MODELAGEM E CONTROLE DE UMA...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE TECNOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA MODELAGEM E CONTROLE DE UMA MICRO CENTRAL HIDRELÉTRICA COM UTILIZAÇÃO DE GERADOR DE INDUÇÃO AUTO-EXCITADO DISSERTAÇÃO DE MESTRADO Lucas Giuliani Scherer Santa Maria, RS, Brasil 2012

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE TECNOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA

MODELAGEM E CONTROLE DE UMA MICRO CENTRAL HIDRELÉTRICA COM UTILIZAÇÃO DE

GERADOR DE INDUÇÃO AUTO-EXCITADO

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

Lucas Giuliani Scherer

Santa Maria, RS, Brasil

2012

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MODELAGEM E CONTROLE DE UMA MICRO CENTRAL

HIDRELÉTRICA COM UTILIZAÇÃO DE GERADOR DE

INDUÇÃO AUTO-EXCITADO

por

Lucas Giuliani Scherer

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia

Elétrica, Área de Concentração em Processamento de Energia, da Universidade

Federal de Santa Maria (UFSM, RS), como requisito parcial para obtenção do

grau de

Mestre em Engenharia Elétrica.

Orientador: Prof. Dr. Robinson Figueiredo de Camargo

Santa Maria, RS, Brasil

2012

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_________________________________________________________________________

© 2012

Todos os direitos autorais reservados a Lucas Giuliani Scherer. A reprodução de partes ou do

todo deste trabalho só poderá ser realizada com a autorização por escrito do autor. Endereço:

Av. Borges de Medeiros, n. 1988/708, Bairro Centro, Santa Maria, RS. CEP: 97.015-090.

Fone (0xx)55-30268224; E-mail: [email protected]

_________________________________________________________________________

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Universidade Federal de Santa Maria Centro de Tecnologia

Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica

A Comissão Examinadora, abaixo assinada, aprova a Dissertação de Mestrado

MODELAGEM E CONTROLE DE UMA MICRO CENTRAL HIDRELÉTR ICA COM UTILIZAÇÃO DE GERADOR DE INDUÇÃO AUTO-EXCITADO

elaborada por Lucas Giuliani Scherer

como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Engenharia Elétrica

COMISSÃO EXAMINADORA:

Robinson Figueiredo de Camargo, Dr. (UFSM) (Presidente/Orientador)

Paulo Sérgio Sausen, Dr. (UNIJUI)

Fábio Ecke Bisogno, Dr. (UFSM)

Santa Maria, 30 de janeiro de 2012.

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DEDICO ESTA DISSERTAÇÃO:

A meus pais, Ivanoi e Carmem,

e à minha esposa, Cristiane.

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AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar quero agradecer à Universidade Federal de Santa Maria, por ser

uma instituição de ensino pública e de qualidade, através da qual obtive toda a minha

formação desde o ensino Fundamental, Técnico e Tecnológico, incluindo graduação e pós-

graduação a nível de Mestrado em Engenharia Elétrica.

Ao Professor Robinson Figueiredo de Camargo pela orientação, ensino, seriedade e

dedicação ao longo do desenvolvimento deste trabalho, além da amizade construída durantes

estes anos.

Ao professor Humberto Pinheiro um agradecimento especial por me acolher no início

deste trabalho e continuar oferecendo valiosas contribuições até a sua conclusão.

Agradecimento especial também aos colegas e amigos do Grupo de Eletrônica de

Potência e Controle - GEPOC, pela excelente amizade e recepção desde o começo do

Mestrado.

Um agradecimento especial à Fábio Cadore Posser e Tomás Cherobini Dalla Corte

pela valioza ajuda e pela sincera amizade construída.

Agradecimento à CAPES por ser o órgão financiador desta pesquisa e auxiliar-me

financeiramente na concretização dos meus projetos.

Com muito amor e carinho agradeço à meus pais, Ivanoi Bastos Scherer e Carmem

Terezinha Giuliani Scherer, por serem desde o princípio verdadeiros pais, no mais completo

sentido da palavra, me ajudando em todas as minhas dificuldades.

Sincero agradecimento à quem foi, durante este período, meu alicerce, meu ombro

amigo e minha companheira de todas as horas, a minha esposa Cristiane Copetti.

Aos meus irmãos, Clarissa Giuliani Scherer e Tiago Giuliani Scherer, pelos exemplos

de toda uma vida e pelo apoio incondicional a todas as minhas decisões.

Aos meus amigos, fiéis companheiros de todos os momentos, meu muito obrigado

pelas suas presenças. São as amizades verdadeiras que fazem a vida valer a pena.

Lucas Giuliani Scherer.

6

“Descobri como é bom chegar quando se tem paciência.

E para se chegar, onde quer que seja, aprendi que não é preciso dominar a força, mas a razão.

É preciso, antes de mais nada, querer.”

Amyr Klink

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RESUMO Dissertação de Mestrado

Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica

Universidade Federal de Santa Maria

ESTUDO, MODELAGEM E CONTROLE DE UMA MICRO CENTRAL

HIDRELÉTRICA COM UTILIZAÇÃO DE GERADOR DE INDUÇÃO

AUTO-EXCITADO

Autor: Lucas Giuliani Scherer

Orientador: Robinson Figueiredo de Camargo, Dr.

Santa Maria, 30 de janeiro de 2012.

Na última década houve um aumento significativo no interesse em tecnologias

aplicáveis a microgeração de energia elétrica. Fontes de geração de energia hidráulicas,

eólicas e solares representam algumas das tecnologias que tiveram importantes evoluções

decorrentes dos esforços em pesquisas destinados a esta área de geração de energia.

A razão para tal interesse se deve a consolidação do que é chamado futuro em termos

de geração de energia, sendo este baseado na descentralização da geração de energia através

de redes interligadas de pequenos centros geradores/consumidores.

A nível de distribuição, as fontes de geração distribuída, juntamente com as cargas

conectadas ao seu barramento, formariam o que é definido como uma micro-rede.

Dependendo da carga instantânea e da capacidade de geração instalada, uma micro-rede pode

comportar-se como um ponto de consumo ou de geração de energia em diferentes momentos,

sendo capaz também de operar conectada à rede ou de forma ilhada de acordo com a

qualidade da energia fornecida ou necessidade do sistema em caso de falta.

Dentre as tecnologias de microgeração, as micro centrais hidrelétricas (MCH) com

geradores de indução auto-excitados (GIAE) passaram a representar uma excelente opção

para a geração de energia elétrica em áreas isoladas, devido basicamente as suas

características de robustes e baixo custo, quando comparadas às máquinas síncronas. Trata-se

de uma alternativa ao uso de geradores síncronos em sistemas de baixa potência acionados

por pequenos aproveitamentos hidrelétricos, ricos em nosso território nacional.

Neste sentido, a presente Dissertação de Mestrado trata da modelagem e controle de

uma MCH com GIAE com controle de frequência e tensão. O controle de frequência é obtido

8

a partir do controle de abertura do sistema de alimentação da turbina enquanto que, o controle

de tensão é realizado a partir do controle da potência reativa do conjunto, utilizando para isso

um inversor de tensão.

Partindo destas definições e dos conhecimentos adquiridos, foi proposto um sistema a

ser implementado experimentalmente, composto de uma micro central hidrelétrica, neste caso

um motor acionado por um inversor de tensão, emulando o comportamento de uma turbina

hidráulica, acoplado ao gerador de indução. Os terminais do GIAE alimentam um barramento

onde são conectadas cargas com características distintas, caracterizando uma micro-rede,

tendo como objetivo o controle da estabilidade da tensão e frequência da energia fornecida

pelo gerador ao sistema isolado.

Dentre os estudos desenvolvidos para a implementação do protótipo é possível

destacar: modelagem do sistema trifásico considerado, modelagem do sistema hidráulico,

controle de tensão e frequência e método de sincronismo.

Ao longo desta dissertação, resultados de simulações e experimentais são

apresentados, a fim de que, seja demonstrada a aplicabilidade dos métodos de controle, seus

desempenhos e a viabilidade técnica do sistema.

Palavras-Chaves: Gerador de Indução, Micro Central Hidrelétrica, Controle de Tensão e

Frequência.

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ABSTRACT Master Dissertation

Pos-Graduation Program on Electrical Engineering

Federal University of Santa Maria

STUDY, MODELING AND CONTROL OF MICRO HYDROELECTRIC POWER

GENERATION STATION WITH INDUCTION GENERATOR

Author: Lucas Giuliani Scherer

Research Supervisor: Robinson Figueiredo de Camargo, Dr.

Santa Maria, January 30, 2012.

In the last decade there has been a significant increase in interest in microgeneration

technologies for electric power. Sources of hydraulic power generation, wind and solar

technologies represent some of the important developments that have had arising from the

research efforts aimed at this area of power generation.

The reason for this interest is due to the consolidation of what is called future in terms

of power generation, which is based on decentralization of power generation through

interconnected centers of small generators / consumers.

At distribution level, distributed generation sources, together with the loads connected

to its bus, forms what is defined as a microgrid. Depending on the instantaneous load and

installed generation capacity, a microgrid can behave as a point of consumption or generation

of energy at different times, being able to operate also connected to the network or islanded

form according to the quality energy supplied or need in case of system failure.

Among the technologies of microgeneration, micro hydro power plants with self-

excited induction generators (SEIG) came to represent an excellent option for electricity

generation in isolated areas, mainly due to its characteristics of robustness and low cost,

compared to synchronous machines. It is an alternative to the use of synchronous generators

in low-power systems powered by small hydroelectric plants, rich in our country.

In this sense, this Master's thesis deals with the modeling and control of a micro hydro

power plant with SEIG with frequency and voltage control. The frequency control is achieved

by controlling the opening of the feeding system of the turbine while the voltage control is

performed through the control of reactive power of the set, using for this a Pulse Width

Modulated (PWM) inverter.

10

Based on these definitions and knowledge acquired, it was proposed a system to be

implemented experimentally, consisting of a micro hydro power plant, in this case a motor

driven by a voltage PWM inverter, emulating the behavior of a turbine coupled to the

induction generator. The terminals of the SEIG feed a bus where loads with different

characteristics are connected, featuring a microgrid, having as main goal the control of the

voltage and frequency stability of the energy supplied by the generator to the isolated system.

Among the studies developed for the implementation of the prototype is possible to

highlight: three-phase system modeling, hydraulic system modeling, voltage and frequency

control, and synchronization method.

Throughout this paper, simulations and experimental results are presented in order to

be demonstrated the applicability of control methods, their performance and technical

feasibility of the system.

Keywords: Induction Generator, Micro Hydroelectric Power Generation Unit, Voltage and

Frequency Control.

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Abreviaturas

A − Ampére

ANEEL − Agência Nacional de Energia Elétrica

C − Capacitância

CA − Corrente alternada

CC − Corrente contínua

CEC − Controle eletrônico de carga

CER − Compensador estático de reativos

DSP − Processador digital de sinais (Digital Signal Processor)

FOH − First Order Holder

FP − Fator de potência

FT − Função de transferência

GI − Gerador de indução

GIAE − Gerador de Indução Auto-excitado

GS − Gerador Síncrono

IEA − Agência Internaciona de Energia (International Energy Agency)

IFC − Inversor fonte de corrente

IFT − Inversor fonte de tensão

kWh − Kilowatthora

MCH − Micro Central Hidrelétrica

MCH − Mini Central Hidrelétrica

MIT − Máquina de indução trifásica

MP − Máquina primária

Mtc − Milhões de toneladas de carbono

PCH − Pequena Central Hidrelétrica

PD − Proporcional-derivativo

PI − Proporcional-integral

PROINFA − Programa de Incentivo as Fontes Alternativas de Energia Elétrica

PWM − Modulação por largura de pulso (Pulse Width Modulation)

Q − Potência reativa

RAT − Regulador automático de tensão

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SEP − Sistema elétrico de potência

SGD − Sistema de geração distribuída

TWh − Terawatthora

V − Volt

VCFC − Velocidade constante – frequência constante

VVFC − Velocidade variável – frequência constante

VVFV − Velocidade variável – frequência variável

µCH − Micro Central Hidrelétrica

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Simbologia

A − Seção transversal do conduto forçado

abc − Sistema de coordenadas estacionário em um sistema trifásico

ga − Aceleração da gravidade

tA − Ganho da turbina

B − Constante de atrito rotacional

CCC − Capacitância do barramento CC do inversor

D − Diâmetro do conduto forçado

dq0 − Sistema de coordenadas síncronas em um sistema trifásico

reff − Frequência de referência

g − Abertura real do distribuidor

G − Abertura ideal do distribuidor

FLg − Abertura do distribuidor a plena carga

NLg − Abertura do distribuidor em condição sem carga

H − Altura da coluna d’água

ai , bi , ci − Correntes trifásicas

basei − Corrente base

di , qi − Correntes em eixos síncronos dq

mI − Corrente de magnetização

J − Constante de inércia do rotor

aK − Ganho do atuador

dk − Ganho derivativo

ik − Ganho integral

pk − Ganho proporcional

uK , pK − Constantes de proporcionalidade

L − Comprimento do conduto forçado

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fL − Indutância do filtro de saída do inversor

lsL , lrL − Indutâncias de dispersão

msL , mrL − Indutâncias de magnetização

ssL , rrL − Indutâncias próprias dos enrolamentos do estator e rotor

srL − Indutância mútua máximo entre um enrolamento do estator e outro

do rotor

xsxrL − Indutâncias mútuas entre enrolamentos do estator e rotor

ssM , rrM − Indutâncias mútuas dos enrolamentos do estator e rotor

N − Constante de tempo derivativo

rn − Velocidade rotórica em rpm

P − Potência ativa

LP − Potência elétrica de carga

mP − Potência mecânica

PP − Perda de carga fixa da turbina

ruP − Potência base da turbina

dR − Resistor de descarga

fR − Resistência do filtro de saída do inversor

sR , rR − Resistência do estator e do rotor

TR − Ganho transitório

s − Escorregamento

S − Potência aparente

_ 0abc dqT − Matriz de transformação de abc para dq0

eT − Torque eletromagnético

GT − Constante de tempo do servo-motor

LT − Conjugado de carga

mT − Torque mecânico

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RT − Tempo de reset

WT − Tempo de partida da água

U − Velocidade da água no conduto forçado

_d pwmu , _q pwmu − Sinais PWM em eixos dq

frequ − Sinal de controle de frequência

NLU − Velocidade da água no conduto forçado em condição sem carga

vu − Sinais de controle de tensão

av , bv , cv − Tensões trifásicas

basev − Tensão base

ccv − Tensão do barramento CC do inversor

dv , qv − Tensões em eixos síncronos dq

MX − Reatância de magnetização

sX , rX − Reatância de dispersão do estator e do rotor

dsλ , qsλ , drλ , qrλ − Fluxos concatenados em eixos síncronos

ω − Velocidade angular

rω − Velocidade angular rotórica

refω − Velocidade angular de referência

sω − Velocidade elétrica (síncrona) do estator

θ − Deslocamento angular

rθ − Ângulo elétrico

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Sumário

Capítulo 1 .................................................................................................... 22

1 I NTRODUÇÃO GERAL ........................................................................... 22

1.1 Revisão Bibliográfica .......................................................................................... 31

1.2 Objetivos do Trabalho ......................................................................................... 40

1.3 Organização da Dissertação ................................................................................ 41

Capítulo 2 .................................................................................................... 43

2 M ODELAGEM DO SISTEMA ................................................................... 43

2.1 Introdução ............................................................................................................ 43

2.2 Modelamento do Sistema Hidráulico .................................................................. 44

2.2.1 Modelo Linear da turbina hidráulica. .................................................................. 44

2.2.2 Modelo Não-Linear da turbina hidráulica. .......................................................... 47

2.2.3 Características especiais das turbinas hidráulicas ............................................... 51

2.2.4 Modelagem dos atuadores de vazão .................................................................... 51

2.3 Máquina de Indução Trifásica ............................................................................. 53

2.3.1 Modelo Dinâmico da Máquina de Indução Trifásica .......................................... 53

2.3.2 Transformação de Eixos de Referência ............................................................... 55

2.3.3 Representação da Máquina de Indução Trifásica em um Eixo de Referência

Arbitrário ...................................................................................................................... 57

2.3.4 Modelo da Máquina de Indução em Regime Permanente ................................... 60

2.3.5 Balanço de Energia do Motor de Indução ........................................................... 61

2.3.6 O Gerador de Indução.......................................................................................... 64

2.3.7 Operação Isolada do Gerador de Indução............................................................ 66

2.4 Modelo Dinâmico dos Capacitores de Excitação e Inversor PWM .................... 69

Capítulo 3 .................................................................................................... 76

3 PROJETO DOS CONTROLADORES DO SISTEMA E RESULTADOS DE

SIMULAÇÃO .......................................................................................... 76

3.1 Introdução ............................................................................................................ 76

3.2 Auto-excitação do Gerador de Indução ............................................................... 80

3.3 Controle de Frequência ....................................................................................... 82

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3.4 Controle de Tensão CA e CC .............................................................................. 90

3.4.1 Projeto dos controladores das malhas internas de corrente ................................. 96

3.4.2 Projeto do controlador da malha externa de tensão CC..................................... 101

3.4.3 Projeto do controlador da malha externa de tensão CA .................................... 107

Capítulo 4 .................................................................................................. 112

4 DESCRIÇÃO DO PROTÓTIPO E RESULTADOS EXPERIMENTAIS ........... 112

4.1 Introdução .......................................................................................................... 112

4.2 Descrição do Protótipo de Micro Central Hidrelétrica ...................................... 112

4.2.1 Conjunto Máquina Primária/Gerador ................................................................ 113

4.2.2 Capacitores de auto-excitação ........................................................................... 114

4.2.3 Inversor PWM de Tensão .................................................................................. 114

4.2.4 Indutores de Filtro ............................................................................................. 115

4.2.5 Circuito de conexão do inversor PWM ............................................................. 115

4.2.6 Placas de interface, aquisição e condicionamento de sinais .............................. 116

4.3 Resultados Experimentais ................................................................................. 117

Conclusões Gerais ..................................................................................... 124

Referências Bibliográficas ......................................................................... 127

Anexo A - OBTENÇÃO DAS EQUAÇÕES DE ESTADO DA PLANTA EM EIXOS

ESTACIONÁRIO E SÍNCRONO ................................................................ 135

A.1 Normalização das Variáveis do Circuito ........................................................... 135

A.2 Equação de Estados da Planta em Coordenadas αβ0 ........................................ 137

A.3 Equação de Estados da Planta em Coordenadas dq0 ........................................ 140

Anexo B - MÉTODO DE SINCRONIZAÇÃO E RASTREAMENTO DE FREQUÊNCIA

APLICADO A CONVERSORES DE TENSÃO .............................................. 144

B.1 Descrição do novo método proposto ................................................................. 144

B.1.1 Filtros passa-baixa ............................................................................................. 145

B.1.2 Modelagem da Planta e Controlador Proporcional-Integral .............................. 149

B.1.3 Leitura da frequência instantânea e adequação dos parâmetros dos filtros ....... 150

B.2 Resultados de Simulação ................................................................................... 151

B.3 Resultados Experimentais ................................................................................. 154

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Índice de Figuras

Figura 1.1 - Dados de geração de energia elétrica Mundial de 1971 a 2009. Fonte [2]. .......... 23

Figura 1.2 - Comparativo entre a geração de energia mundial nos anos de 1973 e 2009. ....... 23

Figura 1.3 - Histórico de consumo de energia elétrica no Brasil. Fonte [8]. ............................ 25

Figura 1.4 - Oferta interna de energia elétrica por fonte – 2010. Fonte [7]. ............................ 25

Figura 1.5 - Histórico da participação da energia hidráulica no cenário brasileiro. Fonte [8]. 26

Figura 1.6 - Localização das PCH’s em operação no Brasil, segundo a ANEEL – situação em

março de 2003. Fonte [9]. ......................................................................................................... 28

Figura 1.7 - Localização das µCH’s e MCH’s em operação no Brasil, segundo a ANEEL –

situação em março de 2003. Fonte [9]. ..................................................................................... 29

Figura 1.8 - Índice de aproveitamento do potencial hidrelétrico brasileiro, segundo a ANEEL

– situação em março de 2003. Fonte [9]. .................................................................................. 30

Figura 1.9 - Classificação dos esquemas de regulação de tensão dos GIAE. Fonte [22]. ........ 33

Figura 1.10 - Esquema de regulador de tensão baseado em reator com núcleo saturável........ 34

Figura 1.11 – Esquema de regulação de tensão baseado em indutor controlado por chave

semicondutora. Fonte [22]. ....................................................................................................... 35

Figura 1.12 – Esquema de regulação de tensão baseado em comutação de capacitores em

paralelo. Fonte [22]................................................................................................................... 35

Figura 1.13 – (a) Regulação de tensão baseada no controle de capacitores em paralelo. ........ 35

Figura 1.14 – (a) Inversor PWM fonte de tensão e (b) inversor PWM fonte de corrente. ....... 36

Figura 1.15 – Tipos de CEC. (a) chaveamento de cargas resistivas; (b) retificador controlado

com resistor de descarga; (c) retificador não-controlado com resistor de descarga controlado

por elemento chopper. .............................................................................................................. 38

Figura 1.16 - Sistema de controle de frequência a partir do controle liga/desliga do sistema de

distribuição. Fonte [48]. ........................................................................................................... 40

Figura 2.1 - Subsistemas considerados para a modelagem do sistema proposto. .................... 43

Figura 2.2 - Esquema básico de uma planta hidrelétrica. ......................................................... 44

Figura 2.3 - Modelo não-linear do sistema hidráulico. Fonte [59]. .......................................... 50

Figura 2.4 - Resposta ao degrau do sistema conduto forçado/turbina hidráulica. .................... 51

Figura 2.5 - Diagrama de blocos dos atuadores da turbina hidráulica. .................................... 52

19

Figura 2.6 - Interpretação trigonométrica da mudança de variáveis abc para dq de uma

máquina de indução trifásica. (s) variáveis do estator, (r) variáveis do rotor. .......................... 56

Figura 2.7 - Representação por circuito equivalente do modelo de uma máquina de indução

em um eixo de referência arbitrário. ......................................................................................... 59

Figura 2.8 - Circuito equivalente por fase de um motor de indução em regime permanente... 60

Figura 2.9 - Fluxo de potência do motor de indução trifásico. Fonte [23]. .............................. 61

Figura 2.10 - Curva característica em regime permanente da máquina de indução trifásica.

Relação torque elétrico/velocidade e torque elétrico/escorregamento. Fonte [17]. ................. 65

Figura 2.11 - Gerador de indução no modo de operação isolado. ............................................ 66

Figura 2.12 – Curva de magnetização característica da máquina de indução. ......................... 67

Figura 2.13 - Ponto de operação para auto-excitação do GI. ................................................... 68

Figura 2.14 - Circuito equivalente utilizado para obter as equações da planta. ....................... 69

Figura 3.1 - Diagrama esquemático do sistema proposto para o controle da microcentral

hidrelétrica. ............................................................................................................................... 77

Figura 3.2 - Processo de auto-excitação do gerador de indução: tensão de saída. ................... 81

Figura 3.3 - Processo de auto-excitação do gerador de indução: Zoom da tensão de saída. .... 81

Figura 3.4 - Sistema isolado de geração alimentando carga local. Fonte [59]. ........................ 83

Figura 3.5 - Função de transferência relacionando velocidade e torques. Fonte [59]. ............. 83

Figura 3.6 - Diagrama em blocos do regulador de velocidade em conjunto com os atuadores

da turbina hidráulica. Fonte [57]. ............................................................................................. 85

Figura 3.7 - Diagrama em blocos da nova configuração do regulador de velocidade (na malha

direta) em conjunto com os atuadores da turbina hidráulica. Fonte [57]. ................................ 85

Figura 3.8 - Dados de simulação - Relação entre abertura do distribuidor (g ) e torque

mecânico da turbina (mT ). ........................................................................................................ 87

Figura 3.9 - Diagrama de Bode da planta da malha de frequência. .......................................... 88

Figura 3.10 - Lugar das raízes da planta da malha de frequência. ........................................... 89

Figura 3.11 - Diagrama de Bode da malha de frequência em malha fechada. ......................... 89

Figura 3.12 - Lugar das raízes da malha de frequência em malha aberta. ................................ 90

Figura 3.13 – Frequência das tensões geradas sob diferentes condições de carga. .................. 91

Figura 3.14 - Variação na amplitude sob variação de carga a velocidade constante. .............. 92

Figura 3.15 - Diagrama simplificado do sistema de geração e regulação de tensão. ............... 93

Figura 3.16 - Diagrama de blocos do sistema de controle do inversor PWM. ......................... 95

Figura 3.17 – Digramas de blocos das malhas internas de controle de corrente. ..................... 97

20

Figura 3.18 - Diagrama de Bode da planta da malha interna de corrente. ............................... 98

Figura 3.19 – Lugar das raízes da planta da malha interna de corrente. .................................. 99

Figura 3.20 - Diagrama de Bode da malha interna de corrente em malha fechada. ................. 99

Figura 3.21 - Lugar das raízes da malha interna de corrente em malha aberta. ..................... 100

Figura 3.22 - Resposta dos controladores das malhas internas de controle de tensão à degraus

nos sinais de referência di

∗ e qi

∗ . ............................................................................................ 101

Figura 3.23 - Diagrama de blocos da malha externa de controle da tensão CC. .................... 103

Figura 3.24 - Diagrama de Bode da planta da malha externa de tensão CC. ......................... 104

Figura 3.25 - Lugar das raízes da planta da malha externa de tensão CC. ............................. 105

Figura 3.26 - Diagrama de Bode da malha externa de tensão CC em malha fechada. ........... 105

Figura 3.27 - Lugar das raízes da malha externa de tensão CC em malha aberta. ................. 106

Figura 3.28 - Resposta do controlador da malha de tensão CC à uma variação no sinal de

referência. ............................................................................................................................... 106

Figura 3.29 – Diagrama de blocos da malha externa de controle da tensão CA. ................... 107

Figura 3.30 - Diagrama de Bode da planta da malha externa de tensão CA. ......................... 109

Figura 3.31 - Lugar das raízes da planta da malha externa de tensão CA. ............................. 109

Figura 3.32 - Diagrama de Bode da malha externa de tensão CA em malha fechada. .......... 110

Figura 3.33 - Lugar das raízes da malha externa de tensão CA em malha aberta. ................. 110

Figura 3.34 - Resposta do controlador da malha de tensão CA à uma variação no sinal de

referência. ............................................................................................................................... 111

Figura 3.35 - Resposta do controle de tensão à variações de carga – conexão e desconexão de

carga puramente resistiva de 600 W. ...................................................................................... 111

Figura 4.1 - Visão geral do protótipo construído. .................................................................. 113

Figura 4.2 - Auto-excitação do gerador de indução. .............................................................. 118

Figura 4.3 - Tensões de saída para operação a vazio, antes de conectar o inversor PWM. ... 119

Figura 4.4 - Etapas de carregamento e entrada de controle do barramento CC. .................... 119

Figura 4.5 - Resposta do controlador de frequência à variações no sinal de referência *f . .. 120

Figura 4.6 – Frequência das tensões geradas durante a conexão e desconexão de uma carga

resistiva de 600 W. ................................................................................................................. 120

Figura 4.7 - Resposta dos controles de correntes a variações nos sinais de referência *

di e *qi .

................................................................................................................................................ 122

21

Figura 4.8 - Resposta do controle do barramento CC à variações no sinal de referência *

ccv .

................................................................................................................................................ 122

Figura 4.9 – Resultado experimental da resposta do controlador da malha de tensão CA à uma

variação no sinal de referência *

dv . ......................................................................................... 123

Figura 4.10 - Resposta do controle de tensão à variações de carga – conexão e desconexão de

carga puramente resistiva de 600 W. ...................................................................................... 123

22

Capítulo 1

1 INTRODUÇÃO GERAL

Nos primórdios da geração de energia, a geração distribuída era a forma mais comum

de acesso à energia para a maior parte da população. Limitações tecnológicas e a inexistência

de redes de transmissão eram os maiores problemas encontrados na época. As primeiras

plantas de geração de energia abasteciam apenas consumidores localizados nas suas

vizinhanças e conectados a sua micro rede de distribuição. A tensão da rede era contínua e em

baixa tensão e por esse motivo, o fornecimento era limitado a pequenas distâncias. O balanço

de demanda e fornecimento era realizado localmente através de baterias conectadas a rede CC

[1]. Diversas limitações em termos de tecnologia na área de condicionamento, armazenagem,

transmissão e mesmo de comunicação, impediram a consolidação desse sistema

descentralizado como padrão.

Com o passar dos anos e com o desenvolvimento de novas tecnologias, surgiram as

redes de tensão alternada, permitindo o transporte de energia elétrica em alta tensão e a longas

distâncias. Com a alteração no padrão de transmissão, as unidades de geração de energia

também sofreram grande evolução levando à centralização da produção de energia em poucas

unidades de alta potência. Malhas de conexão foram construídas em larga escala, consistindo

de longas linhas de transmissão alimentadas por grandes unidades de geração com redes de

distribuição radiais fornecendo energia aos consumidores finais. O balanço de demanda e

fornecimento passou então a ser realizado pelo efeito médio da combinação de grandes

quantidades de energia gerada e consumida [1]. O armazenamento de energia em grande

escala passou a ser feito a partir da energia em seu estado primário (água, carvão, petróleo,

etc.), consolidando assim a centralização da geração de energia em locais próximos a fontes

naturais destes combustíveis. Este padrão de geração e transmissão de energia tem se mantido

por décadas, apesar do número de consumidores e da demanda de energia terem crescido

exponencialmente. Para ilustrar esta afirmação, na Figura 1.1 são apresentados dados

estatísticos dos últimos 40 anos obtidos a partir do relatório anual [2] elaborado pela Agência

Internacional de Energia (IEA). Percebe-se a dependência da demanda mundial de energia das

fontes de energia em seu estado primário (água, carvão, óleo, gás natural).

23

Figura 1.1 - Dados de geração de energia elétrica Mundial de 1971 a 2009. Fonte [2].

Dentre as fontes de energia exploradas pelo homem, os combustíveis fósseis

representam a fonte de energia primária mais consumida no mundo. Dados estatísticos do ano

de 2009, mostram que cerca de 67,1% da energia elétrica gerada no mundo provêm de

combustíveis fósseis (carvão e óleo) e de seus derivados (gás natural), 16,2% provêm de

geração hídrica, 13,4% provêm de plantas de geração nuclear e apenas 3,3% provenientes de

fontes renováveis (geotérmica, solar, eólica, resíduos e calor). Um representação gráfica

comparando a situação energética de 1973 e de 2009 pode ser vista na Figura 1.2.

Figura 1.2 - Comparativo entre a geração de energia mundial nos anos de 1973 e 2009. Fonte [2].

24

Na última década, entretanto, inúmeros fatores vêm demonstrando a necessidade de

mudanças no sistema energético atual. Questões de âmbito econômico, técnológico, social e

ambiental impõem necessidades não mais atendidas pelo sistema atual e requerem uma

atualização do sistema elétrico mundial.

Dentre os fatores que contribuem para esta tendência estão a crescente demanda de

energia por parte dos países desenvolvidos e em desenvolvimento, escassez de recursos para a

construção de grandes centrais de geração e redes de distribuição por parte dos países em

desenvolvimento, insuficiência de geração de energia por parte de alguns países

desenvolvidos e a crescente preocupação com relação à emissão de poluentes e as mudanças

climáticas [3].

De acordo com um estudo conduzido pelo Laboratório Americano de Energias

Renováveis, se nada for feito, estima-se que a emissão de carbono pelos Estados Unidos

aumente dos atuais 1700 milhões de toneladas de carbono (Mtc) por ano para 2300 Mtc no

ano de 2030. No mesmo estudo, foi demonstrado que através da implementação de programas

de eficiência energética e do uso de fontes de energia renováveis, seria possível não apenas

frear esse aumento na emissão de carbono, mas efetivamente reduzi-lo para valores inferiores

a 1000 Mtc até 2030 [4].

A nível nacional, as projeções de consumo de energia elétrica, conforme Figura 1.3,

apontam para a necessidade de investimentos maciços em um curto prazo para a ampliação da

planta de geração de energia elétrica no Brasil. Fato ocorrido no ano de 2001 e início de 2002,

o racionamento de energia experimentado pelo Brasil, atraiu atenções e a partir de então,

passou a motivar muitos investimentos na área de geração e transmissão de energia elétrica

[5], [6].

Ao contrário do panorama mundial, no Brasil a contribuição da energia hidráulica ao

desenvolvimento econômico do País tem sido expressiva, seja no atendimento das diversas

demandas da economia – atividades industriais, agrícolas, comercial e de serviços – ou da

própria sociedade. A contribuição da energia hidráulica na matriz energética nacional,

segundo o Balanço Energético Nacional (2011) – ano base 2010 [7], é da ordem de 14%,

participando com 74% de toda a energia elétrica gerada no País, conforme Figura 1.4.

Considerando ainda a parcela de 6,5% proveniente de importação, referente à energia

produzida na Hidrelétrica de Itaipú de propriedade do Paraguai, comprada pelo Brasil, a

parcela de energia elétrica proveniente de fonte hidráulica consumida pelo Braisl sobe para

80,5%. Esta ampla participação da energia hidráulica no cenário brasileiro é histórica e se

mantém praticamente a mesma a décadas (Figura 1.5).

25

Figura 1.3 - Histórico de consumo de energia elétrica no Brasil. Fonte [8].

Figura 1.4 - Oferta interna de energia elétrica por fonte – 2010. Fonte [7].

26

Figura 1.5 - Histórico da participação da energia hidráulica no cenário brasileiro. Fonte [8].

Apesar da tendência de aproveitamento de outras fontes de energia, devido a restrições

ambientais e socioeconômicas de projetos hidrelétricos e aos avanços tecnológicos no

aproveitamento de fontes não-convencionais, tudo indica que a energia hidráulica continuará

sendo, por muitos anos, a principal fonte geradora de energia elétrica do Brasil. Estima-se

que, nos próximos anos, pelo menos 50% da necessidade de expansão da capacidade de

geração seja de origem hídrica [9].

Outra barreira importante a ser vencida no Brasil está ligada ao acesso de energia a

toda a população. Segundo dados do Programa Luz no Campo, da Eletrobrás, a eletrificação

rural no Brasil é ainda bastante deficiente no que se refere ao percentual de propriedades

atendidas. Isto é decorrência do alto custo de instalação e manutenção de redes rurais de

transmissão e distribuição de energia, devido principalmente as grandes distâncias, a baixa

densidade de cargas e a reduzida demanda [6]. Segundo a legislação atual, as concessionárias

de energia têm prazo até dezembro de 2015 para eletrificar todos os domicílios sem acesso à

energia no Brasil [10].

Por essas razões, e seguindo a tendência mundial no ramo da energia, as políticas de

estímulo do Governo Federal têm incentivado a aplicação de sistemas de geração distribuída

(SGD) e os esforços no campo do desenvolvimento de fontes de energias renováveis, buscado

soluções de cunho regional para o uso de fontes renováveis de energia na matriz energética

27

nacional através do PROINFA - Programa de Incentivo as Fontes Alternativas de Energia

Elétrica [11].

Destaque especial vêm sendo dado a pesquisa de tecnologias no âmbito da energia

eólica, sistemas fotovoltaicos e micro e pequenas centrais hidrelétricas, sendo previsto que

estas tecnologias serão responsáveis por uma maior fatia no balanço energético mundial nas

próximas décadas.

Entre estas fontes de energia renováveis destacam-se a construção de novas centrais

hidrelétricas de energia elétrica, podendo estas serem classificadas em Micro Centrais

Hidrelétricas (µCH’s até 100 kW), Mini Centrais Hidrelétricas (MCH’s, de 100 kW até

1 MW) e Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCH’s – de 1 MW até 30 MW).

Enquanto as PCH’s podem ser caracterizadas como empreendimentos a partir do

momento em que o excedente de energia elétrica gerada pode ser comercializado, as µCH’s e

MCH’s destinam-se ao aproveitamento local na propriedade rural ou comunidade.

Nas Figura 1.6 e Figura 1.7 são apresentados mapas com a localização dos pequenos

aproveitamentos hidrelétricos (µCH’s, MCH’s e PCHs) existentes no Brasil, segundo dados

da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) [9].

Apesar do considerável número de aproveitamentos hidrelétricos, em nível nacional,

cerca de apenas 25,6% do potencial hidrelétrico estimado encontra-se aproveitado. Em

relação ao potencial inventariado, essa proporção aumenta para 37,3%. A Figura 1.8 ilustra os

índices de aproveitamento dos potenciais hidráulicos brasileiros por sub-bacia hidrográfica.

As µCH’s e MCH’s têm como características principais apresentarem uma relação

custo/kWh gerado relativamente mais alto se comparadas com médias e grandes centrais

hidrelétricas, porém apresentam possibilidade de geração descentralizada e localizam-se mais

próxima aos pequenos centros de carga, com consequente redução de perdas e custo em

transmissão e distribuição de energia. Outra importante diferença é o baixo impacto ambiental

e otimização do uso dos recursos naturais, já que não depende de grandes reservatórios de

água, utilizando apenas o fluxo natural dos rios.

Além das questões técnicas, questões econômicas também impõem restrições à

utilização de SGD. Para uma única fonte de geração distribuída, o custo relativo ao sistema de

interconexão com a rede principal pode aumentar em até 50% o custo do sistema. O conceito

de micro-rede oferece a solução para este problema ao propor o emprego de inúmeras fontes

de geração distribuídas através de um único sistema de interconexão com a rede [12].

A energia gerada por SGD atinge menor custo com a agregação de sistemas de

diferentes naturezas de operação, combinando as características distintas de operação e

28

capacidade de geração. Além disso, em termos de confiabilidade de fornecimento, a utilização

de múltiplos SGD torna o sistema mais eficiente se comparado com um sistema com ponto

único de geração [12].

Em termos tecnológicos, as inovações dos últimos anos transpuseram obstáculos

definidos como limitantes para a aplicabilidade de SGD e sua conexão à malha de transmissão

e distribuição convencional. Avanços tecnológicos na área de processamento de energia, que

incluem o desenvolvimento de semicondutores mais rápidos e conversores estáticos de

energia mais eficientes, aliados a estratégias de controle mais sofisticadas, permitiram a

expansão do campo de aplicação de sistemas que anteriormente eram considerados inviáveis

técnica e economicamente.

Figura 1.6 - Localização das PCH’s em operação no Brasil, segundo a ANEEL – situação em

março de 2003. Fonte [9].

29

Figura 1.7 - Localização das µCH’s e MCH’s em operação no Brasil, segundo a ANEEL –

situação em março de 2003. Fonte [9].

Um exemplo típico é o caso de micro centrais hidrelétricas operando de forma isolada,

ou seja, não conectada a nenhum outro sistema elétrico de potência (SEP), e abastecendo

pequenas comunidades. Apesar de ser um sistema consolidado tecnicamente, a nível

comercial encontra fortes barreiras em termos econômicos, principalmente pelo alto custo

relativo ao Gerador Síncrono (GS) e ao Regulador Automático de Tensão (RAT).

A implantação de micro centrais hidrelétricas torna-se atrativa com a utilização de

máquinas de indução, ou gerador de indução auto-excitado (GIAE), em substituição aos GS

normalmente utilizados, devido ao seu baixo custo, maior robustez, baixos custos de

manutenção, alta densidade de potência (W/kg) e a sua auto-proteção contra sobrecarga

conforme [13], [14] e [15]. Estas vantagens tornan-se ainda mais contundentes no caso de

máquinas de indução com rotor gaiola de esquilo, sendo esta, portanto, uma opção

30

interessante para utilização em locais remotos por requerer menos manutenção, quando

comparada a outros tipos de geradores.

Figura 1.8 - Índice de aproveitamento do potencial hidrelétrico brasileiro, segundo a ANEEL

– situação em março de 2003. Fonte [9].

Como desvantagem, quando trabalhando de forma isolada, a amplitude e a freqüência

das tensões de saída de um GIAE é sensivelmente dependente da carga elétrica aplicada a

seus terminais e diretamente relacionada com a velocidade imposta pela máquina primária.

Na literatura são encontradas várias referências à utilização de GIAE em diferentes

sistemas de micro-geração, sendo eles mais comumente utilizados nas áreas de geração eólica,

grupo-geradores à diesel e micro-centrais hidrelétricas. Para cada aplicação, diferentes

topologias de conversores e métodos de controle já foram aplicados. No entanto, vislumbra-se

ainda um vasto campo de pesquisa e desenvolvimento de sistema com a tecnologia de GIAE,

31

principalmente no que tange a sua aplicação em micro aproveitamentos hidrelétricos e

operação isolada.

1.1 Revisão Bibliográfica

As máquinas de indução trifásicas (MIT) tem como característica principal a

habilidade em operar tanto como motor ou gerador [16], [17], [18] e [19]. A utilização de tais

máquinas como gerador é impulsionada pelo crescente interesse em fontes renováveis de

energia e microgeração, uma vez que o gerador de indução (GI) representa uma opção

alternativa às demais tecnologias existentes, tais como gerador síncrono e gerador de ímãs

permanentes, devido às suas características construtivas e de operação, já mencionadas

anteriormente.

No entanto, o GI apresenta uma característica particular associada à regulação da

tensão gerada que se mostra sensivelmente dependente da carga aplicada a seus terminais e da

velocidade de rotação, sendo esse o maior desafio à sua aplicação [20], [21] e [22].

Outra característica interessante do GI é a sua considerável flexibilidade de aplicação.

Pode-se classificar um sistema de geração com GI em termos do tipo de rotor, podendo ser

rotor bobinado ou rotor gaiola de esquilos, tipo de acionamento, podendo ser velocidade

constante ou velocidade variável, e pelo modo de operação, podendo ser conectado à rede ou

em sistema isolado. Em termos de aplicação, pode-se classificar em três esquemas básicos de

geração [21]:

I. Velocidade Constante – Frequência Constante (VCFC): neste esquema, a

velocidade da máquina primária é mantida constante através de um sistema de

controle de velocidade atuando sobre a variável de controle em questão, por

exemplo, a vazão de água ou ângulo de pás em uma micro central hidrelétrica,

conforme a entrada e saída de carga nos terminais do gerador;

II. Velocidade Variável – Frequência Constante (VVFC): característico de sistema

de geração eólica devido à característica intermitente da velocidade do vento,

neste esquema não se tem o controle sobre a velocidade do gerador. São

utilizados então conversores em série com o gerador, responsáveis pela

conversão da energia a níveis constantes de frequência e amplitude de tensão.

III. Velocidade Variável – Frequência Variável (VVFV): unicamente aplicáveis a

cargas resistivas destinadas ao aquecimento, as quais são insensíveis à variação

32

de frequência, neste esquema as tensões do GI apresentam frequência variável

proporcional á velocidade de operação.

Em vista da variedade de esquemas de geração, topologias e aplicações nas quais pode

ser inserido o GI, será apresentada a seguir uma breve revisão bibliográfica no que tange a

aplicação do GI com rotor gaiola de esquilos em sistemas isolados de geração, as topologias

de controle de tensão e os esquemas de regulação de frequência.

A simples conexão do GI em sistemas de potência isolados e seu acionamento à

velocidade superior à velocidade síncrona por meio de uma máquina primária, não garante a

geração de energia. Isto ocorre porque o GI, ao contrário das demais tecnologias de geradores,

não possui circuito de campo e por isso não é capaz de produzir a potência reativa necessária

a sua magnetização.

Desta forma, faz-se necessário o fornecimento de potência reativa por meio de fonte

externa para a excitação do GI. Este fenômeno é conhecido como fenômeno de auto-excitação

e é comumente realizado através da conexão em paralelo de um banco de capacitores de valor

específico aos terminais do GI, passando este a ser chamado de GIAE. O magnetismo residual

presente no circuito do rotor do GI mantém uma pequena tensão nos terminais do GI. Esta

tensão, aplicada sobre os capacitores gera um fluxo de corrente nos capacitores que, por

consequência, causa a elevação da tensão, estabelecendo-se então o fenômeno da auto-

excitação. O ponto de equilíbrio será estabelecido e a tensão terminal estabilizará quando a

corrente dos capacitores e as correntes induzidas no GI se igualarem.

O processo de auto-excitação do GI e o projeto dos capacitores de excitação foram

temas de inúmeros trabalhos ao longo dos anos, estando estes conceitos bem consolidados na

literatura, conforme [20], [21] e [23].

A tensão nos terminais do GIAE é governada pela capacitância de excitação, pela

velocidade da máquina primária e pela potência e fator de potência da carga aplicada, uma

vez que a tensão terminal decresce com o aumento da diferença entre a potência reativa

fornecida pelos capacitores de excitação e a potência reativa requerida pelo próprio gerador e

pelas cargas agregadas [13], [15].

Assim, a regulação das tensões nos terminais do GIAE é sustentada através do

controle do balanço da potência reativa do sistema. Em [22] é apresentada uma classificação

dos esquemas de controle de tensão, todos aplicados ao controle do balanço da potência

reativa, o qual divide em dois grandes grupos, sendo eles, compensação série e compensação

paralela, conforme ilustrado na Figura 1.9.

33

Figura 1.9 - Classificação dos esquemas de regulação de tensão dos GIAE. Fonte [22].

A partir desta classificação, serão detalhados a seguir alguns dos principais esquemas,

descrevendo suas vantagens e desvantagens.

Um esquema de regulação de tensão clássico com compensação paralela é baseado no

uso de um reator com núcleo saturável [24]. Neste esquema, conforme Figura 1.10, o banco

de capacitores é dimensionado para condição extrema de compensação de potência reativa, ou

seja, o gerador é posto a plena carga sendo esta puramente indutiva, enquanto que o reator

com núcleo saturável absorve as correntes capacitivas em condições que não a de plena carga

indutiva.

A tensão terminal reduz com o acréscimo de carga, causando a desaturação do núcleo

e o aumento efetivo da indutância, o que causa a redução das correntes do reator, por

consequência. Ocorre então a transferência das correntes dos capacitores para o GIAE,

aumentando a excitação e consequentemente a tensão terminal. Esta topologia apresenta

vantagem na estabilidade da tensão, porém incorre em perdas elevadas devido as correntes de

saturação.

34

Figura 1.10 - Esquema de regulador de tensão baseado em reator com núcleo saturável.

Fonte [22].

Os esquemas de regulação de tensão baseados em chaves semicondutoras, seja em

compensação série ou paralela, seguem no geral o mesmo princípio que é o controle do

balanço da potência reativa do sistema a partir do chaveamento de elementos capacitivos e/ou

indutivos. As topologias divergem apenas na natureza do elemento chaveado e na tecnologia

da chave semicondutora.

As topologias que sugerem o chaveamento de cargas reativas, sendo elas capacitivas

ou indutivas, apresentam a vantagem de não injetarem componentes em alta frequência no

sistema e apresentarem baixas perdas por comutação, porém o controle da tensão terminal

ocorre em nível discreto prejudicando sua exata regulação [25], [26]. Algumas destas

topologias são apresentadas na Figura 1.11 e Figura 1.12.

Em contrapartida, as topologias que propõem o chaveamento em alta frequência das

chaves semicondutoras, ajustando o ângulo de disparo das chaves de acordo com a potência

reativa a ser compensada, oferecem ajuste periódico e exato da tensão terminal com a

desvantagem de impôr perdas elevadas de comutação e injeção de distorções em alta

frequência no sistema [27], [28], [29], [30], [31]. Exemplos dessas topologias são

apresentados na Figura 1.13.

35

Figura 1.11 – Esquema de regulação de tensão baseado em indutor controlado por chave

semicondutora. Fonte [22].

Figura 1.12 – Esquema de regulação de tensão baseado em comutação de capacitores em

paralelo. Fonte [22].

(a) (b)

Figura 1.13 – (a) Regulação de tensão baseada no controle de capacitores em paralelo.

(b) Regulação de tensão baseada em variação de reatância em paralelo. Fonte [22].

36

As topologias que fazem uso de compensadores estáticos de reativos seguem o

princípio do controle de tensão pela injeção de correntes reativas no sistema, geradas por um

inversor PWM conectado em paralelo com o barramento de tensão. Neste caso, os capacitores

de excitação ficam responsáveis, apenas, pelo fornecimento da potência reativa necessária

para que o GI tenha, a vazio, tensão nominal em seus terminais. O inversor PWM responde

pela potência reativa (Q) solicitada ou fornecida pela carga (ou seja, é capaz de fornecer ou

drenar potência reativa) e pelo acréscimo de potência reativa necessária para manter o fluxo

de entreferro do GI com a variação da potência ativa da carga [32].

Seguindo basicamente o mesmo princípio, a compensação de reativos pode ser

realizada a partir de inversores PWM fonte de tensão (IFT) [33], [34], [35] ou fonte de

corrente (IFC) [36]. Fisicamente, a diferença se restringe à configuração das chaves e do

barramento CC do inversor, conforme pode ser comparado na Figura 1.14.

Em termos de aplicação, a utilização de IFC torna-se vantajosa para aplicações em

altas potências. Em contrapartida, a utilização de IFT tornou-se mais predominante, devido ao

pequeno volume dos capacitores e custo inferior se comparado com a estrutura IFC para as

faixas de pequenas e médias potências [37].

Dentro desta topologia, os diferentes estudos encontrados na literatura divergem

unicamente no método de controle proposto ao inversor PWM.

(a) (b)

Figura 1.14 – (a) Inversor PWM fonte de tensão e (b) inversor PWM fonte de corrente.

Fonte [22].

37

Em [38] é proposto o controle da tensão do sistema de geração a partir da inserção de

um conversor buck, um conversor boost bi-direcional e um banco de baterias nos terminais do

barramento CC do inversor PWM, de forma a controlar a tensão do barramento CC do

inversor e quando necessário, fornecer potência ativa à carga local com frequência e tensão

constantes.

Em [39] é proposto a regulação da tensão CA através do controle do índice de

modulação das chaves do inversor sem se preocupar com a manutenção da tensão no

barramento CC do inversor a um valor constante. Esta técnica elimina a necessidade de uma

chave semicondutora no barramento CC do inversor, reduzindo os custos do sistema e as

correntes em alta frequência sobre o capacitor o que eleva a vida útil deste.

Outra configuração é proposta em [6], [35], [40], [41], [42]. Nesta, a regulação da

tensão CA continua sendo através do controle do índice de modulação das chaves do inversor,

no entanto, a tensão sobre o barramento CC do inversor é regulada de forma a ser mantida um

valor constante de tensão em seus terminais, evitando flutuações de tensão que poderiam

ocasionar a diminuição da vida útil do capacitor.

Este último método, com regulação da tensão CA e tensão do barramento CC, têm se

mostrado o mais adequado ao controle de tensão a partir da compensação de potência reativa

com o uso de inversores PWM. Isto porque, com a adição de um resistor de descarga

comutado por uma chave semicondutora de potência (elemento chopper), estes associados em

paralelo ao barramento CC do inversor PWM, é possível realizar o controle sobre o balanço

de potência ativa, e consequentemente sobre a frequência do sistema, a partir do consumo do

excesso de potência, mantendo-se constante a velocidade de operação. Essa técnica é

discutida em [41] e [43], e apresenta como vantagem a rápida resposta do controle de

frequência sob condições de variação de carga. A desvantagem está na eficiência do sistema

como um todo e principalmente na alta potência a ser processada pelo inversor, exigindo

assim um inversor com potência equivalente à do gerador.

Em termos de controle de frequência outro método que segue o mesmo princípio do

elemento chopper, é o controle eletrônico de carga (CEC). Semelhante ao método anterior, o

CEC atua no balanço da potência ativa do sistema, ou seja, no equilíbrio entre a potência

gerada e a potência consumida, ao controlar a inserção de cargas conectadas diretamente aos

terminais do gerador. Inúmeros tipos de CEC para o controle de sistemas com GIAE tem sido

reportados na literatura [44], [45], [46], [47], [48], [49] podendo citar como os mais

conhecidos o chaveamento de cargas resistivas, o retificador controlado com resistor de

38

descarga, e o retificador não-controlado com resistor de descarga controlado por elemento

chopper [46]. Na Figura 1.15 são ilustrados os tipos de CEC citados.

(a) (b) (c)

Figura 1.15 – Tipos de CEC. (a) chaveamento de cargas resistivas; (b) retificador controlado

com resistor de descarga; (c) retificador não-controlado com resistor de descarga controlado

por elemento chopper.

Uma outra proposta para o controle integrado da tensão e frequência do sistema

considera a disponibilidade de rede monofásica que, conectada ao barramento CC do inversor,

absorve parte da energia gerada e não utilizada instantaneamente pelas cargas conectadas ao

sistema [50], [51], [52], [53]. Assim como os métodos anteriores, não há a preocupação com o

controle da velocidade do gerador, uma vez que o controle de frequência e tensão ocorre

unicamente pelo balanço das potências ativa e reativa do sistema que se dá, neste caso, pela

conexão com a rede monofásica.

A vantagem deste método está no fato de, assim como os demais, não requerer sistema

de regulação de velocidade da máquina primária, o que permite sua aplicação em sistemas

com característica de velocidade variável. No entanto, por requerer conexão com rede

monofásica, não pode ser classificado como um sistema de geração isolado. Outro ponto

negativo se refere á qualidade da energia injetada na rede monofásica, uma vez que é

composta por componentes de alta frequência e alto conteúdo harmônico.

39

Como visto, em se tratando de sistemas isolados de geração de energia, vários são os

métodos propostos na literatura para a regulação da amplitude e frequência das tensões de

saída de sistemas baseados em GI. No entanto, poucos são os trabalhos que levam em

consideração as características dinâmicas da máquina primária. Os métodos até então

apresentados são independentes do comportamento dinâmico imposto pelo sistema motriz ao

gerador de indução.

Existem, no entanto, alguns trabalhos que sugerem o controle de frequência através do

controle da velocidade da máquina primária, ou seja, sob variações de carga nos terminais do

gerador, é realizado o controle da máquina primária de forma a manter a velocidade da

máquina primária a um valor constante, independentemente da potência mecânica solicitada

pelo GI.

Em [40] é proposto o controle da frequência através unicamente do controle da

velocidade da máquina primária. O controle aplicado é um controlador proporcional-integral

(PI) clássico, sendo a medição de velocidade obtida a partir do ângulo de fase das tensões do

gerador. Neste trabalho, entretando é desconsiderado o comportamento dinâmico da máquina

primária uma vez que em seu lugar é aplicado um servomotor, tornando inviável sua

aplicação prática.

Em [48], é proposto um sistema de controle de frequência integrando duas ações de

controle distintas, a primeira atuando sobre a velocidade da máquina primária e a segunda um

CEC com retificador controlado, conforme Figura 1.16. O sistema considera o modelo de uma

MCH, e por consequência, leva em consideração sua dinâmica de operação no projeto dos

controladores e resultados. O controle de velocidade da máquina primária é realizado através

da abertura e fechamento de válvulas posicionadas no sistema de alimentação da turbina,

conferindo comportamento discreto ao sistema. O controle suave é realizado pelo CEC

conectado aos terminais do gerador.

Já em [54], [55] e [57] é considerada a modelagem de MCH’s e o controle de

frequência é realizado integralmente através do controle da velocidade da máquina primária.

Nestes trabalhos, entretando, são aplicados controladores dedicados à regulação da velocidade

da MP, conferindo características mais reais aos modelos considerados. São levadas em

consideração não apenas as características dinâmicas da turbina hidráulica e sistema

hidráulico, mas também a dinâmica dos atuadores.

40

Figura 1.16 - Sistema de controle de frequência a partir do controle liga/desliga do sistema de

distribuição. Fonte [48].

1.2 Objetivos do Trabalho

Nessa dissertação é apresentado um panorama do cenário energético mundial,

comparando sua atual condição com projeções futuras e destacando o importante papel da

geração distribuída e das micro-redes neste novo sistema que se projeta. Neste contexto é

abordada a importância de pequenos aproveitamentos hidrelétricos, propondo-se para tanto, a

utilização de tecnologias destinadas ao emprego e controle de GIAE.

A motivação deste trabalho surgiu de uma breve revisão bibliográfica e da

constantação da inexistência de trabalhos que abordem a modelagem do sistema hidráulico

associada à utilização de GIAE, em sistemas de geração isolados, de uma forma completa.

Dessa forma, o objetivo geral deste trabalho reside na modelagem e controle de uma

micro central hidrelétrica na qual é considerada a utilização de GIAE como elemento gerador.

A definição de um modelo matemático associado ao sistema (i.e., planta) permite entre outras

coisas a simulação através de software específico, com aproximação razoável ao do

comportamento dinâmico da planta real. Ao conhecer a dinâmica da planta, caracterizada pelo

seu modelo, é possível, a partir de um procedimento de projeto dos controladores, realizar o

controle das variáveis de interesse do sistema.

Como objetivos específicos para esta dissertação define-se:

41

(i) Revisão bibliográfica dos principais trabalhos publicados na literatura que tratam

da aplicação de GIAE em sistemas de geração, com destaque para micro-centrais

hidrelétricas;

(ii) Modelagem do sistema, contemplando modelagem mecânica da planta hidráulica

e turbina e modelagem elétrica de GIAE e sistema elétrico considerado;

(iii) Controle de frequência das tensões dos terminais do GIAE por meio de controle

de velocidade da máquina primária (turbina hidráulica), respeitando os limites

estabelecidos pela legislação;

(iv) Controle de amplitude das tensões nos terminais do GIAE por meio do balanço de

potência reativa do sistema, quando operando em modo isolado, respeitando os

limites estabelecidos pela legislação;

(v) Demonstrar o estudo, a análise e projeto realizados mediante resultados de

simulação e experimentais.

1.3 Organização da Dissertação

Esta dissertação é organizada da seguinte maneira:

O Capítulo 1 apresenta uma introdução geral sobre a condição mundial e nacional em

termos de geração de energia elétrica. São apresentados os problemas decorrentes da

dependência estabelecida aos combustíveis fósseis para o suprimento da demanda energética

mundial, contextualizando desta forma a busca por meios alternativos de geração de energia

elétrica, baseado em fontes renováveis de energia, geração distribuída e pequenos

aproveitamentos energéticos. Nesta categoria, são enquadradas as micro-centrais hidrelétricas

com geradores assíncronos. É apresentada então, uma breve revisão bibliográfica relativa a

aplicação de GIAE e o controle da frequência e amplitude das tensões geradas quando

aplicados a centrais hidrelétricas, sejam em sistemas isolados ou conectados a rede.

O Capítulo 2 apresenta a configuração proposta para o sistema de micro-geração

hidrelétrica com GIAE. Nesse capítulo é desenvolvida a modelagem do sistema completo,

sendo este dividido em três subsistema: sistema hidráulico, MIT e sistema composto por

capacitores de auto-excitação e inversor PWM. São apresentados e discutidos as

características de operação da MIT como GIAE e os detalhes pertinentes ao seu controle.

No Capítulo 3 são analisadas as características dinâmicas da topologia proposta. Nesse

capítulo são apresentadas as metodologias de projeto dos controladores de frequência e

42

tensão. São ainda apresentados a modelagem do sistema em estudo e os resultados de

simulação para um sistema de micro-geração hidrelétrica com potência em torno de 4 kVA.

O Capítulo 4 apresenta as principais características do protótipo implementado, o qual

sugere a emulação de uma micro-central hidrelétrica com GIAE, e emprega sistemas de

controle dedicados ao controle de amplitude e frequência das tensões geradas. Ainda, é

realizada uma breve descrição dos circuitos de medição, controle, potência e partida dos

mesmos. São também apresentados resultados experimentais obtidos a partir do protótipo

implementado com o intuito de validar o estudo e análises realizadas em ambiente de

simulação.

Para finalizar este trabalho, serão apresentadas as conclusões gerais relativas a

configuração do sistema, desempenho dos controladores propostos e viabilidade técnica com

base nos resultados obtidos, bem como sugestões de trabalhos futuros.

43

Capítulo 2

2 MODELAGEM DO SISTEMA

2.1 Introdução

Neste capítulo é apresentada a modelagem matemática do sistema completo

considerado. Para tanto, esta modelagem matemática foi subdividida em 3 subsistemas sendo

eles, sistema hidráulico, GI e sistema composto por GI, capacitores de excitação, indutores de

filtro e inversor PWM. Os subsistemas considerados na modelagem e seu esquema de ligação

simplificado é apresentado na Figura 2.1.

Figura 2.1 - Subsistemas considerados para a modelagem do sistema proposto.

O sistema hidráulico contempla as estruturas do reservatório e conduto forçado, bem

como a turbina hidráulica e atuadores de vazão d’água.

44

A Máquina de Indução Trifásica (MIT) é utilizada normalmente como motor. Neste

tipo de aplicação não se tem grandes variações de velocidade ou frequência e a máquina pode

ser representada de maneira satisfatória pelo seu modelo em regime permanente ou estático.

Entretanto, na aplicação da MIT como GI, operando como um componente de um sistema de

controle em malha fechada e sujeito a perturbações, torna-se fundamental o estudo do seu

comportamento dinâmico [56].

O sistema elétrico, considerado para modelagem, é composto basicamente por um

barramento trifásico no qual estão conectados o gerador de indução, o banco de capacitores e

o inversor de tensão, sendo este conectado por meio de um filtro indutivo. A função de cada

componente será posteriormente discutida.

A seguir serão descritos os métodos de modelagem aplicados a cada um dos 3

subsistemas supra citados.

2.2 Modelamento do Sistema Hidráulico

2.2.1 Modelo Linear da turbina hidráulica.

Os elementos básicos e essenciais que compõem uma planta hidrelétrica são

apresentados na Figura 2.2.

Figura 2.2 - Esquema básico de uma planta hidrelétrica.

45

A modelagem de sistemas compostos de turbinas hidráulicas e colunas d’água, por

hipóteses simplificadoras, é usualmente baseada nas seguintes considerações [57], [58] e [59]:

• A resistência hidráulica é insignificante;

• O conduto é inelástico e a água incompressível;

• A velocidade da água varia diretamente com a abertura do distribuidor e com a raiz

quadrada da altura da coluna d’água;

• A potência gerada pela turbina é diretamente proporcional à altura da coluna d’agua

e ao volume de vazão.

Com base nestas considerações, as características da turbina e represa são

determinadas por três equações básicas:

(2.1)

m PP K HU= (2.2)

gadUH

dt L= − ∆ (2.3)

onde:

U - velocidade da água no conduto forçado;

G - abertura ideal do distribuidor;

H - altura da coluna d’água, da superfície do reservatório até o distribuidor da

turbina (não confundir com a constante de inércia H);

mP - potência mecânica da turbina;

L - comprimento do conduto;

ga - aceleração da gravidade;

t - tempo em segundos;

,u pK K - constantes de proporcionalidade.

As equações (2.1), (2.2) e (2.3) representam, respectivamente, a velocidade da água, a

potência mecânica da turbina hidráulica e a aceleração da coluna d’água.

uU K G H=

46

A linearização destas equações, considerando pequenas variações em torno de um

determinado ponto de operação, resulta em três novas equações:

1

2U H G∆ = ∆ + ∆ (2.4)

mP H U∆ = ∆ + ∆ (2.5)

W

d UT H

dt

∆ = −∆ (2.6)

onde por definição:

0

0W

g

LUT

a H= (2.7)

Sendo WT definida como constante de inércia da água, ela representa o tempo que uma

coluna d’água 0H requer para acelerar a água no conduto do estado de repouso à velocidade

0U . O subscrito “0” define valores iniciais, o prefixo ∆ designa pequenas variações em torno

do ponto de operação, e a sobrebarra indica os valores normalizados baseados em valores

em regime permanente.

Através da associação das equações (2.4) e (2.6) e da substituição de d d t pelo

operador s, é possível expressar a relação existente entre a mudança na velocidade e a

mudança na abertura da comporta, por:

11

12 W

U GT s

∆ = ∆+

(2.8)

Da associação das equações (2.4) e (2.5) e substituição de U∆ na equação (2.8),

obtêm-se:

11

12

m W

W

T sP

G T s

−∆ =∆ +

(2.9)

47

Sendo esta equação definida como a função de transferência clássica da turbina

hidráulica a qual demonstra o comportamento da potência de saída da turbina a variações na

abertura da comporta, considerando condições ideais e sem perdas no sistema [59].

Este modelo linear representa o desempenho da turbina a pequenas variações sendo

desta forma, útil ao projeto de controle do sistema utilizando técnicas lineares de análise, tais

como resposta em frequência, lugar das raízes, entre outros. Devido a sua simplicidade, este

auxilia na compreensão das características básicas da turbina hidráulica.

A equação (2.9), definida como a função de transferência da turbina hidráulica, foi por

muitos anos largamente utilizada na modelagem de tais sistemas. No entanto, este modelo é

inadequado na representação de sistemas sujeitos a grandes variações de carga e frequência.

Para tais análises, foi desenvolvido um modelo não linear mais adequado para simulações no

domínio do tempo com grandes variações de sinais. Este modelo é descrito a seguir.

2.2.2 Modelo Não-Linear da turbina hidráulica.

Considerando novamente um sistema hidráulico simples, conforme apresentado na

Figura 2.2, e regido por equações básicas da hidrodinâmica conforme abaixo:

uU K G H= (2.10)

PP K HU= (2.11)

0( )gadUH H

dt L= − − (2.12)

Q A U= (2.13)

onde:

0H - Valor inicial da altura da coluna d’água H ;

P - Potência da turbina;

Q - Taxa de vazão da água;

A - Seção transversal do conduto.

48

Uma vez que o interesse está no desempenho do sistema a grandes distúrbios, deve-se

normalizar as equações com base nos valores nominais de operação, obtendo desta forma, as

seguintes equações:

1

2

r r r

U G H

U G H

=

(2.14)

r r r

P U H

P U H= (2.15)

0g r

r r r r

a HHd U H

dt U L U H H

= − −

(2.16)

sendo o subscrito r a notação utilizada para valores nominais de operação. Realizando a

substituição de pelo operador , as equações reescritas por unidade de base (pu) são

apresentadas da seguinte forma:

12( )U G H= (2.17)

P U H= (2.18)

0

1

W

U

T sH H

−=−

(2.19)

sendo agora o termo WT definido como o tempo de partida da água em condição nominal de

operação, sendo estabelecido através da equação:

r rW

g r g r

LU LQT

a H a AH= = (2.20)

A potência mecânica de saída mP é definida por:

m PP P P= − (2.21)

sendo PP definida como a perda de carga fixa da turbina dada por:

d dt s

49

P NLP U H= (2.22)

onde NLU representa a velocidade da água no conduto forçado em condição sem carga. Na

forma normalizada com base nos valores nominais de operação, obtém-se:

( )m NLP U U H= − (2.23)

A equação (2.23) estabelece o valor em pu da potência de saída da turbina tendo como

base a potência nominal da turbina. Estabelecendo uma base comum à potência nominal do

gerador, é obtida a seguinte equação:

( )m ruNLP U U HP= − (2.24)

sendo r uP a potência de referência (ou base) da turbina em pu, dada por:

( )

( )base r

ru

base base

kW turbina PP

kW gerador P= = (2.25)

Finalmente, obtêm-se a equação do torque mecânico da turbina:

( )0 1m m ruNLT P U U HP = = −

ωω ω

(2.26)

sendo 0ω o valor base da velocidade angular, ω a velocidade angular real da turbina e ω a

velocidade angular da turbina em pu.

Nas equações até então apresentadas, foi considerado o valor ideal de abertura do

distribuidor em pu, G . A sua relação com a abertura real do distribuidor em pu, g , é dada

por:

tG A g= (2.27)

50

sendo tA definido como o ganho da turbina e sendo obtido através da equação:

1t

FL NL

Ag g

=−

(2.28)

onde FLg e NLg representam, respectivamente, as aberturas em pu do distribuidor a plena

carga e sem carga.

Rearranjando as equações até então definidas, pode-se expressar o modelo do sistema

hidráulico em termos de duas equações distintas, relacionadas à coluna d’água e à turbina,

respectivamente:

( )2

0 01 1

W W t

dU UH H H

dt T T A g

= − − = − −

(2.29)

2

NLmec ru

t

U U UT P

A gω −=

(2.30)

A partir da equação (2.29), considerando condição de regime permanente e sem carga,

obtem-se:

( )1

20NL t NLU A g H= (2.31)

As equações (2.20), (2.26), (2.28) e (2.31) descrevem completamente as características

da coluna d’água e turbina, podendo ser representadas na forma de diagrama de blocos

conforme apresentado na Figura 2.3.

Figura 2.3 - Modelo não-linear do sistema hidráulico. Fonte [59].

51

2.2.3 Características especiais das turbinas hidráulicas

Analisando-se a função de transferência clássica da turbina hidráulica, dada por (2.9),

percebe-se a característica de um sistema de fase não-mínima, caracterizado pela existência de

zeros no semi-plano direito do plano s. Esta característica pode ser melhor representada pela

Figura 2.4, que ilustra a resposta da potência mecânica da turbina a uma variação em degrau

na posição do distribuidor.

Figura 2.4 - Resposta ao degrau do sistema conduto forçado/turbina hidráulica.

Na Figura 2.4 percebe-se que a variação inicial de potência é oposta ao sentido de

variação do distribuidor. Isto acontece porque, numa repentina abertura do distribuidor, o

fluxo de água não se altera imediatamente devido à inércia da água, no entanto, a pressão

sobre a entrada da turbina é reduzida instantaneamente, causando a redução da potência. Com

uma resposta determinada pela constante de inércia da água (WT ), a água apresenta uma

aceleração até o sistema atingir o novo valor de potência mecânica de saída.

2.2.4 Modelagem dos atuadores de vazão

O conjunto de atuadores representa uma parte importante no conjunto hidráulico,

sendo responsável pela abertura e fechamento do distribuidor da turbina. Associado a um

52

sistema de controle dedicado, é responsável pelo controle da potência ativa gerada pelo

sistema de geração, uma vez que controla a vazão de água na turbina e por consequência, a

potência mecânica fornecida em seu eixo.

Conforme descrito em [59], sistemas de controle mais antigos eram realizados usando

componentes puramente mecânicos e hidráulicos. Mais recentemente, com o avanço das

tecnologias de controle, estes sistemas de controle passaram a empregar componentes eletro-

hidráulicos. Apesar desta mudança, a forma de operação manteve-se similar, com a vantagem

de oferecer maior flexibilidade e ganho de desempenho com relação a zonas mortas e atrasos

de respostas. Assim, optou-se por adotar um esquema de atuadores semelhante ao apresentado

em [58] e [59], e posteriormente adotado em [57] a nível de simulação na representação de

um sistema real.

O sistema é constituído pelos seguintes elementos básicos: uma servo-válvula

hidráulica e um servo-motor. A servo-válvula, comandada por sinais elétricos provenientes do

controlador, controla o sentido e o fluxo de fluido hidráulico; o servo-motor, de acordo com

esse fluxo, comanda diretamente os movimentos do distribuidor da turbina [57].

O diagrama de blocos do conjunto de atuadores é mostrado na Figura 2.5, sendo os

parâmetros assim definidos:

aK : ganho dos atuadores;

1s

: função de transferência (integrador) relacionando as posições do servo-motor e

da servo-válvula;

1

1 GsT+: função de transferência relacionando a abertura do distribuidor, g, à posição

do servo-motor;

GT : constante de tempo do servo-motor;

g : sinal de saída correspondendo à abertura real do distribuidor (em pu);

u: sinal de controle;

Figura 2.5 - Diagrama de blocos dos atuadores da turbina hidráulica.

53

A seguir será descrito a modelagem do segundo subsistema referente a MIT,

considerando as características peculiares à sua operação como GIAE.

2.3 Máquina de Indução Trifásica

2.3.1 Modelo Dinâmico da Máquina de Indução Trifásica

Máquinas de indução trifásicas são máquinas de velocidade assíncrona, ou seja,

trabalham numa frequência ligeiramente diferente da frequência imposta. Operando como

motor, trabalha abaixo da velocidade síncrona imposta pela frequência da rede, enquanto que

operando como gerador, deve trabalha ligeiramente acima da frequência da tensão a ser

gerada.

A modelagem apresentada na sequência deste trabalho considera, sem perda de

generalidade, máquinas de indução simétricas trifásicas. Por máquina simétrica, define-se uma

máquina polifásica com as seguintes considerações [16], [17]:

• Os enrolamentos do estator são idênticos e dispostos uniformemente formando um

ângulo de 120º entre si;

• Rotores gaiola de esquilos, com enrolamentos distribuídos uniformemente, podem

ser da mesma forma, representados por um enrolamento trifásico equivalente [17];

• O circuito magnético é considerado ideal (linear), não havendo desta forma,

saturação nem perdas magnéticas;

• O entreferro é uniforme;

• A distribuição de densidade de fluxo magnético no entreferro é radial e senoidal.

A partir das considerações citadas, pode-se afirmar que:

a) As indutâncias próprias dos enrolamentos do estator e do rotor são constantes e

iguais entre si, sendo definidas como a soma das indutâncias de dispersão, lsL e lrL ,

e das indutâncias de magnetização, msL e mrL . Assim:

cscss asas bsbs s ls msL L L L L L= = = = +

(2.32)

c crr arar brbr r r lr mrL L L L L L= = = = +

(2.33)

54

b) As indutâncias mútuas entre os enrolamentos do estator são iguais entre si.

0,5ss asbs ascs bsas bscs csas csbs msM L L L L L L L= = = = = = =−

(2.34)

c) As indutâncias mútuas entre os enrolamentos do rotor são iguais entre si.

0,5rr arbr arcr brar brcr crar crbr mrM L L L L L L L= = = = = = =−

(2.35)

d) As indutâncias mútuas entre um enrolamento de uma fase do estator e outro de uma

fase do rotor são funções senoidais do ângulo rθ entre os mesmos e podem ser

escritos como:

cos( )asar sr rL L= θ

(2.36)

cos( 2 3)asbr sr rL L= +θ π (2.37)

cos( 2 3)ascr sr rL L= −θ π

(2.38)

cos( 2 3)bsar sr rL L= −θ π

(2.39)

cos( )bsbr sr rL L= θ

(2.40)

cos( 2 3)bscr sr rL L= +θ π

(2.41)

cos( 2 3)csar sr rL L= +θ π (2.42)

cos( 2 3)csbr sr rL L= −θ π

(2.43)

csc cos( )r sr rL L= θ

(2.44)

O ângulo rθ é o ângulo elétrico formado entre o eixo de um enrolamento do estator

tomado como referência e outro do rotor, também tomado como referência. srL é o valor

máximo da indutância mútua entre um enrolamento do estator e outro do rotor, o qual ocorre

quando seus eixos estão alinhados.

As equações clássicas de tensão do motor de indução trifásico que descrevem o

modelo dinâmico da máquina são melhor descritas em [16] e [17].

55

A análise dinâmica de uma máquina de indução, baseada em equações diferenciais, é

uma tarefa complexa devido ao comportamento senoidal apresentado pelas indutâncias

mútuas existentes entre os enrolamentos do estator e do rotor com relação ao deslocamento

angular do rotor. Ou seja, as indutâncias mútuas variam no tempo conforme o movimento do

rotor, caracterizando assim um comportamento não-linear das equações diferenciais das

tensões.

Para eliminar este comportamento temporal dos coeficientes das equações de estado

da máquina em relação à posição angular do rotor, usualmente são aplicadas técnicas de

transformação matemática, nas quais o modelo trifásico do motor, o qual é um modelo

acoplado, é transformado em um modelo bifásico, desacoplado em eixos semi-estacionário.

2.3.2 Transformação de Eixos de Referência

Em sistemas trifásicos equilibrados, a transformação trifásica-bifásica, ou teoria dos

dois eixos ou transformação dq0 é largamente empregada para estudos dinâmicos da MIT

[16], [17] e [18]. Nessa teoria, os parâmetros variáveis no tempo são eliminados e as variáveis

e parâmetros são expressos em um sistema de dois eixos ortogonais (ou mutuamente

desacoplados): direto (d) e quadratura (q).

A interpretação trigonométrica da mudança de variáveis de um sistema trifásico para

um sistema de dois eixos ortogonais é mostrada na Figura 2.6. Nela estão representados,

esquematicamente, os enrolamentos do estator e do rotor, bem como os eixos de seus

enrolamentos. A transformação é expressa em função do ângulo, θ, entre o eixo d e o eixo as.

O eixo d adianta-se do eixo q por π/2.

Ao longo dos anos, foram propostas diferentes técnicas de mudanças de variáveis,

concluindo-se, por final, serem todas derivadas do mesmo princípio de transformação. Nesta

transformação geral, as variáveis da máquina são referidas a um eixo de referência que gira a

uma velocidade angular arbitrária. Todas as transformações são obtidas a partir desta

transformação geral, simplesmente pela atribuição da conveniente velocidade de rotação do

eixo de referência.

Apesar das mudanças de variáveis terem sido originalmente desenvolvidas para a

análise de máquinas CA, no intuito de eliminar os termos variantes no tempo, estas técnicas

também passaram a ser empregadas na análise de vários sistemas estáticos de potência e

controle associados a drives. No controle digital aplicado ao estudo de estabilidade de grandes

56

sistemas de potência, por exemplo, a mudança de variáveis para eixos síncronos das variáveis

associadas a transformadores, linhas de transmissão, cargas, bancos de capacitores, e

compensador estáticos de reativos tornou-se uma prática comum.

Figura 2.6 - Interpretação trigonométrica da mudança de variáveis abc para dq de uma

máquina de indução trifásica. (s) variáveis do estator, (r) variáveis do rotor.

A transformação de variáveis trifásicas abc para o eixo de referência dq0 é expressa

pela seguinte equação:

0 _ 0dq abc dq abcf T f=

(2.45)

onde:

( )0 0

T

dq d qf f f f = (2.46)

( ) [ ]T

abc a b cf f f f=

(2.47)

sendo f uma variável representativa para as tensões de fase, fluxos concatenados ou

correntes da máquina; d, q e 0 os eixos direto, quadratura e de seqüência zero,

respectivamente; e os subscritos a, b e c as variáveis trifásicas da máquina [18].

57

A matriz de transformação _ 0abc dqT é então definida como

0

120 1202

120 1203

1 1 12 2 2

abc _ dq

cos cos( - ) cos( )

T sen sen( - ) sen( )

° + ° = ° + °

θ θ θθ θ θ

(2.48)

sendo sua matriz inversa dada por

( ) 1

0

12

120 120 13

120 120 1abc_dq

cos sen

T cos( ) sen( )

cos( ) sen( )

− = − ° − ° + ° + °

θ θθ θθ θ

(2.49)

e a relação entre a velocidade angular, ω , e o deslocamento angular, θ, dada por:

d

dt

θω =

(2.50)

A seqüência zero é nula para a condição trifásica equilibrada, sendo esta considerada

somente para obtenção de relações de transformação únicas. O modelo dinâmico dq de uma

máquina pode ser expresso em um eixo de referência estacionário ou girante. No eixo

estacionário, os eixos de referência d e q são fixados sobre o estator ( 0ω = ) e é conveniente

fazer 0θ = , tal que o eixo d coincida com o eixo as. Por outro lado, o eixo de referência

girante pode ser fixado sobre o rotor ( rω ω= ) ou mover-se na velocidade do campo girante

(síncrono) ( sω ω= ). A vantagem deste último está em que, com alimentação senoidal e em

regime permanente, as variáveis aparecem como quantidades CC, podendo ser representadas

por seus valores de pico.

2.3.3 Representação da Máquina de Indução Trifásica em um Eixo de Referência Arbitrário

As equações para um sistema de eixos de referência arbitrários são desenvolvidas

considerando uma velocidade angular ω. A partir das equações gerais obtidas, pode-se então

58

desenvolver as equações para qualquer referência, podendo esta ser o campo girante, o rotor

ou o estator.

Considerando os parâmetros da máquina referenciados aos enrolamentos do estator e a

indutância própria separada em componentes de dispersão e magnetização, as equações de

tensão podem ser expressas como [18], [19]:

ds s ds qs dsv R i pωλ λ= + +

(2.51)

qs s qs ds qsv R i pωλ λ= + + (2.52)

' ' ' ( ) ' 'dr r dr r qr drv R i pω ω λ λ= − − +

(2.53)

' ' ' ( ) ' 'qr r qr r dr qrv R i pω ω λ λ= − − +

(2.54)

sendo as equações dos fluxos concatenados definidas como

( ' )ds ls ds M ds drL i L i iλ = + +

(2.55)

( ' )qs ls qs M qs qrL i L i iλ = + +

(2.56)

' ' ' ( ' )dr lr dr M ds drL i L i iλ = + +

(2.57)

' ' ' ( ' )qr lr qr M qs qrL i L i iλ = + +

(2.58)

Os apóstrofes denotam quantidades do rotor referidas para o lado do estator. Tem-se

que p é o operador d d t , ω é a velocidade arbitrária em que gira (na direção da rotação do

rotor) o sistema de eixos de referência, rω é a velocidade angular elétrica equivalente do

rotor. Os parâmetros sR e 'rR são a resistências do estator e do rotor referida ao estator. As

quantidades sL , ML e 'rL são as indutâncias por fase do estator, de magnetização e do rotor

referida ao estator, respectivamente.

As equações (2.55) – (2.58) sugerem o circuito equivalente mostrado na Figura 2.7.

59

Figura 2.7 - Representação por circuito equivalente do modelo de uma máquina de indução

em um eixo de referência arbitrário.

O torque eletromagnético desenvolvido pela máquina em variáveis dq, segundo [19], é

dado por:

( )3

2 2e ds qs qs ds

PT i i = −

λ λ

(2.59)

Enquanto que, o comportamento dinâmico do sistema eletromecânico é determinado

por:

2 2( )m L r r

JT T B p

P P= + +ω ω

(2.60)

sendo P o número de pólos da máquina, J a constante de inércia do rotor em 2.kgm; B , a

constante de atrito rotacional em 2.kgm s e LT o conjugado de carga em .N m. O modelo da

máquina de indução representado em (2.51) a (2.60) corresponde ao modo de operação como

motor. Para funcionamento como gerador é suficiente considerar o torque da carga LT em

(2.60) como negativo.

60

Caso não disponíveis, os parâmetros da máquina podem ser determinados a partir de

seu modelo em regime permanente, o qual é facilmente obtido mediante ensaios a vazio e de

curto-circuito [16], [18], [23].

2.3.4 Modelo da Máquina de Indução em Regime Permanente

A MIT é composta por três pares idênticos de enrolamento primário e secundário,

sendo cada par relativo a uma fase. Considerando uma perfeita simetria entre os

enrolamentos, é possível considerar um único par de enrolamentos na análise do

comportamento do motor em regime permanente.

O circuito equivalente da MIT com rotor gaiola de esquilos, sendo assim, com todos

os parâmetros refletidos ao lado do estator, é apresentado na Figura 2.8.

Figura 2.8 - Circuito equivalente por fase de um motor de indução em regime permanente.

O circuito é constituído pelas resistências e reatâncias de dispersão dos enrolamentos

do estator, sR e sX , e do rotor, 'rR e 'rX , respectivamente. MX é a reatância de

magnetização do entreferro e MR representa a resistência para as perdas no núcleo e perdas

por atrito. A tensão terminal por fase no estator é representada por sV enquanto MV representa

a tensão de entreferro por fase. O escorregamento s do motor é definido pela relação entre a

velocidade elétrica do estator (sω ), ou frequência síncrona da rede, e a velocidade angular

rotórica ( rω ) expressa por:

61

s r

s

sω ω

ω−=

(2.61)

A seguir é mostrado o balanço de energia do motor de indução trifásico, importante

para a compreensão da sua dinâmica de operação como GIAE.

2.3.5 Balanço de Energia do Motor de Indução

O balanço dos vários componentes da potência é usado para analisar a conversão de

energia elétrica em energia mecânica do motor. A Figura 2.9 mostra graficamente o fluxo de

potência de um motor de indução trifásico [23].

Figura 2.9 - Fluxo de potência do motor de indução trifásico. Fonte [23].

Conectando os terminais do motor de indução trifásico a uma rede trifásica, será

drenada pelo motor uma potência aparente expressa por:

62

3 linha linhaS V I= (2.62)

A potência aparente é composta por uma pequena parcela de potência reativa (Q),

responsável pelo estabelecimento do campo magnético, e por uma grande parcela de potência

ativa (P), sendo está convertida em potência mecânica.

3 linha linhaQ V I sen= φ (2.63)

3 linha linhaP V I cos= φ (2.64)

A potência mecânica útil no eixo do motor, por sua vez, é uma função do torque de

saída e a velocidade do motor, dada por:

_ _ _

22

60r

m u m u m u r

nP T T

P= =π ω

(2.65)

onde:

_m uT - torque mecânico útil em Nm;

rn - velocidade do rotor em rpm;

rω - velocidade angular do rotor em rad/s;

P - número de pólos do motor.

Assim, para o caso de um motor elétrico, a eficiência da máquina é dada pela razão

entre a potência mecânica de saída (útil) e a potência elétrica de entrada

_m uP

P=η

(2.66)

e a diferença entre a potência elétrica de entrada e a potência mecânica útil na ponta do eixo

do motor constitue as perdas da máquina:

_perdas m uP P= −∑

(2.67)

63

As perdas da máquina podem ser distinguidas em 4 diferentes tipos, sendo elas, perdas

mecânicas, perdas no ferro, perdas no cobre e perdas por correntes parasitas.

As perdas mecânicas (f wP+ ) incluem as perdas por rotação devido ao atrito dos

rolamentos e à ação de arraste do ventilador. As perdas no ferro (FeP ) são devido a histerese e

as correntes parasitas inerentes as varições normais de densidade de fluxo no estator. As

perdas no ferro do estator são geralmente desconsideradas por serem pequenas. As perdas por

correntes parasitas ocorrem nos enrolamentos do rotor, sendo da ordem de menos de 0,5% da

potência nominal da máquina e por este motivo, usualmente desprezadas. Por fim, as perdas

no cobre ocorrem devido ao efeito Joule, ocasionado pela resistência do enrolamento do

estator e rotor, sendo definidas por:

2, 3Cu r r rP R I=

(2.68)

2, 3Cu s s sP R I=

(2.69)

A potência transferida do estator para o rotor é chamada de potência de entreferro ou

potência eletromagnética (eP ) sendo definida por:

,e Cu s FeP P P P= − −

(2.70)

Uma vez que potência pode também ser expressa por uma relação entre o torque e a

velocidade angular, pode-se definir o torque eletromagnético gerado no estator e agindo sobre

o rotor, dada pela equação:

260e e s e

nsP T T= =ω π

(2.71)

O torque eletromagnético é o mesmo no estator e no rotor, sendo diferente apenas as

velocidades angulares do rotor e estator devido ao escorregamento, conforme definido pela

equação (2.61). Assim,

(1 ) (1 )m e r e s eP T T s P s= = − = −ω ω

(2.72)

64

A diferença entre a potência eletromagnética e a potência mecânica corresponde às

perdas no cobre do rotor.

2_ 3Cu r e m e r rP P P sP R I′ ′= − = =

(2.73)

Para obter a potência mecânica útil, devem ser consideradas as perdas mecânicas.

_mec u m f wP P P+= −

(2.74)

O torque mecânico útil é então obtido:

_ __ 2 60

m u m um u

r r

P PT

n= =

ω π (2.75)

2.3.6 O Gerador de Indução

A relação torque elétrico/velocidade e torque elétrico/escorregamento, curva

característica de máquinas de indução trifásica é mostrada na Figura 2.10. As máquinas de

indução apresentam tipicamente este comportamento, uma vez que seus parâmetros de projeto

são escolhidos de forma a obter o máximo torque próximo à velocidade síncrona de operação

e com valor igual a duas ou três vezes o valor do torque nominal da máquina [17].

A curva é apresentada em termos da relação r sω ω , sendo rω a velocidade rotória

(ou mecânica) e sω a velocidade estatórica (ou síncrona), e do escorregamento s, todas em

pu. Observa-se que quando a velocidade mecânica é igual à velocidade síncrona da máquina

(100% de sω ), o conjugado mecânico desenvolvido pela máquina é nulo.

65

Figura 2.10 - Curva característica em regime permanente da máquina de indução trifásica.

Relação torque elétrico/velocidade e torque elétrico/escorregamento. Fonte [17].

Observam-se, portanto, três regiões distintas de operação em regime permanente:

• Operação como motor (0 1s< < ): O sentido de rotação do rotor (rω ) é o mesmo do

campo girante (sω ). O torque elétrico (eT ) é positivo (concorda com o sentido da

velocidade síncrona (sω ). A máquina recebe potência elétrica.

• Operação como gerador ( 0s < ): O rotor e o campo girante movem-se no mesmo

sentido, mas a velocidade do rotor (rω ) é maior do que a velocidade síncrona,

ocasionando um escorregamento negativo. O torque elétrico ( eT ) é negativo

(contrário ao sentido da velocidade síncrona sω ). A máquina recebe potência

mecânica e entrega potência elétrica para o sistema ao qual o estator está conectado.

• Operação como freio ( 1s> ): O campo girante gira em sentido oposto ao rotor,

levando a um escorregamento maior do que 1. Isto pode ocorrer quando se faz a

inversão na conexão de 2 fases do estator, provocando a súbita mudança no sentido

de rotação do campo. O conjugado desenvolvido (eT ) é positivo. A máquina recebe

potência elétrica e desenvolve conjugado no sentido contrário ao de rotação,

atuando como freio.

66

Conclui-se então que, se uma máquina de indução for acionada por uma máquina

primária a uma velocidade maior que a frequência síncrona ( sω ), o escorregamento será

negativo e a máquina atuará como gerador. Nesta condição a máquina de indução transforma

a potência mecânica provida à seu eixo pela máquina primária, (turbina hidráulica, turbina

eólica, motor a combustão, etc) em potência elétrica nos terminais do estator.

2.3.7 Operação Isolada do Gerador de Indução

Como um gerador de indução (GI) não possui circuito de campo, ele não pode

produzir a potência reativa necessária à sua magnetização necessitando dessa forma, de uma

fonte externa de potência reativa conectada aos seus terminais para manter seu campo

magnético. Assim, é possível que uma máquina de indução funcione como um gerador

isolado, independentemente de qualquer sistema de potência, desde que sejam usados, por

exemplo, capacitores para fornecer a potência reativa requerida pelo gerador e pelas cargas,

conforme ilustrado na Figura 2.11 [60].

Com a velocidade da máquina fixa, a amplitude da tensão terminal depende do valor

da capacitância e da carga conectada em seus terminais. Entretanto, se a capacitância é

mantida fixa, a tensão decresce com o aumento da carga. Por outro lado, a frequência síncrona

(de saída) varia não somente com a velocidade da máquina, mas também com a carga e a

própria capacitância de excitação [61], [62], [63] e [64].

Figura 2.11 - Gerador de indução no modo de operação isolado.

67

A característica indutiva da máquina assíncrona é representada no seu modelo em

regime permanente pela reatância de magnetização (MX ). Os efeitos da saturação do circuito

magnético da máquina produzem uma relação não linear entre a corrente de magnetização

( mI ) e a tensão de entreferro (eV ).

A curva de magnetização de uma máquina de indução relaciona a tensão terminal da

máquina com a sua corrente de magnetização, sendo esta obtida acionando-se o motor sem

carga por meio de uma fonte de tensão variável, registrando-se diferentes valores de tensão

terminal e os respectivos valores de corrente de estator, obtendo-se assim curva semelhante à

apresentada na Figura 2.12.

Figura 2.12 – Curva de magnetização característica da máquina de indução.

Considerando um GI isolado da rede operando em vazio, a tensão em seus terminais

será determinada pela potência reativa suprida pelo banco de capacitores conectado em

paralelo aos terminais do GI. Esta deve compensar a potência reativa magnetizante do GI,

determinada pela reatância magnetizante na tensão de operação, a qual pode ser obtida a partir

da curva de magnetização e da relação:

1M mX V I=

(2.76)

68

onde 1V é a tensão de operação. Logo:

CA MX X=

(2.77)

1

2CACA

CfX

(2.78)

Graficamente, esta igualdade entre a reatância magnetizante do GI e a reatância

capacitiva de um determinado banco de capacitores com capacitância CAC , pode ser

identificada como o ponto de interseptação entre suas curvas de operação, para determinada

tensão (127 V) e frequência (60 Hz), conforme Figura 2.13.

Figura 2.13 - Ponto de operação para auto-excitação do GI.

A seguir será apresentada a modelagem dos capacitores de excitação e inversor PWM

considerados para o controle do GIAE.

69

2.4 Modelo Dinâmico dos Capacitores de Excitação e Inversor PWM

O modelo dinâmico do sistema composto por gerador de indução, capacitores de

excitação e inversor PWM é obtido com base no diagrama esquemático do circuito

apresentado na Figura 2.1. O sistema proposto é constituído do gerador de indução, banco de

capacitores de excitação, inversor PWM trifásico e filtro de entrada Lf (e resistência interna

Rf). Desta forma, as equações de estados da planta, desprezando as não linearidades do

conversor e a dinâmica do capacitor do barramento CC, podem ser obtidas a partir do circuito

equivalente representado na Figura 2.14.

Figura 2.14 - Circuito equivalente utilizado para obter as equações da planta.

Percebe-se que o gerador de indução foi substituído por fontes ideais de tensão

alternada. Trata-se de uma simplificação adotada na modelagem do sistema considerando

operação em regime permanente e tensões equilibradas produzidas pelo gerador.

Aplicando as leis de Kirchhoff das tensões nas malhas I e II, III e IV da Figura 2.14,

obtém-se as seguintes equações:

0ab Cabv v− = , (2.79)

70

0bc Cbcv v− = , (2.80)

12_ 0pwm Ra La Cab Lb Rbu v v v v v− − − + + + = (2.81)

23_ 0pwm Rb Lb Cbc Lc Rcu v v v v v− − − + + + = (2.82)

Pelas leis de Kirchhoff das correntes no nó 1 tem-se:

0a b ci i i+ + = (2.83)

Portanto, pode-se afirmar que:

0a b cdi di di

dt dt dt+ + = , (2.84)

Assumindo que as resistências Rf e indutâncias Lf do filtro são idênticas, e sendo a

queda de tensão sobre estas definidas por:

Rx f xv R i= , (2.85)

xLx f

div L

dt= (2.86)

onde x representa o sistema de coordenadas a, b e c.

A queda de tensão nas resistências do filtro, a partir da multiplicação de Rf em cada

termo da equação (2.83), tem-se:

0Ra Rb Rcv v v+ + = . (2.87)

Da mesma forma, a queda de tensão nas indutâncias do filtro, multiplicando Lf em

cada termo da equação (2.84), obtém-se:

0La Lb Lcv v v+ + = . (2.88)

71

Reescrevendo as equações (2.81), (2.82), (2.87) e (2.88), na forma matricial, e

isolando os termos referentes a queda de tensão nas resistências e indutâncias do filtro tem-se:

12_

23_

1 1 0

0 1 1

1 1 1 0

Ra La ab pwm

Rb Lb bc pwm

Rc Lc

v v v u

v v v u

v v

− + − − + = − +

. (2.89)

Pré-multiplicado os dois lados da equação (2.89), pela seguinte matriz,

11 1 0

0 1 1

1 1 1

−− −

, (2.90)

obtém-se a seguinte equação na forma matricial:

12_

23_

2 1 11

1 1 13

1 2 1 0

Ra La ab pwm

Rb Lb bc pwm

Rc Lc

v v v u

v v v u

v v

+ − + = − − + − −

. (2.91)

Isolando-se os termos do lado direito da equação (2.91), tem-se:

12_

23_

2 1 2 11 1

1 1 1 13 3

1 2 1 2

Ra Lapwmab

Rb Lbpwmbc

Rc Lc

v vuv

v vuv

v v

+ − − + = − + −

+ − −

. (2.92)

Transformando as grandezas de linha para fase nos termos do lado direito da equação

(2.92), através da matriz de transformação de linha para fase dada na equação abaixo:

1 1 0

0 1 1linha fase

− = −

T , (2.93)

tem-se:

72

1_

2_

3_

2 1 1 2 1 11 1

1 2 1 1 2 13 3

1 1 2 1 1 2

Ra La a pwm

Rb Lb b pwm

Rc Lc c pwm

v v v u

v v v u

v v v u

+ − − − + = − − + − + − − −

(2.94)

Isolando os termos vLx da equação (2.94) e obtendo as correntes ia, ib e ic e suas

derivadas a partir da equação (2.86), obtém-se:

1_

2_

3_

1 0 0 2 1 1 2 1 11 1

0 1 0 1 2 1 1 2 13 3

0 0 1 1 1 2 1 1 2

a

a a pwmfb

b b pwmf f f

c c pwmc

di

dt i v uRdi

i v udt L L L

i v udi

dt

− − − − = − + − − + − − − − −

(2.95)

Pelas leis de Kirchhoff das correntes nos nós 2, 3 e 4 tem-se:

Ca Ga ai i i= + (2.96)

Cb Gb bi i i= + (2.97)

Ca Ga ai i i= + (2.98)

onde:

Ca CaCa

C

dv vi C

dt R= + (2.99)

Cb CbCb

C

dv vi C

dt R= + (2.100)

Cc CcCc

C

dv vi C

dt R= + (2.101)

Substituindo as equações (2.99), (2.100) e (2.101) em (2.96), (2.97) e (2.98),

respectivamente, e isolando os termos em derivada, obtém-se:

73

1 0 0 1 0 0 1 0 01 1 1

0 1 0 0 1 0 0 1 0

0 0 1 0 0 1 0 0 1

Ca

a Ca Ga

Cbb Cb Gb

Cc Cc Gc

Cc

dv

dt i v idv

i v idt C CR C

i v idv

dt

− = + − + −

(2.102)

A partir das equações (2.79) e (2.80) pode-se concluir:

Ca av v= (2.103)

Cb bv v= (2.104)

Cc cv v= (2.105)

Então, a representação por espaço de estados em coordenadas estacionárias abc é dada

por:

x( ) ( ) ( ) ( )abc abc abct t t t= + +A x B u F wɺ , (2.106)

onde:

1

2

3

; ; ;

a

bpwm Ga

cpwm Gb

apwm Gc

b

c

i

iu i

iu i

vu i

v

v

= = =

x u w

(2.107)

74

2 1 10 0

3 3 3

1 2 10 0

3 3 3

1 1 20 0

3 3 3

1 10 0 0 0

1 10 0 0 0

1 10 0 0 0

f

f f f f

f

f f f f

f

f f f fabc

C

C

C

R

L L L L

R

L L L L

R

L L L L

C CR

C CR

C CR

− −− − − −

− − − = − − −

A

(2.108)

2 1 1

1 2 1

1 1 210 0 03

0 0 0

0 0 0

abcfL

− − −

=

B (2.109)

0 0 0

0 0 0

0 0 011 0 0

0 1 0

0 0 1

abc C

=

F (2.110)

A partir das equações de espaço de estados em coordenadas estacionárias abc, fazendo

uso de matrizes de transformações apropriadas, é possível decompor o sistema original em um

sistema normalizado, composto de apenas dois eixos, direto e quadratura, e eliminar os termos

variantes no tempo. Esta técnica é propriamente descrita no Anexo A deste trabalho, obtendo-

se ao final as seguintes matrizes:

( ) ( ) ( ) ( )dq dq dq dq dq dq dqt t t t= + +x A x B u F wɺ . (2.111)

75

_

_

; ; ;

d

q d pwm Gd

dq dq dqd q pwm Gq

q

i

i u i

v u i

v

= = =

x u w

(2.112)

ω 0

ω 0

10 ω

10 ω

f base

f f base

f base

f f basedq

base

base C

base

base C

R v

L L i

R v

L L i

i

Cv CR

i

Cv CR

− − − = − − −

A (2.113)

1 0

0 1

0 0

0 0

basedq

base f

v

i L

− − =

B (2.114)

0 0

0 0

1 0

0 1

basedq

base

i

Cv

=

F (2.115)

Estas equações encerram a etapa de modelagem do sistema, a partir do que torna-se

possível o projeto dos controladores a serem empregados na regulação das grandezas de

freqüência e tensão. Os detalhes e características de projeto dos controladores são o assunto

do capítulo 3 desta dissertação.

76

Capítulo 3

3 PROJETO DOS CONTROLADORES DO SISTEMA E

RESULTADOS DE SIMULAÇÃO

3.1 Introdução

Este capítulo tem por objetivo a descrição do projeto dos controladores escolhidos e

responsáveis pelo controle das váriáveis de interesse do sistema. Para o projeto de

controladores, na maioria das vezes torna-se imprescindível o conhecimento da planta a ser

controlada. No capítulo anterior foi apresentada a modelagem dos três subssistemas

considerados para o sistema proposto: sistema hidráulico, gerador de indução e sistema

elétrico. Estes modelos servirão de base para o projeto e ajuste dos controladores.

A modelagem em partes do sistema foi adotada para efeito de simplificação

matemática e melhor representação da planta, não afetando em nada o projeto dos

controladores. No entanto, para melhor entendimento do sistema proposto, cabe a

representação do sistema completo e a descrição dos componentes de uma forma mais

detalhada.

A Figura 3.1 apresenta o diagrama esquemático do sistema proposto para a micro

central hidrelétrica. Neste diagrama, além dos subsistemas previamente discutidos, percebe-se

a presença de um sistema de controle dedicado ao processamento e controle do sistema,

constituído de diferentes blocos com funções definidas.

Para efeito de análise das características e comportamento do sistema à diferentes

condições de operação e, principalmente auxílio no projeto dos controladores, o sistema

proposto foi implementado em um ambiente próprio de simulação do software Matlab®

chamado Simulink. Neste ambiente, a planta completa do sistema, incluindo sistema

hidráulico, elétrico e de controle, é representada através de diagramas de blocos, cujos blocos

são definidos a partir das equações matemáticas que modelam a planta, conforme descritas no

capítulo 2 desta dissertação.

77

Figura 3.1 - Diagrama esquemático do sistema proposto para o controle da microcentral

hidrelétrica.

A escolha do Matlab/Simulink® como ferramenta de simulação se deve à fatores tais

como:

• facilidade em simulação de máquinas elétricas e conversores através de blocos pré-

definidos, requerendo apenas a configuração de parâmetros simples;

• ampla biblioteca de componentes;

• facilidade de efetuar simulações não-lineares;

• possibilidade de comunicação direta com DSP (Digital Signal Processor);

Assim, através do uso do software Matlab/Simulink tornou-se possível a representação

completa do sistema proposto na Figura 3.1 em um único ambiente, auxiliando em muito a

compreensão do comportamento do sistema completo e projeto dos controladores antes

mesmo de sua implementação experimental.

A Tabela 3.1 apresenta os parâmetros considerados para o modelo da planta hidráulica

descrita na Figura 2.3.

78

Tabela 3.1 - Parâmetros de interesse da planta hidráulica.

Parâmetro Valor

tA 1,041667

0H 1 (pu)

NLU 0,020833 (pu)

WT 0,655308 (pu)

ruP 1,1 (pu)

Estes parâmetros foram obtidos considerando um sistema hidráulico composto de

turbina hidráulica, estrutura de reservatório e conduto forçado, conforme [57], com

especificações conforme listadas abaixo:

• turbina hidráulica com uma potência nominal de saída ( mP ) de 5 kW;

• comprimento do conduto forçado (L ): 30 m (metros);

• diâmetro do conduto forçado (D ): 0,29 m;

• velocidade média da água (0U ): 1,5 (m/s);

• altura de queda, ou da coluna d'água, nominal (rH ): 7 m (já considerando a perda

de carga);

• abertura real do distribuidor da turbina a plena carga ( FLg ): 0,98 (pu);

• abertura real do distribuidor da turbina sem carga ( NLg ): 0,02 (pu);

Os dados da placa da MIT considerada tanto para simulação, quanto posteriormente

para desenvolvimento experimental são apresentados abaixo:

• Fabricante: VOGES Motores;

• Tipo de Rotor: Gaiola de Esquilos;

• Tipo: Alto Rendimento;

• Potência: 5 CV (3,68 kW) ;

• Tensão: 220/380 V;

• Número de Pólos: 4 pólos;

• Rotação nominal: 1720 rpm;

• Rendimento: 87,5%;

79

• Fator de Potência (FP): 0,81;

Com base nos dados de placa e, a partir de ensaios clássicos, conforme descrito em

[65], foram determinados os parâmetros do circuito equivalente do gerador de indução, sendo

estes apresentados na Tabela 3.2.

Tabela 3.2 - Parâmetros do circuito equivalente do motor de indução trifásico.

Parâmetro Valor

1R 0,66 Ω

1X 0,929 Ω

2R 0,25 Ω

2X 0,929 Ω

MX 24,2 Ω

Para efeito de simplificação, as grandezas do sistema serão normalizadas a uma base

comum de forma a se trabalhar com todas as grandezas em pu. Para tanto, são considerados

valores bases para as grandezas de corrente e tensão, a partir das quais podem ser derivadas as

demais. A Tabela 3.3 apresenta os valores base considerados.

Tabela 3.3 - Valores base para a normalização das grandezas do sistema.

Parâmetro Valor

baseV 450 V

basei 20 A

baseZ 22,5 Ω

baseP 9000 W

basef 60 Hz

baseω 376,99 rad/s

80

Em se tratando dos controladores, o controle de frequência e de amplitude das tensões

geradas estão diretamente relacionados ao controle da potência ativa e reativa do sistema,

respectivamente. Sabendo-se que os fluxos de potência ativa e potência reativa em uma rede

de transmissão podem ser considerados independentes um do outro, pode-se empregar ações

de controle distintas para cada um deles, atuando assim de forma independente em cada um

das variáveis de interesse, frequência e amplitude de tensão. Desta forma, ao longo deste

capítulo, serão detalhados os projetos dos controladores individualmente, apresentando as

plantas analisadas, suas características, controladores empregados e parâmetros considerados.

3.2 Auto-excitação do Gerador de Indução

O processo de auto-excitação do gerador de indução operando de forma isolada já foi

devidamente introduzido no item 2.3.7 desta dissertação. Logo, esta seção tem por objetivo

apresentar os resultados de simulação do processo de auto-excitação, estes obtidos a partir do

projeto dos capacitores de excitação.

Para obter um tensão de linha de 220 V, o que corresponde a uma tensão de fase de

127 V, e considerando a curva de magnetização apresentada na Figura 2.13 para o motor de

indução aplicado como GI, a corrente de magnetização a ser considerada deve ser igual à

5,6 A. Sendo o gerador acionado à uma velocidade de 1800 rpm, a frequência da tensão

gerada à vazio (escorregamento praticamente nulo) é de 60 Hz. Logo, a partir das equações

(2.76) a (2.78), obtem-se o valor de capacitância igual à 117 Fµ . Como o banco de

capacitores é conectado em ∆ , o valor das capacitâncias é dividido por três, obtendo-se então

o valor de 39 Fµ . Por não se tratar de um valor comercial de capacitância, adota-se o valor

comercial de 40 Fµ para cada um dos capacitores de excitação.

A Figura 3.2 apresenta a forma de onda das tensões de linha abv e bcv geradas pela

máquina de indução, enquanto que na Figura 3.3 são mostradas as mesmas formas de onda em

um menor período de tempo, já em regime permanente.

Convém ressaltar que foram incluídos valores iniciais de 0,1 A para as correntes no

estator de forma a simular os efeitos do magnetismo residual do gerador de indução.

Acionando o gerador à uma velocidade de 1800 rpm e utilizando um banco de capacitores de

40 Fµ conectado em ∆ , o valor eficaz da tensão de linha na saída do gerador operando sem

carga foi de 223 V em regime permanente.

81

Figura 3.2 - Processo de auto-excitação do gerador de indução: tensão de saída.

Figura 3.3 - Processo de auto-excitação do gerador de indução: Zoom da tensão de saída.

82

3.3 Controle de Frequência

A operação satisfatória de um sistema de potência requer a manutenção praticamente

constante da frequência das tensões geradas. Esta é diretamente dependente da velocidade de

operação do gerador, síncrono ou neste caso assíncrono, a qual deve ser mantida o mais

constante possível mesmo quando sob variações abruptas de carga.

Conclui-se então, que a frequência esta diretamente relacionada ao balanço de

potência ativa do sistema, ou seja, mudanças na demanda de potência ativa, tais como

conexão e desconexão de cargas em um ponto do barramento, refletem em mudanças na

frequência do sistema como um todo.

Assim, a função básica de um controle de frequência está associada ao controle de

balanço da potência ativa, podendo este ser realizado pelo consumo da potência excedente,

através do controle de carga, ou pelo controle da potência gerada.

Conforme apresentado na revisão bibliográfica desta dissertação, item 1.1 , inúmeros

trabalhos foram dedicados ao controle de frequência através do controle de cargas aplicadas

ao sistema. Tais soluções tem como vantagem o baixo custo do sistema a ser implementado.

Entretanto, tais aplicações restringem-se a condições suficientes de armazenamento de água

em reservatórios [47], sem levar em conta a sazonalidade de condições climáticas adequadas,

já que não controlam a vazão da água.

Neste trabalho, entretanto, é proposto o controle de frequência pelo controle de

velocidade da máquina primária, considerada neste caso uma turbina hidráulica. A atuação é

realizada no distribuidor do sistema de geração, por meio de uma servo-válvula e um servo-

motor, que por sua vez atua no controle da vazão da água sobre a turbina. Como vantagem

este sistema pode ser aplicado em sistemas de microgeração onde seja possível controlar a

vazão da água e evitar que em períodos de escassez de água este sistema deixe de operar.

A função primária de um controle de velocidade envolve a realimentação da medida

de frequência, ou variável relacionada, tal como velocidade angular, para o controle da

abertura do distribuidor. A concepção básica de um controlador de velocidade pode ser

melhor ilustrada considerando um sistema isolado de geração alimentando uma carga local,

conforme ilustrado na Figura 3.4.

83

Figura 3.4 - Sistema isolado de geração alimentando carga local. Fonte [59].

Onde:

mT - torque mecânico;

eT - torque elétrico;

mP - potência mecânica;

eP - potência elétrica;

LP - potência elétrica da carga.

Uma eventual mudança de carga é refletida instantaneamente em uma mudança no

torque elétrico eT do gerador. Isto causa uma diferença entre o torque mecânico mT

proveniente da turbina e o torque elétrico eT , o que resulta em variação de velocidade,

conforme determinado pela função de transferência apresentada na Figura 3.5.

Figura 3.5 - Função de transferência relacionando velocidade e torques. Fonte [59].

Onde:

s - Operador de Laplace;

aT - Torque de aceleração (pu);

84

H - Constante de inércia (kg.m²);

r∆ω - Variação da velocidade rotórica (pu).

No item 2.2.3 desta dissertação foi comentado que a turbina hidráulica é um sistema

de fase não-mínima. Esta característica influi diretamente no projeto de um regulador de

velocidade, uma vez que representa uma característica dinâmica da planta a qual deve ser

considerada. Assim, para um desempenho estável do controlador, a função de transferência do

regulador de velocidade deverá possuir uma constante de tempo que retarde seu sinal de saída

(sinal de controle), e conseqüentemente, a atuação do distribuidor, até que a resposta inversa

da potência já tenha se extinguido.

Em [59] é proposta uma função de transferência (FT) para o regulador de velocidade

com o seguinte formato:

1R

TR

sTR

sT+ (3.1)

sendo,

TR - ganho transitório;

RT - tempo de reset;

A disposição do regulador de velocidade em relação aos atuadores é apresentada em

[57] conforme o diagrama em blocos da Figura 3.6. Onde refω e ω são, respectivamente, a

velocidade angular de referência do gerador em pu (portanto igual a 1) e sua velocidade

angular real, também em pu.

Este diagrama em blocos pode ser simplificado, alocando-se o controlador não mais na

malha de realimentação, e sim na malha direta, conforme Figura 3.7.

Ainda em [57], é mostrado que esta função de transferência do controlador em malha

direta tem as características de um controlador proporcional-derivativo (PD), podendo então

ser substituída pela seguinte FT:

1d

p

k sk

Ns+

+ (3.2)

85

sendo,

pk - ganho proporcional;

dk - ganho derivativo;

N - constante de tempo derivativo;

Figura 3.6 - Diagrama em blocos do regulador de velocidade em conjunto com os atuadores

da turbina hidráulica. Fonte [57].

Figura 3.7 - Diagrama em blocos da nova configuração do regulador de velocidade (na malha

direta) em conjunto com os atuadores da turbina hidráulica. Fonte [57].

Considerando a ação integradora presente na FT dos atuadores, o emprego de um

controlador PD atende as necessidades de regulagem em regime transitório.

Para o projeto dos ganhos do controlador, faz-se necessário o conhecimento dos parâmetros

da planta hidráulica, especialmente os parêmetros dos atuadores. Em virtude da ausência de

dados reais sobre os atuadores do sistema hidráulico, seus parâmetros foram baseados em

86

faixas de operação considerando como base dados existentes em [59]. A Tabela 3.4 apresenta

os parâmetros considerados para os atuadores da planta hidráulica.

Tabela 3.4 - Parâmetros dos atuadores considerados para o projeto do controlador de

velocidade.

Parâmetro Valor

aK 8

GT 0,01

Conforme discutido anteriormente e evidenciado na Figura 3.5, a velocidade do

conjunto gerador está diretamente relacionada com o torque mecânico, e consequentemente

com a potência mecânica, desenvolvido pela turbina hidráulica. Da mesma forma, percebe-se

uma relação direta entre a potência mecânica e a abertura do distribuidor, ou seja, ambos

apresentam curvas semelhantes, divergindo apenas em amplitude e devido à característica de

fase não mínima da turbina hidráulica. A Figura 3.8 apresenta dados de simulação

comparando as respostas de abertura do distribuidor e de torque mecânico da turbina.

Logo, é possível projetar o regulador de velocidade a partir apenas da característica

dinâmica dos atuadores e considerando o restante da planta como um ganho. A função de

transferência em malha aberta da planta a ser considerada para projeto do regulador de

velocidade é apresentada a seguir:

2( ) a

freqG

KG s

T s s=

+ (3.3)

Substituindo os parâmetros apresentados na Tabela 3.4, têm-se:

2

8( )

0,01freqG ss s

=+

(3.4)

Com base na FT da planta, pode se projetar o regulador de velocidade com as

características de um controlador PD. Considerando que os parâmetros da planta a ser

controlada são conhecidos, o software Matlab apresenta um ambiente de projeto chamado

87

Sisotool, no qual é possível sintonizar os ganhos do controlador de forma a obter a resposta

desejada. Desta forma, foi definido o seguinte controlador, conforme os parâmetros de projeto

indicados na Tabela 3.4.

0,9( ) 1,5

1 0,01freq

sC s

s= +

+ (3.5)

Figura 3.8 - Dados de simulação - Relação entre abertura do distribuidor (g ) e torque

mecânico da turbina (mT ).

Tabela 3.2 - Parâmetros de projeto dos controladores PD do regulador de velocidade.

Parâmetro Valor

Ganho proporcional (pk ) 1,5

Ganho derivativo (dk ) 0,9

Constante de tempo derivative (N ) 0,01

88

Através da discretização das FT’s da planta e do controlador pelo método First Order

Holder (FOH), obtém-se as seguintes equações:

6 2 6 6

2

1,33.10 5,307.10 1,323.10( )

1,99 0,99freq

z zG z

z z

− − −+ +=− +

(3.6)

91,05 91,04( )

0,99freq

zC z

z

−=−

(3.7)

A Figura 3.9 apresenta o diagrama de Bode da planta considerada para o projeto do

controlador de frequência, indicada na equação (3.4), enquanto que a Figura 3.10 mostra o

lugar das raízes desta mesma planta. As Figura 3.11 e Figura 3.12 apresentam,

respectivamente, o diagrama de Bode da malha de frequência em malha fechada e o lugar das

raízes da malha de frequência em malha aberta já considerando o controlador da equação

(3.5).

Figura 3.9 - Diagrama de Bode da planta da malha de frequência.

89

Figura 3.10 - Lugar das raízes da planta da malha de frequência.

Figura 3.11 - Diagrama de Bode da malha de frequência em malha fechada.

90

Figura 3.12 - Lugar das raízes da malha de frequência em malha aberta.

Por se tratar de um sistema de ação mecânica, existem limitações reais impostas pelos

atuadores ao projeto dos controladores. Ações negativas não são fisicamente possíveis de

serem realizadas na prática, gerando limitações na velocidade e amplitude das ações de

controle.

A Figura 3.13 apresenta o comportamento da frequência da tensão gerada, sob

diferentes condições de carga. Estes resultados foram obtidos através de simulação do

regulador de velocidade proposto com os ganhos indicados anteriormente. No tempo de 20

segundos, é aplicada uma carga de 600 W puramente resistiva (FP unitário) aos terminais do

gerador, enquanto que no tempo de 30 segundos, esta mesma carga resistiva de 600 W é

desconectada.

3.4 Controle de Tensão CA e CC

Conforme comentado anteriormente, uma das principais desvantagens de geradores de

indução operando isoladamente é que a variação de carga nos terminais do gerador influencia

91

consideravelmente a amplitude da tensão gerada pela máquina de indução, mesmo que a

velocidade do rotor seja mantida constante. Para ilustrar esta característica, a Figura 3.14

apresenta o comportamento da tensão gerada durante a conexão de uma carga de

aproximadamente 1 kW e fator de potência unitário. Este resultado foi obtido sem controle

algum sobre a amplitude da tensão gerada. Foi mantido apenas o controle de frequência,

conforme item anterior, para regulação da velocidade a um valor constante, neste caso, 1800

rpm.

A amplitude da tensão de saída varia significativamente com a mudança da carga. Essa

variação será mais significativa para cargas indutivas, pois o banco de capacitores usados para

a excitação do gerador fornece parte de sua energia reativa para a carga, reduzindo a energia

reativa fornecida ao gerador e, portanto, reduzindo a amplitude da tensão gerada. Por outro

lado, a tensão de saída tende a aumentar quando a carga for de característica capacitiva, pois o

gerador de indução recebe uma maior quantidade de energia reativa. É importante salientar

que existe uma carga máxima que o gerador suporta, sendo que a partir desse ponto a

amplitude da tensão cai significativamente ou até mesmo se reduz a zero, caracterizando a

perda de excitação do gerador de indução.

Figura 3.13 – Frequência das tensões geradas sob diferentes condições de carga.

92

Figura 3.14 - Variação na amplitude sob variação de carga a velocidade constante.

Logo, a tensão nos terminais do GIAE é governada pela capacitância de excitação,

pela velocidade da máquina primária e pela potência e fator de potência associado á carga

aplicada, uma vez que a tensão terminal decresce com o aumento da diferença entre a

potência reativa fornecida pelos capacitores de excitação e a potência reativa requerida pelo

próprio gerador e pelas cargas agregadas [67]. Conclui-se então que o grande desafio para a

aplicação prática do GIAE está na regulação da amplitude e frequência da tensão gerada.

Diferentes métodos de regulação de tensão, empregando compensadores de reativos,

tais como bancos de capacitores chaveados, indutores variáveis ou reatores saturados, foram

propostos inicialmente como solução para o problema de regulação de tensão do GIAE,

conforme apresentado no item 1.1 desta dissertação. Os avanços recentes nas áreas de

conversores estáticos de potência e processamento digital de sinais facilitaram a aplicação de

algoritmos de controle e motivaram o desenvolvimento de novas topologias nesta área. Dentre

estas, ganhou destaque o método de regulação de tensão a partir da compensação de reativos

por meio de inversor PWM, em especial, o emprego de um inversor alimentado em tensão,

conectado em paralelo com os terminais do gerador de indução, banco de capacitores e cargas

CA [34], [66]. Neste caso, o inversor PWM opera como um compensador estático de reativos,

93

controlando a energia reativa do sistema, através da injeção de correntes, para regular a tensão

de saída do gerador. Esta topologia, no entanto, exige a aplicação de controladores dedicados

ao controle das tensões geradas devidamente projetados com base na planta considerada.

A Figura 3.15 apresenta o diagrama simplificado do sistema de regulação de tensão

proposto neste trabalho. Com pequenas modificações, este sistema foi inicialmente proposto

em [67], sendo posteriormente utilizado em outras publicações [68], [69], [70].

Figura 3.15 - Diagrama simplificado do sistema de geração e regulação de tensão.

O sistema é composto por um gerador de indução com rotor gaiola de esquilo,

excitado por um banco de capacitores trifásico conectado em ∆ , e por um inversor PWM

alimentado em tensão. O barramento CC do inversor é composto por capacitores eletrolíticos.

Os terminais do gerador de indução são conectados ao lado CA do inversor através de

indutores, que, juntamente com o banco de capacitores de excitação do GI, compõem um

filtro de segunda-ordem trifásico que promovem a redução de harmônicos de alta frequência

produzidos pelo inversor. O valor dos indutores de filtro define a frequência de ressonância do

filtro, uma vez que o valor dos capacitores é fixado pelas características magnetizantes do GI.

A equação abaixo possibilita o cálculo dos indutores.

94

1

2f

LC=

π (3.8)

Adotando-se o valor de 2,5 mH para os indutores de filtro, obtêm-se a frequência de

corte de 500 Hz, sendo este valor considerado suficiente para filtrar as componentes na

frequência de 10 kHz provenientes do inversor.

O sistema de regulação de tensão requer a utilização de cinco sensores, sendo um para

medição da tensão CC do barramento do inversor, dois para a medição das correntes de saída

do inversor e outros dois para a medição das tensões de linha de saída do GIAE. Note que,

não é utilizado qualquer sensor mecânico, o que reduz consideravelmente o custo do

controlador desenvolvido.

O sistema de controle é desenvolvido utilizando um sistema de coordenadas síncronas

dq, sendo esta uma prática usual para aplicações com máquinas elétricas trifásicas, uma vez

que o problema de rastreamento é modificado para um problema de regulação, o que torna

possível o uso de controladores do tipo proporcional-integral (PI) para regular as variáveis de

interesse. Portanto, as variáveis de realimentação medidas no sistema abc devem ser

transformadas para os eixos dq, utilizando a seguinte transformação:

6 6 2 6 2

3 6 2 6 2

6 6 2 6 2

3 6 2 6 2

dq

cos( ) cos( ) s en( ) cos( ) s en( )T

sen( ) sen( ) cos( ) sen( ) cos( )

− + − −

= − + −

θ θ θ θ θ

θ θ θ θ θ

(3.9)

Esta matriz é obtida a partir da multiplicação das matrizes (A.10) e (A.21)

apresentadas no Anexo A desta dissertação. A aplicação desta matriz na transformação de um

sistema de coordenadas abc para o sistema de coordenadas dq segue o seguinte princípio:

dq dq abcf T f= ⋅

(3.10)

sendo T

dq d qf f f = e T

abc a b cf f f f= , definidas como vetores de variáveis quaisquer

de interesse em coordenadas síncronas dq e coordenadas abc, respectivamente.

Percebe-se que a matriz de transformação da equação (3.9) exige o conhecimento do

ângulo de sincronismo θ ou dos sinais seno e cosseno. Para obtenção destes sinais é utilizado

95

o método de sincronismo conforme descrito no Anexo B desta dissertação. É importante

salientar que o desempenho do sistema de controle é diretamente influenciado pelo

desempenho do método de sincronismo aplicado, resultando em tensões de saída distorcidas

e/ou desequilibradas, decorrentes de um ângulo defasado ou de sinais seno e cosseno não

senoidais, se o método de sincronismo não for adequado.

A partir do conhecimento das variáveis de interesse em coordenadas síncronas dq,

torna-se possível a implementação do sistema de controle do inversor PWM. A Figura 3.16

apresenta o diagrama de blocos simplificado do sistema de controle do inversor PWM.

Figura 3.16 - Diagrama de blocos do sistema de controle do inversor PWM.

O controle do barramento CC é realizado através do controle da corrente do inversor

no eixo d ( di ), realizado através de duas malhas de controle, uma externa de tensão, e outra

interna de corrente. A malha externa de tensão é composta por um controlador PI, cuja

entrada é o erro entre a tensão CC do barramento do inversor ( ccv ) e seu valor de referência

(*

ccv ), gerando em sua saída a corrente de referência no eixo d (*

di ). Enquanto que a malha

interna de corrente emprega um segundo controlador PI cuja entrada é o sinal de erro

proveniente da comparação entre a corrente de referência obtida da malha externa de tensão

(*

di ) e a corrente no eixo d medida (di ).

O controle da amplitude das tensões de saída do sistema de geração é realizado de

forma análoga, através do controle da corrente fornecida pelo inversor no eixo q ( qi ), também

realizado através de duas malhas de controle, uma externa de tensão, e outra interna de

96

corrente. A malha externa de tensão também composta por um controlador PI tem como

entrada o erro entre a tensão de saída do gerador no eixo d ( dv ) e seu valor de referência

(*

dv ), gerando em sua saída a corrente de referência no eixo q ( *qi ). Composta também por um

controlador PI, a malha interna de corrente possui como entrada o sinal de erro proveniente da

comparação entre a corrente de referência obtida da malha externa de tensão (*qi ) e a corrente

no eixo q medida (qi ). Os sinais de saída das duas malhas de corrente são os sinais de controle

em eixos dq ( du e qu ).

3.4.1 Projeto dos controladores das malhas internas de corrente

O projeto dos controladores PI aplicados à malha interna de corrente do sistema de

controle do inversor PWM requer o conhecimento da planta, mais precisamente, da FT

relacionando a entrada e saída da planta.

No item 2.4 desta dissertação foi obtido o modelo dinâmico do sistema incluindo

gerador de indução, capacitores de excitação, inversor PWM e filtros de saída do inversor. Ao

final da seção, foram apresentadas as equações de espaço de estados (2.111) a (2.115) que

descrevem o modelo do sistema em coordenadas síncronas dq.

A partir destas equações, e dos parâmetros considerados e apresentado no item 3.1

desta dissertação, é possível obter as FT que relacionam as correntes no eixo dq ( di e qi ) com

os sinais de controle também no eixo dq ( du e qu ):

5

2 5

9000 1,08 10( )

24 1,423 10d

di

d

i sG s

u s s

− − ×= =+ + ×

(3.11)

5

2 5

9000 1,08 10( )

24 1,423 10q

qi

q

i sG s

u s s

− − ×= =+ + ×

(3.12)

A igualdade entre as FT das duas malhas se deve à simetria das matrizes de espaço de

estados que definem o sistema.

A malha interna de controle de corrente pode então ser ilustrada conforme Figura 3.17.

97

Figura 3.17 – Digramas de blocos das malhas internas de controle de corrente.

Novamente emprega-se o Matlab® no projeto dos controladores PI aplicados nas

malhas internas de controle do inversor, obtendo-se como resultado a seguinte função de

transferência:

105( ) 0,2888iC s

s= − − (3.13)

Os parâmetros considerados no projeto dos controladores PI são apresentados na

Tabela 3.3.

Tabela 3.3 - Parâmetros de projeto dos controladores PI das malhas internas.

Parâmetro Valor

Frequência de chaveamento 10 kHz

Ganho proporcional (pk ) -0,2888

Ganho integral ( ik ) -105

Aplicando o método de discretização FOH às FT da planta e do controlador, obtêm-se

as seguintes equações no domínio Z, que relacionam as correntes no eixo dq ( di e qi ) com as

ações de controle também no eixo dq ( du e qu ):

98

2

_ 2

0,4498 0,0003595 0,449( )

1,996 0,9976d qi i

z zG z

z z

− − +=− +

(3.14)

0,2888 0,2782( )

1i

zC z

z

−=−

(3.15)

A Figura 3.18 apresenta o diagrama de Bode das plantas das malhas internas de

corrente, indicada nas equações (3.11) e (3.12), enquanto que a Figura 3.19 mostra o lugar das

raízes destas mesmas plantas. As Figura 3.20 e Figura 3.21 apresentam, respectivamente, o

diagrama de Bode das malhas internas de corrente em malha fechada e o lugar das raízes das

malhas internas de corrente em malha aberta já considerando o controlador da equação (3.13).

Figura 3.18 - Diagrama de Bode da planta da malha interna de corrente.

99

Figura 3.19 – Lugar das raízes da planta da malha interna de corrente.

Figura 3.20 - Diagrama de Bode da malha interna de corrente em malha fechada.

100

Figura 3.21 - Lugar das raízes da malha interna de corrente em malha aberta.

A resposta dos controladores da malha interna de controle pode ser simulada testando-

se a capacidade do controlador em seguir uma referência ao degrau. Mede-se então uma

tensão para obtenção dos sinais de sincronismo, necessários para transformação das variáveis,

e as correntes do inversor para obtenção do valor do erro de entrada dos controladores.

Inicialmente fixados, os valores de referência das correntes em eixo dq, *

di e *qi ,

podem ser alterados de forma a exigir ação dos controladores na atualização dos sinais de

controle, du e qu , de forma a zerar o erro existente entre o sinal de referência e as correntes

medidas, di e qi . A Figura 3.22 apresenta a resposta dos controladores à degraus de variações

nos sinais de referência.

101

Figura 3.22 - Resposta dos controladores das malhas internas de controle de tensão à degraus

nos sinais de referência di

∗ e qi

∗ .

3.4.2 Projeto do controlador da malha externa de tensão CC

O projeto do controlador é baseado na equação dinâmica de balanço de potências,

conforme [71], para o circuito da Figura 3.15. Logo:

_capacitor barramento CAP P= − (3.16)

ou ainda,

( ) ( ) ( ) ( ) ( )( )2

1

2cc

cc d d q q

dv tC v t i t v t i t

dt

= − +

(3.17)

102

Assumindo para o caso em questão que, o inversor PWM consome somente uma

pequena parcela de potência ativa, e que as tensões da rede são equilibradas e sem

harmônicos, tem-se que 0qv = . Logo, a equação (3.17), torna-se:

( ) ( ) ( )( )2

1

2cc

cc d d

dv tC v t i t

dt

= −

(3.18)

Agora, normalizando a equação (3.18), multiplicando ambos os lados da mesma por

21 basev tem-se:

( ) ( ) ( )21

2ccn dn

cc dbase

dv t v tC i t

dt v

= −

(3.19)

onde 2 2 2

ccn cc basev v v= e dn d basev v v= .

Aplicando-se a transformada de Laplace obtêm-se a seguinte equação:

2

2cc dn

ccn dbase

C vv i

s v=− (3.20)

Rearranjando os termos da equação (3.20) e multiplicando por basev , obtêm-se a FT da

planta de controle do barramento CC:

2

( )cc

cc cc dnv

d ccn

v C vG s

i s v= = − (3.21)

Considerando-se os parâmetros definidos para a planta, obtem-se a seguinte FT:

212,75( )

cc

ccv

d

vG s

i s

−= =

(3.22)

103

A malha externa de controle da tensão CC pode então ser ilustrada conforme Figura

3.23.

Figura 3.23 - Diagrama de blocos da malha externa de controle da tensão CC.

Através do ambiente Sisotool do Matlab, projeta-se o controlador PI a ser empregado,

conforme equação abaixo:

4020( ) 2,68

ccvC ss

= − − (3.23)

Os parâmetros considerados no projeto do controlador PI são apresentados na Tabela

3.4.

Tabela 3.4 - Parâmetros de projeto do controlador PI da malha externa de tensão CC.

Parâmetro Valor

Frequência de chaveamento 10 kHz

Ganho proporcional (pk ) -2,68

Ganho integral ( ik ) -4020

Através da discretização das FT’s da planta e do controlador pelo método FOH,

obtem-se as seguintes equações:

0,01065 0.01063( )

1ccv

zG z

z

− −=−

(3.24)

104

2,881 2,479( )

0,99ccv

zC z

z

− +=−

(3.25)

A Figura 3.24 apresenta o diagrama de Bode da planta da malha externa de tensão CC,

indicada nas equações (3.22), enquanto que a Figura 3.25 mostra o lugar das raízes desta

mesma planta. As Figura 3.26 e Figura 3.27 apresentam, respectivamente, o diagrama de

Bode da malha externa de tensão CC em malha fechada e o lugar das raízes da malha externa

de tensão CC em malha aberta já considerando o controlador da equação (3.23).

A resposta do controlador da malha externa de controle da tensão CC à uma variação

no valor de referência é apresentada na Figura 3.28. A referência, inicialmente regulada em

450 V, no tempo de 2 segundos é alterada para 350 V e no tempo de 3 segundos novamente

regulada para 450 V.

Figura 3.24 - Diagrama de Bode da planta da malha externa de tensão CC.

105

Figura 3.25 - Lugar das raízes da planta da malha externa de tensão CC.

Figura 3.26 - Diagrama de Bode da malha externa de tensão CC em malha fechada.

106

Figura 3.27 - Lugar das raízes da malha externa de tensão CC em malha aberta.

Figura 3.28 - Resposta do controlador da malha de tensão CC à uma variação no sinal de

referência.

107

3.4.3 Projeto do controlador da malha externa de tensão CA

Assim como as malhas internas de controle, a FT que descreve o comportamento da

planta da malha externa de controle da tensão CA é obtida a partir das equações de espaço de

estados (2.111) a (2.115), apresentadas no item 2.4 desta dissertação.

Sabendo-se que o controle da amplitude da tensão CA gerada está associada ao

balanço da potência reativa do sistema, a qual está diretamente relacionada ao controle da

corrente no eixo q, a FT obtida da planta relaciona dv e qi . Considerando-se os parâmetros

definidos para a planta, obtem-se a seguinte FT:

2 7

279,3( )

0,1538 3,948 10d

dv

q

vG s

i s s

−= =+ + ×

(3.26)

A malha externa de controle da tensão CA pode então ser ilustrada conforme Figura

3.29.

Figura 3.29 – Diagrama de blocos da malha externa de controle da tensão CA.

Através do ambiente Sisotool do Matlab, projeta-se o controlador PI a ser empregado,

conforme equação abaixo:

20( ) 0,151

dvC ss

= − − (3.27)

Os parâmetros considerados no projeto do controlador PI são apresentados na Tabela

3.5.

108

Tabela 3.5 - Parâmetros de projeto do controlador PI da malha externa de tensão CA.

Parâmetro Valor

Frequência de chaveamento 10 kHz

Ganho proporcional (pk ) -0,151

Ganho integral ( ik ) -20

Através da discretização das FT’s da planta e do controlador pelo método FOH,

obtém-se as seguintes equações:

7 2 6 7

2

4,564.10 1,79.10 4,564.10( )

1,618 1dv

z zG z

z z

− − −− − −=− +

(3.28)

0,151 0,149( )

1dv

zC z

z

− +=−

(3.29)

A Figura 3.30 apresenta o diagrama de Bode da planta da malha externa de tensão CA,

indicada nas equações (3.26), enquanto que a Figura 3.31 mostra o lugar das raízes desta

mesma planta. As Figura 3.32 e Figura 3.33 apresentam, respectivamente, o diagrama de

Bode da malha externa de tensão CA em malha fechada e o lugar das raízes da malha externa

de tensão CA em malha aberta já considerando o controlador da equação (3.27).

A resposta do controlador da malha externa de controle da tensão CA à uma variação

no valor de referência é apresentada na Figura 3.34. A referência, inicialmente regulada em

220 V, no tempo de 4,5 segundos é alterada para 200 V, voltando novamente a ser regulada

em 220 V no tempo de 7 segundos.

A Figura 3.35 apresenta o comportamento da tensão gerada, durante a conexão e

desconexão de uma carga de 600 W puramente resistiva (FP unitário) aos terminais do

gerador. A conexão da carga ocorre no tempo de 16 s enquanto que a desconexão ocorre no

tempo de 17 s. Mostrando um desempenho adequado para o controlador projetado.

109

Figura 3.30 - Diagrama de Bode da planta da malha externa de tensão CA.

Figura 3.31 - Lugar das raízes da planta da malha externa de tensão CA.

110

Figura 3.32 - Diagrama de Bode da malha externa de tensão CA em malha fechada.

Figura 3.33 - Lugar das raízes da malha externa de tensão CA em malha aberta.

111

Figura 3.34 - Resposta do controlador da malha de tensão CA à uma variação no sinal de

referência.

Figura 3.35 - Resposta do controle de tensão à variações de carga – conexão e desconexão de

carga puramente resistiva de 600 W.

112

Capítulo 4

4 DESCRIÇÃO DO PROTÓTIPO E RESULTADOS

EXPERIMENTAIS

4.1 Introdução

Com o objetivo de demonstrar o estudo desenvolvido nos Capítulos 2 e 3,

implementou-se um sistema semelhante ao proposto na Figura 3.1 de forma a representar o

comportamento de um sistema de microgeração hidrelétrica com gerador de indução.

Neste capítulo, portanto, será apresentado o protótipo do sistema de microgeração

hidrelétrica implementado. Na sequência, serão apresentados os resultados experimentais

obtidos através do protótipo implementado, para comprovação dos resultados de simulação

obtidos no capítulo 3.

4.2 Descrição do Protótipo de Micro Central Hidrelétrica

O sistema é composto basicamente por um conjunto máquina primária/gerador auto-

excitado, inversor PWM de tensão com filtro de saída indutivo de 1ª ordem, sistema de

conexão do inversor PWM, e sistema de controle formado principalmente por um processador

digital de sinais DSP (Digital Signal Processor) TMS320F28335 da Texas Instruments Inc. e

dispositivos de sensoriamento de tensões e correntes. De forma a representar o

comportamento da turbina hidráulica, atuador e sistema hidráulico, levando-se em conta as

limitações físicas do laboratório, utilizou-se um motor de indução acionado por inversor de

frequência como máquina primária.

A escolha do modelo do DSP, deve-se à sua disponibilidade no laboratório, alto

desempenho e principalmente à sua característica de operação em ponto flutuante cujos

benefícios simplificam o desenvolvimento do algoritmo de programação.

A Figura 4.1 mostra uma visão geral do protótipo construído. As partes constituíntes

do protótipo serão melhores descritas, separadamente, nas seções seguintes.

113

Figura 4.1 - Visão geral do protótipo construído.

4.2.1 Conjunto Máquina Primária/Gerador

O conjunto máquina primária/gerador empregado no protótipo é composto por uma

máquina de indução de 7,5 CV da Voges Motors (Modelo VIF 112 M4-E249), sendo aplicada

como máquina primária, enquanto que uma máquina de indução de 5 CV, também da Voges

Motors (Modelo V 100 L4), é empregada como gerador.

As duas máquinas foram fixadas em uma base rígida de madeira, devidamente

alinhadas e acopladas entre si com um acoplamento flexível.

A máquina primária é acionada através de um inversor de frequência CFW08 da

WEG, cujo controle é realizado remotamente através das entradas analógicas do inversor de

frequência em nível de tensão 0-10 V. Para obtenção do sinal de tensão, o DSP gera um sinal

PWM, sendo este posteriormente convertido ao correspondente sinal de tensão através de um

circuito eletrônico dedicado.

114

O conjunto formado pela máquina primária e seu sistema de acionamento, constituído

de inversor de frequência e circuito de conversão de sinal, juntamente com as equações que

modelam o comportamento dinâmico do sistema hidráulico, emulam o comportamento real de

uma turbina hidráulica.

4.2.2 Capacitores de auto-excitação

Conforme mencionado anteriormente, um gerador de indução requer o uso de uma

fonte de energia reativa para produzir a corrente de magnetização e manter o campo

magnético do estator, sendo comumente utilizado para esta finalidade um banco de

capacitores trifásico. No item 3.2 desta dissertação foi calculado o valor dos capacitores de

excitação considerando uma conexão trifásica em ∆ , sendo então considerado o valor

comercial de 40 Fµ para cada um dos capacitores de excitação. Os capacitores para

excitação do gerador estão diretamente conectados ao barramento CA do sistema.

4.2.3 Inversor PWM de Tensão

Conforme proposto na Figura 3.1, um inversor PWM é empregado na compensação de

potência reativa de forma a regular as tensões de saída do sistema de geração,

independentemente da carga, devendo ser conectado em paralelo com o gerador de indução,

com os capacitores de auto-excitação e com as cargas. O inversor atua como um capacitor e

injeta potência reativa no sistema quando as tensões de saída do gerador de indução são

menores que a tensão de referência. Por outro lado, o inversor atua como uma carga indutiva e

absorve potência reativa do sistema de geração quando as tensões do barramento CA são

maiores que o valor desejado.

No protótipo desenvolvido foi utilizado um conversor desenvolvido pela Semikron,

constituído de três braços de IGBT’s, três drivers para acionamento dos IGBT’s, capacitores

do barramento CC, dissipador e ventilação forçada. As especificações do inversor PWM

utilizado são apresentadas na Tabela 4.1.

115

Tabela 4.1 – Especificações do Inversor PWM utilizado no protótipo

Componente Especificação

Módulos de IGBT’s SKM75GB128D

Drivers dos IGBT’s SKHI22A

Placa de interface dos drivers

k

SKPC 22/2

Capacitores do barramento CC 4700 900F Vµ

4.2.4 Indutores de Filtro

De forma a reduzir os harmônicos de alta freqüência produzidos pelo inversor, o lado

CA do inversor PWM é conectado ao barramento CA do sistema através de três indutores,

formando um filtro passa-baixas trifásico de segunda ordem com o banco de capacitores

usado no procedimento de auto-excitação do gerador.

No protótipo implementado foram utilizados indutores com capacidade nominal de

corrente de 25 A e quatro possibilidades distintas de ligação: 0,5 mH, 1 mH, 2,5 mH e 5 mH;

sendo utilizado no protótipo a indutância de 2,5 mH, para uma melhor filtragem dos

harmônicos de alta freqüência produzidos pelo inversor e ao mesmo tempo evitando

ressonâncias em frequências próximas as de operação.

4.2.5 Circuito de conexão do inversor PWM

Um circuito de partida temporizado foi implementado para conexão do inversor PWM

ao barramento CA. Faz-se necessário um circuito de comutação do inversor para evitar

elevados picos de corrente no sistema de geração devido ao carregamento do barramento CC

do inversor, o que poderia ocasionar a desexcitação do gerador de indução.

Num primeiro momento os terminais do filtro de saída do inversor são conectados por

meio de uma contatora ao barramento CA do sistema através de três resistores de 5 Ω para

limitar as correntes de partida. Como os IGBT’s do inversor ainda estão desligados, durante

este período de tempo o conversor atua como um retificador não controlado trifásico através

116

dos diodos em anti-paralelo dos IGBT’s, carregando os capacitores do barramento CC até um

determinado valor de tensão.

Em um segundo momento uma segunda contatora é acionada, curto-circuitando e

removendo as resistências do circuito. Por fim, o DSP habilita a operação dos IGBT’s através

de um sinal enviado por fibra óptica à placa de interface do inversor. Neste exato momento

entram em operação também as rotinas de controle de tensão e frequência do sistema.

4.2.6 Placas de interface, aquisição e condicionamento de sinais

Para o interfaceamento, aquisição e condicionamento dos diferentes sinais inerentes ao

controle do sistema, é de extrema importância o emprego de circuitos eletrônicos dedicados.

Os seguintes circuitos foram considerados na implementação do protótipo:

• Placa de interface com DSP;

• Placa de interface com inversor PWM;

• Placa de aquisição de tensão;

• Placa de aquisição de corrente;

• Placas de condicionamento de sinais;

• Placa de acionamento das contatoras;

• Placa de condicionamento do sinal de controle de frequência.

O kit de desenvolvimento do DSP é conectado em uma placa de interface, que recebe

sinais dos sensores de tensão e corrente e, após o cálculo das leis de controle no DSP, este

envia, através de fibras ópticas, os sinais PWM de comando das chaves do inversor PWM,

bem como, o sinal de controle do inversor de tensão responsável pelo acionamento da

máquina primária. Nesta placa estão ainda incluídos os circuitos de aquisição de medidas, o

circuito de geração de referências de tensão e circuitos de transmissão por fibra ótica.

A placa de interface com o conversor é responsável por adequar os sinais PWM,

recebidos através dos canais de fibra óptica aos drivers de comando do conversor estático de

potência. Esta placa esta equipada com receptores de fibra ótica usados na recepção dos sinais

PWM condicionados a serem encaminhados às chaves semicondutoras.

Conforme discutido anteriormente, o sistema de controle digital implementado no

DSP para regular a amplitude e frequência das tensões de saída do gerador de indução

necessita receber as seguintes informações: duas tensões de linha nos terminais do gerador,

117

duas correntes de linha do inversor e tensão do barramento CC do inversor. Assim, a

aquisição dos sinais foi realizada através de duas placas distintas, uma contemplando as

medições de tensões CA e tensão CC e outra para correntes CA.

As placas de condicionamento de sinal são utilizadas para condicionamento dos sinais

de medida antes da sua leitura pelos conversores analógico-digital (A/D). Esta placa recebe

sinais diferenciais de medida, transmitidos em corrente pelas placas de aquisição e se utiliza

de resistores sensores para convertê-los em tensão. Está equipada com um amplificador de

instrumentação para atenuação de ruído de modo comum onde é adicionado ainda o offset

necessário para adequar as medidas ao canal A/D. Ainda nesta placa, se encontra um buffer

com amplificadores rail-to-rail para proteção dos canais A/D do DSP.

As placas de acionamento das contatoras são constituídas de receptores de fibra

ópticas, que recebem sinais discretos de tensão provenientes do DSP. Estes sinais de tensão

comutam chaves transistores acionando as diferentes contatoras responsáveis pela comutação

dos circuitos de potência do sistema.

Por fim, a placa de condicionamento do sinal de controle de frequência recebe sinal

PWM proveniente do DSP e gera em sua saída sinal de tensão equivalente no nível de 0 V a

10 V, definido como a referência de frequência do inversor de tensão quando este configurado

para operação em modo remoto.

4.3 Resultados Experimentais

Nesta seção são apresentados os resultados experimentais obtidos a partir do protótipo

implementado. São apresentados resultados relativos às diferentes malhas de controle

aplicadas na regulação da frequência e amplitude das tensões geradas, bem como resultados

contemplando a conexão e desconexão de cargas resistivas ao barramento CA. Na maioria dos

resultados procura-se, comprovar os resultados de simulação apresentados ao longo do

Capítulo 3, e desta forma, validar os métodos de modelagem e controle propostos ao longo

dos Capítulos 2 e 3.

A Figura 4.2 ilustra o processo de auto-excitação do gerador, enquanto que a Figura

4.3 apresenta as formas de ondas das tensões de linha nos terminais do gerador de indução

operando sem carga, antes da atuação do controle e da conexão do inversor PWM aos seus

terminais.

118

Figura 4.2 - Auto-excitação do gerador de indução.

A Figura 4.4 ilustra o procedimento de carga do barramento CC do inversor PWM. No

instante que a primeira contatora é acionada, os terminais do inversor PWM são conectados

ao barramento CA através de resistências para limitar a corrente de partida. Durante este

período, os IGBT’s estão desabilitados e o conversor PWM atua como um retificador não

controlado, causando uma pré-carga dos capacitores, elevando a tensão do barramento CC a

aproximadamente 315 V. Aproximadamente 4 s após o início da carga dos capacitores, a

segunda contatora é acionada e os resistores de partida são retirados do circuito. Após mais 4

s, os IGBT’s são habilitados e o controle passa a atuar sobre as chaves, fazendo com que a

tensão sobre o barramento CC seja controlada em aproximadamente 450 V.

Na Figura 4.5 é apresentada a resposta do controlador à mudança de referência de

frequência *f . No tempo de 2 s a referência de frequência é alterada para 58 Hz, enquanto

que no tempo de 13 s, a referência de frequência retorna ao valor de 60 Hz. O resultado obtido

mostra que o controlador de frequência apresenta um comportamento adequado, mediante a

variações de frequência.

A Figura 4.6 apresenta o comportamento transitório da frequência da tensão gerada,

durante a conexão e desconexão de uma carga de 600 W puramente resistiva (FP unitário) aos

terminais do gerador. A resposta obtida experimentalmente assemelha-se à resposta obtida via

simulação e apresentada na Figura 3.13.

119

Figura 4.3 - Tensões de saída para operação a vazio, antes de conectar o inversor PWM.

Figura 4.4 - Etapas de carregamento e entrada de controle do barramento CC.

120

Figura 4.5 - Resposta do controlador de frequência à variações no sinal de referência *f .

Figura 4.6 – Frequência das tensões geradas durante a conexão e desconexão de uma carga

resistiva de 600 W.

121

A ação dos controladores das malhas internas de controle podem ser analisadas a partir

da resposta dos controladores à mudança de referências.

Para realização deste ensaio, o GIAE é separado do inversor e filtro de saída, os

terminais do filtro de saída do inversor são curto-circuitados e o capacitor do barramento CC

do inversor é substituído por uma fonte CC de valor conhecido.

A Figura 4.7 apresenta a resposta do controlador a sucessivas mudanças nos valores de

referência *

di e *qi e a consequente resposta das correntes em eixo dq do inversor di e qi .

A resposta obtida apresenta comportamento semelhante ao resultado obtido por meio

de simulação e exposto na Figura 3.22.

A ação do controle de tensão do barramento CC pode ser analisada a partir da resposta

do controle à mudança de referência *

ccv . A Figura 4.8 apresenta a resposta do controlador à

mudança de referência de tensão CC de 450 V para 400 V e posteriormente de 400 V para

450 V. Percebe-se uma grande semelhança ao resultado de simulação exposto na Figura 3.28.

Da mesma forma, a ação do controle de tensão do barramento CA pode ser analisada a

partir da resposta do controle à mudança de referência *

dv . A Figura 4.9 apresenta a resposta

do controlador à mudança de referência de tensão CA no eixo d de 220 Vrms para 200 Vrms e

posteriormente de 200 Vrms para 220 Vrms. Comparando a resposta obtida

experimentalmente com a resposta obtida em simulação e apresentada na Figura 3.34, nota-se

considerável semelhança.

Por fim, é apresentada na Figura 4.10 a resposta transitória do controlador de tensão à

variações controladas de carga. Neste ensaio, foram realizadas a conexão seguida da

desconexão de uma carga de 600 W puramente resistiva (FP unitário) aos terminais do

gerador. A resposta obtida experimentalmente assemelha-se bastante à resposta obtida via

simulação e apresentada na Figura 3.35.

122

Figura 4.7 - Resposta dos controles de correntes a variações nos sinais de referência *

di e *qi .

Figura 4.8 - Resposta do controle do barramento CC à variações no sinal de referência *

ccv .

123

Figura 4.9 – Resultado experimental da resposta do controlador da malha de tensão CA à uma

variação no sinal de referência *

dv .

Figura 4.10 - Resposta do controle de tensão à variações de carga – conexão e desconexão de

carga puramente resistiva de 600 W.

124

Conclusões Gerais

A presente dissertação tem como principal contribuição a modelagem e o controle de

uma micro central hidrelétrica tendo como foco a utilização de gerador de indução auto-

excitado em sistemas de geração isolados. Este tipo de sistema, caracterizado como um

sistema de geração distribuído, vem ganhando destaque em pesquisas devido ao grande

interesse das concessionárias e dos governos no seu desenvolvimento, visando a sua utilização

em larga escala dentro da matriz energética nacional e também mundial. Neste contexto, a

utilização de tecnologias empregando o gerador de indução surge como uma solução para

micro sistemas de geração na questão relativa ao custo de implementação, tornando

economicamente viável a implementação de tais empreendimento que antes se mostravam

inviáveis com a utilização de geradores síncronos. Os recentes avanços nas áreas de eletrônica

de potência e controle, permitiram o controle adequado das variáveis do gerador de indução,

questão essa que era definida como limitante à utilização deste tipo de gerador em sistemas

isolados de geração. Os detalhes relativos à modelagem e ao controle do sistema proposto,

bem como ao desenvolvimento de um protótipo experimental, foram abordados ao longo dos

capítulos que compôem essa Dissertação de Mestrado.

No Capítulo 1 foi realizada uma introdução geral ao assunto mostrando o importante

papel da geração de energia elétrica a partir de fontes de energia hidráulicas na matriz

energética nacional e também mundial, dando destaque à grande capacidade de geração ainda

pouco explorada relacionada a pequenos aproveitamentos hídricos. Dentro deste panorama, é

justificada a aplicação de geradores de indução em micro-centrais hidrelétricas, com

capacidade de geração de até 100 kW, viabilizando economicamente o aproveitamento. Na

sequência do capítulo é então realizada uma revisão bibliográfica, a qual apresentou as

principais técnicas de controle e metodologias de projeto até então empregadas no controle do

gerador de indução. A partir desse estudo surgiu a motivação ao estudo de micro-centrais

hidrelétricas com gerador de indução auto-excitado, partindo do estudo das características e

limitações do sistema, modelagem das características mecânicas e elétricas da planta e projeto

de controladores dedicados ao controle da amplitude e frequência das tensões geradas.

Logo, no Capítulo 2 foi desenvolvida a modelagem do sistema completo,

considerando as características hidráulico-mecânicas do sistema hidráulico e as características

125

elétricas do sistema constituído pelo gerador de indução auto-excitado, inversor PWM, filtro

indutivo e cargas. Para efeito de redução das equações de estados a serem trabalhadas, foram

consideradas simplificações ao longo da modelagem do sistema, o que, a partir dos resultados

de simulação e experimentos, ficou comprovado não afetarem significativamente a

representação do sistema e a satisfatória ação dos controladores projetados.

No Capítulo 3 foram desenvolvidos os projetos dos controladores responsáveis pelo

controle dos parâmetros do sistema com base nas plantas obtidas no Capítulo 2. Optou-se pela

implementação de controladores simples, do tipo proporcional-integral e proporcional-

derivativo, que atendessem a regulação das grandezas de interesse sem grandes preocupações

com as respostas transitórias obtidas. Ficou evidente a dinâmica lenta imposta pelo sistema

mecânico, exigindo respostas lentas dos controladores de frequência sendo este um fator

limitante à sintonia dos controladores. No projeto dos controladores das malhas de controle

das tensões CA e CC, notou-se a influência da carga sobre o comportamento da planta,

mostrando ser necessário a sintonia dos controladores com relação ao ponto de operação

desejado.

No Capítulo 4 foi detalhado o protótipo experimental desenvolvido com o objetivo de

representar o comportamento de uma micro-central hidrelétrica e assim comprovar os

resultados obtidos em simulação, validando a modelagem realizada do sistema. Apesar da

modelagem do sistema hidráulico, ocorreram limitações que impediram a representação tal

qual o sistema simulado. A representação do sistema hidráulico por meio de um motor de

indução trifásico acionado por inversor de frequência, atendeu ao propósito de emulação da

turbina, ficando evidente pequenas diferenças de resposta decorrentes das diferenças nas

dinâmicas modeladas. Apesar disso, os resultados experimentais obtidos mostraram grande

semelhança aos resultados obtidos através de simulações.

Como resultado principal do trabalho cabe salientar os avanços no estudo da

modelagem do sistema hidráulico, ficando evidenciado a viabilidade técnica da utilização de

geradores de indução auto-excitados em micro-centrais hidrelétricas operando de forma

isolada. A partir do emprego de técnicas simples de controle, foram obtidos resultados

satisfatórios na regulação da frequência e amplitude das tensões geradas, mostrando ser

possível a geração de energia elétrica com qualidade para consumo.

126

Dando sequência a este trabalho, algumas propostas para trabalhos futuros incluem:

1) Estudo do comportamento do sistema frente a cargas não lineares e/ou

desbalanceadas.

2) Investigação quanto à utilização e desempenho de diferentes técnicas de controle

na regulação de frequência e amplitude das tensões geradas.

3) Desenvolvimento do controle de potência e sistema de conexão com a rede.

4) Modelagem do sistema considerando o comportamento dinâmico do gerador de

indução.

5) Analisar a utilização do sistema proposto em conjunto com outras fontes de

energia renováveis, de modo a estabelecer uma micro rede.

127

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Indução em operação Isolada e Freqüência Fixa. 2007. 108 f. Dissertação (Mestrado

em Engenharia Elétrica e de Computação) – Universidade Federal de Goias, Goiânia,

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[57] SILVA, J. C. L. V.; Modelagem, Controle e Simulação da Dinâmica Eletromecânica

de uma Micro Usina Hidrelétrica na Amazônia. 2003. 136 f. Dissertação (Mestrado

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por Máquina de Combustão Interna com Controle de Tensão e de Freqüência por Meio

133

de Inversor PWM. 2003. 158 f. Tese (Doutorado em Engeharia Elétrica) –

Universidade Federal de Campinas, Campinas, 2003.

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2011.

134

[70] SCHERER, L. G.; CAMARGO, R. F.; Control of micro hydro power stations using

nonlinear model of hydraulic turbine applied on microgrid systems, Congresso

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[71] CAMARGO, R. F.; Método de Sincronização Aplicado a Conversores PWM

Trifásicos, 2006. 356 f. Tese (Doutorado em Engenharia Elétrica) – Universidade

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[72] CAMARGO, R. F.; PEREIRA, A. T.; PINHEIRO, H.; New Synchronization Method

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[73] CAMARGO, R. F.; PINHEIRO, H.; Synchronization method for three-phase PWM

converters under unbalanced and distorted grid, IEE Proceedings on Electronics Power

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[74] MARAFÃO, F. P.; DECKMANN, S. M.; POMÍLIO, J. A.; MACHADO, R. Q.;

Metodologia de Projeto e Análise de Algoritmos de Sincronismo PLL, Revista

Eletrônica de Potência, v. 10, n. 1, p. 7-14, Jun. 2005.

135

Anexo A

OBTENÇÃO DAS EQUAÇÕES DE ESTADO DA PLANTA EM

EIXOS ESTACIONÁRIO E SÍNCRONO

Neste anexo será apresentado em detalhes o procedimento para obtenção das equações

de estado da planta em coordenadas αβ0 e dq0. Iniciando pela normalização das variáveis, ao

final serão obtidas as matrizes em espaço de estados em coordenadas girantes dq0.

Como princípio de todo o desenvolvimento deste anexo serão consideradas as

equações (2.106) a (2.110), deduzidas no capítulo 2 desta dissertação.

A.1 Normalização das Variáveis do Circuito

Visando limitar a faixa dinâmica das variáveis para uma implementação discreta em

um DSP de ponto flutuante, pode-se utilizar uma transformação linear que normaliza as

variáveis do circuito. Escolhendo os valores base (Pbase, vbase), as variáveis normalizadas de

tensão e corrente podem ser definidas como: n base n basev = v v , i = i i , onde: .base base baseI P v=

Agora, definindo esta transformação linear, dada pela matriz Tn,

10 0 0 0 0

10 0 0 0 0

10 0 0 0 0

10 0 0 0 0

10 0 0 0 0

10 0 0 0 0

base

base

basen

base

base

base

i

i

i

v

v

v

=

T , (A.1)

os vetores de estado, entrada e distúrbio tornam-se:

136

( ) x( )

( ) x( )

( ) ( )

( ) ( )

n n

n n

base n

base n

t t

t t

t v t

t i t

==

==

x T

x T

u u

w w

ɺ ɺ

(A.2)

Como resultado, a equação de estado (2.106) pode ser reescrita da seguinte forma,

-1( ) ( ) ( ) ( )n n abc n n n abc base n n abc base nt t v t i t= + +x T A T x T B u T F wɺ , (A.3)

onde:

; ; n n abc n n n abc base n n abc basev i−= = =1A T A T B T B F T F , (A.4)

Logo, a equação (A.3) na forma compacta para a representação por espaço de estado

em coordenadas estacionárias normalizadas é dada por:

( ) ( ) ( ) ( )n n n n n n nt t t t= + +x A x B u F wɺ , (A.5)

onde:

1_

2_

3_

; ; .

a

bpwm Ga

cn n pwm n Gb

apwm Gc

b

c

i

iu i

iu i

vu i

v

v

= = =

x u w

(A.6)

137

20 0

3 3 3

20 0

3 3 3

20 0

3 3 3

10 0 0 0

10 0 0 0

0 0

f base base base

f f base f base f base

f base base base

f f base f base f base

f base base base

f f base f base f basen

base

base C

base

base C

base

b

R v v v

L L i L i L i

R v v v

L L i L i L i

R v v v

L L i L i L i

i

Cv CR

i

Cv CR

i

Cv

− −−

− −−

− −−=

A

10 0

ase CCR

(A.7)

2 1 1

1 2 1

1 1 2

0 0 03

0 0 0

0 0 0

basen

f base

v

L i

− − −

=

B (A.8)

0 0 0

0 0 0

0 0 0

1 0 0

0 1 0

0 0 1

basen

base

i

Cv

=

F (A.9)

A.2 Equação de Estados da Planta em Coordenadas αβ0

A transformação do sistema trifásico de coordenadas estacionárias abc em um sistema

de coordenadas estacionárias αβ0 pode ser obtida através da seguinte matriz de

transformação.

138

0

1 1/2 1/22

0 3/2 3/23

1/ 2 1/ 2 1/ 2

αβ

− −

= −

T (A.10)

Logo, tem-se:

( ) ( )( ) ( )( ) ( )( ) ( )

αβ0 αβ0

αβ0 αβ0

αβ0 αβ0

αβ0 αβ0

n

n

n

n

t t

t t

t t

t t

=

=

=

=

x T x

x T x

u T u

w T w

ɺ ɺ

(A.11)

Isolando os termos obtém-se:

( ) ( )( ) ( )( ) ( )( ) ( )

-1αβ0 αβ0

-1αβ0 αβ0

-1αβ0 αβ0

-1αβ0 αβ0

n

n

n

n

t t

t t

t t

t t

=

=

=

=

x T x

x T x

u T u

w T w

ɺ ɺ

(A.12)

Aplicando as equações (A.12) na equação (A.5), obtém-se:

( ) ( ) ( ) ( )-1 -1 -1 -1αβ0 αβ0_ αβ0 αβ0 αβ0 αβ0 αβ0 αβ0n n n nt t t t= + +T x A T x B T u F T wɺ (A.13)

Pré-multiplicando os dois lados da equação (A.13) pela matriz Tαβ0, tem-se:

( ) ( ) ( ) ( )-1 -1 -1αβ0_ αβ0 αβ0 αβ0_ αβ0 αβ0 αβ0_ αβ0 αβ0 αβ0_n n n n n n nt t t t= + +x T A T x T B T u T F T wɺ , (A.14)

onde:

0 0 0 0 0 0 0 0 0 ; ; n n n− − −

αβ αβ αβ αβ αβ αβ αβ αβ αβ= = =1 1 1A T A T B T B T F T F T . (A.15)

139

Como resultado da equação (A.14), a representação por espaço de estado em

coordenadas estacionárias αβ0 normalizadas, é dada por:

( ) ( ) ( ) ( )αβ0_ αβ0 αβ0_ αβ0 αβ0_ αβ0 αβ0_n n n nt t t t= + +x A x B u F wɺ , (A.16)

onde:

α_ Gα0

αβ0 αβ0 β_ αβ0_ Gβ

0_ 0

0

; ; .pwm

pwm n

pwm G

i

iu i

iu i

vu i

v

v

α

β

α

β

= = =

x u w

(A.17)

0

0 0 0 0

0 0 0 0

0 0 0 0 0

10 0 0 0

10 0 0 0

10 0 0 0

f base

f f base

f base

f f base

f

f

base

base C

base

base C

base

base C

R v

L L i

R v

L L i

R

L

i

Cv CR

i

Cv CR

i

Cv CR

αβ

− − −

= − − −

A

(A.18)

0

1 0 0

0 1 0

0 0 0

0 0 0

0 0 0

0 0 0

base

f base

v

L iαβ

− −

=

B (A.19)

140

0

0 0 0

0 0 0

0 0 0

1 0 0

0 1 0

0 0 1

base

base

i

Cvαβ

=

F (A.20)

A.3 Equação de Estados da Planta em Coordenadas dq0

A transformação do sistema trifásico de coordenadas αβ0 em um sistema de

coordenadas síncronas dq0 é realizada através da matriz de transformação apresentada a

seguir:

( ) ( )( ) ( )0

ω ω 0

ω ω 0

0 0 1dq

cos t sen t

sen t cos t

= −

T (A.21)

Logo, tem-se:

( ) ( )( ) ( )( ) ( )

0 0 αβ0

0 0 αβ0

0 0 αβ0

dq dq

dq dq

dq dq

t t

t t

t t

=

=

=

x T x

u T u

w T w

(A.22)

Isolando os termos, obtém-se:

( ) ( )( ) ( )( ) ( )

-1αβ0 0 0

-1αβ0 0 0

-1αβ0 0 0

dq dq

dq dq

dq dq

t t

t t

t t

=

=

=

x T x

u T u

w T w

(A.23)

Aplicando as equações de (A.23) na equação (A.16), obtém-se:

141

( )( ) ( ) ( ) ( )1 1 1 10 0 αβ0 0 0 αβ0 0 0 αβ0 0 0dq dq dq dq dq dq dq dqt t t t

•− − − −= + +T x A T x B T u F T w , (A.24)

Expandindo a parcela da direita na equação (A.24) em termos de sua derivada parcial,

tem-se:

( ) ( ) ( ) ( ) ( )1 1 1 1 10 0 0 0 αβ0 0 0 αβ0 0 0 αβ0 0 0dq dq dq dq dq dq dq dq dq dqt t t t t− − − − −+ = + +T x T x A T x B T u F T wɺ ɺ . (A.25)

Isolando o termo ( )0dq txɺ da parcela da esquerda na equação (A.25), obtém-se:

( ) ( ) ( ) ( )1 1 1 10 0 αβ0 0 0 0 0 αβ0 0 0 0 αβ0 0 0dq dq dq dq dq dq dq dq dq dq dqt t t t− − − − = − + + + x T A T T x T B T u T F T wɺɺ (A.26)

onde:

1 10 0 0 αβ0 0

0 0 0

0 0 0

dq dq dq dq

dq dq dq

dq dq dq

− −

−αβ

−αβ

= − +

=

=

1

1

A T T A T

B T B T

F T F T

ɺ

. (A.27)

Como resultado, da equação (A.26), encontra-se:

( ) ( ) ( ) ( )0 0 0 0 0 0 0dq dq dq dq dq dq dqt t t t= + +x A x B u F wɺ . (A.28)

sendo:

_0

0 _ 0_ _ 0_

0_ 0

0

; ; .

d

qd pwm Gd

dq n dq n q pwm dq n Gqd

pwm Gq

i

iu i

iu i

vu i

v

v

= = =

x u w (A.29)

142

0

0 0 0

0 0 0

0 0 0 0 0

10 0 0

10 0 0

10 0 0 0

f base

f f base

f base

f f base

f

fdq

base

base C

base

base C

base

base C

R v

L L i

R v

L L i

R

L

i

Cv CR

i

Cv CR

i

Cv CR

− −ω ω − −

= − −ω −ω −

A

(A.30)

0

1 0 0

0 1 0

0 0 0

0 0 0

0 0 0

0 0 0

basedq

f base

v

L i

− −

=

B (A.31)

0

0 0 0

0 0 0

0 0 0

1 0 0

0 1 0

0 0 1

basedq

base

i

Cv

=

F (A.32)

Desprezando-se as componentes das variáveis de estado da componente zero as

matrizes de estado da equação (A.29) torna-se:

_

_

; ; ;

d

q d pwm Gd

dq dq dqd q pwm Gq

q

i

i u i

v u i

v

= = =

x u w (A.33)

143

ω 0

1 0 0 0ω 0

0 1 0 0; ; .

0 0 1 010 ω

0 0 0 1

10 ω

f base

f f base

f base

base basef f basedq dq dq

base f basebase

base C

base

base C

R v

L L i

R v

v iL L i

i L Cvi

Cv CR

i

Cv CR

− − − − − = = = − − −

A B F

(A.34)

Então, a representação por espaço de estado em coordenadas girantes dq normalizadas

é dada por:

( ) ( ) ( ) ( )dq dq dq dq dq dq dqt t t t= + +x A x B u F wɺ . (A.35)

144

Anexo B

MÉTODO DE SINCRONIZAÇÃO E RASTREAMENTO DE

FREQUÊNCIA APLICADO A CONVERSORES DE TENSÃO

Neste anexo é apresentado o método de sincronização e rastreamento de frequência

desenvolvido para fins de aplicação no sistema proposto nesta dissertação. O método

apresentado a seguir sugere um algoritmo de simples implementação, no entanto, robusto a

distorções e desequilíbrios de tensão. Seu princípio de funcionamento é baseado na medição

de uma única tensão do sistema, habilitando-o a aplicações em conversores de tensão

monofásicos, podendo também ser aplicado a conversores trifásicos sem perda de

generalidade de resultados. Ainda, com simples modificações, o método descrito abaixo

permite o rastreamento da frequência da rede viabilizando uma possível conexão.

B.1 Descrição do novo método proposto

Este método de sincronização foi desenvolvido visando sua aplicação em conversores

monofásicos conectados a rede elétrica de distribuição. A Figura B.1 mostra o diagrama

esquemático do método proposto.

Figura B.1 - Diagrama do método de sincronização proposto.

Basicamente o método apresentado na Figura B.1, apresenta as seguintes etapas:

1) Medição da tensão monofásica do sistema de distribuição;

145

2) Filtragem da tensão medida, a partir de dois filtros passa-baixas (FPB), a fim de

atenuar possíveis componentes harmônicas presentes na tensão da rede e realizar o

deslocamento de fase do sinal medido.

3) Obtenção do valor do ângulo de referência, refθ , a cada ciclo do programa

conforme a seguinte equação:

1 ( )tan

cos( )ref

sen− =

θθθ

(B.1)

4) Compensação do sinal de erro, definido como a diferença entre refθ e o valor

medido θ, através de compensador PI para eliminar erros em regime permanente

senoidal. O sinal obtido é a variação de freqüência angular ∆ω , a qual é somada com

a frequência angular da rede, nω .

5) Caso haja variação nas tensões da rede, um algoritmo de adequação da freqüência

ajusta os ganhos dos filtros de forma a sintonizá-los à nova frequência de operação.

A seguir serão detalhadas as principais partes do diagrama apresentado na Figura B.1.

B.1.1 Filtros passa-baixa

A utilização de filtros passa-baixas em sequência para a obtenção dos sinais de

sincronismo foi proposto inicialmente em [72] e oferece a vantagem de gerar sinais de

sincronismo com baixa distorção harmônica total (THD – Total Harmonic Distortion),

mesmo com distorções harmônicas e cargas desequilibradas.

No método proposto originalmente, o vetor das tensões de fase, obtido a partir da

medição de duas tensões de linha, é filtrado por um conjunto de filtros passa-baixas de 2ª

ordem, FPB1, projetados para possuir ganho unitário e defasagem de -90 graus na freqüência

fundamental. Este vetor filtrado é, novamente, filtrado por um segundo conjunto de filtros

passa-baixas de 2ª ordem, chamado de FPB2, um para cada tensão de fase. Estes promovem

um deslocamento de fase adicional de -90 graus resultando num vetor que apresenta a mesma

146

amplitude na freqüência fundamental do vetor original, mas com uma defasagem de -180

graus [73], [67].

No método aqui proposto, é utilizada apenas a medição de uma única tensão do

sistema, reduzindo assim o número de sensores necessários. Além disso, percebeu-se que o

uso de filtros de 2ª ordem não seriam adequados para obtenção do ângulo refθ , pois a

inserção de harmônicos de 3ª ordem com amplitude de 30% da tensão da rede, provocou

distorções no sinal obtido após o primeiro filtro, causando oscilação no refθ . Este problema

foi solucionado substituindo-se o primeiro filtro por um filtro de 4ª ordem de forma a filtrar

essas componentes de ordem mais elevada. Na sequência, foi mantido o filtro de 2ª ordem,

necessário apenas para a defasagem do sinal filtrado.

A função de transferência do filtro passa-baixa de 4ª ordem é descrita a seguir:

4 4 3 2 2 2 3 4

1( )

4 (2 4 ) 4an n n n

Ft ss Q s Q s Q s

=+ + + + +ω ω ω ω

(B.2)

Este filtro proporciona um atraso de 180 graus na freqüência de 60 Hz e uma

atenuação de 37,4 dB em 180 Hz, como mostra a Figura B.2.

Para a obtenção de refθ a partir da equação (B.1), com a garantia de que este ângulo

não sofra distorções significativas, faz-se necessário obter sinais com 90 graus de defasagem

entre si. Para isso, é aplicado um segundo filtro, sendo este de 2ª ordem, após o filtro de 4ª

ordem.

A função de transferência do filtro de segunda ordem é apresentada a seguir:

2 2 2

1( )

2an n

Ft ss Q s

=+ +ω ω

(B.3)

O filtro passa-baixa de 2ª ordem irá ocasionar um atraso de 90 graus em 60 Hz e uma

atenuação de 19,1 dB em 180 Hz, como pode ser verificado na Figura B.3.

147

Figura B.2 - Diagrama de Bode do Filtro de 4ª ordem.

Figura B.3 - Diagrama do Bode do filtro passa-baixa de 2ª ordem.

A Figura B.4 apresenta os resultados de simulação dos sinais obtidos após os filtros.

Tem-se, em vermelho, o sinal de tensão da rede medida pelo microcontrolador, em azul, com

uma defasagem de 180 graus devido ao filtro passa-baixa (4ª ordem), tem-se o sinal de tensão

após o primeiro filtro, e em verde, defasada 90 graus em relação ao sinal de tensão em azul,

148

tem-se o sinal de tensão após o segundo filtro passa-baixa (2ª ordem). Já a Figura B.5 o sinal

de refθ obtido a partir dos sinais filtrados, aplicando-se a equação (B.1).

Figura B.4 - Sinal de tensão da rede medida (em vermelho), tensão após o primeiro filtro (em

azul) e tensão após o segundo filtro (em verde).

Figura B.5 – Sinal de .

refθ

149

B.1.2 Modelagem da Planta e Controlador Proporcional-Integral

O modelo linear simplificado do PLL (Phase-Locked-Loop) monofásico proposto em

[74] é mostrado na Figura B.6.

Figura B.6 - Modelo simplificado do PLL. Fonte [74].

Conforme dito, a Figura B.6 é um modelo simplificado e diverge em dois pontos em

relação ao esquema apresentado na Figura B.1. No primeiro ponto, a referência antecipativa (

2n nf=ω π ) considerada inicialmente para melhorar a resposta dinâmica inicial, sendo nf o

valor nominal da freqüência da rede, é desconsiderada para fins de simplificação na obtenção

da FT em malha fechada. O segundo ponto se refere à função relacionada ao atraso de

amostragem decorrente da discretização do modelo (tempo de amostragem aT ), a qual deve

ser considerada para uma correta representação da planta. O regulador PI fornece uma saída

constante ω , se o valor médio do erro em sua entrada for nulo. Nesta condição, t=θ ω e o

PLL sincroniza-se com a freqüência ω do sinal de entrada com um atraso de fase de (2−π ),

o qual garante a condição de ortogonalidade. Portanto o PLL é capaz de fornecer a freqüência

fundamental da rede (ω ) e o ângulo de sincronismo, ( 2= +φ θ π ).

A função de transferência em malha fechada do esquema proposto acima, incluindo

controlador e planta, resulta em:

3 2( ) p i

CLa p i

K s KH s

s T s K s K

+=

+ + + (B.4)

Considerando pequenos passos de amostragem, pode-se desconsiderar o atraso

referente á discretização da planta, e o sistema de terceira ordem pode ser reduzido à forma

150

canônica de um sistema de segunda ordem, sem prejudicar a capacidade do controle. Esta

simplificação é possível desde que o pólo relativo ao passo de amostragem situado no lado

esquerdo do plano s , esteja longe da origem e dos outros dois pólos dominantes. Assim

sendo, a função de transferência simplificada é dada por:

2( ) p i

CLp i

K s KH s

s K s K

+=

+ + (B.5)

Onde , 2p nK ξω= e 2

i nK ω= , sendo nω a frequência de corte desejada e ξ a

constante de amortecimento.

A função do integrador é gerar uma rampa contínua que siga refθ .

Para que isto ocorra é necessário subtrair o valor de π− do integrador a cada ciclo.

Desta maneira ele trabalha integrando continuamente no tempo, sem causar um erro grande

para o controlador PI no final de cada ciclo (passagem de π para π− ).

Para identificar o final de cada ciclo, monitora-se a passagem por zero da tensão após

o segundo filtro passa-baixa, garantindo assim, não haver distorções no sinal analisado.

B.1.3 Leitura da frequência instantânea e adequação dos parâmetros dos filtros

O ∆ω obtido após a ação de controle é somado ao ωn da rede resultando em uma

frequência angular, ω . A sua integração, resulta no ângulo de saída do PLL, θ, conforme

ilustrado na Figura B.1.

A partir de , dividindo-o por 2π , é possível obter o valor da frequência instantânea

da tensão medida. Este valor de frequência é analisado pelo algoritmo que irá escolher quais

serão os parâmetros dos filtros passa-baixas para o próximo ciclo. Buscando, desta maneira,

garantir que a defasagem entre os sinais de sincronismo da equação (B.1) permanecerão

defasados em 90 graus para não distorcer o refθ .

A partir da descrição realizada deste algoritmo a seguir serão apresentados resultados

de simulação e experimentais.

ω

151

B.2 Resultados de Simulação

Para realizar as simulações do método de sincronismo foi utilizado o software PSIM,

nele utilizou-se dois blocos DLL, no primeiro bloco é gerado uma tensão de fase, e no

segundo bloco está o algoritmo do método de sincronismo.

O motivo de utilizar um DLL para geração da tensão a ser medida, é que com ele

torna-se possível gerar tensões com distorções, tais como spikes e harmônicos de ordem

controlada. A tensão e frequência da rede para estas simulações foi definida em p.u. sendo de

1Vpp e 60 Hz.

Primeiramente analisou-se a resposta dos filtros, para a tensão medida livre de

distorções, conforme já apresentada na Figura B.4, e com a tensão medida com alto nível de

distorção, conforme mostrado na Figura B.7.

Figura B.7 - Tensão da rede com harmônicos e spikes (vermelho), a tensão após o filtro de 4ª

ordem (azul) e a tensão após o filtro de 2ª ordem (verde).

Na Figura B.7 foram inseridos harmônicos de ordens diversas e spikes de tensão na

tensão medida. Pode-se observar que os filtros se mostraram eficazes, eliminando todos os

harmônicos e mantendo a defasagem entre as tensões filtradas.

152

A Figura B.8 apresenta o sinal de saída do PI no gráfico superior e o ângulo de

referência, , (azul) e o ângulo de saída, θ (vermelho) no gráfico inferior com um tempo de

aproximadamente 0,2 s de resposta transitória.

Figura B.8 - Erro na saída do PI; ângulo de referência, (azul);

e ângulo de saída, (vermelho).

A Figura B.9 apresenta os resultados em regime permanente senoidal relativos a

Figura B.8, onde percebe-se que os sinais de e são muito semelhantes. Além disso, é

apresentado também o valor instantâneo da frequência, f .

Na Figura B.10 a freqüência da tensão da medida de 60 Hz sofreu uma variação para

62Hz em t=0,4 s. Pode-se notar que o seno fica defasado da tensão de entrada, por

aproximadamente 7 ciclos de rede, voltando a ficar em fase em função do algoritmo de

adequação dos parâmetros dos filtros passa-baixas.

refθ

refθ

θ

refθ θ

153

Figura B.9 - Condição em regime permanente. Sinal de saída do PI; (azul)

e (vermelho); e frequência, f .

Figura B.10 - Variação de freqüência de 60 Hz para 62 Hz. No gráfico superior, tensão

medida (vermelho), função seno de (azul). No gráfico inferior a frequência instantânea.

refθ

θ

θ

154

A fim de verificar a aplicação prática deste método, faz-se necessário a obtensão de

resultados experimentais para sua validação.

B.3 Resultados Experimentais

Na realização dos testes práticos utilizou-se um DSP TMS320F28335 do kit da Texas

Instruments EzDSPF28335 e um gerador de funções Icel GV-2002. O gerador de função

serve para emular a tensão da rede, possibilitando a variação da amplitude e frequência do

sinal gerado.

Para testar os filtros passa-baixas foi gerada uma onda quadrada no gerador de função

obtendo-se os resultados através das variáveis do DSP. A Figura B.11 mostra a tensão de

entrada e a tensão após o filtro de 2ª ordem.

Na Figura B.12 são mostrados a tensão de entrada e o valor de seno gerado a partir do

θ de saída na frequência de 60 Hz, enquanto que a Figura B.13 mostra a frequência do sinal

obtido, a partir de ω , a qual se encontra na frequência de 60 Hz.

Figura B.11 - Tensão de entrada no gráfico superior e tensão após o filtro de 2ª ordem no

gráfico inferior.

155

Figura B.12 - Tensão de entrada e seno gerado a partir do de saída na freqüência de 60 Hz.

Figura B.13 - Resultado experimental para a frequência estantânea, f .

Com o auxílio do gerador de funções alterou-se a frequência para 61 Hz do sinal de

entrada de forma a testar o controlador. A Figura B.14 mostra a freqüência ω, enquanto que a

Figura B.15 compara a tensão de entrada e o seno gerado, mostrando que a fase entre estes

dois últimos sinais é mantida.

θ

156

Figura B.14 – Frequência no valor de 61 Hz..

Figura B.15 – Tensão de entrada e seno gerado a partir do de saída na freqüência de 61 Hz.

f

θ