Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão e ...

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Universidade Federal de Pelotas Centro de Pesquisas Epidemiológicas Faculdade de Medicina - Departamento de Medicina Social Faculdade de Enfermagem e Obstetrícia – Departamento de Enfermagem CAA – DAB – SAS – MINISTÉRIO DA SAÚDE Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão e Consolidação da Saúde da Família (PROESF) Relatório Municipal Estudo de Linha de Base Parnamirim, RN Luiz Augusto Facchini Roberto Xavier Piccini Elaine Tomasi Elaine Thumé Denise Silva da Silveira Vanessa Andina Teixeira Setembro de 2006

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Universidade Federal de Pelotas Centro de Pesquisas Epidemiológicas

Faculdade de Medicina - Departamento de Medicina Social Faculdade de Enfermagem e Obstetrícia – Departamento de Enfermagem

CAA – DAB – SAS – MINISTÉRIO DA SAÚDE

Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão e Consolidação da Saúde da Família

(PROESF)

Relatório Municipal Estudo de Linha de Base

Parnamirim, RN

Luiz Augusto Facchini

Roberto Xavier Piccini

Elaine Tomasi

Elaine Thumé

Denise Silva da Silveira

Vanessa Andina Teixeira

Setembro de 2006

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Reitor: Antonio César Gonçalves Borges Vice-Reitor: Telmo Pagana Xavier Pró-Reitor de Graduação: Luiz Fernando Minello Pró- Reitor de Extensão e Cultura: Vitor Hugo Manzke Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação: Alci Enimar Loeck Pró-Reitor Administrativo: Francisco Carlos Luzzardi Pró-Reitor de Planejamento e Desenvolvimento: Elio Paulo Zonta Diretor da Faculdade de Medicina: Farid Iunan Butros Nader Diretor da Faculdade de Enfermagem e Obstetrícia: Emília Nalva Ferreira da Silva Chefe do Departamento de Medicina Social: Anaclaudia Gastal Fassa Chefe do Departamento de Enfermagem: Afra Suelene de Souza Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia: Aluisio J. D. Barros Coordenador do Centro de Pesquisas Epidemiológicas: Cesar Gomes Victora Presidente da Fundação Delfim Mendes Silveira: Antonio Costa de Oliveira

Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão e Consolidação

da Saúde da Família (PROESF): Relatório Municipal do Estudo

de Linha de Base de Parnamirim – Lote 2 NE / Luiz Augusto

Facchini ... [et al.]. – Pelotas: Universidade Federal de Pelotas,

2006.

100p. : il.

1. Saúde Pública – Brasil – Administração 2. Programa de Saúde da Família 3. Atenção Básica - Avaliação. I. Facchini, Luiz Augusto. II. Piccini, Roberto Xavier. III. Tomasi, Elaine. IV. Thumé, Elaine. V. Silveira, Denise Silva da. VI Teixeira, Vanessa Andina.

CDD 362.109

Maria de Fátima S. Maia CRB 10/134

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EQUIPE TÉCNICA DO PROJETO

Coordenação Geral Luiz Augusto Facchini Roberto Xavier Piccini Elaine Tomasi Elaine Thumé Organização do Relatório Luiz Augusto Facchini Roberto Xavier Piccini Elaine Tomasi Elaine Thumé Denise Silva da Silveira Maria de Fátima dos Santos Maia Alitéia Santiago Dilélio Vanessa Andina Teixeira Thiago Garcia Martins Turene Bastos Coordenação de Trabalho de Campo Fernando Vinholes Siqueira Coordenação de Processamento de Dados Denise Silva da Silveira Elaine Tomasi Coordenação Executiva Maria de Fátima dos Santos Maia Alessander Osório Mercedes Lucas Coordenação do Estudo Qualitativo Luciane Prado Kantorski Rita Heck Vanda Maria da Rosa Jardim Equipe Técnica do Estudo Qualitativo Luciane Prado Kantorski Vanda Maria da Rosa Jardim Emília Nalva Ferreira da Silva Valéria Christello Coimbra Michele Mandagará Oliveira Equipe de Apoio do Estudo Qualitativo Fernanda Barreto Mielke Sidnei Teixeira Junior Ana Paula Giacomelli Tavares Gimene Cardozo Braga Rebeca Castilhos Gabriel Pereira Apoio de Informática Alessander Osório Filipe da Silva Ribeiro

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Codificação de Dados Augusto Duarte Faria Desirée Fripp Luciane Scherer Pahim Maria Aparecida Rodrigues Turene Bastos Suelen dos Santos Saraiva Vanessa Teixeira Suele Silva Danton Duro Filho Alitéia Santiago Dilélio Digitação Alisson Morales Ary Morales Neto Carla da Cruz Teles Daniel de Souza Pereira Emanuele Braga Fabiana de Souza Pereira Thiago Garcia Martins Controle de qualidade Vera Vieira Helena Souza van der Laan Susete Aschidamini Ferreira Supervisores do Trabalho de Campo Alitéia Santiago Dilélio Arilson da Rosa Catiúscia Souza Cleonice Valadão Danton Duro Filho Janaína dos Santos João Luis Rosado Michele Padilha Rodrigues Maria Márcia Ambrósio Patrícia Mendonça Raquel Barboza Sandra de Souza Silvia da Costa Suele Silva Vanessa Teixeira Professores Colaboradores José Justino Faleiros Anaclaudia Gastal Fassa Fábio Lima Gabriela Lobata Helen Denise Gonçalves da Silva Alunos voluntários e bolsistas de Iniciação Científica dos Cursos de Medicina e Enfermagem da UFPel e de Psicologia da UCPel Clarissa de Souza Cardoso Emanuela Maria Dalvit Helena Souza van der Laan Inês Soria Alvaro Jeanine Porto Brondani Lourielle Soares Wachs Mariangela Uhlmann Soares

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Escrever é sempre ocultar algo de modo que possa ser descoberto.

Ítalo Calvino

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AGRADECIMENTOS

Este projeto é o resultado de um esforço coletivo de professores, técnicos e

alunos vinculados ao Departamento de Medicina Social da Faculdade de Medicina, ao

Departamento de Enfermagem da Faculdade de Enfermagem e Obstetrícia, ao Centro de

Pesquisas Epidemiológicas e ao Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia. A

equipe destaca o reconhecimento a esta parceria, fundamental para o êxito do Projeto.

Igualmente se externa a gratidão ao apoio e estímulo recebidos de um grande

número de pessoas que, em diferentes âmbitos, institucionais, administrativos e

acadêmicos, viabilizaram o desenvolvimento do Projeto. Agradecimentos especiais e

em particular são destinados a:

Antonio César Borges, reitor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel),

André Luiz Haack, ex-reitor da UFPel,

Francisco Luzzardi, pró-reitor de administração e sua equipe de trabalho,

Antonio Costa de Oliveira, presidente, José Carlos Fernandes Filho e Sérgio Luis

Ribeiro dos Santos, colegas do setor de administração da Fundação Delfim Mendes da

Silveira,

Anaclaudia Fassa, chefe, e colegas do Departamento de Medicina Social,

Emília Nalva Ferreira, diretora, e colegas da Faculdade de Enfermagem e Obstetrícia,

Afra Suelene de Souza, chefe, e colegas do Departamento de Enfermagem,

Renato Moreira, Dalvina Bueno de Almeida, Luis Cleber Wilke, Jorge Augusto Rollo

Cardozo, Fabiane dos Santos Luiz, Odete Almeida, Vera Lucia Govea da Silveira e

demais funcionários da Faculdade de Enfermagem e Obstetrícia,

Cesar Victora, diretor, e colegas do Centro de Pesquisas Epidemiológicas,

Aluísio Barros, coordenador, e colegas do Programa de Pós-Graduação em

Epidemiologia,

Eronildo Felisberto, coordenador, e equipe da Coordenadoria de Avaliação e

Acompanhamento do Departamento de Atenção Básica da Secretaria de Atenção à

Saúde do Ministério da Saúde,

Maria do Carmo Leal, coordenadora, e colegas do Grupo de Acompanhamento do

Estudo de Linha de Base do PROESF, junto ao Ministério da Saúde.

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É digna de especial registro a gratidão à professora Emília Nalva Ferreira,

diretora da Faculdade de Enfermagem e Obstetrícia e aos colegas do Departamento de

Enfermagem pelo acolhimento na área física que a equipe deste Projeto ocupa hoje

nesta Unidade de Ensino. A iniciativa da professora Emília e colegas oportunizou a

participação de sua unidade no cotidiano das inúmeras atividades técnicas e

administrativas de um Projeto de grande porte.

Externa-se ainda entusiásticos agradecimentos à gestão e coordenação de

atenção básica e de saúde da família do Município de Parnamirim, representantes do

controle social, trabalhadores das unidades básicas de saúde, agentes comunitários de

saúde, população entrevistada e todos aqueles que participaram do Projeto fornecendo

informações e contribuindo para a realização do trabalho.

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SUMÁRIO

LISTA DE SIGLAS .................................................................................................. 11 LISTA DE TABELAS .............................................................................................. 13 APRESENTAÇÃO ................................................................................................... 15 RESUMO .................................................................................................................. 17 1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................19 2 METODOLOGIA....................................................................................................21 2.1 Delineamento do Estudo de Linha de Base (ELB) ............................................... 21 2.2 Amostra e Amostragem do ELB.......................................................................... 23 2.2.1 Amostra de UBS............................................................................................. 23 2.2.2 Amostra de profissionais de saúde .................................................................. 23 2.2.3 Amostra de usuários: demanda atendida nas UBS........................................... 23 2.2.4 Amostra de população da área de abrangência das UBS.................................. 24

2.3 Trabalho de Campo no Município: Logística e Instrumentos de Fonte Primária... 24 2.4 Levantamento de Dados em Fontes Secundárias.................................................. 27 2.5 Processamento dos Dados.................................................................................... 28 2.5.1 Recepção e classificação dos instrumentos...................................................... 29 2.5.2 Identificação e constituição dos lotes .............................................................. 29 2.5.3 Bancos de Dados Estruturados........................................................................ 30

2.6 Controle de Qualidade......................................................................................... 30 2.7 Análise dos Dados............................................................................................... 31

3. RESULTADOS ......................................................................................................33 3.1 Contexto.............................................................................................................. 33 3.1.1 Situação Demográfica e Socioeconômica de Parnamirim................................ 33 3.1.2 Amostra de Unidades Básicas de Saúde.......................................................... 34 3.1.3 Amostra de Profissionais de Saúde ................................................................. 34 3.1.3.1 Distribuição dos Profissionais por Modelo de Atenção............................... 34 3.1.3.2 Situação Demográfica e Socioeconômica dos Profissionais........................ 34

3.1.4 Amostra da Demanda Atendida nas Unidades Básicas de Saúde ..................... 35 3.1.4.1 Distribuição da Demanda por Unidade Básica de Saúde............................. 35

3.1.5 Amostra Populacional da Área de Abrangência das Unidades Básicas de Saúde................................................................................................................................ 36 3.1.5.1 Distribuição da População.......................................................................... 36 3.1.5.2. Situação Demográfica e Socioeconômica da População da área de Abrangência das UBS............................................................................................ 36

3.2 Dimensão Político-Institucional........................................................................... 38 3.2.1 Projeto de Governo......................................................................................... 39 3.2.1.1 Tipo de Gestão Municipal, Índice de Aprendizado Institucional e Cobertura do Programa de Saúde da Família.......................................................................... 39 3.2.1.2 Adequação Setorial e dos Modelos de Atenção para o Funcionamento do Sistema Municipal de Saúde.................................................................................. 40 3.2.1.3 Critérios na definição de áreas de abrangência das UBS e na implantação do Programa de Saúde da Família............................................................................... 41 3.2.1.4 Características do emprego e da remuneração dos trabalhadores da Atenção Básica.................................................................................................................... 41

3.2.2 Capacidade de governo................................................................................... 41 3.2.2.1 Perfil do Secretário Municipal de Saúde..................................................... 41 3.2.2.2 Perfil do Coordenador de Atenção Básica e / ou do Programa de Saúde da Família .................................................................................................................. 42

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3.2.2.3 Perfil do Presidente do Conselho Municipal de Saúde................................ 42 3.2.2.4 Perfil dos Trabalhadores das Unidades Básicas de Saúde ........................... 42

3.2.3 Governabilidade ............................................................................................. 43 3.2.3.1 Despesas per capita com saúde................................................................... 43 3.2.3.2 Financiamento da Atenção Básica nos Municípios ..................................... 43 3.2.3.3 Apoio a Projetos de Atenção Básica à Saúde e de Saúde da Família........... 44 3.2.3.4 Características do Conselho Municipal de Saúde........................................ 44

3.3 Dimensão Organizacional da Atenção ................................................................. 45 3.3.1 Práticas de gestão da ABS .............................................................................. 45 3.3.1.1 Mecanismos de supervisão, monitoramento e avaliação da atenção básica à saúde ..................................................................................................................... 46 3.3.1.2 Estratégias de controle e regulação da demanda .......................................46

3.3.1.3 Informação e Informatização na Rede Básica Municipal ............................ 46 3.3.1.4 Sistemas de Informação em Saúde ............................................................. 46

3.3.2. Práticas de Oferta de Serviços no Município.................................................. 46 3.3.2.1 Estrutura da rede básica de saúde ............................................................... 47 3.3.2.2 Disponibilidade de Profissionais do PSF .................................................... 51 3.3.2.3 Acesso aos serviços básicos de saúde......................................................... 51 3.3.2.4 Acesso aos serviços especializados ............................................................ 51 3.3.2.5 Adstrição da demanda................................................................................ 52 3.3.2.6 Vínculo com instituições de ensino ............................................................ 52 3.3.2.7 Assistência farmacêutica............................................................................ 52

3.3.3 Experiências inovadoras em atenção básica à saúde........................................ 52 3.4 Dimensão do Cuidado Integral ............................................................................ 53 3.4.1 Estratégias de indução da integralidade........................................................... 53 3.4.1.1 Atividades realizadas na UBS para o cuidado integral ................................ 53 3.4.1.2 Acesso direto a exames complementares.................................................... 55 3.4.1.3 Disponibilidade de medicamentos.............................................................. 55 3.4.1.4 Utilização de protocolos............................................................................. 57 3.4.1.5 Utilização de computador pelos profissionais............................................. 58 3.4.1.6 Qualidade dos serviços prestados ............................................................... 59 3.4.1.7 Acesso a publicações ................................................................................. 59

3.4.2 Processo de trabalho em atenção básica à saúde.............................................. 59 3.4.2.1 Introdução ao processo de trabalho em ABS .............................................. 59 3.4.2.2 A categoria processo de trabalho................................................................ 60 3.4.2.3 Etapas do processo de trabalho em atenção básica à saúde ......................... 61 3.4.2.4 Satisfação dos trabalhadores com as condições de trabalho ........................ 64

3.5 Dimensão Desempenho do Sistema de Saúde ...................................................... 65 3.5.1 Desempenho do Município de Parnamirim ..................................................... 65 3.5.1.2 Indicadores Selecionados e Pacto da Atenção Básica à Saúde .................... 65

3.5.2 Desempenho da Atenção Básica à Saúde ........................................................ 68 3.5.2.1 Perfil da Demanda Atendida nas UBS........................................................ 68 3.5.2.2 Utilização de Serviços na População de Abrangência da UBS.................... 69 3.5.2.2.1 Crianças ................................................................................................69 3.5.2.2.2 Mulheres ...............................................................................................75 3.5.2.2.3 Adultos .................................................................................................81 3.5.2.2.4 Idosos....................................................................................................88

4 AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DA ATENÇÃO BÁSICA À SAÚDE EM PARNAMIRIM ..........................................................................................................95 5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................99

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LISTA DE SIGLAS

AB – Atenção Básica

ABS – Atenção Básica à Saúde

ACS – Agente Comunitário de Saúde

CID-10 – Classificação Internacional de Doenças - 10ª. Revisão

CMS – Conselho Municipal de Saúde

CNES – Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde

CONASEMS – Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde

DEGES / SEGETS – Departamento de Gestão da Educação em Saúde / Secretaria de

Gestão da Educação e Trabalho em Saúde

ELB – Estudo de Linha de Base

ESF – Equipe de Saúde da Família

GLAS – Grupo Local de Avaliação em Saúde

IDH – Índice de Desenvolvimento Humano

MS – Ministério da Saúde

PROESF – Projeto de Expansão e Consolidação do Saúde da Família

PSF – Programa de Saúde da Família

RH – Recursos Humanos

RM – Região Metropolitana

SF – Saúde da Família

SM – Salário Mínimo

SIAB – Sistema de Informações da Atenção Básica

SIA – Sistema de Informações Ambulatoriais

SMS – Secretaria Municipal de Saúde

SUS – Sistema Único de Saúde

TC – Trabalho de Campo

UBS – Unidade Básica de Saúde

USF – Unidade de Saúde da Família

UERGS – Universidade Estadual do Rio Grande do Sul

UFPEL – Universidade Federal de Pelotas

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LISTA DE TABELAS

Tabela 3.1 Indicadores demográficos e socioeconômicos para Parnamirim, Rio Grande do Norte e Brasil. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág. 33

Tabela 3.2 Distribuição da amostra dos profissionais de saúde por Unidade Básica de Saúde em Parnamirim. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPEL, Lote 2 NE, 2005. pág. 34

Tabela 3.3 Renda média mensal dos profissionais em saúde estudados em Parnamirim e no Lote 2 NE. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág. 35

Tabela 3.4 Distribuição dos atendimentos prestados nas Unidades Básicas de Saúde de Parnamirim. Estudo de Linha de Base, PROESF - UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág. 35

Tabela 3.5 Cursos de capacitação realizados pelos profissionais das Unidades Básicas de Saúde estudadas em Parnamirim e no Lote 2 NE. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

pág. 43

Tabela 3.6 Indicadores de financiamento do sistema de saúde para o município de Parnamirim e para o Lote 2 NE. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

pág. 44

Tabela 3.7 Área física das Unidades Básicas de Saúde em Parnamirim. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág. 47

Tabela 3.8 Adequação da estrutura nas Unidades Básicas de Saúde em Parnamirim. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág. 48

Tabela 3.9 Equipamentos e instrumentos das Unidades Básicas de Saúde em Parnamirim. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág. 49

Tabela 3.10 Disponibilidade de materiais e insumos nas Unidades Básicas de Saúde em Parnamirim. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág. 50

Tabela 3.11 Atividades para o Cuidado Integral nas Unidades Básicas de Saúde em Parnamirim. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág. 54

Tabela 3.12 Atividades de Grupo nas Unidades Básicas de Saúde em Parnamirim. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág. 55

Tabela 3.13 Disponibilidade de Medicamentos das Unidades Básicas de Saúde em Parnamirim. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág. 56

Tabela 3.14 Utilização de protocolos para as ações desenvolvidas pelas Unidades Básicas de Saúde estudadas em Parnamirim e no Lote 2 NE. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

pág. 57

Tabela 3.15 Utilização de Protocolos nas Unidades Básicas de Saúde em Parnamirim. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág. 58

Tabela 3.16 Acesso dos profissionais estudados a publicações do Ministério da Saúde nas Unidades Básicas de Saúde de Parnamirim e no Lote 2 NE. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

pág. 59

Tabela 3.17 Médias alcançadas em relação à satisfação dos profissionais de saúde em uma escala de 0 a 10 em Parnamirim e no Lote 2 NE. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

pág. 64

Tabela 3.18 Indicadores de desempenho do sistema de saúde para Parnamirim, Rio Grande do Norte e Brasil. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág. 65

Tabela 3.19 Indicadores do Pacto da Atenção Básica de 2002 relativos à saúde da criança para Parnamirim, Rio Grande do Norte e Brasil. Estudo de Linha de Base, PROESF–UFPel, Lote 2 NE, 2005.

pág. 66

Tabela 3.20 Indicadores do Pacto da Atenção Básica de 2002 relativos à saúde da mulher para Parnamirim, Rio Grande do Norte e Brasil. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

pág. 66

Tabela 3.21 Indicadores do Pacto da Atenção Básica de 2002 relativos a doenças crônicas para Parnamirim, Rio Grande do Norte e Brasil. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

pág. 67

Tabela 3.22 Indicadores do Pacto da Atenção Básica de 2005 relativos à saúde bucal Parnamirim, Rio Grande do Norte e Brasil. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

pág. 68

Tabela 3.23 Participação dos profissionais no atendimento à demanda no município de Parnamirim e no Lote 2NE. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

pág. 69

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Tabela 3.24 Condições de nascimento das crianças de Parnamirim. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág. 70

Tabela 3.25 Características do acompanhamento de puericultura das crianças estudadas em Parnamirim. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág. 71

Tabela 3.26 Características do estado vacinal das crianças estudadas em Parnamirim, de acordo com o registro do cartão de vacinas. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

pág. 72

Tabela 3.27 Prevalência de diarréia no último mês e características das consultas pelo problema das crianças estudadas em Parnamirim. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

pág. 73

Tabela 3.28 Prevalência de pneumonia nos últimos 6 meses e características das consultas pelo problema das crianças estudadas em Parnamirim. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

pág. 73

Tabela 3.29 Características das consultas por outros motivos além de diarréia e pneumonia das crianças estudadas em Parnamirim. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

pág. 74

Tabela 3.30 Características de saúde bucal das crianças estudadas em Parnamirim. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel, Lote 2 NE, 2005.

pág. 75

Tabela 3.31 Características do pré-natal das mulheres estudadas em Parnamirim. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág. 76

Tabela 3.32 Orientações sobre aleitamento fornecidas no pré-natal realizado na Unidade Básica de Saúde da área de abrangência em Parnamirim. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

pág. 77

Tabela 3.33 Utilização de métodos anticoncepcionais pelas mulheres estudadas em Parnamirim. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág. 78

Tabela 3.34 Características da consulta ginecológica no último ano das mulheres estudadas em Parnamirim. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág. 78

Tabela 3.35 Prevenção do câncer de colo uterino nas mulheres estudadas em Parnamirim. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág. 79

Tabela 3.36 Consultas por outros motivos além do ginecológico das mulheres estudadas em Parnamirim. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág. 79

Tabela 3.37 Características de saúde bucal das mulheres estudadas em Parnamirim. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel, Lote 2 NE, 2005.

pág. 81

Tabela 3.38 Atividade física dos adultos estudados em Parnamirim. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág. 82

Tabela 3.39 Hipertensão Arterial Sistêmica nos adultos estudados em Parnamirim. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág. 83

Tabela 3.40 Diabetes Mellitus nos adultos estudados em Parnamirim. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel, Lote 2 NE, 2005.

pág. 84

Tabela 3.41 Problemas de nervos nos adultos estudados em Parnamirim. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág. 85

Tabela 3.42 Prevenção do câncer de colo uterino nas mulheres da amostra de adultos de Parnamirim. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág. 86

Tabela 3.43 Características de saúde bucal dos adultos estudados em Parnamirim. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág. 87

Tabela 3.44 Atividade física dos idosos estudados em Parnamirim. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág. 88

Tabela 3.45 Hipertensão Arterial Sistêmica nos idosos estudados em Parnamirim. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág. 89

Tabela 3.46 Diabetes Mellitus nos idosos estudados em Parnamirim. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág. 90

Tabela 3.47 Problemas de nervos nos idosos estudados em Parnamirim. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág. 91

Tabela 3.48 Necessidades de cuidado domiciliar dos idosos estudados em Parnamirim. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág. 91

Tabela 3.49 Características de saúde bucal dos idosos estudados em Garanhuns. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel, Lote 2 NE, 2005.

pág. 93

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APRESENTAÇÃO

O relatório apresenta os resultados do Estudo de Monitoramento e Avaliação do

Projeto de Expansão e Consolidação do Saúde da Família (PROESF) no município de

Parnamirim, Rio Grande do Norte, incluído na amostra do Lote 2 NE, coordenado e

financiado nacionalmente pelo Ministério da Saúde.

O ELB, através de uma abordagem epidemiológica, avaliou a atenção básica à

saúde em suas dimensões político-institucional, organizacional da atenção, cuidado

integral e desempenho do sistema.

Os resultados enfatizam os recortes utilizados no ELB e descreve os achados

sobre a atenção básica estabelecendo uma avaliação do Estudo no Município de

Parnamirim.

Outras informações sobre o ELB para o conjunto dos municípios do Lote 2 NE,

incluindo o Relatório Final, já aprovado pelo Ministério da Saúde, estão disponíveis na

página do Projeto na Internet: http://www.epidemio-ufpel.org.br/proesf/index.htm.

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RESUMO

O Estudo de Monitoramento e Avaliação do PROESF no Lote 2 NE, sob responsabilidade da Universidade Federal de Pelotas, foi iniciado em fevereiro de 2005, incluindo 20 municípios de mais de 100 mil habitantes dos estados de Alagoas1, Paraíba2, Pernambuco3, Piauí4 e Rio Grande do Norte5.

O Estudo de Linha de Base utilizou um delineamento transversal e incluiu a coleta de dados primários nos municípios. Em Parnamirim o estudo foi realizado em três dias. O trabalho de campo abrangeu entrevista com o Presidente de Conselho Municipal de Saúde, o Secretário Municipal de Saúde e o Coordenador de Atenção Básica/ PSF e a coleta de dados documentais. Em relação aos instrumentos do âmbito da UBS, a caracterização da estrutura alcançou os três serviços amostrados. Também foram coletadas informações de 83 profissionais de saúde, o que corresponde a uma média de 28 profissionais por UBS. O somatório da avaliação da demanda de um dia típico de trabalho das UBS estudadas, totalizou 443 atendimentos, o que corresponde a uma média de 148 atendimentos por dia por UBS. Na amostra populacional, foram entrevistadas 54 crianças (100% do estimado); 52 mulheres (96% do estimado); 54 adultos (100% do esperado) e 54 idosos (100% do esperado). Na média foram aplicados cerca de 18 questionários em cada estrato da amostra populacional de cada UBS. O processamento e análise dos dados foram concluídos em dezembro de 2005. O controle de qualidade foi realizado, por telefone, mediante aplicação de questionários reduzidos alcançando cerca de 5% dos domicílios selecionados para a amostra populacional.

Os achados do Estudo revelam que de modo geral, a situação socioeconômica e demográfica de Parnamirim é similar a do conjunto dos municípios do Lote. Em relação a atenção básica e ao PSF, o município teve um importante crescimento nos últimos cinco anos. A cobertura do PSF em 2004 foi de 74%, estando entre as mais altas do Lote 2 Nordeste, onde a estratégia se expandiu a partir de 1998. Entretanto, a gestão da ABS ainda é problemática no município, tanto em termos de capacitação profissional, quanto de disponibilidade tecnológica e de recursos de avaliação e monitoramento das atividades. O Município revela importante precarização das relações de trabalho na atenção básica. Os profissionais das UBS de Parnamirim referiram menos capacitações e menor grau de satisfação com o trabalho em relação aos seus colegas do Lote 2 NE. Os indicadores de desempenho do sistema de saúde do Pacto da Atenção Básica são melhores em Parnamirim do que no Estado do Rio Grande do Norte e no País. O desempenho da ABS local para todos os grupos populacionais foi similar ao da média dos municípios estudados. Entretanto, a cobertura das UBS estudadas precisa ser mais efetiva em ações de puericultura e particularmente de saúde da mulher. Em relação aos idosos, a efetividade das UBS estudadas precisa ser ampliada de modo geral, incluindo a recomendação de exercícios físicos, o atendimento de hipertensão, diabetes, problemas psíquicos e saúde bucal. O enfrentamento de questões relativas à melhoria da estrutura da rede básica, supervisão e educação permanente dos profissionais de saúde, juntamente com a superação dos desafios da avaliação e monitoramento da atenção básica, serão fundamentais para a melhoria do SUS e da saúde da população no município.

A complexidade do estudo e sua abrangência não impediram o cumprimento adequado do cronograma previsto. A qualidade da equipe técnica envolvida nas diversas atividades do estudo e a participação dos representantes dos municípios, são destacadas como razões fundamentais para o bom andamento do Projeto. Este resultado também se deveu ao apoio recebido do Ministério da Saúde, com especial destaque para a Coordenação de Acompanhamento e Avaliação do Departamento de Atenção Básica da Secretaria de Atenção à Saúde e o Grupo de Acompanhamento dos Estudos de Linha de Base.

1 Municípios de Alagoas: Arapiraca e Maceió. 2 Municípios da Paraíba: Campina Grande, João Pessoa e Santa Rita. 3 Municípios de Pernambuco: Cabo de Santo Agostinho, Camaragibe, Caruaru, Garanhuns, Jaboatão dos Guararapes, Olinda, Paulista, Petrolina, Recife e Vitória de Santo Antão. 4 Municípios do Piauí: Parnaíba e Teresina. 5 Municípios do Rio Grande do Norte: Mossoró, Parnamirim e Natal.

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1 INTRODUÇÃO

O Projeto Integrado de Capacitação e Pesquisa em Avaliação da Atenção Básica

à Saúde, sob responsabilidade do Departamento de Medicina Social, do Departamento

de Enfermagem e do Centro de Pesquisas Epidemiológicas da Universidade Federal de

Pelotas (UFPel), está vinculado ao Componente 3 (Monitoramento e Avaliação) do

Projeto de Expansão e Consolidação do Saúde da Família (PROESF) do Ministério da

Saúde (MS), incluindo a totalidade dos 20 municípios dos estados de Alagoas, Paraíba,

Pernambuco, Piauí e Rio Grande do Norte do Lote 2 NE, contando com a participação

de gestores e de trabalhadores de saúde.

A pesquisa através do Estudo de Linha de Base (ELB) incluiu quatro dimensões

orientadoras da avaliação da atenção básica: político-institucional, organizacional da

atenção, cuidado integral e desempenho do sistema de saúde (Ministério da Saúde,

2004). Através de abordagem epidemiológica se avaliou o quanto às exposições ao

PROESF e ao PSF afetam a variabilidade dos indicadores de cobertura, desempenho do

sistema de saúde e situação de saúde da população, estabelecendo uma referência para

avaliações e acompanhamentos futuros.

Os municípios estudados estão recebendo apoio à Conversão do Modelo de

Atenção Básica à Saúde, buscando estruturar a Estratégia Saúde da Família como porta

de entrada do SUS e viabilizar o acesso a outros níveis de complexidade, para assegurar

assistência integral aos usuários (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004). Este processo foi

analisado como uma intervenção, cujos efeitos no presente podem ser observados em

municípios e população estratificados por estado da federação, porte populacional,

região metropolitana e modelo de atenção básica à saúde. Os efeitos históricos da

intervenção poderão ser observados em um segundo tempo, através da repetição do

estudo.

O ELB corresponde ao primeiro tempo de uma avaliação prospectiva sobre a

ABS e o PSF, mas também de uma análise da intervenção do PROESF na reorientação

do modelo de ABS.

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A epidemiologia foi o eixo que estruturou a abordagem do ELB, orientando a

articulação complexa entre as dimensões sob estudo e os níveis de análise empírica. As

dimensões político-institucional, organizacional da atenção, cuidado integral e

desempenho do sistema foram tomadas como categorias abstratas da avaliação e

hierarquizaram conceitualmente as variáveis estudadas, enquanto os níveis de análise

hierarquizaram as variáveis, conforme sua operacionalização nas diversas fontes de

informação, primárias e secundárias, quantitativas e qualitativas, individuais e coletivas.

Este relatório apresenta a metodologia e os resultados do ELB no Município de

Parnamirim, Rio Grande do Norte. A metodologia detalha as diversas etapas do estudo,

desde seu delineamento e o planejamento do trabalho de campo, até o processamento e

a análise dos dados.

Os resultados enfatizam os recortes utilizados no ELB e descreve os achados

sobre a atenção básica no Município, contrastando com indicadores do Estado, do Lote

2 NE e do país.

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2 METODOLOGIA

2.1 Delineamento do Estudo de Linha de Base (ELB)

O delineamento é um meio de garantir relações válidas de causa e efeito entre as

variáveis em estudo (SUSSER, 1996). Os delineamentos ideais na avaliação de

programas ou serviços de saúde dependem da natureza dos programas e da precisão das

estimativas a serem obtidas. Estudos transversais são excelentes para avaliações de

adequação da cobertura ou qualidade de serviços, mas também podem ser utilizados em

avaliações de plausibilidade na comparação de modelos ou programas de saúde

(HABICHT, 1999, SANTOS, 2004; VICTORA, 2004).

Na área da saúde pública, estudos observacionais que testem a efetividade das

intervenções sob condições de rotina são mais adequados do que ensaios randomizados.

Para que seus resultados forneçam subsídios para as políticas de saúde, os estudos não

randomizados precisam ser alvo de tanta atenção quanto a que tem sido dedicada, nos

últimos anos, aos estudos randomizados (SANTOS, 2004; VICTORA, 2004).

A declaração TREND é uma iniciativa recente que busca contribuir para esse

fim, ao definir uma série de normas para o delineamento e divulgação de estudos

observacionais de avaliação de programas e serviços de saúde (DES JARLAIS, 2004).

O ELB segue os fundamentos dos estudos transversais, com grupos de

comparação, utilizando medidas com múltiplos níveis de agregação, em relação às

diferentes dimensões observadas (ROTHMAN, 1998). O estudo também pode ser

caracterizado como multicêntrico de efetividade e linha de base para determinar o

impacto do PROESF / PSF nos indicadores de desempenho do sistema de saúde e de

situação de saúde da população, incluindo todos os 20 municípios.

O delineamento do estudo procurou minimizar o viés de seleção incluindo a

totalidade dos municípios e amostras proporcionais de unidades básicas de saúde do

Lote 2 NE, juntamente com uma complexa estratificação de variáveis independentes

para o estabelecimento de comparações (DES JARLAIS, 2004; ROTHMAN, 1998).

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O delineamento transversal foi qualificado tanto através da estratificação das

UBS segundo o modelo de atenção (Tradicionais e PSF), quanto pela possibilidade de

controlar o efeito do PSF, estratificando suas UBS conforme o período de implantação,

anterior ou posterior a intervenção do PROESF. No caso de Parnamirim foram

selecionadas duas de PSF pré-PROESF e uma Tradicional. A obtenção de informação

estruturada para o âmbito da gestão, do controle social, das unidades básicas de saúde,

dos usuários e da população também enriqueceu o delineamento do estudo,

especialmente com a inclusão de questões abertas que qualificaram as questões fechadas

que predominam na abordagem epidemiológica. A coleta de dados secundários de bases

nacionais também foi outro aspecto do delineamento do estudo que complementou a

abordagem transversal do objeto.

As variáveis selecionadas caracterizaram as dimensões político-institucional,

organizacional da atenção, cuidado integral e desempenho do sistema.

A dimensão político-institucional examina principalmente os aspectos relativos à

gestão do SUS e da ABS. Seu âmbito é fundamentalmente o do agregado do município.

Neste âmbito, os modelos de atenção são caracterizados como políticas, ilustradas por

diferenças históricas e conjunturais na cobertura populacional.

A dimensão organizacional da atenção caracteriza aspectos da gestão da ABS e

do PSF, mas aproxima seu olhar da UBS e dos fluxos entre os níveis de atenção do

SUS. Neste âmbito, a dicotomia entre os modelos de ABS, Tradicional e PSF, passa a se

materializar nas práticas de gestão e a oferta de serviços básicos e especializados. Este é

o âmbito do detalhamento e constituição das políticas de saúde e, particularmente, da

reorientação do modelo de atenção básica à saúde.

A dimensão do cuidado integral focaliza a UBS, suas práticas e recursos na

abordagem das necessidades de saúde da população. Examina as estratégias de indução

da integralidade e o processo de trabalho na ABS.

Por fim, a dimensão desempenho do sistema analisa a utilização dos serviços de

ABS e a situação de saúde da população, permitindo observar as diferenças tanto para

os agregados geopolíticos, quanto para os modelos de ABS.

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2.2 Amostra e Amostragem do ELB

O universo do estudo é constituído pelo município de Parnamirim. Neste

universo foi realizada uma amostra estratificada por múltiplos estágios para selecionar

unidades básicas de saúde, profissionais de saúde, usuários e indivíduos residentes na

área de abrangência dos serviços (LEMESHOW, 1990; LEVY, 1980; LWANGA,

1991).

2.2.1 Amostra de UBS

Tomando-se uma lista de UBS fornecida pelo município foram sorteadas

aleatoriamente 3 UBS, que orientaram a seleção das amostras de profissionais de saúde,

usuários e população da área de abrangência dos serviços. Foram incluídas duas UBS do

PSF pré-PROESF e uma Tradicional.

2.2.2 Amostra de profissionais de saúde

Em cada UBS se procurou entrevistar todos os trabalhadores de saúde em

atividade.

Foram incluídos tanto os profissionais de saúde de nível superior (médicos,

enfermeiros e outros de nível superior), quanto os profissionais de nível médio

(auxiliares de enfermagem, recepcionistas, ect) e os ACS.

2.2.3 Amostra de usuários: demanda atendida nas UBS

Em relação a amostra de usuários, a estratégia amostral foi registrar todos os

atendimentos de um dia de trabalho em cada UBS selecionada, incluindo aqueles

realizados por ACS. A base de registro utilizada foi a Ficha de Atendimento

Ambulatorial (FAA) do SUS, documento utilizado cotidianamente nas UBS para efeitos

gerenciais e contábeis. Utilizou-se um formulário-espelho, que continha todas as

informações da FAA e facilitava a digitação eletrônica dos dados. As informações sobre

a avaliação da demanda estão mais detalhadas no item que descreve os instrumentos do

estudo e na seção de resultados do ELB.

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2.2.4 Amostra de população da área de abrangência das UBS

A amostra populacional foi dividida em 4 grupos, crianças de um a três anos de

idade, mulheres que tiveram filhos nos últimos dois anos, adultos entre 30 e 64 anos de

idade e idosos a partir dos 65 anos de idade. Estes indivíduos foram localizados na área

de abrangência de cada uma das UBS, através de amostragem sistemática. Para compor

a amostra do Lote 2 NE, selecionou-se cerca de 2120 indivíduos em cada um dos

grupos, cujo tamanho era suficiente para examinar diferenças de 25 a 30% entre os

modelos de atenção das UBS (PSF x Tradicional), com um poder estatístico de 80% e

prevalências dos desfechos de no mínimo 25%. Estes parâmetros permitiram avaliar

diferenças na utilização de serviços de saúde, realização de procedimentos preventivos e

acompanhamento de atividades programáticas. Esta amostra foi dividida pelo número

de UBS selecionadas (120) resultando em um número de 18 entrevistas a serem

realizadas para cada grupo populacional da área de abrangência de cada uma delas.

2.3 Trabalho de Campo no Município: Logística e Instrumentos de Fonte Primária

O trabalho de campo em Parnamirim iniciado em 21de julho de 2005 e

concluído em 23 de julho de 2005 foi realizado por uma equipe de seis supervisores

criteriosamente selecionados e capacitados para o desenvolvimento de cada uma das

etapas do trabalho de campo.

A pactuação de uma agenda de trabalho de campo com o Município foi uma das

estratégias utilizadas para operacionalizar o cronograma estabelecido. O apoio recebido

do gestor, coordenação de atenção básica e de saúde da família, representantes do

controle social, trabalhadores das unidades básicas de saúde, agentes comunitários de

saúde e população entrevistada foram fundamentais para a realização do trabalho. A

capacitação e a motivação do grupo de supervisores também foram extremamente

relevantes para o sucesso deste trabalho.

Apresenta-se a seguir o detalhamento da logística no trabalho de campo para

cada um dos instrumentos utilizados na coleta de dados primários. Os instrumentos

estão disponíveis da página do PROESF-UFPEL na Internet e são de livre acesso –

http://www.epidemio-ufpel.org.br/proesf/index.htm.

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a. Gestor e Coordenador de Atenção Básica e PSF

Os dados referentes ao gestor e coordenador foram coletados através de

questionário auto-aplicado destinado a registrar informações demográficas, de formação

profissional e experiência na gestão, além de caracterizar os aspectos político-

institucionais da ABS e do PSF no município. Depois de preenchidos, os instrumentos

foram enviados á coordenação do Projeto para revisão, codificação e digitação na sede

do estudo na cidade de Pelotas.

b. Entrevista com o Presidente do Conselho Municipal de Saúde

Para a aplicação deste instrumento foi solicitado o agendamento prévio da

entrevista realizada por um supervisor do TC.

c. Processo de Trabalho

Este instrumento foi preenchido em reuniões nas unidades básicas amostradas,

após a convocação por parte dos coordenadores das UBS. Os trabalhadores presentes no

dia da reunião discutiam os aspectos da organização do trabalho, as atividades

realizadas, os responsáveis por sua realização, os instrumentos e insumos utilizados,

além de identificar os principais problemas do processo de trabalho e sugestões de

melhoria.

d. Estrutura da UBS

O instrumento para captar informações sobre a estrutura da UBS era

fundamentalmente fechado e foi preenchido coletivamente em uma reunião de equipe,

ou por um responsável pela UBS. A tarefa foi realizada durante o TC na UBS e contou

com o apoio dos supervisores, enquanto realizavam o levantamento de informações

populacionais na área de abrangência.

e. Equipe de saúde

O questionário individual auto-aplicado era dirigido a todos os trabalhadores

lotados na UBS, incluindo profissionais de nível superior, médio e ACS. As questões

eram todas estruturadas e predominantemente fechadas, mas várias questões abertas

foram utilizadas para qualificar a informação quantitativa. O instrumento da equipe de

saúde foi distribuído pelos supervisores as UBS, juntamente com os demais

questionários. Durante o TC na UBS, os supervisores orientaram o preenchimento e

motivaram os trabalhadores a participar do estudo. Depois de preenchidos, os

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instrumentos foram recolhidos pelos supervisores e enviados para revisão, codificação e

digitação na sede do estudo na cidade de Pelotas.

f. Demanda da UBS – PACOTAPS

Utilizando um formulário baseado na Ficha de Atendimento Ambulatorial

(FAA) do SUS, todos os atendimentos de um dia de trabalho na UBS foram registrados,

incluindo os agentes comunitários de saúde.

Estes formulários foram digitados no software PACOTAPS (TOMASI, 2003),

capaz de identificar a dimensão do acesso da população aos serviços, a qualidade do

registro das atividades, produzir análises sobre o perfil demográfico e epidemiológico

da demanda de unidades básicas de saúde.

O software é de fácil utilização por indivíduos sem conhecimentos prévios de

informática e epidemiologia e possibilita delinear com maior nitidez o perfil da

demanda, avaliar os serviços ao longo do tempo, comparar serviços entre si, em

momentos determinados, de acordo com as demandas do espaço de gestão. Permite

ainda, identificar com precisão e atualidade através de seus relatórios, informações

sobre o gênero, os grupos etários, os principais motivos de consulta, os medicamentos

mais prescritos, os exames mais solicitados e os encaminhamentos realizados.

O software foi distribuído ao município e os representantes das SMS e das UBS

foram capacitados para sua utilização na avaliação dos serviços básicos. Este aplicativo

também pode ser obtido na página do Projeto na Internet no endereço citado

anteriormente.

g. Amostra Populacional

Foram realizadas entrevistas individuais, domiciliares, com questionários

estruturados, abordando questões relevantes para o estudo em amostras independentes

de crianças, mulheres, adultos e idosos. As questões eram todas estruturadas e

predominantemente fechadas, mas também havia questões abertas para qualificar as

respostas fechadas. Para a caracterização socioeconômica das amostras, foram utilizadas

a renda per capita em salários mínimos e a classificação da ANEP / ABIPEME

(RUTTER, 1988), esta última composta de informações sobre a escolaridade do chefe

da família, da disponibilidade de empregada mensalista e sobre a posse de bens

eletrodomésticos.

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Para a aferição de alcoolismo (adultos), foi utilizado o teste CAGE (MASUR,

1983; SOINBELMAN, 1992), composto de quatro questões, sendo mais de duas

afirmativas um indicador de dependência de bebida alcoólica.

As entrevistas foram realizadas por supervisores selecionados e capacitados

especialmente para estas atividades pela equipe técnica do projeto. A amostra

populacional foi localizada na área de abrangência da UBS, que foi o ponto inicial para

a coleta de dados. Todos os domicílios do percurso seguido a partir da UBS até os

limites da área foram visitados em busca dos indivíduos elegíveis de acordo com o

grupo populacional.

A baixa densidade de indivíduos elegíveis em cada domicílio facilitou a

distribuição da amostra por toda a área de abrangência da UBS, minimizando as

possibilidades de viés de seleção ou efeito de cluster nas amostras (ROTHMAN, 1998).

Assim, se procedeu à inclusão consecutiva dos domicílios para a composição da

amostra.

Caso em um domicílio não residisse o indivíduo com as características

requeridas, passava-se ao seguinte, respeitando a orientação do deslocamento pela área

de abrangência. Nos domicílios selecionados, somente um indivíduo elegível (crianças,

mulheres que tiveram filho nos últimos dois anos, adultos e idosos) foi convidado a

participar do estudo, explicando-se a sua finalidade e apresentando termo de

consentimento informado. Nos domicílios em que se encontraram duas crianças ou duas

mulheres elegíveis, a mais jovem foi entrevistada. Para os adultos e idosos esta regra se

inverteu, sendo elegível o mais velho.

2.4 Levantamento de Dados em Fontes Secundárias

Integrando o Estudo de Linha de Base do PROESF, foram sistematizados para o

município, o Estado, o Lote e o país, dois conjuntos de informações oriundas de bases

nacionais disponíveis (Ministério da Saúde, DATASUS, IBGE, etc.).

O primeiro conjunto diz respeito aos 34 indicadores do Pacto da Atenção Básica,

instrumento de monitoramento e avaliação do desempenho da atenção básica por parte

do Ministério da Saúde (2003).

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O segundo conjunto de informações está baseado nos Indicadores de

Monitoramento da Expansão do PSF em Grandes Centros Urbanos, de Julho de

2002, trabalho coordenado pela Dra. Ana Luiza D’Ávila Viana (2002). Do total dos

indicadores propostos, foi selecionado para análise um conjunto que fornece

informações de acordo com três eixos:

1. Perfil epidemiológico e sóciodemográfico da população;

2. Financiamento da saúde, da atenção básica e do PSF;

3. Organização da assistência, do cuidado e desempenho do sistema.

2.5 Processamento dos Dados

A complexidade da avaliação da atenção básica no âmbito do PROESF requer

que o conhecimento produzido seja baseado em informações as mais fidedignas

possíveis. Até traduzir-se em informações, todos os dados coletados durante o trabalho

de campo são objeto de um conjunto de atividades, sistemática e rigorosamente

encadeadas. Estas atividades vão desde a recepção e classificação dos instrumentos até

as análises mais complexas e informativas.

Uma das peculiaridades do nosso estudo sobre a atenção básica no Brasil é a

extensa e variada gama de abordagens e instrumentos utilizados: dados quantitativos e

qualitativos, dados primários e secundários, dados com foco na gestão municipal da

saúde, dados com foco nas unidades básicas e dados com foco na população residente

na área de abrangência da UBS. Cada uma destas categorias se relaciona com as demais,

o que imprime um alto grau de complexidade a todas as tarefas de preparar estes dados

para análise.

As atividades relacionadas ao processamento dos dados oriundos dos diferentes

instrumentos do estudo estão descritas em ordem cronológica e seqüencial. Em seguida,

são apresentados os diferentes bancos de dados, agregados por tipos de instrumentos.

Estão disponibilizados na página do Projeto na Internet os materiais de apoio ao

processamento dos dados, especialmente construídos para o estudo.

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2.5.1 Recepção e classificação dos instrumentos

Os instrumentos completados no trabalho de campo entravam no processamento

por município, na mesma ordem da realização da coleta de dados. Uma vez “na bancada

de trabalho”, os diferentes instrumentos eram separados por tipo para identificação.

2.5.2 Identificação e constituição dos lotes

Nesta fase, o questionário recebia um identificador numérico único. Para os

questionários da população da área de abrangência da UBS e dos profissionais, o

identificador possuía sete algarismos: um para o Estado, dois para o município, dois

para a UBS e dois para o entrevistado. Para os questionários da estrutura e do processo

de trabalho na UBS, o identificador possuía cinco algarismos: um para o Estado, dois

para o município e dois para a UBS. Para os questionários do nível municipal, o

identificador era de três algarismos: um para o Estado e dois para o município. Para o

estudo de demanda, cujo instrumento é a “ficha-espelho” da Ficha de Atendimento

Ambulatorial, a identificação era dada pelo código da UBS junto ao Sistema de

Informações Ambulatoriais do Sistema Único de Saúde (SIA – SUS).

Para cada conjunto de instrumentos do mesmo tipo e da mesma UBS era

constituído um lote de questionários, obedecendo a uma numeração seqüencial utilizada

no formulário “capa de lote”. Neste formulário, eram registrados os números de

identificação de cada questionário do lote, além do município, UBS, total de

questionários, data e responsável pelo fechamento do lote.

Para cada município, foram sistematizados os totais de cada instrumento

efetivamente completados no trabalho de campo, excluídas as perdas e recusas. Estes

números eram registrados em uma planilha do processamento por município e UBS,

denominada “Listagem de Controle de Lote”. Esta rotina dava início ao processamento

propriamente dito, com a seguinte seqüência de tarefas para os questionários

populacionais e dos profissionais:

• codificação de questões fechada

• tabulação de questões abertas

• codificação de questões abertas

• revisão final

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• digitação

A primeira folha de cada questionário recebia um carimbo com a seqüência das

tarefas acima citadas e para o registro das datas e responsáveis.

2.5.3 Bancos de Dados Estruturados

a. Questionários populacionais, estrutura de UBS e profissionais de saúde

Para os questionários populacionais (crianças, mulheres, adultos e idosos), da

estrutura da UBS e dos profissionais foram criados bancos de dados no EPI-INFO, que

permite validação da entrada de dados para amplitude e consistência das variáveis.

b. Demanda ambulatorial

As fichas-espelho do estudo de demanda foram inicialmente contadas e

revisadas. Para cada procedimento era identificado um código na Tabela de

Procedimentos do SIA-SUS e para cada diagnóstico era identificado um código na

Classificação Internacional de Doenças – 10ª. Revisão (CID-10). Para facilitar o

trabalho de codificação, foram identificados os códigos de maior utilização, o mesmo

acontecendo com os códigos da CID-10 para os diagnósticos.

A seguir, as fichas-espelho eram digitadas no aplicativo PACOTAPS, uma

ferramenta desenvolvida pela equipe (TOMASI, 2003) para subsidiar o planejamento e

a avaliação de serviços básicos de saúde.

c. Processo de trabalho, Gestor Municipal, Coordenador da Atenção Básica

e Presidente do Conselho Municipal de Saúde

Todas as questões abertas destes instrumentos foram digitadas em programa de

edição de textos para posterior análise.

Para as questões fechadas (pré-codificadas) foram criados bancos de dados no

EPI-INFO, a exemplo dos instrumentos populacionais, da estrutura da UBS e dos

profissionais de saúde.

2.6 Controle de Qualidade

O controle de qualidade foi realizado, por telefone, mediante aplicação de

questionários reduzidos para alcançar, no mínimo, 5% dos domicílios selecionados.

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Estes questionários eram compostos por perguntas-chave para identificar possíveis erros

ou respostas falsas. Para tanto, foi sorteado um questionário relativo a cada grupo

populacional investigado (criança, mulher, adulto e idoso) por Unidade Básica de

Saúde.

Para padronizar e qualificar a coleta dos dados do controle de qualidade, uma

pessoa especialmente treinada para este fim, realizou o contato telefônico. Não

existindo a possibilidade de contato telefônico com a pessoa sorteada, uma busca pelo

endereço ou pela respectiva UBS, era realizada na tentativa de localizar e coletar os

dados do entrevistado, não havendo, portanto, substituição para evitar possíveis viéses.

Para checagem imediata da consistência das informações, através de uma

planilha, algumas respostas referidas pelo entrevistado no contato feito pelo supervisor

eram comparadas com as repostas referidas no momento da aplicação do questionário

de controle de qualidade. Esta medida facilitava a detecção precoce de possíveis erros

na coleta dos dados e possibilitava a intervenção imediata junto ao supervisor do

trabalho de campo. A atividade de controle de qualidade era supervisionada diariamente

por um dos membros da equipe. Ao final, foi realizada a checagem da consistência das

informações através do índice de concordância de Kappa (LANDIS, 1977).

Os resultados do controle de qualidade para a totalidade dos municípios estão

disponíveis no Relatório Final do Lote 2 NE, na página do Projeto na Internet.

2.7 Análise dos Dados

Digitados no programa EPI-INFO 6.04b, os bancos de dados foram exportados

através do aplicativo STAT TRANSFER 5.0 para o pacote estatístico SPSS 10.0 para

Windows, utilizado para as análises. No caso de Parnamirim, a estratégia analítica foi a

descrição das informações obtidas, sem enfatizar diferenças entre PSF e UBS

tradicional, em função dos pequenos números, que distorcem as comparações. Os

achados envolvendo comparações entre os modelos de UBS fazem parte do Relatório

Final do Lote 2 NE, disponível na página do Projeto na Internet.

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3. RESULTADOS

3.1 Contexto

3.1.1 Situação Demográfica e Socioeconômica de Parnamirim

Em 2000, Parnamirim possuía 124.690 habitantes. Seu Índice de

Desenvolvimento Humano (IDH) era de 0,760, maior que o Estado e semelhante ao do

Brasil. Também em relação ao Estado e País, Parnamirim apresentava maior taxa bruta

de natalidade, menor proporção de idosos e menor proporção de domicílios com

cobertura de esgoto; em contrapartida obteve menor proporção de pobres e maior

proporção de domicílios com água encanada e expectativa de vida semelhante ao Estado

e País. A proporção de menores de cinco anos foi similar à observada no RN e superior

à do Brasil e a proporção de alfabetizados foi semelhante a do Brasil e superior a do

Estado.

Tabela 3.1 - Indicadores demográficos e socioeconômicos para Parnamirim, Rio Grande do Norte e Brasil. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPEL, Lote 2 NE,

2005.

Indicadores Parnamirim RN Brasil

IDH-2000 0,760 0,705 0,766

Taxa bruta de natalidade 22,7 18,7 17,5

Expectativa de vida 68,3 67,0 68,6

% de menores de 5 anos 10,7 10,1 9,7

% de idosos 5,3 8,9 8,5

% de pobres 31,9 50,6 32,8

% de alfabetizados 82,8 72,2 83,3

% de água encanada 96,0 77,5 75,8

% de esgoto 0,9 15,8 44,4

Fonte: Atlas IDH e Cadernos de Informações em Saúde de 2000.

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34

3.1.2 Amostra de Unidades Básicas de Saúde

As UBS de Parnamirim selecionadas para o estudo foram: duas de PSF pré-

PROESF (Cohabinal e Nova Parnamirim) e uma Tradicional (Rosa dos Ventos).

3.1.3 Amostra de Profissionais de Saúde

Durante a avaliação das três UBS foram estudados 83 profissionais de saúde,

sendo 10 médicos (12%), 3 enfermeiros (4%), 5 outros profissionais com curso superior

(6%), 16 auxiliares e técnicos de enfermagem (19%), 16 agentes comunitários de saúde

(19%) e 33 outros profissionais com nível médio (40%).

3.1.3.1 Distribuição dos Profissionais por Modelo de Atenção

Em relação ao modelo de atenção, 57 (69%) profissionais estavam vinculados às

UBS do PSF pré-PROESF e 26 (31%) à UBS Tradicional.

Tabela 3.2 - Distribuição da amostra dos profissionais de saúde por Unidade Básica de Saúde em Parnamirim. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel, Lote

2 NE, 2005.

Profissionais N (%) Unidade Básica

de Saúde Médicos Enfermeiros Outros de nível superior

Auxiliares e técnicos de

enfermagem

Outros de nível médio

ACS

Cohabinal 1 (7) 1 (7) 1 (7) 3 (22) 2 (14) 6 (43)

Nova

Parnamirim 6 (14) 2 (5) 2 (5) 9 (21) 14 (32) 10 (23)

Rosa dos Ventos 3 (12) 0 2 (8) 4 (15) 17 (65) 0

Total 10 (12) 3 (4) 5 (6) 16 (19) 33 (40) 16 (19)

3.1.3.2 Situação Demográfica e Socioeconômica dos Profissionais

A amostra foi formada por 59 (71%) profissionais do sexo feminino e 24 (29%)

do sexo masculino, sendo a média de idade igual a 39 anos.

Page 35: Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão e ...

35

A renda bruta mensal referida pelos profissionais foi relacionada com o emprego

na UBS. Para fins de análise, foram classificados em seis grupos, de acordo com a

formação ou nível de escolaridade.

Tabela 3.3 - Renda média mensal dos profissionais em saúde estudados em Parnamirim e no Lote 2 NE. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPEL, Lote 2

NE, 2005. Profissionais Parnamirim (R$) Lote 2 NE (R$)

Médicos 1.332,00 2.127,50

Enfermeiros 2.040,00 2.172,67

Demais profissionais de nível superior 2.088,00 1.529,37

Auxiliares e técnicos de enfermagem 350,67 554,33

Demais profissionais de nível médio 350,70 472,86

Agentes Comunitários de Saúde 319,50 383,88

3.1.4 Amostra da Demanda Atendida nas Unidades Básicas de Saúde

3.1.4.1 Distribuição da Demanda por Unidade Básica de Saúde.

Para o estudo da demanda foram registrados 443 atendimentos realizados pelos

profissionais das UBS amostradas, em um dia de trabalho.

Tabela 3.4 - Distribuição dos atendimentos prestados nas Unidades Básicas de Saúde de Parnamirim. Estudo de Linha de Base, PROESF - UFPel, Lote 2 NE,

2005.

Unidade Básica de Saúde Nº de atendimentos N (%)

Cohabinal 139 (31)

Nova Parnamirim 166 (38)

Rosa dos Ventos 138 (31)

Total 443 (100)

Page 36: Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão e ...

36

3.1.5 Amostra Populacional da Área de Abrangência das Unidades Básicas de

Saúde

3.1.5.1 Distribuição da População

As amostras populacionais selecionadas nas áreas de abrangência das UBS

totalizaram 54 crianças de um a três anos, 52 mulheres que tiveram filhos nos dois

últimos anos, 54 adultos entre 30 e 64 anos e 54 idosos com 65 anos e mais.

3.1.5.2. Situação Demográfica e Socioeconômica da População da área de

Abrangência das UBS

a. Condições de habitação

A presença de água encanada dentro de casa beneficiava 96% dos domicílios de

adultos, 90% dos de mulheres e 94% dos de crianças e idosos. A proporção de banheiro

no domicílio foi de 94% para os idosos, 92% para as mulheres e 89% para os adultos e

crianças. O recolhimento do lixo domiciliar por caminhão de serviço municipal

alcançou a totalidade dos grupos populacionais de adultos e idosos e 90% dos de

crianças e mulheres. Residências de tijolo com /sem reboco, mistas (madeira e tijolo) e

com madeira regular foram consideradas adequadas, enquanto aquelas construídas de

madeira irregular e papelão, lata ou lona foram classificadas de inadequadas. A

proporção de construção adequada foi de 100% nos adultos e idosos, 98% nas mulheres

e 96% nas crianças.

A média de pessoas por domicílio de crianças foi de 5,5 (dp = 2,2) e de mulheres

5,1 (dp = 2,3). No caso dos adultos esta média foi 4,2 (dp = 1,9) e nos idosos 4,3 (dp =

2,1). A concentração de sete ou mais pessoas por domicílio foi identificada em 28% da

amostra de crianças, 15% de mulheres, 13% de adultos e 19% de idosos. Foi observado

que 4% dos adultos e 6% dos idosos referiram morar sozinhos.

b. Perfil de Crianças e Mães

Na amostra de 54 crianças, 50% eram do sexo masculino e a idade média foi de

26,8 meses (dp = 9,3), variando de 13 a 47 meses. A proporção de crianças de cor

branca foi de 64%.

Page 37: Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão e ...

37

As mães das crianças estudadas tinham idade média de 29 anos (dp = 6,2),

variando de 15 a 41 anos. Em relação à escolaridade das mães, 25% possuía o primeiro

grau completo e 36% o primeiro grau incompleto.

A renda média per capita foi de 0,6 salário mínimo (SM). Em relação a

classificação social, 37% das mães e crianças estavam incluídas nos estratos B e C

agregados, 33% no grupo D e 30% pertencia ao grupo E.

c. Perfil das Mulheres

Na amostra de 52 mulheres, 65% eram brancas, com idade média de 27,1 anos

(dp = 5,9), variando de 16 a 39 anos. A proporção de menores de 20 anos foi de 8%.

Entre as mulheres, 39% não havia completado o primeiro grau, 23% possuía o 2º

grau incompleto e 39% tinha o segundo grau completo e mais.

A renda mensal média per capita era de 0,5 SM. Mais de um terço da amostra

(37%) foi classificada nos estratos B e C agregados, 37% no grupo D e pouco mais de

um quarto no grupo E (27%).

d. Perfil dos Adultos

Na amostra de 54 adultos, a idade média era de 47,6 anos (dp = 10,4), variando

de 30 a 64 anos. Deste total, 50% eram mulheres, 72% eram de cor branca, 70% eram

casados ou viviam com companheiro e 82% sabia ler e escrever.

A renda média per capita dos adultos foi de 1,1 SM. A distribuição por grupo

social identificou 14% nos estratos A e B agregados, 39% no C, 12% no D e 37% no

grupo E, mostrando uma grande concentração de pessoas nos grupos menos

privilegiados.

Menos da metade dos adultos (48%) informou trabalho remunerado no último

mês, sendo que destes 31% eram empregados e 65% eram autônomos.

e. Perfil dos Idosos

Na amostra de 54 idosos, a idade média foi de 75,4 anos (dp = 7,7), variando de

65 a 98 anos. Deste total, 61% eram mulheres, 78% eram de cor branca, 41% eram

casados ou viviam com companheiro, 48% sabiam ler e escrever e 20% possuíam no

mínimo o primeiro grau completo.

Page 38: Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão e ...

38

A renda mensal média per capita dos idosos foi de 1,0 SM. De acordo com a

estratificação social, 30% dos idosos estavam no estrato B e C agregados, 36% no D e

34% no E. Os estratos D e E reuniram 70% da amostra de idosos.

A aposentadoria foi referida por 78% dos idosos e a média de idade da

aposentadoria foi de 59,0 anos (dp = 7,1), variando de 45 a 75 anos.

3.2 Dimensão Político-Institucional

A dimensão político-institucional reúne alguns aspectos da conformação do

modelo de atenção básica à saúde, com ênfase particular no desenvolvimento da gestão

municipal e nas estratégias de descentralização do SUS. Buscando dar historicidade ao

recorte temporal do estudo, esta abordagem do processo de constituição da ABS no SUS

utilizou as categorias centrais do planejamento estratégico de Matus (MATUS, 1997):

projeto de governo, capacidade de governo e governabilidade.

Planejar a ação política em uma perspectiva estratégica significa pensar um

conjunto de atividades, com metodologia, objetivos e metas definidos.

O Projeto de Governo procura caracterizar as bases materiais e históricas do

SUS nos municípios do Lote, com especial ênfase para a atenção básica à saúde. Os

atributos que qualificam um Projeto de Governo são os recursos disponíveis e passíveis

de alcançar, o conhecimento acumulado sobre o tema, o poder necessário para

desencadear as ações propostas, as chances de implantação e a possibilidade de sucesso.

De modo simplificado, mas ilustrativo, estes atributos estão sintetizados na identificação

da “maturidade” da gestão municipal (tipo de gestão, índice de aprendizado

institucional, adequação institucional do sistema municipal de saúde, critérios na

definição de áreas de abrangência das UBS e na implantação do PSF, características do

emprego e da remuneração dos trabalhadores da atenção básica), da capacidade

instalada da rede básica e do processo de conversão do modelo da atenção básica

através do PSF.

A Capacidade de Governo compreende o conhecimento institucional acumulado,

o conjunto de saberes e técnicas disponíveis para operar o Projeto de Governo e a

política setorial. Nesta categoria se identificam os recursos intelectuais mobilizados para

a condução da ABS nos municípios, como por exemplo, o perfil do Secretário, do

Page 39: Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão e ...

39

Coordenador da Atenção Básica ou do PSF, do Presidente do Conselho Municipal de

Saúde e dos Profissionais das UBS.

A Governabilidade descreve os fundamentos de poder e financeiros para

efetivação das políticas de ABS, ou seja, recursos e margem de manobra política que,

articulados à Capacidade de Governo, permitem transformar as intenções de um projeto

em gestos ou ações concretas. A Governabilidade reúne mecanismos e instrumentos de

poder (político, econômico) capazes de desencadear as decisões e os respectivos

movimentos necessários para que os objetivos e as metas sejam alcançados. Neste

estudo foram utilizados como indicadores de governabilidade as despesas per capita

com saúde, o financiamento da atenção básica nos municípios, o apoio a projetos de

Atenção Básica à Saúde e de Saúde da Família, assim como as características do

Conselho Municipal de Saúde.

3.2.1 Projeto de Governo

3.2.1.1 Tipo de Gestão Municipal, Índice de Aprendizado Institucional e Cobertura

do Programa de Saúde da Família

Parnamirim encontra-se na modalidade de gestão plena da atenção básica de

saúde. Com o PSF implantado desde 1998, seu aprendizado institucional foi

considerado baixo pela avaliação do Ministério da Saúde realizada em 2000.

A cobertura de PSF passou de 27% em 2000 para 74% em 2005, representando

um crescimento de 2,7 vezes no período.

Em 2001, o número de ESF instaladas no município era 11, passando para 31 em

2004, representando crescimento de 2,8 vezes. Já o número total de UBS de

Parnamirim, era 21 em 2001 passando para 29 em 2004, demonstrando uma discreta

ampliação da rede.

Page 40: Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão e ...

40

Figura 3.1 - Evolução da Cobertura do Programa de Saúde da Família (PSF) nos municípios de mais de 100.000 habitantes do estado do Rio Grande do Norte, do

Lote 2 NE, de 1999 a 2005. Estudo de Linha de Base, PROESF - UFPel, Lote 2 NE, 2005.

0 1,7

22

32,135,5

49

4,48 9,8 9,8 9,8

22,5

33

0

26,9 28,1

82,479,7 80

74,2

59,6

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

Mossoró Natal Parnamirim

PROESF

3.2.1.2 Adequação Setorial e dos Modelos de Atenção para o Funcionamento do

Sistema Municipal de Saúde

O gestor do não avaliou a adequação setorial e dos modelos de Atenção no

funcionamento do sistema de saúde em Parnamirim.

O Presidente do CMS considerou como prinicpais projetos aprovados pelo CMS

no período de 2001 a 2004 no município, a ampliação do PSF; ampliação da saúde

bucal; abertura de hospital; o aumento de casas de apoio à população na atenção

obstétrica e portadora de endemias; Projeto sorrir melhor; Projeto bebê cidadão (em que

os pais saem com registro de documentos e bolsa de auxílio materno); ambulatório de

pediatria; cobertura de 100% de vacinação e teste do pezinho e a realização de grupo de

hipertensos e diabéticos. Em saúde da família, os principais projetos aprovados se

referiam à ampliação do PSF; implantação saúde bucal; capacitação, treinamento e

avaliação das equipes.

Page 41: Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão e ...

41

3.2.1.3 Critérios na definição de áreas de abrangência das UBS e na implantação

do Programa de Saúde da Família

Na definição de áreas para implantação do PSF, o gestor não prestou

informações sobre os critérios que considerava relevantes.

3.2.1.4 Características do emprego e da remuneração dos trabalhadores da

Atenção Básica

O ingresso por concurso público alcançou 40% dos trabalhadores da rede básica

de Parnamirim, sendo Cargo Comissionado a forma de contratação predominante

(45%), seguida de estatutário (39%).

O vínculo de trabalho tipicamente precário (sem garantias trabalhistas) alcançou

58% dos trabalhadores da atenção básica em Parnamirim, enquanto Plano de Carreira,

Cargos e Salários (PCCS) foi referido por apenas 4% dos profissionais entrevistados.

O pagamento em dia do salário foi referido por 77% dos profissionais de saúde

de Parnamirim e o pagamento de incentivos foi referido por dois (2%) trabalhadores.

Pouco mais de 19% dos entrevistados fizeram referência ao trabalho atual como

primeiro emprego e 19% dos profissionais entrevistados afirmaram ter outro emprego.

O tempo médio de trabalho na prefeitura local e na UBS atual foi,

respectivamente, 78,2 meses (dp = 64,9) e 39,9 meses (dp = 32,6) para os profissionais

entrevistados.

3.2.2 Capacidade de governo

3.2.2.1 Perfil do Secretário Municipal de Saúde

O gestor era do sexo masculino, tinha 45 anos de idade, havia completado 19

anos de estudo e possuía curso de pós-graduação. Profissionalmente era médico e

possuía experiência anterior como Diretor de Hospital.

Page 42: Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão e ...

42

3.2.2.2 Perfil do Coordenador de Atenção Básica e / ou do Programa de Saúde da

Família

Não foram fornecidas informações sobre o coordenador da Atenção Básica do

município.

3.2.2.3 Perfil do Presidente do Conselho Municipal de Saúde

O presidente do CMS era do sexo masculino, tinha 45 anos de idade, havia

completado 19 anos de estudo e possuía curso de pós-graduação. Profissionalmente era

médico e representava o Gestor no CMS,. Atuava no cargo há dois anos, participava do

CMS como gestor desde o ano de 1996 e possuía experiência anterior na coordenação

de atividades coletivas (Diretor de Hospital).

3.2.2.4 Perfil dos Trabalhadores das Unidades Básicas de Saúde

As características de sexo, idade e renda dos 82 profissionais entrevistados nas 3

UBS de Parnamirim estão apresentadas no item 3.1.3.2, que aborda o perfil sócio-

demográfico da amostra estudada. Na perspectiva da capacidade de governo, estão

enfatizados os aspectos relacionados à escolaridade, formação profissional,

especialização e capacitação dos profissionais, fundamentais para o enfrentamento dos

desafios cotidianos e estratégicos da ABS.

Em relação à escolaridade,13% dos profissionais de saúde tinham pós-

graduação, 14% nível superior completo e 6% incompleto, 46% haviam concluído o

ensino médio, 9% possuíam ensino médio incompleto e os trabalhadores com ensino

fundamental incompleto representaram 12% da amostra.

De um total de treze profissionais com especialização, somente três (23%)

haviam concluído especialização na área de saúde pública, saúde coletiva, ou saúde da

família.

Entre os profissionais da atenção básica foi pesquisada a realização de cursos de

capacitação. As menores proporções foram nos cursos de capacitação em Saúde do

Adulto e AIDPI (12%) e a maior no Introdutório ao PSF (39%) - (Tabela 3.5).

Page 43: Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão e ...

43

Tabela 3.5 - Cursos de capacitação realizados pelos profissionais das Unidades Básicas de Saúde estudadas em Parnamirim e no Lote 2 NE. Estudo de Linha de

Base, PROESF-UFPEL, Lote 2 NE, 2005.

Curso Parnamirim (%) Lote 2 NE (%)

Introdutório ao PSF 39 53

SIAB 15 39

Saúde da Criança 16 38

Saúde da Mulher 31 42

Saúde do Adulto 12 28

AIDPI 12 30

Diabetes 34 43

Hipertensão 35 45

DST / AIDS 37 54

Hanseníase 35 51

Imunizações 37 45

Tuberculose 35 53

3.2.3 Governabilidade

3.2.3.1 Despesas per capita com saúde

Para realizar as atividades do SUS a cada ano, Parnamirim teve uma despesa

média em saúde de R$ 108,48 por habitante, média pouco inferior à dos municípios do

Lote (R$ 120,47).

3.2.3.2 Financiamento da Atenção Básica nos Municípios

Pouco mais da metade (52,2%) do PAB total do município resultava das

transferências federais do incentivo PACS / PSF. O PAB Fixo de Parnamirim era de R$

5,89 por habitante e 50,3% das despesas totais em saúde eram com recursos humanos.

Eram aplicados em saúde 13% dos recursos próprios, de acordo com exigências da EC

29.

Page 44: Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão e ...

44

Tabela 3.6 - Indicadores de financiamento do sistema de saúde para o município de Parnamirim e para Lote 2 NE. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPEL, Lote 2

NE, 2005.

Indicadores Parnamirim Lote 2 NE

PAB Fixo (R$ / habitante) 5,89 9,71

% Despesas Recursos Humanos 50,3 53,1

% Transferências PSF/ PACS no PAB total 52,2 40,5

% Recursos próprios aplicados em saúde (EC 29) 13,0 14,4

Fonte: Cadernos de Informações em Saúde, 2002.

3.2.3.3 Apoio a Projetos de Atenção Básica à Saúde e de Saúde da Família

O gestor municipal não prestou informações sobre o apoio recebido aos projetos

em saúde, também não tendo sido identificada a opinião do gestor a respeito da adesão

dos profissionais de saúde ao PSF e ao modelo tradicional de atenção básica.

Dos profissionais de saúde entrevistados, 52% manifestaram satisfação com o

vínculo de trabalho atual.

3.2.3.4 Características do Conselho Municipal de Saúde

O CMS de Parnamirim foi criado em 1991, possuía regimento interno e sua

última atualização ocorreu no ano de 2004.

O CMS era composto de 16 entidades, sendo três representantes da área

governamental, um de prestadores de serviços ao SUS privados ou conveniados sem

fins lucrativos, quatro de profissionais de saúde e oito da sociedade civil organizada.

Os principais temas das reuniões ordinárias realizadas pelo CMS foram

apreciação do projeto de lei para ser encaminhado na Câmara para mudança da

composição do CMS; apreciação de projetos de humanização da maternidade;

apreciação da primeira conferência de saúde bucal de Parnamirim, acesso e qualidade.

Já as extraordinárias trataram da apreciação da primeira conferência intermunicipal de

ciência e tecnologia, inovação em saúde; apreciação de projetos para aquisição de

equipamento e material permanente para maternidade; apreciação de 17 equipes de

saúde bucal para cobertura total em saúde bucal em Parnamirim; homologação do

Page 45: Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão e ...

45

relatório final das Conferências Municipal de Saúde Bucal e Tecnologias inovação em

saúde.

A Secretaria Municipal de Saúde, no período de 2001 a 2004, sempre buscou

aprovação do CMS para a implantação de políticas de saúde.

No período de 2001 a 2004 foram realizadas quatro Conferências Municipais de

Saúde, mas não havia implantado Conselho Local de Saúde no município.

Na percepção do presidente o relacionamento entre a Secretaria Municipal de

Saúde e o CMS era bom, sendo que todas as propostas foram discutidas, conseguindo-se

aprovar todas as propostas que levavam a melhoria da saúde no município.

Quanto ao apoio recebido da SMS, o presidente informou que de 2001 até a

metade de 2003 a gestão era de outro secretário, e que no momento as demandas eram

atendidas, havendo contribuição para participação em eventos.

Sobre a ocorrência de conflitos entre conselheiros, a informação foi de que o

relacionamento era bom, estavam sendo aprovados os projetos demandados tanto por

parte dos conselheiros como por parte do secretário.

No período de 2001 a 2004 ocorreram quatro capacitações, em que os temas

foram “O papel do conselheiro” e “O papel do conselheiro, o que é o conselho, os

direitos e deveres dos conselheiros”.

3.3 Dimensão Organizacional da Atenção

3.3.1 Práticas de gestão da ABS

Ao caracterizar as práticas de gestão foram identificados princípios, normas e

funções, procedimentos e recursos cuja finalidade é ordenar a estrutura e o

funcionamento da Atenção Básica à Saúde. Muitos destes aspectos se confundem com

as práticas de oferta de serviços, pois uma estratégia de gestão estabelecida pode

implicar em uma oferta de serviços ao público.

Page 46: Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão e ...

46

3.3.1.1 Mecanismos de supervisão, monitoramento e avaliação da atenção básica à

saúde

Não havia dados sobre a disponibilidade de relatórios periódicos com

indicadores selecionados para a tomada de decisão.

As atividades de supervisão do trabalho nas UBS foram referidas por 56% dos

trabalhadores de saúde de Parnamirim. Apenas 33% dos profissionais entrevistados

referiram uma periodicidade semanal da supervisão, enquanto outros 33% referiram

periodicidade indefinida.

3.3.1.2 Estratégias de controle e regulação da demanda

Não foram fornecidos dados sobre a existência de setor de Controle, Avaliação,

Auditoria e Regulação, nem de serviço de acolhimento das reclamações dos usuários ou

mesmo de centrais implantadas para acolher e ordenar as necessidades de saúde dos

usuários.

3.3.1.3 Informação e Informatização na Rede Básica Municipal

Do ponto de vista da tecnologia da informação, as três UBS estudadas no

município não dispunham de microcomputador.

3.3.1.4 Sistemas de Informação em Saúde

Não havia informações sobre os sistemas de informação de base nacional para o

município nem sobre a proporção de óbitos infantis mal definidos no município e sua

respectiva investigação.

3.3.2. Práticas de Oferta de Serviços no Município

Este tópico descreve recursos e estratégias dos municípios para oferecer os

serviços básicos de saúde à população. Também é abordada a disponibilidade de

profissionais do PSF, na perspectiva de avaliar o acesso da população ao novo modelo

de atenção básica.

Page 47: Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão e ...

47

3.3.2.1 Estrutura da rede básica de saúde

A área física das três UBS estudadas contemplavam recepção, sala de espera,

consultórios, consultórios com banheiro, consultórios odontológicos, sala de cuidados

de enfermagem, sala de vacinas, sala de esterilização, farmácia, cozinha e expurgo. A

informação sobre a existência de sala de reuniões foi ignorada nas três UBS (Tabela

3.7).

Tabela 3.7 – Área física das Unidades Básicas de Saúde em Parnamirm. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Dependência Cohabinal Nova Parnamirim Rosa dos Ventos

Consultório Odontológico E E E

Consultórios E E E

Consultórios com banheiro E E E

Cozinha E E E

Expurgo E E E

Farmácia E E E

Recepção E E E

Sala de cuidados de enfermagem E E E

Sala de Espera E E E

Sala de Esterilização E E E

Sala de Reuniões NR NR NR

Sala de Vacinas E E E

E – Existente; I – Inexistente; NR – Não respondeu

Sobre a adequação das dependências estudadas, observado na Tabela 3.8, apenas

a sala de cuidados de enfermagem foi considerada adequada na UBS Cohabinal.

Page 48: Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão e ...

48

Tabela 3.8 – Adequação da estrutura nas Unidades Básicas de Saúde em Parnamirim. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Dependência Cohabinal Nova Parnamirim Rosa dos Ventos

Consultório Odontológico I I I

Consultórios I I I

Consultórios com banheiro I I I

Cozinha I I I

Expurgo I I I

Farmácia I I I

Recepção I I I

Sala de cuidados de enfermagem A I I

Sala de Espera I I I

Sala de Esterilização I I I

Sala de Reuniões NSA NSA NSA

Sala de Vacinas I I I A – Adequado; I – Inadequado; NR – Não respondeu; NSA – Não se Aplica por inexistência da

dependência

Apenas a UBS Rosa dos Ventos foi considerada adequada do ponto de vista do

acesso de pessoas portadoras de deficiência. A UBS Nova Parnamirim foi a única em

havia tapetes na sala de espera, e nenhuma UBS possuía tapetes nos consultórios ou

outras dependências.

Apenas a UBS Cohabinal não dispunha de rampas alternativas para facilitar o

acesso destas pessoas. Calçadas e degraus impedindo o deslocamento seguro de

deficientes visuais, cadeirantes e idosos foi referido por duas UBS (Cohabinal e Nova

Parnamirim). Apenas a UBS Nova Parnamirim relatou possuir corrimão nas rampas,

mas falta de corrimão nos corredores e nas escadas, não havendo estas informações para

as outras duas UBS (Rosa dos Ventos e Cohabinal).

Duas UBS (Cohabinal e Rosa dos Ventos) tiveram as cadeiras da sala de espera

avaliadas como inadequadas, sendo adequadas somente na UBS Nova Parnamirim.

Nenhuma das UBS estudadas tinha disponibilidade de cadeiras de rodas, portas nos

banheiros permitindo o acesso e espaço suficiente para manobrar as cadeiras de rodas.

Em relação aos equipamentos de trabalho em condições de uso estavam

disponíveis nas três UBS: balança para adultos e crianças, termômetro, cadeira

odontológica, nebulizador, estetoscópio, foco de luz, geladeira exclusiva para vacina,

Page 49: Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão e ...

49

mesa ginecológica, instrumental exame clinico, intrumental para procedimentos básicos,

tensiômetro, sonar.

A Tabela 3.9 apresenta a relação de todos os equipamentos investigados e sua

respectiva condição de acordo com cada uma das UBS estudadas.

Tabela 3.9 – Equipamentos e instrumentos das Unidades Básicas de Saúde em Parnamirim. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Equipamento Cohabinal Nova Parnamirim Rosa dos Ventos Amalgamador P P P

Aparelho Fotopolimerizador P P P

Balança Adulto P P P

Balança Infantil P P P

Cadeira odontológica P P P

Centrífuga I I I

Compressor P P P

Equipo odontológico P P P

Espéculos vaginais P P I

Estetoscópio P P P

Estetoscópio de Pinar P P I

Estufa P P P

Foco de luz P P P

Geladeira exclusiva vacina P P P

Glicosímetro P P I

Impressora I I NR

Instrumental de urgências P I P

Instrumental Dentística P P P

Instrumental exame clínico P P P

Instrumental para procedimentos básicos P P P

Lanterna P I I

Mesa ginecológica P P P

Microcomputador I I NR

Microscópio I I I

Mocho P P P

Nebulizador P P P

Negatoscópio I I I

Oftalmoscópio I I I

Otoscópio P P I

Refletor P P P

Sonar P P P

Tensiômetro P P P

Termômetro P P P

Unidade auxiliar P P I P – Próprio para uso; I – Impróprio para uso ou ausente; NR – não respondeu

Page 50: Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão e ...

50

Sobre o abastecimento de materiais e insumos, apenas seringa para vacina era

suficiente nas três UBS (Cohabinal, Nova Parnamirim e Rosa dos Ventos). Havia falta

de gaze, fio de sutura, material para retirada de pontos, material para pequenas cirurgias,

caixa para desprezar material pérfuro-cortante, cartão da gestante em todas as unidades

estudadas (Tabela 3.10).

Tabela 3.10 – Disponibilidade de materiais e insumos nas Unidades Básicas de Saúde em Parnamirim. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE,

2005. Materiais e Insumos Cohabinal Nova Parnamirim Rosa dos Ventos

Agulhas descartáveis S I I

Álcool S I S

Algodão S I S

Bloco de receituário I I S

Cartão da criança S I S

Cartão da gestante I I I

Descartex I I I

Esparadrapo S I I

Ficha de cadastramento domiciliar

S I I

Ficha de cadastramento SIAB S S I

Fio de sutura I I I

Gaze I I I

Luvas esterilizadas I I S

Luvas para procedimentos I I S

Material para pequenas cirurgias I I I

Material para retirada de pontos I I I

Seringa para outras injeções S I I

Seringa para vacinas S S S

S – Suficientes; I – Insuficientes; NR – Não respondeu.

Page 51: Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão e ...

51

3.3.2.2 Disponibilidade de Profissionais do PSF

Na análise da composição da ESF mínima, tomou-se como referência a

disponibilidade de um médico, um enfermeiro, dois auxiliares ou técnicos de

enfermagem, quatro agentes comunitários e um odontólogo para cada duas ESF.

A UBS Cohabinal tinha uma ESF e a unidade Nova Parnamirim tinha duas ESF,

sendo que em ambas o número mínimo de auxiliares ou técnicos de enfermagem não

preencheu o mínimo necessário. O Programa de Agentes Comunitários de Saúde

(PACS) era realidade nas duas UBS.

3.3.2.3 Acesso aos serviços básicos de saúde

Em relação ao tempo de funcionamento, a UBS Cohabinal era a mais antiga,

com cerca de 33 anos, a unidade Nova Parnamirim funcionava a 90 meses e a unidade

Rosa dos Ventos era a mais recente, com 82 meses. A população adstrita foi de 3.740

pessoas na UBS Cohabinal, informação que foi ignorada pelas demais UBS (Nova

Parnamirim e Rosa dos Ventos). As três UBS funcionavam em dois turnos de

atendimento e a média de carga horária contratada e cumprida pelos profissionais de

saúde foi de 36 e 35 horas, respectivamente.

A média diária de atendimentos médicos nas UBS estudadas foi de 21 pessoas.

Para os enfermeiros, a média foi de 21 atendimentos /dia, para os auxiliares e técnicos

de enfermagem foi de 45 pessoas, para outros profissionais de nível médio foi de 48,

outros profissionais de nível superior 23 e agentes comunitário de saúde 18 pessoas.

3.3.2.4 Acesso aos serviços especializados

Não foram prestadas informações sobre a forma de acesso aos serviços

especializados, encaminhamento dos usuários ou mesmo sobre o tempo médio de espera

para realização de exames ou consultas especializadas.

A satisfação com disponibilidade de consulta médica para a atenção

especializada foi investigada através da opinião da equipe de saúde, em instrumento

coletivo sobre a UBS. Cerca de 33% dos profissionais julgaram como suficiente a

disponibilidade de consultas em cardiologia, dermatologia, fisioterapia, ginecologia,

neurologia, ortopedia, otorrinolaringologia, pediatria, pneumologia e psiquiatria. Não

Page 52: Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão e ...

52

era satisfatório ou não existia o acesso aos exames de nefrologia e oftalmologia, em

todas as unidades estudadas.

O acesso direto à retaguarda para atendimento em Pronto Socorro foi julgado

pelas equipes estudadas, em que a UBS Rosa dos Ventos julgou o acesso como

satisfatório, a Cohabinal como insatisfatório e a UBS Nova Parnamirim referiu não ter

este acesso. Quanto ao acesso à internação hospitalar duas UBS (Cohabinal e Rosa dos

Ventos) julgaram este como insatisfatório e a UBS Nova Parnamirim referiu não ter este

acesso.

3.3.2.5 Adstrição da demanda

As duas UBS PSF (Cohabinal e Nova Parnamirim) dispunham de área

geográfica definida e mapa. O cadastramento das famílias residentes na área geográfica

estava concluído em ambas, sendo que não havia informação para a UBS Rosa dos

Ventos.

Cerca de 36% da equipe havia participado em atividades na área de abrangência

da UBS nos últimos 12 meses.

3.3.2.6 Vínculo com instituições de ensino

Somente a unidade Nova Parnamirim apresentava vínculo com ensino, através

de instituição de ensino superior (Universidade) na área de enfermagem.

3.3.2.7 Assistência farmacêutica

Não havia informações sobre adoção de lista básica de medicamentos ou mesmo

sobre como estes eram armazenados. Foi informado apenas que os medicamentos eram

dispensados nas UBS.

3.3.3 Experiências inovadoras em atenção básica à saúde

Não houve referência sobre o desenvolvimento de experiências inovadoras em

Atenção Básica e Saúde da Família no município, em relação à acesso dos usuários,

Page 53: Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão e ...

53

trabalho em equipe e gestão das UBS. Também não foi prestada avaliação sobre a

adequação destas experiências na Atenção Básica e Saúde da Família.

3.4 Dimensão do Cuidado Integral

3.4.1 Estratégias de indução da integralidade

O direito universal à saúde da população brasileira define a integralidade como

um dos princípios constitucionais do SUS. Entretanto, a integralidade ainda não

assumiu a esperada relevância estratégica na organização e desenvolvimento das ações

de saúde. Alcançar a integralidade em saúde requer ações planejadas com esta

finalidade tanto no âmbito da UBS e em seu vínculo com a comunidade, quanto na

referência e contra-referência entre os níveis de atenção à saúde. Além disso,

compreende a articulação das práticas não apenas no âmbito setorial, mas também no

âmbito intersetorial (PINHEIRO, 2005). Neste estudo, a integralidade foi captada

através de alguns “proxis”, como, por exemplo, as práticas realizadas nas UBS, com

ênfase em ações programáticas a grupos prioritários, o acesso direto a exames

complementares, a disponibilidade de medicamentos, a utilização de protocolos, a

utilização de computadores pelos profissionais de saúde, a percepção dos profissionais

sobre a qualidade dos serviços prestados e o acesso a publicações do Ministério da

Saúde.

3.4.1.1 Atividades realizadas na UBS para o cuidado integral

Na investigação do conjunto de ações realizadas para o cuidado integral, todas as

unidades referiram atendimento à demanda sentida; procedimentos de enfermagem e

notificação compulsória de doenças. A realização de pequenas cirurgias não foi referida

pelas UBS estudadas (Tabela 3.11).

Page 54: Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão e ...

54

Tabela 3.11 – Atividades para o Cuidado Integral nas Unidades Básicas de Saúde em Parnamirim. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Atividades para o Cuidado Integral Cohabianl Nova Parnamirim

Rosa dos Ventos

Atendimento a demanda sentida R R R

Atendimento a desnutrição / suplementação alimentar NR R NR

Atendimento aos agravos mais prevalentes na infância NR R NR

Atendimento de pré-natal R R R

Atendimento odontológico a grupos prioritários R R NR

Cuidado domiciliar R R NR

Diagnóstico / Tratamento de diabetes R R NR

Diagnóstico / Tratamento de hanseníase R R NR

Diagnóstico / Tratamento de hipertensão R R NR

Diagnóstico / Tratamento de tuberculose R R NR

Glicemia Capilar NR R NR

Notificação compulsória de doenças R R R

Pequenas cirurgias NR NR NR

Planejamento familiar R R NR

Prevenção do câncer de colo uterino R R NR

Procedimentos de enfermagem R R R

Promoção ao aleitamento materno R R NR

Promoção do crescimento / desenvolvimento infantil R R NR

Visita Domiciliar R R NR

R= Realiza; NR = Não Realiza; NI = Não Informou.

A realização de atividades de grupos foi referida apenas pela UBS Nova

Parnamirim (Tabela 3.12).

Page 55: Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão e ...

55

Tabela 3.12 – Atividades de Grupo nas Unidades Básicas de Saúde em Parnamirim. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Atividades de grupo Cohabinal Nova Parnamirim

Rosa dos Ventos

Atividades com grupos de usuários NR R NR

Grupo de hipertensos NSA R NSA

Grupo de diabéticos NSA R NSA

Grupo de pré-natal NSA R NSA

Grupo de idosos NSA NR NSA

Grupo de adolescentes NSA R NSA

Grupo de portadores de sofrimento psíquico NSA R NSA

Grupo de puericultura NSA R NSA

R = Realiza; NR = Não Realiza; NI = Não Informou; NSA = Não Se Aplica

3.4.1.2 Acesso direto a exames complementares

Foi investigada a suficiência do acesso direto a exames complementares

utilizados rotineiramente na atividade clínica peculiar à Atenção Básica. O acesso aos

exames de ácido úrico, creatinina / uréia, HIV, ECU, glicemia, hemograma, raio-x

simples e VDRL foi avaliado como satisfatório por duas UBS (Cohabinal e Rosa dos

Ventos). Entretanto, somente a UBS Cohabinal referiu ter acesso satisfatório aos

exames de urocultura e tipagem sangüínea. Pesquisa de BAAR teve acesso satisfatório

em todas as UBS. Já o exame de citopatologia de colo uterino foi insatisfatório ou não

existia para duas UBS (Nova Parnamirim e Rosa dos Ventos); tendo a mesma avaliação

para colposcopia, ECG e USG obstétrica nas UBS Cohabinal e Nova Parnamirim.

A UBS Rosa dos Ventos não prestou avaliação sobre o acesso ao exame de

tipagem sanguínea.

3.4.1.3 Disponibilidade de medicamentos

Para todas as unidades foi considerada satisfatória a disponibilidade de ácido

acetil salicílico, amoxicilina, ampicilina, captopril, cimetidina, dexametosona pomada,

Page 56: Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão e ...

56

diclofenaco de potássio, digoxina, furosemida, gibenclamida, hidrocloritiazida,

metformim, metronidazol (comprimido e geléia), nistatina creme vaginal, neomicina

com bacitracina, sulfametoxazol + trimetoprima (comprimido e suspensão).

Carbamazepina e fenobarbital estavam em falta em todas as unidades. Os medicamentos

eram dispensados nas próprias UBS (Tabela 3.13).

Tabela 3.13 – Disponibilidade de Medicamentos das Unidades Básicas de Saúde em Parnamirim. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Medicamentos Cohabinal Nova Parnamirim

Rosa dos Ventos

Ácido Acetil Salicílico S S S

Aminofilina I S S

Amoxicilina S S S

Ampicilina S S S

Anticoncepcional Oral (ACO) S S I

Captopril S S S

Carbamazepina I I I

Cimetidina S S S

Dexametasona pomada S S S

Diclofenaco de Potássio S S S

Digoxina S S S

Fenobarbital I I I

Furosemida S S S

Glibenclamida S S S

Hidroclorotiazida S S S

Metiformim S S S

Metronidazol S S S

Metronidazol geléia S S S

Neomicina com Bacittracina S S S

Nistatina creme vaginal S S S

Penicilina Benzatina 1.200.000 UI I S I

Penicilina Benzatina 600.000 UI I S I

Sulfametoxazol + Trimetoprima S S S

Sulfametoxazol + Trimetoprima suspensão S S S

S = Suficiente; I = Insuficiente; NI = Não Informou

Page 57: Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão e ...

57

3.4.1.4 Utilização de protocolos

Todas as unidades estudadas informaram utilizar algum protocolo para suas

ações. O único protocolo referido pelas três UBS estudadas foi o de cuidados em

enfermagem. Apenas na UBS Cohabinal utilizava-se o protocolo de promoção do

aleitamento materno. Nenhuma das UBS utilizava os protocolos de manejo dos agravos

mais prevalentes na infância (Tabela 3.14).

Os resultados indicaram que 40% dos profissionais utilizavam protocolos em

suas atividades profissionais.

Tabela 3.14 - Utilização de protocolos para as ações desenvolvidas pelas Unidades Básicas de Saúde estudadas em Parnamirim e no Lote 2 NE. Estudo de Linha de

Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. Ação programática Parnamirim (%) Lote 2 NE (%)

Cuidados de enfermagem 100 57

Cuidado domiciliar 67 39

Diagnóstico e tratamento do diabetes 50 78

Diagnóstico e tratamento da hanseníase 67 68

Diagnóstico e tratamento da hipertensão arterial 50 78

Diagnóstico e tratamento da tuberculose 67 76

Imunizações 100 93

Manejo da desnutrição e suplementação alimentar 33 36

Manejo dos agravos mais prevalentes na infância 0 53

Planejamento familiar 67 73

Pré-natal 67 86

Prevenção do câncer de colo uterino 67 80

Promoção crescimento e desenvolvimento infantil 67 69

Promoção do aleitamento materno 33 58

A Tabela 3.15 apresenta a utilização de protocolos de acordo com as unidades.

As deficiências mais freqüentes foram para manejo da desnutrição e suplementação

Page 58: Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão e ...

58

alimentar, manejo dos agravos mais prevalentes na infância e promoção do aleitamento

materno.

Tabela 3.15 – Utilização de Protocolos nas Unidades Básicas de Saúde em Parnamirim. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Protocolos Cohabinal Nova Parnamirm

Rosa dos Ventos

Cuidados de enfermagem U U U

Cuidado domiciliar U U NU

Diagnóstico e tratamento do diabetes

NR U NU

Diagnóstico e tratamento da hanseníase

U U NU

Diagnóstico e tratamento da hipertensão arterial

NR U NU

Diagnóstico e tratamento da tuberculose

U U NU

Imunizações U U U

Manejo da desnutrição e suplementação alimentar

NU U NU

Manejo dos agravos mais prevalentes na infância

NU NU NU

Planejamento familiar U U NU

Pré-natal U U NU

Prevenção do câncer de colo uterino

U U NU

Promoção crescimento e desenvolvimento infantil

U U NU

Promoção do aleitamento materno U NU NU

U = Utiliza; NU = Não Utiliza; NR = Não respondeu

3.4.1.5 Utilização de computador pelos profissionais

A utilização de computador em suas atividades foi referida por apenas 11%

(n=9) dos profissionais entrevistados.

Page 59: Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão e ...

59

3.4.1.6 Qualidade dos serviços prestados

A qualidade dos serviços prestados na UBS foi considerada boa ou muito boa

por aproximadamente 33% dos profissionais entrevistados no município de Parnamirim.

3.4.1.7 Acesso a publicações

O município de Parnamirim mostrou um acesso muito pequeno dos profissionais

às publicações do Ministério da Saúde, sendo o menor acesso à Avaliação Normativa do

PSF no Brasil e o maior ao Manual do Agente Comunitário de Saúde (Tabela 3.16).

Tabela 3.16 - Acesso dos profissionais estudados a publicações do Ministério da Saúde nas Unidades Básicas de Saúde de Parnamirim e do Lote 2 NE. Estudo de

Linha de Base, PROESF-UFPEL, Lote 2 NE, 2005.

Acesso às publicações do MS: Parnamirim (%) Lote 2 NE (%)

Revista Brasileira Saúde da Família 4 6

Informes de Atenção Básica 14 31

Manual do SIAB 9 23

Manual do Agente Comunitário de Saúde 24 38

Avaliação Normativa do PSF no Brasil 1 8

3.4.2 Processo de trabalho em atenção básica à saúde

3.4.2.1 Introdução ao processo de trabalho em ABS

O objeto destes comentários foi o Processo de Trabalho em Atenção Básica à

Saúde, descrito através de um formulário semi-estruturado, preenchido por três equipes

de Unidades Básicas de Saúde (UBS) de Parnamirim.

As doze variáveis abordadas como etapas componentes do Processo de Trabalho

em Atenção Básica à Saúde foram: planejamento, gestão e coordenação, recepção,

acolhimento, cuidado clínico, cuidado de enfermagem, cuidado odontológico, ações

programáticas, ações educativas, cuidados domiciliares, gestão da informação,

supervisão e suporte técnico e participação no Conselho Local de Saúde.

Page 60: Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão e ...

60

Os atributos propostos para caracterizar cada uma das variáveis foram: descrição

da atividade – o que é feito e como é feito?; responsáveis pela atividade – quem faz?;

insumos para a atividade – que recursos são utilizados?; dificuldades para realizar a

atividade; sugestões para realizar a atividade; experiências inovadoras.

3.4.2.2 A categoria processo de trabalho

A universalização do direito à saúde, a descentralização da gestão e a atenção

básica à saúde distinguem positivamente o SUS, em comparação a outros sistemas de

saúde, incluindo aqueles já experimentados no Brasil (BRASIL, 1990).

Apesar disso, possivelmente em função de seu curto tempo de implantação e da

escassez de recursos materiais e humanos, o SUS ainda não dispõe de um processo de

trabalho em atenção básica à saúde plenamente formulado e operacionalmente efetivo.

Neste sentido, a descrição do processo de trabalho nas UBS estudadas pode representar

importante contribuição para a melhoria da ABS em Parnamirim.

O processo de trabalho, enquanto categoria abstrata, permite compreender a

organização e a divisão das tarefas necessárias à transformação de um dado objeto de

trabalho em um produto desenvolvido, valorizado socialmente, tanto em seu valor de

uso, quanto em seu valor de troca (FACCHINI, 1986). Cada espaço concreto de

trabalho, cada unidade produtiva, conforma um processo de trabalho particular,

incomparável em suas nuances e características mais singulares. Mas cada processo de

trabalho também guarda as características essenciais do modo de produção em que está

inserido e, de modo mais objetivo, de seu ramo de produção e da natureza da atividade

produtiva predominante (FACCHINI, 1986).

O uso da categoria processo de trabalho neste estudo, permitiu a análise

individualizada de cada UBS e a busca de regularidades, de semelhanças e de contrastes

entre as UBS de Parnamirim. Nestas análises, além de perceber a dinâmica da

organização e divisão do trabalho em cada atividade, buscou-se identificar o objeto de

trabalho, os recursos disponíveis e os responsáveis por sua realização. Problemas e

sugestões para a melhoria das atividades também foram captados. Fruto do processo de

construção do SUS, o trabalho nas UBS Tradicionais é um simulacro daquele realizado

em hospitais e unidades ambulatoriais especializadas, sendo fortemente centrado no

médico e nas clínicas básicas, atendendo a demanda espontânea de usuários. No PSF, o

Page 61: Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão e ...

61

processo de trabalho pretende se distanciar do viés hospitalar e da especialização,

fortalecendo a participação da equipe de saúde e do médico “geral” no atendimento

integral das necessidades de saúde da população.

O processo de trabalho em ABS está essencialmente vinculado ao trabalho vivo,

à atividade, à qualidade técnico-científica do trabalhador, à sua motivação e

compromisso com o resultado de seu trabalho. Nas UBS, a tecnologia disponível tem

muita dificuldade em dinamizar o processo de trabalho, orientando a ação do

trabalhador. A escassez crônica de equipamentos, instrumentos e os mais variados

insumos, mesmo os mais básicos para o funcionamento de uma UBS, dificultam a

efetivação do processo de trabalho em ABS com um significado mais amplo que

extrapole a prática individual do trabalhador em relação a um usuário do serviço e

alcance o resultado do trabalho da equipe em relação à comunidade em que está

inserido.

3.4.2.3 Etapas do processo de trabalho em atenção básica à saúde

A atividade de Planejamento, de Gestão e de Coordenação descrita pelas

equipes referiram-se as atividades desenvolvidas nas UBS, tais como, consultas e ações

programáticas, que são organizadas através de reuniões mensais com a direção das

unidades e participação dos profissionais. Uma das dificuldades era reunir todos os

profissionais no mesmo horário (Nova Parnamirim), carência de medicamentos e do

cumprimento da carga horária (Rosa dos Ventos) e insuficiência de material e pessoal

(Cohabinal). As sugestões foram no sentido de suprir as dificuldades apresentadas.

A atividade de Suporte Técnico e Supervisão na UBS Nova Parnamirim, era

realizada pela coordenação do PSF, pelo coordenador da UBS e pela equipe, com

periodicidade de acordo com a necessidade. A dificuldade era a de estabelecer uma

comunicação mais eficiente para resolver os problemas do PSF, sugerindo uma maior

interatividade entre a UBS e a SMS. No caso da UBS Cohabinal, as ações de supervisão

eram realizadas pela diretoria da UBS no sentido de controlar as ações desenvolvidas,

contando com o apoio da coordenação. A supervisão da enfermeira era direta e

rotineira. A principal dificuldade era o número insuficiente de profissionais, a falta de

equipamentos e computador para organização dos serviços burocráticos, além da alta

Page 62: Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão e ...

62

rotatividade dos profissionais médicos. A equipe da UBS Rosa dos Ventos informou

não realizar esta atividade.

Para a Gestão da Informação a equipe da UBS Nova Parnamirim referiu que

envia dados mensalmente à SMS mas não recebe o retorno das informações, sugerindo

melhorar o fluxo das informações, inclusive com informatização. A UBS Rosa dos

Ventos preenche os formulários do SIAB e a UBS Cohabinal não respondeu esta

questão.

Em Parnamirim, a Recepção apresentou como característica o fornecimento de

informações sobre os atendimentos na UBS. A atividade era realizada por diferentes

profissionais e acontecia durante todo tempo de funcionamento da UBS. As dificuldades

foram a falta de estrutura adequada e profissional capacitado para recepção (Nova

Parnamirim), informações desencontradas e falta de profissionais para o atendimento

(Rosa dos Ventos e Cohabinal) e falta de informatização (Cohabinal).As sugestões

foram as de suprir as dificuldades apresentadas.

A descrição do Acolhimento não diferiu da atividade da recepção. A falta de um

local adequado, recursos humanos e o despreparo dos profissionais envolvidos foram

fatores agravantes para a atividade. Novamente houve solicitação de capacitações para o

preparo do atendimento ao público e trabalhar ações intersetoriais.

O Cuidado Clínico foi caracterizado pelo atendimento entre 16 e 30 pessoas em

períodos de tempo variado. As dificuldades destacadas foram estrutura física

inadequada, medicamentos para suprir a demanda, referência e contra-referência, além

de exames complementares em tempo hábil. Sugeriram buscar sanar as dificuldades e

organização de policlínicas com especialistas para dar suporte a atenção básica.

As atividades descritas nos Cuidados de Enfermagem enfocaram o trabalho

dos auxiliares com o atendimento entre 15 e 25 usuários por turno. Os procedimentos

realizados incluíam curativos, nebulização, verificação de sinais vitais, aplicação de

medicação injetável, vacinas e atendimento domiciliar além do preenchimento de

relatórios e solicitação de material. Na UBS Rosa dos Ventos não havia enfermeira e na

UBS Cohabinal apenas uma auxiliar para atender toda a demanda. Foi destacada a falta

de profissionais, de material e a estrutura física inadequada para o trabalho. As

sugestões foram no sentido de suprir as dificuldades e melhorar o apoio técnico

administrativo.

Page 63: Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão e ...

63

O Cuidado Odontológico estava disponível em todas as UBS amostradas,

atendendo entre 10 a 12 pessoas por turno, com a participação de auxiliares de

consultório dentário, que além de auxiliar o odontólogo eram responsáveis pela

marcação de consultas, organização do arquivo e esterilização dos instrumentais. As

dificuldades destacadas foram a falta ou insuficiência de material e manutenção dos

equipamentos e material educativo para trabalhar com público escolar e comunidade. A

principal sugestão foi a de melhorar a manutenção dos equipamentos e regularizar o

fornecimento de material.

As Ações Programáticas foram referidas principalmente para as atividades

prioritárias da atenção básica, principalmente doenças crônicas, infecciosas, saúde da

mulher (pré-natal, planejamento familiar e prevenção câncer) e imunizações, com

periodicidade variável entre as UBS. Houve uma forte vinculação das ações

programáticas com a garantia da distribuição de medicamentos. A dificuldade maior era

a de insumos e espaço físico. A experiência inovadora da UBS Cohabinal foi a de

convidar a comunidade para participar de café da manhã com a equipe, posteriormente a

realização de palestras, caminhada com os grupos de hipertensos e diabéticos para

estimular a atividade física, passeios de ônibus com grupo de idosos às praias da região

e participar da festa junina para promover a integração entre equipe e comunidade. Na

UBS Nova Parnamirim também havia atividades lúdicas e passeios com grupo de

hipertensos e diabéticos.

As Ações Educativas eram desenvolvidas por toda a equipe nas UBS Nova

Parnamirim e Cohabinal ou com um envolvimento maior de parte da equipe, como por

exemplo, a equipe de saúde bucal na UBS Rosa dos Ventos. Estas ações eram

desenvolvidas em grupos através de palestras, álbuns seriados e exibição de fitas de

vídeo na própria UBS ou nas escolas. As dificuldades eram a falta de material

educativo, escovas, medicamentos e de motivação dos profissionais para realizar

palestras. Sugeriram local adequado para as palestras, disponibilizar transporte para a

equipe (Nova Parnamirim), maior aporte de recursos materiais (Rosa dos Ventos) e

descentralizar as ações educativas pois havia uma sobrecarga dos profissionais da

enfermagem e estimular participação da comunidade (Cohabinal). A equipe da UBS

Nova Parnamirim realizava grupo de adolescentes à noite, para viabilizar a participação

de um maior número de pessoas.

Page 64: Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão e ...

64

O Cuidado Domiciliar era realizado apenas pelas equipes das UBS Nova

Parnamirim e Cohabinal, com a participação de todos os membros da equipe. O critério

utilizado era o atendimento para pacientes acamados, com dificuldades de locomoção,

recém-cirurgiados ou puérperas. O enfoque era curativo. A falta de transporte

disponível integralmente na unidade e a falta de material para o atendimento domiciliar

dificultavam o trabalho. Reivindicavam a solução das dificuldades apresentadas.

Nas UBS estudadas não havia Conselho Local de Saúde implantado.

3.4.2.4 Satisfação dos trabalhadores com as condições de trabalho

O estudo adotou uma escala de adequação organizada de 0 a 10, a partir da qual

os trabalhadores das UBS da amostra (n=83) emitiram sua opinião em relação a

algumas variáveis componentes das condições de trabalho e do trabalho em equipe.

A observação das médias alcançadas em relação à satisfação dos trabalhadores

de Parnamirim com cada uma das variáveis estudadas revelou que o maior índice de

satisfação foi referido para o trabalho em equipe e os menores para a estrutura física da

UBS e para reuniões com a coordenação local da unidade.(Tabela 3.17).

Tabela 3.17 - Médias alcançadas em relação à satisfação dos profissionais de saúde em uma escala de 0 a 10 em Parnamirim e no Lote 2 NE. Estudo de Linha de Base,

PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Satisfação com: Parnamirim Lote 2 NE

Trabalho em equipe 6,4 7,0

Reuniões de equipe 5,1 7,0

Preenchimento de formulários e relatórios 6,3 7,0

Demanda para atendimento individual a domicílio 5,2 7,0

Demanda para atendimento individual na unidade 5,4 6,0

Reuniões com a coordenação local da unidade 3,5 6,0

Reuniões com a comunidade 4,6 5,0

Estrutura física da unidade 3,7 5,0

Page 65: Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão e ...

65

3.5 Dimensão Desempenho do Sistema de Saúde

3.5.1 Desempenho do Município de Parnamirim

3.5.1.2 Indicadores Selecionados e Pacto da Atenção Básica à Saúde

As informações apresentadas abaixo (Tabela 3.18) se referem ao município de

Parnamirim, ao Estado do Rio Grande do Norte e ao Brasil. Os indicadores de

desempenho do sistema de saúde apontaram que Parnamirim teve índice semelhante ao

do Estado e superior ao do País quanto às consultas médicas básicas/habitante/ano;

índice próximo de ambos quanto à proporção de recém-nascidos com quatro ou mais

consultas pré-natal; e índice semelhante ao do estado e inferior ao do país quanto à

proporção de baixo peso ao nascer. Também em relação ao RN e ao Brasil, o índice de

mortalidade infantil era menor, mas a proporção de partos por cesariana era superior

àquela observada em ambos (Tabela 3.18).

Tabela 3.18 - Indicadores de desempenho do sistema de saúde para Parnamirim, Rio Grande do Norte e Brasil. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2

NE 2005.

Indicadores Parnamirim RN Brasil

Consultas médicas básicas/ hab/ ano 2,0 2,3 1,4

% RN com 4 ou + consultas Pré-Natal 82,8 83,8 83,1

% de Baixo peso ao nascer 7,5 7,6 8,1

Mortalidade Infantil/ 1.000 NV 14,5 21,2 19,3

MI Causas evitáveis --* --* --*

% Partos por cesariana 41,2 28,7 38,8

Fonte: Pacto da Atenção Básica 2002 (* Informação não disponível).

a. Crianças

Em Parnamirim não havia informação sobre a proporção de óbitos em menores

de um ano por causas mal definidas, mas no entanto, a taxa de internação por IRA em

menores de cinco anos e a taxa de mortalidade neonatal foram menores do que no

estado e no país (Tabela 3.19).

Page 66: Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão e ...

66

Tabela 3.19 - Indicadores do Pacto da Atenção Básica de 2002 relativos à saúde da criança para Parnamirim, Rio Grande do Norte e Brasil. Estudo de Linha de Base,

PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. Indicadores Parnamirim RN Brasil

Número absoluto de óbitos de < de 1 ano 42 1.127 58.916

% de óbitos em < de 1 ano por causas mal definidas -- 9,2 8,8

Taxa de internação por IRA em < de 5 anos 13,5 19,2 26,4

Cobertura vacinal por tetravalente em < de 1 ano 100 20,4 21,5

Número absoluto de óbitos neonatais 25 741 38.679

Taxa de mortalidade infantil neonatal 8,6 13,9 12,6

Fonte: Pacto da Atenção Básica 2002.

b. Mulheres

Os indicadores do Pacto da Atenção Básica para a saúde da mulher no município

de Parnamirim revelaram menor taxa de mortalidade por câncer de mama e maior razão

entre exames de CP em mulheres de 25 a 59 e a população na faixa etária no município.

A taxa de mortalidade por câncer de colo uterino foi semelhante à observada no RN e

pouco inferior à do Brasil; e a proporção de nascidos vivos de mães com sete ou mais

consultas de pré-natal foi superior à do estado mas inferior à do país (Tabela 3.20).

Tabela 3.20 - Indicadores do Pacto da Atenção Básica de 2002 relativos à saúde da mulher para Parnamirim, Rio Grande do Norte e Brasil. Estudo de Linha de Base,

PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. Indicadores Parnamirim RN Brasil

Taxa de mortalidade materna -- 30,1 52,7

Razão entre exames CP em mulheres de 25 a 59 anos e a população na faixa etária 0,4 0,3 0,2

Taxa de mortalidade em mulheres por câncer de colo de útero 4,2 4,3 4,6

Taxa de mortalidade em mulheres por câncer de mama 4,2 5,6 10,2

% de nascidos vivos com 7 ou mais consultas de pré-natal 46,2 36,4 47,8

Fonte: Pacto da Atenção Básica 2002.

Page 67: Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão e ...

67

c. Adultos e idosos: doenças crônicas

Sem exceção, todos os indicadores do Pacto da Atenção Básica relativos às

doenças crônicas foram favoráveis ao município de Parnamirim quando comparados aos

resultados do estado de Rio Grande do Norte e do Brasil (Tabela 3.21).

Tabela 3.21 - Indicadores do Pacto da Atenção Básica de 2002 relativos a doenças crônicas para Parnamirim, Rio Grande do Norte e Brasil. Estudo de Linha de

Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Indicadores Parnamirim RN Brasil

Taxa de internação por acidente vascular cerebral (AVC) 18,6 26,6 32,7

Taxa de mortalidade por doenças cerebrovasculares 65,6 97,5 137,9

Taxa de internação por insuficiência cardíaca congestiva ( ICC) 17,6 35,6 66,3

% de internação por cetoacidose e coma diabético 4,6 5,5 15,1

% de internação por diabetes mellitus 0,6 1,0 1,3

Taxa de mortalidade por tuberculose 0,7 1,7 3,0

Fonte: Pacto da Atenção Básica 2002.

d. Saúde bucal

Em relação à saúde bucal, a cobertura de primeira consulta odontológica foi

maior em Parnamirim que no estado e no país. Desfavoráveis ao município foram,a

menor razão entre procedimentos odontológicos coletivos e a população de 0 a 14 anos

e a maior proporção de exodontias em relação às ações básicas individuais (Tabela

3.22).

Page 68: Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão e ...

68

Tabela 3.22 - Indicadores do Pacto da Atenção Básica de 2005 relativos à saúde bucal para Parnamirim, Rio Grande do Norte e Brasil. Estudo de Linha de Base,

PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Indicadores Parnamirim RN Brasil

Cobertura de primeira consulta odontológica 36,6 24,3 13,1

Razão entre procedimentos odontológicos coletivos e a população de 0 a 14 anos 0,01 0,03 0,20

% de exodontias em relação às ações básicas individuais 19,5 14,9 8,8

Fonte: Pacto da Atenção Básica 2002.

3.5.2 Desempenho da Atenção Básica à Saúde

3.5.2.1 Perfil da Demanda Atendida nas UBS

a. Idade, sexo e escolaridade da demanda

A demanda estudada era composta predominantemente por mulheres (65%) e

pessoas de cor não branca (63%). A predominância do gênero feminino na utilização

dos serviços se manifestou somente no grupo dos 15 aos 49 anos de idade, sendo que no

grupo das crianças menores de cinco anos esta predominância foi do sexo masculino.

Nas demais faixas etárias não houve diferença importante.

A maior carga de trabalho diário foi com as mulheres de 15 a 49 anos (36%),

enquanto os cuidados das necessidades crônicas e degenerativas mais prevalentes na

população adulta e idosa ocuparam 23% da carga de trabalho e os cuidados específicos

ao primeiro ano de vida ocuparam 14%.

As crianças menores de um ano constituíram 4% da amostra e as de cinco a 14

anos 10%. As mulheres de 15 a 49 anos de idade eram 36% e os homens nesta faixa

etária representaram 18%. A demanda de 50 anos e mais correspondeu a 23%, sendo

15% de 50 a 64 anos e 8% de 65 anos e mais.

Em relação à escolaridade, 10% dos usuários das UBS estudadas eram

analfabetos, 12% apenas alfabetizados, 21% cursaram o fundamental incompleto, 15%

o fundamental completo e 13% escolaridade média incompleta. As menores proporções

eram de escolaridade média completa (12%) e superior (2%). Da demanda atendida,

15% estava fora da idade escolar.

Page 69: Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão e ...

69

b. Participação dos profissionais no atendimento à demanda

A Tabela 3.23 apresenta a distribuição dos atendimentos à demanda por

profissional de saúde nas três UBS estudadas.

Tabela 3.23 - Participação dos profissionais no atendimento à demanda no município de Parnamirim e no Lote 2 NE. Estudo de Linha de Base, PROESF –

UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Profissional Parnamirim (%) Lote 2 NE (%)

Enfermeiros 8 11

Médicos 34 20

Odontólogos 15 8

Nível Médio 36 29

ACS 7 30

c. Procedimentos realizados no atendimento à demanda

O atendimento básico de enfermagem representou 22% da demanda de

procedimentos, as consultas médicas 33%, os atendimentos por outros profissionais de

nível superior 7%, os procedimentos preventivos em odontologia 15%, as imunizações

16% e as visitas domiciliares 7%.

3.5.2.2 Utilização de Serviços na População de Abrangência da UBS

3.5.2.2.1 Crianças

Condições do parto e peso ao nascer

O nascimento da maioria das crianças (98%; n=53) ocorreu em ambiente

hospitalar, sendo que 39% (n=21) nasceu através de cesariana (Tabela 3.24).

O peso médio dos recém-nascidos de Parnamirim foi de 3.196 gramas e a

proporção de baixo peso ao nascer foi de 9% (Tabela 3.24).

Page 70: Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão e ...

70

Tabela 3.24 - Condições de nascimento das crianças de Parnamirim Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Indicadores Parnamirim

Parto hospitalar (%) 98

Parto cesariana (%) 39

Média de peso ao nascer 3.196 g

Baixo peso ao nascer (%) 9

Puericultura

Em Parnamirim, 87% (n=47) das crianças possuíam cartão para

acompanhamento do peso, e pouco menos da metade (45%, n=24) foi pesada e medida

na UBS de sua área de abrangência. A necessidade de marcar consulta para realizar

puericultura na UBS foi referida por 71% (n=17) das mães de Parnamirim, sendo que a

realização de puericultura em um dia específico da semana foi informada por 79%. A

necessidade de esperar na fila para realizar puericultura foi confirmada por 63% (n=15)

das mães e, quando se questionou sobre haver pesado e medido a criança 12 vezes ou

mais, a proporção foi de 21% (n=11) - (Tabela 3.25).

Este acompanhamento foi realizado em outro local que não a UBS da área de

abrangência para 40% (n=21) das crianças. Os motivos informados para não realizar a

puericultura na UBS de sua área de abrangência foram possuir cobertura por plano de

saúde (17%; n=5), não morar no bairro (45%; n=13), juízo insatisfatório sobre a UBS

(28%; n=8), não achar necessário (7%, n=2) e problema de acesso geográfico (3%, n=1)

- (Tabela 3.25).

A opinião sobre a puericultura foi boa, muito boa ou ótima para 75% (n=18) das

mães que vivenciaram esta situação, as quais atribuíram, a partir de uma escala de zero

a dez, a nota de 8,2 para a UBS de sua área de abrangência (Tabela 3.25).

No momento das entrevistas 26% (n=14) das crianças de Parnamirim estavam

sendo amamentadas (Tabela 3.25).

Page 71: Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão e ...

71

Tabela 3.25 - Características do acompanhamento de puericultura das crianças estudadas em Parnamirim. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2

NE, 2005.

Características Parnamirim

Tem cartão de peso (%) 87

Pesada e medida na UBS da área de abrangência (%) 45

Era preciso marcar consulta para puericultura na UBS (%) 71

Tinha dia específico da semana para puericultura (%) 79

Tinha que esperar na fila para puericultura (%) 63

Puericultura 12 vezes ou mais (%) 21

Puericultura em outro local que não a UBS da área (%) 40

Não realizou puericultura na UBS de sua área por juízo insatisfatório (%)

28

Opinião sobre puericultura foi boa, muito boa ou ótima. (%) 75

Nota de zero a dez para avaliar a UBS 8,2

Crianças amamentadas (%) 26

Imunizações

Na avaliação da cobertura vacinal utilizaram-se informações disponíveis no

cartão da criança e, na sua ausência, informações fornecidas pela mãe ou pelo

responsável. Conforme descrito no item anterior sobre puericultura, 13% das crianças

não possuíam cartão, ocasionando perda de informações a esse respeito. As perdas

também ocorreram quando a mãe não lembrava as vacinas recebidas pela criança. Logo,

a análise das imunizações mostrou cobertura de 85% para as vacinas contra Sarampo e

Hepatite B, 87% para Poliomelite e Difteria, Tétano e Coqueluche (DPT) +

Haemophilus influenzae tipo B + Tetravalente e de 98% para Tuberculose (Tabela

3.14). Houve ocorrência de cobertura inferior a dosagem mínima necessária para uma

criança (2%) no caso de vacina Sabin; para duas (4%) no caso da de Sarampo e também

para duas (4%) no caso da de Hepatite B. Faltaram informações para 11% (n=6)sobre

vacina Sabin, 11% (n=6) sobre Sarampo, 2% (n=1) para BCG, 11%(n=6) para Hepatite

B e 13% (n=7) para DPT+Hib+Tetravalente (Tabela 3.26).

Page 72: Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão e ...

72

Tabela 3.26 - Características do estado vacinal das crianças estudadas em Parnamirim de acordo com o registro do cartão de vacinas. Estudo de Linha de

Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Cobertura vacinal Parnamirim (%)

Sabin 87

Sarampo 85

Tuberculose 98

Hepatite B 85

DTP + Hib + Tetravalente 87

Consulta por Diarréia

A ocorrência de diarréia no último mês entre as crianças entrevistadas em

Parnamirim foi de 32%(n=17). Pouco mais da metade (53%; n=9) destas crianças

consultaram por este motivo, sendo que duas (22%) consultaram a maior parte das vezes

na UBS da área de abrangência. Estas crianças receberam orientações sobre prevenção

de desidratação, sobre reidratação oral e uma destas sobre soro caseiro (Tabela 3.27).

Quando questionadas sobre o motivo ou justificativa para a criança não consultar

por diarréia na UBS da área, três (43%) mães informaram ter levado a criança ao

hospital, uma (14%) disse não poder esperar, outra (14%) justificou a falta de pediatra

na UBS, uma sexta (14%) encontrou o posto fechado e uma última (14%) preferiu ser

atendida por outro médico (Tabela 3.27).

A ocorrência de hospitalização por diarréia no último ano foi informada para

13% (n=1) das crianças que tiveram diarréia (Tabela 3.27).

Page 73: Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão e ...

73

Tabela 3.27 - Prevalência de diarréia no último mês e características das consultas pelo problema das crianças estudadas em Parnamirim. Estudo de Linha de Base,

PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Indicadores Parnamirim (%)

Diarréia no último mês 32

Consultou por diarréia 53

Maioria das consultas na UBS da área 22

Recebeu orientação sobre:

Soro caseiro

Prevenir desidratação

Reidratação oral

Água de arroz

50

100

100

0

Não consultou na UBS da área por estar fechada 14

Hospitalização por diarréia no último ano 20

Consulta por Pneumonia

A ocorrência de pneumonia infantil nos últimos seis meses foi referida por

apenas uma (2%) criança em Parnamirim, tendo consultado em outro local que não a

UBS de sua área geográfica. A mãe justificou ter levado o filho diretamente ao hospital,

não tendo consultado por pneumonia na UBS da área por esta razão (Tabela 3.28).

Não houve ocorrência de hospitalização por pneumonia no último ano (Tabela

3.28).

Tabela 3.28 - Prevalência de pneumonia nos últimos 6 meses e características das consultas pelo problema das crianças estudadas em Parnamirim. Estudo de Linha

de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Indicadores Parnamirim (%)

Pneumonia nos últimos seis meses 2

Consultou por pneumonia 100

Maioria das consultas na UBS da área 0

Hospitalização por pneumonia no último ano 0

Page 74: Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão e ...

74

Consulta por outro motivo

Consulta na UBS da área de abrangência por outro motivo, exceto puericultura,

diarréia e pneumonia, foi referida para 30% (n=16) das crianças estudadas em

Parnamirim (Tabela 3.29).

Das que não consultaram por outros motivos na UBS da área, metade (50%) das

mães alegaram não achar necessário, 26% (n=10) por problema de acesso geográfico,

16% (n=6) por possuir plano/convênio ou particular e 8% devido à avaliação

insatisfatória do serviço (Tabela 3.29).

Tabela 3.29 - Características das consultas por outros motivos além de diarréia e pneumonia das crianças estudadas em Parnamirim. Estudo de Linha de Base,

PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Indicadores Parnamirim (%)

Consultou na UBS da área por outros motivos 30

Não consultou na UBS da área por juízo insatisfatório 8

Saúde bucal

Na amostra de Parnamirim, a avaliação em saúde bucal apontou que no grupo

de crianças 89% (n=47) das mães afirmaram realizar limpeza dos dentes de seus filhos

(Tabela 3.30).

As mães afirmaram que iniciaram a higiene bucal de seus filhos em média aos

10,2 meses de idade (dp=6,1) em Parnamirim, sendo que em média a limpeza era

realizada 2,2 vezes ao dia (Tabela 3.30).

A limpeza dos dentes com escovinha foi referida por 100% (n=47) das mães e

2% realizavam limpeza com outros recursos (como fralda, paninho e/ou dedo). A

maioria afirmava fazer a higiene bucal de seus filhos utilizando pasta de dentes (94%;

n=44) - (Tabela 3.30).

Pouco menos da metade da amostra (51%; n=27) afirmou já ter recebido

informação sobre a importância de limpar ou escovar os dentes de seus filhos. Do grupo

que recebeu informação, a maioria (46%, n=10) afirmou tê-la recebido do dentista da

UBS; 17% (n=4) por outros profissionais da UBS; apenas um (5%) através dos amigo;

9% (n=2) através do rádio e/ou TV, da família, de dentista privado, e da escola; e 39%

Page 75: Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão e ...

75

(n=9) por outra forma. Nenhum entrevistado referiu ter recebido orientação de ACS

(Tabela 3.30).

Sobre o uso de chupeta, 26% (n=14) das crianças de Parnamirim ainda faziam

uso desta e 55% (n=29) tomavam mamadeira à noite, sendo que destas 69% (n=20)

eram adoçadas. Já haviam batido e / ou quebrado algum dente, 23% das crianças (n=12)

- (Tabela 3.30).

Tabela 3.30 - Características de saúde bucal das crianças estudadas em Parnamirim. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPEL, Lote 2 NE 2005.

Indicadores Parnamirim

Realiza limpeza dos dentes (%) 77

Idade média de início da limpeza de dentes 12,5 meses

Escova 3 vezes ou mais ao dia (%) 39

Utilização de escova na higiene bucal (%) 95

Utilização de pasta de dentes na higiene bucal (%) 90

Recebeu alguma informação sobre importância de escovar / limpar os dentes do filho (%) 42

Recebeu orientação do dentista da UBS de abrangência (%) 36

Criança usa chupeta (%) 32

Criança toma mamadeira à noite (%)

Mamadeira era adoçada (%) 47

96

Criança já bateu / quebrou algum dente (%) 34

3.5.2.2.2 Mulheres

Pré-natal

A proporção de mulheres estudadas que fizeram alguma consulta de pré-natal,

na última gravidez foi de 100% (n=52). Em média, iniciaram o pré-natal do último filho

na 10ª semana de gestação, e em menos da metade dos casos (35%; n=18) o pré-natal

foi feito na UBS da área de abrangência (Tabela 3.31).

Page 76: Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão e ...

76

Dentre as mulheres que fizeram o pré-natal fora da área da UBS, 39% (n=12)

referiu como motivo a insatisfação com a UBS da área, 26% (n=8) possuía

plano/convênio/particular, outros 26% (n=8) não morava no bairro/cidade, 6% (n=2)

tinha problema de acesso geográfico e 3% (n=1) por gestação de risco (Tabela 3.31).

Durante o pré-natal, a vacina contra o tétano deixou de ser aplicada em 31%

(n=5) das mulheres que efetivamente necessitavam e foi realizada desnecessariamente

em 47% (n=18) - (Tabela 3.31).

Mais de metade (56%, n=10) das entrevistadas que realizaram o pré-natal na

UBS da área de abrangência expressaram opinião positiva sobre o programa (Tabela

3.31).

Tabela 3.31 - Características do pré-natal das mulheres estudadas em Parnamirim. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Indicadores Parnamirim

Fez pré-natal na última gravidez (%) 100

Início do pré-natal (semana) 10ª. semana

Fez pré-natal na UBS da área (%) 35

Não fez pré-natal na área por juízo insatisfatório (%) 39

Deixou de fazer vacina antitetânica (%) 31

Fez antitetânica desnecessariamente (%) 47

Teve opinião positiva sobre o pré-natal (%) 56

Aleitamento materno

A informação sobre a importância de iniciar a amamentação na 1ª hora de vida

da criança alcançou 58% (n=11) das mulheres entrevistadas em Parnamirim. A escuta

das preocupações ou problemas com a amamentação e a orientação sobre dificuldades e

problemas com a amamentação foi referida por 44% (n=8) das mulheres, e 21%

mencionou ter recebido apoio ou suporte para amamentar imediatamente após o parto.

Outros dados referentes às orientações sobre aleitamento materno podem ser observadas

na Tabela 3.32.

Page 77: Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão e ...

77

Tabela 3.32 - Orientações sobre aleitamento fornecidas no pré-natal realizado na Unidade Básica de Saúde da área de abrangência. Estudo de Linha de Base,

PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Orientação sobre o Aleitamento Materno Parnamirim (%)

Importância de amamentar na 1ª hora de vida 58

Vantagens da amamentação 47

Hábitos de amamentação 37

Importância de estimular a criança a sugar 47

Importância da continuidade da amamentação 53

Preocupações sobre amamentação ouvidas 44

Prejuízo da mamadeira 42

Prejuízo do bico/ chupeta 42

Orientação sobre dificuldades para amamentar 42

Orientações sobre posições para o aleitamento 37

Orientações sobre extração do leite 42

Apoio para amamentar por grupo pré-natal 11

Apoio para amamentar por grupo após o parto 21

Planejamento familiar

A utilização de algum método anticoncepcional foi referida por 85% (n=44) das

mulheres da amostra. O uso de anticoncepcional oral foi de 39% (n=17), 30% (n=13)

referiram o uso de preservativo como método de anticoncepção, enquanto 25% (n=11)

se submeteram à laqueadura tubária e nenhuma utilizava DIU.A obtenção de

anticoncepcional oral na UBS da área de abrangência foi referida por 20% (n=4) das

mulheres, enquanto a necessidade de comprá-lo foi mencionada por 75% (n=15) -

(Tabela 3.33).

Page 78: Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão e ...

78

Tabela 3.33 - Utilização de métodos anticoncepcionais pelas mulheres estudadas em Parnamirim. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Indicadores Parnamirim (%)

Utiliza algum método anticonceptivo 85

Utiliza ACO 39

Utiliza preservativo 30

Fez laqueadura tubária 25

Utiliza DIU 0

Obtém ACO na UBS da área 20

Precisa comprar ACO 75

Atendimento ginecológico

No último ano, apenas 25% (n=13) das mulheres entrevistadas realizou consulta

ginecológica na UBS da área de abrangência. A opinião sobre o atendimento

ginecológico na UBS foi positiva para 58% (n=7) das entrevistadas (Bom = 42%, n=5;

Muito Bom = 8%, n=1; Ótimo = 8%, n=1), sendo que ao se questionar sobre esta

avaliação em uma escala de 0 a 10, a resposta atingiu o valor médio de 6,5. Sobre o

tempo de espera para atendimento ginecológico, 31% das entrevistadas informaram

conseguir a consulta no mesmo dia, 54% para outro dia na mesma semana e 15%

tiveram que esperar mais de uma semana (Tabela 3.34).

Tabela 3.34 - Características da consulta ginecológica no último ano das mulheres estudadas em Parnamirim. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2

NE, 2005.

Indicadores Parnamirim

Consulta ginecológica na UBS da área no último ano (%) 25

Opinião positiva sobre atendimento (%) 58

Nota para atendimento 6,5

Consegue consulta para mesmo dia (%) 31

Consegue consulta para outro dia na mesma semana (%) 54

Page 79: Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão e ...

79

Prevenção do câncer ginecológico

O conhecimento sobre o exame para prevenção do câncer de colo uterino

alcançou 98% (n=51) das mulheres, sendo que 90% (n=46) já o realizou alguma vez na

vida. Apenas 10% (n=5) já haviam realizado exame de mamografia (Tabela 3.35).

Tabela 3.35 - Prevenção do câncer de colo uterino nas mulheres estudadas em Parnamirim. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Indicadores Parnamirim (%)

Conhece exame pré-câncer 98

Já fez pelo menos um exame pré-câncer 90

Já fez pelo menos uma mamografia 10

Utilização da UBS da área por outros motivos

Entre as mulheres entrevistadas no município 12% (n=6) consultou na UBS por

outros motivos. Dentre as que não consultaram na UBS da área, a maioria (85%, n=39)

referiu não necessitar da consulta (Tabela 3.36).

Tabela 3.36 - Consultas por outros motivos além do ginecológico das mulheres estudadas em Parnamirim. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2

NE, 2005.

Indicadores Parnamirim (%)

Consultou por outros motivos 12

Não consultou na UBS da área por não necessitar 85

Saúde bucal

Na amostra de Parnamirim, a avaliação em saúde bucal apontou que no grupo

de mulheres, 98% (n=51) afirmou realizar limpeza dos dentes. Destas, 65% (n=33)

afirmou escovar três vezes ou mais ao dia e 35% (n=18) duas vezes ao dia (Tabela

3.37).

Page 80: Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão e ...

80

Todas (n=52) as entrevistadas faziam limpeza com escova e pasta de dentes,

sendo que a utilização de palito e/ou fio dental para auxiliar a higiene foi referida por

83% (n=43) - (Tabela 3.37).

Apenas 35% (n=18) das mulheres estudadas informou ter recebido orientação

em saúde bucal no último ano. Destas, menos de um terço (28%; n=5) recebeu

orientação do dentista da UBS, 22% (n=4) de dentista privado, apenas uma (6%) de

outro profissional da UBS, outra (6%) de ACS e 22% (n=4) de outra fonte. Televisão e

rádio também foram fontes de informação para 28% (n=5) das mulheres. Nenhuma das

entrevistadas no município recebeu orientação de familiares, amigos e escola (Tabela

3.37).

No último ano, 42% (n=22) fez revisão dos dentes, 33% (n=17) tiveram dor de

dentes, 33% (n=17) fizeram tratamento para cárie, 17% (n=9) bateram ou quebraram

algum dente e 8% (n=4) tiveram problemas na gengiva. Problemas dentários impediram

apenas uma (2%) das mulheres de ir ao trabalho (Tabela 3.37).

O atendimento por dentista nos últimos doze meses entre as mulheres de foi de

48% (n=25). Dentre estas, 54% (n=13) foram atendidas em Posto de Saúde e 46%

(n=11) em serviços privados. Quanto ao grau de satisfação com o atendimento prestado,

os dentistas obtiveram uma nota média de 8,6. Da amostra 75% (n=18) disse ter tido seu

problema resolvido, sendo que três (13%) precisaram ser encaminhadas a serviços

especializados, mas nenhuma conseguiu atendimento (Tabela 3.37).

Em Parnamirim, 81% (n=42) das mulheres já haviam realizado pelo menos uma

extração de dente, sendo que 17% (n=7) extraiu apenas um dente, 83% (n=35) já extraiu

mais de um dente e nenhuma extraiu todos os dentes (Tabela 3.37).

O uso de prótese foi referido por 15% (n=8) das mulheres. Um quarto (25%;

n=2) destas foi feita há menos de um ano; 38% (n =3) entre um e cinco anos e 38%

(n=3) há mais de cinco anos (Tabela 3.37).

Com dificuldade para mastigar foram encontradas 19% (n=10) e a ocorrência

atual ou passada de ferida na boca foi mencionada por 10% (n=5). O tempo de duração

da ferida foi em média de 1,5 meses, e apenas uma (25%) referiu continuar com a ferida

na boca (Tabela 3.37).

Durante a última gestação nos dois anos anteriores à entrevista, 26% (n=13) das

mulheres receberam orientação sobre saúde bucal. Dentre estas mães, 31% (n=4)

afirmaram ter recebido orientações do dentista da UBS, 8% (n=1) de dentista da rede

privada, 23% receberam orientações de outros profissionais da UBS e a maioria (46%;

Page 81: Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão e ...

81

n=6) de outras fontes. Agentes Comunitários de Saúde, amigos, familiares, rádio e/ou

televisão e escola não foram referidos como fonte de informação em saúde bucal por

nenhuma entrevistada (Tabela 3.37).

Tabela 3.37 - Características de saúde bucal das mulheres estudadas em Parnamirim. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPEL, Lote 2 NE, 2005.

Indicadores Parnamirim (%)

Realiza limpeza dos dentes 98

Escova 3 vezes ou mais ao dia 65

Utilização de escova e pasta de dentes na higiene bucal 100

Utilização de palito e / ou fio dental na higiene bucal 83

Recebeu alguma orientação em saúde bucal no último ano 35

Recebeu orientação do dentista da UBS de abrangência 28

Fez revisão dos dentes no último ano 42

Teve dor de dente no último ano 33

Bateu / quebrou algum dente no último ano 17

Teve problemas de gengiva no último ano 8

Foi atendido por dentista no último ano

No Posto de Saúde

Em serviço Privado

48

54

46

Já extraiu pelo menos um dente 81

Usa prótese 15

Recebeu orientação sobre saúde bucal durante gestação 26

3.5.2.2.3 Adultos

Atividade física

A recomendação médica para a prática de exercícios físicos em alguma consulta

alcançou 22% (n=11) da amostra de adultos do município e, esta mesma recomendação

na última consulta foi referida por 16% (n=8) - (Tabela 3.38).

Page 82: Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão e ...

82

Tabela 3.38 - Atividade física dos adultos estudados em Parnamirim. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Indicadores Parnamirim (%)

Recomendação médica da UBS para a prática de exercícios físicos 22

Recomendação médica da UBS para a prática de exercícios físicos na última consulta 16

Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS)

O diagnóstico de HAS foi informado por 23% (n=12) dos adultos, com duração

média conhecida do problema de 4,4 anos. Nos últimos seis meses, 33% (n=4) das

pessoas havia consultado na UBS da área por HAS, sendo que cada adulto com HAS

referida realizou 2,0 consultas. As consultas foram agendadas em 50% (n=2) das

situações e o tempo decorrido desde a última consulta por HAS foi de 67,5 dias (Tabela

3.39).

Em termos terapêuticos, 92% (n=11) dos hipertensos entrevistados em

Parnamirim utilizavam medicamentos. Pouco menos da metade (33%; n=4) informou

utilizar outras formas de tratamento além daquelas preconizadas pelo médico e apenas

dois (17%) informaram ter participado de atividades de grupos para hipertensos na UBS

da área. Dois (17%) entrevistados referiram hospitalização por HAS nos últimos dois

anos (Tabela 3.39).

Page 83: Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão e ...

83

Tabela 3.39 - Hipertensão Arterial Sistêmica nos adultos estudados em Parnamirim. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Indicadores Parnamirim

Prevalência de HAS (%) 23

Tempo médio de diagnóstico (anos) 4,4

Consulta por HAS na UBS da área (%) 33

Consulta agendada (%) 50

Agendamento para o mesmo dia (%) 50

Agendamento para outro dia na mesma semana (%) 25

Agendamento para mais de uma semana (%) 25

Tempo desde a última consulta (dias) 67,5

Precisa usar medicamentos para HAS (%) 92

Outras formas de tratamento (%) 33

Participação em grupos de HAS (%) 17

Hospitalização por HAS nos últimos dois anos (%) 17

Diabete Mellitus (DM)

O diagnóstico de Diabete foi informado por .6% (n=3) dos adultos e o tempo de

conhecimento do diagnóstico foi em média 1 ano. A proporção de adultos que

consultavam por diabete na UBS da área foi de 67% (n=2), precisando ser agendada em

todos os casos (Tabela 3.40).

O uso de medicação para o tratamento da doença foi referido por 67% (n=2) dos

entrevistados e 33% (n=1) afirmou utilizar outras formas de tratamento, além daquelas

preconizadas pelo médico. Nenhum dos entrevistados informou participar em atividades

de grupo na UBS da área. Nos últimos dois anos, nenhum entrevistado afirmou ter sido

internado por DM (Tabela 3.40).

Page 84: Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão e ...

84

Tabela 3.40 - Diabetes Melitus nos adultos estudados em Parnamirim. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Indicadores Parnamirim

Prevalência de diabetes (%) 6

Tempo médio de diagnóstico (anos) 1,0

Consulta por diabetes na UBS da área (%) 67

Consulta agendada (%) 100

Agendamento para o mesmo dia (%) 50

Agendamento para outro dia na mesma semana (%) 50

Agendamento para mais de uma semana (%) 0

Tempo desde a última consulta (dias) 60,0

Precisa usar medicamentos para diabetes (%) 67

Outras formas de tratamento (%) 33

Participação em grupos de diabetes (%) 0

Hospitalização por diabetes nos últimos dois anos (%) 0

Consulta por problemas psíquicos

“Problema de nervos” foi referido por 15% (n=8) dos adultos e a média de

duração deste sofrimento foi de 14,6 anos. Apenas um dos adultos (13%) com problema

de nervos consultou na UBS da área nos últimos seis meses. O tempo decorrido desde a

última consulta para problemas psíquicos foi em média de 60 dias (Tabela 3.41).

Metade (50%; n=4) daqueles que informaram problemas psíquicos afirmou a

necessidade de usar medicamento, sendo que outras formas de tratamento, além da

orientada pelo médico, também foram adotadas por 50% (n=4) - (Tabela 3.41).

Nenhum dos entrevistados participou de atividades de grupo na UBS para

portadores deste tipo de sofrimento. A hospitalização por problemas psíquicos nos

últimos dois anos não foi referida pelos entrevistados no município (Tabela 3.41).

Page 85: Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão e ...

85

Tabela 3.41 - Problemas de nervos nos adultos estudados em Parnamirim. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Indicadores Parnamirim

Prevalência de problema de nervos (%) 15

Tempo médio de diagnóstico (anos) 14,6

Consulta por problema de nervos na UBS da área (%) 13

Consulta agendada (%) 0

Agendamento para o mesmo dia (%) 100

Agendamento para outro dia na mesma semana (%) 0

Agendamento para mais de uma semana (%0 0

Tempo desde a última consulta (dias) 60,0

Precisa usar medicamentos para problema de nervos (%) 50

Outras formas de tratamento (%) 50

Participação em grupos (%) 0

Hospitalização por problema de nervos nos últimos dois anos (%) 0

Saúde da Mulher

Na amostra de adultos estudados em Parnamirim, 50% (n=27) eram mulheres,

com idade média de 46,7 anos. Destas mulheres, seis (22%) haviam consultado no

último ano para problemas ginecológicos e nos últimos três meses, 19% (n=5) consultou

na UBS da área por outro motivo (Tabela 3.42).

Foi referida história familiar de câncer de mama em uma (4%) mãe e uma irmã

(4%) das mulheres entrevistadas no município. Das mulheres atendidas por problemas

ginecológicos, apenas uma (17%) referiu ter suas mamas examinadas na última

consulta. Do total, 42% (n=11) das mulheres estudadas no município realizaram pelo

menos uma mamografia (Tabela 3.42).

A maioria (89%, n=24) das mulheres conhecia o exame para prevenção do

câncer de colo uterino e 92% (n=22) destas informaram já haver realizado o exame

alguma vez (93% no Lote) - (Tabela 3.42).

Page 86: Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão e ...

86

Tabela 3.42 - Prevenção do câncer de colo uterino nas mulheres da amostra de adultos de Parnamirim. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE,

2005.

Indicadores Parnamirim (%)

Conhece exame pré-câncer 89

Já fez pelo menos um exame pré-câncer 92

Já fez pelo menos uma mamografia 42

Opinião sobre o atendimento na UBS

Na opinião dos adultos, em uma escala de zero a dez, a qualidade do

atendimento na UBS da área foi avaliada em 4,0.

Saúde Bucal

Na amostra de adultos todos (100%; n=54) afirmaram realizar limpeza dos

dentes. Destes, 43% (n=22) informaram escovar os dentes três vezes ou mais ao dia,

47% (n=24) duas vezes ao dia e 10% (n=5) uma vez ao dia. Todos (n=54) realizavam a

limpeza com escova e pasta de dentes e 70% (n=38) referiram a utilização de palito e/

ou fio dental para auxiliar a higiene (Tabela 3.43).

A referência de orientação em saúde bucal no último ano foi de 39% (n=21).

Entre estes, 33% (n=7) respondeu ter recebido a orinetação do dentista da UBS; 29%

(n=6) através de televisão e rádio, outros 29% (n=6) de dentista privado, 10% (n=2)

pela escola e, outras formas de orientação foram fonte para 10% (n=2). Nenhum dos

entrevistados no município recebeu orientação de familiares, outro profissionais da

UBS, de ACS e de amigos (Tabela 3.43).

No último ano, 33% (n=18) dos adultos de fizeram revisão dos dentes, 11%

(n=6) tiveram dor de dentes, 26% (n=14) fizeram tratamento para cárie, 2% (n=1)

bateram ou quebraram algum dente e 20% (n=11) tiveram problemas na gengiva.

Problemas dentários impediram 2% (n=1) dos adultos de ir ao trabalho (Tabela 3.43).

Nos últimos doze meses, menos da metade (41%; n=22) dos adultos foram

atendidos por dentista, dentre os quais 32% (n=7) foram atendidos em Posto de Saúde e

68% (n=15) em serviços privados. Quanto ao grau de satisfação com o atendimento

prestado, os dentistas obtiveram uma nota média de 9,0. Ainda 91% (n=20) da amostra

Page 87: Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão e ...

87

disse ter tido seu problema resolvido, e apenas dois (10%) entrevistados referiram

necessidade de encaminhamento a serviços especializados, sendo que nenhum

conseguiu este serviço (Tabela 3.43).

Todos os adultos já haviam realizado pelo menos uma extração de dente. Destes,

4% (n=2) extraiu apenas um dente, 89% (n=48) já havia extraído mais de um dente e

7% (n=4) todos os dentes (Tabela 3.43).

O uso de prótese foi referido por 54% (n=29), as quais 10% (n=3) foram feitas

há menos de um ano; 52% (n=15) entre um e cinco anos e 35% (n=10) há mais de cinco

anos. Apenas um (3%) adulto referiu não se lembrar há quanto tempo usava prótese

(Tabela 3.43).

Com dificuldade para mastigar foram encontrados 19% (n=10) dos adultos e a

ocorrência atual ou passada de ferida na boca foi mencionada por 13% (n=10), com

tempo de duração médio de 3 meses. Dois (29%) ainda estavam com a ferida na boca

(Tabela 3.43).

Tabela 3.43 - Características de saúde bucal dos adultos estudados em Parnamirim. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPEL, Lote 2 NE, 2005.

Indicadores Parnamirim (%)

Realiza limpeza dos dentes 100

Escova 3 vezes ou mais ao dia 43

Utilização de escova e pasta de dentes na higiene bucal 100

Utilização de palito e / ou fio dental na higiene bucal 70

Recebeu alguma orientação em saúde bucal no último ano 39

Recebeu orientação do dentista da UBS de abrangência 33

Fez revisão dos dentes no último ano 33

Teve dor de dente no último ano 11

Bateu / quebrou algum dente no último ano 2

Teve problemas de gengiva no último ano 20

Foi atendido por dentista no último ano

No Posto de Saúde

Em serviço Privado

41

32

68

Já extraiu pelo menos um dente 100

Usa prótese 54

Page 88: Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão e ...

88

3.5.2.2.4 Idosos

Atividade física

A recomendação médica para a prática de exercícios físicos em alguma consulta

foi informada por 47% (n=21) dos idosos, tendo esta mesma recomendação ocorrido na

última consulta para 43% (n=20) - (Tabela 3.44).

Tabela 3.44 - Atividade física dos idosos estudados em Parnamirim. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Indicadores Parnamirim (%)

Recomendação médica da UBS para a prática de exercícios físicos 47

Recomendação médica da UBS para a prática de exercícios físicos na última consulta 43

Hipertensão Arterial Sistêmica

A prevalência de Hipertensão Arterial Sistêmica entre os idosos entrevistados

em Parnamirim foi de 63% (n=34), e o tempo médio que os idosos sabiam de sua

hipertensão foi de 11,9 anos (Tabela 3.45).

A consulta por hipertensão na UBS da área de abrangência foi referida por 21%

(n=7), sendo que 57% (n=4) necessitou agendar a consulta. A consulta aconteceu no

mesmo dia para 43% (n=3) dos idosos portadores desta condição, para 29% (n=2) na

mesma semana e os demais (28%, n=2) precisaram esperar mais de uma semana. O

tempo médio que decorreu da última consulta até a data da entrevista foi de 60,2 dias

(Tabela 3.45).

O uso de medicamentos para o controle da pressão arterial foi referido por 100%

(n=34) dos hipertensos idosos e outras formas de tratamento, além daquelas indicadas

pelo médico, foram adotadas por 21% (n=7). A participação em atividades de grupo

dedicadas aos hipertensos na UBS foi informada por 15% (n=5) desta amostra,

enquanto a hospitalização por hipertensão ocorreu em 18% (n=6) dos casos (Tabela

3.45).

Page 89: Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão e ...

89

Tabela 3.45 - Hipertensão Arterial Sistêmica nos idosos estudados em Parnamirim. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Indicadores Parnamirim

Prevalência de HAS (%) 63

Tempo médio de diagnóstico (anos) 11,9

Consulta por HAS na UBS da área (%) 21

Consulta agendada (%) 57

Agendamento para o mesmo dia (%) 43

Agendamento para outro dia na mesma semana (%) 29

Agendamento para mais de uma semana (%) 28

Tempo desde a última consulta (dias) 60,2

Precisa usar medicamentos para HAS (%) 100

Outras formas de tratamento (%) 21

Participação em grupos de HAS (%) 15

Hospitalização por HAS nos últimos dois anos (%) 18

Diabetes Mellitus

O diagnóstico de diabete foi informado por 16% (n=8) dos idosos entrevistados

em Parnamirim e o tempo médio de conhecimento do diagnóstico foi de 8,3 anos.

Apenas um (13%) idoso consultou por diabete na UBS da área, mediante agendamento

para a mesma semana. O tempo médio decorrente desde a última consulta não foi

informado pelo entrevistado (Tabela 3.46).

A necessidade de usar medicação para a doença foi informada por todos (n=8) os

idosos diabéticos do município, ao contrário do uso de outras formas para o tratamento

além das indicadas pelo médico, em que nenhum entrevistado informou este fato

(Tabela 3.46).

Também não houve participação em atividade de grupo dirigida aos diabéticos e

somente um (13%) idoso referiu hospitalização por diabete nos últimos dois anos

(Tabela 3.46).

Page 90: Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão e ...

90

Tabela 3.46 - Diabetes Mellitus nos idosos estudados em Parnamirim E. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Variáveis Parnamirim

Prevalência de diabetes (%) 16

Tempo médio de diagnóstico (anos) 8,3

Consulta por diabetes na UBS da área (%) 13

Consulta agendada (%) 100

Agendamento para o mesmo dia (%) 0

Agendamento para outro dia na mesma semana (%) 100

Agendamento para mais de uma semana (%) 0

Tempo desde a última consulta (dias) --

Precisa usar medicamentos para diabetes (%) 100

Outras formas de tratamento (%) 0

Participação em grupos de diabetes (%) 0

Hospitalização por diabetes nos últimos dois anos 13

Problemas Psíquicos

A proporção de idosos que referiram problemas de nervos foi de 16% (n=8) e o

tempo médio que sabiam deste problema foi de 10,4 anos. Nenhuma consulta por este

motivo foi realizada na UBS da área (Tabela 3.47).

O uso de medicamentos para problema de nervos foi referido por 63% (n=5), e

outras formas de tratamento além da indicada pelo médico foram adotadas por 25%

(n=2) dos idosos. Não houve participação dos idosos em atividades de grupo para

portador de sofrimento psíquico (PSP) na UBS da área, também não ocorrendo

hospitalização nos últimos dois anos (Tabela 3.47).

Page 91: Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão e ...

91

Tabela 3.47 - Problemas de nervos nos idosos estudados em Parnamirim. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Indicadores Parnamirim

Prevalência de problema de nervos (%) 16

Tempo médio de diagnóstico (anos) 10,4

Consulta por problema de nervos na UBS da área (%) 0

Consulta agendada (%) --

Agendamento para o mesmo dia (%) --

Agendamento para outro dia na mesma semana (%) --

Agendamento para mais de uma semana (%) --

Tempo desde a última consulta (dias) --

Precisa usar medicamentos para problema de nervos (%) 63

Outras formas de tratamento (%) 25

Participação em grupos (%) 0

Hospitalização por problema de nervos nos últimos dois anos (%) 0

Cuidado domiciliar

A necessidade de cuidado domiciliar nos últimos três meses foi informada por

11% (n=6) dos idosos amostrados no município. Utilizando uma escala de zero a dez, a

satisfação média com o atendimento foi 10,0. Dos idosos, 25% (n=13) informaram

necessitar de cuidados domiciliares com regularidade (Tabela 3.48).

Tabela 3.48 - Necessidades de cuidado domiciliar dos idosos estudados em Parnamirim. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Indicadores Parnamirim

Cuidado domiciliar nos últimos três meses (%) 11

Necessidade de cuidado domiciliar com regularidade (%) 25

Satisfação com cuidado recebido (0 a 10) 10,0

Page 92: Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão e ...

92

Saúde Bucal

Em Parnamirim, 83% (n=45) dos idosos afirmaram realizar limpeza dos dentes.

Destes, 27% (n=12) afirmou escovar os dentes três vezes ou mais ao dia, 48% (n=21)

duas vezes ao dia e 25% (n=11) uma vez ao dia (Tabela 3.49).

A maioria (84%, n=38) fazia a limpeza com escova e pasta de dentes e 27%

(n=13) usava palito e / ou fio dental para auxiliar a higiene (Tabela 3.49).

Apenas 7% (n=4) referiu ter recebido orientação em saúde bucal no último ano.

As únicas fontes de informação sobre saúde bucal foram dentista privado 50% (n=20) e

programa de rádio 50% (n=2) - (Tabela 3.49).

No último ano 7% (n=4) fez revisão dos dentes, 6% (n=3) teve dor de dente, dois

(4%) fizeram tratamento para cárie, nenhum bateu ou quebrou algum dente e 11% (n=6)

teve problemas na gengiva. Problemas dentários não impediram os idosos de ir ao

trabalho e de cumprir com atividades sociais e / ou de lazer (Tabela 3.49).

Nos últimos doze meses, a proporção de atendimento de idosos por dentista foi

de 15% (n=8). Dentre estes, 43% (n=3) foram atendidos em Posto de Saúde e 57%

(n=4) em serviços privados. Quanto ao grau de satisfação com o atendimento prestado,

os dentistas obtiveram uma nota média de 8,4. A maioria (86%, n=6) disse ter tido seu

problema resolvido e dois (29%) entrevistados precisaram ser encaminhados à serviços

especializados, mas somente um conseguiu o atendimento (Tabela 3.49).

Do município, todos (n=54) idosos já haviam realizado pelo menos uma

extração de dente. Destes, 39% (n=21) havia extraído mais de um dente e 61% (n=33) já

extraído todos os dentes (Tabela 3.49).

O uso de prótese foi referido por 52% (n=28) sendo que 15% (n=4) foram feitas

há menos de um ano; 33% (n=9) entre um e cinco anos e 48% (n=13) há mais de cinco

anos. Apenas um (4%) idoso afirmou não lembrar a quanto tempo tinha prótese (Tabela

3.49).

Com dificuldade para mastigar foram encontrados 35% (n=19) dos idosos. A

ocorrência atual ou passada de ferida na boca foi mencionada por 13% (n=7) e o tempo

de duração da ferida foi em média de 61,3 meses (Tabela 3.49).

Page 93: Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão e ...

93

Tabela 3.49 - Características de saúde bucal dos idosos estudados em Parnamirim. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPEL, Lote 2 NE, 2005.

Indicadores Parnamirim (%)

Realiza limpeza dos dentes 83

Escova 3 vezes ou mais ao dia 27

Utilização de escova e pasta de dentes na higiene bucal 84

Utilização de palito e / ou fio dental na higiene bucal 27

Recebeu alguma orientação em saúde bucal no último ano 7

Recebeu orientação do dentista da UBS de abrangência 0

Fez revisão dos dentes no último ano 7

Teve dor de dente no último ano 6

Bateu / quebrou algum dente no último ano 0

Teve problemas de gengiva no último ano 11

Foi atendido por dentista no último ano

No Posto de Saúde

Em serviço Privado

15

43

57

Já extraiu pelo menos um dente 100

Usa prótese 52

Page 94: Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão e ...
Page 95: Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão e ...

95

4 AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DA ATENÇÃO BÁSICA À SAÚDE EM

PARNAMIRIM

O Estudo de Linha de Base representa um primeiro tempo na avaliação do

PROESF e foi delineado para avaliar o desempenho da atenção básica à saúde e do PSF

no conjunto do Lote 2 NE e não em cada município. Assim, conforme os pressupostos

metodológicos da epidemiologia, a amostra de três unidades básicas de saúde estudadas

não é suficiente para a comparação do PSF com o modelo tradicional, mas como estudo

de casos possibilita uma boa aproximação do perfil da atenção básica à saúde em

Parnamirim.

A estratégia de organizar os achados do Município nas mesmas categorias do

Relatório Final do PROESF (Facchini et al, 2006) permitiu a comparação com achados

do Lote, Estado e País. A comparação significa apenas uma referência à disposição de

gestores e profissionais de saúde de Parnamirim na identificação de avanços obtidos e

os pontos problemáticos da ABS local.

Em termos socioeconômicos e demográficos a situação de Parnamirim

apresentou comportamento semelhante em relação ao Índice de Desenvolvimento

Humano (IDH 2000), a expectativa de vida e a proporção de menores de 5 anos. A

situação de Parnamirim foi pior que a do Estado do Rio Grande do Norte e do Brasil em

relação a proporção de idosos, sendo melhor em relação a proporção de pobres e de

água encanada. Em relação à proporção de alfabetizados o município ocupou uma

posição intermediária, melhor do que a do Estado, mas ainda pior do que a do País.

Porém, a cobertura de rede de esgoto praticamente inexistente foi o indicador social

mais crítico do município, em relação às médias do Estado e do País, que já eram muito

baixas.

Parnamirim experimentou um crescimento pouco expressivo de sua rede básica

de saúde nos últimos cinco anos. Embora, a expansão das ESF tenha sido um aspecto

relevante, a rede ainda carecia de uma melhor estrutura física, tanto do ponto de vista

Page 96: Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão e ...

96

arquitetônico, quanto de equipamentos e insumos. O trabalho precário alcançou quase

dois terços dos trabalhadores da rede básica e a proporção de profissionais capacitados

nos cursos investigados foi sistematicamente menor do que a média alcançada pelos

demais municípios do Lote 2 NE. A supervisão do trabalho em ABS foi mencionada por

pouco mais da metade dos trabalhadores e ainda assim, com periodicidade muito

espaçada e irregular. Os indicadores de financiamento da atenção básica foram

desfavoráveis ao município, em comparação à média do Lote 2 NE.

O PSF, implantado em 2000, embora relativamente recente, alcançou 74% da

população em 2005, estando entre as mais altas coberturas populacionais do Lote 2

Nordeste e dos grandes centros urbanos do País. Portanto, o PSF se destacou como a

estratégia de reorientação e reorganização da ABS no Município, restando poucos

serviços com o modelo Tradicional. Logo, a cobertura total de PSF poderia ser

alcançada com um esforço relativamente pequeno, adequando Parnamirim ao princípio

de organização padronizada dos serviços públicos, prevenindo a duplicidade de meios

para fins idênticos. Entretanto, a gestão da ABS ainda é problemática no município,

tanto em termos de capacitação profissional, quanto de disponibilidade tecnológica e de

recursos de avaliação e monitoramento das atividades. Assim, o enfrentamento de

questões relativas à melhoria da estrutura física da rede básica, supervisão e educação

permanente dos profissionais de saúde, juntamente com a superação dos desafios da

avaliação e monitoramento da atenção básica, serão fundamentais para a melhoria do

SUS e da saúde da população no município.

O acesso às publicações do MS e o grau de satisfação com o trabalho dos

profissionais entrevistados em Parnamirim eram muito similares ao de seus colegas do

Lote 2 NE.

De modo geral, os indicadores de desempenho do sistema de saúde do Pacto da

Atenção Básica foram melhores em Parnamirim do que no estado do Rio Grande do

Norte e no País. Ainda em relação ao Pacto, o conjunto dos indicadores populacionais

foi favorável a Parnamirim.

O desempenho da ABS local foi similar ao da média dos municípios estudados.

A atenção básica em saúde e particularmente o PSF em Parnamirim

apresentaram um desempenho comparável a média do Lote, mas com um importante

potencial de superação. Seus problemas foram semelhantes ao do conjunto dos

Page 97: Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão e ...

97

municípios avaliados e seus pontos fortes necessitam de consolidação, no sentido de

melhorar os benefícios à população local.

Page 98: Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão e ...

98

Page 99: Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão e ...

99

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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