maputo, a partir de Janeiro do anoem curso, não seria permitido que oscarros ficassem estacionados nospasseios. “O estacionamento na viapública vai todo ele ser gerido peloconselho municipal, através de umaempresa de mobil idade e estarão lá

os parquímetros e fiscais autorizados,para impedir que os carros sejamestacionados nos passeios”, declarouSimango, em entrevista com a equipado Mídia Lab, em Dezembro de 201 5.Contudo, não é o que se verifica nopresente mês de Março, fase em queo projecto ainda não começou a serexecutado.

Jaime Simango que foi,recentemente, nomeado director daEMME, disse que a redução da actualcapacidade de estacionamento serácompensada pela abertura de maisparques para a colocação de viaturas.

Segundo Nelson Martins,comerciante da baixa da cidade eautomobil ista, não se deve removerou proibir o estacionamento de viaturassem se disponibi l izar parques deestacionamento suficientes para oscarros que ocupam os passeios. “Seriabom se nos dessem um parque, casocontrário, pode gerar transtorno paranós e para o próprio município termos

Município de Maputo vai reordenar o estacionamento de viaturas

FFaall ttaamm mmeedd ii ccaammeennttoossnnaass uunn ii ddaaddeess ssaann ii ttáárrii aass

que procurar outro espaço paraestacionar nossas viaturas”, enfatizouNelson Martins.

Isaías João Matavel, funcionáriopúblico e condutor disse que não vianecessidade de se determinar umnúmero de carros que podem circularna cidade de Maputo porque não erarentável para os automobil istas e praa o município. Portanto, com a crisede transporte que se verifica emMaputo, ter carro virou umanecessidade e não um capricho.

Mércia Agostinho, estudante eautomobil ista disse essa atitude domunicípio não pode impor quesomente determinado número deviaturas a circular na cidade porqueestaria a violar o direito dos cidadãosde circular l ivremente. “ Determinaro número de carros que irão circularpor dia, o Conselho Municipal estariaa medir o bolso do cidadão e violara l iberdade de circulação e direitode uso de bens que os cidadãos têm”.

Amina Nofre

José Maneira

(C) debate. Doentes recorrem à farmácias privadas para comprar medicamentos

Abenida HO Chi MInh, cidade de Maputo

Page 5: Midialab edição 6

5PRODUTO EXPERIMENTAL DOS ESTAGIÁRIOS DO MÍDIA LABMÍDIALAB

SEXTA­FEIRA ­ 19/03/2016sociedadeMelhores alunos

podem dar aulas

MINEDH quer

harmonizar o currículo

Jihad poderá despedir

trabalhadores

A empresa madereira, J ihadMadeiras 2007 (JM7), que opera naprovíncia da Zambézia poderásuspender cerca de 200 trabalhadores,e encerrar a empresa em consequênciada dificuldade de venda do productono mercado internacional. Segundoo representante da JM7Ali Hawil , ofacto da lei de florestas impor a vendade madeiras com uma espessura de07 à 1 2, 5 cintimetros.

A Universidade pedagógica, nacidade de Maputo tem um plano deinserir os melhores estudantes dainstituição para dar aulas nas escolassecundárias, como forma de minimizaro nível de reprovações. Estainformação foi parti lhada pela pró˗reitora, Bendita Lopes, durante acerimónia de abertura oficial do anoacadémico, "a implementação do planovai depender das discussões queteremos.

Os conteúdos lecionados nas39 escolas privadas estrangeirasexistentes em Moçambique sãodiferentes das escolas públicasnacionais, razão pela qual leva oMinistério da Educação eDesenvolvimento Humano aharmonizar o currículo. Segundo oministro de Educação, Jorge Ferrãohá harmonização do currículo temcomo final idade evitar oconstrangimento.

O representante da HandicapInternational, Rui Maqueneapelou aos representantes da

sociedade civi l , em particular aosjornal istas que não excluam o rapaznas suas matérias relacionadas aviolência baseada em género. Esteapelo foi feito durante lançamento doGuia de Boas Práticas sobre aviolência baseada no género (VBG),produzido pela IREX no dia 1 0 deMarço no hotel VIP. Maqueneconsidera fundamental a inclusão dorapaz nas discussões, assim comonas publicações de matériasrelacionadas a VBG porque ele é oprincipal perpetrador deste acto, “temos notado que a mulher é a maisabordada quando falamos de qualquertipo de violência, no entanto nosesquecemos do emissor deste acto,que é o homem”. A fonte acrescentaque é necessário educar as criançasdo sexo masculino ainda cedo, paraque amanhã não contribuam paraeste tipo de comportamento.

Por outro lado, a representanteda save the children, Nássima Figiaconsidera o guia de extremaimportância, porque contribuirá naqualidade das matérias reportadaspelos jornal istas sobre VBG. Nássimaressalva que, no guia devia ter uminstrumento legal, que possa permircom que a mulher conheça os seus

Há exclusão de rapazes nasmatérias sobre VBG

direitos.O embaixador dos Estados

Unidos em Moçambique, Dean Pittmanconsidera o papel do jornal ista deextrema importância nodesencorajamento do uso da violência,em qualquer sociedade. Para Pittmanos jornal istas, assim como os meiosde comunicação social têm um papelmuito importante para moldar opensamento da sociedade.“Esperamos que com este guia, osjornal istas reportem mais histórias de

sobreviventes vítimas da violênciabaseada em género”.

Falando concretamente deMoçambique, o embaixador afirmaque ainda prevalece a violênciadoméstica, sexual e os casamentosprematuros, apesar de haver esforçospor parte de algumas individual idadesque lutam por um Moçambique melhor,onde a rapariga tenha os mesmosdireitos com o rapaz, assim comodireitos iguais a todos os cidadãos

De acordo com a Coordenadora

de Género e Mídia do Programa paraFortalecimento da Mídia, DérciaMeterula, a IREX já capacitou até omomento cerca de 90 jornal istas emmatérias de violência baseada emgénero, especificamente emcasamentos prematuros e tráfico depessoas. Meterula acrescenta que osjornal istas influenciam significamenteno quotidiano da sociedade e o guiaserá mais um instrumento que irábeneficiar os jornal istas na coberturade matérias relacionados a VBG.

“ Temos notado que a mulher é a mais abordada quando falamos de qualquer tipo de violência, no entanto nos esquecemos doemissor deste acto, que é o homem”, Rui Maquene

Os órgãos de informação em Moçambique aindacontinuam dependentes do poder político e económico.Esta informação foi avançada pela Isabel Manhiça,editora chefe e editora da secção de sociedade daTelevisão Independente de Moçambique (TIM), quandoparticipa da oitava secção de conferências do MídiaLab, no dia 1 1 de Março do corrente ano.

Segundo Isabel Manhiça, as empresas de mídianão têm capacidades financeiras para seautossustentarem, por isso são dependentes.“Nenhumatelevisão em Moçambique é independente, infel izmenteessa é a realidade do país”, lamentou Isabel.

Essa condição que os órgãos de informação seencontram, sujeita os jornal istas a fazerem matérias

por encomenda, que interessam aos seus patrocinadoresl igados aos poderes político e económico. “ Há assuntosque são banidos porque ferem o estado e muitas vezes,os repórteres têm de consultar ao editor se podem fazerdeterminadas matérias”, declarou Manhiça.

Infel izmente o jornal ista em Moçambique não é livrede escrever o que quer, pois, os editores chefes de redaçõesdo país querem assuntos polêmico e sensacionalistas.

As direcções comerciais influenciam a linha editorialdos órgãos de informação. “ As pautas que podem prejudicaros patrocinadores das empresas de mídia não sãoconsideradas pelos editores e, muitas vezes, não sãodifundidas apesar do repórter terem feito a matéria”,enfatizou Isabel Manhiça. (Amina Nofre)

Jornalistas moçambicanos sofrem influência por questões económicas

A segunda fase do Mídia Labcomeçou em jeito de um realityshow idéntico ao Big Brother. Adinâmica é outra e a rotina mudoupor completo em relação á primeirafase. Novas regras e mais práticaestão na dianteira da fase e a cadadia um novo ensinamento fica.

Amor próprio,desenvolvimento de meta-habil idades, orginização, pensarantes de falar e a importância decumprir padrões são alguns pontosque me marcaram no início dasegunda fase. Depois disso,iniciaram as sessões de Análisecom o facil itador Ari ld Drivdal, ondeapreendemos como organizar onosso pensamento e idéias numasequência lógica, e trazerpensamentos profundos sobredeterminados assuntos relevantes.

Mais do que analisarassuntos, o facil itador RicardoMendes fez-me perceber aimportância de aliar a relevânciado assunto que estamos a tratarà imagem (foto). As fotoscomunicam e, dependendo daforma como ela foi pensada, podecomunicar mais do que o texto quea acompanha.

Celeste Macuácua

Foto: Laque Francisco - Capa do guia que vai orientar jornal istas na cobertura de VBG

Sumeia Cassimo

Opinião

Page 6: Midialab edição 6

6 PRODUTO EXPERIMENTAL DOS ESTAGIÁRIOS DO MÍDIA LABMÍDIALABSEXTA­FEIRA ­ 19/03/2016 sociedade

Desconhecimento de lei prejudicaempregadas domésticas

E mpregadas domésticas temseus direitos violados pordesconhecerem a existência

do instrumento regulador desse tipode actividade. Em 2008, o governoaprovou um regulamento de Trabalhodoméstico, apenso a lei dotrabalho,trata-se do decreto nº 40/2008de 26 de Novembro.

O decreto diz que constituemdireitos dos empregados domésticos,receber remuneração na formaconveccionada; Ter assegurado odescanso semanal; Férias anuaisremuneradas e ser tratado comrespeito.

Entretanto, esses direitos sãomuitas vezes ignorados pelo patronatoque, aproveita-se do facto de suasempregadas não conhecerem a leido trabalho e a existência de uminstrumento regulador do trabalhodoméstico e da necessidade queestas têm de emprego. Por outrolado,o desconhecimento por partedos próprios empregadores resultanuma série de irregularidades.

O exemplo disso é Rosta AlbertoHomo, 32 anos de idade, natural deVilanculos, foi doméstica numaresidência na Cidade da Matola por5 anos,trabalhou os primeiros doisanos sem direito a férias, depois foiobrigada pelos patrões a trabalharaos domingos. Para além de lhenegarem um dia de descanso, Rostaconta que por vezes era espancadapelo patrão e proibida de ir a polícia

para denunciar o caso.Questionada sobre a existência

da lei que rege o trabalho domésticoRosta disse que não conhecia econfessou que se deixava espancarpelo patrão por que não tinha outrasopções de emprego e precisavacontinuar a trabalhar mesmo sujeitaa humilhação.

Tal como Rosta existem, umpouco por todo país, empregadasdomésticas que tem seus direitosviolados por desconhecerem aexistência do instrumento reguladordesse tipo de actividade.

Maria Júl io, que também praticamesma actividade, afirma ter sidodespedida da casa onde trabalhavacomo empregada doméstica no Bairrodo Alto Maé em Maputo, com maisduas colegas de trabalho por,supostamente, uma delas ter partidoum espelho de parede, sem assumira culpa, o que fez com que a patroadispensasse as três do trabalho.

Ela também conta que nomesmo Bairro, trabalhou numa casaem que o fi lho dos patrões, criançade quase 1 0 anos de idade, treinavajudo e quase sempre a agrediafisicamente, numa exibição dodesporto que praticava.

“Por vezes voltava a casa comdores porque a criança chutava-me,até na zona da barriga, e como erafi lho dos meus patrões, nada podiafazer.

Grande parte das empregadas

domésticas entrevistadas pelo MídiaLab mostrou certo receio em falardas várias irregularidades que sofremcom seus patrões.

Antónia Machava diz que ja teveduas empregadas mas não sabe daexistêcia do regulamento que rege otrabalho doméstico.

Em contrapartida Silvia Banzeque ja teve mais de 1 0 empregadasdomésticas e despediu a maioriadelas afirma que, “Os depedimentosacontecem porque muitas empregadasdomésticas não querem trabalhar ese preocupam apenas em ter salário.”Si lvia diz que conhece o regulamentodo trabalho doméstico mas para ela,este grupo deve saber que as regrasdo trabalho são estabelecidas pelodono da casa.

Muitas empregadas domésticas

assim como os empregadores, nãosabem que a lei do trabalho abrangeo trabalho doméstico.

Procuramos saber como oMinistério do Trabalho, Emprego eSegurança Social (MITESS) tem feitoa divulgação da lei que Regula otrabalho doméstico, e de acordo comuma fonte daquela instituição pública,a propagação da lei tem se feitoatravés de palestras em algumasinstituições e a partir de um programaque passa na Rádio Moçambique.

Questionamos também se existiaquem defende os direitos doempregado doméstico, a respostaque tivemos foi de que, naquelainstituição existem váriosdepartamentos que recebem queixas.feitas por empregadas domésticascontra os empregadores.

Antes de falar sobre asdreadlocks é preciso definir oque elas realmente são.Dreadlocks é uma palavra eminglês usada para descrever umesti lo de cabelo caracterizadopela apresentação de trançaslongas e finas.

Dreads é abreviatura dedreadlocks, ganharam maispopularidade com o movimentorastafari e o cantor Bob Marly,mas elas surgiram muito antes.Os rastafarians não foram osprimeiros a usar as dreads,existem vestígios no antigoEgipto que comprovam que esseesti lo de cabelo já era usado.

As dreads são apenas umesti lo de cabelo que algumaspessoas escolhem uti l izar porvários motivos: valorização ouorgulho étnico, rel igiosos ouesperituais, estéticos e políticos.São inúmeras as formas oumodelos de dreads, a escolhavaria de acordo com o tipo decabelo e esti lo pessoal.

Muitas pessoas associamesse esti lo de cabelo com faltade higiene, e acreditam queessas pessoas não lavam ocabelo, o que na grande maioriados casos não é verdade.Algumas normas de manutençãodas dreads incluem a lavagemdo cabelo pelo menos duasvezes por semana. Outropreconceito comum é que aspessoas que usam dreadlockssão usuários de drogas, maisconcretamente de canábis(suruma).

A conotação negativa dosusuários das dreads faz comque muitos homens e mulheresque admirem este tipo de trançasdesista de o fazer.

Moçambique é um paísconservador, o uso de dreadsainda não foi aceito pelasociedade, mas actualmenteregistam-se algumas mudanças,em Maputo já existem salões decabeleireiro especial izados notratamento das dreads.

Adoptar este esti lo detranças não é fácil . Costuma-sedizer que quem as usa é muitocorajoso, primeiro por modificarde forma radical o cabelo,segundo por não seguir a modae terceiro por l idar diariamentecom o preconceito. "Ter dreadsé ser original, valorizar acarapinha negra, rejeitar asextenções e tissagens que nãosão cabelos de negro" são aspalavras ditas por grande partedos usuários deste esti lo.

Ser ou não a favor desteesti lo é opção individual, master respeito por quem os usa éum dever de todos.

Sheila Magumane

Opinião

Muitas mulheres são violentadas por se ignorar os direitos trabalhistas

Page 7: Midialab edição 6

PRODUTO EXPERIMENTAL ESTAGIÁRIOS DO MÍDIA LABMÍDIALAB

SEXTA­FEIRA ­ 19/03/2016sociedade 7

Faltam contentoresde lixo no mercadode Katembe

O s vendedores do mercado earredores de Katembereclamam a falta de

contentores de lixo próximo aomercado e, afirmam que os fiscais doConselho Municipal lhes obrigam,toda vez que se queixam, para queeles mesmos contribuam e adquiriramos depósitos de lixo, apesar destes,os vendedores, pagarem taxas domercado e taxas diárias de recolhade lixo ao município.

Laura Alberto, 36 anos,vendedora, afirmou que não temcontentor de lixo próximo ao mercadode Katembe e, ela paga uma taxadiária de lixo ao fiscal do ConselhoMunicipal no valor de 1 5 meticais.“Toda vez que nós nos juntamos parafalar sobre os contentores,os fiscais do mercadodizem que nós, osvendedores do mercado eambulantes, é devemoscontribuir e comprar oscontentores de lixo”,desabafou. Disse aindaque as pessoas indicadaspelo Conselho Municipalpara fazer a l impeza na vila e arredoresdo mercado são apenas três senhoras,e elas não dão conta do trabalho todo.“A vila continua sempre cheia de lixopor recolher, principalmente na praia,próximo a zona dos pescadores. Aspessoas continuam a deitar l ixo narua e praia por falta de contentorespróximos”, acrescentou Laura.

Anete Celestino, vendedora,informou que tem uma barraca na vilade Katembe, nos arredores domercado, faz quatro anos, e de lá paracá o preço da taxa mensal do mercado,que inclui a taxa diária de lixo, subiu

de 280 meticais para 400 meticais, noentanto, as condições sanitárias, comoa limpeza das ruas, não melhoraram.“Não se justifica isso, pagamos astaxas para que o Conselho Municipaltrate do lixo mas no entanto, nósmesmos quem limpamos o nossopróprio espaço e tiramos o nossopróprio l ixo. Nada melhorou”, enfatizou.Ela referiu que as taxas que pagamsão elevadas, e não são iguais paratodos. “Nem todos pagam o mesmovalor. Têm barracas aqui que pagampreços elevados”, confidenciou.

A taxa de mercado que osvendedores pagam corresponde aovalor do espaço cedido pelo ConselhoMunicipal a estes, paradesempenharem suas actividadescomerciais, e estão inclusas taxas delixo, e tanto as barracas dentro domercado quanto as barracas nos

arredores domercado deKatembe devemefectuar opagamentodessas taxas. Deacordo com aResolução n°41 /AMM/201 5 de1 9 de Agosto

sobre Taxas dos Mercados Municipais,da Direcção de Mercados e Feiras,Conselho Municipal de Maputo, o valorreferente as taxas diárias de mercadovariam entre três meticais e 50 meticaispor metro l inear, e este valor deve serpago por vendedores de hortícolas,ambulantes e outras bancas depequeno comércio. Quanto ao valormensal pago pelos vendedores, variade 60 meticais a 6 000 meticais, istode acordo com o tipo de negócio etamanho das bancas.

No entanto, cada contentor delixo, plástico e com rodas, no esti lo C

Vendedores do mercado da Katembe e arredores reclamama falta de contentores de lixo próximo ao mercado. Osvendedores afirmaram que pagam as taxas referentes aolixo e ao espaço de venda mas, continuam sem contentoresno mercado e arredores. E que os fiscais do ConselhoMunicipal obrigam que eles mesmos contribuam e compremos contentores de lixo.

“Nem todospagam o mesmovalor. Têm barracasaqui que pagampreços elevados”

1 000, com capacidade de 1 000 litros,se encomendado pela internet atravésdo site www.mercadolivre.com.br, noBrasil , custa 1 399 R$, que convertidopara o metical custa aproximadamente1 9 mil meticais. Este contentor poderiaser comprado com o valor adquiridodas taxas de mercado pagas pelosvendedores, e entregue à vila deKatembe para uso pessoal do mercadoe arredores, de forma a satisfazer asnecessidades de deposição de lixo,pois existe cerca de 50estabelecimentos comerciais, desdebancas, barracas, pastelarias e bares,só na entrada e ao redor da vila. Comoexemplo, multipl icando o valor dastaxas de mercado mensais de 700meticais, num prazo de 1 2 meses,com o número de dezestabelecimentos como barracas demercearia, previsto na Resoluçãocomo sendo do tipo A, é possívelobter-se um valor de 84 mil meticais,e com o valor poderia se adquirircontentores.

Amélia Nhamtemba, vendedora,explicou que a maioria dos vendedoresdo mercado de Katembe e arredoresnão sabem exactamente porquecontinuam a pagar as taxas demercado, uma vezque o dinheiro nãoestá sendocanalizado pararesolver a situaçãode higiene elimpeza de todavila de Katembe.Acrescentou queera costumepagarem as taxasna Direcção deMercados e Feiras do ConselhoMunicipal, na baixa da cidade deMaputo, mas que actualmente sãoorientados a efectuar o pagamentocom os fiscais do mercado.

Guilherme Tembe, Técnico Fiscaldo Conselho Municipal e Chefe domercado de Katembe, confirmou queos vendedores pagam uma taxamensal e diária correspondente aopagamento do espaço que ocupamno mercado e arredores, à Direcção

de Mercados e Feiras do ConselhoMunicipal, e que o município faz alimpeza dos espaços uma vez porsemana, às quintas-feiras mas,explicou que os vendedores têm odever de manter seus próprios espaçosl impos, mesmo depois de pagar astaxas ao município porque não háfuncionários de limpeza suficientes.

Vanessa Cumbe, vendedora,confessou que os vendedoresnos arredores do mercadopagam as taxas pelo dia dedomingo, o que não erasuposto acontecer. “Somosentregues um cartão para oregisto de pagamento, ondeapenas deveríamos marcare pagar pelos dias úteis detrabalho, e em caso dedoença ou licença para ficar

em casa não deveríamos pagar mas,os fiscais dizem que devemos pagarpor estes dias também”, explicou.

Manuel Domingos, tambémvendedor, contou que além de pagaro aluguer da barraca paracomercial izar seus produtos, ele pagatambém mensalmente uma taxa novalor de 700 meticais ao ConselhoMunicipal pelo espaço, e confirmouque nem todos os vendedores pagamo mesmo valor, “algumas barracas

pagam mais caro que as outras”.Manuel acrescentou que tem apenasum único contentor usado por todavila de Katembe para se deitar l ixo.

Francisco Gomes, morador navila de Katembe, declarou que ocontentor não satisfaz as necessidadestanto dos vendedores quanto dosmoradores da vila, por estar longe domercado, pois os vendedorespercorrem uma distância de quasedez metros para deitar o l ixo. “Sehouvesse um contentor próximo aomercado, eles deitariam o lixo lá. Porisso deveria ser obrigatório que todasas barracas tivessem um depósito delixo. O Conselho Municipal tem fiscaisque cobram taxas aos vendedores,então devem comprar contentores delixo para o mercado e arredores”,opinou.

Gomes faz parte da AssociaçãoAmigos da Katembe, que faz a recolhado lixo na praia da Katembe, e jápropôs ao Conselho Municipal queadquire-se contentores para usopessoal do mercado e barracas nosarredores, de forma a impedir que osvendedores continuassem a deitar l ixona praia mas, “a proposta não foilevada em consideração”. O cheiroque vem do lixo prejudica e incomodaos moradores.

"Sehouvesse umcontentor próximoao mercado, elesdeitariam o lixo lá"

{

{

Lixo depositado pelos vendedores, atrás de suas barracas, na praia de Katembe

Cartão de vendedor

O único contentor atrelado usado para deitar l ixo

Keite Branquinho

Page 8: Midialab edição 6

8 PRODUTO EXPERIMENTAL DOS ESTAGIÁRIOS DO MÍDIA LABMÍDIALABSEXTA­FEIRA ­ 19/03/2016 sociedade

Ex-reclusa denuncia corrupção eentrada de drogas na prisão

Tânia, jovem que passou dois anos presa na CadeiaFeminina de Ndlavela, no município da Matola,província de Maputo, acusada de tentativa de

assassinato, fala de escândalos de corrupção, prostituiçãoe entreda de drogas naquela instituição penitenciária.

Ela própria foi vítima de corrupção, foi obrigada apagar um dinheiro para ser solta. Uma cobrança il legal,pois era seu direito ser solta, no âmbito do indulto de 1 000reclusos, proclamado pelo Presidente da República, Fi l ipeNyusi, em em 201 5.

“Fui cobrada um valor para sair, e achei que erainjusto porque eu já tinha a metade da pena cumprida,informei meu pai sobre o assunto e não sei que tipo denegociação meu pai fez, mas sei que, ele pagou 3.500meticais, para eu sair”, lamenta Tânia.

Violação sexual, consumo e entrada de drograsA jovem denuncia a entrada de drogas para dentro

da prisão, “ví alí dentro mulheres aconsumir drogas, em frente dosguardas, que também são coniventes.Por outro lado as drogas sãointroduzidas pelos famil iares dosreclusos, quando iam fazer visitas, porexemplo em pacotes de chips nasalmofadas”, explica.

Tânia diz que os guardasprisionais estão envolvidos com aprostituição no recinto prisional “osguardas têm exigido sexo àsprisioneiras, em troca de comida, produtos de higiene,entre outras necessidades, por vezes têm vindo homensde fora para se envolverem com as prisioneiras”acrescentou.

Ana Paulo, nome fictício, diz que tem prestadoserviços sociais naquela prisão, e que para ela asdeclarações da Tânia não são novidades. “Quando fomosrealizar um almoço com presidiárias no dia 7 de Abri l , edurante a festa ví uma reclusa a consumir álcool diantedos guardas”.

A fonte afirma que das vezes em que fez visitasáquele estabelecimento penitenciário, as prisioneiraseram obrigadas a fazer sexo com os guardas em trocade alguns produtos de higiene.

Direitos Humanos nos estabelecimentos prisionaisem Moçambique

Custodio Duma, Presidente da Comissão Nacionaldos Direitos Humanos, afirma que já acompanhou casosde consumo de drogas nas cadeias, mas já faz algumtempo, e não foi na cadeia feminina, mais sim na B.O.“Isso e um caso que fere os direitos humanos” acrescentou.

Para além desses problemasos prisioneiros têm falta de camas,assistência médica emedicamentosa entre outros.

Um estudo sobre a situaçãodos direitos humanos nosestabelecimentos prisionais emMoçambique mostra que a políciae as instituições prisionais do paístem violado sistematicamente osdireitos dos reclusos.

A pesquisa foi real izada peloCentro de Estudos Moçambicanos e Internacionais, nacadeia feminina de Rex, na Penitenciária Industrial deNampula, no Centro de Reclusão Feminina de Ndlavelae na Cadeia Civi l de Maputo.

Lentidão de projecto deixa famíl ias agastadas

Famíl ias residentes na área abrangida pelo projectode vedação do muro do cemitério de Lhanguene, reclamamda demora do processo de reassentamento por parte doMunicípio de Maputo.

“Esse projecto de sairmos daqui começou há muitotempo. Dizem que vamos sair daqui mas até hoje sóvieram marcar as casas e nunca voltaram”, explicou Alda

AntónioBambo, chefe do quarterão 54.João Fernando, dono de uma das casas marcadas

reclamou que “há 1 7 anos que fazem promessas de nostirarem daqui, o sítio que estava reservado para nós nozimpeto e Marracuene já está ocupado”.

Mesmo vivendo de promessas, as famíl ias esperamansiosas pelo reassentamento, pelo facto de estarem

"Vi alí dentro mulheresa consumir drogas, em frentedos guardas, que tambémsão coniventes"

cansados de viverem apertados porfalta de espaço para as criançasbrincarem. “Queremos sair daquiporque vivemos apertados, vivemostrês famíl ias no mesmo quintal de formaapertada e por falta de espaço ascrianças saem vão brincar no cemitério,não sabem o que tumulo”, lamentouAlda António.

“Quando vamos sair nãosabemos, mas todos queremos sairdaqui”, acrescentou Samuel Bambo,chefe do quarteirão55.

No quarteirão23, algumas famíl iasabrangidas peloreassentamento jásaíram. A famíl iaCassimo que temquatro casas nomesmo quintal diz quenão pode sair porquesó atribuíram terreno aduas casas, e dessasuma já foi dada dinheiro para serconstruída no novo terreno no grandeMaputo.

“ Não podemos sair sem ter asituação das outras casas resolvidasporque cada casa tem seu dono. Se

formos a sair não vão resolver oproblema que se arrasta há três anos”,explicou Marta Cassimo.

Alguns moradores como AlbertoMutana, de 21 anos de idade, têm ocemitério para alem de vizinho umafonte de renda.

"Sou vendedor de água nocemitério a quatro anos, nasci emGaza e vim à Maputo me hospedarem casa dos meus tios. Por mêsconsigo com a venda de agua e a

limpar as campa ter umorçamento dequinhentos a milmeticais e com essevalor consigo sustentarminha esposa" ContouMutana.

Quandoprocurado o ConselhoMunicipal da cidade deMaputo, na pessoas dosenhor FlorentinoFerreira, Director da

Salubridade de cemitério, foi nosaconselhado a procurar o director doCemitério, que ate o fecho da emissãodo jornal não se mostrou indisponívelem recebera nossa equipa dereportagem.

"Não podemos sair sem ter a situação das outras casas resolvidas porque cada casa tem seu dono" - Marta Cassimo

“Queremos sairdaqui porque vivemosapertados, vivemostrês famíl ias no mesmoquintal de formaapertada e por falta deespaço as criançassaem vão brincar nocemitério,

{

{

Famíl ias são obrigadas a viver no cimtério por incumprimento de projecto

“Fui cobrada um valor para sair, e achei que era injusto porque eu já tinha a metade da pena cumprida, informei meu pai sobre o assunto enão sei que tipo de negociação meu pai fez, mas sei que, ele pagou 3.500 meticais, para eu sair”, lamenta Tânia

Cofe Cumba

Page 9: Midialab edição 6

PRODUTO EXPERIMENTAL DOS ESTAGIÁRIOS DO MÍDIA LABMÍDIALAB

SEXTA­FEIRA ­ 19/03/2016educação 9

Alunos pedem a revisão da norma queproíbe uso de celulares

P assado um mês apos aproibição de telemóveis nassalas de aulas, alunos e

professores dizem que a medida éboa mas precisa ser revista porquetem implicações negativas para osalunos.

“A medida não foi uma sugestãoou uma opinião que os alunosconsentiram a prior, mesmo para mimcomo professor foi difíci l , mas cáfunciona assim, se foiaprovado cumpri-se”disse Dionísio Jafete,professor de física naEscola FranciscoManyanga.

No entanto, oprofessor de Física vêa medida implantadapelo ministério comoboa mas ‘e da opiniãoque deveria ser revistadevido as TIC’s. “Nos dias de hojetrabalhamos muito com as Tecnologiasde Informação, e falar das TIC’s implicafalar dos celulares que são usadospara aceder as bibl iotecas virtuais”,disse Dionísio.

Albertina, aluna da EscolaSecundária Francisco Manyanga, éda opinião que antes de o ministériointroduzir medidas tinha que resolverproblemas de internet, principalmenteem escolas secundárias. “A medida épositiva mas não temos internet naescola e nem sempre os livros têminformações para realizarmos certostrabalhos, o celular nos ajudava ainvestigar e resolver alguns trabalhos

que os professores nos dão nas salasde aula. Desde a proibição, quandotemos trabalhos que não encontramosno livro deixamos em branco a esperado professor dar a resposta”, reclamouAlbertina.

Carlota, aluna da EscolaSecundária Eduardo Mondlane, nãocomparti lha da opinião. “Algunscolegas aproveitam as pesquisas quefazem durante os trabalhos para entrarnas redes sociais, o que é mau, coma medida os alunos vão criar hábitode procurar os temas nos livros e

assim criar hábitos deleitura”, disse Carlota.

Para Dionísio Jafete oproblema não está notelefone mas sim no seumau uso. “Os nossos alunosdevem ser chamadosatenção sobre como usar ocelular, fazer elesperceberem o quanto ocelular pode ser úti l para a

vida académica. Eles podem discutirciência a partir de investigações feitasno celular”, disse Jafete.

Para além das TIC’s, algunsalunos que dependem de transportesescolares para voltarem para casa,dizem que se sentem prejudicadoscom o não uso de celulares nas salasde aulas.

Joque, aluno da FranciscoManyanga, entra as 7h e sai as 1 2h,pelo facto do transporte ter que buscaroutros alunos em outras escolas ecumprir com o horário, por vezesquando a aula demora ela é obrigadaa apanhar “chapa” para chegar emcasa. “Somos obrigados a desligarou a por o celular em silêncio total, e

quando o transporte escolar chega omotorista l iga ou manda mensagemquando não respondo ou não atendoele vai embora pensando que nãoestou na escola”, lamentou Joque.

Apesar de por vezes perder otransporte escolar, Joque acha amedida justa e acrescenta que“passamos a nos concentrar mais nasaulas”, disse a aluna.

O Ministério da Educação eDesenvolvimento Humano decretoua proibição do celular em salas deaulas para professores e alunos, no

entanto alguns alunos reclamam donão cumprimento por parte doslecionadores. “ Acho injusto, porquenós como alunos somos obrigados acumprir com a medida mas algunsprofessores ficam a mexer o celularna sala de aula”, questionou Sara,aluna da Escola Secundária EduardoMondlane.

De acordo com directora nacionaldo Ensino Secundário, SamariaTovela, citada pelo jornal notícias (9de Fevereiro de 201 6), o aluno quefor encontrado a manejar o celular na

sala de aulas sera retirado o aparelhoaté o final de ano.

Xadreque, aluno do EduardoMondlane, não se viu prejudicado coma proibição. “A medida não afectoumuito porque desde sempre que nosproibiam usar celulares na sala deaula” disse Xadreque.

A medida anunciada duranteabertura do ano lectivo 201 6, tem emvista a concentração do professor edo aluno nas matérias l igadas aoprocesso de ensino-aprendizagem.

"A medida épositiva mas nãotemos internet naescola e nemsempre os livrostêm informações"

Mariol ina Ulisses

Alunos aprovam a proibição mas pedem a revisão da medida

Transportes escolares nãotransmitem a segurança

Nos horários de entradas esaídas das escolas, estas, ficamrodeadas de carrinhas que levam ebuscam os alunos. Nos últimos anos,pais e encarregados de educaçãodeixaram o transporte dos seuseducandos sob responsabil idade dascarrinhas escolares que levam ascrianças de casa para a escola e daescola para a casa. Os motoristastransportam em média, 1 5 a 20 alunospor viagem.Se por um lado essascarrinhas transportam os alunos com“segurança”, na medida que estes nãotêm de passar por longas esperas nasparagens e enfrentar a crise detransportes, sobretudo na hora deponta, por outro lado, essas mesmascarrinhas não são efectivamenteseguras, visto que por vezes, algunsalunos são simplesmente “esquecidos”e devem permanecer nas escolas atéque os encarregados os venhambuscar.

I lídio Armando, professor eDirector Pedagógico do curso nocturnoda Escola Primária Fil ipe SamuelMagaia, referiu que várias vezes, osmotoristas se esquecem de algumascrianças. I lídio acrescenta que quando

isso acontece, fica numa situaçãocomplicada porque vê-se obrigado aprocurar nos processos do cursodiurno os contactos dos pais.

Dércia Moisés, mãe eencarregada de educação de doisalunos, tirou dos motoristas dascarrinhas a responsabil idade detransportar os fi lhos. “O meu fi lho maisvelho já foi esquecido várias vezes eteve de aguardar por mim na escolao mais novo é malandro, por issoprefiro levá-lo pessoalmente”.

Afonso Solomone, segurançada Escola Primária do Alto-Maé, contaque vezes sem conta teve de usar ocrédito do seu telemóvel paracontactar os pais dos alunos quehaviam perdido as carrinhas aoregresso e algumas vezes, teve elemesmo, de levar as crianças às suascasas. Isabel António, 1 5 anos, alunada 1 0ª classe na Escola SecundáriaEduardo Mondlane Xitchlango, vai àescola de carrinha e revelou que oseu motorista já se esqueceu decrianças por duas vezes.

“A primeira vez que o motoristase esqueceu de uma criança, l igoupara os pais para a irem buscar. A

segunda, l igou para um outro motoristae pediu que ele levasse a criança paraa casa.

Maria João, nome fictício de umafonte que não quis ser identificada,diz ter conhecimento da falta decompromisso dos motoristas, masdeixa os seus fi lhos nessas carrinhaspor falta de opções.

“O meu fi lho já foi esquecido porduas vezes e tive de buscá-lo. Nãotirei as crianças das carrinhas porquevivo no Zimpeto e eles estudam na

cidade. Sou docente e com o meuhorário, fica complicado levar e buscá-los pessoalmente”. Os motoristasnão assumem que tenhm passadopela situação de ir embora semrecolher todas as crianças. Masadmitem que o mesmo temacontecido.

“Por vezes tem alguns colegasmeus que deixam crianças nasescolas, mas isso nunca aconteceucomigo. Transportar crianças não étarefa fácil , é estressante e requer

muita paciência”, disse EduardoAntónio, motorista de transporteescolar.

Afonso Solomone,carinhosamente chamado de doutorAfonso, aponta a falta de noção dotempo como o factor que faz com quemuitas crianças percam as carrinhasno regresso à casa. Quando as aulasterminam cedo, estas distraem-se nabrincadeira e não calculam a hora deir ao ponto onde apanham otransporte. (I lídia e Keite)

{

Foto: MMO

Page 10: Midialab edição 6

1 0 PRODUTO EXPERIMENTAL ESTAGIÁRIOS DO MÍDIA LABMÍDIALABSEXTA-FEIRA - 1 9/03/201 6 ambiente

Lei da caça furtivaé mal aplicada emMoçambique

A caça furtiva continua adevastar a fauna bravia, emMoçambique. Dados actuais

mostram que a popula¬ção deelefantes reduziu metade, em cincoanos. Especial istas assumem queexistem lacunas na implementaçãoda lei da caça furtiva econsequentemente impactos para aeconomia do país.

Segundo o biólogo Carlos Bento,há cinco anos existiam emMoçambique cerca de 20.000 elefantese agora, 1 0.000. "É preciso que setomem medidas para podermosrecuperar populações em declínio eaquelas que já desapareceram",acrescentou Bento.

Existem no país dois tipos decaca furtiva, a de subsistência e acomercial. Para o especial ista, a caçafurtiva comercial tem mais impactosnegativos, de ordem socioeconómica,ecológica e cultural.

Carlos Bento, disse que a caçafurtiva leva a uma redução de efectivosda fauna que pode trazerconsequências para a população dasespécies envolvidas, interfere nafunção ecológica, e ainda nos cofresdo estado, tomando em consideraçãoque turistas que visitam o país pagam

uma taxa. "Caça furtiva é um roubo àsociedade, pois a fauna pertence atodos nós", desabafou.

Culturalmente, o nossointerlocutor disse que as pessoas quese alimentam, por natureza, de carnede caça, ou usam algumas partes dosanimais para curativos não terão essesprodutos derivados da fauna se nãoforem tomadas medidas para interferira caça furtiva.

A pesca furtiva também se fazsentir no país. "Navios que aparecemclandestinamente, durante o dia,quando anoitece retiram váriasespécies do mar". O governo aindanão sabe muito bem como controlaressa situação, apesar de ter algunsbarcos, que não são suficientes, parapatrulhar toda costa", declarou CarlosBento.

Sobre métodos que podiam serimplementados para atenuar estefenómeno, Carlos sugere que ogoverno adopte ferramentas recentesem termos de tecnologias, como, porexemplo, drones, que podem voardurante mais de 24 horas, reportarema situação da costa e enviarem ainformação em tempo real.

Em relação a fiscal ização da caçafurtiva, o especial ista disse "temos

muitas leis bonitas mas aimplementação é muito fraca. É precisoque se criem mecanismos desensibi l ização da sociedade e doslegisladores para fazerem uso dasleis. "Até as notas de dinheiro podemter de passar por um processo, se afauna desaparecer, pois não vamospoder continuar com imagens deanimais que já não temos", observouCarlos Bento.

A caça hoje é punida no país. "A

lei tem de ser objecto de uma revisão,pois é um pouco injusta e penaliza ocaçador a favor do traficante" declarouCarlos Serra. Recorde-se que a leiprevê até 1 2 anos de prisão.

Para Carlos Serra, jurista eambiental ista, o impacto é tambémambiental. "A partir do momento emque o país perde um determinadoconjunto de espécies, imediatamenteassistimos a um declínio acentuado eum desequilíbrio de toda a cadeia",

afirmou o ambiental ista.Sobre os impactos económicos,

o ambiental ista, como o especial istaCarlos Bento, disse que a caça furtivasignifica uma série de prejuízos naeconomia nacional. Mas deve-seperceber que a mesma estádirectamente associada àcomercial ização, ao tráfico e aexportação ilegal. "E na cadeia devalores quem mais ganha é quem sebeneficia do negócio i legal, quem está

Lixo preocupa a Associação Amigos de KatembeA praia de Katembe, na Província

de Maputo continua suja, mesmodepois de iniciativas de recolha de lixoestarem a ser realizadas porassociações como a Amigos daKatembe, que tentam garantir al impeza da praia e sensibi l izar osmoradores sobre o impacto ambientalse continuarem a deitar l ixo na areiada praia ou em outros locais nãoindicados como depósito.

“Apesar de colocarem ostambores de lixo na praia, as pessoascontinuam a deitar l ixo na areia dapraia e, isso faz com que as iniciativasde recolha de lixo não sejam efectivas”,declarou Francisco Gomes, moradore membro da Associação Amigos daKatembe. Francisco contou que depois

dos membros da Amigos da Katembelimparem a praia, às segundas-feiras,as pessoas continuam a sujar a praiadurante os outros dias da semana, eprincipalmente no fim-de-semanaseguinte, sábados e domingos.

“As pessoas deitam lixo comogarrafas, latas e plásticos na areiaquando vêm passear na praia, aossábados e domingos principalmente,e nunca recolhem seu lixo nem mesmojogam nos caixotes que estão napraia”, explicou. Quando questionadose até agora as iniciativas estão afalhar e sobre o que as faz falhar, oactivista respondeu que estas falhampor falta de uma educação cívica doscidadãos sobre os cuidados com omeio ambiente, e por falta de fiscais

de l impeza nas praias.Porém, Gomes acredita que a

limpeza na praia da Katembe melhorouem relação há uns anos atrás, eafirmou que os resultados definitivoslevam tempo a serem observados.“Como disse antes, ainda falta aeducação cívica ser observada”,enfatizou. Ele contou que o lixorecolhido na Katembe é usado comomaterial reciclável por algumasempresas parceiras às associaçõesresponsáveis por campanhas derecolha de lixo nas praias. E exortoua imprensa a escrever mais artigossobre a preservação do meio ambienteda Katembe, como forma de educara sociedade para manter as praiasl impas. (Keite Braquinho)

O ambiente deveser protegido

Exportação ilegal

causa prejuízo

A questão do ambiente ébastante sensível e não tem merecidoa devida atenção, diz Fátima Mimbire,coordenadora de pesquisa para aindústria extractiva, no Centro deIntegridade Pública.Para ultrapassar,ela sugere mais trabalho para educaras comunidades e outros interessadossobre as questões ambientais. Taldeverá realçar “a importância daparticipação activa de todos na

Madeireiros, que operam noterritório nacional, usam documentaçãofalsa. Por exemplo, a madeira cortadana província de Tete é declarada comoproveniente da Zâmbia para influenciara redução das taxas de exportação.As falsas declarações de proveniênciadevem-se as condições inadequadasde transporte da madeira.

Madereiros

desobedecem lei

Desde um de Janeiro é proibidoexplorar o pau-ferro no país, porémvários camiões foram apreendidoscontendo esta espécie. O pau-ferro,a espécie de madeira mais compradapelos chineses, e está a escassear naZambezia. Distritos que outrora foramverdadeiros repositórios de repenteficaram sem aquela espécie. Devidoà pressão do merca¬do, algunsoperadores invadem o último reduto

EL Niño reduz

intensidade méados

Cientistas da OrganizaçãoMeteorológica Mundial concluíram queo El Niño já passou pelo seu pico, masque apesar disso continuará a ser umfenómeno forte que influencia o clima,como a seca que fustiga o Sul deMoçambique.As temperaturas dasuperfície do oceano "passaram dos2 graus Celsius", confirmando que oEl Niño registado entre 201 5 e 201 6foi um dos mais fortes já vistos.

Magda Mendoça

Foto: Inocêncio Albino - Praia da Katembe

É urgente o uso adequado da lei

Page 11: Midialab edição 6

MMÍÍDDIIAA LLAABBInformando com responsabil idade, rigor e ética

PUBLICIDADE

facebook/mmidialabwww.midialab.org/www2

Page 12: Midialab edição 6

1 2 PRODUTO EXPERIMENTAL DOS ESTAGIÁRIOS DO MÍDIA LABMÍDIALABSEXTA­FEIRA ­ 19/03/2016 curiosidade

Um estudo divulgado na RevistaPNAS, realizado por cientistas domundo todo, revelou que o café éantidepressivo e mostrou o por quê.Estudos anteriores já relataram queo stress pode ser um dosresponsáveis por alguns transtornospsiquiátricos, em especial adepressão. Também já tinhamobservado que em períodos de stress,muitas pessoas tendem a aumentaro consumo de café e que a incidênciada depressão, incluindo o risco desuicídio, são inversamenteproporcionais ao do consumo decafeína.

Os pesquisadores jáimaginavam que o café podia ter umefeito preventivo para evitar adepressão ocasionada pelo stress.O que não se sabia até então eracomo o café exercia esse efeito.Quando a cafeína é ingerida, osprincipais alvos dela no cérebro sãoos receptores de adenosina A2A e o

foco dos cientistas foi observar essesreceptores mais de perto.

Os receptores A2A encontram-se na membrana exterior das célulase têm a missão de transmitirmensagens para o interior delas, alémde regular neurotransmissoresimportantes como o glutamato(envolvido na memória) e a dopamina(envolvida nas emoções). Quando acafeína se fixa nesses receptores,deixa-os inativos.

Para comprovar o papel destesreceptores no stress e na depressão,os pesquisadores realizaram umasérie de experimentos com ratos quesofriam de stress crônico. Osresultados revelaram que asconsequências mais prejudiciais dostress podem ser prevenidas de váriasmaneiras distintas, mas todas têm emcomum o bloqueio dos receptores A2A.

Por exemplo, ratos transgênicosque não têm os receptores A2A emsuas células não chegam a

desenvolver depressão como sequelado stress. Ao mesmo tempo, os ratostratados com medicamentos quebloqueiam os receptores A2A e osratos que tomaram cafeína diluída naágua, também não desenvolveramdepressão.

“Estes resultados sugerem queos receptores A2A têm um papelcentral no controle do transtorno dehumor”, concluiu o coordenador doestudo da Universidade de Coimbra(Portugal), Rodrigo Cunha, ementrevista à Revista PNAS. Eletambém afirma que “as drogas quebloqueiam esses receptores podemser uma estratégia para l idar com oimpacto negativo do estresse crônico.”

Além de comprovar que o caféé antidepressivo, o estudo certificoumais um efeito benéfico do café, quejá é considerado cientificamenteimportante para a redução do riscode desenvolvimento de diabetes tipo2, cálculos bil iares, cirrose hepáticaou perda de memória com a idade.

A moda de tirar selfies noslugares mais perigosos do mundo(em cima de torres, perto de animaisselvagens) não tem vez na cidadede Mumbai, na Índia. O governo delá proibiu a prática de selfies em 1 6lugares da cidade. E nem adiantatentar esconder a câmera e tirar afoto escondido - qualquer um quepisar nesses pontos proibidos correo risco de receber uma multaequivalente a R$ 70.

Tanta preocupação se deveao alto índice de acidentescausados por tentativas frustradasde tirar esse tipo de foto. No mundo,há registro de 49 mortesrelacionadas a selfies desde 201 4- das quais 1 9 aconteceram naÍndia. Um dos últimos casos

aconteceu em janeiro, quando umajovem de 1 8 anos despencou dotopo de uma pedra e caiu no mar.Outra pessoa se jogou na águapara tentar salvá-la, em vão, os doismorreram afogados.

A polícia deve colocar placasalertando sobre a proibição emalguns lugares turísticos, como nosfortes Sion e Worli , e em BandraBandstand (orla da praia deMumbai, na foto abaixo).Outrospaíses também andam preocupadoscom selfies perigosas. Algumascidades do Japão baniram fotosnas estações de trem. A Rússiacomeçou uma campanha paraavisar sobre os perigos dessasselfies, com a lista dos maisperigosos lugares, como topos de

Índia ocupa primeiro lugarem selfies perigosas

Até o fim deste século, ofacebook vai se tornar um cemitériodigital , segundo a previsão de umpesquisador dos Estados Unidos,Hachem Sadikki, doutorando emestatística na Universidade deMassachusetts.

Em 2098, a rede social, commais de 1 ,5 bilhão de usuários hoje,terá mais perfis de pessoas mortasdo que de vivas, afirma ele.

A Previsão do pesquisadorconsultado pela plataforma onlineFusion parte do pressuposto de queo crescimento da rede social vai

estagnar e que todos os perfis serãotransformados em memoriais. Ele sebaseou em dados demográficos e ofacebook. O modelo estatísticotambém parte da hipótese de que, embreve, o crescimento da rede socialvai estagnar.

Hoje, mais de 60% dos usuáriosdo Facebook têm menos de 35 anos,e menos de 5% têm mais de 65. Seo crescimento global da rederealmente estagnar, ou se ela perderapelo entre os jovens, o número demortos com perfi l na plataforma poderásuperar o de vivos antes mesmo do

fim do século. De acordo com o blogDigital Beyond, 972 mil usuários doFacebook nos EUA vão morrersomente neste ano.

Quando adeptos da redemorrem, seus perfis podem sertransformados num memorial por seusfamil iares e amigos, permitindo queeles comparti lhem memórias natimeline do falecido. "A transformaçãode uma conta em memorial tambémajuda a protegê-la, impedindo quepessoas se conectem a ela", diz acentral de ajuda do facebook emportuguês.

Facebook terá mais mortos do que vivos em 2098

Café é antidepressivo, e oscientistas descobriram o por quê!

Foto tirada numa torre

Cada vez mais pessoas morrem a fazer selfiesque atentam a vida e Índia é líder nessa lista

Page 13: Midialab edição 6

1 3PRODUTO EXPERIMENTAL DOS ESTAGIÁRIOS DO MÍDIA LABMÍDIALAB

SEXTA­FEIRA ­ 19/03/2016entrevista

"Quero implementar código deconduta nos Mambas"- disse Abel

O novo seleccionador dosMAMBAS Abel Xavier, éresponsável da selecção "A"

e de sub-23, com contrato de doisanos. O técnico luso-moçambicanochegou e já fala das alterações quepretende fazer selecção nacional, demodo a ter uma equipa coesa evencedora.

O antigo defesa da selecçãoportuguesa, teve o primeiro teste comos jogadores dno campeonato interno,com objectivo de observar e mostrarseu modelo de trabalho.

MíDIALAB - Teve o primeirotreino com jogadores domoçambola, queobservações tirou?

Abel Xavier-Primeiro tivemosque visitar osclubes que jogamno Moçambola,para saber

como trabalham, e conhecer osjogadores. Era fundamental para aproximação da FederaçãoMoçambicana de Futebol aos clubes.Vamos continuar fazeracompanhamento dos atletas nosclubes, pois o trabalho da selecção émuito curto.

ML - Que observações tirou

no primeiro treino?AX- tivemos oportunidade de

conhecer os atletas numa data nãoFIFA, em que os clubes não temresponsabil idade de despensar seusjogadores. O estágio que na praticadeu para tirar muitas informaçõessobre a qualidade dos jogadores.Neste encontro dei a conhecer asmudanças que vão aparecer, caso decódigo de conduta por parte dosatletas nivel de trabalho profissional.Na comunicação social, os atletasdeve saber quando e como darentrevistas. Em linhas gerais o estágiofoi produtivo, porque foi uma logísticabem implementada no diz respeito astarefas dadas.

ML - Como avalia osjogodoresinternos?

AX-Existetalento, apesar de

ter cons tatado problemastacticos, que vem desde aformação.Vamos avaliar o despenhode forma a melhorar, mesmo sabendoque na selecção, os atletas tem poucotempo na selecção, assim poderá

crescer profissionalmente.

ML - Durante o estágio deuma semana quais foram asexigências?

AX-Exigimos aos jogadores,maior entrega, no novo modelo detrabalho. Estamos a iniciar novodesafio, portanto isso requerer acompreensão. Foi uma semana queréportamos aos jogadores as regrasque deve ser implementadas, de modoter equipa coesa, com valores moraispara se tornar mais competitiva.

ML - Durante o estágio,houve ausência de algensjogadores seleccionados oque aconteceu?

AX-Respeito a gestão dos clubes,dos seus objectivos domésticos, ondeestão na pré-época para o inicio domoçambola e a Liga Desportiva deMaputo e Ferroviário de Maputo , paraprepara se para as afrotaças, mascom tempo, houve aumento dos atletasque foi bom para trabalho como estavaprevisto. Falei com os presidente doMaxaquene, da Liga e do Ferroviáriode Maputo, para imformar daimportância deste estágio.

ML - Que grupo pensa quetem?

AX-É um grupo novo, comambição, estamos criar uma equipaganhadora. Devemos deixar de pensarque teoricamente somos uma selecçãofraca que os outros, devemos nos

posicionar de forma organizada parapuder olhar o adversário, olho a olhosem receio.ML-Falou da implementaçãodo código de conduta, comopretende introduzir ?

AX-O jogador faz aquilo quedeixamos de fazer, o mesmo obedeceregras e devem ser cumprimidas numgrupo de trabalho. Para alcancer osobjectivos traçados, comprir regrasno seio do trabalho. Mesmo antes deser técnico da selecção acompanhava,o que acontecia no grupo, não haviacódigos de condutas, por isso, hánecessidade melhorar as condiçõesdos atletas.

ML - Caso um jogador sejaconvocado e nao pareça,que medidas vai tomar?

AX-Vou procurar entender omotivo da sua ausência, mas o atletapor respeito deve comunicar porescrito a equipa técnica. Não vouaceitar falta de respeito eresponsabil idade no grupo, e casoverficar, terá uma sanção.

ML-Como pretendeacompanhar os atletasseleccionaveis e comoirá trabalhar?

AX-Vamos criar um ficheiro dosjogadores e novos talentos de sub23 que futuramente possa representarselecção ''A''. Com objectivo de sabera sua evolução nos seus clubes, ondevou análisar e tomar decisões.

ML-Como será feito oacompanhamento dos atletas quejogam fora?

AX-Temos plataformasinformáticas para acompanhar aevolução dos atletas, quantos jogosjá realizaram. Outro meio é contactocom técnicos dos clubes que jogam,para ter mais informação.

Operação GhanaML-Os MAMBAS ainda têmchances de se qualificarpara CAN-201 7?

AX-Enquanto houver jogosiremos lutar pela qualificação, portantomatemáticamente ainda temospossibi l idades de qualificar, pois emcada grupo duas selecções sãoqualificados.

ML-Em relação a logísticada operação Ghana, comoestá sendo feita?

AX-No domingo (20.03), terminaa segunda jornada do Moçambola, eoutros campeonatos dos jogadoresque jogam fora. Na segunda-feira (21 )viajamos para Ghana-Acra, onde nosjuntaremos aos jogadores que actuamfora, para estagiar durante tres dias.Não podemos perder tempo ao longoda viagem, deve haver descanso, e ojogo é na quinta-feira (24.03). E depoisvamos receber a selecção do Ghanaem Maputo no Estádio Nacional doZimpto.

"Não vim tirar lugar de ninguém" - Abel Xavier

Page 14: Midialab edição 6

1 4 PRODUTO EXPERIMENTAL DOS ESTAGIÁRIOS DO MÍDIA LABMÍDIALABSEXTA­FEIRA ­ 19/03/2016 economia

Mercado grossista do Zimpetoestá com défice produtos denecessidade básica. Os vendedoresestão dificuldades para adquirir tomate,batata e cebola devido a seca queestá a afetar a Africa Austral. Asquantidades de produtos que queestão a entrar no mercado abaixo dametade do que é necessário.

Antes da crise o mercado recebia1 5 camiões de batata com acapacidade de 1 000 sacos cada, pordia. Atualmente recebe uma média dedois camiões de batata por dia. Dos25 camiões de tomate que sãonecessários diariamente, apenaschegam 1 0 por dia. A cebola está maisescassa, o mercado fica até 3 diassem receber. Esta situação estáinfluenciar na subida dos preços. Acebola que custava 1 70 a 1 90 meticaiso sacão de 1 0 kilos no princípio doano agora custa 200 a 260 meticais.O preço do tomate que em janeiro erade 200 a 350 meticais agora variaentre os 350 a 550 meticais.

De acordo com administrador domercado, Moises Covane, os produtosvendidos no mercado grossista doZimpeto são importados da vinhaÁfrica do Sul, uma vez que oagricultores nacionais não estão aproduzir. E só daqui a três mesespoderão ter tomate, se chover.

Os produtos vendidos no Zimpetoeram adquiridos em Mpumalanga

A queda dos preços dasmatérias-primas e o aumentoda dívida pública contribuíram

para aumentar as taxas de juros queMoçambique tem de pagar pela novadívida. Inicialmente os juros eram de6%. Porém, até fevereiro últimosubiram para 1 3,5%, no mercadosecundário de acordo com a agênciaBloomberg. O negócio da EMATUMfeito pelo Governo moçambicanoprejudicou a imagem do país nomercado financeiro internacional. Opagamento de mais uma tranche dadívida está à porta e ninguém sabe

de onde virão os fundos.Sem a degradação da taxa de

juro, o pagamento já era uma"ginástica" para o Governomoçambicano, uma vez que oorçamento é deficitário. Por isso, numaaltura em que a economia está embaixo, com a forte desvalorização dometical e a queda dos preços dasmatérias-primas, das quais a economiadepende muito, a dívida do Orçamentode Estado, "aumentasignificativamente" e isso em váriasimplicações, afirma o economistaNuno Castel-Branco.

Uma delas é "a redução dacapacidade do Estado de prosseguircom políticas económicas maisamplas", porque "esse dinheiro temde vir de algum lado", explica. Oespecial ista prevê cortes na educaçãona saúde, no desporto, na proteçãosocial, na infraestrutura social, paraque haja dinheiro disponível para aEMATUM. "A EMATUM não está aproduzir e os barcos estãoenferrujados", lembra ainda.

Dívidas para pagar dívidasA segunda implicação é que o

Estado tem de recorrer a mais

endividamento público para fazer faceà situação, acrescenta o economista.É um endividamento comercial, o quesignifica que é caro, tanto os jurossão altos, como os períodos depagamento são curtos. Isso está atransformar-se numa espiral comcontornos preocupantes. EconomistaNuno Castel-Branco fala em"armadilhas de dívidas"

"Estamos a começar a entrarem armadilhas de dívidas", alertaCastel-Branco. "Estamos a contrairdívida para pagar dívida, passamosessa dívida um bocadinho mais para

o futuro, provavelmente com jurosmais altos, para pagar a dívidacorrente."

A terceira consequência é acotação negativa de Moçambiqueno mercado financeiro internacional,final iza o especial ista, lembrandoque a dívida pública cresceumeteoricamente nos últimos dezanos. Nuno Castel-Branco alerta queo país está a fazer grandesinvestimentos em infraestruturaspara grandes recursos minerais,como o gás por exemplo, que vãohipoteticamente começar a rendersó daqui a 1 0 ou 1 5 anoss

O MDM decidiu então usar umaprorrogativa regimental doParlamento. Enviou um ofício àEMATUM, em junho do ano passado,e este ano voltou a fazê-lo, a pedirmais informação, documentaçãosobre a empresa e estudos deviabil idade. "A EMATUMsimplesmente recusou-se a concederos documentos exigidos", contou àDW África o deputado FernandoBismark. "A alegação para nosnegarem esse direito é que é umaempresa de direito privado. Mas háfundos do Estado", lembra oparlamentar do MDM.

A recusa representa umaviolação o regimento do Parlamento,já que os deputados têm aprorrogativa de fiscal izar instituiçõescom participação financeira doEstado. É o caso da EMATUM, queé participada pela SISE, a políciasecreta moçambicana, e pelo Institutode Gestão das Participações doEstado (IGEPE). Por isso, o MDM jáestá a efetuar di l igências junto daProcuradoria-Geral da República.

Fonte: DW

Juros da dívida EMATUM aumenta para1 3,5%

província da África do Sul que fazfronteira com Moçambique, poremesta zona não está a produzir devidoà seca. Atualmente os comerciantesestão a viajar para as zonas interioresdo país vizinho.

O mercado grossista do Zimpetoabastece a zona a sul do país e algunsmercados da zona centro. De acordocom o Programa Mundial para aAlimentaçã (PMA), cerca de 1 4milhões de pessoas passam fomedevido à seca na África Austral poisgrande parte da população édependente da agricultura e para tal,depende das chuvas umas vez quenão podem pagar sistemas deirrigação. A seca tem sido agravadapelo fenómeno climático “El Nino”,um aquecimento das temperaturasda superfície do oceano no PacíficoOriental e Central, que ocorre a cadapoucos anos, com efeitos em cascataao redor do mundo.

O "El Nino" normalmente trázcondições mais secas para a ÁfricaAustral e as mais húmidas para AfricasOriental. As condições quentes esecas devem persistir no hemisfériosul até Abri l ou Maio.

As regiões de Mpumalanga,Limpopo, KwaZulu-Natal e Freestateestão particularmente afectadas poresta seca, com os solos áridos e osníveis das barragens abaixo donormal.

Seca afecta comércio na província de Maputo

Grossista regista escassez de produtos

Page 15: Midialab edição 6

1 5PRODUTO EXPERIMENTAL DOS ESTAGIÁRIOS DO MÍDIA LABMÍDIALAB

SEXTA­FEIRA ­ 19/03/2016economia

Preço de combustívelmante-se elevado

D esde o ano passado,Moçambique não observamexidas no preço do barri l de

combustível, mas isso não se reflectiunopreços de outros produtos. O preçode combustível não foi alterado mascontinua elevado o que está aInfluenciar na marcação de preçoselevados para produtos de maiorprocura.

O relatório do Fundo MonetárioInternacional (FMI) reconheçe que setem estado a registar uma recentequeda dos preços do petróleo nosmercados internacionais, mas nomercado nacional o preço se manteveelevado.

De acordo com o economistaEdson Arl indo Chilundzo, o preço dobarri l do petróleo e seus derivadosmanteve neste ano mas continuaelevado.“Não há possivel justificaçãopara subida dos preços. Esta situaçãoestá a afectar directamente odesenvolvimento do país”, afirmouChilundzo.

“A subida do preço docombustível é simplesmente umaforma de manter ou aumentar o nívelde lucro por parte das organizaçõesexternas”, explicou Chilundzo, quandoquestionado sobre as possíveis razõesque levam à marcação de preçoselevados enquanto que no exterior opreço é baixo.

Quando o valor da compra decombustivel sobe o preço dos outrosbens e produtos automaticamentesobe, porque o transporte fica maiscaro o que limita a carregamento decertos produtos.

“Se por exemplo tratar-se de umacarga com pouca infraestrutura e quevai para o norte do país torna-secmplicado devido aos custos. Otransporte deve ser feito tendo emconta o retorno que virá para cubriros gastos feitos pela compra decombustível”, esclareceu oeconomista.

Não só o transporte particularmas também para a empresa.O custo

de qualquer tipo de serviço e produtosobe principalmente os de maiorprocura no mercado, uma vez que, amaior parte destes são importados.

O FMI considera que a situaçãoé resultado da ineficiência e maudireccionamento do sistema deimportação de combustível por essarazão recomenda a Moçambique queproceda a reforma do sistema deimportação e dos subsídios aoscombustíveis.

Por sua vez, o economistaChilundzo reitera que uma das formasde resolver o problema é “a criaçãode uma legislação do Governo quemodere os preços de combustível emMoçabique. É certo que o Governofaz certos subsidios, mas deve limitaro poder de compra dos bancos eorganizações externas. Deve tambémreduzir a dependência de importaçãode produtos externos, com destaquepara o petróleo e seus derivados”,sugeriu.

Governo prevê défice de 81 % na produção de arroz para presente época

O Conselho de Ministro anunciouna sua oitava sessão ordinária,real izada no dia 1 5 de Março, aredução de produção do arroz e domilho. Segundo Mouzinho Saide paraeste ano prevê-se défice na produçãodo arroz na ordem de 81 %, e esperase uma produção de 66 mil toneladascontra a necessidade de consumo de243 mil toneladas.

Em relação ao milho na ordemdos 7%, o país visa alcançar umaprodução de 1 46 mil toneladas contraum consumo estimado na ordem de462 mil toneladas.

Numa época em que o país temregistado a pior seca nos últimos trintaanos, o presente ano hidrológico daregião Sul do país é atípico pois, osescoamentos situam-se muito abaixodo ano médio secos de 1 991 e1 992 ede 1 997 e 1 998, quando se registouo fenómeno denominado El-Nino.

A situação está a causarinsegurança alimentar nas provínciasde Maputo, Gaza, Inhambane, Sofala,Manica e Tete. A nível nacional a secaafectou 269.1 90 pessoas

De acordo com o porta-voz dogoverno, Mouzinho Saide, nosprimeiros quinze dias de Março foramdistribuídas 1 .91 0 toneladas dealimentos, e prevê-se distribuir napróxima quinzena 1 .1 65 toneladas.

Estima-se que 261 milagricultores sejam afectados pelasestiagens, 1 1 % das áreas lavradas esemeadas durante a presentecampanha agrícola em Moçambiqueforam dadas como perdidas.

Segundo relatório do Gabineteda Coordenadora Residente dasNações Unidas em Moçambique, 380mil pessoas precisam de assistênciadevido à seca, consta do relatório ainformação de que 1 ,8 milhão depessoas podem precisar deassistência no período compreendido

entre Março e a próxima estação daschuvas. A avaliação foi feita peloSecretariado Técnico de SegurançaAlimentar e Nutrição, Setsan.

O Plano de Contingência201 5/201 6 está orçado em cerca deUS$ 1 2,9 milhões para responder àsnecessidades imediatas que possamsurgir devido a inundações, secas eventos fortes.

Na ocasião, o porta-voz anuncioque o Governo aprovou o Decreto queaprova o Regulamento da Fortificaçãode Alimentos. O regulamento visadefinir o regime jurídico de fortificaçãode alimentos a nível industrial ,nomeadamente na farinha de trigo, demilho, no óleo alimentar, açúcar e sal,com micro - nutrientes (PREMIX).

Com este regime, procura-segarantir a maior oferta de produtoscom qualidade deseja, a preçosacessíveis e sensibi l idade aoconsumidor, promovendo a uti l izaçãode alimentos de alto valor nutritivo.

Estima-se que 261 mil agricultores sejam afectados pelas estiagens, 1 1 % das áreas lavradas e semeadas durante a presente campanhaagrícola em Moçambique foram dadas como perdidas.

Economist Intel l igence Unit (EIU) prevê o crescimentodo PIB em apenas 5,2% para o corrente ano emMoçambique, contrariamente aos 7% previstos pelogoverno do país e 6-6,5% previstos pelo FMI .

Esta informação foi publicada pela agencia deinformação “Lusa Mocambique” na edição da quarta-feira, 1 6 de Março, através da Sapo Notícias. De acordocom os peritos da unidade de análise da revista britânica“The Economist” o baixo crescimento do PIB terá comoconsequência uma diminuição ainda maior na despesapública, produção relativamente baixa no sector mineiro

e as consequências na produção agrícola do 'El Niño. AEIU diz ainda que, "as tensões entre o Governo e a Renamo,o principal partido da oposição, e os fracos esforços paramelhorar a transparência orçamental vão dificultar asrelações com os tradicionais parceiros do desenvolvimento,mas o Governo vai tomar passos suficientes para preservaro fluxo de ajudas externas".

O crescimento em 5,2% em 201 6 é considerado omais baixo do século XXI , mas a partir de 201 7 a 2020 vaichegar aos 6,8% influenciado pela indústria do carvão.

De acordo com a EIU inflação está prevista para

Moçambique vai registar apenas 5,2% do crescimento do PIB em 201 6

Letícia Constantino

1 0,3% ao longo deste ano, "impulsionada pelos efeitos da rápidadepreciação da moeda no final do ano passado e pelo impacto negativoda seca nos preços dos alimentos"

Entretanto o Instituto Nacional de Estatísticas (INE) anunciou nasemana finda que se espera para 201 6 uma inflação média anual de5.6%, tendo já se começado a registar o aumento de preços em 2.24%no mês de fevereiro comparativamente à Janeiro, como resultadosubida do preço de alimentos. A subida de preços dos produtos já seregista no Mercado grossista do Zimpeto justificada pela caída daprodução agrícola interna que coloca o país numa situação dedependência das importações de alimentos a partir da África do Sul

Celeste Macuácua

Porta-voz do Conselho de Ministros, Mousinho Saide

Subida de preço favorece empresários

Page 16: Midialab edição 6

1 6 PRODUTO EXPERIMENTAL DOS ESTAGIÁRIOS DO MÍDIA LABMÍDIALABSEXTA­FEIRA ­ 19/03/2016 economia

Cortes de energia prejudicam empresários

O s cortes de energia queafectam a cidade de Maputoestão a causar prejuízos

financeiros para o sector empresarial .Os geradores quando colocados emfuncionamento nos passeios provocama poluição sonora e do ar. Estessoltam o dióxido de carbono que éprejudicial para a saúde das pessoas,causando doenças respiratórias.Quando há apagão na cidade é visívelentre os passeios a presença degeradores em substituição da energiaeléctrica. Os preços deste aparelhovariam pela sua capacidade, chegandoa custar um gerador da marca PowerZH 2800 a treze mil novecentos esetenta meticais, um gerador da narcaPower ZH 3800 a dezanove miloitocentos e cinquenta meticais e umgerador marca Ecco Diesel DC 70000a setenta e cinco mil meticais. ParaGany Faruk, gerente da HI-FIMETALEX, uma empresa que sedestina a venda de geradores eelectrodomésticos, os preços dosgeradores tendem a subir por causada inflação do dólar e esta subidaregista-se desde o ano passado. “Oaumento do preço dos geradores sobea cada importação, mas mesmo assima procura é maior. Os nossos clientessão empresas e pessoas singularesque usam os geradores como asegunda opção” disse Faruk.

Momade Suadique Momade, umoutro gestor da empresa SENSYSPOWER, que caracteriza os seusclientes como pessoas colectivas, istoé, a sua empresa tem comocompradores de gerador construtorase indústrias transformadoras, comopor exemplo Soares da Costa e

Cimentos de Moçambique. A empresaSENSYS POWER vende um geradorda marca TEKSAN GENERATOR aonze mil oitocentos e trinta e trêsdólares americanos. Momade diz queeste tipo de gerador tem a capacidadede abastecer energia para um edifíciode nove andares, daí que a suamanutenção é mais cara. A maior partedos geradores referidos anteriormentefuncionam a gasolina, onde um litrodesse líquido chega a custar 47.52meticais.

E para um gerador que funcionaà diesel um litro deste chega a custar38.61 meticais. Fazendo umacomparação de um gerador à gasolinacom um à diesel, o que sai mais carona sua compra e sua manutenção éo gerador à gasolina.

A subida de preços de geradores,e a compra da gasolina e diesel paraabastecer os aparelhos causamprejuízos na gestão financeira daempresa GNG Jeans. MomadeAmbasse, gerente da GNG Jeans,uma empresa de vestuários e decalçados, disse que os apagões sãofrequentes chegando a atingir trêscortes por semana, facto que nãojustifica a sua empresa pagar umafactura de energia no valor de setemil meticais por mês. O gerente lembraque compraram o gerador da marcaTIGER à gasolina, em Setembro doano passado quando iniciaram oscortes. “Compramos o nosso geradora quinze mil meticais no ano passadoquando iniciaram os cortes de energia”recorda. Ambasse acrescentou que“Quando recorremos para o uso dogerador gastamos mil meticais por diana compra da gasolina. Este gasto é

mais um acréscimo para as nossascontas e ainda por cima chegam asfacturas de energia” observou MomadeAmbasse.

Para empresas como a Soaresda Costa, os prejuízos financeiros nãoconstituem obstáculos para o seufuncionamento, pois segundo ofinanceiro da empresa Rui Lamberque,a construtura tem um valor extra paraeste tipo de prejuízos. “Nós temos umfundo para este tipo de eventual idadee muito antes dos cortes de energiaterem iniciado já tinhamos o nossogerador. Por sermos uma construtura

pautamos sempre em equipar asnossas instalações” afirmouLamberque.

Diferente da empresa Soares daCosta, que tem um valor disponívelpara cobrir alguns dos prejuízos,Sandra Belchior, do departamento deMarketing e Comunicação da AustralSeguros S.A, uma seguradora que sedestina a cobrir todos os riscos deperda ou danos, disse que a sede daAustral na zona da Sommerschieldtem tido cortes de energia, das 8h00às 1 0h00 por dia. Segundo Sandra,os cortes têm prejudicado bastante

nas actividades da empresa econfessa que a compra de geradornão constava da verba da seguradora.“Com os cortes frequentes de energiafomos obrigados a requisitar umgerador para garantir o funcionamentoda empresa quando houver o apagão”disse.

Em entrevista para o jornal “OPaís” Luís Amado, director daDistribuição da EDM explicou quesobre a avaria estão a ser montadostransformadores adicionais que vãopermitir, até Maio, recuperar 50% daprodução na subestação da Matola.

Ernesta Missage

Discórdia entre o Governo eAnadarko atrasa investimento nabacia do Rovuma

Anadarko não submeteu, aoGoverno moçambicano, o Plano deDesenvolvimento de Gás NaturalLiquefeito (LNG), para as áreas 1 e 4da Bacia do Rovuma. O investimentoprevisto para 201 6, poderá não serimplementado no ano em curso, vistoque o processo de análise e aprovaçãodo Governo, em média, dura dozemeses.

Na edição número 20/201 6 dorelatório do Centro de IntegridadePública (CIP), Adriano Nuvunga,Director Geral, explica que a demoradeve-se a dificuldades nos aspectoslegais e contratuais, facto que contribuipara uma situação de ‘paragem’ nãooficialmente anunciada. “Isto significaque não haverá investimento comimpacto directo em Moçambique daAnadarko, em 201 6”, acrescentaNuvunga.

Citado pela Uol economia, JohnPeffer, gerente da Anadarko, disseque é preciso final izar questõesjurídicas, como as concessõesmarítimas que determinam a

propriedade de exportação projectadona província de Cabo Delgado, econcluir contractos de compra antesde tomar uma decisão de investimentofinal.

"A chave é terminar a estruturajurídica e contratual o mais rápidopossível, porque esse elemento éfundamental para dar solidez aoprojecto e assegurar um valoreconómico a longo prazo", concluiuPeffer.

O acordo entre o Governo eAnadarko foi aprovado pelo Decreto-Lei 2/201 4, de 2 de Dezembro, ondeestabelece a alocação de gás para omercado nacional, incluindo aparticipação do Estado através daEmpresa Nacional de Hidrocarbonetos(ENH), a concessão do Porto de Palmae comercial ização do gás por parte daENH.

Para o mercado doméstico prevêa alocação de um total de 1 00 milhõesde pés cúblicos de gás natural por dia(1 00 MMcf /d), sendo que para a faseinicial serão alocados cerca de 50.

O acordo sobre o financiamentoda participação do Estado e a ENHestá avaliado em 2.250 milhões dedólares.

Enquanto isso, sobre aConcessão do Porto de Palma, à luzdo decreto-lei, o Governo atribui àAnadarko uma parte da áreageográfica concedida à empresaPortos de Cabo Delgado, para ainstalação de descarga de materiaise de um terminal marítimo de LNG.Portanto, a área do Porto de Palmaserá parte da área concessionada àmultinacional, na qual tem direitosexclusivos de acesso e operação pelotempo de duração do projecto.

A companhia petrolífera norte-americana, Anadarko, investiu emMoçambique, até ao momento, cercade três bil iões de dólares norte-americanos para a realização depesquisa e produção dehidrocarbonetos na “área 1 ” da baciado Rovuma, no norte do país, iniciadasem 201 0.

Cortes de energia tem sido sistemáticos

Sérgio Mossela

(C) Infodiário

Page 17: Midialab edição 6

1 7PRODUTO EXPERIMENTAL ESTAGIÁRIOS DO MÍDIA LABMÍDIALAB

SEXTA­FEIRA ­ 19/03/2016desporto

Já existem convocados contra GanaAbdul Remane

Falta de financiamento dificulta preparação de jogos paraolímpicos

Vinódia Janete

Os atletas portadores dedeficiência, que vão representar o paísnos próximos jogos paraolímpicos,não treinam em melhores condições.Segundo a presidente do ComitéParaolímpico de Moçambique, FáridaGulamo, o comité não dispoẽm deverba suficienente para mandar osatletas treinarem fora do país. “Osnossos atletas treinam internamente,o que de certo modo, abala as nossasexpectativas em relação aos jogos. Enão só, este constragimento financeiradificulta a preparação das nossasactividades”, disse Gulamo. Os jogoaterão lugar no Rio de Janeiro de 7 à1 8 de Setembro.

Gulamo diz que a sua equipa jáenderençou por diversas vezespedidos de patrocínio para apreparação e realização dasactividades a diversas instituiçõesmais até hoje todos os pedidos foraminfel izes. A previsão é que participem6 atletas, acompanhados de 4 guiasnos jogos paraolímpicos do Rio, mastudo irá depender dos resultados queserão obtidos na Tunísia nocampeonato africano, que terá lugarno dia 20 de Abri l . Trata-se de 6jogadores nomeadamente, GuildoZacarias na categoria de T-1 3, HilárioChavela (T-1 2) e Lupita Gulambe (T-1 1 ). Em femeninos, as seleccionadassão Denise das Dívidas (T-1 3) eEdmilsa Governo (T-1 3) e MariaMuchavo, na categoria de T-1 2. Vale

ressalvar que a participação dosjogadores na Tunísia é uma pré-condição para irem aos jogosparaolímpicos de Setembro. Acategoria (T-1 3) diz respeito a provaspara pessoas portadoras dedeficiência visual que só conseguemver imagens até uma distância de 50metros. E a categoria (T-1 2) tambémdiz respeito a atletas que sofrem deproblemas visuais, mas neste casosó conseguem ver imagens até umadistância de 20 metros.

Segundo a presidente do

Comité Paraolímpico de Moçambique,Maria Muchavo, uma das atletasfemeninas, não se encontra bem desaúde neste momento. “Ela precisair a portugal para ser observadas porespecial istas, e todo este processoenvolve custos e neste momento ocomité não dispoẽm de dinheirosuficiente e a ateleta precisa de serreclassificada”, realçou Fárida.

Apesar das dificuldadesfinanceiras, os atletas nacionais dedesporto adaptado e o treinadorFrancisco Faquir tem expectativas

posetivas em relação aos jogos naTunísia e no Rio do Janeiro. Para estasduas missões, os atletas vemtrabalhando na pista do EstádioNacional do Zimpeto, sob as ordensdo Faquir .Para Edmilsa Governo,uma das atletas que bateu o recordeafricano e conquistou a medalha deouro nos Jogos Africanos,Campeonatos Africanos, e bronze nosmundiais que tiveram lugar, no Qatarem 201 5, diz estar preparada e temesperança de ganhar no jogo de Abri le nos do Rio.

O selecionador nacionalanunciou na quarta-feira (1 6)os nomes dos 20 jogadores

convocados para o duplo confrontocom o Gana (o primeiro a 23 de marçoem Acra, o segundo três dias depois,em Maputo), de qualificação para afase final do Campeonato Africanodas Nações (CAN-201 7).Os Mambas ocupam o último lugardo Grupo H, sem pontos conquistados,depois de ter sido derrotados diantedo Ruanda e I lhas Maurícias (derrotaspor 0-1 ) nas duas primeiras jornadas.Convocados:

Guarda-redes: Soarito (Fer. Beira) eGuirrugo (Maxaquene)Defesas: Clésio (Panetol ikos),Zainadine (Tianj in Teda), Jeitoso (Fer.Maputo), Edmilson (Fer. Maputo),Macuapel (UD Songo) e Lolo (EstrelaVermelha).Médios: Jair e Médijair (Fer. Maputo),Geraldo (Liga Desportiva), SimãoMate (Levante), Jumisse (1 .º deAgosto), Gildo (Fer. Beira), Geraldo(Liga Desportiva), Witi (Nacional),Renildo (Benfica) e Diogo (Fer.Maputo)Avançados: Sonito (Liga Desportiva),Domingues (Bidwest), Pelembe(Bloemfontein) e Isac (Maxaquene)

Júl io César, guarda-redes doBenfica que se lesionou no iníciodo mês, está, segundo o jornal OJogo, determinado em regressar àcompetição a tempo de defrontar oBayern Munique, na segunda mãodos quartos de final da Liga dosCampeões. O brasileiro temcumprido sessões bidiárias detratamento à rotura insercional dotendão do adutor direito, lesãocontraída no dia antes de as 'águias'enfrente o Sporting.

Na altura, ficou estipulado queo jogador ficaria parado seissemanas mas, segundo O Jogo, éviável que regresse à competiçãoainda antes da data prevista, sendoque o guardião gostaria de dar oseu contributo à equipa no encontrocom os bávaros.

Júl io Césardeterminado emser opção frente aoBayern

(C) Globo Images

Atletismo adaptado

Simão Mate (Levante)Selecção de Moçambique

Page 18: Midialab edição 6

1 8 PRODUTO EXPERIMENTAL DOS ESTAGIÁRIOS DO MÍDIA LABMÍDIALABSEXTA­FEIRA ­ 19/03/2016 cultura

A CNCD, lança oficialmente atemporada 201 6 a 01 de Abri lpróximo na capital do país,

prevê-se que o espectáculo deabertura seja réplica do concertomusical real izado no enceramentoda época passada 201 5, Sob o lema“batucar pela paz”. Neste momentodecorrem os trabalhos preparatóriospara o lançamento do evento.

Lindo Ncuna, Chefe doDepartamento de Produção eMarketing na CNCD, justificou aopção da escolha do lema datemporada passada para abrir aépoca 201 6. “A ideia de darcontinuidade surge pelo facto de naocasião passada termos dado apenasum show, batucar pela paz, duranteo encerramento da temporada 201 5,e como só fizemos um espectáculo,achou-se por bem dar continuidadee isto é inédito, nunca repetimos olema, cada evento tem o seu lema”,contou Ncuna.

Prosseguindo, Ncuna,referenciou que a próxima temporada,“batucar pela paz”, terá início a 01de Abri l do presente ano. Entretanto,o chefe do departamento da CNCDadiantou ainda que a exibição daobra não servirá apenas para abrir oano cultural daquele agrupamento,mas também para dar oportunidadea todos apreciadores da dançatipicamente nacional o espaço para

reviver, e, acima de tudo, uma chancepara fazer apelos a manutenção dapaz no país.

A fonte garantiu ainda que nestaépoca far-se-á o retrato da músicamoçambicana, com principal enfoquepara ritmos tradicionais de todo o país.“Espera-se percorrer todo Moçambiqueatravés das diferentes manifestaçõesculturais em línguas locais.Contrariamente, as outras temporadas,nesta, vamos olhar para o país no seutodo”, afirmou.

Em relação ao Dia Internacionalda Dança que se celebra a 29 de Abri lde cada ano, Ncuna adiantou que estáprevisto um sarau cultural paraassinalar a data. “Está em preparaçãouma manifestação artística, além damúsica, dança e poesia, contamoscom intercâmbio de vários grupos,workshops e apresentações decriações de coreógrafos da companhia,assim como de fora”, subl inhou.

Entretanto, Lindo Ncuna, afirmouque a Companhia Nacional de Cantoe Dança recebeu vários convites paraactuar no estrangeiro, todavia faltamas confirmações. A título de exemplo,Ncuna, disse que está prevista umaactuação da CNCD em Botswanainserido no quadro das celebraçõesdo dia da independência daquele paísem Setembro do ano em curso.

A CNCD, é um grupo culturalmoçambicano, fundado em 1 979 cujo

objectivo é a investigação,preservação e difusão dasmanifestações artísticas e culturais,especialmente canto e dança, mastambém a poesia, dos vários gruposéticos que compõem Moçambique.

O grupo faz igualmente apromoção de eventos artísticos,apresentação de espectáculospúblicos (dança tradicional,contemporânea e clássica) e dá aulasde dança nas escolas.

“Batucar pela paz” é uma obraconcebida pelos coreógrafos AbelFumo e Maria José Gonçalves, amesma surgiu por ocasião dacelebração do dia das Forças Armadade Defesa de Moçambique (FADM)no ano passado. Ao repetir a obra aideia continua ser a exaltação de formaartística nos feitos de Samora Machel,em reconhecimento ao papel crucialque desempenhou na luta delibertação do país do jugo colonialportuguês.

A Companhia Nacional de Cantoe Dança (CNCD) foi galardoada em201 4, pelo seu contributo no processode construção e engrandecimento doEstado moçambicano através dacultura. O galardão dado à CNCD fazparte das acções do Governo devalorizar os feitos de cidadãosnacionais, estrangeiros e ainda deinstituições de reconhecido mérito.

(Hélder Massinga)

Doglas Atchinis, secretário adjunto da Associação dos Músicos, (AM)revela a falta de apoio da imprensa moçambicana na divulgação do trabalhodo artista em Moçambique. Em entrevista, Doglas Atchinis, revela que osórgão de comunicação social nunca responderam positivamente aos pedidosde cobertura, quando respondem não aparecem no evento. Sgundo Doglas,alguns elementos que trabalham na televisão que são responsáveis porprogramas de entretenimento, exigem dinheiro, “se você quer que a suamúsica ou vídeo passe tem que pagar,” e isso abrange também a rádioMoçambique, disse o Achinis, citando os músicos da (AM).

Os músicos fazem queixas muitas vezes. “Segundo as informaçõespor eles dadas, tem sido norma, isto é, acontece frequentemente, disse.“Não posso citar os programas por que são queixas, lamentações que a(AM) não pode confirmar, mas os músicos falam disso e cabe aos que sãode direito investigar, frisou.

O director adjunto acha que as queixas dos músicos podem constituira verdade. “Pela experiencia que tenho como músico, quando assisto essesprogramas, na questiono me como é possível que certas músicas e vídeospassem por nossas televisões e rádios, deixa a desejar”, indignou se. ElisaManhiça, produtora do programa atracões, diz que criou uma rubrica paraos novos talentos, que passa às segundas-feira, mas revela que, não vãomuito pelo conteúdo e sim pelo beat, esforço do artista que quer aparecere o dinheiro que ele gastou. Ressalta ainda que, “deixamos passar por queavaliamos os custos que ele fez, um vídeo não se grava de borla”.

CNCD continua a“batucar pela paz”

“Não temos apoio dacomunicação social”

Celebra-se a 20 de Março, o DiaInternacional da Francofonia. Esta,corresponde a comunidade linguísticaque envolve todas as pessoasfrancófonas, as que têm em comuma língua francesa. Moçambique temactualmente um universo de mais de250.000 falantes da língua francesa,resultado da introdução da discipl inana 9ª classe do ensino secundáriogeral.

Moçambique tornou-se membroda Francofonia em 2006. Este é,portanto, o 1 0° ano em que o país setornou parte desta comunidade. No

âmbito das comemorações, o CentroCultural Franco Moçambicano (CCFM)tem agendado para o dia 1 8 de Março,um concerto de solidariedade àsvítimas das secas no sul do país.

O concerto, da Banda Kakana,madrinha do evento, é organizadopelo CCFM em parceria com o MozaBanco, Cervejas de Moçambique eOXFAM. 1 00% das receitas do mesmoserá reencaminhado para o apoio àsvítimas das cheias, através daOXFAM, ONG vocacionada na buscade soluções para o problema dapobreza e injustiça, através de

campanhas e programas dedesenvolvimento.

As celebrações dos 1 0 anos defrancofonia em Moçambiquedecorrerem de 1 4 à 30 de Março emtodo o país. A cerimónia oficial deabertura decorreu em Quelimane, naZambézia. Em Maputo, as festividadesiniciam na sexta-feira, com o concertode Solidariedade da Banda Kakana.Até o dia 30, estão previstos eventoscomo música, cinema, exposição,poesia, torneio desportivo e concursose actividades culturais que serealizarão em escolas do país inteiro.

Moçambique celebra 1 0 anos de FrancofoniaI l ídia Alberto

CantoraYolanda, madrinha do concerto de solidariedade

Ester Cumbane

Bailarinos preocupados com a paz

Page 19: Midialab edição 6

1 9PRODUTO EXPERIMENTAL DOS ESTAGIÁRIOS DO MÍDIA LABMÍDIALAB

SEXTA­FEIRA ­ 19/03/2016cultura

Mídia Lab (ML) - Quais são asestratégias para poder levaras suas obras aos seusleitores?

Lucílio Manjate (LM) - No campoliterário, tenho trabalhado nasredes sociais na página do

Facebook onde tenho estado aapresentar l ivros. Assim os meusamigos e todos que estão conectadosa eles ficam a saber o que eu andoa ler, sobretudo obras de jovensestreantes.

ML - Existe algum debateacerca da digitalização dolivro?

LM - Não sei se existe um debateSobre a digital ização do livro emMoçambique. Mas o poeta Stél io Ináciotem estado a trabalhar nas redessociais. Creio que o livro digital emMoçambique ainda é um projecto.Penso ainda que os autores estãopresos aos livros físicos.Nova geração

Esta situação ainda vai seprolongar por mais tempo. Mas creioque uma nova geração vai trazermudanças neste campo, nós teremosque embarcar nesse barco.

ML - O que está sendo feito?LM - Há editoras que

disponibi l izam partes de livros emformato digital . É o caso da editorabrasileira "Capulana", que tem livrosde escritor moçambicano como PedroLopes, que escreve literatura infanti l .

ML - Quais são as estratégiasque para levar as suas obras aosseus leitores?

LM - As redes sociais são umcanal muito importante. Geralmente,antes do lançamento dos meus livroshá um trabalho de divulgação que sefaz sobre os meus livros. Publicofotografias de lançamentos passadostextos ou partes deles, assim consigoatrair leitores para os eventos. Tenhoestado a mobil izar os meus estudantesa ler as minhas obras e a participardos saraus. A posição das editoras

Penso que as editoras não fazemum trabalho de marketing apurado.Os autores, por si, adotam estratégiaspara promoção das obras.

Impacto das redes sociaisA mais de dez anos era

impensável ter as salas cheias. Mascom o advento das novas plataformas,já podemos interagir com o maiornúmero de leitores. E deste modo osconvidamos para os encontros. Temostido muita adesão!ML - Qual é a avaliação daliterátura Moçambicana?

LM - O estágio da literaturamoçambicana é muito bom, penso queainda vai continuar assim no próximos

anos, com novas geração de autoresque apresentam proposta de obrascom qualidade, hoje e sempre acrescer. O poeta Humberto Pedro éum jovem e representa a novageração. O poeta ganhou o prémio domelhor l ivro 201 5 de poesia, o mesmomereceu destaque no concursointernacional "Glórias Santanas". OHumberto não é o único poeta da novageração que ganhou este prémio,Adelino Timóteo terá sse destacadotambém. Isto prova que a literaturamoçambicana “goza de boa saúde”.

Temos também instituições, comoFUNDAC-Fundo de DesenvolvimentoArtístico e Cultural, que apoiam aliteratura sobretudo os novos

Poeta usa redessociais parapromover l ivros

escritores. Existem jovens proactivosdo Movimento Kupaluxa sediado noCentro Cultural Moçambique-Brasilque se tem beneficiado deste fundo.

ML - Qual é conselho quedeixa para os jovens quepretende abraçar esta área?

LM - O conselho que deixo, é oque já disseram os mais velhos. Osjovens devem ler com muita paixão,ter prazer de pegar um livro, esfolhá-lo, lê-lo num lugar tranquilo, depreferência sem grandes problemasda vida. Para quem quer escrever,deve ler com objectivo de descobrirfórmulas da escrita. Não se ensina aescrever!

Lucíl io Manjate de 35 anos é um jovem escritor moçambicano eprofessor de Literatura Moçambicana e Literatura Geral Comparadana Universidade Eduardo Mondlane (UEM). Este jovem escritor já contacom três obras publicadas: “Manifesto”, “O silêncio do narrador” e “Ocontador de palavras”. No ano de 2006, participou na 6ª edição doconcurso de revelações literárias da TDM – Telecomunicações deMoçambique e venceu na modalidade de contos com a obra “Manifesto”.Igualmente no ano de 2008 participou no “Concurso Literário 1 0 deNovembro”, promovido pelo Conselho Municipal de Maputo em parceriacom Associação dos Escritores Moçambicanos, onde conquistou oprémio na categoria de contos com o livro “ O silêncio do narrador”.Apresentamos a seguir a entrevista com o escritor.

Abdul Remane e Pedro Fumo

Sheyla Mahoze, cantoramoçambicana, conta que passoumuitas dificuldades no início dacarreira, para promover o seu trabalhonos programas moçambicanos deentretenimento.

Houve muita dificuldade e faltade credibi l idade da parte dosapresentadores para merecer espaçoe reconhecimento em programas deentretenimento. Era como se existisseum grupo certo de artistas quemerecesse estar nesses programas.“Foi difíci l me instalar no mercadoartístico e foi difíci l ainda serreconhecida como cantora paramerecer um espaço de antena. Omeu manager, Davide Mahoze erasujeito a pedir muito aos produtorese apresentadores dos programas deTV e Rádio, a informação que tinhaera que devia pagar. “Nalgumasvezes, mesmo depois de ter pagopara participar no programa atracões,

o meu vídeo não passou”, facto quea cansou e decidiu deixar de dependerdesses programas recorrendo àmúsica ao vivo.

A cantora conta que o senáriodas “sopinhas” se repetia na TV assimcomo na Rádio “me considero infel iznesse aspecto porque a minha músicanão toca na rádio”. Sheyla Mahoze émembro da Associação dos Músicosmas diz não usufruir dos ganhosporque ainda não se interessou emparticipar ativamente das atividadesda associação, acrescentando que,também não está muita clara dasmesmas.

Elisa Manhiça, actual produtorado programa atracões, diz que criouuma rubrica para os novos talentos,que passa às segundas-feira, masrevela que, o critério de selecção nãoé ditado pelo conteúdo, mas sim pelo“beat”, esforço do artista que quer

aparecer e o dinheiro por ele investidona produção do vídeo. “Deixamospassar porque avaliamos os custosque ele fez, um vídeo não se gravade borla”, acrescentou.

A produtora do programaatracões confessa que criou a rubricapara os novos talentos, justamentepara eliminar as famosas “sopinhas”(dinheiro pago em troca da exibiçãodo vídeo no programa) mas também,alega que foi para diminuir o nível dechoque que existia entre os artistasemergentes e os de renome. A Elisa,em entrevista assumi que, “houvetempo que realmente as “sopinhas”existiam no programa atracões”, afirmaainda que, desde que assumiu o cargode produtora do Atracões, as“sopinhas” acabaram porque mudouse a equipe toda de produção,acrescentando ainda que, essaspraticas não eram feitas por umapessoa, mas sim por uma rede.

A cantora Sheyla Mahoze optou por músicaao vivo para se livrar das “soupinhas”

Lucícl io Manjate, escritor moçambicano

Ester Cumbane

Page 20: Midialab edição 6

20PRODUTO EXPERIMENTAL DOS ESTAGIÁRIOS DO MÍDIA LABMÍDIALAB

SEXTA­FEIRA ­ 19/03/2016mundo

M oçambique parti lha nove das 1 4 baciashidrográficas da região da(Comunidade para o Desenvolvimento

da África Austral (SADC). Em todos eles, opaís situa-se à jusante, com exceção do rioRovuma situado na região norte, fazendofronteira com Tanzania. De acordo com Sitoe,a falta de infraestruturas suficientes dearmazenamento de água nestes rios aumentaa vulnerabil idade e a dependência dos paísesà montante. “Se há cheias nós não temoscomo controlar o curso das águas no nossoterritório, mesmo quando há seca como agora,ficamos sem água para irrigação porque ocaudal de Incomati por exemplo, baixou donosso lado”, analisou.

A situação mais grave vive-se na zonasul do país, devido à seca que assola estaregião há quase um ano. “este ano estamoscom dificuldades de acesso a água paraabastecimento das populações e animais aolongo do rio Incomati”, confessou Sitoe,acrescentando que poderá haver negociações

com a parte sul-africaca para discutir estaquestão.

No mesmo rio Incomati, a África do Sulconstruiu 6 diques com capacidade dearmazenamento de água suficiente paraabastecer água para beber, agricultura epastagem durante 4 anos sem chuva. EmMoçambique, o rio Incomati entra pela vila deRessano Garcia, com uma áres de 46.200km2,dos quais somente 32% situam-se no territóriomoçambicano, 6% na Swazilandia e osrestantes 62% na África do Sul.

Sobre o Incomati, o país beneficia-se dabarragem de Corrumane, construída na décadade 80, com o principal objectivo de garantirágua para as regiões de médio e baixo Incomati.Entretanto, devido a menor capacidade dearmazenamento (456m2), a barragem dependeem larga escala do curso de água libertado apartir da barragem de Incomat na África do Sul.

O abastecimento de água paraalimentação nas zonas urbanas e ruraisconstitui ainda um desafio longe de ser

satisfeito, considerando as necessidadesactuais do país. A agricultura, também ressente-se da indisponibi l idade de água, apesar dopaís possuir cerca de 40 milhões de hectaresde terra arável.

De acordo com política de distribuiçãode água vigente até 201 5, o governo sóconseguiu abastecer a 6 milhões de habitantes,de um total de 9 milhões nas zonas urbanas.Nas zonas rurais, onde reside a maior parteda população moçambicana, de um total de1 7 milhões de habitantes, o governo sóconseguiu abastecer água para 5 milhões, oque corresponde a uma cobertura de 29%.

O estudo realizado pela UNICEF, revelaque desde 1 990, a cobertura total dosaneamento aumentou para 21 %, mas a

Moçambique regista baixo aproveitamentode águas parti lhadas na região“Se há cheias nós não temos como controlar o curso das águas no nosso território, mesmo quando há seca como agora, ficamos sem água para irrigaçãoporque o caudal de Incomati por exemplo, baixou do nosso lado” - Sitoe

Patrício Manjate

Abastecimento de águae saneamento

Agricultura

Cerca de 3 milhões de pessoas, segundoestimativa da polícia mil itar, manifestaram-se neste domingo (1 3) contra a corrupção eas medidas económicas, anunciadas peloexecutivo. Os protestantes pediam adestituição da Presidente da República DilmaRoussefe e a saída do Partido Trabalhista(PT) do poder.

O acto foi o maior já registado no país,tendo superado as manifestações em 1 984,quando 400 mil pessoas clamavam pela voltada democracia e fim da ditadura mil itar.

No centro das críticas estão os casosde corrupção envolvendo a petrolífera estatal,Petrobas em que nesse momento tem comoalvo o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva,fundador e principal líder do PT, investigadopela operação “Lava Jato” e pelo Ministério

Público de São Paulo.A operação Lava “Jato” foi desencadeada

pela polícia federal em Março de 201 4 e já vaina sua sétima fase. A operação investiga umsistema de lavagem e desvio de dinheiro napetrolífera estatal, que envolve quarenta enove políticos e empresas de construção civi l .

A manifestação acontece num momentoem que Dilma vive desde Dezembro ameaçade um impeachment impulsionado pelaoposição no Congresso, que acusa seugoverno de ter maquiado as contas públicasem 201 4, ano da sua reeleição. Para SérgioPraça, cientista político da Fundação Getul ioVargas do Rio de Janeiro, o protesto terá umimpacto real sobre o processo de impeachment.“ O preço de apoiar agora este governo é muitooneroso, sublinhou Praça. (Orbai Nobre)

Milhões de brasileiros protestam epedem a destituição de Dilma

disparidade entre a cobertura nas zonas urbanase rurais continua grande: 44% nas zonas urbanasvs. 1 1 % nas zonas rurais. 40% das pessoasainda praticam a defecação a céu aberto, tendodiminuído de 66% em 1 990. A falta desaneamento melhorado custa a Moçambiquecerca de 4 bil iões de Meticais por ano devidoàs mortes prematuras, custos médicos e perdasde produtividade.

De acordo com Adelson Rafael, docentee investigador, é triste contatar que a produçãoalimentar em moçambique depende mais daschuvas do que da irrigação, apesar de todopotencial existente. “Infel izmente a pobreza nonosso país está l igada à dependência daagricultura do sequeiro de subsistência”, analisou,frisando enquanto não chove a população passafome, ou se de contrário são cheias.

Para o académico, a irrigação podeconstituir um factor determinante para aumentara produtividade agrícola e segurança alimentar,pois ajuda a diversificar os rendimentos depequenos agricultores e reduzir os riscosrelacionados com a precipitação.

Entretanto, a política nacional de irrigaçãoindica que o potencial de irrigação emMoçambique é estimado em 3 072 000 hectares,mas dos 1 1 8 1 20 hectares equipados para efeito,apenas aproximadamente 40 000 hectares sãoactualmente irrigados.

Estes resultados de acordo com Rafael,apontam para o fraco aproveitamento dos riosque atravessam ou desaguam no país. Indomais fundo, o académico afirma que se estasituação prevalecer, o país poderá entrar emwater stress que resulta de falta de fontesalternativas de água devido ao aumento deinfraestruturas de armazenamento nos paísesà montante dos rios que entram em Moçambique.

Moçambique parti lha as Bacias dos RiosMaputo, Umbeluzi, Incomati, Limpopo, Save,Búzi, Púnguè, Zambeze e Rovuma, com Áfricado Sul, Swazilândia, Zimbabwe, Zâmbia,Botswana, Malawi, Angola e Tanzânia.