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Ciências da Natureza e suas Tecnologias • Biologia 1 Módulo 1 • Unidade 5 Um ancestral em comum para todos Para início de conversa... Você viu nas unidades anteriores que a diversidade biológica � �ru�ru�ruto da variação gen�tica. Essa, por sua vez, � gerada por mutações nos indivíduos de populações naturais. Se uma mutação �or viável e não trouxer desvantagens ao mutante, ela pode ser passada adiante para seus descen� dentes. Ao reproduzir, o mutante irá misturar seu próprio material gen�tico (com o gene modi�icado) com o de outro indivíduo não modi�icado nos descendentes do casal. Quando isso acontece, temos o processo de homogeneização dos genes, característico das esp�cies, pois seus indivíção dos genes, característico das esp�cies, pois seus indiví, característico das esp�cies, pois seus indivíduos podem cruzar e gerar descendentes ��rteis. Imagine que um acidente natural pode acontecer e separar indi� víduos de uma esp�cie, dividindo�os em duas populações, isolando�as geogra�icamente. Caso uma mutação venha a acontecer em uma das populações, ela estará con�inada à população em que surgiu. Figura 1: A mula � o �ruto de um cruzamento entre duas esp�cies di�erentes: uma �gua (Equus caballus) com um burro (Equus asinus). Por isso, as mulas não são ��rteis.

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias • Biologia 1

Módulo 1 • Unidade 5

Um ancestral em comum para todosPara início de conversa...

Você viu nas unidades anteriores que a diversidade biológica � �ru�� �ru��ru�

to da variação gen�tica. Essa, por sua vez, � gerada por mutações nos in�

divíduos de populações naturais. Se uma mutação �or viável e não trouxer

desvantagens ao mutante, ela pode ser passada adiante para seus descen�

dentes. Ao reproduzir, o mutante irá misturar seu próprio material gen��

tico (com o gene modi�icado) com o de outro indivíduo não modi�icado

nos descendentes do casal. Quando isso acontece, temos o processo de

homogeneização dos genes, característico das esp�cies, pois seus indiví�ção dos genes, característico das esp�cies, pois seus indiví�, característico das esp�cies, pois seus indiví�

duos podem cruzar e gerar descendentes ��rteis.

Imagine que um

acidente natural pode

acontecer e separar indi�

víduos de uma esp�cie,

dividindo�os em duas

populações, isolando�as

geogra�icamente. Caso

uma mutação venha a

acontecer em uma das

populações, ela estará

con�inada à população

em que surgiu.

Figura 1: A mula � o �ruto de um cruzamento entre duas esp�cies di�erentes: uma �gua (Equus caballus) com um burro (Equus asinus). Por isso, as mulas não são ��rteis.

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Módulo 1 • Unidade 52

As mutações, sendo erros da mol�cula replicadora do material gen�tico, serão neces�

sariamente di�erentes em ambos os lados. Isso porque essas mol�culas, em ambas as popula�

ções, nunca irão �azer o mesmo tipo de erro na mesma região do material gen�tico.

Assim, o processo de homogeneização continua em cada população, mas será inter�

rompido entre as duas partes isoladas da esp�cie ancestral. Essa interrupção, aliada com o

surgimento de novas mutações, irá promover a especiação depois de muitas gerações.

Repare que estamos �alando de biodiversidade e de mutações ao longo tempo. Falar

em biodiversidade e em tempo signi�ica, necessariamente, �alar de evolução. Evolução, assim,

� mudança ao longo do tempo. Pode ser mudança de cor, mudança de �orma, mudança de

textura, de consistência. En�im, todas as mudanças herdáveis de pais para �ilhos são mudan�

ças evolutivas, pois serão passadas a todas as gerações �uturas a menos, claro, que a linhagem

mutante seja extinta.

Esta aula vai �inalizar o conteúdo básico sobre o papel do processo evolutivo na gera�

ção da diversidade biológica que � o eixo central deste primeiro modulo de seu curso.

Objetivos de aprendizagem � De�inir evolução, percebendo seu papel como gerador da biodiversidade.

� Estabelecer as propriedades dos sistemas biológicos.

� Relacionar o processo seleção natural à geração de adaptações.

� De�inir e listar aplicações da seleção arti�icial no cotidiano.

� Relacionar os eventos evolucionistas à hierarquia da biodiversidade e da ancestralidade comum.

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias • Biologia 3

Seção 1Forças evolutivas e mudanças

As �orças evolutivas são os processos que promovem a trans�ormação das esp�cies ao

longo do tempo. Tais processos podem modi�icar rapidamente uma esp�cie ou podem levar

muitos e muitos anos para que uma mudança seja perceptível. Especiação e mutação são

dois dos processos que determinam mudanças nos genes de uma população e, portanto, são

processos evolutivos.

A evolução biológica � consequência da interação e da combinação de tais processos

na diversidade biológica atual. Os processos evolutivos que atuam nas populações irão mo�

di�icá�las, hoje, tornando�as di�erentes no �uturo. Assim, podemos dizer que as populações

naturais de todas as esp�cies vivas estão em constante processo evolutivo.

A mutação, por exemplo, � uma �orça evolutiva muito importante, pois � a que gera

variabilidade gênica. Lembra�se dos alelos que determinavam a cor das ervilhas do Mendel?

Pois �, o alelo “cor amarela” e o alelo “cor verde” são, hoje, di�erentes entre si, mas um deles � o

original. Vamos supor que o alelo amarelo seja o mais antigo.

Nesse cenário, o alelo verde apareceu a partir

de uma mutação que trans�ormou um alelo amarelo

em alelo verde. Com o passar das gerações, a popu�

lação �oi evoluindo e o alelo verde passou a ser mais

�requente. Isso não � muito di�ícil de perceber, a�inal

você não encontra muitas ervilhas amarelas por aí!

Uma população na qual todos os indivíduos são idên�

ticos para uma determinada característica nunca irá

evoluir naquela característica. Para a evolução ocor�

rer, � preciso variação. E não � qualquer tipo de varia�

ção, � variação herdável.

Em outras palavras, a evolução � um processo

contínuo, e o que vemos de biodiversidade depende

do momento da evolução (tempo) dos seres vivos

que estamos analisando.

Figura 2: A biologia � simplesmente a �atia atual do eixo evolutivo. Embaixo, � o passado e, em cima, o corte do pre�sente no eixo evolutivo.

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Módulo 1 • Unidade 54

Quer um exemplo? Há aproximadamente 200 milhões de anos, existiram os dinossauros.

Hoje em dia, eles não existem mais, pois �oram extintos. Essa mudança �oi importante, pois a ex�

tinção da linhagem dos dinossauros permitiu que a linhagem dos mamí�eros se diversi�icasse.

Seção 2Como erros podem gerar adaptações?

Todos os seres vivos podem ser considerados sistemas biológicos. Para entender essa

a�irmação, vamos começar com a de�inição de sistemas, que são conjuntos de partes integra�

das. Ao conectarmos tais partes, o sistema apresenta propriedades particulares e di�erentes

das propriedades de cada uma das partes que o �ormou.

Um carro, por exemplo, � um sistema que possui partes (motor, pneus, volante, porta

mala, tanque de combustível, etc.). Estas, ao serem integradas, �azem com que o carro apre�

sente a propriedade de locomoção, a qual nenhuma das partes isoladas apresenta.

Da mesma �orma que para

entendermos “carros” precisamos

pensar em todos os carros ao mes�

mo tempo, para entendermos “se�

res vivos”, analisamos todos os or�

ganismos vivos. Para entendermos

o conjunto, precisamos pensar nas

características que todas as esp��

cies do grupo têm em comum.

Dessa �orma, vamos iniciar nossos estudos pelas características que todos os seres vi�

vos apresentam. Elas podem ser resumidas no que chamamos três propriedades básicas:

Reprodutibilidade, ou reprodução

É ela quem promove a imortalidade das características dos seres. Indivíduos são mor� promove a imortalidade das características dos seres. Indivíduos são mor�

tais. Eles nascem, crescem, se reproduzem e morrem. No entanto, graças ao processo da re�

produção, as suas características passam para os descendentes, permitindo que o material

Figura 3: À esquerda, estão carros antigos, à gasolina com descarga de poluentes para a atmos�era. À direita, está um automóvel moderno, el�trico e não poluente. Apesar de di�erentes, todos os carros apresentam a propriedade de locomoção, primordial em um veículo automotor.

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias • Biologia 5

gen�tico que as origina permaneça no ambiente. Sendo assim, podemos dizer que as ca�

racterísticas biológicas são imortais, pois elas podem ser transmitidas inde�inidamente aos

descendentes de gerações �uturas. Isso irá acontecer at� a extinção da linhagem, a qual não

tem volta e � sempre de�initiva.

Herdabilidade

A herdabilidade � a razão pela qual gatinhos nascem da reprodução de uma gata e

um gato. Peixinhos nascem da reprodução de peixes adultos. Microorganismos nascem da

reprodução de outros microorganismos. Assim, a herdabilidade � a capacidade de, por meio

da reprodução, os pais passarem suas características particulares (e suas adaptações) a seus

�ilhos. Isso se dá pela transmissão de seus genes nos gametas que serão �ecundados.

Mutabilidade

Como você viu nas unidades anteriores, a reprodução requer a duplicação do material

gen�tico. Durante esta, pode haver um erro, gerando um indivíduo mutante. Quando este

mutante se reproduzir, em determinados casos, seus �ilhotes serão mutantes, pois irão rece�

ber as características modi�icadas do material gen�tico ancestral. Então, as particularidades

de sua �amília podem ter sido mutações ocorridas em gametas de seus avós, ou tataravós, as

quais passaram para os membros descendentes de sua �amília a cada geração.

A mutação � um dos �enômenos importantes quando estudamos a diversidade dos

seres vivos. Por serem �rutos de erros, seus e�eitos no bem estar do organismo mutante não

podem ser previstos. Na realidade, a maior parte das mutações são mal��icas ao organismo

mutante. Ou seja, ele irá apresentar uma menor chance de sobrevivência do que os demais

membros da população.

Vamos dar um exemplo. Imagine uma população de minhocas que vive em uma mata

e que apresentam coloração de corpo “cor de barro”. Um determinado dia, nasce uma minhoca

mutante para o gene que determina a cor do corpo. Se a nova coloração

�or esbranquiçada, amarelada, esverdeada ou azul, a minhoca mutante

irá se sobressair no solo, que apresenta a cor de barro. Com uma cor que

se sobressaia, o predador irá enxergá�la antes dos demais indivíduos. Ela,

portanto, terá menos chance de sobreviver naquele ambiente.

predador Animais que se alimentam de

outros animais por meio de per�

seguição e captura.

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Módulo 1 • Unidade 56

Se a nova coloração �or muito aberrante, a mutação irá ser per�

dida, pois o mutante será devorado antes de sua reprodução. Assim,

dizemos que a nova coloração aberrante do corpo da minhoca � uma

mutação mal��ica, ou delet�ria, pois irá diminuir as chances do mu�

tante sobreviver.

Se o mutante tem menos chances, os que apresentam a coloração original cor de bar�

ro terão mais chances de se esconder de algum predador e conseguir chegar à �ase adulta, se

reproduzindo e passando suas características a seus descendentes. Dentre essas característi�Dentre essas característi�

cas, está a coloração do corpo.

Então já discutimos as mutações delet�rias.

Agora, vamos ver como surgem as mutações vanta�

josas que irão gerar as adaptações das esp�cies.

Imagine que uma outra mutação tornasse o

corpo da minhoca de coloração ainda mais seme�

lhante à “cor da terra” do ambiente? No caso das

minhocas da Figura 4, seria uma mutação para uma

coloração marrom escuro.

Certamente, essa seria uma mutação ben��

�ica para o organismo mutante, pois os predadores

teriam mais di�iculdades para enxergar esse ser di�

�erente. Com isso, a mutação “cor de terra” iria per�

manecer pelas gerações seguintes, pois o indivíduo

mutante teria mais chances de sobreviver e de produzir descendentes com a mesma caracte�

rística vantajosa. Tais descendentes, como o mutante original, seriam menos percebidos por

predadores, aumentando as chances de eles próprios sobreviverem. Ao sobreviverem, eles

mesmos irão se reproduzir passando novamente a mutação para seus descendentes. É dessa

maneira, portanto, que o gene mutante se perpetua, ou seja, permanece na população.

Se o gene mutante apresenta vantagens em relação ao original, espera�se que a sua

�requência aumente a cada geração. Eventualmente, uma vez que todos os indivíduos apre�

sentem a mutação vantajosa, a mutação vira uma adaptação que será, a partir desse mo�á, a partir desse mo�, a partir desse mo�

mento, percebida como o original. Mas isso acontecerá at� que uma nova mutação vantajosa

ocorra e reinicie o processo.

aberrante Aquilo que � muito di�erente do

que � considerado normal ou

comum.

Figura 4: Duas minhocas se acasalando. Repare que a cor do corpo delas não sobressai na coloração da terra ao redor, di�i�cultando o predador de enxergá�las. O que você diria se elas tivessem uma coloração branca, azul ou verde?

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias • Biologia 7

A seleção natural � o nome deste processo pelo qual os variantes de uma população

com características �avoráveis têm maior chance de sobrevivência e reprodução. A seleção

natural seleciona as mutações vantajosas gerando as adaptações nas esp�cies. Já vimos al�

guns exemplos de adaptações como o �ormato do p� humano, as garras retráteis dos �elíde�

os, o �ocinho longo dos canídeos, a ausência de �olhas dos cactos etc.

BUM!

Nós, humanos, possuímos cinco sentidos: ol�ato, visão, audição, tato e paladar.

Nós só os temos graças às nossas c�lulas nervosas, que captam, por exemplo, o estí�

mulo do cheiro, o qual prov�m do ambiente (ou seja, � externo ao nosso corpo). O

número e a capacidade de atuação dessas c�lulas, por sua vez, são determinados pelo

nosso material gen�tico.

Sabendo disso, vamos pensar em uma situação hipot�tica: uma catástro�e na

Terra! Imagine que um asteróide atingiu o nosso planeta e poucos seres vivos, inclusi�óide atingiu o nosso planeta e poucos seres vivos, inclusi�ide atingiu o nosso planeta e poucos seres vivos, inclusi�

ve humanos, conseguiram sobreviver a esse evento. Dos que moravam em seu bairro,

você e seu vizinho �oram os únicos sobreviventes.

Bom, � lógico pensar que, nesse caso, não há mais �acilidades, como as que

temos hoje, para comprar comida, certo? Então, vocês devem ir à caça de seu alimento.

Mas, preste atenção: você está sozinho nessa aventura!

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Módulo 1 • Unidade 58

1. Sabendo que o seu ol�ato vai ajudá�lo bastante em sua caçada e que você possui mais c�lulas ol�ativas do que o seu vizinho, qual dos dois terá maior chance de, em um �uturo próximo, encontrar uma sobrevivente �êmea com a qual possa se reproduzir contribuindo para salvar a humanidade da extinção? Justi�ique a sua resposta, rela�cionando a característica “número de c�lulas ol�ativas” ao processo de seleção natural.

Seção 3Seleção natural e as nossas adaptações

O processo que gera as adaptações biológicas � a seleção natural. Esta

� uma �orça que atua sobre as variações das populações naturais. Se a popula�as variações das populações naturais. Se a popula�

ção �or per�eitamente homogênea, isto �, sem características variadas, a sele�

ção natural não irá atuar, nem a evolução irá acontecer. Para evoluir, � necessá�

rio que haja variação herdável.

Entretanto, se existirem di�erenças entre os indivíduos e variações nas

chances de sobrevivência entre os variantes, a seleção natural irá atuar. Assim,

aumentam�se as �requências das características mais úteis para a sobrevivência,

que serão as adaptações.

Vamos dar um exemplo

de como acontecem as adapta�

ções. Vamos imaginar uma po�

pulação de tamanduás�bandeira

que viviam no Parque Nacional

da Serra da Canastra (PNSC), um

ambiente típico do bioma Cerra�

do em Minas Gerais.

Figura 5: Paisagem típica do Cer�rado, com vegetação rasteira, ar�bustos e algumas poucas árvores como esse belo Ipê.

bioma

É um conjunto de ambientes semelhantes

em sua composição de plantas, animais e

relevo da paisagem. A �loresta Amazônia

� o maior bioma brasileiro. Temos ainda

a Mata Atlântica, o cerrado, a caatinga, o

pantanal, os pampas e muitos outros bio�

mas em nosso país.

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias • Biologia 9

O nome cientí�ico do tamanduá bandeira � Myrmecophagatridactyla. Os animais que vi�

vem lá, hoje, conseguiram suas características pela herança dos genes de seus pais, metade da

mãe e metade do pai, como todos nós. Nesses genes, certamente estava tamb�m o �ormato do

nariz que � uma das adaptações da esp�cie para o hábito alimen�

tar dos tamanduás: comer �ormigas e cupins. A língua aderente,

�ina e comprida � outra adaptação presente em todos os �ilhotes

de tamanduá que nascem hoje. Os cupinzeiros do PNSC são enor�

mes, construídos de barro e �icam muito duros quando expostos

ao sol do Cerrado como mostra a Figura 6.

Mas como começou essa adaptação?

As adaptações são mutações.

Sempre?

Sim, pois se as adaptações não �ossem alterações no material

gen�tico, os pais não as passariam para seus �ilhotes na reprodução.

Tais �ilhotes que recebem as mutações adaptativas terão uma vanta�

gem sobre outros �ilhotes sem tais características. Algumas mutações

dão um di�erencial ao indivíduo mutante de �orma que ele consiga

sobreviver mesmo diante da capacidade limitada do ambiente de sus� da capacidade limitada do ambiente de sus�

tentar os organismos. Isso � importante, pois, de �orma geral, nascem

mais �ilhotes na Natureza do que aqueles que conseguem sobreviver.

Sendo assim, pensando em um casal de tamanduás, não have�

rá alimento su�iciente, no cerrado, para todos os seus �ilhotes. Imagine

que exista comida apenas para a metade deles. Esse número � deno�

minado capacidade de suporte do ambiente; e � importante que você

saiba que cada ambiente possui a sua capacidade suporte. Assim, de

cada quatro �ilhotes que nascem dois morrem e dois sobrevivem, pois

só existe comida para dois �ilhotes (por casal) naquele ambiente.

Mas, o que determinará se um determinado �ilhote vai sobrevi�

ver ou morrer? Já vimos que os �ilhotes que apresentam as melhores

características tendem a sobreviver, pois elas aumentam as chances de

sobrevivência e de reprodução do indivíduo, gerando uma prole que

tamb�m as apresentam.

aderente

Característica de algo ou algu�m que se

liga, se gruda, se une a outro material.

Figura 6: Cupinzeiro. A língua �ina do ta�manduá penetra pelos pequenos poros do cupinzeiro; por ser aderente, ela gru�da nos cupins, o que permite levá�los at� o interior da boca a �im de se alimentar.

prole

Conjunto de �ilhotes de um úni�

co casal.

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Módulo 1 • Unidade 510

Entretanto, qual será a melhor característica no Cerrado? Será que o mais alto sempre

sobrevive, pois consegue enxergar o predador mais longe? Ou será que sempre � o mais gor�

do, com maiores reservas de energia para usá�las em caso de �alta de alimento? Ou será que

� o que enxerga melhor, pois consegue achar comida mais �acilmente? Ou o mais rápido tem

sempre mais chances de sobreviver, pois escapa �acilmente de seus predadores?

Todas essas hipóteses são válidas! Em um ambiente, uma delas pode ser a mais impor�

tante, e em outro ambiente, outra irá determinar a sobrevivência. Al�m disso, em um mesmo

ambiente, pode ser que mude o clima ou o relevo da paisagem (como consequência de um

terremoto, por exemplo) e, a partir dessa mudança, a característica determinante será outra.

Seção 4Momento da seleção

A seleção natural sempre atua no presente, assim nada � selecionado “para uso �uturo”.

As características que serão determinantes na sobrevivência dos indivíduos, nesse exato mo�

mento em que você lê essa página, � que serão selecionadas para a sobrevivência e reprodu�

ção. Se está �altando alimento, por exemplo, os organismos que apresentam maiores chances

de consegui�lo terão mais chances de sobrevivência. Se existe um número muito grande de

predadores no local, por outro lado, os organismos

que apresentam as características que os auxiliarão a

�ugir de tais predadores vão tender a sobreviver.

No exemplo dos tamanduás, colocamos que

o número de �ilhotes produzidos � o dobro da capa�

cidade suporte do ambiente. Assim, vamos imaginar

que um casal tenha produzido quatro �ilhotes, sen�

do que um deles era um �ilhote mutante. A mutação

desse �ilhote sendo vantajosa, pois esse �ilhote apre�

sentaria um �ocinho mais �ino capaz de inseri�lo em

cupinzeiros. Tal ação não pode ser executada pelos

seus irmãos.

Figura 7: Tamanduá bandeira (Myrmecophagatridactyla), mostrando o �ocinho comprido, uma adaptação para o hábi�to de se alimentar de �ormigas e cupins.

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias • Biologia 11

Com o �ocinho mais �ino, o �ilhote mu�

tante teria mais oportunidades de conseguir

alimento. Um �ilhote melhor alimentado seria

um �ilhote com mais chances de ser um dos dois

que sobreviveria. Repare, que se ele sobreviver,

ele irá passar suas características, incluindo o

�ocinho �ino, a seus próprios �ilhotes. A trans�

missão dessa característica seria pela passagem

dos genes que os �ilhotes irão herdar. Estes, por

sua vez, passariam a adaptação para seus des�

cendentes, que tamb�m iriam apresentar maio�

res chances de sobrevivência do que os outros

membros da esp�cie.

Assim, a característica �ocinho �ino, ao

�inal de várias gerações, estaria presente em to�

dos os indivíduos e representaria uma adapta�

ção da esp�cie. A partir desse momento, o �oci�

nho típico da esp�cie seria o �ino. Ilustrado, por

exemplo, na descrição dessa esp�cie de taman�

duá. A sobrevivência �, portanto, di�erencial e

as pequenas particularidades de cada indivíduo

irão in�luenciar a sua capacidade de sobrevivên�

cia. Se sobreviver, o mutante irá passar tais características modi�icadas a seus descendentes

gerando diversidade biológica.

As bact�rias são agentes que podem ser causadores de uma s�rie de doenças

em outros seres vivos, incluindo a nós, seres humanos.

No início do s�culo XX, Alexander Flemming, um m�dico escocês, descobriu

que uma substância extraída de �ungos poderia acabar com uma in�ecção por bac�

t�rias em um paciente doente. Era a descoberta da penicilina, primeiro antibiótico da

história da medicina!

Seleção natural também é, portanto, a sobrevivência diferencial de variantes.

Figura 8: Repare que na segunda geração, já podemos encontrar três variantes na população. Nesse ambiente, a seleção natural está selecionando indivíduos de coloração mais escura. Estes sobrevi�vem e deixam mais �ilhotes com suas próprias características sele�cionadas. Na última geração, �ilhotes claros já �oram eliminados da população por seleção natural.

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Módulo 1 • Unidade 512

Hoje em dia existem, al�m da penicilina, outros vários tipos de antibióticos,

para tratar diversas doenças causadas por microorganismos que acometem os seres

humanos e os animais que os cercam.

Ora, se já �oram descobertas substâncias capazes de matar bact�rias, como ain�

da temos doenças causadas por esse tipo de microorganismo?

Seção 5Darwin e a seleção natural

Charles Darwin nasceu em 12 de �evereiro de 1809, na

Inglaterra. Ele �icou �amoso não por ter sido o primeiro cientis�

ta a propor que as esp�cies evoluem. Darwin ganhou �ama ao

propor um processo pelo qual as esp�cies evoluem e se adap�

tam a seus ambientes. Foi ele, portanto, quem propôs o meca�

nismo de seleção natural descrito anteriormente.

Depois de estudar teologia, Darwin �oi convidado para

viajar em um navio que daria a volta ao mundo re�azendo ma�

pas para objetivos da marinha britânica (Figura 9). Ao aceitar,

Darwin embarcou e passou cinco anos coletando plantas, ani�

mais, fósseis e solo nos mais distantes cantos do planeta.

Darwin era um estudioso. Ele observou, analisou e escreveu suas observações durante

muitos anos, antes de publicar suas ideias sobre seleção natural.

teologia

Ramo do conhecimento que estuda as re�

ligiões de maneira racional.

fósseis

São restos mortais ou vestígios de seres

vivos que habitaram o planeta e que, atra�

v�s de processos diversos, tornaram�se

rochas. Alguns exemplos de �ósseis são

esqueletos de antigos dinossauros, pega�

das, conchas de seres marinhos. Veja mais

sobre �ósseis no Boxe Saiba Mais.

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias • Biologia 13

Darwin pensava que deveria existir

um mecanismo que impedisse as centenas

de �ilhotes que, por exemplo, um único casal

de sapos produz, ao longo de sua vida, de

sobreviver. Se apenas um casal dá origem a

centenas de �ilhotes, e todos os casais pro�

duziriam outras centenas de �ilhotes de sa�

pos, era para estarmos atolados em �ilhotes

de sapos em todos os cantos do planeta!

O ponto central da teoria de Darwin

era: mais �ilhotes são gerados do que aque�

les que conseguem sobreviver em um de�

terminado ambiente. Assim, os �ilhotes irão

naturalmente competir para garantir a própria sobrevivência.

Se existe uma competição natural, apenas os �ilhotes que

apresentam as melhores características conseguem sobrevi�

ver. Ao sobreviverem, eles

se reproduzem e passam

as melhores características

para seus descendentes. Na

próxima geração, as melho�

res características estarão

em maior �requência. Assim

por diante, at� a fixação do

variante adaptativo.

Darwin sabia que uma teoria que sugerisse que hu�

manos são descendentes de um ancestral em comum com

outras esp�cies de seres vivos não seria prontamente aceita.

Assim, ele passou 30 anos coletando muitas evidências da

evolução por seleção natural. No alto das montanhas dos

Andes, por exemplo, ele encontrou �ósseis de organismos marinhos já extintos. Isso deu uma

pista de que o relevo so�re mudanças drásticas que podem a�etar a vida dos seres vivos no local.

Figura 9: Pintura retratando a recepção do navio H.M.S. Beagle por nativos na Terra do Fogo. Neste navio, Charles Darwin viveu por cinco anos coletando muitas esp�cies ao redor do mundo que �oi estudar, em detalhes, quando retornou à Inglaterra.

Figura 10: Charles Darwin � um dos mais impor�tantes personagens da história da Ciência, por ter proposto que os seres vivos evoluíam a partir de um ancestral comum, pela seleção natural.

fixação

Uma característica atin�

ge a �ixação (ou � �ixada)

quando todos os indi�

víduos da população a

apresentam. Isso só acon�

tece depois de muitas ge�

rações, a partir do apare�

cimento da característica.

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Módulo 1 • Unidade 514

Tantos anos de estudo, resultaram em um apanhado tão grande in�ormações que ele

conseguiu um �eito que outros, antes dele, tinham tentado e não conseguiram. Ele conven�

ceu a comunidade acadêmica do processo que gerou toda a diversidade biológica, incluindo

os humanos, a evolução por seleção natural associada a eventos de especiação.

Uma janela para o passado

Fósseis são restos ou vestígios preserva� são restos ou vestígios preserva�estos ou vestígios preserva�

dos como rochas, geralmente, de um or�

ganismo cujo grupo taxonômico já está

extinto. Esp�cies �ósseis são descritas

da mesma �orma que as esp�cies atuais,

com um nome cientí�ico em Latim, des�

tacado no texto. Enquanto o taxonomis�

ta usa armadilhas para coletar os animais

vivos, os pesquisadores de �ósseis que�

bram pedras. Sim, os paleontólogos são

especialistas em revirar, quebrar, e polir

rochas em busca dos �ósseis (veja �oto).

Os �ósseis se �ormam graças aos processos de �ossilização, nos quais o material biológico, ao

inv�s de se decompor, se trans�orma em rocha. Dependendo do período de tempo geológico

que a esp�cie �óssil viveu, seus restos se encontrarão em um determinado extrato da rocha.

Fósseis mais recentes estão mais próximos à super�ície escavada, �ósseis mais antigos em ex�

tratos mais pro�undos. Vamos entender melhor isso.

Cada extrato signi�ica um intervalo de tempo de vida na Terra. Cada intervalo, por sua vez, apre�

senta um conjunto especí�ico de �ósseis que o caracterizam. A maior parte dos �ósseis encon�

trados de 200 a 65 milhões de anos, por exemplo, são de dinossauros. Em extratos mais antigos,

não encontramos dinossauros. Por quê? Porque, antes desse tempo, não existia tal grupo de

animais na Terra. Eles não tinham evoluído ainda.

O curioso � que em extratos mais recentes que 65 milhões de anos, tamb�m não encontramos

dinossauros. Por quê? Porque os dinossauros desapareceram em uma grande extinção que

ocorreu por volta dessa �poca. A causa provável dessa extinção em massa �oi a queda de um

grande meteoro numa península no Caribe (veja a seguir uma ilustração de um desses even�

tos) que provocou danos no planeta equivalentes a muitas bombas atômicas explodindo ao

mesmo tempo, incluindo a extinção dos dinossauros!

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias • Biologia 15

Analisando o conjunto de �ósseis (re�

gistro �óssil), � estimado que 99,9%

das esp�cies que já viveram em nosso

planeta estão extintas. Sendo assim,

vamos tentar salvar o 0,1% restante

da extinção, começando pela conser�

vação dos biomas brasileiros?

Se você está na dúvida do que pode

�azer para ajudar aqui vão algumas

dicas simples. Não jogue lixo nos par�

ques, �lorestas, oceanos. Não colete

organismos sem objetivo de estudo, mesmo que já estejam mortos, pois estes tamb�m são

necessários ao pleno �uncionamento do bioma. Se �or �azer uma trilha, nunca use atalhos, ca�

minhe apenas pelas trilhas principais e já marcadas, pois os animais tendem a evitar locais por

onde passam humanos com �requência.

Seção 6Mutação, adaptação e acaso

Você at� pode pensar que a lógica � meio estranha... Como � que um erro na dupli� lógica � meio estranha... Como � que um erro na dupli� meio estranha... Como � que um erro na dupli�

cação do material gen�tico no interior de uma única c�lula irá produzir e�eitos ben��icos

para todo o organismo? Como pode um erro gerar uma adaptação, ou seja, uma vantagem

para o indivíduo?

Em primeiro lugar, uma pequena mudança em

um gene pode modi�icar a cor, a �orma, uma estrutura,

ou o número de apêndices do organismo todo, desde

que a mutação já esteja na c�lula ovo. Quando a c�lu�

la ovo se dividir, irá produzir todas as c�lulas do novo

organismo com a mesma mutação, gerando todo um

organismo mutante para aquela característica.

apêndices

Em Biologia, são partes de um animal que estão des�

tacadas do eixo central do seu corpo. Exemplos: as

antenas dos insetos, os membros e as orelhas dos

mamí�eros, a tromba do ele�ante, as antenas do ca�

marão, dentre outros.

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Módulo 1 • Unidade 516

Em segundo lugar, já vimos que existem mutações delet�rias o que �az sentido, pois

as mutações são resultado de um erro da mol�cula replicadora. Aliás, a maior parte (mais de

99,9%) das mutações são delet�rias ou seja, danosas à sobrevivência do organismo. Entretan�

to, se mutações são comuns e a maior parte � delet�ria, porque não as percebemos quando

observamos os organismos ou os outros seres humanos? Por que os organismos nos parecem

tão adaptados a seus ambientes?

Nos seres humanos, a maior parte das mutações delet�rias geram embriões que não

nascem. São os chamados abortos espontâneos, nos quais a mulher engravida, mas perde o

bebê. Muitas vezes, a mulher nem chega a saber que estava grávida at� abortar espontanea�

mente. Em outras esp�cies, abortos espontâneos tamb�m acontecem com �requência.

Mas, como um erro pode gerar uma adaptação? Vejamos...

Você sabia que algumas das melho�

res receitas �oram criadas por che�s de cozi�

nha que erraram ao colocar um ingredien�

te? Em vez de colocar sal, colocou açúcar e

o prato �ica mais gostoso ainda? O brownie,

por exemplo, �oi criado por um cozinheiro

que se esqueceu de colocar �ermento no

bolo de chocolate! Sem admitir o erro, ele

serviu a sobremesa mal �eita, mas os clien�

tes adoraram!

É claro que � mais �ácil conhecer os

exemplos de erros na cozinha que, no �inal, deram certo. Ningu�m vai �icar comentando so�, no �inal, deram certo. Ningu�m vai �icar comentando so�

bre o bolo solado, ou o �eijão em que colocou açúcar ao inv�s de sal e ningu�m quis comer.

Esses erros não serão repetidos. Pelo menos, não de propósito.

Na Natureza, assim como na cozinha, o erro mais comum � o que não deu certo. Na

Natureza, o mutante morre antes da reprodução que perpetuaria o erro. Ao passo que na

cozinha o cozinheiro nem menciona o que deu errado... Já o erro que deu certo, ao contrário,

se perpetuará na população, como a receita deliciosa que �oi criada por acaso.

Figura 11: Brownie de chocolate com nozes. O erro que resultou em uma delícia perpetuada para sempre.

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias • Biologia 17

Seção 7Seleção artificial

Achou complicado o processo de seleção natural? Então vamos �acilitar trazendo o

conteúdo da unidade para o nosso cotidiano.

A seleção natural é um processo no qual o ambiente seleciona os organismos com as me�

lhores características para sobreviver e se reproduzir, aumentando a frequ�ncia dessa caracterís��ncia dessa caracterís�essa caracterís�

tica na próxima geração.

Fazendeiros, agricultores, e criadores usam um proces�

so semelhante ao da seleção natural, a seleção artificial.

Na seleção arti�icial, o processo � semelhante à seleção

natural, mas � mediado pelo ser humano e não mais pelo am�

biente. Todos os princípios são idênticos entre os processos.

Entretanto, � o ser humano que seleciona os organismos de

determinada esp�cie com as melhores características para

se reproduzirem, aumentando a �requência dessas melhores

características na população.

No caso de �azendeiros e agricultores, as melhores

características, claro, são as que dão maiores lucros. Ou seja,

geralmente aquelas que aumentam o tamanho, melhoram o

sabor e a aparência ou aumentam o valor nutricional dos ali�

mentos (plantas e animais) que consumimos diariamente.

Sabemos que todas as esp�cies de seres vivos têm um

nome cientí�ico. Isso tamb�m inclui as que comemos. Claro. O

nome cientí�ico da galinha, por exemplo,� Gallusgallus. Assim,

quando você está comendo um galeto assado ou um �rangui�

nho de panela que sua mãe �ez, você está comendo parte de

um indivíduo do grupo das aves da esp�cie Gallusgallus. Já o

boi pertence à esp�cie Bostaurus do grupo dos mamí�eros.

Figura 12: Cenouras possuem cor de laranja, certo? Certo e errado, olhe para cima! Um certo dia, um �azendeiro percebeu que tinha plantas que produ�ziam cenouras mais escuras. Ele cruzou duas plantas dessas e começou a produzir variedades de cenou�ras mais escuras ainda. E deu certo! Suas vendas multiplicaram e ele continuou testando novas cores de cenoura e �eijões, �ormatos de abóboras etc.

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Módulo 1 • Unidade 518

Vamos aos pratos vegetarianos, agora. Ou seja, vamos �alar das esp�cies do grupo

Plantae, as plantas.

O nome cientí�ico da batata � Solanumtu�

berosum. Já o nome cientí�ico do repolho � Bras�

sicaoleracea. O interessante do repolho � que ele

compartilha o mesmo nome cientí�ico com a couve�

�lor, com a couve�de�Bruxelas e at� mesmo com o

brócolis. Estranho, não �? Pois essas verduras são tão

di�erentes e pertencem a mesma esp�cie? É di�ícil de

acreditar. Não encontramos apenas indivíduos mui�

to semelhantes dentro de uma esp�cie? Como isso

acontece, então?

Na realidade, tais verduras são variedades di�

�erentes de uma mesma esp�cie que �oram impedi�

das de se cruzarem. Tal impedimento não se deu por

incompatibilidade reprodutiva do material gen�ti�

co, mas sim porque os agricultores não permitiram a reprodução entre as variedades. Longe

das �azendas, não existe repolho, nem couve��lor, nem couve�de�Bruxelas, só uma mostarda

selvagem pouco usada em cozinha.

Durante muitos anos, os agricultores selecionam as plantas que apresentam os indi�

víduos com as mutações que dão mais lucros, aumentando a qualidade ou a quantidade do

produto comercializado. Assim, as variedades de B. oleracea �oram selecionadas arti�icialmen�

te pelos agricultores para aumentar o tamanho da �lor (como a couve��lor e o brocólis) ou o

número de brotos laterais (couve�de�Bruxelas). Com o passar das gerações, os agricultores

não permitiam o cruzamento entre as variedades e, portanto, essas não se homogeneizavam,

como o �azem as esp�cies naturais. Dessa �orma, acabou acontecendo, nas �azendas, uma

di�erenciação real e comercialmente importante por seleção arti�icial.

Figura 13: A batata � originária dos Andes, uma cadeia de montanhas localizada na costa oeste do continente sulame�ricano, se estendendo desde a Venezuela at� a Argentina. Os antigos povos pr��colombianos cultivavam centenas de tipos di�erentes de batatas, incluindo batata�doce, de casca verme�lha, de polpa amarela escura.

Figura 14: Foto ilustrando uma horta com as di�erentes variedades de Brassicaoleracea.

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias • Biologia 19

Cruzando duas plantas com �lores grandes, por exemplo, eles conseguiam produzir

plantas que, quando crescessem, dariam �lores ainda maiores. Percebendo o potencial des�

sas novas variedades, os �azendeiros trataram de promover o cultivo, evitando o cruzamento

entre elas. Como o tamanho da �lor � uma característica herdável, com o passar das gerações,

os cruzamentos selecionados a cada geração deram origem a plantas com �lores maiores e

maiores, at� que surgiu a couve��lor.

Isso � o que chamamos melhoramento genético por seleção artificial.

Árvores �rutí�eras tamb�m são resultado de um processo de sele�são resultado de um processo de sele�

ção arti�icial pelos �azendeiros. Em uma �azenda, como a área que pode

ser plantada � limitada, assim como o dinheiro para comprar adubos e

agrotóxicos, o �azendeiro terá de escolher em quais plantas irá gastar

seu tempo e dinheiro. Ele, naturalmente, dará pre�erência ao plantio das

sementes das árvores que apresentarão �rutos maiores, mais doces e

mais suculentos em sua próxima safra.

Em �azendas de gado leiteiro, tamb�m acontece a seleção arti�i�

cial. As vacas leiteiras tamb�m passam por melhoramento animal para

�ins de maior produção de leite. Nesse sentido, as vacas que apresen�

tam a mutação “maior produção de leite” são escolhidas para a melhor

alimentação e para a reprodução. Selecionando essas vacas para repro�

duzir mais do que as outras, os �azendeiros aumentam o lucro da �azen�

da, pois aumentam a produção de leite.

Como você pode ver, incontáveis exemplos do poder da seleção arti�icial estão em

nosso cotidiano. Entretanto, o mais incrível deles � o das raças de cachorro.

Todos os cachorros são membros de uma única esp�cie biológica denominada Canis�

familiaris. Cada uma das di�erentes raças de cachorros �oi selecionada arti�icialmente, a partir

de linhagens antigas de lobos. Os lobos, hoje, são membros de uma outra esp�cie denomina�

da Canislupus, mas há milhares de anos só havia Canislupus.

Os cachorros, ou melhor dizendo, os lobos �oram os primeiros animais a serem domes�

ticados pelo ser humano, há cerca de 15 mil anos. Esses lobos �oram selecionados, em um

primeiro momento, para serem mais dóceis e menos agressivos que os lobos normalmente

são. Aos poucos, os lobos domesticados �oram se trans�ormando nos animais que chamamos

cachorros. Seria como dizer que o tata...(muitos ta)...tataravô do cachorro era um lobo.

adubo Forma�se a partir de resíduos

animais ou vegetais, ou tamb�m

de produtos minerais ou quími�

cos; Ele � misturado à terra para

�ertilizá�la ou regenerá�la.

agrotóxicos

Produto químico ou biológico

usado na prevenção ou no ex�

termínio de pragas (seres vivos

que se utilizam dos vegetais e

animais cultivados) e doenças

das culturas agrícolas.

safra O mesmo que colheita.

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Módulo 1 • Unidade 520

Essa história � tão bem estabelecida e as duas

esp�cies são tão semelhantes geneticamente que a

tendência entre os sistematas � chamar o cachorro de

Canis lupusfamiliaris. Com isso, os pesquisadores co�

locam claramente que o cachorro �az parte da mesma

esp�cie biológica do lobo. Esse ponto �ica evidente,

pois cachorros e lobos têm a capacidade de se cruzar,

gerando �ilhotes ��rteis. Assim, para alguns cientistas,

eles pertencem à mesma esp�cie, mas apresentam

ainda variedades, raças di�erentes.

Figura 15: Uma árvore genealógica simpli�icada mostrando a história das raças de cachorros e lobos. Repare que o lobo ancestral deu origem às di�erentes raças de cachorro e tamb�m deu origem ao lobo moderno. Cachorros e lobos modernos possuem um ancestral comum muito recente, o lobo ancestral.

Repare que uma árvore genealógica mostra a história de linhagens em uma esp�cie, nes�

se caso Canislupus. Mas, se incluirmos linhagens anteriores, vai chegar um momento em que ire�

mos incluir outras esp�cies. Nesse ponto, iremos nos re�erir a ela como uma árvore �ilogen�tica.

Na árvore �ilogen�tica, as linhagens de mais de uma esp�cie são retratadas e, portanto,

tamb�m estão representados os eventos de especiação. Esse não � o caso anterior. Uma ár�

vore �ilogen�tica mostra as relações de ancestralidade compartilhadas pelas esp�cies. Como

sistematas São pesquisadores que se dedicam à Sistemática,

parte da Biologia responsável por identi�icar, des�

crever e nomear esp�cies e associar tais nomes a

ramos em uma árvore �ilogen�tica. A Sistemática

une a Taxonomia com as árvores �ilogen�ticas. O

ponto central � que, quanto mais recente o ances�

tral comum de dois grupos de organismos, mais

grupamentos sistemáticos (taxonômicos) eles de�

vem compartilhar.

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias • Biologia 21

todas as características são passadas dos ancestrais para os descendentes por meio das linha�

gens, se soubermos quais são as linhagens e qual a sua ancestralidade, podemos ter ideia do

número de características compartilhadas entre di�erentes grupos de organismos.

A origem da novidade evolutiva (das mutações) � um evento que ocorre ao acaso, mas

a distribuição das novidades pelas esp�cies não � aleatória. Se assim �osse, seria impossível

estudar Biologia. A distribuição das características está sempre restrita às linhagens descen�

dentes do indivíduo mutante para aquela característica.

� Evolução pode ser de�inida como mudança nos genes ao longo do tempo.

� Mudanças evolutivas modi�icam características herdáveis, visíveis ou não, das esp�cies ao longo do tempo.

� As três propriedades dos sistemas biológicos compartilhadas por todos os organismos são reprodutibilidade, herdabilidade e mutabilidade.

� A reprodutibilidade � a capacidade de se reproduzir. A reprodução gera organismos se�melhantes aos parentais (herdabilidade), mas que podem di�erir de seus pais devido a erros da duplicação do material gen�tico (mutabilidade).

� A maior parte das mutações são delet�rias, mas geralmente não as vemos, pois os orga�nismos morrem antes de nascer.

� Uma pequena �ração das mutações � adaptativa, ou seja, trazem ao organismo mutante uma vantagem em relação aos outros organismos da população. Indivíduos com muta�ções vantajosas terão uma maior chance de sobrevivência. Como eles conseguem sobre�viver, eles terão uma chance maior tamb�m de se reproduzir e de passar tais característi�cas vantajosas a seus descendentes que tamb�m irão apresentar vantagem.

� Ao reproduzir, a mutação vantajosa irá aumentar de �requência na segunda geração, pois estará presente em todos os �ilhotes do mutante. Tais �ilhotes tamb�m terão maior chance de sobrevivência e de reprodução, aumentando ainda mais a �requência do gene mutante na terceira geração.

� O processo evolutivo que gera adaptações � denominado seleção natural.

� A seleção natural � a probabilidade di�erencial de sobrevivência e reprodução de varian�tes em uma população.

� Um processo semelhante mediado pelo ser humano acontece no melhoramento vegetal ou animal em �azendas, denominado de seleção arti�icial.

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Módulo 1 • Unidade 522

� A história da vida na Terra re�lete uma hierarquia de similaridade nas características mor��ológicas que re�lete, por sua vez, uma história evolutiva compartilhada. Esp�cies com mais características semelhantes pertencem aos mesmos grupamentos sistemáticos, com um ancestral em comum mais recente. Esp�cies com menos características semelhantes pertencem a grupamentos di�erentes. O ancestral comum entre elas viveu há mais tempo.

1. At� a publicação da sua �amosa teoria, Darwin passou por di�íceis momentos, alguns dos quais, você pode conhecer nessa pequena reportagem:

h t t p : / / c i e n c i a h o j e . u o l . c o m . b r / r e s e n h a s / o � d i � i c i l � e � m i s t e r i o s o �assunto/?searchterm=O%20di�%C3%ADcil%20e%20misterioso%20assunto

2. Há uma revista cientí�ica que expõe muitas pesquisas recentes sobre, inclusive, a evolução dos seres vivos. Em nossa unidade, �alamos um pouco sobre a proximidade gen�tica de cães e lobos. Eis aqui mais uma prova:

http://cienciahoje.uol.com.br/colunas/por�dentro�das�celulas/vida�de�cao/?searchterm=Vida%20de%20c%C3%A3o

Seção 2 – Com erros podem gerar adaptações?

Atividade 1

Como eu tenho mais c�lulas ol�ativas do que meu vizinho, eu terei mais chances

de perceber de longe a presença de uma �êmea antes do meu vizinho. Com isso, eu

terei uma chance maior de conhecê�la primeiro, e quem sabe contribuir para o �uturo

da humanidade, pois meus �ilhos herdarão tal característica tamb�m.

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias • Biologia 23

Seção 4 – Momento da Seleção

Atividade 2

As bact�rias que eram vulneráveis aos antibióticos mais usados, como a pe�

nicilina, por exemplo, já �oram eliminadas há muitas d�cadas. Entretanto, dentro da

grande diversidade de bact�rias, algumas poucas apresentavam material gen�tico

modi�icado para a resistência a tais antibióticos. Estas variedade �oram naturalmente

sendo selecionadas pois não morriam com a aplicação dos antibióticos. Ao reproduzir,

estas variedades perpetuavam tais genes, ao passá�los para seus descendentes.

Referências

Bibliografia consultada

� Biologia Evolutiva. 1998. Douglas Futuyama. Editora Sinauer. 3a edição.

� Evolução. 2003. Mark Ridley. Editora Blackwell 3a edição. Editado no Brasil por Artmed.

� Informação biológica, filogenias, e previsibilidade. 2011. Mello, B. & Russo, C.A.M. Gen�tica na Escola. 06�01:42�44.

� Nosso lugar na diversidade biológica. 2009. Russo, C.A.M. & Voloch, C.M. Ciência Hoje 261: 44�49.

Imagens

  •  http://www.sxc.hu/browse.phtml?f=download&id=1381517.

  •  http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Mule.jpg

  •  Eixo evolutivo  •  Claudia Russo

  •  http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Carro-antigos-na-paulista-001-300.jpg

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Módulo 1 • Unidade 524

  •  http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Nissan_Leaf_aan_Amsterdamse_laadpaal.jpg

  •  http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Mating_earthworms.jpg

  •  http://www.flickr.com/photos/28634332@N05/5099713438/  •  NASA's Marshall 

Space Flight Center

  •  http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Ipe_detail.jpg  •  Leonardo Léguas Carvalho.

  •  http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Termite_mound-Tanzania.jpg

  •  http://commons.wikimedia.org/wiki/User:Malene  •  MaleneThyssen.

  •  Seleção natural.

  •  Navio H.M.S. Beagle  •  Conrad Martens.

  •   http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/3/3c/Charles_Darwin_01.jpg

  •   WikiMediaCommnons  •  National Park Services.

  •  http://en.wikipedia.org/wiki/File:Impact_event.jpg  •  Wiki Commons.

  •  WikiCommons  •  Jeffreyw.

  •  http://en.wikipedia.org/wiki/Wikipedia:Featured_picture_candidates/Carrots_of_

many_colors.jpg  •  Stephen Ausmus.

  •  http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Potatoes.jpg  •  WikiCommons.

  •  http://en.wikipedia.org/wiki/File:Brassica-garden.jpg

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias • Biologia 25

  •  Árvore genealógica simplificada.

  •  http://www.sxc.hu/browse.phtml?f=download&id=1220957  •  Ivan Prole.

  •  http://www.sxc.hu/985516_96035528.

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias • Biologia 27

Anexo • Módulo 1 • Unidade 5

O que perguntam por aí?

(ENEM 2005) Questão 27

As cobras estão entre os animais peçonhentos que mais causam acidentes no Brasil,

principalmente na área rural. As cascav�is (Crotalus), apesar de extremamente venenosas, são

cobras que, em relação a outras esp�cies, causam poucos acidentes a humanos. Isso se deve ao

ruído de seu “chocalho”, que �az com que suas vítimas percebam sua presença e as evitem. Esses

animais só atacam os seres humanos para sua de�esa e se alimentam de pequenos roedores

e aves. Apesar disso, elas têm sido caçadas continuamente, por serem �acilmente detectadas.

Ultimamente os cientistas observaram que essas cobras têm �icado mais silenciosas,

o que passa a ser um problema, pois, se as pessoas não as percebem, aumentam os riscos

de acidentes.

a) A explicação darwinista para o �ato de a cascavel estar �icando mais silenciosa � que:

b) A necessidade de não ser descoberta e morta mudou seu comportamento.

c) As alterações no seu código gen�tico surgiram para aper�eiçoá�la.

d) As mutações sucessivas �oram acontecendo para que ela pudesse adaptar�se.

e) As variedades mais silenciosas �oram selecionadas positivamente.

� ) As variedades so�reram mutações para se adaptarem à presença de seres humanos.

Gabarito: Letra D.

Comentário: Nesse caso, a cobra não aprendeu e mudou o comportamento. Apenas

as cobras que não apresentavam um chocalho com tanto ruído passaram a conseguir sobre�

viver mais �acilmente, pois não eram vistas pelos humanos.

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Anexo • Módulo 1 • Unidade 528

(ENEM 2009) Questão 33

Os ratos Peromyscus polionotus encontram�se distribuídos em ampla região na Am�ri�

ca do Norte. A pelagem de ratos dessa esp�cie varia do marrom claro at� o escuro, sendo que

os ratos de uma mesma população têm coloração muito semelhante. Em geral, a coloração

da pelagem tamb�m � muito parecida com a cor do solo da região em que se encontram,

que tamb�m apresenta a mesma variação de cor, distribuída ao longo de um gradiente sul�

norte. Na �igura, encontram�se representadas sete di�erentes populações de P. polionotus.

Cada população � representada pela pelagem do rato, por uma amostra de solo e por sua

posição geográ�ica no mapa.

MULLEN, L. M.; HOEKSTRA, H. E. Natural selection along an environmental gradient: a classic cline in mouse pigmentation. Evolution, 2008.

O mecanismo evolutivo envolvido na associação entre cores de pelagem e de subs�

trato �:

a) A alimentação, pois pigmentos de terra são absorvidos e alteram a cor da pelagem dos roedores.

b) O �luxo gênico entre as di�erentes populações, que mantêm constante a grande diversidade interpopulacional.

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias • Biologia 29

c) A seleção natural, que, nesse caso, poderia ser entendida como a sobrevivência di�erenciada de indivíduos com características distintas.

d) A mutação gen�tica, que, em certos ambientes, como os de solo mais escuro, têm maior ocorrência e capacidade de alterar signi�icativamente a cor da pelagem dos animais.

e) A herança de caracteres adquiridos, capacidade de organismos se adaptarem a di��erentes ambientes e transmitirem suas características gen�ticas aos descendentes.

Gabarito: Letra C.

Comentário: Sim, os roedores �oram selecionados naturalmente, pois indivíduos de

pelagem semelhante à cor do solo eram menos percebidos por predadores e conseguiam

sobreviver e se reproduzir, passando tais genes a seus descendentes.

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias • Biologia 31

Anexo • Módulo 1 • Unidade 5

Caia na Rede!

Os caminhos de Darwin

Darwin �oi um dos mais importantes pesquisadores para as Ciências Biológicas!

Como vimos, seus achados �oram �ruto, inclusive, de uma longa viagem que ele �ez ao redor

do mundo. Quer conhecer um pouco mais sobre Darwin e seus caminhos? Então, entre nes�

se site e clique em “Caminhos de Darwin”:

� http://www.casadaciencia.u�rj.br/caminhosdedarwin/

Nessa janela, você vê alguns direcionamentos:

Page 32: Módulo 1 • Unidade 5 Um ancestral em comum para todos da Natureza_Unidade 5... · pensar em todos os carros ao mes mo tempo, para entendermos “se res vivos”, analisamos todos

Anexo • Módulo 1 • Unidade 532

Al�m da biogra�ia do cientista e a sua viagem no navio Beagle, você poderá conhecer

a história da passagem de Darwin pelo Brasil. Sim, ele esteve aqui, conheceu parte da nossa

biodiversidade e se impressionou com ela!

Ficou curioso? Então sacie sua curiosidade, pois ela está ao alcance de um clique!