Mód 6 Setembro 2012 PROVA
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CURSOS PROFISSIONAIS
RECUPERAÇÃO DE MÓDULOS EM ATRASO - SETEMBRO 2012
PROVA DE PORTUGUÊS - MÓDULO Nº 6 “TEXTOS ARGUMENTATIVOS”
Duração da prova: 0 !"#u$o%
GRUPO I Leia atentamente o seguinte excerto do sermão do Pe António Vieira e depois responda,
de forma completa, àsquestões que lhe são colocadas.
Antes, porém, que vos
vades, assim como ouvistes
os vossos louvores, ouvi
também agora as vossas
repreensões. Servir-vos-ão
de confusão, já que não seja
de emenda. A primeiracousa que me desedica,
pei!es, de v"s, é que vos
comeis uns aos outros.
#rande esc$ndalo é este,
mas a circunst$ncia o fa%
ainda maior. &ão s" vos
comeis uns aos outros,
senão que os grandes
comem os pequenos. Se
fora pelo contrário, eramenos mal. Se os pequenos
comeram os grandes,
bastara um grande para
muitos pequenos' mas
como os grandes comem os
pequenos, não bastam cem
pequenos, nem mil, para
um s" grande. (l)ai como
estran)a isto Santo
Agostin)o* Homines prais, praeersisque cupiditati!us
facti sunt, sicut pisces
inicem se deorantes* +(s
)omens com suas más e
perversas cobias, vm a
ser como os pei!es, que se
comem uns aos outros. /ão
al)eia cousa é, não s" da
ra%ão, mas da mesma
nature%a, que sendo todoscriados no mesmo
elemento, todos cidadãos
da mesma pátria e todos
nalmente irmãos, vivais de
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vos comer5 Santo
Agostin)o, que pregava aos
)omens, para encarecer6 a
fealdade deste esc$ndalo,
mostrou-l)o nos pei!es' e
eu, que prego aos pei!es,
para que vejais quão feio e
abominável é, quero que ovejais nos )omens.
(l)ai, pei!es, lá do mar
para a terra. &ão, não* não
é isso o que vos digo. 7"s
virais os ol)os para os
matos e para o sertão8 3ara
cá, para cá' para a cidade é
que )aveis de ol)ar. 9uidais
que s" os /apuias0 secomem uns aos outros8
:uito maior aougue; é o
de cá, muito mais se
comem os <rancos. 7edes
v"s todo aquele bulir, vedes
todo aquele andar, vedes
aquele concorrer =s praas
e cru%ar as ruas' vedes
aquele subir e descer as
caladas, vedes aqueleentrar e sair sem quietaão
nem sossego8 3ois tudo
aquilo é andarem buscando
os )omens como )ão-de
comer e como se )ão-de
comer. :orreu algum deles,
vereis logo tantos sobre o
miserável a despedaá-lo e
com-lo. 9omem-no os
)erdeiros, comem-no ostestamenteiros, comem-no
os legatários, comem-no os
acredores' comem-no os
ociais dos "rfãos e os dos
defuntos e ausentes' come-
o o médico, que o curou ou
ajudou a morrer' come-o o
sangrador que l)e tirou o
sangue' come-a a mesma
mul)er>
, que de má vontadel)e dá para a mortal)a o
lenol mais vel)o da casa'
come-o o que l)e abre a
cova, o que l)e tange os
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sinos, e os que, cantando, o
levam a enterrar' enm,
ainda o pobre defunto o não
comeu a terra, e já o tem
comido toda a terra.
?á se os )omens se
comeram somente depoisde mortos, parece que era
menos )orror e menos
matéria de sentimento. :as
para que con)eais a que
c)ega a vossa crueldade,
considerai, pei!es, que
também os )omens se
comem vivos assim como
v"s. 7ivo estava ?ob,
quando di%ia* "uare persequimini me, et
carni!us meis saturamini8
+3orque me perseguis tão
desumanamente, v"s, que
me estais comendo vivo e
fartando-vos da min)a
carne8 @uereis ver um ?ob
destes8
7ede um )omem dessesque andam perseguidos de
pleitos ou acusados de
crimes, e ol)ai quantos o
estão comendo. 9ome-o o
meirin)o, come-o o
carcereiro, come-o o
escrivão, come-o o
solicitador, come-o o
advogado, come-o o
inquiridor, come-o atestemun)a, come-o o
julgador, e ainda não está
sentenciado, já está comido.
São piores os )omens que
os corvos. ( triste que foi =
forca, não o comem os
corvos senão depois de
e!ecutado e morto' e o que
anda em ju%o, ainda não
está e!ecutado nemsentenciado, e já está
comido.
B para que vejais como
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estes comidos na terra são
os pequenos, e pelos
mesmos modos com que
v"s comeis no mar, ouvi a
Ceus quei!ando-se deste
pecado* #onne cognoscent
omnes, qui operantur
iniquitatem, qui deorunt ple!em meam, ut ci!um
panis8D +9uidais, di% Ceus,
que não )á-de vir tempo em
que con)eam e paguem o
seu merecido aqueles que
cometem a maldade8 B
que maldade é esta, = qual
Ceus singularmente c)ama
maldade, como se não
)ouvera outra no :undo8 Bquem são aqueles que a
cometem8 A maldade é
comerem-se os )omens uns
aos outros, e os que a
cometem são os maiores,
que comem os pequenos*
"ui deorant ple!em
meam, ut ci!um panis.
&estas palavras, peloque vos toca, importa,
pei!es, que advirtaisE muito
outras tantas cousas,
quantas são as mesmas
palavras. Ci% Ceus que
comem os )omens não s" o
seu povo, senão
declaradamente a sua
plebe* Ple!em meam,
porque a plebe e osplebeus, que são os mais
pequenos, os que menos
podem e os que menos
avultam na repFblicaG, estes
são os comidos. B não s" di%
que os comem de qualquer
modo, senão que os
engolem e os devoram* "ui
deorant . 3orque os
grandes que tm o mandodas cidades e das
provncias, não se contenta
a sua fome de comer os
pequenos um por um, ou
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poucos a poucos senão que
devoram e engolem os
povos inteiros* "ui deorant
ple!em meam. B de que
modo os devoram e
comem8 $t ci!um panis*
não como os outros
comeres, senão como pão.
A diferena que )á entre
o pão e os outros comeres,
é que para a carne, )á dias
de carne, e para o pei!e,
dias de pei!e, e para as
frutas, diferentes meses no
ano' porém o pão é comer
de todos os dias, que
sempre e continuadamentese come* e isto é o que
padecem os pequenos. São
o pão quotidiano dos
grandes' e assim como o
pão se come com tudo,
assim com tudo e em tudo
são comidos os miseráveis
pequenos, não tendo nem
fa%endo ofcio em que os
não carreguem, em que osnão multem, em que os não
defraudem, em que os não
comam, traguem e
devorem2* "ui deorant
ple!em meam, ut ci!um
panis. 3arece-vos bem isto,
pei!es8 Hepresenta-se-me
que com o movimento das
cabeas estais todos
di%endo que não, e comol)ardes uns para os outros,
vos estais admirando e
pasmando de que entre os
)omens )aja tal injustia e
maldade5 3ois isto mesmo é
o que v"s fa%eis. (s maiores
comeis os pequenos' e os
muito grandes não s" os
comem um por um, senão
os cardumes inteiros, e istocontinuamente sem
diferena de tempos, não s"
de dia, senão também de
noite, =s claras e =s
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escuras, como também
fa%em os )omens.
3e Ant"nio 7ieira, %ermão de %to. António
Notas: 1. Escandalizar; 2. Salientar; 3. Designação dada a um grupo de indígenas que habitaa no interior e algumas regi!es do "rasil; #.
$atadouro; %. &r'pria mulher; (. )*caso não se emendarão todos aqueles que praticam a iniquidade+ que deoram o meu poo como se ,osse
pão-; /. *tentar em; 0. ermo geral que nesta poca indica qualquer estado ou nação; . 4s ouintes deste sermão não tinham di,iculdade
em identi,icar )os miser5eis pequenos com os índios do $aranhão.
A.
1. 6ocalize o e7certo na estrutura interna da obra.
2. Descrea sumariamente o assunto deste e7certo.
2.1. 8elacione o assunto deste e7certo com a missão do &adre *nt'nio 9ieira no local em que o sermão ,oi
pro,erido.
3. 8eleia com atenção o seguinte e7certo: )4lhai+ pei7es <= haeis de olhar >linhas 12?13@.
3.1. &or que motio os pei7es olham imediatamente para o Sertão-
3.2. Adenti,ique o local a que se re,ere o adrbio )c5.
#. 9ieira passa em reista uma ariada galeria sociol'gica de casos concretos para a s5tira social que e7erce.
#.1. Baça o leantamento desses casos+ realçando a e7pressiidade da sua utilização.
B.
endo em conta a globalidade do sermão+ selecione a alínea que completa corretamente a a,irmação.
1& O Sermão de Santo António aos Peixes apr'%'#$a:
a( u!a '%$ru$ura ar)u!'#$a$"va&
*( u!a '%$ru$ura +,r"a&
( u!a '%$ru$ura #arra$"va& d( u!a '%$ru$ura dra!.$"a&
2& /o Sermão de Santo António aos Peixes .:
a( u! +ouvor ao% p'"'% para !'+or 'p+""$ar o '+o)"o ao% o!'#%&
*( u!a r,$"a ' r'pr''#%ão ao% p'"'% para !'+or 'p+""$ar a o#d'#ação ao% o!'#%&
( u!a r'pr''#%ão ao% p'"'% para !'+or 'p+""$ar o '+o)"o ao% o!'#%& d( u!a r,$"a ' r'pr''#%ão ao% o!'#% para !'+or 'p+""$ar a o#d'#ação ao% p'"'%&
& O Sermão de Santo António aos Peixes 3o" u!a da% 3or!a% '#o#$rada% p'+o %'u au$or para: a( a!ar a a$'#ção para a %"$uação do% 4#d"o%5 d'#u#"ada p'+o Padr' A#$6#"o 7"'"ra
'! v.r"a% %"$uaç8'% ' dou!'#$o%&
*( r"$"ar o% ,#d"o%&
( a!ar a a$'#ção para a %"$uação do% o+o#o%5 d'#u#"ada p'+o Padr' A#$6#"o 7"'"ra
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'! v.r"a% %"$uaç8'% ' dou!'#$o%& d( a!ar a a$'#ção do% por$u)u'%'% para a %"$uação '! 9u' %' '#o#$rava a )r';a&
<& /u! %'r!ão5 o E6rd"o =:
a( a u$"+">ação d' u! d'%3'o 3or$' para "!pr'%%"o#ar o aud"$6r"o&
*( o d'%'#vo+v"!'#$o d' "d'"a%&
( a 'po%"ção do p+a#o a d'%'#vo+v'r ' da% "d'"a% a d'3'#d'r&
d( a 3"#a+">ação do d"%ur%o5 '! 9u' %' r'$o!a o $'!a pr"#"pa+ ' %' 'or$a o% ouv"#$'%&
?& A 3ra%' *,*+"a 9u' %'rv"u d' *a%' ao S'r!ão 3o": a( E$ p+ur"*u% u#u!&
*( Do!"#u% vo*"%u!&
( Co)"$o5 'r)o %u!&
d( 7o% '%$"% %a+ $'rra'&
#HI3( JJ
A.
Faça corresponder as frases da coluna A à respetiva figura de estilo que se encontra na coluna B.
(Cada situação pode contemplar mais do que uma alínea):
* ". +Ima é louvar o bem, outra
repreender o mal* louvar o bem para o
conservar e repreender o mal para
preservar dele cap.JJ, 6KL
aMinterrogaão ret"rica
6. +A) )omens, se )ouvesse um anjoN
quão proveitoso e quão necessário vos
é5 cap. JJJ, K L
bM anttese
0. +&ão é tudo isto verdade8 cap. J,
KL
cM comparaão
;. +7edes todo aquele andar, vedes
todo aquele concorrer, vedes aquele
subirN8 cap. J7, KL
dMap"strofe
>. +parecia um retrato martimo de
Santo Ant"nio cap. JJJ, K L
eM paralelismo anaf"rico
B.
&screa, na folha de respostas, o n'mero do item, o n'mero identi(catio de cadaelemento da coluna A e a letra identi(catia do 'nico elemento da coluna ) que lhecorresponde.
A <. ( antecedente do pronome +o em +ONMmas a circunst$ncia o fa% aindamaior.Olin)a 0M
aM é oraão subordinada completiva.
6. &a frase +/ão al)eia cousa é, não s" dara%ão, mas da mesma nature%a, que ONMtodos cidadãos da mesma pátria e todosnalmente irmãos, vivais de voscomer5O lin)as 2-1M, a oraão sublin)ada
bM oraão subordinada consecutiva.
0. 9om o pronome pessoal +v"s Olin)a>M, o orador interpela
cM é +esc$ndalo.
;. &a frase +Ci% Ceus que comem os)omens não s" o seu povo ONM Olin)a ;;M,a oraão sublin)ada
dM os pei!es.
eM é oraão coordenada completiva.fM os )omens.
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#HI3( JJJ
&um te!to bem estruturado, com um mnimo de 61 palavras e um má!imo de >1,apresente uma rePe!ão sobre a oposião entre os mais poderosos e os mais fracos nasociedade atual.
3ara fundamentar o seu ponto de vista, recorra a dois argumentos, ilustrando cada umdeles com um e!emplo signicativo.
COTAÇÕES
Grup I
A
1& 10 po#$o%
2& 1? po#$o%
2&1& 1?po#$o%
&1& 1? po#$o%
&2& 10 po#$o%
<&1& 1? po#$o%
!
"# 20 po#$o% @?< po#$o%(
Grup II
A& 20 po#$o% @?< po#$o%(
B& 20 po#$o% @<? po#$o%(
Grup III
1& 0 po#$o%
01 2 101 3á i 4 G