Mono Mba a Gestao Da Seguranca Como Nova Versao Final Entregue

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UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI DAVID FERNANDES DA SILVA EMERSON PIAI A GESTÃO DE SEGURANÇA COMO NOVA ESTRATÉGIA EMPRESARIAL PARA GARANTIR O LUCRO: UM ESTUDO COMPARATIVO ENTRE AS INDÚSTRIAS NACIONAIS E ESTRANGEIRAS

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UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI

DAVID FERNANDES DA SILVA

EMERSON PIAI

A GESTÃO DE SEGURANÇA COMO NOVA ESTRATÉGIA EMPRESARIAL PARA

GARANTIR O LUCRO: UM ESTUDO COMPARATIVO ENTRE AS INDÚSTRIAS

NACIONAIS E ESTRANGEIRAS

São Paulo

2006

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DAVID FERNANDES DA SILVA

EMERSON PIAI

A GESTÃO DE SEGURANÇA COMO NOVA ESTRATÉGIA EMPRESARIAL PARA

GARANTIR O LUCRO: UM ESTUDO COMPARATIVO ENTRE AS INDÚSTRIAS

NACIONAIS E ESTRANGEIRAS

Orientador: Carlos Caruso

São Paulo

2006

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Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como exigência parcial para a obtenção do título de Especialista no MBA em Gestão Estratégica de Segurança Empresarial da Universidade Anhembi Morumbi.

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DAVID FERNANDES DA SILVA

EMERSON PIAI

A GESTÃO DE SEGURANÇA COMO NOVA ESTRATÉGIA EMPRESARIAL PARA

GARANTIR O LUCRO: UM ESTUDO COMPARATIVO ENTRE AS INDÚSTRIAS

NACIONAIS E ESTRANGEIRAS

Aprovado em

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Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como exigência parcial para a obtenção do título de Especialista no MBA em Gestão Estratégica de Segurança Empresarial da Universidade Anhembi Morumbi.

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“Se conhecemos o inimigo e a nós mesmos,

não precisamos temer o resultado de uma

centena de combates; se nos conhecemos, mas

não ao inimigo, para cada vitória sofreremos

uma derrota; se não nos conhecemos nem ao

inimigo, sucumbiremos em todas as batalhas”.

(Sun Tzu)

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Dedicamos esta pesquisa a todos

empresários e administradores, estudantes,

professores e gestores da área de segurança;

também aos nossos familiares, amigos e

clientes.

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AGRADECIMENTOSAGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar, agradecemos a Deus pela oportunidade de estarmos concluindo essa

pós-graduação em segurança empresarial.

Aos nossos colegas de classe que muito contribuíram com suas experiências de atuação na

área de segurança, enriquecendo os trabalhos e as aulas com cases e situações vividas no

trabalho.

Deixamos também nossos sinceros agradecimentos a todos professores desse curso que

contribuíram para nossa formação. Em especial para o professor Marcy José dos Campos Verde

e para o professor e orientador Carlos Caruso, pelo incentivo e orientações neste trabalho.

Finalmente, agradecemos às nossas famílias pelo apoio e compreensão das horas que em

não pudemos estar juntos devido às aulas e horas destinadas a esta pesquisa.

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RESUMO

A abordagem principal desse estudo era o de revelar que a gestão da segurança é uma nova

estratégia para garantir o lucro. Para atingir esse objetivo foi realizada pesquisa quantitativa

junto às indústrias nacionais e estrangeiras e posterior comparação dos resultados obtidos.

Notícias de jornais retratam a realidade da segurança empresarial nas indústrias e seus

conseqüentes prejuízos sofridos por ações criminosas externas e internas. A pesquisa revela que

as indústrias nacionais sofreram maiores perdas. A segurança tratada como estratégia pelas

estrangeiras reduz os riscos e gera lucro, evitando ou reduzindo o impacto no negócio. É citado

que todo o planejamento da segurança deve ser realizado por um profissional com formação

acadêmica em segurança empresarial, aqui denominado como gestor de segurança. Concluiu-se

que a gestão da segurança é uma nova estratégia para garantir o lucro, pois previne perdas

interagindo com o ambiente da organização.

Palavras-chave: Gestão da Segurança. Riscos. Estratégia. Gestor de Segurança.

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ABSTRACT

The main boarding of this study was to disclose that the management of the security is a new

strategy to guarantee the profit. To reach this objective quantitative research next to the national

and foreign industries was carried through and posterior comparison of the gotten results.

Periodical notice portray the reality of the enterprise security in the industries and its consequent

damages suffered for external and internal criminal actions. The research discloses that the

national industries had suffered to greaters losses. The treated security as strategy for the

foreigners reduces the risks and generates profit, preventing or reducing the impact in the

business. It is cited that all the planning of the security must be carried through by a professional

with academic formation in enterprise security, called here as security manager. It was concluded

that the management of the security is a new strategy to guarantee the profit, therefore prevents

losses interacting with the environment of the organization. Word-key: Management of the

Security. Riscs. Strategy. Manager of Security.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO..................................................................................................................... 1

2. SEGURANÇA EMPRESARIAL NO BRASIL.................................................................. 3

2.1 Contextualização..................................................................................................................... 3

2.2 Evolução.................................................................................................................................. 4

2.3 Conceitos de segurança empresarial........................................................................................ 7

2.4 A realidade da segurança empresarial..................................................................................... 10

3. PESQUISA QUALITATIVA – ESTUDO COMPARATIVO........................................... 23

4. RISCOS QUE AFETAM A SEGURANÇA DAS EMPRESAS......................................... 26

4.1 Conceito de risco em segurança empresarial........................................................................... 26

4.2 Tipos de riscos......................................................................................................................... 27

4.3 Gestão de riscos....................................................................................................................... 30

4.4 Diagnóstico de riscos............................................................................................................... 34

4.5 Tratamento dos riscos.............................................................................................................. 35

5. GESTÃO DA SEGURANÇA............................................................................................... 37

5.1 As atividades da segurança empresarial.................................................................................. 37

5.2 Planejamento e medidas de segurança.................................................................................... 38

5.3 O papel do gestor de segurança............................................................................................... 41

5.4 Nova estratégia empresarial.................................................................................................... 43

6. CONCLUSÃO....................................................................................................................... 47

REFERÊNCIAS.......................................................................................................................... 50

GLOSSÁRIO............................................................................................................................... 55

APÊNDICE.................................................................................................................................. 56

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1. INTRODUÇÃO

A presente pesquisa é relevante às indústrias de médio e grande porte para garantirem o

lucro, através de uma nova estratégia, aqui denominada, como gestão da segurança, visando

prevenir ou reduzir perdas contra as práticas de crimes externos ou internos, resultantes do atual

cenário político (de impunidade), aumento da criminalidade, desigualdade social, desemprego e

do crime organizado.

As indústrias, além das concorrências e turbulências econômicas do mercado, agora

precisam preocupar-se na prevenção de seu patrimônio para atingir as metas e o lucro desejado.

Nesse mundo de violência e criminalidade em ascensão, as indústrias passaram a ter mais uma

responsabilidade social: garantir a segurança de seus funcionários, prestadores de serviços e,

principalmente, de seus clientes para evitar perdas. Mas, será preciso agir de forma planejada e

com conhecimentos científicos, ao invés do “empirismo”, tendo em vista que os meliantes

aperfeiçoaram suas técnicas e muitos até são integrantes do crime organizado.

Toda organização que visa lucro está sujeita a riscos externos e internos e, por

conseqüência, sofrer danos ou prejuízos catastróficos, dependendo do impacto que o sinistro

tenha sobre o negócio. Isso pode ocorrer em virtude de variáveis internas e externas, que aqui

serão denominadas como riscos, e também pela falta de estratégia em segurança empresarial.

O presente estudo visa a analisar como a gestão da segurança é aplicada nas indústrias

nacionais e estrangeiras, buscando-se uma comparação entre elas, através dos resultados obtidos

nas pesquisas quantitativas.

Para embasar ainda mais essa pesquisa, além da pesquisa qualitativa com profissionais de

segurança de médias e grandes indústrias nacionais e estrangeiras, foi realizada consulta

bibliográfica de autores especializados no assunto, jornais, revistas e artigos publicados na

internet.

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Tem como objetivo principal evidenciar aos empresários e profissionais do setor

industrial que a gestão da segurança é uma nova estratégia para garantir o lucro, prevenindo ou

reduzindo perdas. Além disso, os objetivos secundários desse estudo são:

- evidenciar a realidade da segurança empresarial no Brasil, através da pesquisa

quantitativa e de notícias da mídia;

- comparar os modelos de gestão de segurança entre as indústrias nacionais e estrangeiras;

- contribuir também para a manutenção e até sobrevivência das organizações que, além da

competitividade, estão sujeitas a riscos que podem levá-las ao prejuízo ou até à falência.

Para abordar o tema foram desenvolvidos os seguintes capítulos:

capítulo 1: descreve uma introdução do cenário da segurança empresarial,

contextualizando a situação-problema e como foi elaborado todo o trabalho de pesquisa

em seus aspectos metodológicos e técnicos;

capítulo 2: segurança empresarial no Brasil, no qual é analisada a história da segurança no

país, sua evolução, principais conceitos e a realidade da segurança empresarial (situação-

problema);

capítulo 3: apresenta a pesquisa quantitativa realizada junto às indústrias nacionais e

estrangeiras para comparação do modelo de gestão de segurança;

capítulo 4: discute os riscos que afetam a segurança das empresas; analisa o conceito e os

tipos de riscos que as organizações estão sujeitas a sofrer;

capítulo 5: aborda a gestão da segurança, conceitos, metodologia, planejamento, técnicas

e o papel do gestor de segurança, com uma visão holística do conceito de segurança;

Capítulo 6: apresenta as conclusões do estudo com base nos autores consultados pela

pesquisa;

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2 – SEGURANÇA EMPRESARIAL NO BRASIL

O presente capítulo visa a refletir sobre a área da segurança empresarial objeto de

interesse do estudo. Aborda a história da evolução da segurança no Brasil, seus principais

conceitos e fundamentos. Revela a realidade da segurança nas indústrias, através de matérias de

jornais e da pesquisa quantitativa.

2.1 Contextualização

A segurança empresarial engloba diversas áreas de interesse e tem um sentido amplo, que

merece ser examinado. Para Brasiliano (1999, p.34), é subdivida em quatro áreas distintas,

conforme segue abaixo:

“pessoal: onde a segurança é voltada a proteger as pessoas contra assaltos e seqüestros;

incêndio: direcionada ao combate e prevenção contra incêndios e, geralmente, está ligada à

segurança do trabalho;

informações: relacionada à segurança física e lógica das informações; e

patrimonial: visa à proteção de todo o patrimônio da empresa, seja ele tangível ou

intangível.”

Brasiliano (2002) afirma ainda que a Segurança Empresarial abrange a totalidade da

empresa nos seguintes seguimentos de atuação:

. a proteção física de pessoas;

. a preservação dos ativos tangíveis;

. a preservação da imagem da empresa;

. os riscos de mercado;

. a preservação dos processos operacionais da empresa;

. a preservação da confidencialidade das informações.

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Convém ressaltar que o centro de interesse da presente pesquisa está mais focado à área

patrimonial, dentro do período que vai de 1996 a 2005, onde se procurou refletir sobre a gestão

de segurança como nova estratégia das indústrias (nacionais x estrangeiras) de médio e grande

porte do Estado de São Paulo. Entretanto, tratando-se da segurança como estratégia ela deverá

englobar e interligar todas as áreas citadas acima pelo referido autor.

2.2 Evolução

Até o final dos anos 80 do século XX, a segurança empresarial baseou-se no uso do

homem, que era colocado na função de vigilante. Esta categoria surgiu, oficialmente, na década

de 1970, para atender ao setor bancário, tendo em vista que a polícia não apresentava condições

para tal. Estimulados pela própria polícia, os bancos criaram sua própria segurança armada. Tal

atividade foi regulamentada por lei, a qual passou a exigir do setor bancário a instalação de

cabines blindadas e de alarme conectado à Polícia.

Posteriormente, outros serviços agregados foram surgindo, tais como: escolta armada para

transporte de valores e escolta pessoal de executivos. Assim, houve um crescimento significativo

do número de empresas de vigilância.

Já na década de 1990, o mercado consumidor, representado pelas instituições contratantes

de segurança privada (bancos), passou a questionar a eficácia do homem de segurança e o custo

alto dessa mão-de-obra. As mudanças na economia brasileira influenciaram na redução do

emprego do vigilante e, com o avanço de novas tecnologias, as organizações passaram a buscar a

utilização de equipamentos eletrônicos de segurança no lugar do homem-vigilante, a fim de

reduzir custos. Segundo Brasiliano (1999), a quebra de paradigma e o novo desafio é integrar o

homem à tecnologia de forma planejada.

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Para o autor citado, em 1996, a Brasiliano & Associados realizou uma pesquisa com 100

empresas com faturamento superior a U$ 30 milhões/ano para avaliar a segurança. Dentre as

empresas pesquisadas, 65% indústrias, 10% bancos, 9% hospitais, 6% condomínios, 5%

comércio, 2% shopping centers, 2% hotéis e 1% universidades. A metodologia foi desenvolvida

por meio de entrevista direta com os diretores e gerentes ligados às áreas administrativas,

recursos humanos, tendo apresentado os seguintes resultados:

Satisfação com o desempenho da segurança?

65% ---------------------------------------- não está satisfeita

30% ---------------------------------------- considera mediano

5% ----------------------------------------- considera bom

BASE = AMOSTRA 100

A empresa possui um planejamento de segurança formalizado?

75% ---------------------------------------- não possui

25% ---------------------------------------- possui

BASE = AMOSTRA 100

A empresa realiza revisões em condutas, sistemas e planos de segurança de forma

programada e constante?

90% ---------------------------------------- não realiza

5% ------------------------------------------ não sabe se realiza

5% ------------------------------------------ realiza

BASE = AMOSTRA 100

Existe na empresa um levantamento formalizado dos riscos existentes?

70% ---------------------------------------- não existe

28% ---------------------------------------- não sabe se existe

2% ----------------------------------------- existe

BASE = AMOSTRA 100

Por que na empresa não existe um nível organizacional de média gestão em segurança?

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75% ---------------------------------------- falta preparo

23% ---------------------------------------- filosofia

2% ----------------------------------------- possui gerência

BASE = AMOSTRA 100 (BRASILIANO, 1999, P. 43)

Os dados revelaram os problemas e as insatisfações das empresas com relação à segurança

utilizada. No entanto, cabe ressaltar aqueles índices mais críticos relacionados ao estudo:

65% das empresas não estão satisfeitas com sua segurança;

75% não possuem um planejamento de segurança formalizado;

75% estão com a gestão em segurança despreparada

A pesquisa de opinião sobre a área de segurança, realizada em 1996, segundo Brasiliano

(1999), comprovou que 75% das empresas não possuem um planejamento formalizado em

segurança, o que revela pouca importância sobre o assunto ou descrença de sofrer algum

incidente e, ainda, 75% das empresas têm uma gestão em segurança despreparada.

Diante do cenário exposto pelo resultado da pesquisa, começa a surgir um novo conceito

de segurança, ou seja, a integração da mão-de-obra com a tecnologia. O mercado consumidor

passou a investir mais em sistema de segurança como forma de reduzir os altos custos com os

serviços de vigilância.

Até 1999, a segurança empresarial no Brasil era baseada na experiência do responsável

por tal área e tratada de forma “empírica”. Geralmente essa pessoa trabalhava ou já tinha

exercido algum cargo público nas Forças Armadas ou na Polícia Civil/Militar. Posteriormente

surgiram cursos acadêmicos de graduação e pós-graduação em segurança empresarial, visando

formar Gestores de Segurança preparados para a realidade das organizações empresariais.

2.3 Conceitos de Segurança Empresarial

Para entender o conceito de segurança patrimonial é importante citar o significado da

palavra segurança:

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“Segurança – s.f. 1. ação ou efeito de tornar seguro; estabilidade, firmeza,

seguração 2. ação ou efeito de assegurar e garantir alguma coisa; garantia,

fiança, caução 3. estado, qualidade ou condição de uma pessoa ou coisa que está

livre de perigos, incertezas, assegurada de danos e riscos eventuais, afastada de

todo mal 6. conjunto de processos, de dispositivos, de medidas de precaução que

asseguram o sucesso de um empreendimento, do funcionamento do um objeto,

do cumprimento de um plano etc.”. (Houaiss; Villar, 2001, p. 2536)

Tavares (1995) afirma que segurança patrimonial é um conjunto de mecanismos,

dispositivos ou técnicas com a finalidade de resguardar os recursos produtivos de uma empresa

contra os riscos oriundos de atos intencionais ou não das pessoas.

Por meio dos dados da Tabela nº1, Tavares (1995), ressalta a diferença entre segurança do

trabalho e segurança patrimonial:

Tabela 1. Distribuição das diferenças entre segurança do trabalho e segurança

patrimonial

Setores condicionantes Segurança do trabalho Segurança patrimonial

Objetivo Prevenção de acidentes do

trabalho

Proteção do patrimônio e dos

segredos da organização

Objetivo evidente Homem Bens

Atividade básica Assessoramento (prevenção) Fiscalização e repressão

Método de ação Conscientização e orientação Imposição e coação

Imagem do profissional Técnico Policial

Método de investigação Determinar as causas técnicas

de um fato

Descobrir o responsável por um

fato

Fonte: Tavares, José da Cunha. Tópicos de administração aplicada à segurança do trabalho. São

Paulo: Editora SENAC, 1995, p. 73.

Para Brasiliano (1999, p.52), o conceito de segurança relacionado às empresas, significa a

redução ou eliminação de certos tipos de riscos de perdas e danos a que a empresa poderá estar

exposta. Atualmente, no país o conceito de segurança está sendo redefinido como: “função que

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visa à proteção dos recursos humanos, materiais e financeiros de uma empresa, através da eliminação ou

redução dos riscos ou do financiamento, conforme seja economicamente mais viável”.

O novo enfoque da segurança empresarial está baseado no seguinte triângulo:

Figura 1 – Triângulo da Segurança Empresarial

Fonte: Brasiliano, Antonio Celso Ribeiro. Planejamento da segurança empresarial.

São Paulo: Sicurezza, 1999, p. 41.

“Riscos: são os perigos e ameaças existentes nas empresas.

Detecção: é a forma como a empresa identifica a contingência, monitorando e

supervisionando as condutas. Basicamente, deve ser realizada através dos meios

eletrônicos ativos da segurança.

Ação: é a resposta pronta e efetiva ao risco. A rapidez da resposta ditará o nível de

operacionalidade dos sistemas implantados. O homem de segurança está inserido neste

contexto, pois o elemento humano nunca será descartado, mas, sim, reduzido por sistemas

eletrônicos que possam detectar os riscos.” (BRASILIANO, 1999, p.41)

Percebe-se acima uma visão focada à implementação de mais tecnologia no lugar do ser

humano, nesse caso na redução do uso do vigilante ou porteiro.

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Para Verde (2005), o novo enfoque da segurança é a prevenção de perdas, onde a

segurança tradicional (geradora de custos) passa a participar efetivamente das metas da empresa,

gerando lucro pelas perdas evitadas.

Verde deixa claro que quando a segurança está integrada às metas ela reduz os seus

próprios centros de custos, evitando gastos desnecessários. Um exemplo disso, pode ser a

redução do número de vigilantes com a utilização de câmeras (custos x benefícios). Já com

relação às perdas evitadas, a empresa passará a garantir o lucro tendo uma atuação preventiva e

não reativa.

Carvalho (2006) cita que a segurança empresarial deve ser entendida como um Sistema

Integrado compreendendo um somatório de recursos. Esse conceito de Sistema Integrado

significa, portanto, a integração do homem com a moderna tecnologia eletroeletrônica

possibilitando a redução do tempo de resposta ao evento, racionalizar o serviço de segurança e

reduzir os riscos.

Para o estabelecimento de um Sistema Integrado de Segurança torna-se primordial um

Planejamento Estratégico a fim de se avaliar os riscos, as vulnerabilidades e as áreas de atuação

da segurança e levantar as necessidades em Recursos Humanos, Equipamentos e Meios. Sendo

assim, a segurança empresarial inicia-se com o planejamento global estratégico que vai definir a

Tecnologia, os Meios e os Recursos Humanos a serem empregados.

A segurança empresarial, também, é considerada como uma disciplina de sobrevivência,

tendo a seguinte definição: “conjunto de medidas de prevenção e de execução que visa assegurar a

integridade física e moral das pessoas e a proteção do patrimônio da empresa, eliminando e reduzindo os

riscos, presentes e potenciais”. (MINA, 2000, p. 150)

Para Verde (2003), a segurança é uma questão de negócios, pois sem a devida

identificação, análise e tratamento dos riscos potenciais e reais, a partir de sua concretização,

podem interromper ou inviabilizar as atividades, metas e objetivos da empresa. Define segurança

como: “segurança é a consciência do risco”.

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De acordo com Cardella (1999, p.37), a função segurança é definida como: “conjunto de

ações exercidas com o intuito de reduzir danos e perdas provocados por agentes agressivos. Ela é uma das

cinco funções complementares e vitais que devem ser exercidas juntamente com a missão de qualquer

organização”.

O autor cita que a segurança precisa ser exercida com a missão da organização. Para que

ela seja integrada aos objetivos macros da empresa, isto só ocorrerá de forma eficaz se for

incluída no planejamento estratégico que engloba a missão e todos departamentos envolvidos nos

objetivos.

As afirmações dos autores mostram que a segurança deve ser tratada de cima para baixo,

integrando todos setores, recursos e pessoas da empresa em um plano diretor. Cardella (1999)

evidencia que a segurança é uma variável inversamente proporcional ao risco, ou seja, quanto

maior o risco, menor a segurança e vice-versa.

Para reforçar tal conceito, o referido autor deixa bem claro o seguinte: “Na ausência da

visão holística, a função segurança torna-se compartimentalizada e isolada, e a conseqüência é o baixo

desempenho em meio a conflitos de diversos tipos” (CARDELLA, 1999, p. 37).

Geralmente, em grande parte das empresas (indústrias) de médio à grande porte, o que é

mais comum ser encontrado, são atos isolados relacionados à segurança patrimonial. Em muitos

casos, quando o assunto é tratado, a decisão tomada acaba sendo apenas contratar um vigilante ou

implantar um sistema de CFTV (circuito fechado de TV com câmeras) ou alarme, acreditando-se

que este investimento foi suficiente. Dentro do pensamento do mesmo autor, muitas empresas

solicitam que determinados departamentos tratem da sua própria segurança.

Os autores acima esclarecem a vital importância da segurança patrimonial dentro das

organizações para evitar perdas e diminuir os riscos a que estão expostas. Por intermédio de uma

segurança eficaz, as indústrias podem atingir seus objetivos, garantindo sua continuidade

operacional e lucratividade.

2.4 A realidade da segurança empresarial

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Para entender a questão da segurança, faz-se necessário levantar algumas questões sobre a

realidade da segurança nas indústrias: como é tratada a segurança das empresas? de quem é a

responsabilidade? por que ocorrem falhas em seu planejamento ou em sua implantação? por que

a gestão da segurança não é uma estratégia para garantir o lucro? Além disso, evidenciar os

assaltos ocorridos nas indústrias e seus prejuízos, através de cases reais extraídos da internet.

Com o crescimento da criminalidade e com a precária atuação do Estado para combater a

violência, as organizações estão mais expostas a serem atingidas por algum tipo de delito. A falta

de segurança pode ser um dos fatores de instabilidade financeira, pois determinadas perdas

sofridas podem gerar um efeito em cadeia no caixa da empresa (BRASILIANO, 1999). Nesse

cenário, a segurança patrimonial exerce vital importância para prevenir e diminuir os riscos e, por

conseqüência, os prejuízos.

Conforme o Boletim publicado em 01/04/2003 pela Câmara Americana do Comércio, em

quase 80% das empresas brasileiras, seus presidentes e diretores não têm conhecimentos sobre

como planejar a segurança. Além disso, tal assunto é visto por eles como irrelevante, por não ser

o foco da empresa. Isto deixa bem claro porque a gestão da segurança não é uma das estratégias

para se garantir o lucro.

De acordo com Mina (2000), a segurança é de responsabilidade da direção da empresa,

visto que a mesma deve combinar suas estratégias de negócio com as de segurança para não

sofrer problemas de continuidade operacional. Dentro do aspecto organizacional, é considerada

como um órgão de assessoria (staff), porém precisa estar integrada plenamente com todos os

outros setores da organização.

Na grande maioria das indústrias nacionais de médio e grande porte, quando seus

diretores resolvem tratar do assunto segurança, acabam apenas adquirindo determinados

equipamentos ou contratando um vigia, como se vê no discurso abaixo: “Em nossa empresa,

mandei colocar um circuito fechado de TV e pus uns policiais da área para fazer companhia aos meus

porteiros, além de ter um chefe de segurança que cuida do assunto”. (CÂMARA AMERICANA DO

COMÉRCIO, Boletim de 01/04/2003)

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Esta decisão, costumeiramente, praticada nas indústrias nacionais revela que o assunto

segurança é tratado como um ato isolado, sem um devido planejamento. Souza (2000) cita que a

segurança deve estar interagida com toda empresa, com normas e procedimentos implantados.

Gil (1999, p.15) complementa que a segurança empresarial tem como foco principal o

trinômio formado por bem/ameaça/medida de proteção. Ele define cada tópico do trinômio, como

adiante se vê:

“bem: é a entidade objeto das preocupações e a razão da existência da

tecnologia de segurança;

ameaça: é o momento/ação/atitude/evento que torna indisponível, ou em

situação de uso precário, os bens disponíveis/necessários à operacionalização da

empresa;

medida de proteção: é o acontecimento que coloca em sintonia total com

os interesses/necessidades da empresa os bens a ela disponibilizados”.

Para evidenciar ainda mais a realidade da criminalidade e os conseqüentes prejuízos que

as indústrias sofreram por uma invasão armada, abaixo estão notícias de jornais a respeito,

extraídas da internet:

Assalto: Vigia é rendido e passa a noite preso em banheiro

“Um vigia - que teve o nome preservado - da Verde Alimentos, empresa ligada ao Grupo

Atlântica, localizada no Distrito Industrial de Penápolis, passou a noite de quarta-feira confinado

em um banheiro após ter sido rendido por três assaltantes, um deles armado com revólver.

A ação dos marginais, que mantiveram as camisas que usavam sobre o rosto com o intuito de

evitar um possível reconhecimento, ocorreu por volta das 19h15 de quarta-feira quando o trio, já

dentro da empresa, surpreendeu o vigia que a princípio chegou a acreditar que fosse uma

brincadeira de mau gosto. Após anunciarem o assalto, o vigia percebeu não se tratar de

brincadeira quando foi bruscamente puxado pela camisa e agredido com um golpe da arma na

cabeça. Os marginais primeiramente o levaram para um dos banheiros da empresa, local onde sob

a mira do revólver foi obrigado a ficar de joelhos enquanto os ladrões solicitavam que entregasse

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as chaves do escritório e indicasse onde estavam os computadores. Em resposta disse não ter a

chave, sendo levado para um barracão da empresa enquanto os assaltantes perguntavam se era

possível chegar até o escritório por aquele local.

Novamente o ladrão armado levou o vigia para um segundo banheiro dentro do barracão,

enquanto neste instante um dos comparsas apareceu e avisou que já havia conseguido o que

pretendiam. O vigia foi então preso dentro do banheiro enquanto os marginais fugiram levando

um computador, uma caixa com 12 facas, um aparelho celular, um controle remoto do portão,

uma bolsa pertencente ao vigia, um televisor de 12” com rádio e uma luva de lã. Somente pela

manhã a pessoa que iria substituí-lo, após ter chegado e estranhado a ausência do colega em seu

posto de trabalho, chamou a Polícia Militar, que invadiu o prédio e encontrou o outro vigia preso

no citado cômodo.

Os ladrões foram descritos como sendo pardos, altos e magros. Até o fechamento desta edição, a

Polícia não tinha pistas que pudessem levar aos invasores”. Fonte: www.diariodepenapolis.com.br,

18/05/2006.

Chileno morre com tiro na cabeça durante assalto em Diadema

“O chileno Luis Alberto Arrepol Garin, 47, foi assassinado com um tiro na cabeça na segunda-feira (15)

durante uma tentativa de assalto na indústria de embalagens SuperTainer, localizada na rua Espírito Santo,

em Diadema (Grande São Paulo).

Segundo policiais do 2ºDP, onde o caso foi registrado, uma quadrilha formada por oito homens armados e

encapuzados invadiu o local para roubar uma carga de peças de polietileno.

Em seguida, o grupo falou para Garin mandar um funcionário manobrar uma empilhadeira para carregar

um caminhão. No entanto, o chileno não entendeu o que os criminosos falavam. Um dos ladrões ficou

irritado, encostou a arma na cabeça da vítima e atirou.

Os criminosos fugiram sem levar nada. Na fuga, eles deixaram na empresa um revólver calibre 38 e um

radiotransmissor. Ninguém foi preso.

O corpo de Garin foi enterrado nesta terça-feira, no cemitério Memorial Parque Paulista. O chileno

trabalhava na empresa havia mais de um ano, segundo colegas”. Fonte: http://www1.folha.uol.com.br,

16/08/2005.

Dupla leva duas toneladas de alumínio de metalúrgica em SP

22

Page 23: Mono Mba a Gestao Da Seguranca Como Nova Versao Final Entregue

”Dois homens armados assaltaram uma indústria metalúrgica em Araraquara (a 273 km de São Paulo) na

noite de quinta-feira (16) e levaram duas toneladas de alumínio da empresa.

De acordo com informações da Polícia Militar, o assalto ocorreu por volta das 21h35. A metalúrgica fica

no bairro do Jardim Guaianazes.

Segundo a PM, a dupla rendeu os dois vigias e os funcionários da empresa e os deixou amarrados em um

banheiro. Em seguida, os assaltantes fugiram levando o alumínio que estava no barracão da empresa em

um caminhão.

O caso foi registrado na Delegacia de Plantão. Não há pista dos assaltantes”. Fonte:

http://www1.folha.uol.com.br, 17/12/2004.

Indústria de Lorena é saqueada e fábrica de Jacareí é roubada

“A indústria G.A., em Lorena, foi saqueada anteontem por moradores que arrancaram as telhas de metal

de alguns galpões e levaram materiais que ainda estavam na companhia.

A empresa fabricava componentes para equipamentos eletroeletrônicos e estava fechada havia oito anos.

A polícia foi chamada para conter os saques e chegou a usar gás lacrimogêneo para conter os moradores.

Quatro pessoas foram detidas e liberadas após o depoimento. Na tarde de ontem, policiais militares

fizeram rondas nas proximidades da empresa para evitar novos saques. A Folha procurou pela empresa

durante todo o dia de ontem, mas não localizou os responsáveis para que comentassem o assunto.

Em Jacareí, a indústria ProMetal foi roubada por três homens armados. O grupo chegou a pé à empresa e,

após render os funcionários, levou o dinheiro que iria ser utilizado para o pagamento dos trabalhadores.

Um carro que estava no local também foi roubado e utilizado pelos assaltantes para a fuga. A fábrica não

informou o valor levado. A polícia ainda não tem suspeitos”. Fonte: http://www1.folha.uol.com.br,

08/04/2003.

Ladrões encapuzados invadem empresa em Mogi Mirim

Criminosos encapuzados e armados com pistolas automáticas invadiram a empresa de implementos

agrícolas Lindsay América do Sul Ltda., em Mogi Mirim (162 km a norte de São Paulo), na madrugada de

quinta-feira (12). Seis homens teriam participado da ação.

Depois de renderem dois dos vigias que faziam a ronda noturna na empresa e os trancarem no banheiro, os

ladrões roubaram vários produtos como uma guilhotina industrial, furadeira de mesa, fresa industrial,

pneus, geladeiras, computadores, lap-top, palm-top e bebedouros elétricos.

23

Page 24: Mono Mba a Gestao Da Seguranca Como Nova Versao Final Entregue

Segundo a Polícia Militar, os assaltantes permaneceram na empresa por aproximadamente seis horas e

teriam fugido em um caminhão. Ninguém ficou ferido, e o caso foi registrado na Delegacia Central de

Mogi Mirim.

Até à tarde desta sexta-feira, ainda de acordo com a polícia, ninguém havia sido preso.

Fonte: www1.folha.uol.com.br, 13/01/2006 .

Crime: Ladrões encapuzados invadem indústria para roubo

“Dois ladrões encapuzados e armados invadiram por volta das 23h30 de quinta-feira a empresa Uniplex

Indústria de Chapas Acrílicas, renderam primeiramente um funcionário que reside em uma casa no mesmo

terreno e posteriormente a esposa dele. Apesar de não ter sido agredido, o casal foi amarrado.

Quando da abordagem o funcionário, que a pedido dos policiais não teve o nome divulgado, estava dentro

de um galpão da empresa, onde foi rendido e sob ameaça de uma arma apontada para ele, obrigado a

entregar as chaves de um caminhão Ford F4000 ano 1986, placas BZN 0652/Penápolis, que estava

estacionado na empresa.

As chaves estavam em uma gaveta e já em poder do veículo os assaltantes o carregaram com uma

máquina de solda, um aparelho de lavagem por pressão, um motor de lancha de 15 HP e três cilindros de

gás. Concretizado o roubo a dupla obrigou que o funcionário fosse até sua residência e chamasse pela

esposa, que também acabou sendo rendida. Os dois foram então levados até um dos galpões da firma e lá

amarrados. Somente por volta das 04h50 o funcionário conseguiu se soltar e acionou os policiais. Por

estarem muito nervosos e pelo fato dos criminosos estarem usando capuzes, o casal não conseguiu

fornecer aos policiais as características dos ladrões. Até o fechamento desta edição a Polícia não havia

conseguido localizar os bens roubados, bem como identificar os bandidos”. Fonte:

www.diariodepenapolis.com.br, 14/01/2006.

Polícia Civil prende quatro por extorquir empresário em São Paulo

”Policiais da 1ª Delegacia de Roubos e Extorsão do Deic (Departamento de Investigações sobre o Crime

Organizado) prenderam na tarde desta sexta-feira (3) quatro homens em Taboão da Serra (Grande São

Paulo), suspeitos de extorquir um empresário, dono de uma fábrica de plásticos no bairro do Caxingui

(zona sul de São Paulo).

O empresário, que teve a sua indústria roubada na quarta-feira (1), estava sendo chantageado pelos

assaltantes que levaram documentos e dinheiro. Para devolver alguns papéis de importância para a

empresa, os suspeitos exigiam R$ 500 mil.

Após investigação e monitoramento das ligações telefônicas direcionadas ao empresário, os policiais

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Page 25: Mono Mba a Gestao Da Seguranca Como Nova Versao Final Entregue

prenderam um dos suspeitos em um orelhão em Taboão. Durante a prisão, ele entregou seus três colegas

que pertenciam à mesma quadrilha.

No dia do assalto, os homens entraram na empresa disfarçados como entregadores de uma prestadora de

serviço já conhecida do empresário. Um dos membros da quadrilha é ex-funcionário da empresa”. Fonte:

http://www1.folha.uol.com.br, 03/02/2006.

Quadrilha invade indústria e rouba caixa eletrônico

”Uma quadrilha fortemente armada invadiu, na noite de ontem, a indústria de eletroeletrônicos Costal, em

São Bernardo do Campo, ABC Paulista.

Após chegarem à fábrica em vários veículos, os bandidos renderam os vigias no portão principal e

invadiram a empresa, atrás de um caixa eletrônico do Unibanco.

Os vigias da empresa foram obrigados a carregar o caixa até uma caminhonete pertencente à quadrilha,

que fugiu levando as armas dos funcionários da fábrica.

Ninguém foi preso. O valor roubado da empresa ainda não foi informado. O caso foi registrado no 2º

Distrito Policial do município”. Fonte: http://www1.folha.uol.com.br, 20/03/2002.

Quadrilha invade depósito e rouba R$ 3 mi em medicamentos

”Uma quadrilha formada por cerca de 15 homens roubou o equivalente a R$ 3 milhões em remédios

antibióticos e energéticos da marca Virilon de um depósito da Indústria Farmacêutica Luper, em Bragança

Paulista, na madrugada desta quinta-feira.

De acordo com a Polícia Civil, os assaltantes estavam encapuzados e roubaram os remédios com o auxílio

de um "caminhão-baú".

Além de remédios, também foram roubados computadores da indústria farmacêutica. A polícia acredita

que os assaltantes integrem uma quadrilha especializada em roubo de remédios, que teria ramificações por

todo o Estado.

O roubo será comunicado pela Luper à Vigilância Sanitária de Bragança Paulista, que vai publicar os

números dos lotes roubados para evitar que eles sejam comercializados”. Fonte:

http://www1.folha.uol.com.br, 09/08/2001.

Roubo de medicamentos registra aumento: São Paulo, mercado mais visado por quadrilhas, perdeu

R$ 36,4 milhões durante o ano passado

“São Paulo - O roubo de medicamentos ocupa o segundo posto entre as mercadorias mais visadas

em São Paulo, o maior mercado do País. Perde só para os eletroeletrônicos. No ano passado,

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Page 26: Mono Mba a Gestao Da Seguranca Como Nova Versao Final Entregue

foram levados R$ 36,4 milhões. Em 2001, o prejuízo somou R$ 12,2 milhões e a carga era a

quarta mais procurada. É um indicador de que as quadrilhas de remédios voltaram a atuar,

segundo o Sindicato das Empresas de Transporte de Carga de São Paulo e Região. Seria também

um fator a mais para que indústria, atacado e varejo se unissem em torno de uma resolução

federal que pretende moralizar a comercialização dos remédios. Mas a simples idéia de fazer com

que só cheguem aos consumidores produtos com procedência garantida ainda sofre resistências”.

Fonte: http://www.an.com.br/2003/mar/11/0pai.htm - 11/03/03

Grupo invade e rouba banco dentro da Votorantim no interior de SP

”Em uma ação ousada, 12 assaltantes encapuzados e fortemente armados invadiram na madrugada de hoje

a Votorantim Celulose e Papel, em Luís Antonio, fizeram 21 reféns e roubaram R$ 14 mil do posto

bancário do Itaú que funciona no local.

Foi o segundo roubo registrado na unidade, que se localiza na rodovia Antônio Machado Sant'Anna, entre

Ribeirão e Araraquara, e que tinha 250 funcionários trabalhando no momento do roubo. O primeiro tinha

sido em 99.

"Tivemos informações que o grupo ficou o dia inteiro escondido na área de reflorestamento ao lado da

empresa aguardando o momento para iniciar a ação", disse o capitão da Polícia Militar Renato Armando

Alves, de Sertãozinho, que comanda a área.

Segundo Alves, os ladrões se aproveitaram da fragilidade da segurança da empresa. Eles invadiram a

portaria com pistolas e metralhadoras. O grupo rendeu os seguranças das três entradas da fábrica e ainda

manteve a portaria em funcionamento, controlando a entrada e a saída de caminhões, o que mostra que

conhecia o esquema de funcionamento da unidade. "Eles já sabiam que a chave do banco ficava na

portaria e que no início do mês haveria o pagamento de parte dos funcionários terceirizados", disse.

Os ladrões andaram cerca de 300 metros até atingirem o setor de administração. No local fica o refeitório

e, ao lado, o posto bancário. Segundo o investigador Maurício de Oliveira Marques, que vai comandar a

apuração do caso, o grupo "teve muito tempo para agir".

Os 13 vigias que faziam a segurança da fábrica do turno da noite foram rendidos. Na ação, um dos

membros da quadrilha ficou ao lado do refeitório rendendo funcionários que passavam pelo local. Todos

os reféns foram colocados dentro do posto.

Segundo Alves, o alarme e as câmeras do circuito interno estavam desligadas. "Os ladrões fizeram os

seguranças arrombarem o banco e o cofre. Era um grupo especializado." Dos quatro cofres, dois foram

arrombados e um levado intacto. O quarto cofre foi abandonado, após os bombeiros da unidade

perceberem o crime. Ao lado dos cofres a polícia achou o crachá de um funcionário que havia saído da

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Page 27: Mono Mba a Gestao Da Seguranca Como Nova Versao Final Entregue

empresa às 18 horas _seu nome não foi revelado. Ele será investigado.

Os ladrões, que usaram um carro da empresa na fuga, levaram os rádios de comunicação da segurança. A

polícia suspeita que o grupo mantinha carros escondidos na área de reflorestamento ao lado da empresa

para fugir, já que estavam em 12 pessoas e o carro era apenas um. A Votorantim informou, por meio de

sua assessoria, que nenhuma alteração será feita na segurança da empresa. O Itaú não quis comentar o

roubo”. Fonte: http://www1.folha.uol.com.br, 05/07/2002.

Além das perdas por assaltos à mão-armada, as indústrias também sofrem prejuízos até

maiores nos casos de incêndio, por causa da destruição total da empresa, interrupção das

atividades e morte de funcionários, conforme mostra outras notícias extraídas do Folhaonline, via

internet:

Incêndio destrói indústria de aparas de papel na Grande SP

”Um incêndio destruiu na madrugada desta quarta-feira uma indústria de aparas de papel no jardim Joana

D'Arc, em Guarulhos (Grande São Paulo). O Corpo de Bombeiros da cidade estima que a área destruída

seja de 2.000 metros quadrados. Ninguém ficou ferido.

Por volta das 12h, os bombeiros ainda realizavam uma operação de rescaldo no local, para prevenir o

surgimento de novos focos de incêndio. O fogo começou à 1h50, e as causas permanecem desconhecidas.

De acordo com os bombeiros, o trabalho de controle e extinção do incêndio foi dificultado pelo

desabamento da estrutura metálica do imóvel. Mais de 21 carros da corporação foram acionados para

ajudar no combate às chamas”. Fonte: http://www1.folha.uol.com.br, 29/03/2006.

Bombeiros levam seis horas para combater incêndio na Grande SP

”Um incêndio destruiu uma indústria de materiais plásticos localizada em Alphaville, Barueri (Grande São

Paulo), na noite de domingo (19). O fogo foi controlado por volta das 3h, aproximadamente seis horas

após seu início.

Por volta das 8h45, equipes dos bombeiros ainda trabalhavam na operação rescaldo. O incêndio, de causas

não confirmadas, não deixou vítimas.

Cerca de 20 equipes dos bombeiros de Barueri, de Osasco e de São Paulo trabalharam no combate às

chamas.

A indústria fica na avenida Doutor Dib Sauaia Neto, na altura do km 23 da rodovia Castello Branco.

Segundo a concessionária Viaoeste, devido às proporções do incêndio e à curiosidade de quem passava

27

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pelo local, o motorista encontrou lentidão na região, na noite de domingo”. Fonte:

http://www1.folha.uol.com.br, 20/03/2006.

Incêndio em fábrica de autopeças no ABC deixa um morto e três feridos

”Uma pessoa morreu e três pessoas ficam feridas em um incêndio na fábrica da Cofap, em São Bernardo

do Campo. Todos eram funcionários da empresa.

O fogo teria começado por volta das 20h15, após explosão de um equipamento semelhante a uma caldeira.

A indústria fica situada na rua Garcia Lorca, 105, no bairro Paulicéia, próximo à Rodovia Anchieta.

Quando oito viaturas do Corpo de Bombeiros chegaram ao local, a situação já havia sido controlada pela

brigada de incêndio da empresa. Parte de uma laje desabou após a explosão.

O funcionário morto teve 70% do corpo queimado, mas sua morte foi causada por estilhaços causados

pela explosão do aparelho. Os outros funcionários tiveram ferimentos mais leves.

A vítima fatal e um dos feridos foram encaminhados para o Hospital Neomater, enquanto outros dois

foram levados ao Pronto-Socorro do Hospital Municipal Rudge Ramos”. Fonte:

http://www1.folha.uol.com.br, 13/11/2005.

As matérias acima ilustram a triste realidade da segurança empresarial das indústrias do

Estado de São Paulo, principalmente, das indústrias nacionais que estão mais despreparadas em

relação às estrangeiras, sem uma gestão de segurança estratégica para reduzir os riscos.

As perdas evidenciadas nas notícias podem ser de grande monta (milhões de reais) ou até

catastróficos, como por exemplo: destruição total da sede da empresa e morte de funcionários.

Ainda, o custo dos prejuízos pode ser imensurável, se afetarem a imagem corporativa no

mercado. É importante salientar que os valores dos prejuízos expostos nas notícias muitas vezes

não contabilizam a perda real, ou seja, não foram calculados os custos indiretos envolvidos.

Para chegar ao valor total e preciso da perda, Brasiliano (1999, pág. 305), sugere a

fórmula do custo da perda:

“CP = SP + ST + CC - (I-P)”

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Page 29: Mono Mba a Gestao Da Seguranca Como Nova Versao Final Entregue

CP = custo da perda (impacto financeiro)

SP = substituição permanente (custos de equipamentos, instalações, salários,

indenizações, que a empresa não obterá mais)

ST = substituição temporária (perda como aluguel de equipamento, instalação, tempo

de funcionários parados)

CC = custo conseqüente (queda de faturamento, imagem da empresa)

I = indenização do seguro (quando o seguro irá cobrir para o sinistro)

P = prêmio do seguro (quanto foi pago à seguradora)

De acordo com Brasiliano (1999), diversos fatores devem compor esta análise, dentre

os quais podem ser destacados: perda de faturamento, perda de imagem, perda de market-

share, produtividade prejudicada, indenizações, prêmio de seguros, custos da ativação do

plano de emergência, custos de manutenção do plano de contingência, custos dos reparos no

processo afetado e custos dos investimentos necessários para retomada da imagem e market-

share.

Há grande probabilidade dos valores dos prejuízos serem maiores dos que os

apresentados nas notícias, sendo aplicada a fórmula acima. Por isso, a importância de se

destaca-la nessa pesquisa.

Segundo Neves (2002), as empresas que não possuem um plano de emergência e

recuperação de desastres estão mais sujeitas a enfrentar grandes riscos, perdas financeiras,

operacionais e de imagem, caso sejam alvo de desastres naturais e ambientais e atos criminosos

praticados pelo Homem, tais como: incêndio, sabotagens, atos de terrorismo, crimes cibernéticos,

vazamento de informações confidenciais.

As diversas variáveis a serem analisadas demonstram a necessidade de o departamento

de segurança estar integrado com os departamentos de vendas, marketing, financeiro,

administrativo, produção e administrativo.

29

Page 30: Mono Mba a Gestao Da Seguranca Como Nova Versao Final Entregue

Com os resultados obtidos na análise do impacto financeiro, conforme os riscos

existentes e suas probabilidades de que eles ocorram e gerem perdas, que pode ser realizada

uma previsão de quanto é necessário investir no sistema de segurança.

A comparação entre o investimento necessário para implantação e manutenção do

sistema de segurança e as possíveis perdas é que fornecerá subsídios para uma avaliação

concreta se o planejamento estiver coerente com o nível de risco que a instituição detém.

Com os dados apresentados e calcados na política de segurança estabelecida, segundo

Brasiliano (1999), a direção da instituição poderá definir qual o nível de segurança que será

implantado.

A relação custo versus benefício serve como base para a empresa analisar o valor do

investimento a ser feito em sistemas eletrônicos de segurança ou mão-de-obra e qual será o

benefício em termos do valor protegido, seja ele bens tangíveis ou intangíveis.

Conforme artigo publicado pela Câmara Americana do Comércio no dia 01/04/2003,

muitas empresas acabam quebrando no mercado pela falta de segurança e isso ocorre porque seus

executivos não têm conhecimentos sobre o assunto, deixando a empresa vulnerável aos riscos

internos (fraudes, furtos e surrupio) e externos (invasões, assaltos).

Mesmo com todas as metodologias de planejamento de segurança empresarial, citadas

acima, alguns outros fatores poderão prejudicar sua elaboração.

Um deles é a ausência de uma cultura preventiva e de capacitação profissional

acadêmica que contribui negativamente para a obtenção de serviços de segurança capacitados

para enfrentar os problemas de forma técnica e científica, tornando a experiência empírica

como uma fonte de conhecimento e aperfeiçoamento.

Para Cardella (1999), a reversão da cultura organizacional desfavorável com relação à

segurança será possível através de dados estatísticos, conhecimento e informação. Nessa linha de

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Page 31: Mono Mba a Gestao Da Seguranca Como Nova Versao Final Entregue

pensamento do autor, muitas indústrias nacionais de médio e grande porte encontram-se

totalmente vulneráveis pelas crenças mais comuns, do tipo: “estamos aqui há tanto tempo e

nunca sofremos qualquer tipo de furto ou roubo”, “temos seguro”, “segurança é custo e quando o

ladrão quer ele entra e rouba”, etc. Pensamentos como estes já causaram muitos prejuízos e

perdas, afetando a lucratividade do negócio de diversas empresas e indústrias.

No Brasil, devido à cultura organizacional, é comum as indústrias nacionais de médio e

grande porte não investirem em segurança, bem como não tê-la como estratégia empresarial. E

Fontes (2000) afirma que a estratégia de segurança pode significar a continuidade do negócio e

até uma proteção contra o concorrente, pois há concorrentes desleais que podem praticar a

espionagem industrial para obter informações proprietárias e segredos comerciais.

Além dos assaltos à mão-armada e incêndios, outro grande problema que tem gerado

grandes perdas para as empresas no Brasil é a fraude interna, conforme dados abaixo:

43,5% das perdas são por apropriação indébita; 30,4% por corrupção; 21,7% por roubos

ou 4,4% por outros tipos de fraudes.

81,2% dos fraudadores tem segundo grau ou mais.

34,3% das fraudes causam perdas de 1 a 10.000 reais; 44,8% causam perdas de 10 mil a

100 mil reais e 20,9% causam perdas acima de 100 mil reais.

Em média as empresas fraudadas perdem de 7% a 10% do faturamento global.

Estimativa de 6% do PIB (ou 70 bilhões de reais) perdidos em fraudes pelas empresas

brasileiras em 2001. Fonte: http://www.fraudes.org

O quadro abaixo ilustra as principais ações (riscos) que mais causam prejuízos às

empresas:

Causa de perdas nas empresas

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Page 32: Mono Mba a Gestao Da Seguranca Como Nova Versao Final Entregue

Fonte: site www.sensorbrasil.com.br, 18/10/2003.

3. PESQUISA QUANTITATIVA – ESTUDO COMPARATIVO

Para embasar ainda mais esse estudo e evidenciar a realidade da segurança nas

indústrias, foi elaborada uma pesquisa quantitativa, nos meses de março a junho deste ano,

para comparação da gestão da segurança entre as indústrias nacionais e estrangeiras (Apêndice

A).

Tal pesquisa foi enviada via e-mail para mais de sessenta indústrias, direcionadas ao

responsável pela área de segurança, cujo resultado encontra-se abaixo:

pesquisas

enviadas (total)

pesquisas respondidas

(indústrias nacionais)

pesquisas respondidas

(indústrias estrangeiras)

Total de

respostas

64 12 17 29

Para efeito de tabulação das respostas e comparação entre elas, foram consideradas

apenas 10 pesquisas respondidas por ambas indústrias. A comparação aqui apresentada são

das principais questões, que são o foco do presente estudo. Sendo assim, chegou-se às

seguintes respostas em percentuais:

Indústria Estrangeira Indústria Nacional

90% possui política de segurança por escrito 20% possui política de segurança por escrito

80% tem um gerente de segurança/diretor de

segurança

10% tem um gerente de segurança/diretor de

segurança

90% tem normas e procedimentos de segurança

por escrito

20% tem normas e procedimentos de segurança

por escrito

100% já realizou uma Análise de Riscos 20% apenas realizou uma Análise de Riscos

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Page 33: Mono Mba a Gestao Da Seguranca Como Nova Versao Final Entregue

90% a segurança participa do planejamento

estratégico

10% a segurança participa do planejamento

estratégico

90% utiliza os seguintes meios de proteção:

CFTV, Controle de Acesso, Rádio

Comunicação, Grade/Alambrado, Cerca

Elétrica, Alarmes de Intrusão, Célula de

Segurança, Central de Monitoramento Externa,

Sistemas de Incêndio e Vigilantes/Porteiros

40% utiliza os seguintes meios de proteção:

CFTV, Controle de Acesso, Rádio

Comunicação, Grade/Alambrado, Cerca

Elétrica, Alarmes de Intrusão, Célula de

Segurança, Central de Monitoramento Externa,

Sistemas de Incêndio e Vigilantes/Porteiros

20% já foi roubada à mão-armada 40% já foi roubada à mão-armada

40% já sofreu furto interno/fraude interna 60% já sofreu furto interno/fraude interna

30% sofreu prejuízo entre 10 a 50.000,00 reais 10% sofreu prejuízo entre 10 a 50.000,00 reais

20% sofreu prejuízo entre 50 a 100.000,00 reais 70% sofreu prejuízo entre 50 a 100.000,00 reais

10% sofreu prejuízo acima de 100.000,00 reais 20% sofreu prejuízo acima de 100.000,00 reais

Pelos resultados obtidos, percebe-se que as indústrias estrangeiras levam a sério a

gestão da segurança como estratégia, enquanto que as indústrias nacionais retratam pouca

importância a respeito. Estas últimas estão mais expostas aos riscos externos e internos e, por

conseqüência, sofrem os maiores prejuízos e perdas financeiras, que afetarão o lucro e metas

estipuladas.

Nas indústrias estrangeiras a segurança participa do planejamento estratégico e tem

política e procedimentos de segurança definidos por escrito. Além disso, utilizam praticamente

todos os meios de proteção existentes no mercado, integrando recursos humanos, sistemas de

segurança e recursos organizacionais.

Pelo tratamento e importância dada à gestão da segurança pelas indústrias estrangeiras,

nota-se que a cultura organizacional delas revela-se mais preventiva, enquanto que nas

indústrias nacionais demonstra uma cultura desfavorável à segurança ou reativa.

E toda essa realidade das indústrias nacionais é facilmente percebida visualmente, por

exemplo, pois é comum encontrar as seguintes vulnerabilidades:

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- estão localizadas em áreas isoladas (com pouca ou nenhuma vizinhança);

- possuem muros ou alambrados baixos;

- os portões de acessos de veículos e de pedestres ficam abertos;

- a portaria e os vigilantes/porteiros ficam expostos;

- ausência de sistemas de intrusão, CFTV, controle de acesso, etc.

Para evidenciar os benefícios da prática da gestão de segurança, uma indústria

estrangeira do setor eletrônico, que respondeu à pesquisa quantitativa, cujo nome não pode ser

revelado, por questão de sigilo, situada no interior de São Paulo, na região de Campinas,

informou que conseguiu reduzir os prejuízos e perdas em até 90%, com medidas preventivas

de segurança contra assaltos, furtos e fraudes internas.

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4. RISCOS QUE AFETAM A SEGURANÇA DAS EMPRESAS

Este capítulo evidencia os principais riscos que as organizações estão sujeitas a sofrer.

Buscou-se conceitos sobre o que é risco, quais são suas causas e conseqüências, como

diagnosticar e tratar os riscos no mundo empresarial. Aqui não serão abordadas as metodologias

de Análise de Riscos, pois não são os focos da pesquisa.

4.1 Conceito de Risco em Segurança Empresarial

Inicialmente, é válido ressaltar o significado da palavra risco: “probabilidade de insucesso,

de malogro de determinada coisa, em função de acontecimento eventual, incerto, cuja ocorrência não

depende exclusivamente da vontade de terceiros”. (HOUAISS; VILLAR, 2001, p.2462)

Segundo Brasiliano (1999), risco é toda ameaça ou evento (externo ou interno) que pode

afetar e atingir o patrimônio das empresas, seja ele tangível ou intangível, causando perdas.

Para Cardella (1999), o risco associado a um sistema (atividade organizacional) é o

conjunto de danos e perdas que possam vir a ocorrer por causa dos perigos existentes.

De acordo com Mina (2001), os riscos são inerentes à atividade empresarial e variam

conforme o tipo de produto fabricado ou manuseado. Um exemplo disso: as empresas que

fabricam ou distribuem medicamentos, eletro-eletrônicos e informática são as mais visadas por

marginais pela atratividade de tais produtos. A localização da empresa, tipo de terreno onde está

instalada, suas próprias instalações e estrutura, populações vizinhas e o apoio de órgãos públicos

influenciam diretamente no aumento ou diminuição dos riscos.

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O risco é a incerteza e está relacionado diretamente com a probabilidade de ocorrência de

um determinado evento com potencial para causar dano ao patrimônio da empresa, segundo

Rubens (2000).

Para Fontes (2000), risco é a chance (probabilidade) de uma ameaça se transformar em

realidade, causando problemas à organização, e que varia em função de medidas implementadas

ou de situações existentes.

Define ameaça como ação de uma pessoa, situação ou fenômeno que seja considerado um

perigo para a disponibilidade do recurso ou para o seu uso indevido. Todos os recursos podem

sofrer ameaças que podem causar prejuízos. Cada organização deve analisar quais as ameaças

internas e externas que podem impactar o negócio e após um diagnóstico implementar as medidas

de segurança.

Quando os riscos e ameaças são desconhecidos ou ignorados podem comprometer o

alcance dos objetivos traçados. Isto quer dizer que a empresa está despreparada para enfrentar e

minimizar perdas ou prejuízos. Nesse sentido, afirma Souza (2000) que sendo conhecidos os

riscos e ameaças a organização terá mais chances de atingir seus objetivos, sem sofrer um grande

impacto ou possíveis perdas, pois minimizou os seus riscos.

No entanto, desconhecer ou ignorar os riscos e ameaças afirma Souza (2000), que quando

isso ocorre está diretamente relacionado à cultura organizacional. Na maioria das empresas de

médio porte, a alta direção não acredita que a empresa possa vir a sofrer qualquer ação criminosa.

Esta descrença deixa toda a organização desguarnecida, e, por conseqüência, sem um plano ou

medidas preventivas.

4.2 Tipos de Riscos

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Os riscos podem ser classificados em duas categorias. Segundo MINA (2001): riscos

especulativos e os riscos puros. A diferença entre eles é que os riscos especulativos podem

gerar ganho ou perdas.

Brasiliano (2003) apud Mina (2001) apontam diversos outros riscos inerentes às

empresas, entre eles: riscos de mercado, de crédito, operacional, legal, administrativos,

políticos e de inovação. Entretanto, o foco desse estudo são os riscos puros, os quais podem

ser sintetizados e classificados em: humanos, técnicos e incontroláveis, de acordo com

Brasiliano (1999).

Riscos humanos são aqueles que se originam na ação direta, voluntária ou involuntária

de pessoas. Estas pessoas podem estar convivendo com a instituição em seu cotidiano como

empregados, prestadores de serviços, visitantes, fornecedores e até clientes, e terem permissão

para entrar e sair, ou podem ser desconhecidas e não ter nenhum tipo de contato, praticando a

agressão contra o patrimônio de forma aleatória: ladrões, assaltantes, espiões, vândalos e

sabotadores. Para Brasiliano (1999), os riscos mais comuns nestes casos são: furto, surrupio

(desvio de materias ou bens), assalto (à mão armada), furto de informações, sabotagem,

seqüestro e negligência.

Os riscos técnicos estão relacionados com equipamentos que podem oferecer ameaça

por causa de falta ou erro de manutenção, utilização negligente e falha técnica.

Riscos incontroláveis são aqueles com origem na natureza, tais como: vendaval,

chuvas, inundação, etc.

De acordo com Mina (2001), os riscos podem ser subdivididos em ações humanas e

ações naturais. As empresas podem sofrer riscos advindos de ações de pessoas internas e

externas a seu ambiente organizacional.

37

Page 38: Mono Mba a Gestao Da Seguranca Como Nova Versao Final Entregue

As ações humanas são originadas de dois tipos de pessoas: as internas ao ambiente

(empregados, clientes, fornecedores e os visitantes) e as externas ao ambiente (ladrões,

assaltantes, sabotadores, vândalos e espiões).

Os exemplos de riscos das ações humanas, segundo MINA (2001), são os seguintes: furto,

roubo, vandalismo, ato inseguro, sabotagem, espionagem, insurreições e negligência. Já os das

ações naturais são: calor, frio, incêndio espontâneo, explosão, inundação, furacão, ciclone,

terremoto.

Os riscos das ações humanas são os que mais afetam o lucro das empresas, gerando

perdas, danos e prejuízos. As causas mais comuns, segundo MINA (2001) são:

desonestidade

uso de drogas/álcool

conflitos de interesse

problemas emocionais

comportamento anti-social

jogo

ameaças/vandalismo

sabotagem

espionagem

lucro criminoso

A tabela abaixo foi elaborada para ilustrar ainda mais os tipos de riscos e suas origens,

segundo Brasiliano (2003):

Risco Origem do Risco (exemplos)

Roubo/Assalto - atratividade do numerário

- situação da criminalidade na região em que a empresa está instalada

- normas e procedimentos não formalizados, que propiciam falhas

operacionais

38

Page 39: Mono Mba a Gestao Da Seguranca Como Nova Versao Final Entregue

- facilidade de acesso

- despreparo da equipe de segurança

Desvio

Interno

- atratividade do produto

- mercado paralelo de fácil receptação

- inexistência de política de segurança

- fator humano – crença na impunidade ou tolerância

4.3 Gestão de Riscos

Afirma Arbeláez (2006) que a gestão dos riscos se constitui em uma ferramenta para o

desenvolvimento estratégico de uma empresa. Dessa forma todos os programas de segurança

devem ser montados cuidadosamente sobre um “modelo de gestão” coerente e racional que

evite ao máximo as decisões tomadas pela emoção nos momentos de crise.

De acordo com Cardella (1999, p.69), a gestão de riscos é: “um conjunto de instrumentos

que a organização utiliza para planejar, operar e controlar suas atividades no exercício da função controle

de riscos. São instrumentos do sistema de gestão: princípios, política, diretrizes, objetivos, estratégias,

metodologia, programas, sistemas organizacionais, sistemas operacionais”.

Essa gestão refere-se à identificação, análise e tratamento dos riscos. Caberá ao gestor ou

profissional de área de segurança patrimonial ter conhecimentos específicos e acadêmicos para

realizar tais fases com eficácia.

A identificação dos riscos é feita por meio de um levantamento minucioso dos pontos

críticos na instituição em relação a seu negócio. O sucesso está na criteriosa avaliação de cada

risco e na previsão do que pode afetar as condições operacionais da instituição (Brasiliano,

1999). O autor ressalta que o primeiro passo é definir o problema e o segundo é projetar as

medidas preventivas e/ou corretivas. Cita que a empresa deve ter classificada as quatro áreas

de riscos, conforme abaixo:

39

Page 40: Mono Mba a Gestao Da Seguranca Como Nova Versao Final Entregue

1. “Paralisação da produção e operação.

2. Redução da produção e operação.

3. Efeito imediato sobre a produção e operação.

4. Efeito direto sobre a produção e operação”. (BRASILIANO, 1999, p. 114)

Esta classificação torna mais acessível a avaliação do impacto financeiro que será

provocado no caso de concretização do risco. Dependendo da área atingida a empresa poderá

sofrer um altíssimo prejuízo ou até quebrar. Um exemplo disso seria uma empresa de

informática ou uma farmácia (que não possui seguro) ser invadida por ladrões que subtraem

todo seu estoque. Com certeza, o prejuízo será enorme e se o proprietário não possuir outros

recursos financeiros para repor e pagar os fornecedores estará falido, pois a ação externa

criminosa afetou sua área de produção e operação.

É necessário conhecer os fatores de risco, ou seja, a origem e/ou causa de cada risco.

Segundo BRASILIANO (2003), para isso é preciso dissecar o fluxo de cada processo e sugere

como um dos modelos para tal fim a Análise de Espinha de Peixe, conforme exemplo abaixo:

40

Risco

Despreparo da equipe

Meios organizacionais

Atrativo do numerário

Facilidade de acesso

Situação da criminalidade

Fuga de Informação Assalto

Alta competitivi-dade no mercado

Desvio Interno

Mercado Paralelo – fácil receptação

Fator Humano – Crença na Impunidade - Tolerância

Inexistência de Política

de Seg.

Atratividade do produto Fator

Humano

Falha de Qualidade

Desvio Interno - comercialização

RCTRSabotagem

Resp. Civil

Atratividade do produto

Mercado Paralelo

Roubo de Carga Incêndio

Grde. Circulação de pessoas

Equiptos. ligados 24hs

Falha de equipto.

Descumpri-mento de

normasSituação doCrime em SP Sabotagem

Page 41: Mono Mba a Gestao Da Seguranca Como Nova Versao Final Entregue

Fonte: Brasiliano, Antonio Celso Ribeiro. Manual de Planejamento: Gestão de

Riscos Corporativos. São Paulo: Sicurezza, 2003, p. 108.

Para avaliar corretamente a concretização do risco, afirma Cardella (2002) no artigo

publicado na revista CIPA, que a análise de risco deve responder às seguintes perguntas: “o

que pode sair errado? com que freqüência isso pode ocorrer? quais são suas conseqüências?

(REVISTA CIPA, ANÁLISE E CONTROLE DE RISCOS, 2002, p. 26)

Em muitos casos, os riscos podem ser baixos e pouco prováveis de acontecerem,

porém se ocorrerem acarretam grande impacto nas empresas, causando prejuízos de alto valor

financeiro ou até na imagem que tem no mercado.

Para as indústrias de médio e grande porte, é fundamental que sejam identificados e

compreendidos os riscos reais e potenciais que precisam ser controlados. A correta avaliação das

ameaças definirá as medidas mais indicadas para serem implementadas, evitando a adoção de

medidas desnecessárias que geram gastos desnecessários. Existem metodologias científicas e

matemáticas que dão maior precisão e confiabilidade à análise de risco, cujo assunto será

abordado mais a frente.

Segundo FONTES (2000), são requisitos básicos para o gerenciamento de riscos:

Objetivos de negócio: os riscos são pertinentes aos objetivos do negócio

Riscos: para cada objetivo de negócio definido deve ser selecionado o risco mais

significativo para que o trabalho de gerenciamento de risco tenha um custo x

benefício adequado

Ações: identificar ações que irão minimizar a ocorrência

Probabilidade da ocorrência: cada risco deve ser analisado sob a probabilidade de

ocorrer

Impacto no negócio: identificar o grau desse impacto para priorização

41

Page 42: Mono Mba a Gestao Da Seguranca Como Nova Versao Final Entregue

Grau de minimização do risco: cada ação definida deve possuir um grau de

eficácia

Esforço a ser gasto: realização de esforço associado para que a ação possua uma

boa eficácia, através da avaliação das pessoas envolvidas.

Segundo Arbeláez (2006, pág. 11) o processo de gestão de riscos se resume conforme

abaixo:

42

Page 43: Mono Mba a Gestao Da Seguranca Como Nova Versao Final Entregue

43

ESTABELECER A POLITICA DE RISCO

DEFINIR O NÍVEL DE ACEITABILIDADE

IDENTIFICAR O QUE PODE ACONTECER

DESENVOLVER ANÁLISE DE RISCO

NIVEL DE VULNERABILIDA-

DE ACEITAASSUMIR O RISCO

PODE INFLUENCIAR O

SISTEMA

PODE SER FINANCIADO

MEDIDAS DE PREVENÇÃO

VULNERABILIDADERESIDUAL?

MEDIDAS DE PROTEÇÃO

TRANSFERIRRISCOS

PODE SER FINACIADO?

RETERRISCOS

SIM

M

NÃOOO

SIM

MNÃOOO

NÃOOO

SIM

M

SIM

M

NÃOOO

NÃOOO

RISCO GERENCIADO

Page 44: Mono Mba a Gestao Da Seguranca Como Nova Versao Final Entregue

4.4 Diagnóstico de Riscos

O diagnóstico é uma fase muito importante do planejamento de segurança e com ele

será visualizado o retrato atual da segurança que a instituição detém, em seus aspectos internos

e externos. Sendo mantido um comparativo com a situação real e a política de segurança

criada, assim como seus objetivos e metas.

De acordo com Brasiliano (1999) o diagnóstico segue, basicamente, duas variáveis:

Influências externas onde podem ser considerados o entorno da instituição e a região

onde está instalada.

Características internas, onde podem ser identificados riscos e situações favoráveis a

segurança.

O analista deve considerar todos os fatores e suas variáveis, que podem contribuir para

situação de risco atual, tais como:

“Localização física da empresa e informações geográficas.

Situação socioeconômica dos arredores onde está instalada a instituição.

Informações obtidas em entrevistas com empregados.

Pontos vulneráveis a invasões criminosas.

Nível de conscientização dos empregados com relação à segurança.

Horário de funcionamento da instituição e turnos de trabalho.

Serviços contratados pela instituição.

Prédios e instalações.

Sistemas de CFTV.

Documentação sobre os planos de segurança existentes.

Equipe de segurança” (BRASILIANO, 1999, p. 86).

Estes são somente alguns pontos a serem avaliados, pois uma análise completa envolve

a aplicação de uma metodologia específica que é desenvolvida e adequada a situação real.

44

Page 45: Mono Mba a Gestao Da Seguranca Como Nova Versao Final Entregue

Existem alguns métodos de trabalho para realização do diagnóstico: trabalho de campo,

entrevista com funcionários e verificação de documentos.

4.5 Tratamento dos riscos

Brasiliano (1999) cita que todos os riscos devem ser tratados e existem basicamente

duas maneiras de fazê-los:

1) prevenção: por intermédio de ferramentas e instrumentos apropriados pode ser

feita à redução da probabilidade do risco ou a eliminação do mesmo. Cada caso

deve ser analisado de modo exaustivo a fim de que se encontre o meio mais

eficaz e viável economicamente. É necessária uma boa dose de prudência para

não tornar a operação lenta e improdutiva.

2) financiamento: financiar um risco, significa assumir os prejuízos e/ou danos

provenientes do mesmo, conscientemente.

Verde (2004) afirma que outra forma é transferir o risco para outra empresa, ou seja,

adquirir uma apólice de seguro para proteção à vida, das operações da indústria, acidentes e do

patrimônio.

De acordo com MINA (2001) a capacidade de análise de riscos deve considerar

aspectos de gravidade. Ele cita o seguinte exemplo: “um banco instalado no interior de uma

empresa com alto nível de transações financeiras, representa um risco presente e potencial de assaltos,

quando em funcionamento. O perigo é ainda maior, nos dias de pagamentos e, caso o local esteja

desprovido de um sistema complexo de proteção, contando apenas com um vigilante contratado de

terceiros. Contudo, o mesmo risco poderá ser minimizado com um plano de segurança que preveja:

reforço de pessoal de segurança; controle da quantidade de pessoas por horário; sistemas de circuitos

eletrônicos, etc. Portanto, nesse caso, o risco é o mesmo, o que difere é o nível de perigo”.

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Page 46: Mono Mba a Gestao Da Seguranca Como Nova Versao Final Entregue

Rosero (2005) afirma que os riscos podem ser tratados das seguintes formas: eliminar,

reduzir, fracionar (distribuir), transferir ou assumir (aceitar a nível tolerante). Além disso,

ressalta Brasiliano (2003) que em todos os casos existem a possibilidade de se executar um

programa de prevenção do risco tão completo que este não chegue a se produzir.

A prevenção se realiza com base em um programa que considera o isolamento das

fontes do risco, o estabelecimento de normas de atuação, a vigilância no cumprimento de tais

normas.

Segundo Fennelly (1992) a prevenção do crime é a antecipação, o reconhecimento e a

apreciação do risco de uma ação criminosa e o começo de uma ação para eliminar ou reduzi-

lo.

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Page 47: Mono Mba a Gestao Da Seguranca Como Nova Versao Final Entregue

5. GESTÃO DA SEGURANÇA

5.1 As atividades da segurança empresarial

Segundo Verde (2005), a área da segurança, em consonância com as demais áreas da

empresa, deve estar orientada para o resultado, contribuindo para a formação do lucro da

empresa.

Gil (1994) afirma que a administração da segurança engloba as fases de planejamento,

organização, controle e avaliação. Sendo assim, cabe ao setor de segurança estabelecer planos de

segurança alinhados aos objetivos estratégicos da alta direção, para proteger a organização

(reduzindo suas perdas), com os recursos humanos ou tecnológicos disponíveis ou a serem

adquiridos.

De acordo com Mina (2001), a segurança é considerada um setor de assessoria à

administração da empresa, responsável por quatro atividades básicas que a deve executar:

“assegurar proteção eficaz; prevenir a ocorrência de ações ou incidentes; salvaguardar o capital investido

e cumprir a missão do exercício controlador e orientador”. (MINA, 2001, p.149)

Para Rosero (2005), as atividades da segurança devem alcançar dois grandes objetivos. O

primeiro é reduzir os efeitos das ameaças, perigos e situações de risco real ou potencial, enquanto

que o segundo objetivo é eliminar as ameaças e riscos reais ou potenciais de perdas, danos,

perturbações e lesões nas pessoas.

Verde (2005, pág. 12) cita o papel da segurança na organização:

“proteger – prevenção

serviços especiais (avaliação da segurança dos executivos, ajuda nas investigações,

proteção e escolta de pessoas chaves e serviços de emergência)

47

Page 48: Mono Mba a Gestao Da Seguranca Como Nova Versao Final Entregue

capacitação (programas de segurança geral, capacitação da área de supervisão,

auto proteção para os empregados e formação da conscientização sobre segurança)

para que todos participem

gerência”

Conforme Blatt (1999), a falta de preparo dos administradores facilita a expansão de

atividades fraudulentas e que os procedimentos de prevenção não são utilizados pelo

desconhecimento no assunto de segurança. Afirma que a maioria das empresas sofre esse tipo de

problema e perdem bilhões em golpes e fraudes praticados por seus próprios funcionários. Um

exemplo que o autor cita é que entre 5 e 10% do valor das compras fica no bolso de funcionários

e fornecedores corruptos.

5.2 Planejamento e medidas de segurança

Os objetivos de um planejamento de segurança são: proteção à vida e integridade física

das pessoas, proteção à propriedade e restauração das atividades normais no caso de um sinistro

(VERDE, 2005).

Segundo Borges (1997), a empresa deverá ter uma visão crítica sobre as principais

ameaças que a envolvem. Para isto seu chefe ou gerente de segurança ou mesmo uma consultoria

especializada no assunto deverá realizar uma auditoria em segurança na empresa, para identificar

estas ameaças e propor medidas preventivas.

A eficiência do plano de segurança depende da compreensão dos riscos reais que devem

ser controlados. Portanto, é primordial uma avaliação precisa das eventuais ameaças, afim de que

possam ser determinadas quais as medidas ou condutas mais indicadas a serem adotadas.

Outro fator importante em um plano de segurança é a adequação dessas medidas às

características físicas e operacionais da empresa. Nesse sentido, cabe ressaltar que o primeiro

passo é a definição do problema e o segundo a projeção das medidas preventivas e/ou corretivas.

A inversão desse processo fatalmente acarretará, não apenas gastos desnecessários, como também

48

Page 49: Mono Mba a Gestao Da Seguranca Como Nova Versao Final Entregue

resultará na adoção de medidas inadequadas aos interesses da empresa. Assim, a definição do

problema deve ser encarada a partir de três aspectos básicos: tipos de ameaças que podem afetar

o patrimônio; probabilidade de ocorrência de ameaças; e impacto sobre o patrimônio.

Segundo Brasiliano (1999), os níveis de planejamento na área de segurança empresarial

são:

. Estratégico: é aquele que envolve toda a empresa, traçando sua política de segurança.

Permite estabelecer a direção a ser seguida, visando maior grau de interação com o ambiente.

. Tático: tem por finalidade otimizar a área de segurança, com vistas no resultado da

empresa. Estabelece os meios necessários para implantar o sistema de segurança e implementa os

processos necessários para cumprir a política de segurança a ser adotada em cada segmento da

empresa.

. Técnico: descreve o sistema, detalhando as características dos equipamentos. Segue a

tática sugerida para o cumprimento das políticas de segurança.O sistema de segurança é

elaborado por uma equipe multidisciplinar, onde deve ser reavaliada todas as funções exeqüíveis

do macro ambiente.

. Operacional: relaciona as normas e condutas sob a forma de documentos escritos. Trata-

se do plano de segurança propriamente dito, pois nele são detalhados os recursos necessários, os

procedimentos básicos e os responsáveis pela execução e implantação das medidas. Descreve

como que o sistema cumprirá a missão de segurança.

No planejamento serão estabelecidas as medidas técnicas de segurança para cada

vulnerabilidade. Segundo Fennelly (1992), a prevenção do crime é alcançada através de técnicas

que combinam a aplicação de segurança eletrônica, física e procedimentos.

A segurança física deve ser utilizada para colocar barreiras no caminho do meliante para

impedir o ataque, retardar o ataque visando dar tempo de pronta-resposta e negar o acesso a alvos

de alto valor. As barreiras podem ser um composto de elementos vivos ou materiais. Elas também

devem causar um efeito psicológico para dissuadir a ação criminosa. Já a segurança eletrônica se

utiliza para detectar e impedir um criminoso.

49

Page 50: Mono Mba a Gestao Da Seguranca Como Nova Versao Final Entregue

Verde (2005, pág. 10) cita que toda barreira física pode ser ultrapassada e que ela tem as

seguintes funções:

“controlar a entrada de pessoas, veículos e materiais;

definir os limites da área;

inibir ou impedir uma ação criminosa;

retardar uma ação criminosa o que facilita a detecção e a posterior reação”.

Como medidas de segurança física, com base em Fennelly (1992), são recomendadas:

- instalação de grades e alambrados

- uso de plantas espinhosas e com pontas

- uso de cães de guarda e/ou vigilantes

- reforço de janelas e portas, bem como de seus batentes e das dobradiças (as externas

devem ser soldadas)

- melhoria da iluminação externa em áreas críticas e de acessos (semelhante a luz do dia)

- colocar cartazes de advertência nos perímetros da propriedade

- instalação de sistemas de intrusão, CFTV, Controle de Acesso, etc.

Segundo Fennelly (1992) para reduzir os furtos e fraudes internas devem ser estabelecidos

procedimentos de controle, tais como:

auditoria de bens de forma surpresa

separação de funções (exemplo: recebimento e expedição)

promoção e rotação para troca de funções

formulários numerados e controlados

compras centralizadas (responsabilidade única)

acesso restrito aos arquivos

controle na retirada de resíduos e do lixo

5.3 O papel do gestor de segurança

50

Page 51: Mono Mba a Gestao Da Seguranca Como Nova Versao Final Entregue

A gestão da segurança deve ser exercida por um profissional nomeado pela alta direção,

com autoridade e delegação de poderes necessários para atuar com maior autonomia e agilidade

na resolução de problemas (MINA 2001).

Para Mina (2001), o profissional de segurança empresarial deve se conscientizar de que

todo projeto a ser desenvolvido tem de ser focado no negócio da instituição, caso contrário às

chances de sucesso serão reduzidas.

Blatt (1999) cita que a organização é um sistema aberto e dinâmico, com setores inter-

relacionados, que sofre e interage com influências do ambiente interno e externo. Sendo assim, a

segurança deve estar integrada à gestão dos demais departamentos, exigindo do gestor de

segurança uma visão holística.

Segundo Júnior (2004), o gestor de segurança deverá ser capaz de gerenciar, coordenar,

supervisionar, criar projetos de segurança e atividades que proporcionem a continuidade de

negócios e a proteção de pessoas. E complementa que deve ter formação acadêmica em

segurança empresarial.

Para Fennelly (1992), o gerente de segurança deve atuar em quatro pontos principais para

a prevenção do crime:

1- impedir um ataque criminal

2- detectar o ataque

3- retardar o ataque para dar tempo de resposta das autoridades (órgãos públicos)

4- negar o acesso ao alvo selecionado

Segundo Verde (2003), uma das funções do gestor é elaborar planos e acompanhar sua

implementação. Além disso, tem o desafio de desenhar e implementar uma política de segurança

empresarial.

51

Page 52: Mono Mba a Gestao Da Seguranca Como Nova Versao Final Entregue

Para um gerenciamento de segurança eficaz, de acordo com Souza (2000), é preciso

identificar os objetivos do negócio, pois os riscos só existirão se houver os objetivos de negócio

definidos. Para cada um dos objetivos da empresa, o gestor de segurança deverá identificar os

riscos e suas probabilidades e traçar uma ação correspondente para minimizar as perdas ou sua

ocorrência com os respectivos investimentos.

Verde (2005), cita que o gerente de segurança deverá ter habilidade para desenvolver o

orçamento de segurança, ou seja, o plano expresso em termos financeiros, estabelecendo uma

relação direta para cada investimento feito e o ganho obtido com esta ação, ou seja, é

necessário analisar cada item e identificar quais os ativos a serem protegidos e qual a perda

projetada no caso da concretização do sinistro.

Mensurar o quanto é compensador investir em segurança, apesar de ser um tanto

difícil, visto ser intangível, pois mesmo com um planejamento eficaz o risco ainda pode

concretizar-se. Mas para Brasiliano (1999), esta polêmica pode ser amenizada com a aplicação

de técnicas que indiquem o impacto financeiro que um risco real ou em potencial pode causar.

A perda financeira deve ser calculada com todas as variáveis que a compõe, não podendo ser

desprezados os custos indiretos da mesma.

Os itens que integram este trabalho devem ser definidos pelo analista que estiver

encarregado de confeccionar o planejamento de segurança empresarial, nesse caso o gestor de

segurança.

Cabe ao gestor de segurança, seja ele funcionário ou um consultor externo, saber “vender”

a segurança necessária à diretoria. Segundo Fennelly (1992), além dos conhecimentos de

segurança, deverá possuir habilidades de planejamento, comunicação e de gerenciamento, além

de desenvolver metas para os projetos de segurança, prioridades, objetivos e estratégias.

52

Page 53: Mono Mba a Gestao Da Seguranca Como Nova Versao Final Entregue

Segundo Verde (2005, pág. 22), o gestor de segurança empresarial deve eqüalizar seu

tempo entre as seguintes áreas de atuação:

“segurança de pessoal;

segurança das informações;

segurança física;

planejamento em segurança;

investigação;

legislação; e

planejamento em emergência”.

5.4 Nova estratégia empresarial

Estratégia é uma palavra de origem grega, strategos, e refere-se à arte de generais

comandarem seus exércitos. Sun Tzu (2001) cita uma das estratégias para vencer o inimigo: “o

general que vence uma batalha fez muitos cálculos no seu templo, antes de ser travado o combate” .

Trazendo-a para o mundo empresarial, pode significar que um dos membros da alta direção ou

um executivo ou um gerente de segurança planejou e se preveniu a empresa contra uma ação

delituosa, como por exemplo: uma invasão armada ou incêndio.

A estratégia tornou-se uma ferramenta de direcionamento das ações empresariais,

interligando os diversos segmentos da empresa, além de relacionar suas atividades com o

ambiente externo. A formulação de uma estratégia envolve a justaposição dos pontos fortes e

fracos da empresa, frente a seus riscos, e de suas oportunidades e ameaças apresentadas do

ambiente externo (BRASILIANO, 2003).

O planejamento estratégico tem evoluído ao longo da história, tanto em sua forma como

em sua concepção, em especial na medida em que a sociedade avançava da era industrial para a

era da informação e, dessa, para a era do conhecimento.

Almeida (2003) esclarece que o planejamento estratégico é uma atividade que, através do

ambiente de uma organização, cria a consciência de suas oportunidades e ameaças para o

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Page 54: Mono Mba a Gestao Da Seguranca Como Nova Versao Final Entregue

cumprimento de sua missão e estabelece o propósito de direção que a organização deverá seguir

para aproveitar as oportunidades e evitar os riscos. Nessa mesma linha de pensamento, Oliveira

(1999, p.24) reconhece que a sua finalidade é “estabelecer quais serão os caminhos, os cursos, os

programas de ação que devem ser seguidos para alcançar os objetivos ou resultados pela

empresa”.

Existe, porém, uma diferença entre planejamento e estratégia: segundo Ansoff e Mc.

Donnell (1993), enquanto planejamento é a união da programação no tempo caracterizada por

articular e elaborar visões já existentes, a estratégia é a combinação da intuição e criatividade em

perspectivas integradas de direção.

Segundo Kaplan e Norton (2004, p.5): “não existem duas organizações que pensem sobre

estratégia da mesma maneira”, o que leva a concluir que o modelo a ser escolhido deve seguir a

linha de cultura, aprendizado e conhecimento da organização.

É importante salientar que a segurança está diretamente relacionada com a cultura, ou

seja, com os valores, crenças e sentimentos. Ela pode ser preventiva ou reativa. No Brasil é mais

comum a cultura reativa: tomar providências depois que um sinistro ocorreu. Nas indústrias

estrangeiras a cultura é mais preventiva e por isso elas estão mais prevenidas contra ações

delituosas, com política e planos de segurança devidamente formalizados, integrando todos os

recursos necessários.

Porter (1986) cita que o ponto de partida do desenvolvimento de uma estratégia

competitiva eficaz é ter em mente o objetivo principal de obter um bom retorno sobre os

investimentos para os acionistas e demais colaboradores. Partindo-se desse princípio, a gestão da

segurança será uma importante estratégia para garantir o lucro, pois se antecipará aos riscos e

reduzirá possíveis sinistros ou ações delituosas (internas e externas) que possam afetar as metas e

os resultados planejados.

Mintzberg (2001) sugere que a estratégia escolhida pela organização deve ser criativa e

inovadora, assegurando seu êxito nos negócios atuais, ao mesmo tempo em que constrói as

competências essenciais do amanhã.

54

Page 55: Mono Mba a Gestao Da Seguranca Como Nova Versao Final Entregue

Nessa linha de pensamento, pode-se citar que para as empresas garantirem, de fato e de

direito, sua competitividade e sua real sobrevivência devem implantar o SIS – Sistema Integrado

de Segurança – que é a integração dos meios humanos, organizacionais e técnicos.

(BRASILIANO, 2002)

Os meios humanos são a formação e qualificação do recurso humano. Os meios

organizacionais são os planos, normas e procedimentos de segurança. Já os meios técnicos que

apoiarão o SIS são equipamentos de detecção e alerta de uma possível invasão (sensores, CFTV,

controle de acesso,etc.), considerados como meios ativos, enquanto que os meios passivos são os

que impedem ou retardam a ação dos agressores (portas blindadas, fechaduras, etc.).

Segundo Porter (1989), uma empresa somente pode vencer seus concorrentes se ela puder

estabelecer algum tipo de diferença ou vantagem que possa ser sustentada.

Para Sigollo (2006), a segurança empresarial é uma questão estratégica das organizações à

medida que envolve todas as áreas do negócio e está relacionada à análise e avaliação de riscos e

ameaças.

Segundo Arbeláez (2006), é necessário estabelecer uma estratégia corporativa de manejo

dos riscos (todos os riscos independentes de sua origem), adequada às condições e necessidades

da empresa. Ele afirma que: “segurança é uma ferramenta da gestão de riscos” e que “gestão de riscos é

uma ferramenta da estratégia da empresa”.

Refletindo-se sobre a visão dos autores supra citados, as indústrias poderão adotar a

segurança como nova estratégia empresarial para vencer seus concorrentes e manter uma

vantagem competitiva, uma vez que caso venham a sofrer algum sinistro estarão preparadas e

seus prejuízos serão menores. Por conseqüência, o impacto sobre o negócio será menor .

Como estratégia de segurança, Arbeláez (2006, pág. 13) propõe um modelo de

organograma:

55

Page 56: Mono Mba a Gestao Da Seguranca Como Nova Versao Final Entregue

No organograma acima, Arbeláez (2006) definiu as seguintes funções e responsabilidades

do departamento de riscos:

assessorar a gerência no desenho da política de riscos;

assessorar a gerência na metodologia;

assessorar a gerência em definir a aceitabilidade;

aplicar a política e os critérios de aceitabilidade;

estabelecer os objetivos de gestão de riscos;

assessorar as áreas funcionais nos programas de controle de riscos;

auditar os resultados dos programas.

É válido ressaltar que o organograma sugerido por Arbeláez deverá ser adaptado ao porte

da indústria ou à forma de gestão empresarial. Há indústrias em que o gestor de segurança, no

caso um diretor de segurança, se reporta a um vice-presidente ou a um diretor-superintendente. O

importante, na visão do autor, é que a segurança tenha um canal aberto com a mais alta gestão da

indústria para que as decisões a serem implantadas de segurança sejam aprovadas e disseminadas

a todos setores e cargos da organização.

56

PRESIDÊNCIA

DEPTO DE RISCOS

GERÊNCIAOPERACIONAL

GERÊNCIA DERH

GERÊNCIAFINANCEIRA

GERÊNCIA DE

SERVIÇOS

Page 57: Mono Mba a Gestao Da Seguranca Como Nova Versao Final Entregue

6. CONCLUSÃO

O presente estudo evidenciou a realidade da segurança empresarial das indústrias, através

das notícias de jornais e da pesquisa quantitativa, mostrando os prejuízos e perdas sofridas por

assaltos, furtos, fraudes internas e incêndios.

O estudo comparativo entre as indústrias nacionais e estrangeiras trouxe à tona que os

prejuízos são maiores nas indústrias brasileiras. Por sua vez, as estrangeiras demonstraram uma

preocupação maior com a gestão da segurança, estando mais preparadas contra ações delituosas

externas e internas.

A cultura é um dos fatores que diferencia como a gestão da segurança é aplicada nas

indústrias nacionais e estrangeiras. No Brasil a cultura organizacional é desfavorável à segurança

e demonstra ser reativa, ou seja, somente é tomada alguma providência após a ocorrência de um

sinistro. Enquanto que na indústria estrangeira a cultura demonstrou ser mais preventiva, pois se

antecipa aos acontecimentos: planeja, estabelece política, planos e procedimentos de segurança,

integrando todos os setores e recursos existentes.

É preciso reverter na visão dos empresários, principalmente no Brasil, que o conceito de

segurança seja apenas o de contratar vigilantes, instalar alguns sistemas de segurança e de que a

segurança gera custos. Enquanto que em outros países enxergam a segurança corporativa como

prevenção de perdas, geradora de lucros e estabelecida junto às metas e objetivos do negócio.

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Entre tais indústrias, essa diferenciação na gestão da segurança pode ser considerada

como nova estratégia, pois dá uma vantagem maior às estrangeiras na medida em que elas estão

mais preparadas contra os riscos e suas conseqüentes perdas, protegendo seus bens, seus

funcionários e até sua imagem corporativa.

Com relação ao papel do gestor de segurança, a visão dos autores não é praticada muitas

vezes nas indústrias, principalmente nas nacionais. Na realidade, em muitos casos, o gestor de

segurança não tem autonomia suficiente para resolver os problemas (riscos). Fica limitado à

hierarquia que nada sobre segurança e que dá prioridade para outros assuntos ou setores que

geram retorno imediato, tais como: investimentos em propaganda, campanha de vendas, etc.

A maior dificuldade para o gestor de segurança é convencer a alta direção para implantar

as medidas de segurança antes da ocorrência de um crime ou sinistro. Porém fica claro que o

papel do gestor de segurança é preventivo, evidenciando os riscos e propondo mudanças

antecipadas para garantir o lucro, evitando perdas inesperadas.

Com base nos autores estudados, concluiu-se que, a gestão da segurança é uma nova

estratégia empresarial para garantir o lucro, tendo em vista que:

1. é nova por ser uma ferramenta pouco conhecida e aplicada nas indústrias

nacionais;

2. elimina e reduz prejuízos/perdas existentes ou futuras;

3. envolve todas as áreas do negócio e está relacionada à análise e avaliação de riscos

e ameaças;

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4. estabelece algum tipo de diferença ou vantagem que possa ser sustentada;

5. garante um bom retorno sobre os investimentos para os acionistas e demais

colaboradores;

Mas para ser eficaz precisa ser planejada de forma estratégica por um profissional com

formação acadêmica em segurança empresarial, visão holística, habilidades de gerenciamento e

de comunicação, aqui denominado como gestor de segurança.

Finalmente, caberão às indústrias e demais empresas possuírem em seu quadro um gestor

de segurança ou optarem na contratação de consultoria especializada em segurança empresarial,

como estratégia para garantir o lucro (rentabilidade), evitar perdas inesperadas, aumentar a

competitividade e sustentar sua vantagem no mercado.

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Page 60: Mono Mba a Gestao Da Seguranca Como Nova Versao Final Entregue

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Page 65: Mono Mba a Gestao Da Seguranca Como Nova Versao Final Entregue

GLOSSÁRIO

CFTV: circuito fechado de TV, composto por câmeras de vídeo, monitor e equipamentos de

gravação analógica ou digital.

Patrimonial: adjetivo relacionado ao patrimônio.

Patrimônio: s.m. 5 JUR conjunto de bens, direitos e obrigações economicamente apreciáveis,

pertencentes a uma pessoa ou a uma empresa.

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APÊNDICE – A

FORMULÁRIO DE PESQUISA QUALITATIVA

Razão Social

Endereço:

Bairro:

Cidade/Estado:

Segmento:

A empresa é de origem nacional ou estrangeira?( ) nacional( ) estrangeira

Marque abaixo, em qual das opções se enquadra sua empresa com relação ao faturamento anual bruto:( ) até 1 milhão de reais/ano( ) de 1 milhão até 100 milhões de reais/ano( ) acima de 100 milhões de reais/ano

Quantos funcionários (incluindo-se terceirizados) trabalham na empresa?( ) até 50( ) de 51 a 100( ) de 100 a 500( ) de 500 a 1.000( ) acima de 1.000

A empresa possui uma política de segurança por escrito, se positivo qual deles?( ) sim( ) não

Qual é o cargo do profissional responsável pela segurança da empresa?( ) supervisor de segurança( ) gerente de segurança( ) diretor de segurança( ) gerente de RH( ) gerente de TI( ) outro – especificar:____________________________________( ) não possui

O profissional da área de segurança é subordinado a quem?( ) Presidente e/ou Assessor do presidente

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( ) Vice-Presidente( ) Superintendente( ) Diretor de Segurança( ) outro – especificar:____________________________________( ) não possui

Qual é o nível de escolaridade do profissional responsável pela segurança?( ) Pós-graduado / Curso:_____________________________( ) Graduado em curso superior:_______________________( ) 2º. Grau( ) 1º. Grau( ) outro – especificar:____________________________________

Qual é a origem da experiência do profissional responsável pela área de segurança?( ) área privada ( ) polícia civil( ) polícia militar( ) forças armadas

Quais as atividades/funções exercidas pelo departamento de segurança e/ou responsável da área de segurança?( ) participa do planejamento estratégico (todos setores e atividades da empresa)( ) segurança patrimonial (vigilância, portaria, sistemas de segurança)( ) proteção dos executivos( ) contratação e seleção de pessoal( ) investigação de ocorrências externas e internas( ) outro – especificar:____________________________________

O empreendimento possui procedimentos/normas de segurança por escrito?( ) sim( ) não

Já foi realizado na empresa um estudo de Análise de Riscos?( ) sim( ) não

Que pesquisas e exames são realizados, antes da contratação, para novos candidatos a vagas na empresa?( ) nenhuma( ) crédito (SPC, etc.)( ) Banco Central( ) Antecedentes Criminais( ) confirmação de dados pessoais( ) testes psicológicos( ) exames anti-drogas

Quais os meios de proteção que a empresa já adquiriu nos últimos 3 anos?( ) CFTV( ) Controle de Acesso( ) Rádio Comunicação( ) Grade, alambrado( ) Cerca elétrica/sensor externo feixe duplo/quádruplo

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( ) Alarmes de intrusão( ) Célula de Segurança (central própria de segurança)( ) Central de Monitoramento externa (alarme ou imagem)( ) Incêndio (hidrantes, sprinkler, extintores, brigada de incêndio, etc.)( ) Vigilantes/porteiros ( ) nenhum( ) não posso revelar nenhum dos itens acima

Com relação aos vigilantes, assinale abaixo:( ) atuam desarmados( ) atuam armados( ) alguns desarmados e alguns armados( ) não temos vigilantes, apenas porteiros( ) não temos vigilantes, nem porteiros

A empresa já sofreu algum delito? Qual deles abaixo?( ) roubo com invasão à mão-armada ( ) furto (arrombamento e subtração de bens/mercadorias s/violência)( ) fraude interna e/ou furto interno (praticado por funcionários, prestadores)( ) roubo no transporte( ) outro – especificar:____________________________________( ) nenhum

Qual foi o prejuízo que o delito acima causou na empresa, em relação ao faturamento?( ) até 10.000,00 reais( ) de 10 a 50.000 reais( ) 50 a 100.000 reais( ) acima de 100.000 reais ( ) não sabe estimar( ) nenhum

Qual foi o valor médio de investimento realizado nos últimos 12 meses com relação à aquisição (ou up-grade) de sistemas de segurança e/ou contratação de serviços de vigilância? ( ) até 10.000,00 reais( ) de 10 a 50.000 reais( ) 50 a 100.000 reais( ) acima de 100.000 reais( ) não sabe estimar

Nome:________________________________________________

Data:____/____/______

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