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MODELOS PARA ANÁLISE DE PILARES MISTOS PELO MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS
ALUNO: FERNANDO DINIZ QUEIROZ ORIENTADOR: GÍLSON QUEIROZ
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
ESCOLA DE ENGENHARIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE ESTRUTURAS
"MODELOS PARA ANÁLISE DE PILARES MISTOS PELO MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS"
Fernando Diniz Queiroz
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Estruturas da Escola de Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de "Mestre em Engenharia de Estruturas".
Comissão Examinadora: ____________________________________ Prof. Dr. Gilson Queiroz DEES-UFMG - (Orientador) ____________________________________ Prof. Dr. Fernando Amorim de Paula DEES-UFMG ____________________________________ Prof. Dr. Ricardo Hallal Fakury DEES-UFMG ____________________________________ Prof. Dr. Sebastião Arthur Lopes de Andrade PUC-RJ
Belo Horizonte, 26 de fevereiro de 2003
AGRADECIMENTOS
A Deus, pela oportunidade dada.
Ao meu orientador, Gílson Queiroz, pela confiança, amizade e sabedoria.
A CAPES e, posteriormente, a USIMINAS, pela bolsa de estudos.
A meus familiares, pelo apoio e incentivo.
A Joélma, pela compreensão, paciência e carinho.
A todos os professores, funcionários e colegas do Departamento de Engenharia de
Estruturas da Universidade Federal de Minas Gerais, pela agradável convivência durante a
realização deste trabalho.
Sumário Lista de Figuras................................................................................................. i
Lista de Tabelas................................................................................................. iv
Simbologia........................................................................................................... v
Resumo.................................................................................................................. viii
Abstract................................................................................................................ ix
1 Introdução .................................................................................................... 1
1.1 Estruturas mistas – considerações iniciais.............................................. 1
1.2 Sistemas estruturais mistos aço-concreto - definições e conceitos
iniciais ....................................................................................................... 2
1.3 Motivação................................................................................................... 3
2 Objetivo e Metodologia ............................................................................ 7
2.1 Objetivo...................................................................................................... 7
2.2 Metodologia............................................................................................... 8
2.3 Apresentação............................................................................................. 9
2.4 Descrição da ferramenta computacional................................................ 11
3 Pilares Mistos e Estruturas Mistas em Geral .................................. 12
3.1 Considerações iniciais............................................................................... 12
3.2 Pilares mistos aço-concreto...................................................................... 12
3.3 Estudos relativos a pilares mistos aço-concreto..................................... 14
3.3.1 Estudos relativos a pilares mistos revestidos de concreto.............. 14
3.3.2 Estudos relativos a pilares mistos preenchidos com concreto........ 19
3.3.3 Estudos relativos a pilares mistos revestidos e preenchidos com concreto.......................................................................................... 26
3.3.4 Resumo de ensaios experimentais relativos a pilares mistos aço-
concreto........................................................................................... 29
3.4 Estudos relativos a novas estruturas mistas aço-concreto.................... 29
4 Normas Relativas a Pilares Mistos Aço-Concreto........................... 36
4.1 Considerações iniciais............................................................................... 36
4.2 Abordagem conforme NBR 14323 (1999) .............................................. 37
4.2.1 Considerações adicionais ao item 4.1............................................. 37
4.2.2 Análise estrutural............................................................................ 37
4.2.3 Pilares indeslocáveis....................................................................... 38
4.2.4 Efeito da força cortante na seção transversal de um pilar misto..... 39
4.2.5 Cisalhamento longitudinal em um pilar misto................................ 39
4.2.6 Resistência à força normal de compressão e à flexão composta.... 40
4.3 Abordagem conforme AISC-LRFD (1999) ............................................ 47
4.3.1 Considerações adicionais ao item 4.1............................................. 47
4.3.2 Cisalhamento na superfície de contato aço-concreto, fora das
regiões de introdução de carga....................................................... 47
4.3.3 Resistência à força cortante............................................................ 48
4.3.4 Resistência à força normal de compressão..................................... 48
4.3.5 Resistência à flexão-composta........................................................ 49
4.4 Abordagem conforme Eurocode 4 (1992) .............................................. 51
4.4.1 Considerações adicionais ao item 4.1............................................. 51
4.4.2 Análise estrutural............................................................................ 51
4.4.3 Pilares indeslocáveis....................................................................... 52
4.4.4 Efeito da força cortante na seção transversal de um pilar misto..... 52
4.4.5 Resistência ao cisalhamento........................................................... 52
4.4.6 Resistência à força normal de compressão e à flexão composta.... 53
5 Considerações sobre a Teoria da Plasticidade.................................. 58
5.1 Considerações iniciais............................................................................... 58
5.2 Análises linear e não-linear...................................................................... 59
5.2.1 Análise linear.................................................................................. 59
5.2.2 Análise não-linear........................................................................... 59
5.3 Espaço de tensões de Haigh-Westergaard.............................................. 60
5.4 Critério de escoamento para materiais independentes da pressão
hidrostática................................................................................................ 60
5.4.1 Principais critérios.......................................................................... 61
5.5 Critério de falha para materiais dependentes da pressão
hidrostática................................................................................................ 61
5.5.1 Principais critérios.......................................................................... 62
5.6 Plasticidade de materiais perfeitamente plásticos................................. 63
5.6.1 Critério de carregamento e descarregamento.................................. 64
5.6.2 Regra de fluxo................................................................................. 64
5.6.3 Relação incremental constitutiva na forma geral............................ 65
5.7 Plasticidade de materiais encruáveis....................................................... 65
5.7.1 Critério de carregamento e descarregamento.................................. 66
5.7.2 Regras de encruamento................................................................... 67
5.7.3 Relação incremental constitutiva na forma geral............................ 68
5.8 Metais......................................................................................................... 68
5.9 Concreto..................................................................................................... 69
5.9.1 Descrição do material e de seu comportamento............................. 69
5.9.2 Modelagem do concreto.................................................................. 72
5.9.3 Critério de colapso (ou critério de falha) ....................................... 73
5.9.4 Modelagem plástica da fase de encruamento do concreto.............. 74
5.9.5 Modelagem plástica da fase de amolecimento do concreto............ 74
6 Considerações sobre o Programa ANSYS.......................................... 76
6.1 Considerações iniciais............................................................................... 76
6.2 Apresentação do programa...................................................................... 76
6.2.1 Descrição geral............................................................................... 76
6.2.2 Elementos finitos utilizados no trabalho......................................... 77
6.2.3 Modelagem de materiais................................................................. 79
6.2.4 Solução numérica............................................................................ 81
6.2.5 Pós-processamento.......................................................................... 82
6.3 Formulação do elemento de concreto...................................................... 83
6.3.1 Comportamento linear.................................................................... 83
6.3.2 Comportamento não-linear............................................................. 85
6.3.3 Fissuração....................................................................................... 85
6.3.4 Esmagamento.................................................................................. 86
6.3.5 Amolecimento................................................................................. 86
6.3.6 Caracterização do material concreto............................................... 87
6.3.7 Modelo constitutivo e critério de ruptura....................................... 87
6.4 Considerações finais.................................................................................. 92
7 Aplicação do Método dos Elementos Finitos à Análise de
Sistemas Estruturais.................................................................................. 93
7.1 Considerações iniciais............................................................................... 93
7.2 Análises de estruturas de concreto.......................................................... 94
7.3 Análises de pilares mistos aço-concreto.................................................. 99
7.4 Análises de estruturas mistas em geral................................................... 104
7.5 Análises de outros sistemas estruturais................................................... 108
8 Análise Numérica de Pilares Mistos Aço-Concreto pelo
Método dos Elementos Finitos................................................................ 112
8.1 Considerações iniciais............................................................................... 112
8.2 Modelos de pilares mistos submetidos à flexo-compressão,
utilizando-se o elemento SOLID45 para o concreto.............................. 113
8.2.1 Escolha da relação entre a resistência à tração (ft) e a resistência à
compressão (fc) do concreto............................................................ 113
8.2.2 Dados inicias................................................................................... 114
8.2.3 Resistência nominal da seção mista pela NBR14323 (1999) ........ 114
8.2.4 Análise da seção mista pelo Método dos Elementos Finitos,
utilizando-se o programa ANSYS (versão 5.7) ............................ 117
8.2.5 Resistência nominal do pilar misto, considerando-se o fenômeno
de flambagem.................................................................................. 122
8.3 Modelos de pilares mistos submetidos à flexo-compressão,
utilizando-se o elemento SOLID65 para o concreto.............................. 127
8.3.1 Dados inicias................................................................................... 128
8.3.2 Resistência nominal da seção mista pelo Eurocode 4 (1992) ........ 129
8.3.3 Análise da seção mista e obtenção da curva de interação para
flexo-compressão pelo Método dos Elementos Finitos,
utilizando-se o programa ANSYS (versão 5.7) ............................. 135
8.3.4 Resistência do pilar misto, considerando-se o fenômeno de
flambagem...................................................................................... 141
8.4 Modelos de pilares mistos submetidos à compressão ou tração pura,
utilizando-se o elemento SOLID65 para o concreto.............................. 149
8.4.1 Comentários gerais......................................................................... 149
8.4.2 Discussão sobre os parâmetros estudados...................................... 155
8.4.3 Resultados dos modelos com plasticidade do concreto (MISO)
para compressão e tração (modelos [1] e [2]) ................................ 157
8.4.4 Resultados dos modelos sem plasticidade do concreto para
compressão e tração (modelos [3] e [4]) - esmagamento do
concreto habilitado.......................................................................... 160
8.5 Modelo de pilar circular preenchido com concreto............................... 163
8.5.1 Modelo............................................................................................ 163
8.5.2 Resistência nominal da seção mista à plastificação total pela
força normal (Npl,R), com base na NBR 14323 (1999) .................. 164
8.5.3 Resultados....................................................................................... 167
9 Conclusões e Recomendações................................................................. 171
9.1 Conclusões................................................................................................. 171
9.1.1 Modelos de pilares mistos submetidos à flexo-compressão,
utilizando-se o elemento SOLID45 para o concreto...................... 171
9.1.2 Modelos de pilares mistos submetidos à flexo-compressão,
utilizando-se o elemento SOLID65 para o concreto...................... 172
9.1.3 Modelos de pilares mistos submetidos à compressão ou tração
pura, utilizando-se o elemento SOLID65 para o concreto............. 172
9.1.4 Modelo de pilar circular preenchido com concreto........................ 173
9.2 Recomendações para novas pesquisas.................................................... 173
Referências Bibliográficas............................................................................. 174
i
Lista de Figuras Capítulo 3 FIGURA 3.1 – Principais tipos de pilares mistos aço-concreto: (a) totalmente
revestido; (b) parcialmente revestido; (c) preenchido de seção retangular;
(d) preenchido de seção circular.............................................................................. 13
FIGURA 3.2- Curvas de flambagem baseadas nas normas EC4 e AISC-LRFD.... 28
FIGURA 3.3 – Pilares mistos preenchidos com concreto, de seção circular:
(a) solução típica; (b) solução com dois perfis concêntricos................................... 30
FIGURA 3.4 – Viga mista aço-concreto-aço: (a) forma típica do elemento misto
aço-concreto-aço; (b) elemento misto com conectores de cisalhamento................. 30
Capítulo 4
FIGURA 4.1 – Diagrama simplificado de interação força normal-momento fletor
– NBR 14323 (1999) ............................................................................................... 43
FIGURA 4.2 – Diagrama simplificado de interação força normal-momento fletor
– Eurocode 4 (1992) ................................................................................................ 55
Capítulo 5
FIGURA 5.1 - Forma geral da superfície de falha para um material dependente
da pressão hidrostática: (a) meridianos; (b) seção desviadora................................. 62
FIGURA 5.2 – Superfície de falha para o critério de Drucker-Prager: (a) plano
meridiano (θ=0º); (b) seção desviadora na origem (plano π )................................ 64
FIGURA 5.3 – Características gerais da superfície de falha: (a) meridianos da
superfície de falha; (b) seções em planos desviadores............................................. 73
Capítulo 6
FIGURA 6.1-Elemento SOLID65 do ANSYS........................................................ 80
ii
FIGURA 6.2 – Superfície de falha no espaço de tensões principais para estados
de solicitação biaxial ou aproximadamente biaxial................................................. 90
FIGURA 6.3- Modelo de William-Warnke: (a) meridianos de tensão e
compressão; (b) seção genérica em um plano desviador......................................... 91
Capítulo 8
FIGURA 8.1 – Cones de Drucker-Prager para diferentes razões c
t
ff :
(a)201
=c
t
ff
; (b) 41
=c
t
ff
.........................................................................................
114
FIGURA 8.2 – Geometria e carregamento do pilar misto (dimensões em mm) ..... 117
FIGURA 8.3 – Diagrama simplificado de interação força normal-momento fletor 117
FIGURA 8.4 – Modelo de elementos finitos: (a) Elementos de concreto; (b)
Elementos de aço................................................................................................ 119
FIGURA 8.5 – Força normal N (kN)X Deslocamento Ux (cm) ............................. 119
FIGURA 8.6 – Deformações do concretoε z para (a) N= 751,26 kN;
(b) N = 937,04 kN.................................................................................................... 121
FIGURA 8.7 – Tensões no concreto σz para (a) N = 751,26 kN;
(b) N = 937,04 kN.................................................................................................... 121
FIGURA 8.8 – Tensões no aço σz para (a) N = 751,26 kN; (b) N = 937,04 kN..... 122
FIGURA 8.9 – Força normal N (kN) X Deslocamento Ux (cm) (análise de 2ª
ordem)
.................................................................................................................................. 125
FIGURA 8.10 – Deformações e tensões no concreto para N = 1120 kN:
(a) Deformaçõesε z ; (b) Tensões σz ....................................................................... 126
FIGURA 8.11 – Tensões no aço σz para N = 1120 kN........................................... 127
FIGURA 8.12- Carregamento e geometria do pilar misto (dimensões em mm) .... 129
FIGURA 8.13 - Diagramas tensão-deformação: (a) concreto; (b) aço estrutural;
(c) aço da armadura.................................................................................................. 136
FIGURA 8.14 – Modelo de elementos finitos: (a) Elementos de concreto;
(b) Elementos de aço................................................................................................ 137
iii
FIGURA 8.15 – Curvas de interação força normal (N)-momento fletor (M) ......... 139
FIGURA 8.16 – Deformações e tensões no concreto para N = 1080 kN e M =
5400 kN.cm: (a) Deformaçõesε x ; (b) Tensões σx.................................................. 140
FIGURA 8.17 – Deformações e tensões no aço para N = 1080 kN e M = 5400
kN.cm: (a) Deformaçõesε x ; (b) Tensões σx........................................................... 141
FIGURA 8.18 – Deformações ε x na alma do perfil de aço para N = 1080 kN e
M = 5400 kN.cm...................................................................................................... 141
FIGURA 8.19 – Força normal N (kN) X Deslocamento Uy (cm) (e = 2,143 cm) .. 146
FIGURA 8.20 – Curvas de interação e curva advinda da análise de 2ª ordem (e =
2,143 cm) ................................................................................................................ 147
FIGURA 8.21 – Força normal N (kN) X Deslocamento Uy (cm) (e = 1,2 cm) ...... 148
FIGURA 8.22 – Curvas de interação e curvas advindas das análises de 2ª ordem
(e = 2,143 cm; e = 1,2 cm) ...................................................................................... 149
FIGURA 8.23 – Fluxograma dos modelos estudados.............................................. 151
FIGURA 8.24 – Força normal (kN) X Deformaçãoε x: (a) compressão (modelo
[1]); (b) tração (modelo [2]) .................................................................................... 159
FIGURA 8.25 – Detalhe do decaimento na tração (modelo [2]) ............................ 159
FIGURA 8.26 – Força normal (kN) X Deformaçãoε x: (a) compressão (modelo
[3]); (b) tração (modelo [4]) .................................................................................... 162
FIGURA 8.27 – Detalhe do decaimento na tração(modelo [4]) ............................. 162
FIGURA 8.28 – Geometria do pilar misto preenchido com concreto (dimensões
em mm) ................................................................................................................... 163
FIGURA 8.29 – Modelo de elementos finitos: (a) Elementos de concreto;
(b) Elementos de aço................................................................................................ 164
FIGURA 8.30 – Força normal (kN) X Deformação axialε z................................... 168
FIGURA 8.31 – Deformações e tensões no concreto para N = 1799 kN:
(a) Deformações ε z ; (b) Tensõesσ z....................................................................... 169
FIGURA 8.32 – Deformações e tensões no aço para N = 1799 kN:
(a) Deformações ε z ; (b) Tensõesσ z....................................................................... 170
FIGURA 8.33 – Tensões: (a) radial no concreto; (b) circunferencial no aço.......... 170
iv
Lista de Tabelas Capítulo 2 TABELA 2.1 – Descrição do computador............................................................... 11
Capítulo 3
TABELA 3.1 – Resumo de ensaios experimentais.................................................. 31
Capítulo 8
TABELA 8.1 – Dados relativos à FIG. 8.5.............................................................. 120
TABELA 8.2 – Dados relativos à FIG. 8.9.............................................................. 125
TABELA 8.3 – Pontos da curva de interação.......................................................... 134
TABELA 8.4 – Pontos da curva de interação (incluindo análise numérica) .......... 138
v
Simbologia
sca A,A,A = áreas das seções transversais do perfil de aço, do concreto e da armadura,
respectivamente;
b = largura da seção de aço;
bc = largura da seção de concreto do pilar misto;
ijklC = tensor de rigidez elasto-plástico;
mC = coeficiente definido no item 5.6 da NBR 8800 (1986);
Cr = média da distância da face comprimida à armadura longitudinal nesta face e da
distância da face tracionada à armadura longitudinal nesta face;
cx, cy = espessura da seção de concreto nas direções x e y da seção transversal do pilar,
respectivamente;
c1, c2, c3 = coeficientes numéricos, iguais, respectivamente, a 1,0 , 0,85 e 0,4 para tubos
preenchidos por concreto e 0,7 , 0,6 e 0,2 para perfis I totalmente envolvidos por concreto;
d = altura da seção de aço ou diâmetro do perfil tubular de aço;
[ ]D = matriz tensão-deformação;
cD = matriz constitutiva do concreto;
e = excentricidade da força axial aplicada;
E , cE = módulos de elasticidade do aço e do concreto, respectivamente;
e(EI) = rigidez efetiva à flexão;
cf = resistência média do concreto à compressão;
ckf = resistência característica do concreto à compressão;
yf , ysf = resistências ao escoamento do perfil de aço e da armadura longitudinal,
respectivamente;
tf = resistência média do concreto à tração;
tkf = resistência característica do concreto à tração;
vi
f( ijσ ) = superfície de escoamento;
g( ijσ ) = superfície potencial plástica;
hc = altura da seção de concreto do pilar misto;
hn = distância da linha neutra plástica ao centro de gravidade da seção;
h1 = largura da seção mista perpendicular ao plano de flexão;
h2 = largura da seção mista paralela ao plano de flexão;
csa I,I,I = momentos de inércia das seções transversais do perfil, da armadura e do
concreto não-fissurado, respectivamente, em relação ao eixo de flexão analisado;
I1 = primeiro invariante do tensor de tensões;
J2 , J3 = segundo e terceiro invariantes do tensor desviador ou anti-esférico de tensões;
k = parâmetro de encruamento;
KL = comprimento efetivo de flambagem;
Mpl,Rd = resistência de cálculo da seção mista à plastificação total pelo momento fletor,
com NSd igual a zero ou igual a Nc;
Nc = resistência da seção de concreto à plastificação total pela força normal;
eN = carga de flambagem elástica por flexão;
SdGN , = parcela permanente ou quase permanente de SdN ;
Npl,R = resistência nominal da seção mista à plastificação total pela força normal;
(determinado conforme Npl,Rd com os coeficientes aϕ , cϕ e sϕ iguais a 1);
Npl,Rd = resistência de cálculo da seção mista à plastificação total pela força normal;
NRd = resistência de cálculo do pilar misto à compressão axial;
SdN = força normal de cálculo;
rm = raio de giração relevante do perfil de aço, porém, no caso de perfil I totalmente
envolvido por concreto, não menos do que 0,3 vezes a dimensão da seção no plano de
flambagem;
t = espessura do perfil tubular de aço;
tf = espessura da mesa;
tw = espessura da alma; RiV = razão entre o volume do material i de reforço e o volume total do elemento;
vii
α = 0,85 para perfis I parcialmente ou totalmente envolvidos por concreto e 1,0 para
tubos preenchidos com concreto;
β = razão entre a altura (h) e a largura (b) de um perfil tubular de aço;
cβ e tβ = coeficientes de transferência de cisalhamento;
cγ = peso específico do concreto ; coeficiente de segurança igual a 1,35;
δ = razão de contribuição do aço;
ijδ = delta de Kronecker;
ε = deformação;
λ = parâmetro de esbeltez; ξ = fator de confinamento;
ρ = fator de redução devido à flambagem, dado pela NBR 8800 (1986), função da
curva de flambagem e do parâmetro de esbeltez λ ;
ijσ = o tensor de tensões em um determinado ponto de um corpo;
1σ , 2σ e 3σ = tensões principais em um determinado ponto de um corpo;
ν = coeficiente de Poisson;
aφ , cφ , sφ = coeficientes de segurança dos materiais aço estrutural, concreto e armadura
iguais a 0,9 , 0,7 e 0,85 , respectivamente;
χ = fator de redução devido à flambagem, dado pelo Eurocode 3 (1992), função da
curva de flambagem e do parâmetro de esbeltez λ .
viii
Resumo
Este trabalho consiste de um estudo numérico de pilares mistos aço-concreto, por meio do
Método dos Elementos Finitos, com o objetivo de expor e discutir os aspectos envolvidos
na modelagem, incluindo itens relativos aos modelos constitutivos dos materiais. A
modelagem do elemento estrutural é feita com a utilização do programa comercial ANSYS,
versão 5.7. As alternativas oferecidas por este software comercial, algumas limitações do
mesmo, além das dificuldades de modelagem encontradas durante a pesquisa, são
enfatizadas ao longo do trabalho, principalmente as relacionadas com a não-linearidade do
material inerente ao concreto armado. Busca-se representar numericamente o
comportamento de pilares mistos aço-concreto parcialmente revestidos submetidos à flexo-
compressão, além de possibilitar a comparação dos resultados numéricos obtidos com
normas de dimensionamento, tais como a NBR 14323 (1999) e o AISC-LRFD (1999).
Outras modelagens em elementos finitos são também desenvolvidas e analisadas, como as
de pilares mistos aço-concreto parcialmente revestidos submetidos à compressão ou à
tração pura (com o objetivo de identificar alguns fatores importantes durante a análise
numérica) e a de um pilar misto aço-concreto preenchido, de seção circular, submetido à
compressão pura.
São apresentados ainda conceitos da teoria da plasticidade utilizados ao longo do trabalho,
além de uma ampla revisão bibliográfica, com respeito ao estado da arte dos estudos
numérico-experimentais de estruturas mistas em geral, principalmente de pilares mistos
aço-concreto.
Palavras-chave: estruturas mistas, pilares mistos aço-concreto, análise numérica.
ix
ABSTRACT
This work consists of a numerical study of steel-concrete composite columns using the
Finite Element Method. The objective of the study is to present and discuss the aspects
related to the modeling including items concerning the constitutive models of the materials.
The analysis are performed using the finite element software ANSYS, version 5.7. The
main capabilities provided by this software and some limitations related to their
applications are discussed. Besides that, some difficulties found during the research and
related to the modeling and solution of the finite element models are emphasized along the
paper, mainly the ones related to the inherent nonlinearity of the reinforced concrete
material. It is tried to represent the behavior of steel-concrete partially encased composite
columns subjected to combined compression and flexure and, moreover, to compare the
numerical results from the finite element analysis with the ones of design codes, for
instance: NBR 14323 (1999) and AISC-LRFD (1999). Other finite element models are also
developed and analyzed, as the models of steel-concrete partially encased composite
columns subjected to axial compression or axial traction (in order to identify some
important factors in the numerical analysis) and the model of a steel-concrete filled
composite column, with circular-cross section shape, subjected to axial compression.
In addition to the numerical analysis, the main concepts of the theory of plasticity used in
this work are reviewed. It is also presented a vast review of the research carried out on
composite structures, mainly steel-concrete composite columns, with emphasis on
experimental and numerical work.
Keywords: composite structures, steel-concrete composite columns, numerical analysis.
1
1
INTRODUÇÃO
1.1 Estruturas mistas – considerações iniciais
Duas construções marcaram o início da utilização de estruturas mistas no mundo: uma
ponte em Iowa e a edificação Methodist Building, em Pittsburg, ambos nos Estados Unidos,
em 1894. Foram utilizadas vigas de aço de perfil I, revestidas de concreto. Desde então,
duas importantes características deste tipo de estrutura, a proteção contra o fogo e contra o
processo de corrosão, foram percebidas.
Porém, estudos mais específicos a respeito de elementos estruturais mistos só começaram
no século seguinte, em 1914, na Inglaterra. Na década de 30, já haviam sido estabelecidos
alguns métodos de dimensionamento de vigas mistas aço-concreto. Somente após
aproximadamente vinte anos (década de 50) os sistemas estruturais mistos foram
introduzidos no Brasil.
2
Em relação a pilares aço-concreto, os primeiros a serem estudados foram os de perfil de aço
revestido de concreto. Posteriormente, outros tipos de pilares mistos foram surgindo e
sendo pesquisados, como os tubos preenchidos com concreto.
1.2 Sistemas estruturais mistos aço-concreto - definições e conceitos
iniciais
Denomina-se sistema misto aço-concreto aquele em que um perfil de aço e o concreto
funcionam em conjunto. Geralmente, em sistemas mistos o concreto é armado. Como
exemplos de sistemas mistos pode-se citar: pilares, vigas, lajes e ligações mistas. Uma
estrutura mista é caracterizada por um conjunto de sistemas mistos. Já estrutura híbrida é
usualmente considerada como a resultante da união de elementos de aço, concreto armado e
mistos.
Para que haja a formação de um sistema misto é necessário que haja uma interação entre o
perfil de aço e o concreto. A maneira pela qual esta interação ocorre pode ser dividida em
três categorias principais: interação mecânica (conectores, mossas, ressaltos, entre outros),
interação por atrito e interação por simples aderência e repartição de cargas. De acordo com
Queiroz et al. (2001), este último modo de interação ocorre principalmente em pilares
mistos submetidos à compressão axial. Forças longitudinais de cisalhamento devem ser
desenvolvidas na interface aço-concreto para que o comportamento do conjunto possa se
estabelecer. Geralmente, as normas relativas ao dimensionamento de estruturas mistas não
levam em consideração a aderência natural entre o perfil de aço e o concreto armado.
Portanto, há casos em que se torna necessário o uso de elementos complementares na
interface para garantir este trabalho conjunto, ou seja, para garantir que realmente um
sistema misto seja formado. Estes elementos complementares são os conectores de
cisalhamento, as mossas, etc.
3
Quanto ao grau de interação entre o perfil de aço e o concreto, há três possibilidades:
a) Interação completa (ou total)
Nesta categoria de interação, os esforços de cisalhamento são totalmente transferidos do
aço para o concreto. Assim, aço e concreto comportam-se como um único elemento, do
ponto de vista de deformações, caso se assuma que os conectores têm rigidez e resistência
infinitas. As tensões desenvolvidas em cada material dependem dos respectivos diagramas
tensão-deformação.
b) Sem interação
Neste caso, não há interação alguma entre o aço e o concreto. Ambos os materiais
comportam-se independentemente, descaracterizando a ação mista. Não há conectores
unindo os elementos. Pode ocorrer escorregamento acentuado na superfície de contato entre
o aço e o concreto, devido aos comportamentos individuais.
c) Interação parcial
Esta categoria de interação situa-se em um nível intermediário entre os casos apresentados
anteriormente. A interligação existe, mas não é suficientemente rígida ou resistente. Há um
deslizamento relativo entre as superfícies do perfil de aço e do concreto, porém inferior ao
que ocorreria se não houvesse qualquer ação mista. O diagrama de deformações apresenta
duas linhas neutras, com as posições dependentes do grau de interação entre os elementos
de aço e de concreto.
1.3 Motivação e justificativa
Nos últimos vinte anos a construção mista tem se desenvolvido bastante. Cada vez mais as
vantagens das estruturas mistas têm se sobreposto às das estruturas de concreto armado e às
das estruturas de aço. Os pilares mistos desempenham um papel fundamental neste tipo de
4
construção. De acordo com Zandonini (1994), os sistemas estruturais mistos têm sido cada
vez mais utilizados, principalmente devido a alguns aspectos como:
a) Diminuição dos custos inerentes de produção e maior disponibilidade de perfis tubulares
de aço e conectores metálicos, devido a avanços tecnológicos nestas áreas;
b) Os elementos mistos necessitam de uma seção transversal menor para um determinado
esforço solicitante, em comparação com seções equivalentes de aço ou concreto, e com isso
possibilitam maiores espaços livres em projetos de engenharia/arquitetura;
c) Avanços tecnológicos que possibilitam a obtenção de aços e concretos de alta resistência,
assim como processos construtivos mais otimizados.
Nesta dissertação desenvolve-se um estudo numérico de pilares mistos aço-concreto, por
meio do Método dos Elementos Finitos. Este estudo é muito importante para se entender o
comportamento deste tipo de elemento estrutural submetido a determinadas condições de
carregamento, além de possibilitar a comparação dos resultados numéricos obtidos com
normas de dimensionamento, tais como NBR 14323 (1999) e AISC-LRFD (1999). A
seguir, são apresentados três pontos que motivaram o desenvolvimento deste plano de
trabalho:
I) Pilares mistos e estruturas mistas em geral tendem a ter uso crescente
Sistemas mistos são empregados na construção de pontes e edificações. A utilização de
sistemas mistos fornece maior variedade de opções entre as soluções em concreto armado e
as soluções em aço. Além disso, os sistemas mistos possibilitam maior liberdade
arquitetônica e podem resultar em ganhos financeiros.
Em relação ao concreto armado, podem-se citar como vantagens obtidas através do
emprego de sistemas mistos:
5
• Possibilidade de dispensa de fôrmas e escoramentos;
• Aumento da precisão dimensional da construção;
• Redução do peso próprio e do volume da estrutura.
Já em relação ao aço, tem-se, por exemplo:
• Redução das proteções contra incêndio e corrosão;
• Redução considerável do consumo de aço estrutural.
II) Todo o conhecimento a respeito de pilares mistos vem de ensaios experimentais
Um modelo confiável de elementos finitos pode, portanto, permitir uma redução
substancial do número de ensaios necessários. Para qualquer tipo de estrutura, quanto mais
complexa for sua geometria, mais necessária se torna uma análise numérica para a obtenção
da solução desejada. Já foi comprovado que investigações experimentais são demoradas,
dispendiosas e, para certos casos, até mesmo impraticáveis. O Método dos Elementos
Finitos tornou-se nos últimos anos uma ferramenta poderosa e muito útil na análise e
solução de diversos problemas no ramo da engenharia.
Abdollahi (1994) ressalta o fato de que, à medida que as técnicas de construção vão ficando
mais complexas, maior ênfase é dada ao uso de técnicas analíticas avançadas nas pesquisas
universitárias sobre engenharia civil. O uso adequado de métodos e modelos numéricos
pode ser de grande valia no entendimento do comportamento e resposta de estruturas
complexas submetidas a uma variedade imensa de carregamentos. Como resultado, o
Método dos Elementos Finitos tem se firmado como uma das ferramentas mais importantes
e poderosas para análises estruturais. O desenvolvimento deste método tem sido também
auxiliado pelo crescimento exponencial das facilidades computacionais, além de um maior
acesso a estes recursos.
6
Porém, a etapa experimental é também muito importante em qualquer estudo realizado. É a
partir de resultados confiáveis de ensaios que os modelos numéricos são validados.
Portanto, as análises experimental e numérica são dois processos complementares para o
desenvolvimento e entendimento de um determinado fenômeno.
Como os trabalhos de pesquisa no ramo da engenharia estrutural estão relacionados a
problemas cada vez mais complexos, torna-se necessário que haja uma abordagem
conjunta, numérica e experimental, para um entendimento correto e completo do
comportamento de uma certa estrutura. Nethercot (2002) destaca que a união entre estas
abordagens é de importância fundamental no melhoramento dos métodos de
dimensionamento. Foi demonstrado pelo autor, por meio de quatro tópicos de pesquisa
distintos, que a natureza complementar entre teoria (incluindo análises numéricas) e ensaios
experimentais é essencial para se compreender um fenômeno estrutural complexo.
III) Grandes divergências entre os critérios das normas aplicáveis a pilares mistos,
principalmente entre AISC-LRFD (1999) e Eurocode 4 (1992) – base da NBR 14323.
Pode-se mostrar, como no capítulo 8, que as duas normas mencionadas conduzem a
resultados bem diferentes quando aplicadas ao mesmo sistema estrutural.
7
2
OBJETIVO E METODOLOGIA
2.1 Objetivo
Este trabalho tem como meta o desenvolvimento de modelos de elementos finitos que
representem o comportamento de pilares mistos parcialmente revestidos, incluindo:
excentricidade da carga, curvatura inicial, fissuração e esmagamento (deformação limite),
considerando seção de aço classe 2 (compacta).
A modelagem do elemento estrutural é feita com a utilização do software comercial
ANSYS, versão 5.7. Este programa fornece ao usuário uma enorme variedade de opções,
no que se refere aos tipos de elementos finitos e às alternativas relativas ao comportamento
dos materiais que se deseja estudar, como por exemplo: comportamento elástico, elasto-
plástico, viscoso, etc.
Sabe-se que no Brasil ainda há certos obstáculos a um maior desenvolvimento e utilização
de sistemas mistos, inclusive pilares mistos. Pode-se destacar, por exemplo, o
8
conservadorismo de alguns profissionais da construção civil. Tal fato se deve,
provavelmente, à falta de um conhecimento mais profundo do comportamento de tais
sistemas mistos.
O estudo numérico realizado neste trabalho procura expor e discutir os aspectos envolvidos
na modelagem de pilares mistos pelo Método dos Elementos Finitos, incluindo itens
relativos aos modelos constitutivos dos materiais, suas propriedades e características. As
alternativas oferecidas pelo software comercial utilizado para realizar o estudo desejado,
algumas limitações do mesmo neste aspecto, além das dificuldades de modelagem
encontradas durante a pesquisa, são enfatizadas ao longo do trabalho. Busca-se ainda a
representação do comportamento de pilares mistos aço-concreto parcialmente revestidos
submetidos à flexo-compressão, assim como contribuir para um desenvolvimento ainda
maior deste tipo de construção mista no Brasil. Outros modelos de elementos finitos são
também desenvolvidos e analisados, como os de pilares mistos aço-concreto parcialmente
revestidos submetidos à compressão ou à tração pura (este último, apenas para conclusões
sobre os problemas numéricos), e de um pilar misto aço-concreto preenchido, de seção
circular, submetido à compressão pura. A validação dos modelos desenvolvidos, realizada
através da comparação dos resultados numéricos obtidos com as normas NBR 14323
(1999) e AISC-LRFD (1999), pode resultar em redução de custos considerável, relativos a
ensaios experimentais.
Em resumo, com este trabalho procura-se expor algumas potencialidades e dificuldades
relativas à utilização do Método dos Elementos Finitos na representação de pilares mistos
aço-concreto.
2.2 Metodologia
Durante o desenvolvimento deste trabalho, diversas etapas foram realizadas.
A primeira fase do estudo constou da realização de uma vasta pesquisa bibliográfica sobre
o comportamento de pilares mistos, inclusive modelos numéricos dos mesmos. Além disso,
9
pesquisou-se uma vasta gama de projetos e exemplos relativos ao uso do ANSYS na
resolução de estruturas mistas, não somente no Brasil, mas também em todo o mundo.
Foram ainda objetos de estudo os principais métodos de dimensionamento de pilares mistos
aço-concreto, como os apresentados na NBR 14323 (1999), no AISC-LRFD (1999) e no
Eurocode 4 (1992).
A próxima etapa foi a familiarização com o sowftware de elementos finitos ANSYS. Nesta
fase, diversos modelos foram desenvolvidos e analisados, seguindo-se um grau de
dificuldade hierárquico. Os resultados obtidos por tais modelos foram aferidos em relação a
resultados conhecidos a priori. Opções para a modelagem e caracterização dos materiais
foram então sendo assimiladas e seu uso aprimorado.
Um estudo da teoria da plasticidade também é de suma importância para o entendimento do
comportamento de qualquer estrutura submetida a cargas além do limite elástico do
material do qual ela é composta. Portanto, a terceira etapa refere-se a um estudo
aprofundado desta teoria.
A quarta etapa pode ser considerada como um complemento da primeira fase (revisão
bibliográfica) e caracterizou-se pelo estudo sobre sistemas mistos em geral e pilares mistos
em particular. Durante esta fase, foram observadas e documentadas novas tendências
mundiais relativas a estruturas mistas em geral.
2.3 Apresentação
O trabalho é dividido em 9 capítulos. Esta divisão foi escolhida de modo que a abordagem
dos assuntos a serem expostos fosse realizada de uma maneira seqüencial, na qual os
primeiros capítulos auxiliam no entendimento dos capítulos seguintes.
No capítulo 3 são abordados os principais tipos de pilares mistos, assim como suas
principais características. Em seguida é feita uma exposição de diversos estudos
experimentais e de análises relativas ao comportamento e dimensionamento de pilares
10
mistos aço-concreto. Além disso, são comentados alguns novos elementos estruturais
mistos e/ou compostos, utilizados e/ou pesquisados no mundo.
No quarto capítulo foi feito um resumo da abordagem de diversas normas técnicas no que
se refere ao dimensionamento de pilares mistos.
Um comentário dos principais pontos relativos à teoria da plasticidade, incluindo análise
dos materiais aço e concreto, é o escopo do capítulo 5.
No sexto capítulo são abordados os itens fundamentais do programa comercial ANSYS
utilizados neste trabalho, entre eles os elementos finitos representativos dos materiais aço e
concreto armado, modelos constitutivos destes materiais, métodos de modelagens
possíveis, além dos principais recursos numéricos disponíveis neste software para análises
não lineares.
O capítulo 7 contém uma apresentação dos trabalhos realizados nos últimos anos no
mundo, relativos ao uso do Método dos Elementos Finitos na análise e resolução de
estruturas mistas e estruturas de concreto, principalmente com o auxílio do programa
ANSYS.
Os principais modelos de pilares mistos desenvolvidos nesta pesquisa são objeto do
capítulo 8. São comentadas passo a passo as opções escolhidas durante a modelagem. Além
disso, são apresentados os resultados relativos aos modelos desenvolvidos e são feitas
comparações destes resultados com as normas de dimensionamento NBR 14323 (1999) e
AISC-LRFD (1999).
O nono capítulo trata das conclusões finais da pesquisa e apresenta algumas sugestões para
pesquisas futuras na área de modelagem de pilares mistos pelo Método dos Elementos
Finitos.
11
2.4 Descrição da ferramenta computacional
Ao longo deste trabalho diversas análises numéricas são realizadas, com a utilização do
programa comercial ANSYS. O computador usado para desenvolver tais estudos é descrito
na TAB. 2.1:
TABELA 2.1 – Descrição do computador
Descrição do computador utilizado
Processador Pentium III
Velocidade 1000 MHz
Sistema Operacional Microsoft Windows 2000
Disco Rígido 18,6 Gb
Memória RAM 524 Mb
12
3
PILARES MISTOS E ESTRUTURAS MISTAS EM GERAL
3.1 Considerações iniciais
O presente capítulo tem dois objetivos principais. O primeiro é a definição de pilares mistos
aço-concreto e de seus principais tipos. O segundo é a apresentação de diversos estudos
experimentais e de análises relativas ao comportamento e ao dimensionamento de pilares
mistos aço-concreto. Algumas estruturas mistas atualmente pesquisadas e/ou desenvolvidas
serão também apresentadas. Com base nesta abordagem será possível ter-se uma idéia do
estado da arte do estudo e da aplicação de estruturas mistas em diversos países.
3.2 Pilares mistos aço-concreto
Pilar misto aço-concreto é uma peça sujeita a esforços de compressão ou flexo-compressão,
caracterizada pela ação conjunta dos elementos que a constituem (perfil de aço e concreto).
Para que a ação mista ocorra, não pode haver deslizamento relativo considerável na
superfície de contato entre o perfil e o concreto. Os pilares mistos podem ser preenchidos
13
com concreto (seção tubular circular ou retangular) ou revestidos total ou parcialmente por
concreto (perfil de aço envolvido pelo concreto). A FIG. 3.1 ilustra os principais tipos de
pilares mistos.
FIGURA 3.1 – Principais tipos de pilares mistos aço-concreto: (a) totalmente revestido;
(b) parcialmente revestido; (c) preenchido de seção retangular; (d) preenchido de seção
circular
Como exemplo de vantagens relativas ao uso de pilares mistos aço-concreto em relação ao
uso de pilares de aço, tem-se: (i) grande economia de materiais, (ii) maior capacidade de
resistência ao fogo e à corrosão e (iii) maior capacidade de carga devido à ação mista e ao
confinamento do concreto, no caso de pilares preenchidos.
Como exemplo de vantagens relativas ao uso de pilares mistos aço-concreto em relação ao
uso de pilares de concreto, tem-se: (i) menor seção transversal e maior relação
resistência/peso próprio, (ii) boa ductilidade para suportar solicitações cíclicas e repetidas,
(iii) economia de tempo de construção e (iv) maior capacidade de carga devido à ação mista
e ao confinamento do concreto, no caso de pilares preenchidos.
bc
cx b cx
dcy
cy
hctfx
y
x
y
b=bc
d=hc
tf
x
y
b1t
tb2 x
y
t
d
tw tw
(a) (b)
(c) (d)
14
No dimensionamento de pilares mistos são considerados os momentos fletores advindos de
imperfeições iniciais (curvaturas e excentricidades) não previstas. Estes momentos e
também aqueles já previstos na análise (associados a translações dos nós ou a cargas
transversais ao eixo do pilar) são modificados pelos efeitos de segunda ordem (efeitos da
força normal de compressão na estrutura deformada).
3.3 Estudos relativos a pilares mistos aço-concreto
3.3.1 Estudos relativos a pilares mistos revestidos de concreto
Jones e Rizk (1963) estudaram o comportamento de pilares mistos totalmente revestidos,
motivados na época pela construção de novos prédios na Universidade de Leeds, Inglaterra.
Diversos pilares mistos foram ensaiados, tendo como algumas das variáveis analisadas o
comprimento do pilar, as dimensões da seção transversal e a quantidade de armadura. Os
resultados relativos à resistência última foram comparados com algumas normas de
dimensionamento. Concluiu-se que, realmente, o revestimento do perfil de aço pelo
concreto contribui muito para a capacidade de carga, se comparado com um pilar de aço.
Virdi e Dowling (1973) realizaram uma série de 9 ensaios experimentais de pilares mistos
aço-concreto totalmente revestidos, com seção quadrada e perfil H de aço. O carregamento
aplicado consistia de flexão biaxial e carga axial de compressão. O comprimento do pilar e
as excentricidades da carga aplicada foram variados. Desenvolveu-se ainda um método
analítico para obtenção das cargas de colapso dos pilares, considerando os efeitos de
tensões residuais no perfil de aço e da falta de prumo inicial do pilar na determinação da
resistência. Sabe-se que as tensões residuais não dependem somente do tamanho e forma do
perfil, mas também de seu processo de fabricação. Os resultados obtidos mostraram que há
uma perda de resistência para maiores comprimentos do pilar e para maiores
excentricidades de carga.
Roik e Bergmann (1990) propuseram um método de dimensionamento de pilares mistos
aço-concreto de seção assimétrica, baseado no método simplificado de cálculo de pilares
15
mistos de seção simétrica do EC4. É possível aplicar o método desenvolvido nos casos de
carga axial de compressão e flexo-compressão. Para verificar as expressões obtidas, foram
realizados ensaios experimentais e os resultados mostraram boa correlação com o método
proposto.
Resultados de ensaios experimentais de pilares mistos aço-concreto parcialmente
revestidos, submetidos a cargas cíclicas e dinâmicas, foram apresentados por Elnashai et al.
(1991). Algumas particularidades foram incluídas nestes pilares. Uma delas foi a adição de
novas barras transversais de armadura com o objetivo de inibir a flambagem local para
grandes deslocamentos, além de aumentar a interação entre os materiais aço e concreto. Os
modelos mostraram acréscimo de ductilidade e capacidade de absorção de energia.
Mirza e Skrabek (1991) pesquisaram a influência de vários fatores na resistência de pilares
mistos curtos totalmente revestidos, de seção quadrada. Entre estes fatores, tem-se a
resistência do concreto, a razão de contribuição do aço, a excentricidade da carga, a
resistência do aço, as dimensões transversais do concreto e do aço e a localização do perfil
e da armadura. Os três primeiros fatores citados exerceram maior influência na resistência
última dos 16 pilares mistos ensaiados. Dois valores de esbeltez foram usados: 0 e 21,9.
Foram utilizadas as seguintes razões entre as excentricidades das cargas aplicadas e a
dimensão da seção quadrada do pilar (provocando momento em torno do eixo de maior
inércia da seção de aço): 0,05 ; 0,1 ; 0,15 ; 0,2 ; 0,25 ; 0,3 ; 0,4 ; 0,5 ; 0,6 ; 0,7 ; 0,8 ; 1,0 ;
1,5 ; 2,0 ; 4,0 e ∞ (flexão pura). Mirza e Skrabek (1992), em seu estudo de pilares mistos
totalmente revestidos, perceberam que a esbeltez do pilar, a razão de contribuição do aço e
a excentricidade da carga exerceram enorme influência na resistência dos 22 pilares mistos
esbeltos de seção quadrada ensaiados. As mesmas razões entre as excentricidades aplicadas
e a dimensão da seção relacionadas acima foram consideradas. No que se refere aos valores
de esbeltez considerados, estes foram: 22,1 ; 33 ; 66 e 100.
Hunaiti e Fattah (1994) realizaram ensaios experimentais de 19 pilares mistos aço-concreto
parcialmente revestidos, submetidos à carga axial excêntrica ao longo do eixo de maior
inércia, com o objetivo de estudar a capacidade de carga deste tipo de pilar. As variáveis
16
analisadas foram: a excentricidade da carga aplicada, a razão entre as excentricidades nas
extremidades do pilar e o efeito da resistência do concreto. Foi feita ainda uma comparação
dos resultados experimentais com os previstos pela norma BS 5400 (1979), com relação à
capacidade de carga dos pilares. Os resultados calculados pela norma foram mais precisos
nos casos de excentricidades iguais nas extremidades dos pilares e para concreto de alta
resistência.
O comportamento estrutural e a resistência última de pilares mistos aço-concreto totalmente
revestidos, de seção quadrada, foram pesquisados por Mirza et al. (1996) por meio de 16
ensaios experimentais. Estes pilares eram esbeltos e foram submetidos a diferentes
combinações de carga axial e transversal. As tensões no perfil de aço e as deformações no
concreto foram medidas e o mecanismo de falha do pilar identificado. Foi observado que,
para cargas estáticas, a condição de aderência na interface dos conectores de cisalhamento
com o concreto ao seu redor tinha pouca influência na resistência última atingida pelos
pilares. Além disso, foi desenvolvido um modelo de elementos finitos para os pilares
mistos em questão, com auxílio do programa ABAQUS (versão 4.8), e os resultados
comparados com as previsões das normas ACI-318 (1995) e EC4(1992) e com os obtidos
experimentalmente. As normas estimaram satisfatoriamente a resistência última obtida nos
ensaios e o modelo numérico apresentou resultados muito bons tanto para a resistência
última quanto para o comportamento carga-deslocamento, comparando-se com os
observados nos ensaios.
Uma análise numérico-experimental de pilares mistos aço-concreto totalmente revestidos
foi feita por Muñoz e Hsu (1997a). Os pilares ensaiados foram submetidos à flexão biaxial
e a cargas de compressão, em curvatura simples, e tinham a seção transversal quadrada.
Foram analisados os efeitos da excentricidade da carga axial, comprimento efetivo do pilar,
diferentes propriedades do concreto e do aço, e os comportamentos carga-deslocamento e
momento-curvatura até ser atingida a carga última do pilar misto. Observou-se que os
principais fatores que influenciaram na resistência e na curvatura dos pilares ensaiados
foram a resistência última do concreto e sua correspondente deformação máxima de
compressão.
17
Muñoz e Hsu (1997b) realizaram um estudo numérico e propuseram uma equação
interativa para o cálculo da capacidade de carga última de pilares mistos aço-concreto
totalmente revestidos, curtos ou longos. Esta equação é baseada numa função matemática
contínua que representa o diagrama de interação momento-força normal. As seções
transversais dos pilares foram retangulares e quadradas e as solicitações analisadas
consistiam de carga axial e flexão uniaxial ou biaxial. A equação proposta satisfaz os
princípios fundamentais do equilíbrio, compatibilidade de deformações e estabilidade
estrutural, além de levar em consideração efeitos de segunda ordem para os pilares esbeltos.
Os resultados numéricos foram comparados com valores obtidos em diversos ensaios
experimentais e com as normas American Concrete Institute (ACI-1992) e American
Institute of Steel Construction (AISC, 1986).
A resistência nominal de pilares mistos aço-concreto obtida por meio das normas de
dimensionamento não é igual à resistência real dos mesmos. Esta variabilidade na
resistência é causada, entre outros fatores, por variações nas resistências do aço e do
concreto, nas dimensões das seções de concreto e de aço e na localização da armadura e do
perfil de aço no pilar (no caso de pilares revestidos de concreto). Porém, as normas levam
em consideração esta variabilidade por meio dos coeficientes de segurança. A determinação
da variabilidade da resistência é de importância fundamental para se estabelecerem critérios
seguros nas normas de dimensionamento de pilares mistos. Mirza (1998) desenvolveu um
estudo estatístico com pilares mistos aço-concreto totalmente revestidos, para investigar a
variabilidade da resistência última destes pilares. Os resultados indicaram que a esbeltez do
pilar, a excentricidade da carga e a relação ys.A f / ckc.A f influenciaram na distribuição
probabilística da resistência dos pilares mistos, tanto curtos quanto esbeltos.
Uma comparação entre as normas de dimensionamento ACI-318 (1999) e AISC-LRFD
(1993), para pilares mistos aço-concreto totalmente revestidos, foi feita por Weng e Yen
(2002). Seus objetivos foram investigar as diferenças entre as duas abordagens e avaliar a
precisão destes dois métodos na determinação da resistência dos pilares, comparando-se os
resultados obtidos com 78 ensaios experimentais realizados por diferentes autores. As
principais conclusões foram as seguintes:
18
a) Em geral, a partir da comparação com os resultados experimentais, a norma ACI-
318 foi mais precisa do que o AISC-LRFD na determinação da resistência dos
pilares;
b) Por meio da observação dos modos de ruptura ou falha dos pilares, foi possível
perceber que o método de compatibilidade de deformações do ACI-318 foi capaz de
descrever com maior realismo o comportamento dos pilares mistos revestidos do
que o método de transformação da seção recomendado pelo AISC-LRFD;
c) Para taxas de aço entre 2% e 12%, a resistência prevista pela norma ACI-318 é mais
precisa do que o AISC-LRFD;
d) Os resultados estatísticos demonstraram que a relação entre a capacidade de carga
prevista pelo ACI e a obtida pelos ensaios possui um valor médio maior (0,9) e um
coeficiente de variação menor do que a relação calculada utilizando-se a capacidade
de carga prevista pelo AISC-LRFD.
A norma ACI-318 segue os mesmos procedimentos da análise de pilares de concreto
armado. Enquanto a norma AISC-LRFD é recomendada para seções mistas simétricas, o
ACI-318 é recomendada tanto para seções simétricas quanto não-simétricas. A seguir será
feita uma apresentação resumida da abordagem do ACI-318 para pilares mistos aço-
concreto revestidos.
- Resistência à compressão uniaxial:
on 0,8.PP = (3.1)
syryrc'
co .A.A.A0,85.P fff ++= , (3.2)
onde:
nP = resistência nominal à compressão;
19
oP = capacidade teórica do pilar submetido à compressão uniaxial;
'cf = resistência à compressão do concreto;
cA , rA , sA = áreas do concreto, da armadura longitudinal e do perfil de aço,
respectivamente;
yrf , yf = resistências ao escoamento da armadura longitudinal e do perfil de aço,
respectivamente.
- Efeito de segunda ordem:
A norma exige que todos os pilares sejam calculados como viga-coluna, transferindo tanto
forças cortantes quanto momentos fletores nos nós. Os pilares devem ser dimensionados
com as cargas majoradas e momentos advindos de uma análise de segunda ordem.
- Comportamento à flexo-compressão:
A abordagem para a determinação da resistência com base na interação entre carga axial e
momento fletor para pilares mistos revestidos é essencialmente a mesma dos pilares de
concreto armado. Ela é baseada numa análise de compatibilidade de deformações no estado
limite para o desenvolvimento de uma relação interativa carga axial-momento fletor. Entre
algumas hipóteses assumidas nesta análise, tem-se: as seções planas permanecem planas, a
máxima deformação de compressão do concreto é 0,003 , o concreto à tração e o
encruamento do perfil de aço e da armadura são desprezados.
3.3.2 Estudos relativos a pilares mistos preenchidos com concreto
Pilares mistos aço-concreto preenchidos foram ensaiados por Furlong (1967) e um método
alternativo para a determinação da carga axial última foi proposto. 22 pilares de seção
circular e 17 de seção quadrada foram ensaiados para diversas cargas axiais, que se
mantiveram constantes enquanto momentos aplicados cresciam até que os pilares não mais
resistissem à carga axial. Mais 8 pilares de seção circular e 5 de seção quadrada foram
20
ensaiados à compressão axial. Como variáveis da análise podem ser citadas a espessura e o
comprimento dos tubos, o limite de escoamento do aço, a quantidade de armadura
longitudinal e a resistência do concreto. Um ano mais tarde, Furlong (1968) apresentou
resultados de 50 ensaios de pilares mistos aço-concreto preenchidos, com o objetivo de
determinar a rigidez e a capacidade de carga de cada um. 21 pilares tinham seção circular e
29, quadradas. Entre as variáveis estudadas estavam a rigidez à flexão (EI), a aderência
entre o perfil de aço e o concreto e a excentricidade da carga axial. Foram ainda propostas
fórmulas para a rigidez efetiva e para a resistência do pilar misto.
Knowles e Park (1969) realizaram um estudo teórico-experimental de pilares mistos aço-
concreto preenchidos, de seções circular e quadrada. Cargas axiais centradas e excêntricas
foram aplicadas. Foi verificado que, em certos ensaios, o concreto aumentou de volume de
forma repentina para um certo valor da deformação longitudinal de compressão, e isto
causou uma pressão interna no tubo de aço. O tubo de aço, por sua vez, provocou uma
tensão de confinamento no concreto e este, então, teve a sua capacidade de carga axial de
compressão aumentada.
Nove pilares mistos aço-concreto preenchidos e de seção retangular foram ensaiados por
Shakir-Khalil e Mouli (1990). Um grupo de pilares foi submetido à carga axial e outro à
flexão biaxial. Também foram ensaiados pilares só de aço para efeito de comparação de
resistências. Todos os resultados obtidos foram comparados com as normas BS 5950
(1985) e BS 5400 (1979). Foi mais uma vez comprovado que há um aumento da capacidade
de carga dos tubos de aço quando são preenchidos por concreto. Verificou-se que tal ganho
depende das características do aço e do concreto utilizados, da dimensão da seção de aço,
do comprimento do pilar, do plano de flexão e da excentricidade da carga axial de
compressão aplicada. Por exemplo, a resistência relativa entre o pilar misto e o pilar de aço
cresce quando são utilizados concretos de maior resistência e maiores dimensões da seção
de aço. Porém, esta resistência relativa é influenciada de maneira adversa quando são
utilizados aços de maior resistência e pilares de maior comprimento.
21
Uma investigação a respeito dos pilares mistos aço-concreto preenchidos, de seção circular,
foi feita por Prion e Boehme (1994), por meio de 26 ensaios experimentais. Os tubos de aço
eram finos (1,7mm de espessura e 152mm de diâmetro) e o concreto era de alta resistência.
Variou-se a resistência característica à compressão do concreto de 73 a 92 MPa. Os
carregamentos aplicados foram: compressão pura, diversas combinações de carga axial e
momento fletor e flexão pura, sendo que três das amostras foram submetidas a
carregamento cíclico. Especial atenção foi dada ao nível de ductilidade que tais pilares
podem alcançar. Os autores comentam que, apesar das vantagens que este tipo de pilar
oferece, seu uso ainda é restrito devido ao alto custo das ligações viga-pilar e à falta de
procedimentos eficientes de construção.
Um método de dimensionamento de ligações entre vigas de aço e pilares mistos aço-
concreto preenchidos, de seção circular, foi objeto de pesquisa de Azizinamini et al. (1995).
A norma base utilizada foi o AISC-LRFD (1986). A ligação consistia na passagem
completa da viga de aço pelo pilar.
Shakir-Khalil e Al-Rawdan (1996) apresentaram um resumo dos ensaios experimentais de
15 pilares mistos aço-concreto preenchidos, de seção retangular. Os pilares tinham
comprimentos de 3, 4 e 5 m, aproximadamente, e foram submetidos à flexão uniaxial em
relação aos eixos principais de maior e menor inércias. Foram consideradas as seguintes
excentricidades das cargas aplicadas: 6, 15, 45 e 75 mm ao longo do eixo principal de
menor inércia, e 30 mm ao longo do eixo principal de maior inércia. Os resultados
experimentais foram comparados com as previsões da norma BS 5400 (1979) e
demonstraram que tais previsões são não-conservativas para o caso de flexão em torno do
eixo principal de menor inércia da seção. Além disso, os resultados obtidos nos ensaios são
também comparados com os advindos da análise numérica dos pilares mistos via programa
comercial ABAQUS (versão 5.4). Foram previstas pelo método numérico as cargas de falha
destes pilares e as relações carga-deslocamento até e após a ruptura dos mesmos.
Kitada (1998) descreveu o estado da arte de pilares mistos aço-concreto preenchidos,
utilizados como elementos estruturais para pontes de cais no Japão. Ele ainda comenta a
22
diferença entre os modos de flambagem local de pilares de aço e de pilares mistos.
Considerando-se a ductilidade dos pilares como a razão entre o deslocamento na carga
última e o deslocamento na carga de escoamento, foi constatado que a ductilidade de uma
amostra de pilar misto de seção retangular era pequena se comparada com a de um pilar de
seção circular.
Uy (1998) pesquisou o fenômeno da flambagem local, e o comportamento após este
fenômeno, de chapas finas de aço em pilares mistos aço-concreto preenchidos, de seção
quadrada. Pilares mistos de chapas finas, neste caso, são aqueles dimensionados para
considerar o efeito benéfico que o concreto propicia com relação à flambagem local das
chapas de aço. Este tipo de pilar misto tem sido amplamente usado em edifícios altos, para
resistir tanto a cargas verticais, quanto laterais. O autor ainda destaca algumas das
vantagens relacionadas aos pilares mistos preenchidos, entre elas a capacidade do perfil de
aço resistir a uma considerável parcela de carga durante a construção (antes do
preenchimento com concreto), além do mesmo servir como fôrma para o concreto, e a
menor quantidade de aço necessária, pois o concreto é dimensionado para resistir à maior
parcela de carga axial de compressão. Conclui comentando que ganhos econômicos podem
ser obtidos por meio de análise adequada do fenômeno da flambagem local das chapas de
aço.
Com base em relações constitutivas dos materiais, Brauns (1999) realizou uma análise do
estado de tensões em pilares mistos aço-concreto preenchidos, de seção circular, levando-se
em consideração que o módulo de elasticidade e o coeficiente de Poisson do concreto
dependem do nível de tensão. Foi observado que o efeito de confinamento ocorre para um
nível alto de tensões, no momento em que o perfil de aço está tracionado e o concreto
comprimido, transversalmente.
Os pilares mistos aço-concreto preenchidos, de seção circular, têm a resistência do concreto
aumentada pelo efeito de confinamento. Porém, ao mesmo tempo, há uma redução da
resistência axial da seção de aço.
23
Liang e Uy (2000) descreveram o efeito de confinamento em pilares mistos preenchidos,
submetidos à carga axial. De acordo com eles, em pilares circulares o tubo de aço
geralmente provoca um confinamento do concreto, podendo haver assim um aumento da
resistência do pilar misto. Também de acordo com Shanmugam e Lakshmi (2001), para o
caso de pilares de seções retangulares e quadradas, o efeito de confinamento do concreto é
limitado às bordas da seção e é muito pequeno, podendo ser desprezado no
dimensionamento. Kato (1996) complementa que, para o caso de pilares circulares, o efeito
de confinamento depende da relação entre as resistências do aço e do concreto e da relação
entre as rigidezes dos mesmos.
Uy (2001) realizou um grande número de ensaios de pilares mistos aço-concreto
preenchidos, de seção quadrada. Este tipo de pilar tem sido muito usado nos últimos anos
em projetos de edifícios altos, uma vez que eles são consideravelmente mais econômicos do
que os convencionais pilares de aço. Além disso, o autor destaca que estes pilares mistos
apresentam vantagens também sobre os pilares de concreto armado, como por exemplo, a
possibilidade de se utilizar uma porcentagem maior de armadura na seção. Em construções
em que é fundamental maior área livre, necessitando-se assim de pilares de dimensões
menores, pode-se utilizar este tipo de pilar com aço de alta resistência. Nos ensaios
experimentais realizados, usou-se aço de alta resistência e os pilares foram solicitados por
forças axiais centradas e excêntricas.
Beutel et al. (2001) destacaram a tendência atual de se utilizar a construção mista aço-
concreto em edifícios altos, principalmente devido às vantagens estruturais e econômicas
deste tipo de construção. Destacaram também que pilares mistos aço-concreto preenchidos
têm a capacidade de suportar grandes cargas axiais com excepcional ductilidade. Beutel et
al. (2001) e Beutel et al. (2002) apresentam um estudo experimental de ligações entre
pilares mistos circulares preenchidos com concreto e vigas de aço, submetidas a
carregamentos monotônico e cíclico, respectivamente. Foi comentado que, apesar de
recentes eventos sísmicos terem comprovado que o método de dimensionamento existente,
relativo a cargas sísmicas, é seguro, ainda é necessária uma pesquisa maior em diversos
itens, particularmente na área de ligações. Em muitas estruturas, são exatamente as ligações
24
viga-pilar que fornecem a elas a rigidez lateral requerida e são estas ligações que exercem
papel essencial no comportamento de edificações durante eventos de natureza sísmica.
Han (2002) investigou experimentalmente 24 pilares mistos aço-concreto preenchidos, de
seção retangular, e submetidos à carga axial. Os principais parâmetros estudados foram o
fator de confinamento,ξ , e a razão entre a altura do tubo de aço (h) e a largura do mesmo
(b), β , apresentados a seguir:
ckc
ys
.A.Aff
=ξ (3.3)
bh
=β , (3.4)
Onde:
ckf = resistência característica do concreto à compressão;
cA , sA = áreas das seções transversais do concreto e do tubo de aço, respectivamente.
Os resultados obtidos foram comparados com as normas AISC-LRFD (1994), AIJ (1997),
EC4 e GJB 4142-2000 (2001). Os ensaios indicaram que os parâmetros ξ e β tinham
grande influência tanto na capacidade de carga à compressão quanto na ductilidade. A
capacidade de carga prevista pelas normas mostrou-se conservadora, sendo que a GJB
4142-2000 foi a que mais se aproximou dos resultados experimentais. A seguir apresenta-se
o método de cálculo da capacidade da seção de pilares mistos de seção retangular
preenchidos com concreto, submetidos à compressão axial, pela norma GJB 4142-2000.
scscyuo .AN f= (3.5)
Em que ( yf e ckf em N/mm2):
ck2
scy )..C.B212,1( ff ξξ ++= (3.6)
0,7646235
0,1381B y +⋅=f
(3.7)
25
0,021620
0727,0-C ck +⋅=f
(3.8)
cssc AAA += (3.9)
Um estudo numérico-experimental de pilares mistos aço-concreto preenchidos, de seção
quadrada, foi feito por Varma et al. (2002). Foram estudados os efeitos da relação largura-
espessura do perfil de aço, da resistência ao escoamento do aço do perfil e do nível de carga
axial na resistência, na rigidez e na ductilidade dos pilares mistos. 16 ensaios foram
realizados, sendo 8 com carregamento monotônico e 8 com carregamento cíclico. Os
resultados indicaram que o carregamento cíclico não influenciou muito na rigidez e na
resistência dos pilares, em comparação com o carregamento monotônico. Porém, o
carregamento cíclico resultou num decréscimo mais rápido da resistência a momento, no
comportamento após a carga de pico.
Vrcelj e Uy (2002) desenvolveram um método de dimensionamento para se incorporar o
efeito da flambagem local na determinação da carga de flambagem global de pilares mistos
aço-concreto preenchidos esbeltos, de seção quadrada. Com base em um modelo numérico
calibrado por diversos ensaios experimentais, realizou-se um estudo paramétrico para se
avaliar a importância da esbeltez do pilar, da relação largura-espessura das chapas de aço e
das resistências do aço e do concreto no comportamento dos pilares. As cargas de
flambagem destes pilares foram então comparadas com aquelas em que a flambagem local
foi desprezada. Constatou-se que o segundo e o terceiro fatores citados são os mais
importantes. A partir disto, foi estabelecido um procedimento para se determinar um fator
de redução da resistência à flambagem global, devido à flambagem local da seção de aço.
Este fator mostrou-se útil na implementação de normas internacionais existentes, como, por
exemplo, o EC4, no que se refere à consideração do efeito combinado das flambagens local
e global na obtenção da resistência deste tipo de pilar misto, submetido a carregamento
axial.
26
3.3.3 Estudos relativos a pilares mistos revestidos e preenchidos com concreto
Kato (1996) analisou diversas curvas de flambagem relativas a pilares mistos aço-concreto
preenchidos, de seção circular e quadrada, e revestidos, de seção H, a partir de ensaios
experimentais. Foi proposto, então, um novo método de cálculo, baseado no EC4 (ENV
1994-1-1) para a determinação da resistência à flambagem deste pilares mistos, exposto a
seguir.
- Pilares mistos aço-concreto preenchidos:
yc g.NN = (3.10)
yrr´
ccysy .A..A.AN ffβf ++= (3.11)
=quadrada seção de mistos pilares para , 1,0circular seção de mistos pilares para , 1,1
β
( )C11B.g −−= (3.12)
2
2
λ2.
λ0,2)λ0,34.(1B +−+= (3.13)
2)λ(B.C −= (3.14)
ccs
´ccys.
.IEE.I..AA
πK.Lλ
+
+⋅=
fβf (3.15)
- Pilares mistos aço-concreto revestidos:
yrr´
ccysy .A.0,8.A.AN fff ++= (3.16)
rccs
yrr´
ccys.
E.I.IEE.I.A.0,8.AA
πK.Lλ
++
++⋅=
fff , (3.17)
Onde:
cN = Resistência à flambagem de pilares axialmente solicitados;
yN = Resistência da seção mista à plastificação total pela força normal;
27
λ = esbeltez relativa;
E , cE = módulos de elasticidade do aço e do concreto, respectivamente;
sI , rI , cI = momentos de inércia das seções do perfil de aço, da armadura e do concreto,
respectivamente.
Lundberg e Galambos (1996) compararam a capacidade de carga de pilares mistos aço-
concreto prevista pela norma AISC-LRFD (1993) com aproximadamente 300 resultados
experimentais disponíveis. Dois tipos de pilares foram estudados: preenchidos, de seções
circular e retangular, e revestidos. Foi constatado que o método de dimensionamento da
norma é conservativo.
Os estudos realizados por Liew et al. (1998) demonstraram que os resultados do
dimensionamento de pilares mistos aço-concreto pelas normas EC4 (1992), BS 5400
(1979) e AISC-LRFD (1993) não convergem necessariamente para um mesmo valor. Tal
fato pode ser atribuído aos diferentes valores dos coeficientes de ponderação da resistência
e da solicitação e às considerações de dimensionamento relativas à deformação lenta,
excentricidade da carga, etc.
Wang (1999) realizou uma série de ensaios de pilares mistos aço-concreto preenchidos, de
seção retangular, e revestidos. O carregamento aplicado nos pilares foi carga axial
excêntrica. O objetivo principal da pesquisa foi a proposição de um novo método de
dimensionamento de pilares mistos esbeltos, baseado na norma BS 5950 (1990). Além
disso, foi feita uma comparação entre os resultados das normas EC4 (1992), BS 5950
(1990), da nova metodologia desenvolvida e dos ensaios experimentais. Foi observado que
os três métodos de cálculo são conservativos e possuem precisão semelhante. Os resultados
dos ensaios demonstraram que, principalmente no caso dos pilares preenchidos, o método
do EC4 resulta em um dimensionamento mais seguro e preciso do que o método do BS
5400, no que se refere às resistências dos pilares mistos esbeltos.
Saw e Liew (2000) compararam as abordagens das normas EC4 (1992), BS 5400 (1979) e
AISC-LRFD (1993), levando em consideração alguns parâmetros de dimensionamento, as
28
resistências nominais previstas pelas mesmas e as resistências previstas a partir de alguns
ensaios experimentais. Foram estudados pilares mistos totalmente e parcialmente revestidos
de seção I e pilares mistos preenchidos com concreto. Os principais resultados obtidos deste
estudo foram:
a) Para pilares mistos revestidos de concreto, a maior resistência à solicitação axial foi
obtida pela norma AISC-LRFD. Este fato já era de se esperar, pois a curva de
flambagem desta norma está mais próxima da curva a do EC4 (FIG. 3.2);
b) As curvas de interação para flexo-compressão apresentaram a menor discrepância, entre
as normas analisadas, no caso de pilares mistos preenchidos de seção retangular;
c) A norma BS 5400, comparada com o EC4, resulta em maior aumento da resistência do
concreto devido ao efeito de confinamento, para baixos valores de esbeltez.
d) Todas as três normas conduziram a valores conservativos para a resistência dos pilares
mistos e mostraram boa conformidade com resultados experimentais;
e) A norma EC4 foi considerada como a mais adequada devido a sua simplicidade e ampla
faixa de aplicação.
AISC LRFD (Linha pontilhada)
0.20 1.0
1.0
χ
curva
acurva
b
curva c
2.0λ
FIGURA 3.2- Curvas de flambagem baseadas nas normas EC4 e AISC-LRFD
29
3.3.4 Resumo de ensaios experimentais relativos a pilares mistos aço-concreto
A TAB. 3.1 apresenta um resumo das principais características de algumas pesquisas
experimentais realizadas em todo o mundo, relativas a pilares mistos aço-concreto. Para
cada pesquisa, indica-se a fonte de referência, o tipo de pilar considerado (preenchido ou
revestido), a forma da seção transversal mista (retangular, quadrada ou circular), o tipo de
solicitação aplicada ao pilar, o número de ensaios realizados e os principais parâmetros
estudados.
3.4 Estudos relativos a novas estruturas mistas aço-concreto
Um novo tipo de pilar misto preenchido, composto de concreto e de fibras de plástico foi
estudado por Mirmiran e Shahawy (1996). O aço usado, no caso clássico de pilares mistos
aço-concreto preenchidos, é agora substituído por uma casca de fibras, podendo esta última
ser de dois tipos: uma camada interna de fibras longitudinais juntamente com um conjunto
externo de fibras circunferenciais, ou um tubo composto por uma camada de fibras
longitudinais, localizado entre dois conjuntos de fibras circunferenciais. As principais
vantagens deste tipo de construção são a enorme resistência e ductilidade obtidas,
adicionalmente a uma excelente durabilidade. O novo tipo de pilar proposto é ideal para
ambientes corrosivos e zonas sísmicas.
Elchalakani et al. (2002) apresentaram um estudo experimental sobre um novo tipo de pilar
misto aço-concreto. O pilar é composto por dois tubos de aço concêntricos (o externo de
seção circular e o interno, de seção quadrada) e concreto entre os dois (FIG. 3.3b). Tal
sistema possui maior estabilidade global do que um pilar misto preenchido típico, de seção
circular. Outras vantagens podem ser observadas, entre elas uma maior rigidez à flexão, boa
estabilidade local gerada pela interação entre os dois elementos de aço e o concreto, menor
peso, boas características de amortecimento, assim como bom desempenho sob cargas
cíclicas. Recentes pesquisas no Japão recomendaram o uso deste tipo de pilar em auto-
estradas e construções de viadutos. Uma fórmula para a obtenção da resistência à
compressão axial do elemento misto é ainda apresentada neste estudo.
30
Subedi e Coyle (2002) estudaram um novo tipo de estrutura mista, denominado viga mista
aço-concreto-aço. Tal viga consiste de duas chapas de aço relativamente finas com um
núcleo de concreto, formando uma espécie de estrutura sanduíche. A aplicação do novo
tipo de elemento misto é vasta, incluindo túneis submersos, pontes e paredes de
cisalhamento para grandes edificações. Para um uso eficiente deste elemento misto é
fundamental uma interação completa entre as chapas e o concreto, aumentando-se com isso
as capacidades de cisalhamento e flexão da seção. A FIG. 3.4 representa este tipo de
construção mista.
FIGURA 3.4 – Viga mista aço-concreto-aço: (a) forma típica do elemento misto aço-
concreto-aço; (b) elemento misto com conectores de cisalhamento
Chapa de aço
Chapa de aço
Interfaceaço-concreto
Núcleo deConcreto
Conector de cisalhamentosoldado numa chapa
(b)
FIGURA 3.3 – Pilares mistos preenchidos com concreto, de seção circular:
(a) solução típica; (b) solução com dois perfis concêntricos
(a) (b)
(a)
31
TABELA 3.1 – Resumo de ensaios experimentais Referência País Ano Tipo de
pilar mistoForma da
seção Tipo de
solicitação Número
de ensaios
Parâmetros analisados
1 Jones, R. e Rizk, A.A.
Reino Unido
1963 Totalmente revestido
Retangular Axial excêntrica 8 Comprimento e dimensões da seção do pilar, quantidade de armaduras longitudinal e lateral utilizada.
2 Stevens, R.F. Reino Unido
1965 Totalmente revestido
Retangular e quadrada
Axial excêntrica 11 Excentricidade da carga aplicada (ao longo do eixo principal menor), resistências do aço e do concreto, dimensão da seção do pilar.
3 Furlong, R. W. Estados Unidos
1967 Preenchido Quadrada e circular
Axiais concêntrica e
excêntrica
52 Espessura e comprimento dos tubos de aço, resistências do aço e do concreto, quantidade de armadura longitudinal.
4 Furlong, R. W. Estados Unidos
1968 Preenchido Quadrada e circular
Axiais concêntrica e
excêntrica
50 Rigidez à flexão (EI) do pilar, aderência entre o perfil de aço e o concreto, excentricidade da carga axial.
5 Knowles, R.B. e Park, R.
Nova Zelândia
1969 Preenchido Quadrada e circular
Axiais concêntrica e
excêntrica
28 Esbeltez do pilar, resistências do aço e do concreto.
6 Neogi, P.K. et al.
Reino Unido
1969 Preenchido Circular Axial excêntrica 18 Razão diâmetro-espessura do perfil, razão comprimento efetivo do pilar–diâmetro do perfil, excentricidade da carga aplicada e resistências do aço e do concreto.
7 Drysdale, R.G. e Huggins, M.W.
Canadá 1971 Preenchido Quadrada Axial excêntrica 58 Resistências do aço e do concreto, seqüência e duração do carregamento, excentricidade.
8 Virdi, K.S. e Dowling, P.J.
Reino Unido
1973 Totalmente revestido
Quadrada Axial excêntrica 9 Comprimento dos pilares, excentricidade em relação a ambos os eixos principais.
9 Anslijn, R e Janss, J.
Bélgica 1974 Totalmente revestido
Retangular e quadrada
Axial excêntrica 30 Comprimento efetivo do pilar, esbeltez relativa, resistências do aço e do concreto, dimensões do perfil de aço e da seção do pilar.
32
TABELA 3.1 – Resumo de ensaios experimentais (continuação) Referência País Ano Tipo de
pilar misto Forma da
seção Tipo de
solicitação Número
de ensaios
Parâmetros analisados
10 Matsui, C. et al. Japão 1979 Totalmente revestido
Quadrada Axial excêntrica 4 Comprimento efetivo, esbeltez relativa do pilar, resistências do aço e do concreto.
11 Task Group 20, SSRC
Estados Unidos
1979 Preenchido Circular Momentos uniaxiais em
relação a ambos eixos principais e axial concêntrica
63 Dimensões do perfil de aço, comprimento efetivo do pilar, esbeltez relativa do pilar, resistências do aço e do concreto.
12 Morino, C. et al. Japão 1984 Totalmente revestido
Quadrada Axial excêntrica 40 Excentricidade da carga de compressão aplicada (em relação a ambos os eixos principais), resistências do aço e do concreto, razão entre as excentricidades aplicadas e a dimensão da seção do pilar, entre outros.
13 Roik, K. e Schwalbenhofer,
K.
Alemanha 1989 Totalmente revestido
Quadrada Axial excêntrica 27 Excentricidade da carga aplicada (produzindo flexão uniaxial ou biaxial), resistências do aço e do concreto, dimensão da seção do pilar.
14 Shakir-Khalil,H. e Zeghiche, J.
Reino Unido
1989 Preenchido Retangular Axial excêntrica 7 Resistências do aço e do concreto, razão entre as excentricidades da força de compressão aplicada (relativas aos eixos principais da seção) e as dimensões (largura e comprimento) do perfil de aço.
15 Shakir-Khalil,H. e Mouli, M.
Reino Unido
1990 Preenchido Retangular Axiais concêntrica e
excêntrica
9 Excentricidade em relação a ambos os eixos principais da seção, dimensões do perfil de aço, resistências do aço e do concreto.
16 Elnashai, A.S. et al.
Reino Unido
1991 Parcialmente revestido
Quadrada Cíclica e dinâmica
6 Tipo de carregamento e percentagem de carga axial aplicada.
33
TABELA 3.1 – Resumo de ensaios experimentais (continuação) Referência País Ano Tipo de
pilar misto Forma da
seção Tipo de
solicitação Número
de ensaios
Parâmetros analisados
17 Mirza, S.A. e Skrabek, B.W.
Canadá 1991 Totalmente revestido
Quadrada Axial excêntrica 16 Resistências do aço e do concreto, razão de contribuição do aço, razão entre as excentricidades aplicadas e a dimensão da seção do pilar, esbeltez do pilar.
18 Ge, H.e Usami, T.
Japão 1992 Preenchido Quadrada Cíclica de compressão
6 Razão largura-espessura do perfil de aço, utilização ou não de enrijecedores no perfil.
19 Mirza, S.A. e Skrabek, B.W.
Canadá 1992 Totalmente revestido
Quadrada Axial excêntrica 22 Resistências do aço e do concreto, razão de contribuição do aço, razão entre as excentricidades aplicadas e a dimensão da seção do pilar, esbeltez do pilar.
20 Rangan, B.V. e Joyce, M.
Austrália 1992 Preenchido Circular Axial excêntrica 9 Excentricidade da carga aplicada, comprimento efetivo do pilar.
21 Hunaiti, Y.M. e Fattah, B.A.
Jordânia 1994 Parcialmente revestido
Retangular Axial excêntrica 19 Excentricidade da carga aplicada (ao longo do eixo principal maior), resistência do concreto, entre outros.
22 Prion, H.G.L. e Boehme, J.
Canadá 1994 Preenchido Circular Axial excêntrica 26 Resistências do aço e do concreto, tipo de carregamento (desde compressão axial pura até flexão pura), comprimento do pilar.
23 Ricles, J.M. e Paboojian, D.
Estados Unidos
1994 Totalmente revestido
Quadrada Sísmica 8 Grau de confinamento do concreto, mecanismo de resistência à cisalhamento, resistências do aço e do concreto.
24 Wium, J.A. e Lebet, J.P.
África do Sul, Suíça
1994 Totalmente revestido
Quadrada Axial concêntrica (aplicada somente na seção de aço)
27 Espessura do revestimento de concreto, dimensão da seção transversal do aço, deformação lenta do concreto, entre outros.
25 Boyd, P.F. et al.
Estados Unidos
1995 Preenchido Circular Axial concêntrica e lateral cíclica
5 Razão diâmetro-espessura do tubo de aço, conectores de cisalhamento, resistências do aço e do concreto.
34
TABELA 3.1 – Resumo de ensaios experimentais (continuação) Referência País Ano Tipo de
pilar mistoForma da
seção Tipo de
solicitação Número
de ensaios
Parâmetros analisados
26 Mirza, S.A. et al.
Canadá 1996 Totalmente revestido
Quadrada Axial concêntrica e transversal
16 Excentricidade, resistências do aço e do concreto.
27 Shakir-Khalil, H. e Al-Rawdan,
A.
Reino Unido
1996 Preenchido Retangular Axial excêntrica 15 Comprimento efetivo dos pilares, excentricidade da carga aplicada, resistências do aço e do concreto.
28 Muñoz, P.R. e
Hsu,C.T.T.
Estados Unidos
1997 Totalmente revestido
Quadrada Axiais concêntrica e excêntrica
4 Excentricidade da carga axial de compressão aplicada, comprimento efetivo do pilar, resistências do aço e do concreto.
29 Wang, Y.C. e Moore,
D.B.
Reino Unido
1997 Preenchido Retangular Axial excêntrica 10 Excentricidades ao longo de ambos os eixos principais da seção.
30 Uy, B. Austrália 1998 Preenchido Quadrada Compressão axial 10 Dimensões da seção, tensão residual e método de carregamento (em toda a seção mista ou somente no perfil de aço).
31 Nakanishi, K. et al.
Japão 1999 Preenchido Quadrada Sísmica 8 Tipo da seção transversal, resistências do aço e do concreto, período natural de vibração.
32 Wang, Y.C. Reino Unido
1999 Totalmente revestido
Quadrada Axial excêntrica 7 Excentricidade em relação aos dois eixos principais da seção, resistências do aço e do concreto.
33 Wang, Y.C. Reino Unido
1999 Preenchido Retangular Axial excêntrica 8 Excentricidade em relação aos dois eixos principais da seção, resistências do aço e do concreto.
34 Varma, A.H. et al.
Estados Unidos
2000 Preenchido Quadrada Axial concêntrica 4 Razão largura-espessura do perfil de aço, resistência do aço.
35
TABELA 3.1 – Resumo de ensaios experimentais (continuação) Referência País Ano Tipo de
pilar mistoForma da
seção Tipo de
solicitação Número
de ensaios
Parâmetros analisados
35 Uy, B. Austrália 2001 Preenchido Quadrada Axiais concêntrica e excêntrica
13 Largura externa da seção do pilar, razão entre a largura interna da seção do pilar e a espessura do tubo de aço, resistência do concreto.
36 Han, L.H. China 2002 Preenchido Retangular Axial concêntrica 24 Razão entre a altura e a largura da seção de aço, fator de confinamento.
37 Varma, A.H. et al.
Estados Unidos
2002 Preenchido Quadrada Axial concêntrica constante combinada com carregamento
monotônico de flexão, axial concêntrica
constante combinada com carregamento cíclico de flexão.
16 Espessura do tubo de aço, razão largura- espessura do tubo de aço, resistência do aço, valor da carga axial aplicada.
36
4
NORMAS RELATIVAS A PILARES MISTOS AÇO-CONCRETO
4.1 Considerações iniciais
Neste capítulo são abordadas de maneira resumida algumas das normas mais importantes e
mais utilizadas para cálculo de pilares mistos aço-concreto. São elas: NBR 14323 (1999),
AISC-LRFD (1999) e Eurocode 4 (1992).
A abordagem feita por estas normas considera algumas limitações em comum, tais como:
- são previstos três tipos de pilares mistos: perfil I totalmente envolvido por concreto, perfil
I parcialmente envolvido por concreto (exceto AISC-LRFD) e tubo de aço (seção
retangular ou circular) preenchido por concreto;
- somente seções mistas duplamente simétricas são analisadas, e estas devem ser constantes
ao longo do comprimento do pilar;
- a solicitação considerada é a flexão oblíqua composta, ou seja, força normal de
compressão atuando em conjunto com momentos relativos a ambos os eixos de simetria do
perfil de aço;
37
- consideram-se nos cálculos os momentos fletores advindos de imperfeições iniciais
(curvaturas e excentricidades) não previstas. Estes momentos e também aqueles já previstos
na análise (associados a translações dos nós ou a cargas transversais ao eixo do pilar) são
modificados pelos efeitos de segunda ordem (efeitos da força normal de compressão na
estrutura deformada);
- admite-se que as seções planas permanecem planas e que ocorra interação completa entre
aço e concreto até a plastificação total da seção;
- na análise de sistemas estruturais, os pilares mistos devem ser considerados no regime
elástico, mesmo que a análise da estrutura seja elasto-plástica ou rígido-plástica. Os efeitos
de segunda ordem devem sempre ser levados em conta, tanto na barra, quanto na estrutura
como um todo.
4.2 Abordagem conforme NBR 14323 (1999)
4.2.1 Considerações adicionais ao item 4.1
- Esta norma é baseada no Eurocode 4 (1992);
- A área da seção transversal da armadura longitudinal utilizada no cálculo da resistência do
pilar misto deve se encontrar dentro do intervalo de 0,3% a 4% da área da seção transversal
do concreto. Caso o limite superior de 4% seja ultrapassado, somente 4% da área da seção
transversal do concreto devem ser utilizados nos cálculos, para a área da seção transversal
da armadura.
4.2.2 Análise estrutural
A rigidez do pilar é a rigidez efetiva à flexão (EI)e, definida por:
..8,0)( cc
cssaae IEIEIEEI
++=
γ (4.1)
38
Onde:
Ec Es, Ea, = módulos de elasticidade do aço do perfil, do aço da armadura e do concreto,
respectivamente;
Ic Is, Ia, = momentos de inércia das seções transversais do perfil, da armadura e do concreto
não-fissurado, respectivamente, em relação ao eixo de flexão analisado;
cγ = coeficiente de segurança igual a 1,35.
Caso efeitos de longa duração devam ser levados em consideração, deve-se modificar o
valor de cE na fórmula acima para cE´ :
.5,01.´ ,
−=
Sd
SdGcc
NNEE (4.2)
Onde:
SdN = força normal de cálculo;
SdGN , = parcela permanente ou quase permanente de SdN .
Além disso, imperfeições geométricas e estruturais devem ser levadas em conta na análise.
4.2.3 Pilares indeslocáveis
Apesar dos nós serem indeslocáveis, é necessário considerar imperfeições entre os mesmos,
como por exemplo, curvatura inicial e excentricidade da carga. Além disso, efeitos de 2ª
ordem entre os nós devem também ser analisados. Por exemplo, se um pilar submetido à
flexo-compressão possuir uma curvatura inicial, os efeitos de 2ª ordem devem ser
considerados inclusive sobre esta curvatura. Nas curvas de flambagem usadas, a curvatura
inicial e o efeito de 2ª ordem nesta curvatura já estão incluídos nos coeficientes ρ.
Entretanto, o efeito de 2ª ordem local (entre os nós do pilar) nos momentos fletores
aplicados deve ser determinado, utilizando-se para isso o coeficiente
e
d
m
NNs
C
−1da NBR.
39
Onde:
mC = coeficiente definido no item 5.6 da NBR 8800 (1986);
eN = carga de flambagem elástica por flexão.
( mC e eN são relativos ao eixo de flexão considerado).
Para obter o efeito de 2ª ordem, de forma aproximada, dentro do comprimento do pilar
misto, basta multiplicar este coeficiente pelo maior momento fletor obtido na análise da
estrutura.
4.2.4 Efeito da força cortante na seção transversal de um pilar misto
Normalmente, a solicitação é considerada totalmente aplicada na seção metálica, seguindo-
se as recomendações da NBR 8800 (1986). Porém, pode-se também dividir seu efeito, por
meios adequados, entre o aço e o concreto, atendendo-se à NBR 8800 (1986) e à NBR 6118
(1978). Do lado da segurança, despreza-se a contenção da(s) alma(s) do perfil de aço pelo
concreto.
4.2.5 Cisalhamento longitudinal em um pilar misto
Fora das regiões de introdução de carga, a distribuição de tensões de cisalhamento na
interface aço/concreto pode ser determinada com base nas propriedades elásticas da seção
não-fissurada, levando-se em consideração os efeitos da seqüência de construção e da
deformação lenta. Caso as tensões de cálculo excedam as resistências de cálculo,
correspondentes ao atrito e à aderência, devem ser utilizados conectores de cisalhamento
para o excesso.
Quando os conectores são instalados na alma de um perfil I parcialmente ou totalmente
envolvido por concreto, a expansão lateral do concreto comprimido pelos conectores é
contida pelas mesas do perfil, ocasionando forças de atrito que se somam à resistência do
conector. Esta resistência adicional não é prevista pela norma NBR 14323.
40
Normalmente, fora das regiões de introdução de carga, a aderência entre o aço e o concreto
é suficiente para resistir às tensões de cisalhamento longitudinais.
Nas regiões de introdução de carga (ligações com vigas, bases, emendas, topo), forças e
momentos aplicados por barras ou placas ligadas às extremidades de um pilar misto, ou
entre tais extremidades, devem ser distribuídas entre o aço e o concreto levando-se em
consideração a resistência ao cisalhamento na interface dos dois elementos. Devem ser
previstos conectores de cisalhamento nas regiões de mudança de seção e nas regiões de
introdução de carga, quando as resistências de cálculo à tensão de cisalhamento forem
excedidas. As tensões de cisalhamento devem ser obtidas com base na variação dos
esforços solicitantes dentro do comprimento de introdução de carga, a partir da teoria
plástica. Se as cargas forem aplicadas somente na seção de concreto, devem ser levados em
conta os valores resultantes de uma análise elástica considerando-se deformação lenta e
retração.
4.2.6 Resistência à força normal de compressão e à flexão composta
a) Resistência da seção à plastificação total
A resistência de cálculo da seção mista à plastificação total pela força normal é dada por:
ysssckccyaaRdpl fAfAfAN ......., φαφφ ++= (4.3)
Onde:
sca A,A,A = áreas da seções transversais do perfil de aço, do concreto e da armadura,
respectivamente;
yf , ysf = limites de escoamento dos aços do perfil e da armadura, respectivamente;
ckf = resistência característica do concreto à compressão;
aφ , cφ , sφ = coeficientes de segurança dos materiais aço estrutural, concreto e armadura
iguais a 0,9 , 0,7 e 0,85 , respectivamente;
41
α = 0,85 para perfis I parcialmente ou totalmente envolvidos por concreto e 1,0 para tubos
preenchidos com concreto.
Para tubos de seção circular preenchidos com concreto, pode-se levar em consideração o
aumento de resistência do concreto devido ao confinamento, desde que certas condições
com respeito aos valores de λ (parâmetro de esbeltez) e de Msd/ Nsd (para flexão composta)
sejam verificadas.
b) Razão de contribuição do aço (δ )
Denomina-se razão de contribuição do aço a relação entre as resistências de cálculo da
seção de aço e da seção mista, para o estado limite de plastificação total por força normal.
Este valor deve ficar entre 0,2 e 0,9.
( )
Rdpl
yaa fA
,N..φ
δ = (4.4)
c) Parâmetro de esbeltez (λ )
O parâmetro de esbeltez deve ser igual ou inferior a 2,0.
N
N 21
e
Rpl,
=λ (4.5)
Onde:
2
e2
(KL)(EI).πNe = (4.6)
Npl,R = resistência nominal da seção mista à plastificação total pela força normal;
(determinado conforme Npl,Rd com os coeficientes aφ , cφ e sφ iguais a 1)
42
eN = carga de flambagem elástica por flexão;
KL = comprimento efetivo de flambagem;
e(EI) = rigidez efetiva à flexão.
d) Imperfeições da barra
As imperfeições da barra podem ser levadas em conta utilizando-se as curvas de
flambagem da NBR 8800, 1986, citadas abaixo:
• Curva a, para perfis tubulares preenchidos com concreto;
• Curva b, para perfis I total ou parcialmente revestidos de concreto, para
flambagem em torno do eixo principal de maior inércia do perfil;
• Curva c, para perfis I total ou parcialmente revestidos de concreto, para
flambagem em torno do eixo principal de menor inércia do perfil.
e) Resistência do pilar à compressão axial
A resistência de cálculo do pilar misto à compressão uniaxial, levando-se em conta a
flambagem, é dada por:
Rdpl,Rd .NN ρ= (4.7)
Onde:
ρ = fator de redução devido à flambagem, dado pela NBR 8800 (1986), função da curva de
flambagem e do parâmetro de esbeltez λ .
f) Resistência à flexão composta
43
Quando um pilar misto está submetido à flexo-compressão, utiliza-se o diagrama de
interação mostrado na FIG. 4.1:
FIGURA 4.1 – Diagrama simplificado de interação força normal-momento fletor –
NBR 14323 (1999)
Esta figura é uma simplificação da curva representativa dos pares força normal-momento
fletor, os quais provocam, em conjunto, a plastificação da seção. As variáveis envolvidas
são:
NSd = força normal de cálculo;
MRd = resistência de cálculo a momento fletor do pilar sujeito a NSd;
dRd.pl,cRdpl,
SdRdpl,Rd.pl,Rd M
)N-(N )N-(NM M µ== (4.8)
Npl,Rd = resistência de cálculo da seção mista à plastificação total pela força normal;
NRd = resistência de cálculo do pilar misto à compressão axial;
Mpl,Rd = resistência de cálculo da seção mista à plastificação total pelo momento fletor, com
NSd igual a zero ou igual a Nc;
NSd
Npl,Rd
NRd
NSd
Nc
Nn
M'NRd NRdM MRd M pl,Rd MRd
AB C
44
Nc = resistência de cálculo da seção de concreto à plastificação total pela força normal;
Nc = φc.α.Ac.fck (4.9)
MNRd = momento devido à atuação de NRd na imperfeição inicial do pilar, incluindo efeito
de segunda ordem, considerado implicitamente por meio das curvas de flambagem;
kRd.pl,cRdpl,
RdRdpl,Rd.pl,NRd M
)N-(N )N-(NM M µ== (4.10)
Nn = valor da força normal para o qual se admite momento devido à imperfeição inicial do
pilar igual a zero;
4
MM
1N N 2
1
Rd.n
+
= (4.11)
M1/M2 = relação entre o menor e o maior momentos na extremidade do pilar, positiva para
curvatura reversa; deve-se tomar M1/M2 = -1 quando o momento em alguma seção
intermediária for superior em valor absoluto a M1 e M2, e também no caso de balanços.
No ponto A da FIG. 4.1 tem-se que NSd = NRd, ou seja, o pilar misto não resiste a nenhum
momento adicional a MNRd.
Para qualquer valor de NSd entre Nn e NRd, admite-se uma redução linear do valor de MNRd,
de modo que para o ponto B tem-se:
)N-(N
)N-(NM MnRd
nSdNRd.NRd =′ (4.12)
O trecho BC corresponde ao acréscimo de momento que se pode aplicar no pilar:
45
K.MSd ≤ MRd – M´NRd (4.13)
Onde:
K = 11
≥−
e
d
m
NNs
C (4.14)
MSd = momento fletor de cálculo, incluindo efeitos de segunda ordem e imperfeições
iniciais de montagem.
A NBR 14323 utiliza um coeficiente de segurança na expressão acima:
K.MSd ≤ 0,9.(MRd – M´NRd) (4.15)
Logo, a partir das expressões acima, tem-se:
≤
)N-(N )N-(NM
-M0,9. .MnRd
nSdkRd.pl,dRd.pl,Sd
µµK (4.16)
d)Rdpl,
Sd.
nRd
nSdk
(0,9.M M
)N-(N )N-(N
µµ
≤+K
(4.17)
Notas:
• Se NSd for inferior a Nn, a primeira parcela da expressão (4.17) á nula;
• Qualquer um dos coeficientes µk e µd deve ser tomado igual a 1 quando for
maior do que 1;
• Para o caso de momentos fletores atuando nos dois planos principais do
pilar, a expressão (4.17) é expandida como mostrado abaixo, devendo a
46
primeira parcela ser obtida em cada um dos dois planos, tomando-se o maior
dos dois resultados obtidos:
dRdy,
Sdy,y.
Rdx,
Sdx,x.
nRd
nSdk
)pl,(0,9.M M
)pl,(0,9.M M
)N-(N )N-(N
µµ
≤++KK
(4.18)
• Em qualquer situação deve-se ter NSd igual ou inferior a NRd em ambos os
planos principais, mesmo quando, em um deles, MSd for nulo.
g) Determinação de Mpl,Rd e da posição da linha neutra plástica
Para a determinação da linha neutra plástica, estabelece-se que a força resultante das
tensões normais (NSd) é igual a zero. Uma vez localizada a linha neutra plástica, pode-se
obter a resistência de cálculo ao momento fletor Mpl,Rd.
4.3 Abordagem conforme AISC-LRFD (1999)
4.3.1 Considerações adicionais ao item 4.1
- O índice de esbeltez
=
mrK.Lλ deve ser igual ou inferior a 200, onde:
rm = raio de giração relevante do perfil, porém, no caso de perfil I totalmente envolvido por
concreto, não menos do que 0,3 vezes a dimensão da seção no plano de flambagem;
- Não é abordado o caso de pilares mistos com perfil I parcialmente revestidos por
concreto;
-A área da seção transversal do perfil I ou do tubo de aço não pode ser inferior a 4% da área
total da seção transversal mista;
- A resistência característica do concreto à compressão dever estar na faixa de 20,7 MPa a
55,1 MPa para concreto normal e deve ser igual ou superior a 27,6 MPa para concreto com
agregados leves;
47
- Os limites de escoamento do aço estrutural e do aço da armadura devem ser de no
máximo 380 MPa.
4.3.2 Cisalhamento na superfície de contato aço-concreto, fora das regiões de
introdução de carga
Se a relação entre a força normal de compressão de cálculo e a resistência de cálculo
correspondente for inferior a 0,3 , o número necessário de conectores pode ser obtido
considerando-se o pilar misto como se fosse uma viga mista, isto é, considerando–se uma
força normal igual a zero e mantendo-se o momento fletor. Se esta relação for igual ou
superior a 0,3 , não é necessário o uso de conectores.
4.3.3 Resistência à força cortante
Normalmente, a solicitação é considerada como sendo totalmente aplicada na seção
metálica. Porém, pode-se também dividir seu efeito, por meios adequados, entre o aço e o
concreto. Do lado da segurança, despreza-se a contenção da(s) alma(s) do perfil de aço pelo
concreto.
4.3.4 Resistência à força normal de compressão
A resistência de cálculo à força normal de compressão é dada por φcNR, onde:
φc = coeficiente de segurança = 0,85;
NR = AaFcr (4.19)
Para : 1,5λc ≤
myθ
cr ).(0,658F f= (4.20)
48
Para : 1,5λ c>
mycr .θ
0,877F f
= (4.21)
Em que:
2c)(λθ = (4.22)
2
1
m
my
mc
E.
π.rKLλ
=
f
(4.23)
+
+=
a
cck2
a
sys1ymy
AA..c
AA..c ffff (4.24)
AA..EcEE
a
cc3am
+= (4.25)
Onde:
KL = comprimento de flambagem do pilar;
rm = raio de giração relevante do perfil de aço, porém, no caso de perfil I totalmente
envolvido por concreto, não menos do que 0,3 vezes a dimensão da seção no plano de
flambagem;
Aa, Ac, As = áreas das seções transversais do perfil de aço, do concreto e da armadura,
respectivamente;
fy, fys = limites de escoamento dos aços do perfil e da armadura, respectivamente;
fck = resistência característica do concreto à compressão;
Ea = módulo de elasticidade do aço do perfil;
Ec = módulo de elasticidade do concreto;
49
c1, c2, c3 = coeficientes numéricos, iguais, respectivamente, a 1,0 , 0,85 e 0,4 para tubos
preenchidos por concreto e 0,7 , 0,6 e 0,2 para perfis I totalmente envolvidos por concreto.
4.3.5 Resistência à flexão-composta
Se uma força normal de compressão e momentos fletores em relação a ambos os eixos
principais do perfil I estiverem atuando no pilar misto, as seguintes condições devem ser
respeitadas:
Se 2,0.N
NRc
Sd≥
φ:
0,1),.M(
M),.M(
M.98
.NN
Rply,b
Sdy,
Rplx,b
Sdx,
Rc
Sd≤
+
+
φφφ (4.26)
Se 2,0.N
NRc
Sd<
φ:
0,1),.M(
M),.M(
M.N.2
NRply,b
Sdy,
Rplx,b
Sdx,
Rc
Sd≤
++
φφφ (4.27)
Onde:
NSd = força normal de compressão de cálculo;
φb = coeficiente de segurança da resistência ao momento fletor = 0,9;
Mx,Sd e My,Sd = momentos fletores de cálculo, incluindo efeitos de segunda ordem e
imperfeições; na determinação dos efeitos de segunda ordem por métodos aproximados, as
cargas críticas de flambagem elástica devem ser obtidas pela expressão abaixo:
( )
.AN 2
c
myacr
λf
= (4.28)
50
Mx,pl,R e My,pl,R = resistências últimas aos momentos fletores correspondentes, na ausência
de força normal, determinadas com base na distribuição plástica de tensões na seção
transversal mista; considera-se apenas o concreto comprimido, com uma tensão de 0,85. fck,
o perfil e as barras da armadura sujeitos às tensões de escoamento correspondentes, tanto na
região comprimida quanto na tracionada. Se 3,0.N
NRc
Sd≥
φ, não é necessário o uso de
conectores para desenvolver o comportamento misto, mas se 3,0.N
NRc
Sd<
φ, devem ser
usados conectores da mesma forma que para 0.N
NRc
Sd=
φ.
4.4 Abordagem conforme Eurocode 4 (1992)
4.4.1 Considerações adicionais ao item 4.1
- Os efeitos de deformação lenta e retração do concreto devem ser considerados se houver
uma probabilidade dos mesmos reduzirem significativamente a estabilidade estrutural;
- O aumento de resistência da armadura produzido pelo concreto que a envolve (tension
stiffening), entre fissuras, pode ser levado em consideração;
- A área da seção transversal da armadura longitudinal utilizada no cálculo da resistência do
pilar misto não deve ser menor do que 0,3% e nem maior do que 4% da área da seção
transversal do concreto.
4.4.2 Análise estrutural
A rigidez do pilar é a rigidez efetiva à flexão (EI)e, definida por:
..8,0)( ccdssaae IEIEIEEI ++= (4.29)
Onde:
51
cγcm
cdE E = (4.30)
cmE = módulo secante do concreto, de acordo com o item 3.1.4.1 do Eurocode 4;
35,1=cγ
Caso efeitos de longa duração devam ser levados em consideração, deve-se modificar o
valor de cdE na fórmula (4.29) para cE´ :
.5,01.´ ,
−=
Sd
SdGcdc
NNEE (4.31)
cdE - conforme (4.30);
SdGN , e SdN - ver item 4.2.2;
Além disso, imperfeições geométricas e estruturais devem ser levadas em conta na análise.
4.4.3 Pilares indeslocáveis
Vide item 4.2.3.
4.4.4 Efeito da força cortante na seção transversal de um pilar misto
Normalmente, a solicitação é considerada totalmente aplicada na seção metálica. Porém,
pode-se também dividir seu efeito, por meios adequados, entre o aço e o concreto.
4.4.5 Resistência ao cisalhamento
52
A resistência ao cisalhamento deve ser garantida pela aderência e pelo atrito na superfície
de contato ou por meios mecânicos, utilizando-se conectores de cisalhamento, de modo que
nenhum deslizamento significativo entre os elementos de aço e de concreto ocorra.
A parcela da resistência de cálculo ao cisalhamento devida à aderência a ao atrito deve ser
tomada igual a:
• para seções mistas totalmente revestidas por concreto: 0,3 MPa;
• para seções preenchidas por concreto: 0,4 MPa;
• para mesas em seções mistas parcialmente revestidas por concreto: 0,2 MPa;
• para almas em seções parcialmente revestidas por concreto: 0.
4.4.6 Resistência à força normal de compressão e à flexão composta
a) Resistência da seção à plastificação total
A resistência de cálculo da seção mista à plastificação total pela força normal é dada por:
sks.
cck.ya.
,AA)(A
scMaRdpl
fffNγγ
αγ
++= (4.32)
Onde:
α = 0,85 para seções revestidas por concreto e 1,0 para seções preenchidas com concreto;
Maγ , cγ , sγ = coeficientes de segurança dos materiais correspondentes, no estado limite
último: 1,10 , 1,5 , 1,15 , respectivamente.
Para tubos de seção circular preenchidos com concreto, pode-se levar em consideração o
aumento de resistência do concreto devido ao confinamento, desde que certas condições
com respeito aos valores de λ (parâmetro de esbeltez) e da relação MSd/NSd (para flexão
composta) sejam verificadas.
53
b) Razão de contribuição do aço (δ )
Denomina-se razão de contribuição do aço a relação entre as resistências de cálculo da
seção de aço e da seção mista, para o estado limite de plastificação total por força normal.
Este valor deve ficar entre 0,2 e 0,9.
( )Rdpl,
aya
N..A γδ f
= (4.33)
Sendo:
aγ =1,10.
c) Parâmetro de esbeltez (λ )
O parâmetro de esbeltez deve ser inferior ou igual a 2,0:
2
1
cr
Rpl,
NN
=λ (4.34)
Onde:
2fl
e2
)(L(EI).πNcr = (4.35)
Lfl = comprimento de flambagem de acordo com o item 4.8.3.6 da norma;
Npl,R = valor de Npl,Rd calculado considerando-se os coeficientes de segurança iguais a 1.
d) Imperfeições da barra
54
As imperfeições dentro do comprimento do pilar devem ser levadas em consideração para o
cálculo das forças internas e momentos, partindo-se das seguintes curvas:
• Curva a, para perfis tubulares preenchidos com concreto;
• Curva b, para perfis I total ou parcialmente revestidos de concreto, para
flambagem em torno do eixo principal de maior inércia do perfil;
• Curva c, para perfis I total ou parcialmente revestidos de concreto, para
flambagem em torno do eixo principal de menor inércia do perfil.
e) Resistência do pilar à compressão axial
A resistência de cálculo do pilar misto à compressão uniaxial, levando-se em conta a
flambagem, é dada por:
Rdpl,Rd .NN χ= (4.36)
Onde:
χ = fator de redução devido à flambagem, dado pelo Eurocode 3 (1992), função da curva
de flambagem e do parâmetro de esbeltez .λ
f) Resistência à flexão composta
Quando um pilar misto está submetido à flexo-compressão, utiliza-se um diagrama de
interação análogo ao do item 4.2.6 - f. Toda a análise segue também os passos do referido
item.
55
• Flexão em torno de um só eixo principal (FIG. 4.2)
FIGURA 4.2 – Diagrama simplificado de interação força normal-momento fletor –
Eurocode 4 (1992)
Rdpl,
Sd
N N d =χ (4.37)
Portanto, dχ representa a força normal de cálculo na figura acima.
O ponto A na curva de interação representa a falha do pilar submetido à carga axial
Rdpl,.N.χ , na ausência de qualquer momento aplicado. Logo, o pilar misto não resiste a
nenhum momento adicional a . , RdplMkµ (devido às imperfeições iniciais). No caso
M2=M1 (momentos na extremidade, produzindo curvatura simples), assume-se que ocorra
uma variação linear do momento fletor associada à imperfeição inicial, ou seja, o momento
fletor de segunda ordem sendo proporcional à carga axial. Logo, para uma carga axial mais
baixa Rdpl,.N.dχ , o valor do momento fletor devido à carga axial é o correspondente ao
trecho DE. Neste caso, a resistência a momento fletor é a correspondente ao trecho DC, e a
resistência adicional EC esta disponível para resistir a um momento aplicado.
n
k d
d
1
SdN
B
A
C
MRd
Npl,Rd
M pl,Rd
1
DE
0
56
O momento fletor de segunda ordem relacionado a uma determinada carga axial diminui à
medida que a relação M2/M1 decresce. Portanto, pode-se considerar uma nova ordenada
como sendo:
4
/1 12. MMnχ
−= χ , para dχχ ≤ (4.38)
Pode-se considerar Rdpl,.N.nχ como sendo o valor da força normal abaixo do qual pode ser
desprezado o momento fletor associado à imperfeição inicial. A resistência a momento
fletor, então, cresce de EC para BC.
A resistência a momento fletor é obtida da seguinte forma:
Rdpl,M..9,0M µ=Rd (4.39)
Onde:
n
ndkd χχ
χχµµµ−
−−= . (4.40)
Os valores de dµ e kµ são obtidos da curva de interação para os respectivos valores de
dχ e χ .
Pelo Eurocode, M1/M2 = relação entre o menor e o maior momentos na extremidade do
pilar, negativa para curvatura reversa.
• Flexão em torno de ambos eixos principais
Para o caso de flexão biaxial, as condições para verificação são as seguintes:
57
Rdpl,y,, M..9,0M yRdy µ= (4.41)
Rdpl,Z,, M..9,0M zRdZ µ= (4.42)
0,1M
MM
M,,.
SdZ,
,,.
, ≤+RdplZRdply
Sdy
zy µµ (4.43)
Observação: Deve-se verificar também o efeito da força normal isolada. yµ e zµ são
determinados de forma análoga aµ (4.40), sendo que o momento devido à imperfeição
inicial pode ser considerado em apenas um dos planos de flexão (o que der resultado mais
desfavorável) na expressão (4.43).
58
5
CONSIDERAÇÕES SOBRE A TEORIA DA PLASTICIDADE
5.1 Considerações iniciais
A teoria da plasticidade representa uma extensão necessária da teoria da elasticidade e sua
aplicação está relacionada à análise de tensões e deformações da estrutura tanto no regime
plástico quanto no elástico. Ela fornece uma estimativa mais real da capacidade de
carregamento de estruturas e propicia melhor entendimento da reação dos elementos
estruturais às forças externas. Quanto maior o conhecimento a respeito das relações tensão-
deformação que ocorrem em um determinado sistema estrutural, mais preciso será o
dimensionamento e mais adequada será a estrutura.
O trabalho presente tem como objetivo final o desenvolvimento e a análise de modelos de
elementos finitos de pilares mistos aço-concreto. Nesta análise, há a preocupação de como
se comporta tal elemento estrutural até que este atinja sua carga última, tanto em termos de
tensões, como de deformações e deslocamentos. Portanto, um bom entendimento da teoria
da plasticidade, assim como sua correta aplicação nestes modelos numéricos, são
essenciais.
59
Neste capítulo será feito um breve resumo dos principais tópicos da teoria da plasticidade
que serão importantes para um melhor entendimento de capítulos posteriores.
5.2 Análises linear e não-linear
5.2.1 Análise linear
Para que uma análise linear possa ser realizada e propicie um resultado adequado, é
necessário que três condições sejam satisfeitas:
a) Validade da Lei de Hooke (comportamento linear do material);
b) Mudança de geometria desprezível após a deformação da estrutura (todas as respostas
podem ser determinadas com base na geometria inicial ou indeformada);
c) Não ocorrência de mudança de status, isto é, condições de vinculação, constituição da
estrutura, etc.
Como conseqüência da validade das condições para análise linear, o princípio da
superposição de efeitos é válido, isto é, a ordem de aplicação dos carregamentos não afeta o
resultado da análise realizada.
5.2.2 Análise não-linear
Uma análise não-linear deve ser feita quando pelo menos uma das condições anteriores não
for atendida. Pode-se classificar uma análise não-linear em dois grupos principais:
a) Não-linearidade física:
O material não obedece à Lei de Hooke em toda a extensão da solicitação;
60
b) Não-linearidade geométrica:
Há possibilidade de ocorrer de duas formas – grandes deslocamentos (mais comum em
análises estruturais) e grandes deformações.
Como conseqüência da não validade das condições para análise linear, o princípio da
superposição de efeitos não é válido, isto é, a ordem de aplicação dos carregamentos afeta o
resultado da análise realizada.
5.3 Espaço de tensões de Haigh-Westergaard
O estudo da teoria da plasticidade e dos critérios de falha é facilitado pelo uso de uma
representação geométrica tridimensional do estado de tensões num determinado ponto. A
esta representação dá-se o nome de espaço de tensões de Haigh-Westergaard e sua
aplicação é limitada a materiais isotrópicos. Este espaço define o estado de tensões em cada
ponto e tem como eixos coordenados as tensões principais atuantes neste ponto,
interessando somente os valores das mesmas e não suas direções dentro do corpo (devido à
isotropia). As coordenadas de Haigh-Westergaard são funções da tensão hidrostática, da
tensão de cisalhamento octaédrica e das tensões desviadoras.
5.4 Critério de escoamento para materiais independentes da pressão
hidrostática
O critério de escoamento define o limite elástico de um material submetido a um
determinado estado de tensões. Para materiais isótropos e independentes da pressão
hidrostática, como os metais, por exemplo, a função de escoamento pode ser representada
por:
0,...)k,k,J,(J 2132 =f , (5.1)
onde:
J2 e J3 são o segundo e terceiro invariantes do tensor desviador ou anti-esférico de tensões e
k1, k2 , etc., são constantes do material determinadas experimentalmente.
61
5.4.1 Principais critérios
a) Critério de Tresca:
Foi o primeiro critério de escoamento proposto para metais sujeitos a um estado qualquer
de tensões. De acordo com esse critério, o escoamento ocorre no momento em que a
máxima tensão de cisalhamento num determinado ponto atinge um determinado valor
crítico (metade da tensão de escoamento na tração uniaxial). No espaço de Haigh-
Westergaard, a superfície de escoamento é um prisma de base hexagonal cujo eixo coincide
com o eixo hidrostático;
b) Critério de von Mises:
Embora o critério da máxima tensão de cisalhamento (Tresca) seja simples, ele não
considera nenhuma influência das tensões principais intermediárias. O critério de von
Mises estabelece que o escoamento se iniciará quando a tensão de cisalhamento octaédrica
igualar um determinado valor crítico, função da tensão de escoamento no cisalhamento
puro. No espaço de Haigh-Westergaard, a superfície de escoamento é um cilindro cujo eixo
coincide com o eixo hidrostático.
5.5 Critério de falha para materiais dependentes da pressão hidrostática
O comportamento de diversos materiais não-metálicos, como por exemplo, solos, rochas e
concreto, é caracterizado pela dependência da pressão hidrostática. A forma geral da
superfície de colapso é dada por:
0,...)k,k,J,J,(I 21321 =f (5.2)
ou 0,...)k,k,,,( 21 =θρξf , (5.3)
onde I1 é o primeiro invariante do tensor de tensões e ξ , ρ e θ são as coordenadas de
Haigh-Westergaard.
62
Esta superfície no espaço tridimensional pode ser descrita pela sua seção transversal por um
plano desviador e por dois de seus meridianos. A FIG. 5.1 representa a forma geral da
superfície de falha para um material isotrópico.
5.5.1 Principais critérios
a) Critério da tensão máxima de tração (Rankine):
O material falha no momento em que a maior tensão de tração atinge a resistência à tração
do mesmo. É principalmente utilizado no estudo de materiais frágeis. Muitos materiais não-
metálicos apresentam um comportamento muito diferente à tração e à compressão. O
concreto, por exemplo, tem uma resistência à compressão muito maior do que à tração.
Assim sendo, quando submetido a confinamento e carregamento de compressão, ele pode
até apresentar um comportamento dúctil; já quando submetido a tensões de tração, o
concreto apresenta uma ruptura frágil, brusca. Portanto, de acordo com Chen e Han (1987),
para muitos materiais deste tipo pode ser interessante associar o critério de Rankine com o
de von Mises ou de Tresca, por exemplo, para melhor representar seu comportamento.
FIGURA 5.1 - Forma geral da superfície de falha para um material dependente
da pressão hidrostática: (a) meridianos; (b) seção desviadora
Meridiano de compressão
Meridiano de tração
2=0°
2=60°
0
F2́
c
´F3
´F
2t
1
(a) (b)
63
b) Critério de Mohr-Coulomb:
Pode ser considerado como sendo uma generalização do critério de Tresca. O critério de
falha de Mohr-Coulomb considera que a tensão de cisalhamento limite num determinado
plano é função da tensão normal no mesmo plano, função esta determinada
experimentalmente. No espaço de Haigh-Westergaard, a superfície de falha é uma pirâmide
(devido à dependência da pressão hidrostática) de base hexagonal não regular cujo eixo
coincide com o eixo hidrostático.
c) Critério de Drucker-Prager:
Pode ser considerado como uma generalização do critério de von Mises, acrescentando-se a
consideração do efeito da pressão hidrostática. No espaço de Haigh-Westergaard, a
superfície de falha é um cone (devido à dependência da pressão hidrostática) cujo eixo
coincide com o eixo hidrostático.
A superfície de falha tem a sua forma caracterizada por:
0J.)J,(I 2121 =−+= kIf α (5.4)
ou , 0.2..6),( =−+= kf ρξαρξ (5.5)
onde α e k são constantes do material. Quando α é zero, as superfícies de Drucker-Prager e
de von Mises coincidem. A FIG. 5.2 representa o critério de Drucker-Prager no espaço das
tensões principais.
5.6 Plasticidade de materiais perfeitamente plásticos
Na prática não existe nenhum material que não sofra o processo de encruamento (ou
amolecimento). Porém, para alguns materiais a idealização de um comportamento elástico-
perfeitamente plástico pode ser extremamente vantajosa, principalmente em análises
estruturais mais complexas. Num comportamento perfeitamente plástico a tensão não varia
com a deformação, após o início do escoamento. A superfície de escoamento no espaço de
tensões é considerada imutável, fixa.
64
5.6.1 Critério de carregamento e descarregamento
Seja )ijf(σ a função ou superfície de escoamento (também denominada de função ou
superfície de carga) e ijσ o tensor de tensões em um determinado ponto do corpo. Tem-se:
a) Critério de carregamento:
00 =∂∂
== ijij
ij .dσσf df e ,k)f(σ (5.6)
b) Critério de descarregamento:
00 <∂∂
== ijij
ij .dσσf df e ,k)f(σ (5.7)
5.6.2 Regra de fluxo
A regra de fluxo define, no caso de materiais perfeitamente plásticos, a direção do vetor
correspondente à parte plástica do tensor dos incrementos de deformação total pijdε . Ou
seja, ela define a relação entre as componentes deste vetor. Há dois tipos de regra de fluxo:
FIGURA 5.2 – Superfície de falha para o critério de Drucker-Prager:
(a) plano meridiano (θ=0º); (b) seção desviadora na origem (plano π )
o = 2.k
Ø 3."t
Øc
= 2.ko
k o
F2́F́3
F1́
(a) (b)
65
a) Não-associativa:
A superfície potencial plástica, g( ijσ ), é diferente da superfície de escoamento, f( ijσ ).
fggddij
pij ≠
∂∂
= , .σ
λε (5.8)
b) Associativa:
A superfície potencial plástica, g( ijσ ), coincide com a superfície de escoamento, f( ijσ ). É
utilizada para metais em geral.
fgfddij
pij =
∂∂
= , .σ
λε (5.9)
Nas relações acima, dλ é um escalar infinitesimal. O vetor pijdε é sempre normal à
superfície potencial plástica.
5.6.3 Relação incremental constitutiva na forma geral
kl
ijklijkkijijfCddEdEdσ
λδευυ
υευ
σ∂∂
−−+
++
= ....).21).(1(
..1
, (5.10)
onde ijδ é o delta de Kronecker e ijklC o tensor de rigidez elasto-plástico.
5.7 Plasticidade de materiais encruáveis
Para o estudo de materiais encruáveis, é fundamental a definição do termo superfície de
carregamento. Esta é a superfície de escoamento subseqüente para um material deformado
elasto-plástico, que define a fronteira ou contorno da região elástica atual. Seja um espaço
de tensões relativo a um determinado ponto do material. Se o estado de tensões crescer até
que o ponto que o representa neste espaço de tensões atinja a superfície de escoamento
inicial e continuar crescendo, haverá deformações tanto plásticas quanto elásticas. A cada
etapa de deformação plástica, uma nova superfície de escoamento se formará. Caso o
estado de tensões seja alterado de modo que o ponto que o representa no espaço de tensões
se mova para dentro da nova superfície de escoamento, então só haverá deformações
66
elásticas. Logo, pode-se concluir que o comportamento tensão-deformação de materiais
encruáveis é dependente do caminho de carregamento, ou seja, da seqüência em que este
carregamento é aplicado. As superfícies de carregamento podem ser expressas em função
do estado atual de tensões e deformações plásticas, como abaixo:
0),,( =kf Pijij εσ , (5.11)
onde k é denominado parâmetro de encruamento.
As componentes de um vetor unitário fn normal à superfície de carregamento no espaço de
tensões são definidas por:
2
1
∂∂
⋅∂∂
∂∂=
klkl
ijfij
ff
fn
σσ
σ (5.12)
5.7.1 Critério de carregamento e descarregamento
A partir das definições anteriores, os critérios de carregamento podem ser então definidos.
a) Critério de carregamento:
0d então , 0.n e 0 pij
fij ≠>= εσ ijdf (5.13)
b) Critério de descarregamento:
0d então , 0.n e 0 pij
fij =<= εσ ijdf (5.14)
c) Critério de carregamento neutro:
0d então , 0.n e 0 pij
fij === εσ ijdf (5.15)
67
5.7.2 Regras de encruamento
A regra de encruamento define como a superfície de escoamento se modifica durante o
processo de fluxo plástico, e também define como variam algumas propriedades do
material durante o fluxo plástico. A forma geral da função de carregamento pode ser
apresentada como:
0)(),(),,( 2 =−= pPijij
Pijij kFkf εεσεσ (5.16)
Desta forma, o parâmetro de encruamento 2k representa o tamanho da superfície de
escoamento, enquanto a função ),( PijijF εσ define a forma da mesma.
Materiais encruáveis perdem a isotropia durante as deformações plásticas (exceto se o
encruamento for isotrópico). Devido à perda desta propriedade, a superfície de escoamento
não pode mais ser representada no espaço de Haigh-Westergaard, mas sim, no espaço de
nove dimensões. Diversas regras de encruamento já foram propostas, destacando-se:
a) Encruamento isotrópico:
0)()( 2 =− pij kF εσ (5.17)
Somente o tamanho da superfície de escoamento ou de carregamento varia. Se for utilizado
o critério de von Mises, tem-se:
0)(23),( 2 =−⋅⋅= peijijij sskf εσσ (5.18)
b) Encruamento cinemático:
0)(),( 2 =−−= kFf ijijPijij ασεσ (5.19)
68
Somente a posição da superfície de escoamento ou de carregamento varia (sofre translação
no espaço de tensões). O parâmetro de encruamento agora é constante. Se for utilizado o
critério de von Mises, tem-se:
0)()(23 2 =−−⋅−⋅= oijijijij ssf σαα , (5.20)
onde ijα são as coordenadas do centro da superfície de escoamento. Neste tipo de regra de
encruamento é preciso ainda que se defina a direção na qual ocorrerá a taxa de translação
da superfície de escoamento, d ijα . Pode-se aplicar para este fim a regra de Prager ou a
regra de Ziegler (vide Chen e Han (1987)), por exemplo.
c) Encruamento misto:
0)()(),,( 2 =−−= pijijPijij kFkf εασεσ (5.21)
A posição e o tamanho da superfície de escoamento variam.
5.7.3 Relação incremental constitutiva na forma geral
A partir do exposto, pode-se determinar a relação incremental tensão-deformação na sua
forma geral, com base na regra de fluxo, tipo de superfície de escoamento e regra de
encruamento.
5.8 Metais
Alguns metais podem ser considerados como elásticos-perfeitamente plásticos, como por
exemplo, o aço estrutural comum. Este tipo de aço apresenta fluxo plástico sob um estado
constante de tensões. Porém, os metais mais comuns devem ser modelados com base na
teoria da plasticidade de materiais encruáveis. Podem-se citar como exemplos o alumínio e
o cobre.
69
O efeito da pressão hidrostática no escoamento e na deformação plástica é insignificante.
Tal fato implica que a mudança volumétrica plástica não é significativa, mesmo para
grandes deformações plásticas. Comparações com dados experimentais mostraram que os
critérios de Tresca e de von Mises com ou sem encruamento são os mais adequados para
análise de metais.
5.9 Concreto
A análise de estruturas de concreto tem sido feita principalmente com base na teoria da
elasticidade associada a fórmulas empíricas desenvolvidas a partir de diversos ensaios
experimentais. O resultado deste tipo de análise, no que diz respeito ao dimensionamento
de estruturas de concreto, tem se mostrado eficaz e também necessário, por razões práticas.
Contudo, nos últimos anos tem ocorrido um imenso avanço na área computacional, com o
aparecimento de máquinas mais potentes e velozes. No âmbito da engenharia estrutural, as
análises numéricas, principalmente as relacionadas ao Método dos Elementos Finitos, têm
se mostrado ferramentas poderosas para uma análise mais completa de estruturas em geral.
A modelagem do material concreto, incluindo seu comportamento durante a deformação até
a falha (colapso), está cada vez mais preciso com o uso do Método dos Elementos Finitos e
através de análise inelástica incremental. Características do material, como fissuração,
esmagamento e amolecimento, e até aderência entre o concreto e a armadura, no caso do
estruturas de concreto armado, são agora possíveis de se modelar com certa precisão,
graças a pesquisas realizadas atualmente no mundo inteiro.
5.9.1 Descrição do material e de seu comportamento
O concreto é um material heterogêneo e possui vasta aplicação no ramo da construção civil.
A partir da definição de Ribeiro et al. (2000), o concreto é composto por três compostos
fundamentais: cimento, agregados e água. Aditivos podem ser adicionados à mistura para
melhorar o desempenho do concreto num determinado item. Os agregados se subdividem
em duas categorias: graúdo (brita) e miúdo (areia). Denomina-se argamassa à mistura
contendo cimento (aglomerante), água e agregado miúdo. O traço do concreto (proporção
70
entre seus constituintes) deve ser estudado de modo a atender à resistência, à durabilidade e
à trabalhabilidade desejáveis do mesmo. Apesar da complexa natureza constitutiva do
concreto, nos estudos sobre a modelagem numérica deste material ele é usualmente
considerado, de forma simplificada, um meio contínuo homogêneo e inicialmente
isotrópico.
O concreto possui uma relação tensão-deformação não-linear, podendo ainda ser
caracterizado como um material frágil. Tal comportamento se deve à evolução de micro e
macrofissuras no corpo do material à medida que o carregamento é aplicado. Sabe-se que
mesmo na ausência de carregamento, o concreto já possui um número considerável de
microfissuras em seu interior, principalmente na interface da argamassa com as britas. Estas
microfissuras aparecem com os efeitos da deformação lenta, segregação e expansão térmica
do cimento, por exemplo.
Três fases podem ser distinguidas numa curva característica tensão de compressão-
deformação uniaxial do concreto. A primeira etapa corresponde à faixa de tensão até
aproximadamente 30% da resistência máxima à compressão do concreto, onde as
microfissuras já existentes antes da aplicação do carregamento permanecem praticamente
inalteráveis. É uma fase praticamente elástica linear. Acima deste valor de tensão,
conhecido como limite de elasticidade, até uma tensão de aproximadamente 75% da
resistência máxima, as fissuras começam a aumentar de número, comprimento e largura e,
posteriormente, começam a aparecer fissuras na argamassa. Porém, a propagação de
fissuras é estável. Com isso, o comportamento não-linear do material se estabelece. Esta é a
segunda etapa, onde a curva tensão-deformação apresenta um aspecto curvo. A terceira e
última etapa (acima da tensão de 75% da resistência máxima) caracteriza-se pelo início da
propagação instável de fissuras no concreto. O colapso do concreto se inicia com o
surgimento de um maior número de fissuras na argamassa que, posteriormente, unem-se às
fissuras na interface da argamassa com o agregado graúdo, formando zonas de dano
interno. Finalmente, fissuras aparecem na direção paralela à da aplicação da carga,
resultando na falha do concreto. As etapas descritas também são observadas
qualitativamente em outros casos de carregamento.
71
O concreto à tração apresenta uma resistência baixa e seu comportamento é frágil. Um dos
motivos para tal fato pode ser atribuído à redução da faixa de tensões relacionada à
propagação estável de fissuras no concreto, em relação ao seu comportamento à
compressão. Além disso, a interface entre a argamassa e o agregado graúdo possui uma
resistência à tração muito menor do que a da argamassa.
Com base em ensaios experimentais, percebeu-se que o concreto moderadamente
confinado, sujeito à compressão, apresenta, em termos qualitativos, as mesmas três etapas
já apresentadas para o caso uniaxial, ou seja, as fases linearmente elástica, inelástica e de
deformações localizadas. Além disso, percebeu-se que o concreto apresenta uma certa
ductilidade quando está sujeito a uma pressão de confinamento adicionada à carga de
compressão.
Também por meios de estudos experimentais relacionando a deformação volumétrica do
concreto com um estado de compressão uniaxial ou biaxial, verificou-se que o concreto
apresenta decréscimo de volume até aproximadamente 75 a 90% da tensão última de
compressão. Posteriormente, a tendência é revertida e começa a haver um acréscimo de
volume do concreto. O acréscimo de volume corresponde à fase em que se percebe um
aumento considerável de fissuras na argamassa, isto é, corresponde ao início da fase de
propagação instável de fissuras.
Outro importante aspecto no comportamento do concreto é o fenômeno do amolecimento.
Numa curva uniaxial tensão-deformação, este fenômeno é representado pelo ramo
descendente da mesma após a tensão de pico. Nesta fase, a distribuição de deformações não
é mais contínua. O ramo descendente da curva tensão-deformação não pode ser
interpretado como uma propriedade do material e sim como uma propriedade do modelo
estrutural.
O concreto é sujeito ainda ao fenômeno de degradação da rigidez, quando submetido a
cargas cíclicas. Tal comportamento é mais perceptível após a carga de pico e é relacionado
a alguns tipos de dano, como por exemplo, microvazios e microfissuras no concreto.
72
Por fim, o concreto apresenta certas propriedades reológicas, isto é, propriedades que
variam com o tempo. Como exemplos, podem ser citados a retração, o inchamento e a
deformação lenta do concreto. De acordo com Süssekind (1979), a retração é um fenômeno
independente do carregamento aplicado e pode ser definida como a deformação causada
pela perda por evaporação de água quimicamente dissociada do concreto quando em
contato com o ar. Ocorre então uma redução do volume da peça de concreto, podendo gerar
tensões que causem fissuras no concreto. Já o fenômeno de inchamento é o inverso da
retração. Quando uma peça de concreto é mergulhada na água, o concreto absorve parte
dela, aumentando de volume. Quando determinadas regiões do concreto estão sujeitas a um
carregamento de compressão por um grande período de tempo, ocorre o fenômeno da
deformação lenta, ou seja, uma redução do volume destas regiões.
5.9.2 Modelagem do concreto
Como já comentado, a maior parte dos modelos de concreto faz uso de uma abordagem
macroscópica do mesmo. A abordagem feita pela teoria da plasticidade encontra-se neste
caso. Diversas relações matemáticas para representar a relação macroscópica tensão-
deformação do concreto foram desenvolvidas nestes últimos anos.
A teoria clássica da plasticidade foi desenvolvida para representar o comportamento de
metais. Apesar do concreto comprimido, analisado macroscopicamente, apresentar certas
similaridades com os metais, principalmente na fase antes do colapso, é necessário que
sejam modificadas algumas características fundamentais desta teoria clássica para que o
novo modelo plástico seja adequado para este tipo de material. Tal modelo constitutivo
deve ser capaz de representar o comportamento do concreto não só antes (encruamento),
como também após (amolecimento) sua falha. Adicionalmente, este modelo plástico precisa
incluir uma condição de resistência última (condição de colapso), além de uma superfície
de escoamento inicial, de uma regra de encruamento e de uma regra de fluxo. Também é
necessário incluir a baixa resistência à tração, com a formação de fissuras.
73
5.9.3 Critério de colapso (ou critério de falha)
A forma geral da superfície de colapso do concreto pode ser expressa por:
0)J,J,(I 321 =f (5.22)
A forma explícita da função é obtida por meio de ensaios experimentais. Devido a sua
dependência da pressão hidrostática, a superfície de colapso do concreto apresenta
meridianos curvos. Um carregamento puramente hidrostático de compressão não pode
causar a falha do concreto. A forma da seção em um plano desviador é aproximadamente
triangular para tensões de tração e tensões baixas de compressão e muda para seções quase
circulares à medida que as tensões de compressão aumentam. A FIG. 5.3 ilustra os aspectos
gerais da superfície de colapso do concreto.
FIGURA 5.3 – Características gerais da superfície de falha: (a) meridianos da superfície de
falha; (b) seções em planos desviadores
Com base nestas características principais da superfície de colapso do concreto diversos
critérios de falha foram propostos, sendo classificados pelo número de constantes do
material (parâmetros) presentes na expressão. Os critérios de von Mises (1 parâmetro),
Bresler-Pister (3 parâmetros), Hsieh-Ting-Chen (4 parâmetros), e William-Warnke (5
Meridiano de Tração
Meridiano de Compressão
Meridiano de Cisalhamentoc
s
t
θ=60° θ=30°
ρc
ρs ρt
σ1
σ3σ2
(a) (b)
74
parâmetros) são alguns exemplos. O último é o mais usado como critério de colapso para o
concreto. Ele é comentado em maiores detalhes no capítulo 6.
5.9.4 Modelagem plástica da fase de encruamento do concreto
Diversos modelos do concreto que levam em consideração o efeito de encruamento já
foram desenvolvidos nestes últimos anos. Porém, um dos mais utilizados é o modelo
proposto por Chen, A e Chen, W (1975). Algumas características principais de um modelo
plástico do concreto são:
a) A superfície de escoamento inicial não pode ser considerada como tendo a mesma
forma, proporcionalmente reduzida, da superfície de falha do concreto, pois tal fato
pode conduzir a um valor excessivo (em caso de tensão de tração) e a um valor
reduzido (em caso de tensão de compressão com confinamento) para a deformação
plástica;
b) O tamanho e a forma das superfícies subseqüentes de escoamento devem mudar de
maneira contínua durante o processo de encruamento, desde a superfície inicial de
escoamento até a superfície de colapso do concreto. Han e Chen (1985) e Han e Chen
(1987) apresentam uma regra de encruamento não-uniforme para representar tal
comportamento. Esta regra de encruamento não é isotrópica;
c) Deve-se utilizar uma regra de fluxo não-associativa para se levar em conta o
comportamento de redução/expansão volumétrica durante a deformação plástica. A
regra associativa pode levar a uma expansão volumétrica exagerada para o concreto.
5.9.5 Modelagem plástica da fase de amolecimento do concreto
A fase de amolecimento é caracterizada por uma inclinação negativa da tangente ao
diagrama tensão-deformação uniaxial. No caso de estados triaxiais de tensões, a abordagem
75
mais usual é uma análise conjunta entre a teoria da plasticidade, caracterizando a
deformação plástica, e a teoria da fratura, caracterizando a degradação da rigidez. Este
último fenômeno é considerado como sendo causado principalmente pelas microfissuras. A
formulação desenvolvida num espaço de deformações, ao invés do espaço de tensões, tem
se mostrado uma ferramenta eficaz na combinação destas duas teorias.
76
6
CONSIDERAÇÕES SOBRE O PROGRAMA ANSYS
6.1 Considerações iniciais
O ANSYS é um programa comercial desenvolvido pela empresa norte-americana Swanson
Analysis System Inc para análise de problemas diversos por meio do Método dos
Elementos Finitos. Periodicamente, o ANSYS sofre atualizações, incluindo melhorias em
determinados aspectos do programa, assim como é feito na maioria dos softwares
comerciais de dimensionamento de estruturas. Atualmente ele se encontra na versão 6.1.
Porém, os modelos desenvolvidos neste trabalho foram feitos com a versão 5.7.
6.2 Apresentação do programa
6.2.1 Descrição geral
O ANSYS permite a modelagem e a solução de problemas em diversas áreas. São possíveis
análises de problemas estruturais, térmicos (transferência de calor), eletro-magnéticos e
77
fluido-dinâmicos, bem como a interação de alguma destas áreas em um problema
multidisciplinar. No campo estrutural são possíveis análises estáticas, dinâmicas, de
estabilidade de estruturas, entre outras. Além disso, podem ser feitas abordagens não-
lineares, tanto físicas quanto geométricas.
O programa oferece ainda uma interface gráfica com o usuário auto-explicativa, que facilita
muito o pré e o pós-processamento dos modelos. Este é um ponto fundamental para que se
possa desfrutar das facilidades que o programa oferece. Em engenharia estrutural, assim
como em qualquer outro ramo, é essencial que os analistas conheçam o tipo e/ou a
magnitude do resultado a ser obtido com a análise feita em qualquer programa numérico.
Torna-se extremamente perigoso, além de inútil, uma análise equivocada de resultados
numéricos, ou mesmo modelos erroneamente realizados.
Gendron (1997) ressalta, como desvantagem do programa ANSYS, o fato de ele necessitar
de um grande espaço em disco para efetuar análises estáticas. O autor alerta que, apesar dos
programas comerciais atuais oferecerem uma interface gráfica poderosa e facilidades
quanto à modelagem de estruturas, é fundamental o conhecimento do Método dos
Elementos Finitos para que se possa ter segurança quanto aos resultados numéricos obtidos.
Poole et al. (2001) fazem uma descrição detalhada das implementações que o ANSYS tem
feito ao longo de seus mais de 30 anos de história, relativas aos métodos para a solução de
sistemas de equações. Em análises não-lineares, tanto geométricas quanto físicas (relativas
ao comportamento tensão-deformação dos materiais), os autores ressaltam o desafio e a
dificuldade de se criarem novos métodos iterativos para a solução dos modelos numéricos,
devido a sistemas mal condicionados.
6.2.2 Elementos finitos utilizados no trabalho
O ANSYS dispõe de uma vasta biblioteca de elementos finitos. Estes podem ser
unidimensionais, como os elementos de barra, bidimensionais, como os elementos de
placas e cascas, e tridimensionais, como os elementos sólidos. Neste trabalho são utilizados
três tipos de elementos finitos no processo de modelagem dos pilares mistos aço-concreto:
78
SHELL43, SOLID45 e SOLID65. A seguir serão abordadas sucintamente as características
principais destes elementos.
O elemento finito SHELL43 é bidimensional e apropriado para modelar cascas. Ele é
definido por quatro nós, quatro espessuras e pelas propriedades ortotrópicas do material. O
elemento pode ter espessura variável, sendo que neste caso ela é assumida como variando
suavemente na superfície do elemento. O SHELL43 possui seis graus de liberdade em cada
nó (três translações e três rotações em torno dos eixos coordenados). Foram implementados
neste elemento a plasticidade e os efeitos de deformação lenta e stress stiffening (aumento
de rigidez causada pela presença de tensões de tração), além de serem possíveis análises
nos regimes de grandes deslocamentos e grandes deformações. Neste trabalho, o elemento
foi utilizado na modelagem de chapas de extremidade, como também das chapas
correspondentes à alma e às mesas do perfil de aço dos pilares mistos aço-concreto.
O elemento SOLID45 é adequado para modelagem de componentes tridimensionais. Este
elemento finito é definido por oito nós com três graus de liberdade cada um (três
translações na direção dos eixos coordenados) e pelas propriedades ortotrópicas do
material. Assim como o SHELL43, este elemento incorpora a plasticidade e os efeitos de
deformação lenta e stress stiffening, além de permitir análises nos regimes de grandes
deslocamentos e grandes deformações. Neste trabalho, o elemento foi utilizado na
modelagem do concreto nos pilares mistos.
O elemento SOLID65 é o elemento finito ideal para a modelagem do material concreto,
pois ele é capaz de representar o fenômeno de fissuração em regiões tracionadas e de
esmagamento em regiões comprimidas. Assim como o SOLID45, é um elemento finito
tridimensional de oito nós com três graus de liberdade cada um (três translações na direção
dos eixos coordenados), com propriedades isotrópicas do material.
Além do concreto, pode-se também representar com este elemento materiais geológicos,
como rochas, assim como outro material qualquer que tenha baixa resistência à tração e alta
resistência à compressão. É ainda possível representar o concreto armado e outros materiais
79
compostos reforçados, como os de fibra de vidro. Isto se deve à possibilidade de inclusão
de barras de reforço no interior do elemento (no caso do concreto armado, barras de
armadura). É possível utilizar até três direções de barras de reforço, com materiais
diferentes, em cada elemento finito. A orientação de cada barra é estabelecida por meio de
dois ângulos (coordenadas polares) a partir do sistema de coordenadas do elemento. As
barras, por sua vez, devem ser consideradas como diluídas no elemento, e não como
discretas, e permitem levar em conta efeitos de deformação lenta e de plasticidade. Porém,
elas não incluem a capacidade de absorver esforços cisalhantes, somente uniaxiais. O
programa considera aderência total entre o aço da armadura e o concreto. A geometria, a
localização dos nós e o sistema de coordenadas do elemento estão representados na FIG.
6.1.
O elemento SOLID65 permite a inclusão de propriedades não-lineares do material e os
efeitos mais importantes implementados no elemento são: fissuração (em até três direções
ortogonais entre si), esmagamento, plasticidade e deformação lenta (fluência). É possível
considerar os efeitos atuando simultaneamente em uma análise ou optar por uma
combinação mais adequada dos mesmos. Como o elemento é não-linear, deve-se adotar
uma solução iterativa e o carregamento deve ser aplicado de maneira gradual,
principalmente quando os efeitos de esmagamento e fissuração estiverem incluídos, de
modo que as solicitações internas sejam transferidas adequadamente.
Uma discussão mais detalhada a respeito da formulação do elemento finito SOLID65 é
feita no item 6.3.
6.2.3 Modelagem de materiais
Para a representação de um determinado material em um modelo de elementos finitos, o
ANSYS oferece uma ampla possibilidade de escolha referente a modelos constitutivos e até
permite que, em certos casos, seja feita uma combinação de modelos para a caracterização
de um material. Para uma completa definição do material, devem-se fornecer ainda as
propriedades elásticas e inelásticas (caso necessário) dos mesmos.
80
FIGURA 6.1-Elemento SOLID65 do ANSYS
Para o caso de análises estruturais, o programa oferece, por exemplo, as opções de análises
lineares e não-lineares, levando-se em consideração plasticidade, fluência e
viscoplasticidade, entre outras. É possível trabalhar com materiais isotrópicos, ortotrópicos
e anisotrópicos. Dentre as opções implementadas no programa para comportamento
plástico de materiais, algumas podem ser destacadas, como: encruamento cinemático
bilinear, encruamento cinemático multilinear, encruamento isotrópico bilinear,
encruamento isotrópico multilinear e modelo de Drucker-Prager. Com exceção do último
modelo, todos os citados consideram critério de escoamento de von Mises e regra de fluxo
associativa.
Os modelos que assumem encruamento isotrópico desconsideram o efeito Bauschinger,
pois a superfície de carregamento simplesmente se expande uniformemente com o aumento
da deformação plástica. Já o encruamento cinemático considera tal efeito.
O modelo constitutivo de Drucker-Prager utiliza a superfície de escoamento relacionada ao
critério de mesmo nome e assume que o material seja elástico-perfeitamente plástico. A
regra de fluxo pode ser associativa ou não. É necessário fornecer três parâmetros: a coesão,
o ângulo de atrito interno e o ângulo de dilatância. Caso o ângulo de dilatância tenha o
1
3
2
5
6
4
J
I
M N
K
L
P
O
(armadura)
Y
Z
X
x
z
yθ
φ
81
mesmo valor que o de atrito interno, a regra de fluxo será associativa. Assim sendo, no
espaço de tensões, o fluxo plástico ocorrerá na direção normal à superfície de escoamento
(ou superfície de potencial plástico, neste caso). Caso o ângulo de dilatância seja menor do
que o de atrito interno, a regra de fluxo será não-associativa.
6.2.4 Solução numérica
As análises de pilares mistos aço-concreto realizadas neste trabalho são não-lineares.
Portanto, é de suma importância a capacidade do programa solucionar este tipo de
problema, evitando dificuldades de convergência numérica. O ANSYS disponibiliza alguns
recursos numéricos que podem ser utilizados nas análises realizadas.
São quatro as opções de análise: estática com pequenos deslocamentos e/ou deformações
(análise estática linear), estática com grandes deslocamentos e/ou deformações (análise
estática não-linear), transiente com pequenos deslocamentos e/ou deformações (análise
transiente linear) e transiente com grandes deslocamentos e/ou deformações (análise
transiente não-linear). Nas análises não-lineares é importante aplicar a carga (em termos de
forças ou deslocamentos) lentamente, de modo que os esforços sejam corretamente
transferidos para a estrutura. O programa permite que se escolha o número de passos de
carga (load steps), assim como o número de sub-incrementos de carga (substeps) dentro de
cada passo de carga e o número de iterações de equilíbrio em cada passo de carga.
A matriz de rigidez pode ser tratada de três modos distintos durante uma solução numérica,
pelos processos: Newton-Raphson pleno (ou completo), Newton-Raphson modificado e
método da matriz de rigidez inicial. No primeiro método, a matriz de rigidez é atualizada a
cada iteração de equilíbrio; já no segundo, ela é atualizada a cada sub-incremento de carga
(substep); no último processo ela permanece constante para todas as iterações de equilíbrio.
É possível escolher o modo de resolução das equações não-lineares, como por exemplo,
métodos diretos ou iterativos. Alguns outros recursos numéricos, como o line search (usado
com o método de Newton-Raphson), adaptive descent (usado com o método de Newton-
82
Raphson pleno) e o método do comprimento do arco estão disponíveis para auxiliarem em
problemas de convergência numérica, porém nem sempre tais recursos podem ser utilizados
simultaneamente. O recurso adaptive descent é muito utilizado em análises não-lineares
complexas e permite, em muitos casos, uma convergência mais rápida da solução.
A escolha de um critério de convergência apropriado para finalizar as iterações de
equilíbrio é uma etapa fundamental para uma solução incremental eficiente. O programa
continuará a fazer iterações de equilíbrio até que o critério de convergência seja satisfeito
ou até que o número máximo de iterações pré-estabelecido seja alcançado. O programa
permite que este critério de convergência possa ser baseado em critérios de forças,
momentos, deslocamentos ou rotações, por meio da comparação entre uma norma do vetor
de resíduos do modelo estudado e um valor de referência multiplicado por uma tolerância.
São três os tipos de norma de vetor usados para a verificação de convergência: a primeira
realiza a verificação de cada grau de liberdade do modelo separadamente, a segunda é
baseada na soma dos valores absolutos dos resíduos e a terceira corresponde à raiz
quadrada da soma dos quadrados dos resíduos. Neste trabalho foi utilizado o terceiro tipo
de norma mencionado.
6.2.5 Pós-processamento
O programa permite uma imensa variedade de opções no que se refere ao item pós-
processamento. Uma vez que a solução do modelo tenha terminado, é possível visualizar no
modelo os resultados relativos às distribuições de tensões, deformações, deslocamentos,
entre outros, para cada passo de carga, assim como obter listagens dos respectivos valores.
Com base nestes resultados, gráficos tensão-deformação e força-deslocamento podem ser
traçados. Soluções nos nós e nos elementos são disponíveis. É possível ainda fazer
operações matemáticas com os resultados advindos da solução numérica. No caso do
elemento usado para o concreto, por exemplo, podem ser feitos gráficos de fissuração e
esmagamento nos elementos do modelo. O programa permite ainda a visualização dos
resultados em diversos sistemas de coordenadas, como por exemplo, o cartesiano, o
83
cilíndrico e o esférico. Estes são somente alguns exemplos dos recursos disponibilizados
pelo ANSYS.
6.3 Formulação do elemento de concreto
O ANSYS dispõe de um elemento finito próprio para a modelagem de estruturas de
concreto armado, o SOLID65. Este modelo para o concreto é próprio para caracterizar
falhas de materiais frágeis. Uma abordagem inicial já foi feita no item 6.2.2, porém neste
momento apresentar-se-á com maior detalhe sua formulação pelo Método dos Elementos
Finitos.
6.3.1 Comportamento linear
A matriz tensão-deformação [ ]D para uma relação constitutiva ortotrópica, pode ser
definida de maneira geral como sendo a soma das matrizes constitutivas do concreto e do
aço separadamente, ou seja:
[ ] [ ] [ ]irN
1i
Ri
cN
1i
Ri D.VD.V1D
rr
∑∑==
+
−= , (6.1)
onde:
Nr = número de materiais de reforço; RiV = razão entre o volume do material i de reforço e o volume total do elemento.
A matriz constitutiva do concreto
cD é obtida restringindo-se a equação (6.1) para
materiais isotrópicos.
84
[ ]
−
−
−−
−−
⋅−+
=
2ν)2.(100000
02ν)2.(10000
002ν)2.(1000
000ν)(1νν000νν)(1ν000ννν)(1
ν)2.ν).(1(1EDc (6.2)
Onde:
ν = o coeficiente de Poisson do concreto;
E = módulo de Young, ou módulo de elasticidade, do concreto.
Uma hipótese assumida pelo programa é que o material é considerado como sendo
inicialmente isotrópico.
Já a matriz constitutiva do material de reforço i (armadura para o concreto armado) é mais
simples, pois tal material só é solicitado uniaxialmente. Logo, no sistema de coordenadas
da armadura (índice r), tem-se:
[ ]
=
00000000000000000000000000000000000E
D
ri
ir (6.3)
Onde:
i = índice da armadura (ou material de reforço); riE = módulo de Young, ou módulo de elasticidade, da armadura i.
85
Como o sistema de coordenadas neste caso é local e, portanto, cada armadura tem o seu
próprio, para se obter a matriz constitutiva da armadura i no sistema de coordenadas do
elemento, deve-se utilizar uma matriz de rotação baseada nos co-senos diretores da
armadura em questão. Estes co-senos diretores relacionam o sistema de coordenadas local
da armadura ao sistema de coordenadas do elemento.
6.3.2 Comportamento não-linear
Se o modelo analisado for submetido a um determinado carregamento e a solução for
baseada unicamente na região elástica da resposta tensão-deformação do material, então
este será considerado como linearmente elástico e a abordagem a ser seguida foi exposta
acima. Caso a fissuração e/ou esmagamento do concreto devam ser incluídos na análise,
então as matrizes constitutivas devem ser ajustadas correspondentemente. Os itens
seguintes (6.3.3) e (6.3.4) abordam sucintamente como é feita a modelagem para os casos
de fissuração e esmagamento.
6.3.3 Fissuração
O fenômeno da fissuração pode ocorrer em até três direções ortogonais em cada ponto de
integração. A fissuração no programa ANSYS é implementada com um modelo de fissuras
dispersas, ou seja, a fissura é modelada através de uma modificação nas relações tensão-
deformação. Isto é feito através da introdução de um plano de menor resistência na direção
normal à face da fissura.
Outras propriedades do material que podem ser fornecidas são os coeficientes de
transferência de cisalhamento, tanto para fissuras fechadas como abertas. Estes coeficientes
representam a perda de resistência a cisalhamento ao longo da fissura, para cargas
posteriores à de fissuração. A condição da fissura (aberta ou fechada) em um certo ponto de
integração é obtida com base numa determinada deformação, denominada deformação de
fissuração.
86
Barbosa (1997) alerta para o fato de que, como se trata de um modelo de fissuras dispersas,
a energia de fraturamento associada ao critério de ruptura não é levada em consideração.
Tal fato pode levar os resultados obtidos a dependerem da malha considerada.
O ANSYS ainda oferece uma ferramenta para acelerar a convergência da solução do
problema não-linear, quando ocorre uma fissuração. O artifício utilizado é uma relaxação
da tensão de tração, que é utilizada em conjunto com a técnica adaptive descent. Após a
solução ter convergido para o estado de material fissurado, a rigidez na direção normal à
fissura se anula.
6.3.4 Esmagamento
O material é considerado como esmagado em um certo ponto de integração quando, neste
local, ele sofre colapso por compressão uniaxial, biaxial ou triaxial. Considera-se que o
esmagamento é o fenômeno de completa perda da integridade estrutural do material, sendo
desprezada sua contribuição no ponto de integração “esmagado”, para a rigidez do
elemento. Em outras palavras, ao ser atingida a superfície de ruptura do material em um
determinado ponto de integração, este ponto é considerado esmagado e as tensões se
anulam bruscamente, perdendo o material sua resistência.
6.3.5 Amolecimento
O fenômeno do amolecimento do concreto, ocorrido após ter sido atingida a superfície de
falha, não foi implementado no elemento finito SOLID65 e em nenhum outro elemento
disponível na biblioteca do ANSYS, apesar de já existir uma grande quantidade de
publicações em todo o mundo apresentando modelos numéricos incluindo tal
comportamento.
87
6.3.6 Caracterização do material concreto
Oito constantes podem ser utilizadas para caracterizar o material concreto, cinco delas para
definir sua superfície de ruptura (itens a, c, d-f, e-f). Cada uma destas constantes pode ser
definida em até seis temperaturas diferentes. São elas:
a) Resistências à tração e à compressão (valores a serem obrigatoriamente fornecidos pelo
usuário);
b) Coeficientes de transferência de cisalhamento;
c) Resistência à compressão biaxial;
d) Resistência à compressão biaxial para um estado de compressão biaxial superposto a
uma certa pressão hidrostática;
e) Resistência à compressão para um estado de compressão uniaxial superposto a uma
certa pressão hidrostática;
f) Estado hidrostático de tensões referente às duas resistências anteriores (itens d e e).
Os valores assumidos pelo programa para as constantes que não necessitam ser
obrigatoriamente fornecidas (itens c a f) são válidos somente para estados de pressão
hidrostática baixos. É ainda possível desconsiderar a capacidade de esmagamento ou a
capacidade de fissuração do material em uma determinada análise.
6.3.7 Modelo constitutivo e critério de ruptura
Como já comentado, o modelo para o concreto é próprio para caracterizar falhas de
materiais frágeis. Portanto, o programa assume que o material se comporta elasticamente
88
até o momento em que sua superfície de falha é atingida. Então, o material falha
bruscamente. A superfície de ruptura é definida pelo critério de William-Warnke.
O programa permite que se utilize um modelo de comportamento plástico em conjunto com
o modelo do concreto. Caso a superfície de escoamento se encontre no interior da
superfície de falha, ocorrerá um comportamento tensão-deformação não-linear antes da
superfície de falha ser atingida. O cálculo de tensões devido a esta não-linearidade, assim
também como para o caso da fluência ser considerada, é feito antes da verificação de
fissuração e esmagamento do material.
O critério de falha do concreto submetido a um estado de tensões multiaxial pode ser
representado pela relação:
0SF
c
≥−f
, (6.4)
onde:
F = função dependente do estado de tensões principais;
S = superfície de falha (ruptura) expressa em termos do estado de tensões principais e em
termos das constantes a, c, d, e e f, definidas no item 6.3.6;
cf = resistência à compressão uniaxial do concreto.
Se a inequação (6.4) for satisfeita, ocorrerá esmagamento ou fissuração do material.
Ocorrerá fissuração se qualquer uma das tensões principais for de tração e esmagamento se
todas estas tensões forem de compressão.
As funções F e S são obtidas pelo ANSYS com base em quatro regiões relacionando as
tensões principais 1σ , 2σ e 3σ , sendo 32 σσσ1 ≥≥ . Em cada uma delas, F e S são
caracterizadas por funções independentes. Os domínios delimitadores da superfície de falha
do concreto são:
89
a) 320 σσσ1 ≥≥≥ : As três tensões principais são de compressão. Se o critério de ruptura
(6.4) for satisfeito, o material é considerado esmagado naquele ponto;
b) 320 σσσ1 ≥≥≥ : Duas tensões principais são de compressão e uma de tração;
c) 32 0 σσσ1 ≥≥≥ : Duas tensões principais são de tração e uma de compressão;
d) 032 ≥≥≥ σσσ1 : As três tensões principais são de tração.
Para os casos b), c) e d), se o critério de ruptura (6.4) for satisfeito, ocorrerá fissuração em
planos perpendiculares às direções das tensões principais quando for atingida a superfície
de ruptura.
A FIG. 6.2 representa a superfície de falha de William-Warnke no espaço de tensões
principais para estados de solicitação biaxial ou aproximadamente biaxial. Para a
construção da curva considera-se que as tensões principais não-nulas mais significativas
sejam as correspondentes às direções x e y, ou seja, xpσ e ypσ , respectivamente. Três casos
podem ocorrer em um determinado ponto, referentes às condições: zpσ nula, zpσ negativa e
pequena, zpσ positiva e pequena. É possível perceber que, caso as tensões xpσ e ypσ sejam
negativas e a tensão principal na direção z, zpσ , seja positiva e pequena, então a ruptura
será por fissuração numa direção perpendicular à direção de zpσ . Porém, se zpσ for nula ou
negativa e pequena, então a ruptura será por esmagamento.
90
FIGURA 6.2 – Superfície de falha no espaço de tensões principais para estados de
solicitação biaxial ou aproximadamente biaxial
De acordo com Chen e Han (1987), o modelo de William-Warnke é caracterizado por cinco
parâmetros, seus meridianos de tração e compressão são curvos e podem ser expressos por
parábolas da forma:
2t2t10m .a.aaσ ρρ ++= (6.5a)
2c2c10m .b.bbσ ρρ ++= (6.5b)
O valor mσ representa a tensão média ou hidrostática, tρ e cρ são as componentes de tensão
perpendiculares ao eixo hidrostático para valores θ (variável de Haigh-Westergaard) iguais
a 0º e 60º, respectivamente. Os valores dos parâmetros ia e ib (i = 0,1,2) podem ser
obtidos por ensaios experimentais. Porém, como ambos os meridianos devem interceptar o
eixo hidrostático no mesmo ponto ( tρ = cρ =0), tem-se que 0a = 0b . Uma vez determinados
os meridianos, uma certa seção transversal pode ser obtida conectando-se os meridianos por
< 0 (Esmagamento)= 0 (Esmagamento)
zp
> 0 (Fissuração)zp
σzp
σ
σ
cf
σyp
Fissuração
ypσ
Fiss
uraç
ão
cf
σxp
Fissuração
ypσ
xpσ
ft
ft
σxp
xp
ypσ
σ
σ
ypσ
xp
91
curvas elípticas apropriadas. Considerando-se todas as tensões ( mσ , tρ , cρ ) normalizadas
em relação a cf nas relações (6.5a) e (6.5b), a FIG. 6.3 representa os meridianos de tensão
e compressão da superfície de William-Warnke, assim como um esboço de uma seção
genérica em um plano desviador.
FIGURA 6.3- Modelo de William-Warnke: (a) meridianos de tensão e compressão;
(b) seção genérica em um plano desviador
Na FIG. 6.3, o raio ρ(θ) delimitador da elipse da seção desviadora pode ser obtido com
base na simetria da seção em θ =0º e θ =60º e é expresso por:
2222
222222
).2(cos)..(4..4.5cos)..(4)..2.(cos)..(.2
)(tctc
ctttcctctcc
ρρθρρρρρθρρρρρθρρρ
θρ−+−
−+−−+−= (6.6)
As relações (6.5a), (6.5b) e (6.6) definem completamente a superfície de ruptura de
William-Warnke.
Em resumo, o programa considera que o material concreto comporta-se elasticamente até a
superfície de ruptura (William-Warnke). Esta é, por sua vez, somente uma superfície que
Meridiano de compressão
0
2
1
3
-1 -2
f '
5
4
c6
Meridiano de tração
-3 -4
f 'c
-5mσ
θ = 60°
θ = 0°
Curva Elíptica
3σ
c
2σ
1σ
θt
(a) (b)
92
define o colapso do material (por esmagamento ou fissuração) e não um modelo
constitutivo. Caso se adicione um modelo plástico nesta análise, o concreto passa agora a
ter possibilidade de se comportar plasticamente. Então, as seguintes possibilidades de
colapso num determinado ponto submetido a um certo estado de tensões crítico são
possíveis: esmagamento ou fissuração sem ter ocorrido plastificação, plastificação sem
esmagamento e fissuração (desativando-se estas duas possibilidades) e plastificação
seguida de esmagamento ou fissuração.
6.4 Considerações finais
O ANSYS é um programa de elementos finitos amplamente utilizado em todo o mundo,
apresentando uma variedade enorme de opções em termos de elementos, modelagem de
materiais, recursos numéricos e opções de pós-processamento. Apesar disso, ainda existem
inúmeras limitações quanto ao comportamento de certos elementos finitos, principalmente
no âmbito da convergência numérica. Em problemas não-lineares, a eficácia e a rapidez da
solução numérica assumem um papel primordial na análise. Neste trabalho, em muitas
situações foram observadas dificuldades de convergência da solução numérica durante as
análises de pilares mistos, principalmente quando o elemento de concreto SOLID65 foi
utilizado.
93
7
APLICAÇÃO DO MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS À
ANÁLISE DE SISTEMAS ESTRUTURAIS
7.1 Considerações iniciais
O presente capítulo tem como objetivo principal a apresentação de exemplos de aplicação
do Método dos Elementos Finitos a estruturas mistas e a estruturas de concreto. Muitas
aplicações e pesquisas discutidas a seguir, tanto nacionais quanto internacionais, foram
feitas com o auxílio de programas comerciais (principalmente o ANSYS) desenvolvidos
com base no Método dos Elementos Finitos. Comentários, sugestões e hipóteses assumidas
pelos autores destas pesquisas, quanto ao processo de modelagem das diferentes estruturas,
podem ser úteis para estudos numéricos futuros. Especial atenção é dada à modelagem de
estruturas de concreto, pois este material é fundamental para o desenvolvimento de
modelos representativos de estruturas mistas aço-concreto. A partir desta apresentação é
possível ter-se uma idéia do estado da arte da aplicação de recursos numéricos a diversos
problemas estruturais.
94
7.2 Análises de estruturas de concreto
Baber (1991) comentou a respeito das dificuldades numa modelagem precisa do material
concreto, principalmente devido a suas diferentes propriedades na tração e na compressão e
ao seu comportamento não-linear desde aproximadamente o início da curva tensão-
deformação.
Em muitos modelos de elementos finitos para estruturas de concreto armado é necessário o
uso de técnicas numéricas avançadas com o objetivo de se reduzir o tempo de
processamento e aumentar a estabilidade no processo de convergência, principalmente
quando o fenômeno de fissuração é considerado. De acordo com Foster (1992), quando são
utilizados modelos de materiais com comportamento altamente não-linear, dificilmente a
convergência é obtida quando não se usam os métodos conhecidos como aceleradores de
convergência. Ele verifica ainda que os métodos Newton-Raphson e Newton-Raphson
modificado podem se tornar ineficientes na medida em que o grau de não-linearidade do
modelo aumenta. Para vencer tal problema, é sugerido o uso do método chamado
comprimento do arco (arc-length).
Abdollahi (1996a) estudou alguns aspectos relativos a aplicações do Método dos Elementos
Finitos em estruturas de concreto armado. De acordo com ele, a modelagem do fenômeno
da fissuração por meio de fissuras discretas, adotada em diversos modelos numéricos, tem a
vantagem de ser capaz de representar a descontinuidade nas estruturas de concreto, que tal
fenômeno provoca. O autor sugere ainda o uso do método line search para vencer as
oscilações de convergência da solução que podem ocorrer, por exemplo, quando há um
aumento da região na qual as fissuras se propagam. Ele acrescenta o fato de ser essencial,
para um programa de elementos finitos, a oferta de uma ampla e confiável gama de opções
para os critérios de convergência. Estes últimos são fundamentais para a resolução de
problemas não-lineares.
A fissuração é um dos fatores principais causadores do comportamento não-linear das
estruturas de concreto. Sabe-se que o desenvolvimento e a propagação de fissuras, devido à
95
baixa resistência à tração do concreto, é uma das diferenças mais importantes entre a
aplicação do Método dos Elementos Finitos para estruturas de concreto armado e para
estruturas de aço. Por este motivo, diversos modelos numéricos têm sido desenvolvidos
nestas últimas décadas com o fim de se caracterizar mais apropriadamente este fenômeno.
Abdollahi (1996b) comprovou que uma das causas da falta de estabilidade em análises
numéricas utilizando o Método dos Elementos Finitos em estruturas de concreto armado é
relacionada aos procedimentos de modelagem (ou caracterização) do fenômeno de
fissuração, principalmente no caso de modelos de fissuras dispersas. Ele recomenda que um
elemento tridimensional seja utilizado para representar o material concreto e que o método
de Newton-Raphson modificado seja usado quando da inclusão do fenômeno da fissuração.
Uma análise das dificuldades envolvidas na elaboração e aplicação de modelos
constitutivos para o concreto, com base no Método dos Elementos Finitos, foi feita por
Barbosa (1997). São apresentados resultados relativos a diversas análises numéricas de
vigas e lajes de concreto armado, utilizando o programa ANSYS (versão 5.3). Nos modelos
de viga (bi-apoiada com carga distribuída), por exemplo, foram consideradas diferentes
combinações quanto ao modelo de plasticidade adotado para o concreto (von Mises,
Drucker-Prager ou nenhum), quanto à retenção (parcial ou total) de resistência a
cisalhamento, quanto ao modelo do material aço (elástico ou elastoplástico), quanto à
consideração ou não dos fenômenos de fissuração e de esmagamento do concreto, quanto
ao tipo de modelo a ser empregado (tridimensional ou bidimensional) e quanto ao tipo de
representação da armadura do concreto (dispersa ou discreta). Os melhores resultados
foram obtidos para os modelos sólidos em que as seguintes características foram assumidas:
von Mises como modelo plástico do concreto, coeficientes de transferência de cisalhamento
iguais a unidade e modelo elastoplástico do aço. Nestes modelos, a capacidade de
esmagamento do concreto não foi considerada. O autor ainda apresenta as principais
características do comportamento do material concreto e comenta como estas influenciam
na elaboração de modelos constitutivos deste material. São enfatizadas as dificuldades
numéricas observadas durante a aplicação de modelos de concreto, decorrentes
principalmente da não-linearidade do material, incluindo notas sobre critérios de
convergência. Devido a este fato, diversas análises dos mesmos problemas foram realizadas
96
no ANSYS, adotando-se diferentes combinações entre algoritmos para solução não-linear,
número de iterações, aceleradores de convergência e critérios de convergência. O autor
verifica ainda que o modelo de armadura dispersa apresenta maiores vantagens do que o
discreto, pois fornece os mesmos resultados para um número menor de elementos finitos e
possibilita maior liberdade para a discretização.
Shayanfar et al. (1997) apresentaram um estudo a respeito da influência das dimensões do
elemento finito em análises não-lineares de estruturas de concreto. O efeito do tamanho do
elemento em diversos aspectos comportamentais de estruturas de concreto armado foi
discutido, incluindo as características carga-deslocamento e carga-deformação, padrão de
fissuração e carga última.
Um novo modelo para representar a armadura de estruturas de concreto armado e
protendido, em análises não-lineares com elementos finitos, foi apresentado por Arafa e
Mehlhorn (1998). De acordo com esta técnica, a armadura principal é representada por um
modelo discreto independente da malha de elementos finitos de concreto. Já a armadura
secundária (estribos, por exemplo) é representada por um modelo disperso. Além disso, um
elemento de contato com diferentes condições de aderência é usado para representar a
interface entre o concreto e o aço.
Os resultados de análises com elementos finitos são aproximações, sendo então
fundamental o controle do erro do processo numérico. Como o erro exato não é conhecido,
deve-se estimá-lo. Lackner e Mang (1998) discutem um método para estimativa do erro
incremental em análises bidimensionais de estruturas de concreto, incluindo o efeito de
amolecimento causado pela fissuração do concreto.
Um modelo tridimensional de elementos finitos não-linear utilizando o ANSYS (versão
5.6.2) foi feito por Bessason e Sigfússon (2001) com o objetivo de obter curvas carga-
deformação de paredes diafragma de concreto armado para diferentes disposição das
armaduras. Estas curvas foram então utilizadas em análises não-lineares de um edifício
residencial típico de um andar sob o efeito de terremoto. Edifícios como esse são muito
97
comuns em South Iceland Lowland, região que sofre constantes abalos sísmicos. Os efeitos
de deformação lenta, retração e mudança de temperatura influenciam a resposta não-linear
do concreto armado, porém, podem ser desprezadas para análises com cargas sísmicas de
curta duração. No modelo desenvolvido, foi considerada uma aderência perfeita entre a
armadura e o concreto. Para representar o material concreto, o elemento SOLID65 foi
empregado e a armadura considerada diluída nos elementos. Os coeficientes de
transferência de cisalhamento usados foram 1,0 para o estado de fissuras fechadas e 0,1
para fissuras abertas. Os autores verificaram que é possível simular com certa precisão toda
a curva carga-deformação, incluindo sua parte elástica, o início da fissuração, o
esmagamento e o escoamento da armadura. Todavia, a determinação da carga última foi
difícil, pois ela depende da regra de encruamento, do critério de convergência e do método
iterativo considerados. O método de Newton-Raphon foi utilizado, assim como o critério de
convergência com base em deslocamentos.
Fanning (2001) realizou uma modelagem não-linear de vigas de concreto armado e
concreto protendido, com o uso do programa ANSYS (versão 5.5). Comentários a respeito
de considerações e estratégias utilizadas na modelagem foram também feitos. É sugerida a
aplicação de deslocamentos para a aplicação do carregamento nos modelos de elementos
finitos, a fim de se facilitar a convergência numérica. A força de protensão foi modelada
por meio da aplicação de uma deformação inicial nos elementos que representam os cabos
de protensão, em uma etapa de carregamento preliminar. Além disso, os resultados
numéricos obtidos foram comparados com dados experimentais, relativos às respostas
carga-deslocamento das vigas e à carga última. Bicanic et al. (1993) também recomendam
a introdução do carregamento por meio da imposição de deslocamentos (controle de
deslocamentos), pois além de se facilitar o processo de convergência numérica, evita-se a
possibilidade da matriz de rigidez tornar-se singular em algum ponto do diagrama carga-
deslocamento.
Alguns aspectos relacionados à modelagem numérica tridimensional de estruturas de
concreto armado pelo Método dos Elementos Finitos foram analisados por Gomes e
Awruch (2001). Para eles, problemas como a aderência entre a armadura e o concreto não
98
estão ainda completamente resolvidos, principalmente quando o modelo de armadura
dispersa é utilizado. É possível simular a armadura numa estrutura tridimensional de
concreto armado de três formas: por um modelo discreto, por um modelo embutido e por
um modelo disperso. De acordo com os autores, o último modelo citado é mais apropriado
para estruturas de casca ou placa, onde se pode representar um conjunto de armaduras
como uma camada cuja área da seção transversal seja equivalente à das barras. Para o caso
em que o espaçamento da armadura não é uniforme e as barras têm áreas transversais muito
diferentes, por exemplo, os outros modelos são mais adequados. A formulação relativa ao
modelo discreto é muito limitada para modelos tridimensionais, pois as barras são
geralmente modeladas como elementos de treliça ao longo dos nós dos elementos de
concreto. Tal fato pode levar a um tempo computacional mais elevado devido a um
refinamento desnecessário da malha de elementos finitos de concreto e até a erros
numéricos causados por elementos muito distorcidos. Já o modelo de armadura embutida
não restringe a escolha da malha de elementos. O aço é representado como um elemento,
geralmente uniaxial, embutido em um elemento de concreto, admitindo-se que os
deslocamentos de ambos os elementos sejam coincidentes. É possível a modelagem de
armaduras em qualquer direção, até curvas.
O comportamento à flexão de vigas de concreto armado submetidas a uma pré-tensão foi
pesquisado por Padmarajaiah e Ramaswamy (2002). O concreto era de alta-resistência e as
vigas eram reforçadas por fibras de aço. No modelo tridimensional de elementos finitos
feito com o auxílio do programa ANSYS (versão 5.5), as fibras de aço ao longo do
comprimento da viga foram modeladas por elementos de treliça e o concreto pelo elemento
SOLID65. Utilizou-se a simetria do modelo. Os coeficientes de transferência de
cisalhamento foram variados de 0,1 a 0,5 (para fissuras abertas) e de 0,7 a 0,9 (para fissuras
fechadas).
Paula et al. (2002) desenvolveram dois modelos de elementos finitos, para uma viga e uma
laje de concreto armado, utilizando o programa ANSYS (versão 5.7). A viga estudada era
simplesmente apoiada e submetida a cargas concentradas eqüidistantes dos apoios. Já a laje
era quadrada, apoiada nas quatro bordas e submetida a uma carga concentrada no seu
99
centro. Os modelos foram tridimensionais e o elemento escolhido para representar o
material concreto foi o SOLID65, sendo sua capacidade de esmagamento desabilitada e
usando von Mises como critério de escoamento. A armadura foi considerada dispersa e o
mesmo critério de escoamento do concreto foi empregado. Ambos materiais foram
especificados como elasto-plásticos. O algoritmo da rigidez inicial, a convergência com
base na norma de deslocamentos e o acelerador de convergência line search foram
adotados. Os resultados numéricos foram comparados com outros disponíveis na literatura
e também com resultados experimentais. Os autores comentam que ainda não há um
modelo constitutivo completo para o material concreto armado, apesar dos resultados
obtidos terem sido muito bons. Faz-se necessária uma pesquisa maior e inter-
relacionamento entre os ramos da teoria da plasticidade, teoria do dano e mecânica da
fratura.
7.3 Análises de pilares mistos aço-concreto
Bradford e Gilbert (1990) desenvolveram um estudo analítico-computacional de pilares
mistos aço-concreto totalmente revestidos submetidos à carga excêntrica, de modo a incluir
os efeitos de deformação lenta, retração, fissuração e não-linearidade geométrica. É ainda
proposto um método de cálculo para se obter a carga máxima de serviço de pilares esbeltos,
excentricamente solicitados.
El-Tawil et al. (1995) desenvolveram um programa de computador para modelar pilares
mistos aço-concreto totalmente revestidos, pelo Método dos Elementos de Fibra (fiber
element method). De acordo com este método, a seção transversal mista do pilar é
discretizada em pequenas regiões (fibras) e a cada uma delas é associado um modelo
constitutivo de um dado material. No caso, há quatro modelos possíveis: um para o
concreto confinado, um para o concreto não-confinado, um para a armadura e um para a
chapa de aço. Os modelos constitutivos são baseados principalmente na relação tensão-
deformação no sentido longitudinal de cada um dos materiais. Cada uma das pequenas
regiões discretizadas representa uma fibra do material na direção longitudinal ao longo do
pilar. Os pilares foram analisados à flexão uniaxial e biaxial. As resistências obtidas por
100
meio do estudo numérico foram comparadas com as normas ACI-318 (1992) e AISC-
LRFD (1993). Foi verificado que, de maneira geral, o ACI-318 retrata o comportamento
dos pilares mistos de maneira mais real do que o AISC-LRFD. Porém, a precisão relativa
dos resultados previstos depende da razão entre as resistências do aço e do concreto e da
esbeltez do pilar. Além disso, constatou-se que para ambos, pilares curtos e esbeltos, as
resistências previstas pelo ACI-318 foram aproximadamente 9% contra a segurança, em
comparação com os resultados numéricos. Para pilares curtos, as resistências previstas pelo
AISC-LFRD foram até 41% conservadoras, também em comparação com os resultados do
modelo numérico.
Alostaz e Schneider (1996) apresentam um estudo numérico, baseado no Método dos
Elementos Finitos, de uma variedade de detalhes relativos a ligações envolvendo pilares
mistos aço-concreto preenchidos, de seção circular. A análise realizada é importante na
verificação de ligações adequadas para zonas sísmicas. O modelo tridimensional foi
desenvolvido por meio do programa ABAQUS (versão 5.4). Utilizou-se o critério de
escoamento de von Mises e a regra de fluxo de Prandtl-Reuss para os elementos de aço.
Comportamento geométrico não-linear foi considerado para os elementos de concreto e de
aço. Um modelo de fissuras dispersas foi empregado na análise. Tal modelo não tem a
capacidade de prever micro-fissuras individuais, porém ele altera a rigidez e a resistência
associadas a cada ponto de integração. Duas abordagens distintas foram testadas para a
modelagem da interface concreto-perfil de aço do pilar. Na primeira foi utilizado um
elemento de interface característico do programa (apresentou alguns problemas de
convergência) e na segunda uma fina camada de elementos de concreto, só que com
resistência e rigidez pequenas (apresentou melhores resultados). Os autores comentam que,
entre outras vantagens sobre um pilar de concreto armado de seção equivalente, o pilar
misto preenchido de seção circular apresenta maior rigidez, resistência e ductilidade. Além
disso, devido ao confinamento do concreto ao longo do pilar, seu desempenho para cargas
sísmicas também é melhor. Porém, eles ponderam que o uso deste tipo de pilar é limitado,
devido à complexa natureza das ligações viga-pilar e pequena experiência de construção
(na época). Comentário semelhante foi feito por Prion e Boehme (1994).
101
O Centro de Pesquisa Estrutural do Departamento de Transporte da Flórida, Estados
Unidos, desenvolveu um projeto de pesquisa relativo à análise e modelagem de pilares
mistos aço-concreto preenchidos e de pilares de concreto confinados por camadas externas
circulares de fibras. Tal trabalho pode ser encontrado em Shahawy et al. (1998). É
comentado que a camada externa de fibras caracteriza-se por uma grande resistência,
pequeno peso próprio e resistência à corrosão, podendo ser adicionada ao pilar de concreto
sem aumento significativo da seção transversal. Tanto fibras de carbono quanto de vidro
têm sido utilizadas na prática, apesar das primeiras serem mais caras. Já foi verificado que
o comportamento do concreto é muito diferente quando confinado por um material elasto-
plástico (o aço, por exemplo) e quando confinado por materiais linearmente elásticos, como
as fibras. Caso os mesmos modelos numéricos de pilares mistos aço-concreto preenchidos
sejam utilizados para se estimar a resistência dos pilares reforçados por fibras, pode-se
obter uma resistência maior do que a real e um dimensionamento contra a segurança. Os
objetivos principais do projeto são: (i) investigação do comportamento à compressão axial
de amostras de pilares de concreto confinados por camadas de fibras de carbono, com base
em ensaios experimentais previamente realizados pelo departamento e (ii) comparação dos
resultados experimentais com um modelo de elementos finitos, assumindo o modelo de
plasticidade de Drucker-Prager e regra de fluxo não-associativa. O programa de análise
numérica utilizado foi o ANSYS (versão 5.3) e adotou-se o elemento SOLID65 para se
representar o material concreto. A aplicação do carregamento no modelo foi feita a partir da
imposição de deslocamentos.
El-Tawil e Deierlein (1999) desenvolveram um modelo de elementos de fibra de pilares
mistos curtos aço-concreto totalmente revestidos. Neste modelo considerou-se o
comportamento inelástico do aço e do concreto, incluindo os efeitos de confinamento do
último, e assumiu-se que seções planas permanecem planas, o que implica na total
compatibilidade entre os elementos de aço e de concreto na seção transversal mista. O
objetivo era investigar a resistência e a ductilidade dos pilares em função de alguns
parâmetros, como a relação entre a área de aço e a área total da seção mista, a resistência
nominal do concreto à compressão e o confinamento do concreto por uma armadura
especifica para ações sísmicas. Os valores obtidos foram comparados com as previsões das
102
normas ACI-318 (1995), AISC-LRFD (1993) e AISC Seismic Provisions (1997) e
evidenciaram diferenças quanto aos resultados previstos pelas duas normas, ACI-318 e
AISC-LRFD.
Nardin (1999) realizou um estudo numérico-experimental de pilares mistos aço-concreto
preenchidos, a fim de investigar seu comportamento e alguns parâmetros que o
influenciam, tais como a forma da seção transversal e a espessura do perfil de aço.
Aspectos normativos e principais características deste tipo de pilar são comentados e é feita
uma descrição dos componentes (materiais aço e concreto) e do comportamento geral da
seção mista (flambagem, retração, ductilidade, aderência, etc). Os pilares ensaiados foram
submetidos à compressão axial. Foram consideradas seções quadradas, circulares e
retangulares, preenchidas com concreto de alta resistência (50 MPa). A ruptura dos pilares
ocorreu pelo esmagamento do concreto, com posterior flambagem local do perfil em
diversos pontos. A análise numérica foi feita utilizando-se o programa ANSYS (versão
5.4), para seções quadradas, sendo a avaliação e a calibração dos modelos feita com base
nos ensaios. Os pilares preenchidos modelados foram submetidos à compressão axial e
fenômenos importantes, tais como fluência e retração do concreto bem como aderência
entre os elementos de aço e concreto, não foram considerados. O elemento usado para
representar o material concreto foi o SOLID45 e o modelo constitutivo adotado foi
multilinear isotrópico. No caso do aço, um modelo constitutivo bilinear isotrópico foi
assumido (comportamento elasto-plástico perfeito). Ambos os materiais (aço e concreto)
foram considerados isotrópicos e adotou-se, também para ambos, a superfície de
escoamento de von Mises. O carregamento foi aplicado nos modelos através da imposição
de deslocamentos e os pilares foram considerados engastados na base e articulados no topo
(conforme ensaios experimentais realizados). Foram obtidos resultados relativos à
distribuição de tensões axiais no aço e no concreto, além de deformações axiais e
transversais também em ambos os materiais. Os modelos de seção circular não foram
feitos, devido a dificuldades relativas ao processo de modelagem.
Uma análise teórico-numérica utilizando o Método dos Elementos Finitos foi feita por
Liang e Uy (2000) para estudar o comportamento pós-flambagem de chapas de aço em
103
pilares mistos aço-concreto preenchidos, de seção quadrada. Foram investigados os efeitos
de imperfeições geométricas iniciais (através da aplicação de uma pequena pressão lateral
na superfície das chapas), tensões residuais (tratadas como uma pré-carga) e relação
largura-espessura no comportamento pós-flambagem destas chapas. São comentadas as
vantagens dos pilares mistos aço-concreto preenchidos, de seção quadrada, entre elas o
aumento da ductilidade do concreto e o aumento da resistência à flambagem local das
chapas de aço, devido à restrição das mesmas pelo núcleo de concreto. Além disto, há
redução de custos e maior rapidez de construção. Por exemplo, durante a construção de
edifícios altos, os tubos de aço podem ser preenchidos por concreto em níveis mais baixos
enquanto os elementos de aço são montados em níveis mais elevados.
Uma análise numérico-experimental de pilares mistos aço-concreto preenchidos, de seção
quadrada, foi feita por Varma et al. (2000). As 4 amostras ensaiadas eram compostas de
concreto de alta resistência (110,4 MPa) e tubos de aço de 305 mm. Duas resistências
nominais dos perfis de aço foram utilizadas, 317 MPa e 552 MPa, assim como duas
relações largura-espessura, 32 e 48. A análise numérica foi feita a partir do
desenvolvimento de modelos de elementos finitos das amostras ensaiadas, com o auxílio do
programa comercial ABAQUS. Foram considerados no modelo a flambagem local do perfil
de aço, o confinamento do concreto e a ação mista entre o tubo de aço e o núcleo de
concreto. Resultados numéricos foram comparados com dados experimentais e mostraram
boa conformidade.
Um modelo de elementos finitos foi desenvolvido por Han (2001) com o intuito de se
calcular campos de temperatura de pilares mistos aço-concreto preenchidos, de seções
quadradas e circulares, submetidos a fogo. A partir do modelo teórico desenvolvido, é
possível calcular as deformações e a resistência do pilar sob condição de incêndio. Os
resultados obtidos foram comparados com ensaios experimentais e mostraram-se bem
precisos. A influência de parâmetros como a esbeltez e as dimensões dos pilares mistos na
sua resistência ao fogo foi considerável. Porém, outros fatores, como por exemplo, a
relação entre a área de aço e a área de concreto, a excentricidade da carga e as resistências
do concreto e do aço não influíram muito na resistência ao fogo dos pilares.
104
7.4 Análises de estruturas mistas em geral
Elnashai e Elghazouli (1993) e Elghazouli e Elnashai (1993) desenvolveram um modelo
não-linear para a análise de pórticos mistos aço-concreto submetidos a cargas cíclicas. O
estudo teve como base um programa comercial de elementos finitos e foram considerados
não-linearidades geométricas e o comportamento inelástico dos materiais. Além disso, o
efeito de confinamento do concreto e da flambagem local do perfil de aço também foram
incluídos. O modelo proposto foi calibrado e comparado com dados experimentais de
ensaios com cargas cíclicas realizados em um novo tipo de pilar misto parcialmente
revestido. Com base no modelo numérico, realizou-se um estudo paramétrico destes novos
pilares com o objetivo de investigar sua ductilidade.
Até alguns anos atrás, a maior parte dos estudos a respeito do comportamento de ligações
mistas e do desempenho de pórticos mistos era feita em laboratório, com ensaios
experimentais. Nethercot e Ahmed (1996) descreveram a aplicação do programa comercial
ABAQUS (versão 5.3.1) na análise de ligações mistas e pórticos mistos, incluindo o
tratamento dos efeitos de resistência parcial e ligação semi-rígida. Tal abordagem provou
ser de grande importância para a análise de diversos fatores que influenciam no
comportamento das ligações como, por exemplo, o efeito da razão força cortante-momento,
que não poderia ser determinado somente a partir de ensaios experimentais. Além disso,
devido ao enorme número de variáveis que afetam o comportamento de uma ligação mista
(viga de aço, pilar, tipo de carregamento, número de linhas de parafusos, tipo e quantidade
de conectores de cisalhamento, etc) não seria economicamente viável o estudo do problema
somente com ensaios experimentais. Com base numa abordagem via Método dos
Elementos Finitos é ainda possível a obtenção da história carga-deformação para cada um
dos elementos considerados.
Um novo método numérico para avaliar o comportamento mecânico de ligações a
cisalhamento em estruturas mistas aço-concreto foi proposto por Kalfas e Pavlidis (1997).
A abordagem proposta foi baseada no Método dos Elementos Finitos e levou em
consideração o comportamento linear e não-linear dos materiais. A partir da análise
105
numérica foi possível obter curvas força-deslocamento relativas aos conectores de
cisalhamento. Resultados numéricos foram comparados com dados experimentais e
mostraram boa conformidade.
Migliozzi (1997) realizou um estudo numérico de ligações parcialmente rígidas viga-pilar
em pórticos, utilizando o programa comercial ANSYS (versão 5.3). Uma parte da análise
foi sobre ligações mistas aço-concreto e foram comparados aspectos econômicos de ambos
os tipos de construção (mista e não mista), partindo-se dos resultados numéricos obtidos.
Foi enfatizado o fato de que qualquer modelagem de sistemas estruturais começa com uma
representação adequada de seus componentes. Isto permite que uma representação mais
realista da estrutura seja feita e, por conseguinte, dimensionamentos mais econômicos e
seguros sejam desenvolvidos. Nos modelos numéricos utilizou-se um elemento de mola
não-linear para representar as ligações parcialmente rígidas. O comportamento não-linear
destas ligações (ou a sua curva momento-rotação) pode ser representado por este elemento
de mola. Efeitos de segunda ordem também foram incluídos.
Vigas mistas aço-concreto têm sido amplamente utilizadas, principalmente em pontes e
construções de edifícios. Um elemento essencial em uma viga mista é a ligação a
cisalhamento entre a viga de aço e a laje de concreto. É esta ligação que garante a ação
conjunta de ambos os materiais, ou seja, a ação mista da viga. Não é possível realizar um
ensaio experimental que englobe as numerosas variáveis que podem influenciar o
comportamento de um conector de cisalhamento. Portanto, Oguejiofor e Hosain (1997)
utilizaram o ANSYS para prever a capacidade de carga de tais conectores.
Schiller et al. (1997) desenvolveram a formulação de um modelo tridimensional de
elementos finitos de pórticos mistos compostos de pilares mistos aço-concreto preenchidos,
de seção quadrada ou retangular, e de vigas de aço em perfil I laminado. Esta formulação
foi verificada a partir de um grande número de ensaios experimentais. O modelo do pilar
misto preenchido inclui o deslizamento entre o aço e o concreto, além do comportamento
não-linear dos materiais e todas as não-linearidades geométricas. A partir da formulação
proposta, é possível conduzir estudos paramétricos para se determinar a importância de
106
certos fatores no comportamento dos pilares mistos, tais como a geometria da seção
transversal, por exemplo. Além disso, a resistência última, a ductilidade e os
comportamentos monotônico e cíclico dos pórticos também podem ser avaliados por meio
deste modelo proposto. Foi demonstrado que o deslizamento entre o aço e o concreto nos
pilares mistos influencia pouco a resposta global dos pórticos mistos.
Com base em estudos de simulações numéricas do comportamento não-linear de estruturas
mistas aço-concreto, Menrath et al. (1998) apresentaram novos modelos constitutivos para
o concreto e os elementos da interface. É feita uma análise numérica, via Método dos
Elementos Finitos, de vigas mistas aço-concreto compostas por uma laje de concreto acima
de uma viga de aço, cujos elementos são ligados na interface por conectores.
Veljkovic (1998) desenvolveu um estudo numérico-experimental do comportamento de
lajes mistas aço-concreto. Utilizou um programa comercial de elementos finitos para
modelar uma laje mista em duas dimensões. Nas simulações numéricas, a não-linearidade
dos materiais e um modelo de fissuras discretas do concreto foram incluídos. Neste modelo,
a fissura é modelada como uma descontinuidade geométrica e a fissuração ocorre ao longo
de um caminho pré-estabelecido: ao longo dos lados dos elementos. No estudo paramétrico
feito, a principal variável estudada foi a transferência do cisalhamento horizontal entre a
fôrma de aço e o concreto. Os resultados obtidos demonstraram a importância da fissuração
do concreto, pois ela influencia muito a distribuição do cisalhamento horizontal entre
ambos os materiais.
Um conjunto de universidades e instituições na Inglaterra (University of Edinburgh,
Imperial College of Science, Technology and Medicine, British Steel, Building Research
Establishment e Steel Construction Institute) desenvolveu um projeto de pesquisa com o
objetivo de realizar ensaios experimentais de pórticos mistos aço-concreto submetidos à
condição de incêndio e, assim, desenvolver um método de dimensionamento. O estudo em
questão pode ser encontrado em Usmani et al. (2000). A análise de tais estruturas sob fogo
é um problema altamente não-linear e complexo no ramo da termo-mecânica e, portanto,
foi necessário o uso de um programa de elementos finitos, no caso o ABAQUS, para se
107
modelar as vigas, lajes e pilares. Os princípios e objetivos básicos do projeto foram: (i) a
identificação e representação adequada dos principais mecanismos de carregamento; (ii) a
representação precisa da rigidez da estrutura e das restrições; (iii) a avaliação da influência
de algumas variáveis importantes nos modelos feitos, por meio de um estudo
parametrizado; (iv) validação qualitativa e quantitativa dos modelos por resultados
experimentais e (v) consistência dos resultados numéricos com os princípios mecânicos e
estruturais fundamentais. São apresentados e comentados os passos essenciais na
construção de qualquer modelo de elementos finitos, como a discretização da estrutura em
elementos finitos, os tipos de elementos e modelos dos materiais utilizados, as condições de
contorno, a aplicação do carregamento e a escolha do tipo de análise a ser desenvolvida.
Em relação aos modelos dos materiais, foi incluída na análise a degradação das
propriedades do concreto e do aço com a temperatura. Além disso, é ressaltado que, em
problemas estruturais que consideram a ação de temperaturas elevadas, é importantíssimo
que seja considerada a não-linearidade geométrica.
A Universidade de Helsinki (Technische Universität Helsinki), Finlândia, iniciou no ano de
1999 uma pesquisa composta de ensaios experimentais e modelagem numérica de
elementos de aço submetidos a temperaturas elevadas, assim como da modelagem de
estruturas mistas aço-concreto sob condição de incêndio. Modelos de materiais sob a ação
de fogo, baseados em ensaios experimentais, foram utilizados para se determinar a
capacidade de carga de estruturas em condição de incêndio. Mäkeläinen et al. (2001)
apresentam um relatório que discute um método desenvolvido para a análise de pórticos de
aço e pórticos mistos aço-concreto expostos a um incêndio localizado. Modelos numéricos
foram feitos com base no programa comercial de elementos finitos ABAQUS (versão 5.7).
Outra possibilidade proposta foi a utilização simultânea de dois programas comerciais, no
caso o ANSYS e o ABAQUS. Ao longo do relatório são apresentados e discutidos alguns
modelos de elementos finitos, tais como: viga mista aço-concreto (modelo tridimensional),
pórtico de aço (modelo bidimensional), viga de aço (modelo bidimensional) e pórtico misto
aço-concreto (modelo tridimensional). Foi destacado o fato de que quando um elemento
estrutural está submetido a um aumento considerável de temperatura, como o que ocorre no
caso de incêndios, seu comportamento sofre a influência dos elementos ao seu redor
108
pertencentes à estrutura como um todo, que podem estar ou não submetidos ao fogo. Além
disso, o comportamento estrutural do sistema como um todo é geralmente melhor do que o
de um elemento estrutural isolado, devido à redistribuição de solicitações, por exemplo. A
importância de uma análise via Método dos Elementos Finitos reside neste fato. Como
Usmani et al. (2000) já comentaram, estudos que incluem cargas térmicas geralmente
fazem com que a análise numérica se torne altamente não-linear, pois nestes casos as
propriedades dos materiais dependentes da temperatura devem ser consideradas, assim
como os efeitos de segunda ordem induzidos pela expansão térmica. Foi ainda destacada a
importância de terem sido realizadas análises com um grau de complexidade crescente, pois
o sistema final desejado é bastante complexo. Deste modo, erros em geral são evitados e a
influência de cada variável no comportamento da estrutura é mais bem avaliada.
7.5 Análises de outros sistemas estruturais
Al-Oraimi e Seibi (1995) promoveram um trabalho experimental com concreto de alta
resistência reforçado por fibras de vidro e fibras naturais (folhas de palmeira). Foi
observado que as fibras naturais exibiram uma resposta semelhante à das fibras de vidro, no
que se refere ao melhoramento das propriedades mecânicas e resistência ao impacto do
concreto. Um modelo bidimensional de viga de concreto foi feito utilizando-se o ANSYS
(versão 5.0) para se estudar o comportamento à flexão do concreto reforçado por fibras.
Bahaari e Sherbourne (1996) e Sherbourne e Bahaari (1996) desenvolveram um modelo de
elementos finitos utilizando o ANSYS (versão 4.4) para estudar o comportamento de
ligações parafusadas entre vigas com chapas de extremidade e pilares de aço. Nesta
pesquisa, constatou-se a importância do uso de pequenos passos de carga em casos em que
há não-linearidade física, com o propósito de se caracterizar a história de carregamento
real. Foi ainda pesquisado o comportamento interativo entre a mesa e a chapa de
extremidade nas ligações. Além disso, foi destacado o fato de que uma das vantagens de se
utilizar um modelo de elementos finitos ao invés de um modelo matemático ou mecânico é
a possibilidade que o primeiro nos dá de monitorar facilmente e de maneira completa o
comportamento força-deslocamento.
109
Materiais na forma “sanduíche” são atualmente utilizados na engenharia civil e na
indústria, especialmente nos campos de transporte (automotivo, aeronáutico, naval e
ferroviário). Uma estrutura “sanduíche” é composta de três camadas, duas delas rígidas que
trabalham como membranas, e uma central mais espessa, caracterizada por baixas rigidez e
densidade e submetida em geral a solicitações transversais de cisalhamento. Manet (1998)
usou diferentes modelos de elementos finitos utilizando o ANSYS (versão 5.2) para obter
deslocamentos e tensões em vigas “sanduíche” simplesmente apoiadas, submetidas a uma
pressão uniforme. Cada viga era composta de duas camadas externas de alumínio e de uma
camada central, cujo material variou de uma viga para outra.
Mais de 50% das pontes nos Estados Unidos foram construídas antes de 1940. Atualmente,
o estado de conservação destas estruturas não é bom, surgindo então a necessidade de se
desenvolver métodos seguros e econômicos para repará-las e aumentar a sua vida útil.
Tedesco et al. (1999) apresentam uma análise, por meio de um programa comercial de
elementos finitos, do reforço externo de uma ponte de concreto armado por laminados de
fibras de plástico. Estudos estáticos e dinâmicos foram conduzidos para as condições antes
e após o reforço. Tais laminados têm sido muito usados em obras de reparação, substituindo
as tradicionais chapas de aço, devido ao seu fácil manuseio, resistência à corrosão, pequeno
peso próprio e alta resistência.
Uma série de problemas de natureza não-linear relacionados a estruturas de aço, analisados
e resolvidos pelo Método dos Elementos Finitos, foi apresentada por Vasek (1999). Os
estudos foram feitos com o auxílio do programa ANSYS e todos são caracterizados por
não-linearidades da geometria e dos materiais. Entre as análises realizadas, tem-se o estudo
do comportamento de vigas I com imperfeições na alma. O autor ressalta o fato de que as
análises via elementos finitos são cada vez mais necessárias e importantes para a resolução
de problemas complexos (com imperfeições na geometria, por exemplo).
As ligações parafusadas, de acordo com Bahaari e Sherbourne (2000), especialmente as que
envolvem chapas de extremidade, têm sido amplamente utilizadas na prática, pois elas
necessitam de menor supervisão e menor tempo de montagem do que as ligações soldadas.
110
Porém, o comportamento estrutural de tais ligações, assim como seu dimensionamento, são
relativamente complexos, principalmente nos casos em que grandes esforços estão
envolvidos. Os autores estudaram, via Método dos Elementos Finitos, o comportamento de
ligações parafusadas de chapas de extremidade com mesas de pilares de aço. A partir da
análise numérica tridimensional feita com o auxílio do ANSYS (versão 4.4), é possível
observar a interação entre a chapa e a mesa, além da distribuição de tensões e
deslocamentos.
Kermanidis et al. (2000) realizaram uma análise numérica, usando o programa ANSYS, do
estado de tensões em ligações parafusadas de chapas, submetidas a um carregamento
incremental de tensão no plano das chapas. O estudo feito é tridimensional e um modelo
para representar a progressão do dano (fratura) foi incorporado à analise pelo ANSYS,
através de uma rotina. Tal modelo tem como objetivo a implementação de uma análise de
falha e degradação das propriedades dos materiais. A ligação consistia de duas chapas,
sendo uma de alumínio e outra de um laminado composto, feito de camadas de fibras
unidirecionais. Os contatos entre as chapas, entre o parafuso e as chapas e entre o parafuso
e o furo também foram modelados, por meio de elementos de contato. A resistência última
da ligação pôde então ser obtida, assim como uma representação precisa do campo de
tensões desenvolvido ao redor do parafuso.
Duas universidades americanas (California Polytechnic State University e Oregon State
University) financiadas pelo Departamento de Transportes de Oregon e pela Administração
das Rodovias Federais, desenvolveram um projeto em 2001 que consistia no
desenvolvimento de modelos lineares e não-lineares de elementos finitos para a análise de
uma ponte de concreto armado que tinha sido reforçada por laminados de fibras. Kachlakev
et al. (2001) apresentam este projeto. Os programas comerciais de elementos finitos
SAP2000 e ANSYS (versão 5.5), este último principalmente, foram utilizados para modelar
algumas vigas (semelhantes às vigas transversais da ponte em questão) nas situações antes
e depois do reforço por fibras. Modelos de elementos finitos para a ponte também foram
desenvolvidos e analisados, para ambas as situações acima. Para o caso das vigas, foram
realizados ensaios experimentais em escala real e os resultados foram comparados com os
111
numéricos. Já os resultados dos modelos de elementos finitos da ponte foram comparados
com medições in-situ realizadas na estrutura, porém somente para respostas após o reforço
da mesma. Tanto nos ensaios quanto nos modelos numéricos das vigas, estas foram
divididas em dois grupos: as vigas reforçadas por fibras de carbono e as reforçadas por
fibras de vidro. Nas análises feitas pelo ANSYS adotou-se o modelo de fissuras dispersas e
utilizou-se o elemento SOLID46 para modelar os compostos de fibras e o elemento
SOLID65 para modelar o concreto, sendo sua capacidade de esmagamento desconsiderada
devido a problemas numéricos. A armadura foi representada por um modelo discreto
(elemento LINK8). O modelo do aço da armadura foi assumido como sendo bilinear
isotrópico (elástico-perfeitamente plástico) e o do concreto como sendo multilinear
isotrópico. Foi considerada aderência total entre os elementos da armadura (LINK8) e do
concreto (SOLID65) e entre estes últimos e os elementos dos compostos de fibras
(SOLID46). Para tal, os nós dos respectivos elementos foram compartilhados.
Karadelis e Omair (2001) realizaram uma análise elasto-plástica de uma ligação entre um
perfil de aço de seção quadrada e uma chapa de aço, utilizando o programa ANSYS (versão
5.5). O modelo desenvolvido foi tridimensional, incluía não-linearidade geométrica
(possibilidade de ocorrência de grandes deslocamentos) e o encruamento considerado foi o
isotrópico.
112
8
ANÁLISE NUMÉRICA DE PILARES MISTOS AÇO-CONCRETO
PELO MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS
8.1 Considerações iniciais
O presente capítulo tem como objetivo principal a modelagem de pilares mistos aço-
concreto através do programa de elementos finitos ANSYS (versão 5.7). Diversos modelos
são apresentados e discutidos, no que se refere à forma de modelagem, critérios de
convergência adotados, modelos constitutivos e tipos de elementos finitos utilizados para
caracterizar os materiais (aço e concreto armado), forma de aplicação do carregamento,
consideração ou não de fenômenos como fissuração e esmagamento do concreto, entre
outros. A flambagem (ou instabilidade global) dos pilares é analisada em alguns modelos.
Na interface aço-concreto os nós de ambos os materiais coincidem, ou seja, a aderência
entre ambos é assumida como sendo total. Apesar do deslizamento relativo entre o aço e o
concreto não ter sido considerado na modelagem, sabe-se que as tensões de cisalhamento
na interface são importantes na determinação da necessidade ou não do uso de conectores,
levando-se em consideração a resistência fornecida por atrito e aderência.
113
8.2 Modelos de pilares mistos submetidos à flexo-compressão, utilizando-
se o elemento SOLID45 para o concreto
Neste item são apresentados modelos de pilares mistos aço-concreto parcialmente
revestidos submetidos a um carregamento combinado de compressão e flexão, sendo o
material concreto armado modelado pelo elemento elasto-plástico SOLID45 do ANSYS.
Este elemento finito não é capaz de representar os fenômenos de fissuração e esmagamento
do concreto. As armaduras (longitudinais e transversais) do concreto armado também não
podem ser modeladas por meio deste elemento.
Dois tipos de análise incremental são feitos:
a) Análise considerando somente a não-linearidade física. As tensões últimas do aço
e do concreto resultantes do estudo numérico são comparadas com as tensões obtidas por
meio da plastificação total da seção, desprezando-se o concreto tracionado;
b) Análise considerando tanto a não-linearidade física quanto a geométrica. A
resistência do pilar misto é comparada com a prevista pela NBR 14323 (1999).
8.2.1 Escolha da relação entre a resistência à tração (ftk) e a resistência à compressão
(fck) do concreto
Nos exemplos analisados utiliza-se uma resistência à tração do concreto quatro vezes
menor do que sua resistência à compressão. A necessidade de uma relação tão alta entre as
resistências à tração e à compressão pode ser explicada através do cone de Drucker-Prager
no espaço de tensões de Haigh-Westergaard. Dois cones correspondentes a duas diferentes
razões entre as resistências à tração e à compressão do concreto estão mostrados na FIG.
8.1. Nota-se que na FIG. 8.1a o cone é muito aberto para ftk=fck/20, o que não permite um
bom resultado na análise numérica quando se utiliza o critério de falha de Drucker-Prager,
devido a efeitos irreais de confinamento. Tais efeitos correspondem a grandes resistências à
compressão em uma das direções principais com baixíssimas tensões de compressão nas
114
outras duas direções. Logo, deve-se aumentar a razão entre as resistências a fim de que
melhores resultados sejam obtidos (FIG. 8.1b).
(a) 201
=ck
tk
ff
(b) 41
=ck
tk
ff
FIGURA 8.1 – Cones de Drucker-Prager para diferentes razões ck
tk
ff
8.2.2 Dados inicias
Nos itens a seguir, os dados comuns aos pilares analisados são:
kN/cm 5,0
41
kN/cm 2
2,0kN/cm 2200
kN/cm 25
3,0kN/cm 20500
2
22
2
2
=⋅=
=
=
=
=
==
cktk
ck
concreto
concreto
y
aço
aço
ff
fE
f
E
υυ
Um esboço da geometria do pilar misto, assim como do carregamento aplicado, são
mostrados na FIG. 8.2.
8.2.3 Resistência nominal da seção mista pela NBR 14323 (1999)
Neste exemplo a flambagem não é considerada.
a) Resistência do concreto à plastificação total pela força normal (Nc)
Nc = Ac.fck (8.1)
115
Onde:
Nc = resistência da seção de concreto à plastificação total pela força normal;
Ac = área da seção transversal do concreto;
fck = resistência do concreto à compressão.
Tem-se: 2
c cm 353,3(18,4.0,8) - 2.(20.0,8)(20.20)A =−=
kN 707 Nc =∴= 353,3.2Nc
b) Resistência da seção mista à plastificação total pelo momento fletor (Mpl,R)
Nas expressões a seguir:
d = altura da seção de aço;
b = largura da seção de aço;
tf = espessura da mesa;
tw = espessura da alma.
2
).Z-(Z).Z-(ZM cncanaRpl,ck
yf
f += (8.2)
4
.).2().(.Z 2a
wfff
ttdtdtb −+−= (8.3)
32a cm 912,374
48,0.)8,0.220()8,020.(8,0.20Z =−+−=
4.Z
2
c aZdb−= (8.4)
32
c cm 088,1625912,3744
20.20Z =−=
Supondo que a linha neutra plástica corte a alma:
[ ]).(2.2.2.b.N
hckywck
cn fftf −+= (8.5)
116
[ ] cm 5061,4)225.2.(8,0.22.20.2
707hn =−+
=
Como cm 2,92
8,0.220h n =−
< , então a linha neutra plástica corta a alma (OK)
).(Z 2an nw ht= (8.6)
32an cm 2439,16)5061,4.(8,0Z ==
)).((Z 2cn nw htb −= (8.7)
32cn cm 8548,389)5061,4).(8,020(Z =−=
Logo,
22389,8548).(1625,088516,2439).2(374,912Rpl,M −+−=
kN.cm 10200Rpl,M =
NOTA: o ponto Ns=Nc, MR=Mpl,R corresponde ao ponto A da curva simplificada de
interação momento fletor-força normal, da NBR 14323 (FIG. 8.3).
c) Tensões aσ e bσ no topo do pilar, correspondentes ao par Nc e Mpl,R (FIG. 8.2)
- Propriedades geométricas das chapas de extremidade do pilar (no modelo de elementos
finitos são usados os planos médios das chapas):
cm 38420.19,2A 2==
32
cm 12296
20.(19,2)W ==
Então:
122910200
384707,
, mm ==W
MA
N Rplcbaσ (8.8)
117
2kN/cm 46,6−=aσ (tração)
2kN/cm 14,10=bσ (compressão)
FIGURA 8.3 – Diagrama simplificado de interação força normal-momento fletor
8.2.4 Análise da seção mista pelo Método dos Elementos Finitos, utilizando-se o
programa ANSYS (versão 5.7)
a) Modelo
σσ
σ σ
Vistas laterais
Seção A_A Perspectiva do pilar
Nc
SN
A
Mpl,R MR
FIGURA 8.2 – Geometria e carregamento do pilar misto (dimensões em mm)
118
Utilizam-se elementos de casca elasto-plásticos SHELL43 para representar a seção de aço.
Para tais elementos é adotado o critério de escoamento de von Mises com encruamento
isotrópico. O aço é considerado como material elástico com encruamento linear, com
módulo tangente igual a 1/10000 do módulo elástico, para evitar problemas numéricos
relacionados a um fluxo de escoamento irrestrito.
Para os elementos SOLID45 usados para o concreto, é adotado o critério de Drucker-
Prager, sendo sua superfície circunscrita à superfície hexagonal de Mohr-Coulomb.
Considera-se o concreto como material elástico-perfeitamente plástico. A regra de fluxo
aplicada a ambos os materiais (aço e concreto) é a associativa.
De acordo com a teoria da plasticidade, determinam-se as constantes c e φ , do critério de
Mohr-Coulomb:
114m
φφ
sensen
ff
tk
ck
−+
=== (8.9)
o36,8699=φ
1
.c.cos22φφ
senfck −
== (8.10)
2kN/cm 0,5 MPa 5 ==c
Neste modelo somente é considerada a não linearidade física; a simetria em relação aos
planos XY e XZ é levada em consideração na construção do mesmo (FIG. 8.2).
O carregamento (força normal e momento fletor) é aplicado por meio de uma carga
trapezoidal distribuída no topo do pilar, com valores finais baseados nas tensões σa e σb
determinadas anteriormente. A excentricidade (relação M/N = Mpl,R/Nc = 14,427 cm) é
suposta constante e a força normal é considerada variando de .25,0 Nc até 1,6.Nc. Os
incrementos de força normal aplicados são obtidos com base em uma progressão
119
geométrica de razão menor que 1. A FIG. 8.4 mostra o modelo de elementos finitos
utilizado, composto de 2048 elementos SOLID45 e 640 elementos SHELL43.
(a) Elementos de concreto (b) Elementos de aço
FIGURA 8.4 – Modelo de elementos finitos
b) Resultados
- Variação do deslocamento horizontal máximo com a força normal excêntrica, para H = 60
cm (FIG. 8.2)
De acordo com a FIG. 8.5, o pilar entra em colapso para uma força normal excêntrica da
ordem de 950 kN. A TAB. 8.1 apresenta a lista de dados a partir dos quais a FIG. 8.5 foi
gerada, sendo N = 937,04 kN o último valor da força normal para o qual houve
convergência na análise.
FIGURA 8.5 – Força normal N (kN)X Deslocamento Ux (cm)
120
- Deformações e tensões no concreto para forças normais de 751,26 kN (passo 6) e 937,04
kN (passo 9)
Os resultados apresentados a seguir são relativos à seção do pilar contida no plano de
simetria XY (vide FIG 8.2).
As deformações do concreto na FIG. 8.6a correspondem à força N = 751,26 kN (passo de
carga 6), próxima à resistência teórica (707 kN). Pode ser observado que as deformações de
compressão do concreto estão dentro dos limites previstos na NBR 6118 (1978), de 0,2% a
0,35%.
Na FIG. 8.6b são mostradas as deformações do concreto correspondentes a N = 937,04 kN
(passo 9), último valor para o qual houve convergência. As deformações de compressão
obtidas (ε máx≅ 1,70%) estão bem acima dos limites previstos.
As tensões no concreto na FIG. 8.7a correspondem à força N = 751,26 kN. Já é possível
perceber um efeito de confinamento do concreto na região próxima à junção da alma com a
mesa do perfil de aço; a tensão de compressão atinge aproximadamente 4,7 kN/cm2 (acima
do valor fck2kN/cm 2= ).
Na FIG. 8.7b são apresentadas as tensões no concreto correspondentes a N = 937,04 kN e
pode ser notado um grande efeito de confinamento (tensões da ordem de 10 vezes o valor
de fck – vide Chen e Han (1987)).
N (kN) Ux (cm) N (kN) Ux (cm)
176,64 0,118978E-01 751,26 0,810266E-01
328,55 0,221302E-01 822,73 0,116358
459,19 0,311637E-01 884,19 0,220427
571,55 0,395158E-01 937,04 0,492700
668,17 0,550187E-01
TABELA 8.1 – Dados relativos à FIG. 8.5
121
(a) (b)
FIGURA 8.6 – Deformações do concretoε z para (a) N= 751,26 kN; (b) N = 937,04 kN
(a) (b)
FIGURA 8.7 – Tensões no concreto σz para (a) N = 751,26 kN; (b) N = 937,04 kN
Como já comentado, o modelo utilizado nesta análise não prevê fissuração nem
esmagamento do concreto, pois o elemento usado para representar o concreto foi o
SOLID45. Por isso, a análise feita pelo ANSYS conduziu a deformações finais (passo de
carga 9) muito acima daquelas permitidas pela NBR 6118. Logo, a carga de colapso da
seção mista deve ser considerada como sendo aquela correspondente à situação em que as
deformações do concreto estão dentro dos limites estabelecidos pela norma.
122
- Tensões no aço para forças normais de 751,26 kN (passo 6) e 937,04 kN (passo 9)
Estas tensões são mostradas na FIG. 8.8a e na FIG. 8.8b, respectivamente, notando-se que
no passo de carga 6 as tensões máximas de tração e compressão estão próximas do limite de
escoamento do aço (25 2kN/cm ), confirmando a carga de colapso baseada no concreto. O
critério de von Mises foi atendido mesmo no passo 9.
(a) (b)
FIGURA 8.8 – Tensões no aço σz para (a) N = 751,26 kN; (b) N = 937,04 kN
8.2.5 Resistência do pilar misto, considerando-se o fenômeno de flambagem
Estuda-se um pilar bi-rotulado de altura H = 6000 mm.
a) Resistência nominal à compressão do pilar misto (NR) pela NBR 14323 (1999)
Nas expressões a seguir:
Aa = área do perfil de aço;
Ac = área da seção de concreto;
Ia = momento de inércia da seção de aço;
Ic = momento de inércia da seção de concreto.
(a) (b)
123
ckcyaRpl, .α.A.AN ff += (8.11)
2
a cm 46,7(18,4.0,8)(20.0,8).2A =+=
2c cm 353,3A =
2y cmkN 25=f
85,0=α 2
ck cmkN 2=f
kN 17692.3,353.85,025.7,46N Rpl, =+=
43
cm 996712
)4,18).(8,020(=
−=cI
( ) ( ) 4323
cm 336612
4,188,02.4,02
4,18).8,0.20(128,020 =⋅+
++⋅=aI
cc
caa IEIE ..8,0.(EI)e
+=
γ (8.12)
Considerando cγ = 1,35:
2e kN.cm 819970159967
35,122008,03366.20500(EI) =⋅⋅+=
A carga de flambagem de Euler é (considerando-se o pilar bi-rotulado):
2
2
).().(
LkEI
N ee
π= (8.13)
kN 2248)600.1(
)81997015.(2
2
==π
eN
124
Então:
89,0887,022481769, ≅=
=
=
e
Rpl
NN
λ (8.14)
Na curva b da NBR 8800 (1986), obtém-se o coeficiente ρ : 670,0=ρ
A resistência à compressão do pilar misto é, portanto:
1769.670,0. , == RplR NN ρ (8.15)
NR = 1185 kN
É assumida uma excentricidade e (imperfeição inicial) igual ao comprimento do pilar
dividido por 280. Este valor para a imperfeição é menor do que o estabelecido pelo
Eurocode 4 (1992):
210pilar do ocomprimente =
Isto é feito porque a imperfeição considerada neste exemplo (excentricidade constante da
força normal) é mais desfavorável do que a prevista pelo Eurocode (curvatura do pilar).
Logo,
143,2NM
normal Forçafletor Momento cm 143,2
280cm 600
==∴==e cm
b) Análise pelo ANSYS
Os dados de entrada são os mesmos descritos no item 8.2.4, alterando-se apenas a altura H,
a excentricidade e a faixa de variação da força normal excêntrica, agora de N.25,0 R até
1,1. N R. O modelo de elementos finitos é composto de 2880 elementos SOLID45 e 1472
elementos SHELL43.
125
c) Resultados
- Variação do deslocamento horizontal máximo com a força normal excêntrica
De acordo com a FIG. 8.9, a resistência do pilar misto é aproximadamente 1100 kN, muito
próxima do valor previsto pela NBR 14323 ( kN 1185N R = ). A TAB. 8.2 apresenta a lista
de dados a partir dos quais a FIG. 8.9 foi gerada.
N (kN) Ux (cm) N (kN) Ux (cm)
305.08 0.433181 1063.5 2.32177
527.80 0.830447 1081.5 2.39990
690.39 1.17897 1094.6 2.45914
809.09 1.47362 1104.2 2.50394
895.74 1.72051 1111.2 2.54261
959.01 1.92536 1116.3 2.58264
1005.2 2.09006 1120.0 2.63233
1038.9 2.22015
TABELA 8.2 – Dados relativos à FIG. 8.9
FIGURA 8.9 – Força normal N (kN) X Deslocamento Ux (cm)
(análise de 2ª ordem)
126
- Deformações e tensões no concreto para força normal de 1120 kN (passo 15)
Os resultados apresentados a seguir são relativos à seção do pilar contida no plano de
simetria XY (vide FIG. 8.2).
As deformações do concreto na FIG. 8.10a correspondem à força N = 1120 kN (passo de
carga 15), próxima à resistência teórica (1185 kN). Pode ser observado que as deformações
de compressão do concreto estão dentro dos limites previstos pela NBR 6118 (1978), de
0,2% a 0,35%.
Na FIG. 8.10b são apresentadas as tensões no concreto correspondentes a N = 1120 kN.
Pode ser percebido um pequeno efeito de confinamento do concreto na região próxima à
junção da alma com a mesa do perfil de aço, pois a tensão de compressão atinge
aproximadamente 2,5 kN/cm2 (acima do valor 2kN/cm 2=ckf ).
Mais uma vez é importante ressaltar que o modelo utilizado nesta análise não prevê
fissuração nem esmagamento do concreto, pois o elemento usado para representar o
concreto foi o SOLID45. Apesar disto, a deformação máxima do concreto obtida pelo
ANSYS (passo de carga 15) está abaixo do limite permitido pela NBR 6118.
(a) Deformaçõesε z (b) Tensões σz
FIGURA 8.10 – Deformações e tensões no concreto para N = 1120 kN
127
- Tensões no aço para força normal de 1120 kN (passo 15)
Estas tensões são mostradas na FIG. 8.11, notando-se que a tensão máxima de compressão
está próxima do limite de escoamento do aço (25 2kN/cm ).
8.3 Modelos de pilares mistos submetidos à flexo-compressão, utilizando-
se o elemento SOLID65 para o concreto
Neste item são apresentados modelos de pilares mistos aço-concreto parcialmente
revestidos submetidos a um carregamento combinado de compressão e flexão, sendo o
material concreto armado modelado pelo elemento SOLID65 do ANSYS. Este elemento
finito é capaz de representar os fenômenos de fissuração e esmagamento do concreto, assim
como as armaduras (longitudinais e transversais) do concreto armado.
Dois tipos de análise incremental são feitos:
a) Análise considerando somente a não-linearidade física. As tensões últimas do aço
e do concreto resultantes do estudo numérico são comparadas com as tensões obtidas por
meio da plastificação total da seção, desprezando-se o concreto tracionado;
FIGURA 8.11 – Tensões no aço σz para N = 1120 kN
128
b) Análise considerando tanto a não-linearidade física quanto a geométrica. A
resistência do pilar misto é comparada com a prevista pela NBR 14323 (1999) e pelo
AISC-LRFD (1999).
8.3.1 Dados inicias
Nos itens a seguir, os dados comuns aos pilares analisados são:
kN/cm 1547,0
kN/cm 2
2,0kN/cm 2885
kN/cm 50
3,0kN/cm 20500
kN/cm 25
3,0kN/cm 20500
2
2
2
2
2
2
2
=
=
==
=
==
=
=
=
tk
ck
concreto
concreto
sy
s
s
y
aço
aço
f
f
E
f
E
f
Eυ
υυ
NOTAS:
- Observar que neste caso o valor de ftk usado é mais real do que o considerado quando da
utilização do SOLID45, que foi 1/4 fck (item 8.2.2). Isto se deve ao fato da superfície de
William-Warnke ser mais adequada para prever o confinamento do concreto;
- O índice s refere-se às propriedades do aço da armadura do concreto armado, composta de
4 φ 8.0 mm.
A obtenção da resistência à tração e do módulo de elasticidade do concreto é feita a partir
da norma EC4 (1992), como a seguir: 3kN/m 24γ =c
⋅+=
24γ
0,70,3 cη (8.16)
0,1=η
η.).(21,0 32cktk ff = (quantil de 5%) (8.17)
MPa 547,11.)20.(21,0 32 ===tkf
21
31
24)8.(9500
⋅+= c
ckconcreto fEγ
(8.18)
231 kN/cm 28851.)820.(9500 =+=concretoE
129
Um esboço da geometria do pilar misto analisado nos exemplos, assim como do
carregamento aplicado ao sistema, são mostrados na FIG. 8.12.
FIGURA 8.12- Carregamento e geometria do pilar misto (dimensões em mm)
8.3.2 Resistência nominal da seção mista pela NBR 14323 (1999) e pelo AISC-LRFD
(1999)
Neste exemplo a flambagem não é considerada.
a) Resistência do concreto à plastificação total pela força normal (Nc)
Nc = Ac.fck.α (8.19)
Onde: α = 0,85
Tem-se:
22
c cm 366,64
.(0,8)4-(19,2.0,8) - 2.(20.0,8)(20,8.20)A =−=π
kN 623,3 Nc =∴= 85366,6.2.0,Nc
σσ
σσ
Vistas laterais
Seção A_A Perspectiva do pilar
130
b) Resistência da seção mista à plastificação total pelo momento fletor (Mpl,R)
Rn,Rmáx,Rpl, MM M −= (8.20)
2.Z .Z .ZM ck
pcyspsypaRmáx,αfff ++= (8.21)
2.Z .Z .ZM ck
pcnyspsnypanRn,αfff ++= (8.22)
)-.(hb.4
.).2( 2pa ff
wf tt
tthZ +−= (8.23)
4
1.Zps ∑
==
iesiA i (8.24)
Z- Z-4.Z pspa
2
pchb
= (8.25)
cm 7280,393)8,08,20.(8,0.2048,0.)8,0.28,20(Z 32
pa =−+−=
Como
=
=
cm 5,74
)8,0.( 2
iesiA π
, tem-se:
cm 15,07964
)8,0.()5,7).(4(Z 32
ps ==π
cm 1754,392415,0796-393,7280 -4
)8,20.(20Z 32
pc ==
Supondo que a linha neutra plástica corte a alma ( fn2hh t−≤ ):
snA = 0 (soma das áreas da armadura dentro da região de altura 2.hn)
)..(2.2..2.b.)..2.(N
hcky wck
ck cn αα
αfftf
ffA sysn
−+−−
= (8.26)
131
cm 2901,4)85,0.225.2.(8,0.285,0.2.20.2
3,623h n =−+
=
Como cm 6,98,02
8,20h n =−< e cm 5,7h n < , a linha neutra plástica corta a alma e não há
barras de armadura dentro da região de altura 2.hn.
).(Z 2pan nw ht= (8.27)
32
pan cm 7240,14)2901,4.(8,0Z ==
4
1.Zpsn ∑
==
ieA zisni (8.28)
0Zpsn =
Z- Z-.Z psnpan2
pcn nhb= (8.29)
32
pcn cm 3752,3537240,14)2901,4.(20Z =−=
Logo,
kN.cm 4,668285,0.23752,35325.7240,14M Rn, =+=
kN.cm 4,12088285,0.23924,175450.0796,1525.7280,393M Rmáx, =++=
4,6684,12088M Rpl, −=
kN.cm 11420Rpl,M =
132
NOTA: a título de comparação, é feito o cálculo da resistência da seção mista à
plastificação total pelo momento fletor (Mpl,R), com base no método simplificado do AISC-
LRFD (1999).
yw1
´c
yw2yrr
r2ypn ..A
.h1,7..A
2h..A
3)2.C(hZ.MM f
ffff
−+
−+== (8.30)
Onde:
Aw =19,2.0,8 = 15,36 cm2
Z = Zpa = 393,7280 cm3
Cr = 2,5+0,4 = 2,9 cm
h1 = 20 cm
h2 = 20,8 cm
fy = 25 kN/cm2
Ar = π (0,8)2 = 2,0106 cm2
fyr = 50 kN/cm2
α.´ckc ff = = 2.0,85 = 1,7 kN/cm2
Logo,
== pn MM 11788 kN.cm (próximo do valor de Mpl,R obtido pela NBR 14323)
c) Resistência da seção mista à plastificação total pela força normal de compressão (Npl,R),
com base na NBR 14323 (1999)
yssckcy aRpl, .A.α.A.AN fff ++= (8.31)
2
a cm 47,36)8,0.2,19()8,0.20.(2A =+=
2s cm 01,2A =
2c cm 6,663A =
133
2y cmkN 25=f
2 ys cmkN 50=f
85,0=α 2
ck cmkN 2=f
Então:
kN 1908N Rpl, =
d) Obtenção da curva de interação força normal (N)-momento fletor (M)
Com base nas normas NBR 14323 (1999) e AISC-LRFD (1999) são calculados diversos
pontos da curva de interação força normal-momento fletor do pilar misto em questão. Os
pontos dados na TAB. 8.3 são obtidos com base nos valores de Mpl,R, Npl,R e Nc já
determinados, isto é:
=
=
=
kN 623,3N
kN 1908N
kN.cm 11420M
c
Rpl,
Rpl,
As curvas de interação das normas mencionadas são apresentadas a seguir:
- Curva de interação pelo AISC-LRFD
Para 2,0NN
Rpl,
≥ :
1M
M98
NN
Rpl,Rpl,
=
⋅+ (8.32)
134
Para 2,0N
N
Rpl,
< :
1MM
2.NN
Rpl,Rpl,
=
+ (8.33)
- Curva de interação pela NBR 14323
Obtida pela equação de interpolação linear:
cRpl,
Rpl,Rpl,
NN)NN.(M
M−
−= (8.34)
No item 8.3.3 mais duas colunas serão acrescentadas a esta tabela, contendo os dados
obtidos via análise numérica com o ANSYS. Os pontos obtidos serão também apresentados
em forma de gráfico.
NBR 14323 (1999) AISC-LRFD (1999)
N (kN) M (kN.cm) N (kN) M (kN.cm)
1910 0 1910 0
1540 3270 1540 2480
1080 7360 1080 5570
623 11420 623 8650
0 11420 382 10280
311 10490
0 11420
TABELA 8.3 – Pontos da curva de interação
135
8.3.3 Análise da seção mista e obtenção da curva de interação para flexo-compressão
pelo Método dos Elementos Finitos, utilizando-se o programa ANSYS (versão 5.7)
a) Modelo
Utilizam-se elementos de casca elasto-plásticos SHELL43 para representar a seção de aço.
Para tais elementos é adotado o critério de escoamento de von Mises com encruamento
isotrópico. O aço é considerado como material elástico com encruamento linear, com
módulo tangente igual a 1/10000 do módulo elástico, para evitar problemas numéricos
relacionados a um fluxo de escoamento irrestrito. Tanto o aço dos perfis metálicos quanto o
da armadura são modelados, sendo que o primeiro possui uma resistência ao escoamento de 2
y cmkN 25=f e o segundo de 2 ys cmkN 50=f .
Para os elementos SOLID65 usados para o concreto armado, utiliza-se um material com
encruamento isotrópico multi-linear (MISO), assumindo-se uma resistência do concreto de
0,85.(2) = 1,7 2cmkN (correspondente a uma deformação de 0,2%). No diagrama tensão-
deformação adota-se um aumento adicional total de 0,05 2cmkN na tensão, até a
deformação de 0,4%, para que sejam evitados problemas relacionados ao fluxo de
escoamento irrestrito. São considerados os valores de 0,2 e 0,6 para os coeficientes de
transferência de cisalhamento do material concreto, para fissuras abertas e fechadas,
respectivamente. Neste tipo de comportamento (MISO), o critério de escoamento é o de
von Mises. A capacidade de esmagamento do elemento de concreto é desabilitada. As
curvas tensão-deformação dos aços (perfil e armadura) e do concreto são mostradas na FIG.
8.13.
Neste modelo somente é considerada a não linearidade física; a simetria do modelo
estrutural em relação ao plano YZ (FIG. 8.12) é levada em consideração na construção do
mesmo, sendo 2H = 60 cm.
136
(a)
(b) (c)
FIGURA 8.13 - Diagramas tensão-deformação: (a) concreto; (b) aço estrutural; (c) aço
da armadura.
As armaduras longitudinal e transversal utilizadas são:
- Longitudinal (direção x, conforme FIG. 8.12): 4 φ 8.0 mm;
- Transversal (direções y e z, conforme FIG. 8.12): φ 6.0 mm @ 20 cm.
Para a determinação dos pontos da curva de interação força normal-momento fletor, o
carregamento é aplicado por meio de uma carga trapezoidal distribuída numa chapa de aço
no topo do pilar. As tensões correspondentes à carga distribuída são:
137
W
MA
N Rplcba
,, m=σ (8.8)
Onde as propriedades geométricas das chapas de extremidade do pilar são:
cm 40020.20A 2==
32
cm 1333,36
20.(20)W ==
NOTA: a planicidade da chapa de extremidade é garantida pelo comando CERIG, que gera
uma região com movimento de corpo rígido.
Devido a dificuldades de convergência, encontradas principalmente nos casos em que a
tração causada pelo momento no pilar é considerável, o carregamento é aplicado em duas
etapas distintas. A primeira etapa é caracterizada pela aplicação de passos incrementais de
força normal de compressão, até que o valor final desejado para esta força seja atingido. Na
etapa posterior, o momento fletor é aplicado, também em passos incrementais, mantendo-se
a força normal final constante. Os incrementos de força normal aplicados são de 10 kN e os
de momento fletor, de 100 kN. Somente para o caso referente ao ponto (N;M)=(0;M) é
usado um incremento para momento fletor de 30 kN, exatamente pelas dificuldades de
convergência já anteriormente expostas. A FIG. 8.14 mostra o modelo de elementos finitos
utilizado, composto de 192 elementos SOLID65 e 160 elementos SHELL43.
Nas diversas análises realizadas para a determinação de alguns pontos da curva de
interação, dois critérios de convergência foram utilizados: um baseado em forças e outro
(b) Elementos de aço (a) Elementos de concreto
FIGURA 8.14 – Modelo de elementos finitos
138
baseado em momentos. A norma do vetor para a verificação de convergência é a raiz
quadrada da soma dos quadrados dos resíduos. O critério baseado nos momentos mostrou-
se mais adequado para as análises numéricas correspondentes a pontos com força normal
pequena e, conseqüentemente, momento fletor grande.
b) Resultados
- Curva de interação força normal (N)-momento fletor (M)
Com base nas normas NBR 14323 (1999) e AISC-LRFD (1999) foram calculados diversos
pontos da curva de interação do pilar misto estudado, conforme apresentado no item 8.3.2.
Estes pontos são mais uma vez mostrados na TAB. 8.4, em conjunto com os valores
obtidos pela análise numérica via programa ANSYS (coluna “ANSYS”). As deformações
de compressão do concreto nestes pontos ficaram acima dos limites previstos pela NBR
6118 (1978), de 0,2% a 0,35%. Portanto, outros cinco pontos são considerados a partir do
ANSYS, desta feita observando-se os limites de deformação do concreto previstos na
norma (coluna “ANSYS – Limitação de deformações”).
Na FIG. 8.15 são mostradas quatro curvas de interação, obtidas com base em ambas as
normas e por meio da análise via Método dos Elementos Finitos. É possível notar que a
curva do ANSYS com limitação das deformações do concreto encontra-se bem próxima da
NBR 14323 (1999) AISC-LRFD (1999) ANSYS ANSYS
Limitação de deformações
N (kN) M (kN.cm) N (kN) M (kN.cm) N (kN) M (kN.cm) N (kN) M (kN.cm)
1910 0 1910 0 2020 0 1960 0
1540 3270 1540 2480 1540 3100 1540 2800
1080 7360 1080 5570 1080 6100 1080 5400
623 11420 623 8650 600 9200 600 8300
0 11420 382 10280 0 10050 0 8550
311 10490
0 11420
TABELA 8.4 – Pontos da curva de interação (incluindo análise numérica)
139
curva da norma AISC-LRFD. A curva da NBR 14323, em comparação com as demais
curvas, resulta em valores menos conservativos para o par força normal-momento fletor.
Como já comentado, para pequenos valores de força normal aplicada, o processo de
convergência numérica tornou-se mais difícil (trecho tracejado nas curvas do ANSYS). Tal
fato pode ser explicado observando-se que, para a faixa de força normal aplicada em
questão, o momento fletor provoca tração em uma região considerável da seção transversal.
O elemento finito utilizado para representar o concreto armado não se comporta tão bem
nesta situação. Portanto, o útimo ponto obtido pelo ANSYS (N;M) = (0;8550), com
limitação de deformações do concreto, está aquém do esperado (0;11420). A resistência da
seção mista à plastificação total pelo momento fletor puro (Mpl,R) obtida pelo ANSYS e
pelas normas diferem, por conseguinte, de 25%.
- Deformações e tensões no concreto e no aço
Os resultados apresentados a seguir são relativos à seção do pilar contida no plano de
simetria YZ (FIG. 8.12) e correspondem ao ponto (N;M) = (1080;5400), escolhido
arbitrariamente.
FIGURA 8.15 – Curvas de interação força normal (N)-momento fletor (M)
Curvas de interação NxM
0
500
1000
1500
2000
2500
0 2000 4000 6000 8000 10000 12000
M (kN.cm)
N (k
N)
NBR 14323
AISC-LRFD
ANSYS
ANSYS - Limitação deDeformações
140
As deformações do concreto são mostradas na FIG. 8.16a. Pode-se observar que as
deformações de compressão do concreto estão dentro dos limites previstos pela NBR 6118
(1978), de 0,2% a 0,35%.
Na FIG. 8.16b são apresentadas as tensões no concreto. Pode-se perceber que a tensão de
compressão máxima é de aproximadamente 1,7 kN/cm2 (igual à resistência última do
concreto considerada na análise numérica).
As FIG. 8.17a e FIG. 8.17b mostram as deformações e as tensões no aço, respectivamente.
Com base nas tensões no aço mostradas na FIG. 8.17b, nota-se que a tensão máxima de
compressão está próxima do limite de escoamento do aço (25 2kN/cm ) e que ainda não
ocorreu escoamento na tração.
(a) Deformaçõesε x (b) Tensões σx FIGURA 8.16 – Deformações e tensões no concreto para N = 1080 kN e M = 5400 kN.cm
141
Os valores de deformações na alma do perfil de aço são apresentados na FIG. 8.18.
8.3.4 Resistência do pilar misto, considerando-se o fenômeno de flambagem
Estuda-se um pilar bi-rotulado de altura H = 6000 mm.
(a) Deformaçõesε x (b) Tensões σx FIGURA 8.17 – Deformações e tensões no aço para N = 1080 kN e M = 5400 kN.cm
FIGURA 8.18 – Deformações ε x na alma do perfil de aço para N = 1080 kN e M = 5400 kN.cm
142
a) Resistência nominal à compressão do pilar misto (NR) pela NBR 14323 (1999)
cc
cssaa I
EIEIE ..8,0..(EI)e
++=
γ (8.35)
Onde:
422
cm 113)5,7(4
)8,0.(4 =
⋅⋅=
πsI
43
cm 1121212
)2,19).(8,020(=−
−= sc II
( ) ( ) 4323
cm 367412
2,198,04,02
2,19).8,0.20(128,0202 =⋅+
++⋅⋅=aI
cγ = 1,35
2e kN.cm 9680186711212
35,128858,0)113.(20500)3674.(20500(EI) =⋅⋅++=
A carga de flambagem de Euler é (considerando-se um pilar engastado na base e livre na
outra extremidade, com metade da altura do pilar bi-rotulado):
2
2
).().(
LkEI
N ee
π= (8.13)
kN 2654)300.2(
)96801867.(2
2
==π
eN
Então:
85,0848,026541908, ≅=
=
=
e
Rpl
NN
λ (8.14)
Na curva b da NBR 8800 (1986), obtém-se o coeficiente ρ : 695,0=ρ
143
A resistência à compressão do pilar misto é, portanto:
1908.695,0. , == RplR NN ρ (8.15)
NR = 1326 kN
NOTA: a título de comparação, é feito o cálculo da resistência à compressão do pilar misto
(NR), com base no método simplificado do AISC-LRFD (1999).
craRN FA .= (8.36)
Onde:
aA = área da seção do perfil de aço;
crF = tensão de flambagem.
Raio de giração da seção mista:
cm 81,8 cm 81,8
36,473674
AI
cm 24,68,20.3,0=∴
==
=
≥ m
a
am rr
Tensão de escoamento equivalente:
⋅+
⋅+=
a
cck
a
sysymy A
Afc
AA
fcff .. 21 (8.37)
22
kN/cm 38,3436,476,366)85,0.2.(6,0
36,47)8,0.(50.7,025 =
⋅+
⋅+=π
myf
NOTA: utiliza-se o valor de α.ckf no lugar de ckf , para que a resistência do pilar obtida
pela norma possa ser comparada com a resistência via análise numérica, onde também se
usa α.ckf .
144
Módulo de elasticidade equivalente:
⋅+=
a
ccam A
Ac E.EE 3 (8.38)
2kN/cm 2496636,476,3662885.2,020500E =
⋅+=m
Parâmetro de esbeltez equivalente:
m
my
mc
fr
KLE.
⋅
=
πλ (8.39)
804,024966
38,3481,8.
600=⋅
=π
λc
Como 804,0=cλ <1,5 :
mycr f.θ658,0F
= (8.40)
2)(θ cλ= (8.41)
646416,0)804,0(θ 2 ==
Então:
2kN/cm 23,2638,34.0,646416)658,0(F =
=cr
Logo,
kN 1242)23,26.(36,47N ==R (valor um pouco menor do que o obtido pela NBR 14323).
É assumida uma excentricidade e (imperfeição inicial) igual ao comprimento do pilar
dividido por 280. Este valor para a imperfeição é menor do que o estabelecido pelo
Eurocode 4 (1992):
145
210pilar do ocomprimente =
Isto é feito porque a imperfeição considerada neste exemplo (excentricidade constante da
força normal) é mais desfavorável do que a prevista pelo Eurocode (curvatura do pilar).
Logo,
143,2NM
normal Forçafletor Momento cm 143,2
280cm 600
==∴==e cm
A título de comparação, também é analisada uma excentricidade e (imperfeição inicial)
igual ao comprimento do pilar dividido por 500.
Logo,
2,1NM
normal Forçafletor Momento cm 2,1
500cm 600
==∴==e cm
b) Análise pelo ANSYS
Os dados de entrada são os mesmos descritos no item 8.3.3. Usa-se um incremento da força
normal de 10 kN. Portanto, com base neste passo de carga, a força normal e o momento
fletor aplicados no pilar misto crescem proporcionalmente, numa razão de e = 2,143 cm.
Durante a análise numérica, utiliza-se um critério de convergência baseado nos momentos,
com a norma de vetor para a verificação de convergência correspondente à raiz quadrada da
soma dos quadrados dos desequilíbrios. O modelo de elementos finitos é composto de 960
elementos SOLID65 e 736 elementos SHELL43.
146
c) Resultados
- Resistência à força normal, com excentricidade e = 2,143 cm
As resistências do pilar misto estimadas pelas normas NRB 14323 (1999) e AISC-LRFD
(1999), levando-se em conta o fenômeno de flambagem, são comparadas com a obtida via
análise numérica pelo Método dos Elementos Finitos.
De acordo com a FIG. 8.19, a resistência do pilar misto é aproximadamente 1080 kN
(último passo de carga convergido). As deformações de compressão do concreto estão
dentro dos limites previstos pela NBR 6118 (1978), de 0,2% a 0,35%. Os erros relativos
entre este valor e os previstos pelas normas estão mostrados abaixo. A norma AISC-LRFD
apresenta uma resistência mais próxima da obtida pela análise numérica.
-ANSYS ( kN 1080N R = ) e NBR 14323 ( kN 1326N R = ): 18,6%;
-ANSYS ( kN 1080N R = ) e AISC-LRFD ( kN 1242NR = ): 13,0%
FIGURA 8.19 – Força normal N (kN) X Deslocamento Uy (cm) (e = 2,143 cm)
147
A FIG. 8.20 reúne as curvas de interação força normal-momento fletor já discutidas com
uma curva (“2ª ordem e=2,143 cm”) baseada numa análise de segunda ordem, relacionando
a força normal aplicada (N) com o momento igual ao produto N.(e+Uy), ou seja, com o
produto desta força axial pela soma da excentricidade com o deslocamento horizontal
obtido no topo do pilar misto. Nesta curva, portanto, o fenômeno de grandes deslocamentos
é levado em consideração na análise numérica. Observa-se que o limite de resistência à
flambagem corresponde a um ponto, definido pelo par (N;M), praticamente sobre a curva
de interação do AISC-LRFD.
FIGURA 8.20 – Curvas de interação e curva advinda da análise de 2ª ordem
(e = 2,143 cm)
- Resistência à força normal, com excentricidade e = 1,2 cm
A título de comparação, os mesmos resultados do item anterior são agora apresentados para
uma excentricidade de 1,2 cm.
De acordo com a FIG. 8.21, a resistência do pilar misto é aproximadamente 1200 kN
(último passo de carga convergido). As deformações de compressão do concreto estão
dentro dos limites previstos pela NBR 6118 (1978), de 0,2% a 0,35%. Os erros relativos
Curvas de interação NxM e curva advinda da análise de flambagem
0
500
1000
1500
2000
2500
0 2000 4000 6000 8000 10000 12000
M (kN.cm)
N (k
N)
NBR 14323
AISC-LRFD
ANSYS
2ª ordem e=2,143 cm
ANSYS - Limitação deDeformações
148
entre este valor e os previstos pelas normas estão mostrados abaixo. Novamente, a norma
AISC-LRFD apresenta uma resistência mais próxima da obtida pela análise numérica.
-ANSYS ( kN 1200N R = ) e NBR 14323 ( kN 1326N R = ): 9,5%;
-ANSYS ( kN 1200N R = ) e AISC-LRFD ( kN 1242NR = ): 3,4%
A FIG. 8.22 reúne todas as curvas previamente apresentadas (FIG. 8.20) com a curva
correspondente à análise de segunda ordem com excentricidade de e = 1,2 cm.
FIGURA 8.21 – Força normal N (kN) X Deslocamento Uy (cm) (e = 1,2 cm)
149
8.4 Modelos de pilares mistos submetidos à compressão ou tração pura,
utilizando-se o elemento SOLID65 para o concreto
8.4.1 Comentários gerais
Neste item são apresentados modelos de pilares mistos aço-concreto parcialmente
revestidos submetidos ao caso particular de compressão ou tração pura, com o objetivo de
identificar alguns fatores importantes durante a análise numérica. Com isto, pode-se
fornecer subsídios para futuras análises envolvendo o elemento de concreto SOLID65. Os
modelos estudados apresentam uma vasta combinação de hipóteses quanto à modelagem e
à caracterização dos materiais. Alguns dos itens analisados são:
- Modelo de plasticidade adotado para o concreto (Drucker-Prager, multi-linear isotrópico-
MISO ou nenhum);
FIGURA 8.22 – Curvas de interação e curvas advindas das análises de 2ª ordem
(e = 2,143 cm; e = 1,2 cm)
Curvas de interação NxM e curvas advindas da análise de flambagem
0
500
1000
1500
2000
2500
0 2000 4000 6000 8000 10000 12000
M (kN.cm)
N (k
N)
NBR 14323
AISC-LRFD
ANSYS
2ª ordem e=2,143 cm
2ª ordem e=1,2 cm
ANSYS - Limitação deDeformações
150
- Capacidade de esmagamento do concreto;
- Estribos;
- Coeficientes de transferência de cisalhamento ( cβ e tβ );
- Número de passos de carga.
Na FIG. 8.23 são apresentados em forma de fluxograma os diversos casos analisados.
Todos os modelos são derivados de modelos padrão iniciais, um para os pilares
comprimidos e outro para os tracionados. Os quadros com destaque em negrito nos
fluxogramas correspondem aos casos analisados. Algumas características dos modelos
padrão são as mesmas discutidas no item 8.3.3, isto é, caracterização dos materiais,
desabilitação da capacidade de esmagamento do elemento SOLID65, modelo de
plasticidade adotado para o concreto (MISO), resistência do concreto igual a 0,1547
kN/cm2, armaduras longitudinal e transversal utilizadas, entre outras. A geometria dos
modelos de elementos finitos é exatamente igual à definida no item 8.3.3, inclusive a altura
do pilar (2H = 60 cm). Porém, a chapa de extremidade não é modelada, pois a aplicação do
carregamento é feita por meio da imposição de deslocamentos no topo do pilar. O modelo
de elementos finitos é composto de 192 elementos SOLID65 e 144 elementos SHELL43.
O caso do concreto considerado como material com encruamento isotrópico multi-linear já
foi discutido no item 8.3.3. Porém, para o caso de se assumir o critério de Drucker-Prager,
considera-se o concreto como material elástico-perfeitamente plástico e as constantes de
Mohr-Coulomb são calculadas conforme item 8.2.4. Quanto aos coeficientes de
transferência de cisalhamento, são usadas três possibilidades: ( cβ =0,6 ; tβ =0,2), ( cβ =0,8
; tβ =0,1) ou ( cβ =1 ; tβ =1). Para os modelos padrão, adotou-se o último destes casos.
Em todas as análises é utilizado o critério de convergência baseado em forças, com a norma
de vetor para a verificação de convergência correspondente à raiz quadrada da soma dos
quadrados dos resíduos.
151
TRAÇÃOCOMPRESSÃO
PILAR MISTO
D.P.
ft =0,1547
fc =2
ft =0,5
fc =2
SEM
ESTRIBO
SEM
ESTRIBO
MISO SEM
PLASTICIDADE
ft =0,1547
fc =2
fc =1,7
β t = 0,2
β c = 0,6
β t = 0,2
β c = 0,6
SEM
PLASTICIDADE
ft =0,1547
fc =1,7
SEM
PLASTICIDADE
ft =0,1547
fc =2
SIMETRIA
À PARTE
FIGURA 8.23 - Fluxograma dos modelos estudados
Modelo [1]
Nota: o símbolo [] se refere ao número do modelo analisado nos itens 8.4.3 e 8.4.4.
Modelo [3]
COMPRESSÃO (padrão)
152
TRAÇÃO (padrão)
D.P.
À PARTE
SEM
ESTRIBO
fc =1,7
β t = 0,2
β c = 0,6
β t = 0,1
β c = 0,8
SEM
PLASTICIDADE
ft =0,1547
fc =1,7
SEM
PLASTICIDADE
ft =0,1547
fc =2
SIMETRIA
β t = 0,2
β c = 0,6
β t = 0,2
β c = 0,6
β t = 0,2
β c = 0,6
β t = 0,2
β c = 0,6
À PARTE
COMPRESSÃO (padrão)
SIMETRIA
ft =0,1547
fc =2
ft =0,5
fc =2
D.P. MISO
Modelo [2]
Modelo [4]FIGURA 8.23 - Fluxograma dos modelos estudados (continuação)
153
TRAÇÃO (padrão)
D.P.
ft =0,1547
fc =2
β t = 0,2
β c = 0,6
SEM ESTRIBO
SEM PLASTICIDADE
D.P.
ft =0,1547
fc =2
β t = 0,2
β c = 0,6
SIMETRIA
SEM
PLASTICIDADE
ft =0,1547
fc =1,7
SEM
PLASTICIDADE
ft =0,1547
fc =2
β t = 0,2
β c = 0,6
β t = 0,2
β c = 0,6
MISO
β t = 0,2
β c = 0,6
FIGURA 8.23 - Fluxograma dos modelos estudados (continuação)
TRAÇÃO (padrão)
154
Os passos de carga (ou melhor, incrementos de deslocamentos) são aplicados no pilar de
modo que os fenômenos de escoamento do aço (armadura ou perfil) e esmagamento ou
fissuração do concreto sejam devidamente caracterizados, tanto no caso de peças
comprimidas quanto tracionadas.
Para os modelos de pilares mistos aço-concreto submetidos à compressão pura, os passos
de carga são:
+
cm) 60(0,0003).( de passos 10 :casos Outros
cm) 60(0,0003).( de passos 7
5cm) 60(0,0003).( de passos 15
deplasticida semou D.P. casos os Para Compressão
Em todos os modelos deste caso é aplicado um deslocamento final no pilar (comprimento
de 60 cm) de 0,18 cm, provocando uma deformação total de 0,3%.
Para os modelos de pilares mistos aço-concreto submetidos à tração pura, os passos de
carga são:
+
5)cm 60).((1,2.10 de passos 10
5)cm 60).((5,4.10 de passos 6
Tração3-
5-
Em todos os modelos deste caso é aplicado um deslocamento final no pilar (comprimento
de 60 cm) de 0,1479 cm, provocando uma deformação total de 0,2465%.
155
8.4.2 Discussão sobre os parâmetros estudados
Com base nos diversos modelos de pilares mistos analisados via Método dos Elementos
Finitos, cada um contendo uma diferente combinação de características e hipóteses de
modelagem, algumas observações podem ser feitas:
a) Observações gerais
- O processo de convergência tornou-se mais fácil quando o carregamento foi aplicado ao
modelo através da imposição de deslocamentos (controle de deslocamentos);
- Um critério de convergência compatível com o tamanho do passo de carga deve ser
adotado;
- Não foi preciso aumentar a relação entre as resistências à tração e à compressão do
concreto a fim de que houvesse convergência numérica (como foi para o elemento
SOLID45 - vide item.8.2.1).
b) Observações para pilares submetidos à compressão pura
- Nos casos onde foi utilizado encruamento multi-linear isotrópico (MISO), a capacidade de
esmagamento do concreto foi desprezada. Tal procedimento permitiu eliminar problemas
de convergência no início do carregamento;
- A fim de que seja obtido um comportamento mais real da peça estrutural, os aços do perfil
e da armadura deveriam ter a deformação de escoamento menor do que a deformação de
esmagamento do concreto.
Nos casos estudados, as deformações de escoamento dos aços ( yε ) e de esmagamento do
concreto ( esm.ε ) são:
156
===
===
−
−
3
3
10.44,220500
50E
:Armadura
10.22,120500
25E
:Perfil Aço
a
ysys
a
yy
fε
fε
=
=
===
−
−
−
)escoamento do início ao entecorrespond o(deformaçã 10.2 :do)desabilita oesmagament (com MISO caso o Para
10.89,52885
7,1
10.93,62885
2
E
:)habilitado oesmagament (com deplasticida semou D.P. casos os Para
Concreto
3esm.
4
4
esm.
ε
fε
c
ck
Para os modelos do caso MISO, tanto os aços do perfil e da armadura quanto o concreto
conseguem escoar. Nos outros casos, o esmagamento do concreto ocorre antes do
escoamento do aço.
c) Observações para pilares submetidos à tração pura
- A definição de parâmetros de transferência de cisalhamento ( β C e β t ) mostrou-se
necessária para todos os casos, exceto nos modelos em que a plasticidade não foi
considerada;
- Para que o comportamento dos materiais ao longo do processo de carregamento fosse
mais detalhadamente caracterizado, foram utilizados passos de carga refinados até logo
após a deformação de início de fissuração do concreto. A partir deste ponto, o tamanho dos
passos de carga foi aumentado e a análise foi feita até logo após o ponto correspondente à
deformação de escoamento da armadura;
Nos casos estudados, as deformações de escoamento dos aços ( yε ) são as mesmas
calculadas anteriormenete e a deformação de fissuração do concreto ( fis.ε ) é:
157
5fis. 10.36,5
28851547,0
E :Concreto −===
c
tkfε
- O uso de estribos foi muito importante para as análises onde o concreto foi considerado
como material com encruamento multi-linear isotrópico (MISO). Estas armaduras também
são necessárias para análises que utilizam o critério de Drucker-Prager (D.P.). Já no caso de
modelos em que o fenômeno da plasticidade não foi levado em consideração, os estribos
não influenciaram na solução numérica;
- O efeito de enrijecimento da armadura produzido pelo concreto que a envolve (tension
stiffening) foi observado.
8.4.3 Resultados dos modelos com plasticidade do concreto (MISO) para compressão e
tração (modelos [1] e [2])
Os modelos [1] e [2] são mencionados no fluxograma ilustrado na FIG. 8.23, e referem-se
aos modelos de pilar misto submetidos à compressão e à tração pura, respectivamente, com
dados de entrada padrão (conforme já definido). Porém, nestes modelos adotam-se
coeficientes de transferência de cisalhamento iguais a ( cβ =0,6 ; tβ =0,2).
a) Resistência nominal da seção mista à plastificação total pela força normal de compressão
(Npl,R), com base na NBR 14323 (1999)
yssckcy aRpl, .A.α.A.AN fff ++= (8.31)
Com base nos dados e valores já calculados do item 8.3.2, tem-se: 2
a cm 36,47A =
2s cm 01,2A =
2c cm 6,663A =
2y cmkN 25=f
158
2 ys cmkN 50=f
85,0=α 2
ck cmkN 2=f
Então:
kN 1908N Rpl, =
kN 1999(ANSYS)N Rpl, = (erro relativo: 4,8%)
b) Resistência nominal última da seção mista à força normal de tração
)50.(01,2)25.(36,47N tração +=
kN 1285Ntração =
kN 1367(ANSYS)Ntração = (erro relativo: 6,4%)
c) Variações da força normal com a deformação
As variações da força normal com a deformação estão ilustradas na FIG. 8.24a e na FIG.
8.24b, para pilares comprimidos e tracionados, respectivamente. A FIG. 8.25, que é uma
ampliação da região junto à origem da FIG. 8.24b, mostra em detalhe o decaimento da
força de tração, devido à fissuração do concreto, e também o fenômeno tension stiffening,
devido ao qual a rigidez da barra tracionada com o concreto não fissurado é notadamente
superior à rigidez após a fissuração do concreto.
Força prevista antes do decaimento: ys
.ysstkc
.y a .A.A.A
εε
εε fis
y
fis fff ⋅++⋅ =
= 3
5
3
5
10.44,210.36,52,01.(50)547)366,6.(0,1
10.22,110.36,5)25.(36,47 −
−
−
−
⋅++⋅ = 110,9 kN
Força obtida no ANSYS antes do decaimento: 93,4 kN, para uma deformação de 4,32.10-5
159
Decaimento total previsto: Ac.ftk = 366,6.(0,1547) = 56,7 kN
Decaimento total obtido no ANSYS: 29,7 kN
NOTA: para obter maior precisão seria necessário refinar ainda mais os passos de carga
e/ou o modelo de elementos finitos e/ou o critério de convergência.
FIGURA 8.25 – Detalhe do decaimento na tração (modelo [2])
(a) (b)
FIGURA 8.24 – Força normal (kN) X Deformaçãoε x: (a) compressão (modelo [1]); (b) tração
(modelo [2])
160
8.4.4 Resultados dos modelos sem plasticidade do concreto para compressão e tração
(modelos [3] e [4]) – esmagamento do concreto habilitado
Os modelos [3] e [4] são mencionadas no fluxograma ilustrado na FIG. 8.23, e referem-se
aos modelos de pilar misto submetidos à compressão e à tração pura, respectivamente.
Nestes casos não é adotado um modelo de plasticidade para o concreto e a resistência à
compressão do mesmo é de 2 kN/cm2. Para o modelo de pilar tracionado, os coeficientes de
transferência de cisalhamento para fisssuras abertas e fechadas são 0,2 e 0,6 ,
respectivamente.
a) Resistência nominal da seção mista à plastificação total pela força normal de compressão
(Npl,R), com base na NBR 14323 (1999)
)50.(01,2)25.(36,47N Rpl, +=
kN 1285N Rpl, =
kN 1305(ANSYS)N Rpl, = (erro relativo: 1,6%)
O concreto sofre esmagamento antes do escoamento do aço; portanto, não contribui para a
resistência última.
b) Resistência nominal última da seção mista à força normal de tração
)50.(01,2)25.(36,47N tração +=
kN 1285Ntração =
kN 1371(ANSYS)Ntração = (erro relativo: 6,7%)
161
c) Variações da força normal com a deformação
As variações da força normal com a deformação estão ilustradas na FIG. 8.26a e na FIG.
8.26b, para pilares comprimidos e tracionados, respectivamente. A FIG. 8.27, que é uma
ampliação da região junto à origem da FIG. 8.26b, mostra em detalhe o decaimento da
força de tração, devido à fissuração do concreto e o fenômeno tension stiffening. Na FIG.
8.26a nota-se o decaimento da força de compressão devido ao esmagamento do concreto. A
seguir determinam-se os decaimentos na compressão e na tração.
- Compressão:
Força prevista antes do decaimento: ys
.yssckc
.y a .A.A.A
εε
εε esm
y
esm fff ⋅++⋅
= 3
4
3
4
10.44,210.93,62,01.(50)366,6.(2)
10.22,110.93,6)25.(36,47 −
−
−
−
⋅++⋅ = 1434 kN
Força obtida no ANSYS antes do decaimento: 912,1 kN, para uma deformação de 4,2.10-4
Decaimento total previsto: ckc .A f = 366,6.(2) = 733,2 kN
Decaimento total obtido no ANSYS: 390,8 kN
NOTA: para obter maior precisão seria necessário refinar ainda mais os passos de carga
e/ou o modelo de elementos finitos e/ou o critério de convergência.
- Tração:
Força prevista antes do decaimento: ys
.ysstkc
.y a .A.A.A
εε
εε fis
y
fis fff ⋅++⋅
= 3
5
3
5
10.44,210.36,52,01.(50)547)366,6.(0,1
10.22,110.36,5)25.(36,47 −
−
−
−
⋅++⋅ = 110,9 kN
Força obtida no ANSYS antes do decaimento: 93,4 kN, para uma deformação de 4,32.10-5
162
Decaimento total previsto: Ac.ftk = 366,6.(0,1547) = 56,7 kN
Decaimento total obtido no ANSYS: 36,9 kN
NOTA: para obter maior precisão seria necessário refinar ainda mais os passos de carga
e/ou o modelo de elementos finitos e/ou o critério de convergência.
FIGURA 8.27 – Detalhe do decaimento na tração (modelo [4])
(a) (b)
FIGURA 8.26 – Força normal (kN) X Deformaçãoε x: (a) compressão (modelo [3]); (b) tração
(modelo [4])
163
8.5 Modelo de pilar circular preenchido com concreto
8.5.1 Modelo
Neste item é apresentado o desenvolvimento de um modelo de pilar misto preenchido com
concreto, de seção circular, submetido à compressão pura. A modelagem deste pilar, em
termos da geometria, é um pouco mais complexa do que a de pilares revestidos.
No que se refere às condições assumidas no modelo, estas são as mesmas do item 8.3.3.
Isto vale tanto para os modelos dos materiais, quanto para a desabilitação da capacidade de
esmagamento do elemento SOLID65 e a resistência do concreto à tração tomada igual a
0,1547 kN/cm2. As considerações adotadas diferentes do item 8.3.3 são as seguintes:
resistência à compressão do concreto igual a 1,7 kN/cm2, ausência de armaduras no
concreto, coeficientes de transferência de cisalhamento para o material concreto assumidos
iguais à unidade e aplicação do carregamento feita por meio da imposição de
deslocamentos no topo do pilar (na direção longitudinal z).
O pilar circular analisado está submetido à compressão axial. A representação da seção do
pilar modelado é feita na FIG. 8.28. A FIG. 8.29 mostra o modelo de elementos finitos
utilizado, composto de 1980 elementos SOLID65 e 360 elementos SHELL43. A simetria
do pilar em relação ao plano XY é levada em consideração, sendo o comprimento do
modelo do pilar misto de 2H = 30 cm.
10 cm
CH8
y
x
19.220.0
20.8
H
z
x
y
FIGURA 8.28 – Geometria do pilar misto preenchido com concreto (dimensões em mm)
164
8.5.2 Resistência nominal da seção mista à plastificação total pela força normal (Npl,R),
com base na NBR 14323 (1999)
yssckcy aRpl, .A.α.A.AN fff ++= (8.31)
cm 8,20De = (diâmetro externo do pilar – conforme FIG. 8.28)
cm 2,19Di = (diâmetro interno do pilar – conforme FIG. 8.28)
222
a cm 50,34
).(A =
−= ie DDπ
(8.42)
22
c cm 289,54
).(A == iDπ
(8.43)
0As =
2y cmkN 25=f
0,1=α 2
ck cmkN 1,7=f
(a) Elementos de concreto (b) Elementos de aço
FIGURA 8.29 – Modelo de elementos finitos
165
Logo:
kN 1750N Rpl, =
NOTA: a NBR 14323 permite que o aumento da resistência do concreto pelo efeito de
confinamento seja considerado, desde que o parâmetro de esbeltez seja menor ou igual a
0,5 , conforme verificado a seguir.
cc
cssaa I
EIEIE ..8,0..(EI)e
++=
γ (8.35)
Onde:
aE =20500 kN/cm2
cE =2885 kN/cm2
)(64
. 44iea DDI −⋅=
π (8.44)
[ ] 444 cm 2517)2,19()8,20(64
.=−⋅=
πaI
)(64
. 4ic DI ⋅=
π (8.45)
44 cm 6671)2,19(64
.=⋅=
πcI
cγ = 1,35
2e kN.cm 630034396671
35,128858,0)2517.(20500(EI) =⋅⋅+=
A carga de flambagem de Euler é (considerando-se o pilar engastado na base e livre na
outra extremidade):
2
2
).().(
LkEI
N ee
π= (8.13)
166
KL = 2.30 = 60 cm
kN 172728)30.2(
)63003439.(2
2
==π
eN
Então:
1007,01727281750, =
=
=
e
Rpl
NN
λ <0,5 (8.14)
Logo, o efeito de confinamento pode ser levado em consideração no cálculo da resistência
da seção mista à plastificação total pela força normal.
yss1ckcy a2Rpl, .A1..A..AN fff
Dtff
ck
y
e
+
⋅
⋅++= ηη (8.46)
Onde:
t = espessura do tubo = 0,8 cm (FIG. 8.28)
Momento fletor aplicado: Ms = 0 202101 e ηηηη ==∴
)(OK! 0 209,3).(17.5,189,4 210 >=+−= λλη (8.47)
800,0).23.(25,020 =+= λη (8.48)
Então:
⋅
⋅++=
7,125
8,208,0209,31.7,1).5,289()25).(3,50.(8,0N Rpl,
kN 2391N Rpl, =
NOTA: a título de comparação, é feito o cálculo desta resistência com base no método
simplificado do AISC-LRFD (1999).
167
⋅+
⋅+=
a
cck
a
sysymy A
Afc
AA
fcff .. 21 (8.37)
Onde:
85,0 2 =c
2kN/cm 3,333,505,2897,1.85,025 =
⋅+=myf
Logo,
mya fA .N Rpl, = (8.49)
kN 1675)3,33.(3,50N Rpl, == (valor um pouco menor do que o obtido pela NBR 14323).
8.5.3 Resultados
Os resultados apresentados nos itens b) até d) são relativos à seção do pilar contida no
plano de simetria XY (FIG. 8.28).
a) Variação da deformação do pilar com a força normal
De acordo com a FIG. 8.30, a resistência da seção mista à plastificação total pela força
normal é aproximadamente 1799 kN (último passo de carga convergido). Os erros relativos
entre este valor e os previstos pelas normas NBR 14323 (1999) e AISC-LRFD (1999) estão
mostrados abaixo. A norma brasileira apresenta um resultado mais próximo da análise
numérica, para o caso em que o confinamento do concreto não é considerado. Se este for
considerado, a norma americana apresenta um resultado mais próximo da análise numérica.
-ANSYS ( kN 1799N Rpl, = ) e NBR 14323 – sem confinamento do concreto
( kN 1750N Rpl, = ): 2,8%;
168
-ANSYS ( kN 1799N Rpl, = ) e NBR 14323 – com confinamento do concreto
( kN 3912N Rpl, = ): 24,8%;
-ANSYS ( kN 1799N Rpl, = ) e AISC-LRFD ( kN 1675N Rpl, = ): 7,4%
b) Deformações e tensões no concreto para força normal de 1799 kN
As deformações e tensões no concreto correspondentes à força de 1799 kN (último passo de
carga convergido) estão mostradas na FIG. 8.31a e na FIG. 8.31b, respectivamente. Pode-se
perceber que tanto a distribuição de deformações quanto a de tensões são uniformes no
concreto. O valor da deformação é de 0,0258 , possível de ocorrer com o concreto
confinado, como mostrado na FIG. 8.31a. Já no caso das tensões, observa-se que o valor
obtido é próximo da resistência à compressão do concreto (fck=1,7 kN/cm2). Para a análise
numérica, como já comentado, adotou-se no diagrama tensão-deformação deste material
um aumento adicional total de 0,05 2cmkN na resistência, para que fossem evitados
problemas relacionados ao fluxo de escoamento irrestrito.
FIGURA 8.30 – Força normal (kN) X Deformação axialε z
169
c) Deformações e tensões no aço para força normal de 1799 kN
As deformações e tensões no aço correspondentes à força de 1799 kN (último passo de
carga convergido) estão mostradas na FIG. 8.32a e na FIG. 8.32b, respectivamente. Pode-se
perceber que tanto a distribuição de deformações quanto a de tensões são também
uniformes na seção de aço. O valor da deformação é de 0,0258 , como mostrado na FIG.
8.32a. Já no caso das tensões, observa-se que o valor obtido é próximo da tensão de
escoamento do aço (fy = 25 kN/cm2).
d) Tensões no concreto e no aço para força normal de 1799 kN, nas direções radial e
circunferencial, respectivamente
As tensões no concreto e no aço estão mostradas na FIG. 8.33a e na FIG 8.33b,
respectivamente, no sistema de coordenadas cilíndricas. As tensões mostradas (compressão
no concreto e tração no aço) demonstram um pequeno efeito de confinamento; salienta-se
que, no início do carregamento, ocorre tendência de afastamento entre o aço e o concreto,
uma vez que o coeficiente de Poisson do aço (0,3) é maior do que o do concreto (0,2).
FIGURA 8.31 – Deformações e tensões no concreto para N = 1799 kN
(a) Deformações ε z (b) Tensõesσ z
170
(a) Deformações ε z (b) Tensõesσ z
FIGURA 8.32 – Deformações e tensões no aço para N = 1799 kN
FIGURA 8.33 – Tensões: (a) radial no concreto; (b) circunferencial no aço
(a) (b)
171
9
CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
9.1 Conclusões
9.1.1 Modelos de pilares mistos submetidos à flexo-compressão, utilizando-se o
elemento SOLID45 para o concreto
A partir da análise dos resultados obtidos dos modelos de pilares mistos parcialmente
revestidos, desenvolvidos utilizando o elemento SOLID45 para representar o material
concreto (vide item 8.2 do capítulo anterior), a seguinte observação pode ser feita: um
modelo elasto-plástico relativamente simples pode representar adequadamente o
comportamento de pilares mistos, tanto para a plastificação da seção quanto para a
resistência do pilar levando-se em conta a flambagem. Entretanto, na determinação da
solicitação que plastifica a seção, é necessário complementar a teoria elasto-plástica
utilizada com uma limitação das deformações do concreto. Além disso, foi necessário usar
uma resistência do concreto à tração da ordem de um quarto da resistência à compressão.
172
9.1.2 Modelos de pilares mistos submetidos à flexo-compressão, utilizando-se o
elemento SOLID65 para o concreto
A partir da análise dos resultados obtidos dos modelos de pilares mistos parcialmente
revestidos, desenvolvidos utilizando o elemento SOLID65 para representar o material
concreto (vide item 8.3 do capítulo anterior), podem ser feitas algumas observações. Houve
dificuldade de convergência durante as análises numéricas, principalmente quando grande
parte da seção mista é tracionada. Além disso, as deformações do concreto necessitam ser
limitadas quando não se considera o esmagamento, ficando a resistência à compressão
definida apenas no modelo de plasticidade. Para obtenção da carga de flambagem, a
consideração de uma excentricidade da força normal (gerando momento inicial constante
ao longo da barra) igual ao comprimento da barra bi-rotulada dividido por quinhentos
conduziu a um resultado bem próximo das previsões das normas.
9.1.3 Modelos de pilares mistos submetidos à compressão ou tração pura, utilizando-
se o elemento SOLID65 para o concreto
A partir da análise dos resultados obtidos dos modelos de pilares mistos parcialmente
revestidos, submetidos à compressão ou tração pura e desenvolvidos utilizando o elemento
SOLID65 para representar o material concreto (vide item 8.4 do capítulo anterior), podem
ser feitas algumas observações. Para que o pilar misto consiga atingir sua resistência última
com a contribuição do perfil, da armadura e do concreto, seria necessário que as
deformações de escoamento dos aços fossem inferiores à de esmagamento do concreto, o
que não ocorreu no pilar analisado. No modelo de elementos finitos, a resistência última do
pilar foi atingida quando o esmagamento foi desabilitado; quando este foi habilitado, a
resistência última tornou-se igual à resistência dos componentes de aço. Os modelos de
elementos finitos captaram os decaimentos das forças de tração e de compressão devidos à
fissuração e ao esmagamento do concreto, respectivamente, bem como o fenômeno tension
stiffening. Entretanto, para maior precisão destes decaimentos é necessário fazer alguns
refinamentos, como comentado no capítulo anterior.
173
9.1.4 Modelo de pilar circular preenchido com concreto
A partir da análise dos resultados obtidos do modelo de pilar misto circular preenchido com
concreto, submetido à compressão pura e desenvolvido utilizando o elemento SOLID65
para representar o material concreto (vide item 8.5 do capítulo anterior), podem ser feitas
algumas observações. O efeito de confinamento do concreto pode ser observado. De acordo
com Chen e Han (1987), amostras de concreto submetidas a tensões de confinamento
apresentam deformações muito maiores do que no caso de compressão axial. O efeito de
confinamento foi confirmado pelas tensões circunferencial de tração no aço e radial de
compressão no concreto, obtidas na análise numérica.
9.2 Recomendações para novas pesquisas
Os modelos de elementos finitos apresentados ao longo deste trabalho apresentaram bons
resultados e, a partir dos mesmos, importantes observações e conclusões puderam ser
obtidas. No sentido de se aprimorar ainda mais os modelos numéricos, algumas
características ou elementos devem ser incorporados a eles, como listados abaixo, e devem
ser avaliadas suas respectivas influências no comportamento do pilar misto.
a) Inclusão de conectores de cisalhamento;
b) Estudo mais profundo da influência da malha de elementos finitos na determinação do
comportamento do pilar;
c) Inclusão dos fenômenos de deformação lenta e retração do concreto;
d) Estudo e inclusão de elementos de contato na interface aço-concreto, para simular a
aderência e/ou atrito.
Como os modelos apresentados e as recomendações propostas, pode-se obter um
complemento muito útil para ensaios experimentais de pilares mistos.
174
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