Midiateca Nove de Julho. Entre os caminhos e a paisagem de uma avenida esquecida.
-
Upload
thereza-lins-souto -
Category
Documents
-
view
216 -
download
2
description
Transcript of Midiateca Nove de Julho. Entre os caminhos e a paisagem de uma avenida esquecida.
UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE
FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO
THEREZA LINS SOUTO
MIDIATECA NOVE DE JULHO
ENTRE OS CAMINHOS E A PAISAGEM DE UMA AVENIDA ESQUECIDA
SÃO PAULO 2015
UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE
FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO
THEREZA LINS SOUTO
MIDIATECA NOVE DE JULHO
ENTRE OS CAMINHOS E A PAISAGEM DE UMA AVENIDA ESQUECIDA
Trabalho Final de Graduação apresentado para a
obtenção do diploma de graduação em Arquitetura
e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie
Orientadora: Claudia Stinco
SÃO PAULO 2015
"O programa é a referência mais medíocre de um
espaço, porque é estritamente funcional. Se você
não colocar o sonho, a utopia em cima disso e criar
um espaço onde aquele programa eximiamente se
faça e além dele outros possam se instalar com a
mudança do uso, não é arquitetura, é construção."
Luiz B. Telles
AGRADECIMENTOS
Gostaria de agradecer ao meu orientador de projeto,
Prof. Ms. Angelo Cecco, por me incentivar, propor desa-
fios e proporcionar todo suporte técnico necessário pa-
ra resolvê-los, com paciência, compreensão e disposi-
ção durante o desenvolvimento desse trabalho.
Agradeço também a minha orientadora de monografi-
a, Prof. Dra. Claudia Stinco, por toda sensibilidade, con-
fiança, entusiasmo que depositou em meu trabalho e
por todo auxílio e contribuição que foram extremamen-
te fundamentais para a concretização do mesmo.
Ao Prof. Ms. Ricardo Carvalho Lima Ramos, agradeço
pelo suporte e apoio dados durante os atendimentos ao
longo de todo o processo do TFG, que contribuíram e
enriqueceram significativamente várias etapas do proje-
to.
Aos mais próximos, agradeço primeiramente aos meus
pais pelo suporte psicológico e financeiro ao longo des-
ses cinco anos, e especialmente às minhas queridas,
mãe, avó e irmã por toda a paciência, apoio e compa-
nheirismo.
Aos meus amigos da faculdade, principalmente Ana
Paula, Marcela e Lucas, agradeço por todos os momen-
tos que pudemos estar juntos compartilhando conheci-
mentos, alegrias e angustias, além de toda cumplicida-
de.
Por fim, agradeço a todos que não pude citar que me
acompanharam de alguma forma durante esses anos
da faculdade e contribuíram mesmo que indiretamente
para realização do mesmo.
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO ............................................................................................................................................................. 9
PRIMEIRA PARTE: ENTRE ESCALAS .......................................................................................................................... 12
A escala humana na cidade ......................................................................................................................................... 13
Uma avenida fora de escala ......................................................................................................................................... 16
A cidade como lugar de memória ................................................................................................................................. 19
Lembranças de um plano ............................................................................................................................................. 20
De córrego a corredor .................................................................................................................................................. 24
Visões de paisagem I ................................................................................................................................................... 28
SEGUNDA PARTE: ESPECULAÇÕES ........................................................................................................................... 38
Viva o centro! ............................................................................................................................................................... 39
Revitalizando a BMA .................................................................................................................................................... 43
Geração #M9J ............................................................................................................................................................. 50
"Garimpando" referências _ Parte 1 ............................................................................................................................. 55
"Garimpando" referências _ Parte 2 ............................................................................................................................. 62
Visões de paisagem II .................................................................................................................................................. 66
TERCEIRA PARTE: POSSIBILIDADES .......................................................................................................................... 72
Descrição do projeto .................................................................................................................................................... 73
CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................................................................ 87
REFERÊNCIAS ............................................................................................................................................................... 88
CRÉDITO DAS ILUSTRAÇÕES ...................................................................................................................................... 90
9
APRESENTAÇÃO
Este trabalho de graduação final (TFG) propõe uma
midiateca para rede pública municipal no centro da
cidade de São Paulo, que têm como finalidade abrigar
parte do acervo da Biblioteca Mario de Andrade - BMA,
que hoje se encontra na hemeroteca (edifício anexo,
localizado na Rua Dr. Bráulio Gomes, em frente à Praça
Dom José Gaspar), além de proporcionar aos usuários
novas formas de contato com as mídias digitais.
Ao longo do processo foi necessário desenvolver uma
série de pesquisas consideradas essenciais para dar su-
porte às decisões de projeto, as quais foram reorganiza-
das e apresentadas neste trabalho.
A primeira parte insere a importância da escala huma-
na para o desenvolvimento de espaços públicos na
cidade, apoiada pela visão de Jan Gehl. Na sequência
introduz questões ligadas a macroescala. Estas traçam
um breve panorama sobre a região central da cidade
de São Paulo e a Avenida Nove de Julho, área de inte-
resse. Posteriormente, apresenta a questão da memória
na cidade e em seguida discorre sobre as pesquisas
ligadas ao território. Para isso, retoma alguns aspectos
sobre o Plano de Avenidas e consequentemente sobre
Avenida Nove de Julho que constitui um dos braços do
"Y", espinha dorsal do Plano. Por fim, aprofunda a análise
sobre a avenida, principalmente pelas suas condições
topográficas bastante particulares, além de descrever
suas principais características e pontos importantes e
mostrar as primeiras visões de paisagem.
A segunda parte trata de reunir as análises que contri-
buíram para a escolha do programa. Isto posto, discorre
sobre os equipamentos urbanos da região, com um re-
corte mais específico na BMA (Biblioteca Mário de An-
drade), explicando o problema que enfrenta há muitos
anos de armazenamento do acervo e procura observar
a BMA e suas relações com seu entrono e o centro da
cidade. Em seguida esclarece o programa de uma mi-
10
diateca e por fim introduz os estudos de casos que con-
tribuíram para o desenvolvimento do projeto arquitetô-
nico junto com a segunda parte das visões de paisa-
gem.
As obras destacadas serão descritas de forma sucinta,
posto que são publicadas. No entanto, interessa a análi-
se particular de cada uma delas à luz de pontos especí-
ficos que serviram como referência para o projeto de-
senvolvido.
A descrição do projeto está na terceira e última parte e
nela apresenta- se o projeto cujo processo de elabora-
ção explicitado se constitui num percurso passível de ser
analisado e discutido. O projeto tem como objetivos
iniciais satisfazer as propostas de:
-Ajudar a solucionar o problema de espaço para arma-
zenamento do acervo da BMA.
-Incentivar a revitalização do trecho inicial da Avenida
Nove de Julho através da criação de espaços de con-
vivência e permanência.
- Estimular a convivência entre as novas gerações e a
parte antiga da cidade a fim de retomar, renovar e re-
criar parte das memórias do centro de sua paisagem
urbana.
- Incentivar a vivência na cidade por meio do encade-
amento de programas entre equipamentos propostos:
BMA (existente), Midiateca Nove de Julho, Conexão
Saracura (edifício rampa) e Rede Macunaíma ( conjun-
to anexa) estimulando o deslocamento através do pas-
seio publico.
-Promover o contato entre a população e o "escondido"
acervo da BMA, bom como os meios de informação
tecnológicos, novos formatos de mídias e métodos de
ensino que estimulem os vários sentidos da percepção
humana.
PRIMEIRA PARTE:
ENTRE ESCALAS
13
A ESCALA HUMANA NA CIDADE
A priorização do fluxo de automóveis e o aumento do
tráfego nas grandes cidades não é um fenômeno isola-
do ou incomum e, ao longo dos anos, teóricos e estudi-
osos ao redor do mundo desenvolveram e continuam
realizando estudos que contribuem na discussão sobre o
planejamento urbano associado a qualidade de vida
nas cidades.
Uma das primeiras e mais polêmicas iniciativas foi o lan-
çamento em 1961 do livro "Morte e Vida das Grandes
Cidades", escrito por uma teórica do urbanismo e escri-
tora canadense (nascida nos EUA), Jane Jacobs (1916-
2006). A autora clamava por uma mudança decisiva na
maneira em como as cidades vinham sendo construí-
das. Em seu livro, Jacobs discorre sobre a influência que
a ideologia urbanística do movimento moderno teve
sobre o processo que ela chamou de "morte das cida-
des" (referindo-se às cidades estadunidenses da déca-
da de 1950), pois na tentativa de substituição da com-
plexidade urbana por edifícios isolados e autônomos,
gerou-se um espaço urbano segregado, sem vida, esva-
ziado de pessoas. "Vida atrai vida", "o homem procura o
homem", afirma Jacobs.
Além disso, traz também a questão sobre o aumento
exponencial da quantidade de carros nas cidades que
toma um espaço público que poderia ser destinado
para interação e encontro das pessoas.
Recentemente, o arquiteto e urbanista dinamarquês
Jan Gehl (1936), em "Cidade para pessoas" (2010) reto-
ma as questões lançadas por Jacobs, articulando outros
estudos, inclusive os desenvolvidos por ele mesmo, uma
vez que participou do planejamento urbano de cidades
consideradas modelo, como Copenhagen, Estocolmo,
Roterdã entre outras.
Para Gehl, é essencial que as cidades sejam construídas
para as pessoas, em todos os sentidos. Isso significa que
é preciso que os lugares públicos da cidade sejam es-
paços atrativos, locais que de acolhimento que façam
14
os usuários sentirem-se à vontade. Em seu livro, aponta
quatro questões-chave para obter qualidade de vida
nas cidades: vitalidade, segurança, sustentabilidade e
saúde. Para ele, esses temas estão diretamente associ-
ados e são reforçados pelo aumento da preocupação
com o pedestre e com a vida da cidade em geral. "Re-
força-se a potencialidade para a cidade tornar-se viva,
sempre que mais pessoas sintam-se convidadas a cami-
nhar, pedalar ou permanecer nos espaços da cidade".
(GEHL, 2013, p. 7)
Por sua vez, a arquiteta paulistana Luciana Oliveira em
seu doutorado "Espaços públicos e privados nas centra-
lidades urbanas", toma Gehl como referência e afirma:
"Os estudos de Gehl investigam a atividade social do
encontro, de ver e ouvir uns aos outros, como forma de
partidas para outras formas de atividades sociais mais
complexas, pois considera que essa é uma das quali-
dades mais importantes dos espaços públicos."
(OLIVEIRA, 2013, p. 23)
Figura 1 - Priorização do fluxo de pedestres em Nova Iorque de
2007. Alargamento da calçada na Broadway em Manhattan
15
Gehl ainda esclarece que há três categorias de ativi-
dades exteriores: necessárias, opcionais e sociais, que
acontecem interligadas, e afirma:
"A vida entre os edifícios não se limita à circulação de
pedestres ou atividades recreativas ou sociais. A vida
entre os edifícios abrange todo o espectro das ativida-
des que se combinam para fazer com que os espaços
comunitários das cidades e das zonas residenciais sejam
significativos e atrativos." (GEHL, 2013, p. 23)
O estudo das questões levantadas por Gehl norteou
grande parte do desenvolvimento do trabalho e foi es-
sencial principalmente por conta do interesse em se
trabalhar em uma área atualmente degradada na ci-
dade de São Paulo.
Por ser uma região de fundo de vale o trecho inicial da
Avenida Nove de Julho, tem como um dos agravantes
do quadro de abandono em que se encontra, sua pró-
pria condição topográfica.
Apesar das suas generosas calçadas e vista privilegiada
da paisagem urbana do Centro, os caminhos que dão
acesso a ela são quase sempre por trechos com grande
desnível.
Estes, muitas vezes são transpostos por meio de escada-
rias extensas e isoladas, gerando um ambiente bastan-
te hostil para os pedestres que necessitam fazê-lo.
Portanto, para o desenvolvimento qualquer proposta de
revitalização na área seria inevitável trabalhar com ar-
quitetura de transposição, uma vez que seria por meio
dela que se daria a chegada dos pedestres na avenida
esquecida.
16
UMA AVENIDA FORA DE ESCALA
Na década de 1960, após a consolidação do centro da
cidade de São Paulo por meio da realização do Plano
de Avenidas - projeto de sistema viário estrutural propos-
to por Prestes Maia e Ulhôa Cintra ,tanto a região do
centro histórico quanto a do novo centro passam por
um forte processo de verticalização.
Nos anos seguintes ocorrem várias obras como passare-
las, metros, viadutos e avenidas que interligam o fluxo
tanto de pessoas quanto de veículos, transformando a
região central em um espaço de passagem. Conse-
quentemente, o caráter comercial e social antes carac-
terístico da região, foi reduzido a um papel funcional, no
sentido de adquirir importância por ser um elemento
articulador dos sistemas metropolitanos de transporte.
Em decorrência dessas mudanças, apesar de seu valor
histórico, da qualidade espacial de seus recintos urba-
nos, de possuir infraestrutura urbana consolidada, e dos
edifícios de importância arquitetônica, o centro passou
por um processo de esvaziamento nas décadas seguin-
tes.
A partir do final da década de 1990, o poder público
vem tentando reverter esse cenário através de opera-
ções urbanas, aliado ao interesse do mercado imobiliá-
rio, que tem investido na região nos últimos anos.
A Avenida Nove de Julho dentro deste panorama, po-
de-se dizer que marca tanto o período de auge da re-
gião central como o de decadência, por ser um dos
vetores viários de irradiação e deslocamento responsá-
veis pelo isolamento e abandono da área.
"A reconstrução simbólica e física do Centro passa entre
outras questões pelo ”reequilíbrio do perfil sócio eco-
nômico da região” (CAMPOS, 2000:17)1 e, portanto, diz
1 PUNTONI, Álvaro. O projeto como caminho. Estruturas
de habitação na área central de São Paulo. A ocupa-
ção de vazios na Avenida Nove de Julho.2004. Tese
(Doutorado em Arquitetura e Urbanismo)-Universidade
de São Paulo, São Paulo, 2004 In: CAMPOS, Candido Malta.
17
Figura 2 - Fotografia da Avenida Nove de Julho
“Construção e desconstrução do Centro Paulistano”. São Pau-
lo, Instituto Polis, 2001
respeito à questão habitacional e de recomposição dos
espaços públicos, em razão dos novos usos e fluxos que
podem ser gerados". (PUNTONI, 2004, p. 228)
Contudo, uma nova questão urbana surge na atualida-
de em relação às áreas centrais é: Como renovar e o
que fazer com as pré-existências uma vez que os vazios
urbanos são cada vez mais raros?
Por se tratar de uma área na região central da cidade,
o local é amplamente atendido por uma variedade de
equipamentos urbanos. Apesar disso, observa-se a ne-
cessidade por mais espaços públicos de permanência
voltados para o lazer na região.
A alta concentração de edifícios residenciais nos quais
muitos projetos não se preocuparam com a transição
entre o espaço público e privado, aliada à baixa quali-
dade dos poucos espaços públicos disponíveis e à falta
de estabelecimentos comerciais ao longo da Avenida
Nove de Julho, são os principais fatores geradores de
insegurança e que consequentemente fizeram com que
18
a região passasse pelo processo de abandono.
(Puntoni, 2004)
A inconformidade por suas condições atuais foi um dos
principais sentimentos que motivou o interesse em de-
senvolver um projeto ás margens da avenida.
Por essa razão, buscou-se investigar os principais fatores
de degradação da via como forma de obter o conhe-
cimento para desenvolver a proposta de intervenção.
19
A CIDADE COMO LUGAR DE MEMÓRIA
Muitos autores discorrem sobre a memória e a cidade e
enfatizam diferentes aspectos sobre a relação entre
elas. Para este trabalho, selecionamos a visão sintetiza-
da por um geógrafo brasileiro (Maurício de Almeida
Abreu, 1948-2011)
Segundo Abreu (1998), a cidade é um elemento que ao
mesmo tempo em que une indivíduos e grupos sociais
entre si, cria uma referência para eles entre espaço e
tempo. Para que surja memória coletiva referente a um
lugar é preciso que um grupo estabeleça nele relações
sociais, e essas podem variar tanto no tempo como no
espaço. Por isso é inevitável que coexistam numa cida-
de inúmeras memórias coletivas, em qualquer recorte
temporal.
A partir do momento em que essas memórias conse-
guem ser materializadas ou se eternizar através de regis-
tros, elas conseguem manter seu caráter específico.
Contudo muitas se perderam no tempo, o que faz com
que partes remanescentes no espaço que subexistiram
no passado sejam apenas um fragmento. No entanto a
recuperação das mesmas não é só possível como tam-
bém imprescindível.
"É através da recuperação das memórias coletivas que
sobraram do passado (estejam elas materializadas no
espaço ou em documentos), e da preocupação cons-
tante em registrar as memórias coletivas que ainda es-
tão vivas no cotidiano atual da cidade (muitas das
quais certamente fadadas ao desaparecimento) que
poderemos resgatar muito do passado, eternizar o pre-
sente e garantir às futuras um lastro de memória impor-
tante para sua identidade”.(ABREU, 1998)
.
20
LEMBRANÇAS DE UM PLANO
A vivência de um local ou cidade pode ser feita de di-
versas maneiras, mas a partir da observação da confi-
guração do espaço é possível reconhecer a forma mais
acessível de se fazê-la. Ao identificá-la, revela-se como
se dá a organização e vida social dos habitantes da-
quele local.
Independentemente da forma como o local é vivenci-
ado, os elementos que fazem conexão entre qualquer
rota são as vias públicas, e é principalmente por meio
da investigação e análise de formação desses eixos que
se pode entender com mais clareza a formação históri-
ca e ideológica do território da cidade.
No caso da cidade de São Paulo, a questão topográfi-
ca é intrínseca à formação dos eixos estruturadores,
devido à utilização das áreas de fundo de vale para o
traçado de muitas das suas principais avenidas. A partir
da concretização do Plano de Prestes Maia em 1938, a
cidade configurou-se abrindo espaço para um novo
traçado viário, priorizando os automóveis e a ideia de
modernidade da época.
Segundo Benedito Lima de Toledo, autor do livro "Prestes
Maia e as origens do urbanismo moderno em São Pau-
lo", a proposta do Plano de Avenidas - idealizado em
1930 pelos engenheiros Prestes Maia, então prefeito da
cidade e Ulhôa Cintra - tinha como essência ser um
conjunto formado por avenidas radiais, fazendo uso dos
caminhos existentes, adaptando-os para fazerem parte
de um dos principais eixos do sistema viário da cidade.
Maia projetou uma série de Ruas e Avenidas com intuito
de conectar múltiplas partes diferentes e distantes da
cidade à região central. Alguns exemplos são as Aveni-
das Rangel Pestana e Celso Garcia (no sentido nordes-
te), Avenidas do Estado e Pedro I (sentido sudoeste),
Rua da Liberdade e Avenida Domingos de Morais (sen-
tido sul), a Rua Brigadeiro Luis Antônio e Rua da Conso-
lação ( sentido sudeste), entre outras.
21
No "Esquema Teórico de São Paulo" elaborado por João
Florence de Ulhôa Cintra durante um programa de es-
tudo junto com Francisco Prestes Maia, é possível obser-
var que o sistema é formado por 12 avenidas e que no
centro já traz quase que embrionariamente a ideia do
Sistema Y, que traduz a intenção da existência da radial
Saracura conformando um dos "braços" do da letra Y.
Durante a passagem de Prestes Maia pela prefeitura
(1938-45), tanto o projeto "Os melhoramentos de São
Paulo" quanto o "Plano de Avenidas" vieram a ser com-
plementados e concretizados, tornando-se um exemplo
de implantação de um sistema de vias em meio a uma
trama urbana existente.
O sistema Y funcionava por analogia como espinha
dorsal da cidade de São Paulo e se consolidava a partir
da proposta para uma Avenida no Vale do Saracura,
(rumo sul), na direção do Parque Trianon (Avenida 9 de
Julho), sugerida durante a gestão de seu antecessor, o
também engenheiro Prefeito Fábio da Silva Prado (1934-
38).
Figura 3 - Esquema teórico de São Paulo, no qual o sis-
tema viário é reduzido a formas geométricas essenciais,
formado pelas radiais e perimetrais. Foi publicado pelo
Boletim do Instituto de Engenharia em uma série de
artigos, que tinham como título: "Um problema atual. Os
grandes melhoramentos de São Paulo". Nestes artigos
Maia fundamentava amplamente sua proposta base-
ando-se em experiências internacionais de organização
urbana.
22
As futuras avenidas 23 de Maio (sobre o Anhangabaú),
Nove de Julho (sobre o Saracura) e Tiradentes seriam as
formadoras do Sistema Y, que tem como parte embrio-
nária do tronco o Parque do Anhangabaú.
Como o plano urbano foi idealizado para fazer o per-
curso dos antigos caminhos da cidade, estes aconteci-
am quase sempre nos divisores de águas, ou seja, essas
avenidas iriam utilizar-se dos fundos de vale que, segun-
do Toledo, seria "uma solução orgânica e coerente com
a configuração da geral da cidade” (1996, p. 168).
O ponto de intersecção entre os ramos do "Y" sempre foi
um dos mais ricos e com funções diversas ao longo da
história da cidade.
Antigamente esse ponto central era uma ponte de pe-
dra próxima ao local onde o rio Anhangabaú recebia
dois afluentes, o Saracura e o Bexiga.
Fazendo um recorte geográfico mais específico do vale
do Saracura, região onde hoje se encontra a Avenida
Nove de Julho, antes do Plano de Avenidas ser coloca-
Figura 4 - Esquema teórico de São Paulo, segundo João Flo-
rence de Ulhôa Cintra e Esquema teórico de Moscou, Paris e
Berlim, segundo Eugène Hènard. Foi publicado pelo Boletim
do Instituto de Engenharia em uma série de artigos, que ti-
nham como título: "Um problema atual. Os grandes melhora-
mentos de São Paulo". Nestes artigos Maia fundamentava
amplamente sua proposta baseando-se em experiências in-
ternacionais de organização urbana.
23
do em prática existia um muro de represamento, origem
do Tanque Reúno, próximo o Viaduto Martinho Prado.
Apesar da tentativa do município em melhorar o abas-
tecimento de água, desde aquela época a região do
vale permaneceu abandonada praticamente até o
surgimento do sistema "Y".
Figura 6 - Foto tomada rumo ao sul do Vale do Saracu-
ra antes da transformação urbana.
Figura 5 - Mapa da área central da Cidade onde se
encontram assinaladas as avenidas que formam o
sistema "Y"com as principais avenidas nos arredores.
24
DE CÓRREGO A CORREDOR
Inaugurada em 1941 a Avenida Nove de Julho é um dos
principais eixos do sistema “Y” previsto pelo Plano de
Avenidas e ocupa parte do Vale do córrego Saracura.
“A Avenida Nove de Julho é extremamente original por
suas condições topográficas: avenida de thalweg2 e,
por isso mesmo capaz de tráfego rápido, livre de cru-
zamentos, devido aos viadutos e túneis" (MAIA, 1945:
14)3
2 Thalweg: Pt.Talvegue 1 Linha que passa pela parte
mais profunda de um vale, seja sob a água ou
não. 2 Linha de interseção dos planos de duas encos-
tas. 3 Eixo do canal principal do álveo do rio, ou linha
mediana e divisória do seu curso. (Dicionário Michaelis) 3 PUNTONI, Álvaro. O projeto como caminho. Estruturas
de habitação na área central de São Paulo. A ocupa-
ção de vazios na Avenida Nove de Julho.2004. Tese
(Doutorado em Arquitetura e Urbanismo)-Universidade
de São Paulo, São Paulo, 2004 In: Maia, Francisco Pres-
tes. Estudo de um Plano de Avenidas para a Cidade de
São Paulo. São Paulo, Cia. De Melhoramentos,1945.
De acordo com Puntoni, devido ao fato de não ter sido
incorporada ao projeto original a possibilidade de uso
de vias paralelas e tratamentos específicos na encosta,
a Avenida tornou-se obsoleta com o passar dos anos,
principalmente por sua calha reduzida e intensa ocu-
pação do vale. Esse processo se deu com mais intensi-
dade entre as décadas de 1950 e 1960, devido aos as-
pectos relacionados à legislação da época.
Um dos fatores de degradação mais latentes se situa no
passeio público ao longo da Avenida, no qual muitos
dos espaços que são imediatamente ligados a ele se
encontram abandonados e isolados. Dessa forma esses
espaços de transição entre público e privado acabam
com o fluxo de pedestres e desqualificam o ambiente
da Avenida. Outro fator é também a questão da topo-
grafia, que justamente por não ter sido levada em con-
sideração no momento da divisão dos lotes durante a
implantação da mesma, compromete "as possibilidades
25
Figura 8 - Fotografia do Viaduto Major Queidinho, 1952.
de construção de recintos públicos".(PUNTONI, 2004,
p.191)
Além disso, pela falta projetos que levassem em consi-
deração a integração entre o edifício e o espaço públi-
co, a encosta foi ocupada de forma com que as cons-
truções estivessem somente sobrepostas ao vale, ocul-
tando-o quase que completamente da paisagem urba-
na.
A criação da calha segregada para o sistema de trans-
porte público implantada em 1980, foi responsável por
um dos mais graves problemas em relação à qualidade
ambiental da avenida. Contudo, entre os anos de 2000
e 2004 houve a retirada das barreiras físicas das calhas.
Junto com a remodelação dos pontos de ônibus e re-
cuperação das calçadas a situação foi amenizada.
A previsão atual para a área traz como possibilidade a
substituição dos corredores de ônibus por um sistema
mais moderno e menos poluidor, como por exemplo, os
VLTs - Veículo Leve sob Trilhos.
Figura 7 - Corte do Viaduto Nove de Julho, que mostra em
sua estrutura o espaço deixado para a passagem do me-
tro.
26
A caracterização da avenida emparedada chega a ser
quase antagônica à pretensão do autor do projeto,
Prestes Maia, que a imaginava como uma avenida-
parque. No entanto, a configuração geomorfológica do
território viabilizou a construção de diversos viadutos que
interligam os dois lados do vale, como o Major Quedi-
nho (1937) e o Nove de Julho (1942), e conectam os dois
lados do vale não somente para o sistema viário, mas
também para os pedestres por meio de escadarias e
passarelas que também dão acesso ao fundo.
O mais significativo entre eles é o Nove de Julho pelo
seu porte e espaços públicos existentes junto às cabe-
ceiras de suas escadarias, além da previsão de espaço
de passagem do sistema de transporte metropolitano
(metrô) elevado no interior do viaduto.
Um aspecto positivo decorrente da singularidade da
topografia do local é a dimensão generosa das larguras
das calçadas, que se mantiveram intactas mesmo após
as intervenções viárias realizadas na década de 1970.
Figura 9 - Propaganda de 1948 da loja Satic, destacando
a conexão criada pelo Viaduto Nove de Julho entre a
região da Consolação com o centro.
27
Figura 10 - Vista aérea to trecho de intersecção da Avenida Nove de Julho com os viadutos Major Queidinho e Nove de Julho.
28
VISÕES DE PAISAGEM I
Após a fase de leitura e compreensão do território, foi
preciso identificar os vazios potenciais na região. O crité-
rio utilizado para tal foi identificar espaços abandona-
dos, sem uso, ou que funcionassem como estaciona-
mentos de superfície.
O foco no trecho inicial / central da Avenida Nove de
Julho justifica-se por ser um dos mais consolidados devi-
do à proximidade com o centro e ao mesmo tempo um
dos que apresenta mais significativa degradação, além
de apresentar um número expressivo de vazios urbanos.
Entre os vazios potenciais identificados, dois locais se
destacaram devido aos desafios que estes
proporcionariam ao exercício de projeto.
A primeira área de interesse se tratava de um lote com
17 metros de desnível, situado na Rua Frei Caneca, logo
depois do seu cruzamento com a Rua Augusta e no
encontro da Rua Avanhandava com a Avenida Nove
de Julho. O lote atualmente desempenha função de
local de passagem, por abrigar uma extensa escadaria
pública que liga o nível da Avenida Nove de Julho ao
nível da Rua Frei Caneca.
A segunda área consistia em uma série de terrenos ao
longo da Rua Álvaro de Carvalho e Avenida Nove de
Julho, por isso exigia a reorganização do espaço ao
longo de um eixo, além de trabalhar com três situações
diferentes de vazios potenciais: um gerado por um esta-
cionamento de superfície isolado, outro por espaço re-
sidual cercado embaixo do viaduto, e o último por es-
tacionamentos de superfície, mas que para se conecta-
rem formando um terreno generoso, teriam que abraçar
um edifício garagem existente entre eles.
29
Figura 11 - Mapa de vazios potenciais na região inicial no trecho inicial da Avenida Nove de Julho.
30
Como as duas possibilidades de intervenção envolviam
soluções projetuais completamente diferentes e ao
mesmo tempo despertavam nosso interesse, um dos
elementos mais importantes para a decisão foi o estudo
de paisagem urbana realizada através de observações
nos locais.
Por se tratar de uma área na região central, o resgate
da memória do lugar seria um dos argumentos mais im-
portantes para justificar a criação de um equipamento
urbano de grande escala para rede pública municipal
da cidade. Por esse motivo o estudo da paisagem ur-
bana foi tão essencial.
Ao levar em consideração o conjunto de edifícios que
perfazem o entorno das áreas potenciais, a segunda
opção revelou-se mais atraente por proporcionar me-
lhor visibilidade da região de fundo de vale, além de
situar-se mais próxima a construções com relevância
histórica e arquitetônica para a cidade.
Figura 12- Vista da área de interesse 1, da Rua Avanhan-
dava para a Rua Frei Caneca
Figura 13- Vista da área de interesse 2, do topo da es-
cadaria do Viaduto Nove de Julho em direção a Aveni-
da Nove de Julho
31
Figura 14 - Croquis de observação da área de interesse 1, vista da Rua Frei Caneca (23/09/2014)
32
Figura 15 Croquis de observação da área de interesse 1, vista da Rua Frei Caneca
(23/09/2014)
33
Figura 16 - Croquis de observação da área de interesse 1, vista da Rua Avanhandava e Avenida Nove de Julho. (20/09/2014)
34
Figura 17 - Croquis de observação da segunda opção de intervenção na Rua Álvaro de Carvalho. (20/09/2014)
35
Figura 18 - Croquis de observação dos Viadutos Nove de Julho (à esquerda) e Major Queidinho (à direita). (20/09/2014)
36
SEGUNDA PARTE:
ESPECULAÇÕES
39
VIVA O CENTRO!
Figura 19 - Mapa dos principais edifícios da região central da
cidade de São Paulo (sem escala).
Ao se trabalhar na região central da cidade São Paulo,
é imprescindível levar em consideração as pré-
existências, por se tratar de uma área que possui atribu-
tos únicos e qualidades especiais em relação às demais
regiões da cidade.
Por ser espaço privilegiado de cultura, história e desen-
volvimento urbano extremamente consolidado, encon-
tram-se disponíveis uma série análises e mapeamentos
que localizam os equipamentos urbanos, edificações
importantes e os bens tombados na região.
A associação Viva o Centro, por exemplo, é uma enti-
dade de utilidade pública que objetiva o
desenvolvimento da Área Central de São Paulo, em seus
aspectos urbanísticos, culturais, funcionais, sociais e e-
conômicos. A associação brinda muitas informações em
relação ao centro, inclusive mapas virtuais/digitais que
auxiliam o entendimento do território.
40
Graças a eles, foi possível sobrepor várias camadas de
informação e fazer uma leitura muito mais precisa da
área de interesse escolhida, e com isso também assegu-
rar que o projeto respeitasse todos os bens tombados e
edifícios importantes existentes.
Pode-se observar (figura 20) a grande quantidade de
bens tombando nos distritos da Sé e República (que
aparecem marcados na cor laranja). Em outro ma-
pa(figura 21) destaca-se os principais edifícios e equi-
pamentos urbanos do centro,
Em mapa desenvolvido para este trabalho (figura23), é
possível observar que os terrenos selecionados ficam
bastante próximos a dois pontos importantes de trans-
porte de massa: o terminal Bandeira, e a estação de
metrô Anhangabaú. Portanto o acesso ao projeto da
midiateca seria de facilitado para a população que
não possui a automóvel.
Figura 21 - Mapa de principais equi-
pamentos e edifícios importantes no
centro de São Paulo (sem escala)
Figura 20 - Mapa de bens Tombados
no Centro de São Paulo (sem escala)
41
Pode-se notar também que os terrenos estão situados
no mesmo eixo que a BMA, através do Viaduto Nove de
Julho, pois o intuito da escolha foi justamente fazer com
que o usuário da biblioteca, ao deslocar-se para a mi-
diateca, o fizesse através de um elemento tão importan-
te na paisagem do centro, caminhando pela belíssima
paisagem histórica do loca tornando-a mais movimen-
tada e segura. Esta seria também uma tentativa de
estimular um novo fluxo pelo trecho.
42
Figura 22- Mapa e equipamentos urbanos e bens tombados próximos da área de intervenção.
43
REVITALIZANDO A BMA
Localizada na região central de São Paulo entre a Rua
da Consolação, Av. São Luiz e Rua Bráulio Gomes, a
Biblioteca Mário de Andrade - BMA foi a primeira biblio-
teca pública da cidade.
Atualmente contempla um acervo com mais de três
milhões de itens, entre eles livros, jornais, periódicos, ma-
pas e materiais audiovisuais.
Por ser a segunda maior biblioteca publica do país (fi-
cando atrás apenas da Biblioteca Nacional) é umas das
mais importantes dentro do campo de pesquisa. Além
da alta relevância de seu acervo,o edifício é conside-
rada um marco da arquitetura Moderna para São Pau-
lo.
Fundada em 1925, inicialmente funcionava em um ca-
sarão na Rua Sete de Abril, e levava o nome de Biblio-
teca Municipal de São Paulo. Só recebeu o nome de
um dos intelectuais brasileiros mais admiráveis do
século XX, em 15 de fevereiro de 1960. O acervo inicial
foi formado por um conjunto de 15 mil livros, obras que
pertenciam à Câmara Municipal de São Paulo, órgão
que naquela época funcionava na mesma localização
da biblioteca.
Somente em 1936, o sonho de se construir um edifício
que pudesse abrigar adequadamente o que seria a
grande biblioteca central da cidade começa a ser
concretizado com a compra de um lote situado na Rua
Xavier de Toledo com a Avenida São Luis. Algum tempo
depois foram apropriados pela prefeitura outros terrenos
do entrono, dando espaço a futura praça e edifício.
Em 1937, importantes obras enriquecem a coleção de-
vido a incorporação da Biblioteca Pública do Estado, e
consequentemente aumentam a demanda de espaço
físico necessário para abrigar o acervo.
A inauguração do atual edifício da biblioteca ocorre
em 1942, durante a gestão do Prefeito Prestes Maia e
teve como primeiro Diretor Rubens Borba de Moraes.
44
O projeto original do edifício foi concebido pelo arquite-
to francês Jacques Pilon, contudo sofreu algumas modi-
ficações sugeridas pelo próprio prefeito que também
era engenheiro. Umas das alterações mais importantes,
foi a decisão abandonar a ideia da construção de dois
alicerces que no futuro serviriam para sustentar mais
duas torres, segundo a visão do próprio diretor vigente
na época, inviabilizou definitivamente a possibilidade de
ampliação do espaço acervo.
A preocupação pela necessidade de aumento de es-
paço físico do Diretor, logo se torna realidade quando
em 1965 quando a biblioteca se vê obrigada a mandar
parte da coleção de periódicos para a Biblioteca de
Santo Amaro justamente pela falta de espaço na torre.
Em 1968, a Diretora Noemi do Val Penteado junto com
uma comissão de especialistas emitiram um parecer
favorável a desapropriação de um terreno próximo pa-
ra a construção de uma extensão do prédio para abri-
gar livros de arte, revistas e jornais.
Figura 23 - Fotografia da construção da BMA.
45
No entanto Noemi que em 1970, passa a gerir o cargo
de Diretora do Departamento de Bibliotecas Públicas
desiste da ideia em função da decisão do prefeito em
construir uma nova edificação que abrigaria o que foi
chamado na época de Biblioteca Metropolitana de São
Paulo, localizada entre a Rua Vergueiro e Avenida 23 de
Maio.Contudo, ao longo dos anos o projeto passa por
uma série de transformações e o que era pra ser a Bibli-
oteca Mário de Andrade Vergueiro, acaba se tornando
o Centro Cultural São Paulo, inaugurado em 1982.
Nos anos de 1970, a Biblioteca Mário de Andrade passa
por uma reforma que tem como função adequar ne-
cessidades de segurança e infraestrutura. Uma pequena
ampliação acontece anos depois, em 1975 com a mu-
dança da Seção Circulante do acervo para a Praça
Roosevelt. Em 1990 se dá inicio a uma nova reforma,
conduzida pela arquiteta Silvana Santopaolo, com o
intuito de solucionar as dificuldades físicas do edifício
além de fazer uma nova adequação espacial às novas
necessidades e usos e restaurar a estética e funcionali-
dade. Vale destacar que essa reforma não contempla
Figura 24 - Fachada principal da Biblioteca Mário de Andrade
46
a torre do acervo, por isso não tem relação com ques-
tão da ampliação de espaço para a coleção. Essa situ-
ação só foi possível devido a transferência de parte
considerável de livros para a biblioteca criada dentro
do Centro Cultural São Paulo, na Rua Vergueiro.
Em 1992, o prédio foi tombado pelo Conselho Municipal
de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Am-
biental da Cidade de São Paulo (Conpresp) e pelo Con-
selho de Defesa do Patrimônio Histórico Arqueológico,
Artístico e Turístico (Condephaat).
No ano 2000, o esgotamento do espaço de acervo
chegou a um ponto tão crítico, que tiveram que enco-
mendar um projeto de intervenção arquitetônica dado
ao arquiteto Fábio Penteado.
Este projeto pretendia gastar uma verba de 21 milhões
com a construção de 4 subsolos abaixo da Rua da Con-
solação, que serviriam como depósito de livros, além da
criação de novos fluxos para a utilização da biblioteca
e espaços de convivência, cafés e integração com a
Praça Dom José Gaspar , que havia sido revitalizada.
Contudo, apesar das negociações terem sido começa-
das com o Banco Interamericano de Desenvolvimento
(BID), o projeto não foi executado.Somente e 2006, de-
vido ao grande programa de revitalização na região
central na cidade de São Paulo financiado pelo BID, a
Biblioteca Mário de Andrade é incluída e contempla-se
um plano de reforma profunda de modernização de-
senvolvido pelo escritório Piratininga Arquitetos Associa-
dos, que planeja a integração de diversas disciplinas
técnicas como arquitetura, restauro, acústica, engenha-
ria de fundações, de estruturas e de instalações.
Além disso, Em março desse mesmo ano a Secretaria
Municipal de Cultura consegue a permissão do uso do
antigo prédio da IPESP (Instituto de Previdência do
47
Figura 25- Distribuição e organização do acervo da BMA.
48
Estado de São Paulo para utiliza-lo como edifício anexo
da Biblioteca Mário de Andrade, por meio de negocia-
ções que aconteciam desde 2003.
As obras no prédio principal iniciam-se em 2007 e duram
até outubro de 2010, anos pelo qual além das mudan-
ças no edifício, também envolveram o restauro do mo-
biliário e a higienização e reorganização física do acer-
vo. A reforma do edifício anexo localizado na Rua Bráu-
lio Gomes durou de dezembro de 2009 ao segundo se-
mestre de 2012. Atualmente o prédio de 16 pavimentos
abriga a coleção retrospectiva de jornais e revistas de
assuntos gerais, ademais o acervo de micro filmes, a
coleção da ONU e o Arquivo histórico. Somente dois
andares são para o atendimento e utilização do público
geral.
Com as obras finalizadas, foi possível o retorno de partes
da coleção que estavam distribuídas em outros espaços
do Sistema Municipal de Bibliotecas, reunindo novamen-
te a área de Circulantes às áreas de consultas de cole-
ções fixas – Artes, Coleção Geral, Mapoteca e Raros e
Especiais, além do auditório. Com isso foi atrair de volta,
do antigo público que havia se afastado durante o pe-
ríodo de hibernação a um novo tipo de usuários que
agora pode enxergar com mais facilidade a Biblioteca
Mário de Andrade não somente como um equipamento
de educação, mas também de cultura e lazer.
"A Biblioteca Mário de Andrade reafirma sua vocação
como espaço público, sendo referência para a requali-
ficação do centro de São Paulo. Com o restauro e a
modernização, a população volta a ter acesso à história
e à cultura ali reunidas" afirma Renata Semin, sócia do
escritório Piratininga Arquitetos Associados, em entrevis-
ta dada para a revista digital Galeria da arquitetura.
49
O edifício da hemeroteca, por ter sido adaptado á sua
função atual não proporciona ao usuário o certas sen-
sações de conforto esperadas em uma biblioteca de
tamanha importância, como pé direito amplo, ilumina-
ção natural, vista para a paisagem urbana, além da
estética da fachada do edifício que deixa muito a de-
sejar.
Por essa razão, surge a proposta de transferir a parte do
acervo destinada ao público em geral (multimeios, revis-
tas e jornais) para o novo edifício de midiateca. Ao
mesmo tempo esse edifício seria mantido parte do a-
cervo com acesso restrito.
Figura 26 - fachada do edifício anexo da Biblioteca
Mário de Andrade - Hemeroteca.
)
50
GERAÇÃO #M9J
O desenvolvimento de novas tecnologias na área da
comunicação e informação geram enormes transfor-
mações sociais e culturais e consequentemente o mes-
mo acontece na maneira como essas as mídias são
armazenadas e apresentadas para sociedade.
Em decorrência desse processo, a transformação das
bibliotecas foi inevitável em vários aspectos, principal-
mente em relação ao seu tipo de acervo, no qual atu-
almente precisam agregar diferentes tipos de mídias,
das tradicionais as mais contemporâneas.
O surgimento de novos tipos de suportes da informação
deu origem a um novo termo, ou conceito de bibliote-
ca: Midiateca.
Além de armazenarem novos formatos de mídias, as
midiatecas também sofreram uma mudança de concei-
to em relação às bibliotecas, que lhe atribuiu novas fun-
ções. Dessa forma deixam de simbolizar um local de
reclusão, para simbolizar um lugar que disponibiliza to-
das as formas possíveis de informação.
Essa mudança ganhou força quando os conteúdos au-
diovisuais começaram a receber a mesma importância
dos livros, passando a ocupar um espaço dentro das
bibliotecas. Entretanto, aos poucos começou a tomar o
espaço de edifícios inteiros, como por exemplo, a Midia-
teca de Sendai, a Midiateca PUC RJ entre outras.
Através da observação da tabela 1,pode-se dizer que
uma das maiores diferenças entre a midiateca e a bibli-
oteca é a inserção de espaços de lazer e interação
social em seu programa, ou seja, acaba se aproximan-
do bastante ao programa de um equipamento cultural.
51
Tabela 1 - Quadro de comparação entre a biblioteca e midiateca
52
O programa da midiateca também está mais próximo à
realidade da sociedade contemporânea, devido ao
maior envolvimento do público jovem com as novas
formas de tecnologias. A possibilidade de contato com
as mesmas acaba atraindo um publico variado, que
antes não tinha costume de frequentar bibliotecas.
Outro ponto que deve ser levado em consideração é a
possibilidade que o conteúdo programático da midia-
teca dá ha uma nova abordagem de aprendizado que
inclui outros sentidos, ou o uso de vários deles simultane-
amente.
Uma das áreas que mais explora esse tipo de aborda-
gem de aprendizado é o marketing sensorial.
Segundo Trierweiller et al., (2011, p. 4), “o marketing sen-
sorial tem como propósito fixar uma marca, produto ou
serviço na mente do consumidor criando sensações
através dos sentidos, formando assim, um vínculo emo-
cional”.
Segundo Gobé (2002) experiências sensoriais são impac-
tantes para o consumidor e, devido à sua força e ime-
diatismo.
Pode-se traçar um paralelo entre os consumidores do
marketing sensorial e os usuários da midiateca, que a-
proveitariam do impacto que essas experiências senso-
riais podem gera para ajuda-los a fixar parte do co-
nhecimento que buscam.
Na tabela abaixo é possível visualizar a porcentagem
Tabela 2 - Avaliação dos sentidos humanos na percepção
53
do quanto aprendemos com cada sentido.
Figura 27 - Museu de História Natural de Londres.
Há também a existência de alguns equipamentos urba-
nos, como por exemplo, o museu de história natural de
Londres ou o museu da língua portuguesa em São Paulo
que exploram o uso de vários sentidos, como uma ma-
neira de estimular o aprendizado em seus visitantes.
Portanto, a criação de uma midiateca na Avenida No-
ve de Julho se justificaria por trazer um programa con-
temporâneo para a região central da cidade, ao mes-
mo tempo exaltando as memórias e importância do
local, além de tentar resgatar a qualidade do espaço
urbano e proporcionar um cenário de renovação para
a avenida.
54
Figura 28 - Museu da Língua Portuguesa
Figura 29 - Museu da Língua Portuguesa
55
"GARIMPANDO" REFERÊNCIAS _ PARTE 1
QUALIDADE E ORGANIZAÇÃO DO ES-
PAÇO ARQUITETÔNICO E URBANO
Uma vez que as análises e diagnósticos da área e o en-
tendimento do programa estavam mais esclarecidos, a
etapa seguinte para o desenvolvimento do projeto foi
selecionar alguns estudos de caso que seriam tomados
como referências de qualidade e organização do es-
paços.
A partir do estudo dessas referências foram criadas
várias diretrizes que guiaram o partido arquitetônico,
justamente por conterem essência desejada para os
ambientes do objeto desenvolvido.
BIBLIOTECA DE SEATTLE, EUA
Projetada pelo escritório OMA no início dos anos 2000, a
biblioteca de Seattle nos EUA serviu como principal refe-
rência de modelo de midiateca, entre tantas outras, por
seu caráter singular.
Apesar de levar o nome de biblioteca, um dos elemen-
tos mais inovadores nesse edifício além de sua forma é a
nova relação de programas que o arquiteto holandês
Rem Koolhaas estabelece dentro dele, tornando-o um
grande espaço público verticalizado.
A biblioteca armazena em seu acervo todos os tipos de
mídia, tanto novas como antigas, de maneira igualitária,
e a simultaneidade com que estas são apresentadas ao
público é que faz com que o ambiente em que estas
relações acontecem seja tratado de forma diferencia-
da pelo arquiteto.
O projeto não fragmenta os espaços, por isso, na práti-
ca os locais de permanência dos usuários e o acervo
são distribuídos de maneira a e permitir total flexibilida-
de para futuras mudanças conforme a necessidade da
biblioteca, inclusive entre andares diferentes. Ao mesmo
56
tempo, distribui de forma alternada espaços de reclusão
e de interatividade social, de maneira que essas duas
necessidades antagônicas fossem satisfeitas no progra-
ma.
No pavimento térreo, após entrar ao edifício, os usuários
são "apresentados" a estrutura verticalizada através de
um grande vazio central, que forma uma espécie de
praça e dá acesso às circulações,
Figura 31- Esquema de organização da Biblioteca de Seattle.
Figura 30 - Espaço de permanência dentro da Biblio-
teca de Seattle.
57
ESPAÇOS PÚBLICOS EM MANHATTAN, EUA.
Os espaços públicos da cidade de Nova York entram
como estudo de caso por estarem inseridos em um local
com entorno extremamente verticalizado.
Através da verticalidade dos edifícios é possível traçar
um paralelo com a área de estudo deste TFG, a Aveni-
da Nove de Julho,
Ao se caminhar por Manhattan nota-se a existência de
uma grande quantidade de espaços públicos de lazer
espalhados pela malha urbana, que servem como uma
espécie de "respiro" em meio aos arranha céus.
Estes formam um conjunto de praças, parques e calça-
dões que permitem com que as pessoas vivenciem a
cidade de forma prazerosa, uma vez que o desloca-
mento através de automóvel particular é quase inviável.
A mistura de usos também garante a "vitalidade", obser-
vável no térreo dos edifícios sempre movimentado, in-
centivado pelo do comercial.
Esta seleção de fotografias (tiradas pela autora durante
viagem em agosto de 2014) tem como principal inten-
ção mostrar a qualidade dessess espaços públicos, a-
lém de evidenciar como as pessoas se apropriam dos
mesmos e vivenciam a cidade.
Figura 32 - Praça na cidade de Nova York.
58
Figura 33 - Espaços públicos da cidade de Nova York
59
MOMA , EUA
Figura 34- Entrada do Museu de Arte Moderna em Nova York.
O MOMA, Museu de Arte Moderna em Nova York, é um
dos mais importantes do mundo pela alta relevância de
seu acervo.
Projetado pelos arquitetos Phillip Goodwin e Edward
Stone (1938-39), foi ampliado e modernizado por Yoshio
Taniguchi (1999) também responsável pela renovação
da fachada (2004.)
O edifício é bastante verticalizado e tem a estética da
fachada bastante parecida com os outros prédios do
entorno, como podemos ver na imagem à esquerda.
Diferentemente de vários outros museus, não ocupa
uma quadra inteira, ou mesmo ganha destaque no lote
ou quarteirão, situação que muito se aproxima com o
lote escolhido para proposição de uma midiateca de-
senvolvida neste trabalho.
Em seu interior, os espaços são amplos com pés direitos
generosos, e muitas vezes permitem uma conexão visual
com outros pavimentos.
60
No pavimento térreo existe uma praça/ jardim interno
com espelhos d'água e obras escultóricas que mantém
uma conexão tanto com o lado externo do edifício,
(separado do interior por uma cortina de vidro) como
para o lado interno, pois de todos os pavimentos é pos-
sível visualiza-lo.
Esta conexão/ fluidez entre espaço interno e externo era
uma das qualidades mais desejadas para a proposta
arquitetônica deste TFG, uma vez que sua relação com
a paisagem é de extrema importância como forma de
interação com as pré-existências urbanas em que seria
inserida na nova midiateca.
Figura 35 - Vista de dentro para a praça interna - MOMA, NY
61
Figura 36 - Praça interna MOMA, NY
62
"GARIMPANDO" REFERÊNCIAS _ PARTE 2
SOLUÇÃO DE PROBLEMAS E MATERIALI-
DADE
Em etapas subsequentes, outras referências se fizeram
necessárias, buscando solucionar problemas que apa-
receram durante a etapa de desenvolvimento de proje-
to.
PROJETO CENTRO CULTURAL ARTA, HO-
LANDA
O programa do projeto não construido do Centro Cultu-
ral ArtA (projetado pleo escritórioNL Architects) , em
Arnhem na Holanda, desenvolvido pelo escritório NL
Architects é uma mistura de funções: cinema, museu,
praça e parque. A organização desses espaços, volu-
metricamente, resulta em uma enorme escada ascen-
dente, que culmina em um patamar com vista para o
Rio Reno e a cidade. Um dos conceitos mais fortes no
projeto é o de trabalhar com uma planta flexível, ou
seja" transformável" e ao mesmo tempo fazer com que
o edifício tenha uma "identidade".
Esta concepção foi importante, pois abriu nossa visão
para a possibilidade de criação de uma praça no edifí-
cio em vários níveis.
Figura 37 - Imagem do da fachada do projeto Cen-
tro Cultural Arta.
63
HOTEL RIO OTHON PALACE, RIO DE JANEIRO
Localizado no bairro de Copacabana no Rio de Janei-
ro,o Hotel Rio Othon Palace é um dos edifícios mais al-
tos da orla. O projeto elaborado Arthur Lício Pontual, foi
vencedor de um concurso privado em 1968.
Devido às dimensões pouco generosas do lote para o
programa, o arquiteto usa como estratégia de partido a
criação uma torre descolada dos limites do terreno. Esta
se desenvolve em cima de um embasamento que ocu-
pa toda a extensão do lote e abraça uma garagem
que funciona em seu interior. A organização da planta
tipo em formato "U" na torre, em volta da garagem pos-
sibilitou a liberação de três subsolos, para a instalação
de todos os equipamentos e serviço de apoio.
O hotel serviu como estudo de caso, por abraçar uma
garagem vertical em seu interior, da mesma forma co-
mo pretende o objeto arquitetônico desenvolvido neste
trabalho.
Figura 38 - Planta tipo e corte do Hotel Rio Othon Palace
64
INSTITUTO MOREIRA SALLES , SÃO PAULO
O projeto do museu vencedor do concurso, localizado
na Avenida Paulista na cidade de São Paulo, serviu co-
mo referência direta para o projeto em dois aspectos:
O tratamento da fachada e a criação de uma laje na
parte superior do edifício com a função duplo térreo.
A pele translucida ao mesmo tempo em que se destaca
dos prédios vizinhos pela neutralidade, se encaixa na
paisagem sem gerar conflito com as outras fachadas.
Como esse contexto é muito parecido com a paisagem
da Avenida Nove de Julho, devido à existência de mui-
tos edifícios residências de diferentes períodos, a solu-
ção foi ideal, tanto sob a ótica da neutralidade como
também sob uma ótica de sustentabilidade. Isso porque
através da pele leitosa é possível aproveitar a ilumina-
ção natural do dia, possibilitando uma economia de
Figura 39- Imagem da fachada voltada para a Aveni-
da Paulista do projeto vencedor do concurso Instituto
Moreira Salles.
65
Figura 40 - Maquete do projeto do Instituto Moreira Salles em
São Paulo.
energia considerável para a midiateca, ainda mais con-
siderando seu porte.
Como podemos observar na imagem da maquete ao
lado, há uma escada rolante dá acesso a uma laje no
pavimento superior que serve como um duplo térreo
para o edifício.
Essa diretriz foi essencial devido à falta de espaço hori-
zontal nos terrenos escolhidos para a criação de uma
praça térrea. Portanto, continuar o caráter do pavimen-
to térreo nas lajes superiores foi uma solução fundamen-
tal. Além disso, a referência também serviu como inspi-
ração na maneira como as lajes de convivência seriam
conectadas.
66
VISÕES DE PAISAGEM II
PRIMEIROS CROQUIS
Inspirados nos estudos de caso relatados, mesmo que
num primeiro momento não se soubesse muito bem
como o programa e a volumetria seriam resolvidos, es-
boçou-se um primeiro cenário.
É possível observar que,inicialmente, a intenção era tra-
balhar mais a horizontalidade do espaço, aproveitando
a topografia natural do terreno por meio da abertura de
uma praça. O objetivo principal era retomar o contato
entre o usuário e a água, para que as pessoas pudes-
sem ter consciência que estavam à beira do Rio Saracu-
ra, que continua fluindo, canalizado sob a Av. Nove de
Julho.Nessa fase alguns pontos ainda não tinham sido
levados em consideração como, por exemplo, o forma-
to "linguiça" dos lotes, além da localização do edifício
existente, que diminuiria a frente da futura midiateca
em secções mais estreitas.
Figura 41 - Primeiros croquis com a intenção do novo cenário.
67
|
Figura 42 - - Primeiros croquis com a intenção do novo cenário. "Beira rio" (referência ao rio Saracura, canaliza-
do sob a Av. Nove de Julho).
68
PROCESSO _ PLANTAS/ IMPLANTAÇÃO
Organizar a disposição dos elementos fixos do edifício
(banheiros e circulação vertical - elevadores, escadas
rolantes e escadas de emergência) nas plantas da mi-
dia foi uma tarefa que se desenvolveu em várias etapas.
A dificuldade se deu pelas frentes estreitas dos novos
terrenos e pelo posicionamento do edifício garagem
entre os lotes livres.
Na primeira proposta os elementos fixos estavam ali-
nhados ou dentro do edifício existente, deixando as no-
vas lajes "livres" para receber o programa. No entanto
para esta organização seria necessário fazer grandes
modificações estruturais no edifício garagem.
Para minimizar as interferências desta intervenção, op-
tou-se, em uma segunda tentativa, por espelhar os ele-
mentos fixos nos limites das lajes novas. Porém, dessa
maneira seria inevitável a formação de novas empenas,
além de reduzir consideravelmente a possibilidade de
aberturas para estabelecer o contato visual com a pai-
sagem.
Por isso, após nova alteração, os elementos fixos foram
posicionados junto às paredes do edifício existente e por
fim, para que a passagem entre as lajes novas ficasse
mais generosa, os banheiros foram transferidos para
frente da garagem vertical, sem interferir na estrutura da
mesma.
Figura 43 - Esquema do processo de evolução e desenvolvimento das plantas.
69
PROCESSO _VOLUMETRIA E FACHADA
A definição da volumetria final do objeto arquitetônico
também fez parte de um processo que aconteceu em
etapas. O maior desafio estava em projetar uma volu-
metria que conseguisse envolver um edifício com 36
pavimentos.
Uma das primeiras medidas estabelecidas que ajudaria
a solucionar essa questão, foi a de se projetar os pavi-
mentos da nova volumetria com o dobro da altura dos
pés-direitos do edifício existente. Devido à sua função
como garagem, a altura entre a laje de piso e o come-
ço das vigas na torre existente é bastante baixa (2,20
metros). Portanto, essa medida seria necessária não
somente para ocupar mais espaço vertical como para
proporcionar uma maior sensação de conforto para os
usuários.
Quanto à organização, inicialmente, os programas da
midiateca e das áreas de convivência eram segrega-
dos em duas volumetrias distintas. Entretanto, o conteú-
do programático não era suficiente para que pudessem
alcançar o topo do edifício garagem.
Posteriormente abriu-se um espaço com função de pra-
ça, entre os pavimentos da midiateca. Dessa forma,
além da volumetria nova encobrir toda empena cega
da garagem, também possibilitava a conexão entre as
novas duas torres com programas distintos.
Figura 44 - Esquema com processo de evolução da volumetria do projeto desenvolvido.
70
Na sequência, para fazer com que circulação no edifí-
cio se tornasse mais dinâmica, foram adicionadas aci-
ma da volumetria das áreas de convívio novas lajes pa-
ra a midiateca. Dessa maneira, a segregação por fun-
ção nas novas torres também seria "quebrada".
No entanto, após essa etapa, foi necessário rever o pro-
grama e recalcular as áreas para verificar se a volume-
tria não excedia a demanda de espaço necessário pa-
ra a midiateca. Por fim, chegou-se a conclusão de que
algumas dessas novas lajes precisariam ser incorporadas
às áreas de convivência. Para satisfazer essa necessida-
de, foram incorporados ao programa dois andares de
jogos interativos.
O complexo de praças em níveis intercalados foi proje-
tado como estratégia para aumentar os espaços aber-
tos com jardim e também dessa forma de redividir o pé-
direito do espaço vertical resultante no meio da volume-
tria em segmentos menores, dando mais estabilidade à
estrutura do edifício (devido ao travamento dos pilares
nas vigas).
Depois, foram realizados diversos estudos de fachada /
volumetria a fim de atrelar o resultado estético á forma
que melhor resolvesse a combinação entre os progra-
mas.
Figura 45 - Esquema com processo de evolução da volumetria/ fachada do projeto desenvolvido.
TERCEIRA PARTE:
POSSIBILIDADES
73
DESCRIÇÃO DO PROJETO
Figura 46 - Mapa do centro da cidade de São Paulo com foco
na área escolhida para o TFG.
DESCRIÇÃO GERAL
Para este TFG foram desenvolvidos três objetos arquite-
tônicos localizados entre a Avenida Nove de Julho e a
Rua Álvaro de Carvalho: a Midiateca Nove de Julho a
Conexão Saracura e a Rede Macunaíma,
O trecho escolhido para esta intervenção consiste em
um conjunto de cinco vazios potencias, nos quais quatro
funcionam como estacionamento e outro trata-se de
uma área residual embaixo do Viaduto Nove de Julho.
O primeiro terreno se localiza entre o Viaduto Major
Quedinho e as escadarias do Viaduto Nove de Julho e
funciona atualmente como estacionamento de superfí-
cie.
A área residual embaixo do Viaduto Nove de Julho fica
ao lado do primeiro lote, logo depois das escadarias
74
Figura 47 - Mapa de localização da área escolhida (sem escala).
75
e nos dias de hoje é um espaço vazio cercado. Essas
duas áreas exercem um papel secundário na proposta
desenvolvida, por conta do objeto principal ter sido de-
senvolvido nos outros lotes selecionados.
Os outros três são terrenos próximos entre si e ficam al-
guns metros à frente, depois do Viaduto Nove de Julho.
Atualmente também funcionam como estacionamentos
de superfície, e entre eles, funciona como garagem
vertical um edifício de 36 pavimentos.
Portanto, o primeiro desafio estava em lidar com o edifí-
cio preexistente, cuja estética degrada e empobrece a
paisagem urbana do local, apesar de sua função ser
necessária para a região.
Por isso, a estratégia projetual foi incorporar o edifício
existente ao edifício novo, tanto sob a ótica de preser-
vação da memória da cidade, quanto sob a ótica de
sustentabilidade.
Como a intenção era trabalhar ao longo de um eixo, a
proposta inicial foi desenvolver dois edifícios e uma es-
pécie de anexo embaixo do Viaduto Nove de Julho.
Figura 48 - Edifício garagem existente com 36 pavimentos.
76
Figura 49 - Modelo tridimensional da área escolhida para o TFG.
77
Figura 50 - Fotografia do primeiro terreno selecionado.
Figura 51 - Croqui do edifício rampa Conexão Saracura
Entretanto, devido à demanda de tempo que a com-
plexidade do projeto do edifício da midiateca exigia,
tornou-se inviável detalhar os outros projetos e por essa
razão, acabaram sendo representados de forma es-
quemática e conceitual.
CONEXÃO SARACURA
O "edifício rampa" tem como principal função conectar
os quatro níveis existentes na área de intervenção: o
nível da Avenida Nove de Julho, o da Rua Álvaro de
Carvalho, o do Viaduto Nove de Julho e o do Viaduto
Major Queidinho, além de tentar criar uma conexão
direta entre a biblioteca Mário de Andrade e a nova
midiateca.
A intenção era que ao longo de seu trajeto o usuário
entrasse em contato com diversos meios de informação
audiovisual, que transmitissem ao visitante a história e as
principais transformações que ocorreram naquela regi-
ão. No centro do edifício haveria uma praça criando
um vazio iluminado, que conectaria visualmente os ca-
minhantes ao longo do percurso.
78
Figura 52 - Planta de situação do projeto evidenciando a conexão com a BMA através do Viaduto Nove de Julho.
79
Figura 53 - Corte AA do edifício da midiateca
REDE MACUNAÍMA
O projeto do conjunto de salas anexo foi proposto para
aproveitar o espaço sob a projeção do viaduto e inserir
nele pequenas salas para exibição de filmes e materiais
audiovisuais da midiateca, aproveitando o fato de tra-
tar- se de um ambiente fechado e atualmente desa-
proveitado.
MIDIATECA NOVE DE JULHO
Este edifício teria com função abrigar dois programas: a
midiateca e espaços públicos de convivência.
Devido à vontade de que esses espaços com funções
diferentes se mesclassem de forma que não houvesse
segregação por torre, o projeto do edifício possui uma
circulação vertical dinâmica.
Como o terreno possui frente para duas vias diferentes,
com desnível entre elas de 5 metros, optou-se por de-
senvolver dois pavimentos térreos.
80
Figura 54 - Plantas dos pavimentos térreos com os três objetos desenvolvidos.
81
Figura 55 - Corte DD do edifício da midiateca
O pavimento térreo inferior, cuja entrada se dá pela
Avenida Nove de Julho, abriga lojas e quiosques de ali-
mentação, além de um acesso facilitado por escada
rolante e elevador para o nível térreo superior, onde se
encontra o foyer de entrada para a midiateca e para
os espaços de convivência, cujos acessos, por sua vez
são separados (para a midiateca é necessário fazer um
controle de malas, bagagens de mão e mochilas gran-
des).
Para que as áreas de convivência pudessem ser amplas
e generosas (visto as frentes dos terrenos livres serem
bastante estreitas), foi preciso usar uma estratégia para
tirar proveito do espaço vertical. Como a garagem exis-
tente se encontra no miolo do edifício novo e para que
a midiateca pudesse ter de certa forma uma continui-
dade horizontal, projetou-se a partir do 5° pavimento um
conjunto de lajes intercaladas, que se conectam atra-
vés de escadas rolantes, formando um uma área de
convivência que se desenvolve em vários níveis.
Essa área de convívio será aberta ao público em geral,
oferecendo aos visitantes espaços de permanência e
82
interação como auditório, praça de alimentação, es-
paço para mostras de materiais de parte do acervo
audiovisual da midiateca, área de jogos interativos, e
"jardins" com vista para a cidade.
A organização do acervo se dá por meio da separação
da coleção Multimeios, revistas e jornais, abrigadas hoje
na Hemeroteca, edifício anexo da BMA,que ocupará o
bloco inferior ao complexo das lajes de convivência. As
outras mídias estarão dispostas no bloco superior e serão
apresentadas ao publico de maneira mais interativa.
O edifício existente incorporado ao projeto manterá sua
função original (garagem), com exceção de algumas
partes de suas lajes que foram apropriadas para o novo
uso como forma de dinamizar o espaço e permitir a co-
nexão entre os novos níveis.
Figura 56 - Imagem da fachada da Av. Nove de Julho do edi-
fício da midiateca.
83
Figura 57 - Plantas da midiateca
84
Figura 58 - Plantas e cortes esquemáticos evidenciando as partes novas e existentes do edifício
da midiateca.
85
Figura 59 - Corte urbano da Av. Nove de Julho com a elevação da Midiateca Nove de Julho e a o edifício da Conexão Saracura
86
87
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O trabalho apresenta a relação entre a proposta de
uma midiateca e a sua fundamentação teórica e prati-
ca, tomando como referência projetos de arquitetura
diretamente relacionados com o tema, bem como ou-
tros que forneceram o embasamento para solução de
problemas de diversas ordens, pelas suas qualidades
espaciais ou urbanísticas.
O projeto foi desenvolvido a partir do entendimento da
área escolhida para intervenção, na região central da
cidade de São Paulo, como um possível espaço de
permanência em contraposição ao atual estado/ situa-
ção de passagem, e por meio da possibilidade de reno-
vação da paisagem urbana, tendo como principal pon-
to de partida a manutenção de um edifício garagem
existente em meio a três lotes que constituem o terreno
selecionado.
Além disso, propôs um equipamento novo e extrema-
mente conectado à realidade da sociedade contem-
porânea para a cidade de São Paulo.
A principal diretriz que inspirou e guiou o desenvolvimen-
to do trabalho foi a retomada do ato de caminhar na
cidade.
"Uma característica comum da vida no espaço da ci-
dade é a versatilidade e a complexidade das ativida-
des, com muito mais sobreposições e mudanças fre-
quentes entre caminhada, parada, descanso, perma-
nência e bate-papo. Aleatoriamente e sem planeja-
mento, ações espontâneas constituem parte daquilo
que torna a movimentação e a permanência no espa-
ço da cidade tão fascinante. Enquanto caminhamos
para nosso destino, observamos pessoas e aconteci-
mento, somos inspirados a parar e olhar mais detida-
mente ou mesmo parar e participar." (GEHL, 2013, p. 20)
88
REFERÊNCIAS
LIVROS
GEHL, Jahn. Cidades para pessoas; 1° ed. São Paulo: Perspectiva, 2013 (original em inglês: 2010)
JACOBS, Jane. Morte e vida de grandes cidades; 3° ed.- coleção cidades. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2011 (original
em inglês: 1961).
TOLEDO, Benedito Lima de. Prestes Maia e as origens do urbanismo moderno em São Paulo. São Paulo: Empresa das Ar-
tes, 1996.
GOBÉ, Marc. A emoção das marcas – conectando marcas às pessoas. Rio de Janeiro: Negócio, 2002.
TESES
PUNTONI, Álvaro. O projeto como caminho. Estruturas de habitação na área central de São Paulo. A ocupação de vazi-
os na Avenida Nove de Julho. Tese (Doutorado em Arquitetura e Urbanismo) - São Paulo: FAUUSP, 2004.
OLIVEIRA, L.M., Espaços públicos e privados das centralidades urbanas, Park Avenue, Avenida Paulista e Avenida Chucri
Zaidan. Tese (Doutorado em Arquitetura e Urbanismo) - São Paulo: FAUMACK, 2013.
REVISTAS
ABREU, Marcio de Almeida et al. Sobre a memória das cidades . Revista da Faculdade de Letras da UFRJ , Geografia I,
v. 14, p. 77-97, 1998.
TRIERWEILLER, Andreia Cristina et al. Diagnóstico de satisfação de clientes como ferramenta para fidelização: um estudo
de caso em cinema Cult. Revista de Administração da UNIMEP, v. 9, n. 1, p. 06-07, 2011.
89
VIDEOS
Documentário Entre Rios. Direção Caio Ferraz. 25 min. 2009. [19/09/2014] Disponível em
<https://www.youtube.com/watch?v=DrITdOscioQ>
CONGRESSOS E CONFERÊNCIAS
v. 25 (2013): XXV CBBD, Florianópolis - SC - Temática I: Tecnologias de informação e comunicação – um passo a frente - Trabalho cien-
tífico.Midiateca: uma nova terminologia ou um conceito ampliado de biblioteca?
.
SITES
http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/cultura/bma/edificio/index.php?p=7975
http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/cultura/bma/historico/index.php?p=7653
http://www.galeriadaarquitetura.com.br/projeto/piratininga-arquitetos-associados_/biblioteca-mario-de-andrade/1102
http://acervo.estadao.com.br/noticias/acervo,sao-paulo-sem-a-biblioteca-mario-de-andrade,9166,0.htm
http://www.vivaocentro.org.br/quem-somos/a-associa%C3%A7%C3%A3o-viva-o-centro.aspx
http://www.vivaocentro.org.br/media/9556/saopaulocenroxxi.pdf
http://www.centrocultural.sp.gov.br/30anos/luiztelles_video.asp
90
CRÉDITO DAS ILUSTRAÇÕES
Figura 1 - Priorização do fluxo de pedestres em Nova Iorque de 2007. Alargamento da calçada na Broadway em Manhattan Fonte:
GEHL, Jahn. Cidades para pessoas; 1° ed. São Paulo: Perspectiva, 2013 (original em inglês: 2010, Pg 07.
Figura 2 - Fotografia da Avenida Nove de Julho
Fonte: http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?p=12877810&langid=5
Figura 3 - Esquema teórico de São Paulo, no qual o sistema viário é reduzido a formas geométricas essenciais, formado pelas radiais e
perimetrais. Foi publicado pelo Boletim do Instituto de Engenharia em uma série de artigos, que tinham como título: "Um problema
atual. Os grandes melhoramentos de São Paulo". Nestes artigos Maia fundamentava amplamente sua proposta baseando-se em
experiências internacionais de organização urbana.
Fonte: TOLEDO, Benedito Lima de. Prestes Maia e as origens do urbanismo moderno em São Paulo. pag 160.
Figura 4 - Esquema teórico de São Paulo, segundo João Florence de Ulhôa Cintra e Esquema teórico de Moscou, Paris e Berlim,
segundo Eugène Hènard. Foi publicado pelo Boletim do Instituto de Engenharia em uma série de artigos, que tinham como título: "Um
problema atual. Os grandes melhoramentos de São Paulo". Nestes artigos Maia fundamentava amplamente sua proposta baseando-
se em experiências internacionais de organização urbana.
Fonte: TOLEDO, Benedito Lima de. Prestes Maia e as origens do urbanismo moderno em São Paulo. pag 122
Figura 5 - Mapa da área central da Cidade onde se encontram assinaladas as avenidas que formam o sistema "Y"com as principais
avenidas nos arredores.Fonte: -TOLEDO, Benedito Lima de. Prestes Maia e as origens do urbanismo moderno em São Paulo. pag 170.
Figura 6 - Foto tomada rumo ao sul do Vale do Saracura antes da transformação urbana.
Fonte: TOLEDO, Benedito Lima de. Prestes Maia e as origens do urbanismo moderno em São Paulo. pag 187.
Figura 8 - Fotografia do Viaduto Major Queidinho, 1952.
Fonte: http://blog.pittsburgh.com.br/2012/03/antes-depois-viaduto-major-quedinho/
Figura 7 - Corte do Viaduto Nove de Julho, que mostra em sua estrutura o espaço deixado para a passagem do metro. Fonte :
91
PERELMUTTER, Benno. Benno perelmutter: Arquitetura e planejamento : retrospectiva. São paulo: Pini, 1994. 95 p
Figura 9 - Propaganda de 1948 da loja Satic, destacando a conexão criada pelo Viaduto Nove de Julho entre a região da
Consolação com o centro.
Fonte :http://blogdogiesbrecht.blogspot.com.br/2012/10/mudancas-paulistanas-brigadeiro-x-maria.html
Figura 10 - Vista aérea to trecho de intersecção da Avenida Nove de Julho com os viadutos Major Queidinho e Nove de Julho. Fonte :
http://argosfoto.photoshelter.com/image/I0000BHq7cMyIhtc
Figura 11 - Mapa de vazios potenciais na região inicial no trecho inicial da Avenida Nove de Julho.
Autoria: Thereza Lins Souto
Figura 12- Vista da área de interesse 1, da Rua Avanhandava para a Rua Frei Caneca.
Autoria: Thereza Lins Souto
Figura 13 - Vista da área de interesse 2, do topo da escadaria do Viaduto Nove de Julho em direção a Avenida Nove de Julho
Figura 14 - Croquis de observação da área de interesse 1, vista da Rua Frei Caneca (23/09/2014)
Autoria: Thereza Lins Souto
Figura 15 - Croquis de observação da área de interesse 1, vista da Rua Frei Caneca (23/09/2014)
Autoria: Thereza Lins Souto
Figura 16 - Croquis de observação da área de interesse 1, vista da Rua Avanhandava e Avenida Nove de Julho. (20/09/2014) Autoria:
Thereza Lins Souto
Figura 17 - Croquis de observação da segunda opção de intervenção na Rua Álvaro de Carvalho. (20/09/2014)
Figura 18 - Croquis de observação dos Viadutos Nove de Julho (à esquerda) e Major Queidinho (à direita). (20/09/2014) Autoria: The-
reza Lins Souto
Figura 19 - Mapa dos principais edifícios da região central da cidade de São Paulo (sem escala).
Fonte :http://www.vivaocentro.org.br/acervo-e-publica%C3%A7%C3%B5es/publica%C3%A7%C3%B5es/bases-e-mapas.aspx
Figura 20 - Mapa de bens Tombados no Centro de São Paulo (sem escala)
Fonte :http://www.vivaocentro.org.br/acervo-e-publica%C3%A7%C3%B5es/publica%C3%A7%C3%B5es/bases-e-mapas.aspx
92
Figura 21 - Mapa de principais equipamentos e edifícios importantes no centro de São Paulo (sem escala)
Fonte :http://www.vivaocentro.org.br/acervo-e-publica%C3%A7%C3%B5es/publica%C3%A7%C3%B5es/bases-e-mapas.aspx
Figura 22- Mapa e equipamentos urbanos e bens tombados próximos da área de intervenção.
Autoria: Thereza Lins Souto
Figura 23 - Fotografia da construção da BMA.
Fonte :http://acervo.estadao.com.br/noticias/acervo,sao-paulo-sem-a-biblioteca-mario-de andrade,9166,0.htm
Figura 24 - Fachada principal da Biblioteca Mário de Andrade.
Fonte: http://www.piratininga.com.br/imagens%20projetos/imgs%20g/bma_novo_02.jpg
Figura 25- Distribuição e organização do acervo da BMA. Fonte: : Panfleto Biblioteca Mário de Andrade.
Figura 26 - Fachada do edifício anexo da Biblioteca Mário de Andrade - Hemeroteca.
Fonte:http://www.revistadehistoria.com.br/secao/reportagem/mais-espaco-para-noticia
Figura 27 - Museu de História Natural de Londres.
Fonte: http://www.nhm.ac.uk/visit-us/galleries/red-zone/volcanoes-earthquakes/
Figura 28 - Museu da Língua
PortuguesaFonte:http://www.amigosdepelotas.com.br/blog/boa_reputacao_acompanha_contratada_para_criar_museu
Figura 29 - Museu da Língua Portuguesa.
Fonte: http://visitesaopaulo.com/blog/index.php/2013/10/vistas-monitoradas-no-museu-da-lingua-portuguesa/
Figura 30 - Espaço de permanência dentro da Biblioteca de Seattle.
Fonte: http://www.guiadovidro.com.br/noticia/revitalizacao-da-biblioteca-publica-do-parana-com-tecnologia-structural-glazing
Figura 31- Esquema de organização da Biblioteca de Seattle.
Fonte: http://www.archdaily.com/11651/seattle-central-library-oma-lmn/
Figura 32 - Praça na cidade de Nova York.
Autoria: Thereza Lins Souto
Figura 33 - Espaços públicos da cidade de Nova York
93
Autoria: Thereza Lins Souto
Figura 34 - Entrada do Museu de Arte Moderna em Nova York.
Fonte: http://press.moma.org/2013/06/moma-building-images
Figura 35 - Vista de dentro para a praça interna - MOMA, NY
Autoria: Thereza Lins Souto
Figura 36 - Praça interna MOMA, NY
Autoria: Thereza Lins Souto
Figura 37 - Imagem do da fachada do projeto Centro Cultural Arta
Fonte: http://www.archdaily.com.br/br/623169/nl-architects-vence-a-competicao-para-projetar-o-centro-arta-de-arnhem.
Figura 38 - Planta tipo e corte do Hotel Rio Othon Palace. Fonte: XAVIER, Alberto; BRITTO, Alfredo, NOBRE, Ana Luiza. Arquitetura Mo-
derna no Rio de Janeiro. São Paulo: Pini: Fundação Vilanova Artigas; Rio de Janeiro: RIOARTE, 1991.
Figura 39- Imagem da fachada voltada para a Avenida Paulista do projeto vencedor do concurso Instituto Moreira Salles. Fonte:
http://piniweb.pini.com.br/construcao/arquitetura/andrade-morettin-vence-concurso-para-sede-do-instituto-moreira-salles-243606-
1.aspx
Figura 40 - Maquete do projeto do Instituto Moreira Salles em São Paulo. http://jvillavisencio.blogspot.com.br/2015_03_01_archive.html
Figura 41 - Primeiros croquis com a intenção do novo cenário.
Figura 42 - Primeiros croquis com a intenção do novo cenário. "Beira rio" (referência ao rio Saracura, canalizado sob a Av. Nove de
Julho). Autoria: Thereza Lins Souto
Figura 43 - Esquema do processo de evolução e desenvolvimento das plantas.
Autoria: Thereza Lins Souto
Figura 44 - Esquema com processo de evolução da volumetria do projeto desenvolvido.
Autoria: Thereza Lins Souto
Figura 45 - Esquema com processo de evolução da volumetria/ fachada do projeto desenvolvido.
Autoria: Thereza Lins Souto
94
Figura 46 - Mapa do centro da cidade de São Paulo com foco na área escolhida para o TFG.
Autoria: Thereza Lins Souto
Figura 47 - Mapa de localização da área escolhida (sem escala).
Autoria: Thereza Lins Souto
Figura 48 - Edifício garagem existente com 36 pavimentos.
Autoria: Thereza Lins Souto
Figura 49 - Modelo tridimensional da área escolhida para o TFG.
Autoria: Thereza Lins Souto
Figura 50 - Fotografia do primeiro terreno selecionado.
Autoria: Thereza Lins Souto
Figura 51 - Croqui do edifício rampa Conexão Saracura
Autoria: Thereza Lins Souto
Figura 52 - Planta de situação do projeto evidenciando a conexão com a BMA através do Viaduto Nove de Julho.
Autoria: Thereza Lins Souto
Figura 53 - Corte AA do edifício da midiateca.
Autoria: Thereza Lins Souto
Figura 54 - Plantas dos pavimentos térreos com os três objetos desenvolvidos.
Autoria: Thereza Lins Souto
Figura 55 - Corte DD do edifício da midiateca.
Autoria: Thereza Lins Souto
Figura 56 - Imagem da fachada da Av. Nove de Julho do edifício da midiateca.
Autoria: Thereza Lins Souto
Figura 57 - Plantas da midiateca
Autoria: Thereza Lins Souto
95
Figura 58 - Plantas e cortes esquemáticos evidenciando as partes novas e existentes do edifício da midiateca.
Autoria: Thereza Lins Souto
Figura 59 - Corte urbano da Av. Nove de Julho com a elevação da Midiateca Nove de Julho e a o edifício da Conexão Saracura.
Autoria: Thereza Lins Souto
TABELAS
Tabela 3 - Quadro de comparação entre a biblioteca e midiateca.
Fonte:v. 25 (2013): XXV CBBD, Florianópolis - SC - Temática I: Tecnologias de informação e comunicação – um passo a frente - Traba-
lho científico.Midiateca: uma nova terminologia ou um conceito ampliado de biblioteca?
Tabela 4 - Avaliação dos sentidos humanos na percepção.
Fonte: XIII Mostra de Iniciação Científica, Pós-graduação, Pesquisa e Extensão. A Experiência de Compra com Base no Marketing
Sensorial: Um Estudo de Caso Ambientado em uma Loja Conceito da Serra Gaúcha, PC Tibola, CP Machado, C Chais, AM Scopel, GS
Milan.