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Ética e Bases Humanas

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  • MODULO 3

    TICA E AS

    RELAES TNICOS

    RACIAIS

  • O Porqu da ticaQue devo fazer? Ser que correto fazer isso? O mundo no deveria ser assim ou por que o mundo assim?... Quem nunca fez este tipo de pergunta? Constantemente nos vemos diante de situaes que nos levam a faz-las. Isso to normal que nunca, ou dificilmente, ns paramos para pensar sobre o ato mesmo de fazer estas perguntas (...).

  • importante saber responder bem este tipo de pergunta.

    Diante de um amigo em perigo devo ajud-lo, mesmo correndo riscos? Ou ento, quando um amigo est se afundando nas drogas, posso e devo me intrometer em sua vida, ou cada um sabe o que faz, e devo me manter indiferente? Haveria algum caso em que seria certo atravessar um sinal vermelho? Em que casos isso seria absolutamente incorreto?

  • Frente ao problema dos menores abandonados ou da corrupo no mundo poltico e econmico, devo tomar alguma atitude ou simplesmente manter-me alheio a estas coisas e cuidar dos meus interesses? Respostas a este tipo de questes vo determinando o rumo e os passos concretos das nossas vidas.Geralmente respondemos a isso tomando uma atitude aceita em nosso meio social, sem pensar sobre isso, eximindo-se da responsabilidade de fazer alguma atitude diferente

  • Moral e ticaNormas sociais = valores morais

    Alis, a palavra moral vem do latim mos (singular), e mores (plural), que significa costumes. Por isso, muitos utilizam a expresso bons costumes como sinnimo de moral ou moralidade.

  • Quando todos aceitam os costumes e os valores morais estabelecidos na sociedade no h necessidade de discusso sobre eles. Mas quando surgem questionamentos sobre a validade de determinados valores ou costumes, surge a necessidade de fundamentar teoricamente estes valores vividos de uma forma prtica; e, para aqueles que no concordam, o de critic-los. Aqui aparece o conceito de tica, que vem do grego ethos, modo de ser, carter.

  • De modo geral comum se usar o conceito de tica e moral como sinnimos ou, quando muito, a tica definida como o conjunto das prticas morais de uma determinada sociedade, ou ento os princpios que norteiam estas prticas. Importante:Quando se diferencia a tica da moral, geralmente visa-se distinguir o conjunto das prticas morais cristalizadas pelo costume e conveno social dos princpios tericos que as fundamentam ou criticam.

  • O CONCEITOO conceito tica usado aqui para se referir teoria sobre a prtica moral. tica seria ento uma reflexo terica que analisa e critica ou legitima os fundamentos e princpios que regem um determinado sistema moral [dimenso prtica].

  • A experincia de se rebelar diante de uma prtica ou valor moral no exclusiva dos grandes filsofos ou profetas.Todos ns a vivemos ou podemos viv-la. a experincia de estranhamento frente realidade, de sentir-se estranho [fora da normalidade] diante do modo como funciona a sociedade, ou at mesmo em relao ao modo de ser e agir de outrem. a descoberta da diferena entre o que e o que deveria ser: a experincia tica fundamental.

  • tica e aCondio Humana

  • No somos determinados(...) Que devo fazer? (...). O fato de no saber como agir numa determinada situao nos mostra que diferentemente de outros animais, os seres humanos so seres inacabados, isto , no so determinados pela natureza. Tampouco somos seres predestinados, isto , determinados pelo destino ou por Deus(es). Se o fssemos agiramos instintivamente e no faramos este tipo de pergunta. Por isso que cada um, ou cada grupo social, cria respostas e solues diferentes para perguntas e problemas semelhantes.

  • Somos diferentes dos animais, mas compartilhamos com eles de certas determinaes da natureza. Todos precisamos comer, beber, respirar, dormir, sonhar, etc., sem o que morreremos.

    Mas, ao mesmo tempo nos temos um espao de liberdade em nossas vidas: os nossos sonhos, os desejos, as solues para essas necessidades e outros aspectos da vida no so determinados pela natureza ou pelo destino.

  • O fato de sermos livres, mesmo que no o sejamos de forma absoluta, levanta o problema da responsabilidade.

    Se ns no somos determinados, a forma como organizamos a vida, o sentido que damos nossa existncia e o modo como solucionamos os problemas que surgem na relao com outras pessoas e com a natureza de nossa responsabilidade. Das nossas aes e atitudes dependem a convivncia humana e a realizao do ser humano de cada um

  • Indignao tica

  • Um segundo momento a pergunta sobre o que devo fazer ou sobre o que deveria ser. Ela nos mostra a diferena entre o ser e o dever-ser.

    S quando superamos a viso da realidade como algo inquestionvel e absoluto podemos imaginar, sonhar e pensar sobre outra realidade diferente e melhor.

  • A questo da escravido(...) Elas [as pessoas] no se sentiam eticamente questionadas diante da injustia cometida contra os escravos. Isso porque o termo injustia j fruto de juzo tico de algum que percebe que a realidade no o que deveria ser. A experincia existencial de se rebelar diante de uma situao desumana ou injusta chamada tambm de indignao tica.

  • Essa uma das experincias humanas fundamentais, pois se trata da experincia da liberdade frente s normas injustas e petrificadas, aceitas com normalidade.

    a indignao tica que permite desmascarar o mal travestido de normalidade, e descobrir, mesmo que parcialmente, o bem e a justia. Isso nos impulsiona a construir um futuro diferente e melhor.

  • Intenes e Efeitos

  • As nossas aes tm, por trs de si, motivaes.Essas podem ser conscientes ou inconscientes.Quando so conscientes, isto , quando temos a conscincia do fim almejado e dos meios utilizados, ns temos um ato voluntrio.

  • A maioria de nossas aes no tm motivaes conscientes. Estas aes automatizadas so fruto da internalizao de valores e regras morais e sociais

  • Intenes e consequncias: De boas intenes o inferno est cheio.As aes humanas produzem efeitos intencionais e efeitos no-intencionais, isto , consequncias que no estavam previstas na inteno do ato, que muitas vezes, vo na direo oposta da inteno

  • Os efeitos no-intencionais mostram que h algo entre a inteno da minha ao e o resultado que no foi previsto e controlado.

    Primeira possibilidade: minha ao teve um problema operacional, isto , no foi capaz de materializar a minha inteno. (neste caso devo aperfeioar minha capacidade de ao)

    Segunda possibilidade: aparece a possibilidade que entre a minha ao e o resultado final exista uma estrutura ou sistema (social, econmico, cultural, poltico, biolgico, etc) que processe as minhas aes de forma diferente daquela que eu tinha previsto originalmente.

  • Conflitos Inevitveis

  • O questionamento tico revela algumas contradies que fazem parte de nossas vidas. A primeira o conflito que pode existir entre meu interesse a curto prazo e meus objetivos a mdio e longo prazos.

    Ex: na infncia, dois objetivos bons em si que so contraditrios, a vontade de brincar sem parar e o objetivo de passar de ano.

  • O que no interessa aqui mostrar que existe este tipo de conflito de interesses e que no discernimento concreto deve prevalecer o bem (objetivo) maior do indivduo ou do grupo. Mas como existem motivos e objetivos inconscientes, muitas vezes no to simples saber qual o objetivo maior que deve servir de critrio para definir o que se deve fazer.

  • Alm desse tipo de conflito existe tambm o conflito entre interesse pessoal e coletivo. Se no houvesse esse tipo de conflito (...) as pessoas no se perguntariam sobre o que deve ou no fazer em relao s outras pessoas ou outros grupos.

    Simplesmente buscariam os seus interesses prprios, ignorando os interesses e direitos dos outros e os da coletividade como tal.

  • A necessidade de conviver com outros nos leva necessidade de estabelecermos relaes que permitam a sobrevivncia de todos os que compem a coletividade.

    Isso significa na prtica que os meus direitos e interesses no podem ser absolutizados na medida em que entram em conflito com interesses e direitos de outros com os quais necessito conviver.

  • Alm disso existem interesses da coletividade que no so somente diferentes mas tambm conflitantes com interesses individuais dos seus membros. Se pegarmos como exemplo a cobrana de impostos, com certeza chegaremos concluso de que ningum gosta de pag-los e que no os pagaria se pudesse e se tivesse a certeza de que no iria sofrer sanes.

    Por isso se chama imposto particpio passado de impor. As pessoas que tm conscincia dos conflitos entre os interesses individuais e coletivos, sabem que os impostos so uma necessidade para se manter a realizao dos servios pblicos.

  • Conscincia tica

  • Em resumo, ns somos seres morais e as comunidades humanas sempre criaram sistemas de valores e normas morais para possibilitar a convivncia social, porque somos seres no determinados pela natureza/destino ou Deus. E no processo de conquista da liberdade e do nosso ser descobrimos a diferena entre o ser e o dever-ser e a vontade de construir um futuro diferente e melhor do que o presente. Para esta construo no basta boas intenes, mas tambm um controle sobre os efeitos no intencionais das nossas aes e o conhecimento de que o questionamento moral pressupe um conflito entre interesse imediato e a longo prazo e entre interesse particular e o da coletividade.

  • A conscincia tica que surge desse conjunto surge com a desconfiana de que os valores morais da sociedade ou os meus encobrem algum interesse particular no confessavel ou inconsciente que rompe com as prprias causas geradoras da moral. Desconfiana de que os interesses imediatos e menores so colocados acima dos objetivos maiores, os interesses particulares acima do bem da coletividade, ou que negada aos seres humanos a sua liberdade e a sua dignidade em nome de valores petrificados ou de pseudoteorias.

  • A CULTURA COMO ORDEM SIMBLICA

  • A CULTURA COMO ORDEM SIMBLICAA instituio da cultura se deu no momento em que os seres humanos instituram para si mesmos REGRAS e NORMAS de conduta que asseguravam a preservao da comunidade. Se estas no fossem obedecidas o indivduo poderia ser punido (que poderia ir de um castigo ou expulso, at a morte).O QUE UMA LEI? um mandamento social que organiza toda a vida dos indivduos e da comunidade, tanto porque determina o modo estabelecido pelos costumes e de sua transmisso de gerao para gerao como porque preside as aes que criam as instituies sociais (religio, famlia, formas de trabalho, guerra e paz, distribuio das tarefas, formas de poder, etc.). A lei no simples proibio para certas coisas e obrigaes para outras, mas a afirmao de que os humanos so capazes de criar uma ordem de existncia que no simplesmente natural (fsica e biolgica). Essa ordem a ORDEM SIMBLICAhttp://filosofiaciem.blogspot.com.br/2009/05/cultura-como-ordem-simbolica.html

  • ORDEM SIMBLICASentido que est alm da presena material. Capacidade de atribuir significados e valores s coisas e aos homens, distinguindo entre bem e mal, verdade e falsidade, beleza e feiura, determinando se uma coisa ou uma ao justa ou injusta, legtima ou ilegtima, possvel ou impossvel. a dimenso simblica que d a ideia de proibio do incesto e do cru. a linguagem e o trabalho que do conscincia aos seres humanos do tempo e das diferenas temporais (passado, presente e futuro). A conscincia da morte, traz o sentido de prximo e distante, de alto e baixo, de grande e pequeno, de visvel e invisvel. http://filosofiaciem.blogspot.com.br/2009/05/cultura-como-ordem-simbolica.html

  • TRS SENTIDOS ESSENCIAIS DA CULTURA

    1. Criao da ordem simblica da lei: sistemas de obrigaes estabelecidos a partir da atribuio de valores s coisas (boas, ms, perigosas, sagradas e diablicas). Os seres humanos e suas relaes (diferenas sexuais, significado da virgindade, fertilidade e virilidade, diferena etria e forma de tratamento das crianas, dos mais velhos e mais jovens, formas de tratamento dos amigos e inimigos, formas de autoridade e formas de relao com o poder). Acontecimentos (significado da guerra, da peste, da fome, do nascimento e da morte, obrigao de enterrar os mortos, etc).

    http://filosofiaciem.blogspot.com.br/2009/05/cultura-como-ordem-simbolica.html

  • 2. Criao de uma ordem simblica da sexualidade, do trabalho, da linguagem, do espao, do tempo, do sagrado e do profano, do visvel e do invisvel. Os smbolos surgem para interpretar a realidade, dando sentido a presena do humano no mundo.

    3. Conjunto de prticas, comportamentos, aes e instituies pelas quais os seres humanos se relacionam entre si e com a natureza e dela se distinguem, agindo sobre ela ou atravs dela, modificando-as (rituais de trabalho, rituais religiosos, construo de habitaes, fabricao de utenslios e instrumentos, culinria, tecelagem, vesturio, formas de guerra e paz, formas de autoridade, dana, msica, pintura, etc.).http://filosofiaciem.blogspot.com.br/2009/05/cultura-como-ordem-simbolica.html

  • Os sistemas de proibio e permisso, as instituies sociais, religiosas, polticas, os valores, as crenas, os comportamentos variam de formao social para formao social e podem variar numa mesma sociedade no decorrer do tempo, assim, cultura existe no plural, culturas.

    Cultura tambm sinnimo de criao de obras da sensibilidade e da imaginao_ as obras de arte_ e de criao de obras da inteligncia e da reflexo, isto , cincia e filosofia.

    http://filosofiaciem.blogspot.com.br/2009/05/cultura-como-ordem-simbolica.html

  • A Filosofia eManifestaes Culturais

  • SUNG, Jung Mo & SILVA, Jos Cndido. Conversando Sobre tica e Sociedade. Petrpolis: Ed. Vozes, 2009. 12 ed., 1 ed. de 1995.