MONITORIZAÇÃO AGROMETEOROLÓGICA E HIDROLÓGICA

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MONITORIZAÇÃO AGROMETEOROLÓGICA E HIDROLÓGICA 28 de fevereiro de 2018 Ano Hidrológico 2017/2018 Relatório do Grupo de Trabalho de assessoria técnica à Comissão Permanente de Prevenção, Monitorização e Acompanhamento dos Efeitos da Seca

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MONITORIZAÇÃO AGROMETEOROLÓGICA E HIDROLÓGICA

28 de fevereiro de 2018

Ano Hidrológico 2017/2018

Relatório do Grupo de Trabalho de assessoria técnica à

Comissão Permanente de Prevenção, Monitorização e Acompanhamento dos Efeitos da Seca

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Índice 1. Nota Introdutória ............................................................................................................................................................ 3

2. Situação Meteorológica em fevereiro 2018 ................................................................................................................... 5

I. Temperatura do ar em fevereiro 2018 ....................................................................................................................... 5

II. Precipitação em fevereiro 2018 .................................................................................................................................. 7

III. Precipitação no ano hidrológico ................................................................................................................................. 8

IV. Teor de Água no Solo em fevereiro...................................................................................................................... 10

V. Índice de Seca PDSI ................................................................................................................................................... 11

VI. Índice de seca SPI .................................................................................................................................................. 15

VII. Cenários de evolução da Seca .............................................................................................................................. 17

VIII. Previsão mensal do Centro Europeu de Previsão do Tempo a Médio Prazo (ECMWF) ..................................... 17

3. Disponibilidades hídricas armazenadas nas Albufeiras ............................................................................................... 18

4. Águas Subterrâneas....................................................................................................................................................... 25

5. Reservas de Água nas Albufeiras de Aproveitamento Hidroagrícola .......................................................................... 28

6. Agricultura e Pecuária ................................................................................................................................................... 35

7. Outras Informações ....................................................................................................................................................... 39

I. Disponibilidades hídricas .......................................................................................................................................... 39

II. Produção de energia hidroelétrica ........................................................................................................................... 44

a) Índice de Produtibilidade Hidroelétrica e Armazenamento nas Albufeiras ............................................................ 44

b) Produção Hidroelétrica ............................................................................................................................................. 46

c) Evolução comparativa da produção hidroelétrica ................................................................................................... 47

III. Abastecimento por recurso a autotanques dos Corpos de Bombeiros a 28 de fevereiro ...................................... 48

IV. Medidas da CPPMAES .......................................................................................................................................... 49

V. Medidas ao nível da atuação no seio do Grupo de Trabalho .................................................................................. 51

VI. Medidas de mitigação e apoio no setor agrícola ................................................................................................. 52

ANEXOS .................................................................................................................................................................................. 58

Anexo I - Variação da Área Cultivada em relação à campanha anterior (%) - Campanha 2017/2018 ................................ 58

Anexo II - Variação da Produção em relação à campanha anterior (%) - Campanha 2016/2017 e 2017/18 ...................... 58

Anexo III - Aproveitamentos Hidroelétricos por bacia hidrográfica, em Portugal Continental .......................................... 59

Anexo IV - Folheto informativo com orientações ao setor apícola para atuação em situação de carência de alimentação

e de água para as abelhas ...................................................................................................................................................... 63

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1. Nota Introdutória

O presente relatório foi elaborado com o objetivo de assegurar uma Monitorização Agrometeorológica e Hidrológica, para

que fique reunida a informação suficiente para avaliação da situação de seca no país, dotando os decisores políticos de

elementos suficientes para responderem, em tempo útil e com rigor, a essa ocorrência.

Esta monitorização consta da compilação dos parâmetros acompanhados pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera,

I. P. (IPMA), pelo Gabinete de Planeamento, Políticas e Administração Geral (GPP), em ligação com as Direções Regionais

de Agricultura e Pescas (DRAP) e com Instituto Nacional de Estatística (INE), pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e

pela Direção-Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural (DGADR), como se seguem:

Tabela 1: Resumo da monitorização em situação normal

Parâmetro Organismo Periodicidade

Precipitação e Teor de Água no Solo IPMA Mensal

Agricultura de Sequeiro e Pecuária Extensiva GPP/DRAP/INE Mensal

Armazenamento de Água Subterrânea APA Mensal

Armazenamento de água superficial (albufeiras) APA Mensal

Armazenamento nas Albufeiras dos Aproveitamentos Hidroagrícolas

Grupo 2 e algumas do Grupo 3 DGADR Semanal

A presente abordagem está prevista no Plano de Prevenção, Monitorização e Contingência para Situações de Seca,

aprovado pela Comissão Permanente de Prevenção, Monitorização e Acompanhamento dos Efeitos da Seca (CPPMAES),

criada pela Resolução de Conselho de Ministros nº 80/2017, de 7 de junho.

Este diploma criou também um Grupo de Trabalho com o objetivo de assessorar tecnicamente a Comissão, que tem, de

entre outras, a função de:

“Produzir relatórios mensais de monitorização dos fatores meteorológicos e humidade do solo, das atividades agrícolas e

dos recursos hídricos, cuja periodicidade deve ser intensificada quando seja detetada uma situação de anomalia ou

declarada uma situação de seca, sendo que nestas situações os relatórios passam também a incluir as estimativas de

consumo ou utilização pelas principais atividades, nomeadamente o abastecimento público, a agricultura, a produção de

energia e indústria com maiores consumos de água.”

Nos relatórios poderão ser sempre incluídos temas que seja oportuno dar a conhecer, sejam de caracterização das

condições, sejam de divulgação de recomendações ou de decisões técnicas e políticas assumidas.

Essas vertentes enquadrar-se-ão no referido Plano, que, apresentando-se estruturado em três eixos de atuação—

Prevenção, Monitorização e Contingência -, contempla temas como a determinação de limiares de alerta, a definição de

metodologias para avaliação do impacto dos efeitos de uma seca, a conceção de manuais de procedimentos para

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padronização da atuação, a disponibilização de planos de contingência e a preparação prévia de medidas para mitigação

dos efeitos da seca.

Este relatório de monitorização agrometeorológica e hidrológica, relativo a 28 de fevereiro do ano em curso, é o décimo

sexto produzido no contexto legislativo referido e o décimo do ano hidrológico em curso (2017/2018).

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2. Situação Meteorológica em fevereiro 2018

I. Temperatura do ar em fevereiro 2018

O mês de fevereiro de 2018 classificou-se como um mês muito frio em Portugal continental.

O valor médio da temperatura média do ar em fevereiro (8,56 °C) foi inferior ao valor normal (1971-2000) em -1,42°C, sendo o

3º valor mais baixo desde 2000. Valores da temperatura média inferiores aos deste mês ocorreram em cerca de 20% dos anos,

desde 1931 (Figura 1).

O valor médio da temperatura mínima do ar (3,15 °C) foi inferior ao normal em -2,42 °C, sendo o 9º valor mais baixo desde 1931

e o 3º mais baixo desde 2000 (Figura 2).

O valor médio da temperatura máxima do ar foi 13,96°C, sendo inferior ao normal em -0,42 °C.

Figura 1 – Anomalias da temperatura mínima do ar em relação aos valores médios no período 1971-2000, no mês de fevereiro, em

Portugal continental (Fonte: IPMA).

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Figura 2 – Variabilidade da temperatura máxima e mínima do ar no mês de fevereiro, em Portugal continental. (Linhas a tracejado indicam a média no período 1971-2000) (Fonte: IPMA).

Na 1ª quinzena do mês, os valores de temperatura média do ar apresentaram valores muito inferiores ao normal, em particular

entre os dias 2 e 9 de fevereiro (Figura 3). Neste período é de realçar os valores diários de temperatura mínima que também se

apresentaram muito inferiores ao normal, sendo nos dias 6 a 8 inferiores a 0°C.

O dia mais frio ocorreu no dia 8 (4,6 °C) com um desvio de -5,5 °C em relação ao normal. Nesse dia a temperatura mínima do ar

também registou o valor mais baixo do mês (-1,5°C), -7,1 °C em relação à normal. O valor mais baixo da temperatura máxima

registou-se no dia 6 (10,1 °C), -4,5 °C em relação ao normal.

A partir do dia 14 e até dia 21 verificou-se uma subida da temperatura do ar, sendo de realçar o dia 20 com um valor de

temperatura máxima do ar de 18,8 °C, +4,2 °C em relação ao normal. Até ao fim do mês verificou-se nova descida de

temperatura (de 22 a 25 fevereiro) e nos últimos dias do mês a temperatura média do ar esteve próximo da normal. De salientar

que no dia 24 de fevereiro o valor médio da temperatura mínima foi inferior a 0 °C.

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Figura 3 – Evolução diária da temperatura (máxima, média e mínima do ar) do ar de 1 a 28 de fevereiro de 2018 em Portugal

continental e respetivos valores médios 1971-2000 (Fonte: IPMA).

II. Precipitação em fevereiro 2018

Em fevereiro o valor médio da quantidade de precipitação, em Portugal continental, foi cerca de 65% do normal, classificando-

se este mês como seco (Figura 4). Nos últimos 30 anos, o valor médio da quantidade de precipitação em fevereiro foi superior

ao valor normal (1971-2000) apenas em 8 anos.

De referir que fevereiro de 2018 foi o 11º mês consecutivo com valores de precipitação mensal inferiores ao normal.

Figura 4 - Anomalias da quantidade de precipitação em relação aos valores médios no período 1971-2000, no mês de fevereiro, em Portugal continental (Fonte: IPMA).

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Na figura 5 apresenta-se a distribuição espacial da precipitação total e respetiva percentagem em relação à média (1971-2000)

em fevereiro. O menor valor mensal da quantidade de precipitação ocorreu em Alvalade, 16,6 mm, e o maior valor em Cabril,

184,4 mm (Figura 5 – lado esquerdo).

Em termos espaciais os valores da percentagem de precipitação, em relação ao valor médio no período 1971-2000, foram

inferiores ao normal em quase todo o território, com valores inferiores a 75% do valor normal em grande parte das regiões,

sendo mesmo inferior a 50% nalguns locais do Alentejo.

Os valores da percentagem de precipitação em relação ao valor médio variaram entre 27% em Beja e 129 % em Aveiro (Figura

5 - lado direito).

Figura 5 – Distribuição espacial da precipitação total e respetiva percentagem em relação à média em fevereiro (Fonte: IPMA).

III. Precipitação no ano hidrológico

O valor médio da quantidade de precipitação no presente ano hidrológico 2017/2018 desde 1 de outubro de 2017 a 28 de

fevereiro de 2018 foi de 258,2 mm, correspondendo a 57% do valor normal.

Na Figura 6, apresenta-se a evolução dos valores da precipitação mensal no presente ano hidrológico (2017/2018), no ano

hidrológico anterior (2016/17) e a precipitação normal acumulada 1971-2000.

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Figura 6 - Precipitação mensal acumulada nos anos hidrológicos 2017/18, 2016/17 e precipitação normal acumulada 1971-2000 (Fonte:

IPMA).

Os valores da quantidade de precipitação acumulada no ano hidrológico 2017/2018 continuam muito inferiores ao normal e

variaram entre 33% em Covilhã e 90% em Monção (Figura 7).

Figura 7 - Precipitação acumulada desde 1 de outubro 2017 (esq.) e percentagem em relação à média 1971-2000 (dir.) (Fonte: IPMA).

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A anomalia negativa da precipitação tem sido persistente desde o verão de 2016 (Figura 8) e, neste período, em apenas 3 meses

(novembro de 2016, fevereiro e março de 2017) ocorreram valores superiores ao normal.

Figura 8 – Precipitação mensal entre junho de 2017 e fevereiro de 2018 e respetivos valores médios 1971-2000 (Fonte: IPMA).

IV. Teor de Água no Solo em fevereiro

O índice de água no solo (AS), produto soil moisture index (SMI) do Centro Europeu de Previsão do Tempo a Médio Prazo

(ECMWF), considera a variação dos valores de percentagem de água no solo entre o ponto de emurchecimento permanente

(PEP) e a capacidade de campo (CC) e a eficiência de evaporação a aumentar linearmente entre 0% e 100%. A cor laranja escuro

quando AS ≤ PEP, entre o laranja e o azul considera PEP <AS <CC, variando entre 1% e 99%, e azul escuro quando AS>CC.

De acordo com o índice de água no solo, a 1 março 2018 (Figura 9 – lado direito) verificou-se, em relação a 15 de fevereiro 2018

(Figura 9 - lado esquerdo), um aumento da percentagem de água no solo em todo o território e em particular na região Sul.

Nestas regiões os valores de percentagem de água no solo variaram em geral entre 20% e 60%, no entanto em alguns locais do

Baixo Alentejo ainda se observaram valores inferiores a 20%. Nas regiões do litoral Norte e Centro os valores de água no solo

foram superiores as 80%.

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Figura 9 - Percentagem de água no solo (média 0-100 cm profundidade), em relação à capacidade de água utilizável pelas plantas a 15 de fevereiro de 2018 (lado esquerdo) e a 1 de março 2018 (lado direito), 00 UTC t+0, ECMWF-HRES (resolução 16 km).Cor laranja escuro: AS ≤ PEP; entre o laranja e o azul: PEP <AS <CC, variando entre 1 % e 99 %; azul-escuro: AS> CC. (AS – índice de água no solo; PEP - ponto de emurchecimento permanente; CC - capacidade de campo) (Fonte: IPMA).

V. Índice de Seca PDSI

De acordo com o índice meteorológico de seca PDSI1, no final do mês de fevereiro manteve-se a situação de seca meteorológica

em quase todo o território, verificando-se apenas em relação a 15 de fevereiro uma diminuição da área em seca extrema (Figura

10). No final deste mês cerca de 84% do território estava em seca severa e extrema (83% em seca severa e 1% em seca extrema).

1PDSI - Palmer Drought Severity Index - Índice que se baseia no conceito do balanço da água tendo em conta dados da quantidade de precipitação, temperatura do ar e capacidade de água disponível no solo; permite detetar a ocorrência de períodos de seca e classifica-os em termos de intensidade (fraca, moderada, severa e extrema).

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Figura 10 – Distribuição espacial do índice de seca meteorológica em 15 e 28 de fevereiro 2018 (Fonte: IPMA).

Na Figura 11 apresenta-se a distribuição espacial do índice de seca meteorológica de abril 2017 a janeiro 2018 e na Tabela 2

apresenta-se a percentagem do território nas várias classes do índice PDSI (abril 2017 a fevereiro 2018).

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Figura 11 – Variação mensal da distribuição espacial do índice de seca meteorológica (Fonte: IPMA).

Na tabela 2, apresenta-se a percentagem do território nas várias classes do índice PDSI entre 30 de abril de 2017 e 28 de

fevereiro de 2018. No final deste mês cerca de 84% do território estava em seca severa e extrema (83% em seca severa e 1%

em seca extrema).

Tabela 2 – Classes do índice PDSI - Percentagem do território afetado entre 30 de abril de 2017 e 28 de fevereiro de 2018 (Fonte: IPMA).

Classes PDSI 30 de

abril

31 de

maio

30 de

junho

31de

julho

31 de

agosto

30 de

setembro

31 de

outubro

30 de

novembro

31 de

dezembro

31 de

janeiro

28 de

fevereiro

Chuva extrema 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0.0

Chuva severa 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0.0

Chuva moderada 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0.0

Chuva fraca 0,8 0,2 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0.0

Normal 2,7 1,9 0,0 0,5 0,0 0,0 0,0 0.0 0,6 0,0 0.5

Seca Fraca 20,2 23,1 3,4 4,2 2,6 0,8 0,0 0,0 5,6 4,5 3.7

Seca Moderada 75,6 71,4 17,0 16,5 37.8 10,7 0,0 2.7 29,1 39,9 11.4

Seca Severa 0,7 3,4 72,3 69,6 58,9 81,0 24,8 46.8 58,3 55,6 83.1

Seca Extrema 0,0 0,0 7,3 9,2 0,7 7,4 75,2 50.4 6,4 0,0 1.3

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Análise comparativa das situações de seca severa e extrema

Na figura 12 apresenta-se a evolução mensal da percentagem do território em seca severa e extrema, de acordo com a

classificação do índice PDSI, para as situações de seca de 1944/45, 2004/05, 2008/09, 2011/12, 2014/15 e 2016/17.

A situação de seca atual mantém-se com mais de metade do território nas classes de seca severa e extrema (84%). Nas

secas ocorridas anteriormente, em nenhuma delas houve um aumento da área em seca severa e extrema no outono, nem

manutenção de uma situação severa no inverno como na atual seca de 2017 (Figura 12).

A seca de 2017 encontra-se há 9 meses consecutivos com mais de 10% do território nas classes de seca severa e extrema.

As situações de seca com mais meses nesta situação foram em 2005, durante 10 meses, e em 1945 durante 13 meses

(Figura 13).

Figura 12 – Evolução mensal da percentagem do território em seca severa e extrema, de acordo com a classificação do índice PDSI, para

várias situações de seca (histórica:1944/45; após 2000: 2004/05, 2008/09, 2011/12, 2014/15 e 2016/17) (Fonte: IPMA).

Figura 13 – Número de meses nas classes de seca severa e extrema do índice PDSI, considerando pelo menos 10% do território nessas

classes, para várias situações de seca (histórica:1944/45; após 2000: 2004/05, 2008/09, 2011/12, 2014/15 e 2016/17). (Fonte: IPMA).

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VI. Índice de seca SPI

O índice SPI (Standardized Precipitation Index- Índice padronizado de precipitação) quantifica o défice ou o excesso de

precipitação em diferentes escalas temporais2, que refletem o impacto da seca nas disponibilidades de água.

Nas Figuras 14a, 14b e 14c apresenta-se o índice SPI nas escalas de 6, 9 e 12 meses no final de janeiro e de fevereiro 2018.

Verificou-se um aumento da intensidade de seca em algumas bacias do território, em particular nas escalas de 6 e 12 meses

do índice SPI.

Assim, no SPI 6 meses é de realçar o aumento da intensidade (seca severa) nas bacias do Tejo, Sado e Guadiana (Figura 14a)

e no SPI 12 meses nas bacias do Douro e Mondego (Figura 14c).

No SPI 9 meses mantém-se a classe de seca severa nas bacias do Tejo, Sado e Guadiana, a qual se estendeu à bacia Ribeiras

do Oeste. Na bacia do Mondego verificou-se uma diminuição do índice, estando agora na classe de seca moderada (Figura

14b).

SPI6 m – Ago. 2017 a Jan. 2018

SPI6 m – Set. 2017 a Fev. 2018

Figura 14a – Distribuição espacial do índice de seca SPI 6 meses (Fonte: IPMA).

2 As menores escalas, até 6 meses, remetem à seca meteorológica e agrícola (défice de precipitação e de humidade no solo, respetivamente), entre os 9

e os 12 meses à seca hidrológica com escassez de água refletida no escoamento superficial e nos reservatórios artificiais. As condições do estado da água

no solo respondem a anomalias da precipitação numa escala temporal relativamente curta (3 a 6 meses), enquanto os fluxos de água subterrânea e os

reservatórios de água respondem a anomalias de precipitação em escalas temporais mais alargadas (9, 12 meses).

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SPI 9 m – Mai. 2017 a Jan. 2018 SPI 9 m – Jun. 2017 a Fev. 2018

Figura 14b – Distribuição espacial do índice de seca SPI 9 meses (Fonte: IPMA).

SPI 12 m – Fev. 2017 a Jan. 2018

SPI 12 m – Mar. 2017 a Fev. 2018

Figura 14c – Distribuição espacial do índice de seca SPI 12 meses (Fonte: IPMA).

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VII. Cenários de evolução da Seca

A evolução da situação de seca para o mês seguinte baseia-se na estimativa do índice PDSI, para cenários diferentes de

ocorrência da quantidade de precipitação. Assim, tendo em conta a situação no final de fevereiro, consideram-se os

seguintes cenários para a precipitação em março (Figura 15):

Cenário - 5º decil, D5 – Valores da quantidade de precipitação próximos do normal levariam a uma diminuição

da intensidade da seca, em particular da seca severa (Figura 15 - lado esquerdo).

Cenário - 8º decil, D8 – Valores da quantidade de precipitação muito superiores ao normal (valores superiores

ocorrem em 20% dos anos) levariam a uma diminuição significativa da intensidade da seca em todo o território,

terminando mesmo a situação de seca em alguns locais do litoral Norte e Centro do território (Figura 15 – lado

direito).

Figura 15 – Distribuição espacial do índice de seca meteorológica PDSI calculado com base em cenários de precipitação para o mês de março (Fonte: IPMA).

VIII. Previsão mensal do Centro Europeu de Previsão do Tempo a Médio Prazo (ECMWF)3

Na precipitação total semanal, prevêem-se valores acima do normal, para todo o território, na semana de 05/03 a 11/03,

e para o território a norte do sistema montanhoso Montejunto-Estrela, na semana de 12/03 a 18/03. Prevêem-se valores

abaixo do normal, para o litoral centro e sul, na semana de 19/03 a 25/03. Na semana de 26/03 a 01/04 não é possível

identificar a existência de sinal estatisticamente significativo.

Tendo em conta a previsão para as próximas semanas será provável o desagravamento da situação seca em todo o território

do continente.

3http://www.ipma.pt//pt/otempo/prev.longo.prazo/mensal/index.jsp?page=prev-182015.html

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3. Disponibilidades hídricas armazenadas nas Albufeiras

No último dia do mês de fevereiro de 2018, comparativamente ao último dia do mês anterior, verificou-se um aumento em

três bacias hidrográficas (Cávado, Ave e Sado) e uma descida nas restantes nove bacias. Da análise às figuras seguintes

importa salientar:

Verificou-se um agravamento ligeiro da situação relativamente ao final de janeiro de 2018, já que praticamente não se

verificou precipitação durante o mês de Fevereiro. As chuvas que no final de fevereiro e em março estão a ocorrer

poderão voltar a repor ou mesmo ultrapassar a situação observada em janeiro;

No final de fevereiro de 2018, todas as bacias tinham disponibilidades hídricas totais armazenadas inferiores à média

dos últimos 26 anos, inclusive o Mondego que no mês anterior estava com disponibilidade acima da média;

A subida que se observou na bacia do Sado deveu-se praticamente às transferências do Alqueva;

Das 62 albufeiras monitorizadas, 5 (em janeiro eram 8) apresentavam disponibilidades superiores a 80% do volume

total e 23 (21 em final de janeiro 2018) apresentavam disponibilidades inferiores a 40%;

11 albufeiras tinham disponibilidades abaixo dos 20%, sendo que 6 são na bacia do Sado, 4 na bacia do Guadiana e 1 na

bacia do Tejo;

A situação a sul do rio Tejo continua ainda sem recuperação significativa apesar de estar a decorrer o segundo trimestre

do ano hidrológico em curso. Houve um ligeiro agravamento da situação no interior norte e centro.

Figura 16 - Situação das Albufeiras a 31 de janeiro de 2018 e 28 fevereiro de 2018. (Fonte: APA).

31 janeiro 2018 28 de fevereiro

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No gráfico seguinte apresenta-se a evolução dos volumes totais armazenados por bacia hidrográfica, entre outubro de 2017

e fevereiro de 2018, podendo-se concluir:

Nenhuma bacia atingiu os 80% de disponibilidades hídricas armazenadas;

A bacia do Mondego foi a que registou a subida mais significativa nomeadamente no mês de janeiro;

Nas bacias a sul do Tejo tem existido uma diminuição, embora ligeira, do volume total armazenado desde outubro;

A subida na bacia do Sado é devida apenas às transferências do Alqueva;

Ainda não é possível contabilizar o efeito da tempestade EMMA, atendendo que o escoamento não é imediato e como

é previsível que se continuem a registar períodos de precipitação. O balanço a realizar no final da próxima semana já

permitirá contabilizar o impacto desta precipitação do início de março nas disponibilidades armazenadas.

Figura 17 - Evolução dos volumes totais armazenados, entre outubro de 2017 e fevereiro de 2018. (Fonte: APA)

Comparando as disponibilidades totais armazenadas em fevereiro de 2017 com as de fevereiro de 2018, verifica-se que

apenas na bacia do Mondego foram ligeiramente superiores em 2018. Nas restantes bacias foram inferiores em 2018,

sendo as maiores diferenças nas bacias do Barlavento (menos 30%), Arade, Tejo e Ribeiras do Oeste (menos 22%) e no

Guadiana (menos 17%).

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Lima Cávado /Rib.Costeiras

Ave Douro Mondego Tejo Ribeiras doOeste

Sado Mira Guadiana Arade Barlavento

Disponibilidades hídricas (%)

out/17 nov/17 dez/17 jan/18 fev/18

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28 fevereiro 2017 28 fevereiro 2018

Figura 18 - Situação das Albufeiras a 28 de fevereiro de 2017 e 28 fevereiro de 2018. (Fonte: APA)

Ao comparar as disponibilidades hídricas observadas no mês de Fevereiro de 2018 com anteriores períodos de seca (1995,

2005 e 2012) é possível referir que:

Nas bacias do Tejo e Ribeiras do Oeste o valor observado em fevereiro de 2018 é o mais baixo dos anos analisados;

Na bacia do Guadiana, com exceção de 1995 (em que ainda não existia Alqueva) o ano de 2018 apresentou o valor mais

baixo;

Na bacia do Mira o valor em 2018 foi igual ao observado em 1995, correspondendo ao valor mais baixo;

Nas bacias do Lima, Cávado e Douro o valor observado em 2018 foi superior ao observado em 2012 e 2005 mas inferior

ao de 1995;

Na bacia Mondego o valor de fevereiro de 2018 foi o segundo valor mais baixo, ultrapassado pelo valor verificado em

2005;

Na bacia do Arade verificou-se em fevereiro de 2018 o valor mais elevado, dos anos estudados.

Page 21: MONITORIZAÇÃO AGROMETEOROLÓGICA E HIDROLÓGICA

21

Figura 19 – Comparação entre as disponibilidades hídricas totais armazenadas nas diferentes bacias hidrográficas durante o mês de

fevereiro dos anos de 2018, 2012, 2005 e 1995 (Fonte: APA).

As albufeiras avaliadas no final do mês de fevereiro que apresentaram volumes totais inferiores a 40%, correspondendo a

cerca de 37% do universo das albufeiras avaliadas, foram:

8 na bacia do Sado (Fonte Serne [29%], Monte Gato [10%], Pego do Altar [8%], Roxo [31%], Vale do Gaio [12%],

Campilhas [4%], Monte Miguéis [12%] e Monte da Rocha [8%]);

2 na bacia do Mondego (Fronhas [38%], Vale do Rossim [39%];

3 na bacia do Tejo (Divor [7%], Maranhão [22%], Pracana [38%];

5 na bacia do Guadiana (Vigia [15%], Caia [18%], Lucefecit [19%], Abrilongo [14%], Monte Novo [29%]);

2 na bacia do Douro (Vilar Tabuaço [32%], Alijó [34%]);

1 nas Ribeiras do Oeste (S. Domingos [39%]);

2 na bacia do Arade (Arade [31%], Odelouca [32%]).

No final do mês de fevereiro de 2018, 11 albufeiras apresentaram ainda disponibilidades armazenadas totais inferiores a

20% (11 a 31 de janeiro), sendo que 6 são na bacia do Sado, 4 na bacia do Guadiana e 1 na bacia do Tejo. Comprovadamente

a situação a sul do rio Tejo continua ainda sem recuperação significativa apesar de estar a decorrer o segundo trimestre do

ano hidrológico em curso.

No quadro seguinte assinalam-se as albufeiras onde se registou uma subida das disponibilidades armazenadas totais no

final do mês de fevereiro de 2018 relativamente ao final do mês de janeiro, embora em algumas situações tenha sido uma

subida muito ligeira:

0

20

40

60

80

100

120

Lima Cávado/Rib.

Costeiras

Ave Douro Mondego Tejo Ribeiras doOeste

Sado Mira Guadiana Arade Barlavento

Disponibilidades hídricas (%)

fev/95 fev/05 fev/12 fev/18

Page 22: MONITORIZAÇÃO AGROMETEOROLÓGICA E HIDROLÓGICA

22

Cávado

Caniçada passou de 82% para 93%

Alto Rabagão passou de 54% para 55%

Douro

Azibo passou de 74% para 75%

Baixo Sabor passou de 88% para 90%

Serra Serrada passou de 85% para 100%

Vilar Tabuaço passou de 31% para32%

Vouga

Ribeiradio passou de 69% para 74%

Tejo

Cabril passou de 46% para 48%

Capinha passou de 65% para 76%

Cova Viriato passou de 58% para 59%

Magos passou de 51% para 56%

Santa Luzia passou 42% para 43%.

Montargil passou de 48% para 49%

A situação na bacia do Sado continua a ser a mais preocupante, pois a percentagem do volume total armazenado nesta

bacia apresentou valores muito inferiores à média e encontra-se em seca hidrológica desde janeiro de 2016. Na figura

seguinte é possível observar o afastamento significativo da evolução do armazenamento na bacia do Sado registado entre

outubro de 2016 e fevereiro de 2018, quando comparados com os valores médios dos últimos 26 anos.

Figura 20 – Evolução dos volumes armazenados na bacia hidrográfica do Sado comparativamente à média mensal calculada para o período (1990/91 a 2016/17) (Fonte: APA)

Importa salientar que grande parte das albufeiras nesta bacia têm ligação ao sistema Alqueva, com exceção de Monte do

Rocha, o que tem permitido suprimir as necessidades, embora com custos acrescidos associados à transferência de água.

Também a bacia do Guadiana apresentou, tanto no ano hidrológico anterior como no em curso, valores de armazenamento

total inferiores à média. Na figura seguinte é possível observar o afastamento da evolução do armazenamento na bacia do

Guadiana registado entre outubro de 2016 e fevereiro de 2018, quando comparados com os valores médios dos últimos 26

anos.

Page 23: MONITORIZAÇÃO AGROMETEOROLÓGICA E HIDROLÓGICA

23

Figura 21 – Evolução dos volumes armazenados na bacia hidrográfica do Guadiana comparativamente à média mensal calculada para o período (1990/91 a 2016/17) (Fonte: APA).

A bacia do Tejo apresentou, tanto no ano hidrológico anterior como no em curso, valores de armazenamento total

inferiores à média. Na figura seguinte é possível observar o afastamento da evolução do armazenamento na bacia do Tejo

registado entre outubro de 2016 e fevereiro de 2018, quando comparados com os valores médios dos últimos 26 anos.

Comparativamente ao mês de fevereiro do ano anterior, em fevereiro de 2018 existiam valores de armazenamento totais

significativamente mais baixos.

Figura 22 – Evolução dos volumes armazenados na bacia hidrográfica do Tejo comparativamente à média mensal calculada para o período (1990/91 a 2016/17) (Fonte: APA)

Page 24: MONITORIZAÇÃO AGROMETEOROLÓGICA E HIDROLÓGICA

24

Considerando os volumes armazenados totais, no final do mês de fevereiro mantêm-se as situações críticas e sob

vigilância identificadas no final do mês de novembro, atendendo a que não houve continuidade na precipitação.

Situações críticas ao nível das águas superficiais:

Arcossó [14%], Camba [26%], Luminares (Armamar) [33%], Burga [38%], Vale Madeiro [16%], Estevaínha [37%]

(Bacia do Douro);

Divor [7%], Veiros [11%], (Bacia do Tejo);

Fonte Serne [29%], Monte Gato [10%], Pego do Altar [8%], Roxo [31%], Vale do Gaio [12%], Campilhas [4%], Monte

Miguéis [12%] e Monte da Rocha [8%] (Bacia do Sado);

Vigia [15%], Abrilongo [14%], Caia [18%], (Bacia do Guadiana).

Situações sob vigilância ao nível das águas superficiais:

Alijó [34%], Vilar-Tabuaço [32%], Ranhados [38%], Sambade [34%] (Bacia do Douro);

Fronhas [38%], (Bacia do Mondego);

Póvoa Meadas [42%], Magos [56%], Maranhão [22%], Montargil [49%], Cova do Viriato [59%], Santa Luzia [44%],

Meimoa [47%], Cabril [48%] Minutos [45%] (Bacia do Tejo);

S. Domingos [39%], (Bacias das Ribeiras do Oeste);

Alvito [62%], Odivelas [42%], (Bacia do Sado);

Lucefecit [19%], (Bacia do Guadiana);

Odelouca [32%] Arade [31%] (Bacia do Arade).

Page 25: MONITORIZAÇÃO AGROMETEOROLÓGICA E HIDROLÓGICA

25

4. Águas Subterrâneas

No respeitante à evolução das reservas hídricas subterrâneas apresentam-se, seguidamente, os mapas de evolução dos

níveis de água subterrânea correspondentes aos meses de dezembro, janeiro e fevereiro do corrente ano hidrológico 2017-

2018.

Dezembro Janeiro Fevereiro

Figura 23 – Evolução das reservas hídricas subterrâneas observadas nos meses de dezembro, janeiro e fevereiro do ano hidrológico 2017/2018 (Fonte: APA).

Da análise dos mapas do ano hidrológico 2017-2018 (figura 23), verifica-se que existem diversas massas de água que

apresentaram o nível de água subterrânea inferior ao percentil 20.

Assim, atendendo aos dados disponíveis no mês de fevereiro de 2018 constata-se que os níveis piezométricos registados

nos 310 pontos observados em 55 massas de água subterrânea apresentaram-se, na generalidade, inferiores às médias

mensais.

Nas massas de água Maciço Antigo Indiferenciado Norte, O8 - Verride, M17 - Monte Gordo, M2 - Almádena - Odiáxere, O10

- Leirosa - Monte Real, T7 - Aluviões do Tejo, M13 - Peral - Moncarapacho, Indiferenciado da Bacia do Tejo-Sado, M16 - S.

Bartolomeu, O9 - Penela - Tomar, M12 - Campina de Faro, O18 - Maceira, A5 - Elvas - Vila Boim, T3 - Bacia do Tejo-Sado /

Margem Esquerda, T1 - Bacia do Tejo-Sado / Margem Direita, O20 - Maciço Calcário Estremenho, M8 - S. Brás de Alportel,

O6 - Aluviões do Mondego, A4 - Estremoz - Cano, M7 - Quarteira, O5 - Tentúgal, A11 - Elvas - Campo Maior, M10 - S. João

da Venda - Quelfes, O7 - Figueira da Foz - Gesteira, Maciço Antigo Indiferenciado Sul, O23 - Paço, M5 - Querença - Silves,

O25 - Torres Vedras, M14 - Malhão, O3 - Cársico da Bairrada, O14 - Pousos - Caranguejeira, M9 - Almancil - Medronhal, O30

- Viso - Queridas, A2 - Escusa, Indiferenciado da Orla Meridional, O33 - Caldas da Rainha - Nazaré, A10 - Moura - Ficalho e

Page 26: MONITORIZAÇÃO AGROMETEOROLÓGICA E HIDROLÓGICA

26

M3 - Mexilhoeira Grande - Portimão os níveis piezométricos encontram-se significativamente inferiores aos valores médios

mensais.

Durante o mês de fevereiro a precipitação ocorrida foi diminuta, não permitindo a recuperação dos níveis de água

subterrânea, pelo que continuam a observar-se muitas massas de água com os níveis piezométricos abaixo do percentil 20.

Assim, continuam a identificar-se dois grupos de massas de água - situações críticas e situações sob vigilância. As situações

críticas dizem respeito a massas de água onde persistem, ao longo de vários meses, níveis inferiores ao percentil 20, pelo

que urge a aplicação de medidas preconizadas no âmbito da seca. As situações sob vigilância referem-se a massas de água

que merecem atenção, por forma a minimizar as descidas dos níveis piezométricos.

Acresce-se ainda que, enquanto não ocorrer precipitação significativa que permita a recarga das massas de água é

expectável que os níveis permaneçam baixos.

Neste contexto, as massas de água em situação crítica são as seguintes:

o MA Moura-Ficalho (bacia do Guadiana);

o MA Maciço Antigo Indiferenciado da Bacia do Guadiana e do Sado (bacias do Guadiana e do Sado);

o MA Zona Sul Portuguesa da Bacia do Guadiana e do Sado (bacias do Guadiana e do Sado);

o MA Elvas-Campo Maior (bacia do Guadiana);

o MA Campina de Faro – Subsistema Vale de Lobo (bacia das Ribeiras do Algarve);

o MA Cársico da Bairrada (bacias do Mondego e do Vouga);

o MA Estremoz-Cano (bacias do Tejo e do Guadiana);

o MA Maceira (bacias das Ribeiras do Oeste e do Lis);

o MA Paço (bacia das Ribeiras do Oeste);

o MA Pousos-Caranguejeira (bacia do Lis);

o MA Figueira da Foz-Gesteira (bacia do Mondego);

o MA Torres Vedras (bacia das Ribeiras do Oeste);

o MA Escusa (bacia do Tejo);

o MA Viso-Queridas (bacias do Mondego e do Vouga);

o MA Penela-Tomar (bacias do Mondego e do Tejo);

o MA Pisões-Atrozela (bacias do Tejo e das Ribeiras do Oeste);

o MA Mexilhoeira Grande-Portimão (bacia das Ribeiras do Algarve).

As massas de água que devem ficar sob vigilância são as seguintes:

o Maciço Antigo Indiferenciado: todas as regiões abrangendo as seguintes bacias: Minho, Lima, Cávado, Ave, Leça,

Douro, Vouga, Mondego e Tejo;

o MA Querença-Silves (bacia das Ribeiras do Algarve);

o MA Campina de Faro – Subsistema Faro (bacia das Ribeiras do Algarve);

o MA Leirosa – Monte Real (bacias do Lis e Mondego);

o MA Peral – Moncarapacho (bacia das Ribeiras do Algarve);

o MA Bacia do Tejo / Sado – Margem Direita (bacias do Tejo e das Ribeiras do Oeste);

o MA Almádena – Odiáxere (bacia das Ribeiras do Algarve);

Page 27: MONITORIZAÇÃO AGROMETEOROLÓGICA E HIDROLÓGICA

27

o MA São João da Venda – Quelfes (bacia das Ribeiras do Algarve);

o Todas as restantes massas de água do país.

Comparando com o mês anterior, a listagem das massas de água crítica manteve-se.

No respeitante à listagem de massas de água sob vigilância considera-se que, complementarmente a algumas massas de

água identificadas, todo o país deve ficar sob controlo, atendendo aos níveis de água subterrânea que se estão a registar a

nível nacional. Importa ter em conta que a situação se mantem preocupante em várias massas de água, pelo que aquelas

que apresentaram ainda alguma disponibilidade hídrica devem ser protegidas, por forma a auxiliarem as necessidades de

abastecimento de algumas regiões, caso a situação de seca se venha a manter.

Neste contexto e face à situação atual, considera-se que, até se começar a registar a recuperação dos níveis de água

subterrânea, se devem manter as medidas que estão a ser preconizadas para minimizar os efeitos da seca. Assim, a

construção de novas captações deve apenas ser objeto de autorização para abastecimento público ou privado (quando não

existe rede de abastecimento público) bem como abeberamento coletivo do gado quando possível, com a obrigatoriedade

de colocação de contadores, devendo os volumes extraídos serem enviados quinzenalmente para a ARH respetiva. Nestes

casos deve ser reforçada a fiscalização, por forma a controlar que as autorizações concedidas foram utilizadas apenas para

os fins previstos.

Deve ser dada especial atenção às massas de água do litoral, de modo a evitar eventuais fenómenos de intrusão salina.

Salienta-se ainda a necessidade de reforço das ações de fiscalização (furos ilegais e para cumprimento dos TURH) por todo

o país.

Page 28: MONITORIZAÇÃO AGROMETEOROLÓGICA E HIDROLÓGICA

28

5. Reservas de Água nas Albufeiras de Aproveitamento Hidroagrícola

Os armazenamentos registados no final da 2ª quinzena de fevereiro (mais precisamente, em 02/03/2018) nas albufeiras,

monitorizados pela Direção-Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural (DGADR), estão indicados na Tabela 3. Nesta

Tabela apresentam-se, também, as tendências evolutivas dos armazenamentos, em relação ao final da quinzena anterior,

e as previsões para a próxima campanha de rega (http://sir.dgadr.gov.pt/reservas).

Entre as 42 albufeiras avaliadas pela DGADR, que suportam o boletim das albufeiras do Ministério da Agricultura, Florestas

e Desenvolvimento Rural (MAFDR), 29 estão, igualmente, incluídas na avaliação disponibilizada pelo SNIRH (APA). As

albufeiras monitorizadas e avaliadas pela DGADR incluem alguns empreendimentos equiparados a fins múltiplos.

Em geral, nesta quinzena, verificou-se uma tendência generalizada de subida ligeira dos níveis de armazenamento das

albufeiras. A norte de Portugal (que inclui a bacia hidrográfica do Tejo), as albufeiras tiveram uma variação entre +2% e

- 2% da sua capacidade total. A sul de Portugal existe, também, uma variação compreendida entre +8% e - 0%. No final

desta quinzena, 55% das albufeiras hidroagrícolas tinham armazenamentos inferiores a 40% da sua capacidade total,

situação um pouco melhor que a quinzena anterior (Figura 24), mas muito pior que a situação normal, caracterizada com

base no período 2010/11 a 2016/17 (de apenas 5%).

Entre os aproveitamentos analisados a albufeira de Santa Clara, situada na bacia hidrográfica do rio Mira, é aquela que

apresenta maior volume armazenado (257,08 hm3), que corresponde a 53% da sua capacidade de armazenamento total

mas, apenas, 5% do volume útil (12,38 hm3). Este volume útil será insuficiente para assegurar em pleno o conjunto das

utilizações associadas a esta albufeira (cerca de 90 hm3): rega, abastecimento público, industrial e turístico. Entre as

albufeiras analisadas existem duas cujos volumes armazenados no final de quinzena estavam, ainda, inferiores aos volumes

registados após final do ano hidrológico 2016/17 e da última campanha de rega (Odeleite e Santa Clara).

Page 29: MONITORIZAÇÃO AGROMETEOROLÓGICA E HIDROLÓGICA

29

Figura 24 - Histograma do volume total armazenado nas albufeiras dos aproveitamentos hidroagrícolas em 2017/2018

(Fonte: DGADR)

As situações com maior escassez de água face às normais necessidades de rega para a campanha do próximo ano situam-

se nas bacias hidrográficas dos rios Sado e Mira. Nesta quinzena, as situações críticas em relação às disponibilidades hídricas

para o regadio são em menor número do que as do final da quinzena anterior. Assim, continuam esgotadas as reservas de

água nas seguintes albufeiras:

Campilhas, Fonte Serne, Monte Gato e Migueis (bacia do rio Sado).

Complementarmente, o número de albufeiras com restrições à utilização de água para rega permaneceu constante, agora

inclui Veiros e exclui Odivelas, abrangendo as seguintes albufeiras:

Monte da Rocha, Pego do Altar e Vale do Gaio (situadas na bacia do rio Sado), Santa Clara (bacia do rio Mira),

Vigia e Lucefecit (bacia do rio Guadiana), Veiros, Maranhão e Divor (bacia do rio Tejo), Estevinha, Vale Madeiro e

Arcossó (bacia do rio Douro).

Face ao exposto, existem aproveitamentos hidroagrícolas que não poderão regar este ano e outros onde haverá grande

redução de áreas regadas, fundamentalmente, associadas a culturas que utilizam maiores quantidades de água.

Os aproveitamentos hidroagrícolas da Lezíria, da Cela e do Vale do Lis poderão, também, ter limitações relevantes no que

concerne ao acesso a água, considerando os reduzidos escoamentos expetáveis associados aos cursos de água que os

suportam.

As associações de regantes estão cientes das reduzidas reservas hídricas disponíveis e da importância de promoverem entre

os agricultores um planeamento e uma gestão adequada, de modo a assegurar as necessidades de água mínimas da

atividade agrícola e agropecuária e do abastecimento público, uso prioritário caso este esteja consignado.

HISTOGRAMA SOBRE O VOLUME TOTAL ARMAZENADO

EM 2017/18, NAS ALBUFEIRAS DOS APROVEITAMENTOS

HIDROAGRÍCOLAS MONITORIZADOS PELA DGADR

13%

40%

55%

70%

35%

100%

85%

90%

95%

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% > 90%

Volume total armazenado em relação ao NPA, 2ª quinzena de

fevereiro 2018 (%)

Fre

qu

ên

cia

ab

so

luta

(n

º)

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Fre

qu

en

cia

re

lati

va

(%

)

Fre quê nc ia

a bsoluta

Fre quê nc ia re la tiva

a c umula da

FONTE: DGADR (março, 2018)

Page 30: MONITORIZAÇÃO AGROMETEOROLÓGICA E HIDROLÓGICA

30

Assim, a gestão dos volumes armazenados nas albufeiras conduziu à evolução percentual semanal dos volumes

armazenados úteis indicados na Figura 25. Nesta Figura estão sinalizadas as albufeiras com percentagens de

armazenamento úteis mais elevadas, em função de quatro agrupamentos de bacias hidrográficas: a) Douro e Vouga; b)

Tejo e Arnoia; c) Sado e Mira; d) Guadiana e ribeiras do Algarve. Face aos volumes úteis atualmente disponíveis será

necessário realizar uma gestão criteriosa dos recursos hídricos, sendo o desafio mais exigente nos aproveitamentos aos

quais estão associados mais do que uma utilização principal. Neste contexto, estão aos aproveitamentos do Azibo, Cova da

Beira, Caia, Vigia, Roxo, Alto Sado, Mira, Odeleite-Beliche.

Page 31: MONITORIZAÇÃO AGROMETEOROLÓGICA E HIDROLÓGICA

31

Tabela 3 - Os armazenamentos registados no final de novembro (16/02/2018) e tendências evolutivas dos armazenamentos

Page 32: MONITORIZAÇÃO AGROMETEOROLÓGICA E HIDROLÓGICA

32

Fonte: DGADR, no Sistema de Informação do Regadio em http://sir.dgadr.gov.pt/reservas (SIR, 2018)

Page 33: MONITORIZAÇÃO AGROMETEOROLÓGICA E HIDROLÓGICA

33

Figura 25 - Evolução semanal percentual dos volumes armazenados úteis dos aproveitamentos hidroagrícola das bacias hidrográficas do Douro e Vouga; Tejo e Arnoia; Sado e Mira; Guadiana e ribeiras do Algarve.

Evolução semanal do armazenamento útil dos Aproveitamentos

Hidroagrícolas (bacias hidrográficas do Douro e do Vouga)

Salgueiro

Azibo

0,00

0,10

0,20

0,30

0,40

0,50

0,60

0,70

0,80

0,90

29-0

9-1

7

09-1

0-1

7

19-1

0-1

7

29-1

0-1

7

08-1

1-1

7

18-1

1-1

7

28-1

1-1

7

08-1

2-1

7

18-1

2-1

7

28-1

2-1

7

07-0

1-1

8

17-0

1-1

8

27-0

1-1

8

06-0

2-1

8

16-0

2-1

8

26-0

2-1

8

08-0

3-1

8

Vo

lum

e ú

til (%

)

Sabugal

Estevainha

Burga

Santa Justa

Salgueiro

Ribeira Grande e Arco

Vale Madeiro

Arcossó

Rego do Milho

Armamar

Azibo

Burgães

FONTE: DGADR (março, 2018)

Evolução semanal do armazenamento útil dos Aproveitamentos

Hidroagrícolas (bacias hidrográficas do Tejo e do Arnoia)

Marechal CarmonaMagosMinutos

Montargil

0,00

0,10

0,20

0,30

0,40

0,50

0,60

0,70

0,80

29-0

9-2

017

09-1

0-2

017

19-1

0-2

017

29-1

0-2

017

08-1

1-2

017

18-1

1-2

017

28-1

1-2

017

08-1

2-2

017

18-1

2-2

017

28-1

2-2

017

07-0

1-2

018

17-0

1-2

018

27-0

1-2

018

06-0

2-2

018

16-0

2-2

018

26-0

2-2

018

08-0

3-2

018

Vo

lum

e ú

til (%

)

Divor

Marechal Carmona

Magos

Maranhão

Meimoa

Minutos

Montargil

Veiros

Óbidos

FONTE: DGADR (março, 2018)

Evolução semanal do armazenamento útil dos Aproveitamentos

Hidroagrícolas (bacias hidrográficas do Sado e do Mira)

Alvito

Corte Brique

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

29-0

9-2

017

09-1

0-2

017

19-1

0-2

017

29-1

0-2

017

08-1

1-2

017

18-1

1-2

017

28-1

1-2

017

08-1

2-2

017

18-1

2-2

017

28-1

2-2

017

07-0

1-2

018

17-0

1-2

018

27-0

1-2

018

06-0

2-2

018

16-0

2-2

018

26-0

2-2

018

08-0

3-2

018

Vo

lum

e ú

til (%

)

Alvito

Campilhas

Fonte Serne

Monte Migueis

Monte Gato

Monte de Rocha

Odivelas

Pego do Altar

Roxo

Vale do Gaio

Corte Brique

Santa Clara

FONTE: DGADR (março, 2018)

Evolução semanal do armazenamento útil dos Aproveitamentos

Hidroagrícolas (bacias hidrográficas do Guadiana e das rib. do Algarve)

Beliche

Odeleite

Bravura

Arade (Silves)

Funcho

Alqueva

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

29-0

9-2

017

09-1

0-2

017

19-1

0-2

017

29-1

0-2

017

08-1

1-2

017

18-1

1-2

017

28-1

1-2

017

08-1

2-2

017

18-1

2-2

017

28-1

2-2

017

07-0

1-2

018

17-0

1-2

018

27-0

1-2

018

06-0

2-2

018

16-0

2-2

018

26-0

2-2

018

08-0

3-2

018

Vo

lum

e ú

til (%

)

Abrilongo

Beliche

Caia

Lucefecit

Odeleite

Vigia

Bravura

Arade (Silves)

Funcho

Alqueva

FONTE: DGADR e EDIA (março, 2018)

Page 34: MONITORIZAÇÃO AGROMETEOROLÓGICA E HIDROLÓGICA

34

Na tabela seguinte apresenta-se o ponto de situação das albufeiras do Grupo IV dos perímetros hidroagrícolas monitorizadas

pela DRAPN.

Tabela 4 – Disponibilidade de água nas albufeiras dos aproveitamentos hidroagrícolas do Grupo IV monitorizados pela DRAPN a 23 de fevereiro de 2018.

Armazenamento total Armazenamento útil

Concelho Albufeira Cota atual Atual (hm3)

Leitura a 30 de novembro (hm3)

Variação (hm3) % ao NPA Vol. útil armaz. -

hm3 % ao NPA

Alfândega da Fé Camba 612,80 0,510 0,49 ↑ 0,020 34 0,48 32,2

Bragança Gostei 748,20 0,360 0,36 ↔ 0,000 26 0,35 25,5

Vinhais Prada 931,00 0,250 0,22 ↑ 0,030 100 0,24 100,0

Chaves Curalha 402,80 0,450 0,45 ↔ 0,000 57 0,44 56,5

Mairos 794,80 0,120 0,12 ↔ 0,000 32 0,11 30,7

(Fonte: DRAPN).

Na tabela seguinte, apresenta-se a percentagem de água disponível relativamente à capacidade total das albufeiras do Grupo

IV dos perímetros hidroagrícolas monitorizadas pela DRAPC.

Tabela 5 - Disponibilidade de água nas albufeiras dos aproveitamentos hidroagrícolas tipo IV (15 de fevereiro)

Concelho Albufeira % em relação à capacidade total

Anadia Porcão

Castelo Branco Magueija 100

Figueira de Castelo Rodrigo Vermiosa 47

Mortágua Macieira

Oliveira de Frades Pereiras

Pinhel/Trancoso Bouça-Cova 40

Sabugal Alfaiates 22

Vila Velha de Ródão Açafal 34

Vila Velha de Ródão Coutada/Tamujais 59

Viseu Calde (Fonte: DRAP Centro)

Page 35: MONITORIZAÇÃO AGROMETEOROLÓGICA E HIDROLÓGICA

35

6. Agricultura e Pecuária

Neste capítulo apresenta-se a evolução das atividades agrícolas na segunda quinzena de fevereiro, em termos qualitativos, com

indicação também de alguns valores das variações de área semeada, de produtividade e de produção.

É de salientar que, para além do acompanhamento ano agrícola 2017/2018, apresenta-se, ainda, informação relativa à olivicultura,

atividade da anterior campanha que ainda não terminou o balanço da sua produção.

I. Cereais de outono /inverno (2017/2018):

No interior Norte, mantem-se, comparativamente ao ano anterior, a tendência de diminuição das áreas semeadas com

estas culturas (o trigo deverá sofrer uma quebra de 2,9%, o centeio 3,8%, a aveia 1,6% e a cevada 0,9%). Os valores das

temperaturas e a fraca precipitação verificada contribuíram para uma estagnação destas culturas, observando-se

atualmente um atraso significativo no seu desenvolvimento, comparativamente ao que seria normal. Alguns produtores,

duvidando da viabilidade das suas searas, já colocaram a hipótese de não realizarem adubações de cobertura, podendo

desviar certas áreas para alimentação animal. Perspetiva-se assim que, se as condições climáticas não se alterem de

forma relevante e consistente, este não seja um bom ano para a produção de grão.

No litoral Centro, as culturas germinaram bem e apresentam bom desenvolvimento vegetativo. Nas zonas de transição,

o seu desenvolvimento é inferior ao normal em consequência da falta de humidade no solo. Nas zonas de interior, o

aspeto vegetativo das searas, que era razoável em resultado da precipitação ocorrida, apresenta agora, devido aos ventos

fortes e formação de geadas, um crescimento muito inferior ao habitual. Existem registos de desvio das áreas semeadas

com estas culturas, para pastoreio, em parte devido às dificuldades que alguns produtores estão a enfrentar para

alimentar os seus efetivos;

Em Lisboa e Vale do Tejo, estão em curso as sementeiras de cevada. As searas de trigo mole e aveia, apesar de

apresentarem um fraco desenvolvimento vegetativo, atribuído fundamentalmente às baixas temperaturas e reduzida

resposta às adubações (dada a falta de chuva para solubilização dos adubos), exibem povoamentos homogéneos com

poucas infestantes. Relativamente à variação de áreas semeadas de trigo mole em comparação com o ano anterior,

estima-se, que as áreas semeadas nas zonas da Grande Lisboa, Lezíria do Tejo e Sorraia sejam semelhantes à campanha

anterior;

No Alentejo, estima-se face ao ano anterior, uma quebra de 10 a 20 % nas áreas semeadas de cereais para grão em

virtude não só da dificuldade de execução dos trabalhos de mobilização do solo para a sementeira, como do risco que

representou a instalação destas culturas num quadro de escassez de precipitação, com índices de água no solo muito

baixos. A ausência de precipitação, durante a maior parte do mês de fevereiro, conduziu a um desenvolvimento

vegetativo das searas abaixo do normal e ao aparecimento de sinais de carências hídricas. Foram realizadas adubações

de cobertura em tempo oportuno, mas a ausência de precipitação eliminou o esperado impacto positivo no

desenvolvimento das searas;

No Algarve, a germinação dos cereais semeados decorreu favoravelmente, embora com atraso. Perspetiva-se uma

diminuição das áreas semeadas de cevada e de trigo e uma estabilização da área de aveia. Os cereais apresentam a

coloração verdejante característica desta fase, embora ainda seja visível a coloração do solo na maioria das sementeiras

menos precoces;

Page 36: MONITORIZAÇÃO AGROMETEOROLÓGICA E HIDROLÓGICA

36

II. Prados, pastagens permanentes e forragens (2017/2018):

No litoral norte, as forragens semeadas mais cedo estão muito desenvolvidas, pois beneficiaram do tempo quente de

novembro e da humidade entretanto fornecida. As forragens semeadas mais tarde estão mais atrasadas, com

crescimentos reduzidos, devido ao efeito do frio e do vento. Os prados permanentes e as pastagens apresentam também

um bom desenvolvimento vegetativo. No interior, as baixas temperaturas mantêm-se como fator limitante para uma

evolução mais rápida destas culturas. Em vários locais desta região, ainda não existem disponibilidades hídricas

suficientes para realizar a tradicional “rega de lima” dos lameiros. Em algumas zonas a massa verde existente vai

permitindo o pastoreio, no entanto, se o desenvolvimento vegetativo não se acentuar e se o pastoreio se mantiver, a

produção de fenos poderá ser afetada. Continua, por isso, a verificar-se o consumo dos alimentos grosseiros

armazenados/comprados nas explorações e de concentrados. Face às dificuldades de alimentação, já se nota em

determinados espécies animais, uma diminuição na taxa de fertilidade, começando alguns produtores a equacionar a

redução do efetivo;

No Centro a precipitação ocorrida, apesar de proporcionar algum incremento no estado vegetativo deste tipo de culturas,

não foi suficiente para recuperar as pastagens de sequeiro. As forrageiras anuais já não evidenciam stress hídrico,

registam agora alguma inibição de crescimento atribuído às baixas temperaturas noturnas. Na zona do Baixo Vouga, já

se efetuaram os primeiros cortes no azevém, com rendimento inferior ao do primeiro corte do ano anterior. De referir

que, à semelhança dos cereais, o desenvolvimento destas culturas está condicionado pela ocorrência de precipitação. De

um modo geral, o gado está a ser alimentado ainda com recurso a alimentos conservados e concentrados, estimando-se

um aumento do consumo destes relativamente ao ano passado em cerca de 60%. Alguns produtores pecuários reportam

dificuldades financeiras para assegurarem convenientemente a alimentação do efetivo, situação agravada pela

perspetiva de eventuais quebras de produção de leite, sobretudo nos pequenos ruminantes;

Em Lisboa e Vale do Tejo, devido ao tempo frio e falta de humidade no solo, o desenvolvimento vegetativo dos prados,

pastagens e culturas forrageiras foi inferior relativamente ao normal para esta época. Por este motivo, a alimentação dos

efetivos pecuários explorados em regime extensivo continua a ser, em muitos casos, assegurada com forragens

conservadas (palhas e fenos), verificando-se já em algumas explorações pecuárias alguma rotura de stocks desse tipo de

alimentos. Já se iniciaram os cortes de azevém destinados a silagem, embora com produtividades inferiores à campanha

anterior;

No Alentejo, os efetivos pecuários continuam a ser suplementados com alimentos conservados (palhas e fenos) e

concentrados (rações), uma vez que as necessidades forrageiras das diferentes espécies pecuárias não são totalmente

satisfeitas com o pastoreio. A demora verificada na sementeira de culturas forrageiras implica um atraso na

disponibilização de alimento para pastoreio, conduzindo a um prolongamento do recurso a alimentos

concentrados/conservados adquiridos, o que representa um significativo acréscimo de custos para as explorações

pecuárias, que na sua maioria têm as suas reservas de palhas e fenos esgotadas. As condições climatéricas ocorridas (frio

e ausência de precipitação) agravaram a situação das pastagens e forragens (semeadas/naturais) uma vez que

acentuaram o atraso no seu ciclo vegetativo;

No Algarve, os prados e as pastagens apresentam fraco desenvolvimento vegetativo, atribuído principalmente à pouca

quantidade de água existente no solo. As pastagens naturais não exibem um crescimento que permita o pleno

aproveitamento pelos animais. Este facto deve-se a ausência de precipitação que provocou uma interrupção do

desenvolvimento vegetativo. As dificuldades na alimentação dos efetivos pecuários, sobretudo dos que se encontram

Page 37: MONITORIZAÇÃO AGROMETEOROLÓGICA E HIDROLÓGICA

37

em regime de pastoreio, reportadas anteriormente nos concelhos de Alcoutim e Castro Marim, estendem-se agora aos

concelhos de Lagos e Vila do Bispo.

III. Culturas de primavera- verão:

No interior Norte, os agricultores com projetos aprovados e obrigatoriedade de fazer as plantações, vão realizando os

trabalhos necessários. No entanto, para viabilizar estas novas áreas, muitas vezes tiveram necessidade de transportar

água em cisternas para garantir a realização das regas. Muitos produtores, face à persistente situação de seca, veem

como pouco provável a concretização de toda a área de culturas de primavera (ex: milho grão, batata, feijão, etc…), que

desejariam cultivar. No entanto, se ocorrer precipitação em quantidade e continuada nos próximos tempos, estas

perspetivas poderão ser alteradas.

IV. Culturas arbóreas e arbustivas (vinha, pomares e olival) (2016/2017 e 2017/18):

No Norte os pomares de citrinos apresentam bom aspeto, com muita fruta, embora com calibre inferior ao habitual

(efeito das condições climáticas difíceis verificadas durante o verão), estimando-se assim quebras de produção,

relativamente ao ano anterior. Os ventos fortes que se fizeram sentir no litoral, provocaram a queda de uma quantidade

considerável de frutos. No que respeita ao olival de sequeiro, o insuficiente volume de precipitação até agora ocorrido,

a cor da folhagem e sua fraca renovação, levanta sérias preocupações relativamente à próxima campanha. Relativamente

às fruteiras de folhagem caduca, as horas de frio têm favorecido a dormência invernal, observando-se ainda pouca

atividade vegetativa. Os baixos valores de precipitação continua a ser uma preocupação para os produtores de culturas

permanentes;

No Centro, os citrinos apresentam de um modo geral um bom estado vegetativo, frutos de boa qualidade, muito embora

com calibres inferiores ao normal (resultado da falta de água). A campanha da azeitona (mesa e para azeite) já terminou.

O azeite produzido nesta campanha apresentou boa qualidade, com uma proporção significativa a poder ser classificado

de extra virgem (acidez <0.8o). As fundas registadas são igualmente boas, em geral acima dos 13%, com algumas zonas a

chegar aos 22%. Nas zonas atingidas pelos incêndios, a produção estará comprometida nos próximos anos;

Em Lisboa e Vale do Tejo a colheita da azeitona para azeite, está concluída. A produção foi muito superior à do ano

anterior, sobretudo devido à entrada em plena produção de olivais novos. As fundas também foram superiores

(estimando-se uma média entre os 14 e os 16%) e a qualidade do azeite produzido é muito boa. O desenvolvimento

vegetativo dos pomares de citrinos é normal e a presença de frutos regular. As condições de estado de tempo ocorridas,

com poucas geadas e sem encharcamento dos solos, têm sido favoráveis à cultura, pelo que nesta altura se estima uma

produção próxima do ano anterior em termos de quantidade e superior em termos de qualidade;

No Alentejo, a previsão aponta para um aumento da produção de azeitona entre os 20-35%, com rendimentos (funda)

que atingiu valores médios dentro do padrão normal (17%). O azeite obtido apresenta boa qualidade. Na azeitona de

mesa, os maiores prejuízos resultaram da redução do calibre e consequente desvalorização do produto. Verificou-se,

para estas culturas, uma antecipação do início e um prolongamento do período de rega, o que representou um acréscimo

de custos associados;

Page 38: MONITORIZAÇÃO AGROMETEOROLÓGICA E HIDROLÓGICA

38

No Algarve, os pomares de citrinos apresentam bom aspeto e vigor vegetativo. Nas cultivares de laranjas temporãs, como

por exemplo na Newhall, prevê-se um pequeno aumento da produtividade. No grupo das tangerinas (variedade

Clemenvillas) e clementinas, a colheita está terminada, perspetivando-se um ano com produção semelhante à do ano

anterior. De um modo geral, os frutos apresentam calibres reduzidos, devido sobretudo à ausência de chuva num período

extenso. No que respeita à azeitona para azeite, a campanha encontra-se finalizada, sendo a qualidade e do azeite

superior à do ano transato.

V. Abeberamento do gado (2017/2018):

No Norte Interior, mais propriamente no Planalto Mirandês, o abeberamento dos animais continua a ser feito com o

recurso a cisternas;

No Centro, o ligeiro aumento dos níveis de água existente nos reservatórios permite realizar o abeberamento animal sem

dificuldades;

No Alentejo verifica-se um desagravamento da situação, resultado de uma maior capacidade de reposição das captações

de água (furos e poços) face à diminuição dos consumos diários dos efetivos pecuários e de novas captações de água

entretanto efetuadas em algumas explorações. No entanto, nas pequenas barragens e charcas, a precipitação ocorrida

não permitiu reposição significativa, pelo que a água disponibilizada por estas fontes de abeberamento mantem-se

insuficiente, quer pela quantidade quer pela qualidade da água;

Em Lisboa e Vale do Tejo, não se conhecem situações preocupantes em termos de disponibilidade de água para

abeberamento de animais;

No Algarve, ainda persistem nos concelhos de Alcoutim, Castro Marim e concelhos limítrofes, situações de grande

carência de água.

VI. Apicultura (2017/2018):

No Algarve, continuam a verificar-se limitações à alimentação natural dos enxames, apesar do medronheiro e da

urze já se encontrarem em floração.

Page 39: MONITORIZAÇÃO AGROMETEOROLÓGICA E HIDROLÓGICA

39

7. Outras Informações

Neste capítulo do relatório de monitorização é incluída informação considerada relevante em função da situação de seca em

presença, não enquadrável nos temas dos capítulos anteriores.

I. Disponibilidades hídricas

As disponibilidades hídricas armazenadas tanto nas albufeiras como nas águas subterrâneas no início do ano hidrológico

2017/2018 apresentavam valores inferiores à média, sendo que em algumas regiões apresentavam valores críticos próximos dos

observados em 2004/2005 e em algumas bacias dos verificados em 1994/1995.

Os valores de precipitação observados durante o mês de dezembro e janeiro permitiram alguma recuperação dos níveis

armazenados nas albufeiras a norte do rio Tejo, mas ainda não permitiram atingir os níveis médios, tendo-se verificado no mês de

fevereiro uma nova diminuição dos volumes totais armazenados. Ao nível das águas subterrâneas continua a verificar-se uma

situação crítica.

A albufeira do Monte da Rocha, na Bacia do Sado e sem ligação ao Alqueva, os volumes armazenados estão extremamente baixos,

mas permitem garantir o abastecimento público nos próximos dois anos, no total de 3 hm3. Na figura seguinte é possível observar

a comparação entre os volumes armazenados entre outubro 2017 e fevereiro de 2018 e a média, calculada para o período

1990/2018, que ilustra bem a situação crítica referida.

Figura 26 – Comparação entre os volumes armazenados entre outubro 2017 e fevereiro 2018 e a média calculada para o período 1990/2018 na

albufeira do Monte da Rocha (Fonte: APA)

Na zona do aproveitamento hidroagrícola do Alto Sado, abastecida pela albufeira do Monte da Rocha, estão a ser regados 200

hectares de olival dependentes desta albufeira, localizados fora da zona abrangida pelo sistema de Alqueva. Para os regar estes

olivais, para abeberamento, para abastecimento público e industrial e para outras pequenas utilizações estão a ser captados na

albufeira do Monte da Rocha 100 L/s. Nesse sentido, e considerando que o volume morto é de 5hm3, o volume útil disponível a

28 de fevereiro era de 3,228 hm3.

Na figura seguinte ilustra-se a estimativa de variação dos volumes observados atendendo aos consumos existentes e tendo por

base um cenário conservador, ou seja sem precipitação significativa.

0

22 000

44 000

66 000

88 000

110 000

out nov dez jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

Vo

lum

e ar

maz

en

ado

(d

am3)

Volume observado 2017/2018

Volume médio 1990/2018

Page 40: MONITORIZAÇÃO AGROMETEOROLÓGICA E HIDROLÓGICA

40

Figura 27 – Evolução prevista dos volumes armazenados na albufeira do Monte da Rocha considerando a estimativa dos consumos e evaporação

até junho de 2018 (Cenário sem precipitação significativa até junho) (Fonte: APA)

Outra situação crítica e com dois usos associados é a albufeira da Vigia na Bacia do Sado. Também os níveis observados na albufeira

da Vigia são extremamente críticos. Na figura seguinte é possível observar a comparação entre os volumes armazenados entre

outubro 2017 e fevereiro 2018 e a média, calculada para o período 2008-2017, que ilustra bem a situação crítica referida.

Figura 28 – Comparação entre os volumes armazenados entre outubro 2017 e fevereiro 2018 e a média calculada para o período 2008/2018 na

albufeira da Vigia (Fonte: APA)

0

20

40

60

80

100

120V

olu

me

con

sum

ido

(d

am3 )

Evaporação

Capt. urbano

Capt. urbano (previsto)

Capt. rega

Capt. rega (previsto)

0%

2%

5%

7%

10%

0

2 000

4 000

6 000

8 000

10 000

ou

t/1

7

no

v/1

7

dez

/17

jan

/18

fev/

18

mar

/18

abr/

18

mai

/18

jun

/18

jul/

18

ago

/18

set/

18

ou

t/1

8

no

v/1

8

dez

/18

Vo

lum

e ar

maz

enad

o (

%)

Vo

lum

e ar

maz

enad

o (

dam

3 )

Volume armazenado (observado) Volume armazenado (previsto) Volume morto

0

4 000

8 000

12 000

16 000

20 000

out nov dez jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

Vo

lum

e ar

maz

en

ado

(d

am3)

Volume observado 2017/2018

Volume médio 2008/2018

Page 41: MONITORIZAÇÃO AGROMETEOROLÓGICA E HIDROLÓGICA

41

Na figura seguinte ilustra-se a estimativa de variação dos volumes observados atendendo aos consumos existentes e tendo por

base um cenário conservador, ou seja sem precipitação significativa.

Figura 29 – Evolução prevista dos volumes armazenados na albufeira da Vigia considerando a estimativa dos consumos e evaporação até junho

de 2018 (Cenário sem precipitação significativa até junho) (Fonte: APA)

A ligação da Vigia ao sistema Alqueva permitiu acomodar as duas utilizações, mas foi necessário condicionar por alguns períodos

a captação para rega.

Continuam a ser realizadas avaliações diárias dos volumes armazenados, verificando-se uma subida, desde 20 de outubro, devido

às transferências do Alqueva e à diminuição dos consumos na rega, muito embora os valores continuassem extremamente baixos,

cerca de 2 534 000 m3, o que equivale a 1 388 000 m3 de volume útil, no dia 28 de fevereiro, superior ao observado a 31 de janeiro.

Na bacia do Mondego, a albufeira de Fagilde, que abastece os concelhos de Viseu, Nelas, Mangualde e Penalva do Castelo,

recuperou com a precipitação ocorrida, estando acima dos 100% de volume total armazenado, conforme ilustra a figura seguinte.

0

10

20

30

40

50

Vo

lum

e co

nsu

mid

o

(dam

3 )

Evaporação

Capt. urbano

Capt. urbano (previsto)

Capt. rega

Capt. rega (previsto)

0%

4%

9%

13%

18%

0

600

1 200

1 800

2 400

3 000

ou

t/1

7

no

v/1

7

dez

/17

jan

/18

fev/

18

mar

/18

abr/

18

mai

/18

jun

/18

jul/

18

ago

/18

set/

18

ou

t/1

8

no

v/1

8

dez

/18

Vo

lum

e ar

maz

enad

o (

%)

Vo

lum

e ar

maz

enad

o (

dam

3 )

Volume armazenado (observado) Volume armazenado (previsto) Volume morto

Page 42: MONITORIZAÇÃO AGROMETEOROLÓGICA E HIDROLÓGICA

42

Figura 30 – Comparação entre os volumes armazenados entre outubro 2017 e fevereiro 2018 e a média calculada para o período 2016/2018 na

albufeira de Fagilde (Fonte: APA)

Na figura seguinte ilustra-se a estimativa de variação dos volumes observados atendendo aos consumos existentes e tendo por

base um cenário conservador, ou seja, sem precipitação significativa.

Figura 31 – Evolução prevista dos volumes armazenados na albufeira de Fagilde considerando a estimativa dos consumos e evaporação até

dezembro de 2018 (Cenário sem precipitação significativa até ao final do ano) (Fonte: APA)

As medidas que já foram implementadas e que permitem uma maior resiliência do sistema foram:

A construção de uma nova captação subterrânea em Viseu;

A construção de uma nova captação para o concelho de Nelas;

O aproveitamento de águas residuais da ETAR de Viseu para usos não potáveis.

Foi também definido um plano, que integra diferentes alternativas, para promover a resiliência de abastecimento, apresentado

pelo SEAMB em dezembro 2017 e em avaliação pelas CM envolvidas.

0

1 200

2 400

3 600

4 800

6 000

out nov dez jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

Vo

lum

e ar

maz

en

ado

(d

am3)

Volume observado 2017/2018

Volume médio 2016/2018

0%

23%

47%

70%

94%

117%

0

900

1 800

2 700

3 600

4 500

ou

t

no

v

dez jan

fev

mar

abr

mai

jun jul

ago

set

ou

t

no

v

dez

Vo

lum

e ar

maz

enad

o (

%)

Vo

lum

e ar

maz

enad

o (

dam

3 )

Volume médio 2016/2018 Volume observado 2017/2018

Volume previsto 2017/2018 Volume (NPA)

Page 43: MONITORIZAÇÃO AGROMETEOROLÓGICA E HIDROLÓGICA

43

A albufeira do Monte Novo também apresenta alguma criticidade apesar da possibilidade de transferência de água do Alqueva.

Acresce que a qualidade da água desta albufeira para níveis tão baixos apresenta problemas que dificultam o tratamento da água

para a rede de abastecimento.

Figura 32 – Comparação entre os volumes armazenados entre outubro 2017 e fevereiro 2018 e a média calculada para o período 2008-2018 na

albufeira do Monte Novo (Fonte: APA)

Na figura seguinte ilustra-se a estimativa de variação dos volumes observados atendendo aos consumos existentes e tendo por

base um cenário conservador, ou seja, sem precipitação significativa e sem reforço do Alqueva.

Figura 33 – Evolução prevista dos volumes armazenados na albufeira do Monte Novo considerando a estimativa dos consumos e evaporação até

dezembro de 2018 (Cenário sem precipitação significativa até ao final do ano e sem reforço do Alqueva) (Fonte: APA)

Atendendo que a situação da seca se mantém e com diminuição dos volumes armazenadas, tanto nas albufeiras como nas águas

subterrâneas, o que obriga a incrementar medidas de racionalização e de uma gestão com maior parcimónia da água.

0

4 000

8 000

12 000

16 000

20 000

out nov dez jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

Vo

lum

e ar

maz

en

ado

(d

am3)

Volume observado 2017/2018

Volume médio 2008/2017

0%

26%

52%

79%

105%

131%

0

4 000

8 000

12 000

16 000

20 000

ou

t

no

v

dez jan

fev

mar

abr

mai

jun jul

ago

set

ou

t

no

v

dez

Vo

lum

e ar

maz

enad

o (

%)

Vo

lum

e ar

maz

enad

o (

dam

3 )

Volume médio 2008/2017 Volume observado 2017/2018Volume previsto 2017/2018 Volume (NPA)Volume morto

Page 44: MONITORIZAÇÃO AGROMETEOROLÓGICA E HIDROLÓGICA

44

II. Produção de energia hidroelétrica

a) Índice de Produtibilidade Hidroelétrica e Armazenamento nas Albufeiras

O Índice de Produtibilidade Hidroelétrica (IPH) é um indicador que permite quantificar o desvio do valor total de energia produzida

por via hídrica num determinado período, em relação à que se produziria se ocorresse um regime hidrológico médio.

Para o presente relatório optou-se por apresentar os valores observados do IPH referente ao ano hidrológico em curso,

2017/2018, bem como a sua comparação com os dois anos anteriores, 2016/2017 e 2015/2016.

Verifica-se que os valores do índice continuam a traduzir uma situação de produção hidroelétrica significativamente inferior à que

ocorreria num ano com um regime hidrológico médio, agravado pelo facto de no ano hidrológico de 2016/2017 também já se

terem verificado valores sempre abaixo do que seria um ano de produção média.

Tabela 6 – Valores de IPH mensal ao longo dos anos hidrológicos de 2017/2018, 2016/2017 e 2015/2016 e

respetivas médias anuais (Fonte: http://www.centrodeinformacao.ren.pt, estatística mensal).

2017/2018 2016/2017 2015/2016

Out 0,16 0,75 1,17

Nov 0,16 0,52 0,71

Dez 0,28 0,38 0,38

Jan 0,40 0,36 1,52

Fev 0,37 0,92 1,53

Mar 0,67 1,27

Abr 0,41 2,24

Mai 0,56 2,33

Jun 0,47 1,43

Jul 0,37 1,18

Ago 0,85 2,17

Set 0,47 1,22

Média 0,27 0,56 1,43

Page 45: MONITORIZAÇÃO AGROMETEOROLÓGICA E HIDROLÓGICA

45

Figura 34 – Evolução dos valores de IPH mensais ao longo dos anos hidrológicos de 2017/2018, 2016/2017 e 2015/2016

(Fonte: http://www.centrodeinformacao.ren.pt, estatística mensal)

Adicionalmente apresenta-se como dado indicador das disponibilidades hídricas associadas às albufeiras com produção de energia

elétrica, os valores de percentagem de armazenamento nas albufeiras face ao máximo possível expresso em GWh.

Dos dados observados é possível verificar que deste outubro de 2016 os valores armazenados nas albufeiras que possuem

produção hidroelétrica associada têm vindo a manter-se sempre abaixo de 50%, sendo a situação mais gravosa a verificada no

presente ano hidrológico.

Figura 35 – Evolução do Armazenamento nas Albufeiras [GWh] - % máximo, valores mensais, ao longo dos anos hidrológicos de 2017/2018,

2016/2017 e 2015/2016 (Fonte: http://www.centrodeinformacao.ren.pt, estatística mensal)

0

0,5

1

1,5

2

2,5

Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set

2017-2018 2016-2017 2015-2016

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set

2017-2018

2016-2017

2015-2016

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b) Produção Hidroelétrica

Os valores verificados de produção hidroelétrica mensal em Portugal Continental (valores totais por bacia hidrográfica), referentes

ao ano hidrológico em curso encontram-se representados no quadro abaixo, sendo ainda apresentado na representação gráfica

dos mesmos a comparação com o ano anterior.

No anexo III identificam-se os aproveitamentos hidroelétricos que contribuem em cada bacia para os valores apresentados.

Tabela 7 – Valores produção hidroelétrica mensal (GWh), em Portugal Continental e respetiva potência instalada (Fonte DGEG).

Figura 16 – Produção Hídrica por bacia hidrográfica em Portugal Continental (GWh) (out de 2016 / jan de 2018p) (Fonte DGEG).,

out nov dez jan fev

Albufeira /Bacia 315 426 620 700 794 7.039

Lima 51 20 44 38 82 699

Cávado 78 169 245 215 195 1.683

Douro 112 150 203 289 372 2.911

Mondego 4 3 9 40 35 419

Tejo 16 27 39 25 39 617

Guadiana 48 52 60 45 42 510

Outras Bacias 6 4 21 48 29 201

Dados relativos a 2017 e 2018 têm carácter provisório

Outras bacias: Ave, Minho, Ribeiras do Alentejo, Robeiras do Algarve, Sado, Vouga

Produção Hídrica por Bacia Hidrográfica em

Portugal Continental (GWh)

2017/2018p

Potência

Instalada

2017p

(MW)

out nov dez jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez jan fev

GWh

Douro Cávado Tejo Mondego Lima Guadiana Outras Bacias

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c) Evolução comparativa da produção hidroelétrica

Para melhor perceção da representatividade dos níveis de produção de energia de fonte hídrica verificada nos últimos meses

procedeu-se à comparação do ano hidrológico em curso, 2017/2018, com os três anos anteriores, 2016/2017, 2015/2016 e

2014/2015, e com último ano em que se verificou uma situação de seca comparável à vivida atualmente, 2005.

Dos valores observados verifica-se que os valores de produção no presente ano hidrológico, com a exceção das bacias

hidrográficas do Lima e do Cávado, têm sido sempre inferiores a igual período do ano anterior, demonstrando o impacte da

situação de seca ainda vivida no país no sector da produção de energia elétrica. Nas bacias do Cávado e do Guadiana tem-se

verificado nos últimos dois meses um decréscimo da produção, contrariamente às restantes bacias onde tem havido alguma

evolução crescente.

Em termos de comparação com o ano hidrológico de 2005, nas bacias do Douro, Mondego e Tejo continua-se a verificar uma

situação de produção muito próxima da verificada nesse ano.

Figura 37 – Evolução comparativa da produção hidroelétrica (produção mensal por bacia hidrográfica, GWh) (Fonte: DGEG)

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III. Abastecimento por recurso a autotanques dos Corpos de Bombeiros a 28 de fevereiro

A utilização de veículos autotanque para reforço do abastecimento (por injeção de água em reservatórios ou instalações de

tratamento) é uma prática corrente de diversas entidades gestoras, as quais recorrem a recursos próprios, a meios das autarquias

(Câmaras Municipais e Juntas de Freguesia), a veículos detidos por privados ou, mais comummente, a veículos dos Corpos de

Bombeiros.

No período entre 15 e 28 de fevereiro de 2018, foram realizadas 82 operações de abastecimento com recurso a meios dos Corpos

de Bombeiros, valor que traduz um aumento de cerca de 115% face a igual período do ano anterior e de 7% por comparação com

a quinzena precedente, conforme ilustrado na Figura seguinte:

Figura 38 – Número de abastecimentos públicos no período 1 de julho de 2017 a 28 de fevereiro de 2018 (Fonte: ANPC)

Numa análise distrital, é possível verificar que os distritos de Bragança (13 abastecimentos), Vila Real (10) e Coimbra (10) foram

os que registaram, no período em causa, um maior número de abastecimentos efetuados por Corpos de Bombeiros. Importa

notar, contudo, que não é possível garantir que todas as operações de abastecimento efetuadas pelos Corpos de Bombeiros

tiveram por finalidade o abastecimento público à população, ou que, tendo esse propósito, tal abastecimento tenha decorrido

diretamente da situação de seca.

Os municípios que registaram maior número de operações de abastecimento com recurso a meios dos Corpos de Bombeiros na

quinzena em causa foram:

Barcelos – 8 abastecimentos;

Vila do Bispo – 8 abastecimentos;

Chaves – 7 abastecimentos;

Miranda do Douro – 5 abastecimentos;

Macedo de Cavaleiros – 4 abastecimentos.

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IV. Medidas da CPPMAES

Apresentam-se a seguir as medidas de prevenção e contingência, incluindo medidas de regulação, a curto, médio e longo prazo,

e medidas de mitigação dos efeitos da seca e de apoio aos setores afetados, propostas pelo GT e aprovadas pela Comissão

Permanente de Prevenção, Monitorização e Acompanhamento dos Efeitos da Seca (CPPMAES), na reunião realizada em 30 de

outubro, já divulgadas nos últimos relatórios:

Medidas de Prevenção e Contingência, incluindo medidas de regulação, a curto prazo

1. Continuar a equacionar, até que haja reposição natural dos níveis de armazenamento nas albufeiras ou águas

subterrâneas, a necessidade de implementar medidas temporárias de contingência na utilização dos recursos hídricos.

2. Continuar a acompanhar diariamente os níveis nas albufeiras identificadas como críticas e semanalmente nas albufeiras

identificadas sob vigilância, promovendo reuniões das Subcomissões, no âmbito da Comissão de Gestão de Albufeiras,

sempre que seja necessário e implementando as medidas de contingência que se revelem necessárias para garantir o uso

racional da água disponível e garantir os usos prioritários.

3. Avaliar a possibilidade de incrementar a monitorização ao nível de barragens agrícolas de interesse coletivo local.

4. Continuar a licenciar novas captações subterrâneas de águas particulares apenas por autorização, nos termos previstos

do n.º 4 do artigo 62.º da Lei da Água, devendo ainda aferir-se as disponibilidades existentes e a sustentabilidade de novas

captações, atendendo aos níveis críticos em que se encontram as águas subterrâneas.

5. Não licenciar novas captações próprias em perímetros urbanos ou servidos pela rede pública de abastecimento, nem nas

áreas abrangidas pelos aproveitamentos hidroagrícolas públicos, exceto se for declarado pelas associações de regantes a

impossibilidade de satisfação de mais pedidos.

6. Continuar o esforço de fiscalização de captações ilegais em albufeiras com usos principais e da execução ilegal de

captações de água subterrânea, nomeadamente em aquíferos mais vulneráveis em termos quantitativos e qualitativos,

em particular nas zonas críticas e de vigilância identificadas.

7. Continuar a garantir que o abeberamento de animais através das albufeiras de águas públicas não é realizado diretamente

na margem da albufeira, mas sim em pontos de água próximos ou através de cisternas.

8. Promover formas de utilização racional ao nível dos sectores do comércio e do turismo.

9. Continuar a implementar medidas de redução dos consumos urbanos, em todo o país, tais como:

a. Diminuir a rega dos jardins e hortas e respetiva prática em horários apropriados;

b. Restringir nas zonas críticas, o enchimento de piscinas individuais, lavagem de viaturas e logradouros;

c. Diminuir para rega de sobrevivência nas zonas verdes e em horários apropriados;

d. Encerrar fontes decorativas, quando não funcionem em circuito fechado.

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10. Na atribuição de fundos comunitários a investimentos relacionados com a utilização da água, assegurar a utilização

eficiente deste recurso pelos diversos setores de atividade, tendo presente a necessidade de reduzir perdas de água,

nomeadamente, ao nível dos sistemas de distribuição.

11. Promover uma campanha de sensibilização para a necessidade do uso racional da água destinada à população em geral,

a agentes económicos e entidades públicas, elaborada no seio do Grupo de Trabalho, com divulgação abrangente,

incluindo os sítios da internet das entidades do grupo de trabalho e a utilização de meios de comunicação social, sem

prejuízo da continuidade de outras ações de sensibilização.

12. Promover, conjuntamente com os organismos do Ambiente e Agricultura, a EDIA e os utilizadores, o planeamento das

transferências do Alqueva para as albufeiras das bacias do Sado e Guadiana no ano hidrológico 2017/2018, de forma a

tornar mais sustentável, económica e tecnicamente, estas transferências.

13. No âmbito da Comissão de Gestão de Albufeiras avaliar as necessidades de rega das culturas perenes (sobrevivência) no

imediato, bem como promover o planeamento e acompanhamento das disponibilidades de água para o ano agrícola e

hidrológico em curso, atendendo às disponibilidades existentes e aos cenários de previsão.

14. Promover, em articulação com as Câmaras Municipais e entidades gestoras dos sistemas de abastecimento, a

implementação de medidas nas áreas ardidas que minimizem os efeitos na qualidade da água.

15. Reforçar a desinfeção dos depósitos públicos e particulares e os autotanques usados no abastecimento de água.

16. Ter disponíveis sistemas expeditos de desinfeção da água, para a desinfeção de novas origens que se coloquem em

funcionamento, devendo realizar-se uma análise química sumária para avaliar a qualidade da água.

Medidas de Prevenção e Contingência, incluindo medidas de Regulação, a médio e longo prazo

17. Avaliar a possibilidade de promover a interligação de grandes barragens de maior capacidade hídrica e com albufeiras de

maior capacidade de regularização, com as barragens e albufeiras de dimensão pequena a moderada e comprovadamente

mais suscetíveis a períodos de seca prolongada, tendo em vista a densificação de pontos de água no território nacional e

evitando-se a sobre-exploração dos aquíferos. A título de exemplo, a ligação do Alqueva ao Monte da Rocha e o aumento

dos caudais afluentes do Alqueva à Vigia.

18. Avaliar a possibilidade de promover o aumento do armazenamento das barragens, complementando a necessidade de

correção e melhoria de situações de índole estrutural e /ou hidráulico no âmbito do cumprimento do Regulamento de

Segurança de Barragens, por pequenos alteamentos do nível de pleno armazenamento (NPA), com evidente vantagem

técnico-económica. A subida do NPA possibilita o aumento da capacidade de armazenamento e portanto do efeito

regularizador destas obras que são a única origem de água para grandes regadios e aproveitamentos hidráulicos de fins

múltiplos. Desta forma contribui-se para uma maior resiliência e uma melhor resposta dos aproveitamentos hidráulicos

e, designadamente, do regadio associado, às novas condicionantes climáticas. A título exemplificativo ilustra-se a

Barragem do Lucefecit.

19. Avaliar as necessidades e possibilidade de construção de novas barragens - de dimensão criteriosa e moderada, mas

necessariamente com capacidade de regularização interanual - para incrementar as disponibilidades hídricas, aumentar a

resiliência em situações adversas e, assim, contribuir para o ordenamento e desenvolvimento territorial e combate à

desertificação física e humana.

Page 51: MONITORIZAÇÃO AGROMETEOROLÓGICA E HIDROLÓGICA

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20. Rever, atualizando, o Programa Nacional de Utilização Eficiente da Água (PNUEA).

21. Promover a reutilização da água residual de origem urbana tratada, criando guias de utilização, bem como avaliando as

possíveis utilizações atendendo às localizações das ETAR e dos locais onde pode ser reutilizada essa água.

22. Definir um Plano de Contingência, avaliando por Região Hidrográfica as disponibilidades hídricas versus as necessidades e

as possíveis sinergias entre os diferentes sistemas de armazenamento de água, bem como a articulação a promover entre

as diferentes utilizações nos sistemas identificados como mais críticos, e mapear as fontes alternativas de abastecimento

de água em caso de emergência, tendo em conta uma avaliação de risco prévia.

Medidas de Mitigação e Apoio

23. Monitorizar as medidas de apoio aos agricultores tomadas no decurso de 2017 e continuar a acompanhar e avaliar

medidas propostas pelos representantes do setor agrícola nomeadamente no quadro da Comissão Seca 2017.

24. Continuar a apoiar os agricultores na identificação de soluções eficientes para o abeberamento de animais,

nomeadamente em pontos de água próximos ou através de cisternas, evitando o disseminar de novas captações.

25. Continuar a apoiar os agricultores no sentido de assegurar a alimentação animal, tendo presente a inexistência de

disponibilidades ao nível dos prados, pastagens permanentes e forragens, e a necessidade crescente de recurso a

alimentos compostos, em resultado do ano passado desfavorável e das condições meteorológicas e hidrológicas que se

atravessam.

26. Divulgação junto dos setores de abastecimento público, agricultura e indústria do guia para a definição de planos de

contingência e avaliação da pertinência de ser uma obrigatoriedade legal a existência destes planos de contingência ao

nível municipal ou mesmo intermunicipal.

V. Medidas ao nível da atuação no seio do Grupo de Trabalho

O GT adotou, ainda, duas outras medidas relacionadas com a atividade do Grupo, que consequentemente não foram avaliadas

pela Comissão e que são as seguintes:

27. Avaliar a pertinência de introdução de ajustamentos no Plano de Prevenção, Monitorização e Contingências para situações

de seca a novas realidades que se verificam fruto das alterações climáticas, incluindo a implementação de novo índice

Agrometeorológico pelo IPMA, complementar aos índices PDSI e SPI atualmente em monitorização. Este índice deve incidir

sobre o estado da vegetação de forma a se obter a componente agrometeorológica na monitorização da seca agrícola.

28. Definir metodologias de avaliação dos custos associados a situações de seca nos diferentes sectores e no ambiente.

A CPPMAES realizou a 3ª reunião no passado dia 8 de fevereiro, tendo avaliado a implementação das decisões assumidas nas duas

reuniões anteriores, de 19 de julho de 2017 e de 30 de outubro de 2017. Nesta terceira reunião foi apreciado o ponto de situação

meteorológico, hidrológico e agrícola. Foram ainda identificadas as zonas mais críticas e traçada para as mesmas a adequada

estratégia de atuação.

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VI. Medidas de mitigação e apoio no setor agrícola

A Comissão de Acompanhamento da Seca 2017, criada pelo Despacho MAFDR n.º 6097/2017, de 22/06 no Ministério da

Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, tem como missão identificar os problemas, acompanhar a evolução da atual

situação de seca em Portugal Continental, na sua dimensão agrícola, e a execução de medidas tendentes à minimização dos seus

impactos negativos. Pressupõe o envolvimento das estruturas representativas dos setores agrícola e agroalimentar.

Na campanha agrícola anterior 2016/17 foram tomadas as medidas que se expõem no quadro seguinte:

Medidas da campanha 2016/17

I - Antecipação de pagamento de ajudas – referentes ao Pedido Único 2017: Adiantamento até 70% dos regimes de

pagamentos diretos listados no Anexo I do Regulamento (EU) n.º 1307/2013, nomeadamente, regime de pagamento

base, pagamento redistributivo, pagamento para os jovens agricultores, pagamentos ligados e pequena agricultura

O MAFDR ativou o pedido de autorização para a antecipação de pagamentos, começando por o GPP remeter, em

26/06, Carta e documento do IPMA à CE, invocando seca, temperaturas elevadas, ondas de calor, quebras de áreas

e de produtividade em culturas agrícolas. Posteriormente, no Conselho Europeu de Ministros Agricultura de 17 e 18

de julho foi analisado o ponto de situação de seca em Portugal e Espanha.

Foi aprovada Decisão de Execução C (2017) 5905 final, da Comissão, de 31 de agosto, a autorizar Bélgica, República

Checa, Espanha, Itália, Letónia, Hungria, Polónia, Portugal e Finlândia a derrogar, relativamente ao exercício de 2017,

o artigo 75º, n.º 1, terceiro parágrafo, do Regulamento (UE) n.º 1306/2013 do Parlamento Europeu e do Conselho,

no que se refere ao nível dos adiantamentos dos pagamentos diretos e das medidas de desenvolvimento rural

relacionadas com as superfícies e com os animais.

O IFAP assegurou a operacionalização dos controlos regulamentares e o calendário de pagamentos, em anexo,

expressando este último o adiantamento efetuado a 30 de outubro de 70% para os regimes de pagamentos diretos

assinalados.

II - Antecipação de pagamento de ajudas: Adiantamento do pagamento das Medidas Agroambientais e Medidas de

Apoio às Regiões Desfavorecidas para efeitos do Pedido Único de 2017

Os procedimentos assumidos estão descritos na medida anterior.

A decisão nacional relativa a regimes de ajudas “superfícies” do Desenvolvimento Rural foi do adiantamento de 75%.

O IFAP assegurou a operacionalização dos controlos regulamentares e o calendário de pagamentos, em anexo,

expressando este último o adiantamento efetuado a 30 de outubro de 70% para os regimes de ajudas “superfície”

do desenvolvimento rural assinalados.

III - Greening: cumprimento da prática de diversificação de culturas para efeitos do Pedido Único de 2017

No âmbito do cumprimento da prática de diversificação de culturas, n.º 1 do artigo 21º da Portaria n.º 57/2015,

considera-se que para este efeito devem ser aceites, entre 1 de maio e 31 de julho, áreas semeadas pelo agricultor

em que a germinação foi insuficiente por razões que se prenderam com o défice hídrico, comprometendo a presença

de vestígios das culturas nas parcelas, exigidos pela referida Portaria.

Por decisão do Sr. Ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural essas circunstâncias deverão ser

atendidas em sede de controlo in loco, devendo para o efeito os agricultores nessa situação comunicar o facto, por

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53

Medidas da campanha 2016/17

escrito, à autoridade competente, no prazo de 15 dias úteis, apresentando documentos de prova para que não sejam

penalizados.

Nota: 15 dias úteis após o final do período de controlo (31/07) não houve comunicações escritas por parte dos

agricultores a informar a não ocorrência da germinação das sementes por falta de água.

IV - Greening: pastoreio nas áreas de pousio no período de 1 de fevereiro a 31 de julho, para efeitos do Pedido Único

de 2017

A importância de assegurar a alimentação animal em época de seca justifica que se permita o pastoreio nas áreas de

pousio no período de 1 de fevereiro a 31 de julho. Esta possibilidade deve ser assegurada quer para efeitos da prática

da diversificação de culturas, quer para efeito de contabilização como Superfícies de Interesse Ecológico. Assim,

mesmo sendo pastoreado, o pousio deve ser contabilizado como uma cultura e não englobado na área forrageira.

GPP remeteu, em 26/06, Carta e documento do IPMA à CE, invocando seca, temperaturas elevadas, ondas de calor,

quebras de áreas e de produtividade em culturas agrícolas e manutenção de grave crise no leite no caso da RA dos

Açores. Foi solicitada autorização para aplicar uma derrogação que permita que os agricultores possam

excecionalmente utilizar para pastoreio as parcelas de pousio declaradas no Pedido Único de 2017, para efeitos do

cumprimento das práticas benéficas para o clima e ambiente, relativas à diversificação de culturas e de superfície de

interesse ecológico, previstas nos artigos 44º e 46º do Regulamento (UE) n.º 1307/2013, no período de restrição

previsto na legislação nacional, período esse que vigora entre 1 de fevereiro e 31 de julho.

A Comissão Europeia concretizou a necessária derrogação a aplicar a áreas formalmente reconhecidas como afetadas

pela seca, onde existam efetivos pecuários. A Decisão de Execução da Comissão C(2017) 5807, de 28 de agosto,

autoriza derrogações ao Regulamento (UE) n.º 1307/2013 do Parlamento Europeu e do Conselho e ao Regulamento

Delegado (UE) n.º 639/2014 da Comissão no que diz respeito à aplicação de determinadas condições relativas ao

pagamento por ecologização, referente aos exercícios de 2016 e 2017, na Bélgica, em Espanha, em França, em Itália,

no Luxemburgo, na Áustria e em Portugal.

Nota: A definição dos elementos a incluir na notificação da decisão do país a fazer à Comissão Europeia, como a data

em que a assumiu, o nível de aplicação para cada obrigação derrogada, as áreas afetadas pela seca e o cálculo ou a

estimativa da área de que beneficiará cada derrogação, incluindo os respetivos métodos aplicados foi efetuada em

estreita colaboração entre o GPP e o IFAP, tendo o GPP notificado os serviços da DG AGRI da Comissão Europeia no

dia 28/09/2017.

V - Flexibilização das regras das Medidas Agro e Silvo-Ambientais: Ações 7.1 «Agricultura Biológica», 7.2 «Produção

Integrada», 7.4 «Conservação do solo» e 7.5 «Uso eficiente da água» - incumprimento de área mínima das culturas

de primavera/verão exigida nos critérios de elegibilidade ou germinação e desenvolvimento das mesmas

significativamente afetado

A legislação das ações em causa prevê que, em caso de força maior ou circunstância excecional, se os agricultores se

viram impossibilitados de realizar a sementeira de qualquer cultura de primavera/verão, pondo eventualmente em

causa a manutenção do compromisso de cumprimento de área mínima exigida nos critérios de elegibilidade de cada

uma das Ações, ou, tendo procedido à sementeira, a germinação e o desenvolvimento da cultura foi

significativamente afetado (neste ano por indisponibilidade de água), possam comunicar a situação ao IFAP, no prazo

de 15 dias úteis, por escrito e apresentando documentos de prova, de modo a não serem penalizados em sede de

controlo de campo.

Os pedidos deferidos conduzem à situação em que o beneficiário não recebe o pagamento relativo ao ano mas não

é penalizado por quebra de compromisso ou em que o grupo de pagamento é ajustado sem sanções nem

penalizações (os agricultores que declararam culturas semeadas ou regadas e que, por falta de água, não

conseguiram fazer a sementeira ou a rega, devem fazer a alteração da ocupação cultural e/ou regime de rega, para

pousio/forrageira temporária ou para sequeiro, sendo o grupo de pagamento ajustado à alteração comunicada).

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Medidas da campanha 2016/17

VI - Flexibilização das regras das Medidas Agro e Silvo-Ambientais: Ações 7.1 «Agricultura Biológica» e 7.2 «Produção

Integrada» - utilização de alimentos convencionais na alimentação de animais biológicos e suspensão de

percentagem mínima anual de alimentos certificados em produção integrada e da alimentação (em matéria seca)

que, numa base anual, teria de ser proveniente da própria unidade de produção

«Agricultura Biológica» - A Direção-Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural (DGADR) emitiu Nota com

procedimentos para o operador, ou quem o represente, dirigisse um requerimento ao Diretor da DGADR, indicando

que pretendia solicitar autorização para utilização de alimentos convencionais na alimentação de animais biológicos,

ao abrigo da alínea c) do artigo 47º do Reg. (CE) n.º 889/2008 da Comissão. Perante uma situação declarada de seca

ou de ocorrência de incêndios, conforme disposto no n.º 1 e na alínea f) do n.º 2 do artigo 22º do Reg. (CE) n.º

834/2007 do Conselho de 28 de Junho (derrogação das regras de produção em Produção Biológica) podem ser

previstas medidas temporárias de isenção às regras de produção para permitir a continuação da produção biológica.

«Produção Integrada» - Despacho Conjunto nº1/2017 da DGADR e da DGAV, de 25 de julho, decidindo que, face à

atual situação de seca em Portugal Continental, fica temporariamente suspensa a aplicação da percentagem mínima

anual de alimentos certificados em produção integrada (em matéria seca) a utilizar em Produção Integrada Animal e

a percentagem mínima da alimentação (em matéria seca) que, numa base anual, teria de ser proveniente da própria

unidade de produção, condições que se encontram previstas nas alíneas v) e vi) do ponto 5.3 das Normas de Produção

Integrada Animal.

VII - Condicionalidade - Exceção ao cumprimento da Norma BCAA 4 - «Cobertura da Parcela» para efeitos do Pedido

Único de 2017

No âmbito da condicionalidade, regulada, a nível nacional, pelo despacho normativo n.º 6/2015, de 20 de fevereiro,

alterado pelos Despachos Normativos n.os 16/2015, de 25 agosto, 1-B/2016, de 11 fevereiro, 4/2016, de 9 maio, e

15-B/2016, de 29 dezembro, a norma das boas condições agrícolas e ambientais das terras (BCAA) 4, «Cobertura

mínima dos solos», estabelece, no n.º 1, que as parcelas de superfície agrícola devem apresentar uma vegetação de

cobertura instalada ou espontânea no período entre 15 de novembro e 1 de março.

No n.º 2 do referido preceito preveem -se, contudo, diversas situações em que se exceciona a aplicação da norma

«Cobertura da parcela» do n.º 1, designadamente as relativas a parcelas sujeitas a trabalhos de preparação do solo

para instalação de culturas.

Colocou-se a necessidade de os agricultores que tivessem efetuado a mobilização do solo para preparação das

culturas de primavera/verão no período compreendido entre 15 de novembro e 1 de março e não tivessem

conseguido proceder à respetiva instalação devido à ausência de precipitação atmosférica, ficarem acautelados de

prejuízos na atribuição de ajudas pela aplicação de sanções administrativas, por motivos que não lhes eram

imputáveis.

O Despacho Normativo n.º12/2017, de 12 de setembro, do Senhor MAFDR, estabelece um regime excecional de

aplicação, em 2017, da norma das boas condições agrícolas e ambientais das terras (BCAA 4), prevista no Despacho

Normativo n.º 6/2015, de 20 de fevereiro, alterado pelos Despachos Normativos nos 16/2015, de 25 agosto, 1-B/2016,

de 11 fevereiro, 4/2016, de 9 maio, e 15-B/2016, de 29 dezembro. Assim, a título excecional, no ano de 2017,

consideram -se abrangidas pela alínea c) do n.º 2 da BCAA 4, «Cobertura mínima dos solos», constante do anexo III

do Despacho Normativo n.º 6/2015, de 20 de fevereiro, alterado pelos Despachos Normativos nos 16/2015, de 25

agosto, 1-B/2016, de 11 fevereiro, 4/2016, de 9 maio, e 15-B/2016, de 29 dezembro, as parcelas sujeitas a trabalhos

de preparação do solo em que a instalação de culturas não tenha sido possível devido a uma situação de seca.

VIII - Programa de Desenvolvimento Rural 2014- 2020 (PDR 2020) - Operação 3.2.2 - «Pequenos Investimentos na

Exploração Agrícola»

Através do Despacho do Senhor Ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural n.º 6399/2017 é

reconhecida a existência “de uma situação de seca severa (agrometeorológica) no território continental, desde o dia

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55

Medidas da campanha 2016/17

30 de junho de 2017, que consubstancia um fenómeno climático adverso, com repercussões negativas na atividade

agrícola”.

A Portaria n.º 213 – A/2017, de 19/07 (MAFDR), alterou a Portaria n.º 107/2015, de 13 de abril (MAM) que estabelece

o regime de aplicação da operação 3.2.2, elevando o custo total elegível dos projetos de investimento de um valor

inferior ou igual a 25 mil euros para 40 000 euros e adotando também como critério de elegibilidade a catástrofe

natural.

A primeira abertura de apresentação de candidaturas para a Operação 3.2.2 ocorreu a 31 de julho, para o período

de 31/07 a 29/09/2017, sendo as despesas elegíveis as inerentes a investimentos específicos em captação,

distribuição e armazenamento de água, e a área geográfica elegível a dos distritos de Beja, Évora e Portalegre, que

apresentavam todos os concelhos em seca severa ou extrema. O objetivo é a mitigação dos efeitos da seca severa e

extrema enquanto fenómeno climático adverso, através do apoio a investimentos específicos nas explorações

agrícolas em que a escassez de água comprometa o maneio do efetivo pecuário, em particular o seu abeberamento.

A dotação orçamental para este Anúncio é de 2 milhões de euros.

Abriu novo período de candidaturas para a Operação 3.2.2, de natureza idêntica, de 14/08 a 16/10/2017, para os

distritos de Castelo Branco, Guarda e Bragança, e para os concelhos de Alcácer do Sal, Grândola e Santiago do Cacém,

no distrito de Setúbal. A dotação orçamental para este Anúncio é de 1 milhão de euros.

Encontra-se a decorrer de 20/07 a 17/11/2017 novo período de candidaturas para os concelhos de Coruche e

Chamusca, do distrito de Santarém, e Castro Marim, do distrito de Faro. A dotação orçamental para este Anúncio é

de 300 mil euros.

IX – Reconhecimento de Organizações de Produtores (OP) sem mínimo de Valor de Produção Comercializada (VPC)

A Portaria n.º 169/2015 prevê uma exceção no reconhecimento de OP que não tenham conseguido atingir os

mínimos do VPC por terem sido afetadas por fenómenos climáticos adversos, como a seca.

Para o efeito as OP têm que solicitar às Direções Regionais de Agricultura e Pescas a exceção, demonstrando a perda

de rendimento devido à seca.

X – Orientações ao setor apícola para atuação em situação de carência alimentar

A Direção-Geral de Alimentação e Veterinária formulou um conjunto de orientações, que os serviços regionais

divulgaram junto das associações de apicultores, relativas a promover a transumância para zonas vizinhas com

recursos florísticos, na sua impossibilidade a preparação de alimentos artificiais, e a colocação de bebedouros face à

carência de alimentação e de água para as abelhas em consequência da seca, tendo para o efeito concebido um

folheto, em anexo.

XI – «Linha de crédito garantida para minimização dos efeitos da seca 2017 — Alimentação Animal»

Legislação: Portaria n.º 330-A/2017, de 31 de outubro, Ministérios das Finanças e Agricultura, Florestas e

Desenvolvimento Rural

Linha de crédito garantida destinada a apoiar necessidades de tesouraria, dirigida aos operadores de produção

animal, que exerçam as atividades de bovinicultura, caprinicultura, ovinicultura, equinicultura, asininocultura,

suinicultura em regime extensivo e apicultura, com vista a compensar o aumento dos custos de produção resultantes

da seca, nomeadamente os custos relativos à alimentação animal devido à escassez de pastagens e forragens e de

algumas espécies vegetais.

Montante global do crédito - 5 milhões de euros

Montante Individual do Crédito: €180, por fêmea das espécies bovina, equina e asinina, como idade superior a 24

meses; € 40, por fêmea das espécies ovina e caprina, com idade superior a 12 meses; €120, por fêmea reprodutora

da espécie suína, em regime extensivo; € 5 por colmeia.

Page 56: MONITORIZAÇÃO AGROMETEOROLÓGICA E HIDROLÓGICA

56

Medidas da campanha 2016/17

Auxílio de Estado, concedido de acordo com as condições previstas no Regulamento (UE) n.º 1408/2013, da

Comissão, de 18 de dezembro de 2013, relativo à aplicação dos artigos 107.º e 108.º do Tratado sobre o

Funcionamento da União Europeia aos auxílios de minimis. O montante máximo de crédito garantido, por

beneficiário, não poderá ultrapassar 15 000 euros (quinze mil euros), expressos em equivalente subvenção bruto.

XII - Greening: regime de certificação ambiental para efeitos do Pedido Único de 2017

No âmbito do regime de certificação ambiental relativo ao Pedido Único de 2017, caso o produtor de milho não consiga

cumprir a obrigação de efetuar a sementeira da cultura de cobertura até dia 31 de outubro, deve comunicar por escrito

ao IFAP e ao Organismo de Certificação, até dia 22 de novembro de 2017, essa impossibilidade de efetuar a sementeira

dentro do prazo estipulado, alegando uma situação de força maior e circunstâncias excecionais. Neste sentido é

utilizado um procedimento ao abrigo da alínea c) do n.º 2 do artigo 2.º do Regulamento (UE) n.º 1306/2013 do

Parlamento Europeu e do Conselho. O IFAP fará uma verificação no terreno até 15/03/2018.

Na atual campanha foram já tomadas algumas iniciativas e foi dada continuidade a outras que vinham do ano agrícola

anterior, que se apresentam no quadro que se segue:

Medidas Campanha 2017/18

I - Greening: pastoreio nas áreas de pousio no período de 1 de fevereiro a 31 de julho, para efeitos do Pedido Único

de 2018

A importância de assegurar a alimentação animal em época de seca justifica que se permita o pastoreio nas áreas de

pousio no período de 1 de fevereiro a 31 de julho. Esta possibilidade deve ser assegurada quer para efeitos da prática

da diversificação de culturas, quer para efeito de contabilização como Superfícies de Interesse Ecológico. Assim,

mesmo sendo pastoreado, o pousio deve ser contabilizado como uma cultura e não englobado na área forrageira.

Foi solicitada à DG AGRI, no dia 20 de fevereiro, a possibilidade de no ano de 2018 serem pastoreadas as áreas de

pousio declaradas enquanto superfícies de interesse ecológico, tendo os serviços da Comissão solicitado informações

adicionais em março, tendo-se esclarecido que, apesar do atual desagravamento, a situação de seca foi bastante

prolongada, afetando significativamente as atividades agrícolas e a obtenção de recursos forrageiros para

alimentação animal.

De igual forma foi comunicado que com a precipitação que entretanto tem vindo a ocorrer durante o mês de março,

este pedido de derrogação da proibição de pastoreio nas parcelas de pousio assume ainda maior importância, tendo

em conta que a alteração das condições permitirá que as mesmas apresentem disponibilidades forrageiras

importantes para as explorações com baixas ou nenhumas reservas de alimentos para os efetivos pecuários,

constituindo um importante recurso até à época em que as culturas forrageiras de primavera-verão estejam

disponíveis para consumo.

Aguarda-se decisão da CE sobre possibilidade de derrogação e da respetiva abrangência territorial.

Page 57: MONITORIZAÇÃO AGROMETEOROLÓGICA E HIDROLÓGICA

57

Medidas Campanha 2017/18

II - Flexibilização das regras das Medidas Agro e Silvo-Ambientais: Ações 7.1 «Agricultura Biológica» e 7.2 «Produção

Integrada» - utilização de alimentos convencionais na alimentação de animais biológicos e suspensão de

percentagem mínima anual de alimentos certificados em produção integrada e da alimentação (em matéria seca)

que, numa base anual, teria de ser proveniente da própria unidade de produção

«Agricultura Biológica» - A Nota emitida pela Direção-Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural (DGADR)

mantem-se em vigor (Ver Medida VI da campanha 2016/17).

«Produção Integrada» - Continua em vigor o Despacho Conjunto nº1/2017 da DGADR e da DGAV, de 25 de julho.

III - Programa de Desenvolvimento Rural 2014- 2020 (PDR 2020) - Operação 3.2.2 - «Pequenos Investimentos na

Exploração Agrícola»

Em conclusão a aprovação de candidaturas aos concursos abertos em 2017 (Ver Medida VIII da campanha 2016/17).

IV – «Linha de crédito garantida para minimização dos efeitos da seca 2017 — Alimentação Animal» - 2017

O protocolo com as Instituições de Crédito foi assinado com IFAP dia 20 de novembro de 2017, pelo que este apoio

se repercute ainda na campanha agrícola 2017/18.

Page 58: MONITORIZAÇÃO AGROMETEOROLÓGICA E HIDROLÓGICA

58

ANEXOS

Anexo I - Variação da Área Cultivada em relação à campanha anterior (%) - Campanha 2017/2018

Fonte: Direções Regionais de Agricultura e Pescas (DRAP)

Anexo II - Variação da Produção em relação à campanha anterior (%) - Campanha 2016/2017 e 2017/18

Fonte: Direções Regionais de Agricultura e Pescas (DRAP) Nota: n.d. – não disponível * - Produtividade (campanha 2017/2018)

Culturas NORTE CENTRO LVT ALENTEJO ALGARVE

Culturas forrageiras

Milho

Sorgo

Azevém -13 a 0

Consociações

Leguminosas -5 a 0

Prados temporários -5 a +50

Pastagens permanentes

Cereais outono/inverno:

Trigo mole -35 a 0 -20 a 0 -20 a +20 -18 -15 a -10

Trigo duro -16

Triticale -15 a +5 -10 -5 -15 a -10

Aveia -30 a 0 -10 a 0 - -6 -5

Centeio -30 a 0 -20 a 0 -18 -20 a -15

Cevada -5 a 0 -20 a 0 0 a +20 -12 -15 a -10

Culturas NORTE CENTRO LVT ALENTEJO ALGARVE

Cereais outono/inverno:

Aveia -5 a 0* -10* 0* -10 a -8*

Culturas Permanentes

Laranja +2

Azeitona de mesa -

Azeitona para azeite +25 +234 a +982

Azeite +5 a + 1031 -50 a + 136 +30 a +80 +35

Page 59: MONITORIZAÇÃO AGROMETEOROLÓGICA E HIDROLÓGICA

59

Anexo III - Aproveitamentos Hidroelétricos por bacia hidrográfica, em Portugal Continental

Designação Bacia Hidrográfica Tipo Central

PCH CANEIRO Ave Fio d'água

PCH BUGIO Ave Fio d'água

PCH REGO NAVAL Ave Fio d'água

PCH AÇUDE DE VISEU Ave Fio d'água

PCH LOURIDO Ave Fio d'água

PCH FÁBRICA DO FERRO Ave Fio d'água

PCH PEREIRINHAS Ave Fio d'água

PCH RONFE Ave Fio d'água

PCH CAMPELOS Ave Fio d'água

PCH AMIEIRO/GALEGO Ave Fio d'água

PCH ROMÃO Ave Albufeira

PCH NEGRELOS Ave Fio d'água

PCH BOAVISTA Ave Fio d'água

PCH CARVALHO DO MOINHO Ave Fio d'água

PCH GUILHOFREI Ave Albufeira

CH ERMAL Ave Albufeira

PCH PONTE DA ESPERANÇA Ave Albufeira

PCH SENHORA DO PORTO Ave Albufeira

PCH CANIÇOS Ave Fio d'água

PCH CORVETE Ave Fio d'água

PCH MESA DO GALO 2 Cávado Fio d'água

PCH RUIVÃES Cávado Fio d'água

PCH RUÃES Cávado Fio d'água

PCH MESA DO GALO 1 Cávado Fio d'água

CH CANIÇADA Cávado Albufeira

CH ALTO RABAGÃO Cávado Albufeira

CH VILARINHO DAS FURNAS Cávado Albufeira

CH VILA NOVA + PARADELA Cávado Albufeira

CH SALAMONDE Cávado Albufeira

CH VENDA NOVA 2 - FRADES Cávado Albufeira

CH SALAMONDE 2 Cávado Albufeira

CH VENDA NOVA 3 - FRADES 2 Cávado Albufeira

PCH PENIDE Cávado Fio d'água

CH BRAGADAS Douro Fio d'água

PCH PENHAS ALTAS Douro Fio d'água

PCH CATAPEREIRO Douro Fio d'água

CH BOUÇOAIS-SONIM Douro Albufeira

PCH PINHEL Douro Fio d'água

PCH PEREIRA Douro Fio d'água

PCH ARMAMAR Douro Fio d'água

PCH VALE MADEIRA Douro Fio d'água

PCH PONTE- AÇUDE EUROPA Douro Fio d'água

PCH GRANJA DO TEDO Douro Albufeira

PCH VALES Douro Fio d'água

PCH CANEDO 2 Douro Fio d'água

PCH TRUTAS Douro Fio d'água

PCH CANDEMIL Douro Albufeira

PCH MOINHOS DE MOIRATÃO Douro Fio d'água

PCH LOMBA Douro Fio d'água

PCH PONTE DO BICO Douro Fio d'água

PCH PENEDA Douro Fio d'água

PCH TORGA Douro Fio d'água

PCH HORTAS Douro Fio d'água

CH TERRAGIDO Douro Fio d'água

Page 60: MONITORIZAÇÃO AGROMETEOROLÓGICA E HIDROLÓGICA

60

Designação Bacia Hidrográfica Tipo Central

PCH GIMONDE Douro Fio d'água

PCH RIBADOURO Douro Fio d'água

PCH FRÁGUAS Douro Fio d'água

PCH VALE SOEIRO Douro Fio d'água

PCH VILA VIÇOSA Douro Fio d'água

PCH ERMIDA HR Douro Fio d'água

PCH OVADAS Douro Fio d'água

PCH SENHORA DO SALTO Douro Fio d'água

PCH SENHORA DE MONFORTE Douro Fio d'água

CH CABRIZ Douro Fio d'água

CH NUNES Douro Albufeira

PCH CASAL Douro Fio d'água

PCH SORDO Douro Fio d'água

PCH BRAGADO Douro Fio d'água

PCH AGILDE Douro Fio d'água

PCH COVAS BARROSO Douro Fio d'água

PCH UCANHA Douro Fio d'água

PCH CHELO/MOURÃES Douro Fio d'água

PCH PEGO NEGRO Douro Fio d'água

PCH MONTEZINHO Douro Fio d'água

PCH PRADO NOVO Douro Fio d'água

PCH PAREDES Douro Albufeira

CH POCINHO Douro Fio d'água

CH CRESTUMA-LEVER Douro Fio d'água

CH TORRÃO Douro Albufeira

CH RÉGUA Douro Fio d'água

CH TABUAÇO Douro Albufeira

CH CARRAPATELO Douro Fio d'água

CH VALEIRA Douro Fio d'água

CH MIRANDA Douro Fio d'água

CH PICOTE Douro Fio d'água

CH BEMPOSTA Douro Fio d'água

CH BEMPOSTA 2 Douro Fio d'água

CH PICOTE 2 Douro Fio d'água

CH BAIXO SABOR JUSANTE (FEITICEIRO) Douro Albufeira

CH BAIXO SABOR MONTANTE Douro Albufeira

CH FOZ TUA Douro Albufeira

PCH CEFRA Douro Fio d'água

PCH AREGOS Douro Fio d'água

CH VAROSA (EX. CHOCALHO) Douro Albufeira

PCH FREIGIL Douro Fio d'água

PCH RIBA CÔA Douro Fio d'água

PCH SABUGAL - MEIMOA Douro Albufeira

PCH CAIA Guadiana Albufeira

CH ALQUEVA Guadiana Albufeira

CH ALQUEVA 2 Guadiana Albufeira

CH PEDROGÃO Guadiana Albufeira

PCH SERPA Guadiana Fio d'água

PCH AVÔ Lima Fio d'água

CH TOUVEDO Lima Albufeira

CH ALTO LINDOSO Lima Albufeira

CH LINDOSO Lima Fio d'água

PCH LABRUJA Lima Fio d'água

PCH PAUS Minho Fio d'água

PCH PAGADE Minho Fio d'água

PCH FRANCE Minho Fio d'água

PCH FAGILDE Mondego Fio d'água

Page 61: MONITORIZAÇÃO AGROMETEOROLÓGICA E HIDROLÓGICA

61

Designação Bacia Hidrográfica Tipo Central

PCH MUCERES Mondego Fio d'água

PCH MOINHOS DE SENHORIM Mondego Fio d'água

PCH VALE DE AMOREIRA Mondego Fio d'água

PCH FRONHAS Mondego Albufeira

CH PENACOVA Mondego Fio d'água

CH AGUIEIRA Mondego Albufeira

CH RAIVA Mondego Albufeira

CH CALDEIRÃO Mondego Albufeira

PCH ERMIDA EDP Mondego Fio d'água

PCH REI DE MOINHOS Mondego Fio d'água

CH DESTERRO 2 Mondego Fio d'água

PCH PATEIRO Mondego Fio d'água

CH PONTE DE JUGAIS Mondego Fio d'água

CH SABUGUEIRO 1 Mondego Albufeira

CH SABUGUEIRO 2 Mondego Albufeira

CH VILA COVA Mondego Fio d'água

PCH FIGUEIRAL Mondego Fio d'água

PCH LAGOA COMPRIDA Mondego Albufeira

PCH BUGALHEIRA Ribeiras do Alentejo Fio d'água

PCH ODEÁXERE Ribeiras do Algarve Albufeira

PCH PEGO DO ALTAR Sado Albufeira

PCH VALE DO GAIO Sado Albufeira

PCH ALVITO Sado Albufeira

PCH ODIVELAS Sado Albufeira

PCH ROXO Sado Albufeira

PCH CALDAS DE MANTEIGAS Tejo Fio d'água

PCH ERMIDA Tejo Fio d'água

PCH BARROCA Tejo Albufeira

PCH MANTEIGAS 2 Tejo Fio d'água

PCH MONTE REDONDO Tejo Fio d'água

PCH JANEIRO DE CIMA Tejo Albufeira

PCH SAFRUJO Tejo Fio d'água

CH BOUÇÃ Tejo Albufeira

CH FRATEL Tejo Fio d'água

CH CASTELO DO BODE Tejo Albufeira

CH PRACANA Tejo Albufeira

CH CABRIL Tejo Albufeira

CH SANTA LUZIA Tejo Albufeira

PCH BRUCEIRA Tejo Albufeira

PCH PÓVOA Tejo Albufeira

PCH VELADA Tejo Albufeira

CH BELVER Tejo Fio d'água

PCH ALFORFA Tejo Fio d'água

PCH IDANHA-A-NOVA Tejo Albufeira

PCH GAMEIRO Tejo Albufeira

PCH MARANHÃO Tejo Albufeira

PCH MONTARGIL Tejo Albufeira

PCH PISÃO Tejo Albufeira

PCH QUINTA DE VALGODE Vouga Fio d'água

PCH PALMAZ Vouga Fio d'água

PCH ÁGUAS FRIAS Vouga Albufeira

PCH PONTE VOUGUINHA Vouga Fio d'água

PCH TEIXO Vouga Fio d'água

PCH CARVOEIRO - VOUGA Vouga Albufeira

PCH AREEIRO Vouga Fio d'água

PCH PADRASTOS Vouga Fio d'água

PCH PALHAL Vouga Fio d'água

Page 62: MONITORIZAÇÃO AGROMETEOROLÓGICA E HIDROLÓGICA

62

Designação Bacia Hidrográfica Tipo Central

PCH GRELA Vouga Fio d'água

PCH TALHADAS/LOURIZELA Vouga Fio d'água

PCH CERCOSA Vouga Fio d'água

PCH OSSELA/CARVALHAL Vouga Fio d'água

PCH SOUTINHO Vouga Fio d'água

CH S. PEDRO DO SUL Vouga Fio d'água

PCH CARREGAL Vouga Fio d'água

CH RIBEIRADIO Vouga Albufeira

PCH ERMIDA RIBEIRADIO Vouga Albufeira

PCH DRIZES Vouga Fio d'água

PCH RIBAFEITA Vouga Fio d'água

Page 63: MONITORIZAÇÃO AGROMETEOROLÓGICA E HIDROLÓGICA

63

Anexo IV - Folheto informativo com orientações ao setor apícola para atuação em situação de carência de

alimentação e de água para as abelhas