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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS CURSO DE GEOLOGIA THIAGO REIS RODRIGUES MODELAGEM POR LÓGICA FUZZY: APLICAÇÃO ÀS MINERALIZAÇÕES AURÍFERAS DO CINTURÃO GURUPI, FOLHA CENTRO NOVO DO MARANHÃO, MA/PA Salvador 2012

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS

CURSO DE GEOLOGIA

THIAGO REIS RODRIGUES

MODELAGEM POR LÓGICA FUZZY: APLICAÇÃO ÀS MINERALIZAÇÕES AURÍFERAS DO CINTURÃO GURUPI,

FOLHA CENTRO NOVO DO MARANHÃO, MA/PA

Salvador 2012

THIAGO REIS RODRIGUES

MODELAGEM POR LÓGICA FUZZY: APLICAÇÃO ÀS MINERALIZAÇÕES AURÍFERAS DO CINTURÃO GURUPI,

FOLHA CENTRO NOVO DO MARANHÃO, MA/PA

Monografia apresentada ao Curso de Geologia, Instituto de Geociências, Universidade Federal da Bahia, como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Geologia. Orientadora: MSc. Maísa Bastos Abram

Co-orientadora: Profª. Dra. Maria da Glória da Silva

Salvador 2012

TERMO DE APROVAÇÃO

THIAGO REIS RODRIGUES

Salvador, 15 de Junho de 2012

MODELAGEM POR LÓGICA FUZZY: APLICAÇÃO ÀS MINERALIZAÇÕES AURÍFERAS DO CINTURÃO GURUPI,

FOLHA CENTRO NOVO DO MARANHÃO, MA/PA

Monografia aprovada como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel

em Geologia, Universidade Federal da Bahia, pela seguinte banca examinadora:

MSc. Maísa Bastos Abram - Orientadora CPRM - Serviço Geológico do Brasil Profa. Dra. Maria da Glória da Silva - Co-Orientadora CPRM - Serviço Geológico do Brasil Prof. Dr. José Haroldo da Silva Sá Instituto de Geociências, Universidade Federal da Bahia Prof. Dr. Washington de Jesus Sant’Anna da Franca Rocha Deptº de Ciências Exatas, Universidade Estadual de Feira de Santana

AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer primeiramente a toda Superintendência Regional de

Belém da CPRM – Serviço Geológico do Brasil, em especial ao Dr. Evandro Klein,

por ceder os dados geológicos, geoquímicos de prospecção e base de recursos

minerais do Projeto Geologia da Folha Centro Novo do Maranhão e Maria Laura

Azevedo por ceder os dados Aerogeofísicos do Projeto Gurupi, sem os quais este

trabalho não seria possível. Às minhas orientadoras, Prof. Maria da Glória, que

sugeriu o tema e a quem desejo toda a força nesta recuperação e Maísa Abram

Bastos, sempre meiga e dedicada, que topou me orientar neste curto tempo

disponível. Outras pessoas fundamentais para que este trabalho se tornasse uma

realidade são o geógrafo Rogério Celestino, que me ajudou na parte de

geoprocessamento e o geofísico Ricardo Cavalcanti, que me ajudou no tratamento

dos dados geofísicos. Não poderia deixar de prestar um agradecimento especial a

meus pais por todo o empenho e dedicação: minha mãe, Dona Zilda e meu pai, o

geoquímico Valmir Rodrigues, que me ajudou na parte de geoquímica prospectiva

deste trabalho e que me inspirou a seguir esta bela profissão.

Agradeço ao Instituto de Geociências e a todos os seus professores e

funcionários por terem contribuído para o meu crescimento, não só acadêmico, mas

também intelectual e pessoal. Agradeço também à CPRM e a todos os funcionários

desta casa que me acolheu e que também contribuiu para minha formação.

Após cinco árduos anos de universidade, não poderia esquecer dos meus

companheiros de caminhada: Carlos, Goiaba, Cipri, Gabriel, Bianca, Elô, Gi, Leidy,

Smigou, Natali, Xande, Laura, Gontijo, Brunos, Priscila, Lucas, Vitinho... Todos

aqueles que não foram citados, sintam-se agradecidos.

Muito obrigado a todos vocês!

RESUMO

Dentro do universo da modelagem geológica, a Análise Espacial de Dados

constitui uma ferramenta eficaz que permite avaliar e indicar áreas com diferentes

graus de favorabilidade para ocorrência de novos jazimentos minerais. Neste

trabalho, a indicação destas zonas potenciais foi fundamentada no conhecimento

dos mecanismos de controle das mineralizações (knowledge driven), com o

emprego da Lógica Fuzzy, na qual são atribuídos pesos entre 0 e 1 de acordo com a

importância do tema analisado e com o auxílio das ferramentas do Sistema de

Informações Geográficas (SIG). Esta metodologia foi aplicada às mineralizações

auríferas da região do Gurupi, folha Centro Novo do Maranhão, localizada na divisa

entre os Estados do Maranhão e do Pará. Dois domínios geotectônicos principais

são representados nessa área: o Cráton São Luís e o Cinturão Gurupi. O Cráton

São Luís possui idade paleoproterozoica, sendo dominado por sequências

metavulcano-sedimentares e rochas calcioalcalinas juvenis formadas em arcos de

ilha intra-oceânicos. Já o Cinturão Gurupi é um cinturão metamórfico polifásico,

predominantemente neoproterozoico, composto de sequências metassedimentares

e metavulcano-sedimentares, gnaisses, algumas gerações de granitoides e rochas

alcalinas. O limite entre estes dois domínios é marcado pela zona de cisalhamento

Tentugal, ao longo da qual se concentra a maior parte das ocorrências auríferas da

região. Estes depósitos podem ser classificados como “lode gold” ou tipo orogênico

e a entrada dos fluidos mineralizantes é tardia em relação à granitogênese,

metamorfismo e deformação.

Palavras-chave: Modelagem geológica; Lógica Fuzzy; Cinturão Gurupi.

ABSTRACT

Within the universe of geological modeling, Spatial Data Analysis is an

effective tool for assessing and indicate areas with different degrees of favorability for

the occurrence of new mineral deposits. In this work, the potential areas indication

was based on the knowledge of mechanisms controls of the mineralization

(knowledge driven), with the use of Fuzzy Logic, in which were assigned weights

between 0 and 1 according to the importance of this theme and the aid of the tools of

the Geographic Information System (GIS). This methodology was applied to gold

mineralization in the region of Gurupi, Centro Novo do Maranhão chart, located on

the boundary between the states of Maranhão and Pará. Two main tectonic domains

are represented in this area: the São Luís Craton and the Gurupi Belt. The São Luís

Craton has paleoproterozoic age, being dominated by metavolcano-sedimentary

sequences and calc-alkalines juvenile rocks formed in intra-oceanic island arc. On

the other hand, Gurupi Belt is a polyphase metamorphic belt, Neoproterozoic

predominantly composed of metasedimentary and metavolcano-sedimentary

sequences, gneisses, some generations of granitic and alkaline rocks. The boundary

between these two domains is marked by the Tentugal shear zone, along which

concentrate most of the gold occurrences of the region. These deposits can be

classified as "lode gold" or orogenic type and mineralizing fluids incoming was late in

relation to granitogenesis, metamorphism and deformation.

Keywords: Geologic modeling; Fuzzy Logic; Gurupi Belt.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Localização e articulação da Folha SA.23-Y-B-I na região do Gurupi. ..... 16

Figura 2 – Curva ombrotérmica de Gaussen da região. Fonte: RADAM BRASIL (1973) ........................................................................................................................ 19

Figura 3 – Tipos de depósitos de ouro nos diferentes ambientes tectônicos. Adaptado de Groves et al., 1998. .............................................................................. 22

Figura 4 – Compartimentação tectônica. Adaptado de Klein et al. (2008)................. 26

Figura 5 – Mapa geológico simplificado do noroeste da África. Adaptado de Klein et al. (2008). .................................................................................................................. 27

Figura 6 – Amalgamação neoproterozoica. Adaptado de Klein et al. (2008)............. 29

Figura 7 – Mapa geológico regional simplificado do Cinturão Gurupi e Cráton São Luís. Adaptado de Klein et al. 2005). ........................................................................ 34

Figura 8 – Mapa geológico da área. Fonte: Projeto Geologia da Folha Centro Novo do Maranhão (CPRM). .............................................................................................. 35

Figura 9 – Ocorrências e depósitos e áreas requeridas junto ao DNPM. Fonte: SIGMINE. .................................................................................................................. 49

Figura 10 – Mapa geológico da região dos depósitos de Cipoeiro, Chega Tudo, Serrinha e Montes Áureos. Adaptado de Ribeiro (2002). .......................................... 51

Figura 11 – Representação esquemática mos-trando a relação entre quartzo, carbonatos e sulfeto em Serrinha (Klein et al., 2006). ............................................... 52

Figura 12 – Seção geológica do corpo de Mandiocal, depósito de Chega Tudo (Klein et al., 2008). .............................................................................................................. 53

Figura 13 – Lineamentos estruturais obtidos através de imagem SRTM e aeromagne-tometria, respectivamente. ..................................................................... 56

Figura 14 – Amostragem de sedimentos de corrente (pontos verdes) e concentrados de bateia (pontos vermelhos). ................................................................................... 57

Figura 15 – Perfil E-W com os valores de Au em ppb apresentando dois outliers .... 58

Figura 16 – Sedimentos de corrente com valores anômalos para Au e sedimentos de corrente com associações Au, Ag, As, Sb, Se, Bi e suas respectivas micro-bacias hidrográficas. ............................................................................................................. 60

Figura 17 – Concentrados de bateia com pintas de ouro e suas respectivas microbacias. .............................................................................................................. 61

Figura 18 – Diagramas de dispersão dos elementos As, Ag, Sb, Se, Bi contra o Au. .................................................................................................................................. 61

Figura 19 – Imagem MDT da área de estudo e microbacias hidrográficas. .............. 62

Figura 20 – (a) Mapa ternário de K, Th e U, (b) potássio anômalo Kd, (c) urânio anômalo Ud e (d) razão Th/K. .................................................................................... 64

Figura 21 – (a) Mapa da razão U/K, (b) razão U/Th, (c) Fator F, (d) e mapa ternário dos parâmetros F, Kd e Ud. ........................................................................................ 65

Figura 22 – Comparação entre as lógicas Booleana e Fuzzy (Silva, 2004) e exemplo de pertinência fuzzy de um dado teor (Bonham-Carter, 1994, modificado por Franca-Rocha, 2001). ............................................................................................................ 68

Figura 23 – Temas de evidências litológicos. ............................................................ 70

Figura 24 – Temas de evidências estruturais e geoquímicos. ................................... 71

Figura 25 – Temas de evidências geoquímico e geofísicos. ..................................... 72

Figura 26 – Metodologia da terceira proposta de modelagem. ................................. 77

Figura 27 – Mapas de favorabilidade da primeira e segunda proposta de modelagem. ............................................................................................................... 78

Figura 28 – Mapa de favorabilidade da terceira proposta de modelagem. ................ 79

LISTA DE FOTOGRAFIAS

Fotografia 1 – Ortognaisses dobrados, localmente migmatizados do Complexo Itapeva. Fonte: Klein et al., no prelo. ......................................................................... 36

Fotografia 2 – Tonalito foliado com bolsões de sienogranito e monzonito róseo da Suíte Intrusiva Tromaí. Fonte: Klein et al., no prelo. ................................................. 38

Fotografia 3 – Dobras chevron em xisto e dacito pórfiro em testemunho de sondagem. Fonte: Klein et al., no prelo. .................................................................... 39

Fotografia 4 – Gabro hidrotermalizados do Gabro binzal. Fonte: Klein et al., no prelo. .................................................................................................................................. 40

Fotografia 5 – Arenitos com intercalações de pelito e quartzo arenito sericítico. Fonte: Klein et al., no prelo. ....................................................................................... 42

Fotografia 6 – Veio de quartzo em xisto grafitoso de Serrinha com partículas de ouro livre (setas) (Klein et al., 2006). ................................................................................. 52

LISTA DE FOTOMICROGRAFIAS

Fotomicrografia 1 – Textura lepidoblástica em biotita muscovita xisto (nicóis cruzados). Fonte: Klein et al., no prelo. ..................................................................... 36

Fotomicrografia 2 – Textura lepidoblástica em biotita gnaisse tonalítico (nicóis cruzados). Fonte: Klein et al., no prelo. ..................................................................... 36

Fotomicrografia 3 – Hornblenda granodiorito foliado (nicóis cruzados). Fonte Klein et al., no prelo. ............................................................................................................... 38

Fotomicrografia 4 – Hornblenda granodiorito fino (nicóis cruzados). Fonte Klein et al., no prelo. .................................................................................................................... 38

Fotomicrografia 5 – Dacito milonitizado com feno-cristais de plagioclásio (nicóis cruzados). Fonte: Klein et al., no prelo. ..................................................................... 39

Fotomicrografia 6 – Textura lepido-blástica em muscovita xisto (nicóis cruzados). Fonte: Klein et al., no prelo. ....................................................................................... 39

Fotomicrografia 7 – Actinolita gabro com cristais de plagioclásio (nicóis cruzados). Fonte: Klein et al., no prelo. ....................................................................................... 40

Fotomicrografia 8 – Quartzo e minerais opacos (nicóis cruzados). Fonte: Klein et al., no prelo. .................................................................................................................... 42

Fotomicrografia 9 – Arenito com foliação paralela ao acamamento (nicóis cruzados). Fonte: Klein et al., no prelo. ....................................................................................... 42

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Faixas anômalas para sedimento de corrente.........................................59

Tabela 2 – Anomalias de 1ª, 2ª, e 3ª ordem de F, Kd e Ud na área de estudo...........66

Tabela 3 – Fuzzyficação dos temas de evidências....................................................73

Tabela 4 – Score Fuzzy das ocorrências conhecidas................................................81

LISTA DE ABREVIATURAS

Bt – Biotita

Pl – Plagioclásio

Ac – Actinolita

Mus – Muscovita

Qtz – Quartzo

Hbl - Hornblenda

Op – Opaco

TTG – Tonalito-trondhjemito-granodiorito

MDT – Modelo Digital de Terreno

SRTM – Shuttle Radar Topography Mission

DNPM – Departamento Nacional de Pesquisa Mineral

CPRM – Serviço Geológico do Brasil

IOCG – Iron oxide-copper-gold

SUMÁRIO

AGRADECIMENTOS...................................................................................................iv

RESUMO......................................................................................................................v

ABSTRACT..................................................................................................................vi

LISTA DE FIGURAS...................................................................................................vii

LISTA DE FOTOGRAFIAS.........................................................................................viii

LISTA DE FOTOMICROGRAFIAS..............................................................................ix

LISTA DE TABELAS....................................................................................................ix

LISTA DE ABREVIATURAS.........................................................................................x

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 14

1.1. Apresentação ............................................................................................. 14

1.2. Localização e acesso ................................................................................. 15

1.3. Objetivos ..................................................................................................... 15

1.3.1. Objetivo geral ................................................................................... 15

1.3.2. Objetivos específicos ....................................................................... 17

1.4. Métodos ...................................................................................................... 17

1.4.1. Levantamento bibliográfico .............................................................. 17

1.4.2. Tratamento de dados ....................................................................... 17

1.4.3. Elaboração do mapa e texto final .................................................... 18

1.5. Aspectos físicos .......................................................................................... 18

1.5.1. Clima................................................................................................ 18

1.5.2. Vegetação ........................................................................................ 18

1.5.3. Geomorfologia ................................................................................. 19

1.5.4. Solos ................................................................................................ 19

1.6. Referencial Teórico..................................................................................... 20

1.6.1. Tipos de mineralizações .................................................................. 20

1.6.2. Distribuição ao longo do tempo geológico ....................................... 23

2. GEOLOGIA REGIONAL ........................................................................................ 25

2.1. Introdução ................................................................................................... 25

2.2. Unidades Geotectônicas ............................................................................. 25

2.2.1. Cinturão Gurupi ............................................................................... 25

2.2.2. Cráton São Luís ............................................................................... 25

2.2.3. Cráton West Africa ........................................................................... 26

2.2.4. Domínio Médio Coreaú (Província Borborema) ............................... 27

2.2.5. Bloco Parnaíba ................................................................................ 28

2.2.6. Bacias Fanerozoicas........................................................................ 28

2.3. Evolução Tectônica .................................................................................... 28

3. GEOLOGIA LOCAL ............................................................................................... 33

3.1. Unidades estratigráficas ............................................................................. 33

3.1.1. Complexo Itapeva ............................................................................ 33

3.1.2. Suíte Intrusiva Tromaí...................................................................... 37

3.1.3. Anfibolito Muriá ................................................................................ 37

3.1.4. Formação Chega Tudo .................................................................... 38

3.1.5. Gabro Ubinzal .................................................................................. 40

3.1.6. Granito Moça ................................................................................... 40

3.1.7. Granito Maria Suprema.................................................................... 41

3.1.8. Formação Igarapé de Areia ............................................................. 41

3.1.9. Grupo Gurupi ................................................................................... 42

3.1.10. Formações Jaritequara e Rio Piritoró ............................................ 43

3.1.12. Formação Marajupema .................................................................. 44

3.1.13. Anfibolito Cocal .............................................................................. 44

3.1.14. Metamicrotonalito Caramujinho ..................................................... 44

3.1.15. Arenito Guamá ............................................................................... 45

3.1.16. Gabros e diabásios ........................................................................ 45

3.1.17. Grupo Barreiras ............................................................................. 46

3.1.18. Sedimentos recentes ..................................................................... 46

3.2. Geologia estrutural ..................................................................................... 46

3.3. Recursos minerais ...................................................................................... 48

3.3.1. Ouro ................................................................................................. 48

3.3.2. Minerais e rochas industriais ........................................................... 49

3.3.3. Áreas requeridas ............................................................................. 49

3.4. Aspectos metalogenéticos .......................................................................... 50

4. TRATAMENTO DE DADOS .................................................................................. 55

4.1. Introdução ................................................................................................... 55

4.2. Tratamento dos dados estruturais .............................................................. 55

4.3. Tratamento de dados geoquímicos ............................................................ 56

4.4. Tratamento dos dados geofísicos ............................................................... 62

5. ANÁLISE ESPACIAL DE DADOS ......................................................................... 67

5.1. Introdução ................................................................................................... 67

5.2. O Método da Lógica Fuzzy ......................................................................... 67

5.2.1. Temas de evidências a partir de dados litoestratigráficos ............... 68

5.2.2. Temas de evidências a partir de dados estruturais.......................... 69

5.2.3. Temas de evidências a partir de dados geoquímicos ...................... 69

5.2.4. Temas de evidências a partir de dados geofísicos .......................... 69

5.3. Proposta de modelagem ............................................................................. 72

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 83

7. REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 85

14

1. INTRODUÇÃO

1.1. Apresentação

A Análise Espacial de Dados tem se mostrado uma importante ferramenta de

modelagem geológica, permitindo uma análise integrada dos dados e avaliação de

áreas com potencial para ocorrência de novos depósitos minerais. Com base em

dados históricos e de cartografia, imageamento, geofísica e geoquímica,

gerenciados e interpretados com o auxílio das ferramentas do Sistema de

Informações Geográficas (SIG), aliado ao conhecimento geológico e metalogenético,

é possível identificar áreas de favorabilidade para determinado tipo de

mineralização. A aplicação destas técnicas neste trabalho compreende a integração

dos dados, o reconhecimento das feições diagnósticas dos diferentes tipos de

jazimentos auríferos e dos principais processos envolvidos na sua gênese, com a

definição e hierarquização de metalotectos e modelamento metalogenético na região

do Gurupi, noroeste do Estado do Maranhão e nordeste do Estado do Pará. O

modelamento dos dados é realizado em ambiente SIG com base no conhecimento

(knowledge driven) com o emprego da Lógica Fuzzy. A expectativa é que a

aplicação deste método possa vir a ser útil na seleção de áreas potenciais para este

tipo de mineralização numa região com ocorrências, até então, desenvolvidas

apenas por pequenos mineradores como é o caso da região do Gurupi.

A área de estudo envolve dois domínios geocronológicos principais: o Cráton

São Luís e o Cinturão Gurupi. O Cráton São Luís constitui o domínio geocronológico

mais antigo, paleoproterozoico, dominado por rochas calcioalcalinas juvenis

formadas em arcos de ilha intra-oceânicos, com idades variando entre 2240 e 2150

Ma (Klein et al., 2005). O Cinturão Gurupi constitui o domínio neoproterozoico,

sendo um cinturão metamórfico, polifásico, composto predominantemente por

sequências metavulcano-sedimentares. O limite entre estes dois domínios é

marcado pela zona de cisalhamento Tentugal, ao longo da qual se concentra a

maior parte dos jazimentos auríferos da região. Estas pequenas ocorrências ainda

são pouco conhecidas, ou aparentemente de menor significado econômico. A

exploração de minério aluvionar por pequenos mineradores (garimpeiros) começou

no século XVII, mas as estatísticas confiáveis sobre a produção de garimpo

acumulada foi de cerca de 16 toneladas de Au (Araújo Neto, 1998), atividade esta

15

que levou ao reconhecimento de minérios primários. Depois da década de 1980

foram pesquisadas diversas áreas por empresas de mineração, incluído a

Cachoeira, Chega Tudo, Cipoeiro, Montes Áureos, e os depósitos de Serrinha, além

de um número de alvos contendo ouro primário e paleoplácer. Chega Tudo e

Cipoeiro são até agora os depósitos mais importantes no cinturão Gurupi, possuindo

recursos de cerca de 60 t de ouro com teor de 1,4 g/t (Torresini, 2000), Outro

depósito importante é o de Cachoeira, que detém recursos de aproximadamente 20 t

Au (Klein et al., 2005).

Trata-se, portanto, de uma província com potencial metalogenético

significativo que, ao ser avaliada do ponto de vista da Análise Espacial de Dados,

poderá revelar áreas com potencial para ocorrência de novos jazimentos auríferos.

1.2. Localização e acesso

A área de estudo consiste na folha Centro Novo do Maranhão, escala

1:100.000, código SA.23-Y-B-I, a qual é delimitada pelas coordenadas geográficas

2º00’ e 2º30’ S e 46º30’ e 46º00’ W (Figura 1), totalizando uma área de

aproximadamente 3060 km2. Encontra-se na fronteira entre os estados do Pará e

Maranhão, sendo cortada pelo Rio Gurupi, o qual faz a divisa entre estes dois

estados. Compreende os municípios maranhenses: Centro Novo do Maranhão,

Centro do Guilherme, Maracaçumé, Junco do Maranhão e os paraenses: Cachoeira

do Piriá, Nova Esperança do Piriá e Paragominas. O acesso pode ser feito, a partir

de São Luís do Maranhão, através da BR-135 até Miranda do Norte, seguindo pela

BR-222 até Santa Inês. A partir daí segue-se pela BR-316 até Maracaçumé,

totalizando 458 Km. Partindo de Belém do Pará, o acesso a Maracaçumé pode ser

feito diretamente pela BR-316, num percurso que totaliza 340 Km.

1.3. Objetivos

1.3.1. Objetivo geral

Este Trabalho Final de Graduação visou a geração de mapas de

favorabilidade para ocorrências auríferas na região do Gurupi, norte do Brasil, por

meio da Análise Espacial de Dados em Sistema de Informações Geográficas,

16

tomando como base os dados geoquímicos, geofísicos e geológicos adquiridos na

área de estudo através da Superintendência Regional de Belém da CPRM (Serviço

Geológico do Brasil). Com isso, espera-se determinar zonas de maior favorabilidade

para ocorrência de depósitos de ouro, possibilitando ampliar o potencial

metalogenético do Cinturão Gurupi e contribuir para um melhor conhecimento

geológico desta região.

Figura 1 - Localização e articulação da Folha SA.23-Y-B-I na região do Gurupi.

17

1.3.2. Objetivos específicos

A realização deste trabalho teve como objetivos específicos: reconhecer os

controles das mineralizações auríferas da região através do levantamento

bibliográfico e análise dos dados geofísicos, geoquímicos, geológicos e estruturais

fornecidos; elaborar mapas de evidências, com base nestes dados, compatíveis com

os controles das mineralizações já reconhecidos; e aplicação do modelamento

espacial com a aplicação da Lógica Fuzzy e elaboração de mapa de favorabilidade

para ouro.

1.4. Métodos

1.4.1. Levantamento bibliográfico

A primeira etapa do trabalho consistiu no levantamento bibliográfico, na qual

foram realizadas pesquisas dos trabalhos anteriores da área de estudo a nível

regional e local, pesquisa acerca da metalogenia e mecanismos de controle dos

depósitos auríferos do Gurupi, bem como aprofundamento nos métodos de análise

de dados espaciais. Esses conceitos serviram como referencial teórico para a

pesquisa.

1.4.2. Tratamento de dados

Terminada a primeira fase, foi elaborado um banco de dados em ambiente

SIG do acervo de dados pré-existentes sobre geologia, geofísica, geoquímica de

superfície, cadastramento de recursos minerais, etc. Posteriormente foi feita a

integração desses dados, caracterizando as feições diagnósticas dos diferentes

tipos de jazimentos auríferos, definindo os principais processos envolvidos na sua

gênese e reconhecendo e hierarquizando metalotectos para fazer o modelamento

metalogenético. Para isso foi utilizado o software ArcGIS com o auxílio da

ferramenta ArcSDM (Sawatzky et al., 2009). Antes, porém, estes dados precisaram

ser tratados. A partir de amostragens de sedimentos de corrente e concentrado de

bateia foram elaboradas matrizes de correlação e dispersão de elementos e

determinados os valores anômalos para ouro. Os dados aerogeofísicos de

gamaespectrometria foram reprocessados visando a confecção de mapas de

18

anomalias de potássio, urânio e Fator F. Os valores anômalos destes mapas

temáticos também foram calculados. Nesta etapa foi utilizado o Geosoft. Os

lineamentos estruturais foram incrementados em escala de maior detalhe com o

auxílio de imagens SRTM e aeromagnéticas.

1.4.3. Elaboração do mapa e texto final

Por fim foi aplicado o método de Lógica Fuzzy, de acordo com os modelos

metalogenéticos propostos para a área, atribuindo-se pesos numéricos para cada

critério analisado. As conclusões tiradas a partir da aplicação deste método serviram

como base para a elaboração do mapa final e da parte escrita do projeto.

1.5. Aspectos físicos

1.5.1. Clima

De acordo com o Projeto RADAM BRASIL (1973), pela curva ombrotérmica

de Gaussen (Figura 2) pôde-se distinguir três subclasses climáticas na região. O

clima xeroquimênico caracteriza-se por ser tropical com um período seco e outro

úmido, marcado por chuvas torrenciais na estação quente. Ocorre uma faixa de

transição entre o clima xeroquimênico e o xerotérico, também tropical, apresentando

um período seco na primavera e um período úmido bem acentuado no fim do verão.

A terceira subclasse climática é o clima termoxérico, que é equatorial com

temperatura do mês mais frio superior a 20ºC e com chuvas influenciadas por duas

frentes amazônicas que determinam a falta de período seco.

1.5.2. Vegetação

Ainda de acordo com o Projeto RADAM BRASIL, a Região da Floresta

Sempre-Verde é dividida em duas áreas: a da floresta densa e a do cocal. Na

primeira dominam espécies com razoável valor econômico como a maçaranduba,

matamatá-branco, rosadinha, buiuçu, faveira, angelim e murupita. Na Região do

Cerrado e da Caatinga os recursos naturais renováveis são escassos,

19

principalmente devido à degradação causada pelo extrativismo, agricultura

convencional e pecuária extensiva.

Figura 2 – Curva ombrotérmica de Gaussen da região. Fonte: RADAM BRASIL (1973)

1.5.3. Geomorfologia

A área de estudo está compreendida no domínio morfo-estrutural do Planalto

Setentrional Pará-Maranhão, o qual consiste numa área de relevo fortemente

dissecado com rebordos erosivos que se inclinam para norte em direção ao litoral e

para noroeste, em direção ao golfo amazônico. As altitudes variam entre 20 e 200

metros. Dentro deste domínio são encontrados patamares estruturais submetidos a

pedimentação (geralmente escalonados e submetidos a processos erosivos úmidos)

e superfícies tabulares estruturais submetidas a processos de pedimentação (onde

chapadas areníticas, cuestiformes ou não, são limitadas por rebordos festonados

localmente dissimulados por pedimentos). Ocorrem ainda terraços fluviais com

depósitos inconsolidados nas adjacências dos rios, em especial do Rio Gurupi

(BRASIL, 1973).

1.5.4. Solos

As sequências vulcano-sedimentares do Grupo Gurupi apresentam solos

Podzólicos Vermelho Amarelo concrecionários, bem desenvolvidos, com horizonte A

fraco (ócrico) e horizonte B argílico. Possui fertilidade média a baixa, ácidos, com

20

erosão variando de laminar ligeira a moderada, sendo usados para pastagens. Os

gnaisses e migmatitos apresentam solo Bruno Não Cálcico, com horizonte B textural.

Frequentemente ocorrem calhaus e matacões de quartzo rolado. São utilizados para

cultura de milho, feijão, mamona entre outros. As rochas sedimentares Fanerozoicas

podem gerar diversos tipos de solos de Podzólicos a Vertissolos, com alto teor de

argila (BRASIL, 1973).

1.6. Referencial Teórico

O ouro é membro do Grupo 1B da Tabela Periódica, juntamente com o cobre

e prata, apresentando-se sob dois estados principais de oxidação, + 1 (auroso) e + 3

(áurico), que em soluções hidrotermais formam vários tipos de complexos com

espécies químicas tais como: CO, CI-, Br-, NH3, HS-, S-2, COS, HCN, CNS- etc. Nas

mineralizações auríferas, o metal nativo constitui o principal mineral de minério,

embora possa também ocorrer frequentemente sob a forma de teluretos com Ag

(silvanita, calaverita, petzita, krennerita e nagvagita) e de forma menos constante

como antimonieto (auroestibita, AuSb2), selenieto (fischesserita, Ag3AuSe2), sulfeto

(uytenbogaardtita, Ag3AuS2) e um bismuteto (maldonita, Au2Bi).

1.6.1. Tipos de mineralizações

Com relação à gênese, os depósitos de ouro podem ser divididos em

primários e secundários. Os depósitos primários podem ser relacionados a granitos

ou do tipo orogênico (Figura 3), enquanto que os secundários estão relacionados a

processos sedimentares. Existem ainda os depósitos residuais ou lateríticos, que

são enriquecidos por processos intempéricos. Comumente, um depósito poderá

conter uma mistura dos três tipos de minério.

As mineralizações relacionadas a granitos podem ser epitermais ou do tipo

pórfiro. Os epitermais, como o próprio nome indica, se formam em baixas

profundidades, constituindo a parte superior de sistemas hidrotermais, a

temperaturas entre 150 e 300ºC e profundidades variando de 0 a 2 km. Estão

diretamente associados a margens de subducção ativas em diferentes épocas

21

geológicas, por exemplo, os depósitos terciários das margens do círculo Circum-

Pacífico, ou em rifts de bacias de back-arc como nas regiões de Basin-and-Range,

nos Estados Unidos ou na ilha norte da Nova Zelândia (Xavier, 1985). Normalmente

podem conter cobre, e são frequentemente associados com estanho, tungsténio,

molibdênio e raramente antimônio, e urânio. Em depósitos do tipo pórfiro, o ouro

ocorre subordinadamente, associado a Cu e Mo. Estão relacionados a granitos tipo I

em ambientes de subducção de crosta oceânica, representados por intrusões

múltiplas e diques de diorito de composição quartzo monzonito com texturas

porfirítica. A água meteórica pode interagir com os fluidos plutônicos produzindo as

mineralizações que geralmente apresentam textura disseminada ou stockwork e

zonas de brechas com sulfetos ocorrendo dentro ou entre fragmentos. São

caracterizadas por uma zona de alteração com epidoto e clorita no exterior, quartzo

e sericita na zona intermediária e uma zona central potássica com biotita secundária

e alteração de ortoclásio (Robb, 2005). Depósitos do tipo IOCG também se

enquadram na categoria dos depósitos relacionados a intrusões. Ocorrem

comumente associados a Fe e Cu e tendem a se acumular dentro de rochas ricas

em ferro, tais como formações ferríferas e xistos ricos em ferro, embora o

enriquecimento de ferro de rochas siliciclásticas por metassomatismo também seja

reconhecida em algumas áreas. O depósito de Olympic Dam, na Austrália é um

exemplo de IOCG originado pela intrusão de um granito tipo A (Robb, 2005). Por fim,

os depósitos do tipo skarn podem ocorrer associados a cobre porfirítico, estando

relacionados a intrusões de granitoides ricos em magnetita. Quando associados à

assembleia As-Te-Bi estão relacionadas a granitoides ricos em ilmenita (Robb,

2005).

Depósitos de ouro em filão ou “lode gold” possuem alto teor e são

hospedados em veios ou falhas. Nos veios de quartzo ocorrem na forma de ouro

nativo ou sulfetos de ouro e teluretos. Estão associados a ambientes orogênicos,

estando geralmente relacionados a rochas metamórficas, pois, acredita-se que se

forma por desidratação do basalto durante o metamorfismo. O ouro é transportado

através de falhas por fluidos hidrotermais, sendo depositado quando o fluido se

resfria o suficiente para reter o ouro em solução. Possuem forte controle estrutural,

podendo estar associados a zonas de cisalhamento ou estruturas secundárias, com

grande continuidade vertical. Podem preencher espaços vazios ou substituir

22

minerais pré-existentes ocorrendo na forma de veios discretos, veios paralelos,

stockworks ou disseminações, hospedadas em rochas não-deformadas a

milonitizadas, filonitos e brechas (Robb, 2005). Os depósitos de ouro tipo orogênicos

são classificados ainda como epizonal, mesozonal ou hipozonal, de acordo com o

nível crustal no qual ocorrem.

Os depósitos tipo plácer são provenientes de depósitos pré-existentes de

ouro, constituindo depósitos secundários. A alta densidade do ouro faz com que ele

seja depositado em armadilhas ao longo do leito do rio, onde ocorre quebra do fluxo,

como em meandros e atrás de blocos e matacões. Antigas armadilhas podem

constituir jazimentos do tipo paleoplacer. Já os depósitos de ouro laterítico também

são formados a partir de depósitos pré-existentes através do processo de

intemperismo. O ouro é depositado dentro de óxidos de ferro na rocha intemperizada

ou regolito, podendo ser enriquecido através de retrabalhamento por erosão.

Figura 3 – Tipos de depósitos de ouro nos diferentes ambientes tectônicos. Adaptado de

Groves et al., 1998.

23

1.6.2. Distribuição ao longo do tempo geológico

Das épocas geológicas que compõem a história da Terra, o Arqueano se

constituiu no período mais favorável às concentrações de ouro, em especial as

sequências vulcano-sedimentares do tipo greenstone belts. Embora apareçam mais

frequentemente associados às sequências de rochas vulcânicas máficas, as

mineralizações auríferas podem ocorrer comumente ao longo de todo o perfil destes

terrenos vulcano-sedimentares. Concentram-se, geralmente após as intrusões

graníticas, eventos deformacionais e metamorfismo, sob a forma de veios,

stockworks ou ao longo de zonas de rupturas, sugerindo assim uma origem

epigenética para estes tipos de depósitos. Secundariamente, mineralizações

auríferas em terrenos vulcano-sedimentares arqueanos associam-se

singeneticamente às fácies sulfeto ou carbonato de formações ferríferas bandadas,

que são consideradas como representativas de precipitados químicos subaquosos

de origem exalativa. Ainda dentro do contexto dos greenstone belts arqueanos pode

ser muitas vezes extraído em quantidades econômicas como subproduto dos

depósitos de sulfetos maciços de metais-base (Pb, Zn, Cu), como por exemplo o

depósito de Corbet no Distrito de Noranda, Canadá (Xavier, 1985).

Já no Proterozoico, as concentrações são menores em relação às das

sequências vulcano-sedimentares arqueanas do tipo greenstone belt e dos

depósitos mais jovens do Fanerozoico. Dentre as mineralizações auríferas deste

período, as mais significativas se encontram em depósitos de pláceres que formam

concentrações em bacias intracratônicas a partir da erosão dos greenstone belts.

Com base na natureza das rochas encaixantes e no contexto

tectonoestrutural, é possível classificar tipologicamente os depósitos de ouro mais

representativos do Fanerozóico da seguinte forma: (i) depósitos de cobre porfiríticos;

depósitos do tipo "skarn"; (ii) depósitos filonares associados a corpos intrusivos; (iii)

depósitos filonares encaixados em vulcânicas terciárias; (iv) e depósitos aluvionares

recentes. Embora alguns depósitos auríferos tenham-se formado durante o

Paleozoico, foi notadamente no Mesozoico e Terciário que o ouro (juntamente com a

Ag) passa a mostrar uma acumulação significativa, principalmente através de

depósitos associados direta ou indiretamente a intrusões subvulcânicas. No conjunto

dos corpos ígneos, mineralizados a Cu-Mo-Au, de natureza porfirítica, podem-se

distinguir os relacionados às margens continentais ativas e os de arcos insulares. Os

24

primeiros possuem concentrações importantes de Mo e Au e mostram uma relação

genética estreita com intrusões ácidas (granito a monzonito). Os depósitos de cobre

porfiríticos de arcos insulares possuem quantidades subordinadas de ouro e estão

geneticamente relacionados com intrusões mais básicas (quartzo-diorito a diorito),

sendo representados pela mina de Panguna na Nova Guiné (Xavier, 1985). As

concentrações auríferas disseminadas em rochas carbonáticas como no caso da

mina de Carlin, em Nevada, e os depósitos filonares polimetálicos encaixados em

um corpo batolítico de composição granodiorítica do Distrito de Butte, Montana,

também se destacam por constituírem casos típicos da diversidade de forma de

ocorrências das concentrações auríferas no Fanerozoico.

25

2. GEOLOGIA REGIONAL

2.1. Introdução

A Área de estudo está inserida no contexto do Cinturão Gurupi e do Cráton

São Luís, definidas por Almeida; Hasui e Brito Neves (1976). Estas duas unidades

geotectônicas se encontram limitadas a leste pela Província Borborema e Bloco

Granja e a sudoeste pelo Bloco Parnaíba (Figura 4). Estes domínios, bem como

suas unidades correlatas do domínio africano serão descritas a seguir.

2.2. Unidades Geotectônicas

2.2.1. Cinturão Gurupi

O Cinturão Gurupi constitui um cinturão móvel neoproterozoico polifásico,

composto de sequências metassedimentares e metavulcano-sedimentares,

gnaisses, algumas gerações de granitoides e rochas alcalinas aflorando numa área

de aproximadamente 160 km de comprimento por 50 de largura (Klein et al., 2005).

Estas unidades se apresentam alongadas segundo o trend geral NW-SE, com

exceção dos corpos intrusivos que possuem formato arredondado, e se alinham

paralelamente à Zona de Cisalhamento Tentugal (Hasui et al., 1984). Esta zona de

cisalhamento representa o limite geocronológico que separa o Cinturão Gurupi e o

Cráton São Luís.

2.2.2. Cráton São Luís

O Cráton São Luís é composto por sequências metavulcano-sedimentares

paleoproterozoicas que compreendem: xistos de composição variável, rochas

metavulcânicas e metapiroclásticas, quartzito, metachert e rochas metamáficas e

metaultramáficas, além de algumas gerações de suítes de granitoides. As condições

de metamorfismo são predominantemente da fácies xisto verde, localmente

anfibolito baixo (Klein et al., 2005). O Cráton São Luís e o Cinturão Gurupi afloram

como janelas erosivas, estando cobertos por rochas sedimentares anquimeta-

morfizadas, proterozoicas a eopaleozoicas.

26

Figura 4 – Compartimentação tectônica. Adaptado de Klein et al. (2008).

2.2.3. Cráton West Africa

Diversos autores têm tentado, a partir de dados estruturais, geocronológicos e

paleomagnéticos, correlacionar o Cráton West Africa com o Cráton São Luís, razão

pela qual, este é comumente denominado Fragmento Cratônico São Luís. Este

segmento cratônico africano é representado pelos escudos Pré-cambrianos

Reguibat e Man (Feybesse & Milési, 1994; Caby et al., 2000; Egal et al., 2002 apud

Klein et al., 2008). O escudo Man, mais a sul, é subdividido em dois domínios

separados por uma zona de cisalhamento denominada Sassandra Shear Zone

(Figura 5). O primeiro domínio, Kénema-Man, é predominantemente de idade

Arqueana, composto de gnaisses granulíticos, migmatitos, charnockitos, além de

granitoides e rochas vulcânicas e sedimentares subordinadas. O segundo domínio,

Baoulé-Mossi, de idade paleoproterozoica é composto de rochas metavulcânicas,

metassedimentares e metavulcano-sedimentares orientadas segundo NNE-SSW,

com batólitos de granitoides de fontes variadas e rochas máficas e ultramáficas

BlocoParnaíba

BlocoGranja

São Luís

Belém

CinturãoGurupi

Cráton São Luís

Oceano Atlântico

Domínio Médio Coreaú(NW-Borborema)

DomínioCentral Ceará(NW-Borborema)

Arco Santa

Quitéria

Lin

eam

ento

Tra

nsb

rasi

lian

o

N

Embasamento retrabalhado

Cráton

Blocos inferidos(cobertos por sedimentos)

Cobertura Fanerozoica

Bacias pós-orogênicas

Granitóides Neoproterozoicos

Sequências metassedimentares

Intrusões alcalinas

Limite do Cráton São Luís

Lineamentos estruturais

Zonas de cisalhamento

27

subordinadas. As condições de metamorfismo variam de xisto verde a anfibolito

baixo.

Figura 5 – Mapa geológico simplificado do noroeste da África. Adaptado de Klein et al.

(2008).

2.2.4. Domínio Médio Coreaú (Província Borborema)

A Província Borborema constitui um sistema ramificado de cinturões

orogênicos policíclicos cujo embasamento possui registros de eventos orogênicos e

anorogênicos que vão do Arqueano ao Neoproterozoico. O Domínio Médio Coreaú,

localizado a oeste do Lineamento Transbrasiliano compreende sequências

sedimentares e vulcano-sedimentares depositadas sobre um embasamento

composto de gnaisses, com enderbitos, charnockitos e kinzigitos subordinados. Esta

sequência teria sido deformada e metamorfizada durante a orogênese brasiliana

juntamente com as faixas móveis Gurupi e Araguaia. O magmatismo orogênico

neoproterozoico apresenta idades entre 777±11 e 591±8 Ma e os granitos são

Cobertura Pós-Paleozoica

Sutura Neoproterozoica

Raiz de arcos subductados

CinturãoRockelide

DomínioKénéma-Man Domínio

Baoulé-Moussi

CinturãoDahomeyide

BaciaVolta

Bacia

Tarkwa

Bacia Taoudeni

CinturãoPharuside

Cinturão Anti-Atlas

Ho

gg

ar

4o

50

'

Ho

gga

r 4o

50

'

Escudo Man

Escudo Reguibat

Neoproterozoico/Paleoproterozoico

Falha reversa

Arco intra-oceânico

Granulito Paleoproterozoico

Cinturão Herciniano

Zona de cisalhamento

Sedimentos de margem passiva

Embasamento retrabalhado

Cinturões Pan-africanosPaleoproterozoicoArqueano

28

interpretados como relacionados a bacias tipo back-arc e fore-arc (Fetter et al.

2003).

2.2.5. Bloco Parnaíba

Trata-se de um núcleo cratônico com evidências estruturais e

geocronológicas distintas dos terrenos adjacentes. Este bloco se encontra recoberto

por rochas sedimentares de bacias fanerozoicas e foi inferido baseado em dados

geofísicos, petrográficos e geocronológicos, através dos métodos Rb–Sr e K–Ar, do

embasamento destas bacias (Brito Neves et al., 1984; Nunes, 1993). Outro bloco

inferido que compõe o cenário geotectônico da região é o Bloco Granja (Figura 4).

2.2.6. Bacias Fanerozoicas

São representadas, na região, pelas bacias do Parnaíba, Grajaú e Bragança-

Viseu. A Bacia do Parnaíba se constitui em uma grande sinéclise de até 3500 m de

espessura implantado sobre o embasamento representado pelos crátons São

Francisco e São Luís e das faixas móveis neoproterozoicas Gurupi, Araguaia e

Borborema (Brito Neves, 2002). É recoberta pelos sedimentos das bacias São Luís,

Grajaú e Bragança-Viseu. A Bacia do Grajaú possui forma semicircular e exibe

sequências cretáceas cuja espessura alcança 1500 m. Por fim, a Bragança-Viseu

representa um dos riftes da margem Atlântica Equatorial do Cretáceo. Possui 4.500

m de preenchimento e é recoberta pelos sedimentos cenozoicos do Grupo Barreiras.

2.3. Evolução Tectônica

O Cinturão Gurupi, assim como as faixas Brasilianas Araguaia e Domínio

Médio Coreaú da Província Borborema e as Pan-Africanas Rockelide e Dahomeyide,

constituem cinturões orogênicos neoproterozoicos resultantes da amalgamação dos

Crátons Amazônico, São Luís-West Africa, São Francisco-Congo além de outros

blocos menores no paleocontinente Gondwana (Figura 6).

29

Figura 6 – Amalgamação neoproterozoica. Adaptado de Klein et al. (2008).

O Cráton São Luís é frequentemente correlacionado ao Domínio Baoulé-

Mossi, localizado na porção sul do Cráton West Africa, a partir de dados estruturais,

geocronológicos e paleomagnéticos, permitindo inclusive reconstruções

paleogeográficas. Sandwell & Smith (1995), estudaram as falhas transformantes do

Atlântico central tendo como base topografia e gravimetria do assoalho oceânico.

Matos (2000) e Pletsch et al. (2001), por sua vez, correlacionaram os Crátons São

Luís e West Africa a partir da evolução tectônica e estratigráfica das bacias

sedimentares fanerozóicas presentes nestas duas unidades geotectônicas. Klein, et

al. (2008) relacionou três idades de magmatismo encontradas nos dois crátons e no

embasamento do Cinturão Gurupi: 2240+5 Ma, 2160+10 Ma, 2080+20 Ma. Além

Blocos cratônicos

WA - São Luís-West AfricaAM - AmazônicoSF - São Francisco-CongoGO - Maciço Central GoianoRA - Rio ApaLA - Luiz AlvesRP - Rio de la Plata

Blocos inferidos

PB - ParnaíbaPP - Paranapanema

Orógenos Neoproterozóicos

1 - Gurupi2 - Borborema3 - Araguaia4 - Paraguai5 - Brasília6 - Ribeira7 - Araçuaí8 - West Congo9 - Dom Feliciano10 - Rockelide11 - Dahomeyide12 - Pharuside13 - Anti Atlas

Crosta oceânica/ofiolito

Arco magmático

Hoggar 4°50'/Lineamento transbrasiliano

30

desta similaridade geocronológica, o autor estabeleceu relações litológicas e de

ambiente tectônico. Outras feições geotectônicas que podem ser correlacionadas

são o Domínio Médio Coreaú, da Província Borborema e o Cinturão Dahomeyide,

assim como o Lineamento Transbrasiliano e o Hoggar 4º50’.

Algumas divergências, no entanto, merecem ser ressaltadas. Não há

registros, por exemplo, de litogênese no Cráton São Luís e Cinturão Gurupi nos

intervalos entre 2220–2170 Ma e 2140–2100 Ma, enquanto que no Cráton West

Africa este período é marcado por intenso plutonismo e vulcanismo. Este segmento

cratônico africano apresenta registros de vulcanismo máfico-ultramáfico extensivo,

incluindo komatiitos, os quais ocorrem apenas subordinadamente na porção

brasileira. Além disso, a sequência sedimentar Tarkwa, depositada em ambiente

continental a flúvio-deltáico, não possui uma unidade litológica correlata na região do

Gurupi. De acordo com Klein et al. (2008), esta ausência de elementos

correlacionáveis no Cráton São Luís pode ser fruto simplesmente do fato desta

unidade geotectônica ser relativamente menor em área que o Cráton West Africa.

Brito Neves et al. (2002) ainda apontou feições do Cinturão Dahomeyide que não

são verificadas na Província Borborema, como por exemplo o registro tectono-

sedimentar e a ausência de sutura Neoproterozoica. Segundo este autor, esta

omissão se deve ao efeito de arrasto provocado pelo Lineamento Transbrasiliano-

Hoggar 4º50’.

Durante o Paleoproterozoico, no intervalo entre 2240-2150 Ma o orógeno teria

vivido sua fase acrescionária (Cráton São Luís), enquanto que a fase de colisional é

representada pelos granitóides tipo S de 2086-2090 Ma (Cinturão Gurupi),

produzidos por fusão de material crustal também no Paleoproterozoico. No entanto,

as unidades localizadas no Cinturão Gurupi mostram evidências variáveis, porém

generalizada de re-homogeneização dos sistemas Rb-Sr e K-Ar por eventos

neoproterozoicos (Klein et al., 2005). As rochas paleoproterozoicas, juntamente com

lentes subordinadas de metatonalito arqueano (Igarapé Grande) representam o

embasamento continental em que o orógeno Gurupi se desenvolveu.

A maior parte da massa continental composta pelo Cráton São Luís, África

Ocidental e porção paleoproterozóica do Cinturão Gurupi, permaneceu relativamente

estável até ser incorporada ao paleocontinente Rodínia (Condie, 2002; Rogers &

31

Santosh, 2002), fato este evidenciado devido a não existência de registros

geológicos entre 2000 e 750 Ma. O rifteamento da margem sul do Cráton São Luís

ocorreu logo após a intrusão do nefelina sienito (732±7 Ma) (Klein et al., 2008). Esse

evento marca o início da orogênese do Cinturão Gurupi e começo da separação do

Rodínia nessa região. Neste momento, já havia desenvolvimento de oceanos em

outras partes do futuro Gondwana Ocidental.

Klein et al. (2008) afirmou, baseado em dados geológicos, geocronológicos e

evidências isotópicas, que no Neoproterozóico houve um grande sistema de

ramificação das bacias oceânicas que se estendia do oeste da África para a porção

central e noroeste do Brasil. Tais evidências são fornecidas por: rochas máfico-

ultramáficas e granitóides cálcio-alcalinos no Cinturão Pharusian-Dahomeyide

(Caby, 1998), rochas de arco magmático continental de 650-620 Ma nas porções

noroeste (Domínio Médio Coreaú) e leste da Província Borborema (Brito Neves et

al., 2000; Fetter et al., 2003); rochas máfico-ultramáficas de 757±49 Ma que

representam a crosta oceânica obductada no Cinturão Araguaia (Paixão et al. 2002);

rochas de arco magmático juvenil de 890-600 Ma na Faixa Brasília (Pimentel et al.,

2005).

O fechamento destas bacias oceânicas através de subducção e a

convergência simultânea de vários blocos continentais durante o Neoproterozoico e

Cambriano Inferior resultou em cinturões orogênicos, incluindo o Cinturão Gurupi,

que amalgamaram estes blocos formando a parte ocidental do supercontinente

Gondwana. O fechamento deste oceano não foi linear, mas provavelmente formou

um sistema de ramificação cuja sutura principal é delineada pela Hoggar 4º50’-

Lineamento Transbrasiliano. A evolução global desses orógenos envolveu a

formação de rifts continentais, bacias marginais e oceânicas, arcos de ilha,

subducção e colisão, ocorrendo diacronicamente em diferentes áreas geográficas do

Gondwana Ocidental. O final desta orogênese é marcado pela intrusão do granito

peraluminoso Ney Peixoto a 549±4 Ma (Moura et al., 2003). Esta unidade se

encontra apenas moderadamente afetada pelo cisalhamento transcorrente NW-SE,

sendo interpretado como uma intrusão pós ou tardi-tectônica.

Villeneuve & Cornée (1994) propuseram um modelo no qual um Cinturão

Rockelide–Araguaia–Gurupi teria se formado devido à junção tripla dos crátons

32

Amazônico, São Luís-West Africa e um terceiro bloco que possivelmente seja o

Bloco Parnaíba. De acordo com Klein et al. (2008), trata-se de uma hipótese

plausível, porém de difícil confirmação devido ampla cobertura sedimentar

Fanerozoica que recobre a região, impedindo a determinação dos limites do

Cinturão Gurupi a oeste. Outro registro não encontrado em afloramentos é o

magmatismo sin-orogênico. A existência de magmatismo félsico a intermediário é

apenas inferida através de zircões detríticos de 550 Ma (pós-orogênico) presentes

em arcósios da Formação Igarapé de Areia (Pinheiro et al., 2003; Klein et al., 2005).

A maior parte dos depósitos primários de ouro da região estão hospedados

em rochas metavulcano-sedimentares da Formação Chega Tudo e

subordinadamente em tonalitos cálcio-alcalinos cisalhados, ambos com idades entre

2,150 e 2,170 Ma desenvolvidas em ambiente orogênico acrescionário e de margem

continental. A mineralização apresenta forte controle estrutural, estando associada

principalmente à zona de cisalhamento Tentugal, de cinemática sinistral, strike-slip,

caracterizada por um corredor de 15 a 30 km de largura de rochas cisalhadas

separando o Cráton São Luís do Cinturão Gurupi. Dentre estas rochas, os xistos

carbonosos, metapelitos e rochas metavulcânicas félsicas se apresentam mais

deformadas devido ao seu contraste reológico com os xistos grosseiros, gnaisses e

tonalitos que estão em contato com eles (Klein et al., 2006). Algumas ocorrências

primárias não estão relacionadas com a zona de cisalhamento Tentugal, e sim a

splays geometricamente associados a esta, como por exemplo, o depósito de

Cipoeiro. Os depósitos podem ser classificados como “lode gold” ou tipo orogênico e

a entrada dos fluidos mineralizantes é tardia em relação à granitogênese,

metamorfismo e deformação.

33

3. GEOLOGIA LOCAL

3.1. Unidades estratigráficas

Foram descritas, a partir do mapeamento geológico realizado pelo Projeto

Geologia da Folha Centro Novo do Maranhão, vinte unidades litoestratigráficas,

pertencentes ao Cráton São Luís, Cinturão Gurupi, Bacias fanerozoicas e coberturas

recentes diversas, as quais serão descritas nos subcapítulos seguintes. O mapa

geológico simplificado da região do Gurupi corresponde à Figura 7 enquanto que o

mapa elaborado pela CPRM está representado na Figura 8.

3.1.1. Complexo Itapeva

Anteriormente denominado Associação Metamórfica Maracaçumé por Costa

et al. (1977) e Complexo Maracaçumé por Abreu et al. (1980), compreende

ortognaisses bandados a foliados, localmente dobrados, metamorfizados em fácies

anfibolito e podendo apresentar feições migmatíticas (Fotografia 1). Possuem

composição tonalítica, subordinadamente granodiorítica, ricas em biotita e anfibólio,

com muscovita indicando metamorfismo retrógrado (Fotomicrografias 1 e 2). É

proveniente possivelmente de uma associação calcialcalina ou TTG. De acordo com

Pastana (1995), representa porções mais basais da crosta, aflorando em contato

tectônico com as demais unidades como as Formações Chega Tudo e Marajupema

e com o granito Maria Suprema. Ocorrem também pequenas lentes de metatonalito

granoblásitco pertencentes à unidade Metatonalito Igarapé Grande. Hurley et al.

(1967, 1968) datou os ortognaisses pelo método Rb–Sr em 530–800 Ma. Klein &

Moura (2003) obtiveram uma idade de 2135±4 Ma num gnaisse tonalítico a partir de

zircão por evaporação de Pb. Esta idade é interpretada como idade mínima da

colocação do protólito ígneo. Os mesmos autores encontraram zircões de idades

Arqueanas (2580 e 2607 Ma) e Paleoproterozoicas (2100±20 Ma) em veios

graníticos dobrados coaxialmente ao bandamento gnáissico.

34

Cráton São Luís

Granito Peraluminoso(T=Tracateua)

Granito Areal

Suíte Intrusiva Tromaí

Grupo Aurizona

Cinturão Gurupi

Granito Ney Peixoto

Nefelina Sienito Boca Nova

Formação Marajupema

Granitos Perlauminosos (O=Ourém,J=Jonasa, JP=Japiim)

Granito Maria Suprema

Granito Cantão

Suíte Intrusiva Tromaí

Formação Chega Tudo

Grupo Gurupi

Complexo Itapeva

Metatonalito Igarapé Grande

Cobertura Fanerozoica

Bacias do Proterozoico/Cambriano Inferior(Formações P=Piriá, IA=Igarapé de Areia,

V=Vizeu)

Falhas reversas

Zona de cisalhamento Tentugal

Falhas

Cidades

Área de estudo

Rio

Mar

aca

çum

é

Rio

Piri

á

Rio

Gur

upi

Oceano Atlântico

Figura 7 – Mapa geológico regional simplificado do Cinturão Gurupi e Cráton São Luís.

Adaptado de Klein et al. 2005).

35

Figura 8 – Mapa geológico da área. Fonte: Projeto Geologia da Folha Centro Novo do Maranhão (CPRM).

36

Fotografia 1 – Ortognaisses dobrados, localmente migmatizados do Complexo Itapeva.

Fonte: Klein et al., no prelo.

Fotomicrografia 1 – Textura lepidoblástica em

biotita muscovita xisto (nicóis cruzados).

Fonte: Klein et al., no prelo.

Fotomicrografia 2 – Textura lepidoblástica

em biotita gnaisse tonalítico (nicóis

cruzados). Fonte: Klein et al., no prelo.

37

3.1.2. Suíte Intrusiva Tromaí

Trata-se da mais extensa unidade da área de estudo, estando presente tanto

no Cráton São Luís quanto no Cinturão Gurupi (Figura 6). Foi originalmente definida

por Costa et al. (1977) como conjunto vulcano-plutônico constituído por TTG,

granitos, quartzo-andesitos, riolitos e dacitos denominada Associação Anorogênica

Tromaí. Pastana (1995) restringiu sua ocorrência ao Cráton São Luís e a definiu

como intrusões granitóides polifásicas de dimensões batolíticas de nome Suíte

Tromaí. É representada por tonalitos e granodioritos (Fotografia 2) ricos em biotita e

anfibólio (Fotomicrografia 3 e 4). Na área cratônica, ocorre na forma de batólitos de

tonalitos, trondhjemitos, granodioritos e monzogranitos subordinadamente,

porfiríticos a equigranulares. Os TTGs apresentam texturas e mineralogia reliquiar

bem preservadas com enclaves máficos centimétricos. Apresentam-se isotrópicos a

foliados ou até mesmo milonitizados nas proximidades de zonas de cisalhamento

como a Zona de Cisalhamento Tentugal. Possui idades entre 2168 e 2147 Ma (Klein

& Moura, 2001, 2003) obtidas por evaporação de chumbo em zircão, e idade modelo

Sm–Nd (TDM) de 2.22–2.26 Ga com valores de εNd de +1.9 a +2.6, exibindo

assinatura geoquímica calcialcalina a TTG. Klein et al. (2005) interpretou esses

granitoides como oriundos de protólitos juvenis em sistemas de arcos

intraoceânicos. Do retrabalhamento destes arcos de ilha surge a subunidade Granito

Areal, de filiação calcialcalina, rico em K2O. É constituída de sienogranitos e

monzogranitos, porfiríticos a equigranulares, de coloração rosada e contendo

enclaves métricos de rochas metavulcano-sedimentares. São mais peraluminosos,

com anomalia negativa de Eu mais pronunciada e possuem idade Pb-Pb a partir de

zircão 2150 Ma, idades modelo Sm–Nd de 2.23–2.26 Ga, com valores εNd(t) entre

+1.9 e +2.3, compatíveis com aqueles da Suíte Intrusiva Tromaí (Klein et al., 2005).

3.1.3. Anfibolito Muriá

Pequeno corpo anfibolítico que ocorre a noroeste da folha, dentro da Suíte

Intrusiva Tromaí. Consistem em anfibolitos de coloração cinza escura a preta, de

granulação fina a média, foliada, localmente bandada, comumente cortada por

venulações descontínuas de plagioclásio e anfibólio. São compostos por

plagioclásio, hornblenda e quartzo podendo ocorrer epidoto, clorita, calcita e sericita

38

como minerais de alteração e traços de minerais opacos. Estão intimamente

associados com o Metamicrotonalito Caramujinho, embora não haja relação de

contato visível. Os protólitos do anfibolito são gabros ou dioritos metamorfizados em

grau médio a alto, em fácies epidoto anfibolito a anfibolito e posterior hidratação. A

idade do Anfibolito Muriá foi determinada por U-Pb SHRIMP em zircão, situando-se

entre 2127 e 2150 Ma (Klein et al., no prelo). São provenientes de ambiente

orogênico de arcos de ilha ou bacia de backarc.

Fotografia 2 – Tonalito foliado com bolsões de sienogranito e monzonito róseo da Suíte

Intrusiva Tromaí. Fonte: Klein et al., no prelo.

Fotomicrografia 3 – Hornblenda granodiorito

foliado (nicóis cruzados). Fonte Klein et al.,

no prelo.

Fotomicrografia 4 – Hornblenda granodiorito

fino (nicóis cruzados). Fonte Klein et al., no

prelo.

3.1.4. Formação Chega Tudo

Sequência supracrustal considerada com uma Formação independente do

Grupo Gurupi. Composta por rochas metavulcano-sedimentares com predominância

39

de dacitos e riodacitos com andesitos (Fotografia 3 e Fotomicrografia 5 e 6),

basaltos e xistos máficos e ultramáficos subordinadamente. Apresenta ainda rochas

vulcânicas e xistos grafitosos de origem pelítica. Intercalações de lentes com diorito,

gabro e wherlito também são identificadas (Ribeiro, 2002). Dados geoquímicos

obtidos por Dias (1983) indicam que as vulcânicas félsicas a intermediárias possuem

assinaturas calcialcalinas enquanto que as máficas possuem características

ambíguas entre toleítos de arco de ilha e basaltos calcialcalinos com basaltos

intraplaca subordinadamente. As metavulcânicas félsicas foram datadas em 2148–

2160 Ma por evaporação de zircão (Klein & Moura, 2001). Esta formação hospeda a

maioria dos depósitos auríferos conhecidos nesta região.

Fotografia 3 – Dobras chevron em xisto e dacito pórfiro em testemunho de sondagem.

Fonte: Klein et al., no prelo.

Fotomicrografia 5 – Dacito milonitizado com

feno-cristais de plagioclásio (nicóis cruzados).

Fonte: Klein et al., no prelo.

Fotomicrografia 6 – Textura lepido-

blástica em muscovita xisto (nicóis

cruzados). Fonte: Klein et al., no prelo.

40

3.1.5. Gabro Ubinzal

Consiste num pequeno corpo com ocorrência restrita internamente à

Formação Chega Tudo, constituído por gabros hidrotermalizados de coloração cinza

esverdeada (Fotografia 4), com granulometria porfirítica, média a grossa, bastante

deformadas chegando a ocorrer protomilonitos. Subordinadamente ocorrem

monzodiorito, monzogabro, diorito, quartzo monzodiorito e, piroxenito e hornblendito.

Apresentam texturas ígneas preservadas, como granular hipidiomórfica média,

intergranular e ofítica (Fotomicrografia 7). São constituídos por plagioclásio,

hornblenda, tremolita/actinolita, quartzo, feldspato alcalino, piroxênio e traços de

titanita, apatita e minerais opacos. As reações de alteração incluem carbonatação,

epidotização e cloritização. Tectonicamente podem ser classificadas como

orogênicas de arcos de ilha ou margem continental e sua idade máxima foi

interpretada como menor ou igual à idade da Formação Chega Tudo (2160 Ma),

devido à sua relação de intercalação com esta formação (Klein et al., no prelo).

Fotografia 4 – Gabro hidrotermalizados do

Gabro binzal. Fonte: Klein et al., no prelo.

Fotomicrografia 7 – Actinolita gabro com

cristais de plagioclásio (nicóis cruzados).

Fonte: Klein et al., no prelo.

3.1.6. Granito Moça

Se apresentam na forma de corpos alongados segundo o trend geral do

cinturão, exibindo contato intrusivo com os ortognaisses do Complexo Itapeva e

tectônico com os xistos do Grupo Gurupi. São sienogranitos e monzogranitos com

41

duas micas, de granulação média e equigranulares. A composição mineralógica e

representada por quartzo, microclínio, plagioclásio, muscovita e biotita além de

apatita, zircão e opacos como acessórios. Estão altamente deformadas,

apresentando textura milonítica representada pela biotita e muscovita e

porfiroclastos de feldspato. Apresentam venulações de quartzo e veios pegmatóides.

Klein et al., no prelo, determinou uma idade aproximada de 2099 ± 19 Ma através de

U-Pb (LA-ICP-MS) em zircão, similar à do Granito Maria Suprema.

Geoquimicamente, foram classificados como peraluminosos de origem crustal pelo

mesmo autor, através de isótopos de Nd.

3.1.7. Granito Maria Suprema

De acordo com Pastana (1995), o Granito Maria Suprema compõe um único

corpo composto por leucogranitos milonitizados apresentando duas micas (biotita e

muscovita) além de quarto, feldspato, zircão, apatita e andaluzita ocasionalmente. O

mesmo autor interpreta esta unidade como sendo um granitóide estratóide

sincolisional peraluminoso, tipo S, gerado por fusão parcial de rochas do Complexo

Itapeva durante a implantação do Cinturão Gurupi, embora ainda admita

contribuição de protólitos sedimentares. Se apresentam na forma de camadas

métricas descontínuas concordantes com os gnaisses do Complexo Itapeva (Klein,

et al., 2005). Isto evidenciaria que o Granito Maria Suprema seria uma intrusão

peraluminosa sintectônica. Klein & Moura (2001) obtiveram uma idade de 1710±32

Ma, a qual foi interpretada como idade de re-homogeneização do sistema Rb-Sr,

indicando a idade mínima para a colocação deste plúton.

3.1.8. Formação Igarapé de Areia

Ocorre nas porções central e centro-norte da folha, apresentando contato

tectônico com a Suíte Intrusiva Tromaí e brusco com a Formacão Chega Tudo. É

representado por arenitos conglomeráticos com estratificação cruzada acanalada,

conglomerados monomíticos e polimíticos e intercalações de pelitos ou quartzo

arenitos sericíticos (Fotografia 5). Podem apresentar textura milonítica nas

proximidades da zona de cisalhamento Tentugal. Predominam fácies de ambiente

42

fluvial de alta e baixa energia, além de leques aluviais subordinados. Elementos

estruturais e texturais permitem afirmar que o metamorfismo foi do tipo dinâmico

tendo atingido a fácies xisto verde (Klein eu al., no prelo). Os arenitos e

conglomerados da Formação Igarapé de Areia concentram algumas ocorrências de

ouro secundário na forma de paleoplácers.

Fotografia 5 – Arenitos com intercalações de pelito e quartzo arenito sericítico. Fonte: Klein

et al., no prelo.

Fotomicrografia 8 – Quartzo e minerais

opacos (nicóis cruzados). Fonte: Klein et al.,

no prelo.

Fotomicrografia 9 – Arenito com foliação

paralela ao acamamento (nicóis cruzados).

Fonte: Klein et al., no prelo.

3.1.9. Grupo Gurupi

Compreendem as sequências supracrustais do Cinturão Gurupi, sendo

representadas por rochas metassedimentares depositadas em regime de margem

continental passiva. Apresentam uma unidade inferior metamorfizada em fácies

43

xisto-verde baixo, onde predominam rochas pelíticas e uma unidade superior,

submetida a condições de fácies xisto-verde alto (isógrada da biotita), onde

predominam xistos ricos em quartzo. Costa (2000) propôs a subdivisão deste Grupo

em três formações distintas: Rio Piritoró, sequência pelítico-carbonosa-fosforítica de

águas não muito rasas, exibindo anquimetamorfismo; Jaritequara, sequência pelítica

metamorfizada até xisto verde alto; e Vila Cristal, composta por xistos feldspáticos

bandados, contendo granada, cloritóide e estaurolita, metamorfizados em facies

epidoto-anfibolito a anfibolito. Há pouca informação acerca da geocronologia desta

unidade, porém sabe-se sua idade é superior a 2159 Ma, visto que esta é a idade do

Granito Cantão o qual é intrusivo no Grupo Gurupi (Costa, 2000; Palheta, 2001).

3.1.10. Formações Jaritequara e Rio Piritoró

São corpos alongados de ocorrência restrita à porção noroeste da folha. A

Formação Rio Piritoró é representada predominantemente por filitos quartzosos e

carbonosos e quartzitos sericíticos, além de arenitos, siltitos, argilitos e grauvacas.

Possuem granulação fina e apresentam clivagem ardosiana e xistosidade além de

exibir suas estruturas sedimentares preservadas. As condições de metamorfismo

foram de baixo grau, não ultrapassando a fácies xisto verde baixo, ocorrendo por

vezes evidencias de anquimetamorfismo. É interpretada por Costa (1985) como uma

sequência pelítico-carbonosa e fosforítica de ambiente de margem passiva.

Sobreposta à Formação Rio Piritoró está a Formação Jaritequara a qual apresenta

contato tectônico com as demais unidades. É composta por xistos ricos em biotita,

muscovita ou clorita, quartzosos de granulação média, às vezes porfiroblásticos, e

de cor cinza-esverdeado a cinza-prateado (Costa; Ricci, 2000). São provenientes de

protólito pelítico e possuem grau metamórfico de fácies xisto verde médio a alto

(isógrada da biotita). Exibem forte foliação segundo NW-SE, podendo ser por vezes

miloníticos ou crenulados. Representam uma sequência turbidítica formada em uma

bacia marginal sem carbonatos de plataformas rasas.

44

3.1.12. Formação Marajupema

A Formação Marajupema é definida por Klein (2004) como sucessão

siliciclástica de granulometria grosseira e xistos feldspáticos bandados podendo ou

não apresentar granada e cloritóide. Ocorre no contato entre rochas

metassedimentares do Grupo Gurupi e gnaisses do Complexo Itapeva. Pode exibir

ainda quartzitos feldspáticos com cordierita, granada, muscovita, biotita e

plagioclásio além de ortoquartzitos com muscovita. Foi definida anteriormente como

Kinzigito Marajupema por Pastana (1995), o qual atribui a essa unidade condições

de metamorfismo em fácies granulito. Contudo, a ausência de feldspato alcalino e

sillimanita e a abundância de muscovita sugerem que as rochas não atingiram fácies

granulito, mas, no máximo, anfibolito alto (Klein et al., 2003). Não há dados

geocronológicos para esta unidade.

3.1.13. Anfibolito Cocal

Pequenos corpos anfibolíticos que afloram na porção sudoeste da Folha

Centro Novo do Maranhão. Possuem cor preta a cinza-escuro e cinza-esverdeado,

com granulação média e apresentando bandamento. São compostos por

plagioclásio, hornblenda, clinopiroxênio, quartzo, titanita, minerais opacos, feldspato

alcalino, apatita e epidoto. Exibem texturas nematoblástica, poiquiloblásticas,

intercrescimento mirmequítico e cristais esqueletais de titanita (Klein et al., no prelo).

São interpretados como rochas intrusivas básicas metamorfizadas em grau médio a

alto em fácies anfibolito a anfibolito superior. As idades modelo Sm-Nd (TDM)

obtidas por Klein et al., no prelo, situam-se em torno de 1,0 Ga. De acordo com o

autor, a unidade pode representar restos de uma sequência máfica intercalada nas

rochas metassedimentares do Grupo Gurupi, ou mesmo diques de rochas básicas

cortando esse grupo.

3.1.14. Metamicrotonalito Caramujinho

Unidade reconhecida e descrita por Klein et al., no prelo, aflora na porção

noroeste da folha, ocorrendo na forma de uma rocha cinza esverdeada clara de

granulação fina, com foliação incipiente, exibindo vênulas quartzo-feldspáticas,

45

localmente sulfetada. É possível identificar reações de hidratação e substituição de

hornblenda por biotita, clorita e epidoto e plagioclásio por epidoto e sericita. De

acordo com aquele autor, essa alteração foi provocada por hidrotermalismo e/ou

metamorfismo de baixo grau, havendo também indícios de deformação dinâmica de

baixa temperatura como extinção ondulante, bandas de deformação, subgrãos e

bordas serrilhadas. Esses aspectos são condizentes com a proximidade à Zona de

Cisalhamento Tentugal. A idade estabelecida para o Metamicrotonalito Caramujinho

foi de 624 ± 16 Ma através do método U-Pb por LA-ICP-MS em zircão .

3.1.15. Arenito Guamá

O Arenito Guamá é pertencente ao Grupo Serra Grande, sendo interpretado

como uma fácies distal da Formação Ipu. Sua deposição está associada às bacias

fanerozoicas da região. São quartzo arenitos finos, maciços, esbranquiçados a

cinzentos ou amarelados, moderadamente selecionado, de grãos angulosos.

Apresenta em sua composição quartzo, zircão, turmalina e fragmentos de veio de

quartzo. São provenientes de deposição por sistemas fluviais, deltaicos e

plataformais em ambientes continental, transicional e marinho raso (Klein et al., no

prelo).

3.1.16. Gabros e diabásios

É registrada a presença de magmatismo básico fanerozoico cortando os

granitóides da Suíte Intrusiva Tromaí, arenitos da Formação Igarapé de Areia e

xistos da Formação Chega Tudo. O Diabásio Laranjal é representado por rochas de

cor cinza-escuro a preto e textura fanerítica fina a afanítica. Possuem olivina (nem

sempre presente), clinopiroxênio, quatzo, feldspato. Serpentina pode substituir a

olivina e a apatita ocorre como acessório. Já o Microgabro Linha 45 corta rochas da

Suíte Intrusiva Tromaí e da Formação Chega Tudo. A unidade é composta por

olivina gabronorito preto, maciço e de granulação média. Possuem na sua

composição piroxênio, plagioclásio, minerais opacos e agregados de quartzo e

feldspato alcalino. Não se verifica paragênese metamórfica nem deformação,

indicando colocação posterior ao evento neoproterozoico (Klein et al., no prelo).

46

3.1.17. Grupo Barreiras

O Grupo Barreiras, na Folha Centro Novo do Maranhão se encontra na

porção leste da folha, recobrindo principalmente as rochas da Bacia do Parnaíba e a

Suíte Intrusiva Tromaí além das rochas do Cinturão Gurupi. Apresenta horizontes

areno-argilosos mosqueados, com alteração colunar ferruginosa, de granulação

média, contendo alguns grânulos; arenito ocre, grosso, com níveis ferruginosos

horizontais descontínuos e irregulares que gradam lateralmente para arenito

ferruginoso, aflorante na forma de blocos reliquiares in situ de dimensões variadas e

bem litificados; ortoconglomerados oligomíticos, com seixos de quartzo,

centimétricos e imbricados. O ambiente deposicional do Grupo Barreiras na área de

estudo é fluvial posteriormente truncado por material coluvionar do pleistoceno (Klein

et al., no prelo).

3.1.18. Sedimentos recentes

Nesta descrição são englobados as unidades descritas por Klein et al., no

prelo como Sedimentos Pós Barreiras e Depósitos Aluvionares. Os Sedimentos Pós

Barreiras são sedimentos pleistocênicos, arenosos, friáveis, pelíticos de aspecto

maciço e coloração esverdeada e a turfeiras. Ocorrem principalmente na porção

nordeste da folha, recobrindo o Arenito Guamá e do Grupo Barreiras. Já os

Depósitos Aluvionares são sedimentos clásticos inconsolidados holocênicos

associados às planícies aluvionares atuais dos rios da região, em especial os rios

Gurupi e Maracaçumé.

3.2. Geologia estrutural

O Cinturão Gurupi exibe estruturas planares tais quais foliações incipientes,

xistosidades, estruturas SC e foliações miloníticas e bandamentos gnáissicos, quase

sempre obedecendo ao trend regional do cinturão. Pode-se afirmar que a relação

angular entre estas estruturas planares e as lineações de estiramento formam dois

domínios em escala regional. A primeira é representada por foliações de ângulo

baixo a moderado com lineações down-dip ou oblíquas e mergulhos em geral para

SSW que ocorrem principalmente nas porções noroeste do cinturão. No segundo

47

domínio ocorrem foliações com mergulhos abruptos com lineações de baixo ângulo

associadas concentradas nas porções centrais e sudeste da área. (Klein et al.,

2005). Estas relações têm sido interpretadas como resultantes da colisão oblíqua

entre o Cráton São Luís e o Cinturão Gurupi, acompanhadas de ou seguidas por

escape tectônico strike-slip com cinemática sinistral (Costa et al., 1988; Pastana,

1995; Costa, 2000).

Diversas considerações podem ser feitas, baseado em trabalhos anteriores,

acerca dos aspectos estruturais de cada unidade individualmente. Os Ortognaisses

Itapeva são foliados a bandados segundo N315 com mergulhos superiores a 75º

para sudeste. Essa unidade se apresenta dobrada localmente e contém lentes do

Metatonalito Igarapé Grande. Exibe contatos tectônicos com as formações

supracrustais (Chega Tudo e Marajupema) e com o Granito Maria Suprema. A Suíte

Intrusiva Tromaí é isotrópica nos domínios cratônicos e deformada com intensidades

variadas nas adjacências de zonas de cisalhamento no domínio do Cinturão Gurupi.

As estruturas deformacionais variam de foliações incipientes até ultramilonitos a

depender da proximidade com estas zonas, estando paralelas ao trend regional NW-

SE. As lineações possuem baixos ângulos de caimento, em geral para sudoeste. O

Granito Maria Suprema possui uma foliação intensa, em concordância estrutural

com os Ortognaisses Itapeva e com indícios de um regime strike-slip. Encontram-se

milonitizados, com aspecto xistoso a gnáissico devido à transposição por intenso

cisalhamento transcorrente. A Formação Chega Tudo exibe alta intensidade de

deformação visto que está inserida no domínio mais ativo da Zona de Cisalhamento

Tentugal. A foliação é de alto ângulo com mergulhos para sudoeste e as lineações

de estiramento são sub-horizontais. Já no Grupo Gurupi, as foliações possuem

baixos ângulos. Seu contato com os sedimentos da Bacia do Piriá se dá por

falhamentos normais enquanto que os granitóides paleoproterozoicos apresentam

contatos intrusivos ou através de zonas de cisalhamento contracionais. A Formação

Marajupema possui mergulhos moderados de foliações e charneiras (45º-60º) e é

interpretada como sendo um cavalgamento sobre o Complexo Itapeva e o Grupo

Gurupi. Por fim, os pelitos, arcóseos e conglomerados da Bacia do Piriá possuem

foliação incipiente mergulhando em diversas direções, em geral paralelas ao

acamadamento e em desconformidade com as sequências supracrustais do

Cinturão Gurupi.

48

3.3. Recursos minerais

O Projeto Geologia da Folha Centro Novo do Maranhão catalogou 148

pontos, entre depósitos e ocorrências, de garimpos e minas ativos ou inativos, de

areia, arenito, argila, brita, laterita, seixos e rochas ornamentais além de minério de

ouro. São no total, 129 ocorrências de ouro, 5 de brita, 4 de rocha ornamental, 3 de

areia, 2 de argila, 2 de arenito, 2 de laterita e 1 de seixos (Figura 9).

3.3.1. Ouro

No banco de dados do projeto constam no total 129 ocorrências auríferas,

sendo 100 garimpos ativos, 19 inativos e 10 ocorrências não explotadas. Foram

cadastradas ocorrências com mineralização do tipo hidrotermal, associadas a veios

de quartzo (103) ou clástica, configurando depósitos tipo plácer (18). Existem ainda

depósitos supergênicos onde ocorre ouro laterítico (8). Os veios de quartzo

mineralizados aparecem em xistos da Formação Chega Tudo e nos tonalitos da

Suíte Intrusiva Tromaí. Apresentam alterações tais como: silicificação,

muscovitização, carbonatação, fengitização e sulfetação. As texturas podem ser

disseminadas, venulares ou filoneanas. Podem ocorrer associadas à pirita,

arsenopirita, galena, pirrotita, calcopirita e esfalerita. O ouro detrítico ocorre nos

arenitos e conglomerados da Formação Igarapé de Areia e nos depósitos

aluvionares. Configuram depósitos tipo plácer e paleoplácer com textura

disseminada e estrutura lenticular. Nos depósitos supergênicos as mineralizações

apresentam textura disseminada ou concrecionária com estrutura lenticular em

crostas lateríticas. Estas feições são observadas principalmente na Formação

Chega Tudo. Não existem minas de ouro na região, sendo esta substância

explorada estritamente pela atividade garimpeira. Porém sabe-se que a Jaguar Gold

já possui licença ambiental para a construção da planta de processamento na região

de Cipoeiro e Chega Tudo e que a Luna Gold possui um projeto de construção de

uma mina na região de Cachoeira.

49

Figura 9 – Ocorrências e depósitos e áreas requeridas junto ao DNPM. Fonte: SIGMINE.

3.3.2. Minerais e rochas industriais

Areia, argila, arenito, brita, laterita, seixos e rochas ornamentais são

exploradas na área de estudo visando principalmente a construção civil. Os

depósitos de argila são lentes de argilito no Arenito Guamá, pertencente à Bacia do

Grajaú e argila aluvionar na Suíte Intrusiva Tromaí. A areia é extraída principalmente

do Grupo Barreiras, assim como os seixos e a laterita. As pedreiras de arenito estão

compreendidas na Formação Igarapé de Areia. A extração de brita é feita nos

tonalitos e granitoides do Complexo Itapeva e da Suíte Intrusiva Tromaí. É nos

tonalitos da Suíte Intrusiva Tromaí também que foram catalogadas pedreiras de

rochas ornamentais.

3.3.3. Áreas requeridas

Até a conclusão deste trabalho, a Folha Centro Novo do Maranhão

compreendia 68 áreas requeridas junto ao DNPM (Figura 9). Em apenas duas

50

destas áreas a substância de interesse não é o ouro, sendo uma de 50 hectares pra

cascalho e outra de 17 hectares para areia, ambas para construção civil. Entre os

requerimentos para ouro, 31 estão em fase de autorização de pesquisa, 13 estão em

fase de requerimento de pesquisa, 3 estão em fase de requerimento de lavra e 19

estão disponíveis.

3.4. Aspectos metalogenéticos

Yamaguti e Villas (2003) e Klein et al. (2005, 2006, 2008) investigaram a

gênese e fizeram estudos composição química de cloritas, isótopos estáveis e

inclusões fluidas para as mineralizações em alguns depósitos localizados na área de

estudo, entre eles o depósito de Cipoeiro, Serrinha, Chega Tudo e Montes Auréos.

Todos eles constituem jazimentos auríferos classificados como tipo orogênico,

associados, direta ou indiretamente, à zona de cisalhamento Tentugal.

O depósito de Cipoeiro está hospedado em tonalitos cisalhados e em contato

tectônico com uma sequência metassedimentar composta de metarenito e

metapelito ricos em magnetita com lentes de metaconglomerado. Este depósito não

está relacionado diretamente à zona de cisalhamento Tentugal, mas sim a splays

associados a ela, orientados segundo NNE-SSW (Figura 10). A tipologia do minério

é representada por veios de quartzo leitosos decimétricos e pequenas

disseminações com espessuras métricas em zonas de cisalhamento com teores que

variam entre 0,3 e 2 ppm. A alteração hidrotermal produziu uma assembleia

compatível com a fácies xisto-verde, constituída por quartzo, clorita, albita, mica

branca, calcita, albita e pirita. O quartzo dos veios sofreu recristalização,

modificando ou eliminando as inclusões fluidas. A clorita é mais abundante, estando

associada à pirita. A albita ocorre subordinadamente enquanto a calcita aparece em

veios ou disseminada na matriz hidrotermal. O ouro raramente é visível, sendo

detectado apenas por análises químicas. Os teores mais altos estão intimamente

associados a concentrações de pirita e veios de quartzo-carbonato-sulfeto

precipitados em zona de cisalhamento rúptil-dúctil, fraturas e veios (Ribeiro, 2002).

Isto evidencia o caráter pós-tectônico da mineralização. A idade da mineralização

não foi determinada, porém é considerada como pós-pico metamórfico do cinturão

Gurupi, o qual ocorreu entre 2080–2100 Ma, baseado na idade da colocação dos

51

granitoides peraluminosos (colisionais) (Palheta, 2001; Klein & Moura, 2003; Klein et

al., 2005). Nos depósitos de Cachoeira foi encontrada uma idade entre 2000 e 2060

Ma através de isótopos de Pb (Klein et al., 2006). Ainda de acordo com Klein et al.

(2006), o intervalo de temperatura de equilíbrio entre as cloritas e o fluido

hidrotermal girou em torno de 315º C. Os valores de δ18O e δD variam entre +2.4 a

+5.7 e -43 a -20, respectivamente, evidenciando uma origem metamórfica. Sendo

assim, reações de devolatilização que ocorreram durante o metamorfismo

produziram os fluidos mineralizantes. O carbono e enxofre foram transportados por

lixiviação.

Figura 10 – Mapa geológico da região dos depósitos de Cipoeiro, Chega Tudo, Serrinha e

Montes Áureos. Adaptado de Ribeiro (2002).

Os depósitos de Serrinha também são do tipo orogênico, hospedados em

xistos grafitosos altamente deformados segundo NW-SE, pertencentes à Formação

Chega Tudo com tonalitos cálcio-alcalinos associados. O caráter sin a pós-tectônico

das mineralizações é evidenciado por relações estruturais e texturais. As rochas

estéreis são xistos compostos por sericita e clorita enquanto que a rocha

52

mineralizada são os xistos grafitosos finamente foliados. As vulcânicas são

representadas por dacitos contendo sulfetos intercalados com os xistos. Toda esta

sequência foi submetida a deformação dúctil-rúptil. A zona mineralizada se

apresenta boudinada e descontínua, se estendendo por 2 km de espessura e 210

metros de profundidade. A alteração hidrotermal é caracterizada por silicificação,

carbonatação e sulfetação sendo composta por veios milimétricos a centimétricos de

quartzo e carbonato além de sulfetos que ocorrem nos veios e disseminados na

rocha encaixante (Figura 11 e Fotografia 6). Estes veios são descontínuos e

paralelos à foliação estando menos deformados que esta, sugerindo um caráter pós-

pico deformacional. O ouro forma agregados em fraturas e espaços interticiais dos

veios e possui teores entre 0,5 e 1,3 ppm.

Figura 11 – Representação esquemática mos-

trando a relação entre quartzo, carbonatos e

sulfeto em Serrinha (Klein et al., 2006).

Fotografia 6 – Veio de quartzo em xisto

grafitoso de Serrinha com partículas de

ouro livre (setas) (Klein et al., 2006).

O depósito de Chega Tudo compreende uma série de corpos descontínuos

confinados em rochas altamente deformadas, também associadas a zonas de

cisalhamento de 50 a 150 m de espessura, desenvolvidas nas rochas

vulcanossedimentares da Formação Chega Tudo, na zona de contato com os

tonalitos da Suíte Intrusiva Tromaí. Estes corpos são subverticais e se estendem por

mais de 2000 m chegando a 200 m de profundidade. São verificados dois domínios

paralelos sendo um metassedimentar e o outro metavulcânico. O domínio

metassedimentar é representado por xistos com quartzo, sericita e magnetita e

subordinadamente carbonatos e clorita. A mineralização ocorre em vênulas de

53

quartzo, calcita e pirita, similarmente aos depósitos de Serrinha. Neste domínio

ocorrem ainda diques de gabros tardios hidrotermalizados, com desenvolvimento de

epidoto, clorita e sericita, porém com baixos teores de Au. Já no domínio

metavulcânico, representado pelos corpos de Mina Velha e Mandiocal a

mineralização está encaixada em quartzo sericita xistos ricos em magnetita

intercalados com tufos e metavulcânicas félsicas a intermediárias e dacitos pórfiros

altamente deformados, respectivamente (Figura 12). O ouro livre é comumente

visível como agregados ou partículas irregulares inferiores a 1 mm (Klein et al.,

2008).

Figura 12 – Seção geológica do corpo de Mandiocal, depósito de Chega Tudo (Klein et al.,

2008).

O depósito de Montes Áureos está diretamente associado à Zona de

Cisalhamento Tentugal e possui aproximadamente 15 km de largura e 100 km de

extensão. Assim como os modelos descritos anteriormente, está hospedado em

rochas metavulcânicas e metassedimentares com associações minerais típicas das

fácies xisto verde e anfibolito baixo. O ouro ocorre em veios de quartzo e carbonato

tardi-tectônicos de espessura milimétrica a centimétrica, que definem corpos

lenticulares e tabulares com teores inferiores a 2 ppm subparalelos à foliação

milonítica. Encontra-se associado com arsenopirita, pirita e, subordinadamente, com

calcopirita, quartzo e carbonatos. As feições texturais e as relações entre as

associações metamórficas e hidrotermais identificadas por Yamaguti e Villas (2003)

indicam que a mineralização ocorreu após o pico do metamorfismo, em pelo menos

54

dois modos distintos e sucessivos: grãos isolados precipitados com sulfetos, quartzo

e carbonatos e em microfraturas da arsenopirita e pirita. O ouro teria sido

transportado na forma de complexo de enxofre do tipo Au(HS)2 em fluidos aquo-

carbônicos de baixa salinidade (2-8 % em peso de NaCl) e temperatura de 450oC. A

deposição ocorreu a temperaturas entre 260 e 350oC com pressão de 1,3-2,8 Kbar,

equivalente a profundidades de 4-8,5 km. De acordo com estes autores, no sistema

hidrotermal de Montes Áureos circularam fluidos carbônicos, aquo-carbônicos e

aquosos. Os fluidos aquo-carbônicos foram interpretados como produtos mais

prováveis de reações metamórficas de desidratação e descarbonização que devem

ter ocorrido principalmente nas variedades ricas em material carbonoso do pacote

vulcanossedimentar, a temperaturas superiores a 500oC. Esses fluidos, inicialmente

homogêneos, foram aprisionados em cristais de quartzo ao se tornarem imiscíveis e

resultaram em inclusões fluidas com diferentes razões H2O/CO2. A diminuição da

temperatura e, em decorrência, a menor produção de CO2 pelas reações de

descarbonização, combinada com a precipitação dos carbonatos, tornaram os

fluidos aquo-carbônicos gradativamente mais pobres em CO2 bem como mais

aquosos e menos salinos.

Atualmente acredita-se que existam 7,2 toneladas de ouro primário, 3,3 de

ouro supergênico e 4,6 de ouro aluvial, totalizando 15,1 toneladas somente nos

depósitos de Serrinha e Chega Tudo. Acredita-se que a atividade garimpeira retirou

cerca de 15,5 toneladas de ouro destes dois depósitos entre 1965 e 1996 (Araújo

Neto, 1998). Torresini (2000) atribuiu aos depósitos de Cipoeiro e Chega Tudo

reservas de 60 toneladas de ouro com teor de 1,4 g/t. O depósito de Cachoeira, por

sua vez, produziu por volta de 1,2 toneladas de ouro, possuindo ainda reservas

calculadas de 20 toneladas (Klein et al., 2005).

55

4. TRATAMENTO DE DADOS

4.1. Introdução

Nesta etapa do trabalho, os dados estruturais, geoquímicos de prospecção e

aerogeofísicos do Projeto Geologia da Folha Centro Novo do Maranhão passaram

por um tratamento preliminar visando a aplicação da Análise Espacial de Dados. O

banco de dados em SIG fornecido pela equipe do projeto dispunha de informações

de: (i) planimetria, incluindo estradas, hidrografia, localidades, divisão geopolítica da

área e limites da folha; (ii) sensoriamento remoto, como imagens MDT e SRTM; (iii)

litoestratigrafia, provenientes do mapeamento geológico realizado pela CPRM na

região; (iv) geologia estrutural, incluindo lineamentos estruturais obtidos através de

imagens de satélite, fotografias aéreas e aeromagnetometria, além de medidas de

foliação, veios e demais estruturas devidamente georreferenciadas; (v)

litogeoquímica e geocronologia, com a localização dos afloramentos amostrados

bem como o resultado de suas análises em laboratório; (vi) geoquímica de

prospecção, com analises de sedimento de corrente, concentrado de bateia e solo;

(vii) aerogeofísica, com mapas magnetométricos de 1ª derivada, sinal analítico e

campo total e gamaespectrométricos de potássio, urânio e tório e; (viii) recursos

minerais com o cadastramento das ocorrências minerais conhecidas da área,

discriminando a substância explorada, a situação econômica e a origem do depósito

(primário ou secundário, no caso do ouro). A metodologia empregada nesta etapa do

trabalho será abordada nos subitens seguintes.

4.2. Tratamento dos dados estruturais

Sabendo-se do forte controle estrutural das mineralizações auríferas na

região do Gurupi, procurou-se efetuar o aprimoramento dos lineamentos estruturais

e magnéticos do projeto realizado pela CPRM, numa escala mais aproximada, na

tentativa de encontrar estruturas dúctil-rúpteis, breaks ou splays onde ocorressem

possíveis alvos potenciais para novas ocorrências auríferas. Para isso foram

utilizadas imagens de satélite SRTM e de aerogeofísicas de 1ª derivada do campo

magnético (Figura 13), as quais tiveram suas estruturas interpretadas no ArcGIS.

56

Figura 13 – Lineamentos estruturais obtidos através de imagem SRTM e aeromagne-

tometria, respectivamente.

4.3. Tratamento de dados geoquímicos

O banco de dados geoquímicos do Projeto Geologia da Folha Centro Novo do

Maranhão consiste principalmente de análises geoquímicas de amostras de

sedimento de corrente (277 amostras, analisadas para 58 elementos), além de

outras 97 amostras relacionadas a concentrado de bateia, sendo estas voltadas

basicamente para estudos mineralométricos. Na Figura 14 observa-se a rede de

drenagem da folha em estudo com as localizações das amostras de sedimentos de

corrente e de concentrados de bateia. Neste estudo, o ouro foi analisado

conjuntamente com outros 57 elementos químicos nos sedimentos de corrente no

ACME Laboratories, de Vancouver, Canadá, e poucas amostras foram analisadas

pelo laboratório SGS-Geosol (Vespasiano-MG e Callao, Peru). O método de analise

foi o ICP-MS e ICP-AES. Para os concentrados de bateia foi realizada separação

magnética e por líquidos densos, seguida de análise mineralométrica semi-

quantitativa em lupa binocular e microscópio (eventualmente microscópio eletrônico

de varredura). O ouro foi analisado por contagem de pintas. Essas análises foram

efetuadas nos laboratório da CPRM em Porto Alegre e da SGS-Geosol em

Vespasiano-MG e/ou Brasília-DF.

57

Figura 14 – Amostragem de sedimentos de corrente (pontos verdes) e concentrados de

bateia (pontos vermelhos).

Para o tratamento gráfico e geoestatístico foi utilizado o software Geosoft,

enquanto que para os recursos de SIG fez-se uso do ArcGIS 10. Ocasionalmente

foram feitas edições do banco de dados através do Microsoft Excel. Os dados

originalmente recebidos do laboratório costumam conter os chamados

“qualificadores”, que são os sinais “<” ou “>” ou letras (L, N, G) que qualificam

aquele valor como abaixo ou acima dos limites inferiores ou superiores de detecção

do método de análise utilizado pelo laboratório. Alguns sistemas de processamento,

porém, não os entendem como tais ou simplesmente retornam com mensagens de

erro, exigindo valores absolutos. Assim, adotando a mesma sistemática seguida pelo

Serviço Geológico do Brasil, os valores qualificados como “menor que” (<) foram

multiplicados pela constante 0,667, enquanto os valores precedidos por “maior que”

(>) foram multiplicados por 1,5. Também é muito importante atentar para o fato de

que nos sistema de processamentos geoestatísticos, normalmente importados

(americanos, canadenses), a separação de decimais dos dados numéricos (pontos,

vírgulas) tem significação exatamente inversa à brasileira, o que requer cuidados

especiais nas fases de migração destes dados. Por fim, alguns elementos traziam

excessivo número de valores qualificados (alguns de até 100%) o que terminaria por

inviabilizar seus processamentos estatísticos, sendo, portanto, eliminados mesmo

quando de reconhecida afinidade com o ouro.

58

Os dados editados e dispostos na forma de matriz foram transportados para o

Geosoft. Para o canal do ouro foi solicitado ao sistema calcular seus parâmetros

geoestatísticos básicos, tais como, valores máximo e mínimo, média, desvio padrão

etc. Após uma breve análise, foram identificados valores excessivamente altos.

Optou-se então pela elaboração do perfil desse elemento com base em seus

resultados analíticos, onde todas as amostras são projetadas para uma linha leste-

oeste, unificando suas latitudes, mas preservando suas longitudes (Figura 15). O

perfil resultante mostra claramente a presença de dois grandes picos, em clara

dissonância com os demais valores, mesmo entre aqueles considerados altos,

sendo considerados como “outliers”, isto é, valores em desalinho com o grupamento

entre os quais se encontra. O fato destes valores aparecerem isoladamente, reforça

a ideia de constituírem, dada a natureza errática do ouro, lamínulas ou

microfragmentos eventualmente concentrados em uma dada amostra, simulando o

chamado “efeito pepita”. Estes valores foram, portanto, excluídos dos cálculos e

procedimentos seguintes, pois sua permanência implicaria no exagerado aumento

da média e desvio padrão, importantes estimadores geoestatísticos, o que

influenciaria muito no cálculo dos limites das faixas anômalas.

Figura 15 – Perfil E-W com os valores de Au em ppb apresentando dois outliers

Para uma melhor análise da associação do ouro com os outros elementos, foi

confeccionada uma matriz de correlação geoquímica e diagramas de dispersão.

Procurou-se observar, não apenas o comportamento do ouro como também o de

outros elementos com os quais pudesse existir alguma afinidade ou conveniência.

Dessa forma foi extraído o sumário da estatística básica de alguns outros elementos,

entre eles o arsênio e o mercúrio, além do ouro com e sem outliers. A partir da

análise da matriz de correlação é possível observar que o comportamento do ouro

59

em relação aos seus pares é discreto, porém o mesmo não acontece com outras

associações entre elementos presentes como o Cu, Fe, Se, Mo, Sc e Ga. Isso é um

reflexo do panorama geológico subjacente. A correlação do ouro com o As e o Hg se

mostra um pouco mais afim que os demais, apesar de nada excepcional. Entretanto,

um bom número de análises desses elementos deram resultados abaixo do limite de

detecção do método, notadamente o arsênio, o que desfavorece a exatidão dos

resultados. Já o mercúrio, que ocorre em teores anômalos em várias estações, pode

ser interpretado como oriundo de contaminação por atividade garimpeira.

Com base nos resultados dos testes geoestatísticos e na configuração dos

histogramas elaborados, optou-se pela lognormalidade como parâmetro de

distribuição do ouro. Sendo assim, considerando ̅=4,0105 ppb como o valor da

média geométrica e S=0,6583 ppb como o desvio padrão geométrico, obteve-se o

formulário a seguir, que aplicado aos resultados de análises obtidos configuraram as

chamadas faixas anômalas representadas na Tabela 1. Feito isto, os valores

anômalos de ouro obtidos a partir destas equações foram transformados em

shapefiles e exportados para o ArcGIS, onde aparecem plotadas sobre a rede de

drenagem na Figura16. Foram destacados também, os pontos com ocorrência das

associações Au, Ag, As, Sb, Se, Bi, elementos com os quais o ouro pode aparecer

combinado na natureza. Os seus diagramas de dispersão desses elementos com

relação ao ouro estão representados na Figura 18.

Tabela 1 – Faixas anômalas para sedimento de corrente

Faixa Anômala Fórmula utilizada Valores obtidos Pontos

Anom. de 1a Ordem ( ̅ ) Au > 42,4638 6

Anom. de 2a Ordem ( ̅ ) ( ̅ ) 42,4638 > Au > 10,5881 7

Alto Background ( ̅ ) ( ̅ ) 10,5881 > Au > 2,6401 30

60

Figura 16 – Sedimentos

de corrente com valores

anômalos para Au e

sedimentos de corrente

com associações Au, Ag,

As, Sb, Se, Bi e suas

respectivas micro-bacias

hidrográficas.

Para os concentrados de bateia foram considerados todos os pontos onde o

número de partículas de ouro encontradas fosse diferente de zero. Foram

selecionados ao todo 27 pontos apresentando valores entre 1 e 60 partículas (Figura

17). As três estações que apresentaram entre 12 e 60 partículas foram amostradas

em drenagens relacionadas com área de atividade garimpeira próximo à ocorrência

de Cedral e dos depósitos de Sequeiro e Cipoeiro.

61

Figura 17 – Concentrados de bateia com pintas de ouro e suas respectivas microbacias.

Figura 18 – Diagramas de dispersão dos elementos As, Ag, Sb, Se, Bi contra o Au.

A delimitação das microbacias hidrográficas foi feita automaticamente com o

auxílio das ferramentas Hydrology do Spatial Statistics Tools do ArcGIS a partir de

uma imagem MDT da área de estudo (Figura 19). Conhecendo-se os pontos

anômalos para ouro obtidos através de análise de sedimento de corrente e

concentrados de bateia, e pontos onde foram encontradas as associações Au, As,

Ag, Sb, Se e Bi, considerou-se como zonas favoráveis para novas ocorrências toda

a área da bacia hidrográfica à montante destes pontos.

62

Figura 19 – Imagem MDT da área de estudo e microbacias hidrográficas.

4.4. Tratamento dos dados geofísicos

Foram utilizados os dados do Projeto Aerogeofísico Gurupi (código 1088,

cedidos pela CPRM), especificamente os dados referentes à Folha Centro Novo do

Maranhão. Os mapas temáticos utilizados deste aerolevantamento foram: (i)

magnetometria - 1ª derivada vertical do campo magnético, campo magnético total,

sinal analítico do campo magnético e; (ii) gamaespectrométrico – canais do potássio,

urânio e tório. As linhas de voo deste aerolevantamento possuem sentido norte-sul

com espaçamento de 500 metros entre si e células de 125 metros. Para a confecção

dos temas de evidências geofísicas foram utilizados os dados de

gamaespectometria e gerados os parâmetros F, Kd (potássio anômalo) e Ud (urânio

anômalo) e o ternário dos fatores F-Kd-Ud. Sabe-se que o enriquecimento em

potássio constitui um guia indireto para a localização de concentrações auríferas,

tendo em vista que esse enriquecimento pode sugerir a presença de zonas de

atividade hidrotermal, com a geração de paragêneses de alteração potássica e/ou

fílica (Silva & Abram et al., 2008). No caso da região do Gurupi, as zonas de

alteração hidrotermal caracterizadas por um enriquecimento em sericita, mica de

potássio cuja fórmula é: ((KAl2(Si3Al)O10(OH,F)2). De acordo com Fornazzari & Neto

(2003), o urânio pode acompanhar o potássio nos processos hidrotermais, enquanto

que o tório, devido à sua menor mobilidade geoquímica, apresenta comportamento

contrário. Sendo assim, é possível propor diversas relações entre estes

radioisótopos como por exemplo o Fator F, que é dado pela equação: F=K*eU/eTh

63

(Efimov, 1978 apud Gnojek & Prichystal, 1985). Esta expressão permite ressaltar o

enriquecimento simultâneo de potássio e urânio em relação ao tório, sendo eficaz na

identificação de áreas com alteração hidrotermal. Saunders et al. (1987) propuseram

uma normalização do potássio e do urânio pelo tório, representadas pelos

parâmetros Kd e Ud, respectivamente, calculadas da seguinte forma:

Ki = (média de Ks / média de Ths) x Ths;

Kd = (Ks – Ki) / Ki

Ui = (média de Us / média de Ths) x Ths;

Ud = (Us – Ui) / Ui

Neste formulário Ks e Us representam os dados originais, Ki e Ui representam

os valores ideais definidos a partir do tório e Kd e Ud são os desvios dos valores

ideais, isto é, as anomalias. Partindo destas premissas, estas relações foram

aplicadas com o auxílio do Geosoft, para a geração dos mapas de parâmetro F,

potássio anômalo (Kd) e urânio anômalo (Ud), os quais foram analisados de acordo

com a distribuição das ocorrências conhecidas de ouro primário na folha de estudo.

Além disso, também foram analisadas as já conhecidas relações eU/eTh, eTh/K e

eU/K, onde eU e eTh representam o teor em ppm de urânio e tório, respectivamente

e K representa o teor de potássio em porcentagem. Os depósitos conhecidos de

ouro primário mostraram boa correlação com os valores mais altos de potássio no

mapa de potássio anômalo e mais baixos de tório no mapa de razão eTh/K (Figura

20(b) e (d)). Já o urânio não apresentou correlações satisfatórias com estes

jazimentos primários nos mapas de urânio anômalo e razões eU/eTh e eU/K (Figura

20(d) e 21(a) e (b)), porém se mostra bastante ressaltado nas drenagens, em

especial ao longo do Rio Gurupi, indicando uma remobilização deste elemento por

fluxos fluviais. O mapa do parâmetro F (Figura 21(c)) apresentou uma correlação

moderada com as ocorrências primárias conhecidas, embora seus valores mais altos

tenham aparecido fora do trend principal destas ocorrências. Foi elaborado ainda um

mapa ternário a partir dos três parâmetros gerados, F, Kd e Ud (Figura 21(d)).

64

Figura 20 – (a) Mapa

ternário de K, Th e U,

(b) potássio anômalo

Kd, (c) urânio

anômalo Ud e (d)

razão Th/K.

65

Figura 21 – (a) Mapa

da razão U/K, (b)

razão U/Th, (c) Fator

F, (d) e mapa

ternário dos

parâmetros F, Kd e

Ud.

66

A partir dos mapas de potássio anômalo (Kd), urânio anômalo (Ud) e do

parâmetro F, foram calculadas as anomalias de 1ª, 2ª e 3ª ordem destes parâmetros.

As fórmulas utilizadas nesta etapa bem como os valores obtidos estão detalhados

na Tabela 2. Para estes cálculos foram considerados os valores de média ( ̅) e

desvio padrão (S). As áreas com valores anômalos desses três parâmetros servirão

como base na elaboração dos temas de evidencias geofísicos.

Tabela 2 – Anomalias de 1ª, 2ª, e 3ª ordem de F, Kd e Ud na área de estudo

Parâmetro Média ( ̅) Desvio

Padrão (S) Anomalias Valores

F 0,151 0,084

1ª ordem ( ̅ + 3S) >0,403

2ª ordem ( ̅ + 2S) 0,319 a 0,403

3ª ordem ( ̅ + 1S) 0,235 a 0,319

Kd 0,156 0,563

1ª ordem ( ̅ + 3S) >1,845

2ª ordem ( ̅ + 2S) 1,282 a 1,845

3ª ordem ( ̅ + 1S) 0,719 a 1,282

Ud 0,095 0,411

1ª ordem ( ̅ + 3S) >1,328

2ª ordem ( ̅ + 2S) 0,917 a 1,328

3ª ordem ( ̅ + 1S) 0,506 a 0,917

67

5. ANÁLISE ESPACIAL DE DADOS

5.1. Introdução

O presente trabalho tem como proposta avaliar o potencial da área para a

presença de novos depósitos de ouro utilizando, para isso, dados de cartografia,

imageamento, geofísica e geoquímica, gerenciados e interpretados com o auxílio

das ferramentas do Sistema de Informações Geográficas (SIG). O SIG constitui um

ambiente que permite a análise integrada de dados que, aliada ao conhecimento

geológico e metalogenético da região, permite identificar áreas de favorabilidade

para determinado tipo de mineralização. Portanto, o trabalho tem como meta o

entendimento, a análise, a interpretação e a indicação de áreas favoráveis para ouro

a partir do conhecimento das características geológicas dos garimpos da região e da

interpretação dos respectivos modelos metalogenéticos.

Dentre os métodos de modelagem espacial, dois podem ser destacados. O

método data driven se baseia nos dados. Os parâmetros dos modelos de depósitos

minerais são estimados e calculados a partir de dados tratados por meios

estatísticos. Os resultados espaciais modelados são interativamente aprimorados a

partir da relação entre os depósitos conhecidos e os parâmetros selecionados para o

modelo. Já o método knowledge driven se baseia no conhecimento. Os parâmetros

dos modelos são definidos previamente a partir do conhecimento teórico sobre os

processos e modelos metalogenéticos dos tipos de depósitos minerais estudados

(Silva & Abram et al., 2008). No presente trabalho, optou-se pelo uso do método

knowledge driven e da Lógica Fuzzy.

5.2. O Método da Lógica Fuzzy

A Lógica Fuzzy é definida como parte da lógica matemática dedicada aos

princípios formais do raciocínio, incerto ou aproximado, portanto mais próxima do

pensamento humano e da linguagem natural (Katinsky, 1994). Difere da lógica

Booleana, pois esta considera apenas valores “completamente verdadeiros” ou

“completamente falsos” enquanto que a Lógica Fuzzy atribui valores quantitativos

aos dados segundo o grau de pertinência dos mesmos (Figura 22), tornando-se

mais adequada em casos onde ocorrem incertezas e/ou ambiguidades na

68

interpretação, fato bastante comum na interpretação de dados geológicos. Sendo

assim, pode-se atribuir pesos entre 0 e 1 a cada tema de evidência gerado a partir

de fatores geológicos, geoquímicos e geofísicos diversos que favoreçam a hipótese,

de acordo com a maior ou menor probabilidade de correspondência com um modelo.

Estes temas de evidência são então combinados entre si por intermédio de

operadores matemáticos booleanos como OR, AND, SUM, PRODUCT e GAMMA.

Os operadores OR e SUM são somatórios, podendo potencializar os valores de

peso de áreas, enquanto que o AND e PRODUCT têm poderes restritivos. O

GAMMA, por sua vez, é um operador de ponderação. Partindo dessas premissas,

foram gerados temas de evidência com células de 250 metros baseados em critérios

geológicos, estruturais, geoquímicos e geofísicos e posteriormente combinados

entre si, através dos operadores matemáticos, dando origem aos Mapas de

Favorabilidade. Esta etapa do trabalho foi realizada com o auxilio da ferramenta

ArcSDM (Spatial Data Modeller) (Sawatzky et al., 2009).

Figura 22 – Comparação entre as lógicas Booleana e Fuzzy (Silva, 2004) e exemplo de

pertinência fuzzy de um dado teor (Bonham-Carter, 1994, modificado por Franca-Rocha,

2001).

5.2.1. Temas de evidências a partir de dados litoestratigráficos

Tomando como base o mapa geológico do Projeto Geologia da Folha Centro

Novo do Maranhão, foram selecionadas todas as unidades litoestratigráficas onde

ocorrem depósitos auríferos conhecidos, primários ou secundários. São elas: a

Formação Chega Tudo (fácies sedimentar e vulcânica), a Suíte Intrusiva Tromaí, o

Grupo Gurupi, o Gabro Ubinzal, a Formação Igarapé de Areia e os Depósitos

aluvionares (Figura 23). Sabendo-se que boa parte dos depósitos descritos em

trabalhos anteriores ocorre nas proximidades da interface de contato entre os xistos

69

da Formação Chega Tudo e os tonalitos da Suíte Intrusiva Tromaí, foi gerado

também um tema de evidências na região ao longo do contato entre estas duas

unidades. Foram gerados buffers, isto é, uma extensão de sua área no entorno

desta estrutura de 250 e 500 metros.

5.2.2. Temas de evidências a partir de dados estruturais

Foram utilizados os lineamentos estruturais interpretados no Projeto Geologia

da Folha Centro Novo do Maranhão, que foram detalhados no subcapítulo 4.2 deste

trabalho a partir de imagens SRTM e a partir de levantamentos geofísicos

aeromagnéticos. Para representar as zonas de influência destas estruturas foram

gerados buffers de 250 e 500 metros (Figura 24). Foram gerados temas para

lineamentos estruturais e magnéticos discriminando suas orientações principais

(NW-SE e NNE-SSW), totalizando quatro temas. Um quinto tema foi gerado a partir

do operador AND, representando as interseções entre estruturas dos temas

anteriores. Foi gerado também um tema de densidade de estruturas pelo método

Kernell do Spatial Analyst do ArcGIS.

5.2.3. Temas de evidências a partir de dados geoquímicos

Foram obtidas as áreas anômalas das bacias hidrográficas a partir de

análises em sedimento de corrente, associações de Au, Ag, As, Sb, Se, Bi e de

concentrados de bateia, detalhadas no subcapítulo 4.3 deste trabalho. Foi

considerada como zona favorável para ocorrências auríferas toda a área da bacia

hidrográfica à montante destes pontos (Figuras 24 e 25).

5.2.4. Temas de evidências a partir de dados geofísicos

As anomalias de 1ª, 2ª e 3ª ordem dos parâmetros Kd, Ud e F (potássio

anômalo, urânio anômalo e Fator F, respectivamente), obtidas a partir do tratamento

de dados geofísicos no subcapítulo 4.4 deste trabalho, revelou áreas com fortes

indícios de alteração hidrotermal. Estas áreas serviram como base para a

elaboração dos temas de evidências a partir de dados geofísicos (Figura 25).

70

Figura 23 – Temas de evidências litológicos.

71

Figura 24 – Temas de evidências estruturais e geoquímicos.

72

Figura 25 – Temas de evidências geoquímico e geofísicos.

5.3. Proposta de modelagem

Terminada a confecção dos temas de evidências, foi feita a fuzzyficação, isto

é, atribuição de pesos numéricos entre 0 e 1 para cada tema analisado com base no

conhecimento dos mecanismos de controle das mineralizações na região do Gurupi.

Estes pesos estão relacionados na Tabela 3. Posteriormente, foram elaboradas três

propostas de modelagem, com o estabelecimento dos critérios geológicos,

geofísicos e geoquímicos que seriam levados em consideração bem como a escolha

dos operadores matemáticos booleanos que seriam utilizados na combinação destes

temas.

73

Tabela 3 – Fuzzyficação dos temas de evidências

UNIDADES LITOESTRATIGRÁFICAS

Padrão Binário Critério Pesos

Formação Chega Tudo Dentro da zona de influência 0,8

Fora da zona de influência 0,3

Formação Chega Tudo

(fácies vulcânica)

Dentro da zona de influência 0,9

Fora da zona de influência 0,3

Suíte Intrusiva Tromaí Dentro da zona de influência 0,6

Fora da zona de influência 0,3

Gabro Ubinzal Dentro da zona de influência 0,9

Fora da zona de influência 0,3

Grupo Gurupi Dentro da zona de influência 0,5

Fora da zona de influência 0,3

Formação Igarapé de

Areia

Dentro da zona de influência 0,6

Fora da zona de influência 0,3

Depósitos Aluvionares Dentro da zona de influência 0,6

Fora da zona de influência 0,3

Contato Tromaí-Chega

Tudo

Dentro do buffer de 250 metros 0,9

Dentro do buffer de 500 metros 0,8

Fora da zona de influência 0,3

GEOLOGIA ESTRUTURAL

Padrão Binário Critério Pesos

Lineamentos estruturais

com orientação NW-SE

Dentro do buffer de 250 metros 0,9

Dentro do buffer de 500 metros 0,8

Fora da zona de influência 0,2

Lineamentos estruturais

com orientação NNE-SSW

Dentro do buffer de 250 metros 0,9

Dentro do buffer de 500 metros 0,8

Fora da zona de influência 0,2

Estruturas

aeromagnéticas NW-SE

Dentro do buffer de 250 metros 0,8

Dentro do buffer de 500 metros 0,7

Fora da zona de influência 0,2

74

GEOLOGIA ESTRUTURAL

Padrão Binário Critério Pesos

Estruturas

aeromagnéticas NNE-

SSW

Dentro do buffer de 250 metros 0,8

Dentro do buffer de 500 metros 0,7

Fora da zona de influência 0,2

Interseção de estruturas

Dentro do buffer de 250 metros 0,9

Dentro do buffer de 500 metros 0,8

Fora da zona de influência 0,2

Densidade de estruturas

Alta densidade de estruturas 0,9

Média densidade de estruturas 0,8 a 0,3

Ausência de estruturas 0,2

GEOQUÍMICA PROSPECTIVA

Padrão Binário Critério Pesos

Au em sedimento de

corrente

Bacias com anomalia de 1ª ordem 0,9

Bacias com anomalia de 2ª ordem 0,8

Bacias com alto background 0,7

Fora da zona de influência 0,2

Au, Ag, As, Sb, Se, Bi em

sedimento de corrente

Bacias com a associação 0,6

Fora da zona de influência 0,2

Pintas de ouro em

concentrado de bateia

1 pinta de ouro 0,4

2 pintas de ouro 0,4

3 pintas de ouro 0,5

5 pintas de ouro 0,5

7 a 12 pintas de ouro 0,5

16 pintas de ouro 0,7

60 pintas de ouro 0,9

Fora da zona de influência 0,3

AEROGAMAESPECTROMETRIA

Padrão Binário Critério Pesos

Fator F

Zonas com anomalia de 1ª ordem 0,7

Zonas com anomalia de 2ª ordem 0,6

Zonas com anomalia de 3ª ordem 0,5

Fora da zona de influência 0,2

Tabela 3 – (continuação).

75

AEROGAMAESPECTROMETRIA

Padrão Binário Critério Pesos

Fator Kd

Zonas com anomalia de 1ª ordem 0,7

Zonas com anomalia de 2ª ordem 0,6

Zonas com anomalia de 3ª ordem 0,5

Fora da zona de influência 0,2

Fator Ud

Zonas com anomalia de 1ª ordem 0,7

Zonas com anomalia de 2ª ordem 0,6

Zonas com anomalia de 3ª ordem 0,5

Fora da zona de influência 0,2

O primeiro modelo proposto foi gerado a partir da seguinte metodologia:

1. Geração de um Fator Litológico a partir da união de todos os temas de unidades

litológicas utilizando o operador OR.

2. Geração de um Fator Estrutural a partir da combinação dos lineamentos

estruturais e magnéticos segundo NW-SE e NE-SW com o operador OR.

3. Geração de um Fator Geoquímico a partir da união dos temas de anomalias de

ouro em sedimento de corrente e concentrado de bateia com o operador OR.

4. Geração de um Fator Geofísico a partir da união dos temas de Fator F e potássio

anômalo (Kd).

5. Combinação dos Fatores Geoquímico, Geofísico com operador AND e

combinação do produto desta operação com o Fator Estrutural e Geológico

utilizando o operador AND.

Este modelo teve como objetivo reunir todos os temas potenciais para

mineralizações primárias de ouro, selecionando as regiões onde todos são

coincidentes. A metodologia empregada nesta primeira proposta de modelagem,

bem como o mapa de favorabilidade resultante desta, estão representados nas

Figuras 26 e 27, respectivamente. A segunda proposta foi gerada da seguinte forma:

Tabela 3 – (continuação).

76

1. Combinação do tema de densidade de estruturas com o tema de interseção de

estruturas com o operador OR.

2. Geração de um segundo Fator Geoquímico a partir da união dos três temas

geoquímicos com o operador OR.

3. Geração de um segundo Fator Geofísico a partir da combinação dos três temas

geofísicos com o operador OR.

4. Combinação do produto da etapa 1 com o da etapa 2 e do produto da etapa 3

com o Fator Litológico gerado na primeira modelagem. Para ambas as

combinações usou-se o operador AND.

5. União dos dois produtos gerados na etapa anterior utilizando o operador OR.

O objetivo desta proposta foi separar as zonas de alteração hidrotermal das

unidades mais favoráveis do ponto de vista reológico e as zonas com maior

concentração de estruturas que estivessem associadas a anomalias geoquímicas. A

metodologia empregada nesta segunda proposta de modelagem, bem como o mapa

de favorabilidade resultante desta, estão representados nas Figuras 26 e 27,

respectivamente. A terceira proposta obedeceu a seguinte metodologia:

1. Combinação através do operador OR dos temas de Contato Tromaí-Chega Tudo,

Lineamentos estruturais e magnéticos NE, visando o destaque de splays, e dos

Fatores Geoquímicos e Geofísicos gerados na primeira proposta de modelagem.

O objetivo desta proposta foi selecionar outras áreas potenciais com

depósitos similares aos de Cipoeiro, no contato da Formação Chega Tudo com o

Tonalito Tromaí. A metodologia empregada nesta terceira proposta de modelagem,

bem como o mapa de favorabilidade resultante desta, estão representados nas

Figuras 26 e 28, respectivamente.

77

Figura 26 – Metodologia da terceira proposta de modelagem.

78

Figura 27 – Mapas de favorabilidade da primeira e segunda proposta de modelagem.

1

2

1

4

2

3

79

Figura 28 – Mapa de favorabilidade da terceira proposta de modelagem.

É importante ressaltar que os temas estruturais e geofísicos servem como

guia indireto apenas para mineralizações primárias, isto é, associadas a zonas de

alteração hidrotermal que geralmente ocorre nas proximidades de estruturas como

zonas de cisalhamento e splays. Os temas geoquímicos e litológicos, por sua vez,

podem responder por qualquer tipo de mineralização, visto que o primeiro foi

elaborado a partir de amostragens realizadas na drenagem da região, e no segundo

foram consideradas todas as unidades em que ocorrem depósitos conhecidos,

sejam eles primários ou secundários. Outro fato relevante é que os parâmetros

geofísicos que expressam produtos de alteração hidrotermal realçam zonas de

enriquecimento em potássio relacionadas a diferentes processos, não sendo um

fator restrito a processos mineralizantes. Já a geoquímica de prospecção é eficiente

na indicação de possíveis depósitos, mas pode ser influenciada pela excessiva

quantidade de garimpos próximos a drenagens da região. O Score Fuzzy de cada

ocorrência foi extraído através da ferramenta Extract Values to Points e relacionados

na Tabela 4.

1

5

2

3

4

80

O primeiro mapa de favorabilidade apresentou a menor correlação com as

ocorrências auríferas conhecidas devido ao fato de ter sido elaborado a partir de

critérios mais restritivos, isto é, usou-se o operador AND na etapa final da

modelamento. As áreas ressaltadas pela modelagem foram aquelas localizadas na

zona de influência das estruturas fotointerpretadas e magnéticas, representadas no

Fator Estrutural. Destacam-se principalmente as áreas ainda sem ocorrências

conhecidas como, por exemplo, no entorno do garimpo de Barbudo (1) e a leste de

Cedral (2).

O segundo mapa de favorabilidade apresentou boa correlação com a maioria

das ocorrências conhecidas da região do Gurupi. A maioria das ocorrências que não

tiveram correlação com zonas favoráveis estão no mínimo próximo a elas. É possível

observar que os temas de evidências estruturais não tiveram tanto peso quanto na

primeira proposta. Em algumas unidades, como por exemplo, na área de influência

do Granito Moça, os temas geofísicos contribuíram para que houvesse uma leve

favorabilidade, devido ao alto teor de potássio dos sienogranitos desta unidade.

Entretanto, esta unidade não é reconhecida na literatura como hospedeira de

mineralizações. Da mesma forma que no modelo anterior, outras áreas de alta

favorabilidade em regiões onde não existem mineralizações conhecidas são

indicadas pela modelagem, devendo ser alvo de pesquisas futuras. Dentre elas

destacam-se as áreas a oeste do garimpo de Barbudo (1), a leste de Rio dos Peixes

(2), a norte do Garimpo da Paz (3) e a leste de Cedral (4).

A terceira proposta de modelagem utilizou apenas operadores somatórios

(operador OR) e por isso apresentou uma maior amplitude de áreas favoráveis

assim como melhor correlação com os jazimentos conhecidos. Foi a única proposta

na qual o tema do contato Tromaí-Chega Tudo foi utilizado e na qual apenas as

estruturas secundárias, com orientação NNE foram consideradas (splays

secundários). Estes temas receberam pesos altos na fuzzyficação, visto que

correspondem com o modelo proposto para muitos depósitos da área de acordo com

a literatura. Além dessas zonas, destacaram-se as microbacias com teores de Au

anômalos em sedimento de corrente e concentrado de bateia, em especial nas

regiões dos garimpos de Igarapé Fogão (1), Rio dos Peixes (2), Gumersor (3),

Garimpo da Paz (4) e Cedral (5). Devido ao fato do Fator Litológico não ter sido

81

usado, algumas unidades que não são consideradas como hospedeiras de

mineralizações terminaram recebendo algum destaque.

Tabela 4 – Score Fuzzy das ocorrências conhecidas.

TOPONÍMIA LAT LONG STATUS ORIGEM MOD1 MOD2 MOD3

Mandiocal -2,265650 -46,302940 garimpo hidrotermal 0,2 0,2 0,8

Mandiocal -2,267000 -46,304290 garimpo hidrotermal 0,2 0,2 0,8

Chega Tudo -2,282790 -46,293620 garimpo hidrotermal 0,6 0,6 0,9

Chega Tudo -2,292440 -46,285330 garimpo hidrotermal 0,7 0,7 0,9

Chega Tudo -2,292660 -46,285560 garimpo hidrotermal 0,7 0,7 0,9

Estopeiro -2,290770 -46,287830 garimpo hidrotermal 0,7 0,7 0,9

Estopeiro -2,290770 -46,287830 garimpo hidrotermal 0,7 0,7 0,9

Sequeiro -2,440270 -46,152980 garimpo hidrotermal 0,7 0,6 0,9

Barbudo -2,165790 -46,380759 garimpo hidrotermal 0,2 0,6 0,9

São José -2,198806 -46,294144 garimpo hidrotermal 0,6 0,6 0,7

Jibóia -2,214000 -46,349000 garimpo hidrotermal 0,2 0,2 0,8

Surubim -2,237723 -46,340384 garimpo hidrotermal 0,8 0,8 0,8

Surubim -2,235432 -46,342842 garimpo hidrotermal 0,2 0,2 0,2

Zé Pernambuco Oeste -2,246331 -46,302403 garimpo hidrotermal 0,2 0,2 0,2

Filão do Chico II -2,249554 -46,278568 garimpo hidrotermal 0,2 0,5 0,5

Filão do Chico -2,246360 -46,279539 garimpo hidrotermal 0,2 0,6 0,6

Filão do Aeroporto -2,263813 -46,293302 garimpo hidrotermal 0,2 0,2 0,2

Chicão -2,283695 -46,299047 garimpo hidrotermal 0,6 0,6 0,8

Chega Tudo - shaft II -2,288493 -46,293082 garimpo hidrotermal 0,7 0,7 0,9

Chega Tudo - shaft I -2,280495 -46,300495 garimpo hidrotermal 0,2 0,2 0,8

Ouro Bonito -2,298458 -46,285387 garimpo hidrotermal 0,7 0,7 0,9

Mina Rica -2,305683 -46,285941 garimpo hidrotermal 0,7 0,7 0,7

Sales -2,315753 -46,278211 garimpo hidrotermal 0,7 0,7 0,7

Espinhaço -2,312000 -46,281000 garimpo hidrotermal 0,7 0,7 0,7

Nambu -2,307399 -46,279577 garimpo hidrotermal 0,7 0,7 0,7

Olinda -2,314977 -46,283387 garimpo hidrotermal 0,7 0,7 0,7

Hemeterio -2,320930 -46,279695 garimpo hidrotermal 0,7 0,7 0,7

Hemeterio -2,322859 -46,276519 garimpo hidrotermal 0,7 0,7 0,7

Cajueiro -2,325000 -46,268000 garimpo hidrotermal 0,7 0,7 0,7

Cajueiro -2,328047 -46,273129 garimpo hidrotermal 0,7 0,7 0,7

Paca -2,332484 -46,266601 garimpo hidrotermal 0,7 0,7 0,7

Alegria -2,333495 -46,257953 garimpo hidrotermal 0,7 0,7 0,7

Socorro -2,337000 -46,263000 garimpo hidrotermal 0,7 0,7 0,7

Pelado -2,306058 -46,255276 garimpo hidrotermal 0,6 0,6 0,7

Irene -2,299404 -46,242636 garimpo hidrotermal 0,7 0,6 0,9

Francisco Fernandes -2,296189 -46,245767 garimpo hidrotermal 0,7 0,6 0,9

Garimpão -2,293000 -46,262000 garimpo hidrotermal 0,5 0,6 0,7

Leocadio -2,279303 -46,287163 garimpo hidrotermal 0,6 0,6 0,9

Galeria Pedro -2,304373 -46,274138 garimpo hidrotermal 0,7 0,7 0,9

Leite -2,213442 -46,276030 garimpo hidrotermal 0,2 0,2 0,2

Sátiro -2,249326 -46,214941 garimpo hidrotermal 0,6 0,6 0,9

João Oleiro -2,249882 -46,240059 garimpo hidrotermal 0,5 0,5 0,8

Paulo Careca -2,263793 -46,219281 garimpo hidrotermal 0,7 0,6 0,9

Garimpo da Paz -2,244163 -46,238118 garimpo hidrotermal 0,7 0,6 0,9

Jorge -2,258326 -46,222326 garimpo hidrotermal 0,7 0,6 0,9

Esperança Cazuza -2,180925 -46,169302 garimpo hidrotermal 0,2 0,2 0,5

Tatu -2,165000 -46,192000 garimpo hidrotermal 0,6 0,2 0,7

Brejinho -2,196661 -46,172698 garimpo hidrotermal 0,2 0,2 0,7

Filão Caititu I -2,202925 -46,189490 garimpo hidrotermal 0,2 0,2 0,7

Filão Caitutu II -2,197774 -46,185547 garimpo hidrotermal 0,2 0,2 0,7

Esperança I -2,215415 -46,181113 garimpo hidrotermal 0,2 0,2 0,7

Filão Caititu III -2,226887 -46,182490 garimpo hidrotermal 0,6 0,2 0,7

Bolso Cheio -2,310000 -46,229000 garimpo hidrotermal 0,7 0,6 0,9

Filão Encruzilhada -2,323784 -46,181346 garimpo hidrotermal 0,6 0,6 0,7

Filão Pedra redonda -2,327624 -46,209356 garimpo hidrotermal 0,4 0,2 0,7

Serra Dourada -2,378148 -46,200428 garimpo hidrotermal 0,4 0,4 0,8

Goiano -2,374748 -46,202889 garimpo hidrotermal 0,4 0,4 0,9

Três Irmãos -2,352000 -46,231000 garimpo hidrotermal 0,6 0,6 0,8

Passarinho -2,370713 -46,214909 garimpo hidrotermal 0,4 0,4 0,4

Izael -2,404000 -46,202000 garimpo hidrotermal 0,7 0,7 0,7

Areião -2,406000 -46,186000 garimpo hidrotermal 0,7 0,7 0,7

Gonzaga -2,410000 -46,201000 garimpo hidrotermal 0,7 0,7 0,7

82

TOPONÍMIA LAT LONG STATUS ORIGEM MOD1 MOD2 MOD3

Tatu Queimado -2,426085 -46,181310 garimpo hidrotermal 0,5 0,8 0,8

Galeria Mina Nova -2,419000 -46,197000 garimpo hidrotermal 0,8 0,8 0,8

Cearense -2,443493 -46,161662 garimpo hidrotermal 0,4 0,4 0,4

Patriota -2,448000 -46,148000 garimpo hidrotermal 0,8 0,8 0,9

Grota Seca -2,453803 -46,153338 garimpo hidrotermal 0,4 0,4 0,4

Nivaldo -2,263000 -46,314000 garimpo hidrotermal 0,6 0,6 0,6

Alto da Nair -2,248000 -46,319000 garimpo hidrotermal 0,7 0,7 0,8

Índios -2,259000 -46,314000 garimpo hidrotermal 0,2 0,2 0,8

Antonio Sátiro -2,261000 -46,309000 garimpo hidrotermal 0,5 0,5 0,9

Capijuba -2,260000 -46,320000 garimpo hidrotermal 0,7 0,7 0,7

Raimundo do Inferninho -2,253000 -46,319000 garimpo hidrotermal 0,7 0,7 0,8

Goiano 3 -2,185000 -46,376000 garimpo hidrotermal 0,2 0,2 0,2

Gumersor -2,188000 -46,383000 garimpo hidrotermal 0,5 0,2 0,6

Capelão -2,195000 -46,385000 garimpo hidrotermal 0,2 0,2 0,2

Marajá -2,201000 -46,374000 garimpo hidrotermal 0,2 0,2 0,2

Garimpo da 6 -2,337956 -46,380211 garimpo hidrotermal 0,2 0,2 0,2

Zé Grauna -2,112136 -46,414713 garimpo sedimentar 0,3 0,2 0,7

Itamataré -2,249580 -46,414086 garimpo sedimentar 0,2 0,2 0,2

Igarapé Jacinto -2,335940 -46,399192 garimpo sedimentar 0,5 0,3 0,7

Nivaldo -2,263644 -46,329199 garimpo hidrotermal 0,7 0,7 0,7

Mata Gato -2,250330 -46,350334 garimpo sedimentar 0,3 0,2 0,6

Guarimanzal -2,304651 -46,281038 garimpo hidrotermal 0,7 0,7 0,8

Sete Voltas/Cajueiro -2,316064 -46,262292 garimpo hidrotermal 0,6 0,7 0,9

Três Irmãos -2,346283 -46,241926 garimpo hidrotermal 0,6 0,6 0,6

Cedral/Martinha -2,434189 -46,139374 garimpo hidrotermal 0,6 0,8 0,9

Mata Onça -2,417015 -46,157867 garimpo sedimentar 0,2 0,2 0,2

Rio Maracaçumé -2,416045 -46,025433 garimpo sedimentar 0,2 0,2 0,2

Trinta e Cinco -2,447832 -46,103643 garimpo hidrotermal 0,7 0,6 0,9

Nadir -2,462637 -46,115867 garimpo sedimentar 0,6 0,7 0,9

Areião -2,484742 -46,107073 garimpo sedimentar 0,5 0,7 0,7

Inferninho -2,497037 -46,093485 garimpo sedimentar 0,2 0,2 0,5

Igarapé Fogão -2,093220 -46,469130 garimpo supergênica 0,5 0,5 0,9

Cipoeiro -2,255650 -46,219700 garimpo hidrotermal 0,6 0,6 0,9

Cedral -2,454790 -46,137150 garimpo sedimentar 0,6 0,8 0,9

Garimpo Zé Ramos -2,332950 -46,162140 garimpo supergênica 0,4 0,2 0,5

sul de Montes Áureos -2,406560 -46,202250 garimpo hidrotermal 0,7 0,7 0,7

Sequeiro -2,444260 -46,143040 garimpo hidrotermal 0,7 0,8 0,9

Rio dos Peixes -2,059730 -46,463570 garimpo inativo sedimentar 0,4 0,4 0,4

Molha Saco -2,078160 -46,431880 garimpo inativo supergênica 0,6 0,2 0,8

rio Gurupi Mirim -2,015550 -46,452850 garimpo inativo sedimentar 0,5 0,2 0,8

Santa Paz -2,042880 -46,283370 garimpo inativo hidrotermal 0,2 0,2 0,2

Chatão -2,225560 -46,339510 garimpo inativo hidrotermal 0,2 0,5 0,8

Nadir -2,492720 -46,088950 garimpo inativo sedimentar 0,2 0,2 0,5

Areião -2,487490 -46,100410 garimpo inativo sedimentar 0,3 0,2 0,7

linha 35 -2,472270 -46,121870 garimpo inativo supergênica 0,7 0,7 0,7

Cedral -2,455030 -46,140180 garimpo inativo sedimentar 0,6 0,8 0,9

Garimpo velho da 35 -2,379070 -46,158460 garimpo inativo hidrotermal 0,2 0,2 0,9

Passarinho -2,370650 -46,215990 garimpo inativo hidrotermal 0,4 0,4 0,4

Capoeiro -2,375110 -46,220500 garimpo inativo sedimentar 0,4 0,4 0,4

Capoeiro -2,378930 -46,220850 garimpo inativo supergênica 0,6 0,6 0,6

Pica Pau -2,388570 -46,215010 garimpo inativo hidrotermal 0,6 0,6 0,6

Linha 40 -2,400990 -46,190930 garimpo inativo supergênica 0,7 0,7 0,7

Ramal para Serrinha -2,314570 -46,282810 garimpo inativo supergênica 0,7 0,7 0,7

Ramal para Serrinha -2,324480 -46,278320 garimpo inativo supergênica 0,7 0,7 0,7

Serrinha -2,342070 -46,251550 garimpo inativo hidrotermal 0,5 0,7 0,7

Garimpo da 30 -2,080160 -46,252900 garimpo inativo hidrotermal 0,2 0,2 0,2

Ubinzal -2,191330 -46,373150 não explotado hidrotermal 0,2 0,2 0,8

Ubinzal -2,191540 -46,373860 não explotado hidrotermal 0,2 0,2 0,8

Ubinzal -2,181080 -46,377750 não explotado hidrotermal 0,2 0,2 0,2

Ubinzal -2,181080 -46,377750 não explotado hidrotermal 0,2 0,2 0,2

Ubinzal -2,181420 -46,376680 não explotado hidrotermal 0,2 0,2 0,2

Ubinzal -2,181420 -46,376680 não explotado hidrotermal 0,2 0,2 0,2

Ubinzal -2,183850 -46,376860 não explotado hidrotermal 0,2 0,2 0,2

Ubinzal -2,183850 -46,376860 não explotado hidrotermal 0,2 0,2 0,2

Pico 20 -2,085600 -46,357350 não explotado sedimentar 0,2 0,2 0,2

Pico 20 -2,093770 -46,355520 não explotado sedimentar 0,2 0,2 0,2

Montes Áureos -2,392020 -46,202030 garimpo hidrotermal 0,4 0,4 0,4

Tabela 4 – (continuação).

83

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho teve como objetivo a geração de mapas de favorabilidade para

ocorrências auríferas na região do Gurupi, norte do Brasil, por meio da Análise

Espacial de Dados em Sistema de Informações Geográficas. Os dados utilizados

foram adquiridos junto à Superintendência Regional de Belém da CPRM – Serviço

Geológico do Brasil. Estes dados foram modelados através do método knowledge

driven, com o uso da Lógica Fuzzy. Para isto, era necessário o entendimento prévio

dos mecanismos de controle das mineralizações, o que levou à execução de

levantamento bibliográfico acerca da geologia local e regional da área de estudo.

Antes da modelagem foi realizada uma etapa de tratamento dos dados na qual os

lineamentos estruturais foram detalhados e as anomalias geoquímicas de sedimento

de corrente e concentrado de bateia e geofísicas de alteração hidrotermal foram

determinadas. Posteriormente, foram gerados temas de evidências baseados em

critérios litológicos, estruturais, geoquímicos e geofísicos, os quais receberam pesos

entre 0 e 1 e foram cruzados através de operadores booleanos visando revelar

zonas favoráveis para novas ocorrências.

Foram feitas três propostas de modelagem a partir de diferentes combinações

dos critérios avaliados. O primeiro modelo foi mais restritivo, apresentando

correlação mais baixa com os depósitos conhecidos e revelando zonas potenciais

para mineralizações apenas na zona de influência dos lineamentos estruturais e

magnéticos. Nesta proposta foram destacadas 2 zonas com alto potencial que ainda

não possui registro de ocorrências. No segundo modelo foi utilizado os temas de

densidade de estruturas, gerado pelo método Kernell, e interseção de estruturas.

Este modelo apresentou uma correlação satisfatória com os pontos da base de

recursos minerais e revelou 4 áreas com alto score Fuzzy e que ainda não foram

exploradas. Por fim, na terceira proposta, foram levados em consideração os temas

de contato entre a Fm. Chega Tudo e Suíte Tromaí, baseado no modelo descrito

para a maior parte das mineralizações da região, e lineamentos estruturais com

orientação NNE, na tentativa de destacar os splays secundários associados à zona

de cisalhamento Tentugal. Este modelo obteve a melhor correlação com os

jazimentos conhecidos e revelou 5 áreas com altos scores e ainda não exploradas

pela atividade garimpeira.

84

Assim, a aplicação do método permitiu identificar áreas de favorabilidade para

a presença de mineralizações auríferas. Grande parte das áreas destacadas

coincide com os jazimentos conhecidos comprovando a eficácia do método e dando

maior confiabilidade para as novas áreas indicadas pela modelagem. À medida que

avance o detalhamento da cartografia geológica da área, a aquisição de novos

dados geofísicos, o adensamento da base de recursos minerais e de geoquímica

prospectiva, a análise espacial deverá ser aprimorada e, com ela, o aumento do

grau de confiabilidade nos temas a serem gerados.

85

7. REFERÊNCIAS

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