Modernidade e Envelhecimento Curso: Serviço Social – 3º e ... · • MERCADANTE, Elisabeth F....

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Modernidade e Envelhecimento Curso: Serviço Social – 3º e 5º Semestre Período: Matutino UNIDADE 1 Construção de uma identidade Identidade e subjetividade Profª Maria Aparecida da Silveira

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Modernidade e EnvelhecimentoCurso: Serviço Social – 3º e 5º SemestrePeríodo: Matutino

UNIDADE 1 – Construção de uma identidade

Identidade e subjetividade

Profª Maria Aparecida da Silveira

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Envelhecimento

O QUE É SER IDOSO – “Velho”?

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Música: Envelhecer – Arnaldo Antunes• A coisa mais moderna que existe nessa vida é envelhecer

A barba vai descendo e os cabelos vão caindo pra cabeça aparecerOs filhos vão crescendo e o tempo vai dizendo que agora é pra valerOs outros vão morrendo e a gente aprendendo a esquecer

• Não quero morrer pois quero verComo será que deve ser envelhecerEu quero é viver pra ver qual é e

Dizer venha pra o que vai acontecer

• Eu quero que o tapete voeNo meio da sala de estarEu quero que a panela de pressão pressioneE que a pia comece a pingarEu quero que a sirene soeE me faça levantar do sofáEu quero pôr Rita Pavone

• No ringtone do meu celularEu quero estar no meio do ciclonePra poder aproveitarE quando eu esquecer meu próprio nomeQue me chamem de velho gagá

• Pois ser eternamente adolescente nada é mais demodéCom uns ralos fios de cabelo sobre a testa que não para de crescerNão sei por que essa gente vira a cara pro presente e esquece de aprenderQue felizmente ou infelizmente sempre o tempo vai correr

• Não quero morrer pois quero verComo será que deve ser envelhecerEu quero é viver pra ver qual é eDizer venha pra o que vai acontecer

• Eu quero que o tapete voeNo meio da sala de estarEu quero que a panela de pressão pressioneE que a pia comece a pingarEu quero que a sirene soeE me faça levantar do sofáEu quero pôr Rita Pavone

• No ringtone do meu celularEu quero estar no meio do ciclonePra poder aproveitarE quando eu esquecer meu próprio nomeQue me chamem de velho gagá.

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• Para a Organização Mundial de Saúde (OMS), as etapas da vida são as seguintes:

a) Meia idade 45-64 anos;b) Pessoa idosa 65-79 anos;c) Velhice 80-90 anos;d) Grande velhice, depois dos 90 anos.

 

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Algumas das Novas Especialidades – Terceira Idade

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Geriatria: é o ramo da medicina que foca o estudo, a prevenção e o tratamento de doenças e da incapacidade em idades avançadas. O termo deve ser distinto de gerontologia, que é o estudo do envelhecimento em si.Geriatras são médicos especializados no cuidado com o idoso e têm a sua formação variável em diferentes países, mas geralmente esta passa por uma formação generalista (medicina interna, medicina de família, etc.) e a seguir são treinados nos aspectos específicos da saúde do idoso.

Gerontologia: (do grego gero = envelhecimento + logia = estudo) é a ciência que estuda o processo de envelhecimento em suas dimensões biológica, psicológica e social. Caracteriza-se como um campo de estudos multidisciplinar, recebendo contribuições metodológicas e conceituais da biologia, psicologia, ciências sociais e de disciplinas como a biodemografia, neuropsicologia, história, filosofia, direito, enfermagem, psicologia educacional, psicologia clínica e medicina (Neri, 2008).

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Velhice: a identidade estigmatizada• Simone de Beauvoir: a velhice é uma totalidade complexa, e é impossível

se ter uma compreensão da mesma a partir de uma descrição analítica de seus diversos aspectos:

1º. O conhecimento da existência de um modelo social amplo e geral de velho, presente no imaginário social, que se constroi pela contraposição à identidade de jovem, levou-nos a pensar sobre questões relativas à construção da identidade do idoso e de como esta mesma identidade é sentida e vivida por aqueles indivíduos classificados como velhos;

2º. No modelo social de velho, as qualidades a ele atribuídas são estigmatizadoras e contrapostas às atribuídas aos jovens; como: atividade, produtividade, memória, beleza e força são características e presentes no corpo dos indivíduos jovens e as qualidades opostas a estas presentes no corpo dos idosos.

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Modelo social ideológico

• Considerando o modelo social ideológico – atribui-se qualidades negativas aos idosos – negação do futuro: como é possível pensar novas formas de vida futura e novas alternativas para a velhice?

• Destaque: os idosos também utilizam este modelo para classificar os outros idosos e não o julga em particular para si.

• Pesquisa realizada com 25 sujeitos apresenta a visão ideológica de velho:

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A Velhice e seus aspectos• Primeiro – aspecto positivo – aprende a velhice como a fase em

que os indivíduos conquistam a experiência de vida – desenvolvimento do espírito;

• Segundo – aspecto negativo – em que o biológico é enfatizado, revelando o corpo que envelhece. Segundo os entrevistados há um corpo alquebrado que padece à passagem do tempo mas, em compensação, um espírito que se desenvolve em termos de aquisição de experiências, de um maior conhecimento das coisas e do mundo.

• Ambiguidade em relação a velhice: separação radical entre o corpo e o espírito fuga generalizada da velhice - negação da identidade. Expressões dos idosos pág. 58.

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Doenças e a Velhice

• Velhice e doença = corpo envelhecido • Ser velho também é ser doente e, assim, se o velho

é o outro, logo a relação entre velhice e doença não serve para classificar os próprios idosos pesquisados.

• Os sinais apresentados pelo corpo são interpretados como sinais ambíguos. Não há uma identificação e, consequentemente, uma não articulação por parte dos depoentes, entre uma doença curável ou não com um envelhecimento irreversível. • Págs. 59 e 60

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Doenças e a Velhice

• Simone de Beauvoir – pág. 60 a respeito da relação entre as doenças e a velhice.

• No caso dos entrevistados a separação entre doença e velhice tem explicações muito específicas: estar doente não significa ser velho e também é preferível estar em mau estado de saúde a ser considerado como uma pessoa velha.

• Pág. 60/61 Simone de Beauvoir “A atitude dos idosos depende de sua opinião geral com a relação a velhice....”

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As mudanças no corpo• As mudanças no corpo, no rosto, certamente se opera de

maneira contínua e é essa continuidade que faz com que as pessoas não percebam o envelhecimento.

• A visibilidade do corpo humano, considerando o espaço que este

ocupa, implica em uma reflexão sobre a comunicação entre as pessoas. O corpo visível, com o passar do tempo, sofre uma série de mudanças que promovem várias formas de avaliar e percepções do valor do ser humano. Sem dúvida, uma análise da aparência do corpo na velhice, implica em perceber as várias atribuições que são dadas à identidade, à individualidade e ao valor social das pessoas idosas.

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As mudanças no corpo• Há uma surpresa de se ver classificado como uma

pessoa velha e essa surpresa se dá porque os sujeitos não vivenciam interna e plenamente a velhice. Sempre se é velho a partir do olhar dos outros.

• O não levar em conta a ideia de metamorfose do ser nos faz ver o velho só como tal, como uma categoria residual, e não ao mesmo tempo a criança, o adolescente, o adulto e o velho sintetizando a ideia do sujeito.

• Beauvoir – exterioridade – pág. 65 “Esbarramos numa espécie de escândalo intelectual....”

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Trabalho na Terceira Idade• O tempo do não-trabalho, a aposentadoria representa para os homens uma

maior perda do que para as mulheres – uma definição de novos papeis sociais.

• Sentimento de deslocamento: espaço público e privado

• Aposentadoria significa retirar-se para a vida privada. Se a aposentadoria rompe com o vínculo da dimensão pública, rompe também com a dimensão pública formal produtiva, e não com a vida social.

• Aposentadoria (entrevistados) abre novos caminhos para a realização dos sonhos e atender as aspirações que não puderam na vida adulta

• Para as mulheres a aposentadoria está relacionada ao trabalho formal - dado que agora continuarão exercendo as tarefas domésticas sem desenvolver duas jornadas de trabalho simultaneamente.

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Os idosos e a Família

• A família tem um papel de relativa importância, sendo que para os idosos a família deve ser preservada, mas não deve impedir o desenvolvimento de uma vida própria dos sujeitos.

• A família não é reveladora do envelhecimento dos sujeitos depoentes → cheios de energia e com uma disposição muito grande para o trabalho (algo exigido pelos familiares), como cuidar dos netos (mulheres) → são os novos papeis sociais impostos aos idosos.

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Conclusão• Desconstruir a velhice, como uma categoria, leva em conta, também

três fatores, segundo Featherstone:

1º. Pesquisa científica e tecnológica na descoberta das questões do envelhecimento;

2º. Aumento demográfico dos idosos – crescimento do poder político;

3º. Novas gerações que envelhecem e levarão alguns de seus valores.

Esses fatores, desconstrutores da velhice, relacionados e somados à categoria terceira idade, fundamentam a criação de novos sujeitos, a produção das suas subjetividades e, certamente, a possibilidade de quebrar a reprodução da identidade estigmatizadora de velho e velhice.

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Bibliografia• MERCADANTE, Elisabeth F. Velhice: a identidade

estigmatizada. In: Velhice e Envelhecimento. Revista Serviço Social e Sociedade, N. 75 Especial. São Paulo: Cortez 2003.

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