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Capítulo 13

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A guitarra elétrica (também chamada apenas de guitarra) é um instrumento musical pertencente à família das guitarras, cujo som ésempre amplificado eletronicamente. É um Instrumento de cordas (ou cordofone), ou seja, o som é produzido manualmente pela vibração das cordas como no violão, porém é transformado em sinal elétrico devido a ação de captadores magnéticos (na maioria dos modelos).

Os sinais elétricos podem ser simplesmente amplificados e emitidos por um alto-falante que converte os sinais elétricos em ondas sonoras, ou pode ser modificado antes de ser novamente convertido em som pelo alto-falante.

Por sua potência sonora e pela possibilidade de alteração eletrônica de diversas características de seu timbre, as guitarras elétricas são utilizadas principalmente no rock, música pop, blues ejazz, podendo ser encontradas ainda em outros gêneros musicais.

Em 1951, Leo fender cria primeira guitarra bem sucedida comercialmente,. Possuía um único captador e se chamava Esquire. A versão de dois

captadores foi chamada de Broadcaster, e depois de Telecaster.

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A mais tradicional das guitarras, a Stratocaster, surgeem 1954, e apresentava como novidade o double cutaway, ou seja, o corpo escavado também na parte

de cima, permitindo acesso mais fácil às cordas graves nos traste mais próximos dos captadores.

O terceiro modelo das guitarras clássicas é a Gibson Les Paul, que surgiu em 1952, com designe conceitos bem diferentes das guitarras Fender.

Guitarras distorcidasÉ lógico que não são as guitarras que são distorcidas e sim o seu som. Vamos primeiro esclarecer algo muito importante: drive e distorção não são a mesma coisa, mas também não são coisas a se comparar. O drive é apenas um modo de obter distorção. Ou seja, drive é um tipo de distorção.

A palavra drive vem do termo overdrive, que significa em eletrônica enviar um sinal a um amplificador que exceda a sua capacidade deamplificá-lo linearmente. Isso provoca distorção da forma de onda.

Um amplificador tem como função aumentar a amplitude de um sinal. Normalmente desejamos que ele faça isso de forma linear, ouseja, que a onda de saída seja uma versão amplificada da entrada, sem que sua forma seja alterada. Quando se força o amplificador aatuar além de sua região linear, normalmente através de excesso de sinal, a forma de onda de saída é distorcida em relação à entrada. Chamamos esse processo de overdrive. Ou seja, a distorção provocada pelo processo de overdrive em um amplificador é que é tão apreciada nas guitarras.

Quando distorcemos a forma de uma onda, o que estamos fazendoé acrescentar harmônicos à ela. Os amplificadores a válvula tendem a acrescentar harmônicos de ordem par, que normalmente

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são oitavas e outros intervalos consonantes, e muitas pessoas atribuem a isso a preferência pelo drive dos valvulados.

Já o fuzz, ou a distorção propriamente dita, pode se dar da várias formas, e é sempre muito mais intenso do que o overdrive, sendo bem mais rico em harmônicos de todas as ordens.

Sendo assim, saturação e distorção na verdade não são a mesma coisa, nem graus diferentes de uma mesma coisa, mas sim dois fatores com relação de causa e efeito. Quando um amplificador está saturado, significa que ele não consegue amplificar mais o sinal da entrada, já que está na máxima amplificação linear. Se aumentarmos mais ainda o sinal de entrada a forma de onda de saída então apresentará uma distorção, ou seja, será diferente da que entrou.

Assim, a saturação é um dos meios de se obter uma distorção no sinal. Esta distorção pode ser obtida abaixo da saturação, desde que o amplificador apresente uma resposta não-linear ou uma região não-linear que pode ser atingida através do excesso de nível, ou overdrive. Uma maneira usada para aumentar a distorção em amps de guitarra é usar um transformador variável na entrada da rede elétrica, descendo a tensão, ou voltagem, que chega a ele,o que o força a trabalhar fora da região linear.

Uma das questões mais importantes ao mixar guitarras distorcidas é justamente essa riqueza de harmônicos. Antes de mais nada, a audição contínua de guitarras com distorção em volumes altos tende a induzir uma fadiga auditiva apreciável. Com umas duas horas de mixagem em volumes altos já é recomendável uma parada para descanso.

O problema se agrava porque, com a gente gosta do som, tende a se empolgar e começa a ouvir alto. O ouvido, que não é bobo nem nada, aplica o seu amortecedor natural, os músculos que controlamos ossos do ouvido médio se enrijecem e o som começa a parecer

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baixo e daí a gente aumenta mais. O ciclo continua até que você começa a perder agudos ao longo da mixagem.

O bom e velho efeito de mascaramento é uma eterna preocupação durante a confecção de uma mixagem. Um instrumento muito rico em harmônicos tende a mascarar os outros ou perder sua identidade sonora quando é mascarado. Por isso, é muito fácil acabar colocando as guitarras altas demais na mixagem, já que elas mascaram facilmente os outros instrumentos e já que os guitarristas adoram que elas fiquem altas.

A arte de inserir bem uma guitarra distorcida em uma mixagem semmascarar demais o restante é muito difícil de dominar. Muitos engenheiros consideram o grão-mestre dos engenheiros neste aspecto como sendo o Andy Wallace. Ouça qualquer coisa dele e veja se a caixa e o bumbo não estão lá direitinhos com as guitarrasberrando em alto e bom som! Não posso deixar de citar outros craques como Tom Lord-Alge e Brendan O´Brian.

Uma consequência da riqueza harmônica são os power chords. Usados pela primeira vez comercialmente em 1958, por Link Wray, um pioneiro da distorção, em Rumble, os power chords são usadosna guitarra muito efetivamente e consistem apenas da tônica e quinta - a terça é omitida. Para entendermos porque um acorde do qual uma nota foi retirada fica com mais presença precisamos conhecer um pouco de história.

Uma característica fundamental da música são os intervalos consonantes. Pitágoras determinou esses intervalos através da

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proporção entre as frequências que os compõem. Assim, a oitava tem a proporção 2/1 (dois para um), a quinta justa (Dó e Sol) tem a proporção 3/2 e a quarta justa (Dó e Fá), 4/3. A terça maior (Dó e Mi) é 5/4 e a terça menor (Mi e Sol) é 6/5. Por razões que estão fora do que tratamos aqui, estes intervalos chamados justos não servem para se trabalhar de modo prático na música, pois a afinação não pode se adequar a mudanças de tom.

Após vários sistemas de escalas, o sistema de temperamento (de têmpera, como no vidro e aço, e não de tempero, como na culinária) proposto por Bach-Rameau, ainda no século 18, começou a ser usado e se consolidou no sistema que usamos hoje em dia, o temperamento igual, em que todos os intervalos de semitom são iguais à raiz décima-segunda de dois. Ou seja, subir um semitom significa multiplicar uma frequência por aproximadamente 1,059463. Pausa para pensar... Então se temos um Dó e queremos gerar um Dó#, temos que multiplicar por um número aproximado? Desse jeito nunca teremos um Dó# exato? Parece loucura, mas é isso mesmo. O problema está em nosso jeito de escrever números. O fator raiz décima-segunda de dois é um número exato, só que com infinitos dígitos (um número irracional), que não se consegue escrever na forma de fração. Então a gente tem que dar somente uma arredondada para representá-lo e usá-lo na prática. Só que para o ouvido esse arredondamento é imperceptível. O problema com o temperamentona verdade é outro.

Na música moderna, principalmente nos instrumentos com trastes ou teclas, os intervalos não são totalmente consonantes, porque aousar os intervalos propostos pelo sistema temperado estamos em desacordo com as consonâncias naturais estudadas por Pitágoras. Principalmente as terças maiores e menores são bem diferentes dos intervalos físicos corretos. Sacrifica-se a fidelidade em nome da versatilidade, já que com este sistema é possível tocar as músicas em qualquer tonalidade.

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Se juntarmos então esse problema do sistema temperado a um instrumento com extrema riqueza de harmônicos, com a guitarra distorcida, acabamos tendo um problema bem considerável. Ao se executar um acorde perfeito maior, como Dó-Mi-Sol, por exemplo, aquinta Dó-Sol é praticamente correta e seus harmônicos se somamcoerentemente. Já a terça maior Dó-Mi e a terça menor Mi-Sol estão mais de 10% de um semitom fora do lugar e geram harmônicos dissonantes. Ou seja, um acorde perfeito maior, o suprassumo da consonância, acaba soando um tanto dissonante quando se uma muita distorção.

É por isso que o power chord, ao evitar a terça, soa mais poderoso e consonante. O primeiro sucesso a usar power chord foi You Really Got Me, dos Kinds, de 1964. Para aumentar o peso da guitarra, o guitarrista Tom Morello acaba abandonando também a quinta e usando muito apenas oitavas. Ouça Rage Against the Machine e Audioslave. Para observar como o som da guitarra evoluiu, ouça You Shook Me, do álbum Truth, de Jeff Beck, de 1968- nos créditos Beck afirma que nesta música estão “provavelmente os sons mais rudes jamais gravados”.

Isto nos leva a outro ponto interessante. A música brasileira tem harmonias notoriamente mais complexas que o pop rock anglo-americano. A presença de quartas, sextas, etc. nos acorde piora ainda mais questão da dissonância ou embolamento das guitarras distorcidas. E nestes casos não dá pra simplesmente retirar a nota que complica.

A solução infelizmente é usar menos distorção quando a harmonia complicar. Um truque é usar mais dobras com menos drive em

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cada uma, para obter a mesma pressão sonora. É claro que estas soluções só são fáceis no ato da gravação, restando pouco ao engenheiro de mixagem fazer.

Quanto ao pan, nada como uma guitarra dobrada, aberta no pan, para fornecer uma base sólida para uma mixagem. Quando só se dispõe de um canal, podemos usar o velho truque de colocar em um lado o som direto e no outro a mesma guitarra com um delay de15 a 25ms. Devemos nos lembrar de colocar os dois em mono e ajustar o delay para o valor onde houver menor alteração no timbre, depois é só abrir os dois canais novamente.

O plug-in Doubler, da Waves, também pode ser usado, mas ele acrescenta um certo chorus, que pode não ser produtivo às vezes.

O fato de evitar deixar as guitarras distorcidas no centro do pan também é interessante para abrir caminho para a voz e outros instrumentos. Devemos tomar o cuidado com o golpe baixo de abrirno pan instrumentos conflitantes, por exemplo, guitarra distorcida para um lado e piano para o outro, pois provavelmente a mixagem irá acabar com mais riqueza de timbre em um dos lados.

Em termos de equalização, uma que normalmente ajuda a manter as guitarras altas sem mascarar outros instrumento usa a atenuação das médias baixas na região de 200 a 400 Hz e acentuação das médias em torno de 2 a 4 kHz. Se o grave está interessante, devemos mantê-lo. Se não, podemos usar um filtro oushelving por volta de 80 Hz.

Em muitas guitarras distorcidas que recebemos para mixar iremos perceber uma forte componente grave mas que, ao ser limpa no equalizador, deixa o som da guitarra melhor, mostrando que a partegrave do som na verdade só tinha sujeira ou informação indesejada. É curioso observar que alguns guitarristas não atentampara o detalhe de que o som grave deve vir do instrumento antes de vir do amp. Se a guitarra não está gerando sons graves, não

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adianta aumentar o controle de graves no amp ou simulador. Aumentar os graves no amp só vai gerar mais ruído e embolamento.

As guitarras distorcidas às vezes apresentam um ataque (palhetada) forte por volta de 2 kHz que pode começar a interferir na voz. Se for o caso, ache o ponto cuidadosamente no equalizador e atenue um pouco. Um compressor que seja ajustávelpara atuar só nesta região de frequências (por exemplo, o C4 da Waves) também é muito útil. Pode-se também montar um compressor seletivo pelo método que já vimos antes.

Se você tem uma mixagem com muitas guitarras com distorção, a tendência a um som embolado é grande, e aí fica a sugestão de seeleger um par de canais para construir a base da mixagem. Este par deve receber atenção especial da equalização, conforme vimosantes. Tente deixar o volume destes canais o mais constante possível através de compressão ou de automação. Isso não é tão difícil, já que normalmente guitarras distorcidas executando harmonia tendem a apresentar uma forte compressão, e seu volume tende a ser constante.

Com esta base estabelecida, comece a inserir as outras guitarras, agora atenuando na equalização as regiões que não estejam contribuindo para o seu timbre eficaz na mixagem. Em 80% dos casos, poderemos atenuar mais de 10 dB com um shelving de 250 Hz para baixo sem que isso empobreça o som desta guitarra - a função de preencher esta região já estará sendo cumprida pelo baixo e pelas guitarras de base. Isso também ajuda a controlar o nível geral da mixagem, afinal só porque entrou mais uma guitarra fazendo uma frase no arranjo não significa que o volume inteiro da música deva aumentar. Usando esses recursos de equalização teremos uma mixagem muito mais fácil de controlar.

Um recurso muito utilizado pelos arranjadores de música pop mesmo em músicas que não sejam rock é a guitarra drive de

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refrão. Ou seja, só existe guitarra distorcida para reforçar a pressãosonora do refrão. Normalmente é tocada mais com os bordões, muitas vezes em notas simples, sem acordes. Provavelmente foi Brian May em diversas músicas do Queen quem consagrou o drive como elemento funcional de um arranjo mais limpo. O efeito tem sido usado exaustivamente e embora já esteja um pouco desgastado ainda é bastante prático para o arranjo, só que perigoso para o engenheiro de mixagem.

É recomendado resistir ao desejo de deixar esta guitarra poderosa demais, porque o que pode ocorrer é uma subida geral de volume da mixagem no refrão, que pode até ser interessante, mas é sem dúvida perigoso. A solução então é, da mesma forma, suavizar a região de médias baixas e deixar que o timbre característico da guitarra apareça na região das médias altas, o que já irá conferir a pressão necessária ao refrão. Ouça “Save Me”, do álbum “The Game”, do Queen para um belíssimo exemplo de drive de refrão muito bem empregado.

As equalizações tendem a acompanhar os estilos e vertentes e até mesmo a geografia. Enquanto o rock mais tradicional, principalmente o inglês e da costa leste americana usa a sonoridade mais média dos amps tipo Marshall, o rock da costa oeste e o grunge já pendem para o som mais Mesa Boogie e com maior conteúdo de médias altas e graves - o buraco nas médias e nas médias baixas é mais pronunciado. E por aí vai.

Caso o som do trabalho a ser mixado já não tenha sido gravado com os timbres adequados, use referências de estilo similar para

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calibrar suas equalizações. Cuidado apenas com os volumes. Embora nossas bandas de rock tenham um som bem maduro, é usual em música feita no Brasil que se use a voz um pouco mais alta do que na anglo-americana.

Devemos prestar atenção também em alguns aspectos meio diferentes do tradicional, como por exemplo, o abaixamento da afinação da corda Mi grave. O Metallica costuma afiná-la em Dó#, por exemplo, deixando a guitarra com a região grave mais interessante para o estilo.

Pode-se fazer também algumas experiências usando as facilidadesdas automações dos softwares modernos. Cortes de volume abruptos nas pausas podem ser de muito impacto. Veja o exemplo no álbum “Meantime”, do Helmet, mixado por Andy Wallace.

Da mesma forma, bandas como Danko Jones, em seu álbum “We Sweat Blood”, rejeitam qualquer tipo de reverb na mix, o que literalmente nos coloca contra uma “parede sonora”.

Os solos, por sua vez, são uma característica à parte nas guitarras,principalmente nas distorcidas. Pode ser encarado quase como uminstrumento à parte em termos de abordagem.

No início dos tempos, ainda sem distorções mais intensas, Dick Dale era obrigado a tocar notas mais longas subdividindo-as em semicolcheias ou fusas para suprir a falta de sustain (ouça isso em “Pump It”, dos Black Eyed Peas, que na verdade é “Misirlou”, gravada por Dale no início dos anos 1960, que por sua vez é uma música tradicional grega). Para lembrar este estilo de tocar use um eco curto com bastante feedback e um som bem metálico. O plug-in que pode dar bons resultados para isso é o Tel-Ray.

Com a distorção veio o sustain mais elevado (podemos dizer que no quesito sustain ninguém supera Carlos Santana, embora ele

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não use tanta distorção assim). Nos casos em que os solos possuem notas longas, o efeito clássico a ser usado é um eco no tempo da semínima e uma ou poucas repetições. O reverb a ser usado deve ser longo. Este tipo de solo tende a ser bastante expressivo. Aliás, provavelmente o aspecto que mais tenha contribuído para popularizar a guitarra como rainha dos solos de rock tenha sido a expressividade que se consegue do instrumento via bends e similares. Na intro de Yankee Rose, do álbum Eat´em and Smile, de David Lee Roth, por exemplo, a guitarra de Steve Vaichega a falar, via wah-wah e bends. Outros guitarristas de rock craques de wah-wah são Joe Satriani e Jeff Healey.

Enquanto guitarristas mais tradicionais exploraram a emotividade e expressionismo ao extremo, tais com Eric Clapton (From the Cradle), onde todos gravaram juntos e a sonoridade é bem crua, com a voz chegando a saturar em alguns momentos, e Jeff Beck (Cause We´ve Endend as Lovers do álbum Blow by Blow), talvez o mais expressivo e visceral de todos os guitarristas em todos os tempos tenha sido Jimi Hendrix, que por si só mereceria um capítulo, pelo que fez para estabelecer o conceito de guitarra moderna.

O início dos anos 1980 trouxe uma nova vertente, provavelmente iniciada por Eddie Van Halen, com sua técnica apurada de hammering, que trouxe uma maior velocidade, maior quantidade denotas e até um certo elemento barroco/clássico à estrutura dos solos. Em Van Halen I existe o detalhe interessante na mixagem decolocar guitarra e baixo separados no estéreo, com solos e dobras no centro, ousado e útil pra gente fazer um karaokê guitarrístico emcasa.

Assim, se a banda que estamos mixando estiver mais para o lado de Michael Romeo ou Paul Gilbert, devemos evitar de usar ecos e reverbs longos, pois a rapidez das notas pode acabara causando problemas.

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Qualquer que seja o estilo do solista, nossa preocupação como engenheiros de mixagem de ser usar efeitos que realcem as características de estilo dos solos. Mais uma vez as referências podem ajudar.

Para evitar uma repetição, vamos deixar para analisar os diferentesefeitos usados nas guitarras mais à frente, depois que analisarmos as outras sonoridades de guitarra possíveis. Por enquanto, como exercício, devemos ouvir toda a obra de Jinny Page no Led Zeppelin, principalmente o álbum “Physical Graffiti”, para abastecer o nosso manancial de idéias e cartas na manga nas mixagens.

E para criar uma polêmica iremos levantar a questão dos simuladores. Já ouvi muitas e muitas vezes que o simulador não chega nem aos pés do amp real; que o som dos simuladores é artificial; que nada se compara a um amp bem microfonado.

É claro que um excelente amp, em excelente estado, com uma microfonação excepcional é insuperável. O difícil é conseguir estas três condições ao mesmo tempo. Hoje em dia, com os orçamentos cada vez mais baixos e os prazos cada vez mais curtos, é então quase impossível conseguir estas condições.

Não consigo hoje pensar em nada que substitua de forma eficaz a versatilidade, a rapidez e praticidade e, por que não dizer, a qualidade geral de um bom simulador. Quem torce o nariz para um Pod, um Guitar Rig, um Waves Guitar, um Amplitube, um Amp Farm, ou não sabe usá-los direito ou não parou para ouvir com atenção.

Quando é que em estúdio a gente tem a possibilidade de ouvir a mesma guitarra no lado esquerdo em um Vox e no direito em um Marshall, e na parte B da música mudar para um Mesa Boogie? É lógico que trabalhar com amps verdadeiros dá mais prazer, principalmente aos aficionados por rock & roll. Mas quando se fala em custo x benefício x possibilidades de experimentação x tempo

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de estúdio, não tem como descartar o emprego dos simuladores.

Guitarra baseÉ um elemento fundamental na música pop/rock. Cumpre o papel de fornecer o pano-de-fundo harmônico para a música. Este papel pode ser dividido com um piano, piano elétrico ou com violões, mas, dependendo da formação da banda, pode ser uma tarefa exclusiva da guitarra. Nestes casos este instrumento possui uma riqueza de timbres mais do que suficiente para dar conta do recado.

Para facilitar a colocação de uma guitarra base na mixagem, devemos experimentar atenuar um pouco a região das médias baixas e dar um pequeno ganho com Q baixo por volta de 2 a 4 kHz. Se tivermos sorte esta guitarra estará dobrada no arranjo, enriquecendo o panorama estéreo. Se não, podemos tentar a simulação de estéreo através de um chorus suave ou outro tipo de processamento. Devemos analisar as variações de volume do áudio. Em uma guitarra base típica elas não serão muito pronunciadas, permitindo o uso de uma compressão leve (threshold baixo e ratio baixa) em modo RMS ou Auto. Devemos usar um reverb do tipo Room ou Chamber para situar a guitarra emum ambiente psicoacusticamente interessante. Caso ela tenha sidogravada em linha, devemos experimentar algum simulador de amplificador para deixá-la menos “plugada”. Um drive leve também pode vir a ser interessante.

Em alguns casos, principalmente em baladas, um eco com uma repetição no tempo da música fica bem interessante. Vale experimentar.

Guitarras “Rio Funk”São muito características as guitarras com wah-wah em músicas no estilo rythm´n´blues ou derivações misturadas ao rock. Existem dois casos clássicos a observar. No primeiro deles, a guitarra

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executa riffs ou frases pré-arranjadas, No outro, são gravados um ou mais tracks em que o guitarrista executa frases livres e improvisadas, geralmente comentários à melodia principal.

Quando temos o primeiro caso, é mais fácil situar este track na mixagem, pois há uma certa constância de volume e timbre. Mesmo variando pouco, o volume costuma ser bem alto e neste caso convém atuarmos no ganho do áudio, ou através de funções tipo change gain ou via um limiter. Manter o volume comportado facilita muito a colocação da guitarra na mixagem. Uma atenuada nas médias baixas pode ser interessante também. Reverbs com formação rápida (chamber, room, plate) são normalmente os mais indicados. Evite usar tempos de decay longos para manter a inteligibilidade.

No caso da guitarra livre observa-se uma grande variação de volume, dada pela soma de dois fatores: o ato de improvisar em si e as características de funcionamento do wah-wah. É comum termos mais de 9 dB de diferença entre trechos mais altos e mais baixos.

Então, antes de mais nada, é necessário, mis do que no caso anterior, usarmos um change gain para uniformizar o volume do track antes de qualquer outro processamento. Existe uma preferência generalizada por usar automações de volume nestes casos, mas não é recomendado por uma razão simples: as automações de volume ocorrem após os plug-ins e não antes. Por isso, se formos usar um compressor, por exemplo, o excesso de dinâmica do áudio original vai tornar muito difícil conseguir um ajuste adequado do threshold. A uniformização do volume do track via change gain permite ajustes mais fáceis e muito menos automações de volume.

Em resumo, não é errado o uso de automações de volume em trcks com excesso de dinâmica, mas é aconselhável que antes disso se dê uma diminuída na dinâmica do áudio para que tudo

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seja mais simples.

Outro aspecto importante neste segundo tipo de guitarra wah é verificar com o artista e/ou produtor se realmente todas as frases valem. Agora que o volume está mais uniforme, pode ser que frases antes escondidas mostrem-se pouco úteis ao finalmente se revelarem. Por isso, devemos verificar desde cedo se a frase que está dando tanto trabalho porque briga com a voz vale mesmo ou não.

Qualquer que seja a execução com wah existe uma tendência a que ocorram mais ruídos de execução ou vindos do próprio efeito. O fato de o efeito atuar basicamente nas frequências médias também pode ser um incômodo, devido a ser uma região importante para a voz.

Por serem sons normalmente de curta duração e numa região de frequências em que o ouvido humano tem alta sensibilidade, as guitarras wah-funk costumam soar bem nos extremos do pan. Particularmente o hard-panning somente nos casos em que há um outro track que possa contrabalançá-lo do lado oposto ou quando se consegue o efeito de “pergunta de um lado, resposta do outro”.

No caso dos solos, a popularidade do wah-wah provavelmente se deve ao fato de ele simular a voz humana e seu jeito de emitir sons(a onomatopéia do nome do efeito é um óbvio indicador disso). Por isso não é impossível pensar em termos de equalizações, compressões e reverbs como se estivéssemos tratando de uma voz.

Finalmente, quando se tem apenas uma guitarra tocando neste estilo, pode ser interessante usarmos a simulação de estéreo via som-seco-de-um-lado-som-atrasado-do-outro, usando para isso tempos de delay entre 15 e 25 ms.

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Guitarra marteloUma característica fundamental do reggae, o martelo é a guitarra seca, quase somente percussiva tocada nos contratempos ou tempos fracos do compasso. Essa função é muitas vezes dividida com um piano elétrico ou outro teclado. Este estilo de tocar é chamado em inglês de skank.

Sendo o extremo máximo do som de guitarra curto, é sério candidato a ocupar uma posição aberta no pan totalmente para um lado, normalmente compensada com um teclado do outro lado.

Reverbs de formação curta, como vimos acima, são os mais indicados. Devemos experimentar também usar a simulação de estéreo com delay, só que desta vez usando tempos de atraso mais longos, de forma que o delay fique nítido. Devemos usar também um submúltiplo do tempo da música para o tempo do delay, Pode ser interessante também usar valores de feedback mais alto para se obter várias repetições curtas. O efeito é radical, mas muito interessante.

Guitarras de jazzDentro da versatilidade estilística do jazz, que não impõe nenhum limite, existe um tipo de guitarra e uma sonoridade típicos do mainstream que acabou sendo conhecido como guitarra de jazz. O tipo de instrumento usado é tipicamente uma guitarra archtop. Este tipo de guitarra é geralmente semi-acústica (hollow-bodied), de tampo arqueado (daí o seu nome), apresentando as aberturas em forma de “f” típicas da família dos violinos e captadores humbucker.Um modelo clássico é a Gibson L5.

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A sonoridade é suave, com pouco ataque e com forte presença de médias baixas e pouco brilho. Estas características permitem que ela se some naturalmente ao piano (mais ataque), ao saxofone e ao trumpete (ambos com mais brilho), mixando-se com facilidade

em um grupo típico de jazz.

Um engano muito comum é achar que se obtém a sonoridade da guitarra de jazz tirando-se agudas e médias altas na equalização. O timbre típico de jazz é mais complexo que isso e simplesmente equalizando estamos empobrecendo o som e tornando mais difícil a inserção do instrumento na mixagem.

Nestas guitarras o ideal é mexermos o mínimo possível em termos de equalização e compressão. Até porque este é um estilo musical em que a sonoridade natural é valorizada mais do que o processamento. Vale um reverb bem comedido para ambientar e dar profundidade.

Guitarra StacattoA guitarra stacatto é aquela com notas curtas, simples, quase percussivas, fazendo frases, geralmente comentando a melodia principal. Da mesma forma que vimos anteriormente, temos que cuidar primeiro da uniformidade de volumes, depois filtrar algum excesso nas regiões extremas do espectro de frequências e eventualmente atenuar as médias baixas. Uma compressão pode ser útil para manter a estabilidade de volume. Neste caso devemoslembrar de usar o attack e o release curtos, e detecção em modo peak, pois as notas têm curta duração.

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A simulação de estéreo através de delay curto pode ajudar muito se só existe esta guitarra no arranjo. Os reverbs de formação curta também.

Efeitos de guitarraA guitarra é um instrumento que se beneficia muito do uso de efeitos, que se popularizaram na forma de pedais, cada um com sua função específica (os multiefeitos apareceram mais tarde, quando a tecnologia permitiu). Vamos ver alguns destes efeitos e como usá-los nas mixagens.

DistorçãoO mais popular de todos os efeitos, consiste em deformar a forma de onda original, aumentando o conteúdo harmônico. Os diferentesmodelos de pedais variam desde a saturação leve (os overdrives) até a forma de onde praticamente quadrada (fuzz boxes).

O engenheiro de mixagem deve atentar para a extensa resposta em frequência e volume elevado. Como a distorção geralmente se baseia em excesso de ganho, o sustain é bastante intenso, obrigando muitas vezes a se forçar fade-outs ao final de passagenscomo solos e etc. Devemos verificar se existem regiões de frequência onde há sinal distorcido, mas não há informação útil - por exemplo, na região mais grave.

FlangerTomemos uma onda senoidal de 1000 Hz. Um ciclo desta onda tem1 ms de duração. Ora, se somamos esta onda a ela mesma atrasada de 1 ms, a parte positiva e negativa das duas senóides sesuperpõe e o volume aumenta. Se passamos por este delay agora uma onda de 500 Hz, porém, os positivos e negativos das duas senóides estão exatamente opostos e elas se cancelam. De fato, para todas as frequências cujo período é um múltiplo inteiro do valor do atraso o volume se soma e para todas em que o período é 1,5 vezes o valor do atraso os volumes se cancelam. Para as

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frequências intermediárias os valores do resultado são gradualmente variados. O resultado é um filtro pente, com cancelamento que obedecem uma série harmônica. O efeito por si só já é interessante, mas realmente se destaca quando o valor do atraso empregado é variado lentamente através de um LFO (oscilador de baixa frequência). A forma de onda deste oscilador (o jeito como o atraso varia no tempo) pode ser alterado pelo usuário.

Este efeito é ao mesmo tempo radical mas com bses muito musicais, o que lhe confere muita popularidade. Geralmente soa mais evidente em instrumentos com fortes componentes agudas. Nas guitarras e violões acrescenta bastante riqueza e pode mesmomelhorar um instrumento de menor qualidade ou cordas velhas. Deve se tomar um certo cuidado pos como já foi muito usado pode acabar deixando nossa mixagem meio datada. Funciona muito bemtambém na voz e na bateria.

Seu nome deriva do jeito como foi criado. No tempo em que os engenheiros precisavam de muita criatividade para inventar efeitos,alguém descobriu que rodando a música em dois gravadores de fita sincronizados podia-se conseguir o efeito de “um avião passando pela música”. Para isso, se pressionava a borda do rolo fornecedor (suply reel), que em inglês se chama flange. Isso provocava um pequeno atraso em um dos gravadores, gerando os cancelamentos, e a variação do LFO era obtida variando-se a pressão com que se pressionava o rolo. Estava criado o Efeito Flanger.

Para um bom exemplo de efeito flanging, que provavelmente foi gerado pelo método braçal descrito anteriormente, ouça “Listen to the Music”, dos Dooble Brothers.

Phaser ou Phase ShifterÉ um efeito de modulação. A categoria de modulação trabalha dentro do principio de dobra de sinal, alteração na freqüência, alteração da afinação, alteração da amplitude, alteração na fase do

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sinal. Primo do Flanger, mas com princípio de funcionamento diferente.

Esse é o efeito em que Eddie Van Halen arrebentou, confira o trabalho “Atomic Punk” desse mestre da guitarra.

O phase era produzido originalmente gravando e reproduzindo o mesmo sinal em dois gravadores; as variações de pitch e velocidade provocam um efeito (wooshing). Largamente utilizado nos anos 60 pelas bandas psicodélicas, o phaser continua a ser umefeito popular. Esta unidade data de meados dos anos 70.

O interessante resultado sonoro caracterizado neste efeito é obtido da seguinte forma: soma-se à onda original uma onda de mesma freqüência e amplitude, mas com uma variação temporal e linear de fase, o que resulta em uma série de interferências construtivas edestrutivas. O único parâmetro desse tipo de efeito é a freqüência com que varia a fase da onda somada à original.

O efeito de phase emprega atrasos muito curtos na faixa de 1 a 10 ms. Quando o sinal original é atrasado em relação ao sinal repetidoocorre um efeito conhecido por comb filter no qual as frequências cujos períodos estão diretamente relacionados ao tempo de atraso são atenuadas e reforçadas devido ao cancelamento de fase. Efeitos de phase utilizam um determinado número de filtros para gerar o efeito comb. Usando um modulador (LFO) para mover essefiltro dentro de uma determinada região do espectro causa um cancelamento de fases variável dependente das frequências usadas.

A diferença entre phase e flanger é que neste último a atenuação e o reforço das frequências ocorrem em intervalos regulares enquanto que no phase isso depende da disposição dos filtros. Além disso, no phase o espaçamento, a largura e a intensidade (depth) podem ser variáveis. Em geral, flange tem um efeito no campo das alturas mais pronunciado que o phase.

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Os botões de regulagens que geralmente compõem essas unidades são:

Rate / Speed - Determina a velocidade com o que o modulador irá varrer ciclicamente a faixa de espectro determinada.

Range - determina essa faixa do espectro a ser varrida pelo modulador.

Outros - filtros, feedback loop.

Seu uso é similar em uma mixagem e a escolha pode ser feita de acordo com o modelo do processador, já que existem muitas possibilidades de se obter este efeito.

Envelope filterChamamos por esse nome o filtro cuja frequência de corte é controlada pelo envelope (em outras palavras, volume) do sinal de entrada. Ou seja, as notas mais fortes abrem o filtro, como se um pedal de wah-wah estivesse pressionado, enquanto nas notas maissuaves o filtro desce a frequência de corte, soando como se levantássemos o pedal de wah. Um tipo comum de envelope filter éo Auto-Wah, ou Touch-Wah.

Pode ser muito interessante em uma mixagem, podendo ser usado não só em guitarras, mas também em Clavinets, pianos elétricos e até no baixo. Deve-se apenas tomar cuidado pois se por um lado este efeito acrescenta vida e alegria, pode acabar soando um pouco engraçado.

Se for usá-lo, é recomendável um cuidadoso ajuste de compressor antes dele, para que ao mesmo tempo se permita a uniformidade do processo de abertura e fechamento do filtro e também sem comprimir demais, já que isso deixaria o filtro sempre na mesma

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posição.

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