MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DO PROGRAMA DE...

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Marcia Maria Villa Nova da Silva MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DO PROGRAMA DE AVALIAÇÃO EXTERNA DA QUALIDADE EM IMUNEMATOLOGIA PRÁTICA E TEÓRICA: um estudo avaliativo Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação da Fundação Cesgranrio, como requisito para obtenção do título de Mestre em Avaliação Orientadora: Profª Drª Mercêdes Moreira Berenger Rio de Janeiro 2014

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Marcia Maria Villa Nova da Silva

MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DO PROGRAMA DE AVALIAÇÃO EXTERNA DA QUALIDADE EM IMUNEMATOLOGIA – PRÁTICA E TEÓRICA:

um estudo avaliativo

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação da Fundação Cesgranrio, como requisito para obtenção do título de Mestre em Avaliação

Orientadora: Profª Drª Mercêdes Moreira Berenger

Rio de Janeiro 2014

S586m Silva, Marcia Maria Villa Nova da. Monitoramento e avaliação do programa de

avaliação externa da qualidade em imunematologia - prática e teórica: um estudo avaliativo / Marcia Maria Villa Nova da Silva. - 2013.

78 f.; 30 cm.

Orientadora: Profª. Drª. Mercêdes Moreira Berenger. Dissertação (Mestrado Profissional em Avaliação) - Fundação Cesgranrio, Rio de Janeiro, 2013. Bibliografia: f. 57-59.

1. Avaliação. 2. Cuidados médicos - Controle de qualidade. I. Berenger, Mercêdes Moreira. II. Título.

CDD 371.26

Ficha catalográfica elaborada por Anna Karla S. da Silva (CRB7/6298)

Autorizo, apenas para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou parcial desta dissertação.

Assinatura Data

“A menos que modifiquemos a nossa maneira de pensar, não seremos capazes de resolver os problemas causados pela forma como nos acostumamos a ver o mundo”.

Albert Einstein

AGRADECIMENTOS

À Professora Doutora Mercêdes Moreira Berenger pela excelente orientação. À Professora Doutora Ligia Gomes Elliot pela coordenação do Mestrado Profissional em Avaliação. À Professora Doutora Maria Cristina Pessoa dos Santos pela participação na Banca Examinadora. À Professora Doutora Andreia Ferreira Oliveira pela participação na Banca Examinadora. À Dra. Shirley Lopes de Castilho pelo apoio incondicional ao desenvolvimento do objeto deste estudo. À Dra. Kátia Machado da Motta pelo contínuo incentivo ao meu crescimento profissional. A todos os especialistas que participaram do estudo, tornando-o possível. A toda equipe de professores e de profissionais da Fundação Cesgranrio pelo profissionalismo e dedicação. Aos meus pais, meus grandes orientadores de vida.

RESUMO

Este estudo teve por objetivo avaliar a relevância dos indicadores propostos para a

elaboração de um instrumento de monitoramento e avaliação do Programa de

Avaliação Externa da Qualidade em Imunematologia - prática e teórica (AEQ-IH),

promovido pela Coordenação Geral de Sangue e Hemoderivados do Ministério da

Saúde. O AEQ-IH visa o aumento da segurança transfusional através da avaliação

do desempenho das técnicas laboratoriais utilizadas nos serviços hemoterápicos e

da promoção de treinamento de pessoal – as avaliações prática e teórica,

respectivamente. Uma questão norteou o estudo avaliativo: Em que medida os

indicadores referentes às dimensões gestão, avaliação prática, avaliação teórica,

certificado de participação e atualização do conhecimento são relevantes para

elaborar um instrumento de monitoramento e avaliação do programa AEQ-IH. As

dimensões e os indicadores relacionados ao AEQ-IH foram definidos e organizados

segundo as etapas dos seus processos de desenvolvimento e foram utilizados para

a construção do instrumento de coleta de dados. Este instrumento foi composto por

38 indicadores e aplicado a 14 especialistas, representados por profissionais das

diversas áreas de atuação da prática hemoterápica e da avaliação externa da

qualidade. Os resultados obtidos demonstraram que os indicadores propostos para o

monitoramento e avaliação do AEQ-IH tiveram, de forma global, excelente

desempenho, dirigindo a sua utilização para a elaboração de um instrumento para a

expansão do sistema de avaliação do AEQ-IH, atualmente restrito à apresentação

do panorama de desempenho dos serviços participantes.

Palavras-Chave: Avaliação. Controle de Qualidade. Ensaio de Proficiência

Laboratorial.

ABSTRACT

The objective of this study was to evaluate the relevance of the proposed indicators

for the development of an instrument for monitoring and evaluation of the External

Quality Assessment Scheme in Blood Group Serology - practical and theoretical

(EQAS), sponsored by the General Coordination of Blood and Blood Products of the

Ministry of Health. The overall objective of the EQAS is to improve transfusion safety

by evaluating the performance of laboratory techniques used in blood transfusion

services and promotion of staff training - practical and theoretical assessments ,

respectively. One question guided the evaluation study: To what extent the

indicators relating to the dimensions - management, practice review, theoretical

evaluation, certificate of participation and knowledge update - are relevant to

elaborate an instrument for monitoring and evaluate the EQAS in Blood group

serology - practical and theoretical. The dimensions and indicators related to EQAS

were defined and organized according to the stages of their development process

and were used to construct the instrument for data collection. This instrument was

composed of 38 indicators and applied to 14 specialists, represented by

professionals of several areas of blood transfusion practice and external quality

assessment. The results showed that the proposed indicators for monitoring and

evaluation the EQAS had, globally, excellent performance, driving its use for the

development of an instrument for the expansion of the evaluation system of the

EQAS, currently restricted to the presentation of the overview of the performance of

participating services.

Keywords : Evaluation. Quality Control. External Quality Assessment.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 Fluxograma do ciclo produtivo do sangue......................................... 14

Figura 2 Produtos terapêuticos do sangue...................................................... 15

Figura 3 Programa de Qualidade do Sangue.................................................. 20

Quadro 1 Unidades produtoras e área de abrangência..................................... 25

Figura 4 Site de acesso aos gabaritos do AEQ-IH.......................................... 25

Figura 5 Amostras do AEQ-IH.......................................................................... 26

Figura 6 Bula do Painel.................................................................................... 27

Figura 7 Painel e caixas de transporte do AEQ-IH.......................................... 28

Figura 8 Relatório individual – parte prática.................................................... 29

Figura 9 Relatório individual – parte teórica.................................................... 30

Figura 10 Resultados da UF – parte prática..................................................... 31

Figura 11 Resultados da UF – parte teórica...................................................... 31

Figura 12 Relatório de acompanhamento do participante – parte prática......... 33

Figura 13 Relatório de acompanhamento do participante – parte teórica......... 34

Figura 14 Relatório de acompanhamento da UF – parte prática....................... 35

Figura 15 Relação das dimensões e indicadores do AEQ-IH............................ 40

Quadro 2 Classificação da confiabilidade e valores de α de Cronbach............ 42

Quadro 3 Numero de indicadores por dimensão............................................... 43

Quadro 4 Critérios de julgamento e pontuação atribuída.................................. 43

Figura 16 Banco de dados das respostas dos especialistas............................. 44

Quadro 5 Classificação do indicador segundo o intervalo de pontuação.......... 46

Quadro 6 Resultados da dimensão gestão........................................................ 47

Quadro 7 Resultados da dimensão avaliação prática....................................... 47

Quadro 8 Resultados da dimensão avaliação teórica....................................... 48

Quadro 9 Resultados da dimensão certificado de participação......................... 48

Quadro 10 Resultados da dimensão atualização do conhecimento.................... 49

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Respostas dos especialistas à primeira pergunta aberta..................... 50

Tabela 2 Respostas dos especialistas à segunda pergunta aberta.................... 51

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AEQ Avaliação Externa da Qualidade

AIDS Acquired Immunodeficiency Syndrome

ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária

CGSH Coordenação Geral de Sangue e Hemoderivados

DAE Departamento de Assistência Especializada

EQAS External Quality Assessment Schemes

FAO Food and Agriculture Organization

GT Grupo de Assessoramento Técnico

HEMOBRAS Empresa Brasileira de Hemoderivados

HTLV I/II Human T Lymphotropic Virus I/II

IAEA International Atomic Energy Agency

IH Imunematologia

INSA Instituto Nacional de Saúde

MS Ministério da Saúde

OIE World Organisation for Animal Health

OMS Organização Mundial da Saúde

PBQP Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade

PNAEQ Programa Nacional de Avaliação externa da Qualidade

PNCQ Programa Nacional de Controle de Qualidade

PNCQES Programa Nacional de Controle de Qualidade Externo em Sorologia

PNCQS Programa Nacional de Avaliação Externa da Qualidade

RDC Resolução da Diretoria Colegiada

SAS Secretaria de Atenção à Saúde

SINASAN Sistema Nacional de Sangue

SUS Sistema Único de Saúde

UF Unidade Federativa

UP Unidade Produtora

WHO World Health Organization

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO............................................................................................ 13

1.1 O SANGUE E SEUS PRODUTOS TERAPÊUTICOS................................ 15

1.2 A AVALIAÇÃO EXTERNA DA QUALIDADE DOS SERVIÇOS HEMOTERÁPICOS NO BRASIL................................................................ 18

1.3 OBJETIVO E JUSTIFICATIVA DO ESTUDO............................................. 21

2 O PROGRAMA DE AVALIAÇÃO EXTERNA EM IMUNEMATOLOGIA – PRÁTICA E TEÓRICA................................................................................ 23

2.1 INSERÇÃO INSTITUCIONAL E GESTÃO................................................. 23

2.1.1 Criação e objetivo..................................................................................... 23

2.1.2 Usuários e abrangência............................................................................ 23

2.1.3 Gestão........................................................................................................ 24

2.1.4 Parcerias e recursos................................................................................. 24

2.2 ETAPAS DO PROCESSO.......................................................................... 26

2.2.1 Elaboração da avaliação prática.............................................................. 26

2.2.2 Elaboração da avaliação teórica.............................................................. 28

2.2.3 Distribuição e retorno das avaliações prática e teórica........................ 28

2.2.4 Elaboração de relatórios e boletins........................................................ 29

2.3 DINÂMICA DO PROGRAMA AEQ-IH............................................................. 32

2.4 ACOMPANHAMENTO DO DESEMPENHO DO PROGRAMA AEQ-IH.... 33

3 METODOLOGIA........................................................................................ 36

3.1 ABORDAGEM AVALIATIVA...................................................................... 36

3.2 DIMENSÕES E INDICADORES................................................................ 37

3.3 ELABORAÇÃO DO INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS............... 41

3.4 VALIDAÇÃO DO INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS................... 41

3.5 COLETA E ANÁLISE DE DADOS............................................................. 42

4 RESULTADOS............................................................................................ 46

4.1 ANÁLISE QUANTITATIVA DOS INDICADORES...................................... 46

4.1.1 Dimensão gestão...................................................................................... 46

4.1.2 Dimensão avaliação prática..................................................................... 47

4.1.3 Dimensão avaliação teórica..................................................................... 48

4.1.4 Dimensão certificado de participação.................................................... 48

4.1.5 Dimensão atualização do conhecimento................................................ 49

4.2 CONSIDERAÇÕES SOBRE OS RESULTADOS QUANTITATIVOS......... 49

4.2.1 Dimensão avaliação prática..................................................................... 49

4.2.2 Dimensão avaliação teórica..................................................................... 50

4.3 RESPOSTAS DOS ESPECIALISTAS ÀS PERGUNTAS ABERTAS......... 50

4.3.1 Respostas dos especialistas à primeira pergunta aberta..................... 50

4.3.2 Respostas dos especialistas à segunda pergunta aberta.................... 51

5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES..................................................... 52

5.1 CONCLUSÕES........................................................................................... 52

5.2 RECOMENDAÇÕES................................................................................... 53

5.3 CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................ 54

5.3.1 Bloco de indicadores relacionados ao monitoramento do AEQ-IH..... 54

5.3.2 Bloco de indicadores relacionados à avaliação do AEQ-IH................. 55

REFERÊNCIAS.......................................................................................... 57

APÊNDICE A – Instrumento de Coleta de Dados................................... 61

APÊNDICE B – Carta convite................................................................... 63

ANEXO A - Formulário de respostas do AEQ-IH – prática.................... 65

ANEXO B – Avaliação Teórica................................................................. 72

ANEXO C – Termo de Adesão ao AEQ-IH............................................... 77

ANEXO D – Certificado de participação no AEQ-IH............................... 78

1 INTRODUÇÃO

O sistema de serviços de saúde é definido como o conjunto de atividades cujo

principal propósito é promover, restaurar e manter a saúde de uma população

(VIACAVA, 2004). Os laboratórios de análises clínicas integram o sistema de

serviços de saúde e estão envolvidos nos cuidados da saúde humana. Estes

laboratórios realizam exames em amostras biológicas – obtidas pelo ato da coleta e

sobre a qual vão ser efetuados um ou vários exames laboratoriais – que contribuem

para o diagnóstico, tratamento, monitorização ou prevenção de doenças humanas

ou qualquer modificação do estado de equilíbrio fisiológico (SILVA, 2013).

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), é essencial que os

laboratórios estejam envolvidos em programas de garantia de qualidade e participem

de programas de comparação entre laboratórios, ou seja, esquemas de avaliação

externa da qualidade (AEQ), também conhecidos como ensaios de proficiência

(WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2008).

Os AEQ´s são estruturados de forma a oferecer aos laboratórios participantes

os meios para a avaliação do desempenho das técnicas laboratoriais utilizadas, por

meio da análise de materiais desconhecidos (amostras), que simulam pacientes – a

avaliação prática - e para a promoção de treinamento de pessoal, por meio de

questionários de perguntas, de cunho educacional – a avaliação teórica

(CONTROLLAB, 2013).

A análise dos resultados das avaliações práticas e teóricas permite o

monitoramento do desempenho bem como a revisão das práticas laboratoriais, para

a continuidade ou a melhoria da qualidade dos exames realizados. A participação

em um Programa Externo de Controle da Qualidade não evita o aparecimento de

não-conformidades nas dosagens e avaliações, mas permite ao laboratório

participante identificar como e onde a mesma ocorreu, assim como, a(s) ação(ões) a

ser(em) implementada(s) para evitar a sua repetição (PROGRAMA NACIONAL DE

CONTROLE DE QUALIDADE, 2011). A participação de laboratórios clínicos em um

programa de controle de qualidade é obrigatória no território nacional desde 2005

(AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA, 2005).

Na medicina transfusional, especialidade concentrada na utilização de

produtos biológicos de origem humana, qual seja, o sangue, as atividades

laboratoriais envolvem a realização de exames em amostras de doadores e

14

pacientes e integram o ciclo do sangue - processo sistemático destinado à produção

de hemocomponentes que abrange as atividades de captação e seleção do doador,

triagem clínico-epidemiológica, coleta de sangue, triagem laboratorial das amostras

de sangue, processamento, armazenamento, transporte e distribuição do sangue e

hemocomponentes (AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA, 2010). O

fluxograma do ciclo produtivo do sangue é apresentado na Figura 1.

Figura 1- Fluxograma do ciclo produtivo do sangue

Fonte: AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (2007).

15

Assim, a obtenção de produtos terapêuticos a partir do sangue humano é um

processo altamente especializado, porque é diretamente dependente da qualidade

da fonte de seu principal recurso – o doador de sangue – e dos métodos utilizados

para testá-lo (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2013a).

1.1 O SANGUE E OS SEUS PRODUTOS TERAPÊUTICOS

O sangue é obtido a partir de uma doação e é a fonte para a produção de

inúmeros produtos terapêuticos - os hemocomponentes e os hemoderivados,

apresentados na Figura 2.

Figura 2 - Produtos terapêuticos do sangue

Fonte: MEDICINANET (2009).

Os hemocomponentes são obtidos pela separação física (centrifugação) do

sangue total coletado. Este procedimento – fracionamento – viabiliza o preparo e

armazenamento destes produtos em condições especiais que possibilitam a

preservação de suas atividades funcionais e a sua utilização conforme as

necessidades dos pacientes: concentrados de hemácias (tratamento de anemias);

concentrados de plaquetas (tratamento de deficiências de quantidade ou de

16

qualidade das plaquetas); plasma (reposição de múltiplos fatores da coagulação);

crioprecipitado (reposição de fibrinogênio). Estes são os produtos fornecidos nas

rotinas dos serviços hemoterápicos que atendem às demandas de pacientes que

deles necessitam para corrigir deficiências específicas, ou para a realização de

cirurgias. Cumpre ressaltar que a evolução alcançada na medicina transfusional

ainda não foi capaz de produzir produtos artificiais substitutivos do sangue e a

terapia de reposição permanece dependente do sangue obtidos das doações.

Os hemoderivados são medicamentos produzidos pelo fracionamento

industrial (processos físico-químicos) do plasma humano, produto com poucas

indicações de uso na medicina transfusional, gerando o excedente que é utilizado na

indústria farmacêutica. Na sua produção são utilizadas grandes quantidades de

plasma e os medicamentos obtidos são utilizados para o tratamento de deficiências

de fatores que atuam no processo da coagulação (hemofilias, doença de Von

Willebrand, coagulopatias raras) e no sistema de defesa do organismo

(HEMOBRÁS, 2013). Diferentemente dos hemocomponentes, recursos tecnológicos

atuais permitem a obtenção de hemoderivados por engenharia genética, porém

diversos produtos ainda são obtidos a partir do plasma excedente das doações de

sangue.

Diante do exposto, é evidente o grande número de pessoas beneficiadas pela

doação de sangue. A sua utilização, porém, envolve riscos.

Os riscos relacionados ao uso do sangue estão diretamente relacionados aos

erros que podem ocorrer em cada etapa para a sua obtenção, desde a seleção de

doadores, coleta e processamento de doações, testagem das amostras de doadores

e pacientes, até o fornecimento do sangue compatível para transfundir o paciente

(WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2004). Estes erros são causados,

principalmente, pelos seguintes fatores:

– procedimentos inadequados para identificação do paciente, das amostras

de sangue de doadores ou das unidades de sangue;

– armazenamento inadequado dos hemocomponentes;

– uso inapropriado de reagentes;

– falhas de equipamentos;

– falhas técnicas em testes sorológicos e imunematológicos;

– imprecisões nos registros ou transcrição;

– má interpretação dos resultados.

17

Os erros de laboratório são os principais motivos que podem levar a uma

maior morbidade e mortalidade de pacientes que recebem transfusão de sangue

incompatível ou inadequado. Esses erros são fatores desencadeantes de agravos

ocorridos durante ou após a transfusão sanguínea, e a ela relacionados – as

reações transfusionais. Estas reações são imediatas – quando ocorrem durante ou

em até 24 horas após a transfusão – e tardias – quando ocorrem após dias, meses e

até anos de sua realização (AMERICAN ASSOCIATION OF BLOOD BANKS, 2011).

Conforme anteriormente exposto, os laboratórios dos serviços hemoterápicos

realizam exames em amostra de doadores e pacientes. A realização dos exames é

obrigatória, definida em legislação e objetiva o fornecimento de sangue seguro para

a transfusão (BRASIL, 2013). Estes exames compreendem os testes realizados para

reduzir riscos de transmissão de doenças pela transfusão (sorologia) e para a

seleção do sangue e hemocomponentes para a transfusão (imunematologia), à

saber:

sorologia, ou testes de detecção de doenças transmissíveis pelo sangue:

AIDS, Hepatites B e C, Sífilis, doença de Chagas e HTLV I/II, realizados nas

amostras dos doadores;

imunematologia, ou testes de seleção do sangue e hemocomponentes para

transfusão: determinação do grupo sanguíneo ABO, do sistema Rh D e pesquisa e

identificação de anticorpos irregulares do paciente e doador; teste de antiglobulina

direta do paciente; e a verificação da compatibilidade entre o sangue do paciente e o

do doador, realizados nas amostras de doadores e pacientes.

Segundo a OMS, “o risco associado à transfusão de sangue pode ser

reduzido significativamente com a introdução de sistemas de qualidade, da

avaliação externa da qualidade e da educação e formação para o pessoal” (WORLD

HEALTH ORGANIZATION, 2013b).

No Brasil, o estabelecimento de um sistema da qualidade para os serviços

hemoterápicos é obrigatório:

Todo serviço de hemoterapia deve ter um sistema de gestão da qualidade no que tange às boas práticas do ciclo produtivo do sangue que inclua a definição da estrutura organizacional e das responsabilidades, a padronização de todos os processos e procedimentos, o tratamento de não conformidades, a adoção de medidas corretivas e preventivas e a qualificação de insumos, produtos e serviços, visando à implementação do gerenciamento da

18

qualidade. (AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA, 2010).

A introdução da avaliação externa da qualidade para os serviços

hemoterápicos do território nacional é apresentada a seguir.

1.2 A AVALIAÇÃO EXTERNA DA QUALIDADE DOS SERVIÇOS HEMOTERÁPICOS NO BRASIL

Os programas de AEQ para os serviços hemoterápicos foram introduzidos no

território nacional no ano de 1996, através da criação do Programa Nacional de

Controle de Qualidade Externo em Sorologia para Unidades Hemoterápicas

(PNCQES). Este programa foi instituído em Portaria Federal (BRASIL, 1996),

abrangendo todos os serviços hemoterápicos do território nacional, públicos e

privados que executavam testes sorológicos – os exames obrigatórios para detecção

de doenças transmissíveis pelo sangue - em doadores de sangue. Sua implantação

é justificada pelos seguintes preâmbulos contidos na Portaria:

– A necessidade de estabelecer um sistema de controle de qualidade sobre os testes sorológicos executados pelas unidades hemoterápicas, públicas e privadas, que coletam e realizam testes para a triagem processando o sangue para fins terapêuticos;

– A necessidade de estabelecer padrões de referência para o controle de qualidade das reações sorológicas executadas pelas unidades hemoterápicas na triagem de doadores de sangue;

– A qualidade e a confiabilidade do resultado de um teste sorológico dependem de um conjunto de fatores, entre outros, da qualidade dos recursos humanos, dos equipamentos, dos conjuntos diagnósticos e reagentes, dos procedimentos de segurança utilizados e dos controles de qualidade internos e externos;

– O controle de qualidade externo, ou testes de proficiência, são utilizados como prova objetiva da qualidade e segurança dos testes sorológicos executados para a triagem e seleção do sangue e seus componentes destinados à transfusão;

– Um resultado sorológico falso negativo, com a consequente liberação de uma bolsa de sangue, seus componentes ou derivados contaminados, pode levar a danos irreversíveis para o(s) paciente(s) que recebera(m) esta(s) unidade(s).

No ano de 1997, o programa passou a ser denominado Programa Nacional de

Controle de Qualidade Externo (AEQ) em Sorologia e Imunematologia (BRASIL,

19

1997) incluindo, assim, os testes de seleção do sangue e hemocomponentes para

transfusão.

A implantação do programa AEQ em sorologia e imunematologia foi

viabilizada a partir do ano de 1998, através do Programa Brasileiro de Qualidade e

Produtividade – PBQP, que definiu metas em 13 temas ligados à competitividade e

qualidade de vida, incluindo a saúde. O PBQP reunia 54 programas e projetos

estratégicos, escolhidos como prioritários para ação do governo federal. Para a área

de saúde a prioridade foi o sangue - “Sangue com garantia de qualidade em todo o

seu processo até 2003”, assim justificada:

O sangue é essencial e insubstituível para o tratamento de várias doenças que agridem o ser humano, no entanto é um potencial transmissor de agentes causadores de diversas doenças, como Hepatite, Sífilis, AIDS etc. Com o objetivo de colocar à disposição da população brasileira sangue de qualidade, livre do risco de transmissão destas e outras doenças, o Governo mobilizou imensos esforços para a implantação do Programa Qualidade do Sangue, que desenvolve ações em todas as fases de obtenção dos componentes e derivados, desde a captação de doadores, passando pela triagem do doador, coleta de sangue, processamento, testagem, armazenagem, distribuição até a transfusão. (PROGRAMA BRASILEIRO DE QUALIDADE E PRODUTIVIDADE, 1998).

O Programa Qualidade do Sangue englobava 12 subprojetos (Figura 3), entre

eles a implantação de um Sistema de Avaliação Externa da Qualidade para a

hemorrede brasileira:

20

Figura 3 - Programa de Qualidade do Sangue

Agência Nacional

de Vigilância Sanitáriawww.anvisa.gov.br

Sangue com garantia de Qualidade em todo o seu processo até 2003

Programa Nacional de Doação VoluntáriaPrograma Nacional Programa Nacional

de Doade Doaçção Voluntão Voluntááriaria

Formulação da PolíticaNacional de Sangue e Hemoderivados

FormulaFormulaçção da Polão da Polííticatica

Nacional de Sangue Nacional de Sangue

e Hemoderivadose Hemoderivados

Programa Nacional de Hemoderivados

Programa Nacional de Programa Nacional de

HemoderivadosHemoderivados

Implementação do Programa Nacional de Acreditação

de Unidades Hemoterápicas

ImplementaImplementaçção do Programa ão do Programa

Nacional de AcreditaNacional de Acreditaçção ão

de Unidades Hemoterde Unidades Hemoteráápicas picas

Reestruturação do sistema de Vigilância Sanitária do

sangue

ReestruturaReestruturaçção do sistema ão do sistema

de Vigilância Sanitde Vigilância Sanitáária do ria do

sanguesangue

Implantação de Programas de Qualidade Total

na Hemorrede

ImplantaImplantaçção de Programas ão de Programas

de Qualidade Total de Qualidade Total

na Hemorredena Hemorrede

Ampliação do número

de Inspeções Sanitárias em Unidades Hemoterápicas

AmpliaAmpliaçção do não do núúmero mero

de Inspede Inspeçções Sanitões Sanitáárias rias

em Unidades Hemoterem Unidades Hemoteráápicaspicas

Implementação de um sistema de Controle de Qualidade

Externo

ImplementaImplementaçção de um sistema ão de um sistema

de Controle de Qualidade de Controle de Qualidade

ExternoExterno

Sistematização do Controle de Qualidade dos

Insumos para Hemoterapia

SistematizaSistematizaçção do ão do

Controle de Qualidade dos Controle de Qualidade dos

Insumos para Insumos para

HemoterapiaHemoterapia

Implantação de Programa

de Infra-estrutura física e organizacional

ImplantaImplantaçção de Programa ão de Programa

de Infrade Infra--estrutura estrutura

ffíísica e organizacionalsica e organizacional

Implementação do Sistema Nacional

de Informações Gerenciais do sangue

ImplementaImplementaçção do ão do

Sistema Nacional Sistema Nacional

de Informade Informaçções Gerenciais ões Gerenciais

do sanguedo sangue

Implantação de Programas de Capacitação

de Recursos Humanos

ImplantaImplantaçção de Programas ão de Programas

de Capacitade Capacitaçção ão

de Recursos Humanosde Recursos Humanos

Fonte: AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (2009).

A implantação de um sistema de avaliação externa da qualidade visou o

aumento da segurança transfusional frente às graves consequências, inclusive a

morte de receptores de sangue e hemocomponentes, acarretadas por resultados

incorretos nos ensaios imunematológicos e sorológicos (AGÊNCIA NACIONAL DE

VIGILÂNCIA SANITÁRIA, 2009). Este sistema foi direcionado aos serviços

hemoterápicos e projetado para elevar os padrões de desempenho dos serviços de

transfusão de sangue, centros de referência, os bancos de sangue de hospitais e de

outros laboratórios que realizam testes de sorologia (AEQ sorologia) e de seleção do

sangue e hemocomponentes destinados para a transfusão (AEQ Imunematologia).

Neste contexto, o Programa de Avaliação Externa da Qualidade em

Imunematologia (AEQ-IH) é um ensaio externo de proficiência promovido pelo

Ministério da Saúde através da Coordenação de Sangue e Hemoderivados (CGSH).

A CGSH coordena o Sistema Nacional de Sangue, Componentes e Derivados

(SINASAN) e tem por finalidades, conforme Decreto nº 3.990, de 30/10/2001, a

chamada “Lei do Sangue”,

21

implementar a Política Nacional de Sangue, Componentes e Hemoderivados, garantir auto-suficiência do País em hemocomponentes e hemoderivados e harmonizar as ações do Poder Público em todos os níveis de governo, relacionadas à atenção hemoterápica e hematológica. (BRASIL, 2001).

O AEQ-IH é uma iniciativa do poder público que viabiliza, de forma gratuita, a

participação de serviços hemoterápicos do território nacional - públicos, filantrópicos

ou privados conveniados ao Sistema Único de Saúde (SUS), responsáveis pela

execução dos exames de triagem e de seleção do sangue e de seus componentes

destinados para transfusão - em um programa de avaliação externa da qualidade. O

AEQ-IH permite que

os serviços de hemoterapia participantes aperfeiçoem suas técnicas laboratoriais, diminuam o risco de reações transfusionais devido a resultados laboratoriais insatisfatórios e cumpram a legislação técnico-sanitária, que determina a participação em programa de proficiência externo. (BRASIL, 2012).

Dada a relevância do programa AEQ-IH para a segurança das transfusões de

sangue e hemocomponentes, conforme exposto, avaliar o programa é fundamental.

O AEQ-IH está em operação desde 2001 e tem abrangência nacional. O seu

monitoramento, publicado em Boletins pela Coordenação do Programa, apresenta,

exclusivamente, o panorama sobre o desempenho dos serviços participantes. A

ampliação do escopo de avaliação e monitoramento do AEQ-IH, neste momento

restrito à descrição do desempenho dos serviços hemoterápicos, se insere na

finalidade deste estudo avaliativo.

1.3 OBJETIVO E JUSTIFICATIVA DO ESTUDO

A autora do estudo atua, desde 1990, no HEMORIO, uma das instituições

parceiras para a execução do AEQ-IH. Verificando os boletins oficiais sobre os

resultados do AEQ-IH, observou que os mesmos não contavam com informações

que possibilitassem realizar a avaliação do programa para determinar o seu valor ou

mérito com relação aos seus objetivos. Este estudo avaliativo se insere nos esforços

empreendidos pela coordenação do programa AEQ-IH, no sentido de contribuir para

seu melhor desenvolvimento.

22

Assim, o presente estudo avaliativo pretendeu verificar a relevância de

indicadores de modo a subsidiar a elaboração de um instrumento de monitoramento

e avaliação do AEQ-IH, segundo uma metodologia que será apresentada no

Capítulo 3.

2 O PROGRAMA DE AVALIAÇÃO EXTERNA EM IMUNEMATOLOGIA – PRÁTICA E TEÓRICA

O AEQ-IH é um sistema de avaliação externa da qualidade do Ministério da

Saúde (MS), destinado aos laboratórios que realizam rotinas laboratoriais dos

doadores e dos receptores de sangue nos serviços de hemoterapia públicos,

filantrópicos e privados com atendimento a pacientes SUS no território nacional. O

AEQ-IH está baseado no envio de paineis de proficiência e de avaliações teóricas,

possibilitando às instituições participantes a verificação do desempenho de seus

laboratórios para a adoção de medidas corretivas, sempre que necessário.

2.1 INSERÇÃO INSTITUCIONAL E GESTÃO

2.1.1 Criação e objetivo

O AEQ-IH foi criado no ano de 1997 e é parte integrante do Programa

Nacional de Controle de Qualidade Externo (AEQ) em Sorologia e Imunematologia.

O objetivo do AEQ-IH é fornecer às instituições participantes um sistema de

avaliação externa da qualidade gratuito para o aprimoramento das rotinas

laboratoriais em imunematologia dos doadores e dos receptores de sangue, com

foco no controle do risco transfusional.

Este programa do Ministério da Saúde contribui para que os serviços de

hemoterapia tanto possam aperfeiçoar suas técnicas laboratoriais - diminuindo o

risco de reações transfusionais devido a resultados laboratoriais insatisfatórios –

quanto cumprir a legislação, que determina a participação de laboratórios em

programa de proficiência externo.

2.1.2 Usuários e abrangência

O AEQ-IH tem como usuários potenciais os laboratórios de hemoterapia dos

serviços públicos e privados contratados pelo SUS que realizam testes

imunematológicos para qualificação de doadores e receptores de sangue,

distribuídos em todas as regiões do país, o que lhe confere abrangência nacional.

Este conjunto é parte integrante da Hemorrede Nacional e reúne estruturas de

diferentes níveis de complexidade, conceituadas segundo as atividades que

executam:

24

– Hemocentro Coordenador

– Hemocentro Regional

– Núcleo de Hemoterapia

– Unidade de Coleta e Transfusão

– Agência Transfusional

2.1.3 Gestão

O AEQ-IH está sob a responsabilidade da CGSH, que coordena o Sistema

Nacional de Sangue, Componentes e Derivados (SINASAN).

Sua execução é viabilizada pelo Grupo de Assessoramento Técnico (GT) do

Programa AEQ-IH, da CGSH do Departamento de Atenção Especializada, da

Secretaria de Atenção à Saúde do MS (MS, 2011). É composto por profissionais das

Unidades Produtoras, da CGSH e da ANVISA, e tem por competências:

– assessorar tecnicamente a CGSH/DAE/SAS/MS em assuntos relacionados

ao AEQ-IH, visando analisar resultados;

– determinar ações a serem tomadas;

– participar da produção científica/educativa do Programa e de consultorias.

2.1.4 Parcerias e recursos

O AEQ-IH é realizado em parceira entre o Ministério da Saúde e as Unidades

Produtoras (UP´s). As UP´s são laboratórios de referência na Hemorrede Pública,

vinculados aos Hemocentros Coordenadores das seguintes Unidades Federativas

(UF): Amazonas (HEMOAM), Pará (HEMOPA), Pernambuco (HEMOPE), Rio de

Janeiro (HEMORIO), Minas Gerais (HEMOMINAS), São Paulo (Hemocentro da

Botucatu e Hemocentro da Unicamp) e Santa Catarina (HEMOSC), que atuam no

programa de forma regionalizada, dando suporte técnico aos serviços de

hemoterapia de sua região. Assim, o AEQ está estruturado para atender a todo o

país, com as áreas de abrangência distribuídas entre as 8 UP’s, conforme

apresentado no Quadro 1.

25

Quadro 1 - Unidades produtoras e área de abrangência

Unidades Produtoras Área de Abrangência (UF)

HEMOAM AM, RR, RO, AC

HEMOPA PA, MA, PI, AP, TO

HEMOPE AL, CE, PB, RN, SE, PE

HEMORIO RJ, ES, BA

UNICAMP SP (interior), MS

BOTUCATU SP (capital), MT

HEMOMINAS MG, GO, DF

HEMOSC SC, PR, RS

Fonte: AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (2010).

Os recursos para a execução do AEQ-IH são oriundos do MS. Seu repasse é

formalizado através convênios, viabilizando a aquisição de equipamentos, insumos e

a contratação dos serviços necessários a sua operacionalização.

Como instrumento de comunicação, CGSH disponibiliza um site onde os

usuários têm acesso aos gabaritos do AEQ-IH (Figura 4).

Figura 4 - Site de acesso aos gabaritos do AEQ-IH

Fonte: AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (2013).

26

2.2 ETAPAS DO PROCESSO

Os processos do AEQ-IH são: elaboração das avaliações prática e teórica;

distribuição e retorno das avaliações prática e teórica; elaboração de relatórios e

boletins.

2.2.1 Elaboração da avaliação prática

No processo de elaboração da avaliação prática estão incluídas as seguintes

atividades: produção das amostras, elaboração da bula e do formulário de resposta,

montagem do painel, embalagem e distribuição.

A produção de amostras consiste em:

– definição do perfil do painel (o que deverá ser identificado em cada uma

das amostras) pelos integrantes do GT das UP’s: todos os participantes recebem

material de testagem idêntico;

– seleção de hemácias e plasmas: são utilizadas as doações de sangue dos

hemocentros com testes sorológicos negativos;

– processamento das hemácias e plasmas para adequá-los à testagem em

técnicas laboratoriais, como seriam amostras de pacientes;

– validação das amostras (inter UP e PNCQS);

– envasamento e rotulagem das amostras, englobando: identificação

numérica, tipo (suspensão de hemácia / soro), número do lote, temperatura de

conservação, volume, data de fabricação e data de validade (Figura 5).

Figura 5 - Amostras do AEQ-IH

Suspensão de hemácias Soro

Fonte: Imagem cedida pela colaboradora Shirley Castilho (2014).

27

A bula que acompanha o painel contém os seguintes itens: introdução,

apresentação, conservação e validade, biossegurança e instruções para uso (Figura

6).

Figura 6 - Bula do Painel

Fonte: Imagem cedida pela colaboradora Shirley Castilho (2014).

O formulário de resposta padronizado (ANEXO A) é composto dos seguintes

itens:

– identificação do usuário;

– número do AEQ-IH;

– instruções de preenchimento;

– padrão para registro dos resultados;

– lote do painel;

– número da amostra;

– testes a serem realizados;

– campos para registro dos resultados;

– condições de recebimento das amostras.

A montagem do painel consiste em acondicionar as amostras, a bula e o

formulário de respostas em caixas para o transporte. A embalagem deve manter a

28

integridade física (evitar vazamentos) e biológica (viabilidade para testagem) das

amostras (Figura 7).

Figura 7 - Painel e caixas de transporte do AEQ-IH

Painel Caixa de Transporte

Fonte: Imagem cedida pela colaboradora Shirley Castilho (2014).

2.2.2 Elaboração da avaliação teórica

No processo de elaboração da avaliação teórica estão incluídas as seguintes

atividades: definição do tema que será abordado, elaboração das questões e

elaboração do gabarito pelo GT. A avaliação teórica (ANEXO B) é apresentada na

forma de documento único composto dos seguintes itens:

– número;

– identificação do usuário participante do AEQ-IH;

– grade de respostas;

– questões.

2.2.3 Distribuição e retorno das avaliações prática e teórica

A distribuição das avaliações prática e teórica para os serviços participantes é

realizada pelas UP´s através de contrato junto aos Correios - serviço de encomenda

expressa – SEDEX. Para o retorno dos formulários de respostas, as UP´s enviam

junto às avaliações prática e teórica um envelope padronizado com selo SEDEX

para a sua postagem.

29

2.2.4 Elaboração de relatórios e boletins

Cada uma das oito UP processa e analisa os dados das avaliações prática e

teórica de sua área de abrangência, produzindo dois tipos de relatórios: individual e

global.

O relatório individual, que é enviado para cada participante, apresenta os

seguintes dados:

parte prática - identificação do usuário, do número do AEQ-IH, gabarito e

resultado da avaliação dos testes realizados para cada amostra analisada: acertos,

erros, não executados e não aplicáveis (Figura 8).

Figura 8 - Relatório individual – parte prática

Fonte: Imagem cedida pela colaboradora Shirley Castilho (2014).

parte teórica - identificação do usuário e do número da avaliação teórica e

registro de acertos e erros para cada questão (Figura 9).

30

Figura 9 - Relatório individual – parte teórica

Fonte: Imagem cedida pela colaboradora Shirley Castilho (2014).

O relatório global, que é enviado para a CGSH, inclui dados do conjunto de

participantes de uma mesma UF.

parte prática - identificação da UF e do número do AEQ-IH; quantidade de

paineis enviados, respondidos e não respondidos; quantidade de acertos e erros dos

testes realizados para cada amostra analisada (Figura 10).

31

Figura 10 - Resultados da UF – parte prática

Fonte: Imagem cedida pela colaboradora Shirley Castilho (2014).

parte teórica - identificação da UF e do número da avaliação teórica;

quantidade de avaliações teóricas enviadas, respondidas e não respondidas;

quantidade de acertos e erros para cada pergunta da avaliação teórica (Figura 11).

Figura 11 - Resultados da UF – parte teórica

Fonte: Imagem cedida pela colaboradora Shirley Castilho (2014).

32

O Boletim do Programa de Avaliação Externa da Qualidade em Serviços de

Hemoterapia, elaborado pela Coordenação do Programa, apresenta os dados

nacionais de desempenho da avaliação prática dos serviços de hemoterapia

brasileiros participantes do AEQ-IH, consolidados segundo as UF´s. Os resultados

são apresentados segundo os índices de acertos, erros e não execução dos testes.

Não são apresentados os dados de análise das avaliações teóricas.

2.3 DINÂMICA DO PROGRAMA AEQ-IH

A dinâmica do programa consiste em: adesão voluntária ao programa,

fornecimento da avaliação prática, fornecimento da avaliação teórica, emissão do

certificado de participação e divulgação dos resultados.

A adesão ao AEQ-IH é formalizada através do Termo de Adesão (ANEXO C),

onde estão descritos: qualificação da unidade participante, objeto, compromissos

(CGSH e participante) e vigência.

As avaliações práticas são realizadas três vezes ao ano, através de amostras

constituídas de 4 suspensões de hemácias e 4 soros sanguíneos. As amostras

enviadas permitem que os testes sejam realizados por qualquer técnica e de acordo

com a rotina de cada participante, não sendo necessárias adaptações.

Os testes incluídos são:

- grupo sanguíneo ABO;

- determinação dos antígenos Rh (D, C, c, E, e);

- fenotipagem Kell;

- pesquisa de anticorpos irregulares;

- identificação de anticorpos irregulares;

- teste direto da antiglobulina humana.

As avaliações teóricas são realizadas duas vezes ao ano, através do envio de

questões ou casos clínicos e são intercaladas com as avaliações práticas.

O certificado de participação (ANEXO D) é emitido para o usuário do AEQ-IH

que responder às avaliações práticas e/ou teóricas. A emissão do certificado de

participação é suspensa quando o usuário deixar de responder a três avaliações

consecutivas, teóricas ou práticas.

33

A divulgação dos resultados do AEQ-IH é realizada através de publicação da

coordenação do programa – “Boletim do Programa de Avaliação Externa da

Qualidade em Serviços de Hemoterapia”.

2.4 ACOMPANHAMENTO DO DESEMPENHO DO PROGRAMA AEQ-IH

O acompanhamento do desempenho do AEQ-IH é realizado pelas UP´s e

pela CGSH.

O acompanhamento realizado pelas UP`s, de caráter individual, inclui a parte

prática e a teórica:

parte prática – consolidado dos resultados que qualificam os critérios de

avaliação (acertos, erros, não executados e não aplicáveis) e quantificam o

desempenho geral (porcentuais de acertos) dos testes realizados nas amostras

enviadas a cada painel (Figura 12) para o usuário participante;

Figura 12 - Relatório de acompanhamento do participante – parte prática

Fonte: Imagem cedida pela colaboradora Shirley Castilho (2014).

parte teórica – consolidado dos resultados que qualificam os critérios de

avaliação (acertos e erros) e quantificação do desempenho geral (porcentuais de

34

acertos) para cada questão das avaliações teóricas enviada para o usuário

participante (Figura 13).

Figura 13 - Relatório de acompanhamento do participante – parte teórica

Fonte: Imagem cedida pela colaboradora Shirley Castilho (2014).

Da mesma forma, o acompanhamento realizado pela UP´s para as UF´s de

sua abrangência abrange a parte prática e a teórica:

parte prática – consolidado dos resultados, apresentando, em números

absolutos, os critérios da avaliação (amostragem, realizados, acertos, erros, não

realizado e não se aplica) dos testes solicitados para cada painel enviado à uma

mesma UF (Figura 14);

35

Figura 14 - Relatório de acompanhamento da UF – parte prática

Fonte: Imagem cedida pela colaboradora Shirley Castilho (2014).

parte teórica – consolidado dos resultados, apresentando, em números

absolutos, os critérios de avaliação (amostragem, realizados, acertos, erros, não

respondidos) e o resultado esperado por avaliação teórica enviada à uma mesma

UF.

O acompanhamento realizado pela CGSH apresenta o consolidado dos

resultados no âmbito nacional, apresentado em gráficos, e expressa a evolução do

desempenho dos serviços participantes nas avaliações práticas, segundo os testes

solicitados.

3 METODOLOGIA

Aqui são apresentadas a abordagem e a questão avaliativas e os

procedimentos metodológicos: a definição das dimensões e dos indicadores do

AEQ-IH, a elaboração e a validação do instrumento de coleta de dados; a aplicação

do instrumento de avaliação; a coleta de dados e a análise dos dados.

3.1 ABORDAGEM AVALIATIVA

A abordagem avaliativa é a perspectiva a partir da qual o objeto de um estudo

é avaliado. Segundo Worthen, Sanders e Fitzpatrick (2004, p. 179), a abordagem

centrada em especialistas “depende dos conhecimentos específicos de um

profissional para julgar uma instituição, um programa, um produto ou uma atividade”.

Ainda, segundo esses atores, nesta modalidade de avaliação, os conhecimentos de

grupos altamente especializados se complementam mutuamente, com maior

probabilidade de se fazer uma boa avaliação. Desta forma, a abordagem centrada

em especialistas, na modalidade pareceres ad hoc, ou voltada para um objetivo

específico, se mostrou a mais adequada na condução deste estudo, considerando o

objetivo e a questão avaliativa propostos.

Assim, para a realização deste estudo avaliativo foram selecionados

especialistas de instituições com experiências nas seguintes áreas:

Formular políticas para a rede hemoterápica no âmbito estadual,

representado por um profissional da Assessoria Hemorrede do Estado do Rio de

Janeiro;

Promover, organizar e fornecer programas de Avaliação Externa da

Qualidade para serviços hemoterápicos de abrangência nacional, Brasil e Portugal,

representados por dois profissionais das seguintes organizações: CONTROLLAB,

empresa brasileira privada provedora de Ensaios de Proficiência para a América

Latina e habilitada pela ANVISA; Instituto Nacional de Saúde Dr Ricardo Jorge

(INSA), órgão público integrante do Sistema Nacional de Saúde de Portugal,

provedor de Ensaios de Proficiência para Portugal continental e ilhas (Madeira e

Açores), Cabo Verde, Angola e Macau;

Desenvolver o AEQ-IH para CGSH, representado por sete profissionais das

seguintes instituições: HEMORIO, Hemocentro Coordenador do Estado do Rio de

Janeiro, órgão público vinculado à Secretaria de Estado de Saúde, RJ; Centro de

37

Hematologia e Hemoterapia - Hemocentro de Campinas - vinculado à Universidade

Estadual de Campinas, SP; Fundação Centro de Hematologia e Hemoterapia de

Minas Gerais – HEMOMINAS – órgão vinculado à Secretaria de Estado da Saúde,

MG; Hemocentro de Botucatu, órgão público vinculado ao Hospital das Clínicas da

Faculdade de Medicina de Botucatu, SP; Fundação HEMOPE – Hemocentro

Coordenador de Pernambuco – órgão público vinculado à Secretaria de Estado de

Saúde, PE; um da Fundação Hospitalar de Hematologia e Hemoterapia do

Amazonas – HEMOAM – Hemocentro Coordenador do Amazonas, órgão público

vinculado à SES, AM; Fundação Centro de Hemoterapia e Hematologia do Pará -

HEMOPA – Hemocentro Coordenador do Pará, órgão público vinculado à Secretaria

de Estado de Saúde, PA;

Participar do AEQ-IH da CGSH, representados por quatro profissionais de

Serviços Hemoterápicos usuários do AEQ-IH das seguintes instituições: Hemocentro

Regional de Campos, órgão público vinculado à Secretaria Municipal de Saúde,

Campos, RJ; Hemocentro de Marília, órgão vinculado à Faculdade de Medicina de

Marília, Marília, SP; Agência Transfusional do Hospital Municipal Miguel Couto,

unidade de saúde de grande porte, com emergência aberta e vinculada à Secretaria

Municipal de Saúde do Rio de Janeiro, RJ; Agência Transfusional do Hospital

Municipal Rocha Maia, unidade de saúde de pequeno porte, vinculada à Secretaria

Municipal de Saúde do Rio de Janeiro, RJ;

Fiscalizar as atividades hemoterápicas, representado por um profissional

da Coordenação de Vigilância Sanitária do Estado do Rio de Janeiro.

Dois especialistas com experiência em instrumentos de avaliação e análise de

pesquisas participaram deste estudo na fase de validação técnica e de

confiabilidade do instrumento de coleta. A validação da confiabilidade do instrumento

de coleta de dados foi verificada através da análise do coeficiente alfa de Cronbach.

3.2 DIMENSÕES E INDICADORES

A partir da descrição e análise do desenvolvimento do AEQ-IH, os seus

processos foram organizados em 5 dimensões: Gestão, Avaliação Prática, Avaliação

Teórica, Certificado de Participação e Atualização do Conhecimento.

A dimensão Gestão trata do relacionamento da Coordenação do programa

com o usuário. As dimensões Avaliação Prática e Avaliação Teórica tratam das

38

habilidades e competências dos profissionais no exercício das atividades da rotina

de um serviço hemoterápico. A dimensão Certificado de Participação dá visibilidade

à participação dos serviços no AEQ-IH. A dimensão Atualização do Conhecimento

trata da modernização e atualização do serviço participante.

A identificação e a seleção dos indicadores para cada uma das dimensões

foram feitas a partir da leitura e análise dos seguintes documentos:

Relatórios, formulários e boletins do AEQ-IH da CGSH;

External Quality Assessment of Transfusion Practice: Guidelines on

Establishing an EAQ Scheme in Blood Group Serology, World Health Organization

(WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2004);

Programa Nacional de Avaliação Externa da Qualidade (PNAEQ), do

Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA), Portugal;

Global Survey of Laboratory Quality Standards and External Quality

Assessment Schemes: questionnaire on Laboratory Quality Standards and EQAS,

WHO/OIE/FAO/IAEA;

Manual do Participante aos usuários dos Ensaios de Proficiência para

Laboratórios Clínicos, de Hemoterapia, Veterinários, Microbiológicos e Leite Humano

(CONTROLLAB, 2013).

Após a análise destes documentos, os seguintes indicadores foram

selecionados para cada uma das dimensões:

Dimensão Gestão, reunindo 7 indicadores : Conhecimento dos objetivos do

AEQ-IH; Conhecimento dos benefícios de participar do AEQ-IH (melhoria da

qualidade); Conhecimento das regras para participação no AEQ-IH; Acesso às

informações do programa: SITE, RELATÓRIOS, BOLETINS; Interação com o GT

para o esclarecimento de dúvidas; Confidencialidade das informações do AEQ-IH;

Monitoramento de “performance” por sistema de SCORE;

Dimensão Avaliação Prática, reunindo 14 indicadores: Frequência de

serviços participantes; Frequência de serviços participantes que devolvem o

formulário de respostas; Frequência de serviços participantes que cumprem o prazo

para a devolução do formulário de respostas; Tempo entre o recebimento das

amostras e a data limite para devolução do formulário de respostas; Tempo entre a

devolução do formulário de respostas e o recebimento do relatório de avaliação;

Recursos oferecidos para o envio do formulário de respostas; Informações da Bula

39

para o uso do painel; Condições de acondicionamento do material no recebimento;

Condições de integridade (estabilidade) das amostras recebidas; Correspondência

dos testes solicitados e os realizados na rotina do serviço; Resultados satisfatórios e

insatisfatórios; Tendências no desempenho para um mesmo teste fornecido ao longo

de vários exercícios; Utilização do excedente das amostras fornecidas para

treinamento interno; Frequência de serviços participantes que alteraram os métodos

laboratoriais no ano;

Dimensão Avaliação Teórica, reunindo 10 indicadores: Frequência de

serviços participantes; Frequência de serviços participantes que devolvem o

formulário de respostas; Frequência de serviços participantes que cumprem o prazo

para a devolução do formulário de respostas; Tempo entre o recebimento da

avaliação e a data limite para devolução do formulário de respostas; Tempo entre a

devolução do formulário de respostas e o recebimento dos relatórios de avaliação;

Recursos oferecidos para o envio do formulário de respostas; Respostas certas e

erradas; Tendências no desempenho para um mesmo tema apresentado ao longo

de vários exercícios; Utilização das avaliações teóricas para treinamento interno;

Estímulo ao estudo das práticas hemoterápicas a partir dos temas abordados;

Dimensão Certificado de Participação, reunindo 3 indicadores:

Apresentação; Conteúdo da informação; Tempo entre o envio dos resultados e o

recebimento do certificado;

Dimensão Atualização do Conhecimento, reunindo 4 indicadores:

Adequações nas técnicas de execução dos testes laboratoriais; Adequações de

rotinas operacionais; Desenvolvimento de aptidões na equipe; Introdução de novas

tecnologias.

A relação entre as dimensões e os indicadores do Programa AEQ-IH está

representada na Figura 15.

40

Figura 15 - Relação das dimensões e indicadores do AEQ-IH

Fonte: A autora (2013).

Dentre os indicadores apresentados na Figura 15, os a seguir relacionados

são utilizados pelo grupo Gestor do AEQ-IH:

dimensão avaliação prática: frequência de serviços participantes;

frequência de serviços participantes que devolvem o formulário de respostas;

resultados satisfatórios e insatisfatórios.

dimensão avaliação teórica: frequência de serviços participantes;

frequência de serviços participantes que devolvem o formulário de respostas;

respostas certas e erradas.

Na avaliação, processo de investigação para julgar o valor de algo em

determinados contextos (SILVA, 2010, p. 59), a questão avaliativa é a peça chave

que orienta o seu foco e desdobramentos (WORTHEN; SANDERS, FITZPATRICK,

2004, p. 341).

Neste contexto, foi elaborada a seguinte pergunta avaliativa: “Em que medida

os indicadores referentes às dimensões gestão, avaliação prática, avaliação teórica,

41

certificado de participação e atualização do conhecimento são relevantes para

elaborar um instrumento de monitoramento e avaliação do programa de AEQ-IH?”.

3.3 ELABORAÇÃO DO INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS

Os indicadores selecionados para o monitoramento e a avaliação de AEQ-IH

foram utilizados na elaboração do instrumento de coleta de dados. Este instrumento

totalizou 38 itens, organizados segundo as cinco dimensões definidas: Gestão com

sete itens, Avaliação Prática com 14 itens, Avaliação Teórica com dez itens,

Certificado de Participação com três itens e Atualização do Conhecimento com

quatro itens.

Para o registro do julgamento dos indicadores de monitoramento e avaliação

do AEQ-IH pelos especialistas foi utilizada a escala de Likert de 5 pontos, com os

seguintes critérios: Muito Relevante, Parcialmente Relevante, Relevante, Pouco

Relevante e Irrelevante. Duas questões abertas foram acrescentadas de modo a

propiciar aos especialistas a inclusão de outros indicadores considerados relevantes

para o monitoramento e avaliação do programa AEQ-IH e o registro de opiniões

sobre os indicadores avaliados. O instrumento de coleta de dados, com as perguntas

fechadas e abertas, é apresentado no APÊNDICE A.

3.4 VALIDAÇÃO DO INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS

A validação do instrumento de coleta de dados foi realizada duas etapas.

A primeira, a validação técnica, isto é, as características da sua construção e

da escala utilizada para medir o pretendido (ELLIOT, 2012), foi realizada antes da

aplicação do instrumento de coleta de dados por profissional com experiência em

instrumentos de avaliação.

Após a coleta de dados foi realizada a segunda etapa da validação, quando

foi utilizado o coeficiente alfa de Cronbach para duas medições: confiabilidade da

consistência interna e confiabilidade entre avaliadores. A primeira determinou a

consistência dos resultados da avaliação dos itens que compuseram o estudo

avaliativo. A segunda determinou o grau com que os diferentes avaliadores

forneceram estimativas consistentes sobre os indicadores das dimensões.

42

A partir do valor alfa de 0,60 (confiabilidade moderada), um questionário é

considerado confiável. A classificação da confiabilidade e os valores de alfa de

Cronbach são apresentados no Quadro 2:

Quadro 2 - Classificação da confiabilidade e valores de α de Cronbach

Confiabilidade Muito Baixa Baixa Moderada Alta Muito Alta

Valor de α Α ≤ 0,30 0,30 < α ≤ 0,60 0,60 < α ≤ 0,75 0,75 < α ≤ 0,90 α > 0,90

Fonte: FREITAS; RODRIGUES (2005).

Na avaliação da consistência interna do questionário, três dimensões –

Gestão, Atualização do Conhecimento e Avaliação Prática – apresentaram nível de

confiabilidade alta, com valores de alfa de 0,88, 0,87 e 0,77, respectivamente. A

dimensão Certificado de Participação apresentou nível de confiabilidade moderada,

com valor de alfa de 0,61. Apenas a dimensão Avaliação Teórica apresentou nível

de confiabilidade baixa, com valor de alfa de 0,55. Na tentativa de explicar esse

nível, foi realizada uma análise dos indicadores da dimensão Avaliação Teórica. O

resultado da análise que o valor de alfa foi influenciado pelo indicador 29 -

Tendências no desempenho para um mesmo tema apresentado ao longo de vários

exercícios.

A avaliação da confiabilidade entre avaliadores apresentou confiabilidade

moderada, com valor de alfa de Cronbach de 0,681.

3.5 COLETA E ANÁLISE DE DADOS

O instrumento de coleta de dados foi encaminhado aos 15 especialistas no

mês de agosto/2013, acompanhado de carta convite (APÊNDICE B) contendo o

objetivo do estudo orientações de preenchimento e importância de participação.

A coleta de dados foi realizada nos meses de agosto e setembro de 2013.

O estudo foi conduzido com os dados encaminhados por um total de 14

especialistas.

Na análise dos resultados, realizada nos meses de novembro e dezembro de

2013, foram utilizados os métodos quantitativos e qualitativos.

A análise quantitativa teve como base a estatística descritiva - cálculo de

medidas para análise e interpretação da frequência dos dados, apresentados em

tabelas e gráficos.

43

Nesta análise, os resultados foram agrupados de forma a responder à

questão avaliativa do estudo: “Em que medida os indicadores referentes às

dimensões - gestão, avaliação prática, avaliação teórica, certificado de participação

e atualização do conhecimento – são relevantes para elaborar um instrumento de

monitoramento e avaliação do programa de Avaliação Externa da Qualidade em

Imunematologia – prática e teórica”?

Os 14 especialistas julgaram um total de 38 indicadores, organizados

segundo as dimensões Gestão, Avaliação Prática, Avaliação Teórica, Certificado de

Participação e Atualização do Conhecimento, conforme apresentado no Quadro 3.

Quadro 3 - Número de indicadores por dimensão

Dimensão Número de Indicadores

Gestão 7

Avaliação Prática 14

Avaliação Teórica 10

Certificado de Participação 3

Atualização do Conhecimento 4

Total 38

Fonte: A autora (2013).

Os critérios utilizados para o julgamento dos especialistas foram pontuados

conforme o Quadro 4.

Quadro 4 - Critérios de julgamento e pontuação atribuída

Critérios de Julgamento Pontuação

Muito Relevante 4

Relevante 3

Parcialmente relevante 2

Pouco relevante 1

Irrelevante 0

Fonte: A autora (2013).

O julgamento do nível de relevância dos indicadores de monitoramento e

avaliação do AEQ-IH pelos especialistas foi consolidado em um banco de dados em

excel, como apresentado na Figura 16.

44

Figura 16 - Banco de dados das respostas dos especialistas

Especialista I1 I2 I3 I4 I5 I6 I7 I8 I9 I10 I11 I12 I13 I14 I15 I16 I17 I18 I19 I20 I21 I22 I23 I24 I25 I26 I27 I28 I29 I30 I31 I32 I33 I34 I35 I36 I37 I38

1 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 3 3 4 4 4 4 4 4 4 3 3 4 4 4 4 4 4 4 4

2 4 4 3 3 4 4 3 4 4 4 2 3 0 4 4 4 4 3 4 4 2 4 4 4 2 3 0 4 4 4 4 3 4 3 4 4 4 4

3 4 4 3 4 3 3 3 4 4 3 1 3 0 1 3 3 3 4 4 0 2 4 4 3 1 3 0 4 4 1 3 3 3 4 4 4 4 3

4 4 4 4 4 3 3 2 3 3 4 4 4 3 4 4 4 4 4 3 3 3 3 3 4 4 4 3 4 3 4 4 3 4 3 4 3 4 3

5 4 4 2 1 3 4 3 2 2 4 2 3 1 1 3 3 3 4 4 3 2 2 2 4 2 3 1 4 4 3 4 2 3 3 4 3 3 3

6 2 4 3 3 3 2 4 3 3 3 3 3 3 2 4 4 4 3 4 2 2 3 3 3 3 3 3 4 4 4 3 3 4 4 4 4 3 3

7 4 4 4 4 4 4 4 4 4 3 3 3 3 4 4 4 4 4 4 2 2 4 4 3 3 3 3 4 4 4 4 3 4 3 4 4 4 4

8 3 3 4 3 4 4 3 3 3 3 3 3 3 3 4 4 4 4 4 2 3 3 3 3 3 3 3 4 4 3 3 3 4 4 4 4 2 4

9 4 4 3 3 4 4 3 3 3 3 3 2 2 3 3 3 3 4 4 4 2 3 3 3 3 2 2 3 3 3 3 2 3 2 3 3 3 3

10 4 4 4 4 4 4 3 4 3 4 4 4 4 4 4 4 4 4 2 3 3 4 3 4 4 4 4 3 3 3 4 3 3 3 4 4 3 4

11 3 4 4 4 3 3 2 4 4 4 3 3 4 2 3 3 2 2 2 2 1 4 4 4 3 3 4 3 2 3 3 3 3 3 2 2 2 2

12 4 4 4 4 4 3 3 3 3 3 4 3 4 4 4 4 4 4 3 3 2 3 3 3 4 3 4 4 3 4 4 3 3 3 4 4 4 4

13 1 1 1 1 3 1 3 3 3 3 4 3 1 1 3 4 4 3 3 1 2 3 3 3 3 3 3 3 3 3 1 2 3 4 2 2 3 2

14 1 1 1 2 2 3 2 4 4 4 4 4 3 3 3 3 3 4 4 3 3 3 4 3 3 3 2 4 4 3 2 2 4 3 4 4 4 3

Fonte: A autora (2013).

45

Na Figura 16, a coluna 1 identifica os 14 especialistas; as colunas 2 à 39

identificam os indicadores (I1 à I38) e as respectivas pontuações atribuídas pelos

especialistas a cada um dos indicadores. Este conjunto de respostas, totalizando

532 avaliações, foi utilizado na análise dos dados.

Para realizar a análise, foram utilizadas as frequências dos critérios de

julgamento para cada um dos 38 indicadores. Os resultados são apresentados no

Capítulo 4.

4 RESULTADOS

Este capítulo apresenta os resultados da análise dos indicadores propostos

para a elaboração de um instrumento de monitoramento e avaliação do programa de

Avaliação Externa da Qualidade em Imunematologia – prática e teórica – realizada

por um grupo de especialistas.

4.1 ANÁLISE QUANTITATIVA DOS INDICADORES

Para realizar a análise quantitativa dos indicadores foram estabelecidos três

níveis de mensuração dos indicadores: alta relevância (AR), média relevância (MR)

e baixa relevância (BR).

Utilizando as pontuações mínima (0) e máxima (4) dos critérios de julgamento

apresentada anteriormente no quadro 4, foram atribuídos valores mínimo e máximo

para cada indicador, considerando as 14 avaliações a que foram submetidos. As

pontuações variaram de zero (no caso extremo de todos os avaliadores julgarem o

indicador como “irrelevante”) a 56 pontos (caso extremo de todos os avaliadores

julgarem o item como “muito relevante”). Essa nova escala foi subdividida

considerando os percentis 30 e 70 como pontos de corte e os indicadores

classificados, em função da pontuação obtida e de acordo com essas três faixas,

como sendo de AR, MR ou BR. Os intervalos para as três faixas de classificação dos

indicadores são apresentados no Quadro 5.

Quadro 5 - Classificação do indicador segundo o intervalo de pontuação

Classificação do Indicador Intervalo de Pontuação

Alta Relevância 39-56

Média Relevância 18-38

Baixa Relevância 0-17

Fonte: A autora (2013).

A seguir são apresentados os resultados dos julgamentos dos indicadores

pelos especialistas com as suas representações em tabelas.

4.1.1 Dimensão gestão

Os indicadores da dimensão Gestão expressam os objetivos, os

fundamentos, as regras de participação e os conhecimentos gerais sobre o

47

funcionamento do AEQ-IH. Os 14 especialistas avaliaram os 7 indicadores da

dimensão Gestão. Os resultados dos julgamentos dos especialistas para os

indicadores da dimensão Gestão são apresentados no Quadro 6.

Quadro 6 - Resultados da dimensão gestão

Classificação dos Indicadores Intervalo da Pontuação Total de Indicadores

Alta Relevância 39 – 56 7

Média Relevância 18 – 38 0

Baixa Relevância 0 – 17 0

Fonte: A autora (2013).

Os resultados mostram que todos os indicadores da dimensão gestão

obtiveram classificação AR pelos especialistas.

4.1.2 Dimensão avaliação prática

Os indicadores da dimensão Avaliação Prática expressam as atividades

envolvidas no envio, realização (aplicação), devolução das respostas e avaliação

dos testes das amostras de sangue fornecidas pelo AEQ-IH. Os 14 especialistas

avaliaram os 14 indicadores da dimensão Avaliação Prática. Os resultados dos

julgamentos dos especialistas para os indicadores da dimensão avaliação prática

são apresentados no Quadro 7.

Quadro 7 - Resultados da dimensão avaliação prática

Classificação dos Indicadores Intervalo da Pontuação Total de Indicadores

Alta Relevância 39 – 56 11

Média Relevância 18 – 38 3

Baixa Relevância 0 – 17 0

Fonte: A autora (2013).

Os resultados mostram que 11 indicadores da dimensão avaliação prática

foram classificados AR pelos especialistas. Somente 3 indicadores foram

classificados como de MR, à saber: 13.Recursos oferecidos para o envio do

formulário de respostas; 20.Utilização do excedente das amostras fornecidas para

treinamento interno; 21.Frequência de serviços participantes que alteraram os

métodos laboratoriais no ano.

48

4.1.3 Dimensão avaliação teórica

Os indicadores da dimensão Avaliação Teórica expressam as atividades

envolvidas no envio, aplicação, devolução das respostas e avaliação dos testes

teóricos fornecidos pelo AEQ-IH. Os 14 especialistas avaliaram os 10 indicadores da

dimensão Avaliação Teórica. Os resultados dos julgamentos dos especialistas para

os indicadores da dimensão Avaliação Teórica são apresentados no Quadro 8.

Quadro 8 - Resultados da dimensão avaliação teórica

Classificação dos Indicadores Intervalo da Pontuação Total de Indicadores

Alta Relevância 39 – 56 9

Média Relevância 18 – 38 1

Baixa Relevância 0 – 17 0

Fonte: A autora (2013).

Os resultados mostram que 9 indicadores da dimensão avaliação prática

foram classificados AR pelos especialistas. Somente 1 indicador foi classificado

como de MR, à saber: 27.Recursos oferecidos para o envio do formulário de

respostas

4.1.4 Dimensão certificado de participação

Os indicadores da dimensão Certificado de Participação qualificam as

informações, a apresentação e o fornecimento do certificado de participação aos

participantes do AEQ-IH. Os 14 especialistas avaliaram os 3 indicadores da

dimensão Certificado de Participação. Os resultados dos julgamentos dos

especialistas para os indicadores da dimensão Certificado de Participação são

apresentados no Quadro 9.

Quadro 9 - Resultados da dimensão certificado de participação

Classificação dos Indicadores Intervalo da Pontuação Total de Indicadores

Alta Relevância 39 – 56 3

Média Relevância 18 – 38 0

Baixa Relevância 0 – 17 0

Fonte: A autora (2013).

Os resultados mostram que todos os indicadores da dimensão certificado de

participação obtiveram classificação AR pelos especialistas.

49

4.1.5 Dimensão atualização do conhecimento

Os indicadores da dimensão Atualização do Conhecimento expressam as

mudanças e as melhorias ocorridas nos serviços participantes do AEQ-IH. Os 14

especialistas avaliaram os 4 indicadores da dimensão Atualização do Conhecimento.

Os resultados dos julgamentos dos especialistas para os indicadores da dimensão

Atualização do Conhecimento são apresentados no Quadro 10.

Quadro 10 - Resultados da dimensão atualização do conhecimento

Classificação dos Indicadores Intervalo da Pontuação Total de Indicadores

Alta Relevância 39 – 56 4

Média Relevância 18 – 38 0

Baixa Relevância 0 – 17 0

Fonte: A autora (2013).

Os resultados mostram que todos os indicadores da dimensão atualização do

conhecimento obtiveram classificação AR pelos especialistas.

4.2 CONSIDERAÇÕES SOBRE OS RESULTADOS QUANTITATIVOS

Os resultados mostraram indicadores que obtiveram classificação MR nas

dimensões avaliação prática e avaliação teórica.

4.2.1 Dimensão avaliação prática

O indicador I13 - Recursos oferecidos para o envio do formulário de respostas

– foi classificado no nível MR. A análise deste resultado sugeriu o reposicionamento

do indicador da dimensão Avaliação Prática para a dimensão Gestão, considerando

estar diretamente relacionado à estratégia dos gestores do AEQ-IH para assegurar e

manter a participação dos serviços no programa.

Os indicadores I20 - Utilização do excedente das amostras fornecidas para

treinamento interno e I21- Frequência de serviços participantes que alteraram os

métodos laboratoriais no ano – também foram classificados no nível MR. A análise

destes resultados sugeriu o reposicionamento desses indicadores da dimensão

Avaliação Prática para a dimensão Atualização do Conhecimento, considerando que

expressam um desdobramento da ação do programa, refletido na iniciativa dos

50

serviços participantes na promoção da educação continuada propiciada pelo AEQ-

IH.

Assim, dentre os 3 indicadores classificados como MR, um foi realocado na

dimensão Gestão e dois na dimensão Atualização do Conhecimento.

4.2.2 Dimensão avaliação teórica

Somente o indicador I27 - Recursos oferecidos para o envio do formulário de

respostas – foi classificado no nível MR. Este desempenho foi idêntico ao observado

para o mesmo indicador posicionado na dimensão Avaliação Prática (I13) e reitera a

análise anterior de indicador diretamente relacionado às estratégias dos Gestores do

AEQ-IH para assegurar e manter a participação dos serviços no programa e o seu

consequente reposicionamento na dimensão Gestão.

4.3 RESPOSTAS DOS ESPECIALISTAS ÀS PERGUNTAS ABERTAS

Duas perguntas abertas foram incluídas no instrumento de coleta de dados,

visando propiciar aos especialistas expressarem opiniões sobre os indicadores

propostos para a Avaliação e o Monitoramento do AEQ-IH. Um campo livre foi

incluído em ambas a perguntas.

4.3.1 Respostas dos especialistas à primeira pergunta aberta

A primeira pergunta aberta teve como objetivo saber se os especialistas

recomendariam/acrescentariam algum item/indicador para o monitoramento e

avaliação do AEQ-IH. Às opções de respostas (sim e não), foi incluído um campo

livre para registro de opiniões dos especialistas. A Tabela 1 apresenta a totalização

das respostas.

Tabela 1 - Respostas dos especialistas à primeira pergunta aberta

Respostas Total de Especialistas

Sim 7

Não 6

Total 13

Fonte: A autora (2013).

51

Um especialista não respondeu à primeira pergunta. Sete especialistas

responderam sim e registraram opiniões/sugestões. Seis especialistas responderam

não e um registrou sugestão/opinião. Um especialista sugeriu a inclusão de

indicador para monitorar e avaliar o erro clerical. Três apresentaram sugestões

quanto à estrutura e funcionamento do AEQ-IH no que diz respeito a: informatização

do programa, disponibilização do manual do participante e diferenciação de AEQ-IH

segundo o nível de complexidade do serviço participante.

4.3.2 Respostas dos especialistas à segunda pergunta aberta

A segunda pergunta aberta teve como objetivo saber se os especialistas

teriam alguma observação sobre os itens avaliados para o monitoramento e

avaliação do AEQ-IH. Às opções de respostas (sim e não), foi incluído um campo

livre para registro de opiniões dos especialistas. Apenas dois especialistas fizeram

observações, destacando-se a atenção que o programa deve ter quanto às

possíveis alterações de processos de trabalho, dado que podem interferir no

desempenho dos indicadores. A Tabela 2 apresenta a totalização das respostas dos

especialistas.

Tabela 2 - Respostas dos especialistas à segunda pergunta aberta

Respostas Total de Especialistas

Sim 3

Não 10

Total 13

Fonte: A autora (2013).

5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Este capítulo apresenta as conclusões, recomendações e considerações

finais oriundas do estudo avaliativo.

5.1 CONCLUSÕES

O objetivo deste estudo avaliativo foi verificar a relevância dos indicadores

referentes às dimensões - Gestão, Avaliação Prática, Avaliação Teórica, Certificado

de Participação e Atualização do Conhecimento – de modo a subsidiar a elaboração

de um instrumento de monitoramento e avaliação do programa de Avaliação Externa

da Qualidade em Imunematologia – prática e teórica.

Os resultados demonstraram que os indicadores propostos são relevantes

para o monitoramento e avaliação do AEQ-IH, dado que 34 em 38 foram

classificados MR.

Com base no número de indicadores que obtiveram classificação AR, a

composição dos indicadores nas dimensões foi modificada. Estas alterações se

justificam nas seguintes análises: dois indicadores, de idêntico teor – recursos

oferecidos para o envio do formulário de respostas - foram classificados com MR e

identificados como diretamente relacionados à estratégia de gestão do AEQ-IH,

sendo um da dimensão Avaliação Prática e outro da dimensão Avaliação Teórica.

Dois indicadores da dimensão Avaliação Prática classificados como MR -

utilização do excedente das amostras fornecidas para treinamento interno e

frequência de serviços participantes que alteraram os métodos laboratoriais no ano -

foram identificados como desdobramentos da ação do programa e realocados na

dimensão atualização do conhecimento.

Nestes termos, a dimensão avaliação prática perdeu 03 indicadores; a

dimensão avaliação teórica perdeu 1 indicador; a dimensão Gestão ganhou 2

indicadores e a dimensão Atualização do Conhecimento ganhou 2 indicadores.

A partir das observações dos especialistas, um indicador, o erro clerical, foi

adicionado ao processo de monitoramento e avaliação do AEQ-IH.

Assim, na composição do instrumento para a Avaliação e Monitoramento do

AEQ-HI foram mantidos todos os indicadores propostos, respeitados os

reposicionamentos sugeridos e o acréscimo do indicador proposto.

53

5.2 RECOMENDAÇÕES

Com o intuito de contribuir com a Coordenação do Programa AEQ-IH para a

ampliação do escopo do monitoramento e a avaliação do programa e colaborar com

melhorias para o seu desenvolvimento, são apresentadas as recomendações

resultantes deste estudo avaliativo:

Incluir o erro clerical ao conjunto de indicadores da dimensão Avaliação

Prática;

Reposicionar na dimensão Gestão dois indicadores – um da dimensão

Avaliação Prática (I13) e um da dimensão Avaliação Teórica (I27), de idênticos

teores – Recursos oferecidos para o envio de respostas;

Alterar a descrição destes dois indicadores, de forma a englobar em um

único indicador as avaliações prática e teórica, a saber: recursos oferecidos para o

envio das respostas das avaliações prática e teórica;

Reposicionar na dimensão Atualização do Conhecimento dois indicadores

da dimensão Avaliação Prática: I20 - Utilização do excedente das amostras

fornecidas para treinamento interno e I21- Frequência de serviços participantes que

alteraram os métodos laboratoriais no ano;

Alterar a descrição do indicador I21 de “Frequência de serviços

participantes que alteraram os métodos laboratoriais no ano” para “Alteração de

métodos laboratoriais no ano”, frente à complexidade envolvida para a obtenção de

informações neste indicador pela coordenação do AEQ-IH;

Utilizar o indicador I7 - Monitoramento de “performance” por sistema de

SCORE – como metodologia para o monitoramento dos resultados das avaliações

práticas.

Elaborar os instrumentos para o monitoramento e avaliação do AEQ-IH em

dois blocos, nomeados: bloco de indicadores de monitoramento do AEQ-IH e bloco

de indicadores de avaliação do AEQ-IH;

Disponibilizar um sistema informatizado para o monitoramento e a

avaliação do AEQ-IH;

Elaborar o Manual do Participante do AEQ-IH, com os deveres do

participante e do provedor do AEQ-IH;

Disponibilizar o Manual do Participante para todos os serviços participantes

do AEQ-IH.

54

5.3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Frente aos resultados deste estudo avaliativo, almeja-se a implantação de

instrumentos para o monitoramento e avaliação do AEQ-IH utilizando os indicadores

apresentados, organizados em suas dimensões e estruturados nos dois blocos

propostos - monitoramento e avaliação – conforme apresentado a seguir:

5.3.1 Bloco de indicadores relacionados ao monitoramento do AEQ-IH

Neste bloco se encontram os indicadores para o acompanhamento e análise

dos resultados do AEQ-IH pela coordenação do programa, organizados segundo as

suas dimensões, a saber:

Dimensão Gestão

Monitoramento por sistema de Score

Dimensão avaliação prática

frequência de serviços participantes;

frequência de serviços participantes que devolvem o formulário de

respostas;

frequência de serviços participantes que cumprem o prazo para a

devolução do formulário de respostas;

resultados satisfatórios e insatisfatórios;

tendências no desempenho para um mesmo teste fornecido ao longo de

vários exercícios;

frequência de erros clericais.

Dimensão avaliação teórica

frequência de serviços participantes;

frequência de serviços participantes que devolvem o formulário de

respostas;

frequência de serviços participantes que cumprem o prazo para a

devolução do formulário de respostas;

respostas certas e erradas;

tendências no desempenho para um mesmo tema apresentado ao longo de

vários exercícios.

55

5.3.2 Bloco de indicadores relacionados à avaliação do AEQ-IH

Neste bloco se encontram os indicadores que refletem as opiniões e

percepções dos usuários do AEQ-IH, organizados segundo as suas dimensões, a

saber:

Dimensão gestão

conhecimento dos objetivos do AEQ-IH;

conhecimento dos benefícios de participar do AEQ-IH (melhoria da

qualidade);

conhecimento das regras para participação no AEQ-IH;

acesso às informações do programa: site, relatórios, boletins;

interação com o grupo técnico para o esclarecimento de dúvidas;

confidencialidade das informações do AEQ-IH;

recursos oferecidos para o envio do formulário de respostas das avaliações

prática e teórica.

Dimensão avaliação prática

tempo entre o recebimento das amostras e a data limite para devolução do

formulário de respostas;

tempo entre a devolução do formulário de respostas e o recebimento do

relatório de avaliação;

informações da bula para o uso do painel;

condições de acondicionamento do material no recebimento;

condições de integridade (estabilidade) das amostras recebidas;

correspondência dos testes solicitados e os realizados na rotina do serviço.

Dimensão avaliação teórica

tempo entre o recebimento da avaliação e a data limite para devolução do

formulário de respostas;

tempo entre a devolução do formulário de respostas e o recebimento dos

relatórios de avaliação;

utilização das avaliações teóricas para treinamento interno;

estímulo ao estudo das práticas hemoterápicas a partir dos temas

abordados.

Dimensão certificado de participação

apresentação;

56

conteúdo da informação;

tempo entre o envio dos resultados e o recebimento do certificado.

Dimensão atualização do conhecimento

adequações nas técnicas de execução dos testes laboratoriais;

adequações de rotinas operacionais;

desenvolvimento de aptidões na equipe;

introdução de novas tecnologias;

utilização do excedente das amostras fornecidas para treinamento interno;

alterações de métodos laboratoriais no ano.

57

REFERÊNCIAS

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58

______. Decreto Federal no 3.990 de 30 de outubro de 2001. Regulamenta o art. 26 da Lei no 10.205, de 21 de março de 2001, que dispõe sobre a coleta, processamento, estocagem, distribuição e aplicação do sangue, seus componentes e derivados, e estabelece o ordenamento institucional indispensável à execução adequada dessas atividades. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 31 out. 2001. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria MS nº 2.712, de 12 novembro 2013. Redefine o regulamento técnico de procedimentos hemoterápicos. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 13 nov. 2013. CONTROLLAB. Manual do participante: ensaio de proficiência clínico, de hemoterapia, veterinário, microbiológico e leite humano: revisão 2013. Rio de Janeiro: ControlLab, 2013. 14 p. ELLIOT, Ligia Gomes et al. Instrumentos de avaliação e pesquisa: caminhos para construção e validação. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2012. FREITAS, André Luis P.; RODRIGUES, Sidilene G. A avaliação da confiabilidade de questionários: uma análise utilizando o coeficiente alfa de Cronbach. SIMPÓSSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO, 7., 2005, Bauru, SP. Anais... Bauru, SP: SIMPEP, 2005. HEMOBRÁS. Produtos hemoderivados. 2013. Disponível em: <http://www.hemobras.gov.br/site/conteudo/ph.asp>. Acesso em: 26 mar. 2013. MEDICINANET. Parte I : arsenal terapêutico e uso de hemocomponentes. 2009. Disponível em: <http://www.medicinanet.com.br/conteudos/revisoes/1680/parte_i__arsenal_terapeutico_e_uso_clinico_dos_hemocomponentes.htm>. Acesso em: 14 ago. 2013. PROGRAMA BRASILEIRO DE QUALIDADE E PRODUTIVIDADE. Programa qualidade do sangue. 1998. Disponível em: <http://www.abrasil.gov.br/nivel3/index.asp?id=20&cod=BUSCA>. Acesso em: 28 mar. 2013. PROGRAMA NACIONAL DE CONTROLE DE QUALIDADE. Manual do laboratório participante. Rio de Janeiro, 2011. 60 p. Disponível em: <http://sistema.pncq.org.br/pdfs/Manual2011.pdf>. Acesso em: 01 mar. 2013. SILVA, Angela Carrancho. Avaliação & Pesquisa: conceitos e reflexões. Rio de Janeiro: Multifoco, 2010. SILVA, Rita Cabral. Seis sigma na avaliação externa da qualidade em laboratórios clínicos...153 f., 2013. Dissertação (Mestrado em Engenharia e Gestão Industrial) – Faculdades de Ciências e Tecnologia, Lisboa, Portugal. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/jbpml/v41n5/a04v41n5.pdf>. Acesso em: 09 jan. 2014.

59

VIACAVA, Francisco et al. Uma metodologia de avaliação do desempenho do sistema de saúde brasileiro. Ciênc.saúde coletiva (online), [S.l.], v. 9, n. 3, p. 711-724, 2004. Disponível em: <http:www.scielo.br/pdf/csv/v9n3/a16v09n3.pdf>. Acesso em: 12 fev. 2014. WORLD HEALTH ORGANIZATION. External quality assessment of transfusion laboratory practice: guidelines on establishing an EQA scheme in blood group serology. Genebra, 2004, 72 p. Disponível em: <http://digicollection.org/hss/documents/s15404e/s15404e.pdf> . Acesso em: 14 mai. 2013. ______. Global survey of external quality assessment schemes (EQAS). Lyon, France, 2008. 8 p. Disponível em: <http:www.who.int/ihr/lyon/globalsurveyeqasform.pdf>. Acesso em: 30 out. 2013. ______. Programmes: blood products and related biologicals quality assurance and safety. Genebra, 2013a. Disponível em: <http:www.who.int/bloodproducts/en/>. Acesso em: 26 ago. 2013. ______. Programmes: blood transfusion safety. Genebra, 2013b. Disponível em: <http:www.who.int/bloodsafety/quality/en/>. Acesso em: 26 ago. 2013. WORTHEN, B. R.; SANDERS, J. R.; FITZPATRICK, J. L. Avaliação de programas: concepções e práticas. Tradução: Dinah de Abreu Azevedo. São Paulo: Edusp; Gente, 2004.

APÊNDICES

61

APÊNDICE A – Instrumento de Coleta de Dados

62

1) Você recomendaria/acrescentaria algum item/indicador para o monitoramento e avaliação do EAQ-IH? ( ) Sim. ( ) Não. Qual(is)? ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________

2) Você tem alguma observação sobre os itens avaliados? ( ) Sim. ( ) Não. Qual(is)? ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________

63

APÊNDICE B – Carta convite

ANEXOS

65

ANEXO A – Formulário de respostas do AEQ-IH - prática

66

67

68

69

70

71

72

ANEXO B – Avaliação Teórica

73

74

75

76

77

ANEXO C – Termo de adesão ao AEQ-IH

78

ANEXO D – Certificado de participação no AEQ-IH