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1 Monge Satyananda Apta (Marco Natali) Bacharel em Teologia - Mestrando em Ciência da Religião Credenciado na ABTCRSP Nº 1.120.060.006 Se você quer saber como foi o seu passado, olhe para quem você é hoje; se quer saber como será seu futuro, olhe para o que está fazendo hoje. Siddharta Gautama

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Monge Satyananda Apta (Marco Natali)

Bacharel em Teologia - Mestrando em Ciência da Religião Credenciado na ABTCRSP Nº 1.120.060.006

Se você quer saber como foi o seu passado, olhe para quem você é hoje;

se quer saber como será seu futuro, olhe para o que está fazendo hoje.

Siddharta Gautama

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Esta foi a capa da Primeira Edição em 1999.

BUDISMO

PARA

LEIGOS

Satyananda (Marco Natali)

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DEDICATÓRIA:

Dedico este livro, com grande carinho,

à memória do Sr. Shunsaku Matsumoto

(o Tarzan japonês),

à Senhora Helena Sigeko Matsumoto e

à encantadora Marli Sanae Matsumoto.

A todos os meus alunos do curso de Filosofia

Kung Fu e dos cursos de Budismo da Ordem

Niskama Karma.

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MENSAGEM

Existem pessoas que ao passarem por este mundo

fazem de seu ideal a tarefa de levar amor e sensibilidade aos

corações que delas se aproximam.

Da mesma forma que o jardineiro não consegue

tirar das mãos o perfume das flores que colhe, tais pessoas

mantém no semblante a irradiação do amor que exprimem.

Que tuas pegadas sobre a terra sejam marcos

preciosos, atestando que por estes caminhos passa um ser

humano que se lembra do exemplo do nazareno e sabe,

como ele, num ato de respeito à divindade interior, doar-se

com amor em prol de um ideal construtivo e gratificante,

que contribui para fazer de nosso pequenino planeta um

mundo melhor.

Marco Natali

"Quando chega a algum lugar o viajante cuida

primeiro de obter alojamento para passar

à noite e depois vai se divertir.

Da mesma forma, quando chegamos neste mundo

devemos primeiro conseguir um lugar de

descanso, na profundidade de nosso ser,

para que em seguida possamos nos dedicar,

sem temor, às tarefas diárias.".

Ramakrishna

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PREFÁCIO:

O Budismo é uma vereda cativante, cordial e fácil de ser seguida, até

mesmo para o leigo.

Gautama (Gotama), o Buda, era, antes de tudo, um homem simples

que sempre esteve muito mais próximo do homem comum do que do

monge.

Em dias como de hoje, em que os noticiários nos fazem ver monges

budistas se pegando a tapas em disputa de um poder tolo, nada mais útil

que um livrinho que reconduza os peregrinos à senda do verdadeiro

Budismo.

O verdadeiro Budismo é aquele ensinado por Gautama, o caminho

da pureza de coração, da simplicidade e da cordura, que nada tem a ver

com o “Budismo” religioso.

Como Jesus, Buda também ensinou durante toda a sua vida,

princípios básicos e úteis, ao alcance do homem simples.

Assim como, cerca de sessenta anos após a morte do último

apóstolo, foram escritos os evangelhos e a eles atribuídos, também o

mesmo aconteceu com Buda; muitos anos após sua morte foram escritos

textos sobre o que ele disse e sobre esses textos criaram-se religiões.

Mas Buda, como Jesus, também não criou nenhuma religião; criou

apenas um caminho e seu caminho era tão humilde e cordial que o

denominou caminho do meio.

Não há no caminho do meio nenhuma pretensão maior, nenhum

orgulho pueril, nenhuma ousadia, há apenas verdades boas e simples, que

tocam o coração cansado e propõem uma cura saudável e gentil – a cura

da dor.

Durante toda a minha vida, tenho semeado as palavras de Buda,

aqui e ali, algumas vezes elas caíram em terreno fértil, outras, a aridez do

mundo não permitiu que se enraizasse.

Espero, todavia, que a leitura deste livro, possa dar sua pequena

contribuição à busca interior.

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E se você quiser minha ajuda para divulgar estes ensinamentos,

basta entrar em contato e farei palestras gratuitas para grupos de pessoas

interessadas, na medida de minhas possibilidades de tempo.

Espero que tenha tanto prazer em ler este livrinho, quanto tive em

prepará-lo.

Monge Satyananda (Marco Natali)

Caixa Postal 121

18010-971 – Sorocaba – SP

[email protected]

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BREVE INTRODUÇÃO AOS

PRINCÍPIOS BUDISTAS.

AVISO AOS DESAVISADOS

Tudo que está sendo exposto aqui se fundamenta numa concepção particular do

Budismo que, para distinguir das concepções mais populares, foi intitulado Budismo

Transformacionalista.

O Budismo Transformacionalista é uma doutrina (*) moral, não religiosa,

calcada na consciência individual.

Para mim, a maior distinção que existe entre o Budismo Transformacionalista e os

Budismos religiosos está em que uma religião pode satisfazer-se com uma adesão verbal

ou gestos e rituais de adoração, mas uma filosofia prática que não se transforma em

atitudes práticas diante da vida, não tem o menor valor.

De onde se pode facilmente concluir que o Budismo Transformacionalista tem que

ser praticado para existir.

O Budismo Transformacionalista como aqui ensinado tem sua origem nos

ensinamentos transmitidos pela Ordem Monástica e Filosófica Budista Niskama Karma

uma entidade beneficente e assistencial sem fins lucrativos.

Gestos, mantras, leituras de sutras e outros rituais podem atender ao Budismo

religioso, mas não possuem substância diante deste sistema filosófico que espera atitudes

práticas de seus simpatizantes.

É óbvio que essas atitudes se fundamentam no estudo dos sutras budistas, mas a

mera leitura dos sutras não transforma você, é o que você pratica daquilo que aprendeu no

estudo dos sutras que transforma você.

Em 1993 fui convidado por um aluno a visitar uma seita budista japonesa.

Lá chegando eu e Helena Saito, uma amiga nissei, fomos recebidos com muita

cordialidade e simpatia.

Sentamo-nos numa grande sala cheia de cadeiras e as pessoas foram chegando e

sentando-se ao nosso redor.

Em seguida seguiu-se a leitura em voz alta de um sutra, extremamente longo e

cansativo.

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Logo depois teve uma palestra de um conferencista recém-chegado do Japão que

representava a ala jovem dessa seita.

(*) Doutrina = Conjunto de princípios que servem de base a um sistema filosófico.

Moral = Conjunto de regras de conduta – um Budismo para leigos.

Enquanto todas essas coisas aconteciam notei que algumas pessoas recitavam o

sutra incessantemente (como se fosse um mantra ou uma oração) de forma desesperada,

pedindo graças.

Houve depoimentos a respeito de graças recebidas e de pessoas adultas que

narravam experiências disciplinares recebidas através dos pais para que recitassem o

sutra diariamente.

Fiquei tremendamente constrangido.

Pedir graças é cultivar apegos, é cultivar a dor, é contrariar todos os

ensinamentos do Buda.

Para praticar o Budismo Transformacionalista é preciso que você faça com que

seus atos concordem com suas opiniões.

O budista transformacionalista, ao principiar sua prática, verifica que está preso a

certos apegos e hábitos e não se liberta sem algum sofrimento; mas a discordância entre

seus atos e suas opiniões é para eles mais dolorosa do que todas as renúncias.

Da mesma forma que um músico não gostaria de passar toda a sua vida ante ruídos

dissonantes, o verdadeiro budista também sente que a desarmonia filosófica é para ele um

sofrimento.

Para nós do Budismo Transformacionalista, a única maneira de viver é

transformar a vida numa obra de arte.

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CAUSA FUNDAMENTAL

Buda resumiu sua filosofia em quatro aforismos fáceis de serem compreendidos,

conhecidos como AS QUATRO NOBRES VERDADES. A saber:

1 - Fora daquilo que lhe pertence tudo é dor.

2 - A causa da dor é o apego.

3 - Cessando o apego cessa a dor.

4 – O método para cessar a dor é a Senda Reta dos Oito Caminhos.

O primeiro aforismo (Fora daquilo que lhe pertence tudo é dor) procura mostrar

que dado à impermanência das coisas deste mundo, nada que satisfaça nossos desejos é

duradouro e, portanto, tende a ter como resultado final a dor.

O segundo aforismo (A causa da dor é o apego) demonstra que a raiz dos nossos

sofrimentos se situa no apego pelas coisas que nos trazem prazer e no apego aos objetos

do desejo.

O terceiro aforismo (Cessando o apego cessa a dor) apresenta a solução para os

nossos problemas e o segredo para a obtenção de uma vida feliz.

O quarto aforismo (O método para cessar a dor é a Senda Reta dos Oito Caminhos)

demonstra o amor de Buda que embora já tendo ensinado tudo que era preciso saber para

compreender a dor e fazer cessá-la, por amor à humanidade, nos deu um método para

realizar essa tarefa.

Procure notar que embora o método que ensinou inclua a meditação (o oitavo

caminho), não inclui a repetição de mantras, os rituais posteriormente criados nas

"religiões" budistas, nem mudrás, nem girar rodas de orações, nem outras

superficialidades inúteis.

Se você quer praticar o lado inútil das religiões budistas dos dias de hoje, é critério

seu afinal a vida é sua, você pode fazer dela o que quiser, mas parafraseando uma frase

atribuída a Jesus, em Mateus 23:23 – fazer estas coisas sem omitir aquelas – não perca de

vista o que é realmente importante.

E importante no Budismo é se ater e colocar em pratica as Quatro Nobres

Verdades.

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NÃO É RELIGIÃO

O Budismo não é religião e não foi intenção do Buda apresentar ao mundo um

método religioso.

Se nos dias de hoje existem religiões budistas, se deve a um desvirtuamento das

intenções originais de Buda, que jamais se preocupou em tecer conjeturas a respeito de

uma teologia budista.

A intenção de Buda sempre foi pregar a felicidade nesta própria vida, não

buscando resultados após a morte e sim neste mesmo mundo.

Se você está familiarizado com a vida de Buda lembrar-se-á que sua intenção

inicial era solucionar o problema da dor e do sofrimento diante da descoberta da miséria,

da doença, da velhice e da morte.

Segundo Buda, é o caminho do meio (o caminho da virtude) que conduz à

felicidade.

Mas apenas sabe-lo, não nos torna felizes, temos que adota-lo incondicionalmente

em todos os nossos atos, dessa forma nos tornando responsáveis por nossas atitudes diante

dos fatos da vida.

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ENFRENTANDO O APEGO

Desde que compreendemos que o apego é a raiz de todos os nossos males, como

devemos enfrenta-lo?

Existem dois procedimentos possíveis diante do apego; o primeiro consiste em fugir

dos objetos de nossos desejos, fugir de tudo que nos traga prazer; o segundo consiste em

desapegarmo-nos dos objetos de nossos desejos.

O primeiro procedimento não é próprio do budista, visto que preconiza as

privações levadas ao excesso, sem que necessariamente aquele que as pratique esteja

desapegado dos objetos de seus desejos.

O segundo procedimento é sábio porque não exige que o praticante do Budismo se

afaste das coisas que lhe dêem prazer e sim que não se apegue a elas.

Torna-se óbvio que ao adotar este segundo procedimento o budista assume uma

atitude compassiva com relação ao apego, pois não estará buscando a realização de seus

desejos (o que causa prazer) e sim os aceitando sem se apegar a eles.

Quando permitimos que um desejo se aloje em nossa mente estamos dando origem

ao esforço de concretiza-lo, o que toma conta de nossa vontade e nos torna escravos.

Assim se originam as três dores do desejo, a dor da ansiedade, a dor da

impermanência, e a dor da perda.

A dor da ansiedade provém do fato mesmo de desejarmos e termos que direcionar

esforços por conseguir o objeto de nosso desejo (às vezes esse esforço se resume na

ansiedade em si mesma).

Um agravante da ansiedade é a possibilidade de jamais virmos a concretizar esse

desejo - jamais conseguirmos obter o objeto de nosso desejo.

Mesmo que o consigamos, sofremos duas vezes, a primeira, através dos esforços de

obte-lo, que nos escravizam, e a segunda por saber de antemão que o objeto de nosso

desejo é impermanente.

A impermanência é dolorosa porque nos lembra de que um dia perderemos o objeto

de nossos desejos - essa é a dor da perda.

Como as pessoas se alienam diante da impermanência e tentam ignora-la,

acumulam a dor da impermanência à dor da perda.

Por isso que a morte de pessoas amadas tanta dor causa a quem não venceu o

apego.

O sábio budista sabe que esses três sofrimentos são causados pelo envolvimento

emocional (apego) com o objeto do desejo e não pelo objeto do desejo em si.

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Considere atentamente que não é um objeto ou uma pessoa que fazem você sofrer e

sim o conteúdo emocional que você projeta sobre eles.

Diante da impossibilidade de conviver com essas verdades e manejá-las

apropriadamente, alguns budistas primitivos adotaram a vida religiosa (monástica) como

meio de fugir a todos os prazeres, escapando às armadilhas colocadas pela vida como

meios de entrega-los ao sofrimento.

Mas Buda nunca preconizou essa fuga como uma maneira de se atingir a sabedoria

(estado búdico).

Embora o próprio Buda tenha sido um asceta itinerante, que percorria o seu país (a

Índia) transmitindo essa concepção filosófica, não impôs a si mesmo a vida monástica (não

vivia em comunidade, embaixo de regras congregacionais e não criou nenhuma

congregação).

Buda preferiu uma vida simples que consistia em caminhadas de uma a outra

aldeia, trocando seus conhecimentos pelo alimento diário; uma vida árida, com seus

incômodos naturais, que representa a forma mais facilmente suportável e, por conseguinte

a preferida por muitos dos que buscam o caminho da sabedoria.

Os grandes pensadores sempre preferiram uma vida mais simples; veja, por

exemplo, a vida de Diógenes, Epíteto, Francisco de Assis, Tolstoi e Jesus.

Jesus nada possuía de seu a não ser suas próprias vestes: "o filho do homem não

tem onde reclinar a cabeça. - Mateus 8,20.".

O homem sábio pode atingir a felicidade satisfazendo apenas as necessidades mais

urgentes e abstendo-se de todo o supérfluo.

Isso resulta da convicção de que é mais fácil reduzir ao mínimo os desejos e as

necessidades, do que alcançar a sua satisfação, até mesmo porque à medida que se

satisfazem os desejos estes crescem até o infinito.

Para o budista não interessa tanto a renúncia aos desejos e sim à consciência de

que todos os bens e prazeres são dispensáveis.

Quando obtém essa consciência (quando atinge o estado búdico) o praticante do

Budismo aceita a impossibilidade de realizar os desejos sem dificuldade e sem prejuízo da

felicidade pessoal.

Aconselho que interrompa a leitura e medite com atenção no texto a seguir - se dê

esse presente.

A dor não é consequência do "não ter" e sim do "querer-ter-e-

não-ter", sendo, portanto o "querer ter" a condição necessária para

que o "não ter" se transforme em dor.

Não é a miséria que nos torna "miseráveis" e sim o

descontentamento que temos diante dela.

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O ATINGÍVEL

Felizmente não é necessário que nos atenhamos à sublimação de todos os desejos,

para conseguirmos a felicidade (estado búdico); basta que transcendamos o desejo das

coisas possíveis e atingíveis.

Não nos causa incomodo os males inevitáveis que atingem a todos, nem sequer os

bens inatingíveis.

O que pode colocar empecilhos à nossa felicidade são os males que podemos evitar

e os bens que podemos conseguir.

De onde concluímos que nossa felicidade se baseia na proporção entre o que

queremos e o que conseguimos.

Que tal memorizar isso para o resto de sua vida?

Vou dizer outra vez:

Todo sofrimento (dor) resulta da desproporção entre aquilo que queremos e o que

conseguimos.

Ora, essa proporção ou desproporção é determinada por nossa vontade, logo;

somos responsáveis por nossa felicidade ou infelicidade.

Cada vez que um homem perde o controle sobre as circunstancias que se

manifestam em sua vida (permitindo-se o desânimo, a ira, ou a perda da coragem), esta

permitindo à sua vontade determinar em sua mente uma desproporção.

A compreensão da impermanência ajuda muito a entender este ponto.

Tudo que nos traz alegria, satisfação e prazer, não traz alegria contínua, satisfação

contínua, ou prazer contínuo; portanto apenas ilude nossa mente e nos impede a

felicidade a menos que cultivemos o total desapego.

Todas as coisas boas e todas as alegrias momentâneas são emprestadas pelo

acaso que as tomará de volta a qualquer momento.

A dor baseia-se na ilusão do triunfo (posse) e na ilusão da desgraça (perda).

Tanto a posse quanto a perda são dois lados de uma mesma moeda e devem ser

tratados como iguais.

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Esse princípio foi magistralmente ilustrado numa estrofe da poesia "Se" de

Rudyard Kipling que diz o seguinte: "Se encontrando a desgraça e o triunfo conseguires;

tratar da mesma forma a esses dois impostores...".

Para que não mergulhemos no mar de Maya (ilusão e alienação) que subjuga a

mente permitindo que nela se introduza a desproporção, temos que aprender a distinguir

entre aquilo que depende de nós e aquilo que não depende de nós.

Se você meditar profundamente a esse respeito perceberá que a única coisa que

depende de você é a sua vontade; tudo o mais não depende de você.

Mas não subestime a vontade nem suponha que é pouco o que depende de você.

A vontade é que permite a avaliação da proporção em nossa mente; dando-nos a

responsabilidade final de sermos felizes ou infelizes.

Assim sendo, quando estamos na posse daquilo que depende de nós - a nossa

vontade - podemos nos permitir a felicidade ou a infelicidade, a satisfação ou o

descontentamento, o triunfo ou a desgraça.

Evidentemente que a posse da vontade implica na aceitação da responsabilidade

pessoal por nossa própria felicidade.

A maioria das pessoas não está disposta a fazer o esforço de assumir suas

responsabilidades diante do mundo e de si mesma e escolhe deixar ao mundo a decisão

final sobre sua própria felicidade.

Fazem isso não por ser o mais racional, nem sequer por ser o mais fácil e sim

porque se contentam com pouco - satisfazem-se em culpar os outros por seus próprios

fracassos e em não ver suas responsabilidades diante da opção de serem felizes ou

infelizes.

Tais pessoas cultivam cuidadosamente a alienação e costumam viver no passado e

no futuro visto que o presente lhes exige decisões e decisões exigem vontade e consciência.

Viver no presente implica em se tornar consciente da impermanência como

condição sine qua non de todas as coisas existentes.

Portanto, ao viver no presente, estamos admitindo implicitamente que o que temos

no aqui e agora é impermanente, não tendo existido em algum momento do passado e

tendo sua existência prestes a cessar em determinado momento do futuro.

Se conseguirmos conviver com essa lucidez sem nos apegarmos às coisas do aqui e

agora estamos permitindo nossa felicidade permanente.

Se, ao contrário, apegamo-nos às coisas e pessoas que nos dão prazer, estamos

permitindo a infelicidade, mesmo que as coisas e pessoas aparentemente nos

proporcionem prazer no aqui e agora.

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A IMPERMANÊNCIA

Dentro do universo onde vivemos não nos pertence a certeza sobre muitas coisas.

Não sabemos praticamente nada a nosso respeito, nem a respeito das pessoas que

amamos ou do lugar onde vivemos.

Quando vamos dormir não temos certeza que iremos acordar.

Quando fazemos uma viagem, não sabemos se chegaremos a nosso destino.

Diante de nossos filhos não sabemos qual será o destino que o futuro lhes reserva.

Quando iniciamos uma construção não sabemos se nos será permitido termina-la

ou se isso ficará a cargo de nossos herdeiros.

De nossas existências só temos certeza de uma coisa: nada é permanente.

A avançada ciência deste século não conhece nenhuma forma de vida capaz de

existir para sempre.

Nem sequer em condições especiais conseguimos prolongar a vida por muito

tempo.

Tudo o que sabemos é que o que existe hoje não existiu algum dia e não conseguirá

existir para sempre.

Nada é permanente e essa é a essência da própria vida.

Tudo o que existe no universo, seja no macrocosmo formado pelas estrelas, seja no

microcosmo da vida celular, esta vinculado a esta lei da impermanência.

Você pode notar a presença da impermanência em tudo que o cerca.

Na ascensão e queda das nações; nas mudanças culturais; nos modismos; no

envelhecimento natural de todas as coisas; nas forças da natureza; no desemprego de seu

vizinho; na criança que caiu da bicicleta; etc...

O próprio ato de andar é um testemunho da impermanência.

A cada vez que você leva uma perna à frente, esta extinguindo uma ação e

iniciando outra.

A impermanência é a única realidade.

O que faz a música harmoniosa, o que permite a harmonia no vôo do pássaro, o que

traz beleza à tela do pintor, o que faz com que o carro ande, o que cria um bolo, o que

conduz ao amor, é a impermanência - tudo na vida é fruto da impermanência.

A compreensão da impermanência é um dos grandes objetivos do Budismo.

Quando nos conscientizamos da impermanência, muitas coisas de nossas vidas, que

antes eram atrativas, perdem seu fascínio.

Conseguimos transcender essas coisas.

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É como se começássemos a enxergar através delas, em direção a uma realidade

maior que as transcende.

Estaremos então mais fortalecidos e capazes de abandonar nossos apegos e

temores.

Há alguns anos conheci um menino chamado Pablo, que veio numa das festas de

meus filhos.

Depois disso mudei de São Paulo e fiquei muitos anos sem revê-lo.

Algum tempo depois, no lançamento do livro de um amigo meu, encontrei um

rapagão mais alto do que eu, nesses muitos anos que não o vi, Pablo se dedicou com

afinco a pratica das artes marciais e chegou a uma faixa elevada no Karatê.

Foi então que um acidente ocorreu e teve que colocar um pino na perna.

Hoje está inutilizado para a pratica das artes marciais (pelo menos para a prática

da parte física das artes marciais).

A vida lhe ensinou de uma forma dura a lei da impermanência.

Ao aprender essa lição, ele teve a oportunidade de aprender outras coisas na vida e

a voltar sua atenção para outros campos do saber que ultrapassam em muito as artes

marciais - isso pode ser uma bênção disfarçada para quem tem olhos de ver e ouvidos de

ouvir.

Quando morava em Niterói, me apaixonei por uma mocinha com todo o amor de

meu coração, com a melhor das boas intenções manifestei minha vontade de ter um lar ao

lado dela.

Ela simplesmente me jogou fora e me senti usado sexualmente.

Sofri muito, para mim foi como a dor de um pai que perde uma filha há quem muito

amava.

Descobri, com muita dor, que por mais que amemos alguém, não basta amarmos

para sermos amados.

E foi apenas nessa ocasião que aprendi a duras penas a lei da impermanência.

E você? Precisará receber uma lição da vida para aprender a lei da

impermanência?

No exato momento em que nos conscientizamos da impermanência, adquirimos uma

nova percepção que nos torna conscientes do fato de estarmos vivos.

Então passamos a nos desapegar de nossas máscaras e das inúmeras atitudes que

costumamos assumir como um gesto de defesa contra a sociedade que nos cerca.

Percebemos então, mais claramente, que algumas vezes temos desejado coisas que

- diante da lei da impermanência - irão apenas nos prejudicar e causar-nos dor.

Note bem que a conscientização dessa lei não irá automaticamente transformar

nossas vidas.

Haverá ainda a necessidade de transcendermos hábitos que não mais se justificam,

padrões de comportamento que passaram a se tornar indesejáveis etc...

Mas, teremos a vantagem de nos tornarmos mais conscientes dos obstáculos reais.

Percebemos que os verdadeiros obstáculos são nossos desejos e apegos que nos

levam a repetir constantemente comportamentos injustificáveis diante da impermanência

da vida.

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Evidentemente essa percepção entrará em choque com a maneira com que nos

avaliamos e até mesmo com aquilo que passamos a aceitar como sendo a nossa

personalidade.

É muito difícil abandonarmos padrões de comportamento estereotipados com que

convivemos a tanto tempo que acabamos por identificar com nossa própria pessoa.

Se for difícil nos conscientizarmos do processo que gerou esse estado de coisas,

pelo menos nos serve de consolo saber que, depois de identificado, fica muito mais fácil

modifica-lo ou transcende-lo.

Quando vivemos no mundo ilusório criado por nossas mentes, somos incapazes de

perceber a impermanência que está presente em nossos mínimos gestos.

Criamos então um conceito de vida que parece se fundamentar na crença de que

nossa vida na terra não terá um fim.

Dessa forma, cessamos de viver o momento presente, na ilusão de realizações

futuras e de recordações do passado.

Esse modo de proceder acaba por nos envolver em situações difíceis geradas em

conflitos interiores.

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O DESAPEGO

O desapego a certas coisas materiais é muitas vezes alcançado sem grandes

dificuldades.

É muito mais fácil nos desapegarmos da riqueza e das propriedades do que

abandonar velhos hábitos emocionais.

Temos imensas dificuldades em abandonar hábitos perniciosos como a critica, a

língua ferina, o sentimento de perda, o sentimento de orgulho pelas nossas realizações

etc...

Podemos criar o hábito de observar atentamente nossos padrões de

comportamento.

À medida que aumenta nossa percepção começamos a perceber a importância de

trabalhar nossas emoções e apegos.

Quando começamos a modificar nossas atitudes, começamos a progredir.

Quando decidimos agir de maneira saudável e coerente, automaticamente nossa

vida começa a modificar seus padrões para melhor.

Como essas modificações ocorrem em nosso íntimo não há necessidade de

abandonarmos nossa família, nem abandonarmos nosso trabalho, nem abandonarmos a

cidade em que moramos.

Basta que abandonemos nossas atitudes de apego.

Lamentavelmente nem sempre entendemos as mensagens filosóficas do oriente.

Imaginamos incorretamente que uma pessoa que deseja viver uma vida espiritual

deva abandonar o mundo e os prazeres do mundo.

Mas fugir não é vencer.

Uma pessoa que vive intensamente sua própria espiritualidade pode viver

confortavelmente, zelar por seus familiares, ser um excelente profissional em sua área de

trabalho e ter uma posição de relevo na sociedade em que vive.

Abandonar não é sinônimo de transcender.

Transcender não significa fugir ou evitar, antes de qualquer coisa, tem o sentido de

não se identificar nem se apegar ao objeto dos desejos.

Não adianta fugir do mundo para viver numa caverna ou em um mosteiro.

Estaríamos apenas substituindo uma alienação por outra.

Seja na caverna ou no mosteiro, se não tivermos transcendido nossos apegos,

seremos igualmente vitimados por nossas emoções.

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EGOÍSMO E CONSCIÊNCIA

Muitas pessoas acusam os budistas de serem egoístas porque estão sempre voltados

ao seu próprio aperfeiçoamento.

Essas pessoas esquecem-se que milhares de culturas, religiões e filosofias tentaram

mudar o mundo - olhe ao seu redor e veja por si mesmo o que conseguiram.

É impossível mudar o mundo - é uma tarefa demasiada para nossas forças; mas o

aperfeiçoamento de si mesmo é uma tarefa proporcional aos meios que dispomos e mais

que um mérito é o dever de cada um de nós.

Não existimos isoladamente.

Somos todos parte do ambiente em que vivemos e da sociedade com a qual nos

relacionamos.

Por essa razão, qualquer mudança em nossos padrões de comportamento modifica

aqueles que entram em contato conosco.

Os antigos educadores romanos diziam: - Exemplum docet! (o exemplo ensina).

A única maneira de que dispomos para melhorar o mundo é a auto melhoria; dessa

forma estaremos espargindo os benefícios desse aperfeiçoamento a todos aqueles que

estejam ao nosso alcance.

Os budistas não são egoístas, só por buscarem o auto aperfeiçoamento, pois

quando estão cuidando de si mesmos e voltados a pratica de seus métodos de

autodisciplina, não o estão fazendo de forma egoísta e gananciosa e sim com um

sentimento de profundidade e auto-respeito.

Não faz parte dos objetivos budistas a realização material e ambiciosa, mas sim a

busca da harmonia pessoal e do autocontrole.

Muitas de nossas aflições se originam do fato de termos nos habituado a viver em

função de um passado ou de um futuro que, por serem intangíveis, perdem seu cunho de

realidade.

O problema é que nem sempre conseguimos nos relacionar de uma forma franca

com as contingências impostas por nossos afazeres diários.

Mantendo as mãos no presente ao mesmo tempo em que mantemos a cabeça no

passado ou no futuro, não conseguiremos manejar satisfatoriamente as situações com que

lidamos.

Estamos sempre esperando que o futuro nos reserve alguma coisa maior ou mais

satisfatória, por essa razão nunca estamos plenamente satisfeitos.

Fizemos de nossa vida um constante preparo para alguma coisa que deveria vir no

futuro, mas que nunca chegará.

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OS OBJETIVOS DO HOMEM

Conta-se que em certa época viveu um homem que tinha grandes objetivos na

cabeça, mas que não via a oportunidade de coloca-los em ação.

Quando era garoto esse homem pensava: - Vou fazer uma grande obra que deixará

marcada minha passagem por este mundo, mas agora tenho que estudar e não tenho

tempo, quando terminar a oitava série eu o farei.

Aí ele entrou no segundo ciclo, mas os estudos se complicaram e ele pensou: -

Agora não tenho tempo porque tenho muita matéria para estudar, mas quando entrar na

faculdade o mundo verá do que sou capaz.

Os anos se passaram e ele entrou na faculdade, mas as atividades acadêmicas, as

dependências em certas matérias, o convívio com os colegas fizeram-no pensar: - Bom,

ainda não deu, mas assim que me formar tomarei todas as providências necessárias para a

realização de meus objetivos.

Ele se formou, mas viu-se envolvido no torvelinho da vida, casou-se com uma

colega da faculdade e teve que arranjar um emprego.

Pensou: - Logo que consiga comprar minha casa já terei tempo disponível para a

grande tarefa a que me propus.

Mas, mal acabou de comprar sua casa, surgiram os filhos e os problemas típicos da

vida familiar, o tratamento dentário da esposa, contas a pagar, aumento do custo de vida...

E ele pensou: - Não tem jeito mesmo, vou ter que por de lado meus objetivos até

que as crianças cresçam, enquanto isso estarei adquirindo experiência e mais tarde

poderei realiza-los.

Mas depois que as crianças se tornaram adultas vieram às noras e os genros, os

netos e as netas, aumentaram as atividades em família e o tempo disponível se tornou mais

exíguo ainda.

E o homem mais uma vez pensou: "- É, parece que ainda não é desta vez, mas

dentro de cinco anos me aposento e então terei todo o tempo do mundo para fazer tudo que

desejar.".

Mas assim que se aposentou aquele homem morreu.

Lembre-se: seja o que for que tenha a fazer, faça-o hoje, o futuro é agora!

O que você sabe não tem valor algum, o valor está no que você

faz com o que sabe.

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A BUSCA DO CAMINHO ESPIRITUAL

Quando começar a ocorrer em seu interior à mudança fundamental que os místicos

costumam denominar Senda Espiritual, você perceberá a dificuldade em retornar a seu

modo de viver anterior, mesmo que o deseje.

Se você ainda não atingiu os primeiros efeitos dessa mudança fundamental, não a

perceberá, mas, à medida que os atinja, ocorre uma mudança positiva que motiva a

prosseguir.

Você estará diante da descoberta do caminho espiritual.

Perceberá então que a mudança fundamental está aqui e agora - seja o que for que

você esteja fazendo.

Se não nos capacitamos a promover a revolução interior necessária à mudança

fundamental, mas temos alimentado essa perspectiva em nosso íntimo - o caminho virá a

nós.

Mesmo que você não se esforce para perceber que o sorvedouro do desejo e do

apego lhe seja destrutivo, suas próprias frustrações, mágoas e desapontamentos

conduzirão a certa moderação e ajudarão a obter um novo ângulo no seu posicionamento

diante da vida.

Todos que se dedicam à mudança fundamental esbarram, no inicio dessa busca,

com obstáculos que a seus olhos parecem de grandes proporções.

À medida que sua transformação interior atingir estágios mais elevados você

perceberá que esses obstáculos eram gerados por sua própria mente para tentar forçar sua

desistência visto que a ela (a mente) não interessa sua evolução espiritual.

Você não deve desistir, não importa quais sejam os esforços de auto

aperfeiçoamento a que tenha que se dedicar e não importam as proporções dos obstáculos

que tenha que enfrentar.

Se você desistir de enfrentar esses obstáculos agora, terá que enfrenta-los mais

tarde, não poderá fugir deles, não poderá esquivar-se a eles, não poderá justificar-se por

não tê-los enfrentado.

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VIVA AGORA!

Agora mesmo você tem tudo para agarrar sua vida com as próprias mãos e fazer

dela o que quiser.

A decisão será sempre sua - se hesitar em dar o primeiro passo ou se caminhar

aleatoriamente para frente e para trás com indecisão, estará apenas desperdiçando seu

próprio tempo.

Lembre-se: O tempo não passa o que passa é você.

Você pode decidir-se agora mesmo a encarar sua vida com honestidade.

As pessoas estão sempre tentando proteger seus egos (autoimagem?) e esse é o

habito mais difícil de ser abandonado.

O ideal seria que houvesse uma maneira de realizarmos a transformação interior

sem que houvesse a possibilidade de ferirmos o ego; sem análises; sem raciocínios (outra

vez a mente!); sem mastigações mentais e sem que sentíssemos o impulso autodestrutivo de

preservar.

Lamentavelmente não é possível realizar a transformação fundamental sem que

removamos as nódoas e as manchas que nos impedem de ter uma percepção límpida e real.

Se você tiver uma vasilha cheia de água turva irá notar que, a menos que remova a

sujeira que existe dentro dela, não importa que quantidade de água limpa lance sobre a

água turva, ela continuará sempre turva.

As pessoas que conviveram com alguns dos grandes místicos indianos (Ramana

Maharishi, Ramakrishna, Yogananda etc...) notaram que todos eles tinham em comum um

olhar de grande compaixão.

Os grandes místicos possuem esse olhar de compaixão porque percebem mais do

que ninguém como as pessoas a sua volta estão desesperadas e exaustas pelo constante

apego e pelas angustiantes tentativas de agarrar todas as coisas que a vida lhes oferece.

Certamente você já ouviu falar que o urso destrói suas vitimas menores a patadas e

dentadas e seus adversários maiores agarrando-os, fincando suas unhas nas costas deles e

esmagando-os contra seu próprio corpo.

Certa vez li a história de um lenhador do Canadá que foi surpreendido em seu

acampamento por um imenso urso pardo e não tendo nenhuma arma, arremessou-lhe a

chaleira de água quente com que pretendia preparar seu café.

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O interessante dessa história é que ao sentir a queimadura o urso que estava

acostumado a agarrar suas vitimas, ao invés de arremessa-la longe, agarrou-se a ela

desesperadamente - quando mais lhe ardiam às queimaduras, mais ele se agarrava à

chaleira.

As pessoas são exatamente assim!

Sabemos que os apegos nos magoam e acabam por nos destruir, mas cada vez mais

nos agarramos a nossos apegos.

A maioria das pessoas não possui muita determinação, não sabendo muito bem o

que esperam de suas vidas e tendo apenas mesquinhas ambições pessoais, ânsia de

satisfazer os próprios desejos, certo desespero para viver uma vida confortável, uma ânsia

de ser feliz a qualquer custo - tudo isso temperado com muita excitação e sensualidade.

Somos consumidos por nossos apegos, da mesma forma que a

mariposa é consumida pela chama que a atrai.

Você pode perceber que suas ansiedades e apegos são incapazes de lhe

proporcionar uma satisfação permanente, apenas lhe criam mais dor e dependência?

É um circulo vicioso: o apego gera dor e a dor faz com que nos agarremos mais

ainda a nossos apegos (porque temos a ilusão de que eles nos deem consolo).

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O CACHORRO DESDENTADO

No Tibet viveu o famoso yogue Milarepa, possuidor de grandes poderes e grande

sabedoria.

Tão grandes foram seus feitos que até em línguas ocidentais podemos encontrar

muitas obras a seu respeito.

Certa vez Milarepa foi visitado por um viajante que, espantado por seus grandes

conhecimentos espirituais, interrogou-o sobre qual o principal obstáculo que impedia o

homem de atingir a evolução espiritual.

Laconicamente Milarepa atirou um osso a um cão desdentado que estava ali

próximo e foi embora.

O visitante não entendeu o gesto de Milarepa.

Veja a explicação dada pelo lama Tarthang Tulku do Centro Tibetano de

Meditação Nyingma:

"O visitante não compreendeu o gesto de Milarepa porque não observou com

atenção a reação do cão desdentado".

O cão começou a roer o osso, mas como não tinha dentes, suas gengivas se feriram

e sangraram.

Sentindo o gosto do sangue o cão começou a achar o osso suculento e saboroso e

passou a roe-lo ainda mais vorazmente.

Assim são as pessoas, apegam-se desesperadamente a coisas que agradam ao ego e

não percebem que esse apego as destrói.".

E o que é pior, é que mesmo sabendo que existem atitudes mais saudáveis do que os

apegos, você continua a se mover nesse circulo vicioso e a deixar-se dominar pelo ego.

Agora que sabe essas coisas, acaba de gerar a oportunidade de acabar com esses

hábitos.

Por que não se interessar o suficiente pela verdadeira natureza de seu ser, a ponto

de admitir que exista esse habito em sua vida e iniciar as mudanças necessárias para se

libertar deles?

Por que você continua tentando enganar a si mesmo?

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O MEDO DE MUDAR

Toda mudança implica em medo, visto que exige que abandonemos velhos padrões

de comportamento para adotar alternativas.

Mas o pior tipo de medo é aquele que nos impede de descobrir por que temos medo

de crescer e assumir aquele aumento de responsabilidade que surge quando crescemos.

Embora superficialmente nossa mente nos faça crer que queremos crescer, em um

nível mais sutil tememos que o crescimento e a transformação fundamental ameacem

nossas pequenas falhas e dependências psicológicas que ilusoriamente parecem nos dar

tanto prazer.

Nossa mente interfere em nossas tentativas de auto aperfeiçoamento, causando-nos

desalentos e frustrações que parecem diminuir resultados que conseguimos atingir.

Uma das armas mais eficazes de nossa mente é fazer com que nos sintonizemos com

pequenos detalhes e ninharias que não seriam obstáculos se soubéssemos nos desapegar

do ego.

A maioria das pessoas quando toma a decisão de meditar ao invés de simplesmente

sentar e meditar perde-se em toda sorte de preparativos - arruma a sala, acende incensos,

estende um colchonete no chão etc... e quando começa a meditar perde-se num torvelinho

de complicações que parece formar uma espiral de recordações.

Ao invés de manter a mente focalizada no presente, no aqui e agora, conduz a

mente a lembranças passadas e a planos para o futuro.

Algumas pessoas mesmo depois de anos e anos de tentativas, nada conseguem, pois

se dedicaram nesse tempo todo a pesquisar novos métodos, a estudar temas espirituais e

filosóficos; a decidir se deve adotar este ou aquele ásana (posição física do Yoga), a ouvir

este ou aquele conferencista ao invés de sentar e meditar.

Pessoas que tentam obter mais e mais conhecimento ao invés de simplesmente

praticar as teorias que já aprenderam, nunca chegam a começar uma verdadeira busca

espiritual.

Muitas pessoas perdem tempo buscando um "guru" que lhes dêem todas as

respostas e que lhes apontem um caminho para chegar à verdade.

O verdadeiro "guru" é a experiência pessoal; podemos criar o hábito de aprender

através de nossos pequenos sofrimentos e decepções, através das confusões que geramos

ou que presenciamos.

Podemos aumentar a nossa percepção de forma sistemática, de maneira a

compreender como surgem dentro de nós as emoções básicas que costumamos extrapolar

em nossos contatos diários com outras pessoas.

Podemos aprender a reconhecer nossos erros e muda-los.

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O problema é que nosso ego é nosso principal inimigo e quando nosso verdadeiro

eu nos faz ver a necessidade de mudar um determinado comportamento, nosso amor

próprio (uma das principais armas de nosso ego), tenta nos fazer crer que esses nossos

pequenos defeitos são socialmente aceitáveis e que existem pessoas que os tem piores.

Justificativas como essas transbordam de nossa mente sem que precisemos nos

esforçar para encontra-las.

Caso você se surpreenda em alguma justificativa, esmague-a em sua própria

origem, não permitindo que se instale em suas emoções.

Na primeira oportunidade que tenha, medite sobre a circunstância ou

acontecimento que deu origem a essa tentativa de justificar-se e certamente descobrirá que

ela não surgiu em seu verdadeiro eu e sim é uma espécie de câncer emocional gerado por

seu ego.

Medite sobre os assuntos que acabou de estudar e encontre maneiras de aplica-los

à sua vida diária.

Você só tem a ganhar com isso.

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OBSERVAÇÃO DIÁRIA

É necessário que observemos honestamente nossos atos na vida diária e que

procuremos enfrentar frontalmente nossas pequenas fraquezas e tentações.

Essa dedicação ao que é correto não precisa necessariamente ser chamada de

religião, busca espiritual ou filosofia de vida; o que realmente importa é que ajamos

corretamente e que nossa mente não mascare nossos atos com segundas intenções.

Se tivermos dentro de nós um amor sincero pela verdade e o desejo de agirmos

honestamente, poderemos revolucionar as nossas vidas.

A vida não nos pede que aceitemos esta ou aquela religião, nem nos impõe este ou

aquele sistema filosófico.

Para falar a verdade, não é necessário que sigamos nenhum sistema de formação

filosófica ou religiosa.

Não é preciso que nos identifiquemos com nenhum rotulo, com nenhuma

comunidade, com nenhum agrupamento de pessoas.

Temos que nos desenvolver à nossa própria maneira, a partir de percepções que

surjam de nossos corações e de nossas próprias experiências diante da vida.

O maior passo que podemos dar em direção à nossa realização espiritual é

assumirmos integralmente esse dever que temos, de encontrar a verdade.

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A HONESTIDADE

A honestidade é necessária para que sejamos coerentes no exame de nossas

atitudes e atos diante da vida.

A menos que sejamos honestos, iremos nos enganar, tentando encobrir nossos

erros, tentando justificar nossas falhas e deslizes, tentando fugir às dificuldades que

surgirem no caminho, ao invés de enfrentarmos a nós mesmos e as nossas fraquezas,

produzindo em nós a mudança transformadora.

Se buscamos a verdadeira harmonia e o autoconhecimento, por que enganarmos a

nós mesmos?

Aliás, à medida que atinja níveis evolutivos mais elevados, acabará por perceber

que, mesmo que aparentemente algum ato seu esteja enganando alguém, na realidade

muito mais que enganar aos outros, você estará enganando a si mesmo.

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A BUSCA DO PRAZER

As pessoas desejam a felicidade e lutam violentamente, egoisticamente,

desesperadamente, por ela.

Acordam pela manhã com ânsia e preocupação de serem felizes e nessa busca

incessante entregam-se a inúmeras atividades estafantes e dilapidadoras cuja finalidade é

satisfazer o ego.

Dessa forma tentam se enganar, tentam enganar às próprias frustrações, tentam

esquecer a inutilidade dessa angústia toda.

A carência de vivência interior é tanta que essas pessoas se atiram à busca

desenfreada de prazeres que, agradando momentaneamente os sentidos, parece fazer com

que esqueçam a falta de direção que tem em suas vidas.

Seria muito melhor que essas pessoas aprendessem a assumir o dever que tem para

consigo mesmas, ao invés de tentar fugir a esse dever ocultando-se atrás de distrações e

atividades que contentam (momentaneamente) apenas o ego.

Quando tentamos contentar o ego estamos na realidade fugindo a nossas

responsabilidades, ao nosso dever de procurar nossa liberdade interior.

Quando assumimos esse dever estamos aprendendo a ser responsáveis por nossa

própria individualidade e passamos a viver em harmonia, vivenciando em nossos atos o

sentido profundo da liberdade interior, que dá propósito a nossas vidas e que nos permite

a tranqüilidade mesmo quando atravessamos as situações mais difíceis.

Quando observamos a maneira com que gastamos nosso tempo, descobrimos que

por falta de método, por não programarmos as coisas que temos intenção de fazer, mesmo

que o dia nos pareça atarefado, desperdiçamos boa parte dele em confusões, devaneios

inúteis e outras perdas de tempo.

Devemos estar sempre conscientes do que estamos fazendo, não com objetivos

pessoais (do ego), como o desejo de ficar rico, de ser poderoso, de possuir muitos bens

materiais, mas com o objetivo de viver o mais harmoniosamente possível, vivenciando o

próprio ato de estar vivo.

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CUIDANDO DE SI MESMO

Alguns executivos e certamente a maioria dos presidentes das grandes empresas,

tem muitas dificuldades nas mãos, pois são responsáveis pelas necessidades de centenas de

pessoas.

Mas a proposta que a vida lhe faz é que seja responsável por si mesmo.

Se você tivesse que cuidar de cinquenta ou cem pessoas, estaria em maus lençóis e

certamente teria que lidar com muitos problemas, mas não é tão difícil cuidar de si mesmo

- afinal você estará lidando com apenas uma pessoa!

Lamentavelmente as escolas nos ensinam muitas coisas inúteis, mas não ensinam a

sermos responsáveis pelo nosso próprio desenvolvimento interior.

De repente você descobre que mesmo sendo adulto e tendo constituído sua própria

família, não aprendeu como ter uma vida harmoniosa e significativa.

Ainda que tenhamos conseguido atingir certo padrão financeiro que nos dê algum

sentimento de segurança e realização material muitas vezes ainda não somos capazes de

ter domínio pleno sobre nossas emoções e sobre os apegos gerados pelo nosso ego.

Ainda que nos imaginemos autossuficientes e adultos, se não tivermos domínio

sobre nossas emoções e sobre nosso ego, estaremos apenas nos enganando.

No momento que tivermos que enfrentar alguma crise é que saberemos se nosso

conhecimento interior é capaz de gerar forças suficientes para que possamos enfrentar as

dificuldades.

Às vezes costumamos nos enganar tentando fugir de nosso dever de busca interior,

creditando aos outros a culpa de nossos problemas.

É fácil criticar os outros, qualquer imbecil consegue fazer isso com sucesso, mas é

difícil criticarmos a nós mesmos e, ter a capacidade de enfrentar nossos erros e fraquezas

sem culpar os demais é ainda mais difícil.

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FUGA E ALIENAÇÃO

Algumas pessoas imaginam que fugindo ou se alienando conseguirão superar os

próprios problemas.

Algumas delas chegam a se isolar do mundo, entrando em um convento ou seguindo

alguma seita ou caminho espiritual bizarro.

Apenas para compreender anos mais tarde que lá, dentro do templo onde se ocultou

para fugir dos problemas do mundo, estão também todos os seus problemas.

Quando você foge, leva consigo todos os seus problemas.

Ao entrar num templo, num Ashram, numa comunidade, com o objetivo de se

alienar dos problemas do mundo, você estará levando o mundo e os problemas do mundo

com você.

Alienações e fugas não resolvem os problemas da vida.

Os problemas da vida se resolvem quando assumimos a responsabilidade pelo

nosso desenvolvimento interior.

Muitas pessoas buscam o caminho espiritual porque se sentem atraídas pelo lado

romântico dessa vida.

O que estão procurando são modos exóticos de se vestirem, sistemas alimentares

estranhos, rituais e símbolos que apelem a seus sentidos.

Na realidade não estão buscando um caminho espiritual e sim uma alienação que

agrade a seu ego agredindo o assim chamado "sistema" (padrões sociais).

A vereda espiritual nada tem a ver com rituais e costumes originais e alienantes e

sim diz respeito apenas ao dever que temos de assumir a responsabilidade por nós mesmos

e por nosso autodesenvolvimento.

Quando uma pessoa atinge determinado desapego em sua busca espiritual recebe,

na Índia, o título de swami; essa palavra significa dono de si mesmo e tem tudo a ver com

o dever que temos de assumir a responsabilidade por nós mesmos e por nosso

autodesenvolvimento.

Muito mais que nossos medos, nossas ansiedades e nossas preocupações, o que nos

prejudica é a recusa em assumirmos nossa responsabilidade diante desses medos, dessas

ansiedades e dessas preocupações.

Por mais que tentemos, jamais deixaremos de sermos nós mesmos e o ato de ser

implica em termos consciência, em percebermos em plenitude, em assumirmos nossa

própria natureza essencial.

Ao assumirmos e reconhecermos o poder de nossas emoções estamos eliminando

estados de solidão e desespero inúteis.

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Passamos a aprimorar gradualmente nosso relacionamento com as outras pessoas

e pouco a pouco o ambiente que nos cerca, a própria sociedade em que vivemos se torna

mais positiva e harmoniosa.

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O CONTÁGIO DAS EMOÇÕES

Procure observar ao seu redor e notará que as emoções contagiam.

Quando alguém ri, as outras pessoas parecem entrar em sintonia e são levadas a

rir também.

Quando alguém chora, outras pessoas também sentem um impulso incontrolável

para chorar.

O mesmo acontece quando as pessoas se aproximam de alguém que esta passando

por alguma grande mágoa ou está em desespero.

O pensamento negativo atua como uma infecção; pessoas negativas costumam

atrair pessoas negativas - em inglês elas até recebem um nome especial; são chamadas de

negaholics - bêbedos de negatividade.

O oposto também é verdadeiro, pessoas otimistas costumam atrair pessoas

otimistas.

Compreenda a importância de aumentar seu nível de percepção, substituir seus

pensamentos negativos, controlar suas emoções e assumir a responsabilidade por seu

desenvolvimento interior.

O momento em que sentir que está se tornando triste, confuso ou solitário, é o

momento de começar a assumir a responsabilidade por si mesmo.

Tudo o que disse aqui não tem nada a ver com metas utópicas que poderão ou não

ser realizadas em algum tempo no futuro.

Trata-se de idéias fundamentais, procure coloca-las em pratica imediatamente.

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ESTEJA CONSCIENTE

Esteja consciente do momento que esta vivendo.

A cada momento seu corpo e sua mente estão sofrendo mudanças de natureza

fisiológica e psicológica a diversos níveis.

Podemos dizer sem medo de errar que neste minuto você já é diferente do que era

um minuto atrás.

E é essa eterna mudança que torna a vida possível.

Essa mudança constante é a própria vida.

Ao nos tornarmos conscientes desse eterno processo de modificação, estamos

tomando cada vez mais consciência de nossa própria vida.

Todos os nossos pequenos gestos tomam uma nova dimensão e as pequeninas coisas

adquirem um novo significado.

Compreenderá então que pode usar de forma nutritiva cada momento.

Pois é desses momentos que a vida é feita.

É importante que sejamos capazes de estar conscientes a cada instante, olhando e

pensando tudo aquilo que estejamos presenciando e fazendo no aqui e agora.

Podemos controlar nossa impulsividade tornando conscientes cada um de nossos

atos ao invés de agir aleatoriamente e através de impulsos emocionais.

Quando não refletimos sobre nossas ações não podemos ver com clareza

exatamente o que estamos fazendo e acabamos criando sonhos, fantasias e ambições

egoístas que nos causam inúmeros problemas e nos trazem dificuldades a cada passo.

Podemos aprender a ter consciência de nosso corpo e de nossas emoções.

Aprenda a perceber que as informações que nos chegam do mundo são sempre de

natureza real e não emocional - somos nós que acrescentamos nossas emoções aos fatos e

informações que nos atingem.

Você pode se libertar do mundo de recordações e lembranças que lhe tolhem os

passos e o impedem de ver a realidade como ela é.

Você pode se libertar dos padrões sociais que lhe impõem modelos romantizados e

irreais de emoções e sentimentos.

Você pode ter consciência imediata do que se passa em sua mente e em seus

sentimentos.

Você pode modificar os padrões emocionais que tem adotado até este momento com

relação à sua própria vida e aos fatos com que convive diariamente.

Analise seu modo de pensar e as ações que são geradas por essa atitude diante dos

acontecimentos que lhe ocorrem nas circunstancias do dia-a-dia.

Se você se habituar a fazer esse exame com regularidade todos os dias, todas as

horas, todos os momentos, estará desenvolvendo uma originalidade de percepção que o

tornará consciente o tempo todo.

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Sua vida se tornará mais simples e ao mesmo tempo mais útil e construtiva; você

não estará mais interessado apenas em buscar satisfação para si mesmo.

Estar consciente a cada minuto, enfrentar cada situação conscientemente é uma

das melhores maneiras de aceitar a responsabilidade de cumprir seu dever de

autoconhecimento.

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DHARMA

Em termos genéricos os ensinamentos de Buda são denominados "Dharma",

palavra sânscrita derivada da raiz Dhr (suportar, sustentar, transportar), que pode ser

traduzida de inúmeras maneiras, tais como: sustentação através da lei; apoio (ou suporte)

através da virtude; apoio do conhecimento; caminho da sabedoria; caminho da verdade;

aquilo que dá apoio, sustentação e suporte.

De onde podemos deduzir que o Dharma é uma espécie de conhecimento

transcendental que nos possibilita ter "sustentação", "apoio" e "suporte" diante das

vicissitudes da vida.

É interessante notar que na civilização indiana anterior ao Budismo, era

denominado Dharma o conjunto de leis e rituais peculiares a cada uma das castas (Varna)

adotadas por esse povo.

De acordo com uma crença popular em voga naquele país, as pessoas nascem em

determinadas castas segundo seus méritos ou deméritos em ações praticadas em vidas

anteriores.

Outra característica marcante daquele povo é a divisão da existência em quatro

áreas de conduta, a saber: Artha (a busca das posses materiais); Kama (a busca do amor e

do prazer), Dharma (a realização dos deveres religiosos e morais); e Moksha (libertação -

auto realização espiritual).

Como vemos, o conceito Dharma faz parte da civilização indiana em diversos

contextos e desde tempos muito remotos anteriores ao surgimento do Budismo. Apesar de

suas origens anteriores, a conceituação Budista sobre o Dharma é muito evoluída e possui

conotações bastante particulares.

Partindo da premissa que este universo como o concebemos seja uma manifestação

de uma Inteligência Superior que se dá a conhecer através de leis cósmicas (Macro e

Microcósmicas) que regem a gravidade interplanetária, o surgimento da vida em suas

miríades de formas e todas as infinitas nuances deste mundo manifesto; há que haver uma

regra fundamental que seja fator determinante da convivência harmoniosa entre todas as

coisas.

A essa regra (lei) o Budismo denomina Dharma.

Mas, sabendo-se que cada coisa, cada ser, cada manifestação do Universo possui

um Dharma particular, é preciso que tenhamos Prajna (Sabedoria) para que possamos

avaliar corretamente nosso próprio Dharma.

Evidentemente, se existe uma regra a reger o universo, devemos procurar agir em

harmonia com ela para que nos tornemos capazes de aproveitar ao máximo os potenciais

que a vida possa nos oferecer.

Um conceito indiano muito antigo nos diz que a soma de todas as coisas manifestas

e imanifestas (o todo) chama-se Paramatman (que costumo traduzir por Absoluto) e que

uma partícula desse todo existe no interior de todos os seres viventes com o nome de

Atman (que costumo traduzir por eu ou eu interior).

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A concepção indiana considera o Paramatman como a soma de todos os Atman.

Partindo do princípio que o ABSOLUTO deverá necessariamente, conter todos os

relativos, podemos compreender facilmente que o conceito de Paramatman está muito

próximo do conceito ocidental de um Deus Todo-Poderoso, criador de todas as coisas.

O conceito indiano sobre o Paramatman se diferencia do conceito de Deus

comumente aceito pelos ocidentais em um ponto básico:

O ocidental conceitua Deus como possuindo existência separada de sua criação,

portanto, para o ocidental a existência do homem está separada da existência de Deus.

Todas as religiões ocidentais são separatistas, note-se o conceito do "pecado

original" tão propagado no mundo católico.

Para o Indiano o Paramatman (chamemo-lo Deus se preferirmos outro rótulo

qualquer) possui duas naturezas intrínsecas e inseparáveis:

Natureza manifesta (representada pelo universo que podemos perceber através de

nossos sentidos) e; Natureza imanifesta (representada pela energia potencial e qualidades

subjetivas que costumeiramente atribuímos a Divindade).

Ora, nesses termos, tudo que existe é Paramatman, embora a soma de tudo que

está manifesto seja apenas uma fração do Paramatman - diante do incomensurável

resultante do acréscimo de sua parte imanifesta ao universo como o concebemos.

Sabemos que o Todo é a soma das partes, logo, podemos concluir que cada parte

do Todo também é o Todo embora seja apenas uma fração dele.

Se retiramos uma pequena partícula de um Todo, obviamente esse Todo deixará de

se um Todo e passará a ser apenas uma parte (imensamente grande sem dúvida, mas ainda

assim será apenas uma parte).

Logo, a pretensão dos ocidentais de possuir uma existência separada do Todo

(Paramatman - Deus – Absoluto) parece tola aos indianos, tão tola quanto pretender

separar o Criador de sua criação, não passando de uma blasfêmia presunçosa típica de

ignorantes.

Isso fica bem claro quando tentamos comparar o conceito ocidental de Religião

com o conceito oriental de Yoga.

A palavra Religião tem sua origem nos idiomas grego e latino (Religios e Religare),

significando unir novamente, religar, voltar a ligar - partindo do princípio que

originalmente Deus e o Homem estavam unidos e depois se separaram (pecado original?)

necessitando de uma série de exercícios espirituais (religião) para que voltem a se unir.

A palavra Yoga em sânscrito significa União, dando a entender que jamais nos

separamos do Absoluto (Deus), apenas enfraquecemos a consciência dessa união.

Ora, se o homem possui em si mesmo uma Essência Divina (Atman) que o une com

a realidade sustentadora do Universo (Paramatman) deve procurar se tornar consciente

de sua Natureza Divina de maneira a compreender seu papel diante do Universo e

realizar-se plenamente transcendendo as mazelas do mundo.

Qual é o papel do homem diante do Universo (de Deus, do Paramatman, do

Destino ou seja lá o rótulo que preferirmos)?

Esse papel evidentemente estará de acordo com os potenciais de cada ser humano

(portanto varia de pessoa para pessoa) e recebe o nome de Dharma.

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Se podemos conceber uma Divindade benevolente e compassiva, temos que

acreditar que Ela não queira o nosso mal, logo, não exigirá de nós mais do que possamos

lhe dar.

Nada nos é exigido que não esteja dentro de nossos potenciais ou que não seja

conseqüência de atos que praticamos no passado (visto que o Budismo clássico acredita

em vidas anteriores).

Compreender o Dharma é compreender nossos potenciais e o comportamento ético

resultante das ações que esses potenciais irão produzir no mundo em que vivemos.

Realizar o Dharma é cumprir nosso dever com relação a nossos potenciais e sua

correspondente responsabilidade ética.

Mesmo sendo essencialmente Divino, a vontade do homem, sua capacidade de

discernir entre este ou aquele comportamento, é fator importante a nortear sua vida.

Visto que sua capacidade de discernir será proporcional a seu nível evolutivo, seu

Dharma (seu dever) será proporcional a seu nível de consciência.

Quanto mais sabemos mais responsáveis nos tornamos diante de nossos atos.

O homem tem ao dispor de seu critério pessoal a capacidade de agir de forma justa

e de acordo com a harmonia do Universo (Vontade Divina?).

Em outras palavras: pode desenvolver seus potenciais não pela imposição de um

código de procedimento exterior, mas aprendendo a fazer o que é certo, por escolha

pessoal, porque compreende que isso colabora para o bem comum, para o bem de todos e

dele mesmo.

Ao tentar compreender as verdades transcendentais a respeito de si mesmo e de seu

papel neste mundo, fatalmente chegará à conclusão que a meta suprema de sua própria

evolução consiste em viver em perfeita harmonia com as leis que regem o Universo

(Vontade Divina se você preferir).

Antiga lei indiana denominada Karma ensina que colhemos aquilo que semeamos;

ou seja, tornamo-nos receptáculos das conseqüências dos atos que praticamos.

Velho provérbio brasileiro diz: Quem semeia ventos colhe tempestades.

Quando praticamos o mal temos experiências que nos fazem sofrer e que podemos

aprender a relacionar com o mal que fazemos.

Quando agimos corretamente passamos por experiências gratificantes que nos

levam a concluir que resultam do bem que fazemos.

Dessa forma aprendemos (às vezes a duras penas) que existe uma lei maior regendo

o Universo e que quando a afrontamos a vida nos puxa as orelhas.

Quanto mais compreendemos essa lei maior (Dharma) melhor nos preparamos

para viver em harmonia com ela, proporcionando a nós mesmos e a todos os que conosco

convivem os frutos de uma semeadura sadia e benfazeja.

Para praticarmos nosso Dharma (nosso dever) devemos praticar o bem em todas as

ocasiões, cumprindo nossas responsabilidades diante da vida de forma inexorável e

sistemática ainda que isso possa nos causar algumas dificuldades diante de uma sociedade

que não compartilha conosco este nível de consciência.

Existe uma lei (Dharma) regendo o Universo e apenas quando aprendemos a viver

em perfeita harmonia com essa lei podemos obter a perfeita ventura e felicidade.

Segundo o budismo clássico (que é reencarnacionista) pode ser necessário um

incontável número de vidas até que alguém seja capaz de viver de uma forma totalmente

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justa confiando cegamente no Dharma, mas todos terão que assimilar esta lição cedo ou

tarde.

É impossível o pleno conhecimento de si mesmo e a Iluminação a menos que antes

de tudo aprendamos a realizar o nosso Dharma visto que a retidão é à base da vida

espiritual.

Como podemos descobrir o que é certo ou errado diante das inúmeras

circunstâncias impostas pelo mundo a todos aqueles que nele vivem?

O amadurecimento (da percepção e não da idade) ensina o homem que os maus

atos geram sofrimento e que os bons criam felicidade e regozijo permitindo que aprenda

cada vez com mais eficiência, pelo método de tentativa e erro a evitar o erro e as

tendências que o levam ao mal.

Da mesma forma que quando desejamos eliminar um mau hábito precisamos por

em prática simultaneamente duas espécies de ação (uma que elimine o mau hábito e outra

que gere um bom hábito para substituir aquele que queremos eliminar) temos que

aprender a eliminar de nossos atos aqueles que são ruins ao mesmo tempo em que

cultivamos os que são bons.

Não basta evitarmos o mal, é necessário que pratiquemos o bem.

A verdadeira vida religiosa não consiste em adotar certos dogmas teológicos e

praticar os rituais pertinentes a uma determinada crença, mas sim na adoção de atitudes

retas, desapegadas, impessoais e que estejam em harmonia com o Dharma (Vontade

Divina) a todo o momento.

Quando eliminamos nossas preferências pessoais e passamos a nos dedicar a uma

existência inteiramente voltada a realização de nossos potenciais (Dharma) e ao bem

comum, praticamos aquilo que é conhecido como Niskama Karma (ação desinteressada).

Isso significa transcender os desejos pessoais interessando-se apenas em cumprir o

Plano Divino fazendo o que for necessário de acordo com nossa individualidade e os

potenciais (capacidades) que possuímos.

O Dharma de cada um de nós consiste em fazer sempre o que é

certo, no momento certo, do modo certo e por razões certas, até onde

for de nosso entendimento.

Não somos responsáveis por aquilo que não sabemos; nossa responsabilidade cessa

onde se iniciam circunstâncias que desconheçamos, mas somos totalmente responsáveis

pelo que sabemos.

A situação que se descortina diante de nós, resulta do Dharma, do dever que temos

que cumprir perante esta existência.

Seja ela uma situação importante ou insignificante, notada pela sociedade ou

despercebida por ela; não vem ao caso, o que se nos impõe é a obrigatoriedade em

cumprirmos o nosso dever (Dharma).

É preciso que nos conscientizemos que somos incapazes de impedir o cumprimento

do Plano Divino, mas que se não colaborarmos com ele criaremos complicações para nós

mesmos e teremos obstáculos ao nosso progresso espiritual.

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Embora o peixe não seja capaz de alterar o curso do rio por mais que se esforce,

terá maiores dificuldades quando nadar contra a corrente e aumentará sua velocidade

quando somar aos seus esforços o poder da corrente a favor.

O indivíduo reto melhora a si mesmo e melhora a sociedade em que viver, pois atua

sobre ela à medida que age.

Apesar de nos esforçarmos nem sempre conseguiremos fazer o que é certo, mas se

nos mantivermos determinados a cumprir o Dharma, gradualmente aumentará nosso

Prajna (Sabedoria) e nossa percepção ampliada nos permitirá compreender o modo

correto de agir em cada circunstância.

A capacidade de discernir o que é certo só é desenvolvida fazendo o que nos pareça

certo em cada circunstância e observando o resultado.

Quando isso se tornar parte de nós mesmos cessará todo esforço e a vida fluirá de

modo fácil e consciente.

Mas lembre-se:

Apenas o desejo de agir de modo correto não é suficiente para produzir

transformações no caráter e propiciar melhoria espiritual.

Muitos de nós se interessam pela necessidade de adotar um modo de viver mais

correto e até começamos a fazer o que é certo desde que isso não afete nossos interesses e

hábitos pessoais.

Mas não causaremos uma profunda transformação e nós mesmos, apenas

acreditando no que é correto; é necessário que o coloquemos em prática sempre, não

apenas quando nos convier.

Temos que fazer o que é certo em todas as circunstâncias, mesmo que possamos

ter perdas ou sofrimentos.

Para conseguirmos faze-lo, temos que estar sempre alertas, temos que agir de

forma inflexível escolhendo o que é certo em todas as ocasiões.

Alguns sofrimentos estão à espera de todos que tomam esta decisão, pois tão logo

decidam cumprir seu Dharma, começam a surgir todo tipo de tentações e impedimentos.

Desde que me entendo por gente, jamais pude perceber que exista uma vontade

divina que atue de maneira despótica sobre a evolução das pessoas, antes, tenho

observado que seja o que for que exista como vontade superior (a que alguns chamam

Deus), permite que cada um tenha a liberdade de agir à sua maneira e aprender com seus

próprios erros.

O Dharma de cada pessoa resulta da soma dos diferentes tipos de motivações que

atuam sobre ela, por isso não existe um conjunto de regras rígidas (como os dez

mandamentos, por exemplo) que sirva igualmente a todas as pessoas como condutoras a

uma vida de retidão.

Através da meditação sobre estes conceitos o praticante do Budismo

Transformacionalista evolui em sua concepção do Dharma e aprende a cultivar as

atitudes necessárias a uma vida correta.

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A compreensão de nosso verdadeiro Dharma vem da percepção espiritual que nos

conduz à purificação de nossa mente e a conseqüente transcendência de nossos desejos.

O que nos deve orientar é a nossa individualidade e não nossa personalidade (a

soma das atitudes artificiais e dos desejos impostos por nosso ego).

Disse Gautama:

"Depois de minha morte, o Dharma será o vosso mestre,

observai o Dharma e sereis fieis a mim."

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TRANFORMAÇÃO PESSOAL - O DESAPEGO

Desapegar é se libertar da dependência psicológica e emocional que nos ata a

fatos e objetos presentes em nossa vida diária.

É bom que entendamos que desapegar não é sinônimo de desistir ou abandonar.

Não há mérito nenhum em desistirmos de alguma coisa em função das dificuldades

e decepções que temos ao lidar com elas.

O valor está em nos libertarmos de valores e hábitos que não tenham mais

significação construtiva para nossas existências.

Nem sempre é fácil nos desapegarmos de coisas que antes nos davam prazer e

satisfação, para substituí-las por outras que sejam mais construtivas e harmoniosas para

nosso desenvolvimento pessoal e para a realização dos objetivos a que nos propusemos

como nossa meta na vida.

Livrarmo-nos de ambições e apegos inúteis é um ato de liberdade que nos dá a

oportunidade de maiores realizações dentro das atividades que sejam mais construtivas

para nosso auto aperfeiçoamento.

Desistência não significa desapego.

A pessoa que desiste, o faz por não conseguir atender satisfatoriamente a uma

necessidade, ou por ter problemas e dificuldades em lidar com elas.

A pessoa que desistiu não se desapegou, no íntimo ainda mantém o desejo de

realizar certas coisas, mas não encontra dentro de si a determinação e a disciplina

necessárias para concretiza-las; limita-se a submeter-se a suas inclinações e aos

acontecimentos a seu redor que a arrastam a uma vida infeliz e sem objetivos.

Esse tipo de pessoa (mais comum do que se pensa) sofre por sua incapacidade de

realização, por sua incapacidade de fazer o que deve ser feito e por seu esmorecimento no

cumprimento do que é seu dever.

Se não criar em si mesma a autodisciplina e o censo de dever, acabara por perder o

respeito por si mesma e passara a se desprezar, descambando para o terreno do vício e da

preguiça, terminando por destruir a própria vida.

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VIVENDO O MOMENTO

Viver o momento em sua plenitude é um dos mais aperfeiçoados métodos de

alcançar a vida espiritual.

É necessário que aumentemos nossa capacidade de conscientização se desejamos

viver cada momento em sua plenitude.

Visto que não somos preparados desde a infância para observar as transformações

que ocorrem em nosso interior no decorrer da vida, somos incapazes de perceber as coisas

que nos geram sofrimentos.

Nessa tarefa de perceber, podemos examinar atentamente os acontecimentos de

cada momento, procurando perceber as mudanças sutis que ocorrem em nosso íntimo.

Além de nos dedicarmos a essa percepção das modificações que ocorrem a cada

momento, podemos também examinar as experiências passadas, principalmente aquelas

que nos despertaram sentimentos intensos.

Á medida que nos familiarizarmos com nossos momentos de depressão e angústia,

estaremos mais aptos a tomar a decisão de não sofrer mais.

Apenas a partir dessa decisão passaremos a ver claramente a insensatez desse

processo de autotortura que criamos para nós mesmos.

Descobrimos então, que a modificação de nossas reações, a modificação da vida

interior em si mesma, é um constante processo de aprendizado.

Através da observação constante e desapegada das coisas que parecem nos causar

sofrimento, podemos aprender a compreender a nós mesmos e a natureza profunda de

nosso eu.

As frustrações, as dificuldades, as angústias e os sofrimentos nos fazem

compreender que a única maneira de escapar a dor e ao sofrimento é passando através

dela, indo além, transcendendo-a.

Quando estamos vivendo experiências felizes, não nos interessamos em observar

nosso interior e cessamos nossa busca, mas quando passamos por experiências que nos

causam frustrações e sofrimentos sentimo-nos impelidos a buscar ainda mais fundo.

É por esse motivo que as pessoas que mais sofreram na vida são as que mais

amadureceram e que possuem maior capacidade de atuar construtivamente no meio em

que vivem.

Não é quando estamos ociosamente cultivando nossos prazeres que nos sentimos

incentivados a iniciar uma busca profunda, mergulhando fundo na natureza real do ser.

Quando estamos passando por momentos de provação sentimo-nos inclinados a

iniciar essa busca, a desenvolver essas percepções e a meditar.

O sofrimento em si mesmo não é suficiente para nos dar respostas a certas questões

fundamentais, mas é através dele que sentimos o impulso construtivo de iniciar a busca.

Estamos convidando você a um caminho de vivência espiritual autentica.

Não nos deve interessar a vivência espiritual no sentido de ostentações externas,

frequência a cultos, praticas ostensivas de falsa caridade e outras coisas do gênero.

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Tais ostentações não impedem que a pessoa continue a ter em seu íntimo desejos de

poder, de posição, de destaque; o que significa medíocre vivência espiritual.

A melhor maneira de nos protegermos de nossos desejos egoísticos é manter

constante vigilância no sentido de ter percepção da impermanência e a certeza da morte.

Pode ocorrer que ao ler estas coisas você sinta certa aversão a estes assuntos, mas,

se aguçar sua percepção, verificará que essa aversão não é genuinamente sua, que não

surge do mais íntimo de seu ser e sim que resulta dos condicionamentos sociais a que se

tem submetido durante toda a vida.

A morte e a impermanência das coisas são fatos que não podem ser negados e

recusarmo-nos a encara-los de frente é apenas um ato de covardia moral e psicológica que

não irá impedir que esses fatos ocorram.

Nas rádios do interior e nos jornais de todas as cidades, costumam ser anunciadas

as mortes dos cidadãos.

Os obituários dos jornais não chegam a impressionar muito porque neles só se

publica o anúncio da morte de pessoas de destaque; mas se você vive numa cidade do

interior, terá a oportunidade de ouvir diariamente noticias sobre a morte de pessoas

simples e humildes como qualquer um de nós.

Irá verificar se ouvir o rádio com certa frequência, que diariamente morrem muitas

pessoas mesmo em uma cidade pequena.

Essas notícias sobre a morte são uma constante lição sobre a vida e teríamos

muitas vantagens se não as ignorássemos.

Quando compreendemos a impermanência de cada um de nossos atos, de cada uma

de nossas realizações, desenvolvemos a capacidade de adaptação.

Tornamo-nos capazes de encarar as circunstancias da vida de uma forma mais

amadurecida, sem nos agarrarmos a elas e sem nos sentirmos arrastados por ela.

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JUSTIFICAÇÕES DE VIDA

À medida que vamos passando por diversas vivências durante a vida, adquirimos

algum conhecimento e alguma experiência.

Porém, devido às nossas angústias e desejos, raramente vemos os fatos da vida com

olhos honestos.

Diante das decisões que nosso modo de vida nos impõe, muitas vezes estamos

conscientes do que temos a fazer, mas decidimos fazer o oposto, se o oposto nos parece

mais fácil.

E depois de não termos cumprido com nossas obrigações ou de não termos feito o

que era preciso, pedimos desculpas ou o que é pior, nos justificamos!

Nossa mente (por não ser exatamente nossa) é nossa inimiga e nos apresenta

opiniões e julgamentos para justificar o fato de agirmos inadequadamente.

Praticamente não existem vícios ou falhas de personalidade que não possam ser

vastamente justificadas por uma mente doentia e egocêntrica.

Algumas vezes, quando nos dispomos a fazer um esforço real no sentido do nosso

auto aperfeiçoamento, acabamos por aumentar nossas inseguranças sugerindo a nós

mesmos que o que estamos fazendo não é direito.

Algumas pessoas chegam ao ponto de se criticarem tanto que acabam retornando

ao ponto de partida e negando a se enfrentarem.

Desse estado de coisas resultam duas posições antagônicas: a primeira é o fato de

ainda ignorarmos certas coisas, e a outra é o fato de conhecermos certas coisas, mas

termos certa incapacidade de admiti-las como fazendo parte da realidade que vivemos.

Mesmo quando estamos vendo com clareza uma determinada situação, temos a

tendência a interpreta-la em nosso próprio beneficio e acabamos por tentar enganar a nós

mesmos.

Quando iniciamos algum esforço sistemático no sentido de modificarmos algum

padrão de comportamento que sabemos estar em conflito com nossas necessidades

evolutivas, muitas vezes somos tentados a esquecer o que sabemos e a ficarmos

preguiçosos, voltando a mente a outros assuntos.

A principal causa para esse modo de agir incoerente é o medo - medo resultante da

falta de força interior.

Esse medo toma conta de nossa mente de modo sutil, interferindo em nossa

capacidade de avaliar as coisas com clareza.

O medo é uma das mais poderosas armas do ego para se proteger, porque quando

ocorrem sentimentos de medo ou fraqueza, desistimos de enfrentar nossas próprias

realidades ou a nós mesmos.

Dessa forma mascaramos nossos verdadeiros sentimentos e pensamentos, de

maneira a perder a autenticidade de nosso modo de pensar.

E quando perdemos a autenticidade de nosso modo de pensar, nosso modo de

sentir, de olhar, de falar e de agir não é autentico.

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Essa hipocrisia mórbida acaba por nos envolver de tal forma que passamos a

esconder completamente o que sentimos por nós mesmos e pelos outros, evitando a

conscientização do fato de que estamos tão longe da verdadeira compreensão.

Se alguém tivesse a ousadia de sugerir que nossos egos estão assumindo o controle

e que estamos desperdiçando nossas vidas, certamente encontraríamos inúmeras

justificações e desculpas para a defesa de nossas atitudes.

Mas, se num gesto de amadurecimento, através da pratica do Yoga, da meditação

ou de quaisquer outros métodos efetivos para o despertar da consciência nos atrevermos a

nos observar com atenção e sinceridade, seremos levados ao ponto em que teremos que

admitir que estamos nos escondendo de nós mesmos.

A percepção desse estado de coisas, embora salutar, nem sempre nos leva a ações

modificadoras.

Tal fato ocorre porque nos sentimos esmagados pelas possíveis transformações que

antevemos que cairão sobre nossas vidas se realmente tivermos a coragem de lançar fora

nossas máscaras e assumir nossa posição real diante de nossas vidas.

Tememos tanto a mudança que achamos mais fácil enfileirar justificativas e negar

constantemente a necessidade de mudança, do que mudar.

Mesmo que tenhamos consciência do que precisamos fazer para tornar nossas vidas

significativas e dignas de serem vividas e mesmo que saibamos como faze-lo - somos fracos

demais para começar.

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OS JOGOS SOCIAIS

Recentemente foi descoberto um novo campo dentro da Psicologia, denominado

Análise Transacional.

Esse "novo" campo do conhecimento humano veio apenas comprovar certos fatos

que já eram conhecidos por todas aqueles que se dedicam à busca espiritual.

A percepção espiritual primeiro e Análise Transacional bem mais tarde, chegaram

à conclusão que disputamos constantemente jogos sociais.

Duas são as razões para disputarmos esses jogos: primeiramente, porque nosso

desempenho neles agrada o nosso ego e nos dá aceitação social; em segundo lugar,

porque isso nos traz a possibilidade de atingirmos a realização de nossos desejos de poder.

A habilidade (inteligência emocional) que possuímos em seguir os padrões sociais

(regras sociais - como regras de um jogo) nos proporciona a capacidade de jogarmos bem

e conseguir uma vida bem sucedida (pelos padrões da sociedade em que estivermos

vivendo).

O fato de possuirmos habilidade para os jogos sociais não tem nada a ver com

nossa capacidade de atingirmos uma percepção profunda de nossa vida interior.

Quando nos encontramos de manhã com um de nossos vizinhos e trocamos com ele

um diálogo nem sempre estamos realmente interessados nele, nem ele esta especialmente

interessado em nós.

Estamos apenas trocando um sorriso amarelo por outro sorriso amarelo.

Muitas vezes nos envolvemos tanto nesses jogos que já não podemos distingui-los

de nos mesmos e acabamos por perder contato com nossa natureza interior.

Esses jogos nos levam a um comportamento doentio - daí a sociedade estar doente -

e embora nos sintamos extremamente cansados com o jogo, continuamos a jogar.

Podemos até tomar consciência do fato de que estamos apenas disputando jogos,

mas nossa maneira de viver cria situações de tensão que parecem impedir-nos de agir de

acordo com nossos sentimentos interiores mais autênticos.

Os jogos sociais têm diversos níveis de atuação.

Nos ambientes profissionais eles adquirem uma dimensão tal que a capacidade de

manipular os outros, de usar a argúcia e a manha, de ser corrupto e de fazer com que as

aparências sejam normais enquanto ocorrem sujeiras subterrâneas, seja aceitável,

respeitável e até digno de elogios e admiração.

Há jogos de todos os tipos e para todos os gostos e a atitude geral é mais ou menos

a seguinte: "- Como farei para vencer, não importando os meios que uso?".

Ninguém esta muito preocupado com o fato de que alguém ou alguma coisa podem

estar sendo destruídos no processo - a única coisa que importa é vencer.

Entretanto, no desenrolar desse processo nos tornamos tensos e a insegurança

gerada por nossos próprios atos recai sobre nós.

E no meio de tudo isso não sabemos o que fazermos para nos libertarmos.

Para todo lado que olharmos vemos a dor, a solidão, o medo e a confusão - e

ficamos ansiosos para escapar de tudo isso.

Numa tentativa desesperada de fuga (alguns se suicidam no processo), fazemos

excursões nos fins de semana e planejamos atividades e divertimentos para nossas mentes.

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Apesar dessas atividades em que apenas trocamos uma alienação por outra, nosso

sofrimento mental e nosso desassossego interior continuam.

Mesmo que realmente decidamos que precisamos mudar e resolvamos percorrer um

caminho de desenvolvimento interior, titubeamos, sentindo que precisamos primeiro

terminar nosso trabalho, depois abandonar nosso emprego e só depois iniciar a nossa

busca interior.

E, no fim, simplesmente nunca chegamos a fazer nada disso realmente.

Certamente temos sonhos bonitos e decentes, mas na realidade, quase nada

realizamos em nossa vida espiritual e material.

No mundo todo as pessoas passam suas vidas sonhando com uma vida diferente e

espiritualmente desenvolvida, sem fazer nada para tomar uma iniciativa séria nesse

sentido.

Uma das razões para o adiamento desse tipo de decisão é que nossa sociedade foi

estruturalmente organizada de tal forma que a menos que nos conformemos com o atual

estado de coisas, não conseguiremos sobreviver.

Assim sendo, nos sentimos constrangidos e incapazes de tomar as decisões

necessárias para mudar nossas vidas. Ainda que comecemos a percorrer um caminho

espiritual, isso não quer dizer que continuaremos.

Não porque estejamos a nos impor uma disciplina rígida demais ou acima de

nossas forças e sim porque nos falta coragem e confiança.

Ignoramos nossos potenciais para sobrevivermos sobre nossos próprios valores -

sempre fomos incentivados pela sociedade a levarmos uma vida dependente.

Não significa que a espiritualidade em si mesma não possua motivações suficientes

para nos incentivar a continuarmos a nossa busca, o problema é que para mantermos uma

atitude voltada para a espiritualidade entramos em conflito com nosso modo de pensar

costumeiro.

As razões de nossas dificuldades é que queremos percorrer ao mesmo tempo dois

caminhos diferentes - aquele que nos trás o sucesso no mundo e aquele que nos

proporciona uma vida espiritual mais significativa.

O mais provável é que sigamos um caminho espiritual por algum tempo e

desistamos assim que esbarramos nos primeiros problemas.

Talvez tenhamos idealizado fantasias e expectativas irreais, talvez percebamos que

o simples fato de decidirmos iniciar um caminho espiritual não nos impeça de encontrar

muitos dos problemas e hábitos que supúnhamos tivessem sido deixados para trás.

Sempre haverá uma diferença significativa entre nossas expectativas e nossa

experiência real e, às vezes, por não nos apercebermos disso, chegamos à conclusão que o

tempo que dedicamos a nossa busca espiritual foi perdido.

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IDEOLOGIA

Tudo na vida é uma questão de ideologia, até mesmo a busca ou não da

espiritualidade.

Quando você era uma criança, teve a necessidade de adquirir um sistema de

valores que lhe permitisse sobreviver ao mundo a seu redor.

Esse sistema de valores (que mais tarde acabaria por compor sua ideologia) lhe foi

imposto de fora, a partir dos critérios de julgamento de seus pais, professores e outras

pessoas que, de alguma forma exerceram alguma influencia sobre você.

Pare um minuto e considere que todas as influencias que lhe venham de fora na

intenção de fazer a sua cabeça, são alienantes.

A palavra alienação deriva do termo "alien" que significa aquilo que vem de fora.

Quando conceitos, atitudes e procedimentos nos são impostos a partir de outras

pessoas, temos sempre a opção de aceita-los ou não.

Caso os aceitemos sem vivencia-los, sem que os tenhamos encontrado através de

nossa experiência pessoal, estamos nos alienando.

A palavra ideologia contém em si dois termos, a saber: idéia e lógica.

Idéia é uma percepção personalizada; com isso quero dizer que ela surge de sua

concepção, de sua ideação da realidade.

Para facilitar o raciocínio, aceite por hipótese, que o termo ideologia seja um

sinônimo dos valores que você determinou para si mesmo como sua filosofia de vida.

Ora, suas idéias são exclusivamente suas, mesmo vivendo num mundo em que a

televisão e outros meios de comunicação tentam fazer a sua cabeça, a última palavra é

sempre sua e você decide até que ponto aceita essas influencias.

Desde que, a partir de uma informação vinda do exterior, você vivencie um fato e

passe a construir um determinado critério pessoal a respeito desse fato, você está

adotando uma ideologia.

No entanto, se ao invés de construir um critério próprio você aceitar junto com as

informações que lhe vêem do exterior uma avaliação que não seja a sua, então você estará

se alienando.

Com isso, poderá concluir que você só terá uma ideologia se ela partir de si

mesmo, de sua própria avaliação da realidade, de sua própria maneira de ver o mundo, de

sua víscera, de dentro de si mesmo.

E tudo o mais que tentem lhe impor ou que, pior ainda, você aceite sem vivenciar,

será exclusivamente alienação.

Quando descobrir em si mesmo um antagonismo interior entre seus desejos com

relação ao sucesso no mundo e sua busca de espiritualidade, verifique quais os pontos em

seu sistema de valores (sua ideologia) que estão em conflito com seus desejos.

Localizado o ponto, reconstitua os meios de que se valeu para adota-lo, verifique

atentamente se os valores que lhe serviram de base eram autenticamente seus ou se eram

de alguma forma impostos (ou aceitos sem o crivo de sua vivência pessoal) de fora.

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Fazendo essa auto verificação você não só descobrirá as razões que estão por trás

dos empecilhos à sua busca espiritual, como também caminhará com passos certos em

direção a seu autoconhecimento.

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UM POUCO DA HISTÓRIA DO BUDISMO:

No nordeste da Índia, na região de Maghadi, existiu um Clã chamado Sakya, onde,

por volta de quinhentos Antes de Cristo, nasceu um príncipe chamado Gautama (Gotama),

que mais tarde viria a ser conhecido pelas alcunhas de Siddhartha ou Buda.

Da mesma forma que "Cristo" é uma alcunha de Jesus, que significa "ungido" assim

também, "Buda" é uma alcunha de Gautama que significa "iluminado" e "Siddhartha" é

outra alcunha que significa "aquele que tem poderes".

Gautama, depois de passar por inúmeras peripécias lendárias, decidiu abandonar

sua condição de príncipe e tornar-se um asceta.

Abandonando suas três esposas e seu filho recém-nascido (Rahula), procurou se

instruir junto aos mais eminentes mestres de seu tempo.

Mas, após alguns anos de estudo dos métodos desses mestres, que incluíam Yoga,

Meditação, e outras práticas ascéticas e filosóficas, chegou à conclusão de que esses

conhecimentos todos não eram suficientes e não o haviam levado mais próximo à Verdade.

Possuindo forte determinação, Gautama sentou-se sob uma árvore Banyan (que

existe ainda hoje na Índia, apesar de haverem passado 2500 anos desde aquela ocasião) e

recusou-se a se alimentar e a se erguer, até que tivesse alcançado a iluminação.

Segundo a tradição, Gautama superou inúmeros obstáculos tanto físicos quanto

mentais, durante essa árdua meditação, mas, finalmente emergiu através dela, tendo

alcançado a iluminação e passando a ser conhecido desde então como Buda.

A iluminação de Buda deu origem ao conceito de Nirvana, que seria um estado de

transcendência, em que se desperta para a derradeira realidade, que transcende a vida e a

morte.

Após sua iluminação Buda dedicou-se a transmitir seus ensinamentos por toda a

Índia, durante aproximadamente quarenta e cinco anos, até sua morte, que se deu quando

contava aproximadamente oitenta anos.

Seus primeiros discípulos foram justamente seus mestres e colegas de meditação,

seguindo-se seus parentes mais próximos.

Os ensinamentos de Buda (denominados Doutrina por seus seguidores religiosos)

receberam o nome de Dharma.

Você já leu a respeito do Dharma neste livro, em capítulo anterior.

Os ensinamentos de Buda se dividiam em quatro partes, denominadas As Quatro

Nobres Verdades, que tratam da origem do sofrimento.

A última dessas partes é a Senda Reta dos Oito Caminhos que, somadas ao

conceito do Desapego, formam o arcabouço do código moral do Budismo.

Para a época histórica em que surgiu, houve um forte obstáculo à difusão do

Budismo devido a sua recusa em aceitar o sistema de castas hindu, que era uma afronta

aos valores políticos e sociais vigentes.

Alguns historiadores chegam a acreditar que se não fosse por essa atitude

socialmente moral, porém politicamente incorreta, o Budismo teria alcançado uma

divulgação tão grande que teria superado o Cristianismo, mesmo entre as culturas

ocidentais.

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Pessoalmente, discordo desses historiadores, pois não consigo conceber nem o

Cristianismo nem o Budismo como religiões, visto que Jesus não tinha nenhuma religião,

não freqüentava nenhum templo, (a não ser para brigar com os que lá estavam) e não

instituiu nenhuma religião.

No contexto histórico do tempo de Cristo, criar uma Igreja (egrégora) era o mesmo

que criar uma Associação (esse o verdadeiro sentido da palavra Igreja) o que não

implicava na criação de uma religião.

Mas, a meu ver, tanto Jesus como Buda, foram vítimas das influências políticas e

sociais que fizeram de seus ensinamentos novas religiões, sem que eles tenham sido

consultados a esse respeito.

Ainda me causa espanto conceber que Jesus, que passou toda a sua vida adulta

lutando contra o sistema religioso que existia em sua pátria, tenha seus ensinamentos

transformados em religião.

Os ensinamentos de Jesus afirmavam que o homem não estava separado de Deus;

constantemente afirmava: "- Eu e o Pai somos um."; mas seus seguidores não o

respeitaram e transformaram seus ensinamentos em Religião (do grego "religios" e do

latim "religare") que pressupõe que o homem existe separado de Deus e que é preciso

seguir-se uma doutrina para voltar a unir-se a Ele.

Quanto a Buda, ele não era um monge, e sim um asceta.

Pressupõe-se que um monge pertença a uma congregação religiosa, o que implica

em seguir doutrinas e dogmas, mas Buda era um praticante de meditação e exercícios

morais (ascetismo), o que não implica em pertencer a uma comunidade religiosa ou ater-se

a dogmas e doutrinas.

Infelizmente nem Jesus nem Buda deixaram escritos.

Todas as referencias que possuímos a respeito de seus ensinamentos foram

transmitidas através de tradições orais e muito depois transcritas e copiadas.

Os historiadores relatam que trechos inteiros da Bíblia foram reescritos dezenas de

vezes, segundo a conveniência política e social de um determinado momento histórico.

Isso nos faz pressupor que o mesmo tenha acontecido com as escrituras budistas

(muito embora os orientais fossem – agora já são - menos dados a essas manipulações

espúrias).

O que resta então àquele que está verdadeiramente interessado em encontrar a

verdade?

Parece-me, à luz de meus parcos conhecimentos, que é de bom alvitre esquecer-se

todas as interpretações publicadas a respeito do que Jesus e Buda disseram (sejam os

evangelhos, sejam os tripitakas) e atermo-nos aos princípios básicos que nos ensinaram,

procurando escutar a voz de nossos corações.

Quanto a Jesus, existe um ensinamento profundo e maravilhoso, muito maior do

que qualquer coisa que tenham escrito sobre ele ou sobre as coisas que ele disse.

Trata-se de "Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.".

Aquele que se diz seguidor de Cristo, não precisa de mais nada, além disso, ao

invés de perder tempo lendo a Bíblia ou freqüentando cultos, deveria meditar diariamente

sobre essa frase e colocá-la em prática a cada momento (coisa que poucos pastores ou

padres fazem).

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Quanto a Buda, seus seguidores deveriam meditar e praticar mais as Quatro

Nobres Verdades e a Senda Reta dos Oito Caminhos.

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ESTUDANDO UM BUDISMO ÚTIL

Vamos meditar um pouquinho a respeito das Quatro Nobres Verdades, para que

possamos mais tarde nos tornarmos capazes de praticar com convicção a Senda Reta dos

Oito Caminhos.

Um Budismo útil implica em meditar e praticar os ensinamentos de Buda e não em

se dedicar a cultos de ordem religiosa e devocional.

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AS QUATRO NOBRES VERDADES

As Quatro Nobres Verdades são bem simples e fáceis de serem entendidas.

Não subestime a simplicidade delas, pois são muito profundas e quando aplicadas

incondicionalmente à sua vida, podem transforma-lo numa pessoa mais digna, mais feliz e

mais útil para a sociedade humana.

Primeira: Fora daquilo que lhe pertence, Tudo é dor.

Segunda: A causa da dor é o apego.

Terceira: Cessando o apego, cessa a dor.

Quarta: O método para se conquistar o domínio do apego é a Senda Reta dos Oito

Caminhos, também conhecida por Ashtanga Yana (O Caminho das Oito Partes).

Vamos agora refletir a respeito de cada uma das QUATRO NOBRES VERDADES:

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PRIMEIRA NOBRE VERDADE: TUDO É DOR

Quando comecei a estudar o Budismo, a Primeira Nobre Verdade me pareceu

exagerada, eu ainda não estava preparado para entendê-la e não me parecia que Tudo é

Dor.

Como eu ainda me percebia como uma individualidade separada das outras

pessoas e como em alguns momentos me sentia feliz e vivenciava experiências que me

eram agradáveis, não conseguia entender como Tudo é Dor.

Foi apenas após muitas meditações e com o amadurecimento que a vida trás que

comecei a perceber quão verdadeira é a Primeira Nobre Verdade.

Evidentemente que, fiel aos meus princípios de não me deixar levar pelos textos e

sim, ouvir a voz do meu coração, sei apenas pequena parte dessa verdade e vou

descobrindo cada vez mais à medida que vou vivenciando a realidade da vida.

Isso significa que você também, pode ir descobrindo cada vez mais a profundidade

de cada uma das Quatro Nobres Verdades, à sua maneira, no seu próprio ritmo, através

das experiências que for vivendo.

Recorrendo ao método de Jesus e de Buda, que usavam de parábolas e metáforas

para transmitirem os ensinamentos mais profundos, vou transcrever a seguir alguns

exemplos de como percebo a Primeira Nobre Verdade: Tudo é Dor.

Primeiro Exemplo:

Maria é uma bela moça morena, de cabelos longos, lindos olhos e sorriso gentil.

Na pequena cidade em que mora muitos rapazes suspiram pelo amor e pela atenção

de Maria.

Dentre eles, há cinco que estão perdidamente apaixonados por ela.

São eles: o José, o João, o Roberto, o Antonio e o Dagoberto.

Maria faz a sua escolha e se casa com Dagoberto.

Dagoberto sente-se o mais feliz dos homens e por isso não consegue acreditar que

Tudo é Dor.

Mas no mesmo momento em que Dagoberto se sente feliz, o José, o João, o Roberto

e o Antonio estão sofrendo muito, estão tristes e de coração partido, para eles Tudo é Dor.

Segundo Exemplo:

Milton gosta muito de fumar e acabou de comprar um maço de cigarros; colocando-

o no bolso da camisa.

Vai andando pela rua satisfeito, sente-se feliz, se lhe disséssemos que Tudo é Dor

ele não acreditaria em nós.

Só que à medida que vai caminhando, o maço de cigarros cai de seu bolso, sem que

ele o perceba.

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Pouco depois passa por esse mesmo caminho o Edson, que não fuma, vê o maço de

cigarros e o chuta para o lado continuando sua caminhada.

Pouco depois do Edson, passa por ali o Manoel e encontrando o maço diz: "- Oba!

Novinho em folha! Sou um homem de sorte!".

Manoel, que gosta de fumar, apanha o maço do chão e sente-se feliz, se você disser

a ele que Tudo é Dor, ele rirá na sua cara.

Nesse mesmo momento Milton resolve fumar um cigarro, põe a mão no bolso e

descobre triste e com raiva que perdeu aquilo que lhe causa apego, para ele nesse momento

Tudo é Dor.

Terceiro Exemplo:

Laura entra numa lanchonete e pede um suco de laranja; ela gosta muito de suco de

laranja e toma uns três copos por dia - este suco que acabou de pedir já é o terceiro de hoje.

Laura está satisfeita e vai tomar o suco que gosta, se você lhe disser que Tudo é

Dor, ela vai zombar de você.

Enquanto espera o suco ser preparado, começa a ler um artigo sobre a Macrobiótica

que foi publicado numa revista.

Esse artigo menciona que se a produção de laranja mundial fosse dividida pelo

número de pessoas, caberia a cada pessoa apenas três laranjas por ano.

Ela acha curiosa essa informação, presta atenção no rapaz que prepara o suco e nota

que só para preparar o copo de suco que vai tomar, foram usadas três laranjas; toma o suco,

sai da lanchonete feliz da vida e vai cuidar de seus afazeres; nem se lembra mais do que

leu.

Mas em algum lugar do mundo três pessoas não poderão experimentar uma laranja

sequer durante todo este ano.

Perceba como Tudo é Dor.

Quarto Exemplo:

Zacarias é um bom homem, trabalhador, honesto, bom pai, bom cidadão.

Só que Zacarias tem um vício, ele gosta de prostitutas.

Mesmo sendo casado, Zacarias separa uma parte do salário e uma vez por semana

vai ao prostíbulo onde transa com a Tábata, sua prostituta favorita.

Zacarias não liga pra isso, já se tornou um hábito e ele prefere não pensar muito a

esse respeito.

Toda vez que vai ao prostíbulo se sente muito feliz e se você lhe disser que Tudo é

Dor ele lhe dirá que você só pensa assim porque não sabe se divertir.

Tábata não gosta de Zacarias, tem verdadeiro nojo dele, mas quando ele chega ela

sorri e finge gostar dele porque precisa do dinheiro dele para cuidar de sua mãe que é cega

e não pode mais trabalhar e de sua filhinha que está no hospital.

Ela detesta trabalhar como prostituta, mas não sabe fazer outra coisa e o emprego

de doméstica ou balconista, que são os únicos que consegue, não pagam o suficiente para

que consiga sustentar a mãe e a filhinha.

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Para ela é muito sofrido o trabalho no prostíbulo e durante as horas em que ela o faz

Tudo é Dor.

Quinto Exemplo:

Dona Nair é a mãe do Fernando e o ama muito e sofre todos os dias quando ele sai

da favela e vai para as ruas, ela sabe que o filho é um marginal viciado em crack, que não

gosta de trabalhar e que consegue dinheiro assaltando as pessoas.

Dona Nair teme pela vida dele.

Já lhe deu muitos conselhos, mas de nada adiantou, agora ela reza todos os dias por

ele e pede a Deus que o proteja e que o leve ao bom caminho.

Dona Nair não tem muito tempo para cuidar de Fernando, pois foi abandonada pelo

marido e lava roupa para fora e faz faxina o dia inteiro, para poder cuidar de seus outros

oito filhos pequenos.

Para ela Tudo é Dor.

Fernando gosta da vida que leva e se sente o rei da malandragem quando assalta

alguém e “descola uma grana” para comprar tóxico.

Vai levando a vida num “lero” e se você disser a ele que Tudo é Dor ele vai lhe

dizer que a vida só é dor para quem é otário.

Ele não percebe que o grande otário é ele mesmo.

Espero que com estes exemplos você tenha conseguido perceber, como eu percebi

que realmente Tudo é Dor e que aquilo que causa prazer e felicidade a uma pessoa, pode

estar causando necessidade e infelicidade a outras pessoas.

Note que quando Buda afirma que Tudo é Dor, ele sabe que muitas pessoas

experimentam momentos de prazer em suas vidas.

Na realidade, Tudo é Dor não porque seja impossível o prazer e a felicidade e sim

porque as pessoas colocam suas possibilidades de prazer e felicidade nas coisas e nas

pessoas ao invés de colocar em si mesmas.

Se, para que você tenha prazer e felicidade, depende das coisas e das pessoas,

alguma coisa pode acontecer que o impeça de ter as coisas e as pessoas que você deseja e

isso pode fazer com que se sinta infeliz.

Você entenderá isso melhor quando meditarmos a respeito da Segunda Nobre

Verdade logo a seguir.

Note que o José, o João, o Roberto e o Antonio, prefeririam terem se casado com a

Maria, no lugar do Dagoberto.

Note que o Milton preferiria não ter perdido o maço de cigarros.

Note que as três pessoas ao redor do mundo teriam preferido que a Laura não

gostasse tanto de suco de laranja (ou que a produção mundial aumentasse).

Note que o Zacarias preferiria que a Tábata gostasse realmente dele e a Tábata

preferiria não ter que ser uma prostituta.

Note que a Dona Nair preferiria que o Fernando fosse um rapaz decente e

trabalhador e que o Fernando preferiria que sua mãe não “pegasse tanto no seu pé”.

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Todas essas pessoas colocaram a expectativa de felicidade em coisas,

circunstâncias e pessoas que não lhes pertencem!

Lembre-se sempre que só lhe pertence o seu pensamento, as suas ações e as coisas

que dependem de seus pensamentos e suas ações.

Para uma pessoa que não compreende verdadeiramente isso; que não consegue

criar atitudes mentais que lhe permitam administrar confortavelmente esse estado de

coisas, Tudo é Dor.

Procure meditar no que acabou de ler e antes de prosseguir, procure observar

como o que lhe causa prazer, pode estar causando dor a alguém.

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A SEGUNDA NOBRE VERDADE:

A CAUSA DA DOR É O APEGO

Se você pensa que a dor é a conseqüência do "não ter", você está enganado; a

causa da dor é o "querer ter e não ter", sendo, portanto o "querer ter" a condição

necessária para que o "não ter" se transforme em dor.

Não é a miséria que nos torna "miseráveis" e sim o descontentamento que temos

diante dela.

Quando me lembro da história do Milton perdendo o maço de cigarros (que você

acabou de ler), sempre acho interessante que ao perdê-lo ele não sentiu dor alguma, ele

sentiu dor apenas quando soube que o tinha perdido.

Perder o maço foi "não ter", mas ele não sentiu nenhuma dor.

Perceber que tinha perdido o maço foi "querer ter e não ter", foi aí que ele sentiu a

dor.

Na realidade, tudo é dor não porque seja impossível o prazer e a felicidade e sim

porque as pessoas colocam suas possibilidades de prazer e felicidade nas coisas e nas

pessoas ao invés de coloca-las em si mesmas.

Se, para que eu tenha prazer e felicidade, dependo das coisas e das pessoas,

alguma coisa pode acontecer que me impeça de ter as coisas e as pessoas que eu desejo e

isso pode fazer com que me sinta infeliz.

Isso aconteceu comigo dezenas de vezes.

Dezenas de vezes amei e não fui correspondido; dezenas de vezes quis ter certas

coisas e nunca as consegui, ou; (o que é pior) as consegui para perdê-las logo depois.

Hoje sofro menos, não porque esse estado de coisas tenha deixado de acontecer,

mas porque hoje sei que só me pertencem o meu pensamento, minhas ações e as coisas

que dependem de meus pensamentos e de minhas ações.

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A TERCEIRA NOBRE VERDADE:

CESSANDO O APEGO CESSA A DOR.

A caminhada necessária para que se instalasse em mim essa verdade foi árdua e

precisou ser conquistada aos pouquinhos, a custa de muitos sofrimentos e de uma

necessária evolução espiritual.

Mas hoje posso mostrar-lhe o caminho - embora não possa ajuda-lo (a) a caminhar

por ele.

O caminho para cessar o apego consiste em duas práticas simples, ao alcance de

qualquer pessoa.

A primeira prática consiste em se desapegar das pequenas coisas antes de tentar se

desapegar das coisas grandes.

Para que essa prática funcione, você pode, por exemplo, a cada vez que compra (ou

ganha) alguma coisa, por menor que seja, dizer a si mesmo (mentalmente): "- Isto é parte

das coisas que não me pertencem, portanto, se quebrar se for roubado, se desaparecer, se

gastar com o tempo, posso escolher aceitar esses fatos, sem sentir dor.".

Quando conhecer alguém, ou quando for apresentado a alguém, você pode dizer a

si mesmo (mentalmente): "- Esta pessoa é parte das coisas que não me pertencem,

portanto, se me abandonar, se me trair, se me ignorar, se me esquecer, se me tratar de

forma diferente daquela com que gostaria de ser tratado, posso escolher aceitar esses

fatos, sem sentir dor.".

Ao fazer isso, você começa a se conscientizar do apego, antes que ele se instale

profundamente dentro de você.

Não podemos nos libertar daquilo que não conhecemos.

Ao identificarmos as possibilidades de apego, estamos nos conscientizando de sua

existência e fica muito mais fácil nos libertarmos dele.

A Segunda prática consiste em viver o aqui e agora, conscientizando-se de que está

no mundo da fantasia, quando para lá for.

Note que você não está proibido de ir para o mundo da fantasia de vez em quando,

mas esteja consciente de que está lá, quando para lá for.

Você só vive o aqui e agora, quando está em consciência externa ou consciência

interna; quando entra em fantasia, você sai do aqui e agora.

"Fique no aqui e agora; viva sua fantasia, não a interprete; perceba como você

interfere no seu modo de funcionar; não manipule sua experiência.“

Paulo Barroso in "Tornar-se Presente.".

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"É mais útil se tornar mais consciente de si, como você é agora, do que tentar se

modificar, impedir ou evitar algo que não gosta em si. O importante não é ajustar-se à

sociedade; é ajustar-se a si; ajudando-se a descobrir sua própria realidade, sua própria

existência, sua própria humanidade e se sentir bem com ela."

John Stevens (tradução livre)

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VIVER O AQUI E AGORA:

A realidade é a percepção do presente; do aqui e agora.

A percepção do presente se divide em dois tipos de consciência; a consciência

externa: - contato sensorial presente com objetos e acontecimentos (o que você percebe no

mundo fora da pele) e; consciência externa - contato sensorial presente com eventos

interiores (o que você sente no mundo dentro da pele).

Além da percepção do presente (realidade), que se divide, como vimos, em

consciência externa e interna, sua mente também é capaz de ter consciência da fantasia.

Chamo de consciência da fantasia, toda atividade mental que não seja a percepção

do presente (elucubrações que lhe vêm ao pensamento, no mundo criado ou recriado pela

mente).

Se você vai para o mundo da fantasia e não está consciente de que está lá, você

está se alienando da realidade (fugindo da realidade), você não está no aqui e agora e isso

faz surgir dentro de você à ilusão de que seja seu aquilo que não lhe pertence.

Acreditar que seja seu, o que não lhe pertence, gera apego e o apego gera dor.

Revise agora as duas práticas que acabei de lhe ensinar.

A primeira prática consiste em se desapegar das pequenas coisas antes de tentar se

desapegar das coisas grandes.

A segunda prática consiste em viver o aqui e agora, conscientizando-se de que está

no mundo da fantasia, quando para lá for.

Para que aprenda a colocar em prática esses dois conceitos, criei para você alguns

exercícios.

Como tudo que lhe é ensinado aqui, você não é obrigado a pratica-los, mas, se o

fizer, alcançará grandes progressos no domínio da sua mente.

1 - Seja um observador de sua consciência e veja para onde ela vai; à medida que

os pensamentos vão se sucedendo, diga: "- Agora eu percebo..." Quando você disse: "- Eu

percebo X"; você estava em consciência externa, consciência interna ou em consciência

de fantasia?

2 - Dirija sua atenção a alguma coisa e presentifique-a mais. Note que enquanto

você se ocupa com uma divagação, sua consciência externa ou consciência interna,

diminui ou desaparece.

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3 - Perceba como a distinção entre consciência de fantasia e consciência de

realidade (interna ou externa) pode simplificar a sua vida.

Procure se conscientizar de que quando você focaliza sua atenção em alguma

coisa, as demais coisas tendem a sumir da sua consciência.

Preste atenção em algum ruído fora do ambiente em que você está. Agora leve sua

atenção para suas mãos.

Observe que quando peço a você que ouça um determinado ruído, você se torna

inconsciente das sensações em suas mãos.

Quando menciono suas mãos, sua atenção se move para elas.

Antes de iniciar os próximos exercícios, anote a hora e o minuto exato em que for

começar.

EXERCÍCIOS:

1 - Adivinhe qual é o nome de minha mãe.

2 - Explique o que é poesia.

3 - Imagine um rinoceronte azul.

4 - Interprete a seguinte frase: "- O bom é o pior inimigo do melhor.".

5 - Pense na última pessoa que você viu antes de começar a ler.

6 - Compare uma cebola com um alho.

7 - Planeje uma ida ao cinema.

8 - Recorde a última vez em que você comeu fora.

9 - Antecipe como será o seu dia de amanhã.

10 - Pense em algum artista que você não goste e explique o porquê.

Agora que terminou os exercícios, anote o minuto exato, subtraia o menor do maior

e descubra quantos minutos se passaram desde que iniciou os exercícios.

Esse tempo todo você não estava no aqui e agora; você estava no mundo da

fantasia.

Toda atividade mental rouba seu aqui e agora.

Atividades como adivinhar, explicar, imaginar, interpretar, pensar, comparar,

planejar, recordar, antecipar ou criticar, são atividades mentais, portanto são consciência

de fantasia e roubam de você o aqui e agora.

Isso significa que ao fazer os exercícios que acabou de fazer, você esteve fora da

realidade do mundo por "X" minutos.

Talvez você tenha até mesmo se esquecido de levar em conta a segunda prática que

lhe sugeri que pedia que você se conscientizasse de estar no mundo da fantasia, quando

para lá fosse.

Agora procure correlacionar essas fugas do aqui e agora e perceba como as

frustrações, as angústias, as ansiedades, roubam você da realidade.

Procure aumentar sua auto percepção, pois se você vai ao mundo da fantasia e

perde a consciência de que está lá, surge o apego e a dor.

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A QUARTA NOBRE VERDADE:

O MÉTODO PARA SE CONQUISTAR

O DOMINIO DO APEGO É A

SENDA RETA DOS OITO CAMINHOS.

A Quarta Nobre Verdade, afirma que a saída para a dor é a Senda Reta dos Oito

Caminhos.

Mas em que consiste a Senda Reta dos Oito Caminhos?

A Senda Reta consiste na prática de oito princípios (Oito Caminhos) que levam à

virtude.

São eles:

ASHTANGA YANA

1 - COMPREENSÃO CORRETA - Conhecimento da verdadeira natureza da

existência.

2 - ASPIRAÇÃO CORRETA (PENSAMENTO CORRETO) – Livre da sensualidade,

da má vontade e da crueldade.

3 - PALAVRA CORRETA - Isenta de falsidade, de mexerico, de rudeza e de

tagarelice.

4 - AÇÃO CORRETA - Evitando matar, roubar e ter conduta sexual repreensível.

5 - MEIO DE SUBSISTÊNCIA CORRETO - Uma ocupação que não prejudique

nenhum ser vivo conscientemente.

6 - ESFORÇO CORRETO - Treinamento da vontade.

7 - CONSCIÊNCIA CORRETA (ATENÇÃO CORRETA) – O aperfeiçoamento da

capacidade de atenção.

8 - MEDITAÇÃO CORRETA (CONCENTRAÇÃO CORRETA) - Cultivo de estados

mentais mais elevados, com vistas a um conhecimento direto do Incondicionado,

a realidade última além do universo relativo.

Vamos agora examinar atentamente cada um deles.

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PRIMEIRO PRINCÍPIO: COMPREENSÃO CORRETA.

Compreensão Correta pode ter muitos significados; para mim significa

compreender as três primeiras Nobres Verdades.

Mas não significa uma compreensão passiva; quando digo "compreender" estou me

referindo ao desenvolvimento da capacidade de aplicar no dia a dia as três primeiras

Nobres Verdades, por meio de uma transformação dos pensamentos que se manifestam

através de atitudes, ações e hábitos.

No momento em que a Compreensão Correta começa a fazer parte da minha vida,

começa a se manifestar nos meus atos e nas minhas atitudes.

Existe também outro ângulo; - passo a perceber as consequências da falta da

Compreensão Correta nas vidas das outras pessoas.

Quando vejo alguém sofrer porque se apegou a alguma coisa que não lhe pertence,

percebo que essa pessoa sofre porque quer que seja sua uma coisa que não lhe pertence,

aprendo então a me desapegar ainda mais e tenho a oportunidade de avaliar o quanto fui

abençoado ao conhecer as Quatro Nobres Verdades, que me libertaram desse sofrimento.

Isso tudo é Compreensão Correta para mim, mas há ainda mais uma coisa.

Quando percebo o quanto as outras pessoas sofrem por desconhecerem as Quatro

Nobres Verdades, meu coração se enche de compaixão por elas.

Passo a aceitar melhor os seus defeitos e erros, pois compreendo que erram porque

não tiveram a oportunidade que tive.

Procuro então incentivar essas pessoas a desenvolverem suas percepções internas e

o desapego (essa também foi a razão de me decidir a escrever este livro).

Foi agindo assim que compreendi o sentido da palavra Bodhisattva.

Existem duas palavras de expressão excepcional no Budismo; são elas: Buda e

Bodhisattva.

Buda é todo aquele que vivencia plenamente a Compreensão Correta, aplicando em

cada um de seus mínimos gestos, as Quatro Nobres Verdades.

O estado búdico, atingido pelos que praticam as Quatro Nobres Verdades é

chamado de iluminação - a palavra "Buda" (como já vimos) significa "aquele que é

iluminado".

Bodhisattva é um Buda que compartilha seus conhecimentos com as outras pessoas

para que elas também tenham a oportunidade de se iluminarem.

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Na Índia existe uma lenda a respeito de um homem que se dedicava profundamente

à busca espiritual e que revelava tão profunda caridade e amor em sua vivência do dia a

dia, que o próprio Shiva (um dos Deuses da Índia) o procurou e lhe ensinou um Mantra

sagrado que ao ser pronunciado uma só vez, conduziria qualquer pessoa à iluminação.

Mas esse homem foi advertido que não deveria ensinar esse Mantra a pessoa

alguma, sob pena de se prender a um castigo eterno.

Nem bem ouviu o Mantra, esse homem agradeceu a Shiva e correu para a janela de

sua casa, escancarando-a e ensinando o Mantra às pessoas que passavam pela rua.

Diante da ira de Shiva que o admoestou a respeito da advertência que fizera,

justificou-se afirmando que mesmo diante da perspectiva de um castigo eterno, a felicidade

de ter contribuído para a iluminação dos outros homens era prêmio suficiente para sua

atitude.

Compreendendo a profunda caridade que havia no coração desse homem, Shiva o

perdoou.

Esse é o verdadeiro conceito de Bodhisattva - compartilhar o que é útil.

Enquanto aquele que se torna Buda está fazendo um bem para si mesmo (e por

extensão, para as pessoas que com ele convivem), o Bodhisattva não se contenta em

iluminar a si mesmo, quer participar ativamente da iluminação de seu próximo!

Puxa que coisa magnífica!

Esse é o verdadeiro herói, essa é a pessoa que verdadeiramente compreendeu o

ensinamento de Buda!

Quando encontro alguém assim, meu coração se enche de alegria e chega a vir

lágrimas a meus olhos - esse sim é um exemplo digno de ser seguido.

Mesmo que, para se tornar Buda a pessoa tenha que adotar uma atitude ativa, ser

Bodhisattva é adotar uma atitude ainda mais ativa, participante, compartilhadora!

Li em algum lugar que a Doutrina Espírita afirma que Bezerra de Menezes

desencarnou e tinha méritos morais suficientes para passar para esferas espirituais mais

evoluídas, mas preferiu permanecer próximo à terra, trabalhando na assistência às

pessoas encarnadas que oram por seu auxílio e amparo.

Não sou espírita, mas o exemplo de Bezerra de Menezes sempre me comove, pois

está de acordo com aquilo que entendo por Bodhisattva.

É por essas razões que incentivo as pessoas a praticarem o NISKAMA KARMA.

Também faz parte da Compreensão Correta, compreender que cada ação gera uma

conseqüência proporcional - essa é a Lei do Karma.

A Lei do Karma afirma que quando você faz o bem, quando você compartilha o que

é bom (atitude do Bodhisattva), está contribuindo para tornar melhor o mundo ao seu

redor e isso faz com que as bênçãos caiam sobre você.

NISKAMA KARMA significa "Ação Desinteressada".

Quando você compartilha com alguém os conhecimentos contidos neste livro, por

exemplo, você está indiretamente contribuindo para a evolução dessa pessoa e tornando o

mundo um bocadinho melhor.

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Evidentemente, que a Natureza, sábia como é, traz benefícios adicionais à sua vida,

como conseqüência de qualquer NISKAMA KARMA que você pratique (por menor que

seja).

Isso é viver no espirito do Bodhisattva.

Pessoalmente procuro praticar o NISKAMA KARMA em toda a ocasião que me

aparece.

Compreender que a ajuda não pode ser forçada e deve ser dada apenas a quem a

aceita, é também parte daquilo que entendo por Compreensão Correta.

Ao que parece tudo tem seu tempo certo sob o céu; as pessoas chegam às mesmas

verdades, mas em épocas e datas diferentes para cada um.

A mesma pessoa que tem dificuldade para aprender a andar de bicicleta em tenra

idade, consegue sair-se facilmente dessa tarefa quando fica um pouco mais velha.

Alguns alimentos que são desagradáveis na juventude, passam a ser mais

apreciados em idade mais avançada e vice-versa.

Portanto, não apresse o rio, ele corre sozinho!

Quando alguém se recusa a ser ajudado, é porque não chegou o momento, haverá

um momento certo mais tarde, se essa pessoa fizer por merecer.

Tenho o hábito de meditar sobre a Compreensão Correta e como ela atua em minha

vida, durante três dias em cada mês; nos dias 1, 10 e 28. (Repare que a soma dos dígitos

desses números perfazem sempre um que é o número desse princípio na Senda Reta dos

Oito Caminhos.).

Você também pode adquirir esse hábito, com grande proveito pessoal. Que tal

planejar isso e incluir em sua agenda, hoje mesmo?

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SEGUNDO PRINCÍPIO: ASPIRAÇÃO CORRETA.

Aspiração Correta pode ter muitos significados; para mim significa querer apenas

as coisas que me pertencem e aprender a me contentar com o que necessito, ao invés de

pretender alcançar mais do que necessito, na proporção de minhas forças.

Levei muito tempo para aprender a diferença entre o que eu necessito e o que eu

quero.

Essa tarefa foi tão difícil para mim, que só consegui aprender esse conceito graças

a um menino, que na ocasião em que escrevi estas linhas, tinha 18 anos.

Até então esse menino era um consumista nato e desejava ter tudo de bom que a

vida oferece - eu também já fui assim quando jovem e posso compreender como ele se

sentia.

Mas é errado desejar ter tudo de bom que a vida oferece?

Sim e não.

Foi muito difícil para eu compreender isso e vou fazer o melhor que posso para lhe

explicar.

Em primeiro lugar, há a questão da proporção de minhas forças; se o que quero

está entre as coisas que dependem de mim (de minha capacidade de escolha, de meu poder

de compra, dos resultados de meus esforços e de meu trabalho) não é errado desejá-lo ou

tê-lo, se isso não ferir a nenhum outro ser vivente.

A questão é que mesmo que estivesse na proporção de minhas forças tornar-me um

criminoso, eu não o faria, pois não quero ferir a outro ser vivente (isso contraria o "Meio

de Subsistência Correto" que é o quinto princípio).

Esta é a primeira questão, (que está em primeiro lugar); em segundo lugar está a

questão do que verdadeiramente necessito, que nem sempre equivale a aquilo que eu

quero.

O que eu preciso para viver?

Alimento, roupas e um lugar para dormir - nada além disso.

É claro que, se puder ter o melhor alimento, as melhores roupas e o melhor lugar

para dormir e se isso estiver na proporção de minhas forças e não ferir a nenhum outro

ser vivente, isso estará bem para mim.

Mas nem sempre isso é possível e procuro aprender a me contentar com o pouco

que tenho.

Isso às vezes "chateia" algumas pessoas; mas essas pessoas se “chateiam” apenas

até compreenderem que o que um homem quer nem sempre é o que ele necessita.

Posso me contentar com meio copo de água e um punhado de comida realmente

pequeno; o que não me impede de comer muito bem, quando tenho a oportunidade.

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Passei fome muitas vezes em minha vida e sei o que é comer frugalmente - muitos e

muitos dias comi apenas ovo com biscoito por serem as únicas coisas que possuía para

comer.

Lembro-me de ter passado muitos dias comendo apenas aveia molhada com água,

sem açúcar e sem leite, pois era tudo que tinha.

E não morri.

Sou uma pessoa razoavelmente saudável para minha idade e quando mais jovem

aparentava bem menos idade do que a que realmente tinha.

Trabalho desde minha juventude e na época em que escrevi este livro muitas vezes

trabalhava das 7 da manhã a 1 da manhã do dia seguinte e embora tenha muitas vezes sido

ajudado por minha mãe, e por muitas outras pessoas, não me lembro de ter pedido nada a

ninguém.

Não é vergonha trabalhar, não é vergonha ganhar pouco, vergonha é pedir,

vergonha é querer ter o que não se esforçou por merecer.

A história conta que Buda jejuava continuamente e que chegou a viver ingerindo

apenas um grão de arroz por dia.

Na Bíblia se conta que Jesus não tinha sequer um lugar onde recostar sua cabeça

(Mateus 8:20) - jamais serei melhor do que Buda ou Jesus - seria um absurdo pretender ter

mais do que eles.

Isso não significa que você não deva ter as "coisas boas da vida", (desde que as

tenha conquistado na proporção de suas forças e sem ferir a outro ser vivente), mas

aprenda a passar sem elas, pois o dia que elas vierem a faltar, não lhe causarão

sofrimento.

Na ocasião em que escrevi este livro minha mãe (hoje falecida) foi fazer um exame

médico e uma senhora que conheceu no consultório mencionou que foi obrigada a ficar

dezesseis horas de jejum para poder se submeter a um exame.

Minha vida inteira vivi praticando 17 horas de jejum quase todos os dias.

Teve época em que ingeria apenas uma refeição por dia (no almoço) e depois só ia

comer novamente no mesmo horário no dia seguinte, portanto 23 horas e meia de jejum

por dia.

Isso nunca me fez mal, pelo contrário, tenho menos resfriados que a maioria das

pessoas que comigo convivem e ainda faço exercícios todos os dias, mesmo na minha

idade!

Fico triste quando vejo uma criança mimada a querer tudo de maneira fácil, a

aborrecer os adultos com os seus pedidos - por outro lado, sempre admiro quem é capaz de

trabalhar de sol a sol e conquistar o seu sustento através de suas próprias forças.

Nunca conheci meu pai, fui criado por um padrasto extremamente severo, mas

muito correto, que me levou uma vez para ver uma estação de trem às 4 horas da

madrugada, quando desembarcavam centenas de operários que vinham da periferia para

trabalhar nos bairros da zona leste de São Paulo.

Quando morava em Niterói, costumava sair às 4 da manhã de casa para viajar e

visitar meus filhos que moravam no interior de São Paulo em Campos do Jordão - quando

passava na Avenida Brasil no Rio, via os ônibus lotados de operários vindos de Pavuna e

outros bairros da Baixada Fluminense - eles não sabem quem eu sou e jamais saberão,

mas eu os admiro muito.

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Recentemente estive em Manaus dando cursos; devido ao fuso horário, meu curso

acabava às 23hs de São Paulo, equivalendo às 22hs em Manaus - só então é que eu tinha a

oportunidade de ir jantar (em um horário em que não estou acostumado a comer - como

sabem) e sentado no restaurante do hotel em que estava hospedado; num cruzamento da

Av. Epaminondas, observei um homem com sua barraquinha de rua, vendendo saquinhos

de bananas fritas.

Não conheço esse homem, nem sei se jamais o voltarei a ver, mas por alguns

momentos senti como se ele fosse meu irmão e o admirei.

Seja qual for o momento em que você esteja lendo estas palavras, em algum lugar

de sua cidade existe alguém trabalhando com toda a dignidade e é digno de minha

admiração.

Enquanto isso, aquele menino que mencionei não trabalhava e não se interessava

em estudar.

Ele não precisava fazer nenhuma dessas duas coisas, pois enquanto seu pai e sua

ex-esposa vivessem, ele sempre teria um prato de comida e um lugar onde dormir, mas

certamente seus pais prefeririam que ele fosse um garoto esforçado, como tantos que se

vêm por aí.

Mas isso é um erro dos pais dele, pois estão pretendendo ter uma coisa que não

lhes pertence - isso é uma aspiração incorreta.

Sei que um dia ele vai crescer e compreender essas coisas e se tornar um cidadão

útil; pois eu também um dia cresci e hoje me esforço diariamente por ser útil a meu

próximo.

INFORMAÇÕES SOBRE ESSE MENINO NOS DIAS ATUAIS: Hoje esse menino

já é um homem, está com 37 anos, o que aconteceu com ele desde então? Apaixonou-se

por uma menina que não correspondeu à sua paixão. Isso fez com que fosse acometido de

esquizofrenia e hoje vive sob medicação constante. Abandonou a faculdade sem concluir o

curso universitário. Atualmente está empregado embora não seja o emprego que ele

preferiria e nem ganhe tanto quanto gostaria de ganhar. O sonho dele sempre foi ser

cineasta, ele possui várias câmeras, mas nunca realizou um filme sequer.

Procuro cuidar dos desejos do meu coração, verificando se eles brotam de

Aspirações Corretas - coisas que me sejam necessárias e não apenas coisas que atendam a

meus anseios pessoais.

Às vezes é difícil contentar-me com pouco, mas sei que cada vez que o consigo,

estou me tornando mais forte e mais capaz de resistir na próxima vez.

Tenho o hábito de meditar sobre a Aspiração Correta e como ela atua em minha

vida, durante quatro dias em cada mês; nos dias 2, 11, 20 e 29. (Repare que a soma dos

dígitos desses números perfazem sempre dois que é o número desse princípio na Senda

Reta dos Oito Caminhos.).

Você também pode adquirir esse hábito, com grande proveito pessoal.

Que tal planejar isso e incluir em sua agenda, hoje mesmo?

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TERCEIRO PRINCÍPIO: PALAVRA CORRETA.

A palavra é o maior entre os poderes mágicos que permeiam nossas vidas. Não é

para menos que o Evangelho de João afirme: "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava

com Deus e o Verbo era Deus" e mais a frente: "Todas as coisas foram feitas por ele e sem

ele nada do que foi feito se fez.".

Segundo Northrop Frye: "A palavra impõe ordem ao caos."

As tradições religiosas do Oriente afirmam não haver diferença entre Deus e a

palavra que representa o Seu nome.

A Bíblia afirma que o a palavra que representa o nome de Deus é sagrada e está

cheia de poder.

Jesus também ensinava que somos julgados por cada palavra que sai de nossa

boca, porque o Verbo é criação.

Para mim a Palavra Correta tem dois significados, igualmente profundos.

Em primeiro lugar diz respeito àquilo que digo a mim mesmo, quando estou dentro

de meus pensamentos e faço valer os princípios e os padrões morais que norteiam a minha

vida.

Em segundo lugar tem a ver com as coisas que digo às pessoas com quem convivo.

Você já observou que, na maior parte das vezes, pensamos formulando frases

dentro de nossas mentes?

Quando não pensamos através da formação de frases, pensamos através da

visualização de idéias, ou da recordação visual de fatos do passado ou de sonhos para o

futuro.

Mas em tudo isso, há sempre a repetição constante de frases que expressam

opiniões de valor.

E o que é uma opinião de valor?

É a emissão de um juízo ou de uma avaliação, que implica num julgamento em

relação aos fatos que a vida nos trás; ou, o que é bem pior, um julgamento que leva em

conta a avaliação que fazemos a respeito de nós mesmos ou de nossos desempenhos, em

relação aos fatos que a vida nos trás.

Quantas vezes você já ouviu expressões como:

"- Nada do que eu faço dá certo."

"- Tudo para mim é difícil."

"- Eita vida desgraçada."

"- Eu não sou mesmo uma anta?"

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O uso dessas expressões negativas seja através do pensamento, seja pela emissão

de palavras, gera componentes subconscientes negativos que só contribuem para

complicar nossas vidas.

Os indianos acreditam que as palavras que dizemos se tornam profecias em nossas

vidas, portanto, cuidado com o que você diz, pois estará fazendo uma profecia para si

mesmo.

Aquilo que você teme e exprime em palavras (mesmo que seja apenas dentro de sua

mente), tende a se realizar.

Jó já o afirmava, quando dizia: "aquilo que eu temia, me aconteceu"; os temores

que você abriga em sua mente, tendem a se tornar realidade em sua vida.

Conheci um homem que sofria de aracnofobia (medo de aranhas) e quando estava

dentro de uma lanchinha, no meio do mar, indo de São Sebastião para Ilhabela (cidades

do litoral paulista), uma aranha caiu em seu colo!

Dentro do elevador do prédio onde ele morava, uma aranha desceu sobre ele!

Conheci uma senhora da Vila Formosa em São Paulo, que tinha pavor de assaltos e

foi assaltada 28 vezes!

Minha ex-esposa tinha pavor de baratas voadoras, certa feita na cidade de Niterói,

no Rio de Janeiro, uma barata passou por mim voando e foi assentar no vestido dela!

O mesmo acontece com pessoas que têm medo de doença e de acidentes, parece que

elas os atraem.

Pessoas amarguradas tendem a atrair acontecimentos funestos, que tornam as

coisas ainda mais difíceis para elas.

É, portanto útil que você abrigue em sua mente, apenas pensamentos bons, que lhe

tragam boas vibrações tanto para si e sua vida, quanto para as pessoas com quem você

convive.

E para isso, basta que admita dentro de sua mente apenas as Palavras Corretas.

Quanto às coisas que dizemos às pessoas com as quais convivemos, somos

responsáveis por nossas reprimendas, por nossas críticas e pelas opiniões que emitimos a

respeito delas e das suas atitudes.

Dizendo de outra forma, as palavras que falamos, podem afetar profundamente as

outras pessoas, queiramos ou não.

Uma palavra incorreta, usada em momento não apropriado, pode causar profunda

depressão, pode motivar atitudes impensadas e até mesmo levar pessoas a cometerem

crimes contra si mesmas e contra as demais.

Procure observar as pessoas que você conhece.

Aquelas com quem você tem maior prazer em conviver são justamente as que têm

um ponto de vista positivo a seu respeito e o expressam através de palavras elogiosas e

apreciações a respeito das coisas que você faz.

Dificilmente gostamos de conviver com pessoas criticas que expressam desânimo,

desaprovação ou negatividade através de suas palavras, comentários ou mesmo expressões

usuais.

O Dom maior que distingue os homens dos animais é o uso da palavra, que permite

a comunicação uns com os outros.

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Suponhamos por exemplo que você encontre alguém que evita fazer caridade

supondo que o dinheiro ou o esforço despendido com esse objetivo é inteiramente

desperdiçado.

Você poderá lhe dizer, por exemplo:

"O rio entrega todas as suas águas ao oceano e nem por isso está vazio."

Suponhamos que você conviva com alguém que se queixa da ingratidão das

pessoas; você poderá dizer-lhe:

"Não voltes sobre teus passos para apanhar as rosas que plantaste também as que

colhes nasceram dos cuidados de outras mãos".

"O céu manda suas águas sobre a terra, mesmo sabendo que a terra nunca lhe

mandará suas rosas."

E quando alguém vive a se queixar das desgraças e dos sofrimentos da vida, você

poderá comentar:

"É preciso à noite para que compreendamos que existe a luz. É rolando no fundo

dos rios que se lapidam os cascalhos. Foi atravessando os rigores do inverno que o tempo

chegou à primavera."

Outro ponto importante é quando você tiver que lidar com um comportamento

difícil, expressar sua opinião falando a respeito de si mesmo e de como se sente.

Por exemplo, quando o filho chega tarde, a mãe pode dizer: "- Você chegou tarde

outra vez!!! Não tem nenhuma consideração por mim!" ou poderá falar a respeito de como

se sente: "- Fico triste e me sinto abandonada, quando você chega tarde.".

Essa segunda maneira de se expressar não emite críticas, fala apenas de

sentimentos e é mais impessoal.

Tenho o hábito de meditar sobre a Palavra Correta e como ela atua em minha vida,

durante quatro dias em cada mês; nos dias 3, 12, 21 e 30. (Repare que a soma dos dígitos

desses números perfazem sempre três que é o número desse princípio na Senda Reta dos

Oito Caminhos.).

Você também pode adquirir esse hábito, com grande proveito pessoal.

Que tal planejar isso e incluir em sua agenda, hoje mesmo?

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QUARTO PRINCÍPIO: AÇÃO CORRETA.

A pratica da Ação Correta implica em conservar as mãos e a mente ocupadas com

tarefas que sejam significativas à nossa missão de vida.

Esse princípio implica, portanto, em dois aspectos importantes da mesma

realidade: primeiro: descobrir qual é a nossa missão de vida; segundo: agir de acordo com

a nossa missão.

Para descobrir qual é sua missão de vida, faz-se necessário que medite bastante a

respeito de seus potenciais e de como pretende direciona-los para sua realização pessoal,

ao mesmo tempo em que desempenha um papel útil para as pessoas que dependam de você,

para com seus familiares e para com a sociedade em que você vive.

Se você agir apenas para atender seus anseios pessoais, cedo descobrirá que sua

vida perdeu o sentido.

É apenas quando você se dedica a seus afazeres tendo em vista um bem maior, que

você consegue atingir a realização plena.

Outro fator a ser levado em consideração são as "facilidades" que você possui.

Não estou me referindo às facilidades materiais nem ao auxílio e apoio que sua

família possa lhe proporcionar; estou me referindo aos potenciais, aos talentos que você

possui.

Admitindo-se que exista uma inteligência superior gerindo os eventos do universo

em que vivemos, deve haver uma razão especial para que algumas pessoas possuam

talentos que outras pessoas não possuem.

Talvez você tenha recebido um determinado talento porque exista uma inteligência

superior que está destinando você a alguma tarefa especial (sua missão de vida).

Eis por que você deve meditar, buscando conhecer seus valores pessoais

(autoconhecimento), de maneira a descobrir quais as coisas que são feitas por você com

maior facilidade (facilidade = talento).

Existe um provérbio brasileiro que nos diz que devemos aprender com os nossos

erros, mas afirmo a você que devemos aprender principalmente com nossos acertos.

Não há nada de errado em aprender com os erros, quando aprendemos com nossos

erros, aprendemos a errar menos.

Mas, quando aprendemos com nossos acertos, aprendemos a acertar mais.

O que pode ser melhor que isso?

Mesmo que você aprenda a evitar erros, você não estará necessariamente

aprendendo a fazer o que é certo para você.

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Veja por exemplo o caso de dois artistas plásticos natos (pintores de quadros),

igualmente dotados e igualmente sem recursos para prosseguirem em suas carreiras, um

deles se chama Fernando e o outro Francisco.

Ambos resolvem montar bancas de frutas para sobreviver.

No processo de vender as frutas, ambos aprendem - através de seus erros - que tipo

de fruta comprar, qual é a época ideal para vender uma fruta e não outra, quanto tempo

uma fruta aguenta permanecer armazenada etc...

Todas essas coisas eles aprendem através de seus erros.

Mas esses erros os estão ensinando a aprenderem a serem melhores vendedores de

frutas, absolutamente não estão contribuindo para torná-los artistas melhores.

No entanto, Fernando e Francisco possuem Paradigmas diferentes.

O Paradigma de Fernando é aprender com os erros - ele abandona toda a

esperança de desenvolver seus talentos artísticos e dedica-se inteiramente à tarefa de

administrar sua banquinha de frutas.

No entanto, o Paradigma do Francisco é diferente, ele aprende com seus acertos,

então, toda a folguinha que sua banca lhe permite, ele pensa nos elogios que recebeu

quando fazia seus desenhos e pintava suas aquarelas e dedica uma parte do que ganha a

comprar materiais de pintura e a continuar se desenvolvendo.

É claro que a vida do Francisco é um pouco mais dura do que a vida do Fernando,

pois ele fica com menos dinheiro para si já que investe uma parte do que ganha em

materiais destinados a desenvolver seus talentos.

Ele também dorme menos que o Fernando, pois quando o outro já foi dormir ele

ainda está estudando técnicas de desenho e pintura altas horas da noite, pois de dia ele

tem que atender à banquinha.

Mas com o passar dos anos a vida dos dois passa a adquirir características bem

diferentes - Francisco se tornou um artista famoso e hoje mora numa excelente casa em um

bairro progressista, com o dinheiro que ganhou com seu talento, agora reconhecido após

anos e anos de esforços dedicados a aprender com seus acertos.

Fernando também está com uma vida razoável, pois ampliou muito sua banca de

frutas - aprendendo com seus erros - e hoje possui uma quitanda.

Mas qual dos dois você acha que é mais feliz e se sente mais realizado como

pessoa?

Ambos ganham suas vidas honestamente, ambos contribuem para o sustento de suas

famílias e para o bem social, mas um sufocou seus talentos e transformou-se em

comerciante, o outro incentivou, poliu e aperfeiçoou o que havia de melhor dentro de si e

hoje se sente plenamente realizado.

Perceba como um Paradigma pode alterar todo o sentido de sua vida.

Procure, portanto, dedicar uma parte de seu tempo de lazer a meditar a respeito de

suas facilidades (talentos) pessoais.

Pense em seu passado, reveja com os olhos da mente os fatos que lhe ocorreram

desde a infância e procure observar o que quer que tenha feito que tenha despertado a

admiração e o respeito das outras pessoas.

Se alguma coisa que você fez despertou a admiração e o respeito de alguém, isso

provavelmente significa que você possui algum talento especial.

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Procure descobrir o que deve fazer para ampliar e desenvolver esses talentos e

dedique-se a isso - fazer isso é praticar a Ação Correta.

Reflita nesta frase atribuída a Buda:

"Se você quer saber como foi o seu passado, olhe para quem você é hoje; se você

quer saber como será o seu futuro, olhe para o que você está fazendo hoje."

Se for verdade que existe uma inteligência permeando os fatos deste universo, esse

talento não lhe foi dado a troco de nada.

Deve haver um objetivo transcendental por trás dos talentos que você possui,

senão, por que você os possui e os outros não?

Agora vamos direcionar nossa atenção à parte da "ação".

Você certamente já participou de algum jogo de tabuleiro (dominó, damas, gamão,

xadrez) ou de algum tipo de videogame.

Nesses jogos suas capacidades, seus talentos e suas habilidades estão competindo

com as capacidades, talentos e habilidades de alguma outra pessoa ou com o programa de

um computador.

Quando você faz alguma coisa em sua própria vida você também está competindo

(sadiamente) com as outras pessoas ao seu redor.

O que quero lhe demonstrar é que suas ações no mundo, suas atividades

profissionais, também são um tipo de jogo - o jogo da vida.

Só que as conseqüências do jogo da vida são muito mais marcantes que as

conseqüências de um jogo de tabuleiro ou de um videogame.

Se você perde um jogo de tabuleiro, você dá de ombros e toca a bola pra frente.

Mas se você perde o jogo da vida, você se tornar um fracassado, é abandonado

pelas pessoas que ama, sente-se depressivo e vencido.

Procure observar, portanto que o "grande jogo", aquele jogo imperdível, que

merece ser jogado com toda a "garra" e com o máximo de seu talento é o jogo da vida.

Meus filhos tinham videogames e quando dispunha de alguns minutos de lazer eu

também jogava com eles.

Mas não há videogame nesse mundo - por mais moderna que seja sua geração, que

me motive mais que o jogo da vida.

Acho excitante jogar o videogame, mas mesmo que eu marque grandes pontos e

supere a marca de todos aqueles que estão competindo comigo, o que me resta depois?

Apenas uma vitória vazia de que ninguém mais se lembra.

Mas, quando me saio bem no jogo da vida, estou melhorando meu desempenho,

estou conquistando bens materiais e espirituais, estou transformando este pequenino

planeta num mundo melhor.

Quando você pratica a Ação Correta, aplicando-se com o máximo de seu esforço e

dedicação à sua missão, você está proporcionando a si mesmo, às pessoas que você ama e

ao mundo ao seu redor um estilo de vida mais rico e mais significativo.

Você termina cada dia com o sentimento do dever cumprido, com a sensação de ter

contribuído para a felicidade de todos e em especial das pessoas que você ama.

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Se você se levanta de manhã se sentindo esmurrado pela vida, se você se arrasta

para o seu trabalho e se obriga a trabalhar sonhando com o fim de semana, você está

passando pela vida, mas não está vivendo.

Sua vida perdeu o sentido, seu trabalho carece de significação para você e

dificilmente você consegue ser amado por alguém, pois você não se ama e a pessoa que

não se ama não merece ser amada por mais ninguém.

Para reverter esse estado de coisas, faça um exame de consciência, reveja suas

realizações no passado, descubra seus potenciais e facilidades encontrando sua missão de

vida.

Depois que encontrar sua missão de vida, é só arregaçar as mangas e "meter a mão

na massa", dedicando-se à sua realização pessoal em cada minuto do seu dia.

Sua vida será mais alegre e feliz do que jamais imaginou que seria possível em seus

sonhos mais ousados.

E isso é tudo o que a vida significa.

O universo só conspira a favor da ação - você tem que agir ao invés de só pensar.

Tenho o hábito de meditar sobre a Ação Correta e como ela atua em minha vida,

durante três a quatro dias em cada mês; nos dias 4, 13, 22 e 31. (Repare que a soma dos

dígitos desses números perfazem sempre quatro que é o número desse princípio na Senda

Reta dos Oito Caminhos.).

Você também pode adquirir esse hábito, com grande proveito pessoal.

Que tal planejar isso e incluir em sua agenda, hoje mesmo?

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QUINTO PRINCÍPIO: MEIO DE SUBSISTÊNCIA CORRETO.

Existem dois aspectos a serem examinados para que possamos compreender o meio

de subsistência correto: primeiro: é o seu trabalho que lhe proporciona os meios de

subsistir; segundo: aquilo que você come também é responsável por sua subsistência

(física).

Assim sendo, ao praticar o quinto princípio, procuro me ater a esses dois aspectos,

meditando sobre eles para poder compreendê-los mais e mais a cada dia que passa e

pratica-los quando as oportunidades se apresentarem.

Certa feita tive uma aluna que exercia a função de advogada para o BNH e sua

função era providenciar o despejo de famílias inadimplentes, que não conseguiam pagar

em dia a prestação de suas casas.

Ela estava perfeitamente consciente de que a maioria dessas famílias se tornava

inadimplente devido à falta de empregos e outras mazelas sociais dificilmente superáveis,

mas continuava exercendo essa atividade alegando que se não a fizesse, outros a fariam.

Infelizmente esse é um argumento muito utilizado por todos aqueles que não

conseguem justificar, por meios saudáveis, as atividades que exercem.

A mim não me importa se outras pessoas se decidem a exercer uma atividade

perniciosa através da simples alegação de que, se não a exercessem outros o fariam - isso

absolutamente não me justifica e não me dedicaria a essa atividade de forma alguma.

Gosto de me sentir bem.

Gosto de saber que estou de alguma forma, dando minha contribuição para o bem

comum e não me sentiria bem se estivesse colocando pais desempregados, filhos famintos e

móveis na sarjeta.

Tive como aluno na cidade de Sorocaba, um grande criminalista que raramente

perdia um processo e cuja atividade consistia em soltar criminosos através de bem

preparadas intervenções junto ao tribunal de júri.

Esse homem conseguia soltar verdadeiras feras humanas e se gabava muito disso -

qual o benefício social de um homem desses?

Não consigo encontrar nada de bom no que ele fazia, embora fosse um advogado

muito bem sucedido e respeitado em seu meio social.

Um dos critérios para se avaliar o Quinto Princípio, é que suas atividades

profissionais não prejudiquem ser algum.

E aqui entra o vendedor que engana seus clientes alegando benefícios no uso dos

produtos que vende e que não correspondem à realidade.

Aqui também entra o mecânico que inventa peças para trocar ou apresenta custos

de serviços não feitos.

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Aqui entra o professor que enrola seus alunos e estica aulas com conversa fiada,

sem acrescentar conhecimentos úteis a seus educandos.

Aqui entra o político que se elege através de promessas que jamais pretende

cumprir.

Mas todas essas coisas não ocorrem quando se tem amor pelo trabalho que se faz.

É essa desonestidade básica que faz com que nossa sociedade tenha tantos altos e

baixos e que haja tão pouco amor nas atividades profissionais da maioria das pessoas.

Mas esse é o mundo em que vivemos e é nele que temos que conviver (viver com os

outros), se cada um de nós não fizer um pequeno esforço para amar o que faz e faze-lo

dignamente, muito em breve estaremos nos devorando uns aos outros e seremos piores que

os animais - e não haverá segurança nem para nós, nem para os nossos filhos - é esse o

mundo que você quer para você?

Quanto ao segundo aspecto deste princípio, já que aquilo que comemos também é

parte de nosso meio de subsistência, podemos examinar com algum cuidado o “não comer

carne”, que é um dos pontos dogmáticos do Budismo religioso.

Mesmo colocando aparte a questão dos malefícios que comer carne trás para nossa

saúde fisiológica, resta o malefício social.

A quantidade de terra necessária para produzir alimento para o gado produz muito

mais proteína e outros nutrientes do que, a carne do gado que dela se alimenta, produzirá

após o abate.

Assim sendo, se apenas um quarto da humanidade atual deixasse de comer carne,

eliminaríamos a fome do mundo!

Pense nisso quando assistir aquelas reportagens sobre a fome na África e em

algumas regiões do Brasil.

Mas não se atenha apenas à carne, uma alimentação correta e sadia implica em

escolher melhor o que se come, evitando substancias artificiais e ingerindo uma maior

quantidade de alimentos vegetais crus - isso também faz parte de sua escolha como meio

de subsistência.

Uma das melhores escolhas que você pode fazer em direção ao Meio de

Subsistência Correto é comer menos, mas você não deve comer menos apenas por questões

de peso.

Quando há alguns anos realizei extensas pesquisas a respeito dos métodos

conhecidos para alcançar longevidade - a pedido de uma editora que me pediu um livro a

respeito (que nunca foi publicado), deparei-me com as pesquisas do Dr. Roy Walford -

famoso gerontólogo da Casa Branca em Washington e fiquei assombrado com o que

descobri!

O Dr. Roy conseguiu multiplicar por três a duração da vida de ratos de

laboratório, diminuindo a quantidade de alimentos que ingeriam e forçando um jejum dia

sim, dia não.

Ratos que em condições normais viveriam cerca de dois anos, passaram a viver

cerca de seis anos!!!

Poderia me estender mais a respeito desse assunto, mas os fatos que apresentei

(que foram extensamente pesquisados por mim e por pessoas a quem os ensinei) são

suficientes para que você descubra por si mesmo.

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Se você comer pequenas quantidades, poderá comer qualquer coisa - até mesmo

frituras emagrecem, quando ingeridas em pequenas quantidades.

Se você duvida, procure ler "A Dieta Inteligente" de Eduardo Almeida Reis

publicado pela EMW Editores.

O autor desse livro, um ex-gordo, conta suas aventuras em busca da magreza, sem

que se privasse de nada, apenas diminuindo a quantidade de alimentos que ingeria.

Ora, se você não precisa se privar de nada do que gosta nada impede que você

coma uma quantidade menor; afinal de contas, poderá voltar a comer do mesmo alimento

daqui a algumas horas - a comida não vai fugir (a menos que você seja da família Sauro,

hehehehe!).

Seguindo essas dicas você manterá o sistema digestivo funcionando o dia todo,

poderá comer qualquer coisa que goste, desde que em pequenas quantidades; vai parar de

ingerir alimentos cedo e provavelmente dormirá divinamente.

Tenho o hábito de meditar sobre o Meio de Subsistência Correto e como ele atua

em minha vida, durante três dias em cada mês; nos dias 5, 14 e 23. (Repare que a soma dos

dígitos desses números perfazem sempre cinco que é o número desse princípio na Senda

Reta dos Oito Caminhos.).

Você também pode adquirir esse hábito, com grande proveito pessoal.

Que tal planejar isso e incluir em sua agenda, hoje mesmo?

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SEXTO PRINCÍPIO: ESFORÇO CORRETO.

A questão do Esforço Correto exige atenção no que se refere aos princípios de

disciplina a serem aplicados a si mesmo durante o exercício de sua atividade profissional

tanto quanto das demais atividades do dia a dia.

Não entrarei aqui no mérito da questão ética relativa ao que você faz no

desempenho de suas atividades, já que esse assunto mereceu nossa atenção quando

tratamos do Quinto Princípio.

O mais relevante agora é considerar que, após ter tomado suas decisões a respeito

de sua carreira profissional e de suas escolhas a respeito de uma atividade nesta vida,

seguindo os padrões recomendados no Meio de Subsistência Correto, agora você deve

determinar a "maneira" como irá realizar isso, tomando decisões que envolvam o

"esforço" que fará de maneira correta.

Certa feita tive a oportunidade de conhecer o Sensei Okuda, professor de Karatê na

cidade de São Paulo. Na ocasião ele estava próximo de seus 50 anos de idade e

continuava a praticar entre 500 a 1000 chutes todos os dias.

Considerando-se a idade dele, esse era um Esforço admirável, raramente seguido

por outros praticantes da mesma faixa etária.

A questão aqui é bem simples e nos faz pensar: - quanto, do Esforço que você

dedica para alcançar seus objetivos é Correto?

Não só a "quantidade" de dedicação deve ser levada em conta, você tem que

considerar também as intenções que estejam por trás de seus esforços.

Para explicar esse ponto, vou contar um apólogo de origem japonesa:

No Japão medieval um Samurai presenciou um delinqüente quando matava

covardemente um homem idoso e desarmado.

Imediatamente, imbuído de sua noção de honra, desembainhou sua espada e

enfrentou o marginal.

Seguiram-se alguns minutos de peleja e o Samurai, usando suas habilidades

desarmou o oponente.

No instante seguinte ergueu sua espada para desferir o golpe fatal que mataria seu

adversário, quando este, acuado e apavorado diante da morte eminente, cuspiu no rosto do

Samurai.

O Samurai guardou sua espada, limpou o rosto e foi embora.

Por quê?!

Porque ao ser atingido pelo cuspe do adversário o Samurai se ofendeu, sentiu-se

irado e furioso.

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Perdeu a paciência e a coisa toda se tornou uma questão pessoal.

Ora, ele estava enfrentando o assassino por uma questão de Honra em sua

condição de Samurai.

Ao receber a cuspida no rosto, a questão deixara de se tornar honrosa para se

tornar uma questão pessoal - se o matasse agora, seria um ato de ódio, uma vingança

pessoal e o Esforço não seria Correto.

Medite um pouco a respeito desse apólogo e conclua como é frágil a questão do

Esforço Correto.

Primeiro há a questão da quantidade de Esforço.

Você tem se esforçado o suficiente para conseguir cumprir seus objetivos nesta

vida?

Como saber se você tem se esforçado o suficiente?

Quando que o suficiente é o bastante?

Na antiga Kodokan do Prof. Jigoro Kano, o Esforço só era julgado suficiente

quando o quimono ficava intensamente molhado e o suor dos praticantes molhasse o chão.

Em alguns estilos de Karatê primitivos, o Esforço só era julgado suficiente quando

um dos adversários perdesse sangue.

Tudo isso é marcante e certamente significa uma boa dose de esforço, mas não toca

no ponto relevante da questão.

Antes que se possa decidir qual a quantidade de Esforço Correto, é preciso que se

defina qual é a missão de vida (Meio de Subsistência Correto).

Ou seja, recordando do apólogo que você acabou de ler; quais as intenções que

estão por trás de seus esforços?

Por que você se esforça?

O Esforço só é Correto se as intenções e as finalidades que estão por trás dele, o

justificarem.

Conta-se que em determinado ocasião Buda foi apresentado a um homem que

aprendera a caminhar sobre a água.

Buda perguntou-lhe quanto tempo levara para aprender tal façanha e, quando o

homem lhe respondeu que se dedicara 40 anos, treinando e praticando durante cerca de 15

horas por dia, Buda lhe respondeu: "- Você jogou 40 anos de sua vida fora, quando por

apenas algumas moedas poderia pagar ao barqueiro que o levaria ao outro lado do rio.".

Eis aí a grande questão, qual a razão dos seus Esforços?

Quando me refiro à questão do “ESFORÇO” estou me referindo ao que cada um

de nós devolve ao mundo na forma de trabalho produtivo e útil.

As pessoas medíocres sempre devolvem em termos de trabalho apenas aquilo pelo

que acham que estão recebendo e algumas o fazem mal e mal.

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Acredito que devamos dar o melhor de nós mesmos em tudo que fazemos.

Afinal de contas, como diz a neurolingüística:

Se você continuar fazendo o que sempre fez, continuará

conseguindo o que sempre conseguiu. Para conseguir coisa melhor,

você tem que começar a fazer alguma coisa diferente.

Se você, como o Samurai do apólogo, definiu de antemão qual a sua missão na vida

(Meio de Subsistência Correto), então todos os Esforços que empreenda serão

justificados.

Mas se não o fez, então recue sobre seus passos e cuide primeiro das primeiras

coisas, para então e, só então, dedicar-se ao seu Esforço.

Apenas após decidir sua missão seu Esforço será Correto.

Pare então um pouquinho, medite sobre sua Missão de Vida (Dharma), e anote

aqui embaixo. (Lembre-se sua Missão de Vida não precisa ter nada a ver com o que você

faz agora; mas tem tudo a ver com quem você é - com seus deveres para consigo mesmo e

para com a humanidade).

Minha Missão de Vida consiste em:____________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

E farei os seguintes Esforços Corretos para concretizá-la: _________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

Tenho o hábito de meditar sobre o Esforço Correto e como ele atua em minha vida,

durante três dias em cada mês; nos dias 6, 15 e 24. (Repare que a soma dos dígitos desses

números perfazem sempre seis que é o número desse princípio na Senda Reta dos Oito

Caminhos.).

Você também pode adquirir esse hábito, com grande proveito pessoal.

Que tal planejar isso e incluir em sua agenda, hoje mesmo?

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SÉTIMO PRINCÍPIO: CONSCIÊNCIA CORRETA.

A Consciência Correta para mim implica entre outras coisas em praticar

corretamente a Senda Reta dos Oito Caminhos, somando os dígitos de cada dia do mês,

reduzindo-o a um só algarismo e praticando assiduamente cada princípio relativo ao dia

em pauta, sem que, em qualquer momento, descuide dos outros princípios.

Vamos rememorar:

1º - Você soma os dígitos que compõem os dias do mês.

No caso dos dias que vão de 1 a 9, não precisa somar é claro; basta praticar cada

um dos princípios que recebe esse número.

No caso dos demais dias do mês, somam-se cada um dos dígitos que os compõem e

teremos um algarismo que vai de 1 a 9 novamente, praticando-se cada um dos princípios

relativos a esses números.

Exemplo de soma de dígitos: dia 12 = Princípio Três (1+2=3); dia 27 = Princípio

9 (2+7=9) e assim por diante.

Para facilitar, oriente-se pela tabela a seguir:

TABELA DE CONVERSÃO DE DÍGITOS: Medite a respeito e pratique o Princípio 1 (Compreensão

Correta) nos dias 1, 10, 19 e 28 de cada mês.

Princípio 2 (Aspiração Correta) nos dias 2, 11, 20 e 29.

Princípio 3 (Palavra Correta) nos dias 3, 12, 21 e 30.

Princípio 4 (Ação Correta) nos dias 4, 13, 22 e 31.

Princípio 5 (Meio de Subsistência Correto) nos dias 5, 14 e 23.

Princípio 6 (Esforço Correto) nos dias 6,15 e 24.

Princípio 7 (Consciência Correta) nos dias 7, 16 e 25.

Princípio 8 (Meditação Correta) nos dias 8, 17 e 26.

Princípio 9 (Dharma – Encontrar o sentido da vida) nos dias 9, 18 e 27.

2º - Nos dias que correspondem a cada princípio, você revê os valores que eles

significam (reler os textos referentes a eles pode ser uma boa) e verifica se os tem posto

em prática corretamente a cada dia.

3º - Medite e analise como melhorar a prática do Princípio relativo a esse

determinado dia.

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4º - Ponha em prática o que decidiu, cuidadosamente.

Além dessa conotação de por em prática e verificar a Senda Reta dos Oito

Caminhos, ainda existem outras conotações que merecem uma dedicação especial no que

se refere ao Sétimo Princípio.

Uma dessas conotações é o conceito da morte.

A única certeza da vida é a morte, mas manter consciência disso, nos ajuda a

procurar coisas mais significativas em nossas vidas.

Se você se soubesse eterno, provavelmente não se esforçaria muito para realizar o

que quer que fosse, pois teria toda a eternidade para começar a se esforçar; mas, quando

você sabe que não é eterno, o tempo que dispõe passa a ser precioso e certamente você

tomará a resolução de aplica-lo mais produtivamente e em uma melhor direção (que dê

maior significado à sua vida).

Isso também o leva a perceber que o mundo em que vive é o produto direto ou

indireto da vida de milhares de seres que o precederam.

Tanto a evolução tecnológica quanto a evolução filosófica e espiritual é resultante

da soma de todos esses esforços individuais.

Assim sendo, a consciência da morte serve para lembrá-lo continuamente para que

faça todo o esforço necessário para tornar este pequenino planeta num mundo melhor,

tanto para você, quanto para seus filhos e para os descendentes de seus filhos.

Não creio que a vida exija de você nada tão excepcional, mas eu espero de você,

que seja capaz de dar a sua contribuição, por menor que seja para tornar este mundo um

lugar um bocadinho melhor.

Eu estou fazendo o melhor que posso para dar a minha parte, se você também o

fizer e todos nós o fizermos, este mundo terá se transformado em algo melhor porque nós

existimos.

Não espero que nenhum de meus leitores (as) vire um santo - isso seria muito pouco

perto do que eu espero de você.

Espero que cada um faça a sua parte, a cada dia, a cada hora, a cada momento.

E isso não é muito fácil, por isso dou tanto valor ao pensamento de Robert Louis

Stevenson que cito a seguir:

“Qualquer um pode carregar o seu fardo, por mais pesado que seja até o cair da

noite.

Todos podem realizar o seu trabalho, por mais árduo que seja, durante um dia.

Qualquer um pode viver docemente, pacientemente, amorosamente, puramente,

até o pôr-do-sol.

E isso é tudo o que a vida realmente significa.".

Decore esta frase e procure colocá-la em prática a cada dia enquanto viver.

Veja bem que estou perfeitamente consciente dos maus momentos que a vida

oferece, das mágoas, da angústia e da dor.

Não sou diferente de você, também tenho que suportar o quinhão de dor que coube

a mim nesta vida e nem sou capaz de lhe garantir que o suporte melhor ou mais

bravamente do que você.

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Mas a grande glória da vida consiste exatamente em fazer o que é preciso ser feito,

não nos momentos de alegria e paz em que é bem fácil fazê-lo e sim nos momentos em que

fazer o que é preciso, torna-se desafiador, difícil e até mesmo desagradável por força das

circunstâncias.

É aí, que você descobrirá o seu valor.

É quando os entes queridos que você mais ama, o abandonam, o ferem ou morrem

que você precisa, mais ainda, descobrir o valor real que existe dentro de si e continuar a

caminhar, por mais penoso que seja cada passo, em direção à verdade a que se propôs.

É quando, por muito sofrer, você julga que não existe um Deus ou que Ele o

abandonou que é mais necessário do que nunca, que você continue a caminhar, mesmo que

tropegamente, fazendo com que um passo siga-se a outro, em direção ao que é certo.

Não, eu não espero de você que se torne um super-herói; isso é muito fácil.

Eu espero muito mais de você; eu espero que você seja capaz de fazer as coisas que

devem ser feitas, aquelas coisas do dia a dia, que ninguém valoriza que ninguém elogia,

que ninguém o incentiva a fazer, mas que você faz porque sabe ser o seu dever.

É muito fácil ser herói aos olhos da multidão (e muito pequeno também), mas é bem

mais difícil ser o homem comum, que vive no anonimato do dia a dia, sofrendo pressões,

sendo abandonado, curtindo a dor e o sofrimento que a vida lhe impõe e mesmo assim não

abandonando a luta.

Ter consciência disso é uma das conotações da Consciência Correta, embora

existam muitas outras como descobrirá ao permanecer na senda.

A Consciência Correta lhe dá um sentido para a vida.

Você estará sofrendo, se esforçando e trabalhando por uma verdade maior em sua

vida; alguma coisa que dê um sentido a isso tudo.

Sentido esse que se faz mais e mais necessário à medida que as dificuldades

aumentam, somando-se umas as outras.

É muito fácil ser um herói em condições ideais; muitas pessoas o são, por tirarem

proveito de uma oportunidade qualquer que tenha caído em cima delas independente de

suas escolhas.

Mas ser capaz de trilhar o seu caminho e enfrentar os obstáculos que surjam, sem

esmorecer e fazendo o que é preciso ser feito, isso é outra história.

Fazer isso implica em ter um plano de vida; administrar seu tempo proficuamente;

fazer escolhas nem sempre muito fáceis e, muitas vezes, deixar de lado o prazer

momentâneo em busca de algo mais significativo em termos de ações que produzam um

momento futuro mais adequado.

Fazer o que precisa ser feito exige administrar a dor; estar presente onde você tem

que estar, goste ou não; muitas vezes obrigar-se a deixar o prazer de lado para concretizar

um dever.

É claro que esse caminho não foi feito para os covardes e nem para os heróis de

gibi.

Esse é o caminho do bravo, do homem de coragem, daquele que aceita um desafio e

tem a hombridade de conduzi-lo à concretização plena, custe o que custar.

Espero que você seja uma dessas pessoas, que escolhe cumprir, um dos mais árduos

provérbios do Kung Fu, que afirma:

Aquele que vence a si próprio é o maior dos guerreiros.

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Tenho o hábito de meditar sobre a Consciência Correta e como ela atua em minha

vida, durante três dias em cada mês; nos dias 7, 16 e 25. (Repare que a soma dos dígitos

desses números perfazem sempre sete que é o número desse princípio na Senda Reta dos

Oito Caminhos.).

Você também pode adquirir esse hábito, com grande proveito pessoal.

Que tal planejar isso e incluir em sua agenda, hoje mesmo?

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OITAVO PRINCÍPIO: MEDITAÇÃO CORRETA.

Dhyana Chitta Vritti Nirodha, em sânscrito, significa: A Meditação é a parada das

ondas mentais.

Ou seja, meditar é concentrar a mente de tal forma que o objeto da meditação

permaneça o tempo todo em mente, sem divagações e dispersões.

No entanto, como em sânscrito já existe uma palavra para definir concentração

(dharana) então meditação é mais do que a simples concentração do pensamento.

Se meditação é mais do que simplesmente concentrar o pensamento, a Meditação

Correta para mim não é apenas um exercício mental de repetição de mantra ou quaisquer

daqueles exercícios de meditação que o Yoga e outras escolas indianas ensinam.

Embora respeite as concepções de diferentes escolas, Meditação Correta para mim

implica em ater-me a alguma qualidade ética ou moral e desenvolvê-la em minha mente,

procurando significados cada vez mais amplos e profundos.

Para isso, inicio minha meditação examinando os atos de meu dia anterior e

verificando falhas e progressos (exame de consciência) procurando aprimorar minha

prática da Senda Reta, bem como descobrir novas perspectivas em perceber e por em

prática (filosofia e práxis) cada um dos oito caminhos.

Segundo John White, autor do livro Everything You Want To Know about TM

Including How To Do It, a pratica regular da meditação diminui o consumo de oxigênio,

diminui a freqüência respiratória, diminui o batimento cardíaco, diminui a pressão arterial

e aumenta as ondas alpha.

A meditação é a arte do autocontrole mental.

Cada técnica de meditação é um exercício que me ajuda a entender e controlar

minha mente e meus pensamentos.

Relacionar-me com minha mente significa afastar-me para observar o que está

ocorrendo nela, sem prender-me a um pensamento em particular.

O tempo dedicado à meditação ilumina minhas idéias e faz com que o tempo pareça

se expandir; se adequando às necessidades à medida que surgem.

Depois de feito o exame de consciência, examino as questões mais marcantes do

dia anterior e procuro analisá-la à luz das emoções mais comuns – o que teria acontecido

nessa mesma circunstância se eu estivesse mais calmo; mais atento; dispondo de um maior

estado de recursos?

Passo a seguir a examinar áreas mais amplas de minha vida, à luz da experiência

que estou examinando; normalmente divido a vida em algumas áreas: física, mental,

familiar, profissional, social e espiritual; mas você pode escolher outras divisões se assim

o desejar.

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Ao examinar essas áreas mais amplas penso em perdas e ganhos; COMO que o que

acabei de vivenciar pode causar danos (ou ganhos) para minha realidade física? E

mental? E familiar? E profissional? E social? E espiritual?

Procuro “girar” a vivência dentro de minha mente, cobrindo o máximo possível de

informações e de áreas de possibilidades – à medida que o faço, novas perspectivas

começam a surgir, o que abre prerrogativas para minhas próximas meditações, inovando

os ângulos e as abordagens.

Tenho o hábito de meditar sobre a Meditação Correta e como ela atua em minha

vida, durante três dias em cada mês; nos dias 8, 17 e 26. (Repare que a soma dos dígitos

desses números perfazem sempre oito que é o número desse princípio na Senda Reta dos

Oito Caminhos.).

Você também pode adquirir esse hábito, com grande proveito pessoal.

Que tal planejar isso e incluir em sua agenda, hoje mesmo?

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NONO PRINCÍPIO: O DHARMA.

O Budismo em termos da prática das Quatro Nobres Verdades é suficiente para

conduzir você a uma vida bem ordenada e correta, você não precisa do nono princípio

para alcançar todo o proveito que a pratica desta disciplina possa lhe oferecer.

Por que a Senda Reta do Budismo tem oito princípios e não sete ou nove?

Porque o número 8 na Índia é uma espécie de número sagrado.

Mas, para o nosso propósito que consiste em praticar uma disciplina todos os dias,

ficaria mais fácil se tivéssemos apenas sete princípios, pois poderíamos nos dedicar a

pratica de um princípio por dia, nos sete dias da semana, renovando a experiência na

semana seguinte.

Por outro lado, se o caminho original prescrito pelo Buda contém oito princípios,

não podemos, a título de praticarmos uma disciplina diária, excluir quaisquer desses

princípios.

Como saberíamos qual o menos útil?

E se fizesse falta um desses princípios para que conseguíssemos concretizar o

objetivo da Senda?

Encontrei então duas maneiras de você praticar o método da Senda Reta a cada

dia.

PRIMEIRA MANEIRA:

Dedique-se a praticar todos os oito princípios a cada dia, da seguinte forma.

No Domingo pratique o primeiro princípio, sem desleixar os demais princípios.

Na segunda prossiga praticando o segundo princípio, na terça o terceiro, na quarta

o quarto, na quinta o quinto, na sexta o sexto, no sábado o sétimo – sempre sem desleixar

os demais princípios.

Mas além de cada um desses princípios a que é dedicado um dia da semana,

pratique a meditação todos os dias.

Agindo assim estará praticando todos os oito princípios, a meditação todos os dias,

e os demais princípios todos os dias também, mas dedicando uma atenção especial a cada

um dos sete primeiros princípios a cada dia da semana.

SEGUNDA MANEIRA:

Como todos os dias do mês podem ser reduzidos (somando-se os dígitos) a números

que vão de um a nove, um bom recurso é acrescentar mais um princípio de forma que,

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alcançando o número 9, possamos somar os dígitos do mês de forma a sempre termos um

número que nos remeta a um princípio a ser praticado aquele dia.

Quando você examinou a Tabela de Conversão de Dígitos, nas páginas anteriores,

talvez tenha estranhado a inclusão de um Nono Princípio já que o Buda ensinou apenas

oito.

Bem, na realidade Buda não ensinou apenas oito princípios, ensinou muitos outros

princípios, talvez dezenas deles; mas preferiu enfeixar apenas oito na Senda Reta.

Por que então, acrescentar mais um Princípio?

Em primeiro lugar porque não se trata de apenas mais um Princípio, é “O”

Princípio, já que o Buda o considerava tão relevante que afirmou que quem o praticasse

estaria sendo fiel aos seus ensinamentos (vide o capítulo sobre o Dharma); em segundo

lugar, porque, acrescentando-o aos Oito Princípios da Senda Reta, o leitor (a) terá a seu

dispor um método bastante pragmático para por em prática cada um desses princípios em

um determinado dia do mês.

O método que lhe passei neste livrinho: somar os dígitos de cada dia do mês e

praticar um desses princípios com mais afinco e atenção nesse determinado dia, é muito

útil para mantê-lo na Senda e lhe dar meios de empreender esforços sistemáticos na

prática do Budismo.

Tenho o hábito de meditar sobre o Dharma e como ele atua em minha vida, durante

três dias em cada mês; nos dias 9, 18 e 27. (Repare que a soma dos dígitos desses números

perfazem sempre nove.).

Como Dharma é o nome que se dá de forma genérica a pratica fundamental do

Budismo, no dia de me dedicar ao Dharma estudo os Sutras do Budismo.

Você também pode adquirir esse hábito, com grande proveito pessoal.

Que tal planejar isso e incluir em sua agenda, hoje mesmo?

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PALAVRAS FINAIS:

Sem autodisciplina nenhuma forma de desenvolvimento mental vai longe.

Disciplina vem do latim = disciplinare = ensinar alguma coisa a si mesmo.

Autodisciplina é ensinar-se a agir e a pensar em direção aos objetivos

previamente determinados e evitar agir e pensar em direção contrária a esses objetivos.

A autodisciplina não é um fim em si mesmo, é um meio para se atingir um fim.

Existe diferença entre necessidade e desejo.

Necessito apenas das coisas que são essenciais a minha existência como pessoa.

Desejo coisas que me dão prazer.

Quando não sei que uma determinada coisa pode me dar prazer, não a desejo.

Se experimento uma coisa que me dá prazer, então passo a querer tê-la novamente

- isso é desejo.

Nem sempre o que desejo é uma necessidade.

Nem sempre o que é uma necessidade, significa prazer para mim.

O desejo antes de se tornar real em minha mente, foi objeto da atenção de meus

sentidos.

Controlando meus sentidos posso manter meu desejo sob controle também.

Quando não desejo uma determinada coisa e a vejo, isso não altera meus

sentimentos internos.

Quando desejo uma determinada coisa e a vejo, isso aumenta meu desejo e cria

uma ansiedade dentro de mim até que esse meu desejo seja satisfeito.

Se não consigo satisfazer a esse desejo, surge a frustração dentro de mim.

E a frustração é dor.

Se me recuso a olhar para alguma coisa que me desperta o desejo, consigo manter

meu desejo dentro dos limites de minha capacidade de autocontrole.

Esse é um esforço pequeno, mas pode ser suficiente para controlar meu desejo e

evitar a dor (da frustração de não ter o que desejo).

Mas, melhor do que me recusar a olhar para alguma coisa que me desperta o

desejo é olhar sem apegar-me.

Minhas emoções se manifestam como conseqüência de meus desejos.

Quando elevo minha voz e falo de forma irada, estou elevando minha voz porque há

ira dentro de mim.

E a ira surge de uma frustração, e a frustração surge de um desejo que não consigo

realizar, e isso me ensina que se não houvesse o desejo, eu não ficaria irado.

E a ira me causa dor de várias maneiras.

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É dor perder o autocontrole e elevar a minha voz.

É dor para mim, a dor que provoco nas outras pessoas com a elevação da minha

voz.

É dor ter que me desculpar depois de ter perdido o controle.

É dor ter permitido que as emoções tomassem conta da minha mente, a ponto de

elevar a minha voz.

Quando uma frustração faz surgir à ira dentro de mim a ponto de me fazer erguer

minha voz, o erguimento de minha voz me faz ficar ainda mais irado, pois tenho agora

duas frustrações: a primeira de ter erguido a minha voz; a segunda de me tornar

consciente de que ao ceder a minha ira, cedi a meus desejos e me tornei o responsável por

minha própria dor (frustração).

Quando a despeito de uma frustração consigo manter minha voz suave, isso elimina

a segunda frustração que é conseqüência da primeira e já é um primeiro passo para

transcender a minha ira e compreender qual o desejo que a gerou.

O maior problema no caminho do autodesenvolvimento não está em compreender

seus princípios e sim em colocá-los em prática.

Por essa razão construí como meu lema básico a seguinte frase:

"O que sei não tem valor algum; o valor está no que faço com o que sei."

Existem três maneiras de você se incentivar a prosseguir no caminho de seu auto

aperfeiçoamento.

São três formas de auto motivação:

PRIMEIRA: Autogratificação - quando cumprir seu programa de autodisciplina se

recompense com alguma coisa que lhe agrada.

SEGUNDA. Autopunição - quando não cumprir seu programa de autodisciplina,

puna-se se impondo alguma coisa que lhe desagrada ou tirando pequena porção daquilo

que lhe agrada.

TERCEIRA. A virtude é a recompensa de si mesma.

Se você não se decidiu a respeito de qual das três usar - precisa meditar a respeito.

Os antigos gregos praticavam o Hedonismo que era a busca do prazer.

Não me consta que alguém busque a dor, a menos que seja masoquista.

Não sei de nenhum sistema filosófico que buscasse a dor e quando alguma

determinada religião busca a punição como uma forma de controle do pecado e chama

essa punição de sacrifício, está desvirtuando o sentido do que é sagrado (sacreficare).

Existem dois tipos de prazer: conseguir aquilo que agrada e se livrar daquilo que

desagrada.

O que desagrada é a dor.

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Tenho dor quando não consigo aquilo que desejo; tenho dor quando perco aquilo

que desejo etc...

Além da dor física, existe também a dor mental.

A dor mental de não conseguir aquilo que desejo, pode ser chamada de frustração.

A dor mental de perder aquilo que desejo também pode ser chamada de frustração.

Quando analiso mais profundamente percebo que a frustração não é causada

realmente por não conseguir o que desejo ou por perder o que desejo; a frustração é

causada por desejar aquilo que não necessito.

Ao me frustrar em relação a algum desejo, gero dentro de mim ansiedade,

ressentimento e orgulho.

Gero ansiedade dentro de mim quando tenho pressa de obter aquilo que desejo;

quando acho que posso perder o que desejo; quando constato que não conseguirei o que

desejo.

Quanto mais desejos tenho, mais ansioso fico.

Gero ressentimento dentro de mim quando me magoo (frustração) contra as

pessoas ou coisas que se colocaram como obstáculos entre mim e a realização de meus

desejos.

Ressentir é sentir outra vez, sentir outra vez, sentir outra vez.

Gero orgulho dentro de mim quando me espanto das misérias humanas estarem

acontecendo para uma pessoa como eu que não procura o mal de ninguém (e aí estou

procurando o meu próprio mal).

Gero orgulho dentro de mim, quando me permito demonstrar meus conhecimentos

diante de outras pessoas, quando não solicitado.

Gero orgulho dentro de mim quando adoto atitudes de autoafirmação; de

conquistar e de manter prestígio e quando sinto prazer quando alguém se refere a minha

importância.

Como percebo que abrigo em mim atitudes de ansiedade, ressentimento e orgulho?

Percebendo se fico ansioso, se sinto aversão a alguém ou a alguma coisa e se me

engano supondo-me importante.

O ponto de partida para encontrar forças dentro de mim para transcender essas

forças negativas (que não existem de per si, pois eu mesma as gero), é a prática da Senda

Reta.

Ao praticar os ensinamentos deste livrinho você estará praticando um Budismo

salutar, bem próximo daquele que Gautama ensinou ha mais de dois mil anos e com

certeza bem mais decente do que esse budismo religioso que está fazendo com que

marmanjos, que se intitulam monges budistas e vestem vestes açafroadas estejam trocando

sopapos em busca de poderes e méritos egoísticos.

Este é o caminho suave, o caminho do meio, ao alcance do Budista leigo.

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BUDISMO TRANSFORMACIONALISTA

FILOSOFIA BUDISTA PURA

NÃO RELIGIOSA E NÃO SALVACIONISTA

O Budismo Transformacionalista ensina a filosofia budista pura, sem pretensões religiosas ou salvacionistas, buscando apenas fornecer instrumentos para que cada praticante tenha a oportunidade de encontrar dentro de si os recursos necessários para conquistar a felicidade pessoal.

Os cursos do Budismo Transformacionalista são de Utilidade Imediata, totalmente práticos, cada participante realiza exercícios onde põe em pratica cada um dos temas abordados, capacitando-se a cada pratica a aplicar em sua própria vida o que acabou de aprender. É impossível participar dos cursos do Budismo Transformacionalista, aplicando os ensinamentos nele transmitidos, sem que a vida se transforme substancialmente para melhor em todos os seus setores. Os cursos do Budismo Transformacionalista são indicados para todas as pessoas que estejam interessadas em uma vida melhor, mais rica, mais estável emocionalmente, mais realizada. Especialmente indicado para pessoas interessadas em crescer interiormente, encontrando a paz e alcançando uma melhor harmonia em sua vida. Se você deseja participar desses cursos ou promove-los em sua cidade, escreva solicitando informações para [email protected]

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Sobre o autor:

Autor de destaque em assuntos ligados ao orientalismo, artes e culturas

orientais, o Dr. Marco Natali, mais uma vez, brinda o povo brasileiro com um

de seus saborosos livros, que tem por característica a facilidade da leitura,

eivada de vivências pessoais, sem perder a profundidade necessária para que

seja aplicável à vida prática do leitor.

Tema atualíssimo, o Budismo em nossos dias não está mais restrito aos

templos orientais, tendo já, se incorporado ao viver diário tanto das pessoas

simples quanto de ocupados executivos, líderes em diferentes setores do

mundo empresarial.

Este é um daqueles livros que, apesar da leveza do texto, trás ao leitor

uma vasta gama de informações, sempre direcionadas a uma aplicação

prática no dia a dia, sem dúvida contribuindo para o desenvolvimento dos

valores espirituais já tão defasados em nosso tempo.

Esta obra aborda os conceitos fundamentais do Budismo que é uma das

mais suaves e profundas escolas do pensamento humano.

Este livro em particular, desenvolve esses conceitos de forma bem

pragmática, apresentando inclusive um método simples e objetivo de aplicá-

los no dia a dia do leitor.

Sendo um texto que, embora para leigos, apresenta alguns conceitos

bastante profundos a respeito do apego, da impermanência e da libertação da

dor, é sem dúvida, uma obra que não pode faltar na estante do leitor

interessado em dar um novo sentido à sua vida aprofundando de forma

prática sua busca espiritual.

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