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MINISTÉRIO DA DEFESA
EXÉRCITO BRASILEIRO
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA
INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA
CURSO DE MESTRADO EM CIÊNCIA DOS MATERIAIS
MARINA SAAD MÜLLER
COMPORTAMENTO EM TRAÇÃO UNIAXIAL E FLEXÃO EM 3
PONTOS DE AÇO INOXIDÁVEL AUSTENÍTICO 304L COM
DEPÓSITO DE CORDÃO DE SOLDA DE AÇO INOXIDÁVEL DUPLEX
Rio de Janeiro
2018
1
INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA
MARINA SAAD MÜLLER
Comportamento em Tração Uniaxial e Flexão em 3 Pontos de Aço
Inoxidável Austenítico 304L com Depósito de Cordão de Solda de Aço
Inoxidável Duplex
Dissertação de Mestrado apresentada ao Curso de Mestrado
em Ciência dos Materiais do Instituto Militar de
Engenharia, como requisito parcial para a obtenção do
título de Mestre em Ciências dos Materiais.
Orientador: Profa. Andersan dos Santos Paula - D.C.
Co-orientador: Prof. Jorge Alberto Rodriguez Durán - D.C.
Rio de Janeiro
2018
a
2
c2018
INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA
Praça General Tibúrcio, 80 – Praia Vermelha
Rio de Janeiro – RJ CEP: 22.290-270
Este exemplar é de propriedade do Instituto Militar de Engenharia, que poderá incluí-
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finalidade comercial e que seja feita a referência bibliográfica completa.
Os conceitos expressos neste trabalho são de responsabilidade do(s) autor(es) e do(s)
orientador(es).
xxx.x Müller, Marina Saad
Xxxxa Comportamento em Tração Uniaxial e Flexão em 3 Pontos de Aço Inoxidável Austenítico 304L
com Depósito de Cordão de Solda de Aço Inoxidável Duplex / Marina Saad Müller; orientada por
Andersan dos Santos Paula e Jorge Alberto Rodriguez Durán – Rio de Janeiro: Instituto Militar de
Engenharia, 2018.
183.: il.
Dissertação (Mestrado) – Instituto Militar de Engenharia, Rio de Janeiro, 2018.
1. Curso de Ciência dos Materiais – teses e dissertações. 2. Caracterização. 3. Efeito TRIP. 4.
Soldagem. I. Paula, Andersan dos Santos. II. Durán, Jorge Alberto Rodriguez. III. Instituto Militar
de Engenharia.
3
INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA
MARINA SAAD MÜLLER
Comportamento em Tração Uniaxial e Flexão em 3 pontos de Aço Inoxidável
Austenítico 304L com Depósito de Cordão de Solda de Aço Inoxidável Duplex
Dissertação de Mestrado apresentada ao Curso de Mestrado em Ciência dos Materiais
do Instituto Militar de Engenharia como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre
em Ciências em Ciência dos Materiais.
Orientadora: Andersan dos Santos Paula – D.C. do IME
Co-orientador: Jorge Alberto Rodriguez Durán – D.C. da UFF
Aprovada em 30 de julho de 2018 pela seguinte Banca Examinadora:
________________________________________________________
(Orientadora) Andersan dos Santos Paula – D.C. do IME
_______________________________________________________
(Co-orientador) JorgeAlberto Rodriguez Durán – D.C. da UFF
_______________________________________________________
Luiz Paulo Mendonça Brandão – D.C. do IME
_______________________________________________________
TC Ana Maria Abreu Jorge Teixeira – D.Sc. do IME
_______________________________________________________
José Adilson de Castro – PhD da UFF
Rio de Janeiro
2018
4
À minha amada mãe, Ana Maria Abud, por tudo!
Por tudo que me ensinou,
Por tudo que fez por mim,
Por tanto que me amou,
Por um amor que não tem fim!
5
AGRADECIMENTOS
À Deus, por ser tão generoso comigo, de colocar boas pessoas ao meu redor e me
oferecer grandes oportunidades na vida.
À minha mãe, meu maior exemplo, exemplo de força na adversidade, de superação,
honestidade, de entregar o melhor de si, coragem, bom humor, respeito ao próximo, de
tudo!
Ao meu pai, que a cada dia tem se tornado mais próximo e amigo, sempre me dando
força nos estudos e se desdobrando para estar presente.
À minha família, em especial, à tia Ângela, ao tio Jorginho e à tia Valéria, por serem
meus melhores ombros amigos, sempre presentes dando muito apoio e carinho.
Ao meu namorado, Daniel, por ser tão especial, compreendendo minha ausência, me
apoiando e me dando tanto carinho para ir sempre em frente.
À minha orientadora, Andersan, por ir além de seu papel como professora, com
tamanha generosidade, competência, paciência, dedicação, compreensão, de chegar junto,
de abrir mão de seu tempo de descanso para sempre nos ajudar.
Ao meu co-orientador, professor Durán, por todo apoio na realização deste trabalho.
Ao querido professor Júlio, por sempre ter uma boa ideia para driblar as dificuldades
e ser tão amigo.
À TC Ana Maria, por toda ajuda ao disponibilizar os equipamentos de ensaio de
flexão e tração, no Laboratório de Materiais de Construção e Concreto do IME e pela
participação e avaliação deste trabalho.
A todos do Laboratório de Materiais de Construção e Concreto do IME, em especial,
ao Capitão Rebeca, ao sargento Gonçalves, ao Sargento Melo, à Carolina, ao Lucas, ao
Major Ávila, ao Major Renan e à Marina.
Ao professor Luiz Paulo, pelos ensinamentos nas disciplinas e pela participação e
avaliação deste trabalho.
Ao professor José Adilson de Castro, pela participação e avaliação deste trabalho.
Aos amigos que fiz no mestrado e pretendo levar para vida, Ana Carolina, Anderson,
Andrey, Ângelo, Anna Paula, Artur, Bruna, Camila, Emília, Eustáquio, Flávio, Foluke,
Géssica, João, Juciane, Juciane, Karollyne, Larissa, Letícia, Mônica, Náhrima, Paula,
Pedroso, Renato, Rodolfo, Rogério, Suzane, Talita, Tatiane e Thiago.
6
Ao Tenente Castilho e ao Sargento Palmeiras, por todos os cortes bem executados e
entrega rápida, na Indústria de Material Bélico do Brasil (IMBEL) / Fábrica de Material
de Comunicações e Eletrônica (FMCE).
Ao Tenente Plácido, pelos cortes bem executados no Arsenal de Guerra do Rio
(AGR).
Ao professor Rodrigo e equipe da Oficina Mecânica do Centro Brasileiro de
Pesquisas Físicas (CBPF), em especial, à Bianca, ao Elmo, ao Fernando e ao Marcos,
pelos cortes bem executados e pela disponibilidade em ajudar sempre.
Ao Celio de Jesus Marcelo, por toda competência e generosidade ao realizar o
procedimento de soldagem nos corpos de prova no Laboratório de Soldagem da UFF de
Volta Redonda.
À querida Isabela, por ter me ajudado a realizar os ensaios de tração com o
ferritoscópio na UFF de Volta Redonda.
Ao professor Dr Ladário da Silva, por ter disponibilizado o Ultramicrodurômetro
Instrumentado no Laboratório Multiusuário de Caracterização de Materiais do Instituto
de Ciências Exatas (ICEx) da UFF.
À empresa Aperam South American por ter fornecido o material de pesquisa.
A todos professores e funcionários do IME, que contribuíram direta ou indiretamente
com este trabalho.
À Capes, pela bolsa de estudo concedida.
7
“Não to mandei Eu? Esforça-te, e tem bom
ânimo; não temas, nem te espantes; porque o
Senhor teu Deus é contigo, por onde quer que
andares.”
Josué 1:9
8
SUMÁRIO
LISTA DE ILUSTRAÇÕES ........................................................................................ 10
LISTA DE TABELAS .................................................................................................. 20
LISTA DE SÍMBOLOS ............................................................................................... 23
LISTA DE SIGLAS ...................................................................................................... 25
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 29
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ..................................................................... 36
2.1 AÇO INOXIDÁVEL ........................................................................................ 36
2.1.1 COMPOSIÇÃO QUÍMICA ............................................................................. 37
2.1.2 TIPOS DE AÇO INOXIDÁVEIS .................................................................... 38
2.1.3 AÇO INOXIDÁVEL DUPLEX ....................................................................... 39
2.1.4 AÇOS INOXIDÁVEIS AUSTENÍTICOS ....................................................... 41
2.1.5 TRANSFORMAÇÃO MARTENSÍTICA ....................................................... 44
2.1.6 EFEITO TRIP................................................................................................... 47
2.2 SOLDAGEM .................................................................................................... 56
2.2.1 ASPECTOS GERAIS....................................................................................... 56
2.2.2 TERMINOLOGIA DA SOLDAGEM ............................................................. 57
2.2.3 SOLDAGEM A ARCO COM PROTEÇÃO GASOSA (GMAW) – MIG/MAG
...................................................................................................................... 60
2.2.4 SOLDAGEM COM AÇO INOXIDÁVEL AUSTENÍTICO ........................... 63
2.2.5 SOLDAGEM COM AÇO INOXIDÁVEL DUPLEX ...................................... 66
2.2.6 SOLDAGEM OU REVESTIMENTO DE LIGAS DISSIMILARES .............. 74
3 MATERIAIS E MÉTODOS ......................................................................... 78
3.1 MATERIAL ..................................................................................................... 78
3.2 MÉTODOS ....................................................................................................... 79
3.2.1 NOMENCLATURA DAS AMOSTRAS ......................................................... 80
3.2.2 SOLDAGEM .................................................................................................... 80
3.2.3 MODOS DE SOLICITAÇÃO MECÂNICA PARA O ESTUDO ................... 84
3.2.4 TRAÇÃO UNIAXIAL ..................................................................................... 88
3.2.5 CARACTERIZAÇÃO...................................................................................... 91
9
3.2.6 ENSAIO DE MICRODUREZA INSTRUMENTADA ................................... 96
4 RESULTADOS ............................................................................................ 101
4.1 MATERIAIS DE PARTIDA.......................................................................... 101
4.1.1 TEMPERATURAS DE TRANSFORMAÇÃO E ENERGIA DE FALHA DE
EMPILHAMENTO .................................................................................... 101
4.1.2 MODOS DE SOLIDIFICAÇÃO.................................................................... 103
4.1.3 CARACTERIZAÇÃO.................................................................................... 105
4.2 MODOS DE SOLICITAÇÃO MECÂNICA ................................................. 125
4.2.1 TRAÇÃO UNIAXIAL ................................................................................... 125
4.2.2 FLEXÃO EM TRÊS PONTOS ...................................................................... 133
4.2.3 CARACTERIZAÇÃO.................................................................................... 134
5 DISCUSSÃO ................................................................................................. 169
6 CONCLUSÕES ............................................................................................ 174
7 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ..................................... 175
8 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ........................................................... 176
9 ANEXOS ....................................................................................................... 181
9.1 PRODUÇÃO MUNDIAL DE ACIARIA DE AÇO INOXIDÁVEL ............ 181
10
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
FIG. 1.1 – Taxa de crescimento anual composta da produção mundial de aciaria de aços
inoxidáveis (adaptado, lingote/placa equivalente) (ISSF, 2018). ................. 29
FIG. 1.2 – Produção de aciaria de inoxidáveis (lingote/placa equivalente) por região em
1000 toneladas. Outros: Brasil, Rússia, África do Sul, Coréia do Sul e
Indonésia (ISSF, 2018). ................................................................................ 30
FIG. 1.3 Tendência e previsão do consumo de aço inoxidável (VERMA e TAIWADE,
2017). ............................................................................................................ 31
FIG. 1.4 Consumo aparente per capita de aço inoxidável no Brasil (kg/hab/ano)
(ABINOX, 2018 (2)). ................................................................................... 32
FIG. 1.5 Produção brasileira de aço inoxidável (ABINOX, 2018 (2)). .......................... 32
FIG. 1.6 – Uso dos aços inoxidáveis por setor em 2017 (ISSF, 2018). ......................... 33
FIG. 2.1 - Micrografia de um aço inoxidável dúplex obtida por diferentes técnicas
experimentais (a) MO (JEBARAJ e AJAYKUMAR, 2013), (b) MO, (c) MEV
e (d) MET (modificado, VERMA e TAIWADE, 2017). .............................. 40
FIG. 2.2 - Diagrama de equilíbrio de fases do Fe-Cr-Ni para um teor de cromo constante
de 18% (SILVA E MEI, 2010). .................................................................... 42
FIG. 2.3 - Representação geométrica do plano de hábito entre a austenita () e a martensita
(α´) (adaptado de BHADESHIA E HONEYCOMBE, 2006). ..................... 45
FIG. 2.4 – Diagrama esquemático da energia livre da transformação martensítica induzida
por deformação (SHIN et al, 2001). ............................................................. 47
FIG. 2.5 - Gráfico tensão versus temperatura relacionado no efeito TRIP (adaptado de
OLSON E COHEN, 1972). .......................................................................... 48
FIG. 2.6 – Esquema do processo de deformação de um aço TRIP (SHEN et al., 2012).
...................................................................................................................... 50
FIG. 2.7 – Esquema da seção transversal da amostra de flexão (AHMADI et al., 2017).
...................................................................................................................... 51
FIG. 2.8 – Mapas de EBSD da zona de tração da amostra de flexão 1.5RD45 (AHMADI
et al., 2017). .................................................................................................. 52
FIG. 2.9 – Mapas de EBSD da zona compressiva da amostra de flexão 1.5RD45
(AHMADI et al., 2017). ............................................................................... 52
11
FIG. 2.10 – Variação do grão de austenita correspondente à zona de tração da amostra
1.5RD45 (AHMADI et al., 2017)................................................................. 53
FIG. 2.11 - Variação do grão de austenita correspondente à zona de compressão da
amostra 1.5RD45 (AHMADI et al., 2017). .................................................. 53
FIG. 2.12 – Micrografia óptica da amostra 1.5RD30, em (a) zona de tração e em (b) zona
de compressão (AHMADI et al., 2017). ...................................................... 55
FIG. 2.13 - Representação esquemática dos elementos durante o processo de soldagem
(MARQUES, MODENESI e BRACARENSE, 2009). ................................ 58
FIG. 2.14 - Tipos de solda: (a) cordão de solda, (b) solda filete, (c) solda em sulco e (d)
solda por fecho (BOHNART, 2017). ............................................................ 58
FIG. 2.15 - Dimensões e regiões características da solda de topo (MARQUES,
MODENESI e BRACARENSE, 2009). ....................................................... 59
FIG. 2.16 - Áreas influenciadas pelo calor de uma seção de solda de topo (MARQUES,
MODENESI e BRACARENSE, 2009). ....................................................... 59
FIG. 2.17 - Processo de soldagem a arco com proteção gasosa (GMAW) (adaptado de
BOHNART, 2017)........................................................................................ 60
FIG. 2.18 - Seções transversais típicas segundo o tipo de gás ou mistura no processo
GMAW (MARQUES, MODENESI e BRACARENSE, 2009). .................. 62
FIG. 2.19 - Fotografia da amostra 10HHI após a soldagem (adaptado de
UNNIKRISHNAN et al., 2014). .................................................................. 63
FIG. 2.20 - Macrografia da amostra 10HHI (adaptado de UNNIKRISHNAN et al., 2014).
...................................................................................................................... 63
FIG. 2.21 - Micrografia óptica da amostra 10HHI (adaptado, UNNIKRISHNAN et al.,
2014). ............................................................................................................ 64
FIG. 2.22 - Amostra 10HHI (a) Mapa IQ (b) Mapa IPF e (c) Mapa de cor de grãos únicos
(UNNIKRISHNAN et al., 2014). ................................................................. 65
FIG. 2.23 - Região da solda da amostra 10HHI (a) Mapa FPI da austenita, (b) Mapa de
fase (vermelho=austenita e verde=ferrita) e (c) FPI da ferrita
(UNNIKRISHNAN et al., 2014). ................................................................. 66
FIG. 2.24 – Diagrama pseudobinário de aços inoxidáveis com os modos de solidificação
(A, AF, FA e F) (DI et al., 2016). ................................................................. 68
FIG. 2.25 – Micrografia óptica de uma região soldada (VERMA e TAIWADE, 2017).
...................................................................................................................... 70
12
FIG. 2.26 – Micrografia de austenita secundária e região de pit onde a austenita
secundária se fez presente (VERMA e TAIWADE, 2017). ......................... 70
FIG. 2.27 – Micrografia de vários tipos de precipitados nos aços inoxidáveis duplex
(VERMA e TAIWADE, 2017). .................................................................... 72
FIG. 2.28 – Micrografia de MEV da raiz da solda feita por SMAW (ELSAAD et al.,
2016). ............................................................................................................ 73
FIG. 2.29 – Medida de ferrita em diferentes processos de soldagem (ELSAAD et al.,
2016). ............................................................................................................ 74
FIG. 2.30 – Diagrama de Schaeffler para prever a evolução microestrutural dentro da zona
de transição (DI et al., 2016). ....................................................................... 75
FIG. 2.31 – Micrografias de TEM de diferentes regiões da zona de transição (DI et al.,
2016). ............................................................................................................ 76
FIG. 2.32 – Morfologia da zona de transição (a) Imagem de MO da interface e (b) Imagem
de MEV de diferentes regiões (DI et al., 2016). ........................................... 77
FIG. 3.1 – Fluxograma do programa experimental para o presente estudo. ................... 79
FIG. 3.2 - Esquema dos corpos de prova (CP). .............................................................. 80
FIG. 3.3 - Vista inferior do CP, mostrando o cordão de solda. ...................................... 81
FIG. 3.4 - Esquema de soldagem do Laboratório da EEIMVR/UFF. ............................ 82
FIG. 3.5 - Medição da distância de saída do arame à superfície da chapa, referente a
distância inicial de abertura do arco. ............................................................ 82
FIG. 3.6 - Superfície de uma das chapas que recebeu a deposição de solda. ................. 83
FIG. 3.7 - Superfície oposta de uma das chapas que recebeu a deposição de solda. ..... 83
FIG. 3.8 - Amostra MSC com leve encurvamento. ........................................................ 84
FIG. 3.9 - Máquina de ensaio MTS. ............................................................................... 85
FIG. 3.10 - Esquema estrutural da flexão em três pontos............................................... 85
FIG. 3.11 - Desenho esquemático dos corpos de prova (CP) de flexão, unidade em mm.
Vistas frontal (a) e superior (b) do CP sem solda e vistas frontal (c) e superior
(d) do CP com solda. .................................................................................... 86
FIG. 3.12 - Corpos de prova com deposição de solda. ................................................... 86
FIG. 3.13 - Acabamento nas laterais dos corpos de prova devido ao corte com serra de
fita. ................................................................................................................ 87
FIG. 3.14 – Desenho esquemático da posição do extensômetro em um corpo de prova
sem ou com solda, unidade em mm. ............................................................. 87
FIG. 3.15 - Máquina de ensaio EMIC da EEIMVR / UFF. ............................................ 89
13
FIG. 3.16 – Foto da máquina de ensaio da EMIC com o ferritoscópio acoplado no corpo
de prova. ....................................................................................................... 89
FIG. 3.17 - Geometria dos corpos de prova de tração (a) sem solda e (b) com solda,
unidade em mm. ........................................................................................... 91
FIG. 3.18 - Técnica de caracterização versus etapa final de preparação metalográfica das
amostras. ....................................................................................................... 92
FIG. 3.19 - Pontos de análise de seções típicas de CPs (a) sem solda e (b) com solda. . 95
FIG. 3.20 - Seções transversais com as direções nas quais foram feitas as indentações, nas
amostras em (a) CR e tração sem solda, em (b) flexão sem solda e em (c)
soldada, flexão e tração com solda. .............................................................. 97
FIG. 3.21 - Seção transversal de uma indentação axissimétrica (aput - adaptado de
OLIVER e PHARR, 1992). .......................................................................... 98
FIG. 3.22 - Curva genérica obtida via ensaio de microdureza instrumentada em função
das variáveis básicas medidas para o cálculo das propriedades (adaptado de
SHIMADZU Instruction Manual, 2009) ...................................................... 99
FIG. 3.23 - Geometria da indentação da dureza Berkovich (SHIMADZU Instruction
Manual, 2009). .............................................................................................. 99
FIG. 4.1 - Diagrama pseudobinário para aços inoxidáveis com os aços 304L e ER 2209
(modificado, DI et al., 2016). ..................................................................... 104
FIG. 4.2 - Pontos de aplicação de cargas do ensaio de dureza Rockwell. .................... 105
FIG. 4.3 - Tabela de conversão de dureza de Rockwell B e Rockwell C. Em vermelho, os
resultados experimentais (adaptado, CALLISTER E RETHWISCH, 2015).
.................................................................................................................... 106
FIG. 4.4 – Difratograma de Raios X da amostra na condição como recebido, relativo a
seção na corte na direção de laminação. ..................................................... 107
FIG. 4.5 - Macrografia da amostra somente soldada. ................................................... 108
FIG. 4.6 – Macrografia obtida com o uso do estereoscópio de uma amostra soldada. 108
FIG. 4.7 - Detalhe da macroestrutura observada através do estereoscópio na fronteira
entre o cordão da solda e o metal base. Em A, a solda. Em B1, fim da ZTA e
início da zona fundida (zona de transição), e B2 ZTA. Em C, o metal base.
.................................................................................................................... 109
FIG. 4.8 - Micrografia do AIA 304L, no ponto 1, na condição como recebido, obtida por
meio do detector de elétrons secundários do MEV, nos aumentos de (a) 200x
e (b) 1000x. Em (c) os pontos de análise da seção. .................................... 111
14
FIG. 4.9 - Micrografia do AIA 304L, em ½ de espessura (ponto 2), na condição como
recebido, obtida por meio do detector de elétrons secundários do MEV, nos
aumentos de (a) 200x e (b) 1000x. Em (c) os pontos de análise da seção. 112
FIG. 4.10 - Análise de EBSD, IPFX, na amostra CR, a ¼ de espessura, aumento de 100x,
em (a) fase CFC, em (b) fase CCC e (c) triângulo de orientação das fases CFC
e CCC. ........................................................................................................ 113
FIG. 4.11 - Análise de EBSD, IPFX, na amostra CR, a ½ espessura (ponto 2), aumento
de 500x, em (a) fase CFC, em (b) fase CCC e (c) triângulo de orientação das
fases CFC e CCC. ....................................................................................... 113
FIG. 4.12 - Micrografia do AIA 304L, no ponto 2, da amostra soldada, obtida por meio
do detector de elétrons secundários do MEV, nos aumentos de (a) 200x e (b)
1000x. Em (c) os pontos de análise da seção. ............................................ 115
FIG. 4.13 - Micrografia do AIA 304L, em ¾ de espessura (ponto 3), da amostra soldada,
obtida por meio do detector de elétrons secundários do MEV, nos aumentos
de (a) 200x e (b) 1000x. Em (c) os pontos de análise da seção. ................. 116
FIG. 4.14 - Micrografia da ZTA + zona de transição, da amostra soldada, posição 4, obtida
por meio do detector de elétrons secundários do MEV, nos aumentos de (a)
200x e (b) 1000x. Em (c) os pontos de análise da seção. ........................... 117
FIG. 4.15 - Micrografia da ZTA + zona de transição da amostra soldada, posição 5, obtida
por meio do detector de elétrons secundários do MEV, nos aumentos de (a)
200x e (b) 1000x. Em (c) os pontos de análise da seção. ........................... 118
FIG. 4.16 - Análise de EBSD, IPFX, na amostra soldada, na posição 4, aumento de 100x,
em (a) fase CFC, em (b) fase CCC e (c) triângulo de orientação das fases CFC
e CCC. ........................................................................................................ 119
FIG. 4.17 - Análise de EBSD, IPFX, na amostra soldada, na posição 5, aumento de 100x,
em (a) fase CFC, em (b) fase CCC e (c) triângulo de orientação das fases CFC
e CCC. ........................................................................................................ 119
FIG. 4.18 - Micrografia da ZTA + zona de transição da amostra soldada, posição 6, obtida
por meio do detector de elétrons secundários do MEV, nos aumentos de (a)
200x e (b) 1000x. Em (c) os pontos de análise da seção. ........................... 120
FIG. 4.19 - Micrografia da zona fundida da amostra soldada, posição 7, obtida por meio
do detector de elétrons secundários do MEV, nos aumentos de (a) 200x e (b)
1000x. Em (c) os pontos de análise da seção. ............................................ 122
15
FIG. 4.20 - Micrografia da zona fundida da amostra soldada, posição 8, obtida por meio
do detector de elétrons secundários do MEV, nos aumentos de (a) 200x e (b)
1000x. Em (c) os pontos de análise da seção. ............................................ 123
FIG. 4.21 - Análise de EBSD, IPFX, na amostra soldada, na posição 7, aumento de 100x,
em (a) fase CFC, em (b) fase CCC e (c) triângulo de orientação das fases CFC
e CCC. ........................................................................................................ 124
FIG. 4.22 - Análise de EBSD, IPFX, na amostra soldada, na posição 8, aumento de 100x,
em (a) fase CFC, em (b) fase CCC e (c) triângulo de orientação das fases CFC
e CCC. ........................................................................................................ 124
FIG. 4.23 - Gráfico tensão versus deformação de engenharia dos CPs com e sem solda,
obtido do ensaio de tração. ......................................................................... 125
FIG. 4.24 - Gráfico tensão versus deformação verdadeira dos CPs com e sem solda, obtido
do ensaio de tração. .................................................................................... 126
FIG. 4.25 – Fotografia dos CPs com solda após o ensaio de tração uniaxial até a ruptura.
.................................................................................................................... 128
FIG. 4.26 - Gráfico tensão x tempo em função da fração de martensita para um CP sem
solda. ........................................................................................................... 128
FIG. 4.27 - Gráfico tensão x tempo em função da fração de martensita para um CP com
solda. ........................................................................................................... 129
FIG. 4.28 – Gráfico fração de martensita versus tempo dos CPs sem e com solda. .... 129
FIG. 4.29 – Gráfico tensão versus deformação de engenharia dos CPs com e sem solda,
obtido do ensaio de flexão. ......................................................................... 133
FIG. 4.30 - Micrografia do AIA 304L da amostra tração sem solda, posição 1, aumento
de 1000x, obtida por meio do detector de elétrons secundários do MEV, em
(a). Em (b) os pontos de análise da seção. .................................................. 135
FIG. 4.31 - Análise de EBSD, IPFX, na amostra tração sem solda, posição 1, aumento de
100x, em (a) fase CFC, em (b) fase CCC, (c) triângulo de orientação das fases
CFC e CCC, em (d) fase HC e em (e) triângulo de orientação da fase HC.135
FIG. 4.32 - Micrografia do AIA 304L da amostra tração sem solda, posição 2, aumento
de 1000x, obtida por meio do detector de elétrons secundários do MEV, em
(a). Em (b) os pontos de análise da seção. .................................................. 136
FIG. 4.33 - Análise de EBSD, IPFX, na amostra tração sem solda, posição 2, aumento de
100x, em (a) fase CFC, em (b) fase CCC, (c) triângulo de orientação das fases
CFC e CCC, em (d) fase HC e em (e) triângulo de orientação da fase HC.136
16
FIG. 4.34 - Micrografia do AIA 304L da amostra tração com solda, posição 1, aumento
de 1000x, obtida por meio do detector de elétrons secundários do MEV, em
(a). Em (b) os pontos de análise da seção. .................................................. 137
FIG. 4.35 - Micrografia do AIA 304L da amostra tração com solda, posição 2, aumento
de 1000x, obtida por meio do detector de elétrons secundários do MEV, em
(a). Em (b) os pontos de análise da seção. .................................................. 138
FIG. 4.36 - Análise de EBSD, IPFX, na amostra tração com solda, posição 2, aumento de
100x, em (a) fase CFC, em (b) fase CCC, (c) triângulo de orientação das fases
CFC e CCC, em (d) fase HC e em (e) triângulo de orientação da fase HC.138
FIG. 4.37 - Micrografia do AIA 304L da amostra tração com solda, posição 3, aumento
de 1000x, obtida por meio do detector de elétrons secundários do MEV, em
(a). Em (b) os pontos de análise da seção. .................................................. 139
FIG. 4.38 - Micrografia da zona de transição da amostra tração com solda, posição 4,
aumento de 1000x, obtida por meio do detector de elétrons secundários do
MEV, em (a). Em (b) os pontos de análise da seção. ................................. 139
FIG. 4.39 - Análise de EBSD, IPFX, na amostra tração com solda, posição 4, aumento de
100x, em (a) fase CFC, em (b) fase CCC, (c) triângulo de orientação das fases
CFC e CCC, em (d) fase HC e em (e) triângulo de orientação da fase HC.140
FIG. 4.40 - Micrografia da zona de transição da amostra tração com solda, posição 5,
aumento de 1000x, obtida por meio do detector de elétrons secundários do
MEV, em (a). Em (b) os pontos de análise da seção. ................................. 140
FIG. 4.41 - Análise de EBSD, IPFX, na amostra tração com solda, posição 5, aumento de
100x, em (a) fase CFC, em (b) fase CCC, (c) triângulo de orientação das fases
CFC e CCC, em (d) fase HC e em (e) triângulo de orientação da fase HC.141
FIG. 4.42 - Micrografia da zona de transição da amostra tração com solda, posição 6,
aumento de 1000x, obtida por meio do detector de elétrons secundários do
MEV, em (a). Em (b) os pontos de análise da seção. ................................. 141
FIG. 4.43 - Análise de EBSD, IPFX, na amostra tração com solda, posição 6, aumento de
100x, em (a) fase CFC, em (b) fase CCC, (c) triângulo de orientação das fases
CFC e CCC, em (d) fase HC e em (e) triângulo de orientação da fase HC.142
FIG. 4.44 - Micrografia da zona fundida da amostra tração com solda, posição 7, aumento
de 1000x, obtida por meio do detector de elétrons secundários do MEV, em
(a). Em (b) os pontos de análise da seção. .................................................. 142
17
FIG. 4.45 - Análise de EBSD, IPFX, na amostra tração com solda, posição 7, aumento de
100x, em (a) fase CFC, em (b) fase CCC, (c) triângulo de orientação das fases
CFC e CCC, em (d) fase HC e em (e) triângulo de orientação da fase HC.143
FIG. 4.46 - Micrografia da zona fundida da amostra tração com solda, posição 8, aumento
de 1000x, obtida por meio do detector de elétrons secundários do MEV, em
(a). Em (b) os pontos de análise da seção. .................................................. 143
FIG. 4.47 - Micrografia do AIA 304L da amostra flexão sem solda, posição 1, aumento
de 1000x, obtida por meio do detector de elétrons secundários do MEV, em
(a). Em (b) os pontos de análise da seção. .................................................. 144
FIG. 4.48 - Análise de EBSD, IPFX, na amostra flexão sem solda, em ¼ de espessura
(posição 1), aumento de 100x, em (a) fase CFC, em (b) fase CCC, (c) triângulo
de orientação das fases CFC e CCC, em (d) fase HC e em (e) triângulo de
orientação da fase HC. ................................................................................ 145
FIG. 4.49 - Micrografia do AIA 304L da amostra flexão sem solda, posição 2, aumento
de 1000x, obtida por meio do detector de elétrons secundários do MEV, em
(a). Em (b) os pontos de análise da seção. .................................................. 145
FIG. 4.50 - Análise de EBSD, IPFX, na amostra flexão sem solda, posição 2, aumento de
100x, em (a) fase CFC, em (b) fase CCC, (c) triângulo de orientação das fases
CFC e CCC, em (d) fase HC e em (e) triângulo de orientação da fase HC.146
FIG. 4.51 - Micrografia do AIA 304L da amostra flexão sem solda, posição 3, aumento
de 1000x, obtida por meio do detector de elétrons secundários do MEV, em
(a). Em (b) os pontos de análise da seção. .................................................. 146
FIG. 4.52 - Análise de EBSD, IPFX, na amostra flexão sem solda, posição 3, aumento de
100x, em (a) fase CFC, em (b) fase CCC, (c) triângulo de orientação das fases
CFC e CCC, em (d) fase HC e em (e) triângulo de orientação da fase HC.147
FIG. 4.53 - Micrografia do AIA 304L da amostra flexão com solda, posição 1, aumento
de 1000x, obtida por meio do detector de elétrons secundários do MEV, em
(a). Em (b) os pontos de análise da seção. .................................................. 148
FIG. 4.54 - Micrografia do AIA 304L da amostra flexão com solda, posição 2, aumento
de 1000x, obtida por meio do detector de elétrons secundários do MEV, em
(a). Em (b) os pontos de análise da seção. .................................................. 148
FIG. 4.55 - Análise de EBSD, IPFX, na amostra flexão com solda, posição 2, aumento de
100x, em (a) fase CFC, em (b) fase CCC, (c) triângulo de orientação das fases
CFC e CCC, em (d) fase HC e em (e) triângulo de orientação da fase HC.149
18
FIG. 4.56 - Micrografia do AIA 304L da amostra flexão com solda, posição 3, aumento
de 1000x, obtida por meio do detector de elétrons secundários do MEV, em
(a). Em (b) os pontos de análise da seção. .................................................. 149
FIG. 4.57 - Micrografia da ZTA + zona de transição da amostra flexão com solda, posição
4, aumento de 1000x, obtida por meio do detector de elétrons secundários do
MEV. .......................................................................................................... 150
FIG. 4.58 - Análise de EBSD, IPFX, na amostra flexão com solda, posição 4, aumento de
100x, em (a) fase CFC, em (b) fase CCC, (c) triângulo de orientação das fases
CFC e CCC, em (d) fase HC e em (e) triângulo de orientação da fase HC.151
FIG. 4.59 - Micrografia da ZTA + zona de transição da amostra flexão com solda, posição
5, aumento de 1000x, obtida por meio do detector de elétrons secundários do
MEV. .......................................................................................................... 151
FIG. 4.60 - Análise de EBSD, IPFX, na amostra flexão com solda, posição 5, aumento de
100x, em (a) fase CFC, em (b) fase CCC, (c) triângulo de orientação das fases
CFC e CCC, em (d) fase HC e em (e) triângulo de orientação da fase HC.152
FIG. 4.61 - Micrografia da ZTA + zona de transição da amostra flexão com solda, posição
6, aumento de 1000x, obtida por meio do detector de elétrons secundários do
MEV. .......................................................................................................... 152
FIG. 4.62 - Análise de EBSD, IPFX, na amostra flexão com solda, posição 6, aumento de
100x, em (a) fase CFC, em (b) fase CCC, (c) triângulo de orientação das fases
CFC e CCC, em (d) fase HC e em (e) triângulo de orientação da fase HC.153
FIG. 4.63 - Micrografia da zona fundida da amostra flexão com solda, posição 7, aumento
de 1000x, obtida por meio do detector de elétrons secundários do MEV. . 154
FIG. 4.64 - Análise de EBSD, IPFX, na amostra flexão com solda, posição 7, aumento de
100x, em (a) fase CFC, em (b) fase CCC, (c) triângulo de orientação das fases
CFC e CCC, em (d) fase HC e em (e) triângulo de orientação da fase HC.154
FIG. 4.65 - Micrografia da zona fundida da amostra flexão com solda, posição 8, aumento
de 1000x, obtida por meio do detector de elétrons secundários do MEV. . 155
FIG. 4.66 - Formação de martensita após o ensaio de ultramicrodureza na matriz
austenítica - amostra FLEXÃO a 3-4E (a) antes e (b) depois. ................... 157
FIG. 4.67 - Indentações 3 a 6, em ½ de espessura, na amostra tração sem solda. ....... 157
FIG. 4.68 - Dureza Berkovich das amostras cujas indentações foram realizadas na direção
de laminação. .............................................................................................. 158
FIG. 4.69 - Dureza Berkovich na direção L0. .............................................................. 161
19
FIG. 4.70 - Dureza Berkovich na direção L5. .............................................................. 161
FIG. 4.71 – Módulo de indentação das amostras cujas indentações foram realizadas na
direção de laminação. ................................................................................. 162
FIG. 4.72 - Módulo de indentação (Eit) das amostras com solda na direção L0. ........ 165
FIG. 4.73 - Módulo de indentação (Eit) das amostras com solda na direção L5. ........ 166
20
LISTA DE TABELAS
TAB. 1.1 – Taxa de crescimento anual composta dos principais metais, de 1980 a 2017
(adaptado, ISSF, 2018). ................................................................................ 30
TAB. 2.1 Influência dos principais elementos químicos na composição dos aços
inoxidáveis (OUTOKUMPU, 2013)............................................................. 37
TAB. 2.2 Composição química dos principais elementos (SILVA E MEI, 2010)......... 38
TAB. 2.3 - Resumo das características dos grãos em função das zonas trativa e
compressiva (Ahmadi et al., 2017). .............................................................. 54
TAB. 2.4 - Volume de martensita α’ nas amostras 1.5RD (AHMADI et al., 2017). ..... 56
TAB. 2.5 - Parâmetros utilizados no processo de soldagem da amostra 10HHI (adaptado
de UNNIKRISHNAN et al., 2014). ............................................................. 63
TAB. 2.6 – Características dos processos de soldagem (JEBARAJ E JAYKUMAR,
2013). ............................................................................................................ 67
TAB. 2.7 – Formação de fases intermetálicas em aços inoxidáveis duplex (adaptado
VERMA e TAIWADE, 2017). ..................................................................... 71
TAB. 2.8 – Análise de EDS para diferentes fases da FIG. 2.28 (ELSAAD et al., 2016).
...................................................................................................................... 73
TAB. 3.1 - Composição química (% em peso) do aço inoxidável austenítico 304L em
estudo fornecido pela APERAM South América. ........................................ 78
TAB. 3.2 - Nomenclatura das amostras analisadas. ....................................................... 80
TAB. 3.3 – Composição química do arame AWS/ASME SFA-5.9 ER 2209 da ESAB
(adaptado de ESAB). .................................................................................... 81
TAB. 3.4 – Especificação do extensômetro utilizado nos ensaios de flexão em 3 pontos.
...................................................................................................................... 88
TAB. 3.5 – Quantidade de corpos de prova de tração utilizados. .................................. 90
TAB. 3.6 - Parâmetros do polimento eletrolítico e do ataque químico para etapa final de
preparação metalográfica. ............................................................................. 93
TAB. 3.7 - Parâmetros adotados no MEV para as análises com o detector de SE. ........ 95
TAB. 3.8 - Parâmetros adotados no MEV para as análises com o detector de EBSD. .. 95
TAB. 3.9 - Tabela das principais fases deste trabalho em função de sua estrutura cristalina
e aspectos morfológico na microestrutura. ................................................... 96
TAB. 3.10 - Parâmetros utilizados no ensaio de microdureza instrumentada. ............... 97
21
TAB. 4.1 - Valores das temperaturas de transformação e das EFEs para o aço inoxidável
304L utilizado nesse estudo. ....................................................................... 102
TAB. 4.2 - Composição química dos aços 304L estudado por TAHERI, et al., 2011. 102
TAB. 4.3 - Valores das temperaturas de transformação martensítica e EFE do aço 304L
calculados em função da composição química apresentado por TAHERI et al.,
2011. ........................................................................................................... 102
TAB. 4.4 - Razão cromo-níquel equivalente e respectivo modo de solidificação de cada
aço. .............................................................................................................. 104
TAB. 4.5 – Valores obtidos do ensaio de dureza. ........................................................ 105
TAB. 4.6 - Propriedades obtidas a partir do ensaio de tração. ..................................... 126
TAB. 4.7 - Propriedades mecânicas do aço inoxidável austenítico 304L – curva tensão
versus deformação de engenharia (Aperam South American). ................... 127
TAB. 4.8 – Propriedades mecânicas da literatura obtidas por meio de tração uniaxial –
curva tensão versus deformação verdadeira. .............................................. 127
TAB. 4.9 – Frações de martensita antes do ensaio e em 3% de deformação equivalente.
.................................................................................................................... 130
TAB. 4.10 – Dados reunidos das curvas de tensão versus deformação verdadeira junto
com a fração de martensita. ........................................................................ 131
TAB. 4.11 – Frações inicial e final de martensita, em função da tensão verdadeira de
parada (parada) no ensaio de ensaio de tração uniaxial com ferritoscópio
acoplado a corpos de prova do aço 304L, realizado por PAULA et al. (2012).
.................................................................................................................... 131
TAB. 4.12 - Propriedades obtidas a partir do ensaio de flexão. ................................... 133
TAB. 4.13 – Média dos ângulos dos contornos dos grãos obtidos por meio do EBSD (MB
= Metal Base, ZT = ZTA + Zona de Transição e ZF = Zona Fundida)...... 156
TAB. 4.14 - Resumo dos resultados da dureza Berkovich para as amostras sem solda.
.................................................................................................................... 160
TAB. 4.15 - Resumo dos resultados da dureza Berkovich para as amostras com solda.
.................................................................................................................... 160
TAB. 4.16 - Resumo dos resultados do módulo de indentação para as amostras sem solda.
.................................................................................................................... 164
TAB. 4.17 - Resumo dos resultados do módulo de indentação para as amostras com solda.
.................................................................................................................... 164
TAB. 4.18 - Percentual do módulo de elasticidade na direção L0. .............................. 167
22
TAB. 4.19 - Percentual do módulo de elasticidade na direção L5. .............................. 168
TAB. 5.1 – Resumo qualitativo da presença dos tipos de martensita nas amostras
ensaiadas. .................................................................................................... 172
TAB. 9.1 – Produção de aciaria de aços inoxidáveis (lingote/placa equivalente) em 1000
toneladas métricas (adaptado, ISSF, 2018). ............................................... 181
23
LISTA DE SÍMBOLOS
𝜈𝑖 - coeficiente de Poisson do identador (0,07)
𝜈𝑠 - coeficiente de Poisson da amostra
Ap - área de projeção da indentação resultante da penetração com o
indentador de dureza Berkovich;
As - área de contato da indentação resultante da penetração com o
indentador de dureza Berkovich;
At - aporte térmico
Cbm - concentração nominal de qualquer elemento do metal base;
Cfm - concentração nominal de qualquer elemento do metal de adição;
Creq - cromo equivalente
Ctz - concentração de qualquer elemento dentro da zona de transição;
D - diluição;
E - módulo de elasticidade
Eit - módulo de indentação;
Fmáx - força máxima utilizada no ensaio de microdureza
hc - profundidade de contato da indentação resultante da penetração
com o indentador de dureza Berkovich;
hmáx - profundidade máxima da indentação resultante da penetração com
o indentador de dureza Berkovich;
hp - profundidade permanente da indentação resultante da penetração
com o indentador de dureza Berkovich;
hr - altura referente ao retorno elástico perfeito
HT115 - dureza Berkovich
L - altura média da indentação (ensaio de microdureza)
L - vão entre apoios em uma viga biapoiada
M - martensita
Md - temperatura limítrofe para ocorrência da transformação
martensítica induzida por deformação plástica;
Md30 ou Md30/50 temperatura na qual 50% da martensita é produzida com 30% de
deformação verdadeira
24
Mi - é a temperatura de início da transformação da martensítica
induzida termicamente;
Miσ - temperatura na qual a tensão requerida para nucleação martensítica
atinge a resistência para escoamento plástico da fase austenítica;
Nieq - níquel equivalente
T0 - temperatura de equilíbrio termodinâmico entre a austenita não-
deformada e a martensita;
uI - energia interna requerida para a transformação martensítica;
uIc - máxima energia interna que pode ser acumulada;
α - ferrita alfa
α’ - martensita alfa linha
γ - austenita
γ2 - austenita secundária
γSFE - energia de falha de empilhamento
δ - ferrita delta
ΔGch - diferença das energias livres químicas da austenita não-deformada
e da martensita;
ΔGcrit - é a força motriz crítica;
ΔGq - energia livre química
ε - constante que depende da geometria do indentador (ensaio de
microdureza)
ε - martensita épsilon
εmáx - deformação máxima (ensaio de tração uniaxial ou flexão de três
pontos)
σ - fase sigma
σr - tensão limite de resistência
σy - limite de escoamento
𝑆 - inclinação da curva durante o descarregamento (região linear)
25
LISTA DE SIGLAS
AI - Aço inoxidável
AIA - Aço Inoxidável Austenítico
AID - Aço Inoxidável Duplex
AISI - American Iron and Steel Institute
ASM - American Society for Metals
ASME - American Society of Mechanical Engineers
At - aporte térmico
AWS - American Welding Society
CBPF - Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas
CC- - Corrente contínua com polaridade direta
CCC - Cúbica de Corpo Centrado
CFC - Cúbica de Face Centrada
CP - Corpo de Prova
CR - Como Recebida
DIMT Deformation Induced Martensitic Transformation
DL - Direção de Laminação
DN - Direção Normal
DRX - difração de Raios X
EBSD Difração de Elétrons Retroespalhados (Electron Backscatter
Diffraction)
EDS - Detector de Raios X por energia dispersiva
EEIMVR - Escola Engenheira Industrial Metalúrgica de Volta Redonda
EFE - energia de falha de empilhamento
ESAB - Elektriska Svetsnings Aktie Bolaget
EUA - Estados Unidos da América
FCAW - Flux Cored Arc Welding
FEG - Canhão de Emissão de Campo (Field Emission Gun)
FMCE - Fábrica de Material de Comunicações e Eletrônica
GBA - Grain Boundary Allotriomorphs
GMAW - Gas Metal Arc Welding
GNL - Gás Natural Liquefeito
26
GTAW - Gas Tungsten Arc Welding
HC - Hexagonal Compacta
HHI - High Heat Input
HRB - Dureza Rockwell B
HRC - Dureza Rockwell C
ICEx - Instituto de Ciências Exatas
IGA - Intragranular Austenite
IMBEL - Indústria de Material Bélico do Brasil
IME - Instituto Militar de Engenharia
IPF - Figura de Polo Inversa (Inverse Pole Figure)
ISSF - International Stainless Steel Forum
LBW - Laser Beam Welding
MAG - Metal Active Gas
MB - Metal Base
MET - Microscópio Eletrônico de Transmissão
MEV - Microscópio Eletrônico de Varredura
MIG - Metal Inert Gas
MO - Microscópio Óptico
PAW - Plasma Arc Welding
PH - Precipitation Hardening
RU - Reino Unido
SE - elétrons secundários
SMAW - Shield Metal Arc Welding
TM - Transformação Martensítica
TRIP - Transformation-Induced Plasticity
TT - Tratamento Térmico
TWIP - Twinning-Induced Plasticity
UE - União Européia
UFF - Universidade Federal Fluminense
WA - Widmanstätten Austenite
WRC - Welding Research Council
ZF - Zona Fundida
ZTA - Zona Termicamente Afetada
PPGEM - Pós-Graduação em Engenharia Metalúrgica
27
RESUMO
Os aços inoxidáveis austeníticos (AIA) e alguns dos aços inoxidáveis duplex (AID),
em função da composição química da fase austenítica que os compõe, podem apresentar
transformação martensítica induzida por deformação (efeito TRIP - Transformation-
Induced Plasticity), em função da natureza e magnitude da solicitação mecânica a que
estão sujeitos. Além disso, a associação destes materiais pode trazer resultados positivos
em função de suas características microestruturais e propriedades mecânicas distintas,
aliadas à excelente resistência à corrosão em meios e condições distintas. Sendo assim, é
interessante para determinadas aplicações, a conjugação de componentes ou o
revestimento de peças com uso de processo de soldagem, tanto para união de peças, como
também para depósito de materiais dissimilares. Com o intuito de avaliar o aspecto
microestrutural e o comportamento mecânico quanto ao uso de revestimento de aço
inoxidável duplex (arame ER 2290) sobre metal base de aço inoxidável austenítico 304L
(chapa de 12,8 mm de espessura), fez-se uso do processo de soldagem a arco proteção
gasosa (SMAW-MIG) com uso de mistura de argônio com 2% de oxigênio com um
depósito de cordão de solda transversalmente à direção de laminação. Este conjunto, em
comparação às condições sem depósito de solda, foi submetido a esforços de flexão de
três pontos e tração uniaxial até uma deformação equivalente de 3% (um pouco acima do
limite de escoamento). As condições de partida (aço 304L sem e com depósito de cordão
de solda de AID ER 2209) foram caracterizadas tanto do ponto de vista estrutural
(macroestrutura, difração de Raios X e microscopia eletrônica de varredura), como
mecânico (macrodureza, microdureza instrumentada e tração uniaxial até a ruptura
associadas às medidas de ferritoscopia). De forma a avaliar a ocorrência de efeito TRIP
nos estágios iniciais de deformação plástica em função das condições de esforços de
flexão em três pontos ou tração uniaxial, foram conduzidas caracterizações de ordem
microestrutural no Microscópio Eletrônico de Varredura (MEV) com detectores de
elétrons secundários (SE) e de difração de elétrons retroespalhados (EBSD) e mecânica
via microdureza instrumental em comparação com as condições de partida. Reunindo os
dados dessas análises, foi possível verificar uma boa adesão entre os aços em função da
zona de transição formada na zona fundida pela diluição entre o metal base AIA 304L e
o metal de adição AID ER2290, como também uma zona termicamente afetada (ZTA)
muito estreita e pouco alterada do ponto de vista microestrutural. Após os ensaios de
flexão e tração com deformação equivalentes, verificou-se, por meio de mapas de
EBSD/MEV, a presença da martensita e, por vezes, em conjunto com a martensita α’ –
típico do estágio inicial de deformação plástica associada ao efeito TRIP. Com uso do
detector de SE/MEV foi possível constatar a maior formação de martensita α’, ε e a
transição de ε→α’, nas áreas tracionadas compostas pelo metal base ou na zona fundida
composta pela mistura dos aços (maior teor de austenita). Observou-se, que a dureza
Berkovich apresenta pouca variação em termos de valor médio, porém com grande
dispersão entre os distintos pontos de medida. Por outro lado, verificou-se grande
influência das martensitas formadas no valor da propriedade do módulo de indentação.
28
ABSTRACT
Austenitic stainless steels (AIA) and some of the duplex stainless steels (AID) in a
function of the chemistry of the austenitic phase that make them are capable of being
martensitic transformation induced by deformation (Transformation-Induced Plasticity -
TRIP effect), with a nature and magnitude of which they are subject. In addition, the use
of these together can present positive results in their microstructural characteristics and
mechanical properties coupled with excellent corrosion resistance in different
environment and conditions. Also, it is interesting to note that the use of welding
processes is not a problem. In order to evaluate the microstructural aspect and the
arrangement with the use of a duplex stainless steel coating (ER 2290 wire), with a 304L
austenitic stainless metal base (12.8 mm thick sheet), the use of gas metal arc welding -
metal inert gas (GMAW-MIG) using a 2% oxygen argon mixture with a weld bead
deposit transversely to the rolling direction. Where this set, compared to the conditions
of a weld deposit, was subjected to 3-point bending flexion and uniaxial tensile at an
equivalent 3% strain (slightly above the yield limit). The initial conditions (304L steel
without and with AID weld bead deposit ER 2209) were characterized from a structural
(macrostructure, X-ray diffraction - XRD and scanning electronic microscopy - SEM),
and mechanical point of view (macrohardness, instrumented microhardness and uniaxial
tensile up to rupture associated with the ferritoscope measurements). In order to evaluate
the occurrence of TRIP effect in the initial stages of plastic strain of three-point bending
stresses or uniaxial tensile, microstructural characterization were conducted in the SEM
with secondary electrons (SE) and electron backscattered diffraction (EBSD) detectors.
The mechanical properties were taken by instrumented microhardness test. By combining
the data from these analyzes, it was possible to verify a good adhesion between the steels
as a function of the transition zone formed in the melted zone by the dilution between the
base metal AIA 304L and the addition metal AID ER2290, as well as a heat affected zone
(HAZ) very narrow and few altered from the microstructural point of view. After bending
and tensile tests with equivalent strain were verified by EBSD / SEM maps that showed
the presence of ε martensite and, in some cases, together with the α’ martensite, those are
typical of the plastic strain initial stage associated TRIP effect. With the images obtained
from SE / SEM detector were possible to verify the higher formation of martensite α', ε
and the transition of ε → α' in the tensile areas composed of base metal or in the melted
zone composed of the steel mixture (higher austenite content). It was observed that the
Berkovich hardness shows few variation in terms of average value, but with great
dispersion anong the different measuring points. On the other hand, was observed a great
influence of martensites formed on the indentation modulus property values .
29
1 INTRODUÇÃO
Na 22ª conferência do Internacional Stainless Steel Forum (ISSF), foram
apresentados os dados estatísticos da produção e do mercado internacional de aço
inoxidável (ABINOX, 2018 (1)). A produção mundial de aciaria de aços inoxidáveis
experimentou um crescimento de um milhão de tonelada, em 1950, até 48 milhões de
toneladas, em 2017, sob uma taxa de crescimento anual composta de 5,85%, conforme
pode ser visto na FIG. 1.1 (ISSF, 2018).
FIG. 1.1 – Taxa de crescimento anual composta da produção mundial de aciaria de
aços inoxidáveis (adaptado, lingote/placa equivalente) (ISSF, 2018).
Entre os anos de 1980 a 2017, a produção de aço inoxidável cresceu à uma taxa de
5,39%. Enquanto que, no mesmo período, a produção de outros materiais foi inferior,
como pode ser visto na TAB. 1.1 (ISSF, 2018).
A produção de aciaria de aços inoxidáveis, por região do mundo, dos anos de 2012 a
2017, pode ser vista na FIG. 1.2 e detalhada na TAB. 9.1 em anexo. Observa-se uma
produção quase constante da Europa. Houve um crescimento mais suave na produção dos
EUA e outros países, como Brasil, Rússia, África do Sul, Coréia do Sul e Indonésia.
Porém, destaca-se a Ásia, cuja economia está em rápida expansão, com grande porção da
produção mundial de AIs (ISSF, 2018). Destaque para China, cuja produção já superou o
Japão, como líder mundial em produção de aço inoxidável, com consumo per capita
30
alcançando de 4,6 kg/habitante em 2006 (LO SHEK e LAI, 2009). Em 2005, a produção
chinesa representa 12,9% da produção mundial de AI. Em 2017, representa 53,6 do total,
com 25,77 milhões de toneladas de produzidas (ABINOX, 2018 (1) e ISSF, 2018).
TAB. 1.1 – Taxa de crescimento anual composta dos principais metais, de 1980 a
2017 (adaptado, ISSF, 2018).
Metal Taxa de crescimento (%/ano)
Aço inoxidável 5,39
Chumbo 1,99
Cobre 2,67
Zinco 2,20
Alumínio 3,90
Aço carbono 2,35
FIG. 1.2 – Produção de aciaria de inoxidáveis (lingote/placa equivalente) por
região em 1000 toneladas. Outros: Brasil, Rússia, África do Sul, Coréia do Sul e
Indonésia (ISSF, 2018).
A Conferência Feinox 2008 estima que haverá um crescimento de 4% da produção
mundial dos AIs em 2020. Os aços inoxidáveis austeníticos (AIA) clássicos (série 300)
tiveram uma demanda de 62% em 2007, devido ao alto preço do níquel, e estima-se que
em 2020 haverá uma redução em sua produção, porém ainda terão um percentual
considerável de 53% (VERMA e TAIWADE, 2017).
31
Outras alternativas para materiais com baixo ou nenhum teor de níquel são os aços
inoxidáveis austeníticos da série 200 e os ferríticos e martensíticos da série 400, utilizados
em ambientes corrosivos moderados e setores estruturais. A produção da série 200, em
2007, foi de 10%, sendo prevista para 2020 uma produção em torno de 6%. Já a série 400,
por possuir baixo custo de produção, boa condutividade térmica e ser reciclável, teve sua
produção em 2007 correspondente à 27% e uma previsão de 37% em 2020. Os aços
inoxidáveis duplex tiveram uma produção de 1%, em 2017, com previsão de crescimento
para 4%, em 2020. Esses percentuais são ilustrados na FIG. 1.3 (VERMA e TAIWADE,
2017).
FIG. 1.3 Tendência e previsão do consumo de aço inoxidável (VERMA e
TAIWADE, 2017).
Nas FIG. 1.4 e FIG. 1.5 são mostrados o consumo aparente (produção nacional +
importações – exportações) e a produção de aço inoxidável brasileira, respectivamente
(ABINOX, 2018). Entre os anos de 2000 a 2008, a demanda por aço inoxidável no Brasil
vinha se ampliando a taxas superiores à do crescimento da economia, com uma média
anual de crescimento de 5,2%. Em 2009, a crise mundial provocou uma queda de 30%
no consumo interno. Do ano de 2010 ao ano de 2014, a expansão chegou a 8,8% ao ano.
Porém, com a recessão, em 2015, o consumo brasileiro de aço interrompeu uma trajetória
de crescimento acelerado, com uma queda de 25%, indo para 299,5 mil toneladas. Como
alternativa à retração do mercado brasileiro e com uma indústria capaz de suprir tanto o
mercado interno, como o externo, as empresas destinaram parte da produção ao mercado
externo, com vendas atingindo de 30% a 45% da produção (VALOR ECONÔMICO,
2015). Em 2016, o consumo aparente no Brasil, fechou superior que em 2015.
32
FIG. 1.4 Consumo aparente per capita de aço inoxidável no Brasil (kg/hab/ano)
(ABINOX, 2018 (2)).
FIG. 1.5 Produção brasileira de aço inoxidável (ABINOX, 2018 (2)).
A presença do aço inoxidável, nos mais variados setores da atividade humana, é tão
extensa que não se percebe o quanto que interagimos com esse material (ABINOX, 2018
(3)). Na FIG. 1.6, pode-se ver a distribuição do uso dos aços inoxidáveis por setor, no ano
de 2017. Os produtos metálicos compõem 37,5%, o maquinário elétrico 7,6%, os motores
e partes de veículos 9,4%, itens de engenharia mecânica 28,3%, o uso na construção
abrange 12,3% e outros usos nos transportes fecham com 4,9%. Nos países
33
desenvolvidos, 18,9% dos motores que utilizam o AI como matéria-prima, enquanto que
nos países em desenvolvimento, apenas, 5,2% utilizam os AIs nos motores de veículos.
FIG. 1.6 – Uso dos aços inoxidáveis por setor em 2017 (ISSF, 2018).
O Aço Inoxidável Austenítico (AIA) está presente em diversas aplicações em
diferentes tipos de indústrias, como a automobilística, aeronáutica, naval, química e de
produção de energia. Há preferência de seu uso, por exemplo, em tanques de
armazenamento de Gás Natural Liquefeito (GNL), onde são utilizadas temperaturas
criogênicas, em torno de 110 K (-163ºC) e há consideráveis cargas de impacto provocadas
pelo fluido contido. Em especial, o AIA 304L é utilizado nesses tanques como principal
material para compor as membranas e os sistemas de válvulas (YOO et al., 2011).
Os AIA possuem boas características como: resistência à corrosão, resistência
mecânica em baixa temperatura e, em meios extremos, soldabilidade e ductilidade. Além
disso, suas propriedades mecânicas podem ser melhoradas pela transformação de fase
induzida por plasticidade. Aços que sofrem esse tipo de processo, são conhecidos como
aços susceptíveis ao efeito TRIP, do inglês Transformation Induced Plasticity
(Transformação Plástica Induzida) (YOO et al., 2011).
Em aços austeníticos homogêneos, a citar os AIA, e também em alguns aços
inoxidáveis duplex, o efeito TRIP é observado na fase austenítica em consequência de
carregamentos estáticos, dinâmicos e cíclicos. Em todos os casos, em função da
34
solicitação mecânica para o processamento/adequação de propriedades ou no trabalho
durante a aplicação, o endurecimento é fortemente dependente da transformação
martensítica.
Além do efeito TRIP, outro importante processo que altera a microestrutura do
material é a soldagem. Em AIA e aços inoxidáveis duplex (AID) durante o processo de
soldagem é possível ocorrer a formação de trincas devido às tensões residuais geradas.
Dependendo do nível das tensões residuais geradas em conjunto com a composição
química (seja do metal base, zona termicamente afetada e zona fundida), pode ocorrer a
formação de fases martensíticas pode vir a ser induzida, o que poderia gerar um
endurecimento local do material. A fim de evitar uma fratura prematura, costuma-se
submeter o material à um tratamento térmico (TT) antes e após a soldagem, porém, nem
sempre isso é possível. Na indústria petroquímica, é usual realizar as soldas em campo e
muitas vezes em locais de difícil acesso. Além disso, a necessidade de TT impacta na
linha de produção, necessitando de muitas paradas e aumentando ainda mais o custo de
fabricação. Em função disso, há estudos da soldagem em AIA sem o processo de TT
(FUENTES, 2011).
Hoje em dia, diversas situações industriais demandam a junção de materiais
dissimilares a fim de ter benefícios econômicos e melhor performance mecânica. A
soldagem de materiais dissimilares é uma técnica fascinante, a qual envolve junção de
metais com composições químicas, pontos de fusão e coeficientes de expansão térmica
distintas. Consequentemente, muitos contratempos em termos metalúrgicos e mecânicos
são esperados. O maior desafio na soldagem de materiais dissimilares está na escolha do
metal de adição apropriado. Uma escolha inapropriada do arame pode causar prejuízos
metalúrgicos como trincas de soldagem e formação de segundas fases indesejadas
(RAMKUMAR et al., 2015).
No estudo do efeito TRIP em AIA e AID poucos são os trabalhos que fazem menção
às modificações estruturais destes materiais sob condições de deformação um pouco
acima do limite de escoamento e em função da condição de carregamento, como também
do efeito após a soldagem. Assim, o presente trabalho busca conjugar um aço inoxidável
austenítico clássico, 304L, com um aço inoxidável duplex através de processo de
soldagem, submetendo este conjunto a esforços de tração e/ou compressão, a fim de
verificar a ocorrência do efeito TRIP em percentuais de deformação um pouco acima do
limite de escoamento do aço inoxidável austenítico.
35
Dessa forma, o presente trabalho teve por objetivo caracterizar a microestrutura de
uma região do material onde houve deposição de um cordão de solda de aço inoxidável
duplex pelo processo soldagem a arco elétrico por gás inerte (GMAW – MIG), sob um
metal base constituído de aço inoxidável austenítico 304L laminado a quente. O material
foi submetido a esforços de tração uniaxial e flexão em três pontos, ambos a temperatura
ambiente e com velocidade de deformação iguais. Para isso foram realizados as seguintes
caracterizações e ensaios nas chapas do aço inoxidável 304L, como recebido, e com
depósito de cordão de solda de aço inoxidável duplex transversalmente à direção de
laminação.
Caracterização microestrutural e mecânica através de microscopia óptica (MO) e
microscopia eletrônica de varredura (MEV) em conjunto com a difração de
elétrons retroespalhados (EBSD) e microdureza instrumentada, a fim de definir
as fases presentes e suas distintas propriedades mecânicas ao longo da espessura
(1/4, 1/2 e 3/4 da espessura) Os ensaios foram realizados nas regiões do metal
base (sem e com cordão de solda), na zona termicamente afetada (ZTA) e na zona
fundida (ZF);
Ensaio de tração uniaxial a temperatura ambiente até a ruptura, associado a
medições de ferritoscopia (até pouco antes do estabelecimento do limite de
resistência), a fim observar mudanças no comportamento mecânico e de
transformação de fases até a ruptura, em função da presença do cordão único de
solda depositado no ponto médio do comprimento útil do corpo de prova de
tração.
Ensaios de flexão em três pontos e de tração uniaxial até níveis de deformação
equivalente, um pouco acima do limite de escoamento do material, a fim de
observar as modificações microestruturais com auxílio do MEV/EBSD, e
verificar as propriedades mecânicas a partir das medidas de microdureza
instrumentada ao longo da espessura (1/4, 1/2 e 3/4 da espessura). Os ensaios
foram realizados nas regiões de metal base (sem e com cordão de solda), zona
termicamente afetada (ZTA) e zona fundida (ZF).
36
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 AÇO INOXIDÁVEL
O aço inoxidável foi descoberto por Harry Brearley (1871-1948), em meados de
agosto de 1913, na cidade de Sheffield (Inglaterra). Brearley trabalhava no Laboratório
de Pesquisa Brown-Firth e estava pesquisando um material resistente à abrasão (desgaste
excessivo) a pedido de uma fábrica de canos de armamentos. Para tal, começou a
adicionar cromo a fim de elevar o ponto de fusão do aço. Há indícios que o pesquisador
jogou seu aço de pesquisa no ferro velho e, depois de um tempo, ao retornar percebeu que
o material não tinha “enferrujado”. Porém, o mais provável é que tenha descoberto a
propriedade ao tentar fazer um ataque químico para revelar a microestrutura, verificando
resistência do material a este ataque (CAPUS, 2013).
Ciente da relevância de sua descoberta, Brearley comunicou ao seu empregador sobre
sua aplicabilidade à indústria de talheres, porém sua proposta foi recusada. Procurou
ajuda numa indústria local de cutelaria, R.F. Mosley & Co, onde um amigo, E. Stuart,
renomeou seu “aço sem ferrugem” em “aço inoxidável”. Brearley desencadeou a
produção comercial do aço resistente à corrosão, porém teve que deixar o Laboratório
Brown Firth, após muitas reinvindicações da patente. A Primeira Guerra Mundial
interrompeu as pesquisas sobre o aço inoxidável, porém foi retomada pelo sucessor de
Brearley no Laboratório Brown Firth, Dr W.H. Hatfield, que desenvolveu posteriormente
o aço inoxidável austenítico, conhecido como “18/8”, o qual possuía em sua composição,
além do cromo, o níquel (18%p Cr e 8%p Ni) (CAPUS, 2013).
Os aços inoxidáveis (AI) são ligas de ferro-cromo (Fe-Cr), podendo conter adições
de níquel (Ni), molibdênio (Mo) e outros elementos. O teor de cromo deve ser acima de
12% em peso, para que haja um aumento na resistência à corrosão, a qual é devida ao
fenômeno da passivação, que consiste na formação de uma camada bem fina, densa e
aderente de óxidos mistos (CALLISTER E RETHWISCH, 2015; OUTOKUMPU, 2013;
SILVA E MEI, 2010).
37
2.1.1 COMPOSIÇÃO QUÍMICA
Influência dos principais elementos químicos na composição dos aços inoxidáveis é
sumarizada na TAB. 2.1(OUTOKUMPU, 2013).
TAB. 2.1 Influência dos principais elementos químicos na composição dos aços
inoxidáveis (OUTOKUMPU, 2013).
ELEMENTO CARACTERÍSTICA
Cromo
(Cr)
Principal responsável por conferir resistência à corrosão;
Estabilizador da ferrita.
Níquel
(Ni)
Sua principal função é estabilizar a austenita;
Contribui para a melhora da: resistência à corrosão,
resistência mecânica a quente, ductilidade (estampagem),
tenacidade e soldabilidade.
Molibdênio
(Mo)
Aumenta significativamente a resistência à corrosão (por via
úmida, uniforme e localizada);
Melhora um pouco a resistência mecânica;
Ajuda a estabilizar a ferrita.
Manganês
(Mn)
Melhora a ductilidade a quente;
Melhora a solubilidade do nitrogênio (utilizado nos AI
austeníticos e duplex);
Em alta temperatura, estabiliza a ferrita;
Em baixa temperatura, estabiliza a austenita (podendo
substituir em parte o Ni).
Silício
(Si)
Melhora a resistência à oxidação em altas temperaturas e em
soluções extremamente oxidantes a baixas temperaturas;
Estabiliza a ferrita;
Aumenta a resistência mecânica.
Carbono
(C)
Grande responsável pela formação da austenita;
Aumenta significativamente a resistência mecânica;
Reduz a resistência à corrosão intergranular (formação de
carbetos);
Nitrogênio
(N)
Grande influenciador na formação da austenita;
Aumenta significativamente a resistência mecânica;
Melhora a resistência à corrosão localizada, principalmente
quando acompanhado do molibdênio.
Nióbio
(Nb)
Forte formador de ferrita e carbonetos;
Em AIA: melhora a resistência à corrosão intergranular e
propriedades em altas temperaturas.
38
2.1.2 TIPOS DE AÇO INOXIDÁVEIS
Os aços inoxidáveis são, normalmente, classificados em função de sua microestrutura
a temperatura ambiente (SILVA E MEI, 2010; CHIAVERINI, 1988). Na TAB. 2.2 é
mostrada a composição dos principais elementos de cada tipo.
TAB. 2.2 Composição química dos principais elementos (SILVA E MEI, 2010).
*1 – série 300; e *2 – Típica composição da série 200 (OUTOKUMPU, 2013).
Aços inoxidáveis martensíticos, devido à composição de níquel, interceptam o campo
austenítico no diagrama de fases, sendo, portanto, endurecíveis por tratamento térmico de
têmpera. A têmpera, por reduzir a possibilidade de precipitação de carbonetos, contribui
para o aumento da resistência à corrosão. São exemplos dos aços inoxidáveis austeníticos
(AISI - American Iron and Steel Institute): 403, 410, 414, 416, 420, 431, 440 (A, B ou C)
e 501. Possuem as seguintes características (SILVA E MEI, 2010; CHIAVERINI, 1988):
são ferro-magnéticos;
boa trabalhabilidade a quente ou a frio, principalmente, quando o teor de carbono
for mais baixo;
elevada resistência ao amolecimento no revenimento;
soldabilidade limitada devido à elevada temperabilidade.
Aços inoxidáveis ferríticos possuem estrutura ferrítica praticamente em todas as
temperaturas. Devido ao alto teor de cromo, esses aços não atingem o campo austenítico
no diagrama de fases, não sendo, portanto, endurecíveis por tratamento de têmpera. São
39
exemplos de aços inoxidáveis ferríticos (AISI): 405, 430, 430F, 446 e 502. Possuem como
características (SILVA E MEI, 2010; CHIAVERINI, 1988):
boa resistência, em especial, a trincas de corrosão sob tensão;
quando isentos de níquel, boa resistência à corrosão em ambientes com enxofre
e altas temperaturas;
baixa resistência ao impacto;
dificuldades com soldabilidade.
Aços inoxidáveis endurecidos por precipitação (PH, do inglês, Precipitation
Hardening) foram desenvolvidos a partir dos aços austeníticos clássicos 18:8, com a
redução do teor de níquel e a adição de outros elementos (alumínio, cobre, titânio e/ou
nióbio), possibilitando o endurecimento da martensita de baixo carbono pela precipitação
de compostos intermetálicos. São exemplos desses aços inoxidáveis (ASTM): 1.4540
(XM 12), 1.4542 (630) e 1.4534 (XM 13). Possuem como características (SILVA E MEI,
2010; CHIAVERINI, 1988):
resistência à corrosão equivalente à de aços austeníticos clássicos;
propriedades mecânicas elevadas, comparáveis com as dos aços inoxidáveis
martensíticos;
boa trabalhabilidade. Na condição solubilizada são de fácil usinagem. Após o
envelhecimento, verifica-se pouca variação dimensional e problemas de
distorção, trincas e descarbonetação são praticamente nulos.
Como os AI duplex e austenítico fazem parte do estudo, eles são melhor explorados
ao longo desta revisão da literatura.
2.1.3 AÇO INOXIDÁVEL DUPLEX
Os aços inoxidáveis duplex (AID) também são conhecidos como ferríticos-
austeníticos (SILVA E MEI, 2010), por possuírem sua microestrutura composta por uma
proporção igualmente balanceada entre as fases ferríticas e austeníticas em sua matriz
(ELSAADY et al., 2016). Em comparação com os aços carbonos e os aços inoxidáveis
austeníticos, eles possuem maiores resistências mecânica e à corrosão (ELSAADY et al.,
2016 e GRAZIANO et al., 2015). Por isso, são utilizados em tanques químicos, plantas
40
de dessalinização, processos químicos e petroquímicos, tubulações e separadores de óleo
e gás (ELSAADY et al., 2016). São exemplos desses aços: AISI 329, UNS S32304 e
S31803. Uma nova geração tem sido apresentada como “superduplex”, como por
exemplo: UNS S32760. Possuem como características (SILVA E MEI, 2010):
elevada resistência mecânica;
boa tenacidade;
boa resistência à corrosão em vários meios;
excelente resistência à corrosão sob tensão;
excelente resistência mecânica à fadiga.
A microestrutura típica de um aço inoxidável duplex apresenta ilhas mais claras de
austenita encapsuladas em uma matriz mais escurecida de ferrita delta, conforme ilustrado
na FIG. 2.1, através de diferentes técnicas experimentais: (a) e (b) microscopia óptica, (c)
microscopia eletrônica de varredura e detalhe em (d) microscopia eletrônica de
transmissão (JEBARAJ e AJAYKUMAR, 2013; e VERMA e TAIWADE, 2017).
FIG. 2.1 - Micrografia de um aço inoxidável dúplex obtida por diferentes técnicas
experimentais (a) MO (JEBARAJ e AJAYKUMAR, 2013), (b) MO, (c) MEV e
(d) MET (modificado, VERMA e TAIWADE, 2017).
41
2.1.4 AÇOS INOXIDÁVEIS AUSTENÍTICOS
Aços inoxidáveis austeníticos (AIA): formam o maior grupo dos AI e possuem
estrutura essencialmente austenítica após o tratamento térmico comercial. Podem ser
divididos em dois grupos: Fe-Cr-Ni e Fe-Cr-Mn-Ni. A maior parte dos AIA pertencem
ao primeiro grupo. O alto teor de níquel melhora consideravelmente a resistência à
corrosão e oxidação em altas temperaturas, pelo fato do níquel ser mais nobre que o ferro,
formando uma película protetora espontaneamente e, quando danificado, sua taxa de
recuperação é mais rápida que num sistema Fe-Cr. São exemplos desses aços inoxidáveis
(AISI): 301, 302, 304, 304L, 308, 310, 316, 316L, 317, 321 e 347. O segundo grupo
surgiu durante a Segunda Guerra Mundial devido ao menor custo do manganês frente ao
custo e disponibilidade do níquel. Cerca de 4% de Ni é substituído por elementos de
tendência austenizante como o manganês (teor em torno de 7%) ou nitrogênio (com teor
máximo de 0,25%). São exemplos desses aços inoxidáveis (AISI): 201, 202 e 204. De
forma geral, os aços inoxidáveis austeníticos possuem as seguintes características
(SILVA E MEI, 2010; CHIAVERINI, 1988):
não são ferro-magnéticos;
não são endurecíveis por tratamento térmico, somente por trabalho mecânico a
frio;
alta resistência à corrosão;
elevada tenacidade;
boa soldabilidade;
aplicabilidade em temperaturas criogênicas;
aplicabilidade em temperaturas elevadas;
encruamento acima do normal.
Os AIA apresentam diversas características interessantes para diversos tipos de
aplicações. Essas características estão diretamente relacionadas à microestrutura, que
pode ser alterada por:
composição química;
deformação à frio;
tratamentos térmicos.
42
Para melhor compreensão da metalurgia dos AIA, pode-se analisar o sistema Fe-Cr-
Ni através de uma seção do diagrama de equilíbrio de fases desses elementos para um
teor de cromo constante de 18%, conforme FIG. 2.2 (SILVA E MEI, 2010).
FIG. 2.2 - Diagrama de equilíbrio de fases do Fe-Cr-Ni para um teor de cromo
constante de 18% (SILVA E MEI, 2010).
Há duas informações importantes que podem ser extraídas do diagrama da FIG. 2.1
(SILVA E MEI, 2010):
a adição do elemento níquel estabiliza a fase austenítica e;
a fase de equilíbrio sigma (σ) ocorre em temperaturas inferiores a 700oC para teor
de Ni superior a 8%, quando se tem 18%Cr.
O níquel estabilizar a fase austenítica significa que o AIA em questão terá estrutura
cristalina CFC (Cúbica de Face Centrada) estável até mesmo abaixo da temperatura
ambiente, o que confere excelentes valores de resistência ao impacto e que não haverá
transição frágil-dúctil, ou seja, garante tenacidade em qualquer situação, viabilizando
aplicações em temperaturas criogênicas (SILVA E MEI, 2010).
A fase σ é um composto intermetálico não desejável por causar fragilização no
material, mas pode ser evitada. Sua cinética de precipitação é bem lenta nos AIA
43
clássicos, não sendo assim um problema durante os tratamentos térmicos, desde que o
resfriamento seja relativamente rápido (SILVA E MEI, 2010).
Os AIA são um dos melhores aços para se trabalhar em temperaturas elevadas.
Porém, duas características devem ser consideradas:
o coeficiente de expansão térmica dos AIA é, aproximadamente, 60% maior que
dos aços ferríticos usuais e;
a condutividade térmica dos AIA é, aproximadamente, 30% menor que dos aços
ferríticos usuais.
Os AIA não endurecem por tratamento de têmpera, ou seja, não geram estruturas
martensíticas através de tratamento térmico, pois não possuem temperaturas de transição
típicas A1 e A3 e a temperatura de início da transformação martensítica induzida
termicamente, a partir da austenita, se colocam em temperaturas muito baixas a nível de
criogenia (CHIAVERINI, 1988). Porém, esses materiais podem ser submetidos a
tratamentos térmicos como: solubilização, alívio de tensões e estabilização.
A solubilização: tem por objetivo manter a estrutura austenítica em temperatura
ambiente isenta de segunda fase indesejável, a citar o exemplo da fase . Consiste em
aquecer o aço a uma temperatura suficientemente elevada, a fim de promover a dissolução
completa de todas as modificações estruturais provenientes do processo de fabricação e
todos os carbonetos, principalmente os de cromo. Em seguida, refria-se rapidamente o
material para evitar a precipitação da fase sigma e de carbonetos, que geralmente ocorre
entre as temperaturas de 450 a 850oC (CHIAVERINI, 1988).
A precipitação do carboneto de cromo quando ocorre nos contornos de grão gera um
fenômeno conhecido como sensibilização (ou sensitização). Um aço inoxidável
sensibilizado (ou sensitizado) está suscetível a sofrer corrosão intergranular,
principalmente, os que possuem maior teor de carbono (por formar carbonetos). Há duas
estratégias para evitar essa precipitação: reduzir o teor de carbono através de processos
de descarbonetação sob vácuo e através da “estabilização”, que consiste na adição de
elementos com maior afinidade com o carbono do que o cromo, como o nióbio e o titânio.
Os aços que sofrem essas adições são chamados de “estabilizados”. O fenômeno de
corrosão intergranular deve ser controlado principalmente em estruturas soldadas devido
ao aquecimento entre 450 e 800ºC, em aços não estabilizados, e 1250 e 1300ºC, para aços
estabilizados (SILVA E MEI, 2010; CHIAVERINI, 1988).
O alívio de tensões: tem como objetivo eliminar, total ou parcialmente, as tensões
residuais geradas durante o processo de fabricação, consequentemente, melhorar as
44
propriedades elásticas do material que foi fortemente encruado. A temperatura a ser
utilizada deve ser inferior à temperatura de precipitação do carboneto de cromo, a fim de
evitar o processo de sensibilização do aço (CHIAVERINI, 1988).
A estabilização: tem por objetivo garantir a máxima resistência à corrosão do
material. Consiste no aquecimento do aço sensibilizado por um determinado tempo
(CHIAVERINI, 1988).
Os AIA apresentam alta plasticidade e capacidade de encruamento. A alta
plasticidade permite execução de peças que precisam ser conformadas (como cubas, pias
e tanques) e reprodução de detalhes na conformação (como em baixelas e talheres), sendo
aços com estrutura austenítica (CFC) inigualáveis nessas aplicações (SILVA E MEI,
2010).
Quando encruados, os aços apresentam um aumento de dureza bem superior ao que
se encontraria, sob mesmas condições de deformação, possibilitando que sejam
trabalhados a frio até serem obtidos valores excepcionais de limite de escoamento e
ruptura. Esse aumento de dureza pode ser atribuído à instabilidade da austenita, que se
transforma parcialmente em martensita, contribuindo para o alto endurecimento do
material. Também observa-se que, à medida que aumenta a concentração de níquel,
devido a sua ação estabilizadora da austenita, o nível de encruamento é menos
pronunciado (SILVA E MEI, 2010; CHIAVERINI, 1988).
Esse efeito de encruamento é tão importante que existem duas classificações
consequentes ao fenômeno. A primeira em relação ao grau de encruamento: (¼, ½, ¾,
totalmente) duro e encruado. A segunda está relacionada com à estrutura após a
deformação a frio, sendo classificados em estáveis, caso mantenham a estrutura
austenítica, ou metaestáveis, quando há transformação para estrutura martensítica. Esse
fenômeno de transformação de fase da austenita para martensita é conhecido efeito TRIP.
2.1.5 TRANSFORMAÇÃO MARTENSÍTICA
Segundo CALLISTER E RETHWISCH (2015), martensita é uma “fase metaestável
de ferro supersaturado em carbono, que é produto de uma transformação adifusional
(atérmica) da austenita”. O ponto-chave para entender suas características é a velocidade
45
com que ocorre a transformação, da ordem da velocidade do som na matriz austenítica.
Por ser muito rápida (CALLISTER E RETHWISCH, 2015):
é considerada, em termos práticos, independente do tempo;
metaestável, ou seja, não está presente no diagrama de equilíbrio de fases;
adifusional, pois não ocorre a difusão dos átomos de carbono, ficando assim
retidos na nova estrutura pelo movimento coordenado de um bloco de átomos
assistido por cisalhamento.
Como efeitos tem-se (BHADESHIA E HONEYCOMBE, 2006):
uma relação íntima entre as estruturas de austenita e martensita. Na interface
dessas duas estruturas, há um alto nível de continuidade, podendo ser classificado
em coerente ou semicoerente. Na interface semi-coerente, existe, no mínimo,
uma direção que se mantém totalmente coerente, que é chamada de linha
invariante, desde que não esteja rotacionada ou distorcida. O plano da interface é
chamado de plano de hábito.
uma grande mudança de forma na região transformada, consistindo em grande
cisalhamento e expansão volumétrica. Se durante a expansão, não houver
restrições, o plano de hábito tem características planas. Caso contrário, se houver
restrições, a fim de minimizar as deformações introduz-se uma curvatura no
plano de hábito. As transformações estão ilustradas na FIG. 2.3
FIG. 2.3 - Representação geométrica do plano de hábito entre a austenita () e a
martensita (α´) (adaptado de BHADESHIA E HONEYCOMBE, 2006).
46
Para que uma transformação de fase ocorra é necessário que ela seja energeticamente
favorável A força motriz fundamental para que a transformação de fase ocorra
corresponde, respectivamente, a um máximo de variação da energia interfacial entre as
fases austenita deformada e ao aumento da energia de deformação interna associada à
variação volumétrica (γ→α’) (FIG 2.1). Esta máxima diferença entre as energias das fases
oferece a mínima diferença de energia crítica para que a transformação se inicie na
temperatura Mi (OLSON e COHEN, 1972; SHIN, et al., 2001).
No gráfico da FIG. 2.4 são ilustradas as energias livres químicas (ΔGq) em função da
temperatura para as fases mãe (austenita não-deformada e deformada) e produto
(martensita). Com relação às temperaturas tem-se (SHIN et al., 2001):
Mi – temperatura de início de transformação martensítica;
Md – temperatura limítrofe para ocorrência da transformação martensítica
induzida por deformação plástica;
T0 – temperatura de equilíbrio termodinâmico entre a austenita não-deformada e
a martensita, pois o ΔGq das fases são iguais.
Devido a essas temperaturas é possível definir os intervalos:
T < Mi - intervalo de formação de martensita, devido a inexistência de barreiras
de energias químicas, como energias interfacial e elástica;
Mi < T < Md – intervalo de temperatura onde a transformação martensítica pode
ser desencadeada se uma energia adicional for fornecida ao sistema na forma de
energia de deformação durante a deformação inelástica;
T > T0 – intervalo de temperatura onde a austenita não-deformada é a fase estável,
pois seu ΔGq é inferior ao da martensita.
A energia livre química é a força motriz para a transformação de fases. Pode-se dizer
que:
ΔGch – diferença das energias livres químicas da austenita não-deformada e da
martensita;
ΔGcrit – é a força motriz crítica, ou seja, é a mínima energia para que ocorra a
transformação martensítica. É o ΔGch na temperatura Mi, onde não há energias
livres adicionais.
A energia interna de deformação, é definida por SHIN et al. (2001) como força
motriz adicional para a transformação martensítica, desenvolvida como consequência do
47
acúmulo de discordâncias em barreiras, como contornos de grão, durante a deformação
inelástica:
uI = ΔGcrit - ΔGch. Energia interna requerida para a transformação martensítica.
uIc – máxima energia interna que pode ser acumulada. Ocorre em Md. Acima
desta temperatura nenhuma energia interna acumulada é suficiente para induzir a
transformação martensítica.
FIG. 2.4 – Diagrama esquemático da energia livre da transformação martensítica
induzida por deformação (SHIN et al, 2001).
2.1.6 EFEITO TRIP
Os aços inoxidáveis austeníticos podem ter sua resistência mecânica elevada através
da precipitação ou encruamento por trabalho a frio. Porém, se esses aços forem
metaestáveis, há o aumento simultâneo da resistência mecânica e da ductilidade, através
da transformação de martensita induzida por deformação (DIMT, do inglês, Deformation
Induced Martensitic Transformation), fenômeno associado ao efeito TRIP (do inglês,
Transformation-Induced Plasticity) (SHIN et al, 2001). Por tais motivos, têm sido
propostos como materiais promissores na indústria automobilística (LO et al, 2009). Na
FIG. 2.5 é apresentado o gráfico Tensão versus Temperatura que retrata as regiões de
ocorrência do efeito TRIP, onde:
48
Mi – é a temperatura de início da transformação da martensítica induzida
termicamente;
Miσ – temperatura na qual a tensão requerida para nucleação martensítica atinge
a resistência para escoamento plástico da fase austenítica. Ou seja, abaixo desta
a nucleação da martensita é assistida por tensão elástica e acima desta a nucleação
é assistida por deformação plástica;
Md – temperatura máxima na qual se forma martensita induzida por deformação.
FIG. 2.5 - Gráfico tensão versus temperatura relacionado no efeito TRIP
(adaptado de OLSON E COHEN, 1972).
O efeito TRIP ocorre entre as temperaturas Mi e Md, se para dada temperatura neste
intervalo, a tensão for igual ou superior à tensão das curvas “nucleação assistida por
tensão” ou “nucleação assistida por deformação”. No primeiro caso, entre Mi e Miσ, a
nucleação martensítica ocorre abaixo do limite de escoamento da fase mãe austenita, logo
no regime elástico; enquanto no segundo caso, entre Miσ e Md, a transformação
martensítica ocorre no regime plástico.
A diferença entre as curvas “nucleação assistida por deformação” e “σy” representa
a pré-deformação necessária para induzir a transformação martensítica, com o aumento
da temperatura há necessidade de deformações cada vez maiores não sendo mais possível
nuclear em Md. Esta temperatura, na prática, é muito difícil de ser determinada. Como
49
alternativa define-se Md30 ou Md30/50, temperatura na qual 50% da martensita é produzida
após 30% de deformação verdadeira. Cabe ressaltar que antes da curva “nucleação
assistida por tensão” a nucleação da martensita é espontânea (OLSON E COHEN, 1982;
ANTUNES el al., 2011; ZINBI E BOUCHOU,2010).
As propriedades mecânicas dos aços inoxidáveis dependem fortemente da
estabilidade da matriz (NAVA e CASTILLO, 2017). A estabilidade da austenita retida é
função de vários parâmetros como composição química, tamanho de grão, temperatura e
taxa de deformação (SHIN et al., 2001). Caso haja mudança na fase, diferentes tipos de
transformações podem ocorrer, como 𝛾 → 휀, 휀 → 𝛼´,𝛾 → 𝛼´ ou 𝛾 → 휀 → 𝛼´ (NAGY et
al., 2003).
O efeito TRIP está intimamente relacionado ao efeito TWIP (do inglês, Twinning-
Induced Plasticity), o qual utiliza mecanismos de maclagem para acomodar a deformação
adicional. Ambos mecanismos dependem da energia de falha de empilhamento (γSFE), da
microestrutura inicial e das condições de deformação. Tipicamente, as transformações
martensíticas dos tipos 𝛾 → 휀 ou 𝛾 → 𝛼´ ocorrem em torno de 20 mJ.m-2 de energia de
falha de empilhamento. Enquanto que a maclagem mecânica ocorre no intervalo de 15 a
30 mJ.m-2. Podendo ambos fenômenos ocorrerem simultaneamente num internalo de 15
a 20 mJ.m-2, como já relatado (NAVA e CASTILLO, 2017).
A formação de martensita induzida por deformação (α´) em aços inoxidáveis
austeníticos ou duplex está diretamente relacionada com bandas de deslizamento, as quais
são defeitos planares associados à sobreposição de falhas de empilhamento dos planos
{111}γ. Dependendo da natureza da sobreposição, podem-se formar maclas, martensita-
ε ou bandas de falha de empilhamento (LO et al., 2009).
Se a sobreposição for regular (sobreposição de três falhas de empilhamento em
sucessivos planos), formam-se as maclas. Caso sejam alternadas (arranjo das falhas de
empilhamento sempre no segundo plano {111}), formam-se as martensitas-ε com
estrutura hexagonal compacta (HC). Se forem irregulares (tipicamente formadas pela
dissociação das discordâncias ½ <110>{111} em parciais de Shockley 1/6 <112>{111}),
formam-se as bandas de falha de empilhamento (LO et al., 2009; e NAVA e CASTILLO,
2017).
A martensita-α´forma e cresce na interseção de bandas deformadas (martensita- ε ou
maclas). Há também grande influência da energia de falha de empilhamento em sua
formação, (NAVA e CASTILLO, 2017).
50
NAVA e CASTILLO (2017) realizaram um estudo cujo objetivo foi unificar a
descrição dos processos de formação das maclas e martensitas ε e α´, em aços
austeníticos. Dentre o material de pesquisa, destaca-se o uso dos aços inoxidáveis 301 e
304. A base do mecanismo de formação dos embriões de ε e das bandas de maclas
consiste numa sequência hierárquica de tamanho nano desses elementos. A energia livre
para sua formação é função do tamanho do embrião, da energia de falha de empilhamento
e da tensão aplicada, sendo a única diferença da energia entre um tipo e outro o número
de falhas de empilhamento necessário para sua nucleação.
É assumido que ε seja o precursor para a transformação 𝛾 → 𝛼´ sob um carregamento
uniaxial. Experimentos têm mostrado que ε e α´ possuem a mesma dependência da
energia de falha de empilhamento, mesmo tamanho de embriões e a taxa de nucleação de
α´ é proporcional à taxa de nucleação de ε, conforme o modelo de Olson e Cohen (NAVA
e CASTILLO, 2017).
No aço inoxidável austenítico 304, submetido ao ensaio de tração ou trefilação, o tipo
de transformação 𝛾 → 𝛼´ dependerá do valor da energia de falha de empilhamento (EFE)
empregada no sistema. Se essa energia for inferior a 18 mJ.m-2, a transformação
martensítica será assistida por tensão (𝛾 → ε → 𝛼´). Caso contrário, a transformação será
induzida por deformação (𝛾 → maclagem → 𝛼´). Os mecanismos de transformação de
fase encontram-se ilustrados na FIG. 2.6 (SHEN et al., 2012).
FIG. 2.6 – Esquema do processo de deformação de um aço TRIP (SHEN et al.,
2012).
51
AHMADI et al. (2017) desenvolveram uma pesquisa a fim de compreender a
correlação entre textura, evolução microestrutural e o fenômeno de efeito mola (do inglês
spring-foward phenomenon), incluindo a quantificação da transformação martensítica
tensão/deformação num ensaio de dobramento em V em um aço 304L anisotrópico e
suspectível ao efeito TRIP. Na FIG. 2.7 é mostrado um desenho esquemático das amostras
que sofreram dobramento com 1,5 mm de espessura, sendo os pontos 1 a 5 os locais
analisados, onde submeteu distintos corpos de prova a diferentes níveis de dobramento:
30º, 45º, 60º e 90º.
FIG. 2.7 – Esquema da seção transversal da amostra de flexão (AHMADI et al.,
2017).
Com o objetivo de analisar a influência do dobramento em V na textura
cristalográfica e na evolução microestrutural, utilizaram amostras com 1,5 mm de
espessuras e 45º de dobramento (denominadas de 1.5RD45). Estas amostras foram
analisadas no MEV com auxílio do detector de EBSD (voltagem de aceleração de 20 kV,
working distance de 10 mm e step size de 0,2 µm). Na FIG. 2.8 é mostrada a região trativa,
entre os pontos 1 e 2, onde a fração de transformação em martensita 𝛼´ foi de 0,277. Já
na FIG. 2.9 é mostrada a região compressiva, entre os pontos 4 e 5, onde a fração de
transformação em martensita 𝛼´ foi de 0,217.
De acordo com Gay et al. a taxa de transformação martensítica em AIA depende da
orientação e do tamanho dos grãos de austenita de partida. As distribuições do tamanho
de grão da austenita das zonas tracionada e comprimida são apresentadas nas FIG. 2.10 e
FIG. 2.11, respectivamente.
52
FIG. 2.8 – Mapas de EBSD da zona de tração da amostra de flexão 1.5RD45
(AHMADI et al., 2017).
FIG. 2.9 – Mapas de EBSD da zona compressiva da amostra de flexão 1.5RD45
(AHMADI et al., 2017).
53
FIG. 2.10 – Variação do grão de austenita correspondente à zona de tração da
amostra 1.5RD45 (AHMADI et al., 2017).
FIG. 2.11 - Variação do grão de austenita correspondente à zona de compressão da
amostra 1.5RD45 (AHMADI et al., 2017).
Na TAB. 2.3, é apresentado um resumo das características dos grãos em função da
análise estar na zona trativa ou na zona compressiva, segundo a referência dos autores
especificados na tabela. Verifica-se que a fração volumétrica de martensita é maior na
zona trativa do que na zona compressiva. Foi observado que na zona trativa os grãos
apresentam formato equiaxial, com tamanho de grão entre 0,5 a 30 μm e costumam
apresentar contornos de baixo de ângulo (entre 1º e 15º). Na zona compressiva, os grãos
apresentam formato alongado, com tamanhos entre 0,5 a 100 μm e contornos de grão de
alto ângulo (maior que 15º). A quantidade de planos de hábito é maior na zona trativa do
54
que na zona compressiva. Por fim, a orientação dos grãos, tende a ser aleatória na zona
trativa, enquanto que, na zona compressiva, são orientados segundo a direção normal do
corpo de prova de flexão.
TAB. 2.3 - Resumo das características dos grãos em função das zonas trativa e
compressiva (Ahmadi et al., 2017).
CARACTERÍSTICA ZONA
TRATIVA
ZONA
COMPRESSIVA AUTORES
Fração volumétrica de
transf. martensítica
(𝛾 → 𝛼´) Maior Menor
AHMADI et al.
(2017), LEBEDEV e
KOSARCHUK
(2000)
Formato do grão Equiaxial Alongado AHMADI et al.
(2017)
Tamanho do grão Menor
(0,5 a 30) µm
Maior
(0,5 a 100) µm
AHMADI et al.
(2017)
Contornos de grão Baixo ângulo
(entre 1º e 15º)
Alto ângulo
(maior que 15º)
AHMADI et al.
(2017)
Quantidade de planos
de hábito Maior Menor
AHMADI et al.
(2017), KUNDU E
BADESHIA (2006),
GEY et al. (2005),
LEE e LEE (2005)
Orientação dos grãos Aleatoriamente
Orientados
(direção normal
ao CP de flexão)
AHMADI et al.
(2017), DAS et al.
(2016), TIAMIYU et
al (2016)
De modo complementar sua pesquisa, AHMADI et al. (2017) utilizaram a
microscopia óptica (MO) para avaliar a fração volumétrica de martensita transformada
nas zonas trativa e compressiva. Na FIG. 2.12 são apresentadas as micrografias ópticas
da amostra 1.5RD30 (espessura de 1,5 mm e curvatura de 30º). A fase martensita ’
corresponde às regiões escuras e as regiões mais claras são referentes à austenita.
55
(a)
(b)
DN = direção normal e DL = direção de laminação
FIG. 2.12 – Micrografia óptica da amostra 1.5RD30, em (a) zona de tração e em (b)
zona de compressão (AHMADI et al., 2017).
Segundo AHMADI et al.(2017), a nucleação de martensita 𝛼´ possuindo estrutura
CCC normalmente ocorre nas bandas de deslizamento durante a deformação plástica. Na
FIG. 2.12 (a) é mostrado que a fase martensita 𝛼´ está mais ou menos orientada ao longo
do comprimento da amostra na zona trativa. Enquanto que na zona compressiva, FIG.
2.12(b), esta fase está alinhada com a direção normal (DN), assim como foi observado
nas análises de EBSD. Assim, pode-se dizer que a formação de bandas de deslizamento
e, consequentemente, a transformação martensítica é influenciada pela natureza da tensão
dentro do corpo de prova (AHMADI et al., 2017).
DL
DL
56
Para todos os corpos de prova (CPs) dobrados em V, movendo-se da zona
compressiva para a linha neutra, a quantidade de deformação diminui. Movendo-se da
linha neutra em direção à zona de tração, o montante de deformação cresce rapidamente
chegando no seu máximo na borda da região tracionada. Como os valores das
deformações são superiores na zona trativa do que na compressiva, o volume de
martensita maior é esperado na zona de tração, conforme pode ser visto na
TAB. 2.4. (AHMADI et al., 2017).
TAB. 2.4 - Volume de martensita α’ nas amostras 1.5RD (AHMADI et al., 2017).
AHMADI et al. (2017) também relataram que o valor da micro-dureza reduz se
movendo das superfícies da chapa em direção à linha neutra. Essa variação foi atribuída
à alta densidade de discordâncias associada à formação de martensita 𝛼´ nas regiões de
compressão perto das superfícies da chapa dos CPs.
Os valores de dureza podem aumentar mais devido à deformação plástica induzida
quando os ângulos de flexão são reduzidos ainda mais. Os resultados da dureza ainda
indicam que quanto maior a espessura do CP, maior a formação de martensita 𝛼´ e,
consequentemente, maiores os valores de dureza obtidos (AHMADI et al., 2017).
2.2 SOLDAGEM
2.2.1 ASPECTOS GERAIS
O processo de soldagem possui aplicação, desde estruturas muito pequenas, como na
indústria de microeletrônica, até estruturas de centenas ou milhares de toneladas, como
na indústria naval. Está presente em aplicações de estruturas simples, como na fabricação
de grades ou portões, até em componentes de elevado grau de responsabilidade, como na
57
indústria nuclear. Pode ainda estar presente nas artes, como em artesanatos, joias e outros
objetos (MARQUES, MODENESI e BRACARENSE, 2009).
A soldagem pode ser definida como um processo de união de materiais através de
um aquecimento, com ou sem utilização de pressão e/ou material de adição. Apesar de
ser considerada como um processo de união, sua aplicação também abrange a deposição
de um material sobre uma superfície com a finalidade de recuperação de peças ou
formação de um revestimento especial e, variando um pouco sua técnica, se assemelha
em muitos aspectos a operações de corte de peças metálicas (MARQUES, MODENESI
e BRACARENSE, 2009).
É importante que haja uma continuidade entre as propriedades físicas e químicas da
junta soldada com o metal base, ou seja, que não apresente uma variação brusca dessas
propriedades (MARQUES, MODENESI e BRACARENSE, 2009).
2.2.2 TERMINOLOGIA DA SOLDAGEM
A seguir, definem-se alguns elementos do processo de soldagem (MARQUES,
MODENESI e BRACARENSE, 2009):
Solda: resultado da operação de soldagem.
Metal base: material da peça que está sendo soldada.
Metal de adição: material adicionado, na soldagem por fusão para formação da
solda.
Poça de fusão: formada pelo metal de adição (se adicionado) e parte do metal
base, ambos fundidos pela fonte de calor durante o processo de soldagem.
Estas definições são ilustradas na FIG. 2.13.
58
FIG. 2.13 - Representação esquemática dos elementos durante o processo de
soldagem (MARQUES, MODENESI e BRACARENSE, 2009).
Tipos de solda - existem, basicamente, quatro tipos de solda:
Cordões de solda (do inglês, bead welds) – também chamada de soldas de
superfície, consistem em uma deposição de um passe de um metal de solda. São
utilizadas para fazer revestimentos de metais ou repôr material em superfícies
desgastadas (BOHNART, 2017). Ilustrada na FIG. 2.14 (a) e adotada no presente
estudo.
Soldas filete (do inglês, fillete welds) – consitem em uma ou mais deposições de
cordão de solda em um ângulo reto formado por duas chapas. São utilizadas em
juntas sobrepostas e de ângulo (T-joints) (BOHNART, 2017). Ilustrada na FIG.
2.14 (b).
Soldas em sulco (do inglês, groove welds) – consistem em um ou mais cordões
de solda depositados em um sulco ou aberturas. São utilizados em juntas de topo
(BOHNART, 2017). Ilustrada na FIG. 2.14 (c).
Soldas de tampão (do inglês, plug welds) – são utilizadas para preenchimentos de
ranhuras ou buracos circulares em juntas sobrepostas (BOHNART, 2017).
Ilustrada na FIG. 2.14 (d).
FIG. 2.14 - Tipos de solda: (a) cordão de solda, (b) solda filete, (c) solda em sulco e
(d) solda por fecho (BOHNART, 2017).
59
Cada tipo de solda possui um formato e características técnicas específicas. Na FIG.
2.15 são apresentadas algumas partes da solda de topo.
FIG. 2.15 - Dimensões e regiões características da solda de topo (MARQUES,
MODENESI e BRACARENSE, 2009).
As áreas influenciadas pelo processo de soldagem são definidas a seguir e ilustradas
na FIG. 2.16 (MARQUES, MODENESI e BRACARENSE, 2009).
Zona Fundida (ZF) – constituída da fusão do metal base com o metal de adição.
Zona Termicamente Afetada (ZTA) – região do metal base que tem sua estrutura
e/ou propriedades alteradas pelo calor do processo.
A mata-junta, também chamada de cobre-junta, tem por finalidade conter o material
fundido durante o processo de soldagem. Após a finalização, a mata-junta pode ser
retirada ou não.
FIG. 2.16 - Áreas influenciadas pelo calor de uma seção de solda de topo
(MARQUES, MODENESI e BRACARENSE, 2009).
60
2.2.3 SOLDAGEM A ARCO COM PROTEÇÃO GASOSA (GMAW) – MIG/MAG
O presente trabalho fez-se uso do processo de soldagem a arco com proteção gasosa
para depósito de um cordão de solda sobre a superfície da chapa do aço inoxidável em
estudo. Dessa forma, deste ponto em diante a revisão bibliográfica concentra-se neste
processo de soldagem.
A soldagem a arco com proteção gasosa, do inglês Gas Metal Arc Welding (GMAW),
pode ser definida segundo ASM Internacional (2008) como “processo de soldagem a arco
que une peças metálicas, aquecendo-as com um arco elétrico estabelecido entre um
eletrodo consumível (arame) e a peça de trabalho”. O arco e a região da solda são
protegidos contra a contaminação da atmosfera através da injeção de um gás ou uma
mistura de gases, que podem ser ativos ou inertes. Se for ativo, o processo é conhecido
como MAG (do inglês, Metal Active Gas), se for inerte é conhecido como MIG (do inglês,
Metal Inert Gas) (MARQUES, MODENESI e BRACARENSE, 2009). Este processo
pode ser operado tanto de forma semi-automática quanto automática (ASM Internacional,
2008). Esse tipo de soldagem é ilustrado na FIG. 2.17.
FIG. 2.17 - Processo de soldagem a arco com proteção gasosa (GMAW) (adaptado
de BOHNART, 2017).
61
Possui como vantagens (BOHNART, 2017; ASM Internacional, 2008 e MARQUES,
MODENESI e BRACARENSE, 2009):
alta taxa de deposição, devido à alta taxa de corrente;
aplicação em diversos materiais, entre eles: aço carbono, aço de baixa liga e alta
resistência, aço inoxidável, alumínio, cobre, ligas de níquel, dentre outros;
ampla faixa de espessura;
não há, praticamente, limitação com o comprimento do eletrodo, permitindo
longas soldas contínuas (sem interrupções);
não existe grandes fluxos de soldagem, com consequente ausência de operações
de remoção de escória e limpeza;
alta taxa de penetração da solda, permitindo o uso de eletrodos menores para
resistências equivalentes;
alta velocidade de execução de soldagem;
soldabilidade em qualquer posição;
alto fator de ocupação do soldador;
menor exigência da habilidade do soldador.
Possui como desvantagens (BOHNART, 2017; ASM Internacional, 2008 e
MARQUES, MODENESI e BRACARENSE, 2009):
maior sensibilidade à variação dos parâmetros elétricos de operação, os quais
necessitam de um ajuste rigoroso para estipular um conjunto de características
para o cordão da solda;
equipamento de maior complexidade, maior custo (inclusive com manutenção) e
com menor portabilidade;
menor flexibilidade de adaptação em lugares de difícil acesso devido o tamanho
da pistola de soldagem, adicionado ao fato que esta deve ser mantida próxima à
junta (cerca de 10 a 19 mm de distância) para garantir a proteção gasosa durante
o processo;
execução limitada em ambientes externos, pois correntes de ar podem dispersar
a proteção do arco; salvo que se garanta proteção ao redor das áreas de soldagem;
altos níveis de radiação térmica e intensidade do arco podendo dificultar a
operação do soldador.
No processo de GMAW, há dois consumíveis essenciais: o arame eletrodo e o gás de
proteção (ASM Internacional, 2008).
62
Os arames para soldagem são constituídos de metais ou ligas metálicas, cujas
características (composição química, dureza, condições superficiais e dimensões) devem
ser bem controladas (MARQUES, MODENESI e BRACARENSE, 2009). A composição
química dos arames também costuma apresentar desoxidantes e agentes de limpeza para
compensar as reações com a atmosfera e a base do metal. Os desoxidantes mais comuns
são o manganês e o silício. Este também melhora a fluidez do metal de solda ou quando
eletrodo de aço inoxidável da série 300 é utilizado (ASTM Internacional, 2008).
Na maioria dos processos de soldagem, a função principal do gás de proteção é
proteger o metal fundido da atmosfera ao redor. Na soldagem GMAW, além da proteção,
o gás influencia as características do arco, o modo de transferência do metal, a
profundidade de fusão, o perfil da deposição de solda, a velocidade de soldagem e possui
ação de limpeza (ASTM Internacional, 2008).
Os gases inertes puros costumam ser utilizados com metais não ferrosos,
particularmente os mais reativos, como o titânio, alumínio e o manganês. Com metais
ferrosos, adiciona-se pequenas quantidades de gases ativos, contendo oxigênio, pois a
presença de óxidos melhora facilita a emissão de elétrons e melhora sensivelmente a
estabilidade do arco.
As seções transversais típicas dos cordões de solda com diferentes gases ou misturas
são demonstradas na FIG. 2.18, ilustrando o resultado de solda mais rasa ou com maior
penetração associadas a maior taxa de deposição.
FIG. 2.18 - Seções transversais típicas segundo o tipo de gás ou mistura no
processo GMAW (MARQUES, MODENESI e BRACARENSE, 2009).
63
2.2.4 SOLDAGEM COM AÇO INOXIDÁVEL AUSTENÍTICO
UNNIKRISHNAN et al. (2014) estudaram o efeito do calor gerado pelo processo de
soldagem no aço inoxidável 304L. Para tal utilizaram corpos de prova retangulares (com
300 mm de comprimento, 50 mm de largura e 10 mm de espessura) com um cordão de
solda depositado em uma das superfícies (bead weld) gerado pelo processo SMAW,
soldagem a arco elétrico com eletrodo revestido (do inglês, Shield Metal Arc Welding).
Do material utilizado, ressalta-se a amostra 10HHI, que corresponde a alta entrada de
calor (HHI, do inglês, High Heat Input), cujos parâmetros são detalhados na TAB. 2.5 e
é mostrada na FIG. 2.19.
TAB. 2.5 - Parâmetros utilizados no processo de soldagem da amostra 10HHI
(adaptado de UNNIKRISHNAN et al., 2014).
FIG. 2.19 - Fotografia da amostra 10HHI após a soldagem (adaptado de
UNNIKRISHNAN et al., 2014).
Na FIG. 2.20 é mostrada a macroestrutura da amostra apresentada na FIG. 2.19.
FIG. 2.20 - Macrografia da amostra 10HHI (adaptado de UNNIKRISHNAN et al.,
2014).
64
Na FIG. 2.21 é mostrada a micrografia óptica realizada em torno da solda. Destacam-
se três regiões: a zona fundida (ZF) a zona fundida próxima à ZTA (ZF-ZTA) e zona
termicamente afetada com o metal base (ZTA+metal base).
na zona fundida próxima a ZTA, associada a diluição ocorrida na mistura do
metal de adição e metal base quando ainda líquidos, verifica-se a presença de
ferrita-δ poligonal e em forma de ripas (paralelas). Essa formação pode ser devido
ao crescimento epitaxial do grão, o qual se origina dos grãos do metal base e
cresce na direção de máximo fluxo de calor.
na zona fundida, associada a poça de fusão (ZF), formada pela deposição do metal
de adição, predomina a morfologia esquelética da ferrita, ou seja, a ferrita
encontra-se precipitada na região interdentrítica envolvendo as dendritas de
austenita, cuja quantidade aumenta com o aumento da entrada de calor.
FIG. 2.21 - Micrografia óptica da amostra 10HHI (adaptado, UNNIKRISHNAN et
al., 2014).
Os contornos de macla dos tipos Σ3 − 60𝑜 < 111 > e Σ9 − 39𝑜 < 110 > são
típicas do AIA 304L. Elas estão presentes devido a baixa energia de falha de
empilhamento (≈29 Jm-2), sendo formada Σ3 durante a primeira e Σ9 durante a segunda
recristalização da fronteira dupla. Após a solificação do processo de soldagem, verifica-
se menor frequência de Σ9 que de Σ3.
ZTA+metal base
ZF-ZTA ZF-ZTA
ZF
ZF ZF
65
Na microscopia óptica, devido a dissolução dos altos ângulos das fronteiras dos
grãos, verificou-se algumas dificuldades de análise nas imagens obtidas, dentre elas:
a visualização de diferentes orientações dos grãos ou fases da microestrutura e,
consequentemente, quantificação;
visualização do crescimento dos grãos próximos a zona fundida e, consequente,
identificação da ZTA;
a identificação dos contornos de macla dos tipos Σ3 e Σ9.
Com o objetivo de contornar essas dificuldades, utilizou-se a microscopia eletrônica
de varredura, através da análise de EBSD (Difração de Elétrons Retroespalhados, do
inglês Electron Backscatter Diffraction) para identificar e quantificar as microestruturas,
conforme resultados apresentados na FIG. 2.22. Através dos resultados de EBSD é
possível identificar grãos, limitados por uma fronteira contínua de alto ângulo (superior
a 15o) ou de baixo ângulo, e alguns tipos de contornos especiais. Através da Figura de
Pólo Inversa (IPF, do inglês Inverse Pole Figure) é possível identificar as orientações dos
grãos em relação a um cristal de referência, gerando assim os mapas de imagem de
orientação. Nos mapas de grão único, cada grão é colorido por uma cor delimitanto
regiões delimitadas por contornos de alto ângulo, exceto os de macla.
FIG. 2.22 - Amostra 10HHI (a) Mapa IQ (b) Mapa IPF e (c) Mapa de cor de grãos
únicos (UNNIKRISHNAN et al., 2014).
A cristalográfica textura e a fração volumétrica de ferrita-δ foram analisadas através
de um mapa FPI na zona fundida (área da solda), onde a fase austenítica é identificada na
ZTA+metal base
ZF
ZF-ZTA
66
cor vermelha e a fase da ferrita na cor verde no mapa de imagem de fase, conforme FIG.
2.23 (b). É possível ver na FIG. 2.23 (a) um crescimento direcional das dendritas com
forte orientação cristalográfica e na FIG. 2.23 (c) a ferrita fortemente orientada.
FIG. 2.23 - Região da solda da amostra 10HHI (a) Mapa FPI da austenita, (b)
Mapa de fase (vermelho=austenita e verde=ferrita) e (c) FPI da ferrita
(UNNIKRISHNAN et al., 2014).
2.2.5 SOLDAGEM COM AÇO INOXIDÁVEL DUPLEX
Os aços inoxidáveis duplex (AID) modernos podem ser soldados utilizando várias
técnicas, como: SMAW (do inglês, Shield Metal Arc Welding), GTAW (do inglês, Gas
Tungsten Arc Welding), PAW (do inglês, Plasma Arc Welding), FCAW (do inglês, Flux
Cored Arc Welding) e LBW (do inglês, Laser Beam Welding) (ELSAADY et al., 2016).
Frequentemente, a indústria de óleo, petroquímica, nuclear ou marinha utiliza o AID
como revestimento em aços de baixo carbono ou baixa liga. Entretanto, unir materiais
dissimilares é geralmente mais desafiador do que unir materiais similares devido às
diferenças nas propriedades físicas, químicas, mecânicas e metalúrgicas entre o arame e
o metal base (DI et al., 2016).
O processo de soldagem gera várias modificações no material devido as altas taxas
de resfriamento que resultam em tensão residual e mudanças microestruturais. Das
mudanças estruturais, uma das maiores preocupações é a estabilização insuficiente da
austenita e a formação de fases indesejáveis (fases secundárias e intermetálicas) devido
67
ao ciclo térmico, pois trazem prejuízo às propriedades mecânicas do material como
redução da ductilidade e tenacidade, principalmente em baixas temperaturas. Na TAB.
2.6 são mostradas as características dos processos de soldagem relacionados com a
quantidade de austenita produzida após a soldagem (ELSAAD et al., 2016; JEBARAJ e
JAYKUMAR, 2013).
TAB. 2.6 – Características dos processos de soldagem (JEBARAJ E JAYKUMAR,
2013).
PROCESSO DE
SOLDAGEM
ENERGIA DO
ARCO
TAXA DE
RESFRIAMENTO
QDADE DE
AUSTENITA
PRODUZIDA
PAW, LBW, EBW baixa rápida pequena
GTAW, GMAW,
SMAW, FCAW,
SAW
alta lenta grande
2.2.5.1 EVOLUÇÃO MICROESTRUTURAL APÓS A SOLDAGEM
Alterações nas características microestruturais afetam as propriedades e a resistência
à corrosão do material (VERMA e TAIWADE, 2017). No processo de soldagem, é de
grande importância o balanceamento de elementos de liga estabilizantes de ferrita e
austenita a fim de se obter o correto teor dessas fases. Em 1992, o Conselho de Pesquisa
em Soldagem (do inglês, Welding Research Council, WRC), publicou um diagrama que
permite definir o percentual dessas duas fases, após a soldagem, em função da
temperatura de aquecimento e da razão Creq/Nieq, para diferentes tipos de ligas de AIDs,
conforme FIG. 2.24 (GRAZIANO et al., 2015).
68
FIG. 2.24 – Diagrama pseudobinário de aços inoxidáveis com os modos de
solidificação (A, AF, FA e F) (DI et al., 2016).
O cromo equivalente (Creq) representa a influência do cromo e outros elementos na
produção de ferrita e o níquel equivalente (Nieq) representa a influência do níquel e outros
elementos na produção da austenita. Os seus valores, podem ser estimados segundo
fórmulas empíricas, conforme exemplificado pelas Equações (2.1) e (2.2) de KOTECKI
E SIEWERT (1992):
Nieq = (%Ni) + 35 × (%C) + 20 × (%N) + 0,25 × (%Cu) (2.1)
Creq = (%Cr) + (%Mo) + 0,7 × (%Nb) (2.2)
Ainda no diagrama da FIG. 2.24, pode-se observar linhas tracejadas separadas pelas
letras: A, AF, FA e F. Estas letras representam os quatro modos de solidificação, cuja
evolução microestrutural e as faixas de Creq/Nieq que ocorrem são descritas a seguir (DI
et al., 2016):
A: L → L + γ → γ Creq/Nieq < 1.25
AF: L → L + γ → L + δ + γ → δ + γ 1.25 < Creq/Nieq < 1.48
FA: L → L + δ → L + δ + γ → δ + γ 1.48 < Creq/Nieq < 1.95
F: L → L + δ → δ → δ + γ Creq/Nieq > 1.95
69
Basicamente, as soldas de AIDs solidificam no modo totalmente ferrítico (modo F).
A primeira fase a nuclear diretamente do líquido é a ferrita 𝛿 e a austenita nucleia abaixo
da temperatura solvus da ferrita.
A composição típica de um AID cai no campo da fase 𝛼 + 𝛾. Para a maioria das
composições de aços inoxidáveis, a fase 𝛾 é expandida de modo que a fase ferrítica é
separada na prática como ferrita 𝛿, em altas temperaturas e ferrita 𝛼, em baixas
temperaturas. É possível observar no diagrama pseudo-binário que a ferrita existe
continuamente desde a solidificação até a temperatura ambiente nos AIDs. Toda essa
ferrita é chamada de ferrita 𝛼 devido à transformação contínua com a mesma composição
química, tendo em mente que a fase formada irá se transformar em e que parte da fase
irá transformar-se em fase α até o completo resfriamento. No entanto se parte desta
ferrita não se transformar em fase durante o resfriamento a temperatura ambiente
poderá coexistir as fases e α em conjunto com alguma resultante da solidificação.
Na região da solda, durante a solidificação, é possível obter várias morfologias de
austenita, conforme FIG. 2.25 (VERMA e TAIWADE, 2017):
austenita de contorno de grão – também conhecida como alotriomorfos de
contorno de grão de grãos (do inglês, Grain Boundary Allotriomorphs, GBA) –
é a primeira fase que nucleia diretamente da matriz ferrítica (ferrita ). Este tipo
de austenita é relatada na faixa de temperatura entre 1350 a 800oC.
austenita de Widmanstätten (do inglês Widmanstätten Austenite, WA) – nucleia
a partir da fase GBA. Possui maior teor de Ni do que a matriz ferrítica (ferrita )
e menores teores de Cr, Mo e N do que a GBA.
austenita intragranular (do inglês, Intragranular Austenite, IGA) – formada como
resultado do efeito da taxa de resfriamento, a qual requer grande força motriz e
precipita depois em baixas temperaturas. É propensa a corrosão por pitting devido
à baixa presença de elementos de liga (Mo e Cr) em sua composição.
austenita secundária (𝛾2) – é formada no reaquecimento abaixo da temperatura 𝛿
solvus. Na FIG. 2.26 é mostrada a micrografia da austenita secundária e da região
de pit onde a austenita secundária está presente (VERMA e TAIWADE, 2017).
70
FIG. 2.25 – Micrografia óptica de uma região soldada (VERMA e TAIWADE,
2017).
FIG. 2.26 – Micrografia de austenita secundária e região de pit onde a austenita
secundária se fez presente (VERMA e TAIWADE, 2017).
2.2.5.2 FASES INDESEJÁVEIS
O processo de soldagem em um AID pode causar instabilidade de fase, precipitação
de fases indesejáveis ou atrasar a transformação de fase devido ao ciclo de calor da
soldagem (ELSAAD et al., 2016).
Ferrita
71
As fases indesejáveis são compostas pelas fases secundárias (como CrN, Cr2N, M7C3,
M23C6, onde M pode ser o Fe ou Cr) e pelas fases intermetálicas (como sigma (𝜎), chi
(𝜒), 𝜏, R e 𝜋). As fases são ilustradas na FIG. 2.27 e resumidas na TAB. 2.7. Sua
nucleação geralmente ocorre nas junções triplas ou nas fronteiras entre a austenita e a
ferrita e crescem nos contornos das maclas incoerentes e terminam intragranularmente. A
faixa de temperatura para precipitação ocorre entre 600 a 1000oC, sendo que a taxa de
precipitação é maior entre 850 a 900oC.
TAB. 2.7 – Formação de fases intermetálicas em aços inoxidáveis duplex (adaptado
VERMA e TAIWADE, 2017).
Fases do AID Fórmula química
aproximada
Faixa de
temperatura (ºC)
Parâmetros de
rede, nm (média)
Fase σ Fe-Cr-Mo 600-1000 a=b=0,88;
c=0,4540-0,4588
Nitreto de
cromo CrN 900-1000 a=0,413; c=0,447
Nitreto de
cromo Cr2N 700-900 a=0,480; c=0,447
Carbeto M7C3 950-1050 a=0,452; b=0,699,
c=1,211
Carbeto M23C6 600-950 a=1,060
Chi (χ) Fe36Cr12Mo10 700-900 a=0,890
Fase τ - 550-650 a=0,4044; b=0,484,
c=0,2867
Fase R Fe-Cr-Mo 550-650 a=1,09; c=1,93
Fase п Fe7Mo13N4 550-600 a=0,647
72
FIG. 2.27 – Micrografia de vários tipos de precipitados nos aços inoxidáveis duplex
(VERMA e TAIWADE, 2017).
2.2.5.3 ANÁLISES DE MORFOLOGIA E COMPOSIÇÃO QUÍMICA DAS FASES
ELSAAD et al. (2016) realizaram um estudo do efeito da alta temperatura de serviço
na resistência à corrosão por pitting no AID 2205, em função das temperaturas e de
tempos de envelhecimento e diferentes processos de soldagem (SMAW e GTAW). Das
imagens obtidas, destaca-se na FIG. 2.28 a raiz da solda feita através do processo SMAW,
na condição como-soldado. Nos pontos 1 e 2, foram realizados EDS para determinar a
composição química de cada fase. Os resultados obtidos estão na TAB. 2.8. Analisando
o conjunto, é possível dizer que o ponto 1 corresponde à composição química da ferrita
𝛿, rica em Cr, enquanto que o ponto 2 corresponde à composição química da fase austenita
(𝛾), a qual é rica em Ni.
Ainda na FIG. 2.28, foi possível supor que a solidificação da zona da solda começou
com a nucleação e crescimento de grãos de ferrita. Também foi observado que os grãos
de austenita começaram a nuclear e crescer nos contornos de grão da fase ferrítica. A
distribuição de Cr, Ni e Mo variam ao longo das fases ferrítica e austenítica, causando
diferentes níveis de super-saturação em diferentes temperaturas conduzindo à formação
de agulhas de austenita chamadas de austenita Widmanstatten. Esta austenita começa a
nuclear e crescer a partir da austenita existente atravessando a ferrita para aliviar a energia
73
de superfície. Finalmente, a austenita secundária formada por crescimento epitaxial
cresceu a partir da austenita existente atravessando a ferrita (ELSAAD et al., 2016).
FIG. 2.28 – Micrografia de MEV da raiz da solda feita por SMAW (ELSAAD et
al., 2016).
TAB. 2.8 – Análise de EDS para diferentes fases da FIG. 2.28 (ELSAAD et al.,
2016).
Ponto Fase Fe (%) Cr (%) Ni (%) Mo (%)
1 δ 65,00 23,00 3,50 3,50
2 γ 63,50 20,00 8,00 3,00
Também é interessante ressaltar os volumes em fração de ferrita que foram obtidos
através dos dois processos de soldagem, conforme ilustrado na FIG. 2.29. Verifica-se
maiores valores de ferrita nos corpos de prova soldados através do processo GTAW do
que no processo SMAW. Resultado que pode ser explicado pelo aporte térmico durante
o processo de soldagem e seu impacto na morfologia de solidificação do AID (ELSAAD
et al., 2016).
74
FIG. 2.29 – Medida de ferrita em diferentes processos de soldagem (ELSAAD et
al., 2016).
2.2.6 SOLDAGEM OU REVESTIMENTO DE LIGAS DISSIMILARES
A solda ou o revestimento obtido durante a soldagem por fusão de ligas dissimilares
terá em parte ou na totalidade composição química intermediária entre as duas ligas. A
microestrutura resultante é influenciada por dois principais fatores: composição química
e aporte térmico (DI et al., 2016).
Em soldas de metais dissimilares, existe uma zona de heterogênea chamada zona de
transição. Nessa região, pesquisas indicam que a composição química, microestruturas e
propriedades físicas e mecânicas mudam drasticamente. Por isso, o estudo da evolução
microestrutural dessa região é essencial para entendimento do desempenho em serviço
(DI et al., 2016).
Os efeitos da composição química são determinados pelo valor Creq/Nieq, o qual varia
segundo a taxa de diluição. A taxa de diluição é definida em função da mudança da
composição química do metal base com o metal de adição. Dentro da zona de transição,
a taxa de diluição pode ser determinada pela Equação (2.5) (DI et al., 2016):
𝐷 =𝐶𝑡𝑧−𝐶𝑓𝑚
𝐶𝑏𝑚−𝐶𝑓𝑚 (2.5)
75
Onde:
D – diluição;
Ctz – concentração de qualquer elemento dentro da zona de transição;
Cfm – concentração nominal de qualquer elemento do metal de adição;
Cbm – concentração nominal de qualquer elemento do metal base.
O Diagrama de Schaeffer foi desenvolvido para prever a microestrutura da zona
fundida de aços inoxidáveis, porém também ser utilizado para metais de solda
dissimilares com aços carbono e aços inoxidáveis. Além disso, uma linha que atravessa
diferentes campos de fases/composições pode ser usada para determinar o efeito da
diluição do metal de base e fornecer uma visão da microestrutura que se formará na zona
de transição (DI et al., 2016).
DI et al. (2016) realizaram um estudo para avaliar a evolução microestrutural da zona
de transição do aço de tubulação X70 revestido com aço inoxidável duplex 2209,
executado através do processo de soldagem TIG. Antes de observar a microestrutura com
auxílio de um microscópio, utilizaram o Diagrama de Schaeffer para estimar a
microestrutura resultante, conforme FIG. 2.30.
FIG. 2.30 – Diagrama de Schaeffler para prever a evolução microestrutural dentro
da zona de transição (DI et al., 2016).
76
De acordo com a FIG. 2.30, dependendo do teor de diluição, a composição química
da zona de transição atravessa os seguintes pontos:
Diluição > 97% - ferrita + martensita;
97% > Diluição > 59% - martensita;
59% > Diluição > 39% - ferrita + martensita;
39% > Diluição > 14% - austenita + martensita + ferrita
Essas previsões foram confirmadas pelas observações realizadas através de um
microscópio eletrônico de Transmissão (MET): Ferrita alfa (𝛼) + martensita (M), M, M
+ ferrita delta (𝛿) e M + austenita (𝛾) + 𝛿, conforme FIG. 2.31.
FIG. 2.31 – Micrografias de TEM de diferentes regiões da zona de transição (DI et
al., 2016).
Uma banda estreita de martensita que causa um endurecimento na região foi formada
na região foi formada na condição como-soldada dentro da zona de transição. Esse
endurecimento pode induzir uma fragilização por hidrogênio, sendo parcialmente
responsável pela falha prematura em soldas de metais dissimilares (DI et al., 2016).
Na FIG. 2.32 (a) é mostrada uma imagem feita por microscopia óptica (MO) da zona
de transição entre o metal base (X70) e a solda (AID 2209), a qual demonstra ser quase
plana. Já na FIG. 2.32 (b) é mostrada a micrografia dessa região feita por MEV, a qual
pode ser dividida em duas regiões “A” e “B” separadas pela linha de fusão. A linha 1
representa a taxa de diluição de 99%, a linha 2 é a linha de fusão, as linhas 3 e 4
77
representam fronteiras de diferentes crescimentos. A região A tem aproximadamente 5 a
7 µm de largura. A região B é composta por uma zona planar de aproximadamente 6 a 9
µm de largura e uma zona de crescimento celular com cerca de 9 a 15 µm de largura.
FIG. 2.32 – Morfologia da zona de transição (a) Imagem de MO da interface e (b)
Imagem de MEV de diferentes regiões (DI et al., 2016).
78
3 MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 MATERIAL
O material utilizado como o metal base em estudo foi fornecido pela empresa Aperam
South America, na forma de chapas de aproximadamente 12,5 mm de espessura do
material aço inoxidável austenítico 304L, na condição laminada a quente, cuja
composição química encontra-se na TAB. 3.1, conforme informações do fornecedor.
TAB. 3.1 - Composição química (% em peso) do aço inoxidável austenítico 304L
em estudo fornecido pela APERAM South América.
Elemento (% em peso)
C Mn Si P S Cr Al Cu Co
0,0239 1,279 0,4703 0,0369 0,0004 18,0754 0,004 0,152 0,1736
V Nb Pb Sn W N Ni Mo Ti
0,0475 0,0062 0,0008 0,0066 0,0177 0,0454 8,0064 0,1035 0,0039
O metal de adição selecionado para este estudo foi o aço inoxidável duplex na forma
de arame ER2209, com suas características descritas no item 3.2.2. A justificativa para
esta escolha foi condicionada a alguns fatores, a citar:
- A escolha do metal de adição, tanto para soldas similares quanto para as
dissimilares, desempenha um papel crucial na melhora das propriedades mecânicas do
material soldado, fazendo o balanço de fase adequado e evitando trinca de solidificação
(VERMA e TAIWADE, 2017).
- Devido ao preço flutuante do níquel e por este ser 10 vezes mais caro do que vários
metais, pesquisadores buscam consumíveis com bom custo e mecanicamente eficientes.
Na prática, os AID são muito resistentes às trincas de solidificação devido ao baixo grau
de impurezas. O consumível E/ER 2209 é o mais popular e compatível com diferentes
processos e materiais similares ou dissimilares. Quando comparado com outros arames,
como o ER 316LSI e o ER308LSi, a solda com o ER2209 apresentou melhor resistência
à corrosão localizada. Enquanto que nos arames ER 316LSi e o ER308LSi, a presença do
79
silício acelerou a formação de fases intermetálicas, aumentando a corrosão (VERMA e
TAIWADE, 2017).
3.2 MÉTODOS
A estrutura do presente trabalho encontra-se ilustrada na FIG.3.1. O estudo foi
dividido em dois grupos, material sem solda e material com solda, subdivididos sob o
mesmo critério: antes do ensaio (“como recebido” e “apenas soldado”), após o ensaio de
flexão em três pontos e após o ensaio de tração uniaxial (realizados com e sem
ferritoscópio), ambos a temperatura ambiente. Todos os subgrupos foram analisados por
meio de medidas de microdureza instrumentada e da microscopia eletrônica de varredura
(MEV) com o uso dos detectores de elétrons secundários (SE) e de difração de elétrons
retroespalhados (EBSD). Complementarmente, foram realizadas análises macrográficas
no corpo de prova apenas soldado, medidas de ferritoscopia durante o ensaio de tração
interrompido antes do início da estrição, ensaio de dureza Rockwell e difração de Raios
X (DRX).
FIG. 3.1 – Fluxograma do programa experimental para o presente estudo.
80
3.2.1 NOMENCLATURA DAS AMOSTRAS
Com o intuito de melhor apresentar os resultados desta dissertação de mestrado e sua
respectiva discussão, nomeiou-se as amostras conforme TAB. 3.2.
TAB. 3.2 - Nomenclatura das amostras analisadas.
GRUPO SUBGRUPO NOMENCLATURA
Sem solda
Como Recebido CR
Após ensaio de flexão FLEXÃO SEM SOLDA
Após o ensaio de tração TRAÇÃO SEM SOLDA
Com solda
Apenas soldado SOLDADO
Após ensaio de flexão FLEXÃO COM SOLDA
Após o ensaio de tração TRAÇÃO COM SOLDA
3.2.2 SOLDAGEM
Foram recebidas chapas com aproximadamente 300 mm de comprimento (Direção
de Laminção - DL), 200 mm de largura (b) e 12,5 mm de espessura (t). As deposições de
solda foram realizadas, na forma de cordão, transversalmente à direção de laminação e
no meio do comprimento da peça, conforme ilustrado nas FIG. 3.2 e FIG. 3.3.
FIG. 3.2 - Esquema dos corpos de prova (CP).
81
FIG. 3.3 - Vista inferior do CP, mostrando o cordão de solda.
As soldas foram realizadas no Laboratório de Soldagem da Escola de Engenharia
Industrial Metalúrgica de Volta Redonda (EEIMVR), da Universidade Federal
Fluminense em Volta Redonda (UFF). A solda escolhida foi do tipo MIG, com utilização
de uma mistura gasosa inerte de argônio com 2% de oxigênio e arame de aço inoxidável
duplex, de especificação AWS/ASME SFA-5.9 ER 2209 da ESAB, com 1 mm de
diâmetro. O objetivo do depósito de solda foi observar as mudanças microestruturais
causadas na interface da zona fundida com a ZTA. Nesta interface, na zona fundida é
possível observar a zona de diluição, uma área de transição que compreende à mistura de
composição química e de microestrutural entre os metais base e de adição.
Segundo o fabricante ESAB, o metal de adição ER2209 “apresenta uma elevada
resistência à corrosão. Em meios contendo cloretos e sulfeto de hidrogênio, o metal de
solda deste arame apresenta uma elevada resistência à corrosão intergranular, localizada
(pitting) e especialmente sob corrosão sob tensão”. Apresenta como propriedades
mecânicas 600 MPa de limite de escoamento e 765 MPa como limite de resistência. Sua
composição química encontra-se descrita na TAB. 3.3.
TAB. 3.3 – Composição química do arame AWS/ASME SFA-5.9 ER 2209 da
ESAB (adaptado de ESAB).
Elemento (% em peso)
C Si Mn Cr Ni Mo Cu
< 0,03 0,50 1,70 22,50 8,50 3,30 < 0,30
82
A máquina de solda utilizada foi a MIG Pulse 4000 R Castolin Eutectic. A fim de
obter controle da velocidade de soldagem, utilizou-se um “carrinho” sob um trilho. O
esquema do conjunto de soldagem pode ser visto na FIG. 3.3.
FIG. 3.4 - Esquema de soldagem do Laboratório da EEIMVR/UFF.
Os parâmetros utilizados na soldagem foram:
Tensão de voltagem: 25,6 V;
Corrente contínua com polaridade direta (CC-): 212 A;
Velocidade de solda: 2,9 mm/s.
Dessa forma, foi possível calcular o aporte térmico (At), conforme a Equação (3.1):
𝐴𝑡 =0,8×𝑡𝑒𝑛𝑠ã𝑜×𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒
𝑣𝑒𝑙𝑜𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒=
0,8×25,6×212
2,9≅ 1,5 𝐽/𝑚𝑚 (3.1)
A distância utilizada entre o bico de contato e a peça (“stick-out”) foi de 13 mm,
conforme FIG. 3.5.
FIG. 3.5 - Medição da distância de saída do arame à superfície da chapa, referente
a distância inicial de abertura do arco.
83
O resultado do processo de soldagem é mostrado, em uma das chapas utilizadas, nas
FIG. 3.6 e FIG. 3.7.
FIG. 3.6 - Superfície de uma das chapas que recebeu a deposição de solda.
FIG. 3.7 - Superfície oposta de uma das chapas que recebeu a deposição de solda.
Imediatamente após a soldagem, observaram-se manchas marrons no entorno da
deposição da solda e na face oposta a essa superfície, conforme mostrado nas FIG. 3.6 e
FIG. 3.7. No entanto, esta mancha é de fácil remoção, sendo assim provavelmente
associada aos fumos formados durantes o processo de soldagem.
As chapas não foram aquecidas antes, nem tiveram resfriamento controlado após o
processo de deposição de solda, a fim de se aproximar de uma execução onde não seriam
viáveis esses tratamentos (pré-aquecimento e pós-aquecimento). Após o resfriamento,
observou-se que as chapas apresentavam um leve encurvamento, conforme mostrado na
FIG. 3.8.
84
FIG. 3.8 - Amostra MSC com leve encurvamento.
Atribui-se o ocorrido, ou seja, o leve encurvamento, ao calor gerado durante o
processo que resultou em tensões residuais, tendo seu efeito sido mais pronunciado por
não ter sido feito, propositalmente, o aquecimento da chapa antes da soldagem e nem ter
sido realizado o resfriamento controlado.
3.2.3 MODOS DE SOLICITAÇÃO MECÂNICA PARA O ESTUDO
De forma a prover os distintos modos de solicitação mecânica para este estudo,
relativo ao efeito TRIP em aço inoxidável austenítico 304L com cordão de solda de aço
inoxidável duplex, corpos de prova padronizados dos materiais em estudo (sem solda e
com solda) foram submetidos a esforços de flexão em três pontos e de tração uniaxial,
ambos a temperatura ambiente.
3.2.3.1 FLEXÃO EM TRÊS PONTOS
Os materiais em estudo foram submetidos a esforços de flexão em três pontos por
meio de ensaios de flexão realizados no Laboratório de Materiais de Construção e
Concreto do IME, com o uso do equipamento da MTS com uma célula de carga com
capacidade de 100 kN, conforme mostrado na FIG. 3.9. Foi utilizado para aquisição e
registro dos dados experimentais o software Flextest GT-40 da MTS.
85
FIG. 3.9 - Máquina de ensaio MTS.
Os corpos de prova foram ensaiados sob flexão em três pontos, conforme esquema
ilustrado na FIG. 3.10, onde L é o vão entre os apoios.
FIG. 3.10 - Esquema estrutural da flexão em três pontos.
Os ensaios foram executados por controle de deformação, sob uma velocidade de 1
mm/min, máxima deformação de 3% e distância entre apoios de 16 cm.
Os CPs foram cortados no Laboratório de Mecânica da EEIMVR da UFF em Volta
Redonda/RJ, na IMBEL e na Oficina Mecânica do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas
86
(CBPF). O tipo de corte utilizado foi por processo mecânico refrigerado por líquido. A
geometria e as fotos dos CPs encontram-se, respectivamente, nas FIG. 3.11 e FIG. 3.12.
FIG. 3.11 - Desenho esquemático dos corpos de prova (CP) de flexão, unidade em
mm. Vistas frontal (a) e superior (b) do CP sem solda e vistas frontal (c) e superior
(d) do CP com solda.
FIG. 3.12 - Corpos de prova com deposição de solda.
Observou-se que as laterais das amostras apresentaram marcas da serra do
equipamento de corte, conforme mostrado na FIG. 3.13. Essas marcas geraram uma
camada de martensita induzida por deformação. Qualquer outro processo mecânico para
retirar essas marcas, como o lixamento seguido de polimento mecânico, não seriam
eficientes para eliminar toda camada martensítica. Sendo necessário um polimento
eletrolítico em seguida, porém inviável devido ao tamanho das amostras. Por esses
motivos associado ao fato de as máximas tensões estarem nas superfícies superior e
87
inferior, não foi feito nenhum tratamento. Ao longo dos ensaios, não foi verificada
nenhuma influência dessas marcas.
FIG. 3.13 - Acabamento nas laterais dos corpos de prova devido ao corte com serra
de fita.
Como o corte pela serra de fita é um processo mecânico e refrigerado, portanto não
gera uma camada deformada e modificada pelo calor significante para as avaliações
objetivadas, o acabamento das laterais resultante do corte das amostras foi adotado como
adequado para o estudo.
Para medir as deformações das amostras foram utilizados extensômetros elétricos de
resistência a 1,5 mm de distância do centro do comprimento do CP e alinhados no sentido
longitudinal deste, conforme mostrado na FIG. 3.14. Foram utilizados extensômetros da
marca Kyowa, cujas especificações encontram-se na TAB. 3.4.
FIG. 3.14 – Desenho esquemático da posição do extensômetro em um corpo de
prova sem ou com solda, unidade em mm.
88
TAB. 3.4 – Especificação do extensômetro utilizado nos ensaios de flexão em 3
pontos.
ESPECIFICAÇÃO DO EXTENSÔMETRO
Tipo KFC-5-120-C1-11
Fator de Medida (24 C, 50%RH) 2,10±1,0%
Comprimento útil de Medida 5 mm
3.2.4 TRAÇÃO UNIAXIAL
Os materiais em estudo foram, inicialmente, submetidos ao ensaio de tração uniaxial
até a ruptura e, posteriormente, em duas condições distintas de parada:
- até deformações próximas ao limite de resistência (antes da estricção) com uso de
uma sonda de ferritoscopia portátil para detecção da formação de fase magnética (neste
caso a martensita α’) induzida durante o ensaio de tração a temperatura ambiente, na
posição mediana do comprimento útil do corpo de prova de tração;
- até a deformação equivalente de 3%.
Os ensaios de tração com deformação equivalente e até a ruptura foram realizados
no Laboratório de Materiais de Construção e Concreto do IME, com o uso do
equipamento da MTS com uma célula de carga com capacidade de 100 kN. Foi utilizado
para aquisição e registro dos dados experimentais o software Flextest GT-40 da MTS. A
deformação foi medida com o mesmo tipo de extensômetro utilizado nos ensaios de
flexão (TAB. 3.4). Os extensômetros foram colados no centro do comprimento dos corpos
de prova.
Os ensaios de tração com ferritoscópio acoplado foram executados no Laboratório
de Ensaios Mecânicos da Escola de Engenharia Industrial Metalúrgica de Volta Redonda
(EEIMVR) da Universidade Federal Fluminense (UFF), em Volta Redonda / RJ, com o
equipamento da EMIC DL-1000, com célula de carga com capacidade de 100 kN,
mostrada na FIG. 3.15. A medida da deformação considerada foi o deslocamento do
travessão.
O ferritoscópio utilizado foi o FISCHER-FMP30 de sonda manual, com faixa de
medição de 0,1 a 80% da fase ferromagnética, o qual encontra-se sob tutela do Programa
de Pós-Graduação em Engenharia Metalúrgica (PPGEM) da UFF em Volta Redonda. A
89
fotografia do ferritoscópio acoplado ao corpo de prova na máquina de ensaio EMIC é
mostrada na FIG. 3.16.
FIG. 3.15 - Máquina de ensaio EMIC da EEIMVR / UFF.
FIG. 3.16 – Foto da máquina de ensaio da EMIC com o ferritoscópio acoplado no
corpo de prova.
90
Com o objetivo de definir o ponto de parada do ensaio, correspondente ao limite
máximo de resistência, um corpo de prova sem e outro com solda foram ensaiados até
ruptura. O software do equipamento de tração, na medida que executava o ensaio, plotava
instantaneamente o gráfico tensão versus deformação. Dessa forma, foi possível saber a
carga referente ao limite máximo de resistência e parar o ensaio quando esse fosse
atingido.
Os ensaios de tração foram executados por controle de deformação, sob uma
velocidade de 1 mm/min até a ruptura. A distância entre garras foi de 200 mm e o
comprimento útil do corpo de prova foi de 100 mm. A quantidade de corpos de prova
utilizados está detalhada na TAB. 3.5.
TAB. 3.5 – Quantidade de corpos de prova de tração utilizados.
Tipo de Corpo de Prova de Tração Quantidade
Sem solda + deformação equivalente 2
Com solda + deformação equivalente 2
Sem solda + ruptura 3
Com solda + ruptura 3
Sem solda + ferritoscopia 1
Com solda + ferritoscopia 1
Os corpos de prova de tração foram dimensionados segundo a norma ASTM
E8/E8M-09, os quais foram cortados por meio de corte a jato d’água na IMBEL. Na FIG.
3.17 são apresentados os desenhos esquemáticos exemplificando um corpo de prova sem
solda e outro corpo sem solda, nos quais consta a posição de fixação do extensômetro.
91
FIG. 3.17 - Geometria dos corpos de prova de tração (a) sem solda e (b) com solda,
unidade em mm.
Como o material não apresenta patamar de escoamento definido, utilizou-se o critério
de 0,2% de deformação plástica para definir o limite de escoamento. O limite de
resistência à tração foi determinado pela maior carga de ensaio. O alongamento total foi
a máxima deformação sofrida no momento da ruptura do CP.
3.2.5 CARACTERIZAÇÃO
Conforme descrito no início da seção 3.2, por meio do fluxograma apresentado na
FIG. 3.1, amostras associadas aos materiais em estudo antes e após o processo de
soldagem adotado foram caracterizadas estruturalmente (a nível macro e microestrutural)
e mecanicamente via ensaio de dureza (macro e microdureza instrumentada) e tração
uniaxial, este último associado a medidas de ferritoscopia com uma sonda portátil.
92
3.2.5.1 ANÁLISE ESTRUTURAL
Para obter as informações quanto ao aspecto macro e microestrutural dos materiais
em estudo antes e após o processo de soldagem adotado, foram adotadas as seguintes
técnicas de caracterização para análise estrutural: macrografia, difração de raios X,
análises microestruturais com auxílio do microscópio eletrônico de varredura (com
auxílio dos detectores de SE e EBSD) e microdureza instrumentada (está última é
retratada na seção de ensaios mecânicos 3.2.3.2. Em função da técnica de análise, as
amostras foram submetidas a uma determinada rotina final de preparação metalográfica,
conforme ilustra a FIG. 3.18.
FIG. 3.18 - Técnica de caracterização versus etapa final de preparação
metalográfica das amostras.
A primeira etapa da preparação metalográfica foi o lixamento mecânico, constituído
pela sequência de lixas d’agua de granulometria de 80, 200, 300, 400, 500, 600, 1200,
1500 e 2000. Se o objetivo foi obter dados do EBSD ou DRX, a última etapa foi o
polimento eletrolítico. Porém, se o objetivo foi obter as imagens para análise
macrográfica, microestrutural (MEV com o detector de SE) ou medidas de microdureza
instrumentada, após o polimento eletrolítico, finalizou-se as amostras com o ataque
eletrolítico. Os parâmetros utilizados no polimento e no ataque eletrolíticos estão na TAB.
3.6.
93
TAB. 3.6 - Parâmetros do polimento eletrolítico e do ataque químico para etapa
final de preparação metalográfica.
PARÂMETROS POLIMENTO
ELETROLÍTICO
ATAQUE
ELETROLÍTICO
Solução 20% ácido perclórico
80% de álcool etílico P.A.
10 g Ácido oxálico
100 mL de água destilada
Voltagem (V) 20 12
Tempo de imersão (s) 15 a 30 30
3.2.5.1.1 IDENTIFICAÇÃO DAS FASES
As fases presentes na amostra da condição como recebida (após preparação,
conforme descrito no item 3.2.3.1) foram identificadas através da técnica de Difração de
Raio-X (DRX), com o auxílio de dois softwares: X´Pert High Score Plus e X´Pert Data
Viewer. O equipamento utilizado foi o difratômetro, modelo X´PERT PRO MRD da
PANalytical, do laboratório de Difração de Raio-X do Instituto Militar de Engenharia
(IME). Os parâmetros utilizados no difratômetro foram:
Tubo de cobalto (MRD);
2θ – variando de 45º a 130º;
Step size – 0,03º;
Tempo em cada passo = 198 s;
Tensão = 40 kV;
Corrente = 45 mA.
3.2.5.1.2 AVALIAÇÃO MACROESTRUTURAL
A amostra com solda (apenas soldada) foi preparada conforme descrito no item
3.2.3.1. Foram conduzidas observações quanto ao aspecto macroestrutural e registradas
imagens com auxílio do estereoscópio da ZEISS, modelo Stemi 2000-C com câmera
94
digital Pixelink modelo PL-A662. Como as diferenças entre o metal base e a solda
estavam bem marcadas, foram realizadas medidas da geometria da solda, com o uso de
um paquímetro digital.
3.2.5.1.3 AVALIAÇÃO MICROESTRUTURAL
As análises microestruturais foram inicialmente conduzidas por microscopia óptica,
como apoio à preparação metalográfica e critério de avaliação de qualidade de
preparação, com auxílio do microscópio óptico, modelo BX53M da Olympus, com
câmera digital com sistema de aquisição de imagem da Olympus.
Após conseguir-se obter amostras com superfícies livre de riscos do lixamento
(principal artefato de preparação que pode gerar erros na avaliação microestrutural de
materiais com efeito TRIP) através do polimento eletrolítico, conduziu-se as análises via
microscopia eletrônica de varredura das amostras somente polidas e atacadas
eletroliticamente. As amostras foram preparadas conforme descrito no item 3.2.3.1.
As análises microestruturais por microscopia eletrônica de varredura foram
realizadas com auxílio do microscópio, modelo QUANTA 250 FEG – FEI, com o
filamento de emissão de campo (FEG) e detector de elétrons secundários (SE), e difração
de elétrons retroespalhados (EBSD) da Bruker, localizado no Laboratório de Microscopia
Eletrônica do IME.
As análises microestruturais foram conduzidas na seção transversal das amostras,
após preparação metalográfica da superfície de corte, sem e com cordão de solda, bem
como antes e após os ensaios mecânicos de flexão e tração uniaxial com deformações
equivalentes.
Os pontos de análise das seções transversais típicas de uma amostra sem e com solda
são mostrados na FIG. 3.19. Os parâmetros utilizados para realizar imagens com o
detector de SE estão descritos na TAB. 3.7.
95
FIG. 3.19 - Pontos de análise de seções típicas de CPs (a) sem solda e (b) com solda.
TAB. 3.7 - Parâmetros adotados no MEV para as análises com o detector de SE.
PARÂMETROS DO MEV – SE
Tensão de aceleração 10 kV
Abertura 5
Spot size 5
Distância de trabalho 10 mm
Com o objetivo de otimizar o uso do detector de EBSD, as análises foram realizadas
nos pontos 2, 4, 5, 6 e 7, utilizando os parâmetros descritos na TAB. 3.8.
TAB. 3.8 - Parâmetros adotados no MEV para as análises com o detector de
EBSD.
PARÂMETROS DO MEV – EBSD
Tensão de aceleração 30 kV
Abertura 6
Spot size 5
Distância de trabalho 20 mm
Inclinação da amostra 70º
Inclinação do detector 10,6º
Distância entre detector e amostra 16 mm
A análise em conjunto com os detectores de SE e EBSD foi essencial para distinguir
diferentes fases com mesma estrutura cristalina, conforme critério descrito na TAB. 3.9.
Além disso, o EBSD auxiliou em diferenciar se as martensitas presentes nas micrografias
eram artefatos de preparação metalográfica ou consequência dos ensaios de flexão e
tração uniaxial executados com deformações equivalentes.
96
TAB. 3.9 - Tabela das principais fases deste trabalho em função de sua estrutura
cristalina e aspectos morfológico na microestrutura.
3.2.5.2 ENSAIOS MECÂNICOS
3.2.5.2.1 ENSAIO DE MACRODUREZA
Foi realizado o ensaio de macrodureza Rockwell B na amostra como recebida (CR),
após o lixamento mecânico da superfície da chapa com lixas d´águas de granulometria de
600 e 1200, via equipamento da PANTEC, modelo RBS M, localizado no Laboratório de
Ensaios Mecânicos do IME.
Foram realizadas 10 indentações na superfície da amostra e utilizados os seguintes
parâmetros de ensaio:
Penetrador: esfera de tungstênio;
Pré-carga: 10 kgf;
Carga: 100 kgf;
3.2.6 ENSAIO DE MICRODUREZA INSTRUMENTADA
As amostras de todas as condições em estudo foram preparadas conforme descrito no
item 3.2.3.1.
A microdureza instrumentada foi realizada nas amostras por meio do
ultramicrodurômetro instrumentado com indentador Berkovich (Triangular 115º),
modelo DUH-211S, da marca Schimadzu, controlado pelo software DUH-211S, o qual
97
possui um microscópio óptico com câmera digital que permite selecionar pontos
microestruturais associados ao aumento de 500x (10x da ocular e 50x da objetiva). O
equipamento está instalado no laboratório Multiusuário de Caracterização de Materiais
do Instituto de Ciências Exatas (ICEx) da UFF, em Volta Redonda / RJ. Os parâmetros
utilizados neste ensaio encontram-se na TAB. 3.10.
TAB. 3.10 - Parâmetros utilizados no ensaio de microdureza instrumentada.
Carga mínima 0,2 gf
Carga máxima 100 gf
Taxa de carregamento/descarregamento 7,14 gf/s
Tempo de permanência na carga máxima 20 s
Na FIG. 3.20 são mostradas as seções transversais com as direções nas quais foram
feitas as indentações nas amostras (a) CR e tração sem solda; em (b) flexão sem solda e
(c) soldada, flexão e tração com solda. Em todas as amostras foram realizadas 10
indentações ao longo das direções equivalentes a ¼, ½ e ¾ de espessura. Na FIG. 3.20
(a), a direção ¾ é equivalente a ¼ por simetria. As indentações em ¾ foram realizadas
dentro da solda. As indentações em L0 e L5 iniciaram-se perto do bordo sem solda e
terminaram perto da face da solda.
FIG. 3.20 - Seções transversais com as direções nas quais foram feitas as
indentações, nas amostras em (a) CR e tração sem solda, em (b) flexão sem solda e
em (c) soldada, flexão e tração com solda.
O diferencial do equipamento utilizado é sua capacidade de monitorar e armazenar
as cargas e a profundidade de indentação durante todo ensaio, o qual é realizado em quatro
etapas (SHIMADZU Instruction Manual, 2009).
Primeira etapa: guardam-se os valores de referência da detecção da superfície da
amostra pelo indentador.
98
Segunda etapa: é o carregamento, aumentando a força de teste até uma força
máxima, sob uma velocidade constante.
Terceira etapa: consiste em manter a força máxima durante um tempo
especificado.
Quarta etapa: é o descarregamento.
Conforme o penetrador é acionado para dentro do material a partir da superfície da
amostra, processos de deformação tanto elástica quanto plástica acontecem. A superfície
de contato entre o indentador e a amostra dependem da geometria do indentador, que
implicará numa projeção (Ap) sobre uma área de contato (As), até uma profundidade de
contato (hc). Dependendo da carga máxima e da evolução plástica/elástica, a
profundidade máxima (hmáx) pode atingir valores maiores que hc. Com a remoção do
indentador, há o retorno elástico, tendo a indentação resultante uma profundidade
permanente (hp) menor que hmáx e que normalmente apresenta um desvio do retorno
elástico perfeito (hr). A seção transversal de uma indentação é mostrada na FIG. 3.21
(SILVA, 2018 e GURGEL, 2016). Essas profundidades podem ser obtidas por meio da
curva força x profundidade de penetração de um ciclo completo de indentação, conforme
FIG. 3.22.
FIG. 3.21 - Seção transversal de uma indentação axissimétrica (aput - adaptado de
OLIVER e PHARR, 1992).
99
FIG. 3.22 - Curva genérica obtida via ensaio de microdureza instrumentada em
função das variáveis básicas medidas para o cálculo das propriedades (adaptado
de SHIMADZU Instruction Manual, 2009)
Das propriedades mecânicas que são possíveis de serem extraídas deste ensaio,
escolheu-se analisar a dureza Berkovich e o módulo de indentação no presente trabalho.
Dureza de Berkovich (HT115), também chamada de dureza da pirâmide triangular
de ângulo típico de 115º, utiliza um indentador em forma de pirâmide triangular, cuja
indentação forma um triângulo na superfície da amostra, conforme mostrado na FIG. 3.23
(SHIMADZU Instruction Manual, 2009).
FIG. 3.23 - Geometria da indentação da dureza Berkovich (SHIMADZU
Instruction Manual, 2009).
A dureza Berkovich (HT115) é calculada pela Equação (3.2).
𝐻𝑇115 =160,07×𝐹𝑚á𝑥
𝐿2 (3.2)
100
Onde:
𝐹𝑚á𝑥 = força máxima utilizada no teste; (MN)
𝐿 = altura média da indentação (µm), 𝐿 =𝐿1+𝐿2+𝐿3
3.
O módulo de indentação (Eit) pode ser calculado pela Equação (3.3) e apresenta
valores similares ao módulo de Young (ou módulo de elasticidade) (SHIMADZU
Instruction Manual, 2009).
𝐸𝑖𝑡 =1−𝜈𝑠
2
(𝑆.√𝜋
2.𝐴𝑝)−(
1−𝜈𝑖2
𝐸𝑖)
(3.3)
Onde:
𝜈𝑠 = coeficiente de Poisson da amostra;
𝑆 = inclinação da curva durante o descarregamento (região linear);
𝜈𝑖 = coeficiente de Poisson do identador (0,07);
𝐴𝑝 = área de contato projetada;
𝐸𝑖 = módulo do indentador (1,14 x 106 N/mm²).
A área Ap de contato projetada do indentador com a amostra pode ser calculado
conforme a Equação (3.4) quando do uso indentador Berkvich (Triangular 115º):
Ap = 23,96 . hc2 (3.4)
“hc” é a profundidade de contato do indentador com a peça que está sendo testada,
calculado pela Equação (3.5):
hc = hmax - . (hmax – hr) (3.5)
onde depende da geometria do indentador, sendo para os indentadores Vickers e
Berkovich (Triangular de 115º), = ¾ = 0,75.
101
4 RESULTADOS
De forma a atender os objetivos que foram propostos para o presente trabalho, os
resultados são apresentamos e analisados em termos de caracterização dos materiais em
estudo na condição de partida (aço inoxidável austenítico 304L sem e com cordão de
depósito de solda de aço inoxidável duplex ER2290). Posteriormente, são apresentados e
analisados os resultados quanto ao comportamento mecânico pelos modos de solicitação
mecânica propostos para se avaliar o efeito destes na indução de martensita por
deformação plástica (efeito TRIP) em baixo nível de deformação e sua subsequente
caracterização microestrutural e mecânica.
A fim de simplificar o texto, a zona fundida próxima à ZTA, a qual apresenta uma
transição composicional e estrutural, é denominada neste trabalho de zona de transição e
a zona fundida não afetada por esta transição será chamada de zona fundida. Porém, é
importante deixar claro que as duas regiões compõem a zona fundida.
4.1 MATERIAIS DE PARTIDA
4.1.1 TEMPERATURAS DE TRANSFORMAÇÃO E ENERGIA DE FALHA DE
EMPILHAMENTO
O aço inoxidável austenítico 304L que atua como metal base no proposto neste
estudo é dito na literatura como susceptível ao efeito TRIP, apresentando assim
transformação martensítica induzida por deformação a temperatura ambiente. Com base
nesta característica, nesta seção são avaliadas por meio de equações empíricas as
temperaturas de transformação que delimitam o efeito TRIP para fins práticos (Mi e Md30),
como também a energia de falha de empilhamento (EFE).
Os valores das temperaturas de transformação martensítica Mi e Md30 e da energia de
falha de empilhamento (EFE) segundo SCHRAMN (1975) e BROFMAN (1979) foram
102
calculados por meio da composição química do aço 304L em estudo, utilizando as
Equações (4.1), (4.2), (4.3) e (4.4).
Mi(°C) = 1305 − 41,7Cr − 61,1Ni − 33,3Mn − 27,8Si − 1667(C + N) (4.1)
Md30(°C) = 413 − 462(C + N) − 9,2Si − 8,1Mn − 13,7Cr − 9,5Ni − 18,5Mo (4.2)
EFE (mJ/m2) Schramn 1975 = −53 + 6,2Ni + 0,7Cr + 3,2Mn + 9,3Mo (4.3)
EFE(mJ/m²) Brofman 1979 = 16,7 + 2,1Ni − 0,9Cr + 0,26C (4.4)
TAB. 4.1 - Valores das temperaturas de transformação e das EFEs para o aço
inoxidável 304L utilizado nesse estudo.
Mi -109,12 oC
Md30 40,69 oC
EFE – Schramn (1975) 14,35 mJ/m²
EFE – Brofman (1979) 17,25 mJ/m²
Com o objetivo de avaliar os resultados encontrados neste trabalho, foram calculadas
as temperaturas de transformação e EFE por meio da composição química para o aço
304L estudados do autor TAHERI et al. (2011), conforme TAB. 4.2 e TAB. 4.3.
TAB. 4.2 - Composição química dos aços 304L estudado por TAHERI, et al., 2011.
ELEMENTO TAHERI, et al. (2011)
Aço 1 Aço 2
Cr 18,5 18,0
Ni 10,1 10,0
Mn 1,13 1,86
Si 0,49 0,49
C 0,023 0,029
N 0,056 0,112
Mo 0,09 0,04
TAB. 4.3 - Valores das temperaturas de transformação martensítica e EFE do aço
304L calculados em função da composição química apresentado por TAHERI et
al., 2011.
Tipo de
aço Mi (oC) Md30 (oC)
EFE (mJ/m²)
Schramn
(1975)
EFE (mJ/m²)
Brofman
(1979)
Aço 1 -266,50 11,78 27,02 21,27
Aço 2 -367,21 -14,06 27,92 21,51
103
Nota-se que mesmo uma pequena variação da composição química gera temperaturas
e energias de falha de empilhamento diferentes, gerando diferentes susceptibilidades ao
efeito TRIP. No entanto, há de se ressaltar que o número de algarismos significativos
apresentados na composição química deste trabalho, na TAB. 3.1, e pelo autor TAHERI
et al. (2011), na TAB. 4.3, são diferentes. Essas diferenças produzem efeito significativo
nos cálculos, principalmente em relação aos efeitos do carbono e nitrogênio que
apresentam maiores pesos nas equações adotadas.
Nota-se que a temperatura Mi encontra-se abaixo de zero e a temperatura Md30 se
encontra um pouco acima da temperatura ambiente, na qual foram executados os ensaios
mecânicos. Assim, teve-se grande probabilidade de ter transformação martensítica
durante os ensaios executados para avaliação dos efeitos dos modos de solicitação
propostos para o estudo.
4.1.2 MODOS DE SOLIDIFICAÇÃO
Um estudo preliminar foi feito a fim de verificar quais possíveis microestruturas que
podem ter se desenvolvido com o processo de soldagem por deposição de material
dissimilar. Utilizou-se o diagrama pseudobinário de aços inoxidáveis com as fórmulas de
níquel e cromo equivalente nas equações já apresentadas como (2.3) e (2.4) (KOTECKI
E SIEWERT, 1992).
Nieq = (%Ni) + 35 × (%C) + 20 × (%N) + 0,25 × (%Cu) (2.3)
Creq = (%Cr) + (%Mo) + 0,7 × (%Nb) (2.4)
Os resultados de níquel e cromo equivalentes, bem como os modos de solidificação
encontram-se descritos na TAB. 4.4 e ilustrados na FIG. 4.1. As linhas dos aços nos
diagramas não foram prolongadas até o eixo horizontal inferior, pois os autores
KOTECKI E SIEWERT (1992) não realizaram estudos à uma temperatura inferior a
900ºC.
104
TAB. 4.4 - Razão cromo-níquel equivalente e respectivo modo de solidificação de
cada aço.
AÇO Creq/Nieq MODO DE SOLIDIFICAÇÃO
304L 1,86 FA L→L+δ→L+δ+γ→δ+γ
ER 2209 2,68 F L→L+δ→δ→δ+γ
FIG. 4.1 - Diagrama pseudobinário para aços inoxidáveis com os aços 304L e ER
2209 (modificado, DI et al., 2016).
É importante ressaltar que o diagrama de equilíbrio considera um resfriamento muito
lento a partir do estado líquido. Na prática, a taxa de resfriamento é mais alta, ainda mais
nos processos de soldagem onde as taxas podem ser da ordem 10 C/s, podendo chegar a
0,25 C/s.
Além disso, outros fatores podem afetar as transformações desde o estado líquido até
a solidificação em temperatura ambiente. Estes fatores não são previstos nas equações
empíricas e, por isso, desvios ocorrem em conjunto com o efeito da cinética da
transformação. A saber, o fator tempo para as transformações que ocorrem no
lingotamento junto com a laminação a quente e a soldagem com depósito de um cordão
de aço inoxidável duplex na chapa de 304L.
105
4.1.3 CARACTERIZAÇÃO
4.1.3.1 ENSAIO DE MACRODUREZA
As indentações de macrodureza foram realizadas conforme a FIG. 4.2, onde T1 e T2
são pontos de teste. Os resultados obtidos estão na TAB. 4.5, revelando a homogeneidade
do material.
FIG. 4.2 - Pontos de aplicação de cargas do ensaio de dureza Rockwell.
TAB. 4.5 – Valores obtidos do ensaio de dureza.
Ponto HRB
1 86
2 87
3 83
4 84
5 86
6 80
7 81
8 81
9 82
10 82
Média 83,20
Desvio padrão ±2,32
SILVA (2017) utilizou em seu estudo uma chapa laminada a quente, de 6,4 mm de
espessura, do aço 304L fornecido pela empresa Aperam South America. Como resultado
de dureza obteve o valor 12,40 +/- 0,90 HRC, o qual convertido para a dureza Rockwell
B, chega-se ao valor aproximado de 88,0 HRB, conforme FIG. 4.3.
106
FIG. 4.3 - Tabela de conversão de dureza de Rockwell B e Rockwell C. Em
vermelho, os resultados experimentais (adaptado, CALLISTER E RETHWISCH,
2015).
Conclui-se que o resultado obtido por SILVA (2017) é similar ao obtido neste
trabalho. Com a distinção que SILVA (2017) trabalhou com o mesmo tipo de aço
processado pela Aperam South America na forma de chapa laminada a quente, porém a
metade da espessura do trabalho atual (6,4 mm de espessura).
4.1.3.2 IDENTIFICAÇÃO DAS FASES PRESENTES NO METAL BASE
A identificação de fases das amostras na condição como recebido foram avaliadas
pela técnica de DRX, na direção de laminação, conforme destacado na FIG. 4.4.
107
FIG. 4.4 – Difratograma de Raios X da amostra na condição como recebido,
relativo a seção na corte na direção de laminação.
A amostra como recebida do aço 304L apresenta picos de DRX associados a
austenita. Nos picos de austenita observa-se “picos-duplos” associados à κα1 e κα2.
Próximo ao pico ϒ(111), verifica-se a presença de um pico associado ao plano (110) de
uma estrutura CCC, o qual pode estar relacionado às fases da martensita alfa linha e da
ferrita delta. A martensita alfa linha pode ter sido induzida durante a preparação das
amostras ou ser remanescente do processo de laminação à quente. A ferrita delta também
pode ser remanescente do processo de laminação a quente de chapas grossas, a qual pode
não ter sido suficiente para promover a homogeneização da estrutura de solidificação do
lingotamento da placa.
4.1.3.3 MACROGRAFIA APÓS SOLDAGEM
Com base em análise preliminar, com uso de uma câmera digital, foram registradas
imagens da seção transversal com o intuito de observar a macroestrutura da amostra
somente soldada, cujo o aspecto é mostrado na FIG. 4.5, junto com as médias das
dimensões das distintas regiões associada ao corte transversal na direção de laminação.
A largura média do cordão de solda foi de 12,9 mm, o reforço médio foi de 5,0 mm, a
penetração da junta média foi 3,8 mm e a espessura média da chapa foi de 12,8 mm.
CCC (110)
108
FIG. 4.5 - Macrografia da amostra somente soldada.
Observa-se na FIG. 4.5 a penetração do cordão da solda na espessura da chapa, a
diferença de tamanho de grão da solda e do metal base e a linha de segregação central no
centro da espessura do metal base proveniente da segregação de soluto durante o processo
de solidificação da placa e atenuada pela laminação a quente.
Com o uso do estereoscópio, foram obtidas as imagens apresentadas nas
FIG. 4.6 e FIG. 4.7.
FIG. 4.6 – Macrografia obtida com o uso do estereoscópio de uma amostra
soldada.
109
FIG. 4.7 - Detalhe da macroestrutura observada através do estereoscópio na
fronteira entre o cordão da solda e o metal base. Em A, a solda. Em B1, fim da
ZTA e início da zona fundida (zona de transição), e B2 ZTA. Em C, o metal base.
Por meio das
FIG. 4.6 e FIG. 4.7, é possível observar melhor as características da solda e seu
entorno. Na
FIG. 4.6, observa-se na solda um crescimento de grão colunar acompanhando o fluxo
de resfriamento do processo de soldagem. Na parte superior da solda, notam-se grãos
maiores devido à uma provável menor taxa de resfriamento, enquanto que na parte
inferior grãos menores, em consequência de uma provável maior taxa de resfriamento.
Na FIG. 4.7, é possível ver as áreas B1 e B2, limitadas pela solda em A e pelo metal base
em C. B2 é a zona termicamente afetada (ZTA), identificada por linhas de sulfeto
coalescidos e B1 é o fim da ZTA e início da zona fundida (zona de transição), identificado
por grãos que não tem mais aspecto equiaxial.
4.1.3.4 MICROGRAFIA DAS CONDIÇÕES DE PARTIDA
As imagens apresentadas nesta dissertação foram feitas por meio da microscopia
eletrônica de varredura, pois são ricas em detalhes que permitem observar com mais
detalhes as diferenças microestruturais. Foram utilizados dois detectores: de elétrons
secundários (SE) e de detector difração de elétrons retroespalhados (EBSD).
A
110
Primeiro são apresentadas as micrografias feitas com SE e mapas de EBSD das
amostras nas condições de partida: chapa de AIA 304L na condição como recebido, “CR”,
e a chapa de AIA 304L com um depósito de solda de AID ER 2209, “soldada”. Após são
apresentadas as curvas tensões versus deformação e as propriedades obtidas dos ensaios
de tração uniaxial, tração uniaxial com ferritoscópio acoplado e flexão de três pontos. Por
último, são apresentadas as amostras sem e com solda após os ensaios de flexão de três
pontos e tração uniaxial com deformação equivalente a 3%: “tração sem solda”, “tração
com solda”, “flexão sem solda” e “flexão com solda”. Complementarmente, são
apresentados os ângulos dos contornos dos grãos, obtidos da análise de EBSD.
As análises foram conduzidas na seção de corte ao longo da espessura na direção de
laminação e as amostras foram preparadas metalograficamente conforme descrito no item
3.2.5.1.
4.1.3.4.1 METAL BASE COMO RECEBIDO
As micrografias de SE e mapas de EBSD da amostra CR são mostradas nas FIG. 4.8
a
FIG. 4.11. Como o ponto de análise em 3/4 de espessura é equivalente ao de 1/4 de
espessura, só foram apresentadas as imagens de 1/4 de espessura.
111
(a)
(b) (c)
FIG. 4.8 - Micrografia do AIA 304L, no ponto 1, na condição como recebido,
obtida por meio do detector de elétrons secundários do MEV, nos aumentos de (a)
200x e (b) 1000x. Em (c) os pontos de análise da seção.
112
(a)
(b) (c)
FIG. 4.9 - Micrografia do AIA 304L, em ½ de espessura (ponto 2), na condição
como recebido, obtida por meio do detector de elétrons secundários do MEV, nos
aumentos de (a) 200x e (b) 1000x. Em (c) os pontos de análise da seção.
113
FIG. 4.10 - Análise de EBSD, IPFX, na amostra CR, a ¼ de espessura, aumento de
100x, em (a) fase CFC, em (b) fase CCC e (c) triângulo de orientação das fases
CFC e CCC.
FIG. 4.11 - Análise de EBSD, IPFX, na amostra CR, a ½ espessura (ponto 2),
aumento de 500x, em (a) fase CFC, em (b) fase CCC e (c) triângulo de orientação
das fases CFC e CCC.
Verifica-se que o aço 304L possui microestrutura de matriz austenítica, com grãos
equiaxiais e presença de maclas de recozimento. Observa-se uma grande presença de
inclusões de sulfetos, representados por linhas quase contínuas onduladas paralelas à
direção de laminação.
Na análise em ½ espessura, (b)
(c)
FIG. 4.9, assim como na macrografia, FIG. 4.5, observa-se a presença de segregação,
provavelmente originada na segregação de soluto durante solidificação no lingotamento
continuo para produção da placa que deu origem a esta chapa laminada a quente. Também
114
nota-se grãos um pouco maiores que os da espessura de 1/4, FIG. 4.8. Provavelmente,
porque a taxa de resfriamento em 1/4 de espessura é superior que em 1/2 de espessura.
Nos mapas de EBSD, FIG. 4.10 (b) e FIG.4.11 (b) nota-se a presença de uma
estrutura CCC nos contornos dos grãos entre os distintos grãos da fase CFC austenítica,
associado ao modo de solidificação do tipo “FA” (apresentado no item 4.1.2),
caracterizando a fase da ferrita delta residual, derivada do processo de solidificação.
Como nos mapas de EBSD, não há presença de estrutura CCC no interior dos grãos e há
presença de algumas marcas de lixa, as regiões com martensitas α’ (formato de lente) que
aparecem nas micrografias são artefatos de preparação metalográfica. Assim, pode-se
concluir que o pico de estrutura CCC (110) observado no difratograma de raio X, da FIG.
4.4, pertence à fase ferrita δ.
Observa-se por meio dos mapas de IPFX, FIG. 4.10 (a) e 4.11 (a) que os grãos
austeníticos (CFC) apresentam uma distribuição aleatória de orientações, não
caracterizando assim uma textura cristalográfica preferencial.
4.1.3.4.2 CONDIÇÃO DE PARTIDA – SOMENTE SOLDADA
As micrografias referentes ao metal base da amostra somente soldada são mostradas
nas (b) (c)
FIG. 4.12 a FIG. 4.13. Ao analisar essas imagens, verifica-se muita similaridade com
as micrografias da amostra CR: matriz austenítica, com grãos equiaxiais, presença de
maclas de recozimento e segregação à meia espessura. Os sulfetos apresentam uma leve
diferença, na amostra soldada não formam tão bem uma linha contínua, porém continuam
com aspecto de uma leve linha paralela à direção de laminação. Há uma presença muito
tímida de martensita α’, também proveniente da preparação metalográfica, devido a
presença de poucas marcas de lixa. Conclui-se que o processo de soldagem, não alterou
significativamente o metal base, como era esperado do ponto de vista térmico.
115
(a)
(b) (c)
FIG. 4.12 - Micrografia do AIA 304L, no ponto 2, da amostra soldada, obtida por
meio do detector de elétrons secundários do MEV, nos aumentos de (a) 200x e (b)
1000x. Em (c) os pontos de análise da seção.
116
(a)
(b) (c)
FIG. 4.13 - Micrografia do AIA 304L, em ¾ de espessura (ponto 3), da amostra
soldada, obtida por meio do detector de elétrons secundários do MEV, nos
aumentos de (a) 200x e (b) 1000x. Em (c) os pontos de análise da seção.
As micrografias referentes à interface da ZTA com a zona de transição são mostradas
nas FIG. 4.14 a FIG. 4.18.
117
(a)
(b) (c)
FIG. 4.14 - Micrografia da ZTA + zona de transição, da amostra soldada, posição
4, obtida por meio do detector de elétrons secundários do MEV, nos aumentos de
(a) 200x e (b) 1000x. Em (c) os pontos de análise da seção.
118
(a)
(b) (c)
FIG. 4.15 - Micrografia da ZTA + zona de transição da amostra soldada, posição 5,
obtida por meio do detector de elétrons secundários do MEV, nos aumentos de (a)
200x e (b) 1000x. Em (c) os pontos de análise da seção.
119
FIG. 4.16 - Análise de EBSD, IPFX, na amostra soldada, na posição 4, aumento de
100x, em (a) fase CFC, em (b) fase CCC e (c) triângulo de orientação das fases
CFC e CCC.
FIG. 4.17 - Análise de EBSD, IPFX, na amostra soldada, na posição 5, aumento de
100x, em (a) fase CFC, em (b) fase CCC e (c) triângulo de orientação das fases
CFC e CCC.
120
(a)
(b) (c)
FIG. 4.18 - Micrografia da ZTA + zona de transição da amostra soldada, posição 6,
obtida por meio do detector de elétrons secundários do MEV, nos aumentos de (a)
200x e (b) 1000x. Em (c) os pontos de análise da seção.
Das micrografias da interface da ZTA com a zona de transição, observa-se uma boa
adesão entre os dois aços inoxidáveis utilizados, o AIA 304L e o AID ER 2209. O
121
material do metal de adição apresenta um alto percentual de níquel, o que favorece a
estabilidade e o alto percentual de austenita após a solidificação do depósito de solda.
Fato confirmado pelos mapas de EBSD, FIG. 4.16 e FIG. 4.17, com uma grande
proporção de estrutura CFC. A estrutura CCC que é vista nos mapas de EBSD junto com
a morfologia apresentada nas micrografias e a composição química do metal de adição
permite concluir que se trata de ferrita δ.
Ratificando o observado pela macrografia, FIG. 4.7, a interface da ZTA com a zona
de transição é composta pelas duas áreas B1 e B2. Cada área com cerca de 130 µm de
largura em torno da solda. B1 é a fronteira entre a ZTA e a zona fundida, apresentando
um pouco das características das duas regiões. Ao analisar a micrografia, nota-se que a
existência de ferrita δ poligonal e em forma de ripas, provavelmente devido ao
crescimento epitaxial. Observações também vistas por UNNIKRISHNAN et al (2014)
em seu trabalho. Ao analisar os mapas de EBSD, observa-se tanto estruturas CFC, quanto
estruturas CCC (relacionadas à ferrita). Porém, a porcentagem CFC é maior do que numa
área só com a solda. Assim, pode-se afirmar que trata-se de uma região de transição.
A ZTA, identificada por B2, apresenta grãos austeníticos maiores que os encontrados
no metal base, mantendo o aspecto equiaxial. Nos mapas de EBSD, essa região
permanece majoritariamente austenítica. Assim, pode-se concluir que a temperatura
experimentada por essa região não foi capaz de transformar parcialmente a austenita em
ferrita δ e fazer a reversão. Também se observa em B2 que houve coalescimento das
inclusões vizinhas de sulfeto de manganês, conforme visto na macrografia (FIG. 4.7).
SOLTANI e TAYEBI (2018) observaram baixa formação de ferrita na ZTA de seu
material. A formação de ferrita é possível quando aços inoxidáveis austeníticos, que
possuem a razão Creq/Nieq alta, são aquecidos próximos da temperatura solidus. O
percentual foi baixo, pois a condutividade térmica dos AIA é baixa.
As micrografias referentes à zona fundida da amostra soldada são mostradas nas FIG.
4.19 a FIG. 2.22.
122
(a)
(b) (c)
FIG. 4.19 - Micrografia da zona fundida da amostra soldada, posição 7, obtida por
meio do detector de elétrons secundários do MEV, nos aumentos de (a) 200x e (b)
1000x. Em (c) os pontos de análise da seção.
123
(a)
(b) (c)
FIG. 4.20 - Micrografia da zona fundida da amostra soldada, posição 8, obtida por meio
do detector de elétrons secundários do MEV, nos aumentos de (a) 200x e (b) 1000x. Em
(c) os pontos de análise da seção.
124
FIG. 4.21 - Análise de EBSD, IPFX, na amostra soldada, na posição 7, aumento de
100x, em (a) fase CFC, em (b) fase CCC e (c) triângulo de orientação das fases
CFC e CCC.
FIG. 4.22 - Análise de EBSD, IPFX, na amostra soldada, na posição 8, aumento de
100x, em (a) fase CFC, em (b) fase CCC e (c) triângulo de orientação das fases
CFC e CCC.
A zona fundida apresenta morfologia dendrítica com os braços primários orientados
de acordo com a direção do gradiente de calor, o qual é perpendicular à direção de
laminação. A estrutura dendrítica é mais fina nas bordas do depósito da solda, onde a taxa
de resfriamento foi maior e se tornou mais espessa ao centro da solda, onde a taxa de
solidificação é menor. (GRAZIANO et al, 2015). A ferrita nesta região possui estrutura
esquelética e precipita dentro da região interdendrítica envolvendo as dendritas de
austenita (UNNIKRISHNAN et al, 2014).
Nos mapas de IPFX das estruturas CCC, FIG. 4.21 (b) e FIG. 4.22(b) observa-se dois
tipos de geometrias. Uma de pontos uniformemente distribuídos, relacionado à ferrita δ
125
residual. Outra de polígonos com área cheia, relacionados à composição ferrítica do aço
inoxidável duplex.
4.2 MODOS DE SOLICITAÇÃO MECÂNICA
4.2.1 TRAÇÃO UNIAXIAL
Com os dados colhidos durante o ensaio de tração uniaxial, foi possível plotar a curva
tensão versus deformação, para os CPs com e sem solda, conforme FIG. 4.23.
FIG. 4.23 - Gráfico tensão versus deformação de engenharia dos CPs com e sem
solda, obtido do ensaio de tração.
126
FIG. 4.24 - Gráfico tensão versus deformação verdadeira dos CPs com e sem solda,
obtido do ensaio de tração.
Assim como ocorreu no ensaio de flexão, observa-se na FIG. 4.23 que a curva tensão
versus deformação resultante do ensaio de tração com o CP com solda apresenta-se abaixo
da referida curva resultante do ensaio com o CP sem solda. As propriedades mecânicas
obtidas, por meio dos gráficos e apresentadas na TAB. 4.6, foram o limite de escoamento
(σy), o módulo de elasticidade (E), a tensão limite de resistência (σr) e a máxima
deformação (εmáx).
TAB. 4.6 - Propriedades obtidas a partir do ensaio de tração.
Propriedade Curva de engenharia Curva verdadeira
CP sem solda CP com solda CP sem solda CP com solda
σy 0,2% (MPa) 318 266 318 266
E (GPa) 190 186 190 186
σr (MPa) 775 560 1200 729
εmáx (%) 56 36 49 32
As mesmas propriedades mecânicas em tração uniaxial especificadas pelo fabricante
(Aperam South American), são apresentadas na TAB. 4.7.
127
TAB. 4.7 - Propriedades mecânicas do aço inoxidável austenítico 304L – curva
tensão versus deformação de engenharia (Aperam South American).
Propriedades Valores iniciais Valores mínimos Valores máximos
σe 0,2% (MPa) 316 240 370
σr (MPa) 671 580 750
εmáx (%) 55 50 67
Observa-se que os valores das propriedades mecânicas verificadas através do ensaio
de tração uniaxial, com CPs sem solda, encontram-se dentro da faixa de valores dado pelo
fabricante, conforme TAB. 4.7, em termos de tensão-deformação de engenharia e
próximo aos resultados tensão-deformação verdadeira para a menor taxa de carregamento
adotado por PAULA, et al. (2012), conforme TAB. 4.8.
TAB. 4.8 – Propriedades mecânicas da literatura obtidas por meio de tração uniaxial –
curva tensão versus deformação verdadeira.
Autor σe 0,2% (MPa) σr (MPa) εmáx (%)
PAULA et al. (2012) 284 1225 50,3
Pressupõe-se que a redução dos valores das propriedades mecânicas do corpo de
prova com solda, em comparação com o corpo de prova sem solda, deva-se à união de
dois fatores: a microestrutura formada na região da solda e ao concentrador de tensão
formado pela geometria da solda.
A microestrutura bruta de solidificação em comparação com a microestrutura de
grãos equiaxiais de materiais com mesma composição química apresenta menor
ductilidade. Além da descontinuidade microestrutural da zona de transição, que pôde ser
observada nas FIG. 4.14 a FIG. 4.18. Fato também relatado por SHOJAATI e
BEIDOKHTI (2017), que ao ensaiar corpos de tração compostos metal base 316L e solda
ER2209, observou que a descontinuidade microestrutural da solda (com maior teor de
ferrita adjacente à interface da solda e menor quantidade de ferrita no centro da solda)
teve um efeito prejudicial em suas propriedades mecânicas.
Como o reforço da solda não foi retirado, ele se torna um concentrador de tensões,
ao incrementar, localmente, a espessura do CP de forma não linear. As fotografias das
128
rupturas dos CPs com solda são apresentadas na
FIG. 4.25, como pode-se observar uma das três rupturas ocorreram próximas da linha
de fusão.
FIG. 4.25 – Fotografia dos CPs com solda após o ensaio de tração uniaxial até a
ruptura.
Com o auxílio de um ferritoscópio acoplado ao CP durante o ensaio de tração, foi
possível plotar a curva de tensão versus tempo em função da fração de martensita gerada
durante um novo ensaio conduzida até um nível de tensão anterior a estricção. Na FIG.
4.26 é mostrada a referida curva para um CP sem solda e a FIG. 4.27 para um CP com
solda. É importante ressaltar que o ferritoscópio apenas mede a fração de fases
magnéticas, no caso em questão, de estruturas CCC, assim o tipo de martensita medido
foi α’.
129
FIG. 4.26 - Gráfico tensão x tempo em função da fração de martensita para um CP
sem solda.
130
FIG. 4.27 - Gráfico tensão x tempo em função da fração de martensita para um CP
com solda.
Para melhor entender a diferença da fração de martensita entre os CPs sem e com
solda, foi plotado o gráfico da FIG. 4.28.
FIG. 4.28 – Gráfico fração de martensita versus tempo dos CPs sem e com solda.
131
Os valores iniciais (antes de iniciar os ensaios) e referentes à deformação equivalente
de 3% da fração de martensita encontram-se na TAB. 4.9. As frações de martensita
referentes à 3% de deformação equivalente, condição na qual foram extraídas as amostras
de tração uniaxial, são de 0,35% e 0,74%, respectivamente, para os corpos de prova sem
e com solda. As micrografias em SE e mapas de EBSD dessas amostras serão
apresentados no item 4.2.3 e os resultados de microdureza são apresentados no item
4.2.3.6. Os resultados para as amostras de flexão em três pontos serão correlacionados
com os de tração uniaxial nos itens em que forem apresentados os resultados de
micrografia de SE, mapas de EBSD e resultados de microdureza.
TAB. 4.9 – Frações de martensita antes do ensaio e em 3% de deformação
equivalente.
CP Deformação (%) Tensão (MPa) Fração de martensita (%)
Sem solda 0 0 0,29
3 407 0,35
Com solda 0 0 0,42
3 302 0,74
Observa-se que o gráfico da fração de martensita versus tempo possui três regiões
com comportamentos em forma: similar a um patamar, crescente não linear e crescente
linear. Os dados dessas regiões são detalhados na TAB. 4.10. A região similar ao patamar
está entre os tempos de 0 a 500s, cuja fração final de martensita é igual a 0,46% para os
dois tipos de CPs. Verifica-se que as tensões verdadeiras são 315 MPa e 255 MPa e as
deformações verdadeiras são de 0,46% e 0,8%, respectivamente, para os corpos de prova
sem e com solda. Essas tensões possuem valores muito próximos às tensões de
escoamento obtidas, conforme TAB. 4.6. Neste trecho inicial (patamar), apesar da curva
do CP com solda aparecer acima da curva do CP sem solda, na FIG. 4.28, observa-se que
no progresso da deformação que a fração de martensita formada é maior no CP sem solda
do que no com solda, ao comparar os valores superiores a 500 s, na TAB. 4.10, com os
valores iniciais na TAB. 4.9.
A região com comportamento crescente não linear inicia entre os tempos de 500 a
700 s para o CP sem solda, cujas tensão e deformação verdadeira são, respectivamente,
383 MPa e 2,2 %; e inicia entre 500 a 868 s para o corpo de prova com solda, cujas tensão
e deformações verdadeiras são, respectivamente, 325MPa e 7,6%. Verifica-se que as
132
tensões verdadeiras são, aproximadamente, de 20 a 22% maiores que a tensão de
escoamento de cada CP. Interessante observar que, para ambos os CPs, a fração de
martensita varia de 0,46% a 1,00%.
A região com comportamento crescente linear compreende-se acima de 1,00% de
fração de martensita. Interrompeu-se os gráficos nas tensões equivalentes à deformação
verdadeira de 9,3%. Para o CP sem solda, o tempo final foi de 1345s, sob uma tensão de
537 MPa e uma fração final de martensita de 4,6%. Já o CP com solda, o tempo final foi
de 1398s, sob uma tensão de 410 MPa e uma fração final de martensita de 2,6%.
TAB. 4.10 – Dados reunidos das curvas de tensão versus deformação verdadeira
junto com a fração de martensita.
Forma CP Tempo (s) σv (MPa) εv (%) % M
Patamar sem solda 500 315 0,46 0,46
com solda 500 255 0,8 0,46
Crescente não
linear
sem solda 700 383 2,2 1
com solda 868 325 4,1 1
Crescente linear sem solda 1345 537 9,3 4,6
com solda 1398 410 9,3 2,6
PAULA et al. (2012) realizou ensaio de tração uniaxial com o ferritoscópio acoplado,
com corpos de prova do aço 304L, na forma de chapa laminada a frio e recozida, com 1
mm de espessura e velocidade de deformação de 3 mm/min, os resultados obtidos para as
amostras IN-L4 e IN-L6 são apresentados na TAB. 4.11.
TAB. 4.11 – Frações inicial e final de martensita, em função da tensão verdadeira
de parada (parada) no ensaio de ensaio de tração uniaxial com ferritoscópio
acoplado a corpos de prova do aço 304L, realizado por PAULA et al. (2012).
Amostra σparada(MPa) % M inicial % M final
IN-L4 462,1 MPa 0,58 0,90
IN-L6 588,0 MPa 0,45 1,76
Comparando os resultados obtidos da amostra IN-L4 com os corpos de prova sem e
com solda da região crescente não linear, observa-se que obteve-se valores próximos de
fração de martensita para tensões verdadeiras finais inferiores. Comparando os resultados
de IN-L6 com os corpos de prova sem e com solda da região crescente linear, observou-
133
se que se obteve frações de martensita maiores, sob tensões verdadeiras inferiores. Em
suma, no presente estudo sob uma velocidade de deformação menor (1 mm/min) e uma
espessura de CP maior (12,8 mm), obteve-se resultados similares ou superiores, com
tensões verdadeiras finais inferiores.
134
4.2.2 FLEXÃO EM TRÊS PONTOS
Com os dados colhidos durante o ensaio, foi possível plotar a curva tensão versus
deformação, para os CP com e sem solda, conforme mostrado na FIG. 4.29.
FIG. 4.29 – Gráfico tensão versus deformação de engenharia dos CPs com e sem
solda, obtido do ensaio de flexão.
Como se pôde observar na FIG. 4.29, a curva tensão versus deformação resultante do
ensaio realizado com o corpo de prova com solda encontra-se abaixo da curva tensão
versus deformação resultante do ensaio realizado com o corpo de prova sem solda. Na
TAB. 4.12 são mostradas os limites de escoamento obtidos (σy) por meio dos gráficos da
FIG. 4.29.
TAB. 4.12 - Propriedades obtidas a partir do ensaio de flexão.
CP σy (MPa) E (GPa)
Sem solda 323 169
Com solda 252 124
Observa-se que os limites de escoamento obtidos nos ensaios de flexão em três
pontos encontram-se dentro da faixa de valores dado pelo fabricante, conforme TAB. 4.7.
135
Verifica-se que, assim como ocorreu na tração uniaxial, os valores obtidos das
propriedades mecânicas do CP com solda são inferiores ao CP sem solda. As causas, por
tal decréscimo, também se pressupõem que sejam devido a microestrutura da solda (tanto
a microestrutura bruta de solidificação da solda, quanto a descontinuidade microestrutural
entre a solda e o metal base) e a descontinuidade geométrica causada pelo cordão de solda
(o qual, localmente, incrementa de forma não linear a espessura do CP).
4.2.3 CARACTERIZAÇÃO
Nesta seção são apresentados os resultados referentes as caracterizações
microestruturais e mecânicas das condições em estudo após as amostras terem sido
submetidas as solicitações mecânicas por tração uniaxial e flexão em três pontos com
nível baixo de deformação plástica.
4.2.3.1 AMOSTRA TRAÇÃO SEM SOLDA
As micrografias da amostra tração sem solda são apresentadas nas FIG. 4.30 a FIG.
4.33. A posição da espessura 3/4 (ponto 3) é equivalente à posição da espessura de 1/4
(ponto 1).
136
(a) (b)
FIG. 4.30 - Micrografia do AIA 304L da amostra tração sem solda, posição 1,
aumento de 1000x, obtida por meio do detector de elétrons secundários do MEV,
em (a). Em (b) os pontos de análise da seção.
FIG. 4.31 - Análise de EBSD, IPFX, na amostra tração sem solda, posição 1,
aumento de 100x, em (a) fase CFC, em (b) fase CCC, (c) triângulo de orientação
das fases CFC e CCC, em (d) fase HC e em (e) triângulo de orientação da fase HC.
137
(a) (b)
FIG. 4.32 - Micrografia do AIA 304L da amostra tração sem solda, posição 2,
aumento de 1000x, obtida por meio do detector de elétrons secundários do MEV,
em (a). Em (b) os pontos de análise da seção.
FIG. 4.33 - Análise de EBSD, IPFX, na amostra tração sem solda, posição 2,
aumento de 100x, em (a) fase CFC, em (b) fase CCC, (c) triângulo de orientação
das fases CFC e CCC, em (d) fase HC e em (e) triângulo de orientação da fase HC.
138
Nas micrografias das FIG. 4.30 e FIG. 4.32, verificou-se um aumento considerável
na formação de martensita dos dois tipos, além do mais é possível ver a transição da
martensita ε→α’. Ratificado pelos mapas de EBSD das FIG. 4.31 e FIG. 4.33. Notou-se
que a formação de martensita foi mais intensa em ¼ do que em ½.
4.2.3.2 AMOSTRA TRAÇÃO COM SOLDA
As micrografias referentes ao metal base da amostra tração com solda são mostradas
nas FIG. 4.34 a FIG. 4.37.
(a) (b)
FIG. 4.34 - Micrografia do AIA 304L da amostra tração com solda, posição 1,
aumento de 1000x, obtida por meio do detector de elétrons secundários do MEV,
em (a). Em (b) os pontos de análise da seção.
139
(a) (b)
FIG. 4.35 - Micrografia do AIA 304L da amostra tração com solda, posição 2,
aumento de 1000x, obtida por meio do detector de elétrons secundários do MEV,
em (a). Em (b) os pontos de análise da seção.
FIG. 4.36 - Análise de EBSD, IPFX, na amostra tração com solda, posição 2,
aumento de 100x, em (a) fase CFC, em (b) fase CCC, (c) triângulo de orientação
das fases CFC e CCC, em (d) fase HC e em (e) triângulo de orientação da fase HC.
140
(a) (b)
FIG. 4.37 - Micrografia do AIA 304L da amostra tração com solda, posição 3,
aumento de 1000x, obtida por meio do detector de elétrons secundários do MEV,
em (a). Em (b) os pontos de análise da seção.
Nas micrografias relacionadas com o metal base, FIG. 4.34, FIG. 4.35 e FIG. 4.37,
verificou-se a formação dos dois tipos de martensita (α’ e ε), ratificada pela presença de
estruturas CCC e HC no mapa de EBSD da FIG. 4.36.
As micrografias referentes à interface da ZTA com a zona de transição da amostra
tração com solda são mostradas nas FIG. 4.38 a FIG. 4.43.
(a) (b)
FIG. 4.38 - Micrografia da zona de transição da amostra tração com solda, posição
4, aumento de 1000x, obtida por meio do detector de elétrons secundários do MEV,
em (a). Em (b) os pontos de análise da seção.
141
FIG. 4.39 - Análise de EBSD, IPFX, na amostra tração com solda, posição 4,
aumento de 100x, em (a) fase CFC, em (b) fase CCC, (c) triângulo de orientação
das fases CFC e CCC, em (d) fase HC e em (e) triângulo de orientação da fase HC.
(a) (b)
FIG. 4.40 - Micrografia da zona de transição da amostra tração com solda, posição
5, aumento de 1000x, obtida por meio do detector de elétrons secundários do MEV,
em (a). Em (b) os pontos de análise da seção.
142
FIG. 4.41 - Análise de EBSD, IPFX, na amostra tração com solda, posição 5,
aumento de 100x, em (a) fase CFC, em (b) fase CCC, (c) triângulo de orientação
das fases CFC e CCC, em (d) fase HC e em (e) triângulo de orientação da fase HC.
(a) (b)
FIG. 4.42 - Micrografia da zona de transição da amostra tração com solda, posição
6, aumento de 1000x, obtida por meio do detector de elétrons secundários do MEV,
em (a). Em (b) os pontos de análise da seção.
143
FIG. 4.43 - Análise de EBSD, IPFX, na amostra tração com solda, posição 6,
aumento de 100x, em (a) fase CFC, em (b) fase CCC, (c) triângulo de orientação
das fases CFC e CCC, em (d) fase HC e em (e) triângulo de orientação da fase HC.
As micrografias referentes à zona fundida da amostra tração com solda são mostradas
nas FIG. 4.44 a FIG. 4.46.
(a) (b)
FIG. 4.44 - Micrografia da zona fundida da amostra tração com solda, posição 7,
aumento de 1000x, obtida por meio do detector de elétrons secundários do MEV,
em (a). Em (b) os pontos de análise da seção.
144
FIG. 4.45 - Análise de EBSD, IPFX, na amostra tração com solda, posição 7,
aumento de 100x, em (a) fase CFC, em (b) fase CCC, (c) triângulo de orientação
das fases CFC e CCC, em (d) fase HC e em (e) triângulo de orientação da fase HC.
(a) (b)
FIG. 4.46 - Micrografia da zona fundida da amostra tração com solda, posição 8,
aumento de 1000x, obtida por meio do detector de elétrons secundários do MEV,
em (a). Em (b) os pontos de análise da seção.
145
As micrografias da zona de transição e da zona fundida, FIG. 4.38, FIG. 4.40, FIG.
4.42, FIG. 4.44 e FIG. 4.46, tiveram uma presença muito tímida de martensita α’. Porém
nos mapas de EBSD das FIG. 4.39, FIG. 4.41, FIG. 4.43 e FIG. 4.45, verificou-se a
formação de martensita dos tipos α’ e ε.
4.2.3.3 AMOSTRA FLEXÃO SEM SOLDA
As micrografias da amostra flexão sem solda são apresentadas nas FIG. 4.47 a FIG.
4.52.
(a) (b)
FIG. 4.47 - Micrografia do AIA 304L da amostra flexão sem solda, posição 1,
aumento de 1000x, obtida por meio do detector de elétrons secundários do MEV,
em (a). Em (b) os pontos de análise da seção.
146
FIG. 4.48 - Análise de EBSD, IPFX, na amostra flexão sem solda, em ¼ de
espessura (posição 1), aumento de 100x, em (a) fase CFC, em (b) fase CCC, (c)
triângulo de orientação das fases CFC e CCC, em (d) fase HC e em (e) triângulo de
orientação da fase HC.
(a) (b)
FIG. 4.49 - Micrografia do AIA 304L da amostra flexão sem solda, posição 2,
aumento de 1000x, obtida por meio do detector de elétrons secundários do MEV,
em (a). Em (b) os pontos de análise da seção.
147
FIG. 4.50 - Análise de EBSD, IPFX, na amostra flexão sem solda, posição 2,
aumento de 100x, em (a) fase CFC, em (b) fase CCC, (c) triângulo de orientação
das fases CFC e CCC, em (d) fase HC e em (e) triângulo de orientação da fase HC.
(a) (b)
FIG. 4.51 - Micrografia do AIA 304L da amostra flexão sem solda, posição 3,
aumento de 1000x, obtida por meio do detector de elétrons secundários do MEV,
em (a). Em (b) os pontos de análise da seção.
148
FIG. 4.52 - Análise de EBSD, IPFX, na amostra flexão sem solda, posição 3,
aumento de 100x, em (a) fase CFC, em (b) fase CCC, (c) triângulo de orientação
das fases CFC e CCC, em (d) fase HC e em (e) triângulo de orientação da fase HC.
Em comparação com as micrografias da amostra CR, as FIG. 4.29, FIG. 4.26, FIG.
4.51, não apresenta muita diferença da condição de flexão sem solda. Percebe-se somente
vestígios quanto a presença de martensita α’, com aparentemente maior fração em ¾ de
espessura (tração na flexão). As imagens apresentaram alguns arranhões e que não foram
observados nos mapas de IPFX, FIG. 4.23 (b), FIG. 4.27 (b) e FIG. 4.52(b), nem quanto
a presença de estruturas CCC dentro dos grãos austeníticos, mas foi observado pontos
uniformemente distribuídos na imagem, tratando de martensitas do tipo α’. Então a
martensita que aparece é consequência da preparação metalográfica. Também nota-se o
surgimento de estruturas HC, nos mapas de IPX, FIG. 4.23 (d), FIG. 4.27 (d) e FIG.
4.52(d) com pontos uniformemente distribuídos ao longo da imagem. Trata-se de
estruturas martensíticas do tipo ε.
149
4.2.3.4 AMOSTRA FLEXÃO COM SOLDA
As micrografias referentes ao metal base da amostra flexão com solda são mostradas
nas FIG. 4.53 a FIG. 4.56.
(a) (b)
FIG. 4.53 - Micrografia do AIA 304L da amostra flexão com solda, posição 1,
aumento de 1000x, obtida por meio do detector de elétrons secundários do MEV,
em (a). Em (b) os pontos de análise da seção.
(a) (b)
FIG. 4.54 - Micrografia do AIA 304L da amostra flexão com solda, posição 2,
aumento de 1000x, obtida por meio do detector de elétrons secundários do MEV,
em (a). Em (b) os pontos de análise da seção.
150
FIG. 4.55 - Análise de EBSD, IPFX, na amostra flexão com solda, posição 2,
aumento de 100x, em (a) fase CFC, em (b) fase CCC, (c) triângulo de orientação
das fases CFC e CCC, em (d) fase HC e em (e) triângulo de orientação da fase HC.
(a) (b)
FIG. 4.56 - Micrografia do AIA 304L da amostra flexão com solda, posição 3,
aumento de 1000x, obtida por meio do detector de elétrons secundários do MEV,
em (a). Em (b) os pontos de análise da seção.
151
Observou-se um aumento no percentual de martensita nas três regiões analisada ao
longo da espessura, tanto através dos mapas de EBSD quanto através das micrografias.
Em ¼ de espessura (compressão da flexão), FIG. 4.53, e ¾ (tração da flexão), FIG.
4.57, observou-se a presença de agulhas bem finas de martensita ε e lentes não muito
grandes de martensita α’. Sendo que a região de ¾ apresentou um pouco a mais do que a
região de ¼ de espessura.
Em ½ de espessura, FIG. 4.54, verificou-se um aumento na presença de martensita
α’. Como há um acréscimo de altura na seção transversal devido ao depósito de solda, a
linha neutra não passa mais no meio da espessura da chapa. Havendo um incremento de
tensão neste ponto, justificando o aumento de martensita. Verificou-se nos mapas de
EBSD, FIG. 4.56, pontos uniformemente distribuídos de estruturas CCC e HC,
representando estruturas martensíticas refinadas dos tipos α’ e ε.
As micrografias referentes à interface da ZTA com a zona fundida da amostra flexão
com solda são mostradas nas FIG. 4.56 a FIG. 4.62.
(a) (b)
FIG. 4.57 - Micrografia da ZTA + zona de transição da amostra flexão com solda,
posição 4, aumento de 1000x, obtida por meio do detector de elétrons secundários
do MEV.
152
FIG. 4.58 - Análise de EBSD, IPFX, na amostra flexão com solda, posição 4,
aumento de 100x, em (a) fase CFC, em (b) fase CCC, (c) triângulo de orientação
das fases CFC e CCC, em (d) fase HC e em (e) triângulo de orientação da fase HC.
(a) (b)
FIG. 4.59 - Micrografia da ZTA + zona de transição da amostra flexão com solda,
posição 5, aumento de 1000x, obtida por meio do detector de elétrons secundários
do MEV.
153
FIG. 4.60 - Análise de EBSD, IPFX, na amostra flexão com solda, posição 5,
aumento de 100x, em (a) fase CFC, em (b) fase CCC, (c) triângulo de orientação
das fases CFC e CCC, em (d) fase HC e em (e) triângulo de orientação da fase HC.
(a) (b)
FIG. 4.61 - Micrografia da ZTA + zona de transição da amostra flexão com solda,
posição 6, aumento de 1000x, obtida por meio do detector de elétrons secundários
do MEV.
154
FIG. 4.62 - Análise de EBSD, IPFX, na amostra flexão com solda, posição 6,
aumento de 100x, em (a) fase CFC, em (b) fase CCC, (c) triângulo de orientação
das fases CFC e CCC, em (d) fase HC e em (e) triângulo de orientação da fase HC.
Na interface da ZTA com a zona de transição, não se observou formação de
martensita na posição 4 através da micrografia da FIG. 4.57, apesar de apresentar
evidências de martensita pelos mapas de EBSD da FIG. 4.58. Talvez pelo fato de estar
próxima à linha neutra, a qual se tornou mais próxima do ponto 4 devido o reforço da
solda. Observou-se nas micrografias das posições 5 e 6, FIG. 4.59 e FIG. 4.61, uma mais
intensa formação de martensita ε, ratificada pelo mapas de EBSD das FIG. 4.60 e FIG.
4.62. Talvez, por estarem na zona de tração da flexão.
As micrografias referentes à a zona fundida da amostra flexão com solda são
mostradas nas FIG. 4.63 a FIG. 4.65.
155
(a) (b)
FIG. 4.63 - Micrografia da zona fundida da amostra flexão com solda, posição 7,
aumento de 1000x, obtida por meio do detector de elétrons secundários do MEV.
FIG. 4.64 - Análise de EBSD, IPFX, na amostra flexão com solda, posição 7,
aumento de 100x, em (a) fase CFC, em (b) fase CCC, (c) triângulo de orientação
das fases CFC e CCC, em (d) fase HC e em (e) triângulo de orientação da fase HC.
156
(a) (b)
FIG. 4.65 - Micrografia da zona fundida da amostra flexão com solda, posição 8,
aumento de 1000x, obtida por meio do detector de elétrons secundários do MEV.
Já na zona fundida, as micrografias das FIG. 4.31 e FIG. 4.33 não apresentaram
nenhum tipo de martensita, apesar do mapa de EBSD, FIG. 4.32 (d) evidenciar martensita
refinada do tipo ε.
4.2.3.5 EBSD – RESULTADOS COMPLEMENTARES
Um dos resultados que podem ser extraídos das análises feitas por meio do detector
de EBSD, são os ângulos dos contornos de grãos. Ao analisar individualmente cada
amostra por área, observou-se que os ângulos não variavam se a amostra possuía ou não
solda e/ou se tinha sido ensaiada ou não. Por este motivo, na TAB. 4.13 é mostrado a
média e o respectivo desvio padrão dos ângulos dos contornos dos grãos por área: metal
base (MB), ZTA + zona de transição (ZT) e zona fundida (ZF). Em azul mais forte, a
maior porcentagem, e azul mais claro, a segunda maior porcentagem de grãos com
determinada faixa de ângulo. Foi separada a faixa entre 59,5º a 60,5º pelo fato dos
contornos de macla serem em torno de 60º.
157
TAB. 4.13 – Média dos ângulos dos contornos dos grãos obtidos por meio do EBSD
(MB = Metal Base, ZT = ZTA + Zona de Transição e ZF = Zona Fundida).
Observa-se de um modo geral, que todas as amostras possuíam um contorno de alto
ângulo (acima de 15º). Para o MB, verifica-se que a grande maioria dos grãos possuem
ângulos entre 15 e 59,5º; e que 7,39% dos grãos possuem maclas. Também se verifica
que a maioria dos grãos da ZT e da ZF possuem alto ângulo e que, em ambas áreas, a
segunda maior população possuem ângulos de contornos em baixo ângulo (abaixo de
15º).
Verificou-se maior quantidade de martensita no MB e depois em ZT e muito pouco
na ZF.
4.2.3.6 ENSAIOS MECÂNICOS DE MICRODUREZA INSTRUMENTADA
O ensaio de microdureza instrumentada é de simples execução e rico em resultados
que possibilitam correlacionar as propriedades mecânicas aos aspectos microestruturais
de materiais metálicos.
De forma geral, foi observada a formação de martensita quando a indentação era
executada na matriz austenítica, conforme FIG. 4.66.
158
FIG. 4.66 - Formação de martensita após o ensaio de ultramicrodureza na matriz
austenítica - amostra FLEXÃO a 3-4E (a) antes e (b) depois.
A escolha dos grãos para as indentações foi aletória, apenas fixou-se a posição da
espessura (1/4, 1/2 e 3/4) e se realizou apenas duas medições em linha na direção normal
(espessura) em pontos específicos em relação a linha central da solda e a 5 mm de
distância desta. Alteração microestrutural heterogênea verificada neste trabalho foi a
formação de martensita não uniforme ao longo da seção. Assim, tem-se locais sem e
locais com martensita. Se a indentação caiu em um local sem martensita, seus resultados
tendem a ser similares às amostras padrão. Caso contrário, apresentaram alguma
diferença. Um exemplo do ocorrido é mostrado na FIG. 4.67.
FIG. 4.67 - Indentações 3 a 6, em ½ de espessura, na amostra tração sem solda.
159
4.2.3.6.1 DUREZA BERKOVICH (HT-115)
Os valores médios da dureza Berkovich nas amostras, nas direções referentes a ¼, ½
e ¾ da espessura, são mostrados na FIG. 4.68.
FIG. 4.68 - Dureza Berkovich das amostras cujas indentações foram realizadas na
direção de laminação.
A seguir, as amostras são analisadas quanto à dureza Berkovich.
Amostra CR e soldada: na amostra soldada, as indentações feitas nas espessuras de
¼ e ½ se localizaram na região do metal base. Em comparação com os valores obtidos
nas espessuras de ¼ e ½ da amostra CR, verifica-se que os valores da dureza Berkovich
são muito próximos, permitindo concluir que o processo de soldagem não chegou a alterar
significativamente o material além da zona fundida, como já era esperado. Na amostra
soldada, as indentações na espessura de ¾ foram realizadas dentro da solda. Em
comparação com os valores obtidos na espessura de ¾ da amostra CR (dentro do metal
base), verifica-se que a dureza Berkovich no AID ER2209 é superior que o do AIA 304L.
Como fora observado nos ensaios de tração uniaxial, nas FIG. 4.23, FIG. 4.24 e TAB.
4.6, a deformação final do CP com solda foi inferior ao CP sem solda. Tal redução de
(N/m
m²)
160
ductilidade deve-se provavelmente a um endurecimento da zona fundida em relação ao
metal base, o que contribui para restringir a capacidade de extensão de deformação
plástica do corpo de prova.
Amostra flexão sem solda: comparando seus resultados com a amostra CR, verifica-
se que, praticamente, não há alteração microestrutural significante devido ao esforço de
flexão. A espessura de ½ apresenta maior dispersão do erro, caracterizando uma alteração
microestrutural heterogênea. As espessuras de ¼ e ¾ são equivalentes entre si, devido a
pequena alteração microestrutural sofrida.
Amostra flexão com solda: em comparação com a amostra soldada, verificou-se que
não há, praticamente, diferença da propriedade na espessura de ¾, pelo fato das
indentações terem sido realizadas na zona fundida. Já nas espessuras de ½ e ¼ houve uma
pequena alteração na propriedade, conforme pode ser ratificado pelas alterações
microestruturais vistas nas micrografias das FIG. 4.53 e FIG. 4.54, respectivamente. A
espessura de ½ na amostra de flexão com solda não está sobre sobre a linha neutra
geométrica, devido o aumento da altura da seção pelo reforço da solda, com isso
apresentando um pequeno nível de tensão, justificando sua alteração microestrutural e um
acréscimo de 9% na dureza. Como o nível de tensão em ¼ foi superior que em ½, teve o
valor da dureza acrescido em 18%.
Amostra de tração sem solda: em comparação com a amostra CR, verificou-se que
não houve alteração da propriedade na espessura de ½, devido à uma alteração
microestrutural heterogênea. A espessura de ¼ apresentou um aumento de cerca de 16%
na propriedade.
Amostra de tração com solda: em comparação com a amostra soldada, verificou-se
que não houve alteração da propriedade na espessura de ¾, como já fora explicado, as
alterações microestruturais na ZF foram irrelevantes. Já a espessura de ½ apresentou um
aumento na dureza de aproximadamente 23%, fato que pode ser unido ao aumento de
martensita verificado nas na FIG. 4.35. O aumento da propriedade também ocorreu na
espessura de ¼, em cerca de 18%, o que também pode associado à transformação
martensítica mostrada nas FIG. 4.35.
De forma geral: verifica-se que a propriedade de dureza das amostras apresenta
pequenas variações, mesmo comparando entre os diferentes aços utilizados e as diferentes
espessuras. O máximo valor de dureza Berkovich encontrado foi de 263,32 N/mm2,
enquanto o mínimo de 119,12 N/mm2. Onde não foi constatado o aumento da dureza,
verificou-se nas microestruturas que a transformação martensítica foi nula ou muito
161
pequena. Enquanto, onde teve o acréscimo de dureza, teve transformação martensítica
visível. O resumo dos resultados das amostras sem solda e com solda encontram-se nas
TAB. 4.14 e TAB. 4.15, respectivamente.
TAB. 4.14 - Resumo dos resultados da dureza Berkovich para as amostras sem
solda.
FLEXÃO SEM SOLDA CR TRAÇÃO SEM SOLDA
Dentro da faixa do erro 3/4 -
Dentro da faixa do erro 1/2 Dentro da faixa do erro
Dentro da faixa do erro 1/4 ↑ 16%
TAB. 4.15 - Resumo dos resultados da dureza Berkovich para as amostras com
solda.
FLEXÃO COM SOLDA SOLDADA TRAÇÃO COM SOLDA
Dentro da faixa do erro 3/4 Dentro da faixa do erro
↑ 9% 1/2 ↑ 23%
↑ 18% 1/4 ↑ 18%
Os valores da dureza Berkovich nas amostras com solda, nas direções L0 e L5, são
mostrados nas FIG. 4.69 e FIG. 4.70, respectivamente.
De maneira geral: assim como ocorreu com as medidas feitas nas espessuras de ¾,
½ e ¼, verifica-se pequena variação na propriedade da dureza Berkovich tanto na direção
L0 quanto na direção L5. O máximo valor de dureza encontrado foi de 254,76 N/mm2 e
o mínimo foi de 177,35 N/mm2. Observa-se uma certa equidade de valores na amostra
soldada até a indentação 8, cuja medida se encontra no metal base pouco antes do ponto
máximo de penetração da solda. A partir da indentação 9 verifica-se uma flutuação de
valores uma vez que se começa a entrar na ZTA + zona de transição e posteriormente na
zona fundida, onde há grande variação microestrutural. Essa mesma variação também
ocorre com as amostras que passaram por ensaios mecânicos que além de possuírem
variação microestrutural causada pelo processo de soldagem, possuem a variação da
transformação martensítica, que ocorre de forma heterogênea no material.
162
FIG. 4.69 - Dureza Berkovich na direção L0.
FIG. 4.70 - Dureza Berkovich na direção L5.
(N/m
m²)
(N
/mm
²)
163
4.2.3.6.2 MÓDULO DE INDENTAÇÃO EIT
Os valores médios do módulo de indentação (Eit) das amostras, nas direções
referentes a ¼, ½ e ¾ da espessura, são mostrados na FIG. 4.71.
FIG. 4.71 – Módulo de indentação das amostras cujas indentações foram
realizadas na direção de laminação.
Amostra CR e soldada: assim como ocorreu na dureza Berkovich, verifica-se
equidade da propriedade nas espessuras de ¼ e ½, permitindo concluir que o processo de
soldagem não chegou a alterar significativamente o material. Também se nota uma
diferença do módulo de elasticidade na espessura de ¾, por estar dentro da zona fundida.
Flexão sem solda: em comparação com a amostra CR, verificou-se um aumento
significativo da propriedade nas três espessuras. Na espessura de ¾, notou-se um aumento
no módulo de elasticidade de cerca de 2127,8%. Na espessura de ½, verificou-se um
aumento na propriedade em torno de 887,3%. Por fim, na espessura de ¼, verificou-se
um aumento na propriedade em torno de 1532,6%. Os valores são coerentes, pois na
região de tração, há maior TM que na região de compressão. A meia espessura, linha
neutra geométrica, mostra-se que não é a linha neutra na prática. Apesar das micrografias
(N/m
m²)
164
das três espessuras apresentarem baixa quantidade de martensita, quando se analisou os
mapas de IPFX (EBSD) observou-se uma distribuição uniforme de pontos de estruturas
CCC e HC, conforme FIG. 4.48 b e d, respectivamente. Essas estruturas evidenciadas no
EBSD, tratam-se de estruturas martensíticas muito refinadas, as quais também
influenciam na propriedade.
Flexão com solda: em comparação com a amostra soldada, verifica-se equidade na
propriedade na espessura de ½. Na espessura de ¼, verifica-se um aumento na
propriedade em cerca de 521,6%. Na espessura de ¾, notou-se uma redução da
propriedade em 77,39%. Essa redução pode ser atribuída ao efeito aleatório de escolha
do local das indentações numa matriz bifásica, ou seja, em uma amostra fez-se
indentações em um local com mais austenita e na outra amostra em locais com mais
ferrita. Em todas as espessuras, verificou-se a formação de martensita nas micrografias,
sendo mais presente a martensita α’ em ½, e a TM um pouco menor em ¼ e ¾, cujas
martensitas foram dos dois tipos (α’ e ε’). Ao olhar os mapas de IPFX das amostras,
também verificou-se uma distribuição uniforme de estruturas CCC e HC, evidenciando
martensitas refinadas.
Tração sem solda: em comparação com a amostra CR, verificou-se um aumento na
propriedade nas duas espessuras. Na espessura de ½, o aumento ficou em torno de
836,7%, verifica-se nas análises de SE, uma alteração microestrutural heterogênea. Na
espessura de ¼, ficou em torno de 1944,33% e na análise micrográfica verifica-se uma
transformação microestrutural homogênea. Em ambos os casos, os mapas de IPFX
evidenciaram uma distribuição uniforme de pontos de estruturas CCC e HC, tratando-se
de estruturas martensíticas refinadas.
Tração com solda: em comparação com a amostra soldada, verificou-se um aumento
na propriedade nas três espessuras. Na espessura de ¾, o aumento ficou em torno de
70,4%. Na espessura de ½, o aumento ficou em torno de 544,1%, a alteração
microestrutural foi heterogênea. Por fim, na espessura de ¼, o aumento ficou em torno de
833,7%. Nas três espessuras, as micrografias revelaram martensita dos tipos α’ e ε, e os
mapas de IPFX evidenciaram uma distribuição uniforme de pontos de estruturas CCC e
HC, tratando-se de estruturas martensíticas refinadas.
De forma geral nas amostras com solda: observa-se a baixa dispersão dos pontos (as
barras de erro Y são bem pequenas), fato que pode ser atribuído ao módulo de elasticidade
não variar muito, pois é medido no regime elástico. Verifica-se que a grande influência
da martensita refinada e pouca influência da martensita observada nas micrografias. O
165
resumo dos resultados das amostras sem solda e com solda encontram-se nas TAB. 4.16
e TAB. 4.17, respectivamente.
TAB. 4.16 - Resumo dos resultados do módulo de indentação para as amostras sem
solda.
FLEXÃO SEM SOLDA CR TRAÇÃO SEM SOLDA
↑ 2127,8% 3/4 -
↑ 887,3% 1/2 ↑ 836,7%
↑ 1532,6% 1/4 ↑ 1944,3%
TAB. 4.17 - Resumo dos resultados do módulo de indentação para as amostras com
solda.
FLEXÃO COM SOLDA SOLDADA TRAÇÃO COM SOLDA
↓ 77,4% 3/4 ↑ 70,4%
Dentro da faixa de erro 1/2 ↑ 544,1%
↑ 521,6% 1/4 ↑ 833,7%
Os valores do módulo de indentação nas amostras com solda, nas direções L0 e L5,
são mostrados nas FIG. 4.69 e FIG. 4.70 respectivamente.
Amostra soldada: verifica-se uma equidade da propriedade até a indentação 7, muito
próxima à espessura de ½, medidas realizadas dentro do metal base, com uma média de
valores de 119200 N/mm2. Há um aumento da propriedade nas indentações 8 e 9, onde
se começa a sair do metal base e entrar na zona de transição. Uma paridade entre 9 e 10,
dentro da zona de transição, com valor próximo a 167800 N/mm2. Por fim, um decréscimo
até a indentação 16, cujo valor é 88080 N/mm2, dentro da zona fundida.
166
FIG. 4.72 - Módulo de indentação (Eit) das amostras com solda na direção L0.
Amostra flexão com solda: verifica-se uma baixa variação da propriedade, como se
existissem dois patamares muito próximos. O primeiro da indentação 1 a 5, entre as
espessuras de ¼ e ½, dentro do metal base, com um valor médio de 24692 N/mm2. O
segundo patamar entre as indentações 6 e 16, da espessura de ½ até próximo ao topo da
solda, com um valor médio de 15655 N/mm2.
Amostra de tração com solda: observa-se um incremento no valor da propriedade
entre as indentações 1 e 13, início do metal base até o meio da solda, com os valores
variando entre 28460 a 144300 N/mm2. Entre as indentações 14 a 17, do meio ao topo da
solda, um declínio no valor da propriedade, variando entre 141000 a 115600 N/mm2.
(N/m
m²)
167
FIG. 4.73 - Módulo de indentação (Eit) das amostras com solda na direção L5.
Amostra soldada: verifica-se uma equidade da propriedade entre as indentações 1 a
7, as quais estão dentro do metal base antes do máximo ponto de penetração da solda,
com uma média de valor de 110900 N/mm2. Há um incremento da propriedade entre as
indentações 8 a 10, zona de transição ao início do metal base, entre os valores de 116600
a 123100 N/mm2. Por fim, um decréscimo quase em patamar entre as indentações 11 a
13, dentro da zona fundida, com uma média de 108833 N/mm2.
Amostra flexão com solda: assim como ocorreu em L0, verifica-se uma baixa
variação da propriedade, como se existissem dois patamares muito próximos. O primeiro
da indentação 1 a 5, entre as espessuras de ¼ e ½, dentro do metal base, com um valor
médio de 6855. O segundo patamar entre as indentações 6 e 14, da espessura de ½ até
próximo à solda, com um valor médio de 2195.
Amostra tração com solda: verifica-se um incremento da propriedade da primeira até
a última indentação, variando entre 15510 a 77930 N/mm2, com excessão do ponto 10, o
qual encontra-se na zona de transição, cujo valor é de 13270 N/mm2. Tal fato deve-se à
heterogeneidade da mudança microestrutural.
De forma geral nas amostras com solda: verifica-se que o módulo de indentação é
maior na amostra soldada, depois na amostra tração com solda e menor na amostra flexão
com solda. Verifica-se que tanto em L0 como em L5, a amostra soldada apresenta um
patamar entre as indentações 1 a 7, um incremento entre 8 a 10 e um decréscimo nas
(N/m
m²)
168
últimas indentações. Já amostra flexão com solda, apresenta dois patamares muito
próximos, o primeiro entre as indentações 1 a 5 e outro, com uma média um pouco menor,
nas últimas indentações. Por fim, na amostra tração com solda, apresenta um incremento
entre as indentações 1 a 13 (ou 14) e um decréscimo nas últimas indentações.
As regiões de incremento do módulo de indentação, tanto da amostra soldada quanto
da amostra tração com solda encontram-se no metal base e na zona fundida dentro do
metal base, onde há mistura dos dois aços. O decréscimo do módulo de elasticidade
encontra-se onde há apenas aço inoxidável duplex. Talvez onde ocorreu o incremento dos
valores desta propriedade, na amostra tração com solda, deva-se à transformação
martensítica que também ocorreu na zona de transição e um pouco na zona fundida onde
continha mais austenita. Os resumos dos resultados das amostras com solda, nas direções
L0 e L5, são apresentados nas TAB. 4.18 e TAB. 4.19.
TAB. 4.18 - Percentual do módulo de elasticidade na direção L0.
FLEXÃO COM SOLDA CR TRAÇÃO COM SOLDA
↓ 80% 1 ↓ 76%
↓ 79% 2 ↓ 72%
↓ 78% 3 ↓ 66%
↓ 79% 4 ↓ 62%
↓ 80% 5 ↓ 53%
↓ 88% 6 ↓ 46%
↓ 89% 7 ↓ 39%
↓ 90% 8 ↓ 43%
↓ 90% 9 ↓ 46%
↓ 90% 10 ↓ 36%
↓ 89% 11 ↓ 20%
↓ 89% 12 ↑ 6%
↓ 89% 13 ↑ 4%
↓ 87% 14 ↑ 16%
↓ 86% 15 ↑ 22%
↓ 83% 16 ↑ 39%
169
TAB. 4.19 - Percentual do módulo de elasticidade na direção L5.
FLEXÃO COM SOLDA SOLDADA TRAÇÃO COM SOLDA
↓ 94% 1 ↓ 86%
↓ 94% 2 ↓ 84%
↓ 94% 3 ↓ 81%
↓ 94% 4 ↓ 79%
↓ 94% 5 ↓ 77%
↓ 98% 6 ↓ 73%
↓ 98% 7 ↓ 69%
↓ 98% 8 ↓ 68%
↓ 98% 9 ↓ 66%
↓ 98% 10 ↓ 89%
↓ 98% 11 ↓ 53%
↓ 98% 12 ↓ 47%
↓ 98% 13 ↓ 39%
170
5 DISCUSSÃO
Segundo IBRAHIM, IBRAHIM e KHALIFA (2010) existem dois parâmetros
principais que controlam o mecanismo de deformação dos AIA e AID: a geração de falhas
de empilhamento durante a deformação e a formação de martensita induzida por
deformação. A energia de falha de empilhamento é determinada pela composição química
do material, sendo relatada como 18 mJ/m² para o metal base 304L. Realmente, o valor
encontrado para o 304L do presente trabalho, segundo a equação de Brofman (1979), foi
muito próximo, 17,25 mJ/m².
Também, foi relatado por NAVA e CASTILHO (2017), que para um valor de EFE,
próximo de 20 mJ/m², podia-se esperar TM dos tipos 𝛾 → 휀 ou 𝛾 → 𝛼´ junto com o
fenômeno de maclagem mecânica. Fato também observado no presente trabalho através
das micrografias de SE e mapas de EBSD das amostras após os ensaios mecânicos,
presentes no item 4.2.3. As maclas, além de serem vistas nas micrografias, sua presença
também foi atestada através de seus ângulos típicos (em torno de 60º), por meio de uma
quantificação feita pelo EBSD, descrita no item 4.2.3.5.
Além das martensitas, outros constituintes microestruturais também puderam ser
observados, os quais foram estimados pelo modo de solidificação. Por meio das equações
de KOTECKI e SIEWERT (1992), para o aço 304L foi encontrado o modo FA e para o
aço ER2209, o modo F. Segundo SHOJAATI e BEIDOKHTI (2017) e SOLTANI e
TAYEBI (2018), para o modo de solidificação FA, a solidificação se inicia pela fase da
ferrita delta e, imediatamente após há a nucleação da austenita devido a transformação
perieutética-eutética. A forma da fase da ferrita delta é muito instável, então ocorre a
transformação da ferrita em austenita. A progressão dessas transformações depende da
difusão entre as interfaces dessas fases. Assim, a austenita deve consumir grandes
quantidades de ferrita. Porém, devido à uma alta taxa de resfriamento após a soldagem e
a micro segregação de elementos estabilizadores de ferrita nas superfícies de reação final,
há a formação de uma ferrita remanescente no final do resfriamento. Uma pequena
quantidade de ferrita delta residual foi encontrada neste trabalho, evidenciada no
difratograma de Raios X, por meio do pico CCC (110) (FIG. 4.4), e confirmada nos mapas
de IPFX (EBSD) por meio de estruturas CCC encontradas entre os contornos dos grãos
da fase CFC (austenita), das amostras CR (FIG. 4.10 e
171
FIG. 4.11) e soldada (FIG. 4.16 e FIG. 4.17).
Por meio da macrografia, representada pela FIG. 4.5, pôde-se observar uma boa
geometria da solda. UNNIKRISHAN et al. (2014) observaram que tanto a largura quanto
a profundidade de penetração do depósito de solda aumentam com o aumento da energia
de entrada. A profundidade de penetração do presente trabalho é um pouco superior à
profundidade de penetração da amostra de alta entrada de calor (10HHI) dos autores,
porém a largura obtida foi inferior. No entanto, SOLTANI e TAYEBI (2018) observaram
que a presença do gás inerte reduz a largura da solda, devido a absorção de calor pelo gás.
Logo, supõem-se que a largura fora inferior devido ao gás de proteção utilizado. Verifica-
se que a seção transversal da solda é típica do gás de proteção argônio, conforme FIG.
2.18.
Foi verificada uma boa adesão entre os metais 304L e ER2209, além da boa
geometria da solda, o material composto por esses dois aços estava livre de porosidade e
trincas de solidificação. Na zona fundida mais próxima à ZTA do MB, observou-se uma
zona com características intermediárias composicional e estrutural entre o metal base e o
metal de adição, para facilitar sua identificação no presente trabalho, essa região foi
chamada de “zona de transição”, identificada como “B1”, nas FIG. 4.7, FIG. 4.14, FIG.
4.15 e FIG. 4.18. Verificou-se que tanto a ZTA quanto a zona de transição apresentou um
pequeno tamanho, cerca de 130 μm. Também foi observado, que a ZTA teve pouca
influência do ciclo térmico do processo de soldagem, apresentando apenas como
alterações um leve aumento no tamanho dos grãos e a coalescência dos sulfetos de
manganês (FIG. 4.7, FIG. 4.14, FIG. 4.15 e FIG. 4.18).
Comparou-se as amostras do presente trabalho em três grupos: CR versus soldada,
amostras padrão (CR e soldada) versus amostras ensaiadas e amostras ensaiadas versus
172
amostras ensaiadas. Comparando as amostras CR e soldada, concluiu-se que o processo
de soldagem não alterou significativamente o metal base, resultando em uma estreita zona
termicamente afetada (ZTA) de interface a uma zona fundida resultante da diluição entre
o metal base e metal de adição. Fato ratificado pelas micrografias (FIG. 4.7, FIG. 4.14,
FIG. 4.15 e FIG. 4.18) e resultados de microdureza instrumentada similares entre metal
base e ZTA.
Ao comparar as amostras padrão com as amostras ensaiadas, verificou-se como
diferença o surgimento de martensitas dos tipos ε e α’ e a transição delas ε→α’. Após os
ensaios de flexão e tração com deformação equivalente, observou-se por meio dos mapas
IPFX de EBSD, a formação de estruturas martensíticas dos tipos ε (estrutura HC) e α’
(estrutura CCC), de aspecto microestrutural típico do estágio inicial de deformação
plástica associado ao efeito TRIP.
Por meio dos mapas de EBSD, observou-se na zona de transição das amostras com
solda um aparente maior teor de austenita. Nas micrografias dessas áreas das amostras
que foram ensaiadas com deformação equivalente, verificou-se maior formação de
martensita (principalmente do tipo ε), equivalente ao metal base do entorno. Na zona
fundida, externa a diluição, quase não se verificou formação de martensita por imagens
de SE.
Ao comparar as amostras ensaiadas entre si, verificou-se que a diferença entre elas
era o percentual de martensita presente. Todas as amostras ensaiadas apresentaram
martensita refinadas dos tipos α’ e ε, nos mapas de EBSD. Para comparar os resultados
da micrografia, utilizou-se um método qualitativo. Para cada ponto analisado, utilizou-se
o critério de grau de observação: não observado (“-“), muito pouco, pouco, médio e muito.
O resumo dessa avaliação encontra-se na TAB. 5.1.
Como pôde ser visto na TAB. 5.1, de forma geral, nas amostras que sofreram flexão,
verificou-se um aparente teor um pouco maior de martensita nas áreas tracionadas. Nas
amostras tracionadas, verificou-se um maior teor de martensita nas áreas do metal base
em 1/4 de espessura. Destaque para a amostra tração sem solda, onde verificou-se forte
presença dos dois tipos de martensita individuais e a transição da martensita ε para a α’.
Nas amostras com solda, principalmente em flexão, verificou-se formação dos dois tipos
de martensita, praticamente, na mesma intensidade, tanto no metal base, como na ZTA,
como na zona de transição. Porém, em todas as amostras, não foi verificada TM na zona
fundida.
173
Tanto na tração uniaxial quanto na flexão de três pontos, as propriedades obtidas para
os corpos de prova com solda foram inferiores às obtidas para os corpos de prova sem
solda. Como relatado por SHOJAATI e BEIDOKTI (2017), os metais de solda
apresentam valores significativamente mais elevados na resistência à tração do que os
metais base. Porém, ao ensaiar corpos de tração compostos metal base 316L e solda
ER2209, a descontinuidade microestrutural da solda (com maior teor de ferrita adjacente
à interface da solda e menor quantidade de ferrita no centro da solda) teve um efeito
prejudicial em suas propriedades mecânicas; tendo um corpo de prova rompido na linha
de fusão desta solda.
174
TAB. 5.1 – Resumo qualitativo da presença dos tipos de martensita nas amostras
ensaiadas.
Amostra Zona Posição ε α' ε→α’ Conclusão
Tração
sem
solda
MB
1 Médio Pouco Muito
1≈3>2 2 Médio Pouco Médio
3 Médio Pouco Pouco
Tração
com
solda
MB
1 Muito pouco Pouco -
1>2>3 2 Muito pouco Pouco -
3 Muito pouco Muito pouco -
ZTA
+
ZT
4 Muito pouco Muito pouco -
4>5>6 5 - Muito pouco -
6 - Muito pouco -
ZF 7 - - -
- 8 - - -
Flexão
sem
solda
MB
1 - Muito pouco -
3>1>2 2 - Pouco -
3 - Pouco -
Flexão
com
solda
MB
1 - - -
1>3*1 2 Pouco Pouco -
3 Pouco Pouco -
ZTA
+
ZT
4 - - -
6>5>4 5 Médio Muito pouco -
6 Médio Muito pouco Muito
pouco
ZF 7 - - -
- 8 - - -
*1 – Como a micrografia do ponto 2 apresentou muita martensita resultante da preparação
metalográfica, não foi possível compará-la com os pontos 1 e 3.
Do gráfico de tração uniaxial com medida da fração de martensita, pode-se concluir
que as maiores tensões alcançadas durante o ensaio estão relacionadas com uma maior
formação de martensita nos estágios iniciais de deformação. O processo de soldagem,
175
mantendo o reforço, atuou de forma prejudicial, pois além de criar uma descontinuidade
microestrutural como já fora relatado, cria um concentrador de tensões, reduzindo a
resistência mecânica do conjunto.
Verificou-se pouca variação no valor médio da propriedade de dureza Berkovich.
Dentro dessa pequena variação, teve-se o acréscimo de dureza onde evidenciou a
transformação martensítica induzida pela penetração do indentator e constatado pelas
imagens de antes e após a indentação com auxílio da câmera do microscópio óptico do
microdurômetro. Onde não teve acréscimo na propriedade, verificou-se nula ou muito
pequena TM. Também há uma certa diferença entre os dois aços, a dureza Berkovich
sendo superior no ER2209 do que no 304L. Mesmo dentro de uma pequena variação, os
resultados mostraram uma grande dispersão, resultantes de uma alteração microestrutural
heterogênea.
O módulo de indentação apresentou baixa dispersão dos pontos, tendo em vista que
sua medição é feita na fase de descarregamento da indentação associada a retorno elástico
em função da modificação microestrutural local gerada pela indentação. Verifica-se
pouca influência da martensita formada com a indentação e grande influência das
martensitas pré-existentes (resultantes dos esforços de flexão ou tração), as quais estavam
uniformemente distribuídas nos mapas de EBSD. Verifica-se crescimento da propriedade
no metal base e na zona fundida onde há mistura dos dois aços (maior teor de austenita),
provavelmente devido à TM.
176
6 CONCLUSÕES
As conclusões abaixo referem-se as condições avaliadas na presente dissertação com
base no objetivo de avaliar a transformação martensítica induzida por deformação em
amostras sem e com solda após os ensaios de flexão e tração com deformação equivalente
de 3%.
A deposição do cordão de solda pelo processo de soldagem MIG não
alterou significativamente o metal base, em termos de ZTA formada. No entanto,
observou-se aparente maior teor de austenita na zona de diluição dentro da zona
fundida;
Após os ensaios de flexão e tração com deformação equivalente, observou-
se a formação de estruturas martensíticas refinadas dos tipos ε (estrutura HC) e α’
(estrutura CCC), de aspecto microestrutural típico do estágio inicial de deformação
plástica associado ao efeito TRIP;
Nas amostras que foram ensaiadas com deformação equivalente, verificou-
se maior formação de martensita (principalmente do tipo ε), equivalente ao metal
base do entorno. Por outro lado, na zona fundida, externa a diluição, quase não se
verificou formação de martensita por imagens de SE no MEV;
Verificou-se pouca variação no valor médio da propriedade de dureza
Berkovich. Mesmo dentro de uma pequena variação, os resultados mostraram uma
grande dispersão, resultantes de uma alteração microestrutural heterogênea. Onde
não teve acréscimo na propriedade, verificou-se nula ou muito pequena a TM. A
dureza Berkovich foi superior no aço ER2209 do que no 304L;
O módulo de indentação apresentou grande variação no valor da
propriedade e baixa dispersão de pontos. Verificou-se pouca influência da martensita
formada com a indentação e grande influência das martensitas pré-existentes
(resultantes dos esforços de flexão ou tração), as quais estavam uniformemente
distribuídas nos mapas de EBSD. Verificou-se incremento da propriedade no metal
base e na zona fundida onde há mistura dos dois aços (maior teor de austenita),
provavelmente devido à TM.
177
7 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
Com base no trabalho realizado e resultados analisadas, sugere-se os seguintes
estudos complementares fazendo uso das ferramentas de MEV/SE/EBSD, espectroscopia
de Raios X por energia dispersiva (EDS) / MEV, microdureza instrumentada e
microdifração de Raios X:
- com uso de chapas de aço inoxidável austenítico de espessura distintas a avaliação
com a distintos níveis de deformação em flexão em três pontos quanto a ocorrência do
efeito TRIP, a temperatura ambiente, de modificações microestruturais, composicional,
mecânicas e tensão residual ao longo da espessura da chapa nas regiões de distintos
esforços;
- a partir de chapa de aço inoxidável austenítico revestida de aço inoxidável duplex,
de espessura fixa, sob solicitação de tração e flexão em três pontos em temperaturas
distintas (ambiente e sub-zero).
178
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183
9 ANEXOS
9.1 PRODUÇÃO MUNDIAL DE ACIARIA DE AÇO INOXIDÁVEL
TAB. 9.1 – Produção de aciaria de aços inoxidáveis (lingote/placa equivalente) em
1000 toneladas métricas (adaptado, ISSF, 2018).
País/região 2012 2013 2014 2015 2016 2017
Bélgica 1241 1298 1388
Bélgica/Áustria 1607 1672 1698
Finlândia 1078 1080 1216
Finlândia/Suíça/RU 2215 2327 2322
França 285 300 323 291 287 293
Alemanha 1313 1091 864 459 414 436
Itália 1696 1556 1457 1452 1421 1469
Espanha 844 855 945 979 7002 1003
Suíça 510 501 541
Reino Unido (RU) 294 257 295
Outros (UE) 195 211 223 165 157 156
União Europeia (UE) 7455 7147 7252 7169 7280 7377
EUA 1977 2030 2389 2346 2481 2754
Brasil 391 425 424 401 450 Em outros
América 2368 2454 2813 2747 2931 2754
Japão 3166 3175 3328 3061 3093 3168
Coréia do Sul 2167 2143 2038 2231 2276 Em outros
Taiwan, China 1107 1067 1108 1109 1263 1376
China 16087 18984 21692 21562 24938 25774
Índia 2834 2891 2858 3060 3324 3486
Ásia 25361 28260 31025 31024 34894 33804
África do Sul 503 492 472 514 582 Em outros
Rússia 112 152 123 95 90 Em outros
184
Ucrânia 118
Outros 4146
Mundo 35917 38506 41686 41548 45778 48081