Ministerio

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Saúde Por que esse tema é tão importante para a pregação do evangelho DOM DE PROFECIA Uma luz de esperança que não se apaga POVO DE DEUS O que significa fazer parte da igreja remanescente Uma revista para pastores e líderes de igreja JAN-FEV DE 2015 Exemplar avulso: R$ 12,68

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revista Adventista

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  • SadePor que esse tema to importante

    para a pregao do evangelho

    DOM DE PROFECIAUma luz de esperana que no se apaga

    POVO DE DEUSO que significa fazer parte da igreja remanescente

    Uma revista para pastores e lderes de igreja

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    Este o centsimo ano da morte de Ellen G. White, ocorrida no dia 16 de julho de 1915, depois de setenta anos de ministrio proftico. O dom de profecia com o qual ela foi agraciada por Deus, marca distintiva da Igreja Adventista do Stimo Dia. A morte de algum jamais motivo de celebrao. Assim, nesse caso especialmente, relembramos com muita gratido a Deus o ministrio por ela desenvolvido e os benef-cios resultantes dele para a Igreja em sua trajetria. No foi um ministrio isento de ataques, tanto no passado como no presente, mas o testemunho bblico e o car-ter de suas mensagens comprovam sua genuinidade. De acordo com o testemunho do pioneiro Urias Smith, seu fruto de molde a mostrar que a fonte de que elas procedem contrria ao mal. Na verdade, a descrio feita por ele, a respeito das mensagens faladas e escri-tas por Ellen G. White, completa:

    Seu objetivo da mais pura moralidade. Condenam todo vcio e exortam prtica de toda virtude. Indicam os perigos pelos quais devemos passar para irmos ao reino. Revelam os ardis de Satans. Previnem-nos contra suas ciladas. Tm surpreendido ainda em estado embrionrio planos aps planos de fanatismo, que o inimigo tem pro-curado incutir em nosso meio. Desmascararam hedion-da iniquidade, revelaram faltas ocultas, e descobriram os maus intuitos dos hipcritas. Elas nos tm movido e in-duzido a maior consagrao a Deus, a mais zelosos es-foros pela santidade de corao, e a maior diligncia na causa e servio de nosso Mestre.

    Conduzem-nos a Cristo. Como a Bblia, apresentam-nO como a nica esperana e nico Salvador da huma-nidade. Descrevem-nos em vvidos caracteres, Sua vida santa e exemplo piedoso, e com apelos irresistveis nos exortam a seguir Seus passos.

    Conduzem-nos Bblia. Apresentam aquele livro como a Palavra de Deus, inspirada e inalterada. Exor-tam-nos a tomar aquela Palavra como nossa conselhei-ra, e como norma de f e prtica. E, com fora impelente, solicitam-nos que estudemos suas pginas, detida e

    diligentemente, e nos familiarizemos com seus ensinos, pois ela deve julgar-nos no ltimo dia.

    Tm confortado e consolado muitos coraes. Tm fortalecido o dbil, animado o fraco, reerguido o desani-mado. Da confuso tm trazido a ordem, tornando di-reitos os lugares tortos, e lanando luz sobre o que era negro e obscuro. Pessoa alguma, que esteja isenta de preconceitos, poder ler seus comoventes apelos para uma moralidade pura e elevada, sua exaltao de Deus e do Salvador, sua denncia de todo mal e suas exorta-es a tudo que santo e de boa fama; sem ser compe-lida a dizer: Estas palavras no so de endemoninhado (Vida e Ensinos, Apndices, p. 254, 255, itlicos supridos).

    Em 1863, Deus lhe deu instrues chamando os ad-ventistas adoo de um estilo de vida coerente com o significado da mensagem que foram chamados a pro-clamar. Assim, a sade passou a ter lugar destacado em seus escritos e mensagens. Passados quase 152 anos, a pertinncia desse tema e o dever de promov-lo em nossa vida e pregao permanecem.

    Nossos pastores devem se tornar entendidos quan-to reforma de sade [...] Eles devem compreender as leis que regem a vida fsica, e sua ao sobre a sade da mente e da alma. Milhares e milhares pouco sabem quanto ao maravilhoso corpo que Deus lhes deu, ou do cuidado que ele deve receber [...] Os pastores tm a uma obra a fazer. Quando eles se colocarem a esse respeito na devida posio, muito ser conseguido. Devem obe-decer s leis da vida em sua maneira de viver e em sua casa, praticando os sos princpios, e vivendo saudavel-mente. Ento estaro habilitados a falar acertadamente a esse respeito [...] Vivendo eles prprios na luz, podem apresentar uma mensagem de grande valor aos que se acham em necessidade desses mesmos testemunhos (Obreiros Evanglicos, p. 231).

    Durante este ano, temos a especial oportunidade de enfatizar esse tema em nosso trabalho.

    Zinaldo A. Santos

    Relembramos

    com muita gratido a Deus

    o ministrio desenvolvido

    por Ellen White e os benefcios

    resultantes dele para a Igreja

    Mensageira da esperana

    EDITORIAL

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    SUMRIO

    8 Uma vacina para a igreja Erton Khler Conhea o projeto Viva com Esperana 2015.

    10 Na vanguarda do viver saudvel Theodore N. Levterov Os adventistas do stimo dia e a sade.

    12 Preservando o legado Alberto R. Timm O que fazer para lembrar o centenrio da morte de Ellen G. White.

    14 A luz ainda brilha Robert S. Folkenberg Em uma viso, a marcha do adventismo.

    1 7 Novo tempo evangelstico Lus Gonalves Uma estratgia eficaz para cumprir a misso.

    18 Sade versus evangelismo Francisco Lemos A chave que abre portas a entrada do evangelho.

    22 Povo de Deus Gerhardt Pfandl O que significa ser parte da igreja remanescente.

    26 Um homem que vale por dois rico Tadeu Xavier O pastor nos escritos de Ellen G. White.

    2 Editorial

    4 Entrelinhas

    5 Entrevista

    28 AFAM

    30 Mural

    34 Recursos

    35 Ponto final

    Uma publicao da Igreja Adventista do Stimo DiaAno 87 Nmero 516 Jan/Fev 2015 Peridico Bimestral ISSN 2236-7071

    EditorZinaldo A. SantosEditor AssociadoMrcio NastriniAssistente de EditoriaLenice F. Santos

    Projeto GrficoLevi GruberCapaWilliam de Moraes

    Colaboradores EspeciaisCarlos Hein; Herbert Boger; Jerry Page; Derek Morris

    ColaboradoresAntnio Moreira; Ccero Gama; Cludio Leal; Edilson Valiante; Edinson Vasquez; Eliezer Jnior; Enzo Chaves; Eufracio Quispe; Fabian Marcos; Geovane Souza; Horcio Cayrus; Jair Garcia Gis; Mitchel Urbano; Nelson Filho; Pablo C. Garcia; Waldony Fiza

    Ministrio na Internetwww.dsa.org.br/revistaministeriowww.dsa.org.br/revistaelministerioRedao: [email protected]

    Todo artigo, ou correspondncia, para a revista Ministrio deve ser enviado para o seguinte endereo:Caixa Postal 2600 70279-970 Braslia, DF

    CASA PUBLICADORA BRASILEIRA

    Editora da Igreja Adventista do Stimo DiaRodovia SP 127 km 106 Caixa Postal 3418270-970 Tatu, SP

    Diretor-GeralJos Carlos de LimaDiretor FinanceiroEdson Erthal de MedeirosRedator-ChefeMarcos De BenedictoRedator-Chefe AssociadoVanderlei DornelesChefe de ArteMarcelo de Souza

    SERVIo DE ATENDIMENTo Ao CLIENTE

    Ligue Grtis: 0800 979 06 06Segunda a quinta, das 8h s 20hSexta, das 7h30 s 15h45Domingo, das 8h30 s 14hSite: www.cpb.com.brE-mail: [email protected]

    Assinatura: R$ 61,60Exemplar Avulso: R$ 12,68

    Todos os direitos reservados. Proibida a reproduo total ou parcial, por qualquer meio, sem prvia autorizao escrita

    do autor e da Editora.

    Tiragem: 6.500 5499 / 31784

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    Durante uma viagem de Manaus a Braslia, li estas palavras to simples, porm muito transparen-tes: A perda do rumo comea com o esque-cimento do passado; mais especificamente, com o esquecimento da direo de Deus no passado. Quando isso ocorre, os cristos perdem seu sentido de identi-dade e, com a falta de identidade, acontece a extino da misso e do propsito. Depois de tudo, se no sou-bermos quem somos em relao ao plano de Deus, que teremos para dizer ao mundo? (George Knight, A Menos que nos Esqueamos [MM 2014], Aces).

    A histria crist est cheia de corpos religiosos que se esqueceram da prpria origem. Como resultado, no tm rumo para o futuro. Porm, quanto Igreja Adven-tista do Stimo Dia, Ellen G. White escreveu: Ao recapi-tular a nossa histria passada, havendo percorrido todos os passos de nosso progresso at ao nosso estado atual, posso dizer: Louvado seja Deus! Quando vejo o que Deus tem executado, encho-me de admirao e de confian-a na liderana de Cristo. Nada temos que recear quan-to ao futuro, a menos que esqueamos a maneira em que o Senhor nos tem guiado, e os ensinos que nos mi-nistrou no passado (Mensagens Escolhidas, v. 3, p. 162).

    Depois de setenta anos de trabalho ativo em mui-tos pases, escrevendo e pregando, a Sra. White ador-meceu pacificamente em Jesus, em seu lar, prximo de Santa Helena, Califrnia, a 16 de julho de 1915 (Vida e Ensinos, Apndices, p. 215).

    Durante este ano, lembraremos os 100 anos da morte no apenas de uma grande mulher, mas da mensageira do Senhor para a Igreja Adventista do Stimo Dia; mais espe-cificamente, mensageira de Deus para mim e para voc. Bem faremos em reler os conselhos e orientaes rece-bidos, e fazer uma autoavaliao. Como est nossa vida em relao aos propsitos de Deus para Seus filhos hoje, especialmente no que se refere mensagem de sade?

    Como adventistas do stimo dia, entendemos que a verdade presente se encontra na mensagem do ter-

    ceiro anjo de Apocalipse 14, e Ellen G. White nos diz que embora a reforma de sade no seja a terceira mensa-gem anglica, est com ela intimamente relacionada. Os que proclamam a mensagem devem ensinar tam-bm a reforma de sade. um assunto que precisa-mos compreender, a fim de estarmos preparados para os eventos que esto bem perto de ns, e ela deve ter um lugar de evidncia (Conselhos Sobre o Regime Alimentar, p. 77).

    Muito do preconceito que impede a verdade do ter-ceiro anjo de alcanar o corao do povo podia ser re-movido, se mais ateno fosse dada reforma de sade. Quando o povo se torna interessado neste assunto, o caminho fica muitas vezes preparado para a entrada de outras verdades. Se virem que somos inteligentes com relao sade, estaro mais prontos a crer que somos corretos tambm em doutrinas bblicas (Ibid., p. 76).

    A obra da reforma de sade o meio empregado pelo Senhor para diminuir o sofrimento de nosso mundo, e para purificar Sua igreja. Ensinem ao povo que eles po-dem desempenhar o papel da mo ajudadora de Deus, mediante sua cooperao com o Obreiro-Mestre na res-taurao da sade fsica e espiritual. Esta obra traz o selo divino, e h de abrir portas para a entrada de outras ver-dades preciosas. H lugar para trabalharem todos quan-tos efetuarem esta obra inteligentemente (Ibid., p. 77).

    Se pregssemos e praticssemos mais os princpios de sade, os resultados do trabalho dos pastores seriam du-plicados (Medical Ministry, p. 245) e a eficincia de nos-sos obreiros seria centuplicada (Evangelismo, p. 408).

    Durante este ano, especialmente, lembremo-nos da nossa histria e coloquemos em prtica os conselhos que o Senhor nos deu. Perguntem pelos caminhos an-tigos, perguntem pelo bom caminho. Sigam-no e acha-ro descanso (Jr 6:16).

    Carlos HeinSecretrio ministerial da Diviso Sul-Americana

    da Igreja Adventista do Stimo Dia

    Se no

    soubermos quem somos

    em relaao ao plano de Deus,

    que teremos para dizer ao

    mundo?

    Sem histria, no h futuro

    ENTRELINHAS Carlos Hein

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    ENTREVISTA HADDoN W. RobiNSoN

    o sermo que transforma vidas

    Por meio da pregao bblica relevante, as pessoas podem compreender e experimentar o que Deus lhes diz hoje

    por Derek J. Morris

    O conselho de Paulo a Timteo: Pregue a Palavra (2Tm 4:2) continua sendo atual e necessrio a todos os pregadores. Em nenhuma outra fonte o pregador ir encon-trar uma mensagem que nutra espiritualmente as pessoas que semanalmente dedi-cam tempo a ouvi-lo. Elas no vo igreja apenas em busca de distrao, ou porque no tm nada para fazer e precisam ocupar o tempo. Elas chegam ao templo levan-do temores, ansiedades, preocupaes, sentimento de culpa, expectativas sombrias, ideais e sonhos, enfermidades, perspectivas de perdio. Assim, desejam encontrar a soluo para tudo isso e muito mais. Na Palavra est a resposta.

    Nesta entrevista, o Dr. Haddon W. Robinson compartilha suas ideias a respeito de pregao bblica. Entre outros conceitos, ele defende que a pregao deve ser pri-mariamente expositiva, pois desse modo ela extrai sua autoridade do texto bblico, no do pregador. Se voc no prega a Bblia, voc no est pregando nada, ele diz.

    Reconhecido como um dos mais destacados pregadores do sculo 20, o Dr. Robinson obteve o mestrado em Teologia pelo Seminrio Teolgico de Dallas, mestrado em Artes pela Universidade Metodista do Sul, e doutorado (PhD) na Uni-versidade de Illinois, nos Estados Unidos. Durante 12 anos (1979-1991), Robinson di-rigiu o Seminrio Batista de Denver, tendo tambm lecionado Homiltica, durante 19 anos, no Seminrio Teolgico de Dallas. Jubilou-se como professor no Seminrio Teolgico Gordon-Conwell, Estados Unidos. Alm de professor, Robinson escreveu sete livros, a maioria dos quais sobre pregao, e continua escrevendo artigos para vrias revistas. Nos ltimos anos, ele tambm se ocupa em apresentar concorridos programas radiofnicos, focalizando ensinamentos bblicos. Com a esposa, Bonnie, atualmente reside no estado de Massachusetts.

    O senhor recebeu um prmio da Uni-versidade Baylor, que o identifica como um dos doze pregadores de fala inglesa mais efetivos do mundo. O que mais lhe alegra na pregao?Existe algo como um certo sentido da mo de Deus sobre voc, enquanto voc fala a uma congregao, crendo que, atravs de voc, o Senhor est falando aos ouvintes a respeito de Sua vontade para eles. Nada existe que se possa comparar a isso.

    Para o senhor, qual a parte mais dif-cil do processo da pregao? A parte mais difcil no processo da prega-o tomar uma passagem da Bblia e tor-n-la aplicvel mentalidade do sculo 21. Isso no fcil, porque voc est tratan-do com duas entidades: um texto escrito dois mil anos atrs e pessoas de hoje. Os sermes bblicos fortes devem ser bifocais. Eles necessitam refletir a grande ideia do texto e tambm refletir as preocupaes, necessidades e os questionamentos dos ouvintes dos nossos dias. Por meio da pre-gao bblica relevante, as pessoas podem vir a compreender e experimentar o que Deus tem a dizer a elas hoje. Mas, traba-lhar nesse processo um desafio.

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  • M i n i s t r i o | JAN-FEV 20146

    Quando foi que o senhor comeou a desenvolver a paixo pelo ensino da homiltica?Na verdade, eu no tenho paixo pelo en-sino da pregao, mas paixo pela prega-o em si. Quando eu estava no Seminrio Teolgico de Dallas, anos atrs, costuma-va ir todas as sextas-feiras biblioteca para ler livros sobre pregao. Eu no sabia mui-to a respeito disso, mas queria aprender. Ento, alguns estudantes perguntaram se eu queria ensinar sobre pregao. Naque-le tempo, no havia muitos especialistas em homiltica naquele seminrio. Assim, dentro de algumas semanas, eu estava en-sinando homiltica. Ensinei-lhes o que eu sabia e o que eu no sabia! Mas esse foi o comeo de minha experincia com o ensi-no dessa matria. Depois da formatura no seminrio, trabalhei como pastor as-sistente no Oregon. Certo dia, rece-bi uma carta do diretor do seminrio convidando-me para voltar a ensi-nar. Certamente foi um risco que ele correu. Lembro-me de que, ao cursar PhD na Universidade de Illinois, tive como conselheiro o Dr. Otto Dieter. Na primeira vez em que nos encon-tramos no setor de clssicos da biblio-teca, ele me perguntou: Quais so os seus planos para o futuro? Res-pondi: Ensinar pregao, ao que ele continuou perguntando: Voc acha que necessita do Esprito Santo para pregar? Evidentemente, respon-di: Sim, mas ele replicou: Voc est sem sorte. H cinquenta anos, Ele no visto neste campus. Em uma mesa daquela bi-blioteca, havia uma Bblia, para a qual ele apontou e novamente perguntou: Voc planeja pregar sobre isto? Minha resposta foi: Sim! Ento ele disse: J li muitos au-tores clssicos, e no conheo ningum que tenha sido transformado por meio da lei-tura deles. Mas sei de muitas pessoas cuja vida tem sido mudada pela leitura da B-blia. Depois eu soube que o Dr. Dieter tinha dois sobrinhos que haviam chegado ao fun-do do poo, mas foram transformados pela

    leitura da Bblia. Assim, ele falava da pr-pria experincia.

    Alm de ensinar, o senhor prega re-gularmente. Por que importante praticar, e no apenas teorizar sobre pregao?Para mim, no suficiente ensinar sobre pregao. Voc tem que pregar. Enquanto pregamos, somos envolvidos no texto da Bblia e na vida das pessoas. Nosso ensina-mento moldado, movido e transformado por meio de nossa prpria experincia na pregao. Meus alunos tambm tm me ajudado a ser pregador. Eles vm da linha de frente e trazem importantes questes sobre o tema pregao. Se eu apresento alguma teoria que no toca a realidade da vida, eles desafiam.

    Desde a publicao de seu best-seller Biblical Preaching, o senhor tem feito grandes contribuies pregao b-blica. Na sua opinio, qual dessas con-tribuies foi a mais significativa para o treinamento de pregadores cristos nas ltimas trs dcadas? Creio que todo sermo a comunicao de uma ideia. Todo texto na Bblia diz res-peito a ideias. O desafio captar a ideia da Bblia, coloc-la no sermo e preg-la. Esse processo da descoberta da grande ideia , provavelmente, a grande contri-buio-chave que tenho feito. Ele acabou

    se tornando significativo. O que estra-nho que, se voc voltar antiguidade, ver que Quintiliano, Plato, Aristteles e outros falam sobre a importncia da ideia principal. Mas, parece que de alguma for-ma isso se perdeu ao longo dos anos ou nunca foi aplicado na pregao expositi-va. Com a importncia da grande ideia em mente, desenvolvi meu trabalho de defi-nio da pregao bblica, que a seguin-te: A comunicao de um conceito bblico, derivado e transmitido atravs do estu-do histrico, gramatical e literrio de uma passagem em seu contexto, a qual o Esp-rito Santo aplica primeiramente persona-lidade e experincia do pregador; ento, ao ouvinte do pregador.

    Como seus pensamentos sobre pre-gao tm sido mudados atravs dos anos?As pessoas costumavam pensar que a pregao era gritaria. Se voc no gritasse, no estava pregando. O que mudou minha abordagem so-bre pregao foi o tempo que gas-tei como diretor geral da Sociedade Crist Mdica e Dental, primeiro no Texas e, depois, em todo o pas. Voc no se levanta diante de um grupo de mdicos e dentistas e fala gritan-do para eles. Voc fala com eles, em vez de falar a eles. Esse tambm foi o caminho pelo qual a comunicao passou da nfase no monlogo para

    o dilogo. De fato, isso um dos maio-res desafios que tenho visto. Acho tam-bm que h mais importncia colocada na audincia. Voc necessita estar desper-to para seus ouvintes. Esse no era um tema dominante anos atrs. Est voc falando a uma congregao de trabalha-dores, ou a um grupo de ouvintes alta-mente erudito? Compreender audincia muito importante enquanto voc pre-ga. Tambm tenho sido impressionado com a importncia dos ttulos efetivos de sermes. Algumas vezes, visito uma cidade num fim de semana e verifico os

    Os sermes necessitam

    refletir a grande ideia do texto

    bblico e tambm refletir as

    preocupaes, necessidades

    e questionamentos dos

    ouvintes em nossos dias

  • 7 JAN-FEV 2014 | M i n i s t r i o

    anncios religiosos nos jornais. Leio t-tulos de sermes como: A igreja de Co-rinto, e penso: Quem se importa com isso? Outros ttulos so mais prticos, como por exemplo: Como ser um lder. Algumas igrejas tm me convidado para pregar e me pedem antecipadamente o ttulo do sermo. H ocasies em que en-vio o ttulo e recebo de volta um pedido para melhor-lo. As pessoas vo igre-ja ansiosas por um bom sermo, po-rm, se o ttulo no lhes desperta o interesse, ficam frustradas. Mui-tas delas esto se perguntando: Se eu for ouvir este sermo, como ele poderia me ajudar? Ento, se uma pessoa simplesmente v o ttulo do sermo, ao ir igreja, dependendo desse ttulo, voc j inicia o processo de ligao com seu ouvinte.

    Acaba de ser lanada a terceira edio do seu livro Biblical Prea-ching. Que mudanas ele traz? Nessa nova edio acrescentei mui-tos exerccios. Descobri que quando os alunos de homiltica estavam len-do o livro, no conseguiam entender tudo o que eu estava dizendo. Cos-tumo usar muitos exerccios quando es-tou ensinando, e os alunos apreciam esse tipo de abordagem. Assim, adicionei mais exerccios, especialmente a respeito da ta-refa de encontrar o assunto e o comple-mento no texto, descobrindo assim a ideia principal da passagem da pregao. No suficiente apenas ler a teoria. preciso tra-balhar o processo.

    O senhor j ocupou vrias funes em sua carreira ministerial. Quais foram os fatores que o ajudaram a decidir ser o destacado professor de homil-tica no Seminrio Teolgico Gordon-Conwell?Cheguei concluso de que muito dif-cil uma pessoa permanecer mais que dez ou doze anos em um lugar, sem se repe-tir. Ento, quando fui convidado para esse

    seminrio, respondi positivamente por-que isso me pareceu a coisa certa a fazer. Atravs dos anos, descobri que os pastores acreditam na Bblia, mas nem todos tm a menor ideia de como preg-la. Nossa abor-dagem central no seminrio era simples: como pregar efetivamente a Bblia. Tam-bm descobri que aprender como pregar um processo de grupo. Voc no pode

    ficar em frente a um grupo e simplesmen-te ensinar; preciso se envolver com o gru-po. Os ouvintes necessitam interagir. No programa de doutorado em ministrio, tenho procurado envolver todos os es-tudantes no ensino da pregao, porque, quando algum ensina alguma coisa, tam-bm aprende.

    Que conselho o senhor daria aos pre-gadores cristos de hoje?Preguem a Bblia. Se vocs no pre-garem a Bblia, no tero pregado sobre nada. Mas, no apenas pre-guem a Bblia. Preguem a Bblia para as pessoas. Compreendam sua au-dincia. Quem so os ouvintes? Os pastores tm uma grande vantagem quando interagem com a congrega-o. Passam a conhecer suas dores, seus problemas e questionamentos. Considero vitalmente importante que as pessoas em sua congrega-o saibam que so amadas por vo-cs. Vocs desejam o melhor de Deus para elas. Ao vocs agirem assim, te-ro captado algo em sua pregao que vital e slido.

    Grandes lderes cristos tm sido lem-brados por vrias razes. No seu caso, ao refletir sobre sua vida e seu minis-trio, como o senhor gostaria de ser lembrado pelas pessoas?Sinto-me extremamente gratificado quan-do alguma coisa que ensino causa impacto na vida e no ministrio de algum. Quando vejo isso acontecer, sinto grande alegria!

    A cruz e o santurioA propsito do artigo A cruz e o santurio (Ministrio nov-dez 2014),

    o autor, Dr. Wilson Paroschi, faz os seguintes esclarecimentos:

    Pgina 10: A frase Deus no controlado por leis fora dEle mesmo deve ser lida como: Deus no controlado por lei fora dEle mesmo, em referncia Sua lei moral.

    Pgina 11: No primeiro pargrafo da segunda subdiviso (Justia de Deus), o problema no se a justia de Deus, ou Sua justia (v. 25, 26) tem o mesmo significado nos versos 21 e 22. Nos versos 21 e 22, h pouca ou nenhuma dvida de que justia de Deus um dom. O problema est nos

    versos 25 e 26, onde a mesma expresso tem sido interpretada tanto como um dom, como nos versos 21 e 22, quanto como um atributo.

    Pgina 12, segundo pargrafo, esquerda, onde se l: De acordo com a interpretao tradicional, que remonta a Anselmo de Canterbury no s-culo onze, Deus no passou por alto os pecados, ao no puni-los, a frase correta : Deus passou por alto os pecados ao no puni-los.

    Pgina 13, nota de rodap n 2: De acordo com a Nova Perspectiva Sobre Paulo, o grego pistis Christou no significa f em Cristo, como se assume desde os tempos da reforma, mas como f [fidelidade] de Cristo, ao contrrio do que aparece na nota: f [plenitude] de Cristo. O editor

    Preguem a Bblia. Se vocs

    no pregarem a Bblia, no

    tero pregado sobre nada.

    Mas no apenas preguem a

    Bblia. Preguem a Bblia para

    as pessoas

  • | JAN-FEV 20158

    DIVISO SUL-AMERIcANA Erton KhlerPresidente da Diviso Sul- Americana da Igreja Adventista

    do Stimo Dia

    Um artigo que li na edio eletrnica do jornal USA Today (15/09/2014) exerceu em mim razovel impacto e me deixou preocupado. O artigo apre-sentava os resultados do chamado Es-tudo nacional sobre congregaes, uma viso atual sobre a realidade das igrejas, si-nagogas e mesquitas nos Estados Unidos. No se trata de um estudo sobre os adven-tistas, nem somos citados por ele, mas o terceiro ciclo de uma srie de estudos ini-ciada em 1998; a segunda fase aconteceu em 2006. Esses diferentes ciclos fornecem uma grande base de comparao relacio-nada maneira como as igrejas esto se movendo nos Estados Unidos.

    Foram entrevistados 1.331 lderes de igrejas nacionalmente representativas, e

    as primeiras concluses indicam clara mu-dana de crenas e estilo de vida nos l-timos anos. Chamou a ateno dos pes-quisadores o fato de que as igrejas esto (1) abrindo suas portas naturalmente para que casais de gays e lsbicas se tornem membros e assumam funes de liderana; (2) encorajando cultos carismticos envol-vendo mos levantadas, sonoros amns e danas; (3) afastando-se da postura de-nominacional, de regras ou doutrinas que possam retardar ou dificultar qualquer tipo de mudana.

    Mudanas perigosasA aceitao da homossexualidade ati-

    va como algo natural foi identificada como uma das fortes tendncias. Na segunda ro-

    dada da pesquisa, em 2006, 37% das igre-jas aceitavam casais de gays ou lsbicas como membros. Em 2014, esse ndice su-biu para 48%. Quase a metade das deno-minaes entrevistadas no v qualquer problema com o assunto. Em 2006, 18% das igrejas permitiam que gays assumis-sem funes de liderana. Agora o nme-ro subiu para 26%. Foi um aumento gran-de e rpido.

    O estudo tambm destacou as for-tes mudanas na adorao. O nmero de pessoas que frequentam igrejas que usam bateria no culto quase dobrou. Em 1998, eram 25%, e hoje so 46%. O jornal cita Mrcia McFee, consultora de adora-o que atua nas igrejas mais destacadas dos Estados Unidos, levando-as a ter uma

    Uma vacina para a igrejaPrecisamos de uma ao pastoral intencional, a fim de que no sejamos infectados pelas tendncias do mundo religioso moderno

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  • JAN-FEV 2015 | 9

    adorao com mais luz, som e movimento. Ela defende que a mensagem crist deve ter uma experincia de profunda riqueza sensorial. Segundo ela, apenas sentar-se e ouvir j no conecta a maioria das pessoas com Deus. Por outro lado, Mark Chaves, professor de sociologia na Universidade Duke e diretor geral do estudo, pondera que todas as expresses de entusiasmo durante o culto afetam a mensagem. Ele observa que est havendo mais nfase na experincia espiritual do que no ensi-namento religioso ou doutrinrio.

    O estudo reconheceu tambm que a identidade congregacional est perden-do espao. Cerca de uma em cada quatro congregaes 23% descreve a si mes-ma como no denominacional. Em 1998, eram apenas 18%. Segundo o artigo, essa perda de identidade denominacional acon-tece para que as igrejas tenham maior li-berdade para liderar, ensinar e variar seu estilo de adorao.

    AlertaQue tremendo alerta para ns! Sabe-

    mos que a tendncia religiosa dos Esta-dos Unidos em pouco tempo se torna forte influncia em nossa regio, e po-demos agir para prevenir essa situao. Por outro lado, fcil identificar o que acontece com a maioria das igrejas que abraaram essa viso. A religio tem se tornado cada vez mais vazia, preocupada apenas com a satisfao pessoal, e des-comprometida com o assim diz o Se-nhor. isso que desejamos para a igreja remanescente? Devemos permitir que es-sas tendncias sigam seu curso natural e exeram sua influncia sobre ns? So-mos chamados a assumir firme posio ao lado do que certo. Devemos escolher o direito, porque direito, e com Deus deixar as consequncias. A homens de princpios, f e ousadia, deve o mundo as grandes reformas. Por tais homens tem de ser levada avante a obra de reforma para este tempo (Ellen G. White, O Gran-de Conflito, p. 460).

    Precisamos de uma ao pastoral inten-cional, a fim de que no sejamos infectados pela situao aqui descrita. Estou certo de que a viso de um discipulado que envol-ve comunho, relacionamento e misso a vacina contra tal confuso. Por isso, as ini-ciativas nessas trs reas precisam ser re-foradas na vida da igreja. Nossos planos, recursos, talentos, tempo e energias de-vem ser concentrados nessa direo, caso queiramos ver uma igreja mais fiel, pro-funda, frutfera e feliz em sua experin-cia com Deus.

    Plano de aoNeste ano, novamente nosso projeto

    de trabalho est construdo sobre essa base. Vamos falar sobre sade, para envol-ver a igreja e compartilhar a herana que Deus nos deixou. A mensagem de sade a ponte ideal para alcanar coraes. a chave que abre portas aparentemente fechadas mensagem religiosa. o bra-o direito da mensagem do terceiro anjo. Por meio dela, poderemos reforar o dis-cipulado, vacinar a igreja e alcanar mais pessoas.

    O tema central do projeto : Viva com Esperana. Um projeto simples, relevan-te, que pode ser realizado em qualquer lu-gar, por qualquer pessoa e tem como base os trs princpios do discipulado:

    Comunho dez dias de orao e dez horas de jejum (19-28 de feverei-ro). O ponto de partida espiritual, porque esse o alicerce de nossa vida e das ativi-dades da igreja. Um movimento sem essa base pode impressionar os homens, mas no ter a bno de Deus. No podemos nos esquecer de que a orao e a f faro o que nenhum poder da Terra conseguir realizar (Ellen G. White, A Cincia do Bom Viver, p. 509). Caro pastor, use sua lideran-a para levar a igreja presena e Deus e busca pelo Esprito Santo. Sero dez dias de orao, nas casas ou igrejas, concluindo com dez horas de jejum e viglia nas igre-jas, no ltimo sbado.

    Relacionamento multiplicao dos pequenos grupos com nfase na ao pastoral. A festa para celebrar essa multiplicao acontecer no sbado 20 de agosto. Para que o movimento seja s-lido, precisamos investir na formao de liderana. Para isso, o papel do pastor fundamental. O desafio ver cada pastor envolvido no pequeno grupo de pastores, realizando um pequeno grupo prottipo.

    Misso envolvendo trs ativida-des especiais:

    Projeto Viva com Esperana (30 e 31 de maio). No sbado, dia 30, ser realizado o Impacto Esperana, com a distribuio do livro missionrio Viva com Esperana. No domingo, dia 31, todos os setores da igre-ja sero envolvidos em projetos comunit-rios de sade, apresentando os oito rem-dios naturais e o plano de Deus para uma vida saudvel.

    Realizao de duas campanhas de evan-gelismo pblico. A primeira, na Semana Santa (28/03 a 05/04), comemorando os 45 anos desse programa evangelstico. Dever comear nos pequenos grupos, ou lares, e terminar na igreja. A segunda cam-panha ser o evangelismo pblico de co-lheita (21-28/11), com a participao de pas-tores, obreiros de diferentes reas e evan-gelistas voluntrios.

    Esse um projeto simples, fcil e com resultados marcantes na vida da igreja e da comunidade. Aproveitemos a oportu-nidade para atuar unidos, na mesma vi-so e ao. Ao agirmos assim, tornamo-nos mais fortes, chegamos mais longe, va-mos mais rpido e recebemos a uno do Esprito Santo.

    Vivemos em tempos difceis! Apenas o compromisso de cada pastor em formar discpulos, inspirando neles o compromis-so com uma vida espiritual slida, relacio-namentos saudveis e forte envolvimento missionrio, vacinar nosso povo. Assim, poderemos ter uma igreja cada vez melhor em um mundo cada vez pior.

  • | JAN-FEV 20151 0

    SADE Theodore N. LevterovDiretor do Centro White da

    Universidade de Loma Linda, Califrnia

    Em 6 de junho de 1863, em Otsego, Michigan, Deus revelou por meio de Ellen G. White, que os adventistas deviam comear a prestar ateno sa-de e ao estilo de vida. Essa primeira viso sobre sade transformou a Igreja Adven-tista do Stimo Dia, levando-a a se tornar uma instituio importante em assuntos de sade e cincia da sade ao redor do mundo.

    No incio do sculo 19, as prticas de sade na Amrica do Norte estavam longe do que hoje consideramos normal. Confor-me Rennie Schoepflin, no incio do sculo 19, pacientes americanos e mdicos com-partilhavam uma compreenso comum de sade e doenas, contrria compreenso da maioria dos americanos hoje.1 Mdi-cos e enfermeiros tinham pouca ou ne-nhuma educao formal. Cigarro e outras drogas mortais eram usadas na medicina, e os pacientes eram levados morte. Um em cada seis recm-nascidos morria an-tes de completar um ms de existncia.

    A expectativa de vida, em mdia, no pas-sava dos 30 anos. Pouco ou nada era co-nhecido sobre nutrio, frutas e vegetais eram largamente evitados. A higiene tambm deixava muito a desejar. Segun-do alguns relatos, naquele tempo havia americanos que raramente ou nunca to-mavam um banho.2

    Nesse contexto, os reformadores de sade comearam a aparecer e apelar para novos caminhos de vida saudvel. Sylves-ter Graham surgiu com sua nova dieta Graham, ensinando novos hbitos de ali-mentao. O Dr. James C. Jackson estabe-leceu uma instituio no estado de Nova York, que usava hidroterapia e outros m-todos naturais.3

    Primeiras atitudesNos anos 1850, a maioria dos adventis-

    tas sabatistas no estava interessada em sade, afinal todos estavam muito ocupa-dos na pregao da verdade presente. Por volta de 1851, eles priorizaram certas

    doutrinas teolgicas que definiam quem eles eram. Entusiasmados, compartilha-vam a f.4 Quando alguns crentes come-aram a perguntar se os alimentos sunos eram saudveis, Tiago White respondia que a abordagem de tal assunto somen-te distrairia o rebanho de Deus, e desvia-ria a mente dos irmos da importncia da presente obra de Deus entre o remanes-cente.5 Ellen G. White o apoiou. Em 1858, ela escreveu:

    Vi que suas ideias sobre a carne de porco no seriam prejudiciais se vocs as retivessem para si mesmos, mas, em seu julgamento e opinio, os irmos tm fei-to dessa questo uma prova, e seus atos tm demonstrado o que vocs creem so-bre isso. Se Deus achar por bem que Seu povo se abstenha da carne de porco, Ele os convencer a respeito [...] Se for de-ver da igreja se abster da carne de por-co, Deus o revelar a mais do que duas ou trs pessoas. Ele ensinar Sua igreja o dever dela.6

    Na vanguarda do viver saudvelH 152 anos, a Igreja Adventista do Stimo Dia ensina pessoas em todo o mundo a viver melhor

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    Mas os adventistas tiveram que en-trar na discusso da sade, por causa de questes prticas. Embora pregassem a verdade presente, sofriam e morriam por causa de maus hbitos de estilo de vida. De fato, o adventismo enfrentou ameaa de colapso, porque seus lderes no pres-tavam ateno prpria sade.

    Nos anos 1860, por exemplo, a sa-de de Tiago White definhava fisicamente, mentalmente e emocionalmente. Ellen G. White notou como o marido se demorava em lembranas desagradveis do pas-sado que haviam causado a ele profunda angstia emocional. Ele tambm se des-controlava com os que trabalhavam para ele, facilmente se irritava e tinha esprito imperdovel. Portanto, parte da viso de 1863 foi direcionada a Tiago White e seu estilo de vida.7 Em 1865, ele sofreu seu pri-meiro acidente vascular cerebral por causa de sobrecarga e exausto.

    John N. Andrews, primeiro mission-rio oficial da Igreja Adventista do Stimo Dia, tambm refletiu sobre seus hbitos de sade naquele tempo:

    Fui impedido de usar tabaco, at mes-mo de provar bebida forte; mas aprendi quase nada sobre os males da alimentao insalubre. [...] Pensava que queijo velho era bom para ser digerido! No sorria da minha tolice; a menos que minha memria este-ja falhando, aprendi isso nas obras mdi-cas padro. Com respeito carne moda e salsichas, eu no imaginava que eram in-salubres, a menos que estivessem exage-radamente condimentadas, ou com data vencida. Biscoitos quentes com mantei-ga, rosquinhas, conservas, ch, caf, tudo isso era de uso comum. Sobre ventilao, eu sabia quase nada. [...]

    Quando ingressei no ministrio cris-to, aos 21 anos, eu j no desfrutava sa-de estvel. [...]

    Tivesse eu compreendido as leis a res-peito do uso de alimentos, dos princpios gerais de higiene, eu poderia ter ido mais longe do que fui no exaustivo trabalho que tentei realizar. Mas, em resumo, esta

    minha histria: Em menos de cinco anos, eu estava completamente prostrado. Minha voz foi destruda, acho que per-manentemente; minha viso estava consideravelmente prejudicada. Eu no conseguia descansar durante o dia, nem tinha bom sono noite.8

    John N. Loughborough, primeiro histo-riador do movimento, tambm descreveu parte de sua dieta: Eu era grande apre-ciador da carne como alimento, ele es-creveu. Preferia gordura de porco frita no desjejum, carne cozida no almoo, fa-tias de presunto gelado ou bife no jantar. Um dos meus mais deliciosos petiscos era po bem embebido no molho de porco.9 Obviamente, o adventismo do stimo dia e seus lderes necessitavam de um pon-to da virada.

    1863 em dianteFoi nesse contexto que Deus lembrou

    aos adventistas a importncia da sade, na viso que Ellen G. White recebeu em junho de 1983. Ela escreveu:

    Vi que agora devamos ter especial cui-dado da sade que Deus nos deu, pois nos-sa obra ainda no tinha sido realizada. [...] A obra que Deus requer de ns no nos isenta de cuidar de nossa sade. Quanto mais perfeita for nossa sade, tanto mais perfeito ser o nosso trabalho. [...] Vi que era um dever sagrado zelar de nossa sa-de, e despertar outros para seu dever, sem colocar sobre ns o peso do seu caso. Te-mos, porm, o dever de falar e de batalhar contra a intemperana de toda espcie intemperana no trabalho, no comer, no beber e no uso de medicamentos indi-cando-lhes ento o grande remdio de Deus: gua, gua pura, para doenas, para a sade, para limpeza e como regalo.10

    A mensagem de Deus simples: A sa-de importante e os adventistas do sti-mo dia devem prestar ateno a isso.

    Essa ideia levou o adventismo a se tor-nar gradualmente lder na promoo do viver saudvel. Como resultado, os ad-ventistas do stimo dia construiriam sua

    primeira instituio mdica o Western Health Reform Institute em 1866. Pos-teriormente, o instituto se tornou o Sa-natrio de Battle Creek. No mesmo ano, tambm lanaram o primeiro peridico so-bre sade, o Health Reformer. Jovens ad-ventistas, incluindo John Harvey Kellogg, foram encorajados a obter educao m-dica. Mais tarde, em 1905, graas lideran-a visionria de Ellen G. White e a ajuda de John A. Burden, os adventistas compra-ram a propriedade para o que se tornaria o Sanatrio Loma Linda, na Califrnia.11 Em 1906, eles tambm comearam a faculda-de de Medicina (Universidade Loma Linda).

    Hoje, os adventistas do stimo dia tm o maior sistema protestante de sade no mundo, com mais de 500 instituies em 65 pases. Sua abordagem integral da sa-de tem feito excelentes contribuies cincia e educao da sade no sculo 21. Mas, tudo comeou com a simples mensa-gem de Deus, h mais de 150 anos: a sade importante. Os adventistas continuam a proclamar a mesma mensagem, ajudando pessoas a viver melhor e mais saudveis em todo o mundo.

    Referncias:1 Rennie B. Schoepflin, The World of Ellen G. White (Hagerstown, MD: Review and Herald, 1987), p. 143.

    2 George R. Knight, Ellen Whites World: A Fascinating Look at the Times in Which She Lived (Hagerstown, MD: Review and Herald, 1998), p. 29-41.

    3 Ibid., p. 34-36.4 A lista inclui as doutrinas da segunda vinda,

    sbado, santurio, estado do homem na morte e dons espirituais.

    5 James White, Advent Review and Advent Herald, 23 de maio de 1854, p. 140.

    6 Ellen G. White, Testemunhos Para a Igreja, v. 1, p. 206, 207.

    7 ___________, Manuscript 1, 1863.8 Nohn N. Andrews, citado em Ellen G. White,

    Christian Temperance and Bible Hygiene (Battle Creek, MI: Good Health Publishing, 1890), p. 262, 263.

    9 John N. Loughborough, Gospel of Health, outubro de 1899, p. 175.

    10 Ellen G. White, Mensagens Escolhidas, v. 3, p. 279, 280.

    11 John A. Burden foi pastor adventista do stimo dia. Sua atuao foi fundamental na negociao e compra da propriedade para a Universidade Loma Linda. Ele tambm atuou como administrador do Sanatrio Loma Linda, de 1905 a 1915.

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    IDEIAS Alberto R. TimmDiretor associado do

    Patrimnio Literrio de Ellen G. White

    Ellen G. White (1827-1915) , sem dvi-da, a adventista do stimo dia mais influente da histria dessa denomi-nao. A direo proftica por ela exerci-da orientou a criao e, posteriormente, o desenvolvimento da igreja. Depois de sua morte, ocorrida em 16 de julho de 1915, seus escritos continuaram a ofere-cer conforto, direo, instruo e correo para a igreja.1 Atualmente, ela uma das escritoras mais traduzidas em toda a his-tria da literatura e o escritor americano mais traduzido entre os escritores de am-bos os sexos.2

    Este ano assinala o centenrio da sua morte, e muitas pessoas esto perguntan-do o que a igreja estar fazendo em relao ao seu legado proftico. Este artigo des-taca algumas iniciativas nos mbitos glo-bal, regional e local. Todos esses esforos tm por objetivo reforar nossa confiana e nosso compromisso com a orientao proftica de Deus nestes ltimos dias da histria humana.

    A nfase das realizaes no deve ser direcionada tanto para a pessoa de Ellen G. White, mas deve focalizar as bnos que seus escritos trouxeram nossa igreja,

    corporativamente, e a cada membro, indi-vidualmente, por mais de cem anos. Que-remos enfatizar mais a mensagem do que a mensageira.

    Falando mundialmenteDurante este ano ocorrero muitos lan-

    amentos, projetos, bem como sero lan-adas muitas publicaes importantes para o benefcio da igreja mundial. A En-ciclopdia de Ellen G. White (2013),3 com 1.465 pginas, e as Cartas e Manuscritos de Ellen G. White com Anotaes:1845-1859 (primeiro volume, 2014),4 com 986 pginas,

    Preservando o legadoAtividades alusivas ao centenrio da morte de Ellen G. White devem enfatizar as bnos que seus escritos trazem para a igreja

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    j foram publicados. Os escritos de Ellen G. White j esto disponveis online, em mais de 50 idiomas (egwwritings.org).

    O principal website do Patrimnio Li-terrio de Ellen G. White (ellenwhite.org) hospeda o documento The Ellen G. White Estate Announces Plans for 2015 Centennial Commenoration of Ellen Whites Life and Ministry5 [O Patrimnio LIterrio de Ellen G. White Anuncia os Planos de Comemo-rao em 2015 do Centenrio de Sua Vida e Ministrio]. Esse documento menciona, por exemplo, o plano de publicar online, nes-te ano, todas as suas cartas e manuscritos, bem como algumas das correspondncias mais importantes endereadas a ela, por l-deres e outros membros da igreja.

    Na assembleia da Associao Geral, a ser realizada neste ano, em San Antonio, Texas, Estados Unidos, ser realizado um programa especial de comemorao ao centenrio, na noite da ltima sexta-feira do evento, no dia 10 de julho. Alm disso, ser realizado um grande simpsio acad-mico na Universidade Andrews, intitulado O dom de profecia nas Escrituras e na His-tria, nos dias 15 a 18 de outubro, com re-presentantes de vrias regies do mundo.

    Planos regionaisNossa igreja uma denominao in-

    ternacional com presena em mais de 200 pases, cada qual com seus desafios e ne-cessidades. Sensveis condio de seus territrios, vrias Divises, Unies e As-sociaes/Misses organizacionais esto desenvolvendo planos especficos a fim de promover mais efetivamente os escritos de Ellen G. White em seus territrios du-rante o ano de 2015.

    Algumas Divises esto planejando dis-tribuir, a preos simblicos, os dez volumes da coleo Conectando com Jesus. No Brasil, a coleo estar constituda por seis volumes, sob o ttulo Mensagens de Espe-rana.6 Vrios Campos esto trabalhando com suas respectivas casas publicadoras, para traduzir e publicar ttulos especficos de seus escritos, ainda no disponveis no

    idioma local. Esto sendo disponibilizadas em vrios lugares do mundo, verses em udio de seus livros, para as populaes analfabetas.

    Muitas universidades e faculdades ad-ventistas do mundo todo esto plane-jando eventos especiais para 2015. Esses eventos podem ser simpsios acadmi-cos, semanas de orao, discusses em mesa redonda, dramatizaes, entre ou-tras coisas. Pelo fato de serem realizados em ambiente acadmico, tais eventos bus-cam envolver o maior nmero possvel de professores e alunos. O objetivo principal fortalecer a identidade adventista entre as novas geraes.

    Algumas Divises decidiram incentivar o estabelecimentos de minicentros White nas escolas e igrejas adventistas de seus respectivos territrios.7 Embora a maioria dos escritos de Ellen G. White esteja dispo-nvel online, os minicentros ainda podem oferecer excelente oportunidade para que as pessoas se renam e estudem a Bblia, os referidos escritos e pesquisem a hist-ria adventista local. Como resultado, es-ses lugares se tornam centros da cultura adventista.

    Na igreja local Como fcil perceber, vrios planos e

    estratgias de apoio para 2015 esto sen-do desenvolvidos em vrias instncias da estrutura organizacional da igreja. Porm, a fim de que eles sejam realmente efeti-vos, devem causar impacto positivo nas igrejas locais, em nossa famlia e em nos-sa vida. A questo crucial a seguinte: O que pode ser feito, no mbito local, para que 2015 seja realmente uma bno para todos ns?

    H muitas coisas que as igrejas locais podem fazer. Por exemplo, o calendrio de pregao pode incluir sermes, e, tal-vez, uma semana de orao sobre a natu-reza e o propsito do dom de profecia. Os programas de jovens podem apresentar dramatizaes de alguns aspectos espec-ficos da vida e ministrio de Ellen G. White.

    Se a igreja tiver um minicentro White ati-vo, poder promover seminrios a respeito do Esprito de Profecia, seguido de discus-ses em mesa redonda.

    Algumas ideias criativas tambm po-dem ser desenvolvidas no crculo familiar. Certa vez me encontrei com um casal ad-ventista que, aps dar muitos brinque-dos e presentes para seus filhos, decidiu construir uma biblioteca pessoal, para cada membro da famlia, com os livros de Ellen G. White. Durante cultos familiares vesper-tinos, algum lia e todos discutiam o con-tedo de determinado livro, tendo cada um seu prprio livro, no qual eram feitas anotaes e marcaes. Esse pode ser um bom exemplo a ser seguido neste ano.

    Independentemente do que ser rea-lizado nas nossas igrejas locais e em nos-sos lares, devemos desenvolver um plano pessoal para 2015, incluindo leitura e estu-do da Bblia e dos escritos de Ellen G. Whi-te. Alguns podem at decidir combin-los em um plano nico de leitura.

    Seja qual for o plano, sentimos que im-portante separar tempo devocional dirio. Como algum disse, certa vez, no ter tem-po para Deus significa desperdiar a vida.

    Tendo chegado a 2015, no devemos promover veneraes extremas a Ellen G. White, assim como no devemos ignor-la. Devemos sempre nos lembrar de que seus escritos no so um fim em si mesmos. Eles so recursos valiosos para que nos apro-ximemos de Deus e de Sua Palavra.

    Referncias:1 Manual da Igreja Adventista do Stimo Dia, 18 edio (Silver Spring, MD: General Conference of Seventh-day Adventists, 2010), p. 162.

    2 Arthur White, in www.whiteestate.org/about/egwbio.asp#who.

    3 The Ellen G. White Encyclopedia (Hargerstown, MD: Review and Herald, 2013).

    4 The Ellen G. White Letters and Manuscripts with Annotations: 1845-1859 (Hagerstown, MD: Review and Herald, 2014), v. 1.

    5 http://whiteestate.org/estate/2015plans.asp.6 http://noticias.adventistas.org/pt/lancamento-

    de-colecao-de-livros-de-ellen-white-marca-centenario-de-suas-obras.

    7 Maiores detalhes sobre o projeto dos Minicentros White esto disponveis na pgina http://whiteestate.org

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    DOM DE pROFEcIA Robert S. FolkenbergEx-presidente mundial da Igreja Adventista do

    Stimo Dia

    O grande desapontamento de 22 de outubro de 1844 marcou o fim dos 2.300 dias/anos da profecia de Daniel 8:14 e o incio do juzo investi-gativo pr-advento no santurio celestial (Dn 7:9, 10). Entretanto, para nossos pio-neiros ele se tornou um farol de esperana. Pouco mais de 170 anos atrs, os adventis-tas mileritas estavam aguardando a se-gunda vinda de Jesus. E, quando Ele no veio conforme era esperado, foi estabele-cido o palco para um dos eventos mais no-trios da histria adventista.

    Em uma pequena casa, em Portland, Maine, Estados Unidos, vivia a famlia Har-mon. O pai, Robert, era chapeleiro. A me, Eunice, dona de casa. A famlia Harmon aceitou a mensagem pregada por Guilher-me Miller e, por causa da crena na breve vinda de Cristo, foi desligada da Igreja Me-todista, da qual era membro.

    Hoje, impossvel compreender em sua plenitude o sentimento daqueles pio-neiros que acreditaram de todo corao que Jesus voltaria naquela tera-feira, 22 de outubro. Porm, Cristo no voltou. Ao

    se lembrar daquele dia fatdico, Hiram Ed-son escreveu: Nossas mais caras esperan-as e expectativas foram esmagadas, e um tal esprito de pranto nos sobreveio como nunca havamos experimentado antes. Era como se a perda de todos os amigos ainda no pudesse ter comparao. Choramos e choramos at o alvorecer (F. D. Nichol, The Midnight Cry, p. 247, 248).

    A famlia Harmon e outros resistiram angstia daquele dia que iniciou cheio de radiante esperana, e que findou em um amargo desapontamento. O que saiu er-rado? Por que Jesus no veio?

    Enquanto atravessava um campo, na manh seguinte, Hiram Edson recebeu sua primeira revelao sobre a razo pela qual Cristo no havia retornado. Mas fo-ram necessrios meses, antes que os mi-leritas esperanosos e perseverantes na f se encontrassem estudando a Bblia e orando para descobrir o que estava errado.

    Por um breve perodo depois do dia 22 de outubro, cada dia eles continuaram aguardando a vinda de Cristo. Havia um sentimento de que talvez tivesse ocorrido

    algum erro mnimo de clculo, e de que a qualquer momento as nuvens se abririam e Ele apareceria. Foi tambm nesse perodo que a condio de sade de Ellen G. Whi-te piorou. O desapontamento fez com que sua sade se deteriorasse ainda mais.

    Fisicamente enferma e abatida de es-prito, ela deve ter se questionado quan-to ao futuro. Em dezembro de 1844, Ellen foi levada em uma cadeira de rodas para a casa de Elizabeth Haines, a fim de descan-sar alguns dias. Ela descreve o que acon-teceu: Pela manh, nos ajoelhamos para o culto em famlia. No havia nada de ex-cepcional. Estvamos em cinco, todas mu-lheres. Enquanto orvamos, o poder de Deus veio sobre mim como nunca o ha-via sentido antes. Fui cercada por uma luz, e elevada mais e mais alto da Terra (Spiritual Gifts, v. 2, p. 30).

    Na mente delas predominava a pergun-ta: Deus nos conduziu em nossa expe-rincia do advento ou fomos enganadas? A profecia se cumpriu ou no no dia 22 de outubro? Em seu corao, clamavam: Por que fomos desapontadas?

    A luz ainda brilhaComo um farol de esperana, a primeira viso de Ellen G. White insta conosco para que mantenhamos os olhos fixos em Jesus

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    Primeira visoVoltei-me para ver o povo do advento

    no mundo, mas no o pude achar, quando uma voz me disse: Olha novamente, e olha um pouco mais para cima. Com isso, olhei mais para o alto e vi um caminho reto e es-treito, levantado em um lugar elevado do mundo. O povo do advento estava nesse caminho, a viajar para a cidade que se acha-va na sua extremidade mais afastada (Vida e Ensinos, p. 57). Em viso, Ellen teve a sen-sao de ser elevada acima da Terra. Ao fa-z-lo, viu o povo de Deus viajando para a cidade santa, em um caminho reto e estrei-to. Talvez tenha se lembrado da admoesta-o de Cristo registrada em Mateus 7:13, 14, onde Ele advertiu quanto a andar atravs da porta larga, no caminho largo que con-duz perdio. E instou Seus seguidores a andar pelo caminho apertado, atravs da porta estreita que conduz vida.

    Que alegria foi para ela ver o povo do advento viajando pelo caminho estreito! Ellen conhecia alguns que haviam aban-donado a f na vinda de Cristo. Conhecia tambm outros que rejeitaram a mensa-gem, ou sequer a aceitaram. Mas o pior eram aqueles que abertamente ridiculari-zavam os adventistas frustrados. Ela co-nhecia tudo sobre fazer parte dos poucos descritos por Cristo no caminho estreito.

    Naturalmente, ela sabia que esse povo ainda estava na Terra. Deus no precisou lhe mostrar isso! Antes, no simbolismo da viso, mostrou-os andando no caminho levantado em um lugar elevado do mun-do. Literalmente, os seguidores de Cristo sempre estiveram no mundo, mas no no sentido espiritual. Ele os chamou para sa-rem do mundo. Na primeira viso de Ellen G. White, Deus lembrou a ela que Seu povo no deveria ser parte do mundo. Se todos se mantivessem no caminho estreito se-riam espiritualmente separados do mundo. Assim como Ele mostrou a Ellen, devemos viajar pelo caminho reto e estreito, levan-tado em um lugar elevado do mundo.

    Prosseguindo com sua descrio do povo de Deus no caminho estreito, Ellen

    G. White diz: Havia uma luz brilhante co-locada por trs deles no comeo do cami-nho, a qual um anjo me disse ser o clamor da meia-noite. Essa luz brilhava em toda a extenso do caminho, e proporcionava cla-ridade para seus ps, para que assim no tropeassem (Ibid.). Na viso, foi-lhe mos-trada uma luz brilhando em toda a sua ex-tenso do caminho, at a cidade santa. O propsito dessa luz era fazer com que o povo no tropeasse. A frase clamor da meia-noite tinha um significado espec-fico para ela e para os demais adventistas. Era uma expresso emprestada da par-bola de Cristo sobre o reino, registrada em Mateus 25:6: Mas meia-noite, ouviu-se um grito: Eis o noivo! Sa ao seu encontro.

    Para aqueles adventistas, especialmen-te durante os meses entre agosto e outu-bro de 1844, o clamor da meia-noite se referia a 22 de outubro. Mas, como poderia ser essa uma luz brilhante? Cristo no ha-via voltado na data por eles esperada. Po-rm, o anjo lhe disse que a luz brilhante era sua experincia do clamor da meia-noite e o verdadeiro incio de seu caminho cida-de. Em acrscimo, a luz da mensagem de 22 de outubro brilharia em toda a extenso do caminho para fazer com que no trope-assem. Embora Ellen no pudesse t-la reconhecido naquele momento, foi sua pri-meira explicao para o desapontamento.

    Compreendendo o desapontamento

    Tendo em vista que o clamor da meia-noite era a luz brilhante que os ajudava a no tropear, obviamente deveria haver muito mais sobre o dia 22 de outubro do que ela e seus amigos podiam compreen-der at aquela poca. De fato, a viso no lhes deu explicao para o desapontamen-to ou sobre o que realmente havia ocorrido em 22 de outubro, mas assim mesmo eram novas emocionantes! Eles no tinham que rejeitar a mais preciosa experincia espiri-tual que j haviam desfrutado. Afinal de contas, Deus esteve no movimento mile-rita; isto ficou claro por meio das palavras

    do anjo. A mensagem do clamor da meia-noite, devidamente compreendida, ilumi-naria o caminho deles at a Cidade Santa.

    Para ns, esta ainda uma verdade im-portante. Graas ao estudo aprofundado da Bblia pelos pioneiros e muitos outros ao longo dos anos, podemos agora com-preender o que realmente ocorreu no fim dos 2.300 dias/anos, em 22 de outubro de 1844. A partir daquele dia teve incio o jul-gamento descrito em Daniel 7, o minist-rio final de Cristo no lugar santssimo do santurio celestial.

    Ao longo dos anos, quando crticos se referem ao ano de 1844, como sendo in-significante, no nos deixamos abalar por seus argumentos. A luz sobre a mensa-gem do santurio desvendou o mistrio do desapontamento para aqueles pionei-ros. Anos mais tarde, Ellen G. White escre-veu: O assunto do santurio foi a chave que desvendou o mistrio do desapon-tamento de 1844. Revelou um conjunto completo de verdades, ligadas harmonio-samente entre si e mostrando que a mo de Deus dirigira o grande movimento do advento e apontara novos deveres ao tra-zer a lume a posio e obra de Seu povo (O Grande Conflito, p. 423).

    Se algum focaliza uma data futura, ou promove uma nova interpretao do pe-rodo proftico que depende de um tempo em um futuro especfico para seu cumpri-mento, lembre-se novamente dessa pri-meira viso dada por Deus a Ellen G. White. Na verdade, no dia 23 de setembro de 1850, foi-lhe mostrado que o tempo no tem sido um teste desde 1844, e nunca mais o ser (Primeiros Escritos, p. 75). No ano se-guinte, no dia 21 de junho de 1852, quando ela estava em Camden, Nova York, o Se-nhor lhe mostrou que a mensagem deve ir, e que no deve depender de tempo; pois o tempo no ser nunca mais uma prova (Mensagens Escolhidas, v. 1, p. 188).

    Mantendo-se na luzFalando dos que se encontravam no

    caminho, ela viu que: Se conservavam o

  • | JAN-FEV 20151 6

    olhar fixo em Jesus, que Se achava preci-samente diante deles, guiando-os para a cidade, estavam seguros. Mas logo alguns ficaram cansados, e disseram que a cidade estava muito longe e esperavam nela ter entrado antes. Ento Jesus os animava, le-vantando Seu glorioso brao direito; e de Seu brao saa uma luz que incidia sobre o povo do advento, e eles clamavam: Ale-luia! (Ellen G. White, Vida e Ensinos, p. 57).

    Poucas semanas aps o dia 22 de ou-tubro, ela viu muitos abandonarem a f na vinda de Cristo. Ento, a viso indicava que o tempo se prolongaria mais. Alguns j O haviam perdido de vista. Mas a men-sagem quele pequeno grupo de crentes perplexos era para que no desanimas-sem; se mantivessem os olhos fitos em Je-sus, Ele os conduziria cidade. Para quem quer que seja tentado a abandonar a f, a primeira mensagem de Deus a Seus segui-dores desapontados em 1844 serve como farol de esperana.

    Nos dias dos apstolos, Pedro advertiu: Antes de tudo saibam que, nos ltimos dias, surgiro escarnecedores zombando e seguindo suas prprias paixes. Eles di-ro: O que houve com a promessa da Sua vinda? Desde que os antepassados mor-reram, tudo continua como desde o prin-cpio da criao (2Pe 3:3, 4).

    Nas quatro dcadas posteriores a 1844, alguns foram de tal forma apanhados pelo legalismo que quase perderam totalmen-te a Jesus de vista. Assim, em 1888, outra mensagem foi dada igreja, na Assembleia da Associao Geral, a mensagem da jus-tificao pela f.

    Porm, isso no foi tudo o que Deus mostrou a Ellen G. White: Prosseguindo, ela escreveu: Outros temerariamente ne-gavam a existncia da luz atrs deles e di-ziam que no fora Deus quem os guiara to longe. A luz atrs deles desaparecia, deixando-lhes os ps em densas trevas; de modo que tropeavam e, perdendo de vista o sinal e a Jesus, caam do caminho para baixo, no mundo tenebroso e mpio (Vida e Ensinos, p. 57, 58).

    Essa uma das declaraes mais incr-veis dessa viso. Embora fosse uma adver-tncia para os crentes desapontados em 1844, pouco podiam eles imaginar ou com-preender o significado dessa mensagem de Deus para os adventistas no futuro.

    To surpreendente quanto possa ter sido a viso e sua compreenso, luz do que tem ocorrido durante esses mais de 170 anos, torna-se ainda mais admirvel para ns, que somos os beneficirios do conhecimento de tudo o que ocorreu an-teriormente.

    Como poderia passar pelo pensamen-to de uma menina, com apenas dezesse-te anos, que esta verdade se tornaria um grande ponto divisor entre os seguidores de Deus? Embora alguns questionem o mi-nistrio proftico de Ellen G. White, essa viso prov uma das mais persuasivas evi-dncias de sua inspirao divina.

    A vinda de JesusNa viso, Ellen viu os vrios aconte-

    cimentos do tempo prximo vinda de Cristo. Ela ouviu Deus anunciando a Seus santos o dia e a hora da volta de Jesus. Viu tambm que os 144 mil estavam todos selados e perfeitamente unidos. E, pela primeira vez, foi-lhe mostrada a segunda vinda de Cristo.

    Logo nossos olhares foram dirigidos ao Oriente, pois aparecera uma nuvenzi-nha aproximadamente do tamanho da me-tade da mo de um homem, a qual todos soubemos ser o sinal do Filho do homem. Todos em silncio solene olhvamos a nu-vem que se aproximava e tornava mais e mais clara e esplendente, at converter-se numa grande nuvem branca. A parte infe-rior tinha aparncia de fogo; o arco-ris es-tava sobre a nuvem, enquanto em redor dela se achavam dez milhares de anjos, en-toando um cntico agradabilssimo; e so-bre ela estava sentado o Filho do homem. Os cabelos, brancos e anelados, caam-Lhe sobre os ombros; e sobre a cabea tinha muitas coroas. Os ps tinham a aparncia de fogo; em Sua destra trazia uma foice

    aguda e na mo esquerda, uma trombeta de prata. Seus olhos eram como chamas de fogo, que profundamente penetravam Seus filhos. [...]

    Ento a trombeta de prata de Jesus soou, ao descer Ele sobre a nuvem, en-volto em labaredas de fogo. Olhou para as sepulturas dos santos que dormiam, ergueu ento os olhos e mos ao cu, e exclamou: Despertem e exultem, vocs que habitam no p. Houve um forte ter-remoto. As sepulturas se abriram, e os mortos saram revestidos de imortalida-de. Os cento e quarenta e quatro mil cla-maram Aleluia!, quando reconheceram os amigos que deles tinham sido separados pela morte, e no mesmo instante fomos transformados e arrebatados juntamen-te com eles para encontrar o Senhor nos ares (Ibid., p. 58, 59).

    Ela compartilhou a viso com as quatro mulheres com quem estava orando. Elas estavam ansiosas por saber o que Deus havia mostrado a ela. Suas oraes foram atendidas. O clamor da meia-noite fazia parte da providncia de Deus. Ele foi retra-tado como luz por trs deles, que ilumi-nava toda a extenso do caminho, Porm, o mais importante, a viso lhes deu a cer-teza de que se mantivessem os olhos fitos em Jesus, poderiam chegar com segurana cidade celestial. Alm disso, a viso deu uma plida ideia do galardo a ser recebi-do quando chegassem cidade. Quanto pergunta: Por que eles foram desaponta-dos?, isso foi esclarecido somente a eles por meio do estudo posterior da Bblia.

    Neste ano especial, em que lembramos o centenrio da morte de Ellen G. White, qual sua condio espiritual? Est de-sencorajado pelo longo tempo decorrido? Tem o sentimento de que cada vez mais difcil permanecer separado do mundo? Hoje, como um farol de esperana, a pri-meira viso dessa mensageira do Senhor insta conosco para que mantenhamos os olhos fixos em Jesus. Exclamemos, como o apstolo Joo: Ora, vem, Senhor Jesus! (Ap 22:20).

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    EVANgELISMO Lus GonalvesEvangelista da Diviso Sul-Americana

    Ao observarmos a marcha dos acon-tecimentos que assinalam a proxi-midade do fim da histria terrestre, entendemos que a pregao do evangelho a profecia mais significativa que ainda precisa ser totalmente cumprida, antes que o Senhor Jesus volte nas nuvens, para buscar Seus fiis. E foi com a misso de evangelizar o mundo, chamando sua ateno para esse aconteci-mento, que a Igreja Adventista do Stimo Dia surgiu no cenrio mundial como um movi-mento proftico, suscitado por Deus.

    Ao ser despertado, em 1844, a fim de proclamar a mensagem de Apocalipse 14, o movimento adventista tinha no evan-gelismo pblico seu ponto forte. Naque-la poca, o crescimento experimentado foi surpreendente. Deus estava cumprin-do Seu propsito atravs dos pioneiros adventistas. Lderes e membros focaliza-vam a ateno e as atividades na misso de evangelizar. Porm, com o passar do tempo, as coisas mudaram, o movimen-to cresceu e sua institucionalizao como igreja se tornou realidade. A liderana prio-

    rizou mais a administrao do que a evan-gelizao, e o resultado no foi positivo. A igreja estancou seu crescimento.

    Na tentativa de retomar o caminho do crescimento, vrias estratgias foram empregadas, mas os resultados deixavam sempre a desejar. Ellen G. White chegou a ficar extremamente preocupada com a vi-svel distoro missionria e advertiu con-tra essa distoro em vrias oportunidades como, por exemplo, em uma assembleia mundial da Igreja e em dilogos intensos com lderes da Associao Geral. Ela mes-ma, apesar da idade avanada, decidiu agir e fazer evangelismo.

    Depois de muito tempo, felizmente, a Igreja despertou nesse sentido, muitos evangelistas foram chamados por Deus e o evangelismo pblico novamente se for-taleceu. Porm, no fim do sculo 20, ele voltou a passar por um momento difcil em todo o mundo. Embora os resultados iniciais fossem numericamente expressi-vos, o nvel de evaso passou a assustar a igreja.

    Graas a Deus, hoje vivemos um novo tempo do evangelismo na Amrica do Sul. Pela graa de Deus, a Igreja encontrou o ponto de equilbrio a fim de poder cum-prir com maior eficcia a misso que lhe foi confiada pelo Senhor. Nesse ponto de equilbrio est a perfeitamente possvel conjugao de evangelismo pessoal com o evangelismo pblico. Pequenos grupos, classes bblicas, duplas missionrias e es-tudos bblicos individuais formam a base, o preparo do caminho, para o evangelismo pblico de colheita.

    Assim sendo, mais do que nunca, pre-cisamos fortalecer essa base, para que tenhamos campanhas de evangelismo pblico de colheita, cada vez mais efica-zes e com grandes resultados. Isso significa trabalhar mais com a igreja, envidar esfor-os para que haja maior envolvimento dos membros, levando-os a entender a beleza e a alegria de levar uma pessoa salvao. Trabalhando dessa forma, certamente es-taremos possibilitando o batismo de mui-tas pessoas, e bem preparadas.

    Novo tempo evangelsticoTrabalho missionrio pessoal e pregao pblica, eis o binmio que possibilitar grandes resultados na tarefa de levar pessoas salvao

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    MISSO Francisco LemosEditor associado de livros de Ellen G. White, na Casa

    Publicadora Brasileira

    Quando pensamos na mensagem de sade enfatizada pela Igre-ja Adventista do Stimo Dia, que justificativas evocamos? Afinal, como or-ganizao, a Igreja est totalmente en-volvida com a rea de sade, mantendo centenas de hospitais e clnicas, no mun-do todo; dezenas de editoras que publicam milhes de livros e revistas sobre o tema; escolas de medicina, enfermagem, fisio-terapia e odontologia; fbricas de alimen-tos saudveis e restaurantes vegetarianos.

    Esse envolvimento est enraizado nas origens do movimento adventista. Em agosto de 1866, por exemplo, com pou-qussima experincia editorial, a nascen-te igreja lanou uma revista mensal sobre sade, o The Health Reformer, peridico de 16 pginas, em Battle Creek, Michigan. Em setembro do mesmo ano, foi aberto o pri-meiro hospital adventista, na mesma cida-de e, em 1905, em Loma Linda, Califrnia, foi estabelecida a primeira escola de me-dicina da Igreja Adventista do Stimo Dia.

    Aqui no Brasil, desde 1939, a Casa Publi-cadora Brasileira edita a revista Vida e Sa-de, hoje com 77 anos de publicao mensal ininterrupta. preciso anotar que esse foi o segundo lanamento da revista. Em 1914,

    portanto, 25 anos antes, j havia sido rea-lizada a primeira tentativa de lanamento de uma revista de sade em solo nacional.

    As mensagens de Ellen G. White sobre a necessidade de publicar revistas de sade se multiplicaram: As pessoas encontram-se em extrema necessidade da luz que bri-lha das pginas de nossos livros e revistas sobre sade. Deus deseja usar esses livros e revistas como meios atravs dos quais raios de luz atraiam a ateno das pessoas e lhes faa atender advertncia da men-sagem do terceiro anjo.1

    A literatura de sade preparada pelos adventistas do stimo dia est intimamen-te relacionada com o princpio evangli-co presente na mensagem da reforma de sade. Coisa alguma, escreveu Ellen G. White, abrir portas verdade como a obra missionria mdico-evangelista. Esta achar acesso aos coraes e esp-ritos, e ser um meio de converter mui-tos verdade.2

    Preparando o caminhoA poca do surgimento do adventismo

    na Amrica coincidiu com diversos mo-vimentos nacionais de reformas sociais e pessoais. Tudo parecia requerer algum

    tipo de interveno, algum tipo de refor-ma.3 Richard W. Schwarz, historiador do adventismo, diz que o mais famoso evan-gelista da Amrica, Charles Grandinson Finney, pregava no apenas salvao, mas reforma. Diz ainda que muitos que se converteram por sua pregao se tor-naram temperantes e antiescravagistas.4

    Aquela poca, segundo David Paul Nord, era muito favorvel ao surgimen-to e fortalecimento desses movimentos. A infraestrutura para esse empreendi-mento foi feita a partir de 1830, enquanto gradualmente a Amrica se movimentava para a Revoluo Industrial. Mais impor-tante ainda era a revoluo dos transpor-tes, incluindo rotas de correio, estradas, navios a vapor em rios e oceanos, canais para o interior, e, finalmente, estradas de ferro. O melhoramento nos transpor-tes permitiu um movimento mais rpido e mais barato no somente para os bens manufaturados e produtos agrcolas, mas tambm para pregadores, palestrantes e agentes de organizaes.5

    Entre as reformas propaladas na poca, podemos citar o fim da instituio da es-cravatura, direitos iguais para as mulhe-res e escolas pblicas gratuitas. Entre os

    Sade versus evangelismo Objetivos da mensagem de sade vo alm do mero desejo de ter um corpo saudvel

    Will

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    defensores de reformas, estava Sylvester Graham, que sugeriu uma reforma radical nos hbitos alimentares dos americanos. A grande epidemia de clera de 1832 levou os americanos a dar ouvidos ao chama-do de Graham para uma dieta vegetaria-na que enfatizava o uso de trigo integral no refinado, modo em pedra de moinho e gros de centeio.6 Ele tambm estimu-lava a necessidade de fazer exerccios fsi-cos, praticar hbitos de higiene, no tomar bebidas alcolicas e no fumar. Seu nome ficou mundialmente conhecido e sin-nimo de po integral (po de Graham).

    Reformadores adventistasGuilherme Miller tambm apoiou os

    movimentos de temperana da poca. Em seus sermes sobre a vinda de Jesus, ele advertia seus ouvintes, dizendo que seria uma desgraa que Cristo viesse e os encontrasse bbados.7

    Jos Bates, um dos fundadores da Igre-ja Adventista do Stimo Dia, apoiava esses movimentos e ensinava com grande nfa-se a necessidade de no fumar e no tomar bebidas alcolicas, ch e caf. Antes mes-mo que Ellen G. White recebesse sua maior viso sobre a reforma de sade, em 1863, Bates pessoalmente modificou a prpria dieta, renunciando ao uso de carne, gor-duras e produtos aucarados.

    O apoio de Ellen G. White a Bates foi imediato. Segundo Richard Schwarz, os primeiros adventistas consideravam essas substncias (caf, licor e fumo) no tanto como risco para a sade, mas como luxos desnecessrios que consumiam os escas-sos recursos que melhor deviam ser de-dicados a divulgar o evangelho de Jesus e proclamar Seu breve regresso.8

    Ellen G. White relacionou de modo bas-tante coerente a mensagem do terceiro anjo com a mensagem de sade. No Na-tal de 1865, dois anos aps receber a viso que estabeleceu os grandes marcos da re-forma de sade adventista, ela declarou ter recebido do Senhor a seguinte orientao: A reforma de sade, foi-me mostrado,

    parte da mensagem do terceiro anjo, e est com ela to intimamente relaciona-da como o esto o brao e a mo em rela-o ao corpo humano.9 Em novembro de 1901, ela escreveu: A verdadeira religio e as leis da sade andam de mos dadas.10

    PrincpiosHerbert E. Douglas sistematizou a com-

    preenso teolgica de Ellen G. White a res-peito do evangelho eterno e a mensagem de sade, mostrando que a viso da men-sageira do Senhor a esse respeito tem como base trs princpios fundamentais:11

    O princpio humanitrio. De muitas maneiras, por preceito e por exemplo. El-len G. White salientava que a obra da re-forma de sade o meio empregado pelo Senhor para diminuir o sofrimento de nos-so mundo.12

    Esse princpio est relacionado mis-so realizada por Jesus Cristo: Jesus ia pas-sando por todas as cidades e povoados, ensinando nas sinagogas, pregando as boas-novas do Reino e curando todas as enfermidades e doenas. Ao ver as multi-des, teve compaixo delas, porque esta-vam aflitas e desamparadas, como ovelhas sem pastor (Mt 9:35, 36).

    O princpio evanglico. Ellen G. Whi-te entendia que a reforma de sade uma ponte por meio da qual o evangelho vai ao encontro das pessoas onde elas esto. Esta obra derrubar preconceitos como nenhu-ma outra coisa o pode fazer,13 ela disse.

    O princpio soteriolgico. Esse prin-cpio fornece a distino adventista para a reforma de sade, tanto no sculo deze-nove como ainda hoje. A nfase adventista sobre sade tem como objetivo prepa-rar um povo para a vinda do Senhor.14 Aquele que se apega luz que Deus lhe deu sobre a reforma de sade, tem um im-portante auxlio na obra de ser santifica-do pela verdade e estar habilitado para a imortalidade.15

    O trabalho de curar, no ministrio de Jesus Cristo, no estava separado de Sua obra principal que era salvar. A misso da

    Igreja Adventista do Stimo Dia inclui a obra mdico-missionria. A organizao mantm instituies mdicas que combi-nam o trabalho em favor da sade espiri-tual junto sade fsica. Essa tarefa deve ser realizada ao mesmo tempo em que se d a conhecer o evangelho e as trs men-sagens anglicas de Apocalipse 14.16

    Brao e corpoO projeto inicial ideal de Deus para a

    obra mdico-missionria, conforme foi transmitido por meio de Ellen G. White, sofreu um golpe profundo na crise que em fins de 1890 e incio de 1900 literalmen-te separou a obra mdico-missionria do corpo da igreja. A discordncia entre a li-derana mdica e a liderana ministerial, que resultou na separao entre ministros do evangelho e obreiros mdicos-missio-nrios, foi classificada por Ellen G. White como o pior mal que foi inserido na Igre-ja Adventista.17

    Douglass comenta: Por alguma razo, em sua maioria, nem os lderes espirituais nem os lderes da sade viram que, para conservar a integridade da mensagem ad-ventista, os hbitos fsicos no podiam ser separados do crescimento espiritual.18 Diz ainda o historiador, repercutindo o pensa-mento da mensageira do Senhor, publica-do em Review and Herald, 27 de maio de 1902: Esta ruptura no um mero desa-cordo terico. No incluir os princpios da mensagem de sade dentro da plenitude do evangelho eterno afeta diretamente a preparao da igreja no cumprimento de sua comisso evanglica. Alm disso, im-pede o crescimento na graa.19

    Por isso, o conselho inspirado para a unidade entre o ministrio evanglico e a obra mdico-missionria: A obra mdi-co-missionria jamais foi-me apresentada de outro modo que no o de ter a mesma relao para com a obra como um todo, que tem o brao para o corpo. O ministrio evanglico uma organizao para a pro-clamao da verdade e a promoo da obra pelos enfermos e os sos. Este o corpo, a

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    obra mdico-missionria o brao, e Cristo a cabea sobre todos. Assim que me tem sido apresentado o assunto.20

    Objetivos clarosOs conceitos prticos e os princpios vei-

    culados por nossa mensagem de sade so agentes facilitadores para a aceitao da mensagem de salvao. Aceitamos esse conceito, ao entender que tudo que nos diminui a fora fsica enfraquece a men-te e a torna menos capaz de discernir en-tre o bem e o mal. Ficamos menos aptos

    para escolher o bem, e temos menos for-a de vontade para fazer aquilo que sabe-mos ser justo.21

    De tudo o que apreendemos dos escri-tos de Ellen G. White em relao refor-ma de sade, se for transmitida fielmente, quer seja por nossos hospitais, fbricas de alimentos, editoras e pastores, e praticada por todos os membros da igreja adventis-ta, ser um poderoso vetor do evangelho em duas fortes vertentes:

    1) Como fator de libertao da intempe-rana, o que abre as portas compreenso

    do evangelho. impossvel trabalhar pela salvao de homens e mulheres sem apre-sentar-lhes a necessidade de romper com as satisfaes pecaminosas, as quais des-troem a sade, depreciam o ser humano e impedem as verdades divinas de impres-sionar a mente.22 Em outra ocasio, ela tambm escreveu: Um corpo enfermo e um intelecto desordenado em virtude de contnua tolerncia para com a nociva con-cupiscncia tornam impossvel a santifica-o do corpo e do esprito.23

    Nosso julgamento moral pode depender

    Cafena. A cafena reconhecida como substncia psicoa-tiva que induz desordens psiquitricas, cujas principais ca-ractersticas so inquietude, nervosismo, excitao, insnia, enrubescimento da face, diurese, fasciculaes dos mscu-los, pensamentos e discurso vagos e reclamaes sobre o estmago.29

    Acar. O principal alimento do crebro a glicose. Os neurnios alimentam-se exclusivamente de glicose, enquan-to as outras clulas podem recorrer a vrios recursos ener-gticos. O crebro de um adulto, que pesa cerca de 1.300 g e contm aproximadamente 15 milhes de neurnios, pre-cisa de, no mnimo, 5 g de glicose por hora (o equivalente a um torro de acar). A questo o tipo de acar consumi-do. O acar refinado simples (encontrado em guloseimas

    e doces) provoca inflamaes que danificam os neur-nios,30 afirma Allan Logan, autor do livro The Brain Diet.

    Alm disso, rapidamente absorvido pelo organismo, elevando os nveis de glicose no sangue. muita energia,

    o corpo no tem condies de us-la, e a armazena em for-ma de gordura. Os melhores acares para o crebro so os hidratos de carbono, os carboidratos presentes nas ba-tatas e nos cereais integrais, porque so absorvidos lenta-mente pelo organismo.

    Carne. Desde 1990, sabe-se que as aminas heterocclicas formadas durante o cozimento das carnes branca e vermelha so responsveis pela degradao das clulas nervosas. Os portadores de males como parkinson e Alzheimer apresen-tavam nveis bem mais elevados dessa substncia no orga-nismo, conta o neurologista ccero galli. As aminas se unem ao cromossomo do neurnio e desligam alguns genes funda-mentais para a clula, que se degenera. Isso, aos poucos, afeta a capacidade de pensar e de recordar as coisas mais simples.31

    Estes produtos danificam

    o crebro e dificultam a capacidade

    de raciocnio e discernimento

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    tanto da sade como da doena. Enquan-to homens e mulheres que professam pie-dade esto enfermos do alto da cabea planta dos ps, enquanto suas energias f-sicas, mentais e morais esto debilitadas pela satisfao do apetite depravado, e o trabalho excessivo, como podem eles pe-sar as evidncias da verdade e compreen-der as exigncias de Deus?24

    Que lstima que muitas vezes, preci-samente quanto maior autonegao devia ser exercida, o estmago est carregado de um volume de alimentos inadequados, que ali permanece em decomposio. O mal-estar do estmago afeta o crebro. O comedor imprudente no compreende que se est desqualificando para dar conselho sbio, desqualificando-se para estabele-cer planos para o melhor funcionamento da obra de Deus.25

    2) A mensagem de sade prov tes-temunho. Ela atrai a ateno do mundo para o povo de Deus e consequentemen-te para a mensagem dEle. Se os adven-tistas do stimo dia pusessem em prtica o que professam crer, se fossem sinceros reformadores da sade, seriam realmen-te um espetculo ao mundo, aos anjos e aos homens.26 Isso transcende farta pu-blicidade miditica de que foram alvo os adventistas longevos de Loma Linda em anos recentes.

    Alm da sadeA mensagem de sade anunciada pela

    Igreja Adventista do Stimo Dia transcen-de a uma herana apenas cultural, mera tradio ou a modismos de poca. Seu ob-jetivo tambm est alm da busca fren-tica pela aquisio de sade como alvo. O plano de Deus para essa mensagem est acima do desejo humano egosta de con-quistar um corpo bonito e no enfermo.

    Definitivamente, a mensagem de sade adventista no apenas uma entre tantas falsas fontes da juventude que existem por a. Enganam-se aqueles que a adotam visando conquista de um paraso saud-vel neste mundo, iderio que to somente

    se presta explorao por parte de esper-talhes que comercializam as iluses da sade.

    A principal misso de nossa mensagem de sade habilitar a mente das pessoas para que possam ter a sensibilidade ne-cessria assimilao da mensagem de salvao. A circulao de revistas de sa-de ser um poderoso meio de preparar o povo para que aceite as verdades espe-ciais que devem prepar-los para a breve volta do Filho do homem.27 desgnio do Senhor que a influncia restauradora da reforma de sade seja parte do ltimo grande esforo para proclamar a mensa-gem do evangelho.28

    Referncias:1 Ellen G. White, Conselhos Sobre Sade, p. 479.2 ___________, Evangelismo, p. 513.3 Paul David Nord, Communities of Journalism:

    History of American Newspaper and Their Readers (Chicago: University Illinois Press, 2001), p. 95; citado por Paulo Pinheiro, Revista Adventista, julho de 2009, p. 13.

    4 Richard W. Schwarz e Floyd Greenleaf, Portadores de Luz Histria da Igreja Adventista do Stimo Dia (Engenheiro Coelho, SP: Unaspress, 2009), p. 18.

    5 Paul David Nord, Ibid.6 Richard W. Schwarz e Floyd Greenleaf, Op. Cit.,

    p. 19.

    7 ___________, Assuntos Contemporneos em Orientao Proftica, Antologia de Artigos e Monografias, compilado por Roger W. Coon (So Paulo, SP: Grfica do Unasp, 1988), p. 469.

    8 Ibid.9 Ellen G. White, Conselhos Sobre o Regime

    Alimentar, p. 74.10 ___________, O Colportor-Evangelista, p. 131.11 Herbert E. Douglass, Mensageira do Senhor (Tatu,

    SP: Casa Publicadora Brasileira, 2001), p. 292.12 Ellen G. White, Conselhos Sobre o Regime

    Alimentar, p. 77.13 ___________, Evangelismo, p. 515.14 ___________, Testemunhos Para a Igreja, v. 3, p. 161.15 ___________, Conselhos Sobre o Regime Alimentar,

    p. 59.16 Enrique Becerra, Pensar la Iglesia Hoy, IV Simpsio

    Bblico-Teolgico Sudamericano (Libertador San Martin: Editorial Universidad Adventista del Plata, 2002), p. 461.

    17 Ellen G. White, Medicina e Salvao, p. 241.18 Herbert E. Douglass, Op. Cit., p. 295.19 Ibid.20 Ellen G. White, Medicina e Salvao, p. 237.21 ___________, Parbolas de Jesus, p. 346.22 ___________, O Colportor-Evangelista, p. 131.23 ___________, Conselhos Sobre o Regime Alimentar,

    p. 44.24 Ibid., p. 51.25 Ibid., p. 53.26 Ellen G. White, Conselhos Sobre Sade, p. 575.27 ___________, O Colportor-Evangelista, p. 134.28 ___________, Medicina e Salvao, p. 259.29 Ronaldo Laranjeira, Aconselhamento em

    Dependncia Qumica (So Paulo, SP: Rocca, 2004), p. 149.

    30 Diogo Sponchiato, Sade Vital, fevereiro de 2008, p. 14-18.

    31 Ibid.

    Alimentos para o crebro Nozes, ricas em mega-3, protegem as membranas celulares e contribuem

    para reforar a memria e as funes mentais. Vitamina A, presente na cenoura e abbora, indispensvel s reaes

    qumicas no interior das clulas. Algumas vitaminas do complexo B (aveia, trigo integral, arroz integral, io-

    gurte) participam na sntese de neurotransmissores. Vitamina C (laranja, acerola, limo, pimento amarelo, entre outras fontes)

    essencial para a memria e a concentrao. O mineral selnio (castanha-do-brasil) preserva dos radicais livres as c-

    lulas do crebro, evitando doenas demenciais, como mal de Alzheimer. Fab

    iobe

    rti.i

    t / F

    otol

    ia

  • | JAN-FEV 20152 2

    IgREJA Gerhardt Pfandl Diretor associado (jubilado) do

    Instituto de Pesquisa Bblica da Igreja Adventista do

    Stimo Dia

    Em 22 de outubro de 1844, milhares de ansiosos cristos nos Estados Uni-dos esperaram o segundo advento de Cristo. Obviamente, eles estavam enga-nados, mas daquele grupo desapontado, posteriormente surgiu a Igreja Adventista do Stimo Dia, tambm referida por seus membros como igreja remanescente. Os adventistas se definem dessa maneira ten-do como base uma cuidadosa exegese de alguns textos do livro de Apocalipse. Quais so esses textos? Por que os adventistas veem neles sua identidade como igreja remanescente?

    Apocalipse 12 ensina claramente que Deus tem uma igreja remanescente no fim do tempo. Depois de descrever a histria da igreja crist (sob o simbolismo de uma mulher), do tempo de Cristo (o filho no ver-so 5) at o fim dos 1.260 anos (538-1798), diz o Apocalipse: O drago irou-se con-tra a mulher e saiu para guerrear contra o restante da sua descendncia, os que obe-decem aos mandamentos de Deus e tm o testemunho de Jesus (Ap 12:17).

    Esse verso nos leva poca posterior ao perodo dos 1.260 anos (Ap 12:6, 14), ou seja ao sculo 19. Sabendo ser incapaz de destruir o povo de Deus, Satans se tornou irado contra um grupo especfico chamado o restante da Sua descendn-cia ou o remanescente de sua semen-te a igreja remanescente. Agora, o foco no repousa sobre a mulher (smbolo do fiel povo de Deus atravs dos tempos), mas sobre esse grupo em particular. O restante de Sua descendncia ou a igre-ja remanescente.

    Apenas duas vezes, nesse captulo, Joo menciona uma descendncia da mulher. A primeira referente ao Filho da mulher (v. 5), o Messias; a segunda, ao restan-te de Sua descendncia, a igreja rema-nescente. Nas duas vezes, Joo identifica claramente a descendncia da mulher, o que apoia a viso de que o restante de sua descendncia compreende a igreja remanescente visvel. So apresentadas duas marcas identificadoras, ou dois sinais, dessa igreja remanescente: obedecem

    aos mandamentos de Deus e tm o teste-munho de Jesus.

    Obedincia aos mandamentos

    Quaisquer que sejam os mandamentos que queiramos incluir no primeiro sinal de identificao, certamente, devemos incluir os dez mandamentos. Assim, o primeiro si-nal de identificao da igreja remanescente sua lealdade aos mandamentos de Deus todos os dez, incluindo o quarto, o man-damento sobre o sbado. Parafraseando Apocalipse 17, podemos dizer: No fim do tempo, Deus ter uma igreja a igreja re-manescente que ser reconhecida pelo fato de que ela guarda os mandamentos, inclusive o mandamento do sbado, o s-timo dia.

    No tempo dos apstolos, ou da igreja primitiva, esse no teria sido um sinal es-pecial, porque todos eles observavam o sbado; mas hoje, quando a maioria dos cristos guarda o domingo, o sbado, na verdade, tem-se tornado marca distintiva.

    Povo de Deus Ser parte da igreja remanescente no significa exclusivismo. Deus tem uma igreja invisvel composta por fiis de todos os tempos

    Gen

    tilez

    a do

    aut

    or

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    O testemunho de JesusA segunda marca de identidade o

    testemunho de Jesus. O que significa essa frase? A expresso testemunho de Jesus (marturia Iesou) ocorre seis vezes no livro de Apocalipse (1:2, 9; 12:17; 19:10; 20:4).

    Primeiramente, consideremos Apoca-lipse 1:2, 9. A introduo ao livro de Apo-calipse apresenta a fonte, isto , Deus, e o contedo desse livro a revelao de Je-sus Cristo. No verso 2, -nos dito que Joo conduziu a Palavra de Deus e o teste-munho de Jesus.

    Normalmente compreendemos a Pa-lavra de Deus como se referindo ao que Deus diz; e o testemunho de Jesus algo paralelo Pala-vra de Deus, de-vendo significar, portanto, o teste-munho que Jesus d a respeito de Si mesmo. De que maneira Ele faz isso? Quando es-teve na Terra, Ele testificou pessoal-mente ao povo na Judeia. Depois da ascenso, Ele fa-lou atravs dos profetas.

    Em Apocalipse 1:9, o paralelismo entre a Palavra de Deus e o testemunho de Jesus claramente discernvel: Eu, Joo, irmo e companheiro de vocs no sofri-mento, no Reino e na perseverana em Je-sus, estava na ilha de Patmos por causa da Palavra de Deus e do testemunho de Jesus.

    No tempo de Joo, a Palavra de Deus era referncia ao Antigo Testamento, e o testemunho de Jesus se referia ao que Jesus tinha dito, s verdades que Ele reve-lou, conforme relatadas nos evangelhos e por meio de Seus profetas, como Pedro e Paulo.

    Esprito de profeciaPortanto, em Apocalipse 19:10, ns le-

    mos a explicao: O testemunho de Jesus

    o Esprito de profecia. O que Espri-to de profecia? Essa frase ocorre apenas uma vez na Bblia e essa nica vez nes-se texto. Encontramos um paralelo bbli-co muito ntimo em 1 Corntios 12:8-10, em que Paulo se refere ao Esprito Santo, que, entre outros dons, outorga o dom de pro-fecia, e a pessoa que recebe esse dom profeta (1Co 12:28; Ef 4:11).

    Assim como em 1 Corntios 12:28 a pes-soa que tem o dom de profecia (v. 10) chamada profeta, em Apocalipse 22:8, 9, aqueles que tm o Esprito de profecia (19:10) tambm so chamados de profeta. Notemos o paralelismo entre Apocalipse 19:10, e 22:8, 9.

    A mesma situao ocorre nas duas pas-sagens. Joo cai aos ps do anjo para ado-r-lo. As palavras de resposta do anjo so quase idnticas, porm a diferena sig-nificativa. Em Apocalipse 19:10, os irmos so identificados pela frase tm o teste-munho de Jesus; em Apocalipse 22:9, eles so simplesmente chamados de profetas.

    Assim, se usarmos o princpio protes-tante de interpretar as Escrituras pelas Escrituras, podemos concluir que o Esp-rito de profecia em Apocalipse 19:10 no possesso de todos os membros da igr