Mielotomia no tratamento cirúrgico da espasticidade grave

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Mielotomia: Um recurso para o tratamento da espasticidade

Dr Marcelo Benedet Tournier – Médico Fisiatra – UFSC ([email protected])

A espasticidade é uma alteração motora caracterizada por um hipertonia

muscular dependente de velocidade do movimento, associada a outros sinais

(hiperreflexia, Babinski, entre outros sinais) decorrentes da síndrome do neurônio

motor superior.

Em casos leves, esta pode prejudicar os pacientes na marcha (quando

deambulam) ou nas atividades da vida diária (AVDs); já os graves podem provocar

estados similares à hipertonia rígida, não só dificultando a função e o

posicionamento, como predispondo ao aparecimento de deformidades graves,

podendo tornar o indivíduo cada vez mais incapacitado.

Dentro das abordagens terapêuticas para o tratamento da espasticidade, a

neurocirurgia é uma opção de "última instância", nos casos em que não houve

resposta satisfatória às medidas conservadoras (cinesioterapia, posicionamento,

retirada de estímulos nocivos - lesões, infecções, entre outras), às drogas de ação

relaxante muscular (com ação central ou periférica) ou às injeções para bloqueio

neuro-muscular (com álcool, fenol ou toxina botulínica).

O tratamento cirúrgico de escolha para o tratamento da espasticidade é o

implante de bomba de infusão intratecal (com baclofeno, morfina ou

benzodiazepínico), pelo fato de ser reversível e controlável na sua intensidade.

Porém, seu alto custo de instalação e manutenção, acaba por inviabilizar o

tratamento na maioria dos casos refratários.

A mielotomia, assim como as outras neurocirurgias funcionais, é uma opção

radical de tratamento, causadora de uma nova lesão, podendo transformar a "plegia"

espástica em flácida. As consequências podem ser muito desastrosas em pacientes

que usam a espasticidade ao seu favor (tetraplégicos que usam a espasticidade dos

músculos paravertebrais para facilitar o equilíbrio na cadeira de rodas; paraplégicos

incompletos deambuladores, que usam a espasticidade da musculatura do quadríceps

como agente equilibrador dos joelhos na marcha).

O alvo do reabilitador, quando planeja um tratamento para o paciente

espástico nunca deve ser puramente clínico, mas sempre voltado para a perda de

função causada pela espasticidade e as futuras conseqüências ao paciente que sofre

tais tratamentos.

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Referências:

DAWSON, David M. Evidence Basis for Treatment of

spasticity. Current Neurology & Neuroscience

Reports, 2001, 1:501-506. Current Science Inc.

LIANZA, S. et al. Espasticidade: Conceitos atuais baseados

em evidências médicas. Sociedade Paulista de

Medicina Física e Reabilitação, 2004.

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myelotomy in treating spinal spasticity: a review of 20

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LIVSHITS, A. et al. Surgical treatment of painful spasticity.

Spinal Cord, 2002; 40, 161-166.