MOBILIDADE URBANA: EFEITOS CAUSADOS PELO ......Ficha Catalográfica 4. Residente. 5. Cabo Frio, RJ....

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE FACULDADE DE TURISMO E HOTELARIA CURSO DE TURISMO CLÁUDIA MÁRCIA BARCELLOS MOBILIDADE URBANA: EFEITOS CAUSADOS PELO TURISMO DE MASSA NO MUNICÍPIO DE CABO FRIO NITERÓI 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE FACULDADE DE TURISMO E HOTELARIA

CURSO DE TURISMO

CLÁUDIA MÁRCIA BARCELLOS

MOBILIDADE URBANA: EFEITOS CAUSADOS PELO TURISMO DE MASSA NO MUNICÍPIO DE CABO FRIO

NITERÓI 2016

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CLÁUDIA MÁRCIA BARCELLOS

MOBILIDADE URBANA: EFEITOS CAUSADOS PELO TURISMO DE MASSA NO

MUNICÍPIO DE CABO FRIO

Trabalho de Conclusão apresentado ao Curso de Turismo como requisito parcial de obtenção do grau de Bacharel em Turismo pela Universidade Federal Fluminense

Orientador: Prof.ª Drª Claudia Corrêa de Almeida Moraes

NITERÓI 2016

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Ficha Catalográfica

B242 Barcellos, Cláudia Márcia.

Mobilidade urbana: efeitos causados pelo turismo de massa no

município de Cabo Frio / Cláudia Márcia Barcellos. – 2016.

99 f.: il.

Orientadora: Claudia Corrêa de Almeida Moraes.

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Turismo) –

Universidade Federal Fluminense, Faculdade de Turismo e Hotelaria,

2016.

Bibliografia: f. 75 - 81.

1. Políticas públicas. 2. Mobilidade urbana. 3. Turismo de massa.

4. Residente. 5. Cabo Frio, RJ. I. Moraes, Claudia Corrêa de Almeida.

II. Universidade Federal Fluminense. Faculdade de Turismo e

Hotelaria. III. Título.

B242 Barcellos, Cláudia Márcia.

Mobilidade urbana: efeitos causados pelo turismo de massa no

município de Cabo Frio / Cláudia Márcia Barcellos. – 2016.

96 f.: il.

Orientadora: Claudia Corrêa de Almeida Moraes.

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Turismo) –

Universidade Federal Fluminense, Faculdade de Turismo e Hotelaria,

2016.

Bibliografia: f. 75 - 81.

1. Políticas públicas. 2. Mobilidade urbana. 3. Turismo de massa.

4. Residente. 5. Cabo Frio, RJ. I. Moraes, Claudia Corrêa de Almeida.

II. Universidade Federal Fluminense. Faculdade de Turismo e

Hotelaria. III. Título.

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Cláudia Márcia Barcellos

MOBILIDADE URBANA: EFEITOS CAUSADOS PELO TURISMO DE MASSA NO

MUNICÍPIO DE CABO FRIO

Trabalho de Conclusão apresentado ao Curso de Turismo como requisito parcial de obtenção do grau de Bacharel em Turismo pela Universidade Federal Fluminense

Niterói, 27 de julho de 2016.

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________ Prof.ª Drª Claudia Corrêa de Almeida Moraes (Orientadora UFF)

____________________________________________ Prof. Dr. Aguinaldo Cesar Fratucci (Convidado UFF)

______________________________________________ Prof. Eduardo Antônio Pacheco Vilela (Departamento de Turismo e Hotelaria – UFF)

Niterói 2016

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente à Deus pela oportunidade de terminar este trabalho.

Ao meu amado pai Euclydes Barcellos (in memoriam), que desde que ingressei

na faculdade torcia pelo meu sucesso. Ao meu marido, José Roberto, que muito me

incentivou a não desistir e me ajudou e a minha filha Letícia.

Aos meus amigos Luís Cláudio, Beatriz Ribeiro e Luciano Rapagnã, por me

auxiliarem nos momentos de dúvidas e a me orientar em algumas questões

importantes desse trabalho.

À minha querida professora e orientadora Claudia Moraes, que sempre

contribuiu para o meu aprendizado e que de maneira ímpar me ajudou na elaboração

deste trabalho.

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RESUMO

A mobilidade do morador de Cabo Frio frente ao turismo de massa é tema de discussão desde a década de 1960, quando Cabo Frio despontava como roteiro turístico internacional. No decorrer da formação do seu território, o turismo influenciou nas modificações espaciais, sociais e econômicas. Para avaliar a percepção dos moradores quanto ao impacto do turismo foi elaborada uma pesquisa com moradores de Cabo Frio no período de alta temporada, visto que, os impactos nesse período, aumentam significativamente. A pesquisa usou a metodologia Likert aplicada aos moradores, através de entrevistas semiestruturadas com o poder público e uma análise utilizando o modelo Doxey. Percebeu-se que o morador considera o turismo uma atividade necessária principalmente neste momento de crise, mas também, um problema para o cotidiano do morador. Constatou-se diversas ações que precisam ser implementadas para garantir o direito do morador de ir e vir, como mudanças estruturais, implementação do Plano Diretor e de uma política de mobilidade urbana sustentável que garanta melhor relação entre moradores e turistas em uma cidade para todos. Palavras-chaves: Políticas Públicas. Mobilidade Urbana. Turismo de massas. Ótica dos Residentes. Cabo Frio/RJ.

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ABSTRACT

The mobility of the resident of Cabo Frio front of mass tourism is the subject of discussion since the Decade of 1960, when Cabo Frio emerged as international tourist itinerary. In the course of the formation of his territory, the tourism spatial modifications influenced, social and economic. To evaluate the perception of the residents about the impact of tourism has been developed a survey of residents of Cabo Frio in the period of high season, since the impacts during this period, increase significantly. The survey used the Likert methodology applied to residents, through semi-structured interviews with public authorities and an analysis using the model Doxey. It was noticed that the resident considers tourism a necessary activity especially in this time of crisis, but also a problem for the everyday life of the resident. It has several actions that need to be implemented to guarantee the right of the tenant to come and go, as structural changes, implementation of the master plan and a sustainable urban mobility policy that guarantees better relationship between residents and tourists in a city for all.

Keywords: public policy. Urban Mobility. Mass tourism. Optics of the residents. Cabo Frio/RJ.

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LISTAS DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 Gráfico indicando a comparação de quanto o governo federal deixou de arrecadar ao subsidiar automóveis e o quanto gastou com mobilidade urbana ..............................................................................22

Figura 2 Localização do Município de Cabo Frio no Estado do Rio de Janeiro.................................................................................................24

Figura 3 Localização do Município de Cabo Frio no Estado do Rio de Janeiro.... .............................................................................................................25

Figura 4 Localização das principais rodovias que dão acesso ao Município de Cabo Frio.............................................................................................26

Figura 5 Gráfico demonstrando o crescimento populacional de Cabo Frio de 1940 a 2010.........................................................................................28

Figura 6 Investimentos feitos pela Prefeitura de Cabo Frio com os recursos dos Royalties do Petróleo..........................................................................30

Figura 7 Fotografia da Praia do Forte em 1943 ...............................................38 Figura 8 Fotografia de Cabo Frio na década de 1950.......................................39 Figura 9 Fotografia de turistas que vieram para o Festival de Cinema em Cabo

Frio em 1965....................................................................................40 Figura 10 Fotografia panorâmica de Cabo Frio na década de 1970.................41 Figura 11 Cabo Frio localizando o território e sua ocupação - Norte do

território...............................................................................................44 Figura 12 Cabo Frio localizando o território e sua ocupação – Centro do

território...............................................................................................45 Figura 13 Cabo Frio localizando o território e sua ocupação – Sul do

território...............................................................................................46 Figura 14 Normatizações elaboradas pelo poder público para regulamentar a

atividade turística e o ordenamento urbano........................................48 Figura 15 Delineamento da Pesquisa.................................................................53 Figura 16 Desenho da Pesquisa........................................................................54 Figura 17 Gráfico indicando o tempo de residência no município de Cabo

Frio......................................................................................................56 Figura 18 Gráfico indicando o bairro da residência dos respondentes...............57 Figura 19 Indicando em quais bairros residem, separados por regiões............58 Figura 20 Gráfico indicando as residências no município por regiões..............58 Figura 21 Gráfico demostrando a residência dos respondentes do município de

Cabo Frio em porcentagem por regiões e distância do centro..........59 Figura 22 Gráfico demonstrando o deslocamento dos moradores na baixa

temporada...........................................................................................60 Figura 23 Gráfico demonstrando o deslocamento dos moradores na alta

temporada...........................................................................................60 Figura 24 Gráfico indicando o grau de dificuldade que o morador tem para se

locomover na alta temporada..............................................................62 Figura 25 Gráfico indicando o aumento das dificuldades que o morador tem em

se locomover nos últimos cinco anos.................................................63 Figura 26 Gráfico indicando se o turismo é o principal responsável pela

dificuldade de locomoção durante a alta temporada..........................64 Figura 27 Gráfico demonstrando as dificuldades que o morador tem para

estacionar na alta temporada .............................................................64

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Figura 28 Gráfico indicando se há eficiência na fiscalização pública em locais proibidos na alta temporada................................................................65

Figura 29 Gráfico indicando se o morador tem conhecimento de alguma política pública de mobilidade urbana para melhorar seu deslocamento em Cabo Frio.............................................................................................66

Figura 30 Gráfico indicando a opinião do morador sobre a atividade turística no município de Cabo Frio.......................................................................66

Figura 31 Sugestões dos moradores para melhorar a mobilidade urbana durante a alta temporada.................................................................................68

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...........................................................................................................10

1 MOBILIDADE URBANA E O TURISMO ..........................................................14

1.1 Considerações Sobre Mobilidade Urbana ....................................................... 14

1.2 Efeitos do Turismo Sobre a Mobilidade Urbana .............................................. 18

2 A CONTEXTUALIZAÇÃO DE CABO FRIO E A CRIAÇÃO DE UM

ESPAÇO TURISTIFICADO ............................................................................... 23

2.1 Alguns aspectos Geográficos, Históricos e Econômicos ................................ 23

2.2 A Expansão Urbanística de Cabo Frio e o Turismo ........................................ 36

2.3 Ordenamento do Turismo em Cabo Frio..........................................................46

2.4 Mobilidade Urbana de Cabo Frio e Seus Efeitos..............................................50

3 A OPINIÃO DOS MORADORES SOBRE A MOBILIDADE URBANA E O

TURISMO EM CABO FRIO .....................................................................................52

3.1 Procedimentos Metodológicos..........................................................................52

3.2 A Mobilidade Urbana e o Turismo Sob o Olhar dos Moradores de

Cabo Frio....................................................................................................... 55

CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 70

REFERÊNCIAS..........................................................................................................75

APÊNDICES

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INTRODUÇÃO

A literatura sobre a mobilidade espacial vem sendo muito disseminada por

discutir questões vinculadas às metrópoles. Por outro lado, as cidades médias têm

incorporado uma parcela significativa do crescimento do país seja demográfico ou

econômico. Compreender a mobilidade atrelada ao processo de centralidade no que

tange aos deslocamentos por atividades turísticas em cidades deste porte torna-se

essencial para este momento atual. Questões relativas ao desenvolvimento urbano,

demografia, turismo e a indústria do petróleo e gás influenciaram e influenciam a

mobilidade do município de Cabo Frio, no estado do Rio de Janeiro.

O município de Cabo Frio, localizado na região turística da Costa do Sol no

estado do Rio Janeiro, recebe desde a década de 1960 turistas, principalmente

motivados pelo Turismo de Sol e Praia1. Essa presença alterou o território e a

economia durante esses anos. As mudanças fizeram com que o morador de Cabo

Frio presenciasse ações negativas e positivas decorrente do turismo como: a criação

de novos bairros, a existência de segundas residências, dinamização do comércio,

novos empregos, estimulo à indústria da moda praia, instituição de equipamentos e

serviços turísticos, arrecadação de impostos, ocupação de dunas e mangues por

construções de moradias, hotéis, restaurantes e vias públicas, aterramento de áreas,

construções irregulares, ausência de saneamento básico, aumento da violência e a

dificuldade em se locomover em sua cidade, entre outras. (GONÇALVES, 2007).

Nas últimas décadas, a indústria de petróleo e gás e a migração de moradores

de grandes cidades para as médias, também, colaboraram para estas mudanças,

apontando para múltiplas interferências na economia e nos aspectos socioambientais

do município (OLIVEIRA; RIBEIRO, 2009).

Além das citadas alterações, as mudanças econômicas e sociais causaram um

aumento populacional significativo ao município. Em 2014, o Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatísticas (IBGE) divulgou que desde 1970 houve um crescimento de

329% no número de habitantes em Cabo Frio. O crescimento populacional exerceu

1 Turismo de Sol e Praia constitui-se das atividades turísticas relacionadas à recreação, entretenimento ou descanso em praias, em função da presença conjunta de água, sol e calor. (BRASIL, 2006).

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impacto direto sobre qualidade de vida das pessoas e ocupação territorial, além de

induzir uma reflexão sobre um modelo sustentável de se conviver em sociedade.

A nova realidade populacional e a ampliação do território urbanizado trouxeram

muitos desafios, entre eles, a mobilidade urbana. Presentemente, este tema é tratado

com um olhar ampliado em relação às discussões sobre trânsito, envolvendo questões

relativas à história da ocupação dos territórios, sobre o crescimento econômico e

social e sobre as escolhas das políticas públicas.

O atual paradigma de mobilidades (SHELLER, URRY, 2004; SHELLER, 2014)

extrapola os significados técnicos e operacionais dos meios de transporte, rodovias,

veículos, sistemas de propulsão, entre outros, permitindo identificar, compreender e

discutir relações de ordem social e cultural nos vários momentos históricos e contextos

geográficos, incluindo intepretações sob a égide das mobilidades turísticas. (LARSEN,

2001; SHELLER, URRY, 2004; BURNS, NOVELLI, 2008).

A mobilidade urbana, tema emergente na agenda municipal e na sociedade

cabo-friense, é também objeto de estudos do turismo local. O turismo como contributo

da ocupação territorial pode afetar o território e a vida dos moradores.

A turistificação do espaço, compreendida por Knafou (1996) como processos

de apropriação de trechos do espaço pelos diversos agentes sociais produtores do

turismo, gera um fenômeno sócio espacial que nem sempre é favorável para o

morador. Nesse caso, a presença de um grande número de turistas utilizando veículos

motorizados para se locomoverem em um destino que já possui problemas de

mobilidade urbana pode agravar mais ainda a qualidade de vida da população.

Estudos envolvendo as dimensões socioculturais e ambientais do turismo

apontam reflexões que abarcam as comunidades de destinações turísticas, indo além

dos estudos da dimensão econômica. Fratucci (2014) mostra que a escolha em

privilegiar a dimensão econômica do turismo deve-se a sua magnitude e prioridade

para o sistema global, orientado pela política neoliberal que prioriza os interesses e

os efeitos do capital financeiro. Assim, ao valorizar a dimensão econômica, o

desenvolvimento do turismo nem sempre é conduzido em consonância com as

necessidades sociais dos moradores do destino turístico, que estão presentes

também nas dimensões socioculturais e ambientais.

Com a orientação turística, predominantemente econômica, a atividade

turística pode gerar diversos fatores negativos, entre eles, os impactos na mobilidade

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urbana, no transporte, na acessibilidade e no ordenamento do trânsito (CHISTÓVÃO,

2011).

Os estudos da mobilidade urbana e o turismo em Cabo Frio podem ser

percebidos como viável por apontarem como estão sendo tratados esses problemas

pelo poder público, pela sociedade civil organizada e pelo trade turístico. Além de

perceber como os moradores sentem o problema da mobilidade urbana e o que

gostariam que fosse feito para solucioná-lo.

A análise pode promover uma reflexão para a problemática, onde os atores:

poder público, sociedade civil organizada, trade e moradores tenham suas

preocupações com esta questão desvelada, facilitando olhar para o que está

ocorrendo no município e desenvolver novas intervenções na política em curso.

Diante desta realidade, o tema que envolve a relação do morador com as

questões da mobilidade urbana e o turismo foi escolhido entre os diversos impactos

que podem ter participação direta ou indireta do turismo. O tema levou ao problema

as dificuldades de mobilidade urbana em Cabo Frio são percebidas pelo morador

como um problema provocado pelo turismo?

Os pressupostos levantados como resposta ao problema foram:

Os moradores têm compreensão de que o turismo, embora inevitável

para a economia da cidade, influência negativamente na mobilidade

urbana atrapalhando a vida cotidiana dos cabo-frienses.

Os moradores têm compreensão de que o turismo afeta a vida dos

moradores ao interferir no seu ir e vir pela cidade, mas, o problema maior

é o posicionamento da política pública de mobilidade que não abarcou

corretamente o fenômeno existente há 60 anos e que maximiza os

problemas de mobilidade urbana.

Os moradores têm compreensão que a tríade turismo, poder público e

população são atores do processo que resulta no tipo de mobilidade

urbana que o município vivencia e a responsabilidade que cabe a cada

um.

Esse trabalho tem como objetivo geral perceber se para o morador de Cabo

Frio o turismo é um fator agravante nas dificuldades da mobilidade urbana.

Os objetivos específicos desenvolvidos para este trabalho foram:

a) Apresentar a relação entre o turismo e a mobilidade urbana.

b) Explicar o desenvolvimento do turismo em Cabo Frio.

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c) Identificar as políticas públicas de mobilidade urbana em Cabo Frio e

sua relação com o turismo.

d) Analisar a percepção do morador sobre a influência do turismo nos

problemas de mobilidade urbana.

A metodologia desenhada para esta pesquisa baseou-se na pesquisa

descritiva que trata da exposição das características de um determinado fenômeno ou

estabelecer relações entre variáveis que se manifestam espontaneamente. “É um

levantamento das características conhecidas, componentes do

fato/fenômeno/problema e normalmente feita na forma de levantamentos ou

observações sistemáticas do fato/fenômeno/problema escolhido” (SANTOS, 2007,

p.26).

Para obter os dados foram usados documentos e referências bibliográficas dos

assuntos relativos ao turismo de massas, políticas públicas e de mobilidade, ocupação

territorial, mobilidade urbana e o turismo. Também se empregou a pesquisa de

levantamento com entrevistas aos dirigentes de turismo local para conhecer as

políticas atuais de turismo e as propostas sobre as ações de ordenamento territorial e

mobilidade urbana com a população residente para aferir sua percepção do turismo

como um dos colaboradores das dificuldades de mobilidade urbana no município. Os

dados foram tratados, interpretados e confrontados com a pesquisa documental e

bibliográfica resultando na fonte principal para responder ao problema da pesquisa.

Este trabalho está dividido em três capítulos, o primeiro aborda questões sobre

a mobilidade urbana e os impactos do turismo. O segundo capítulo trata da

contextualização de Cabo Frio enquanto município, do desenvolvimento do um

espaço turistificado e do ordenamento do turismo nesse espaço. O terceiro capítulo

analisa a mobilidade urbana em Cabo Frio e a percepção do morador sobre o turismo

como um contributo negativo às questões da mobilidade urbana. Finalizando com as

considerações finais.

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1 MOBILIDADE URBANA E O TURISMO

Aborda-se neste capítulo, assuntos relacionados a conceituação de mobilidade

urbana. Apresenta os principais aspectos da Política Nacional de Mobilidade Urbana

Sustentável do Ministério das Cidades. Desvela os impactos que o turismo gera na

mobilidade urbana dos grandes e médios centros e os efeitos desses impactos em

Cabo Frio, além de estudar o papel do turismo no contexto desta temática.

1.1 CONSIDERAÇÕES SOBRE MOBILIDADE URBANA

Há várias definições acerca do termo mobilidade. Para Maricato (2012)

entende-se por mobilidade a duração do deslocamento do lugar de permanência que

o deslocamento implica (origens e destinos) e às técnicas colocadas em uso para sua

efetivação.

Segundo Balbim (2003), o conceito de mobilidade nasce da influência da

mecânica clássica, na qual os fluxos seguem a lógica de atração proporcional às

massas e inversamente proporcional às distâncias.

Assim, a mobilidade urbana é um dos importantes elementos para a

configuração da estrutura urbana, para a reprodução do espaço urbano e para as

interações espaciais.

Um exemplo desta importância ocorreu nas manifestações entre maio e junho

de 2013 nas principais cidades do país, quando a mobilidade urbana transformou-se

em bandeira central da luta política. Diante desta importância, segundo Silva, Almeida,

Sugimoto, Matos, Silva e Andrade (2015, p.1) “a mobilidade urbana não pode ser

considerada como apêndice do Planejamento, ao contrário, pensado como elemento

fundamental para um desenvolvimento urbano consistente”. Os autores completam

seus pensamentos considerando “os planos de mobilidade urbana como a ponta da

lança nos processos de transformação dos núcleos urbanos e no modo como seus

habitantes compreendem as suas próprias demandas”.

Corrobora com esta importância a Política Nacional de Mobilidade Urbana

Sustentável (PNMUS)

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A mobilidade é um atributo associado às pessoas e aos bens, correspondem às diferentes respostas dadas por indivíduos e agentes econômicos às suas necessidades de deslocamento, consideradas as dimensões do espaço urbano e a complexidade das atividades nele desenvolvidas. Face à mobilidade, os indivíduos podem ser pedestres, ciclistas, usuários de transportes coletivos ou motoristas; podem utilizar-se do seu esforço direto (deslocamento a pé) ou recorrer a meios de transporte (BRASIL, 2004, p.13).

Ainda conforme a PNMUS (2004), o conceito de mobilidade, nas últimas

décadas, se insere na união de políticas de transporte, circulação, acessibilidade,

trânsito e a política de desenvolvimento urbano. Este conceito é base para as

diretrizes de uma política que tem por finalidade proporcionar o acesso amplo e

democrático ao espaço urbano, de forma segura, socialmente inclusiva e

ambientalmente sustentável.

O Ministério das Cidades (2004), criou a Secretaria Nacional de Transporte e

da Mobilidade Urbana (SeMob) com a finalidade de formular e implementar a política

de mobilidade urbana sustentável, entendida como

a reunião das políticas de transporte e de circulação, e integrada com a política de desenvolvimento urbano, com a finalidade de proporcionar o acesso amplo e democrático ao espaço urbano, priorizando os modos de transporte coletivo e os não-motorizados, de forma segura, socialmente inclusiva e sustentável. (BRASIL, 2016).

As atuais condições de mobilidade e dos serviços de transporte público no

Brasil direcionam a atuação da SeMob em três eixos estratégicos que agrupam as

questões a serem enfrentadas (BRASIL, 2016), quais sejam

Promover a cidadania e a inclusão social por meio da universalização do

acesso aos serviços públicos de transporte coletivo e do aumento da

mobilidade urbana;

Promover o aperfeiçoamento institucional, regulatório e da gestão no setor; e

Coordenar ações para a integração das políticas da mobilidade e destas com

as demais políticas de desenvolvimento urbano e de proteção ao meio

ambiente.

A Política Nacional de Mobilidade Urbana (Lei nº 12.587/2012) estabeleceu

algumas atribuições aos entes federativos - União, Estados, Distrito Federal e

Municípios - de acordo com as suas competências definidas pela Constituição

Federal. O inciso I do artigo 18 da Lei nº 12.587/12, por exemplo, atribui aos

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municípios a responsabilidade de planejar, executar e avaliar a política de mobilidade

urbana.

A lei estimula o modelo de mobilidade urbana sustentável, em que são

priorizados os modos de transporte não motorizados e os serviços públicos de

transporte coletivo sobre os meios de locomoção individuais, principalmente os

automóveis. Ainda, estabelece uma série de medidas que podem ser utilizadas pelas

cidades para melhorar sua mobilidade, como a restrição da circulação de veículos

motorizados em horários e locais predeterminados, a cobrança de tarifas para a

utilização de infraestrutura urbana com o objetivo de desestimular determinados meios

de transportes, entre outros. (PNMUS, 2013).

As políticas de mobilidade urbana consistem na valorização de princípios

universais e sustentáveis para as cidades brasileiras. Assim, a mobilidade urbana

sustentável está inserida como o resultado de um conjunto de políticas de transporte

que visa o acesso amplo e democrático ao espaço urbano.

A mobilidade urbana, ao incorporar em sua efetivação todas as principais

características da cidade como: equipamentos, infraestrutura de transporte,

comunicação, circulação e distribuição tanto de objetos quanto de pessoas,

compartilha efetivamente no desenvolvimento de uma cidade. É evidente que ações

de valorização da mobilidade urbana têm reflexo direto no desenvolvimento urbano.

Ao respeitar princípios universais que beneficiam à maioria da população, geram

resultados traduzidos em um maior dinamismo urbano, em uma maior e melhor

circulação de pessoas, bens e mercadorias (CADERNOS MCIDADES MOBILIDADE

URBANA, 2003).

Afirma-se que mobilidade urbana não é apenas o ir e vir de pessoas e produtos,

mas um fator de estruturação e reestruturação do espaço e do território. “O espaço do

mover-se é definido com espaço de transição, cuja permanência vai de efêmera –

como uma faixa de pedestres ou uma via expressa – à prolongada – como em um

calçadão, no qual quem passeia o faz muitas vezes sem um destino certo, apenas por

prazer”. Silva, Almeida, Sugimoto, Matos, Silva e Andrade (2015, p.2).

As cidades brasileiras foram transformadas, nas décadas recentes, em

espaços eficientes para os automotores. Para isso, o sistema viário transformou-se

para garantir boas condições de fluidez para os automóveis.

Neste contexto, a mobilidade urbana, na maioria das cidades brasileiras é

prejudicada pela forma como foram desenvolvidas, priorizando o transporte individual

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particular motorizado. A estrutura viária não consegue suportar o aumento da frota de

veículos e, com isso, o trânsito e as pessoas padecem por causa da demora no

deslocamento, do gasto de combustível e da poluição que estes combustíveis trazem.

Desta forma, torna-se essencial refletir sobre a questão da mobilidade urbana na

contemporaneidade.

As políticas de uso e ocupação do solo devem promover a formação de cidades

mais compactas onde não se priorize os deslocamentos motorizados atendendo a

PNMUS.

A lei estimula o modelo de mobilidade urbana sustentável, em que são

priorizados os modos de transporte não motorizados e os serviços públicos de

transporte coletivo sobre os meios de locomoção individuais, principalmente os

automóveis. Ainda, estabelece uma série de medidas que podem ser utilizadas pelas

cidades para melhorar sua mobilidade, como a restrição da circulação de veículos

motorizados em horários e locais predeterminados, a cobrança de tarifas para a

utilização de infraestrutura urbana com o objetivo de desestimular determinados meios

de transportes, entre outros. (PNMUS, 2013).

Essa orientação legal privilegia as pessoas como pedestres em primeiro lugar

e é a garantia da qualidade desse tipo de deslocamento que é o ponto de partida para

repensar a cidade.

A PNMUS torna-se obrigatória para os municípios com mais de 20 mil

habitantes, que tem o prazo de três anos a contar da edição da lei (terminado em

2015) para a elaboração de planos de mobilidade urbana, sob pena, no caso de

descumprimento, de terem suspensos os repasses federais destinados a políticas de

mobilidade urbana. (TRIBUNAL DE CONTAS DO RIO DE JANEIRO - TCE, 2012).

A ideia de mobilidade voltada para pessoas que transitam é ponto principal a

ser considerado numa política de desenvolvimento urbano que busque a produção de

cidades para todos, que respeitem a liberdade fundamental de ir e vir, que possibilitem

a satisfação individual e coletiva em atingir os destinos desejados, as necessidades e

prazeres cotidianos. (CADERNOS MCIDADES MOBILIDADE URBANA, 2003).

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1.2 EFEITOS DO TURISMO SOBRE A MOBILIDADE URBANA

O estudo das relações entre turistas e residentes ou as mudanças provocadas

pelo desenvolvimento do turismo nas comunidades, encontra-se na literatura um

número razoável de trabalhos. Para Barretto (2004) há uma divisão entre as ciências

e os estudos dos impactos e efeitos. As ciências econômicas estudam os impactos

positivos, geralmente referentes aos recursos econômicos provenientes deixados por

turistas em um destino, estes estudos foram predominantes até a década de 1970. A

Geografia aborda os problemas decorrentes do excesso de habitantes temporários

que podem ocasionar danos ao meio ambiente natural e humano e a Antropologia

busca compreender o que ocorre quando há o contato entre padrões culturais

diferentes influenciando a mudança de hábitos culturais por aculturação, estas áreas

de conhecimento tiveram mais estudos a partir de 1990. Até esta data, segundo Jafari

(1994 apud Oliveira, p.24, 2008), “os estudos socioculturais tendiam a interpretar a

cultura da comunidade receptora como essencialmente boa e o extremo disto, o

desenvolvimento do turismo como essencialmente ruim”.

Por impactos do turismo, entende-se que seja o conjunto de intervenções e

modificações decorrentes do desenvolvimento turístico nos núcleos receptores, como

define Ruschmann (1997, p.34) “são a consequência de um processo complexo de

interação entre os turistas, as comunidades e os meios receptores”. O impacto é o

momento em que a ação ocorre e os efeitos são as decorrências em relação ao

impacto.

Autores como Gee, Mackens e Choy, (1989); Gunn, (1988); Gursoy, Chen e

Yoon, (2000); Mcintosc e Goelder; Murphy, (1985) realizaram estudos sobre turismo,

impactos e anfitriões e sugerem que um anfitrião está influenciado pelo impacto

percebido do turismo em três categorias básicas de benefícios e de custos:

econômico, ambiental e social (OLIVEIRA, 2008).

Os impactos podem ser de duas naturezas: positivos e negativos

(PARTIDÁRIO; JESUS, 2003). Entre os principais impactos positivos estão: geração

de empregos, desenvolvimento local, construção de infraestruturas e dinamização da

economia local. Já entre os efeitos negativos, são: pressões especulativas; ocupação

desordenada do espaço; grande tráfego de veículo, práticas incompatíveis com a

utilização do solo; conflitos com valores tradicionais consolidados e estandardização

dos padrões de consumo (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DO TURISMO - OMT, 2003).

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Ao longo de toda história registrada, de certa forma o Turismo teve um impacto sobre tudo e todos os que estiveram em contato com ele. Num plano ideal, esses impactos deveriam ter sido positivos, no tocante aos benefícios obtidos tanto pelas áreas de destino quanto por seus residentes. Esses impactos positivos significariam para o local resultados tais como melhorias nas condições econômicas, uma promoção social e cultural e a proteção dos recursos ambientais. Teoricamente, os benefícios do Turismo deveriam produzir ganhos muito superiores aos seus custos. (THEOBALD, 2002, p.81).

Ademais, nem sempre assim foram e, por isso, segundo Krippendorf (2000) as

comunidades receptoras tendem a olhar o turismo com desconfiança. Isto decorre da

ausência de participação nas tomadas de decisões do setor nos destinos que acabam

afetando os e seus moradores. Para ao autor esta situação pode vir a despertar um

sentimento em relação de seu espaço, de invasão e de exclusão.

O turismo ao se desenvolver em qualquer lugar traz em seu bojo mudanças no

cenário sociocultural e ambiental e estas mudanças poderão ocasionar impactos tanto

negativos como positivos que para serem minimizados e/ou maximizados em relação

a seus efeitos precisam ser estudados.

Mensurar objetivamente efeitos socioculturais e ambientais é bem complexo,

por serem resultados de natureza qualitativa, além das influências exógenas que

dificultam uma avaliação com clareza. Alguns autores como Scheyvens (1999),

trabalharam em estudos para analisar o empoderamento das populações locais com

o turismo e em seu estudo descreve os impactos em quatro categorias como forma

de identificar as comunidades fortalecidas ou não. Uma das categorias é a social, que

para ele compreende os crimes, a mendicância, a sensação de lotação, a

desapropriação de terras tradicionalmente ocupadas por moradores, a perda de

autenticidade e prostituição; outra categoria é a pública que contempla a participação

nas decisões.

A sensação de lotação e a participação nas decisões podem ser efeitos

oriundos na alteração da mobilidade urbana de destinos que tem turismo de massa.

Duarte (2006) menciona que o advento da industrialização não somente fez

surgir novas modalidades de transportes, mas também, modificou as relações de

produção e reprodução da circulação humana.

No século XIX, aparece um novo conceito de rede viária com o surgimento da

estrada de ferro e das linhas de metrô. Por este conceito, as cidades são divididas por

fluxos de circulação criando espaços distintos em uma mesma via, onde pedestres e

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veículos disputavam este espaço. Porém, com o aumento dos fluxos de veículos,

foram separando em fluxos distintos: pedestres e veículos. Com o passar dos anos,

os veículos foram ganhando mais espaços que as pessoas e os veículos não

motorizados. (DUARTE, 2006).

O Brasil está entre os países que passaram por um notável aumento na

motorização individual. Fato que implica na intensificação do tráfego de veículos nos

grandes centros urbanos e nos congestionamentos cada vez mais frequente. Além

disso, o crescimento do número de veículos causa impactos negativos no meio

ambiente, devido à poluição sonora e atmosférica. (GUIMARÃES, 2011).

O país adotou, ainda no segundo quartel do século XX, o modelo rodoviarista

em detrimento aos outros modais de transportes. Essa opção levou a valorização do

uso privado do espaço público em detrimento do uso do espaço público. (PAMPHILÉ,

2004).

Políticas públicas estimularam a compra de veículos motorizados particulares

no contexto de que as indústrias automobilísticas é um fator de crescimento

econômico. A última ação de incentivos foi ainda nos governos do início do Século

XXI. Esta opção trouxe congestionamento para as cidades, significativa diminuição na

qualidade de vida seja pelo tempo gasto no trânsito, pelos impactos atmosféricos e

econômicos.

A opção pelo incentivo a indústria automobilística teve como intenção não gerar

desemprego na cadeia produtiva já instalada no Brasil, já que o setor correspondia a

25% do PIB. Antagonicamente, vai contra a própria política de mobilidade urbana do

Ministério das Cidades do mesmo governo. Almeida, Batista e Fariello (2014) apontam

que dados podem mostrar o quanto o governo deixou de arrecadar e o quanto investiu.

Os recursos federais comprometidos para a área de mobilidade urbana, com

Orçamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Social – BNDES, somaram cerca

de R$ 30 bilhões desde 2012 até 2014, muito inferior aos R$ 56,4 bilhões obtidos com

a redução de impostos a indústria automobilística desde 2009 (FIGURA 1).

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Figura 1: Comparação o que o governo deixou de arrecadar com os subsídios aos automóveis e

o quanto desembolsou em Mobilidade Urbana.

Fonte: Do autor, adaptado de Almeida, Batista e Fariello, 2014.

Outro problema são os impactos atmosféricos, tais como emissões de gases

do efeito estufa (GEEs), ocorrem devido ao processo de combustão e queima

incompleta do combustível. São compostas de gases como: óxidos de carbono (CO e

CO²), óxidos de nitrogênio (NOx), hidrocarbonetos (HC), dentre os quais estão alguns

considerados cancerígenos, óxidos de enxofre (SOx), partículas inaláveis (MP10),

entre outras substâncias. (MORAES, 2013).

As políticas públicas devem incentivar o processo de mudança da priorização

do automóvel, por meio do planejamento e a implantação de infraestruturas

adequadas às caminhadas, a utilização da bicicleta, para transportes públicos e o uso

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de veículos movido a energia limpas, oferecendo acessibilidade a diferentes destinos,

sempre integradas ao sistema viário e ao transporte público de passageiros. (SÉRIE

DE CADERNOS TÉCNICOS DA AGENDA PARLAMENTAR – MOBILIDADE

URBANA 2011, p.13).

A substituição dos modais e das políticas de mobilidade urbana deve oferecer

também uma ordenação legal do trânsito, incluindo estacionamentos de veículos.

Para que haja efeito esta política é necessário que haja educação e fiscalização para

o uso comum do espaço público por pedestres e motoristas.

No próximo capítulo, apresenta-se o município de Cabo Frio e discute-se a

turistificação de seu espaço como premissa para entender os problemas da

mobilidade urbana e o turismo local.

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2 CONTEXTUALIZAÇÃO DE CABO FRIO E A CRIAÇÃO DE UM ESPAÇO

TURISTIFICADO

Nesse capítulo aborda-se as características do município de Cabo Frio sob a

ótica das questões geográficas, históricas e econômicas, visando elucidar a

constituição de seu território. Também trata-se de questões do espaço turistificado e

a predominância do turismo de massas, na segmentação Sol e Praia.

2.1 ALGUNS ASPECTOS GEOGRÁFICOS, HISTÓRICOS E ECONÔMICOS

O município de Cabo Frio está localizado no estado do Rio de Janeiro, na

mesorregião das Baixadas Litorâneas, na microrregião dos Lagos (FIGURA 2), a 168

km da capital do estado do Rio de Janeiro (SANTOS, 2008).

Figura 2: Localização de Cabo Frio no Estado do Rio de Janeiro

Fonte: Cabo Frio, 2015.

O município é banhado pelo Oceano Atlântico e faz divisa com os municípios

de Arraial do Cabo, São Pedro da Aldeia, Armação dos Búzios, Casimiro de Abreu e

Araruama. Cabo Frio (Figura 3) localiza-se a 22° 52’ 46” de latitude sul e 42° 01’ 07”

de longitude oeste, a 4 metros de altitude acima do mar, possui uma área total de

410,418 km² (GEOGRAFOS, 2016).

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Figura 3: Localização de Cabo Frio no Estado do Rio de Janeiro

Fonte: DER-RJ, 2006.

Seu clima é tropical quente e úmido e o relevo apresenta planícies e pequenas

elevações. Tem baixo índice de pluviosidade resultante da influência de um fenômeno

oceanográfico denominado Ressurgência2 (BELÉM et al, 2014). Possui 30 km de

litoral, com 12 praias das quais se destaca a Praia do Forte onde se localiza o Forte

São Mateus e a Praça das Águas, pontos de grande interesse turísticos (INSTITUTO

BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍTICAS - IBGE, 2010).

O acesso ao município é possível pela Via Lagos (RJ 124), RJ 102, RJ 140 e

BR 101 (FIGURA 4). Com a inauguração da Ponte Rio-Niterói, a população da Região

Metropolitana passou a ter um fácil acesso rodoviário à Cabo Frio. A mais importante

rodovia é a RJ 124, administrada pela Companhia de Concessões Rodoviárias (CCR),

fluxo diário de 54 mil veículos (COMPANHIA DE CONCESSÕES RODOVIÁRIAS –

CCR, 2016).

2 Ressurgência trata-se de correntes submarinas que nascem nas ilhas Malvinas, próximas à Antártica, e afloram intermitentemente no litoral cabista quando sopra o vento nordeste. São águas geladas responsáveis pelo nome de batismo português da região, muito salgadas e ricas em micronutrientes que dão início à cadeia alimentar marinha e resultam na presença abundante de baleias, cetáceos, peixes, crustáceos e moluscos em Cabo Frio (CABO FRIO, 2016).

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As estradas que ligam o Rio de Janeiro a Minas Gerais, também, trazem turistas

em grande quantidade para o município. Embora, haja uma predominância de turistas

fluminenses, mineiros e paulistas, os turistas são oriundos de muitos lugares do Brasil

e do exterior.

Figura 4: Localização das principais rodovias que dão acesso ao Município de Cabo Frio

Fonte: Companhia de Concessões Rodoviárias - CCR, 2016.

Outro principal acesso ao município é feito pelo aeroporto e, também, por

barcos. O município de Cabo Frio, ainda, integra as rotas de cruzeiros marítimos pela

Costa Brasileira (CABO FRIO, 2016).

Cabo Frio pode ser considerado como um município mãe de toda Região das

Baixadas Litorâneas, em decorrência de um processo de fragmentação territorial, que

desenvolveu grande parte dos demais municípios da região (MARAFON et.al, 2005,

p.56).

Em Cabo Frio, o primeiro registro da presença de europeus foi em 1503, com

a chegada do navegador Américo Vespúcio. Durante o período colonial houve

constantes ataques de piratas franceses e holandeses. Nesse local, a prática do

escambo foi implantada com os Tamoios que ofereciam o pau-brasil aos europeus e

estes machados e ou cunhas de ferro aos da terra. O local era conhecido como feitoria

de Cabo Frio, assim denominado por causa do citado fenômeno da Ressurgência

(GOMES FILHO, 2015)

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Que aflora bem em frente do “focinho” da ilha do Cabo Frio (situada na costa de Arraial do Cabo). Ora a Ressurgência foi um fenômeno bastante marcante e peculiar para os navegantes lusitanos, pois em plena zona tropical, sentiram como se estivessem atravessando uma região de baixíssima temperatura, peculiar aos polos (GOMES FILHO, 2015).

Marafon et. al. (2005) apontam que por ser um imperativo de ordem militar, o

desenvolvimento de Cabo Frio não foi impulsionado. Na época, à economia

predominante no Rio de Janeiro era a cana-de-açúcar e a região se mostrou não

apropriada a este cultivo, por ter solo pouco fértil e o clima desfavorável. Esta condição

dificultou o município a acompanhar o progressivo desenvolvimento das demais

regiões da Baixada Fluminense.

Cabo Frio desenvolveu-se economicamente com a exploração de recursos

pesqueiros, a produção de sal, extração de calcário e areia para a fabricação de vidros

e, posteriormente, o turismo. As duas primeiras atividades foram impulsionadoras do

desenvolvimento do município, sobretudo após a implantação da rodovia, da estrada

de ferro, esta última, hoje desativada e das melhorias no porto de Arraial do Cabo.

(GONÇALVES, 2007).

A década de 1960 foi o auge do desenvolvimento do setor salineiro, grandes

usinas de beneficiamento de sal, funcionavam em Cabo Frio como o complexo

industrial da Cia. Nacional de Álcalis, no antigo distrito de Arraial do Cabo. A

Companhia abriu salinas e extraiu conchas na lagoa para a produção de barrilhas

(CENTRO DE INFORMAÇÕES DE DADOS DO RIO DE JANEIRO - CIDE, 2016)

Por causa desta economia a população do município aumentou entre as

décadas de 1960 a 1970. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

(IBGE) a população residente chegou a 29 mil pessoas. Este crescimento demográfico

iniciado nesse período alargou o índice de urbanização na sede do município e

diminuiu da população da área rural.

Além da economia baseada na captura e a salga do pescado e do camarão,

produção de telhas, tijolos e taboados e a indústria de cal. Neste período, surgiu a

construção naval.

Com a fusão dos estados do Rio de Janeiro e da Guanabara, na década de

1970, foram traçados planos por parte do Governo para integrá-los e um desses

planos foi a criação de eixos rodoviários que articulassem seus territórios. O eixo

rodoviário BR 101 pavimentado e com a construção da Ponte Rio-Niterói foi uma

dessas criações que contribui para a expansão urbana dos municípios da Região das

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Baixadas Litorâneas. Com este incentivo e outras questões econômicas, o turismo

torna-se uma atividade marcante e, na década de 90, chega à indústria do petróleo e

gás. (CIDE, 2016).

Pode-se observar na figura 5, que a economia pesqueira, das salinas, do

turismo e do petróleo provocou fases de crescimento populacionais bem diferenciados

entre 1940 a 2010.

A população residente do município de Cabo Frio (FIGURA 5), em 1940,

possuía apenas 8.816 habitantes. Setenta anos depois, segundo o censo demográfico

de 2010, a população residente já era de 186.222. A maior alteração populacional

pode ser observada nos anos 1960 e 1970, quando a população atingiu a marca de

16.646 e 29.297 habitantes concomitantemente.

Figura 5: Crescimento Populacional em Cabo Frio

Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, 2011.

Este crescimento continuou acelerado até a década de 1980, quando a

população atingiu 50.239. Após, o crescimento diminui e volta a acender mais um

pouco em 2000 e cai novamente em 2010. Uma explicação para a queda nos anos de

1990 refere-se à emancipação do distrito de Arraial do Cabo, em 1986 e no censo de

2000, esse fato se repetiu com a emancipação do distrito Armação de Búzios, em

1996.

No censo de 2010, é verificada uma leve tendência de desaceleração no

crescimento populacional. A taxa foi de apenas 66,3% e 46,8% respectivamente.

8816 975016646

29297

50239

84915

126828

186222

0

20000

40000

60000

80000

100000

120000

140000

160000

180000

200000

1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010 2020

10,6%

71,5%

51,9%

46,8%

70,7%

66,3%

76,0%

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Desses 186.222 habitantes, 140.466 habitavam na área urbana e em 2015, a

população estimada foi de 208.451 mil (IBGE, 2010).

A população flutuante na alta temporada e feriados é prevista pela Secretaria

de Turismo através de dados fornecidos pela CCR, em 2015 girou em torno de 800

mil pessoas (CCR, 2016). Portanto, quatro vezes mais que a população local. Outro

dado que corrobora com o aumento da presença do turista no município, é o

levantamento sobre o número de domicílios feito pelo censo do IBGE, em 2010. Nele

o município possuía 105.370 domicílios, dos quais 33% eram de uso ocasional,

demonstrando o forte perfil turístico local (TRIBUNAL DE CONTAS DO RIO DE

JANEIRO - TCE, 2015).

Segundo Melo (2011) o acelerado crescimento populacional aconteceu, em

grande parte, pela migração de mão de obra oriunda de outras regiões em busca de

ocupação profissional e atraída pelas oportunidades de emprego criadas nas áreas

de construção civil e serviços, as quais não exigiam qualificação e estavam

diretamente subordinadas ao turismo. Esta migração implicou em um acréscimo das

unidades habitacionais, o que também se deu por meio do crescimento de favelas.

Durante a década de 1980, o estado do Rio de Janeiro, como o resto do Brasil,

passa por grave crise econômica e de acordo com Gonçalves (2007), nessa década,

o movimento do turismo no município caiu significativamente e a situação só mudou

em torno de 1990, após a descoberta e a exploração do petróleo na Bacia de Campos.

A exploração do petróleo e gás natural na região destinou aos municípios,

incluindo Cabo Frio, os direitos creditórios (royalties) conforme art. 20, § 1º, da

Constituição Federal, regulamentada pela Lei 9478/97 e pelo Decreto nº 2705/98.

Por quase vinte anos os municípios da Bacia de Campos tiveram no setor do

petróleo e gás forte presença econômica para garantir os investimentos nos

municípios. Foram épocas de entrada de muitos recursos e alguns municípios

souberam fazer o uso destas arrecadações, outros nem tanto.

Com os royalties a economia do município de Cabo Frio renovou e estimulou

atração de investimentos contribuindo para o aumento no setor de serviços como o

turismo e, ainda, para o aumento das arrecadações estadual e municipal (RIBEIRO,

2002).

Em Cabo Frio leis e planos regulamentadores foram criados para normatizar a

utilização dos royalties de petróleo e investimentos em infraestrutura pela prefeitura

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de Cabo Frio, principalmente nos anos de 1997 a 2015, conforme Figura 6. (CABO

FRIO, 2016).

Pode-se observar nos 32 projetos realizados com os recursos com a

exploração do petróleo e gás, muitos favoreceram direta ou indiretamente o

desenvolvimento turístico de Cabo Frio.

Figura 6: Investimentos em Cabo Frio com os recursos dos Royalties do Petróleo

Nº Investimento Ano Ação

1 Mirante do Morro da Guia 1997 Faz parte do Complexo Arquitetônico Nossa Senhora dos Anjos. Foi construído um caminho de acesso com uma mureta de proteção, ganhou restaurante e área de lazer. A Capela N. Sra. da Guia, construída em 1740, localizada no alto do morro foi restaurada transformando-se nos principais pontos turísticos da cidade. Do mirante é possível ter uma visão de 360° da cidade.

2 Nova Ponte 1997 Construída sobre o Canal do Itajuru tem 170m de extensão, com duas pistas de sentido único para quem chega ao Centro da Cidade. Projeto da engenharia civil que desafogara o transito da única ponte existente e minimizando os enormes engarrafamentos da alta temporada.

3 Construção do Teatro Municipal 1997 Localizado na Praia do Forte - Teatro concentra os principais eventos culturais, com capacidade de 300 lugares.

4 Praça do Turismo 1997 Área de lazer com pista de patins, pérgolas, playground e canteiros. Transformou-se em ponto de encontro para casais e crianças.

5 Orla do Peró 1997 Urbanização da orla que ganhou calçadão e nova iluminação, os tradicionais quiosques estão agora em duas praças de alimentação padronizadas trazendo mais segurança e conforto para os banhistas e para os que trabalham no local.

6 Avenida América Central 1997 Acesso ao município com mais segurança, principal acesso foi duplicada em seus 3,1 quilômetros. Ganhou pista dupla, novas calçadas, e iluminação com novos postes, canteiro central e nova sinalização, reduzindo o número de acidentes. Pedestres, ciclistas e motoristas circulam com maior segurança.

7 Orla do Portinho 1998 A orla foi toda pavimentada, ganhando calçadão e iluminação com super postes, construiu também quatro quiosques padronizados.

8 Orla Praia do Siqueira 1998 Ponto de encontro dos pescadores e amantes do camarão. Possui o pôr do sol mais bonito da região. A praia passou por um processo de engorda com material dragado do fundo da lagoa, 1,1 quilômetros da orla foi urbanizado com pavimentação, dragagem, calçadão, quiosques, posto de pesagem do camarão, construção de uma praça de esportes e iluminação com super postes. Tratamento do esgoto que há 40 anos era despejado na praia sendo liberada para banho.

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Nº Investimento Ano Ação

9 Nova entrada de Cabo Frio 1998 Nova opção de acesso à cidade que começa no Vinhateiro, São Pedro da Aldeia e termina no acesso a nova ponte. Com 4,6 quilômetros são duas pistas com 4 faixas, ciclovias nos dois sentidos, calçadas, iluminação com super postes. Acabando com o congestionamento principalmente na alta temporada.

10 Mercado de Peixe 1998 Com trinta baias o mercado possibilita a venda de peixes e frutos do mar frescos direto ao consumidor em ambiente higiênico e adequado. No segundo piso foi construído um restaurante panorâmico.

11 Aeroporto Internacional de Cabo Frio

1998 Localizado numa área de 400 mil m², com total segurança para aviação. A pista é a segunda maior do Estado do Rio de Janeiro. O empreendimento representa um grande avanço para o desenvolvimento comercial e turístico da cidade.

12 Orla das Palmeiras 1998 Com águas rasas e salgadas rodeado de palmeiras que deram nome ao bairro. Pavimentação de 1,1Km de extensão da praia. As ruas do bairro também foram totalmente urbanizadas com rede águas pluviais, esgoto, iluminação, calçadas e pavimentação. Engorda da praia com material retirado do fundo da lagoa, calçadão, ciclovia, canteiros, quiosques padronizados.

13 Algodoal da Praia 1999 Substituição dos 23 quiosques de madeira que tampavam a visão da praia por instalações padronizadas. Foram construídas duas praças de alimentação com os novos 23 quiosques e dois banheiros públicos todos em fibra de vidro. Mais conforto e segurança.

14 Avenida Litorânea 1999 Construída num dos locais mais privilegiados da cidade, com 650m de extensão, foi alargada para 13 m de largura que permitem passagem de carros alegóricos, trios elétricos, montagem de palcos e etc.

15 Orla de Unamar 1999 Segundo distrito - Foram urbanizados seis quilômetros, com pavimentação asfáltica, calçadão, construção de quiosques padronizados nas praças de alimentação e iluminação super postes.

16 Orla de Tamoios segundo distrito 1999 Pavimentação e iluminação em toda orla que permitem banhos e atividades noturnas.

17 Rodovia do Aeroporto

1999 Acesso ao Aeroporto Internacional de Cabo Frio. Com 3.5 quilômetros a rodovia liga o bairro Vila do Sol ao Aeroporto. A rodovia foi totalmente urbanizada com acostamento, ciclovia, gramado e iluminação.

18 Terminal de Passageiros de Embarcações Turísticas

2000 Construído para proporciona o embarque com mais organização, conforto e segurança aos passageiros marítimos.

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Nº Investimento Ano Ação

19 Shopping Gamboa 2002 Transformação da antiga Rua dos Biquínis num grande shopping a céu aberto. São mais de 120 lojas que vendem os biquínis confeccionados pelas costureiras locais. As fachadas foram reformadas e padronizadas, ganhou cobertura para proteger os visitantes do sol e chuva. Ao longo dos 220 m de shopping foram instalados piso de granito e iluminação especial, projeto paisagístico e bancos de madeira. Um dos principais atrativos mais visitados da Cidade.

20 Revitalização do Boulevard Canal 2002 Um dos lugares mais visitados do Município. São 800 metros onde se concentram melhores opções da gastronomia, lazer e turismo. O novo visual possui fachadas padronizadas, um deck avançado de 2m para o canal, projeto de paisagismo, infraestrutura de pavimentação e rede de drenagem pluviais.

21 Praça das Águas 2003 Situada em frente à Praia do Forte a praça se tornou um grande atrativo turístico, com 1,5 milhões de litros de água, chafarizes, iluminação cromática e pedras cenográficas.

22 Revitalização da Avenida do Contorno na Praia do Forte

2003 Na principal praia do município foi construído um novo espaço moderno desde a Duna Boa Vista até a Praça das Águas. Todos os restaurantes e bares tiveram coberturas e fachadas padronizadas, construção de deck de madeira e calçadão de 740 m, novas escadas e rampas de acesso à praia, aumentando segurança e o conforto dos visitantes.

23 Mirantes do Arpoador 2003

O Morro do Arpoador na entrada do Canal Itajuru, marco da primeira feitoria portuguesa no Brasil, foi transformado num mirante, ganhou jardins, muretas e acesso em madeira possibilitando que turistas e moradores desfrutem com mais segurança uma das paisagens mais bonitas da cidade.

24 Estádio Correão 2003 Reconstrução do estádio construído em 1986, com capacidade para 6.000 mil pessoas.

25 Praça da Cidadania 2012 Foi construído diversos boxes para artesanato e comidas típicas. Com cerca de 17mil m² tem grande enfoque turístico e cultural, a praça faz uma integração entre o Teatro e a Praia do Forte, sendo um lugar destinado ao lazer e as apresentações artísticas.

26 Centro de Artes Visuais - CAV 2012 Localizado na Praia do Forte, em frente ao Teatro Municipal, o espaço tem como objetivo disseminar a arte e a cultura local com exposições e eventos voltados para os moradores da cidade e seus visitantes.

27 Revitalização do Centro Comercial e Praça Porto Rocha

2012 Reurbanização das principais ruas do centro comercial da cidade e da Praça.

28 Nova Orla da Praia do Forte 2013 Retirada dos 23 quiosques que ficavam em cima das dunas e construção de 15 novos quiosques com cozinhas e banheiros subterrâneos.

29 Canto do Forte 2014 O local foi totalmente urbanizado com a construção de estacionamento e padronização dos quiosques e iluminação diferenciada.

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Nº Investimento Ano Ação

30 Skate Park de Cabo Frio 2014 Arrojado projeto arquitetônico dentro das medidas oficiais, a nova pista de skate foi construída em área de 1.668m2 e contempla tanto as modalidades street - através da simulação de obstáculos de rua, escadas, corrimões, bancos - como modalidade vertical, através de um bowl de alto nível de performance que poderá sediar etapas de circuitos amadores e profissionais, de nível nacional e internacional.

31 Construção do Píer para desembarque dos passageiros dos transatlânticos

2014 A estação de desembarque possui lojas para venda de artesanato, lanchonete, aduana, posto de informação turística e sanitários. A inclusão de Cabo Frio na rota, além de projetar o município no Brasil e exterior, trará maiores recursos para a cidade. Atualmente estão instaladas também no local as secretarias municipais de Turismo, Eventos e Guarda Marítima.

32 Projeto de Setorização Cromática 2015 Mapa Cromático de Cabo Frio - A cidade foi dividida em 15 setores, cada um com uma cor predominante em seu visual, como pinturas das ruas, cores das lixeiras, com uma sinalização para veículos e pedestres, facilitando o deslocamento e localização.

Fonte: Secretaria Municipal de Governo, Turismo, Comunicação Social, Eventos e Habitação, 2016

Os dados da figura 6 permitem que se classifique os projetos em duas

categorias, os que facilitam a mobilidade urbana3 e os que potencializam a atratividade

do turismo e lazer do município4

Observa-se que os projetos visando à mobilidade urbana são em maior número

que os de atratividade do turismo e lazer, embora nos projetos de mobilidade sejam

contempladas várias ações de atratividade. Percebe-se, também, que os projetos

estimulam o turismo, mas, atendem as necessidades dos moradores como Skate Park

de Cabo Frio, o Teatro Municipal, Estádio Correão, Mirante do Arpoador, Praça do

Turismo e a reforma das Orlas. Ao criarem os espaços que possibilitam uma melhor

exploração do turismo, igualmente beneficiam os trabalhadores e proprietário dos

estabelecimentos relacionados à atividade turística e sua cadeia produtiva. Já quanto

os projetos de mobilidade, alguns são específicos para a atividade turística como o

Píer para os Navios e Terminal de Passageiros de Embarcações Turísticas e os outros

estão relacionados à vida da cidade que incluí a presença de turistas.

Pode-se atentar que o investimento dos recursos dos Royalties do Petróleo foi

destinado ao fortalecimento da atividade turística no município e em sua mobilidade.

3 Projetos relacionados a mobilidade urbana - 2,5,6,7,8,9,10,11,12,14,15,16,17,18, 22,27,28,29,31,32. 4 Projetos voltados para o turismo e lazer - 1,3,4,11,13,18,19,20,21, 23,24,25,26,30,31.

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Neste texto não foram feitas análises mais profundas se eram as prioridades de

investimentos, apenas constatando que houve o uso de recursos nas atividades de

turismo e mobilidade, objeto de estudo deste trabalho.

No ano de 2015, com a crise do segmento de petróleo e gás no país, os

municípios do Norte Fluminense e da Região das Baixadas Litorâneas começaram a

padecer com a queda nos royalties oriundos da exploração da Bacia de Campos, o

que impossibilitou novos investimentos para o setor turístico. Em todos os municípios

produtores, o que se vê são obras públicas paralisadas, cortes nos gastos e reforma

administrativas em todas as prefeituras, além do fantasma do desemprego (RC24h,

2015).

Para Cabo Frio, essa situação não se reflete apenas no turismo, mas em todas

as pastas. Os municípios produtores de petróleo, definitivamente, terão que reinventar

a arrecadação para não mais dependerem dos repasses dos royalties. Desde o início

da crise, maio de 2015, foi o período que o município registrou as maiores perdas. A

Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP) depositou nas contas

das prefeituras, em média, 61% menos das participações especiais. Estas

participações são as compensações pagas a cada trimestre com base na produção

dos campos petrolíferos de alta produtividade. Para Cabo Frio, a queda foi gigantesca,

o município recebeu R$ 4.856.477, registrando 86% de perdas em comparação com

o repasse do mesmo período do ano anterior, que foi de R$ 34.664.520 (TABELA 1).

(RC24h, 2015).

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Tabela 1: Repasse dos Royalties do Petróleo e Queda da Arrecadação dos Municípios Produtores de

Petróleo e Gás da Bacia de Campos

MUNICÍPIO MAIO/2015 MAIO/2014 REDUÇÃO

Arraial do Cabo _________ R$ 187.049 -100%

Armação dos Búzios R$ 683.240 R$ 5.338.373 -87,2%

Cabo Frio R$ 4.856.477 R$ 34.664.520 -86%

Campos dos Goytacazes R$ 54.631.759 R$ 161.424.408 -66,2%

Carapebus R$ 144.827 R$ 510,035 -71,6%

Casimiro de Abreu R$ 1.785.400 R$ 10.797.953 -83,5%

Macaé R$ 3. 374.755 R$ 12.592.669 -73,2%

Maricá R$ 24.155.093 R$ 28.546.143 -15,4%

Niterói R$ 21.264.356 R$ 25.129. 912 -15,4%

Paraty _________ R$ 1.137.940 -100%

Quissamã R$ 409.566 R$ 2.025.965 -79,8%

Rio de Janeiro R$ 3.966.780 R$ 4.658.374 -14,8%

Rio das Ostras R$ 7.222.234 R$ 34.153.814 -78,9%

São João da Barra R$ 15.629.256 R$ 28.217.987 -41,1%

Fonte: Superintendência de Petróleo de São João da Barra (2015)

Ressalta-se nesta tabela que oito municípios tiveram quedas de arrecadação

em royalties de 70% a 100%, entre eles Cabo Frio com 86% de redução.

No documento do TCE, Estudos Socioeconômicos dos Municípios do Estado

do Rio de Janeiro (TCE, 2015, p. 84), no Gráfico 33: Evolução do PIB a preços de

mercado – Região das Baixadas Litorâneas – R$ milhões – 2010-2013 que o PIB de

Cabo Frio caiu de 16.877 141, em 2010, para 1.125 604, em 2013.

Embora muito se tenha escrito em artigos, reportagens de jornais, revistas e

sites o quão importante é o turismo para a economia do município não se pode

comprovar pela ausência de dados. Estes foram solicitados para o governo municipal

pessoalmente e por meio da comunicação eletrônica, não obtendo resposta. Ademais,

no site da prefeitura, onde estes dados deveriam estar disponíveis não há nenhuma

referência à receita advinda do turismo.

Procurou-se na citada publicação do TCE e apenas encontrou-se o Gráfico 38:

Evolução do valor adicionado dos demais serviços – Região das Baixadas Litorâneas

– R$ milhões – 2010-2013, apontando que em 2010, Cabo Frio tinha R$ 2.900.000

em valor adicionado dos demais serviços (que inclui o turismo) e em 2013, R$

5.003.000, havendo um acréscimo neste item analisado. Quanto às receitas oriundas

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do setor de serviços pode ser mostrado na tabela 2, que também apresenta um

comparativo com as receitas obtidas com os Royalties.

Tabela 2: Receitas do Setor de Serviço e Royalties no Município de Cabo Frio -2009 a 2014

Ano Receitas

Setor de Serviços Royalties

2009 1,4% 34,3%

2010 1,9% 37,4%

2011 1,5% 39,7%

2012 1,3% 44,1%

2013 0,7% 41,2%

2014 0,3% 37,0

Fonte: Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro, 2015.

Estes dados não conseguem refletir a dimensão econômica do turismo no

município, somente apontam que a dependência da Indústria do Petróleo e Gás é um

fato para Cabo Frio e o setor de serviços representava quase nada no montante

arrecadado pelo município.

Com a queda na arrecadação dos royalties há necessidade emergente de

encontrar um substituto. Nos estudos do TCE (2016), em 2014, a receita de R$ 913

milhões de Cabo Frio a colocaram como a 7ª do estado fora a capital e apontou um

desequilíbrio orçamentário, pois suas receitas correntes estavam comprometidas em

95% com o custeio da máquina administrativa.

O turismo, embora não considerado como uma conta separada e nem

divulgada (pode ser que não haja estudos) da dimensão de sua cadeia produtiva, é

entendido por muitos como a possibilidade de fazer com que o município continue a

ter uma renda econômica frente as suas necessidades.

Reportagens em jornais e sites apresentam alguns posicionamentos do poder

público e organizações do trade. Entrevistas do secretário de turismo comentando que

o turismo é “alternativa para redenção econômica da cidade”. Segundo o prefeito “o

objetivo é organizar a cidade para o turismo, para viver quase exclusivamente das

nossas receitas para que ela tenha vida própria”. Uma das alternativas apresentadas

em parceria com a Secretaria Estadual de Turismo seria a construção de um Centro

de Convenções em prol do turismo como atividade para o desenvolvimento do

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município é o posicionamento da Associação Comercial, Industrial e Turística (ACIA)

de Cabo Frio. (FOLHA DOS LAGOS, 2016).

Embora não sejam dados científicos, estes posicionamentos e a sua circulação

na imprensa e em redes sociais, apontam um posicionamento de entender que o

turismo deva ser apenas a principal atividade econômica do município nos próximos

anos.

2.2 A EXPANSÃO URBANÍSTICA DE CABO FRIO E O TURISMO

Os primeiros passos institucionais para o turismo em Cabo Frio se deram

oficialmente a partir de 1950, durante o governo de Ernani do Amaral Peixoto. Como

uma das iniciativas para desenvolver o interior fluminense, o governador, propôs criar

duas colônias de férias, uma em Cabo Frio e outra em Nova Friburgo. Nessas

colônias, meninos das regiões litorâneas eram levados para a região serrana e os

meninos da região serrana eram levados para a região litorânea. (CAMARGO, 1986).

Apesar da existência de algumas vias de acesso à Cabo Frio, como a Estrada

de Ferro de 1937 e a Rodovia Amaral Peixoto, em 1940, o turismo era ainda incipiente.

Os veranistas que se aventuravam a ir para Cabo Frio pertenciam à alta classe carioca

e se hospedavam nas poucas casas de pescadores existentes, que acabavam sendo

adquiridas por baixos valores e, em seus lugares, eram construídas casas de luxo.

(CHRISTOVÃO, 2011).

Hanssen (1988, p. 208) apresenta uma passagem do texto de José Lins do

Rego ao voltar de Cabo Frio, em 1938. Nele mostra a sua insatisfação com a

infraestrutura do lugar:

Terra que tanto contribui, pela sua producção, para as rendas federais, é de lamentar não tenha encontrado, no Parlamento Nacional, quem, pela sua sorte, se interessasse, propondo medidas tendentes a melhorar os transportes. (...) que admirável estação balneária seria Cabo Frio, - que a 120 kilometros de Niteroy, pode ser alcançada por trem de ferro, em menos de duas horas, tanto mais quanto o terreno, a percorrer, é de fácil trajecto, quase todo ele plano e enxuto. E dizer-se que o Estado, em várias administrações, tem feito concessões, algumas vezes onerosas para a construcção de estradas de ferro, sem que houvesse compellido, qualquer das companhias existentes, a levar, realmente, as suas linhas a mais velha das cidades fluminenses, ao município de Cabo Frio, cuja produção representa, em peso, quase vinte por cento de toda a producção do Estado.

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A existência de pouca infraestrutura e tendo as praias como principal atração,

não fazia de Cabo Frio, neste segundo quartel do século XX, um local turístico

reconhecido (Figura 7). As atividades turísticas no estado do Rio de Janeiro eram mais

direcionadas para as regiões serranas com clima temperado, cassinos ou estações

das águas (BENHAMOU, 1971).

Figura 7: Praia do Forte em Cabo Frio em 1943

Fonte: Revista Eu sei tudo, 1943.

Moraes (2015, p. 228) aponta que o uso das praias, segundo Corbin (1989)

Na segunda metade do século XIX, a burguesia irá transformar os banhos de mar em práticas de viagens sistemáticas à orla marítima, nas quais se passam a combinar o prazer da praia com a ostentação de riqueza e afirmação do prestígio social, instituindo a cultura da vilegiatura marítima (FÚSTER, 1991; URRY, 2001). A praia, enquanto atrativo turístico, para Corbin (1989) é inventada e fundamentada no contexto de sua época.

A ideia da praia como destinação turística, na cidade do Rio de Janeiro, começa

a ser construída a partir do fim da 2ª Guerra Mundial com o retorno das atividades

turísticas voltadas ao descanso (CASTRO, 2001).

A beleza paisagística e a balneabilidade das praias, mesmo com a ressurgência

e a aproximação com a Capital Federal, mais importante cidade do país na época, fez

com que o turismo pudesse ser iniciado no município.

Na década de 1950, Cabo Frio já possuía seis hotéis e quatro pousadas (IBGE,

2003). Em 1958, também foram criados três grandes clubes para atender a alta

burguesia que vinha em busca da prática de pesca submarina oceânica e artesanal.

Essa foi um período de muitos acontecimentos importantes para o futuro da cidade,

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coincidindo o declínio das salinas e a expressividade do turismo (CHRISTOVÃO,

2011).

O uso turístico revela-se de grande importância na composição da paisagem

urbana. Junto com as casas e clubes, começam a surgir uma infraestrutura para

atender a demanda turística observado na figura 8.

Figura 8: Cabo Frio na década de 1950

Fonte: rioclik.blogspot.com (2012)

Uma das ações importantes ocorreu em torno de 1950, quando Dona Nilza, a

pioneira da moda-praia em Cabo Frio, começou a confecção de biquínis inspirados

nos modelos da atriz Tônia Carrero. Essa ação de confeccionar moda-praia gerou

uma atividade econômica para o município até a contemporaneidade. Atualmente, a

Ruas dos Biquínis é um centro de moda praia e fitness no município.

(WAICHENBERG, 2015).

Raquel de Queiroz (1962) apud Cristóvão (2011, p.6) apresenta uma visão

sobre a transformação do município pesqueiro e salineiro em turístico e a relação das

pessoas em um espaço que se turistificava.

Ando por Cabo Frio matando saudades. Continua a velha cidade com o seu encanto antiquado, embora não tão tranquila como nos recordamos que era. A malta indisciplinada dos turistas enche tudo, e onde há turista há desordem e barulho. É esse, aliás, o preço que pagam pela sua principal fonte de renda as cidades que vivem do turismo: os seus habitantes têm que se habituar aos turistas, suas pompas e suas obras. Console-se, pois, Cabo Frio, lembrando que Paris, Veneza, Roma, Florença e outras irmãs ilustres, todas tem que se haver com esse mal indispensável – que é praticamente o seu pão de cada dia. (...) Mas se não aturarem as má-criações dos turistas, as cidades de turismo não podem sobreviver – e, portanto, aturam-nos. Mas até mesmo

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essa paciência digamos profissional tem um limite – como aconteceu também, por estes dias lá mesmo em Cabo Frio; quase lincham um jovem tresloucado que atravessou a rua principal com o carro a 120 km. Passou naquela chispa, suscitando gritos e ameaças – e por desaforo ainda voltou calmamente e estacionou na praça. Foi aí que o pessoal o apanhou e, se os guardas não intervêm, levava uma boa surra e muito bem merecida.

Pode-se perceber nas palavras da Raquel de Queiroz, que já nos idos de 1960,

a relação do turista e do morador se apresentava conflituosa. Ela mostra como pode

ocorrer o desrespeito de turistas em um espaço que não é seu. Ainda no início da

atividade, a relação ainda se apresentava muito clara para os moradores ou mesmo

para alguns turistas que não estavam preparados para usufruir do espaço alheio.

No início dos anos de 1960, Cabo Frio se tornou conhecida (FIGURA 9) pela

visita da atriz francesa Brigitte Bardot. A divulgação sobre a visita da atriz lançou

Armação de Búzios, seu distrito naquela época, como parte de um roteiro internacional

(QUEIRÓZ, 1964 apud CRISTOVÃO, 2011, p.99).

Figura 9: Festival de Cinema em Cabo Frio, 1965

Fonte: Jose Francisco, 2016.

A partir desse acontecimento, o turismo ganhou mais expressão, houve

apropriações de novos espaços para esse fim e o início da especulação imobiliária.

Em 1968, o destaque foi para o Hotel Lido localizado em frente à praia do Forte com

a oferta de 162 quartos para hospedagem.

Na medida em que as salinas eram desativadas dava-se lugar a construção de

condomínios de luxo e loteamentos. Conforme o relato de Massa (1996, p.93).

Nos últimos anos, surgiu, e está se desenvolvendo com grande rapidez, uma nova atividade, a indústria do turismo. Possui a região paisagens de rara e variada beleza às margens da lagoa e nas enseadas de Cabo Frio, sendo, além disso, um local excepcional para os banhos de mar e a pesca,

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especialmente a submarina. (...) no seu conjunto, no entanto, não perdeu sua fisionomia de velha cidade que, embora datando do período colonial, não possui belos edifícios a testemunhar uma antiga opulência e sim um casario modesto, índice de uma evolução lenta, alheia aos grandes ciclos econômicos de nossa história.

A expansão urbanística em Cabo Frio aconteceu de maneira gradativa. Até a

década de 1960, a aparente tranquilidade característica da pequena vila de

pescadores assistiria um processo de intensa mudança nos anos seguintes. O

município não havia passado por modificações significativas em seu centro urbano.

Apesar disso, já era possível perceber a influência dos turistas no dia-a-dia

(CHRISTOVÃO, 2011).

Na década de 1970, foram construídos condomínios de casas de veraneio,

como o Moringa, até então o mais luxuoso de Cabo Frio. Localizado na principal via

da cidade e voltado para o canal do Itajuru (FIGURA 10).

Figura 10: Cabo Frio, década de 1970

Fonte: Skyscrapercity, 2016.

Para a construção deste condomínio, imensa área de mangue foi aterrada e

loteada. Cada terreno tinha acesso a um deque para ancorar barcos. Visando

beneficiar o loteamento foi implantado calçamento, asfalto, luz, água e esgoto na

Avenida Assunção (SECRETARIA DE TURISMO DE CABO FRIO, 2015).

Em 1972, foi inaugurado o Malibu Palace Hotel, um marco importante da

arquitetura turística local. Entre o final da década de 1960 e o final da década de 1970

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ocorre um grande crescimento no setor hoteleiro e registrando em 1977, 118

estabelecimentos destinados a alojamentos (CABO FRIO, 2015).

Com a construção da ponte Rio-Niterói, em 1974, a atividade turística recebeu

grande impulso, facilitando o deslocamento dos moradores da capital fluminense à

região. (CABO FRIO, 2015). A cidade se moldava para atender às exigências desse

novo grupo social – os turistas – e a população usufruía dos benefícios e malefícios

deles advindos.

Beranger (1993, p. 51) observa que “Cabo Frio conserva suas ruas primitivas

com seus portões coloniais na parte antiga, enquanto novos bairros se levantam com

residências confortáveis e algumas suntuosas, como os bairros de Ogiva e Portinho”.

O município assistia, assim, à substituição das antigas áreas de salina e de pesca

pelas residências e espaço de lazer de uma nova classe social com quem passava a

dividir seu espaço.

Saindo da área central a expansão urbana dividiu-se em dois polos, um de

caráter mais popular com um comércio voltado para a população local – o bairro de

São Cristóvão – e outro com feições turísticas – os bairros da Ogiva e do Portinho.

Segundo os Estudos para o Planejamento Municipal (1977, p. 29) este último

apresenta:

Formas tipicamente turísticas e recreacionais, servindo de apoio ao Centro tradicional e sendo muito frequentado por turistas e veranistas. O comércio é de luxo, constituído por boutiques, boates, restaurantes de primeira qualidade, hotéis, clubes, etc.”. (...) o processo que gerou a ocupação da sede do município foi o resultado de rápida mudança funcional ocorrida nos últimos vinte anos, durante os quais o pequeno núcleo pesqueiro e salineiro se transformou em importante centro turístico do Estado.

Este processo de ocupação em Cabo Frio foi o responsável pela rápida

valorização do solo em função da especulação imobiliária que ali se estabeleceu.

Primeiro as atividades turísticas e de veraneio por causa das segundas residências.

Fenômeno usual no litoral brasileiro. Este tipo de ocupação “mobiliza proprietários de

terras, incorporadores, corretores, e a indústria da construção civil, responsável pelo

acréscimo ao fluxo povoador”. (MORAES, 1999, p.39).

Tulik (2001) define como segunda residência para “propriedades particulares

utilizadas, temporariamente, por pessoas que tem sua residência permanente em

outro lugar”. Este tipo de forma de hospedagem particular proporciona uma magnitude

em investimentos e uma nova configuração espacial nos litorais brasileiros. “A nova

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tipologia de domicílio interfere na dinâmica do turismo, definindo um novo tipo de

turismo: o turismo residencial”. (RUCHMANN, CONCEIÇÃO, VIEIRA, ARNHOLD

JUNIOR, 2015, p.718).

O IBGE criou uma categoria específica para a residência secundária

denominada domicílio de uso ocasional contabilizado no Censo de 2010.

O IBGE apresentou 34.720 domicílios particulares não ocupados de uso

ocasional entre os 105.005 domicílios particulares. Os domicílios particulares

ocupados eram 57.502. Também foram registrados, 2.043 domicílios particulares não

ocupados fechados e 10.740 domicílios particulares não ocupados e vagos. Estes 12

mil domicílios particulares fechados ou vagos podem ser disponibilizados para o

turismo. Assim, a oferta de domicílios para o turismo pode ser de 45 mil domicílios em

Cabo Frio.

Estas ofertas de 45 mil domicílios são adicionadas a uma oferta hoteleira de

6.843 leitos de meios de hospedagem. É difícil mensurar quantos leitos estão

disponíveis nos domicílios, já que não são cadastrados e nem possuem padronização

ou classificação.

Com os royalties do petróleo e gás, nos anos 1990 e início do século XXI, a

economia do município renovou e estimulou a atração de investimentos contribuindo

para o aumento no setor de serviços como o turismo e, ainda, para o acréscimo das

arrecadações estadual e municipal (RIBEIRO, 2002).

Com o aumento populacional, os governos não conseguiram ordenar a

ocupação espacial realizada pelos novos moradores, sejam os que para lá se dirigiram

para trabalhar na indústria de petróleo e gás, ou aqueles que vieram inchar os

loteamentos que formam os bolsões de pobreza situados na porção continental do

município.

Na figura 10 pode-se observar o mapa do município cabo-friense via satélite,

retirado do Plano Diretor. Foram identificados no território, conforme legenda, áreas

de lazer, áreas urbanas com alta densidade, área urbana com média densidade, área

urbana com baixa densidade, área urbana não consolidada, comunidade de baixa

renda, usos não-residenciais, campos inundáveis, corpos hídricos, cultivo, florestas,

floresta alterada, estepe, campo antrópico, campo e pastagem, mangue, mineração,

praia/duna, duna com restinga, restinga, afloramento rochoso, piscicultura, salina e

salina desativada.

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Ao norte do município estão áreas urbanas com média densidade, mais

próximas do litoral e mais condensadas. No centro, também existem áreas urbanas

com média densidade. Ao sul estão as áreas mais povoadas, com manchas de áreas

urbanas com baixa e média densidade, porém, estão nesta parte do município as

áreas urbanas com alta densidade.

Esta distribuição populacional no território irá influenciar o deslocamento

pendular dos moradores e de turistas, afetando a mobilidade urbana (Figura 11, 12 e

13).

Figura 11: Cabo Frio localização do território e sua ocupação – Norte do Território.

Fonte: Plano Diretor Municipal de Desenvolvimento Sustentado – Prefeitura Municipal de Cabo Frio –

Uso do Solo, 2006.

Áreas

Urbana com

Média

Densidade

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Figura 12: Cabo Frio localização do território e sua ocupação – Centro do Território

Fonte: Plano Diretor Municipal de Desenvolvimento Sustentado – Prefeitura Municipal de Cabo Frio –

Uso do Solo, 2006.

Áreas

Urbana com

Média

Densidade

Áreas

Urbana com

Média

Densidade

Áreas Urbana

com Média

Densidade

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46

Figura 13: Cabo Frio localização do território e sua ocupação – Sul do Território

Fonte: Plano Diretor Municipal de Desenvolvimento Sustentado – Prefeitura Municipal de Cabo Frio – Uso do Solo, 2006.

Áreas

Urbana

com

Média

Densidade

Áreas

Urbana com

Alta

Densidade

Áreas Urbana

com Média e

Baixa

Densidade

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47

2.3 ORDENAMENTO DO TURISMO EM CABO FRIO

Para melhor entender como deve acontecer o ordenamento do turismo nas

cidades de grande e médio portes, abordaremos diversos entendimentos que elencam

possíveis problemas e resoluções pertinentes ao assunto. Ao se tornar uma rota de

turismo de Sol e praia, Cabo Frio, desde seus primórdios vem tentando ordenar esse

turismo e elucidar problemas pertinentes ao segmento.

O ordenamento do turismo para Molina (2005) não prescinde de planejamento

turístico e este possui as seguintes etapas: inventário, quando se conhece a situação

do município frente ao turismo, o diagnóstico, que estuda e analisa a situação

levantada e o prognóstico, que propõem caminhos diante da situação encontrada. A

elaboração dos caminhos é realizada por meio de planos, programas e projetos.

Segundo Acerenza (2003), o uso de plano estratégico para o ordenamento do

turismo é fundamental. Ele deve conter a criação e definição de políticas públicas,

descrição de objetivos e estratégias de planos de ação. Os órgãos municipais são

os responsáveis pelo ordenamento do turismo de um destino turístico. Em uma

sociedade democrática a participação da comunidade nas decisões do destino das

cidades é fundamental para que se possam realizar planos que sejam

representativos de seus desejos, bem como, que ela também legitime as ações

desenvolvidas pelo poder público. Por isso, para o autor, os planejamentos

estratégicos turísticos devem ser elaborados de forma participativa. Esta orientação

está de acordo com os princípios da Organização Mundial do Turismo e do Estatuto

das Cidades. “à gestão democrática por meio da participação da população e de

associações representativas dos vários segmentos da comunidade na formulação,

execução e acompanhamento de planos, programas e projetos de desenvolvimento

urbano”. (ESTATUTO DAS CIDADES, 2011).

O planejamento turístico deve respeitar o Plano Diretor Municipal,

principalmente, no que tange as legislações que ordenem o território, que garantam

o desenvolvimento socioeconômico e a qualidade de vida de seus habitantes.

Envolver a população na criação do Conselho Municipal de Turismo e na elaboração

de leis que integrem a Lei Orgânica municipal que regulamente, planeje o fomento e

o controle da atividade turística se torna imprescindível.

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Em Cabo Frio, a atividade turística está condicionada a leis e decretos

elaborados pelo poder público Legislativo e Executivo municipais com o intuito de

regulamentar e criar regras para o setor turístico e uso e ocupação do solo.

Figura 14. Normatizações elaboradas pelo poder público para regulamentar a atividade turística e o ordenamento Urbano desde a década de 1950.

Normatização Ano Descrição

Resolução Nº 33 e 39

1959

Instituiu a Comissão Municipal de Planejamento e Turismo – COMUPLATUR. Após ser revogada, pouco tempo depois, foi substituída pela resolução nº 39 que normatizava a atividade turística (APÊNDICE B)

Resolução Nº 15

1962 Criação do Departamento de Turismo de Cabo Frio (APÊNDICE B)

Lei Nº 48 1983 Estabelece diretrizes para a reforma administrativa da Secretaria Municipal de Turismo, Indústria e Comércio, sobre ordenamento institucional e dá outras providências (APÊNDICE C)

Lei Nº 554 1985 Cria a taxa de contribuição turística para ônibus de turismo. (APÊNDICE D)

Lei Nº 1123 1991 Institui o Plano Diretor (APÊNDICE E)

Lei Nº 1412 1997 Cria o Conselho Municipal de Turismo - órgão de natureza consultiva e deliberativa, destinado a assessorar e orientar a formulação da política de turismo do Município de Cabo Frio. Esta lei cria também o FUNDO MUNICIPAL DE TURISMO – FUMTUR, destinado a atender despesas relativas às atividades a ele pertinentes. (APÊNDICE F)

Decreto Nº 2.520 1998 Cria o Selo de Qualidade para estabelecimentos comerciais de produtos e serviços relacionados às atividades turísticas. (APÊNDICE G)

Lei Nº 1.451 1998 Dispõe sobre a inclusão nos currículos da Educação Básica da Rede Municipal de Ensino, dos conteúdos relacionados à teoria e prática do turismo. (APÊNDICE H)

Lei nº 1539 2000 Uso do Solo e do subsolo das vias e logradouros públicos. (APÊNDICE I)

Lei nº 1584 2001 Estabelece mecanismos de estímulo ao desenvolvimento do turismo, concedendo incentivos e benefícios fiscais à construção e instalação de empreendimentos turísticos, ampliação, renovação ou reativação das atividades econômicas voltadas para o turismo, visando a geração de emprego e renda. (APÊNDICE J)

Lei nº 1735 2003 Dispõe sobre o ordenamento e funcionamento dos serviços e atividades de transporte de passageiros em embarcações de turismo. (APÊNDICE L)

Decreto nº 3273

2005 Institui a cobrança de tarifa de estacionamento para ônibus, micro-ônibus, vans e similares, destinados ao transporte turístico ou de lazer, no âmbito do Município de Cabo Frio. (APÊNDICE M)

Lei complementar nº 4

2006 Institui convênio com a Fundação Getúlio Vargas para elaborar e adequar o Plano Diretor. (APÊNDICE N)

Lei nº 2336 2011 Autoriza licitação na modalidade de concorrência pública, a exploração do serviço público de estacionamento rotativo de veículos automotores e similares nas vias e logradouros públicos. (APÊNDICE O)

Decreto nº 5032 2013 Altera e dispõe sobre a cobrança de tarifa de ônibus, micro-ônibus, vans e similares, utilizados nas atividades de transporte turístico ou de lazer no âmbito do Município de Cabo Frio. (APÊNDICE P)

Fonte: Portal da Transparência da Câmara Municipal de Cabo Frio (2016)

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É possível constatar na figura 14, que na década de 1950, período que Cabo

Frio despontava no turismo, já havia intensão do município em criar mecanismos de

regulamentação da atividade.

Entre as ações de ordenamento, existem as que criaram organismos de gestão

do turismo, com o papel de normatizar a atividade turística. Substituída pelo

Departamento de Turismo de Cabo Frio e, depois, pela Secretaria Municipal de

Turismo, Indústria e Comércio. Visando a participação da comunidade foi criado o

Conselho Municipal de Turismo e para captar recursos para o turismo, o Fundo

Municipal de Turismo.

Outras ações estão associadas ao ordenamento urbano como a concepção da

taxa de contribuição turística para ônibus de turismo, o ordenamento e funcionamento

dos serviços e atividades de transporte de passageiros em embarcações de turismo

e a cobrança de tarifa de estacionamento para ônibus, micro-ônibus, vans e similares,

destinados ao transporte turístico ou de lazer, no âmbito do Município de Cabo Frio.

As ações de planejamento urbano e turístico são estabelecidas pelo uso do

solo e do subsolo das vias e logradouros públicos e pelas leis vigentes para esse fim.

Em comunicação pessoal com a Secretaria de Meio Ambiente, Serviços

Públicos5, foi mencionado que todo ano, na alta temporada e em feriados é realizado

um plano de contingência com todo o efetivo da Guarda Municipal. As viaturas são

designadas para atender às demandas do distrito-sede e do 2º distrito Tamoios.

Segundo a Secretaria, o trânsito é desviado, as ruas e avenidas são fechadas quando

necessário e são colocados funcionários terceirizados para ajudar na travessia de

pedestres em locais estratégicos como o centro, Tamoios e na orla da Praia do forte.

Outra medida é a intensa e ostensiva fiscalização visando os veículos que

desrespeitam as leis de trânsito e ou estacionam em locais proibidos. Estes sofrem as

sanções cabíveis previstas em lei.

No período da alta temporada de 2016, segundo a Secretaria Municipal de

Governo - Turismo, Comunicação Social, Eventos e Habitação, houve a programação

de várias estratégias para receber os turistas. Reunindo em plantões, todas as

secretarias da administração pública em uma força tarefa, contratando pessoal de

apoio (Agentes de Postura, Guarda Municipal, Médicos e Enfermeiros), treinando

Guardas Marítimos, ordenando e alterando o trânsito, normatizando o trabalho dos

5 E-mail recebido pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Serviços Públicos, em 13 nov 2015.

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ambulantes e contratando e treinando o pessoal nas Centrais de Atendimento ao

Turista, para orientação dos turistas.

Para ordenar o transporte rodoviário turístico em Cabo Frio foi criada a lei nº

554/1985 (APÊNDICE D) e posteriormente os Decretos nº 3273/2005 (APÊNDICE L)

e nº 5032/2013 (APÊNDICE P) um terminal para recepção de 130 ônibus (vans e

micros), situado à Rua Antônio Luís da Fonseca, 596/836, no bairro Jacaré, com

funcionamento de 24 horas todos os dias do ano e com plantão de funcionários da

Coordenadoria Geral de Operação do Sistema de Estacionamento Rotativo Pago –

COSERP e guardas municipais. Possui banheiros com chuveiro quente, tanque,

telefone público, iluminação noturna, guarita, monitoramento por câmeras 24 horas e

rampa com fossa para despejo dos dejetos dos banheiros químicos dos ônibus ou

micro-ônibus (PREFEITURA DE CABO FRIO, 2016).

Segundo a Secretaria de Obras, Transportes, Planejamento, Regularização

Fundiária e Agricultura da Prefeitura de Cabo Frio (2016), o município disponibiliza de

um terminal de barcos para passeios turísticos e marinas que permitem a atracação

de lanchas de médio e pequeno portes e também, um terminal para os passageiros

dos transatlânticos.

Para facilitar o acesso de cargas e passageiros advindos das plataformas da

Bacia de Campo foi construído, em 1998, em parceria com o Governo do Estado,

Prefeitura de Cabo Frio, Aeronáutica e Governo Federal, o Aeroporto Internacional de

Cabo Frio, alfandegado para cargas e descargas e, no momento, operando apenas

voos regulares de passageiros de Cabo Frio a Belo Horizonte pela Azul Linhas Aéreas

Brasileiras S. A.

Em 2006, em parceria com a Fundação Getúlio Vargas a prefeitura tentou

implantar o Plano Diretor de Desenvolvimento Sustentado do Município de Cabo Frio.

Art.14. São diretrizes e objetivos gerais do Plano Diretor Municipal de

Desenvolvimento Sustentado:

IV- valorizar a atividade turística no Município a partir dos seus atrativos

naturais e histórico-culturais; bem como potencializar aqueles relacionados

às manifestações e usos tradicionais, populares e folclóricos, técnico-

científicos e associados a acontecimentos programados, através da

otimização do uso do território, permitindo ampliar a oferta de empregos;

V - otimizar o atendimento do potencial turístico, auxiliando na atração de

investimentos e fluxos turísticos nacionais e internacionais;

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51

2.4 MOBILIDADE URBANA DE CABO FRIO E SEUS EFEITOS

De acordo com informações obtidas na Secretaria Municipal de Obras,

Transportes, Planejamento, Regularização Fundiária e Agricultura de Cabo Frio6, a

falta de um projeto específico voltado para a mobilidade urbana, dificulta a prática de

ações para este fim no município. Segundo a citada Secretaria, as estratégias são

elaboradas apenas em épocas de feriados e alta temporada.

O aspecto positivo é a existência de entendimento, por parte do poder público

municipal, que já se faz necessário um projeto de mobilidade urbana que normatizem

e regulamentem essas ações. Isto pode ser observado com a criação de um Conselho

de Mobilidade Urbana e a aplicação do Plano Diretor.

O trade turístico e associações de moradores têm se reunido para pressionar à

Prefeitura de Cabo Frio para estudar estratégias mais concretas e eficazes que

possam resolver os problemas de mobilidade urbana que tem afetado o morador e

traz prejuízo para a qualidade do turismo. (CONVENTIONS & VISITORS BUREAU

DE CABO FRIO).

Com o aumento populacional, os governos não conseguiram ordenar a

ocupação espacial realizada pelos novos moradores. Castro (2006, p.46) aponta que

A ocupação desordenada por conta do aumento populacional, transformou o distrito-sede em uma área onde coexistem duas cidades, a turística e bela, e atrás de suas ruas principais de ligação entre o centro e o limite do município, uma cidade carente de infraestrutura básica e muito desinteressante para o

turismo.

Segundo Barreto (2004), apesar das compensações financeiras serem

geradoras de riquezas locais, se faz necessário desenvolver uma política de

sustentabilidade econômica, já que são recursos minerais esgotáveis e a economia

terá esta perda.

Observou-se ainda a ausência de uma política de sustentabilidade que levasse

em consideração o fim da exploração de petróleo e gás e fosse passível de conduzir

a novos rumos econômicos. O turismo presente na segmentação de Sol e Praia não

6 Informações obtidas por meio de e-mail enviado pela Secretaria Municipal de Obras, Transportes, Planejamento, Regularização Fundiária e Agricultura em 20 de setembro de 2015.

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seria suficiente para substituir a exploração do petróleo e gás, fazendo-se necessária

a diversificação da oferta turística.

Luane Ferreira7, Superintendente de Turismo de Cabo Frio, corrobora com esta

posição e considera que deve ser aproveitado o potencial para o turismo natural e

cultural, na baixa temporada. De acordo com a superintendente de turismo do

município, o poder público executivo tem feito estreito relacionamento com o

legislativo para criar marcos legais que regulamentem as diversas atividades e

serviços do setor turístico, visando fomentar investimentos em novos produtos

relacionados a outros segmentos como o cultural, náutico e eventos.

O período de exploração, em Cabo Frio, pode ser considerado as décadas de

1940 e 1950, quando o turismo é incipiente, sem grandes alterações na estrutura

urbana.

A fase do investimento destaca-se na década de 1960 e a fase do

desenvolvimento e consolidação na década de 1970 ao início de 2015. No meado de

2015, o destino encontra-se na fase de estagnação por conta da falta de investimentos

ocasionado pela queda dos royalties do Petróleo. Isto se dá pela falta de novos

projetos voltados para fomentar o turismo e para estratégias que resolvam problemas

inerentes a atividade turística como os estudos de capacidade de carga,

congestionamentos, saturação, infraestrutura (água, esgoto, energia) e danos

ambientais e socioculturais.

7 Dados retirados da entrevista realizada com a Superintendente do Turismo de Cabo Frio em 3 de

fevereiro de 2016.

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53

3 A OPINIÃO DOS MORADORES SOBRE A MOBILIDADE URBANA E O

TURISMO EM CABO FRIO

Nesta parte aborda-se os métodos para a elaboração das pesquisas, através

do delineamento e desenho, para a análise e interpretação dos dados obtidos para

realização do relatório final contendo a opinião dos moradores frente a mobilidade

urbana e o turismo em Cabo Frio.

3.1 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A pesquisa realizada pode ser considerada de cunho histórico por analisar os

processos de transformação do turismo no município de Cabo Frio e, também,

atitudinal por desejar conhecer a percepção dos moradores sobre a mobilidade urbana

e o turismo. Segundo a padronização e forma de abordagem segue o modelo da

pesquisa qualitativa e quantitativa com unidades de observações abordadas segundo

o tipo de uso de tempo estudo de indivíduos típicos, com grupo definido representar

uma mesma situação (moradores de cidade turística). Quanto ao objetivo de estudo

pode ser considerada explicativa por pretender demonstrar causalidade entre os

pressupostos levantados e as respostas obtidas.

A pesquisa seguiu as seguintes etapas segundo o seu delineamento (FIGURA

15).

Figura 15: Delineamento da Pesquisa

Fonte: Do autor, 2016.

Exploratória

Definição do Tema Objetivo e questões da

pesquisa

Levantamento

Revisão Bibliográfica

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Considerou-se para o desenho da pesquisa (FIGURA 16) os aspectos:

a) Validade interna: Se a pesquisa com os moradores e com o representante

da prefeitura podem atestar de fato o fenômeno estudado.

b) Confiabilidade: Se esta pesquisa possa ser replicada em outro destino

turístico.

c) Validade do construto: Os conceitos estudados estão corretamente

avaliados.

d) Validade externa: adequação das interferências aos dados obtidos.

Figura 16: Desenho da Pesquisa

Fonte: Do autor, 2016.

Metodologia

Proposições

Seleção da Amostra

Desenvolvimento do

Protocolo Definição do Estudo

Instrumentos de Pesquisa

Análise dos Dados

Interpretação dos Dados

Procedimentos

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Preparação para a Coleta de Dados

A amostra foi definida aleatoriamente entre os moradores maiores de dezoito

anos e residentes em diversos bairros da referida cidade. Com uma população

de aproximadamente 200 mil pessoas a amostra deveria ter a dimensão de 384

indivíduos para ser representativa frente os parâmetros estatísticos8. Mas,

diante das dificuldades em realizar a pesquisa, foi definido uma amostra com

100 respondentes. Para realizar a pesquisa de campo foi criado um formulário

contendo oito perguntas abertas e quatorze perguntas fechadas, de múltiplas

escolhas, adotando a escala Likert (1932). As perguntas referiam-se às

questões relacionadas à mobilidade urbana do morador de Cabo Frio na baixa

e na alta temporada. (APÊNDICE A).

Os questionários foram aplicados no centro do município de Cabo Frio durante

o período de 09 a 18, do mês de fevereiro de 2016. A categoria “outros” foi

adotada quando os moradores não quiseram mencionar o nome do bairro de

origem.

Análise e Interpretação dos Dados:

Após, a realização da pesquisa, os dados foram tratados e considerando

apenas os formulários válidos. Cada resposta foi transportada para planilhas

usando o software Excel. Estas foram filtradas e passadas para tabelas e

dessas foram construídos gráficos. Após foram realizadas análises e

interpretações desses dados.

Elaboração do Relatório

Por fim, foi elaborado o relatório que é parte integrante deste trabalho baseado

na visão do morador de Cabo Frio.

8 Calculadora de amostra disponível em <http://www.netquest.com/br/painel/qualidade-calculadora-

amostras.html>. Acesso em 20 mai 2016.

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3.2 A MOBILIDADE URBANA E O TURISMO SOB O OLHAR DOS MORADORES DE

CABO FRIO

Aqui aborda-se o resultado final das análises feitas por esse trabalho, através

do olhar atento e crítico do morador de Cabo Frio, frente aos diversos problemas que

o turismo desordenado tem causado na mobilidade urbana do município. Não foi muito

difícil a obtenção desses resultados, visto que a realidade da cidade frente ao grande

fluxo de turista compromete seu ir e vir de maneira cada vez mais vertiginosa. Segue

adiante os resultados obtidos e as respectivas análises.

De acordo com os resultados obtidos pelos questionários aplicados com

moradores (FIGURA 17), observou-se que 42% dos respondentes são nascidos e

sempre moraram em Cabo Frio. Residem na cidade entre 5 e 10 anos, 22% e há

quatro anos ou menos, 18%. Os demais 18%, residem de 11 a mais de 15 anos, fato

esse que está de acordo com dados sobre o crescimento da população local,

correspondendo o período de ápice da expansão econômica baseada na indústria de

Petróleo e Gás, que se iniciou em 1990. Neste período acontece o crescimento

populacional e urbano de Cabo Frio, conforme o gráfico na Figura 5.

Figura 17: Tempo de residência no município de Cabo Frio

Fonte: Do autor, 2016.

O tempo de residência é importante para aferir a percepção que o morador

possui sobre a mobilidade urbana e a influência do turismo. Supõe-se que quanto mais

tempo ele reside no município, mais teria condições de ter observado as mudanças.

7%

11%

22%

7%

11%

42%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

45%

Re

spo

nd

en

tes

Tempo em que reside

1 ano 2 a 4 anos 5 a 10 anos 11 a 15 anos mais de 15 anos sempre morou

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57

0%

4%

2%

1%

7%

1%1%

6%

3%

7%

6%6%

5%

6%

4%

1%

6%

3%

4%4%

3%

1%

6%

1%

2%

10%

Bairros

Aquarius Caminho de Buzios Itajuru Jd. ExcelsiorPalmeiras P. Siqueira Unamar GuririBraga Centro Gamboa Jd. FlamboyantPq. Eldorado III Ogiva União Pq. BurleBoca do Mato Passagem Jacaré Jardim PeróPeró São Cristovão Vila Nova Jd. Caiçara

Como as principais mudanças ocorreram nos últimos 25 anos, pode-se

mensurar que 53% teriam esta vivência maior, 29% teriam vivido a mudança do

aumento do turismo de massas e do ápice da Indústria de Petróleo e Gás e apenas

14% teriam vivenciado a fase do início da crise da Indústria de Petróleo e Gás e as

dificuldades dos setores econômicos do município.

Deve-se atentar para os planos econômicos do governo, o estímulo a venda de

veículos automotores com taxas menores de impostos e estímulo ao financiamento

de bens no país, durante o Governo do Presidente Lula (2003-2011) e da Presidenta

Dilma (2012-2015), o que ocasionou a expansão da frota de veículos automotores de

passeio no país. Também, a ascensão da classe C durante os anos 2000 que

acarretaram um aumento nas viagens por causa do maior poder aquisitivo destas

pessoas.

Na figura 18 são apresentados dados sobre onde viviam os moradores que

responderam à pesquisa.

Figura 18: Bairro onde residem os respondentes

Fonte: Do autor, 2016.

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Percebe-se que houve um número maior de respondentes alguns bairros que

em outros. Os bairros que tiveram pouca participação foram Jardim Excelsior, Parque

Siqueira, Unamar, Jacaré, União e Jardim Esperança e com maior participação

Palmeiras, Guriri, Centro, Gamboa, Jardim Flamboyant, Parque Burle, Peró e

Portinho. Como a amostra foi aleatória, a distribuição por bairros não se refere a uma

amostra condizente com o número de moradores em cada bairro. Percebe-se que

houver respondentes em quase todos os bairros. Conforme citado nos procedimentos

metodológicos as pesquisas foram feitas no período de 09 a 18 de fevereiro de 2016,

no centro de Cabo Frio, onde os problemas de mobilidade urbana são mais

acentuados devido ao maior fluxo de veículos/turistas.

Para analisar os locais de residência, pelo número expressivo de bairros, foram

feitos agrupamentos dos bairros em sete regiões, definidos pelo critério de

proximidade, apresentados no Figura 19 e a porcentagem de respondente por região

na figura 21.

Figura 19. Bairros e regiões de residência

REGIÃO BAIRROS

A CENTRO, PASSAGEM, ITAJURU, JARDIM FLAMBOYANT, JARDIM EXCELSIOR

B PALMEIRAS, PORTINHO, PRAIA DO SIQUEIRA, PARQUE BURLE, JARDIM CAIÇARA

C VILA NOVA, BRAGA, SÃO CRISTÓVÃO, FOGUETE

D GAMBOA, JACARÉ, OGIVA, PERÓ

E GURIRI, TANGARÁ, CAMINHO DE BÚZIOS, JARDIM ESPERANÇA, PORTO DO CARRO

F UNAMAR

G OUTROS

Fonte: Do autor, 2016

Figura 20: Residência no município de Cabo Frio

Fonte: Do autor, 2016.

20%

24%

13%

18%

14%

1%

10%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

Re

spo

nd

en

tes

Regiões

Região A Região B Região C Região D Região E Região F Região G

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59

Figura 21: Residência dos respondentes no município de Cabo Frio em porcentagem por região e

distância do Centro.

Fonte: Do autor, 2016.

Na Região A, que fica a o km da região Central possui 20% dos respondentes.

Esta região foi onde ocorreu a pesquisa. A Região B contou com 24% dos

respondentes e fica a 6 km do centro. A Região C, contém 13% dos respondentes que

se distancia a 5,5 km do Centro. Na Região D residem 18% % dos respondentes e em

média distam 10 km do Centro. Na Região E vivem 14% dos respondentes e fica em

média 21 km do Centro. A Região F há somente 1% do total de respondentes e é a

região mais distante há 29 km do Centro, no segundo distrito de Tamoios.

Constatamos que esse bairro fica aproximadamente 29 km do Centro de Cabo Frio.

A Região G possui 10% dos respondentes e não se pode calcular a distância, pois,

não responderam em que bairro residem.

Os resultados demostraram que a Região B foi a de maior número de

respondentes, que mais usam carros e motos e que menos usam meios alternativos

00

0

00

0

0

20%

24%

13%

18%

14%

1%

10%

Centro

Região B

Região C

Região DRegião E

Região F

Região G

REGIÃO DOS MORADORES

Km %

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60

para se locomover durante baixa e alta temporada, sendo a região em que houve

menos reclamações e dificuldades de locomoção.

Figura 22: Deslocamento dos moradores na baixa temporada

Fonte: Do autor, 2016

As figuras 22 e 23 indicam qual o meio de transporte mais utilizado pelos

moradores na baixa e na alta temporada. Foi constatado que o carro é o meio de

transporte mais utilizado com 71% em baixa temporada e 57% em alta temporada. No

entanto, percebe-se um aumento no número de moradores que andam a pé na alta

temporada. Poucos são os moradores que utilizam ônibus e bicicletas tanto na baixa

quanto na alta temporada. Isso pode ser explicado pela demonstração de insatisfação

com a qualidade do transporte público, a falta de incentivos e segurança para o uso

de bicicletas mesmo que o município possua algumas ciclovias.

Figura 23. Deslocamento dos moradores na alta temporada

Fonte: Do autor, 2016.

15%

5%

71%

1%

8%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

Re

spo

nd

en

tes

Meios de Transportes

A pé Ônibus urbano Carro Bicicleta Moto

24%

4%

57%

7% 8%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

1

Re

spo

nd

en

tes

Meios de transporte

A pé Ônibus urbano Carro Bicicleta Moto

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61

De acordo com análises das figuras 22 e 23 chegou-se a alguns dados

pertinentes aos meios de transportes utilizados e a região em que reside (Tabela 3).

Tabela 3 - Meios de transportes das regiões de residências

Meios A pé Ônibus Urbano Automóveis Bicicleta Moto

Região Alta Baixa Alta Baixa Alta Baixa Alta Baixa Alta Baixa

A 10% 06% 00% 00% 08% 13% 02% 01% 00% 00%

B 02% 00% 02% 02% 21% 18% 00% 00% 01% 04%

C 02% 02% 03% 02% 06% 08% 01% 00% 01% 01%

D 04% 01% 02% 04% 09% 10% 01% 00% 02% 03%

E 00% 0% 00% 04% 04% 08% 10% 00% 00% 02%

F 00% 00% 00% 00% 100% 100% 00% 00% 10% 00%

G 01% 00% 01% 02% 10% 08% 00% 00% 10% 00%

Total 19% 09% 09% 14% 158% 157% 14% 01% 14% 10%

Fonte: do autor, 2016.

Observou-se que em todas as regiões pesquisadas os automóveis são

predominantes tanto na alta como na baixa temporada. A única região em que o carro

não predomina é a Região E, que tem mais pessoas circulando com bicicleta na alta

temporada. A Região A (Central) também se destaca por ter mais pessoas andando

a pé na alta temporada, pode-se supor que seja pelo deslocamento na área central

que exige menor uso de outros meios de transportes e o transito intenso desestimule

a usar estes outros meios.

Percebeu-se que quanto mais distante os bairros da Região Central o uso do

carro fez mais presente e a opção da moto na alta temporada. Pode-se supor que o

atraso no transporte público e itinerário reduzido sejam motivos que desestimulam os

moradores de bairros periféricos a deixar o carro em casa.

Na região F, o respondente do bairro Unamar relatou que se locomove na baixa

temporada de carro e na alta temporada de moto. Procura fazer todas as suas

atividades diárias no seu bairro e evita o máximo ir ao distrito-sede.

Pode-se concluir com esses dados que, mesmo que tenham diminuído para

57% o uso do carro como meio de transporte na alta temporada e aumentado as

formas alternativas de se locomover, ainda assim, o uso do automóvel como veículo

é a forma mais expressiva para se locomover no município, o que contribui para os

congestionamentos, visto que na alta temporada além dos moradores, Cabo Frio

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recebe um grande fluxo de turistas a mais que o número de sua população e a maioria

utilizando o carro como veículo de deslocamento.

Figura 24. Grau de dificuldade que o morador tem para se locomover durante a alta temporada

Fonte: Do autor, 2016.

Na figura 24 observa-se que a maioria dos moradores (82%) relatou diversas

dificuldades em se locomover na alta temporada por causa do aumento do fluxo de

pessoas nas ruas, em mercados e praias por conta de grandes engarrafamentos

advindas do trânsito intenso causado por falta de ordenamento. Estes

congestionamentos acabam refletindo no atraso dos ônibus e na dificuldade de se

chegar aos destinos usando outros meios de transportes.

Diante dessa situação mudam sua rotina usando ruas secundárias, evitando sair

de casa, viajando para outras cidades com menos fluxo de turistas, saindo mais cedo

de casa para não se atrasar nos compromissos e fazendo estoque de alimentos para

evitar saídas de casa. Para apenas 18% dos respondentes que não tem a mesma

dificuldade.

82%

18%

Sim Não

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63

Figura 25: Aumento das dificuldades do morador em se locomover nos últimos cinco anos

Fonte: Do autor, 2016

Os moradores relataram na figura 25 que, nos últimos 5 anos, o trânsito se

intensificou em 75%. O aumento da população de 186.222 mil, em 2010, para 208.451

mil, em 2015. (IBGE, 2015), os dados da Secretaria de Turismo que apontam a

presença de 800 mil turistas na temporada 2015 e o aumento no número de veículos

emplacados pelo Detran em Cabo Frio de janeiro de 2012 a junho de 2016, segundo

o Detran/RJ, conforme Tabela 4, constata-se que esse aumento mais o aumento da

população e de turistas, podem explicar a piora nas condições de trânsito na cidade.

Dos respondentes, 12% foram indiferentes à pergunta e 2% não concordam que

houve dificuldades em se locomover na cidade.

Tabela 4 – Estatísticas de novos veículos licenciados em Cabo Frio de janeiro de 2012 a junho de

2016

MÊS/ANO Nº DE VEÍCULOS %

JAN - DEZ /2012 4.641 21,53%

JAN - DEZ/2013 5.982 27,75%

JAN - DEZ/2014 5.341 24,78%

JAN - DEZ/2015 4.113 19,08%

JAN - JUN/2016 1480 6,86%

TOTAL 21.557 100%

Fonte: Detran/RJ (2016)

1% 1%

12% 11%

75%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%R

esp

on

de

nte

s

Discordo totalmente Discordo parcialmente Indiferente

Concordo parcialmente Concordo plenamente

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Figura 26: O turismo é o principal responsável pela dificuldade de locomoção na cidade

durante a alta temporada

Fonte: Do autor, 2016

De acordo com os moradores (Figura 26) o turismo é a principal causa na sua

dificuldade em se locomover em alta temporada (64%). Relataram um turismo

desordenado, a superlotação de pessoas e veículos na cidade, o aumento de

congestionamentos, a falta de educação no trânsito por parte dos turistas e de

transporte público de qualidade que diminua o número de carros nas ruas.

Como foi mostrado, o fluxo de pessoa triplica nos meses de dezembro a

fevereiro. No entanto, 36% dos entrevistados atribuem a outros fatores a dificuldade

na locomoção como falta de planejamento na engenharia de tráfego, pouca estrutura

para receber esse fluxo de pessoas, comprometimento dos órgãos competentes para

programar políticas públicas pertinentes ao turismo e ausência de planejamento

estratégico e ações voltadas para mobilidade urbana.

Figura 27: Dificuldades para estacionar na alta temporada

Fonte: Do autor, 2016

10%

3%

12% 11%

64%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

Re

spo

nd

en

tes

Opinião

Discordo totalmente Discordo parcialmente Indiferente

Concordo parcialmente Concordo plenamente

85%

15%

Sim Não

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65

De acordo com os resultados da figura 27 observa-se que 85% dos

respondentes tem dificuldade em estacionar na alta temporada e atribuem essa

dificuldade a falta de estacionamentos, ao grande fluxo de carros e de fiscalização,

poucas vagas para deficientes e idosos estacionarem, ao número reduzido de

estacionamentos particulares, carros parados em locais proibidos, ausência de

guardas para organizar o trânsito e ruas de mão dupla com estacionamento no

decorrer da via.

No entanto 15% dos moradores se opõem a opinião da maioria, uma vez que

essa porcentagem equivale ao número de moradores do centro e adjacências que não

precisam utilizar estacionamento público diariamente.

Figura 28: Eficiência da fiscalização pública em locais proibidos durante a alta temporada

Fonte: Do autor, 2016

Em relação ao poder público cumprindo o seu trabalho (Figura 28), 68% dos

respondentes indicam que é totalmente ineficiente, enquanto apenas 7% acham que

são totalmente eficientes. Então, conclui-se que a ineficiência da fiscalização é a

questão que mais incomoda o morador na alta temporada, pois são poucos guardas

para um trânsito muito intenso. Falta mais rigor com os turistas, no ordenamento do

trânsito e nas estratégias eficientes para receber um fluxo tão grande de veículos.

68%

7%

15%

3%7%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

Re

spo

nd

en

tes

Opinião

Totalmente ineficiente Pacialmente ineficiente Indiferente

Pacialmente eficiente Totalmente eficiente

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Figura 29: Conhecimento de alguma política de mobilidade urbana para melhorar seu deslocamento

em Cabo Frio

Fonte: Do autor, 2016

A figura 29 indica que 19% dos respondentes reconhecem o transporte público

e 15% às ciclovias como políticas de mobilidade urbana em Cabo Frio. Estas formas

mais públicas e menos maléficas ao ambiente são reconhecidas por um terço dos

respondentes. Já o sistema rotativo de estacionamento é percebido como política de

mobilidade por 34% dos respondentes, podendo ser possível atribuir essa percepção

ao fato de 71% na baixa temporada e 57% na alta temporada dos cabo-frienses

usarem o carro como seu principal meio de transporte. Também é expressivo a

porcentagem de pessoas que conhece o ordenamento do trânsito como política de

mobilidade em Cabo Frio.

Figura 30: Opinião sobre a Atividade turística

Fonte: Do autor, 2016

34%

19%

15%

32%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

Re

spo

nd

en

es

Opinião

Sistema rotativo de estacionamento Transporte público Ciclovias Ordenamento no trânsito

58%

3%

18%

7%

14%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

Re

spo

nd

en

tes

Opinião

Totalmente a favor Pacialmente a favor Indiferente Pacialmente contra Totalmente contra

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Mesmo com todos os transtornos causados pelo aumento do número de

pessoas nos meses de dezembro a fevereiro, mais da metade dos respondentes

aprovam a atividade turística (58%) uma vez que gera emprego e renda para os

munícipes.

Enquanto menos da metade dos respondentes divergem em suas opiniões

sobre o assunto, 28% afirmaram que não são totalmente contra e nem totalmente a

favor, possuem algumas objeções e ressalvas para o tipo de turismo desordenado

que Cabo Frio tem recebido e incentivado. Julgam que gera uma falsa renda para os

comerciantes e para a população, pois, os transtornos são muito maiores que as

vantagens. Foram enfáticos ao pedir mudanças e turistas de “melhor qualidade” que

tragam renda para o município e menos sujeira, depredação do patrimônio público e

o direito do morador de ir e vir. Já 14% são totalmente contra porque afirmam que o

ônus é muito maior do que o bônus que o turismo traz para a cidade. Pode-se aferir

que mesmo que o morador tenha dificuldade em ir e vir na alta temporada por conta

da massificação do turismo, uma boa parte dos respondentes é a favor a atividade

turística, por ser a fonte de renda da maioria dos moradores de Cabo Frio. No entanto,

o problema que o turismo apresenta para o município não é visto por um número

significativo de moradores como vantagem para a existência dessa atividade no

município. Os que aceitam o turismo gostariam que ele não fosse massivo, de

segunda residência e que trouxesse mais benefícios para valer a pena os sacrifícios

em ter que dividir seu território com outras pessoas. Sugerem planejamento e

ordenamento para receber os turistas, senão, o turismo será bom apenas para o

turista.

Quanto à participação na reunião sobre mobilidade urbana em Cabo Frio de

em 2011, 99% dos moradores nunca ouviram falar de nenhum projeto ou foram

convidados a participar para discutir sobre o assunto. O único respondente que

participou disse que, em sua opinião, na época do projeto proposto tudo parecia

maravilhoso, mas no decorrer dos cinco anos a maioria das propostas não foram

colocadas em prática, somente a reurbanização das calçadas da Av. Assunção e a

Praça Porto Rocha ocorreu, conforme citado na figura 6, ação número 27.

Na pergunta 16 foi solicitado a cada morador que sugerisse melhorias para a

mobilidade urbana em Cabo Frio durante a alta temporada. Foi feito um quadro com

a proposta (Figura 31).

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Observara-se por meio das sugestões que a população residente tem opiniões

relacionadas a cinco grupos de ideias:

a) formas de ordenamento do trânsito que daria maior fluidez como

construção de acessos, sinalização e semáforos;

b) transportes alternativos ou públicos como melhoria nos transportes

públicos e aumento de ciclovias ou ciclo faixas;

c) estacionamentos rotativos incluindo parquímetros e ações relacionadas

aos turistas, leis mais rígidas para os ônibus de turismo, impostos mais

elevados para os veranistas,

d) limitação do número de turistas,

e) algo que não tem nenhuma relação com a mobilidade urbana, a limitação

de ambulantes nas praias.

Figura 31: Sugestões para melhorar a mobilidade urbana durante a Alta Temporada.

Ação Proposta

Ordenamento do Trânsito no Geral

Projetos urbanísticos que resolvam problemas de ordenamento no trânsito.

Parquímetros Colocação de parquímetros e fiscalização dos mesmos.

Estacionamento Melhoraria no sistema de estacionamento rotativo.

Sinalização Sinalização horizontal e vertical nas vias e sinalização turística.

Semáforos Sincronismo nos semáforos.

Construção de acessos Construção de pontes, viadutos e edifícios garagem para facilitar os acessos e estacionamentos.

Transporte Público Exigências à empresa prestadora de serviços por transportes de qualidade, com mais horários e itinerários.

Uso de bicicleta Construção de ciclovias ou ciclo faixas em toda a cidade

Educação no Trânsito Projetos voltados para educação no trânsito.

Ambulantes Limitar o número de ambulantes nas praias

Capacidade de Carga Análise de capacidade de carga para limitar a entrada do número de turistas

Ônibus de Turismo Criar leis mais rígidas para ônibus de turismo

Impostos Criar impostos diferenciados para casas de alugueis para veraneio

Fonte: Do autor, 2016

Percebe-se então, que há mais proposituras para a melhoria da mobilidade

urbana no contexto de suas formas tradicionais de deslocamentos de veículos

motorizados particulares facilitando sua continuidade com avanços de acessos, mais

estacionamentos, sincronização dos semáforos com os fluxos e sinalizações mais

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eficientes. No entanto, há também propostas relacionadas às novas orientações do

PNMUS do Ministério das Cidades.

Doxey9 (1975) possui uma teoria denominada Irridex que procura identificar e

explicar os efeitos cumulativos do desenvolvimento do turismo sobre as relações

sociais e a evolução da mudança nas atitudes dos moradores com relação aos

turistas.

Para ele existem impactos recíprocos entre residentes e turistas, os quais

podem ser medidos em vários graus de irritação. Este autor desenvolveu um índice

de irritabilidade constituído de quatro estágios: euforia, apatia, irritação e

antagonismo.

a) na fase da Euforia, os visitantes e investidores são bem-vindos pelos

residentes locais.

b) na fase da Apatia, os visitantes e residentes mantem uma relação

formal. Esse estágio é direcionado para o marketing e negociações.

c) fase da Irritação, ocorre quando o local atingiu o ponto de saturação. Os

residentes passam a questionar a presença dos turistas e a

necessidade de infraestrutura local.

d) fase do Antagonismo, as manifestações dos residentes são físicas e

verbais, assim, afasta os visitantes da localidade. As autoridades

planejam promoções para superar a imagem negativa da localidade que

foi causada pelo antagonismo.

Pelos dados obtidos tanto na pesquisa com os organismos públicos, com as

reportagens que saíram na mídia e com a pesquisa pode-se perceber que o índice

aplicado aos moradores de Cabo Frio é a fase de irritação. Os próprios moradores

sugerem uma mudança no tipo de turistas, na infraestrutura e no planejamento e

ordenamento. Porém, propõem poucas mudanças para as suas próprias ações frente

à mudança na forma de perceber a cidade.

Não foi percebido um interesse ou envolvimento maior nas questões

relacionadas à aplicação de um novo modelo de mobilidade urbana.

Esta reflexão está presente na construção da resposta do objetivo específico

“analisar a percepção do morador sobre a influência do turismo nos problemas de

mobilidade urbana”. Embora o índice não se deva somente a mobilidade urbana, esta

9 Doxey, J. Development of tourism destinations, London: Torbay, 1975

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passa a ter um grande peso em um município que cresceu muito e

desordenadamente, prejudicando sua mobilidade urbana.

Na pergunta 6, sobre a dificuldade do morador em se locomover durante a alta

temporada, 82% afirmou que sim. Isto pode justificar a exigência de melhores

condições de ordenamento como sinalização, maior rigor com os ônibus de turismo e

melhoria no serviço de estacionamento rotativo. Na pergunta 9, 64% acreditam que

durante a alta temporada a presença de turistas motorizados são os principais motivos

para a dificuldade em estacionar, diante destes problemas os moradores sugerem

ações de limitação ao número de turistas como a análise de capacidade de carga, leis

mais rígidas para ônibus de turismo e impostos diferenciados para casas de alugueis

para veraneio que poderiam desestimular sua presença na cidade. Na pergunta 10,

85% possuem dificuldades em estacionar na alta temporada, esta dificuldade pode

refletir a preocupação nas sugestões em propor algumas atividades relacionadas aos

estacionamentos. Na pergunta 11, que tratou da eficiência na fiscalização, esta foi

considerada ineficiente em 68% e apenas 7% eficiente.

A pesquisa mostrou que a população se locomove, em sua maioria, por meio

dos seus carros particulares e os turistas também. Como a cidade tem o turismo

concentrado em alguns lugares e a região central é a mais significativa, o transito tanto

para moradores como para turistas fica muito prejudicado. Percebeu-se que um dos

maiores problemas é o estacionamento regular e, também, o estacionamento irregular

em locais proibidos que gerassem complicação ao trânsito congestionado pelo

excesso de veículos. Os transportes públicos são poucos usados, apenas 4% e,

mesmo sendo uma cidade plana somente 7% usam as bicicletas e 24% percorrem a

cidade a pé. As motos também não têm grande significância com 8% de motoristas.

Já os turistas são considerados um dos problemas para o trânsito, o que

poderia ser já esperado pela população flutuante ser três vezes mais que a fixa e sua

forma de locomoção principal ser os veículos particulares e os ônibus de turismo.

Mesmo com estas atividades, apenas 21% dos respondentes eram totalmente

contra ou parcialmente contra a atividade turística.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este Trabalho de Conclusão de Curso tratou dos temas turismo de massas,

mobilidade urbana e percepção dos moradores. Partiu-se da premissa que o turismo

como contributo da ocupação territorial pode afetar o território e a vida dos moradores.

Verificou-se, na literatura turística, que em muitos casos, a turistificação de um

território nem sempre é benéfica ao morador e um dos efeitos desta turistificação pode

ser a mobilidade urbana em destinos de turismo de massas que tenha o rodoviário

como seu modal principal.

As cidades médias têm incorporado uma parcela significativa do crescimento

do país sejam por razões demográficas ou econômicas, as questões relativas ao

desenvolvimento urbano, demografia, turismo e a indústria do petróleo e gás

influenciaram e influenciam a mobilidade de municípios como Cabo Frio, no estado do

Rio de Janeiro.

Este município recebe desde a década de 1960 turistas, principalmente

motivados pelo turismo de Sol e Praia, que alteraram o território e a economia durante

esses anos. A criação de novos bairros, a existência de segundas residências,

dinamização do comércio, novos empregos, estimulo à indústria da moda praia,

instituição de equipamentos e serviços turísticos, arrecadação de impostos, ocupação

de dunas e mangues por construções de moradias, hotéis, restaurantes e vias

públicas, aterramento de áreas, construções irregulares, ausência de saneamento

básico, aumento da violência e a dificuldade em se locomover em sua cidade tiveram

contribuições do turismo e fizeram Cabo Frio ser a cidade que é hoje.

Com a indústria de petróleo e gás, houve a migração de moradores e a injeção

de recursos econômicos que foram usados em muitos projetos que beneficiaram o

desenvolvimento do turismo principalmente nas áreas centrais.

O aumento populacional e a ampliação do território ocupado trouxeram muitos

desafios, entre eles, a mobilidade urbana. Ao estudar a mobilidade urbana e o turismo

em Cabo Frio, pode-se refletir como estão sendo tratados esses assuntos pelo poder

público, como a sociedade os percebe e o que gostariam que fosse feito para

solucioná-lo.

Desvelou-se com este trabalho a assertiva de qual pressuposto respondeu ao

problema: as dificuldades de mobilidade urbana em Cabo Frio são percebidas pelo

morador como um problema provocado pelo turismo?

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Os pressupostos levantados como resposta ao problema foram: Os moradores

têm compreensão de que o turismo afeta sua vida ao interferir no seu ir e vir pela

cidade. No entanto, consideram que o problema maior é o posicionamento da política

pública de mobilidade que não abarcou corretamente o fenômeno existente há 60

anos e que maximiza os problemas de mobilidade urbana.

Observou-se nas respostas de parte dos moradores que o turismo é visto como

um problema, principalmente o turismo massivo e de segundas residências que pouco

deixa para o município. Dos respondentes 21% alegam serem totalmente ou

parcialmente contra o turismo, não especificamente apenas por causa da mobilidade

urbana, mas este fator também influencia em suas respostas. Embora seja da

responsabilidade da tríade, poder público, moradores e turistas a propor mudanças, a

maioria dos moradores não é contra a atividade turística e não responsabiliza somente

o turista quanto a questão da mobilidade urbana. Por outro lado, os moradores não se

veem como responsáveis em alterar esta situação.

Desta forma o objetivo geral do trabalho: perceber se para o morador de Cabo

Frio o turismo é um fator agravante nas dificuldades da mobilidade urbana, considera-

se que foi atingido. Conseguiu-se com a literatura, entrevistas com os representantes

do setor público e com os moradores perceber que o turismo é sim, um fator agravante

que influencia a mobilidade urbana.

Para chegar a esta constatação percorreu-se para atingir os objetivos

específicos:

a) Apresentar a relação entre o turismo e a mobilidade urbana.

Foi apontada esta relação por meio da literatura. Usando a PNMUS do

Ministério das Cidades como a nova forma de ordenação das cidades, sugerindo que

sejam mais compactas, diminuindo os deslocamentos pendulares e mais sustentáveis

com o uso de transportes alternativos. A mobilidade urbana, ao incorporar em sua

efetivação todas as principais características da cidade como: equipamentos,

infraestrutura de transporte, comunicação, circulação e distribuição, tanto de objetos

quanto de pessoas compartilham efetivamente no desenvolvimento de uma cidade.

Neste caso, o turismo está presente nas características da cidade.

Percebeu-se que mesmo com muitos recursos advindo dos royalties da

indústria de petróleo e gás, os investimentos realizados que beneficiaram as áreas

turísticas, não houve preocupação com o ordenamento urbano. Constatou-se com o

aumento considerável no número de condomínios e a expansão da área urbanizada.

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Somente este problema já seria grande para qualquer município brasileiro com quase

200 mil habitantes.

Estas ações foram baseadas principalmente no uso de transportes automotivos

para que houvesse a substituição pelos ônibus exigiria que estes fossem melhores e

mais eficientes, além do estimulo aos transportes alternativos menos poluentes, mais

saudáveis e sustentáveis. Faltou aplicar as diretrizes do PNMUS que valoriza a cidade

compacta e não seu espraiamento como ocorreu. Boa parte deste espraiamento

relaciona-se ao aumento de condomínios com segundas residências, que trazem os

já conhecidos problemas descritos por inúmeros autores. A cidade para todos se

obtém com a ampliação do espaço público para as pessoas e não para o privado,

quando a especulação imobiliária dita os caminhos. Ao privatizar o público, faz da

cidade um lugar para poucos e não para todos.

b) Explicar o desenvolvimento do turismo em Cabo Frio.

Procurou-se apresentar como ocorreu o desenvolvimento do município e,

também, do turismo. O turismo desde o segundo quartel do século XX esteve

presente, embora seu desenvolvimento tenha maior expressividade a partir dos anos

de 1950, andando pari passo com a história de Cabo Frio. Apontaram-se o

crescimento dos bairros e da indústria da moda praia, e as infraestruturas urbanas

implantadas em decorrência do turismo. Buscou-se mostrar que inicialmente o

município recebeu um turismo de classe alta e, depois dos anos de 1980, houve a

substituição por um turismo massivo. O desmembramento de seu território fez surgir

dois balneários importantes Armação de Búzios e Arraial do Cabo. Se por um lado

acabaram recebendo parte dos turistas que iriam para Cabo Frio, por outro beneficiam

o turismo cabo-friense pela regionalidade. Percebeu-se pela pesquisa que,

atualmente o destino encontra-se na fase da estagnação por conta de problemas

pertinentes à atividade turística que teve seus projetos paralisados por causa da

queda da arrecadação dos royalties do petróleo e outros problemas inerentes ao

turismo como, congestionamentos, saturação, infraestrutura (água, esgoto, energia) e

danos ambientais e socioculturais.

c) Identificar as políticas públicas de mobilidade urbana em Cabo Frio e sua

relação com o turismo.

Como foi demonstrado na figura 6 houve algumas tentativas do poder público

com relação à mobilidade urbana promovendo ações para melhorar a mobilidade do

morador e do turista. Mas, muitas dessas ações não deram certo, justamente por falta

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de políticas públicas eficazes, como a elaboração atualizada do Plano Diretor e sua

aplicação de maneira rígida e eficaz.

d) Analisar a percepção do morador sobre a influência do turismo nos

problemas de mobilidade urbana.

O morador é conhecedor dos diversos problemas na mobilidade urbana

advindos do turismo, mas ele também entende que o turismo é primordial para a

geração de renda do município. Através desse trabalho, foi possível analisar em suas

falas que um planejamento bem elaborado para a vinda de turistas e para o seu dia a

dia é importante para manter o mínimo de respeito e melhor convivência. Estratégias

precisam ser pensadas a curto, médio e longo prazos para resolver inúmeros

problemas no trânsito, em estudos de capacidade de carga para receber turistas e

muitos tantos projetos de lei que visem o bem-estar do morador, que nesses últimos

anos têm sido tão penalizados.

Ao realizar a pesquisa com os moradores foi possível perceber que estes

possuem uma relação diferenciada frente ao turismo. Quanto mais distante do centro,

menos o morador tem um envolvimento com os turistas, embora, estes estejam em

bairros distribuídos em alguns lugares do município. A região sul do município, a mais

antiga, possui uma concentração maior de moradores, comércio e atrativos, nela

residem os maiores problemas de mobilidade por causa dos turistas. Problemas

relativos aos transportes urbanos, como ônibus, são mais sentidos nos bairros mais

distantes e nos distritos. O morador percebe que o aumento do turismo,

principalmente na alta temporada lhe traz dificuldades de mobilidade, mas, mesmo

não tendo um posicionamento claro sobre as questões da mobilidade. Justamente por

não ter este posicionamento mais atual, sua principal forma de locomoção é ainda o

automóvel e se posiciona com sugestões para que as facilidades para o uso este

modal sejam aperfeiçoadas. Solicitam melhor ordenamento no trânsito, no

estacionamento rotativo e na sinalização. O turista por sua vez, também usa o mesmo

modal rodoviário. Seja em ônibus de excursão ou em automóvel particular. Assim,

percebeu-se que o morador vê a presença do turista como um agravante para a sua

mobilidade, o que seria normal dada às condições estabelecidas. E 21% gostariam

que os turistas não mais estivessem no município, apontando um mal-estar entre pelo

menos uma parte da população.

Frente a essas questões acredita-se que ainda assim o turista continue a visitar

Cabo Frio, embora a crise do petróleo e gás tenha diminuído os investimentos

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turísticos é necessário à presença destes para atividade econômica do município. No

entanto, não basta apenas estimular a vinda do turista. Como visto pela análise de

Doxey o momento tem que ser de mudanças. O Plano Diretor precisa conter as

questões contemporâneas de mobilidade definida pelo PNMUS com seus princípios

de cidade mais compacta e opções de um transporte mais sustentável. Isso inclui

ações para moradores e turistas. Pergunta-se se o poder público, os empresários do

setor imobiliário e do trade turístico e a população em geral querem mudança na forma

de ocupar a cidade? Se tiverem dispostos a essas mudanças, um novo cenário pode

ser imaginado melhorando as condições de vida e de lazer para todos, moradores e

turistas.

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através de e-mail ao Secretário Paulo Henrique Corrêa <[email protected]> 16 fev 2016. SECRETARIA MUNICIPAL DE GOVERNO, TURISMO, COMUNICAÇÃO SOCIAL, EVENTOS E HABITAÇÃO DE CABO FRIO: Entrevista com a Superintendente de Turismo Sr.ª Luane Ferreira dia 29 jan 2016. SÉRIE DE CADERNOS TÉCNICOS DA AGENDA PARLAMENTAR – Mobilidade Urbana, CREA-PR 2011, p. 13 Disponível em: < www.crea-pr.org.br > Acesso: 13 jan. 2016. SILVA, R.; ALMEIDA, C; SUGIMOTO, F; MATOS, A.; SILVA, J; ANDRADE, M. Entre o campo e a metrópole: elaboração do plano de mobilidade de Santa Izabel. Disponível em <http://files-server.antp.org.br/_5dotSystem/download/dcmDocument/ 2015/06/15/061A27B9-FBB9-41DB-9051-92A7AB6A3E905.pdf>. Acesso em 10 mai 2016. SHELLER, M.; URRY, J. (orgs.). Tourism mobilities: places do play, places in play. Londres, Nova Iorque: Routeledge, 2004. SHELLER, M. The new mobilities paradigm for a live sociology. Current Sociology Review, vol. 62, n. 6, p. 789-811, 2014. TARLOMBANI DA SILVEIRA, M. Impactos do Turismo no Território. 2002. Disponível em: <www.academia.edu/.../IMPACTOS_DO_TURISMO_NO_TERRITÓRIO> Acesso: em 13 dez 2015. THEOBALD, W (Org.). Turismo global. Tradução: Anna Maria Capovilla, Maria Cristina Guimarães Cupertino e João Ricardo Barros Penteado. 2. Ed. São Paulo: SENAC, 2002. TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. Estudos Socioeconômicos dos Municípios do Estado do Rio de Janeiro. TCE, 2016. Disponível em< file:///C:/Users/Claudia/Downloads/Estudo%20Socioecon%C3%B4mico%202015%20-%20Cabo%20Frio.pdf>. Acesso em: 20 mai 2016. TULIK, Olga. Turismo e meios de hospedagem: casas de temporada. São Paulo: Roca, 2000. URRY, John. Mobilities. London: Polity, 2007.

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APÊNDICE A

Formulário respondido entre os dias 09 a 18 de fevereiro de 2016.

Boa tarde, sou estudante da Universidade Federal Fluminense e estou pesquisando sobre a

mobilidade dos moradores de Cabo Frio perante as atividades do turismo. Esta pesquisa é

parte integrante do meu Trabalho de Final de Curso e peço a gentileza de sua resposta. Os

dados aqui contidos serão usados apenas academicamente e o respondente não identificado.

Obrigada.

1. Reside em Cabo Frio

☐ Sim ☐Não

2. Há quanto tempo reside em Cabo Frio

☐ 1 ano ☐ 2 a 4 anos ☐ 5 a 10 anos ☐ 11 a 15 anos ☐ + de 15 anos ☐Sempre

morou

3. Em que bairro reside

_______________________________________________________________________

4. De que maneira se desloca na baixa temporada?

☐A pé ☐ ônibus urbano ☐ carro ☐ bicicleta ☐moto

5. De que maneira se desloca na alta temporada?

☐A pé ☐ ônibus urbano ☐ carro ☐ bicicleta ☐moto

6. Possui alguma dificuldade em se locomover pela cidade de Cabo Frio durante a alta

temporada?

☐ Sim ☐Não

Se sim, qual (is)?

___________________________________________________________

_________________________________________________________________________

7. Qual é seu comportamento frente a esta situação?

__________________________________________________________________________

8. A dificuldade em se locomover na cidade de Cabo Frio aumentou nestes últimos cinco

anos.

Discordo totalmente ☐ 1 ☐ 2 ☐3 ☐4 ☐5 Concordo plenamente

9. O turismo é o principal responsável pela dificuldade em se locomover em Cabo Frio durante a alta temporada?

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Discordo totalmente ☐ 1 ☐ 2 ☐3 ☐4 ☐5 Concordo plenamente

Por quê?

__________________________________________________________________

10. Existem obstáculos que impedem de estacionar os carros na cidade na alta

temporada?

☐ Sim ☐Não

Se sim, qual(is)?

___________________________________________________________

11. A fiscalização pública durante a alta temporada para coibir abusos frente aos

estacionamentos em locais proibidos para você é

Ineficiente ☐ 1 ☐ 2 ☐3 ☐4 ☐5 Eficiente

12. Quais políticas para melhorar a mobilidade urbana em Cabo Frio você conhece?

☐Sistema rotativo de estacionamento ☐ciclovias ☐transporte público ☐ordenamento

no trânsito

13. Quanto à existência da atividade turística em Cabo Frio é

A favor ☐ 1 ☐ 2 ☐3 ☐4 ☐5 Contra

Por que?

_________________________________________________________________

14. Conhece os projetos de mobilidade urbana que estão sendo discutidos pelo órgão

municipal com a comunidade?

☐ Sim ☐Não

Se sim, qual a sua opinião sobre eles?

___________________________________________

15. Participou de alguma audiência ou reunião que envolvesse o assunto mobilidade

urbana em Cabo Frio?

☐ Sim ☐Não

Se sim, qual? ___________________________________________

16. O que sugere para que a mobilidade de Cabo Frio seja melhor durante a alta

temporada?

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

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APÊNDICE B

Em 1959 respectivamente foram criadas a resolução nº 33 e a nº 39/59 e a de nº 15 de 1962.

A resolução nº 33 criou a Comissão Municipal de Planejamento e Turismo – COMUPLATUR,

após ser revogada a pouco tempo depois, foi substituída pela resolução nº 39, que criou o

Departamento de Turismo. Dois anos e meio depois surgiu a necessidade de adequar e definir

novas estratégias para a realidade que se apresentava, então foi criada a resolução nº 15,

que juntava as duas já existentes e criava novas regras mais claras e específicas. Essa

resolução criava o Departamento de Turismo de Cabo Frio – DTCF – constituído de um

Diretor, um Secretário e dez membros que não seriam nomeados pelo prefeito (art. 2º).

A resolução estabelecia que o novo departamento seria composto por um representante da

Câmara Municipal de Vereadores, um da Associação Rural, um da Associação Comercial, um

da (Comissão do Turismo do Estado do Rio de Janeiro) COTERJ, um engenheiro, um

arquiteto e mais cinco membros representados por pessoas ligadas ao Município de Cabo

Frio, podendo ser residentes ou não (§1º do art. 2º). O diretor do referido departamento

poderia ainda criar subcomissões de acordo com sua avaliação de necessidade. O art. 5º

dessa resolução se estende por sete parágrafos em que o poder público coloca sob a

responsabilidade desse novo órgão toda a elaboração do Plano Diretor Municipal onde esse

deveria:

§ 2º – (...) apreciar e opinar sobre todos os projetos de urbanização loteamentos particulares

e municipais, obras públicas, balneários, hotéis, parque ou qualquer realização que implique

no embelezamento, defesa paisagística da cidade e do município de Cabo Frio, as quais

deverão ser obrigatoriamente submetidas à aprovação do DTCF. (...) § 5º – A fim de facilitar

futuras operações de financiamento, o Plano Diretor Municipal deverá, após a sua aprovação

pela Legislação Municipal, ser enviado à aprovação da DTCF e da COMBRATUR

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APÊNDICE C

LEI Nº 48, DE 03 DE MAIO DE 1983. PROJETO DE LEI Nº 057/83 - MENSAGEM EXECUTIVA Nº

041/83.

ESTABELECE DIRETRIZES PARA A REFORMA ADMINISTRATIVA DA SECRETARIA MUNICIPAL

DE TURISMO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO, SOBRE O ORDENAMENTO JURÍDICO INSTITUCIONAL

E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS.

A CÂMARA MUNICIPAL DE CABO FRIO, POR SEUS REPRESENTANTES LEGAIS, RESOLVE:

TÍTULO I FINALIDADES E FUNÇÕES CAPÍTULO I DA FINALIDADE

ARTIGO 1º - A Secretaria Municipal de Turismo Indústria e Comércio tem por finalidade e ampliação

e a dinamização partindo de uma criteriosa análise das condições atuais dessa atividade econômica,

estabelecendo projeções com metas fixadas para o desenvolvimento econômico Municipal.

ARTIGO 2º - Já são por demais conhecidas as potencialidades turísticas do nosso Município restando

apenas equaciona - lãs dentro da ótica de um tratamento especial que essa atividade está a merecer

como uma das principais fontes geradoras de divisas não só para o nosso Município como para o

Estado como um todo.

ARTIGO 3º - A Secretaria Municipal de Turismo Indústria e Comércio, para a consecução de sua

finalidade, terá por funções, no âmbito da administração direta e, no que couber, da indireta:

I - O assessoramento Técnico ao Chefe do Poder Executivo; II- Fixação da imagem da cidade de Cabo

Frio e seus diretos, até a promoção de eventos e de atividades permanentes ligadas ao apoio e a

assistência ao turista, sempre em comum acordo com os órgãos Municipais já existentes, tais como;

Divisão de Cultura, Secretaria de Esportes e outros, como por exemplo:

A) - Exposições permanentes, B) - Centros e Artes, C) - Eventos esportivos, etc. III- O intercâmbio

técnico - científico com entidades municipais, estaduais, nacionais e estrangeiros, nas áreas de sua

competência; IV- A observância da legislação aplicável a Turismo Indústria e Comércio.

Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.

CÂMARA MUNICIPAL DE CABO FRIO, 04/05/83.

PRESIDENTE

1º SECRETÁRIO,2º SECRETÁRIO

APÊNDICE D

LEI Nº 554, DE 26 DE DEZEMBRO DE 1985. PROJETO DE LEI Nº 202/85 - MENSAGEM EXECUTIVA

Nº 159/85.

CRIA A TAXA DE CONTRIBUIÇÃO TURÍSTICA DE LIMPEZA PÚBLICA, PARA ÔNIBUS DE TURISMO

E SIMILARES, PARA LIMPEZA DAS PRAIAS E RECANTOS TURISTICOS.

A CÂMARA MUNICIPAL DE CABO FRIO NO USO DE SUAS ATRIBUIÇÕES LEGAIS, RESOLVE:

Art.1º Fica criada a Taxa de Contribuição Turística de Limpeza Pública, para ônibus de turismo e

similares, para limpeza das praias e recantos turísticos.

Art.2º São responsáveis pelo recolhimento das taxas referidas no artigo anterior, os condutores

ou proprietários de veículos automotores, que conduzam caravanas turísticas.

PARÁGRAFO ÚNICO Entende-se por caravana turística, grupo de pessoas que procuram

o Município para passeio ou excursão, com a utilização de praias ou de recantos turísticos do território

do Município.

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Art.3º A taxa será cobrada no valor de 03 (três) UPM por veículo automotor, por fração ou dia

de permanência.

PARÁGRAFO ÚNICO Ficam os responsáveis pelo veículo obrigados a apresentarem

sempre que cobrados pelas autoridades municipais ou pela Fiscalização, os documentos

comprobatórios do pagamento da taxa.

Art.4º O recolhimento da Taxa, far-se-á nos postos de arrecadação da Prefeitura na chegada

da caravana ao Município ou antecipadamente nos bancos autorizados, através do

documento de arrecadação municipal (DARM).

§ 1º Os Postos de Arrecadação serão localizados, junto a Delegacia de Polícia no primeiro

e terceiro Distrito e junto as Subdelegacias nos demais Distritos.

§ 2º A Fiscalização volante poderá receber a referida taxa por ordem Superior, em qualquer

ponto do Município, devendo obrigatoriamente dar a devida documentação de quitação.

Art.5º O não recolhimento da taxa nos termos do artigo anterior, sujeitará o infrator a uma multa igual

ao valor da taxa e a apreensão do veículo até o pagamento das importâncias devidas.

PARÁGRAFO ÚNICO A apreensão do veículo determinará a multa de 03 (três) UPM por

fração ou dia de estada no estacionamento do Município.

Art.6º Esta Lei entrará em vigor a partir de 1º de janeiro de 1986, revogadas as disposições em

contrário.

CÂMARA MUNICIPAL DE CABO FRIO, 26 de dezembro de 1985.

ACYR SILVA DA ROCHA – PRESIDENTE

ARISTARCO ACIOLI DE OLIVEIRA - 1º SECRETÁRIO MAURO JOSÉ DE AZEVEDO - 2º

SECRETÁRIO

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APÊNDICE D

LEI Nº 554, DE 26 DE DEZEMBRO DE 1985. PROJETO DE LEI Nº 202/85 - MENSAGEM EXECUTIVA

Nº 159/85.

CRIA A TAXA DE CONTRIBUIÇÃO TURÍSTICA DE LIMPEZA PÚBLICA, PARA ÔNIBUS DE TURISMO

E SIMILARES, PARA LIMPEZA DAS PRAIAS E RECANTOS TURISTICOS.

A CÂMARA MUNICIPAL DE CABO FRIO NO USO DE SUAS ATRIBUIÇÕES LEGAIS, RESOLVE:

Art.1º Fica criada a Taxa de Contribuição Turística de Limpeza Pública, para ônibus de turismo e

similares, para limpeza das praias e recantos turísticos.

Art.2º São responsáveis pelo recolhimento das taxas referidas no artigo anterior, os condutores ou

proprietários de veículos automotores, que conduzam caravanas turísticas.

PARÁGRAFO ÚNICO Entende-se por caravana turística, grupo de pessoas que procuram o Município

para passeio ou excursão, com a utilização de praias ou de recantos turísticos do território do Município.

Art.3º A taxa será cobrada no valor de 03 (três) UPM por veículo automotor, por fração ou dia de

permanência.

PRÁGRAFO ÚNICO Ficam os responsáveis pelo veículo obrigados a apresentarem sempre que

cobrados pelas autoridades municipais ou pela Fiscalização, os documentos comprobatórios do

pagamento da taxa.

Art.4º O recolhimento da Taxa, far-se-á nos postos de arrecadação da Prefeitura na chegada da

caravana ao Município ou antecipadamente nos bancos autorizados, através do documento de

arrecadação municipal (DARM).

§ 1º Os Postos de Arrecadação serão localizados, junto a Delegacia de Polícia no primeiro e terceiro

Distrito e junto as Subdelegacias nos demais Distritos.

§ 2º A Fiscalização volante poderá receber a referida taxa por ordem Superior, em qualquer ponto do

Município, devendo obrigatoriamente dar a devida documentação de quitação.

Art.5º O não recolhimento da taxa nos termos do artigo anterior, sujeitará o infrator a uma multa igual

ao valor da taxa e a apreensão do veículo até o pagamento das importâncias devidas.

PARÁGRAFO ÚNICO A apreensão do veículo determinará a multa de 03 (três) UPM por fração ou

dia de estada no estacionamento do Município.

Art.6º Esta Lei entrará em vigor a partir de 1º de janeiro de 1986, revogadas as disposições em

contrário.

CÂMARA MUNICIPAL DE CABO FRIO, 26 de dezembro de 1985.

ACYR SILVA DA ROCHA – PRESIDENTE

ARISTARCO ACIOLI DE OLIVEIRA - 1º SECRETÁRIO MAURO JOSÉ DE AZEVEDO - 2º

SECRETÁRIO

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APÊNDICE E

LEI Nº 1123, DE 10 DE DEZEMBRO DE 1991. PLE Nº 015/91 - ME Nº 009/91 - OFP Nº 162/91 - EAD

Nº , 005, 006, 007, 015 E 020/91 - EMO Nº 004 E 008/91 - ESP Nº 009/91 - ESB Nº 013, 014, 015, 016,

017, 018, 019/91.

DISPÕE SOBRE A INSTITUIÇÃO DO PLANO DIRETOR DO MUNICÍPIO DE CABO FRIO E DÁ

OUTRAS PROVIDÊNCIAS.

A CÂMARA MUNICIPAL DE CABO FRIO NO USO DE SUAS ATRIBUIÇÕES LEGAIS, RESOLVE:

TÍTULO I DOS PRINCÍPIOS BÁSICOS DO PLANEJAMENTO E DA ORDENAÇÃO DO TERRITÓRIO

CAPÍTULO I DO PLANEJAMENTO E DA ORDENAÇÃO DO TERRITÓRIO

Art. 1º - Esta Lei cumpre os dispositivos constitucionais concernentes à política urbana, nos termos do

estatuído pela Constituição Estadual quanto ao Plano Diretor.

Art. 2º - Como instrumento da política de desenvolvimento urbano e de ordenação do território, este

Plano Diretor integra um processo básico de planejamento municipal, que objetiva atender ao pleno

desenvolvimento das funções sociais da cidade, para garantir o bem-estar dos munícipes, e abrange a

totalidade do território municipal.

Art. 3º - Integram esta Lei as diretrizes e políticas setoriais que nortearão o desenvolvimento urbano e

ordenação do território a serem implementadas pelo Poder Executivo, a saber: I - racionalização do

uso e ocupação do solo; II - planejamento e implementação da rede viária; III - adequação da

infraestrutura e dos serviços públicos; IV - conservação e valorização do patrimônio natural e cultural;

V - aprimoramento da gestão administrativa no negócio público.

Art. 4º - Esta Lei será coerente com as diretrizes gerais e políticas definidas na Constituição Federal,

Estadual e na Lei Orgânica do Município, ao estabelecer os princípios básicos da ordenação do

território municipal.

CÂMARA MUNICIPAL DE CABO FRIO, 10 de dezembro de 1991.

ACYR SILVA DA ROCHA Presidente

MARCOS VALÉRIO CORRÊA DE SANT’ANNA 1º Secretário

JOSÊNIO PACHECO FILHO 2º Secretário

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APÊNDICE F

Lei nº 1412/1997, Em 21 de Outubro de 1997

DISPÕE SOBRE A CRIAÇÃO DO CONSELHO MUNICIPAL DE TURISMO DE CABO FRIO E DÁ

OUTRAS PROVIDÊNCIAS.

A CÂMARA MUNICIPAL DE CABO FRIO NO USO DE SUAS ATRIBUIÇÕES LEGAIS, RESOLVE:

Art.1º Fica criado o Conselho Municipal de Turismo – COMTUR, órgão de natureza consultiva e

deliberativa, destinado a assessorar e orientar a formulação da política de turismo do Município de

Cabo Frio.

CAPÍTULO I DA COMPETÊNCIA E COMPOSIÇÃO

Art. 2º Compete ao Conselho Municipal de Turismo: I elaborar, analisar e propor planos de trabalho

que visem o desenvolvimento e a expansão do turismo no Município de Cabo Frio; II contribuir com

os demais órgãos da Administração Municipal no planejamento de ações concernentes ao setor de

turismo; III promover intercâmbio com instituições públicas e privadas, nacionais e estrangeiras, com

a finalidade de implementar as medidas e ações que são objeto do Conselho; IV coordenar, incentivar

e promover o turismo no Município de Cabo Frio; V apreciar, opinar e propor política de incentivos

fiscais a serem concedidos pelo Poder Executivo, visando a isenção ou redução de tributos, tarifas e

emolumentos, em caráter temporário ou permanente, a empreendimentos destinados a exploração da

atividade turística do Município.

Art.3º O Conselho Municipal de Turismo – COMTUR, composto de 11 (onze) membros, é integrado

por representantes do Governo Municipal, e por representantes de entidades legalmente constituídas

com atuação do âmbito do Município, cujos objetivos institucionais possuam afinidade com as

atividades de turismo, todos nomeados pelo Prefeito.

§ 1º Integram o Conselho como representantes do Governo Municipal:

I O Secretário Municipal de Turismo; II 1 (um) representante da Secretaria Extraordinária das Ações

com a Iniciativa Privada; III 1 (um) representante da Secretaria Municipal de Pesca, Aquacultura e Meio

Ambiente;

§ 2º Como representantes das entidades referidas no caput deste artigo: I 1 (um) representante da

Associação Comercial, Industrial e Agrícola de Cabo Frio – ACIA; II 1 (um) representante da Associação

de Hotéis e Pousadas da Cidade de Cabo Frio; III 1 (um) representante da Associação de Arquitetos e

Engenheiros da Região dos Lagos – ASAERLA. IV 1 (um) representante do Cabo Frio Convention &

Visitors Bureau; V 1 (um) representante dos Corretores de Imóveis de Cabo Frio;

§ 3º Integram também o Conselho, como representantes da Comunidade, 03 (três) pessoas de notória

experiência e atuação na área de turismo, de livre escolha do Prefeito, por indicação do Secretário de

Turismo.

§ 4º O Secretário Municipal de Turismo integra o Conselho como membro nato, exercendo a sua

Presidência.

§ 5º O mandato dos membros do Conselho é de 2 (dois) anos, vedada a recondução.

§ 6º A função de Conselho não será remunerada, constituindo-se o seu efeito exercício, serviço

público relevante.

CÂMARA MUNICIPAL DE CABO FRIO, 21 de outubro de 1997.

Waldir Maurício de Aguiar Neto Presidente

Aires Bessa de Figueiredo Vice-Presidente

Braz Benedito Arcanjo Filho 1º Secretário

Acyr Silva da Rocha 2º Secretário

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APÊNDICE H

LEI Nº 1.451, DE 01 DE DEZEMBRO DE 1998.

Dispõe sobre a inclusão nos currículos da Educação Básica da Rede Municipal de Ensino, dos

conteúdos relacionados à teoria e prática do turismo.

A CÂMARA MUNICIPAL DE CABO FRIO NO USO DE SUAS ATRIBUIÇÕES LEGAIS,

R E S O L V E:

Art. 1º - Serão incluídos nos currículos da educação básica da Rede Municipal de Ensino os conteúdos

relacionados à teoria e prática do Turismo.

PARÁGRAFO ÚNICO: Os conteúdos serão ministrados na Educação Básica, e incluídos em todas as

disciplinas pertinentes ao currículo.

Art. 2º - Constarão, necessariamente, da grade curricular como conteúdos mínimos e básicos:

I - a História do Município de Cabo Frio;

II - os atrativos turísticos naturais e histórico-culturais;

III - os recursos humanos;

IV - aspectos econômicos do Município;

V - o turismo como fator de entendimento entre os povos.

Art. 3º - Os órgãos e entidades da Administração Municipal auxiliarão a Secretaria de Educação na

implementação e execução do disposto nesta Lei, mediante a cessão de materiais e equipamentos

necessários ao desenvolvimento do trabalho pedagógico na Rede Municipal de Ensino.

Art. 4º - O Poder Executivo regulamentará esta Lei no prazo de 30 (trinta) dias após a sua publicação.

Art. 5º - Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.

CÂMARA MUNICIPAL DE CABO FRIO, 1 de dezembro de 1998.

Waldir Maurício de Aguiar Neto Presidente

Aires Bessa de Figueiredo Vice-Presidente

Braz Benedito Arcanjo Filho 1º Secretário

Acyr Silva da Rocha 2º Secretário

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APÊNDICE I

LEI Nº 1539, DE 29 DE DEZEMBRO DE 2000. PLE Nº 050/2000 - ME Nº 020/2000 - OFP Nº 136/2000

REQ. URG. Nº 162/2000.

DISCIPLINA O USO DO SOLO E DO SUBSOLO DAS VIAS E LOGRADOUROS PÚBLICOS, DOS

BENS DE USO ESPECIAL OU DOMINICAIS DO PATRIMÔNIO MUNICIPAL, POR

CONCESSIONÁRIOS DE SERVIÇOS PÚBLICOS, PRESTADORES DE SERVIÇO E PARTICULARES

EM GERAL, DISPÕE SOBRE A COBRANÇA DE PREÇO PÚBLICO E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS.

A CÂMARA MUNICIPAL DE CABO FRIO NO USO DE SUAS ATRIBUIÇÕES LEGAIS, RESOLVE:

Art. 1º - Esta Lei regula o uso dos bens públicos, e em especial disciplina o uso e a utilização do solo e

do subsolo urbanos, das vias públicas e dos equipamentos do mobiliário urbano, nos termos do art. 30,

I e VIII da Constituição Federal e art. 113 e segs. da Lei Orgânica Municipal.

Art. 2º - Para os efeitos desta Lei são adotados os seguintes conceitos, além de outros especificados

em regulamento: I - bens públicos, os bens do patrimônio municipal assim compreendidos os bens de

uso comum e os do patrimônio municipal, de uso especial e os dominicais; II - solo e subsolo urbano

parte superior e inferior da superfície das áreas urbanas em toda altura e profundidade úteis ao

exercício do direito de propriedade; III - vias públicas, as vias terrestres urbanos como as ruas,

avenidas, os logradouros, as praias, e as ruas internas pertencentes aos condomínios constituídos por

unidades autônomos; IV - equipamentos do mobiliário urbano; as construções e instrumentos utilizados

para os serviços públicos e conforto da população.

Art. 3º - Os bens públicos de qualquer categoria, ou parte deles, poderão ser usados ou utilizados por

particulares para o fim de exploração lucrativa de serviços de utilização pública, de exploração

comercial ou de serviços de utilização individual ou coletiva, mediante remuneração.

Art. 4º - As vias públicas e os equipamentos do mobiliário urbano poderão ser utilizados para extensão

das redes de infraestrutura das concessionárias de serviços públicos, ou prestadores de serviços de

utilização pela população, observado o regime jurídico dos bens públicos, as disposições da Lei

Orgânica Municipal e desta Lei.

Art. 5º - As atividades de exploração ou de serviços em espaços públicos, ou os serviços postos à

disposição do mercado consumidor que utilizem o solo e o subsolo urbano, são passíveis de cobrança

de retribuição pecuniária, na modalidade de preço público, nos valores estabelecidos nesta Lei e em

seu regulamento.

Art. 6º - São atividades de exploração comercial ou de serviços, nos termos do artigo anterior, sujeitos

à cobrança de preço público: I - bancas de jornais e revistas; II - quiosques, bancas e os tabuleiros de

lanches e produtos comestíveis em geral, as barracas, stands, módulos de mesa e cadeiras, parques

de diversões, circos, eventos musicais e artísticos em espaços fechados, mercadores motorizados ou

não, bem como equipamentos e instalações de qualquer natureza, fixos ou móveis; III - cantinas e

lanchonetes instaladas nos prédios e terrenos públicos municipais, tais como escolas, hospitais e outros

edifícios públicos; IV - as concessionárias distribuidoras de energia elétrica, ou de telecomunicações,

em relação aos postes, torres, estação de rádio base de telefonia celular, antenas e outros

equipamentos e artefatos semelhantes; V - as concessionárias e prestadoras de serviços de água e

esgoto e gás canalizado, em relação às suas redes, estações, equipamentos e pontos de distribuição;

VI - os serviços de utilização por segmentos de consumidores, como TV a cabo, comunicação por fibra

ótica e outras do gênero; VII - os que exploram ou comercializam espaços públicos para anúncios e

mensagens publicitárias, comerciais ou não, utilizando cartazes, placas, “outdoors” “backlights” e

engenhos semelhantes.

Art. 7º - As atividades comerciais e de serviços previstas nesta Lei somente poderão ser exercidas ou

executadas nos bens ou espaços públicos, após o devido licenciamento pelo órgão competente do

Município, observadas as disposições regulamentares.

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Art. 8º - A cobrança decorrente da utilização dos bens das vias públicas, calçadas e do mobiliário urbano

e dos espaços públicos por terceiros constitui preço público, fixado na forma desta Lei e reajustado

anualmente.

PARÁGRAFO ÚNICO: O preço cobrado será atualizado anualmente, pelos mesmos índices oficiais

adotados para a atualização dos créditos no Município.

Art. 9º - O uso, a utilização ou a ocupação temporária ou permanente das vias e logradouros públicos

para a prática de qualquer atividade somente poderá ser pré-fixados na regulamentação desta Lei.

Art. 10 - A autorização para uso do solo público ou sua renovação só será concedida se os interesses

apresentarem comprovante de pagamento do valor estabelecido, sem prejuízo de outras exigências

regulamentares.

Art. 11 - O descumprimento de qualquer obrigação principal ou acessória, incidente nas atividades de

uso, utilização ou ocupação do solo nas vias e logradouros públicos, sujeitará o infrator às seguintes

penalidades. I - apreensão de bens e mercadorias ou interdição do local, no caso de exercício de

atividade sem autorização ou em desacordo com os termos da autorização concedida, sem prejuízo

das multas cabíveis; II - multa de: a) R$ 200,00 (duzentos reais) a R$ 2.000,00 (dois mil reais), no caso

de não ser efetuado o pagamento do valor estipulado; b) R$ 1.000,00 (um mil reais), sobre o valor

estipulado para o uso ou ocupação do solo, nos casos de exercício de atividade em desacordo com os

termos da autorização; III - cancelamento da autorização, a qualquer tempo, pela autoridade

competente, sempre que ocorrer transgressão da legislação vigente.

Art. 12º - A autorização para uso do solo em vias de logradouros públicos é de caráter pessoal e

intransferível e não gera direito adquirido, podendo ser cancelada ou alterada, a qualquer tempo, a

critério da autoridade competente, sempre que ocorrer motivo superveniente que justifique o ato.

Art. 13º - Pelo uso permanente ou temporário, ou utilização dos bens, das vias públicas, calçadas, do

mobiliário urbano e dos espaços públicos por terceiros, serão cobrados os seguintes valores: I - no

caso do inciso I do art. 6º, R$ 5,00 (cinco reais) por m2 ocupado, cobrados mensalmente;

II - no caso dos incisos II e III do art. 6º, R$ 10,00 (dez reais) por unidade, cobrados mensalmente; III -

no caso do inciso IV do art. 6º, serão cobrados mensalmente: a) R$ 10,00 (dez reais) por poste; b) R$

200,00 (duzentos reais) por torre de transmissão de energia elétrica. c) R$ 500,00 (quinhentos reais)

por estação de rádio base e telefonia celular; d) R$ 20,00 (vinte reais) por poste ou unidade de

distribuição (armário); e) R$ 50,00 (cinquenta reais) por telefone público; f) R$ 100,00 (cem reais) por

antena ou outro equipamento semelhante. IV - no caso do inciso V do art. 6º: a) R$ 2,50 (dois reais e

cinquenta centavos) por metro de extensão ou tubulação; b) R$ 1,00 (um real) por ponto de distribuição

nas unidades construídas; c) R$ 5,00 (cinco reais) por m2 ocupado pela estação de tratamento ou

equipamento semelhante; V - no caso do inciso VI do art. 6º, R$ 10,00 (dez reais) por poste ou ponto

de instalação, (fibra ótica), cobrados mensalmente; VI - no caso do inciso VII do art. 6º, R$ 50,00

(cinquenta reais) por unidade instalada, cobrados mensalmente.

PARÁGRAFO ÚNICO: O uso ou a utilização de bens públicos e de imóvel do patrimônio municipal

serão outorgados a terceiros mediante permissão ou autorização de uso, a título precário, através de

termo, na forma do preceituado no § 3º do art. 113 e art. 114 da Lei Orgânica do Município.

Art. 14 - Toda intervenção efetuada no solo urbano do Município deverá ser precedida de autorização

do órgão competente do Poder Executivo, compreendidas nesse caso as aberturas de valas, buracos

e cortes para instalação de canos e tubulações, conduítes e construção de galerias, estações

subterrâneas e equipamentos semelhantes, por concessionárias de serviços públicos ou prestadoras

de serviço de utilização pública, ou ainda por particulares.

PARAGRÁFO ÚNICO: A autorização deverá ser solicitada com antecedência mínima de 15 (quinze)

dias da data do início da obra ou instalações.

Art. 15 - O descumprimento da norma do artigo anterior constitui dano ao patrimônio público e implica

infração punida com as penalidades de natureza administrativa e pecuniárias seguintes: I -

recomposição compulsória do local atingido, com os mesmos materiais e nas mesmas condições então

existentes; II - obrigação de reparar o dano mediante indenização ou ressarcimento ao Poder Público

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das despesas efetuadas; III - multa no valor de R$ 1.000,00 a R$ 10.000,00, graduada de acordo com

a classificação da via ou do logradouro público.

PARAGRÁFO ÚNICO - A multa será aplicada em dobro em caso de reincidência.

Art. 16 - O Poder Executivo regulamentará esta Lei no prazo de 30 (trinta) dias de sua publicação.

Art. 17 - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 18 - Revogam-se as disposições em contrário.

CÂMARA MUNICIPAL DE CABO FRIO, 29/12/2000.

SILAS RODRIGUES BENTO PRESIDENTE

EDUARDO CORRÊA KITA 1º SECRETÁRIO

BRAZ BENEDITO ARCANJO FILHO 2º SECRETÁRIO

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APÊNDICE J

LEI Nº 1.584, DE 23 DE OUTUBRO DE 2001.

Autoriza o Poder Executivo a estabelecer mecanismos de estímulo ao desenvolvimento municipal,

especialmente do setor turístico, visando a atração de empreendimentos que proporcionem a geração

de emprego e renda.

A CÂMARA MUNICIPAL DE CABO FRIO NO USO DE SUAS ATRIBUIÇÕES LEGAIS,

R E S O L V E:

CAPÍTULO I DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 1º - Fica o Poder Executivo autorizado a estabelecer mecanismos de estímulo ao desenvolvimento

municipal, mediante a concessão de incentivos e benefícios fiscais direcionados à construção e

instalação de novos empreendimentos do setor turístico, bem como a ampliação, renovação ou

reativação de atividades econômicas existentes no território do Município de Cabo Frio, voltadas para

o desenvolvimento do turismo, na forma do art. 243 da Lei Orgânica Municipal.

Art. 2º - Para fins de aplicação dos incentivos e demais benefícios instituídos por esta Lei, consideram-

se como atividades que possibilitem o desenvolvimento do turismo, aquelas exercidas por empresas

de natureza comercial ou de prestação de serviços, especialmente as do ramo de:

I Construção instalação e exploração de hotéis, pousadas, hospedarias, marinas, centros de

convenções, restaurantes, casas noturnas e parques temáticos;

II exploração de embarcações de transporte turísticos e lazer, promoção de esportes e eventos

náuticos, feiras, mostras, regatas, pesca e mergulho.

Parágrafo único - Poderá habilitar-se aos benefícios desta Lei, qualquer empresa cuja atividade

principal possa contribuir para o desenvolvimento turístico, segundo classificação da Secretaria

Municipal de Turismo, na forma do regulamento.

CAPÍTULO II DOS ESTÍMULOS AO DESENVOLVIMENTO TURÍSTICO

Art 3º Os incentivos e benefícios a serem concedidos pelo Executivo, nos termos desta Lei,

compreendem:

a) compensação tributária com base no Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza - ISSQN

devido, a título de crédito fiscal outorgado, dos valores referentes à aquisição do terreno destinado ao

empreendimento, qualquer que seja a modalidade deste, incluindo-se neste caso, os valores

despendidos com o Imposto de Transmissão de Bens Imóveis- ITBI, laudêmios e o foro porventura

devidos pela operação, bem como a devolução das taxas de serviços e emolumentos atribuíveis aos

estudos, projetos e construção do empreendimento;

b) compensação no ISSQN devido, a título de crédito fiscal outorgado, dos valores despendidos na

terraplanagem do terreno e nas obras externas de infraestrutura urbana, indispensáveis à construção

ou reconstrução das instalações do empreendimento;

c) assessoria gratuita dos órgãos técnicos especializados da Prefeitura na elaboração do projeto e sua

implantação.

Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação, produzindo efeitos a partir de 1º de janeiro de 2002.

Revogam-se as disposições em contrário.

CÂMARA MUNICIPAL DE CABO FRIO, 23 de outubro de 2001.

MÁRCIO TRINDADE CORRÊA Presidente

EDUARDO CORRÊA KITA Vice-Presidente

RICARDO FERREIRA DA FONSECA 1º Secretário

AMAURY VALÉRIO TOMAZ JUNIOR 2º Secretário

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APÊNDICE L

LEI Nº 1.735, DE 22 DE DEZEMBRO DE 2003.

DISPÕE SOBRE O ORDENAMENTO E FUNCIONAMENTO DOS SERVIÇOS E ATIVIDADES DE

TRANSPORTE DE PASSAGEIROS EM EMBARCAÇÕES DE TURISMO E DÁ OUTRAS

PROVIDÊNCIAS.

O PREFEITO DO MUNICÍPIO DE CABO FRIO. Faço saber que a Câmara Municipal aprovou e eu

sanciono a seguinte Lei: CAPÍTULO I DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 1º- Os serviços de transporte de passageiros, passeios marítimos e demais atividades relativas ao

turismo náutico no Município de Cabo Frio, regem-se por esta Lei e pelo regulamento, sendo

executados mediante autorização outorgada pelo Poder Executivo.

Art. 2º- na realização dos serviços e atividades regulado por esta Lei, serão observadas as disposições

da lei Federal nº- 9.537, de 11 de dezembro de 1997, bem como das normas pertinentes expedidas

pela autoridade marítima.

SEÇÃO I DAS DEFINIÇÕES

Art. 3º- Para os efeitos desta Lei, ficam estabelecidas as seguintes definições:

I- Autorização: a delegação a título precário, para a prestação do serviço de transporte de passageiros,

outorgado pelo Município à pessoa jurídica que demonstra capacidade para o desempenho por sua

conta e risco, pelo prazo determinado no Termo de Autorização;

II- Autorizado: a pessoa jurídica detentora da delegação outorgada para a prestação do serviço de

transporte de passageiros nas hidrovias interiores do

Município.

Cabo Frio, 22 de dezembro de 2003.

ALAIR FRANCISCO CORRÊA

Prefeito

Publicado no Jornal O Cabo-friense Edição nº 2044 - Ano XVIII Data: 23/12/2003

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APÊNDICE N

LEI COMPLEMENTAR Nº 4, DE 7DE dezembro DE 2006.

INSTITUI O NOVO PLANO DIRETOR MUNICIPAL DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTADO, ESTA

BELECE OBJETIVOS, INSTRUMENTOS E DIRETRIZES PARA AS AÇÕES DE PLANEJAMENTO N

O MUNICÍPIO DE CABO FRIO E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS.

TÍTULO I DA FUNDAMENTAÇÃO

CAPÍTULO I

DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Artigo 1 –

Esta lei, com fundamento na Constituição da República, em especial no que estabelecem os seus arti

gos 30 e 182, na Lei Federal n° 10.257/01, Estatuto da Cidade, na Constituição do Estado do Rio de J

aneiro e na Lei Orgânica do Município de Cabo Frio,

institui o novo Plano Diretor Municipal de Desenvolvimento Sustentado, estabelece normas,

princípios e diretrizes para sua implantação.

Artigo 2

O Plano Diretor, nos termos das leis que o compõem, aplica­se a toda a extensão territorial do Municí

pio de Cabo Frio.

Artigo 3

As políticas, diretrizes, normas, planos, programas, orçamentos anuais e plurianuais deverão atender

ao estabelecido nesta Lei, e nas Leis que implementam o Plano Diretor.

Artigo 4

Implementam o Plano Diretor instituído pela presente Lei, o seguinte conjunto de leis:

I – Lei de Perímetro Urbano;

II –Lei de Zoneamento de Uso e Ocupação do Solo;

III ­ Lei de Parcelamento do Solo Urbano;

IV ­Código de Obras e Edificações com os ajustes que se fizerem necessários.

Parágrafo. Único outras leis e decretos poderão integrar o Plano, desde que,

cumulativamente:

a) tratem de matéria pertinente ao desenvolvimento das atividades econômicas e às ações de planeja

mento urbano municipal;

b) mencionem, expressamente, em seu texto, a condição de integrantes do conjunto de leis implemen

tares do Plano Diretor;

c) definam as ligações existentes e a compatibilidade entre os seus dispositivos e os desta Lei,

ou daqueles das outras leis implementares do Plano Diretor, fazendo remissão, quando for o caso, ao

s artigos dessas leis.

Cabo Frio, 7 de dezembro de 2006.

MARCOS DA ROCHA MENDES

Prefeito

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APÊNDICE O

LEI Nº 2.336, DE 25 DE JANEIRO DE 2011.

Autoriza o Poder Executivo a delegar, mediante concessão onerosa precedida de licitação na

modalidade concorrência pública, a exploração do serviço público de estacionamento rotativo de

veículos automotores e similares nas vias e logradouros públicos do Município de Cabo Frio.

O PREFEITO DO MUNICÍPIO DE CABO FRIO. Faço saber que a Câmara Municipal aprovou e eu

sanciono a seguinte Lei:

Art. 1º Fica o Poder Executivo autorizado a outorgar, mediante concessão onerosa precedida de

licitação na modalidade concorrência pública, o serviço para exploração do Sistema de Estacionamento

Público Rotativo Pago, com a respectiva administração, operação, manutenção e exploração comercial,

consoante o disposto no art. 175 da Constituição Federal, nas Leis Federais nº 8.666, de 21 de junho

de 1993, nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995 e n° 9.503, de 23 de setembro de 1997, na Lei Municipal

n° 1.497, de 21 de dezembro de 1999, nesta Lei e no seu Regulamento.

Art. 2° A outorga da concessão será precedida de procedimento licitatório, na modalidade de

concorrência pública, nos termos da Lei Federal n° 8.666/1993, observado o seguinte:

I - o serviço de estacionamento rotativo de veículos automotores e similares deverá ser exercido por

pessoa jurídica, legalmente constituída e sediada no Município de Cabo Frio, ou por pessoa jurídica

sediada em outro Município, com compromisso de estabelecer filial no período de 90 (noventa) dias

após o resultado do certame;

II - o prazo da concessão será de 5 (cinco) anos, podendo ser prorrogado por igual período, nos termos

e condições do Regulamento e do Edital da Licitação, os

quais serão incorporados ao contrato de concessão;

III - no julgamento do certame será considerado: o critério da melhor proposta em razão da combinação

dos critérios de menor valor da tarifa do serviço público a ser prestado com o de maior oferta de

pagamento pela outorga da concessão;

IV - o valor da outorga de concessão será de, no mínimo, 5% (cinco por cento) do valor total bruto

mensal arrecadado referente aos serviços prestados de estacionamento rotativo de veículos

automotores e similares, a ser deduzido e creditado ao órgão competente, a título de fiscalização dos

serviços prestados, na forma do regulamento;

V - o reajuste das tarifas do serviço público será fixado por Decreto, após pedido fundamentado da

concessionária e parecer favorável do Setor Técnico responsável;

VI - deverá a concessionária manter o funcionamento dos serviços de estacionamento rotativo durante

24 (vinte e quatro) horas por dia, inclusive sábados, domingos e feriados;

VII - a concessionária assumirá integral responsabilidade pela boa e eficiente execução dos serviços

públicos concedidos, nos termos desta Lei, do seu Regulamento, do Edital e do respectivo contrato de

concessão.

Parágrafo único. A concessionária respeitará a legislação em vigor e as normas emanadas pelo Poder

Executivo, relativamente ao serviço concedido, bem como, deverá facilitar, por todos os meios ao seu

alcance, a atividade da fiscalização municipal.

Art. 3° A concessionária terá os seus serviços remunerados pelo sistema tarifárico, podendo a

concedente, por motivo de interesse público relevante, estabilizar ou reduzir os valores das tarifas, de

forma a garantir sua modicidade ao usuário, desde que assegure a concessionária a manutenção do

equilíbrio econômico-financeiro inicial do contrato. Art. 4° O Poder Executivo, imediatamente após a

publicação desta Lei, expedirá as normas indispensáveis à sua regulamentação.

Art. 5° As despesas decorrentes da aplicação desta Lei correrão por conta de dotações constantes do

orçamento vigente, que poderão ser suplementadas, se necessário.

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Art. 6° Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Cabo Frio, 25 de janeiro de 2011.

MARCOS DA ROCHA MENDES

Prefeito

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APÊNDICE P

De acordo com o Decreto 5.032, as tarifas a serem cobradas pelo estacionamento de ônibus, micro-

ônibus, vans e similares, utilizados no transporte turístico ou de lazer no Terminal de Veículos de

Turismo são fixadas conforme os seguintes valores:

I – excursão social:

a) ônibus = R$ 1.000,00 (mil reais);

b) micro-ônibus, vans e similares = R$ 600,00 (seiscentos reais);

II – excursão com hospedagem em imóveis de aluguel:

a) ônibus = R$ 200,00 (duzentos reais);

b) micro-ônibus, vans e similares = R$ 100,00 (cem reais);

III – excursão com hospedagem em hotéis, pousadas e similares: ônibus, micro-ônibus, vans e similares

= R$ 100,00 (cem reais).

O Art. 2° do referido decreto categoriza os tipos de transportes da seguinte forma:

I - transporte turístico ou de lazer: aquele destinado a conduzir grupo de pessoas com o propósito de

turismo ou para evento cultural, artístico, esportivo, recreativo ou religioso, contratado por pessoa

jurídica, profissional autônomo ou empresa do ramo de turismo, sem cobrança individual de passagem

aos usuários;

II – excursão social: aquela em que o grupo de turistas permanece na Cidade por apenas 1 (um) dia,

sem pernoitar ou se hospedar;

III – imóveis de aluguel: as casas ou apartamentos de particulares utilizados para hospedagem de

grupos de turistas por certo período, mediante remuneração;

IV - excursão com hospedagem em hotéis, pousadas e similares: aquela direcionada aos

estabelecimentos prestadores de serviços de hotelaria com reservas antecipadas, que possuam alvará

de funcionamento e de autorização fornecido pelos órgãos competentes.

De acordo com o Art. 3º, os serviços de transporte turístico ou de lazer só poderão ser prestados por

pessoas jurídicas ou profissionais autônomos, desde que devidamente habilitados e autorizados pelos

órgãos competentes para a realização das atividades.

De acordo com o Art. 4º, a tarifa de estacionamento de que trata este Decreto será paga através da

aquisição de Talão de Permanência, de tipo padronizado e numerado, cuja face impressa deve ser

exposta pelo usuário em local visível através do para-brisa do veículo, durante toda a permanência no

Município, para efeito da fiscalização realizada pela Coordenadoria Geral de Operação do Sistema de

Estacionamento Pago – COSERP.

§ 1° A tarifa de estacionamento assegura a permanência do veículo por um período de no máximo 12

(doze) horas, podendo ser diurno (das 7 às 19 horas), ou noturno (das 19 às 7 horas).

§ 2° No caso de ser excedido o prazo estipulado no § 1°, será cobrado um adicional nos seguintes

valores:

I - excursão com hospedagem em imóvel de aluguel:

a) ônibus: R$ 50,00 (cinquenta reais) por diária excedente;

b) micro-ônibus, vans e similares = R$ 20,00 (vinte reais) por diária excedente;

II - excursão com hospedagem em hotéis, pousadas e similares: veículos coletivos de qualquer

categoria = R$ 10,00 (dez reais) por diária excedente.

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De acordo com o Art. 5°, o controle e a fiscalização do acesso, bem como a condução até o

estacionamento dos veículos descritos no caput do art. 1°, serão exercidos por agentes municipais,

devidamente uniformizados e identificados com crachá, sob as ordens da Coordenadoria Geral de

Operação do Sistema de Estacionamento Pago – COSERP.

CABO FRIO, 23 DE março DE 2013

Alair Francisco Corrêa

Prefeito