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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE AGREGAÇÃO DE FATORES DE RISCO PARA DOENÇAS CARDIOMETABÓLICAS ENTRE ADOLESCENTES DE BAIXA RENDA DO SEXO FEMININO ELZA MARIA FERNANDES SEABRA DE MELO NATAL/RN 2015

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE

AGREGAÇÃO DE FATORES DE RISCO PARA DOENÇAS

CARDIOMETABÓLICAS ENTRE ADOLESCENTES DE BAIXA RENDA DO SEXO

FEMININO

ELZA MARIA FERNANDES SEABRA DE MELO

NATAL/RN

2015

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ELZA MARIA FERNANDES SEABRA DE MELO

AGREGAÇÃO DE FATORES DE RISCO PARA DOENÇAS

CARDIOMETABÓLICAS ENTRE ADOLESCENTES DE BAIXA RENDA DO SEXO

FEMININO

ORIENTADOR: Prof. Dr. Eduardo Caldas Costa

CO-ORIENTADOR: Prof. Dr. George Dantas de Azevedo

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte, para obtenção do título de mestre em

Ciências da Saúde.

Natal/RN

2015

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE

Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Ciências de Saúde:

Prof. Dr. Eryvaldo Sócrates Tabosa do Egito

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ELZA MARIA FERNANDES SEABRA DE MELO

AGREGAÇÃO DE FATORES DE RISCO PARA DOENCARDIOMETABÓLICO

ENTRE ADOLESCENTES DE BAIXA RENDA DO SEXO FEMININO

APROVADA EM 03/07/2015

Presidente da Banca:

Prof. Dr. Eduardo Caldas Costa

Membros da Banca:

Prof. Dr. Filipe Ferreira da Costa

Profa. Dra. Joceline Cássia Ferezini de Sá

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho primeiramente а Deus, por ser essencial em minha vida,

autor do meu destino, meu guia, socorro presente na hora da angústia, minha

Família meu bem maior. Agradeço aos meus orientadores Prof. Dr. Eduardo

Caldas Costa e ao Prof. Dr. George Dantas de Azevedo, pelo convívio, apoio,

compreensão е amizade. Posso dizer que а minha formação acadêmica não teria

sido а mesma sem os ensinamentos e exemplos desses professores exemplares.

Ao meu amigo João Batista da Silva, verdadeiro companheiro de pesquisa, sempre

presente, alegre e gentil.

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AGRADECIMENTOS

Inicio os agradecimentos por DEUS, já que Ele colocou pessoas tão especiais

a meu lado, sem as quais certamente eu não teria dado conta.

A minha mãe Ester Felix Lima, que sempre me transmitiu de amor pelo

conhecimento.

Ao meu Esposo José Augusto Seabra de Melo Sobrinho in memoriam.

Aos meus queridos filhos: Marcus Vinicius, Carlos José e Bruna Ester, que

sempre se orgulharam e confiaram no meu trabalho e que me inspiram a ser mais

que fui até hoje.

Aos colegas da turma de mestrado que fizeram parte desses momentos

sempre me ajudando e incentivando, em especial a minha querida amiga Kátia

Cristina Araújo Nascimento de Oliveira, por compartilhar momentos felizes e difíceis,

não só nessa trajetória, mas em todos os momentos e pela alegria dessa conquista.

Ao Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde da UFRN,

representados pelo Prof. Dr. Eryvaldo Sócrates Tabosa do Egito pela contribuição na

minha formação.

A todas as adolescentes que aceitaram participar voluntariamente desse

estudo. Sem a participação de vocês esse trabalho não seria possível.

Agradeço a todos os professores por me proporcionar o conhecimento, não

somente por terem me ensinado, mas por terem me feito aprender. A palavra

mestre, nunca fará justiça aos professores dedicados aos quais sem nominar terão

os meus eternos agradecimentos.

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AGRADECIMENTO ESPECIAL

Agradeço, especialmente, aos meus orientadores, Prof. Dr. Eduardo Caldas

Costa e o Prof. Dr. George Dantas de Azevedo que além de acreditarem em mim,

incentivaram-me a buscar o meu melhor. Com vocês aprendi o valor da crítica.

Quando eu pensava que não conseguiria com seus ensinamentos, eu conseguia.

Vocês mostraram erros, me fazendo acreditar no meu potencial e capacidade de

superação e aprendizagem. George e Eduardo, vocês são uma benção. Obrigada

por me terem aceitado como sua orientanda. Finalizando, digo a vocês que essa

conquista não é só minha; ela também é de cada um vocês. Obrigada por existirem

em minha vida.

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“Quem anda com pessoas sábias tornar-se-á sábio”.

Provérbios 13:20

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RESUMO

Objetivos: avaliar a prevalência e o padrão de agregação de fatores de risco para

doenças cardiometabólicas entre adolescentes de baixa renda do sexo feminino.

Métodos: foi realizado estudo transversal envolvendo 196 estudantes de escola

pública (11-19 anos). Os seguintes fatores de risco foram considerados para análise:

excesso de peso, obesidade central, dislipidemia, pressão arterial elevada e glicemia

de jejum elevada. A razão entre a prevalência observada e esperada e os

respectivos intervalos de confiança foram utilizados para identificar combinações de

fatores de risco que excediam o esperado para a população. Resultados: os fatores

de risco mais prevalentes foram dislipidemia (70,9%) e obesidade central (39,8%),

seguidos do excesso de peso (29,6%) e pressão arterial elevada (12,8%). Do total,

42,9% apresentaram dois ou mais fatores de risco e 24% três fatores ou mais.

Excesso de peso, obesidade central e dislipidemia foram fatores de risco comuns

entre os padrões de agregação que apresentaram prevalência observada maior que

esperada. Conclusões: a agregação de fatores de risco (≥ dois fatores) nas

adolescentes apresentou considerável prevalência, assim como a coexistência não

casual do excesso de peso, obesidade central e dislipidemia (principalmente HDL -

colesterol baixo).

Palavras-chave: adolescentes, fatores de risco, doença cardiovascular, obesidade.

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ABSTRACT

Objectives: To assess the prevalence and clustering pattern of risk factors for

cardiometabolic diseases among low-income female adolescents. Methods: A cross-

sectional study involving 196 students of public schools (11-19 years). The following

risk factors were considered for analysis: weight excess, central obesity,

dyslipidemia, high blood pressure, and high fasting glucose. The ratio between

observed and expected prevalence and its confidence interval were used to identify

combinations of risk factors that exceed the expected prevalence in the population.

Results: The most prevalent risk factors were dyslipidemia (70.9%), and central

obesity (39.8%), followed by weight excess (29.6%), and high blood pressure

(12.8%). A total of 42.9% of adolescents had two or more risk factors and 24% three

or more. Weight excess, central obesity, and dyslipidemia were common risk factors

among the clustering patterns that had observed prevalence higher than expected.

Conclusions: The clustering of risk factors (≥ two factors) among the adolescents

had a considerable prevalence, as well as a not casual coexistence of weight excess,

central obesity, and dyslipidemia (mainly low HDL-cholesterol).

Keywords: adolescents, risk factors, cardiovascular disease, obesity.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

cm: centímetro

DISL: dislipidemia

dl: decilitro

E: esperado

ENDEF: Estudo Nacional da Despesa Familiar

EP: excesso de peso

GL: glicemia

HDL: high-density lipoprotein

IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IMC: índice de massa corporal

kg: kilograma

LDL: low-density lipoprotein:

LIAC: Laboratório Integrado de Analises Clínica

m: metro

NHNES: National Health and Nutrition Examination Survey

O: observado

OC: obesidade central

PA: pressão arterial

POF: Pesquisa de Orçamentos Familiares

SUS: Sistema Único de Saúde

UFRN: Universidade Federal do Rio Grande do Norte

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Características da amostra do estudo (n = 196)

Tabela 2. Prevalência de fatores de risco para doenças cardiometabólicas em

adolescentes do sexo feminino observada no estudo

Tabela 3. Agregação de fatores de risco para doenças cardiometabólicas em

adolescentes do sexo feminino observada no estudo

Tabela 4. Padrões de agregação de fatores de risco para doenças cardiometabólicas

em adolescentes do sexo feminino observados no estudo

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SUMÁRIO

DEDICATÓRIA............................................................................................. .......... vi

AGRADECIMENTOS............................................................................................. vii

AGRADECIMENTO ESPECIAL............................................................................. viii

RESUMO................................................................................................. ............... x

ABSTRACT............................................................................................................ xi

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS................................................................. xii

LISTA DE TABELAS.............................................................................................. xiii

INTRODUÇÃO....................................................................................................... 01

JUSTIFICATIVA..................................................................................................... 04

OBJETIVOS................................................................................................... ........ 05

MÉTODOS.................................................................................................... ......... 06

ARTIGO PRODUZIDO...........................................................................................

DISCUSSÃO......................................................................................................... .

COMENTÁRIOS, CRÍTICAS E SUGETÕES.........................................................

REFERÊNCIAS.....................................................................................................

ANEXOS................................................................................................................

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1. INTRODUÇÃO

Fatores de risco biológicos1 e comportamentais1 estão associados ao

desenvolvimento de doenças cardiometabólicas. Apesar dos fatores de riscos

isolados terem impacto específico na saúde, muito frequentemente estes se

encontram agregados nos indivíduos2. O padrão de agregação destes fatores de

risco tem sido alvo de investigações, inclusive em adolescentes-3. Esse tipo de

investigação pode fornecer subsídios para identificação de fenótipos de agregação

de fatores de risco em determinada população2-4, facilitando seu manejo clínico

através de abordagens específicas, sejam preventivas ou terapêuticas.

Um grande número de estudos destina-se a avaliação e prevenção dos

fatores de risco das doenças cardiometabólicos na infância e na adolescência.

Destaca-se o estudo de Bogalusa (Louisiana, Estados Unidos), iniciado em 1973,

com contribuições até os dias atuais. Esse estudo explora os precursores das

doenças metabólicas que começa na infância e avalia fatores genéticos e

ambientais que possam contribuir para o estabelecimento da doença na fase adulta.

Os fatores de risco cardiovascular tendem a se agregar e, freqüentemente, são

vistos em conjunto no mesmo indivíduo. O estudo de Bogalusa realizou autópsias

em indivíduos mais jovens, entre 7 e 24 anos, mortos em sua maioria por causas

externas, tendo sido encontradas lesões do tipo estrias gordurosas e placas fibrosas

tanto em artéria coronariana quanto em aorta. Estudos epidemiológicos já

demonstraram que essa associação aumenta a probabilidade de eventos

cardiovasculares, pois cada fator de risco tende a reforçar o outro e,

conseqüentemente, a morbidade e a mortalidade associadas. Esse quadro é uma

realidade habitual na prática clínica em adultos, mas também pode ser observado na

infância e persistir até a fase adulta jovem. A relação entre sobrepeso/obesidade e

alterações da PA e dos perfis lipídico e de carboidratos já tem sido salientada por

diversos estudos, tanto em adultos como em populações mais jovens5

Em crianças e adolescentes a obesidade é significativa, visto que se associa

ao desenvolvimento precoce de doenças como, Diabetes Mellitus tipo 2 , problemas

ortopédicos e psicossociais, apneia do sono, síndrome dos ovários policísticos e

esteatose hepática. As complicações da obesidade não dependem apenas do

excesso de peso, a distribuição da gordura corporal também é muito importante. O

aumento da gordura na região abdominal está relacionado com a presença da

resistência à insulina. Esta, por sua vez, se associa à dislipidemia aterogênica, que é

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caracterizada por três anormalidades lipídicas: hipertrigliceridemia, redução da

lipoproteína de alta densidade (HDL) e aumento de partículas de lipoproteína de

baixa densidade (LDL) pequenas e densas. É necessário frisar ainda que a

resistência a esse hormônio provoca intolerância à glicose, que a longo prazo pode

levar ao DM2. Além das alterações lipídicas e glicídicas, a resistência de insulina

também causa o aumento da pressão arterial (PA). Essas complicações metabólicas

em conjunto aumentam o risco das doenças cardiometabólicas. Sabe-se que o

processo aterogênico tem início na infância, no entanto as manifestações clínicas da

DCV não são evidenciadas nessa fase e sim na vida adulta6.

É importante destacar que o processo aterosclerótico pode se iniciar já na

infância, sendo sua gravidade relacionada ao número de fatores de risco

simultâneos7-8. Portanto, a morbimortalidade precoce está relacionada à quantidade

de fatores de risco presentes, assim como sua magnitude9. Adicionalmente, parece

existir uma relação sinérgica entre os fatores de risco, ao invés de simplesmente

uma relação aditiva2-9. No Brasil, a prevalência de fatores de risco em adolescentes

do sexo feminino tem aumentado de forma bastante significativa ao longo das

últimas décadas. De acordo com Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF)10 a

prevalência de sobrepeso e obesidade na faixa etária entre 10 e 19 anos em 2008-

2009 foi de 19,4 e 4,0% no sexo feminino. Nos anos de 1974-1975, de acordo com

Estudo Nacional da Despesa Familiar (ENDEF)11, esses índices eram de 7,6 e 0,7%,

o que evidencia um importante crescimento do excesso de peso nessa população.

Ações dirigidas aos jovens de forma individual podem não ser adequadas,

pois pertencer a um grupo na adolescência significa assumir comportamentos

semelhantes que desafiem normas e regras. Uma possível explicação para o

insucesso das intervenções nos jovens seria que a maior parte dos estudos de

intervenção avaliou jovens já obesos. Se tomarmos como exemplo o tabagismo, as

ações que realmente impactam em jovens são as que levam à não iniciação. Buscar

soluções mais amplas pode ser a saída. O papel da sociedade é cobrar essas ações

envolvendo governo, empresas de alimentação e de produção de alimentos, visando

uma alimentação mais saudável, pois modificar hábitos alimentares não tem se

mostrado uma tarefa fácil entre jovens.

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Apesar de nas últimas décadas investigações sobre a prevalência de

fatores de risco cardiometabólico em adolescentes ter crescido3-12, pouco se

conhece sobre a presença simultânea desses fatores, bem como sobre o padrão de

agregação, especialmente no sexo feminino. Assim, investigar esses aspectos sem

adolescentes do sexo feminino, sobretudo em população de baixa renda, que é a

mais atendida pelo Sistema Único de Saúde (SUS), pode contribuir para o

estabelecimento de estratégias preventivas e/ou terapêuticas específicas.

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2. JUSTIFICATIVA

As doenças cardiometabólicas são a principal causa de mortalidade em todas

as regiões do Brasil, assim como na maioria dos países desenvolvidos e em

desenvolvimento13-14. Os custos associados ao excesso de peso são enormes, não

só os diretos e indiretos relacionados a hospitalizações e dias de trabalho perdidos

por doenças cardiovasculares e diabetes, como também os de mensuração mais

difícil, associados a pior qualidade de vida e problemas psicológicos. A prevalência

de sobrepeso/obesidade na infância é preditiva de sobrepeso/obesidade no adulto15

e considerando-se a dificuldade do controle/tratamento das doenças crônicas no

adulto, torna-se imperativa a prevenção dessas doenças ainda na infância.

A resposta ao tratamento da obesidade tem sido ruim em adultos, assim

como em crianças e adolescentes16. A escola, por ser um ambiente educativo, tem

deve ser uma aliada ativa na prevenção e combate desse cenário, contribuindo,

também, com ações de avaliação e promoção da saúde entre os escolares. Em

ambiente de baixa renda, onde o acesso a informação e saúde é, de forma geral,

mais precário, a escola pode ter uma importância ainda maior. Dessa forma, a

realização dessa pesquisa justifica-se no sentido de contribuir para um maior

conhecimento sobre a prevalência de fatores de risco para doenças

cardiometabólicas e o padrão de agregação destes em escolares de baixa renda,

especialmente do sexo feminino.

Assim, os achados dessa pesquisa poderão ser utilizados para orientação

de medidas preventivas e/ou terapêuticas específicas diretamente para as

adolescentes, pais e escola no tocante aos fatores de risco para desenvolvimento de

doenças cardiometabólicas. Além disso, pode subsidiar o desenvolvimento de

Políticas de Saúde que envolvam diferentes setores da sociedade, especialmente na

região Nordeste do Brasil.

Finalmente, cabe chamar a atenção para a necessidade dos resultados do

estudo produzirem mudanças em questões mais imediatas como a disponibilidade

de alimentos mais saudáveis nas escolas,

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3. OBJETIVOS

Geral

Avaliar a prevalência e o padrão de agregação de fatores de risco para

doenças cardiometabólicas entre adolescentes de baixa renda do sexo feminino.

Específicos

Avaliar a prevalência de excesso de peso, obesidade central, dislipidemia,

pressão arterial elevada e glicemia de jejum elevada entre adolescentes de baixa

renda do sexo feminino;

Verificar a prevalência de fatores de risco agregados (pelo menos dois) para

doenças cardiometabólicas entre adolescentes de baixa renda do sexo feminino;

Analisar o padrão de agregação de fatores de risco para doenças

cardiometabólicas entre adolescentes de baixa renda do sexo feminino.

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4. MÉTODOS

4.1 Caracterização da pesquisa

O presente estudo se caracteriza como observacional, de corte transversal,

e está vinculado ao projeto de pesquisa de síndrome metabólica nos estágios

pubertários de crianças e adolescentes do sexo feminino, sob a coordenação da

Profª. Drª. Tercia Maria de Oliveira Maranhão. Inclusive com uma tese de doutorado

já defendida no Programa de Pós Graduação do Centro de Ciências de Saúde da

UFRN.

4.2 População e amostra

Escolares de baixa renda do sexo feminino (entre 11 e 19 anos) da rede

pública de ensino de um bairro de baixa renda da zona leste da cidade de Natal/RN

foram investigadas. O bairro onde ocorreram as avaliações possui rendimento

nominal médio mensal o de 0,78 salários mínimos (média de Natal-RN: 1,78),

estando na 330 posição dos 36 bairros da cidade. Além disso, 80% dos domicílios

particulares permanentes do bairro apresentam rendimento nominal mensal

domiciliar per capita de até um salário mínimo (Natal-RN: 45%)17. A população do

bairro é de 50.195 moradores, dos quais 10.754 estão na faixa etária entre 10 e 19

anos. Desses, aproximadamente 50% (5.377) são do sexo feminino. No presente

estudo, foram avaliadas 196 adolescentes púberes entre 11 e 19 anos sem uso de

anticoncepcional hormonal. Foram selecionadas as duas maiores escolas públicas

do bairro Felipe Camarão, sendo uma estadual e outra municipal do ensino

fundamental e médio, no total aproximado de 1.200 alunos. Feita apresentação do

projeto aos gestores das escolas, pais, responsáveis e aos alunos; através de

reuniões onde foi destacada a importância do diagnóstico dos fatores de riscos para

as doenças cardiometabólicas em crianças e adolescentes, sendo na ocasião

explicado que os procedimentos iriam ser realizados nas UBS vizinho as escolas e

que os alunos deveriam estar acompanhados durante os procedimentos, O projeto

foi bem recebido por todos. Inicialmente foram selecionados as alunas na faixa

etária dos 8 aos 19 anos aproximadamente 600 meninas A participação estava

condicionada a assinatura o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido por seus

pais ou responsáveis. Aceitaram participar 528 alunas e destas 201 tinham menarca

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há mais de um ano e não faziam uso de anticoncepcionais hormonais,foram

excluídas três alunas por fazerem uso contínuo de anticonvulsivantes e duas

portadoras de tireoideopatia.

4.2.1 Aspectos éticos

O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade

Federal do Rio Grande do Norte (UFRN; protocolo 402/09) e todas as voluntárias

tiveram um termo de consentimento livre e esclarecido assinado pelo seu

responsável, de acordo com a Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde.

4.2.2 Critérios de inclusão

Para participação na pesquisa, foram considerados os seguintes critérios: i)

ser adolescente (entre 11 e 19 anos); ii) ocorrência de menarca há, pelo menos, um

ano; iii) não fazer uso de anticoncepcional hormonal; iv) não fazer uso contínuo de

qualquer medicação; v) não estar grávida; vi) não apresentar deformidades físicas

que impedissem a mensuração de variáveis antropométricas; vii) apresentar renda

mensal per capita até meio salário mínimo ou renda familiar mensal de até três

salários mínimos.

4.3 Procedimentos

Uma equipe multiprofissional incluindo médicos, profissional de educação

física, técnico de laboratório e farmacêutico-bioquímico foi responsável pelas

avaliações. Estas seguiram a seguinte ordem: i) anamnese e avaliação clínica; ii)

avaliação antropométrica; iii) coleta de sangue. A seguir, estão detalhados os

procedimentos.

4.3.1 Anamnese e avaliação clínica

Nessa etapa, as adolescentes foram questionadas, na presença dos

responsáveis, sobre hábitos de vida, alimentares, doenças pregressas e atuais,

estados vacinal e antecedentes patológicos familiares. No exame clínico, foi

determinado o estágio puberal (estágios de Tanner), avaliação da tireóide, presença

de edemas (para se garantir peso real), ausculta cardíaca e pulmonar e palpação

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superficial e profunda do abdome. Também foram avaliadas a pressão arterial e

frequência cardíaca de repouso das adolescentes. A medida da pressão arterial foi

realizada de acordo com as VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão18. Para tal, foi

utilizado o aparelho Onrom® HEM-742 (método oscilométrico), devidamente validado

em adolescentes brasileiros19, utilizando braçadeira com tamanho adequado. Para o

estabelecimento do diagnóstico de hipertensão no adolescente, serão seguidas as

recomendações internacionais. A medida da pressão arterial (PA) será realizada no

braço direito, com o escolar sentado e manguito apropriado, cobrindo

aproximadamente 80% da distância entre o olecrânio e o acrômio. A bolsa

pneumática deve cobrir pelo menos 40% da circunferência do braço que deve

apresentar-se na altura do coração. Serão realizadas duas medidas, com intervalo

de três minutos, após o adolescente descansar por cinco minutos. Será utilizada a

segunda medida. O adolescente será considerado com a pressão arterial elevada

se a pressão arterial sistólica ≥ 130 mmHg e/ou diastólica ≥ 85 mmHg;

4.3.2 Avaliação antropométrica

Foram realizadas as seguintes medidas antropométricas: massa corporal (kg),

O peso foi aferido em balança eletrônica com capacidade de até 150kg e variação

de 50g, a estatura (m) A estatura foi aferida em duplicata, utilizando-se antropômetro

portátil com variação de 0,1cm (admitindo-se variação máxima de 0,5 cm entre as

duas medidas e calculando-se a média). Para aferição do peso e estatura, as

participantes estavam descalças, usando roupas leves e em posição ortostática. e a

circunferência da cintura (cm) A mensuração da circunferência da cintura (CC) foi

realizada com uma fita métrica inextensível de 200 cm e variação 0,1cm (Sanny®,

Brasil). , estando o adolescente em pé, com o abdômen relaxado, braços ao longo

do corpo, pés juntos e com o peso dividido entre ambas as pernas. A fita será

colocada horizontalmente no ponto médio entre a borda inferior da última costela e a

crista ilíaca. Era considerada obesidade central quando a circunferência abdominal

≥ percentil 90 (10-16 anos) ou ≥ 80 cm (≥ 16 anos)

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O índice de massa corporal (IMC, kg/m²) foi calculado como sendo a razão da

massa corporal (kg) pela estatura ao quadrado (m²). Para estratificação do IMC

foram utilizados os pontos de corte propostos pelo conjunto das novas curvas da

Organização Mundial da Saúde20: “baixo peso” (escore Z <-2), “eutrofia” (escore Z >-

2 e <+1), “sobrepeso” (escore Z >+1 e <+2) e “obesidade” (escore Z >+2).

4.3.3 Coleta de sangue

Antes da realização do exame, os adolescentes eram entrevistados para

verificação da conformidade do jejum, as amostras de sangue venoso (8 ml) foram

coletadas entre 08h00min e 10h00min após jejum de 12 horas, por técnicos de

laboratório treinados, usando material descartável, as amostras eram armazenadas

em bolsa térmica e resfriadas (temperatura entre 8 a 10º). Após a coleta será

fornecido pela equipe do projeto um lanche aos participantes. O material era enviado

imediatamente ao laboratório. A glicose sérica foi medida pelo método glicose

oxidase. Os níveis de colesterol total, HDL - Colesterol e triglicerídeos foram

determinados por ensaio colorimétrico (BioSystems®, Barcelona, Espanha). O nível

de LDL - colesterol foi calculado usando a fórmula de Friedewald (colesterol total –

[HDL - colesterol + triglicerídeos / 5]). Todas as análises foram realizadas pelo

Laboratório Integrado de Análises Clínicas (LIAC), da Faculdade de Farmácia da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

4.4 Fatores de risco e pontos de corte

Foram considerados para análise os seguintes fatores de risco: i) excesso de

peso – classificação referente ao estado de “sobrepeso” ou “obesidade”, de acordo

com a Organização Mundial da Saúde20; ii) obesidade central – circunferência da

cintura ≥ percentil 90 para idades entre 10 e 16 anos e ≥ 80 cm acima de 16 anos,

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de acordo com a International Diabetes Federation21; iii) dislipidemia – colesterol

total ≥ 170 mg/dL ou LDL - colesterol ≥ 130 mg/dL ou HDL - colesterol < 45 mg/dL ou

triglicerídeos ≥ 130 mg/dL, de acordo com a proposição da V Diretriz Brasileira de

Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose22 para crianças e adolescentes; iv)

pressão arterial elevada – pressão arterial sistólica ≥ 130 mmHg e/ou diastólica ≥ 85

mmHg21; v) glicemia de jejum alterada – glicemia ≥ 100mg/dL19.

4.5. Análises dos dados

A caracterização da amostra está descrita através da média ± desvio-padrão.

A análise inicial incluiu a descrição da prevalência e seus respectivos intervalos de

confiança (IC95%) para os fatores de risco isoladamente e combinados. Para a

análise do padrão de combinação dos fatores de risco calculou-se a razão entre a

prevalência observada e a esperada (O/E) para cada uma das combinações

possíveis. A prevalência esperada de um padrão de agrupamento específico de

fatores de risco foi calculada com base na probabilidade individual de cada fator de

risco conforme sua ocorrência na amostra estudada. Por exemplo, a prevalência

esperada para a agregação de obesidade central (OC), PA elevada, dislipidemia

(DISL), e ausência de glicemia alterada (GL) e excesso de peso (EP) é calculada da

seguinte maneira: pOC x pPA x pDISL x (1 – pGL) x (1 – pEP), onde p é a

probabilidade (prevalência/100) do fator na amostra investigada7-23. Assim, foi

possível investigar quais combinações estavam acima ou abaixo do esperado,

assumindo que os fatores de risco ocorrem independentemente na população

estudada. Uma razão estatisticamente significativa é aquela que não inclui a unidade

em seu intervalo de confiança. Todas as análises foram realizadas no Stata versão

9.0 (STATA Corp., Estados Unidos) e o nível de significância foi fixado em 5%.

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5. ARTIGO PRODUZIDO

Agregação de fatores de risco para doenças cardiometabólicas entre adolescentes

de baixa renda do sexo feminino

Archives of Endrocrinology and Metabolism

(fator de impacto: 0,879; Qualis B2 na Medicina II)

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Título: Agregação de fatores de risco para doenças cardiometabólicas entre

adolescentes de baixa renda do sexo feminino

Autores: Elza M.F.S. de Melo1,2, George D. Azevedo1,3, João B. da Silva4, Telma

M.A.M. Lemos5, Técia M.O. Maranhão1,6, Ana K.M.S.O. Freitas6, Maria H. Spyrides7,

Eduardo C. Costa1,8

Instituições: 1Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde, Universidade

Federal do Rio Grande do Norte, Natal-RN, Brasil; 2Departamento de Pediatria,

Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal-RN, Brasil; 3Departamento de

Morfologia, Centro de Biociências, Universidade Federal do Rio Grande do Norte,

Natal-RN, Brasil; 4Departamento de Educação Física, Universidade do Estado do

Rio Grande do Norte, Mossoró-RN, Brasil; 5Departamento de Análises Clínicas,

Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal-RN, Brasil; 6Departamento de

Toco ginecologia, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal-RN, Brasil;

7Departamento de Estatística, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal-

RN, Brasil; 8Centro de Ciências da Saúde, Universidade Federal do Rio Grande do

Norte, Natal-RN, Brasil.

Autor correspondente: Eduardo Caldas Costa. Departamento de Educação Física,

Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Campus Universitário. Lagoa Nova,

BR 101. CEP: 59072-790, Natal-RN, Brasil. Tel: +55 84 32153455. E-mail:

[email protected]

Título abreviado: Risco cardiometabólico em adolescentes de baixa renda.

Palavras-chave: adolescentes, fatores de risco, doença cardiovascular, obesidade.

Número de palavras: 2920.

Tipo de manuscrito: original.

Conflito de interesses: os autores declaram não haver qualquer conflito de

interesses no presente estudo.

Fonte financiadora: Fundação de Apoio à Pesquisa do Rio Grande do Norte (Edital

FAPERN/MCT/CNPq/CT – INFRA 005/2011).

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Introdução

Fatores de risco biológicos (1) e comportamentais (1) estão associados ao

desenvolvimento de doenças cardiometabólicas. Apesar dos fatores de riscos

isolados terem impacto específico na saúde, muito frequentemente estes se

encontram agregados nos indivíduos (2). O padrão de agregação destes fatores de

risco tem sido alvo de investigações, inclusive em adolescentes (1-3). Esse tipo de

investigação pode fornecer subsídios para identificação de fenótipos de agregação

de fatores de risco em determinada população (2-4), facilitando seu manejo clínico

através de abordagens específicas, sejam preventivas ou terapêuticas.

É importante destacar que o processo aterosclerótico pode se iniciar já na

infância, sendo sua gravidade relacionada ao número de fatores de risco

simultâneos(5-6). Portanto, a morbimortalidade precoce está relacionada à quantidade

de fatores de risco presentes, assim como sua magnitude (13). Adicionalmente,

parece existir uma relação sinérgica entre os fatores de risco, ao invés de

simplesmente uma relação aditiva (5,13). No Brasil, a prevalência de fatores de risco

em adolescentes do sexo feminino tem aumentado de forma bastante significativa

ao longo das últimas décadas. De acordo com Pesquisa de Orçamentos Familiares

(POF)(14) a prevalência de sobrepeso e obesidade na faixa etária entre 10 e 19 anos

em 2008-2009 foi de 19,4 e 4,0% no sexo feminino. Nos anos de 1974-1975, de

acordo com Estudo Nacional da Despesa Familiar (ENDEF)(15), esses índices eram

de 7,6 e 0,7%, o que evidencia um importante crescimento do excesso de peso

nessa população.

Apesar de nas últimas décadas investigações sobre a prevalência de fatores

de risco cardiometabólico em adolescentes ter crescido(6-10), pouco se conhece

sobre a presença simultânea desses fatores, bem como sobre o padrão de

agregação, especialmente no sexo feminino. Assim, investigar esses aspectos em

adolescentes do sexo feminino, sobretudo em população de baixa renda, que é a

mais atendida pelo Sistema Único de Saúde (SUS), pode contribuir para o

estabelecimento de estratégias preventivas e/ou terapêuticas específicas. Portanto,

o objetivo do presente estudo foi analisar a prevalência e o padrão de agregação de

fatores de risco para doenças cardiometabólicas em adolescentes de baixa renda do

sexo feminino.

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Materiais e Métodos

O presente estudo se caracteriza como observacional, de corte transversal.

Escolares de baixa renda do sexo feminino (entre 11 e 19 anos) da rede pública de

ensino de um bairro de baixa renda da zona leste da cidade de Natal/RN foram

investigadas. O bairro onde ocorreram as avaliações possui rendimento nominal

médio mensal de 0,78 salários mínimos (média de Natal-RN: 1,78), estando na 330

posição dos 36 bairros da cidade. Além disso, 80% dos domicílios particulares

permanentes do bairro apresentam rendimento nominal mensal domiciliar per capita

de até um salário mínimo (Natal-RN: 45%)15. A população do bairro é de 50.195

moradores, dos quais 10.754 estão na faixa etária entre 10 e 19 anos. Desses,

aproximadamente 50% (5.377) são do sexo feminino. No presente estudo, foram

avaliadas 196 adolescentes púberes entre 11 e 19 anos sem uso de

anticoncepcional hormonal.

A coleta de dados foi realizada em duas Unidades da Saúde da Família entre

agosto de 2010 e outubro de 2012, após convite prévio realizado aos responsáveis

das adolescentes nas duas maiores escolas públicas (uma da rede municipal e outra

estadual) do referido bairro. Previamente, o estudo foi aprovado pelo Comitê de

Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN;

protocolo 402/09) e todas as voluntárias tiveram um termo de consentimento livre e

esclarecido assinado pelo seu responsável, de acordo com a Resolução 196/96 do

Conselho Nacional de Saúde.

Para participação na pesquisa, foram considerados os seguintes critérios: i)

ser adolescente (entre 11 e 19 anos); ii) ocorrência de menarca há, pelo menos, um

ano; iii) não fazer uso de anticoncepcional hormonal; iv) não fazer uso contínuo de

qualquer medicação; v) não estar grávida; vi) não apresentar deformidades físicas

que impedissem a mensuração de variáveis antropométricas; vii) apresentar renda

mensal per capita até meio salário mínimo ou renda familiar mensal de até três

salários mínimos.

Uma equipe multiprofissional incluindo médicos, profissional de educação

física, técnico de laboratório e farmacêutico-bioquímico foi responsável pelas

avaliações. Estas seguiram a seguinte ordem: i) anamnese e avaliação clínica; ii)

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avaliação antropométrica; iii) coleta de sangue. A seguir, estão detalhados os

procedimentos.

Anamnese e avaliação clínica

Nessa etapa, as adolescentes foram questionadas, na presença dos

responsáveis, sobre hábitos de vida, alimentares, doenças pregressas e atuais,

estados vacinal e antecedentes patológicos familiares. No exame clínico, foi

determinado o estágio puberal (estágios de Tanner), avaliação da tireoide, presença

de edemas de membros inferiores, ausculta cardíaca e pulmonar e palpação

superficial e profunda do abdômen. Também foram avaliadas a pressão arterial e

frequência cardíaca de repouso das adolescentes. A medida da pressão arterial foi

realizada de acordo com as VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão16. Para tal, foi

utilizado o aparelho Onrom® HEM-742 (método oscilométrico), devidamente validado

em adolescentes brasileiros17, utilizando braçadeira com tamanho adequado.

Avaliação antropométrica

Foram realizadas as seguintes medidas antropométricas: massa corporal

(kg), estatura (m) e circunferência da cintura (cm). O índice de massa corporal (IMC,

kg/m²) foi calculado como sendo a razão da massa corporal (kg) pela estatura ao

quadrado (m²). Para estratificação do IMC foram utilizados os pontos de corte

propostos pela Organização Mundial da Saúde):“baixo peso” (escore Z <-2),

“eutrofia” (escore Z >-2 e <+1), “sobrepeso” (escore Z >+1 e <+2) e “obesidade”

(escore Z >+2). A circunferência da cintura foi mensurada no ponto médio entre a

crista ilíaca e a última costela ao final de uma expiração normal, com fita

antropométrica flexível e inelástica (Sanny®, Brasil).

Coleta de sangue

Amostras de sangue venoso (8 ml) foram coletadas entre 08h00min e

10h00min após jejum de 12 horas. A glicose sérica foi medida pelo método glicose

oxidase. Os níveis de colesterol total, HDL - colesterol e triglicerídeos foram

determinados por ensaio colorimétrico (BioSystems®, Barcelona, Espanha). O nível

de LDL - colesterol foi calculado usando a fórmula de Friedewald (colesterol total –

[HDL - colesterol + triglicerídeos / 5]). Todas as análises foram realizadas pelo

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Laboratório Integrado de Análises Clínicas (LIAC), da Faculdade de Farmácia da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Fatores de risco e pontos de corte

Foram considerados para análise os seguintes fatores de risco: i) excesso de

peso – classificação referente ao estado de “sobrepeso” ou “obesidade”, de acordo

com a Organização Mundial da Saúde18; ii) obesidade central – circunferência da

cintura ≥ percentil 90 para idades entre 10 e 16 anos e ≥ 80 cm acima de 16 anos,

de acordo com a International Diabetes Federation19; iii) dislipidemia – colesterol

total ≥ 170 mg/dL ou LDL - colesterol ≥ 130 mg/dL ou HDL - colesterol < 45 mg/dL ou

triglicerídeos ≥ 130 mg/dL, de acordo com a proposição da V Diretriz Brasileira de

Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose20 para crianças e adolescentes; iv)

pressão arterial elevada – pressão arterial sistólica ≥ 130 mmHg e/ou diastólica ≥ 85

mmHg16; v) glicemia de jejum alterada – glicemia ≥ 100mg/dL19

Análise estatística

A caracterização da amostra está descrita através da média ± desvio-padrão.

A análise inicial incluiu a descrição da prevalência e seus respectivos intervalos de

confiança (IC95%) para os fatores de risco isoladamente e combinados. Para a

análise do padrão de combinação dos fatores de risco calculou-se a razão entre a

prevalência observada e a esperada (O/E) para cada uma das combinações

possíveis. A prevalência esperada de um padrão de agrupamento específico de

fatores de risco foi calculada com base na probabilidade individual de cada fator de

risco conforme sua ocorrência na amostra estudada. Por exemplo, a prevalência

esperada para a agregação de obesidade central (OC), PA elevada, dislipidemia

(DISL), e ausência de glicemia alterada (GL) e excesso de peso (EP) é calculada da

seguinte maneira: pOC x pPA x pDISL x (1 – pGL) x (1 – pEP), onde p é a

probabilidade (prevalência/100) do fator na amostra investigada(5,22). Assim, foi

possível investigar quais combinações estavam acima ou abaixo do esperado,

assumindo que os fatores de risco ocorrem independentemente na população

estudada. Uma razão estatisticamente significativa é aquela que não inclui a unidade

em seu intervalo de confiança. Todas as análises foram realizadas no Stata versão

9.0 (STATA Corp., Estados Unidos) e o nível de significância foi fixado em 5%.

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Resultados

Na tabela 1 encontram-se as características da amostra do estudo. Com

exceção do valor médio do HDL - colesterol, que está abaixo do recomendado (≥ 45

mg/dL), é possível observar que as demais variáveis bioquímicas, hemodinâmicas e

antropométricas encontra-se dentro da faixa de normalidade.

No tocante à condição econômica da família, 166 adolescentes (84,5%)

apresentaram renda familiar mensal entre um e três salários mínimos e 30 (15,5%)

menos de um salário mínimo. Em relação à escolaridade dos pais, 158 (80,5%)

tinham pai e/ou mãe com até 1º grau completo e 34 (17,5%) com 2º grau (completo

ou incompleto).

Tabela 1. Características da amostra do estudo (n = 196)

Variáveis Média Desvio padrão

Idade (anos) 14,9 1,8

Idade da menarca (anos) 11,7 1,2

Massa corporal (kg) 54,3 11,2

Estatura (m) 1,57 0,06

Índice de massa corporal (kg/m2) 22,0 4,0

Circunferência da cintura (cm) 78,6 9,4

Glicemia de jejum (mg/dL) 72,1 8,1

Colesterol total (mg/dL) 134,2 24,6

HDL - colesterol (mg/dL) 42,4 9,4

LDL - colesterol (mg/dL) 77,4 23,2

Triglicerídeos (mg/dL) 72,1 29,0

Pressão arterial (mmHg)

Sistólica 114,8 11,8

Diastólica 67,7 8,0

Na tabela 2 encontram-se as prevalências dos fatores de risco

cardiometabólico analisados no presente estudo. Os fatores mais prevalentes foram

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dislipidemia (70,9%) e obesidade central (39,8%), seguidos do excesso de peso

(29,6%) e pressão arterial elevada (12,8%). Nenhuma adolescente apresentou

glicemia de jejum elevada. Especificamente em relação ao padrão de dislipidemia,

67,3% (n=132) apresentaram HDL - colesterol baixo, 4,1% (n=8) hipertrigliceridemia,

1,5% (n=3) hipercolesterolemia 1,5% (n=3) LDL - colesterol elevado. No que se

refere à simultaneidade dos fatores de risco analisados, é importante destacar que

42,9% das adolescentes apresentaram dois ou mais fatores e 24% três ou mais

fatores (ver tabela 3).

Tabela 2. Prevalência de fatores de risco para doenças cardiometabólicas em

adolescentes do sexo feminino observada no estudo

Fatores de risco n % (IC95%)

Excesso de peso 58 29,6 (23,2-36,0)

Obesidade central 78 39,8 (32,9-46,6)

Dislipidemia 139 70,9(64,5-77,3)

Pressão arterial elevada 25 12,8 (8,1-17,5)

Nota: Excesso de peso(20) = sobrepeso ou obesidade, com base no índice de massa

corporal; Obesidade central(21) = circunferência abdominal ≥ percentil 90 (10-16

anos) ou ≥ 80 cm (≥ 16 anos); Glicemia de jejum elevada(21) = ≥ 100 mg/dL;

Dislipidemia(22) = pelo menos um valor alterado nos seguintes marcadores: colesterol

total (≥ 170 mg/dL), LDL - colesterol (≥ 130 mg/dL), HDL - colesterol (< 45 mg/dL) ou

triglicerídeos (≥ 130 mg/dL); Pressão arterial elevada(21) = pressão arterial sistólica ≥

130 mmHg e/ou diastólica ≥ 85 mmHg; IC95% = intervalo de confiança de 95%.

Tabela 3. Agregação de fatores de risco para doenças cardiometabólicas em

adolescentes do sexo feminino observada no estudo

Fatores de risco n % (IC95%)

0 36 18,4 (13,0-23,8)

1 76 38,8 (32,0-45,6)

2 37 18,9 (13,4-24,4)

3 38 19,4 (13,9-24,9)

4 09 4,6 (1,7-7,5)

5 - -

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Na tabela 4 são apresentadas as prevalências observadas e esperadas para

cada uma das combinações de fatores de risco cardiometabólico analisados.

Destacam-se os padrões de agregação que incluem excesso de peso, obesidade

central, dislipidemia e pressão arterial elevada (padrão 1) e excesso de peso,

obesidade central e dislipidemia (padrão 2), que foram mais prevalentes do que

seria esperado se os fatores fossem independentes (ocorressem ao acaso). Os

demais padrões de agregação não apresentaram prevalência observada maior que

a esperada.

Tabela 4. Padrões de agregação de fatores de risco para doenças

cardiometabólicas em adolescentes do sexo feminino observados no estudo

Nº de fatores de risco EP OC GL DISL PA n O E O/E (IC95%)

4 + + - + + 09 4,6 1,1 4,3 (2,8-5,8)*

3 + + - + - 33 16,8 7,3 2,3 (1,7-2,9)*

3 + + - - + 01 0,5 0,4 1,1 (-1,7-4,0)

3 - + - + + 04 2,0 2,5 0,8 (-0,5-2,1)

2 + + - - - 09 4,6 3,0 1,5 (0,5-2,6)

2 + - - + - 32 16,3 11,0 1,5 (0,5-1,4)

2 - + - + - 15 7,7 17,3 0,4 (-0,1-1,0)

2 - + - - + 01 0,5 1,0 0,5 (-1,9-2,9)

2 - - - + + 07 3,6 3,8 0,9 (-0,1-1,9)

Nota: + = presença do fator de risco; - = ausência do fator de risco; EP = excesso de

peso; OC = obesidade central; GL = glicose de jejum elevada; DISL = dislipidemia;

PA = pressão arterial elevada; O = prevalência observada (%); E = prevalência

esperada (%); O/E = razão entre a prevalência observada e esperada; IC95% =

intervalo de confiança de 95%; * = combinações que tiveram uma proporção maior

que o esperado caso a ocorrência dos fatores de risco fossem independentes.

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Discussão

O objetivo do presente estudo foi analisar a prevalência e o padrão de

agregação de fatores de risco para doenças cardiometabólicas em adolescentes de

baixa renda do sexo feminino. Nesse sentido, os principais achados foram: i) a

dislipidemia e a obesidade central foram os fatores de risco com maior prevalência,

seguido do excesso de peso e pressão arterial elevada; ii) aproximadamente 25%

das adolescentes avaliadas apresentaram três ou quatro fatores de risco

cardiometabólico simultaneamente; iii) dois (de nove observados) padrões de

agregação de fatores de risco cardiometabólico excederam a prevalência esperada,

sendo o excesso de peso, a obesidade central e a dislipidemia fatores comuns.

Se, por um lado, o conhecimento da quantidade de fatores de risco que

ocorre simultaneamente é importante, por outro, a investigação de como estes se

combinam parecer ser mais interessante, haja vista que o conhecimento sobre a

existência de um fenótipo mais prevalente pode fundamentar ações mais

específicas, sejam terapêuticas ou preventivas21. Dos 26 padrões de agregação

possíveis, incluindo pelo menos dois dos fatores de risco analisados, nove foram

registrados, e dois apresentaram prevalências acima do que seria esperado se os

fatores de risco fossem independentes uns dos outros (ocorressem ao acaso; ver

tabela 4). Esse achado reforça a ideia de que fatores de risco podem se apresentar

de forma simultânea, e dependente, aumentando o risco para doença cardiovascular

e/ou metabólica. É importante destacar que essa agregação pode ocorrer de forma

precoce, como nas adolescentes avaliadas.

Estudos prévios demonstram o fenômeno da agregação de fatores de risco

cardiometabólico pode ocorrer já em crianças, assim como em adolescentes1-2-3 É

importante destacar a associação entre excesso de peso e presença agregada de

fatores de risco cardiometabólico. Camhiet al.22, analisando dados obtidos do

National Health and Nutrition Examination Survey (NHNES; 2.457 adolescentes

entre 12-18 anos), observaram relação entre excesso de peso e agregação de

fatores de risco. Utilizando o IMC como variável categórica, os autores

demonstraram que os adolescentes com peso normal, sobrepeso e obesidade,

apresentam agregação de dois ou mais fatores de risco na ordem de 9%, 21% e

35%, respectivamente.

A presença de fatores de risco agregados pode ser um preditor de risco

importante do ponto de vista clínico. Shah et al.(8) evidenciaram que adolescentes e

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jovens (entre 11-23 anos) com presença de, pelo menos, dois fatores de risco

cardiovascular simultâneos apresentaram indicadores precoces de aterosclerose,

tais como maior espessura e rigidez vascular, quando comparados ao grupo com

menos de dois fatores de risco. Os autores apontam para a importância do

rastreamento precoce de fatores de risco cardiovascular na prática clínica, a fim de

se intervir nos indivíduos que apresentam risco elevado para o desenvolvimento de

doença aterosclerótica, ou seja, aqueles que apresentam dois ou mais fatores de

risco simultaneamente. Nesse sentido, destacamos que, nas adolescentes avaliadas

no presente estudo, a prevalência de dois ou mais fatores foi de 42,9%. Portanto,

mesmo que estudos prévios(25-2) tenham evidenciado que a prevalência de

sobrepeso e obesidade, que parece ser o “gatilho” para diversas alterações de

natureza cardiovascular e metabólica, seja maior em escolares da rede privada e

melhor condições socioeconômica, os dados do presente estudo apontam que

adolescentes do sexo feminino de baixa renda também apresentam um perfil de

risco cardiometabólico importante e que deve ser considerado.

Do ponto de vista do fenótipo de agregação de fatores de risco biológicos em

adolescentes, a identificação de padrões comuns a essa idade pode facilitar tomada

de decisão clínica (terapêutica e preventiva). Hong et al.3 avaliaram a prevalência de

síndrome metabólica e agregação de fatores de risco em adolescentes vietnamitas

(entre 13-16 anos). Os autores observaram que adolescentes com sobrepeso e

obesidade apresentaram maior prevalência de síndrome metabólica, independente

do critério diagnóstico. E, de forma semelhante ao nosso estudo, o fator de risco

mais comum foi alteração dos lipídios plasmáticos (triglicerídeos e HDL - colesterol)

e o menos prevalente foi a glicemia de jejum alterada. Utilizando a análise de

componentes principais, observou-se que para o sexo feminino a obesidade,

hipertensão, dislipidemia e hiperglicemia responderam por 73,6% da variância

observada de síndrome metabólica.

Em estudo multicêntrico realizado no Iran (CASPIAN Study; n = 4.811) sobre

agregação de fatores de risco relacionados à síndrome metabólica em crianças e

adolescentes (6-18 anos), Kelishadet al.26 demonstraram que três fatores de risco

estavam presentes em todas as faixas etárias, independente do sexo, e explicaram

87,4-90,8% da variância de síndrome metabólica na população estudada, sendo

estes: dislipidemia, adiposidade e pressão arterial elevada. Adicionalmente, os

autores observaram que a circunferência da cintura foi um fator central e comum à

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dislipidemia e excesso de peso, reforçando o papel da obesidade central nas

alterações cardiometabólicas. Mais uma vez, o fenótipo de agregação envolvendo

esses três fatores (obesidade, dislipidemia e pressão arterial elevada) foi observado,

assim como no estudo de Hong et al.3. De forma similar, observarmos prevalência

acima do esperado para o fenótipo envolvendo excesso de peso, obesidade central,

dislipidemia e pressão arterial elevada, o que aponta para uma coexistência não

casual desses fatores de risco, como sugerido pelos estudos prévios3-26.

Aizawa et al.2 verificaram em uma ampla amostra de japonesas acima de 40

anos (41.819 homens e 77.593 mulheres) que quase todas as agregações de

fatores de risco que tinham pelo menos três dos cinco componentes para

diagnóstico da síndrome metabólica ocorreram acima do esperado, indicando que

houve agregação não casual dos fatores de risco. Os autores reforçam o papel

determinante que a obesidade central parece ter como integrador de diversas

alterações cardiometabólicas e, como consequência, agregação desses fatores.

Nossos dados vão ao encontro dessa hipótese, pois a obesidade central foi um fator

comum nos dois padrões de agregação que ocorreram acima do esperado nas

adolescentes analisadas.

É importante destacar que no presente estudo foram investigadas somente

adolescentes sem uso de anticoncepcional hormonal. Do ponto de vista clínico, há

indícios da associação entre uso de anticoncepcional hormonal e ganho de massa

corporal, apesar de relação definitiva entre esses fatores não estar completamente

estabelecida27. Nesse sentido, é plausível especular que adolescentes de baixa

renda em uso de anticoncepcional hormonal a prevalência de fatores de risco

cardiometabólico possa ser até maior, assim como a presença agregada destes.

Recentemente, da Silva et al.(12) evidenciaram, através de estudo transversal

de base escolar (n=1.675; idade entre 11-17 anos), fenótipos de agregação no que

se refere aos fatores de risco comportamentais e biológicos. No sexo feminino, foi

observado que o fenótipo de agregação envolvendo circunferência da cintura e

pressão arterial elevada e baixa aptidão cardiorrespiratória (fatores biológicos)

apresentou prevalência observada acima da esperada. Em relação aos fatores

comportamentais, os fenótipos de agregação em que a prevalência observada foi

maior que a esperada tinham o tabagismo e o consumo de álcool como aspectos

comuns. Além disso, considerando os fatores de risco biológicos e comportamentais,

os autores demonstram que 62% dos adolescentes (meninos e meninas) tinham,

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pelo menos, dois fatores de risco para doenças crônicas não transmissíveis. Esses

achados apontam para a importância de se expandir a triagem clínica dos fatores de

risco também para fatores comportamentais, e não apenas biológicos.

Em suma, os fatores de risco mais prevalentes nas adolescentes de baixa

renda analisadas foram dislipidemia, obesidade central, excesso de peso e pressão

arterial elevada. Cerca de 40% apresentaram dois ou mais fatores de risco e

aproximadamente 25% três ou quatro fatores. Nessa população, os fenótipos de

agregação dos fatores de risco com prevalência maior do que o esperado incluíram

excesso de peso, obesidade central e dislipidemia. Do ponto de vista clínico, é

importante considerar o fenótipo de agregação dos fatores de risco a fim de se

prevenir a incidência precoce de doenças cardiometabólicas na vida adulta, tais

como hipertensão arterial sistêmica e diabetes tipo 2. Além disso, se faz necessário

investimento em ações educacionais envolvendo pais, adolescentes e escola no que

se refere à importância dos hábitos saudáveis, como prática de atividade física,

alimentação adequada e redução do comportamento sedentário.

Algumas limitações precisam ser apontadas no nosso estudo. O fato ser de

delineamento transversal impede inferências de causalidade entre as variáveis

averiguadas. Destaca-se, entretanto, que o objetivo do estudo não era o de

investigar possíveis causas para os fatores estudados, mas sim a prevalência

simultânea de fatores de risco das doenças cardiometabólicas nas adolescentes do

sexo feminino de baixa renda. Outro fator limitante é a avaliação das medidas de

pressão arterial ter sido realizada em único dia, o que pode superestimar a

prevalência de pressão arterial elevada. No entanto, ressalta-se a dificuldade de

averiguar tal medida em dias diferentes.

Em síntese, o presente estudo apontou que a prevalência de fatores de risco

existe nas adolescentes de baixa renda, ressalta-se a prevalência desses fatores de

risco de forma isolada ou simultânea já em populações jovens. Estratégias que

visem a combater esses fatores são necessárias.

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63

Referências

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6. COMENTÁRIOS, CRÍTICAS E SUGESTÕES

O presente estudo foi desenvolvido na região oeste de Natal, no bairro de

Felipe Camarão, nas duas maiores escolas públicas. O bairro onde ocorreram as

avaliações possui rendimento nominal médio mensal de 0,78 salários mínimos

(média de Natal-RN: 1,78), estando na 330 posição dos 36 bairros da cidade17,

sendo caracterizado, portanto, como de baixa renda.

Inicialmente, o projeto foi apresentado aos diretores das escolas e

posteriormente aos pais e/ou responsáveis das adolescentes, além das próprias

adolescentes. De forma geral, houve boa receptividade dos gestores das escolas,

pais e adolescentes, o que motivou ainda mais a realização da pesquisa. Todos os

procedimentos foram realizados em duas Unidades Básicas de Saúde do bairro,

promovendo uma integração entre escola, comunidade e a equipe da Estratégia de

Saúde da Família do bairro. Apesar desse ponto positivo, houve algumas

dificuldades para realização do trabalho, desde o recrutamento das voluntárias até a

logística de avaliação das mesmas. Duas dessas dificuldades merecem ser

destacadas: encontrar adolescentes sem fazer uso de anticoncepcional hormonal e

a realização da punção venosa.Mesmo diante dessas adversidades, a equipe que

conduziu o estudo se manteve unida e firme no intuito de realizar da melhor forma

possível o estudo.

Destaco que esse projeto procurou cumprir a expectativa do PPGCSa da

UFRN, que visa as ações de pesquisa com caráter multidisciplinar. Este estudo

recebeu colaboração de vários profissionais, como médico, profissional de educação

física, farmacêutico-bioquímico, estatístico, técnico de enfermagem e técnico de

laboratório, que estiveram presentes durante todo desenvolvimento da pesquisa,

enfatizando a integração entre as diversas áreas de conhecimentos. Essa,

certamente, foi uma das principais razões que explicam o êxito alcançado nessa

pesquisa.

Os achados desse estudo já evidenciam a necessidade imediata de ações de

prevenção e combate aos fatores de risco para doenças cardiometabólicas na

população investigada, tendo em vista a destacada prevalência de alguns fatores de

risco, principalmente excesso de peso, obesidade central e dislipidemia. Essas

ações devem contemplar, essencialmente, quatro níveis: os profissionais de saúde

atuantes na atenção básica, os profissionais de educação das escolas, os pais e/ou

responsáveis pelas adolescentes, assim como as próprias adolescentes.

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Apesar de termos focado na investigação dos fatores de risco biológicos para

doenças cardiometabólicas, reconhecemos a importância e, por conseguinte, a

limitação de não termos investigado fatores de risco comportamentais nessa

população, tais como tabagismo, consumo de álcool, sedentarismo, entre outros. No

futuro, a expectativa é que possamos realizar investigações mais abrangentes nesse

sentido, incluindo essas variáveis, a fim de ter uma compreensão maior sobre os

fatores de risco para doenças cardiometabólicas nessa população.

Por fim, destaco que a realização desse mestrado acadêmico me

proporcionou um grande desenvolvimento intelectual e cientifico. Isso me incentiva a

continuar investigando os fatores de risco para doenças cardiometabólicas na

adolescência, no sentido de compreender melhor esse fenômeno para contribuir,

efetivamente, na criação/implantação de estratégias educativas e de saúde para a

diminuição da incidência de doenças crônico-degenerativas na fase adulta. Nesse

sentido, com a finalização do mestrado, tenho pretensão de permanecer nesta linha

de pesquisa com o objetivo de continuar os estudos no doutorado.

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7. REFERÊNCIAS

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e adultos no Brasil. Rio de Janeiro: IBGE, 2010.

11-Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Estudo Nacional de

Despesas Familiares: 1974-1975. Rio de Janeiro: IBGE, 1977.

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13- Cardoso APZ, Nogueira Ms, Hayashida M, Souza L, Cesarino EJ. Aspectos

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14- LeiteCMBA ,Mulinari RA, Carvalho JGR , Rogacheski E, Padilha SL

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15-Shah AS, Dolan.LM,Gao.Z,Kimball.TR, Urbina.EM.

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17- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica (IBGE). Censo Demografico 2010.

Rio de Janeiro: IBGE,2010.

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SociedadeBrasileira de Nefrologia. Arq Bras Cardiol;2010;95:1-51.

19-Christofaro DG, Fernandes RA, Gerage AM, Alves MJ, Polito MD, Oliveira AR.

Validation of the Omron HEM 742 blood pressure monitoring device in

adolescents.Arq Bras Cardiol. 2009;92(1):10-5.

20- World Health Organization. Child growth standards based on length/height,

weight and age.ActaPaediatr Suppl. 2006;450:76-85.

21-Zimmet P, Alberti KG, Kaufman F, Tajima N, Silink M, Arslanian S, et al. The

metabolic syndrome in children and adolescents - an IDF consensus report.Pediatr

Diabetes 2007;8:299-306.

22- Xavier HT, Izar MC, Faria Neto JR, Assad MH, Rocha VZ, Sposito AC, et al. V

Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose. ArqBrasCardiol.

2013;101(4):1-20

23-Brambilla P,Lissau I, Flodmark CE, Moreno LA, Widhalm K, WabitschM,,et al.

Metabolicrisk-factorclusteringestimation in children: todraw a

lineacrosspediatricmetabolic syndrome.Int.J.Obesy.2007;31,591-600

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24-Camhi SM, Katzmarzyk PT. Prevalence of cardiometabolic risk factor clustering

and body mass index in adolescents.J Pediatr. 2011;159(2):303-7.

25- Balaban G, Silva GAP, Motta MEFA. Prevalência de sobrepeso e obesidade em

escolares de diferentes classes socioeconômicas em Recife, PE.Rev. Bras. Saude

Mater. Infant. 2005;5(1): 53-9

26-Kelishadi R, Ardalan G, Adeli K, Motaghian M, Majdzadeh R, Mahmood-Arabi

MS, et al. Factor analysis of cardiovascular risk clustering in pediatric metabolic

syndrome: CASPIAN study. Ann.Nutr.Metab. 2007;51(3):208-15.

27- Gallo MF, Lopez LM, Grimes DA, Carayon F, Schulz KF, Helmerhorst FM.

Combination contraceptives: effectson weight .Cochrane Database Syst Rev.

2014;1:CD003987.

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8. ANEXOS

ANEXO 01

TERMO DE CONSENTIMENTO À DIREÇÃO DA ESCOLA

Eu,______________________________________, RG nº_________,

UF_____, Diretor, delegado conforme Portaria ______________________da Escola

______________________________________________________, fui informado(a)

sobre os objetivos do estudo PREVALÊNCIA DOS COMPONENTES DA

SINDROME METABÓLICA NOS ESTÁGIOS PUBERTÁRIO DE ESCOLARES

NORTE-RIO-GRANDENSES.

Consciente da importância do mesmo concorda com a participação dos

alunos regularmente matriculados. Sendo assim, disponho-me a fornecer todas as

informações que forem necessárias. Concordo também que os dados obtidos sejam

utilizados para os fins que se prestam o referido estudo.

Data: ______/______/________

Autorizo:______________________________

Assinatura

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ANEXO 02

TERMO DE CONSENTIMENTO DOS RESPONSÁVEIS

Eu, ________________________________________,RG nº________,

UF______, fui informado(a) sobre os objetivos do estudo PREVALÊNCIA DOS

COMPONENTES DA SINDROME METABÓLICA NOS ESTÁGIOS PUBERTÁRIO

DE ESCOLARES NORTE-RIO-GRANDENSES.

Consciente da importância do mesmo, concordo emparticipar do mesmo, na

condição de avaliado, fornecendo todas as informações que forem necessárias.

Concordo também que os dados obtidos sejam utilizados para os fins que se

prestam o referido estudo.

Data: ______/______/________

Autorizo:______________________________

Assinatura

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ANEXO 03

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Programa de Pós Graduação em Ciências da Saúde

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Através do presente, eu_____________________________________, acima

identificado (a), autorizo o meu (minha) filho (a)

_______________________________ a participar do estudo realizado pelos

pesquisadores acima citados, pertencentes ao Programa de Pós-Graduação em

Ciências da Saúde - UFRN, sob a responsabilidade da Profa. Dra. Tecia Maria de

Oliveira Maranhão. O estudo pretende diagnosticar a prevalência da síndrome

metabólica de escolares norte-rio-grandenses nos estágios pubertários, através de

medidas antropométricas, analises clínicas (pressão arterial e o estágio pubertário),

que será realizado em suas respectivas escolas, analises bioquímica e dosagens

metabólicas, que serão realizadas no Laboratório Integrado de Análises Clinica

(LIAC), do Departamento de Farmácia, da Universidade Federal do Rio Grande do

Norte, por profissionais selecionados qualificados. Na avaliação antropométrica será

verificado peso, estatura, circunferência da cintura, do abdômen e do quadril. O

percentual de gordura será avaliado com o uso de um adipômetro para medir duas

dobras cutâneas, uma que se encontra no antebraço e a outra nas costas. Em

seguida, um médico especialista fará o exame físico para diagnosticar o

desenvolvimento puberal dos escolares, avaliando as mamas e a genitália, momento

em que a pressão arterial será aferida três vezes. No dia seguinte, será coletado 6

ml do sangue venoso, com os sujeitos em jejum, que será encaminhado ao

laboratório para a dosagem do colesterol, triglicérides, glicemia e os hormônios TSH

e insulina, para verificar os parâmetros dessas variáveis. Será utilizado material

descartável e a coleta será feita por profissionais devidamente habilitados. Caso

apresente alterações o jovem será encaminhado para possíveis tratamentos.

Dados confidenciais envolvidos na pesquisa serão mantidos em sigilo

resguardando total privacidade. Caso ocorra algum dano ao sujeito, este será

indenizado em conformidade com a norma em uso.

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Sou conhecedor que isso não acarretará despesas, sendo estas

responsabilidades do pesquisador, como também reconheço a seriedade e conduta

moral do professor pesquisador.

Declaro ser conhecedor da forma como serão coletados os dados, bem como

me assiste o direito de desistência a qualquer tempo que julgar necessário para

mim.

O presente termo de consentimento livre e esclarecido, é datado e assinado

em duas vias, ficando uma via com o voluntário pesquisado e a outra com o

pesquisador.

Natal/RN, de de 2011.

_______________________________________

Voluntário pesquisado

_______________________________________

Profa. Drª. Tecia Maria de Oliveira Maranhão

Coordenadora da Pesquisa

_______________________________________

Testemunha

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ANEXO 04

QUESTIONÁRIO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE

Pesquisa: Prevalência dos componentes da síndrome metabólica acordo com

os estágios pubertários de escolares norte-rio-grandenses.

Pesquisador responsável:

Profa. Dra. Técia Maria de Oliveira Maranhão

Fone: (84) 3342-9770

Questão 1

Nome:

Rua:

No:

Bairro:

Fone:

Data de nascimento: ____/____/____

Sexo: masculino ( ) feminino ( )

Série:

Escola:

Questão 2

Grau de instrução do pai/mãe:

Não ler e nem escrever

1º grau incompleto

1º grau completo

2º grau incompleto

2º grau completo

Superior incompleto /

Superior completo

Questão 3

Renda mensal familiar

Menos de 1 salários mínimos

De 1 a 3 salários mínimos

De 3 a 5 salários mínimos

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De 5 a 10 salários mínimos

Não tem

Questão 4

Há histórico de obesidade na família

1. Sim

2. Não

ATENÇÃO Se sim, qual o grau de parentesco?

Questão 5

Há histórico de PA alta na família

1. Sim

2. Não

ATENÇÃO Se sim, qual o grau de parentesco?

Questão 6

Há histórico de diabéticos na família

1. Sim

2. Não

ATENÇÃO Se sim, qual o grau de parentesco?

Questão 7

Há histórico de problemas de

coração

1. Sim

2. Não

ATENÇÃO Se sim, qual o grau de parentesco?

Questão 8

Já foi acometido por alguma doença?

1. Sim

2. Não

ATENÇÃO Se sim, qual?

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ANEXO 05

AVALIAÇÕES

Antropometria

Peso: ______kg

Estatura: ______ cm

DP:_______

S/S: ____ cm

S/I: ____cm

Relação SS/SI: ______

Dobras cutâneas: TR ______ SE________

Clínicos

FC: ____ bpm

FR: ____ mpm

PA.: ____x ____ mmHg

Tireoide: ( ) normal ( ) alterada

Tórax: ( ) n.d.n. ( ) c/ alterações

Abdome: ( ) n.d.n. ( ) c/ alterações

Genitais: TANNER G/M ___ P ___

Pratica algum esporte?: Sim ( ) Não ( )

OBSERVAÇÕES:

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

Natal/RN, ____ de _____________________ de 201__ .

________________________________________________

Responsável

________________________________________________

Profissional responsável

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ANEXO 06

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ANEXO 07

ARTIGO PUBLICADO

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