Modelos de avaliação dos sistemas educativos

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ODELOS DE AVALIAÇÃO DOS SISTEMAS EDUCATIVOS Uma atenção renovada dos governos pela avaliação A avaliação do desempenho docente é um assunto que está na ordem do dia das agendas de investigação e da ação política, e tem estimulado a realização de debates sobre a sua importância e sobre que critérios utilizar. Esta situação advém, porque se tornou consensual que a Educação é um dos pilares mais relevantes no desenvolvimento económico de um País. A ligação da Economia à Educação é importante como refere Ramos (p.1),“Esta ligação da economia com a educação tornou-se evidente na medida em que, num mundo global, as nações são obrigadas a competir entre si para sobreviver e ganhar posições mais fortes.”A Europa e os Estados Unidos da América confrontados com osbaixos desempenhos escolares obtidos pelos seus alunos em testes internacionais comparados com certos países asiáticos, aumentaram a sua preocupação com a eficácia dos seus sistemas educativos e da escola, especialmente com a competênciada ação dos professores. Desta forma, os governos de quase todos os países ditos Ocidentais responsabilizaram-se a introduzir certas medidas avaliativas, de forma certificarem-se que as escolas públicas alcançassem os padrões de desempenho necessários para garantir a hegemonia económica. Um interesse crescente na agenda da investigação científica Ramos,(p. 2) evidencia que apesquisa científica em Educação indicaa existência de cinco traços de modernização dos sistemas educativos que destacam ointeresse do desempenho profissional dos professores e da eficiência do ensino. “1. A emergência de uma cultura de desempenho e a perceção de que é preciso medir a eficácia dos profissionais de ensino para estabelecer comparações (Carley 1988); 2. A tendência para aumentar os mecanismos de prestação de contas e a perceção da necessidade de ter informação que possa ser dada aos parceiros (pais, M

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ODELOS DE AVALIAÇÃO DOS SISTEMAS EDUCATIVOS

Uma atenção renovada dos governos pela avaliação

A avaliação do desempenho docente é um assunto que está na ordem do dia das

agendas de investigação e da ação política, e tem estimulado a realização de debates

sobre a sua importância e sobre que critérios utilizar. Esta situação advém, porque se

tornou consensual que a Educação é um dos pilares mais relevantes no desenvolvimento

económico de um País.

A ligação da Economia à Educação é importante como refere Ramos (p.1),“Esta

ligação da economia com a educação tornou-se evidente na medida em que, num

mundo global, as nações são obrigadas a competir entre si para sobreviver e ganhar

posições mais fortes.”A Europa e os Estados Unidos da América confrontados com

osbaixos desempenhos escolares obtidos pelos seus alunos em testes internacionais

comparados com certos países asiáticos, aumentaram a sua preocupação com a eficácia

dos seus sistemas educativos e da escola, especialmente com a competênciada ação dos

professores.

Desta forma, os governos de quase todos os países ditos Ocidentais

responsabilizaram-se a introduzir certas medidas avaliativas, de forma certificarem-se

que as escolas públicas alcançassem os padrões de desempenho necessários para

garantir a hegemonia económica.

Um interesse crescente na agenda da investigação científica

Ramos,(p. 2) evidencia que apesquisa científica em Educação indicaa existência

de cinco traços de modernização dos sistemas educativos que destacam ointeresse do

desempenho profissional dos professores e da eficiência do ensino.

“1. A emergência de uma cultura de desempenho e a perceção de que é preciso

medir a eficácia dos profissionais de ensino para estabelecer comparações (Carley

1988);

2. A tendência para aumentar os mecanismos de prestação de contas e a

perceção da necessidade de ter informação que possa ser dada aos parceiros (pais,

M

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autoridades locais, interesses culturais e económicos) sobre a eficácia individual e

organizacional (Norris 1988; Power 1999; Whitty et al. 1998);

3. O desenvolvimento das escolas como organizações aprendentes, o qual

assenta na utilização inteligente de um conjunto de informações sobre o desempenho

dos alunos, da escola e dos professores para melhorar a qualidade educativa oferecida e

a dos resultados das aprendizagens dos alunos (MacBeath et al. 2002);

4. A crença no desenvolvimento profissional contínuo e na aprendizagem ao

longo da vida para melhorar a eficácia dos professores (Fullan 1999);

5. A preocupação com a eficácia educativa, relativamente à equidade social e

educativa (Slee et al 1998; Weiner 2002).” (Ramos, p.2)

No que concerne à agenda políticae de investigação, a recognição de que a

eficácia educativa, o desenvolvimento profissional de professores e a cultura de

avaliação do desempenho organizacional, entre outros, são aspetos fundamentais e

incontornáveis para o progresso da educação e da investigação.

Tendências e estratégias da avaliação

No que diz respeito às tendências e estratégias da avaliação, de acordo com

Ramos (p. 3), a prática mostra nos diferentes países, os modelos de avaliação de

professores se constroem em torno destes dois pólos: a responsabilização e prestação de

contas e o desenvolvimento profissional. Em alguns países existe modelos de avaliação

que refletem o equilíbrio entre estas duas dimensões.” A avaliação assim entendida, nas

suas múltiplas formas, não é mais do que um processo continuo que se desenvolve entre

a prestação de contas e o desenvolvimento profissional, para determinar como os

professores e as escolas estão a desempenhar o seu papel e a assumir as suas

responsabilidades em determinadas circunstâncias.” (Ramos, p. 4)

O caso português, o que é preciso mudar?

Em Portugal, no que diz respeito à avaliação do desempenho dos professores,

Ramos refere que é necessário reorientar e dar sentido a um conjunto de práticas de

avaliação que se acumulam de forma inconsistente e desarticulada. Também menciona

que passámos de uma avaliação meramente administrativa para uma avaliação que se

centra “(…) num objetivo de natureza pedagógica e num conceito estratégico de

desenvolvimento da qualidade: o de promover a eficácia da docência e das

aprendizagens” (Ramos. p. 6). Relativamente à avaliação administrativa, Ramos (p. 6)

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refere que esta se limitava a “uma análise documental, sem exigir evidências daquilo

que o documento de reflexão crítica afirmava e fazia-se com total ausência de discussão

entre avaliadores e avaliados. Faltou a esta avaliação uma dimensão de diálogo e

participação. O ato de avaliar concretizava-se no silêncio inoperante de uma comissão

de avaliação que, por lei, apenas se limitava a fazer uma apreciação documental.”

Deste modo, é necessário estimular os aspetos positivos do processo de

avaliação e permitir que o mesmo decorra e se execute em espaços de diálogo,

concertação e confiança entre todos os intervenientes. Neste pressuposto, Ramos

sustenta que “Em meu entender, precisamos de criar esta consciência dos aspetos

positivos da avaliação, isto é, precisamos de procurar criar contextos para que ela

aconteça, não por efeito de um diploma legal, mas porque se entende que é necessária e

que traz benefícios, gerando para o efeito um clima de confiança e abandonando

preconceitos e medos” (p. 7).

Em suma pode-se dizer que o objetivo último da avaliação é a obtenção da

melhoria dos resultados dos alunos e a eficácia da ação docente.

Bibliografia:

Ramos, C. C. (n.d.). Novos caminhos de avaliação de professores: tendências e

estratégias. Disponível em:

http://www.moodle.univ-ab.pt/moodle/mod/resource/view.php?id=1165721