MODELAGEM GEOMÉTRICA COMO MEDIADORA...

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1 JEFFERSON DOS SANTOS COSTA MODELAGEM GEOMÉTRICA COMO MEDIADORA DA CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO EM DESENHO TÉCNICO NO CURSO DE EDIFICAÇÕES DO IFBA, CAMPUS SALVADOR FEIRA DE SANTANA 2017 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA Departamento de Letras e Artes Programa de Pós-Graduação em Desenho, Cultura e Interatividade

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1

JEFFERSON DOS SANTOS COSTA

MODELAGEM GEOMÉTRICA COMO MEDIADORA DA

CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO EM DESENHO TÉCNICO NO

CURSO DE EDIFICAÇÕES DO IFBA, CAMPUS SALVADOR

FEIRA DE SANTANA

2017

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA

Departamento de Letras e Artes

Programa de Pós-Graduação em Desenho, Cultura e Interatividade

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JEFFERSON DOS SANTOS COSTA

MODELAGEM GEOMÉTRICA COMO MEDIADORA DA

CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO EM DESENHO TÉCNICO NO

CURSO DE EDIFICAÇÕES DO IFBA, CAMPUS SALVADOR

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação

em Desenho, Cultura e Interatividade, da Universidade

Estadual de Feira de Santana, na Área de Concentração

Desenho Registro e Memória Visual, Linha de Pesquisa

Estudos Interdisciplinares em Desenho, como parte dos

requisitos à obtenção do título de Mestre em Desenho,

Cultura e Interatividade.

Orientadora: Prof.ª Dra. Ana Rita Sulz

FEIRA DE SANTANA

2017

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Ficha Catalográfica – Biblioteca Central Julieta Carteado

Costa, Jefferson dos Santos

C873m Modelagem geométrica como mediadora da construção do

conhecimento em desenho técnico no curso de edificações do IFBA,

campus Salvador / Jefferson dos Santos Costa. - Feira de Santana, 2017.

155f.:il.

Orientadora: Profª. Dra. Ana Rita Sulz de Almeida Campos

Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Feira de

Santana, Programa de Pós-Graduação em Desenho, Cultura e

Interatividade, 2017.

1. Desenho técnico - Estudo e ensino. 2. Modelagem geométrica. 3.

Técnico em edificações - Formação. I. Campos, Ana Rita Sulz de

Almeida, orient. II. Universidade Estadual de Feira de Santana. III.

Título.

CDU: 744

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JEFFERSON DOS SANTOS COSTA

MODELAGEM GEOMÉTRICA COMO MEDIADORA DA

CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO EM DESENHO TÉCNICO NO

CURSO DE EDIFICAÇÕES DO IFBA, CAMPUS SALVADOR

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação

em Desenho, Cultura e Interatividade, da Universidade

Estadual de Feira de Santana, na Área de Concentração

Desenho Registro e Memória Visual, Linha de Pesquisa

Estudos Interdisciplinares em Desenho, como parte dos

requisitos à obtenção do título de Mestre em Desenho,

Cultura e Interatividade.

Orientadora: Prof.ª Dra. Ana Rita Sulz de Almeida

Campos

BANCA EXAMINADORA

Prof.ª Dr.ª Ana Rita Sulz

Universidade Estadual de Feira de Santana – UEFS (Orientadora)

Prof. Dr. Arivaldo Leão de Amorim

Universidade Federal da Bahia - UFBA.

Prof.ª Dr.ª Gina Veiga Pinheiro Marocci

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia - IFBA

Aprovado em: dezoito de fevereiro de dois mil e dezessete

FEIRA DE SANTANA

2017

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA

Departamento de Letras e Artes

Programa de Pós-Graduação em Desenho, Cultura e Interatividade

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AGRADECIMENTOS

À Deus.

À minha Mãe Maria da Conceição, pelo exemplo de esforço e dedicação.

À Amanda Maria, minha esposa e mãe de Jorginho, nosso filho, pela compreensão e

incentivo, nos momentos em que me fiz mais ausente.

Aos estudantes do curso de Edificações, turma 1812, pela importante participação nesta

pesquisa.

À Adriana Reis pela paciência, durante a revisão do texto.

Aos colegas do mestrado Bernadete Santiago Lima, Catarina Maria Damasceno e Laís

Andrade pela força e incentivo nos momentos difíceis.

Aos professores Albertino Nascimento, diretor do campus Salvador, Eloísa Santos Pinto,

Chefe do Departamento de Desenho, Maria Estela Smolka e Alfredo Santos Nascimento, por

terem possibilitado a realização desta pesquisa.

Aos colegas do IFBA, campus Seabra, Edinelson Pereira dos Santos, Daiane Silva Oliveira,

Maria Alice leal e Matheus Brito de Oliveira, pelas importantes contribuições e incentivo

Aos Professores Gina Veiga Pinheiro Marocci e Arivaldo Leão de Amorim, pela importante

contribuição que deram a este trabalho.

Meu especial agradecimento à Professora Ana Rita Sulz de Almeida Campos, que com muito

carinho, paciência, entusiasmo, incentivo e conhecimento, foi de total importância para que

esse trabalho se realizasse.

Divido a minha enorme alegria e gratidão com vocês que fizeram parte e colaboraram com

este trabalho. Muito obrigado!

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RESUMO

A desvalorização do ensino das disciplinas de desenho, no ensino fundamental, se expressa

nos altos índices de reprovação dos alunos que cursam Desenho Técnico, nos cursos

oferecidos pelo Instituto Federal da Bahia (IFBA). O fato de disciplinas como Desenho

Geométrico e Geometria Descritiva não constarem como obrigatórias no currículo e não

serem cobradas em exames de vestibular torna-as menos importantes do que Português ou

Matemática, por exemplo. Neste sentido, as construções dos aspectos motores e das

habilidades perceptivas tridimensionais dos alunos não são vistas como fatores importantes.

Este problema permite que os alunos cheguem ao primeiro ano do ensino médio sem as bases

necessárias para cursar Desenho. Tal fato tende a exigir maior empenho dos professores de

Desenho para que os alunos compreendam os assuntos abordados. Diante do problema,

programas computacionais voltados para o desenho e a modelagem geométrica podem ter

papel pedagógico no desenvolvimento das habilidades para visualização espacial, porém, na

Bahia, os cursos de graduação que formam professores de desenho ainda não reformularam os

seus currículos, incluindo o ensino de novas ferramentas para as referidas áreas do

conhecimento. No intuito de contribuir com a aprendizagem do Desenho Técnico, no curso

Técnico em Edificações do IFBA, campus Salvador, a presente dissertação procurou, por

meio das ferramentas de Modelagem Geométrica, um método que pudesse ajudar com a

aprendizagem do Desenho Técnico.

Palavras-Chave: Desenho Técnico. Modelagem Geométrica. Aprendizagem. Ensino.

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ABSTRACT

The decline of the teaching of the design subjects is expressed in the high repetition

rates of students who study Technical design in the courses offered by the Instituto Federal da

Bahia (IFBA). The fact that disciplines such as Geometric Design and Descriptive Geometry

do not appear as compulsory in the curriculum as well as are not required in college entrance

examinations makes them less important than Portuguese or Mathematics, for example. In this

regard, the constructions of the motor aspects and the three-dimensional perceptual abilities of

students are not seen as significant factors. This issue allows students to reach the first year of

high school without the necessary basis to study design. This fact aims to demand a greater

commitment of Design teachers to students who understand the subjects addressed. Based on

this situation, computational programs focused on geometric design and modeling may have a

pedagogical role in the development of spatial visualization skills, however, in the state of

Bahia, undergraduate programs which train design teachers have not yet reformulated their

résumés to include the teaching of new tools for these areas of knowledge. In order to

contribute to the learning of the technical design, in the Building Technician course at IFBA,

located in Salvador city, the present master's dissertation sought, through the tools of

Geometric Modeling, a method that could contribute to the learning of the Technical Design.

Keywords: Technical Design. Geometric Modeling. Learning. Teaching.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Tablet de barro - "Mapa" esquemático da Babilônia.................................... 29

Figura 2 - Esquema das etapas que acompanham o ciclo de vida da construção

plataforma BIM.......................................................................................... 41

Figura 3 - Interface do ArchiCAD 16 (versão educacional)....................................... 44

Figura 4 - Interface do Revit Architecture - Versão 201............................................. 45

Figura 5 - Interface da Versão 2011 do Bentley Architecture..................................... 46

Figura 6 - Máquina de ensinar Ortografia e Aritmética.............................................. 61

Figura 7 - Demonstração esquemática do processo de Aprendizagem

Significativa................................................................................................ 63

Figura 8 - Mapa dos campi – IFBA............................................................................. 81

Figura 9 - Planta baixa proposta para a avaliação....................................................... 102

Figura 10 - Avaliação realizada por um aluno do grupo A........................................... 105

Figura 11 - Avaliação realizada por um aluno do Grupo B.......................................... 106

Figura 12 - Modelo geométrico do projeto de reforma................................................. 109

Figura 13 - Determinação do plano de corte horizontal................................................ 110

Figura 14 - Corte gerado por um plano horizontal........................................................ 111

Figura 14 - Planta baixa do projeto de reforma............................................................. 111

Figura 16 - Edição do plano vertical para geração do corte 3D.................................... 113

Figura 17 - Corte horizontal aplicado ao modelo.......................................................... 113

Figura 18 - Corte........................................................................................................... 114

Figura 19 - Vista superior: estrutura do telhado............................................................ 115

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Figura 20 - Perspectiva: estrutura do telhado................................................................ 115

Figura 21 - Perspectiva para análise da fachada............................................................ 117

Figura 22 - Fachada com textura................................................................................... 117

Figura 23 - Representação técnica da fachada.............................................................. 118

Figura 24 - Demonstração da estrutura do telhado (pontaletes, caibros e terças)......... 122

Figura 25 - Corte em perspectiva demonstrado a estrutura do telhado e fundação....... 122

Figura 26 - Projeto de distribuição elétrica elaborado no Revit MEP 124

Figura 27 - Projeto hidrossanitários com tubulações de alimentação, água fria, água

quente (aquecedor de passagem a gás), esgoto sanitário (destinação: rede de

coleta de esgoto da Sanepar), drenagem pluvial de um sobrado geminado

em condomínio, em Curitiba PR................................................................... 126

Figura 28 - Planta baixa e perspectiva isométrica: água fria......................................... 127

Figura 29 - Planta da estrutura (à esquerda) e perspectiva (à direita)........................... 129

Figura 30 - Planta da estrutura (à esquerda) e perspectiva (à direita)........................... 129

Figura 31 - Perspectiva da estrutura.............................................................................. 131

Figura 32 - Vista superior do Modelo Digital do Terreno............................................. 131

Figura 33 - Edição da cota de pontos do terreno........................................................... 132

Figura 34 - locação da obra........................................................................................... 150

Figura 35 - Estrutura da casa térrea............................................................................... 150

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Organização do processo de produção de obras - área técnica de Construção

Civil.................................................................................................................... 49

Quadro 2 - Proposta de Itinerário Formativo do curso Técnico em Edificações –

CNCT............................................................................................................. .... 54

Quadro 3 - Tipos de aprendizagem significativa..................................................................... 65

Quadro 4 - Características das capacidades visiográficas-tridimensionais primárias............. 67

Quadro 5 - Características das capacidades visiográficas-tridimensionais secundárias.......... 68

Quadro 6 Conteúdos de aprendizagem significativa no Desenho Técnico........................... 70

Quadro 7 Relação entre os teóricos e as atividades propostas.............................................. 72

Quadro 8 Estrutura dos cursos oferecidos pela EIT de Salvador em 1942........................... 80

Quadro 9 Curso Técnico em Edificações na modalidade integrada...................................... 82

Quadro 10 Curso Técnico em Edificações na modalidade subsequente......................... ...... 82

Quadro 11 Disciplinas oferecidas no curso de Edificações do IFBA (Modalidade

Integrada) – campus Salvador........................................................................ ...... 83

Quadro 12 Organização curricular do curso Técnico Subsequente em Edificações....... ....... 86

Quadro 13 Disciplinas que eram ofertadas no curso Subsequente de Edificações do

campus Salvador.......................................................................................... ......

87

Quadro 14 Disciplinas que tem no Desenho Técnico a sua base comunicacional.......... ...... 88

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Acesso ao Desenho Geométrico no Ensino Fundamental por rede de ensino

GrupoA................................................................................................................. 91

Gráfico 2 - Disciplinas que ofereceram conteúdos de do Desenho Geométrico – Grupo

A.......................................................................................................................... 92

Gráfico 3 - Acesso ao Desenho Geométrico no Ensino Fundamental................................... 94

Gráfico 4 - Disciplinas com conteúdos do Desenho Geométrico – Grupo B.......................... 95

Gráfico 5 - Estudantes que dispõem de computador............................................................... 96

Gráfico 6 Avaliação da atividade 01 – Grupo A................................................................... 104

Gráfico 7 Avaliação da atividade 01 - Grupo B.................................................................... 104

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LISTA DE SIGLAS

2D Bidimensional

3D Tridimensional

AEC Arquitetura Engenharia e Construção

BIM Building Information Modeling

B-rep Boundary representation

CAD Computer Aided Design

CD Compact Disc

CEFET Centro Federal de Educação Tecnológica da Bahia

CNEPNT Catálogo Nacional de Educação Profissional de Nível Técnico

CSG Constructive Solid Geometry

DVD Digital Versatile Disc

EIT Escola Industrial e Técnica

ETBa Escola Técnica da Bahia

ETFBA Escola Técnica Federal da Bahia

IFBA Instituto Federal da Bahia

IFC Industry Fundation Classes

IFRN Instituto Federal do Rio Grande do NortE

ISO – STEP International Organization for Standardization - Standard for the

Exchange of Product Model Data

MEC Ministério da Educação

MEP Mechanical, Electrical, and Plumbing

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NBR Normas Brasileiras

NEPP Núcleo de Extensão e Práticas Profissionais

RCNEP Referenciais Curriculares Nacionais da Educação Profissional

SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial

TI Tecnologia da Informação

TIC Tecnologias da Informação e Comunicação

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.................................................................................................................................. 14

1 FERRAMENTAS GRÁFICAS COMPUTACIONAIS E O FAZER EM AEC........................ 22

1.1 TRAÇO TÉCNICO: ESBOÇANDO A ORIGEM....................................................................... 94

1.2 RUMO AO GRAFISMO TÉCNICO........................................................................................... 31

1.3 DESENHO TÉCNICO: UM SABER NECESSÁRIO................................................................ 32

1.4 TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO (TIC)........................................... 34

1.5 MODELAGEM TRIDIMENSIONAL......................................................................................... 35

1.5.1 Modelagem Paramétrica.......................................................................................................... 37

1.5.2 Computer Aided Design (CAD) .............................................................................................. 38

1.5.3 As ferramentas CAD/ BIM...................................................................................................... 38

1.5.4 Principais plataformas CAD/ BIM.......................................................................................... 43

2 O TÉCNICO EM CONSTRUÇÃO EM CONSTRUÇÃO CIVIL............................................. 48

2.1CERTIFICAÇÃO INTERMEDIÁRIA EM CURSOS DE QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL 52

2.1.1 Formação continuada em cursos de especialização técnica no itinerário formativo.......... 52

2.1.2 Verticalização para cursos de graduação no itinerário formativo....................................... 52

2.3.1 As ferramentas de modelagem geométrica e o BIM na formação do Técnico em

Edificações.......................................................................................................................................... 56

3 BASES PARA O ENSINO DO DESENHO.................................................................................. 60

4 METODOLOGIA........................................................................................................................... 73

4.1 O OBJETO DO ESTUDO............................................................................................................. 74

4.2 LÓCUS DA PESQUISA: BREVE HISTÓRICO SOBRE A EDUCAÇÃO TÉCNICA NA 75

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BAHIA................................................................................................................................................

4.3 O INSTITUTO FEDERAL DA BAHIA...................................................................................... 78

4.4 A AMOSTRA: O PROFISSIONAL TÉCNICO DE EDIFICAÇÕES FORMADO PELO

IFBA................................................................................................................................................... 80

4.5PLANO DE CURSO DO TÉCNICO INTEGRADO EM EDIFICAÇÕES 85

4.6 OS ALUNOS PARTICIPANTES DA PESQUISA.................................................................... 88

4.6.1 Perfil dos estudantes pertencentes ao Grupo A.......................................................................... 90

4.6.2 Perfil dos estudantes pertencentes ao Grupo B..................................................................... 93

4.6.3 Análise dos dados obtidos a partir do questionário............................................................... 97

5 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DA PESQUISA EMPÍRICA................................................. 100

5.1 REALIZAÇÃO DA INTERVENÇÃO.......................................................................................... 100

5.2 CRITÉRIOS DE SELEÇÃO PARA A ESCOLHA DO GRUPO – OS SUJEITOS..................... 101

5.3 IDENTIFICAÇÃO DOS PROBLEMAS DE REPRESENTAÇÃO E A METODOLOGIA

ADOTADA PARA AVALIAÇÃO DOS GRUPOS........................................................................... 103

5.3.1 Segunda semana: observação.................................................................................................. 107

5.3.2 Terceira semana: Revisão geral dos conteúdos de desenho Técnico Arquitetônico (planta

baixa, cortes e fachadas)...................................................................................................................... 108

5.3.3 Quarta semana: planta baixa.................................................................................................. 109

5.3.4 Quinta semana: corte.......................................................................................................... 112

5.3.5 Sexta semana: Continuação dos cortes.................................................................................. 116

5.3.6 Sétima semana: fachadas.................................................................................................. 116

ANÁLISES DOS DADOS LEVANTADOS DURANTE A APLICAÇÃO DAS ATIVIDADES.... 118

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INTRODUÇÃO

Durante muito tempo as ferramentas utilizadas no ensino do Desenho Técnico foram a

régua, o compasso, o par de esquadros, o lápis, a lapiseira, o goniômetro, as curvas francesas,

dentre outras. Hoje, quando se trata da elaboração do desenho sobre a prancheta, os materiais

utilizados limitam-se às lapiseiras, réguas paralelas ou réguas T e o par de esquadros, pois,

com a utilização dos programas computacionais, especialmente os que disponibilizam

licenças estudantis ou os de acesso livre e gratuito, os processos de construção e finalização

dos desenhos se tornaram mais velozes e eficazes. Araújo, Taddei e Silva (2012, p. 2), quando

falam sobre os antigos aparatos utilizados para a confecção de desenhos técnicos, dizem que

“[...] a importância da escolha dos instrumentos de desenho para a excelência dos resultados é

fato. Mas com o passar do tempo e o aperfeiçoamento tecnológico estes foram se modificando

e por vezes, sendo esquecidos”.

Quando fui aluno do curso de Edificações, no período de 2002 a 2004, na modalidade

subsequente, no Centro Federal de Educação Tecnológica da Bahia (CEFET), presenciei as

dificuldades que os colegas, cuja formação básica já havia sido concluída, tinham para

visualizar e representar os desenhos técnicos. Além disso, também se fazia complicado o

manuseio dos instrumentos de desenho, como jogo de esquadros, compasso, transferidor, etc,

que deveriam ser cúmplices no traçado das linhas.

Mais tarde, em 2004, ao ingressar no curso de Licenciatura em Desenho e Plástica, da

Universidade Federal da Bahia (UFBA), deparei-me com as mesmas dificuldades

apresentadas pelos colegas do curso técnico. Neste caso, os problemas tornavam-se visíveis

quando na resolução de exercícios das disciplinas Geometria Descritiva I, Geometria

Descritiva II, Desenho Geométrico I e II, e Desenho Técnico.

Em 2009, após a conclusão do Curso de Licenciatura em Desenho e Plástica, tive a

oportunidade de retornar às salas de aula da UFBA, na condição de professor substituto de

Desenho Técnico, dos cursos de Engenharia Elétrica, Engenharia Mecânica, Engenharia

Sanitária Ambiental, Design e Artes Plásticas. Observei que as dificuldades dos estudantes

persistiam e, a partir de então, passei a analisar este fenômeno sob a ótica do professor que

poderia intervir e propor junto aos alunos, outras propostas de ensino. Nesta perspectiva, a

busca por instrumentos que pudessem auxiliar os alunos a compreenderem a aplicação do

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Desenho Técnico me levou a identificar na modelagem geométrica, um instrumento capaz de

contribuir com o aprendizado, principalmente para aqueles que apresentavam menor

desempenho na visualização espacial. O software utilizado na época foi o Google Sketchup.

Por meio deste, foram gerados modelos geométricos dos objetos que seriam trabalhados em

sala de aula, de modo que, após o término de cada exercício, o professor pudesse fazer a

verificação das vistas, cortes ou perspectivas, mediante a utilização dos comandos de

visualização e da inserção de diferentes planos de corte, facilitando o estudo volumétrico das

peças. Notei que a estratégia deixava os alunos motivados para o desenvolvimento de novas

atividades, pois cada exercício passava a ser encarado como um desafio prazeroso.

Em 2012, não mais lecionando na UFBA, passei a atuar no Ensino Técnico Integrado

do Instituto Federal da Bahia (IFBA), como professor da disciplina Desenho Técnico, nos

cursos de Informática e Meio Ambiente. Neste novo cenário, percebi que a situação do

Desenho, seja técnico ou geométrico, é ainda mais grave, pois a maioria dos alunos chega sem

qualquer embasamento teórico ou prático, tendo o professor de Desenho que trabalhar

conteúdos que eram estudados nas séries anteriores ao Ensino Médio e que, com atuais

diretrizes educacionais, a partir de 1996, deixaram de integrar o currículo obrigatório do

Ensino Fundamental. Diante disto, não são raros os estudantes que apresentam dificuldades

no traçado de linhas, na marcação de ângulos, ou na identificação de figuras, fruto do descaso

que vem sendo dado à Educação Gráfica, nestes últimos anos.

O estudo e a utilização das Tecnologias da Informação, no curso Técnico em

Edificações do IFBA, ainda são tímidos e inexpressivos, embora os cursos técnicos devam,

segundo consta no documento base que trata da 1Educação Profissional Técnica de Nível

Médio Integrada ao Ensino Médio, “[...] proporcionar a compreensão das dinâmicas sócio-

produtivas das sociedades modernas, com as suas conquistas e os seus revezes, e também

habilitar as pessoas para o exercício autônomo e crítico de profissões, sem nunca se esgotar a

elas”.

Ainda hoje, apesar do surgimento dos software que substituíram a produção de

desenhos feitos sobre a prancheta, o sistema de comunicação entre engenheiros, arquitetos e

construtores permanece o mesmo: vistas, cortes, perspectivas e desenhos de detalhes; o que

mudou foi a forma da geração desses desenhos e o ganho que se pode ter quando o projetista

1 Disponível em: http://portal.mec.gov.br/setec/arquivos/pdf/documento_base.pdf. Acesso 15 Nov. 2016

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domina a ferramenta computacional, agregando conceitos de geometria e de outros

conhecimentos necessários à elaboração do projeto.

Atualmente, em um mesmo modelo, é possível fazer análise estrutural, verificação da

compatibilidade entre os diversos projetos complementares, além de ser possível a extração de

dados que dizem respeito ao orçamento da obra. A possibilidade de projetação e visualização

dada pelos modeladores geométricos atuais permite trabalhar com estruturas complexas,

anteriormente de difícil execução através das ferramentas tradicionais ou mesmo com auxílio

do CAD2 2D. Estes software permitem, ainda, a extração de cortes e vistas de forma

automática, a partir dos modelos, reduzindo os erros de representação, eliminando o

redesenho por parte do projetista, pois alterações feitas no modelo são refletidas nos cortes e

vistas de maneira simultânea. A exemplo da utilização de ferramentas computacionais na

execução de projetos, registra-se a concepção do Museu Guggenheim Bilbao, projetado pelo

arquiteto Frank Gehry:

Para viabilizar as superfícies curvas contínuas de seu projeto, Gehry recorreu

ao programa Catia, um modelador tridimensional (sic) de última geração,

originalmente aplicado no design de aeronaves. Baseado em algoritmos de

geometria analítica, o software consegue mapear superfícies curvas em

controles numéricos finitos, permitindo uma infinita exploração de soluções

esculturais e garantindo a correta relação entre geometria e a viabilidade de

construção. (HITNER, 2005, s/p).3

Em tempos em que são velozes os processos industriais e se exige domínio da

tecnologia disponível, é de fundamental importância que professores e alunos, ligados às

áreas de Arquitetura, Engenharia e Construção (AEC) tomem conhecimento destes novos

saberes, e possam, com propriedade, interagir com as novas ferramentas para que também se

ampliem as possibilidades de representação e compreensão da forma que se busca alcançar,

além de um maior entendimento do universo no qual os profissionais das diversas categorias

de AEC se inserem.

Nesta perspectiva, é importante que as escolas técnicas e universidades acompanhem e

se apropriem das ferramentas computacionais existentes para projetos de Arquitetura e

2 CAD – Computer Aidad Design (denominação em inglês).

3 A citação foi extraída do artigo: “A teoria da Catástrofe aplicada à elaboração arquitetônica do Museu

Guggenheim de Bilbao”, disponível no portal de arquitetura (www.vitruvius.com.br).

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Engenharia, aprofundando-se ainda mais nos estudos da geometria, base essencial para a

elaboração e compreensão dos desenhos técnicos.

Na concepção de projetos de AEC, o BIM – Building Information Modeling - vem

ganhando espaço e suscitando reflexões acerca da gestão da construção por configurar-se

como um novo paradigma no que diz respeito aos métodos, ferramentas e técnicas de

trabalhos aplicados à construção civil. Segundo Checcucci (2014, p. 19):

Pode-se dizer que a Modelagem da Informação da Construção (Building

Information Modeling - BIM) refere-se a um ambiente computacional

complexo para projetação e gestão colaborativa, concebido para dar suporte

a todas as fases do ciclo de vida da edificação. BIM representa o estado da

arte das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) aplicadas ao setor

da Construção Civil e se configura como um novo paradigma em termos de

métodos, ferramentas e técnicas de trabalho. Envolve grande complexidade

pela quantidade de conceitos, hardware e software sofisticados e uma gama

de questões em aberto; possui características diversas, que objetivam

melhorar os índices de produtividade, qualidade e durabilidade da

construção, reduzir desperdícios de materiais, mão de obra e outros recursos,

aumentar o controle sobre os projetos, e as construções, bem como sobre o

uso e a requalificação das edificações, dentre outros.

No intuito de oferecer contribuições que possam minimizar os problemas apontados

até aqui, aliando a intenção de contribuir com a aprendizagem do Desenho Técnico ao

interesse pelos software de modelagem geométrica, dedicados à Arquitetura e à Engenharia,

cujas capacidades de processamento de informações e de representação gráfica têm sofrido

significativas melhorias, é que nasceu o interesse por esta pesquisa, que teve por objetivo

aplicar e verificar o uso da modelagem geométrica como instrumento mediador para o ensino

do Desenho Técnico, no Curso Técnico de Edificações do IFBA, campus Salvador, na

modalidade integrada, tendo como questão norteadora para pesquisa: Será que o ensino do

Desenho Técnico, através das ferramentas CAD-BIM4, proporciona melhor compreensão dos

aspectos que dizem respeito à confecção dos projetos de AEC, do curso de Edificações

(IFBA)?

Os fatores que levaram à escolha deste tipo de software estão atrelados à qualidade

representacional dos modelos, qualidade da representação técnicas, possibilidades de geração

O termo CAD/ BIM será utilizado ao longo deste trabalho para designar a utilização dos recursos de modelagem

geométrica oferecidos por uma ferramenta BIM.

CAD – Computer Aided Design (Projeto Auxiliado por Computador).

BIM - Building Information Modeling (Modelagem de Informação da Construção).

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de cortes e vistas de forma automática, rápida inserção de elementos estruturais e o sistema de

modelagem parametrizado.

Dessa forma, estabeleceu-se como objetivo geral, analisar a utilização e apropriação

da modelagem geométrica para o ensino e aprendizagem do Desenho Técnico, no curso

Técnico de Edificações do Instituto Federal da Bahia, campus Salvador. Como hipótese,

acredita-se que uma metodologia que utiliza modelos geométricos computacionais possa

potencializar a compreensão dos diversos elementos que compõem os projetos de AEC, de

modo que os alunos sejam capazes de representá-los graficamente. Na lógica de ensino que se

apropria das ferramentas de modelagem geométrica, a sua introdução nas aulas de desenho,

pode servir como instrumento para o ensino e a aprendizagem do desenho, e possibilitar a

aproximação dos alunos às novas ferramentas de trabalho, como preconizado nos Referenciais

Curriculares Nacionais da Educação Profissional de Nível Técnico (RCNEP).

Para analisar o emprego de estratégias metodológicas através do uso de ferramentas de

modelagem geométrica, direcionadas à aprendizagem do desenho técnico, em especial

àqueles relacionados com a concepção do projeto de AEC, no Curso Técnico de Edificações

do IFBA, buscou-se fundamentos em Ausubel, no que diz respeito à utilização de um material

de aprendizagem que possa proporcionar aprendizado significativo para o educando, no

Construcionismo de Papert, que propõe a utilização do computador como mediador na

aquisição de conhecimento e em Dewey, que acredita que a atividade de ensino não deve ser

desassociada da realidade exterior a sala de aula.

É pertinente ressaltar que alguns eventos reduziram o tempo da realização desta

pesquisa como, por exemplo, a greve dos servidores do IFBA, que ocorreu no primeiro

semestre de 2015; e o tempo de espera até que o Conselho de Ética em Pesquisa (CEP)

aprovasse a pesquisa, permitindo que a investigação fosse iniciada. Tais fatores incidiram na

redução do tempo para a realização do trabalho, especificamente a intervenção, restando

apenas uma unidade letiva para o desenvolvimento do trabalho.

Esta dissertação se divide ao longo de cinco capítulos. O capítulo 1 discute a

necessária atualização dos profissionais da Arquitetura Engenharia e Construção (AEC) frente

às novas ferramentas computacionais de projeto. Evidencia a importância da formação dos

professores de Desenho e a da aquisição das novas tecnologias para o ensino. Por fim, faz um

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breve apanhado histórico a respeito das primeiras ferramentas de Projeto Auxiliado por

Computador - CAD.

No Capítulo 2, discute a formação do Técnico em Edificações e a importância da

aquisição das novas ferramentas digitais para a sua área profissional.

O Capítulo 3 aborda o Construcionismo de Seymour Papert, que defende o uso do

computador como instrumento para a construção do conhecimento. São apontadas, neste

capítulo, ainda, a teoria da aprendizagem de David Ausubel e as ideias progressistas de Jhon

Dewey, que afirma que o conhecimento teórico deve ser trabalhado junto à prática para que se

constitua o verdadeiro aprendizado. Estes autores serviram de base para construção da

proposta.

O Capítulo 4 discute a metodologia e apresenta o objeto de estudo. Traz um apanhado

histórico da educação técnica federal na Bahia até chegar ao que se conhece hoje como IFBA,

onde se encontra o Curso de Técnico em Edificações.

O Capítulo 5, discorre sobre a intervenção, o tratamento dos dados e os fatores que

levaram a uma nova proposta de intervenção com a utilização da modelagem geométrica para

o ensino e a aprendizagem do desenho técnico.

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1 FERRAMENTAS GRÁFICAS COMPUTACIONAIS E O FAZER EM AEC

A compreensão das representações técnicas, quanto ao entendimento dos processos de

construção dos edifícios, é elemento fundamental para que os profissionais possam manipular,

de forma efetiva, as ferramentas computacionais de desenho e modelagem.

No início da utilização do CAD, por exemplo, a representação de linhas e pontos, era

suficiente para a descrição e documentação dos projetos. Não era exigido dos desenhistas

noções de estrutura, de elétrica ou dos materiais empregados na obra. Um desenhista poderia

ser um técnico em edificações, um profissional formado nos antigos cursos de Desenho, ou,

alguém que tivesse experiência prática e que fosse capaz de produzir desenhos técnicos com

uma ferramenta CAD. Este profissional era denominado como cadista. Neste cenário, o

trabalho do desenhista cadista poderia se restringir a comandos de desenho e de edição,

durante a manipulação de determinada ferramentas CAD, sem que para isso, fossem dadas

exigências aprofundadas do domínio da Geometria Descritiva ou de noções genéricas de

técnicas construtivas, levando em consideração que muitos profissionais, ao assumirem a

função de desenhista, poderiam se limitar à transcrição de esboços técnicos e a intervenções

corretivas orientadas pelos arquitetos e/ou engenheiros.

Hoje, com os novos métodos empregados na confecção de desenhos técnicos, é

preciso que os profissionais tenham consideráveis conhecimentos sobre materiais e técnicas

empregadas na construção de edifícios, além do domínio da geometria, conhecimento

necessário no emprego de todas as tecnologias dedicadas ao desenho.

Apesar da utilização de elementos paramétricos, a exemplo de portas, paredes,

elementos estruturais, entre outros; facilitar a composição dos desenhos que partem de um

modelo tridimensional (3D), a sua confecção requer maior rigor no emprego das normas

específicas da construção civil, além de sensibilidade estética nos processos criativos, pois

inadequações que antes poderiam passar despercebidas em representações 2D, hoje são mais

perceptíveis nos modelos geométricos.

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Neste contexto, a função do Desenhista Cadista de Arquitetura perde importância, pois

seu trabalho se justifica enquanto os escritórios sofrem adaptações, antes de migrarem para

tecnologias mais avançadas, abrindo espaço para o projetista de Arquitetura.

Muitas vezes, os métodos tradicionais empregados no ensino do desenho técnico,

baseados apenas em projeção ortogonal e projeção axonométrica ortogonal e/ ou oblíqua,

sobre um suporte que não permite a observação de outros pontos de vista do objeto

representado, a não ser que sejam criados novos desenhos para compensar estas deficiências,

podem deixar lacunas no que diz respeito à compreensão da leitura das representações

gráficas ou do processo empreendido para a sua confecção. Junto a isto, em áreas específicas

como a da construção civil, existem normas peculiares aplicadas ao desenho. Estas normas

permitem que sejam comunicadas de forma universal, materiais e objetos, os quais muitas

vezes os estudantes ainda não tiveram contato. Neste sentido, entende-se que o processo de

aprendizagem do Desenho Técnico, especificamente o de Arquitetura, torna-se mais efetivo

quando o conjunto de códigos que permitem a comunicação entre os interessados está

associado ao seu correspondente físico, cuja representação poderá ser bem definida por meio

da modelagem geométrica.

As ferramentas computacionais passaram a substituir as pranchetas e ferramentas

tradicionais de desenho que ocupavam os escritórios de Engenharia e Arquitetura.

É preciso criar, portanto, estratégias para que o objeto representado possa se relacionar

com objeto real durante o ensino do Desenho, de forma que ambos possam se ressignificar

para o aprendiz. Deste modo, as formas, antes traçadas diretamente sobre o papel, passaram a

ser criadas como representação digital bidimensional (2D) que transitaram para os

modeladores geométricos, evoluindo para às técnicas de modelagem paramétricas, com

softwares mais robustos e destinados às áreas específicas da Arquitetura e da Engenharia.

Segundo Oliveira (1998), no Brasil, os primeiros a adotar o Desenho Auxiliado por

Computador (CAD), foram os engenheiros. Os arquitetos demoraram em aderir ao uso dessa

tecnologia, cuja interface, pouco intuitiva, no início, precisava ser adaptada para o uso em

Arquitetura. A pouca disponibilidade de tempo, ou mesmo a impaciência para o aprendizado

dessas ferramentas, levou muitos arquitetos a contratarem o profissional Cadista para que

fizessem a digitalização dos projetos.

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Estas questões deixam transparecer que deve haver necessária adaptação dos espaços

dedicados ao ensino do Desenho Técnico, de modo que os alunos tenham acesso às

ferramentas de representação digital, que permitem gerar, armazenar e transmitir informações

de uma maneira mais precisa. Pereira (2003, p. 5) diz que,

O século XXI nos faz refletir sobre o novo paradigma da educação, a partir

da cultura tecnológica que ora se instala no cotidiano da sala de aula,

contribuindo para o ensino de Engenharia apoiado por computação, numa

proposta desafiadora para o projeto pedagógico.

Apesar da autora fazer referência ao curso de Engenharia Civil, a sua fala pode ser

apropriada ao curso técnico de nível médio em Edificações. Esta situação pôde ser

comprovada no I Encontro de Professores de Desenho do Instituto Federal da Bahia, que

ocorreu no dia 13 de novembro de 2015, em Salvador, e que teve como finalidade tratar das

questões que interessam ao ensino de Desenho dentro do IFBA: a formação de docentes, a

interação destes professores com as novas tecnologias e suas implicações na formação de

discentes; dando origem a outros eventos para a discussão desta temática.

Embora o uso dos computadores possa demonstrar vantagens no ensino de várias

disciplinas, a sua utilização não é consenso entre os profissionais da educação (PEREIRA,

2003). Por outro lado, Cysneiros (1999) diz que apesar da apropriação de novos recursos

tecnológicos na escola, eles podem ser subutilizados, incorrendo em ganhos educacionais

modestos. O autor ainda chama atenção para aquilo que classifica como “inovação

conservadora”, que é quando o professor reproduz em equipamentos caros tarefas que

poderiam ser feitas em equipamentos mais simples. Através de ocorrências históricas,

Libâneo (2010, p. 68) adverte:

Por um lado, é verdade que, em nosso país, a associação entre educação e

desenvolvimento tecnológico foi propiciada por uma visão tecnicista, no

quadro da ditadura militar, gerando uma resistência de natureza política a

tecnologia. Mas há também razões culturais e sociais como certo temor pela

máquina e equipamentos eletrônicos, medo da despersonalização e de ser

substituída pelo computador, ameaça ao emprego, precária formação cultural

e científica ou formação que não inclui a tecnologia.

Estas discussões evidenciam a importância da apropriação, e reflexão quanto ao

emprego de tais recursos tecnológicos. No caso do Desenho Técnico, as ferramentas gráficas

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computacionais podem dar um novo sentido às aulas, principalmente se refletirem as

necessidades do mundo do trabalho.

Neste sentido, conforme descrito nos Referenciais Curriculares Nacionais da

Educação Profissional de Nível Técnico (RCNEP), direcionados à área da indústria (BRASIL,

2000, p. 4), a formação de profissionais deve “atentar quando da formulação dos currículos

para a área, como forma de oportunizar melhores meios a fim de que o aluno aproveite as

tendências do mercado de trabalho”.

No entanto, Santos e Barison (2011) afirmam que a maioria dos professores que atua

no ensino para os cursos da construção civil não se acostumou à utilização das TI, e ainda,

essa mesma geração de professores, que está ligada diretamente ao mercado de trabalho da

mesma área, também não aderiu ao uso das inovações computacionais, fato que dificulta a

introdução da informática nas salas de aula. Contudo, nem sempre a ausência das novas

tecnologias nos cursos voltados para a construção civil está associada ao desinteresse do

corpo docente. Outros fatores podem ser identificados como obstáculos à apropriação e

utilização das tecnologias digitais, a exemplo da inexistência de equipamentos nos

laboratórios das instituições de ensino, ou da presença de equipamentos e software defasados,

falta de espaço físico para montagem dos laboratórios, ou espaços inadequados. Deste modo,

o ensino do Desenho se firma nos moldes das décadas de 1960 e 1970, sem interação com o

atual contexto de transformações tecnológicas e ambientes de trabalho, nos quais se inserem

os profissionais (OLIVEIRA; LIMA; CARVALHO, 2013).

O ensino do Desenho e a Educação, de forma mais ampla, precisam ser revistos como

destacado nas asserções dos autores a seguir:

Novos software ampliam as possibilidades que o professor dispõe para o uso

do computador na construção do conhecimento, eles também demandam um

discernimento maior por parte do professor e, consequentemente, uma

formação mais sólida e mais ampla. Isso deve acontecer tanto no domínio

dos aspectos computacionais quanto do conteúdo curricular. Sem esses

conhecimentos é muito difícil o professor saber integrar e saber tirar proveito

do computador no desenvolvimento dos conteúdos. (MACIEL, 2006, p. 6).

[...] a adoção de recursos da informática promoveu o desenvolvimento de

uma postura automatizada (SIC), levando os alunos a apresentarem suas

propostas de representação gráfica de forma mecânica, a partir de um roteiro

que se assemelha a uma “receita culinária”, negligenciando os aspectos

teóricos que fundamentamos princípios básicos do desenho, conforme

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atestam diversos encontros técnicos sobre o ensino nessa área. (OLIVEIRA;

LIMA; CARVALHO, 2013, p. 3).

Entretanto, apesar das questões colocadas acima, a evolução das ferramentas gráficas

computacionais utilizadas pela indústria no desenvolvimento dos projetos, além daquelas

adotadas para o ensino do Desenho, ainda não devem ser vistas como fator excludente do

ensino do Desenho Geométrico e da Geometria Descritiva no ensino médio, pois as vantagens

do exercício destes conhecimentos na resolução de problemas gráficos, desenvolvimento das

habilidades manuais e apropriação, quanto ao uso da forma, excedem a uma formação para o

mercado.

Porém, as tecnologias, das quais o mercado da construção civil tem se apropriado para

a geração dos desenhos técnicos, tem se distanciado cada vez mais dos métodos baseados em

construções 2D. Junto a isso, a crescente exigência por novos conhecimentos tem deixado

alguns professores de Desenho preocupados a respeito de como devem ser trabalhados os

conteúdos em sala de aula.

Valente (1999) reforça a necessidade de uma formação mais ampla dos professores,

afirmando que, além do domínio do computador ou software, tais educadores, dentro do seu

contexto, devem poder empregar as ferramentas computacionais como auxiliares no

desenvolvimento de conteúdo e conhecimento. Por outro lado, o mesmo autor argumenta que

mudanças pedagógicas não são fáceis de implantar, e estas implicam a resistência, no que diz

respeito a alterações no currículo.

No contexto dos professores de Desenho, a velocidade das transformações impostas

pela informática também dificulta a formação continuada deste profissional que, geralmente

acostumado a utilizar determinado software, resiste a readequações quando da introdução de

um novo sistema que atenda às exigências da contemporaneidade ou às necessidades impostas

pelo mercado de trabalho. Aspectos como o pouco tempo disponível para atualização e a

adaptação às novas tecnologias, indisponibilidade financeira para realização de cursos de

aperfeiçoamento, entre outros, acabam por excluir ou gerar desinteresse por parte de alguns

profissionais da educação. De qualquer modo, faz-se necessário que o professor de Desenho

se mantenha atento às transformações tecnológicas que afetam o modo da geração de

desenhos e projetos, para que possa acompanhar e entender a lógica de uma sociedade pós-

industrial.

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No final do século XX, Santos (2000, p. 2) afirma que:

O incessante desenvolvimento da informática e da microeletrônica tem propiciado

oportunidades para a criação de novos aplicativos e dispositivos periféricos que

podem ser utilizados no ensino de disciplinas gráficas como o Desenho Técnico e a

Geometria. A melhoria do desempenho destes produtos, aliada à drástica redução

em seus preços torna viável seu uso nestas aplicações, com importantes vantagens

para a motivação dos alunos e o processo de aprendizagem.

No que tange ao estudo da Geometria, em especial do Desenho Geométrico, Marinho

et al. (2010) apontam que o estudo das formas geométricas e da sua construção, quando

trabalhados de forma que incentivem os alunos a resolverem problemas, pode desenvolver a

criatividade. Segundo Putnoki (1991, apud Zuin, 2001), além da criatividade, o Desenho

Geométrico também desenvolve o raciocínio lógico e o senso de organização dos estudantes.

Neste sentido, além da apreensão de conhecimentos para o traçado do Desenho Técnico, o

Desenho Geométrico também poderá favorecer a criatividade, quando na confecção de

projetos.

Retomando Santos (2000), a apropriação da informática poderá favorecer

visualizações e análises destes conhecimentos, de maneira não permitida com o lápis e o

papel, a exemplo da Geometria Dinâmica5, em destaque programas como o Cabri-Géomètre

II e o The Geometer's Sketchpad, cujos benefícios podem ser expressos em suas capacidades

de visualização das relações geométricas, possibilidades de exploração das construções,

comprovação de teorema, etc. (SANTOS, 2000). O mencionado autor, ainda fala das

possibilidades de uso de visualização estereoscópica, que permite que se enxergue o objeto

tridimensionalmente em um monitor; e o uso de impressoras 3D de pequeno porte, as quais

podem ser utilizadas para gerar modelos físicos antes confeccionados em ambiente digital,

possibilitando análises tangíveis das relações volumétricas do projeto.

Ainda, o avanço da microeletrônica, antes mencionado por Santos (2000), possibilitou

que dispositivos móveis adquirissem maior capacidade para processamento e armazenamento

5 “O termo geometria dinâmica foi inicialmente usado por Nick Jakiw e Steve Rasmussen da Key Curriculum

Press, Inc. com o objetivo de diferenciar este tipo de software dos demais software geométricos. Comumente ele

é utilizado para designar programas interativos que permitem a criação e manipulação de figuras geométricas a

partir de suas propriedades, não devendo ser visto como referência a uma nova geometria”. (ALVES; SOARES,

2000, p. 4).

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de dados, permitindo que alguns programas fossem criados ou adaptados para tabletes e

celulares.

Outra questão que pode ser levada em consideração está na redução de preços destes

dispositivos móveis e na quantidade de aplicativos que têm sido criados e distribuídos de

forma gratuita, ampliando as possibilidades de ensino e aprendizagem, mediadas pelo uso da

informática. Usuários com conhecimento em programação ainda podem modificar programas

existentes, os de código aberto, ou criar novos aplicativos e disponibilizá-los para que outros

alunos e professores possam ter acesso. Como exemplo, é possível citar o Geotouch6,

direcionado ao estudo de geometria, desenvolvido por professores do Instituto de Ciências

Matemáticas e de Computação (ICMC), da Universidade de São Paulo (USP). Este aplicativo

permite que, por meio de uma conexão Wi-Fi, dois ou mais usuários trabalhem de forma

colaborativa em um mesmo desenho geométrico. Também se encontram disponíveis o

GeoGebra7 e o Sketchometry

8, ambos voltados para o estudo da geometria.

A utilização da informática expande a possibilidades de recursos materiais que o

professor pode aplicar em sala de aula, ainda que o uso do computador se apresente como um

problema inicial, considerando os processos de adaptação e aprendizagem, ele também pode

agregar qualidades profissionais ao docente (ALVES; SOARES, 2003, p. 176).

1.1 TRAÇO TÉCNICO: ESBOÇANDO A ORIGEM

Não é de agora que o desenho serve de base para a visualização de ideias e de

instrumento para materialização do pensamento do homem. Registros demonstram que,

possivelmente na Mesopotâmia, o desenho já era a base para que os construtores executassem

os projetos das edificações. Eles eram traçados sobre tabletes de barro, enquanto a argila

ainda estava pastosa. Utilizava-se o estilete metálico ou de madeira, sendo o de madeira o

6 Disponível em: <http://www5.usp.br/tag/geotouch/>. Acesso em: 27 set. 2016.

7 Disponível em: <https://www.geogebra.org/>. Acesso em: 27 set. 2016.

8 Disponível em: <https://sketchometry.org/en/index.html>. Acesso em: 27 set. 2016.

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mais utilizado devido à facilidade de adaptação, pois o ajuste da ponta com algum

instrumento afiado contribuía para diversos tipos de traçados, recorda Oliveira (2002). Ainda,

segundo o autor, a regularidade demonstrada nos traçados dos desenhos mesopotâmicos,

pressupõe a utilização de régua para a confecção dos desenhos de arquitetura. Alguns

vestígios, também conferem a utilização de esquadros e compasso, como por exemplo, “[...] o

tablete de barro de referência 92.687 – EA da coleção do Museu Britânico” (OLIVEIRA,

2002, p. 29) no qual, duas circunferências concêntricas acusam o uso do compasso por uma

marca central (Figura 1). Além do uso dos citados instrumentos de desenho, registros gráficos

demostram que os mesopotâmios já utilizavam a projeção ortogonal como método de

representação, tendo o desenho de plantas baixas e fachadas como principais artifícios de

representação das edificações.

Fonte: Oliveira (2002, p. 191)

Até então, a ausência de cortes no conjunto das peças gráficas pressupõe a não

utilização deste tipo de representação pelos mesopotâmios. Mas, os desenhos de arquitetura

apresentam identificação dos espaços internos, desenhos executados em escala e cotas

internas. (OLIVEIRA, 2002).

Figura 1 - Tablet de barro - "Mapa" esquemático da Babilônia

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Assim como os mesopotâmios, os egípcios também utilizavam régua, esquadro e

compasso para obtenção dos traçados. No que diz respeito à apropriação de instrumentos e

técnicas do desenho, levando em consideração aspectos históricos, Moraes e Cheng (2000, p.

3) esclarecem:

Observou-se, através desta primeira forma de comunicação, que a evolução

do desenho acompanhou a disponibilidade de materiais e instrumentos, ao

adotar placas de argila e estiletes, papiros, pergaminhos, tecidos e penas com

tintas coloridas, esquadros, compassos e réguas graduadas. Estes foram

utilizados obedecendo a técnicas específicas de representação, à medida que

iam evoluindo ao longo do tempo.

Auxiliados por estes instrumentos de desenho, projeções ortogonais também eram

utilizadas em suas representações, valendo-se de plantas baixas e fachadas. Enquanto não há

registros que provem a utilização de cortes nos desenhos mesopotâmicos, os egípcios os

utilizaram como elemento auxiliar para o entendimento de suas representações.

Na Grécia, apesar de não haver vestígios de desenhos de arquitetura, Oliveira (2002)

crê que eles existiam, pois, para executar as obras arquitetônicas, o desenho pode ter servido

de base fundamental.

O autor afirma ainda que, diferentemente dos gregos, o uso do desenho como

instrumento auxiliar para a execução de edifícios, pode ser confirmado na arquitetura romana

por meio das obras de Vitrúvio, Aulus Gellius e Cícero, que demonstram detalhes de

desenhos de arquitetura em seus escritos.

Embora Oliveira defenda que civilizações antigas utilizaram o desenho como base

para a execução de suas construções, Cattani (2012, p. 118) expõe que:

No campo da objetividade científica, em que pese a existência de diversos

exemplares de desenhos que podem ser considerados desenhos de arquitetura

produzidos em civilizações da antiguidade (Mesopotâmia, Egito, Grécia,

Império Romano e mesmo em civilizações orientais), não há consenso entre

os pesquisadores e historiadores sobre quando o desenho passou a ser

utilizado como prefiguração de um projeto ou obra arquitetônica.

Apesar da falta de consenso entre os pesquisadores, o desenho de arquitetura deixou

seu legado para o desenvolvimento do desenho técnico, como consta nos registros históricos,

demonstrado através do traço.

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1.2 RUMO AO GRAFISMO TÉCNICO

Segundo Moraes e Cheng (2000), até a Revolução Industrial o projetista não se

preocupava em fazer uma descrição completa do objeto, pois o desenho era tido apenas como

um meio para registro da ideia, pois, sendo o projetista autor e executor da obra a

comunicação gráfica enquanto aporte instrucional era-lhe pouco relevante, ainda, a

inexistência de normas técnicas que permitiam que cada profissional realizasse seus desenhos

de acordo com a formação adquirida através da experiência prática. Estes desenhos, muitas

vezes representados em perspectivas sombreadas, assemelhavam-se aos desenhos que hoje

classificamos como artísticos. Mas com o passar do tempo, o modo como eles eram feitos foi

se modificando, ao passo em que se estabeleciam as transformações na geração dos bens de

consumo, como observam os autores,

Com a Revolução Industrial, surgiram máquinas que permitiam a

repetitibilidade de peças, trazendo ao projeto de produtos a necessidade de

uma padronização de processos. Isto fez com que a fase de concepção,

ficando independente da fase de execução, precisasse de um sistema de

representação que permitisse a comunicação entre as duas fases. (MORAES;

CHENG, 2000, p. 3).

Neste contexto, segundo Dória (2004), enquanto avançavam os modelos de produção

industrial, o ensino do Desenho também se desapegava de um viés mais artístico, emergindo

numa concepção mais utilitarista. A partir de então, o Desenho passava a ser “[...] regido por

um complexo sistema de normas e convenções” (ULBRICHT, 1998, p. 25), que passou a ser

a base da comunicação gráfica universal no Desenho Técnico.

É importante lembrar que, desde a Revolução Industrial até o surgimento do Projeto

Assistido por Computador (CAD), na década de 1960, os projetistas dependiam de uma série

de instrumentos para realização do Desenho Técnico, que por vezes tornavam o processo de

produção moroso. Hoje, os profissionais dispõem de uma série de software que os auxiliam

no desenvolvimento dos projetos, tornando a geração dos produtos gráficos mais ágeis. Diante

disto, ao longo de décadas, observa-se que nos eventos dedicados à representação gráfica tem

havido diversos debates a respeito do ensino do Desenho, tanto no que diz respeito à

relevância da perpetuação do seu ensino por meio dos instrumentos tradicionais, quanto ao

uso das ferramentas digitais como instrumento didático ou ferramenta que deve ser adotada

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nas salas de aula em substituição aos instrumentos tradicionais de desenho, deveras obsoletos

para o mercado de trabalho. Inegavelmente, com o desenvolvimento das tecnologias

computacionais voltadas para a representação gráfica, exige-se que o ensino do Desenho

Técnico seja conciliado com os conhecimentos de informática, como afirma Monnerat (2012).

1.3 DESENHO TÉCNICO: UM SABER NECESSÁRIO

Sulz (2007) refere que o Desenho é fator relevante para o desenvolvimento das

ciências e das tecnologias. Afirma que nos países europeus, nos quais há expressivo

desenvolvimento da indústria, o Desenho se faz presente nas estruturas curriculares de ensino

da Educação Básica. A autora relata ainda que, no Brasil, diferentemente destes países, é dada

pouca importância ao Desenho como disciplina no currículo das escolas, comprometendo a

formação de profissionais de diversas áreas e consequente desenvolvimento econômico e

tecnológico. Ao definir o Desenho como competência profissional, a autora defende que:

A partir dos saberes profissionais estabelecidos por Le Boterf [...], o

Desenho Técnico está presente no “saber combinar recursos e mobilizá-los

em um contexto”, como um dos recursos pertencentes à “instrumentalização

de recursos pessoais”, necessários ao desenvolvimento das competências

profissionais. (SULZ, 2007, p. 83).

Tanto no design de produto, quanto no projeto da mecânica, quando necessário for

para o funcionamento do objeto que o designer projetou, só são possíveis de se entender,

graças ao desenho, e é por meio dele que as indústrias podem transpor para a forma física os

produtos imaginados. Diante disto, é possível constatar que o Desenho Técnico nasce a partir

de uma necessidade técnica, no que diz respeito aos preceitos da indústria, na qual se

estabelece ligação entre os diversos atores que compõem os processos da geração dos

produtos. Ulbrichit (1998, p. 13) complementa com a seguinte afirmação:

[...] o grafismo técnico, sendo uma manifestação primária e objetiva da

técnica, se adapta sempre às circunstâncias técnicas, abrangendo um

conjunto de documentos, cujo número, natureza, conteúdo e a distribuição,

entre os diferentes atores do processo produtivo, são o reflexo de uma

organização técnica e, portanto, de uma organização econômica e social.

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Diante disto, faz-se importante ressaltar que foi Gaspard Monge, matemático francês,

quem, no século XVIII, desenvolveu a Geometria Descritiva, método pelo qual passou-se a

representar as faces do objeto sobre o plano, de forma sistemática, sendo a base para o

Desenho Técnico. Vale lembrar que mesmo antes do aparecimento da Geometria Descritiva,

já eram utilizadas técnicas que empregavam projeção, cortes ou perspectivas, como antes

referido. Segundo Ulbrichit (1998, p. 21), Monge chegou a ser criticado na França, de onde

vinham afirmações de que as grandes catedrais foram construídas muito antes do

aparecimento da Geometria Descritiva.

Apesar de Moraes e Cheng (2000) apontarem a origem do desenho técnico ao século

XVIII, os registros históricos que se tem deste tipo de grafismo, no que diz respeito ao uso de

cortes, vistas, perspectivas e o emprego de convenções “[...] que traduzem a função e o

material de que é constituído o objeto”, demonstram que não houve significativas mudanças

no modo da sua apresentação desde o seu surgimento, como afirmam (SILVA et al., 2006).

Os meios para sua geração e os processos de reprodução é que se tornaram adequados às

mudanças tecnológicas, para que pudessem acompanhar o ritmo imposto pela indústria. Por

exemplo: a máquina passou a suprir alguns dos trabalhos feitos anteriormente pelo homem,

melhorando o processo de produção e reprodução, durante a Revolução Industrial, e junto a

isto, em 1876, surgiu a cópia heliográfica, fato que gerou a dispensa da reprodução manual

das diversas folhas de desenho que compunham os projetos. A respeito do que foi dito até

aqui, é pertinente salientar que antigamente os desenhos técnicos eram feitos com traços finos,

os desenhistas se valiam das sombras para dar peso a suas representações. Esse modelo de

desenho, que mais se assemelhava a uma obra de arte, era de difícil reprodução. Com a

chegada da cópia heliográfica os traços passaram a ser mais carregados e as sombras foram

eliminadas para que não se perdesse a qualidade dos desenhos durante os processos de

reprodução (SILVA et al., 2006, p. 4). Mais à frente, já com o surgimento dos computadores,

o traçado deixou de ser analógico, em que os projetos feitos à lápis posteriormente eram

finalizados com tinta nanquim, e passou a ser digital, possibilitando o armazenamento dos

projetos em disco rígido, disquete, CDs, DVDs, pen drives, ou “em nuvem”, melhorando

significantemente a organização e o acesso às informações. O meio digital também tornou os

processos de confecção e reprodução de desenhos mais dinâmicos, permitindo a troca de

arquivos em tempo real entre projetistas, construtores, proprietários e colaboradores.

Dispositivos gráficos de saída de alta definição, como impressoras e plotters também

tiveram papel definitivo na produção de desenhos impressos. É importante frisar que ao

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contrário do que ocorre na produção de desenhos artísticos, as ferramentas utilizadas na

concepção do Desenho Técnico nem sempre podem ser ditadas pelo gosto do projetista. Eles

têm que se adequar aos tipos de ferramentas que atendam às expectativas de um mercado

competitivo. Porém, a adoção de determinada ferramenta incide em questões que vão além

daquelas centradas em qualidade gráfica ou produtividade, como expresso por Ulbricht (1998,

p. 57):

A revolução na arte de representar os desenhos não é só de caráter técnico,

mas também social. Novas profissões aparecem em detrimento de outras que

vão se desvanecer. Surge o analista de sistemas, o desenhista que utiliza o

computador para desenhar e fazer correções, o engenheiro que trabalha com

três dimensões utilizando programas complexos e máquinas poderosas e

perde a importância o desenhista tradicional, o copista, o de estrutura de

concreto armado e os profissionais que podem e não querem se adaptar à

nova tecnologia.

Trazendo as questões supracitadas para o contexto da sala de aula dos cursos de

Construção Civil, é importante que as novas gerações sejam apresentadas aos atuais processos

de comunicação gráfica, desde que, embasados nos conceitos que as fundamentam - neste

caso os que estão voltados para a Arquitetura, Engenharia e Construção (AEC) -, para que de

fato eles compreendam os processos e as tecnologias disponíveis para a geração de desenhos.

1.4 TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO (TIC)

As Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) se constituem a partir do

agrupamento dos recursos tecnológicos e computacionais, cuja finalidade está pautada em

geração, armazenamento, recuperação, organização e compartilhamento de informações

(CAMPOS FILHO, 2004). As TIC têm influenciado nos processos de criação,

desenvolvimento e na qualidade dos produtos. O uso das TIC também se reflete na

comunicação entre as equipes de trabalho e nas tomadas de decisões:

A partir dos anos 90, as tecnologias da informação foram paulatinamente

introduzidas nos escritórios de arquitetura, convertendo-se em uma

ferramenta indispensável no dia a dia, não só no desenvolvimento de

projetos, mas também influenciando na forma de comunicação e intercâmbio

de informação com clientes, engenheiros ou colaboradores. As pranchetas

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deram lugar aos computadores, os gabaritos, a blocos baixados de internet, e

a geometria se desprende dos axiomas euclidianos, graças à capacidade dos

programas CAD (Computer Aided Design) de representar geometrias mais

complexas. (ORCIUOLI, 2009, p. 1).

Hoje, as raras pranchetas que ocupam espaço nos escritórios de Engenharia ou

Arquitetura, são utilizadas por profissionais que ainda preferem trabalhar com lápis e papel no

desenvolvimento das etapas de projetação, tendo posteriormente os desenhos digitalizados

através de uma ferramenta CAD. Com o significativo avanço das tecnologias da informação,

pode-se dizer que muitos profissionais que integram as áreas de AEC enfrentam tensões

maiores que aquelas vivenciadas por aqueles que acompanharam o período de transição da

prancheta para o CAD, pois além do processo de mudança requerer investimento em

equipamentos, disponibilidade de tempo e treinamento de equipes, é exigida dos profissionais

uma nova mentalidade no que diz respeito aos métodos de projetação.

1.5 MODELAGEM TRIDIMENSIONAL

Digitalmente, os elementos do mundo real podem ser representados através de uma

interface gráfica que expressa suas informações volumétricas via estrutura de algoritmos

(REGO, 2008). Diante das atuais possibilidades de representação, dadas pela tecnologia

computacional, Speck (2005) defende ser vantajosa a representação em 3D em relação a 2D,

pois o usuário trabalha com a forma real do objeto, sem que seja necessário realizar

interpretações que incorrem em erros de representação, que são mais propícios à medida que

aumenta a complexidade do modelo ou nível de detalhamento. O autor destaca, ainda, as

possibilidades que se pode ter através dos modelos geométricos que permitem a fabricação de

protótipos por meio de máquinas operatrizes monitoradas por computadores que suportam

9Projeto Auxiliado por Computador/ Manufatura Auxiliada por Computador (CAD/CAM), e

que possibilitam a navegação de clientes em ambientes virtuais de arquitetura, permitindo a

exploração dos espaços.

9 Os Programas CAM convertem em linhas de comando os dados geométricos dos projetos elaborados por meio

de uma ferramenta CAD, possibilitando a orientação dos movimentos das maquinas utilizadas na usinagem.

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Para que a forma física dos elementos possa ser descrita em ambiente computacional,

os modeladores se valem de duas técnicas distintas de modelagem: a modelagem procedural e

a modelagem geométrica. A modelagem procedural é um método adotado para que se consiga

representar formas orgânicas complexas ou elementos da natureza, tais como água, nuvem ou

gases etc. Já a modelagem geométrica toma como base os conceitos da Geometria Euclidiana

para geração dos modelos. A respeito da modelagem geométrica, Nogueira (2010, p. 191)

afirma que:

A modelagem geométrica consiste de um conjunto de métodos que visam

descrever a forma e as características geométricas tridimensionais de um

objeto em ambiente computacional. Ela provê uma descrição ou modelo

muito mais analítico, matemático e abstrato que o real. Cria-se um modelo

porque ele é mais conveniente e econômico que o objeto ou o processo real.

Através desse modelo fica mais fácil e prático analisá-lo e testá-lo. Esta

modelagem é o ingrediente básico de sistemas CAD/CAM, computadores

gráficos, arte por computador, visão por computador, simulação, robótica e

animação. Avanços em quaisquer destes campos dependem de quão bem

definidos estão os modelos geométricos criados.

Quando os primeiros software de modelagem foram criados, possibilitavam apenas a

representação da geometria dos objetos através de um modelo aramado (wireframe). Apesar

de consumir pouca memória, este tipo de visualização tornava o modelo ambíguo à medida

que crescia a sua complexidade. Estes software ainda apresentavam o inconveniente de não

permitirem o armazenamento de informações pertinentes ao modelo físico representado, para

que fosse possível a realização de cálculos ou exportação para software de análises. Mais

tarde foi desenvolvida a técnica de representação de modelos por faces, neste caso, um

conjunto de vértices e arestas determina uma região fechada (face do modelo).

Estudos dirigidos à modelagem geométrica possibilitaram o aperfeiçoamento dos

modelos, sendo possível a modelagem de sólidos10 através de dois métodos de representação,

o Boundary Representation e o Constructive Solid Geometry, como afirma Polonini (2014, p.

63):

Por um lado, Ian Braid da Universidade de Cambridge propôs as Superfícies

Limitantes (Boundary Representation ou B-rep) e pelo outro lado, Ari

Requicha e HerbVoelcker da Universidade de Rochester apresentaram a

Geometria Sólida Construtiva (Constructive Solid Geometry ou CSG).

10

Penteado (1976, p. 224) classifica um sólido geométrico como uma porção limitadas da matéria cujos atributos

físicos se expressam na forma, no tamanho, na posição, na cor, no peso, na sua dureza, etc.

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Os modelos sólidos permitem que, a partir deles, sejam obtidas informações de massa

e volume. Os dois métodos de modelagem citados acima, podem ser descritos da seguinte

forma: na modelagem por B-rep, por exemplo, a descrição do modelo sólido é feita através de

suas superfícies limitantes, sendo possível fazer distinção entre o lado da face que se encontra

no interior do modelo e o lado que está voltado para o exterior (AZEVEDO; CONCI, 2003, p.

125). Ou seja, “O modelo na forma B-Rep representa o modelo sólido em termos de sua

fronteira espacial, em geral tendo a superfície externa e uma convenção para indicar de qual

lado da superfície está o material sólido” (SPECK, 2005, p. 49). Deste modo, o software faz

uma verificação do modelo para constatar se suas fronteiras estão completamente definidas,

de modo que ele possa ser reconhecido pelo sistema como um sólido válido.

De acordo com Speck (2005), os primeiros modeladores B-rep não suportavam a

representação de faces curvas. Para que fosse possível construir tais representações,

empregava-se um processo chamado facetamento, que permitia o modelamento deste tipo de

superfície por aproximação. Segundo o autor, na segunda geração dos modeladores B-Rep,

melhorias foram implementadas com a inclusão de objetos primitivos com superfícies

analíticas através da inserção de algoritmos mais complexos.

Já a modelagem por CSG utiliza primitivas geométricas através das quais são

executadas operações de adição, subtração e interseção. Por meio da combinação entre os

sólidos são criados outros sólidos mais complexos (CARDOSO, 2005). Também é possível

gerar modelos a partir de técnicas de varredura, como extrusão e rotação. A maioria dos

software CAD permite um sistema de modelagem híbrido, no qual são permitidas tanto a

CSG quando a B-rep no processo de modelagem. Speck (2005, p. 48), observa que

A técnica CSG consiste numa forma rápida e bastante intuitiva para a

modelagem sólida, visto que simula o processo de manufatura. Um problema

associado a modelagem por técnicas CSG é o suporte limitado a superfícies,

já que um modelador CGS “puro” não armazena as informações das

fronteiras e intersecções de sólidos.

1.5.1 Modelagem Paramétrica

No processo de modelagem em CAD tradicional, em que as entidades são construídas

individualmente, sem que exista associação entre elas, qualquer alteração necessária que

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precise acontecer em um projeto incorrerá em retrabalho para que as correções sejam feitas,

além de ser um processo que exige mais comandos durante a confecção do modelo. Já na

Modelagem Paramétrica, é permitido que o projetista altere as configurações das entidades

apenas modificando os parâmetros existentes, sendo que alterações feitas em um modelo

geométrico podem refletir nos resultados das representações em 2D, que sofrerão ajustes

automáticos. Neste tipo de modelagem “[...] instâncias de forma e outras propriedades podem

ser definidas e controladas de acordo com uma hierarquia de parâmetros nos níveis de

conjunto e subconjunto, assim como no nível de um objeto individual” (ESTMAN et al.,

2014, p. 29).

Apesar de alguns programas CAD não possuírem um sistema de modelagem

paramétrico, as suas funções podem ser estendidas por meio de scripts11

desenvolvidos por

usuários que detenham conhecimentos na área de programação, parametrizando o processo de

modelagem.

1.5.2 Computer Aided Design (CAD)

Para Silva et al. (2006, p. 13), CAD designa um conjunto de programas de

computação gráfica cuja estrutura e o modo de utilização visam atender às demandas

específicas que se configuram nas áreas de Arquitetura, Engenharia Civil, Engenharia

Mecânica, etc. Com o tempo, os projetos feitos em CAD passaram a depender de hardware

mais robustos para que pudessem processar as solicitações exigidas por software cada vez

mais potentes. A evolução das ferramentas CAD, no que diz respeito à adoção de modelos

parametrizados associados a informações incorporadas ao projeto, culminaram no que se

entende hoje como tecnologia BIM.

11

De modo geral, um script, no contexto CAD, pode ser entendido como um conjunto de códigos utilizados para

a criação de rotinas ou geração de novas ferramentas, cujo objetivo é aumentar a produtividade dos projetos. “As

linguagens script para aplicativos CAD podem variar muito, não apenas em termos de sua sintaxe e estrutura,

mas também em relação aos resultados que podem ser obtidos por sua aplicação”. (CELANI; VAZ, 2011, p. 3).

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1.5.3 As ferramentas CAD/ BIM

Segundo Eastman et al. (2014, p. 27), “A modelagem de edifícios baseada em

modelagem de sólidos geométricos foi desenvolvida no final dos anos 70 e início dos anos

80”. Nesta época, os sistemas computacionais tinham pouco poder de processamento de

informação para suportar as solicitações dos programas de modelagem geométrica, apesar da

possibilidade de geração de desenhos e relatórios, ainda precisavam ser melhorados, destacam

os autores. Além disso, as pequenas empresas tinham dificuldade em adquirir software devido

aos altos valores cobrados por suas licenças. Eastman et al. (2014, p. 27) afirmam que apenas

as indústrias de manufatura e aeroespacial viram benefícios no apoio ao aperfeiçoamento

desta tecnologia, investindo no desenvolvimento dos sistemas CAD, enquanto a indústria da

construção preferiu seguir com a utilização de editores de desenhos, que serviram como

ferramentas para o desenvolvimento de projetos de engenharia e arquitetura durante muito

tempo. Silva et al (2006) relatam que a partir dos anos 80 do século XX, o significativo

desenvolvimento da informática foi de extrema importância para a indústria e os pequenos

escritórios.

A evolução dos equipamentos de informática, particularmente nas décadas

de 1980 e 1990, foi tão grande que possibilitou o acesso aos computadores à

grande maioria da população, em especial a população no ocidente. Este

desenvolvimento permitiu também o aparecimento de programas

computacionais capazes de rivalizar com operadores especializados em

determinadas áreas, provocando reformulação dos métodos de trabalho em

muitos setores. (SILVA et al, 2006, p. 13).

As primeiras ferramentas computacionais eram voltadas ao desenvolvimento de

projetos de Engenharia ou Arquitetura, os projetistas representavam suas ideias por meio de

representações de modo 2D, permitindo que o usuário pudesse, a partir de uma planta baixa,

fazer levantamento de área e extrair medições para elaboração de orçamento (SILVA et al,

2006). Atualmente, a aquisição dos dados do projeto pode ser feita a partir de um modelo

geométrico obtido com a modelagem paramétrica. Os produtos gerados por meio da

modelagem baseada em objetos paramétricos permitem que sejam dados significados

semânticos à edificação, diferente da modelagem baseada em entidades que apenas

representam modelos volumétricos.

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Essa nova forma de se projetar, baseada em métodos que permitem a extração de

informações durante as fases de concepção da edificação ou durante o seu ciclo de vida, deu

origem ao que ficou conhecido como Building Information Modeling (BIM). De acordo com

Checcucci (2014, p. 56):

A modelagem da informação da construção12

refere-se ao processo que deve

ser realizado para o desenvolvimento de um modelo geométrico que irá

representar todas as características de uma dada edificação. Ela utiliza um

ambiente gráfico tridimensional capaz de executar diversos tipos de

simulações e operações sobre este modelo. Este processo pressupõe a criação

e aplicação de procedimentos de trabalho colaborativo por uma equipe

multidisciplinar, na qual cada membro do grupo irá interagir com o modelo

inserindo e extraindo informações relevantes para a execução do seu

trabalho.

Assim como ocorreu durante o período da Revolução Industrial, quando as máquinas

assumiram alguns trabalhos manuais gerando maior produtividade na obtenção de produtos,

na adoção do sistema BIM, pode-se pensar a produção das peças gráficas como um processo

semelhante, pois automatiza a produção de cortes e vistas, diminuindo a quantidade de erros

nos desenhos, o que leva ao aumento da produção de informações gráficas e de outras

informações pertinentes ao projeto, e que são alimentadas ao longo do seu desenvolvimento,

atendendo à necessidade de um mercado que trabalha condicionado a prazos cada vez mais

exíguos.

Na filosofia BIM, os dados geométricos que representam as características físicas da

edificação, junto às informações que são incorporadas ao modelo geométrico da edificação

durante a sua confecção, servem de base documental para às etapas que acompanham todo o

ciclo de vida da edificação. O ciclo de vida da edificação engloba as fases de projetação,

concepção, planejamento da obra (4D e 5D)13

, operação e manutenção (uso), demolição e

reforma, como demonstrado na Figura 2. Todas essas etapas são acompanhadas por um

conjunto de ferramentas. Eastman et al (2014, p. 63) dizem que,

Há muitas outras ferramentas de projeto, análise, verificação, exibição e

relatórios que podem exercer um papel importante nos procedimentos do

12

Building Information Modeling (BIM). A designação para BIM, no Brasil, é Modelagem da Informação da

Construção.

13

O 4D e o 5D estão relacionados ao cronograma da obra e à adição de custos, respectivamente.

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BIM. Muitos componentes e tipos são necessários para construir e projetar

uma edificação completamente.

Figura 2 - Esquema das etapas que acompanham o ciclo de vida da construção

plataforma BIM

Fonte: Site do Diário Imobiliário14

.

A respeito dos programas que integram o BIM podem ser citados o Revit e o

ArchiCAD para a modelagem geométrica, para o planejamento e orçamento da obra podem

ser apontados o Synchro (4D) e o Naviswork da Autodesk (5D); o primeiro permite que sejam

visualizadas as fases de execução do empreendimento, enquanto que o segundo busca extrair

o quantitativo a partir do modelo geométrico, de modo a permitir a confecção do orçamento

da obra. Já no que diz respeito à gestão do edifício, depois de construído é possível citar o

ArchiFM15 da Graphisofit. Para que os programas listados possam trabalhar de forma

14

Disponível em: <http://www.diarioimobiliario.pt/Arquitectura/Building-Information-Modeling-BIM-A-

revolucao-nos-projectos>. Acesso em: 16 dez. 2016.

15

Facility Management – FM (Gestão de Facilidade).

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integrada, a interoperabilidade deverá resolver questões de importação e exportação de dados,

permitindo que o modelo seja lido e escrito pelos diferentes programas utilizados. Referente

ao gerenciamento de facilidades, Eastman et al. (2014, p. 29) dizem que,

O uso do BIM para apoiar o gerenciamento de facilidades ainda está no

inicio, e apenas recentemente as ferramentas tornaram-se disponíveis no

mercado. Proprietários devem trabalhar com suas organizações de

gerenciamento de facilidades para identificar se suas atuais ferramentas

podem suportar componentes BIM de espaços ou se um plano de transição

para uma ferramenta de gerenciamento de facilidades que suporta BIM é

necessário.

Apesar das vantagens do emprego da ferramenta BIM na confecção de projetos,

Checcucci (2014) alerta para a importância de se conhecer as características destas

ferramentas, de modo que se possa trabalhar com a troca de dados entre as diversas

plataformas sem que haja perda de informações nos processos de importação e exportação.

Andrade e Ruschel (2009, p. 80), dizem que “para que se tenha uma boa interoperabilidade é

importante à implementação de um protocolo internacional de troca de dados nos aplicativos e

nos processos de projeto”. O principal protocolo utilizado hoje é o Industry Fundation

Classes (IFC), formato de arquivo não proprietário, desenvolvido para que ocorra a troca de

informações sem que haja significativas perdas de dados. Para Eastman et al. (2014), o IFC se

baseia no 16

ISO – STEP Express para definição da sua estrutura, mas diferente do ISO-STEP,

cujo foco se ateve ao intercâmbio detalhado entre software de domínio de engenharia

específicos, o IFC foi desenvolvido com uma estrutura extensível. Desta forma, a leitura das

informações da construção não se restringe apenas ao software que desenvolveu a parte

estrutural, por exemplo, visto que o IFC trabalha com entidades genéricas base, comumente

utilizadas na AEC, esses objetos são conhecidos como Shared Objects (Objetos

Compartilhados), dentre eles podem ser citados os elementos de estrutura, pisos, paredes

genéricas, elementos de sistemas prediais, elementos de gerenciamento, etc. (ESTMAN et al.

2014).

Para Eastman et al (2014, p. 68) um dos entraves da interoperabilidade, entre os

principais programas comerciais, é o interesse mercadológico presente nas empresas

16

A série de normas International Organization for Standardization 10303 (ISO 10303), também conhecida

como Standard Product data and Exchange (STEP), foi criada com o objetivo de integrar todas as informações

do produto durante todo o seu ciclo de vida (Schützer; Moura, 2001).

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desenvolvedoras dos software que comercializam seus produtos por meio do marketing

visando à manutenção dos seus clientes. Os autores observam que:

O fundamento do BIM é um modelo coordenado e rico em informações, que

permite a prototipagem virtual, análises e construção virtual de um projeto.

Essas ferramentas ampliam largamente as capacidades do CAD atual por

meio da habilidade de associar informações do projeto a processos de

negócio, como orçamentação, previsão de vendas e operação do edifício. Em

processos baseados em desenhos, as análises precisam ser feitas de modo

independente da informação do projeto do edifício muitas vezes exigindo

entrada de dados repetidos, tediosa e propensa a erros. (EASTMAN et al.,

2014, p. 94).

Ainda que as empresas desenvolvedoras de software se valham de apelos comerciais

para induzir a aquisição de seus produtos, é importante que o indivíduo se aproprie dos

conhecimentos inerentes à representação gráfica e das diferentes disciplinas que garantirão

bons resultados no projeto, pois não será apenas a aquisição de um programa que conduzirá a

um bom projeto. Além dos conhecimentos que possibilitam o manuseio do software, deverão

estar associados ao processo de desenvolvimento dos projetos, sólidos conhecimentos de

Geometria, técnicas construtivas e conhecimento de matérias que nortearão a modelagem do

edifício e informações agregadas. Também é importante que se tenha entendimento critico a

respeito do uso destas ferramentas, pois este profissional ou estudante se insere em uma nova

lógica do processo de produção, necessitando que a compreensão e a manipulação das

ferramentas da atualidade sejam vistas através de uma perspectiva crítica e educacional.

1.5.4 Principais plataformas CAD/ BIM

De acordo com Estman et al (2014), cada uma das ferramentas BIM, para projetos de

arquitetura, possui características específicas, e os fatores que afetam o desempenho da

produção de desenhos podem estar presentes no suporte para representação de cortes, ou na

capacidade que determinado software pode ter para suportar um ou vários arquivos por

projeto, assim como na facilidade de uso, no caso de apresentar uma interface mais intuitiva,

dentre outros aspectos. Geralmente a escolha de um software dependerá das melhorias

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apresentadas por ele ao longo do tempo de atuação no mercado, dadas por atualizações feitas

pelos desenvolvedores, e da quantidade de profissionais que utilizam um mesmo programa.

Segundo Addor et al. (2010), o primeiro software com ferramentas BIM foi o

ArchiCAD (Figura 3), com lançamento na Hungria, no ano de 1987. Desde o seu lançamento

ele vem se mantendo até hoje como um dos software mais utilizados nos escritórios de

arquitetura. Em um artigo publicado em 2009, Andrade e Ruschel trazem a informação de que

neste período ele ocupava o segundo lugar dentre os software mais utilizados nos escritórios

de arquitetura no mundo, com um total de 32% dos usuários, ficando atrás apenas do Revit,

que até o período da publicação do artigo citado apresentava um total de 67% dos usuários.

Figura 3 - Interface do ArchiCAD 16 (versão educacional)

Fonte: Autor, 2016. Captura de tela do ArchiCAD.

Eastman et al (2014) afirmam ser o Revit Architecture (Figura 4) o software mais

conhecido entre os usuários BIM. Sua participação na linha de produtos da Autodesk se deu

em 2002, depois que a empresa adquiriu a Revit Technology Corporation, antiga

desenvolvedora do software. Além do Revit Architecture, existem outros produtos da família

Revit que dão suporte no desenvolvimento de projetos estruturais e de instalações, os quais

são: o Revit Structure e o Revit MEP. Apesar do Revit ter sido lançado anos depois do

ArchiCAD, a Autodesk já possuía o AutoCAD inserido em grande parte dos escritórios de

engenharia e arquitetura, juntando isto ao forte investimento em marketing da Autodesk, a

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empresa tem conseguido garantir que o Revit se mantenha como um dos programas mais

utilizados para elaboração dos projetos de Arquitetura.

Figura 4 - Interface do Revit Architecture - Versão 2011

Fonte:<http://www.architectureweek.com/cgi-bin/awimage?dir=2011/0420&article=tools_1-

1.html&image=1 5000 _image_1.jpg> . Acesso em: 10 mai. 2016

Além dos dois programas citados, sendo estes os que têm maior destaque na indústria

da construção, existem ainda o Bentley Architecture (Figura 5), da Bentley Sistems; o Digital

Project, da Dessault Sistems; e o Vector Works, da Nemetschek. Segundo Eastman et al.

(2014, p. 61), o Digital Project tem um alto custo de aquisição, além de possuir uma interface

de difícil compreensão, em contrapartida, possui capacidade de modelagem para superfícies

complexas. Já o Vector Works, dentre todos os programas citados, é o que apresenta menor

custo na aquisição da sua licença.

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Figura 5 - Interface da Versão 2011 do Bentley Architecture

Fonte: <http://www.plataformabim.com.br/2013/05/bentley-architecture.htm>. Acesso em: 10 maio 2016.

Para Eastman et al (2014), a forma como se tem concebido os projetos de Engenharia

e Arquitetura hoje tem mudado consideravelmente a indústria da construção, além de estar

facilitando a transição de desenhos construídos artesanalmente para uma tecnologia baseada

em modelos digitalmente legíveis. Segundo os mesmos autores, as possibilidades que podem

ser alcançadas com o uso desta tecnologia terão grandes impactos na indústria da construção

civil.

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2 O TÉCNICO EM CONSTRUÇÃO CIVIL

Estudos realizados entre 1970 e 1980, analisaram os impactos das novas tecnologias

no setor produtivo; esses estudos fizeram perceber que os novos profissionais que se inseriam

no mundo do trabalho deveriam ser capazes de interagir com as novas situações que surgiam

na indústria, em decorrência das transformações tecnológicas; o que exigia deles uma

compreensão plural do setor produtivo. Já na década de 1980, houve mudanças significativas

no que diz respeito à forma de gestão e organização do setor industrial, devido ao emprego de

tecnologias complexas no auxílio da produção e da prestação de serviços. A

internacionalização das relações econômicas também afetou de forma decisiva a organização

do setor produtivo (BRASIL, Ministério da Educação, 1998). O que pôde ser observado por

Kon (1999, p. 42), quando este afirma que:

Nos anos mais recentes, desde a década de 80, observou-se, nas economias

mundiais, o crescimento da velocidade das mudanças estruturais, que

incluem, resumidamente, o aumento da internacionalização das atividades

econômicas, a reorganização das firmas dominantes, a crescente integração

da produção manufatureira com a de serviços, o incremento da utilização da

tecnologia microeletrônica, a elevação, na indústria, da demanda por

trabalhadores altamente qualificados, constatando-se a substituição de

muitos trabalhos rotineiros por novas técnicas, a crescente complexidade e

volatilidade do consumo e, finalmente, a transformação do papel da

intervenção estatal nos países desenvolvidos e em desenvolvimento.

Porém, diferentemente da indústria de transformação, em que as novas tecnologias já

vinham sendo empregadas, a fim de maximizar os processos produtivos, no setor da

construção civil não houve significativo investimento em novas tecnologias durante anos,

tendo ainda como agravante da situação a escassez de mão de obra qualificada, pois boa parte

dos trabalhadores deste campo de atuação eram semianalfabetos, como afirmam Nascimento e

Santos (2003). Os autores, ainda, afirmam que, mesmo o emprego de tecnologias precisas,

para organização e gerenciamento dos documentos, durante as fases de projeto, aconteceu

tardiamente, incorrendo em muitos erros de execução.

De forma mais ampla, “[...] a área de construção civil abrange todas as atividades de

produção de obras”. (BRASIL, 2000). Neste panorama, insere-se o profissional de construção

civil, o qual, de acordo com os Referenciais Curriculares Nacionais da Educação Profissional

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de Nível Técnico - Área profissional: Construção Civil (BRASIL, 2000), poderá envolver-se

nas atividades de planejamento e projeto, execução e manutenção de edifícios, estradas,

portos, aeroportos, canais de navegação, túneis, instalações prediais, obras de saneamento,

fundações e obras de terra em geral. Mas, apesar da flexibilidade de atuação, não poderão os

técnicos em Construção Civil atuar em atividades de operação, a exemplo: operação e

gerenciamento de sistemas de transportes ou operação de sistemas de tratamento de água,

como advertem os Referenciais Curriculares Nacionais da Educação Profissional de Nível

Técnico (BRASIL, 2000). No Quadro 1 está demonstrada a organização do processo de

produção direcionado à área técnica de Construção Civil.

Quadro 1 - Organização do processo de produção de obras - área técnica de Construção Civil

FUNÇÕES SUBFUNÇÕES

PLANEJAMENTO

E PROJETOS

Elaboração de estudos de

viabilidade técnico-econômica de

empreendimentos, de laudos

avaliativos, de plantas de valores

genéricos e pareceres técnicos

avaliativos, de laudos.

Elaboração de estu-

dos e de projetos

técnicos.

Elaboração de planejamento

de obras.

EXECUÇÃO Instalação e gerenciamento de

canteiro de obra. Execução de obras. Controle de processos.

MANUTENÇÃO

E

RESTAURAÇÃO

Instalação e gerenciamento de

canteiro de obra.

Execução de obras

de manutenção e

restauração.

Controle de processos.

Fonte: Referenciais Curriculares Nacionais da Educação Profissional de Nível Técnico - Área profissional:

Construção Civil (BRASIL, 2000).

Entretanto, no final do século XX, os Referenciais Curriculares Nacionais da

Educação Profissional de Nível Técnico (BRASIL, 2000) – RCNEP - afirmavam que a

maioria dos cursos oferecidos no Brasil tinha como principal foco a construção de edifícios,

estradas e obras de saneamento, sendo historicamente ofertados pelas Escolas Federais e pelo

Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), devido ao alto custo de investimento.

O IFBA, por exemplo, oferece o curso Técnico em Edificações, cuja “atuação será

voltada a todas as atividades que interfiram no planejamento, na execução, na manutenção, na

reforma na recuperação e no projeto das edificações” (BRASIL, Instituto Federal da Bahia –

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campus Salvador, 2016). Nos últimos anos, além do crescente investimento do governo para a

expansão dos cursos técnicos, nas instituições públicas, também foi perceptível um

significativo aumento na oferta dos cursos Técnicos Profissionalizantes oferecidos pela

iniciativa privada, principalmente o de Edificações, à medida que o mercado da Construção

Civil se fortalecia economicamente, como visto na explanação de Breitbach (2009, p. 1):

A construção civil acompanhou o crescimento da indústria de transformação

desde 2004 até 2007, embora num patamar um pouco inferior. Em 2008, os

estimativos preliminares dão conta de um dinamismo excepcional da

construção civil, quando seu crescimento ultrapassou aquele da indústria de

transformação brasileira.

Ao tratar do curso Técnico em Edificações, o Catálogo Nacional de Cursos Técnicos -

CNCT (BRASIL, 2016) diz que a estrutura mínima requerida para o funcionamento deve

conter, além de uma carga horária mínima de 1200 horas, biblioteca e videoteca com acervo

específico e atualizado, laboratório de informática com software específicos instalados nas

máquinas, laboratório de desenho, laboratório de materiais de construção, laboratório de

mecânica dos solos, laboratório de técnicas construtivas e equipamento de topografia. É

importante ressaltar que hoje a aquisição de licenças de alguns software não gera custos para

as instituições de ensino, visto que alguns fabricantes disponibilizam licenças educacionais

para alunos, professores e laboratório das escolas, como é o caso da Autodesk, proprietária do

AutoCAD e do Revit, ou da alemã Graphisoft, que detém os direitos do ArchiCAD, principal

concorrente do Revit no Brasil. Isso vem facilitando o acesso a estas tecnologias, tanto para

professores quanto para estudantes. Entretanto, como já mencionado, ainda há pouco

investimento na capacitação de professores dos cursos técnicos para uso desses software.

Referente à utilização dos programas, a velocidade em que as atualizações deles vêm

sendo feitas, requer hardware mais potentes para que se possa tirar o máximo de proveito de

suas funcionalidades. Contudo, as instituições públicas de ensino, em que a aquisição de

material depende de processos geralmente morosos, a atualização do hardware não consegue

acompanhar a dos software, culminando gradativamente em laboratórios com equipamentos

defasados.

No que diz respeito à formação dos Técnicos, o CNCT (BRASIL, 2016) traz algumas

questões que merecem atenção especial. Segundo o referido catálogo, quando da confecção

das suas propostas pedagógicas, os Institutos Federais podem optar por adotar “Itinerários

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Formativos”, em que estudantes, devido à flexibilidade do currículo, compõem a sua

formação com base nas disciplinas que lhes interessam. Para Ramos (2009):

A expressão „itinerário formativo‟, no nível macro, refere-se à estrutura de

formação escolar de cada país, com diferenças marcadas, nacionalmente, a

partir da história do sistema escolar, do modo como se organizaram os

sistemas de formação profissional ou do modo de acesso à profissão.

A aludida autora complementa a informação supracitada, dizendo que as bases

organizativas dos currículos dos cursos servirão como um dos critérios para a definição dos

itinerários formativos que podem ser seguidos pelos estudantes. É fundamental que a

continuidade do processo formativo esteja presente no currículo, de modo que a sua estrutura

permita o avanço do aluno no processo de aprendizagem e escolarização, num fluxo contínuo

de conteúdos, de maneira a não haver repetições ou interrupções (RAMOS, 2009). Leão e

Teixeira (2015, p. 6846) complementam o enunciado afirmando que:

[...] itinerários formativos podem ser compreendidos como uma carta de

cursos ofertados por uma instituição de ensino sejam eles de formação inicial

e continuada de nível médio ou superior. A organização de itinerários

formativos permite que um campus centralize suas ações para determinados

cursos, de acordo com os eixos tecnológicos, otimizando recursos e

aproveitando tecnologias comuns (laboratórios e matérias), bem como

quadro de professores e técnicos administrativos.

No itinerário formativo, disciplinas que foram cursadas em um curso técnico poderão

ser aproveitadas em uma graduação, mas, para que isso ocorra deve ser pensada uma estrutura

curricular compatível entre os cursos, de modo que seja possível traçar esses caminhos de

conexão. Nesta perspectiva, veem-se as possibilidades de formação continuada por meio de

cursos de especialização técnica, assim como os de graduação, no itinerário formativo. No

contexto da proposta, pode ser acrescida também a possibilidade de certificação intermediária

em cursos de qualificação profissional. A seguir, podem ser verificadas, de forma mais

detalhada, as pospostas de formação, presentes no CNCT. (BRASIL, 2016).

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2.1 CERTIFICAÇÃO INTERMEDIÁRIA EM CURSOS DE QUALIFICAÇÃO

PROFISSIONAL

Para que ocorra esta qualificação, o aluno deverá ter cursado no mínimo 20% da carga

horária do curso. É indispensável que haja a previsão desta qualificação no projeto

pedagógico do curso. Tendo concluído a carga horária prevista, ele poderá receber o

certificado da qualificação profissional técnica antes da conclusão do curso técnico, sendo que

no documento deverá constar o título da ocupação.

2.1.1 Formação continuada em cursos de especialização técnica no itinerário formativo

Tendo como finalidade oferecer cursos complementares que venham a atender a

demanda do mundo do trabalho, as instituições poderão ofertar curso em nível de

especialização para os técnicos formados, podendo atender também aos profissionais de nível

superior. Estes cursos devem estar ligados a pelo menos uma das habilitações profissionais do

eixo tecnológico e ter carga horária mínima de 25% do período total do curso técnico ao qual

a especialização está vinculada. Tais cursos poderão ser ministrados tanto por técnicos quanto

por profissionais graduados.

2.1.2 Verticalização para cursos de graduação no itinerário formativo

Nesta modalidade, os alunos dos cursos técnicos, ao ingressarem em um curso

superior, poderão fazer o aproveitamento de algumas disciplinas, como explicitado no portal

do MEC17

:

Os estudantes que concluírem com êxito cursos profissionalizantes

associados a itinerários formativos poderão se beneficiar com acesso aos

17

Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/pronatec/itinerarios-formativos>. Acesso em: 27 set. 2016.

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cursos técnicos, aproveitando os conhecimentos adquiridos previamente e

concluindo em menor tempo uma nova formação. Da mesma forma, os

concluintes dos cursos técnicos poderão, ao ingressar em cursos tecnológicos

de graduação, ter reconhecidos parte do que estudaram na formação técnica.

(BRASIL, 2016)

Ainda que sejam vislumbradas melhorias no acesso à formação dos profissionais, pela

possibilidade de escolha do conteúdo formativo, Ramos (2009) chama a atenção para que essa

formação não seja desvinculada do seu real significado, limitando-se aos requisitos

econômicos, nos quais os conteúdos aprendidos têm função meramente instrumental na

indústria. Ademais, para garantir o funcionamento do curso, dentro desta estrutura

educacional, deve-se, além de revisar a estrutura curricular dos cursos, garantir que os

conteúdos da formação realmente possam se articular entre os diferentes níveis de formação,

tendo em vista que pode haver um aproveitamento de estudos durante a transição entre os

diversos níveis de escolarização.

Pacheco (2012) afirma que, pensar uma educação que lida com o conhecimento de

forma integrada e verticalizada, exige outra postura dos professores, de modo que

desenvolvam um trabalho reflexivo e criativo, empregando uma didática que promova a

autonomia dos educandos.

No Quadro 2, estão listadas as formações complementares que podem compor o

“itinerário formativo” do curso Técnico em Edificações, respeitando os eixos tecnológicos do

referido curso. No que diz respeito aos níveis de formação, vale lembrar que a qualificação

profissional poderá ser dada ao estudante que não concluir o curso técnico, mas que tenha

cursado mais que 20% da sua carga horária. Caberá a cada instituição adequar ao currículo à

formação que melhor se adequa ao projeto pedagógico do curso, como antes mencionado.

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Quadro 2 - Proposta de Itinerário Formativo do curso Técnico em Edificações – CNCT

Qualificação Profissional Aplicador de revestimentos assoalhados. Curvador. Instalador de

aquecedores residenciais a gás. Editor de maquetes eletrônicas (SIC).

Especialização Técnica

Especialização técnica em restauração e conservação de edificações.

Especialização técnica em geoprocessamento. Especialização técnica em

edição de maquetes eletrônicas (SIC). Especialização técnica em

modelagem de informação da construção (BIM).

Cursos de Graduação no

Itinerário Formativo

Curso superior de tecnologia em agrimensura. Curso superior de

tecnologia em construção de edifícios. Curso superior de tecnologia em

controle de obras. Curso superior de tecnologia em estradas. Curso

superior de tecnologia em materiais de construção. Curso superior de

tecnologia em saneamento ambiental. Curso superior de tecnologia em

obras hidráulicas. Bacharelado em arquitetura e urbanismo. Bacharelado

em Engenharia Civil. Bacharelado em engenharia elétrica. Bacharelado

em Engenharia de Agrimensura.

Fonte: Adaptado do Catálogo Nacional de Cursos Técnicos (BRASIL, 2016).

2.3 O TÉCNICO EM EDIFICAÇÕES E AS NOVAS TECNOLOGIAS

Os cursos técnicos, cujo foco não se desvincula da formação de indivíduos para atuar

no mundo do trabalho, principalmente quando se trata do setor industrial, indubitavelmente

devem apropriar-se das novas tecnologias. Devem fazer isto para que haja uma formação

efetiva dentro daquilo que se propõem as escolas de ensino técnico profissionalizante. De

modo geral, é papel da escola preparar indivíduos para que possam encarar as exigências

postas pela sociedade, reduzindo cada vez mais a distância entre a “ciência complexa” e a

cultura de base, garantindo sempre que os indivíduos tenham uma apreensão crítica da

realidade na qual estão inseridos (LIBÂNEO, 2010). Em contrapartida, é necessário que a

escola ofereça serviços e equipamentos de qualidade, além da formação de todos os seus

profissionais, incluindo contínua atualização do corpo docente. Ensinar não significa “reduzir

a educação às necessidades do mercado de trabalho, mas não ignorar as exigências da

produção econômica, como campo de onde os sujeitos sociais retiram os meios de vida”

(CIAVATTA, 2005, p. 65-6).

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É de fundamental importância que se ponha em prática e se faça entender o sistema de

produção adotado no mundo do trabalho, que é o espaço de atuação desses profissionais. Os

métodos da geração dos produtos industriais afetam direta ou indiretamente as escolas, que

devem repensar os métodos de ensino e propor constantes atualizações no que diz respeito à

adoção das TI, inserindo também uma sólida compreensão dos conceitos base da

representação gráfica e da geração de projetos, assunto de interesse desta dissertação, frente a

uma realidade de veloz obsolescência das ferramentas digitais.

Pacheco (2012) faz críticas a uma educação profissional cuja formação do sujeito está

focada apenas nos interesses do mercado, de modo que não se afirme a centralidade do ser

humano ou atenda “às necessidades do sujeito e da sociedade”. (PACHECO, 2012, p. 12).

Além disso, cabe às instituições de ensino estar sempre atualizadas em relação às ferramentas

disponíveis para o aprimoramento do fazer profissional, de modo que os educandos

compreendam a tecnologia vigente e reflitam acerca de suas implicações, não sendo apenas

sujeitos formados para atender a uma demanda de mercado que busca profissionais

qualificados. De todo modo, é evidente um direcionamento para novas práticas de trabalho

que passam a nutrir o setor da construção civil, que se fixa numa ideologia de produção mais

precisa e acelerada em que se insere a lógica do capital, cujos reflexos se estampam na venda

de software e propagandas massivas. Neste contexto, como ferramenta de projeto, surgem o

BIM. Para Eastman (2009, apud MENEZES, 2011) o BIM deve ser analisado

independentemente dos interesses comercias. Mas “[...] o período atual tem como uma das

bases esse casamento entre ciência e técnica, essa tecnociência, cujo uso é condicionado pelo

mercado”. (SANTOS, 2003, p. 65).

Os cursos técnicos de nível médio em Edificações, na modalidade integrada, são

compostos pelas disciplinas propedêuticas e as disciplinas técnicas, tendo o aluno um tempo

previsto de quatro anos para concluir a sua formação. Quando se trata do curso subsequente,

voltado para os alunos que já concluíram o ensino médio e almejam uma formação técnica, o

tempo previsto para a conclusão do curso técnico é de dois anos e meio.

Tendo em vista que a formação do Técnico em Edificações habilita profissionais a

atuar no setor da construção civil, nas áreas de projetos, instalações e manutenção predial e

planejamento, desde que estejam sob a supervisão de engenheiros ou arquitetos, é importante

que também se discuta BIM nesses espaços, para que escola e mundo do trabalho estejam em

consonância.

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Por outro lado, no mercado em que os futuros profissionais irão atuar boa parte dos

escritórios ainda demonstram resistência à implantação do BIM. Segundo Souza, Amorim e

Lírio (2009) este fato se dá por vários motivos: falta de mão de obra especializada, custo com

investimento de máquinas, custo com capacitação dos funcionários, além da aversão que

muitas empresas nutrem por mudanças que possam alterar a sua cultura organizacional,

perpetuando antigos métodos projetuais baseados no CAD 2D. Menezes (2011) defende que o

problema da interoperabilidade entre os programas BIM também é fator retardante para sua

implantação.

2.3.1 As ferramentas de modelagem geométrica e o BIM na formação do Técnico em

Edificações

Para o Técnico em Edificações, o desenho é a ponte que liga todas as outras

disciplinas. No auxílio do desenvolvimento ou na execução de projetos, o técnico deverá

saber construir, ler, interpretar e perceber as incompatibilidades que possam existir nos

desenhos que constituem os projetos das diversas disciplinas (arquitetura, estrutural,

hidráulica, gás, elétrica e telefonia).

A interpretação dos projetos também é a base para que se consiga fazer o

levantamento quantitativo de materiais e o orçamento da obra. Um grande número de

escritórios ainda faz seus projetos com o CAD 2D, apesar das possibilidades já alcançadas

pelo BIM. Contudo, as pranchas impressas, que por vezes ficam sobre as mesas dos

escritórios improvisados nos canteiros de obras ou afixados nas paredes dos mesmos

escritórios, ainda não deixaram de existir. Mas os avanços tecnológicos já possibilitam que

aplicativos instalados em aparelhos de celular ou tabletes permitam a visualização interativa

de projetos de AEC, como é o caso do BIMx, da Grafsoft; ou do BIM 360 GLUE, da

Autodesk. Dispositivos de Realidade Aumentada (RA) também permitem uma gama de

visualizações que podem contribuir no entendimento de projetos. A realidade aumentada

permite a adição de elementos virtuais ao mundo real, em tempo real, obtendo-se informações

invisíveis do entorno (AMIM, 2007). Mas, como já citado anteriormente, estas facilidades de

geração e visualização dos projetos não isentam os profissionais da indispensabilidade de

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conhecer os elementos básicos da Geometria, a qual deve estar mesclada a alguns

conhecimentos essenciais de informática, e isto reforça ainda mais esta necessidade.

Diante disto, tendo no BIM uma plataforma que permite o desenvolvimento

simultâneo de várias disciplinas em um mesmo projeto, é permitido dizer aqui que, assim

como engenheiros e arquitetos, o técnico em edificações também deve estar inteirado com as

tecnologias que dizem respeito à sua área de atuação, de modo que possa intervir e

compreender os novos processos de geração de informações durante as fases de projeto e

execução.

Com base na experiência do autor desta dissertação, apesar dos esforços de alguns

professores em introduzir a prática das novas ferramentas no cotidiano dos alunos, ainda hoje

muitos destes alunos deixam as instituições inabilitados quanto ao uso das novas tecnologias

computacionais que vêm modificando os processos de confecção dos projetos de Engenharia

e Arquitetura, pois é bem verdade que nem sempre a estrutura da instituição é favorável, neste

sentido. De fato, a adoção destas tecnologias nos currículos das instituições é fundamental

para uma formação profissional mais ampla, num mundo em constante transformação, no qual

as ferramentas devem se adequar aos processos de produção. Não é cabível, portanto,

discutir desenho nos espaços de ensino, sem que haja contextualização com as técnicas do

fazer atual.

Em 2015, Menezes apresentou na I Primeira Semana de Ciência, Tecnologia e

Extensão do Instituto Federal do Rio Grande do Norte (XI CONGIC), artigo no qual relata a

importância de se pensar estratégias para a implantação do BIM nos cursos de Edificações e

Estradas, assim como no curso Tecnólogo em Construção de Edifícios do IFRN, prevendo

uma possível reestruturação do currículo, o qual, segundo a autora, já havia passado por

reformulação em 2001, para adoção do CAD enquanto disciplina. A autora reforça, ainda, a

necessidade da capacitação dos técnicos e tecnólogos no uso da plataforma BIM, no sentido

de que estes profissionais fazem parte das equipes de trabalho no setor da construção civil.

Segundo a autora, no IFRN, por meio do Núcleo de Extensão e Práticas Profissionais (NEPP),

os alunos do curso de Edificações executam projetos nos quais utilizam o BIM, integrando

várias disciplinas do curso, sob a orientação de professores da área, propiciando o exercício

do fazer profissional na própria instituição, podendo oferecer, também, serviços à comunidade

externa.

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A inserção do CAD BIM também pode significar um potencial instrumento didático

para o aprendizado do desenho e do projeto, pois ele não ficará restrito apenas ao ensino do

projeto arquitetônico, tendo em vista que o BIM pode oferecer uma visão global do modelo,

fazendo-se entender também o funcionamento das disciplinas complementares que o

integram.

Ainda hoje, grande parte dos discursos que tratam da reformulação dos currículos,

visando à inserção da filosofia BIM, acontece dentro dos cursos de Arquitetura e Engenharia

Civil, ficando de lado os cursos de Edificações, que são compostos por disciplinas básicas de

Engenharia e Arquitetura (MENEZES et al, 2015). Além disso, a partir de pesquisa

bibliográfica, a autora percebeu que poucas escolas técnicas têm se apropriado do BIM ou

investido em pesquisas que tratem do tema, limitando-se ao treinamento de ferramentas do

BIM. Menezes et al. (2015) dizem que dentro da atual estrutura curricular dos cursos de

Edificações, não há espaço para inserir uma disciplina que seja baseada em BIM, mas que o

BIM pode ser inserido na prática das disciplinas específicas.

Ao tratarem da inserção do BIM nas faculdades, Santos e Barisson (2010) sugerem

que esse processo não se trata da criação de mais uma disciplina para compor o currículo,

visto que o BIM pode acompanhar todo o programa, podendo ser exploradas as suas

potencialidades em disciplinas específicas e que, ao mesmo tempo, pode servir de base para

que haja integração com as outras disciplinas do currículo. Já Checcucci (2014) defende que

se deve discutir um plano de implantação do BIM nos cursos de Engenharia Civil, e isto deve

ser dar por etapas. Checcucci (2014), quando fala da implantação do BIM na graduação,

lembra que se deve estar atento ao nível de formação em BIM que se deseja alcançar, pois não

é possível haver uma formação abrangente em BIM devido à quantidade de disciplinas

presentes no curso de Engenharia Civil. Neste sentido, o autor crê que deve haver um cuidado

ainda maior com o curso de nível médio, o qual deve levar em conta o grau de maturidade dos

estudantes, disponibilidade de tempo na carga horária total por disciplina e adequação do BIM

às disciplinas técnicas.

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De acordo com Barison e Santos (2011, p. 4),

Escolas estão introduzindo BIM em diferentes disciplinas do currículo e este

estudo as agrupou em oito categorias: Representação Gráfica Digital;

Workshop; Ateliê de Projeto; disciplina específica BIM; Tecnologia da

Construção, Gestão da Construção, Trabalho de Conclusão de Curso e

Estágio. Nota-se que na mesma disciplina BIM pode-se introduz a utilização

de mais de uma abordagem.

Menezes (2015, p. 5) observa que o BIM “[...] contudo, é muito pouco citado em

contextos onde os alunos são muito jovens, como ocorre nos cursos técnicos integrados dos

Institutos Federais”. Em um levantamento recente, para identificar a quantidade de institutos

que estão utilizando o BIM, poucos foram os resultados encontrados. O trabalho da professora

Menezes, do IFRN, configura-se entre os poucos, talvez porque ainda haja escassa divulgação

dos trabalhos desenvolvidos por professores dos cursos técnicos. De modo geral, os resultados

demonstrados por Menezes já comprovam que, quando bem estruturada a utilização destes

mecanismos no ensino pode trazer o técnico da Construção Civil para mais próximo da

realidade do mundo do trabalho, tanto no que diz respeito aos processos de confecção de

projetos quanto ao entendimento da sua execução. Uma das grandes vantagens é, em termos

de projeto, a facilidade na detecção de possíveis erros executivos e incompatibilidades durante

as fases de modelagem, que muitas vezes poderiam passar despercebidos nos desenhos feitos

sobre a prancheta ou no CAD 2D. Para Checcucci (2014), a possibilidade de visualização

tridimensional pode implicar indivíduos mais autônomos no exercício projetual.

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3 BASES PARA O ENSINO DO DESENHO

Em 1924, Presley desenvolveu uma máquina para corrigir testes de múltipla escolha,

tendo esta iniciativa “[...] papel fundamental na consolidação do ensino programado como

uma tecnologia de ensino a partir da década de 1920” (SOUZA JUNIOR, 2015, p. 70).

Posteriormente, na década de 1950, Skinner propôs a máquina de ensinar (Figura 6), cujo

método de funcionamento se estrutura na instrução programada.18

Nos Estados Unidos, as

máquinas de ensinar foram pensadas como alternativa aos impasses que surgiram em

decorrência das demandas de atendimento individual aos aprendizes (COSTA, 2010, p. 1).

Nos primeiros programas, textos organizados com perguntas e respostas, baseavam-se em

métodos lineares de ensino, pois não era possível modificar a ordem da instrução pré-

estabelecida na programação (GAVIDIA; ANDRADE, 2003). Significa dizer que as respostas

dadas não afetam a sequência, no desenvolvimento do assunto, fazendo com que o conteúdo

seja apresentado de forma igual para todos os estudantes. (ALMEIDA, 1970).

Figura 6 - Máquina de ensinar Ortografia e Aritmética

Fonte: Tecnologia do ensino, Skinner (1972, p. 24).

18

Instrução programada é um método para memorização de conceitos que se estrutura em uma série de

perguntas. O conteúdo é dividido em pequenos textos encadeados de forma lógica.

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Candau e Leite (2006) dizem que a programação linear foi, durante a década de 1960,

incorporada à programação intrínseca ou ramificada, concebida por Norman Crowder,

oferecendo itinerários diferenciados a partir das respostas dadas pelos alunos. “O programa

de Crowder é, em síntese, um programa de múltipla escolha” (ALMEIDA, 1970, p. 78).

No final dos anos 1960, surgiram os sistemas gerativos ou sistemas adaptativos,

capazes de criar problemas de acordo com o nível de conhecimento do aluno (JESS, 2004, p.

38). Neste contexto, é possível afirmar que “do ponto de vista educacional, o

desenvolvimento da Instrução Assistida por Computador (CAI) foi influenciado pelas teorias

psicológicas behavioristas e pelas máquinas de ensino programado do século anterior” (JESS,

2004, p. 37).

O advento dos microcomputadores, nos anos 1980, fez com que o método

instrucionista ganhasse força, favorecendo a inserção dos computadores no ambiente escolar

(COSTA, 2010). Neste período destaca-se o Construcionismo de Seymour Papert, baseado no

construtivismo de Piaget, cuja meta “[...] é alcançar meios de aprendizagem fortes que

valorizem a construção mental do sujeito, apoiada em suas próprias construções no mundo”.

(SANTOS; NUNES, 2013, p. 2-3). Segundo os autores, no Construcionismo o aluno visualiza

suas construções mentais por meio de um processo interativo com o uso do computador.

Para Papert (1985), o educador deve verificar quais são os materiais disponíveis e

relevantes para o desenvolvimento intelectual do aluno, identificando que tendências estão

ocorrendo no mundo em que vivemos.

No contexto da década de 1980, não obstante aos dias atuais, Papert (1980, p. 56) diz que,

Estamos hoje em um ponto da história da educação em que uma mudança

radical é possível, e a possibilidade para que tal mudança ocorra está

diretamente vinculada ao impacto do computador. Hoje, o que se oferece no

mercado educacional é em grande parte determinado pelo que é aceitável

num sistema moroso e conservador. Mas é exatamente aí que a presença do

computador contribui para o processo da criação de um ambiente próprio a

mudanças. Considerem-se as condições nas quais uma nova ideia

educacional pode ser colocada em prática hoje e num futuro próximo.

De modo geral, Papert defende o uso do computador na educação, como um meio de

criar ambientes significativos de aprendizagem. Neste sentido, Chaves e Setzer (1987) dizem

que o potencial do computador está além do seu uso para o ensino de conteúdos tradicionais

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do currículo, ele deve ser visto como ferramenta de aprendizagem e não como uma “máquina

de ensinar”.

Nesta lógica, Ausubel (2000) afirma que o material de aprendizagem não pode ser

apresentado de forma aleatória, mas sim, direcionado ao contexto dos indivíduos: ele deverá

estar relacionado com a estrutura cognitiva do aprendiz, o qual deve conter ideias ancoradas

relevantes “[...] com as quais se possa relacionar o novo material” (AUSUBEL, 2000, p. 1). O

autor chama este tipo de aprendizagem de aprendizagem significativa (Figura 7). Segundo

Moreira (2011), as características básicas da aprendizagem significativa são: a Não-

Arbitrariedade e a Substantividade.

A Não-Arbitrariedade quer dizer que o material potencialmente significativo irá se

relacionar de forma não arbitrária com o conhecimento pré-existente do aprendiz,

conhecimento este que Ausubel chama de subsunçores. Já a Substantividade denota a

“substância” do conhecimento apreendido, “não as palavras precisas usadas para expressa-

las” (MOREIRA, 2011, p. 26).

Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.

Ausubel (2000) explica que a aprendizagem pode ocorrer por meio da memorização

ou por recepção significativa. Defende que a aprendizagem por memorização pode não

exercer uma aprendizagem real no indivíduo e que a ausência de uma base de dados

mnemônicos (significativos) que se relacione com os novos conhecimentos poderá reter o

Figura 7 - Demonstração esquemática do processo de Aprendizagem Significativa

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conhecimento por um curto período de tempo, a não ser que eles sejam bem apreendidos.

Observa, ainda que:

Além disso, a aprendizagem por memorização e o esquecimento dependem

da aquisição de uma força associativa discreta e da diminuição da mesma

através da exposição a interferências anteriores e/ou posteriores de

elementos discretos semelhantes, mas confusos, já armazenados ou

adquiridos posteriormente (interferência pró-ativa ou retroativa). Por outro

lado, a aprendizagem significativa e o esquecimento dependem, em primeiro

lugar, do relacionamento dos novos materiais potencialmente significativos

com as ideias relevantes da estrutura cognitiva do aprendiz e, em segundo

lugar (na ausência de super aprendizagem), da subsequente perda espontânea

e gradual de dissociação dos novos significados, adquiridos através desta

interação, das ideias ancoradas (subsunção obliterante). (AUSUBEL, 2000,

p. 20).

Já a aprendizagem por recepção significativa parte do princípio de que os novos

conceitos adquiridos irão se relacionar com conceitos preexistes na base de dados do

indivíduo, havendo interação com os conceitos similares, construindo novos significados por

associações. Ausubel (2000) categorizou a aprendizagem significativa a partir de três tipos:

Aprendizagem representacional - Este é considerado o tipo primário de aprendizagem, no

qual os indivíduos passam a associar as palavras aos seus respectivos símbolos. Ou seja, a

palavra passa a ganhar sentido, ela passa a ser o seu correspondente. Imagem e palavras

são guardadas na memória, sem que haja a formação de um conceito.

Aprendizagem de conceitos – Neste nível de aprendizagem não existe apenas uma

relação de associação da palavra com o objeto, conceitos passam a ser incorporados.

“Podem definir-se os conceitos como objetos, acontecimentos, situações ou

propriedades” (AUSUBEL 2000, p. 18). O autor afirma existir dois métodos de

aprendizagem conceitual os quais chama de formação conceitual e assimilação

conceitual. O primeiro ocorre nas crianças jovens, do qual os atributos dos conceitos

ocorrem por meio daquilo que ele chama de experiências diretas, fases sucessivas de

formulação de hipóteses, testes e generalizações. Já a assimilação conceitual, para

Ausubel (2000), é dominante em crianças em fase escolar e em adultos. Ela ocorre na

medida em que a criança vai crescendo e adquirindo novos conceitos a partir da

combinação dos conceitos preexistentes.

Aprendizagem proposicional – é aquela que se propõe a compreender o significado da

ideia através de combinações que expressam o mesmo sentido. Segundo o autor,

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A aprendizagem proposicional subordinante ocorre quando uma nova

proposição se pode relacionar ou com ideias subordinadas específicas da

estrutura cognitiva existente, ou com um vasto conjunto de ideias

antecedentes geralmente relevantes da estrutura cognitiva, que se podem

subsumir de igual modo. (AUSUBEL 2000, p. 18).

Quando se pensa na construção dos conhecimentos necessários a confecção dos

projetos das áreas de Engenharia e Arquitetura, a aprendizagem significativa pode ser

entendida como demonstrada no quadro 3.

Quadro 3 - Tipos de aprendizagem significativa:

EXEMPLO DE APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA

Aprendizagem representacional Parede - A palavras apenas faz ligação com o seu correspondente visual. Não há formação de conceitos.

Aprendizagem de conceitos Parede – elemento vertical que serve para dividir ou fechar ambientes.

Aprendizagem proposicional

Parede - elemento vertical que serve para dividir ou fechar ambientes. As paredes podem ser em Gesso, pedra, madeira etc. A espessura das paredes pode variar de acordo como o tipo de material empregado. Se ela for dimensionada para receber cargas verticais será uma parede estrutural.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.

Dewey (2010), cujas ideias fundamentam-se numa perspectiva progressista de

educação, ao referir-se ao aprendizado diz que ele não deve estar essencialmente

fundamentado nos livros, nem focado na figura do professor como centro do saber. Ele

defende que o objeto a ser ensinado não venha como um produto acabado, sem que seja

demonstrado como foi originalmente construído. O aprendizado deve ser moldado com a

participação dos alunos, levando em conta as experiências adquiridas fora e dentro da sala de

aula. Para o autor;

Em outras palavras, vivemos do nascimento à morte em um mundo de

pessoas e coisas que em grande medida, é o que é por causa do que vem

sendo feito e transmitido a partir de atividades humanas anteriores. Quando

este fato é ignorado, a experiência é tratada como algo que se passa

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exclusivamente dentro do corpo e da mente de um indivíduo. Não é

necessário dizer que a experiência não ocorre em um vácuo. Há elementos

fora do indivíduo que dão origem às experiências que são constantemente

alimentadas por esses elementos. Ninguém questiona o fato de que uma

criança que mora em uma favela tem uma experiência diferentes das de um

menino do sertão (DEWEY, 2010, p. 40).

Para o autor, a aprendizagem deve estar relacionada a uma experiência real de

aplicabilidade, de modo que o conteúdo possa ser significativo para o aprendiz, despertando o

seu interesse. “Logo, a escola não deve ser a oficina isolada onde se prepara o indivíduo, mas

o lugar onde, em uma situação real de vida, indivíduo e sociedade constituam uma unidade

orgânica” (DEWEY, 2010, p. 59).

Diante do Exposto, pode-se afirmar que as ideias dos três autores - Ausubel, Papert e

Dewey - complementam-se, no que diz respeito à construção de caminhos que conduzam à

aprendizagem dos estudantes. Isso se evidencia ao comparar a proposta de Papert, que busca a

construção do conhecimento dos alunos, tendo o computador como instrumento de

aprendizagem; a de Ausubel, que defende a utilização de um material significativo de

aprendizagem; e a de Dewey, propondo que o conhecimento não deve se restringir aos limites

muitas vezes impostos pelo ambiente escolar, também deve ser buscado junto às

transformações tecnológicas que ocorrem no mundo do trabalho.

No que tange à disciplina Desenho Técnico, as ideias expressas pelos autores podem

ser postas em prática por meio do emprego dos programas das áreas de projetos de

Engenharia e Arquitetura para a aprendizagem do desenho. Deste modo, Ausubel, Dewey e

Papert configuram-se como bases desta proposta de ensino, que busca através da modelagem

geométrica, mediar a aprendizagem do Desenho Técnico.

3.1 A APRENDIZAGEM DO DESENHO

Para a verificação de uma metodologia que possa contribuir com a aprendizagem do

Desenho Técnico de Arquitetura, por meio da modelagem geométrica utilizando o CAD/

BIM, buscou-se fundamentos nos teóricos antes mencionados. Adotou-se a teoria da

“aprendizagem significativa” do Psicólogo Ausubel, o Construcionismo do matemático

Papert.

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Vale ressaltar que antes de iniciarem os estudos de Desenho Técnico de Arquitetura,

os alunos do Curso Técnico em Edificações aprendem a linguagem específica do Desenho

Técnico Mecânico, como base para o desenvolvimento das capacidades cognitivas que

importam ao Desenho Arquitetônico. Porém, o desenho Arquitetônico pode trazer elementos

desconhecidos para os estudantes, ou conjuntos geométricos complexos, dificultando o

processo de abstração. É importante pontuar que, para grande parte dos estudantes que

ingressam no ensino médio, neste caso no Técnico Integrado em Edificações, o desenho é tido

como algo novo, muitas vezes causando estranhamento de maneira a inibir o desenvolvimento

da cognição espacial.

Para Seabra e Santos (2007, p. 10) “[...] o desenvolvimento da cognição espacial dos

estudantes deve ser encarado como uma meta pelos professores de Desenho, que devem

trabalhar na tentativa de atingir esse objetivo, propondo mudanças quando necessário, no

processo de ensino-aprendizagem”.

Rego (2008) atribui o nome “habilidade visiográfica-tridimensional” ao conjunto

cognitivo que possibilita que indivíduos percebam e consigam realizar representações

gráficas, por meio manual ou digital. Para a autora, existem três habilidades preliminares que

dão suporte a outras capacidades de representação. Neste sentido, tais capacidades serão

apresentadas aqui como capacidades “primárias” e “secundárias” (quadros 4 e 5).

Quadro 4 - Características das capacidades visiográficas-tridimensionais primárias

CAPACIDADES VISIOGRÁFICAS-TRIDIMENSIONAIS PRIMÁRIAS

Capacidade de representar elementos tridimensionais, por meio da observação.

Ser capaz de mentalizar formas tridimensionais e representá-las graficamente, por meio digital ou manual.

Observar uma representação gráfica de forma tridimensional e ser capaz de representa-la a partir de outros

pontos de vista, tanto de forma bi ou tridimensional.

Fonte: Rego (2008), adaptado pelo autor.

Segundo a autora, se as capacidades citadas no Quadro 4 estiverem bem definidas na

estrutura cognitiva dos sujeitos, o que também pode ser entendido como conhecimentos

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subsunçores, o desenvolvimento das habilidades “secundárias” poderá ocorrer de modo mais

fácil (Quadro 5):

Quadro 5 - Características das capacidades visiográficas-tridimensionais secundárias:

CAPACIDADES VISIOGRÁFICAS-TRIDIMENSIONAIS SECUNDÁRIAS

Transformar e/ ou reconhecer uma transformação bidimensional em outra tridimensional, por

procedimentos de rotação e translação.

Observar uma representação gráfica de forma tridimensional e ser capaz de visualizar e desenhar partes

não visíveis na representação dada.

Observar uma representação gráfica de forma tridimensional e identificá-la em representações igualmente

tridimensionais, onde houve modificação do ponto de vista de visualização.

Observar uma representação gráfica de forma tridimensional e ser capaz de visualizar e desenhar o sólido

envolvente.

Visualizar e identificar interseções de planos a partir de representação gráfica dos mesmos.

Observar uma representação gráfica de forma tridimensional e ser capaz de identificar a representação

gráfica bidimensional correspondente a cada face.

Fonte: Rego (2008), adaptado pelo autor.

Para Rego (2008), as capacidades acima mencionadas são a base para a representação

gráfica e o desenvolvimento dos projetos de Arquitetura.

A representação gráfica dos projetos de Arquitetura se configura como um conjunto de

códigos que permitem a sua execução. Ulbrichit (1998) aponta três campos conceituais que

definem a estrutura dos desenhos técnicos: o código, a tecnologia e a geometria:

O código configura-se como o conjunto de signos e os seus significados, cujas regras

de aplicação em um desenho técnico são regulamentadas por um órgão responsável. Ulbrichit

(1998, p. 50) diz “que a noção de código prende-se ao fato de que os sinais são organizados

em famílias ou sistemas”. O desenho técnico é codificado simultaneamente através de

números, textos e gráficos.

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A tecnologia compreende os métodos e as técnicas da produção de desenhos, sejam

por meio de processos manuais de traçado ou utilização de software específicos. Apesar de

Ulbrichit (1998) afirmar que os avanços tecnológicos mudaram de forma significativa a

pedagogia de ensino da disciplina Desenho Técnico, isto não pode ser observado em boa parte

das escolas brasileiras. A exemplo desta afirmação, Gomes, Silva e Silva (2013) trazem a

informação de que no curso de Engenharia Civil, da Universidade Estadual de Feira de

Santana (UEFS), as disciplinas de desenho ainda se valem de métodos pedagógicos baseados

em instrumentos tradicionais.

A geometria do desenho trata dos métodos por meio dos quais são representados os

objetos do espaço. Segundo Ulbrichit (1998), este aspecto foi abordado em algumas pesquisas

do ramo da psicologia e didáticas, que tinham por finalidade verificar o ensino e a

aprendizagem do Desenho Técnico voltado para a indústria manufatureira.

Seguindo à lógica do Construcionismo, proposto por Papert (1984), o estudante pode

expandir o seu conhecimento enquanto constrói um ambiente significativo com base em seus

conhecimentos, neste caso, a edificação. Ao identificar problemas que poderiam passar

despercebidos em construções 2D, ele terá que avaliar a situação e propor soluções que

satisfaçam a questão.

A análise do conjunto volumétrico da edificação pode reforçar ou criar subsunçores,

de modo a facilitar novas conexões de aprendizagem para o desenho técnico, como

demonstrado no Quadro 6. Supomos também que exercícios de modelagens simples, com

orientação do professor, facilitem a apreensão das dimensões funcionais dos elementos que

compõem a edificação, no que tange aos aspectos ergonômicos e lógicos do emprego da

codificação usual nos projetos.

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Quadro 6 - Conteúdos de aprendizagem significativa no Desenho Técnico

APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA DO DESENHO TÉCNICO

Aprendizagem

representacional/ Desenho

Técnico

Linhas paralelas – simbologia correspondente a

parede. Não significa que o estudante perceba um

elemento volumétrico a partir desta representação.

Aprendizagem de conceitos/

Desenho Técnico

Linhas paralelas – representação de paredes, que

são elementos verticais dotados de volume. Servem

para dividir ou fechar ambientes.

Aprendizagem proposicional/

Desenho Técnico

Linhas paralelas – representação de paredes que

podem ser elementos verticais cuja função é dividir

ou fechar ambientes.

As paredes podem ser em Gesso, pedra, madeira etc.

A espessura das paredes pode variar de acordo com o

tipo de material empregado. Se ela for dimensionada

para receber cargas verticais será uma parede

estrutural.

A distância de 15 cm entre os segmentos paralelos,

comumente adotada nas aulas de desenho, para

representação de paredes, pode denotar o conjunto:

bloco cerâmico, emboço, reboco, ou massa única.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.

Para Dewey (2010), emprego da tecnologia vigente nos processos educacionais deve

ser realizado nas práticas de sala de aula. Kenski (2012) afirma que, para que haja alterações

no processo educativo, as ferramentas empregadas precisam ser compreendidas e

incorporadas pedagogicamente, respeitando as especificidades do ensino e da própria

tecnologia. A autora afirma que muitos profissionais, ao utilizar determinados recursos

tecnológicos na educação, dão maior foco à transmissão de conteúdos que à aprendizagem do

aluno.

Neste sentido, o ensino do desenho técnico para o Técnico em Edificações deverá

capacitá-lo para ler, interpretar e executar pequenos projetos da área de construção civil.

Becher, Cyrino e Pola, (2008, p. 19) dizem que “[...] saber ler, interpretar e executar um

desenho favorece o êxito de um conjunto de profissionais que tem como objetivo planejar,

especificar, ou então reparar uma edificação”. Apesar de o modo de concepção de desenhos

técnicos ter sofrido significativas mudanças, Ball et al. (1985, apud BECHER; CYRINO;

PÓLA, 2008) apontam que historicamente a formação dos técnicos da área de Construção

Civil sempre esteve voltada para o ensino das geometrias, deixando em segundo plano a

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apropriação de novas tecnologias. Para Dewey (2010), a escola precisa, enfim, garantir aos

alunos cidadãos, a formação e a aquisição de novas habilidades, atitudes e valores, para que

possam viver e conviver em uma sociedade em permanente processo de transformação.

Com o emprego do CAD/ BIM como metodologia de ensino, espera-se:

Melhorar os aspectos cognitivos dos estudantes, ao permitir que eles comparem os

desenhos realizados sobre a prancheta com as diversas possibilidades de visualização

do modelo geométrico de maneira a estabelecer relação entre o desenho técnico e o

seu correspondente. Além dos aspectos geométricos, poderão ser discutidos os

atributos dos materiais, ampliando o sentido da aprendizagem do Desenho Técnico

para o Técnico em Edificações;

Os programas CAD/ BIM permitem representações técnicas precisas, o que possibilita

que o estudante enxergue e tire dúvidas sobre como deve ser a representação técnica

de vistas, plantas ou fachadas. A possibilidade de transição entre o modelo geométrico

da edificação e o seu desenho técnico pode contribuir na compreensão dos desenhos.

O estudante percebe as formas tridimensionais enquanto trabalha com representação

de forma bidimensional e vice-versa;

A possibilidade da geração de peças gráficas automaticamente, a partir da inserção de

planos de corte ou do deslocamento desses planos, ou mesmo alteração feitas na

visualização 3D ou em planta, além da alteração de alguma parte do modelo, podem

propiciar uma aprendizagem interativa.

Para um melhor entendimento desta proposta de ensino, que será apresentada de

modo mais detalhado no capítulo posterior, o Quadro 7 exemplifica as bases teóricas

utilizadas, relacionando-as com as ações a serem empregadas.

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Quadro 7 - Relação entre os teóricos e as atividades propostas:

Ausubel

Aprendizagem significativa;

Utilização de material significativo (modelo geométrico, planta, cortes e

fachadas).

Apropriação de novos conhecimentos a partir de conhecimentos

subsunçores; Criação de subsunçores para o desenvolvimento de novos

conhecimentos.

Papert

Construção do conhecimento por meio da utilização do computador.

O aluno modela a edificação com base em seus conhecimentos, utilizando uma planta baixa como referência;

O aluno analisa inconsistências no modelo agregando valor à

aprendizagem.

Dewey

Participação do aluno em atividades

práticas;

Apropriação de tecnologias que reflitam a realidade do mundo do

trabalho.

Estabelece relações com o objeto real;

Aproximação às novas tecnologias.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.

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74

4 METODOLOGIA

A pesquisa baseou-se numa abordagem qualitativa, valendo-se de métodos

experimentais, observacionais e comparativos, subsidiados por testes práticos e aplicação de

questionário, no intuito de:

Analisar a utilização de ferramentas da modelagem geométrica como estratégia para a

aprendizagem do Desenho Técnico no curso de Edificações;

Identificar o lugar do desenho técnico no currículo do curso de edificações do IFBA,

nos Referencias Curriculares Nacionais da Educação Profissional (RCNEP);

Levantar informações prévias acerca dos conhecimentos de desenho dos alunos de

edificações;

Elaborar estratégias com o uso das ferramentas gráficas do CAD-BIM de acordo com

o estabelecido no currículo e no RCNEP;

Tendo em vista que, durante o trabalho de coleta de dados, o pesquisador utiliza um

conjunto de métodos, seguem explicações sucintas dos procedimentos supramencionados.

Para Lakatos (2003, p. 190), o método da observação utiliza o sistema sensorial para traduzir

as informações da realidade, não ficando limitado apenas a ver e ouvir, sendo este método

elemento básico da investigação científica, utilizado na pesquisa de campo. Gil (2008, p. 16)

diz que “o método comparativo procede pela investigação de indivíduos, classes, fenômenos

ou fatos, com vistas a ressaltar as diferenças e similaridades entre eles”. Já o método

experimental permite que o investigador crie condições controladas e conhecidas, que possam

exercer determinadas influências sobre o objeto de estudos, permitindo que possam ser

observados os resultados que as variáveis produzem no objeto. (GIL, 2008, p. 16).

Diante do exposto, para efeito da análise comparativa, adotou-se, por meio de uma

avaliação diagnóstica, um grupo controle e outro experimental para que se pudesse

estabelecer um parâmetro de comparação entre a turma que teve o software como suporte para

o aprendizado do desenho técnico e aquela não teve. De modo geral, a pesquisa realizada no

IFBA, campus Salvador, no curso de Edificações, teve caráter exploratório, o qual, segundo

Gil (2008, p. 46) tem

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[...] como principal finalidade desenvolver, esclarecer e modificar conceitos

e ideias, tendo em vista a formulação de problemas mais precisos ou

hipóteses pesquisáveis para estudos posteriores.

Antes da realização do estudo, foram testados os software Revit e ArchiCAD, ambos

com licenças educacionais, disponibilizadas pelos seus desenvolvedores. Após avaliação dos

programas, foi escolhido o ArchiCAD, por apresentar interface mais intuitiva e requerer

menor espaço de memória para instalação. Os resultados obtidos no desenvolvimento deste

trabalho servirão de base para o aperfeiçoamento desta proposta de ensino

4.1 O OBJETO DO ESTUDO

Dentre os conteúdos que são abordados na disciplina Desenho Técnico, entende-se

que, o Desenho Arquitetônico deva apresentar uma metodologia diferenciada de ensino, pois

além da necessária “habilidade visiográfica-tridimensional” para que se consiga representar

cortes, vistas ou perspectivas, é preciso que o aluno, efetivamente, compreenda como são as

paredes, telhado, lajes ou esquadrias, de modo que se sintam mais seguros quando na

confecção de desenhos técnicos ou na elaboração de projetos.

Neste sentido, pensou-se em utilizar a modelagem geométrica como estratégia de

aprendizagem do Desenho Técnico de Arquitetura, no Curso Técnico em Edificações, do

IFBA, campus Salvador, pois, além de ser possível demonstrar e discutir os elementos que

compõem uma edificação, por meio da interação com o modelo geométrico, também podem

permitir demonstrações dinâmicas quando no estudo da representação gráfica e na

demonstração dos componentes do edifício. Neste sentido tem-se como objeto de estudo a

modelagem geométrica por meio do ArchiCAD como mediadora da construção do

conhecimento em desenho técnico no curso de edificações do IFBA.

No intuito de apresentar o lugar da pesquisa, a estrutura curricular do curso Técnico

em Edificações e os sujeitos, os subtópicos que virão a seguir expressam o caminho

percorrido pelo ensino técnico na Bahia, ao longo da história, enfatizando as Escolas Técnicas

Federais, até chegar ao que se conhece hoje como Instituto Federal da Bahia. Será apresentada

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e discutida também a atual estrutura curricular do Curso Técnico Integrado em Edificações e

o perfil dos alunos que participaram da pesquisa.

4.2 LÓCUS DA PESQUISA: BREVE HISTÓRICO SOBRE A EDUCAÇÃO TÉCNICA NA

BAHIA

As linhas que se seguem pretendem abordar, de forma sucinta, eventos históricos que

contribuíram para a formação do Ensino Técnico e Profissionalizante que, segundo consta na

literatura, inicia-se efetivamente a partir do Decreto de lei nº 7.566, de 23 de setembro de

1909, com a criação das escolas de aprendizes e artífices, cujo objetivo era capacitar

indivíduos aptos a assumir os postos de trabalho da indústria.

Essas escolas eram mantidas pelos Estados, Municípios e associações particulares,

tendo ainda o subsídio da União, que contemplava financeiramente o Ministério da

Agricultura, Cultura e Comércio. Elas tinham como objetivo ofertar ensino primário e gratuito

para a população, de preferência aos menos favorecidos. Ainda que com o apoio das

organizações citadas, as escolas de Aprendizes e Artífices, inauguradas durante o ano de

1910, foram pouco eficazes no quesito ensino de qualidade, pois além da carência de

profissionais qualificados (professores e mestres de ofício), foram postas para funcionar em

prédios inadequados. Junto a isto, as oficinas destas escolas não tinham estrutura que

atendessem às demandas específicas de aulas práticas.

Era objetivo dessas escolas, capacitar os cidadãos que se encontravam em condição

social desfavorável, de modo que eles pudessem adentrar no mercado de trabalho, suprindo a

carência de mão de obra especializada de um Brasil que passava por crescimento urbano e

industrial. Por outro lado, ocupar o povo com cursos profissionalizantes era de interesse da

elite, pois afastava os cidadãos que estavam imersos em situação de pobreza, do “ócio

degenerativo”, para que suas mentes “desocupadas” não fossem levadas à perversão.

Ambiciona-se reduzir “as ações que estavam na contraordem dos bons costumes”. (MEC,

2007, p. 11).

A respeito das explanações acima, cabe aqui citar Mészáros (2008, p. 35):

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A educação institucionalizada, especialmente nos últimos 150 anos, serviu –

no seu todo – ao propósito de não só fornecer os conhecimentos e o pessoal

necessário à máquina produtiva em expansão do sistema do capital, como

também gerar e transmitir um quadro de valores que legitima os interesses

dominantes, como se não pudesse haver nenhuma alternativa à gestão da

sociedade, seja na forma “internalizada” (isto é, pelos indivíduos

devidamente “educados” e aceitos) ou através de uma dominação estrutural e

uma subordinação hierárquica e implacavelmente imposta.

Durante os anos de 1930, o governo Getúlio Vargas transformou as escolas de

aprendizes e artífices em liceus industriais. Tal mudança estava atrelada aos anseios da

economia do país que necessitava de profissionais qualificados, pois se acreditava no

desenvolvimento pela industrialização em larga escala. Comparando o período em que se

instalam as escolas de aprendizes e artífices com o momento em que nascem os liceus

industriais, fica evidente que as transformações e as exigências tecnológicas que movimentam

os métodos de produção, e os interesses políticos, que são pertinentes a cada período, afetam

diretamente as escolas, de onde provem a mão de obra especializada.

Anos mais tarde, o Decreto de lei nº 4.127, de 25 de fevereiro de 1942, transforma os

Liceus Industriais em Escolas Técnicas, o foco ainda estava no desenvolvimento econômico

da indústria, sem que houvesse transformações significativas na estrutura social dos

trabalhadores (PAIVA, 2003). Romanelli (2010) explicita a dualidade do sistema educacional

brasileiro, no qual o ensino primário, como fim, se vinculava ao ensino profissional, destinado

exclusivamente aos pobres, enquanto os ricos avançavam os seus estudos através do ensino

secundário que os preparava para o ensino superior. O antigo regime educacional, o ensino

pós-primário, não permitia acesso ao ensino superior, mas por outro lado satisfazia a

necessidade de indivíduos que almejavam uma profissão (ROMANELLI, 2010). A autora

afirma, ainda, que o investimento na qualificação dos técnicos nacionais se deu porque a mão

de obra especializada que vinha da Europa deixou de ser trazida para o Brasil, devido à

Segunda Guerra Mundial (1939 – 1945), que assolava o mundo, e que antes disto não existia

uma política que formasse adequadamente os técnicos brasileiros para atuar no setor

industrial. A guerra não só afetou a chegada de técnicos estrangeiros como, também, a

exportação dos produtos produzidos no Brasil.

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A partir de 1942, o conjunto de leis que ficou conhecido como reforma Capanema,

devido ao Ministro da Saúde e Educação Gustavo Capanema19, que estava à frente do projeto

que reformulou todo o ensino técnico profissional, criando exames admissionais para que os

alunos pudessem ingressar no ensino profissionalizante, que ganhou equivalência ao 2º grau.

A Reforma de Capanema criou o curso científico composto de três séries,

nas quais, o ensino do Desenho era obrigatório, o ensino primário passou a

ser de caráter geral e o ensino profissional, através do Decreto-lei nº. 4078

de 30 de janeiro de 1942 foi deslocado para o grau médio. (CAMPOS, 2007,

p. 4).

Os cursos profissionalizantes destinavam-se exclusivamente à formação de mão de

obra para suprir os postos de trabalho na indústria, entretanto, não permitiam que os egressos

destes cursos pudessem migrar para cursos superiores que fossem diferentes da sua área de

formação técnica. Já o ensino secundário tinha por objetivo preparar os estudantes para o

ensino superior.

Por meio da Lei de Diretrizes e Bases da Educação nº 5.692, de 1971, são desativados

os cursos industriais de nível ginasial da Rede Federal de Educação, dando continuidade

apenas à formação dos técnicos de segundo grau. Com a Lei nº 6.545 de agosto de 1978, as

Escolas Técnicas do Paraná, Minas Gerais, e Rio de Janeiro passaram a ser conhecidas como

Centro Federal de Educação Tecnológica (CEFET), a partir de então estas escolas iniciaram a

formação de Engenheiros de Operação e Tecnólogos (BRASIL, MEC). Tempos depois outras

escolas do País passaram a nomenclatura “CEFET”.

Em agosto de 1965, a Lei nº 4.759 diz que as escolas profissionalizantes

seriam qualificadas de federais e deveriam adicionar à sua nomenclatura o

nome do seu respectivo estado, passando a Escola Técnica de Salvador a se

chamar de Escola Técnica Federal da Bahia - ETFBA. (OLIVEIRA;

SANTOS, 2012, p. 9).

19

Segundo Dallabrida (2009), a Reforma Capanema partiu de um rearranjo da Reforma educacional proposta

por Francisco Campos, ainda nos anos 30, a qual havia aumentado o número de anos do ensino secundário que

deixou de ter um tempo de cinco anos passando para sete, a quantidade de anos exigidos para a formação do

aluno. Antes da reforma, o sistema educacional fixava-se em exames parcelados para o ingresso do aluno no

ensino superior, herança das reformas pombalinas. Significa dizer que bastava que o estudante fizesse um exame

de cada disciplina exigida para o seu ingresso no ensino superior. Frequências nas aulas também não eram

exigidas, e aqueles alunos que podiam pagar eram preparados fora dos estabelecimentos oficiais de ensino. A

Associação Brasileira de Educação (ABE) criticava a estrutura educacional vigente. Após a reforma de Francisco

Campos, os primeiros 5 anos conferiam formação geral completada com mais dois anos para preparar o aluno

para o ensino superior. Esse aumento de dois anos possibilitou uma estrutura mais complexa ao curso, entretanto

ainda favorecia à elite, pois nem todos os estudantes podiam permanecer por tanto tempo na escola, devido às

suas condições sociais. Vale destacar a criação do Ministério da Educação em 1930.

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As transformações políticas e sociais ocorridas no país, influenciaram de forma

significativa a cultura educacional das instituições de ensino, condicionando-as a rever os seus

objetivos, à medida em que a economia se metamorfoseava. Novos cursos foram criados,

outros foram extintos ou tiveram os seus currículos adequados às exigências do mundo do

trabalho, cujas expectativas não se encerravam nos modelos engessados da formação do

trabalhador.

4.3 O INSTITUTO FEDERAL DA BAHIA

O que viria a ser o Instituto Federal da Bahia (IFBA), tal qual o conhecemos hoje teve

suas primeiras instalações, em caráter provisório, no Pelourinho, cidade de Salvador. Em 2 de

julho de 1910, ainda conhecido como Escola de Aprendizes e Artífices da Bahia, tinha um

total de 40 alunos, os quais se subdividiam entre os cursos de alfaiataria, encadernação,

ferraria, sapataria e marcenaria. Posteriormente adquiriu sede própria no Largo dos Aflitos.

Em 1926, transferiu-se para o Barbalho, tendo a nova sede inaugurada em 15 de novembro do

mesmo ano (OLIVEIRA; SANTOS, 2012). Segundo os mesmos autores, em 1937, a escola

passa a se chamar Liceu Industrial de Salvador, possuindo um total de 12 cursos funcionando

em suas novas instalações. Já sob o Decreto n º 4.127, de 1942, a Escola de Aprendizes e

Artífices, o Liceu Industrial de Salvador, transforma-se em Escola Industrial e Técnica (EIT),

cuja formação profissional oferecida tinha equivalência ao ensino secundário.

Em 23 de janeiro de 1943, sob a direção do então professor Ericsson Pitombo Jaciobá

Cavalcante, foi baixado pelo governo federal o Decreto de n º 11.447, que estabeleceu que a

Escola Industrial e Técnica de Salvador ofereceria os cursos demonstrados no Quadro 8, entre

os quais destacamos o curso técnico de Desenho Técnico.

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Quadro 8 - Estrutura dos cursos oferecidos pela EIT de Salvador em 1942:

Ensino Industrial Básico

Fundição, serralheria, mecânica de máquinas, carpintaria,

pintura, marcenaria, artes de couro, alfaiataria, corte e

costura, tipografia e encadernação, gravura, alvenarias e

revestimento.

Curso de Mestria

Fundição, serralheria, mecânica de máquinas, carpintaria,

pintura, marcenaria, artes de couro, alfaiataria, corte e

costura, tipografia e encadernação, gravura, alvenarias e

revestimento.

Curso Técnico

Edificações, Pontes e Estradas, Artes Aplicadas, Desenho

Técnico e Decoração de Interiores.

Fonte: Rocha (2009), adaptado pelo autor.

Em 1952, foi criado o curso de Pontes e Estradas; posteriormente, em 1954, o curso de

Estradas; e, logo em seguida, em 1957, foi criado o curso de Edificações. Cada curso durava

três anos e todos ofereciam disciplinas de cultura geral junto às disciplinas técnicas.

(ROCHA, 2009, p. 53). A EIT passou a se chamar Escola Técnica da Bahia (ETBA), em

1959. Transformadas em autarquias federais, elas ganharam “autonomia didática e de gestão.

Com isso, intensifica-se a formação de técnicos, mão de obra indispensável diante da

aceleração do processo de industrialização” (BRASIL, 2016).

Muitos foram os fatores que contribuíram para a escolha e construção dos cursos da

Escola Técnica ao longo dos anos. Dentre eles, é importante salientar a implantação, em 1956,

da Refinaria Landulfo Alves - Mataripe (RLAM), em Madre de Deus, que deu início ao

processo de industrialização no Estado, ora visto que, na década de 1950, a economia

encontrava-se agroexportadora (SILVA et al., 2013). Logo após, em 1966, veio a construção

do Centro Industrial de Aratu (CIA); e, na década de 1970, surge o complexo petroquímico de

Camaçari. Fartes e Moreira (2009, p. 59) dizem que as mudanças no sistema de produção que

o capital impôs, durante a década de 1970, exigiu maior qualificação dos técnicos industriais e

uma formação que não só dizia respeito ao aspecto técnico, mas também ao político, o

ideológico e o social. “A partir da década de 1970, A ETFBA passa por muitas mudanças,

sendo criados vários cursos para atender às transformações econômicas que ocorriam no

estado da Bahia, em específico, na Região Metropolitana de Salvador” (SAMPAIO;

ALMEIDA, 2009, p. 17).

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Nesse contexto de transformações econômicas, a Lei nº 5.692 de 1971 torna o ensino

propedêutico integrado ao ensino técnico, obrigatoriamente, todos passariam a ter uma

formação de nível técnico. Aproximadamente dez anos mais tarde, em 1982, a Lei nº 7.044

deixa ser facultativa a escolha pelo tipo de formação que a instituição irá oferecer, tornando

livre a opção entre o propedêutico ou técnico integrado, como informam Sampaio e Almeida

(2009). Ainda, segundo os mesmos autores, por meio da Lei nº 8.711 de agosto de 1993, é

criado o Centro Federal de Educação Tecnológica da Bahia (CEFET), que passou a oferecer

cursos superiores apenas em 1996. No ano de 2008, com a Lei 11.892, o CEFET-BA passa a

se chamar Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia.

4.4 A AMOSTRA: O PROFISSIONAL TÉCNICO DE EDIFICAÇÕES FORMADO PELO

IFBA

Após o breve relato que apontou os aspectos históricos que contribuíram com a

formação do Instituto Federal da Bahia, serão apresentados aqui, de forma sucinta, as

unidades do IFBA que oferecem o curso Técnico em Edificações, cuja localização de cada

uma delas pode ser identificada na Figura 8. Logo após, será feita a caracterização da amostra,

a qual é formada por alunos do IFBA – campus Salvador.

Figura 8- Mapa dos campi - IFBA

Fonte: IFBA, 2016.1

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Nos quadros 9 e 10, estão listadas as unidades do IFBA que oferecem o curso de

Edificações, na modalidade integrada e/ou subsequente:

Quadro 9 - Curso Técnico em Edificações na modalidade integrada

Cidade Turno Vagas Semestre de

ingresso

Barreiras Predominantemente Vespertino

/ Sábado vespertino 60 1º

Eunápolis Predominantemente Matutino/

Sábado matutino 50 1º

Feira de Santana Predominantemente Matutino/

Sábado matutino 30 1º

Ilhéus Predominantemente Vespertino/

Sábado vespertino 80 1º

Salvador Predominantemente Vespertino/

Sábado matutino 60 1º

Fonte: IFBA, adaptado pelo autor.

Quadro 10 - Curso Técnico em Edificações na modalidade subsequente

Cidade Turno Vagas Semestre de

ingresso

Brumado Matutino e Noturno 80 1º

Euclides da cunha Predominantemente Noturno/

Sábado vespertino 60 1º e 2º

Ilhéus Predominantemente Noturno/

Sábado vespertino 60 1º

Vitória da Conquista Predominantemente Noturno 80 1º e 2º

Fonte: IFBA, adaptado pelo autor.

Tendo em vista que o presente trabalho foi realizado no campus Salvador, é

apresentada, no Quadro 11, a grade curricular que compõe o curso de Edificações oferecido

na unidade.

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Quadro 11 - Disciplinas oferecidas no curso de Edificações do IFBA (Modalidade Integrada) –

campus Salvador

Disciplina 1° Série 2° Série 3° Série 4° Série Total

Biologia 60 60 60 180

Educação Física 60 60 60 180

Filosofia 30 60 60 30 180

Física 120 90 90 300

Geografia 60 60 60 180

História 60 60 60 180

Matemática 120 90 90 300

Português 120 90 60 270

Química 60 60 60 180

Sociologia Geral e do Trabalho 30 60 60 30 180

Disciplina 1° Série 2° Série 3° Série 4° Série Total

SUB-TOTAL Base Comum 600 690 660 180 2.130

Artes 60 60

Desenho Técnico 60 60

Eficiência Energética 30 30

Espanhol 60 60

Informática 60 60

Inglês 60 60 120

Desenho Assistido por Computador 60 60

Organização e Normas de Qualidade (ONQ) 60 60

Segurança, Meio Ambiente e Saúde (SMS) 60 60

Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) 60 60

SUB-TOTAL- Parte Diversificada 210 120 60 240 630

Instalações elétricas e telefonia 30 60 60

Instalações Hidrossanitárias 30 60

Materiais de Construção 90 60 150

Mecânica dos solos 60 60

Patologia das construções 45 45

Planejamento e orçamento de Obras 60 60

Gestão de Projetos, Produção de Materiais 90 90

Concepção de empreendimentos 60 60

Desenho de Arquitetura 90 90 180

Sistemas estruturais 60

Técnicas construtivas 60 60 120

Topografia 120

SUB-TOTAL-Formação Específica 90 270 330 495 1.185

TOTAL SEM ESTÁGIO 900 1.080 1050 915 3.955

Estágio Curricular 360

TOTAL GERAL 4.305

Fonte: Departamento Acadêmico de Construção Civil do Curso de Edificações, IFBA, Salvador, 2015.

Segundo exposto no Quadro 11, no primeiro ano de estudos, o aluno deverá cursar as

disciplinas que compõem a base comum do currículo, que são: Artes, Educação Física,

Filosofia, Física, História, Informática, Matemática, Português, Química e Sociologia Geral

do Trabalho. Em paralelo, a parte diversificada do currículo composta por Desenho Técnico

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(60 h), Eficiência Energética (30 h) junto com Materiais de Construção (90 h), completam a

carga horária do primeiro ano.

No segundo ano do curso, os alunos têm a disciplina Biologia, dando continuidade às

disciplinas Educação Física, Geografia, História, Matemática, Português, Química e

Sociologia Geral do Trabalho. Desta vez, apenas Desenho Assistido por Computador irá

compor a parte diversificada do currículo, tendo ela uma carga horária total de 60 horas. O

software utilizado no desenvolvimento das atividades é o AutoCAD, sendo a carga horária da

disciplina dividida em duas horas semanais. Também se encaixam no conjunto de disciplinas

do segundo ano, Matérias de Construção e Desenho de Arquitetura, esta última com carga

horária total de 90 horas.

O terceiro ano traz em sua base comum: Biologia, Educação Física, Filosofia, História,

Matemática, Português, Química e Sociologia Geral do Trabalho. A parte diversificada se

integra ao quadro de disciplinas com Inglês, acompanhada das disciplinas de formação

específica compostas por Instalações Hidrossanitárias, Elétricas e Telefonia, Mecânica dos

solos, Desenho de Arquitetura, Sistemas Estruturais e Técnicas Construtivas.

No quarto ano, a carga horária total do curso se encerra com um total de 4305 horas,

tendo Biologia, Filosofia, Geografia e Sociologia do Trabalho, em sua base comum Espanhol,

Inglês, Segurança do Trabalho, Meio ambiente e Saúde (SMS), finalizam a parte diversificada

dos cursos.

A carga horária total das disciplinas técnicas corresponde a 31% das horas que

compõem o curso Técnico integrado em Edificações, tendo a maior quantidade de horas

(69%) dedicadas às disciplinas propedêuticas. A partir do modo como todas as disciplinas se

organizam, ao longo dos quatro anos necessários para a formação do estudante que cursa a

modalidade integrada do Técnico em Edificações, pode-se dizer que,

Cursos técnicos da área de Construção Civil têm oferecido uma formação

ampla e generalista. Isto, por um lado, é positivo, pois o técnico tem uma

visão completa da obra, desde a sua concepção até a sua conclusão. Por

outro lado, tão grande amplitude de formação tem inconvenientes: as cargas

horárias dos cursos acabam sendo muito extensas e os currículos não se

adequando rapidamente às transformações tecnológicas da produção.

(BRASIL, RCNEPNT, 2000, p. 15).

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Dando continuidade ao referido nos RCNEPNT, a respeito da obsolescência dos currículos

dos cursos técnicos da área de construção civil, por não conseguirem acompanhar as atualizações

tecnologias da produção, torna-se um desafio criar um currículo capaz de se manter atualizado, visto

que exigiria constante atualização dos professores e dos equipamentos dos laboratórios como, por

exemplo: software e hardware, para os computadores.

Quanto à carga horária extensa, ela ainda se faz necessária no ensino médio integrado,

levando em conta que os problemas apresentados na formação de base têm afetado o

desempenho dos alunos nas disciplinas técnicas e propedêuticas do ensino médio integrado,

necessitando de um maior tempo de formação para suprir algumas deficiências. Entende-se

que as disciplinas propedêuticas devam ser pensadas de forma integrada às disciplinas

técnicas, de modo a dar bases para o desempenho da pratica e do pensamento crítico.

4.5 PLANO DE CURSO DO TÉCNICO INTEGRADO EM EDIFICAÇÕES

Em virtude da indisponibilidade do plano de curso do Técnico Integrado em

Edificações, do IFBA Salvador, foi adotado, para efeito da análise, o plano de curso do

técnico subsequente. Apesar do curso subsequente possuir organização curricular distinta,

tanto ele quanto o integrado, seguem o Referencial Curricular Nacional da Educação

Profissional de Nível Técnico, que estabelece as competências, habilidades e bases

tecnológicas a serem adotadas.

Vale lembrar que o IFBA, campus Salvador, não oferece mais o Curso Técnico

Subsequente em Edificações, permanecendo apenas o Técnico em Edificações Integrado ao

Ensino Médio.

A organização curricular do Técnico Subsequente trazia as competências descritas,

conforme o Quadro 12. Por meio do Quadro 13, mostrado na sequência, pode-se observar

como estavam estruturadas as disciplinas do curso.

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Quadro 12 - Organização curricular do curso Técnico Subsequente em Edificações

MÓDULO FUNÇÃO COMPETÊNCIAS

I Planejamento e Projeto

Ler e interpretar projetos arquitetônicos;

Ler e interpretar projetos estruturais;

Ler e interpretar projetos de instalações hidráulicas;

Ler e interpretar projetos de instalações elétricas;

Conhecer e interpretar a Legislação Profissional;

Conhecer e interpretar a Legislação Profissional;

Identificar os problemas ambientais de origem antrópica;

Identificar, selecionar e classificar os materiais de

construção;

Desenvolver técnicas de comunicação oral e escrita.

II Execução

Desenvolver processos e técnicas construtivas;

Executar serviços topográficos;

Conhecer os princípios básicos da mecânica dos solos;

Realizar ensaios tecnológicos de resistência dos materiais;

Avaliar a utilização de medidas de proteção individual e

coletiva;

Apropriar fundamentos da economia e do método estatístico.

Desenvolver projeto arquitetônico.

III Manutenção/execução

Aplicar procedimentos para a manutenção de instalações

prediais;

Elaborar projetos de reforma;

Supervisionar execução de serviços.

IV Planejamento e projeto/execução

Elaborar e analisar projetos executivos;

Estruturar a dinâmica e a organização do trabalho;

Conceber e desenvolver empreendimentos;

Aplicar métodos de gerenciamento e controle de qualidade.

V Manutenção e recuperação

Elaborar orçamentos;

Elaborar processos para aprovação de projetos;

Identificar, classificar e diagnosticar patologias das

construções;

Aplicar técnicas de recuperação e conservação de edifícios;

Recuperar pavimentos rígidos e flexíveis.

Fonte: Extraído do Plano de curso do Subsequente em Edificações do antigo CEFET.

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Quadro 13 - Disciplinas que eram ofertadas no curso Subsequente de Edificações do campus Salvador

Disciplinas Módulo

I/ch

Módulo

II/ch

Módulo

III/ch

Módulo

IV/ch

Módulo

V/ch

Croquis 30

Legislação profissional 20

Matérias de construção 60

Problemas ambientais 30

Projetos 195

Técnicas de comunicação oral 30

Economia e estatística 30

Ensaios tecnológicos 60

Mecânica dos solos 60

Projeto arquitetônico 60

Segurança no trabalho 30

Técnicas construtivas 45

Topógrafa 60

Projeto de reforma 210

Supervisão de serviços 30

Gerenciamento, qualidade,

organização do trabalho 105

Projeto executivo 140

Orçamento 110

Patologia das construções 70

Pavimentação 60

Fonte: Adaptado do histórico pessoal, 2004.

Na modalidade integrada, em que o ensino médio está atrelado ao técnico, a

organização faz-se de forma diferenciada, havendo uma relação fragmentada entre as

disciplinas técnicas. A disciplina desenho técnico é oferecida no primeiro ano, permitindo,

nesta primeira fase de estudos, que o aluno possa interpretar e representar graficamente os

desenhos técnicos de arquitetura. De forma mais ampla, Desenho, no primeiro Ano do Curso

Integrado, tem como função introduzir fundamentos práticos e teóricos da representação

gráfica do Desenho Técnico (NBR 10647/ 1989) e do Desenho Técnico de Arquitetura (NBR

6492/ 1994). Como antes referido, na disciplina Desenho Técnico são abordados conceitos

introdutórios de desenho geométrico e de geometria descritiva. Esta disciplina é a chave para

o prosseguimento nas outras disciplinas técnicas que têm o desenho como base na sua

comunicação.

A carga horária de 60 h, com aulas acontecendo apenas uma vez por semana, é

desfavorável ao seu aprofundamento prático e teórico. Se levados em consideração todos os

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conteúdos a serem abordados, isto acaba implicando em assuntos dados de forma corriqueira

para que se possa dar conta do conteúdo ao qual a disciplina se propõe. O Quadro 14

demonstra as disciplinas que tem no desenho técnico a sua base comunicacional

Quadro 14 - Disciplinas que tem no Desenho Técnico a sua base comunicacional

I ANO II ANO III ANO VI ANO

Desenho

técnico

Desenho assistido por

computador Instalações elétricas Instalações elétricas

Instalações hidrossanitárias Instalações hidrossanitárias Instalações hidrossanitárias

Desenho de Arquitetura Desenho de arquitetura Planejamento gerenciamento

de obras

Topografia Sistemas Estruturais Gestão de projetos e produção

de materiais

Técnicas construtivas Concepção de

empreendimentos

Sistemas estruturais

Técnicas construtivas

Fonte: Adaptado da grade de cursos, 2016.

Como pode ser observado no Quadro 14, a disciplina Desenho Técnico é oferecida no

primeiro ano do Curso Técnico em Edificações, geralmente esta disciplina tem caraterísticas

generalistas e também é ofertada em outros cursos técnicos do IFBA. No caso do Técnico em

Edificações, ela fundamentará as bases necessárias para as disciplinas listadas no Quadro 14.

4.6 OS ALUNOS PARTICIPANTES DA PESQUISA

A amostra foi a turma identificada como 1812, do primeiro ano do curso Técnico de

Nível Médio de Edificações, na modalidade integrada. O levantamento dos dados ocorreu

durante a 4ª unidade, que teve início em fevereiro de 2016, e término em 23 de abril do

mesmo ano. Devido à greve dos docentes do IFBA, o ano letivo que estava em curso era

2015.2.

Os sujeitos da pesquisa constituem-se de um total de 26 estudantes pertencentes ao

curso Técnico de Edificações; sendo 16 do sexo feminino e 10 do sexo masculino, com faixa

etária entre 14 e 16 anos. A pesquisa teve como objetivo analisar a utilização e apropriação da

modelagem geométrica para o ensino e aprendizagem do Desenho Técnico, no curso Técnico

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de Edificações do Instituto Federal da Bahia, campus Salvador. Antes, buscou-se identificar

os principais problemas apresentados pelos estudantes, no processo de aprendizagem do

desenho técnico. Para tanto, utilizou-se estratégias de modo a empregar o software

ArchiCAD, como ferramenta de ensino, associando o método tradicional com os recursos do

programa, no intuito de potencializar a percepção dos indivíduos através dos recursos 2D e da

visualização 3D.

Geralmente, são oferecidas 60 vagas por ano, para o curso de Edificações, do campus

Salvador, das quais são formadas duas turmas com 30 alunos. Destes 30 alunos, são criados

dois grupos, cada um com 15 alunos, para realização das práticas de Desenho Técnico. Outras

disciplinas que necessitam utilizar laboratórios para realização de aulas práticas também

adotam o mesmo critério de divisão. Apesar da redução do número de alunos em sala, dado

pelo critério de divisão adotado, facilitar o processo de ensino e aprendizagem, nem sempre é

possível dividir a turma para as aulas de Desenho Técnico nas unidades do IFBA que estão

localizadas no interior da Bahia. Muitas vezes, existe apenas um professor de Desenho, ou há

dificuldade de ajustar os horários para compensar a carga horária do curso.

Em Seabra, por exemplo, onde existem os cursos técnicos e integrados em Informática

e Meio Ambiente, o fator que traz maiores implicações para a distribuição e compatibilização

da carga horária dos cursos é o transporte, pois além de a prefeitura dispor de poucos veículos

para atender o quantitativo de alunos, o transporte está atrelado aos dias e horários de aulas

das escolas das redes Municipal e Estadual, impossibilitando que as aulas ocorram aos

sábados, tendo o IFBA que fazer adaptação em seus horários de aula para compensar a carga

horária.

Retomando as informações que dizem respeito à investigação realizada no campus

Salvador, inicialmente planejou-se começar a pesquisa em duas turmas distintas, mas a

dificuldade em conciliar os horários das turmas com o horário do pesquisador, assim como a

indisponibilidade de um laboratório de informática para realização de aulas práticas fizeram

com que fossem tomadas novas estratégias. Assim, para que a investigação pudesse ocorrer,

foi escolhida uma única turma com 26 alunos, cujas aulas aconteciam às segundas-feiras, da

seguinte forma: o primeiro grupo formado por 12 alunos assistia às aulas de Desenho das 15 h

e 30 min às 17 h, dando lugar para o segundo grupo formado por 14 alunos, que iniciava suas

aulas às 17 h indo até às 18 h e 30 min.

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No intuito de realizar, posteriormente, a análise dos dados que seriam obtidos durante

o desenvolvimento da pesquisa em sala de aula, foi elaborado um questionário. Esse

questionário deveria ser preenchido pelos alunos no início da unidade, com a finalidade de

obter informações que indicassem o envolvimento deles com alguma atividade que tivesse

relação com o Desenho Técnico, antes do seu ingresso no IFBA e que, por vezes, pudesse

influenciar no fator aprendizagem.

O questionário compunha-se de 14 questões, as quais versavam sobre: local onde o

aluno cursou o ensino fundamental, se durante este período o Desenho Geométrico fazia parte

do quadro de disciplinas da escola de origem. Ou, caso o aluno tenha tido contato com

desenho geométrico, o quanto ele julgava esta disciplina importante para a sua formação. Foi

perguntado também se o aluno havia tido contato com o desenho técnico durante o período de

sua formação, enquanto cursava o ensino fundamental, e em que momento ocorreu esse

contato, assim como o grau de interesse pelo assunto. Perguntou-se, ainda, se o estudante

tinha computador em casa para realização das atividades da escola, se conhecia ou dominava

algum software que tivesse relação com desenho e, em caso afirmativo, se o uso dos

programas era habitual. Também foram questionados sobre o nível de interesse pelo uso dos

programas que conheciam ou usavam; se havia ou não interesse pela utilização do

computador em sala de aula. Finalizando as perguntas, um questionamento sobre o por que

tinham escolhido o curso de Edificações.

O questionário, que pode ser consultado no Apêndice 2 desta dissertação, foi aplicado

nos dois grupos, começando pela turma A, que tinha aula nos dois primeiros horários. As

respostas foram compatibilizadas nos gráficos que seguem.

4.6.1 Perfil dos estudantes pertencentes ao Grupo A

De um total de 12 alunos deste grupo, identificou-se que oito cursaram o ensino

fundamental na rede particular e quatro em escolas públicas. Deste total, seis alunos oriundos

da rede particular afirmaram ter tido aulas de Desenho Geométrico (DG), outro aluno,

também da rede particular, disse não ter feito contato com conteúdos da disciplina Desenho

Geométrico, durante o ensino fundamental. Os demais estudantes, um de escola particular e

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outros quatro de escola pública não informaram se tiveram contato com conteúdos da

disciplina Desenho Geométrico durante no ensino fundamental.

Gráfico 1- Acesso ao Desenho Geométrico no Ensino

Fundamental por rede de ensino - Grupo A

Fonte: Pesquisa direta, 2016.

Na pergunta que buscou identificar em qual disciplina ocorreu o contato do aluno com

o desenho geométrico, verificou-se que, dos seis estudantes do Grupo A que disseram ter

visto desenho geométrico durante o ensino fundamental, como pode ser conferido no

parágrafo anterior, dois tomaram conhecimento através da própria disciplina Desenho

Geométrico; dois alunos obtiveram este contato através das aulas de Artes e dois outros

alunos tiveram contato com Desenho Geométrico através de três disciplinas (Artes,

Matemática e Desenho Geométrico), como demonstra o Gráfico 02.

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Gráfico 2 - Disciplinas que ofereceram conteúdos de do Desenho Geométrico

no ensino fundamental

Fonte: Pesquisa direta, 2016.

Quando perguntado sobre o interesse por desenho geométrico, seis alunos disseram ter

grande interesse, sendo que um deles afirmou ter interesse intermediário pela disciplina.

Deste modo pode-se afirmar que os alunos consideram importante o estudo do Desenho

Geométrico. Os outros cinco preferiram não responder a essa questão

Quando perguntados se os alunos já tinham tido contato com a disciplina Desenho

Técnico antes de ingressar no IFBA, apenas um aluno respondeu “sim”, tendo feito este

contato durante um curso livre de Desenho. Dois alunos afirmaram que, apesar de nunca

terem tido acesso a disciplina Desenho Técnico, tiveram l atividades que se relacionavam com

esta disciplina durante o ensino fundamenta, um deles por meio de Artes e o outro em

Desenho Geométrico e Artes. Os oito alunos restantes, afirmaram que não conheciam

atividades relacionadas ao desenho técnico antes de adentrarem no Curso Técnico de

Edificações do IFBA, campus Salvador.

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Quanto ao interesse por Desenho Técnico, seis estudantes responderam ter muito

interesse pela disciplina, tendo apenas um afirmado ter interesse mediano. Os outros cinco

preferiram não responder à questão.

Sete alunos do Grupo A, afirmaram ter computador em casa para o desenvolvimento

das suas atividades escolares. Cinco não responderam se tinham ou não computador em casa.

Quando perguntado se conheciam algum programa voltado para a edição de desenhos,

três disseram conhecer o Paint, quatro estudantes disseram não conhecer programa que

servisse para a criação de desenhos e cinco não responderam. Na sequência, quando

perguntado sobre com qual finalidade eles utilizaram o programa, os que responderam à

questão anterior disseram que apenas tinham o Paint como passatempo. Ao responderem

sobre o grau de interesse por este programa, dois alegaram ter interesse mediano, um disse ter

grande interesse, enquanto outro afirmou ter baixo interesse.

No quesito utilização do computador para elaboração de desenhos, três alunos

disseram ter interesse mediano, um deles afirmou ter pouco interesse, dois afirmaram ter

muito interesse e seis deles não responderam à questão.

No final, foi perguntado o que os motivou a cursar Edificações. Constavam entre as

possíveis escolhas: se apenas queriam adentrar ao mundo do trabalho; se objetivavam

ingressar numa faculdade, através do curso oferecido pelo IFBA; ou se pretendiam seguir

carreira nas áreas de Arquitetura ou Engenharia Civil. Além das opções citadas, eles poderiam

adicionar uma resposta de livre escolha. Apenas um aluno afirmou que tinha escolhido o

curso com o objetivo ter acesso rápido ao mundo do trabalho, já outro aluno disse que cursava

o ensino médio no IFBA com o objetivo de conseguir uma aprovação no vestibular. Foi

consenso entre os alunos seguir carreira nas áreas de Engenharia Civil ou Arquitetura.

4.6.2 Perfil dos estudantes pertencentes ao Grupo B

Diferentemente do Grupo A, o Grupo B apresentou maior variação nos dados

coletados. Por exemplo, quando perguntados sobre em qual escola os estudantes concluíram o

Ensino Fundamental, identificou-se nove alunos oriundos de escola pública, três cursaram o

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seu ensino fundamental em escola particular, dois dos alunos deste grupo transitaram entre as

duas redes de ensino (pública e privada) tendo eles passado o maior tempo em escola pública.

Neste grupo, quando os alunos responderam se já tinham cursado desenho geométrico

durante o ensino fundamental (Gráfico 3), as respostas foram as seguintes: três estudantes de

escola particular falaram ter tido contato com conteúdos da disciplina, e seis estudantes de

escola pública afirmaram não ter conhecido conteúdos de desenho geométrico, antes da sua

admissão no IFBA. Quatro alunos não contribuíram com respostas para esta questão.

Gráfico 3 - Acesso ao Desenho Geométrico no Ensino Fundamental

por rede de ensino– Grupo B

Fonte: Pesquisa direta, 2014.

Em relação ao terceiro quesito do questionário, buscaram-se informações sobre como

o contato com desenho geométrico havia acontecido (Gráfico 4). Levando em consideração

que apenas doze alunos responderam à questão anterior: um dos estudantes, de escola

particular, disse ter tido a disciplina Desenho Geométrico. Outro estudante, também de escola

particular, fez contato com conteúdos relacionados a desenho geométrico por intermédio da

disciplina Artes, e um dos estudantes afirmou que conheceu esta área do conhecimento

através da disciplina Matemática. Os outros seis estudantes afirmaram nunca ter tido contato

com a disciplina.

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Gráfico 4 - Disciplinas com conteúdos do Desenho Geométrico – Grupo B

Fonte: Pesquisa direta, 2014.

Ao responder sobre o grau de interesse pela disciplina Desenho Geométrico, oito

disseram ter grande interesse, em contraposição a quatro alunos que sinalizaram ter interesse

moderado pela área. Dois não responderam à questão.

Quando perguntados sobre a importância do Desenho Geométrico, todos julgaram a

disciplina desenho ter grande importância. Dentre os quatorze estudantes, apenas um aluno

afirmou teve contato com o desenho técnico e que ocorreu em um curso livre de artes. Este

aluno alegou ter interesse mediano pela disciplina.

Sobre ter computador em casa (Gráfico 5), oito alunos disseram dispor do

equipamento, enquanto outros três relataram não ter um computador em casa para ajudar nos

estudos. Três alunos preferiram não responder à questão.

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Gráfico 5 - Estudantes que dispõem de computador

Fonte: Pesquisa direta.

Quando solicitados a responder à questão 10, apenas um dos alunos afirmou conhecer

um programa para edição de “desenhos”. Foi citado por ele o modelador tridimensional

Googleskechup. Todos os outros afirmaram não ter conhecimento sobre software de desenho

ou modeladores 3D. O aluno que afirmou conhecer o Sketchup disse ter grande interesse na

sua utilização.

De maneira geral, dos 14 alunos deste grupo, apenas 5 responderam que tinham

grande interesse na utilização do computador em sala de aula para o estudo da disciplina

Desenho Técnico de Arquitetura. Dois deles apresentaram interesse mediano, sendo que 7

preferiram não responder à questão.

Quanto aos motivos que os levaram à escolha do curso, oito alunos informaram que

pretendem dar continuidade aos estudos cursando Arquitetura ou Engenharia Civil. Um aluno

afirmou que objetivava, por meio do Curso de Edificações, entrar no mundo do trabalho.

Outro aluno marcou todas as alternativas. Três alunos não contribuíram com respostas.

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4.6.3 Análise dos dados obtidos a partir do questionário

Como mencionado no subtópico 4.6, a aplicação do questionário se deu com o

objetivo de coletar dados que pudessem contribuir na caracterização dos grupos A e B. Apesar

de apenas 58% dos alunos do Grupo A terem respondido a maioria das questões, elas tiveram

significativas contribuições para efeito de uma análise mais ampla. Como já estavam na

quarta unidade do ano letivo, esperou-se do questionário respostas convictas, amparadas pelo

conjunto de conteúdos estudados durante a primeira, segunda e terceira unidade.

De acordo com os dados coletados por meio do questionário, dos vinte e seis alunos

participantes da pesquisa foram constatados treze estudantes de escolas públicas e onze

estudantes de escolas particulares, tendo dois alunos transitado entre a rede pública e

particular de ensino. Destes vinte e seis alunos, somente doze informaram ter tido contato

com conteúdos de desenho geométrico. Dez alunos fizeram contato através das disciplinas

artes e/ ou Matemática, sendo que apenas quatro alunos tiveram a disciplina Desenho

Geométrico. Vale ressaltar que todos os alunos que afirmaram ter tido contato com desenho

geométrico passaram pela rede particular de ensino.

Deste modo, pode-se afirmar que, os dados obtidos com o questionário, junto às

observações feitas em sala de aula, indicaram maior facilidade para a resolução de problemas

gráficos nos estudantes que disseram ter tido contato com disciplinas de Desenho no ensino

fundamental. Porém, nem todos os que afirmaram ter tido contato com algum tipo de

desenho, apresentaram desempenho semelhante, isso pode se dar devido à própria dificuldade

do aluno em compreender o conteúdo da disciplina, ou ao direcionamento que o professor

pode ter dado ao assunto abordado durante o ensino fundamental. Neste sentido, a depender

da formação do professor, o desenho geométrico, por exemplo, pode ser trabalhado de modo a

demonstrar apenas equações e conceitos matemáticos ou trabalhado no intuito de desenvolver

o raciocínio lógico e a coordenação motora dos alunos, para a resolução de problemas

gráficos. Estes fatores tanto podem influenciar na percepção do aluno, no que diz respeito ao

entendimento da geometria e de construções de imagens mentais para resolução de problemas

gráficos, quanto na habilidade para lidar com o traçado e adequação aos diversos tipos de

instrumentos de desenho.

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De modo geral, os dados obtidos através do questionário dão indícios de que o ensino

da disciplina Desenho Geométrico tem sido pouco difundido nas escolas de ensino

fundamental, principalmente nas escolas públicas. Apesar do desenho geométrico aparecer em

outras disciplinas, como Artes ou Matemática, evidencia-se que não há um aprofundamento

no que diz respeito ao estudo das construções geométricas, utilizando os instrumentos

adequados ao seu traçado. Pode-se dizer também que não tem havido um direcionamento de

estudos no que diz respeito ao desenvolvimento da percepção espacial dos alunos, fato este

verificado no alto índice de reprovação dos alunos que cursam a disciplina Desenho Técnico

no IFBA.

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5 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DA PESQUISA EMPÍRICA

Neste capítulo descreve-se como ocorreu a aplicação da pesquisa e os critérios de

seleção elencados para a escolha do grupo em que se utilizou a modelagem geométrica como

instrumento pedagógico para a aprendizagem do Desenho Técnico. Apresenta-se, também, o

relato da análise dos dados obtidos durante as ações em sala de aula. Na sequência, baseando-

se nas percepções obtidas a partir da experiência de sala de aula, é exposta uma proposta de

inserção desta metodologia em outras disciplinas do curso que dependam do desenho para

comunicar.

5.1 REALIZAÇÃO DA INTERVENÇÃO

A intervenção ocorreu no Curso Técnico em Edificações, do Instituto Federal da

Bahia, campus Salvador, entre 29 de fevereiro de 2016 e 25 de abril de 2016, em um total de

14 aulas, as quais foram cedidas pelo professor responsável pela disciplina Desenho Técnico,

para realização das atividades da pesquisa. Vale lembrar que o número de alunos participantes

foram vinte e seis, os quais se dividiram em dois grupos identificados de Grupo A com 12

alunos e Grupo B com 14 alunos.

Durante os encontros, nas aulas que aconteciam nos dias de segunda-feira, foi

possível expor o material didático, preparado com base no conteúdo da disciplina, observar e

acompanhar a turma no desenvolvimento das atividades de sala de aula. Como instrumento

didático, foi utilizado o modelo geométrico da edificação, gerado na versão educacional do

ArchiCAD 16, instalado em um Notebook, através do qual eram demonstrados, por meio do

modelo geométrico da edificação: cortes, fachadas, elementos de arquitetura ou a planta baixa

da casa de um pavimento que serviu de modelo para o estudo.

O levantamento dos dados ocorreu durante a 4.ª unidade, durante o período antes

referido. Devido à greve dos docentes do IFBA, o ano letivo que estava em curso era 2015.2.

O plano de aula simplificado é apresentado no quadro 15 a seguir.

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Quadro 15 – Plano de aula simplificado

Fonte: Adaptado da grade de cursos, 2016.

5.2 CRITÉRIOS DE SELEÇÃO PARA A ESCOLHA DO GRUPO – OS SUJEITOS

No início da quarta unidade, do ano letivo 2015.2, foi aplicado um teste de verificação,

de modo que as informações obtidas, junto àquelas conseguidas por meio do questionário

referido no item 4.6, pudessem subsidiar a escolha do grupo no qual se faria a utilização da

modelagem geométrica com instrumento de aprendizagem para o desenho técnico. Este teste

compunha-se de uma planta baixa e uma planta de cobertura, pelas quais passavam dois

cortes. As duas plantas foram entregues aos alunos para que, de maneira rápida, eles

representassem os cortes a partir das indicações em planta, sem que houvesse a necessidade

do uso dos instrumentos de desenho. Exigia-se apenas que todos os elementos pertinentes aos

cortes, indicados na planta, fossem representados. O tempo previsto para execução da

atividade foi estimado entre 15 a 20 minutos.

AULAS OBJETIVOS CONTEÚDO

1ª semana

Aula 01 e 02

Aplicação de um exercício de sondagem para

identificação de problemas de representação

gráfica e identificação do grupo no qual se

trabalharia com o modelo geométrico.

Planta baixa e corte

2ª semana

Aula 03 e 04 Observar o desempenho dos alunos durante o

desenvolvimento das atividades da terceira

unidade.

Planta baixa e corte

3ª semana

Aula 05 e 06

Analisar o emprego da terminologia adotada pela

NBR 10647/ 1989, através do domínio da

cognição espacial e motora.

Desenho Técnico de Arquitetura: planta

baixa corte e facha

4ª semana

Aula 07 e 08

Revisão geral dos conteúdos de Desenho Técnico

Arquitetônico, aprendidos na unidade anterior.

Planta baixa; corte fachada, planta de

situação e localização.

5ª semana

Aula 09 e 10

Trabalhar a percepção tridimensional dos alunos,

de modo que percebam a planta baixa enquanto

representação de um objeto dotado de volume,

aprimorar a representação gráfica dos alunos por

meio da percepção espacial e conhecimento da

norma que rege a representação do desenho de

Arquitetura (NBR 6492/ 1994).

Planta baixa

6ª semana

Aula 11 e 12

Trabalhar os problemas de visualização dos

cortes, aprimorar a representação gráfica e

desenvolver a percepção espacial tridimensional

dos alunos.

Cortes

7ª semana

Aula 13 e 14

Trabalhar os problemas de visualização das

fachadas. Fachada

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Antes da aplicação da atividade, o professor responsável pela disciplina sinalizou ao

pesquisador que os alunos ainda não tinham estudado coberturas, foi decidido então que

apenas a planta baixa (Figura 9) seria entregue para que eles construíssem os cortes. Sendo

assim, em vez do telhado, foi considerada uma laje de cobertura. Ainda, a construção dos

cortes que deveriam ter sido feitos à mão livre, dentro dos 20 minutos previstos, consumiu

duas horas/aula, tanto no primeiro grupo quanto no segundo. Os alunos sentiram-se inseguros

para desenhar os cortes à mão livre, recorrendo ao par de esquadros.

Objetivos da atividade:

Verificar a compreensão tridimensional dos alunos por meio da representação gráfica

dos cortes indicados na Figura 9; para tanto, em vez de janelas centralizadas ou portas de

abrir, como eles tinham trabalhado nos desenhos da 3.ª unidade, foram utilizadas portas

pivotantes, janela de canto e porta de correr, de modo que fosse possível verificar se a

representação estava baseada na apreensão de conceitos ou na reprodução dos elementos da

representação gráfica, antes estudados.

Fonte: elaborado pelo autor.

Figura 9 - Planta baixa proposta para a avaliação

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5.3 IDENTIFICAÇÃO DOS PROBLEMAS DE REPRESENTAÇÃO E A METODOLOGIA

ADOTADA PARA AVALIAÇÃO DOS GRUPOS

Tendo que estabelecer um critério de avaliação, para que fosse possível identificar a

turma que porventura expressasse maior deficiência em Desenho, foi tomado como base a

quantidade de erros e acertos no exercício anteriormente citado. Ficou previsto também um

tempo de duas aulas para acompanhamento e observação do desempenho dos alunos em

atividades correlatas ao exercício aplicado. Apesar de o método aplicado incorrer em

informações pouco precisas, foi necessário estabelecer um critério de avaliação que fosse

compatível com a disponibilidade de tempo que se tinha antes do término da quarta unidade.

Como critério de avaliação, foi estabelecido um valor igual a dois pontos, sendo

subtraído um décimo, do valor total, para cada problema que fosse identificado nos desenhos

dos alunos. Foram considerados os seguintes critérios para perda de pontuação no exercício:

Omissão de elementos que deveriam constar nos cortes;

Representação incorreta de elementos do corte.

Nessa perspectiva, deveriam estar presentes na representação pedida: portas cortadas,

portas vistas, paredes cortadas e paredes vistas, assim como a identificação dos ambientes da

casa. Após recolhimento e verificação das atividades puderam ser constatados os seguintes

equívocos nas representações: cortes invertidos, representação de portas no lugar de janelas,

ou vice-versa, identificação incorreta dos ambientes, objetos cortados que deveriam aparecer

em vista ou representação de elementos inexistentes. Os gráficos 7 e 8, expressam os dados

obtidos pelo Exercício demonstrado na Figura 9.

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Gráfico 6- Avaliação da atividade 01 – Grupo A

Fonte: Observação direta, 2016.

Gráfico 7 - Avaliação da atividade 01 - Grupo B

Fonte: Observação direta, 2016.

De acordo com os resultados obtidos e demonstrados nos Gráficos 7 e 8, o Grupo A

evidenciou melhor desempenho no desenvolvimento da atividade (cortes), fato que se

expressa através dos poucos problemas que foram diagnosticados nos desenhos, tendo uma

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média 2,66 de erros por ausência de elementos que deveriam estar presentes nos cortes e 0,41

erros por representações equivocadas.

Em um total de 12 alunos do grupo A, que realizaram a atividade, a média da

pontuação obtida foi igual a 1,48. Já no grupo B, dos 14 alunos que realizaram a atividade, a

ocorrência foi de 3,5 erros por aluno, que se configuravam tanto na ausência de representação

dos elementos do corte quanto nas representações equivocadas. Este grupo apresentou uma

média igual a 1,39 pontos. As Figuras 10 e 13 resultam do exercício utilizado para avaliação.

Fonte: Acervo do autor, 2016.

Figura 10 - Avaliação realizada por um aluno do grupo A

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Fonte: Acervo do autor, 2016.

Com base nos resultados obtidos a partir do exercício proposto (Figuras 10 e 11), foi

possível perceber em alguns estudantes que, apesar de estarem na quarta unidade, estes

apresentam dificuldades de visualização espacial e de representação gráfica.

Levando-se em conta que, em muitos casos, os exercícios que são aplicados para

ensinar Desenho de Arquitetura no primeiro ano do curso técnico em Edificações do IFBA,

campus Salvador, não apresentam diversificação na configuração das plantas ou na geometria

das edificações20

, de modo a favorecer o exercício da imaginação ao invés da reprodução.

Neste sentido, pode-se dizer que o emprego do exercício mencionado contribuiu

Figura 11- Avaliação realizada por um aluno do Grupo B

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positivamente para uma análise preliminar da capacidade de visualização espacial dos

estudantes participantes da pesquisa de modo que foi possível verificar:

O nível de compreensão dos estudantes, quando na leitura das aberturas

indicadas nas paredes da planta baixa, reconhecimento da geometria das

esquadrias;

Percepção da volumetria da edificação a partir da representação de modo

bidimensional;

Compreensão da simbologia aplicada ao desenho técnico de Arquitetura.

5.3.1 Segunda semana: observação

Na segunda semana de pesquisa em sala de aula, não houve intervenções no processo

de desenvolvimento da atividade realizada em sala, apenas foram feitas observações e

anotações sobre o desempenho dos alunos nas atividades, no intuito de obter mais dados, os

quais, junto aos dados do questionário e os que foram obtidos com a aplicação da atividade

citada anteriormente, somados, serviram de parâmetro de avaliação entre os grupos.

Durante a observação foram constatados:

Grupo A – Dificuldade em escolher o tipo de linha para representações específicas do

Desenho Arquitetônico, assim como estabelecer hierarquia entre as linhas, de modo a permitir

relações de peso gráfico, destacando os elementos cortados ou aqueles que se encontram em

níveis distintos de profundidade. Foi diagnosticado também dificuldade em reconhecer alguns

elementos de arquitetura;

Grupo B – Este grupo apresentou as mesmas dificuldades do grupo anterior, porém

em um nível que merecia maior atenção.

Levando-se em conta que o Grupo B demonstrou maiores indícios de carência na

habilidade de abstrair e representar graficamente, ele foi o escolhido para a aplicação da

intervenção. A partir daí, já com o modelo geométrico da edificação que seria trabalhado em

sala de aula, foram pensadas estratégias que pudessem favorecer o aperfeiçoamento das

20

O fato da maioria dos exercícios serem simplificados, se deve ao fato do tempo que o professor dispõe para

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habilidades de visualização tridimensional dos estudantes, intencionando reflexos positivos

também na capacidade de representação gráfica destes alunos. Os métodos aplicados, com o

uso da modelagem geométrica, serão descritos mais adiante.

5.3.2 Terceira semana: Revisão geral dos conteúdos de desenho Técnico Arquitetônico

(planta baixa, cortes e fachadas)

Foi realizada uma revisão dos assuntos abordados na terceira unidade, na qual se

trabalhou os conteúdos básicos do Desenho Técnico de Arquitetura (planta baixa, corte e

fachada). Abaixo segue a metodologia de ensino utilizada em cada um dos grupos.

Grupo A

Fotografias das diversas etapas da construção de uma edificação;

Exibição do projeto arquitetônico da edificação;

Utilização de croquis para explicação de detalhes;

Grupo B

Para a aula neste grupo, em vez do material utilizado no Grupo A, empregou-se o

modelo geométrico da edificação (Figura 12) que foi gerado a partir do projeto de reforma

desenvolvido pelo professor responsável pela turma. O modelo foi explorado da seguinte

forma:

Realização da análise geométrica da edificação;

Identificação dos componentes da edificação (pilares, portas, janelas, cobertura, etc),

de modo a tentar estabelecer conexões entre o objeto representado e o seu

correspondente real;

Demonstração de vistas de cada uma das faces, com e sem textura, a partir de

projeções paralelas;

cumprimento da carga horária total das disciplinas.

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Fonte: Acervo do autor, 2016. Captura de tela do ArchiCAD

5.3.3 Quarta semana: planta baixa

A partir desta semana não houve aula expositiva, os alunos foram atendidos

individualmente. Esta aula teve como objetivo dar continuidade à construção da planta baixa,

iniciada na semana anterior. Os recursos utilizados nas explicações foram os seguintes:

Grupo A

Explicações verbais e uso de croquis, de modo que se pudesse ilustrar a edificação

por meio de perspectivas;

Construção de exemplos utilizando instrumentos tradicionais de desenho

(esquadros, régua paralela e lapiseira).

Grupo B

O esclarecimento das dúvidas que surgiram a respeito da construção da planta baixa

procedeu-se por meio de:

Figura 12 - Modelo geométrico do projeto de reforma

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110

Aplicação de um plano de corte horizontal a uma altura de 1,50 m (Figura 12), de

modo que fosse possível demonstrar os processos imaginados que dão origem à

representação da planta baixa;

Variação da altura do plano de corte horizontal, justificando o porquê do uso da

altura determinada pela norma técnica de desenho de Arquitetura (NBR 6492/

1994), a qual estabelece que o plano de corte esteja a 1,50 m acima do piso de

referência, podendo este plano sofrer variação em sua altura, a depender da

necessidade de cada projeto em demonstrar todos os elementos necessários para a

sua compreensão;

Alternância entre o modelo cortado horizontalmente e a planta baixa resultante,

demonstradas nas Figuras 13 e 14;

Demonstração das diferentes alturas entre a cota do terreno, varanda, sala e

banheiros com justificativa, mediante exposição do modelo geométrico e da planta.

baixa da edificação (Figura 13 e 14);

.

Ainda por intermédio do modelo geométrico cortado (Figura14), foram utilizadas as

perspectivas cônica e isométrica, intencionando que, por meio de exercícios de visualização

Altura do plano desde corte Fonte: Acervo do autor, 2016.

Figura 13 - Determinação do plano de corte horizontal

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111

os alunos com dificuldade de percepção espacial, pudessem abstrair tridimensionalidade a

partir da observação da planta baixa.

Fonte: Autor, 2016. Captura de tela do ArchiCAD

Fonte: Autor, 2016. Captura de tela do ArchiCAD.

Figura 14 - Corte gerado por um plano horizontal.

Figura 15- Planta baixa do projeto de reforma

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112

5.3.4 Quinta semana: corte

Esta aula teve como objetivo geral, auxiliar os alunos na construção dos cortes do

projeto de reforma. Como os estudantes não tinham realizado o estudo de coberturas, na

unidade anterior, não foi exigido representação do telhado nos cortes, devido a isto, optou-se

por uma laje de cobertura, como antes referido. Apesar de não ter sido exigida a representação

do telhado, o modelo geométrico da edificação, utilizado no Grupo B, foi explorado no intuito

de favorecer uma melhor compressão da edificação. Abaixo seguem os métodos adotados

para mediar a aprendizagem dos alunos

Grupo A

Explicações verbais e uso de croquis, demonstrando e explicando cortes em

perspectiva;

Construção de exemplos utilizando os instrumentos tradicionais de desenho.

Grupo B

Análise da volumetria do modelo, através da visualização de diferentes pontos de

vista;

Comparação entre a representação ortogonal e a representação em perspectiva do

corte, com análise dos tipos de linhas empregados na representação do Desenho

Técnico Arquitetônico (Figura 15 e 16);

Análise, junto aos alunos, dos desenhos feitos por eles e das representações obtidas

com o do ArchiCAD;

Análise geométrica da cobertura variando o parâmetro declividade;

Exibição da estrutura do telhado (Figura 17 e 18);

Discussão quanto ao tipo e a espessura das linhas empregadas

Na janela de edição de corte, demonstrada na Figura 16, pode-se observar sobre a vista

superior do modelo, o plano vertical que atravessa a edificação longitudinalmente. A área que

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113

aparece pintada (local onde foi posicionado o observador) determina a parte da edificação a

ser excluída, resultando no modelo geométrico cortado (Figura 17).

Fonte: Autor, 2016. Captura de tela do ArchiCAD.

Fonte: Autor, 2016. Captura de tela do ArchiCAD.

Figura 16 - Edição do plano vertical para geração do corte 3D

Figura 17 – Corte horizontal aplicado ao modelo

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114

Fonte: Autor, 2016. Captura de tela do ArchiCAD.

A depender do nível de detalhe da modelagem geométrica, será possível exibir cortes

simplificados ou cortes que apresentem maior grau de complexidade. Neste sentido, por meio

da Figura 18, que expressa um corte simplificado, pode-se observar, tanto o madeiramento

que define a estrutura dos telhados quanto paredes cortadas. Em um modelo mais complexo

poderá ser exibido detalhes como o bloco cerâmico e o revestimento. Poderá ser confrontada a

projeção ortogonal da edificação estudada com a perspectiva, exibindo os seus detalhes.

As Figuras 19 e 20 exibem diferentes perspectivas do modelo geométrico, obtidas por

meio da ferramenta orbitar. Com o uso desta ferramenta, acrescido do “zoom” foi possível

posicionar o modelo em diferentes posições e realizar aproximações dos locais nos quais se

desejou realizar algum tipo de análise.

Figura 18 - Corte

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115

Fonte: Autor, 2016. Captura de tela do ArchiCAD.

Figura 20 - Perspectiva: estrutura do telhado

Fonte: Autor, 2016. Captura de tela do ArchiCAD.

Figura 19 - Vista superior: estrutura do telhado

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116

5.3.5 Sexta semana: Continuação dos cortes

Estas aulas objetivaram terminar os cortes iniciados nas duas últimas aulas, os

procedimentos empregados nos Grupos A e B foram os mesmos apresentados nas aulas

anteriores.

5.3.6 Sétima semana: fachadas

Esta aula teve como objetivo geral dar suporte aos alunos na construção das fachadas.

Os recursos utilizados para as explicações foram os seguintes:

Grupo A

Explicações verbais e uso de croquis;

Construção de exemplos utilizando os instrumentos tradicionais de desenho.

Grupo B

Exibição do modelo geométrico do edifício, para análise dos seus aspectos globais;

Análise da fachada com e sem textura (Figura 21 e 22);

Análise da geometria do telhado;

Exibição do desenho técnico da fachada, alternando entre a representação de

diferentes perspectivas por meio do modelo geométrico da edificação, de modo que

se pudesse evidenciar e discutir o tipo e a espessura das linhas empregadas;

A fim de obter melhores resultados na explicação deste conteúdo, junto à perspectiva

cônica (Figura 21), foi utilizada também a perspectiva isométrica, posicionando o olhar do

observador perpendicular à superfície de cada uma das fachadas, como pode ser visto na

Figura 22.

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117

Figura 21- Perspectiva para análise da fachada

Fonte: Autor, 2016. Captura de tela do ArchiCAD.

Figura 22 - Fachada com textura

Fonte: Autor, 2016. Captura de tela do ArchiCAD.

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Após análise das fachadas que foram expostas com textura, a exemplo da Figura 22,

decidiu-se exibi-las sem texturas, como pode ser visto na Figura 23, intencionando um

processo lúdico de entendimento, sem que o aluno desvinculasse a representação delas do

objeto tridimensional de origem, podendo, por meio da percepção tridimensional,

compreender as linhas da fachada a partir do entendimento dos diversos planos a que

pertencem.

Figura 23- Representação técnica da fachada

Fonte: Autor, 2016. Captura de tela do ArchiCAD.

5.4 ANÁLISES DOS DADOS LEVANTADOS DURANTE A APLICAÇÃO DAS

ATIVIDADES

Este tópico tem o intuito apresentar a analise as atividades ocorridas na turma 1812, do

1º ano do curso Técnico de nível médio em Edificações do IFBA - campus Salvador, trazendo

como objetivo geral verificar as contribuições do emprego da modelagem geométrica, a partir

do ArchiCAD, para o ensino de Desenho Técnico.

Como mencionado anteriormente, o tempo da pesquisa de campo se restringiu a um

total de 14 aulas, sendo 6 destas aulas dedicadas ao levantamento de dados iniciais a partir da

aplicação de questionário, aplicação de exercício avaliativo e observação da turma. As 8 aulas

restantes serviram para acompanhamento e emprego de métodos que pudessem contribuir

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119

para o aprendizado dos estudantes. É importante ressaltar aqui que, apesar da turma ser

formada por um total de 26 alunos, que se dividiam em 2 grupos, não havia frequência

constante de todos os estudantes, porém foi possível que houvesse a participação de todos os

alunos.

Durante a pesquisa, foram trabalhados os conteúdos planta baixa, corte e fachada,

tendo o Grupo A como grupo controle e o Grupo B como grupo experimental. A escolha do

grupo experimental se deu por meio da análise dos dados obtidos com o teste de verificação

(Figura 9), do questionário (subitem 4.6.1) e da observação do desempenho dos grupos A e B.

Em ambos os grupos, trabalhou-se com as ferramentas tradicionais de desenho, porém no

Grupo B, foi utilizada a ferramenta computacional ArchiCAD, como instrumento pedagógico

para o ensino do Desenho Técnico. Na sequência, será feita uma síntese do que foi observado

durante as atividades de sala:

A utilização do software despertou maior atenção dos alunos do grupo experimental

durante a exibição do conteúdo;

Os alunos do Grupo B, apesar de apresentarem maior dificuldade no que diz respeito a

visualização espacial, afirmavam entender as explicações, em menor tempo que os

alunos do Grupo A, porém, quando os alunos do grupo B voltavam a desenhar, ainda

continuavam sentindo dificuldades. Os alunos do Grupo A, demonstraram menor

dificuldade na realização das representações gráficas;

Os alunos do Grupo A eram mais velozes em suas representações e apresentaram

poucos erros no que diz respeito ao resultado final das peças gráficas;

Ao visualizarem o modelo tridimensional, os alunos do Grupo B afirmavam

compreender a planta baixa como representação de um espaço tridimensional, mas ao

retornar para o desenho da prancheta as dificuldades de abstração persistiam;

Os alunos do Grupo A demonstram maior domínio dos instrumentos convencionais de

desenho que os alunos do Grupo B.

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120

Para efeito da análise dos resultados do desempenho de cada grupo serão retomados os

dados obtidos por meio do questionário (subitens 4.6.1 e 4.6.2). Os alunos do Grupo A

tiveram Desenho Geométrico (dois estudantes), assim como disciplinas que ofereceram

noções de desenho geométrico, como Artes e/ ou Matemática (dez alunos). Os alunos do

Grupo B, formado por quatorze estudantes, nove alunos disseram ser de escolas públicas em

oposição a três estudantes que vieram de escola particular. Outros dois transitaram entre a

rede pública e particular de ensino durante o fundamental. Os únicos estudantes deste grupo

que afirmaram ter feito contato com conteúdos de desenho geométrico foram os que vieram

de escola particular.

Deste modo foi observado que os estudantes que cursaram o fundamental em escolas

públicas apresentaram menor desempenho nas atividades de Desenho Técnico. Os alunos do

Grupo A, que não tiveram contato com recursos de visualização proporcionados pela

modelagem geométrica, continuaram com melhor desempenho durante toda a unidade, em

oposição aos alunos do Grupo B que tiveram o recurso da modelagem como meio para análise

de cortes e vistas. Ainda que tenham sido empregados recursos de visualização dinâmica, os

alunos do Grupo B não demonstraram mudança considerável na aprendizagem do desenho

técnico.

Como referido anteriormente, os alunos do grupo A, cuja maioria é de escola

particular, tiveram mais acesso a conhecimentos de Desenho Geométrico, associados ou não,

às disciplinas de Artes e/ ou Matemática, que os alunos do Grupo B, fato que pode ter

contribuído com a formação de subsunçores necessários para o desempenho das atividades da

Disciplina Desenho Técnico.

Apesar de não ter havido progresso no que diz respeito ao aprendizado com o uso do

software, foram percebidas vantagens, durante o tempo que durou a pesquisa de campo, neste

sentido propõe-se melhoria para uma próxima investigação e a expansão desta metodologia

para outras disciplinas que têm a ver com o desenho técnico, conforme apresentado a seguir.

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121

5.5 SUGESTÕES DE MELHORIAS DA APLICAÇÃO E UTILIZAÇÃO DA

MODELAGEM GEOMÉTRICA COMO INSTRUMENTO DIDATICO EM OUTRAS

DISCIPLINAS DO CURSO DE EDIFICAÇÕES DO IFBA

Além da apresentação da metodologia para a melhoria do ensino de coberturas, serão

apresentadas também estratégias para utilização da modelagem geométrica, como recurso

didático para a aprendizagem do desenho técnico nas disciplinas Desenho de Arquitetura,

Instalações Elétricas, Instalações Hidráulicas, Estrutura e estratégias para compreensão do

relevo do terreno, para que melhorar se entenda a implantação da edificação em terrenos

diversificados.

5.5.1 Cobertura/ telhados

Segundo Silva et al. (2006),

A representação da cobertura corresponde a um caso particular do projeto de

arquitetura. Com efeito, representa a planta do nível superior (último nível)

da edificação e, contrariamente a todas as plantas, não corresponde a um

corte da edificação por um plano de nível, mas sim a uma vista em planta.

Segundo os autores, os casos mais correntes de cobertura são os terraços e os telhados.

Terraço corresponde, do ponto de vista estrutural, a um pavimento adotado nos pisos das

edificações, devendo ser construído de maneira que seja estanque e permita o escoamento das

águas pluviais. Já os telhados são coberturas construídas a partir de um sistema estrutural,

como pode ser observado na Figura 24, que permite a declividade do(s) plano(s) sobre o qual

são lançados elementos pré-fabricados, telhas, cujo material pode ser cerâmico, fibrocimento,

zinco etc. Cada um dos planos do telhado recebe o nome de água.

Na disciplina Desenho Técnico, as poucas horas disponíveis para que seja abordado

todo o conteúdo da matéria geralmente acabam por deixar o estudo das coberturas em

segundo plano. Porém, foi percebido que a utilização da modelagem geométrica com um pode

otimizar o tempo das aulas. Neste sentido podem ser demonstradas diversas configurações de

telhados, simples ou com várias águas, modificando a sua geometria a qualquer momento.

Alterações no parâmetro declividade admitem que sejam feitas observações a respeito de

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questões estéticas e funcionais. A partir do segundo caso, podem ser debatidos os assuntos

que dizem respeito ao tipo de clima e o tipo de telha, que interferem na escolha da declividade

da coberta (Figura 25).

Fonte: Autor, 2016. Captura de tela do ArchiCAD.

Figura 25 - Corte em perspectiva demonstrado a estrutura do telhado e fundação

Fonte: Autor, 2016. Captura de tela do ArchiCAD.

Figura 24 - Demonstração da estrutura do telhado (pontaletes, caibros e terças)

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123

5.5.2 Instalações elétricas

Creder (2004) afirma que um projeto de instalações elétricas é uma previsão escrita

dos pontos de utilização (iluminação, tomadas, interruptores, quadros, passagem dos

condutores, entrada etc.), cuja representação deve ser feita utilizando a simbologia mais usual,

de modo que a sua leitura seja facilitada. Carvalho Junior (2010, p. 1) diz que “[...] o projeto

de instalações elétricas prediais é uma representação gráfica e escrita do que se pretende

instalar na edificação, com todos os seus detalhes, com a localização dos pontos de utilização

[...]”. A partir da afirmação dos autores, faz-se perceber a importância do desenho técnico

para esta área, porém, o desenho não fará sentido se antes não forem conhecidos os objetos

reais que compõem este sistema, expressos no desenho por via de suas convenções

simbólicas.

Neste sentido, a modelagem geométrica poderá fazer perceber, por exemplo, as

diferentes alturas de tomadas e de interruptores, os quais são representados em planta baixa

por símbolos, que não advêm de projeção ortogonal, assim como os demais ícones

empregados neste tipo de projeto, tendo o estudante que passar por um novo processo de

adaptação gráfica. A norma que trata da simbologia utilizada nos projetos de instalações

elétricas é a NBR 5444/1986.

O fato de se poder demonstrar tridimensionalmente o conjunto de eletrodutos (rígidos

ou flexíveis) que percorrem teto, paredes, ou atravessam o piso da edificação; caixas

octogonais, caixas 4x2, ou caixas 4x4 (Figura 26), pelas quais se conectam aos circuitos:

lâmpadas, tomadas ou interruptores, expressam potencial material didático para compreensão

do desenho e ensino do projeto.

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124

Figura 26 – projeto de distribuição elétrica elaborado no Revit MEP

Fonte:Actech21

21

Disponível em: https://actech.net.br/wp-content/uploads/2015/06/Revit_Eletrica.png. Acesso em: 12

fev. 2017

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125

5.5.3 Instalações hidráulicas

Diferentemente do projeto de Instalações Elétricas, na representação gráfica dos

projetos de Instalações Hidráulicas, tanto podem ser adotados um conjunto de símbolos

simplificados quanto podem ser empregadas projeções ortogonais para demonstrar as

tubulações e suas conexões. Embora a norma que trata dos sistemas prediais de esgoto

sanitário – projeto e execução (NBR 8160/ 1999) apresente um conjunto de símbolos, Silva e

Cabral (2012) dizem que eles são insuficientes para suprir a necessidade dos projetistas. Isto

pode ser considerado como um dos fatores que levam os escritórios de projetos de instalações

a adotarem simbologia própria. Apesar de ser comum o uso de simbologia própria, todos os

projetos hidrossanitários devem informar o significado dos símbolos adotados por meio de

legendas.

No que diz respeito ao aprendizado deste tipo de representação, vê-se na modelagem

geométrica do sistema hidráulico um importante instrumento para visualização e exercício

projetual dos estudantes que se iniciam na disciplina Instalações Hidrossanitárias. Neste

sentido o estudo das Hidrossanitárias, por meio da modelagem geométrica, a representação

das tubulações pode ganhar corpo e feições mais realistas, fazendo entender os tipos de

conexões usuais nos sistemas de água fria, água quente e esgoto. Além da visualização

isométrica, também são permitidos outros tipos de perspectivas, aproximação das conexões e

percursos através da rede de distribuição de água 22

.

Este tipo de modelagem poderá intermediar o conhecimento do funcionamento do

sistema hidráulico (Figura 27).

22

A rede de distribuição de água pode ser entendida como o conjunto de canalizações que interligam os pontos

de consumo ao reservatório de água (CARVALHO JUNIOR, 2010). Ela se compõe por barrilete, colunas, ramais

e sub-ramais. Barrilete é o conjunto de tubulações que partem do reservatório superior e alimentam as colunas

de distribuição. Por sua vez, as colunas de distribuição são constituídas pela tubulação vertical que alimenta os

ramais. Por fim, os ramais se ligam aos sub-ramais que alimentam as peças de utilização (chuveiros e torneiras).

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126

Figura 27 - Projeto hidrossanitários com tubulações de alimentação, água fria, água quente

(aquecedor de passagem a gás), esgoto sanitário (destinação: rede de coleta de esgoto da Sanepar),

drenagem pluvial de um sobrado geminado em condomínio, em Curitiba PR.

Fonte23

: Adaptado pelo Autor

Na Figura 28, podem-se perceber, por meio da representação do modelo geométrico,

extraído via captura de tela do AutoCAD, as conexões: joelho 90° e tê, ambas com feições

realistas. Para a construção deste modelo, foi utilizado o TigreCAD, um plugin pertencente a

Tigre S. A, voltado para a confecção de projetos hidrossanitários. Atualmente são

disponibilizadas as versões deste plugin para os produtos AutoCAD e Revit, da Autodesk.

23

Disponível em: <http://www.unidadeprojetos.com.br/hidro.h.>. Acesso em: 26 set. 2016

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127

Figura 28 – Planta baixa e perspectiva isométrica: água fria

Fonte: Captura de tela do AutoCAD. Elaborado pelo autor, 2016.

Acredita-se que a exploração desse tipo de representação, junto a outros recursos

didáticos voltados para o ensino das instalações hidrossanitárias, possa servir como

importantes mediadores para a construção do conhecimento necessário para a execução de

desenhos e elaboração deste tipo de projeto.

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128

5.5.4 Estrutura

“Elementos estruturais são peças geralmente com uma ou duas dimensões

preponderantes sobre as demais (vigas, lajes, pilares etc.), que compõem uma estrutura. O

modo como são arranjados pode ser chamado de sistema estrutural”. (FIGUEIREDO FILHO

e CARVALHO, 2014, p. 23).

Por meio da modelagem geométrica, os sistemas estruturais podem ser demonstrados

de forma didática, permitindo a qualquer momento modificações geométricas nos elementos

estruturais como pilares, vigas, lajes, treliças planas ou espaciais, podendo contextualizá-los

com a edificação. Erros também podem ser apontados e discutidos, como por exemplo, peças

subdimensionadas incapazes de suprir suas funções estruturais, ou soluções estruturais

antieconômicas. Não se quer aqui confundir o conhecimento sobre comportamento estrutural,

com aqueles necessários para que se realizem os cálculos que garantirão a estabilidade do

edifício, função destinada ao engenheiro especialista em estruturas. Entretanto, acredita-se

que por meio destes recursos que podem evidenciar forma e função dos elementos estruturais,

seja possível colaborar para um processo mais crítico de leitura e autonomia, quando da

confecção dos desenhos e concepção de projetos que envolvem estrutura, realizados pelos

Técnicos em Edificações. Rebello (2006) diz que conceber a estrutura não é o mesmo que

dimensioná-la. Para o autor, ser capaz de concebê-la é ser capaz de compreendê-la e explica-

la, enxergando o funcionamento do sistema, de modo a perceber como as cargas são

direcionadas ao solo, identificando no material o seu comportamento. O dimensionamento é

tornar a estrutura capaz de suportar as condições de trabalho, papel do profissional de

Engenharia Civil. Dias (2006) afirma que o dimensionamento da estrutura tem a ver com o

posicionamento dos elementos portantes, de modo que as cargas sejam transmitidas para o

solo de maneira segura e econômica.

Na busca por um aprendizado significativo, é possível ainda que os próprios alunos,

com a utilização de um modelador geométrico, desenvolvam estudos para distribuição de

pilares e vigas, aproveitando o mesmo projeto arquitetônico feito durante a disciplina

Desenho de Arquitetura. Neste caso, ambas as disciplinas podem ser pensadas de forma

integrada, contextualizando os conhecimentos de desenho e projetos das duas áreas. As

figuras 29 e 30 demonstram o modelo geométrico de um sistema estrutural simples.

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Figura 29 - Planta da estrutura (à esquerda) e perspectiva (à direita).

Fonte: Autor, 2016. Captura de tela do ArchiCAD.

Figura 30- Pespectiva da estrutura

Fonte: Autor, 2016. Captura de tela do ArchiCAD.

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5.5.5 Modelagem do terreno

Segundo Botelho (2009, p. 40) “o objetivo da topografia é levantar, e depois

apresentar em desenhos, as características do relevo e pontos singulares de uma região. Isso é

feito por meio de medidas de: distâncias, (sempre na horizontal), desníveis, ângulos,

coordenadas etc”. Antigamente, após obtenção dos dados levantados em campo, os

profissionais recorriam ao traçado manual para representação do terreno. Atualmente, esse

tipo de desenho é feito com o auxílio de uma ferramenta CAD, porém, Veiga et al. (2007, p.

166) diz que qualquer que “[...] seja no método tradicional quanto utilizando o computador, o

desenhista deve conhecer os conceitos de desenho técnico e de representação topográfica”. É

neste sentido que se propõe aqui a aplicação da modelagem geométrica, de modo que, a partir

da representação tridimensional do terreno, compreenda-se também o desenho técnico que

envolve o estudo topográfico.

Silva et al. (2006) afirmam que mais interessante que a visualização do terreno, está a

possibilidade de outras aplicações, sobretudo em estudos de projetos de Arquitetura e

Engenharia Civil, etc. A exemplo, pode-se citar os estudos de corte e aterro no local onde se

fará a implantação do imóvel. Segundo Rangel (1979), serviços de terra que modificam a

conformação natural do terreno, seja por enchimento ou escavação, chamam-se serviços de

terraplanagem, sendo as intervenções de escavação conhecidas por corte e as de enchimento

chamadas de aterro.

Neste sentido, a Modelagem Digital do Terreno (MDT) pode ser utilizada para

demonstrar aos alunos a topografia de terrenos, a partir da análise das curvas de nível. De

posse do terreno (Figura 31), também se pode fazer estudos de implantação da edificação, no

intuito de melhorar a percepção tridimensional e a representação gráfica quando de posse de

terrenos em aclive ou declive, como se pode observar nas figuras 35 e 36.

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Fonte: Autor, 2016. Captura de tela do ArchiCAD.

Figura 32 - Edição da cota de pontos do terreno

Fonte: Autor, 2016. Captura de tela do ArchiCAD.

O Segundo Rangel (1979, p.102) “o princípio da representação Topográfica consiste

em considerar-se um feixe de planos paralelos e equidistantes; esses planos seccionam a

superfície segundo curvas de nível; essas curvas são projetadas ortogonalmente no plano de

projeção. Segundo o autor, “quanto mais próximas entre si estiverem as curvas de nível, maior

Figura 31 - Vista superior do Modelo Digital do Terreno

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será a inclinação do terreno. A análise do emprego das curvas de nível pode ser conferida na

Figura 36, auxiliada pelo perfil do terreno e pela perspectiva.

Figura 33 - Perfil do terreno, perspectiva e demonstração das curvas de nível

Fonte: Autor, 2016. Captura de tela do ArchiCAD.

Como referido anteriormente, é de fundamental importância que os Técnicos em

Edificações saibam ler e interpretar as plantas topográficas, visto que participam do estudo e

da construção de edifícios junto a outros profissionais, para isso, devem ser capazes de

perceber as características superficiais do terreno a partir da análise das curvas de nível.

Assim, o ensino do projeto arquitetônico não deve estar dissociado da relação que a edificação

estabelece com o terreno no qual ela será implantada. De modo geral, para além do

aprendizado do desenho técnico, acredita-se que possa haver uma pré-visualização dos

conhecimentos que serão consolidados na prática. Segundo Montenegro (2001), as técnicas de

desenho, os conhecimentos dos símbolos e dos instrumentos, e ainda as técnicas que se

aplicam à confecção dos desenhos, não devem ser o bastante para o profissional que trabalha

com desenhos técnicos.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A desvalorização da educação gráfica no ensino fundamental tem provocado uma

significativa deficiência no que tange às habilidades motoras e cognitivas tridimensionais dos

estudantes. Estes estudantes normalmente recebem as primeiras noções de educação gráfica

quando ingressam em um curso técnico ou superior das áreas que têm as disciplinas Desenho

Geométrico, Geometria Descritiva e Desenho Técnico, em sua grade curricular. Neste sentido,

o professor da educação profissional precisa dedicar uma maior quantidade de tempo para

trabalhar os conteúdos básicos das disciplinas referidas, sobre os quais os alunos geralmente

não possuem conhecimento.

No que diz respeito às dificuldades apresentadas pelos alunos, é necessário que o

professor perceba as ferramentas que podem ser direcionadas para o ensino do Desenho, de

modo que tais instrumentos possam ser facilitadores do processo de aprendizagem. Porém,

como mencionado neste trabalho, nem sempre as escolas dispõem de recursos que possam ser

utilizados pelo professor; a exemplo da dificuldade em encontrar um laboratório de

informática para a realização desta pesquisa no campus Salvador do IFBA.

Retomando a questão norteadora que conduziu este trabalho: Será que o ensino do

Desenho Técnico, através da modelagem geométrica, proporciona melhor compreensão dos

aspectos que dizem respeito à confecção dos projetos de AEC, do curso de Edificações

(IFBA)?

Em relação à disciplina Desenho Técnico, do curso de Edificações do IFBA, campus

Salvador - Ba, percebeu-se na modelagem geométrica um instrumento capaz de desenvolver

as habilidades de percepção das formas 3D e as habilidades para representação gráfica dos

alunos do curso, fato que motivou esta pesquisa.

O tempo de uma unidade não foi suficiente para que se pudessem realizar estudos

aprofundados a respeito dos efeitos do uso da modelagem geométrica no ensino do Desenho

Técnico, no curso Integrado em Edificações do IFBA, campus Salvador. Apesar de se ter

pensado em uma permanência mais longa de sala de aula, objetivando a aquisição de um

maior número de dados, fatores como a greve dos servidores do IFBA e a espera pela

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aprovação do projeto de pesquisa que estava sendo analisado pelo Comitê de Ética em

pesquisa do IFBA, retardaram o início da pesquisa de campo. A falta de um laboratório

adequado também exigiu que fossem elaboradas estratégias para utilização do recurso

computacional em sala de aula, valendo-se para isto do computador do pesquisador.

Até o termino da pesquisa, o único laboratório de informática disponível pertencia ao

Departamento de Construção Civil. O Departamento de Desenho, até então, não possuía

laboratório próprio, sendo necessária a solicitação do laboratório de informática do

supracitado departamento. Apesar da solicitação ter sido feita, não houve tempo para que o

programa fosse instalado nas máquinas, o que causou um significativo atraso no andamento

da pesquisa e a opção pela utilização de equipamento próprio.

Embora todos estes fatores tenham interferido na redução do tempo da pesquisa,

implicando pouco tempo para exploração das atividades de campo, o período de permanência

em sala de aula foi suficiente para que se comprovassem as vantagens da utilização da

modelagem geométrica como instrumento didático para as aulas de Desenho Técnico, visto

que para além dos recursos dinâmicos de visualização, de forma simplificada como cortes,

vistas, cortes 3D, que podem auxiliar os alunos no entendimento das representações gráficas.

É possível introduzir elementos relativos à estrutura da edificação, à realização de análise de

cobertura quanto: ao tipo, declividade, geometria e representação gráfica, visando melhorar as

habilidades de visualização 3D e da representação gráfica.

Embora tenha havido os contratempos já mencionados, foi possível constar o seguinte:

O uso da modelagem geométrica por meio do CAD-BIM contribui para a

compreensão da edificação, visto que esta é apresenta em escala reduzida, permitindo

a análise global de seus aspectos;

A visualização tridimensional e os recursos de corte e vista, que podem ser extraídos

de maneira automática, ajudaram os alunos a identificar erros e acertos na construção

dos desenhos;

Percebeu-se que a volumetria do objeto e os seus aspectos realistas tornam o

aprendizado lúdico para os estudantes que começam a ter contato com os

conhecimentos de Desenho Técnico Arquitetônico;

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Os conhecimentos de Desenho Arquitetônico devem ser ensinados junto com os

conhecimentos de construção. Por meio da modelagem geométrica, é possível

apresentar estes conhecimentos ao aluno iniciante do curso Técnico em Edificações;

A efetividade da proposta dependerá da escolha do software, da afinidade do professor

com determinada ferramenta, da carga horária disponível para execução das

atividades, e do nível de dificuldade apresentado pelos alunos no uso da ferramenta,

quando for o caso. A aplicabilidade da ferramenta para a área profissional também

deve ser levada em consideração.

No entanto, apesar dos recursos da modelagem geométrica ampliarem as

possibilidades de análise geométrica e percepção funcional dos elementos do Desenho

Técnico de Arquitetura, não se espera que os alunos do primeiro ano terminem a disciplina

capazes de criar pranchas de detalhes, até porque posteriormente eles irão cursar disciplinas

específicas de projetos. Apesar de não ter havido tempo para verificação da aprendizagem dos

alunos, acredita-se que, por meio da utilização desses recursos, pode-se melhorar o nível de

representação e leitura, além de facilitar o entendimento das disciplinas posteriores, por via de

abordagens mais abrangentes, amparadas por um material significativo de aprendizagem,

como propõe Ausubel.

Neste sentido, os autores que fundamentaram esta pesquisa, Papert, Dewey e Ausubel,

tiveram importante contribuição no que diz respeito à estruturação desta proposta que, por

meio do uso do computador como instrumento para o ensino, buscou integrar

significativamente, o ambiente da sala de aula com aquele que se configura no mundo do

trabalho. Neste sentido, ao longo das aulas foram feitas comparações entre o modelo

geométrico da edificação e elementos arquitetônicos físicos, de modo a reafirmar Dewey e

Papert, os quais defendem, respectivamente, a apropriação da tecnologia e o uso do

computador para a construção do conhecimento dos estudantes. Para isto, o modelo

geométrico da edificação foi pensado de modo que se pudesse decompô-lo em partes

significativas (elementos da cobertura, paredes esquadrias etc.), ou criação de um material de

aprendizagem potencialmente significativo, como defende Ausubel, de maneira a justificar o

objetivo desta proposta de ensino, que buscou verificar a utilização da modelagem geométrica

enquanto instrumento didático para ensino do desenho técnico.

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APÊNDICE

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APÊNDICE 1 – GABARITO E ESTRUTURA

Fonte: Autor, 2016. Captura de tela do ArchiCAD

Fonte: Autor, 2016. Captura de tela do ArchiCAD

Figura 34 - locação da obra

Figura 35- Estrutura da casa térrea

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APÊNDICE 2 - QUESTIONÁRIO DE PESQUISA

Questionário de Sondagem – Desenho Técnico

1.0 Onde você cursou o seu ensino fundamental?

( ) Apenas em escola pública

( ) Apenas em escola privada

( ) Maior parte em escola pública

( ) Maior parte em escola privada

2.0 Você estudou Desenho Geométrico durante o ensino fundamental?

( ) Sim

( ) Não

3.0 Caso tenha estudado Desenho Geométrico no ensino fundamental, como se deu o contato com a

disciplina?

( ) Através das aulas de Desenho

( ) Através das aulas de Artes

( ) Através das aulas de Matemática

4.0 Qual é o seu grau de interesse pela disciplina?

( ) Alto

( ) Médio

( ) Baixo

5.0 Você julga importante o estudo desta disciplina?

( ) Sim

( ) Não

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6.0 Antes de ingressar no IFBA você já havia tido contato com a disciplina Desenho Técnico?

( ) Sim

( ) Não

7.0 Onde ocorreu este contato?

( ) Curso livre de Artes

( ) curso livre de Desenho

( ) Curso de CAD

( ) Outro: ______________________________________________________

8.0 Em caso afirmativo ao item anterior, informe o seu grau de interesse pela disciplina.

( ) Alto

( ) Médio

( ) Baixo

9.0 Você possui computador em casa para desenvolvimento das atividades acadêmicas?

( ) Sim

( ) Não - Como desenvolve? ______________________________________________

10.0 Você conhece ou domina algum programa voltado para a edição de desenhos? Diga qual, ou

quais são estes programas.

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

11.0 Você costuma utilizar este (s) programa (s) com frequência? Como e com qual finalidade

utiliza os programas?

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

12.0 Em uma escala de informe o seu nível de interesse pela utilização dos programas citados.

( ) Alto

( ) Médio

( ) Baixo

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13.0 Informe o seu nível de interesse pela utilização do computador para a elaboração de desenhos.

( ) Alto

( ) Médio

( ) Baixo

14.0 Por que você escolheu fazer o curso Técnico em Edificações?

( ) Para ingressar no mundo de trabalho.

( ) Escolhi o curso visando a possibilidade de ingressar em uma universidade.

( ) Pretendo seguir carreira cursando Arquitetura ou Engenharia Civil.

Outro: ______________________________________________________

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ANEXO

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ANEXO 1 – PARECER DO CONSELHO DE ÉTICA