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Monografias SBG A clonagem posicional – uma abordagem para o estudo do genoma funcional Ana Lúcia Brunialti Godard

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Monografias SBGA clonagem posicional – uma abordagem parao estudo do genoma funcional

Ana Lúcia Brunialti Godard

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© 2008, dos autores

Direitos reservados desta ediçãoSociedade Brasileira de Genética

Diagramação, revisão, capa e projeto gráficocubo multimidia

Editora SBGSociedade Brasileira de GenéticaRibeirão Preto, SP

Godard, Ana Lúcia Brunialti

A clonagem posicional - uma abordagem para o estudo do genoma funcional. / Ana Lúcia Brunialti Godard - Ribeirão Preto: SBG, 2008.

151p.

ISBN - 978-85-89265-04-1

I. Autor. II. Título.

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SumárioINTRODUÇÃO ............................................................................................ 11

A análise da função gênica através da estratégia “ descendente” ................ 12

A análise da função gênica pela estratégia “ascendente” ........................... 13

MODELO ANIMAL ..................................................................................... 14

Vantagens de se utilizar o camundongo como modelo animal .................. 15

O genoma murino..................................................................................... 17

Para onde vamos agora? ............................................................................ 20

A MUTAÇÃO PROGRESSIVE MOTOR NEURONOPATHY (pmn) ................. 24

Descrição clínica ...................................................................................... 24

Dados anatomopatológicos ....................................................................... 24

Músculos e nervos periféricos .............................................................. 24

Medula Espinal .................................................................................... 25

O PRINCÍPIO GERAL DA CLONAGEM POSICIONAL .................................. 28

O mapeamento genético ........................................................................... 30

O mapeamento da mutação sobre um cromossomo particular............. 30

A construção de um mapa genético de alta densidade e de alta resolução

ao redor do gene mutado .................................................................... 31

Microssatélites X SNPs (Single Nucleotide Polymorphisms) .................. 38

O mapeamento físico ................................................................................ 39

A eletroforese em campo pulsado ........................................................ 40

Os PAC, YAC e BAC ............................................................................ 41

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Salto e caminhada sobre o cromossomo: chromosome jumping e chromoso-

me walking .......................................................................................... 42

Isolamento das seqüências codificadoras .................................................. 43

Conservação ao longo da evolução: Zooblots ......................................44

A análise de Northern blot ...................................................................44

A amplificação de éxons ou Exon trapping ........................................... 45

A captura do DNA por afinidade ou DNA affinity capture ou DNA

selection .............................................................................. 45

A sondagem de biblioteca de cDNA .................................................... 46

Os métodos baseados na análise das ilhas CpG ................................... 47

O sequenciamento genômico .............................................................. 49

As outras técnicas ................................................................................ 49

A identificação direta do cDNA candidato ................................................ 50

Isolamento de um mensageiro completo ................................................... 51

A identificação do bom candidato ............................................................ 52

A clonagem posicional nos tempos atuais ................................................. 53

ESTUDO DE CASO ...................................................................................... 56

Mapeamento genético do lócus pmn ........................................................ 56

Localização cromossômica da mutação pmn (BRUNIALTI et al., 1995) 56

Mapa genético humano ....................................................................... 58

Construção de um contig contendo o lócus pmn ...................................... 58

Isolamento e caracterização preliminar dos YAC que contêm D13Mit215,

D13Mit305, D13Mit115, Gli11 e Gli20 ................................................. 59

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Isolamento e caracterização preliminar dos BAC contendo os marcadores

D13Mit215, Gli11, Gli20 e D13Mit115 .................................................. 60

Mapa físico ao redor do lócus pmn ........................................................... 61

Isolamento e caracterização dos éxons a partir do DNA do contig ............ 63

As EST ......................................................................................................64

A MUTAÇÃO pmn: UM MODELO DE NEUROPATIAHUMANA .................. 66

pmn: um modelo potencial para a patologia neuromuscular humana ........ 66

pmn: uma mutação de efeitos independentes ...................................... 66

pmn não é o lócus homólogo ao lócus responsável pela amiotrofia espinal

do tipo Werdnig Hoffmann humana .................................................... 66

pmn: um bom modelo análogo às amiotrofias espinais ............................. 67

pmn, onde está o mal? ......................................................................... 68

A etapa seguinte ....................................................................................... 69

Podemos definir o perfil de um gene candidato? ....................................... 70

FINAL DA HISTÓRIA .................................................................................... 72

MATERIAL E MÉTODOS UTILIZADOS NO ESTUDO DA MUTAÇÃO pmn .. 73

Origem dos alelos mutantes e das linhagens utilizadas .............................. 73

Protocolos experimentais utilizados no estabelecimento do mapa genético .....74

Cruzamentos realizados ....................................................................... 74

Extração do DNA ................................................................................ 74

Reação em cadeia da polimerase (PCR) ............................................... 75

Iniciadores .................................................................................... 75

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Condições de amplificação ........................................................... 75

Análise dos produtos de PCR ......................................................... 76

Análise do polimorfismo dos microssatélites pela SSCP ................. 76

Análise dos resultados ................................................................... 77

A coleção de DNA do EUCIB ................................................................... 77

Protocolos experimentais utilizados no estabelecimento do mapa físico .... 77

Preparação do DNA de levedura em blocos de agarose (adaptado de

BIRREN at al., 1993) ....................................................................77

Eletroferese e campo pulsado e hibridização........................................ 78

Isolamento das extremidades dos cromossomos artificiais de levedura pela

PCR-inversa (adaptado de ARVEILER; PORTEUS, 1991) ........................ 79

Mapa de restrição do contig de YAC .................................................... 80

Preparação do DNA genômico a partir do BAC ................................... 81

Isolamento e caracterização das seqüências codificadoras ........................ 82

RT-PCR ................................................................................................ 82

Amplificação dos éxons ...................................................................... 83

O vetor pSPL3 ............................................................................... 83

Transfecção das células COS-7 ...................................................... 84

Isolamento do RNA citoplasmático ................................................ 84

Amplificação e clonagem dos éxons capturados ............................ 84

Sequenciamento ....................................................................................... 86

Métodos .............................................................................................. 86

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Análise das seqüências ........................................................................ 86

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................. 87

ANEXO I- FIGURAS ................................................................................... 107

ANEXO II- TABELAS ................................................................................... 148

Lista de FigurasFigura 1: As estratégias da clonagem ........................................................... 107

Figura 2: Mutação alcaptonúria (aku). ......................................................... 108

Figura 3: Animal modelo da fenilcetonúria (PKU) humana. ......................... 109

Figura 4: Relações evolutivas entre os modelos mais utilizados em laboratório. ..110

Figura 5: Oxford Grid. ..................................................................................111

Figura 6: A mutação pmn ............................................................................112

Figura 7: Cortes histológicos. ........................................................................113

Figura 8: Nervo frênico. ..............................................................................114

Figura 9: Fenótipo obeso. ............................................................................115

Figura 10: Principio da clonagem posicional. ................................................116

Figura 11: Tipos de cruzamentos utilizados nos projetos de mapeamento. ....117

Figura 12: Estratégias do mapeamento. ........................................................118

Figura 13: Árvore filogenética da ordem muridae. ........................................119

Figura 14: Ilustração do principio de RFLP (Polimorfismo de Comprimento de

Fragmentos de Restrição. .......................................................................... 120

Figura 15: Meios microssatélites e sua detecção. ...........................................121

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Figura 16: SSCP - Alelos e sua detecção. .................................................... 122

Figura 17: Mapa comparativo das regiões de ortologia entre o cromossomo 13 murino

(à direita) e os segmentos cromossômicos 1, 3, 5, 6, 7, 9 e 10 humanos. ............123

Figura 18: Princípio da clonagem em YAC. ...................................................124

Figura 19: Construção do vetor BAC. .......................................................... 125

Figura 20: Ilustração da técnica do salto no cromossomo. ............................126

Figura 21: A marcha sobre o cromossomo. ...................................................127

Figura 22: Princípio da amplificação dos éxons internos ou Éxon-Trapping. ...128

Figura 23: Captura de cDNA por afinidade ................................................. 130

Figura 24: Principio da RACE. ......................................................................131

Figura 25: Identificação da mutação. ..........................................................132

Figura 26: Haplótipo. .................................................................................. 134

Figura 27: Cruzamento intra-especifico. ........................................................135

Figura 28: Mutação “Extra-toe” e o estoque balanceado. ............................ 136

Figura 29: Localização precisa dos marcadores microssatélites no cromossomo 13

murino. ........................................................................................................137

Figura 30: Mapa genético parcal da região cromossômica de interesse. ....... 138

Figura 31: Análise pela eletroforese em campo pulsado dos YAC Y902.2, Y903.1 e

Y13.115. ...................................................................................................... 139

Figura 32: Organização dos YAC. ................................................................ 140

Figura 33: Análise por Southern blot da extremidade esquerda do clone Y902.2. .... 141

Figura 34: Mapa de restrição do contig de YAC que cobre a região pmn. .... 142

Figura 35: Localização dos éxons e das ESTs. ............................................... 143

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Figura 36: Análise pela PCR das EST humanas E7 (A006127) e E2 (WL9635). ... 144

Figura 37: Isolamento das extremidades do YAC através da PCR inversa. ..... 145

Figura 38: Principio da amplificação dos éxons internos ou Éxon-Trapping. .. 146

Figura 39: O vetor de expressão pSPL3. .......................................................147

Lista de TabelasTabela 1...................................................................................................... 148

Tabela 2...................................................................................................... 149

Tabela 3...................................................................................................... 149

Tabela 4...................................................................................................... 150

Tabela 5...................................................................................................... 150

Tabela 6...................................................................................................... 150

Tabela 7...................................................................................................... 150

Tabela 8.......................................................................................................151

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APRESENTAÇÃO

Tese de Doutorado apresentada no Programa de Pós-Graduação em Genética Humana da Universidade Pierre e Marie Curie – Paris VI – França, sob a orientação do Dr. Jean-Louis Guénet.

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INTRODUÇÃO

Para que um dia se possa conhecer a função da totalidade dos genes que compõem o genoma humano e dos mamíferos, os geneticistas modernos possuem, de forma geral, duas estratégias (Figura 1).

A primeira, a qual podemos chamar de estratégia • “descendente”, consiste em recuperar as seqüências codificadoras de um gene, seja pelo seqüenciamento direto do DNA, seja pelas seqüências codificadoras do produto de transcrição. Em seguida, uma vez identificadas, tais seqüências são modificadas de maneira a inativar a função do gene correspondente. Essa estratégia consiste na indução de uma mutação, que, em geral, acarreta o aparecimento de um alelo nulo não-funcional de uma seqüência codificadora desconhecida e, por meio do estudo dos efeitos provocados por essa mutação, poderemos compreender, enfim, a função desse gene.

A segunda estratégia, dita “ascendente”, consiste, ao • contrário da primeira, em analisarem-se as conseqüências de uma alteração que apareceu de forma espontânea para podermos chegar ao gene responsável. Essa estratégia também é chamada de “genética inversa” ou “clonagem posicional”. Ela possibilita um estudo aprofundado de uma mutação qualquer, visto que podemos obter sua localização genética, e, como trabalhamos com um fenótipo anormal, podemos efetuar análises detalhadas sobre vários aspectos que nos conduzem ao gene responsável. Justifica tal estratégia a possibilidade de se obter um animal de laboratório com uma mutação que apresente fortes semelhanças aos de uma doença humana geneticamente determinada. Esse animal passa, então, a ser considerado um modelo dessa síndrome humana e, com o estudo dele, poderemos adquirir rapidamente informações preciosas e transponíveis ao homem.

Essas duas estratégias são teoricamente opostas, mas, como veremos mais adiante, elas acabam se complementando.

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Introdução

A análise da função gênica através da estratégia “ descendente”

O seqüenciamento sistemático do genoma, o qual já foi realizado para vários microorganismos, culminando com o genoma humano em 2001 (VENTER et al., 2001; LANDER et al., 2001) e com o dos camundongos em 2002 (WATERSTON et al., 2002), representa um empreendimento facilmente automatizável e apresenta a vantagem de nos levar diretamente ao conhecimento profundo e íntimo da estrutura genômica do organismo estudado. Infelizmente, essa estratégia é extremamente cara para um organismo de grande complexidade como o homem, por exemplo, no qual a proporção de seqüências codificadores é infinitamente minoritária em relação às demais.

A construção de bibliotecas de cDNA a partir de moléculas de RNA mensageiro transcritas num tecido ou órgão em particular representa uma vantagem considerável em relação ao seqüenciamento direto, mas ela não permite a identificação de todos os genes. Nós sabemos que, em média, 20% dos genes transcritos num dado tecido aparecem na forma de mRNA em populações minoritárias e, portanto, de difícil acesso. Sabemos, igualmente, que vários genes são transcritos durante um período de tempo muito curto e que o isolamento desses genes numa biblioteca de cDNA é completamente aleatório. Enfim, não podemos nos esquecer dos genes constitutivos (ou genes de manutenção), transcritos o tempo todo, os quais acabam atrapalhando o isolamento dos outros genes. Porém, mesmo com todos esses inconvenientes, vários programas para a identificação e o seqüenciamento destas seqüências codificadoras foram lançados e nós observamos que, desde 1997, mais de 16.500 EST (Expressed Sequence Tag) foram localizadas no genoma humano e, entre elas, apenas 2.600 já eram conhecidas.

Uma vez identificadas essas seqüências transcritas, podem elas ser mapeadas, servindo de marcadores moleculares, a fim de se densificar um mapa genético, e, enfim, no isolamento do

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Introdução

cDNA completo. A partir deste, as vias estão abertas a todas as manipulações para se conhecer a função do gene por meio da sua invalidação.

A análise da função gênica pela estratégia “ascendente”

Como já foi mencionado anteriormente, essa estratégia consiste na identificação de genes a partir de mutações espontâneas ou induzidas que são identificadas por seus efeitos fenotípicos. Essa estratégia, a qual também podemos chamar de “genética inversa” ou de “clonagem posicional”, demanda um grande número de cruzamentos envolvendo os animais portadores das mutações para os estudos. Primeiramente, começamos com o estudo de ligação ou mapeamento genético da patologia de alta densidade e precisão; em seguida, estabelecemos um mapa físico da região mapeada. Tal estratégia só permite a identificação de um número minoritário de genes que, quando mutados, levam ao aparecimento de um fenótipo facilmente observado ab útero. Em compensação, ela oferece a vantagem de partir de um fenótipo que pode ser analisado sob vários aspectos – anatômico, histológico, fisiológico, molecular, etc –, para podermos chegar ao gene responsável.

Essa estratégia é particularmente justificada quando possuímos uma mutação observada no animal de laboratório, na qual os efeitos patológicos apresentam analogias com aqueles observados numa doença genética humana, pois, nesse caso, o animal é considerado um modelo potencial para a patologia humana. O estudo e a clonagem do gene no animal, sendo mais rápidos, nos permitiriam, então conhecer facilmente o gene responsável pela doença no homem (exemplos nas Tabelas 1 e 2).

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MODELO ANIMAL

Como foi citado anteriormente, a estratégia da clonagem posicional é particularmente interessante quando temos um modelo animal de uma patologia humana. Entretanto, antes de considerarmos um organismo como um “modelo”, devemos saber o que é exatamente um “animal modelo”.

Modelos animais são preparações experimentais desenvolvidas em determinada espécie com o propósito de se estudarem fenômenos que ocorrem em uma outra espécie (MCKINNEY, 1984). Estes são válidos se apresentarem as mesmas estruturas envolvidas no comportamento ou na patologia humana em estudo (KAPLAN, 1973). Geralmente, os modelos animais aparecem como resultado de mutações, espontâneas ou induzidas, que levam a uma alteração fenotípica em decorrência de um produto protéico não-funcional ou ausente. Uma grande coleção de mutações foi obtida ao longo da história da genética de camundongos, cobrindo alterações em quase todas as classes fenotípicas. Entre elas, podemos citar mutações produzindo obesidade, malformações no sistema auditivo, perda de pêlos e mudança de sua estrutura, nanismo, anemia, desordens metabólicas e imunológicas com níveis de severidade variáveis, entre outras (GODARD; GUÉNET, 1999). Uma grande quantidade desses mutantes apresenta fenótipos que se assemelham fortemente àqueles observados em certas doenças humanas, podendo essas homologias se estender ao nível molecular (GODARD; GUÉNET, 1999). A importância desses modelos reside na possibilidade de se proporcionar uma melhor compreensão das patologias humanas, servindo como ferramentas para se tentar elucidar as vias bioquímicas e fisiológicas envolvidas nas doenças e possibilitando uma identificação de alvos que permitam o desenvolvimento de drogas terapêuticas (MOORE, 1999).

Muitos modelos já foram obtidos em vários laboratórios. Entre eles, podemos citar a descoberta do modelo murino, que apresenta características fenotípicas bastante semelhantes

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Modelo Animal

às da alcaptonúria humana (Figura 2), o que permitiu o mapeamento da mutação homóloga (simbolizada por aku) no cromossomo 16 de camundongo e, por ortologia, a localização marcadores humanos no cromossomo 3 ligados ao gene do ácido homogentísico oxidase. Um segundo modelo é aquele que apresenta uma distrofia muscular ligada ao cromossomo X decorrente de uma mutação espontânea no gene mdx, levando os animais a apresentar níveis elevados de creatina cinase e piruvato cinase no plasma. O lócus mdx se mostrou homólogo ao gene que codifica a distrofina. No homem, mutações nesse gene podem levar à Distrofia Muscular de Duchenne ou Becker. Esses mutantes foram de extrema importância porque permitiram a demonstração de que a falta de distrofina não era a principal causa da doença humana. Outro exemplo é o modelo que apresenta a Síndrome da Hiperfenilalaninemia (HPH) (Figura 3) associada com a mutação hph1, que leva a uma ausência de guanosina trifosfato ciclohidrolase (GTP-CH). Esse mutante é considerado o modelo da fenilcetonúria humana (PKU). Vários alelos deletérios no lócus da fenilalanina hidroxilase (Pah) responsáveis por levar a síndromes com diferentes níveis de gravidade foram isolados em camundongos. Estes possibilitaram pela primeira vez uma explicação molecular para o fenômeno de expressividade variável na fenilcetonúria humana. O mutante Clock, isolado por Vitaterna em 1994, permitiu um estudo inicial sobre um ritmo circadiano específico envolvido na atividade locomotora, resultando no isolamento do gene candidato Clock, por clonagem posicional.

Vantagens de se utilizar o camundongo como modelo animal

Entre todos os organismos modelos conhecidos atualmente, o camundongo é o escolhido por apresentar várias características peculiares que o colocam à frente em relação a outros modelos animais. A primeira dessas características diz respeito ao fato de o camundongo possuir um tempo de geração curto (um filhote recém-nascido pode se tornar um adulto em idade reprodutiva em 11 semanas) e é bastante

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Modelo Animal

prolífico. As fêmeas podem carregar muitos embriões por gestação, e a possível morte de algum deles não compromete o desenvolvimento dos outros e não põe fim à gravidez. Em laboratório, é fácil a manipulação e criação dessa espécie, além de ser possível à realização de cruzamentos controlados com o intuito de promover endogamia como, por exemplo, cruzamentos do tipo irmãos versus irmãs. Isso leva, ao longo das gerações, ao aparecimento de populações extremamente homogêneas do ponto de vista genético, isto é, os animais são como clones e são virtualmente homozigotos para todos os loci, caracterizando as linhagens isogênicas (GUÉNET, 1998).

Como mencionado por Silver (1995), o período de divergência evolutiva entre o homem e o camundongo, há cerca de 60 milhões de anos, é o mais recente em relação aos outros modelos animais disponíveis, como Xenopus, Drosophila melanogaster e C. elegans (Figura 4). Assim, a enorme homologia existente tanto no nível genotípico quanto no fenotípico (fisiologia, patologia, vias metabólicas) entre as duas espécies justifica fortemente a escolha desta em relação às outras para o isolamento de modelos. O DNA codificador do camundongo possui uma homologia em relação ao do humano que pode variar de 70 a 90% (STRACHAN; REED, 2002), maximizando as chances de se encontrarem genes ortólogos (mesmo gene em diferentes espécies) nas duas espécies. A relação entre os loci ortólogos do camundongo e os do homem pode ser mais bem visualizada pelo Oxford Grid (Figura 5), desenvolvido inicialmente por John Edwards em 1991 (LYON, 2002) e que é atualizado diariamente. Em consulta realizada no MGI em 04 de agosto de 2003, mais de 9.800 regiões de homologia entre o camundongo e o homem estavam disponíveis no banco de dados. E esse número continua crescendo.

Depois do homem, o camundongo é o mamífero que possui o genoma mais bem estudado e conhecido, devido à grande quantidade de marcadores genéticos e de mutações já isoladas e da possibilidade de se obterem proles viáveis e férteis a partir de cruzamentos interespecíficos, permitindo a

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Modelo Animal

observação da segregação de polimorfismos de várias classes (GUÉNET, 1998).

O genoma murino

Em 2002 foi publicado o sequenciamento completo do genoma de camundongos (WATERSTON et al., 2002). A comparação dos mapas genético das duas espécies indica que mais de 90% dos dois genomas podem ser posicionados em regiões conservadas de sintenia, nas quais a ordem dos genes foi conservada em ambas as espécies. Já ao nível do nucleotídeo, aproximadamente 40% do genoma humano pode ser alinhado ao genoma do camundongo.

Um esboço da seqüência genômica do camundongo, representando 96% do genoma da eucromatina já está disponível (Tabela 3). Através da análise destas seqüências podemos constatar que os genes, como esperado dos estudos precedentes, representam somente uma parcela pequena dos genomas de mamíferos. No camundongo, o número de genes codificadores de proteínas foi estimado entre 30.000 à 40.000, mesmo número que no homem. A análise da seqüência indica que há uma correlação positiva entre a densidade de genes e o conteúdo (G+C), com 75-80% dos genes que residem nas regiões do genoma ricas em (G+C). O catálogo dos genes murino contém 29.201 transcritos preditos que correspondem a 22.011 genes que contêm aproximadamente 213.562 éxons distintos. Muitos genes detectados no genoma do camundongo são novos e não foram identificados previamente. Há também 9.785 transcritos preditos que não correspondem a cDNAs conhecidos.

Aproximadamente 99% de genes do camundongo têm um homólogo no genoma humano e para 80% destes genes, a correspondência no genoma humano encontra-se em um intervalo conservado de sintenia. Isto indica que os genes ortólogos provavelmente descendem de um gene ancestral comum. Não existe gene predito ortólogo humano em menos

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Modelo Animal

de 1% (118 genes) dos genes preditos no camundongo. Alguns destes genes foram perdidos simplesmente porque foram deletados em um genoma ou no outro. Também é possível que as evidências nas quais as predições dos genes foram baseadas estejam incorretas.

Os genomas dos mamíferos também codificam muitos RNAs que não são traduzidos em proteínas. Estes incluem RNAs envolvidos no processamento do mRNA e na tradução (rRNAs e tRNAs). Recentemente foi descoberto RNAs envolvidos no regulamento da expressão gênica e em outras funções (tais como micro RNAs) e muitos novos RNAs cujas identificações computacionais são difíceis.

Aproximadamente 37% do genoma do camundongo (comparado a 46% do genoma humano) consiste em repetições intercalares resultante das inserções de elementos de transposição (transpósons) e estes talvez sejam a principal causa da diferença no tamanho dos dois genomas (2,5 Gbp para o camundongo contra 2,9 Gbp para o homem). Entretanto, o camundongo tem as mesmas quatro classes de elementos de transposição que o homem: i) elemento nuclear intercalar longo (LINE); ii) elemento intercalar nuclear curto (SINE); iii) retrotranspóson viral com repetições terminais longas (LTRs); e iv) transposóns de DNA.

Como na maioria das espécies de mamíferos, o genoma do camundongo também possuí seqüência de repetições simples (SSRs), consistindo em curtas repetições em tandem perfeitas ou quase perfeitas. Estes SSRs têm sido particularmente importantes na geração de marcadores genéticos utilizados nos estudos de ligação, pois oferecem um polimorfismo de cumprimento e são facilmente amplificados pela PCR. Neste sentido, o camundongo parece representar uma exceção dentre os mamíferos, pois tem 2/3 mais SSRs que o homem. Entre estes SSR, os seis di -, tri- e tetrâmeros (AG, AAG, AGG, AAAG, AAGG, AGGG), cópias com ao menos 20 bp são dez vezes mais comuns no camundongo do que no genoma humano. Além disso, nas

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Modelo Animal

SSRs que possuem numa fita um intervalo rico em purina e na outra fita um intervalo rico em pirimidina é muito mais comum e extenso no camundongo do que no homem.

Os polimorfismos de nucleotídeos únicos (SNPs) também são comuns no camundongo ao longo das diferentes linhagens e estes SNPs são observados tanto nas regiões codificadoras como fora delas. A densidade média de SNPs entre a linhagem C57BL/6 e a linhagem BALB/c ou C3H/He está na escala 1 a cada 500-700 pares de bases, porém a distribuição de SNPs não é uniforme nas linhagens de laboratório. Nestas podemos observar regiões ricas em SNPs (40 SNPs para 10 Kb) enquanto outras extremamente pobres em SNPs (0,5 SNP para 10 KB).

80% de proteínas do camundongo parecem ter ortólogos estritos de 1:1 no genoma humano. O restante pertence às famílias dos genes que foram submetidos à expansão diferencial em um dos dois genomas. Como exemplo dessa expansão, podemos citar a família dos genes dos receptores de olfato, onde as diferenças no número e na seqüência podem explicar os diferentes graus de detecção dos odores existentes entre os camundongos e os seres humanos. Um outro exemplo, é a família do gene do citocromo P450, envolvida no metabolismo de compostos xenobióticos. No geral, as famílias de genes são significativamente mais expandidas no camundongo do que no homem.

As comparações de 95 regiões reguladoras bem conhecidas no genoma do camundongo permitiu estabelecer que a distribuição desses elementos era: 10% nos íntrons, 85% na vizinhança imediata (< 2 kb) dos promotores e 5% mais distais dos promotores. Aproximadamente 19% sobrepõem-se a uma ilha CpG. A extensão da conservação destas regiões é consideravelmente mais baixa do que em regiões codificadoras, mas ainda muito mais alta do que a taxa média através do genoma. Nestas regiões, o conteúdo (G+C) também é substancialmente mais elevado do que para o genoma como um todo.

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Modelo Animal

O sequenciamento de outras linhagens de camundongos, que são comumente utilizadas pelas pesquisadores, também será realizado em breve, bem como a anotação progressiva desses genomas. Estas etapas são de extrema importância e, sem dúvida alguma, nos ajudará na análise das doenças complexas ou aqueles determinadas por vários genes (QTLs).

Para onde vamos agora?

O futuro da genômica e da genética do camundongo na era pós sequenciamento pode ser facilmente vislumbrada pelos cientistas. O acesso livre e irrestrito às seqüências depositadas nos bancos de dados e a contínua melhora na qualidade dessas seqüências proporcionam a realização de comparações inter-específicas. Por exemplo, podemos comparar as seqüências não codificadoras conservadas (SCCs) entre várias espécies, tais como, camundongo, rato, chipanzé, homem e bovino e cruzá-las com a expressão de genes em diferentes tecidos (transcriptoma). As informações que poderão surgir dessas comparações, serão úteis no entendimento da regulação gênica.

Na era pós-sequenciamento, as mutações serão úteis e poderão contribuir de forma eficiente na anotação dos genes pela comparação da alteração no DNA que gerou a mutação e seu respectivo fenótipo. De outra forma, através do isolamento do gene que causou o fenótipo alterado estaremos entendendo a função deste, ou seja, estaremos estudando e tendo acesso ás funções dos genes que compõem o genoma através de suas disfunções.

Existe um abismo entre os mutantes disponíveis e a quantidade total de fenótipos essenciais para podermos explorar totalmente o camundongo como um organismo modelo e, assim, dissecarmos as funções primárias da totalidade dos genes que compõem nosso genoma (GUÉNET, 2006). Ao examinarmos cuidadosamente os camundongos portadores de mutações neurológicas encontramos apenas cinco mutantes [wasted (wst), progressive motor neuropathy (pmn), neuromuscular

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Modelo Animal

degeneration (nmd), wobbler (wr) e motor neurone degeneration 2 (mnd2)] que são modelos potenciais de doenças dos neurônios motores (LUDOLPH, 1996). Esses cinco mutantes obviamente representam uma pequena fração do número de genes envolvidos nas funções neuronais e motoras. Por outro lado, nenhum destes mutantes foi identificado como modelo homólogo de doenças humanas e, as para as duas mutações no homem que afetam os nuerônios motores, não foi encontrado modelo murino (BRUNIALTI et al.,1995).

Da mesma forma muitas mutações dos camundongos que conduzem à surdez vêem sendo identificadas no homem, estas são associadas com o “sacudir a cabeça” e movimento circular. Com essas mutações pôde-se entender muito sobre o desenvolvimento do ouvido interno humano, mas nenhuma mutação em camundongo foi identificada levando à perda progressiva da audição, o que é uma característica comum em certas pessoas idosas (STEEL et al., 1997).

A expansão da coleção de camundongos mutantes se faz necessária para identificar e descrever de novos genes e para uma melhor compreensão da ação destes genes no metabolismo geral, permitindo um maior domínio na compreensão da função gênica em mamíferos (WELLS & BROWN, 2000). O domínio de técnicas moleculares que “criam” mutações (ENU, animais knock-in e knockout e mutantes condicionais), aliado à existência das mutações espontâneas, acelerou o andamento de estudos sobre o fenótipo, isto é, como o impacto genotípico de diferentes mutações atua na função normal de genes críticos. Mesmo com os inúmeros mutantes já isolados e descritos, o termo “gap (buraco) fenotípico” é bem empregado para expor um estado de carência de animais mutantes, o que leva ao sub-aproveitamento do camundongo como organismo modelo. Para maximizar as potencialidades do camundongo como modelo, ainda é necessário isolar mais mutantes para os loci já conhecidos e também gerar mutações em loci ainda desconhecidos (BROWN & PETERS, 1996).

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Modelo Animal

Apostando nesta estratégia, muitos laboratórios se interessam pela abordagem fenotípica, isolando mutantes induzidos pela ação alquilante do mutágeno ENU (etil-nitroso-uréia). Este agente mutagênico possui um radical etil transferível a oxigênios ou nitrogênios presentes nas bases nitrogenadas do DNA (NOVEROSKE et al., 2000). Os sítios de alquilação estão presentes em todas as bases do DNA e foram identificados tanto in vivo quanto in vitro. Estes sítios incluem os resíduos N1, N3 e N7 da adenina; O6, N3 e N7 da guanina; O2, O4 e N3 da timina e O2 e N3 da citosina. A base transformada, então, passa a mimetizar uma outra base durante a replicação da dupla-fita de DNA, fazendo com que a mutação se fixe no genoma após dois ciclos de replicação celular, já que o mecanismo impede a ação eficiente do sistema de reparo celular. O ENU gera mutações de ponto (além de pequenas deleções e inserções) em todo o genoma. Comparativamente às outras drogas mutagênicas, como, por exemplo, clorambucil, ENU apresenta a maior taxa de mutação, da ordem de 1,5-6 x 10-3. De todas as mutações induzidas por ENU e que foram seqüenciadas, foram detectadas mutações de sentido trocado (64%), mutações sem sentido (10%) e erros de splicing (26%) (JUSTICE et al., 2000). Os animais tratados com ENU (geralmente machos, pois toleram bem o tratamento e geram uma grande quantidade de espermatogônias mutantes) são cruzados para observação dos mutantes na prole, que serão posteriormente caracterizados fenotípica e geneticamente. Sendo o ENU um alquilante que age aleatoriamente no genoma, conseqüentemente pode induzir mutações em qualquer ponto de determinado gene, permitindo a avaliação de todo um espectro de alterações na seqüência (BEIER, 2000).

Muitos projetos buscaram recuperar alelos mutantes específicos induzidos por ENU no genoma murino. Em um deles, metade da ninhada obtida dos casais onde o macho foi tratado com ENU apresentou mutações recessivas que segregavam de forma mendeliana (KASARKIS et al., 1998). Em outro, foi utilizado um sistema de sensibilização da prole com injeções de fenilalanina para evidenciar mutantes em genes na via

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metabólica da fenilalanina (SYMULA et al., 1997). Um terceiro projeto conseguiu com a administração de ENU obter uma série alélica para o locus quaking (qk), essencial na mielinização axonal e importante em processos embriogênicos iniciais (COX et al, 1998). Ainda, outro projeto teve como interesse principal isolar fenótipos oculares mutantes e anormalidades na visão causadas por mutações induzidas por ENU, sendo que 25 linhagens murinas mutantes puderam ser isoladas (THAUNG et al., 2002). Dentre estas mutações, algumas foram mapeadas em regiões do genoma que não possuem genes candidatos, indicando a presença de novos genes. Projetos em larga escala também foram realizados por vários laboratórios que têm como especialidade gerar mutantes. Analisando 26.000 tratados com ENU, Nolan e colaboradores (NOLAN et al., 2000) puderam isolar 500 mutações novas envolvendo problemas nos membros, malformações caudais e craniofaciais. Outro grupo isolou mutações dominantes e recessivas após análise de 14.000 animais da prole de intercruzamentos e retrocruzamentos envolvendo animais tratados com ENU, o que possibilitou a identificação de 182 novas mutações em diversos fenótipos (de ANGELIS et al., 2000).

Apenas cerca de 5% dos estimados 30.000-40.000 genes que compõe o genoma murino possuem mutações isoladas, a maioria destas sendo mutações dirigidas por processo de recombinação homóloga em células tronco embrionárias (PERKINS, 2002). A abordagem fenotípica que utiliza ENU como agente mutagênico aposta no isolamento de alelos mutantes de interesse e no estabelecimento de linhagens mutantes modelo para doenças humanas. Hoje, virtualmente todos os projetos de indução de mutações com agentes químicos utilizam preferencialmente ENU aos outros compostos (WILLIAMS, 2003). A enorme coleção de mutações já isoladas, mapeadas e estudadas, aliada ao potencial já demonstrado do camundongo como organismo modelo, vem permitindo aos especialistas vasculhar cada detalhe genético envolvido nos processos metabólicos de vertebrados. Certamente, este maior entendimento da função gênica vem do estudo de mutantes (Soewarto et al., 2000).

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A MUTAÇÃO PROGRESSIVE MOTOR NEURONOPATHY (pmn)

Descrição clínica

A mutação progressive motor neuronopathy (pmn) foi observada pela primeira vez pelo pesquisador Dr. Schmalbruch, em 1988, no Instituto de Panum, em Copenhagem, numa criação de camundongos com um background genético desconhecido (NMRI) (SCHMALBRUCH; SKOVGAARD JENSEN, 1990). Desde sua descoberta, essa mutação é considerada o modelo animal de uma amiotrofia espinal humana (SCHMALBRUCH et al., 1991).

Essa patologia é transmitida de modo autossômico recessivo. Os animais homozigotos pmn/pmn são identificados entre 15 a 18 dias após o nascimento por meio de uma locomoção incerta e pelo começo de uma atrofia muscular dos membros posteriores e da cintura pélvica. Quando levantamos os animais doentes pela cauda, estes não têm o reflexo de esticarem as patas traseiras como o fazem os animais normais (Figura 6). Após alguns dias de evolução da doença, os músculos das patas anteriores ficam igualmente atrofiados e os animais morrem entre a 6ª e a 7ª semana de vida, provavelmente de uma paralisia respiratória (relacionada ao problema envolvendo o diafragma descrito logo em seguida) ou, em alguns casos, por desnutrição, pois são incapazes de se locomoverem até o local da ração. Quando os sinais clínicos de fraqueza muscular posterior estão claramente visíveis, os animais mutantes têm um peso inferior a 40% do normal. Entretanto, nunca foi observada tremedeira ou cãimbra durante a evolução da doença.

Dados anatomopatológicos

Músculos e nervos periféricos

Os músculos dos membros posteriores dos camundongos homozigotos (pmn/pmn) com idade de cinco semanas mostram

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A Mutação Progressive Motor Neuronopathy (pmn)

uma atrofia neuronal dos grupos de fibras angulares (Figura 7a). A presença de fibra hipertrofiada é rara. Os músculos dos membros anteriores desses camundongos apresentam pouquíssimas fibras atrofiadas. As junções neuromusculares estão cobertas de terminações axonais degeneradas ou por células de Schawnn isoladas (Figura 7b; c). Os axônios terminais estão inchados e as vesículas das sinapses não estão presentes. O nervo ciático mostra sinais de degeneração axonal (Figura 7d).

Nos animais mutantes com 5 a 6 semanas de idade, o número de axônios mielinizados no nervo fibular comum é inferior a 30% com relação aos animais normais.

Algumas anomalias podem ser visualizadas no nervo frênico desde a quarta semana após o nascimento dos animais mutantes. Nesses animais, esse nervo é mais fino e é encontrado um grande número de axônios degenerados (Figura 8a, b).

A perda das fibras no nervo frênico sugere que o diafragma também sofra de tal perda desde a quarta semana, o que causaria a morte dos animais por parada respiratória.

Medula Espinal

Nos animais mutantes, tanto a medula espinal cervical como a lombar parecem normais. O número e a repartição das células na corno ventral também são normais. Também não foi observada nenhuma degeneração acompanhada ou não de uma proliferação de células gliais.

Durante a quinta semana de vida, uma pequena quantidade de axônios degenerados pode ser visualizada na região superficial do funículo ventral e, no decorrer da sexta semana, quando, então, os animais estão na fase terminal da doença, observam-se fibras degeneradas no fascículo grácil e no fascículo próprio lateral e fascículo próprio dorsal.

No cérebro dos animais mutantes não foi observada nenhuma anomalia, exceto pelo seu peso, que é 30% inferior ao peso do cérebro de um animal normal.

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A Mutação Progressive Motor Neuronopathy (pmn)

Resumidamente, podemos dizer que essa doença, primeiramente, apresenta uma fraqueza muscular dos membros posteriores e da cintura pélvica; o déficit do número de fibras no nervo fibular comum chega a 30% na quinta semana. Entretanto, desde a quarta semana, pode-se notar uma anomalia no nervo frênico, provavelmente devida a sua desmielinização (perda de 69% em média de fibras). Essa degeneração provavelmente é a causadora da morte dos animais, pois pode levar a uma insuficiência respiratória. Não foi observada nenhuma diminuição no número de fibras nas raízes nervosas ventrais, nem no número de neurônios motores. Nenhuma vacuolização do corpo celular dos neurônios motores foi observada.

Em contrapartida, foi observada uma cromatólise das células da corno ventral por microscopia eletrônica. A grande fibra dessa região da medula espinal tem um tamanho inferior ao normal, pois está desconectada dos neurônios motores e seus alvos. A conservação na quantidade de corpos celulares na córnea anterior sugere que a doença pmn é causada por um processo de morte retrógrada, em que os problemas se iniciam nas terminações nervosas e progridem ao longo do axônio em direção ao corpo celular, sem jamais atingir esse último, pois, talvez, os animais morram antes.

Essa mutação foi utilizada para testar a eficiência de algumas tentativas de terapia gênica. A administração do CNTF (ciliary neorotrophic factor), sintetizado por fibroblastos geneticamente modificados e transplantados no início da doença, diminui a velocidade da evolução da enfermidade, mas não chega a pará-la completamente (SAGOT et al., 1995b; SENDTNER et al., 1992). A superexpressão do proto-oncógeno Bcl-2 nos animais doentes não altera a evolução da doença nem sua gravidade; ela não impede a degeneração axonal, mas reduz a perda neuronal no núcleo facial (SAGOT et al., 1995b). A administração de um fator neurotrófico como o GDNF produz efeitos similares ao Bcl-2 (SAGOT et al., 1996). Esses resultados tendem a provar que, nessa mutação, o processo patológico não é um problema primário no corpo celular. A mutação levaria a

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A Mutação Progressive Motor Neuronopathy (pmn)

uma neuropatia, e não a uma axonopatia. Além disso, os estudos mostram que (1) os mecanismos que levam a uma axonopatia são independentes daqueles que causam uma neuropatia; (2) os fatores neurotróficos agem de forma diferente uns dos outros.

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O PRINCÍPIO GERAL DA CLONAGEM POSICIONAL

A estratégia da clonagem posicional (COLLINS, 1992), também chamada genética inversa ou reversa (RUDDLE, 1984; ORKIN, 1986), consiste em se isolar um gene identificado unicamente por um fenótipo mutante por meio da identificação do menor fragmento de DNA que o contenha e, em seguida, identificarem-se, nesse fragmento, suas seqüências codificadoras. Para essa estratégia, a priori, não se faz necessário um conhecimento prévio do produto do gene procurado nem do tecido em que ele seja expresso. Entretanto, fica claro que, quanto menos informações tivermos do gene procurado, mais a tarefa da clonagem promete ser difícil e longa.

A clonagem posicional foi utilizada pela primeira vez por Bender e seus colaboradores para isolar o complexo bithorax de drosófila (1983). Em 1995, já possuíamos 65 genes humanos (COLLINS, 1995) e cerca de 30 genes murinos foram isolados por meio dessa estratégia. Entre os inúmeros sucessos podemos citar, no homem, a clonagem do gene responsável pela doença chamada Distrofia Muscular de Duchenne, que codifica a proteína distrofina (MONACO et al., 1986), a clonagem do gene responsável pela Coréia de Huntington (THE HUNTINGTON’S DISEASE COLLABORATIVE RESEARCH GROUP, 1994), a clonagem do gene de susceptibilidade ao câncer de seio (BCRAI, MIKI et al., 1994), a do gene responsável pelos três tipos de amiotrofia espinal humana (LEFEBVRE et al., 1995) e, enfim, a clonagem de uma helicase responsável pela Síndrome de Werner (YU et al., 1996), para a qual foi preciso seqüenciarem-se mais de 650.000 pares de bases e testarem-se inúmeros genes candidatos para se chegar ao gene responsável. Nos camundongos, a clonagem mais sensacional foi a do gene responsável pela mutação obese (ob) (Figura 9), que se tornou um modelo da obesidade humana de caráter autossômico recessivo (ZHANG et al., 1994). Outros sucessos foram registrados, como o gene shaker-1 (sh1) (GILSON et al., 1995) e beige (bg) (BARBOSA et al., 1996), o qual se revelou um modelo da doença de Chediak-Higashi humana.

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O Princípio Geral da Clonagem Posicional

A clonagem posicional de um gene acontece em três etapas.

Em um primeiro momento, efetuamos o mapeamento genético da mutação estudada, ou seja, localizamos o cromossomo que carrega o lócus responsável pela mutação. Para tanto, na grande maioria das vezes, precisamos efetuar cruzamentos especiais para alcançarmos tal objetivo. Esse cruzamento envolve a linhagem na qual a mutação apareceu e uma outra, a fim de mobilizarmos um alto grau de polimorfismo, essencial ao trabalho de mapeamento. Nessa fase, tentamos encontrar os dois marcadores mais próximos do lócus mórbido e calculamos a distância genética (centiMorgan, cM) que os separa.

Desde que tenhamos conseguido restringir ao máximo o intervalo genético que contenha a mutação, começamos, então, o que chamamos “marcha sobre o cromossomo”. Nessa etapa, nós iremos construir o mapa físico da região cromossômica estudada. Para tanto, fragmentos de DNA clonados são alinhados uns após os outros, formando o que chamamos de um contig da região. A caracterização desse contig define a construção do mapa físico, em que as distâncias entre os marcadores serão medidas em pares de bases de nucleotídeos. As extremidades do contig correspondem aos dois marcadores que englobam o lócus da mutação, definido pelo estabelecimento do mapa genético concluído na primeira etapa do trabalho de clonagem posicional.

Enfim, passamos à fase de recuperação das seqüências codificadoras contidas no DNA do contig. Essas seqüências são, em seguida, caracterizadas para que possamos definir o perfil de um gene que será, então, nosso gene candidato. Atenção, aqui estamos isolando a cópia normal do gene responsável pela mutação, o que é diferente da fase de mapeamento, quando, então, localizamos a versão mutante do gene.

As etapas da clonagem posicional estão ilustradas na Figura 10 e serão detalhadas a seguir.

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O Princípio Geral da Clonagem Posicional

O mapeamento genético

O objetivo do mapeamento genético é definir a ordem linear dos genes sobre os cromossomos e definir as distâncias que os separam. O mapa genético que deve ser estabelecido na primeira fase da clonagem posicional é construído através da procura de ligação entre o lócus mutante e marcadores genéticos vizinhos previamente localizados sobre os cromossomos. Para tanto, identificamos primeiramente o cromossomo que porta a mutação e, em seguida, devemos afinar esse mapeamento. Nessa fase do trabalho, a descoberta de alguma anomalia citogenética (translocação, deleção) associada à doença pode facilitar, e muito, o desenrolar da clonagem.

O mapeamento da mutação sobre um cromossomo particular

O primeiro passo para o mapeamento da mutação é, como já foi mencionado anteriormente, identificar o cromossomo que a contenha. Atualmente, os cruzamentos realizados nos laboratórios são altamente polimórficos e os marcadores utilizados são, na maior parte das vezes, moleculares. Essa primeira etapa é, então, confundida com a segunda, a qual consiste em gerar um mapa genético de alta resolução em torno do lócus mutante localizado. Na época em que os marcadores utilizados no mapeamento eram, eles mesmos, mutações identificáveis unicamente por um fenótipo anormal, muitas vezes inviáveis ou inférteis, precisávamos realizar inúmeros cruzamentos e gerar um enorme número de animais para conseguirmos, às vezes, identificar um possível cromossomo interessante.

Dois tipos de cruzamento são geralmente realizados nessa primeira etapa (GREEN, 1995): o retrocruzamento e o intercruzamento. Os princípios desses dois cruzamentos estão ilustrados na Figura 11.

Se considerarmos vários marcadores quaisquer – a, b, c, d, ... –, já localizados sobre o mapa genético dos camundongos, e m, o alelo mutante a ser localizado, o tipo de cruzamento a ser

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estabelecido é, quase sempre, imposto por razões práticas. Em geral, cruzamos uma linhagem de camundongo homozigota para os marcadores polimórficos com a linhagem em que a mutação m está sendo mantida. Caso a mutação seja compatível com a fertilidade, ao menos em um dos dois sexos, nós utilizamos um animal homozigoto m/m para produzir a geração F1, depois a F2, cruzando-se os F1 entre si.

No caso em que os animais homozigotos mutantes forem incompatíveis com a reprodução, o que acontece na maior parte do tempo, o procedimento é um pouco mais complicado: precisamos cruzar os animais heterozigotos portadores do alelo mutante +/m com a linhagem de camundongo homozigota (aquela que porta os marcadores moleculares a, b, c, d, ..., no estado homozigoto) e, em seguida, recruzar os animais F1 entre si até que o fenótipo mutante reapareça na geração F2 (animais homozigoto m/m). Evidentemente, para esse caso, no qual não podemos contar com os animais homozigotos, muitos cruzamentos serão realizados sem interesse científico, pois irão associar, aleatoriamente, um parceiro +/m com um outro +/+ e mesmo dois parceiros +/+. Enfim, o DNA dos animais F2 mutantes é extraído e tipado para os marcadores moleculares repartidos sobre todos os cromossomos. Com os métodos modernos disponíveis para o mapeamento como, por exemplo, a reação em cadeia da polimerase (PCR), são necessárias apenas algumas semanas para tipar mais de 50 marcadores moleculares distribuídos de forma homogênea por todo o genoma animal. A descoberta de uma ligação fica evidenciada quando um ou mais marcadores se encontram constantemente, ou muito freqüentemente, associados à mesma fase (em união ou em repulsa) do fenótipo mutante. Isso quer dizer que o marcador tipado pela PCR e o alelo mutante m fazem parte do mesmo haplótipo.

A construção de um mapa genético de alta densidade e de alta resolução ao redor do gene mutado

O objetivo dessa segunda parte do mapeamento genético do gene de interesse é determinar os dois marcadores mais

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próximos do lócus da doença e que o enquadrem no menor intervalo cromossômico possível para podermos ter a certeza de que o “encurralamos”. O tamanho do intervalo a ser determinado depende da quantidade de marcadores polimórficos disponíveis na região. A precisão com a qual essa dimensão é apreciada depende do número de meioses analisadas. É indispensável a elaboração, no início do trabalho, de um cruzamento altamente polimórfico e a análise de um grande número de meioses (várias centenas), se quisermos estabelecer o mapeamento com precisão. A Figura 12 mostra como proceder para identificar os animais, ditos informativos, no caso de um retrocruzamento, através da genotipagem com dois marcadores que enquadram o intervalo genético crítico que contém o lócus mutado.

Desde que nenhum evento de recombinação tenha sido observado em n meioses analisadas, podemos calcular que o limite superior do intervalo de confiança r da distância entre dois marcadores, com o risco de primeira espécie p, é dado pela fórmula:

r = 1 – n p com:

p: rico de primeira espécien: número de meiosesr: distância entre os marcadores

Dessa forma, podemos calcular que, para 1.000 meioses analisadas, o fato de não obtermos recombinantes entre dois marcadores indica que a distância genética que os separa é inferior a 0,3 cM, com um risco de 5%. Esta distância de 0,3 cM corresponde a, aproximadamente, 600 kb de DNA dos camundongos1.

As linhagens de camundongos utilizadas nos cruzamentos devem ser escolhidas de forma adequada a fim de se obter um bom compromisso entre o grau de polimorfismo e a taxa de reprodução. Os cruzamentos intraespecíficos, feitos entre as

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linhagens isogênicas tradicionais, as quais foram derivadas de uma mesma espécie selvagem Mus musculus domesticus, são fáceis de serem realizados; entretanto, o grau de polimorfismo mobilizado é relativamente baixo e, na maior parte das vezes, não permite o estabelecimento de um mapa genético denso. Bonhomme e Guénet (1979 e 1982) (Figura 13) foram os primeiros que contornaram essa situação ao mostrarem que poderíamos estabelecer cruzamentos entre camundongos de espécies diferentes como, por exemplo, espécies Mus musculus domesticus (linhagem de laboratório) e Mus spretus (linhagem selvagem). Com esse tipo de cruzamento, muito embora envolva espécies diferentes, é possível a obtenção de híbridos viáveis nas condições de laboratório. Dada a divergência evolutiva que as separa, o grau de polimorfismo mobilizado é alto e facilmente identificável (GUÉNET; BONHOMME, 2003)2. Entretanto, os cruzamentos implicando a espécie Mus spretus têm dois inconvenientes: o primeiro diz respeito ao fato de os animais F1 só poderem ser obtidos através do pai selvagem Mus spretus, pois o cruzamento recíproco é muito difícil de ser realizado. O segundo inconveniente refere-se ao fato de os animais machos F1 serem estéreis (efeito Haldane).

1. De acordo com as estimativas mais recentes, o mapa genético dos camun-dongos tem 1600 cM e seu genoma contém, como no homem, 3 X 109 pares de bases. Nós consideramos que, em média, 1 cM equivale a 1,8 Mb. Essa extrapolação deve ser vista com muito cuidado, pois, embora o evento de recombinação seja definido como um fenômeno aleatório, ele não ocorre de maneira homogênea por todo o genoma. Desde que a recombinação ocorra com uma alta freqüência numa determinada região genômica, nessa região as distâncias genéticas são maiores que as distâncias físicas. Essa situação é favorável na clonagem posicional. No caso contrário, a situação é muito mais complexa. Devemos notar que o homem recombina duas vezes mais que o camundongo, e seu mapa genético tem 2100 cM.

2. Experimentos de seqüenciamento mostraram que, em média, uma base a cada 30 eram diferentes entre animais da linhagem C57BL/6, derivada prin-cipalmente da espécie Mus musculus domesticus, e animais SEG, derivados da espécie Mus spretus. Tal densidade polimórfica permite, teoricamente, a realização de mapas genéticos muito densos.

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As vantagens desses cruzamentos intraespecíficos e interespecíficos podem ser acumuladas utilizando-se linhagens consômicas nas quais um único cromossomo é do tipo Mus spretus. Nesse caso, podemos obter resultados muito próximos aos dos cruzamentos interespecíficos, eliminando as dificuldades de reprodução e conservando o alto grau de polimorfismo (FLETCHER et al., 1991).

Quando um cruzamento for estabelecido para o mapeamento de uma mutação, é importante que possamos identificar, sem nenhuma ambigüidade, os animais homozigotos mutantes na descendência. Isso, infelizmente, nem sempre é o caso. Freqüentemente, uma mutação pode ter efeitos variáveis em gravidade ao passo que os animais de genótipo mutante podem ter características de animais de fenótipo normal (penetrância incompleta) ou níveis variados de expressão da patologia (expressividade variável). Nesse caso, devemos considerar unicamente os animais cujo fenótipo tenha sido estabelecido com segurança para serem utilizados no mapeamento; entretanto, o cálculo da distância genética fica comprometido.

O cálculo das distâncias genéticas, baseado na identificação de genótipos recombinantes, necessita do reconhecimento da origem de cada um dos alelos do marcador testado nos animais N2 (backcross) ou F2 (intercross). Sabemos também que essa identificação só é possível se existir um polimorfismo entre as duas linhagens utilizadas no cruzamento inicial.

Os primeiros polimorfismos “moleculares” identificados foram os polimorfismos de comprimento de fragmentos de restrição ou RFLP (Restriction Fragment Length Polymorphism; BOSTEIN et al., 1980). Os RFLP são causados pela variação na seqüência de DNA, de forma que um sítio de restrição, talvez ausente numa linhagem de camundongo, esteja presente numa outra. Quando da análise por Southern, uma sonda molecular do gene analisado revela fragmentos de tamanhos diferentes nas

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duas linhagens, identificando, assim, a origem de cada um dos dois alelos (Figura 14).

Os microssatélites ou seqüências simples repetitivas (LOVE et al., 1990) correspondem a seqüências repetidas (de 10 a 40 vezes) de di, tri ou tetra nucleotídeos, sendo a seqüência mais freqüente a do tipo CA. Existem muitos microssatélites, relativamente estáveis e distribuídos aleatoriamente ao longo de todo o genoma humano e de camundongos (cada um conta com mais de 100.000 microssatélites), exceção feita ao cromossomo X, no qual encontramos um número pequeno desse tipo de seqüência (DIETRICH et al., 1994). Os microssatélites são muito polimórficos entre uma espécie e outra pelo seu motivo repetido em tandem. A abundância, a estabilidade e a repartição desses microssatélites fazem deles uma excelente ferramenta no mapeamento genético: as diferenças de comprimento do número de repetições são facilmente evidenciadas pela reação em cadeia da polimerase (PCR), através de iniciadores correspondentes às seqüências que flanqueiam os microssatélites (Figura 15). O grupo de Lander (Whitehead/MIT) construiu um mapa genético de camundongos unicamente com os microssatélites do tipo (CA)n repartidos sobre a totalidade de cromossomos murino.

Em junho de 1994, mais de 4.000 microssatélites já tinham sido mapeados com uma resolução de um marcador a cada 0,35 cM (DIETRICH et al., 1992, DIETRICH et al., 1994). Hoje mais de 13.000 marcadores estão disponíveis com uma resolução de 0,1 cM, ou seja, um marcador a cada 560 Kb. Mais de 1.200 RFLP inicialmente mapeados foram integrados a esse mapa, que pode ser acessado no endereço eletrônico www.genome.wi.mit.edu/cgi-bin/mouse/index.

Os minissatélites (JEFFREYS et al., 1985) ou VNTR (número variável de repetições em tandem) são formados a partir de um grande número de repetições de uma seqüência de aproximadamente 50pb, que são marcadores igualmente polimórficos e distribuídos de forma aleatória por todo o genoma. Como são muito grandes para serem amplificados pela PCR, são muito pouco utilizados.

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Em 1995, McCarthy e seus colaboradores identificaram e mapearam mais de 450 novos marcadores polimórficos, os quais foram isolados pela amplificação (PCR) das seqüências únicas compreendidas entre as seqüências longas repetitivas (LINE) ou seqüências curtas repetitivas (SINE) do genoma animal. Esses marcadores são diferentes dos microssatélites e RFLP e, dessa forma, completaram o mapa genético estabelecido por Lander.

A técnica de análise pela SSCP (polimorfismo de conformação de DNA de fita simples) (ORITA et al., 1989) permite a detecção de diferenças acontecendo em uma única base nas duas fitas de DNA. Essa técnica detecta 70 a 90% de mutações nos fragmentos de DNA de 200pb ou mais. A sensibilidade de tal método diminui com o aumento do tamanho do produto a ser analisado. Essa estratégia, ilustrada na Figura 16, é muito útil na detecção de polimorfismos ou de mutações pontuais entre um DNA mutante e um normal.

Para a genética de camundongos existem mapas genéticos de referência, que são regularmente atualizados e publicados nas revistas científicas Mammalian Genome e Mouse Genome, bem como bases de dados acessíveis via Internet: MGD (Mouse Genome Database) www.informatics.jax.org. Todos os genes ou marcadores localizados no mapa genético podem ser utilizados como fonte de marcadores polimórficos.

O estabelecimento de uma ligação genética para uma dada mutação permite, muitas vezes, prever sua localização no mapa genético da espécie humana. Para tanto, só precisamos consultar os mapas de homologia de sintenia já estabelecidos e publicados (PETERS and SEARLE, 1996). Falamos de conservação ou de homologia de sintenia quando dois (ou mais) pares de marcadores homólogos estão presentes num mesmo segmento cromossômico em duas (ou mais) espécies diferentes. Por exemplo, a comparação dos mapas genéticos humano e murino indica que vários genes localizados sobre o cromossomo 13 de camundongos se encontram nos cromossomos 1, 3, 5, 6, 7, 9, ou 10 humanos. Caso a ordem de posição dos marcadores

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também seja conservada, haverá, então, conservação de sintenia (Figura 17).

Quando uma ligação for estabelecida numa região “pobre” em marcadores podemos obter outros marcadores por meio da técnica de microdissecção do DNA da região localizada, amplificá-la pela PCR com a ajuda de oligonucleotídeos degenerados e, em seguida, clonar os produtos amplificados (SCALENGHE et al., 1981, LUDECKE et al., 1990, TELENIUS et al., 1992). A microdissecção foi utilizada para os camundongos, na produção de novas sondas da região do complexo T/t do cromossomo 17 (ROHME et al., 1984).

Antes de concluirmos a seção que concerne ao estabelecimento de um mapa genético de alta densidade na vizinhança do gene que desejamos clonar, temos de falar de um ponto importante relativo ao princípio do estabelecimento dos mapas genéticos, os quais são graduados em unidade de recombinação, ou seja, em centiMorgan (cM). Sabemos, entretanto, que não existe nenhuma relação linear entre a freqüência de recombinação, que nos indica a distância genética, e a distância física real entre os marcadores, a qual é estabelecida em pares de base. Em alguns casos, a freqüência de recombinação é alta e a distância genética equivale a uma distância física pequena. Em outros casos, a recombinação é rara e a distância genética corresponde a uma grande distância física. Geralmente, a freqüência de recombinação depende do sexo no qual a meiose ocorreu (no caso dos camundongos, na maior parte das vezes, estamos analisando a meiose do sexo masculino) e, de qualquer maneira, ela não é a mesma de um segmento cromossômico a outro. Temos que saber igualmente que rearranjos estruturais dos cromossomos (deleções, translocações, inversões, etc) modificam consideravelmente a freqüência de recombinação (HERMANN et al., 1987). Um mapa genético de alta densidade estabelecido numa região de alta freqüência de recombinação simplificará muito a tarefa da clonagem posicional. De forma inversa, a co-segregação de um marcador com o lócus do gene a ser clonado não é

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necessariamente um sinal de que haja uma grande proximidade física.

Microssatélites X SNPs (Single Nucleotide Polymorphisms)

A introdução dos marcadores microssatélites no início dos anos 90 possibilitou aumentar dramaticamente a eficiência dos estudos genéticos. O mapeamento à alta resolução passou a ser uma realidade. O mapeamento genético de microssatélites, baseado na diferença (polimorfismo) do número de unidades de repetição encontrada nas linhagens de camundongos, é facilmente realizado através da técnica da reação em cadeia da polimerase (PCR). Mais de 6000 microssatélites são comumente usados no mapeamento genético em camundongos. Estima-se que os tamanhos genético e físico do genoma dos camundongos sejam, respectivamente, 1500 cM e 3000 Mb (3X109 pb). Assim, o espaço médio entre os microssatélites pode ser availado em 0,25 cM ou 500 Kb. Isto é um cálculo aproximado, visto que, as distâncias genéticas nem sempre refletem as distâncias físicas, pois sabemos que determinadas regiões do genoma sofrem um maior número de eventos de recombinação que outras. De qualquer forma, o mapeamento através dos microssatélites pode oferecer uma considerável resolução, porém não necessariamente a exigida para a clonagem posicional. Deve se lembrado que, embora tenhamos 6000 microssatélites disponíveis, nem todos são polimórficos entre todas as linhagens de camundongo. Assim, existe a necessiadade de outros tipos de marcadores polimórficos que possam auxiliar no mapeamento à alta resolução.

Com o sequenciamento de vários genomas, um novo tipo de marcador molecular fez sua aparição, os SNPs (Single Nucleotide Polymorphisms, para polimorfismo de nucleotídeo único. Como o nome indica, um SNP envolve a mudança em um único nucleotídeo. Geralmente é uma substituição, mas também pode ser uma deleção ou inserção. Já foram identificados mais de 4 milhões de SNPs no genoma humano e eles estão distribuídos pelo genoma, fornecendo marcadores extremamente úteis para o mapeamento à alta resolução e também para os estudos de

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associação à procura de loci que conferem susceptibilidade a doenças comuns.

Para o genoma murino o número de SNPs disponíveis ainda é bem modesto, um pouco mais de 3000 no banco de dados do MIT, porém o potencial da existência de SNPs entre as linhagens isogênicas é enorme. Como o sequenciamento de diversas linhagens de camundongo está sendo realizado, hoje já temos os dados de 15 delas, podemos afirmar que a situação desses marcadores vai melhorar e muito. A previsão para breve é da disponibilidade de 1 milhão de SNPs distribuídos ao longo de todo o genoma murino, o que significa uma densidade de 1 SNP a cada 3 Kb. Podemos, desta forma, prever que esses marcadores irão substituir os microssatélites num futuro bem próximo.

O mapeamento físico

Quando dois marcadores genéticos muito próximos do gene de interesse foram isolados, o segmento de DNA situado entre esses dois marcadores, no qual o gene em questão deverá estar contido, deverá, então, ser isolado fisicamente. Para tanto, as técnicas de clonagem clássicas que se servem de plasmídios, fagos lambda ou cosmídios não são adequadas. Na realidade, tais técnicas só permitem a manipulação de pequenos fragmentos de DNA, algumas dezenas de Kb no máximo. Se considerarmos que o intervalo genético definido na etapa anterior é da ordem de 1cM, ou seja, por volta de 1.700pb nos camundongos, não podemos ter a certeza, a priori, de que os sítios de clonagem estão repartidos de tal maneira que façam com que todo DNA contido no segmento possa ser clonado.

O que vimos é que a clonagem posicional só pôde progredir definitivamente após a construção de ferramentas adequadas e que, sem a eletroforese em campo pulsado, sem o desenvolvimento dos cromossomos artificiais de levedura (YAC) e sem a descoberta dos marcadores microssatélites, essa estratégia de clonagem não teria conhecido o sucesso de que desfruta hoje em dia.

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A eletroforese em campo pulsado

A eletroforese em agarose ou em poliacrilamida clássica permite a separação de fragmentos de DNA graças ao papel das malhas que formam o gel. Sob a ação do campo elétrico, algumas moléculas de DNA migram entre todos os poros, enquanto que outras moléculas maiores não podem migrar entre alguns dos poros e vão levar um tempo maior para percorrer o mesmo percurso.

As grandes moléculas de DNA (de mais de 20Kb) são maiores que todos os poros de resolução do gel. Sob a ação do campo elétrico, essas moléculas sofrem uma modificação estrutural de maneira a migrar em bloco nos interstícios maiores. Esses fragmentos migram todos na mesma velocidade, independentemente do tamanho, e não existe mais separação alguma. A eletroforese em campo pulsado resolveu esse problema por meio da modificação periódica da orientação do campo elétrico. A molécula deve mudar sua conformação e se reorientar paralelamente ao campo. Para esquematizar, podemos dizer que uma molécula de DNA muito longa (1.000Kb) precisa de muito tempo para se reorientar e ela tem pouco tempo para migrar, enquanto que uma molécula menor (100Kb) necessita de pouco tempo para se reorientar e consagra a maior parte do seu tempo a migrar. Três sistemas são utilizados:

OFAGE (Orthogonal-Field Alternating Gel • Eletrophoresis) (SCHUWARTZ; CANTOR, 1984): nesse caso os eletrodos estão orientados a 90° e geram dois campos elétricos alternados e não homogêneos;

CHEF (Contour Clamped Homogenous Field) (CHU • et al., 1986): é o sistema mais utilizado. Nele, os eletrodos estão arrumados regularmente ao longo de um circuito em forma de um hexágono. O campo elétrico é uniforme para todo o gel, mas a orientação é periodicamente modificada de 120°. Esse sistema foi utilizado neste trabalho;

FIGE (Field Inversion Gel Eletrophoresis) (CARLE et • al., 1986): neste caso, o campo elétrico é uniforme e invertido de 180°.

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Uma descrição mais detalhada da eletroforese em campo pulsado pode ser obtida no artigo “Towards a molecular description of pulse-field gel electrophoresis”, de Bustamante e outros, publicado em 1993.

Os PAC, YAC e BAC

Os cosmídios permitem a clonagem de segmentos de DNA de até 40Kb. O bacteriófago P1, aliado à eficiência de infecção dos bacteriófagos e à simplicidade de manipulação dos plasmídios, pode conter inserções de até 100Kb (STERNBERG, 1990).

Um enorme avanço para o mapeamento físico foi a descoberta de que grandes fragmentos de DNA de até 2.000Kb poderiam ser propagados sob a forma de cromossomos artificiais de levedura ou YAC (BURKE et al., 1987). O princípio da clonagem está ilustrado na Figura 18. Os YAC permitem, além da clonagem de grandes fragmentos de DNA, a de fragmentos de DNA os quais não tinha sido possível isolar de E. coli. Por exemplo, as regiões de DNA do cromossomo 7 humano que não puderam ser clonadas em E. coli (ROMMENS et al., 1989) foram facilmente clonadas sob a forma de cromossomo artificial de levedura em Saccharomyces cerevisiae (GREEN; OLSON, 1990). Infelizmente, os YAC apresentam um alto grau de quimerismo (de até 60% em alguns casos), resultante da maneira como são realizadas as clonagens. Eles são igualmente instáveis e de manipulação relativamente difícil.

O quimerismo é caracterizado pela presença, num mesmo YAC, de segmentos de DNA provenientes de cromossomos diferentes, resultado de uma co-ligação no momento da construção da biblioteca ou da recombinação dos clones nas etapas posteriores (GREEN et al., 1990). Alguns YAC são instáveis e também podem deletar fragmentos de seus insertos, mas essa instabilidade pode ser reduzida no momento da construção da biblioteca pela escolha de uma linhagem de levedura deficiente em gene de recombinação (CHARTIER et al., 1992). A manipulação dos YAC sempre necessita do recurso

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da eletroforese em campo pulsado e é difícil consegui-lo na sua forma pura, desprovida do DNA de levedura.

Os BAC (Bacterial Artificial Chromosomes; SHIZUYA et al., 1992) (Figura 19) permitem a clonagem de fragmentos que podem chegar até 350kb. Os fragmentos são propagados na bactéria E. coli, dentro de um vetor de clonagem derivado do fator F. O vetor está presente em pequeno número de cópias nas células hospedeiras, o que de certa forma confere uma relativa estabilidade aos insertos. Na realidade, a porcentagem de clones quiméricos não ultrapassa 5%. Podemos afirmar que esse sistema é uma alternativa interessante ao do YAC, para aplicações que requerem a clonagem de grandes fragmentos de DNA.

Várias bibliotecas de PAC, YAC e BAC humanas e dos camundongos estão atualmente disponíveis comercialmente. Os clones de interesse podem ser isolados dessas bibliotecas por meio da PCR e hibridização através dos marcadores moleculares utilizados no mapeamento genético.

Salto e caminhada sobre o cromossomo: chromosome jumping e chromosome walking

O jumping, ou salto sobre o cromossomo (COLLINS; WEISSMAN, 1984, POUTSKA; LEHRACH, 1986), consiste na obtenção da justaposição, dentro de um mesmo clone, de duas seqüências de DNA situadas nas extremidades de um grande fragmento de restrição. O princípio dessa técnica está apresentado na Figura 20. Essa técnica, que é pouco utilizada depois do desenvolvimento dos cromossomos artificiais de levedura, permite efetuar várias centenas de Kb.

O walking, ou a marcha sobre o cromossomo, consiste em construir um conjunto de clones contínuos, ou contig. As extremidades do primeiro clone são utilizadas para isolar o clone seguinte, e assim por diante (Figura 21). A marcha sobre o cromossomo foi aplicada pela primeira vez por Steinmetz (STEINMETZ et al., 1982), que clonou um grande fragmento de

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DNA na região do complexo major de histocompatibilidade na forma de cosmídios superpostos. Quando não temos informações suficientes, é preciso, então, marchar nas duas direções, a partir do primeiro clone isolado, até encontrarmos uma informação (recombinação ou rearranjo cromossômico), permitindo, assim, saber se o gene de interesse foi alcançado ou não. O desenvolvimento do YAC permite a construção de contigs que se estendem por grandes regiões. Por exemplo: um contig de 8Mb foi reunido na região Xq24-q28 do cromossomo X humano (LiITTLE et al., 1992). Um outro foi construído e cobre a totalidade da região 21q humana (CHUMAKOV et al., 1992). Em 1995, Lander e sua equipe no MIT começaram a construção de contigs de YAC que cobririam integralmente o genoma de camundongos (DIETRICH et al., 1995). Esse mapa físico, bem como o realizado com o BAC, está disponível no endereço eletrônico www.genome.wi.mit.edu/cgi-bin/mouse/index.

Quando o mapa genético é suficientemente denso, nós podemos, ao menos em teoria, utilizar os marcadores que flanqueiam o gene que desejamos clonar para isolar os clones de YAC e tentar organizar um contig da região. Fica claro que, nessa etapa do trabalho, temos todo interesse em isolar o maior número possível de YAC e, se possível, a partir de bibliotecas diferentes, garantir uma melhor cobertura da região.

Isolamento das seqüências codificadoras

A identificação das seqüências codificadoras contidas no DNA do contig constitui uma das principais dificuldades da clonagem posicional. As seqüências codificadoras representam apenas uma pequena fração da totalidade do genoma: 5 a 10%. Além disso, as seqüências codificadoras estão dispersas e separadas por íntrons de tamanhos variáveis. Um exemplo extremo disso é, sem dúvida, o da distrofina que se estende sobre 2,3Mb com um RNA mensageiro de 14Kb compreendido dentro de 79 éxons (ROBERTS et al., 1992). Vários métodos foram desenvolvidos – todos possuem vantagens e desvantagens, nenhum é totalmente eficaz e, na prática, convém realizar uma

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combinação de alguns deles para se obter o gene procurado (BRENNAN; HOCHGESCHWENDER, 1995).

Conservação ao longo da evolução: Zooblots

A técnica do zooblot (MONACO et al., 1986) consiste em hibridizar um fragmento do DNA candidato ao DNA de diferentes espécies por meio da técnica de Southern blot. Se no DNA candidato existem seqüências codificadoras, podemos observar, quase sempre, uma reação cruzada entre as diferentes espécies representadas no zooblot. Tal fato pode ser explicado, pois a seqüência dos éxons diverge muito menos que as seqüências dos íntrons ao longo da evolução. Essa técnica não permite isolar seqüências codificadoras, mas pode ser usada para se saber se o DNA que estamos analisando possui ou não tais seqüências. Esse DNA pode ser utilizado, em seguida, no isolamento de mais seqüências a partir de uma biblioteca de cDNA ou mesmo servir de ingrediente para outras técnicas. A análise em zooblot de cosmídios inteiros teve um papel importantíssimo no gene que causa a fibrose cística humana (ROMMENS et al., 1989) e no gene da obesidade nos camundongos (ZHANG et al., 1994).

A análise de Northern blot

A hibridização das seqüências candidatas com os RNA mensageiros sobre um filtro permite determinar o tamanho do mensageiro procurado. As sondas moleculares utilizadas na hibridização podem ser cDNA, éxons, mas também os cosmídios (ZHANG et al., 1992) ou mesmo os YAC inteiros (MARSHALL et al., 1993). Nesse último caso, podemos determinar o número de mensageiros presentes na região cromossômica estudada e o tamanho deles. Tais mensageiros podem ser provenientes de vários genes diferentes ou corresponderem a um único. A detecção de vários mensageiros codificados por um mesmo gene pode ter-se originado do fenômeno chamado recomposição alternativa (splicing alternativo), dos sítios de poliadenilação diferentes ou mesmo da utilização de diferentes promotores. A técnica apresenta baixa sensibilidade, pois é muito dependente

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do grau de expressão gênica. Entretanto, a utilização de RNA poliadenilado, enriquecido em RNA mensageiros, permite o aumento da sensibilidade.

A amplificação de éxons ou Exon trapping

A técnica de amplificação de éxons foi proposta por Duyk em 1990 e Buckler em 1991. Ela foi aplicada com sucesso em vários casos, por exemplo, no isolamento dos genes shaker-1 (GIBSON et al., 1995) e Bcg (VIDAL et al., 1993) nos camundongos e do gene responsável pela Coréia de Huntington humana (The Huntington’s Disease Collaborative Research Group, 1994). Essa técnica permite isolar éxons presentes nos fragmentos de DNA genômico clonados (cosmídio, YAC, BAC) graças à presença do sítio doador e aceptor de splicing funcionais. O princípio do exon trapping está ilustrado na Figura 22.

A amplificação dos éxons é independente do nível de expressão dos genes procurados ou do tecido no qual eles são expressos, uma vez que trabalhamos unicamente com material genômico. A técnica é relativamente eficiente se não contarmos com o problema do splicing críptico (splicing de seqüências reconhecidas como éxons, mas que, na realidade, não o são). Os genes que não possuem éxons, raros nos eucariotos, não poderão ser isolados via tal método. Podemos citar o exemplo do gene SRY, que possui um único éxon (GOODFELLOW; LOVELL-BADGE, 1993).

Caso as seqüências isoladas não dêem resultados quando da hibridização em Northern blot, uma RT-PCR baseada na reação de transcrição inversa do RNA, seguida de uma amplificação com oligonucleotídeos específicos para cada uma das seqüências estudadas, permite verificar se estas são ou não verdadeiros éxons (KAWASAKI, 1990).

A captura do DNA por afinidade ou DNA affinity capture ou DNA selection

Técnica desenvolvida por Lovett e Parimoo em 1991 e, em seguida, adaptada por em Tagle 1993, permite isolar

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os cDNA codificados por grandes fragmentos de DNA tais como os YAC, cosmídios, BAC ou fagos. O método consiste na hibridização do DNA genômico biotinilado (YAC, etc) com os cDNA em solução. Em seguida, capturam-se os complexos DNA genômico-cDNA com a ajuda de bilhas magnéticas cobertas de estreptovidina (Figura 23). Construímos, assim, uma biblioteca de cDNA enriquecida de seqüências codificadoras provenientes do YAC ou cosmídio utilizado no início. O enriquecimento pode ser aumentado em até 100.000 vezes, efetuando-se várias rodadas sucessivas de seleção.

O sucesso dessa estratégia depende da relativa abundância de cDNA na biblioteca utilizada para a seleção. A técnica pode também conduzir ao isolamento de cDNA vindo de outras regiões do genoma, caso exista um pseudogene no fragmento de DNA genômico analisado. Outros problemas podem ser encontrados e dizem respeito ao viés criado pela PCR, que prefere a amplificação de fragmentos de pequenos tamanhos (ou cDNA pequenos) e a dificuldade de eliminar completamente as seqüências repetitivas do DNA genômico inicial. Essas seqüências podem ser eliminadas pela desnaturação e re-hibridização do DNA genômico inicial na presença de DNA enriquecido em seqüências repetitivas. A dificuldade reside na escolha do tempo ideal de incubação que permita a renaturação unicamente das seqüências repetitivas, e não das seqüências únicas. Se, após a incubação, ainda existir seqüência repetitiva no DNA genômico, é possível que um cDNA contendo tais seqüências seja isolado, pois esses elementos repetitivos constituem uma certa proporção de cDNA (até 10%). Embora apresente todas essas dificuldades, a técnica de captura de cDNA contribuiu para a construção de mapas transcricionais de várias regiões cromossômicas (KORN et al., 1992).

A sondagem de biblioteca de cDNA

A utilização de YAC inteiro para sondar bibliotecas de cDNA foi descrita pela primeira vez por Wallace, em 1990,

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quando da identificação do gene causador da neurofibromatose do tipo I. Em 1993, Geragthy e seus colaboradores, utilizando essa mesma estratégia, isolaram seqüências de cDNA do cromossomo X humano a partir de YAC de 480kb. Essa técnica, mesmo permitindo isolar diretamente cDNA (em comparação com aquela de captura e amplificação dos exons), apresenta inúmeros inconvenientes: devido à complexidade da sonda, as hibridizações inespecíficas são comuns, o que dificulta o reconhecimento dos sinais positivos; também é muito difícil marcar um YAC inteiro com uma atividade específica durante um tempo suficientemente longo que permita sua recuperação após hibridização. A taxa de falsos positivos é, portanto, muito alta e está estimada em 40%. As seqüências repetitivas são difíceis de ser eliminadas completamente da sonda e podem conduzir ao isolamento de seqüências repetitivas transcritas(GERAGTHY et al., 1993). Podemos concluir, então, que falta sensibilidade a essa técnica.

A sondagem de bibliotecas de cDNA através dos cosmídios inteiros oferece menos problemas, pois a sonda utilizada já não é tão complexa (ZHANG et al., 1992). Enfim, qualquer que seja a sonda utilizada, a eficiência da sondagem depende da representação dos genes procurados e, conseqüentemente, do grau de expressão destes.

Os métodos baseados na análise das ilhas CpG

As ilhas CpG (ou HTF para HpaII Tiny Fragments) são definidas como segmentos de DNA de 500pb a 2Kb que têm uma porcentagem de guanina + citosina (G+C) superior a 50% e uma grande quantidade de duplos CpG não metilados, enquanto que o restante do genoma é caracterizado por uma porcentagem G+C menor (média de 40%) e pela metilação da citosina em 5’ da maior parte dos duplos CpG (LINDSAY e BIRD, 1987). Um estudo publicado por Larsen em 1992 (LARSEN et al., 1992a) mostrou que, entre 375 genes repertoriados no GenBank, todos os genes com expressão constitutiva (housekeeping function) e em média 40% dos genes com expressão tissular específica contêm uma ilha CpG. Essa ilhas, geralmente, cobrem a região do

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promotor do gene e de 1 a 3 éxons. Raramente estão localizadas na porção 3’ ou no interior mesmo das seqüências transcritas. Num estudo similar, Antequera e Bird (1993) estimaram que dos 22.000 genes constitutivos, 55,9% dos genes humanos e 46,9% dos genes de camundongos estão associados a essas ilhas CpG e que mais de 40% dos 60.000 genes tecidos específicos estariam no mesmo caso. Craig e Bickmore (1994) mostraram que tais ilhas não estariam repartidas de maneira homogênea ao longo do genoma, mas que estariam concentradas em domínios cromossômicos particulares, no nível das bandas R, onde se encontram os genes que são expressos.

Todos esses dados reunidos indicam que as ilhas CpG são bons marcadores para se identificarem genes. Visto que essas ilhas são formadas por uma alta densidade de dinucleotídios CpG não metilados, elas podem ser detectadas por enzimas de restrição sensíveis à metilação e que contenham o dinucleotídio CpG nos seus sítios de reconhecimento. Na Tabela 4 são mostradas as enzimas de restrição mais utilizadas na detecção das ilhas CpG (de acordo com Bickmore e Bird, 1992). O grupamento de vários sítios reconhecidos por essas enzimas numa curta região de DNA (alguns Kb) é um indicativo da presença de uma ilha, que, na prática, é identificada pela construção de um mapa de restrição da região estudada e analisada pela eletroforese em campo pulsado. A presença de uma ilha CpG próxima da sonda molecular é detectada pelo fato de essa sonda reconhecer fragmentos de mesmo tamanho após digestão do DNA genômico por diferentes enzimas de restrição, em particular as citadas na Tabela 4. Duplas digestões utilizando uma combinação dessas enzimas permitem confirmar se tais sítios estão agrupados no genoma (o tamanho dos fragmentos detectados deve ser o mesmo para as digestões simples ou duplas). A localização das ilhas CpG foi útil na clonagem do gene brachyury (T) (HERRMANN et al., 1990) e na do gene da fibrose cística (CFTR) (ROMMENS et al., 1989). Essas ilhas podem facilmente ser clonadas a partir de um YAC ou cosmídio (ELVIN et al., 1992; VALDES et al., 1994) e utilizadas, em seguida, para sondar bibliotecas de cDNA.

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O sequenciamento genômico

Ao longo dos últimos anos, as técnicas de sequenciamento foram consideravelmente melhoradas e, sobretudo, automatizadas, graças ao desenvolvimento de seqüenciadores automáticos (SMITH et al., 1986). Paralelamente a esse progresso, os programas de comparação de seqüências e os que permitem identificar seqüências codificadoras num segmento de DNA anônimo também foram aperfeiçoados. Uberbacher e Mural (1991) desenvolveram o programa GRAIL, que possibilita a identificação de éxons a partir de uma seqüência de DNA com uma fidelidade de 80% e com baixa taxa de falsos positivos. O programa BLAST (ALTSCHUL et al., 1990) permite comparar rapidamente uma seqüência às bases de dados clássicas como, por exemplo, GenBank, EMBL, etc. Os dados contidos em tais bancos são cada vez mais numerosos, graças, principalmente, ao Projeto Genoma Humano, que busca o sequenciamento da totalidade do genoma, e também ao sequenciamento em larga escala de cDNA (VENTER et al., 2001; LANDER et al., 2001). Uma boa introdução a esses programas pode ser encontrada no Guide to Human Genome Computing (1994). Uma ilustração da utilização dessas técnicas é apresentada por Seto (1994) no estudo dos receptores de linfócitos T humanos.

As outras técnicas

Citaremos a técnica desenvolvida por Lui e seus colaboradores (1989) a qual permite isolar os genes humanos transcritos numa linhagem celular híbrida hâmster-homem (contendo um único cromossomo humano) e as técnicas baseadas na recombinação homóloga entre o DNA analisado e uma biblioteca de cDNA (KURNIT; SEED, 1990). Entretanto, essas técnicas, relativamente fastidiosas, não obtiveram sucessos em vários projetos de clonagem posicional.

O que nos aparece, em definitivo, é que a procura de éxons e o sequenciamento direto são as duas técnicas mais utilizadas na clonagem posicional de um gene; porém, logo que levamos em conta as dimensões consideráveis do genoma humano ou

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do camundongo, tais técnicas se tornam extremamente pesadas, fastidiosas e, sobretudo longas. O ideal seria podermos dispor de uma espécie relativamente próxima dos mamíferos, mas que possuísse um genoma compacto, sem (ou com poucos e pequenos) íntrons. A levedura (14Mb), a bactéria Escherichia coli (4.7Mb) ou a drosófila (165Mb) são espécies muito distantes do ponto de vista filogenético para serem utilizadas, mesmo se várias seqüências forem conservadas em todos esses genomas. Entretanto, um genoma desse tipo existe no peixe tetrodontide Fugu rubripes (BRENNER et al., 1993). O sequenciamento sistemático dos 400Mb do genoma deste peixe mostrou que 90% deste correspondem a seqüências únicas e que seu repertório em genes é muito análogo ao humano. Trower e seus colaboradores, em 1996, encontraram uma conservação de sintenia entre o genoma do Fugu e uma região do cromossomo 14 humano (14q24.3) que está associada à Doença de Alzheimer (lócus AD3). O estudo do genoma do Fugu pode, então, ajudar na clonagem posicional dos genes de mamíferos. A partir do momento em que conhecemos um íntron procedente de um “grande” genoma, poderemos utilizá-lo como sonda para a clonagem das suas regiões vizinhas no Fugu e retornar, em seguida, ao genoma estudado.

A identificação direta do cDNA candidato

Nestes últimos anos assistimos a uma revolução no que diz respeito à genética humana: um consórcio de cinco laboratórios ingleses, americanos e franceses (Génethon) que interpuseram o mapeamento de dezenas de milhares de cDNA, identificadas por sua etiquetas, às chamadas EST (Expressed Sequence Tag). A primeira versão do Gene Map do genoma humano que foi estabelecido pelo consórcio internacional das EST apareceu em 1996 (SCHULER et al., 1996), incluindo mais de 16.000 genes mapeados com relação a 1.000 marcadores genéticos polimórficos (Todos esses dados podem ser acessados no endereço www.ncbi.nlm.nih.gov/SCIENCE96/).

O mapeamento dessas milhares de seqüências no homem pode, evidentemente, servir à clonagem de mutações

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nos camundongos, pois é sabido que 80% dos cromossomos humanos têm uma homologia conhecida, com um segmento cromossômico murino. O mapeamento preciso das EST no homem oferece, levando-se em conta o jogo das homologias, um grande número de candidaturas para os genes a serem clonados no camundongo. É bem provável que essa estratégia seja muito explorada para a clonagem das mutações dos camundongos que tenham sido localizadas com precisão.

Isolamento de um mensageiro completo

A maior parte das técnicas descritas até agora não permite isolar um mensageiro completo, e a solução mais evidente para solucionar esse problema é buscá-lo em bibliotecas de cDNA. Várias bibliotecas desse tipo estão disponíveis comercialmente e, em geral, são de boa qualidade. Entretanto, o trabalho de procura de uma seqüência completa de cDNA é muito cansativo e necessita da presença de sondas de alta qualidade. A utilização de sondas obtidas através da amplificação de éxons é delicada, pois essas sondas são, geralmente, pequenas podendo gerar muitos falsos positivos. A sondagem dessas bibliotecas pela técnica de PCR (ALFANDARI; DARRIBÈRE, 1994; AMARACADI; KING, 1994) é uma alternativa à sondagem por hibridização.

O isolamento da extremidade 5’ dos mensageiros pela sondagem de bibliotecas de cDNA sempre causa problemas. Tais clones são, na realidade, muito pouco representados por causa da dificuldade encontrada pela transcriptase reversa de copiar na íntegra o mensageiro até 5’. Uma estratégia complementar à sondagem de bibliotecas de cDNA é a técnica chamada RACE (Rapid Amplification of cDNA Ends, FROHMAN et al., 1988), que amplifica uma seqüência de RNA compreendida entre uma pequena seqüência já conhecida (por exemplo, um éxon) e a extremidade, seja 5’ ou 3’, do RNA correspondente. O princípio da técnica de RACE está ilustrado na Figura 24. O RACE é normalmente mais rápido que a sondagem de bibliotecas de cDNA que podem necessitar de meses de trabalho antes que se consiga isolar um mensageiro completo. Entretanto, a técnica do

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RACE é pouco eficiente para se isolar a porção 5’ dos grandes mensageiros.

A conexão entre éxons pela RT-PCR permite igualmente isolar fragmentos de mensageiros sem ser preciso passar pela sondagem de cDNA. Após a retro-transcrição do mRNA, o cDNA é amplificado pelos oligonucleotídeos específicos dos dois éxons conhecidos. Se eles pertencem ao mesmo transcrito e se os oligonucleotídeos foram definidos na boa orientação, todos os éxons localizados entre esses dois serão amplificados.

A identificação do bom candidato

Uma primeira seleção pode ser feita considerando-se que o gene candidato deve apresentar um perfil de expressão compatível com o fenótipo. Nós podemos efetivamente pensar que um gene no qual o efeito esteja se manifestando essencialmente no sistema nervoso central deva, a priori, corresponder a um mensageiro transcrito principalmente no cérebro. Entretanto, é preciso que seja identificada uma mutação associada ao fenótipo na seqüência candidata. Uma deleção na seqüência transcrita descoberta no animal mutante e ausente no controle permite validar facilmente o gene em questão como um bom candidato. Foi o que ocorreu com a clonagem do gene Brachyury (HERRMANN et al., 1990) e com a do gene da distrofina (MONACO et al., 1986). Infelizmente, as mutações são, na maior parte das vezes, mais discretas e, portanto, mais difíceis de ser detectadas. Pode agir-se, por exemplo, a partir de mutações que afetem a recomposição dos éxons (detectável pelo Northern blot), como para a β-talassemia (VIDAUD et al., 1989), de mutações pontuais que levem à mudança de um aminoácido por outro (mutação de sentido trocado), como, por exemplo, no caso do gene Bcg (VIDAL et al., 1993), ou ainda, como no caso da mutação spastic (spa), pode ocorrer a intercalação de uma seqüência do tipo LINE dentro de um íntron que altera o sítio de recomposição ou que crie outros alternativos (KINGSMORE et al., 1994). Várias são as mutações que só foram descobertas pelo seqüenciamento completo

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do gene, caso em que a mutação se traduz pela substituição de um aminoácido por outro. Aqui a questão é saber se essa substituição é realmente responsável pelo fenótipo ou se não se trata de apenas um polimorfismo associado. As presunções são um pouco reforçadas quando a versão normal do cromossomo onde a mutação apareceu é acessível, pois, nesse caso, existe uma referência precisa. As presunções são ainda mais reforçadas se já existirem vários alelos mutantes e que cada um mostre uma alteração diferente na seqüência. Foi assim que Balling e colaboradores em 1996 mostraram que o lócus undulated (un - Cromossomo 2), identificado por três alelos, era na realidade o gene Pax1 (WALLIN et al., 1996).

Se o gene estudado só for conhecido por duas formas alélicas, uma normal e outra patológica, a prova de que o gene candidato isolado é o bom não pode ser obtida senão por dois meios: reproduzindo-se a mutação pela inativação do gene in vivo (camundongo Knock-out) ou, ao contrário, corrigindo-se os efeitos da mutação nos camundongos pela adição de um transgene correspondente a uma cópia normal do gene (complementação transgênica). A construção desses camundongos representa uma tarefa pesada, sobretudo quando se trabalha com grandes genes (cf. FRAZER et al., 1995), e raramente foi realizada na prática.

A clonagem posicional nos tempos atuais

Para aqueles organismos cujos genomas foram seqüenciados, a clonagem posicional mudou muito. Porém, para aqueles que ainda não possuem seus genomas completamente seqüenciados e disponíveis, o princípio da clonagem posicional permanece o mesmo.

Para os genomas seqüenciados, as mutações são identificadas por uma combinação de mapeamento e sequenciamento (Figura 25) (KILE & HILTON, 2005). Para o mapeamento nada mudou, mesmo com o sequenciamento completo do genoma murino. Assim, o objetivo principal desta

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etapa continua sendo o de identificar marcadores polimórficos com localização cromossômica conhecida que estejam ligados ao lócus responsável pelo fenótipo alterado estudado.

O mapeamento, assim como antes do sequenciamento, pode ser dividido e dois grandes níveis: o mapeamento a baixa resolução, no qual a mutação é localizada no interior de um grande intervalo cromossômico; e o mapeamento de alta resolução, onde o tamanho do intervalo é reduzido de forma que o sequenciamento direto dos genes contidos neste intervalo possa ser iniciado. O número de meioses, para ambos os níveis, também não mudou, ou seja, para o mapeamento à baixa resolução 20 a 100 animais são necessários para a genotipagem com 40 a 100 marcadores distribuídos ao longo de todo o genoma. Para o estágio seguinte, de 100 a 1000 meioses são necessárias e analisá-se todos os marcadores polimórficos existentes no interior do intervalo cromossômico definido no 1º nível do mapeamento.

Durante o processo de mapeamento, o intervalo cromossômico candidato vai sendo definido e detalhado a ponto de permitir o início de sequenciamento. Não existe regras estritas que definem quando começar esta nova etapa da clonagem. A decisão deve ser tomada levando-se em conta vários fatores: o quão pequeno é o intervalo cromossômico e a possibilidade de diminuí-lo ainda mais, possibilidade esta que está vinculada a existência ou não de marcadores polimórficos na região; a densidade gênica na região, esta pode ser avaliada diretamente no banco de dados do genoma murino (Ensembl: http://www.ensembl.org/index.html); o custo e disponibilidade para o sequenciamento comparado ao custo de se gerar e analisar mais animais. Na prática, o refinamento do intervalo genético definido geralmente é acompanhado pelo sequenciamento.

Assim que a decisão de sequenciar é estabelecida, a questão passa a ser “O que sequenciar?”. Levando-se em conta que, a grande maioria das mutações pontuais clonadas no camundongo, foram identificadas nas regiões codificadoras

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dos genes ou nas junções éxons-íntrons, certamente o início do sequenciamento deve ser focado nessas regiões. A disponibilidade da seqüência completa do genoma murino nos bancos de dados facilita a identificação dos éxons dos diferentes genes contidos no intervalo. Estes éxons podem ser amplificados e isolados a partir do DNA genômico e sequenciados diretamente. Em seguida, caso não seja encontrado mutações nessas regiões prioritárias, deve-se pensar em sequenciar os íntrons, as regiões 3’ e 5’ não traduzidas, a região promotora e, por fim, as regiões intergênicas.

A escolha do gene a ser sequenciado deve ser sempre combinada com o mapeamento à alta resolução. Por qual gene começar é uma outra questão. Deve-se investigar detalhadamente a mutação estudada do ponto de vista fisiopatológico. A escolha do gene candidato posicional pode ser influenciada pelos dados clínicos da mutação como, por exemplo, processos bioquímicos afetados, tecidos afetados, mutação com fenótipo semelhante existentes na mesma região cromossômica mapeada e as homologias inter-espécies, principalmente entre o homem e o camundongo.

A identificação da mutação ou do gene mutado no intervalo cromossômico não significa, necessariamente, que esta seja a mutação primária que levou a aparição da doença. Em muitos casos, evidências indiretas são necessárias para provar tal hipótese. Por exemplo, traçar um paralelo entre o fenótipo observado quando o gene do camundongo está mutado e os fenótipos quando o gene ortólogo está mutado em outros organismos como no rato, homem, drosófila, etc; ou mesmo a similaridade fenotípica, no próprio camundongo, quando outros genes cujas funções são conhecidas e que participam da mesma via biológica do gene candidato em questão. Outra evidência inclui o estudo da expressão ou atividade do gene mutado nos tecidos afetados na patologia. Por outro lado, a evidência direta da causa do fenótipo mutado é requerida. Assim podemos falar da geração de animais mutantes transgênicos que recuperam o fenótipo normal ou a geração de animais mutantes nocautes de gene identificado.

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ESTUDO DE CASO

Mapeamento genético do lócus pmn

Localização cromossômica da mutação pmn (BRUNIALTI et al., 1995)

Um estudo recente utilizou metodologia da clonagem posicional para o mapeamento genético do lócus pmn em camundongos. Neste estudo 63 animais N2 homozigotos pmn/pmn foram obtidos a partir das 12 fêmeas F1 interespecíficas +/pmn foram cruzadas com os machos +/pmn do estoque original, tiveram seu DNA extraído de acordo com a metodologia de AUSUBEL ET AL. (AUSUBEl et al., 1993) e forma analisados por um painel de microssatélites.

Foram selecionados 37 marcadores moleculares do tipo microssatélites distribuídos sobre a totalidade dos cromossomos murinos e que revelaram um polimorfismo entre as linhagens que foram utilizadas no cruzamento interespecífico (AITMAN et al., 1991; CORNALL et al., 1991; DIETRICH et al., 1992; HEARNE et al., 1991; LOVE et al., 1990; MONTAGUTELLI et al., 1991). Esses marcadores foram utilizados na tipagem, pela PCR, dos 63 DNA dos animais pmn/pmn, e a análise da segregação dos haplótipos foi realizada através do programa GeneLink (Montagutelli et al., 1990). Desse modo, foi observado observar um desequilíbrio de ligação entre o lócus pmn e vários marcadores situados sobre o cromossomo 13 de camundongo (D13Mit80, D13Mit215, D13Mit115, D13Mit3, D13Mit16, D13Mit154 e D13Mit61). Os marcadores mais próximos do lócus pmn foram D13Mit215 e D13Mit115. A ordem mais provável desses loci do cromossomo 13 é: D13Mit80, D13Mit215, pmn, D13Mit115, D13Mit3, D13Mit16, D13Mit154 e D13Mit61.Uma análise detalhada dos haplótipos está apresentada na Figura 26.

Para confirmar essa localização cromossômica do lócus pmn, dois outros cruzamentos foram estabelecidos utilizando marcadores fenotípicos facilmente reconhecidos (Figura 27).

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Estudo de Caso

Foram construídos dois estoques balanceados Xt +/+ pmn e pe +/+ pmn cujos resultados foram:

de 641 animais nascidos do cruzamento entre animais • do tipo Xt +/+ pmn (o que representa 1.282 meioses) não foi encontrado nenhum recombinante (Figura 27). Nessas condições estimou-se que a distância genética máxima entre o lócus pmn e os marcadores Extra-toe (Xt) é certamente inferior a 1 cM, com um risco de 5%. A mutação Extra-toe equivale a uma deleção da região 5’ do gene Gli3 (zinc finger gene Gli3) (VORTKAMP et al., 1992) e, no homem, corresponde à síndrome de Greig cefalopolisindactilia. O estoque balanceado Xt +/+pmn é de extrema importância, pois permite diagnosticar o fenótipo do animal desde o nascimento. Observando-se minuciosamente os recém-nascidos, é possível distinguir os camundongos que irão desenvolver o fenótipo pmn daqueles que permanecerão normais: estes possuem um dedo extranumerário sendo do tipo Extra-toe (Xt/+) (Figura 28);

dos 212 animais produzidos a partir do cruzamento • entre os animais pe +/+ pmn (424 meioses) foram encontrados 10 recombinantes, ou seja, animais do tipo pe pmn/pe pmn que apresentam, ao mesmo tempo, os fenótipos pmn e uma coloração clara da pelagem. Esse resultado colocou pmn a 42 cM do lócus pe.

O próximo passo, seguindo a estratégia da clonagem posicional, foi o de densificar o mapa genético vizinho ao lócus pmn. Densificar o mapa genético consiste na localização do maior número possível de marcadores genéticos vizinhos ao lócus pmn e, para que essas distâncias genéticas possam ser calculadas com grande precisão, é preciso analisar o maior número possível de meioses.

Para tanto, um conjunto de DNA originados do retrocruzamento chamado EUCIB, implicando as linhagens de camundongos C57BL/6 e SEG/Pas (BREEN et al., 1994), foi utilizado. Através deste painel de DNA foi possível localizar com precisão o gene Gli3 utilizando-se para este fim o fragmento

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Estudo de Caso

molecular do gene Gli3, chamado Gli20 (VORTKAMP et al., 1992), o qual revelou-se polimórfico (RFLP) entre as duas linhagens utilizadas no EUCIB. Com este mesmo painel de DNA procedeu-se a localização de 30 marcadores existentes no cromossomo 13 na região de mapeamento do lócus pmn (Figura 29).

Mapa genético humano

Da comparação do mapa genético humano com o dos camundongos observa-se grupos de homologia de sintenia entre o cromossomo 13 animal e os cromossomos 1, 3, 5, 6, 7, 9 e 10 humanos (Figura 17).

A mutação pmn foi descrita como o modelo animal da amiotrofia espinal do tipo I (Werdnig-Hoffmann), a expressão aguda da SMA (SCHMALBRUCH et al., 1991) e que foi localizada no cromossomo 5q11.2-q13.3 humano (BRZUSTOWICZ et al., 1990; MELKI et al., 1990). Com o intuito de confirmar tal hipótese foi isolado um fragmento de DNA animal possuindo 95% de homologia com o gene humano causador da SMA e chamado SMN (Survival Motor Neuron) (LEFEBVRE et al., 1995; VIOLLET et al., 1997). Através desse fragmento realizou-se a SSCP com os DNA dos animais pmn/pmn do primeiro cruzamento, tendo encontrado 11 recombinantes sobre 55 animais testados. Esse resultado separou o lócus pmn do lócus Smn de 20 cM e colocou este numa região mais distal, homóloga à região 5q13 humana. Conclui-se que pmn não era o modelo animal de SMA, pois este recombina com o lócus Smn causador da doença.

A Figura 30 representa o mapa genético da região cromossômica contendo pmn, no qual observa-se que pmn está localizado numa região cromossômica compreendida entre 0 a 1 cM (intervalo de confiança de 95%) do lócus Xt (Gli3). Tais distâncias são compatíveis com a construção de um contig cobrindo a região.

Construção de um contig contendo o lócus pmn

Dando prosseguimento à clonagem posicional do lócus pmn, a etapa seguinte consistiu no isolamento da região

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Estudo de Caso

cromossômica contendo o lócus pmn na forma de um conjunto de clones contíguos também chamado do contig.

Num primeiro momento os cromossomos artificiais de levedura (YAC) foram utilizados, estes podem conter grandes fragmentos clonados (de mais de centenas de Kb). O mapa genético da região onde se localiza pmn indicava cinco marcadores particularmente interessantes: os microssatélites D13Mit215, D13Mit305 e D13Mit115 e as sondas moleculares Gli11 e Gli20, que correspondem respectivamente às extremidades 5’ e 3’ do gene Gli3 (Xt). Esses marcadores foram usados na seleção dos YAC.

Mais adiante, também foi estabelecido o contig de cromossomos artificiais de bactérias (BAC).

Isolamento e caracterização preliminar dos YAC que contêm D13Mit215, D13Mit305, D13Mit115, Gli11 e Gli20

Os YAC selecionados a partir dos marcadores Gli11 e Gli20 foram isolados da biblioteca do Imperial Câncer Research Fund; os selecionados a partir dos outros marcadores foram isolados no Généthon, que possui as bibliotecas oriundas do MIT/ Princeton (KUSUMI et al., 1993), que cobre 4 vezes o genoma animal; ICFR (LARIN et al., 1991), que cobre 3 vezes o genoma de camundongos; St. Mary’s Hospital (CHARTIER et al., 1992), que cobre 3,5 vezes o genoma de camundongos.

Essas bibliotecas estão organizadas em pools e superpools de YAC, podendo ser explorados pela PCR. Desse trabalho foi possível isolar 28 clones.

Para a determinação do tamanho dos fragmentos contidos em cada YAC isolado o DNA de alto peso molecular desses clones foi preparado em blocos de agarose e os cromossomos de levedura foram separados pela eletroforese em campo pulsado. O DNA, assim preparado, foi transferido sobre uma membrana de Nylon N+ e hibridizado com uma sonda radioativa correspondente ao gene URA3 da levedura. O tamanho dos

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Estudo de Caso

fragmentos dos YAC foi determinado pela comparação com os tamanhos dos cromossomos endógenos de levedura. (Um exemplo de hibridização pode ser visto na Figura 31 e na Tabela 5 estão representados os resultados obtidos.) Essa etapa possibilitou a verificação de quais clones eram estáveis, ou seja, aqueles que nos deram como resultado da hibridização duas bandas, uma que corresponde ao gene URA3 endógeno, e outra correspondente ao YAC. Da mesma forma, foi testada a presença dos marcadores D13Mit215, D13Mit305 e D13Mit115, utilizamos o método da PCR com uma alíquota de cada cultura diluída 100 vezes. Já para os clones isolados a partir das sondas moleculares Gli11 e Gli20 uma membrana foi preparada e hibridizada com essas sondas.

Dentre os clones estáveis, foram identificados aqueles que continham ao menos dois marcadores que serviram no isolamento destes e foi estado a presença de todos os marcadores microssatélites que haviam sido mapeado na região do lócus pmn.

Os marcadores INHBA (PANG et al., 1992) e GCK para o gene da glucocinase (SANTOSH et al., 1992), que correspondem aos iniciadores que amplificam o DNA humano e que estão localizados no cromossomo 7 humano (na região homóloga ao cromossomo 13 animal, ao redor do lócus pmn), também foram utilizados nessa etapa da clonagem posicional. Os resultados dessa etapa estão representados na Figura 32.

Dessa fase clonclui-se que o YAC Y902.2 revelou ser o clone mais interessante, pois ele continha três marcadores moleculares - Gli11, Gli20 e GCK - e sabendo-se que pmn está a uma distância inferior a 1 cM (risco de 5%) do lócus Xt (gene Gli3), o que representa, em média, 1.800 Kb.

Isolamento e caracterização preliminar dos BAC contendo os marcadores D13Mit215, Gli11, Gli20 e D13Mit115

Esses marcadores serviram no isolamento dos BAC de uma biblioteca construída a partir do DNA genômico de

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camundongo. Desde processo resultou o isolamento de 3 BAC a partir do marcador Gli11, 7 clones com o marcador Gli20, um único com o marcador D13Mit215 e um outro com o marcador D13Mit115.

O DNA desses clones foi extraído de acordo com o protocolo estabelecido no Research Genetics (descrito em Material e Métodos), em seguida, foi verificada a presença dos marcadores que foram utilizados para o isolamento através de hibridizações com os marcadores Gli11 e Gli20 e pela PCR com os demais marcadores. Esses clones foram utilizados na procura de seqüências codificadoras que se encontram nessa região (Tabela 6).

Mapa físico ao redor do lócus pmn

A etapa seguinte da clonagem posicional consiste na construção de um mapa de restrição do contig, que deve evidenciar possíveis rearranjos ocorridos com os insertos contidos nos YAC (inserções, deleções), permitindo localizar os genes candidatos na região de interesse. Ela também serve como referência para a construção do mapa físico da região genômica correspondente.

Esse mapa foi construído com 3 YAC – Y902.2, Y903.1 e Y13.305.2 –, permitindo a detecção de todos os rearranjos neles existentes, sendo que seria pouco provável que três clones independentes apresentassem as mesmas anomalias.

As enzimas de restrição que cortam raramente o genoma e que estão associadas às ilhas CpG (veja explicação na Introdução) foram utilizadas na construção de tal mapa. Todos os sítios de restrição foram identificados para as enzimas BssHII, EagI, MluI, NotI, NruI, SacII e SmaI.

Foram realizadas digestões parciais pelas enzimas citadas acima com o DNA do YAC preparados em blocos de agarose. Os fragmentos foram, em seguida, separados por eletroforese

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em campo pulsado. O DNA foi transferido para uma membrana de Nylon N+ e esta foi hibridizada sucessivamente com:

1. um fragmento do pBR322, que corresponde ao • braço direito do pYAC4;

2. um fragmento do pBR322, correspondendo ao • braço do pYAC4.

Tal procedimento permitiu determinar a posição de cada sítio de restrição com relação à extremidade direita ou esquerda do vetor pYAC4 (método adaptado de SMITH; BIRNSTEIL, 1976).

A extremidade esquerda do inserto contido no clone Y202.2 foi isolado através da técnica de PCR inversa RsaI. O fragmento de 500 pb foi seqüenciado e denominado “extremidade 11”, este foi utilizado na construção do mapa de restrição do contig. Esse fragmento, presente nos YAC Y902.2, Y903.1 e Y13.305.2 (Figura 33), corresponde a uma EST de camundongo isolada de uma biblioteca de cDNA construída a partir de um tecido de coração hipertrofiado.

Os fragmentos de DNA Gli20 e Gli11, que correspondem ao gene Gli3, foram igualmente utilizados na construção do mapa de restrição do contig e suas localizações foram determinadas através de hibridizações sobre as membranas de nylon construídas para este fim. A comparação do resultado de hibridização para cada um dos fragmentos permitiu a localização precisa dos marcadores e conduziu ao estabelecimento do mapa de restrição do contig, representado na Figura 34.

As porções quiméricas dos YAC puderam ser determinadas através da comparação entre os mapas de restrição estabelecidos para cada clone. Por exemplo: o YAC Y301.1 é quimérico; através do mapa de restrição desse clone identificou-se todos os sítios de restrição comuns com os clones Y902.2 e Y13.305.2 e que não são quiméricos.

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Estudo de Caso

Esse contig cobre uma distância de aproximadamente 2 Mb entre a extremidade proximal do clone Y902.2 e distal do clone Y13.305.2. Nenhum rearranjo ou deleção maior foi observado no YAC Y902.2. Se nenhum recombinante foi encontrado entre pmn e Xt (gene Gli3) chegou-se a conclusão que o YAC 902.2 representava o principal clone para a procura de seqüências codificadoras existentes nessa região.

O resultado deste trabalho foi a identificação de pelo menos três ilhas CpG potenciais presentes nesses clones: 2 ilhas nos YAC Y902.2 e Y13.305.2, entretanto não foi possível determinar se esses sítios são metilados in vivo nos camundongos. O status dessas ilhas CpG deveria, então, ser confirmado pelo mapeamento da região genômica correspondente. Entretanto, Larsen e outros (1992b) mostraram que, desde que 3 ou mais sítios dessas enzimas que cortam raramente o genoma coincidam com o nível do DNA do YAC, esses sítios devem estar associados aos genes ao menos em 90% dos casos.

Isolamento e caracterização dos éxons a partir do DNA do contig

Com o objetivo de identificar as seqüências codificadoras a partir do contig foi utilizada a técnica de amplificação dos éxons, sendo que, contig de BAC estabelecido na região de interesse foi o escolhido para este fim.

Os experimentos foram realizados com os BAC isolados a partir dos marcadores moleculares Gli20, Gli11, D13Mit215 e D13Mit115, respectivamente os clones 283E20, 12P11, 388A11 e 496K2 (Tabela 6).

Na primeira etapa, após clonagem no vetor pAMP10, foram eleiminados os clones que continham insertos muito pequenos (< 100 pb), pois seria muito complicado escolher iniciadores para a PCR a partir de fragmentos de pequeno tamanho.

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Estudo de Caso

Não foi possível isolar seqüências codificadoras a partir dos clones 388A11 e 496K2. Os resultados apresentados correspondem, pois, aos insertos isolados a partir dos clones 283E20 e do clone 12P11.

Foram obtidas 115 colônias; destas, 47 foram eliminadas, pois continham insertos de tamanho inferior a 100 pb; 50 colônias continham apenas as seqüências do vetor. Na verdade, como foi descrito na seção Material e Método, o DNA genômico a ser analisado é clonado dentro de um íntron do gene tat de HIV. A presença de um sítio crítico de recomposição dentro desse íntron pode, em parte, ser o responsável pelo isolamento dos falsos positivos contendo seqüências derivadas do vetor. Enfim, 10 colônias, correspondentes às seqüências provenientes dos marcadores Gli11 e Gli20, foram isoladas.

A Tabela 7 e a Figura 35 indicam os resultados das 8 colônias restantes nas quais as seqüências correspondem às seqüências de genes conhecidos ou não e às seqüências das EST humanas.

No total, foi possível explorar 260Kb, nas quais foram encontrados 8 fragmentos correspondentes a 8 genes potenciais. Dessa forma, estimou-se que na região do cromossomo 13 de camundongos contendo o lócus pmn, a densidade gênica média deve ser de um gene a cada 33 Kb.

As EST

As EST humanas, das quais o mapeamento cromossômico foi publicado (SCHULER et al., 1996), oferecem uma ferramenta na clonagem dos genes de camundongos levando-se em conta as homologias de sintenia conhecidas entre essas duas espécies.

Neste sentido, foram selecionadas as EST humanas localizadas na região 7p vizinhas ao gene Gli3 e, dessa primeira seleção, priorizou-se aquelas EST que não tinham homologia de seqüência com um gene já conhecido.

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Estudo de Caso

Assim, 15 dessas EST (Tabela 8) e seus iniciadores foram testados pela PCR sobre o DNA de todos os nossos clones YAC e BAC (Figura 35), sobre o DNA genômico e cDNA (RT-PCR do fígado) dos animais de fenótipo pmn, Xt e selvagem (+), o que permitiu o reconhecimento da existência de uma ou mais EST localizadas nessa região do cromossomo 13 de camundongos e, através da técnica da RT-PCR foi possível evidenciar uma possível diferença de amplificação entre três cDNA testados (Xt, pmn e selvagem). O DNA genômico serviu como controle da amplificação. A Tabela 8 mostra a totalidade dos resultados obtidos.

Ainda que a maior parte das EST testadas nos tenha dado resultados positivos para a RT-PCR, nenhuma delas permitiu detectar uma diferença no tamanho do produto amplificado pela PCR entre os animais Xt, pmn ou selvagem (um exemplo disso está mostrado na Figura 36). Tal afirmação mostra o poder dessa ferramenta na clonagem dos genes murinos.

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A MUTAÇÃO pmn: UM MODELO DE NEUROPATIA HUMANA

pmn: um modelo potencial para a patologia neuromuscular humana

pmn: uma mutação de efeitos independentes

O estudo de caso apresentado ilustrou a tentativa de clonagem posicional de um gene responsável pela mutação de camundongos cujos efeitos são principalmente neuropatológicos, os quais podem ser observados no nível dos neurônios motores na medula espinal. Essa neuropatia é causada por um processo de “morte retrógrada” (dying back neuronopathy), durante o qual a patologia começa nas terminações nervosas e progride ao longo do axônio em direção ao corpo celular. Esse esquema patológico já é conhecido no homem e pode ser encontrado nas diversas formas de amiotrofias espinais. A mutação descrita tem penetrância completa, pois aparece em 100% dos indivíduos homozigotos, e o desenvolvimento da doença é totalmente homogêneo em relação ao tempo e à gravidade qualquer que tenha sido a linhagem de camundongo na qual a mutação tenha segregado. Essa afirmação é extremamente interessante, pois, contrariamente a outras mutações neurológicas dos camundongos como, por exemplo, wobbler (wr - crom. 11 - DESPORTES et al., 1994), ela mostra que o processo patológico que leva os animais pmn/pmn a morte é sem dúvida alguma controlado pelo único gene pmn.

pmn não é o lócus homólogo ao lócus responsável pela amiotro-fia espinal do tipo Werdnig Hoffmann humana

Ao longo do trabalho também foi mostrado que, a despeito de fortes semelhanças anatomopatológicas, a mutação pmn não correspondia ao homólogo murino da amiotrofia espinal do tipo Werdnig Hoffmann humana. Este gene (Smn), que agora está clonado, foi mapeado a, mais ou menos, 20 cM do lócus pmn na região telomérica do cromossomo 13 de

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A Mutação pmn: Um Modelo de Neuropatia Humana

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camundongos, exatamente no ponto em que não era esperado, ou seja, na região de homologia com o cromossomo 5 (5q11.2-q13.3), onde o gene humano SMN foi mapeado.

Até o presente momento não existe nenhum alelo mutante espontâneo do lócus Smn e espera-se que esta seja produzida in vitro, por recombinação homóloga nas células ES, quando, então, talvez seja revelada a função desse gene nos camundongos. Poder-se-á, dessa forma, medir o quão as síndromes humanas podem ser semelhantes umas às outras.

Essa ausência de homologia entre pmn e Smn não representa um caso isolado. Ao olharmos as Tabelas 1 e 2 percebemos que grande parte dos genes recuperados nos camundongos e que têm efeitos deletérios sobre o sistema neuromuscular não possuem homólogos conhecidos na espécie humana, e vice-versa. Assim, podemos dizer que nesse estudo de caso o homólogo humano da “síndrome” pmn ainda não é conhecido.

Talvez a hipótese mais plausível para explicar tal observação, seja o fato de que dispomos, até o presente momento, de somente uma pequena amostra dos mutantes potenciais de camundongos. Nesse contexto, os grandes projetos mundiais de indução de novas mutações através de agentes químicos, como o Etil-nitroso-uréia (ENU), abrem sem dúvida algumas perspectivas muito interessantes.

pmn: um bom modelo análogo às amiotrofias espinais

Outro fato relatado neste estudo de caso e que vale a pena salientar foi o sistema de manutenção da mutação desenvolvido. Este consistiu no cruzamento dos indivíduos duplos heterozigoto Xt e pmn entre eles (Xt +/ + pmn), o qual possibilita o reconhecimento, desde o nascimento, dos animais que desenvolverão a doença pmn antes mesmo que os primeiros sinais da patologia apareçam. Tal modelo de manutenção permitiu que a mutação pmn fosse utilizada para testar a eficiência de

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A Mutação pmn: Um Modelo de Neuropatia Humana

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certas estratégias terapêuticas através de substâncias biológicas ou químicas conhecidas por suas atividades na sobrevivência dos neurônios motores. Foi demonstrado, por exemplo, que a administração do CNTF (Ciliary Neurotrophic Factor), sintetizado por fibroblastos geneticamente modificados e enxertados no começo da doença, diminui a velocidade da evolução da doença, mas não consegue pará-la definitivamente (SAGOT et al., 1995b; SENDTNER et al., 1992). Da mesma forma, foi demonstrado que a superexpressão do proto-oncogene Bcl-2 (que secreta uma substância anti-apoptótica) nos homozigotos pmn/pmn não age na progressão, tão pouco na expressão da doença e também não impede a degeneração axonal. Entretanto, foi estabelecido que ela reduz a perda neural no núcleo facial (SAGOT et al., 1995a). Enfim, a administração do fator neurotrófico GDNF (Glial cell line Derived Neurotrophic Factor) produz resultados similares ao CNTF (SAGOT et al., 1996).

Esses resultados levam-nos a pensar que, para essa mutação, o processo patológico fundamental não é um problema do corpo celular, mas, ao contrário: que ela leva a uma neuropatia secundária, e não a uma axonopatia. Além disso, esses estudos mostraram que (1) os mecanismos que levam a uma axonopatia são independentes daqueles que causam as neuropatias e (2) que os fatores neurotróficos têm mecanismos de ação muito específicos e que são diferentes uns dos outros.

pmn, onde está o mal?

O estudo anatomopatológico dos camundongos homozigotos para a mutação pmn mostrou claramente que somente uma parte dos neurônios motores é afetada e degenera, enquanto que a outra parte, aparentemente, sobrevive normalmente. As razões dessa heterogeneidade não são conhecidas, mas, com certeza, a elucidação dessa diferença poderá ser de grande importância na compreensão da fisiopatologia da doença. Poderíamos imaginar que a população de neurônios motores, como a população de linfócitos, ainda que homogêneos do ponto de vista morfológico, na realidade é composta de várias famílias, cada uma respondendo a fatores

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tróficos diferentes. Nesse caso, pmn afetaria somente uma única subpopulação de neurônios motores. Contrariamente, também poderíamos pensar que todos os neurônios motores pertencem a uma mesma família e que a degeneração de alguns deles nos animais pmn, num estado precoce, seria apenas o resultado de um evento já programado, mas que nesses animais estaria acontecendo prematuramente.

Alguns trabalhos realizados com os fatores de crescimento dos neurônios motores (HENDERSON, 1995) tendem a aceitar a hipótese da existência de uma heterogeneidade populacional.

A etapa seguinte

A despeito dos esforços realizados, não foi possível identificar genes candidatos para o lócus pmn, mas, graças ao contig de YAC e BAC construído, sabe-se que o gene está mega pares de bases que foram clonados. Várias estratégias poderão ser seguidas na continuação deste trabalho, quais sejam:

realização um enorme trabalho de subclonagem dos • clones do contig e, em seguida, um sequenciamento sistemático, como vem sendo feito classicamente no homem;

recuperação dos cDNA candidatos através da • hibridização in situ ou a cDNA selection, mas, como já foi dito anteriormente, esta é uma técnica difícil de se colocar em prática;

na realidade, tendo em vista o atual estado dos • conhecimentos e dos meios disponíveis, o mais astucioso e o menos oneroso consiste, sem dúvida alguma, em utilizar as EST já mapeadas na região homóloga humana, que estejam sobre o cromossomo 13 murino e que etiquetem um novo gene. Entretanto, certamente serão encontrados novos marcadores moleculares que permitirão melhorar a resolução do nosso mapa físico.

Uma conclusão tirada da clonagem posicional é que, contrariamente ao que a maioria acredita, ela é, na prática, mais

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difícil de ser concluída nos camundongos do que no homem. No caso descrito, chegou-se muito perto do lócus pmn, já que foi possível criar a quantidade de animais desejados e realizar, dessa forma, um mapa muito preciso em volta do lócus pmn. Entretanto, existe apenas um único alelo mutante para ser comparado ao alelo normal e, caso esta seja uma mutação de ponto, o seqüenciamento de todo o gene deve ser considerado um fato para, quem sabe, identificar a anomalia. Em humanos, ao contrário, os genes que foram clonados o foram porque existia, na maior parte das vezes, uma grande variedade de alelos (os geneticistas humanos falam de famílias), os quais às vezes estavam associados a rearranjos cromossômicos mais ou menos importantes (translocações, inversões, etc.), e sabemos que esses rearranjos são tidos como marcadores de proximidade e ajudam muito no trabalho dos pesquisadores. Nos camundongos, podemos encontrar rapidamente a ordem linear dos genes dentro de um segmento cromossômico, mas eles não permitem identificar facilmente um gene que só possui um único alelo mutante.

O fato de que o lócus pmn não recombina jamais com o lócus Xt pode, de certa forma, confundi as idéias, pois é exatamente o que esperado na medida em que o marcador Xt representa uma pequena deleção. Espera-se colocar no futuro o lócus pmn na frente de um segundo alelo Xt (Pdn, por exemplo), o qual não possui uma deleção, mas corresponde a um pequeno rearranjo cromossômico. Além disso deve-se pensar em refazer o mapa genético da região a partir de um cruzamento envolvendo um cromossomo normal, pertencente a uma outra linhagem de camundongo, e que possua vários marcadores que estejam em repulsão com relação a pmn.

Podemos definir o perfil de um gene candidato?

Atualmente, várias mutações que levam a morte dos neurônios motores foram identificadas pela clonagem posicional humana ou nos camundongos ou, o que é mais freqüente, pelo knock-out de um gene cuja função era total ou parcialmente desconhecida. Os resultados obtidos não permitem definir um

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perfil de uma proteína candidata para o produto do gene pmn.

Genes tão diferentes como Sod1 (Superoxyde dismutase), Il3 (Interleukina 3) ou Nfh (Neurofilament heavy protein) conduzem todos os três a uma amiotrofia espinal com comprometimento dos neurônios motores e suas seqüências nucleotídicas não têm nenhuma homologia.

Nesse ponto admiti-se ainda que os genes que codificam proteínas que têm receptores na superfície das células-alvo produzirão o mesmo tipo de mutação que os genes que codificam para o ligante. Infelizmente, pouquíssimas são as mutações nos camundongos que afetem principalmente o neurônio motor (conhecemos oito mutantes desse tipo). Além disso, para nenhuma delas o gene está clonado ou possui um equivalente conhecido no homem (BRUNIALTI et al., 1995), o que quer dizer que, no final, ao menos oito novas proteínas serão descobertas, todas com um papel importante na manutenção da integridade do neurônio motor... certamente deve existir muito mais que isso!

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FINAL DA HISTÓRIA

O gene responsável pela mutação pmn foi finalmente clonado em 2001 (MARTIN et al., 2002). Para tanto, foi necessário analisar 902 animais F2 mutantes, ou seja, 1804 meioses para, assim, obter-se um mapeamento genético e físico à alta resolução (MARTIN et al, 2001). Um BAC foi isolado contendo o lócus pmn, o qual foi, então, totalmente seqüenciado, sendo possível evidenciar o gene Tbce (tubulin-specific chaperone e) como um forte candidato para a mutação pmn. Após análises de expressão e seqüenciamento do gene nos animais normais e mutantes foi identificado que a mutação levando ao fenótipo pmn era uma substituição de um aminoácido triptofano para uma glicina na posição 524 (Trp524Gly), correspondendo ao último aminoácido da proteína “chaperone e tubulina-específica” (Tbce). Essa substituição levou à queda na estabilidade da proteína. Foi levantada a hipótese de que, em camundongos, a proteína Tbce teria um papel fundamental na manutenção da integridade celular dos neurônios motores, provavelmente agindo sobre a estabilidade ou sobre a dinâmica de polimerização destes. Finalmente, o gene Tbce murino tem seu ortólogo humano TBCE localizado no cromossomo 1. No homem, uma mutação nesse gene causa a Síndrome Kenny-Caffey (PARVARI et al., 2002), cujo fenótipo é totalmente diferente daquele observado nos animais pmn. Essa constatação pode significar que a proteína codificada pelo gene TBCE esteja atuando em diversos tecidos e que mutações diferentes podem ter conseqüências distintas levando a diferentes fenótipos.

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MATERIAL E MÉTODOS UTILIZADOS NO ESTUDO DA MUTAÇÃO pmn

Origem dos alelos mutantes e das linhagens utilizadas

O alelo mutante pmn utilizado no estudo de caso apresentado foi importado do Instituto Panum, em Copenhague, onde foi descoberto num estoque de camundongos da linhagem NMRI/Pan (SCHAMALBRUCH et al., 1991). Machos heterozigotos +/pmn oriundos do estoque de origem foram retrocruzados inúmeras vezes com fêmeas da linhagem 129/Sv-Pas, que corresponde a uma linhagem isogênica mantida no Instituto Pasteur, na França com o objetivo de aumentar o prolificidade dos animais mutantes.

Os alelos mutantes Extra-toes (Xt) e pearl (pe) foram importados do Mammalian Genetic Unit, do M.R.C., Harwell, UK (cortesia dos doutores A. G. Searle e M. F. Lyon). Esses alelos também foram transmitidos para o background genético do tipo 129/Sv-Pas, da mesma forma como foi feito para o alelo mutante pmn.

A mutação Extra-toe (Xt) é autossômica dominante e caracteriza-se, do ponto de vista fenotípico, pela presença de um dedo extra-numerário na face interna das patas posteriores (Figura 28). A mutação pearl (pe) é autossômica recessiva e caracteriza-se por uma forte diluição da coloração da pelagem que pode ser mais bem observada em animais cujo background genético é Agouti-Black (A/-; B/-).

Para o estabelecimento da localização genética da mutação pmn foi utilizado camundongos da linhagem SEG/Pas e STF/Pas, linhagens parcialmente isogênicas derivadas da espécie Mus spretus.

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Material e Métodos Utilizados no Estudo da Mutação pmn

Protocolos experimentais utilizados no estabelecimento do mapa genético

Cruzamentos realizados

Para realizar o mapeamento genético da mutação pmn, foram realizados dois tipos de cruzamentos.

O primeiro cruzamento foi do tipo retrocruzamento • interespecífico implicando as linhagens SEG/Pas e STF/Pas, as quais correspondem às linhagens moderadamente isogênicas provenientes da espécie Mus spretus. Esse retrocruzamento interespecífico foi construído para o mapeamento do lócus pmn através da utilização de marcadores moleculares do tipo microssatélites, que são muito polimórficos entre as linhagens derivadas das espécies Mus spretus e as linhagens de laboratório. Além disso, os microssatélites são facilmente utilizáveis, permitindo assim localizar o lócus pmn relativamente rápido.

Várias fêmeas heterozigotas +/pmn foram cruzadas com machos +/+ STF/Pas ou SEG/Pas para a produção de fêmeas F1 +/pmn? (os machos F1 oriundos desse cruzamento são estéreis). As fêmeas F1 interespecíficas foram retrocruzadas com os machos +/pmn do estoque de origem. Os animais mutantes pmn/pmn foram coletados e utilizados para a análise dos haplótipos.

O segundo cruzamento foi um intercruzamento, • realizado com os animais portadores dos marcadores fenotípicos Extra-toe (Xt) e pearl (pe). Esses cruzamentos foram realizados para (1) confirmar a localização cromossômica da mutação pmn estabelecida com a análise do resultado do cruzamento interespecífico descrito acima e (2) para integrar o lócus pmn num mapa consenso do cromossomo 13 de camundongos, considerando que a mutação Xt também pode ser identificada molecularmente através da sonda Gli20.

Extração do DNA

O baço e, em alguns casos, o cérebro e os rins dos animais homozigotos para a mutação pmn foram coletados e

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Material e Métodos Utilizados no Estudo da Mutação pmn

congelados imediatamente no nitrogênio líquido. Esses órgãos foram, em seguida, triturados no nitrogênio líquido, e o pó obtido foi dissolvido em 5ml de tampão de lise (50mM Tris pH 8; 100mM EDTA pH 8; 1% Sarcosyl). Após 1 hora de incubação a 55°C, foram acrescentados a esse tubo 15µl de proteinase K (20 mg/ml) para cada ml de tampão de lise. A mistura obtida foi incubada a noite toda a 55°C. Após esse tempo, foram adicionados ao tubo 20µl de RNAse (10mg/ml). Depois de uma incubação a 37°C durante 30 minutos, 4 extrações sucessivas foram realizadas (2 de fenol, 1 de fenol/ clorofórmio e 1 de clorofórmio). A solução de DNA obtida foi, em seguida, submetida a uma diálise (tampão de diálise: 10mM Tris pH 4,7; 0,1mM EDTA) duas vezes durante 24 horas numa temperatura de 4ºC. A qualidade do DNA extraído foi verificada através de um gel de agarose 0,3%. O peso molecular médio obtido foi julgado satisfatório quando superior a 40Kb. A concentração do DNA foi calculada pela medida da densidade ótica a 260 nm e o grau de pureza foi apreciado pela comparação com a densidade ótica a 280 nm.

Reação em cadeia da polimerase (PCR)

Iniciadores

Os dados relativos aos marcadores microssatélites testados (seqüências, motivos de repetição, condições de amplificação, tamanho do fragmento amplificado) foram descritos em diversas publicações: AITMAN et al., 1991; CORNALL et al., 1991; DIETRICH et al., 1992; HEARNE et al., 1991; LOVE et al., 1990; MONTAGUTELLI et al., 1991.

Condições de amplificação

De forma geral, as reações de amplificação foram efetuadas em 25ml com as concentrações finais seguintes: 10mM Tris pH 8,4; 50mM KCL; 0,1% Tween 20; 200mM de dATP, dCTP, dGTP, dTTP (Pharmacia). A concentração ideal de Mg2+ foi determinada para cada par de iniciadores. 100ng de DNA e 0,6 U de Taq Polimerase (Amersham) foram utilizados para

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Material e Métodos Utilizados no Estudo da Mutação pmn

cada reação. As reações foram efetuadas nos termocicladores LEP PREM III e TECHNE PHC-3, seja em tubos (40 tubos), seja em placa de Elisa (96 poços). Três programas diferentes foram utilizados de acordo com os iniciadores:

40 ciclos (1’ a 94°C, 1’ a 55°C, 30” a 72°C) precedidos • por uma desnaturação de 3’ a 94°C e seguidos de uma extensão final de 3’ a 72°C;

10 ciclos (1’30” a 92°C, 1’ a 55°C, 30” a 72°C), 40 • ciclos (1’30” a 94°C, 1’ a 55°C, 30” a 72°C), o todo precedido de uma desnaturação, seguida de uma extensão final;

35 ciclos (45” a 94°C, 1’30” a 55°C) precedidos por • uma desnaturação de 3’ a 94°C e seguidos de uma extensão final de 3’ a 72°C.

Análise dos produtos de PCR

Os produtos das diferentes reações de amplificação foram separados num gel de agarose 4% (1% agarose, 3% Nusieve) no tampão TBE (90mM Tris, 90mM ácido bórico, 2mM EDTA) e visualizados na presença de brometo de etídio ou em de gel de acrilamida a 8% a fim de melhorar a resolução das bandas.

Análise do polimorfismo dos microssatélites pela SSCP

Para tanto, as reações de PCR foram feitas num volume de 10µl, a composição e concentrações dos reagentes foram as mesmas, a não ser pelo dCTP frio, que foi substituído pelo dCTP radioativo α33P (0,05mM concentração final). Os produtos de PCR foram diluídos em EDTA 20mM e SDS 0,1%. Uma amostra de 2µl de cada diluição foi misturada a 2ml do tampão de parada do seqüenciamento (blue stop). Essas amostras foram, em seguida, desnaturados a 90°C durante 5 minutos e colocadas, imediatamente, no gelo. Logo depois, as amostras foram separadas num gel de acrilamida não desnaturante (acrilamida 6%) e visualizados por auto-radiografia.

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Análise dos resultados

Para cada marcador microssatélite foi examinado a distribuição dos heterozigotos (dois produtos de amplificação de tamanhos diferentes) e a dos homozigotos (um único produto de amplificação). Os resultados foram analisados por meio de um programa chamado GENE-LINK (MONTAGUTELLI, 1990), que calcula, para cada caso, as probabilidades de ligação entre os loci.

A coleção de DNA do EUCIB

Para estabelecer um mapa genético de alta resolução em torno do lócus pmn, utilizou-se a coleção de DNA do European Collaborative Interspecific Backcross. Essa coleção de DNA formada por 982 amostras, ou seja, 982 meioses originou-se de dois cruzamentos em retorno interespecíficos complementares: um do tipo (C57BL/6 x Mus spretus) F1 x C57BL/6 e outro do tipo (C57BL/6 x Mus spretus) F1 x Mus spretus. Todas essas amostras foram utilizadas no mapeamento dos marcadores microssatélites disponíveis localizados no cromossomo 13. Dessa forma, o mapeamento da sonda Gli20, que corresponde ao lócus Gli3 o qual cosegrega constantemente com pmn (maiores detalhes no estudo de caso), possibilitou integrar o lócus pmn num mapa molecular consenso e de alta resolução.

Protocolos experimentais utilizados no estabelecimento do mapa físico

Preparação do DNA de levedura em blocos de agarose (adapta-do de BIRREN at al., 1993)

O DNA de levedura foi preparado a partir dos esferoplastos com o uso de Novozyme, os quais foram lisados com o dodecil sulfato de lítio. Essa técnica, que nos permite obter cromossomos de levedura intactos, com cada bloco chegando a conter entre 1 e 2µg de DNA, tem um princípio bem simples: uma colônia é inoculada num meio seletivo, sem triptofano nem uracila (meio

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AHC, Current Protocols in Human Genetics, 5.5.7.), e cultivada a 30ºC. Uma parte dessa pré-cultura foi transferida para um meio rico (YPD, Current Protocols in Human Genetics, 5.5.8.) para a obtenção de uma cultura próxima à saturação, no dia seguinte (D.O. à 600nm = +/- 3). A cultura, em seguida, foi centrifugada e o pellet ressuspenso em uma solução contendo 10mM Tris-HCl pH 7,5, 50mM EDTA pH 7,5 e lavado uma segunda vez em 10ml de SCE (1 M sorbitol; 0,1 M citrato de sódio pH 5,8; 10 mM EDTA pH 7,5). Após centrifugação, as células foram ressuspendidas num volume de SCE tal que a concentração em células fosse a de 4 x 109 células por ml. Acrescentou-se, então, um volume igual de agarose Seaplaque GTG (FMC) 1,5 % preparada no SCE e contendo 8 mg/ml de Novozyme (Sigma, L3768), e o todo foi conservado a 50°C. A mistura foi rapidamente colocada em formas de Plexiglas para formar blocos. Para a formação de esferoplastos, os blocos foram transferidos para uma solução de SCE contendo 10 mM de DTT e incubados 2 horas a 37°C. A lise das células foi realizada numa solução contendo 1% de dodecil sulfato de lítio, 100 mM EDTA e 100 mM Tris-HCl pH 8 durante 16 horas. Os blocos foram, em seguida, lavados no TE (10mM Tris-HCL pH 8; 1 mM EDTA pH 8) e conservados em 10 mM Tris e 10 mM EDTA a 4°C.

Alguns lotes de Novozyme não são, porém, totalmente puros e podem conter DNAse. Cada lote desse produto deve, então, ser testado individualmente.

Eletroferese e campo pulsado e hibridização

Com a utilização do aparelho CHEF DR II (Biorad), o qual produz um campo elétrico homogêneo a partir de um dispositivo hexagonal de 24 eletrodos, estes são ativados de tal forma que produzem alternativamente dois campos elétricos, nos quais os vetores de corrente formam um ângulo de 120º um em relação ao outro. A concentração da agarose, a concentração e a temperatura do tampão, a voltagem, a duração das pulsações e a duração total da eletroferese são fatores que afetam o resultado final da migração (BIRREN et al., 1993).

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Na prática, as eletroforeses são realizadas na agarose Seakem GTG (FMC) a uma concentração de 1% em 0,5 x TBE. As condições da eletroforese são adaptadas ao tamanho do DNA que será separado, seguindo-se as recomendações de Birren e Lai (1993). A quantidade de DNA depositada em cada pista não deve ultrapassar 10 mg. Foram utilizados como marcadores de peso molecular os cromossomos de Saccharomyces cerevisiae (16 cromossomos de 225 a 1900 Kb; Yeast chromosome PFG Marker, New England Biolabs) e um padrão de concatâmeros de fagos Lambda (padrão de 48,5 Kb a 1018 Kb, Lambda Ladder PFG Marker, new England Biolabs).

Para a análise em Southern, o DNA, após a migração, foi transferido para uma membrana de Nylon N+ da seguinte maneira: após coloração no brometo de etídio, o DNA foi depurinado em HCl 0,25 N durante 8 minutos; em seguida, foi neutralizado por 30 minutos em 0,5 M Tris-HCl pH 7. A transferência para a membrana foi realizada em 1,5 M NaCl; 0,5 M NaOH, durante toda a noite. Após esse tempo, a membrana foi neutralizada em Tris-HCl 0,5 M pH 7 e, em seguida, foi lavada em 2 x SSC (0,33 M NaCl; 0,03 M Na3-citrato-2H2O).

As hibridizações foram realizadas na presença do tampão de hibridização Church, a 65°C, a noite toda. Após a hibridização, os filtros foram lavados no SSC 0,1%, SDS, a 65°C.

Isolamento das extremidades dos cromossomos artificiais de levedura pela PCR-inversa (adaptado de ARVEILER; PORTEUS, 1991)

O DNA do YAC foi digerido por uma enzima cujo sítio de restrição está presente no vetor. O DNA digerido foi, em seguida, religado sobre si mesmo. Entre as moléculas circulares, algumas possuem um fragmento do vetor flanqueando uma extremidade do YAC. Utiliza-se, em seguida, iniciadores específicos do vetor para amplificar a extremidade do YAC (Figura 37).

Na prática, meio bloco de DNA de levedura (0,5 a 1 ng de DNA) foi digerido durante 3 horas por enzimas apropriadas

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(braço esquerdo: TaqI, RsaI, EcoRV; braço direito: PstI, RsaI, EcoRV). Recomenda-se acrescentar soro de albumina bovina (BSA) e espermidina. Após digestão, os blocos foram lavados em 10 mM Tris-HCl pH 7,5 e em 10 mM EDTA e colocados dentro de 200 a 400 µl (1/2 ou 1 bloco) do tampão de ligação 1X. Após incubação durante 10 minutos a 65°C, o ATP foi acrescentado a uma concentração final de 1 mM, 2 unidades de B-agarose (Calbiochem) e 40 unidades de ligase (Biolabs). A mistura foi incubada durante 2 horas a 37°C, seguida de uma hora à temperatura ambiente e, finalmente, a noite toda a 14°C. Dessa mistura, 5 µl foram utilizados para a PCR. A reação de amplificação foi realizada em 100µl com 100 ng de cada iniciador:

Braço esquerdo: 1. GAATTGATCCACAGGACGGG2.GCCAGTTGGTTTAAGGCGC

Braço direito: 1. GGAAGAACGAAGGAAGGAGC2. GCCCGATCTCAAGATTACG

Condição de amplificação: 95°C, 5 minutos, seguido de 30 x 94°C 45 segundos; 60ºC, 1 minuto; 72°C, 2 minutos. Os produtos foram analisados em gel de agarose e clonados.

Mapa de restrição do contig de YAC

O mapa de restrição do contig foi construído através da execução de digestões totais e parciais do DNA dos YAC. Na prática, os blocos são lavados quatro vezes durante 30 minutos no TE a 40°C e equilibrados no tampão de restrição 1X durante 60 minutos no gelo (utilizar 300 µl finais para cada bloco de 100ml).

O tampão de restrição 1X é, em seguida, substituído por uma solução de digestão completa, ou seja, tampão de restrição 1X, soro de albumina bovina 500 mg/ml, espermidina nas respectivas concentrações (5 mM para os tampões de restrição cuja concentração em sal seja de 50-100 mM; 10 mM para

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aqueles cuja concentração em sal seja superior a 100 mM), 1 mM de DTT e um número adequado de unidades de enzima. Não se deve colocar a espermidina nas digestões com a enzima SfiI. A reação é colocada um hora no gelo antes da incubação à temperatura adequada. As digestões completas são realizadas a noite toda.

Para reações parciais, utiliza-se o mesmo número de unidades de enzima colocado na digestão completa, porém o tempo de incubação é modificado. Em geral, tempos de incubação entre 8 a 20 minutos são suficientes para se obterem bons resultados na digestão parcial (HAMVAS et al., 1994). As condições de digestão parcial devem ser testadas para cada preparação de DNA em bloco de agarose. As reações são paradas acrescentando-se ao tubo 500µl de EDTA 500mM no gelo. Recomenda-se lavar os blocos no tampão de eletroforese antes de carregar o gel.

Após a eletroforese e transferência na membrana de Hybond-N+, os produtos de digestão parcial são revelados através da sonda de um fragmento do DNA que reconheça ou o braço direito do pYAC4 (fragmento PvuII/ SalI de 1.4 Kb proveniente da digestão do plasmídio pBR322) ou o braço esquerdo do pYAC4 (fragmento PvuII/ EcoRV de 2,3 Kb proveniente da digestão do plasmídio pBR322). Os fragmentos provenientes da digestão total são revelados com o DNA genômico de camundongos ou o DNA Cot-1 (Life Technologies).

Preparação do DNA genômico a partir do BAC

A preparação do DNA genômico a partir do BAC é idêntica a uma miniprep de DNA a partir das bactérias. As células cultivadas durante toda a noite a 37°C no meio LB + cloramfenicol são centrifugadas por 30 minutos (1,5 ml de células). O meio é descartado e o pellet é ressuspendido em 100 µl da solução I (50 mM glucose; 20 mM Tris-HCl pH 8; 10 mM EDTA pH 8). Os tubos são, então, colocados no gelo e a eles são acrescentados 200 µl da solução II (0,2 N NaOH; 1% SDS), agitando-os de 7 a 9 vezes, quando são recolocados no gelo.

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Acrescentam-se, em seguida, 150 µl da solução III (acetado de potássio 3 M pH 4,8) e os tubos são agitados novamente. Segue-se uma centrifugação à temperatura ambiente durante 1 minuto e o sobrenadante é transferido para um novo tubo. Segue-se uma precipitação com etanol. Os pellets são ressuspendidos em 20 µl de TE e são pegos 5 µl para a digestão enzimática.

A migração em campo pulsado foi feita durante 18 horas. A duração das pulsações foi estabelecida em 5 segundos durantes 6 horas no começo; em seguida, ela passou a 10 segundos durantes 6 horas e, finalmente, 15 segundos durantes 6 horas. Para essa migração utilizou-se um gel de agarose 1% e 0,5 x TBE a 14°C.

Isolamento e caracterização das seqüências codificadoras

RT-PCR

O RNA total foi extraído utilizando-se o método de uma única etapa descrito por Chomcznski e Sacchi (1987) e adaptado pela Biolabs.

As reações de RT-PCR foram realizadas essencialmente como descritas por Kawasaki e outros (1990). Dois mg de RNA total foram tratados com uma unidade de DNAseI (Life Technologies) durante 30 minutos à temperatura ambiente. A reação foi parada acrescentando-se ao tubo 2 mM de EDTA e incubado durante 10 minutos a 65°C. Essa técnica também pode ser iniciada utilizando-se 200 ng de RNA poly(A+), o que evita o tratamento posterior com a RNAse. A primeira fita de cDNA é sintetizada através da transcriptase reversa Superscript II (Life Technologies): 200 unidades de Superscript são colocadas ao RNA na presença de 10 picomoles de hexâmeros aleatórios e 10 picomoles de cada dNTPs. A reação de transcrição é realizada a 37°C (ou 42°C) durante 30 minutos num volume final de 20 µl. Dois µl da reação são utilizados para a amplificação pela PCR com iniciadores específicos do lócus estudado. Toda reação de transcrição reversa do RNA deve ter uma reação de PCR controle que não contenha a RT-PCR. Os produtos de amplificação são

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revelados pela hibridização através de uma sonda específica, após migração em gel de agarose e transferência em membrana de nylon Hynbond-N+.

Amplificação dos éxons

O princípio da captura dos éxons foi apresentado na introdução e pode ser visualizado na Figura 38.

O vetor pSPL3

O vetor de expressão pSPL3 (Figura 39) contém uma origem de replicação para a bactéria E. coli, um gene de resistência a ampicilina e um segmento do vírus SV40 para replicação e transcrição das células eucariotas COS-7. Um sítio de clonagem múltipla foi inserido no íntron do gene Tat do HIV. Esse íntron está cercado pelos sítios doador e aceptor de emenda. Esse conjunto, por sua vez, está cercado das seqüências exônicas do gene Tat e do gene da β-globina.

Um dos inconvenientes desse vetor é a presença de um sítio crítico de splicing. Caso ocorra um processamento dos íntrons através deste sítio, o resultado será um éxon dito quimérico.

Os produtos dos processamentos das seqüências do vetor sozinho, das seqüências desprovidas de éxon genômico e também daquelas provenientes do processamento quimérico, podem ser eliminados através de uma digestão enzimática.

Para a clonagem no vetor pSPL3, o DNA do BAC é digerido pela enzima de restrição BamHI e BglIII (ou somente BamHI) e ligado ao vetor que foi igualmente digerido por BamHI e desfosforilado. Um controle é realizado ligando-se o vetor a ele mesmo, sem inserto. Após eletroporação, 100 µl da reação são semeados no meio de cultura LBA, o restante da solução de clonagem é utilizado na cultura líquida. Avaliamos a qualidade da clonagem comparando a eficiência, ou seja, o número de colônias obtidas entre a clonagem-teste e o controle. Uma

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clonagem é considerada eficiente quando o número de colônias obtidas na clonagem-teste é 10 vezes superior ao do controle.

Transfecção das células COS-7

As células COS-7 são originadas dos rins de um macaco verde, as quais foram transformadas, por derivado do SV40 defeituosos, no sítio correspondente à origem de replicação. Essas células assim modificadas permitem a replicação ativa do vetor que, como o pSPL3, contém as seqüências ARS do SV40 ausentes nas células hospedeiras.

Para tanto, 1µl do DNA plasmidiano é transferido para as células COS-7 através do método de lipotransfecção, de acordo com o protocolo da empresa (reativo Lipofectase, Life Technologies). Observamos que qualquer contaminação das células COS por micoplasmas é responsável pela perda total do experimento. Dessa forma, é de suma importância que seja verificado regularmente se essas células não estão contaminadas pelos micoplasmas. Para tanto, o kit comercial Mycoplame PCR Primer Set (Stratagene) permite o controle delas via PCR.

Isolamento do RNA citoplasmático

O RNA citoplasmático é isolado 48 a 72 horas após a transfecção pelo método de extração utilizando o agente químico tiocianato de guanidina e fenol-clorofórmio (CHOMCZYNSKI; SACCHI, 1987).

Amplificação e clonagem dos éxons capturados

Os RNA produzidos pela transcrição do vetor pSPL3 podem ser amplificados pelos iniciadores específicos do vetor (SA2, SD6, dUSD2 e dUSA4, Figura 39). As seqüências de cada um deles são as seguintes:

SA2: ATCTCAGTGGTATTTGTGATC(complementar às bases 3245 a 3275 do vetor pSPL3)

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SD6: TCTGAGTCACCTGGACCACC(complementar às bases 607 a 626 do vetor pSPL3)

dUSD2:CUACUACUACUAGTGAACCTGCACTGTTGACAAGCT(complementar às bases 651 a 671 do vetor pSPL3)

dUSA4:CUACUACUACUACACCTGAGGAGTGAATTGGTCG(complementar às bases 3178 a 3199 do vetor pSPL3)

A síntese da primeira fita de cDNA é realizada utilizando-se o iniciador SA2. Após tratamento da fita de RNA com RNAaseH, a fita simples de DNA é convertida em dupla por um pequeno número de ciclos de PCR através dos iniciadores SA2 e SD6. Para serem eliminados os produtos oriundos do processamento somente do vetor ou os produtos falsos positivos (processamento quimérico), é necessário proceder a uma digestão completa com a enzima BstXI. Nessa etapa, a qualidade da enzima é fundamental para a eficiência do experimento. Uma parte do produto de digestão é, em seguida, utilizado numa segunda amplificação pela PCR com os iniciadores internos dUSD2 e dUSA4, que contêm dUMP, para posterior clonagem no vetor pAMP10 (Life Technologies), o qual permite a clonagem dos produtos de PCR sem passar pela etapa de purificação. Se os clones obtidos possuem insertos maiores que 177 pb, o que corresponde à distância entre os iniciadores dUSD2 e dUSA4, eles possuem a priori um éxon. Freqüentemente observamos a produção de clones contendo fragmentos do vetor (seqüências do HIV e globina), talvez em razão do sítio crítico presente no vetor pSPL3. Por isso, antes de se proceder ao estudo dos éxons amplificados, uma sondagem através de hibridização com sondas de fragmentos de HIV e do vetor pSPL3 é realizada nos éxons obtidos. Aqueles que reagirem positivamente à hibridização são eliminados.

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Sequenciamento

Métodos

As reações de seqüenciamento foram realizadas de acordo com o método de Sanger, através do kit comercial Sequenase II (USB), para um seqüenciamento manual.

Análise das seqüências

As seqüências obtidas foram introduzidas num programa chamado Genework. Cada seqüência foi comparada às já existentes no banco de dados via BLAST, acessível por email no National Center for Biological Information, NCBI ([email protected]). Algumas das seqüências também foram analisadas com o programa GRAIL, também acessível pela Internet, que prediz a existência de seqüências codificadoras.

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106

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Anexos

ANEXO I- FIGURAS

Clonagem pela Função Clonagem Posicional

Doença Doença

Mapeamento MapeamentoFunção Função

Gene Gene

Figura 1: As estratégias da clonagem

Ilustração das duas estratégias de que dispomos para conhecer a função de um gene qualquer.

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108

Anexos

Figura 2: Mutação alcaptonúria (aku).

A urina do animal doente torna-se escura após o contato com o ar após o processo de oxidação. Na foto, o animal afetado está à direita; e à es-querda, o normal.

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Anexos

Figura 3: Animal modelo da fenilcetonúria (PKU) humana.

Os camundongos pertencem à mesma linhagem (BTRB). A despigmenta-ção observada no animal de cor marrom (à direita) é um componente da síndrome da feniltonúria.

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Anexos

900 800 700 600 500 400 300 200 100 0

HumansMice

Xenopus

D.Melagonaster

C. elegansmyr bp

Figura 4: Relações evolutivas entre os modelos mais utilizados em labo-ratório.

Os tempos aproximados em divergências evolutivas entre organismos citados e seus ancestrais comuns estão indicados ao longo de uma linha do tempo, numa escala de milhões de anos (SIILVER, 1995).

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Anexos

XY

XY

X; Y

UN

MT

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 X Y XY UN MT123456789

1011121314151617181920

21

22

Total Orthologies: 10137Total mapped in booth species: 9677

mouse, laboratory

mouse, laboratory

human

human

1 1

1

1

1

1

1 1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

11 1

1

1

11

1

1

1

11

11

11

11

11

1

1

1

1 1

1 1

1

1

1

1

1

1

1

1

274 3 282 355 10 4 18 12 2 15 58

249 124 32 81 2 41

41

41

50 2 62 5

5

39

79 76 191 54 135

37

20

12

7

3

11

28

6

25

11

13

12

8

21

32

16

12

16

20

20

14

11

23

2

2

2

2 2

2

2

2 23

3

3

3

3

3

3

3

34

4

7

5

5

8

10

10

10

10

257

9

79 80

13 11 21 29 111 45

92 2034

275 98 37 76 45

370

16 104

96 205

128

207

579

82

99

106

48 60

15 19 36

36

43

132

148

157

158

44

105 140

20572

45

127

34 3419

140

12 50

59 112

195 171

79

33 15

248

44 134

112

159107

11833

61211104

18 22

Figura 5: Oxford Grid.

Cada célula representa uma comparação entre dois cromossomos – um do camundongo e outros do homem. O número de ortologias aparece entre cada célula (Cinza 1; Azul 2-10; Verde 11-25; Alaranjado 26-50; Amarelo 50 ou mais). FONTE: MGI ( www.informatics.jax).

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Anexos

Figura 6: A mutação pmn

A fraqueza dos animais pmn (à direita na foto) caracteriza-se pela incapaci-dade de esticar os membros posteriores quando são erguidos pela cauda.

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Anexos

a b

cd

A

A

Figura 7: Cortes histológicos.

(a) Corte do músculo sóleo de um animal homozigoto com quatro sema-nas, já apresentando uma atrofia neural. A largura das fibras é normal. (b)(c) são terminações nervosas do mesmo músculo. O axônio terminal (A) apresenta-se inchado e não possui vesículas sinápticas (b), ou estas estão diminuídas (c). (d) Corte longitudinal de um nervo plantar de um camun-dongo mutante de cinco semanas. As mielinas restantes têm formato redondo ou oval, indicando um processo de degeneração axonal. Barras: 50mm (a, d) e 1mm (b, c) .

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114

Anexos

ba

Figura 8: Nervo frênico.

Corte do nervo frênico de um animal normal (a) e de um animal mutante, ambos com quatro semanas. Pode-se notar uma abundante perda dos axônios mielinisados.

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Anexos

Figura 9: Fenótipo obeso.

O animal na parte superior da foto é obeso, conferido por uma mutação espontânea no gene da leptina. A leptina (Lep) é uma proteína envolvida na regulação dos lipídeos. Ela está presente predominantemente nos tecidos adiposos. Nos camundongos homozigotos para mutação obese, o gene Lep está mutado e a leptina está ausente. Esses animais ingerem uma quantidade excessiva de alimentos (hiperfagia) e possuem diabete, intolerância à glicose e uma concentração de insulina plasmática elevada.

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116

Anexos

10 Mb (5-10 c M) A

A

B

B

C

D

100 Kb

10 Kb

...TAGCTGCTAGCTA...

...TAGCTGGTAGCTA...

éxon

íntr

on

Figura 10: Principio da clonagem posicional.

O esquema acima representa uma clonagem, utilizando-se os clones do tipo YAC (Yeast Artificial Chromosome). O mesmo pode ser feito com os BAC (Bacterian Artificial Chromosome). Nesse esquema, a mutação que le-vou ao aparecimento do fenótipo anormal é uma transição de uma citosina para uma timina, o que causou a troca de um aminoácido leucina por um códon de parada, característico de uma mutação de sentido trocado.

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Anexos

Camundongo A Linhagem BLACK

X

X X

Camundongo B Linhagem WHITE

F1 Híbrido

Retrocruzamento Intercruzamento

N2 F2

Figura 11: Tipos de cruzamentos utilizados nos projetos de mapeamento.

O intercruzamento, utilizado em mapeamentos de mutações recessivas, produz dois cromossomos informativos (resultantes dos eventos de recombinação para cada indivíduo Fl do casal estabelecido). O retrocru-zamento pode ser utilizado, tanto para o mapeamento de mutações ou traços recessivos como de dominantes; o que varia é o parental utilizado no cruzamento com Fl. Nesse tipo de esquema, é produzido apenas um cromossomo informativo (resultante dos eventos de recombinação do indivíduo Fl utilizado).

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Anexos

retrocruzamento

X

locus 1n

N

m

+

locus 2r

n m r

n

n

m r

n m

m

n m r

n m rR

análise de 1000 descendentes

gamentas do heterozigoto haplótipos não

informativos

haplótipos informativos

N + R

N

N

N

+

+

+

R

R

R

R

R

locus 1 mutação locus 2

descendentes

fenotipagem

[+]

[+]

[m]

[m]

[+]

[+]

[m]

[m]

genótipos para os dois marcadores

N/nR/rn/nr/rN/n

N/n

N/n

R/r

R/r

R/r

n/n

n/n

n/n

r/r

r/r

r/r

animais não informativos

animais informativos (genotipados com outros

marcadores)

Figura 12: Estratégias do mapeamento.

Identificação dos animais informativos para refinar a localização da muta-ção (no caso de um retrocruzamento).

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119

Anexos

5 4 3 2 1domesticusmusculusmolossinuscastaneusbacterianus

Mu

s mu

sculo

s

spretusspicilegus

macedonicusfragilicauda

famulus

carollcookicervicolor

dunni

Pyromys

Coelomys

Nannomys

Sub

gen

us M

us

Oth

er su

bg

enera

TRENDS in Genetcs

Figura 13: Árvore filogenética da ordem muridae.

Por meio da análise de dados moleculares coletados a partir da comparação das seqüências de DNA mitocondrial e genômico, nós podemos reconhecer várias espécies diferentes de camundongos pertencentes ao gênero Mus. FONTE: Guénet et Bonhomme, Trends in genetics, vol. 19, pp. 20-31, 2003.

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120

Anexos

Alelo 1 Alelo 2

R1 R1R2 R3 R3

sonda sonda

linhagem 1 linhagem 2

locus A locus A

Figura 14: Ilustração do principio de RFLP (Polimorfismo de Comprimento de Fragmentos de Restrição.

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121

Anexos

Alelos

#1

#2

#3

CACACACACACACA

CACACACACACACACACACACA

CACACACACACACACACA

Genótipos

1/1 2/2 3/3 1/2 1/3 2/3

Figura 15: Meios microssatélites e sua detecção.

Três alelos diferentes de um locus microssatélite composto de repetições CA. As setas representam os iniciadores locus específico utilizados na am-plificação. No esquema que se segue está representado um gel de eletro-forese com os padrões que seriam observados para os diferentes alelos.

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122

Anexos

DNA fita dupla

CGTAGCTGATCGATGCGCATCGACTAGCTACG

CGTAGCTGGTCGATGCGCATCGACCAGCTACG

Fita 1Fita 2

Amostra A

Fita 1Fita 2

Amostra B

Corrida no gel

Amostra A Amostra B

Sentido da migração do

DNA

Desnaturaçãoe

Resfriamento

Figura 16: SSCP - Alelos e sua detecção.

A conformação tridimensional assumida pela fita simples de DNA após resfriamento interfere diretamente na velocidade de migração no gel. A conformação é dependente da seqüência que a fita apresenta. Sendo as-sim, seqüências diferentes (mesmo em apenas uma base) terão diferentes velocidades de migração. Neste esquema estão ilustradas duas amostras com uma base de diferença em suas seqüências; após desnaturação e resfriamento a conformação que cada fita assume; em seguida um gel revelando o polimorfismo existente

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Anexos

Figura 17: Mapa comparativo das regiões de ortologia entre o cromos-somo 13 murino (à direita) e os segmentos cromossômicos 1, 3, 5, 6, 7, 9 e 10 humanos.

Os histogramas representados do lado direito do cromossomo 13 murino correspondem aos cromossomos humanos homólogos. O número de cada cromossomo está indicado acima do histograma. O tamanho de cada uma das barras posicionadas nos histogramas indica o número de genes ortólo-gos entre o homem e o camundongo localizados naquela região. Fonte: www.informatics.jax.org.

Cr. 13

7

9

61

10

3

5

10 c

M

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Anexos

Vetor pYAC

TELTEL

Sítio de clonagem

O vetor é digerido de tal forma que libere os dois braços

Braço esquerdo

Tranformação de esferoplastos epropagação na Saccharomyces cerevisiae

Ligação

Braço direito

TELTEL

Digestão parcial (produção de fragmentos de várias centenas de Kb

DNA genômico

TRP

ARS

CEN

URA

Figura 18: Princípio da clonagem em YAC.

O vetor de clonagem (pYAC) é digerido de maneira a produzir dois braços. O braço esquerdo contém a região denominada ARS (origem de replicação autônoma), um centrômero (CEN), uma seqüência que permite a formação de um telômero funcional in vivo (TEL) e um marcador de seleção (TRP). O braço direito contém a seqüência TEL e um segundo marcador de seleção (URA). A ligação desses braços a grandes fragmentos de DNA genômico (humano, animal, etc) obtidos pela digestão parcial conduz à formação do cromossomo artificial de levedura (YAC), o qual é introduzido dentro do organismo Saccharomyces cerevisiae. Nele, o YAC é capaz de se replicar (graças à seqüência ARS), de estabilizar sua extremidades (graças às se-qüências TEL) e de se repartir de maneira correta entre as células filhas no momento da divisão celular (graças às seqüências CEN).

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Anexos

Hind III Bam HI Xmal, Smal, Notl, Bgll, Sfil

Nat I Eag I

Sacl

SaclSal I Sal I

pBAC108L

CMR

parB

parA

repE

oriS

loxP

cosN

promotor T7 promotor Sp6

Figura 19: Construção do vetor BAC.

O vetor BAC é um derivado do epsomo F e possui os genes oriS e repE — que regulam a replicação — e os genes parA e parB que controlam o número de cópias do plasmídio ( uma ou duas) na bactéria. CMR é o gene de resistência ao antibiótico cloramfenicol. No sitio de clonagem, o vetor BAC possui: (i) os sítios cosN e loxP do bacteriófago lambda e (ii) dois sítios de clonagem (HindIII e BamHI). As seqüências dos promotores T7 e SP6 servem para o seqüenciamento da porção de DNA inserida na junção vetor- inserto.

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Anexos

DNA genômico de alto peso molecular

Digestão e fragmentação de grandes fragmentos de DNA (várias centenas de Kb)

Ligação na presença de um marcador de seleção e em baixa concentração de DNA

Circularização dos fragmentos de DNA

Digestão

Fragmento de junção

Clonagem dos fragmentos de DNA no vetor adequado, por exemplo, um bacteriófago

Banco de fragmentos de “jumping”

Sondagem de uma biblioteca através do

Figura 20: Ilustração da técnica do salto no cromossomo.

O DNA genômico é digerido e os produtos são ligados na presença de um marcador de seleção – por exemplo, o gene supF – cuja presença deste marcador permite selecionar os clones de junção (aqueles que contêm os fragmentos de DNA que normalmente estariam distantes um do outro no genoma de origem). As moléculas de DNA circular são, em seguida, digeridas por uma endonuclease compatível com a clonagem em um vetor adequado. A maior parte das moléculas obtidas correspondem ao DNA contíguo e apenas uma pequena porção de fragmentos pertencem ao DNA de junção. Uma biblioteca é então construída, utilizando, por exemplo, um bacteriófago. O fago só poderá se propagar se tiver o marcador de seleção supF. Isso quer dizer que apenas os clones que contêm o fragmento de junção estarão presentes na biblioteca. Um fragmento de DNA pode ser isolado pela sondagem da biblioteca por meio de uma sonda de DNA, mesmo localizado a várias dezenas ou centenas de Kb daquela sonda.

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Anexos

contig n

BAC n°1

BAC n°2

BAC n°3

marcha sobre o cromossomo

contig n contig n+1

contig n+1

DNA cromossômico

intervalo entre dois contigs está definido

seqüenciamento da extremidade do BACn°1definição de uma STSBusca de novo BAC portando tal STS (sondagem de biblioteca)

seqüenciamento da extremidade do BACn°2definição de uma STSsondagem de biblioteca

Figura 21: A marcha sobre o cromossomo.

O sequenciamento da extremidade do BAC n° 1 fornece uma sequência única amplificada pela PCR (STS). Um BAC portador desta sequência é procurado numa biblioteca genômica. Este BAC permite aumentar a região clonada. Pode-se igualmente utilizar a outra extremidade do BAC n° 1 para “marchar” sobre o cromossomo “para o outro lado”.

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128

Anexos

mRNA

cDNA

PCR

PCR

Retrotranscrição

Extração do RNA citoplasmático

Transfecção dos mRNAEmenda

Tranfecção em célular de mamíferos

éxon éxoníntron

SA

SA

SD

SD

Vetor de expressão

sítio de poliadenilação

Fragmento genômico contendo um éxon

AAAAAAAAAAA

= éxon cerdado pelas seqüências do vetor

Figura 22: Princípio da amplificação dos éxons internos ou Éxon-Trapping.

Os genes, nos organismos eucariotos, apresentam-se em forma de mo-saicos, em que as seqüências codificantes (éxons) são interrompidos por seqüências não codificantes (íntrons). Os íntrons são transcritos antes de serem eliminados num processo denominado de emenda (splicing). Quatro seqüências de DNA têm papel importante nesse processo: o sítio

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Anexos

doador de emenda (SD) em 5’ do íntron, o sítio aceptor de emenda (SA) em 3’ do íntron, o sítio de junção e uma região de resíduos pirimidinas. Na amplificação do éxon, o DNA genômico a ser analisado é clonado num vetor de expressão. O sítio de clonagem está localizado dentro de um íntron de um dado gene e é, portanto, enquadrado pelos sítios doador e aceptor de emenda. Em seguida, a construção é colocada para propagação dentro da bactéria E. coli. O DNA é então isolado e transfectado nas células eucariotas. Caso o DNA analisado contenha um éxon e que este tenha sido inserido na orientação correta, ou seja, de 5’ para 3’, ocorrerá à emenda entre as seqüências do vetor e do inserto. O produto final dessa emenda será um RNAm quimérico que possui a seqüência do éxon do DNA testado, enquadrado pela seqüências dos éxons do vetor. Tais moléculas de RNA são extraídas e convertidas em cDNA pelo método de RT-PCR (retrotran-scrição). As moléculas de cDNA são, então, amplificadas pela PCR através dos oligonucleotídios específicos do vetor. Caso o produto de amplificação seja maior em pb que a distância que separa os oligonucleotídios no vetor, é um forte indicativo de que um éxon foi clonado.

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Anexos

Digestão do DNA genômico (YAC, ...)

+ adaptador+ iniciador biotinilado

PRC

Hibridização em meio líquido

Captura do híbrido sobre as bilhas de estreptavidina

bilha magnética + estreptavidina

Educação do cDNAAmplificaçãoClonagem

Biblioteca de DNA

Figura 23: Captura de cDNA por afinidade

O DNA genômico é digerido e ligado aos adaptadores. A construção é en-tão amplificada através de oligonucleotídios biotinilados e específicos dos adaptadores. O DNA amplificado é, em seguida, hibridizado, em condição de alta estringência, a moléculas de cDNA. Os híbridos cDNA-DNA genômico biotinilado são recuperados por meio de bilhas magnéticas cobertas de es-treptavidina. Os cDNA não específicos são eliminados por meio de lavagem. Os cDNA específicos restantes são eludados, amplificados e clonados.

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131

Anexos

3’ RACE5’ RACEmRNA

Adaptador

cDNA

GSP1

GSP2

AAAAAAAAAAAAAAAAA3’

AAAAAAA3’

TTTTTTT

TTTTTTT

TTTTTTT

TTTTTTT

Iniciador complementar ao adaptador

Iniciador complementar ao adaptador

5’mRNA

5’

GSP

GSP

GSP

GSP

cDNA

Acréscimo de uma cauda poli (dC)

(dC)nCCCCCCCCCC

(dC)nCCCCCCCCCC

GGGGG(dG)n

Figura 24: Principio da RACE.

Para obter as extremidades 3’ (3’RACE), o RNA é retrotranscrito através de um oligonucleotídio constituído de resíduos dT e de uma seqüência adaptadora. As amplificações são realizadas através de um oligonucleotídio derivado do gene de interesse (GSP1, GSP = gene specific primer) e de um outro complementar ao adaptador. Uma segunda amplificação é realizada com oligonucleotídios especí-ficos internos (GSP2) e aquele complementar à seqüência adaptadora. Utilizando-se a mesma estratégia, pode-se obter a extremidade 5’ (5’RACE). A retrotranscrição é feita através de um GSP. Uma cauda poli(C) é acres-centada ao cDNA fita simples. A amplificação é realizada por meio de um oligonucleotídio poli(G) e de um outro específico GSP1. Uma segunda amplificação é, então, realizada com um oligonucleotídio complementar ao adaptador e um outro específico mais interno.

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132

Anexos

FenótipoGenotipagem~20 animais afetados~80 marcadores

Cromossomos

Mapeamentos à altaresolução100-1000 meiosesSSLPs/SNPs

Intervalo com o GeneCandidatoSequenciamento

Mutação

Marcadores MbA

B

C

D

E

F

G

H

Afetado

Não Afetado

Linhagem 1 Linhagem 2

35,410,613

35,426,474

36,034,000

36,149,287

37,125,950

37,963,422

38,061,429

38,079,638

438 2 1 1 2

73 2 2

A2 A3 B1 B2 B3 C1 C2 C3 D1D2 D3 E F1 F2

Figura 25: Identificação da mutação.

Assim que uma mutação é isolada (parte de cima da figura, aqui repre-sentada por um fenótipo afetando a coloração da pelagem), os estudos genéticos começam através de cruzamentos que gerem recombinantes que servirão na genotipagem. A genotipagem é realizada através de marcadores moleculares polimórficos entre as duas linhagens utilizadas no cruzamento. Geralmente estes marcadores são os microssatélites (SSLPs) ou SNPs. Este processo leva a identificação do cromossomo portador do lócus mutado (o esquema apresentado é meramente ilustrativo), geral-mente determinado num intervalo candidato entre 10 à 20Mb (Mega pares

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133

Anexos

de bases). O passo seguinte é refinar a região candidata mapeada através do mapeamento à lata resolução. Para tanto, é preciso aumentar o número de meioses analisadas, este número pode variar dependendo do número de marcadores polimórficos disponíveis na região e da densidade gênica (de 100 a 1000 meioses). Ao final, o intervalo candidato delimitado ficará entre 1-2 Mb. No exemplo da figura, a mutação recessiva induzida na linha-gem C57BL/6 foi mapeada à alta resolução usando animais cruzados com a linhagem 129SvEv. Aqui, 529 animais foram genotipados com 8 marcadores distribuídos ao longo dos 4,6 Mb que compõem a região candidata e 10 re-combinantes foram encontrados. Estes animais ou meioses recombinantes possibilitaram redefinir a região, a qual foi reduzida para 1,8 Mb. Nesta altura do trabalho, o sequenciamento dos genes candidatos posicionais pode começar, aqui a mutação apresentada é a transversão da citosina (C) para a guanina (G).

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134

Anexos

Marcadores Haplótipos

D13Mit80

D13Mit215

pmn

D13Mit115

D13Mit3

D13Mit16

D13Mit61

D13Mit154t

Números 46 2 1 1 1 2 6 4

Figura 26: Haplótipo.

O esquema representa os haplótipos dos animais obtidos a partir do retrocruzamento interespecifico entre a linhagem da espécie Mus spretus e a linhagem de laboratório, na qual o alelo pmn está segregando. Os DNA desses 63 animais N2 pmn/pmn foram tipados com os marcadores do tipo microssatélite. Os retângulos brancos indicam que o marcador é homozigoto para o alelo Mus musculus domesticus (alelo de laboratório originário do alelo pmn). Os retângulos pretos indicam que o haplótipo é heterozigoto para os alelos Mus spretus e Mus musculus domesticus. O número embaixo de cada coluna representa o número total de animais por haplótipo. O resultado mostra que o lócus pmn se encontra entre os marcadores D13Mit215 e D13Mit115.

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135

Anexos

X

X

Xt + / + +

Xt + / + pmnXt + / + pmn

+ + / + pmn

[Xt] [pmn] [Xt pmn] [+]

430 211 0 0

F2

F1

P

Número de animais

Figura 27: Cruzamento intra-especifico.

Nós obtivemos 641 animais provenientes do intercruzamento Xt +/ + pmn, o que representa 1.282 meioses. Nenhum recombinante foi encontrado. Esses resultados indicam que o lócus pmn encontra-se a uma distância compreendida entre O a 1 cM do lócus Xt, com risco de 5% e a uma distância de O a 1,5cM com risco de 1%. O mesmo tipo de cruzamento foi realizado entre pmn e pe. Nós obtivemos 116 (232 meioses) animais, a partir do intercruzamento de animais pe +I + pmn, e encontramos 6 recombinantes pe pmn/pe pmn. Esse resultado coloca pmn a, aproximadamente, 4 3 cM do lócus pe.

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136

Anexos

Figura 28: Mutação “Extra-toe” e o estoque balanceado.

Os animais mutantes (+/Xt) representados à esquerda na figura, apresen-tam um dedo extranumérico visível na pata posterior, porém ausente na pata posterior do animal pmn/pmn (à direita). A presença desse marcador permite identificar os animais homozigotos pmn/pmn desde o nascimento, pois estes não possuem o dedo extranumérico e também permite elimi-nar os animais que não são portadores do alelo pmn, pois, nesse caso, a condição Xt/Xt é letal in utero. O estoque balanceado Xt +1 + pmn é de grande importância, pois permite o reconhecimento precoce dos animais que se tornarão doentes.

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137

Anexos

75

70

65

60

55

50

45

40

35

30

25

20

15

10

5

D13Mi158D13Mi80D13Mit173D13Mit162D13Mit207D13Mit57D13Mit174D13Mit206D13Mit218D13Mit56D13Mit215D13MitGli20D13Mit305D13Mit115D13Mit17D13Mit3D13Mit133D13Mit16D13Mit154D13Mit81

D13Mit61

D13Mit10

Msx2

D13Mit13

D13Mit21S3S5.ex2

Cf2RD13Mit28

D13Mit47

D13Mit32

Cr. 13

Figura 29: Localização precisa dos marcadores microssatélites no cromos-somo 13 murino.

Esse mapa foi estabelecido, utilizando-se a coleção de DNA do EUCIB. Os genes G1i20 (BRUNIALTI et al., 1995), Msx-2 (ROBERT; BRUNIALTI, 1995), Cf2r (POIRIER et al., 1996) e Smn (S3S5.ex2) (VIOLLET et al., 1997) também foram localizados nesse mapa.

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138

Anexos

Xt

D13Mit80

D13Mit173

D13Mit154

Gli3

D13Mit3

D13Mit16

D13Mit154

D13Mit218

D13Mit115

D13Mit133

(3,35 +/- 0,57 cM)

(0,8 +/- 0,28 cM)

(0,4 +/- 0,23 cM)

(1,32 +/- 0,36 cM)

(1,82 +/- 0,42 cM)

(2,43 +/- 0,48 cM)

1q

7p

Figura 30: Mapa genético parcal da região cromossômica de interesse.

Mapa genético do cromossomo 13 (parcial) de camundongos indicando a região onde se encontra o gene pmn (retângulo pontilhado). Esse mapa foi estabelecido, utilizando-se a coleção de DNA do EUCIB (N=982) e os mar-cadores moleculares em torno do lócus G1/3. A localização do lócus pmn foi definida levando-se em conta os resultados apresentados nas figuras 26 e 27. Os retângulos à esquerda da figura indicam as regiões de homologia entre o cromossomo 13 murino e os cromossomos 1 e 7 humanos.

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139

Anexos

Y13

.115

Y90

3.1

Y90

2.2

AB1380

1640

Kb

1095

Kb

UR

A3

end

og

ène

840

Kb

Y13

.115

Y90

3.1

Y90

2.2

AB1380

1640

-109

5-11

20-1

130

Kb

980-

950

Kb

680

Kb

590

Kb

440

Kb

350

Kb

Figura 31: Análise pela eletroforese em campo pulsado dos YAC Y902.2, Y903.1 e Y13.115.

Quatro culturas independentes de cada clone foram analisadas. A eletro-forese em campo pulsado foi realizada em agarose Seake GTG 1%; 0,5 X TBE, a 190 volts. Os tempos dos pulsos são de 45 segundos durante 24 horas (foto da esquerda). Após transferência para membrana de Nylon 1\1’ pelo método de Southern blot, os cromossomos artificiais de levedura foram revelados pela hibridização de um fragmento do gene URA3 de levedura (foto da direita). Essa sonda reconhece o gene endógeno e o gene pre-sente no vetor YAC. AB1380 é uma linhagem de levedura (Saccharomyces cerevisiae).

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140

Anexos

496K

2 (1

40 K

b)

Y13

.305

.2 (1

250

Kb

)

12P1

1 (1

00 K

b)

283E

20 (1

60 K

b)

388A

11 (1

40 K

b)

Y13

.115

.1 (1

640

Kb

)

Y.13

.215

(120

0 K

b)

Y.90

2.2

(109

5 K

b)Y.

903.

1 (8

40 K

b)

Cr.1

3

D13

Mit

215

pm

m

Gli3

GC

KD

13M

it30

5 INH

BAD

13M

it11

5

Figura 32: Organização dos YAC.

Esta organização contém os marcadores D13Mit215, D13Mit305 e D13Mit115 e o gene Gli3 (sondas Glill e G1i20) na forma de um contig. Os traços descontínuos correspondem às regiões quiméricas. Os BAC obtidos a partir dos marcadores D13Mit215 (388A11), G1i20 (283E20), Glill (12P11) e D13Mit115 (496K2) estão igualmente representados embaixo da figura. Os marcadores GCK e INHBA são dois genes humanos que nós localizamos pela PCR nos YAC.

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141

Anexos

Y902.2

Y13.115

Y13.215

Y13.305AB1380

Y903.1

Figura 33: Análise por Southern blot da extremidade esquerda do clone Y902.2.

Os cromossomos de levedura foram separados pela eletroforese em um gel de agarose Seaken GTG 1%;0,5 X TBE a 9°C, a 190 volts. Os tempos dos pulsos foram de 45 segundos durante 24 horas. O DNA foi, então, transferido e fixado sobre uma membrana de nylon N+. A membrana foi hibridizada com um fragmento de DNA marcado com radioatividade e que correspondia à extremidade esquerda do YAC Y902.2. Na figura, pode-se ver que esse frag-mento está presente nos clones Y903.1, Y13.305.2 e reconhece também o DNA do clone do qual foi isolado. AB1380 é uma linhagem de levedura (Saccharomyces cerevisiae).

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142

Anexos

CpGCpG

CpG

Gli3I

D13Mit305

D

D

D

G

G

GY13.305.2

Y903.1

Y902.2

100 Kb

M M

MM

NN N NN

N NE E E E E EEEB

BS

S

R R RR

RSa Sa

Figura 34: Mapa de restrição do contig de YAC que cobre a região pmn.

D e G representam as extremidades direita (lado URA3 do vetor pYAC4) e esquerda (lado TRP do vetor pYAC4), respectivamente. Os círculos cheios correspondem às extremidades dos clones provenientes da região pmn. Os círculos vazios correspondem às extremidades quiméricas (a extensão da região quimérica está representada pelas linhas pontilhadas). As ilhas CpG, definidas pelo agrupamento de 3 ou mais enzimas de restrição que cortam raramente o genoma, estão igualmente representadas. B: BssHII, E: Eagl, M: Mlul, N: Notl, R: Nru, S: Sall, Sa: Sacll, SM: Smal.

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143

Anexos

100 Kb

DG

Y13.305.2

Y903.1

Y902.2

M M

MM

NN N NN

N NE E E E E EEEB

BS

S

R R RR

RSa Sa

D G283E20

12P11496K2

D G

E1E2

CL9CL14CL30CL34

Gli3

E13CL10CL20

D13Mit305

D13Mit115

E3E11 E7 E10

Figura 35: Localização dos éxons e das ESTs.

Localização dos fragmentos dos genes isolados pela técnica da amplifica-ção dos éxons internos (CL) e localização das EST humanas (E) no mapa de restrição do contig de YAC e BAC.

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144

Anexos

E7 E2

Xt pmn Xt pmn+ +B6 B6H2O

H2O

M

220 pb 317 pb

Figura 36: Análise pela PCR das EST humanas E7 (A006127) e E2 (WL9635).

O cDNA dos animais de fenótipo Xt, pmn e selvagem (+) foram testados para cada conjunto de oligonucleotídios. O DNA genômico da linhagem C57BL/6 e água foram utilizados para o controle da amplificação. O DNA genômico não foi amplificado com os oligonucleotídios provenientes da EST E7. Esse resultado indica a existência de seqüência intrônica entre os oligonucle-otídios, o que, provavelmente, tornou a amplificação impossível. Já para a EST E2, foi obtido um produto de amplificação para o DNA genômico, indicando a inexistência de um íntron entre os oligonucleotídios. Não foi encontrada diferença de tamanho do produto amplificado entre os animais Xt, pmn e +. (M) Marcador de peso molecular 100pb Ladder (Pharmacia).

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145

Anexos

E

E

E

E

T

T T

T

T

PCR

PCR

PCR

PCR

PCR

PCR

PCR

PCR

PCR

1

1

1

4

4

3

3

3

3

5

5

2

2

2

P

P P

P

P

E

E

E E

E

E

E

E

H

HH

H

H

Ligação LigaçãoLigação

Taql TaqlEcoRlEcoRl

PstlHindlll HindlllPstl

TEL TRP1 ARS1 CEN4 SUP4

Figura 37: Isolamento das extremidades do YAC através da PCR inversa.

O DNA do YAC foi digerido por uma enzima cujo sítio de restrição está pre-sente no vetor. O DNA digerido foi, em seguida, religado sobre si mesmo. Entre as moléculas circulares, algumas possuem um fragmento do vetor flanqueando uma extremidade do YAC. Utiliza-se, em seguida, iniciadores específicos do vetor para amplificar a extremidade do YAC.

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146

Anexos

mRNA

cDNA

PCR

PCR

Retrotranscrição

Extração do RNA citoplasmático

Transfecção dos mRNAEmenda

Tranfecção em célular de mamíferos

éxon éxoníntron

SA

SA

SD

SD

Vetor de expressão

sítio de poliadenilação

Fragmento genômico contendo um éxon

AAAAAAAAAAA

= éxon cerdado pelas seqüências do vetor

Figura 38: Principio da amplificação dos éxons internos ou Éxon-Trapping.

Legenda detalhada na Figura 22.

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147

Anexos

éxon éxon

5000Eamll051l

4958

Bsa4891

Fsp l4738

Pvu l4591

Bcg l4436

BsaHl 4422

X mm l 43594000

Xcm l 3906

Apa l 3774

Hpa l 3395

SAv 3095Msc l 3231

3000

EcoNl 2348

2000Nhel 1976

Sítio de clonagem múltipla

N de l 11191000

Blos l862

Sal687

689SDvXba I 681

BsaA I IEco 721674Esp I641

Avt II 324Sfr I270

6000

on

Drd I 5743 Hae II 5607

BspH I 5131Cfno I 4878

Bgl I 4839Ap

BspH I 4123

Ban II 3774

Mun I 3406Mam I 3494

Aval 3107

Hind III 2857Dra III 2815

Mun I 2371Mam I 2271

Ava I 1023

Cfno I 1157

Pvu III 1799Stu I1548

Dra III1311

Ban II1020Acc I 687

Acc 485

Dsal IN oo I491Hind III 340

Slu I321Bgl I271

Dsa I IN co I231

Sph I 140Sph I 68

Pvu II 1HaeII5977

pSPL3603 1 bp

Bstx IMeio-sítio

698Sdv

Sítio de clonagem Múltipla

Sdc1134

Bstx IHalf-site

3095Sav

3245-3265Sa2

dUSA 43178-3199

10561009

dUSD 2654-671

Sv40P

607-626Sd6

EcoR I

Bstx I

Sst I

Xho I Xma III Pst I

BanH I EcoR vCCAGAATTCTGGAGCTCGAGCGGCCGCTGCAGGATCCCAGATATCTGG

Bstx I

Figura 39: O vetor de expressão pSPL3.

A parte superior do esquema representa os íntrons e éxons do gene tat do HIV-1, tendo nas bordas as seqüências exônicas da B-globina. P = promotor SV40; SDv = sítio doador de emenda; SDc = sítio críptico de emenda; e SDa = sítio aceptor de emenda. Os oligonucleotídios utilizados na PCR também estão indicados. A parte inferior da figura representa o mapa circular do plasmídio.

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Anexos

Doenças Humanas Mapeamento Referência Modelo animal (camundongo) ou gene homólogo

Mapeamento Referência

MusculaturaMiotrofia espinal distal

7p Hum. Mol. Genet., 1995, 4:1629-32

Miotrofia espinal (Tipos 1, 2 e 3)

5q11-q13 Cell, 1995, 80:155-165

Smn 13 Genomics, 1997,

Distrofia muscular (SCARMD)

17q12-q21.33 Cell, 1994, 78:10-20

Distrofia muscular congenital à merosina negativa

6q22-q23 Hum. Mol. Genet., 1994, 3:1657-61

mutante distrofia muscular (dy)

10 J.Bio.Chem., 1994, 269:13729-32

Distrofia muscular de cinturas (LGMD2B)

2p Genomics, 1995, 27:192-95

Distrofia muscular de cinturas (LGMD2A)

15q15.1-q15.3 Cell, 1995, 81:1-20 calpaína 3 (Canp3) 3 ou 4 Mamm. Genome, 1996, 7:377-379

Distrofia muscular de cinturas (LGMD1A)

5q Am.J.Hum. Genet., 1992, 50: 1211

Distrofia muscular fácio-escápulo-humeral

4q35 Lancet, 1990: 336-365

Distrofia muscular óculofaringeal

14q1 1.2-q13 Hum.Mol.Genet., 1995, 4: 429-434

Distrofia muscular de Duchenne

Xp21.2 Nature, 1992, 300:6971

muscular dystrophy (mdx)

X EMBO J., 1988, 7:3017-3021

Miopatia distal autossômica dominante

14q Am.J.Hum. Genet., 1995, 50:422-427

Síndrome de Schwartz-Jampel

1p34-p36.1 Hum.Mol.Genet., 1995, 4:1633-36

Sistema nervosoAdrenoleucodistrofia Xq28 Nature, 1993:726-730 adenocortica lipid

depletion (ald)1 Acta Pathol.

Microbiol. Scan., 1963, 58:212-218

Ataxia cerebelosa periódica familiar

19p13 Am.J.Hum.Genet., 1995, 56:1443-1449

Ataxia de Friedreich com défit isolado em vitamina E

8q Nature Genetics, 1995, 9:141-145

Ataxia espino-cerebelosa autossômica dominante (SCA2)

12q23-24.1 Genomics, 1995, 25:433-435

Ataxia espino-cerebelosa autossômica dominante (SCA3)

14q24.3-q32.2 Am.J.Hum.Genet., 1995, 56:193-201

Ataxia espino-cerebelosa autossômica dominante (SCA5)

11cen Nature Genetics, 1994, 8:280-284

Ataxia espino-cerebelosa com início na infância (IOSCA)

10q23.3-q24.1 Am.J.Hum.Genet., 1995, 56:1088-1095

Ataxia espino-cerebelosa do tipo I (SCAI)

6p22-p23 Nature Genetics, 1993, 4:221

ScadI 13 Genomics, 1992, 12:818-821

Epilepsia noturna frontal autossômica dominante

20q13.2 Nature Genetics, 1995, 10:117-118

Acra4 2 Am.J.Hum.Genet., 1995, 56:289-293

Hidrocefalia ligada ao cromossomo X

Xq28 HGM, 1991, 11, Abstract:234

Doença de Alzheimer familiar

1q31-42 Science, 1995, 269:970-977

camundongo transgênico

Nature Genetics, 1995, 9:21-30

Doença de Alzheimer precoce (locus AD3)

14q24.3-q32.2 Hum.Mol.Genet., 1995, 4:1355-1364

Doença de Charcot-Marie-Tooth tipo 1A

17p11.2 HGM, 1991, 11, Abstract:12

mutante trembler (Tr)

11 PNAS, 1992, 89:4382-6

Doença de Charcot-Marie-Tooth tipo 2

1p35-p36 Am.J.Hum.Genet., 1995, 57:853-858

Doença de Charcot-Marie-Tooth tipo 4A

8q13-21.1 Mol.Genet., 1993, 2:1625-1628

Doença de Machado-Joseph

14q24.3-q32.2 J.Med.Genet., 1995, 32:25-31

Malformações cavernosas do cérebro

7q Genomics, 1995, 28:311-314

Neurofibromatose do tipo 2

22q12 Nature, 1993, 363:515-521

Neuropatia axonal moto-sensorial

Xq24-q26 Genomics, 1995, 29:409-412

Paraplegia espasmódica familiar autossômica dominante

14q Am.J.Hum.Genet., 1995, 56:183-187

Retardo mental ligado ao X

Xp22 Am.J.Hum.Genet., 1994: 581-585

Esclerose lateral miotrófica juvenil recessiva

2q33-q35 Nature Genetics, 1994, 7:425-428

Síndroeme de Cohen 8q Nature Genetics, 1994, 7:201-204

Síndroeme de Kallmann

Xp22.3 Cell, 1991, 67:423-435

Síndrome do X frágil Xq27-q28 Am.J.Hum.Genet., 1991, 38:336-342

camundongo transgênico (Fmr-1)

X Genomics, 1992, 12:818-821

Tabela 1.

ANEXO II- TABELASPara voltar à leitura, clique sobre a tabela.

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Anexos

Mutação Símbolo Cromossomo Modo de transmissão

arrested development of righting response adr 14 recessiva

agitans ag 18 recessiva

ataxia ax 18 recessiva

bouncy bc 18 recessiva

cribriform degeneration cri 4 recessiva

dystonia musculorum dt 1 recessiva

ducky du 9 recessiva

dystrophia muscularis dy 10 recessiva

gracile axonal dystrophy gad 5 recessiva

gray tremor gt 5 recessiva

hotffot ho 6 recessiva

jimpy jp X recessiva

jittery ji 10 recessiva

lethargic lh 2 recessiva

lumbosacral neuroaxonal dystrophy lnd 7 recessiva

Lurcher Lc 6 semidominante

motor neuron degeneration mnd 8 recessiva

motor neuron degeneration 2 mnd2 6 recessiva

motor end plate desease med 15 recessiva

muscle deficient mdf 19 recessiva

muscular dystrophy with myositis mdm 2 recessiva

X-linked muscular dystrophy mdx X recessiva

myodystrophy myd (fg) 8 recessiva

opisthotonos opt 6 recessiva

progressive motor neuronopathy pmn 13 recessiva

quaking qk 17 recessiva

quivering qv 7 recessiva

shiverer shi 18 recessiva

spastic spa 3 recessiva

staggerer sg 9 recessiva

swaying sw 15 recessiva

tipsy ti 11 recessiva

tippy tip 9 recessiva

tottering tg 8 recessiva

Trembler Tr 11 recessiva

Trembly-like Tyl X semidominante

twitcher twi 12 recessiva

vibrator vb 11 recessiva

wabbler-lethal wl 14 recessiva

wasted wst 2 recessiva

weaver wv 16 recessiva

wobbler wr 11 recessiva

Tabela 2.

Sites na Internet Comentários

Genética de camundongos

www.informatics.jax.org/mgihome/ Mouse Genome Informatics é o centro de bioinformática do Jackson Laboratory, Maine (USA). São encontrados dados sobre a genética, genômica e biologia dos camundongos delaboratório.

Análise do genoma do camundongo

http://www.ensembl.org/Mus_musculus/http://www.ncbi.nlm.nih.gov/genome/guide/mouse/http://www.genome.ucsc.edu/

Todos os três sites oferecem banco de dados hierárquico da sequência murina.

Centros de mutgênenese e descrições de mutantes

http://www.mgu.har.mrc.ac.uk/mutabase/http://www.gsf.de/ieg/groups/enu-mouse.html

Todos os sites apresentam o fenótipo dos mutantes obtidos nos centros de pesquisa:Harwell (Inglaterra)Munique (Alemanha)

Informação sobre a expressão dos genes

http://bodymap.ims.u-tokyo.ac.jp/ Banco de dados que apresenta a expressão dos genes humanos e dos camundongos.

Embriologia e anatomia patológica dos camundongos

http://genex.hgu.mrc.ac.uk/http://www.med.unc.edu/embryo_images/

Site apresenta um atlas tridimensional do desenvolvimento embrionário do camundongo,bem como o perfil de expressão dos genes ao longo da embriogênese.Site apresenta imagens de microscopia eletrônica de camundongos normais e mutantes.

Tabela 3.

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Anexos

Número de sítios/ilhab

Grupo Número de CpG

Conteúdo de G+C

Enzimasa Sítio Esperado Observado Estimativa de todas os sítios na ilhas

I 2 8/8 NotI GCGGCCGC 0.14 0.35 93AscI GGCGCGCC 0.14 0.27

II 2 6/6 BssHII GCGCGC 1.68 2.11 76EagI CGGCCG 1.68 1.17

SstII/SacII CCGCGG 1.68 1.89

III 1 6/6 NaeI GCCGGC 1.68 1.14 41NarI GGCGCC 1.68 1.65SmaI CCCGGG 1.68 2.14

IV 2 4/6 MluI ACGCGT 0.42 0.03 4NruI TCGCGA 0.42 0.11PvuI CGATCG 0.42 0.08SplI CGTACG 0.42 0.03

Vc 1 4/6 SalI GTCGAC 0.42 0.14 5XhoI CTCGAG 0.42 0.43

VI HhaI GCGC 46.2 21.86 26HpaI CCGG 46.2 20.35

a Todas as enzimas listadas são bloqueadas pela metilação.

b O tamanho médio assumido para as ilhas é de 1.4 Kb. Esta estimativa é baseada nas 37 primeiras ilhas CpG descritas em humanos.

c Existe várias enzimas neste grupo, porém aqui estão listadas as mais comuns.

Tabela 4.

Tabela 5. Clones de YAC utilizados na construção do contig.

Lócus YAC Tamanho em KbD13mit215 Y13.215 1000GLI20 Y902.2 1095Gli11 Y903.1 1000D13Mit305 Y13.305.2 1200D13Mit115 Y3.115.1 1640

Tabela 6. Clones de BAC utilizados na procura de seqüências codificadoras.

Lócus BAC Tamanho em KbD13Mit215 388A11 140Gli20 282K20 160Gli11 12P11 100D13Mit115 496K2 140

Tabela 7.

Clone Origem Tamanho (pb)

Localização nos YAC/

BAC

RT-PCR Homologia Número de Acesso (Genebank)

CL25 AEI, BAC 282E20

350 pb nenhuma positiva gene Fabpi (exons 1-4)

M65033

CL9 AEI, BAC 282E20

300 pb Y902.2; 283E20

negativa cDNA humano

AA029228

CL10 AEI, BAC 12P11

150 pb Y903.1; Y13.305.2; 12P11

positiva nenhuma homologia

CL12 AEI, BAC 282E20

400 pb nenhuma positiva proteína tirosina cinase

P42685

CL14 AEI, BAC 12P11

200 pb Y902.2; 283E20

positiva EST humana F12060 (clone c-35c03)

CL20 AEI, BAC 12P11

500 pb Y903.1; Y13.305.2; 12P11

positiva EST humana R60817 (clone 42061)

CL30 AEI, BAC 282E20

330 pb Y902.1; 283E20

positiva nenhuma homologia

CL34 AEI, BAC 282E20

310 pb Y902.1; 283E20

positiva EST rato H32240 (EST107143)

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Anexos

EST Iniciadores para a PCR Tamanho produto de PCR (pb)

Localização nos YAC/ BAC

RT-PCR

stSG1827 (E1) 1.ACTGGCTGCTCTTGTCTTGGT 2.CCTCTTCTGACCTGCTTTG

149 pb Y902.2 positiva

WI.9635 (E2) 1.GTGCTTGGTGTGGTTGTGG 2.AAGGAGCTGGAATAGCTTTGC

317 pb Y902.2 positiva

WI.11127 (E3) 1.CTCACGACTGTTCTGGAAAGG 2.CCCACAAATAAAAAGCAAGTTG

179 pb Y903.1; Y13.305.2 positiva

WI.6721 (E4) 1.TGAGGCATTATCAGGAAATGC 2.ATGCTCAGCAGTACAAAATAGATCC

107 pb nenhuma negativa

WI.8128 (E5) 1.CGACTCCACCTCCAAACTGT 2.GATGCATTTCCCCCACATAC

133 pb nenhuma negativa

WI.9547 (E6) 1.AACCCAGTTTTCCAGCCAC 2.AATTCTGATTCCTTTTATCATGTGC

201 pb nenhuma negativa

A006I27 (E7) 1.AGTTAGTCATAGGAGACAGT 2.CCTTGTACTGTTGTTATACA

220 pb Y13.115.1; Y903.1 positiva

A006J31 (E8) 1.AACAGACCTCTAGGGTTC 2.GTACATTAAGACATTGAATG

206 pb nenhuma negativa

SHGC.8675 (E9) 1.TCAGGCGGTTCAAGGCAG 2.GTGTCCATCATCAGGGGAAG

178 pb nenhuma negativa

SHGC.5634 (E10) 1.GGAGCTGAGCACATTGTGG 2.ATTCTGTTGTCAAGGGGCAAG

160 pb Y13.115.1; 496K2 positiva

WI.16185 (E11) 1.GGGTCACTTGGCCTCTTCTA 2.TTTGCAGTCAGGACAAGCCT

107 pb Y903.1; Y13.305.2 positiva

WI.6581 (E12) 1.AGCCCTCCTGAGGTTGTTG 2.GGGGCAGCTAAAATTTTTATTC

205 pb nenhuma positiva

stG3118 (E13) 1.GAGTTGGTGCCAGATGGG 2.TTTAAATGTTGGCTCCCTGG

158 pb 12P11 positiva

stG4037 (E14) 1.TGCAAGGACAGCAGAGGAC 2.TGGGGCCAGTTAGAAGAGG

123 pb nenhuma negativa

stG4087 (E15) ATGTATCCATTTCAAAGGCCC 2.GCCATGTTAAAATAGGAGTGCC

138 pb nenhuma negativa

Tabela 8.Para voltar à leitura, clique sobre a tabela.