Midiateca 1 da unidade 2 - bases teorico-metodologicas da avaliacao

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Bases teórico-metodológicas da avaliação

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Bases teórico-metodológicas da avaliação

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Bases teórico-metodológicas da avaliação

Para que você possa compreender melhor avaliação será feita uma breve exposição sobre suas bases teóricas que de alguma forma subsidiam o olhar sobre esse tema bem como a prática avaliativa.

Deve-se considerar que em relação à avaliação existe um referencial consciente ou não, que consiste de fundamentos teórico-metodológicos, e que direciona as nossas ações.

No caso da avaliação educacional toma-se como referência a Teoria Crítica da Educação, elaborada a partir da contribuição de pensadores da Escola de Frankfurt.

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A Teoria Crítica da Educação explica que:

(...) a educação é um processo reflexivo e prático, que se situa num contexto sociopolítico-econômico, sendo por ele influenciado, mas que tem a força de influenciá-lo, por meio de uma ação transformadora. Assim, a educação é vista como uma prática social construída historicamente e move-se pelo processo de contradição, sendo a realidade educacional, ao mesmo tempo, reprodutora do sistema e revolucionária (FERNANDES, 2002, p.117).

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Nesse sentido, Fernandes (2002) entende que a avaliação pode ser

considerada “um processo que visa ao desenvolvimento do homem na sua

pluridimensionalidade e deve ser centrado nessa ideia”.

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(...) quando se fala em avaliação na perspectiva humanizadora, está-se querendo dizer que o homem e seu processo de formação deverão ser o centro de qualquer prática avaliativa, e não as normas, os ritos, como acontece numa perspectiva burocrática. A perspectiva reflexiva significa entender a avaliação como o pensar e repensar de uma prática, em função de um processo constante de autocrítica e de formação de uma cultura avaliativa das nossas escolas.

A perspectiva construtivista nos mostra que a avaliação, além de ser reflexiva, tem que indicar caminhos, ajudando o aluno ou a escola a dar novos passos, e subir patamares na sua formação e qualificação de forma consciente. Não é, portanto, uma avaliação que só constata, mas é, principalmente, uma avaliação que indica novos caminhos (FERNANDES, 2002, p.117 e 118).

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Diversas linhas pedagógicas influenciaram e influenciam a avaliação da aprendizagem e

institucional, na educação brasileira. Tardilf e Gauthier (1991) identificaram três modos de fundamentação do pensamento e da prática

educativa, a saber:

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a) A Pedagogia da Essência, que fundamenta a prática do saber ou tendência tradicional. A prática do saber se traduz na figura do professor como repassador e não como construtor do saber; e o aluno como receptivo passivo. Nesse sentido, verifica-se a avaliação autoritária, elitista, unidirecional, quantitativa, caracterizada como medida do conhecimento.

Tradicionalmente, ainda se vivencia essa prática avaliativa, traduzida na cultura da prova, da premiação, da punição, de deveres de casa, do professor juiz, fiscal, reforçada pela conduta da sociedade, da família e do Estado, ainda que de forma oculta.

Segundo Belloni (2000) “a avaliação institucional feita de acordo com esta concepção, é em geral, centrada em prova ou outros indicadores quantitativos sobre a instituição e tem por objetivo classificar alunos e instituições”.

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b) A Pedagogia da Existência, que fundamenta a prática do saber científico nas suas tendências psicopedagógica, tecnicista e tecnológica.

Na tendência psicopedagógica o aluno deixa de ser o sujeito receptivo passivo e passa a figurar como “um sujeito ativo que deve desenvolver-se segundo suas potencialidades” (Fernandes, 2002). Outros valores são privilegiados na avaliação como o esforço, a participação, o interesse, a frequência e a pontualidade do aluno. Surge a escala de conceitos em substituição às notas. Apesar de aparentemente mais aberta, a avaliação apresenta-se fluida, tendenciosa e elitista.

De acordo com esta concepção de educação, a Avaliação Institucional também partiria da suposição de que algumas escolas têm mais potencialidade do que outras, isto é, poderão ser sempre melhores do que outras. Se aceitarmos que as crianças mais pobres levam mais tempo para aprender (quando aprendem) estaríamos aceitando que as escolas mais pobres (das crianças mais pobres) teriam menos condições que as outras. E nunca poderão superar suas dificuldades (BELLONI, 2000).

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Ao contrário do modelo subjetivista da avaliação na tendência psicopedagógica, observa-se o modelo objetivista na tendência tecnicista, permeado pela avaliação através de instrumento padronizado de respostas objetivas. O avaliador é um banco de testes elaborado por técnicos em avaliação, professor e aluno transformam-se em objetos de uma máquina de pensar externa. Neste momento a avaliação limita o aluno ao conhecimento padronizado.•  

Nesta perspectiva, a avaliação institucional está centrada na identificação da eficiência e eficácia dos meios que a instituição adota para alcançar seus objetivos, a eficiência é a capacidade de fazer o máximo, usando o mínimo de recursos, portanto, um critério basicamente econômico. A eficácia é a capacidade de atingir os objetivos e as metas traçadas e tem, por sua vez, uma forte ênfase em critérios operacionais (BELLONI, 2000).

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Na tendência tecnológica “a sociedade massificada tecnologicamente exige a formação de homens que giram em torno do fazer tecnológico e o currículo escolar passa a ser um instrumento para essa formação” (FERNANDES, 2002).

A tendência tecnológica no campo educacional nada mais é do que a sofisticação do tecnicismo, resultante da exigência de um novo padrão concebido de qualidade total, voltado para a melhoria dos processos gerenciais e para a satisfação do cliente como a chave para resolver os problemas educacionais.

A avaliação institucional toma formas competitivas alarmantes, comparando escolas com realidades e ritmos diferentes e priorizando os rankings entre as instituições. É chamada de avaliação meritocrática ou para controle (FERNANDES, 2002).

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c) A Pedagogia da Essência e da Existência, síntese que fundamenta o saber critico, comunicativo e interativo. Nessa visão somos sujeitos de um processo de construção pessoal e social.

O docente não se limita a repassar um saber padronizado, mas domina uma diversidade de saberes que o habilitam em situações complexas, a deliberar, analisar, interpretar situações e tomar decisões.

A avaliação institucional, nesta perspectiva, tem, também, um caráter formativo. Está voltada para compreender a escola ou o sistema educacional como sujeitos ativos e participantes de um processo de transformação de si próprios e da sociedade. Não busca dar notas ou conceitos, nem fazer hierarquias de melhores a piores. Seu objetivo é oferecer elementos para que a escola ou o sistema se aperfeiçoem e cumpram suas funções de educar e formar a população (BELLONI, 2000).

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Fernandes (2002) situa a avaliação na seguinte escala de evolução epistemológica:

1ª Geração – Mensuração (Saber Tradicional); 2ª Geração – Descrição (Saber Psicopedagógico); 3ª Geração – Julgamento (Saber Tecnicista e

Tecnológico); 4ª Geração – Interação (Saber Crítico).

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Os fundamentos teórico-metodológicos são os

referenciais que direcionam as nossas ações e determinam

nossas posturas de forma consciente ou não. Da

mesma forma, podemos dizer que, na prática, estes referenciais se misturam.

Daí a necessidade de entendermos um pouco

sobre os mesmos para que sejamos capazes de adotar

uma postura mais coerente e consciente na nossa prática educativa e

avaliativa.

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REFERÊNCIAS:

BELLONI, I. Quais os principais objetivos e finalidades da avaliação institucional. In; BELLONI, I. & FERNANDES, M.E.A. Como desenvolver a Avaliação Institucional da Escola. Programa Nacional de Capacitação a Distância para Gestores Escolares, módulo 9. Brasília: Consed, 2000.

FERNANDES, M. E. A. Avaliar a escola é preciso. Mas...que avaliação? In: VIEIRA, S. L. (org.). Gestão da escola: desafios a enfrentar. Rio de Janeiro: DP&A, 2002.

GALDINO, Mary N. D. Avaliação: da Organização institucional à sala de aula. Unigranrio. Rio de Janeiro, 2014.

GAUTHIER, C. et al. Por uma teoria da pedagogia: pesquisas contemporâneas sobre o saber docente. Ijuí: Editora da Unijuí, 1998.