Minas Faz Ciência para Crianças

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Edição especial do ano 2015, dedicada aos leitores infantis.

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MINAS FAZ CIÊNCIADiretora de redação: Vanessa Fagundes Editor-chefe: Maurício Guilherme Silva Jr.Redação: Alessandra Ribeiro, Camila Alves Mantovani, Carol do Espírito Santo Ferreira, Diogo Brito, Marina Mendes, Maurício Guilherme Silva Jr., Tatiana Nepomuceno, Thiago Malta, Vanessa Fagundes, Verônica Soares e Vivian TeixeiraDiagramação: Fazenda ComunicaçãoRevisão: Sílvia BrinaProjeto gráfico: Hely Costa Jr.Editoração: Unika Editora, Fatine OliveiraMontagem e impressão: Rona EditoraTiragem: 25.000 exemplaresCapa: Hely Costa Jr.

Redação - Av. José Cândido da Silveira, 1500, Bairro Horto - CEP 31.035-536Belo Horizonte - MG - BrasilTelefone: +55 (31) 3280-2105Fax: +55 (31) 3227-3864E-mail: [email protected]: http://revista.fapemig.br

Blog: http://blog.fapemig.brFacebook: http://www.facebook.com/minasfazcienciaTwitter: @minasfazciencia

GOVERNO DO ESTADODE MINAS GERAISGovernador: Fernando Pimentel

SECRETARIA DE ESTADO DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E ENSINO SUPERIORSecretário: Miguel Corrêa Jr.

Fundação de Amparo à Pesquisado Estado de Minas Gerais

Presidente: Evaldo Ferreira VilelaDiretor de Ciência, Tecnologia e Inovação: Paulo Sérgio Lacerda BeirãoDiretor de Planejamento, Gestão e Finanças: Alexsander da Silva Rocha

Conselho CuradorPresidente: João Francisco de Abreu Membros: Alexandre Christófaro Silva, Dijon Moraes Júnior, Virmondes Rodrigues Júnior, Esther Margarida Alves Ferreira Bastos, Flávio Antônio dos Santos, Júnia Guimarães Mourão, Marcelo Henrique dos Santos, Ricardo Vinhas Corrêa da Silva, Roberto do Nascimento Rodrigues, Sérgio Costa Oliveira, Valentino Rizzioli

Para receber gratuitamente a revista MINAS FAZ CIÊNCIA, envie seus dados (nome, profissão, instituição/empresa, endereço completo, telefone, fax e e-mail) para o e-mail: [email protected] ou para o seguinte endereço: FAPEMIG / Revista MINAS FAZ CIÊNCIA - Av. José Cândido da Silveira, 1500, Bairro Horto - Belo Horizonte/MG - Brasil - CEP 31.035-536

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Quando eu era criança (e escalador de árvores) lá em Pitangui, no interior de Minas, costumava brincar de coisas bem malucas! Além de observar fileiras de formigas, para ver onde elas pretendiam levar aque-las folhinhas verdes, adorava misturar líquidos estranhos, falar com as estrelas, desmontar aparelhos eletrônicos estragados e – o melhor de tudo! – colecionar pedras, moedas, vidrinhos e outros “quinquilhões” de objetos.

Mas não é que o tempo passou ligeiro que nem poeira? Pois hoje em dia, adulto que só, preciso confessar que, infelizmente, já não subo mais em árvores. Apesar disso – e ao contrário do que você possa ter imaginado –, ainda adoro sabe o quê? Observar formigas, falar com as estrelas, misturar líquidos estranhos (principalmente, no fogão lá de casa), desmontar engenhocas (agora, para vê-las funcionando de novo) e colecionar um pouquinho de tudo. Os anos, afinal, não tiraram de mim aquela curiosidade de moleque.

Na verdade, ainda preciso te contar o melhor de tudo: agora, além do privilégio de conversar contigo aqui, sabe com quem costumo bater papos incríveis e aprender milhões de coisas? Com homens e mulheres muito estudiosos, que, além de fascinados por coleções, passam a vida a pesquisar, por exemplo, as formigas, as estrelas, os líquidos estra-nhos e os equipamentos eletrônicos.

Pois é! Mas sabe o que acho ainda mais legal nisso tudo? Tanto eu quanto você e os pesquisadores somos apaixonados por uma invenção que, no fundo, no fundo, busca satisfazer nossa imensa curiosidade sobre a vida, a natureza, o tempo, os seres, as atitudes, os objetos etc. Como você já deve ter percebido, estou falando da ciência, essa incrível atividade humana que se alimenta, justamente, de nossa vontade de sa-ber mais e mais e mais e mais e mais...

Por tudo isso é que pensamos nesta revista especial. Elaborada por um montão de gente também apaixonada por ciência, ela é todinha sua! Cada uma dessas páginas foi pensada para que você não apenas mate um pouquinho de suas curiosidades, mas, principalmente, para que se divirta e brinque bastante de aprender, observar, duvidar, discordar, rir, rabiscar, escrever, navegar e – mais do que tudo – sonhar!

E aí, vamos brincar de ciência?

Maurício Guilherme Silva Jr.

Editor-chefe (e curioso à beça!)

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INVENÇÕESDO FUTURO

06SUMÁRIOSUMÁRIO CIÊNCIA? O QUE É ISSO?

08

NOTÍCIAS LEGAIS!

12

ACHO QUE VI UMA

LIBÉLULA...

13

QUE EXPLOSÃO

IRADA!

18

TEM CHUVANO SOL

22

A VIDA ILUSTRADA

25

COMO SE FAZ UM GAME?

29

FORMIGAS TRABALHADEIRAS

32

FÁBRICA DE ATLETAS

34

TUDO É FEITO DE ALGO INVISÍVEL

38

MIL MODOS DE COMUNICAÇÃO

40

MANIA DE PERGUNTAR

42

QUEM TEM MEDO DE

MATEMÁTICA?

44

LIVRO, GAME, SITE, FILME!

46

NÓS, ROBÔS!

48

QUE DESENHO

LEGAL!

50

VAMOS SABER DO CIENTISTA?

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INVENÇÕESDO FUTURO

06SUMÁRIOSUMÁRIO CIÊNCIA? O QUE É ISSO?

08

NOTÍCIAS LEGAIS!

12

ACHO QUE VI UMA

LIBÉLULA...

13

QUE EXPLOSÃO

IRADA!

18

TEM CHUVANO SOL

22

A VIDA ILUSTRADA

25

COMO SE FAZ UM GAME?

29

FORMIGAS TRABALHADEIRAS

32

FÁBRICA DE ATLETAS

34

TUDO É FEITO DE ALGO INVISÍVEL

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MIL MODOS DE COMUNICAÇÃO

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MANIA DE PERGUNTAR

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QUEM TEM MEDO DE

MATEMÁTICA?

44

LIVRO, GAME, SITE, FILME!

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NÓS, ROBÔS!

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QUE DESENHO

LEGAL!

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VAMOS SABER DO CIENTISTA?

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6 MINAS FAZ CIÊNCIA • ESPECIAL 2015

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MINAS FAZ CIÊNCIA perguntou aos (super)profissionais do futuro o que eles pretendem criar, caso se tornem pesquisadores

“Eu inventaria uma bola de futebol que obedecesse ao pensamento”.Alexandre Costa machado (8 anos)Araguari (MG)

Se fosse cientista, o que você inventaria?

*Depoimentos coletadas por Marina Mendes

“Eu criaria uma máquina que coletasse minério do chão e fabricasse armaduras para vender. As armaduras serviriam para proteger bombeiros e mergulhadores, que não se machucariam, nem sentiriam dor”.Matheus Pereira Gonçalves (8 anos)Mutum (MG)

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MINAS FAZ CIÊNCIA • ESPECIAL 2015 7

“Pensei em inventar uma boneca que falasse e andasse sozinha, para brincar comigo e com minha irmã, que ainda é bebê”.Ana Júlia Ferreira (9 anos)Ribeirão das Neves (MG)

“Gostaria de inventar uma máquina que produzisse água. Para tudo funcionar, a gente só precisaria pôr, no aparelho, uma gotinha. Depois, ele começaria a soltar um montão de água, pra todo lado”. Gabriele Oliveira Ribeiro (8 anos) Belo Horizonte (MG)

“Inventaria um pé robótico, para fazer chutes bem fortes e marcar gol a toda hora. Além disso, eu criaria uma mão robótica, para quando alguém quebrar o braço”.Henrique Souza Cunha (7 anos)Itabira (MG)

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8 MINAS FAZ CIÊNCIA • ESPECIAL 2015

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Alessandra Ribeiro e Maurício Guilherme Silva Jr.

O que eles fazem,

mesmo?

Ao contrário do que muita gente pensa, nem todo cientista usa roupa branca e trabalha num

laboratório

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MINAS FAZ CIÊNCIA • ESPECIAL 2015 9

Quando se fala em ciência, o que surge em sua mente? Alguém vestido de jaleco? Um laboratório cheinho de microscópios e tubos de ensaio? Vidros, vidrinhos e vidrões com bi-chos, plantas, pedras etc.? É bem verdade que muitos cientistas trabalham assim... Será, po-rém, que não há outros “zilhões” de possibi-lidades de roupa ou de ambiente de trabalho? O interessante dessa história é perceber que a prática científica existe, ao mesmo tempo, de diversas maneiras: enquanto certas pessoas estudam bactérias e vírus minúsculos, por exemplo, outras estão nas ruas, perguntando aos cidadãos o que eles acham do governo, da economia, do esporte ou da família.

Por causa dessa enorme variedade de possibilidades, definir a ciência, numa só frase, parece algo bem difícil, não é verdade?! Mesmo assim, a gente resolveu perguntar a estudantes, professores, cientistas e outras pessoas o signi-ficado dessa incrível atividade humana. Vamos

ver o que eles disseram? “Para mim, é o estudo da vida”, resume João Vítor, de 8 anos, aluno da Escola Municipal Professora Modesta Cravo, em Belo Horizonte. Que ótima a definição do João, né? É importante lembrar, contudo, que ela está ligada a uma área de estudo, chamada de Ciências Biológicas.

Se pensarmos de maneira mais ampla, a ciência se divide em pelo menos outros dois campos de estudo: as Exatas e as Humanas. Quer um exemplo de alguém que se interessa por várias coisas ao mesmo tempo? O profes-sor e cientista Cássio Hissa, da Universidade Federal de Minas Gerais, a UFMG, é formado em Geografia, mas estudou outras diversas coisas (que também são ciências, embora nem todo mundo saiba), como Belas Artes, Música e Sociologia. Para ele, a ciência existe para responder a questões importantes e solu-cionar certos problemas da vida: “Para que as pessoas vivam melhor, é preciso que a ciência crie um novo modo de ver o mundo”, acredita.

Não perca a entrevista com o professor Cássio, feita pelo João Vítor (que também aparece nesta reportagem!) e outras crian-ças. É só procurar a página 16!

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10 MINAS FAZ CIÊNCIA • ESPECIAL 2015

Feijões e hipótesesPara saber mais sobre o conceito de ciência, também con-

versamos com a cientista Fabiana Beghini Avelar, que pensa de um jeito bem parecido. Ela é formada em Física e logo será doutora em Ciências e Técnicas Nucleares na UFMG. Além disso, a Fabiana escreveu livros infantis e é mãe do Mateus, de dois anos. Quando a perguntamos o que é ciência, ela respondeu assim: “É uma forma de conhecermos como funciona o mundo em que vivemos, desde o plantio de uma semente até a mudança da posição das estrelas ao longo da noite. A observação nos leva a criar hipóteses que expli-cam ou tentam explicar como os fenômenos ocorrem”.

Quando a Fabiana fala em “hipóteses”, você sabe o que isso significa? É mais ou menos como imaginar de que modo seria uma coisa que a gente ainda não conhece tão bem. Veja este exemplo: se alguém puser uma sementinha de feijão em um pedaço de algo-dão molhado com água, pode pensar na hipótese de que a planta germinará em... dois dias. Depois disso, será preciso observar o algodão diariamente, para saber quando, exatamente, nascerá o pri-meiro brotinho.

Após a primeira tentativa, o ideal é repetir o experimento com outro feijãozinho. Apesar de todo o aprendizado com a primeira planta, nada nos garante que, na segunda vez, tudo ocorra da mes-ma forma. Afinal, vários fatores podem interferir na experiência: se o tipo do feijão for diferente, por exemplo, ele pode demorar mais ou menos para brotar.

Assim é a ciência! Antes de começar a investigar alguma coi-sa, o cientista pensa em hipóteses, que podem ou não se confirmar durante os experimentos. Além disso, ele costuma consultar teo-rias, elaboradas por colegas que escreveram livros sobre o mesmo assunto e poderão ajudá-lo a ter novas ideias e a formular muitas outras hipóteses.

Isso quer dizer, portanto, que o trabalho científico também pode ser desenvolvido dentro de uma biblioteca, onde é possível encontrar livros – e outros documentos, como revistas, jornais, car-tas etc. – em que são detalhadas as teorias sobre o mundo, a vida, os animais. Atualmente, parte desses acervos já está disponível na internet, o que facilitou ainda mais a vida do cientista, que pode desenvolver esta parte do trabalho num escritório, ou, até mesmo, em casa.

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Por falar em laboratórios, aquela imagem de um lugar cheio de microscópios e de tubos de ensaio não vale, mesmo, para todos os cientistas! No caso da professora Fabiana, que estuda códigos nucle-ares, o espaço de trabalho dela nada mais é do que uma sala cheia de computadores bem modernos.

Ciência animadaAté os desenhos animados podem ser objeto de investigação cien-

tífica. Quer ver só? É sério! Lá em Blumenau, no estado de Santa Catari-na, por exemplo, professores de ciências se juntaram para analisar nove filmes infantis, todos de animação. Na lista, estavam Pink e Cérebro, As meninas superpoderosas, Jonny Quest... Talvez você não conheça estes títulos, mas, se perguntar para seus pais, para um tio ou tia, eles devem se lembrar. Os pesquisadores queriam saber como esses filmes mostravam os cientistas.

Para analisar as animações, eles não as assistiram (como a gen-te faz em casa) comendo pipoca. Na verdade, observaram atentamente e preencheram questionários durante a exibição. Depois, organizaram as informações preenchidas e escreveram um artigo para contar os re-sultados. É muito comum os cientistas publicarem o que chamam de “artigos” para descrever seus experimentos.

Isso permite que outros colegas tenham acesso às informações, que podem ser usadas no desenvolvimento de outras pesquisas. No artigo que os professores de Blumenau publicaram, eles revelam como os desenhos animados, muitas vezes, podem transmitir uma imagem equivocada da ciência. Isso é comum, por exemplo, quando nos fazem pensar que não pode haver erros nas pesquisas, ou que, se algo sair errado, vai acontecer uma tragédia.

Na verdade, a ciência é feita de tentativas, cheias de erros e acer-tos. E algo que ocorre fora do planejado, mesmo que acidentalmente, pode até ser bom. Veja que história legal: a penicilina, primeiro remédio antibiótico, foi descoberta em 1928, pelo médico inglês Alexander Fle-ming. Ele acompanhava a evolução de colônias de bactérias, quando percebeu que algumas tinham sido contaminadas por um fungo, com aspecto de mofo (ou bolor). As bactérias afetadas por este fungo, iden-tificado, mais tarde, como penicilina, não sobreviveram. Nascia, então, o mais popular medicamento contra doenças bacterianas, que continua a salvar milhões de vidas.

O texto é esse aqui, ó: TOMAZI, L.A., PEREIRA, A. J., SCHULER, C. M., PISKE, K., TOMIO, D. O que é e quem faz Ciência? Imagens sobre a atividade científica divulgadas em filmes de animação infantil. Ensaio Pes-quisa em Educação em Ciência, v.11, n. 2, p.292-306, 2009. Como o artigo é feito para adultos, que tal falar com um deles para lê-lo e te contar tudo o que achou interessante?

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Colecionadores da ciênciaTalvez você tenha uma coleção de carrinhos, de bonecas, de imãs de geladeira ou de gibis. Sabia que os cientistas também colecionam coisas? É, ver-dade! Para eles, vale colecionar insetos, computa-dores, flores e até videogames! Na ciência, a arte de organizar objetos, livros, bichos etc. é responsável por preservar acervos que ajudam a entender melhor a sociedade e a acumular mais conhecimento sobre o mundo.

Verônica Soares

Depois das Olimpíadas

Em 2016, o Rio de Janeiro vai sediar os Jogos

Olímpicos. Para receber os atletas e os visitantes, diver-

sas obras já foram realizadas na Cidade Maravilhosa, e,

durante os jogos, muita coisa deve se alterar na rotina

dos moradores. A mesma situação ocorreu na Copa do

Mundo, em 2014, você se lem-

bra? Para entender os efeitos des-

sa (boa) bagunça, os cientistas

resolveram pesquisar o que muda

nas cidades, e nos países, depois

dos megaeventos!

Piscar é ficar na escuridão?Já parou para contar quantas vezes o ser humano pisca por dia? Sabia que, somando todos os milissegun-dos das piscadas diárias, a gente passa cerca de 4 ho-ras na completa escuridão? Incrível, né?! Para entender o que acontece com nosso cérebro, a cada vez que a pálpebra se fecha, pesquisadores têm usado corujas como modelos experimentais. (Curiosidade: ao ler esta nota, quantas vezes você deve ter piscado?)

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A incrível aventura de entrevistar o professor

Ângelo Machado em sua casa-laboratório

Vivian Teixeira

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Esta não é a história do encontro (de verdade) entre dois simpáticos insetos, mas sobre como a própria reportagem foi planeja-da e escrita. Nossa ideia inicial era conhecer melhor um certo Ctenomorphodes chronus, o nome científico do famoso e misterioso bi-cho-pau (Fala, sério! Esse “apelido” popular também é bem engraçado, né?!).

Para tal, procuramos um pesquisador apaixonado pelo assunto, que já realizou muitas palestras e até escreveu um livro inteiro sobre o tal bichinho. Estamos falan-do do professor Ângelo Barbosa Monteiro Machado, que é entomólogo, nome que se dá a quem estuda os insetos.

Ao chegarmos ao lar, doce lar do cientista, logo entendemos o seu gosto pelos animais. Afinal, ele tem um quintal enorme, cheio de árvores grandes, com

muitos passarinhos e pequenos bichos. Além disso, dentro de casa – imaginem! –, ele montou um laboratório particular, onde guarda mais de 35 mil libélulas, além de besouros, borboletas e aranhas de diferen-tes espécies.

Tudo fica guardado em gavetas iden-tificadas, e muito bem organizadas, para facilitar os estudos. Durante a entrevista, Ângelo Machado falou sobre as expedições que fez à Amazônia em busca de libélulas, descreveu algumas espécies da África e nos confessou que quase foi atacado por marimbondos em um rio. Enquanto conta-va essas histórias incríveis, os olhos dele brilhavam! (E brilharam ainda mais quando ele se lembrou daquele que despertou seu gosto pelos insetos, o professor de Ciên-cias Otávio Marques Lisboa).

Tente desenhar, aqui do lado,

o primeiro bichinhoque você

encontrar!

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MINAS FAZ CIÊNCIA • ESPECIAL 2015 15

A primeira libélula...Com tanta história legal, o tempo

passou devagar na casa-laboratório de Ângelo Machado, que nos contou, ainda, as peripécias de quando descobriu o nome da primeira libélula vista por ele, aos 15 anos, com a ajuda do professor Newton Santos. Bastante curioso, o jovem precisou pesquisar muitos dias, em um documento escrito à mão, sobre o nome correto da es-pécie, pois seu mestre não quis lhe contar tudo assim tão rápido.

Depois disso, Ângelo percebeu que, quando a gente investiga, pesquisa, estuda e procura, é muito mais gostoso aprender. Por causa da pesquisa que fez a pedido de seu professor, ele escolheu estudar libélu-las por toda a vida – e, ao longo da carrei-ra, descreveu nada menos do que 48 novas espécies e quatro gêneros do inseto.

Para os estudos de Taxonomia, como aqueles desenvolvidos pelo professor, as libélulas se mostram muito importantes. No ecossistema, elas são predadoras e se alimentam de outros insetos – principal-mente, de mosquitos e moscas. Ao fazer isso, garantem o equilíbrio biológico do ecossistema de forma natural.

Mas não foi só por isso que Ângelo Machado começou a estudá-las. A beleza das espécies e a alegria dele ao pesquisar fizeram com que continuasse nesse caminho. Além do mais, há coisas muito legais sobre as libé-lulas. Você sabia, por exemplo, que, quando

É a área da Biologia que cuida de descrever, identificar e classificar os seres vivos.

Que tal ler um trechinho? “Hoje eu sei que sou um bicho / Mas eu pos-so fingir de pau / Às vezes é bom ser bicho / Outras vezes é bom ser pau”

Coleção Bicho tem, gente tambémColeção Que bicho será que...O besouro do quilomboA viagem de Tamar O menino e a rã Chapeuzinho Vermelho e o lobo-guará

Vamos ler?

Preparamos uma lista de livros de Ângelo Machado que podem te ajudar a conhecer melhor o mundo das libélulas, do bicho-pau e de outros tantos animais. Confira!

elas parecem lavar o bumbum na água, estão, na verdade, botando seus ovos?

Cadê o bicho-pau?Imagino que, agora, você esteja pen-

sando: “Cadê o bicho-pau nessa história toda?”. Pois é, durante a conversa, a felici-dade do professor ao contar sobre libélulas nos fez conversar sobre o bicho-pau só ao final da entrevista. Foi aí que descobrimos um pouco mais sobre esse curioso inseto, que tem o poder do disfarce. Sim! Ele é um verdadeiro mágico do mundo animal, pois sabe se adaptar à natureza.

Se ele está em perigo, ou perto de algum predador, fica parado por muito tem-po, como se fosse um graveto, até que a situação fique mais tranquila. E, para nós, seres humanos, ele não faz mal algum. “O bicho-pau se alimenta, basicamente, de er-vas e pequenas folhagens e bota ovos para se reproduzir”, explica Ângelo Machado.

Por sempre ter achado o inseto muito curioso, o professor escreveu o livro O di-lema do bicho-pau, que conta, exatamente, a dificuldade do bichinho em compreender que, em certas horas, é bicho, e, em outras, um pedaço de pau.

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Cauã, Esther, João Vítor e Iasmim são alunos da Escola Municipal Profes-sora Modesta Cravo, que fica em Belo Horizonte. A turminha visitou a FAPEMIG para conversar com o professor e cientista Cássio Hissa, da UFMG, a Universidade Federal de Minas Gerais. Ele estudou Be-las Artes, Música, Sociologia, formou-se em Geografia e continuou querendo mais, até fazer pós-doutorado em Portugal.

Apesar de ter estudado muito, você acredita que o Cássio acha que ainda sabe pouco sobre as coisas? O encontro dele com os entrevistadores mirins foi muito le-gal e trouxe um monte de informações no-vas para as crianças, que, como se fossem jornalistas, fizeram perguntas que estão na cabeça de muita gente. (Só que as respos-tas, às vezes, foram um pouco diferentes...)

Quem começou a perguntar foi a Ias-mim Andrade. Ela quis saber se é possível a Terra sair do eixo (Nossa! Será que sairí-amos “rolando” pelo universo?). Ao invés de responder tim tim por tim tim, Cássio preferiu falar da expressão “sair do eixo” como uma metáfora. “Se a gente for pensar no mundo, parece que tudo já saiu do eixo há um bom tempo”, comentou o professor.

Na opinião dele, muitas pessoas têm vivido situações difíceis, e, muitas vezes, não conseguem, por exemplo, ser felizes: “Você acha que, no mundo, as coisas estão no eixo? As pessoas pa-recem infelizes e estão um pouco mais

Metáfora é quando a gente usa uma palavra (ou uma expressão) em um sentido que não é muito comum, revelando uma relação de seme-lhança entre duas coisas. Quer um exemplo? É como chamar um sorve-te de “delícia geladinha”.

distantes umas das outras. Os diálogos são cada vez mais escassos. Está tudo fora do eixo, ou não está?”.

Mas, afinal, a Terra pode ou não sair do eixo? O professor confessou não saber exatamente o que aconteceria. A única certeza dele é que não haveria coisas boas para nós aqui na Terra (Viu, só? Os pesqui-sadores estudam muito, mas também não sabem tudo!).

A segunda pergunta foi feita pelo João Vitor, que quis saber quantas células existem em nosso corpo. Você também já pensou nisso? Bom, para responder à pergunta, o Cássio deu a seguinte ideia: “E se trocássemos o corpo pelo oceano? Quantas gotinhas de água existem nele?”. O João ficou pensativo nessa hora e, aí, o professor aproveitou e disse: “Será que importa contar quantas gotinhas existem ou saber que cada gotinha é um universo e que todas são diferentes? Acredito que só a compreensão do último fato já é importan-te demais. Isso porque é preciso aprender a lidar com as diferenças, principalmente, para que a ciência possa criar um novo modo de ver o mundo, construindo solu-ções para as pessoas viverem melhor”.

Por que tudo é assim?Um professor e cientista, quatro crianças

e muitas, muitas perguntas! Camila Mantovani e Marina Mendes

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Ah, é mesmo! Para comentar a pergunta da Esther, o professor fez um tanto de outras questões: se, de repen-te, houve uma explosão e tudo surgiu, qual foi o detonador que fez com que a vida existisse? O que fez com que tudo se colocasse, espacialmente, da maneira como se colocou? “Quando eu era menino, tinha uma preocupa-ção imensa, louca, de o mundo, a Terra e tudo o mais se acabarem. Esse medo, que a gente carrega da infância – como o temor do escuro –, tem a ver com a ausência de res-

postas para questões essenciais para nós”, pensou o Cássio.

E acham que ele parou por aí? Nada disso! Veja só o que mais ele fa-lou de importante: “A gente não sabe de que navio caiu, não sabe para onde a correnteza está nos levando. Na ver-dade, a única coisa que a gente precisa saber, e valorizar cada vez mais, é o fato de a nossa felicidade depender da felicidade do outro e vice-versa. Eu só posso ser feliz se todos os outros tam-bém forem” (Eu, se fosse você, dividi-ria essa ideia com seus amigos, viu?!).

Dinossauros e outros mistérios

Logo em seguida, o Cauã Oliveira per-guntou algo que desperta curiosidade em todo mundo: “Como era a vida na Terra na época dos dinossauros?”. Hummm... Essa questão é bem “cabeluda”, pois, como explicou o professor, sa-ber exatamente como era a Terra naquele período é algo difícil de o homem responder.

Afinal, como você já deve saber, a espécie humana ainda não existia. Não havia nenhum ser humano para ver e contar (ou desenhar, como fa-ziam os homens primitivos) essa história. Então, para entender do assunto, os cientistas, que gostam de estudar o tema, precisam usar uma coisa muito legal, que nós, humanos (em especial, as crianças), adoramos: a imaginação. (É, ser cientista exige mui-ta vontade de imaginar as coisas!)

Mas, e o Big Bang?

Para o caso dos dinossauros, o Cássio deu uma explicação bem legal. “Existe, hoje, a ciência que estuda os tempos antes de nós. Para isso, ela criou modos de construir cenários passados. O cientista recolheu fósseis e, a partir deles, desen-volveu métodos para montar esse quebra-cabeças sobre o mundo, na ausência dos seres humanos. É uma história que não tem fim, pois, todo dia, você encontra uma pecinha nova, que se encaixa nesse quebra-cabeça, ou que o contradiz”, explicou.

A última pergunta foi feita pela Esther Dias, que tinha muitas dúvidas a respeito do chamado Big Bang (Ah! Nessa revista, tem uma reportagem nessa sobre o tema, lá na página 18). Mas, antes de responder à Esther, o Cássio percebeu uma coisa em comum nas perguntas feitas até então: “Todas elas, de alguma forma, têm a ver com a origem da vida, com o mistério da existência e com o famoso ‘De onde é que a gente veio e para onde é que a gente vai?”.

Interessante, né? Não é que a gente, desde criança, pensa num tanto de coisas que os adul-tos também pensam? Vai ver que, para ser cientista, precisamos manter essa curiosidade da infância dentro de nós.

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Alessandra Ribeiro

A grande explosão

Que tal conhecer a principal teoria científica sobre a origem do universo?

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De que são feitas as estrelas? Como surgiram as galáxias? E os planetas? Nossa! Parecem perguntas de criança, não é mesmo? Mas, na verdade, questões assim são feitas ao longo da história da ciência, e ainda intrigam pesquisadores de vários países. Quer um exemplo? Veja os físicos e engenheiros do Conselho Europeu para a Pesquisa Nuclear, mais conhecido como Cern: eles trabalham num megatúnel, com 27 quilômetros de exten-são, construído embaixo da França e da Suíça, onde funciona o mais potente acelerador de partículas do mundo, o LHC.

Xiiiiii... Complicou tudo! O que, exatamente, é um acelerador de partículas? A sigla LHC vem da expressão inglesa Large Hadron Collider, que quer dizer “o grande colisor de hádrons”. Ah, claro! Agora, entendi tudo! Na verdade, está ainda mais difícil de entender, né?! Vamos por partes, então. Antes de explicar melhor os hádrons, você precisa saber que os cientistas querem recriar, com esse tal acelerador, uma grande explosão, conhecida como “Big Bang”.

Este é o nome da principal teoria científica que explica a origem do universo. Quem vai nos ajudar a descrevê-la é o físico José Abdalla Helayël-Neto, do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF): “O Big Bang foi o período em que o universo todo parecia um grande mingau, muito grosso e superaquecido. Ele começou a se resfriar e, a partir do mingau superquente, a matéria começou a se formar”.

A matéria, explica José Abdalla, é tudo aquilo que tem massa e peso. Em outras pa-lavras, é o material que está em todas as coisas. Você já deve ter ouvido alguém falar, por exemplo, que “os corpos se atraem”. Pois bem: não apenas os corpos humanos, mas todas as coisas são feitas de matéria. E matéria atrai matéria, por uma força chamada gravidade. (Veja! Nós acabamos de resumir a famosa Lei de Isaac Newton. Diz a lenda que ela foi criada quando Newton (1643-1727) observou a queda de uma maçã!)

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Mingau, maçã... Antes que você comece a ficar com fome, José Abdalla conta que, depois de formada a matéria, ela se separou da energia e, assim, surgiu a luz. Foi quando as primeiras estrelas nasceram: “Eram gigantescas, com tamanho 10 a 20 vezes maior que o do Sol. Por serem tão grandes e pesadas, elas explodiram, formando outras estrelas, que também segui-ram esse destino e formaram outras e outras e outras. Com a matéria cada vez mais agregada em forma de estrelas e galáxias, o universo foi se esfriando, e, hoje, já muito frio, ficou do jeito que o conhecemos.

Tudo bem, tudo bem! Mas e os hádrons, que aparecem na sigla

LHC? Eles são, na verdade, mini-partículas presentes na menor parte da matéria: o átomo. É como se você pegasse a matéria e dividisse nos menores pedaços possíveis. Essas partículas finais, que não podem ser divididas, são os átomos. “No núcleo deles, estão partículas menores ain-da, os hádrons”, explica José Abdalla.

O LHC, portanto, é uma ten-tativa de recriar a explosão que deu origem ao universo, segundo a teo-ria do Big Bang. Os cientistas colo-caram hádrons dentro de um acele-rador circular, que se movimentam em grande velocidade, em direções opostas, até se chocarem. Cada um desses choques é atentamente ob-servado pelos pesquisadores.

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O bóson de HiggsUma das descobertas mais importan-

tes desde que criaram o LHC foi a com-provação da existência do Bóson de Higgs. Nosso amigo José Abdalla nos ajuda a en-tender essa história. “O Bóson de Higgs é uma minipartícula do universo inicial, que apareceu logo após o Big Bang e se uniu à matéria para dar a ela a sua massa (o seu peso) e outras propriedades, como a carga elétrica”, explica o cientista.

Recentemente, foi divulgada a foto mais nítida da partícula já feita até hoje. Também chamada de “partícula Deus”, ela já havia sido imaginada pelo físico esco-cês Peter Higgs, em 1964. Quase 50 anos depois, os cientistas mostraram que Higgs estava certo e ele ganhou o Prêmio Nobel de Física, em 2013.

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Você sabia que também chove no Sol?

Tatiana Nepomuceno

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O universo é mesmo uma caixinha de surpresas! Você sabia que chove na maior e mais quente estrela do nosso sistema, o Sol? Sim, o grande astro também experimenta um dos fenômenos mais agradáveis que costumamos admirar aqui na Terra! (Ainda mais agora, nessa seca toda!).

Mas, a “chuvinha” no Sol é bem diferente das águas a que estamos acostumados. Lá, as “gotinhas” têm o tamanho da Irlanda, caem a uma velocidade de 200mil km/h e atingem temperaturas da ordem de 50 mil Kelvins. Pense bem: uma gota do tamanho de um país inteiro, feito de plasma, gases ionizados e numa megavelocidade?!!!!! É, sem dúvida, um espetáculo deslumbrante!

Para entendermos o que acontece na superfície do Sol, é preciso, em primeiro lugar, compreender o que ocorre em seu interior. A densidade e a temperatura no núcleo do gran-de astro são enormes, alcançando 16 milhões de graus, aproximadamente. Essa quentura toda faz com que ocorra o processo, conhecido como fusão nuclear, que dá origem à ener-gia gerada pelo Sol e à luz dele emitida (fótons).

Por serem altamente energéticos, os fótons tentam “escapar” do núcleo atômico, em dire-ção ao espaço, mas a densidade dos átomos é tão grande que eles absorvem os fótons, aumen-tam sua energia e os reemitem. (Isso é que gera a liberação de energia para a superfície do Sol.)

Como numa grande panela de água fervendo, o que é mais quente e menos denso do fundo tende a subir, enquanto o material mais frio da superfície (que perdeu energia para o espaço) começa a descer. Quando a quentura do fundo chega à superfície, surgem bolhas que estouram, espirram e aparecem para nós como manchas, erupções (flares) e arcos de plasma.

A chuvaEssa erupção na superfície do Astro Rei desestabiliza o plasma e a coroa

solar. Acontece, então, um processo de condensação e, naturalmente, o plasma se transforma em líquido, caindo, de novo, na superfície. São formadas, então, verdadeiras “cascatas” de material quente e magnético, que, hoje, a gente co-nhece como chuva coronal. “É um processo bem parecido com o que ocorre na Terra: nuvens de calor são conduzidas para camadas superiores, que, na presença de campos magnéticos, podem resfriar, condensar e precipitar, na superfície do Sol, na forma de chuvas coronais”, explica o professor Marcelo Augusto Leigui, que faz parte, no Brasil, do Cherenkov Telescope Array (CTA), projeto multinacional que busca construir um instrumento de raios gama.

Essas tempestades, impulsionadas por explosões solares, podem ser bem importantes no controle da circulação de massa na atmosfera do Astro Rei. “Como este fenômeno descarrega uma grande quantidade de gás da coroa de volta para a ‘superfície’, é possível que ele seja o regulador da quantidade de plasma na coroa”, afirma Bruno Vaz Castilho, diretor do Laboratório Nacional de Astrofísica (LNA).

Dúvida importanteAs origens do aquecimento coronal continuam sendo uma das maiores

perguntas sem resposta da chamada Física Solar. Você sabia que a tempera-tura do plasma da coroa do Sol sobe rapidamente, dos 6 mil Cº da fotosfera para mais de 1 milhão Cº? É essa elevada temperatura que provoca uma fuga do material que forma parte do vento solar.

De toda forma, o exato mecanismo deste aquecimento ainda não está totalmente explicado. Há teorias e observações recentes que indicam que as altas temperaturas também estão ligadas ao campo magnético do Sol, que levaria energia para a coroa – que, por último, aquece o plasma (carregado eletricamente) e origina este fenômeno lindo!

Esses arcos são formados porque o sol, além de quente, produz gases com carga elétrica. Quando o plasma quente entra em erupção na superfície, ele é capturado por essa linha magnética do Sol e forma os arcos.

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Eu sei fazer chover no Sol!Que tal construir sua chuva coronal reciclável?

2 garrafas pet transparentesTinta vermelha Brocal Pincel

Cola Papel celofane ou de presente (amarelo e vermelho)

Pass

o a

pass

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Deixe secar. Depois, passe cola e brocal.

Recorte o celofane (ou o papel de presente) em tiras. Em seguida, agrupe os papeis, por dentro de uma das garrafas pet, usando a boca como suporte. Encaixe uma extremidade na outra.

1 23 4Recorte as duas extremidades da garrafa

pet, descarte a boca de uma das extremi-dades e pinte tudo de vermelho.

material necessário

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Sete mil quilos distribuídos em um corpo com treze metros de cumprimento e quase seis de

altura. A medida da cabeça chega a um metro e os dentes têm quase 20 centímetros cada um. Esse

é o perfil do animal mais famoso da pré-história, o Tirannosaurus Rex. As informações foram com-

provadas por meio dos fósseis já encontrados, e estudados, até hoje, em vários países do mundo.

A cara de mau, o formato dos músculos e os olhos ferozes do dinossauro só aparecem

nos livros e nas revistas, da forma como conhecemos, porque um ilustrador se aventurou a

retratar a espécie para tentar recuperar suas características. E tem gente que faz uns desenhos

que parecem até foto, viu?!

Para trabalhar como ilustrador científico, é preciso juntar três coisas: arte, ciência e téc-

nica. A veia artística aparece na beleza dos desenhos. Já a ciência se encarrega de fornecer as

informações necessárias ao desenho do objeto estudado. Por fim, as técnicas são as regras a

serem seguidas para que os traços fiquem mais parecidos com a realidade.

Ah! Mas os ilustradores não desenham só dinossauros, não. Eles também atuam na Botâ-

nica, na Biologia, na Engenharia e em várias outras áreas do conhecimento. Ilustradores cien-

tíficos podem, por exemplo, se dedicar ao projeto de uma casa, aos desenhos mecânicos que

explicam a maneira como os motores funcionam e à representação da raiz de uma planta, de uma

pequenina célula ou apenas de partes dela.

A ilustração, como a gente vê nos livros da escola, pode ser narrativa ou descritiva, explica

a professora e ilustradora Rosa Alves, da UFMG (a Universidade Federal de Minas Gerais). “A

ilustração descritiva mostra como é o bicho ou a planta. Já na narrativa, a gente vê como eles

interagem com o meio ambiente”.

A Rosa, aliás, tem um papel importante na trajetória da ilustração científica aqui no nosso

Estado. Ela trabalha há dez anos na UFMG e já formou cen-

tenas de alunos, que, hoje, estão por aí, pesquisando,

desenhando e garantindo que nossa história possa ser

vista e conhecida por muitos e muitos anos.

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Alguém viu um

Conheça o trabalho do ilustrador científico,

que transforma desenhos em histórias

Marina Mendes

tiranossauropor aí?

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26 MINAS FAZ CIÊNCIA • ESPECIAL 2015

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Tamanduás e mariposasE não é que existem pessoas que, desde cedo, já se interes-

sam por isso? Foi assim com a Enaile Dias Siffert. “Quando eu era criança, gostava de desenhar, adorava as aulas de ciência e sonhava em ser paleontóloga”, lembra. Ela acabou se tornando advogada, e, depois de alguns anos, resolveu se dedicar ao desenho. Depois de um monte de cursos, de muito treino, e com a ajuda da professora Rosa, tornou-se uma ilustradora científica, com trabalhos expostos no Brasil e no exterior.

O desenho do tamanduá, que você viu nas páginas anteriores, concorreu ao prêmio Il.lustraciència, organizado pela Associação Catalã de Comunicação Científica, na Espanha. A exposição reuniu trabalhos de ilustradores de todo o mundo. “Gosto muito de ilustrar mamíferos. Por isso, tenho preferido usar lápis de cor, técnica que facilita na hora de desenhar os pelos”, explica.

Já Marco Antonio Anacleto é formado em Artes Visuais e pas-sou oito anos na Escola de Veterinária, pois os cientistas precisavam de um desenhista por lá. Depois, se especializou em ilustração cien-tífica. Ele conta que começou a trabalhar atendendo aos pedidos dos pesquisadores, que precisavam de ilustrar seus estudos acadêmi-

cos. “Os pedidos chegam e a gente se envolve, se apaixona. Aí, co-meça a jornada de pesquisa. Saímos do campo do deslumbramento para o da análise e entramos, cada vez mais, no íntimo da espécie retratada, seja ela uma planta ou um animal”, esclarece.

O ilustrador precisa ter muito cuidado para usar as informações corretas, além de pesquisar e estudar mais e mais. Afinal, ele vai tra-duzir em imagens a descrição que está no texto. Marco se diverte ao contar que muitas ilustrações acontecem quando menos se espera. Foi assim com certa mariposa. Ele estava na casa de parentes, no interior, quando se encontrou com ela e se encantou. Era um bichinho todo peludinho e com dois centímetros de comprimento. “Parei o que estava fazendo e me aventurei a desenhar a mariposa. Fiz o mapeamento dos padrões do corpo, observei a distribuição das cores, a posição das asas e das antenas”, diz.

Passaram-se três meses de muitas tentativas e testes... Foi um longo tempo para que fossem definidas as cores e o material a ser usado. Até que, um dia, tudo ficou pronto. E lindo! E não é que o desenho do Marco foi bater asas na Espanha, também? É verdade: a mariposa dele foi fazer companhia ao tamanduá da Enaile, lá no Il.lustraciència.

Agora, é sua vez!Que tal brincar de ilustrador científico?

As dicas abaixo podem te ajudar a transformar o mundo em desenhos.

Veja as cores que aparecem no objeto e monte uma escala delas.

Faça um mapeamento do objeto, medin-do e traçando onde cada detalhe vai ser locali-zado. Para isso, você pode usar retas.

Planeje a incidência de luz, que deve obedecer a uma regrinha: sempre da direita para a esquerda. (É por isso que, quando a gente olha o desenho, parece que ele fica mais claro de um lado do que do outro.)

Posicione os animais com a cabeça para o lado esquerdo, mesmo quando for desenhar um esqueleto completo.

Que tal fazer sua ilustração aqui, tirar uma foto e nos mandar por e-mail? Nosso endereço é [email protected].

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Para destravar a ciência

Tudo que você aprende na escola auxilia a criação – sem tilts – de seus

jogos favoritos

Thiago Malta

(dos games) (dos games)

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E aí, vamos falar de games? Neste exato instante, imagino que você já este-ja pensando em MineKraft, Super Smash Bros, PES 2014 e outros tantos jogos legais. Apesar disso, não pretendo, aqui, te ensinar novas manhas ou atalhos para seus games favoritos. Gostaria, na ver-dade, de convidá-lo a se divertir, por um instante, com a fantasia – superbacana – de... CIENTISTA!

Ah! E, quando falo em “fantasia”, não será preciso parar de ler e procurar um jaleco branco, nem de desarrumar o cabelo e ficar com cara de maluco. Nada disso! Os cientistas, aliás, nem são as-sim... Eles se parecem, na verdade, com você, apesar de terem um pouquinho mais de idade, como sua mãe, seu pai ou sua professora. Qualquer pessoa, na verdade, pode se tornar cientista. Basta que se interesse pelo coisas do mundo, da vida, e estude bastante!

De todo modo, antes de você se de-cidir sobre o que vai fazer no futuro, que tal fazermos ciência agora, neste exato instante? Para tal, basta apertar no Playstation, ou no Xbox, e começar uma fantástica experiência.

Como assim? O que meu game tem a ver com isso? Simples: o experimento que te proponho é, tão somente, o de jogar! Dessa maneira, afinal, a gente faz aconte-cer um mundo virtual com base em tudo que acontece no dia a dia. As batidas, os saltos, os sons, a iluminação... Tudo é re-presentado, no seu jogo, conforme as leis e regras que existem no mundo a seu redor.

É claaaaaro que, no jogo – assim como nos filmes –, há situações fictícias. Ou você já viu pessoas voando no cami-nho da escola ou do clube? O interessante disso tudo é saber que mesmo o que nos parece absurdo é orientado, no game, por regras científicas.

É, mesmo?Sim, a base de todo jogo nasce na

ciência. Um cara muito fera em todos os ti-pos de console é o professor Marcelo Nery, responsável pela escola de jogos digitais da PUC Minas, a Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Ele lembra que, antes de tudo, o jogo é um programa de computador, como qualquer outro, mas com características, digamos, mais diverti-das, como histórias, personagens, anima-ções e músicas.

“Assim como nos programas de com-putador, há, por trás do jogo, um conjunto de códigos que criam as regras de como ele vai funcionar. Esses códigos usam muita coisa de ciência, principalmente, a Matemá-tica e a Física”, conta Marcelo.

Quer um exemplo do que o profes-sor disse? É só se lembrar do personagem Mário Bros, de vários jogos da Nintendo. Imagine o bombeiro hidráulico, de chapéu vermelho, andando de um lado paro outro. Isso é o que você vê na tela. Já o computa-dor entende tudo como pontinhos mexen-do para um lado e para outro, no interior de um quadrado, dividido em quatro partes.

Quando aparecem os inimigos, como o Bower, que voam pela tela, o Mario e o Luigi se abaixam, pulam e, depois, lançam bombas, não é, mesmo? Pois tudo, tudo é codificado em programas que usam as fór-mulas básicas que você aprende na escola.

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O futuro em mil janelas Em breve, a experiência com jogos deve ser

modificada. A Microsoft, empresa responsável pelo XBOX, apresentou um óculos que permite ao joga-dor ver projeções do jogo em 3D, por meio de uma técnica chamada realidade aumentada.

Durante a apresentação do equipamento, chamado de HoloLens, a empresa mostrou o jogo Minecraft projetado na parede e, depois, sobre uma mesa. O jogador podia puxar, afastar, ampliar ou gi-rar a cidade representada no game.

Ainda na apresentação, o usuário do óculos pôde abrir diversas telas, iguais às do computador, em vários pontos da parede. Em breve, será possí-vel, portanto, jogar numa parede e, ao mesmo tem-po, manter a janela do Skype aberta do outro lado da sala ou do quarto.

Fábrica de desafiosOutra fera em games é o professor João Victor Gomide, coordenador do curso de

jogos digitais da Universidade Fumec. Ele esclarece que, para fazer um jogo, é preciso do envolvimento de diversos ramos da ciência. Portanto, se você quiser criar um game, vai precisar da ajuda de todos os seus professores!

Normalmente, os jogos nascem de uma ideia. Depois, os fabricantes buscam de-senvolver a história. O trabalho, então, é dividido em duas partes – e em dois grupos. A primeira equipe cuida do roteiro, dos personagens, das falas, dos desenhos e do “mundo” onde o jogo acontece. (Afinal, o game pode ser na lua ou na Amazônia, por exemplo.) En-quanto isso, a outra equipe cuida da parte “técnica”. Esse pessoal fica por conta de pensar a quantidade de níveis enfrentadas pelo jogador, as estratégias de cada fase, o caminho a percorrer, as atividades dos personagens, a pontuação e as paisagens das cenas.

Depois disso, vem o mais divertido: “Uma equipe de especialistas vai jogar e observar os problemas do jogo, para realizar uma avaliação sobre o que precisa melhorar. Como uma história está sendo contada, a intenção é que o jogador se sinta atraído por tudo que acon-tece. Além disso, a experiência deve ser boa”, explica João Victor. Quando estiver pronto, o game será distribuído em consoles como Xbox ou Playstation.

Arte em tudoComo vimos, muitas pessoas participam da criação de um jogo. Nesse time, pou-

cos reparam numa galera importante, que torna a narrativa da história bem mais legal. Eu me refiro aos artistas, que ajudam a montar os ambientes do jogo. Pense bem, afinal: se, no dia a dia, a vida é repleta de sons, por que seria diferente no mundo virtual?

Por isso, compositores e músicos têm a tarefa de criar e interpretar as melodias que animarão o game. Da mesma forma, desenhistas, pintores e ilustradores desenvolvem imagens encantadoras, que surgem a cada passagem de fase. Todos estes mestres da arte buscam estimular os seus sentidos, para que, além de jogar, você sinta o game por meio do ouvido, dos olhos ou das mãos – principalmente, quando o joystick insiste em vibrar!

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Tatiana Nepomuceno

Formigas tecelãs constroem casas sofisticadas e protegem os filhos com muita energia

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Não sei se você sabe, mas vespas, abelhas e formigas pertencem ao mesmo grupo de insetos. Além disso, esta turma apresenta alta diversidade de interações com outras espécies de animais e vegetais no mundo. Uma das características mais interessantes dessa galerinha, porém, é que indivíduos podem ser solitários ou sociais.

As formigas, por exemplo, são chamadas de “eussociais”. Que palavra estranha, né? Mas ela quer dizer que as formiguinhas possuem três características bem definidas: sobreposição de gerações (quando há formigas com diferentes ida-des em uma mesma colônia), divisão de trabalho (quando existem operárias espe-cializadas em trabalhar dentro e fora da “comunidade”) e cooperação no cuidado com os filhotes. As formigas também são holometábolas. Ahn?! Isso quer dizer que o seu desenvolvimento é completo!

Além disso, elas têm metamorfose e um ciclo de vida formado por ovos, larvas (que passam, em geral, por cinco fases ou estágios), pupas (quando ocorre a me-tamorfose da larva) e indivíduos adultos. O interessante é que, para se transformar em pupa, as larvas expelem fios de seda e constroem os próprios casulos, como acontece com as lagartas de borboletas e mariposas.

Dentre as diversas espécies de for-miga, uma, em especial, se destaca por causa de seu modo de vida em colônia. Apesar de pouco conhecida, ela também pode ser usada no controle biológico de pragas. Estamos falando da pequena e bra-va formiga tecelã. Para conhecê-la melhor, o professor Jean Carlos Santos, da Univer-sidade Federal de Uberlândia – também conhecida como UFU – desenvolveu uma pesquisa para estudar a ecologia e o com-portamento dessa espécie.

Você acha que ela é fofa e inofensiva? O estudo do Jean Carlos revelou que essa pequena artesã é extremamente hostil, po-dendo morder e jogar ácido fórmico sobre as presas ou contra inimigos que ataquem seu ninho. Quando ameaçadas, batem vá-rias vezes o abdômen contra a parede do ninho para produzir um barulho alto que pode afugentar competidores e inimigos. Ui! Além de agressivas, elas também são

Seda a sedaA formiga tecelã estudada pelo professor Jean Santos é da espécie Campo-

notus senex. Acompanhe, passo a passo, como ela constrói seu ninho.

3 As formigas iniciam a construção do ninho ligando folhas próximas, em pontos menos distantes, com a seda das larvas.

3 As operárias e larvas, apesar de terem idades diferentes, trabalham jun-tas, em cooperação. A operária traz uma larva na mandíbula, e, quando abaixa a larva, ela solta a seda usada para ligar diretamente as folhas. Por isso é que elas são chamadas de formigas tecelãs.

3 Depois que cada pedaço da parede de seda é formado, um segundo grupo de operárias adiciona à “construção” uma série de pequenas partículas de material animal (restos de insetos e de pupas) ou vegetal (partes de folhas, sementes e gravetos).

3 Em seguida, as operárias retornam com as larvas, que liberam mais seda sobre as paredes, acumulando camadas de fios com disposição irregular.

3 A trama de fios e resíduos, cada vez mais certinha, dá sustentação e resistência à colônia.

3 Ao final, os ninhos apresentam formato oval e de cor marrom clara, devido aos materiais adicionados na construção (pedaços de insetos, casulos, folhas, gravetos, flores etc.), ao envelhecimento dos fios de seda e ao eventual crescimento de musgos nas paredes externas.

“territorialistas”. O que é isso?! É que es-sas formigas constroem um ninho central e distribuem outros, menores, na periferia. “Isso possibilita que a formiga mude o ni-nho para outras áreas, caso haja necessi-dade”, explica o professor.

As características da tecelã per-mitem que a espécie seja usada, pelos cientistas, no chamado “controle bioló-gico” de pragas de plantas frutíferas, por exemplo. “Essas formigas podem reduzir a diversidade e a abundância de insetos herbívoros [bichinhos que se alimentam de vegetais] em pés de laranja, limão, goiaba e manga, onde são naturalmente encontradas as colônias”, explica Jonas José, aluno de mestrado da Universidade de São Paulo, a USP.

Outro fato curioso é que, em geral, nas colônias de formigas, os machos só servem para ajudar na reprodução das espécies. No caso das tecelãs, não! Os cientistas observaram que algumas larvas usadas na tecelagem são, justamente, de

machos, que desempenham importante papel na construção dos ninhos.

Arquitetura inteligenteAs formigas tecelãs podem construir

ninhos, de tamanhos variados, usando a seda produzida por suas larvas. Sim, uma colônia pode chegar a reunir até 200 mil operárias e mais de 160 rainhas. Diferen-temente de muitas outras espécies, que constroem ninhos no chão ou nos troncos, as tecelãs preferem a parte de cima das árvores, no meio dos galhos e das folhas. Muitas vezes, aliás, as casinhas destas for-migas são confundidas com as de vespas, por causa da aparência.

Além disso, elas têm um sistema in-teligente de climatização no interior das co-lônias. Por isso, a temperatura interna dos ninhos varia de acordo com a amplitude do clima ao longo do dia. “Nos dias mais frios, a temperatura interna é maior do que a externa, mantendo a colônia de formigas aquecida. Já nos dias quentes, ocorre o contrário”, explica o professor Jean Santos.

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Como é que alguém se torna um atleta profissional?

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Camila Alves Mantovani

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MINAS FAZ CIÊNCIA • ESPECIAL 2015 35

Jogar bola, correr, pular, nadar, equilibrar-se em cima de uma árvore. Quem olha para uma brincadeira de criança, sempre vê alguma dessas ações (ou todas elas) no meio da confusão. E será que essas diversões param por aí, na infância? Hum... Se você observar, por exemplo, as Olimpíadas, vai ver um monte de gente, que já não é mais tão pequeno, fazendo essas mesmas coisas: jogando bola, correndo, pulando obstáculos, nadando 200 metros e se equilibrando em barras transversais. É, pensando bem, parece que os esportes olímpicos são a forma que os adultos encontraram para continuar se divertindo feito crian-ças (mas sem parecerem bobos).

E como é que a gente sabe se essa vontade de jogar bola o dia inteiro, por exemplo, pode virar coisa séria? Izabel Rohlfs, que já foi nadadora profissional e, hoje, coordena, no Minas Tênis Clube (MTC), o Núcleo de Integração das Ciências do Esporte (Nice), conta que não dá para ter certeza disso quando se é criança. Na verdade, é preciso de um adulto, que já transformou o esporte em trabalho, para ajudar o menino ou a menina (e, tam-bém, a sua família) a descobrir e a desenvolver o talento em uma modalidade esportiva.

Só que, algumas vezes, é necessário de um pouco de teimosia! “Existem meninos e meninas que só amadurecem mais tarde. Muitos deles chegavam a ser dispensados do esporte. Eu, por exemplo, fui assim. Só depois dos 15 anos é que despontei na natação. A partir daí, tornei-me uma atleta de alto rendimento”, conta Izabel, que foi recordista sul--americana, disputou o Panamericano e conseguiu os índices para as Olimpíadas. “Posso dizer que cheguei ao topo, mas com muita dificuldade e perseverança, pois muitos técnicos já tinham me descartado”, confessa.

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Esporte cidadãoPor conta disso, o Minas criou um jeito especial de trabalhar, que presta bastante

atenção às crianças que iniciam alguma das 21 modalidades esportivas oferecidas pelo clube. E, quando falamos em “atenção especial”, isso quer dizer que eles ficam de olho não só na parte técnica dos atletas! O comportamento deles também é muito importante. Afinal, o jeito de a pessoa agir tem a ver com as atitudes que terá diante dos desafios. Além dos sócios, crianças de Belo Horizonte e de sua região metropoli-tana, que estejam a fim participar dos testes e, de alguma forma, mostrem talento, têm a chance de ingressar nas pré-equipes do MTC.

A Izabel nos lembra, ainda, de uma coisa muito importante. O incentivo aos esportes não tem a ver apenas com a formação de atletas, mas, principalmente, com a capacidade de formar cidadãos. Em outras palavras, com a sabedoria para aproximar pessoas diferentes em torno de um objetivo comum. No esporte, não importa de onde a gente veio, que língua falamos, se temos cabelo liso ou cacheado. É na união das diferenças que está a força e a beleza disso tudo.

Além do mais, no mundo de hoje, quando as brincadeiras ao ar livre têm perdido espaço para aquelas em frente à televisão ou ao computador, praticar atividades físicas faz um bem danado. E é sempre bom lembrar que dá para “levar” esse hábito, com você, por toda a vida!

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As maravilhas do espírito olímpicoEm 2016, o Brasil vai sediar um dos mais importantes eventos esportivos do mundo: as Olimpíadas.

Realizados de quatro em quatro anos, os Jogos Olímpicos reúnem atletas do mundo inteiro, numa celebração em que as melhores performances são premiadas com medalhas de bronze, prata e ouro. Para quem é fã dos esportes – e, até mesmo, para aqueles que não se interessam tanto –, a imagem do atleta recebendo a medalha, ao som do hino nacional, é de arrepiar.

No fim das contas, a gente pode dizer que os atletas se parecem com heróis: chegar até o topo, afinal, exige, além de talento, muuuuuuuuuuita força de vontade, disciplina e persistência. Pois essas características de “gente grande” precisam ser cultivadas desde criancinha, já que um atleta olímpico não nasce da noite para o dia. Na verdade, ele leva um bom tempo para se formar.

Olhando assim, parece até que esse negócio de ser esportista é meiochato e cansativo. Bem, é verdade que, quando algo que a gente gosta muito de fazer vira obrigação (o famoso “tem que”), perde um pouco da graça... Mas, pense numa coisa que você adora. Em seguida, imagine que será obrigado a fazer isso várias vezes ao dia (e com um monte de gente para lhe ajudar). Ah, assim parece até um sonho, né? Para muitos atletas, a sensação é bem essa!

Apesar de a ideia de competição ser muito forte nas Olimpíadas, há um sentimento muito poderoso por detrás de tudo: o “es-

pírito olímpico”. A gente celebra as medalhas não apenas por alguém ter sido melhor que os outros, mas pelo fato

de aquela pessoa dar o melhor dela mesma, e assim, superar os próprios limites!

Por falar em “espírito olímpico”, tem outra coisa muito bacana, chamada de “fair play”. Tra-duzida para o português, essas duas palavrinhas significam “jogo limpo”! Ou seja: a questão não é só vencer, mas ganhar respeitando o adversário. As

Olimpíadas, antes de qualquer coisa, são poderosas ferramentas para construir solidariedade e amizade

entre os povos. Veja bem, cada país possui formas diferentes de vi-

ver e de ver o mundo, a começar pela língua de cada um. Mas, apesar dessas diferenças, o esporte cria um idioma comum: todo

mundo compreende (e segue) as regras do jogo. Por tudo isso, viva o esporte!

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Sabe quando você brinca de Lego e toda a sua criação é composta de bloqui-nhos e mais bloquinhos? Fora do mun-do da brincadeira, também é (mais ou menos) assim! Só que, na vida real, as coisas acontecem numa escala bem pe-quenina, invisível aos nossos olhos. Em outras palavras: tudo que conhecemos é composto por partículas elementares, chamadas de átomos.

O termo átomo vem da língua grega e significa “sem partes” ou “indivisível”. A noção da existência de tais bloquinhos (ooops!, dessas “partículas”) surgiu na Grécia, cerca de 450 anos antes do nasci-

mento de Cristo, e previa que, se dividísse-mos, muitas vezes, um corpo, chegaria um momento em que não seria mais possível quebrá-lo, pois teríamos alcançado a me-nor parte da composição da matéria.

Essa ideia foi retomada no século XIX, quando os cientistas já tinham ins-trumentos para tentar descobrir o forma-to dos átomos e a maneira como eles se organizam. A partir dessa época, vários modelos atômicos foram propostos (veja box abaixo). Você vai estudar isso a fundo no Ensino Médio. Mas, para matar a sua curiosidade, vamos apresentar aqui os principais deles.

Carol do Espírito Santo Ferreira

mas estão em tudoVocê já ouviu falar dos átomos?

Matéria é qualquer substância que compõe um corpo sólido, líquido

ou gasoso.

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Histórias de átomosUm modelo atômico é o desenho de como se imagina o funcionamento

de um átomo de verdade. O primeiro deles, apresentado depois dos gregos, foi o de um químico inglês chamado John Dalton, que viveu de 1766 a 1844. Ele imaginou o átomo como uma bolinha de sinuca: uma esfera maciça e indivisível.

Este modelo, porém, era simples demais. E incompleto. Por isso, em 1897, o físico inglês Joseph John Thomson (1856-1940) provou a existência de partículas negativas na estrutura do átomo, e deu a elas o nome de “elé-trons”. Mas, como a natureza normal da matéria é neutra, Thomson imaginou que também deviam existir partículas positivas, que neutralizariam os elétrons.

Desse modo, derrubou o modelo de Dalton, pois o átomo não seria, então, nem maciço, nem indivisível. O modelo atômico de Thomson ficou conhecido como “pudim de passas”: o átomo é uma esfera não maciça, de carga elétrica positiva, incrustrada de partículas negativas (os elétrons). Com isso, sua carga total é nula.

Já no século XX, um físico neozelandês chamado Ernest Rutherford (1871-1937) descobriu, por meio de um experimento, que o átomo era com-posto por um núcleo muito pequeno, com carga elétrica positiva, que seria equilibrada pelos elétrons, que ficam girando ao redor do núcleo, numa re-gião chamada eletrosfera. Este modelo atômico se parece com o Sistema Solar: o núcleo seria o Sol e os elétrons (os planetas) girariam ao redor dele.

Segundo Rutherford, o núcleo seria formado por partículas posi-tivas, denominadas “prótons”. Trinta anos depois dessa sacada, um físico inglês chamado James Chadwick (1891-1974) descobriu os nêutrons, que são partículas neutras capazes de diminuir a re-pulsão entre os prótons.

Por fim, o físico dinamarquês Niels Bohr (1885-1962) aperfeiçoou esse modelo atômico, sofisticando a descrição do comportamento dos elétrons. Por isso, a ideia dele é a mais aceita até os dias de hoje e ficou conhecida como “modelo de Rutherford-Bohr”.

Dica de leituraElementar, caros amigos: o fascinante dia a dia dos átomos, de Marcelo R. L. Oli-veira (Editora A Girafa, 2013)

A união faz a força

O Ferro (Fe) é um dos componentes químicos mais importantes do nosso sangue.

Nossos dentes e ossos são compostos, principalmente, de Cálcio (Ca). Curioso é saber que este é o mesmo material do gesso e do giz.

O Fósforo (Ph) não está, como imaginamos, nos palitos de fósforo, mas na caixinha.

O cheiro característico do café se dá por causa da presença de Enxofre (S).

Os balões de gás são cheios de Hélio (He).

O Mercúrio (Hg) pode ser encontrado, em estado líquido, dentro dos ter-mômetros, e, em estado gasoso, nas lâmpadas fluorescentes.

A bolinha da ponta das canetas esferográficas é feita de Carbeto de Tungstênio, um composto de Carbono (C) e Tungstênio (W).

Os átomos iguais se juntam para formar os elementos químicos. E tudo o que conhecemos é feito

dessa união. Duvida?

(e mil outras coisas)

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Verônica Soares

Das cavernas à tela do celular

De que forma evoluíram os nossos modos e ferramentas de comunicação?

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Muito antes de você ter acesso ao computador, milhares de anos antes da invenção do smartphone, o homem das cavernas usava desenhos para se comuni-car. Os rabiscos daquela época eram bem diferentes dos emojis que a gente encontra hoje no celular. Na Idade da Pedra, esses traços estavam muito ligados aos rituais de caça e à religião. “Uma cena de caça é como uma história em quadrinhos sem os balõezinhos, mas com um significado pro-fundo para aquelas pessoas que viviam ali. Quando desenhavam, eles imaginavam que a caçada seria boa e acreditavam que isso realmente aconteceria”, conta o professor Angelo Carrara, que dá aulas de História na Universidade Federal de Juiz de Fora, também conhecida pela sigla UFRJ.

Os homens das cavernas ainda de-morariam um tempo para usar o alfabeto, invenção avançada da comunicação entre os humanos. Foi aos poucos que o modo de se comunicar evoluiu, dos desenhos para outros símbolos. À medida que as sociedades humanas tiveram sucesso na difícil arte de sobreviver, criaram novas fer-ramentas de relacionamento. Depois que aprenderam a cultivar o próprio alimento e a domesticar os animais, precisavam de algo que facilitasse a administração dos grupos de pessoas e os ajudasse, por exemplo, a controlar a quantidade de comi-da a ser produzida.

O calendário é uma invenção que nas-ceu junto ao alfabeto, para ajudar o homem a se organizar. “Saber contar os dias foi funda-mental para os seres humanos entenderem a sucessão das estações do ano, a ordem e o ciclo das plantações. Assim, as pessoas começaram a planejar o que fariam com sua vida a partir do clima que estava para che-gar”, explica o professor Angelo. Com tantas coisas para serem registradas, aquela revista em quadrinhos do homem das cavernas já não conseguia transmitir tudo o que eles queriam contar. Foi assim que inventaram novas “figurinhas” para representar suas ideias, entre os anos de 3.500 e 4.000 a.C.: os ideogramas são usados, ainda hoje, nas culturas orientais, tanto no Japão como na China, por exemplo.

A evolução desses símbolos levou os homens a se especializar em diferentes modos de comunicação, de acordo com a região onde moravam. No Egito, a pintura e

a técnica de inscrição com martelo se desenvolveram melhor, resultando nos lindos hieró-glifos que a gente consegue reconhecer em filmes e livros.

Bem... Mas como passamos da criação de figuras ao alfabeto que conhecemos hoje? Em todo o mundo, ao mesmo tempo, diversos povos criaram suas próprias maneiras de se comunicar, registrando as mensagens que precisavam circular entre eles. Isso quer dizer que nunca existiu só um alfabeto – ou um único modo de trocar informações e ideias.

Um dos primeiros registros do uso do alfabeto é uma inscrição no Monte Sinai, no Egito, feita pelos fenícios. O que eles fizeram de diferente foi organizar os significados de símbolos com o som das palavras. Isso aconteceu há, mais ou menos, 3 mil anos! Depois, surgiram outros alfabetos, como o grego antigo, o etrusco e o romano. Este último foi o que se espalhou pela maior parte do mundo ocidental.

Viu, só? Da próxima vez em que enviar uma mensagem pelo computador, ou via celular, cheia de desenhos e emojis, lembre que essa ideia de contar histórias com figuras não tem nada de moderninho. Afinal, ela é fruto de uma mistura de experiências e mudanças surgidas ao longo da história da humanidade, dos homens das cavernas aos dias de hoje. Mandar um =), ao invés de escrever “estou feliz”, é um jeito divertido de a gente se comuni-car como nossos antepassados, que nasceram há milhares e milhares de anos!

Veja só este bisonte Magdaleniense Negro, feito pelo homem das cavernas

WIK

IMED

IA C

OMM

ONS

Decifre os ditados populares!

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Vivian Teixeira

Por que, afinal, as crianças têm tantas dúvidas sobre tudo?

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Se você precisasse escrever todas as coisas que tem vontade de sa-ber, as perguntas caberiam nesta página? Enquanto pensa no assunto, que tal falarmos dessa mania (principalmente, das crianças) de querer tirar um montão de dúvidas sobre as coisas da vida? Quem vai nos ajudar com essa tarefa é a professora e filósofa Suelen Nery dos Santos.

Ela explica que as crianças têm tanta curiosidade porque a infância é a época de descobrir o mundo. É nessa fase que as pessoas observam os modos como as coisas funcionam e começam a aprender e a fazer as perguntas, sempre com o objetivo de saber um pouco mais sobre tudo!

Antes que você pense que fazer perguntas seja algo ruim, já vamos explicando que questionar é uma das coisas mais legais do universo! Afi-nal, se temos vontade de aprender, precisamos, mesmo, de perguntar sem cansar (e sem ficar com vergonha!). Geralmente, quem pergunta sempre descobre algo interessante.

A filósofa nos explica que as crianças procuram saber mais sobre o funcionamento do cérebro, o começo do mundo ou a vida dos animais. Além disso, elas querem entender coisas como o nascimento dos bebês, o sentimento de raiva e por que, às vezes, as pessoas ficam más. O corpo também interessa muito às crianças: por que há diferença entre meninos e meninas? O que é o xixi? Como dormimos? O que faz as pessoas tão diferentes?

Opa! Peraí! Antes de começarmos, preciso saber se você sabe exatamente quem são e o

que fazem os filósofos... Mas essa vai ser fácil de entender, porque eles são bastante parecidos, justamente, com as crianças perguntadoras. O

filósofo pergunta sobre tudo. Ele gosta, mesmo, é de investigar e pesquisar tudo sobre a natureza do

universo, do homem e dos fatos.

Você reparou que, só neste texto, há mais

de dez perguntas? Por isso, agora, queremos

lançar um desafio: além de responder às ques-

tões feitas ao longo da reportagem, pense em

pelo menos outras dezcoisas que gostaria de

saber!Preparado? Então, mãos à obra!

“Universidade das Crianças”Ao pensar nas dúvidas das crianças, alguns professores da UFMG – a Univer-

sidade Federal de Minas Gerais – desenvolveram um projeto que ganhou o nome de “Universidade das Crianças”. Eles reuniram, em um site, muitas questões, que foram transformadas em programas de áudio e em vídeos de animação. Para certas perguntas, a ciência tem respostas. Para outras, não. A professora Débora D’Ávila Reis é bióloga e uma das coordenadoras do projeto e diz que ter as respostas na ponta da língua não é o mais importante. “O projeto espera que as crianças duvidem das respostas e se sintam estimuladas a testá-las e a fazer outras perguntas. A ciência também funciona mais ou menos assim”, conta.

No site, existem respostas muito legais para perguntas que você também já deve ter feito. Veja algumas delas: de quê nosso corpo é formado? Por que suamos muito? Por que temos umbigo? Como surgiram as palavras? Por que não nascemos sabendo?

A estudante Lívia Nicolly, de 10 anos, também pensou em algumas dúvidas e gostaria de compartilhar com vocês: “Quando a gente cresce? Por que o céu é azul? Por que a lua é branca? Por que moramos do lado de fora da Terra?” Você tem respos-ta para as perguntas da Lívia? Sabe onde ela pode encontrá-las? Claro que não vamos dar as respostas assim tão facilmente, né? É só pesquisar e ajudá-la a descobrir.

Ah! E vai aí uma dica muito, muito legal: no site do projeto da professora Débora D’Ávila Reis (www.universidadedascriancas.org), uma equipe de cientistas pode te ajudar a responder um tantão de perguntas.

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Camila Alves Mantovani

Difícil para alguns, fácil para outros, a Matemática pode, na verdade, ser fascinante para todos

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Antes de qualquer coisa, preciso fazer uma confissão: Matemática nunca foi meu forte. E o pior: sou neta de um famoso mestre da disciplina, bastante conhecido na cidade onde morei durante a infância. Quando, no colégio, faziam a chamada e “descobriam” meu sobrenome, logo soltavam: “Você é neta do professor Gláucio? Ah, deve ser fera em Matemática”. Ai, que decepção!

Não é que não gostasse dos números – na verdade, tinha (e ainda tenho) a mania, por exem-plo, de contar árvores, passos, carros e outras coisas –, mas algo entre mim e a Matemática não dava certo. Voava demais nas ideias e ela parecia querer sempre me puxar para a Terra. Assim, fica-va com a impressão de que a disciplina parecia pouco criativa (ou cansativa, mesmo!).

Ainda bem que tive a chance de descobrir que meu pensamento estava completamente errado. E como! Tudo isso aconteceu numa conversa com Jacques Fux, que é engenheiro e matemático. Além disso, depois de formado, na chamada pós-graduação, ele ainda estudou Ciência da Computação e Literatura. Opa, lite-ratura? Sim, isso mesmo. E é aí que as coisas começam a ficar bem interessantes. Para o Jac-ques, a Matemática possui muitas caras. Uma delas é essa que a gente conhece: a das opera-ções de adição, subtração, divisão e multipli-cação. Ou da tabuada, das frações, equações e dos problemas.

Já a outra tem a ver com o mundo das letras. No livro Literatura e Matemática, que o Jacques Fux escreveu para adultos (mas uma versão para crianças ainda será lançada!), ele fala das rela-ções entre essas duas disciplinas, aparentemente, opostas, mas que, em certos momentos e com alguns autores, têm muito em comum.

Pausa para o “raciocínio lógico”!Antes de contar um pouco mais dessa his-

tória, a gente precisa falar de outra coisa impor-tante: o raciocínio lógico. Para resolvermos uma questão matemática, partimos de certas regras, não é, mesmo? Bem... Ao seguir essas normas, chegamos a um resultado que pode ser conside-rado válido ou não (certo ou errado, verdadeiro ou falso) em relação ao “caminho” percorrido por nós. Em resumo: não adianta escrever, na prova, o resultado final! A gente precisa, mesmo, é mostrar ao professor como chegamos lá: esse é que é o tal raciocínio lógico!

De volta àquela história...Quando o Jacques Fux diz que a Matemática

está presente na Literatura, suas ideias partem do estudo de importantes escritores de ficção, como o argentino Jorge Luiz Borges, o francês Georges Perec e o italiano Ítalo Calvino (autores que você ainda não conhece, mas que, quando for mais velho, vai adorar). Esses artistas da palavra traba-lharam, em seus livros, com estruturas lógicas e raciocínios que muito têm a ver com o “universo” matemático.

Para explicar um pouco melhor essa relação entre os números e as letras, Jacques nos convi-da a pensar em Alice no País das Maravilhas. O Lewis Carroll, autor da história, era matemático e escreveu o livro para ensinar essa Matemática (um pouco diferente) às crianças, em especial, a uma menina chamada Alice.

“O que pude perceber é que Lewis Caroll quer despertar a atenção das crianças, a partir de recursos lógicos, que, à primeira vista, parecem mirabolantes. Em Alice através do espelho, por exemplo, ele brinca com a lógica do espelho, que inverte as coisas. E, se tudo é invertido, a gente também pode inverter a lógica. Assim, o escritor brinca que pode servir o bolo primeiro antes de parti-lo. E se descobrir acordando antes de dormir”, explica.

Pa-lín-dro... O quê?Outra estrutura matemática presente na Li-

teratura que o Jacques estudou é o palíndromo. Mas o que é isso? São palavras que, lidas da es-querda para a direita, ou da direita para a esquer-da, ficam iguaizinhas. Quer um exemplo? O nome ANA. O escritor que brincou com essa estrutura foi o francês Georges Perec, que (acredite!) criou um livro inteiro assim!

Para conseguir enxergar essa outra mate-mática, Jacques nos dá uma dica: que tal vê-la como um jogo, um conjunto de regras que pos-sui uma ordem lógica entre si? A partir daí, você pode criar outras lógicas. Ele lembra, ainda, que é preciso descobrir o encanto da disciplina. “Falo tanto da Matemática do dia a dia, que nos ajuda a resolver problemas importantes e a organizar a vida, como daquela que quer saber de onde vêm os números e as regras e o porquê de as coisas serem como são”, diz.

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DIC

As Para todos

os gostos

Um game, um livro, um site, um filme, um app. Nessa seção, a gente indica várias coisas incríveis para você ler, ver, jogar e se informar sobre ciência, tecnologia e invenções

Verônica Soares

gAmEDeborah – A história da contabilidade

Viagem no tempo, dinheiro e história! Esse jogo é todo em inglês, mas foi criado aqui no Brasil, dentro da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP). Enquanto joga, você aprende muita coisa sobre a história da contabilidade, desde a Mesopotâmia de 3.000 a.C. até o futuro, no ano de 2050. Que tal partir nessa viagem? www.deborahgame.com

LIvRODividir para quê? Biomas do Brasil

Escrito pela bióloga e engenheira florestal Nurit Bensusan, esta divertida obra explica os biomas do Brasil: a Amazônia, a Caatinga, o Cerrado, a Mata Atlântica, o Pantanal e o Pampa. São 56 páginas ilustradas e cheias de curiosidades, histórias e infor-mações. Ah! O livro fala até dos dinossauros, que já passaram pelo nosso País há muitos e muitos (e muitos e muitos...) anos!

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APLICATIvOSapo quer lagoa!

O nome em inglês é Toad Scape HD e o desafio deste aplicativo é levar um sapo, aprisionado em um laboratório científico, de volta à floresta, para poder coaxar livremente na lagoa. O app roda em iPad, iPhone e Android. Sapinho, aí vamos nós: http://www.toadescape.com.

sITEManual do Mundo

Neste canal no YouTube, é possível aprender a montar e a criar um monte de coisas. Nele, há desde experiências que podem te ajudar na feira de ciências do colégio até mágicas para você surpreender sua família! Têm, também, diversas receitas legais, passo a passo, para desenvolver origamis, desafios, brincadeiras e pegadinhas. Vambora? Digite aí: www.youtube.com/manualdomundo.

FILmE Operação Big Hero 6

Um garoto superinteligente e fã de robótica vive com o irmão mais velho, Tadashi, e a tia, Cass, em uma cidade fictícia, batizada de San Fransokyo (uma mistura de São Francisco, nos Estados Unidos, com Tóquio, no Japão). Esta produção cinematográfica da Disney conta a história de Hiro Hamada, de 14 anos, que participa de uma grande aventura, cheinha de tecnologia e inovação, além de boas doses de persistência e amizade com o robô (e médico!) Baymax.

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Crianças aprendem muito ao projetar e montar robôs inteligentes

Diogo Brito

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Você já pensou no que vai ser quan-do crescer? As opções são muitas: médico, astronauta, piloto de avião, veterinário, professor, eletricista, pintor, bombeiro... Mesmo que ainda não saiba o que preten-de fazer, a verdade é que terá que estudar bastante, não é, mesmo?! Afinal, é na es-cola que a gente aprende coisas legais para nos ajudar em decisões importantes. Além disso, não se preocupe, pois ainda tem bastante tempo para escolher.

De toda forma, mesmo com esse tempão todo para pensar no assunto, re-solvi te apresentar uma escola bem legal, que, desde 2009, ensina crianças de seis a 12 anos a desenvolver habilidades por meio da programação de robôs. O profes-

sor Cláudio Alvim Scianni é um dos do-nos desse lugar incrível, que fica em Belo Horizonte (MG). Ele conta que, além de aprender a construir objetos tecnológicos de maneira divertida, as aulas da Zoom Education podem te ensinar a resolver problemas ao lado dos amigos e a se co-municar melhor com as pessoas.

Na opinião do Cláudio, as crianças e os adolescentes estão cada vez mais ante-nados nas novas tecnologias, o que deixa tudo mais difícil para os professores, quan-do o assunto é montar uma aula. “Cabe à escola garantir que a educação e a tecnolo-gia, esta nova forma de vivenciar o mundo, caminhem juntas”, afirma.

Pecinha a pecinhaA metodologia de ensino aplicada na

escola não tem nada de chata, mesmo! Em duas etapas de ensino, bem interessantes e atraentes, as crianças são ajudadas a com-preender as coisas com a mão na massa. Ou melhor: nas pecinhas! É que a escola transmite o conteúdo básico aos alunos com aulas práticas, em que todo mundo aprende por meio de brinquedos de mon-tar. Sim, é isso, mesmo!

O Mateus, por exemplo, é aluno da escola e tem se desenvolvido bastante por causa do método diferente de ensino. Sua mãe, a médica Amarilis Iscold, garante que o filho se dedica e se interessa muito mais pelas aulas. “Desde que entrou para a escola, o Mateus participa e acompanha tudo. Como sempre gostou muito de brin-quedos assim, a montagem não é desafio para ele”, conta.

O interesse em saber como as coi-sas funcionam também salta aos olhos.

As crianças aprendem a linguagem de pro-gramação para dar movimentos aos objetos que constroem. E os alunos aprendem rápi-do, pois essa linguagem é bastante simples. A mãe do Mateus diz que ele já consegue, até mesmo, fazer modificações e upgrades na montagem básica que os professores en-sinam e elaboram em sala de aula.

Os exercícios de montagem e mo-delagem de robôs fazem parte da primeira etapa da metodologia da escola. Já a se-gunda começa a partir do sexto ano. Nessa fase, os estudantes aplicam o que aprende-ram nas séries anteriores. “A partir daí, eles começam a dar vida a todos os objetos que montaram, por meio das aulas de lógica da programação. Assim, tudo ‘ganha vida’, não só pela aplicação de forças manuais ou motorizadas, mas pelas programações de-terminadas pelos alunos, com maior grau de complexidade, e, em especial, com con-trole, pelos próprios alunos, de sensores e motores”, explica o professor Cláudio.

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Neste desenho sensacional, a Elis Maciel, de 9 anos, que mora em Santa Luzia (MG) e estuda na Escola Municipal Professora Devota Diniz, nos mostra como a ciência pode ajudar a melhorar o mundo. Para isso, ela criou uma mesa especial, onde os cientistas põem a Terra para transformar tudo o que precisa ser aperfeiçoado!

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