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38 SUPERVAREJO | JANEIRO/FEVEREIRO 2008 GESTÃO marketing/comercial afinal, ele é um item de preço mais alto. Por isso, o consumidor deve ser mais bem informado das vantagens que se tem ao consumir um suplemento em vez de um modificador de leite comum, um achoco- latado, por exemplo.” O professor Sá alerta, ainda, que o su- plemento alimentar deve ser destacado na gôndola como um produto nobre. Não pode ficar apenas nas prateleiras de bai- xo – ele tem de ir para a parte superior da gôndola. O consumidor precisa saber que esse tipo de produto tem vitaminas, proteínas, minerais. Tudo isso deve ser in- formado no rótulo, claro, mas, além disso, são necessárias medidas mais chamativas. “Não entendo por que as fábricas não in- vestem mais em promotores divulgando o produto nas próprias lojas, oferecendo a degustação ao consumidor. Aumentar o mercado que existe hoje, nesse segmento, é um desafio.” POTENCIAL DE MERCADO – O consultor de Varejo e professor da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Mar- keting) Roberto Nascimento Azevedo diz que os supermercados grandes já estão explorando a categoria de suplementos alimentares com mais afinco. Eles têm fei- to uma exposição melhor dos produtos nas lojas. Alguns os colocam em gôndo- las exclusivas, e isso tem feito com que o Aproveitar o crescimento do mercado de suplementos alimentares pode aumentar as vendas e qualificá-las POR FÁBIO DE LIMA Suplemento DE VENDAS Q uando os suplementos alimen- tares surgiram nos Estados Unidos, nos anos 1960, eles nada mais eram que com- postos de vitaminas e sais minerais que serviriam para repor nutrientes em caso de uma alimentação mal balanceada. Os primeiros a usar foram os astronautas da NASA (Agência Espacial America- na). Depois, os esportistas também pas- saram a consumir esses produtos. Hoje em dia, em pleno século XXI, todos têm direito a comprar e usar os suplementos alimentares. Eles são vendidos em lojas especializadas, farmácias e também em supermercados. Números precisos sobre o mercado de suplementos alimentares no Brasil ainda não existem. Não há uma associação que congregue os fabricantes desses produtos, por isso, cada empresa tem seus próprios números e suas próprias expectativas so- bre o mercado. Mas o consumidor já tem uma oferta bastante grande do produto. Ele pode ser encontrado em forma de cápsulas, pastilhas, comprimidos, pílulas, frascos com conta-gotas e em pó. Essa úl- tima forma é a mais comum. Suplementos em pó para serem adicionados ao leite, ao suco ou até mesmo à água têm ganhado espaço nas gôndolas dos supermercados nos últimos anos. “O mercado de suplementos alimenta- res no País cresce, mas bem devagar ain- da”, diz o consultor de Varejo e professor da FAAP (Fundação Armando Álvares Penteado) Antonio Sá. Ele salienta que a compra ainda é planejada. Os suplemen- tos alimentares não fazem parte da lista de compras de todos os meses – em maior ou menor quantidade. “Poucos lares bra- sileiros consomem esse produto. Penso que a falta de informação para o con- sumidor afeta diretamente suas vendas, Sá, da FAAP: aumentar o mercado nesse segmento é um desafio ELIANE CUNHA

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Gestão marketing/comercial

afinal, ele é um item de preço mais alto. Por isso, o consumidor deve ser mais bem informado das vantagens que se tem ao consumir um suplemento em vez de um modificador de leite comum, um achoco­latado, por exemplo.”

O professor Sá alerta, ainda, que o su­plemento alimentar deve ser destacado na gôndola como um produto nobre. Não pode ficar apenas nas prateleiras de bai­xo – ele tem de ir para a parte superior da gôndola. O consumidor precisa saber que esse tipo de produto tem vitaminas, proteínas, minerais. Tudo isso deve ser in­formado no rótulo, claro, mas, além disso, são necessárias medidas mais chamativas. “Não entendo por que as fábricas não in­vestem mais em promotores divulgando o produto nas próprias lojas, oferecendo a degustação ao consumidor. Aumentar o mercado que existe hoje, nesse segmento, é um desafio.”

PoteNCIAL De MeRCADo – O consultor de Varejo e professor da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Mar­keting) Roberto Nascimento Azevedo diz que os supermercados grandes já estão explorando a categoria de suplementos alimentares com mais afinco. Eles têm fei­to uma exposição melhor dos produtos nas lojas. Alguns os colocam em gôndo­las exclusivas, e isso tem feito com que o

aproveitar o crescimento do mercado de suplementos alimentares pode aumentar as vendas e qualificá-las

por fÁBio De LiMa

Suplemento de vendas

Quando os suplementos alimen­tares surgiram nos Estados Unidos, nos anos 1960, eles nada mais eram que com­

postos de vitaminas e sais minerais que serviriam para repor nutrientes em caso de uma alimentação mal balanceada. Os primeiros a usar foram os astronautas da NASA (Agência Espacial America­na). Depois, os esportistas também pas­saram a consumir esses produtos. Hoje

em dia, em pleno século XXI, todos têm direito a comprar e usar os suplementos alimentares. Eles são vendidos em lojas especializadas, farmácias e também em supermercados.

Números precisos sobre o mercado de suplementos alimentares no Brasil ainda não existem. Não há uma associação que congregue os fabricantes desses produtos, por isso, cada empresa tem seus próprios números e suas próprias expectativas so­bre o mercado. Mas o consumidor já tem uma oferta bastante grande do produto. Ele pode ser encontrado em forma de cápsulas, pastilhas, comprimidos, pílulas, frascos com conta­gotas e em pó. Essa úl­tima forma é a mais comum. Suplementos em pó para serem adicionados ao leite, ao suco ou até mesmo à água têm ganhado espaço nas gôndolas dos supermercados nos últimos anos.

“O mercado de suplementos alimenta­res no País cresce, mas bem devagar ain­da”, diz o consultor de Varejo e professor da FAAP (Fundação Armando Álvares Penteado) Antonio Sá. Ele salienta que a compra ainda é planejada. Os suplemen­tos alimentares não fazem parte da lista de compras de todos os meses – em maior ou menor quantidade. “Poucos lares bra­sileiros consomem esse produto. Penso que a falta de informação para o con­sumidor afeta diretamente suas vendas,

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consumidor conheça mais os suplemen­tos e suas vantagens. Mas ainda é pouco diante do potencial desse mercado. “Em países da Europa, como a Inglaterra, a França e a Espanha, o mercado já está muito avançado. Lá fora o investimento em propaganda desse tipo de produto é grande. No Brasil, poderíamos investir em promotoras nas lojas e no oferecimento de degustação nesses pontos­de­venda.”

O professor Nascimento destaca, tam­bém, que enquanto a demanda dos su­plementos alimentares for baixa, o custo operacional desses produtos será muito alto. E mudar essa realidade depende de todo um cenário. “É necessário um ciclo virtuoso: ao baixar os preços dos produtos, essa baixa dos valores será repassada aos consumidores. Eles terão acesso aos su­plementos, que hoje ficam restritos a uma classe social de poder aquisitivo maior, e quanto mais pessoas comprarem esses produtos, mais os preços baixarão.”

O gerente do Supermercados Hiro­ta, com oito lojas em São Paulo, Hiroshi Inagaki, enfatiza que o valor agregado do suplemento alimentar é alto. Segun­do ele, há latas de 400 gramas que che­gam a custar R$ 30, o que dificulta uma venda substancial. É preciso lançar mão de artimanhas para o suplemento não en­calhar na gôndola. “Não acho uma boa idéia expor junto de achocolatados, como

alguns supermercadistas fazem. Sei que são produtos diferentes, mas na hora de o consumidor escolher na loja, dificilmente haverá alguém para explicar isso a ele.”

Normalmente quem compra esse pro­duto pertence às classes A e B, ou então são consumidores que precisam realmen­te do suplemento. Muitas vezes essas pes­soas freqüentam academia, se alimentam com produtos de qualidade e de preferên­cia, naturais. O suplemento alimentar é só mais um componente dessa preocupação com a saúde. Portanto, o supermercadista pode aproveitar esse público consumidor para vender toda uma gama de itens sau­dáveis. “Tendo opções de produtos natu­rais e saudáveis juntos, ou próximos, nas gôndolas, o consumidor pode comprar o suplemento e esses outros produtos. Se o supermercadista junta mercadorias de valor agregado no mesmo espaço e tem um público cativo, vai vender pouco, mas sempre. Além de ter margens de lucro muito boas”, comenta Inagaki.

O diretor comercial do Supermerca­do Kanguru, com uma loja na zona leste de São Paulo, Francisco Antônio Jerôni­mo, concorda que o consumo desse tipo de produto ainda é pequeno no Brasil. Ele não é favorável à disponibilidade de grandes espaços na loja para a venda de suplementos. Ele prefere expor o pro­duto junto com os achocolatados. “Não costumo fazer ilha porque, como tem um giro pequeno, não é necessário ocupar um espaço importante da loja. O consumidor ainda não costuma ser fiel a ele.”

Embora haja uma diversidade de su­plementos alimentares no País, algumas pessoas avaliam os sabores como muito fortes, até um pouco enjoativos, segundo Jerônimo. Mesmo assim, ele observa que com a presença de promotores oferecendo degustação dos suplementos alimentares, as vendas aumentam. “Esses fabricantes deveriam investir mais na propaganda – fora e dentro dos pontos­de­venda.”

O gerente de Produtos do Supermer­cados Mambo, com cinco lojas na Grande São Paulo, Saulo Silva, também afirma que o giro do produto é pequeno, mas lembra que a lucratividade é boa, 27%, em média. Ele trabalha com apenas três marcas e os produtos costumam ser expostos perto dos

dentro da leiAs exigências que devem ser atendidas para que os suplementos alimentares sejam considerados alimentos e possam ser vendidos no ponto-de-venda são as seguintes:

n A Anvisa trata os suplementos alimentares como alimentos para praticantes de exercícios físicos, classificados pela Legislação como alimentos para fins especiais

n A venda do produto só pode ser feita em unidades pré-embaladas

n os produtos podem ser apresentados sob a forma de tabletes, drágeas, cápsulas, pós, granulados, pastilhas mastigáveis, líquidos, preparações semi-sólidas e suspensões

n No rótulo não pode haver nenhuma indicação terapêutica

n Para o fabricante conseguir o registro é necessário provar, através de análises laboratoriais, que o produto realmente contém todas as vitaminas anunciadas e nas quantidades indicadas

Consumidor ainda compara suplemento alimentar ao achocolatado

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[email protected]

eSpM: (11) 5081-8224faap: (11) 3662-7000Supermercado Kanguru: (11) 6942-8877Supermercados Hirota: (11) 6163-9597Supermercados Mambo: (11) 4191-1806Meissen produtos naturais: (11) 4612-1108TBS alimentos: (11) 5181-3340

fonTeS DeSTa MaTéria

cereais e dos alimentos naturais, na certeza de que seus consumidores visam uma ali­mentação saudável. Além dos jovens, que muitas vezes praticam atividades físicas e procuram repor determinadas vitaminas com o suplemento alimentar, o produto também é bastante procurado por um pú­blico mais idoso que já precisa repor algu­mas vitaminas por total necessidade.

Entre os suplementos alimentares, os itens para crianças costumam se destacar. Muitos pais acham necessário que seus filhos consumam esses produtos, e até mesmo alguns médicos têm por hábito indicá­los. Os conhecedores desse merca­do analisam que isso ocorre porque o su­plemento alimentar infantil é muito mais conhecido no mercado brasileiro do que a versão para adultos. “O supermercadista sente­se, muitas vezes, abandonado pelo fabricante, pois compra o produto, mas poucos consumidores o conhecem.”

eNtRAVes - A farmacêutica Maria Laura Lobo, diretora da Meissen Pro­dutos Naturais, fabricante de suplemen­tos alimentares, acredita ser o mercado de suplementos alimentares bastante

promissor no País. No entanto, ela lembra que o trâmite para registro do produto ainda é muito demorado, e essa morosi­dade inibe alguns fabricantes de inves­tir nesse mercado. Todos têm receio de investir na pesquisa de novos produtos e depois ter dificuldades para colocar a novidade para ser comercializada. Sem a legalização por parte da Agência Na­cional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o suplemento não pode ser vendido. “A legislação aqui no Brasil é muito mais bu­rocrática do que na Europa ou nos Esta­dos Unidos. O mercado desse produto só vai crescer bastante quando a burocracia em torno dele diminuir”, garante.

A nutricionista da TBS Alimentos, Cristina Garcia, diz que os suplementos alimentares são importantes para as pes­soas, mas é necessário que o supermerca­dista tome cuidado ao comprar esse tipo de produto. Como o valor dele é mais alto e o mercado não está devidamente desenvolvido no País, é muito comum al­guns fabricantes procurarem os lojistas de menor porte e oferecerem suas marcas de suplementos, às vezes com preços tenta­dores. No entanto, nem todos os produtos

estão de acordo com as regulamentações da ANVISA e o supermercadista, nessa hora, tem de entender que assim como com qualquer outro produto que ele ven­de em sua loja, o barato pode sair caro. “Ao comprar o suplemento alimentar, é necessário saber se o produto é realmente considerado como tal e se está regulamen­tado nesta categoria pela Anvisa. Isso vai servir para que o produto não traga pro­blemas tanto para o consumidor quanto para o supermercadista”, alerta.

sugestões para um bom giro

n evitar a compra de grande quantidade do produto. suas vendas são reduzidas e não compensa estocar

n optar por três marcas é o ideal. Muitas marcas podem confundir o consumidor, que ainda não conhece muito esse tipo de produto

n expor o produto próximo de achocolatados ou alimentos naturais. o consumidor desses itens é o mesmo que compra suplementos alimentares

n Disponibilizar pelo menos uma marca voltada ao público infantil. os pais nem sempre consomem o suplemento, mas adoram comprar para seus filhos

n Informar ao consumidor o que é, exatamente, o produto e exigir dos fabricantes que façam o mesmo, pois essa ainda é uma categoria pouco conhecida no País

Inagaki, do Hirota: preço alto do produto dificulta venda substancial

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