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MIN UNIVERS FAC RELATÓRIO DE ES EM ÁREA DE CLÍNICA MÉ MANEJO ZOOTÉCNICO NISTÉRIO DA EDUCAÇÃO SIDADE FEDERAL DE PELOTAS CULDADE DE VETERINÁRIA STÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONAD M MEDICINA VETERINÁRIA ÉDICA, CLÍNICA CIRÚRGICA, REPRODUÇ O EM BOVINOS DE LEITE E EXTENSÃO R VAGNER LUCHEZE PELOTAS, 2007 DO ÇÃO, RURAL

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃOUNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS

FACULDADE DE

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADOEM MEDICINA VETERINÁRIA

ÁREA DE CLÍNICA MÉDICAMANEJO ZOOTÉCNICO EM BOVINOS

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS

FACULDADE DE VETERINÁRIA

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADOEM MEDICINA VETERINÁRIA

ÁREA DE CLÍNICA MÉDICA, CLÍNICA CIRÚRGICA, REPRODUÇÃO,MANEJO ZOOTÉCNICO EM BOVINOS DE LEITE E EXTENSÃO RURAL

VAGNER LUCHEZE

PELOTAS, 2007

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO

, CLÍNICA CIRÚRGICA, REPRODUÇÃO, DE LEITE E EXTENSÃO RURAL

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VAGNER LUCHEZE

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM MEDICINA VETERINÁRIA

ÁREA DE CLÍNICA MÉDICA, CLÍNICA CIRÚRGICA, REPRODUÇÃO,

MANEJO ZOOTÉCNICO EM BOVINOS DE LEITE E EXTENSÃO RURAL

Relatório de estágio curricular realizado na Cooperativa Agropecuária Petrópolis Ltda – COAPEL, localizada na cidade de Nova Petrópolis - RS, sob orientação do Médico Veterinário Marcelo Wittmann, e orientação acadêmica do Professor Dr. Márcio Nunes Corrêa, apresentado pelo acadêmico Vagner Lucheze como requisito parcial para obtenção do título de Médico Veterinário.

PELOTAS, NOVEMBRO DE 2007

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"Há, verdadeiramente, duas coisas diferentes:

saber e crer que se sabe.

A ciência consiste em saber;

em crer que se sabe está a ignorância" (Hipócrates)

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AGRADECIMENTOS

Agradeço:

A Deus por estar sempre presente, trilhando os caminhos da minha vida,

pois sem ele hoje não estaria acabando essa etapa. Pela conquista em ser um

Médico Veterinário!

A minha família a qual sempre me apoiou, incentivou e abdicou de muitas

coisas materiais para que seguisse em frente até acabar minha formação

educacional. Sem ela nada disso teria se concretizado, por ser o alicerce e

base para tudo em minha vida, muito obrigado!

A minha mãe Ignês Oltramari Lucheze e meu pai Valdemar Lucheze que

sempre estiveram me ajudando nos momentos em que mais precisava, desde

o início de minha formação, a sua incansável luta em me proporcionar o melhor

para que conseguisse alcançar essa vitória.

A meu irmão Elisandro Lucheze que sempre me apoiou, e pela sua

amizade e ajuda mutua desde o início da caminha da para alcançar a

universidade e a formação profissional.

Aos meus amigos, em especial aos meus grandes colegas Lucas de Carli

Meneghello e Alex Gabana, que hoje posso disser que são muito mais que

amigos, são verdadeiros irmãos. As minhas colegas Tanaia, Samira e Marcela,

e meus colegas Fábio e Rafael pelos bons momentos que passamos juntos.

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A todos os colegas pela amizade, companheirismo, e por todos os

momentos de alegria em que compartilhamos juntos durante esses cinco anos.

Aos professores agradeço pelos conhecimentos repassados, pela

amizade e pelas lições de vida transmitidas através de suas experiências.

Agradeço em especial a meu Orientador acadêmico Dr. Marcio Nunes Correa e

a minha orientadora de estágio durante a faculdade a Dra. Leonor Souza

Soares pela amizade e ajuda incondicional na minha formação.

A Cooperativa agropecuária Petrópolis Ltda – COAPEL, no nome de seu

presidente Vitor Grings pela oportunidade de estágio e prática profissional.

Aos Médicos Veterinários Marcelo Wittmann, Osmar kny, Gilberto kny,

Carlos Schüenemann e Thiago Braz Marçal, pelo conhecimento repassado e

pela vivência prática na Medicina Veterinária.

Aos animais que são instrumentos da minha profissão.

A todos que de alguma maneira estiveram ao meu lado nessa jornada.

V

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RESUMO

O trabalho desenvolvido durante o estágio curricular tem por objetivo apresentar e discutir as atividades desenvolvidas durante o período de estágio prático profissional que ocorreu de 20 de agosto a 20 de novembro de 2007. O estágio curricular foi realizado na Cooperativa Agropecuária Petrópolis Ltda – COAPEL, no setor de assistência técnica em bovinocultura leiteira, localizada no município de Nova Petrópolis-RS. Os trabalhos foram desenvolvidos nas áreas de clínica médica, clínica cirúrgica, reprodução e manejo zootécnico de bovinos de leite, sob a orientação do Médico Veterinário Marcelo Wittmann, totalizando 990 horas. Neste período foram realizados 283 atendimentos, sendo distribuídos em: 134 atendimentos clínicos, 29 atendimentos cirúrgicos, 25 atendimentos reprodutivos, 16 atividades profiláticas, e 79 atendimentos na área de manejo zootécnico e extensão rural.

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SUMÁRIO

RESUMO............................................................................................................VI

LISTA DE TABELAS.........................................................................................IX

LISTA DE FIGURAS...........................................................................................X

LISTA DE ABREVIATURAS, SÍMBOLOS E UNIDADES.................................XI

1. INTRODUÇÃO.................................................................................................1

2. HISTÓRICO DE NOVA PETRÓPOLIS...........................................................2

2.1 A Colônia provincial de Nova Petrópolis ............................................2

3. COOPERATIVA AGROPECUÁRIA PETRÓPOLIS........................................6

3.1 Descrição Cooperativa agropecuária petrópolis Ltda – Piá................6

4. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS DURANTE O ESTÁGIO PRÁTICO

PROFISSIONAL NA COOPERATIVA AGROPECUÁRIA PETRÓPOLIS

LTDA...................................................................................................................8

5. CLÍNICA MÉDICA ........................................................................................13 5.1 Doenças Metabólicas .......................................................................13

5.1.1 Cetose ................................................................................13

5.1.2 Hipocalcemia ......................................................................16

5.2 Distúrbios do sistema digestório ......................................................18

5.2.1 Indigestão Simples .............................................................18

5.2.2 Indigestão por sobrecarga (acidose rumenal) ....................20

5.3 Distúrbios do sistema respiratório ....................................................23

5.3.1 Pneumonia por aspiração de artefato ................................ 23

5.4 Distúrbios do sistema locomotor ......................................................25

5.4.1 Compressão de Nervo Obturador .......................................25

5.5 Distúrbios da glândula mamária .......................................................28

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5.5.1 Mastite ...............................................................................28

5.5.2 Mastite Aguda .....................................................................31

5.6 Enfermidades por doenças parasitárias ...........................................33

5.6.1 Tristeza Parasitária Bovina (TPB) ......................................33

5.7 Enfermidades por doenças infecciosas ...........................................37

5.7.1 Tuberculose ........................................................................37

5.8 Reprodução ......................................................................................39

5.8.1 Retenção de Membranas Fetais .........................................39

5.8.2 Parto Distócico.....................................................................42

6. PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS ..............................................................45

6.1 Deslocamento de Abomaso a Esquerda ..........................................45

6.2 Prolápso de Vagina .........................................................................49

7. DEMAIS ATIVIDADES REALIZADAS DURANTE O PERÍODO DE ESTÁGIO...........................................................................................................52 8. CONCLUSÃO ...............................................................................................53 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................54 ANEXOS ...........................................................................................................56

VIII

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LISTA DE TABELAS

Tabela 01 - Atividades realizadas com respectivo número de atendimentos e

suas porcentagens ..............................................................................................8

Tabela 02 – Espécies animais atendidas durante o estágio, número de atendimentos e suas porcentagens.......................................................................................................9 Tabela 03 - Principais atendimentos clínicos acompanhados, número de casos

e suas porcentagens ...........................................................................................9

Tabela 04 – Principais afecções do Sistema Gastro-entérico atendidos, número

de casos observados e suas porcentagens ........................................................9

Tabela 05 – Principais distúrbios metabólicos acompanhados, número de

casos observados e suas porcentagens ...........................................................10

Tabela 06 – Principais afecções do sistema respiratório atendidos, número de

casos observados e suas porcentagens ...........................................................10

Tabela 07 – Principais afecções do sistema locomotor atendidos, número de casos observados e suas porcentagens ...........................................................10 Tabela 08 – Principais afecções da glândula mamária atendidos, número de

casos observados e suas porcentagens ...........................................................11

Tabela 09 – Principais distúrbios por doenças parasitárias atendidos, número

de casos observados e suas porcentagens ......................................................11

Tabela 10 – Principais transtornos reprodutivos atendidos, número de casos

observados e suas porcentagens .....................................................................11

Tabela 11 – Principais afecções de outros sistemas atendidos, número de

casos observados e suas porcentagens ...........................................................12

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LISTA DE FIGURAS

Mapa 01 – Região de inserção da Cooperativa agropecuária Petrópolis LTDA –

PIÁ.......................................................................................................................5

Figura 01 - Sede da Coorporativa e Indústria de doces e laticínios da

COAPEL..............................................................................................................7

Figura 02 – Mercado, lojas, restaurante, agropecuária e assistência técnica da

COAPEL..............................................................................................................7

Figura 3 – Vaca Jersey com hipocalcemia em decúbito lateral........................16

Figura 4 – Vaca recuperada após o tratamento da hipocalcemia ....................17

Figura 5 – Pulmão mostrando o corpo estranho encontrado no interior da

traquéia e região da carina................................................................................24

Figura 6 - Animal acometido por lesão/paralisia de nervo obturador................28

Figura 7 – Leite mamítico coletado do quarto mamário infectado....................33

Figura 8 – Lesões características de tuberculose encontrada nas cavidades e

órgãos torácicos e abdominais..........................................................................38

Figura 9 – Feto mal formado retirado após fetotomia.......................................44

Figura 10 – Laparotomia mostrando o abomaso deslocado a esquerda..........49

Figura 11 – Prolapso de vaginal de uma vaca zebuína....................................50

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LISTA DE ABREVIATURAS, SIMBOLOS E UNIDADES

% - percentual

HPB – Holandês preto e branco

ml – mililitros

vit – vitamina

mg – miligramas

mcg – microgramas

g – grama

EV – endovenosa

h – horas

VO – via oral

Kg – quilograma

q.s.p – quantidade suficiente para

pH - potencial de hidrogênio iônico

L – litros

mim – minutos

cm - centímetros

CMT – Califórnia Mastits Teste

˚C – Graus Celsius

TPB – Tristeza parasitária bovina

LA – longa ação

IM – intramuscular

BAAR – Bacilos álcool ácido resistentes

RMF – retenção de membranas fetais

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PGF2α – prostaglândina F2 alfa

COAPEL – Cooperativa Agropecuária Petrópolis

Sist – sistema

p. – página

® - marca registrada

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1. INTRODUCÃO

O trabalho de conclusão de curso, redigido na forma de relatório

descreve as atividades realizadas durante o estágio prático profissional o qual

faz parte do décimo semestre do curso de Medicina Veterinária da

Universidade Federal de Pelotas. O estágio foi realizado na Cooperativa

Agropecuária Petrópolis LTDA, localizada no município de Nova Petrópolis –

RS.

As práticas desenvolvidas durante o período de 20 de agosto a 20 de

novembro de 2007, englobam as áreas de clínica médica, clínica cirúrgica,

reprodução, manejo zootécnico em bovinos de leite e extensão rural.

O estágio prático profissional tem por objetivo treinar, aperfeiçoar e

colocar o futuro profissional frente aos desafios da profissão, a fim de poder

usar os conhecimentos práticos e teóricos que foram vistos durante o período

do curso de Medicina Veterinária.

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2. HISTÓRICO DE NOVA PETRÓPOLIS

2.1 A COLÔNIA PROVINCIAL DE NOVA PETRÓPOLIS

Com o término da “Revolução Farroupilha” em 1845 e a reintegração da

Província Gaúcha ao Império Brasileiro, tornou-se crucial sua reconstrução

econômica. Tanto a base pastoril, como a policultura introduzida pelos

imigrantes, além do comércio tradicional estavam em crise. Entendeu-se que o

incremento de novos projetos de colonização com elementos estrangeiros

poderiam solucionar os problemas no menor espaço de tempo.

As mudanças na legislação permitiram ao Governo Provincial e a

iniciativa particular aliar-se ao Governo Central na implementação de novos

projetos. Assim, foram ocupadas todas as terras disponíveis nos vales dos

grandes rios gaúchos e seus afluentes, bem como as encostas mais próximas.

As próprias fazendas existentes anteriormente acabaram loteadas por seus

proprietários para estabelecer imigrantes. Foi neste contexto histórico que

aconteceu a fundação da “Colônia Província de Nova Petrópolis” no dia 07 de

setembro de 1858.

Tomando como parâmetros os rios Caí e Cadeia que se julgavam

navegáveis, a nova colônia foi localizada no extremo norte da “Colônia alemã

de São Leopoldo”, devendo estender-se até o limite das primeiras fazendas

dos Campos de Cima da Serra. Em teoria os rios serviriam como “estradas

naturais” para escoamento da produção colonial rumo aos centros

consumidores. A sede, hoje cidade de Nova Petrópolis, seria um grande

entreposto comercial entre a serra e as regiões próximas à Capital.

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Os imigrantes aliciados na Europa procediam da Pomerânia Oriental,

Saxônia Rheno/Palatindo e da Bohêmia no Império Austro-Húngaro. A maioria

era constituída de bons agricultores, mas também encontravam-se entre eles

um bom número de artesãos vindos das manufaturas alemãs, dispensados

pelas máquinas da Revolução Industrial incipiente. Estes foram obrigados a

reciclar-se para garantir a própria sobrevivência. Mas também deram início às

atividades fabris que acabaram somando com as lides agrícolas.

As primeiras dificuldades econômicas da colônia surgiram com a falta de

estradas para o escoamento da produção agrícola, já que tanto o Rio Caí

quanto o Rio Cadeia não apresentam condições de navegabilidade no território

colonial. As dificuldades para a construção de estradas nos terrenos

montanhosos, a falta de recursos da Província, ainda ressentida como os

efeitos da Revolução Farroupilha, criaram uma situação desesperadora, pois

os produtos não chegavam aos mercados e os imigrantes tinham o

compromisso de saldar seus débitos como o Governo em cinco anos.

A situação melhorou quando “estradas carretáveis” foram abertas com o

auxílio dos colonos que tinham seus débitos abatidos pelas horas de trabalho.

Em pouco tempo, surgiu uma sólida estrutura comercial, englobando as casas

de negócio, os carreteiros-transportadores e os exportadores situados junto ao

Porto dos Guimarães, na atual cidade se São Sebastião do Caí. O transporte

pelas carroças era feito por 60 a 80 km, seguindo-se a navegação até Porto

Alegre. A redenção da colônia nas últimas décadas só Século XVX ocorreu

com a construção da Rodovia Presidente Lucena, outro roteiro comercial que

se apresentava: a produção levada até Novo Hamburgo podia ser embarcada

nos trens de nossa primeira ferrovia e chegar a Porto Alegre.

Nesta etapa da revolução econômica de Nova Petrópolis,

desenvolveram-se outras iniciativas no setor coureiro-calcadista, moveleiro,

produtos alimentícios, etc. O número de moinhos cresceu, pois a sua produção

podia ser exportada. O mesmo aconteceu com as serrarias, ferrarias, salarias,

etc. No ano de 1902, com a fundação da Caixa Rural Pioneira no Brasil (atual

Sicredi), na localidade da Linha Imperial, solucionava-se a questão crediária de

forma sólida. Os frutos não tardaram a surgir. As iniciativas locais tinham

caráter revolucionário para a época, com a criação da cooperativa da banha,

onde a produção de gordura suína era industrializada para exportação a vários

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países da Europa. Um sistema telefônico moderno para a época, instalado

também de forma cooperativa ligava todas as comunidades do interior entre si

e com a Central Telefônica Rio Grandense na cidade de São Sebastião do Caí.

Assim, era possível a comunicação telefônica com todas as regiões onde

aquela multinacional atuava.

Na mesma época, incrementava-se a vinda de veranistas durante o

verão. Inicialmente, as casas de negócio ofereciam acomodações, mas

também surgiam os Hotéis de repouso ou Hospitais Hotel, com assistência

médica. O exemplo clássico foi o Hospital Hotel Petrópolis do Dr Muller Von

Milasch, na sede colonial. Destas iniciativas, surgiram, posteriormente, novos

hotéis e hospedarias que recebiam veranistas. O turismo como tal iria tomar

forma com a construção das rodovias BR 116 e RS 235 na década de 1940,

além da popularização dos veículos de passeio após a 2° Guerra Mundial.

O movimento turístico incrementou o artesanato tradicional e várias

iniciativas resgataram antigas tradições dos imigrantes. Nasceu, então, a atual

indústria de malhas que se destaca em todo o Rio Grande do Sul. O turismo

cultural, opção posterior da comunidade, fundamentava-se no legado

riquíssimo deixado pelos imigrantes e hoje fator preponderante na atração de

visitantes.

Apesar das suas condições de minifúndio, Nova Petrópolis conseguiu

adaptar suas atividades agrícolas ás técnicas modernas. Para tanto,

contribuíram as entidades oficiais, especialmente a Cooperativa PIÁ,

implantada através de um comércio Brasil-Alemanha. Aproveitando a mão de

obra excedente na colônia, várias indústrias localizaram-se no Município,

garantido assim a permanência da população no Município.

Conseguiu-se um admirável equilíbrio entre diversos setores da

economia, dando ao Município, criado em 1955, condições de enfrentar os

desafios atuais.

O mapa apresentado abaixo mostra a região de inserção da Cooperativa

Agropecuária Petrópolis LTDA, PIÁ, e sua abrangência nos municípios da

região, onde em alguns desses se localiza as suas filiais.

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Mapa 01 – Região de inserção da Cooperativa Agropecuária Petrópolis

LTDA – PIÁ.

Fonte: www.novapetropolis.rs.gov.br

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3. COOPERATIVA AGROPECUÁRIA PETRÓPOLIS

3.1 DESCRIÇÃO COOPERATIVA AGROPECUÁRIA PETRÓPOLIS LTDA –

PIÁ

Fundada em 1967 a Cooperativa agropecuária Petrópolis – COAPEL,

está situada em Nova Petrópolis, na serra gaúcha, uma região de etnia

germânica. A região de inserção da Piá engloba os pólos turístico,

representado pela serra gaúcha, metalúrgico, fortemente implantado na região

de Caxias do Sul e o pólo coureiro-calçadista do vale do Rio Paranhana e

Campos de Cima da Serra. Abrange em torno de 25 municípios distribuídos

nessas regiões. É constituída na grande maioria por associados produtores

rurais, cuja economia é familiar, com pequenas propriedades, de área média de

13 hectares, topografia acidentada e de culturas diversificadas na sua maioria.

Teve seu projeto inicial construído em parceria com o governo alemão e tem

como objetivo congregar os agricultores, promovendo o desenvolvimento da

produção, prestação de serviços e garantindo compra a preços justos.

Os produtos da cooperativa levam a marca PIÁ, expressão tipicamente

gaúcha e o desenho lembra um menino bem nutrido e cheio de saúde. Desde a

sua fundação até hoje, muitas evoluções aconteceram. A atuação da empresa

no mercado cresceu e suas linhas de produtos se ampliaram, mas a filosofia e

os cuidados com a qualidade continuam em toda a cadeia produtiva, desde a

origem até a chegada na mesa do consumidor.

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A cooperativa COAPEL tem como visão ser reconhecida como modelo

nacional de sucesso do sistema cooperativo e de principal incentivador do

associativismo na comunidade. Sua missão é desenvolver a cadeia produtiva,

a industrialização e a comercialização de alimentos saudáveis, viabilizando as

propriedades rurais e superando as expectativas dos associados, clientes,

colaboradores e parceiros.

Figura 01 - Sede da Coorporativa e Indústria de doces e laticínios da COAPEL.

Figura 02 – Mercado, lojas, restaurante, agropecuária e assistência técnica da

COAPEL.

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4. Atividades desenvolvidas durante o estágio prático profissional na

Cooperativa Agropecuária Petrópolis LTDA.

Nas tabelas abaixo estão demonstradas as atividades acompanhadas no

período de estágio prático profissional, realizado na Cooperativa Agropecuária

Petrópolis LTDA – COAPEL. As tabelas indicam o número de atendimentos

realizados e as suas respectivas porcentagens. A maior parte dos diagnósticos

apresentados são diagnósticos presuntivos.

Na tabela 01 são apresentados as principais atividades acompanhadas

nas diversas atividades realizadas a campo.

Tabela 01 - Atividades realizadas com respectivo número de atendimentos e

suas porcentagens:

Atividade N˚ Atendimentos %

Atendimentos Clínicos 134 47,35

Atendimentos

Profiláticos

16 5,65

Reprodução 25 8,83

Procedimentos cirúrgicos 29 10,25

Extensão Rural 6 2,10

Outros Procedimentos 73 25,80

Total 283 100,00

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Tabela 02 – Espécies animais atendidas durante o estágio, número de atendimentos e suas porcentagens:

Atividade N˚ Atendimentos %

Bovinos 259 91,52

Eqüinos 5 1,77

Suínos 16 5,65

Ovinos 3 1,06

Total 283 100,00

Tabela 03 - Principais atendimentos clínicos acompanhados, número de casos e suas porcentagens:

Atividade N˚ Atendimentos %

Distúrbio Sist. Digestório 30 22,39

Doenças Metabólicas 14 10,45

Distúr. Sist. Respiratório 4 3,00

Distúrbio Sist. Locomotor 12 9,00

Afecções glând. mamária 22 16,00

Doenças parasitárias 16 11,90

Transtornos Reprodutivos 29 21,64

Outros Distúrbios 12 9,00

Total 134 100,00

Tabela 04 – Principais afecções do Sistema Gastro-entérico atendidos, número de casos observados e suas porcentagens:

Atividade N˚ Atendimentos %

Indigestão Simples 19 63,3

Indigestão Severa 3 10,00

Acidose Ruminal 2 6,70

Alcalose Ruminal 1 3,33

Diarréias 5 16,66

Total 30 100,00

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Tabela 05 – Principais distúrbios metabólicos acompanhados, número de casos observados e suas porcentagens:

Atividade N˚ Atendimentos %

Cetose 4 28,6

Hipocalcemia 10 71,4

Total 14 100,00

Tabela 06 – Principais afecções do sistema respiratório atendidos, número de casos observados e suas porcentagens:

Atividade N˚ Atendimentos %

Obstrução nasal por

corpo estranho

3 75

Broncopneumonia 1 25

Total 4 100,00

Tabela 07 – Principais afecções do sistema locomotor atendidos, número de casos observados e suas porcentagens:

Atividade N˚ Atendimentos %

Dermatite Interdigital 3 25,00

Fratura de boleto 1 8,30

Paralisia/lesão de nervo

obturador

5 41,6

Lesão Falangiana 1 8,30

Luxação articulação

femuro-tibio-patelar

2 16.6

Total 12 100,00

10

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Tabela 08 – Principais afecções da glândula mamária atendidos, número de

casos observados e suas porcentagens:

Atividade N˚ Atendimentos %

Mastite clínica 9 40,90

Mastite clínica aguda 8 36,36

Obstrução de esfíncter 1 4,55

Edema de úbere 2 9,09

Lesão traumática 2 9,09

Total 22 100,00

Tabela 09 – Principais distúrbios por doenças parasitárias atendidos, número

de casos observados e suas porcentagens:

Atividade N˚ Atendimentos %

Tristeza Parasitária

bovina

16 100

Total 16 100,00

Tabela 10 – Principais transtornos reprodutivos atendidos, número de casos

observados e suas porcentagens:

Atividade N˚ Atendimentos %

Retenção de

membranas fetais

14 48,27

Parto distócico 9 31,00

Diagnóstico de gestação 4 13,80

Abortos 2 6,90

Total 29 100,00

11

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Tabela 11 – Principais afecções de outros sistemas atendidos, número de

casos observados e suas porcentagens:

Atividade N˚ Atendimentos %

Disturb. Sistema Renal

(urolitíase)

2 16,6

Disturb Sistema Cardíaco

(Insuficiência cardíaca

congestiva)

2 16,6

Disturb. Oculares

(Conjuntivite)

1 8,30

Lesões e feridas cirúrgicas 4 33,30

Afecções da Pele 3 25,00

Total 100,00

12

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5. Clínica Médica

5.1 Doenças Metabólicas

5.1.1 Cetose

Trata-se de uma doença metabólica de vacas lactantes que ocorre

desde alguns dias a algumas semanas após a parição. É caracterizada por

hipoglicemia, cetonemia, cetonúria, inapetência, letargia ou excitabilidade,

perda de peso, diminuição da produção leiteira e, ocasionalmente,

incoordenação. Na maioria das áreas, a incidência é maior nas vacas de alta

produção que estão sendo alimentadas no estábulo. (Manual Merck de

Veterinária 7° edicão Pg. 531).

A cetose é moléstia da produção, ligada à pecuária moderna. O gado

leiteiro foi geneticamente selecionado para alta produção de leite, que resultou

em maiores produções no início da lactação. Esta produção leiteira excede a

capacidade do animal de ingerir suficiente quantidade de alimentos para que

sejam atendidas as suas necessidades energéticas. Os aportes “entradas” no

animal deverão igualar ou exceder as “saídas”, para que não ocorra equilíbrio

energético negativo. (Smith, 1993)

• Caso Clínico

Bovino, fêmea da raça HPB de terceira cria com 4,5 anos de idade e

aproximadamente 500 Kg de peso vivo. O proprietário relatou que a vaca tinha

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parido há duas semanas e nesse período encontrava-se em bom estado

corporal. Após parição animal começou a apresentar falta de apetite (anorexia),

e havia emagrecido consideralmente.

• Procedimento clínico

No exame físico foi constatado que a freqüência cardíaca, freqüência

respiratória, temperatura corporal, e as mucosas estavam dentro dos padrões

fisiológicos, somente os movimentos ruminais estavam atenuados (um pouco

diminuídos).

• Diagnóstico

Cetose.

• Procedimento terapêutico

Foi administrado por via intravenosa, 500ml de solução de soro

vitabilizante energético, desintoxicante, mineralizante e hidratante* contendo

cada 100ml: tiamina (vit B1) 3mg, riboflavina (vit B2) 20mg, piridoxina (vit B6)

3mg, cianocobalamina (vit B12) 2.000mcg, nicotinamida 240mg, dextrose

anidra 6.000mg, cloreto de sódio 400mg, cloreto de potássio 50mg, cloreto de

cálcio (2H2O) 39.8mg, cloreto de magnésio (6H20) 34,2mg, DL metionina

600mg, cloreto de colina 300mg, água para injeção 100mg. Também foi

administrado 200ml de cálcio**, contendo glicose, fósforo, magnésio e

borogluconato de cálcio, e adiministração de 100ml de sorbitol*** 50g, os quais

foram misturados à solução citada acima.

¹BIOXAN® Laboratório Vallée.

*²PRADOCALCIO® Laboratório Prado S.A.

³**SEDACOL® Laboratório Calbos Ltda.

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• Discussão

Em vacas magras que se apresentam subnutridas, é recomendada a

reposição de carboidratos. Nas vacas obesas, as quais o desequilíbrio

nutricional é a causa mais provável, os glicocorticóides são eficazes.

A injeção EV de glicose não é suficientemente eficaz, mesmo quando

repetida diariamente por 3 a 4 dias, para ser recomendada como única forma

de tratamento. (Manual Merck). Entretanto, usa-se como suplemento os

glicocorticóides parenterais ou propilenoglicol VO. Uma injeção de glicose

resulta em pronto incremento na glicose sangüínea, essas concentrações

plasmáticas de glicose podem não voltar ao normal por vários dias, mesmo em

vacas que mostrem boa resposta, por isto a importância de prescrever

juntamente com a solução de glicose outras drogas que ajudem a manter os

níveis normais de glicemia do animal. Podemos citar como exemplo a

dexametasona que em uma injeção de 10mg tem capacidade para manter

níveis hiperglicêmicos por 4 a 6 dias em animais doentes

Em seguida a uma injeção intramuscular de glicocorticóides, a glicose

sangüínea geralmente retorna ao normal em 8 à 10h e pode chegar a um valor

consideravelmente acima do normal em 24h, especialmente quando a causa é

ingestão calórica inadequada. Nestes casos, uma melhora marcante do apetite

e do comportamento geral normalmente ocorre em 24h, e os níveis de cetose

sangüínea retornam ao normal em 3 a 5 dias. A produção de leite pode diminuir

durante a terapia com esteróides, mas aumenta no segundo a terceiro dia após

o tratamento. (Manual Merck).

Esteróides anabólicos estão sendo usados atualmente como tratamento, com

resultados positivos na recuperação dos animais.

Propilenoglicol (225g, duas vezes ao dia por 2 dias, depois 110g diariamente

por 2 dias) ou lactato de amônio (200g diariamente por 5 dias) administrado por

VO possuem um bom efeito em muitos casos. Comparada com outros

tratamentos, entretanto, a resposta é lenta e a terapia deve ser estendida por

um longo período. (Manual Merck).

Sendo freqüentemente difícil a distinção entre cetose primária e

secundária quando o animal exibe sinais de outras condições de enfermidade,

é aconselhável tratar a cetose e a condição complicada.

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5.1.2 Hipocalcemia

A paresia do parto é paralisia flácida aguda a hiperaguda e/ou

sonolência de vacas leiteiras em fase de lactação. Comumente ocorre dentro

de 72 horas após o parto, sendo observada mais frequentemente em vacas de

alta produção. Este problema deve ser considerado uma emergência, havendo

necessidade de pronta terapia intravenosa com soluções de cálcio. (SMITH,

1993. 1306 P.)

• Caso Clínico

Bovino, fêmea da raça Jersey de quinta cria com 6,5 anos de idade e

aproximadamente 450 kg de peso vivo. Na anamnese o proprietário relatou que

a vaca havia parido no final da tarde, foi realizada a primeira ordenha

esgotando todo o leite possível de ser retirado da glândula, pois o proprietário

estava preocupado que o animal apresenta-se edema de úbere. Na manhã

seguinte o animal encontrava-se em decúbito lateral em estado adiantado da

doença. Também relatou que havia observado lacrimejamento nos olhos do

animal.

Figura 3 – Vaca Jersey com hipocalcemia em decúbito lateral.

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• Procedimento clínico

Durante o exame físico foi constatado que a freqüência cardíaca,

temperatura corporal e mucosas estavam dentro dos padrões fisiológicos, os

movimentos ruminais, diminuídos e a freqüência respiratória, aumentada.

• Diagnóstico

Hipocalcemia

• Procedimento terapêutico

Foi administrado EV, 500ml de solução contendo frutose 50g, cloreto de

sódio 4,30g, cloreto de potássio 0,43g, cloreto de cálcio 0,12g, cloreto de

magnésio 0,10g, bicarbonato de sódio 0,24g, vitamina B1 0,02g, vitamina B2

0,06g, vitamina B6 0,03g, vitamina B12 8mg, nicotinamida 2g e inositol

4.000mg e água bi-destilada e apiragênica q.s.p. 500ml, juntamente foi

administrado outra solução contendo gluconato de cálcio, 20g, ácido bórico, 5g,

glicerofosfato de sódio, 2g, dextrose, 5g, cloreto de magnésio, 1,5g, e água

bidestilada q.s.p 500ml e mais 200ml de solução contendo cada 100ml:

gluconato de cálcio 20g; ácido bórico 5g; glicerofosfato de sódio 2g; dextrose

5g; cloreto de magnésio1, 5g; água bidestilada q.s.p. 100g.

Figura 4 – Vaca recuperada após o tratamento da hipocalcemia.

¹ POLIJET ® – Laboratório Fagra – Farmagrícola S.A.

² CALFON ® – Laboratório Bayer

³ IRFOSCAL ® – Laboratório Irfa – Química e Biotecnologia industrial Ltda.

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• Discussão

Utiliza-se como terapia para hipocalcemia injeção intravenosa do sal

gluconato de cálcio, a dosagem recomendada é de um grama de cálcio para 45

kg de peso corporal. Também se pode administrar além da injeção intravenosa

um segundo frasco subcutâneo, isso garante a liberação mais prolongada de

cálcio na circulação.

Toda a solução contendo cálcio deve ser administrada lentamente, pois

o cálcio é cardiotóxico.

É aconselhável a ordenha incompleta após o parto, para não causar

uma retirada grande de cálcio sangüíneo para constituição e formação do leite.

Também se aconselha a ordenha incompleta após o tratamento, pois alguns

animais recidivam após o primeiro tratamento.

Estudos demonstraram que o uso de corticóides, juntamente com

injeção EV de cálcio influência na pronta disponibilização do cálcio,

atrapalhando na absorção e utilização desse mineral pelo animal.

5.2 DISTÚRBIOS DO SISTEMA DIGESTÓRIO

5.2.1 Indigestão Simples

A indigestão simples é uma perturbação nas funções digestivas comum

em situações em que é feita a alteração na dieta nutricional oferecida a

ruminantes. Essas trocas alimentares modificam o metabolismo do rúmen,

gerando um desequilíbrio na microbiota ruminal e nos metabólitos gerados

durante a fermentação. (CHILES et al. 2004, p. 1).

• Caso Clínico

Bovino, fêmea da raça HPB com 5 anos de idade pesando

aproximadamente 500 Kg de peso vivo. O proprietário relatou que a vaca

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estava apresentando diarréia de coloração esverdeada e que havia mudado a

alimentação dos animais colocando-os em pastagem nova de aveia e azevém.

• Procedimento clínico

No exame físico foi constatado que a freqüência cardíaca, freqüência

respiratória, temperatura corporal, e mucosas estavam dentro dos padrões

fisiológicos. Os movimentos ruminais apresentava-se diminuídos, e as fezes

estavam liquidas e com cheiro ácido.

• Diagnóstico

Indigestão simples

• Procedimento terapêutico

Foi administrada por via endovenosa solução contendo cada 100ml:

cloreto de sódio 592mg; cloreto de potássio 26mg; cloreto de cálcio 18mg;

lactato de sódio 50% 0,25ml; acetilmetionina 592mg; sorbitol 10g; água para

injeção q.s.p 100ml. Também foi administrada por via IM solução contendo

cada 10ml: cloreto de colina 0,50g; acetilmetionina 0,30g; vit B1 100mg; vit B2

40mg; vit B12 10mcg; extrato hepático líquido 1ml; e solução glico-fisiológica

q.s.p. 10ml.

• Discussão

O procedimento para confirmação do diagnóstico de indigestão simples

pode ser realizado através da coleta de suco ruminal por punção abdominal, ou

sonda esofágica, realizando aferição do pH, avaliação microbiológica da

presença e motilidade de protozoários, avaliação da sedimentação, cheiro e

presença de ácidos graxos voláteis. (GONZÁLEZ et al., 2000, p. 23).

¹DIGEVET® Laboratório Prado S.A

²PRADOTECTUN® Laboratório Prado S.A

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O tratamento deve procurar corrigir os fatores suspeitos da dieta. A

recuperação espontânea é usual. A administração de 20 a 40L de água morna

ou salina, via sonda estomacal, seguida da massagem do rúmen, pode ajudar

a restaurar a função deste. O hidróxido de magnésio administrado oralmente

também tem ação positiva. Se a atividade da microflora ruminal for reduzida, a

administração de 4 a 8L de líquido ruminal de uma vaca sadia ajudará.

Também são usados para restabelecimento da motilidade gastrintestinal

normal e evacuação para eliminação do agente causador substâncias laxativas

e ruminatórios orais.

5.2.2 Indigestão por sobrecarga (ACIDOSE RUMENAL)

A acidose é uma enfermidade associada à ingestão de dietas excessivas

em carboidratos, que são alimentos altamente fermentáveis, podendo-se citar

entre eles:

a. açúcares diversos;

b. alimentos ricos em amido (grãos de cereais, trigo, aveia, milho e sorgo);

c. alimentos ricos em ácido láctico (silagens em geral).

Ocorre, principalmente, em criações intensivas de bovinos de corte ou

de leite.

Manifesta-se em conseqüência do acúmulo de ácido láctico no rúmen,

pelo aumento súbito da quantidade de carboidratos administrados aos animais

e/ou trocas bruscas de rações com baixo valor energético para concentrados

com alto valor energético, acompanhados de pouca ou nenhuma fibra bruta e

sem uma adaptação prévia dos animais a estes tipos de alimentos.

A doença é tipicamente aguda, mas, ocasionalmente, pode ocorrer de

forma crônica.

Imediatamente após a ingestão de grande quantidade de carboidratos,

ocorre o aumento dos ácidos graxos voláteis, pela rápida fermentação deste

alimento, e o pH do rúmen começa a cair.

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Com a queda do pH do rúmen, os protozoários e bactérias Gram-

negativas, que degradam a celulose, começam a morrer, e quando o pH do

rúmen chega a próximo de 5, a flora ruminal foi totalmente exterminada. A

partir deste momento há rápida proliferação de Streptococcus bovis que produz

ácido láctico baixando ainda mais o pH ruminal.

Posteriormente, há proliferação de Lactobacillus que seguem produzindo

ácido láctico e o pH ruminal continua a cair, podendo nos casos fatais chegar a

4,5 ou 4. (RIET-CORREA et al.)

• Caso Clínico

Bovino, fêmea da raça HPB com 1 ano de idade pesando

aproximadamente 100 Kg de peso vivo. O proprietário relatou que a terneira

teve acesso a local onde estava armazenado aipim e ingeriu grande

quantidade desse alimento.

• Procedimento clínico

No exame físico foi constatado que a freqüência cardíaca e a freqüência

respiratória estavam consideravelmente aumentadas, as mucosas estavam

levemente cianóticas. Havia atonia rumenal, através de palpação pode-se notar

que havia presença de líquido e gás no interior do rúmen. A temperatura

corporal estava um pouco abaixo dos parâmetros fisiológicos.

• Diagnóstico

Indigestão por sobrecarga (acidose rumenal)

• Procedimento terapêutico

Foi imediatamente colocada sonda esofágica para retirada do conteúdo

acidificado que estava localizado no interior do órgão, após foi administrado por

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VO solução de água morna e nesta adicionada 100ml de solução de silicone a

30% e suspensão de metilcelulose q.s.p. Também foi administrado por via EV

solução de 500ml contendo nesta as seguintes substâncias: frutose 50g;

cloreto de sódio 4,30g; cloreto de potássio 0,42g; cloreto de cálcio 0,12g;

cloreto de magnésio 0,10g; bicarbonato de sódio 0,24g; vit B1 0,02g; vit B2

0,06g; vit B6 0,03g; vit B12 8000mcg; nicotinamida 2000mg, inositol 4000mg e

água bi-destilada e apirogênica q.s.p 500ml. Juntamente com essa solução foi

adicionada outra solução de 100ml contendo 50g de sorbitol.

• Discussão

O diagnóstico de enfermidade ligada ao aparelho digestivo dos

ruminantes, é feito à análise do fluido ruminal, avaliando os seguintes

parâmetros: aspectos organolépticos (cor, odor, consistência), avaliação in vitro

dos infusórios (densidade, motilidade e tamanho dos protozoários), pH, tempo

de sedimentação e flotação, teste de redução do azul de metileno (TRAM),

contagem de infusórios e percentual de protozoários viáveis, de acordo com

metodologia descrita por DIRKSEN (1990), pois a microbiota do rúmen é

altamente sensível às alterações externas e internas às quais rotineiramente

estão submetidos os animais.

Para o tratamento da acidose são usados soluções alcalinizantes do pH

ruminal como, por exemplo, o bicarbonato de sódio, o qual pode ser

administrado tanto por via oral como também em soluções fisiológicas por via

EV. Também se indica a lavagem do órgão através de soluções fisiológicas ou

de água morna através de sonda esofágica. Após a lavagem pode-se utilizar a

reposição de suco rumenal retirado de outro animal como também pastas

probióticas para reposição da microflora rumenal que foi destruída.

¹SEDACOL® Laboratório Calbos Ltda

² RUMENOL® Laboratório Fagra – Farmagrícola S.A

³ POLIJET® Laboratório Fagra – Farmagrícola S.A

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5.3 DISTURBIOS DO SISTEMA RESPIRATÓRIO

5.3.1 Pneumonia por aspiração de artefato

A pneumonia por aspiração ou inalação é uma doença séria e comum

dos animais pecuários. A maioria dos casos ocorre após beberagem

descuidada ou passagem de sonda estomacal durante o tratamento de outras

doenças, mas foi demonstrado também que pode ocorrer pneumonia por corpo

estranho inalado. Corpos estranhos podem entrar nas cavidades quando os

bovinos esfregam o focinho nas moitas, na tentativa de se livrar da irritação de

uma rinite alérgica aguda.(Radostits 1979).

• Caso Clínico

Bovino, fêmea da raça HPB com dois anos de idade pesando

aproximadamente 450 Kg de peso vivo. O proprietário relatou que a novilha

estava há uma semana com alteração na respiração e encontrava-se apática

sem se alimentar.

• Procedimento clínico

No exame físico foi constatado que a freqüência cardíaca, mucosas e

movimentos ruminais estavam dentro dos padrões fisiológicos, já a freqüência

respiratória estava alterada apresentando dispnéia inspiratória, e uma secreção

sero-mucosa nas narinas. A temperatura corporal foi de 39,2˚C apresentando

estado febril.

• Diagnóstico

O diagnóstico primário foi de broncopneumonia, sendo tratado para essa

doença. Após evolução do quadro durante duas semanas onde o animal

progrediu negativamente e acabou morrendo realizou-se necropsia e pode-se

diagnosticar que se tratava de pneumonia por aspiração de corpo estranho.

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• Procedimento terapêutico

Foi administrado antibioticoterapia através de injeção IM de 15ml uma

vez ao dia durante três dias de solução contendo cada 100ml: enrofloxacina

10g e piroxican 1,2g. Também foi administrado por via IM solução de 30ml de

cloridrato de bromexina durante cinco dias, cuja concentração é de 3mg/mL.

• Evolução do caso

O animal não respondeu ao tratamento e morreu após duas semanas.

• Achados de necropsia

>Traquéia e início dos brônquios: Foi encontrado um artefato de mais ou

menos 25 cm proveniente de árvore de araucária, este se encontrava no final

da traquéia e alcançava a região da carina.

>Pulmão: Congesto, com áreas castanho-avermelhadas.

Figura 5 – Pulmão mostrando o corpo estranho encontrado no interior da

traquéia e região da carina

¹ZELOTRIL PLUS® Laboratório Agener União – Saúde Animal S.A

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• Discussão

O diagnóstico de obstrução das cavidades nasais pode ser feito através

dos dados epidemiológico e sinais clínicos sendo confirmando através de

exames como raio x, ou por necropsia. Os sinais clínicos cursam com dispnéia

inspiratória, demonstração de aflição e ansiedade e respiração em golpes pela

boca. Na auscultação muitas vezes encontra-se sons sibilantes, altos em cada

inspiração. Pode-se também observar corrimento nasal. Sacudir a cabeça e

fungar também são sinais comuns, que indicam a obstrução das vias aéreas

por corpos estranhos.

O tratamento visa primeiramente à resolução da causa primária que no

caso é a remoção do corpo estranho, essa pode ser efetuada quando possível

com o uso de fórceps longos. Usa-se como tratamento empírico soluções de

iodo oral ou parenteral. Para tratamento das pneumonias usa-se

antibioticoterapia, as drogas de escolha a campo geralmente são drogas de

amplo espectro devido à dificuldade de coleta e remessa de material para

laboratório a fim de identificar o agente envolvido na pneumonia.

5.4 DISTÚRBIOS DO SISTEMA LOCOMOTOR

5.4.1 Compressão de Nervo Obturador

Paralisia/lesão de nervo obturador:

A vaca possui acetábulo raso e o ligamento redondo fracamente

desenvolvido. Conseqüentemente, a condição é observada comumente nas

vacas periparturientes. Os relatos de paralisia do nervo obturador de bovinos

acompanhada pela flexão do membro, e pela incapacidade de sustentação do

peso nos membros pélvicos, provavelmente representam a combinação de

deficiências dos nervos ciático e obturador. A luxação coxofemural é

complicação comum da paralisia do obturador em bovinos que estão

estabulados sem boxes com piso escorregadio. Tal luxação pode ser

caracterizada pela identificação da crepitacão durante a manipulação passiva

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da articulação do coxal. Pode ocorrer diferença no comprimento dos membros

pélvicos.

A paralisia do nervo obturador é mais comum em bovinos, sendo quase

sempre um resultado de distocia. A lesão nervosa está localizada na pelve, ao

nível do forame obturador. Aproximadamente 9,2% de todas as distocias

resultam em paraplegia.

O nervo obturador inerva o músculo adutor, pectíneo e grácil. Mesmo

deficiências mínimas são verificadas, se a vaca for observada sobre superfície

que permita boa tração. Os sintomas clínicos de deficiência do nervo obturador

são: ambulação saltitante, quando o animal tenta correr; e grave abdução, ou

postura acabanada dos membros, quando o animal é posto em uma superfície

escorregadia. Em casos graves a vaca pode estar em decúbito esternal, com

os membros pélvicos em extensão lateral, para cada um dos lados. Estudos

experimentais indicaram que, na verdade, a denominada síndrome da paralisia

da parição é o resultado da combinação de lesões da raiz lombar (L6) do nervo

ciático e nervo obturador. Apenas a secção experimental do nervo obturador

não produz paralisia, desde que o animal esteja sobre um piso não derrapante.

Lesões a um ou mais nervos periféricos durante a parição ou febre do

leite podem desempenhar importante papel na denominada “síndrome da vaca

caída”. A incidência da condição varia entre 4% e 28% de todos os casos de

febre do leite, estando associada à taxa de mortalidade variando entre 20 e

67% (Smith pg 1038 a 1039).

• Caso Clínico

Bovino, fêmea da raça HPB cinco de anos de idade estando na terceira

lactação. Durante a anamnese o proprietário relatou que o animal havia parido

há mais ou menos 12 horas sendo que o parto havia sido difícil e foi auxiliado

pelo proprietário e um capataz. Relataram que haviam puxado o terneiro para

fora durante o parto e que esse permaneceu entorno de meia hora entalado na

cavidade pélvica da vaca.

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• Procedimento clínico

No exame físico foi constatado que a freqüência cardíaca, freqüência

respiratória, movimentos ruminais, temperatura e mucosas estavam dentro dos

padrões fisiológicos. Já no exame específico do sistema locomotor, foi

detectado que o animal não tinha apoio e forca alguma no trem posterior, e

permanecia em decúbito esternal, sem conseguir se levantar sozinho.

• Diagnóstico

Compressão/lesão de nervo obturador

• Procedimento terapêutico

Foi administrado por via intramuscular profunda um frasco-ampola

contendo 10ml de dexametasona, a qual em cada 1ml continha dexametasona

(fosfato sódico) 2mg. Foi prescrito também fisioterapia através da utilização de

um levantador de vacas. Foi indicado que o proprietário levantasse o animal

(através de talha a qual suspende o levantador encaixado nas assas do osso

íleo) duas vezes ao dia por um período de 20mim durante alguns dias e

observasse a evolução do caso.

• Discussão

A paralisia/lesão de nervo obturador é na grande maioria dos casos

resultado de distocias, uma das maneiras de controle tentando evitar essa

lesão é a utilização de práticas de manejo zootécnico já no acasalamento das

novilhas e vacas tentando evitar partos distócicos, devido a fetos muito

grandes.

O tratamento é feito a base de corticosteróides como a dexametasona, e

fisioterapia quando possível tentando evitar novas lesões como escarras de

decúbito proveniente do longo período que o animal passa deitado.

¹DEXTAR® Laboratório Agener União – Saúde Animal S.A.

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Figura 6 - Animal acometido por lesão/paralisia de nervo obturador

5.5 DISTURBIOS DA GLÂNDULA MAMÁRIA

5.5.1 Mastite

A mastite é a inflamação do parênquima da glândula mamária

independente da causa, caracterizando-se por uma série de alterações físicas

e químicas do leite bem como modificações patológicas no tecido glandular.

(RADOSTITS et al., 2002, p.541).

A mastite bovina pode ser causada por uma série de agentes infecciosos

diferentes, que são classificados em dois grupos, os patógenos causadores de

mastite contagiosa e os patógenos causadores de mastite ambiental.

Segundo Fonseca (2000), dependendo da intensidade da reação

inflamatória pode apresentar-se de duas formas: mastite clínica ou mastite

subclínica. Na mastite clínica a reação da glândula mamária junto com

mudanças físicas, químicas e microbiológicas, é caracterizada por um aumento

de células somáticas, especialmente de leucócitos no leite e ou com alterações

patológicas no tecido mamário. Já na mastite subclínica não se demonstra

alterações macroscópicas na glândula mamária ou no leite, mas ao exame do

leite revela infecção do úbere, com aumento do número de células somáticas e

alterações químicas e microbiológicas no leite.

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Acredita-se que a mastite clínica seja de 30% dos casos totais de

mastite, assim 70% dos casos são de mastite subclínica onde essa tem

detecção difícil, longa duração, ocasionando grandes perdas em produção,

mas que não são visíveis ao produtor, podendo progredir para uma mastite

clínica, afeta a qualidade do leite e pode ser causa de novas infecções no

rebanho.

Classicamente, divide-se a mastite em dois grandes grupos quanto ao

tipo de agente patogênico causador: mastite contagiosa e mastite ambiental. A

mastite contagiosa é causada por patógenos cujo habitat preferencial é o

interior da glândula mamária e pele dos tetos. Dessa forma o principal

momento de transmissão ocorre durante a ordenha dos animais. Já a mastite

ambiental é causada por agentes que vivem preferencialmente no ambiente da

vaca, em locais como: esterco, urina, barro e camas orgânicas.

• Caso Clínico

Bovino, fêmea da raça Jersey de 6,5 anos de idade estando na quarta

lactação. O proprietário relatou durante a anamnese que observou presença de

grumos no leite que havia esgotado do quarto dianteiro direito.

• Procedimento clínico

No exame físico foi constatado que a freqüência cardíaca, freqüência

respiratória, movimentos ruminais, temperatura e mucosas estavam dentro dos

padrões fisiológicos. Apresentava leve edema no quarto dianteiro direito.

• Diagnóstico

Mastite clínica

• Procedimento terapêutico

Foi administrada por via intramamária três seringas de 10ml de 12 em 12 horas

contendo gentamicina 150mg e cloridrato de bromexina 50mg.

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• Discussão

O diagnóstico da mastite clínica pode ser feito através de um teste

simples que deve ser realizado em todas as ordenhas nos quatro quartos do

animal. Este teste é caracterizado como teste da caneca de fundo escuro e

consiste na retirada de três jatos de leite e análise desse contra um recipiente

de fundo escuro. O diagnóstico de mastite clínica é feito quando se identifica a

presença de grumos ou estrias de sangue ou ainda alterações na coloração e

aspecto do leite. O diagnóstico de mastite subclínica deve ser feito realizando

preferencialmente a cada 15 dias o teste de CMT (Califórnia Mastitis Teste), no

qual a consistência gelatinosa indica a presença da infecção.

Os animais com mastite clínica devem ser tratados durante a lactação, e

os animais com mastite subclínica o mais usado é não realizar o tratamento

durante a lactação e sim tratar esses animais no período seco. Para efetuar-se

o tratamento da mastite devia-se conhecer o agente e a susceptibilidade desde

aos mais diversos antimicrobianos.

A via intramamária de administração é a preferida para o tratamento de

mastites leves. Nos casos agudos, ou mais avançados, a distribuição do

medicamento quando administrada pela via intramamária pode estar

prejudicada pela inflamação. A administração parenteral nestes casos é a

melhor escolha, ou o uso simultâneo tanto parenteral como local do princípio

ativo ou combinações de princípios ativos que tenham ação potencializada, ou

efeito positivo.

O tratamento do úbere com antibióticos durante o período seco é um

meio simples e de custo baixo para se tratar infecções subclínicas existentes e

prevenir a ocorrência de novas mastites. Neste caso os antibióticos são de

longa ação, devem ser absorvidos aos poucos no úbere ou que sejam

incorporadas em formulações de lenta liberação, após o parto o leite deve ser

descartado por 96 horas, dependendo do produto.

¹MASTIFIN® Laboratório Ouro Fino – Saúde Animal Ltda.

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O ideal é que se possa realizar um antibiograma, principalmente em

animais de grande importância zootécnica, e da apresentação da patologia.

Dependendo do antibiograma e sensibilidade do agente as drogas, pode-se

usar a via parenteral a inúmeras drogas, lembrando que o mínimo de uso de

antibióticos é de 07 dias para evitar resistência à droga. Já para uso

intramamário existem inúmeras drogas com diferentes apresentações, e a

escolha fica a encargo do Médico Veterinário e dos resultados do antibiograma,

se possível.

5.5.2 Mastite Aguda

As manifestações clínicas são apenas perceptíveis na mastite clínica, e

esta é dividida em aguda, subaguda, crônica e super-aguda. Na aguda tem-se

uma grande queda da produção e alterações na composição do leite. O estado

geral do animal pode ser afetado gerando várias alterações clínicas. (Smith

2003).

• Caso Clínico

Bovino, fêmea da raça HPB de seis anos de idade estando na quarta

lactação. O proprietário relatou que no dia anterior o animal estava normal, que

havia ordenhado e não identificou nenhuma alteração no leite e na glândula

mamária. Na manhã seguinte observou que havia inchaço num quarto traseiro

e na ordenha saiu um líquido amarelado do teto e em pouca quantidade.

Relatou ainda que o animal não estava se alimentando e apresentava-se

apático.

• Procedimento clínico

No exame físico foi constatado que o animal apresentava-se anoréxico,

a freqüência cardíaca, freqüência respiratória e temperatura estavam

aumentadas, sendo que apresentava temperatura de 41°C, os movimentos

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ruminais encontravam-se presentes, mas atenuados, e as mucosas estavam

dentro dos padrões fisiológicos. No exame da glândula mamária evidencio-se

edema em um dos quartos mamários traseiro.

• Diagnóstico

Mastite clínica aguda.

• Procedimento terapêutico

Foi administrada por via endovenosa solução de 500ml contendo

riboflavina 20mg; cloridrato de piridoxina 15mg; nicotinamida 1000mg; acetil d-l-

metionina 660mg; cloreto de sódio 3500mg; cloreto de potássio 250mg; cloreto

de cálcio 150mg; cloreto de magnésio 90mg; dextrose 25000mg e veículo

p.s.p. 500ml. Por via intramuscular foi realizada uma aplicação de 20 ml de

solução contendo cada 100ml: sulfato de cefquinoma 2,964g e, por via

intramamária foi aplicado três seringas de 10ml de 12 em 12 horas contendo o

mesmo princípio ativo da injeção intramuscular contendo em cada seringa 8g

de sulfato de cefquinoma.

• Discussão

Nos casos de mastite aguda e superaguda onde as alterações clínicas

ocorrem muito rapidamente, deve-se intervir no caso o mais rápido possível a

fim de tentar reestabelecer a glândula mamária acometida, pois caso contrário

ocorre lesões irreversíveis no tecido secretor da glândula levando muitas vezes

a perda do quarto afetado.

¹FORTEMIL® Laboratório Ouro Fino Ltda.

²COBACTAM® Laboratório Intervet Ltda.

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Os casos de mastite aguda e superaguda são tratados com antibióticos

IM e também intramamários, usam-se princípios ativos de amplo espectro,

como também, em muitos casos de mastite aguda que são causados por

coliformes onde são agentes gram negativos, sendo então escolhidos

antibióticos específicos para esses agentes.

Figura 7 – Leite mamítico coletado do quarto mamário infectado.

5.6 ENFERMIDADES POR DOENÇAS PARASITÁRIAS

Durante o estágio pude acompanhar e ajudar na realização de um

levantamento sobre a incidência de TPB e diagnóstico de que agente estava

envolvido em cada caso atendido. O levantamento fazia parte do trabalho de

conclusão de curso de outro estagiário de Medicina Veterinária. Para isso

utilizou-se a coleta de uma gota de sangue em microtubo com anticoagulante

das veias auriculares dos animais acometidos ou suspeitos de estarem

parasitados pela TPB. Com o sangue coletado realizava-se esfregaço

sangüíneo e corava-se com kit comercial panótico rápido. Após observava-se

ao microscópio para diagnosticar o agente envolvido.

5.6.1 Tristeza Parasitária Bovina (TPB)

Denomina-se tristeza parasitária bovina (TPB) o complexo de duas

enfermidades causadas por agentes etiológicos distintos, porém com sinais

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clínicos e epidemiologia similares: babesiose e anaplasmose. (Riet-Correa,

2001).

A TPB, tristeza bovina, ou simplesmente tristeza, é conhecida desde o

século passado como causadora de sérios problemas na pecuária, em vários

países. As perdas econômicas diretas da doença estão relacionadas com a

morbidade e a mortalidade de bovinos, além do registro de abortos, alterações

no ciclo estral, fertilidade de touros, e indiretas, como o custo do tratamento.

A enfermidade é encontrada em bovinos de regiões tropicais e

subtropicais e é causada por uma associação de agentes (babesias,

anaplasma) que se multiplicam no sangue (hemoparasitas). O principal vetor é

o carrapato (babesias), entretanto, moscas hematófagas e mosquitos podem

também transmitir o agente (anaplasma).

• Caso Clínico

Bovino, fêmea da raça HPB de quatro meses de idade, pesando

aproximadamente 150 kg. O proprietário relatou que o animal tinha sido criado

em ternereira e há alguns dias havia soltado o animal na pastagem. Durante a

realização da anamnese nos foi relatado que o animal se apresentava apático,

isolado dos demais terneiros do piquete ao qual estavam soltos, e há um dia

não se alimentava mais.

• Procedimento clínico

Durante a inspeção pode-se evidenciar a presença de pequenos

carrapatos no animal. No exame físico foi observado que o animal

apresentava-se anoréxico, a freqüência cardíaca e freqüência respiratória e

temperatura estavam aumentadas, sendo que apresentava temperatura de

40,6°C, os movimentos rumenais estavam normais, e as mucosas estavam

levemente ictéricas.

• Diagnóstico

Tristeza parasitária bovina.

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• Procedimento terapêutico

Foi administrada por via intramuscular (IM) solução de 15 ml contendo

cada 100ml 21,6g de dihidrato de oxitetraciclina de longa ação, também IM foi

aplicado 15ml de diaceturato de diminazeno, sendo que em cada 100ml do

produto contém 7g de diaceturato de diminazeno. Foi ainda prescrito mais dois

dias consecutivo de aplicação IM de oxitetraciclina LA.

• Discussão

No diagnóstico da TPB a campo deve-se levar em conta dados

epidemiológicos e sinais clínicos. Para exames laboratoriais deve-se colher

amostra de sangue de regiões de microcirculacão, como ponta das orelhas e

ponta da calda. Deve-se utilizar anticoagulantes no nas amostras de sangue

coletadas. Para o exame são feitos esfregaços em camada delgada, e

geralmente os eritrócitos infectados se concentram nas bordas da cauda do

esfregaço.

O tratamento da anaplasmose consiste na administração de

tetraciclinas. No tratamento clínico da doença, utilizam-se oxitetraciclina, na

dose de 6 a 10 mg/kg de peso corpóreo, diariamente durante três dias

consecutivos ou uma única injeção de oxitetraciclina LA, na dose de 20 mg/kg

IM. A administração concomitante de cipionato de estradiol, na dose 14,3

mg/kg de peso corpóreo, parece melhorar a taxa de recuperação, por promover

a parasitemia durante o tratamento. A tetraciclina elimina a infecção,

persistindo a imunidade. Transfusões sanguíneas são indicadas em animais

com hematócrito inferior a 15%.

O Imidocarb (3 mg/kg de peso corpóreo) é eficaz no tratamento dos

casos clínicos, não interferindo no desenvolvimento da imunidade ao A.

marginale.

O risco de infecção no restante do rebanho deve ser considerado, e,

caso necessário, deve-se providenciar uma proteção temporária ou, até,

prolongada. As tetraciclinas ou, mesmo, a vacinação conferem proteção.

¹TETRABAC® LA Laboratório Bayer

²PIROFORT® Laboratório Ouro Fino Ltda

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Em virtude do risco de exposição à doença, uma proteção temporária

pode ser obtida com uma única injeção intramuscular de tetraciclina de longa

duração, na dose de 20 mg/kg de peso corpóreo. Os resultados são

satisfatórios, salvo em casos em que o animal foi exposto à infecção 14 dias

antes do tratamento. A proteção prolongada pode ser obtida com uma injeção

de tetraciclina de longa duração, na dose de 20 mg/kg de peso corpóreo IM, a

cada 28 dias, ou administrando clortetraciclina oral na alimentação, na dose de

1,1 mg/kg de peso corpóreo diariamente.

O tratamento parenteral com tetraciclina, na dose de 10 a 30 mg/kg de

peso corpóreo diariamente, por 10 a 16 dias, ou com injeções intravenosas de

22 mg/kg de peso corpóreo diariamente, durante cinco dias, é eficaz na

eliminação da infecção, embora apresente desvantagens óbvias, quando

instituído num grande número de animais. Um método mais prático e capaz de

erradicar a doença é administração de tetraciclina de longa duração, na dose

de 20 mg/kg de peso corpóreo, intramuscular, a cada sete dias, num total de

duas a quatro aplicações, ou duas injeções de imidocarb, na dose de 5 mg/kg

de peso corpóreo. A administração oral de clortetraciclina (11 mg/kg de peso

corpóreo por 30 a 60 dias), ou na dose de 1,1 mg/kg de peso corpóreo por 120

dias, é eficaz na eliminação dos portadores.

Animais que se recuperam da infecção são suscetíveis a reinfecção,

embora mais resistentes à doença por um período considerável. Animais

soropositivos por seis meses após mo tratamento devem ser novamente

tratados ou removidos do rebanho, sendo consideradas falhas de tratamento.

O tratamento inicial da babesiose visa à destruição dos protozoários no

paciente. Existem drogas eficazes para essa finalidade em bovinos, porém a

fase inicial da doença é aguda; se o tratamento for retardado por muito tempo,

o animal poderá morrer de anemia, apesar da esterilização do sangue.

Resultando doença de uma vacinação com vacina viva, todo cuidado deve ser

tomado para evitar a completa esterilização do sangue, antes que anticorpos

seja produzidos em quantidade suficiente para conferir imunidade duradoura. O

tratamento não tem efeito supressor sobre os protozoários que vivem no

interior dos carrapatos que parasitam os bovinos nesse momento.

Um resumo dos medicamentos recomendados é apresentado a seguir,

destacando-se, entre os mais frequentemente usados, o Diaceturato de

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Diminazeno, Dipropionato de Imidocarb, Diisetionato de Amicarbalida e a

Fenamidina. A Parvaquona, Buparvacona e Alovaquona foram introduzidas

recentemente, tendo apresentado bons resultados em ensaios clínicos. As

tetraciclinas são amplamente empregadas, porém sua indicação para os

animais com doença aguda não é mais recomendada. São úteis quando

administradas simultaneamente com babesias vivas, funcionando nesse caso,

como quimioesterilizantes, sendo os parasitas controlados e

produzida imunização efetiva.

5.7 ENFERMIDADES POR DOENÇAS INFECCIOSAS

5.7.1 Tuberculose

A tuberculose causada pelo Micobacterium bovis é uma zoonose de

evolução crônica que acomete principalmente bovinos e bubalinos.

Caracteriza-se pelo desenvolvimento progressivo de lesões nodulares

denominadas tubérculos, que podem localizar-se em qualquer órgão ou tecido.

(Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose

Animal – PNCEBT). Por ser uma doença de caráter crônico não apresenta

sinais clínicos alarmantes como é o caso das doenças de caráter agudo e

devido a isso a prevalência no rebanho revela-se alta, de maneira geral.

• Caso Clínico

Bovino, fêmea da raça HPB de 9 anos de idade, pesando

aproximadamente 450kg. O proprietário relatou que teve casos de turberculose

na propriedade há pouco tempo e estava com suspeita de que um outro animal

poderia estar contaminado. Segundo o proprietário o animal tinha havia

emagrecido consideravelmente e há certo tempo estava apático.

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• Procedimento clínico

Na inspeção pode-se observar que o animal apresentava um baixo

escore corporal. No exame físico foi observado que o animal apresentava a

freqüência cardíaca e freqüência respiratória e temperatura normais, também

os movimentos ruminais e mucosas estavam normais.

• Diagnóstico

Devido o histórico do animal, baixo valor zootécnico e a impossibilidade

de realização do teste de tuberculinização, foi indicado à eutanásia do animal

para confirmação do diagnóstico, o qual foi positivo para tuberculose, através

da visualização de lesões típicas dessa patologia.

• Achados de necropsia

Na cavidade torácica havia várias massas de lesões tuberculares

distribuídas nas paredes torácica e nos pulmões. Esses mesmos nódulos

encontravam-se distribuídos também nas paredes abdominais, no fígado e

intestinos.

Figura 8 – Lesões características de tuberculose encontrada nas cavidades e

órgãos torácicos e abdominais.

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• Procedimento terapêutico

Apesar de diversos estudos sobre vacinação e tratamento da

tuberculose bovina, até o presente, os resultados obtidos não justificam a

adoção dessas medidas como forma de controle da enfermidade.

• Discussão

O diagnóstico da tuberculose bovina pode ser feito por métodos diretos

que envolvem a visualização de lesões, detecção e identificação do agente

etiológico em materiais biológicos, ou pode ser feito pro métodos indiretos os

quais pesquisam uma resposta imunológica do hospedeiro ao agente

etiológico. No caso da tuberculose é realizada a técnica de tuberculinização a

qual desencadeia uma reação celular do tipo hipersensibilidade tipo IV

(Diagnóstico alérgico cutâneo).

O diagnóstico a campo pode ser realizado através de um diagnóstico

clínico aliado a prática da tuberculinização, e também através do diagnóstico

anatomopatológico realizando a necropsia e inspeção da carcaça.

Para confirmação laboratorial pode-se enviar material fresco ao laboratório

proveniente de lesões e essas amostras são fixadas e coradas em lâminas

pelo método de Ziehl-Neelsen para a pesquisa de bacilos álcool ácido

resistentes (BAAR).

5.8 REPRODUÇÃO

5.8.1 Retenção de Membranas Fetais

A retenção de membranas fetais (RMF) é a falha na expulsão das

membranas fetais durante o terceiro estágio do trabalho de parto; é uma

complicacão pós-parto comum em ruminantes, particularmente bovinos.

(HAFEZ et al., 2004, p.276).

Em condições normais, a porção fetal da placenta na vaca é liberada

entre três e oito horas após a expulsão do feto. A placenta é considerada retida

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quando não é liberada até 12 horas após a expulsão do feto (NASCIMENTO et

al., 2003, p.80).

• Caso Clínico

Bovino,fêmea da raça HPB de sexta cria com 8 anos de idade e

aproximadamente 500 Kg de peso vivo. O proprietário relatou que o animal

havia parido há aproximadamente 24 horas e ainda permanecia com a placenta

retida.

• Procedimento clínico

Durante o exame físico foi constatado que o animal apresentava

temperatura de 39,8 ºC, estando os demais sistemas dentro dos padrões

fisiológicos.

• Diagnóstico

Retenção de membranas fetais.

• Procedimento terapêutico

Foi realizada a retirada dos restos placentários manualmente, aplicando

leve tração na placenta retida, tentando retirar o máximo possível dos restos

placentários. Após a retirada, foi introduzidas quatro pastilhas efervescentes a

base de cloridrato de oxitetraciclina, 1g cada pastilha, no interior do útero, e por

via intramuscular profunda 40ml do mesmo princípio ativo onde em cada 100ml

contém 21,6g de oxitetraciclina base.

¹TETRABAC® Laboratório Bayer

²GINOVET® Laboratório Univet S.A.

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• Discussão

A ocorrência de retenção de membranas fetais em vacas, tem como

causa primária deficiências tanto nos aspectos nutricionais quanto de sanidade

do rebanho. Algumas conseqüências da retenção de placenta são: aumento no

intervalo entre partos, ausência de cio, esterilidade e até a morte por

septicemia ou toxemia, isto causa grandes perdas econômicas aos produtores.

Para diminuir a incidência dessa patologia a correção do manejo nutricional e

sanitário envolve medidas amplas e deve ser adotado corretamente

dependendo da epidemiologia de cada região.

As infecções bacterianas são responsáveis pelo agravamento da

doença, essas bactérias são provenientes tanto da flora uterina como do

ambiente externo por contaminação no momento do parto. Por isso, o

tratamento a base de antibióticos deve ser adotado logo que se perceba que a

vaca não tenha eliminado a placenta no tempo devido que é de 12 horas.

O tratamento com antibióticos tem como objetivo impedir o

estabelecimento da infecção e a liquefação do material infectado da placenta, e

isso segundo a literatura favorecem a sua eliminação.

Uma das formas de tratamento da retenção de placenta muito praticada

na clínica a campo, consiste na retirada manual dos restos placentários. A

realização dessa prática não é a mais recomendada, se feita deve-se proceder

da seguinte forma: lavar a região da vulva com solução desinfetante a base de

iodo, colocar luvas nas mãos, passar solução de antibiótico sobre as luvas.

Puxar levemente os restos placentários. Caso haja dificuldade ou resistência

na saída da placenta retida, não se deve forçar a retirada. Isto pode provocar

hemorragias uterinas ou mesmo lesões que posteriormente provocam

aderências internas no útero. Deve-se então, cortar com tesoura os restos

placentários que estiverem para fora.

Tratamentos que envolvem o manuseio interno do útero como colocação

de pastilhas anti-sépticas e lavagens uterinas segundo dados de pesquisas

devem ser evitadas, pois ocorre maior chance de haver contaminação do

órgão.

A aplicação de hormônios de contração como a ocitocina quase nunca

apresentam resultados nesta fase e devido a isso devem ser evitados.

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Pesquisas indicam que o uso de uma dose de prostaglandina (PGF2α) logo

após o parto ajuda a prevenir a retenção de membranas fetais.

5.8.2 Parto Distócico

A distocia, parto difícil ou com obstrução, pode ser devida a causas

mecânicas, fetal ou materna. A distocia fetal resulta de anormalidades na

apresentação ou posição do feto e de irregularidades na posição da cabeça ou

dos membros, o que podem ser devidos a um feto relativa ou absolutamente

grande e a monstruosidades fetais. Esta é comum em determinadas raças de

gado leiteiro. Os desvios da cabeça e a flexão de várias articulações na

apresentação anterior, a flexão de ambos os membros posteriores (nádegas) e

gestações gemelares podem causar distocia.

Para que ocorra o nascimento normal do bezerro há a necessidade de

haver contração uterina suficiente, abertura vaginal para a passagem do feto e

posição normal do feto no útero da vaca, ou seja, ele deve estar com a cabeça

e os membros torácicos voltados para a abertura cervical. Caso um dos

critérios anteriores não aconteça, tem-se o que se chama de parto distócico ou

distocia. (HAFEZ et al., 2004, p.275)

• Caso Clínico

Bovino, fêmea da raça HPB de terceira cria com aproximadamente 5

anos de idade e 450 Kg de peso vivo. O proprietário relatou que o animal havia

entrado em trabalho de parto no período da manhã e até a tarde não havia tido

nenhuma evolução.

• Procedimento clínico

Durante o exame obstétrico através de toque vaginal foi constatado que

o animal apresentava dilatação cervical normal, mas o feto estava mal formado

e encontrava-se enrijecido.

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• Diagnóstico

Parto distócico devido a mal formação fetal.

• Procedimento terapêutico

Foi realizada a retirada do feto através de fetotomia. Para a realização

dessa técnica utilizou-se uma serra de Lis, esta foi introduzida dentro da

cavidade pélvica e laçaram-se os membros torácicos um de cada vez os quais

foram serrados e retirados. Após isso foi introduzido um bisturi na cavidade

abdominal do feto na qual foi realizado um corte e retirado parte dos órgãos

abdominais e torácicos. Então foi laçada a cabeça do feto através de uma

corda e conseguiu-se retirar o feto com sucesso. Após a retirada, foi

introduzidas quatro pastilhas efervescentes a base de cloridrato de

oxitetraciclina, 1g cada pastilha, no interior do útero, e por via intramuscular

profunda 40ml do mesmo princípio ativo onde em cada 100ml contém 21,6g de

oxitetraciclina base. Também foi administrado por via intravenosa 500 ml de

solução de glicose 50%.

• Discussão

Em todas as situações que ocorre distocia deve-se intervir auxiliando o parto.

Deve-se primeiramente proceder à limpeza e higienização do períneo e vulva

como também a utilização de luvas e soluções de álcool iodado em cordas e

correntes obstétricas. Realiza-se toque vaginal procurando observar e

examinar a vulva e canal pélvico, como também realizar palpação vaginal

examinando o posicionamento do feto e a integridade das estruturas materno-

fetais, após deve-se tentar posicionar o feto de maneira que seja possível sua

remoção.

¹TETRABAC® Laboratório Bayer

²GINOVET® Laboratório Univet S.A

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Caso não haja sucesso na no auxílio deve-se optar pela intervenção

cirúrgica (Cesariana), ou nos casos de morte fetal ou mal formação fetal pode-

se optar pela fetotomia, que se utiliza da amputação de parte do bezerro, ou a

divisão em porções de modo que possam ser retiradas as partes pela vagina.

Algumas medidas podem ser adotadas com o intuito de evitar a ocorrência de

distocia, como o acasalamento de novilhas de acordo como o peso e não com

a idade; a seleção de fêmeas com facilidade de parto; o acasalamento

direcionado, levando-se em consideração o tamanho do touro e as proporções

da vaca. (HAFEZ et al.,2004. p. 276)

Figura 9 – Feto mal formado retirado após fetotomia

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6. PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS

6.1 Deslocamento de Abomaso a Esquerda

É o distúrbio abomasal mais comumente detectado e representa a razão

mais habitual para cirurgia abdominal nos bovinos leiteiros. É tratada como

uma enfermidade individual e acomete vacas de alta produção leiteira no início

da lactação (REBHUN, 2000, p 150).

O principal fator predisponente é a situação anatômica do abomaso, já

que o mesmo é um órgão sem estruturas de fixação, outro fator desencadeante

é o fato de que “a capacidade corporal mais profunda selecionada nas vacas

leiteiras modernas pode permitir mais espaço no abdômen para movimento do

abomaso” (REBHUN, 2000, p 150).

O deslocamento pode ocorrer para o lado esquerdo ou para o lado

direito, sendo que o deslocamento abomasal esquerdo é o de maior incidência

já que o abomaso tem localização anatômica medial esquerda no abdômem

ventral.

A causa é multifatorial, porém o pré-requisito para sua ocorrência é a

hipomotilidade e a distensão gasosa do órgão. (RADOSTITS et al.,2002, p.

289).

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• Caso clínico

Bovino fêmea HPB de quinta cria com 8 anos de idade e

aproximadamente 500 kg de peso vivo. O proprietário relatou durante a

anamnese que o animal havia parido há uma semana. Após a parição ocorreu

certo grau de hipocalcemia, pois o animal apresentou tremores e falta de forca

para se movimentar e também tinha ocorrido retenção de placenta os dois

distúrbios haviam sido tratados. Os tratamentos realizados obtiveram sucesso,

mas o animal começou a apresentar falta de apetite, emagrecimento e estava

debilitado.

• Procedimento clínico

No exame clínico o animal apresentou freqüência cardíaca, freqüência

respiratória, mucosas e temperatura dentro dos padrões fisiológicos, já na

auscultação dos movimentos ruminais observou-se diminuição dos

movimentos. Na inspeção observou-se leve abaulamento da região do flanco

dorsal esquerdo e na percussão e auscultação na porção dorsal dos espaços

intercostais entre 9ª e 13ª costelas esquerda observou-se som metálico “ping”

característico de deslocamento de abomaso.

• Diagnóstico

Deslocamento de abomaso à esquerda

• Procedimento Terapêutico

Administrou-se, por via intravenosa, 500 mL de solução contendo 592

mg de cloreto de sódio, 26 mg de cloreto de potássio, 0,25 mL de cloreto de

sódio 50%, 592 mg de acetilmetionina e 10 g de sorbitol por 100 mL².

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• Abomasopexia pelo Flanco Esquerdo

> Anestesia e Preparação Cirúrgica

A região do flanco esquerdo é tosada e aprontada para uma laparotomia

do flanco esquerdo. A área que parte o processo xifóide até o umbigo e da

linha mediana da vei subcutânea abdominal direita também é cirurgicamente

preparada. A última região não é anestesiada. O flanco esquerdo é

anestesiado pelo bloqueio paravertebral, em L invertido ou linear

>Técnica Cirúrgica

A laparotomia pelo flanco esquerdo é executada fazendo-se uma incisão

de 20 até 25 cm na fossa paralombar. Deve-se ter atenção ao penetrar o

abdome porque o abomaso distendido poderá estar imediatamente deitado

sobre a região da incisão. Habitualmente o abomaso é visível através da

incisão. Uma linha simples de sutura contínua ou contínua ancorada com 8 a

12 cm de caprolactam polimerizado (Verafil) é colocada na curvatura maior do

abomaso 5 a 7 cm distante da inserção do epiplon. As perfurações das suturas

atravessam a submucosa, e 1 metro de material de sutura precisa ser esticado

de cada lado final da linha de suturas. Hemostatos são posicionados nas

extremidades destas suturas de tal maneira que as extremidades cranial e

caudal fiquem facilmente identificáveis. Então o abomaso é esvaziado usando-

se uma agulha de espessura 12 e tubulação de borracha. A agulha é colocada

na porção dorsal do abomaso e inserida num ângulo que evidencie vazamento

quando a mesma agulha for recolhida. É importante que o abomaso não seja

esvaziado antes das inserções das suturas; de outra forma, o local de

colocação de suturas poderá ser afastado para longe da incisão.

A extremidade cranial do caprolactam polimerizado é anexada a uma

agulha grande cortante reta ou a uma agulha cortante encurvada em S; esta

agulha é levada ao longo da parede interna até uma posição à direita da linha

central mas medial em relação à veia subcutânea abdominal e distante de 15

cm na direção caudal do processo xifóide. O dedo indicador protege a

extremidade da agulha e os dedos laterais puxam as vísceras para longe da

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parede do corpo e acima da agulha. Um assistente pode aplicar pressão

ascendente sobre a parede abdominal na região onde as agulhas são inseridas

através da parede do corpo. Uma cápsula vazia de seringa trabalha bem nesta

finalidade.

A agulha é rapidamente inserida através da parede ventral do corpo. O

assistente agarra a agulha e a sutura caudal é colocada através da parede do

corpo distante caudalmente de 8 a 12 cm da sutura cranial. O assistente então

agarra duas extremidades de sutura e gentilmente aplica tração e

simultaneamente o cirurgião puxa o abomaso vazio para a sua posição normal.

Quando a área suturada do abomaso deita contra o assoalho do abdome, o

assistente amarra as extremidades da sutura em conjunto. A sutura é deixada

no local por 4 semanas, as extremidades são então cortadas o mais próximo

quanto possível de pele. Este tempo é considerado necessário para permitir o

desenvolvimento de aderências suficientes para que um novo deslocamento do

abomaso seja evitado. A síntese é feita de maneira habitual. (TURNER. et al,

2002, Pg 256).

• Pós-Operatório

Após a cirurgia o animal foi tratado por via intramuscular profunda com

40ml de oxitetraciclina onde em cada 100ml contém 21,6g de oxitetraciclina

base e antiinflamatório não esteroidal diclofenaco de sódio 12ml por via IM

onde cada 100ml cotem 5g de diclofenaco sódico. Também foi administrada

por via endovenosa solução de 500 ml de glicose 50% e junto a essa solução

foi adicionado 200 ml de solução de cálcio onde cada 100ml contém: gluconato

de cálcio 20g; cloreto de magnésio 6 H20 6g; butafosfana 0,40g e veículo.

(calfon). Sobre a sutura foi banhada com solução a base de gentamicina cada

100ml cotem: gentamicina base 300mg; cloridrato de bromexina 150mg;

benzacônio 100mg e veículo.

DIGEVET® Laboratório Prado S.A.

CALFON Laboratorio® Bayer

DICLOFENACO® 50 Ouro Fino ltda.

TETRABAC® Laboratório Bayer

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• Evolução

Após o procedimento o animal se recuperou com sucesso.

Figura 10 – Laparotomia mostrando o abomaso deslocado a esquerda

6.2 Prolápso de Vagina

Prolapsos podem ocorrer em qualquer espécie animal, no entanto é

mais comum em Ruminantes, principalmente em vacas e cabras, sendo mais

freqüente em vacas leiteiras. Há dois tipos de prolapsos: - Vaginal e Uterino.

O prolapso vaginal ocorre com maior freqüência no terço final da

gestação. Trata-se de uma protuberância da vagina através da vulva, ficando

exposta. Prolapsos de vagina possuem alta repetibilidade. Em outras palavras,

mesmo se curando o prolapso de vagina de vacas que tiveram esse problema,

a probabilidade de se repetir, na próxima gestação é muito grande, além de ter

alta herdabilidade, passando essa característica às filhas. (Domingos E.2007).

• Caso clínico

Bovino fêmea zebuíno de quarta cria com 6 anos de idade e

aproximadamente 500 kg de peso vivo. O proprietário relatou que o animal

havia entrado em cio há poucos dias, e ocorreu prolápso na região da vagina.

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• Procedimento clínico

No exame clínico o animal apresentou freqüência cardíaca, freqüência

respiratória, mucosas e temperatura e movimentos ruminais dentro dos

padrões fisiológicos. Na inspeção observou-se que a vagina estava prolapsada.

• Diagnóstico

Prolápso de vagina

• Procedimento Terapêutico

Primeiramente lavou-se o órgão com água morna e após retirou-se

tecidos necrosados e coágulos presentes. Após foi reposto o órgão no seu

lugar de origem e se realizou sutura de flessa modificada na região da vulva.

• Técnica da sutura

Utilizou-se para a sutura fio de algodão urso, e agulha em “S”. Foi

‘realizada uma sutura em “U” deitado passando-se o fio por duas metades de

uma mangueira flexível a qual ficou ancorada no tecido vulvar a fim de não

cortar a vulva do bovino.

Figura 11 – Prolapso de vaginal de uma vaca zebuína

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• Evolução

Após o procedimento o animal permaneceu por duas semanas com a

sutura e depois de retirado os pontos o animal ficou recuperado.

• Discussão

Deve-se procurar balancear corretamente a dieta nutricional das vacas,

não permitindo que a mesma engorde muito, principalmente no último trimestre

da gestação, pois o animal em estado muito gordo pré-dispõe ao prolápso após

parição.

Também por possuírem caráter hereditário, se houver uma grande

incidência de prolapsos vaginais no rebanho, deve-se checar as linhagens

sangüíneas utilizadas de touros e vacas, e os animais que apresentam

prolápso devem ser descartados. O alto peso ao nascer pode também ser

causa de prolapsos. Portanto ao introduzir touros no rebanho, tomar o devido

cuidado de escolher reprodutores que imprimem baixo peso ao nascer à sua

progênie.

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7. DEMAIS ATIVIDADES REALIZADAS DURANTE O PERÍODO DE ESTÁGIO

Durante o período de realização do estágio tive a oportunidade de

realizar três cursos na área de bovinos leiteiros. Estes foram ministrados no

Centro de treinamento de agricultores de Nova Petrópolis (CETANP). Os

cursos foram ministrados sobre os seguintes temas: Bovinos Leiteiros

(incluindo os mais diversos manejos na produção leiteira, totalizando 40 horas

aula); Nutrição de vacas de alta produção (utilizando software com programas

de cálculos de rações, totalizando 20 horas aula); e gestão de propriedades

rurais (totalizando 20 horas aula).

Também, tive a oportunidade de escrever dois artigos técnicos na

página da assistência veterinária de um jornal local chamado A Ponte. Os

artigos redigidos foram sobre gerenciamento da propriedade leiteira e sanidade

na bovinocultura leiteira.

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8. CONCLUSÃO

O estágio curricular é o momento onde temos a oportunidade de colocar

em prática todos os conhecimentos adquiridos durante a faculdade, nele se

tem a chance de aprofundar e discutir práticas aplicadas na Medicina

Veterinária e obter uma pequena experiência na área da qual optamos.

O estágio prático profissional nos coloca em situações teste e nos indica

que devemos criar habilidades tanto nas situações de procedimentos

veterinários quanto nas áreas de relações humanas representadas pelo técnico

e produtor.

Ele se torna a porta de entrada no mercado de trabalho nos mostra a

realidade desse mercado, pois não só vivenciamos a rotina cotidiana de

médico veterinário na clínica, cirurgia e demais áreas de atuação, como

também aprendemos e obtemos contato com as realidades de empresas e

pressões a qual os profissionais são expostos dentro de seus empregos.

Dentro dessas realidades se podem observar e tirar conclusões a respeito de

nossa profissão e de um futuro próximo que nos espera.

Portanto, para mim o estágio curricular foi de grande valia, pois pude

acompanhar uma casuística bem variada de doenças e procedimentos nas

áreas de clínica, cirurgia, reprodução e manejo sanitário em bovinos de leite

essa é uma etapa muito importante na formação do profissional, pois nos

coloca dentro de problemas e situações das quais estaremos sujeitos a

enfrentar.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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