Molibdênio e Níquel - Larissa Starling

of 15 /15
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO VEGETAL  NUTRIÇÃO MINERAL DE PLANTAS LARISSA CRISTINA TORREZANI STARLING MOLIBDÊNIO E NÍQUEL ALEGRE, ES 2015

Embed Size (px)

Transcript of Molibdênio e Níquel - Larissa Starling

  • 7/24/2019 Molibdnio e Nquel - Larissa Starling

    1/15

    UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPRITO SANTO

    CENTRO DE CINCIAS AGRRIAS

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM PRODUO VEGETAL

    NUTRIO MINERAL DE PLANTAS

    LARISSA CRISTINA TORREZANI STARLING

    MOLIBDNIO E NQUEL

    ALEGRE, ES2015

  • 7/24/2019 Molibdnio e Nquel - Larissa Starling

    2/15

    LARISSA CRISTINA TORREZANI STARLING

    MOLIBDNIO E NQUEL

    Reviso de literatura apresentada aoPrograma de Ps-Graduao em

    Produo Vegetal da Universidade

    Federal do Esprito Santo como requisito

    parcial para aprovao na disciplina de

    Nutrio Mineral de Plantas

    Orientador: D. Sc. Jos Francisco

    Teixeira do Amaral

    ALEGRE, ES2015

  • 7/24/2019 Molibdnio e Nquel - Larissa Starling

    3/15

    Sumrio

    1. INTRODUO .................................................................................................................. 4

    2. MOLIBDNIO.................................................................................................................... 5

    2.1 Comportamento no solo ....................................................................................................... 5

    2.2 Comportamento na planta ..................................................................................................... 6

    2.3 Funes ................................................................................................................................. 7

    2.3.1 Nitrogenase ........................................................................................................................ 7

    2.3.2 Redutase do Nitrato ........................................................................................................... 8

    2.3.3 Outras enzimas .................................................................................................................. 9

    2.4 Deficincia e toxidez ............................................................................................................ 9

    2.4 Adubao com molibdnio ................................................................................................. 10

    3. NQUEL ............................................................................................................................ 11

    3.1 Comportamento no solo ................................................................................................ 11

    3.2 Comportamento na planta ................................................................................................... 11

    3.3 Funes ............................................................................................................................... 12

    3.3.1 Urease .............................................................................................................................. 12

    3.3.2 Outras atividades ............................................................................................................. 12

    3.4 Deficincia e toxidez .......................................................................................................... 133.5 Adubao com nquel ......................................................................................................... 13

    4. CONSIDERAES FINAIS ............................................................................................ 14

    5. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS .............................................................................. 15

  • 7/24/2019 Molibdnio e Nquel - Larissa Starling

    4/15

    4

    1. INTRODUO

    Para se desenvolver as plantas necessitam que estejam disponveis e em quantidade

    suficiente todos os elementos requeridos ao seu metabolismo, sendo eles, principalmente,

    gua, CO2 e nutrientes. Dentre os nutrientes encontrados na composio de plantas, h

    aqueles conhecidos como nutrientes essenciais.

    Segundo Epsteim e Bloom (2006) apenas a presena de um elemento na planta no

    suficiente para inferir que este desempenha papel essencial em sua vida, assim, para que este

    seja considerado essencial esse elemento deve ser componente integral de alguma estrutura,

    composto ou metablito de plantas.

    Atualmente, os nutrientes essenciais s plantas so divididos em macro emicronutrientes, classificao esse realizado conforme a demanda da maioria das plantas por

    esse nutriente. Tem-se nitrognio (N), fsforo (P), potssio (K), clcio (Ca), magnsio (Mg) e

    enxofre (S) como macronutrientes e ferro (Fe), mangans (Mn), zinco (Zn), cobre (Cu), nquel

    (Ni), boro (B), cloro (Cl) e molibdnio (Mo) como micronutrientes.

    O molibdnio um metal pesado de tonalidade prateada e, conforme Ferreira e Cruz

    (1991), este ocorre como sulfeto no mineral molibdenita (MoS2) que, ao sofrer intemperismo,

    libera, principalmente, ons molibdato (MoO42-

    ). A histria do uso do molibdnio naagricultura comeou na dcada de 1930 com a utilizao deste elemento em plantaes de

    tomate. Sua essencialidade foi descoberta por Arnon & Stout (1939), tendo sua funo

    principal relacionada a duas enzimas das quais participa a nitrogenase e redutase do nitrato.

    Gupta (1997) relata que por causa de suas propriedades qumicas, o molibdnio prontamente

    fornece stios para reaes e catlise em sistemas bioqumicos.

    O nquel, segundo Magalhes (2005), um elemento qumico metlico, de cor branco-

    prateada, cuja concentrao na superfcie terrestre est em torno de 0,008%, sendo encontradoem minerais sulfuretos, silicatados, arsenetos e oxidados. Este nutriente a adio mais

    recente lista de elementos conhecidos por serem essenciais s plantas, uma descoberta feita

    nos anos 1980. Sua essencialidade nas plantas superiores foi evidenciada por Eskew, Welch e

    Cary (1983), cultivando soja em soluo nutritiva (EPSTEIN e BLOOM, 2006; REIS et al.,

    2014).

  • 7/24/2019 Molibdnio e Nquel - Larissa Starling

    5/15

    5

    2. MOLIBDNIO

    2.1 Comportamento no solo

    O molibdnio (Mo) o micronutriente menos abundante no solo e um dos menos

    exigidos pelas culturas. A maior parte deste nutriente presente no solo est em formas oclusas,

    no interior de minerais primrios e secundrios (FAQUIN, 2005; RESENDE, 2005). Do

    ponto de vista geoqumico, o elemento considerado mvel embora os teores atinjam apenas

    centsimos de ppm em soluo, essa solubilidade aumenta em meio alcalino (FERREIRA E

    CRUZ, 1991).

    Suas formas encontradas no solo so: (a) no disponvel, retido no interior da estrutura

    de minerais primrios e secundrios; (b) parcialmente disponvel ou trocvel, adsorvido nas

    argilas, de modo particular nos xidos de Fe e Al, como MoO42-e disponvel em funo dopH e do teor de fsforo disponvel; (c) ligado matria orgnica; e (d) na forma solvel em

    gua (DAVIES, 1956 apudFERNANDES, 2006).

    O molibdnio sofre inmeros processos que ocorrem na soluo do solo e que iro

    regular sua disponibilidade s plantas, Gupta (1997) destaca a absoro pelas plantas,

    complexao de ons, adsoro e dessoro, e precipitao e dissoluo (Figura 2.1).

    Figura 2.1. Representao esquemtica de uma zona de solo hipottica e os vrios processos qumicos que

    ocorrem na soluo do solo (GUPTA, 1997).

    O Mo se acumula no horizonte A em solos bem drenados e no subsolo em solos

    encharcados e histossolos. No perfil do solo, as concentraes e formas de Mo variam de

  • 7/24/2019 Molibdnio e Nquel - Larissa Starling

    6/15

    6

    acordo com o ambiente qumico da soluo do solo e com a natureza do complexo de

    adsoro do solo (GUPTA, 1997).

    Dessa forma, inmeros fatores podem influenciar a disponibilidade de molibdnio s

    culturas. Os mais importantes so a natureza da rocha-me, o pH do solo, a matria orgnica

    no solo, drenagem, interaes com os outros nutrientes.

    No que tange ao pH do solo, destaca-se que, ao contrrio da maioria dos nutrientes, o

    molibdnio torna-se mais disponvel s plantas em funo do aumento de pH, pois o

    molibdato deslocado dos stios de troca pela hidroxila (MALAVOLTA, 1980 apud

    FERREIRA e CRUZ, 1991).

    Conforme Lavy e Barber (1964 apud FERREIRA E CRUZ, 1991), quando a

    concentrao de molibdnio maior que 4 ppb, o fluxo de massa passa a ser o mecanismomais importante de transferncia do on do solo para a superfcie radicular.

    Aps alcanar a superfcie radicular o molibdnio absorvido predominantemente

    como MoO42-. O H2PO4

    -apresenta um efeito sinergstico na absoro e transporte do MoO42-,

    possivelmente, pelo deslocamento do molibdnio dos pontos de adsoro no solo, tornando-o

    mais disponvel e/ou formao do composto fosfomolibdato mais solvel na membrana. J o

    SO42-apresenta efeito inibitrio na absoro de MoO4

    2-(FAQUIN, 2005), pois os ons sulfato

    competem fracamente com oas ons molibdato por stios de adsoro (NOVAIS et al., 2007).

    2.2 Comportamento na planta

    Fernandes (2006) relata que apesar de no haverem evidncias diretas, a teoria mais

    aceita de que o Mo seja absorvido metabolicamente (com gasto energtico) e seu

    translocamento na planta, apesar de no ser completamente elucidado, provavelmente ocorre

    no xilema na forma de molibdato, como complexo Mo-S aminocido ou como molibdato

    complexado com aucares.Durante o desenvolvimento vegetativo, o principal stio para acmulo de molibdnio

    o sistema radicular e, na maioria das espcies, ele um nutriente de mobilidade intermediria.

    Uma vez que as sementes contm a maior parte do total de molibdnio da planta e

    considerando que esse total geralmente permanece constante durante toda a fase reprodutiva,

    a remobilizao de molibdnio de rgos vegetativos para as sementes deve ser significativa

    (FERREIRA at al., 2001).

    Esse acmulo maior nas razes ocorre naquelas plantas que se beneficiam da simbiose

    com organismos, conforme demonstrado por Marschner (1995), comparando feijo e tomate

    (Tabela 2.1).

  • 7/24/2019 Molibdnio e Nquel - Larissa Starling

    7/15

    7

    Tabela 2.1 Distribuio de molibdnio em plantas de feijo e tomate.

    Contedo de molibdnio(g g-1de matria seca)

    Parte da planta Feijo Tomate

    Folhas 85 325

    Caules 210 123

    Razes 1030 470

    Adaptado de Marschner, 1995.

    Tal fato ocorre, principalmente, pois uma das funes do molibdnio na planta est

    associada ao metabolismo do nitrognio. Esse nutriente faz parte da composio de duas

    enzimas, a nitrogenada e a redutase do nitrato. Assim, em plantas que se beneficiam da

    fixao biolgica do nitrognio os processos que envolvem essas duas enzimas ocorrem nas

    razes, j em plantas que no se beneficiam da fixao biolgica a reduo do nitrato realizada

    ela enzima redutase do nitrato ocorre na parte area, da o tomateiro apresentar maior acmulo

    de molibdnio nas folhas do que o feijo.

    As plantas requerem pequenas quantidades de molibdnio, o que segundo Fernandes(2006), da ordem de 1mg kg-1 ou at menos de molibdnio na matria seca da planta,

    equivalendo a cerca de 40-50 g ha-1para suprir a necessidade da maioria das culturas.

    Faquin (2005) destaca que as crucferas e leguminosas so exigentes em molibdnio,

    frequentemente necessitando de adubao com este nutriente. O nvel crtico para ele

    normalmente inferior a 1,0 ppm, e em ndulos de leguminas esse autor relata, ainda, que os

    teores encontrados so normalmente dez vezes maior do que nas folhas.

    2.3 Funes

    2.3.1 Nitrogenase

    O molibdnio necessrio para fixao biolgica de N, uma atividade realizada por

    bactrias noduladoras em leguminosas e, tambm, por bactrias assimbiticas, como

    Azotobacter, Rhodospirillum, Klebsiellae algas verde-azuladas, onde a reduo bioqumica

    do N2torna-se possvel na presena de uma molibdo-enzima, nitrogenase (GUPTA, 1997).

    A nitrogenase um complexo enzima nico para todos os microorganismos que fixam

    N2, consiste em duas protenas de ferro, uma das quais a protena de 240 kDa MoFe,

  • 7/24/2019 Molibdnio e Nquel - Larissa Starling

    8/15

    8

    composta de quatro subunidades com 30 tomos de Fe e 2 de Mo cada (MARSCHNER,

    1995).

    Na reao geral de reduo do nitrognio (Figura 2.2), a ferredoxina atua como um

    doador de eltrons para a Fe-protena, a qual, por sua vez, hidrolisa ATP e reduz a Mo-Fe

    protena. A Mo-Fe protena pode, ento, reduzir o N2 a amnia (NH3) (TAIZ e ZEIGER,

    2009).

    Figura 2.2 A reao catalisada pela nitrogenase. A ferredoxina reduz a Fe-protena. Acredita-se que a ligao e a

    hidrlise do ATP Fe-protena provoca uma mudana na conformao dessa protena, o que facilita as reaes

    redox. A Fe-protena reduz a MoFe-protena e esta ltima reduz o N2(TAIZ E ZEIGER, 2009).

    2.3.2 Redutase do Nitrato

    O nitrato uma fonte comum de nitrognio para a maioria das plantas superiores.

    Depois da absoro, ele primeiro reduzido a nitrito e, em seguida, a amnia. A primeira

    reduo catalisada por uma molibdoenzima, a nitrato redutase, que uma enzima dimrica

    com trs grupos de transferncia de eltrons-protticos por subunidade: flavina adenina

    dinucleotdeo (FAD), heme e molibdnio (GUPTA, 1997; MARSCHNER, 1995).Esta a principal protena contendo molibdnio nos tecidos vegetativos, logo, um dos

    sintomas da deficincia de molibdnio o acmulo de nitrato. Andrade Netto (2005) relata

    que essa enzima est localizada no citosol das clulas corticais da epiderme radicular e nas

    clulas mesoflicas da parte area.

    Na reao, o domnio de ligao do FAD aceita dois eltrons do NADH ou NADPH,

    os eltrons so, ento, deslocados atravs do domnio heme para o complexo molibdnio,

    onde so transferidos para o nitrato (Figura 2.3) (TAIZ e ZEIGER, 2009).

  • 7/24/2019 Molibdnio e Nquel - Larissa Starling

    9/15

    9

    Figura 2.3 Esquema de reduo do nitrato realizada pela nitrato redutase (GUPTA, 1997).

    2.3.3 Outras enzimas

    A oxidao bioqumica do sulfito a sulfato mediada por uma molibdo-enzima, a

    sulfito oxidase, cuja atividade foi relatada em animais, plantas e algumas bactrias. Ela

    contem Mo e heme Fe na proporo 1:1. O molibdnio desemprenha o papel de ligao do

    substrato e transferncia do tomo de oxignio, principalmente, em oleaginosas (GUPTA,

    1997).

    2.4 Deficincia e toxidez

    Fernandes (2006) relata que a deficincia de molibdnio ocasiona clorose entre

    nervuras, deixando as folhas com aparncia mosqueada (Figura 2.4), as folhas tendem a torcer

    e enrolar e em casos mais severos ocorre necrose a toda a planta tem seu desenvolvimento

    retardado.

    Figura 2.4 Sintoma ocasionado em tomateiro por deficincia de molibdnio (EPSTEIN e BLOOM, 2006).

  • 7/24/2019 Molibdnio e Nquel - Larissa Starling

    10/15

    10

    No caso das brssicas o limbo foliar suprimido e as folhas tomam a aparncia de

    uma ponta de chicote (Figura 2.5), denominao comum do sintoma caracterstico da

    deficincia do nutriente (MAY e al., 2007).

    A deficincia de molibdnio induz uma concentrao anormal de NO3-nas folhas e,

    portanto, influi no metabolismo do N, podendo influenciar, tambm, na viabilidade do gro de

    plen e, consequentemente, na produtividade das plantas (FERNANDES, 2006).

    Quanto a sintomas de toxidez, Ferreira e Cruz (1991) relatam que estes no so

    frequentemente observados a campo, visto que a absoro de molibdnio est correlacionada

    com a sua disponibilidade no solo. As concentraes txicas de molibdnio diferem de acordo

    com as espcies cultivadas. Plantas eudicotiledneas, geralmente, so menos tolerantes ao

    excesso de molibdnio do que as espcies monocotiledneas. E s vezes pode haver sintomasde toxicidade nas folhas e o rendimento no podem ser afetado (GUPTA, 1997).

    Figura2.5 Ponta de chicote (limbo foliar estreito) deficincia de molibdnio em plantas de couve flor

    (FILGUEIRA, 2000 apudMAY et al., 2007).

    Ferreira et al. (2001) relatam que, em casos de toxidez, as folhas de sorgo se

    apresentam com colorao violeta escura na lmina inteira e em forrageiras, altas

    concentraes de molibdnio podem causar toxicidade aos animais que dela se alimentam.

    2.4 Adubao com molibdnio

    Vrios minerais tem molibdnio em sua composio, como molibdenita (MoS2),

    wulfenita (PbMoO4) e ilsmanita (Mo3O8). O xido molbdico (MoO3) produzido pela

    calcinao da molibdenita e o molibdato de amnio e molibdato de sdio so sais de cido

    molbdico (H2MoO4).

    Segundo Gupta (1997) o molibdnio pode ser fornecida s culturas via aplicao nosolo, tratamento de sementes e aplicao foliar. O molibdato de amnio, molibdato de sdio e

  • 7/24/2019 Molibdnio e Nquel - Larissa Starling

    11/15

    11

    cido molbdico, por serem solveis em gua, so, geralmente, fornecidos via aplicao foliar.

    O xido molbdico e o molibdnio fritasso insolveis em gua, mas so eficazes se forem

    aplicados como ps-finos via solo; o primeiro tambm eficaz quando aplicado como um

    revestimento de sementes.

    3. NQUEL

    3.1Comportamento no solo

    Segundo Fernandes (2006) o teor de nquel (Ni) no solo variam entre 1 e 200 mg kg -1.

    As fontes mais importantes de Ni so as pentandlitas (pirrotita e calcopirita), bem como as

    enlateritas (garnierita). J solos originados de rochas gneas ultrabsicas, particularmente de

    serpentinas, podem apresentar teores de Ni de 20 a 40 vezes maior e, neste caso, a toxidez doelemento nas plantas comum. A disponibilidade de Ni para as plantas regulada, em

    grande parte, pelas reaes de adsoro entre o elemento e a superfcie dos colides argila,

    xidos de ferro e alumnio e matria orgnica. O pH do solo outro fator importante , a

    calagem reduz a disponibilidade do elemento (FAQUIN, 2005).

    O nquel absorvido pelas plantas, preferencialmente, como ction divalente (Ni2+),

    tambm sendo absorvido na forma de quelatos com compostos orgnicos e metalforos.

    Ressalta-se que o mecanismo de contato preferencial desse micronutriente com o sistemaradicular ainda no foi elucidado. Aps entrar em contato com o sistema radicular, o nquel

    absorvido, principalmente, por processo ativo, em canais no especficos, bem como por

    difuso passiva, sendo que o processo de absoro determinante depende dos teores de nquel

    no solo e, sobretudo, do efeito do pH sobre sua disponibilidade (YUSUF et al., 2011 apud

    REIS et al., 2014).

    3.2 Comportamento na plantaO nquel mvel no floema, encontrando-se em todos os tecidos e, principalmente,

    nas sementes. O acmulo ocorre de modo diferencial entre tecidos e ao longo do ciclo vital da

    planta, sendo maior nos gros, nas folhas e nas partes jovens (REIS et al., 2014). As

    concentraes de nquel nas plantas variam entre 0,3 e

    3,5 mg kg-1 de matria seca da planta, dependendo da parte amostrada e da espcie,

    considerando-se concentraes prximas a 1,5 mg kg-1 como adequadas ao crescimento

    normal das plantas (FERNANDES, 2006).

  • 7/24/2019 Molibdnio e Nquel - Larissa Starling

    12/15

    12

    Apesar de sua essencialidade haver sido identificada por seu papel no ciclo da uria,

    Reis et al., (2014) destacam que o nquel tem papel no complexo enzimtico hidrogenase e no

    aumento da resistncia de plantas a doenas.

    3.3 Funes

    3.3.1 Urease

    O nquel faz parte da metaloenzima urease, que contm dois tomos por molcula, a

    qual participa da hidrlise enzimtica da uria, transformando-a em NH4+ e CO2. Desse

    modo, este elemento importante para as plantas que recebem adubaes com uria ou com

    seus derivados (por exemplo, na adubao foliar), exercendo papel importante no

    metabolismo do nitrognio. Alguns resultados de pesquisa mostraram respostas das plantas,como o arroz e a soja, adio de nquel quando se utilizou uria como fonte de nitrognio.

    Na soja, o nquel pode aumentar a atividade da urease foliar, impedindo a acumulao de

    teores txicos de uria (FERNANDES, 2006).

    A enzima consiste de 6 subunidades com dois tomos de nquel em cada uma. Ela

    desdobra a uria hidroliticamente em amnia (NH3) e dixido de carbono (CO2). A uria

    [CO(NH2)2] se origina da amida arginina sob ao da enzima arginase. Aparentemente, o

    nquel essencial para plantas supridas com uria e para aquelas nas quais os uredeosapresentam um importante papel no metabolismo do nitrognio. Nas leguminosas, os

    uredeos so importantes formas de nitrognio solvel durante o transporte do nitrognio

    fixado dos ndulos para a parte area, bem como no floema, para as sementes. Os uredeos

    tambm so metabolitos importantes no metabolismo do nitrognio no processo de

    germinao das sementes (FAQUIN, 2005; MALAVOLTA e MORAES, 2007).

    3.3.2 Outras atividadesH relatos de que a aplicao de nquel eficiente no combate de algumas doenas

    atravs de induo de resistncia. Segundo Sinha (1995 apud REIS et al., 2014) tal fato ocorre

    pela produo de fitoalexinas nas plantas hospedeiras susceptveis ao patgeno. Sendo que, a

    correta pulverizao de nquel nas plantas, alm de ativar a sntese de fitoalexinas, aumenta a

    atividade a acetil CoA sintase, o que proporciona maior produo de compostos secundrios

    e, consequentemente, maior tolerncia das planta ao ataque de patgenos (REIS et al., 2014).

    O nquel tem relao, tambm, com a fixao simbitica do N visto que aumenta a

    atividade da hidrogenase em bacteriides isolados dos ndulos aumentando, assim, a fixao

    de nitrognio por rizbios e bradirizbios (MALAVOLTA e MORAES, 2007).

  • 7/24/2019 Molibdnio e Nquel - Larissa Starling

    13/15

    13

    3.4 Deficincia e toxidez

    O primeiro caso de deficincia de nquel foi observado em lavouras de pec, que ficou

    conhecido como orelha de rato (Figura 3.1), onde a ponta das folhas novas apresenta

    manchas escuras e arredondada, o que lhes confere um aspecto parecido com o da orelha do

    rato (MALAVOLTA e MORAES, 2007).

    Figura 3.1 Sintomas de deficincia de nquel em pec, denominado popularmente de orelha de rato (WOOD, et

    al., 2006 apudREIS et al., 2014)

    Segundo Epstein e Bloom (1995) os sintomas observveis de deficincia de nquel

    incluem clorose marginal nas folhas, senescncia prematura e produo diminuda de

    sementes, ocasionados, principalmente, pelo acmulo de uria nas folhas. A deficincia de

    nquel afeta o crescimento, metabolismo, envelhecimento e absoro de ferro pelas plantas

    (FERNANDES, 2006).

    A toxicidade de nquel ocorre em solos que receberam aplicaes de grandes

    quantidades do metal na forma de resduos, por exemplo, esgoto ou lodo de esgoto, e em

    culturas existentes perto de mineraes e fundies. Os sintomas de toxicidade de nquel

    incluem clorose e outros sintomas especficos para espcies vegetais (FERREIRA et al.,

    2001). (FAQUIN, 2005).

    H espcies, entretanto, que toleram nveis excepcionalmente altos de nquel no

    substrato e no tecido as hiperacumuladoras. Tais plantas prosperam em solos ricos em

    nquel, usualmente solos de serpentina ou contaminados (MALAVOLTA e MORAES, 2007).

    3.5 Adubao com nquel

    A fonte de nquel mais empregada e estudada na agricultura o sulfato de nquel

    (NiSO4.6H2O), entretanto, insumos como os termofosfatos no so considerados fontes,

    embora contenham quantidade significativa desse micronutriente, com teores mdio de at

  • 7/24/2019 Molibdnio e Nquel - Larissa Starling

    14/15

    14

    330mg kg-1. Outras fontes, tambm, so comercializadas, como quelatos e fertilizantes

    foliares (REIS et al., 2014).

    4.

    CONSIDERAES FINAIS

    O molibdnio e o nquel apesar de requeridos em menor quantidade pelas plantas so

    de suma importncia ao seu desenvolvimento, principalmente, no que concerne ao

    metabolismo do nitrognio. Assim, necessria a compreenso e elucidao de todos os

    processos que envolvem o metabolismo e o comportamento de tais nutrientes de forma a se

    permitir o correto suprimento desses s plantas impedindo-se, assim, limitaes na expresso

    do potencial gentico das culturas por deficincia ou toxidez destes nutrientes.

  • 7/24/2019 Molibdnio e Nquel - Larissa Starling

    15/15

    15

    5. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    ANDRADE NETTO, J. F. de. Atividade das enzimas redutase do nitrato e glutamina

    sintetase em cafeeiro arbica. 2005. 74 f. Dissertao (Mestrado em Agronomia)- EscolaSuperior de Agricultura Luiz de Queiroz, Universidade de So Paulo, So Paulo. 2005.

    EPSTEIN, E.; BLOOM, A. J. Nutrio Mineral de Plantas: princpios e perspectivas. 2ed.Planta, 2006. 403p.

    FAQUIN, V. Nutrio Mineral de Plantas. 2005. 186 f. Curso de Ps-Graduao LatoSensu (Especializao) a Distncia Solos e Meio Ambiente, Universidade Federal deLavras, Lavras. 2005.

    FERNANDES, M.S. Nutrio Mineral de Plantas. Viosa: Sociedade Brasileira de Cinciado Solo, 2006. 432p.

    FERREIRA, M. E.; CRUZ, M. C. P. da C (eds.). Micronutrientes na agricultura.Piracicaba: POTAFOS/CNPq, 1991. 734p.

    FERREIRA, M. E.; CRUZ, M. C. P. da; RAIJ, B van; ABREU, C. A. de. Micronutrientes eelementos txicos na agricultura. Jaboticabal: CNPq/FAPESP/POTAFOS, 2001. 600p.

    GUPTA, U. C. (ed.). Molybdenum in agriculture. Cambridge: Cambridge University Press.1997.

    MAGALHES, L. F. Nquel: uma Riqueza de Gois. In: SEPLAN. Conjuntura EconmicaGoiana. Goinia: Secretaria do Planejamento e Desenvolvimento, 2005 p.14-19.

    MALAVOLTA, E.; MORAES, M. F. Nquel de txico a essencial. International PlantNutrition Institute, Informaes Agronmicas, n.118, 2007. 3p.

    MARSCHNER, H. Mineral nutrition of higher plants. 2 ed. New York: Academic Press,1995. 889p.

    MAY, A.; TIVELLI, S. W.; VARGAS, P. F.; SAMRA, A. G.; SACCONI, L. V.; PINHEIRO,M. Q. A cultura da couve-flor. Campinas: Instituto Agronmico, 2007. 36p.

    NOVAIS, R. F.; ALVAREZ V., V. H.; BARROS, N. F. de; FONTES, R. L. F.;CANTARUTTI, R. B.; NEVES, J. C. L (eds.). Fertilidade do solo. Viosa: SociedadeBrasileira da Cincia do Solo, 2007. 1017p.

    REIS, A. R. dos; RODAK, B. W.; PUTTI, F. F.; MORAES, M. F. de. Papel fisiolgico donquel: essencialidade e toxidez em plantas. International Plant Nutrition Institute,Informaes Agronmicas, n.147, 2014. 15p.

    TAIZ, L.; ZEIGER, E. Fisiologia vegetal. 4ed. Porto Alegre: Artmed, 2009. 848p.