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MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA CURSO DE MESTRADO EM ENGENHARIA DE TRANSPORTES MARCOS BALAGUER AVALIAÇÃO ESTRUTURAL DE UM PAVIMENTO FLEXÍVEL EXECUTADO EM ASFALTO-BORRACHA ELABORADO PELO PROCESSO DE PRODUÇÃO CONTÍNUA EM USINA Rio de Janeiro 2012

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MINISTÉRIO DA DEFESA

EXÉRCITO BRASILEIRO

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA

INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA

CURSO DE MESTRADO EM ENGENHARIA DE TRANSPORTES

MARCOS BALAGUER

AVALIAÇÃO ESTRUTURAL DE UM PAVIMENTO FLEXÍVEL

EXECUTADO EM ASFALTO-BORRACHA ELABORADO PELO

PROCESSO DE PRODUÇÃO CONTÍNUA EM USINA

Rio de Janeiro

2012

2

INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA

MARCOS BALAGUER

AVALIAÇÃO ESTRUTURAL DE UM PAVIMENTO FLEXÍVEL

EXECUTADO EM ASFALTO-BORRACHA, ELABORADO PELO

PROCESSO DE PRODUÇÃO CONTÍNUA EM USINA

Dissertação de Mestrado apresentada ao Curso de Mestrado em Engenharia de Transportes do Instituto Militar de Engenharia, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Ciências em Engenharia de Transportes.

Orientadores: Prof. Antônio Carlos Rodrigues Guimarães - D.Sc. e Prof. Ben-Hur de Albuquerque e Silva - D.Sc.

3

Rio de Janeiro

2012

c 2012

INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA

Praça General Tibúrcio, 80 – Praia Vermelha

Rio de Janeiro - RJ CEP: 22290-270

Este exemplar é de propriedade do Instituto Militar de Engenharia, que poderá

incluí-lo em base de dados, armazenar em computador, microfilmar ou adotar

qualquer forma de arquivamento.

É permitida a menção, reprodução parcial ou integral e a transmissão entre

bibliotecas deste trabalho, sem modificação de seu texto, em qualquer meio que

esteja ou venha a ser fixado, para pesquisa acadêmica, comentários e citações,

desde que sem finalidade comercial e que seja feita a referência bibliográfica

completa.

Os conceitos expressos neste trabalho são de responsabilidade do autor e

dos orientadores.

620.1 Balaguer, Marcos. B171a Avaliação estrutural de um pavimento flexível executado em Asfalto-

Borracha, elaborado pelo Processo de Produção Contínua em Usina / Marcos Balaguer; orientado por Antônio Carlos Rodrigues Guimarães, Ben-Hur de Albuquerque e Silva. – Rio de Janeiro: Instituto Militar de Engenharia, 2012.

193 p.: il.

Dissertação (mestrado). – Instituto Militar de Engenharia. – Rio de Janeiro, 2012.

1. Engenharia de Transportes – teses, dissertações. 2. Mecânica dos Pavimentos. 3. Asfalto-borracha. 4. Processo de Produção. I. Guimarães, Antônio Carlos Rodrigues. II. Silva, Ben-Hur de Albuquerque. III. Título. IV. Instituto Militar de Engenharia.

CDD 620.1

4

INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA

MARCOS BALAGUER

AVALIAÇÃO ESTRUTURAL DE UM PAVIMENTO FLEXÍVEL

EXECUTADO EM ASFALTO-BORRACHA, ELABORADO PELO

PROCESSO DE PRODUÇÃO CONTÍNUA EM USINA

Dissertação de Mestrado apresentada ao Curso de Mestrado em Engenharia de Transportes do Instituto Militar de Engenharia, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Ciências em Engenharia de Transportes.

Orientadores: Prof. Antonio Carlos Rodrigues Guimarães, D. Sc. Prof. Ben-Hur de Albuquerque e Silva, D. Sc.

Aprovada em 07 de julho de 2012 pela seguinte Banca Examinadora:

__________________________________________________________ Prof. Antonio Carlos Rodrigues Guimarães, D.Sc., IME - Presidente

__________________________________________________________ Prof. Ben-Hur de Albuquerque e Silva, D.Sc., IME

_____________________________________________________ Profª. Maria Esther Soares Marques, D.Sc., IME

_________________________________________________________ Profª. Laura Maria Goretti da Motta, D.Sc., COPPE/UFRJ

________________________________________________________ Leni Figueiredo Mathias Leite, D.Sc., CENPES/Petrobras

5

Rio de Janeiro

2012

6

Dedico este trabalho aos meus pais, pelo apoio e

incentivo ao longo da vida, aos meus filhos Diogo

e Daniela e à minha companheira Andréa, pelo

apoio e compreensão.

7

AGRADECIMENTOS

Aos meus pais Alberto da Cunha Balaguer (in memoriam) e Magdá Mello

Balaguer; aos meus filhos Diogo e Daniela; e à minha companheira Andréa.

Ao Yoga e seus mestres, cuja doutrina me ajudam a forjar um espírito mais

perseverante e resistente.

Aos meus orientadores Major Antônio Carlos Rodrigues Guimarães e Major Ben-

Hur Albuquerque e Silva, pelos ensinamentos ao longo de todo o curso,

principalmente durante a fase experimental da pesquisa e também pela amizade e

paciência durante a construção desta dissertação.

Ao Presidente da Fundação DER-RJ, Henrique Alberto Santos Ribeiro, por

incentivar o aprimoramento profissional.

Ao colega Ângelo Monteiro Pinto, Diretor da Diretoria de Obras e Conservação

da Fundação DER-RJ, por disponibilizar os dados do projeto de restauração da RJ-

122, origem desse trabalho, e autorizar, tanto a coleta de materiais, quanto a minha

participação nos ensaios executados no laboratório da obra, fundamentais no

desenvolvimento desta dissertação.

Aos professores do Curso de Mestrado em Infraestrutura dos Transportes do

IME, pelos ensinamentos transformadores.

À equipe da PG do IME, especialmente ao Sargento Oazen, pela ajuda nas

questões administrativas.

Aos colegas de mestrado do IME, turmas de 2009 e 2010, especialmente à

colega Adriana Oliveira, pela ajuda na forma final da dissertação.

Ao técnico Jorge Paixão, do Laboratório de Misturas Asfálticas; e ao Professor

Salomão Pinto, do Instituto Militar de Engenharia/IME, pela ajuda na execução dos

ensaios e camaradagem no dia a dia do laboratório.

À engenheira Ana Maria, da COPPE, pelo tratamento gentil e simpático; e aos

Técnicos do Laboratório Professor Jaques de Medina, em especial ao Rodrigo, pela

presteza na realização dos ensaios de MR e RT.

Ao engenheiro Celso Medeiros da Dynatest, pela troca de experiências; aos

técnicos do laboratório da Dynatest, em especial ao Roque, pela ajuda na coleta dos

materiais para ensaios.

8

Nossa experiência é cheia de enigmas e

contradições.

Nossas suposições cotidianas nos impedem de ver

esses enigmas e contradições.

Devemos…

… deixar de lado nossas suposições cotidianas.

… reaprender a examinar nossa experiência.

A fim de ver o mundo, temos de romper com nossa

aceitação habitual.

Maurice Merleau-Ponty (1908-1961)

9

SUMÁRIO

LISTA DE ILUSTRAÇÕES................................................................................. 11

LISTA DE TABELAS ......................................................................................... 15

LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS....................................................... 17

LISTA DE EQUAÇÕES...................................................................................... 24

1 INTRODUÇÃO..........................................................................................

.............................................................................................

27

1.1 Considerações iniciais .............................................................................. 27

1.2 Objetivo .................................................................................................... 30

1.3 Justificativa e relevância .......................................................................... 30

1.4 Estrutura da dissertação .......................................................................... 31

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA....................................................................

........................................................................

33

2.1 O Pavimento ............................................................................................ 33

2.2 Principais fatores de degradação dos pavimentos .................................. 33

2.2.1 Trincamento por fadiga ........................................................................... 34

2.2.2 Deformação permanente ......................................................................... 36

2.2.3 Excesso de carga .................................................................................... 37

2.2.4 Envelhecimento do ligante ...................................................................... 38

2.3 Ligantes Asfálticos .................................................................................. 40

2.3.1 Classificação dos ligantes e ensaios correntes ....................................... 42

2.3.2 Modificadores de Ligantes – Polímeros...................................................

..........................................................................

47

2.4 Agregados ............................................................................................... 48

2.5 Misturas asfálticas ................................................................................... 49

2.5.1 Propriedades mecânicas das Misturas Asfálticas....................................

.................................................................................................

53

2.5.1.1 Estabilidade Marshall .............................................................................. 53

2.5.1.2 Dano por umidade induzida .................................................................... 53

2.5.1.3 Resistência à tração por compressão diametral ..................................... 54

2.5.1.4 Módulo de resiliência ou resiliente .......................................................... 54

2.5.1.5 Resistência à fadiga ................................................................................ 56

2.5.1.6 Deformação permanente ......................................................................... 58

2.6 Análise numérica de pavimentos – Sispav .............................................. 59

2.7 Simuladores de Tráfego .......................................................................... 60

10

3 MISTURAS ASFÁLTICAS MODIFICADAS COM BORRACHA.............

................

64

3.1 O descarte de pneus ............................................................................... 64

3.2 Legislação ambiental ............................................................................... 66

3.3 Breve histórico do uso do AMB ............................................................... 67

3.4 Benefícios da utilização da borracha nas propriedades do ligante ......... 67

3.5 Métodos de incorporação da borracha ao ligante ................................... 71

3.5.1 Processo Úmido ...................................................................................... 72

3.5.1.1 Mistura Contínua em Usina......................................................................

.........................................................................

73

3.5.1.2 Terminal Blend ........................................................................................ 76

3.5.2 Forma de produção pelo processo seco (Via Seca) ............................... 78

3.6 O uso de diluentes (óleo extensor) na mistura ........................................ 79

3.7 Processos de moagem da borracha ....................................................... 80

3.7.1 Processo Ambiente ................................................................................. 80

3.7.2 Processo Criogênico ............................................................................... 82

3.7.2.1 Etapas do processo de trituração criogênico........................................... 82

3.8 Experiência Brasileira Utilizando o Asfalto Borracha pelo processo de

produção Continuous Blend ..............................................................................

4 Produção Continuous Blend..................................................................... 84

3.9 Experiência Americana Utilizando Asfalto Borracha................................

.......................................................................................

..........................................................................

85

4 APRESENTAÇÃO DO PROJETO DE RESTAURAÇÃO DA

.................................... ..........................................................................

RODOVIA RJ-122.................................................................................... 88

4.1 Introdução................................................................................................

..............................................................................................

88

4.1.1 Identificação da rodovia (Sistema Rodoviário Estadual).......................... 88

4.1.2 Localização.............................................................................................. 89

4.2 Dados Coletados para o Projeto..............................................................

....................................................................................

...................................................................................

90

4.2.1 Tráfego.....................................................................................................

.........................................................................

91

4.2.2 Avaliação Funcional.................................................................................

..........Localização..............................................................................................

...............................................................................................

95

4.2.3 Avaliação Estrutural.................................................................................

anual...................................................................................

98

4.3 Dimensionamento proposto para a restauração ..................................... 99

4.4 Critérios adotados para a seleção de materiais ...................................... 101

4.4.1 Agregados ............................................................................................... 101

4.4.2 Borracha de pneus .................................................................................. 103

4.4.3 Misturas asfálticas ................................................................................... 105

4.5 Controle do processo de produção tecnológica ...................................... 106

4.6 Usina utilizada para produção do AMB ................................................... 107

11

4.7 Estimativa do número de pneus usados na obra..................................... 110

4.8 Redução de espessura em pavimentos que utilizam misturas com

asfalto-Borracha ..................................................

114

Asfalto-Borracha

5 MATERIAIS E METODOS....................................................................... 116

5.1 Introdução................................................................................................ 116

5.2 Fluxograma das etapas do trabalho ........................................................ 117

5.2.1 Análise do Projeto ................................................................................... 118

5.2.2 Coleta de materiais granulares asfálticos ............................................... 118

5.2.3 Caracterização dos materiais .................................................................. 118

5.2.4 Caracterização Superpave ...................................................................... 118

5.2.5 Avaliação numérica da estrutura do Pavimento.......................................

.............................................................

119

5.2.6 Ensaio Acelerado em escala real – HVS................................................

.........................................................................

119

5.2.7 Monitoramento do Trecho Experimental.................................................. 119

5.3 Ensaios executados ................................................................................ 120

5.4 Procedimentos para preparação dos corpos de prova usados nos

...........................

Ensaios Mecânicos.................................................................................. 120

5.5 Coleta dos materiais ................................................................................ 121

5.6 Simulação acelerada de tráfego – HVS .................................................. 123

6 RESULTADOS OBTIDOS ...................................................................... 126

6.1 Materiais Escavados................................................................................ 125

6.2 Agregados ............................................................................................... 128

6.2.1 Ensaio de densidade real e aparente do agregado ................................ 132

6.2.2 Ensaio de Perda por abrasão Los Angeles ............................................. 132

6.2.3 Ensaio de Granulometria do Agregado após Extração de ligante

................................

133

6.2.4 Avaliação dos agregados utilizados ........................................................ 136

6.3 Borracha de pneus .................................................................................. 136

6.4 Ligantes asfálticos modificados com borracha ........................................ 140

6.4.1 Caracterização do ligante modificado ..................................................... 141

6.4.2 Recuperação elástica .............................................................................. 146

6.4.3 Caracterização Superpave ...................................................................... 147

6.4.4 Correlação entre os parâmetros Jnr ,e G*/senδ com a Deformação

Permanente.............................................................................................. 149

6.5 Caracterização do Ligante Convencional.................................................

...............................................................................

152

12

6.6 Misturas asfálticas Modificadas - Gap e Open.........................................

............................................................

153

6.6.1 Propriedades volumétricas das Misturas Asfálticas Modificadas com

......................................................................

153

Borracha...................................................................................................

6.6.2 Caracterização mecânica das misturas asfálticas modificadas...............

........................................................................

155

6.6.2.1 Ensaio de Módulo Resiliente e Resistência à Tração..............................

.................................................................................

156

6.6.2.2 Determinação da vida de fadiga das misturas ........................................ 161

6.7 Capacidade do Simulador de Tráfego utilizado na RJ-122...................... 163

6.7.1 Ensaio com HVS no segmento monitorado.............................................

.....................................................................................

163

7 AVALIAÇÃO NUMÉRICA DO COMPORTAMENTO ESTRUTURAL

DO PAVIMENTO ATRAVÉS DO PROGRAMA SISPAV........................ ...................................................................

168

7.1 Levantamentos deflectométricos no segmento monitorado..................... 174

7.1.1 Determinação das bacias de cálculo ....................................................... 174

7.2 Análise 3D do pavimento utilizando o programa EFin 3D........................

................................................................

176

8 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES.................................................. 183

8.1 Conclusões .............................................................................................. 183

8.2 Sugestões para futuros trabalhos ........................................................... 184

9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................... 186

13

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIG. 2.1 Trincas de fadiga da Rodovia RJ-122 ................................................

35

FIG. 2.2 Redução da vida útil causada pela sobrecarga por eixo ...................

38

FIG. 2.3 Envelhecimento do ligante asfáltico (TONIAL, 2001).. .....................

39

FIG. 2.4 Vista geral do Simulador de tráfego (HVS) usado na RJ-122...........

61

FIG. 2.5 Vista da pista no interior do Simulador HVS – RJ-122......................

62

FIG. 2.6 Treliça para medir o afundamento – RJ-122.....................................

62

FIG. 2.7 Simulação de chuva com espargimento d’água através de mangueiras

RJ-122................................................................................................

63

FIG. 2.8 Detalhe dos Sensores contadores das passagens de roda no HVS – RJ-

122......................................................................................................

63

FIG. 3.1 Depósito de Pneus nos EUA.............................................................

65

FIG. 3.2 Disposição de pneu irreversível em um mangue de Aracaju............

65

FIG. 3.3 Incêndio de 6 milhões de pneus – Califórnia, USA...........................

66

FIG. 3.4 Porcentagem de trincas versus idade de serviço em AMB e HMA...

69

FIG. 3.5 Composição dos pneus radiais para automoveis..............................

70

FIG. 3.6 Esquema de produção do Ligante asfalto-borracha CB....................

75

FIG. 3.7 Esquema de produção do AMB pelo processo CB...........................

76

14

FIG. 3.8 Aspecto do ligante / TB ...................................................................

78

FIG. 3.9 Aspecto do ligante / CB ...................................................................

78

FIG. 3.10 Pneus já sem os talões de aço, prontos para trituração...................

80

FIG. 3.11 Linha de produção pelo processo de moagem – Ambiente na empresa

Ecobalbo.............................................................................................

81

FIG. 3.12 Aspiração do nylon extraído dos pneus na moagem........................

81

FIG. 3.13 Borracha moída embalada em sacos de 1.000kg.............................

82

FIG. 3.14 Esquema de Trituração pelo processo..............................................

83

FIG. 3.15 Custos de manutenção por milha de pista (USA $)..........................

87

FIG. 4.1 Mapa de Localização da RJ-122 ......................................................

89

FIG. 4.2 km 24,5 - Trincas tipo couro de jacaré na RJ-122 ............................

96

FIG. 4.3 km 19 – Borda lateral da Pista com acúmulo de água de chuva .....

97

FIG. 4.4 km 24,5 – acostamento da pista encharcado após chuva................

97

FIG. 4.5 km 24-9 - Trincas com destacamento de bloco.................................

97

FIG. 4.6 Deflectometria do segmento monitorado...........................................

98

FIG. 4.7 Seção Transversal do projeto de restauração dos 35,9km de

extensão..................................................................................................100

FIG. 4.8 Distribuição granulométrica da borracha ..........................................

104

15

FIG. 4.9 Grão intermediário de borracha.........................................................

105

FIG. 4.10 Operário da Dynatest extraindo amostras da pista com sonda rotativa na

estaca 1408, dentro do segmento monitorado...................................

107

FIG. 4.11 Figura esquemática da usina de produção ......................................

108

FIG. 4.12 Vista da usina UACF 17 P-2 (Ciber) da RJ-122................................

109

FIG. 4.13 Borracha moída sendo adicionada ao tanque de mistura ................

110

FIG. 4.14 Esquema de Alimentação da máquina trituradora de pneus para a

composição da borracha moída desta obra .....................................

110

FIG. 4.15 Seção transversal esquemática da restauração ..............................

111

FIG. 4.16 Figura ilustrativa da proporção de pneus usados segundo

Edel (2002) .......................................................................................

113

FIG. 4.17 Alimentação inicial da máquina de moagem de pneus ....................

113

FIG. 5.1 Perfil longitudinal do trecho monitorado ...........................................

116

FIG. 5.2 Fluxograma das etapas do trabalho .................................................

117

FIG. 5.3 Relação dos ensaios e locais onde foram feitos...............................

120

FIG. 5.4 Coleta do Ligante Modificado no Extravasor do Combo...................

122

FIG. 5.5 Aferição / Calibragem da carga do eixo............................................

124

FIG. 6.1 Recolhimento de agregados na pilha de peneiramento primário no

canteiro de obrasda RJ-122...............................................................

129

16

FIG. 6.2 Recolhimento de agregados para ensaio (silo frio), no canteiro de obras

da RJ-122 ..........................................................................................

129

FIG. 6.3 Coleta de agregados no secador (silo quente) .................................

130

FIG. 6.4 Ensaio de granulometria após extração do ligante ..........................

130

FIG. 6.5 Aspecto dos agregados antes e após ensaio Los Angeles...............

131

FIG. 6.6 Aspecto de amostra lamelar dos agregados – Pedreira Morro

Grande................................................................................................

131

FIG. 6.7 Enquadramento granulométrico da mistura GAP GRADED.............

135

FIG. 6.8 Enquadramento granulométrico da mistura OPEN GRADED...........

136

FIG. 6.9 Gráfico do Enquadramento granulométrico das amostras de borracha

moída deste estudo ...........................................................................

138

FIG. 6.10 Aspecto da borracha moída utilizada nesta pesquisa.......................

139

FIG. 6.11 Ensaio Granulométrico da borracha moída utilizada nesta

pesquisa.............................................................................................

139

FIG. 6.12 Equipamento misturador de AMB no Laboratório Dynatest..............

141

FIG. 6.13 Mistura da borracha ao ligante no laboratório da obra......................

141

FIG. 6.14 Consistência do ligante modificado ..................................................

144

FIG. 6.15 Viscosidade versus Tempo de Reação.............................................

145

FIG. 6.16 Influência da porcentagem de borracha nas propriedades do LMB..

146

17

FIG. 6.17 Recuperação elástica – asfalto convencional versus modificado.....

147

FIG. 6.18 Resultados da deformação permanente no ensaio com equipamento ALF

do FHWA...........................................................................................

150

FIG. 6.19 Comparação Gráfica entre parâmetros Jnr (kPa-1) do ensaio MSCR do

FHWA (2001) com o resultado do ensaio com o ligante produzido na

RJ-122...............................................................................................

150

FIG. 6.20 Comparação Gráfica entre parâmetros G*/senδ (kPa) a 64ºC, do ensaio

do FHWA (2011) com o resultado do ensaio com o ligante produzido na

RJ-122 ..............................................................................................

151

FIG. 6.21 Resultados da deformação permanente na I-55/USA.......................

152

FIG. 6.22 Vistas do Ensaio de MR feito no laboratório do IME ........................

156

FIG. 6.23 Vistas do Ensaio de MR feito no laboratório do IME ........................

156

FIG. 6.24 Resultado comparativo de RT entre as misturas estudadas nesta

Pesquisa............................................................................................

160

FIG. 6.25 Vida de Fadiga x Diferença de tensões da amostra OG em estudo.

162

FIG. 6.26 Vida de Fadiga x Deformação Específica Resiliente da amostra OG em

estudo ...............................................................................................

162

FIG. 6.27 Deflexão medida dentro do HVS com VB, no segmento monitorado

deste

estudo ...............................................................................................

165

FIG. 6.28 Afundamento na trilha de roda medida com Viga Benkelman (VB) no

segmento monitorado desse estudo ................................................

166

18

FIG. 6.29 Valores de macrotextura medida com mancha de areia, no segmento

monitorado desse estudo..................................................................

167

FIG. 6.30 Micro rugosidade medida com Pêndulo Britânico, no segmento

monitorado desse estudo .................................................................

167

FIG. 7.1 Tela com a análise de vida de projeto da RJ-122.............................

169

FIG. 7.2 Tela com dados de tráfego da RJ-122..............................................

169

FIG. 7.3 Tela com dados pluviométricos da RJ-122.......................................

170

FIG. 7.4 Tela com modelo de fadiga de misturas asfálticas usado ................

170

FIG. 7.5 Tela com o modelo de comportamento para deflexões admissíveis.

171

FIG. 7.6 Tela com o modelo de comportamento para deformação permanente

de

mistura asfáltica.................................................................................

171

FIG. 7.7 Tela com o modelo de comportamento para tensão no topo do

subleito..............................................................................................

172

FIG. 7.8 Tela com o resultado para o dano acumulado relativo à fadiga na base

da

camada de GG (eixo x) ....................................................................

172

FIG. 7.9 Tela com o resultado para o dano acumulado relativo à fadiga na base

da

camada de GG (eixo y) ....................................................................

173

FIG. 7.10 Tela com o resultado do dano acumulado relativo à deflexão máxima

na

19

superfície da camada de GG ..........................................................

173

FIG. 7.11 Tela com resultado para o dano acumulado relativo à tensão máxima

no

topo da camada de GG ....................................................................

174

FIG. 7.12 Comparação entre bacias deflectométricas antes e após a obra no

segmento monitorado .......................................................................

176

FIG. 7.13 Configuração do estado de tensões no ponto a em (x; y; 7cm), ou seja,

na base da camada de GG...............................................................

177

FIG. 7.14 Variação da tensão nas 3 direções...................................................

178

FIG. 7.15 Determinação da vida de fadiga da Camada de Open Graded........

179

FIG. 7.16 Dados das espessuras das camadas asfálticas e seus MR.............

180

FIG. 7.17 Dados da configuração do carregamento adotado...........................

180

FIG. 7.18 Malha de elementos finitos calculada................................................

181

FIG. 7.19 Tela do Resultado do cálculo da análise 3D.....................................

181

20

LISTA DE TABELAS

TAB. 3.1 Redução de ruído: Asfalto-borracha X Asfalto Convencional...........

71

TAB. 3.2 Comparação das propriedades físicas das borrachas moídas nos

processos Ambiente e Criogênico ....................................................

83

TAB. 4.1 Número de eixos equivalentes..........................................................

92

TAB. 4.2 Cálculo do N acumulado para 20 anos ............................................

92

TAB. 4.3 Metodologia para determinação dos pesos equivalentes para cada

eixo....................................................................................................

93

TAB. 4.4 N Calculado pela metodologia DNIT, a partir dos pesos medidos nos

postos de pesagem ..........................................................................

94

TAB. 4.5 N Calculado pela metodologia DNIT, considerando os pesos limite da

Lei

da balança.........................................................................................

95

TAB. 4.6 Critérios de Seleção – Gap Graded .................................................

102

TAB. 4.7 Granulometria exigida - Gap Graded ...............................................

102

TAB. 4.8 Critérios de seleção - Open Graded .................................................

103

TAB. 4.9 Granulometria exigida - Open Graded..............................................

103

TAB. 4.10 Critérios de dosagem – Gap Graded ................................................

106

TAB. 4.11 Critérios de dosagem – Open Graded ..............................................

106

21

TAB. 4.12 Cálculo da quantidade de pneus utilizados na RJ-122.....................

112

TAB. 4.13 Valores de espessuras recomendadas pelo CALTRANS (1992) e a

posição apresentada no trabalho de Fontes et al. .........................

115

TAB. 5.1 Temperaturas ...................................................................................

123

TAB. 6.1 Resultados do Controle de compactação da camada de base ........

127

TAB. 6.2 Resultados do Controle de compactação - camada de sub-leito......

128

TAB. 6.3 Densidade dos Agregados / ensaiados no Laboratório do IME........

132

TAB. 6.4 Perda por abrasão Los Angeles – Pedreira Morro Grande ..............

132

TAB. 6.5 Granulometria após extração do ligante / Gap Graded....................

134

TAB. 6.6 Granulometria após extração do ligante / Open Graded ..................

134

TAB. 6.7 Correção dos teores de ligantedas misturas GG e OG.....................

134

TAB. 6.8 Enquadramento granulométrico da borracha moída deste estudo...

137

TAB. 6.9 Comparação das Propriedades dos ligantes Modificados com

borracha............................................................................................

143

TAB. 6.10 Estudo de viscosidade com diferentes concentrações de borracha

moída ...............................................................................................

144

TAB. 6.11 Tabela com os resultados da caracterização Superpave do ligante

modificado.........................................................................................

148

TAB. 6.12 Caracterização do ligante CAP 30/45 utilizado nesse estudo...........

153

22

TAB. 6.13 Características Marshall das camadas de GG e OG – segmento

monitorado da RJ-122 desta pesquisa ............................................

155

TAB. 6.14 Valores dos ensaios MR e RT (COPPE e IME, 2011)......................

159

TAB. 6.15 Comparando MR e RT de misturas variadas....................................

160

TAB. 6.16 Características de fadiga a tensão controlada das misturas estudadas

neste trabalho comparada a uma mistura convencional...................

162

TAB. 6.17 Operações equivalentes simuladas com HVS no trecho monitorado

desta

pesquisa............................................................................................

164

TAB. 7.1 Média das Deflexões nos dois períodos dentro do segmento

monitorado.........................................................................................

174

TAB. 7.2 Estudo Estatístico das Deflexões medidas a cada 40 metros, no

Segmento monitorado – antes da obra ............................................

175

TAB. 7.3 Estudo Estatístico das Deflexões medidas a cada 20 metros, no

Segmento monitorado – após da obra .............................................

175

TAB. 7.4 Tensões ao longo da espessura do Pavimento ...............................

177

23

LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS

ABREVIATURAS

AASHTO - American Association of State Highway and Transportation

Officials

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas

ABPv - Associação Brasileira de Pavimentação

ADOT - Arizona Department of Transportation

AI - Asphalt Institute

AMB - Asfalto Modificado com Borracha

APA - Asphalt Pavement Analyzer

AR-AC - Asphalt Rubber Asphalt Concrete

ARHM-GG - Asphalt Rubber Hot Mix – Gap Graded

ASTM - American Society for Testing and Materials

ATR - Afundamento de trilha de roda

B - Constante ou coeficiente experimental

B - Parâmetro de regressão

B - Espessura de base

CALTRANS - California Department of Transportation

CAP - Cimento Asfáltico do Petróleo

CAUQ - Concreto Asfáltico Usinado a Quente

CB - Continuous blend

CBR - California Bearing Ratio (Índice de Suporte Califórnia)

CBUQ - Concreto Betuminoso Usinado a Quente

CENPES - Centro de Pesquisas da Petrobrás

CGS - Sistema Centímetro-Grama-Segundo

CNT - Confederação Nacional do Transporte

CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente

CONSULPAV - Empresa consultora responsável pelo projeto da RJ-122

CRM - Crumb Rubber Modifier

DA - Densidade aparente

DMT - Densidade máxima teórica

d e D - Malhas de abertura de peneiras

deq - Diâmetro equivalente

24

D - Deslocamento

D - Diâmetro médio da mancha de areia

DC - Crescimento do comprimento da fenda

DN - Ciclo de carga

DGAC - Dense Graded Asphalt Concrete

DNER - Departamento Nacional de Estradas de Rodagem

DNIT - Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes

DSR - Dynamic Shear Rheometer

DTT - Direct Tension Test

e - Espessura do corpo de prova

e - Número neperiano

E - Módulo de Rigidez

E - Módulo dinâmico

E* - Módulo complexo ou módulo complexo de rigidez

|E*| - Valor absoluto do módulo complexo, também denominado de

módulo dinâmico

E∞ - Módulo puramente elástico

E1 - Componente real do módulo complexo

E2 - Componente imaginária do módulo complexo

EA - Equivalente de areia

ESAL - Equivalent Simple Axle Loads

EM - Especificação de material

EM - Especificação Nacional

ES - Especificação de serviço

EVA - Ethylene Vinyl Acetate

F - Força

FC - Fator de carga

FC-1 - Trincas com abertura superior à das fissuras e menores que 1,0

mm

FC-2 - Trincas com abertura superior a 1,0 mm e sem erosão nos

bordos

FC-3 - Trincas com abertura superior a 1,0 mm e com erosão nos

bordos

Fr - Frequência

25

FR - Fator climático regional

FR60 - Valor do atrito FRS à velocidade de 60 km/h

FR - Medida do atrito (microtextura)

FV - Fator de veículos

FDOT - Florida Department of Transportation

FHWA - Federal Highway Administration

FWD - Falling Weight Deflectometer

G - Módulo de relaxação por corte

G' - Módulo de armazenamento

G'' - Módulo dissipativo ou de perda

G* - Módulo de corte complexo

Hn - Espessura de camada do pavimento com CBR = n

H - Profundidade da camada

Hm - Espessura total de pavimento necessária para proteger um

material

Ht - Espessura total do pavimento necessária para proteger o solo

de fundação

H20 - Espessura de pavimento sobre a sub-base

HVS - Heavy Vehicle Simulator

HMA - Hot Mix Asphalt

IBP - Instituto Brasileiro do Petróleo

IST - Índice de susceptibilidade térmica

Jnr - Parâmetro Superpave relacionado à Deformação Permanente

K - Fator de intensidade de tensão

K - Extensão para a vida de fadiga de 1 milhão de ciclos

K - Módulo de relaxação volumétrico

K∞ - Módulo volumétrico, associado a um carregamento de duração

infinita

kTR - Fator de intensidade de tensão

KTR - Potencial de trincamento do pavimento

K1, K2 - Constantes experimentais

LMB - Ligante Modificado com Borracha

L - Comprimento da amostra

Le - Comprimento efetivo

26

M - Variação em massa

MB - Macadame betuminoso em camada de base

MDB - Mistura betuminosa densa em camada de regularização

ME - Método de ensaio

m - Módulo de relaxação (creep rate)

m - Constante experimental

Ma - Massa do material agregado

Mv - Massa de vazios (ar)

MR - Módulo Resiliente

MSCR - Multiple Stress Creep Recovery – Ensaio Superpave

N - Número de repetições do eixo simples padrão de 80 kN

N - Vida previsível de reforço

NAEP - Número acumulado de eixo padrão

Ni - Número de aplicações até à ruína de tensão σi ou extensão εi

Nf - Resistência à fadiga, representada pelo número de ciclos

NDOT - Nevada Department of Transportation

p - Percentagem de material que passa

P - Carga do rodado ou carregamento

PA - Ponto de amolecimento

PEN - Penetração

PG - Performance Grade

PI - Índice de penetração

PI - Propriedades dos materiais constituintes

Pi+1 - Novas propriedades dos materiais constituintes

PAV - Pressure Aging Vessel

PCG - Prensa de corte giratório

PRO - Procedimento

RCD - Reflective Cracking Device

R - Espessura de revestimento

RBV - Relação betume vazio

RTFOT - Rolling Thin-Film Oven Test

RRT - Resistência residual à tracção

R.T - Relatório Técnico

RUMAC - Rubber-Modified Asphalt Concrete

27

S - Rigidez

S - Amplitude do carregamento aplicado

S0 - Rigidez inicial

SbG - Sub-base granular

Si - Esforços

SAM - Stress Absorving Membrane

SAMI - Stress Absorving Membrane Interlayer

SBR - Styrene Butadiene Rubber

SBS - Styrene Butadiene Copolymer

SHRP - Strategic Highway Research Program

SI - Sistema Internacional

SGC - Compactador giratório SUPERPAVE

SUPERPAVE - Superior Performing Asphalt Pavement

t - Tempo

t - Período de projeto

T - Temperatura dos materiais

Tar - Temperatura do ar

TD - Tempo de digestão

TR - Temperatura de referência

Tmáx - Temperatura máxima do pavimento medida em 7 dias

consecutivos

Tmín - Temperatura mínima do pavimento

Tx - Macrotextura

TxDOT - Texas Department of Transportation

TB - Terminal Blend

TFOT - Thin Film Oven Test

USA - United States of America (Estados Unidos)

USACE - United States Army Corps of Engineers

V - Volume de areia padrão

VAM - Volume de vazios no agregado mineral

Vv - Volume de vazios

VMD - Volume médio diário de veículos que passam na faixa da via

mais solicitada

WT - Wheel Tracking

28

SÍMBOLOS

Su - Resistência não-drenada ao cisalhamento

cv - Coeficiente de adensamento vertical

eo - Índice de vazios

a - Atividade

LC - Limite de Contração

LP - Limite de Plasticidade

LL - Limite de Liquidez

IP - Índice de Plasticidade

c - Coesão

H - Altura da palheta

D - Diâmetro da Palheta

T - Máximo Valor Medido do Torque

qc - Resistência de ponta medida no ensaio de cone

u - Poropressão

P - Força por Unidade de Comprimento Atuando em

um Cilindro

d - Diâmetro do Cilindro

Nb - Fator de Barra

Eo - Módulo de Young

Kn - Rigidez de Contato Normal

Ks - Rigidez de Contato Cisalhante

Kn - Rigidez Normal

un - Sobreposição dos Elementos

cn - Amortecimento Normal

Fn - Força de Contato na Direção Normal

vt ct - Parcela de Amortecimento na Direção Tangencial

vt - Velocidade Relativa Tangencial

Kt - Rigidez Tangencial

σ'vm - Tensão de sobreadensamento

τf - Resistência ao cisalhamento

σ - Tensão normal no plano de ruptura

29

φ - Ângulo de Atrito Interno do Solo

σ3 - Tensão de confinamento ou tensão confinante

σ1 - Tensão desvio

fS - Resistência por atrito lateral do cone

α - Fator de adesão

φpico - Ângulo de Atrito Interno de Pico

φres - Ângulo de Atrito Interno Residual

ψpico - Ângulo de Dilatância de Pico

µ - Ângulo de Atrito entre os Elementos

v - Coeficiente de Poisson

βr - Coeficiente de Rigidez de Rolamento

ηr - Coeficiente de Rolamento Elástico Limite

σE - Tensão de Escoamento

εr - Deformação Longitudinal Específica de Ruptura

30

LISTA DE EQUAÇÕES

EQ. 2.1 Equação geral do Módulo Resiliente .................................................. 54

EQ. 2.2 Equação de Fadiga por Diferença de tensões ………………………..

57

EQ. 2.3 Equação de Fadiga por Tensão de tração …………………………...... 57

EQ. 2.4 Equação de Fadiga por Deformação de tração inicial ………………..

57

EQ. 4.1 Conversão dos pesos dos veículos para eixos de 86KN ...................

91

EQ. 7.1 Cálculo do raio de curvatura...............................................................

174

EQ. 7.2 Cálculo da Diferença de tensões por diferença vetorial......................

178

31

RESUMO

Nesta dissertação, foi feita uma avaliação estrutural de um segmento de 300 metros, denominado “Segmento Monitorado”, que é parte integrante da obra de restauração do pavimento da RJ-122, rodovia com extensão total de 35,9 km, pertencente à malha rodoviária da Fundação DER-RJ. A restauração do segmento monitorado foi executada em asfalto-borracha pelo processo de produção Contínua em Usina, também chamado de Continuous Blend, Just in Time ou Field Blend. Tal processo de produção caracteriza-se por produzir um ligante modificado com borracha com alta viscosidade e por ser fabricado no próprio canteiro (produção “in situ”), atendendo ao ritmo de execução da obra. Essa avaliação estrutural tem o objetivo de desenvolver um modelo futuro de previsão de desempenho para rodovias com características semelhantes. A restauração em pauta constituiu a primeira experiência nacional com esse processo de produção de ligante modificado com borracha, o que atribui caráter inovador à obra. Além do fator inovação, o processo de produção contínua em usina, associa um forte apelo na questão da preservação ambiental pelo uso de pneus inservíveis em sua produção, pois tal iniciativa resulta na retirada de inúmeras carcaças de pneus que contaminam o meio ambiente. Entretanto, não bastaria que uma solução fosse simplesmente pioneira e ambientalmente correta caso não houvesse um ganho de qualidade nas características mecânicas do asfalto e não fosse uma solução economicamente viável que resultasse no aumento da vida útil do pavimento, o que ficou comprovado no uso dessa técnica nas últimas décadas, principalmente em países como Estados Unidos, Portugal e África do Sul.

Para a produção do Asfalto-Borracha da restauração da RJ-122, foi utilizado o CAP30-45 e a borracha de pneus foi obtida pelo processo de moagem em temperatura Ambiente. Serão apresentados nesse trabalho os resultados dos ensaios de avaliação do comportamento mecânico das misturas asfálticas modificadas com borracha, tais com MR, RT e fadiga, além da caracterização reológica tradicional e Superpave do ligante produzido. Fez-se também a simulação numérica do comportamento estrutural e previsão do desempenho do pavimento, utilizando-se o programa SisPav. Os resultados dos ensaios e da avaliação numérica mostraram que tanto o ligante asfáltico quanto as misturas asfálticas, apresentaram bom comportamento. A vida útil do pavimento calculada pelo Programa Sispav mostrou-se compatível com aquela projetada pela consultoria contratada pela Fundação DER-RJ, e também comprovado através dos ensaios acelerados realizados com o simulador de tráfego (HVS).

32

ABSTRACT

In this work was made a structural evaluation of a 300 meters segment, called Segment Monitored which is part of the restoration work of RJ-122, highway with a total length of 35.9 km, belonging to the Fundação DER-RJ. The restoration of the monitored segment was made on asphalt rubber by Continuous Blend production process, also called Field Blend. This production process is characterized by producing a binder with high viscosity and be fabricated on the construction site ("in situ"), according to the needs and pace of construction work. This structural evaluation aims to develop a model to predict future performance for roads with similar characteristics. The restoration in question was the first national experience with this process of production of asphalt rubber, which gives an innovative character to work. Besides the innovation factor, the CB process combines a strong appeal on the issue of environmental preservation by the use of scrap tires in its production, because this initiative results in the removal of numerous scrap tires from the environment. However, it is not enough that a solution be simply pioneer and environmentally correct if there wasn’t a quality gain in the mechanical properties of the asphalt, and was not an economically feasible solution that results in the life time increasing of the pavement, which was proved in using this technique in recent decades, especially in countries like the United States, Portugal and South Africa.

For the production of Asphalt-Rubber restoration of RJ-122 was used CAP30-45 and the ground rubber was obtained by ambient process. Will be presented in this work the results of evaluate tests of the mechanical behavior of asphalt rubber mixtures such with MR, RT and fatigue, and the rheological characterization of traditional and Superpave binder produced. There was also a numerical simulation of structural behavior and prediction of performance of pavement using the program SisPav. The test results and the numerical evaluation showed that both the asphalt binder as the asphalt mixtures showed good behavior. The estimated useful life of the pavement by the Program Sispav was compatible with that projected by consultants hired by the Foundation DER-RJ, and also demonstrated through accelerated tests conducted with the traffic simulator (HVS).

33

1 INTRODUÇÃO

1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Um sistema de transportes terrestre seguro e eficiente é um elemento essencial

para a sustentabilidade econômica regional e nacional. As rodovias são a espinha

dorsal da rede de transportes terrestre, cuja mobilidade impulsiona o crescimento

econômico e promove as atividades sociais. Quanto mais avançados e velozes

ficaram os meios de transporte ao longo do tempo, maior ficou o ritmo de

crescimento e sofisticação das atividades econômicas da sociedade humana, o que

fez multiplicar a importância do papel das rodovias. Ao mesmo tempo, o potencial

adverso dos impactos oriundos do desenvolvimento rodoviário aumentou em

magnitude, especialmente quando planejamento, projeto e construção não são

realizados adequadamente. Para explorar completamente os benefícios do

desenvolvimento rodoviário e minimizar as possíveis influências adversas, o estudo

da engenharia de rodovias precisa expandir as atenções a além de simplesmente

oferecer acesso seguro e rápido de um ponto a outro, ou seja, além de cobrir

aspectos estruturais e funcionais, esta engenharia precisa focar aspectos como

impactos ambientais e sócio-econômicos do desenvolvimento da rede rodoviária

(FWA, 2006).

A matriz de transportes brasileira é majoritariamente rodoviária. Segundo

relatório de 2011 da Confederação Nacional de Transportes (CNT), 61,1% da

movimentação anual de cargas e passageiros são feitos pelo modal rodoviário, o

que faz com que nossas rodovias sejam o principal meio de circulação de bens e

pessoas. Com o atual estágio de crescimento da produção agrícola, onde

anualmente o Brasil bate recordes na produção de grãos, além do crescimento de

setores industriais que estão se valendo da cotação baixa do dólar para comprar

máquinas novas no exterior visando aumento de produção, as rodovias são

colocadas na ordem do dia dos investimentos em infraestrutura rodoviária, tanto nas

esferas de governos municipais, estaduais e federal quanto da iniciativa privada

através de concessões e parcerias público-privadas. Os investimentos devem ser

direcionados para a solução dos gargalos impostos ao transporte rodoviário. Tais

34

gargalos são encontrados principalmente nas deficiências de geometria dos

traçados, na sinalização das vias e principalmente no mau estado de conservação

dos pavimentos.

Uma pesquisa realizada pelo Instituto Ilos (Instituto de Logística e Supply Chain)

em 2010, com cerca de 15 mil profissionais de logística das maiores empresas do

Brasil, revelou que 92% deles apontaram a má qualidade das estradas como o

principal problema de infraestrutura do pais. Ainda de acordo com o Instituto Ilos,

para que as estradas atuais sejam avaliadas como boas ou ótimas, é preciso investir

R$ 64,7 bilhões em recuperação e R$ 747 bilhões em pavimentação das estradas

em leito natural.

Como consequência destas deficiências, verifica-se um aumento no tempo de

transporte, perdas significativas dos produtos transportados e um grande número de

acidentes. Pode-se afirmar, mesmo intuitivamente, que a qualidade das rodovias

tem relação direta com os preços de bens e serviços. Portanto, melhorar a

infraestrutura rodoviária ajudará na redução do chamado “Custo Brasil”, termo

utilizado para descrever a perda de competitividade dos produtos brasileiros frente

aos importados.

A vida útil dos pavimentos é reduzida, algumas vezes de forma exponencial, por

fatores alheios às boas práticas da engenharia como, por exemplo, a má execução

das obras (má compactação das camadas dos pavimentos), falta de drenagem ou

drenagem inadequada e também pelo excesso de peso dos veículos de carga, o que

não é coibido na maioria das rodovias.

Planejamento é a palavra chave para que tantas demandas possam ser

cumpridas de forma eficiente e se reverta o quadro atual. Verifica-se que o cenário

nacional de obras públicas é marcado por atrasos motivados por inúmeros fatores,

desde exigências ambientais não propriamente respeitadas na execução de obras,

passando por projetos executivos sem o devido tempo de maturação, onde as

alternativas, tanto técnicas quanto financeiras, não são exaustivamente avaliadas e

precisam ser corrigidas durante a obra, até exigências de concessionárias de

rodovias não consideradas durante a fase de projeto, o que também pode gerar

atrasos indesejáveis.

Dentre as medidas que deveriam ser postas em prática para que o resultado

final de uma obra rodoviária fosse o esperado, estão a execução de serviços como

compactação das camadas dos pavimentos nas energias pré-estabelecidas, o uso

35

de materiais cujas propriedades agreguem aumento de resistência e longevidade ao

asfalto, como por exemplo, a adição de borracha ao ligante, no caso de pavimentos

flexíveis, e o uso de materiais alternativos e reciclados como forma de preservar o

meio ambiente.

Pode-se afirmar que a destinação adequada de resíduos gerados pela

sociedade é um dos maiores desafios da atualidade, e a tendência que se avizinha é

o agravamento da situação de esgotamento de jazidas utilizadas em obras de todos

os tipos. A partir do crescimento contínuo de países como Brasil, Índia e China, que

têm expressivo contingente populacional e estão em processo de restaurar e

expandir suas malhas rodoviárias para atender ao crescimento de suas produções,

vislumbra-se a necessidade de investimentos maciços em pesquisa de materiais

alternativos (agregados alternativos) para que haja uma conjugação entre

construção de infraestrutura, destinação de resíduos e limites dos recursos naturais.

Partindo do enfoque do uso de materiais alternativos para a melhoria de nossas

rodovias, o asfalto modificado com borracha moída de pneus (Asfalto-borracha) se

coloca como uma das ferramentas para atender aos requisitos de qualidade, pois

conta com experiências de sucesso que essas misturas obtiveram nos últimos

quarenta anos em rodovias americanas, principalmente em regiões de temperaturas

altas e de grande insolação, como é o caso do Brasil e, particularmente, do Estado

do Rio de Janeiro. Além de atribuir ao asfalto propriedades tecnicamente melhores,

a incorporação da borracha moída associa um apelo ambiental fortíssimo pelo fato

de criar uma destinação para as carcaças de pneus inservíveis que entopem os

cursos d’água, aterros sanitários e os fundos de baías das cidades há muitos anos.

Em 2011, a entidade Reciclanip coletou e destinou de forma ambientalmente

correta mais de 320 mil toneladas de pneus inservíveis, quantia que equivale a 64

milhões de unidades de pneus de carros de passeio (www.anip.com.br, acessado

em 08/08/2012). Quando descartados em locais inadequados, os pneus servem

como local de procriação de mosquitos e outros vetores de doenças e representam

um risco constante de incêndios que contaminam o ar com fumaça altamente tóxica

e produzem um óleo que se infiltra e contamina o lençol freático (ODA, 2002).

1.2 OBJETIVO

Nesta dissertação, será feita uma avaliação estrutural de um segmento de

300m, localizado entre o km 28,20 e o km 28,50 da rodovia RJ-122, sentido

36

Cachoeiras de Macacu, e é parte da obra de restauração dos 35,9 km da rodovia. A

restauração foi executada em asfalto-borracha, produzido pelo processo de

produção Contínuo em usina. Tal avaliação será feita através da investigação

mecânica das misturas asfálticas modificadas com borracha moída e da

caracterização dos materiais utilizados na obra. A avaliação visa o desenvolvimento

de um modelo futuro de previsão de desempenho para rodovias com características

semelhantes. A obra em pauta é a restauração dos 35,9 kilômetros da rodovia RJ-

122, que liga o município de Cachoeiras da Macacu a Guapimirim e pertence à

malha rodoviária da Fundação DER-RJ. Esta rodovia corresponde ao primeiro trecho

executado no país utilizando asfalto-borracha fabricado pelo processo de produção

contínua em usina.

1.3 JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA

O desempenho de misturas asfálticas modificadas com borracha moída,

acompanhado por pesquisadores brasileiros nos últimos anos, demonstrou a

resistência dessas misturas frente aos principais problemas enfrentados pelos

pavimentos: fadiga e deformação permanente. Tal resistência promove, em última

análise, aumento da vida útil dos pavimentos e reduz o número de intervenções

rotineiras e consequentemente reduz os custos de manutenção. Os ganhos com

aumento da resistência e com a diminuição dos custos de manutenção já justificam

a opção pelo asfalto borracha. Com relação a escolha da produção do asfalto

borracha pelo processo CB deveu-se ao interesse da Fundação DER-RJ de utilizar

um processo de produção de asfalto borracha que produzisse um ligante com alta

viscosidade, o que levaria à um aumento ainda maior da vida útil do pavimento,

conforme verificado nos resultados divulgados nas últimas décadas por órgãos

rodoviários americanos.

A relevância do estudo pode ser justificada por tratar-se da avaliação estrutural

de uma obra de restauração rodoviária executada por um processo de produção de

asfalto borracha utilizado pela primeira vez no Brasil, denominado Continuous Blend.

Ao final do estudo além do resultado da condução desse processo utilizando

materiais e mão-de-obra nacionais, será possível ter uma base experimental bem

37

documentada para as próximas obras que queiram utilizar este processo de

produção de asfalto-borracha.

1.4 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO

Capítulo 1 – Introdução: Neste capítulo, é apresentado o cenário atual das

rodovias, os desafios de um país em pleno desenvolvimento que começa a

despertar para problemas ambientais, como o pneu inservível e que tenta conciliar

tais desafios com o desenvolvimento sustentável das rodovias utilizando o asfalto-

borracha como uma das alternativas. É também informado o objetivo do trabalho, a

sua justificativa e, por último, apresenta a estrutura da dissertação.

Capítulo 2 – Revisão bibliográfica: Este capítulo reúne os principais temas sobre

pavimentos, entre eles os fatores de degradação, ensaios mecânicos e de

caracterização dos materiais empregados e ensaios acelerados de tráfego.

Capítulo 3 – Misturas asfálticas modificadas com borracha: Aqui é apresentado

um breve histórico do asfalto-borracha, as dificuldades enfrentadas pela sociedade

no descarte indiscriminado dos pneus inservíveis. São apresentadas, também, as

experiências brasileiras e americanas com o asfalto-borracha.

Capítulo 4 – Apresentação do projeto de restauração da rodovia RJ-122: Neste

capítulo, são apresentadas as premissas do projeto, os dados coletados para

fundamentar os estudos preliminares, os critérios de seleção dos materiais para a

obra e, finalmente, os elementos que balizaram o dimensionamento do pavimento. É

apresentada também a identificação da rodovia em estudo e sua localização.

Capítulo 5 – Materiais e Métodos: Neste capítulo, são apresentados a

metodologia adotada para os ensaios e os procedimentos para a coleta dos

materiais e preparação dos corpos de prova para ensaios.

Capítulo 6 – Resultados obtidos: São apresentados os resultados obtidos em

todos os ensaios executados ao longo do trabalho, comparando com resultados

conhecidos de materiais e misturas asfálticas já testados por outros pesquisadores.

É apresentado, também, o resultado do ensaio acelerado de tráfego em escala real,

feito com o equipamento HVS.

38

Capítulo 7 – Avaliação numérica da estrutura do pavimento: É feita uma

avaliação estrutural da restauração através do uso do programa computacional

SISPAV e sua ferramenta para cálculo de tensões, denominada EF3D.

Capítulo 8 – Conclusões e sugestões para futuros trabalhos: Neste capítulo final,

são apresentadas as conclusões sobre a estrutura do pavimento da RJ-122 através

da análise dos resultados dos ensaios realizados e são sugeridos temas para furos

trabalhos.

39

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 O PAVIMENTO

O pavimento é uma estrutura constituída por múltiplas camadas, que funciona

como um sistema integrado. Construído sobre a superfície final de terraplenagem,

sua finalidade é resistir às cargas resultantes do tráfego aplicadas em sua superfície

e distribuí-las às camadas inferiores, além de oferecer conforto e segurança ao

usuário. Esta estrutura deve ainda ter um estado de superfície com uma qualidade

tal que não aumente os custos de manutenção dos veículos que por ela trafegam.

O pavimento rodoviário é comumente classificado em dois tipos básicos: rígidos

e flexíveis. Assim, um pavimento rígido tem seu revestimento em concreto de

cimento Portland, e o flexível tem como revestimento o concreto asfáltico.

Os pavimentos em concreto asfáltico são aqueles em que o revestimento é

constituído basicamente por uma mistura de agregados, vazios de ar e ligantes

asfálticos. A compactação influencia a distribuição dos vazios, a orientação dos

agregados e o comportamento mecânico do material.

A camada de revestimento dos pavimentos tem seu desempenho influenciado

pelas características dos materiais que a compõem, pela dosagem destes materiais,

pela energia de compactação, pela qualidade de execução, pelo processo

construtivo, pelo controle sobre excesso de carga e pela periodicidade da

manutenção e restauração (SPECHT, 2004).

2.2 PRINCIPAIS FATORES DE DEGRADAÇÃO DOS PAVIMENTOS

De um pavimento cujo desempenho esteja adequado às solicitações do tráfego

que por ele trafega, assim como atenda às exigências de conforto e segurança dos

usuários, pode-se dizer que é uma estrutura que atende às premissas básicas de

um pavimento bem concebido. No entanto, a partir da abertura ao tráfego, a

capacidade estrutural e funcional de um pavimento começa progressivamente a

deteriorar e é paulatinamente levada à ruptura caso não seja restaurada sua

serventia.

40

A degradação estrutural dos pavimentos flexíveis está associada ao

aparecimento, principalmente, dos seguintes defeitos: trincamento por fadiga e

deformação permanente.

MERIGHT et al., 2003, citando trabalho de HUBER (1999), o qual analisou mais

de trezentos artigos técnicos com enfoque na deformação permanente de misturas

asfálticas, que aproximadamente 38% dos defeitos de pavimentos flexíveis são do

tipo trincas por fadiga, 17% têm origem na deformação permanente, 11% são por

problemas de execução do pavimento e 34% dos defeitos não tiveram sua causa

identificada.

2.2.1 TRINCAMENTO POR FADIGA

É sabido no meio rodoviário que o defeito mais frequente nos pavimentos

flexíveis brasileiros é o trincamento da camada superior do revestimento asfáltico. O

trincamento se desenvolve pela flexão alternada da camada superficial apoiada em

camadas granulares, geralmente bastante deformáveis elasticamente (MEDINA &

MOTTA, 2005).

Define-se fadiga como um processo de alterações progressivas estruturais,

localizadas e permanentes, que ocorre em um material sujeito a condições que

produzam tensões e deformações repetidas em determinado ponto ou pontos e que

pode levar a trincas e à completa ruptura após um determinado número de

repetições. Na Figura 2.1 é mostrado como exemplo, o aspecto superficial de um

trecho da rodovia RJ-122, antes da restauração, em estado avançado de fadiga.

FIG. 2.1 - Trincas de fadiga da rodovia RJ-122 (Fonte: Autor, 2008)

41

O fenômeno da fadiga em uma estrutura pode ser definido como um processo

ao qual um material é sujeito quando submetido a um estado de tensões e

deformações repetidas ou oscilantes. Estas tensões, que têm amplitude inferior à

tensão de ruptura do material, resultam no trincamento da camada do pavimento

após determinado número de aplicações de carga. Ou seja, o material perde

resistência com a repetição da aplicação da carga. (PINTO & MOTTA, 1995).

O trincamento tem início em pontos críticos, onde as tensões são maiores. Ele

tanto pode iniciar pelas fibras inferiores da camada do revestimento asfáltico,

propagando-se por toda a espessura até o surgimento das trincas na superfície,

quanto pelo topo do revestimento asfáltico devido ao surgimento de tensões críticas

na fibra superior da camada, agravadas pelo enrijecimento ocasionado pelo

envelhecimento do ligante, dependendo também da espessura da camada.

FRANCO (2000) afirma que, em revestimentos espessos, com mais de 20 cm, o

trincamento pode iniciar pela superfície da camada do revestimento devido à

curvatura convexa próxima às rodas.

A estrutura de um pavimento está sujeita a diversos tipos de deformações

geradas pela variedade de tipos de carregamentos e de condições de clima. Miner

(1945), citado em diversas fontes (AYRES, 1997; MEDINA, 1995; MONISMITH &

BROWN, 1999), estabeleceu uma hipótese para determinar o acúmulo do dano de

fadiga de uma estrutura sujeita a estas condições. A hipótese é baseada no

somatório linear dos danos de fadiga para cada condição.

Segundo PINTO & MOTTA (1995), a vida de fadiga das misturas asfálticas é

afetada pelos seguintes fatores:

Fatores de carga; amplitude, tipo e frequência do carregamento;

Fatores da mistura: granulometria e qualidade dos agregados, tipo e

qualidade do cimento asfáltico, teor do ligante, teor de vazios;

Fatores ambientais: temperatura e umidade.

2.2.2 DEFORMAÇÃO PERMANENTE

Deformação permanente é o segundo defeito mais comum da pavimentação

asfáltica, podendo ser atribuída ao revestimento ou às subcamadas ou ainda a uma

combinação de efeitos. As camadas não asfálticas, abaixo do revestimento, podem

42

apresentar deformações permanentes principalmente por densificação adicional

causada pelo tráfego e por ruptura ao cisalhamento. Esses problemas podem ser

evitados fazendo-se uma seleção criteriosa dos materiais e por uma compactação

adequada das camadas, além de um bom projeto estrutural, de forma a limitar as

tensões atuantes aos níveis admissíveis e seguros.

A Norma Americana ASTM D 5340 (1997) define esse defeito como uma

depressão superficial na trilha de roda, podendo ocorrer o levantamento das bordas

ao longo da trilha. Ainda segundo essa Norma, um aumento excessivo da

deformação permanente pode provocar a ruptura da estrutura do pavimento.

Segundo YODER & WITCZAK (1975), esse defeito pode ser definido como uma

distorção na superfície do pavimento causada pela consolidação de uma ou mais de

suas camadas.

As alterações das propriedades reológicas do asfalto proporcionadas pela

adição da borracha moída se refletem no aumento da parcela de resistência à

deformação permanente das misturas asfálticas atribuída ao ligante asfáltico. São

obtidos materiais com desempenho superior nas temperaturas associadas à

deformação permanente, mas a trabalhabilidade normalmente é prejudicada. A

melhoria do desempenho do ligante asfáltico está diretamente relacionada à

concentração de borracha moída, mas só até um determinado valor, já que a

viscosidade nas temperaturas de mistura e compactação pode atingir níveis

impraticáveis. A adição de óleos aromáticos ao ligante asfáltico com borracha é uma

alternativa para reduzir a viscosidade e, consequentemente, aumentar a

trabalhabilidade durante as operações de usinagem e compactação. Por outro lado,

os óleos aromáticos reduzem a consistência do ligante asfáltico à temperatura

ambiente, prejudicando sua qualidade e reduzindo o desempenho das misturas

asfálticas. Embora os óleos aromáticos sejam voláteis, apenas uma pequena porção

volatiliza durante as operações de construção e durante a vida útil da camada

asfáltica. A seleção de proporções adequadas de óleo extensor é crucial na

obtenção de asfaltos-borracha de boa qualidade para uso em pavimentação

(FAXINA et al., 2004).

43

2.2.3 EXCESSO DE CARGA

Quando um pavimento é dimensionado, deve-se inicialmente obter informações

sobre o volume de tráfego a que será submetido durante sua vida útil. Para tanto, é

feita uma contagem de tráfego, no caso de uma restauração, ou uma pesquisa de

origem/destino, no caso de pavimentos novos. Além do número de veículos, devem

ser observadas as cargas máximas permitidas por lei para os veículos. Os limites

para as cargas máximas por eixo simples são estabelecidos por decreto. Entretanto,

na prática, o que se observa é o desrespeito a esses limites, pois não há fiscalização

na maioria das rodovias para que, através de balanças móveis ou fixas, estes

excessos sejam coibidos.

Estudos sobre o “Reflexo do excesso de carga por eixos na vida útil dos

pavimentos”, desenvolvidos pela Protos Engenharia, deram origem à curva da

Figura 2.2, determinada para uma frota de veículos, num estudo específico, não

podendo ser generalizada. Por ela, analisando sob o aspecto de diminuição da vida

útil do pavimento, observa-se que uma sobrecarga de 10% por eixo solicitará o

pavimento, podendo encurtar sua vida útil de 10 para 5 anos, ou seja, reduzindo-a à

metade. Se esse acréscimo for de 20%, a redução da vida útil será de 70%, isto é,

de 10 para 3 anos (PINTO & PREUSLER, 2003).

44

FIG. 2.2 – Redução da vida útil causada pela sobrecarga por eixo

(Fonte: PINTO & PREUSLER, 2003)

2.2.4 ENVELHECIMENTO DO LIGANTE

O envelhecimento de um ligante asfáltico pode ser definido como sendo o

processo de endurecimento que este sofre durante a estocagem, usinagem,

aplicação e uso em serviço, e é responsável pela alteração de suas características

físicas, químicas e reológicas que causam aumento da sua consistência (TONIAL,

2001).

Os principais fatores que influenciam o envelhecimento de um cimento asfáltico

de petróleo (CAP) a curto prazo, considerando o tempo durante a estocagem,

manuseio e aplicação são a temperatura e o grau de exposição do ligante ao

oxigênio do ar. Portanto, quanto maior a superfície específica e a temperatura de um

ligante, maior seu grau de oxidação, sendo que a altas temperaturas (130o C a 180o

C) e baixas superfícies específicas (CAP em tanque sem circulação), o

envelhecimento é relativamente lento. Da mesma forma, o CAP, em temperaturas

relativamente baixas como as que ocorrem no pavimento, onde o ligante apresenta-

se com grande superfície específica (películas delgadas menores que 15 micras),

também apresenta envelhecimento relativamente lento. No entanto, a temperaturas

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e s

ob

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rga

po

r e

ixo

Anos

45

elevadas e grandes superfícies específicas, como ocorre na usinagem, manuseio e

espalhamento antes da compactação, o envelhecimento é acelerado, podendo ser a

viscosidade original do CAP multiplicada por duas a quatro vezes em um intervalo

de tempo inferior a duas horas (TONIAL, 2001).

A Figura 2.3 apresenta valores típicos de envelhecimento do ligante nas

diversas etapas de construção e utilização do pavimento, segundo WHITEOAK

(1991), onde o índice de envelhecimento é expresso pela relação entre a

viscosidade após o envelhecimento em cada instante (ηa) e a viscosidade original do

ligante (η0).

FIG. 2.3 – Envelhecimento do ligante asfáltico (TONIAL, 2001).

SILVA et al. (2004) mostraram que o envelhecimento do ligante asfáltico é

explicado através de quatro mecanismos:

1) Oxidação – é a causa mais importante e acontece principalmente durante a

produção e a aplicação da mistura asfáltica na pista. O revestimento asfáltico

continua a envelhecer durante sua vida de serviço;

2) Endurecimento exsudativo – resultante da migração de componentes

oleosos do ligante para o agregado mineral;

46

3) Endurecimento físico – é um fenômeno reversível que acontece à

temperatura ambiente, e é atribuído à reordenação de moléculas e à

cristalização de parafinas da fração saturada do ligante asfáltico.

4) Perda de voláteis – este quesito influencia pouco no processo de

envelhecimento.

A borracha constituinte de pneus possui excelentes propriedades físico-químicas

para serem incorporadas ao ligante asfáltico, tais como agentes antioxidantes e

inibidores da ação de raios ultravioleta que reduzem, sensivelmente, o

envelhecimento do ligante (PINHEIRO et al., 2003).

2.3 LIGANTES ASFÁLTICOS

O asfalto ou CAP (Cimento Asfáltico de Petróleo), utilizado em pavimentação, é

obtido através da destilação do petróleo em refinaria. É um material que possui

grande quantidade de hidrocarbonetos não voláteis pesados (betumes). Comumente

designado de betume, possui cor negra ou marrom escura, e sua consistência em

temperatura ambiente pode ser sólida ou semissólida.

Existem algumas razões para que esse tipo de asfalto seja largamente utilizado

em pavimentação. Dentre elas, podem ser citadas como principais:

possibilita forte união dos agregados, agindo como um ligante que permite

flexibilidade controlável;

boa aderência aos agregados;

propriedades impermeabilizantes;

Insolubilidade em água.

O asfalto é, sem dúvida, um dos mais antigos materiais utilizados pelo homem.

Escavações arqueológicas revelaram o seu uso em épocas anteriores à nossa era.

A Bíblia cita lagos de asfalto de onde se podia extrair o betume que era usado como

impermeabilizante e também para acender fogueiras nos altares. Nabucodonosor

pavimentou estradas com asfalto na Babilônia. Os egípcios usaram-no em

processos de mumificação e em rituais, na construção das pirâmides, finalidades

medicinais e ainda para calafetar canais de irrigação, barcos e casas. Romanos

47

deram-lhe fins bélicos, como combustível em lanças incendiárias, no que foram

imitados pelos Árabes (Instituto do Asfalto, 2001).

Ainda na Bíblia, Deus mandou Noé calafetar com pez (asfalto) sua arca, tanto

por dentro como por fora (Gênesis, 6:14). Os Sumérios e Assírios usavam-no para

tratar doenças de pele. Entre os Incas, recebeu um nome que significava "goma da

terra". Este povo chegou inclusive a destilar o petróleo.

Os gregos o consideravam como estratégico, e tinham reservas para seu uso.

Quando os romanos adotaram a técnica de uso bélico do óleo natural, batizaram-no

inicialmente, dado seu mau odor, de stercus diaboli, antes de chamarem-no óleo de

pedra.

A formação do petróleo ocorre com a decomposição de seres microscópicos

(plânctons), tanto animais quanto vegetais fossilizados, acumulados através do

tempo sobre o solo.

As pavimentações asfálticas pioneiras datam de 1802 na França, 1838 nos

Estados Unidos (Filadélfia) e 1869 na Inglaterra, e foram executadas com asfaltos

naturais provenientes de jazidas lagunares e poços. A partir de 1909, iniciou-se o

emprego de asfalto derivado de petróleo, o qual, pelas suas características de

economia e pureza em relação aos asfaltos naturais, constitui atualmente a principal

fonte de suprimento para pavimentação (IBP, 1999).

Na literatura especializada, os termos betume, asfalto, ligante asfáltico ou CAP

(Concreto Asfáltico de Petróleo) referem-se ao mesmo produto e representam o

aglutinante que, adicionado aos agregados, irão formar o concreto asfáltico. No

idioma inglês, é chamado de asphalt cement. Em português, é comumente chamado

de asfalto, e os europeus em geral utilizam o termo betume.

A perspectiva que se apresenta para as próximas décadas é de declínio das

reservas conhecidas de petróleo, considerando a atual taxa de consumo e um

provável agravamento caso haja aumento da demanda, principalmente em países

emergentes. Tal cenário pode ser ainda pior em virtude de erros de estimativa dos

volumes das reservas atuais ou minoradas, considerando-se as notícias sobre a

exploração de petróleo em águas profundas, o que pode postergar o uso do

petróleo. De qualquer forma, seja qual for o cenário de curto e médio prazos, a

humanidade deve hoje se preocupar com as alternativas já no presente. Na

pavimentação, a utilização de reciclagem asfáltica deve ser uma prática cada vez

mais usada e principalmente aprimorada.

48

2.3.1 CLASSIFICAÇÃO DOS LIGANTES E ENSAIOS CORRENTES

O ligante é classificado através de suas características reológicas, as quais

estão relacionadas à sua temperatura. O modelo estrutural do ligante como uma

dispersão de moléculas polares em um meio não polar ajuda a entender o efeito da

temperatura nos ligantes asfálticos.

Em temperaturas muito baixas, as moléculas perdem a mobilidade, aumentando

consequentemente a viscosidade. Nessas condições, o ligante se comporta como

um sólido. À medida que se aumenta a temperatura, a mobilidade das moléculas vai

aumentando, contrastando com a diminuição da viscosidade; em temperaturas mais

altas, o ligante se comporta como um líquido. A transição entre a solidez e a liquidez

do ligante é reversível, justamente através da diminuição ou aumento da

temperatura (BERNUCCI et al., 2008).

Os ensaios físicos dos ligantes asfálticos podem ser categorizados entre ensaios

de consistência, de durabilidade, de pureza e de segurança.

A seguir são apenas citados os ensaios tradicionais mais comuns de

caracterização dos ligantes asfálticos, pois os procedimentos para tais ensaios são

do conhecimento dos profissionais que militam no meio rodoviário:

1. Ensaio de penetração;

2. Ensaio de viscosidade;

3. Ensaio de Ponto de Amolecimento (Anel e Bola);

4. Ensaio de Ponto de Fulgor;

5. Ensaio de Dutilidade;

6. Ensaio de solubilidade;

7. Ensaios de Durabilidade – RTFOT.

A Agência Nacional de Petróleo, Gás e Energia aprovou, em julho de 2005, uma

nova especificação de CAP para todo o Brasil. Esta nova especificação baseia-se no

ensaio de penetração e nos ensaios relacionados anteriormente. Esta especificação

pode ser consultada em BERNUCCI et al., (2008), por exemplo.

49

A especificação Superpave, desenvolvida a partir do Programa SHRP, classifica

os ligantes asfálticos com base no desempenho e leva em consideração as

condições climáticas assim como o volume e as cargas de tráfego. Para determinar

as propriedades fundamentais relacionadas aos principais defeitos que acometem

as misturas asfálticas, a especificação Superpave apresenta uma série de novos

ensaios, em substituição aos ensaios tradicionais. A premissa adotada pelo

Programa SHRP foi de que os métodos de ensaio empíricos não garantem um bom

desempenho de longo prazo. Assim, os ensaios Superpave, realizados a

temperaturas similares às que ocorrem durante a vida em serviço dos pavimentos,

procuram simular três estágios críticos da vida do ligante, a saber:

Comportamento durante o transporte, armazenamento e manuseio: simulado

pelo ensaio viscosidade aparente, utilizando Viscosímetro Brookfield;

Comportamento durante a produção e aplicação da mistura na pista: simulado

pelo envelhecimento em ensaio de rotação de filme fino em estufa, RTFOT;

Comportamento após liberação da pista ao tráfego: simulado pelo

envelhecimento em vaso de pressão, PAV.

Os ensaios correspondentes são descritos sucintamente a seguir (BERNUCCI

et al., 2008):

a) Ensaio de viscosidade aparente (ABNT NBR 14541/2004) mede a

viscosidade através do torque necessário para rodar uma haste (spindle)

imersa na amostra de asfalto quente, a uma velocidade constante. O

viscosímetro rotacional caracteriza a rigidez da amostra de asfalto a 135oC,

temperatura em que o material se comporta quase que inteiramente como

um fluido viscoso. Nos ensaios com asfalto-borracha, tem-se utilizado,

também, temperaturas mais elevadas, tais como 175oC, adotada pela ASTM

D 6114/97. A exigência de uma certa viscosidade do ligante é adotada para

garantir uma fluidez tal que permita o bombeamento e a mistura com o

agregado.

b) Ensaio de Cisalhamento Dinâmico, que utiliza o Reômetro de cisalhamento

Dinâmico (Dynamical Shear Rheometer – DSR), é usado para caracterizar as

propriedades viscoelásticas do ligante. Por meio desse ensaio, mede-se o

50

módulo complexo de cisalhamento (G*) e o ângulo de fase (δ), submetendo

uma pequena quantidade de ligante à tensões de cisalhamento oscilatórias,

entre duas placas paralelas. O ãngulo δ avalia a razão entre a resposta

elástica e a viscosa durante o processo de cisalhamento. O módulo de

cisalhamento é definido pela razão entre a tensão máxima de cisalhamento

aplicada (Pa) e a deformação máxima devida à tensão de cisalhamento

aplicada. O ângulo de fase é o produto entre a frequência angular (1/s) e o

tempo de defasagem (s). O reômetro pode ser de tensão controlada com

aplicação de um torque fixo para obter uma dada deformação cisalhante, ou

de deformação controlada com aplicação de um torque variável para obter

uma deformação cisalhante fixa. A frequência de oscilação do DSR é 10rad/s

ou 1,59 Hz. Para materiais completamente elásticos, não existe atraso entre

a tensão cisalhante aplicada e a deformação cisalhante obtida, sendo δ igual

a 0o. Para materiais totalmente viscosos, a deformação obtida está

completamente defasada e δ vale 90o. Materiais viscoelásticos, tais como os

ligantes asfálticos, o ângulo de fase varia entre 0o e 90º, dependendo tanto

da natureza do ligante quanto da temperatura do ensaio.

A especificação de ligante SHRP utiliza o parâmetro G*/sen δ para

temperaturas altas (>46º C) e G*sen δ para temperaturas intermediárias

(entre 7º C e 34º C), como forma de controlar a rigidez do asfalto.

Controlando a rigidez a altas temperaturas, a especificação do ligante

assegura que o asfalto forneça resistência ao cisalhamento global da mistura

em termos de deformação a altas temperaturas. Do mesmo modo, a

especificação pode assegurar que o ligante não contribua para o trincamento

por fadiga, controlando sua rigidez a temperaturas intermediárias.

c) Ensaio de fluência em viga, que utiliza o Reômetro de Fluência de viga

(Bending Bean Rheometer - BBR), é usado para caracterizar a rigidez do

ligante a baixas temperaturas. Através desse ensaio é medida a rigidez

estática (S) e calcula-se o logaritmo do módulo de relaxação (m). Essas

propriedades são determinadas a partir da resposta ao carregamento

estático (creep) sobre uma vigota de ligante a baixas temperaturas (-36º C <

T < 0o C). Conhecendo-se a carga aplicada sobre a vigota e medindo-se a

deflexão (deslocamento vertical) ao longo do teste, a rigidez estática pode

51

ser determinada usando-se os fundamentos da mecânica. Em função do

clima da região onde o ligante será usado a especificação de ligante

estabelece limites para S e m. De acordo com a especificação Superpave a

rigidez S do ligante asfáltico deve ser menor que 300MPa e o módulo de

relaxação m, deve ser maior do que 0,300, para 60 segundos. Quanto maior

o valor de m, mais eficiente será o ligante na dissipação das tensões geradas

durante a sua contração. Quanto menor a rigidez de S, maior a resistência

ao trincamento.

d) Ensaio de Tração Direta (DTT)

Alguns ligantes, particularmente os modificados com polímeros, podem

apresentar uma rigidez estática, a baixas temperaturas, maior que a

desejada. Entretanto, estes podem não trincar a baixas temperaturas devido

à capacidade de deformar sem romper à baixa temperatura. Dessa forma, a

especificação permite que o ligante tenha uma rigidez maior, desde que

possa ser comprovado, através de teste de tração direta (DTT – Direct

Tension Test), que ele possui dutilidade suficiente a baixas temperaturas.

Por meio desse ensaio, obtém-se a tensão de ruptura, que é medida através

do estiramento de uma amostra, com formato de gravata borboleta, a baixas

temperaturas (-36oC a 6oC).

e) Ensaio com Vaso de envelhecimento sob pressão (PAV)

O PAV é um equipamento usado para simular o envelhecimento do ligante

asfáltico em serviço (cerca de 10 anos). As amostras envelhecidas nesse

ensaio são, em seguida, submetidas aos equipamentos DSR, BBR e DTT

para estudo do efeito do envelhecimento de longo prazo nos ligantes

asfálticos. As amostras passam antes pelo envelhecimento RTFOT que

simula o envelhecimento do ligante que ocorre durante a usinagem e

compactação da mistura asfáltica para depois ser submetido ao PAV, que

simula o endurecimento oxidativo que ocorre no ligante, durante a vida útil

do pavimento. As amostras são colocadas em placas rasas de aço inox e

envelhecidas num vaso por 20 horas a 2,1 MPa de pressão de ar. A

temperatura de envelhecimento é selecionada de acordo com o tipo de CAP.

52

Após o envelhecimento, a amostra é colocada numa estufa a vácuo para

desaerar.

f) Ensaio MSCR – Multple Stress Creep Recovery test

O ensaio MSCR é a nova versão da especificação para o grau de

desempenho (PG) da metodologia Superpave para ligantes asfálticos. Este

novo ensaio (AASHTO TP70) fornece ao usuário uma nova especificação

(AASHTO MP19) de ligante em alta temperatura que avalia com mais

precisão o desempenho do ligante ao afundamento de trilha de roda. O

maior benefício do novo ensaio MSCR é que ele elimina a necessidade de

ensaios complementares desenvolvidos especialmente para indicar a

existência de modificação no ligante asfáltico. Um simples ensaio MSCR

pode fornecer informações sobre o desempenho e também sobre a

existência de modificação no ligante asfáltico (FHWA-HIF-11-038, 2011).

O ensaio MSCR foi desenvolvido com base na deformação e

recuperação produzidas em ligantes e misturas asfálticas. O procedimento

de ensaio MSCR foi publicado como AASHTO TP70. Ele captura a

tendência de deformação não-recuperável (Jnr) e o percentual de

recuperação (MSCR recovery) durante cada ciclo de carregamento. Valores

são registrados como a média de 10 ciclos de carregamento para cada nível

de tensão de cisalhamento. Os ganhos obtidos com o ensaio de MSCR são

listados abaixo pelo Asphalt Institute, (2010):

1. Jnr expressa melhor o potencial de deformação permanente do que o

parâmetro G*/sen.

2. Os resultados de um único ensaio MSCR podem ser usados com

ligantes modificados ou não modificados, dessa forma eliminando a

necessidade de ensaios adicionais para caracterização adequada da

performance em alta temperatura do ligante modificado.

3. O ensaio MSCR identifica ligantes excessivamente sensíveis a

tensões, os quais anteriormente teriam passado no critério PG, deixando o

ligante asfáltico potencialmente suscetível a deformação permanente.

4. Com o ensaio de recuperação MSCR, é mais rápido e mais fácil

determinar e caracterizar ligantes asfálticos modificados por polímeros do

que com outros ensaios “PG PLUS” referidos anteriormente.

53

5. O ensaio MSCR é feito na temperatura real do pavimento,

independente do carregamento do tráfego.

A realização do ensaio de fluência e relaxação sob múltipla tensão – MSCR é

simples e rápida e fornece uma visão boa do grau de elasticidade do produto, visto

que se mede a deformação acumulada recuperável (MARTINS et al., 2009).

2.3.2 MODIFICADORES DE LIGANTES – POLÍMEROS

Polímeros são macromoléculas sintéticas cuja estrutura é classificada como

simplificada e é constituída de unidades atômicas repetidas, chamadas de

monômeros.

A busca pela melhoria do desempenho dos ligantes betuminosos usados em

pavimentação obteve uma resposta muito positiva quando se testou a modificação

asfáltica através da incorporação dos polímeros. Tal incorporação melhorou as

propriedades do ligante (as características reológicas de um ligante são afetadas

pela presença do oxigênio, pela radiação solar e pela variação térmica).

Polímeros usados no processo de modificação dos ligantes asfálticos para

pavimentação são, segundo LEITE (1997):

SBS – Estireno-Butadieno-Estireno

SBR – Estireno-Butadieno

EVA – Estileno-Acetato de vinila

Borracha moída de pneus

2.4 AGREGADOS

Os revestimentos asfálticos constituem-se da combinação entre ligantes

asfálticos, agregados e , em alguns casos, de produtos complementares.

Os agregados utilizados em misturas asfálticas precisam ter certas propriedades

essenciais para o bom desempenho dos pavimentos, principalmente dureza e forma

adequada.

54

De acordo com DNIT (2006A), os agregados utilizados em pavimentação podem

ser classificados segundo a natureza, o tamanho e a graduação (BERNUCCI et al.,

2008).

Tais classificações não serão descritas nesse trabalho, pois são do

conhecimento geral.

Os agregados representam em torno de 95% em peso e 70 a 85% em volume de

toda a mistura asfáltica (Instituto do Afalto, 1989) e contribuem de maneira

significativa para o seu desempenho. Suas características influenciam diretamente

nas propriedades de rigidez e resistência ao cisalhamento.

Agregados silicosos, como o quartzito e alguns granitos, são exemplos de

agregados que requerem atenção quanto à sua adesividade ao ligante asfáltico.

A capacidade de um agregado de aderir ao asfalto e sustentar esta ligação

apesar dos diversos esforços contrários impostos a esta ligação é designada de

adesividade. A baixa adesividade está relacionada principalmente à acidez do

agregado, sendo que aqueles de origem basáltica em geral apresentam uma melhor

propriedade adesiva. Os ensaios que permitem medir a adesividade procuram

verificar a perda ou o deslocamento do filme asfáltico após o envolvimento e

resfriamento dos agregados. Quando o agregado disponível para uma obra dificulta

a ligação com o filme asfáltico, é necessário fazer a correção da acidez do agregado

através do uso de “dope”. A acidez do agregado deve-se à presença da sílica na sua

superfície.

A distribuição granulométrica dos agregados é uma das suas mais importantes

características físicas, a subdivisão da graduação em algumas classes auxilia na

distinção de tipos de misturas asfálticas, como exemplo podemos citar: agregado

com graduação densa ou bem graduada, agregado de graduação aberta, agregado

de graduação uniforme e agregado com graduação descontínua (BERNUCCI et al.,

2008).

2.5 MISTURAS ASFÁLTICAS

As misturas asfálticas são constituídas de materiais granulares, materiais de

enchimento e ligante asfáltico, misturados em proporções pré-definidas no projeto da

mistura. O ligante tem a função de aglutinar os componentes, permitindo uma

55

ligação íntima entre eles e dotando as camadas betuminosas de uma resistência

que se contrapõe à ação de desagregação causada pela passagem do tráfego de

veículos. O ligante tem ainda a função impermeabilizante, que impede a penetração

de água de chuva nas camadas inferiores do pavimento, evitando danos à estrutura.

O comportamento da mistura é regido pelas propriedades dos seus componentes e

pelo modo como interagem. Assim, a mistura asfáltica pode apresentar o

comportamento elástico de um sólido ou o comportamento viscoso dos líquidos

devido à presença do ligante: a mistura apresenta propriedades termo-

viscoelásticas, onde o estado de deformação é influenciado pela temperatura e pelo

tempo de aplicação da carga.

A caracterização dos materiais usados em pavimentação não é de fácil

determinação em função de fatores que influenciam seu comportamento no campo,

tais como fatores climáticos (temperatura, umidade do ar, regime de ventos etc.),

fatores relativos ao carregamento do tráfego (magnitude, frequência e tempo de

aplicação das cargas dos veículos), além do estado de tensões ao qual os materiais

estão submetidos. Particularmente nas misturas asfálticas, a dificuldade aumenta

consideravelmente em função do envelhecimento progressivo provocado pela

oxidação do ligante, pois tal fenômeno é de difícil simulação em laboratório. Como

nem todas as variáveis que influenciam o comportamento destes materiais podem

ser consideradas simultaneamente, pelo menos no atual estágio do conhecimento,

os aspectos mais relevantes são considerados na previsão do comportamento das

misturas asfálticas no campo (BERNUCCI et al., 2008).

Dentre as misturas asfálticas mais utilizadas em pavimentação está o chamado

concreto asfáltico: mistura em usina de agregados bem graduados, aquecidos com

CAP, também aquecido.

As misturas asfálticas, conforme a posição relativa e a função na estrutura,

devem atender a características especiais em sua formulação, recebendo

geralmente as seguintes designações (PINTO & PREUSSLER, 2002):

Camada de rolamento ou capa asfáltica: é a camada superior da estrutura,

responsável em receber diretamente a ação do tráfego. A mistura empregada deve

apresentar estabilidade e flexibilidade compatíveis com o funcionamento elástico da

estrutura e rugosidade da superfície, e que proporcionem segurança ao tráfego,

mesmo sob condições climáticas e geométricas adversas.

56

Camada de ligação ou binder: Camada posicionada imediatamente abaixo da

capa. Apresenta, em relação à mistura utilizada na capa de rolamento, diferenças de

comportamento decorrentes do emprego de agregados de maior diâmetro máximo,

de maior percentagem de vazios e menor relação betume-vazios.

Camada de nivelamento ou regularização: Camada executada com massa

asfáltica de graduação fina, cuja função é corrigir deformações que ocorrem na

superfície de um revestimento antigo e, simultaneamente, promover selagem de

fissuras existentes.

As misturas asfálticas produzidas a quente denominadas CBUQ (Concreto

betuminoso usinado a quente), podem ser classificadas de acordo com a variação

da granulometria dos agregados, do teor do ligante, da percentagem de vazios da

mistura e da função na estrutura do pavimento. Pode-se destacar três tipos mais

usuais de misturas asfálticas a quente:

a) Misturas usinadas a quente com graduação densa

Essas misturas têm curva granulométrica contínua e bem graduada, de

forma a proporcionar um esqueleto pétreo com poucos vazios, uma vez que

os agregados de dimensões menores preenchem os vazios dos maiores. Um

exemplo desse tipo de mistura é o Concreto Asfáltico (CA) (Bernucci et. al.,

2008). Graças ao arranjo bem graduado de partículas, a quantidade de ligante

requerida para cobrir as partículas e ajudar a preencher os vazios não pode

ser muito elevada, pois a mistura necessita contar ainda com o ar que

preenche os vazios após a compactação. Caso não seja deixado certo

volume de ar nos vazios, as misturas asfálticas deixam de ser estáveis ao

tráfego e, por fluência, deformam-se significativamente. Em uma camada de

rolamento, a quantidade de ar nos vazios após a compactação é em torno de

3 a 5%. No caso de uma camada intermediária ou de ligação (Binder), este

percentual fica em torno de 4 a 6%.

57

b) Misturas usinadas a quente com graduação aberta

Possuem curva granulométrica uniforme, com agregados quase

exclusivamente de um mesmo tamanho, de forma a proporcionar um

esqueleto mineral com muitos vazios interconectados, com insuficiência de

material fino (menor que 0,075 mm) para preencher os vazios entre as

partículas maiores, com o objetivo de tornar a mistura com elevado volume

de vazios com ar, o que lhe dará um caráter drenante, possibilitando a

percolação de água no interior desta mistura asfáltica. Como exemplos,

podem ser citadas a camada porosa de atrito (CPA) e a camada Open-

Graded (BERNUCCI et al., 2008). As misturas asfálticas abertas mantêm uma

grande porcentagem de ar nos vazios não preenchidos graças às pequenas

quantidades de fíler, de agregado miúdo e de ligante asfáltico. Essas misturas

asfálticas possuem normalmente entre 18% e 25% de vazios com ar. Este

tipo de mistura é empregado como camada de rolamento com a finalidade

funcional de aumento de aderência pneu-pavimento em dias de chuva, além

de proporcionar um ganho ambiental em função da diminuição do ruído ao

rolamento dos veículos. Outro efeito positivo das misturas abertas é a

diminuição do efeito spray na passagem de veículos, aumentando a distância

de visibilidade.

c) Misturas usinadas a quente com graduação descontínua

São aquelas nas quais a curva granulométrica apresenta uma proporção

maior de grãos de maior dimensão em relação aos grãos de dimensões

intermediárias, completados por certa quantidade de finos, de forma a se

obter uma curva granulométrica descontínua em certas peneiras. Tal

granulometria torna o esqueleto mineral mais resistente à deformação

permanente, pois permite maior quantidade de contatos entre os agregados

graúdos. Como exemplos, temos: SMA (Stone Matrix Asphalt) e Gap Graded

(mistura sem agregados de certa graduação). Estas misturas apresentam

normalmente em torno de 4% a 6% de volume de vazios. São também

misturas ricas em ligante asfáltico, estando o teor de asfalto em torno de 6,0 a

7,5%. Há grande quantidade de agregados graúdos e, devido a esta

58

graduação particular, forma-se um grande volume de vazios entre os

agregados graúdos. Estes vazios são preenchidos com mastique asfáltico,

constituído pela mistura da fração areia, fíler, ligante asfáltico e fibras. As

misturas descontínuas tendem a ser impermeáveis em função da baixa

quantidade de vazios.

Segundo REBERTS et al., (1989), o entendimento da relação massa-volume

de misturas asfálticas compactadas é importante tanto do ponto de vista do projeto

quanto da sua execução no campo. O projeto de mistura é um processo volumétrico

que tem como objetivo determinar o volume de asfalto e agregado requerido para

produzir uma mistura com as propriedades requeridas. Entretanto, medidas de

volume de agregados e betume em laboratório ou em campo são muito difíceis de

serem realizadas. Por isso, para simplificar o problema de medidas, são usadas

massas em vez de volumes, e a massa específica para converter massa em volume.

As misturas betuminosas são compostas pelos seguintes elementos: agregados,

betume e ar, sendo possível estabelecer relações entre as massas e seus volumes.

2.5.1 PROPRIEDADES MECÂNICAS DAS MISTURAS ASFÁLTICAS

A partir da década de 1970, os métodos de dimensionamento de pavimentos

buscam compatibilizar as ações de solicitação do tráfego com a capacidade de

resistência dos materiais utilizados na construção de rodovias, por meio da análise

estrutural de sistemas em camadas (YODER & WITCZAK, 1975; HUANG, 1993,

2003; MEDINA, 1997). Nessa análise, chamada Mecanística, são determinadas as

tensões, deformações e deslocamentos nos pavimentos, cujos critérios de

dimensionamento procuram evitar os principais defeitos estruturais dos pavimentos;

trincamento por fadiga e deformação permanente.

A seguir, são descritos os principais ensaios realizados para determinação das

características das misturas asfálticas:

2.5.1.1 ESTABILIDADE MARSHALL

Através do ensaio Marshall (DNER-ME 043/95), pode-se determinar a

estabilidade, que é a resistência máxima à compressão radial, apresentada pelo

corpo de prova e expressa em N (kgf), ou seja, a carga (kgf) sob a qual o corpo de

59

prova rompe quando submetido à compressão diametral (semi-confinado), A

deformação total apresentada pelo corpo de prova, desde a aplicação da carga

inicial nula até a aplicação da carga máxima (carga na qual o corpo de prova

rompe), expressa em décimos de milímetros, é chamada Fluência.

2.5.1.2 DANO POR UMIDADE INDUZIDA

A avaliação do dano causado pela umidade nas misturas asfálticas é bastante

relevante, na medida em que ela afeta o desempenho e a vida de serviço dos

pavimentos. O dano por umidade evidencia os possíveis problemas de adesividade

entre o agregado e o ligante asfáltico. O ensaio utilizado no Brasil é o descrito pela

norma ABNT NBR 15617/2011.

2.5.1.3 RESISTÊNCIA À TRAÇÃO POR COMPRESSÃO DIAMETRAL

O ensaio de resistência à tração por compressão diametral (RT) constitui um

parâmetro bastante importante na caracterização de misturas asfálticas. A

dificuldade de obtenção da RT de forma direta levou à necessidade de criar formas

indiretas para esta determinação.

O ensaio brasileiro de compressão diametral, desenvolvido pelo professor Lobo

Carneiro, no Rio de Janeiro, adaptado desde 1972 para determinação indireta do RT

de misturas asfálticas, é o principal método utilizado no país e bastante popular no

mundo todo. Tal fato deve-se à facilidade e rapidez de execução do ensaio.

A RT é determinada em ensaio estático de compressão diametral, de acordo

com o método de ensaio DNIT 136/2010 ou NBR 15087 (ABNT, 2004), utilizando a

prensa Marshall.

A norma DNIT 031/2004-ES especifica o valor mínimo de 0,6 MPa de RT para

concretos asfálticos. Valores típicos de RT para misturas asfálticas a quente, recém

moldadas ou logo após a execução na pista, situam-se na média entre 0,5 MPa e

2,0 MPa. Para misturas asfálticas drenantes, como Open Graded e CPA, os valores

de RT tendem a ser mais baixos, da ordem de 0,5 a 0,8MPa. Valores típicos para

camadas do tipo SMA e Gap Graded situam-se entre 0,8 e 1,2 MPa (Bernucci et. al.,

2008).

60

2.5.1.4 MÓDULO DE RESILIÊNCIA OU RESILIENTE

De acordo com a norma DNIT 135/2010, o módulo de resiliente (MR) de uma

mistura betuminosa é a relação entre a tensão de tração (σt), aplicada repetidamente

no plano diametral de uma amostra cilíndrica, e a deformação específica recuperável

(εr) correspondente à tensão aplicada, numa dada temperatura, como apresenta a

Equação 2.1:

MR = σt / εr EQ. (2.1)

onde:

MR = módulo de resiliência ou resiliente;

σt = tensão de tração;

εr = deformação específica recuperável.

O módulo de resiliência de misturas asfálticas a quente varia com: o tipo de

mistura (CA, SMA, CPA, etc), a faixa granulométrica, o tipo de ligante asfáltico, as

propriedades volumétricas, a energia de compactação, com a temperatura de

compactação, com a temperatura de ensaio entre outras variáveis. É possível dosar

uma mistura asfáltica para se obter um determinado MR, conforme solicitado ou

especificado em projeto (BERNUCCI et al., 2008).

É importante ressaltar que o módulo de resiliência de misturas asfálticas tem

influência marcante do tipo de ligante asfáltico e da granulometria dos agregados,

tendo influência menor do teor de ligante. Porém o ensaio diametral de cargas

repetidas pode e deve ser usado como um fator determinante na dosagem de um

concreto asfáltico, bem como a resistência à tração, como mostram PINTO &

PREUSLER (1980); SOARES et al. (1999), MARQUES (2004), MEDINA & MOTTA

(2005), entre outros.

Valores típicos, como a ordem de grandeza, podem ser considerados na faixa

de 2.000 a 8.000MPa para concretos asfálticos a 25º C, sendo os valores menores

correspondentes a misturas com asfaltos modificados por polímeros ou por borracha

e os maiores a misturas com asfaltos de consistência dura. Deve-se ainda

considerar a influência da distribuição granulométrica e do tamanho máximo do

agregado.

O ensaio de módulo resiliente é realizado aplicando-se repetidamente uma

61

carga no plano diametral vertical de um corpo de prova cilíndrico regular. Esta carga

gera uma tensão de tração transversalmente ao plano de aplicação da carga. Mede-

se o deslocamento diametral recuperável na direção horizontal correspondente à

tensão gerada, numa dada temperatura. A relação entre a tensão de tração e a

deformação recuperável é o MR.

Os corpos de prova cilíndricos, moldados no compactador Marshall, possuem

aproximadamente 100,0 mm de diâmetro e 63,5 mm de altura ou 100,0 mm de

diâmetro e altura entre 35,0 mm e 65,0 mm quando extraídos da estrada ou de

amostras de maiores dimensões (BERNUCCI et al., 2008).

Recomendações feitas pela norma DNIT 135/2010:

Adotar o valor de 0,30 para o coeficiente de Poisson (ν);

O MR do corpo de prova ensaiado deve ser a média aritmética dos valores

determinados para aplicações de carga (F);

Quando a temperatura do ensaio não for especificada, o MR deve ser

determinado a 25 ºC ± 1 ºC.

O termo resiliência está difundido na área de pavimentação como representativo

da característica elástica dos materiais sujeitos a cargas cíclicas (Motta, 1991). Este

ensaio permite a obtenção de parâmetro útil à análise de tensões e deformações do

pavimento e ao dimensionamento mecanístico da espessura das camadas

(CAVALCANTI, 2010).

2.5.1.5 RESISTÊNCIA À FADIGA

A fadiga ocorre por meio de ações mecânicas e/ou térmicas que não parecem

críticas isoladamente, se comparadas à resistência sob carregamento monotônico,

mas na realidade são determinantes na vida útil do pavimento (Bernucci et al.,

2008).

O ensaio laboratorial de vida de fadiga tradicionalmente realizado no Brasil para

definição do número de repetições de carga é feito por compressão diametral à

tensão controlada (TC), sendo a carga aplicada em uma frequência de 1Hz através

de equipamento pneumático (PINTO, 1991; RODRIGUES, 1991; MEDINA, 1997).

Pode-se utilizar o mesmo equipamento de determinação do Módulo Resiliente para

o ensaio da vida de fadiga. Este ensaio tem sido realizado no país, geralmente com

62

tensão e temperatura controladas, utilizando uma frequência de 60 aplicações por

minuto com 0,1 segundos de duração do carregamento repetido e descanso de 0,9

segundos.

Para cada mistura ensaiada, determinam-se as relações entre o número de

repetições à ruptura e o nível de tensões atuantes. A deformação aumenta até a

rotura completa do corpo de prova. As principais vantagens deste método são as

seguintes:

(a) o ensaio é muito simples;

(b) a ruptura é iniciada numa zona de tensões uniformes;

(c) existe um estado biaxial de tensões que, possivelmente, representa

melhor as condições in situ.

Para a obtenção da curva de fadiga, grupos de amostras são submetidos a

diferentes níveis de tensão até a ruptura por fadiga. Os resultados obtidos em

ensaios sob regime de tensão controlada podem ser expressos pelos seguintes

modelos:

a) Diferença de tensões (Nf x ∆σ):

Nf = k1 ( 1 / Δσ)n1 EQ. (2.2)

onde:

Nf – No de solicitações para que ocorra a ruptura da amostra;

∆σ - Diferença algébrica entre as tensões vertical (de compressão) e horizontal (de

tração) no centro da amostra;

k1 e n1 – Parâmetros de fadiga determinados em laboratório.

b) Tensão de tração (N x σt):

Nf = k2 ( 1 / Δσt)n2 EQ. (2.3)

onde:

Nf - No de solicitações para que ocorra a ruptura da amostra;

σt - Tensão de tração;

k2 e n2 - Parâmetros de fadiga determinados em laboratório.

63

c) Deformação de tração inicial (Nf x εi):

Nf = k3 ( 1 / Δεi)n3 EQ. (2.4)

onde:

Nf – No de solicitações para que ocorra a ruptura da amostra;

Δεi – Deformação específica de tração inicial, medida no diâmetro da amostra;

k3 e n3 – Parâmetros de fadiga determinados em laboratório.

2.5.1.6 DEFORMAÇÃO PERMANENTE

Trata-se de um dos defeitos mais comuns nos pavimentos asfálticos. Este

problema pode ser evitado através da seleção dos materiais componentes da

mistura asfáltica, da compactação adequada das camadas dos pavimentos e de um

bom projeto estrutural, de forma que se limitem as tensões atuantes aos níveis

admissíveis e seguros (BERNUCCI et al., 2008).

Entre os ensaios existentes para determinação da deformação permanente,

destacam-se os seguintes (SHELL, 1998):

Ensaio Triaxial com carregamento repetido (creep estático);

Ensaio de Compressão Uniaxial não confinado (creep dinâmico);

Ensaio de Simulação: simuladores de laboratório (LCPC);

Ensaio acelerado de tráfego em escala real (HVS).

O valor admissível do afundamento de trilha de roda para autoestradas, em

alguns países é de 10 mm; e para estradas de menor volume de tráfego, poderia

chegar a 16 mm, mas se atingir 20 mm, recomenda-se reparo imediato (MEDINA &

MOTTA, 2005). Na pista experimental da AASHTO (1962), observou-se a

contribuição de cada camada na deformação permanente:

1. Revestimento em concreto asfáltico – 32%

2. Base de brita – 4%

3. Sub-base – 45%

4. Sub-leito – 9%

64

Detectou-se, ainda, que 20% da deformação permanente do revestimento foram

causadas pela densificação do tráfego, e a mesma causa teve 4% da deformação

permanente da sub-base (AASHTO, 1962).

Ensaios de CREEP ou Deformação Axial têm permitido concluir que a

deformação permanente é influenciada diretamente pela granulometria do agregado,

principalmente, e pelo tipo de CAP empregado. Quanto mais grossa a granulometria

do agregado e mais consistente o CAP, maior a resistência à deformação

permanente. Asfaltos modificados por polímeros ou borrachas de pneus têm

tendência a gerarem misturas menos deformáveis do ponto de vista plástico

(Medina, 2005).

A limitação no desenvolvimento da deformação plástica na estrutura é um dos

principais aspectos do dimensionamento de pavimentos asfálticos. Embora medir no

campo o afundamento de trilha de roda seja uma tarefa simples, a sua previsão é

bastante complexa, especialmente para misturas asfálticas, pois o problema não se

resume apenas na caracterização dos materiais, mas, também, na avaliação do

impacto das condições ambientais neste material, além do cálculo das tensões

durante a vida de serviço do pavimento, que é influenciada pelo envelhecimento do

ligante ao longo do tempo.

2.6 – ANÁLISE NUMÉRICA DE PAVIMENTOS – SISPAV

O programa SisPav, desenvolvido por Felipe Franco como tese de Doutorado /

(FRANCO, 2007), na linguagem Visual C++, tem como objetivo realizar análises e

dimensionamentos de estruturas de pavimentos utilizando conceitos da mecânica

dos pavimentos flexíveis. Tal análise é comumente denominada “Mecanístico-

Empírica”.

O SisPav utiliza a teoria da elasticidade através do programa AEMC, cuja base

foi a rotina JULEA, desenvolvida por UZAN (1978). A abordagem da análise elástica

não linear é realizada de forma simplificada, com a divisão das camadas com este

comportamento em três subcamadas, e de modo semelhante ao detalhado na

descrição do AEMC.

O programa considera em suas análises a influência do clima, a combinação dos

diversos tipos de eixos e a variação lateral do tráfego. Duas opções de análise são

65

oferecidas aos usuários. A primeira é o dimensionamento da estrutura, onde o

programa analisa os dados de entrada e, por meio de um algoritmo similar ao de

busca binária em tabela ordenada, determina a espessura da camada que atenda

aos requisitos do projeto. Na segunda análise, é feita apenas uma verificação dos

dados e requisitos definidos pelo projetista e, ao final, o SisPav informa a vida de

projeto que a estrutura pode suportar. Nas duas opções de análise, o programa

verifica os danos acumulados por fadiga no revestimento asfáltico ou, se for o caso,

na base das camadas cimentadas. Opcionalmente, o projetista pode solicitar as

estimativas de afundamento de trilha de roda e dos danos relativos à deflexão

máxima na superfície do pavimento e à tensão limite no topo do subleito.

Um programa de cálculo de tensões, deformações e deslocamentos, usando o

Método de Elementos Finitos Tridimensionais (EFin3D), foi desenvolvido,

aproveitando rotinas específicas do RIOPAVE e tendo como base o programa

exemplo do curso “Introdução ao Método de Elementos Finitos”, do programa de

Engenharia Civil da COPPE (RIBEIRO, 2003a), com o objetivo de adaptar a técnica

do MEF à particularidade da análise de estrutura de pavimentos. Esta ferramenta é

parte do programa SISPAV, desenvolvido por FRANCO (2007).

2.7 – SIMULADORES DE TRÁFEGO

São equipamentos que permitem a aplicação controlada de uma carga de roda,

igual ou acima da carga máxima legal permitida, em uma estrutura rodoviária, para

que seja verificada a resposta do sistema ao acúmulo de danos causados por essa

carga durante um curto período de tempo.

Através de um simulador de tráfego, é possível testar novos materiais e métodos

de dimensionamento, verificar o comportamento de diferentes estruturas de

pavimentos e avaliar a eficácia de técnicas de pavimentação.

Os Tipos de simuladores utilizados no Brasil, segundo FRITZEN (2005)::

1. Simulador circular do IPR/DNIT instalado em 1980 no Rio de Janeiro. A

concepção desse simulador é baseada no princípio do simulador francês da

pista do LCPC instalado na cidade de Nantes/França.

2. Simulador linear da UFRGS/DAER-RS, instalado em 1995 em Porto Alegre.

66

3. Simulador móvel tipo HVS (Heavy Vehicle Simulator), de concepção

brasileira, que permite testar trechos em rodovias em uso. Este equipamento

tem a grande vantagem de poder ser transportado para o local de teste.

Os simuladores HVS podem ser transportados por carretas ou serem

autopropelidos. Esses equipamentos possibilitam a simulação acelerada do

comportamento de um pavimento ao longo de sua vida de serviço, através da

construção de trechos experimentais ou feitos na própria rodovia que se pretende

ensaiar. O HVS pode também simular condições de chuva, temperatura e insolação.

Estes dois últimos efeitos são simulados através de lâmpadas de infravermelho.

Na Figura 2.4, é apresentada uma vista externa do equipamento HVS, utilizado

na simulação de tráfego na RJ-122, posicionado entre as estacas 1414 e 1415

(segmento monitorado). Na figura 2.5, é mostrada uma vista interna do

equipamento, onde se pode observar, ao fundo, o eixo que irá submeter o trecho à

carga prevista. Na figura 2.6, é mostrada a medição do afundamento da trilha de

roda com treliça. Na figura 2.7, pode-se observar o equipamento em funcionamento

sendo submetido à simulação de chuva a partir de mangueiras posicionadas na

parte superior do HVS. A água utilizada para tal simulação tem origem em duas

caixas d’água posicionadas em cima do HVS. Na figura 2.8, a imagem registra os

cabos de contagem das passadas do eixo. Esses cabos também medem a carga do

eixo.

FIG. 2.4 – Vista geral do Simulador de Tráfego (HVS) usado na RJ-122 (Fonte: Autor)

67

FIG. 2.5 – Vista da pista no interior do Simulador HVS – RJ-122 (Fonte: Autor)

FIG. 2.6 – Treliça para medir o afundamento – RJ-122 (Fonte: Autor)

68

FIG. 2.7 – Simulação de chuva com espargimento d’água através de mangueiras – RJ-122 (Fonte: Autor)

FIG. 2.8 – Detalhe dos sensores contadores das passagens de roda no HVS – RJ-122 (Fonte: Autor)

69

3 MISTURAS ASFÁLTICAS MODIFICADAS COM BORRACHA

A preocupação ambiental relacionada à disposição desordenada de pneus

inservíveis no meio ambiente, aliada ao alto custo dos polímeros, motivou as

tentativas de usar pneus inservíveis moídos na modificação de ligantes asfálticos.

Pelo lado ambiental, a utilização de pneus inservíveis adicionados aos ligantes

asfálticos minimiza o problema dos aterros sanitários, que deixam de receber uma

quantidade enorme de carcaças de pneus. Essa quantidade de carcaças pode ser

reduzida ainda mais com o aumento em escala da execução de pavimentos em

asfalto-borracha, cujo preço tende a cair com a massificação da técnica. Outro setor

beneficiado com a retirada das carcaças de pneus de ambientes inadequados é o da

saúde pública, pois estes deixam de ser um ambiente de procriação para insetos e

outros vetores de doenças.

O incentivo do poder público no sentido de viabilizar obras de restauração e

implantação de pavimentos em asfalto-borracha seria determinante para aumentar a

retirada de carcaças de pneus do meio ambiente. O apoio para a criação de pontos

de recebimento de pneus inservíveis como bases para a produção de borracha

moída, onde a população possa destinar seus pneus, também deve fazer parte do

incentivo público.

3.1 O DESCARTE DE PNEUS

O mercado brasileiro vendeu, em 2010, entre pneus fabricados no mercado

interno e pneus importados, 73,1 milhões de unidades, um crescimento de 15% em

relação ao ano anterior (www.anip.com.br, acesso em junho de 2011). Estima-se

que foram fabricados em torno de 900 milhões de pneus no Brasil entre o início de

sua produção até entrar em vigor a resolução 258/99 do CONAMA, que trata do

destino dos pneus descartados. Deste total, cerca de 40% de pneus,

aproximadamente, foram descartados até 1999, ou seja, mais de 2 pneus inservíveis

por habitante. Anualmente essa quantidade é acrescida de 30 milhões de pneus.

Nas Figuras 3.1 e 3.2 são apresentadas fotos dos efeitos inconvenientes provocados

pelo acúmulo de pneus inservíveis na natureza. Na Figura 3.1, é mostrado um um

70

depósito de pneus inservíveis à céu aberto nos USA. Na Figura 3.2, dessa vez em

Aracajú, é mostrado um pneu dentro de um mangue em Aracaju com sinais de

imobilidade prolongada. Essas figuras nos alertam para a necessidade de um

conveniente manejo do pneu inservível.

FIG. 3.1 - Depósito de pneus nos EUA (Fonte: Imagens de pneus velhos, pesquisa Google,

acesso em junho 2011)

FIG. 3.2 - Disposição de pneu inservível em um mangue de Aracaju (Fonte:

http://www.ecodesenvolvimento.org/posts/2012/janeiro/faltam-incentivos-para-a-reciclagem-de-pneus-no, acesso em janeiro de 2012)

71

FIG. 3.3 – Incêndio de 6 milhões de pneus – Califórnia, USA, foto cortesia do jornal The Sacramento Bee, setembro de 1999.

3.2 LEGISLAÇÃO AMBIENTAL

O CONAMA (Conselho Nacional de Meio Ambiente), através da Resolução

Nº258, de 26 de agosto de 1999, em vigor desde janeiro de 2002, determinou que as

empresas fabricantes e as importadoras de pneus ficassem, a partir daquela data,

obrigadas a coletar e dar destinação final ambientalmente adequada aos pneus

inservíveis existentes no território nacional, na proporção relativa às quantidades

fabricadas e importadas.

A Resolução 258 obrigou também essas empresas a reciclar parte dos pneus

usados já vendidos para que possam colocar pneus novos no mercado. Em 2005, o

percentual de reciclagem era de 5 pneus para cada 4 produzidos, o que contribuiu

para a diminuição do passivo ambiental de milhões de pneus. Pela proposta, o

IBAMA ficou responsável pela aplicação da resolução, podendo punir os infratores

com base na Lei de Crimes Ambientais.

72

A Resolução Nº 416, de 30 de setembro de 2009 revogou as resoluções nº

258/1999 e nº 301/2002 e estabeleceu novos procedimentos, entre eles a obrigação

dos fabricantes e importadores de pneus novos a implantar nos municípios acima de

100.000 (cem mil) habitantes, pelo menos um posto de coleta. Esta resolução entrou

em vigor em novembro de 2010.

A legislação, que vem obrigando os produtores a dar destino aos pneus

produzidos todo ano no Brasil, encontrou na pavimentação rodoviária um destino

para a reciclagem e minimização deste problema ecológico.

3.3 BREVE HISTÓRICO DO USO DO AMB

A primeira estrada construída com asfalto modificado por borracha ocorreu em

Cannes / França em 1902. Os asfaltos modificados antes da Segunda Guerra

Mundial eram constituídos pela adição de borracha natural, que era o material

disponível na época (ODA, 2000).

No início da década de 1960, Charles McDonald misturou asfalto e borracha no

forno de sua própria casa e aplicou pela primeira vez essa mistura sobre um trecho

de pavimento asfáltico repleto de trincas em uma rua da cidade de Phoenix, no

estado do Arizona, EUA (Proceedings Asphalt Rubber Conference, Brasília, 2003).

Essa mistura, verificou-se posteriormente, deu ao ligante mais elasticidade,

maior resistência à oxidação, menor suscetibilidade térmica, melhor recuperação

elástica e maior resistência à fadiga, comparando-a ao ligante convencional.

Apesar do apoio do Federal Highway Administration, nos anos subsequentes à

experiência de Charles McDonald, poucos estados americanos implementaram

seriamente esta tecnologia até 1992, ano em que as patentes do asfalto-borracha

expiraram. Em 1996, apenas quatro estados americanos (Califórnia, Arizona, Texas

e Flórida) e a África do Sul utilizavam o asfalto-borracha rotineiramente na

pavimentação de vias. Em uma conferência internacional realizada em 1999 na

cidade de Temple, Arizona, onde se reuniram representantes de 17 países, foi

despertado o interesse sobre asfalto-borracha, tanto que logo no ano seguinte foi

marcada uma outra conferência sobre o assunto em Villamoura, Portugal

(Proceedings Asphalt Rubber 2003 Conference, Brasília).

73

3.4 BENEFÍCIOS DA UTILIZAÇÃO DA BORRACHA NAS PROPRIEDADES DO

LIGANTE

A experiência americana revelou que o Asfalto Modificado com Borracha (AMB)

atribui à estrutura do pavimento grande flexibilidade e maior capacidade de absorção

das trincas de reflexão. Com a incorporação da borracha moída de pneus ao ligante

asfáltico, obtém-se um produto que resiste melhor à fatores ligados tanto ao

envelhecimento do ligante, como exposição aos raios UV solares e a oxidação pelo

contato com o oxigênio do ar, quanto pela ação do tráfego. Essas são

consequências que causam o enrijecimento do asfalto, deixando-o menos dúctil e,

consequentemente, mais quebradiço. Ao se incorporar a borracha moída ao ligante,

na temperatura e tempo adequados e com agitação, a borracha e o ligante asfáltico

reagem entre si. Essa reação acontece através da absorção, tanto pela borracha

natural quanto pela borracha sintética, dos óleos aromáticos do ligante asfáltico,

conforme observaram LEWANDOWSKI (1984) e ABDELRAHMAN (1986). Tal

reação promove a formação de um gel viscoso e o aumento da viscosidade da

mistura, prolongando a presença dos maltenos no betume e, consequentemente,

atribuem uma maior resistência ao envelhecimento das misturas asfálticas. Destaca-

se ainda o ganho no quesito desempenho do pavimento no tocante à vida de fadiga

do ligante, pois o asfalto-borracha, segundo informado no projeto de restauração da

RJ-122, tem um ganho da ordem de dez vezes em relação à vida de fadiga em

comparação com o asfalto convencional, para o mesmo valor de deformação.

Na Figura 3.4, é apresentado o resultado do estudo, conduzido pelo ADOT, a

respeito do monitoramento da ocorrência de trincas em pavimentos com AMB e

sem borracha (HMA). Pode-se observar que a evolução de trincas é

substancialmente maior no pavimento cuja mistura asfáltica não possui modificação

do ligante.

74

FIG. 3.4 - Porcentagem de trincas versus idade de serviço em AMB e HMA

Fonte: Pavement Technology Update, Pavement Research Center, University of California,

setembro 2009, Vol. 1, nº 2

A borracha moída de pneus utilizada nos ligantes asfálticos é proveniente de

pneus de automóveis e/ou de caminhões, sendo que, nos primeiros, a borracha

natural constitui cerca de 16% a 20%, e a borracha sintética, de 26% a 31%. Já os

pneus de caminhões têm uma proporção maior de borracha natural, cerca de 31% a

33%, enquanto a proporção de borracha sintética é de aproximadamente 18%. Um

pneu de automóvel típico Goodyear P 195/ 75R14, por exemplo, pesando

aproximadamente 6kg, é constituído por 27% de borracha sintética, 19% de

borracha natural, 23% de negro de fumo, 13% de produtos químicos, óleos,

pigmentos etc., 10% de aço e 2% de poliéster e náylon, em relação ao peso total do

pneu, conforme Figura 3.5 (BERTOLLO, 2002).

-2

0

2

4

6

8

10

12

14

16

0 5 10 15 20

% trincas AMB

% trincas HMA

Idade: Anos

% T

rincas

ARIZONA ADOT : % TRINCAS x IDADE EM ANOS

75

FIG. 3.5 – Composição dos pneus radiais para automóveis (Fonte: BERTOLLO, 2002)

Um quesito beneficiado pela presença da borracha no ligante é a redução do

ruído na passagem do tráfego em vias e rodovias. Um estudo conduzido pelo

Condado de Sacramento (1999), nos Estados Unidos, concluiu que o uso do asfalto-

borracha em duas rodovias (Antelope Road e Alta Arden Expressway) resultou na

redução do nível de ruído do tráfego em aproximadamente 4db, comparando com o

nível de ruído apurado em rodovias com asfalto convencional. O levantamento

não especifica a granulometria adotada.

Este levantamento e outros, conduzidos por diversos estados americanos e por

outros países, dão suporte à viabilidade do uso do asfalto-borracha como uma

opção para a mitigação de ruídos. Seu uso pode, em alguns casos, eliminar a

necessidade de barreiras antirruídos ou reduzir a altura requerida para estas

barreiras, no intuito de atingir níveis satisfatórios de ruído pelos padrões

normatizados. Na Tabela 3.1 é apresentado um estudo, feito no condado de

Sacramento / Califórnia (USA), de redução de ruído comparando o desempenho

entre o AMB e o Asfalto Convencional (Sacramento County Department of

Environmental Review and Assessment, 1999).

Borracha natural

Borracha sintética

Produtos químicos

Negro de fumo

Arame de aço

Óleos

Espumas

Nylon

19%

27%

13%

23%

10%

6%

1% 1%

Composição dos pneus radiais para automóveis:

76

TAB. 3.1 – Redução de ruído: Asfalto-Borracha x Asfalto Convencional

(Fonte: Sacramento County Department of Environmental Review and Assessment, 1999)

3.5 MÉTODOS DE INCORPORAÇÃO DA BORRACHA AO LIGANTE

Com o aumento das solicitações dos pavimentos devido à utilização de veículos

mais pesados, viu-se a possibilidade de um melhoramento dos ligantes com a

adição de polímeros. Basicamente a vasta variedade de polímeros pode encaixar-se

em duas classes: polímeros termoplásticos, também chamados de plastômeros, e

borrachas termoplásticas, os elastômeros. A função destes polímeros, dentre outras,

é diminuir a susceptibilidade térmica a altas temperaturas, evitando deformações

permanentes, e diminuir a rigidez em baixas temperaturas, impedindo o trincamento

(PINHEIRO et al., 2007).

Segundo LEWANDOWISKI (1994), os modificadores de ligantes exercem a

função de aumentar a resistência dos pavimentos quanto à deformação permanente

em altas temperaturas sem prejudicar as propriedades dos ligantes em outras

temperaturas. Essa virtude de resistência é resultado do enrijecimento do CAP, de

forma que na sua resposta viscoelástica, a componente viscosa seja reduzida, e a

elástica aumentada.

A borracha de pneu é uma borracha vulcanizada e serve como modificador de

ligantes asfálticos. A incorporação pode ser feita por dois processos: processo seco

e processo úmido. O processo seco consiste em utilizar a borracha como mais um

agregado da mistura asfáltica, quando a borracha passa a ser chamada de

agregado borracha. O processo úmido adiciona a borracha moída diretamente ao

CAP, a alta temperatura (e.g. 240º C), tornando os dois uma única mistura chamada

de ligante Asfalto-Borracha com propriedades diferentes do ligante inicial (GREEN,

1998; ODA, 2000; BERTOLLO et al., 2002; FAXINA, 2002). Pela via úmida o asfalto-

Bond Road1 -2

48 0

Asfalto borracha

Asfalto

Convencional

6 -4

-360

1 -6

16 -5

72 -5

Asfalto borracha

Redução nos níveis de

ruído (db)

Tempo decorrido após

pavimentação (meses)

Tipo de

pavimentoRodovia

Alta Arden Expressway

Antelope Road

77

borracha pode ser produzido através de dois processos: Mistura Contínua em Usina

(Continuous Blend) e Mistura em Fábrica (Terminal Blend).

3.5.1 PROCESSO ÚMIDO

O processo úmido é o método de modificação do ligante asfáltico através da

adição de borracha moída de pneus inservíveis antes de o ligante ser incorporado

aos agregados. O produto resultante desta mistura é chamado de Asfalto-Borracha

(Asphalt Rubber) ou Asfalto Emborrachado (Rubberized Asphalt). O processo úmido

(via úmida) requer que a temperatura na qual é feita a mistura dos componentes

esteja entre 190o C e 224o C e requer ainda a manutenção da temperatura, durante

a reação da mistura, entre 190o C e 218o C, por pelo menos 45 minutos para permitir

uma perfeita interação entre a borracha e o asfalto. A viscosidade adequada do

ligante asfalto-borracha é obtida através do aquecimento, de forma a facilitar a

incorporação da borracha ao ligante. O tempo de reação da mistura é função do teor

e granulometria da borracha, do tipo de ligante e da temperatura da mistura

(CALTRANS, 2006).

LEITE (1999) mostrou que a produção de ligante Asfalto-Borracha com

estabilidade à estocagem só foi possível quando elevou-se a temperatura de mistura

acima de 190º C e o tempo de mistura acima de 120 minutos. Nestas condições, só

se tornam estocáveis os ligantes que possuíam borracha com 80% do seu peso

passando na peneira #200 (0,075). O critério de compatibilidade usado foi a

diferença máxima de 5º C no ensaio de ponto de amolecimento entre o topo e o

fundo, conforme a metodologia descrita em ASTM D 5892 (2000). Vale destacar que

as misturas ensaiadas na referida pesquisa contaram com a presença de diluente no

papel de óleo extensor.

Durante o processo de mistura, as partículas de borracha podem dilatar (inchar)

até cinco vezes seu tamanho original, o que muda a proporção da borracha moída

na mistura, e podem quebrar (separar) parcialmente (breakdown partially). A

redução do tamanho das partículas aumenta com o tempo de mistura e diminui com

o aumento do tamanho original da partícula da borracha, conforme relata ARTS

(2012).

78

Segundo SPECHT (2004), o inchamento da borracha é uma difusão (migração)

e não uma reação química porque não há ligações livres nas borrachas

vulcanizadas para interação química com o asfalto. Após a imersão das partículas

de borracha no asfalto, a sua superfície fica com alta concentração de líquidos.

Posteriormente estes líquidos movem-se para o interior da partícula, sendo este

movimento controlado pelos seguintes fatores: (i) compatibilidade molecular entre a

borracha e o betume; (ii) tempo de digestão; (iii) viscosidade do asfalto.

3.5.1.1 MISTURA CONTÍNUA EM USINA (CONTINUOUS BLEND)

Neste processo, a borracha de pneus inservíveis triturada é adicionada ao CAP

aquecido, produzindo um ligante modificado que recebe a denominação de Asfalto-

Borracha (Asphalt Rubber) ou Asfalto Emborrachado (Rubberized Asphalt). O

Asfalto-Borracha é produzido com equipamento misturador na própria obra, por isso

recebe também a denominação de Field Blend (BANDINI, 2011) em uma unidade

especial. Ele deve ser misturado ao agregado e aplicado na pista imediatamente

devido à instabilidade da massa, diferentemente do TB que pode ser estocado

(mediante agitação), para uso posterior. Por precisar ser aplicado imediatamente,

esse sistema recebe outra denominação, conhecida por “Sistema Não Estocável”.

ROBERTS et al., (1989) recomendam como tempo máximo de armazenamento

do asfalto-borracha (CB), 16 horas após a sua produção.

Pelo processo de Mistura Contínua em Usina, a borracha moída de pneus é

incorporada ao ligante asfáltico em no mínimo 15% do peso total do ligante

modificado. A reação esperada para as partículas de borracha, quando em contato

com o ligante suficientemente aquecido, é o inchamento e o amolecimento destas

partículas. O asfalto-borracha mantém ou excede a viscosidade rotacional em

1500cP a 190o C depois do período de reação e, consequentemente, precisa ser

agitado para manter a mistura em suspensão e igualmente distribuído no tanque de

armazenamento. Por isso, o processo Field Blend é também denominado como

Processo Úmido de Alta Viscosidade (BANDINI, 2011).

O asfalto-borracha, ao final do processo, apresenta propriedades reológicas

diferentes do ligante original. No processo úmido, a interação entre o ligante asfáltico

79

e a borracha moída é classificada como uma reação. O grau de modificação do

ligante depende de alguns fatores, entre eles:

- Granulometria e textura da borracha;

- Proporção de ligante asfáltico;

- Proporção de borracha;

- Tempo de reação;

- Temperatura de reação;

- Energia mecânica durante a mistura;

- Compatibilidade entre ligante e borracha (polaridade);

- Uso de aditivos (óleos extensores).

Segundo BANDINI (2011), a borracha moída deve ser misturada ao asfalto

quente (175oC) até causar inchamento das partículas de borracha e um

considerável aumento da viscosidade (no mínimo 1500cP).

Quando é feita a adição da borracha ao ligante, ocorre uma absorção dos óleos

aromáticos do ligante pelas cadeias do polímero da borracha, o que acarreta a

alteração das propriedades do ligante asfáltico.

A borracha utilizada no processo de Mistura Contínua em Usina é proveniente

de pneus novos rejeitados e/ou inservíveis (retirados do meio ambiente) de carros

de passeio e de caminhões em proporções que influenciam as características finais

do ligante asfalto-borracha. A borracha triturada deve estar isenta das partes

metálicas (talões dos pneus) e de fibras como o nylon, também presente na

composição de pneus.

Existem dois processos para moagem da borracha: moagem à temperatura

ambiente (processo mecânico) e processo criogênico. Estes processos serão

examinados adiante.

A granulometria da borracha possui um efeito relevante nas propriedades do

asfalto modificado com borracha. As partículas grossas de borracha aumentam a

viscosidade do produto final, asfalto-borracha, enquanto que, partículas finas,

principalmente com percentagem de partículas que passam na peneira nº 50 (0,30

mm), resultam em um menor tempo de digestão (Caltrans, 2005).

O asfalto-borracha é principalmente usado em camadas de Gap e Open Graded,

mas é usado também como spray selador de trincas e como camadas de absorção

de tensões SAMI (Stress Absorbing Membrane Interlayer). Entre os benefícios,

80

destacam-se: espessuras menores das camadas, redução da reflexão de trincas,

aumento da segurança em dias chuvosos e redução de ruído do tráfego. O asfalto-

borracha produzido pelo processo Contínuo em Usina não pode ser usado em

misturas com graduação densa (SANTUCCI, 2009). Na Figura 3.6 são apresentados

os fatores intervenientes na produção do ligante modificado pelo processo Contínuo

em Usina.

FIG. 3.6 – Esquema de produção do ligante asfalto-borracha (CB)

O asfalto-borracha produzido pelo sistema Contínuo em Usina é executado na

própria usina de mistura asfáltica da obra, através da incorporação de equipamentos

adicionais ou utilizando caminhões estacionários. Dentre os equipamentos

adicionais normalmente utilizados, está um tanque de mistura e digestão do asfalto-

borracha ligado a uma central de comando que controla as variáveis do processo

como a temperatura do ligante, o tempo de digestão do produto final, além de

manter o ligante modificado em constante agitação. O ligante modificado pelo

processo CB deve ser utilizado imediatamente após sua produção, podendo ficar

armazenado por até quatro horas após sua fabricação. Veja o esquema de produção

na Figura 3.7, onde todo o processo é apresentado (Caltran, 2005).

PROCESSO ÚMIDO

CONTINUOUS BLEND

+LIGANTE ASFÁLTICO

BORRACHA MOÍDA

LIGANTE ASFALTO

BORRACHA

TIPO, GRANULOMETRIA

E TEOR TIPO E TEOR

Temperatura e tempo de digestão

81

FIG. 3.7 – Esquema de produção do AMB pelo processo CB (Fonte: CALTRANS, 2005)

3.5.1.2 TERMINAL BLEND

O processo Terminal Blend é também um processo úmido no qual a borracha é

misturada ao asfalto em uma refinaria ou terminal de distribuição. A partir desse

terminal, o ligante modificado pode ser distribuído para várias obras.

No sistema TB, a modificação física, reológica e química do asfalto é feita

através do processo de fusão entre os componentes, por meio de agitação mecânica

e digestão térmica em moinhos de cisalhamento. Ao final do processo, o ligante

modificado é um produto uniforme e estável, e não se dá a separação dos

constituintes, mesmo durante o armazenamento.

O conceito adotado pelo Caltrans é de que o sistema terminal blend não requer

constante agitação do asfalto-borracha porque neste tipo de sistema é possível

manter as partículas de borracha uniformemente distribuídas no betume (Caltrans,

2005), com a vantagem de ser armazenado por longos períodos de tempo (TRHRC,

2005).

Pneus Usados Borracha Moída

Produção do

AMB

AMB pronto para

ser aplicado

Aquecimento do

agregado

Depósito

agregado

82

O asfalto-borracha no Brasil é produzido pelo sistema terminal blend. Na

tecnologia brasileira, o asfalto-borracha possui estabilidade sem que ocorra a

separação de fases durante o armazenamento, ou seja, as características deste

asfalto permitem a sua utilização muito tempo após a sua produção. Entretanto, para

a utilização do asfalto-borracha na central betuminosa, os tanques devem ser

adaptados com agitadores. Pode ficar armazenado por até 3 semanas com agitação

de forma periódica diariamente. (MORILHA & GRECA, 2003).

O asfalto-borracha no sistema terminal blend, em função das suas

características pode ser aplicado em diferentes técnicas e em misturas betuminosas

com diferentes granulometrias (open graded, gap graded e dense graded). O asfalto-

borracha terminal blend com 20% de borracha é recomendado na elaboração de de

misturas betuminosas descontínuas com qualquer teor de vazios (drenante ou

densa) e também na execução de tratamentos superficiais. O asfalto com 15% de

borracha é indicado para fabrico de misturas betuminosas densas contínuas (Morilha

& Greca, 2003).

Neste sistema, o asfalto deve ser processado em altas temperaturas por

agitação em alto cisalhamento. Desta forma, obtém-se a despolimerização e a

desvulcanização da borracha moída de pneus, o que permite melhor absorção da

borracha pelo ligante, resultando em uma viscosidade menor do produto final

(ROBERTS et al., 1996).

O processo de produção para o TB é similar ao processo usado para produção

do asfalto modificado por polímeros. Ele foi inicialmente produzido em meados da

década de 80 e, por isso, tem um histórico de resultados avaliados, menor que o

asfalto-borracha (CB) que é usado desde a década de 1960 (SANTUCCI, 2009).

Nas Figuras 3.8 e 3.9 são mostrados os aspectos característicos dos ligantes, onde

se pode observar na Figura 3.10, que o ligante produzido pelo processo CB é mais

viscoso por ter mais borracha em sua composição.

83

FIG. 3.9 – Aspecto do ligante / TB FIG. 3.10 – Aspecto do ligante / CB

Fonte: CALTRANS (2009)

3.5.2 FORMA DE PRODUÇÃO PELO PROCESSO SECO (VIA SECA)

No processo seco a borracha é utilizada como agregado fino em misturas

betuminosas. Nesse processo a borracha (normalmente 1% a 3% em peso do

agregado total da mistura) é incorporada na mistura antes da mistura asfáltica ser

introduzida e pode ser aplicada em misturas do tipo gap graded (descontínua

densa), dense graded (contínua densa) e open graded (descontínua aberta)

(HEITZMAN, 1992).

A borracha triturada (agregado borracha) entra na mistura asfáltica como parte

do agregado pétreo, formando o asfalto modificado com adição de borracha

(RUMAC – Rubber Modified Asphalt Concrete). Esse método só deve ser utilizado

em misturas asfálticas a quente, não devendo ser usado em misturas a frio

(SPECHT, 2004; PATRIOTA, 2004).

O volume de vazios da mistura betuminosa é de 2% a 4% e com uma

percentagem de betume de 7,5% a 9,0% (TRHRC, 2005, BAKER et al., 2003).

Os resultados de investigações conduzidas no estado de Illinois (USA)

revelaram que os trechos experimentais com misturas asfálticas utilizando o

processo seco apresentaram desempenho inferir aos trechos onde foram aplicadas

misturas asfálticas convencionais (VOLLE, 2000).

As eventuais reações entre as partículas de borracha granulada e o asfalto

convencional que ocorrem no processo seco dependem da granulometria utilizada.

A utilização de borracha com grãos de elevada superfície específica aumenta a área

de contato asfalto-borracha, favorecendo as reações entre esses materiais durante

84

pequenos intervalos de tempo e a temperaturas relativamente baixas quando

comparadas àquelas utilizadas no processo úmido (DANTAS NETO, 2004).

3.6 O USO DE DILUENTES (ÓLEO EXTENSOR) NA MISTURA

Dependendo do tipo de ligante selecionado, do tamanho e do teor de borracha,

pode haver necessidade da adição de um diluente para facilitar a mistura entre os

componentes, ou seja, aumentar a compatibilidade entre o ligante e a borracha. Se,

por um lado, o diluente facilita a mistura, por outro ele reduz, temporariamente, a

viscosidade do ligante asfalto-borracha, facilitando a aplicação (melhorando a

trabalhabilidade na pista). Morris e Mcdonald (1976) observaram que, após cerca de

2 horas, a viscosidade do ligante volta ao seu valor original.

O teor de ligante sofre redução em função do uso do diluente de 10% a 25%.

TAKALLOU & SAINTON (1992) relatam que uma grande quantidade de diluente

(maior que 6%) pode reduzir o ponto de amolecimento, aumentar a penetração e a

dutilidade e reduzir a resistência do ligante.

Algumas conclusões de FAXINA (2006) sobre o uso de resíduo de óleo de xisto:

(i) em termos de estabilidade à estocagem, o óleo de xisto só é viável quando a

diferença máxima entre pontos de amolecimento é 5º C; (ii) teores muito altos de

borracha moída, aparentemente em torno de 18% e acima, prejudicam o

processamento das misturas, mesmo com teores altos de resíduo de óleo de xisto.

Parece existir uma proporção de borracha acima da qual a mistura passa para o

estado de semi-sólido. Misturas desta natureza apresentam um comportamento

peculiar: a viscosidade diminui muito pouco com o aumento da temperatura do

ensaio. Embora o resíduo de óleo de xisto consiga reduzir consideravelmente a

consistência do ligante asfalto-borracha, quando se emprega teores altos de

borracha, a redução obtida não é suficiente para adequar a viscosidade do ligante

asfalto-borracha aos níveis desejados para ligantes asfálticos não-modificados,

visando o bombeamento e o processamento em usina; (iii) o resíduo de óleo de xisto

tem efeito positivo sobre as propriedades que indicam resistência à formação de

trincas de origem térmicas.

85

3. 7 PROCESSOS DE MOAGEM DA BORRACHA

Existem dois processos de moagem para a transformação de pneus inservíveis

na borracha em grãos que poderá ser usada na modificação dos ligantes asfálticos:

processo Ambiente e processo Criogênico.

3.7.1 PROCESSO AMBIENTE

A moagem à temperatura ambiente consiste em uma série de trituradores,

peneiras, correias transportadoras, aspiradores que removem o nylon, e tambores

magnéticos que removem o aço, ainda presentes nas partículas de borracha.

O processo Ambiente gera partículas de borracha com uma extensa e esponjosa

superfície, a qual ajuda a promover a rápida reação com o ligante (ROBERTS et al.,

1996). Na Figura 3.10, são mostrados os pneus já sem os talões de aço, prontos

para entrarem na esteira de trituração.

FIG 3.10 – Pneus já sem os talões de aço, prontos para a trituração (Fonte: Autor)

Na Figura 3.11, é mostrado o início do processo de trituração de pneus, pelo

processo Ambiente, na fábrica da empresa EcoBalbo, em Ribeirão Preto.

86

FIG 3.11 – Linha de produção pelo processo de moagem - Ambiente na empresa

EcoBalbo(Fonte: Autor)

Na Figura 3.12, é mostrada a fase intermediária, no processo de trituração de

pneus, quando o nylon é retirado da linha de produção através da aspiração. Pode-

se observar na figura os grumos de nylon extraídos.

FIG 3.12 – Aspiração do nylon extraído dos pneus na moagem(Fonte: Autor)

Na Figura 3.13, são mostrados os sacos de 1.000 kg, também chamados de

Bags, de borracha moída prontos para o transporte.

87

FIG 3.13 – Borracha moída embalada em sacos (Bags) de 1000 kg (Fonte: Autor)

3.7.2 PROCESSO CRIOGÊNICO

Esse processo consiste em congelar a borracha de pneus em um tanque com

nitrogênio líquido, com temperaturas entre -90o C e -200o C, até que ela torne-se

quebradiça e possa ser facilmente triturada em partículas pequenas por um moinho

de martelos (Bandini, 2011). O material resultante deste processo é composto por

partículas lisas, limpas e planas. Tais características podem não ajudar e até mesmo

retardar o tempo de reação com o asfalto quente (Roberts, et al., 1996).

3.7.2.1 - ETAPAS DO PROCESSO DE TRITURAÇÃO CRIOGÊNICO

Na Figura 3.14 estão indicados por números, componentes do processo de

trituração Criogênico (CWC, 1998).

1- Correia transportadora de pneus;

2- Granulador com calha de alimentação;

3- Ventiladores;

4- Ciclone;

5- Válvula rotativa;

6- Medidor de alimentação e agitador;

7- Termostato;

8- Moinho;

9- Filtro automático;

88

10- Unidade de controle de LN2;

11- Tanque de suprimento de LN2.

12- Tanque

FIG. 3.14 – Esquema de trituração pelo processo criogênico (Fonte: CWC, 1998)

A seguir, na Tabela 3.2, é apresentada uma comparação entre as propriedades

físicas dos grãos de borracha triturados pelos processos Ambiente e Criogênico.

TAB. 3.2 – Comparação das propriedades físicas das borrachas moídas nos processos Ambiente e Criogênico

Fonte:CWC/BestPractices in Scrap Tires & Rubber Recycling

3.9 EXPERIÊNCIA BRASILEIRA UTILIZANDO O ASFALTO-BORRACHA PELO

PROCESSO DE PRODUÇÃO CONTINUOUS BLEND

ODA & FERNANDES (2003) mostraram, através dos ensaios de caracterização

convencionais e de ensaios Superpave, entre eles as propriedades reológicas e de

89

rigidez dos ligantes que, em princípio, o aumento do teor de borracha na mistura

asfáltica propicia aumento da resistência à formação de trincas por fadiga e por

contração térmica e também aumento da resistência à deformação permanente.

Em outro estudo conduzido por PEREIRA et al. (2009), foi demonstrado que a

quantidade de borracha influencia sobremaneira as características do asfalto-

borracha, onde a recuperação elástica é melhorada com o aumento da resiliência

mediante a incorporação de borracha ao ligante.

Testes de laboratório utilizando materiais brasileiros na produção do asfalto-

borracha mostraram que esses materiais apresentam comportamento adequado

para fins de reabilitação de pavimentos. Os valores de módulo de rigidez das

misturas com asfalto-borracha não apresentaram diferenças significativas entre as

misturas produzidas pelo processo Terminal Blend e pelo Continuous Blend

(PEREIRA et al., 2003).

FONTES et al. (2007) compararam em laboratório o desempenho de asfaltos

produzidos pelos sistemas Continuous Blend e Terminal Blend e, através de ensaios

de caracterização, comprovaram que as misturas asfálticas produzidas tanto pelo

sistema TB quanto pelo CB apresentaram características melhores que a mistura

convencional.

FONTES et al., (2009) avaliaram o desempenho mecânico de misturas asfálticas

com asfalto-borracha produzido através do sistema terminal blend, com duas

granulometrias (dense graded e gap graded). O desempenho obtido por essas

misturas foi comparado à uma mistura convencional do tipo dense graded (DNIT

faixa “C”), confeccionada com CAP 50/70. Foram realizados, em laboratório, ensaios

mecânicos de desempenho, nos quais foram avaliadas as misturas asfálticas citadas

anteriormente. Os resultados dos ensaios de laboratório mostraram que as misturas

com asfalto borracha apresentaram um desempenho mecânico superior à mistura

convencional. Considerando o uso de misturas com asfalto borracha na camada de

revestimento, em substituição à mistura convencional, foi possível obter-se uma

considerável redução da espessura desta camada.

90

3.9 EXPERIÊNCIA AMERICANA UTILIZANDO ASFALTO-BORRACHA

Desde a década de 1960 muitos estados americanos testaram e avaliaram o

desempenho das misturas asfálticas modificadas com borracha como também SAMs

e SAMIs. Inicialmente, como acontece com qualquer nova tecnologia, nem todos se

saíram bem com o uso do AB. Algumas agências estaduais que tiveram falhas

importantes na implementação dessa tecnologia exigiram a retirada do material e

ficaram inseguras em prosseguir no desenvolvimento da pesquisa com o asfalto-

borracha. A maioria dessas falhas foram resultado do uso da técnica para uma

aplicação inadequada ou devido a falhas no controle de qualidade dos materiais ou,

ainda, pela prática incorreta de execução.

Alguns estados perderam o interesse em buscar a tecnologia do asfalto-

borracha devido à expiração do fundo federal de recursos que garantia

financiamento não reembolsável para iniciativas que dessem destinação aos pneus

inservíveis. Entretanto, aquelas agências que persistiram no desenvolvimento e no

refinamento da tecnologia tiveram sucesso no aumento da performance de

pavimentos com asfalto-borracha. Abaixo são descritas algumas experiências

americanas com o asfalto-borracha (SANTUCCI, 2009).

FLÓRIDA – O FDOT, após a conclusão de um estudo pormenorizado de campo a

respeito do desempenho de misturas asfálticas modificadas com borracha,

introduziu, em 1994, novas especificações e passou a exigir o uso do asfalto-

borracha em novas obras. Até 1999, foram produzidas mais de 2,7 milhões de

toneladas de misturas asfálticas modificadas com borracha. O teor de borracha

utilizado no estado da Flórida varia entre 5% e 20%.

ARIZONA – O ADOT tem mais de 35 anos de experiência com o asfalto-borracha.

Em 1989, o estado, através do ADOT, documentou, em um relatório de pesquisa a

história, o desenvolvimento e a performance dos pavimentos com asfalto-borracha,

que obtiveram enorme sucesso usando esta mistura como uma membrana de

encapsulamento para controlar as distorções provenientes de solos expansivos e

para reduzir a reflexão de trincas em camadas executadas sobre pavimentos rígidos

e flexíveis. Em 1985, o ADOT iniciou a experiência com misturas asfálticas Gap e

Open Graded modificadas com borracha. Esta última é usada como camada final de

91

rolamento, com espessura entre 12,5 mm e 25 mm, enquanto a primeira, Gap

Graded, é usada sobre revestimentos severamente trincados, com espessuras entre

37,5 mm e 50 mm. Esta camada de Gap, dependendo do tráfego e do tipo de

rodovia, pode precisar ser sobreposta por uma camada de Open Graded. Mais de

28.000 km de pavimentos foram construídos com asfalto borracha desde 1988, com

desempenho considerado muito bom pelo ADOT.

CALIFÓRNIA – O Caltrans começou usando o asfalto-borracha como selante de

trincas (Chip Seals) em 1970 e em misturas asfálticas em 1980. O primeiro grande

experimento de campo com AMB foi executado em Ravendale, Califórnia, 1982. Até

2001, o Caltrans já tinha construído mais de 210 projetos com AMB em todo o

estado. Ele adota o percentual de 25% de borracha de pneus, além de óleo

extensor. Esta agência estipulou que o percentual em toneladas de AMB em relação

ao total de misturas asfálticas executadas no estado passará de 20%, em 2007, para

35% em 2013.

TEXAS – O primeiro registro do uso de asfalto-borracha no Texas (TxDOT) foi em

1976, nos distritos de Bryan e El Paso. O TxDOT fez significativas mudanças nos

projetos de misturas e especificações para uso de misturas asfálticas modificadas

com borracha em 1992, basicamente substituindo misturas densas por misturas Gap

Graded. Os representantes do TxDOT têm relatado um significativo aumento da

resistência ao trincamento em relação às misturas asfálticas convencionais.

NEVADA - O NDOT, nos últimos anos, tem avaliado a alternativa do uso de asfalto-

borracha (Terminal Blend) em substituição às misturas asfálticas modificadas com

polímeros, tradicionalmente usadas no estado. Em 2006, iniciou uma pesquisa,

conduzida pela Universidade de Nevada, Reno (UNR), sobre avaliação de

performance em laboratório com misturas asfálticas com borracha pelo processo

Terminal Blend. Os resultados concluíram que as misturas com Gap e Open Graded,

por este processo, tiveram resultados bastante satisfatórios. NDOT reportou sobre o

uso do asfalto borracha em uma mistura open graded, na rodovia I-515, na cidade

de Henderson/Nevada, onde o primeiro objetivo era redução de ruído do pavimento.

O ruído no pavimento de concreto original era de 108,1 dB. Após

92

Na Figura 3.15, é apresentada graficamente a evolução dos custos de

manutenção, conduzida pelo ADOT, comparando pavimentos utilizando misturas

asfálticas convencionais com pavimentos com misturas asfálticas modificadas com

borracha, ambas as camadas sobrepondo pavimentos de concreto trincados.

Podemos observar que nos primeiros dois anos os custos são semelhantes, mas a

partir do quinto ano, dá-se um descolamento das curvas, e os custos do AMB

chegam a apresentar um decréscimo (ano 6), enquanto a curva do HMA evolui

quase que exponencialmente.

FIG. 3.15 – Custos de manutenção por milha de pista (USA $). (Fonte: ADOT, 1998)

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Custos de manutenção Asfalto Borracha

Custos de manutenção Asfalto Convencional

CUSTO DE MANUTENÇÃO - ARIZONA / ADOT - 1999

ANOS

CU

STO

PO

R M

ILH

A D

E P

ISTA

93

4 APRESENTAÇÃO DO PROJETO DE RESTAURAÇÃO DA RODOVIA RJ-122

4.1 INTRODUÇÃO

A rodovia RJ-122, pertencente a malha rodoviária da Fundação DER-RJ, foi

construída no início da década de 1970 com revestimento em CBUQ sobre base e

sub-base de solo misturado com cimento. A rodovia apresentava em 2009 um

tráfego médio diário em torno de 250 veículos. As avaliações funcional e estrutural

da rodovia evidenciaram principalmente fadiga pronunciada do revestimento

asfáltico, além de poucos afundamentos (deformação permanente). A Fundação

DER-RJ então conduziu estudos para determinar qual seria a melhor solução para a

restauração. Foram adotados os procedimentos de projeto, PRO-11 e PRO-269, e

levantados os custos das soluções estudadas. Paralelamente buscava-se uma

alternativa para a restauração que desse uma vida útil mais longa ao pavimento e

fosse economicamente viável. O asfalto-borracha entrou como opção justamente

pelo histórico, relatado por outros países e mesmo nos últimos anos no Brasil, de

aumento da vida útil utilizando essa metodologia. Posteriormente foi escolhido o

processo de produção contínuo em usina (Continuous Blend) pois, os resultados

relatados pela experiência americana e portuguesa eram animadores. Após levantar

os valores desta última alternativa, a Fundação DER-RJ constatou que a obra de

restauração sairia mais barata até mesmo à custo inicial fazendo-a em asfalto

borracha, tendo ainda como benefício o ganho ambiental pelo uso de pneus

inservíveis moídos na mistura asfáltica, os quais seriam retirados do meio ambiente.

A Fundação DER-RJ tinha ao final dos estudos iniciais uma solução adequada

ao problema da fadiga demonstrada pelas avaliações de campo, uma solução

inovadora utilizando o asfalto borracha produzido pelo processo CB, além de ser

uma obra economicamente viável e ambientalmente sustentável.

4.1.1 IDENTIFICAÇÃO DA RODOVIA (SISTEMA RODOVIÁRIO ESTADUAL)

A rodovia é identificada segundo o Cadastro da Fundação DER-RJ como:

Código da Rodovia: Rodovia estadual RJ-122;

94

Trecho: do entroncamento da BR-116 (Parada Modelo) até entroncamento da

RJ-116 (Trevo dos Setenta);

Extensão: 35,9 km.

4.1.2 LOCALIZAÇÃO

Na Figura 4.1, é apresentado o mapa da região do estado do Rio de Janeiro

onde está localizada a rodovia RJ-122, situada a cerca de 70 km do centro do

município do Rio de Janeiro e está muito próxima a regiões com previsão de rápido

crescimento econômico, como Baixada Fluminense e Itaboraí, sendo esta última a

cidade onde está sendo implantado o Complexo Petroquímico do Estado do Rio de

Janeiro (COMPERJ), cujo potencial de indução de crescimento é enorme. A RJ-122

liga os municípios de Guapimirim e Cachoeiras de Macacu e atende ao fluxo de

usuários que se dirigem à região serrana do Estado do Rio de Janeiro vindos da

capital do estado e da Baixada Fluminense.

FIG 4.1 – Mapa de Localização da RJ-122 (Fonte: Fundação DER-RJ)

95

4.2 DADOS COLETADOS PARA O PROJETO

A solução adotada em asfalto borracha deve-se ao fato de que este tipo de

mistura permite criar plataformas bastante flexíveis e com grande capacidade de

absorver reflexão de trincas em pavimentos com grande variabilidade de condições

estruturais (Projeto de Restauração da RJ-122, Fundação DER-RJ, 2009).

Adotou-se, nesse projeto, o percentual de 50% de redução de espessura das

camadas betuminosas em função do uso do asfalto-borracha, em relação à solução

convencional, conforme recomenda o manual do CALTRANS (1999).

Para fundamentar o projeto, foram colhidos diversos dados de campo, dentre

eles a temperatura média do ar, da região em estudo, dos meses entre os anos

2000 e 2009, o tráfego da rodovia e o peso dos veículos para classificação do

tráfego. Também foi feita a deflectometria pela empresa Strata Enga, no lado

esquerdo da faixa de rolamento entre a ponte do Rio Guapi-Açu até o fim do

entroncamento com a RJ-116, totalizando 21km. Na figura 4.6, são mostrados dados

da deflexão do trecho de trezentos metros entre as estacas 1405 e 1420, escolhido

para ser o trecho onde será acompanhado o desempenho do pavimento ao longo do

tempo. E por último, foi feito o ensaio com o DCP (Dynamic Cone Penetrometer),

que permitiu estimar as espessuras das camadas granulares subjacentes às

camadas betuminosas e também foi obtido o índice DCP, com o qual foi possível

fazer correlação com o parâmetro CBR e determinar a resistência dessas camadas

(Projeto de Restauração da RJ-122, Fundação DER-RJ, 2009).

Nos pavimentos flexíveis, é essencialmente a combinação de dois tipos de

ações, temperatura e tráfego, que tem como consequência a perda de

características fundamentais ao desempenho para o qual foram dimensionados. O

grau de performance (PG) para a mistura modificada com borracha foi determinado

em função da temperatura da região em estudo e classificado como PG 58-10.

Entretanto, como também foi considerado tráfego lento, o Grau de Performance

adotado foi PG 64-10 (Projeto de Restauração da RJ-122, Fundação DER-RJ,

2009).

É relevante ressaltar que para o PG 64-10 determinado no projeto o CAP 30-45

atenderia a tais requisitos. Entretanto como o problema principal da rodovia era a

fadiga acelerada do revestimento asfáltico, o ligante escolhido deveria ser aquele

que desse grande capacidade à mistura asfáltica de absorver a reflexão de trincas.

96

O ligante modificado com borracha tem as propriedades desejadas para tal

demanda.

4.2.1 TRÁFEGO

Foi criado um posto de pesagem dinâmica, entre janeiro e fevereiro de 2008, no

km 33, para pesagem dos veículos. O período de projeto considerado para a

restauração da rodovia RJ-122 foi de 20 anos. A seguir, são apresentados, na tabela

4.2, os dados de tráfego projetados para a RJ-122. No sentido AB, que é o sentido

mais carregado (Guapimirim para Cachoeiras de Macacu). A pesagem dos veículos

foi realizada entre os dias 08 e 14 de junho de 2009. No dimensionamento de

pavimentos rodoviários, faz-se a conversão do tráfego em um número acumulado

de eixos simples, os quais se designam eixos-padrão. Assim define-se o Número

Acumulado de Eixos Padrão (NAEP) como o tráfego acumulado, expresso em

termos de eixos padrão, que vai solicitar o pavimento durante o período de vida de

projeto (Projeto de Restauração da RJ-122, Fundação DER-RJ)

A conversão dos pesos dos diferentes veículos para eixos padrão de 86kN foi

feita com base na Equação 4.1 (Shell, 1998):

VP(86kN) = (Pi / 86kN)5 EQ. (4.1)

ONDE:

VP – Veículo pesado;

Pi – Peso de cada eixo medido através da balança.

O peso de cada eixo (PI) em kN = (Pi (kg)/1.000) x 9,81

Foram calculados os pesos dos eixos equivalentes para cada tipo de eixo;

97

TAB. 4.1 – No de eixos equivalentes (Fundação DER-RJ, 2009)

No Total de veículo = 3.496; No Total de eixos = 10.133

Peso Equivalente acumulado para 7 dias = 1710;

N 2009 = (1710 x 365) / 7 = 89.164

Na Tabela 4.2 é calculado, ao longo do período de projeto (20 anos), o número

N, considerando um crescimento anual de tráfego de 2,5%.

TAB. 4.2 – Cálculo do N acumulado para 20 anos (Fundação DER-RJ, 2009)

Como forma de verificação

do N calculado pelo Projeto de Restauração da RJ-122, foi calculado o N pela

98

metodologia do DNIT, considerando os pesos medidos no posto de pesagem ,

como mostrado na Tabela 4.4 e também considerando os pesos limites

estabelecidos pela lei da balança (lei nº 7408 de 25 / 11 / 85), como mostrado na

Tabela 4.5.

TAB. 4.3 – Metodologia para determinação dos pesos equivalentes para cada eixo

(Manual de estudo de tráfego, IPR, 2006)

Na determinação dos pesos equivalentes é o mesmo calculado na Tabela 4.1.

Resultado do Eixo Equivamente (Método DNIT / AASHTO, 1962) obtido para

todos os veículos= 2.058

N 2009 = (2.058 x 365) / 7 = 107.310

TAB. 4.4 - N calculado pela metodologia DNIT, a partir dos pesos medidos nos postos de

pesagem (Taxa de crescimento do Tráfego = 2,5%)

99

Resultado do Eixo Equivamente obtido para todos os veículos = 945

N 2009 = (10.303 x 365) / 7 = 537.228

TAB. 4.5 – N calculado pela metodologia DNIT, considerando os pesos limite da lei da

balança (Taxa de crescimento do Tráfego = 2,5%)

N Anual N acumulado Ano

107.310 49.275 2009

109.993 2,17E+05 2010

112.743 3,30E+05 2011

115.561 4,46E+05 2012

118.450 5,64E+05 2012

121.411 6,85E+05 2014

124.447 8,10E+05 2015

127.558 9,37E+05 2016

130.747 1,07E+06 2017

134.015 1,20E+06 2018

137.366 1,34E+06 2019

140.800 1,48E+06 2020

144.320 1,62E+06 2021

147.928 1,77E+06 2022

151.626 1,92E+06 2023

155.417 2,08E+06 2024

159.302 2,24E+06 2025

163.285 2,40E+06 2026

167.367 2,57E+06 2027

171.551 2,74E+06 2028

175.840 2,92E+06 2029

N para 20 anos: 2.917.037

100

Comparando os 3 valores determinados pelos métodos descritos

anteriormente pode-se observar que o valor do número N utilizado pelo Projeto de

Restauração da RJ-122 determina um N menor (493.260 veículos comerciais) do

que aquele determinado pela metodologia DNIT, onde foram adotados os pesos

medidos nos postos de pesagem. Já o valor determinado pela metodologia DNIT,

considerando os pesos limite da lei da balança, o valor do N é muito superior

(12.179.835 veículos comerciais) ao adotado na obra de restauração da RJ-122.

4.2.2 AVALIAÇÃO FUNCIONAL

Os levantamentos de campo no pavimento revelaram que tanto o estado

funcional quanto o estrutural apresentavam comprometimentos severos, quase na

totalidade da extensão (35,9 km), devido em grande parte a trincas interligadas, tipo

couro de jacaré, com destacamento de blocos, causadas pela fadiga do

revestimento asfáltico, decorrentes da ação repetida das cargas do tráfego. Nas

Figuras 4.2, 4.3, 4.4 e 4.5 são mostradas algumas fotos da rodovia RJ-122 que

retratam o estado funcional da rodovia antes das obras de restauração.

N Anual N acumulado Ano

537.228 537.228 2009

550.659 1,09E+06 2010

564.425 1,65E+06 2011

578.536 2,23E+06 2012

592.999 2,82E+06 2012

607.824 3,43E+06 2014

623.020 4,05E+06 2015

638.595 4,69E+06 2016

654.560 5,35E+06 2017

670.924 6,02E+06 2018

687.697 6,71E+06 2019

704.890 7,41E+06 2020

722.512 8,13E+06 2021

740.575 8,87E+06 2022

759.089 9,63E+06 2023

778.066 1,04E+07 2024

797.518 1,12E+07 2025

817.456 1,20E+07 2026

837.892 1,29E+07 2027

858.839 1,37E+07 2028

880.310 1,46E+07 2029

N para 20 anos: 14.603.612

101

Na Figura 4.2, pode-se observar o grau avançado do trincamento da rodovia,

antes da restauração, caracterizado pelas trincas com aspecto de couro de jacaré

com destacamento de blocos em alguns trechos. Apesar do elevado grau de

trincamento, o pavimento não apresentava praticamente nenhum trecho com

deformação permanente, ou afundamento de trilha de roda acentuado.

FIG. 4.2 – km 24,5 - Trincas tipo couro de jacaré na RJ-122

(Fonte: DGP/DER-RJ, 2008)

Nas Figuras 4.3 e 4.4, pode-se observar a deficiência na drenagem superficial,

onde a água de chuva permanece em contato com as bordas do pavimento,

possibilitando, desta forma, sua percolação para as camadas de infraestrutura do

pavimento, o que provoca o aumento da resiliência e, consequentemente, da fadiga

do revestimento asfáltico. Na Figura 4.5, pode-se observar o agravamento do

trincamento, já com o destacamento de blocos evoluindo para panelas.

102

FIG. 4.3 – km 19 - borda lateral da pista com acúmulo de água de chuva (Fonte: DGP/DER-RJ, 2008)

FIG. 4.4 – km 24,5 - acostamento da pista encharcado após chuva (Fonte: DGP/DER-RJ, 2008)

FIG. 4.5 – km 24,5 - trincas com destacamento de blocos

(Fonte: DGP/DER-RJ, 2008)

4.2.3 AVALIAÇÃO ESTRUTURAL

O levantamento deflectométrico foi feito pela Strata Enga com FWD no mês de

março de 2009, no lado esquerdo da faixa de rolamento entre a ponte do Rio Guapi-

Açu até o fim do entroncamento com a RJ-116, totalizando 21km.

103

A deflectometria do trecho monitorado (entre as estacas 1405 a 1421), mostrado

na Figura 4.6, demonstra uma deflexão irregular, iniciando com uma condição

estrutural aceitável no Km 28,10 (Df1=39,1mm) e evoluindo para deflexões

comprometedoras (Df1 = 190,4mm) no Km 28,40 ao longo de todo o trecho

monitorado (300 metros). A localização do trecho monitorado foi escolhida

simplesmente por ser próximo (em frente) ao canteiro de obras e assim facilitar a

locomoção entre o trecho e a infraestrutura do canteiro de obras. Este segmento

será acompanhado ao longo do tempo para avaliação do comportamento funcional e

estrutural e será parte da Rede Temática de Tecnologia em Asfalto PETROBRAS /

ANP, que tem como objetivo o desenvolvimento de um método nacional de

dimensionamento de pavimentos asfálticos.

FIG. 4.6 - Deflectometria do segmento monitorado (300 m) (Fonte: Fundação DER-RJ)

4. 3 DIMENSIONAMENTO PROPOSTO PARA A RESTAURAÇÃO

A seguir serão apresentados os dados extraídos do projeto fornecido pela

Diretoria de Obras Metropolitanas da Fundação DER-RJ, Intitulado “Projeto de

Restauração da RJ-122 (2009)”, desenvolvido pela empresa de Consultoria

Internacional Consulpav.

107,7

207

95,9

190,4

40,2

146,4170,8

39,1

49,2

0

50

100

150

200

250

28000 28100 28200 28300 28400 28500

De

fle

xão

(0

,01

mm

)

Posição (km)

DEFLEXÃO (df1)

DEFLEXÃO (df1)

Posição (metros)

104

Solução adotada para reabilitação ao longo de toda extensão do pavimento é

composta pelas seguintes camadas:

Camada de 2,5cm de asfalto-borracha tipo Open Graded com 9,5% de teor de

AMB;

Pintura de ligação utilizando emulsões asfálticas modificadas com polímeros;

Camada de 4,5cm de asfalto-borracha tipo Gap Graded, com 8,5% de teor de

AMB;

Pintura de ligação com emulsão asfáltica;

Camada de regularização/reperfilamento com cerca de 5,0 cm de espessura:

o Km até km - Reperfilado com gap graded – Trecho monitorado

(300m);

o Km até km – Sem Reperfilamento;

o Km até km – Reperfilado com mistura asfáltica convencional.

Pintura de ligação com emulsão asfáltica;

Tratamento de áreas especialmente degradadas, tratamento de bermas e

drenagem;

Remendo profundo onde for necessário;

A seção transversal original da rodovia era constituída de pistas com 3,60 m de

largura sem acostamento. Na restauração foi feito o alargamento das pistas para 4,0

m e foram construídos acostamentos com 1,80 m, ficando a meia seção transversal

com 5,8 m de largura em toda a extensão da rodovia. Sob os alargamentos foram

construídas camadas de base e sub-base em brita graduada com largura de 2,20 m.

Sobre o pavimento trincado e acostamentos foi executada uma camada de

reperfilamento com cerca de 5,0 cm de espessura composta, em 30% da extensão

total da rodovia, de asfalto borracha tipo gap graded com cerca 8,5% de ligante

modificado com borracha. No restante da rodovia, cerca de 60% de extensão, 50%

foram executados com mistura asfáltica convencional e no restante não houve

reperfilamento. Sobre a camada de reperfilamento foi executada uma camada de

4,5 cm de espessura em asfalto borracha do tipo gap graded com cerca de 8,5% de

ligante modificado com borracha na largura total, ou seja, 11,80 m. E como

revestimento foi executada uma camada com 2,5 cm de espessura em asfalto

105

borracha tipo open graded com cerca de 9,5% de ligante modificado com borracha

somente sobre as pistas de rolamento, ou seja, 8,0 m.

A seção transversal projetada para a reabilitação dos 35,9 km de extensão da

rodovia RJ-122 é ilustrada a seguir, na Figura 4.7.

4.4 CRITÉRIOS ADOTADOS PARA A SELEÇÃO DOS MATERIAIS

O autor do Projeto de Restauração da RJ-122 (2009) adotou uma série de

critérios de seleção para os materiais que seriam usados na obra. Nas Tabelas 4.3,

4.4, 4.5 e 4.6 são apresentados esses critérios de seleção tanto para os agregados

quanto para as misturas asfálticas.

FIG. 4.7 - Seção transversal do projeto de restauração dos 35,9 km de extensão.

(Fonte: Fundação DER-RJ)

3,60 m 2,20 m

106

4. 4.1 AGREGADOS

Foram ensaiadas pela Dynatest, antes do início da obra, os agregados de 19

pedreiras, para verificação das características exigidas pelo projetista. Nenhuma

pedreira atingiu as condições exigidas inicialmente (vide tabelas de critérios de

seleção). No laboratório do IME foi feito este mesmo ensaio para a brita da pedreira

Morro Grande. Quanto à lamelaridade dos agregados, foi necessário utilizar um

britador secundário para que esse índice fosse atingido. Ao fim dos estudos de

resistência dos agregados, foram selecionadas as seguintes pedreiras para o

fornecimento dos agregados para a obra da RJ-122, todas localizadas na região :

1. Pedreira Basalto (antiga São Pedro) localizada em Nova Iguaçu, RJ;

2. Pedreira Morro Grande; localizada em Araruama, RJ;

3. Pedreira Sebritas; localizada em Campo Grande, RJ;

Os agregados foram coletados (DNER-PRO 120, 1997), para esta dissertação,

em diversos momentos ao longo do segundo semestre de 2010 e no ano de 2011.

As coletas foram feitas no canteiro de obras da RJ-122, do consórcio construtor

Colares / Linhares, diretamente nas pilhas de estocagem (após passarem por

peneiramento primário), no silo frio e também no silo quente (secador). Os

agregados foram armazenados em sacos plásticos impermeáveis, quando

destinados para moldagem de corpos de prova de misturas asfálticas em laboratório

(Dynatest) ou para ensaios granulométricos no IME. Todos os agregados coletados

tinham aparência de rocha sã. Nas Tabela 4.3 e 4.5 são apresentados os critérios de

seleção dos agregados que compõem as misturas Gap Graded e Open Graded.

Neste estudo apenas os ensaios de perda por desgaste Los Angeles foram

realizados. Na Tabela 4.6 e 4.7 são apresentadas as faixas granulométricas

exigidas paras as misturas Gap Graded e Open Graded.

107

TAB. 4.6 – Critérios de seleção – Gap Graded (Fonte: Fundação DER-RJ, 2009)

CARACTERÍSTICAS DOS AGREGADOS – Gap Graded VALORES

Perda por desgaste Los Angeles 20% a 30%

Índice de lameralidade, max. 25%

Percentagem de material britado 100%

Coeficiente de polimento acelerado, mín. 0,5

Equivalente de areia da mistura de agregados, mín. 60%

Valor de azul de metileno (θ < 75μm), max. 0,8

Absorção de água para fração gran. max. 2%

TAB. 4.7 – Granulometria exigida – Gap Graded

(Fonte:Fundação DER-RJ, 2009)

PENEIRA % PASSANDO

# mm # Nº Limite inferior Limite superior

19 3/4 100 100

12,5 1/2 80 100

9,5 3/8 65 80

4,75 Nº 4 28 42

2,36 Nº 8 14 22

0,075 Nº 200 0 2,5

108

TAB. 4.8 – Critérios de seleção – Open Graded

(Fonte: Fundação DER-RJ, 2009)

CARACTERÍSTICAS DOS AGREGADOS – Open Graded VALORES

Perda por desgaste Los Angeles 20% a 26%

Índice de lameralidade, max. 15%

Percentagem de material britado 100%

Coeficiente de polimento acelerado, mín. 0,5

Equivalente de areia da mistura de agregados, mín. 60%

Valor de azul de metileno (θ < 75μm), max. 0,8

Absorção de água para fração gran. max. 2%

TAB. 4.9 – Granulometria exigida – Open Graded

(Fonte: Fundação DER-RJ, 2009)

PENEIRA % PASSANDO

# mm # Nº Limite inferior Limite superior

9,5 3/8 100 100

4,75 Nº 4 30 45

2,36 Nº 8 6 10

0,075 Nº 200 0 2,5

4.4.2 BORRACHA DE PNEUS

O pó de borracha utilizado na obra da RJ-122 foi proveniente de pneus

inservíveis fornecidos pela Reciclanip, entidade mantida pelos fabricantes de

pneumáticos. Pequenos volumes de outras fontes, como borracharias e ecopontos

de prefeituras próximas a Ribeirão Preto também forneceram alguns pneus.

Foram utilizados também pneus novos fora de padronização classificados como

inservíveis, fornecidos pelos fabricantes como Goodyear, Firestone, Pirelli etc.

O pó de borracha proveniente da trituração de pneus inservíveis foi produzido

em temperatura ambiente (Ambient Grinding) pela Ecobalbo, empresa situada no

interior de São Paulo próximo a Ribeirão Preto. O percentual previsto em projeto

para adição da borracha moída ao ligante foi de 20%. A composição da borracha

moída foi estabelecida pelo projetista em 50% de pneus de veículos de passeio e

50% de pneus de veículos de carga. Esta composição (em peso) é obtida pelo

abastecimento da máquina de trituração na proporção de 4 pneus de veículo de

109

passeio e 1 banda (ou metade) de um pneu de veículo de carga por vez. Todo o aço

e nylon, elementos presentes nos pneus, são retirados por intermédio de ímãs e

ventiladores. A capacidade de produção de borracha moída diária pela Ecobalbo é

de duas toneladas, segundo informou a empresa.

A granulometria adotada para a borracha moída foi a faixa B do ADOT (Arizona

Department of Transportation, 1996) e foi controlada durante o processo de

trituração por um representante da Dynatest (empresa contratada pela Fundação

DER-RJ para o controle da obra) dentro da fábrica da Ecobalbo. Toda a borracha

moída destinada à obra da RJ-122, embalada em sacos de 1000kg, nos quais eram

anexados certificados (Dynatest) com registro a origem da borracha e sua

granulometria. A borracha deveria estar isenta de tecido, arame ou qualquer outro

material contaminante.

Pode-se observar, na Figura 4.8, que as duas amostras de borracha moída,

coletadas em diferentes períodos, nas embalagens de borracha moída (bags),

dentro do canteiro de obras da RJ-122, e ensaiadas pelo autor no laboratório da

obra, atenderam aos limites estabelecidos pela faixa granulométrica do Arizona

(Faixa B).

Na Figura 4.9 mostra-se, como exemplo, um grão de borracha na fase

intermediária de corte, ainda com a presença do nylon.

FIG. 4.8 – Distribuição granulométrica da borracha (Fonte: Fundação DER-RJ, 2009)

110

FIG. 4.9 – Grão intermediário da borracha (Fonte: Autor)

4.4.3 MISTURAS ASFÁLTICAS

A camada de reperfilamento teve a função de nivelar a superfície existente da

rodovia, garantindo que as camadas sobrejacentes fossem executadas com

precisão quanto à espessura.

Nas camadas asfáltica tipo Gap-Graded e Open-Graded, foi utilizado o ligante

asfáltico tipo 30/45 fornecido pela REDUC/Petrobras e modificado com 20% de

borracha moída, produzido pelo processo Field Blending / Continuous Blending.

As características do processo de produção do AMB:

Tempo de reação da borracha na incorporação ao ligante: 90 minutos;

Temperatura da digestão: 190oC.

O AMB, pelo processo de produção CB, deve ser aplicado na pista em até

quatro horas após a incorporação. Nas Tabelas 4.7 e 4.8 são apresentados os

critérios de dosagem das misturas asfálticas Gap e Open Graded.

TAB. 4.10 – Critérios de dosagem – Gap Graded (Fonte F. DER-RJ, 2010)

111

TAB. 4.11 – Critérios de dosagem – Open Graded (Fonte F. DER-RJ, 2010)

4.5 CONTROLE DO PROCESSO DE PRODUÇÃO TECNOLÓGICA

Todas as etapas de execução da obra foram controladas pela Dynatest Engª.,

desde o controle granulométrico e de resistência dos agregados, diretamente nas

pedreiras fornecedoras (Morro Grande, Sebritas e Basalto), passando pela análise

da granulometria da borracha moída e sua composição (50% de pneu de automóvel

e 50% de pneu de caminhão), até chegar ao controle das misturas betuminosas,

através de ensaios de caracterização e resistência. Na Figura 4.10 um operário da

Dynatest faz a extração de um corpo de prova da camada de Gap Graded, como

exemplo de controle.

112

FIG. 4.10 – Operário da Dynatest extraindo amostras da pista com sonda rotativa na estaca 1408, dentro do segmento monitorado. (Fonte: Autor)

4.6 USINA UTILIZADA PARA A PRODUÇÃO DO AMB

A Usina utilizada foi da Marca CIBER modelo UACF 17 P-2, gravimétrica, com

contrafluxo e peneira vibratória que permite a seleção da granulometria dos

agregados conforme o tipo de mistura asfáltica (GG ou OP). Foi inserida à usina

uma unidade de armazenamento e mistura do ligante modificado, para adição e

digestão da borracha moída no ligante. Essa unidade em conjunto com o tanque de

armazenamento do CAP receberam a denominação informal de Combo. Esse

conjunto possui um centro de comando autônomo que controla: (i) o bombeamento

do CAP para a unidade de processamento; (ii) a temperatura da mistura; (iii) o

tempo de digestão da mistura; (iv) a velocidade das palhetas internas que promovem

a mistura do ligante com a borracha moída. A palavra Combo é uma redução da

palavra inglesa combination, e serviu para descrever a combinação entre o tanque

de armazenamento do CAP e a unidade de mistura e digestão da mistura. A usina é

propriedade da Construtora Colares Linhares, executora da obra.

Na Figura 4.11, é apresentado um desenho esquemático da usina e seus

componentes, no processo de produção do asfalto-borracha. O ligante modificado

após o tempo de digestão, que possibilita a total incorporação da borracha ao

ligante, é bombeado pelo comando da usina para ser misturado ao agregado

aquecido.

113

FIG. 4.11 – Figura esquemática da usina de produção do Continuous Blend da RJ-122 (Fonte: F. DER-RJ)

Na Figura 4.12, é apresentada uma foto da usina, onde pode-se observar, no

lado extremo esquerdo, o caminhão sendo abastecido com a mistura final

modificada. À direita aparecem os silos dos agregados e, ao centro, a peneira que

faz a última verificação da granulometria do agregado antes de este ser misturado

ao ligante modificado.

FIG. 4.12 – Vista da usina UACF 17 P-2 (Ciber) na obra da RJ-122. (Fonte: Autor)

1 - Dosadores de agregados

3 - Correia transportadora de agregados 4 - Peneira

2 - Cabine de comando

5 - Tambor secador de agregados 6 – Tambor de CAP

1

3

2 4

5

6 7 – Adição da borracha

7

114

A seleção da granulometria dos agregados é feita em 2 etapas de peneiramento.

Na primeira, o agregado é selecionado através de análise granulométrica antes de

este entrar na linha de produção da usina. Na segunda fase, já na linha de

produção, há uma segunda análise granulométrica, quando os agregados que

estiverem fora da faixa especificada são expurgados da linha de produção. Caso

haja algum expurgo, a diferença de peso será sentida por sensores que indicam a

necessidade de correção do traço em peso, fazendo com que a esteira

transportadora de agregados mova-se com mais velocidade para compensar a

diferença de peso. Continuando o processo, já no secador (silo quente), todo

material fino é aspirado para fora do sistema. O material restante passa para a

próxima fase, que é a mistura com o ligante modificado.

No combo, onde se faz a agitação da mistura e o controle da temperatura de

digestão, o ligante modificado é produzido. Após ter sido concluída a digestão do

ligante modificado, este é armazenado temporariamente, ainda com agitação,

esperando para que o comando da central da usina bombeie-o para que possa ser

incorporado ao agregado.

Na Figura 4.13, é mostrada a adição da borracha moída no Combo. O “BAG” de

1 tonelada com a borracha moída é seguro por uma grua e direcionado para o

tanque pelos operários.

FIG. 4.13 – Borracha moída sendo adicionada ao tanque de mistura (Fonte: Dynatest)

EST 10_04: RJ 122

Anexo I Registo Fotográfico do Ensaio: Trecho Experimental GAP, 29 de Setembro

Página 3 de 19

Figura 2. Colocação da borracha (50% camião + 50% de veículo de passeio)

115

4.7 ESTIMATIVA DO NÚMERO DE PNEUS USADOS NA OBRA

A seguir é apresentada uma estimativa para determinação aproximada do

número de pneus utilizados na obra. Tal avaliação considerou a geometria das

camadas executadas e a proporção dos materiais constituintes das camadas. Foi

adotada a densidade do concreto asfáltico em 2.300kg/m3. Na Figura 4.14 é

mostrado esquematicamente a quantidade de pneus alimentada por vez, sendo

meia banda de pneu de carga e 4 pneus de passeio.

FIG. 4.14 – Esquema de alimentação da máquina trituradora de pneus para a

composição da borracha moída desta obra.

PREMISSAS PARA O CÁLCULO DO Nº DE PNEUS USADOS:

Proporção de borracha moída: 20%

Para 1000 kg de ligante modificado

Em cada tonelada de CAP, são usados 2 pneus de carga (100kg) e 16 pneus de

passeio (96kg), aproximadamente. Cada pneu de passeio pesa em média 6kg, e

os pneus de carga, 50kg.

Densidade do concreto asfáltico = 2300 kg /m3

Teor de asfalto

Camada de Gap Graded = 8,5%

Camada de Open Graded = 9,5%

800 kg de ligante

200 kg de borracha moída

½ Pneu de caminhão = 25 kg 4 Pneus de automóvel = ± 25 kg

+

116

FIG. 4.15 – Seção transversal esquemática da restauração

Na Tabela 4.9, é apresentado o modelo de cálculo utilizado para determinação

do número de pneus usados na obra. Em primeiro lugar, são calculados os volumes

das camadas de Gap Graded, Open Graded e reperfilamento (40% foi o percentual

da camada de reperfilamento feita com AMB, como informado pelo executor da

obra). Em seguida, são calculados os pesos dessas camadas multiplicando-se estes

valores pela densidade adotada para o concreto asfáltico (2.300 kg/m3).

Posteriormente, é determinado o peso total do ligante através da soma das parcelas

dos pesos individuais (6.274 t). Sabendo-se de antemão que a borracha moída

constitui 20% do peso do ligante, determina-se o peso total da borracha moída

(1.255 t). Como 1 pneu de veículo de passeio pesa aproximadamente 6kg, e um

pneu de carga pesa aproximadamente 50kg, é possível então determinar o número

total de pneus usados (117.119 pneus – 50% de carga e 50% de passeio).

TAB. 4.12 – Cálculo da quantidade de pneus utilizados na RJ-122 (Fonte: Autor)

Obs.: O percentual de 40% da camada de reperfilamento, destacados na Tabela 4.12,

executados em asfalto-borracha, foi informado pelo executor.

GAP

OPEN

11,60 m

8,6 m

0,025 m

0,045 m

117

Uma outra forma de estimar o consumo de pneus foi feita por EDEL (2002) que

calculou que a quantidade de pneus utilizados por unidade de distância para uma

rodovia de pista simples é de aproximadamente 4.000 carcaças para cada

quilômetro, conforme Figura 4.16 apresentada no trabalho citado.

FIG. 4.16 – Figura ilustrativa da proporção de pneus usados, segundo EDEL (2002)

Utilizando a proporção sugerida por EDEL (2002) na Figura 4.16, pode-se

estimar que a RJ-122, por este critério, consumiria aproximadamente 142.000

carcaças de pneus, valor que se aproxima do valor determinado na Tabela 4.9, ou

seja, 117.119 carcaças, considerando-se 50% de pneus de passeio e 50% de pneus

de carga, com uma diferença de 17% para menos.

Observa-se, na Figura 4.17, a alimentação do equipamento (EcoBalbo –

Ribeirão Preto/SP) triturador com a proporção de meio pneu de caminhão (50%) ou

25kg e quatro pneus de veículos de passeio (50%) ou (4 x 6kg ≈25kg).

118

FIG. 4.17 – Alimentação inicial da máquina de moagem de pneus (Fonte: Autor)

4.8 REDUÇÃO DE ESPESSURA EM PAVIMENTOS QUE UTILIZAM MISTURAS

COM ASFALTO-BORRACHA

A observação do desempenho de pavimentos em serviço tem demonstrado que

a utilização de misturas asfálticas com asfalto-borracha em camadas de

revestimento apresentam um comportamento estrutural superior quanto à fadiga e à

deformação permanente comparativamente às misturas convencionais. Fontes et.

al., 2009, realizaram em laboratório ensaios mecânicos em misturas com asfalto-

borracha (com 15% e 20% de borracha) produzidas através do sistema Terminal

Blend, com dois tipos de granulometrias, Gap Graded e Dense Graded,

comparando-as com uma mistura convencional do tipo dense graded (Faixa C –

DNIT), confeccionada com CAP 50/70. Os resultados dos ensaios de laboratório

mostraram que as misturas com asfalto-borracha apresentaram um desempenho

mecânico superior à mistura convencional.

Os resultados obtidos foram então utilizados no dimensionamento de um

pavimento onde numa primeira etapa a estrutura foi dimensionada a partir da

metodologia do DNIT (DNIT, 2006) e posteriormente foi realizada a análise

mecanicista. Através da análise mecanicista, para uma mistura convencional, com

um N de 108, os cálculos resultaram em uma espessura de 26 cm. A partir das leis

de fadiga obtidas nos ensaios mecânicos, a análise mecanicista mostrou que, uma

camada de revestimento de 6 cm confeccionada com asfalto-borracha seria

suficiente para suportar um N de 108 (Fontes et. al., 2009).

Na Tabela 4.13 é apresentado um quadro comparativo, tomando como

referencia o estudo de redução de espessura estabelecido pelo Caltrans (1992). A

119

proposição apresentada por Fontes et. al., 2009, para redução de espessura de

pavimentos com asfalto-borracha, foi inserida na quarta coluna da tabela. Pode-se

observar que as espessuras dos pavimentos executados com AMB permitem

reduções substanciais de espessura e, consequentemente, diminuem, a princípio, os

custos iniciais das obras rodoviárias, sem falar na redução dos custos no longo

prazo em função da maior resistência do AMB às patologias já mencionadas.

TAB. 4.13 - Valores de espessuras recomendadas pelo CALTRANS (1992) e a proposição apresentada no trabalho de FONTES et al. (2009)

6,0 12,0

16,0(iii)

10,54,5

4,5 11,0

11,56,0

6,0 6,0

6,56,0

4,5 9,0

6,0(iii)

4,5 4,5

4,54,5

4,5 4,5

5,06,0

-

-

4,5

6,0

6,0

4,5

3,0 4,5(ii)

-

-

-

-

17,0

18,0

26,0

- 3 (i)

4,5(ii)

- 3 (i)

4,5(ii)

-

10,5

12,0

13,0

14,0

15,0

16,0

4,0

5,0

6,0

7,0

8,0

9,0

Espessura

calculada Mistura

Convencional (cm)Mistura

Convencional

Misturas com

Asfalto Borracha

Espessuras recomendadas pelo

Caltrans (1992) (cm)

Espessuras

propostas para

Mistuas com

Asfalto Borracha

(i)- A espessura mínima permitida pelo Caltrans (1992) é de 3,0 cm; (ii)- No Brasil, por razões construtivas (considerando a granulometria e a viscosidade do asfalto borracha), a espessura mínima é de 4,5 cm; (iii)- As espessuras do Caltrans (1992) devem ser dimensionadas.

120

5 MATERIAIS E MÉTODOS

5.1 INTRODUÇÃO

Neste capítulo serão apresentados os métodos adotados nesta pesquisa, os

ensaios realizados, os procedimentos para coleta dos materiais e procedimentos

para preparação de amostras. Os ensaios foram feitos nos laboratórios do IME,

COPPE, DYNATEST e CENPES. O estudo foi iniciado em agosto de 2010, quando

em visita à obra foi definido um trecho experimental de 300m, entre as estacas 1405

e 1420 (entre os Km 28,10 e Km 28,40, sentido Cachoeiras de Macacu). Este

segmento será acompanhado ao longo do tempo para avaliação do comportamento

funcional e estrutural e será parte da Rede Temática de Tecnologia em Asfalto

PETROBRAS / ANP, que tem como objetivo o desenvolvimento de um método

nacional de dimensionamento de pavimentos asfálticos. O monitoramento dar-se-á

de acordo com o previsto no manual de monitoramento do CENPES/Petrobras, que

para este tipo de obra prevê um prazo de 5 anos.

Na Figura 5.1, é apresentado um perfil esquemático da rodovia entre as estacas

1405 e 1420. A figura também destaca a posição do HVS próximo à estaca 1414.

FIG. 5.1 – Perfil longitudinal do trecho monitorado

O presente trabalho consistiu, basicamente, na caracterização física e mecânica

dos agregados, ligantes e misturas asfálticas utilizadas na restauração do segmento

monitorado de 300 m pertencente a rodovia RJ-122, seguida da avaliação estrutural

121

e previsão de desempenho do pavimento utilizando-se o programa SISPAV. Um

fluxograma das atividades é apresentado na Figura 5.2, sendo as atividades

detalhadas na sequência deste item.

5.2 FLUXOGRAMA DAS ETAPAS DO TRABALHO

Na Figura 5.2 é apresentado o fluxograma das etapas deste trabalho, onde são

relacionadas as fases, cujos dados balizarão as conclusões finais desse trabalho.

FIG. 5.2 – Fluxograma das etapas do trabalho

122

5.2.1 ANÁLISE DO PROJETO

Em agosto de 2010 foram realizadas duas visitas ao canteiro de obras para

conhecer o projeto. Neste período, a Diretoria de Obras Metropolitanas do DER-RJ

forneceu o projeto executivo da obra que serviu de base para fazer a avaliação e

definir ensaios necessários e a logística para coleta dos materiais para ensaios. Foi

definido também, na primeira visita, o trecho experimental de 300 metros para

monitoramento ao longo do tempo.

5.2.2 COLETA DE MATERIAIS GRANULARES E ASFÁLTICOS

Em setembro de 2010 foram coletados os materiais extraídos da base e sub-

base no acostamento da pista, além de agregados pétreos coletados na usina. Estes

materiais foram levados para o laboratório do IME. Foram coletadas também

amostras do CAP convencional 30/45 e ligante modificado com borracha.

5.2.3 CARACTERIZAÇÃO DOS MATERIAIS

Ao longo de 2011 foram feitos ensaios de caracterização dos agregados e das

amostras do ligante convencional nos laboratórios do IME e da Dynatest. Foram

moldados corpos de prova das misturas asfálticas para os ensaios mecânicos nos

laboratórios do IME, COPPE e da Dynatest (canteiro de obras). Na Dynatest foram

confeccionados 50 corpos de prova para os ensaios mecânicos.

5.2.4 CARACTERIZAÇÃO SUPERPAVE

Nesta etapa, amostras do ligante modificado com borracha, coletadas na usina

da obra, foram levadas para o CENPES para os ensaios de caracterização pela

metodologia SUPERPAVE.

Os ensaios no Reômetro de cisalhamento dinâmico foram realizados com três

gaps (níveis) de temperaturas diferentes para avaliar o efeito das partículas de

borracha presentes na amostra. Os resultados obtidos para G*/sen delta

apresentaram diferenças maiores que 20% entre os gaps de 1 mm e 2 mm. Porém

não foi possível determinar adequadamente a influência desta variação no PG, pois

123

o ensaio foi interrompido antes de atingir os valores limites da especificação (1,0 kPa

– (amostra virgem) e 2,2 kPa – (pós RTFOT)) em função da limitação do

equipamento - a temperatura máxima do banho é de 88°C, segundo relatório da

análise do ligante modificado emitido pelo CENPES em maio de 2011.

5.2.5 AVALIAÇÃO NUMÉRICA DA ESTRUTURA DO PAVIMENTO

Nesta etapa, depois de todos os ensaios terem sido realizados, foi feita uma

simulação numérica, através do programa SISPAV, para avaliar a capacidade

estrutural do pavimento quanto à fadiga e deformação permanente. O programa

EFin3D foi utilizado para determinar as tensões verticais no topo das camadas de

Gap e Open Graded para saber-se a ordem de grandeza das tensões nessas

camadas.

5.2.6 ENSAIO ACELERADO EM ESCALA REAL – HVS

O ensaio acelerado com o equipamento HVS foi executado num período de 10

dias em junho de 2012, dentro do trecho monitorado de 300 m, onde foram

avaliadas diariamente: (i) deformação permanente utilizando a treliça metálica; (ii)

deflexões medidas através da viga Benkelman eletrônica; (iii) micro textura medida

pelo pêndulo Britânico; (iv) macro textura medida pelo ensaio da mancha de areia.

5.2.7 MONITORAMENTO DO TRECHO EXPERIMENTAL

A etapa de previsão de desempenho e monitoramento do trecho experimental

será realizada ao longo do tempo a partir da finalização da obra e tem como

finalidade acumular dados que servirão para o desenvolvimento futuro de um

método nacional de dimensionamento de pavimentos. Esta etapa não está incluída

neste trabalho.

5.3 ENSAIOS EXECUTADOS

Na Figura 5.3 são mostrados os ensaios de caracterização e mecânicos

realizados nesse estudo e os locais onde foram feitos. As normas que foram

124

seguidas em cada um dos ensaios são referidas dentro dos tópicos relativos aos

ensaios.

FIG. 5.3 – Relação dos ensaios e os locais onde foram feitos

5.4 PROCEDIMENTOS PARA PREPARAÇÃO DOS CORPOS DE PROVA

USADOS NOS ENSAIOS MECÂNICOS

As misturas asfálticas foram produzidas em uma usina de asfalto do tipo

gravimétrica com o acréscimo de uma unidade para produção e digestão da mistura

modificada com borracha. Foram preparadas amostras de misturas asfálticas

modificadas com borracha com CAP 30/45 fornecido pela Petrobras. O asfalto-

borracha foi coletado após a usina estar operando por pelo menos 90 minutos,

tempo suficiente para que ela pudesse já estar produzindo uma mistura homogênea.

As misturas de Gap graded e Open graded foram coletadas em caminhões

carregados na usina, ao longo do mês de junho de 2011, e cada amostra foi

coletada em baldes de alumínio, com aproximadamente 5,0 kg. Os corpos de prova

foram moldados imediatamente para que fosse evitado novo aquecimento da

mistura. Os corpos de prova de misturas asfálticas Gap Graded foram moldados

pelo procedimento Marshall, equipamento disponível no canteiro de obras para essa

Borracha Ligantes

Granulometria LIGANTEModifcado

ENSAIOS - LOCAIS REALIZADOS

Agregado

Densidad

Los Angeles

Los Angeles

Granulometria

Granulometria

Penetração

Pto. Amol.

Visc.Brookfield

LIGANTEConvencional

Penetração

Pto. Amol.

Viscosidade Saybolt Furol

Resiliência

Cisalhamento Dinâmico

Visc. Brookfield

Extração do ligante

Material Escavado

Grau Compactação

Granulometria

ENSAIOS MECÂNICOS

M.R.

R.T.

DYNATESTCENPESIME

CONVENÇÃO: LOCAIS DOS ENSAIOS

Dano por umidade

SUPERPAVE

COPPE

M.R.

R.T.

FADIGA

Marshal

Marshal

125

tarefa. Para a compactação dos corpos de prova, foram utilizados cilindros

padronizados, de acordo com o procedimento Marshall, com 100 mm(4”) de

diâmetro e 63,5 ±1,3 mm de altura. Os corpos de prova foram compactados na

temperatura de 165º C, com 75 golpes em cada face, no caso de misturas do tipo

Gap Graded. Na moldagem dos corpos de prova da mistura Open Graded, tomou-se

o cuidado de não realizá-la com a compactação Marshall, utilizando-se soquete para

que não houvesse o risco de quebrar os agregados. Por isso, optou-se por uma

prensa de concreto com carga de 4.100kg para a compactação estática dos corpos

de prova.. As faixas granulométricas para as misturas de Gap e Open são

mostradas nas tabelas 4.4 e 4.6.

5.5 COLETA DOS MATERIAIS

As amostras dos materiais de base e sub-base foram coletadas a partir de

trincheiras cavadas no acostamento da pista, dentro do segmento experimental. As

amostras foram acondicionadas em sacos plásticos, devidamente etiquetados com

as informações dos materiais, e levadas para ensaios. Foram feitos ensaios para

verificação do grau de compactação e módulo resiliente.

Os agregados coletados provenientes das pedreiras Basalto (Antiga São Pedro),

Morro Grande e Sebritas foram coletados nos silos no próprio canteiro de obras e

etiquetadas conforme procedência. Tais agregados foram usados na produção das

camadas de reperfilamento, Gap Graded e Open Graded. Foram feitos ensaios de

granulometria, desgaste Los Angeles e Módulo Resiliente.

A borracha moída foi coletada nas embalagens (Bags de 1000kg) provenientes

da fábrica responsável pela moagem (ECOBALBO). O produto da coleta foi

embalado dentro de sacos plásticos etiquetados. Os “BAGs” de borracha estavam

acomodados em local abrigado de chuva, dentro do canteiro de obras. Foi feita

análise granulométrica deste material. Foi utilizado o teor de 2% de cimento Portland

à brita com o intuito de aumentar a rigidez do agregado.

O ligante utilizado foi o CAP 30-45, proveniente da Petrobras. Na obra, este

ligante foi modificado com a adição de 20% em peso de borracha de pneus moídos,

pelo processo Continuous Blend ou Field Blend. Nos itens abaixo são descritas as

formas usadas para coletas do ligante modificado:

126

a) Coletado diretamente na usina, no extravasor do combo, após digestão da

borracha durante 90 minutos no ligante, para os ensaios de caracterização

das propriedades viscoelásticas, através do Reômetro de cisalhamento

dinâmico, feitos no CENPES, onde o ligante modificado precisou que a

borracha fosse reincorporada. A coleta foi feita em 5 latas metálicas de 3,5

litros cada uma.

FIG. 5.4 – Coleta do ligante modificado no extravasor do Combo

b) Produzidas em equipamento misturador no laboratório da Dynatest. Neste

caso, o ligante pré-aquecido (1800C) é colocado no misturador (vide Figuras

6.12 e 6.13), cujo recipiente foi também preaquecido. Após o rotor ser ligado,

a borracha moída, à temperatura ambiente, é então adicionada. O ligante

convencional foi coletado na usina no tanque de estocagem de CAP.

A coleta do ligante convencional (CAP 30-45) foi feita em 10 latas metálicas de

3,5 litros cada uma, diretamente no tanque de estocagem do ligante na usina.

Os agregados, antes de serem aquecidos, foram separados de acordo com a

composição granulométrica dos corpos de prova em bandejas metálicas e levados à

estufa conforme temperatura estipulada na Tabela 5.1.

O ligante, acondicionado em recipientes de alumínio, foi aquecido em estufa, na

temperatura indicada, por um período de duas horas. Ao fim da preparação das

amostras, foram determinadas as densidades aparentes dos corpos de prova

(DNER-ME 117/94), assim como suas volumetrias. As temperaturas utilizadas para

o ligante e o agregado no preparo das misturas asfálticas, tanto para digestão da

127

borracha quanto para a compactação da mistura na pista, são relacionadas na

Tabela 5.1. Foram usadas estufas para aquecimento dos materiais e das misturas

sem adição de borracha.

TAB. 5.1 – Temperaturas

5.6 SIMULAÇÃO ACELERADA DE TRÁFEGO – HVS

As simulações de tráfego foram feitas, durante 8 dias, dentro do segmento

monitorado (Estaca 1414), com o Simulador Linear Móvel (CIFALI) posicionado após

a devida sinalização da pista e desvio do tráfego. Foram providenciados, nesta fase,

o fornecimento de energia e o abastecimento de água para as caixas d’água que

serviram de contrapeso. O posicionamento do equipamento na pista foi feito através

da demarcação com tinta nas bordas da pista.

Já com o equipamento posicionado, foi feito o ajuste da pressão hidráulica

correspondente à carga que foi aplicada no pavimento durante o ensaio acelerado, a

pressão dos pneus e definindo os limites laterais do curso do equipamento. Na

Figura 5.5 é mostrada a aferição da carga no eixo de rodagem (Figura 5.4).

128

FIG. 5.5 – Aferição / calibragem da carga do eixo (Fonte: Dynatest)

O monitoramento foi feito diariamente às 11h, e os registros (medição de

afundamento, deflexão e medição da textura do revestimento) foram feitos após a 0;

1.000; 3.000; 10.000; 30.000; 100.000 e 50.000 passagens do semi-eixos, ou até o

aparecimento de trincas severas ou afundamentos de trilha de roda no revestimento.

A velocidade do semi-eixo foi constante ao longo de todo o período do ensaio. A

seção-teste teve aproximadamente 7,0 m de comprimento e 0,70 m de largura. Essa

área foi dividida em 7 áreas de 0,7m2, nas quais foram verificados os dados de

deflexão, afundamento de trilha de roda, e textura do revestimento. Posteriormente,

os dados dessas áreas foram comparados para verificar se havia homogeneidade

nos resultados.

O presente estudo fez o registro dos dados coletados por dois dias alternados

(2o dia e o 4o dia). A cada hora de funcionamento, foram registrados também a

temperatura ambiente interna e externa, umidade, temperatura do pavimento, carga,

número de passadas acumuladas e leitura da célula de carga. A condição estrutural

foi observada, através da avaliação deflectométrica com Viga Benkelman, para

verificação de alterações das condições originais. A condição Funcional do

pavimento teste foi avaliada através de cadastro dos defeitos observados na

superfície da pista, empregando-se a terminologia padronizada pelo DNIT. A cada

inspeção periódica, as trincas e os demais defeitos são desenhados em papel

milimetrado, empregando-se uma grade metálica de 1,0 m x 1,0m, subdividida em

quadrados de 100 mm de lado sobre o revestimento, sempre que era feita a

inspeção visual. Para facilitar a visualização do surgimento e da evolução do

129

trincamento, as trincas foram pintadas com spray, sendo que cada cor representava

um número de ciclos de carga aplicados pelo simulador. Foi feito também o registro

fotográfico da condição da pista.

Outro parâmetro medido foi a deformação plástica do pavimento, avaliada

através da medição da flecha em trilha de roda com treliça metálica, com base de

1,2 m, como especificado na norma DNIT 006/2003 – PRO.

A resistência à derrapagem (microtextura) foi medida com Pêndulo Britânico,

no início e no final dos ensaios acelerados em cada seção teste e também a cada

100.000 ciclos, além da medição da mancha de areia para determinação da

macrotextura da pista.

O controle da temperatura no interior do HVS foi mantido entre 12º C e 59º C, e

sempre que a temperatura do pavimento excedesse 59ºC ou fosse inferior a 12ºC, o

ensaio deveria ser suspenso. Fato que não aconteceu durante o ensaio. A

temperatura do pavimento foi mantida preferencialmente entre 25ºC e 40ºC. Para

isso, optou-se pelo fechamento das laterais do Simulador para evitar a incidência

direta de sol ou pela colocação de um sistema de aquecimento com lâmpadas para

se controlar a temperatura dentro do simulador caso esfriasse a temperatura

ambiente, conforme ilustrado na Figura 5.6.

FIG. 5.6 – Sistema de aquecimento com lâmpadas (Fonte: Dynatest, 2012)

130

6 RESULTADOS OBTIDOS

Neste capítulo serão apresentados os resultados da caracterização dos

materiais usados na obra de restauração da RJ-122 e, principalmente, os materiais

das misturas asfálticas modificadas com adição de borracha de pneus e os

resultados dos ensaios mecânicos. Através de avaliações comparativas, é feita uma

verificação do desempenho dos mesmos.

6.1 MATERIAIS ESCAVADOS

Os materiais de base e sub-leito foram escavados dentro do segmento

monitorado e na faixa do acostamento (entre as estacas 1406 e 1425), sentido

Cachoeiras de Macacu.

Nas Tabelas 6.1 e 6.2, os resultados do controle de compactação – “densidade

in situ” – dos materiais da base e sub-leito, respectivamente, feitos pelo método do

frasco de areia. Verificamos, na Tabela 6.1, que o GC da camada de base, ao longo

das 5 estacas, é maior que 100%, conforme determina a norma rodoviária DNER-ES

282-97 para as camadas finais do pavimento. A verificação do GC da camada do

sub-leito, mostrada na tabela 6.2, apresenta valores superiores a 95% e também

atende ao que exige a norma acima citada.

131

TAB. 6.1 - Resultados do controle de compactação da camada de base (R.T. DYNATEST,

2011)

1406 1408 1410 1412 1414

D D D D D

Base Base Base Base Base

Acostamento Acostamento Acostamento Acostamento Acostamento

14:50 14:10 14:00 13:30 13:00

24/07/10 24/07/10 24/07/10 24/07/10 24/07/10

16 15 16 15 15

20 20 20 20 20

2,20 2,20 2,20 2,20 2,20

1 - 10.160 10.160 10.160 10.160 10.160

2 - 5927 6085 6090 6231 6359

3 - 4.233 4.075 4.070 3.929 3.801

4 - 1121 1121 1121 1121 1121

5 - 3112 2954 2949 2808 2680

6 - 1329 1329 1329 1329 1329

7 - 2,342 2,223 2,219 2,113 2,017

176,8 158,0 162,4 159,9 151,8

163,9 147,3 150,8 148,7 141,3

12,9 10,7 11,6 11,2 10,5

8 - 7,9 7,3 7,7 7,5 7,4

9 - 5761 5414 5439 5154 4958

10 - 2460 2436 2451 2439 2459

11 - 2280 2270 2275 2269 2289

12 - 2233 2233 2233 2233 2233

13 - 8,6 8,6 8,6 8,6 8,6

14 - 102,1 101,7 101,9 101,6 102,5

15 - -0,7 -1,3 -0,9 -1,1 -1,2

Estaca (no)

Posição (Lado)

Camada

Local

Hora do Ensaio

Peso do Frasco Antes

Peso do Frasco Depois

Peso da Areia Deslocada = 1 - 2

Peso da Areia no Cone

Data do Ensaio

Profundidade do Furo (cm)

Espessura da Camada (cm)

Largura da Camada (m)

Desvio de Umidade (%) = 13 - 8

Peso Material do Furo

Teor de Umidade (%) (K -L) / K

Densidade Úmida = 9 : 7

Dens. Apar. Solo Seco = 10 : 8

Dens. Apar. Máxima (Laboratório)

Umidade Ótima

Grau de Compactação = 11 : 12

Peso da Areia no Furo = 3 - 4

Densidade da Areia

Volume do Furo = 5 / 6

Massa do Solo Úmido (g) (K)

Massa do Solo Seco (g) (L)

Massa da Água (g) (K) - (L)

132

TAB. 6.2 - Resultados do controle de compactação – camada de sub-leito (R.T.DYNATEST,

2011)

6.2 AGREGADOS

Os agregados utilizados na execução das camadas asfálticas (Reperfilamento,

Gap Graded e Open Graded) foram identificados como agregados graníticos 100%

britados e provenientes das pedreiras Basalto, Morro Grande e Sebritas. A seguir,

são mostradas algumas fotos do recolhimento de agregados para ensaios.

Nas Figuras 6.1 e 6.2, podemos observar o peneiramento inicial do agregado e a

coleta de agregados, fora do processo de usinagem, onde foi feita a seleção prévia

dos agregados. Na Figura 6.3, é mostrada a coleta de agregados no silo quente da

usina, onde o agregado já está no processo de usinagem. Na Figura 6.4, é

mostrada a fragilidade do agregado após o ensaio de granulometria, onde o

agregado é facilmente partido pela ação do operador. Os agregados que

apresentaram as características de fragilidade mostradas foram recusados.

1410+10 1420 1425

D D D

Subleito Subleito Subleito

Acostamento Acostamento Acostamento

14:38 15:00 15:30

21/04/10 21/04/10 21/04/10

0,15 0,16 0,15

- - -

2,20 2,20 2,20

1 - 9196 9099 8947

2 - 6052 5555 6016

3 - 3144 3544 2931

4 - 730 730 730

5 - 2414 2814 2201

6 - 1620 1620 1620

7 - 1,490 1,737 1,359

100 100 100

82 85,93 86,2

18 14,07 13,8

8 - 22,0 16,4 16,0

9 - 2774 3382 2585

10 - 1862 1947 1903

11 - 1527 1673 1640

12 - 1567 1663 1663

13 - 22 17,2 17,2

14 - 97,4 100,6 98,6

15 - 0,0 -0,8 -1,2

Estaca (no)

Posição (Lado)

Camada

Local

Hora do Ensaio

Peso do Frasco Antes

Peso do Frasco Depois

Peso da Areia Deslocada = 1 - 2

Peso da Areia no Cone

Data do Ensaio

Profundidade do Furo (cm)

Espessura da Camada (cm)

Largura da Camada (m)

Desvio de Umidade (%) = 13 - 8

Peso Material do Furo

Teor de Umidade (%) (K -L) / K

Densidade Úmida = 9 : 7

Dens. Apar. Solo Seco = 10 : 8

Dens. Apar. Máxima (Laboratório)

Umidade Ótima

Grau de Compactação = 11 : 12

Peso da Areia no Furo = 3 - 4

Densidade da Areia

Volume do Furo = 5 / 6

Massa do Solo Úmido (g) (K)

Massa do Solo Seco (g) (L)

Massa da Água (g) (K) - (L)

133

FIG. 6.1 – Recolhimento de agregados na pilha de peneiramento primário no canteiro de

obras da RJ-122 (Fonte: Dynatest)

FIG. 6.2 – Recolhimento de agregados para ensaio (silo frio), no canteiro de obras da RJ-

122, (Fonte: Dynatest, 2011)

134

FIG. 6.3 – Coleta de agregados no secador (silo quente) (Fonte: Dynatest)

FIG. 6.4 – Ensaio de granulometria após extração do ligante (Fonte: Dynatest)

Na foto 6.5, é mostrado uma amostra de agregado antes e após o ensaio de

abrasão Los Angeles. Podemos verificar, mais uma vez, a fragilidade do agregado

quase que totalmente decomposto pela ação mecânica do ensaio (Laboratório da

Dynatest). Na Figura 6.6, fica evidente o aspecto lamelar de parte dos agregados

recusados.

135

FIG. 6.5 – Aspecto dos agregados antes e após ensaio Los Angeles

(Fonte: Dynatest, 2011)

FIG. 6.6 – Aspecto de amostra lamelar dos agregados - Pedreira Morro Grande

(Fonte: Autor, 2011)

Na sequência, serão apresentados ensaios realizados no laboratório do IME

para caracterização dos agregados estudados, provenientes da pedreira Morro

Grande, cuja análise tátil e visual indicou tratar-se de granitos ou gnaisses típicos do

embasamento cristalino da região litorânea do Rio de Janeiro.

136

6.2.1 ENSAIO DE DENSIDADE REAL E APARENTE DO AGREGADO

Na Tabela 6.3, são apresentados os resultados da verificação da densidade real

do grão, densidade aparente seca do agregado e a massa específica da fração

graúda do agregado, onde podem ser observados valores típicos deste tipo de

rocha, além de pouca diferença entre as densidades real e aparente, o que resulta

em baixa absorção/porosidade.

TAB. 6.3 – Densidade dos Agregados ensaiados Lab. IME (2011)

6.2.2 ENSAIO DE PERDA POR ABRASÃO LOS ANGELES

No ensaio de perda por abrasão Los Angeles, cujo resultado é mostrado na

Tabela 6.4, verifica-se que o resultado de 65% neste ensaio representa um desgaste

excesivo, acima do especificado pelo projetista (≤ 30% para a camada de Gap), mas

abaixo do desgaste médio obtido pela Dynatest (alguns acima de 70%) para os

agregados utilizados para as mesmas camadas.

TAB. 6.4 – Perda por abrasão Los Angeles – Pedreira Morro Grande

Amostra Brita

1 (no)

Peso total amostra

seca (g)

Peso total amstra apos

ensaio (g)

Los Angeles

(%)

1 5.000 3.268 65%

Observando a Figura 6.6, pode-se verificar a característica lamelar do agregado.

A baixa resistência deste agregado foi constatada quando a amostra foi submetida à

temperatura de 500oC, no forno NCAT, pois o mesmo se tornou quebradiço.

-

Dens. Real do Grão 2,71

Pó de Pedra

1,53

2,69

2,59

2,73

Dens. Apar. seca do agr. (g/cm3) 2,67

1,451,5525Mas. Esp. Apar. Fr. Grauda ag. seco

Ensaio Brita 1 Brita 0

137

6.2.3 ENSAIO DE GRANULOMETRIA DO AGREGADO APÓS EXTRAÇÃO DO

LIGANTE

Na Figura 6.7, é apresentado o enquadramento granulométrico para amostras

da camada de Gap Graded, realizado a partir do ensaio de extração de ligante,

tendo sido possível observar um bom enquadramento granulométrico da amostra 3

(GAP de 16.11.2011). Na amostra 2 (GAP de 18.11.2011), observa-se graficamente

o tangenciamento do traço acima do limite superior da faixa até a peneira com

abertura de 4mm, convergindo para o enquadramento até a peneira com abertura

20mm. Na amostra 1 (GAP de 06.09.2011), entre a abertura de peneira 5mm e

13mm, a granulometria ficou fora da faixa, mantendo-se nos limites no restante das

peneiras. Na Figura 6.8, é apresentado o enquadamento granulométrico da amostra

ensaiada a partir do ensaio de extração do ligante da camada de Open Graded,

onde se verifica o enquadramento da amostra ensaiada dentro da faixa estabelecida

pelo projetista. Pelas Tabelas 6.5 e 6.6, pode-se verificar que os teores de betume

das amostras ensaiadas aproximam-se de 8% e 9%, que são os percentuais

determinados para as misturas de Gap Graded (8,5 ± 0,5) e Open Graded (9,5 ±

0,5). As amostras das misturas GG e OG foram coletadas nos períodos em que

foram executadas as referidas camadas na obra, dentro dos caminhões de

transporte da mistura para a frente de serviço. Segundo o fabricante do CAPFLEX B,

deve ser feita correção do teor de ligante, apos extração, em virtude da separação

de parte da borracha do AB que ficou retida no agregado. O fator de correção é de

1,12 obtido pela experiência do fabricante mencionado. A Utilização desse fator é

mostrada na Tabela 6.7 para os ensaios com as misturas GG e OG, onde pode-se

observar que efetuando a correção os teores convergem para o teor de projeto.

138

TAB. 6.5 – Granulometria após extração do ligante / Gap Graded (IME, 2011)

TAB. 6.6 – Granulometria após extração do ligante / Open Graded (IME, novembro 2011)

TAB. 6.7 – Correção dos teores de ligante das misturas GG e OG

Teor GG Amostra 1

GG Amostra 2

GG Amostra 3

OG Amostra 1

Projeto 8,5 8,5 8,5 9,5

Ensaio 7,48 7,48 8 8,5

Corrig. 8,4 8,4 8,9 9,5

Verifica-se, através do enquadramento granulométrico feito nos agregados

provenientes do ensaio de extração do ligante, mostrado na Figura 6.9, que apenas

a granulometria referente ao ensaio feito em 16/11/2011 na mistura GAP (3º ensaio)

se ajusta perfeitamente aos limites inferior e superior da faixa estabelecida. As

outras duas extrações (06/09/2011 e 18/10/2011) deixam de atender ao

enquadramento entre algumas aberturas de peneiras. Deve ser ressaltado que os

ensaios de extração de ligante nas 3 amostras ensaiadas não representam

Granul. GAP

Amostra 1

Granul. GAP

Amostra 2

Granul. GAP

Amostra 3

3/4" 19 100 100 100 100 100

1/2" 12,5 80 100 90 83 89

3/8" 9,5 65 80 73 42 70

4 4,75 28 42 40 28 35

8 2,36 14 22 29 12 21

200 0,075 0 2,5 2 7 1,5

Teor Betume

8,0 # mm

Faixa

Granulométrica

GAP

Inferior SuperiorTeor Betume

7,48

Teor Betume

7,48

Peneiras

# No

Granul. OPEN

Amostra 1

3/4" 19 100 100 100

1/2" 12,5 100 100 100

3/8" 9,5 100 100 68

4 4,75 30 45 40

8 2,36 6 10 16

200 0,075 0 2,5 9

Peneiras Faixa Granulométrica OPEN

# No # mm Inferior Superior

Teor Betume

8,5

139

quantidade estatisticamente significativa para um diagnóstico final de não

enquadramento na faixa granulométrica. Já no ensaio de extração do ligante da

mistura OPEN, feita em 20/09/2011, verifica-se, conforme se pode ver na Figura 6.9,

um bom ajuste à faixa estabelecida. Já o teor de betume verificado após estes

ensaios, tanto para o Gap quanto para o Open, estão abaixo dos teores

estabelecidos no projeto de misturas asfálticas, que são respectivamente 8,5 e 9,5,

mesmo considerando a variação de 0,5% prevista pelo projetista.

FIG. 6.7 – Enquadramento granulométrico da mistura Gap Graded

0

20

40

60

80

100

120

0,01 0,1 1 10 100

% P

as

sa

nte

Abertura das peneiras (mm)

Enquadramento Granulométrico - GAP

Limite SuperiorLimite InferiorGranulometria - GAP Extração do ligante 06.09.2011Granulometria - GAP Extração do ligante 18.10.2011Granulometria - GAP Extração do ligante 16.11.2011

140

FIG. 6.8 – Enquadramento granulométrico da mistura Open Graded

6.2.4 AVALIAÇÃO DOS AGREGADOS UTILIZADOS

Pode-se concluir, após os ensaios feitos com os agregados utilizados na obra de

restauração da RJ-122, que os critérios de seleção desses materiais, previamente

feitos pelo projetista, tiveram que ser flexibilizados em função principalmente do

elevado desgaste Los Angeles dos agregados. As misturas asfálticas foram

produzidas com agregados com desgaste Los Angeles todos acima de 65%, para

as misturas de Gap e Open Graded. O fator de forma exigiu que fosse feita uma

britagem secundária para que os agregados tivessem forma cúbica.

6.3 BORRACHA DE PNEUS

A borracha de pneus utilizada neste estudo foi proveniente da fábrica de

trituração ECOBALBO, produzida em temperatura ambiente. A faixa granulométrica

adotada foi a faixa B do Arizona Department of Transportation (ADOT), conforme

mostrado na Tabela 6.8, referente ao enquadramento granulométrico. A borracha

0

20

40

60

80

100

120

0,01 0,1 1 10 100

% P

as

sa

nte

Abertura das peneiras (mm)

Enquadramento Granulométrico - OPEN

Limite Inferior

Limite Superior

Granulometria - OPEN Extração do ligante 20/09/2011

141

triturada de pneus pelo processo ambiente possui superfície específica elevada,

aparência esponjosa, forma irregular e textura áspera (RESCHNER, 2006).

Através do enquadramento granulométrico apresentado na Figura 6.9, podemos

observar que as duas amostras ensaiadas têm sua granulometria dentro dos limites

da faixa adotada (ADOT Construction Manual Section 1009, 2005), conforme

apresentado na Tabela 6.8.

Tabela 6.8 – Enquadramento granulométrico da borracha moída deste estudo

As propriedades do ligante modificado com borracha são alteradas de forma

relevante pela granulometria da borracha. As partículas mais grossas aumentam a

viscosidade do produto final (asfalto-borracha), enquanto que as partículas finas,

principalmente as que passam na peneira no 50 (0,30 mm), resultam em um tempo

de digestão menor (CALTRANS, 2005). O tempo de digestão ou o tempo de reação

é o tempo necessário para que haja a interação entre o asfalto e o agente

modificador, a borracha, quando misturados a elevadas temperaturas (CALTRANS,

2003). Neste processo, um novo produto é o resultado final da mistura: o asfalto-

borracha.

Limite

Inferior

Limite

Superior

4,75 4 100 100 100 100

2,36 8 100 100 100 100

2 10 100 100 100 100

1,18 16 65 100 100 100

0,6 30 20 100 60 57

0,3 50 0 45 22 19

0,075 200 0 5 0,2 0

FAIXA B - ARIZONA

# mm # Nº Amostra 1 Amostra 2

142

FIG. 6.9 – Gráfico do enquadramento granulométrico das amostras de borracha moída

deste estudo

Na figura 6.10, a borracha moída é manipulada para ensaio e apresenta

visualmente uma graduação uniforme. A figura 6.11 mostra uma fase do

peneiramento da borracha moída.

FIG. 6.10 – Aspecto da borracha moída utilizada nesta pesquisa (Fonte: autor)

0

20

40

60

80

100

120

0,01 0,1 1 10

% P

as

sa

nte

Abertura das peneiras (mm)

Enquadramento Granulométrica - Borracha Moída

Limite Inferior Limite Superior Amostra 1 Amostra 2

143

FIG. 6.11 – Ensaio Granulométrico da borracha moída utilizada nesta pesquisa

(Fonte: DYNATEST, 2011)

A borracha moída utilizada atendeu aos critérios estabelecidos previamente pelo

projetista, tanto na proporção de pneus de carga e passeio, quanto pela

granulometria estipulada, comprovado na própria fábrica da Ecobalbo por um

representante da Dynatest que emitia um certificado para cada saco de 1.000 kg que

saia para a obra da RJ-122.

6.4 LIGANTES ASFÁLTICOS MODIFICADOS COM BORRACHA

Algumas amostras de ligantes modificados com borracha foram produzidas

em laboratório através de misturador montado no próprio laboratório da Dynatest,

mostrado na Figura 6.12. A função deste equipamento foi determinar a dosagem do

ligante modificado produzido na usina da RJ-122. A dosagem objetivava determinar

um ligante modificado que atingisse uma Viscosidade rotacional na faixa entre 3.500

cP e 5.000cP. Para obter essa viscosidade foi preciso achar a porcentagem ideal de

borracha que deveria ser adicionada ao CAP 30-45 . O ligante asfáltico utilizado foi o

CAP 30/45, fornecido pela Petrobras. O percentual de borracha moída acrescentado

à mistura foi de 20% em peso do ligante, com a proporção de 50% de pneus de

carga e 50% de pneus de passeio. A temperatura do ligante utilizada ficou entre

185oC e 195oC. A borracha moída só foi acrescentada ao ligante após essa faixa de

144

temperatura ser atigida. O reservatório de mistura possuía paredes duplas

aquecidas através de resistência elétrica, o que permitiu um aquecimento por igual

em todos os pontos do reservatório do ligante. O tempo de digestão foi de no

mínimo 60 minutos, e a agitação (através da adaptação de uma broca com ponta

em hélice em uma furadeira, com área suficiente para fazer o arraste da mistura) foi

permanente durante a digestão, com rotação entre 50 rpm e 2400 rpm. O controle

de temperatura foi feito através de um termômetro com precisão de ± 1oC. Na Figura

6.13 é mostrada uma etapa da produção do ligante modificado no laboratório da

obra da RJ-122, onde pode ser vista a adição da borracha moída no reservatório

onde já se encontra o ligante aquecido.

FIG. 6.12 – Equipamento misturador de AMB no laboratório Dynatest (Fonte: Autor)

145

FIG. 6.13 – Mistura da borracha ao ligante no laboratório da obra (Fonte: Autor)

6.4.1 CARACTERIZAÇÃO DO LIGANTE MODIFICADO

Na Tabela 6.9, são comparados os resultados da caracterização de ligantes

modificados com borracha moída produzidos por processos diferentes: um pelo

processo TB e outro pelo CB . As características específicas de cada ligante quanto

ao tipo de CAP, percentual de borracha e características da produção das misturas

estão na parte de baixo da Tabela, nas células sombreadas. Os resultados dos

ensaios de caracterização deste estudo basearam-se em duas amostras de ligante

de diferentes dias de coletas na usina da RJ-122, de cujos valores foram calculados

a média e o desvio padrão. Pode-se observar que o ligante usado na RJ-122 foi

caracterizado quanto à Penetração, Ponto de amolecimento, Resiliência e

Viscosidade Brookfield dentro dos limites estabelecidos pelas normas desses

ensaios. Segundo Leite et al. (2000), o aumento da viscosidade do ligante devido à

adição de borracha diminui a sensibilidade do ligante à deformação permanente.

Tomando como base a afirmação anterior, pode-se dizer, então, que o ligante usado

na RJ-122, por ter uma viscosidade alta, tem baixa sensibilidade à deformação

permanente.

Os asfaltos-borracha empregados por Fontes et. al., 2008, apresentaram

elevados valores de viscosidade Brookfield (TB = 1644 cP e CB = 2826 cP), sendo

este um atributo desejável, pois conduz a um melhor desempenho à deformação

permanente da mistura , ‘a redução da propagação de trincas e da desagregação da

mistura, a uma melhor suscetibilidade térmica e maior durabilidade.

O fato de possuir um valor alto também no ensaio de Ponto de Amolecimento

corrobora com a afirmação anterior de que o ligante da RJ-122 é mais resistente à

deformação permanente. Segundo Oda e Fernandes (2001), o ponto de

amolecimento em ligantes modificados com borracha é crescente, e o

comportamento previsto para a Penetração é decrescente, conforme o aumento do

teor de borracha.

Segundo (Leite, 2012) todas as medidas de viscosidade do AB são imprecisas,

principalmente porque ocorre decantação, ainda que parcial da borracha, mesmo

por um curto espaço de tempo durante o ensaio. Há grande influência do spindle, da

146

temperatura e da velocidade de rotação do viscosímetro, que nem sempre são

devidamente fixadas em norma técnica.

TAB. 6.9 – Comparação das propriedades entre ligantes modificados com borracha.

A Tabela 6.10 mostra o estudo, conduzido no laboratório da Dynatest, onde

pode-se verificar o comportamento da viscosidade, da pentração, da resiliência e do

ponto de amolecimento, em relação ao teor de borracha. Observa-se que quanto

maior o percentual de borracha, maior a viscosidade da mistura. Outra característica

observada é o aumento da resiliência e do ponto de amolecimento da mistura com o

aumento da quantidade de borracha moída. Já no parâmetro penetração, verifica-se

que nos três percentuais os valores permanecem praticamente na mesma ordem de

grandeza. Outro ponto observado é que a viscosidade máxima do ligante estudado

ocorreu, para o tempo de reação de 120 minutos, tanto para o percentual de 20%

quanto para o de 19%, como pode-se observar na Figura 6.15. O mesmo não

aconteceu para o percentual de 18% de borracha moída, cujo pico de viscosidade

ocorreu para o tempo de reação igual a 180 minutos. Na Figura 6.11, observa-se

que aos 15 minutos de reação, apenas o percentual de 18% de borracha moída

68,5

33

3335

Penetração

0,1 mm (100g, 25oC, 5s)

ASTM D 5 25 A 75

ENSAIOS NORMA FAIXA RJ-122

2012

35,3

20

2179

% Borracha 20 21

Resiliência

(%), 25O C

ASTM D

532915 mín.

Viscosidade Brookfield (cP),

175O C, Spindle 27, 50 rpm

AASHTO

TP 48

1500 mín.

5000 máx.

Ponto de Amolecimento

Anel e bola (oC)

ASTM D 36 55 mín.

2829

40 28

65

CAP-20

Terminal

Blend

Tipo de ligante CAP 30-45 CAP-20

Método de ProduçãoContinuous

Blend

Continuous

Blend

-

-

Tempo de Digestão (min.) 90 90

Temperatura de Digestão (oC) 175 a 185 180

42

68

26

Fontes et al.,

2006

Fontes et al.,

2006

147

estava abaixo da faixa mínima de 1500cP desejada. As principais características

que afetam a modificação do ligante asfalto-borracha são a percentagem de

borracha, a granulometria das partículas de borracha, o tempo de digestão e a

temperatura durante a digestão da mistura, conforme indicado na revisão

bibliográfica.

TAB. 6.10 – Estudo da viscosidade com diferentes concentrações de borracha moída (Fonte: Dynatest, 2010)

Temperatura a 135º C

Na Figura 6.14 é mostrado o aspecto viscoso do ligante modificado produzido

na obra da RJ-122 pelo processo CB.

FIG. 6.14 – Consistência do ligante modificado CB (Fonte: TTP, 2009)

Tempo

Reação (min.)

Limite

Superior

Limite

Inferior

20%

Borracha

19%

Borracha

18%

Borracha

15 3513 3339 1150

30 3675 3455 2237

45 4250 3617 2463

60 4175 3537 2737

120 4512 3868 2850

180 4225 3595 2930

240 3850 3232 2820

25 75 20 21 20,5

- - 41,3 30,6 30,6

- 57,2 70,5 69,4 70,1

Penetração

Ensaio

Viscosidade

(cP)5000 cP 1500 cP

Resiliência

Ponto de amolecimento

148

FIG. 6.15 – Viscosidade x Tempo de Reação (Fonte: Dynatest, 2011)

Na Figura 6.16, pode-se observar que os valores obtidos nos ensaios de

resiliência, ponto de amolecimento e viscosidade aumentaram seus parâmetros

conforme o aumento do teor de borracha. Nos ensaios de penetração, os valores

observados apresentaram a tendência de queda conforme o aumento do teor de

borracha. Tal comportamento está de acordo com os ensaios produzidos por Oda e

Fernandes (2001).

Na Figura 6.16, as curvas em azul do ligante da RJ-122, apresentam

comportamento semelhante às curvas (em vermelho) do trabalho de FONTES

(2006), cujos ligantes modificados com borracha foram produzidos também pelo

processo de produção CB.

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

0 50 100 150 200 250 300

Vis

co

sid

ad

e (c

P)

Tempo da Reação (min.)

Viscosidade x Tempo da Reação

20% Borracha 19% Borracha 18% Borracha

Limite Superior Limite Inferior

149

FIG. 6.16 – Influência da porcentagem de borracha nas propriedades do AMB

6.4.2 RECUPERAÇÃO ELÁSTICA

Na Figura 6.17, é mostrada a recuperação elástica de amostras do ligante

convencional (LC, na parte inferior da foto) e do ligante modificado com borracha

(AMB, na parte superior), produzidos em laboratório. As amostras estavam à

temperatura ambiente. Podemos observar que a aplicação de esforço de tração,

produzido pela ação do operador, nas duas amostras fez com que no LC não

houvesse quase nenhuma recuperação elástica, enquanto no AMB a amostra

recupera-se elasticamente em torno de 80%. Este procedimento não é normatizado.

2263

2988

4512

3800

4900

5800

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

17 18 19 20 21

23

20 19

25,2 24,6

23,8

0

5

10

15

20

25

30

17 18 19 20 21

3745

50

4244

46

0

10

20

30

40

50

60

17 18 19 20 21

68

70

74

67

69,2

71,6

66

67

68

69

70

71

72

73

74

75

17 18 19 20 21

% BorrachaT

em

p.

Pen

etr

ação

Resil

iên

cia

Vis

co

sid

ad

e

% Borracha

% Borracha

% Borracha

Fontes (2006) RJ-122 (2012)

150

FIG. 6.17 – Recuperação elástica - asfalto convencional x modificado (Fonte: Autor)

6.4.3 – CARACTERIZAÇÃO SUPERPAVE

A caracterização Superpave foi realizada no laboratório do CENPES, e os

resultados são apresentados na Tabela 6.11.

Dentre as propriedades reológicas avaliadas no Reômetro de Cisalhamento

Dinâmico (DSR), o G*/senδ verifica a resistência ao acúmulo de deformação

permanente, e o resultado com a amostra virgem foi de 1,98 KPa (a norma

determina que este valor seja maior do que 1 KPa). Após RTFOT, o valor do

parâmetro G*/senδ determinado no ensaio foi de 2,94 KPa, também acima do limite

mínimo de 2 KPa, indicando que a amostra do ligante modificado da RJ-122 possui

pouca sensibilidade à deformação permanente.

A amostra foi classificada como PG 88-22, portanto superior à classificação

estabelecida para o projeto de restauração de RJ-122, cujo valor era PG 64-10.

Essa classificação PG 88-22 dá ao ligante uma ampla margem de variação de

temperaturas em uma região onde a temperatura máxima não ultrapassou os 37º C,

nos últimos 10 anos.

Já no ensaio de Rigidez à Fluência na Flexão (BBR), o valor da Rigidez S do

ligante modificado com borracha determinado em ensaio foi de 118 MPa, menor que

300 MPa, que é o valor máximo, de acordo com a especificação Superpave. Sabe-

se que quanto menor a Rigidez S do ligante, maior a resistência ao trincamento

térmico. Já o valor do Módulo de relaxação determinado no ensaio, m = 0,321 é

maior que o valor mínimo de 0,300, para 60 segundos.

151

Os parâmetros reológicos destacados acima mostram que o ligante asfáltico

modificado com borracha utilizado na obra de restauração da RJ-122 atende aos

critérios de desempenho Superpave.

TAB. 6.11 – Tabela com os resultados da caracterização Superpave do ligante modificado

Ensaios Unidade VALORES

4736 (10 rpm)

3605 (20 rpm)

3129 (30 rpm)

2888 (40 rpm)

°C 88

kPa 1,98

Variação em massa %massa -0,2697

°C 88

kPa 2,94

MSCR Jnr3200 a 70°C kPa-1 0,402

Jnrdiff; máx 75% % 37,8

%Rec % 60,2

°C -

MPa -

Fluência em viga (BBR) @ 60 s ºC -12

S = 300 MPa; máx. MPa 118

m = 0,3; mín. - 0,321

Cisalhamento dinâmico 10 rad/s,

G*senδ (máx. 5,0 MPa)

Visc. Brookfield 177°C, sp 31 cP

Cisalhamento dinâmico 10 rad/s,

G*/senδ (mín. 1,0 kPa)

RTFOT a 163°C, 85 min

Cisalhamento dinâmico 10 rad/s,

G*/senδ (mín. 2,2 kPa)

PAV a 100°C, 20 h

152

6.4.4 – CORRELAÇÃO ENTRE OS PARÂMETROS Jnr E G*/SENδ COM A

DEFORMAÇÃO PERMANENTE

Em uma rodovia da FHWA (Federal Highway Administration, 2011), foi feito, em

abril de 2011, um ensaio em escala real com o equipamento ALF (Accelerated

Loading Facility) sobre segmentos construídos com ligantes modificados (entre eles,

um trecho em asfalto-borracha) e ligantes não modificados. Estes trechos foram

submetidos a um aquecimento de até 64º C e carregados com um eixo tipo super-

sigle com 10.000 lbs, onde posteriormente foram medidos os afundamentos. Não foi

especificado, neste estudo, a quantos ciclos os segmentos foram submetidos com a

passagem do eixo. Os resultados desse ensaio, com o equipamento ALF, foram

comparados (vide Figura 6.18) com os ensaios PG em altas temperaturas através do

parâmetro G*/senδ (vide Figura 6.20) e do ensaio MSCR através do parâmetro Jnr,

(vide Figura 6.19), utilizando os mesmos ligantes usados nos trechos de campo.

Na Figura 6.18, são apresentados esquematicamente os resultados da

deformação permanente provocados pela passagem do eixo de 10.000 lbs nos

diversos trechos. Na Figura 6.19 é apresentado o gráfico produzido no estudo do

FHWA, citado acima, onde são relacionados os valores dos afundamentos de campo

(ALF rutting in) no eixo horizontal e os resultados do ensaio MSCR em laboratório,

no eixo vertical (Jnr, não foi informada a temperatura do ensaio). Como forma de

comparação, foi inserido o valor do parâmetro Jnr do ligante modificado com

borracha utilizado na RJ-122, ensaiado no CENPES, no gráfico. Verifica-se que o

parâmetro Jnr do ligante da RJ-122 foi o que apresentou menor deformação de trilha

de roda, ou seja, Jnr = 0,402 KPa-1 e afundamento de trilha de roda, após

extrapolação, de aproximadamente 0,31 in. A mesma comparação foi feita com o

parâmetro G*/senδ da RJ-122 (vide Figura 6.20) onde verifica-se uma deformação

extremamente alta, diferente da deformação obtida com o parâmetro Jnr (R2 = 0,8).

Os resultados do estudo da FHWA utilizando o ALF mostraram que a correlação do

parâmetro G*/senδ com a deformação permanente não é boa, considerando o baixo

R2 da curva (R2 = 0,12).

153

FONTE: FHWA-HIF-11-038 (April 2011)

FIG. 6.18 – Resultados da deformação permanente no ensaio com equipamento ALF do

FHWA (2011)

FONTE: FHWA-HIF-11-038 (April 2011)

FIG. 6.19 – Comparação gráfica entre o parâmetro Jnr (kPa -1) do ensaio MSCR do FHWA

(2011) com o resultado do ensaio com o ligante produzido na RJ-122

0,402 0,31 in

154

Com valor do parâmetro de G*/senδ do ligante da RJ-122 (1,98KPa – amostra

virgem) inserido no gráfico do estudo da FHWA, não foi possível determinar com

precisão o valor do afundamento de trilha de roda.

FONTE: FHWA-HIF-11-038 (April 2011)

FIG. 6.20 – Comparação gráfica entre o parâmetro G*/senδ (KPa), a 64º C, do ensaio do

FHWA (2011) com o resultado do ensaio com o ligante produzido na RJ-122

A relação entre afundamento e o parâmetro Jnr também foi avaliado pelo estudo

feito em 1996 pelo Mississipi DOT (FHWA-HIF-11-038, April 2011) na rodovia I-55,

onde foram testados trechos com diferentes ligantes modificados com SBR, SB,

SBS, asfalto-borracha e um trecho com ligante sem modificação, denominado

Control. A deformação de trilha de roda foi monitorada por 6 anos. Os resultados do

estudo novamente indicaram que a melhor correlação feita com a deformação

permanente é com o parâmetro Jnr, cuja curva é mostrada na Figura 6.22 (FHWA,

2011).

Introduzindo o resultado de Jnr do ligante da RJ-122 (CENPES) na curva da

Figura 6.21, verifica-se que este valor (Jnr = 0,402 KPa-1) corresponde a um

afundamento aproximado de 0,5 mm melhor resultado do que os ligantes estudados

na I-55 Mississipi.

1,98

155

Deformação Permanente na I-55 Mississipi (FHWA, 2011)

FIG. 6.21 – Resultados da deformação permanente versus Jnr na I-55 Mississipi/USA

6.5 CARACTERIZAÇÃO DO LIGANTE CONVENCIONAL

A caracterização do ligante convencional foi feita no laboratório do IME e,

conforme pode ser observado na tabela 6.12, no ensaio de penetração, o ligante

asfáltico foi caracterizado como um CAP 30-45. No ensaio de viscosidade, em todas

as faixas de temperatura ensaiadas, o ligante apresentou valores compatíveis com a

norma. Entretanto, no ensaio de Ponto de amolecimento, o resultado obtido ficou

abaixo do valor mínimo estabelecido pela norma (ASTM D 36). Valores baixos de PA

indicam baixa capacidade de resistência à deformação permanente. Vale salientar

que este valor de PA não é compatível com o valor usualmente obtido para o CAP

30-45 oriundo da Reduc, cujos valores são da ordem de 54,5º C.

No ensaio de Ponto de Fulgor, o resultado ficou acima do limite fixado pela

norma, garantindo segurança no manuseio do material.

0,402

0,5mm

156

TAB. 6.12 - Caracterização do ligante CAP 30/45 utilizado nesse estudo.

6.6 MISTURAS ASFÁLTICAS MODIFICADAS – GAP e OPEN GRADED

6.6.1 PROPRIEDADES VOLUMÉTRICAS DAS MISTURAS ASFÁLTICAS

MODIFICADAS COM BORRACHA

Através dos métodos de dosagem de misturas asfálticas, são determinadas as

propriedades volumétricas dessas misturas, as quais são dependentes da origem do

agregado, da sua graduação, do tipo de ligante e do volume de vazios da mistura. O

conhecimento das propriedades volumétricas é de fundamental importância, pois

condicionam o desempenho de uma mistura em pista.

O Volume de vazios (Vv) é a propriedade volumétrica mais importante do

concreto asfáltico, pois sempre são necessários vazios de ar no interior da mistura

compactada para permitir a expansão térmica dos ligantes e suportar a

compactação provocada pela passagem do tráfego. A maior viscosidade do asfalto-

borracha beneficia o envolvimento entre o ligante e o agregado, aumentando a

espessura do recobrimento do agregado e melhorando a durabilidade da mistura. O

volume de vazios das misturas de GAP (4,5 a 6,5%) e Open Graded (14 a 22%)

usadas na RJ-122 foi estabelecido pelo consultor do projeto da restauração da RJ-

122.

Os vazios do agregado mineral (VAM) representam o espaço intergranular do

esqueleto mineral. Valores muito reduzidos de VAM levam a teores baixos de

ligante, o que pode comprometer o desempenho à fadiga e a durabilidade das

MÍN. MÁX.

30 45

100 -

235 -

1,00 1,05

52 -

- 8o C

- 0,5 %

- 60 %

192 s -

90 s -

40 s 150 s

Viscosidade Brookfield Saybolt Furol, s, a 150o C

Viscosidade Brookfield Saybolt Furol, s, a 177o C

275 s

ASTM D 2872

Aumento do Ponto de amolecimento após RTFOT

Perda de massa após RTFOT

52,5

0.06%

ASTM E 102

NBR 14950170 s

67 s

Viscosidade Brookfield Saybolt Furol, s, a 135o C

RESULTADOS

44 mm

328o C

1,05

50,5o C

Dutilidade 110 cm

Ponto de fulgor, oC

Densidade relativa, 25oC

NBR 6560 / ASTM D36

MÉTODO ENSAIO E CARACTERÍSTICASEXIGÊNCIA

NBR 6576 / ASTM D5

DNER-ME 148/94

DNER-ME 193/96

Penetração, 25oC, 100g, 5s, 0,1 mm

NBR 6560 / ASTM D36

Ponto de amolecimento, oC

NBR 6560 / ASTM D39 Penetração retida após RTFOT (Penet. RTFOT / Penet.) 48 %

NBR 6560 / ASTM D37

157

misturas asfálticas. Valores excessivamente altos de VAM podem levar à perda de

intertravamento do esqueleto mineral e redução da resistência ao cisalhamento.

SPECHT (2004) observou em seu trabalho que o emprego de borracha incorporada

ao ligante leva a um aumento do valor de VAM.

O valor da estabilidade mede, de forma indireta, a resistência ao cisalhamento, o

intertravamento, o atrito e a coesão entre as partículas da mistura asfáltica. A

fluência mede, também indiretamente, a elasticidade da mistura. Segundo Kandhall

e Koehler (1985), nos EUA, os valores de estabilidade e fluência, propriedades da

metodologia Marshall, variam de estado para estado, e uma média entre 38 estados

apontou um valor mínimo de 5,2 kN para estabilidade e uma faixa de aceitação para

os valores de fluência entre 2 e 4,6 mm. Segundo SPECHT (2004), com o aumento

do teor de borracha (até 18%), os valores de estabilidade apresentam uma leve

redução, enquanto os valores de fluência não tiveram aumento significativo. Ainda

segundo SPECHT (2004), o tempo de digestão da mistura asfáltica não influencia as

propriedades volumétricas das misturas nem altera os valores de Estabilidade e

Fluência.

Na tabela 6.13, são apresentadas as propriedades Marshall de três misturas

asfálticas produzidas pelo processo Continuous Blend. A primeira mistura é o Gap

Graded, produzido no laboratório da obra de restauração da RJ-122; a segunda é o

Open Graded, também produzido no mesmo laboratório; a terceira é a mistura

produzida em laboratório por FONTES et al. (2007). As diferenças na concepção das

misturas são mostradas na parte de baixo da Tabela 6.13. Os parâmetros das

amostras da RJ-122 convergem para os valores determinados pelo consultor do

projeto de restauração da RJ-122.

158

TAB. 6.13 – Características Marshall das camadas de GG e OG segmento monitorado da

RJ-122 desta pesquisa.

6.6.2 CARACTERIZAÇÃO MECÂNICA DAS MISTURAS ASFÁLTICAS

MODIFICADAS

Para a maioria das aplicações rodoviárias, os asfaltos convencionais têm bom

comportamento, satisfazendo os requisitos necessários para o desempenho

adequado das misturas asfálticas sob tráfego e condições climáticas. Entretanto,

para condições de volume de veículos comerciais e peso por eixo crescente, ano a

ano, em rodovias especiais ou corredores de tráfego, tem sido cada vez mais

necessário o uso de modificadores das propriedades dos asfaltos, especialmente os

polímeros. (BERNUCCI et al., 2008).

Média Desvio

7,5 0,4

Média

9,5

8,5

GAP - RJ-122

CPs extraídos no

Seg. Monitorado

Teor ótimo de

ligante (%)

Teor de ligante (%)

8,5

7,7 0,3

24,7 0,2

8826 22

12,7 0,2

2,3 0,0

Estabilidade (N)

Densidade (g/cm3)

Fluência ( mm)

30-45

OPEN - RJ-122

CPs extraídos no

Seg. Monitorado

20

Continuous

Blend

Continuous

Blend

8

21

Continuous

Blend

20Teor de borracha

(%)

Processo de

Produção

5884

-

-

30-45

35

2,39

20

1241

2,4Gmm 2,6

CAP

FONTES et al.,

2006

6,0

19,0

PROPRIEDADES

Vv (%) 16

31VAM (%)

159

6.6.2.1 ENSAIOS DE MÓDULO RESILIENTE E RESISTÊNCIA À TRAÇÃO

Nesta pesquisa, foi utilizado o ensaio de tração por compressão diametral

dinâmico para determinação do MR. Para determinação da RT, foi usado o ensaio

de tração por compressão diametral estático. As amostras foram ensaiadas a 25º C.

Todos os corpos de prova foram moldados no laboratório da Dynatest, de acordo

com o procedimento preconizado pelo método Marshall, sem o envelhecimento

prévio em estufa. No IME (vide Figuras 6.22 e 6.23), foram usados 3 corpos de

prova cilíndricos, da mistura Gap Graded, com dimensões aproximadas de 10 cm

por 7 cm de diâmetro e altura, respectivamente. Na COPPE, foram ensaiados 8

corpos de prova, com dimensões aproximadas de 10 cm de diâmetro e 6,5 cm de

altura, de uma primeira mistura de Open Graded e, posteriormente, 3 corpos de

prova moldados em um outro período com dimensões aproximadamente iguais aos

da primeira.

FIG. 6.22 e FIG. 6.23 - Vistas do ensaio de MR feito no laboratório do IME

Na tabela 6.14, são mostrados os resultados dos módulos de resiliência das

camadas de Open Graded e Gap Graded ensaiados na COPPE e no IME,

respectivamente. Pode-se observar que os módulos da camada de Open Graded

(MR médio = 2586 MPa) são muito menores que os da camada de Gap Graded (MR

médio = 7710MPa). Tal diferença pode ser explicada pela granulometria da camada

de Open Graded mais aberta (Vv maior) e sem função estrutural, levando a um MR

mais baixo. Já a camada de Gap Graded, que possui uma função estrutural no

sistema de multicamadas projetado e uma granulometria mais homogênea, em

princípio justifica o MR maior. O teor de ligante modificado é 1% maior na camada

160

de Open Graded. Vale lembrar que os CPs de OG não foram compactados

estaticamente com 75 golpes em cada face, pois havia a preocupação de que o

impacto dos golpes do soquete pudesse quebrar o agregado. Por isso, os corpos de

prova de Open Graded foram compactados na prensa com 4100 kg/cm2.

Os valores de RT, média de 1,58 MPa, dos corpos de prova GG, ensaiados no

IME, estão ligeiramente acima dos valores normalmente encontrados para este tipo

de mistura. Quando a massa asfáltica é mantida aquecida por algum tempo,

acontece o amolecimento da borracha, tanto pelo efeito térmico quanto pela

presença do asfalto. Este amolecimento permite um maior contato intergranular, o

que eleva os valores de MR e RT.

A relação MR/RT indica a compatibilidade entre rigidez e resistência da mistura,

onde misturas muito rígidas necessitam de uma alta resistência à tração devido à

concentração de esforços no seu interior. Na Tabela 6.15, são apresentados

resultados de ensaios mecânicos de diferentes misturas asfálticas. A norma DNIT

031/2004 – ES especifica o valor de RT mínimo de 0,6MPa para concretos

asfálticos. O valor de RT das misturas Gap Graded ensaiadas no IME e Open

Graded ensaiadas na COPPE ficaram abaixo do valor mínimo da norma, devendo

ser desconsideradas na análise. Segundo Bernucci et al. (2008), misturas asfálticas

drenantes, como o Open Graded, tendem a ter valores mais baixos para RT, da

ordem de 0,5 a 0,8 MPa. Desta forma, o valor de RT do Open Graded usado na RJ-

122 se ajusta a esta tendência. Misturas asfálticas tipo CPA, tal como a camada de

Open Graded, costumam apresentar valores entre 0,5 e 0,8 MPa; misturas asfálticas

do tipo SMA a RT situam-se geralmente entre 0,8 e 1,2 MPa. A redução da

Resistência à Tração na Compressão está relacionada ao aumento da viscosidade

do asfalto-borracha, que interfere no intertravamento entre os agregados e atua

como um lubrificante. FAXINA (2002) relata valores de RT de misturas asfalto-

borracha 40% menores que o valor de referência. Estudo conduzido por SPECHT et

al. (2002) chegou a conclusões semelhantes em relação à redução da RT. O valor

de MR/RT da mistura Open Graded (COPPE) converge para os valores das outras

misturas apresentadas na Tabela 6.15.

A relação MR/RT indica a compatibilidade entre rigidez e resistência da mistura,

onde misturas muito rígidas necessitam de uma alta resistência à tração devido à

concentração de esforços no seu interior. Na Tabela 6.15, são apresentados

resultados de ensaios mecânicos de diferentes misturas asfálticas. A norma DNIT

161

031/2004 – ES especifica o valor de RT mínimo de 0,6MPa para concretos

asfálticos. O valor de RT das misturas Gap Graded ensaiadas no IME e Open

Graded ensaiadas na COPPE ficaram abaixo do valor mínimo da norma, devendo

ser desconsideradas na análise. Segundo Bernucci et al. (2008), misturas asfálticas

drenantes, como o Open Graded, tendem a ter valores mais baixos para RT, da

ordem de 0,5 a 0,8 MPa. Desta forma, o valor de RT do Open Graded usado na RJ-

122 se ajusta a esta tendência. Misturas asfálticas tipo CPA, tal como a camada de

Open Graded, costumam apresentar valores entre 0,5 e 0,8 MPa; misturas asfálticas

do tipo SMA a RT situam-se geralmente entre 0,8 e 1,2 MPa. A redução da

Resistência à Tração na Compressão está relacionada ao aumento da viscosidade

do asfalto-borracha, que interfere no intertravamento entre os agregados e atua

como um lubrificante. FAXINA (2002) relata valores de RT de misturas asfalto-

borracha 40% menores que o valor de referência. Estudo conduzido por SPECHT et

al. (2002) chegou a conclusões semelhantes em relação à redução da RT. O valor

de MR/RT da mistura Open Graded (COPPE) converge para os valores das outras

misturas apresentadas na Tabela 6.15.

162

TAB. 6.14 – Valores dos ensaios de MR e RT (COPPE e IME, 2011)

TAB. 6.15 – Comparando MR e RT de misturas variadas

LOCAL DO ENSAIO

TIPO DE MISTURANO CP

Mr

A 25O C

(Mpa)

Mr MÉDIA

(Mpa)

Desvio

Padrão

RT

(Mpa)

RT MÉDIA

(Mpa)

Mr / RT

Média

275026612797352326612797189220962096205320772107199720771947205619881975139213711444167715441651151615731532650081408100830090309020720070706030

IME / GAP

0,54 3270

0,75

0,86

0,51

1,58 4880

CP-16659

CP-16660

CP-16661

CP-16801 0,67

0,71 3659

0,60

0,58

0,21

0,53

1,69

COPPE / OPEN

PROTOC.: 50-11

CP-16804

7710 1006

CP-16802

CP-16803

CP-473-1

1,51

0,67

COPPE / OPEN

PROTOC.: 63-11

CP-16805

CP-16806

1,54CP-473-2

CP-473-3

2586

1777

496

266

163

FIG. 6.24 – Resultado comparativo de RT entre as misturas estudadas nesta pesquisa

6.6.2.2 DETERMINAÇÃO DA VIDA DE FADIGA DAS MISTURAS

No Brasil, utiliza-se comumente para determinação da vida de fadiga o ensaio

de compressão diametral à tensão controlada. A simplicidade do ensaio, tanto na

execução quanto na preparação das amostras, faz com que ele seja muito utilizado

2012

Open Graded

COPPE - I

Continuous

Blending

CAP 30/45

2.586 0,71 3642 9,5 20

2012

Open Graded

COPPE - II

Continuous

Blending

CAP 30/45

1.777 0,54 3291 9,5 20

2012

Gap Graded

IME

Continuous

Blending

CAP 30/45

7.710 1,58 4880 8,5 20

SMA

Oda et al., 2006

CAPFLEX B

Petrobras2.616 0,77 3397 6,8 -

Pinheiro et al., 2004LABORATÓRIO

CAP 50/602.393 0,50 4786 6,3

20 + 20%

AR-75

Bernucci et al., 1999LABORATÓRIO

CAP 201.806 0,78 2315 7,1 20

Teor

Asfalto

Borrach

a

TIPO DE MISTURAMr

(Média)

RT

(Média)

Mr / RT

(Média)

%

Borracha

MÉTODO DE

PRODUÇÃO

Tipo de CAP

0,00

0,10

0,20

0,30

0,40

0,50

0,60

0,70

0,80

OPEN GRADED - 50-11

OPEN GRADED - 63-11

GAP GRADED

Re

sist

ên

cia

a Tr

ação

(M

Pa)

RESISTÊNCIA A TRAÇÃO DAS MISTURAS

164

em todo o mundo. As amostras podem ser preparadas com o uso do soquete

Marshall ou extraídas da pista. O ensaio tem boa repetibilidade e reprodutibilidade,

além de ser comercialmente viável e experimentalmente sensível. Nesta pesquisa,

foi utilizado o mesmo carregamento do ensaio de Módulo Resiliente, entretanto as

amostras foram submetidas a diversos níveis de tensão e levadas à ruptura por

fadiga. A temperatura do ensaio utilizada foi de 25º C, e a tensão máxima à tração

estática (σMÁX.) usada foi de 0,65 MPa para as 7 amostras de Protocolo 63-11 com

Módulo resiliente médio igual a 1.516MPa. Para as amostras de Protocolo 50-11,

foram usados 10 cp’s com σMÁX. igual a 0,93MPa e Módulo Resiliente médio igual a

2.736MPa. As amostras das misturas Open Graded descritas acima foram

ensaiadas na COPPE, e todas moldadas pela Dynatest, de acordo com o método

descrito no Capítulo 5 para misturas Open Graded.

No caso dos modelos de representação por diferença de tensões, “n” (inclinação

da curva) indica a suscetibilidade ao estado de tensões, ou seja, maiores valores de

“n” indicam maior sensibilidade do comportamento à fadiga das misturas em relação

às mudanças na diferença de tensões. Segundo MAGALHÃES (2004), essa maior

suscetibilidade se reflete no maior risco de a mistura sofrer trincamento prematuro

devido a erros de projeto ou construtivo, significando que pequenas variações nas

espessuras das camadas podem acarretar redução expressiva na vida de fadiga da

estrutura. Não foram feitos ensaios de fadiga das misturas asfálticas do tipo GG.

A diferença entre as vidas de fadiga das duas amostras ensaiadas são

analisadas a seguir.

165

TAB. 6.16 - Características de fadiga a tensão controlada das misturas estudadas neste trabalho comparada a uma mistura convencional.

FIG. 6.25 – Vida de Fadiga versus Diferença de tensões da amostra OG em estudo

FIG. 6.26 – Vida de Fadiga versus Deformação Específica Resiliente da

amostra OG em estudo

y = 5282,5x-1,992

R² = 0,753

y = 2265,1x-0,633

R² = 0,6897

100

1000

10000

100000

1000000

0,1 1 10

mero

de a

pli

caçõ

es,

N

Diferença de tensões, Ds (MPa)

VIDA DE FADIGA X DIFERENÇA DE TENSÕES

• Amostra 1 - Open Graded • Amostra 2 - Open Graded

y = 5E-05x-1,992

R² = 0,753

y = 9,0794x-0,634

R² = 0,686

100

1000

10000

100000

1000000

0,00001 0,0001 0,001

mero

de a

pli

caçõ

es,

N

Deformação Específica Resiliente, ε1

VIDA DE FADIGA x DEFORMAÇÃO ESPECÍFICA RESILIENTE

• Amostra 1 - Open Graded • Amostra 2 - Open Graded

166

6.7 CAPACIDADE DO SIMULADOR DE TRÁFEGO UTILIZADO NA RJ-122

O simulador de tráfego utilizado na RJ-122 consistiu de um semi-eixo rodoviário

com rodas duplas e limite de carregamento com até 15 tf, o qual corresponde a um

eixo simples de rodas duplas com carga total de até 30 tf, que se movimenta

alternadamente no sentido longitudinal com deslocamentos de até 9 metros e,

transversal, até 1 metro, com capacidade de executar 1000 passagens ou

aplicações de carga por hora em uma determinada área da seção de ensaio. Dessa

forma, a combinação de velocidade de deslocamento longitudinal do semi-eixo com

os demais recursos do equipamento, ou seja, deslocamento transversal e carga

aplicada, permite reproduzir em curtos períodos de tempo e com bastante

aproximação da realidade as consequências da ação das cargas do tráfego nas

estruturas do pavimento (Fundação DER-RJ, 2009).

6.7.1 ENSAIO COM HVS NO SEGMENTO MONITORADO

Foram aplicadas 113.063 passagens do semi-eixo, em períodos sucessivos: no

primeiro, com carga dinâmica de 6,7 tf e, no segundo, 79.017 passagens utilizando

carga dinâmica de 8,6 tf, em sentido bidirecional, no trecho monitorado (estaca

1415), cuja seção transversal é apresentada na Figura 4.7. Tal carga associada ao

número de passagens (total de 192.080 passadas), no período entre os dias 10 a 17

de julho de 2012, corresponde à imposição de carga equivalente superior à vida de

projeto (20 anos), de acordo com o critério da Rubber Pavement Assossiation (RPA).

Por essa metodologia, completar 192.080 passagens de carga, nas condições

descritas acima, equivaleria ao número de operações de carga de 3,24 x 106,

superior ao número N ( 2,49 x 106) determinado pelo projeto para 20 anos. Verifica-

se então, que o número de passadas com o semi-eixo, executadas pelo simulador

de tráfego, produziu um tráfego aproximadamente 30% maior do que o tráfego

projetado para os 20 anos de vida útil da restauração da RJ-122, conforme

apresentado na Tabela 6.17.

Para concentrar cargas e permitir que os ensaios acelerados atendam às

premissas da pesquisa, resolveu-se incrementar a aplicação de carga no centro do

167

trajeto da roda com um deslocamento lateral mínimo de 20 cm. Com essa dispersão

lateral, foi possível varrer com o semi-eixo uma largura aproximada de 75 cm. A

carga de trabalho aplicada foi garantida através do controle de inflação dos pneus e

da carga hidráulica registrada no manômetro do equipamento. A partir do modelo do

programa SHRP, foi estabelecida a temperatura máxima do pavimento em 59º C e a

temperatura máxima anual da região, registrada em 37,5º C (Tabela 4.1). Já o

modelo do programa LTPP (Long-Term Pavement Performance) permitiu

estabelecer a temperatura mínima do pavimento como sendo 12º C para este local a

partir do histórico da temperatura do ar e considerando um grau de confiabilidade de

98%. Foi recomendado que durante os ensaios acelerados, caso a temperatura do

pavimento excedesse 58º C ou estivesse inferior a 12º C, fosse interrompido o

ensaio. Foi feita aspersão de água para simulação de chuvas em pelo menos uma

hora por dia.

TAB. 6.17 – Operações equivalentes simuladas com HVS no trecho monitorado desta

pesquisa

O acompanhamento da condição estrutural do pavimento indicou que este se

manteve estável ao longo de todo o período em que esteve submetido aos ensaios

acelerados. As deflexões medidas com viga Benkelman eletrônica foram da ordem

de 50 x 10-2 mm ao final de 180.000 passadas, com carga padrão (6,72 a 8,63 tf no

eixo simples de roda dupla) e com temperatura de 25º C. A vida útil proposta pelo

projeto de restauração da RJ-122 foi alcançada com 146.080 passadas do eixo

padrão, conforme mostrado na Figura 6.33. A carga de 6,7 tf foi mantida até 113.063

passadas, sendo incrementada para 8,63 tf a partir deste ponto até alcançar 192.080

passadas.

MetodologiaCarga no

semi-eixo(tf)Passagens FEC Número N

Anos equiv. por

mês de simulação

6,7 113.063 8,33 9,41E+05 7,6

8,6 79.017 29,03 2,29E+06 18,4

192.080 3,24E+06 26,0

RPA

TOTAIS

168

FIG. 6.27 – Deflexão medida dentro do HVS com VB, no segmento monitorado desse

estudo

O revestimento asfáltico executado mostrou-se resistente à deformação

permanente em trilha de roda durante o período de 192.080 passagens do semi-

eixo, tendo apresentado um afundamento máximo de 2,1 mm ao fim do horizonte de

projeto, correspondentes a 146.080 passadas do eixo padrão, como pode ser

observado na Figura 6.28. Tal valor baixo de afundamento ( 2,1 mm) evidencia uma

ótima capacidade estrutural das camadas asfálticas constituintes do pavimento

(Open e Gap Graded).

0

10

20

30

40

50

60

0 30000 60000 90000 120000 150000 180000

De

fle

xão

x 0

,01

mm

Nº Passadas

Deflexão medidas com VBe

Deflexão 0,01 mm

113.063

6,7 tf 8,6 tf

146.080

169

FIG. 6.28 – Afundamento na trilha de roda medida com viga Benkelman (VB) no segmento

monitorado desse estudo

Não foram observadas trincas ou defeitos no revestimento asfáltico na seção

ensaiada dentro do trecho monitorado. Na figura 6.29, pode-se observar que as

espessuras obtidas no ensaio de mancha de areia estão entre 0,63 e 0,76. Segundo

BROSSEAUD (2006), os valores aceitáveis de macrotextura estão entre 0,4 mm,

para garantir boa aderência, e 0,7 mm, para garantir uma boa drenagem superficial.

Por esse critério, alguns pontos estariam fora do limite aceitável. Pela classificação

adotada pelo ABPV (1999), a textura superficial da pista, após o ensaio, pode ser

classificada como Média (entre 0,4 e 0,8 mm).

0

2

4

6

8

10

0 30000 60000 90000 120000 150000 180000

Afu

nd

ame

nto

mm

Nº Passadas

Afundamento de Trilha de roda (mm)

Afundamento mm

113.063

6,7 tf 8,6 tf

146.080

170

FIG. 6.29 – Valores de macrotextura medida com mancha de areia, no segmento

monitorado desse estudo

Na Figura 6.30, é apresentada a representação gráfica da microtextura do trecho

monitorado. Pela faixa de classificação do ABPV (1999), a textura é dita Mediamente

Rugosa (faixa entre 47 e 54 de VRD).

Fig 6.30 – Micro Rugosidade medida com o Pêndulo Britânico, no segmento monitorado

desse estudo

6,7 tf

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

1,4

0 30000 60000 90000 120000 150000 180000

Esp

ess

ura

mm

Nº Passadas

Mancha de Areia (Espessura) mm

Mancha de Areia (Espessura) mm

113.063

8,6 tf

146.080

6,7 tf

Faixa Média de Macro-Textura, ABPV,1999

40

45

50

55

60

65

70

75

80

0 30000 60000 90000 120000 150000 180000

VR

D

Nº Passadas

Pêndulo Britânico (VRD)

Pêndulo Britânico (VRD)

113.063

8,6 tf

146.080

6,7 tf

Faixa Medianamente Rugosa, ABPV,1999

171

7 AVALIAÇÃO NUMÉRICA DO COMPORTAMENTO ESTRUTURAL DO

PAVIMENTO ATRAVÉS DO PROGRAMA SISPAV

A seguir são mostradas as telas do programa SISPAV 2009, desenvolvido por

FRANCO (2007), relativas à análise efetuada do pavimento projetado para a

restauração da rodovia RJ-122.

Na Figura 7.1, pode-se observar os dados de entrada no SISPAV com as

camadas do pavimento onde a capa de rolamento constituída por mistura asfáltica

Open Graded, espessura de 2,5 cm foi omitida. A omissão da camada de OG faz

com que o programa analise a vida de fadiga na camada de GG, considerada crítica

em relação à fadiga, por concentrar as tensões geradas pelas cargas do tráfego. A

primeira camada portanto, é a camada estrutural, constituída pela mistura asfáltica

GG (Gap Graded) com espessura de 4,5 cm, seguida pela camada de

reperfilamento com espessura de 3,5 cm e constituída pela mistura Gap Graded

(dentro do segmento monitorado). O revestimento antigo forma a terceira camada,

com espessura de 7,0 cm. As camadas de base e sub-base são constituídas por

material granular e têm juntas, a espessura de 28,0 cm. A última camada, formada

pelo sub-leito, é constituída por solo fino, cuja espessura é adotada pelo programa

como semi-infinita. Foi utilizado o valor médio de MR para a camada de Gap

ensaiada (7.710 MPa). As equações de fadiga obtidas no ensaio da camada de OG

foram usadas como modelo de fadiga da camada de GG no Sispav porque não foi

feito ensaio de fadiga da camada de GG. O modelo normalmente adotado pelo

programa é em função do MR, onde os valores de K1 e K2 são os valores das

curvas de fadiga. Para o valor de k3, foi adotado zero. O fator campo laboratório

adotado foi igual a 103.

A análise apresentada pelo programa, na Figura 7.1, mostra que o dano

crítico causado à estrutura projetada dentro segmento monitorado, considerando o

tráfego previsto, com nível de confiabilidade de 95%, é irrelevante e, portanto,

resiste com sobras ao período de projeto de 20 anos. A deformação permanente

determinada no segmento monitorado foi de 0,531 cm, abaixo do limite de 1 cm mas

acima da deformação permanente determinada no ensaio acelerado (HVS), que foi

de 0,2 cm no limite da vida útil estimada no projeto de restauração da RJ-122. Os

MR das camadas inseridas no Programa SISPAV foram: camada de GG, MR = 7710

172

MPa; camada de reperfilamento, MR = 7710 MPa (como camada de GG); camada

do revestimento antigo, adotado MR = 5.000 MPa; camada de base e sub-base,

adotado MR = 350 MPa.

FIG. 7.1 – Tela com a análise da vida de projeto da RJ-122

Na Figura 7.2, foram inseridos os dados de tráfego, considerando os dados de

pesagem (efetuados durante 7 dias), apurados durante a fase de projeto. O número

N, determinado durante o projeto de restauração, em destaque (2,49e+6).

FIG. 7.2 – Tela com dados de tráfego da RJ-122

173

FIG. 7.3 – Tela com dados pluviométricos da RJ-122

Na Figura 7.4, foram inseridos os parâmetros K1 e K2 obtidos na curva de

fadiga da mistura de Open Graded (vide Tabela 6.19).

FIG. 7.4 – Tela com o modelo de fadiga de misturas asfálticas usado.

174

FIG. 7.5 – Tela com o modelo de comportamento para deflexões admissíveis.

FIG. 7.6 – Tela com o modelo de comportamento para deformação permanente de mistura

asfáltica.

175

FIG. 7.7 – Tela com o modelo de comportamento para tensão no topo do sub-leito.

Na Figura 7.8, pode-se observar, no gráfico, que não há dano acumulado à

fadiga na base do revestimento asfáltico (eixo x), ao longo da vida útil do pavimento.

FIG. 7.8 – Tela com o resultado para o dano acumulado relativo à fadiga na base da

camada de GG (eixo X).

Na Figura 7.9, podemos observar, no gráfico, que não há dano acumulado à

fadiga na base do revestimento asfáltico (eixo y), ao longo da vida útil do pavimento.

176

FIG. 7.9 – Tela com o resultado para o dano acumulado relativo à fadiga na base da

camada de GG (eixo y).

Na Figura 7.10, podemos observar, no gráfico, que o dano acumulado relativo

à deflexão máxima é muito baixo, inferior à 10% ao fim da vida útil.

FIG. 7.10 – Tela com o resultado do dano acumulado relativo à deflexão máxima na

superfície da camada de GG.

177

FIG. 7.11– Tela com o resultado do dano acumulado relativo à tensão máxima no topo da

camada de GG.

7.1 LEVANTAMENTOS DEFLECTOMÉTRICOS NO SEGMENTO MONITORADO

Foram analisadas as médias das deflexões (FWD), e o raio de curvatura nos

dois períodos da obra, conforme mostrado nas Tabelas 7.1, 7.2 e 7.3. Observamos

que a média das deflexões medidas no segmento monitorado após a obra é menor

que a média das deflexões medidas antes da obra. As deflexões foram medidas no

período anterior a obra a cada 40 m e no período posterior a obra a cada 20 metros.

A deflexão máxima (DF1) é o parâmetro indicativo do comportamento global da

estrutura, entretanto deve-se fazer a análise observando também o valor do raio de

curvatura. Sabe-se que este último parâmetro é afetado diretamente pelas

características elásticas das camadas superiores da estrutura, ou seja, revestimento

e base. Um valor baixo para o raio de curvatura de uma estrutura é normalmente um

indicativo de que o módulo elástico das camadas superiores do pavimento apresenta

valores abaixo do desejável. Considerando o MR das camadas de Gap e Open

Graded, este parâmetro mostra-se dentro dos limites considerados “normais” para

misturas semelhantes, como exposto na Tabela 6.1. O cálculo do Raio de curvatura

foi feito com base na Equação 7.1 ( PINTO & PREUSLER, 2010).

R(m) = (10 x X2) / 2(d0 – dx) Eq. (7.1)

178

Onde:

R – Raio de Curvatura em metros;

X – Distância da deflexão DF3, em relação à DF0;

Do e D30 – Deflexões em o e 30 cm.

TAB. 7.1 – Média das Deflexões nos dois períodos dentro do segmento monitorado

7.2.1 DETERMINAÇÃO DAS BACIAS DE CÁLCULO

Foram calculadas as deflexões médias e o desvio padrão do segmento

monitorado (300 m entre as estacas 1405 e 1420), sentido BR-116, para os períodos

antes e após a obra (vide Tabelas 7.2 e 7.3). Foi determinado também o coeficiente

de variação das deflexões, assim como o valor médio (M) somado ao desvio padrão

(S) das bacias deflectométricas. As deflexões foram medidas, nos dois períodos,

através do equipamento FWD, porém com equipamentos diferentes, como

referenciado na Tabela 7.1. Nota-se pela Tabela 7.2 que as deflexões ao longo do

segmento monitorado era muito dispare no Período anterior a obra, demonstrando a

falta de homogeneidade do pavimento no segmento de 300 metros. Já no

levantamento feito apos a obra, na Tabela 7.3, verifica-se homogeneidade no

mesmo segmento.

179

TAB. 7.2 - Estudo estatístico das deflexões, medidas a cada 40 metros, no Segmento

monitorado – antes da obra

TAB. 7.3 Estudo estatístico das deflexões, medidas a cada 20 metros, no Segmento

monitorado – após a obra.

Na Figura 7.12, são mostradas as bacias de deformação em 2 períodos, dentro

do segmento monitorado, antes e após a obra de restauração da RJ-122. Podemos

verificar, pelo gráfico, que houve um decréscimo das deflexões medidas no segundo

período, o que denota um ganho estrutural do pavimento após a obra.

DF1

(0 cm)

DF2

(20 cm)

DF3

( 30 cm)

DF4

(45 cm)

DF5

(60 cm)

DF6

(90 cm)

DF7

(120 cm)

Média 38,2 29,7 24,7 18,4 13,7 8,0 5,3

Raio de curvatura

Desvio Padrão 8 6 5 3 2 1 1

Média + Desvio Padrão 47 36 30 22 16 9 6

Coef. Var. 0,2 0,2 0,2 0,2 0,2 0,2 0,1

332,4

180

FIG. 7.12 - Comparação entre as bacias deflectométricas antes e após a obra no segmento

monitorado

7.3 ANÁLISE 3D DO PAVIMENTO UTILIZANDO O PROGRAMA EFin 3D

A diferença entre tensão máxima de compressão e de tração na fibra inferior do

revestimento (Δδ) é considerada o principal fator desencadeador do trincamento por

fadiga do revestimento.

A utilização do Programa EFin3D (Franco, 2007) serviu para ter-se uma idéia

da ordem de grandeza do estado de tensões provocado pela passagem do tráfego.

Na Tabela 7.4 e nas Figuras 7.13 a 7.15, é apresentado o estudo de variação da

tensão ao longo da profundidade das camadas asfálticas onde são apontadas as

tensões na base da camada de GG nas 3 direções em um ponto a localizado a 7,0

cm de profundidade.

181

FIG. 7.13 – Configuração do estado de tensões no ponto a em (x;y;7 cm), ou seja, na base

da camada de GG.

TAB. 7.4 - Tensões ao longo da espessura do pavimento (x=0;y=0;z=7 cm).

Obs.: em verde, as tensões na base da camada de Gap Graded

Nó Coord X (m) Coord Y (m) Coord Z (m) Sx (MPa) Sy (MPa) Sz (MPa)

1658 0 0 -0,15 -7,48E-02 3,91E-02 -1,96E-01

1808 0 0 -0,12 -8,77E-02 3,37E-02 -1,89E-01

1958 0 0 -0,08 -1,14E-01 -7,01E-02 -1,71E-01

2108 0 0 -0,07 -1,15E-01 -8,22E-02 -1,40E-01

2258 0 0 -0,06 -1,29E-01 -8,58E-02 -1,28E-01

2408 0 0 -0,05 -3,64E-01 -1,78E-01 -1,04E-01

2558 0 0 -0,03 -4,36E-01 -3,20E-01 -4,16E-02

2708 0 0 -0,02 -2,30E-01 -3,89E-01 1,51E-02

2858 0 0 0,00 -3,52E-02 -4,31E-01 7,09E-02

182

FIG. 7.14 – Variação da tensão nas 3 direções

Através do Programa EFin3D (Módulo do Sispav), foram determinadas as

tensões na base da camada de GG (7,0 cm). Posteriormente foi calculado o módulo

da diferença vetorial entre as tensões Tx e Tz, conforme a Equação 7.2, cujo o valor

foi inserido no gráfico de VIDA DE FADIGA X DIFERENÇA DE TENSÕES,

permitindo a determinação da vida de fadiga das duas amostras, as quais,

considerando o fator campo laboratório, são superiores ao N de projeto.

Δδ2 = Δδx2 + Δδz2 = (-0,15)2 + (-0,14)2 → Δδ = 0,23 MPa EQ. (7.2)

NPROJETO = 2,49 x 106 < N1 CALCULADO = 1,0 x 109

-0,16

-0,14

-0,12

-0,10

-0,08

-0,06

-0,04

-0,02

0,00

-5,00E-01 -4,00E-01 -3,00E-01 -2,00E-01 -1,00E-01 0,00E+00 1,00E-01

Pro

fun

did

ad

e (

me

tro

s)

Tensão (MPa)

sx (MPa) sy (MPa) sz (MPa)

183

FIG. 7.15 – Determinação da vida de fadiga da camada de Open Graded

N1 = 9.980 x FCL = 9.980 x 104 = 9,98x107

N2 = 1,0 x 105 x FCL = 1,0 x 105 x 104 = 1,0 x 109

Nas Figuras 7.16 a 7.19, são apresentadas as telas capturadas do programa

EFin3D geradas com os dados relativos à RJ-122.

A primeira camada alimentada no Programa EFin3D corresponde à soma das

camadas de Open Graded, Gap Graded e Reperfilamento, totalizando 0,105 m.

Como MR adotou-se a média ponderada entre as camadas de GG (0,025 m), OG

(0,045 m) e Reperfilamento (0,035 m), cujos Módulos são: MRGG = 2.182 MPa; MROG

= MRRep. = 7.710 MPa. A segunda camada constituída pelo antigo revestimento foi

adotado como MR o valor de 5.000 MPa e tem como espessura 0,07 m. As camadas

granulares totalizam uma espessura de 0,28 cm, onde foi adotado MR = 350 MPa. A

última camada, sub-leito, o programa adota zero como espessura.

184

FIG. 7.16 – Dados das espessuras das camadas asfálticas e seus MR.

FIG. 7.17 – Dados da configuração do carregamento adotado.

185

FIG. 7.18 – Malha de Elementos Finitos calculada.

Na Figura 7.19, podemos observar que o cálculo da vida de fadiga estimada

pelo EF3D foi de 3,91e +06, valor superior ao tráfego estimado no projeto para os 20

anos de vida útil (2,49 e+06).

FIG. 7.19 – Tela do resultado do cálculo da análise 3D.

O pavimento da RJ-122 terá vida útil longa, pois o número N de projeto, tanto

em termos de vida de fadiga quanto afundamento de trilha de roda, porque o tráfego

186

na rodovia é baixo. Logo, a princípio, as dimensões das camadas de Open Graded e

Gap Graded poderiam ser reduzidas. Entretanto deve ser considerado que o

pavimento previamente existente encontrava-se bastante trincado, fato que não é

considerado quando se faz previsão de desempenho quando utiliza-se o Programa

Sispav. A possibilidade de propagação prematura das trincas, não obtante o

excelente comportamento estrutural comentado no item anterior, é uma realidade

que só pode ser analisada através dos ensaios com equipamento simulador

acelerado de tráfego (tipo HVS). Mas, mesmo os estudos com HVS devem ser vistos

com ressalva pois não consideram adequadamente o envelhecimento da mistura

asfáltica no longo prazo, que tende a enrijecê-la, contribuindo para o aumento da

fadiga. Assim, pode-se considerar que a solução adotada para o pavimento foi válida

e que somente o monitoramento do desempenho de longo prazo poderá esclarecer

se os fatores campo-laboratório e metodologias adotadas são adequados para este

tipo de mistura asfáltica.

187

8 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Neste capítulo são apresentadas as principais conclusões relativas ao estudo

das propriedades do ligante modificado com borracha e das misturas

confeccionadas com esse ligante. Serão apresentados, também, a análise numérica

feita através do programa Sispav e a análise dos resultados da simulação acelerada

de tráfego realizada no pavimento da RJ-122. Por fim, serão feitas algumas

sugestões para trabalhos futuros, visando à complementação dos resultados obtidos

neste trabalho.

8.1 CONCLUSÕES

O processo de produção Continuous Blend utilizado na restauração da RJ-122

exigiu um controle rigoroso nas diversas etapas de fabricação do ligante com alta

viscosidade, característica deste processo. Ele foi exercido desde a verificação do

percentual e granulometria da borracha, fatores estipulados pelo projeto, passando

pelo controle da temperatura na qual a borracha é adicionada, e finalmente no

tempo necessário para que haja a fusão dos componentes da mistura. Tal zelo na

fase de produção foi fundamental para a obtenção da qualidade final das misturas

asfálticas modificadas. A integração ágil entre a produção do ligante e as

necessidades de execução da frente de serviço na acabadora é uma das vantagens

do processo.

As misturas asfálticas modificadas com borracha moída, produzidas pelo

processo Contínuo em Usina (Continuous Blend), tiveram um desempenho ótimo

em relação à fadiga e à deformação permanente dentro do segmento monitorado

acompanhado por essa pesquisa. A verificação do desempenho foi feita através de

ensaios mecânicos com as misturas asfálticas modificadas do tipo GG e OG, dos

ensaios do comportamento reológico do ligante modificado, executado através das

metodologias convencional e Superpave. Por intermédio da simulação numérica,

feita com o Programa Sispav e EFin3D, foi verificada a capacidade do pavimento

restaurado em resistir ao afundamento de trilha de roda e à fadiga, considerando

dados de pesagem dos veículos comerciais durante 7 dias e dados de contagem

188

volumétrica e classificatória do tráfego. Por último foi feito o ensaio de simulação

acelerada do tráfego, através do equipamento HVS, o qual comprovou a resistência

do pavimento da RJ-122, no segmento monitorado, ao afundamento de trilha de

roda.

Nos ensaios de simulação numérica a vida de fadiga calculada apresentou

valores superiores àqueles apresentados pelo projeto de restauração da RJ-122

(Fundação DER-RJ, 2009). Resultados semelhantes foram obtidos através do

simulador de tráfego, onde parâmetros avaliados como afundamento de trilha de

roda e deflexão, indicaram uma vida útil para o pavimento superior aos 20 anos

pretendidos pelo projeto da Fundação DER-RJ.

Nos ensaios mecânicos realizados com as misturas asfálticas modificadas com

borracha do tipo OG e GG, os valores obtidos foram compatíveis com valores de

misturas de referência executadas pelo processo CB.

Nos ensaios reológicos tradicionais feitos com o ligante modificado os valores

dos ensaios de penetração, viscosidade, ponto de amolecimento e resiliência

ficaram dentro das faixas estabelecidas pelas normas vigentes. No ensaio

Superpave o ligante modificado usado na RJ-122 obteve uma classificação quanto

ao grau de desempenho (PG), superior à classificação adotada pelo projetista,

indicando que o ligante é apropriado para a região que foi utilizado.

A borracha moída destinada à modificação do ligante atendeu, tanto à

granulometria (Faixa B – ADOT, 2005) quanto à proporção de 50% de pneus de

carga e 50% de pneus de passeio, estabelecidos no projeto.

Quanto aos agregados utilizados na restauração da rodovia RJ-122, estes não

atenderam ao critério de resistência ao desgaste no ensaio Los Angeles,

estabelecido pelo projeto de restauração. Os agregados foram aceitos com um

desgaste à abrasão Los Angeles em uma faixa entre 50 a 65 %, onde o valor

requerido no projeto era inferior a 26%.

8.2 SUGESTÕES PARA FUTUROS TRABALHOS

Para a elaboração de futuros trabalhos e pesquisas, tendo em vista o

aprimoramento deste estudo, são apresentadas abaixo algumas recomendações:

189

Um item que deve ser mais bem avaliado em obras futuras é o

aproveitamento de pneus inservíveis da própria região da obra. Tal iniciativa irá ao

encontro do tema Sustentabilidade e também da questão da viabilidade econômica.

O pavimento da RJ-122 deve ser objeto de um estudo futuro para

monitoramento, ao longo do tempo, sob o ponto de vista funcional e estrutural para

que, de fato, sejam comprovadas as boas condições simuladas para o pavimento

através do ensaio acelerado de tráfego com HVS e seja estudada a relação campo /

laboratório. Outra questão que deve ser avaliada através do monitoramento de longo

prazo é o desempenho dos agregados.

190

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