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    O Design no trnsito entre a cO Design no trnsito entre a cO Design no trnsito entre a cO Design no trnsito entre a criao eriao eriao eriao e a ta ta ta tecnologiaecnologiaecnologiaecnologia

    Moura, Mnica.

    Doutora em Com unicao e Semitica ; Pesquisadora e Professora do Mestrado em Design e do

    Centro de Pesquisa em Design e Moda; Universidade Anhembi Morumbi

    [email protected]

    Gusmo, Cludio.

    Mestrando; Universidade Anhembi Morumbi

    [email protected]

    ResumoResumoResumoResumo

    O presente texto aborda a discusso da nomenclatura e do conceito do campo do design e

    sua rea de atuao, trazendo exemplos e snteses visuais, refletindo sobre a amplitude

    deste campo na contemporaneidade, bem como no permear e na integrao da criao e da

    tecnologia em seus processos e mtodos de inter-relao na constituio de objetos

    materiais ou imateriais que constituem o universo artif icial e a vida do homem contemporneo.

    Palavras-chave:Design; Criao; Tecnologia.

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    IntroduoIntroduoIntroduoIntroduo

    O design no existe se no houver a criao e a tecnologia. Evidentemente estas questes

    so permeadas pela conceituao da proposta e pela ao projetual. Uma das implicaes da

    criao a produo de algo, um objeto, seja ele material ou imaterial. Esse objeto s toma

    corpo, materializado, torna-se realidade por meio da produo. A produo s se realiza

    por meio da tecnologia.

    Tudo isto parece muito simples, porm a discusso e os estudos sobre criao e tecnologia

    acompanham a histria do homem, mas apesar da longa existncia dessa discusso h

    sempre a necessidade de atualizao e do pensar constante a este respeito devido s

    modificaes geradas pela cultura e inerentes a essas questes que so dinmicas e,

    portanto, passveis de revises, alteraes e atualizaes.

    Refletir sobre o design tambm tarefa constante, tendo em vista no somente as

    abordagens histricas, mas principalmente o pensar sobre a contemporaneidade e os

    ref lexos e movimentos no modo de produo e na vida do homem.

    O design carece do estudo e da reflexo constante sobre o seu campo e os modos que o

    engendra. Afinal, o termo e o conceito sobre o design, especialmente na contemporaneidade

    so carregados de tenses, dificuldades e inovaes. A disseminao do termo e a adoo

    da nomenclatura em lngua inglesa tambm criam a necessidade de esclarecimentos. Cabe

    aos estudiosos, profissionais e pesquisadores dessa rea contribuir para ampliar o repertrio

    de consideraes do que trata este campo do conhecimento.

    Esse artigo busca tratar das questes relacionadas ao campo do design, a conceituao e

    abrangncia deste campo, a inter-relao do design, da criao e da tecnologia, o trnsito e

    as fuses estabelecidas por estas questes com o objetivo de colaborar para a

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    compreenso e entendimento desta rea, bem como disseminar a sua importncia eabrangncia na cultura contempornea.

    Afinal, o que Design?Afinal, o que Design?Afinal, o que Design?Afinal, o que Design?

    O dia 05 de novembro foi institudo como o dia nacional do design em homenagem ao

    advogado, artista e designer Alosio Magalhes que muito contribuiu e atuou pela memria

    artstica e cultural brasileira e foi uma das pessoas de grande importncia para a

    consolidao do design brasileiro.

    Nos discursos das mais diversas comemoraes e tambm nos cartazes, geralmente

    lanados em homenagem a esta data, sempre esto presentes frases que indicam o

    desconhecimento da profisso. A APDesign - associao dos profissionais em design do Rio

    Grande do Sul- lanou um cartaz em 2008 que dizia o seguinte: se sua av pensa que voc

    mexe com computador e sua tia no entende o que voc faz, ento hoje deve ser seu dia! e,

    mais a frente o texto esclarecia que ainda h muito a fazer para que a nossa profisso seja

    valorizada e compreendida.

    Esta situao apontada em tom irnico ou como uma brincadeira reflete o desconhecimento

    acerca do design que existe no Brasil. O desconhecimento ou o no entendimento atinge

    desde o que este profissional, o seu campo de atuao, bem como o significado do termo. E

    isto no ocorre s hoje, vem de um bom tempo atrs.

    Quando a nomenclatura da profisso era desenhista industrial as pessoas que no eram da

    rea, sempre nos questionavam se ramos desenhistas de mquinas, desenhistas

    mecnicos ou desenhistas tcnicos ou ainda acreditavam que trabalhvamos com avies e

    carros. Tal situao somada ao fato de que o maior nmero de profissionais no Brasil atuava

    na rea de comunicao visual e tambm visando o mercado globalizado, levou a troca de

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    nomenclatura de desenhista industrial por designer e do campo desenho industrial por design.Isto ocorreu no ano de 1988 em um encontro que reuniu professores, profissionais e

    estudantes da rea. A troca de nomenclatura visava um maior entendimento do campo de

    ao e do prprio termo que designa a profisso, mas tambm seguia uma tendncia mundial.

    Pases como o Japo, a Coria, a China adotaram a nomenclatura na lngua inglesa e at a

    Frana o fez. Porm, a nova nomenclatura no Brasil continuou a gerar confuses e

    desentendimentos, alm de estabelecer um ar um tanto pedante.

    Alm da dificuldade de entendimento, a nomenclatura deste campo e da profisso comeou a

    ser empregado em muitos tipos de atividades que mais ajudaram a confundir do que

    esclarecer. A palavra design encontra-se nomeando uma srie de atividades que no so

    design, por exemplo, hair-design, cake-design, flower-design, nail-design. Tambm essa

    palavra cada vez mais empregada na constituio de frases de efeito ou de impacto,

    geralmente de uso publicitrio e marketeiro. A encontramos exemplo lamentveis, tais como,

    qualidade e design em todos os estilos ou inovao, tendncia, design, realizao para avenda de apartamentos em um condomnio ou ainda porque voc louca por design em um

    editorial sobre perfumes. Nos parece que essas aplicaes do termo e frases de efeitos s

    colaboram para aumentar as dvidas e o entendimento clama, cada vez mais no apenas

    pela constituio mas para uma ampliao do repertrio a este respeito.

    Grande nmero de pessoas ainda no sabe o que significa design e no conseguem delinear,

    mesmo que de forma simplista, qual o campo de abrangncia deste segmento e as atividadesde atuao do profissional desta rea. Acreditam e imaginam que esta palavra diz respeito

    apenas ao aspecto exterior dos objetos, ou seja, atribuem ao design o sentido de forma,

    formato ou aparncia. Alguns se referem s caractersticas formais de determinados

    produtos, dizendo o design do carro ou pior o design desta montanha ou aqueles que

    pensam estar inteirados no tema chegam a afirmar: o design de superfcie desta galinha de

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    angola demais!. Pior que isto o emprego da palavra como sinnimo de status ou parajustif icar o consumo desenfreado de objetos inteis e duvidosos.

    Estes exemplos indicam o quanto as pessoas ainda hoje possuem uma idia errada sobre o

    design. Consideram que a nomenclatura indica apenas desenho e acreditam que os

    designers so apenas desenhistas ou ilustradores ou artistas ou criativos. Os designers

    podem desenvolver todas estas atividades, mas no necessariamente estas e no somente

    estas.

    Segundo Bonsiepe (1997), a postura do pblico em geral remonta aos anos de 1950 e 1960

    quando nas empresas e indstrias focadas na produo o designer encontrava dificuldades

    para se estabelecer devido as suas divergncias com as reas das engenharias. Este autor

    identifica a mesma postura ainda nos dias de hoje, observando que a tentativa de

    compreender o que design,

    (...) Geralmente acaba no juzo ou preconceito de que o design

    seria nada mais que cosmtica (...) com diferentes matizes, estas

    opinies que ligam o design ao mundo superficial, do pouco

    importante, do pouco rigoroso, continuam presentes numa concepo

    de design que considera a forma e o visual como o mais importante.

    (BONSIEPE, 1997, p. 11)

    Mediante este panorama h uma grande tendncia em considerar o design apenas como

    forma ou apenas como criao ou ainda apenas como tecnologia. Desta forma, a discusso

    que ora se apresenta busca esclarecer estas relaes no mbito do design.

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    ta palavrinha difcil s!ta palavrinha difcil s!ta palavrinha difcil s!ta palavrinha difcil s!

    A palavra DESIGN abarca um rico universo de significados, talvez esteja a o motivo das

    confuses e incompreenses e o risco de interpretaes equivocadas.

    Em sua raiz etimolgica encontramos uma srie de significados, tanto na origem da palavra

    em latim quanto na derivao do latim, conforme podemos ver na tabela abaixo.

    Design

    Latim

    DESIGNO

    Derivao do Latim

    DE SIGNUM

    Idear Sinal

    Desenhar Marca

    Delinear Imagem

    Designar Pressgio

    Marcar Prodgio

    Destinar Tabuleta

    Eleger

    Empreender

    Determinar

    Resolver

    Tabel a 1 Raiz etimolgica da palavra design designo e de signum.

    Autoria de Mni ca Moura e Cludio Gusmo.

    Na observao de sua etimologia podemos verificar que a palavra design carrega relaes

    entre o projeto e o desenho. Idear, designar, destinar, eleger, empreender, determinar,

    resolver dizem respeito ao ato de projetar enquanto desenhar, delinear, marcar se referem ao

    ato de desenhar, configurar, dar forma. Portanto, se estabelece ambigidade e tenso

    dinmica entre o aspecto abstrato (conceber, projetar, atribuir) que diz respeito ao projeto e o

    aspecto concreto (registrar, configurar, formar) relativo ao desenho e a forma. Devemos

    lembrar que desenho diferente de projeto. O desenho est relacionado expresso e a

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    representao enquanto o projeto concepo e organizao para o desenvolvimento de umproduto, um objeto, seja de informao, de comunicao ou utilitrio.

    Ao tomarmos os significados da palavra design veremos que ela abarca os significados do

    desgnio, do pressagio, do futuro. Prever o futuro, designar um fato, uma ao, prenncio,

    pressentimento, intuio. Para prever e designar recorremos ao mundo das idias. O projeto

    diz respeito idia, a concepo, a criao daquilo que vir a existir em um tempo sempre

    futuro ao ato da concepo e da criao. Assim projeta-se para designar e no ato de projetarexercita-se a previso, o prenncio, a intuio. O projeto deve ser trazido luz a partir da

    visualizao, representao, pelo desenho, pelo esquema. Desta forma, o designar se

    estabelece na realizao de uma proposta, na soluo de um dado problema, no

    empreendimento para a realizao de algo. A tabela 2 que se encontra abaixo nos apresenta

    essas relaes de significados.

    DESIGN PROJETO DesignarFuturo Idia Desenho Dest inar Marca

    Desgnio Concepo Representao Determinar Identidade

    Pressgio Criao Esquema Empreender Imagem

    Realizar

    (proposta)

    Sinal

    Resolver

    (problema)

    Buscar /Encontrar

    (soluo)

    Tabela 2 Relao de significados design / projeto/ designar.

    Autoria de Mni ca Moura e Cludio Gusmo.

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    Em ingls a palavra Design pode ser utilizada de duas maneiras. A primeira comosubstantivo e significa um propsito, um plano, uma inteno e a segunda maneira sua

    utilizao como verbo (to design) que est relacionada com o ato de projetar, inventar algo e

    dar forma aos objetos. Muitos confundem o fazer design com o ato de desenhar, porm vale

    lembrar que embora em portugus a palavra desenho se aproxime da palavra design os

    signif icados so bastante diferentes.

    Nos idiomas ingls, espanhol, francs e italiano a palavra design possui um vocbulo prprioe a palavra desenho tambm, o que facilita demasiadamente a compreenso da

    nomenclatura. Podemos observar que o ato de desenhar em ingls o verbo to drawe o ato

    de projetar por to design. No espanhol as palavras desenho e design referem-se

    respectivamente a dibujoe a diseo. Enquanto na lngua francesa e italiana temos o uso da

    palavra design enquanto desenho indicado por palavras como dessein e disegno. Nos

    pases de lngua portuguesa, utilizamos a palavra na lngua inglesa design, pois no temos

    uma palavra que possa designar esta rea de ao e este campo de conhecimento, que no apenas projeto, que no apenas desenho.

    Idioma Desenhar Design

    Portugus Desenho Design, Designer

    Ingls Draw Design, Designer

    Espanhol Dibujo Diseo, Diseador

    Francs Dessein Dsign

    Italiano Disegno Design| Progettazione

    Tabela 3 Emprego das palavras desenho e design em diferentes idiomas.

    Autoria de Mni ca Moura e Cludio Gusmo.

    No Brasil, mesmo no tendo chegado a uma definio satisfatria, a nomenclatura em lngua

    inglesa foi dicionarizada e incorporada primeiramente ao dicionrio Houaiss no ano de em

    2001. Aps esta data outros dicionrios incorporaram o termo ao lxico.

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    A adoo da palavra Design tem relao direta com diversos momentos histricos e dessa

    maneira surgiu no somente uma nomenclatura, mas tambm um novo campo profissional que

    vem se modificando atravs dos tempos. No final dos anos 1400 na Itlia era empregada a

    palavra disegno interno e disegno esterno para identificar a diferena entre o projeto e a

    obra, o objeto executado. Por volta de 1590 na Inglaterra foi realizada a traduo do termo

    italiano disegno como design para nomear a produo industrial das tecelagens e tambm

    marca o surgimento das escolas de design. De 1600 em diante a palavra empregada emvrios pases europeus nos contratos de trabalhadores vinculados a indstrias txteis, de

    mobilirio e de objetos ornamentais e utilitrios. Estas utilizavam desenhos, padres

    ornamentais e projetos de produtos. Em 1920 a palavra ganha um complemento e passa a

    indicar o segmento de design grfico, estabelecido nos EUA. A tabela 4, abaixo demonstra as

    relaes indicadas com respeito disseminao da palavra design.

    Final de 1400 1590 1600 em diante A partir de

    1920Itlia Inglaterra Vrios pases

    europeus

    EUA

    Disegno interno (proje to)

    Disegno Esterno (obra

    executada)

    Traduo do

    termo italiano

    disegno para

    Design

    Produo

    industrial

    Tecelagens

    Schools of

    Design

    Nmero considervel

    de trabalhadores

    ligados criao e

    confeco de padres

    ornamentais para as

    indstrias txteis, de

    mobilirio, de objetos

    ornamentais e

    utilitrios.

    Design grfico

    Tabel a 4 Abordagem hi strica da nomenclatura Design.

    Autoria de Mni ca Moura e Cludio Gusmo.

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    No Brasil a palavra foi instituda com a criao da primeira escola de ensino formal no pas, aESDI Escola Superior de Desenho Industrial e o f illogo Antonio Houaiss foi consultado para

    solucionar a aplicao de uma nomenclatura que definisse o design em lngua portuguesa.

    Seu primeiro estudo indicava a palavra projtica, mas esta nomenclatura no foi aceita e foi

    indicada a nomenclatura desenho industrial. Lucy Niemeyer relata esta questo com detalhes

    em seu livro Design no Brasil1 origens e instalao, resultante de sua dissertao de

    mestrado pela UFF Universidade Federal Fluminense.

    Ainda hoje existem instituies de ensino que continuam a aplicar a nomenclatura desenhoindustrial para o segmento da rea do design difundido como design de produto. Atualmente o

    campo do design incorpora vrios segmentos e reas relativas diversidade de atuao

    profissional.

    Design... s sei o que t fazendoDesign... s sei o que t fazendoDesign... s sei o que t fazendoDesign... s sei o que t fazendo

    Figura 01. Cartaz Dia do Designer de autoria desconhecida

    1Livro publicado pela edi tora 2AB em 1997.

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    O cartaz acima, de autoria desconhecida, comemora o dia do designer e foi divulgadoprimeiramente no blog sobredesign2 em novembro de 2008, depois disto, como se diz no

    jargo da Internet, caiu na rede, isto foi divulgado em vrios outros sites e enviado a listas

    de e-mails.

    Com este exemplo, podemos observar como o campo carregado de contradies, inclusive

    para os jovens profissionais. O cartaz constitudo por uma srie de nos na tentativa de

    esclarecer o que no design e desta forma contribuir para delinear o campo de ao de umdesigner.

    As frases com as negativas trazem tambm toda a considerao sobre as diferenas entre o

    emprego e o domnio de tcnicas; a ao para a formao e as atividades profissionais; o

    uso dos termos e a tentativa de uma separao do campo indicando, pelo discurso das

    negativas, o que e o que no constitui o design.

    Com relao ao domnio das tcnicas o texto do cartaz esclarece: eu no fao seu retrato a

    lpis, eu no estudei corel draw . Com relao f ormao acadmica h claras indicaes

    eu no passei a faculdade desenhando e novamente eu no estudei coru drau (sic). As

    frases sobre a atividade profissional e a tentativa de esclarecimento e indicao do campo de

    atuao apontam: no fao logomarcas, no troco meu servio pelo nome no seu site, no

    sou o carinha do marketing, no sou o cara da publicidade no invento slogozinho (sic).

    Mais a frente encontramos vises crticas sobre as interferncias na criao e no projeto e aindicao do universo de conhecimentos do profissional quando o texto diz no, sua mulher

    no gosta de rosa com laranja salmo. Na tentativa de esclarecer e como forma de contribuir

    2http://sobredesign.wordpress.com/2008/11/06/ser-designer/

    Este blog da designer, ilustradora e professora Janana Veneziani dos Santos.

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    ao emprego correto dos termos o cartaz informa: no sou design e nem estudei designer. Asfrases que ocorrem na seqncia demonstram a angstia perante atividades que

    incorporaram o termo design e o texto do cartaz indica: no, voc no designer,

    cabeleireiro; no, voc no designer, confeiteira; no, voc no designer, s tira

    sobrancelhas. O cartaz finaliza informando que o profissional em questo sabe do que trata

    e devido ao seu repertrio de conhecimentos, construdo pelo seu percurso de formao,

    sabe do que est falando: no, eu no t me achando, s sei o que t fazendo (sic) e

    finaliza informando que 05 de novembro o dia do designer.

    Para quem atua na rea o cartaz no primeiro momento parece muito divertido, ou seja, a

    maneira que o texto traz todas as indignaes e aborda muitas das indagaes que permeiam

    a rea. tambm uma provocao e comunicao corajosa. Todos reclamam das situaes

    apontadas, alguns escrevem a este respeito, mas falar sobre isto com um objeto especfico e

    tradicionalmente importante dentro do campo do design - um cartaz - extremamente

    interessante. Sem dvida, o emprego da tipografia, o uso da caixa alta em todo o texto, a

    hierarquia do tamanho da fonte, o emprego do preto e branco, os contrastes por toda a pea

    indicam a necessidade de expressar, esclarecer, afirmar e demonstrar o que este campo e

    a que se destina.

    Retornando a primeira frase que pode contribuir muito com a nossa discusso, ocorre a

    indicao de que um designer no um tcnico de informtica e mais a frente aponta que no

    estudou o sof tw are corel draw para se formar nesta rea. H a uma clara indicao da

    discusso de como o emprego da tecnologia enfocado, geralmente, mas no s, pelas

    pessoas que no constituem a rea e normalmente pelos clientes que buscam um servio de

    um designer e tambm pela sociedade em geral. Normalmente, quando se fala da tecnologia

    como uma das vertentes de constituio do campo do design, presente no ato de projetar, a

    maioria das pessoas pensa que tecnologia o domnio das ferramentas de um sof tw are. Na

    era digital o emprego do sof tw are e tambm do hardw are implica no entendimento da

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    linguagem que estes carregam em um universo maior do que a simples aplicao daferramenta. Portanto, o design tambm tecnologia, no sentido mais amplo de tecnologia, mas

    tambm muito alm disto!

    O amplo e frtil campo do DesignO amplo e frtil campo do DesignO amplo e frtil campo do DesignO amplo e frtil campo do Design

    O Design uma atividade interdisc iplinar que aponta e possibilita relaes transdisciplinares e

    que se fundamenta no estabelecimento de um trnsito de relaes com todas as reas doconhecimento humano. Por este motivo, alm da amplitude deste campo, a sua rea de ao

    extremamente frtil, aberta a diversas relaes que se constroem a partir do exerccio de

    criao no desenvolvimento de novas ou diferentes propostas e questionamentos,

    principalmente quando consideramos a contemporaneidade.

    O campo do design envolve todo o processo de desenvolvimento de um objeto, de um

    produto, desde a etapa de concepo e criao integradas a um pensar, explorar e

    expressar em linguagens para o desenvolvimento de um projeto que se corporificar em

    produto ou sistema atuando a partir das possibilidades oferecidas pelo universo cultural e

    social e, a partir das propostas estabelecidas, gerando interferncias no meio, no ambiente e

    na vida do homem. Gustavo Bomfim (1999) definiu muito bem esta questo quando indicava

    que o design...

    uma atividade que configura objetos de uso e sistemas de informao

    incorporando valores e manifestaes culturais como anncio de novos

    caminhos e possibilidades. O Design participa da criao cultural

    questionando ou reforando valores culturais de uma sociedade. O

    Design apresenta as possveis interpretaes das diversas possibilidades

    oferecidas pelas variveis da natureza poltica, econmica, social,

    tecnolgica (Bomfim: 1999, p.152)

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    Para este designer e pesquisador implcita a relao entre a criao e a tecnologia a partir

    de um caminho traado pela leitura das mesmas na sociedade na qual se vive, bem como na

    concepo e desenvolvimento projetivo que incorpora e constri uma linguagem que se

    estabelece pelo trnsito de relaes entre as vertentes culturais e produtivas.

    A atuao no campo do design implica no relacionamento com o setor produtivo (onde a

    tecnologia est fortemente presente), com o setor de marketing (onde as relaes com acomunicao e as questes miditicas tambm esto presentes). Portanto, da etapa de

    concepo ao desenvolvimento e acompanhamento cabe ao designer buscar a melhor

    soluo ou constituir novas propostas. Inclusive, integra o conjunto de relaes e

    abordagens de um projeto e de um produto, o pensar e acompanhar a problemtica do

    descarte e da reutilizao dos produtos e seus efeitos na sociedade com foco na

    sustentabilidade.

    Lobach (2000) nos indica o design como um campo de complexas inter-relaes e profuso

    de conceitos que perpassam da concepo ao plano materializando uma idia no ambiente

    artificial aonde vive o homem com suas necessidades fsicas e psquicas.

    Como podemos observar nas palavras de muitos pesquisadores sobre o tema, o design tem

    uma relao direta com o ser humano e seu universo perceptivo considerando este no mbito

    e na incorporao das questes fsicas, psquicas e emocionais. Portanto o verbal, o visual, osonoro, o ttil, o olfativo e o cinestsico devem ser preocupaes de um designer. Tambm

    devem estar presentes no desenvolvimento de um projeto, em maior ou menor intensidade,

    conforme a rea e os objetivos aos quais o projeto e o produto se destinam. Por ser o homem

    a maior preocupao do designer, cabe a este profissional buscar a melhor qualidade de vida

    para o ser humano e para o planeta.

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    O abandono de antigos paradigmas no mbito da prtica, do ensino eda pesquisa em Design constitui outro desafio. Pensar a atividade e o

    papel do designer como fruto de uma relao global, que inclui o meio,

    o lugar onde o obje to configurado se insere, o coleti vo e a subjeti vidade,

    decorrentes da cultura, que est presente na relao do sujeito com o

    objeto, um caminho j apontado por vrios estudiosos do Design.

    (Couto e Oliveira: 1999, p.09)

    Podemos dizer que o campo do design possui trs caractersticas bastante importantes,

    sendo a primeira o fato de que o design uma atividade projetual, ou seja, gera, desenvolve e

    implementa projetos. Gerar, conceber, idear, idealizar, inventar, inovar, aperfeioar so

    vertentes presentes no desenvolvimento projetual que implicam na criao, no ato de criar,

    cujo exerccio e prtica da imaginao levam ao dar forma a idia.

    A segunda caracterstica diz respeito ao fato de que o design uma atividade dinmica que

    acompanha as mudanas culturais e tecnolgicas. Portanto, plural, inclui a experimentao,

    o conhecimento de mtodos e sistemas e incorpora a expresso por meio das tecnologias e

    tambm a subverso no uso e na proposta das ferramentas e equipamentos tcnicos. O ato

    de dar forma a idia compreende a produo do objeto que realizado por meio da

    tecnologia, indicando aqui o sentido mais amplo da tecnologia que compreende um estudo

    sistemtico a respeito dos processos, mtodos, meios, instrumentos e tcnicas dos domnios

    da atividade humana e em todos os ofcios e segmentos profissionais.

    A terceira caracterstica de grande importncia do design que este campo compreende a

    reflexo e a prtica interdisciplinar a partir de seu relacionamento e inter-relacionamento com

    vrias reas e segmentos profissionais, industriais, empresariais, sociais e de servios.

    Desta maneira observa Couto:

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    A ao interdisciplinar encontra no seio do Design um terreno frtil.Com a tecnologia, o Design se constri e se reconstri

    permanentemente, unindo conhecimentos cientficos, empricos e

    intuitivos, e empregando-os na atividade de produzir projetos e de

    teorizar sobre a atividade de configurar objetos. A anlise do

    movimento de visitao permitiu corroborar a noo de que o Design,

    interdisciplinar por natureza, mantm viva esta caracterstica nas mais

    variadas esferas em que desdobrado. (COUTO, 1999, p. 86)

    Portanto, design a concepo, a configurao e produo de objetos de uso, materiais,

    imateriais, analgicos ou digitais. Os produtos concebidos por um designer na

    contemporaneidade destinam-se a reproduo em grandes ou pequenas sries, a projetos

    que se aplicam aos espaos, sejam eles comerciais, expositivos, de trfego. Tambm podem

    ser reproduzidos atravs dos meios de comunicao de massa ou nas novas mdias para um

    nmero determinado ou indeterminado de pessoas.

    Bonsiepe (1992) nos lembra que as transformaes da sociedade, da cultura, da criao e

    da tecnologia se refletem nas mudanas do prprio conceito de design e tambm na mudana

    das temticas do discurso projetual e este deve levar a um ato que gera a introduo de algo

    novo no mundo. Segundo este autor, o futuro o espao do design, os atos projetuais so

    orientados ao futuro, daquilo que est porvir. Neste sentido, Aicher (2001) nos fala do ato de

    lanar, de atirar algo fora de si. a metfora da idia que toma forma, do projeto que toma

    corpo, da concepo e criao que se amplia e transforma-se no ato projetual e caminha no

    sentido de inserir-se como parte do mundo objetual, seja ele material ou imaterial.

    Em uma perspectiva aberta o Design como um campo amplo e diverso, nas suas definies

    estabelece relaes com diversos conceitos, diferentes reas e segmentos que colaboram

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    sobremaneira para o desenvolvimento e a reflexo neste campo, como podemos observar nodiagrama abaixo.

    Design

    Interdisciplinaridade

    Transdisciplinaridade

    Cultura

    Sociedade

    CriaoTecnologia

    Linguagens

    Pesquisas

    Mdias

    Indstria

    Mercado

    HomemReceptor

    UsurioInterator

    Profissionais

    Clientes

    Poltica

    Economia

    Ambiente SustentabilidadeQualidade de Vida

    Projeto

    Concepo

    Objetosde Uso

    Sistemasde

    Informao

    Experimentao

    SoluesPropostas

    Produo

    Mtodos

    Percepes

    Dinmicade

    Mudanas

    Coletividade

    Subjetividade

    Comrcio

    Servios

    Figura 02. Diagrama Relaes do Design. Autoria de Mnica Moura.

    Podemos dizer que na contemporaneidade o Design possibilita a configurao de um fractal

    diverso, com inmeras possibilidades de relaes e associaes. Uma grande rede, um

    tecido entrelaado, repleto de signos, significaes e semioses. Esta grande rede flexvel e

    aberta, pois atua na esfera da informao, comunicao e conhecimento. Alm disto, sua

    dinmica implica a criao, a produo e a tecnologia, tendo como o foco central de seu

    universo o homem e as dinmicas culturais que o envolvem. Um universo plural e aberto. Um

    campo amplo e frtil que retrata e impulsiona o viver e estar no mundo.

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    O tO tO tO transitar entreransitar entreransitar entreransitar entre a criao ea criao ea criao ea criao e aaaa tecnologiatecnologiatecnologiatecnologia

    A dinmica do design pautada pelas inter-relaes entre criao e tecnologia a partir de

    frteis cruzamentos. No podemos esquecer que a cada mudana tecnolgica o campo do

    design impulsionado, desenvolvido, valorizado e revalorizado. Assim como ocorreu entre o

    final dos anos de 1980 e o incio da dcada de 1990 com a chegada dos microcomputadores

    nos escritrios de design e com o avano das tecnologias digitais e os sistemas de redes de

    informao e comunicao.

    O ICSID - International Council of Societies of Industrial Designaponta a tecnologia como um

    dos fatores fundamentais para o campo e para os profissionais do design. Porm, relacionam

    esta questo com os fatores de inovao e humanizao das tecnologias e ainda ressaltam

    que o papel do designer de exercer a prtica de uma profisso intelectual, e no apenas

    comercial ou de servios.

    Design uma atividade criativa cujo objetivo estabelecer as

    qualidades multifacetadas de objetos, processos, servios e seus

    sistemas em todo ciclos de vida. Assim, design o fator central da

    humanizao inovadora de tecnologias e o fator crucial de i ntercmbio

    cultural e econmico. (ICSID, 2009)

    Por sua vez, o ICOGRADA - International Council of Graphic Design Associationsrealizou

    no binio da gesto 2005-2007 uma atualizao da definio da profisso do designer

    grfico, tendo em vista a necessidade de ampliar a compreenso da prtica e refletindo as

    mudanas mundiais. Esta verso destaca a concepo relacionada com a produo e os

    sistemas produtivos implicam em tecnologia.

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    A nova definio tanto amplia a nossa compreenso das reas deprtica e reflete a mudana de nvel mundial centrada na concepo

    como a produo de um artefato de design como um processo

    estratgico que permite a comunicao em um formato visual.

    (ICOGRADA, 2009)

    Podemos ver que ambos os rgos internacionais e representativos indicam a relao

    criao e tecnologia, sejam elas traduzidas ou co-relacionadas concepo ou a produo.

    Bruno Munari (1993) afirma que a beleza de um projeto se estabelece a partir da relao

    entre a forma (proposta, conceito) e funo (uso) de um produto que so corporificados pela

    tecnologia e Argan (2000) nos lembra que vivemos em mundo constitudo por coisas artificiais

    desenvolvidas a partir da concepo projetual e realizadas a partir da tecnologia e esta, por

    sua vez, faz o homem sentir orgulho como o de uma criao prpria.

    Um produto de design possui caractersticas formais e estticas, funcionais, culturais e o

    entrelaamento dos signos articulados gera linguagem. Estas questes podem ser pautadas

    pelas sete colunas do design propostas por Gui Bonsiepe (1997) que indicam o campo do

    design como o espao da conexo, da inovao, da ao efetiva, da interface e interao na

    relao do usurio com o artefato, do conhecimento humano e do futuro. Todas estas

    questes estabelecem relaes a partir do emprego, utilizao e integrao da criao e da

    tecnologia e embasam o discurso projetual. Este, por sua vez, se constri a partir dos anos

    de 1990 pelas relaes de mudana da tecnologia que associa a busca da compatibilidade

    tecnolgica e o gerenciamento do design, o desenvolvimento sustentvel e auto-sustentvel,

    valorizao do artesanal e a incluso do design nas empresas e nas economias e a

    caracterizao do auge do design.

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    DESIGN

    aspectos culturais

    aspectos estti cos

    aspectos funcionai s

    linguagem

    CRIAO

    TECNOLOGIA

    CONEXO

    INOVAO

    AOE

    FETIVA

    e

    USURIOe

    ARTEFATO

    CAMPOD

    OS

    JUZOS

    CONHECIMENTOH

    UMAN

    O

    FUTURO

    Tabela 5 Aspectos do Design, Criao e Tecnologia e as Sete Colunas

    do Design de Gui Bonsiepe. Autoria de Mnica Moura e Cludio Gusmo.

    A tecnologia um dos pilares fundamentais do design. Ela d sustentao aos aspectos

    culturais, funcionais e de linguagem de um projeto. Todos estes aspectos se refletem no

    produto desenvolvido.

    Devemos lembrar que a tecnologia diz respeito aos sistemas e procedimentos tcnicos, aos

    sistemas e meios de reproduo, ao estabelecimento de novas linguagens e processos. A

    integrao destes aspectos se d no mbito do design no apenas como ao projetual, mas

    tambm como produo de um produto das mais diversas naturezas ou segmentos. A tabela

    abaixo ilustra esta relao e integrao.

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    TECNOLOGIA Reproduo de uma comunicao

    ou de um conjunto de informaes

    Meios de Reproduo

    Sistemas e Procedimentos

    tcni cos e tecno lgicos Linguagens e Processos

    Tabela 6 Relaes da Tecnologia no Campo do Design.

    Autoria de Mni ca Moura e Cludio Gusmo.

    Segundo a designer Ana Luisa Escorel (2001), o design uma forma de expresso

    absolutamente sintonizada com a tecnologia.

    Considerando estes aspectos podemos dizer que um projeto no pode ser materializado sem

    a tecnologia. a tecnologia que viabiliza no somente o produto final, mas estimula os

    processos criativos e amplia as possibilidades projetuais.

    A diviso entre o mundo das artes e o mundo das mquinas, tendo de um lado a criao e de

    outro a tecnologia foi uma categorizao ocorrida em meados do sculo XIX. Assim, segundo

    Flusser (1999), esta diviso criou dois ramos distintos: O mundo cientfico, quantificvel e

    rgido, ou seja, o campo de cincia e tecnologia e de outro o mundo das artes e criao,

    caracterizado pelas questes estticas e mais flexveis. O design que veio a estabelecer a

    ponte, a ligao entre estes dois mundos, onde criao e tecnologia atuam em conjunto.

    Ao tomarmos o design como a ligao da criao e tecnologia podemos observar que ocorre

    um trnsito que se estabelece por meio de um processo, porm importante lembrar que este

    processo no rgido e nem uma receita, muito menos uma frmula a ser seguida, por este

    motivo o sentido de trnsito se aplica de forma mais adequada, flexvel e plural, muda

    conforme as variantes do meio e da cultura no qual se estabelece e tambm atua com as

    possibilidades de inverso, subverso, adio de outros elementos e possibilidades.

    DESIGN

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    A criao parte do universo da abstrao, o mundo das idias que associado e inter-

    relacionado ao repertrio, vivncias, experincias e referncias do indivduo imbudo na ao

    para a criao. O processo que se estabelece d origem criao, sendo esta o resultado

    para a soluo de um problema, o desenvolvimento de uma nova proposta ou um ensaio que

    desencadeia toda uma rede de relaes visando um novo objeto ou sistema. Evidentemente,

    essas relaes no ocorrem de forma hierrquica e muito menos seguem frmulas pr-

    estabelecidas. Esta primeira fase, considerada um processo de criao leva aodesenvolvimento de uma concepo, de uma ou mais propostas que resultaro em um

    projeto. Nesse caminho vrias adaptaes, alteraes e incluses so realizadas de forma a

    ajustar, focar, recortar ou ampliar as relaes para o desenvolvimento de um objeto ou

    sistema.

    O caminho para a realizao do objeto implica no pensar e sistematizar a tecnologia que ser

    necessria no apenas para a visualizao da idia, mas para a materializao desta idia.Aquilo que foi criado deve tomar corpo. A criao, a concepo, o conceito que se

    transformaram em um projeto so associados tecnologia para a realizao do objeto. A

    tecnologia inclui processos, sistemas, tcnicas e estabelecem relao direta com a

    linguagem, o suporte e com os materiais que sero empregados. A relao com a linguagem

    est imbuda em todo o processo, da criao realizao. A etapa de realizao inclui a

    produo, a fabricao, a execuo. O objeto resultante destinado ao ser humano, seja ele

    um usurio, um leitor, um consumidor, um interator e tambm destinado a um mercado, sejaele local ou global. O diagrama abaixo ilustra este processo.

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    CriaoConcepo

    Abstrao

    Referncias

    Vivncias

    Experincias

    Repertrio

    ProjetoConceitoProposta

    SistematizaoTecnolgica

    Tecnologia

    ObjetoMaterial

    ouImaterial

    Process osSistemasTc nicas

    Ser HumanoUsurioLeitor

    Interator

    Mercado / Consumidor

    Figura 03. Diagrama relaes processuais criao e tecnol ogia no Design.

    Autoria de M nica Moura.

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    Consideraes FinaisConsideraes FinaisConsideraes FinaisConsideraes Finais

    No percurso das palavras, pensamentos, ref lexes, pesquisas e publicaes o design vai se

    construindo e reconstruindo atravs dos discursos, sejam eles verbais, visuais, sonoros,

    cinestsicos, tteis, materiais ou imateriais. Desta forma, este campo vai sendo valorizando e

    divulgado e deixa a entender, para quem quiser e puder, o papel de importncia que assume

    na contemporaneidade.

    O caminho vai se delineando por meio de uma trama com teias de relaes que partilham

    vivncias e experincias, dvidas e indagaes, descobertas e novos e outros olhares

    sobre a histria e o dinamismo cultural expressado na produo da rea do design. Produtos,

    objetos, sistemas, peas, valores e um eterno delinear da rea que, por ser plural, est

    sempre em movimento de ampliao e por compreender a amplitude est sempre aberto a

    novas f ertilizaes e concepes, por se constituir em rede permite o transitar entre diversas

    reas e campos de conhecimento, refletindo o e sobre o homem e os modos de vida.

    O elo estabelecido pelo design entre a criao e a tecnologia nos permite este pensar

    integrado, inter-relacionado, permite a convivncia interdisciplinar e aponta a abrangncia

    transdisciplinar no sentido de derrubar barreiras, diluir fronteiras, fundir, hibridizar, tornar-se

    outro. So essas relaes complexas que explicam a diversidade e as dvidas com respeito

    rea de atuao.

    Nos parece que por todos os motivos elencados e todas as questes tratadas neste texto, o

    designer um grande criador que l o seu tempo e o expressar da prpria

    contemporaneidade.

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    Referncias BibliogrficasReferncias BibliogrficasReferncias BibliogrficasReferncias Bibliogrficas

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