MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA...

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA CINTYA KAROLINE VARJÃO FARO VANESSA LIMA LEMOS O PAPEL DAS MULHERES NO CONTEXTO HISTÓRICO DA COMUNIDADE QUILOMBOLA SANTA RITA DAS BARREIRAS DE SÃO MIGUEL DO GUAMÁ-PA. CAPITÃO POÇO 2019

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  • MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

    UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA

    CINTYA KAROLINE VARJÃO FARO

    VANESSA LIMA LEMOS

    O PAPEL DAS MULHERES NO CONTEXTO HISTÓRICO DA COMUNIDADE

    QUILOMBOLA SANTA RITA DAS BARREIRAS DE SÃO MIGUEL DO GUAMÁ-PA.

    CAPITÃO POÇO

    2019

  • Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)

    Ficha Catalográfica

    Biblioteca Maria Auxiliadora Feio Gomes / UFRA - Capitão Poço

    F 237 Faro, Cintya Karoline Varjão

    O papel das mulheres no contexto histórico da comunidade quilombola Santa Rita

    das Barreiras no município de São Miguel do Guamá. / Cintya Karoline Varjão Faro,

    Vanessa Lima Lemos. - Capitão Poço, 2019.

    45 f.

    Orientador Dr. José Sebastião Romano de Oliveira

    Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação – Agronomia) – Universidade Federal

    Rural da Amazônia, Capitão Poço, 2019.

    1. Mulheres quilombolas – comunidade – São Miguel do Guamá. 2. Comunidade

    quilombola – lideranças femininas. I. Lemos, Vanessa Lima. II. Oliveira, José

    Sebastião Romano de, orient. III. Título

    CDD: 23 ed. 331.481098115 Bibliotecária-Documentalista: Sheyla Gabriela Alves Ribeiro CRB-2/1372

  • CINTYA KAROLINE VARJÃO FARO VANESSA LIMA LEMOS

    O PAPEL DAS MULHERES NO CONTEXTO HISTÓRICO DA COMUNIDADE

    QUILOMBOLA SANTA RITA DAS BARREIRAS DE SÃO MIGUEL DO GUAMÁ-

    PA.

    Monografia apresentada à Universidade Federal Rural da

    Amazônia, como exigência para conclusão do Curso de

    Graduação em Agronomia, para obtenção do título de

    bacharel em Agronomia. Orientador: Profª. Dr. José

    Sebastião Romano de Oliveira. Co-orientadora: Profª.

    Msc. Ana Paula Dias Costa.

    CAPITÃO POÇO

    2019

  • CINTYA KAROLINE VARJÃO FARO VANESSA LIMA LEMOS

    Monografia apresentada à Universidade Federal Rural da Amazônia, como exigência para a

    conclusão do Curso de Graduação em Agronomia, para obtenção do título de bacharel em

    Agronomia.

    O PAPEL DAS MULHERES NO CONTEXTO HISTÓRICO DA COMUNIDADE

    QUILOMBOLA SANTA RITA DAS BARREIRAS DE SÃO MIGUEL DO GUAMÁ-

    PA.

    Data da Aprovação:22/01/2019

    Banca Examinadora:

    _______________________________

    Profª. Dr. José Sebastião Romano de Oliveira

    Docente da Universidade Federal Rural da Amazônia

    Orientador

    ________ _______________________

    Profº Msc. Marluce Reis Santa Brígida

    Docente da Universidade Federal Rural da Amazônia

    Avaliadora I

    _______________________________

    Leticia Moura da Silva

    Engenheira Agrônoma

    Avaliadora II

    CAPITÃO POÇO

    2019

  • Dedico este trabalho em primeiro lugar a Deus, que me deu saúde e forças para superar

    todos os momentos difíceis a que eu me deparei ao longo da minha graduação, aos meus pais

    por serem essenciais na minha vida e a toda minha família e amigos por me incentivarem a

    ser uma pessoa melhor e não desistir dos meus sonhos.

    Ao meu filho Victor Gabriel que durante todo esse tempo suportou minha ausência em

    diversos momentos no decorrer do curso.

    A comunidade Santa Rita de barreiras pela enorme contribuição que possibilitaram a

    realização deste trabalho.

    Vanessa Lima Lemos.

  • Dedico esse trabalho ao ABA Pai, à minha mãe, ao meu irmão, minha cunhada e ao

    meu sobrinho João Guilherme.

    Aos meus queridos tios Rizaldo e Natalina por todo o esforço e dedicação para

    comigo.

    À comunidade Santa Rita Das Barreiras, pela recepção, acolhimento e contribuição

    para a realização desse trabalho.

    Cintya Karoline Varjão Faro

  • Agradecimentos

    Agradeço primeiramente a Deus, por ter me dado força e confiança para acreditar no

    meu sonho e lutar por alcançar aquilo que acredito.

    Aos meus pais Raimundo Valdeni e Maria de Nazaré, pelo apoio, força e amor

    incondicional, principalmente a minha mãe que sempre foi minha maior fonte de inspiração e

    força. Sem vocês a realização desse sonho não seria possível.

    Agradeço a toda minha família que me apoiaram direta e indiretamente para realização

    do sonho.

    Ao meu filho, por suportar a minha ausência durante toda jornada de estudo.

    Sou grata especialmente à minha co-orientadora Ana Paula Dias pela oportunidade,

    paciência e confiança em mim depositada.

    Agradeço ao meu Orientador José Sebastiao Romano pela confiança.

    Sou grata as minhas tias, Ruth Oliveira, Cléia, Regiane, por cuidarem do meu filho

    com todo amor e todo carinho.

    À Joicilene Araújo por ter cuidado tão bem do meu filho durante minha ausência, foi

    como uma segunda mãe.

    Ao Flávio Gabriel por sempre está ao meu lado me ajudando nos momentos mais

    difíceis.

    À minha companheira de TCC Cinthia Faro, pelo companheirismo sempre.

    Aos meus amigos, Carla Caroline, Sueli Paiva, Eliane do socorro por estarem comigo

    sempre.

    Aos amigos José Maria, Ruan, Lucas, Luan Siqueira

    À Universidade Federal Rural da Amazônia, por todos os ensinamentos

    proporcionadas.

    Aos professores da UFRA pelos ricos conhecimentos repassados.

    A todos, meu muito obrigada.

    VANESSA LIMA LEMOS.

  • Agradecimentos

    Palavras não são suficientes para agradecer ao Deus da providencia, por realizar

    sonhos e concretizar milagres na minha vida. Toda honra e toda glória sejam dadas ao Teu

    nome.

    À minha inestimável mãe Silene, meu exemplo de mulher, fé, apoio e amor, por tudo

    que proporciona à mim. Meu irmão C. Eduardo Faro e minha cunhada Rosane Raquel Faro.

    Aos meus tios que são como pais para mim Rizaldo e Natalina por todo amor e

    dedicação todos esses anos. E a toda a minha família pelas orações e apoio durante essa

    jornada.

    À Milka Gabriela Fontes pela força e acolhimento que foi de suma importância para

    minha permanência no início do curso.

    À Keila Silva, Agnes Queiros e Cassia Raissa as irmãs que a vida me deu.

    Aos meus amigos da graduação Alciêde Sousa, Ironeide Lima e Nayane Sousa por

    sempre me acolherem em suas casas. A Kalyane Farias, Leticia Moura, Suely Paiva, Ian

    Rocha, Thiago Lopes, Hemerson Carvalho, Larissa Oliveira, Lúcia Silva, Paula Andrade,

    Kleubia Nascimento, Eucinete Albuquerque e Laís Costa pelas conversas, apoio e

    companheirismo.

    Aos meus amigos do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, em

    especial ao meu querido chefe Carlos Alberto Braga.

    Ao Sr. Michinori Konagano pela humildade de compartilhar seus meios de

    conhecimentos e sabedoria, a Sra. Amélia Konagano pelo auxilio prestado durante o estágio,

    aos técnicos da fazenda e a Cooperativa Agrícola Mista de Tome-Açu – CAMTA.

    Aos professores dessa universidade, em especial Marluce Santa Brígida e Carolina

    Melo.

    Ao meu orientador Dr. José Romano de Oliveira e a co-orientadora Ana Paula Dias,

    pelos conselhos e paciência para a elaboração desse trabalho.

    Toda a minha gratidão ao José Maria Passos e seu querido pai, por toda a contribuição

    para realização desse trabalho, sem eles esse momento não seria possível.

    À minha parceira de trabalho Vanessa Lima Lemos por aceitar esse desafio.

    Ao grupo de agroecologia - Lotus

    À Universidade Federal Rural da Amazônia-UFRA pelas oportunidades de

    aprendizagem.

    À comunidade Santa Rita das Barreiras, a qual despertou em mim, admiração, carinho

    e respeito por todo seu histórico de perseverança.

  • A todos os meus mais sinceros agradecimentos.

    CINTYA KAROLINE VARJÃO FARO

    RESUMO

    A pesquisa vem abordar a importância do papel das mulheres quilombolas na comunidade de Santa

    Rita das Barreiras no município de São Miguel do Guamá, nordeste paraense, onde foi a primeira a ser

    titulada através do projeto “Mapeamento das comunidades negras rurais do Pará”. A pesquisa tem

    como objetivo compreender a organização do grupo de mulheres, e o protagonismo das mulheres

    quilombolas na fundação e formação do povoado e compreender o processo de formação das

    lideranças femininas na comunidade. Aos procedimentos metodológicos o presente estudo teve como

    objetivos trabalhar com as mulheres que estão inseridas ao “Grupo de Mulheres”, que são agricultoras,

    artesãs e dona do lar. A escolha do público estudado deu-se a partir do destaque das mulheres em

    todas as áreas dentro da comunidade, como, agricultura, artesanato e sociocultural. Após o processo

    citado acima, iniciou-se a pesquisa de campo a partir das observações e participação no cotidiano dos

    habitantes daquela comunidade, utilizando como ferramenta o diário de campo e entrevistas com

    elementos chaves como os moradores mais antigos de Santa Rita das Barreiras. Vale ressaltar a

    importância da contribuição dessas mulheres na valorização de sua identidade, demonstram está

    ligadas as suas raízes, as festas tradicionais como: carimbo, samba de cacete, suas festas religiosas.

    Trata-se, portanto, do importante papel das mulheres nas resistências e nas lutas, inclusive pelo resgate

    das suas tradições.

    Palavras-chave: Comunidade Quilombola, Mulheres, Lutas.

  • ABSTRACT

    The research is addressing the importance of the role of Quilombolas women in the community of

    Santa Rita das Barreiras in the municipality of São Miguel do Guamá, northeastern Pará, where it was

    the first to be titrated through the project "Mapping of the rural black communities of Para ". The

    research aims to understand the organization of the Group of women, and the protagonism of

    Quilombolas women in the foundation and formation of the village and understand the process of

    formation of female leaders in the community. To the methodological procedures, the present study

    aimed to work with women who are included in the "group of women", who are farmers, artisans and

    housewife. The choice of the public studied was based on the prominence of women in all areas within

    the community, such as agriculture, crafts and sociocultural. After the process cited above, the field

    research began from observations and participation in the daily lives of the inhabitants of that

    community, using as a tool the field diary and interviews with key elements such as the oldest

    residents of Santa Rita das Barreiras. It is worth mentioning the importance of the contribution of

    these women in the valorization of their identity, demonstrate is linked to their roots, the traditional

    festivals such as: Stamp, samba de Carajo, their religious festivals. It is, therefore, the important role

    of women in resistances and struggles, including the redemption of their traditions.

    Keywords: Quilombola Community, Women, Fights.

  • LISTA DE SIGLAS

    EMATER- Empresa De Assistência Técnica E Extensão Rural

    INTERPA- Instituto De Terras No Pará

    SEBRAE- Serviço Brasileiro De Apoio Às Micro E Pequenas Empresas

    SEPLAN- Secretaria Do Planejamento

  • LISTA DE FIGURAS

    FIGURA 1 - Localização de Santa Rita das

    Barreiras...............................................................18

    FIGURA 2 - Ana Lúcia Braga no momento da

    entrevista.........................................................21

    FIGURA 3 - Guajarina Gama no momento da

    entrevista..........................................................21

    FIGURA 4 - Tema do evento a qual a comunidade foi

    anfitriã..................................................24

    FIGURA 5 - Raimunda Rufino e seu esposo

    Manoel................................................................25

    FIGURA 6 - Time das mulheres no torneio realizado no dia da consciência

    negra...................27

    FIGURA 7 - Raimunda Rufino cantando o samba do cacete durante um evento na

    comunidade...............................................................................................................................28

    FIGURA 8 - Toque de tambores de capoeira no dia da consciência

    negra................................29

    FIGURA 9 - Apresentação de carimbo do grupo de jovens e crianças..................................29

    FIGURA 10 - Apresentação de carimbo do grupo de jovens e crianças..................................30

    FIGURA 11 - Antônia Nascimento em seu atelier..................................................................30

    FIGURA 12 - Porta guardanapo, vaso, biquínis de crochê, brincos feitos por Antônia

    Nascimento................................................................................................................................32

    FIGURA 13 - Vasos confeccionado de papelão por Ana

    Lucia................................................33

  • LISTA DE GRÁFICOS

    Gráfico 1: Faixa Etária Das Mulheres Que Compõe o Grupos De

    Mulheres.............................18

    Gráfico 2: Produtos Produzidos Na

    Comunidade.....................................................................31

    Gráfico 3: Fonte De Renda Das Mulheres Na

    Comunidade......................................................34

  • Sumário 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................... 16

    2 OBJETIVO GERAL ................................................................................................................... 17

    2.2 OBJETIVOS ESPECIFICOS ............................................................................................ 17

    3 REFERENCIAL TEÓRICO ...................................................................................................... 17

    3.1 RELAÇÃO DE GÊNERO ................................................................................................. 17

    3.2 COMUNIDADE QUILOMBOLAS .................................................................................. 18

    3.3 MULHERES NEGRAS QUILOMBOLAS: LIDERANÇA E RESISTÊNCIA ................... 18

    4 MATERIAIS E MÉTODOS ....................................................................................................... 19

    4.1 LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE TRABALHO ..................................................................... 19

    4.2 CARACTERIZAÇÃO DAS MULHERES COMUNIDADE ................................................ 20

    4.3 METODOLOGIA .................................................................................................................... 20

    4.3.1 OBSERVAÇÃO PARTICIPATIVA .................................................................................... 21

    4.3.2 ENTREVISTA SEMIESTRUTURADA .............................................................................. 21

    5 RESULTADOS E DISCUSSÕES ............................................................................................... 21

    5.1 HISTÓRICO DA COMUNIDADE ......................................................................................... 21

    5.2 O PROTAGONISMO DAS MULHERES QUILOMBOLAS ............................................... 24

    5.3 MATRIARCA DA COMUNIDADE ....................................................................................... 28

    5.4 HISTÓRICO DO GRUPO DE MULHERES ......................................................................... 28

  • 5.5 CULTURA DA COMUNIDADE (DANÇAS, MÚSICAS E FESTIVIDADES) ................... 29

    5.5.1 DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA ...................................................................................... 29

    5.5.2 SAMBA DO CACETE, SAMBA DE RODA, CARIMBÓ E CAPOEIRA ........................ 31

    5.6 GERAÇÃO DE RENDA DAS MULHERES .......................................................................... 33

    5.6.1 ARTESANATO ..................................................................................................................... 34

    5.6.2 HORTA .................................................................................................................................. 36

    6 CONCLUSÃO ............................................................................................................................. 38

    REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................................... 39

    APÊNDICES................................................................................................................................... 42

  • 16

    1 INTRODUÇÃO

    A pesquisa vem abordar a importância do papel das mulheres quilombolas na

    comunidade de’ Santa Rita das Barreiras no município de São Miguel do Guamá, nordeste

    paraense, sendo a primeira a ser titulada através do projeto “Mapeamento das comunidades

    negras rurais do Pará”. Esse mapeamento foi realizado nos anos 1998 e 2000. Dentro desse

    contexto de formação de território quilombola, o grupo de mulheres começou a se organizar,

    buscando alternativas viáveis para a sobrevivência da comunidade.

    Ressalta-se, que a formação dessa comunidade se deu através da liderança feminina da

    Sra. Raimunda Rufino que cedeu suas terras para a fundação da comunidade, a partir desse

    momento as mulheres nessa comunidade começaram a ser organizar. Essa pesquisa antara

    compreender a organização do grupo de mulheres, o protagonismo das mulheres quilombolas

    na fundação e formação do povoado e o processo de formação das lideranças femininas na

    comunidade. Ao longo da história tem se observado a resistência em reconhecer a luta das

    mulheres e a participação das mulheres negras, em diversos setores, em especial quando se

    trata de mulheres do campo, visto que nas sociedades camponesas o processo produtivo está

    relacionado ao universo masculino (GUEDES E SALGADO, 2017).’

    Diante de todo o histórico de liderança feminina e a relevante participação no processo

    de formação do povoado quilombola de Santa Rita da Barreira. O presente estudo sobre a

    atuação das mulheres quilombolas evidenciará aspectos importantes referentes as relações

    entre mulheres e homens e mulheres na construção e reprodução de conhecimento, bem como

    a construção histórica, cultural e social do grupo.

    A realização da pesquisa partiu da constatação de uma aparente perda da identidade e

    da tradição quilombolas, proveniente de um crescente sentimento de não pertencimento à

    comunidade por parte dos seus moradores, conforme os achados de Araújo (2017). Por outro

    lado, muitos ´´voluntários´´ que lutam para a valorização da tradição local, que apresentam

    em comum o fato de serem, mulheres, camponesas, com firmes participações no âmbito dos

    sistemas sociais, apresentando daí interesses na história de vida dessas mulheres.

    Além disso, a pesquisa fomentará a discussão dentro da comunidade acadêmica do

    referido curso, dando reconhecimento aos grupos de mulheres quilombolas da região nordeste

    paraense.

    Esta avaliação possibilitou que a história das raízes quilombolas da comunidade

    saberes tradicionais, suas práticas culturais como: samba de cacete, carimbo, capoeira,

    festividade religiosa, entre outros, sejam exibidos e volte a comunidade, tendo em vista,

  • 17

    fortalecer e reconhecer sua identidade, suas origens, para que suas futuras gerações não sejam

    esquecidas e desvalorizadas.

    2 OBJETIVO GERAL

    Compreender o protagonismo no passado e no processo de construção da comunidade,

    e o atual cenário das mulheres na referida comunidade.

    2.2 OBJETIVOS ESPECIFICOS

    Compreender a organização do grupo de mulheres

    Conhecer o protagonismo das mulheres quilombolas na fundação e formação

    do povoado.

    Entender o processo de formação das lideranças femininas na comunidade.

    3 REFERENCIAL TEÓRICO

    3.1 RELAÇÃO DE GÊNERO

    As relações de gênero no atual estágio de desenvolvimento da sociedade brasileira

    foram significativamente modificadas pelas conquistas dos movimentos feministas. Para

    Cisne e Gurgel (2008, p. 70).

    A auto-organização das mulheres é uma metodologia necessária para a construção da

    mulher como sujeito da revolução e para a construirmos, a partir de hoje, com coerência

    revolucionária, novas relações sociais, livres de apropriações, opressões e explorações

    (CISNE, 2014, p. 203).

    Pastório (2015) considera que as mulheres, ao longo da história, sempre

    desenvolveram um papel importante junto à família, especialmente na educação dos filhos e

    junto aos afazeres no campo, arando, capinando, auxiliando na colheita e no plantio. Já com o

    processo de industrialização, passou a trabalhar em fábricas, com jornada de trabalho

    extenuante e com uma remuneração inferior aos homens que ali trabalhavam. Até

    recentemente na história, a mulher não tinha os seus direitos garantidos ou uma política que

    primasse por eles.

    Empoderar as mulheres para que participem totalmente em todos os setores da vida

    econômica e em todos os níveis de atividade econômica é essencial para construir economias

    fortes, estabelecer sociedades mais estáveis e justas, atingir os objetivos de desenvolvimento,

    sustentabilidade e direitos humanos internacionalmente reconhecidos, melhorar a qualidade

    de vida para as mulheres, homens, famílias e comunidades e impulsionar as operações e as

    metas dos negócios (UNIFEM, 2011).

  • 18

    Esses movimentos distinguem-se dos anteriores por introduzir, em sua pauta de

    reivindicações, a denúncia do mito da democracia racial, a busca de ações de valorização da

    identidade negra positivando a figura do negro por meio de iniciativas de incentivo da

    autoestima. Principalmente valorizando os traços físicos e manifestações culturais desses

    grupos e a luta perante o poder público em prol de políticas públicas e programas de ações

    afirmativas como forma de reparar os danos causados as populações afrodescendentes

    (ALBERTINI; PEREIRA, 2007).

    3.2 COMUNIDADE QUILOMBOLAS

    A palavra quilombo origina-se do banto e significa habitação, acampamento, floresta,

    guerreiro. Já na região central da Bacia do Congo, na África, significa “lugar para estar com

    Deus”. No passado, os negros reconstruíam no quilombo um tipo de organização territorial de

    origem africana, e esse lugar funcionava como verdadeira válvula de escape para diluir a

    violência da escravidão, durante os quase quatro séculos em que se mantiveram as tensões e

    confrontos de classes no sistema escravista. (BATISTA, 2011)

    Na contemporaneidade, os quilombos ou comunidades remanescentes de quilombos

    representam para os que dela fazem parte mais que um território físico, mas um lugar de

    “relações sociais, como reveladora das estratégias de sobrevivência, como palco de uma

    cultura própria, como direito à preservação de uma cultura e organização social específica”

    (FIABANI, 2007, p.5), muito embora a luta pela manutenção de suas terras seja constante,

    como é o caso de muitas comunidades quilombolas da zona rural no município de Alcântara,

    que está geograficamente localizada ao Norte do Maranhão, no litoral ocidental deste Estado,

    separada da capital, São Luís, pela baía de São Marcos (BARROS; RAMASSOTE, 2009).

    O conceito de comunidade quilombola, portanto, tem origem no campesinato negro,

    povos de matriz africana que conseguiram ocupar uma terra e obter autonomia política e

    econômica. Ao quilombo contemporâneo está associada uma interpretação mais ampla, mas

    que perpetua a ideia de resistência do território étnico capaz de se organizar e reproduzir no

    espaço geográfico de condições adversas, ao longo do tempo, sua forma particular de viver.

    (ANJOS, 2006: p. 53)

    3.3 MULHERES NEGRAS QUILOMBOLAS: LIDERANÇA E RESISTÊNCIA

    As mulheres negras também fizeram parte do processo de luta que culminou com a

    abolição da escravidão, porém foram invisibilizadas nas narrativas sobre a sociedade

    brasileira e na historiografia oficial (BORGES e SILVA, 2017).

  • 19

    Aqualtune, Dandara dos Palmares, Luiza Mahin, Mariana Crioula e Tereza de

    Benguela são legítimas representantes da luta das mulheres negras pela liberdade de seu povo.

    Não somente a liberdade, essas mulheres almejaram uma sociedade livre de opressão e

    racismo, desafiaram as estruturas machistas vigentes em diferentes períodos históricos e

    estimularam uma série de levantes populares no Brasil. (PORTO, 2017).

    Ainda segundo Porto (2017) a força e a inspiração representada por essas mulheres do

    passado, símbolos históricos da resistência da mulher negra, encontram-se nas Aqualtunes,

    Dandaras, Luizas, Marianas e Terezas do presente, que nunca deixaram de lutar para

    transformar a realidade a qual as mulheres negras são submetidas.

    Por óbvio, falar da mulher quilombola e do seu papel na sociedade, não se restringe ao

    reconhecimento da luta das mulheres negras em geral, porém, o empoderamento destas

    perpassa as referências históricas, na medida em que constituem uma trajetória de luta e

    contraposição dos espaços de invisibilidade, opressão e desigualdade. É nesse sentido que as

    identidades se sobrepõem, se entrecruzam e se acumulam, viabilizando a análise por uma

    perspectiva interseccionalizada (DEUS, 2011, p. 110).

    Diante de tal acúmulo de tarefas, com certeza elas passam por sentimentos

    contraditórios de superação e incompletude, de mulheres que lutam para superar as suas

    limitações de energia física e de tempo para dar conta de produzir e desenvolver inúmeras

    atividades diárias. No entanto, a auto cobrança é muito forte quando elas não conseguem

    produzir da maneira que julgam ser a melhor para atender as necessidades de sua família,

    principalmente com relação às demandas dos filhos, principal motivação para o empenho das

    suas atividades. (TUMBALDINI, 2010, p. 5).

    4 MATERIAIS E MÉTODOS

    4.1 LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE TRABALHO

    A comunidade de Santa Rita das Barreiras encontra-se no município de São Miguel do

    Guamá, nordeste paraense, aproximadamente 14 km da sede do município, o acesso é pela PA

    251, a extensão do território quilombola de 371, 3032 ha, com título expedido em 15 de

    outubro de 2011 pelo Instituto de terras do Pará – ITERPA.

  • 20

    Fonte: Google Maps.

    4.2 CARACTERIZAÇÃO DAS MULHERES COMUNIDADE

    O presente estudo teve como buscou trabalhar com as mulheres que estão inseridas ao

    “Grupo de Mulheres”, que são agricultoras, artesãs e dona do lar. A escolha do público

    estudado deu-se a partir do destaque das mulheres em todas as áreas dentro da comunidade,

    como, agricultura, artesanato e sociocultural.

    GRÁFICO 1 - Faixa Etária Das Mulheres Que Compõe O Grupos De Mulheres

    Fonte: Pesquisa de campo 2018

    4.3 METODOLOGIA

    Santa Rita das Barreiras é constituída em média por 78 famílias, porém a pesquisa

    aprofundou-se dentro do grupo de mulheres denominado como “Grupo de mulheres

    quilombolas unidas seremos mais forte” que há 20 componentes. Por conta dos afazeres e

    [VALOR]0%

    [VALOR]0%

    25%

    [VALOR]0%

    16- 26

    27-37

    38-49

    50-60

    Figura 1 - Localização de Santa Rita das Barreiras

  • 21

    compromissos de algumas fora da comunidade, foi possível entrevistar 12 mulheres

    pertencentes ao grupo, tendo um percentual de 60% do total que compõe a categoria, as

    entrevistas ocorreram no mês de novembro de 2018.

    O papel das mulheres nesta comunidade é bastante relevante, tendo uma participação

    histórica na formação e autonomia desse povoado. A capacidade que às mulheres têm para

    tomar decisões e participar em órgãos de poder a nível local, do ciclo da sua vida, do seu

    estatuto e posição social, da vida em meio urbano ou rural, da crença religiosa professada pelo

    grupo familiar, da sua educação, das suas vivências e das experiências históricas da sua região

    (CASIMIRO, 2010).

    Para mais obtenção de informações de cunho sociocultural, aplicamos questionários

    com perguntas objetivas e subjetivas de forma semiestruturada, deixando o entrevistado livre

    para expor sua forma de pensar e reflexão sobre o assunto abortado. Geralmente a entrevista é

    indicada para buscar informações sobre opinião, concepções, expectativas, percepções sobre

    objetos ou fatos ou ainda para complementar informações sobre fatos ocorridos que não

    puderam ser observados pelo pesquisador, como acontecimentos históricos ou em pesquisa

    sobre história de vida, sempre lembrando que as informações coletadas são versões sobre

    fatos ou acontecimentos. (MANZINI, 2004).

    4.3.1 OBSERVAÇÃO PARTICIPATIVA

    A pesquisa de campo deu-se a partir das observações e participação no cotidiano dos

    habitantes daquela comunidade, utilizando como ferramenta o diário de campo e entrevistas

    com elementos chaves com os moradores mais antigos de Santa Rita das Barreiras. Esse

    momento foi de suma importância para compreender como se deu a construção da

    comunidade. O diário de campo configura-se como um dispositivo de registro das

    temporalidades cotidianas vivenciadas na pesquisa, ao potencializar a compreensão dos

    movimentos da/na pesquisa e das diversas culturas inscritas no cotidiano da comunidade e da

    escola estudada. (OLIVEIRA, 2014).

    4.3.2 ENTREVISTA SEMIESTRUTURADA

    Durante as visitas foram utilizados câmeras fotográficas para registro de imagens para

    uma melhor compreensão da pesquisa e gravador de voz nas entrevistas para auxiliar nos

    detalhes da escrita do trabalho.

    5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

    5.1 HISTÓRICO DA COMUNIDADE

  • 22

    A formação do quilombo de Santa Rita da Barreira ocorreu por volta de 1967 e está

    relacionada à construção de uma nova igreja e ao deslocamento da população do “arraial” da

    “Barreira Antiga”, antes localizado à beira do rio Guamá, para uma área mais afastada do rio,

    devido vários conflitos ocasionados pelo manejo de recursos naturais entre os moradores da

    comunidade e alguns fazendeiros da região (DINIZ, 2011).

    Segundo a Secretaria de Planejamento do Estado do Pará (SEPLAN), existem 53 áreas

    tituladas em prol das comunidades quilombolas, é o estado que mais reconhece comunidades

    remanescente quilombolas em todo o país. No nordeste paraense encontram-se algumas delas,

    especificamente no município de São Miguel do Guamá, como Menino Jesus, Canta Galo e

    Santa Rita das Barreiras, entre outras.

    Primeiros habitantes da comunidade não deixaram registro escrito, assim, hoje só é

    possível escrever sua história a partir da narrativa das pessoas mais velhas do local.

    Segundo o relatos de moradores mais antigos existiam duas comunidades, Barreiras

    que era onde existia a escola e a igreja, porém, está era rodeada por fazendas, o que logo era

    utilizada para criação de gado, o que dificultava o acesso dos moradores a comunidade, pois,

    para chegar a escola e a igreja eles tinham que atravessar a fazenda, como conta dona Ana

    Lucia Braga, artesã, agricultora e a curadora da comunidade.

    “Quando eles tinham que atravessar, o fazendo mandava soltava os cachorros, os

    bois que eram muito bravo, era essa perseguição e quando o rio estava cheio,

    tinham que atravessar o rio com a água dando no nosso pescoço, o que era muito

    difícil de passar com crianças e compras eles faziam. Sra. Ana Lucia Braga – 49

    anos.

    Ainda, segundo Ana Lúcia, essas famílias sofriam muita humilhação do fazendeiro e

    dos seus capangas. Ela acrescenta que:

    “Todo que eles plantavam e as roças que levantavam quando dava a noite os

    capangas ia lá e destruíam e ainda mexiam com as mulheres. Por conta disso, um

    morador se rebelou contra um senhor da fazenda e foi que ocorreu uma desavença

    lá e o fazendeiro expulsou eles de lá.”

    Sra. Lucia Braga – 49 anos.

  • 23

    Fonte: Acervo da autora

    A segunda entrevista para entender como se deu a formação da comunidade foi

    com a senhora Guajarina Gama, sobrinha de Raimunda Rufino. E atualmente mesmo

    residindo em outro povoado, continua participando das celebrações religiosas e festividades

    de Santa Rita de Barreiras, ela que relata:

    ´´ Eu já não me lembro muito bem, foi mais ou menos assim, teve o conflito entre o

    fazendeiro e um morando lá em Santa Rita, a família de lá teve que vim embora de

    lá, veio pra cá, que na época era só Barreira, minha tia Raimunda deu umas terras

    pra eles, ai foi que juntou as duas comunidades. ´´ (Guajarina Gama/ 2018)

    Figura 2 - Ana Lúcia Braga no momento da entrevista

    Figura 3 - Guajarina Gama no momento da entrevista.

  • 24

    Fonte: Acervo das autoras

    Sensibilizada com a dificuldade enfrentada pelo moradores de Barreiras, Dona

    Raimunda Rufino que residia na comunidade de Santa Rita, doou parte de suas terras que era

    herança para essas famílias, e assim ocorreu a junção das comunidades, formando Santa Rita

    das Barreiras. Aos poucos Santa Rita de Barreiras foi crescendo, e as famílias começaram a

    fazer suas casas, construíram a igreja onde se encontraram aos domingos para suas

    celebrações.

    O Srº João de Castro também foi umas das pessoas apontadas pela comunidade para

    colaborar com a pesquisa em relação ao histórico, filho de dona Guajarina Gama, ele conta

    que quando criança tinha bastante curiosidade em saber como começou a comunidade.

    ´´Naquela época quando eu era criança os mais velhos, os mais pais eram pessoas

    muito fechada pra contar histórica, eu sempre perguntava e quando comecei a me

    entender por gente comecei a investigar. Descobrir que foi através da tia da minha

    mãe Raimunda Rufino que cedeu parte de suas terras para juntar o povoado de

    Santa Rita e Barreiras´´. (Joao de castro/2018).

    O Srº João de Castro acrescenta que acredita ser muito importante perpetuar esse

    histórico para as gerações seguintes para que as pessoas conheçam e valore suas raízes, pois

    foi com bastante luta que ergueram a comunidade.

    5.2 O PROTAGONISMO DAS MULHERES QUILOMBOLAS

    Analisando importância da organização do grupo e o que isso acarreta para a

    comunidade, ponderamos a base econômica através do artesanato, horta, programas

    governamentais e das cerâmicas da região, atividade que movimenta a economia local. Foi

    possível verificar a visão dos moradores sobre o autoconhecimento como quilombola e os

    benefícios que esse ato lhes causou, como acesso a políticas públicas, após receberem a

    titulação de comunidade quilombola.

    Tendo como justificativa a constatação de uma aparente perda da identidade e da

    tradição quilombolas, proveniente de um crescente sentimento de não pertencimento à

    comunidade por parte dos seus moradores.

    Para analisarmos os aspectos que moldam as particularidades sócioantropológica e as

    relações de gênero dentro da comunidade,

    As mulheres que participaram deste estudo têm uma visão bastante em comum acerca da

    comunidade, possuem vários pontos de equilíbrio no que diz respeito às ideologias e relações

    sociais que permeiam o seu meio.

  • 25

    Todas demonstram muito orgulho quando se trata da sua origem. Esse orgulho é expresso

    em muitos momentos nas falas das entrevistadas.

    Eu tenho muito orgulho, eu me reconheço como quilombola, de sair por aí e

    mostrar nossa cultura, nossa dança, nossa raiz, acho muito importante a gente se

    auto reconhece, porquê tem muita gente que é quilombola nasceu aqui e tem

    vergonha.

    (Divanilde Castro, 34 anos.)

    Também Angélica dos Santos, 29 anos afirma que “Eu nasci aqui e tenho muito

    orgulho de ser quilombola, aprendi a valorizar a nossa cultura e que ela depende da gente pra

    continuar para as próximas gerações. Já Lídia realce que “Eu nasci e me criei aqui, gosto da

    minha terra, eu sou descente e tenho que amar e valoriza a minha cor.

    Enquanto Santa Rita das Barreiras assumi uma postura de afirmação perante uma

    sociedade ainda fortemente marcada por diferentes práticas discriminatórias, as quais, em

    grande parte, ocorrem veladamente. As ponderações sobre os desafios acerca de se auto

    reconhecer como remanescente quilombola são evidenciadas nas falas de todas as

    entrevistadas.

    Existe muito preconceito com nós, até dentro da própria comunidade por gente que

    é, mas não se reconhece como quilombola. Uma vez fomos fazer uma apresentação

    do samba do cacete numa comunidade aqui próxima, nós usávamos as roupas e

    turbantes característicos nossos e as pessoas começam a rir e debocha de nós, mas

    nós continuamos a apresentação assim mesmo, e não baixamos nossa cabeça.

    Divalnide Castro 34 anos

    Dona Socorro Sebastiana relata que inúmeras vezes já passou por situações de

    preconceito por ser quilombolas. Eu foi mal atendida em lojas pela questão da minha cor, pela

    minha filha ser mais clarinha e acharem que não era minha filha, apelidando ela de nomes

    desagradáveis. Maria Hosana de Castro (47 anos) diz que “Preconceito sempre existiu, temos

    que viver como Jesus ensinou, amar o próximo como a si mesmo, mas tem pessoas que

    entendi isso.

    Apesar de todos os desafios e preconceitos sofridos em meio a sociedade a expressão

    de orgulho quando perguntado como é residir em uma comunidade quilombola é evidente.

    Assim, diz Hosana:

    Eu não me vejo morando em outro lugar, aqui nós somos tudo família, um ajuda o

    outro e assim vai. Tenho muito orgulho de ser daqui de Santa Rita das Barreiras.

    Em relação a questão citada acima as palavras “união e família” ganharam destaque

    nas entrevistas, como diz Lídia Castro, 31 anos “É muito bom morar aqui, qualquer coisa um

  • 26

    ajuda o outro porque aqui todo mundo se tem como uma grande família não é que nem na

    cidade que todo mundo fica trancado, eu não tenho nenhuma vontade de sair daqui do meu

    lugar”.

    Diante da questão sobre a organização do grupo de mulheres, essa ação contribui para

    que elas possam formar uma opinião política crítica e afirmar sua identidade feminista negra,

    potencializando a luta contra a discriminação racial que se dá em prol da comunidade negra.

    Assim, como diz Antônia Sebastiana:

    As pessoas dizem assim: Olha, eles são descentes de escravos! E nós não somos

    descentes de escravos, nós somos descente de pessoas que foram escravizadas,

    porque todos nós nascemos livres. Os outros homens que vieram com seu ar de

    arrogância e escravizaram meus ancestrais.

    Angélica Braga reafirma a importância desse grupo:

    É muito importante, nosso grupo é muito reconhecido lá fora, a gente ver como as

    pessoas lá de fora, valorização nossa cultura, assim como vocês que estão fazendo

    esse trabalho sobre a gente.

    Maria Hosana acrescenta que, se tem uma palavra que possa definir nosso grupo eu

    digo que é União, porque a gente conversa e discuti os assuntos da comunidade, sempre

    ouvindo as outras. Divanilde afirma que é muito importante, pois nós não nos deixa abater,

    trabalhamos igual, corremos atrás das coisas, o nosso encontro realizado esse ano aqui foi

    lindo, tivemos reconhecimento, apresentamos nossas coisas e conhecemos novas mulheres

    que lutam pelo mesmo ideal que nós.

  • 27

    Figura 4 - Tema do evento a qual a comunidade foi anfitriã

    Fonte: Malungu Pa

    Diante dos relatos é possível afirmar o avanço das mulheres perante todos os meios de

    luta, fornecendo a essas mesmas mulheres o status de sujeito, de agentes, social e político, de

    protagonistas de ações de oposição às relações de dominação. Intervindo ativamente na

    condução de seus destinos e deixando como legado, para as que vêm depois, a experiência do

    enfrentar o racismo e do sexismo, o que significa que a luta contra essas opressões apresenta

    um longo caminho já trilhado.

    As mulheres não esperam inertes pelos benefícios que almejam e, ainda por cima,

    sabendo que a sua voz seria emudecida, silenciada pelo fato de serem mulheres, elas acionam

    os meios para serem as donas do poder e ultrapassar os limites da invisibilidade

    historicamente construída sob seus papéis. Elas passam da consciência de objetos à

    consciência de sujeitos, em um processo de construção de si que implica a se reconhecer.

    Portanto, a identidade que as mulheres afirmam, não é somente a rejeição da

    dominação social, ela é, sobretudo, a afirmação da experiência vivida da própria subjetividade

    que emergiu e, consequentemente, a confirmação da capacidade de pensar, de agir

    (TOURAINE, 2010).

  • 28

    5.3 MATRIARCA DA COMUNIDADE

    Dona Raimunda Rufino 90(noventa) anos, mãe de 4 (quatro filhos) casada, é

    considerada a matriarca da comunidade, e é notório a admiração e respeito dos membros do

    vilarejo para com ela. Muito à frente daquele tempo patriarcal ela sempre foi envolvida nos

    momentos de luta e resistência em prol do quilombo. Ela não é nativa de Santa Rita de

    Barreira, mudou-se para lá após seu casamento,

    Tem um papel relevante no cotidiano da comunidade em relação a preservação e

    perpetuação dos valores culturas, ensinando às crianças, jovens e adultos os conhecimentos

    sobre as danças, músicas e até tocar os instrumentos, ela é a principal guardiã da memória e

    história desse grupo social.

    Atualmente, devido a sua idade avançada ela não tem uma participação ativa de

    liderança dentro a comunidade como foi no passado, apenas comparece nas festividades e

    celebrações religiosas.

    Fonte: Acervo das autoras

    5.4 HISTÓRICO DO GRUPO DE MULHERES

    Foi fundada no dia 8 de dezembro de 1982 com a denominação de grupo de mães, a

    ideia surgiu na necessidade das mães trabalharem mais unidas, seus objetivos principalmente

    eram as atividades religiosas, fortalecer a comunidade dar exemplo de união para as mulheres

    mais jovens e auxiliar nos trabalhos da comunidade, onde a principal diretoria do grupo estava

    assim formada por: Presidente: Raimunda Rufino, Vice-presidente: Maria Pereira Peniche,1°

    secretária: Antônia de oliveira, 2° secretária: Antônia Gama ,Tesoureira: Raimunda Celina,

    Faziam parte do grupo as seguintes pessoas, Maria do Nascimento, Guajarina Gama, Amazilia

    Rodrigues, Miriam Gama, Maria Silva Braga, Maria Ataíde e Lauriana Miranda.

    Até o final de 2008 o clube de mães tinha como atividade principal os eventos

    religiosos da comunidade, de acordo com a ata da reunião do dia 21 de junho de 2009

    Figura 5 - Raimunda Rufino e seu Esposo no momento da entrevista

  • 29

    aconteceu uma reorganização do grupo com a formação de uma nova diretoria e a mudança

    do nome de clube de mães para grupo de mulheres quilombolas.

    Segundo a ata, dessa reunião o motivo da mudança da denominação do grupo se deu

    por conta da necessidade de dar oportunidade para jovens da comunidade que não eram mães,

    e assim poderiam fazer parte do grupo, a partir dessa mudança o grupo de mulheres além de

    atividades religiosas tomou outra iniciativa no sentido de se fortalecer indo em busca de

    outros conhecimentos como a participação nos encontros de mulheres a nível de município e

    de estado.

    Conseguiram oficinas de artesanato, treinamento para trabalhar com hortas, oficina

    sobre custo para produzir no campo, oficina na comunicação empresarial, ambas feitas pelo

    Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), participaram dos

    anos da chamada pública estadual para aprender como produzir e vender os produtos do

    artesanato do grupo com visitas em diferentes feiras em outros municípios.

    Faz parte da iniciativa do grupo de mulheres a comemoração do dia dos pais, da

    criação do grupo existe hoje na reunião do dia 4 de junho de 2009 para o resgate da cultura da

    comunidade como grupo de capoeira, carimbo, grupo de samba de cacete e do artesanato.

    No dia 26 de setembro de 2014 foi indicado responsável para cada grupo cultural da

    comunidade. Os responsáveis são os seguintes: Artesanato: Antônia Ataíde, Carimbo:

    Sebastiana do socorro, Capoeira: Leandro Braga, Samba da cacete: Márcia do Socorro e

    coordenador geral dos grupos; Laércio Braga, A diretoria atual está assim composta:

    Presidente: Antônia Ataíde, Vice presidente: Sebastiana do Socorro, Secretária: Angélica,

    Tesoureira: Antônia.

    Recentemente as componentes do grupo decidiram escolher um nome a qual passou a

    ser chamado de “Grupo de mulheres quilombolas unidas seremos mais forte”, suas reuniões

    acontecem todo primeiro sábado de cada mês, na qual, discutem todos os seus assuntos de

    interesse do mesmo. A questão quilombola tem despertado interesse por parte do grupo em

    lutar pelos seus direitos e oportunidades de ir em busca de novos conhecimentos.

    5.5 CULTURA DA COMUNIDADE (DANÇAS, MÚSICAS E FESTIVIDADES)

    5.5.1 DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA

    O dia da consciência negra é celebrado do dia 20 de novembro, com o intuito de trazer

    reflexão as pessoas sobre a inserção do negro na sociedade, esse dia foi escolhido para

    homenagear Zumbi dos Palmares, personagem que dedicou toda a sua vida na luta contra a

    escravidão. No município de São Miguel do Guamá esse dia foi decretado como feriado,

  • 30

    segundo o Srº Francisco Nascimento (55), presidente da Associação da comunidade, esse ato

    foi de reconhecimento da nossa cultura quilombola, dia para nos reunir, celebrar e fortalecer a

    união do nosso povo.

    Nesse dia o grupo se reuni para organizar o evento, as tarefas são divididas em

    grupos, uns fazem as comidas, outros a ornamentação da sede de eventos, outros responsáveis

    pelo torneio de futebol das mulheres e homens. O roteiro da festividade segue com amostras

    de danças, samba do cacete, carimbo e capoeira, leitura de poemas preparado pelos jovens e

    aberto para as falas dos membros da comunidade.

    Fonte: Acervo das autoras

    Figura 6 - Time das mulheres no torneiro realizado no dia da consciência negra

    Figura 7 - Dia da consciência negra na sede da comunidade

  • 31

    Fonte: Acervo da autora

    5.5.2 SAMBA DO CACETE, SAMBA DE RODA, CARIMBÓ E CAPOEIRA

    O samba do cacete e o samba de roda são as principais atrações e gênero musical

    símbolo da identidade do grupo. Raimunda Rufino foi a responsável de repassar aos mais

    jovens essa canção. Apesar da idade avançada e com algumas limitações em relação a audição

    e memória, ela faz questão de participar dos eventos, recitar poemas, cantar e tocar. Deste

    modo, no período em que o homem maduro deixa de ser um membro ativo na sociedade e

    passa a viver a velhice social, este assume outras funções: a de lembrar e a de ser a memória

    do grupo social na sociedade em que vive (BOSI, 1994). A memória é uma reconstrução

    psíquica e intelectual das representações do passado, um passado que não é apenas daquele

    indivíduo que lembra, mas de um sujeito inserido num contexto familiar, cultural e social

    (ROUSSO, 2006).

    Samba de roda cantando por Raimundo Rufino:

    Arriba ciragador

    Oh! Cajueiro, cajuá

    Arriba ciragador

    Vamos ver nossa Iaiá

    Cajueiro piquinino carregadinho de flor

    Eu também sou piquinino, mas carregadinha de amor

    Arriba ciragador

    Oh! Cajueiro, cajuá

    Arriba ciragador

    Vamos ver nossa Iaiá

    Eu vou embora, eu vou embora,

    Eu vou embora pra Anapú,

    Se eu não for na minha barca

    Vou no meu rebocador.

    Eu vou embora, eu vou embora,

    Eu vou embora pra Anapú,

    Vou beber água de cheiro

    E cachaça de pachangú3.

    Autor: Desconhecido

    Figura 8 - Raimunda Rufino cantando o samba do cacete durante um evento na

    comunidade

  • 32

    Figura 10 - Apresentação de carimbo do grupo de jovens e crianças

    Fonte: Barca da leitura

    A partir das entrevistas foi possível destacar dona Ana Lúcia, Raimundo Rufino e

    Sebastiana do Socorro como responsável em transferir e incentivar os ensinamentos sobre as

    tradições de seus antepassados como o samba de Cacete e a capoeira como se observa na

    canção abaixo:

    Espiri, espiri, piri

    Catita não apareceu

    Por cima da ribanceira

    Catira já se perdeu

    Catita teve uma filha

    Que coisa mais delicada

    Parece à estrela dávida

    Sereno da madrugada

    Fonte: Acervo da autora

    Figura 9 - Toque de tambores da capoeira no dia da consciência negra

  • 33

    Figura 11 - Apresentação de carimbo do grupo de jovens e criança

    Fonte: Barca da leitura

    Fonte: Banca da leitura

    5.6 GERAÇÃO DE RENDA DAS MULHERES

    Observamos que o trabalho assalariado aparece na comunidade, porém não é o

    principal mecanismo, as atividades que compõe a renda familiar são as lavouras temporárias

  • 34

    (mandioca e olericultura) e artesanato. As pesquisas referentes à renda das famílias da

    comunidade, mostram que as mulheres entrevistadas responderam que vivem da agricultura e

    extrativismo animal, como a pesca (com pouca expressão). As culturas mais utilizadas são as

    do milho (Zea mays), arroz (Oryza sativa) essas tem finalidade para o subsistências das

    famílias, e em relação a mandioca (Manihot esculenta) e tanto para o consumo familiar como

    para fonte de renda.

    Gráfico 2: Fonte de renda das mulheres.

    Fonte: Pesquisa de campo 2018

    5.6.1 ARTESANATO

    A fonte de renda da comunidade era bastante restrita, algumas mulheres somente se

    mantinham com o auxílio do governo, como o bolsa família e aposentadoria. Segundo a

    presidente do grupo de mulheres Antônia Nascimento em 2014 elas contaram com o apoio da

    Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (EMATER) do município para a realização

    do curso sobre artesanato.

    ´´Em 2014 houve uma chamada pública para mulheres artesãs, foi ai que formamos

    o grupo do artesanato. O rapaz da Empresa de Assistência Técnica e Extensão

    Rural (EMATER)veio, fez a reunião e a gente foi, a gente andava muito, fomos pra

    Mãe do Rio, Benevides e outras cidades, tudo com oficina mostrando nosso

    trabalho. Todo mês nós íamos para a EMATER fazer oficinas, estamos ai,

    continuando o trabalho.´´ (Antônia Nascimento, 2018)

    O trabalho com artesanato trouxe autonomia para elas com a venda de produtos feitos

    a partir de matérias primas produzidas pela comunidade que também contribuem para

    complementar a renda familiar.

    80%

    60%

    90%

    30%

    Hortaliças

    Artesanato

    Bolsa familia

    Outros

    Figura 12 - Antônia Nascimento em seu atelier

  • 35

    Fonte: Acervo das autoras

    Figura 12: Porta guardanapo, vaso, biquínis de crochê e brincos feitos por Antônia Nascimento

    Fonte: Acervo das autoras

    Cada artesã, faz o que se identifica mais, e o lucro é individual, há quem trabalhe com

    crochê, na confecção de biquíni, tapetes, outras com papelões, caixas para a utilização de

    vasos, outras com caroços sementes para fazerem cordões, anéis, pulseiras entre outros.

    Quando se trata de encontros de mulheres que as mesma precisam ir a outras cidade

    elas se reúnem para fazerem em maiores quantidades, assim garantido uma renda extra para

    ajudar nas despesas de suas casas.

  • 36

    Figura 13: Vasos feitos de papelão por Ana Lucia

    Fonte: Acervo das autoras

    5.6.2 HORTA

    O trabalho com a horta também é de grande importância para essas mulheres, pois é mais

    uma maneira de garantia de renda, elas se juntam em mutirão durante três dias na semana para

    realizarem suas tarefas (capina, adubação, irrigação, etc). As principais culturas que elas

    cultivam são cheiro-verde (Coriandrum sativum), maxixe (Cucumis anguria), abobora

    (Cucurbita), caruru (Amaranthus viridis), macaxeira (Manihot esculenta), pimenta-de-cheiro

    (Capsicum chinense 'Adjuma'). Parte dessa produção e vendida na própria comunidade,

    porém o foco principal é para o abastecimento da cooperativa que comercializa para o

    Programa de Aquisição de Alimentos (PAA).

    A grande dificultada encontrada pelas produtoras é a questão do solo ser arenoso, é um

    tipo de solo que possui uma textura leve e granulosa, sendo composto, em grande parte, por

    areia (70%) e, em menor parte, por argila (15%), sendo um solo de baixa produtividade.

    Dona Antônia relata que para a erguer a horta, elas buscam substratos em outras áreas fora

    da comunidade para realizar os cultivos das hortaliças.

    Gráfico 3: Produtos produzidos pela comunidade

  • 37

    Fonte: Pesquisa de campo 2018

    O projeto segue uma linha agroecológico, ou seja, alimentos mais saudáveis e produzidos

    sem o uso de agrotóxicos e adubos industrializados. Tem sido desenvolvido por meio de

    parceria com a Emater de São Miguel do Guamá. O cultivo de espécies alimentares em hortas

    domésticas favorece o acesso a alimentos frescos em quantidade e qualidade, o que contribui

    para a segurança alimentar e nutricional (Pessoa et al., 2006).

    90%

    30%

    35% 40%

    50%

    30%

    Farinha

    Mandioca

    Feijão

    Arroz

    Milho

    Criação de animais

  • 38

    6 CONCLUSÃO

    Diante o destaque da mulher quilombola na comunidade de Santa Rita de Barreiras, é

    possível depreender que existem modos de preservação das tradições vivenciadas de maneiras

    diferentes. Apesar da comunidade manter sua cultura em muitos aspectos do quilombo, como

    permanência de manifestações culturais como samba de cacete, carimbó e capoeira que

    tornaram-se símbolo de identidade desse grupo social. Uma vez que, no modo de vida dessa

    comunidade observa-se rupturas com relação à cultura quilombola, como a inserção de outras

    religiões, o não auto reconhecimento como quilombolas por uma parte significativa de

    membros da comunidade.

    A partir do momento que a comunidade teve o reconhecimento como quilombolas

    pelo governo federal, foi possível favorece o desenvolvimento da mesma através de políticas

    públicas, como o cadastramento no Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE),

    Minha Casa Minha Vida, abastecimento de água, luz elétrica, cursos profissionalizantes e

    acesso dos jovens a universidade. Essas parcerias contribuíram para o fortalecimento

    socioeconômico do vilarejo. Além de proporcionar ações que possibilitam a visibilidade das

    questões de gênero.

    Nesse sentido, é importante ressaltar que essas mulheres quilombolas tem

    participações ativa e buscam alternativas viáveis para sobrevivência da comunidade, que se

    constituem em um sistema onde as dimensões sociopolíticas, econômicas e culturais são

    fundamentais para a construção da identidade e da reestruturação da mobilização da

    comunidade. Afirmando que o papel da mulher não se limita apenas a afazeres domésticos e

    está intimamente ligada a costumes, tradições e valores.

    Diante desse cenário, a importância dessa pesquisa para a sociedade acadêmica e em

    geral, surge para instiga e promover uma educação interdisciplinar, possibilitando aos futuros

    agrônomos se perceberem como profissionais, inseridos na sociedade e na realidade de

    trabalho, transformar-se em um cidadão consciente do seu papel social.

  • 39

    REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

    ALBERTINI, Verena; PEREIRA, Amilcar Araújo. Movimento Negro Contemporâneo. In:

    FERREIRA, Jorge; REIS, Daniel Aarão (orgs). Revolução e Democracia. Rio de Janeiro:

    Civilização Brasileira, 2007.

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    constituição de acervo de entrevistas de história oral. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE

    PESQUISADORES NEGROS, 3. 2004, São Luís. Anais... Rio de Janeiro: CPDOC, 2004. p.

    1-15. Disponível em: .

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    Brasiliense, 1985.

    ANDRADE, Antônia Lenilma Meneses de. Mulheres quilombolas Movimento, Lideranças

    e Identidade. Dissertação de mestrado do programa de pós-Graduação em Educação e

    Cultura da UFPA. Cametá, 2016.

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    representando o Ministério de Cooperação e Desenvolvimento Econômico da Alemanha

    (BMZ).

  • 42

    APÊNDICES

  • 43

    O PAPEL DAS MULHERES NO CONTEXTO HISTÓRICO DA COMUNIDADE

    SANTA RITA DAS BARREIRAS NO MUNICIPIO DE SÃO MIGUEL DO GUAMÁ –

    PA.

    Entrevista

    Nome

    Apelido

    Idade

    Estado civil Casada ( ) União estável ( ) Viúva ( ) Solteira ( ) Separada ( )

    Grau de

    escolaridade

    1) A senhora se considera quilombola?

    Sim ( ) Não ( )

    2) Para a senhora, o que significa ser quilombola?

    _____________________________________________________________________

    ___________________________________________________________

    3) A senhora é mulher negra quilombola, quais os principais desafios que já enfrentou e

    superou nesse sentido?

    _____________________________________________________________________

    _____________________________________________________________________

    _____________________________________________________________________

    _________________________________________________

    4) Qual a sua principal fonte de renda (se for aposentada, perguntar se ela exerce alguma

    outra atividade, como agricultura ou outras)?

    _____________________________________________________________________

    ___________________________________________________________

    5) Se trabalha com agricultura, quais atividades são exercidas?

  • 44

    Não exerce ( ) Plantações ( ) Criações ( )

    _____________________________________________________________________

    ___________________________________________________________

    6) Participa de alguma organização? (Cooperativa, sindicato, grupo de mulheres)

    Sim ( ) Não ( )

    _______________________________________________________________

    7) A senhora acredita ser importante a organização das mulheres, e quais melhorias isso

    pode acarretar?

    _____________________________________________________________________

    _____________________________________________________________________

    ______________________________________________________

    8) Como é a organização da comunidade em relação as atividades agrícolas na

    comunidade? (Mutirão, escalas, etc.)

    _____________________________________________________________________

    ___________________________________________________________

    11) Quais são os momentos de lazer dentro da comunidade? (Festividades, eventos)

    _____________________________________________________________________

    _____________________________________________________________________

    ______________________________________________________

    12) Como é residir em uma comunidade remanescente de quilombo?

    _____________________________________________________________________

    ___________________________________________________________

    13) Qual a importância da cultura quilombola na sua vida?

    _____________________________________________________________________

    _____________________________________________________________________

    ______________________________________________________

    14) A senhora conhece as histórias sobre as origens da comunidade, poderia relatar

    algumas delas?

    _____________________________________________________________________

    _____________________________________________________________________

    _____________________________________________________________________

    _________________________________________________