Módulo 4 - Plataforma de...

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4 4 Plataformas Colaborativas e de Aprendizagem Módulo

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4 4Plataformas Colaborativase de Aprendizagem

Módulo

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Índice

Objetivos 5

Aprendizagem Colaborativa em rede 7 Plataformas Colaborativas 7 O Moodle enquanto plataforma colaborativa 9 Inserção de recursos didáticos em plataformas colaborativas – Moodle 10 Converter apresentações em PowerPoint para E-Learning 11 Comunidades Virtuais na Internet 12 Limites 12 Criação 12

Novas Tecnologias de Informação e Comunicação 13 Internet 13 Origem e Evolução da Internet 14 Pesquisa e Navegação na Internet 15

O sistema de E-Learning na Sociedade do Conhecimento 15

E-Learning: definição e considerações 16

As vantagens do E-learning 18 Facilidade de acesso 18 Simplicidade de utilização 19 Desfragmentação de conteúdos 19 Eficácia 19 Economia 20 Atualização de conteúdos 21 Interação e interatividade 21

As desvantagens do e-learning 22 Factores Técnicos 22 Segurança dos Acessos 22 Factores Pedagógicos 23 Sobrevalorização dos aspectos tecnológicos 23 Avaliação 23 Falta de conteúdos de qualidade 24 Um produto meramente tecnológico 24 Aprendizagem Solitária 25

Blended Learning 26

O Papel e Funções do E-Formador e E-Moderador 27

Ferramentas e Estratégias de Comunicação 29 Comunicação e formação Síncrona 29 Chat 29 Áudio e Vídeo conferência 31 Comunicação e Formação Assíncrona 31 Correio eletrónico e listas de distribuição 32 Forúm de discussão 32 Testes, questionários e trabalhos práticos 33

Bibliografia 34

OBJETIVOS

• Compreender as mudanças evolutivas do Ensino a Distância;• Identificar as características e as vantagens do e-learning; • Compreender o funcionamento das Plataformas de

suporte da formação a distância; • Identificar regras de formação através da Internet; • Reconhecer a importância do e-formador/e-mediador

no processo formativo a distância; • Identificar e aplicar os mecanismos/softwares de

comunicação online; • Desenvolver uma formação utilizando as Plataformas

Colaborativas e de Aprendizagem para suporte de materiais.

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APRENDIZAGEM COLABORATIVA EM REDE

Atualmente, navegar na Internet e utilizar processadores de texto já não é novidade. Os indivíduos já têm acesso às Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) e utilizam-nas em múltiplas formas, inclusive criando páginas, produzindo blogues e vídeos. Segundo Silveira (2008), pelas inúmeras possibilidades de uma rede de internet, as pessoas apropriam-se das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) e, principalmente, da Internet como um espaço público, explorando seus benefícios e utilizando os serviços disponíveis, mas sobretudo gerando inovações. Pelo facto de estar em rede, as pessoas trocam informações, experiências e instituem um processo de produção colaborativa.

PLATAFORMAS COLABORATIVASEste tipo de plataformas foca-se na construção de redes sociais privadas

entre pessoas que partilhem interesses ou actividades, permitindo uma melhor integração entre elementos de uma equipa. A grande maioria das plataformas colaborativas permitem a criação de perfis, que são meios necessários para a interacção entre as várias pessoas pertencentes à rede e à partilha de ficheiros. As plataformas colaborativas acrescentam outras perspectivas ao processo de ensino-aprendizagem, proporcionando novas formas de realizar as actividades de estudo, agregando dimensões como o planeamento colaborativo de projetos com aplicações e funcionalidades específicas, nos quais professores e alunos podem trabalhar em rede, em colaboração, sobre um tema.

Segundo Dias (2005), "a simples navegação num universo de informação em rede não se traduz numa aprendizagem efetiva, sendo necessário da parte do aprendente um envolvimento nas atividades e tarefas em curso; por outras palavras, supõe uma atitude de abertura à participação activa". Desse modo, o ensino de práticas colaborativas necessita do envolvimento de tecnologias orientadas. Desta forma, as plataformas colaborativas oferecem uma oportunidade de desenvolvimento de uma nova perspectiva de ensino-aprendizagem orientadas, não apenas para a disponibilização e transmissão de conteúdos, mas para os contextos de produção colaborativa de conteúdos científico-tecnológicos no âmbito dos processos colaborativos em rede.

Numa plataforma colaborativa, é necessário deixar de ser apenas um consumidor activo e ir assumindo a autoria do conhecimento, tornando-se, segundo Freire (1997), “um arquiteto de sua própria prática cognoscitiva”. Ou seja, a colaboração passa a ser um processo de empowerment (Friedman, 1992; Pinto, 1998) e não apenas uma participação sem acção consciente da construção de um ser mais, autónomo. Tapscott & Williams (2007), advogam que as plataformas de colaboração abertas

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aumentam a velocidade, o alcance e o sucesso da inovação. Se esta perspetiva for utilizada também na educação, tornando o processo de ensino-aprendizagem mais aberto para a participação dos alunos na produção, com ferramentas tecnológicas livres de produção colaborativa em ambientes (como o Moodle), aumentaremos a velocidade, o alcance e o sucesso da inovação educacional que buscamos a cada dia no nosso trabalho como modo de produção da existência.

Segundo os autores, “com uma plataforma aberta e um conjunto de ferramentas simples, qualquer pessoa pode criar novos serviços de informação que são mais flexíveis do que os canais burocráticos” (Tapscott & Williams, 2007). Com uma plataforma e ferramentas que potencializam a colaboração, tanto o professor quanto o aluno poderão criar novos fluxos de informação e conhecimento. Assim teremos, um modo de produção colaborativo, e uma educação como instrumento que propicia condições para a conquista da autonomia, orientada e organizada pelo professor, estruturam poder colaborativo e distribuído (Lund e Smordal, 2006). Neste contexto, temos a adoção do software livre como elemento estimulador e propiciador da introdução da cultura colaborativa.

Segundo Preto e Assis, (2008) “a colaboração e o trabalho em rede são características fundamentais do movimento software livre e, ao mesmo tempo, são princípios necessários para a educação, podendo a escola, também ela, assumir mais efetivamente essa perspectiva colaborativa a partir da intensificação de trabalhos coletivos e em rede. Com isso, intensifica-se uma perspectiva de produção permanente de novos conhecimentos, a partir das demandas dos próprios contextos, possibilitando, através das redes, a criação de uma malha de permuta e interação de alta sinergia, também essa de grande importância para a educação.

Nesta mesma linha argumentativa Schons (2008), diz que os wikis tornaram-se plataformas com enfâse para a interatividade e colaboração. Por isso, apostamos no trabalho com o wiki do Moodle, pois além de estarem amparados pelo princípio da colaboração como modo de produção em rede, são software livres. Para Tapscott & Williams (2007), plataformas para participação que dão condições para que mais pessoas se envolvam na identificação e resolução de problemas em suas comunidades, podem melhorar as condições de vida e estimular a democracia.

Diversos exemplos desenvolvidos (wikipédia, wikidicionário, wikibooks, Estúdio Livre) mostram como a capacidade de explorar plataformas abertas para gerar colaboração e criação de valores está se expandindo rapidamente, mas esses exemplos ainda não tem um modelo pedagógico que estimule a participação de alunos e professores. Por outro lado, o Moodle oferece a ferramenta de atividade wiki na qual professores e alunos podem colaborar na produção de recursos didáticos com um modelo pedagógico delimitado. Com isso, a inovação, colaboração

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e aperfeiçoamento do processo ensino-aprendizagem estará a ser alavancada, possibilitando expandir os recursos das TIC e, assim pode-se criar ciclos de ação- reflexão- ação que permitem reagir aos problemas de forma mais rápida e eficiente.

Ao estabelecer-se uma ação de formação mediada pelas TIC livres e por conhecimentos científico-tecnológicos, faz com que os envolvidos se sintam verdadeiros participantes do processo de produção colaborativa. Neste sentido, trabalhar com plataformas de colaboração e TIC livres como estratégias para aumentar a participação e alavancar novas formas de valor, a partir dos conhecimentos científico tecnológicos em rede, torna-se essencial no processo educativo. Schons (2008), considera os wikis “ferramentas ilimitadas para a prática colaborativa”, pois possibilitam a formação de novos espaços e formas de valores, ao permitirem a edição frequente de conteúdos, podendo os participantes modificarem a todo o momento textos, hipertextos, ou vídeos, aumentando a participação no processo produtivo de conteúdos. Assim, numa actividade wiki, ler e escrever, por exemplo são ações inseparáveis, pois a revisão da produção ocorre instantaneamente à leitura, ou seja, quem participa lendo, colabora produzindo. Neste contexto, ocorre a transformação do utilizador para a de produtor (criador/autor/colaborador), tornando o mesmo mais propenso à colaboração e a contribuir com a produção de todos, pois este não apenas consumirá conhecimento, mas também participará da criação colaborativa e e de partilha (Veira Pinto, 1979).

O MOODLE ENQUANTO PLATAFORMA COLABORATIVAO Moodle, designação de uma plataforma colaborativa, é o acrónimo de

Modular Object-Oriented Dynamic Learning Environment. O seu autor, Martin Dougiamas, em 1999, tendo como base uma perspectiva sócio-construtivista, pretendeu criar um ambiente virtual de aprendizagem facilitador da construção de espaços de trabalho, de comunicação e de colaboração.

Trata-se de um projeto baseado num software livre, de distribuição gratuita através da Internet e de tipo fonte aberta, encontrando-se em permanente evolução, na medida em que o programa vai sendo desenvolvido e aperfeiçoado com a colaboração da comunidade de utilizadores. Com o objetivo de corrigir os erros que vão sendo detectados e de introduzir novas funcionalidades, programadores em todo o mundo continuam a trabalhar para o aperfeiçoamento deste produto.

A sua utilização fácil, intuitiva e flexível permite a adaptação a uma enorme variedade de contextos educativos.

Esta plataforma tem já um enorme impacto a nível mundial. E utilizada em mais de 175 países e está traduzida em cerca de 70 línguas. Podendo ser utilizada por comunidades que mantêm ou não contacto presencial entre os seus membros, a participação pode revestir-se de contornos muito

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ricos e significativos. Mesmo as comunidades cujos membros sustentam práticas de trabalho colaborativo presencial, utilizam as tecnologias para partilhar documentos, manter contacto entre as reuniões ou enviar informações uns aos outros.

Atualmente, existem projectos que agregam a sua comunidade de participantes em torno da utilização do Moodle.

INSERÇÃO DE RECURSOS DIDÁTICOS EM PLATAFORMAS COLABORATIVAS – MOODLE

Como será analisado mais à frente, a utilização do ensino e-learning trás varias vantagens. No entanto, torna-se necessários que os seus utilizadores dominem um determinado conjunto de ferramentas por forma a conseguirem retirar o máximo proveito destas tecnologias.

Uma competência essencial neste domínio é a criação de recursos didáticos na plataforma colaborativa moodle. Ou melhor, a inserção de conteúdos em formatos digital para estas plataformas. Nesta matéria utiliza-se, com maior frequência as normas SORM. A norma SCORM (Sharable Content Object Reference Model) é um conjunto de especificações estandardizadas para criar e desenvolver o ensino em e-Learning e que garante a interacção, acessibilidade e reutilização de conteúdos.

O cumprimento da norma SCORM apresenta as seguintes vantagens:

• Portabilidade – Possibilidade de disponibilizar o conteúdo e, qualquer plataforma e-learning compatível com SCORM;

• Reutilização – Possibilidade de localizar e consultar objetos de aprendizagem incluindo lições, módulos, exercícios, atividades, media, etc. e reutilizar os mesmos no âmbito de outros cursos.

• Controlo da Performance – Possibilidade de registar informação acerca do formando e da sua actividade, incluindo pontuação, tempo despendido, etc...;

• Sequenciação – Possibilidade de combinar objectos de aprendizagem para suportar apresentação adaptativa do conteúdo com base em critérios como os objetivos, preferências e performance do formando.

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Converter apresentações em powerpoint para e-learningProduzir um curso e-Learning atrativo e interativo pode muitas

vezes tornar-se num processo complicado e demorado. Uma forma de simplificar todo este processo consiste em produzir o curso no Microsoft Office PowerPoint e de seguida exportar a apresentação para SCORM, um formato de compactação de conteúdos que permitirá que eles sejam integrados facilmente nas plataformas de e-Learning mais populares.

Existem no mercado várias ferramentas que convertem apresentações Power-Point em SCORM. Para além de converterem a apresentação, normalmente estas ferramentas permitem ainda inserir outros elementos como questionários, áudio, vídeo, entre outros.

Na tabela está uma lista com várias ferramentas deste tipo:

Wondershare PPT2Flash Pro

iSpringPresenter

Articulate Presenter

MicrosoftLearningEssentials

Insere questionários ✓ ✓ ✓ ×

Insere anotações × × ✓ ×

Insere jogoseducativos × × ✓ ×

Importa animações

Flash✓ ✓ ✓ ×

Importa anexos ✓ ✓ ✓ ×

Importa/grava vídeo × ✓ × ×

Importa/grava áudio ✓ ✓ ✓ ×

Formato Flash Flash Flash HTMLExporta para

SCORM ✓ ✓ ✓ ✓Gratuito × × × ✓

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COMUNIDADES VIRTUAIS NA INTERNETO termo comunidade virtual designa pessoas reunidas na Internet por

valores ou um interesse comuns (por exemplo uma paixão, um lazer ou um ofício). O objetivo da comunidade é criar valor a partir das trocas entre membros, por exemplo partilhando dicas, conselhos ou, muito simplesmente, debatendo um assunto.

A criação de uma comunidade virtual pode ser benéfica para um website, porque cria um sentimento de pertença nos membros e permite fazer evoluir o site numa diligência participativa.

Além disso, uma comunidade de utilizadores de dimensão importante pode valorizar a imagem do site, porque fornece um forte capital de simpatia e cria um sentimento de confiança no usuário da internet .

No entanto, se o perímetro da comunidade não for definido correctamente, podem aparecer cisões e cristalização de frustrações. A comunidade corre então o risco de produzir o efeito oposto do desejado, ou seja, veicular uma imagem negativa.

LimitesA comunidade constrói-se graças a uma apropriação do espaço de

discussão ou de todo o site pelos membros. No entanto, este fenómeno de apropriação pode constituir um travão à mudança, porque a mais pequena modificação do site pode provocar uma onda de contribuições contraditórias, o que não é necessariamente simples de gerir.

CriaçãoAssim, a criação de uma comunidade deve ser objecto de uma

reflexão prévia, permitindo delimitar os seus objectivos. E necessário, nomeadamente, que o tema unificador da comunidade seja complementar aos objectivos do site. Um site de ferramentas terá, por exemplo, todo o interesse em criar uma comunidade de amantes e bricolagem.

Além disso, é desejável prever inicialmente uma política de animação, para enquadrar as trocas entre membros.

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NOVAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO

A formação conhece, como todas as áreas de atuação das sociedades atuais, inovações diárias no que diz respeito às novas tecnologias. Assistimos, hoje-em-dia à criação de novos equipamentos cada vez mais capazes, mais rápidos, com maior capacidade de armazenamento, a preços cada vez mais competitivos.

São várias as tecnologias utilizadas em formação, sendo a Internet a mais utilizada.

Assim, procuramos apresentar as principais características da Internet, aplicada à formação.

Ou seja, identificar as principais tecnologias utilizadas na formação à distância; reconhecer as principais vantagens decorrentes da utilização das novas tecnologias na formação; identificar os pontos fortes e os pontos fracos da utilização da Internet nos sistemas de formação a distância; e identificar as técnicas utilizadas na realização de conferências à distância.

INTERNET

Abreviatura do conceito “internetwork system” – sistema de inter-conexão de redes de comunicação. E constituída por milhares de redes de âmbito internacional e nacional, onde se comunica através de uma linguagem comum, normalmente designada de protocolo comum (IP - Internet Protocol).

Atualmente, falar em novas tecnologias, é desde logo falar em Internet e em todas as suas ferramentas. A Internet tem hoje um peso fundamental na sociedade, é hoje, a par com a Televisão, o meio de comunicação mais utilizado.

Muito mais que um meio, hoje, é uma ferramenta indispensável em todos os setores de atividade. Permite comunicar, investigar, orientar, organizar conteúdos e informações a centenas de quilómetros, sem qualquer presença física, possibilita ainda aprendizagem à distância.

No contexto formativo, a Internet tem contribuído para o desenvolvimento de uma nova modalidade de formação – a formação à distância/ e-learning/ formação on-line.

O formando é responsável pelo seu ritmo de aprendizagem, sendo um elemento responsável e ativo.

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ORIGEM E EVOLUÇÃO DA INTERNETO primeiro esboço, se assim lhe podemos chamar, da Internet nasceu

em 1969, de um projecto do Ministério da Defesa dos Estados Unidos da América (EUA). Chamava-se ARPANET e tinha como objectivo a interligação de computadores utilizados em centros de investigação com fins militares.

Após a sua apresentação pública em 1972, e do estabelecimento das primeiras ligações internacionais um ano depois, a ARPANET continuou a crescer, paulatinamente, durante os anos 70 mas, por razões de segurança, continuava a ser uma rede estritamente controlada pelos militares e inacessível a largos setores da comunidade académica internacional e dos EUA.

E foi no início dos anos 80, mais precisamente em 1983, com a adopção dos protocolos TCP/IP na ARPANET (da qual se separou a componente estritamente militar formando a MILNET), a criação da CSNet (Computer Science Network) e a

sua ligação à ARPANET, que surgiu a verdadeira Internet nos moldes em que a conhecemos actualmente.

Ao longo dos anos 80, o ritmo de crescimento da Internet foi-se acelerando, tornando necessária a existência e funcionamento de estruturas de coordenação e cooperação entre um número, cada vez maior, de redes e operadores que a integravam. Assim, logo em 1983, foi criado o Internet Activities Board (IAB, agora designado Internet Architecture Board), dentro do qual se criariam, em 1989, o Internet Engineering Task Force (IETF) e o Internet Research Task Force (IRTF). Na década de 80 são ainda de destacar a criação da EUnet (European UNIX Network) em 1982, da EARN (European Academic and Research Network) em 1983 e da NSFNET (rede académica americana, responsável pela expansão das ligações das universidades à Internet) em 1986.

No final da década de 80 (1989) a Internet ultrapassava já os 100000 hosts (máquinas com ligação directa à Internet). Mas é nesta primeira metade da década de 90 que, com o desenvolvimento de novos serviços mais eficientes (como o Gopher e o WWW), se regista o verdadeiro boom da Internet. No início de 1996 a Internet devia contar com cerca de 9 500 000 de hosts e mais de 30 milhões de utilizadores (39 milhões de utilizadores de correio electrónico e 26 milhões de utilizadores do conjunto de serviços Internet, segundo o Third MIDS Internet Demographic Survey, de Outubro de 1995).

Nestes últimos anos merecem destaque a aprovação nos Estados Unidos de medidas tendentes à criação das chamadas auto-estradas da informação em 1991 (HPCA – High Performance Computing Act) e 1993 (NIIAA

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– National Information Infrastructure Agenda for Action), a divulgação da World Wide Web pelo CERN e criação da ISOC (integrando o IAB) em 1992, a proliferação de ligações de empresas e organizações públicas à Internet, o desenvolvimento do comércio virtual, das emissões de rádio (ciberestações) e de diversas outras formas de comunicação interpessoal na Internet, a realização da reunião cimeira do G7 (Grupo dos sete países mais ricos do mundo), em Fevereiro de 1995, sobre o futuro da sociedade da informação.

PESQUISA E NAVEGAÇÃO NA INTERNETPara poder navegar na Internet é necessário dispor de um navegador

(browser). Existem diversos programas deste tipo, sendo os mais conhecidos na atualidade, o Microsoft Internet Explorer, Mozilla Firefox, Google Chrone entre outros. Os navegadores permitem, portanto, que os utilizadores da rede acedam a páginas WEB de qualquer parte do mundo e que enviem ou recebam mensagens do correio eletrónico. Atualmente, devido à magnitude da rede existem dispositivos especiais de localização de informações normalmente designados de motores de busca. Os mais conhecidos são o Google, Yahoo! e Ask.com. Há também outros serviços disponíveis na rede, como transferência de arquivos entre utilizadores (download), teleconferência em tempo real (videoconferência), que desenvolveremos mais à frente.

O SISTEMA DE E-LEARNING NASOCIEDADE DO CONHECIMENTO

As sociedades modernas e os políticos que as governam têm prestado uma atenção crescente aos fenómenos da Educação, pois é consensual a ideia de que uma sociedade será tanto mais próspera e desenvolvida quanto mais eficaz for o seu sistema de ensino-aprendizagem, ou por outras palavras o seu Sistema de Ensino.

Esta evolução é notória se observarmos que na Sociedade Industrial era apenas exigido ao indivíduo os atos de saber ler, escrever e contar. Estas competências eram suficientes para a integração profissional, sendo por isso a base da aprendizagem formal e informal.

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Sem embargo, com o surgimento das novas tecnologias de informação e comunicação passou a existir um fluxo de informação nunca antes visto entre os seus utilizadores. Deparámo-nos, então, com uma nova realidade

que traz até nós todo o tipo de informação que necessitamos, de uma forma nunca antes vista. Esta evolução provocou, igualmente, uma necessidade nas sociedades em evolução. Dotar os indivíduos de competências que lhes permitam retirar as vantagens das novas tecnologias, nomeadamente o Conhecimento.

O próximo passo foi utilizar a Informação e o Conhecimento aplicado no dia-a-dia dos

cidadãos e das empresas. Esta transição foi rápida e eficaz de tal forma que a competitividade das economias modernas passa essencialmente pela respetiva capacidade de se tornarem cada vez mais dependentes do conhecimento.

E-LEARNING: DEFINIÇÃO E CONSIDERAÇÕES

E-learning é normalmente utilizado como um sinónimo de formação à distância via Internet.

E um tipo de aprendizagem na qual a informação e o material de estudo se encontram disponíveis na Internet. Para aceder a esse material (aulas, documentos de apoio, testes, etc.), é necessário um computador (ou outro equipamento com funções similares, por exemplo, um PDA), ligação à Internet e software de navegação na Web.

O e-learning caracteriza-se pela mobilidade do ensino, podendo o aluno e o formador estarem separados por milhares de quilómetros. O aluno poderá aceder às aulas onde quer que esteja – desde que exista ligação à Internet – sem necessidade de estar presente numa sala de aula.

Além disso, o e-learning é também uma forma de ensino com maior versatilidade. Os materiais de ensino estão disponíveis na Internet e, como tal, podem ser alterados, corrigidos e actualizados pelo autor ou pelo formador com rapidez e facilidade. E isto permite ao aluno aceder a informação mais recente e mais atual.

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Entre as muitas definições publicadas nos últimos anos, seleccionamos quatro, que poderão resumir o que é o e-learning, nas suas diferentes vertentes.

Uma das definições mais comuns é mencionada em E-Learning - O Papel dos Sistemas de Gestão da Aprendizagem na Europa, Vários autores, Lisboa, Inofor, 2002, e concentra-se no aspecto de distribuição da informação através da Internet.

Na definição de José Machado, na obra E-learning em Portugal (José Machado, E-Learning em Portugal, Lisboa, FCA, 2001) o e-learning é definido como:

O e-learning é definido como o tipo de aprendizagem interativa, no qual o conteúdo de aprendizagem se encontra disponível on-line, estando assegurado o feedback automático das actividades de aprendizagem do aluno. A comunicação on-line em tempo real poderá ou não estar incluída, contudo, a tónica de e-learning centra-se mais no conteúdo da aprendizagem do que na comunicação entre alunos e tutores.

Já o norueguês Morten Flat Paulsen acentua a importância de outros veículos de distribuição da informação. Para ele, o e-learning não se baseia apenas na formação através da Internet, mas também por outros canais.

A utilização das tecnologias de internet para fornecer a distância um conjunto de soluções para o aperfeiçoamento ou aquisição de conhecimentos e da aplicabilidade dos mesmos, com resultado na vida de cada um.

No mesmo sentido, Jim Devine, Director do Institute of Art, Design & Technology Dun Laoghaire, na Irlanda, prefere associar o e-learning a uma nova forma de estar na vida, baseada num ambiente tecnológico que se caracteriza pela instantaneidade. Por exemplo, das compras via Internet, a banca on-line ou das mensagens instantâneas.

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“Com certeza, o e-learning não é mais do que uma manifestação do que podemos chamar de e-vida [...] Nesse sentido, devemos começar por tentar perceber a dimensão sociocultural do nosso mundo tecnológico, particularmente o sentido do imediato e de presença que assimilamos através de dispositivos de comunicação ubíquos”,

Jim Devine (in site e-learningeuropa.Info).“E-learning: abrange um vasto conjunto de aplicações e processos, como

a aprendizagem baseada na web, aprendizagem baseada no computador, salas de aula virtuais e colaboração digital. Inclui a disponibilização de conteúdos através da internet, intra-net/extranet (lan/wan), cassetes áudio e vídeo, transmissão por satélite, tv interactiva e cd-rom”

Morten Flat Paulsen in e-learning - O papel dos sistemas de gestão da aprendizagem na europa, vários autores, Lisboa, Inofor, 2002.

AS VANTAGENS DO E-LEARNING

O e-learning é um dos modelos de formação com maior potencial de crescimento, sendo, provavelmente, aquele que oferece um maior número de vantagens aos seus utilizadores.

Em todas elas é evidente que a tecnologia introduz um valor acrescentado na formação, possibilitando melhorias ao nível da consistência relativamente à formação tradicional.

FACILIDADE DE ACESSOAprender em qualquer lugar e em qualquer altura, é talvez uma

das expressões que melhor caracteriza o e-learning. Sobretudo, pela liberdade que é dada aos formandos ao longo da sua aprendizagem.

O e-learning é baseado na Internet, permitindo que o formando possa aceder ao conteúdo dos cursos, onde quer que ele se encontre, seja em casa, no escritório, num

quarto de hotel, em viagem, ou mesmo num lugar remoto do planeta.

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Para isso, é apenas necessário que disponha de uma ferramenta básica: um computador com uma ligação à Internet e de um programa de navegação.

Isto representa uma ruptura com o conceito tradicional de sala de aula. Em vez de um espaço fechado, entre quatro paredes, com um formador ou professor e um conjunto de alunos à sua frente, passamos a ter um espaço de aprendizagem amplo, do tamanho do mundo, que está situado onde o aluno pretender.

SIMPLICIDADE DE UTILIZAÇÃOFrequentar um curso ou qualquer outra ação de formação através da

Internet é algo extraordinariamente simples. Tão simples como utilizar qualquer outro serviço a que recorremos diariamente na Internet, seja a consulta do e-mail ou em sites de informação e entretenimento.

Para entrar no mundo do e-learning basta possuir alguns conhecimentos essenciais de informática (saber usar um computador) e de Internet (saber navegar). São conhecimentos que entram cada vez mais cedo nas nossas vidas e, para uma grande parte das pessoas, faz parte do seu quotidiano. Usar um computador e a Internet é tão natural como ler um livro, tirar apontamentos numa aula ou fazer um teste escrito. Hoje em dia já fazemos transferências bancárias na Internet, compramos em lojas on-line e temos consultas médicas por videoconferência. Com o ensino acontece a mesma coisa.

DESFRAGMENTAÇÃO DE CONTEÚDOSNa formação à distância, através da Internet, o conteúdo dos cursos

está dividido em unidades mais pequenas, que podemos designar de módulos. Esta divisão permite ao formando frequentar apenas a parte do curso que lhe interessa, sem ser obrigado a frequentar todo o curso até ao fim. E esta Desfragmentação de Conteúdos que faz do e-learning a ferramenta de aprendizagem mais adequada às exigências profissionais dos nossos dias: formação mais completa e em menos tempo.

Além disso, a distribuição dos conteúdos em unidades menores, contribui para elevados níveis de aprendizagem, uma vez que o aluno concentra-se apenas em conteúdos específicos e não se dispersa em matérias mais abrangentes, das quais apenas lhe interessa uma parte.

EFICÁCIAO e-learning revela-se como a opção de formação mais eficaz em

diversos aspetos, apresentando um conjunto de vantagens relativamente a outros tipos de formação. Um dos factores mais relevantes, ao nível da eficácia, é a formação personalizada, que possibilita uma maior retenção dos materiais de estudo, por parte do aluno.

Os formandos podem manter o seu próprio ritmo de aprendizagem e frequentar os cursos de acordo com as suas necessidades ou interesses.

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Desta forma, consegue-se que os alunos aumentem a percepção dos conteúdos dos cursos. O ensino é direccionado para o aluno, que deixa de ser meramente um participante passivo, ganhando a sua participação um carácter mais ativo.

E ao aluno que passam a caber tarefas como pesquisar informação, organizar os materiais e mesmo seleccionar os módulos de ensino em que quer participar. Ao nível da própria organização do ensino, o e-learning revela-se a solução mais eficaz. E que, a partir do registo histórico de aprendizagem do formando e da análise da sua evolução em cursos anteriores, é possível avaliar o grau de eficácia da aprendizagem e definir as soluções mais indicadas para o aluno melhorar o seu desempenho. Com base no seu perfil e historial, é possível estabelecer um nível de conhecimentos do aluno. E a partir desse nível, poderá ser trabalhada a informação, de modo a adaptar os cursos às necessidades do aluno.

O próprio formando poderá personalizar cada curso em função das suas necessidades específicas de aprendizagem. Este método de trabalho permite um impacto mais eficaz da aprendizagem, bem como um índice mais elevado de retenção de conhecimentos.

ECONOMIAUma das maiores vantagens do recurso ao e-learning é a economia

substancial de custos. As empresas são as principais beneficiadas, em primeiro lugar porque

reduzem drasticamente os encargos na deslocação – viagens e alojamento – de profissionais e formadores para acções que levam, por vezes, vários dias.

Com o e-learning os trabalhadores poderão aceder aos conteúdos dos cursos a partir do seu escritório ou num espaço determinado para o efeito, nas instalações da empresa. Desse modo diminui-se drasticamente o número de horas em que eles se afastam do local de trabalho, interrompendo as suas funções, com os custos que isso implica para a produtividade da empresa.

A formação poderá ser feita no próprio local de trabalho, num período de tempo diário ou semanal que é reservado para frequentar cursos.

O e-learning possibilita às empresas estruturarem os cursos com sessões curtas e prolongados por várias semanas, permitindo que os trabalhadores possam dedicar-se às suas responsabilidades diárias, sem terem que despender um ou mais dias exclusivamente em formação.

As vantagens são ainda mais evidentes quando se trata de empresas e organizações de grande envergadura, com delegações em vários pontos do país, ou mesmo multinacionais, com escritórios e unidades fabris espalhadas pelo planeta.

Com o e-learning, as multinacionais podem dar formação ao mesmo tempo a um número ilimitado de colaboradores, situados em diferentes

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continentes. Nesse caso, o e-learning é não só uma vantagem empresarial, mas um factor vital que poderá determinar o sucesso da empresa, dado que os níveis de competitividade exigidos actualmente pelo mercado não se compadecem com processos lentos, ao nível da formação.

Por exemplo, o lançamento de um novo produto obriga a empresa a transmitir a informação rápida e eficazmente pelos seus colaboradores. Alguns deles, como os comerciais, precisarão de formação rigorosa já que serão eles que seguem na linha da frente para apresentar o produto ao mercado.

Neste âmbito, podemos igualmente destacar um factor de massificação. Em determinadas situações, as empresas têm necessidade de formar muitas pessoas em pouco tempo.

ATUALIZAÇÃO DE CONTEÚDOSO e-learning utiliza sistemas de gestão de conteúdos que permitem

a atualização da informação em qualquer momento, de forma rápida e simples. Desse modo, os materiais de ensino estão permanentemente atualizados, com a informação mais recente e com os conteúdos mais atuais.

Os formandos dispõem, assim, de acesso a informação atualizada, sem necessidade de aprenderem com o apoio de manuais que se tornam desatualizados e que precisam de ser substituídos regularmente, com todos os encargos e incómodos que isso acarreta.

E como se estivéssemos a estudar em livros que se atualizam a cada momento, onde os conteúdos são enriquecidos sempre que necessário.

No mercado empresarial, a atualização rápida de conteúdos revela-se fundamental, por exemplo, no que diz respeito à adaptação geográfica de conteúdos. Uma multinacional pode adaptar os conteúdos às realidades locais das suas filiais, localizadas noutros países, com custos operacionais substancialmente mais baixos.

INTERAÇÃO E INTERATIVIDADEAo contrário daquilo que se possa pensar, o e-learning não se resume a

um conjunto de pessoas em frente ao computador, a frequentarem cursos, de forma isolada e sem qualquer contacto com outros alunos.

Na verdade, a formação à distância via Internet proporciona um conjunto de interações entre os formandos, que por vezes ultrapassa largamente a interatividade da própria formação presencial.

As plataformas de e-learning usadas incluem ferramentas destinadas a criar um ambiente interativo on-line. Existem ferramentas para estabelecer o contacto entre formandos, como as salas de Chat, onde os formandos podem dialogar uns com os outros em tempo real, através de mensagens escritas; os fóruns, onde são publicadas mensagens de

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formandos e formadores (por exemplo, com questões sobre determinadas matérias dos cursos); o e-mail; e as salas de aula virtuais, que incluem vários dispositivos eletrónicos que simulam o ambiente de sala de aula no monitor do PC. O e-learning inclui outras ferramentas para reforçar a interação entre os alunos, tais como os relatórios, demonstrações, simulações, grupos de discussão, equipas de projeto, sugestões, tutorias.

A interatividade dos conteúdos é outro factor que contribui favoravelmente para uma maior eficácia do e-learning. Para isso é fundamental o uso de conteúdos dinâmicos, com recursos multimédia, nomeadamente, animações flash, registos áudio e vídeo, formulários interativos, entre outros.

Por todos estes factores, o e-learning caracteriza-se pela interação entre formandos baseada em grupos de menor dimensão, o que cria condições para um raciocínio mais crítico em comparação com o chamado ensino presencial.

AS DESVANTAGENS DO E-LEARNING

Em contraste com o conjunto de vantagens atrás enumeradas, analisaremos agora com uma série de factores menos positivos que surgem associados ao e-learning. São elementos de ordem técnica, pedagógica, de conjuntura de mercado, ou mesmo fundamentados em preconceitos que pouco ou nada correspondem à realidade.

Tendo em consideração que estes factores não implicam perdas significativas de qualidade ou eficácia em todo o processo de formação, não pode falar-se propriamente em desvantagens, mas antes em dificuldades ou obstáculos que o e-learning enfrenta no seu processo de desenvolvimento.

Contudo, uma análise atenta permite-nos concluir que não será difícil ultrapassar uma boa parte desses obstáculos que se colocam à formação on-line.

FACTORES TECNICOS Segurança dos acessosA segurança dos acessos à Internet é um dos factores técnicos que cria

maiores obstáculos ao desenvolvimento do e-learning. A segurança nas ligações é um factor a ter em conta, dado o receio, por parte do utilizador, de que terceiros possam aceder remotamente ao seu computador.

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Contudo, não é um certo que possa ser associado ao e-learning, uma vez que as empresas que operam neste mercado utilizam sofisticados sistemas de segurança, que detectam qualquer ameaça de vírus ou outras ameaças informáticas.

Nas empresas, o problema é de outra ordem. Em muitos casos, são os administradores de sistemas quem se opõe à implementação de soluções de e-learning.

Em causa estão questões relacionadas com a incompatibilidade das ferramentas de e-learning com programas essenciais ao funcionamento da rede da empresa. São ainda mencionados problemas de programação, que poderão afetar a arquitectura dos sistemas.

Atualmente estes problemas estão ultrapassados, visto que o e-learning utiliza como base a Internet. Esta é baseada num conjunto de protocolos que são standard, o que facilita o acesso aos conteúdos.

FACTORES PEDAGÓGICOS Sobrevalorização dos aspetos tecnológicosUm dos maiores obstáculos que o e-learning enfrentou logo no seu

arranque, foi a desvalorização do elemento pedagógico, em contraste com um destaque excessivo atribuído aos factores técnicos. Na maioria dos serviços de e-learning, a arquitectura dos sistemas não permitia grande agilidade ao nível dos conteúdos. Por vezes não era possível criar conteúdos multimédia nem utilizar ferramentas que pudessem favorecer a interacção entre os alunos. O resultado foi uma perda de confiança por parte dos alunos do e-learning, descontentes com esta nova forma de aprendizagem. A recuperação da confiança do cliente é uma das prioridades das empresas que atualmente operam no mercado de e-learning. Para isso têm reforçado o investimento na área pedagógica.

Só muito recentemente o mercado acordou para a importância destes profissionais, especialistas em imagem, que ajudam a complementar, de forma visual, o aspecto eletrónico da aprendizagem.

AvaliaçãoNo e-learning existem lacunas na avaliação dos formandos. Falta criar

um sistema mais eficiente para avaliar os alunos, de forma a ultrapassar as dificuldades atualmente existentes nesta etapa decisiva do processo de aprendizagem.

Um dos problemas que se coloca em primeiro lugar é como garantir que os testes de avaliação são feitos realmente pelo formando e não por uma outra pessoa (amigo ou familiar). Ou mesmo, que o aluno não copiou por outro colega de curso ou descobriu as respostas num dos milhões de sites que se descobrem em poucos segundos num motor de pesquisa como o Google.

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Dado que os cursos são realizados integralmente através da Internet, não há qualquer hipótese de confirmar com exatidão quem e como fez realmente os testes de avaliação. Da mesma forma que, num modelo de avaliação contínua, não é possível confirmar que o aluno frequentou todos os módulos necessários para obter aproveitamento.

Poderão sugerir-se todo o tipo de soluções de ordem tecnológica, mas a única forma de contornar este obstáculo é a introdução de uma componente presencial no e-learning.

Como foi mencionado na unidade anterior, este modelo misto (on-line e presencial) é definido como b-learning e está a ser adoptado por universidades e empresas, com resultados satisfatórios, precisamente ao nível da avaliação.

Falta de conteúdos de qualidadeAtualmente, faltam no e-learning conteúdos com qualidade, elaborados

por entidades de valor educativo inquestionável e que ofereçam aos alunos todas as garantias de formação ao mais alto nível.

Há ainda no mercado um número considerável de cursos on-line que mais não são do que a transposição para a Internet de cursos da chamada formação convencional.

Esta é uma prática completamente errada, do ponto de vista da aprendizagem, dado que é feita apenas a adaptação dos conteúdos dos cursos para suportes eletrónicos sem haver qualquer preocupação com a especificidade do ensino a distância através da Internet.

Para que atinjam os seus objetivos, os cursos e-learning deverão ser concebidos de raíz para uma realidade eletrónica, com todos os recursos on-line que poderão potenciar ao máximo a eficácia do e-learning.

A certificação dos fornecedores poderá contribuir para a melhoria de qualidade dos conteúdos. São impostas exigências aos prestadores de serviços de e-learning, que terão que ser cumpridas, sob pena de verem a certificação negada.

UM PRODUTO MERAMENTE TECNOLÓGICOOutro preconceito associado ao e-learning é que se trata exclusivamente

de um produto tecnológico, desenvolvido por empresas que se dedicam às áreas de programação ou web-design e que não têm quaisquer preocupações no que diz respeito à qualidade de ensino.

Por vezes há a convicção de que a forma como explodiu o mercado tecnológico nos finais do século XX, terá criado espaço neste mercado para empresas mais dotadas tecnologicamente, mas muito pouco

credíveis do ponto de vista pedagógico.

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O receio reside no facto de estas empresas poderem lançar produtos de formação de qualidade duvidosa, ludibriando o consumidor. Aliado a esse receio, há também um conjunto de más experiências de ensino registadas no arranque da aprendizagem via Internet, que defraudaram os utilizadores e que levaram a uma certa falta de confiança no e-learning.

A solução para ultrapassar este obstáculo passa por uma maior aposta na certificação por parte dos fornecedores de serviços de e-learning – a existência de um certificado que devolva a confiança ao consumidor.

APRENDIZAGEM SOLITÁRIAQuando alguém frequenta um curso a distância via Internet tem,

por vezes, a ideia – errada – de que está a frequentar o curso sozinho e que o e-learning é uma forma de ensino tendencialmente solitária e sem qualquer contacto com outros formandos ou com o formador.

Na verdade, o e-learning permite que um número ilimitado de alunos possa frequentar o mesmo curso ao mesmo tempo, onde quer que esteja.

Além disso, a generalidade das plataformas de e-learning utilizadas para a gestão dos cursos on-line inclui diversas ferramentas que permitem aos alunos entrarem em contacto uns com os outros.

As salas de aulas virtuais, os fóruns e os chats são meios privilegiados para os formandos trocarem ideias e impressões sobre os conteúdos dos cursos e faze-rem um intercâmbio de experiências, enriquecendo todo o processo de aprendizagem, algo que muitas vezes não é feito no ensino tradicional.

Os alunos têm, igualmente, ferramentas que possibilitam o contacto com os formadores, podendo assim esclarecer questões ou pedir explicações sobre determinados assuntos abordados nos cursos.

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BLENDED LEARNING

O Blended Learning, também designado de b-learning, é um modelo de formação misto, que inclui uma componente on-line e uma outra presencial.

Não pode dizer-se que é uma variação do e-learning, mas antes um modelo de características próprias, que abrange as melhores componentes do ensino à distância e presencial.

O b-learning pode, assim, ser definido como uma forma de distribuição do conhecimento que reconhece os benefícios de disponibilizar parte da formação on-line, mas que, por outro lado, admite o recurso parcial a um formato de ensino que privilegie a aprendizagem do aluno, integrado num grupo de alunos, reunidos em sala de aula com um formador ou professor.

Pelas suas características específicas, existe a convicção de que o b-learning poderá ser a resposta para ao dilema do e-learning como alternativa ou complemento ao ensino presencial.

E ponto assente que o e-learning traz importantes mais-valias à aprendizagem e poderá influenciar positivamente o atual sistema de

ensino, que é ainda baseado na componente presencial.

Mas, por outro lado, é questionável que o e-learning possa substituir por completo esse ensino tradicional em todas as situações. Aliás, o facto de ter sido muitas vezes apresentado como uma solução milagrosa que surge para ocupar o lugar de um sistema de ensino obsoleto, poderá ter

prejudicado a entrada do e-learning no ensino superior.Neste sentido, várias correntes de opinião admitem que a solução mais

indicada será a complementaridade entre as duas vertentes do ensino (on-line e presencial). Ou seja, um processo integrado de aprendizagem que junta o melhor de ambas as vertentes.

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1.

2.

3.

O PAPEL E FUNÇÕES DO E-FORMADOR E E-MODERADOR

Tal como no ensino presencial, o formador num curso em e-learning tem de actuar como organizador e facilitador da participação dos formandos, usando um conjunto de estratégias pedagógicas necessárias para lhes assegurar uma experiência de aprendizagem enriquecedora.

O e-formador tem de promover, estimular, orientar e apoiar as interacções que ocorrem no processo de formação e que, de acordo com Mason (1998), tem três dimensões:

• interação entre formando e formador; • interação entre formando e conteúdos• interação entre formandos

No contexto do e-learning, alguns autores acrescentam um quarto tipo de interação:

• interação entre o formando e a interface ou plataforma.

Collison et al. (2000) dividem o papel do e-formador (que designam por e-moderator) em três categorias:

“Guia não participante” (Guide on the Side): abordagem seme-

lhante à dos seminários, com o e-formador a dirigir e conduzir múltiplas discussões que decorrem entre os estudantes, mas contendo-se a participar em demasiadas interações diretas.

Instrutor ou líder de projeto: como facilitadores de cursos online, os e- formadores desempenham um papel instrutivo,

devem fornecer feedback, orientar e definir as regras das interações.

Líder do processo de grupo: o e-formador deve promover a participação de todos nas discussões, guiando-as e focando-as em

linhas construtivas.

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4.

3.

1.

2.

Por seu lado Berge (1995), classifica a intervenção dos moderadores em quatro áreas:

Pedagógica (intelectual) – como facilitador educacional, o moderador usa vários métodos para focar a discussão nos

conceitos, princípios e competências essenciais;

Social – é essencial criar um ambiente amigável, que promova aprendizagem, através do incentivo às relações humanas,

desenvolvendo o trabalho e a coesão do grupo.

Gestão (organizativa, administrativa) – esta área envolve o estabelecimento da agenda, objectivos, calendários, regras de

participação e procedimentos, etc.

Técnica – O moderador tem de fazer com que os participantes se sintam confortáveis com a utilização do software que está a ser

usado. O objetivo último do formador é fazer com que a tecnologia seja transparente para o formando.

Para poderem desempenhar a variedade das funções atrás referidas, os e-formadores devem possuir um conjunto de características pessoais, e capacidades e competências pedagógicas, tecnológicas e comunicacionais.

Hywel Thomas da Training Foundation, referido em Shepherd (2003), tentou sintetizar, numa mnemónica de 4 P’s, as qualidades que os e-formadores devem possuir:

Positivo – Estabelecer ligações, gerar entusiasmo, manter interesse, e ajudar nas dificuldades;

Proativo – Fazer acontecer, ser um catalisador (quando necessário), identificar quando é necessário agir e fazê-lo;

Paciente – Compreender as necessidades de cada um dos formandos e do grupo e ter a flexibilidade de ajustar o curso, na medida do possível, a essas necessidades;

Persistente – Manter o foco no essencial, impedindo os formandos de se afastarem, e resolverem os problemas técnicos ou de outra natureza.

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FERRAMENTAS E ESTRATÉGIAS DE COMUNICAÇÃO

No âmbito de e-learning, as ferramentas e estratégias comunicacionais disponíveis para promover uma aprendizagem activa e aumentar a interação entre formandos, formadores e conteúdos, podem classificar-se em síncronas ou assíncronas.

COMUNICAÇÃO E FORMAÇÃO SÍNCRONANo caso da comunicação síncrona, como o próprio nome indica, existe

simultaneidade na interacção entre os seus participantes. As formas de comunicação síncrona, também conhecidas por conferência, podem basear-se apenas na utilização de texto, sendo geralmente designadas por chat, ou também na utilização de áudio e vídeo, caso em que serão designadas por audioconferência ou videoconferência.

ChatAs ferramentas de comunicação síncrona mais utilizadas no âmbito

do e-learning são seguramente as conferências baseadas em texto, comummente designadas por chats. O que não é de estranhar dado o uso generalizado de chats e instant messengers na Internet, sobretudo pelas mais novas gerações.

A comunicação síncrona, através de conferências baseadas em texto, pode ser usada com grande vantagem no e-learning. Como notaram Murphy & Collins (1998), os chats no contexto educativo parecem permitir um sentido de proximidade e presença comunicativa que muitas vezes falta na comunicação assíncrona eletrónica. O diálogo síncrono, se for devidamente estruturado, pode dar um importante contributo para reduzir a distância transacional.

O estímulo de contactar com outros em tempo real, o desenvolvimento de um sentido de presença e pertença social, promove o envolvimento e o comprometimento, que são fundamentais para a formação de uma autêntica comunidade entre os participantes de um curso em regime de e-learning.

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Para além da dimensão social e da proximidade entre os participantes, a utilização de chat no e-learning apresenta ainda diversas outras potenciais vantagens, que aqui procuramos sintetizar:

• Permite o contacto direto e imediato com o(s) formador(es), para fornecer feedback e resposta às perguntas dos formandos;

• Permite o contacto direto entre dois ou mais formandos, de onde podem surgir comentários, orientações e conselhos úteis;

• Promove a espontaneidade, que pode ser fundamental em determinadas circunstâncias;

• Simula o ambiente de sala de aula, que será familiar para a maioria dos formandos;

Apesar das vantagens atrás enunciadas, a utilização do chat no âmbito de um curso em e-learning tem de ser devidamente avaliada e planeada, tendo bem presente que as conferências síncronas baseadas em texto apresentam também várias desvantagens e limitações. A primeira, e mais óbvia, é que, sendo baseados em texto, que deve ser escrito com rapidez no teclado de um computador, os chats são extremamente penalizadores para pessoas com menor capacidade de expressão escrita, ou com pouca destreza na utilização de teclados.

Uma segunda limitação dos chats relaciona-se com a sua outra característica essencial, ou seja, serem síncronos. De facto, a obrigatoriedade de estar online num determinado momento pode constituir uma dificuldade para muitos for-mandos, reduzindo uma das vantagens do e-learning, que é precisamente a flexibilidade de tempo e espaço.

Para além destas duas limitações fundamentais, podemos apontar ainda uma terceira área de problemas e desvantagens na utilização do chat no e-learning. Referimo-nos às características da comunicação no decurso de uma sessão de chat. Como saberão todos os que já participaram em sessões de chat em grupo, especialmente em grandes grupos, o decurso da conversa pode facilmente tornar-se caótico: múltiplos assuntos discutidos em simultâneo, perguntas que ficam sem resposta, comentários ou respostas que perderam o sentido, em consequência dos contributos dos outros participantes enquanto o seu autor os escrevia, podem transformar uma sessão de chat numa intensa cacofonia.

Por tudo isto, o planeamento antecipado, a decisão quanto à moderação (quem modera e de que forma), são fundamentais para garantir o sucesso das sessões de chat, e assegurar que se atingem os objetivos da sua utilização no enquadramento do curso em que se realizam.

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Áudio e vídeo conferênciaPara além da comunicação baseada em texto, a interação síncrona

entre os participantes de um curso em regime de e-learning pode efetuar-se também com recurso à áudio e videoconferência.

Existem óbvias vantagens do uso destas formas de conferência, por comparação com as conferências de texto (chats). Para além de outras, a utilização conjugada de informação verbal e visual, o valor acrescentado da entoação, ritmo e inflexão no discurso, e também da expressão facial e corporal (no caso da videoconferência), são uma mais-valia.

Sem embargo, antes de planear a utilização de áudio ou videoconferência é necessário determinar se existem as condições técnicas para que elas possam decorrer com uma qualidade aceitável. Isto significa que terá de se certificar que os alunos possuem os equipamentos e o acesso à rede adequados, e que os sistemas de áudio e videoconferência e/ou a plataforma de e-learning que pretende utilizar, funcionam corretamente, e com bom desempenho (por exemplo, pode existir limitação ao número de utilizadores simultâneos).

Para além das questões técnicas, é necessário concentrar a atenção nos aspectos pedagógicos do uso de conferências com áudio e vídeo. Tal como nas conferências de texto, o fundamental é planear e preparar as sessões, definindo claramente os seus objetivos, o tópico, o formato e a duração.

Se pretender realizar conferências multiponto interativas, deve lembrar-se que todos nós estamos habituados a ser espetadores de televisão e ouvintes de rádio, e para evitar que os formandos adotem a postura habitual de espetadores ou ouvintes é necessário que o formador use estratégias que estimulem a participação.

COMUNICAÇÃO E FORMAÇÃO ASSÍNCRONAAs formas de comunicação assíncrona, ou seja que decorrem de forma

intermitente e com diferença temporal entre os participantes, são as mais antigas formas de comunicação no ensino à distância e no e-learning.

Face às formas de comunicação síncrona, elas podem perder no que diz respeito ao imediatismo e espontaneidade. Mas as possibilidades acrescidas de reflexão e integração com outras fontes de informação facilita a aprendizagem e a construção de conhecimento, que são os objetivos da formação. Contrariamente ao que se passa na comunicação síncrona, na comunicação assíncrona os participantes têm oportunidade de estudar, refletir, procurar informação, redigir ponderadamente, e corrigir quantas vezes forem necessárias, as suas intervenções nas interacções que decorrem durante um curso em regime de e-learning.

Analisaremos aqui três ferramentas de comunicação e interacção assíncrona que são generalizadamente utilizadas em cursos de e-learning: o correio eletrónico, os fóruns de discussão e os testes, questionários e trabalhos práticos.

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Correio eletrónico e listas de distribuiçãoComo hoje é sobejamente conhecido, o correio eletrónico é o

equivalente eletrónico dos serviços postais tradicionais, sendo usado para a comunicação em diferido entre duas ou mais pessoas. Face ao correio normal, o correio eletrónico, ou e-mail, apresenta as grandes vantagens da rapidez e da economia.

No âmbito do e-learning, o correio eletrónico é utilizado para a comunicação entre os participantes das ações de formação. No caso

de comunicações diferidas entre duas pessoas (por exemplo, dois formandos, ou um formando e um formador) uma mensagem de correio electrónico é quase sempre a solução mais indicada. Quando se trata da comunicação entre um emissor e vários receptores (por exemplo, entre o formador e o conjunto dos formandos), para além do envio de uma mensagem de

correio electrónico para cada um dos destinatários, existem as alternativas das listas de distribuição, ou da utilização de fóruns de discussão que abordaremos mais à frente.

O correio eletrónico, e as listas de distribuição com endereços coletivos de correio eletrónico, que englobaremos na designação genérica de correio electrónico a partir daqui, são provavelmente o meio de comunicação mais utilizado nas ações de formação em regime de e-learning. O facto de se tratar de uma ferramenta familiar, que a maioria (se não a totalidade) dos participantes utiliza numa base regular, é a principal razão para esta realidade.

O correio eletrónico apresenta ainda outras vantagens. Por exemplo, permitindo a comunicação privada entre duas (ou mais) pessoas, o correio eletrónico é útil quer para evitar sobrecarregar os canais de comunicação coletivos com mensagens de interesse individual (como mensagens de apoio na resolução de problemas e dúvidas técnicas de um dos participantes), quer para a comunicação dos formandos (geralmente para o formador) que se sintam inseguros ou tímidos para participar em discussões coletivas (nomeadamente nos momentos iniciais dos cursos).

Mas existem também alguns inconvenientes e limitações que é necessário conhecer e ter em conta no quadro da utilização do correio electrónico no e-learning. Em primeiro lugar, as mensagens de correio electrónico originadas no decurso de uma acção de formação competem com, e podem ficar diluídas no conjunto de, dezenas ou centenas de mensagens que o(s) destinatário(s) recebe(m) todos os dias na sua caixa de correio.

Forúm de discussãoOs fóruns de discussão são outra das ferramentas comummente

utilizadas nas acções de formação em regime de e-learning. A generalidade das plataformas de e-learning disponibilizam fóruns de discussão,

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ainda que com diversas designações. Tal como o correio eletrónico e as listas de distribuição, os fóruns possibilitam a troca de mensagens, divulgação de informações e discussão de assuntos, de forma assíncrona. Mas, contrariamente ao que se passa no correio electrónico, em que as mensagens são entregues, de forma automática, na caixa de correio dos destinatários, nos fóruns de discussão os participantes têm de aceder e “entrar” na área do fórum para ler e responder às mensagens. Esse carácter não intrusivo dos fóruns, pode ser considerado uma vantagem, mas pode ser também um inconveniente: é necessário que os formandos tomem a iniciativa de aceder ao fórum, para contactarem e participarem nas interacções que lá ocorram. Outra vantagem dos fóruns é o facto de permitirem estruturar, organizar, preservar e manter o registo dos diálogos, discussões e trocas de pontos de vista que neles decorrem. Esta é uma característica de grande relevância no contexto do ensino-aprendizagem.

A existência de um “espaço” onde estão reunidas, e organizadas, o conjunto das mensagens trocadas a propósito de um determinado tópico ou assunto, permite que qualquer participante consiga “reconstituir” a discussão e troca de informação que até aí decorreu, e nela possa intervir, se o desejar.

Testes, questionários e trabalhos práticosUma das principais estratégias para promover e avaliar a aprendizagem,

a interação e a construção de conhecimento entre os participantes de cursos em regime de e-learning, é a realização de atividades e trabalhos práticos, bem como a resposta a testes e questionários.

O tipo de atividades e trabalhos que podem ser desenvolvidos durante um curso em regime de e-learning são muito variados. A sua escolha deve ser condicionada, em primeiro lugar, pelo tipo de curso, a sua temática, o seu formato e duração, o número de participantes e também o número de horas de trabalho que o(s) formador(es) poderão disponibilizar.

Estas ferramentas podem assumir diversas formas, de acordo com os diferentes objetivos que podem assumir. Os testes e questionários tem sempre uma função de avaliação. Em alguns casos podem servir para os formandos e o formador avaliarem os conhecimentos iniciais (geralmente designada avaliação de diagnóstico). Em outros casos, podem servir também para monitorizar os progressos realizados durante o curso e para que os formadores forneçam retorno, comentário e orientação aos formandos (designada avaliação formativa). Finalmente, os testes e questionários podem ser usados para certificar a aprendizagem, classificar os formandos e preencher os requisitos necessários para que obtenham uma qualificação (avaliação sumativa).

34Formação

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