Modos Gregos

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Modos gregos Modos gregos são tipos de escalas. Talvez você já tenha ouvido por aí os nomes “mixolídio”, “dórico”, ou algo semelhante. Parece coisa de outro mundo, não? Pois bem, mostraremos que esses e outros nomes são, na realidade, assuntos muito simples e fáceis de se entender e praticar. Eles aparecem no contexto de modos gregos. Mas o que são os modos gregos afinal?! Os modos gregos nada mais são do que 7 modelos diferentes para a escala maior natural (http://www.descomplicandoamusica.com/escalas-musicais/). Vamos detalhar para ficar mais claro: Pegue a escala maior natural. Ela corresponde ao primeiro modo grego, o chamado modo Jônico (ou Jônio). Essa nomenclatura nós mostraremos mais adiante de onde veio, não se preocupe com isso agora. Muito bem, você já sabe um modo grego! Meus parabéns!! Modo Jônico Para ficar mais fácil, vamos trabalhar em cima da escala de dó maior como exemplo. Já sabemos então qual é o modo Jônico: C,D,E,F,G,A,B Sequênciaobservada:tom-tom-semitom-tom-tom-tom-semitom Desenho do modo jônico: Dica: É a própria escala maior. *Obs: Para todos os modos, colocaremos a sequência observada, uma dica e o desenho da escala. O próximo modo é o chamado modo Dórico. Ele nada mais é do que a mesma escala maior que estamos trabalhando, porém começando da nota Ré. Modo Dórico Segue abaixo o modo dórico: D,E,F,G,A,B,C Sequênciaobservada:tom-semitom-tom-tom-tom-semitom-tom Desenho do modo dórico: Dica: É a escala menor com a sexta (http://www.descomplicandoamusica.com.br/#%21diminuta- aumentada-justa/c11qo)maior. Bom, talvez você ainda não tenha reparado a utilidade disso. Geralmente aqui a galera começa a se atrapalhar e achar um tédio esse estudo. Pois bem, vamos explicar direito isso para que você não desista sem motivo! Nós acabamos de tocar Ré dórico, certo? Isso automaticamente significa que a tonalidade (http://www.descomplicandoamusica.com/campo-harmonico/) é Dó maior. Por quê? Justamente por que nós construímos a escala dórica utilizando as notas da escala maior de Dó. O formato tom- semitom, etc. deduzido para a escala dórica ficou diferente da escala maior natural pelo fato de estarmos começando com outra nota que não o primeiro grau (http://www.descomplicandoamusica.com/graus-musicais/). Começamos do segundo grau. Por isso que há diferença no desenho. Entendido isso, podemos encontrar uma aplicação prática. No estudo de campo harmônico maior (http://www.descomplicandoamusica.com/campo- harmonico/), mostramos os acordes que fazem parte da tonalidade de Dó maior. Imagine, por exemplo, que uma música começa em Ré menor e depois continua com os acordes: Am, F e Em. Podemos concluir que a tonalidade dessa música é Dó maior, mesmo que o acorde de Dó não tenha Página 1 de 5 Modosgregos|TeoriaMusical 09/04/2015 http://www.descomplicandoamusica.com/modos-gregos/

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  • Modos gregos Modos gregos so tipos de escalas. Talvez voc j tenha ouvido por a os nomes mixoldio,

    drico, ou algo semelhante. Parece coisa de outro mundo, no? Pois bem, mostraremos que esses e

    outros nomes so, na realidade, assuntos muito simples e fceis de se entender e praticar. Eles

    aparecem no contexto de modos gregos.

    Mas o que so os modos gregos afinal?!Os modos gregos nada mais so do que 7 modelos diferentes para a escala maior natural

    (http://www.descomplicandoamusica.com/escalas-musicais/). Vamos detalhar para ficar mais claro:

    Pegue a escala maior natural. Ela corresponde ao primeiro modo grego, o chamado modo Jnico

    (ou Jnio). Essa nomenclatura ns mostraremos mais adiante de onde veio, no se preocupe com

    isso agora.

    Muito bem, voc j sabe um modo grego! Meus parabns!!

    Modo JnicoPara ficar mais fcil, vamos trabalhar em cima da escala de d maior como exemplo. J sabemos

    ento qual o modo Jnico:

    C, D, E, F, G, A, B

    Sequncia observada: tom-tom-semitom-tom-tom-tom-semitom

    Desenho do modo jnico:

    Dica: a prpria escala maior.

    *Obs: Para todos os modos, colocaremos a sequncia observada, uma dica e o desenho da escala.

    O prximo modo o chamado modo Drico. Ele nada mais do que a mesma escala maior que

    estamos trabalhando, porm comeando da nota R.

    Modo DricoSegue abaixo o modo drico:

    D, E, F, G, A, B, C

    Sequncia observada: tom-semitom-tom-tom-tom-semitom-tom

    Desenho do modo drico:

    Dica: a escala menor com a sexta (http://www.descomplicandoamusica.com.br/#%21diminuta-

    aumentada-justa/c11qo)maior.

    Bom, talvez voc ainda no tenha reparado a utilidade disso. Geralmente aqui a galera comea a se

    atrapalhar e achar um tdio esse estudo. Pois bem, vamos explicar direito isso para que voc no

    desista sem motivo!

    Ns acabamos de tocar R drico, certo? Isso automaticamente significa que a tonalidade

    (http://www.descomplicandoamusica.com/campo-harmonico/) D maior. Por qu? Justamente

    por que ns construmos a escala drica utilizando as notas da escala maior de D. O formato tom-

    semitom, etc. deduzido para a escala drica ficou diferente da escala maior natural pelo fato de

    estarmos comeando com outra nota que no o primeiro grau

    (http://www.descomplicandoamusica.com/graus-musicais/). Comeamos do segundo grau. Por isso

    que h diferena no desenho. Entendido isso, podemos encontrar uma aplicao prtica.

    No estudo de campo harmnico maior (http://www.descomplicandoamusica.com/campo-

    harmonico/), mostramos os acordes que fazem parte da tonalidade de D maior. Imagine, por

    exemplo, que uma msica comea em R menor e depois continua com os acordes: Am, F e Em.

    Podemos concluir que a tonalidade dessa msica D maior, mesmo que o acorde de D no tenha

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  • aparecido nenhuma vez na msica (at aqui, nenhum conceito novo!). Ento, se queremos

    improvisar (http://www.descomplicandoamusica.com/improvisacao-musical/) um solo em cima

    dessa msica, utilizaremos a escala de D maior. Mas, como a msica comea em R menor, nosso

    solo poderia comear com a nota R em vez da nota D para dar uma ambincia mais caracterstica,

    certo? aqui que entra o tal do R drico! Podemos dizer que estamos solando em R, pois estamos

    enfatizando a nota R (comeando e terminando com ela), mas usando a escala de D maior. Moral

    da histria: estamos usando para o nosso solo a escala de R Drico, pois o acorde R menor mas a

    tonalidade D.

    Modo frgioOk, vamos prosseguir. Agora vamos usar a escala maior de D comeando da nota Mi. A sequncia

    ficar assim:

    E, F, G, A, B, C, D

    Sequncia observada: semitom-tom-tom-tom-semitom-tom-tom

    Desenho:

    Dica: a escala menor com o segundo grau menor.

    Esse chamado modo Frgio. A utilizao prtica exatamente a mesma do exemplo anterior, mas

    pensando em Mi menor em vez de R menor. Se quisssemos solar em Mi menor uma msica que

    estivesse com a tonalidade de D maior, utilizaramos a escala de Mi Frgio.

    Modo ldioO prximo modo grego o modo Ldio. Ele comea com o quarto grau da escala maior. Apenas

    para recapitular, estamos utilizando como exemplo a escala de D, ento o quarto grau F (antes o

    terceiro grau era Mi, e assim por diante). Os modos gregos podem ser construdos a partir de

    qualquer escala maior, estamos mostrando aqui somente a escala de D. Depois mostraremos em

    cima de outra escala maior para ajudar a esclarecer. Vamos ver ento como ficou nossa escala de F

    Ldio:

    F, G, A, B, C, D, E

    Sequncia observada: tom-tom-tom-semitom-tom-tom-semitom

    Desenho do modo ldio:

    Dica: a escala maior com a 4 aumentada (http://www.descomplicandoamusica.com/diminuta-

    aumentada-justa/)

    Modo mixoldioO quinto modo grego o modo Mixoldio. Na escala de D maior, o quinto grau Sol. Veja abaixo

    ento a escala de Sol mixoldio:

    G, A, B, C, D, E, F

    Sequncia observada: tom-tom-semitom-tom-tom-tom-semitom

    Desenho do modo mixoldio:

    Dica: a escala maior com a 7 menor

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  • Ns j explicamos a utilizao dos modos gregos do ponto de vista de improviso, mas seria

    interessante aproveitar esse momento aqui para fazer uma observao. Se quisssemos solar uma

    msica que est na tonalidade de D maior comeando com a nota Sol, utilizaramos a escala de Sol

    Mixoldio (at aqui nenhuma novidade). Talvez voc ainda no tenha se convencido da utilidade

    disso na prtica pois est pensando: se eu quiser usar a escala maior de D comeando com a nota

    Sol, eu pego o desenho de D maior, na regio em que eu faria a escala de D maior, e fao esse

    desenho comeando da nota Sol:

    Tudo bem, no h problema nisso. Mas digamos que uma msica estivesse mudando de tonalidade.

    Imagine que estava em Sol Maior e agora passou a ser D maior. Voc estava solando em sol maior

    utilizando a escala abaixo, nessa regio do brao do instrumento:

    Agora que a msica passou a ser em D maior, voc pulou para essa regio:

    Se voc soubesse o desenho de Sol Mixoldio, poderia continuar na mesma regio que estava antes,

    porm mudando o desenho que antes era esse:

    Para esse:

    Isso deixaria o solo infinitamente mais bonito e fluido, pois a mudana de tonalidade no solo seria

    muito suave e agradvel. Se, nesse exemplo, voc mudar a regio do brao para pensar na escala de

    D maior, voc far essa mudana de tonalidade ficar muito mais brusca e dura de engolir.

    Oua msicos como Pat Matheny, Mike Stern, Frank Gambale e observe como eles trabalham as

    modulaes (mudanas de tonalidade). Essa fluidez vm do domnio completo dos desenhos dos

    modos gregos.

    Alm disso, conhecer bem os desenhos desses modos ajudar voc a no se prender a um desenho de

    escala somente, o que faria seu solo ficar quadrado e viciado. De quebra, esse domnio propicia um

    controle total do brao do instrumento.

    Modo ElicoOk, o prximo modo o modo Elico (ou elio) e corresponde ao sexto grau. No nosso exemplo, o

    sexto grau de D L, ento confira abaixo como ficou a escala:

    A, B, C, D, E, F, G

    Sequncia observada: tom-semitom-tom-tom-tom-semitom-tom

    Desenho do modo elico:

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  • Dica: a escala menor natural!

    Encontramos ento um novo nome para a escala menor natural: Modo Elico. A escala maior natural

    j tinha recebido um nome tambm, lembra? Modo jnico.

    Voc deve ter reparado que o sexto grau menor a relativa menor

    (http://www.descomplicandoamusica.com/escalas-relativas/) (j estudamos isso), ento fazer um

    solo utilizando o modo elio nada mais do que solar uma msica usando a relativa menor.

    Modo lcrioO stimo e ltimo modo o modo Lcrio. Confira abaixo o desenho:

    B, C, D, E, F, G, A

    Sequncia observada: semitom-tom-tom-semitom-tom-tom-tom

    Desenho do modo lcrio:

    Dica: a escala menor com a 2 menor e 5 diminuta

    (http://www.descomplicandoamusica.com/diminuta-aumentada-justa/).

    Treinar os modos gregos pensando nos graus ajuda muito nossa mente e nosso ouvido a identificar

    rapidamente a tonalidade de uma msica, pois voc se acostuma com os padres.

    Resumo dos 7 modos gregosLegal, j que fizemos tudo em cima da escala de D maior, vamos agora rapidamente mostrar como

    ficariam as sequncias utilizando a escala de Sol maior (em vez de D maior), para voc observar os

    shapes desses modos comeando da 6 corda:

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  • Note como as sequncias (tom-semitom, etc,) ficaram exatamente iguais s sequncias de nosso

    estudo que utilizou a escala de D maior. J os desenhos (shapes) ficaram diferentes pelo fato de

    estarmos comeando da 6 corda em vez da 5.

    Esses desenhos apresentados partindo da 5 e 6 cordas mantm a mesma estrutura para outras

    tonalidades. Isso muito favorvel, pois aprendendo os shapes para essas tonalidades, voc sabe

    para todas, basta transpor os mesmos desenhos para outros tons.

    Ao longo de nosso estudo musical, voc ir ouvir falar mais vezes nesses modos. Vendo a aplicao

    deles em diferentes contextos voc ir ampliar sua viso e ficar cada vez mais convencido da

    utilidade deles. O importante que agora voc os pratique e gaste um tempo em cima desses

    desenhos, compreendendo de onde eles vieram.

    1.500 palavras depoisAntes de finalizarmos esse nosso primeiro estudo de modos gregos, vamos matar sua curiosidade

    dizendo de onde vieram esses nomes estranhos.

    Os modos gregos surgiram da Grcia antiga. Alguns povos da regio tinham maneiras peculiares

    de organizar os sons da escala temperada ocidental. Esses povos eram oriundos das regies Jnia,

    Dria, Frigia, Ldia e Elia. Por isso deram origem aos nomes que voc acabou de ver. O modo

    Mixoldio surgiu da mistura dos modos Ldio e Drico. O modo Lcrio surgiu apenas para

    completar o ciclo, pois um modo pouco utilizado na prtica.

    Os modos Jnico e Elico acabaram sendo os mais utilizados, sendo muito difundidos na Idade

    Mdia. Mais tarde, acabaram recebendo os nomes escala maior e escala menor respectivamente.

    Engraado que todo estudante de msica acaba aprendendo primeiro os nomes escala maior e

    escala menor, antes mesmo de ouvir falar em modo jnico e elico, sendo que os modos gregos

    vieram antes disso e so os pais dessas escalas.

    Se voc gostou da explicao desse tpico, ajude a divulgar o Descomplicando a Msica para que

    possamos continuar crescendo e aprimorando os contedos, promovendo tambm interao com o

    pblico!

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