MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo...

111
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE SANDRA MARIA DA SOLIDADE GOMES SIMÕES DE OLIVEIRA TORRES ASSOCIAÇÃO DOS ASPECTOS SOCIODEMOGRÁFICOS, CLÍNICOS E ASSISTENCIAIS NA QUALIDADE DE VIDA DAS PESSOAS COM ÚLCERA VENOSA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA NATAL/RN 2016

Transcript of MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo...

Page 1: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE

SANDRA MARIA DA SOLIDADE GOMES SIMÕES DE OLIVEIRA TORRES

ASSOCIAÇÃO DOS ASPECTOS SOCIODEMOGRÁFICOS, CLÍNICOS E

ASSISTENCIAIS NA QUALIDADE DE VIDA DAS PESSOAS COM ÚLCERA

VENOSA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA

NATAL/RN

2016

Page 2: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

SANDRA MARIA DA SOLIDADE GOMES SIMÕES DE OLIVEIRA TORRES

ASSOCIAÇÃO DOS ASPECTOS SOCIODEMOGRÁFICOS, CLÍNICOS E

ASSISTENCIAIS NA QUALIDADE DE VIDA DAS PESSOAS COM ÚLCERA

VENOSA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA

Tese apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Ciências da Saúde da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

como requisito para a aprovação do título de

Doutor em Ciências da Saúde.

Orientadora:

Profa. Dra. Eulália Maria Chaves Maia

NATAL/RN

2016

Page 3: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

Apoio ao Usuário

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação na Fonte.

UFRN - Biblioteca Setorial do Centro Ciências da Saúde - CCS

Torres, Sandra Maria da Solidade Gomes Simões de Oliveira. Associação dos

aspectos sociodemográficos, clínicos e assistenciais na qualidade de vida das

pessoas com úlcera venosa na atenção primária / Sandra Maria da Solidade Gomes

Simões de Oliveira Torres. - Natal, 2016. 111f.: il.

Orientadora: Dr.ª Eulália Maria Chaves Maia.

Tese (Doutorado) - Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde. Centro

de Ciências da Saúde. Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

1. Úlcera varicosa - Tese. 2. Qualidade de vida - Tese. 3. Atenção primária à

saúde - Tese. I. Maia, Eulália Maria Chaves. II. Título.

RN/UF/BS-CCS CDU 616.5-002.4

Page 4: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

ii

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE

Coordenador do Curso de Pós-Graduação em Ciências da Saúde:

Prof. Dr. Erivaldo Sócrates Tabosa do Egito

NATAL/RN

2016

Page 5: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

iii

SANDRA MARIA DA SOLIDADE GOMES SIMÕES DE OLIVEIRA TORRES

ASSOCIAÇÃO DOS ASPECTOS SOCIODEMOGRÁFICOS, CLÍNICOS E

ASSISTENCIAIS NA QUALIDADE DE VIDA DAS PESSOAS COM ÚLCERA

VENOSA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA

Aprovada em 30 /09 /2016

Presidente da Banca: Profa. Dra. Eulália Maria Chaves Maia

BANCA EXAMINADORA

________________________________________________________

Profa. Dra. Eulália Maria Chaves Maia

(Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN)

_________________________________________________________

Profa. Dra. Roberta Azoubel

(Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB)

________________________________________________________

Profa. Dra. Cristina Katya Torres Teixeira Mendes

(Universidade Federal da Paraíba – UFPB)

________________________________________________________

Profa. Dra. Thaiza Teixeira Xavier Nobre

(Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN)

________________________________________________________

Prof. Dr. Francisco Arnoldo Nunes de Miranda

(Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN)

Page 6: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

iv

AGRADECIMENTOS

Para falar de agradecimento compreendi finalmente o sentido da palavra

GRATIDÃO, e entendi que só pode compreender o seu significado aquele que

realmente já precisou de ajuda, sentiu-se impotente ou frágil, e foi o que senti no

momento da construção desse trabalho, porém agora já posso agradecer

reconhecendo o significado dessa palavra.

Esta TESE não é apenas o resultado do trabalho de uma aluna com sua orientadora,

mas produto da agregação do trabalho de muitas pessoas conhecidas ou anônimas

que Deus colocou em meu caminho, ás quais chamo carinhosamente de Anjos,

algumas das quais consigo enumerar e agradecer com carinho.

Agradeço primeiramente, ao meu Deus, por ter me permitido realizar esse tão belo

sonho.

Aos meus Pais, Maria Jose Simões de Oliveira e Severino Gomes de Oliveira (In

memoriam) meus primeiros e eternos mestres, e aos meus 10 irmãos, parceiros de

um aprendizado único, e recebedores de um amor incondicional, o meu eterno

Obrigada.; e em especial á minha irmã e cumadre Maria Cléia de Oliveira Viana á

quem me inspirei para não desistir desse sonho.

Ao meu Amor, Gilson de Vasconcelos Torres, pelo companheirismo incondicional,

amor e incentivo ao caminharmos juntos; e exemplo de determinação e coragem em

tudo o que faz, sem a sua presença eu não chegaria ao final dessa caminhada.

Aos meus Filhos, Gilson de Vasconcelos Torres Junior, Felipe de Oliveira

Vasconcelos Torres e Gustavo de Oliveira Vasconcelos Torres, fonte maior de

inspiração e estímulo aos estudos., obrigada queridos pelas ajudas.

Á UFRN, pela oportunidade de aprendizado.

Page 7: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

Aos pacientes por aceitarem fazer parte desse Estudo.

À Secretaria Municipal de Saúde de Natal, pela autorização e por acreditar na

contribuição desta pesquisa para a enfermagem.

As mestres Amanda e Samilly pela colaboração no processo de coleta e

organização do banco dados da pesquisa.

A Doutoranda Rhayssa de Oliveira e Araújo pela colaboração no processo de

coleta e organização do banco dados da pesquisa e na revisão dos manuscritos.

As bolsistas de PNPD Thalyta Cristina Mansano‐Schlosser e Aline Maino

Pergola‐Marconato , pelas colaborações na elaboração dos manuscritos e revisão

do texto final da tese.

Às bolsistas de iniciação científica, Liliane, Rafaela, Alessandra e Vanessa por

serem uma fonte de ajuda importante para a construção deste trabalho e estarei

sempre disponível para colaborar.

As minhas amigas, em especial as enfermeiras Tházia e Frankleide pelo carinho

ofertado neste momento, em que me ausentei das minhas funções assistenciais e

de preceptoria.

Aos gestores da ESF de Igapó, em nome de Auxiliadora freire e Rosa Silva.

Á todos os componentes do Grupo de Pesquisa Incubadora de Procedimentos de

Enfermagem, á vocês o meu eterno gratidão.

Aos docentes membros da Banca de Qualificação e de Defesa pelas excelentes

contribuições para melhoria desse Estudo.

Aos docentes do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde, e aos

colegas de turma pelo conhecimento construído.

Page 8: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

v

AGRADECIMENTO ESPECIAL

Á minha querida Orientadora Professora Dra Eulália Maria Chaves Maia, presente

de Deus na minha vida acadêmica, por acreditar em mim; e assumir comigo o

desafio de construir esse trabalho, anjo em forma de humano, á quem serei

eternamente grata, Deus a abençoe sempre.

Muito obrigada!

Page 10: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

viii

RESUMO

Objetivo: Analisar a associação dos aspectos sociodemográficos, clínicos e assistenciais na qualidade de vida das pessoas com úlcera venosa (UV) na atenção primária. Método: Estudo analítico e transversal conduzido na atenção primária à saúde com 101 pessoas com UV. Os dados foram coletados por formulário estruturado de medidas sociodemográficas e biofisiológicas e o Medical Outcomes Short-Form Health Survey (SF-36). Aplicados os testes Qui-quadrado, Friedman, U de Mann-Whitney e Regressão Logística Binária. Obteve aprovação por Comitê de Ética em Pesquisa (CAAE nº 07556312.0.0000.5537). Resultados: A população estudada era composta em sua maioria por mulheres, idosos, casados ou com união estável, com baixa renda e nível de escolaridade. Entre os idosos, predominaram pessoas do sexo feminino (p=0,011), com companheiro(a) (p=0,025), escolaridade até ensino fundamental (p=0,016), sem profissão (p<0,001), não etilistas (p=0,029), com diabetes mellitus (p=0,002) e hipertensão arterial sistêmica (p=0,001). Quanto aos aspectos de saúde e assistenciais, houve tendência de piores resultados entre os idosos, com predomínio de indivíduos com assistência inadequada. As variáveis faixa etária, sono, intensidade e presença da dor, tempo de lesão, orientação de exercícios regulares, orientações para terapia compressiva, tempo de tratamento e referência e contrareferência colaboraram para pior QV, juntas, as variáveis sono, presença e intensidade da dor e orientação para exercícios físicos explicam pior qualidade de vida. Conclusão: os pesquisados em sua maioria eram idosas, sem ocupação, com companheiro, baixa renda, comorbidades, tempo de lesão superior a um ano, recidivas e dor presente. Evidenciou-se necessidade de cuidado integral às pessoas com úlcera venosa, em especial aos idosos. Os aspectos sociodemográficos, clínicos e assistenciais, isolados e em conjunto, estiveram associados a pior qualidade de vida, em especial, sono, dor, orientação de exercícios e referência e contrarreferência nos idosos, que devem ser reconsiderados na assistência integral e multidisciplinar.

Descritores: úlcera varicosa; envelhecimento; saúde do idoso; perfil de saúde; enfermagem; Atenção primária à saúde; Qualidade de vida.

Page 11: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

ix

ABSTRACT

Objective: To analyze the association of sociodemographic, clinical and care aspects of quality of life of people with venous ulcers (VU) in primary care. Method: Analytical and cross-sectional study conducted in primary health care with 101 people with VU. Data were collected by structured form of sociodemographic and bio-physiological measures and the Medical Outcomes Short-Form Health Survey (SF-36). Applied the chi-square test, Friedman, Mann-Whitney U test and Binary Logistic Regression. That was approved by the Research Ethics Committee (RECs No 07556312.0.0000.5537). Results: The study population consisted mostly of women, older, married or in a stable relationship, with low income and education level. Among the elderly, predominated females (p = 0.011), with a partner (p = 0.025), education to primary education (p = 0.016), unemployed (p <0.001), non-alcoholic (p = 0.029), diabetes mellitus ( p = 0.002) and hypertension (p = 0.001). About the health and welfare aspects, there was a tendency of worse outcomes among the elderly, with a prevalence of individuals with inadequate care. The variables age, sleepiness, intensity and presence of pain, injury time, guidance for exercise, guidelines for compression therapy, treatment time and reference and counter-reference contributed to the worse quality of life. Moreover, the variables sleepiness, intensity and presence pain, and guidance for exercise, all together, explain the worst quality of life. Conclusion: The surveyed were mostly elderly, unemployed, with a partner, low income, comorbidity, the injury time was more than one year, recurrence and with presence of pain. It was evident the need for comprehensive care to people with venous ulcers, especially the elderly. The sociodemographic, clinical and care aspects, isolated and together, were associated with the worse quality of life, in particular, sleepiness, pain, guidance for exercise, and reference and counter-reference in the elderly, should be reconsidered in the comprehensive and multidisciplinary care.

Descriptors: varicose ulcer; aging; health of the elderly; health profile; nursing.

Primary health care; quality of life.

Page 12: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

X

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

APS – Atenção Primária de Saúde

CAAE - Certificado de Apresentação para Apreciação Ética

CCVUQ – Questionário de Qualidade de Vida em Portadores de Úlceras Venosas

CIVIQ – Questionário de Qualidade de Vida em Portadores de Úlceras Venosas

CWIS – Questionário de Qualidade de Vida em Portadores de Úlceras Venosas

DM – Diabetes Mellitus

EQ-5D – Questionário de Qualidade de Vida em Portadores de Úlceras Venosas

ESF – Estratégia de Saúde da Família

HAS – Hipertensão Arterial Sistêmica

IVC – Insuficiência Venosa Crônica

MMII – Membros Inferiores

OMS – Organização Mundial de Saúde

QV – Qualidade de Vida

QVRS – Qualidade de Vida Relacionada à Saúde

SUS – Sistema Único de Saúde

SF-36 – Questionário de Qualidade de Vida

SF-6D – Questionário de Qualidade de Vida

USF – Unidade de Saúde da Família

UV – Úlcera Venosa

Page 13: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

xi

Lista de Figuras

Figura 1 - Modelo de proposição da relação entre as variáveis que

interferem na cicatrização da úlcera venosa e a qualidade de vida.

Natal, RN, Brasil, 2016.

p. 22

Figura 1. Modelo de associação entre os aspectos

sociodemográficos e de saúde, assistência à saúde e evolução

clínica da lesão na qualidade de vida da pessoa com UV.

p. 25

Page 14: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

xiii

Lista de Tabelas

Artigo 1. Tabela 1 - Distribuição dos aspectos sociodemográficos segundo a faixa etária das pessoas com úlcera venosa atendidas na atenção primária à saúde.

p. 38

Artigo 1. Tabela 2 - Apresentação dos aspectos de saúde conforme a idade de pessoas com úlcera venosa atendidas na atenção primária à saúde.

p. 39

Artigo 1. Tabela 3 - Distribuição dos aspectos da assistência de adultos e idosos com úlcera venosa atendidos na atenção primária à saúde.

p. 40

Artigo 2. Tabela 1 - Caracterização sociodemográfica de pessoas com úlcera venosa atendidas na atenção primária à saúde.

p. 52

Artigo 2. Tabela 2 – Associação entre a avaliação da assistência e as características da assistência categorizados segundo a localidade.

p. 53

Artigo 2. Tabela 3 – Distribuição das médias, desvio padrão e p-valor do SF-36 obtidos conforme os distritos sanitários.

p. 55

Artigo 3. Tabela 1 – Distribuição das médias dos domínios e dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016.

p. 70

Artigo 3. Tabela 2 – Apresentação da diferença de médias entre os domínios e dimensões da qualidade de vida e as variáveis sociodemográficas e condições clínicas. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016.

p. 71

Artigo 3. Tabela 3 – Apresentação da diferença de médias entre qualidade de vida (SF-36) e as variáveis de condições assistenciais. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016.

p. 72

Artigo 3. Tabela 4 – Apresentação da regressão logística isolada e múltipla entre qualidade de vida (SF-36) e variáveis sociodemográficas, clínicas e assistenciais que apresentaram diferenças estatísticas significativas nas médias do SF-36. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016.

p. 74

Page 15: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

xiv

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 16

2 CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA ......................................................... 19

3 OBJETIVOS .................................................................................................. 27

3.1OBJETIVO GERAL .................................................................................. 27

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ................................................................... 27

4 MÉTODO ....................................................................................................... 28

5 RESULTADOS .............................................................................................. 33

5.1 ARTIGO 01 ............................................................................................. 33

5.2 ARTIGO 02 ............................................................................................. 47

5.3 ARTIGO 03 ............................................................................................. 65

6 COMENTÁRIOS, CRÍTICAS E CONCLUSÕES ........................................... 83

REFERÊNCIAS ................................................................................................ 86

APÊNDICES .................................................................................................... 94

ANEXOS .......................................................................................................... 98

Page 16: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

16

1 INTRODUÇÃO

A úlcera vascular é caracterizada por perda circunscrita ou irregular do

tegumento (derme e/ou epiderme), podendo atingir os tecidos subcutâneo e

subjacente, acometendo as extremidades dos membros inferiores (MMII) e cuja

causa está, geralmente, relacionada ao sistema vascular venoso ou a problemas

neuropáticos (1).

Essas lesões constituem-se em um problema de saúde pública, sendo

responsáveis por considerável impacto econômico devido ao grande quantitativo de

pessoas acometidas, por necessitar de cuidados em saúde, contribuindo para onerar

o gasto público, além de provocar o sofrimento das pessoas e a interferência na sua

qualidade de vida (2-4).

As úlceras venosas (UV) são responsáveis por uma ocorrência que varia de

36,7% a 80,0% de todas as úlceras de perna (5-7) e sua prevalência vem crescendo

de acordo com o aumento da expectativa de vida da população mundial (4, 8-9).

Estima-se que 3% da população brasileira apresentem lesões venosas, que

se elevam para 10% no caso de diabéticos. Na população brasileira quatro milhões

de pessoas, em média, possuem lesões crônicas ou têm algum tipo de complicação

no processo de cicatrização (5,10).

O número de recidivas gira em torno de 60,0%, o que constitui um dos

problemas mais importantes na assistência aos pacientes, pois retardam a cura

completa e proporcionando a cronicidade destas (11-13). As lesões apresentam

tratamento duradouro e complexo e são causa de hospitalização prolongada, sendo

responsáveis por morbidade e prejuízos na qualidade de vida. (14-15).

A cronicidade das úlceras afeta a produtividade no trabalho, gerando

aposentadorias por invalidez, restringindo as atividades da vida diária e de lazer.

Para muitos pacientes, a doença venosa significa dor, perda de mobilidade funcional

e piora da qualidade de vida (QV) (9, 16-17).

A assistência às pessoas com UV, devido ao tratamento longo e complexo,

exige atuação multiprofissional, adoção de protocolos, conhecimento especifico,

habilidade técnica, articulação entre os níveis de assistência do Sistema Único de

Saúde (SUS) e também participação ativa das pessoas com essas lesões e seus

familiares, dentro de uma perspectiva integral da assistência ao indivíduo (18).

Page 17: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

17

Desse modo, como forma de otimizar essa assistência faz-se necessário a

participação ativa do portador da condição crônica no processo terapêutico. Para

que aconteça adesão ao tratamento da UV é fundamental que se realize, juntamente

com o cliente, um planejamento das ações que envolvem o tratamento, reabilitação

e prevenção de novas úlceras (19).

A integralidade na atenção à saúde é definida como um princípio do SUS,

orientando políticas e ações que respondam às demandas e necessidades da

população no acesso à rede de cuidados em saúde, considerando a complexidade e

as especificidades de diferentes abordagens do processo saúde-doença e nas

distintas dimensões, biológica, cultural e social do ser cuidado (13,20).

Nesse contexto, a valorização do conceito de QV reflete num aumento da

preocupação com o paciente, que passa a ser visto como um todo. O objetivo do

tratamento deixa de ser a cura da patologia e passa a ser a reintegração do

pacientes com o máximo de condições de ter uma vida normal, ou seja, viver com

qualidade e saúde (21-22).

A Organização Mundial de Saúde (OMS) baseou-se em três aspectos

fundamentais referentes ao construto qualidade de vida: subjetividade;

multidimensionalidade, presença de dimensões positivas – mobilidade - e negativas

– dor; para defini-la como a percepção do indivíduo de sua posição na vida, no

contexto da cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em relação aos seus

objetivos, expectativas, padrões e preocupações (23).

Além da qualidade de vida na abordagem a pessoa com UV, considera-se

como aspecto fundamental a assistência sistematizada pautada em protocolo que

contemple a avaliação clínica, diagnóstico precoce, planejamento do tratamento,

implementação do plano de cuidados, evolução e reavaliação das condutas, além de

trabalho educativo permanente em equipe, envolvendo as pessoas com lesões,

familiares e cuidadores (18,24-25).

Um protocolo sistematizado de assistência possibilita a equipe

multiprofissional avaliar de maneira uniformizada os fatores relacionados aos

aspectos clínicos (características da dor, sinais de Insuficiência Venosa Crônica -

IVC, tempo de lesão e características do membro afetado e da úlcera), assistenciais

(diagnóstico, condutas e intervenções) e da qualidade de vida dos pacientes, que

podem interferir na evolução da cicatrização da UV (18,24-25).

Page 18: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

18

As pessoas com UV requerem uma assistência de qualidade com visão

integral do ser humano, dentro do seu contexto socioeconômico, cultural e de saúde,

e com atuação de equipe multiprofissional, considerando a complexidade e

dinamicidade que envolve o processo de cicatrização dessas lesões (16,26-27).

No Brasil, autores apontam a falta de sistematização da assistência ao

usuário com úlceras venosas na Atenção Primária à Saúde (APS). Poucos

municípios adotam protocolos clínicos que direcionem ações de cuidados voltadas à

prevenção e tratamento dessas úlceras. O que pode trazer implicações aos usuários

em relação ao tempo de cicatrização, refletindo em sua qualidade de vida e ainda

onerando financeiramente o sistema público de saúde com gastos desnecessários

(13,27).

Quando a assistência é mal conduzida, a lesão pode permanecer anos sem

cicatrizar, acarretando alto custo social e emocional. Em inúmeros casos, afasta o

indivíduo do trabalho, agravando as condições socioeconômicas e a qualidade de

vida dos portadores e familiares, além de onerar os serviços de saúde (28).

Nesse sentido, partimos do pressuposto de que os domínios da QV são

alterados no decorrer da evolução clinica das pessoas com úlcera venosa crônica

implicando em alterações em sua qualidade de vida, ao mesmo tempo em que

também são influenciados por outros fatores como os aspectos sociais, a adesão ao

tratamento e os relacionados à atenção a saúde.

Page 19: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

19

2 CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA

A UV é a principal lesão de membros inferiores, com prevalência aproximada

entre 80% e 90%. Originada pela insuficiência venosa crônica (IVC), apresenta

formato irregular, com bordas definidas, normalmente localizada na região

perimaleolar. Geralmente é limitada ao tecido subcutâneo, no entanto, a infecção

secundária pode produzir profunda destruição de tecidos moles (29).

As pessoas com UV comumente convivem com dor crônica que pode afetar a

autonomia na realização de atividades diárias, diminuir a autoestima, causar

isolamento social e depressão, de modo a interferir em todas as dimensões da vida.

Também apresenta impacto socioeconômico considerável devido aos custos do

tratamento e à perda de dias trabalhados, com possibilidade de aposentadoria

precoce.

Muitos exames complementares, como ultrassom, Doppler e angiografia, são

empregados para auxiliar no diagnóstico de IVC e avaliar o retorno venoso.

Entretanto, não há nenhum teste diagnóstico que permite prever, com precisão, o

surgimento da Úlcera Venosa (UV), que geralmente está associado a fatores

desencadeantes como celulite, trauma, dermatite ou irritação da pele, picadas de

insetos, queimaduras, edema de início abrupto (30).

A UV que não apresenta sinais de cicatrização em um tempo superior a

quatro a seis semanas pode ser considerada crônica, predispondo a infecção, mal

odor e dor. Entre as justificativas para a cronificação da lesão estão a alta

concentração de neutrófilos que secretam proteases e inibem os fatores de

crescimento. Além disso, a presença de fibrina, leucócitos e microangiopatia

contribuem para a inflamação crônica com consequente alteração da

microcirculação, retardando o fechamento da lesão. Portanto, infecção e

antibioticoterapia, tópica ou sistêmica, prolongada e a baixa adesão à terapia

compressiva estão relacionados a um pior prognóstico (30).

Os objetivos do tratamento da UV são a redução de dor, exsudato, odor e de

tecidos necróticos para evitar o surgimento de infecção. Entre as principais

intervenções citam-se: elevação das pernas, prática de exercícios físicos, terapia

compressiva e emprego de coberturas para curativo (30).

Page 20: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

20

As terapias compressivas representam o tratamento padrão ouro para IVC e

UV por promover a redução da estase venosa com a limitação da distensão das

veias e auxílio na função da bomba da panturrilha. Estão contraindicadas apenas em

presença de insuficiência arterial, celulite e insuficiência cardíaca descompensada.

Já a elevação das pernas é uma intervenção simples que auxilia na redução do

edema, favorecendo o retorno venoso (30).

A seleção da cobertura para curativo deve considerar as características da

lesão (tecidos, exsudato, odor, infecção), as necessidades do paciente, como

conforto e alergia, o resultado da relação custo-benefício e a facilidade de

aplicação(30).

Para tanto, é fundamental a participação de uma equipe de saúde

multidisciplinar que planeje e execute uma assistência integral. Nesta equipe, o

enfermeiro exerce papel essencial para a identificação precoce das manifestações

da IVC e no desenvolvimento rápido e eficiente de ações que interfiram na evolução

da doença e na ocorrência de recidivas, promovendo qualidade de vida (30).

A Organização Mundial da Saúde (OMS) definiu a Qualidade de Vida como “a

percepção do individuo sobre a sua posição na vida, no contexto da cultura e dos

sistemas de valores nos quais ele vive, e em relação a seus objetivos, expectativas,

padroes e preocupaçoes” (31).

Existem vários instrumentos, genéricos ou específicos, que podem ser

utilizados na avaliação da QV da pessoa com UV. São alguns deles: EuroQol 5

dimensions (EQ-5D), Short Form Health Survey-12 (SF-12); Short Form Health

Survey (SF-36), Short Form 6 dimensions (SF-6D), Chronic Venous Insufficiency

Quality of Life (CIVIQ), Cardiff Wound Impact Schedule (CWIS), Charing Cross

Venous Ulcer Questionnaire (CCVUQ).

Assim, a avaliação deste constructo é importante para o entendimento de sua

influência no processo de cicatrização e desenvolvimento de estratégias efetivas e

seguras pelos profissionais da saúde, na perspectiva de uma abordagem integral ao

cliente. O planejamento do cuidado exige o envolvimento e capacitação da equipe

multiprofissional para identificar as demandas desta população e direcionamento

adequado.

Page 21: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

21

A cicatrização da UV recebe influência multifatorial para além dos aspectos

biológicos, como se costuma pensar. Características sociodemográficas, clínicas e

assistenciais estão diretamente relacionadas a este processo, modificando também

a QV (Figura 1).

As características sociodemográficas das pessoas com UV se assemelham

em todo o mundo. Predominam pessoas do sexo feminino, idosos, frequentemente

com baixa escolaridade e renda (32-36).

Figura 1 – Modelo de proposição da relação entre as variáveis que interferem na

cicatrização da úlcera venosa e a qualidade de vida. Natal, RN, Brasil, 2016.

As mulheres são mais afetadas porque estão mais propensas a desenvolver

IVC, seja pela sua atividade hormonal, número de gestações ou mesmo fatores

genéticos. O aumento da prevalência com a idade é justificável pela incompetência

das valvas venosas, disfunção da bomba da panturrilha decorrente da diminuição da

força muscular, aliada a fragilidade da pele, características comuns nesta população.

A baixa escolaridade dificulta na compreensão da situação clínica e na

promoção da saúde, por meio do autocuidado, devido ao conhecimento deficiente

em relação a ulceração, o que resulta na ausência de mudança de estilo de vida (37-

38).

Aspectos clínicos Aspectos

sociodemográficos Aspectos assistenciais

Cicatrização

da UV

Qualidade de vida

Protocolo

assistencial

multiprofissional

Page 22: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

22

A renda constitui-se como um fator importante devido os altos custos

decorrentes de coberturas de curativos, uso de terapia compressiva, entre outros

cuidados, favorecendo o desequilíbrio financeiro, muitas vezes agravado pelo

afastamento da atividade laboral.

Em relação aos aspectos clínicos e de saúde, a presença de outras doenças

crônicas conjuntas à IVC, como HAS e DM, bem como hábitos de saúde, entre eles

o padrão do sono, etilismo e tabagismo, estão relacionados ao processo cicatricial

da UV.

Doenças, como a HAS e o DM, influenciam diretamente a circulação

sanguínea e capacidade de cicatrização. Estudos mostram o predomínio e

associação dessas doenças em pessoas com UV (39-40), o que as torna dificultadores

da cicatrização. A HAS está frequentemente associada à aterosclerose e o DM pode

levar a complicações na pele em consequência da neuropatia, além de

frequentemente estar associado à doença arterial periférica, dificultando a

estabilização da ferida.

Hábitos como etilismo e tabagismo exercem influência no metabolismo da

pele, prejudicando o processo cicatricial da UV. A nicotina tem efeito vasoativo,

diminuindo o fluxo sanguíneo e consequentemente a quantidade de oxigênio nos

tecidos (41). O etilismo esta frequentemente associado a maus hábitos de saúde e

autocuidado, prejudicando o fechamento da ferida.

Nos indivíduos com UV, um dos sintomas de clusters encontrados e o

distúrbio do sono e geralmente esta relacionado à presença de dor crônica, sendo o

sono de boa qualidade essencial para fortalecimento da saúde mental e física (42).

A dor é comum nesta população, com prevalência entre 80% a 96% dos

casos e, causa limitações físicas, emocionais e sociais e tende a ser intensificada no

momento de troca do curativo ou na terapia compressiva (43, 44-45).

No nordeste do Brasil foi evidenciado que a presença de dor afeta a QV e

pode influenciar negativamente a cicatrização da ferida, estando presente em 86%

dos pacientes (46). A dor estimula a liberação de mediadores inflamatórios que

interferem na reparação do tecido (47). E, quando intensa, pode estar relacionada à

infecção local, aumentando o tempo de cicatrização.

O consequente tempo de lesão prolongado também exerce influência na

cicatrização e, consequentemente, na QV. Ao investigar a associação desta com o

tempo de UV, houve piores médias naquelas pessoas com mais de um ano de

Page 23: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

23

lesão, sendo o estado emocional e a estética afetados significativamente (48). Em

outro estudo, os fatores de risco e antecedentes pessoais patológicos estavam mais

presentes nas pessoas com tempo de tratamento maior que um ano (49).

As próprias características da lesão, como já se sabe, estão diretamente

relacionadas à cicatrização. Feridas de grande extensão e profundidade, com áreas

de necrose, fibrina em grande quantidade, pouco tecido de granulação, exsudato

purulento e odor fétido naturalmente levam um tempo maior para completo

fechamento.

No que se diz respeito aos aspectos assistenciais, estes também estão

diretamente relacionados com o processo de cicatrização. Em uma assistência

adequada há participação de equipe multiprofissional, de preferência com adoção de

protocolos, habilidades técnicas e conhecimentos específicos sobre avaliação do

paciente e da lesão (18).

A escolha e o acesso às coberturas coerentes com os tecidos apresentados

na lesão, bem como o uso de terapia compressiva em conformidade com o grau de

insuficiência vascular são os aspectos da assistência que mais se destacam em prol

da facilitação da cicatrização.

Diversas terapias podem ser utilizadas em conjunto com a terapia

compressiva. Um estudo quase experimental, com implementação da linfoterapia

adicional a terapia de compressão, evidenciou que no grupo intervenção houve

redução da dor e do edema e importante melhora na cicatrização da UV,

confirmando os benefícios deste tratamento (50).

No Brasil é muito comum a utilização de plantas medicinais. Em geral, esse

cuidado antecede a busca aos serviços de saúde ou ocorre de forma complementar

às práticas profissionais. Faz-se importante a enfermagem identificar a influência

desse conhecimento popular no cuidado a pessoas com úlcera venosa (51).

Além disso, o local de realização dos curativos também pode influenciar neste

processo. Em países com práticas avançadas de saúde, os curativos são realizados

em clínicas especializadas, enquanto em outros, estes são feitos em domicílio,

muitas vezes pelo indivíduo com UV ou seus familiares/cuidadores. Este tipo de

conduta não possibilita uma assistência adequada e livre de contaminações que

podem levar infecções ao sítio da lesão.

Frequentemente o tratamento resolutivo das pessoas com UV é realizado por

profissionais com especialidade na área ou com vasta experiência. Como forma de

Page 24: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

24

direcionar, sistematizar e unificar a assistência, o uso de protocolos é adotado em

diferentes cenários no mundo, com o intuito de diminuir o tempo de trabalho e

também de cicatrização (52).

Também é relevante que os profissionais de saúde registrem os achados

clínicos de maneira a garantir um respaldo legal para a assistência prestada, além

de fornecer uma continuidade do tratamento entre os profissionais e níveis de

atenção à saúde.

Partindo do pressuposto que os aspectos sociodemográficos, assistência à

saúde e da evolução clínica das lesões podem alterar a QV de pessoas com UV,

surge à preocupação em estudar esta temática em nossa realidade, para tanto se

tem as seguintes questões: Como se caracterizam as pessoas com UV quanto aos

aspectos sociodemográficos, assistência à saúde e evolução clínica das lesões?

Qual a associação existente dos aspectos sociodemográficos, assistência à saúde e

evolução clínica das lesões na qualidade de vida de pessoas com UV?

Diante do exposto, percebemos que são vários os aspectos que podem estar

associados influenciando a qualidade de vida do portador de úlcera venosa. Nesse

sentido, propomos o seguinte modelo esquemático:

Figura 1. Modelo de associação entre os aspectos sociodemográficos e saúde,

assistência à saúde e evolução clínica da lesão na qualidade de vida da pessoa com

UV.

- Hipótese Nula (H0): A qualidade de vida de pessoas com UV não está

associada aos aspectos sociodemográficos, clínicos e de assistência à saúde/SUS

.

Page 25: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

25

- Hipótese Alternativa (H1): A qualidade de vida de pessoas com UV está

associada aos aspectos sociodemográficos, clínicos e de assistência à saúde/SUS.

A partir das reflexões tecidas sobre os aspectos relacionados à cicatrização

de UV e sua influência na QV, neste tópico destaca-se o papel dos profissionais da

saúde ao atuar nesse campo.

Aponta-se a relevância da atuação de equipe multiprofissional de saúde na

abordagem multidimensional a esta população, de modo a promover melhores

resultados em saúde a esta população, por meio de intervenções como: terapia

tópica, tratamento sistêmico das condições circulatórias, minimização do impacto da

lesão na autoimagem, autoestima, manejo da dor, entre outras, ao considerar a

úlcera venosa um agravo crônico, recorrente e com impacto biopsicossocial (53, 54-55).

Nesse sentido, conhecer os aspectos que mais impactam a QV das pessoas

com UV permite aos profissionais da saúde, em especial aos enfermeiros, incorpora-

los ao planejamento da assistência, por meio de intervenções que transpassem a

cicatrização da ferida. Constata-se que ao conhecer a situação destes indivíduos, os

aspectos físicos e clínicos e as repercussões nas dimensões psicossociais, o

enfermeiro pode planejar ações que atendam às necessidades de cuidados, a fim de

promover melhores condições de saúde (54-56). Aponta-se para necessidade de

intervenções conforme a apresentação clínica e acompanhamento por meio de

métodos de avaliação sistematizados (55).

Os curativos realizados pelo próprio paciente carecem de acompanhamento e

capacitação adequadas, que considerem os aspectos de especificidade, como

localização da úlcera, preparo e receptividade deste para realizar o curativo no seu

domicílio (56-57). Assim, a descentralização do cuidado perpassa pela disponibilidade

da equipe de saúde, principalmente, do enfermeiro para realizar o treinamento, pelo

custo-efetividade do tratamento e as características da pessoa acometida e de cada

ferida (57).

No entanto, identifica-se a fragilidade no conhecimento e manejo dos

enfermeiros não especialistas sobre as terapias adequadas para o uso de terapia

tópica no tratamento de úlcera venosa. A organização e o planejamento da

assistência pelo enfermeiro tem como base a avaliação das características da

úlcera, bem como, a abordagem integral das pessoas com úlcera venosa no

tratamento. Ao utilizar protocolos para conduta tópica em UV espera-se padronizar a

Page 26: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

26

assistência, reduzir custos e otimizar o tempo do enfermeiro. Desta forma, o

desenvolvimento de protocolos pode auxiliar os enfermeiros na tomada de decisão

sobre terapia tópica (58).

Os protocolos multiprofissionais permitem a sistematização da assistência às

pessoas com UV, de maneira a padronizar as intervenções terapêuticas e garantir a

continuidade do acompanhamento nos diversos níveis de atenção à saúde. Dessa

forma, possibilita-se a diminuição do tempo de cicatrização e a melhora da QV (59).

Assim, diante dos estudos (50-59) realizados no Brasil e discussão com as

demais referências ao longo deste capitulo, se pontua a necessidade de

implementação de ações efetivas que busquem garantir a melhoria da QV das

pessoas com UV por meio de uma assistência baseada em evidências e que

favoreçam a integralidade do indivíduo sob cuidados.

Esse contexto de assistência pode trazer implicações aos usuários em

relação ao tempo de cicatrização, refletindo em sua qualidade de vida e ainda

onerando financeiramente o sistema público de saúde com gastos desnecessários.

Considerando-se a Rede de Atenção à Saúde (60) como "arranjos

organizativos de ações e serviços de saúde, de diferentes densidades tecnológicas,

que, integradas por meio de sistemas de apoio técnico, logístico e de gestão,

buscam garantir a integralidade do cuidado", o SUS apresenta-se hoje como um

sistema fragmentado, que dificulta o acesso, gera descontinuidade assistencial e

compromete a integralidade da atenção ofertada. Em outras palavras, como sistema

de saúde fragmentado, o SUS não dá conta de responder adequadamente às

exigências colocadas por esse quadro de necessidades de saúde.

Destaca-se assim a importância da Rede de Atenção à Saúde das Pessoas

com Doenças Crônicas no âmbito do SUS e estabelece diretrizes para a

organização das suas linhas de cuidado, garantindo entre outros direitos, aos

usuários, o acesso e acolhimento, humanização, modelo centrado no usuário,

baseado nas suas necessidades de saúde e realizado por equipes multiprofissionais

capacitadas, articulação entre os diversos serviços e ações de saúde,

monitoramento e avaliação da qualidade dos serviços e autonomia dos usuários,

com constituição de estratégias de apoio ao autocuidado. (61)

Page 27: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

27

3 OBJETIVOS

3.1.1 Geral

Analisar a associação dos aspectos sociodemográficos, clínicos e assistenciais na

qualidade de vida das pessoas com úlcera venosa na atenção primária.

3.1.1 Específicos

Caracterizar, conforme os aspectos sociodemográficos, de saúde e

assistenciais, os adultos e idosos com úlcera venosa atendidos na atenção

primária à saúde;

Avaliar assistência e qualidade de vida de pessoas com úlcera venosa

atendidas na atenção primária à saúde, segundo distritos sanitários de saúde;

Analisar o impacto de aspectos sociodemográficos, clínicos e assistenciais na

qualidade de vida das pessoas com úlcera venosa.

Page 28: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

28

4 MÉTODO

Trata-se de uma pesquisa analítica, com delineamento transversal e

abordagem quantitativa de análise e tratamento de dados desenvolvido nas

unidades de saúde vinculadas a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Natal, que

é formada por uma rede de serviços de atenção à saúde, distribuída em cinco

distritos sanitários (Norte I, Norte II, Sul, Leste e Oeste), que têm como eixo

estruturante da atenção básica a Estratégia de Saúde da Família (ESF).

O referido município dispunha, até maio de 2014, de 37 Unidades de Saúde

da Família (USF) e cinco unidades mistas, as quais se constituíram nos locais de

realização dessa pesquisa.

A exclusão das unidades básicas de saúde ocorreu devido a ausência de

vínculo e acompanhamento das pessoas com UV (62) . A distribuição das unidades

acontece da seguinte forma:

Distrito sul: uma unidade mista e uma unidade de saúde da família;

Distrito leste: quatro USF e uma mista;

Distrito oeste: onze USF e duas unidades mistas;

Distrito norte I: onze USF e uma mista;

Distrito norte II: dez USF.

A divisão geográfica estabelecida pelo rio Potengi, que subsidiou a divisão em

distritos, também orientou a segregação da população para esta pesquisa em dois

grupos: Norte I e II (Grupo I), Leste, Oeste e Sul (Grupo II). Além disso, também são

observadas diferenças socioeconômicas entre os grupos.

A população do estudo foi composta por pessoas com UV atendidas na APS

e totalizou 101 indivíduos. Foram estabelecidos como critérios de inclusão: ter mais

de 18 anos; apresentar UV ativa no momento da coleta; estar adscrito à unidade; e

possuir capacidade de comunicação verbal. Possuir úlcera de origem arterial ou

mista foi estabelecido como critério de exclusão, pois estas lesões apresentam

diferentes características que poderiam influenciar nas respostas.

Os participantes receberam orientações sobre os objetivos do estudo e foram

convidados a participar do mesmo. A coleta foi efetivada mediante assinatura do

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), em duas vias (Apêndice A).

Page 29: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

29

Na coleta de dados, utilizaram-se dois instrumentos: um formulário

estruturado de entrevista e coleta de medidas biofisiológicas (Anexo A, elaborado

com base em diretrizes clínicas (10); e o Medical Outcomes Short-Form Health

Survey (SF-36) (11), que avalia qualidade de vida relacionada à saúde (QVRS)

(Anexo B).

Na coleta de dados utilizou-se um formulário estruturado de entrevista e

coleta de medidas biofisiológicas, elaborado com base em diretrizes clínicas,17 dos

quais foram utilizados 27 itens referentes a dados sociodemográficos, de saúde,

clínicos e assistenciais. Variáveis de caracterização sociodemográfica (Sexo, Faixa

Etária; Estado civil, Escolaridade, Renda per capita (família), Saúde (Sono,

Doenças crônicas associadas, Etilismo/tabagismo), Clínicas (Recidivas de UV,

Tempo de UV atual, Área da UV Média, Dor na UV/membro inferior Escala Analógica

Visual (0 a 10).

O SF-36 consiste em um questionário multidimensional de 36 itens,

distribuídos em oito domínios (aspecto funcional, aspectos físicos, dor, estado geral

de saúde, vitalidade, função social, aspectos emocionais, saúde mental) e duas

dimensões (saúde física e saúde mental). A escala varia de zero a 100 em que,

quanto maior o escore, melhor a QVRS (11).

As variáveis independentes estudadas foram agrupadas em caracterização

sociodemográficas, clínicas, assistenciais e categorizadas para análise bivariável

dos dados. Consequentemente, a variável dependente foi a qualidade de vida.

A coleta de dados foi realizada entre fevereiro e setembro de 2014 por uma

equipe composta pelos pesquisadores enfermeiros e por acadêmicos de graduação

em enfermagem, previamente treinados para utilização dos instrumentos. Houve

uma pausa na coleta nos meses de maio a julho, devido greve no sistema municipal

de saúde, que dificultava o acesso às pessoas com UV sem o intermédio dos

profissionais da atenção primária.

Os dados foram coletados por enfermeiros e acadêmicos de enfermagem

previamente capacitados quanto aos instrumentos e demais aspectos relacionados à

pesquisa nas unidades de saúde ou nos domicílios, de acordo com a preferência

dos participantes. As entrevistas duraram em média 30 minutos com cada pessoa.

Os dados foram organizados em tabelas do Microsoft Excel e exportados

pacote estatístico do IBM SPSS 20.0, analisados por meio de estatística descritiva e

inferencial.

Page 30: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

30

Para tratamento estatístico dos dados as variáveis independentes

(características sociodemográficas, clínicas e de assistência) foram classificadas em

categóricas nominais, e dependente (qualidade de vida) foram classificadas como

quantitativas e escalares.

Para análise inferencial nos cruzamentos das variáveis nominais, foi utilizado

os Testes Qui-quadrado ou Exato de Fisher, adotando nível de significância de 5,0%

(α = 0,05).

Na caracterização sociodemográfica enquadraram-se: sexo, faixa etária,

estado civil, escolaridade, ocupação e renda per capita. O valor de um salário

mínimo durante o período de coleta dos dados era de R$724,00. As variáveis

clínicas foram autoreferidas pelo sujeito: diabetes mellitus (DM), hipertensão arterial

sistêmica (HAS), outras doenças, presença e intensidade da dor, recidivas, sono,

etilismo, tabagismo, e, tempo da lesão. As variáveis do grupo caracterização

assistencial foram: capacitação do responsável pelo curativo, referência e contra

referência, exame doppler, e orientação sobre terapia compressiva, elevação de

membros inferiores, exercícios regulares e uso de terapia compressiva.

As características sociodemográficas, de saúde e da assistência foram

distribuídas de acordo com a região de procedência dos sujeitos em Grupo I e II.

A classificação da qualidade da assistência foi calculada por meio das

variáveis (fatores) apresentadas como condições de assistência, de modo que, para

cada fator considerado positivo atribui-se o valor um (1) e para cada negativo, o zero

(0). Assim, o escore final positivo representa o somatório destes fatores e, o

negativo, a subtração dos fatores negativos do número inteiro um (1) (Qualidade da

assistência inadequada = 1 – Σ dos fatores positivos). Se até seis fatores positivos

foram encontrados, a avaliação da assistência à saúde foi considerada inadequada

e, quando o número de fatores positivos variou de sete a 10, foi classificada como

adequada devido apresentar escore superior a 70%.

Como (variáveis) fatores positivos, foram incluídos aqueles que influenciam

positivamente na saúde das pessoas com UV, como segue: adequação do material

utilizado para o curativo (6); capacitação do responsável pelo curativo (6); utilização

de terapia compressiva (1,12); presença de orientação sobre terapia compressiva

(12), elevação de membros inferiores (MMII) (12), e exercícios físicos regulares (13);

realização de exame de ecodoppler (14); frequência anual de consultas com a

angiologista (quatro ou mais) (3); presença de sistema de referência e contra-

Page 31: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

31

referência (10); e registro dos achados clínicos no prontuário (4). Como pessoa que

realiza o curativo considerou-se profissional, familiar ou usuário.

Para as análises estatísticas, foram utilizados os testes Qui-quadrado e Exato

de Fisher para verificar associação entre as variáveis sociodemográficas em ambos

os grupos; de condições de assistência e a avaliação individual da assistência

conforme cada grupo; e, entre cada aspecto das condições de assistência e

avaliação individual de assistência e os domínios e dimensões do SF-36.

Após verificar a não normalidade das variáveis escalares pelo Teste

Kolmogorov-Smirnov, adotou-se o nível de p < 0,05 de significância estatística e

optou-se pelos seguintes testes:

Teste Qui-Quadrado ou Teste de Fisher, caso as caselas da amostra foi

menor que cinco < 5, na verificação de associação variáveis

sociodemográficas, clínicas e de saúde;

Teste de U de Mann Whitney para verificar diferenças significativas entre as

variáveis sociodemográficas, clínicas e de assistência a saúde e os domínios

e dimensões do SF 36;

Teste de Friedman para identificar diferença entre domínios e dimensões do

SF 36;

Regressão Logística Binária, nas variáveis sociodemográficas, clínicas e de

assistência a saúde que apresentaram diferença significativa (p< 0,05) com

as médias dos domínios e dimensões da QV (SF-36), para verificação de

relação entre as variáveis dependentes e independentes do estudo.

Após este processo, os dados foram tabulados e apresentados na forma de

tabelas, quadro e figuras com suas respectivas distribuições percentuais e

resultados dos testes estatísticos.

Nesse sentido, buscou-se estudar a complexidade dos fatores envolvidos na

alteração da QV das pessoas com UV, partimos do pressuposto da existência de

associação dos aspectos sociodemográficos e de saúde, de assistência à saúde e

clínicos da lesão como influenciadores na qualidade de vida destes, elegemos as

seguintes hipóteses de pesquisa:

- Hipótese Nula (H0): A qualidade de vida de pessoas com UV não está

associada aos aspectos sociodemográficos, clínicos e de assistência à saúde/SUS

- Hipótese Alternativa (H1): A qualidade de vida de pessoas com UV está

associada aos aspectos sociodemográficos, clínicos e de assistência à saúde/SUS

Page 32: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

32

Para verificação das hipóteses do estudo, utilizamos as seguintes

expressão e testes estatísticos:

H0= µ QV SF36 ≠ ASDC e AS (Testes U de Mann-Whitney e Regressão

Logística Binária, p-valor ≥ 0,05)

H1= µ QV SF36 ≠ ASDC e AS (Testes U de Mann-Whitney e Regressão

Logística Binária, p-valor < 0,05)

Em que,

H0 = Hipótese nula

H1 = Hipótese alternativa

µ QV SF36= Média da qualidade de vida SF-36 (Domínios e Dimensões)

ASDC= Aspectos sociodemográficos e clínicos

AS = Assistência à saúde

Esta pesquisa obedeceu a Declaração de Helsinque (2008)18 e a resolução

466/1219 e obteve parecer favorável do Comitê de Ética em Pesquisa da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte/UFRN, com Certificado de

Apresentação para Apreciação Ética (CAAE) nº 07556312.0.0000.5537 (Anexo C).

Os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, com

garantia de privacidade e sigilo dos dados. Obteve-se carta de anuência da

secretaria municipal de saúde e foi enviado ofício a todas as direções das unidades

de saúde.

Page 33: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

33

5 RESULTADOS

5.1 ARTIGO 1 – Aceito no International Archives of Medicine (Qualis B2 –

Medicina II, Fator de Impacto 1,08)

Caracterização de pessoas com úlcera venosa atendidas na atenção primária à saúde Sandra Maria da Solidade Gomes Simões de Oliveira Torres, Rhayssa de Oliveira Araújo, Aline Maino Pergola-Marconato, Thalyta Cristina Mansano-Schlosser, Rafaela Araujo Oliveira, Lara Laise Alves da Silva, Dalva Cezar da Silva, Giovana Sposito, Gilson de Vasconcelos Torres, Eulália Maria Chaves Maia.

Resumo: A úlcera venosa constitui grave problema de saúde pública que exige cuidado adequado e profissionais capacitados. Objetivo: Caracterizar, conforme os aspectos sociodemográficos, de saúde e assistenciais, os adultos e idosos com úlcera venosa atendidos na atenção primária à saúde. Metodologia: Pesquisa transversal realizada na atenção primária à saúde de Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, entre fevereiro e setembro/2014, com entrevista estruturada de medidas sociodemográficas e biofisiológicas. Obedeceu aos preceitos éticos. Resultados: Do total, 61,4% tinham idade maior ou igual a 60 anos. Entre os idosos, predominaram mulheres (p=0,011), com companheiro(a) (p=0,025), escolaridade até ensino fundamental (p=0,016), sem profissão (p<0,001), não etilistas (p=0,029), com diabetes mellitus (p=0,002) e hipertensão arterial sistêmica (p=0,001). Quanto aos aspectos de saúde e assistenciais, houve tendência de piores resultados entre os idosos. Conclusão: Observou-se maioria de mulheres idosas, sem ocupação, com companheiro, baixa renda, comorbidades, tempo de lesão superior a um ano, recidivas e dor presente. Evidenciou-se necessidade de cuidado integral às pessoas com úlcera venosa, em especial aos idosos. Palavras-chave: úlcera varicosa; envelhecimento; saúde do idoso; perfil de saúde; enfermagem. Characterization of individuals with venous ulcer admitted at the primary health care

Abstract: The venous ulcer is a severe public health problem that requires proper care and skilled professionals. Objective: To characterize, as the sociodemographic, health and assistance aspects, adults and elderly with venous ulcers treated at the primary health care. Methodology: Cross-sectional survey conducted in primary health Natal, Rio Grande do Norte, Brazil, from February at September/2014 with structured interview compound of sociodemographic and biophysiological measures. Following the ethical precepts. Results: Of the total, 61.4% were aged greater than or equal to 60 years. Among the elderly, predominated women (p=0.011), with partner (p = 0.025), primary education (p=0.016), no occupation (p<0.001), non-alcoholic (p=0.029), with diabetes mellitus (p=0.002) and hypertension (p=0.001). As for the health and assistance aspects, there was a tendency of worse outcomes among the

Page 34: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

34

elderly. Conclusion: There was a majority of elderly women, without occupation, with partner, low income, comorbidity, venous ulcer time more than one year, recurrence and pain. It was evident need for comprehensive care to people with venous ulcers, especially the elderly. Keywords: varicose ulcer; aging; health of de elderly; health profile; nursing.

Introdução

A úlcera venosa (UV), devido a sua alta incidência, cronicidade, recorrência e

tratamentos longos e complexos, constitui um grave problema de saúde pública. e

exige tratamento adequado, condutas específicas para cada situação e profissionais

capacitados, técnica e cientificamente, para o acompanhamento do processo de

cicatrização [1,2].

Um dos fatores que contribuem para isso é o envelhecimento da população

[1,2]. Com o passar da idade, dentre todas as modificações que surgem, em especial

alterações na circulação sanguínea, diminuição da mobilidade e o declínio do tônus

muscular, os idosos tornam-se mais susceptíveis a desenvolver UV [3].

Esta injúria acomete também grande parcela da população adulta, interferindo

nos índices de morbidade e mortalidade, por produzirem alterações crônicas na

integridade da pele, ocasionando assim incapacitação e/ou amputação de membros

inferiores desses indivíduos [4].

Geralmente, os cuidados às pessoas com UV ocorrem majoritariamente na

comunidade, seja em serviços de saúde local ou em domicílio, com notável

participação do enfermeiro [2]. A atenção primária à saúde (APS), por meio da

estratégia saúde da família (ESF), desempenha um papel fundamental no

atendimento à pessoa em tratamento da úlcera, uma vez que constitui um espaço

privilegiado para o desenvolvimento da atenção à saúde de forma integral,

atendendo demandas específicas, o que permite o planejamento e a execução de

uma assistência holística, individualizada e resolutiva, favorecendo a adesão ao

tratamento [5,6].

Estudo pregresso com 101 usuários mostrou que a QV esteve comprometida,

no estado emocional e estético, com pior média entre os indivíduos com mais de um

ano de lesão e concluem que é necessário intervenções e ações de promoção à

saúde dessa população [7].

Page 35: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

35

Sendo assim, o crescente envelhecimento da população, somado ao

surgimento de doenças típicas aliadas a comorbidades preexistentes, acarretam

mudanças na distribuição dos diferentes grupos etários [8]. Assim, cabe ao

profissional enfermeiro, dentro da equipe multiprofissional, reconhecer o perfil clínico

e socioeconômico da população com insuficiência venosa crônica (IVC), por meio de

orientações de prevenção de agravos, como as feridas, especialmente em idosos,

considerando suas particularidades para o planejamento de uma assistência integral

[9].

Portanto, compreender melhor este agravo e conhecer o perfil

sociodemográfico, clínico e assistencial das pessoas com UV, consiste no primeiro

passo para um planejamento adequado às necessidades de cuidado da clientela

para melhora de suas condições de saúde, considerando suas especificidades

conforme a faixa etária [10,11].

Diante deste cenário, questiona-se: a caracterização de pessoas com úlcera

venosa se diferencia conforme a faixa etária? Quais os aspectos sociodemográficos,

de saúde e assistenciais apresentam diferenças entre adultos e idosos com tal lesão

assistidos na atenção primária à saúde?

Este estudo teve como objetivo caracterizar, conforme os aspectos

sociodemográficos, de saúde e assistenciais, os adultos e idosos com úlcera venosa

atendidos na atenção primária à saúde.

Metodologia

Estudo transversal, descritivo, com abordagem quantitativa, realizado na APS

do município de Natal/Rio Grande do Norte (RN), Brasil. De acordo com a Secretaria

Municipal de Saúde, para fins de organização da assistência, a cidade é dividida em

cinco Distritos Sanitários (Norte I, Norte II, Leste, Oeste e Sul), nos quais estão

distribuídas 37 Unidades de Saúde da Família (USF) e cinco unidades mistas, onde

ocorreu a pesquisa.

A população do estudo foi composta por pessoas com UV atendidas nestes

serviços e totalizou 101 indivíduos. Foram estabelecidos como critérios de inclusão:

ter mais de 18 anos; apresentar UV ativa no momento da coleta; estar adscrito à

unidade; e possuir capacidade de comunicação verbal. Possuir úlcera de origem

mista foi critério de exclusão.

Page 36: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

36

Na coleta de dados utilizou-se um formulário estruturado de entrevista e

coleta de medidas biofisiológicas, elaborado com base em diretrizes clínicas, dos

quais foram utilizados 27 itens referentes a dados sociodemográficos (seis), clínicos

(dez) e assistenciais (doze) [12].

Na caracterização sociodemográfica enquadraram-se: escolaridade, estado

civil, faixa etária, ocupação, renda per capita e sexo. O grupo das condições clínicas

foi composto por: diabetes mellitus (DM), etilismo, hipertensão arterial sistêmica

(HAS), outras doenças associadas, presença e intensidade da dor, recidivas, sono,

tabagismo, e tempo da lesão. Já referente aos dados assistenciais, as variáveis

foram: capacitação do responsável pelo curativo, referência e contrarreferência,

realização de exame doppler, orientações sobre terapia compressiva, elevação de

membros inferiores e exercícios regulares, consulta anual com angiologista,

adequação dos materiais utilizados no curativo, tempo de UV, local de realização do

curativo, uso de terapia compressiva, e documentação de achados clínicos no

prontuário.

A coleta ocorreu no período de fevereiro a setembro de 2014, por meio da

aplicação do instrumento nas próprias unidades de atendimento ou nos domicílios

dos participantes, quando necessário. A equipe que realizou a coleta de dados foi

composta pelos pesquisadores, enfermeiros e acadêmicos de enfermagem,

devidamente capacitados sobre a utilização do instrumento e a pesquisa.

Os dados foram organizados em tabelas do Microsoft Excel e analisados por

meio de estatística descritiva, com frequências absolutas e relativas. As análises

inferenciais foram realizadas em pacote estatístico do IBM SPSS por meio do teste

Qui-quadrado e Exato de Fisher, adotando nivel de significância menor que 5,0% (α

< 0,05).

Esta pesquisa seguiu a resolução 466/2012 [13] e obteve parecer favorável

do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do

Norte/UFRN, com Certificado de Apresentação para Apreciação Ética (CAAE) nº

07556312.0.0000.5537. Os participantes assinaram o Termo de Consentimento

Livre e Esclarecido, com garantia de privacidade e sigilo dos dados e demais

orientações sobre os tramites da pesquisa. Obteve-se carta de anuência da

secretaria municipal de saúde e foi enviado ofício a todas as direções das unidades

de saúde.

Page 37: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

37

Resultados

Na caracterização da amostra, 61,4% possuíam idade igual ou superior a 60

anos, quanto às demais características, 85,1% cursaram até o ensino fundamental,

63,4% possuíam companheiro (casado/união estável), 75,2% não possuíam

ocupação/profissão, 72,3% tinham renda per capita de até um salário mínimo e,

66,3% eram do sexo feminino. Na distribuição conforme faixa etária, apenas renda

per capita (p=0,408) não apresentou diferença estatisticamente significativa em

relação às faixas etárias (Tabela 1).

Tabela 1- Distribuição dos aspectos sociodemográficos segundo a faixa etária das

pessoas com úlcera venosa atendidas na atenção primária à saúde.

Aspectos sociodemográficos

Faixa etária (anos)

p-valor* Até 59 ≥ 60 Total

n(%) n(%) n(%)

Escolaridade Até Ensino Fundamental 29(28,7) 57(56,4) 86(85,1)

0,016 Ensino Médio e Superior 10(9,9) 05(5,0) 15(14,9)

Estado Civil Casado/União Estável 30(29,7) 34(33,7) 64(63,4)

0,025 Solteiro/Viúvo/Divorciado 09(8,9) 28(27,7) 37(36,6)

Profissão/ Ocupação Ausente 20(19,8) 56(55,4) 76(75,2)

<0,001 Presente 19(18,8) 06(5,9) 25(24,8)

Renda per capita* < 1 salário mínimo 30(29,7) 43(42,6) 73(72,3)

0,408 > 1 salário mínimo 09(8,9) 19(18,8) 28(27,7)

Sexo Feminino 20(19,8) 47(46,5) 67(66,3)

0,011 Masculino 19(18,8) 15(14,9) 34(33,7)

TOTAL 39(38,6) 62(61,4) 101(100,0)

Nota: *Qui-quadrado; **Salário mínimo = R$ 724,00 de fevereiro a setembro de 2014

Na Tabela 2 estão distribuídos os aspectos de saúde das pessoas com UV

atendidas na APS. As variáveis referentes à diabetes mellitus (DM), hipertensão

arterial sistêmica (HAS) e etilismo apresentaram significância estatística. Salienta-se

Page 38: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

38

que no grupo de outras doenças associadas foram citadas: Alzheimer, anemia

crônica, arritmia, artrite, asma, cardiopatia e epilepsia.

Tabela 2 - Apresentação dos aspectos de saúde conforme a idade de pessoas com

úlcera venosa atendidas na atenção primária à saúde

Aspectos de saúde

Faixa etária (anos)

p-valor* Até 59 ≥ 60 Total

n(%) n(%) n(%)

Outras doenças Ausente 37(36,6) 56(55,4) 93(92,1)

0,480** Presente 02(2,0) 06(5,9) 08(7,9)

Etilismo Ausente 30(29,7) 58(57,4) 88(87,1)

0,029** Presente 09(8,9) 04(4,0) 13(12,9)

Tabagismo Ausente 31(30,7) 55(54,5) 86(85,1)

0,204 Presente 08(7,9) 07(6,9) 15(14,9)

Diabetes mellitus Ausente 36(35,6) 40(39,6) 76(75,2)

0,002** Presente 03(3,0) 22(21,8) 25(24,8)

Sono > 6 horas 18(17,8) 40(39,6) 58(57,4)

0,069 < 6 horas 22(21,8) 22(21,8) 43(42,6)

HAS Ausente 30(29,7) 26(25,7) 56(55,4)

0,001 Presente 09(8,9%) 36(35,6) 45(44,6)

Tempo de UV atual < 1 ano 19(18,8) 33(32,7) 52(51,5)

0,659 > 1 ano 20(19,8) 29(28,7) 49(48,5)

Recidivas Presente 23(22,8) 46(45,5) 69(68,3)

0,109 Ausente 16(15,8) 16(15,8) 32(31,7)

Intensidade da dor Moderada a intensa 27(26,7) 50(49,5) 77(76,2)

0,189 Ausente e leve 12(11,9) 12(11,9) 24(23,8)

Dor Presente 34(33,7) 54(53,5) 88(87,1)

0,990 Ausente 05(5,0) 08(7,9) 13(12,9)

Total 39(38,6) 62(61,4) 101(100,0)

Nota: *Qui-Quadrado; **Exato de Fisher; HAS - hipertensão arterial sistêmica; UV -

úlcera venosa

Na Tabela 3 estão distribuídas as características de assistência às pessoas

com UV, observando-se predominância de pontos negativos, porém sem diferenças

Page 39: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

39

estatisticamente significativa entre adultos e idosos. Entre os idosos, 56,4% tiveram

orientação para elevação dos membros inferiores; 41,6 % apresentaram registro em

prontuário, 36,5% destes utilizaram materiais adequados para o curativo, sendo que

apenas 28,7% e 24,8% tiveram orientação para terapia compressiva e realização de

exercícios, respectivamente. Das pessoas que realizavam o curativo 35,6% não

possuíam treinamento, 44,6% não realizaram o exame ecodoppler, 45,5% estava há

um ano ou mais em tratamento e, 58,4% realizaram menos de quatro consultas com

o angiologista por ano.

Tabela 3 - Distribuição dos aspectos da assistência de adultos e idosos com úlcera

venosa atendidos na atenção primária à saúde

Aspectos da assistência

Faixa etária (anos)

p-valor* Até 59 ≥ 60 Total

n(%) n(%) n(%)

Orientação de

elevação de membros

inferiores

Presente 35(34,7) 57(56,4) 92(91,1)

0,731** Ausente 04(4,0) 05(5,0) 09(8,9)

Documentação no

prontuário

Com registro 30(29,7) 42(41,6) 72(71,3) 0,321

Sem registro 09(8,9) 20(19,8) 29(28,7)

Materiais utilizados

no curativo

Adequado 28(27,7) 37(36,5) 65(64,4) 0,216

Inadequado 11(10,9) 25(24,8) 36(35,6)

Local de tratamento

Unidades de

saúde e/ou

hospitais

23(22,8) 31(30,7) 54(53,5) 0,379

Domicílio 16(15,8) 31(30,7) 47(46,5)

Orientação de terapia

compressiva

Ausente 21(20,8) 33(32,7) 54(53,5) 0,591

Presente 18(17,8) 29(28,7) 47(46,6)

Orientação de

exercícios

Ausente 22(21,8) 37(36,6) 59(58,4) 0,746

Presente 17(16,8) 25(24,8) 42(41,6)

Responsável pelo

curativo

Sem treinamento 24(23,8) 36(35,6) 60(59,4) 0,729

Com treinamento 15(14,9) 26(25,7) 41(40,6)

Ecodoppler Ausente 26(25,7) 45(44,6) 71(70,3)

0,527 Presente 13(12,9) 17(16,8) 30(29,7)

Page 40: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

40

Tempo de tratamento ≥ 1 ano 25(24,8) 46(45,5) 71(70,3)

0,280 < 1 ano 14(13,9) 16(15,8) 30(29,7)

Referência e

contrarreferência

Ausente 25(24,8) 48(47,5) 73(72,3) 0,145

Presente 14(13,9) 14(13,9) 28(27,7)

Terapia compressiva Ausente 31(30,7) 57(56,4) 88(87,1)

0,069 Presente 08(7,9) 05(5,0) 13(12,9)

Consultas com o

angiologista

< 4 por ano 35(34,7) 59(58,4) 94(93,1) 0,425**

≥ 4 por ano 04(4,0) 03(3,0) 07(6,9)

TOTAL

39(38,6) 62(61,4) 101(100,0)

Nota: *Qui-quadrado; **Exato de Fisher

Discussão

A predominância de idosos como resultado desta pesquisa corrobora com

outros estudos que descreveram o perfil das pessoas com UV [10,14,15,16,17].

Estas lesões estão mais presentes em idosos com baixa renda e escolaridade e com

mais de um ano de lesão, conforme os achados [17].

Houve predomínio do sexo feminino nas duas faixas etárias, uma vez que a

IVC é mais comumente identificada em mulheres [10,14,15]. Destaca-se a

associação entre a faixa etária e o sexo, com maior frequência da lesão entre as

mulheres idosas. O avanço da idade é considerado um fator de risco para o

surgimento da UV, pois as alterações fisiológicas naturais do processo de

envelhecimento tornam a pessoa idosa mais susceptível [18].

Quanto ao estado civil, o número de pessoas que possuíam companheiro foi

maior, assim como em outras pesquisas, com número elevado de pessoas solteiras,

viúvas ou divorciadas entre os idosos [10,17]. As condições da ferida, juntamente

com a idade avançada, podem dificultar a realização de atividades da vida diária. A

presença de um companheiro ou familiar pode contribuir com a execução destas

atividades. Entretanto, ressalta-se a importância de incentivar a manutenção da

independência e da autonomia do idoso [10].

As pessoas com escolaridade até o ensino fundamental estiveram mais

presentes entre os indivíduos com 60 anos ou mais. Neste sentido, compreender e

conhecer a doença é necessário na definição dos comportamentos e adaptação das

Page 41: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

41

pessoas com UV, facilitados entre os mais jovens por possuírem melhor nível de

escolaridade [19].

A maioria das pessoas não exercia nenhuma atividade laboral no momento da

coleta de dados e, grande parte dos idosos era aposentada ou pensionista. As

pessoas com ferida podem passar a conviver com a dor crônica e perder

parcialmente a autonomia na realização de suas tarefas, o que interfere na

capacidade de trabalho causando afastamento e, muitas vezes, são levadas a uma

aposentadoria precoce, podendo desencadear uma série de consequências com

repercussão sobre os aspectos socioeconômicos [1,16].

Nos dois grupos etários, predominaram indivíduos com renda de até um

salário mínimo, entretanto não foi identificada associação entre a renda e a faixa

etária. A renda baixa é um fator que pode estar atrelado à baixa escolaridade ou ao

número elevado de aposentados, visto que a maioria recebia um salário mínimo.

Ao considerar que o tratamento de uma lesão crônica, como a UV, é oneroso,

pela sua característica prevalente e redicivante, a baixa renda pode ser um fator que

dificulta o processo de cicatrização, por interferir no acesso aos serviços e na

adesão ao tratamento [14,20].

Sabe-se que os idosos são os mais acometidos por doenças crônicas, fato

evidenciado pela presença de associação entre a faixa etária e a presença de HAS e

DM. É comum a associação de outras afecções com a IVC, o que dificulta o

enfrentamento das situações de complicações, pois o idoso terá diferentes

tratamentos a serem realizados [15].

As alterações metabólicas decorrentes da DM causam fragilidade cutânea

que contribui para o aparecimento de lesões [9,16]. Em outro estudo, houve

associação significativa com a IVC com a HAS, ressaltando a importância do

controle destas doenças [10].

Predominaram pessoas não etilistas em ambas as faixas etárias, entretanto o

número de não etilistas entre os idosos foi maior e isto foi significativo

estatisticamente, demostrando que os jovens praticam mais o hábito de ingerir

bebida álcoolica. Em contrapartida, o tabagismo esteve ausente nos dois grupos e

não apresentou associação com a faixa etária. Estes são fatores que podem

influenciar negativamente na cicatrização, e, neste sentido, os idosos desta pesquisa

estão em melhor situação em relação aos adultos [19,20].

Page 42: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

42

O tempo de tratamento de até um ano foi mais presente nos idosos e tal

situação pode ser decorrente da presença de repetidas lesões nesta população,

como pode ser observado pelo elevado número de recidivas. A idade avançada

agrega fatores que tornam os idosos mais vulneráveis à recorrência da lesão,

passando por um sofrimento recorrente com o reaparecimento destas lesões [17].

A pessoa que possui o diagnóstico de integridade tissular prejudicada

também apresenta outras características importantes e que merecem atenção na

assistência, podendo contribuir para a diminuição de recorrências [9].Cerca de

70,0% das úlceras reabrem até o segundo ano após completa cicatrização, o que

torna o tratamento oneroso para o paciente e para o serviço de saúde [21].

A dor esteve mais presente nas pessoas com 60 anos ou mais, se

caracterizando por ser moderada ou intensa. Este é um sintoma frequente nas

pessoas com ulcera venosa, com consequências para a qualidade de vidas das

pessoas com lesão e seus cuidadores. Em torno disso, 17% a 65% de pessoas com

ulcera de perna já experienciaram dor intensa. [22]

Cabe ao profissional de saúde a identificação deste sintoma e suas

influências em todos os aspectos, estabelecendo intervenções adequadas para o

tratamento, inclusive para o padrão de sono, apesar de quase 60,0% dos sujeitos

estudados dormirem mais que seis horas por noite. O uso de anestésico locais

tópicos, por exemplo, é uma alternativa indicada por revisão sistemática com

intervenção para alivio da dor e curativos [22].

Nenhuma característica da assistência se apresentou associada à faixa etária,

entretanto puderam-se observar tendências. O uso de materiais inadequados, a

realização do curativo por pessoas sem treinamento, a ausência de terapia

compressiva, possuir mais de um ano de tratamento e falta de orientação sobre

exercícios e terapia compressiva, estiveram mais presentes nos idosos. Estes

também relataram mais tratamento em domicílio, o que pode ser resultado da

incapacidade ou dificuldade dos mesmos em acessar os serviços de saúde.

Orientações sobre a elevação dos membros inferiores estiveram presentes entre os

adultos e os idosos.

Existem muitas divergências entre os profissionais em relação ao cuidado de

lesões de origem venosa. Sabe-se que é necessário escolher uma cobertura local

que mantenha o leito úmido e limpo e ao mesmo tempo absorva o exsudato,

controle infecções existentes, promova o repouso e a terapia compressiva na

Page 43: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

43

tentativa de prevenir possíveis recidivas. A terapia de compressão facilita o retorno

venoso e se mostra eficaz por atuar na causa do problema [22].

Aliado à seleção da terapia tópica e sistêmica, é primordial a realização de

atividades de promoção à saúde e prevenção de doenças no ambiente da APS,

oferecidas por meio de orientações sobre o uso de terapia compressiva, elevação

dos membros inferiores e prática de exercícios. As ações de educação em saúde

devem promover o autocuidado, especialmente em relação aos curativos diários, de

modo que a pessoa enxergue que os hábitos de vida podem influenciar na

cicatrização da ferida. Em relação ao idoso, que pode apresentar o agravante de ter

outras doenças crônicas e incapacidades, o profissional de saúde deve esclarecê-

los quanto aos cuidados de tratamento e prevenção da lesão [9].

Outra questão, foi o elevado número de ausência de referência e

contrarreferência, culminando no pequeno número de pessoas com mais de quatro

consultas por ano com angiologista e de exames de doppler realizados. Observou-

se a descontinuidade do cuidado como uma falha da assistência, de maneira que a

pessoa com UV não consegue atendimentos nos diversos níveis de atenção à

saúde, com ruptura da integralidade da assistência.

Conclusão

Observou-se o predomínio de mulheres idosas, pessoas com companheiro(a),

com escolaridade até o ensino fundamental, sem ocupação e com baixa renda.

Destacou-se a presença de DM e HAS, tempo de UV maior que um ano, recidivas e

presença de dor mais prevalente nos idosos do que nos adultos.

Em relação à assistência, observou-se mais entre os idosos, um longo tempo

de tratamento, ausência de terapia compressiva, não utilização de materiais

adequados, pessoas sem treinamento para a realização dos curativos, falta de

orientações sobre exercícios e terapia compressiva, ausência de referência e contra

referência, de consultas com o angiologista e realização de doppler vascular A

orientação para elevação dos MMII esteve presente entre adultos e idosos.

Diante do perfil encontrado, pontua-se a necessidade de cuidado integral às

pessoas com UV em todos os seus aspectos, especialmente aos idosos,

contemplando a prevenção, promoção e recuperação da saúde em todos os níveis

Page 44: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

44

de complexidade da assistência, em conformidade aos princípios e diretrizes do

Sistema Único de Saúde.

O enfermeiro é capaz de avaliar e assistir à pessoa com UV e a deve

acompanhar em seu tratamento e priorizar a assistência adequada e integral.

Os pesquisadores enfrentaram alguns obstáculos durante a condução da

pesquisa, a greve dos servidores que paralisou a coleta de dados por alguns meses

e a dificuldade de acesso a alguns participantes. O estudo apresentou limitações por

ser do tipo transversal, sem acompanhamento temporal da população estudada.

Ressalta-se a necessidade de pesquisas longitudinais com pessoas com UV

atendidas na APS, contribuindo para a evidência de uma assistência de enfermagem

qualificada.

Referências

1. Reis DB, Peres GA, Zuffi FB, Ferreira LA,Poggeto MTD. Cuidados às pessoas

com úlcera venosa: percepção dos enfermeiros da estratégia de saúde da

família. Revista Mineira de Enfermagem.2013.17(1), 101-106. Retrieved from

http://www.reme.org.br/artigo/detalhes/582

2. Green J,Jester R, McKinley R, Pooler A. The impact of chronic venous leg

ulcers: a systematic review. J Wound Care.2014. 23(12), 601-612. Retrieved

from http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25492276

3. Benevides JP, Coutinho JFV, Santos MCL, Oliveira MJA,Vasconvelos FF.

Avaliação clínica de úlceras de perna em idosos. Revista da rede de

enfermagem do Nordeste. 2012.13(2), 300-308. Retrieved from

http://www.revistarene.ufc.br/revista/index.php/revista/article/view/213/pdf

4. Abreu AM, Oliveira BGRB. Atendimento a pacientes com feridas crônicas nas

salas de curativo das policlínicas de saúde. Revista brasileira pesquisa

saúde.2013.15(2), 42-49. Retrieved from

http://periodicos.ufes.br/RBPS/article/view/5673/4120

5. Neves JS, Azevedo RS, Soares SM. Atuação multiprofissional na construção

de grupo operativo envolvendo pacientes com lesão de membros inferiores.

Revista Norte Mineira de Enfermagem.2014. 3(1), 86-95. Retrieved from

http://www.renome.unimontes.br/index.php/renome/article/view/62/119

6. Oliveira JCA, Tavares DMS. Atenção ao idoso na estratégia de Saúde da

Família: atuação do enfermeiro. Rev Esc Enferm USP.2010.44(3), 774-781.

Recuperado c de http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v44n3/32.pdf

7. Araújo RO, da Silva DC, Queiroga RS, Pergola-Marconato AM, Costa I. KF,

de Vasconcelos-Torres, G. Impacto de úlceras venosas na qualidade de vida

de indivíduos atendidos na atenção primária. Aquichan.2016.16(1), 56-66.

8. Camacho ACLF,Coelho MJ. Políticas Públicas de Saúde do Idoso: Revisão

Sistemática. Revista Brasileira de Enfermagem.2010. 63 (2), 279-284.

Page 45: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

45

Retrieved from

http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S003471672010000200017&script=sci_a

bstract&tlng=pt

9. Cavalcante AMRZ, Moreira A, Azevedo KB, Lima L. R,Coimbra WKAM.

Diagnóstico de enfermagem: integridade tissular prejudicada identificado em

idosos na Estratégia de Saúde da Família. Rev eletrônica enferm.2010. 12(4),

727-735. Retrieved from http://www.fen.ufg.br/revista/v12/n4/v12n4a19.htm

10. Silva, FAA, Moreira, TMM.Características sociodemográficas e clínicas de

clientes com úlcera venosa de perna. Rev enferm UERJ.2011. 19(3), 468-

472. Retrieved from http://www.facenf.uerj.b. r/v19n3/v19n3a22.pdf

11. Malaquias SG, Bachion MM, Sant’ana SMSC, Dallarmi CCB, Lino RSJ,

Ferreira PS. Pessoas com úlceras vasculogênicas em atendimento

ambulatorial de enfermagem: estudo das variáveis clínicas e

sociodemográficas. Rev Esc Enferm USP.2012. 46(2), 302-310. Retrieved

from http://dx.doi.org/10.1590/S0080-62342012000200006

12. Costa, IKF, Salvetti MG, Souza AJG, Dias TYAF, Dantas DV, Torres GV.

Assistance protocol to people with venous ulcers: a methodological study.

Online braz j nurs.2015. 14(1), 05-15. Retrieved from http://www.

objnursing.uff.br/index.php/nursing/article/view/4692

13. Conselho Nacional de Saúde. Resolução n. 466, de 12 de dezembro de 2012.

Aprova as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo

seres humanos [Internet]. Brasília; 2013. [cited 2016 Jun 02]. Avaliable from:

http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/cns/2013/res0466_12_12_2012.htm

l

14. Souza EM, Yoshida WB, Melo VA, Aragão JA. Ulcer due to chronic disease: a

sociodemographic study. Ann Vasc Surg.2013. 27(5), 571-576. Retrieved from

http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23540674

15. Salomé GM, Blanes L, Ferreira LM. Avaliação de sintomas depressivos em

pessoas com úlcera venosa. Rev bras cir plást.2012. 27(1), 124-129.

Retrieved from http://www.scielo.br/pdf/rbcp/v27n1/21.pdf

16. Scotton MF, Miot HA, Abbade LPF.Factors that influence healing of chronic

venous leg ulcers: a retrospective cohort. An Bras Dermatol.2014.89(3), 414-

422. Retrieved from http://www.scielo.br/pdf/abd/v89n3/0365-0596-abd-89-03-

0414.pdf

17. Ferreira T, Costa RP, Souza AM, Souza AC. Aspectos socioeconômicos e

clínicos de pacientes com úlcera de perna em uma Unidade Básica de Saúde

do Distrito Federal, Brasil. Acta de Ciência e Saúde.2012. 1(1), 07-14.

Retrieved from

http://www.1s.edu.br/actacs/index.php/ACTA/article/view/17/42.

18. Costa LM, Higino WJF, Leal FJ, Couto RC. Perfil clínico e sociodemográfico

dos portadores de doença venosa crônica atendidos em centros de saúde de

Maceió (AL). J vasc bras.2012. 11(2), 108-13. Retrieved from

http://www.scielo.br/pdf/jvb/v11n2/v11n2a07.pdf

Page 46: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

46

19. Abbade LPF., Lastória S, Rollo HA. Venous ulcer: clinical characteristics and

risk factors. Int J Dermatol.2011. 50(4), 405-411. Retrieved from

http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21413949

20. Camacho ACLF, Santos RC, Joaquim FL, Louredo DS, Morais, IM, Silva,

EA.Estudo comparativo sobre a capacidade funcional de pacientes adultos e

idosos com úlceras venosas. Rev pesqui cuid fundam.2015. 7(1), 1954-1966.

Retrieved from

http://www.seer.unirio.br/index.php/cuidadofundamental/article/viewFile/3505/

pdf_1435

21. Barbosa JAG, Campos LMN. Diretrizes para o tratamento da úlcera venosa.

Enferm glob.2010. 20, 01-13. Retrieved from

http://www.scielo.isciii.es/pdf/eg/n20/pt_revision2.pdf

22. McVeigh, H. Topical agents or dressings for pain in venous leg ulcers.

International Journal of Evidence-Based Healthcare.2011. 9, 278-279.

Retrieved from http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/j.1744-

1609.2011.00233.x/abstract

Page 47: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

47

5.2 ARTIGO 2 – Aceito no International Archives of Medicine (Qualis B2 –

Medicina II, Fator de Impacto 1,08)

Avaliação da assistência e qualidade de vida das pessoas com úlcera venosa na atenção primária à saúde

Sandra Maria da Solidade Gomes Simões de Oliveira Torres, Rhayssa de Oliveira e Araújo, Rafaela Araújo Oliveira, Aline Maino Pergola-Marconato, Thalyta Cristina Mansano-Schlosser, Liliane Ecco, Dalva Cezar da Silva, Gilson de Vasconcelos Torres, Eulália Maria Chaves Maia RESUMO Objetivo - Avaliar assistência e qualidade de vida de pessoas com úlcera venosa atendidas na atenção primária à saúde, segundo distritos sanitários da cidade de Natal, Rio Grande do Norte, Brasil. Métodos Estudo transversal realizado com 101 pessoas em 42 unidades de saúde. Os dados foram coletados por meio de um instrumento de caracterização dos aspectos sociodemográficos e assistenciais, e o Medical Outcomes Short-Form Health Survey. Resultados A população estudada era composta em sua maioria por mulheres, idosos, casados ou com união estável, com baixa renda e nível de escolaridade e com predomínio de indivíduos com assistência inadequada. Na qualidade de vida houve diferença estatisticamente significativa para o domínio função social, na comparação entre as localidades (p=0,035). Conclusão Conhecer as diferenças de perfil que impactam a qualidade de vida das pessoas com úlcera venosa nas diferentes locais podem subsidiar os cuidados de saúde de acordo com as necessidades específicas. Palavras - Chave: Qualidade de vida; Úlcera Varicosa; Enfermagem; Perfil de Saúde; Atenção primária à saúde.

Care and quality of life evaluation of people with venous ulcers in primary health care ABSTRACT Objective: Assessment care and quality of life of people with venous ulcers treated at the primary health care, according to health district. Methods: This is a cross-sectional study with 101 people in 42 mix and family health units, in Natal, Rio Grande do Norte, Brazil. The data were collected through an instrument to characterize the sociodemographic and service issues, and the Medical Outcomes Short-Form Health Survey (SF-36). Statistical analysis used descriptive statistics, Fisher's Exact test, Chi-Square test and Mann Whitney test, with p- value < 0.05. Results: The study population was composed mostly by women, older, married or in a stable relationship, with low income and education level and prevalence of individuals with inadequate care. In relation to quality of life, there was a statistically significant difference for the social function domain comparing the locations (p = 0.035). Conclusion: Knowing profile differences that impact the quality of life of people with venous ulcer in different locations can support health care according to specific needs. Keywords: Quality of Life; Varicose ulcer; Nursing; Health Profile; Primary health care.

Page 48: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

48

Introdução

A úlcera venosa (UV) representa um importante problema de saúde pública

pois impacta multidimensional e psicossocialmente a população acometida [1, 2].

Além disso, geralmente requer terapêutica longa e complexa, causa dor e

incapacidades que, consequentemente, refletem nas atividades de vida diária, no

desempenho do trabalho e compromete a qualidade de vida (QV) [1, 2, 3].

As repercussões provenientes destas alterações pressupõem uma

assistência qualificada e resolutiva, que restaure a saúde e previna recidivas com

consequente melhoria deste constructo [1, 4, 5]. A avaliação deste permite verificar o

comprometimento socioeconômico, psicológico e físico da lesão, ressaltando a

necessidade de investimento na otimização das características clínicas por meio de

um cuidado qualificado, multiprofissional e contínuo que favoreça as diversas

dimensões da QV [4, 5], com foco no ser humano e não apenas na cicatrização da

ferida.

No contexto da equipe multiprofissional, insere-se a enfermagem, responsável

por um atendimento integral e individualizado, por meio da avaliação do indivíduo e

da lesão, da indicação e realização de curativos, dos encaminhamentos e das

atividades educativas que objetivam promover a saúde [1]. Cabe ao enfermeiro,

prestar assistência eficiente a esta população, além de supervisionar as ações dos

demais membros da equipe de enfermagem.

Estudo realizado com enfermeiros que atuam na atenção primária à saúde

(APS) de Minas Gerais (Brasil) [6], identificou a necessidade da assistência

contínua, do autocuidado e de protocolos de tratamento para reduzir a recorrência

da UV e a ineficiência terapêutica. Em adição, demonstrou que a orientação

adequada melhora a eficácia de autocuidado e a adesão ao tratamento, reduzindo a

reincidência da lesão [6].

Uma pesquisa realizada em Portugal objetivou verificar a percepção das

pessoas com UV de sua QV [7], identificando valores intermediários mediante a

aplicação do Esquema Cardiff para feridas. Entre as dimensões mais afetadas

estava o bem-estar e, as pessoas que viviam na zona urbana obtiveram maior

escore final e em três dimensões: sintomas físicos, vida diária e vida social [7].

Estudo comparativo que avaliou pessoas com UV que vivem no Brasil e em Portugal

encontraram melhores escores de QV entre aqueles admitidos nos serviços de

Page 49: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

49

saúde de Évora, Portugal, demonstrando que a localização geográfica do indivíduo e

consequentemente as condições de serviços sociais e de saúde da localidade

influenciam diversos aspectos de vida e saúde [8].

Portanto, identificar as características sociodemográficas e assistenciais das

pessoas com UV, conforme o seu local de assistência e moradia, permite planejar e

desenvolver um cuidado holístico e individualizado, aumentando as chances de

adesão e resultados positivos. Nesse sentido, considerando a heterogeneidade

desta população e dos cuidados de saúde prestados, esta pesquisa teve como

objetivo avaliar assistência e qualidade de vida de pessoas com úlcera venosa

atendidas na atenção primária à saúde, segundo distritos sanitários de saúde.

Método

Estudo transversal, descritivo, desenvolvido na APS, em 42 unidades de

saúde, das quais 37 Unidades de Saúde da Família (USF) e cinco unidades mistas

do município de Natal, Rio Grande do Norte (RN), Brasil. A organização dos serviços

e planejamento das ações de saúde, no município, ocorrem segundo os Distritos

Sanitários (DS): Norte I, Norte II, Sul, Leste e Oeste [9]. A divisão geográfica

estabelecida pelo rio Potengi, que subsidiou a divisão em distritos, também orientou

a segregação da população para esta pesquisa em dois grupos: Norte I e II (Grupo

I), Leste, Oeste e Sul (Grupo II). Além disso, também são observadas diferenças

socioeconômicas entre os grupos.

A população foi composta por pessoas com UV atendidas nestas unidades,

totalizando 101 indivíduos. Foram incluídos usuários adscritos as unidades, com

mais de 18 anos de idade, com UV ativa no momento da coleta e com capacidade

de comunicação verbal. Excluíram-se aqueles com úlcera de origem arterial ou mista

e, os residentes em áreas não assistidas pela enfermagem ou em risco de violência.

Na coleta de dados, utilizaram-se dois instrumentos: um formulário

estruturado de entrevista e coleta de medidas biofisiológicas, elaborado com base

em diretrizes clínicas [10]; e o Medical Outcomes Short-Form Health Survey (SF-36)

[11], que avalia qualidade de vida relacionada à saúde (QVRS).

O SF-36 consiste em um questionário multidimensional de 36 itens,

distribuídos em oito domínios (aspecto funcional, aspectos físicos, dor, estado geral

de saúde, vitalidade, função social, aspectos emocionais, saúde mental) e duas

Page 50: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

50

dimensões (saúde física e saúde mental). A escala varia de zero a 100 em que,

quanto maior o escore, melhor a QVRS [11].

A coleta foi realizada no período de fevereiro a setembro de 2014, por

enfermeiros e acadêmicos de enfermagem, capacitados nas unidades de

atendimento ou nos domicílios dos participantes.

Os dados foram organizados em tabelas no Microsoft Excel® e exportados

para software estatístico IBM SPSS, versão 20.0, no qual se realizaram as análises

descritivas e inferenciais. As características sociodemográficas, de saúde e da

assistência foram distribuídas de acordo com a região de procedência dos sujeitos

em Grupo I e II.

Para as análises estatísticas, foram utilizados os testes Qui-quadrado e Exato

de Fisher para verificar associação entre as variáveis sociodemográficas em ambos

os grupos; de condições de assistência e a avaliação individual da assistência

conforme cada grupo; e, entre cada aspecto das condições de assistência e

avaliação individual de assistência e os domínios e dimensões do SF-36. A

comparação da escala entre os grupos ocorreu por meio do teste de Mann Whitney.

Foram considerados estatisticamente significativos valores de p<0,05.

A classificação da qualidade da assistência foi calculada por meio das

variáveis (fatores) apresentadas como condições de assistência, de modo que, para

cada fator considerado positivo atribui-se o valor um (1) e para cada negativo, o zero

(0). Assim, o escore final positivo representa o somatório destes fatores e, o

negativo, a subtração dos fatores negativos do número inteiro um (1) (Qualidade da

assistência inadequada = 1 – Σ dos fatores positivos). Se até seis fatores positivos

foram encontrados, a avaliação da assistência à saúde foi considerada inadequada

e, quando o número de fatores positivos variou de sete a 10, foi classificada como

adequada devido apresentar escore superior a 70%.

Como (variáveis) fatores positivos, foram incluídos aqueles que influenciam

positivamente na saúde das pessoas com UV, como segue: adequação do material

utilizado para o curativo [6]; capacitação do responsável pelo curativo [6]; utilização

de terapia compressiva [1, 12]; presença de orientação sobre terapia compressiva

[12], elevação de membros inferiores (MMII) [12], e exercícios físicos regulares [13];

realização de exame de ecodoppler [14]; frequência anual de consultas com a

angiologista (quatro ou mais) [3]; presença de sistema de referência e contra-

Page 51: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

51

referência [10]; e registro dos achados clínicos no prontuário [4]. Como pessoa que

realiza o curativo considerou-se profissional, familiar ou usuário.

Esta pesquisa obedeceu a Resolução nº 466/12 [15], e obteve parecer

favorável do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande

do Norte, com Certificado de Apresentação para Apreciação Ética nº

07556312.0.0000.5537. Os participantes que concordaram em participar da

pesquisa assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, com garantia do

sigilo da não identificação dos mesmos.

Resultados

Em relação aos DS, a amostra foi de 60 (59,4%) no Grupo I e 41 (40,6%) no

Grupo II. Quanto às características sociodemográficas conforme Tabela 1, a maioria

era feminina 67 (66,3%), com idade maior ou igual a 60 anos 61 (61,4%),

casado/união estável 64 (63,4%), com escolaridade até o ensino fundamental 86

(85,1%), sem ocupação 76 (75,2%) e com renda per capita menor que um salário

mínimo 91 (72,3%). Apenas a variável renda obteve diferença significativa entre os

grupos (p=0,036), sendo que 47,5% dos sujeitos com renda per capita de até um

salário mínimo estão adscritos no Grupo I.

Tabela 1 - Caracterização sociodemográfica de pessoas com úlcera venosa

atendidas na atenção primária à saúde.

Caracterização

sociodemográfica

Distritos sanitários

p-valor# Grupo I Grupo II Total

n(%) n(%) n(%)

Sexo

Masculino 21(20,8) 28(27,7) 34(33,7) 0,731

Feminino 39(38,6) 13(12,9) 67(66,3)

Faixa etária

Até 59 anos 23(22,8) 25(24,8) 39(38,6) 0,944

≥ 60 anos 37(36,6) 16(15,8) 62(61,4)

Estado civil

Casado/União Estável 42(41,6) 22(21,8) 64(63,4) 0,094

Page 52: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

52

Solteiro/Viúvo/Divorciado 18(17,8) 19(18,8) 37(36,6)

Escolaridade

Ensino Médio e Superior 09(8,9) 35(34,7) 15(14,9) 0,960

Até Ensino Fundamental 51(50,5) 06(5,9) 86(85,1)

Profissão/Ocupação

Presente 14(13,9) 30(29,7) 25(24,8) 0,689

Ausente 46(45,5) 11(10,9) 76(75,2)

Renda per capita

> 01 SM* 12(11,9) 25(24,8) 28(27,7) 0,036

< 01 SM 48(47,5) 16(15,8) 73(72,3)

TOTAL 60(59,4) 41(40,6) 101(100,0)

*SM = salário mínimo (R$724,00 ou USD 241,10)/ #Qui-quadrado

A associação entre a avaliação da assistência e as características da

assistência à pessoa com UV, conforme os distritos sanitários, foi apresentada na

Tabela 2. Observaram-se diferenças estatisticamente significativas na maioria das

variáveis e grupos, exceto para orientação para elevação de MMII e de exercícios

regulares e, registro em prontuário para ambos os grupos. As variáveis referentes à

adequação de materiais, capacitação do responsável pelo curativo e referência e

contrarreferência não apresentaram associações significativas no Grupo II.

Tabela 2 – Associação entre a avaliação da assistência e as características da

assistência categorizados segundo a localidade.

Assistência Categoria

Grupo I Grupo II

Avaliação da assistência Avaliação da assistência

I* A

** p-

valor***

I* A

** p-

valor***

n(%) n(%) n(%) n(%)

Materiais

utilizados

Inadequado 24(40,0) 0,0(0,0) 0,002

12(29,3) 0,0(0,0) 0,156

Adequado 24(40,0) 12(20,0) 23(56,1) 6,0(14,6)

Capacitação

do

responsável

pelo curativo

Ausente 37(61,7) 06(10,0)

0,063#

16(39,0) 01(2,4)

0,373 Presente 11(18,3) 06(10,0) 19(46,3) 05(12,2)

Consultas

anuais com

< 4 46(76,7) 07(11,7) 0,002 35(85,4) 06(14,6) <0,001#

4 02(3,3) 05(8,3) 35(85,4) 06(14,6)

Page 53: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

53

angiologista

Exame de

Doppler

Ausente 38(63,3) 04(6,7) 0,004 28(68,3) 01(2,4) 0,005

Presente 10(16,7) 08(13,3) 07(17,1) 05(12,2)

Orientação

de terapia

compressiva

Ausente 28(46,7) 0,0(0,0) <0,001 25(61,0) 01(2,4) 0,018

Presente 20(33,3) 12(20,0)

10(24,4) 05(12,2)

Orientação

de elevação

de MMII##

Ausente 04(6,7) 00(0,0)

0,574

05(12,2) 00(0,0)

1,000 Presente 44(73,3) 12(20,0) 30(73,2) 06(14,6)

Orientação

de exercícios

regulares

Ausente 27(45,0) 04(6,7)

0,204

24(58,5) 04(9,8)

1,000 Presente 21(35,0) 08(13,3) 11(26,8) 02(4,9)

Referência e

contra-

referência

Ausente 38(63,3) 04(6,7)

0,004

28(68,3) 03(7,3)

0,143 Presente 10(16,7) 08(13,3) 07(17,1) 03(7,3)

Registro em

prontuário

Ausente 14(23,3) 01(1,7) 0,262

13(31,7) 01(2,4) 0,645

Presente 34(56,7) 11(18,3) 22(53,7) 05(12,2)

Terapia

compressiva

Não 47(78,3) 08(13,3) 0,004

32(78,0) 01(2,4) <0,001

Sim 01(1,7) 04(6,7) 03(7,3) 05(12,2)

*Inadequada (I)/ **Adequada (A)/ ***Teste Exato de Fisher (associação de dados com frequência <5)

/ #Teste Qui-quadrado/ ##Membros Inferiores (MMII)

Em relação à pontuação total, a avaliação de atendimento foi adequado para

23 (22,8%) dos indivíduos do Grupo I e para 15 (36,7%) do Grupo II; e inadequado

para 37 (36,7%) dos indivíduos do Grupo I e para 26 (25,7%) do Grupo II. Não

houve diferença estatisticamente significativa (p=1,000, teste Qui-quadrado).

A Tabela 3 apresenta as médias e desvios-padrão de acordo com domínios e

dimensões do SF-36. Os domínios que apresentaram as maiores médias,

respectivamente para Grupo I e II foram saúde mental (63,3 e 67,0) e vitalidade

(64,3 e 59,6) e, a dimensão saúde mental obteve maior média para ambos. Houve

diferença estatisticamente significativa apenas para o domínio função social

(p=0,035).

Page 54: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

54

Tabela 3 – Distribuição das médias, desvio padrão e p-valor do SF-36 obtidos

conforme os distritos sanitários.

SF-36 Distritos sanitários

p-valor** Grupo I Grupo II

Domínios Média (DP*) Média (DP*)

Saúde mental 63,3 (27,8) 67,0 (25,3) 0,603

Vitalidade 64,3 (29,3) 59,6 (23,5) 0,197

Aspectos emocionais 52,2 (47,3) 48,0 (44,8) 0,644

Estado geral de saúde 48,4 (21,3) 49,7 (22,9) 0,683

Função social 41,8 (37,7) 56,2 (33,0) 0,035

Dor 41,7 (30,5) 47,5 (30,3) 0,311

Aspecto funcional 31,6 (28,6) 38,9 (27,9) 0,157

Aspecto físico 11,7 (30,0) 16,5 (31,4) 0,196

Dimensões

Saúde mental 54,0 (24,4) 56,1 (22,0) 0,761

Saúde física 39,5 (19,9) 42,2 (19,2) 0,504

*DP = desvio padrão; **Teste de Mann-Whitnney

Discussão

Os entrevistados eram majoritariamente do sexo feminino com idade maior ou

igual a 60 anos (61,4%), assim como em outros estudos [5, 16]. A população idosa é

comumente acometida por UV [17,18], com aumento da probabilidade de

desenvolvimento após os 65 anos, devido às alterações de vasos e tecidos naturais

do envelhecimento associadas às doenças crônicas [19].

A renda foi a única variável sociodemográfica para qual houve diferença

significativa entre os grupos. O agrupamento de distritos foi baseado nas condições

socioeconômicas, sendo o Grupo I constituído por uma população de escassos

recursos financeiros e sociais, portanto, há uma tendência em contribuir para

resultados inadequados quando comparado ao Grupo II. De acordo com o Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Natal é uma das cidades brasileiras

com maior desigualdade de renda e, classificada na nona posição entre as capitais

brasileiras baseado neste quesito [20].

Page 55: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

55

O nível de escolaridade reduzido e a ausência de ocupação são

características sociodemográficas comuns em pessoas com UV e também foram

encontrados neste estudo. Estes fatores podem refletir hábitos de vida que

favoreçam o surgimento da lesão ou o inadequado acesso aos serviços de saúde,

de maneira a influenciar na adesão ao tratamento [3], e, consequentemente, na QV.

Em relação às características da assistência, os materiais utilizados no

curativo dos sujeitos desta pesquisa foram considerados adequados em sua maioria,

o que pode ser explicado pela existência de um protocolo para tratamento de feridas

na prefeitura da cidade do Natal/RN [21]. No entanto, ressalta-se que, entre os

indivíduos do Grupo I, os quais apresentam maior vulnerabilidade social, aqueles

que receberam materiais inadequados tiveram uma assistência classificada como

inadequada (p = 0,002). Em uma pesquisa goiana, os resultados também

demonstraram o uso de coberturas para curativos de forma inadequada [1].

A opção pelos materiais empregados na realização de um curativo depende

de vários fatores, entre eles a capacitação da equipe de saúde, imposição médica,

presença de protocolos e diretrizes, e fatores econômicos [1]. Esta situação pode ser

percebida nos resultados referentes a capacitação da pessoa responsável pelo

curativo, onde no Grupo I, a maioria não foi previamente preparada, com diferença

estatística significativa para predominância do cuidado inadequado, o que pode ser

agravado pelo contexto socioeconômico no qual estas pessoas estão inseridas,

representado pela deficiência de acesso a recursos sociais e financeiros.

Em ambos os grupos, os indivíduos, em sua maioria, que não foram

submetidos à terapia compressiva, apresentaram assistência considerada

inadequada. Em relação às escolhas terapêuticas, a terapia compressiva é melhor

alternativa para o tratamento, como por exemplo, a bota de Unna, bandagens e a

prevenção com as meias compressivas [1]. O objetivo da terapia compressiva é

melhorar o retorno venoso e, consequentemente, o edema, proporcionando

compensação clínica e cicatrização [1].

Em revisão sistemática que avaliou o método mais eficaz para melhorar o

retorno venoso e o melhor tratamento tópico da úlcera, evidenciou-se que a terapia

compressiva aumenta a taxa de cicatrização e as diferentes opções de terapia tópica

devem ser associadas à terapia compressiva [22].

Embora as pessoas não utilizassem a terapia compressiva, as do Grupo I

foram orientadas a usá-la, enquanto que, no Grupo II, muitas não receberam

Page 56: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

56

orientação. Deve-se destacar que devido ao clima tropical da região do estudo,

muitos usuários se recusavam a fazer uso desta, devido ao desconforto provocado

em dias com temperatura mais elevada apesar da indicação pelo profissional. No

entanto, para ambos os grupos, a ausência de orientações apresentou diferença

significativa em relação à assistência inadequada, o que indica a importância desta

orientação para a melhoria dos cuidados prestados às pessoas com UV, com

impacto sobre o bem-estar. Em revisão sistemática internacional, os resultados

indicam que todos os tratamentos tem um efeito positivo na QV e, o tipo de

bandagem pareceu não a influenciar [23].

Os participantes de ambos os grupos foram orientados quanto a manter a

elevação dos membros inferiores, o que parece configurar um conhecimento muito

comum e difundido entre as pessoas com insuficiência venosa. Por outro lado, a

orientação sobre exercícios físicos regulares estava ausente.

A educação em saúde é uma das frentes de atuação do enfermeiro e

influencia a QV por proporcionar conhecimento para a manutenção, o

restabelecimento, a promoção da saúde e a prevenção de doenças. Para as

pessoas com UV, as orientações sobre terapia compressiva, elevação de MMII e

exercícios, são importantes para melhorar o retorno venoso e diminuir os sinais e

sintomas clínicos da insuficiência venosa, contribuindo também na cicatrização da

lesão, promovendo bem-estar.

As orientações fornecidas pela equipe multiprofissional são essenciais para a

continuidade e a adesão ao tratamento. Com o objetivo de explorar o conhecimento

de pessoas com UV sobre sua doença, uma pesquisa belga ressaltou a necessidade

de esclarecimentos em relação à sua condição para promover a compreensão

quanto ao tratamento e o reconhecimento da importância do autocuidado [24].

Em oposição aos registros em prontuários dos pacientes em ambos os

grupos, o sistema de referência e contrarreferência estava ausente. No entanto,

essa variável só foi significativa associada à inadequação da assistência no Grupo I,

referente aos DS mais vulneráveis econômica e socialmente. O funcionamento

incorreto desse sistema implica em uma articulação insuficiente entre os diversos

níveis de atenção à saúde, comprometendo a eficácia e a continuidade do cuidado.

Esta assertiva é reforçada por outros dois resultados encontrados em ambos

os grupos: ausência de realização de Doppler e baixo número de consultas anuais

com angiologista, variáveis que também tiveram associação significativa com a

Page 57: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

57

inadequação da assistência. Esta falha na continuidade do tratamento desta

população foi uma realidade também encontrada em uma pesquisa realizada em

Goiás [1].

Para uma assistência ser considerada eficaz, além dos fatores acima citados,

é importante que outras instâncias sejam trabalhadas na perspectiva do cuidado

holístico, como por exemplo, a QV. A abordagem integral na atenção à saúde das

pessoas com UV é essencial para obter bons resultados [25], como a melhoria deste

constructo. Entre as recomendações para esta abordagem, uma revisão sistemática

[26], destaca: a avaliação eficiente e o tratamento da dor; a adoção de estratégias

individualizadas para o manejo do exsudado e odor; o fornecimento de material

educativo; e, uma assistência multiprofissional que proporciona cuidado efetivo em

todos os níveis de complexidade.

Todos os fatores avaliados neste estudo podem afetar a QV, assim, todos os

domínios e dimensões, com exceção da vitalidade e do aspecto emocional, estavam

mais comprometidos no Grupo I, que corresponde à população menos favorecida

com relação à distribuição de renda e acesso a serviços.

De modo geral, as médias obtidas com a aplicação do SF-36 apresentaram-

se comprometidas. As alterações clínicas decorrentes da insuficiência venosa e a

UV impactam capacidade funcional do indivíduo, limitando suas atividades, inclusive

de autocuidado [1, 2, 3]. Nesta pesquisa, o domínio aspecto físico obteve as

menores médias, seguido do aspecto funcional, em ambos os grupos, com escores

mais baixos para os sujeitos do Grupo I. Da mesma forma, a dimensão da saúde

física apresentou médias inferiores a saúde mental.

Já o domínio vitalidade mostrou-se mais afetado para Grupo II. Corresponde

a tranquilidade, energia e humor para a realização de tarefas diárias [27], e, neste

sentido, os indivíduos deste grupo sentiram-se menos dispostos a exercer suas

atividades, provavelmente devido as limitações decorrentes da ferida.

Um ensaio clínico australiano que avaliou a influência de diferentes terapias

de compressão na QV, demonstrou maior comprometimento da dimensão de saúde

física em relação à saúde mental dos participantes [12]. Outra investigação realizada

em Salvador, Brasil, também com indivíduos acometidos por feridas crônicas,

encontrou como um diagnóstico de enfermagem, a mobilidade física comprometida

para atividades de autocuidado e higiene e atividades de vida diária e trabalho,

devido a lesão [28]. Assim, os muitos acabam desistindo das atividades, inclusive as

Page 58: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

58

que gostam de executar, devido à UV [29]. Em um estudo de abordagem qualitativa,

as pessoas com insuficiência venosa crônica percebiam a QV como a capacidade

de realizar as atividades diárias [30].

A presença de UV torna as atividades diárias complexas, ao passo que

aumenta dependência e desfavorece autonomia, com impacto sobre suas relações

sociais [26, 31], uma vez que as alterações físicas comumente levam ao isolamento

social e ao afastamento das atividades laborais [1], identificado, nesta pesquisa, pela

predominância de participantes sem profissão/ocupação.

Novamente, destaca-se o Grupo I com maior frequência de indivíduos sem

ocupação e com as piores médias para função social, único domínio com

associação significativa entre os grupos, o que pode representar as diferenças

sociodemográficas entre os locais de habitação que, possivelmente, oferecem

múltiplas interações sociais e acessos a serviços, sendo estes escassos ao Grupo I.

O SF-36 avalia como os problemas de saúde, físicos ou emocionais, afetam as

relações sociais com a família, amigos e coletividades [27], assim, aponta-se que,

para os sujeitos inerentes ao Grupo I, houve mais dificuldades nas relações sociais,

o que favorece o isolamento social.

Além do inegável impacto socioeconômico, a falta de uma atividade laboral,

torna os indivíduos mais propensos a dirigir sua atenção à dor e vivê-la com maior

intensidade [18], o que pode justificar as médias baixas no domínio dor. Trata-se de

um sintoma frequente, causado pela ferida crônica e uma das manifestações clínicas

da insuficiência venosa [1], que, apesar de pouco explorado em pesquisas, tem um

impacto negativo sobre a QV, comprometendo o sono, a mobilidade e o emocional

[18, 25].

A Organização Mundial de Saúde afirma que a presença de dor pode produzir

resultados negativos sobre a cicatrização de feridas, com consequente influencia na

QV [32]. Uma boa e eficaz relação entre o profissional de saúde e o paciente, além

das ações educativas para controle e alívio da dor são estratégias que

possivelmente melhoram os resultados clínicos [25].

O impacto da ferida na mobilidade e capacidade funcional adicionado às

mudanças estéticas influenciam negativamente sobre as interações sociais, sendo

possível o isolamento [34]. Tais mudanças podem afetar o humor [27], e, nesta

perspectiva, o domínio aspecto emocional mostrou-se comprometido no Grupo II, o

que demonstra a influência da saúde emocional em atividades regulares [27].

Page 59: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

59

O conviver com uma ferida crônica leva a problemas psicológicos, tais como

angústia e ansiedade, afetando negativamente a saúde mental, que adicionada aos

impactos físicos, resultam em um pior estado de saúde geral [29], como pode ser

observado nos resultados desta investigação, especialmente no Grupo I, constituído

por pessoas que convivem com maior vulnerabilidade socioeconômica. Por outro

lado, a saúde mental (dimensão e domínio) obteve média acima de 50 pontos,

sendo que o domínio foi maior para os sujeitos do Grupo I, com diferença

significativa indicando melhor QV.

Portanto, os cuidados prestados às pessoas com UV representam um

desafio para a equipe multidisciplinar, uma vez impactos sobre vários aspectos da

vida [31], e que parecem estar fortemente associados à região de moradia, pois

estas determinam, de certa forma, o acesso as estruturas e serviços de maneira

geral. Além disso, apesar de ser um estudo local, os resultados podem ser

considerados para populações maiores que vivem em cenários e realidades

socioeconômicas semelhantes, já que a população avaliada apresentou um perfil

sociodemográfico comumente encontrado entre as pessoas com UV, com

significância estatística para a renda per capita inferior a um salário mínimo.

Este estudo traz a contribuição da comparação da assistência prestada e a

qualidade de vida das pessoas com UV, de acordo com a localidade em que são

atendidas, podendo servir como base para estudos posteriores, de maior evidência

científica, de forma que trabalhem a questão da territorialidade mais profundamente.

Conclusão

Os resultados permitem inferir que a baixa renda e a vulnerabilidade social

das pessoas com UV, conforme à área de habitação e à localização dos serviços de

saúde, podem afetar a QV. A equipe multiprofissional, em especial os profissionais

de enfermagem, precisam promover um cuidado integral, a fim de reduzir as

diferenças sóciodemográficas dos indivíduos em relação à saúde, com destaque

para a capacitação deste profissional e a conduta de orientações aos usuários e

seus familiares e cuidadores. Como limitações do estudo, ressalta-se o corte

transversal. Para pesquisas futuras, sugere-se recorte longitudinal e estudos de

maiores evidências científicas como de intervenção para melhoria da QV ao longo

do tempo.

Page 60: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

60

Referências

1. Sant’ana SMSC, Bachion MM, Santos QR, Nunes CAB, Malaquias SG, Oliveira

BGRP. Venous ulcers: clinical characterization and treatment in users treated in

outpatient facilities. Rev Bras Enferm [Internet]. 2012 Aug [cited 2016 Jun

02];65(4):[about 8 p.]. Avaliable from:

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-71672012000400013

2. Dias TYAF, Costa IKF, Melo MDM, Torres SMSGSO, Maia EMC, Torres GV.

Quality of life assessment of patients with and without venous ulcer. Rev Latinoam

Enferm (Online) [Internet]. 2014 Aug [cited 2016 Jun 02];22(4):[about 6 p.]. Avaliable

from: http://www.scielo.br/pdf/rlae/v22n4/0104-1169-rlae-22-04-00576.pdf

3. Malaquias SG, Bachion MM, Sant’ana SMSC, Dallarmi CCB, Lino Junior RS,

Ferreira PS. People with vascular ulcers in outpatient nursing care: a study of

sociodemographic and clinical variables. Rev Esc Enferm USP [Internet]. 2012 Apr

[cited 2016 Jun 02];46(2):[about 9 p.]. Avaliable from:

http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S008062342012000200006&script=sci_arttext&tl

ng=en

4. Dias TYAF, Costa IKF, Salvetti MG, Mendes CKTT, Torres GV. Influences of

health care services and clinical characteristics on the quality of life of patients with

venous ulcer. Acta Paul Enferm [Internet]. 2013 Nov [cited 2016 Jun 02];26(6):[about

6 p.]. Avaliable from: http://www.scielo.br/pdf/ape/v26n6/en_04.pdf

5. González-Consuegra RV, Verdú J. Quality of life in people with venous leg ulcers:

an integrative review. J Adv Nurs [Internet]. 2010 May [cited 2016 Jun

02];67(5):[about 18 p.]. Avaliable from:

http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21241355

6. Silva MH, Jesus MCP, Merighi MAB, Oliveira DM. Limits and possibilities

experienced by nurses in the treatment of women with chronic venous ulcers. Rev

Esc Enferm USP [Internet] 2014 Aug [cited 2016 Jun 02];48(Esp):[about 6 p.].

Avaliable from: http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v48nspe/0080-6234-reeusp-48-esp-

054.pdf

7. Saraiva DMRF, Bandarra AJF, Agostinho ES, Pereira NMM, Lopes TS. Quality of

life of service users with chronic venous ulcers. Rev Enf Ref [Internet] 2013 July

[cited 2016 Jun 02];serIII(10):[about 10 p.]. Avaliable from:

http://www.scielo.mec.pt/pdf/ref/vserIIIn10/serIIIn10a13.pdf

Page 61: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

61

8. Dias TYAF, Costa IKF, Liberato SMD, Souza AJG, Mendes FRP, Torres GV.

Quality of life for venous ulcer patients: a comparative study in Brazil/Portugal. Online

Braz J Nurs (Online) [Internet]. 2013 Sept [cited 2016 Jun 02];12(2):[about 10 p.].

Avaliable from: http://www.objnursing.uff.br/index.php/nursing/article/view/4344/pdf

9. Prefeitura Municipal do Natal [Internet]. Natal: (Re)desenhando a Rede de Saúde

na Cidade do Natal, c2007-2016 [updated 2007 Jan 23; cited 2016 Jun 02]. Avaliable

from: http://www.natal.rn.gov.br/sms/paginas/ctd-297.html

10. Costa IKF, Salvetti MG, Souza AJG, Dias TYAF, Dantas DV, Torres GV.

Assistance protocol to people with venous ulcers: a methodological study. Online

Braz J Nurs (Online) [Internet]. 2015 Mar [cited 2016 Jun 02];14(1):[about 11p.].

Avaliable from:

http://www.objnursing.uff.br/index.php/nursing/article/view/4692/pdf_358

11. Ciconelli RM, Ferraz MB, Santos W, Meinão I, Quaresma MR. Tradução para

lingua portuguesa e validação do questionario genérico de avaliação de qualidade

de vida SF-36 (Brasil SF-36). Rev Bras Reumatol [Internet]. 1999 Jun [cited 2016

Jun 02];39(3):[about 8 p.]. Avaliable from:

http://www.ufjf.br/renato_nunes/files/2014/03/Valida%C3%A7%C3%A3o-do-

Question%C3%A1rio-de-qualidade-de-Vida-SF-36.pdf

12. Weller CD, Evans SM, Staples MP, Aldons P, McNeil JJ. Randomized clinical trial

of three-layer tubular bandaging system for venous leg ulcers. Wound Repair Regen

[Internet]. 2012 Dec [cited 2016 Jun 02];20(6):[about 8 p.]. Avaliable from:

http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23061541

13. Roaldsen KS, Biguet G, Elfving B. Physical activity in patients with venous leg

ulcer – between engagement and avoidance. A patient perspective. Clin Rehabil

[Internet]. 2011 Mar [cited 2016 Jun 02];25(3):[about 11 p.]. Avaliable from:

http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3122380/

14. Castro e Silva M, Cabral ALS, Barros Jr N, Castro AA, Santos MERC.

Diagnóstico e tratamento da Doença Venosa Crônica. J Vasc Br [Internet] 2005 Jun

[cited 2016 Jun 02];4(3):[about 10 p.]. Avaliable from:

http://jvascbras.com.br/pdf/Arquivo_1.pdf

15. Conselho Nacional de Saúde. Resolução n. 466, de 12 de dezembro de 2012.

Aprova as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres

humanos [Internet]. Brasília; 2013. [cited 2016 Jun 02]. Avaliable from:

http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/cns/2013/res0466_12_12_2012.html

Page 62: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

62

16. Souza EM, Yoshida WB, Medo VA, Aragão JA, Oliveira LA. Ulcer due to chronic

venous disease: a sociodemographic study in northeastern Brazil. Ann Vasc Surg

[Internet]. 2013 Jul [cited 2016 Jun 02];27(5):[about 6 p.]. Avaliable from:

http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23540674

17. Silva FAA, Moreira TMM. Sociodemografic and clinical characteristics of

customers with Venous leg ulcer. Rev Enferm UERJ [Internet]. 2011 Sept [cited 2016

Jun 02];19(3):[about 5 p.]. Avaliable from:

http://www.facenf.uerj.br/v19n3/v19n3a22.pdf

18. Salvetti MG, Costa IKF, Dantas DV, Freitas CCS, Vasconcelos QLDAQ, Torres

GV. Prevalence of pain and associated factors in venous ulcer patients. Rev Dor

[Internet]. 2014 Mar [cited 2016 Jun 02];15(1):[about 4 p.]. Avaliable from:

http://www.scielo.br/pdf/rdor/v15n1/en_1806-0013-rdor-15-01-0017.pdf

19. Oliveira BGRB, Nogueira GA, Carvalho MR, Abreu AM. The characterization of

patients with venous ulcer followed at the Outpatient Wound Repair Clinic. Rev

Eletronica Enferm [Internet]. 2012 Mar [cited 2016 Jun 02];14(1):[about 8 p.].

Disponível em: http://www.fen.ufg.br/revista/v14/n1/v14n1a18.htm.

20. Centro de Políticas Sociais [Internet]. Rio de Janeiro: Performance Social das 27

Capitais Brasileiras entre Mandatos de Prefeitos; c2010-2016 [updated 2010 Oct 15;

cited 2016 Jun 02]. FGV Social; [about 1 screens]. Avaliable from:

http://cps.fgv.br/performance-social-das-27-capitais-brasileiras-entre-mandatos-de-

prefeitos-panorama-recente

21. Protocolo de assistência aos portadores de feridas. Natal/RN, Brasil: 2008.

22. Borges EL, Caliri MHL, Haas VJ. Systematic review of topic treatment for venous

ulcers. Rev Latino-am Enferm (Online) [Internet]. 2007 Dec [cited 2016 Jun

02];15(6):[about 8p.]. Avaliable from: http://www.scielo.br/pdf/rlae/v15n6/16.pdf

23. Tollow P, Ogden J, Whiteley MS. The comparative impact of conservative

treatment versus superficial venous surgery, for the treatment of venous leg ulcers: A

systematic review of the impact on patients quality of life. Phlebol [Internet]. 2016

Mar [cited 2016 Jun 02];31(2):[about 11 p.]. Avaliable from:

http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25855619

24. Van Hecke A, Beeckman D, Grypdonck M, Meuleneire F, Hermie L, Verhaeghe

S. Knowledge deficits and information seek behavior in leg ulcer patients: an

exploratory qualitative study. J. Wound Ostomy Continence Nurs [Internet]. 2013 Aug

Page 63: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

63

[cited 2016 Jun 02];40(4):[about 7 p.]. Avaliable from:

http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23820471

25. Maddox D. Effects of venous leg ulceration on patients’ quality of life. Nurs Stand

[Internet]. 2012 Feb [cited 2016 Jun 02];26(38):[about 8 p.]. Avaliable from:

http://journals.rcni.com/doi/pdfplus/10.7748/ns2012.05.26.38.42.c9111

26. Green J, Jester R. Health-related quality of life and chronic venous leg ulceration:

part 1. Br. J. Community Nurs [Internet] 2009 Dec [cited 2016 Jun 02];14(12):[about 6

p.]. Avaliable from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20216504

27. Salomé GM, Ferreira LM. Quality of life in patients with venous ulcers treated with

Unna’s boot compressive therapy. Rev Bras Cir Plást [Internet]. 2012 Sept [cited Jun

02];27(3):[about 6 p.]. Avaliable from: http://www.scielo.br/pdf/rbcp/v27n3/en_24.pdf

28. Lima MSFS, Carvalho ESS, Silva EA, Gomes WS, Passos SSS, Santos LM.

Nursing diagnoses identified in women with chronic wounds. Rev Baiana Enferm

[Internet]. 2012 Dec [cited 2016 Jun 10];26(3):[about 8 p.]. Avaliable from:

http://www.portalseer.ufba.br/index.php/enfermagem/article/viewFile/6740/6696

29. Waidman MAP, Rocha SC, Correa JL, Brischiliari A, Marcon SS. Daily routines

for individuals with a chronic wound and their mental health. Texto Contexto Enferm

[Internet]. 2011 Dec [cited 2016 Jun 10];20(4):[about 9 p.]. Avaliable from:

http://www.scielo.br/pdf/tce/v20n4/07.pdf

30. Souza KC, Kessler RMG, Andrade SM, Souza GC. Percepção da qualidade de

vida de portadores de insuficiência venosa crônica. Revista Contexto & Saúde. 2011

June [cited 2016 Jun 10];10(20):[about 6 p.]. Avaliable from:

https://www.revistas.unijui.edu.br/index.php/contextoesaude/article/view/1540/1298

31. Silva MH, Jesus MCP, Merighi MAB, Oliveira DM, Biscotto PR, Silva GPS. The

daily life of men who lives with chronic venous ulcer: phenomenological study. Rev

Gaúch Enferm [Internet]. 2013 Sept [cited 2016 Jun 10];34(3):[about 7 p.]. Avaliable

from: http://www.scielo.br/pdf/rgenf/v34n3/en_a12v34n3.pdf

32. World Health Organization [Internet]. Geneva: Wound and Lymphoedema

Management; c2010-2016. [updated 2010 Sept 02; cited 2016 Jun 10]. World Health

Organization; [about 136 screens]. Available from:

http://apps.who.int/iris/bitstream/10665/44279/1/9789241599139_eng.pdf

34. Evangelista DG, Magalhães ERM, Moretão DIC, Stival MM, Lima LR. Impact of

chronic wounds in the quality of life for users of family health strategy. Rev Enferm

Page 64: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

64

Cent-Oeste Min [Internet]. 2012 Aug [cited 2016 Jun 10];2(2):[about 10 p.]. Avaliable

from: www.seer.ufsj.edu.br/index.php/recom/article/download/15/308

Page 65: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

65

5.3 ARTIGO 3 – Aceito no INTERNATIONAL JOURNAL OF RECENT SCIENTIFIC

RESEARCH (Index Copernicus, Fator de Impacto 5,7)

ASPECTOS SOCIODEMOGRÁFICOS, CLÍNICOS E ASSISTENCIAIS RELACIONADOS A ALTERAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA DE PESSOAS COM ÚLCERA VENOSA

Sandra Maria da Solidade Simões de Oliveira Torres, Rhayssa de Oliveira e Araújo, Dalva Cezar da Silva, Rafaela Araújo Oliveira, Aline Maino Pergola-Marconato, Thalyta Cristina Mansano-Schlosser, Marina de Góes Salvetti, Gilson de Vasconcelos Torres, Eulalia Maria Chaves Maia.

Resumo Objetivo: Analisar a relação dos aspectos sociodemográficos, clínicos e assistenciais na alteração da qualidade de vida das pessoas com úlcera venosa (UV). Método: Estudo transversal conduzido na atenção primária à saúde com 101 pessoas com UV. Os dados foram coletados por formulário estruturado de entrevista e o Medical Outcomes Short-Form Health Survey (SF-36). Aplicados os testes Friedman, Mann-Whitney e Regressão Logística Binária. Obteve aprovação por Comitê de Ética em Pesquisa (CAAE nº 07556312.0.0000.5537). Resultados: As variáveis sociodemográficas, clínicas e assistenciais de maior influência foram: faixa etária, sono, intensidade e presença da dor, tempo de lesão, orientação de exercícios regulares, orientações para terapia compressiva, tempo de tratamento e referência e contrareferência. Juntas, as variáveis sono, presença e intensidade da dor e orientação para exercícios físicos influenciaram na qualidade de vida. Conclusão: Os aspectos sociodemográficos, clínicos e assistenciais, isolados e em conjunto, influenciaram a qualidade de vida das pessoas com UV, em especial sono, dor, orientação de exercícios e referência e contrarreferência que devem ser considerados na assistência integral de enfermagem e multidisciplinar. Descritores: úlcera varicosa ; Qualidade de vida; Fatores de risco; Envelhecimento; Assistência Integral à Saúde SOCIO-DEMOGRAPHIC, CLINICAL AND CARE ASPECTS RELATED TO CHANGES IN THE QUALITY OF LIFE OF PEOPLE WITH VENOUS ULCERS Objective: To analyze the relationship of sociodemographic , clinical and care aspects in changing the quality of life of people with venous ulcers (VU). Methods: Cross-sectional study conducted in primary health care with 101 people with VU. Data were collected by structured interview form and the Medical Outcomes Short-Form Health Survey (SF-36). Applied the Friedman test, Mann-Whitney and Logistic Regression Binary. Was approved by the Research Ethics Committee (CAAE No 07556312.0.0000.5537). Results: The sociodemographic, clinical and healthcare variables of greater influence were: age, sleep, intensity and presence of pain, injury time, orientation of regular exercise, guidelines for compression therapy, treatment time and reference and contrareferência. Together, the sleep variables, presence and intensity of pain and guidance to exercise influence on quality of life. Conclusion: sociodemographic, clinical and care, alone and together, influenced the quality of life

Page 66: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

66

of people with UV, especially sleep, pain, exercises and reference orientation and counter that should be considered in the comprehensive care nursing and multidisciplinary. Descriptors: Varicose Ulcer; Quality of Life; Risk Factors; Aging; Comprehensive Health Care.

Introdução

As úlceras em membros inferiores podem ser originárias de diferentes

etiologias [1-3]. Na Inglaterra, frequentemente, mais da metade do tempo de

trabalho da enfermagem é gasto com assistência direcionada às úlceras de perna

[4], entre as quais, a lesão de origem venosa, denominada úlcera venosa (UV), é o

tipo mais frequente correspondendo a 75,0% dos casos[2-5], cuja prevalência varia

de 0,06% a 2,0% da população mundial e, aproximadamente 70,0% recorrem em 10

anos[3].

O diagnóstico da UV geralmente é clínico, mas precisa haver diferenciação,

pois o tratamento pode ser medicamentoso, compressivo ou cirúrgico e inclui uma

série de medidas, cujos objetivos são redução do edema, cicatrização da ferida,

prevenção de recidivas e cuidados contínuos[2-3] direcionados ao indivíduo como

um todo, em uma perspectiva holística. Esta assistência ampliada é importante

porque esta condição crônica impacta significativamente a qualidade de vida (QV)

nos aspectos físicos, sociais e psicológicos[2,6-9].

Sabe-se que tais lesões são mais prevalentes em mulheres[6-9] e idosos[6,8-

9] e que a situação clínica e os cuidados prestados podem inteferir na cicatrização.

Entender como as características da população acometida podem estar

relacionadas com prejuízos ou benefícios na QV torna-se um importante fator a ser

considerado no planejamento da assistência.

Existem pesquisas que avaliaram este constructo em pessoas com UV a

partir de diferentes instrumentos, genéricos ou específicos, de forma descritiva ou

após intervenções, nas quais, majoritariamente é encontrada diminuição, sobretudo

no domínio físico[10-11].

Entretanto, ainda é preciso investigar como podem ocorrer as interferências

das variáveis inerentes ao processo de cuidado e, reconhecer as especificidades

dos indivíduos para o planejamento e efetivação de uma assistência resolutiva[7].

Page 67: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

67

Frente a este contexto, o presente estudo propôs-se a analisar a relação dos

aspectos sociodemográficos, clínicos e assistenciais na alteração da qualidade de

vida das pessoas com úlcera venosa.

Materiais e Métodos

Trata-se de um estudo descritivo e transversal, de abordagem quantitativa,

envolvendo pessoas com UV atendidas na atenção primária à saúde de Natal/Rio

Grande do Norte, Brasil. A pesquisa foi realizada em 37 unidades de saúde da

família e cinco unidades mistas de saúde totalizando 42 serviços. O estudo abordou

toda a população que se adequou aos critérios de elegibilidade como: pessoas com

UV ativa, com mais de 18 anos de idade, capaz de se comunicar e adscritos às

referidas unidades. Foram selecionadas 101 pessoas com UV para compor amostra

e sem perdas no processo de coleta de dados.

Coleta de dados

Dois instrumentos foram aplicados: um formulário estruturado de entrevista e

coleta de medidas biofisiológicas, elaborado com base em diretrizes clínicas[12]; e o

Medical Outcomes Short-Form Health Survey (SF-36), que avalia qualidade de vida

relacionada à saúde. O SF-36 é composto por 36 itens apresentados em oito

domínios e o escore total varia de zero a 100, de modo que quanto maior, melhor a

QV. Os domínios são: aspecto funcional, aspecto físico, dor, estado geral de saúde,

vitalidade, função social, aspectos emocionais e saúde mental; e, as dimensões são:

saúde física e saúde mental[13].

Os dados foram coletados nas unidades de saúde ou nos domicílios, de

acordo com a preferência dos participantes. A coleta ocorreu entre fevereiro e

setembro de 2014 e foi realizada por enfermeiros e acadêmicos de enfermagem

previamente capacitados quanto aos instrumentos e demais aspectos relacionados à

pesquisa. As entrevistas duravam, em média, 30 minutos por participante.

As variáveis independentes estudadas foram agrupadas em caracterização

sociodemográficas, clínicas e assistenciais, depois categorizadas para análise

bivariável dos dados. Consequentemente, a variável dependente foi a qualidade de

vida.

Na caracterização sociodemográfica enquadraram-se: sexo, faixa etária,

estado civil, escolaridade, ocupação e renda per capita. O valor de um salário

Page 68: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

68

mínimo durante o período de coleta dos dados era de R$724,00 (222.00 dólares). As

variáveis clínicas foram autorreferidas pelo sujeito: diabetes mellitus (DM),

hipertensão arterial sistêmica (HAS), outras doenças, presença e intensidade da dor,

recidivas, sono, etilismo, tabagismo, e, tempo da lesão. As variáveis do grupo

caracterização assistencial foram: capacitação do responsável pelo curativo,

referência e contrareferência, exame doppler, e orientação sobre terapia

compressiva, elevação de membros inferiores, exercícios regulares e uso de terapia

compressiva.

Análises de dados

Os dados foram organizados em tabelas no Microsoft Excel e exportados para

o software estatístico SPSS, versão 20.0, para análises descritivas e inferenciais

com α = 5,0%.

Os escores médios dos domínios e dimensões do SF-36, que avaliaram a QV,

foram apresentados descritivamente em mínimo, máximo, média e desvio padrão.

Para identificar diferença entre domínios e dimensões foi utilizado o teste de

Friedman. A diferença de médias entre cada domínio e dimensão com todas as

variáveis (sociodemográficas, clínicas e assistenciais) foram analisadas pelo teste de

Mann-Whitney. Após a identificação dos aspectos que apresentaram diferença

significativa com as médias dos domínios e dimensões da QV (SF-36) realizou-se

análise de regressão logística binária univariada e multivariada.

Aspectos éticos

Esta pesquisa obedeceu aos preceitos éticos da Resolução nº 466/12[14] e

obteve parecer favorável do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal

do Rio Grande do Norte (UFRN), sob CAAE nº 07556312.0.0000.5537.

Resultados

A maioria da população era feminina (66,3%), com idade maior ou igual a 60

anos (61,4%), casada ou em união estável (63,4%), ensino fundamental (52,5%) e

não alfabetizado (14,9%), sem ocupação (75,2%) e recebia até um salário mínimo

(90,1%).

De acordo com os resultados obtidos com o SF-36, os domínios saúde mental

e vitalidade apresentaram os maiores escores (64,8 e 62,4, respectivamente) em

detrimento dos domínios aspecto funcional e físico (34,6 e 13,6, respectivamente),

com diferença significativa (p<0,001, teste de Friedman), conforme Tabela 1. Os

Page 69: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

69

participantes apresentaram escore médio da dimensão saúde mental (54,8) melhor

que a dimensão saúde física (40,6).

Tabela 1 – Distribuição das médias dos domínios e dimensões da qualidade de vida

(SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do

Norte, Brasil, 2016

Qualidade de vida

(SF-36)

Mínimo-

Máximo Média (Desvio padrão)

Teste de

Friedman

Domínios

Saúde mental 0 – 100 64,8 (26,8) Melhor QV*

< 0,001

Pior QV*

Vitalidade 0 – 100 62,4 (27,1)

Aspectos

emocionais 0 – 100 50,5 (46,1)

Estado geral de

saúde 0 – 97 48,9 (21,9)

Função social 0 – 100 47,6 (36,4)

Dor 0 – 100 44,1 (30,4)

Aspecto funcional 0 – 100 34,6 (28,4)

Aspecto físico 0 – 100 13,6 (30,5)

Dimensões

Saúde mental 8 – 95 54,8 (23,4) < 0,001

Saúde física 5 – 91 40,6 (19,6)

*Qualidade de vida (QV)

No teste de diferença de médias entre as variáveis independentes com a QV,

algumas delas mostraram resultado estatístico significativo (Tabela 2). Em relação

às variáveis sociodemográficas, os indivíduos com 60 anos ou mais tiveram

melhores resultados para domínio saúde física, vitalidade e dimensão saúde mental.

Tabela 2 – Apresentação da diferença de médias entre os domínios e dimensões da

qualidade de vida e as variáveis sociodemográficas e condições clínicas. Natal, Rio

Grande do Norte, Brasil, 2016

Qualidade

de vida

Condição

Sociodemográfi

ca

Condições Clínicas

Page 70: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

70

(SF-36)

Faixa etária

Até 59/≥ 60a†

Sono

Até 6h/>

6h‡

Presenç

a de dor

Sim/Não

Intensidade da

dor

Ausente-Leve/

Moderada-

Intensa

Tempo de

lesão

Até 6m/> 6

Domínios

Saúde

Mental

57,7/ 69,2

0,037*

61,3/ 65,5

0,251

64,6/65,8

0,798

66,8/64,1

0,798

68,3/63,5

0,218

Vitalidade 54,6/67,3

0,014

60,8/62,7

0,239

61,6/68,1

0,740

65,6/61,4

0,549

68,9/60,1

0,109

Aspecto

emocional

39,3/57,5

0,060

24,1/56,2

0,039

50,0/53,9

0,431

45,9/51,9

0,431

59,2/47,3

0,618

Estado

geral de

saúde

43,7/52,2

0,062

53,6/47,9

0,618

47,8/56,7

0,032

57,4/46,3

0,032

54,4/46,9

0,565

Função

Social

48,2/47,2

0,885

34,2/50,5

0,087

45,4/63,0

0,104

53,5/45,8

0,382

45,9/48,3

0,751

Dor 42,4/45,1

0,798

48,7/43,1

0,091

39,1/78,0

<0,001

72,5/35,2

<0,001

44,7/43,8

0,772

Aspectos

funcionais

36,4/33,4

0,610

26,1/36,4

0,009

32,6/48,1

0,199

42,1/32,2

0,199

40,4/32,4

0,010

Aspecto

físico

8,3/17,0

0,505

1,39/16,3

0,001

13,1/17,3

0,201

19,8/11,7

0,201

16,7/12,5

0,671

Dimensões

Saúde

Física

36,9/42,9

0,163

38,0/41,2

0,007

38,7/53,5

0,003

51,2/37,2

0,003

44,9/39,0

0,198

Page 71: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

71

Saúde

Mental

48,7/58,7

0,040

46,8/56,5

0,032

53,8/61,5

0,534

57,8/53,9

0,534

59,3/53,2

0,336

*Mann-Whitney/ †a: anos/ ‡h: horas/ §m: meses

Quanto às condições clínicas, sono, presença e intensidade da dor e tempo

de lesão apresentaram diferenças significativas com a QV. As pessoas que dormiam

seis horas ou mais por dia apresentaram os melhores resultados para aspecto

funcional, aspecto físico, aspectos emocionais, dimensão saúde física e dimensão

saúde mental. O tempo de lesão menor que seis meses apresentou diferença

significativa para aspecto funcional, indicando melhor QV.

Os indivíduos que sentiam dor tiveram piores médias para estado geral de

saúde, dor no corpo e dimensão saúde física. As pessoas que referiram dor

moderada a intensa tiveram significativamente piores médias no domínio dor no

corpo, estado geral de saúde e dimensão saúde física.

Quanto às condições assistenciais, os resultados são mostrados na Tabela 3.

Tabela 3 – Apresentação da diferença de médias entre qualidade de vida (SF-36) e

as variáveis de condições assistenciais. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016

Qualidade de

vida

(SF-36)

Condições assistenciais

Orientação/

exercícios

Sim/Não

Orientação/

compressão

Sim/Não

Tempo de

tratamento

Até 6m/> 6m†

Referência/

Contrarreferência

Sim/Não

Domínios

Saúde Mental 66,8/63,4

0,756

56,7/71,8

<0,001*

72,0/63,3

0,743

55,9/68,2

0,052

Vitalidade 71,2/56,2

0,006*

62,4/62,4

0,908

72,0/60,5

0,991

55,7/65,0

0,246

Aspecto

emocional

48,4/51,9

0,580

46,8/53,7

0,384

56,8/49,2

0,063

53,5/49,3

0,632

Estado geral de

saúde

57,6/42,8

<0,001*

52,3/46,0

0,114

58,2/47,0

0,109

43,7/50,9

0,128

Page 72: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

72

Função social 47,0/48,1

0,791

42,5/52,1

0,162

55,1/46,1

0,364

41,6/49,9

0,330

Dor 48,8/40,7

0,150

44,5/43,6

0,932

46,3/43,6

0,832

29,4/49,7

0,002*

Aspectos

funcionais

37,8/32,4

0,308

33,0/35,9

0,848

45,9/32,3

0,015*

29,8/36,4

0,429

Aspecto físico 15,5/12,3

0,250

15,4/12,0

0,433

19,1/12,5

0,582

16,1/12,7

0,739

Dimensões

Saúde Física 46,0/36,7

0,008*

41,5/39,8

0,502

48,1/39,1

0,308

34,8/42,8

0,052

Saúde Mental 58,1/52,4

0,284

52,1/57,1

0,254

62,8/53,2

0,956

50,0/56,6

0,260

*Mann-Whitney/†m: meses

As pessoas que não receberam orientação para exercício físico obtiveram

piores escores em estado geral de saúde, vitalidade e na dimensão saúde física. As

pessoas que não receberam orientação para terapia compressiva apresentaram

melhor QV neste aspecto.

A variável tempo de tratamento apresentou diferença significativa com a

média do domínio aspecto funcional, de maneira que as pessoas com até seis

meses de tratamento tiveram melhor resultado. Em relação à referência e

contrarreferência os indivíduos que a utilizaram apresentaram pior QV para dor.

A partir dos resultados estatisticamente significativos, foi realizado regressão

logística binária para avaliar como o conjunto de variáveis interferiram na QV

(Tabela 4).

Os conjuntos que apresentaram os maiores valores de regressão, indicando

que juntas explicam melhor a influência nos domínios e dimensões da QV, foram:

presença e intensidade da dor e uso de referência e contra referência no domínio

Page 73: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

73

dor (r = 0,396), presença e intensidade da dor e orientação de exercícios físicos com

o domínio estado geral de saúde (r = 0,152) e intensidade da dor, presença da dor e

sono na dimensão física (r = 0,121).

Tabela 4 – Apresentação da regressão logística isolada e múltipla entre qualidade de

vida (SF-36) e variáveis sociodemográficas, clínicas e assistenciais que

apresentaram diferenças estatísticas significativas nas médias do SF-36. Natal, Rio

Grande do Norte, Brasil, 2016.

Qualidade de Vida

(SF-36)

Variáveis

sociodemográficas,

clínicas e assistenciais

Regressão

r2 (p-valor)

Domínios Univariada Multivariada

Saúde mental

Faixa etária 0,093 (0,009)

0,054 (0,122) Orientação para

compressão

0,060 (0,507)

Vitalidade

Faixa etária 0,077 (0,016)

0,079 (0,049) Orientação para exercício

físico

0,097 (0,006)

Aspecto emocional Sono 0,082 (0,012) 0,082 (0,012)

Estado geral de

saúde

Presença da dor 0,023 (0,189)

0,152 (0,007) Intensidade da dor 0,034 (0,108)

Orientação para exercício

físico

0,133 (0,001)

Dor

Presença da dor 0,078 (0,014)

0,396 (<0,001) Intensidade da dor 0,283 (>0,001)

Referência e

contrarreferência

0,160 (<0,001)

Page 74: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

74

Aspecto funcional

Sono 0,003 (0,628)

0,059 (0,240) Tempo de tratamento 0,056 (0,047)

Tempo de UV* 0,027 (0,166)

Aspecto físico Sono 0,089 (0,032) 0,089 (0,032)

Dimensões

Saúde física

Sono 0,011 (0,379)

0,121 (0,029) Presença da dor 0,083 (0,013)

Intensidade da dor 0,104 (0,005)

Saúde mental Faixa etária 0,114 (0,003)

0,09 (0,034) Sono 0,079 (0,014)

*Qualidade de vida (QV)

Discussão

O perfil sociodemográfico encontrado na população estudada não se

diferenciou de outras pesquisas[6-9], o que permite identificar as pessoas mais

vulneráveis a esta afecção.

Em relação aos resultados de QV, obtidos pela aplicação do SF-36, os

domínios e a dimensão relacionada à saúde física esteveram mais comprometidos

que a saúde mental, pois geralmente os aspectos relacionados à funcionalidade são

os mais afetados[10-11]. Indivíduos anteriormente ativos sentem-se incomodados

com a situação que passa a ser percebida como limitação e incapacidade atribuído

pela UV. [15-16]

Ao verificar dados referentes a idade, a faixa etária destacou-se

significativamente, com indivíduos com 60 anos ou mais com melhor QV para

vitalidade, saúde mental e dimensão saúde mental. Este resultado não era

esperado, já que mudanças cognitivas e mentais estão relacionadas ao

envelhecimento, afetando todos os aspectos da vida dos idosos[17]. Entretanto,

pode ser consequência aos indivíduos jovens enfrentarem com mais dificuldades a

ocorrência da lesão, devido às limitações causadas, influenciando, como foi visto, na

vitalidade.

Page 75: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

75

A presença da UV apresenta períodos de remissão e exacerbação[17],

podendo levar ao isolamento familiar e social da pessoa[7-8,12] predispondo à

depressão e a outros sintomas psicológicos[7,12]. Este isolamento social pode

resultar do lento processo de cicatrização, que prolonga a dor e o desconforto[8]. A

ferida, geralmente, possui exsudato e odor fétido[8,18], precisa de curativos

constantes e outros cuidados que interferem no estilo de vida[18].

Outro estudo corroborou que os sintomas depressivos aparecem nestes

pacientes com tendência ao isolamento por medo de sofrer preconceito, o que

ocasiona impacto negativo na qualidade de vida. E ainda, muitas vezes usam roupas

para cobrir membros inferiores devido a vergonha da autoimagem, o que pode

ocasionar problemas de relacionamento[15].

Esta situação também pode interferir no sono e descanso diário e, neste

estudo, o sono esteve mais frequentemente influenciando a QV, nos aspectos

físicos, funcionais e mental, mostrando-se como uma variável que deve ter total

atenção por parte dos profissionais de saúde que desejam uma assistência ampliada

e de influência para o bem-estar. Uma pesquisa australiana[19] que objetivou

identificar o conjunto de sintomas mais frequentes em pessoas com UV encontrou a

presença de distúrbios do sono como o mais comum, sendo este um fator também

associado à piora da QV, cuja ocorrência esteve atrelada à fadiga, depressão e dor,

interferindo na saúde física e emocional.

Destaca-se que o padrão de sono alterado[8,20-22] e a dor[8] são

características referidas por essa população e que são correlacionadas entre si [16]

e com questões físicas, como percebido neste estudo no qual a intensidade da dor

sozinha e em conjunto com presença de dor e sono influenciaram na dimensão

saúde física.

A dor é um sintoma que provoca desconforto e é frequentemente referido por

pessoas com UV[8,23], impactando negativamente na QV dos indivíduos com a

lesão[8,9]. Ela interfere, entre outros aspectos, na saúde física e mental, e persiste

junto às limitações funcionais apesar da cicatrização da ferida[24]. Afeta o lazer e

pode causar dificuldade de locomoção, com consequente necessidade de ajuda de

alguém para realizar tarefas domésticas. [15]

Em relação aos aspectos funcionais e tempo de lesão, as pessoas com ferida

há mais de seis meses tiveram pior QV neste sentido. Tal situação pode ser

decorrente de complicações na úlcera, que aumentam demasiadamente o tempo de

Page 76: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

76

cicatrização, como encontrado em estudo que identificou maior tempo de lesão nas

pessoas em estágio avançado da situação clínica[25].

Outro fator que pode ter influenciado para o aumento do tempo de lesão é a

qualidade da assistência, aumentando, consequentemente, o tempo de tratamento,

o qual obteve diferença significativa com o aspecto funcional. O aumento no tempo

de tratamento promove uma maior convivência com as limitações. Um grande ensaio

randomizado que comparou meias e bandagens de compressão em pessoas com

UV encontrou resultado semelhante ao identificar que o tempo de tratamento era

uma variável associada à dimensão física da QV[11].

Outra variável da assistência que implicou nos resultados foi o uso do sistema

de referência e contrarreferência, sendo que os indivíduos assistidos obtiveram

piores médias para o domínio dor. A presença e intensidade da dor e o uso de

referência e contrareferência atuaram em conjunto interferindo no domínio dor do

SF-36. Intensidade da dor e referência e contrarreferência, sozinhas, também

afetaram significativamente a dor. Por isso, é importante o desenvolvimento de

ações que envolvam diversas dimensões do cuidado, de forma objetiva e subjetiva,

com o compromisso de atenção integral, uso da intersetorialidade com ênfase na

promoção à saúde, prevenção de agravos, tratamento e reabilitação desses

usuários[26].

É importante ressaltar que a maioria dos entrevistados realizava o tratamento

apenas na atenção primária, por dificuldades de consultar o angiologista pelo

sistema público de saúde e só se dirigiam a outro nível em situação mais

complicada. Dessa forma, aqueles que realmente foram referenciados e

contrarreferenciados frequentemente estavam em pior situação clínica, compatível

com piora da dor.

É fundamental que ocorra um adequado funcionamento deste sistema, uma

vez que tão importante quanto a prevenção da ocorrência da lesão é que ocorra a

prevenção da recorrência[3]. Para isso, são relevantes estratégias para melhor

funcionamento do referenciamento, dando continuidade dos cuidados.

Por último, as orientações para realização de exercícios e uso de terapia

compressiva apresentaram resultados significativos. Os indivíduos orientados

quanto à realização de exercícios obtiveram melhor QV, enquanto os orientados

quanto à compressão, alcançaram pior. Um estudo caso-controle[24] detectou que

pessoas com UV são menos ativas do que pessoas sem lesão e, em muitos casos,

Page 77: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

77

não fazem exercícios por causa da dor, dos curativos volumosos, edema nas

pernas, exsudato da ferida, idade avançada e a necessidade de utilizar sapatos

largos e grandes, além do medo do movimento também associado à experiência[24].

A orientação para o exercício físico influenciou, em conjunto com a faixa

etária, a vitalidade e, sozinha e junto com presença de dor afetou o domínio estado

geral de saúde. Os exercícios podem ser úteis para melhora da lesão, entretanto,

são escassos os estudos que mostram resultados baseados nestas intervenções

especificamente[25]. É possível encontrar na literatura protocolos de estudos

randomizados que interviram com exercícios para melhora da bomba da panturrilha

e autogestão da situação de saúde, entretando, são voltados apenas para

população adulta[27], desconsiderando a faixa etária como fator importante na QV,

como visto neste estudo.

As pessoas que não receberam orientação para uso de terapia compressiva

apresentaram melhor média no domínio saúde mental. Este resultado difere do

esperado já que as pessoas orientadas deveriam apresentar melhor adesão ao

tratamento e bem-estar. A terapia compressiva é reconhecidamente o padrão ouro

no tratamento de lesões originárias de insuficiência venosa [11], sendo de extrema

importância o incentivo do uso pelo profissional.

Sabe-se que a prática de atividade física, em combinação com a terapia

compressiva, é uma opção de tratamento, pois melhora os efeitos da hipertensão

venosa, diminui o tempo de cicatrização, previne recidivas e limitações pós-úlceras.

Exercícios com as pernas e caminhadas são considerados efetivos ao estímulo da

bomba muscular que garante o retorno venoso[22].

Pesquisa anterior concluiu que a pessoa com UV apresenta propensão a

desenvolver problemas que colocam em risco a sua saúde física e emocional sendo

primordial identificar as múltiplas dimensões que são influenciadas ao conviver com

a ferida para buscar estratégias que favoreçam a adaptação à situação crônica e

promovam a qualidade de vida[15].

Diante do explanado, conhecer os aspectos que mais impactam a QV dessa

população permite aos profissionais da saúde, em especial aos enfermeiros,

incorpora-los ao planejamento da assistência, por meio de intervenções que

traspassem a cicatrização da ferida.

Este estudo teve como limitação o próprio desenho transversal e a restrição

em relação à localidade, o que não permite generalizações. Por outro lado, mostra-

Page 78: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

78

se como um avanço no entendimento dos múltiplos fatores que podem influenciar na

QV das pessoas com UV, apontando para aqueles em que a equipe de saúde pode

intervir, na busca de uma assistência humanizada e integral.

Conclusão

Faixa etária, dor, sono, tempo de lesão e de tratamento, uso de sistema de

referência e contrarreferência e orientações para exercícios e terapia compressivas

foram as variáveis que se destacaram como influenciadoras da QV na população

estudada. Juntas, as variáveis também demonstraram influenciar o constructo,

sobretudo o sono, presença e intensidade da dor e orientação para exercícios

físicos.

Na perspectiva da busca de um cuidado mais humanizado e de conhecer

estes aspectos para uma assistência integral, sugerem-se pesquisas multicêntricas

e longitudinais para se obter melhores evidências que permitam identificar as

demandas das pessoas com lesão venosa, tornando sua assistência multidisciplinar,

integral e resolutiva, que favoreça a melhora da qualidade de vida.

Support Funding

The research was funded by the CAPES foundation, Ministry of Education of Brazil,

Brasília: DF (Grant number: 2279-11 National Postdoctoral Program PNPD).

Author Contributions

GVT, EMCM supervised the research group, participated in the design of the study

and performed the statistical analysis, MGS, AMPM, TCMS made substantial

contributions to the conception and design. ROA, SMSSOT, RAO collected the data.

ROA, DCS, RAO, SMSSOT, AMPM, TCMS were involved in drafting the manuscript.

All the authors read and approved the final manuscript.

Referências

1. Lazarus G, Valle FM, Malas M, Qazi U, Maruthur NM, Doggett D, et al. Chronic

venous leg ulcer treatment: future research needs. Wound Repair Regen [internet].

2014 [cited 26 Nov 2015];22:34–42. Available from:

http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/wrr.12102/epdf

2. Prakash S, Tiwary SK, Mishra M, Khanna AK. Venous ulcer: review article.

Surgical Science [internet]. 2013 [cited 26 Nov 2015];4:144-150. Available from:

http://www.scirp.org/journal/PaperInformation.aspx?PaperID=27867

Page 79: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

79

3. O’Donnell TF, Passman MA, Marston WA, Ennis WJ, Dalsing M, Kistner RL, et al.

Management of venous leg ulcers: clinical practice guidelines of the Society for

Vascular Surgery and the American Venous Forum. J Vasc Surg [internet]. 2014

[cited 26 Nov 2015];60(2S):3S-59S. Available from: http://ac.els-

cdn.com/S0741521414008519/1-s2.0-S0741521414008519-

main.pdf?_tid=91b941e0-fc22-11e5-8901-

00000aab0f27&acdnat=1459966290_f6635b14c9d6b16cac26c54c003f1be0

4. Lilley R. A history of useless remedies. PHC [internet]. 2012 [cited 06 Apr

2016];22(6):10. Available from:

http://journals.rcni.com/doi/pdfplus/10.7748/phc2012.07.22.6.10.p8814

5. Scotton MF, Miot HA, Abbade LPF. Factors that influence healing of chronic

venous ulcers: a retrospective cohort. An Bras Dermatol [internet]. 2014 [cited 05 Apr

2016];89(3):414-22. Available from:

http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4056698/pdf/abd-89-03-0414.pdf

6. Gould L, Abadir P, Brem H, Carter M, Conner-Kerr T, Davidson J, et al. Chronic

wound repair and healing in older adults: current status and future research. Wound

Repair Regen [internet]. 2015 [cited 26 Nov 2015];23(1):1-13. Available from:

http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/wrr.12245/epdf

7. Malaquias SG, Bachion MM, Sant’Ana SMSC, Dallarmi CCB, Lino Junior RS,

Ferreira OS. People with vascular ulcers in outpatient nursing care: a study of

sociodemographic and clinical variables. Rev Esc Enferm USP [internet]. 2012 [cited

26 Nov 2015];46(2):302-10. Available from:

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0080-

62342012000200006&lng=en&nrm=iso&tlng=en

8. Green J, Jester R, McKinley R, Pooler A. The impact of chronic venous leg ulcers:

a systematic review. J Wound Care [internet]. 2014 [cited 26 Nov 2015];23(12):601-

12. Avaliable from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25492276

9. González-Consuegra RG, Verdú J. Quality of life in people with venous leg ulcers:

an integrative review. J Advanc Nurs [internet]. 2011 [cited 26 Nov 2015]; 67(5):926-

44. Avaliable from: http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/j.1365-

2648.2010.05568.x/pdf

10. Wong IK, Andriessen A, Charles HE, Thompson D, Lee DT, So WK, Abel M.

Randomized controlled trial comparing treatment outcome of two compression

bandaging systems and standard care without compression in patients with venous

Page 80: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

80

leg ulcers. J Eur Acad Dermatol Venereol [internet] 2012 [cited 5 Apr

2016];26(1):102-10. Available from: http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/j.1468-

3083.2011.04327.x/epdf

11. Ashby RL, Gabe R, Ali S, Saramago P, Chuang L-H, Adderley U, et al. VenUS IV

(Venous leg Ulcer Study IV) – compression hosiery compared with compression

bandaging in the treatment of venous leg ulcers: a randomised controlled trial, mixed-

treatment comparison and decision-analytic model. Health Technol Assess

[Internet] 2014 [cited 28 Jun de 2015];18(57):1-293. Available from:

http://www.journalslibrary.nihr.ac.uk/hta/volume-18/issue-57#hometab0

12. Costa IKF, Salvetti MG, Souza AJG, Dias TYAF, Dantas DV, Torres GV.

Assistance protocol to people with venous ulcers: a methodological study. Online

braz j nurs (Online) [internet]. 2015 [cited 26 Nov 2015];14(1):05-15. Available from:

http://www.objnursing.uff.br/index.php/nursing/article/view/4692/pdf_358

13. Ciconelli RM, Ferraz MB, Santos W, Meinão I, Quaresma MR. Tradução para

lingua portuguesa e validação do questionario genérico de avaliação de qualidade

de vida SF-36 (Brasil SF-36). Rev Bras Reumatol [internet]. 1999 [cited 26 nov

2015];39(3):143-50. Disponivel em:

http://www.ufjf.br/renato_nunes/files/2014/03/Valida%C3%A7%C3%A3o-do-

Question%C3%A1rio-de-qualidade-de-Vida-SF-36.pdf

14. Resolução 466, de 12 de dezembro de 2012 (BR). Dispoe sobre diretrizes e

normas regulamentadoras sobre pesquisa envolvendo seres humanos. 2012.

[acesso em: 26 nov 2015]. Disponível em:

http://www.sap.sp.gov.br/download_files/pdf_files/comite_de_etica_em_pesquisa_S

AP/resolucao-466_12-12.pdf

15.Silva, D. C., Budó, M. D. L. D., Schimith, M. D., Ecco, L., Costa, I. K. F., & de

Vasconcelos Torres, G. (2015). Experiências construídas no processo de viver com

a úlcera venosa. Cogitare Enfermagem, 20(1). Disponível em :

http://revistas.ufpr.br/cogitare/article/viewFile/37784/24829

16. Maddox D. Effects of venous leg ulceration on patients’ quality of life. Nurs

Standard. [internet]. 2012 [cited 26 Nov 2015];26(38):42-9. Available from:

http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22787970

17. Jokinen NS. Quality of life and older aged adults. Int Public Health J [internet].

2014 [cited 26 Nov 2015];6(4):371-385. Disponível em:

http://search.proquest.com/openview/73a011db06d6437d038134d0caf892cd/1?pq-

Page 81: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

81

origsite=gscholar

18. Salomé GM. Processo de viver do portador de ferida crônica: atividades,

recreativas, sexuais, vida social e familiar. Revista eletronica enferm [internet]. 2010

[acesso em: 26 nov 2015];7(46):300-304. Disponível em:

http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=84215678004

19. Edwards H, Finlayson K, Skerman H, Alexander K, Miaskowski C, Aouizerat B et

al. Identification of symptom clusters in patients with chronic venous leg ulcer.

Journal of pain and symptom management [internet]. 2014 [cited 04 Apr

2016];47(5):867-75. Available from: http://www.jpsmjournal.com/article/S0885-

3924(13)00388-6/pdf

20. Green J, Jester R. Health-related quality of life and chronic venous leg ulceration:

part 2. Br J Community Nurs [internet]. 2010 [cited 26 Nov 2015];15(3):S4-10.

Available from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20220639

21. Finlayson K, Edwards H, Courtney M. Factors associated with recurrence of

venous leg ulcers: a survey and retrospective chart review. Int J Nurs Stud [internet].

2009 [cited 26 Nov 2015];24(10):289–92. Available from: http://ac.els-

cdn.com/S002074890800357X/1-s2.0-S002074890800357X-

main.pdf?_tid=ca0c9f22-fc24-11e5-aeb9-

00000aacb35d&acdnat=1459967244_cfe27b5b821f5175463411780f25f5a7

22. Hopman WM, Buchanan M, Van Derkerkhof EG, Harrison MB. Pain and health

related quality of life in people with chronic leg ulcers. Chronic Dis Inj Can [internet].

2013 [cited 26 Nov 2015];33(3):167-74. Available from: http://www.phac-

aspc.gc.ca/publicat/hpcdp-pspmc/33-

3/assets/pdf/CDIC_MCC_Vol33_3_7_Hopman_E.pdf

23. Roaldsen KS, Biguet G, Elfving B. Physical activity in patients with venous leg

ulcer – between engagement and avoidance. A patient perspective. Clin Rehabil

[internet]. 2011 [cited 26 nov 2015];25:275–86. Available from:

http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3122380/pdf/10.1177_0269215510371

424.pdf

24. Nogueira GS, Zanin CR, Miyazaki MCOS, Godoy JMP. Quality of life of patients

with chronic venous ulcers and socio-demographic factors. Wounds [internet]. 2012

[cited 26 Nov 2015];24(10):289-92. Available from:

http://www.woundsresearch.com/article/quality-life-patients-chronic-venous-ulcers-

and-socio-demographic-factors

Page 82: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

82

25. Tew GA, Michaels J, Crank H, Middleton G, Gumber A, Klonizakis M. Supervised

exercise training as an adjunctive therapy for venous leg ulcers: study protocol for a

randomised controlled trial. Trials [internet]. 2015 [cited 05 Apr 2016];16:443.

Available from: http://trialsjournal.biomedcentral.com/articles/10.1186/s13063-015-

0963-z

26. Silva DC, Durgante VL, Rizzatti SJS, Santos VC, Budó MLD, Farão EMD.

Cuidado de enfermagem aos usuários com úlceras venosas. Revista Contexto &

Saúde. [Internet] 2011;10(20) [acesso em 28 ago 2014]. Disponível:

https://www.revistas.unijui.edu.br/index. php/contextoesaude/article/view/1679/1392

27. O´Brien JA, Finlayson KJ, Kerr G, Edwards HE. Testing the effectiveness of a

self-efficacy based exercise intervention for adults with venous leg ulcers: protocol of

a randomised controlled trial. BMC Dermatology [internet]. 2014 [cited 05 Apr

2016];14:16, Available from:

http://bmcdermatol.biomedcentral.com/articles/10.1186/1471-5945-14-16

Page 83: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

83

6 COMENTÁRIOS, CRÍTICAS E CONCLUSÕES

O relatório desta pesquisa “Associação dos aspectos sociodemográficos,

clínicos e assistenciais na qualidade de vida das pessoas com úlcera venosa

na atenção primária” foi desenvolvido como continuação do projeto de pesquisa

vinculado e financiado pelo Programa Nacional de Pós-Doutorado UFRN/CAPES

“Validação de instrumento para avaliação clínica e qualidade de vida em

pacientes com úlceras venosas” desenvolvido no Grupo de Pesquisa Incubadora

de Procedimentos de Enfermagem, iniciado em 2011.

A motivação para pesquisar a temática da qualidade de vida em pessoas com

UV surgiu da vivência nos últimos 12 anos enquanto enfermeira da Unidade Saúde

da Família de Igapó situada no Distrito Norte I do Município de Natal/RN.

A partir da experiência na atenção primária observa-se que o cuidado

oferecido as pessoas com úlceras venosas nas unidades de saúde no município de

Natal, que não condiziam com a assistência adequada e preconizada a essas

pessoas e que não existe um protocolo para o tratamento de UV.

Em relação a limitação deste estudo podem ser destacada o corte transversal.

Para pesquisas futuras, sugere-se recorte longitudinal e estudos de maiores

evidências científicas como de intervenção para melhoria da QV ao longo do tempo.

A doutoranda está inserida no grupo de pesquisa “Incubadora de

Procedimentos de Enfermagem” na UFRN e atua como enfermeira, na Unidade

Saúde da Família de Igapó, e preceptora dos alunos do Estágio Supervisionado I do

Curso de Graduação em Enfermagem /UFRN.

A realização do estudo proporcionou o desenvolvimento de competências e

habilidades no que diz respeito a temática da qualidade de vida de pessoas com UV

e, de modo geral, no que concerne ao processo de elaboração e desenvolvimento

de pesquisas científicas, oportunizando o aprimoramento do conhecimento, em suas

dimensões teórica e prática, através de leituras, participação em eventos, publicação

de artigos científicos e aprimoramento da assistência a pessoas com feridas, em

especial as úlceras venosas.

Essa pesquisa foi muito gratificante, pois proporcionou a pesquisadora o

crescimento intelectual no tema, já que houve a oportunidade de aprimorar o

conhecimento no contexto local e buscar o que existe de novo em produtos e

Page 84: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

84

pesquisas, através de leituras e participação em eventos e produção de artigos

científicos.

Conclui-se neste estudo, quanto aos aspectos sociodemográficos, o predomínio de

mulheres idosas, com companheiro, baixa escolaridade e renda família. Quanto a

saúde destacou-se a presença de DM e HAS, e os aspectos clínicos com tempo de

UV maior que um ano, recidivas e presença de dor mais frequente nos idosos.

Em relação à assistência, observou-se mais entre os idosos, um longo tempo

de tratamento, ausência de terapia compressiva, não utilização de materiais

adequados, pessoas sem treinamento para a realização dos curativos, falta de

orientações sobre exercícios e terapia compressiva, ausência de referência e contra

referência, de consultas com o angiologista e realização de doppler vascular.

Diante do perfil encontrado, pontua-se a necessidade de cuidado integral às

pessoas com UV em todos os seus aspectos, especialmente aos idosos,

contemplando a prevenção, promoção e recuperação da saúde em todos os níveis

de complexidade da assistência, em conformidade aos princípios e diretrizes do

Sistema Único de Saúde.

A equipe multiprofissional, em especial os profissionais de enfermagem,

precisam promover um cuidado integral, a fim de reduzir as diferenças

sóciodemográficas dos indivíduos em relação à saúde, com destaque para a

capacitação deste profissional e a conduta de orientações aos usuários e seus

familiares e cuidadores.

Ao analisar a associação de fatores, verificou-se que faixa etária, dor, sono,

tempo de lesão e de tratamento, uso de sistema de referência e contrarreferência e

orientações para exercícios e terapia compressivas foram as variáveis que se

destacaram como influenciadoras da QV na população estudada. Juntas, as

variáveis também demonstraram influenciar o constructo, sobretudo o sono,

presença e intensidade da dor e orientação para exercícios físicos.

Diante dos resultados conclui-se que a qualidade de vida de pessoas com UV

está associada aos aspectos sociodemográficos, saúde, clínicos e assistenciais,

refutando a hipótese nula e aceitando a hipótese alternativa.

A associação verificada denota a importância de buscar informações a

respeito da influência da multiplicidade de fatores e condições que pioram a

qualidade de vida das pessoas com úlcera venosa, na perspectiva de contribuir com

Page 85: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

85

a melhora da qualidade de vida destas pessoas no que se refere aos domínios

estudados.

Na perspectiva da busca de um cuidado mais humanizado e de conhecer

estes aspectos para uma assistência integral, sugerem-se pesquisas multicêntricas

e longitudinais para se obter melhores evidências que permitam identificar as

demandas das pessoas com lesão venosa, tornando sua assistência multidisciplinar,

integral e resolutiva, que favoreça a melhora da qualidade de vida.

É importante reconhecer que há uma linha do cuidado operando internamente

na Atenção Primária, e que ganha relevância se considerarmos que a maior parte

dos problemas de saúde das pessoas pode ser resolvida neste nível de assistência.

Todavia, faz-se necessária ampliar a produção de evidências científicas que

subsidiem a elaboração e a adoção de protocolos no manejo clínico de úlceras

venosas.

Os protocolos multiprofissionais permitem a sistematização da assistência às

pessoas com UV, de maneira a padronizar as intervenções terapêuticas e garantir a

continuidade do acompanhamento nos diversos níveis de atenção à saúde que

possibilite a diminuição do tempo de cicatrização e a melhora da qualidade de vida.

Page 86: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

86

REFERÊNCIAS

1. Maffei FHA. Insuficiência venosa crônica: conceito, prevalência etiopagênia e

fisiopatologia. In: Maffei FHA, Lastódia S, Yoshida WB, Rollo HA. Doenças

vasculares periféricas. 3. ed. v. 2. Rio de janeiro: Medsi, 2002. p. 1581-1590.

2. Brasil. Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de

Vigilância Epidemiológica. Manual de condutas para tratamento de úlceras em

hanseníase e diabetes. 2. ed. Brasília: Ministério da Saúde; 2008.

3. Sant'ana SMSC, Bachion MM, Santos QR, Nunes CAB, Malaquias SG, Oliveira

BGRP. Úlceras venosas: caracterização clínica e tratamento em usuários atendidos

em rede ambulatorial. Rev. bras. enferm. 2012; 65(4): 637-44.

4. Silva FAA, Moreira TMM. Características sociodemográficas e clínicas de clientes

com úlcera venosa de perna. Rev. enferm. UERJ. 2011; 19(3): 468-72.

5. Frade MAC , Cursi IB, Andrade FF, Soares SC, RibeiroWS, Santos, SV, Foss NT

et al. Úlcera de perna: um estudo de casos em Juiz de Fora-MG (Brasil) e região.

An Bras Dermatol. 2005; 80(1): 41-6.

6. Fernandes LF, Pimenta FC, Fernandes FF. Isolamento e perfil de suscetibilidade

de bactérias de pé diabético e úlceras de estase venosa de pacientes admitidos no

pronto-socorro do principal hospital universitário do estado de Goiás, Brasil. J Vasc

Bras. 2007; 6(3): 211-17.

7. Martins GA. Sobre confiabilidade e validade. RBGN. 2006; 8(20): 1-12.

8. CONFERENCIA NACIONAL DE CONSENSO SOBRE ÚLCERAS DE LA

EXTREMIDAD INFERIOR (CONUEI). España: EdikaMed S. L.; 2009. [acesso em:

17 out. 2012]. Disponível em: http://www.gneaupp.es/app/portada

Page 87: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

87

9. Evangelista DG, Magalhães ERM, Moretão, DIC, Stival MM, Lima LR, Impacto das

feridas crônicas na qualidade de vida de usuários da estratégia de saúde da famìlia.

R. Enferm. Cent. O. Min. 2012; 2(2): 254-63.

10. Brasil. Secretaria de Políticas de Saúde. Departamento de Atenção Básica.

Manual de condutas para úlceras neurotróficas e traumáticas. Brasília: Ministério da

Saúde, 2002.

11. Deodato OON. Avaliação da assistência aos portadores de úlceras venosas

atendidos no ambulatório de um hospital universitário em Natal/RN [Dissertação].

Natal: Universidade Federal do Rio Grande do Norte; 2007.

12. Nóbrega WG. Qualidade de vida dos portadores de úlcera venosa atendidos no

ambulatório de um hospital universitário em Natal/RN [Dissertação]. Natal:

Universidade Federal do Rio Grande do Norte; 2009.

13. Torres GV, Costa IKF, Dantas DV, Farias TYA, Nunes JP, Deodato OON, et al.

Elderly people with venous ulcers treated in primary and tertiary levels:

sociodemographics characterization, of health and assistance. Rev Enferm UFPE On

Line. 2009; 3(4): 222-30.

14. Castillo PD, Sagues CR, Urrea RC, Bardisa MJ López AS. Colgajo sural en

úlceras venosas crónicas de piernas. Rev. Chil Cir. 2004; 56(5): 475-80.

15. Lopes AR, Aravites LB, Lopes MR. Úlcera venosa. Porto Alegre: Acta médica;

2005.

16. Nunes JP, Vieira D, Nóbrega WG, Farias TYA, Torres GV. Venous ulcers in

patients treated at family health units in Natal, Brazil: prevalence and

sociodemographic and health characterization. FIEP Bull. 2008;78(1):338-41.

17. Costa LM, Higino WJF, Leal FJL, Couto RC. Perfil clínico e sociodemográfico dos

portadores de doença venosa crônica atendidos em centros de saúde de Maceió

(AL). J. vasc. bras. 2012; 11(2): 108-13 .

Page 88: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

88

18. Dantas DV. Assistência aos portadores de úlceras venosas: proposta de

protocolo [Dissertação]. Natal: Universidade Federal do Rio Grande do Norte; 2010.

19. Sampaio FAA. Caracterização do estado de saúde referente á integridade

tissular e perfusão tissular em pacientes com úlceras venosas segundo a NOC

[Dissertação]. Fortaleza: Universidade Federal do Ceará; 2007.

20. Silva KL, Sena RR. Integralidade do cuidado na saúde: indicações a partir da

formação do enfermeiro. Rev Esc Enferm USP. 2008; 42(1): 48-56.

21. Kluthcovsky ACGC, Takayanagui AMM. Qualidade de vida – aspectos

conceituais. Revista Salus-Guarapuava-PR. 2007; 1(1): 13-15.

22. Santos RFFN, Porfírio GJM, Pitta GBB. A diferença na qualidade de vida de

pacientes com doença venosa crônica leve e grave. J Vasc Bras. 2009; 8(2):143-7.

23. The Whoqol Group. The World Health Organization quality of life assessment

(WHOQOL): position paper from the World Health Organization. Soc Sci Med. 1995;

41: 1403-10.

24. Belo Horizonte. Secretaria Municipal de Políticas Sociais. Secretaria Municipal

de Saúde. Gerência de Assistência. Coordenação de Atenção a Saúde do Adulto e

do Idoso. Protocolo de prevenção em tratamento de feridas. Belo Horizonte:

Secretaria Municipal de Saúde; 2010.

25. Ribeirão Preto. Prefeitura Municipal. Secretaria Municipal da Saúde de Ribeirão

Preto. Programa de Educação Continuada da Secretaria Municipal da Saúde de

Ribeirão Preto. Manual de assistência integral as pessoas com feridas crônicas.

2011.

26. Nóbrega WG, Macedo EAB, Dantas DV, Costa IKF, Torres GV. Assessment of

the care provided to patients with lower limb vascular ulcers at a university hospital in

Natal, Brazil. The FIEP Bulletin. 2008; 78: 350-53.

Page 89: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

89

27. Silva MH, Jesus MCP, Merighi MAB, Oliveira DM, Santos SMR, Vicente EJD.

Manejo clínico de úlceras venosas na atenção primária à saúde. Acta paul. enferm.

2012; 25 (3): 329-33.

28. Torres GV, Silva AV, Farias EDB, Ferreira MOO, Viana MCO, Torres SMSGSO,

et al. Relatório Avaliação Clínica da Assistência aos portadores de úlceras

vasculares de membros inferiores no ambulatório do Hospital Universitário Onofre

Lopes em Natal/RN. Natal; Universidade Federal do Rio Grande do Norte; 2007.

29. Lal BK. Venous ulcers of the lower extremity: definition, epidemiology, and

economic and social burdens. Semin Vasc Surg. 2015;28(1):3-5. DOI:

10.1053/j.semvascsurg.2015.05.002

30. Kelechi TJ, Johnson JJ, Yates S. Chronic venous disease and venous leg ulcers:

an evidence-based update. J Vasc Nurs. 2015;33(2):36-46. DOI:

10.1016/j.jvn.2015.01.003

31. Whoqol Group. The world health organization quality of life assessment

(WOQOL): position paper from the world health organization. Soc Sci Med.

1995;11(1):1403-1409.

32. Evangelista DG, Magalhães ERM, Moretão DIC, Stival MM, Lima LR. Impact of

chronic wounds in the quality of life for users of family health strategy. Rev enferm

Cent-Oeste Min. 2012;2(2):254-263.

33. Luz BSR, Atzigen DANCV, Filho MM, Araújo CS, Mendonça ARA, Medeiros ML.

Evaluating the effectiveness of the customized Unna boot when treating patients with

venous ulcers. An Bras Dermatol. 2013;88(1):41-9. DOI: 10.1590/S0365-

05962013000100004

Page 90: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

90

34. Saraiva DMRF, Bandarra AJF, Agostinho ES, Pereira NMM, Lopes TS. Quality of

life of service users with chronic venous ulcers. Referência. 2013;3(10):109-

118. DOI: 10.12707/RIII1241

35. Costa IKF, Salvetti MG, Souza AJG, Dias TYAF, Dantas DV, Torres GV.

Assistance protocol to people with venous ulcers: a methodological study. Online

braz j nurs. 2015;14(1):05-15. DOI: 10.5935/1676-4285.20154692

36. Salvetti MDG, Costa IKF, Dantas DV, Freitas CCSD, Vasconcelos QLDDA,

Torres GVT. Prevalence of pain and associated factors in venous ulcer patients. Rev

dor. 2014;15(1):17-20. DOI: 10.5935/1806-0013.20140005

37. Finlayson K, Edwards H, Courtney M. The impact of psychosocial factors on

adherence to compression therapy to prevent recurrence of venous leg ulcers. J Clin

Nurs. 2010;19(9-10):1289-1297. DOI: 10.1111/j.1365-2702.2009.03151.x

38. Heinen MM, Evers AW, Van Uden CJ, Van der Vleuten CJ, van de Kerkhof PC,

Van Achterberg T. Sedentary patients with venous or mixed leg ulcers: determinants

of physical activity. J Adv Nurs. 2007;60(1):50-57. DOI: 10.1111/j.1365-

2648.2007.04376.x

39. Salomé GM, Blanes L, Ferreira LM. The impact of skin grafting on the quality of

life and self-esteem of patients with venous leg ulcers. World J Surg. 2014;38(1):233-

240. DOI: 10.1007/s00268-013-2228-x

40. Araújo RO, Silva DC, Souto RQ, Pergola-Marconato AM, Costa IKF, Torres GV.

Impact of varicose ulcers on the quality of life of persons receiving primary care.

Aquichan. 2016;16(1):56-66. DOI: 10.5294/aqui.2016.16.1.7

41. Sørensen LT, Jørgensen S, Petersen LJ, Hemmingsen U, Bülow J, Loft S et al.

Acute effects of nicotine and smoking on blood flow, tissue oxygen, and aerobe

metabolism of the skin and subcutis. J Surg Res. 2009;152(2):224-230. DOI:

10.1016/j.jss.2008.02.066

Page 91: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

91

42. Edwards H, Finlayson K, Skerman H, Alexander K, Miaskowski C, Aouizerat B et

al. Identification of symptom clusters in patients with chronic venous leg ulcers. J

Pain Symptom Manage. 2014;47(5):867-875. DOI:

10.1016/j.jpainsymman.2013.06.003

43. Gonçalves ML, Gouveia SVL, Pimenta CM, Suzuki E, Komegae KM. Pain in

chronic leg ulcers. J Wound Ostomy Continence Nurs. 2004;31(5):275-283.

44. Oliveira PF, Tatagiba BS, Martins MA, Tipple AF, Pereira LV. Assessment of pain

during leg ulcers' dressing change. Texto & contexto enferm. 2012;21(4):862-869.

DOI: 10.1590/S0104-07072012000400017

45. Hopman WM, Buchanan M, VanDerkerkhof EG, Harrison MB. Pain and health

related quality of life in people with chronic leg ulcers. Chronic Dis Inj Can.

2013;33(3):167-174.

46. Salvetti MG, Pimenta CAM, Braga PE, Corrêa CF. Disability related to chronic

low back pain: prevalence and associated factors. Rev Esc Enferm USP. 2012;

46(esp):16-23. DOI: 10.1590/S0080-62342012000700003

47. Woo KY, Sibbald RG. The improvement of wound-associated pain and healing

trajectory with a comprehensive foot and leg ulcer care model. J Wound Continence

Nurs. 2009;36(2):184-191. DOI: 10.1097/01.WON.0000347660.87346.ed

48. Araújo RO. Autoeficácia e qualidade de vida de pessoas com úlcera venosa

[dissertation]. Natal: Nursing Department, Federal University of Rio Grande do Norte;

2014.

49. Torres SMSGSO, Monteiro VGN, Salvetti MG, Melo GSM, Torres GV, Maia EMC.

Sociodemographic, clinic and health characterization of people with venous ulcers

attended at the family health strategy. Rev pesqui cuid fundam. 2014;6(supl.):50-59.

DOI: 10.9789/2175-5361.2014.v6i5.50-59

Page 92: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

92

50. Azoubel R. Efetividade da terapia física descongestiva na cicatrização de úlceras

venosas [thesis]. Natal: Health Sciences Center, Federal University of Rio Grande do

Norte; 2014.

51. Silva DC, Budó MDLD, Schimith MD, Heisler EV, Simon BS, Torres GVT. Use of

medicinal plants by people with venous ulcer in outpatient treatment. Rev pesqui cuid

fundam (Online). 2015;7(3):2895-2997. DOI: 10.9789/2175-5361.2015.v7i3.2985-

2997

52. Costa IKF, Nóbrega WG, Costa IKF, Torres GV, Lira ALBC, Tourinho FSV et al.

People with venous ulcers: a study of the psychosocial aspects of the adaptive model

of Roy. Rev gauch enferm. 2011; 32(3):561-568. DOI: 10.1590/S1983-

14472011000300018.

53. Silva FAA, Moreira TMM. Sociodemografic and clinical characteristics of

customers with venous leg ulcer. Rev enferm UERJ. 2011;19(3):468-72.

54. Torres GVT, Costa IKF, Silva RKSM, Oliveira AKA, Souza AJG, Mendes FRP.

The characterization of persons with venous ulcer in Brazil and Portugal: comparitive

study. Enferm Glob. 2013;12(32):62-74.

55. Sant’Ana SMSC, Bachion MM, Santos QR, Nunes CAB, Malaquias SG, Oliveira

BGRB. Venous ulcers: clinical characterization and treatment in users treated in

outpatient facilities. Rev Bras Enferm. 2012;65(4):637-644. DOI: 10.1590/S0034-

71672012000400013

56. Brito CKD, Nottingham IC, Victor JF, Feitoza SMS, Silva MG, Amaral HEG.

Venous ulcer: clinical assessment, guidelines and dressing care. Rev RENE.

2013;14(3):470-480.

57. Oliveira SB, Soares DA, Pires PS. Prevalence of venous ulcers and associated

factors among adults of a health center in Vitória da Conquista – BA. Rev pesqui cuid

fundam. 2015;7(3):2659-2669. DOI: 10.9789/2175-5361.2015.v7i3.2659-2669

Page 93: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

93

58. Sellmer D, Carvalho CMG, Carvalho DR, Malucelli A. Expert system to support

the decision in topical therapy for venous ulcers. Rev gaucha enferm.

2013;34(2):154-162. DOI: 10.1590/S1983-14472013000200020

59. Costa IKF, Salvetti MG, Souza AJG, Dias TYAF, Dantas DV, Torres GV.

Assistance protocol to people with venous ulcers: a methodological study. Online

braz j nurs. 2015;14(1):05-15. DOI: 10.5935/1676-4285.20154692.

60. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria GM/MS n. 4.279, de 30 de

Dezembro de 2010. Estabelece diretrizes para a organização da Rede de

Atenção à Saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Brasília:

Ministério da Saúde, 2010. Disponível em: <

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_nlinks&ref=000084&pid=S010

4-1290201100040000500003&lng=en l> Acessado em: 18 outubro 2016.

61. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria nº 483, de 1º de Abril de 2014. Redefine a

Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças Crônicas no âmbito do

Sistema Único de Saúde (SUS) e estabelece diretrizes para a organização das suas

linhas de cuidado. Diário Oficial da União. Brasília: Gabinete do Ministro, 2014.

Seção 1, p. 50-52. Disponível em: <

http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2014/prt0483_01_04_2014.html>

Acessado em: 18 outubro 2016.

62. Natal. Secretaria Municipal de Saúde. Unidades Municipais de Saúde.

http://www.natal.rn.gov.br/sms/paginas/ctd-180.html

Page 94: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

94

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Caro(a) usuário(a),

O objetivo deste é solicitar sua autorização para participar voluntariamente do

projeto de pesquisa intitulado “Avaliação de protocolo de assistência clínica,

adesão ao tratamento e qualidade de vida das pessoas com úlcera venosa na

atenção primária”.

Justificativa e objetivos da pesquisa: Trata-se de uma pesquisa relevante, que

tem nesta etapa o objetivo de implementar e avaliar um protocolo de assistência já

validado na atenção primária de Natal/RN.

Este projeto justifica-se por trazer benefícios diretos aos usuários do serviço

atendidos em nível primário de Natal, com melhoria da assistência, possível

cicatrização de suas lesões e melhoria de sua qualidade de vida.

Desconfortos e riscos: Os riscos associados à participação neste estudo são

associados aos desconfortos e riscos psicológicos, uma vez que sua participação

Apêndice A

Page 95: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

95

será respondendo o instrumento de coleta de dados e não serão realizados

procedimentos invasivos.

Sendo assim, para minimizar qualquer desconforto e risco, a entrevista será

realizada em local reservado, de modo que você sinta-se tranquilo e que seja

respeitada sua privacidade. Você poderá deixar de responder qualquer questão que

possa lhe trazer incômodo e você poderá ser remanejado para o grupo controle (que

serão acompanhados com os instrumentos tradicionais do serviço) ou grupo de

intervenção (acompanhados com o protocolo), caso solicite.

Benefícios: Os benefícios em participar deste estudo são decorrentes de uma

assistência sistematizada e de melhor qualidade contribuindo para a cicatrização da

sua lesão e consequente melhoria de sua qualidade de vida. Outrossim, aos

participante do grupo controle fica assegurado o direito aos benefícios que poderão

advir para o grupo de intervenção.

Participação voluntária: Sua participação neste estudo é totalmente voluntária,

podendo recusar-se a responder qualquer pergunta, fazer parte do mesmo ou

interromper se julgar conveniente, sem prejuízo para o andamento do trabalho de

pesquisa.

Confidencialidade do estudo: Os registros da sua participação neste estudo serão

mantidos em sigilo. Nós guardaremos os registros de cada pessoa, e somente o

pesquisador responsável e colaboradores terão acesso a estas informações. Se

qualquer relatório ou publicação resultar deste trabalho sua identificação não será

revelada.

Forma de acompanhamento: Durante e após o término da pesquisa você receberá

toda assistência e acompanhamento por parte da equipe responsável pela pesquisa,

podendo entrar em contato com a Professora Dra. Isabelle Katherinne Fernandes

Costa através do telefone (84) 3215-3839 no Departamento de Enfermagem da

UFRN, localizado no Campus universitário, Lagoa Nova. Se algum dano ocorrer,

decorrente da pesquisa, toda assistência lhe será assegurada pelo pesquisador e

pela instituição.

Ressarcimento de despesas: Se você tiver algum dano proveniente da

participação nesta pesquisa, você será indenizado. Em caso de algum gasto,

comprovadamente nesta pesquisa, você será ressarcido.

Comitê de Ética: Este projeto foi avaliado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte localizado na Praça do Campus

Page 96: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

96

Universitário, Lagoa Nova. Caixa Postal 1666, CEP 59072-970 Natal/RN

Telefone/Fax (84)215-3135

CONSENTIMENTO PARA PARTICIPAÇÃO

Eu fui devidamente esclarecido quanto aos objetivos da pesquisa, aos

procedimentos aos quais serei submetido e os possíveis riscos envolvidos. Estou de

acordo em participar voluntariamente no estudo, sendo que minha participação não

implicará em custos ou prejuízos, sejam esses custos ou prejuízos de caráter

econômico, social, psicológico ou moral, sendo garantido o anonimato e o sigilo dos

dados referentes à minha identificação.

O pesquisador responsável me garantiu disponibilizar qualquer esclarecido

adicional que eu venha a solicitar durante o curso da pesquisa e o direito de desistir

da participação em qualquer momento, sem que a minha desistência implique em

qualquer prejuízo a minha pessoa ou minha família.

_____________________________________________________

Assinatura do participante

Compromisso do investigador:

Eu discuti as questões acima com o (a) participante do presente estudo ou

com seus responsáveis legais. É minha convicção que o (a) participante entende os

riscos, benefícios e obrigações relacionados com este projeto.

________________________________________

Professora Dra. Eulália Maria Chaves Maia

Data: _____ / _____ / ______

Page 97: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

97

Anexo A

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

ROTEIRO DE ENTREVISTA E MEDIDAS BIOFISIOLÓGICAS DOS USUÁRIOS

Nº __________ Data:___ /___ /____

1. DADOS SOCIODEMOGRÁFICOS E DE SAÚDE

1.1 Iniciais:

1.2 Procedência: 1. Natal (distrito):

1.1 norte I 1.2. norte II 1.3 sul 1.4 leste

1.5 oeste 2. Município:

1.3 Sexo: 1. M 2. F

1.4 Idade: anos

1.5 Estado civil: 1. Solteiro 2. Casado/União

estável 4.Viúvo 5.

Divorciado/Desquitado

1.6 Escolaridade: 1.Não alfabetizado 2. Alfabetizado 3. Ens.

Fundamental (I C )

4. Ens. Médio (I C ) 5. Ens. Superior (I C )

1.7 Profissão/Ocupação: ( ) Sim ( ) Não Qual:

1.8 Renda per capita: _______ Número de pessoas na casa:

______

1.9 Doenças crônicas associadas: ( ) Presente ( ) Ausente

Qual?

1.10 Sono: Quantas horas por dia? ________

1.11 Etilismo: ( ) Presente ( ) Ausente Tabagismo: ( )Presente (

)Ausente

Page 98: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

98

3. ASPECTOS CLÍNICOS DA UV

3.1 Quantas vezes a Úlcera fechou e abriu novamente:

Número de vezes: _______

2. ASSISTÊNCIA À SAÚDE / SUS

2.1 – Adequação dos produtos/ materiais usados no curativo:

- ( )Produtos de limpeza ( ) Epitelizante ( ) Desbridante

- ( ) Adequado ( ) Inadequado

2.2 – Quem realiza o curativo fora do ambulatório?

______________________

( ) Profissional/cuidador sem treinamento ( ) profissional/cuidador

treinado

2.3 – Faz uso de terapia compressiva (meia/faixa elástica, bota de

unna)?

Qual? ____________________ ( ) Ausente ( ) Presente

2.4 – A quanto tempo está tratando a UV? _______________(tempo

em meses)

2.5 – Local de tratamento nos últimos 30 dias?

( ) domicílio ( ) UBS ( ) USF ( )HUOL ( ) Hospital Municipal

2.6 – Orientação para uso:

Terapias compressiva: ( ) Ausente ( ) Presente

Elevação de MMII: ( ) Ausente ( ) Presente

Exercícios regulares: ( ) Ausente ( ) Presente

2.7 – Exames laboratoriais e específicos

Sangue: ( ) Ausente ( ) Presente

Urina: ( ) Ausente ( ) Presente

Doppler: ( ) Ausente ( ) Presente

2.8 – Número de consultas com o angiologista no último ano?

_____________

2.9 – Referência e contra-referência:

( ) Ausente ( ) Presente

2.10 – Documentação dos achados clínicos:

( ) sem registro no prontuário ( ) com registro no prontuário

Page 99: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

99

3.2 Quanto tempo de Úlcera(s) atual(is):

Tempo em meses: _________

3.3 Condições do leito/Porcentagen envolvidas:

1. Granulação % 2. Epitelização %

3.presença de tecido fibrinótico %

4. Necrose seca/isquêmica % 5.Necrose

úmida/liquefativa %

3.4 Característica do exsudato:

1.Tipo:1 Seroso 2 Serossanguinolento 3

Sanguinolento 4 Purulento 5

Purussanguinolento

2 Quantidade:1 Pequena (até 3 gazes) 2 Média ( >3 até 10 gazes)

3 Grande

(>10 gazes)

3.5 Odor: 1 Ausente 2 Discreto 3 Acentuado (fétido)

3.6 Perda tecidual provocado pela úlcera:

1. Grau I (Epiderme) 2. Grau II (Derme) 3.Grau III (Subcutâneo)

4. Grau IV (Músculo)

3.7 Tamanho da úlcera: Vertical cm x Horizontal

cm = área

3.8 Sinais de infecção: 1. Não 2. Sim, quais? 1. Odor e Secreção

purulenta

2. Dor 3 Febre 4 Hiperemia

Outros:______________

3.9 Se a úlcera apresenta sinais de infecção, colhido

swab/biópsia:

( ) Presente ( ) Ausente

3.10 Presença de dor: 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

(EAV)

( ) ausente ( ) presente

Page 100: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

100

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

VERSÃO BRASILEIRA DO QUESTIONÁRIO DE QUALIDADE DE VIDA SF36

CICONELLI, R.M. et al. Tradução para língua portuguesa e validação do

questionário genérico de avaliação de qualidade de vida SF-36 (Brasil SF-36). Rev

Bras Reumatol., v. 39, p.143-50, 1999.

1- Em geral você diria que sua saúde é:

Excelente Muito Boa Boa Ruim Muito Ruim

1 2 3 4 5

2- Comparada há um ano atrás, como você se classificaria saúde em geral,

agora?

Muito Melhor Um Pouco Melhor Quase a

Mesma

Um Pouco Pior Muito Pior

1 2 3 4 5

3- Os seguintes itens são sobre atividades que você poderia fazer atualmente

durante um dia comum. Devido à sua saúde, você teria dificuldade para fazer

estas atividades? Neste caso, quando?

Atividades

Sim,

dificulta

muito

Sim,

dificulta

um pouco

Não, não

dificulta

de modo

algum

a) Atividades Rigorosas, que 1 2 3

Anexo B

Page 101: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

101

exigem muito esforço, tais como

correr, levantar objetos

pesados, participar em esportes

árduos.

b) Atividades moderadas, tais

como mover uma mesa, passar

aspirador de pó, jogar bola,

varrer a casa.

1 2 3

c) Levantar ou carregar

mantimentos

1 2 3

d) Subir vários lances de

escada

1 2 3

e) Subir um lance de escada 1 2 3

f) Curvar-se, ajoelhar-se ou

dobrar-se

1 2 3

g) Andar mais de 1 quilômetro 1 2 3

h) Andar vários quarteirões 1 2 3

i) Andar um quarteirão 1 2 3

j) Tomar banho ou vestir-se 1 2 3

4- Durante as últimas 4 semanas, você teve algum dos seguintes problemas

com seu trabalho ou com alguma atividade regular, como conseqüência de

sua saúde física?

Sim Não

a) Você diminui a quantidade de tempo que se dedicava

ao seu trabalho ou a outras atividades?

1 2

b) Realizou menos tarefas do que você gostaria? 1 2

c) Esteve limitado no seu tipo de trabalho ou a outras

atividades.

1 2

Page 102: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

102

d) Teve dificuldade de fazer seu trabalho ou outras

atividades (p. ex. necessitou de um esforço extra).

1 2

5- Durante as últimas 4 semanas, você teve algum dos seguintes problemas

com seu trabalho ou outra atividade regular diária, como conseqüência de

algum problema emocional (como se sentir deprimido ou ansioso)?

Sim Não

a) Você diminui a quantidade de tempo que se dedicava

ao seu trabalho ou a outras atividades?

1 2

b) Realizou menos tarefas do que você gostaria? 1 2

c) Não realizou ou fez qualquer das atividades com tanto

cuidado como geralmente faz.

1 2

6- Durante as últimas 4 semanas, de que maneira sua saúde física ou

problemas emocionais interferiram nas suas atividades sociais normais, em

relação à família, amigos ou em grupo?

De forma

nenhuma

Ligeiramente Moderadamente Bastante Grave Muito grave

1 2 3 4 5 6

7- Quanta dor no corpo você teve durante as últimas 4 semanas?

Nenhuma Muito

leve

Leve Moderada Grave Muito

grave

1 2 3 4 5 6

Page 103: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

103

8- Durante as últimas 4 semanas, quanto a dor interferiu com seu trabalho

normal (incluindo o trabalho dentro de casa)?

De maneira

alguma

Um pouco Moderadamente Bastante Extremamente

1 2 3 4 5

9- Estas questões são sobre como você se sente e como tudo tem

acontecido com você durante as últimas 4 semanas. Para cada questão, por

favor dê uma resposta que mais se aproxime de maneira como você se

sente, em relação às últimas 4 semanas.

Todo

Temp

o

A

maior

parte

do

tempo

Uma

boa

parte

do

tempo

Algu

ma

parte

do

temp

o

Uma

pequen

a parte

do

tempo

Nunca

a) Quanto tempo

você tem se

sentindo cheio de

vigor, de vontade,

de força?

1 2 3 4 5 6

b) Quanto tempo

você tem se

sentido uma

pessoa muito

nervosa?

1 2 3 4 5 6

c) Quanto tempo

você tem se

sentido tão

1 2 3 4 5 6

Page 104: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

104

deprimido que

nada pode anima-

lo?

d) Quanto tempo

você tem se

sentido calmo e

tranqüilo?

1 2 3 4 5 6

e) Quanto tempo

você tem se

sentido com muita

energia?

1 2 3 4 5 6

f) Quanto tempo

você tem se

sentido

desanimado ou

abatido?

1 2 3 4 5 6

g) Quanto tempo

você tem se

sentido esgotado?

1 2 3 4 5 6

h) Quanto tempo

você tem se

sentido uma

pessoa feliz?

1 2 3 4 5 6

i) Quanto tempo

você tem se

sentido cansado?

1 2 3 4 5 6

10- Durante as últimas 4 semanas, quanto de seu tempo a sua saúde física

ou problemas emocionais interferiram com as suas atividades sociais (como

visitar amigos, parentes, etc)?

Page 105: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

105

Todo

Tempo

A maior parte

do tempo

Alguma parte

do tempo

Uma

pequena

parte do

tempo

Nenhuma

parte do

tempo

1 2 3 4 5

11- O quanto verdadeiro ou falso é cada uma das afirmações para você?

Definitivamen

te verdadeiro

A maioria

das

vezes

verdadeir

o

Não

sei

A maioria

das vezes

falso

Definitiva-

mente falso

a) Eu costumo

obedecer um

pouco mais

facilmente que as

outras pessoas

1 2 3 4 5

b) Eu sou tão

saudável quanto

qualquer pessoa

que eu conheço

1 2 3 4 5

c) Eu acho que a

minha saúde vai

piorar

1 2 3 4 5

d) Minha saúde é

excelente 1 2 3 4 5

CÁLCULO DOS ESCORES DO QUESTIONÁRIO DE QUALIDADE DE VIDA

Fase 1: Ponderação dos dados

Page 106: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

106

Questão Pontuação

01 Se a resposta for

1

2

3

4

5

Pontuação

5,0

4,4

3,4

2,0

1,0

02 Manter o mesmo valor

03 Soma de todos os valores

04 Soma de todos os valores

05 Soma de todos os valores

06 Se a resposta for

1

2

3

4

5

Pontuação

5

4

3

2

1

07 Se a resposta for

1

2

3

4

5

6

Pontuação

6,0

5,4

4,2

3,1

2,2

1,0

Page 107: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

107

08 A resposta da questão 8 depende da nota da questão 7

Se 7 = 1 e se 8 = 1, o valor da questão é (6)

Se 7 = 2 à 6 e se 8 = 1, o valor da questão é (5)

Se 7 = 2 à 6 e se 8 = 2, o valor da questão é (4)

Se 7 = 2 à 6 e se 8 = 3, o valor da questão é (3)

Se 7 = 2 à 6 e se 8 = 4, o valor da questão é (2)

Se 7 = 2 à 6 e se 8 = 3, o valor da questão é (1)

Se a questão 7 não for respondida, o escorre da questão 8

passa a ser o seguinte:

Se a resposta for (1), a pontuação será (6)

Se a resposta for (2), a pontuação será (4,75)

Se a resposta for (3), a pontuação será (3,5)

Se a resposta for (4), a pontuação será (2,25)

Se a resposta for (5), a pontuação será (1,0)

09 Nesta questão, a pontuação para os itens a, d, e ,h, deverá

seguir a seguinte orientação:

Se a resposta for 1, o valor será (6)

Se a resposta for 2, o valor será (5)

Se a resposta for 3, o valor será (4)

Se a resposta for 4, o valor será (3)

Se a resposta for 5, o valor será (2)

Se a resposta for 6, o valor será (1)

Para os demais itens (b, c,f,g, i), o valor será mantido o mesmo

Vitalidade = a+e+g+i Saúde mental: b+c+d+f+h

10 Considerar o mesmo valor.

11 Nesta questão os itens deverão ser somados (valores normais),

porém os itens b e d deverão seguir a seguinte pontuação:

Se a resposta for 1, o valor será (5)

Se a resposta for 2, o valor será (4)

Se a resposta for 3, o valor será (3)

Se a resposta for 4, o valor será (2)

Se a resposta for 5, o valor será (1)

Page 108: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

108

Fase 2: Cálculo do Raw Scale (0 a 100)

Nesta fase você irá transformar o valor das questões anteriores em notas de

8 domínios que variam de 0 (zero) a 100 (cem), onde 0 = pior e 100 = melhor

para cada domínio. É chamado de raw scale porque o valor final não

apresenta nenhuma unidade de medida.

Domínio:

Capacidade funcional

Limitação por aspectos físicos

Dor

Estado geral de saúde

Vitalidade

Aspectos sociais

Aspectos emocionais

Saúde mental

Para isso você deverá aplicar a seguinte fórmula para o cálculo de cada

domínio:

Domínio:

Valor obtido nas questões correspondentes – Limite inferior x 100

Variação (Score Range)

Na fórmula, os valores de limite inferior e variação (Score Range) são fixos e

estão estipulados na tabela abaixo.

Domínio Pontuação das

questões

correspondidas

Limite

inferior

Variação

Page 109: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

109

Capacidade

funcional

03

(a+b+c+d+e+f+g+h+i+j)

10 20

Limitação por

aspectos físicos

04

(a+b+c+d)

4,8 4

Dor 07 + 08 2,12 10

Estado geral de

saúde

01 + 11 5,25 20

Vitalidade 09 (somente os itens a

+ e + g + i)

4,24 20

Aspectos sociais 06 + 10 2,10 8

Limitação por

aspectos

emocionais

05 (a+b+c) 3,6 3

Saúde mental 09 (somente os itens b

+ c + d + f + h)

5,30 25

Exemplos de cálculos:

Capacidade funcional: (ver tabela)

Domínio: Valor obtido nas questões correspondentes – limite inferior x 100

Variação (Score Range)

Capacidade funcional: 21 – 10 x 100 = 55

20

O valor para o domínio capacidade funcional é 55, em uma escala que

varia de 0 a 100, onde o zero é o pior estado e cem é o melhor.

Page 110: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

110

Dor (ver tabela)

- Verificar a pontuação obtida nas questões 07 e 08; por exemplo: 5,4 e 4,

portanto somando-se as duas, teremos: 9,4

- Aplicar fórmula:

Domínio: Valor obtido nas questões correspondentes – limite inferior x 100

Variação (Score Range)

Dor: 9,4 – 2 x 100 = 74

10

O valor obtido para o domínio dor é 74, numa escala que varia de 0 a

100, onde zero é o pior estado e cem é o melhor.

Assim, você deverá fazer o cálculo para os outros domínios, obtendo

oito notas no final, que serão mantidas separadamente, não se podendo

soma-las e fazer uma média.

Obs.: A questão número 02 não faz parte do cálculo de nenhum domínio,

sendo utilizada somente para se avaliar o quanto o indivíduo está melhor ou

pior comparado a um ano atrás.

Se algum item não for respondido, você poderá considerar a questão se

esta tiver sido respondida em 50% dos seus itens.

Page 111: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...dimensões da qualidade de vida (SF-36) segundo mínimo, máximo, média e desvio padrão. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2016. p.

111

Anexo C