Monografia

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CENTRO UNIVERSITÁRIO AUGUSTO MOTTA PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM EDUCAÇÃO E POLÍTICA AMBIENTAL FLORESTA PLANTADA: PROBLEMA OU SOLUÇÃO? TATIANE OLIVEIRA GONÇALVES

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CENTRO UNIVERSITRIO AUGUSTO MOTTA

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CENTRO UNIVERSITRIO AUGUSTO MOTTAPR-REITORIA DE PESQUISA E PS-GRADUAOCURSO DE ESPECIALIZAO EM EDUCAO E POLTICA AMBIENTAL

FLORESTA PLANTADA:PROBLEMA OU SOLUO?

TATIANE OLIVEIRA GONALVES

RIO DE JANEIRO2007

CENTRO UNIVERSITRIO AUGUSTO MOTTAPR-REITORIA DE PESQUISA E PS-GRADUAOCURSO DE ESPECIALIZAO EM EDUCAO E POLTICA AMBIENTAL

FLORESTA PLANTADA:PROBLEMA OU SOLUO?

TATIANE OLIVEIRA GONALVES

Monografia apresentada ao Curso de Especializao em Educao e Poltica Ambiental da UNISUAM, como parte dos requisitos para obteno do Ttulo de Especialista em Educao e Poltica Ambiental.

RIO DE JANEIRO

ii2007

TATIANE OLIVEIRA GONALVES

FLORESTA PLANTADA:PROBLEMA OU SOLUO?

Banca Examinadora composta para a defesa de Monografia para obteno do Ttulo de Especialista em Educao e Poltica Ambiental.

Aprovada em: ______ de ______________ de _________

Presidente e orientador: ____________________________________________

1 Membro: ______________________________________________________

2 Membro: ______________________________________________________

RIO DE JANEIRO2007

iiiDEDICATRIA

Dedico a Deus no somente este trabalho, mas tambm todas as minhas conquistas, pois em momentos de angstia e aflio eu olhava para o lado e via que Ele estava comigo.

Ao meu anjo Julieta (mame) a quem eu sempre pude contar em qualquer situao de minha vida, na alegria e na tristeza l estava ela com seu sorriso estampado, sua doce voz a me consolar e seus braos sempre abertos, me ajudando mesmo em meio as suas dificuldades. Amo voc.

ivAGRADECIMENTOS

Gostaria inicialmente de agradecer a Deus, que me proporcionou diversas oportunidades para completar mais esta etapa da minha vida.

A minha famlia, que me deu muito incentivo e compreenso durante este perodo; sem o apoio particular dos meus pais Pio Paulo e Julieta, o alcance do objetivo de me formar seria muito mais rduo.

Aos meus amigos do curso: Cludio Vieira, Rosa Maria Antunes e Janice Alves, por me darem constantes incentivos, fora para superar cada obstculo que enfrentamos e vencemos juntos e por estarmos unidos desde o incio de nossa jornada.

A empresa que trabalho, Lofty do Brasil, que de todas as formas, compreendeu, se fez presente e cooperou em minha formao, minha eterna gratido aos meus patres: Jader Franco, Jader Lages e Gabriela Lages.

Ao meu colega de trabalho Cludio Candido que disponibilizou seu precioso tempo at nos fins de semana tratando o material para composio desta monografia.

A todos os professores que deram sua contribuio direta e/ou indireta a este trabalho: Jos Seixas, Patrcia Santos, Elaine Brilhante, Eduardo Santos, Silvania Garcia, e ao meu orientador Antnio Carlos (obrigada pelas fotos).

A Empresa Duratex S.A. que abriu as portas e disponibilizou sua equipe: Anglica e Jos Sene. Sem a dedicao deles a concluso deste trabalho seria invivel.

A todos que tiveram participao na minha formao, ouvindo minhas lamrias e o meu brado de vitria ao trmino de cada etapa. Obrigada a todos.

v

O segredo no correr atrs das borboletas... cuidar do jardim para que elas venham at voc.Mrio Quintana

viGONALVES, Tatiane Oliveira, matrcula P6100001. FLORESTA PLANTADA: PROBLEMA OU SOLUO? Rio de Janeiro, 2007, Defesa de monografia (Centro de Ps-Graduao do Curso de Especializao em Educao e Poltica Ambiental) Centro Universitrio Augusto Motta.

Resumo

Este trabalho tem como objetivo explorar as questes benficas e polmicas geradas pelo tema, Floresta Plantada, que por muitos considerada soluo para os problemas que temos enfrentado hoje, evitando assim a extrao das florestas nativas; porm por outros, considerada uma ameaa ao nosso meio ambiente por causar grande impacto ambiental e por estarem interferindo no rumo natural das florestas, causando esgotamento do solo, e utilizando uma grande quantidade de gua para a sua manuteno. Podemos considerar uma soluo a partir da viso de grandes produtores como as indstrias moveleiras, navais, ou at a de mdio e pequeno porte, no retirarem mais a sua matria-prima das florestas nativas, reduzindo assim o impacto que antes das florestas plantadas era causado pela extrao da madeira de nossas matas; assim como por outro lado podemos considerar um problema, partindo do princpio que tudo que sai do seu rumo natural considerado desequilbrio ecolgico. Sabemos que com a implantao das florestas plantadas no teremos como benefcio a reduo das extraes ilegais de madeira das florestas nativas nem to pouco a extino dos impactos ambientais causados por queimadas, pois tudo isso uma questo de conscientizao. Floresta Plantada: Problema ou Soluo?

viiPalavras-chave: floresta plantada, eucalipto, pinusSUMRIO

1 - INTRODUO.........................................................................................9

2 - DESENVOLVIMENTO................................................................................10

2.1 - Homem x Natureza.......................................................................10

2.2 - O Primeiro Reflorestamento no Mundo........................................12

2.3 - A Implantao do Eucalipto no Brasil........................................14

2.3.1 - A Importncia Econmica do Eucalipto...........................16

2.3.2 - Floresta Plantada de Eucalipto........................................20

2.3.2.1 - Plantio..............................................................20

2.3.2.2 - Tratos Culturais................................................23

2.3.2.3 - Tratos Silviculturais...........................................26

2.3.2.4 - Explorao........................................................28

2.3.2.5 - Manejo da Brotao..........................................30

2.4 - A Implantao de Pinus no Brasil................................................32

2.4.1 - A Importncia Econmica do Pinus.................................35

2.4.2 - Floresta Plantada de Pinus.............................................36

2.5 - A Utilizao de Floresta Nativa..................................................39

2.6 - Possveis Impactos Causados pelas Florestas Plantadas...........41

2.6.1 - Impacto sobre a Biodiversidade.......................................41

2.6.2 - Impacto sobre o Solo e a gua.......................................42

2.6.3 - Impacto sobre o Microclima.......................................45

2.7 - Melhoramento Gentico..............................................................46

2.8 - Ciclo dos Nutrientes Minerais......................................................................48

3 - CONCLUSO.............................................................................................49

4 - ANEXO.......................................................................................................50

5 - REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS..........................................................58

viii

1. Introduo

Ao longo dos sculos, o homem sempre tirou seu sustento da natureza; desde seu alimento at suas vestes; as florestas lhes forneciam o sustento, como: habitao, transportes (atravs de construo de canoas e barcos), armas para caa como o arco e a flecha, entre outros. Nunca o homem imaginou que as riquezas de nossas matas um dia iriam acabar, e isso s foi possvel devido a utilizao desenfreada das atividades capitalistas desde o descobrimento do Brasil at os dias de hoje. A necessidade da extrao da madeira continua; porm as nossas florestas no so mais as mesmas de quinhentos anos atrs e as necessidades aumentam a cada dia juntamente com o crescimento da populao. Segundo pesquisas no site SOS Mata Atlntica, a mesma possui 1.300.000 km de extenso, aproximadamente 15% do territrio nacional, desses, 93% de sua formao original j foi devastada. Com a crescente necessidade, o homem desenvolveu uma tcnica para a no utilizao da mata original, a alternativa veio atravs da floresta plantada de Pinus ou Eucalipto, que de primeira instncia a soluo para o fim da derrubada de rvores nativas, levando o ttulo de madeira ecologicamente correta. considerado que tudo que sai de seu rumo natural ou que manipulado pelo homem tem uma significativa contribuio para o desequilbrio ecolgico. Como essas modificaes necessrias podem ser consideradas atividades resultantes de impactos ambientais se foram criadas para reduzi-los.

2. Desenvolvimento 2.1 - Homem x Natureza

Da chegada de Cabral at os dias de hoje, os brasileiros construram um pas de enormes riquezas. Mas para isso, pagaram um alto preo: o desgaste ambiental. Os danos recaram especialmente na Mata Atlntica, explorada desde o incio da colonizao, com a extrao do pau-brasil. (NOVA ESCOLA, 2003).

O Brasil conheceu uma srie de ciclos econmicos ambientados em diferentes regies. O primeiro, na Mata Atlntica, foi a extrao do pau-brasil, no sculo XVI. Hoje, plantas como a rvore que deu nome ao pas esto quase desaparecidas. (NOVA ESCOLA, 2003).

Um sculo depois, no ciclo da cana-de-acar, vieram os canaviais, devastando a chamada Zona da Mata, sobretudo em Pernambuco e na Bahia. No sculo XVII, a busca do ouro destruiu largos trechos do Cerrado ecossistema que abrangia 2 milhes de quilmetros quadrados do Brasil Central e da Mata Atlntica. A minerao causou danos indiretos como o desmatamento do terreno para a agricultura e a pecuria. Essa atividade at hoje contribui para o assoreamento e a poluio dos rios, devido ao uso, no garimpo, do mercrio, um metal nocivo ao ser humano. (NOVA ESCOLA, 2003)

Os sculos XIX e XX assistiram expanso dos cafezais, o que resultou na eroso de terras da Mata Atlntica e do Cerrado, em So Paulo, Minas Gerais e Paran. Na passagem do sculo XX foi a vez do extrativismo da borracha, ambientando na Amaznia. Hoje, os brasileiros geram riquezas nos mais diversos ecossistemas e causam danos ambientais a todos eles. (NOVA ESCOLA, 2003).

No por acaso, a destruio foi maior na Mata Atlntica, cenrio de todos os ciclos econmicos, exceo do da borracha. Esse ecossistema, que chegou a abranger 15% do territrio brasileiro, perdeu mais de 92% de sua formao original. No entanto, mais de 100 milhes de brasileiros vivem em seus domnios. Esse um dos fatores que tornam urgente sua salvao. (NOVA ESCOLA, 2003).

A Mata Atlntica ainda encontra-se em 17 estados brasileiros, ela apresenta quatro paisagens diferenciadas. A mais ameaada a das florestas como as do interior de So Paulo, abatidas para a expanso dos cafezais. Segue-se a floresta beira do serto nordestino. A terceira paisagem mais devastada a mata de araucria dos estados do sul. Paradoxalmente, o setor mais preservado a vegetao litornea, vtima da expanso dos canaviais nordestinos nos sculos XVI e XVII, mas ainda encontrada do Rio Grande do Sul ao Rio de Janeiro. (NOVA ESCOLA, 2003).

Na poca do descobrimento, essas formaes se estendiam num contnuo, do Sul ao Nordeste. Hoje, elas esto fragmentadas, ilhas verdes junto a metrpoles, pastagens e plantaes. E a ameaa continua: loteamentos clandestinos, turismo predatrio, extrao ilegal do palmito e de plantas ornamentais raras podem destruir os remanescentes da Mata Atlntica. (NOVA ESCOLA, 2003).

2.2 - O Primeiro Reflorestamento no Mundo

Observada de qualquer ngulo a paisagem da cidade do Rio de Janeiro dominada pela constante e exuberante presena das matas da Floresta da Tijuca, porm, esse panorama recente pouco mais de 100 anos e que esta floresta j foi uma vez devastada em mais de 70% de sua rea primitiva. (NETO, 1990).

Deu-se tal destruio durante toda a histria da cidade at a primeira metade do sculo XIX, como resultado direto da explorao de madeira e lenha nos primrdios da vida da cidade, plantao de cana de acar nos mais de 160 engenhos que j existiram por aqui e, finalmente, em consequncia da cultura de caf que teve em suas matas o seu polo pioneiro. (NETO, 1990).

Exaurida a fertilidade do solo, capital do Imprio restava a tarefa de enfrentar a maior das mazelas decorrentes do desmatamento: a falta de gua provocada pelo esgotamento de nossos frgeis mananciais. Resolveu ento o Governo Imperial dar curso recuperao da floresta de forma absolutamente original: replantando a rea desmatada com espcies da prpria Mata Atlntica, provenientes das florestas do Macio da Pedra Branca. Para o comando de tal empresa iniciada em 06 de janeiro de 1862 foi nomeado o Major Manuel Gomes Archer e empregada, inicialmente, a mo de obra de seis escravos da Unio escolhidos entre os considerados inteis para qualquer outro tipo de trabalho: um menino de doze anos, uma mulher e quatro homens com mais de cinquenta anos que, em dez anos, plantaram 76.394 rvores. (NETO, 1990).

Pela primeira vez em toda a histria da raa humana promoveu-se a recuperao de uma rea devastada pela ao do homem nos moldes e de conformidade com as caractersticas do ecossistema preexistente e que fora destrudo e isto ocorreu quatro anos antes que Haeckel viesse a criar o vocbulo ecologia. (NETO, 1990).

Assim que foi no Brasil do sculo passado o lugar e o momento onde o homem pela primeira vez, deu conta da importncia de que se reveste a preservao e a restaurao da natureza. (NETO, 1990).

2.3 - A Implantao do Eucalipto no Brasil

Reino: PlantaeDiviso: MagnoliophytaClasse: MyrtalesFamlia: MyrtaceaeSubfamlia: LeptospermoidaeGnero: Eucalyptus

Eucalipto (do grego, eu + = verdadeira cobertura) a designao vulgar das vrias espcies vegetais do gnero Eucalyptus, ainda que o nome se aplique ainda a outros gneros de mirtceas, nomeadamente do gnero Corymbia e Angophora. So, em termos gerais, rvores e, em alguns raros casos, arbustos, nativos da Oceania, onde constituem de longe o gnero dominante da flora. O gnero inclui mais de 700 espcies, quase todas originrias da Austrlia, existindo apenas um pequeno nmero de espcies prprias dos territrios vizinhos da Nova Guin e Indonsia, mais uma espcie no norte das Filipinas. Adaptados a praticamente todas as condies climticas, ou eucaliptos caracterizam a paisagem da Oceania de uma forma que no comparvel a qualquer outra espcie noutro continente. (WIKIPDIA, 2006).

A primeira descrio deste gnero ocorreu em 1788 por LHriter de Brutelle, sendo que as primeiras mudas e sementes introduzidas na Europa foram levadas por Antnio Guichenot, que participou de uma expedio Austrlia entre 1801 e 1804. (EMPRABA, 2003).Os primeiros eucaliptos chegaram ao Brasil por volta de 1825, no Jardim Botnico do Rio de Janeiro, como planta ornamental. Mais tarde, em 1869, passou a ser plantado no Rio Grande do Sul para lenha e quebra-ventos. (ARACRUZ, 2006)

A eucaliptocultura propriamente dita comeou no incio do sculo XX. Seu pioneiro foi Edmundo Navarro de Andrade, diretor do Servio Florestal da Companhia Paulista de Estradas de Ferro, que, aps intensas pesquisas com vrias espcies, optou pelo eucalipto para a produo de dormentes e, principalmente, de lenha para alimentar a caldeira das locomotivas a vapor utilizadas na poca. No fim da dcada de 1930, o eucalipto j era plantado em escala e comeava a ser utilizado como combustvel na indstria siderrgica e como lenha para os foges domsticos. (ARACRUZ, 2006)

Aos poucos, o eucalipto foi conquistando espao como alternativa energtica, reduzindo a presso sobre as florestas nativas, j muito destrudas pelo avano da agricultura e da explorao madeireira. At os anos 1960, estima-se que a rea plantada era de aproximadamente 400 mil hectares. A partir da, o quadro mudou radicalmente. (ARACRUZ, 2006)

Em 1966, o governo brasileiro lanou um programa de incentivos fiscais para estimular o reflorestamento, principalmente de eucalipto e pinus. As reas de plantio se multiplicaram principalmente nas regies Sul e Sudeste, na poca praticamente j destitudas de cobertura florestal natural. Menos de dez anos depois, em 1973, um relatrio da FAO indicava que a rea plantada com eucaliptos no Brasil era a maior do mundo, mais de 1 milho de hectares, mais do que o dobro da rea plantada pelo segundo colocado, a ndia. (ARACRUZ, 2006).

Atualmente, do eucalipto, tudo se aproveita. Das folhas, extraem-se leos essenciais empregados em produtos de limpeza e alimentcios, em perfumes e at em remdios. A casca oferece tanino, usado no curtimento do couro. O tronco fornece madeira para sarrafos, lambris, ripas vigas, postes, varas, esteios para minas, mastros para barco, tbuas para embalagens e mveis. Sua fibra utilizada como matria-prima para a fabricao de papel e celulose. (AMBIENTE BRASIL, 2007).

Durante milhares de anos o eucalipto evoluiu em diversos ambientes, o que lhe conferiu grande resistncia, crescimento rpido. Essas caractersticas e mais a sua fcil adaptao s mais diferentes condies de solo e clima fazem do eucalipto uma espcie ideal para a constituio de florestas plantadas e uma alternativa ao uso de florestas naturais. O plantio sistemtico teve incio nas trs primeiras dcadas do sculo XIX e, no sculo XX, o eucalipto passou a ser a espcie florestal mais plantada no mundo, frente crescente demanda de madeira para diversos fins. (ARACRUZ, 2006).

2.3.1 - A Importncia Econmica do Eucalipto

Algumas espcies de eucalipto foram exportadas para outros continentes onde tm ganhado uma importncia econmica relevante, devido ao fato de crescerem rapidamente e serem muito utilizada para produzir pasta de celulose, usada na fabricao de papel, carvo vegetal e madeira. Alguns defendem que a plantao de eucalipto permite evitar o corte e abate de espcies nativas, para tais fins, pelo que seriam uma opo adequada a terras degradadas, promovendo-se a economia onde so cultivadas. Contudo, o assunto mantm-se polmico (figura 1). (WIKIPDIA, 2006).

Figura (1) Floresta plantada de eucalipto.Fonte: Duratex S.A.

O Brasil possui atualmente cerca de 6 milhes de hectares em rea reflorestada, sendo 61% ocupada com Eucalyptus, 34% com Pinus e 5% com outros gneros. Dentre as espcies de Eucalyptus, pode-se destacar: E. grandis, E. saligna, E. camaldulensis, E. urophylla, E. citriodora, E. viminalis, E. dunnii, E. pellita, bem como diversos hbridos. (EMBRAPA, 2003).

Estima-se que a rea de plantio mundial em Eucalyptus seja hoje em torno de 10 a 15 milhes de hectares, estando mais de 40% desta rea no Brasil. (EMBRAPA, 2003).

Espcies do gnero Eucalyptus so utilizadas em larga escala no estabelecimento de florestas industriais no Brasil. O clima tropical ou subtropical na maioria do territrio brasileiro permite um crescimento ininterrupto e, consequentemente, um rpido acmulo de biomassa. Empresas atuantes na rea de papel e celulose e/ou madeira utilizam Eucalyptus para o suprimento de matria-prima, enquanto que empresas de outras reas, como produo de ao, plantam o Eucalyptus principalmente para obteno de carvo. Devido a esta importante atividade agroindustrial e o apoio de instituies governamentais de pesquisa e Universidades, o Brasil ocupa uma posio de liderana mundial em silvicultura e melhoramento de Eucalyptus. (EMBRAPA, 2003).

A idade de rotao de plantios de Eucalyptus no Brasil est entre 5 e 7 anos, enquanto que em pases de clima temperado situa-se ao redor de 12 anos. No Brasil, os melhores plantios clonais registram produtividades superiores aos 100 m/ha/ano, enquanto que os plantios mais produtivos de Pinus nos EUA atingem 30m/ha/ano. O papel e a celulose constituem um dos principais produtos de exportao do Brasil, ocupando uma posio de destaque na balana comercial do pas. Estima-se atualmente que cerca de 25% do mercado mundial de celulose de fibra curta de Eucalyptus seja constitudo de produto brasileiro. (EMBRAPA, 2003).

Embora muitas vezes criticadas pela opinio pblica como uma ameaa florestas naturais, as florestas plantadas de Eucalyptus e Pinus cumprem na verdade um papel de compensao, fornecendo a matria-prima que de outra forma seria obtida das florestas naturais. Entretanto a expanso da rea ocupada com reflorestamento ser limitada pela competio com reas agrcolas bem como pela presso da opinio pblica. Assim, a perspectiva que se apresenta ao setor florestal ser o aumento da produtividade nas reas j ocupadas. Para isto dever ser utilizada toda a tecnologia disponvel, sendo que o melhoramento gentico florestal destaca-se como uma das reas de maior importncia. (EMBRAPA, 2003).

Os principais obstculos na prtica do melhoramento gentico de espcies florestais so: (1) o tempo necessrio para completar um ciclo de seleo e recombinao de indivduos para caractersticas quantitativas e que somente se expressam em idades mais avanadas; (2) a dificuldade em se selecionar eficientemente ao nvel de indivduo par estas caractersticas, principalmente aquelas de impacto final no processo industrial. (EMBRAPA, 2003).

As espcies E. grandis e E. urophylla, bem como o hbrido entre as duas espcies, so muito importantes para a produo de celulose de fibra curta. Para espcies florestais, o termo hbrido utilizado para designar cruzamentos interespecficos, embora muitas vezes refira-se a cruzamentos intraespecficos. (EMBRAPA, 2003).

2.3.2 - Floresta Plantada de Eucalipto

2.3.2.1 Plantio

necessria a adoo de um conjunto de medidas silviculturais, como, por exemplo, a poca do plantio (primavera ou incio do vero, conforme a espcie), preparo do solo, adubao (fertilizao mineral em doses apropriadas) e tratos culturais destinados a favorecer o crescimento inicial das plantas em campo. O cultivo do eucalipto tem apresentado uma ampla evoluo nos ltimos anos, passando desde o preparo mais esmerado at o cultivo mnimo, muito difundido e utilizado atualmente no setor florestal. (AMBIENTE BRASIL, 2007).

As espcies de Eucalyptus so altamente sensveis competio de ervas daninha (at aproximadamente de um a um ano e meio) e tambm ao ataques de formigas (normalmente no suportam trs ataques consecutivos). (AMBIENTE BRASIL, 2007).

O preparo do terreno est relacionado com as caractersticas da rea onde ser realizado o plantio. O preparo do solo para o plantio deve ser feito de maneira a propiciar maior disponibilidade de gua para a cultura, visto que o regime hdrico do solo um fator essencial para o crescimento da maioria das espcies de eucalipto. Geralmente as operaes so realizadas nas seguintes ordens: construo de estradas e aceiros; desmatamento e aproveitamento da madeira; enleiramento ou encoivaramento; queima das leiras; desenleiramento; combate formiga; revolvimento do solo; sulcamento e/ou coveamento. (AMBIENTE BRASIL, 2007).As tcnicas de cultivo mnimo e plantio consorciado tm sido adotadas por muitas empresas a fim de diminuir os danos ambientais (figura 2). (AMBIENTE BRASIL, 2007).

Figura (2) Cultivo mnimo.Fonte: Duratex S.A.

No passado, para se preparar uma rea de plantio, usava-se o fogo para queimar os restos da colheita anterior. A prtica das queimadas favorecia a eroso, empobrecia o solo, polua a atmosfera, criava risco de incndio e utilizava muitos recursos. Alm da utilizao do fogo, o preparo do solo era feito de modo intensivo, com grades e arado e com grande revolvimento da terra. Atualmente, o preparo do solo realizado com o subsolador (figura 3), apenas na linha de plantio. Com a aplicao da tcnica do cultivo mnimo, os restos vegetais da colheita so mantidos no solo, o que gera grandes vantagens como a preveno da eroso, reciclagem dos nutrientes importantes ao desenvolvimento dos novos plantios, reteno da gua da chuva mantendo a umidade do solo e conservao de pequenos animais e dos microrganismos que do vida ao solo (figura 2). (DURATEX, 2007).

Figura (3) Subsolador utilizado para deixar o solo descompactado facilitando o desenvolvimento das razes da mudas e a penetrao da gua das chuvas. O sulco feito pelo subsolador atinge profundidades entre 40 e 100 cm.Fonte: Duratex S.A.

Visando a produo de madeira para laminao, serraria e fina para papel e celulose, geralmente so utilizados os espaamentos de 3,0 x 2,5 (1.333 rvores/ha) ou 3,0 x 2,0 (1.666 rvores/ha). Com o advento dos plantios clonais, as empresas de celulose passaram a adotar espaamentos mais largos (como o de 3m x 3m), que suprem o maior espao aos gentipos idnticos. Na mecanizao e nas atividades de colheita, o aumento do espaamento torna-se uma necessidade visando condies mais adequadas produo de indivduos com maiores dimenses, que levam a uma produtividade dos equipamentos. ( AMBIENTE BRASIL, 2007).

O Plantio pode ser realizado atravs de dois mtodos como o plantio manual e o plantio mecanizado. O plantio manual consiste inicialmente de balisamento e alinhamento, abertura de covas, distribuio de mudas e plantio propriamente dito. O plantio mecanizado consiste de um trator que transporta as mudas e abre a cova com um disco sulcador enquanto um operrio distribui as mudas. (AMBIENTE BRASIL, 2007).

2.3.2.2 Tratos Culturais

A limpeza realizada at que as plantas atinjam um porte suficiente para dominar a vegetao invasora e geralmente so feitas atravs de trs mtodos principais, como: limpeza manual, limpeza mecanizada e limpeza qumica. A limpeza manual feita atravs das capinas nas entrelinhas ou de coroamento e por roadas na entrelinha; a limpeza mecanizada feita com utilizao de grades, enxadas rotativas e roadeiras; e a limpeza qumica atravs da utilizao de herbicidas. A preveno ao ataque das formigas cortadeiras deve ser realizada constantemente, atravs da vigilncia e do combate na fase de preparo do solo, na qual a localizao e o prprio combate so facilitados. As espcies mais comuns na regio Sul so as dos gneros Atta e Acromyrmex, geralmente combatidas com iscas granuladas distribudas nos caminhos e olheiros. (AMBIENTE BRASIL, 2007).No mundo, existem 10 mil espcies de formigas, entre elas, as formigas cortadeiras, que tm este nome porque cortam as folhas para o cultivo do fungo que lhes serve de alimento. Por este hbito, que pode causar a morte das plantas, essas formigas so consideradas pragas para a agricultura e plantaes florestais. Dessas formigas, as savas so as mais conhecidas. (DURATEX, 2007).

Para o estudo das cmaras e canais de formigueiros, so usadas tcnicas de preenchimento com cimento ou resinas. Aps remoo da terra, h exposio das formas dos canais e cmaras (figura 4). (DURATEX, 2007).

Figura (4) Molde das cmaras e canais de formigueiro.Fonte: Duratex S.A.

Anualmente, ocorre a revoada dos sauveiros adultos (3 anos). Possuindo asas, as fmeas (Is) acasalam com cerca de 8 a 12 machos (bitus), em pleno ar. Fecundada, a I pousa, retira as asas, cava a primeira cmara do novo formigueiro e ali permanece, botando ovos e alimentando as larvas que nascem. A I deixa o formigueiro de onde saiu e leva em uma cavidade da boca um pouco de fungo que ir cultivar para alimentar o novo sauveiro. Passados 80 dias, as larvas transformam-se nas primeiras savas da nova colnia; abrem um canal de sada e iniciam o corte de folhas, garantindo o crescimento do fungo que lhes servir de alimento. O sauveiro adulto consome at 6 toneladas de folhas por ano. Possui cmaras para fungo e lixo, nestas so colocados restos de fungos e savas mortas. (DURATEX, 2007).

De cada 1.000 Is, apenas 3 conseguem formar um sauveiro adulto. Da revoada at o nascimento das primeiras formigas, as Is sofrem o ataque de muitos inimigos naturais como as aves, lagartos, tatus, aranhas e besouros. Ao contrrio do que muitos pensam, os tamandus no so apreciadores de formigas. Eventualmente podem ser encontrados fragmentos de savas no contedo estomacal desses animais. Um mtodo de controle eficaz, quando as savas se tornam pragas, feito com iscas formicidas fabricadas com restos de vegetais, como o bagao da laranja. As savas, enganadas, carregam as iscas para as cmaras de fungo. Conforme carregam, picam e arrumam a isca, so contaminadas pelo formicida e morrem. Sem este controle, a agricultura, a pecuria e as plantaes florestais seriam destrudas pelas savas no Brasil. (DURATEX, 2007).

No meio natural, as savas no causam destruio da vegetao nativa, pelo contrrio, contribuem para a aerao, revolvimento e adubao do solo. Com o aumento do desmatamento e abertura de reas para a agropecuria, tornam-se pragas. Para reduzir os problemas com savas e outras pragas das plantaes cultivadas preciso manter reas com vegetao nativa, onde se abrigam as espcies que fazem o controle natural. O controle feito com iscas a base de vegetais representa a aplicao de um conhecimento resultante do estudo da bioecologia das formigas cortadeiras. (DURATEX, 2007).

2.3.2.3 Tratos Silviculturais

A utilizao da poda ou desrama visa melhorar a qualidade da madeira pela obteno de toras desprovidas de ns. O controle do crescimento dos galhos, bem como sua eliminao, uma prtica aplicada s principais espcies de madeira. Os ns de galhos vivos causam menores prejuzos que os deixados por galhos mortos. Estes constituem srios defeitos na madeira serrada. Ocasionalmente, as rvores tambm so podadas para prevenir a ocorrncia de incndios florestais e para favorecer acesso aos povoamentos, durante as operaes de desbastes, inventrio e combate formiga. (AMBIENTE BRASIL, 2007).

Tambm so utilizados os desbastes, que so cortes parciais realizados em povoamentos imaturos, com o objetivo de estimular o crescimento das rvores remanescentes e aumentar a produo da madeira utilizvel. Nesta operao, removem-se as rvores excedentes, para que se possa concentrar o potencial produtivo do povoamento num nmero limitado de rvores selecionadas. Para determinar a interveno, preciso conhecer-se o incremento mdio anual e corrente da floresta. Quando o incremento do ano passar a ser menor que o mdio at a idade correspondente ltima medio, tendendo portanto a baixar a mdia geral da produo da floresta, este seria o ano para a sua interveno. Esta anlise possvel mediante a realizao de inventrios contnuos. Nos desbastes, as vantagens em conseqncia da competio devem ser, pelo menos em parte, preservadas. Assim, num programa de desbaste, para rotaes relativamente longas, o nmero de rvores deve ser reduzido gradativamente, porm a uma taxa substancialmente mais rpida do que seria em condies naturais. A seleo das rvores a serem desbastadas caracterizada da seguinte forma: Posio relativa e condies de copa (dominantes); Estado de sanidade e vigor das rvores e caractersticas de forma e qualidade do tronco. (AMBIENTE BRASIL, 2007).

O principal efeito favorvel do desbaste estimular o crescimento em dimetro das rvores remanescentes. A variao do dimetro das rvores induzidas pelos desbastes muito ampla. Desbastes leves podem no causar efeito algum sobre o crescimento, embora seja possvel, em razo dos desbastes pesados, conseguir uma produo constituda de rvores com o dobro do dimetro que, durante o mesmo tempo, elas teriam sem desbastes. Os desbastes tambm tendem a desacelerar a desrama natural e a estimular o crescimento dos galhos. A nica vantagem disso que os galhos permanecem vivos por mais tempo e, desse modo, reduz-se o nmero de ns soltos na madeira. (AMBIENTE BRASIL, 2007).

2.3.2.4 Explorao

A conduo dos talhes de eucalipto geralmente realizada para corte aos 7, 14, e 21 anos. So 3 ciclos de corte para uma mesma muda original. De acordo com a regio e o tipo de solo, o ciclo de corte poder ser menor (a cada 5 ou 6 anos). Tudo est ligado ao objetivo da plantao de eucalipto (lenha, carvo, celulose, moures, poste, madeira de construo ou serraria). (AMBIENTE BRASIL, 2007).

Entre o plantio e a colheita do eucalipto transcorrem 6 anos. A madeira colhida enviada s fabricas para produo das chapas. Entre o trmino da colheita e a concluso do novo plantio podem transcorrer at 3 meses. (DURATEX, 2007).

Quando o povoamento de eucalipto de um talho atinge a idade para o primeiro corte, deve-se efetuar a limpeza do local. A eliminao do mato ralo e da capoeira existentes na rea do eucalipto facilita os trabalhos de corte e retirada de madeira. Depois da limpeza da rea, mas antes de se efetuar o corte das rvores, deve-se proceder uma vistoria para controle das formigas, pois estas so muito danosas e impedem a rebrota das cepas de eucalipto. A rebrota do eucalipto varivel conforme a espcie. As espcies E. saligna, E. urophylla, E. citriodora apresentam boa rebrota; j as espcies E. grandis e E. pilularis apresentam m brotao. A capacidade de rebrota das cepas de eucalipto varia conforme a poca. Geralmente a sobrevivncia dos brotos maior quando se cortam as rvores na poca chuvosa (primavera). (AMBIENTE BRASIL, 2007).

A altura de corte em relao ao terreno define a percentagem de sobrevivncia das brotaes. Deve-se cortar bem prximo do solo, deixando-se o mnimo de madeira na cepa da rvore. O corte dever ser chanfrado ou bisel. As espcies com boa brotao devem ser cortadas a uma altura mdia de 5 cm acima do solo. As espcies com baixa capacidade de rebrota devero ser cortadas a uma altura de 10 a 15 cm da superfcie do solo. Poder ser feito a machado ou com motoserra (figura 5). O vigor das brotaes do eucalipto est ligado com o dimetro das cepas. O nmero de brotos aumenta medida que o dimetro das cepas aumenta. (AMBIENTE BRASIL, 2007).

Figura (5) Mquina utilizada para o corte das rvores.Fonte: Duratex S.A.

Do plantio at a colheita so tomados vrios cuidados que garantem o bom desenvolvimento das rvores. As operaes de controle do mato e adubaes de manuteno so realizadas seguindo-se rigorosos critrios tcnicos. Pragas, como as formigas savas, so monitoradas e controladas quando existe risco para a plantao. Equipes realizam o monitoramento do crescimento e da sanidade das plantaes. Tambm avaliam experimentos que permitem, entre outros objetivos, a identificao de rvores superiores. (DURATEX, 2007).

2.3.2.5 Manejo da Brotao

feita uma limpeza das cepas que consiste em limpar-se ao redor das cepas do eucalipto, retirando-se a galhada, folhas, cascas, evitando o abafamento da brotao. Deve-se evitar que a madeira cortada seja empilhada sobre as cepas. A entrada de caminho para retirada da madeira pode prejudicar as brotaes. No deve ser utilizado o fogo para limpeza da rea, pois este inimigo das brotaes do eucalipto. Exigem solo bem preparado, por isso, nas reas de eucalipto em brotao devem ser realizadas gradagens entre as ruas de cepas. O uso da grade de discos elimina as ervas daninhas e poda as razes das cepas, aumentando-lhes o vigor. Quando os brotos apresentarem de 2,5 a 3 m de altura, ou seja, aps 10 a 12 meses do corte das rvores, efetua-se a desbrota. Isso deve ser feito no perodo quente e chuvoso, para garantir o crescimento da brotao. Conforme o tamanho da cepa, deixa-se a seguinte quantidade de brotos: cepas menores que 8 cm apenas um broto e cepas maiores que 8 cm de 2 a 3 brotos. Na vspera do corte das rvores, aplica-se de 100 a 150 gramas de fertilizantes por cepa, da frmula 10:30:10. A aplicao feita nas entrelinhas em sulco ou a lao, assim as cepas tm melhor brotao. (AMBIENTE BRASIL, 2007).O interplantio consiste no plantio de mudas ao lado do tronco de eucalipto que no tenha brotao. Por isso, de 2 a 3 meses aps o corte das rvores, efetua-se um levantamento das cepas no brotadas. Identifica-se os locais para o plantio. Plantam-se mudas bem desenvolvidas com 6 a 8 meses de idade, especialmente produzidas no viveiro. Deve-se abrir covas bem grandes, durante a estao chuvosa, ao lado das cepas mortas. O ideal efetuar adubao de cova, a base de 150 gramas de frmula 10:30:10. (AMBIENTE BRASIL, 2007).

O melhoramento florestal um conjunto de tcnicas que, baseado em estudos genticos das rvores, possibilita o aumento da produtividade florestal a cada ciclo. Testes com cruzamentos controlados permitem ganhos genticos em produtividade. rvores superiores so selecionadas nas florestas. Com as sementes ou estacas destas rvores so formadas mudas para testes ou plantios comerciais. As avaliaes das rvores superiores so feitas atravs de testes em campo, laboratrio e na fbrica, e as caractersticas desejadas so: volume e forma; resistncia a pragas e qualidade da madeira. (DURATEX, 2007).

Os vegetais retiram nutrientes do solo e atravs da fotossntese produzem os elementos necessrios ao seu crescimento. Com o cultivo mnimo, os galhos e folhas deixados sobre o solo, decompem-se, devolvendo nutrientes ao solo; processo denominado ciclagem de nutrientes. No manejo florestal as adubaes repem os nutrientes contidos na madeira colhida. As mquinas de colheita florestal possuem pneus largos ou esteiras que permitem melhor distribuio do seu peso sobre o solo; cuidados que evitam a compactao. (DURATEX, 2007).

2.4 - A Implantao do Pinus no Brasil

Reino: PlantaeDiviso: PinophytaClasse: PinopsidaOrdem: PinalesFamlia: PinaceaeGnero: Pinus

So nativos a maioria do Hemisfrio Norte. Na Amrica do Norte, variam do rtico Sul Nicargua e Espanhola, com diversidade mais alta no Mxico e na Califrnia. Na Eursia, eles ocorrem desde Portugal a leste da Esccia at o extremo oriental da Rssia, Japo, e as Filipinas, e norte da frica, o Himalaia e o Sudeste da sia, com uma espcie formando a floresta de conferas tropical e subtropical. (WIKIPDIA, 2007)

Os pinheiros do gnero Pinus, que incluem talvez as mais conhecidas de todas as gimnospermas, dominam amplas faixas da Amrica do Norte e da Eursia, sendo amplamente cultivadas at mesmo no Hemisfrio Sul. H cerca de 90 espcies de Pinus, todas caracterizadas por um arranjo foliar que nico em todas as conferas. (RAVEN, 2001)

As folhas de Pinus, como as de muitas outras espcies de conferas, so impressionantemente adaptadas ao crescimento sob condies nas quais a gua pode ser escassa ou de difcil obteno. (RAVEN, 2001)Espcies de Pinus vm sendo introduzidos no Brasil h mais de um sculo para variadas finalidades. Muitas delas foram trazidas pelos imigrantes europeus como curiosidade, para fins ornamentais e para produo de madeira. As primeiras introdues de que se tem notcia foram de Pinus canariensis, proveniente das Ilhas Canrias, no Rio Grande do Sul, em torno de 1880. (SHIMIZU, 2007)

Por volta de 1936, foram iniciados os primeiros ensaios de introduo de Pinus para fins silviculturais, com espcies europias. No entanto, no houve sucesso, em decorrncia da m adaptao ao nosso clima. Somente em 1948, atravs do Servio Florestal do Estado de So Paulo, foram introduzidas, para ensaios, as espcies americanas conhecidas nas origens como pinheiros amarelos que incluem P. palustris, P. echinata, P. elliotti e P. taeda. Dentre essas, as duas ltimas se destacaram pela facilidade nos tratos culturais, rpido crescimento e reproduo intensa no Sul e Sudeste do Brasil. Desde ento um grande nmero de espcies continuou sendo introduzido e estabelecido em experimentos no campo pro agncias do governo e empresas privadas, visando ao estabelecimento de plantios comerciais. A diversidade de espcies e raas geogrficas testadas provenientes no s dos Estados Unidos, mas tambm do Mxico, da Amrica Central, das ilhas caribenhas e da sia foi fundamental para que se pudesse traar um perfil das caractersticas de desenvolvimento de cada espcie para viabilizar plantios comerciais nos mais variados stios ecolgicos existentes no pas. (SHIMIZU, 2007).

Pinus taeda foi o principal destaque nos plantios na regio do planalto do Sul e Sudeste. Esta uma espcie de ampla distribuio geogrfica no Leste e Sudeste dos Estados Unidos. Apesar do rpido crescimento inicial, o fuste costuma ser de baixa qualidade devido a tortuosidades, bifurcaes e um grande nmero de ramos grosseiros. Essas eram as caractersticas dos primeiros plantios comercias com esta espcie, visto que foram formados com semente importada, em sua maioria sem qualquer controle de qualidade gentica, adquiridas de fornecedores inidneos. Esta espcie altamente varivel, inclusive quanto resistncia geada e temperatura requerida para o seu processo de crescimento. Assim que, aps intensos estudos sobre variaes geogrficas nos materiais genticos introduzidos no Brasil, as procedncias da plancie costeira do estado da Carolina do Sul ficaram conhecidas como as de maior produtividade e melhor qualidade de fuste no Sul e Sudeste do Brasil, em locais onde as geadas no so to severas. Para os locais mais frios, como nas serras gachas e no planalto catarinense, as procedncias de locais mais frios como da Carolina do Norte tm demonstrado maior produtividade. (SHIMIZU, 2007).

Pinus elliotti se destacou como espcie vivel em plantaes comerciais para produo de madeira e resina no Brasil. A regio ecolgica ideal para o seu desenvolvimento coincide, em grande parte, com a de P. taeda. Porm, por ser de ambiente com caractersticas mais prximas ao tropical, ele perde em crescimento para P. taeda nas partes mais frias do planalto sulino. Por outro lado, ele pode ser plantado com grande sucesso em ambientes caractersticos de Cerrado das Regies Sul e Sudeste, bem como na plancie costeira. (SHIMIZU, 2007).

2.4.1 A Importncia Econmica do Pinus

O pinheiro a espcie comercialmente mais importante para a produo de madeira nas regies temperadas e tropicais do planeta. Muitos deles so utilizados como matria-prima para a produo da celulose, que empregada na produo de papel, devido sua madeira leve e crescimento rpido. Alm disso, ele tambm pode ser plantado com uma grande densidade populacional e a queda de suas folhas (acculas) produz um efeito aleloptico em plantas de outras espcies ou seja as folhas inibem o crescimento de outras plantas o que provoca uma reduo na competio por gua, luz e nutrientes nas florestas de pinheiros. (WIKIPDIA, 2007)

A resina de algumas espcies uma importante fonte de breu do qual se extrai terebintina (lquido obtido por destilao da resina de pinheiros, sendo usado na mistura de tintas, vernizes e polidores) e outros leos essenciais. Algumas espcies tm sementes comestveis que se podem cozinhar ou assar. Outras so usadas como rvores de natal e suas pinhas e ramos so largamente usados em decoraes natalcias. Muitos pinheiros so tambm usados como plantas ornamentais em parques e jardins. Uma grande quantidade de espcies ans cultivada para plantio em jardins residenciais. Tambm existe uma longa tradio oriental, especialmente na China e no Japo, e bem difundida entre as culturas ocidentais modernas, do cultivo de miniaturas artsticas das mais diversas espcies de pinheiros, os bonsais, um termo emprestado do idioma japons. (WIKIPDIA, 2007)

2.4.2 Floresta Plantada de Pinus

As espcies do gnero Pinus so amplamente utilizadas em reflorestamentos no Brasil, devido principalmente ao seu rpido crescimento (figura 6). A madeira do Pinus usada em construes leves ou pesadas, na produo de laminados, compensados, chapas de fibras e de partculas, na produo de celulose e papel, entre outros. O P. elliotti tambm muito utilizado para a extrao de resina. O Pinus tambm pode ser utilizado na implantao de quebra ventos. (AMBIENTE BRASIL, 2007)

Figura (6) Floresta plantada de Pinus.Fonte: Duratex S.A.

Para o Pinus podem ser empregados trs tipos de semeadura: em sementeiras, canteiros de mudas embaladas ou em canteiros de mudas de raiz nua. Em sementeiras, as sementes so espalhadas diretamente em sementeiras, sendo que, aps a germinao, as plntulas sofrero uma repicagem e sero transferidas para os recipientes onde continuaro seu processo de formao. Em canteiros de mudas embaladas, as sementes so semeadas diretamente em recipientes, podendo ser utilizados tubetes especiais, sacos plsticos, taquara, entre outros. Em canteiros de mudas de raiz nua, a semeadura realizada diretamente nos canteiros, onde as mudas permanecem sob cuidados no local at o plantio definitivo. O mtodo de raiz nua indicado para locais onde ocorre boa distribuio pluviomtrica e temperaturas pouco elevadas, como no sul do Brasil. Esta prtica realizada quando o plantio mecanizado. As mudas permanecem no viveiro at que atinjam uma altura entre 20 e 30 cm e um sistema radicular bem desenvolvido. (AMBIENTE BRASIL, 2007)

Como o preparo do terreno est ligado com as caractersticas da rea onde ser realizado o plantio, geralmente as operaes so realizadas na seguinte ordem: construo de estradas e aceiros; desmatamento e aproveitamento da madeira; enleiramento ou encoivaramento; queima das leiras; desenleiramento; combate formiga; revolvimento do solo e sulcamento e/ou coveamento. As tcnicas de cultivo mnimo e plantio consorciado tm sido adotadas por muitas empresas a fim de diminuir os danos ambientais. (AMBIENTE BRASIL, 2007)

A escolha do espaamento de plantio, na maioria dos planejamentos florestais, tem sido fundamentada principalmente no uso final da madeira. O espaamento tem uma srie de implicaes do ponto de vista silvicultural, tecnolgico e econmico. Ele influencia as taxas de crescimento das plantas, a qualidade das madeiras, a idade de corte, bem como as prticas de explorao e manejo florestal e conseqentemente os custos de produo. A idade de corte e o espaamento encontram-se tambm intimamente relacionadas, ou seja, os plantios em espaamentos menores normalmente exigem desbastes ou ciclos mais curtos de corte, pois a competio entre plantas ocorre mais precocemente , antecipando a estagnao do crescimento. A percentagem de rvores dominadas e mortas cresce com o avano da idade, causando um aumento da percentagem de falhas. Este fato ocorre com maior intensidade e mais precocemente nos espaamentos mais apertados. Um nmero elevado de rvores dominadas pode refletir negativamente no volume da madeira, estabilizando e at reduzindo o incremento mdio anual. Nos plantios de Pinus, costumam ser utilizados os espaamentos de 3m x 2m e 2,5m x 2,5m. (AMBIENTE BRASIL, 2007)

O plantio pode ser realizado atravs de dois mtodos: plantio manual e plantio mecanizado. O plantio manual consiste inicialmente no balisamento e alinhamento, abertura de covas, distribuio de mudas e plantio propriamente dito. O plantio mecanizado consiste de um trator que transporta as mudas e abre a cova com um disco sulcador enquanto um operrio distribui as mudas. Ao mesmo tempo duas rodas convergentes fecham o sulco. As mudas mal plantadas so arrumadas por um operrio que segue a mquina, sendo este processo utilizado para mudas de raz nua. (AMBIENTE BRASIL, 2007)

2.5 A Utilizao de Florestas Nativas

As florestas do mundo inteiro foram e esto sendo ameaadas pela degradao descontrolada e a transformao para outros tipos de uso da terra, sob a influncia das crescentes necessidades humanas; da expanso agrcola; e da falta de controle adequado dos incndios florestais, ausncia de medidas de represso extrao ilegal, explorao comercial no-sustentvel da madeira, criao de gado excessiva e ausncia de regulamentao para o plantio de pastagens. Os impactos da perda e degradao das florestas aparecem sob a forma de eroso do solo; perda da biodiversidade; danos aos habitats silvestres e degradao das reas de bacias; deteriorao da qualidade da vida e reduo das opes de desenvolvimento. (GARLIPP, 2003)

A explorao madeireira tem sido uma das principais catalisadoras da colonizao na Amaznia brasileira, pois para chegarem s florestas nativas, os madeireiros abrem estradas e usam os cursos de gua navegveis. Em 2004, aproximadamente 3.100 empresas de processamento de madeira (serrarias, fbricas de compensado e laminado) processavam 24,5 milhes de metros cbico de toras; 36% da madeira processada era exportada para outros pases e o restante era consumido no Brasil. Os impactos ambientais e ecolgicos da explorao madeireira s foram parcialmente avaliados. Eles podem ser extremamente variveis em virtude da diversidade de mtodos de explorao empregados e da ocorrncia de impactos secundrios. Alm do mais, os exploradores de madeira tm aberto milhares de quilmetros de estradas em terras pblicas e privadas, que se tornaram canais-chave para mais colonizao. (IMAZON, 2006)A explorao seletiva de madeira est espalhada em grandes reas e pode causar de danos leves a severos na floresta. A explorao de madeira no planejada gera mais quantidade de resduos vegetais e abre clareiras maiores no dossel florestal do que as operaes planejadas, tornando as florestas mais suscetveis a incndios originados em reas usadas para agropecuria. Os impactos da explorao madeireira autorizada tambm so negativos quando os exploradores no aplicam adequadamente as tcnicas de manejo aprovadas. Algumas empresas madeireiras e comunidades adotaram melhores prticas de manejo florestal, o que na Amaznia brasileira, geralmente significa a adoo de certificado verde, visto que a credibilidade das operaes no-certificadas baixa. Contudo, a rea total de produo de madeira certificada com o selo verde na regio continua pequena. Em novembro de 2005 havia 12.619 km de reas certificadas pelo FSC (FSC 2005). Essa rea equivalente a apenas 3,4% da rea total estimada necessria para suprir sustentavelmente a colheita anual de madeira na Amaznia brasileira. (IMAZON, 2006)

A rea total afetada pelos vrios mtodos de extrao madeireira na Amaznia brasileira desconhecida, e os dados so temporalmente e espacialmente incompletos. As atuais condies das operaes de explorao madeireira autorizadas, por exemplo, so obscuras, visto que o ltimo relatrio emitido pelo Ibama foi baseado em dados de 2001. Estimativas aproximadas das reas impactadas anualmente variam de 10.000 km com incertezas de 17% a 100% . (IMAZON, 2006)

2.6 Possveis Impactos Causados pelas Florestas Plantadas

2.6.1 Impacto sobre a Biodiversidade

O efeito das plantaes florestais sobre a biodiversidade depende muito do tipo de ecossistema natural primitivo, das espcies arbreas escolhidas e das tcnicas silviculturais empregadas. As principais acusaes consistem na reduo da fauna e na sua uniformidade estrutural devido utilizao de uma nica espcie arbrea. (POGGIANI, 1996).

De fato, preciso reconhecer que foram os processos de mecanizao e de economia de escala que tornaram as plantaes florestais rentveis. A floresta manejada de acordo com o potencial das mquinas disponveis para o plantio e a colheita. As rvores so plantadas em espaamentos uniformes e com elevada densidade. O nmero das espcies vegetais e animais existentes em florestas plantadas muito inferior ao nmero de espcies que ocorrem em florestas naturais. Quando a vegetao natural substituda por florestas plantadas ocorre, evidentemente, uma quebra da biodiversidade que ser ainda mais intensa se for uma regio tropical pluvial. O resultado ainda mais srio, se forem utilizadas espcies exticas de rpido crescimento. Em alguns casos, estas espcies se adaptam biologicamente ao novo habitat e podem causar uma verdadeira invaso como, por exemplo, tem sido observado com a espcie Leucaena leucocephala. (POGGIANI, 1996).

A diversidade vegetal, por sua vez, acarreta modificaes contnuas na diversidade da fauna silvestre que pode ser alterada de acordo com as fases da rotao do povoamento florestal. Uma vez que a copa est fechada, o sub-bosque suprimido e a fauna deste habitat diminui. Se, em seguida, o dossel raleado atravs do desbaste, uma maior quantidade de luz atinge o sub-bosque e a flora e fauna novamente aumentam. O efeito da floresta plantada pode ser ainda mais drstico em relao s espcies raras que ocorrem nas matas tropicais e cuja biologia reprodutiva pouco conhecida. (POGGIANI, 1996).

2.6.2 Impacto sobre o Solo e a gua

Uma das preocupaes com a floresta plantada refere-se manuteno de sua produtividade ao longo das sucessivas rotaes. (POGGIANI, 1996).

A colheita da biomassa florestal constituda por rvores jovens e efetuada em breves intervalos de tempo, provoca a exportao de uma considervel quantidade de nutrientes, principalmente se for utilizada a biomassa total incluindo, alm do lenho, as folhas, os ramos e a casca. (POGGIANI, 1996).

Esta quantidade de nutrientes, em muitos casos, pode superar a quantidade de nutrientes perdidos atravs dos processos de eroso superficial e lixiviao que ocorrem ao longo da rotao completa do povoamento. Este fato foi discutido por Miller (1981), o qual assinala, que apenas depois do fechamento total das copas, as rvores das plantaes florestais ativam completamente o ciclo biogeoqumico dos nutrientes atravs da produo da serapilheira. O corte destas rvores, na fase juvenil, quando apenas acumulam nutrientes na biomassa, acentua as taxas de exportao. (POGGIANI, 1996).

Outro aspecto refere-se lentido da decomposio da serapilheira depositada sobre o solo, principalmente quando se trata de determinadas espcies exticas, visto que os microrganismos decompositores, nem sempre se adaptam facilmente para atuar biologicamente sobre o material vegetal produzido. Neste caso, parte dos nutrientes, pode ficar incorporada na manta florestal por um perodo de tempo prolongado e causar desequilbrios nutricionais na floresta plantada. (POGGIANI, 1996)

Assim, como o crescimento das espcies florestais tem em efeito direto sobre a qualidade do solo e da gua, as tcnicas silviculturais tambm podem causar impactos. O processo de gradagem melhora a curto prazo as condies de plantio, mas pode provocar eroso superficial e afetar o sistema de drenagem e, quanto maior a gradagem, maior poder ser o problema. Plantio morro abaixo ento, causa um verdadeiro desastre durante chuvas pesadas. (POGGIANI, 1996).

As queimadas aumentam o risco de eroso e provocam a perda de nitrognio por volatilizao e tambm de outros nutrientes minerais arrastados pela fora da enxurrada, principalmente em reas de declividade. Foi observada tambm a reduo da infiltrao da gua no solo em reas de povoamentos florestais onde havia sido utilizada a queimada do sub-bosque para facilitar as operaes de colheita de madeira destinada produo de carvo vegetal. (POGGIANI, 1996).Tambm a operao de drenagem de reas de baixadas muitas vezes desnecessrias, pode inadvertidamente eliminar preciosos refgios da fauna silvestre, alterando as condies do habitat. As operaes de colheita com mquinas pesadas causam, quase sempre, a compactao do solo, diminuindo a porosidade, e dificultando a infiltrao da gua e a disponibilidade de oxignio para as razes e a biota do solo. (POGGIANI, 1996).

O corte raso reduz fortemente o processo de evapotranspirao, modificando o regime hdrico da microbacia. Neste caso, o nvel do lenol fretico pode subir e o escoamento superficial aumentar, alterando o deflvio dos rios e prejudicando a qualidade da gua. Quanto maior a rea afetada pelo corte raso e quanto mais declivoso for o terreno, ser maior a severidade do problema. (POGGIANI, 1996).

Tem sido observado tambm, que em certos casos, plantaes de conferas provocam um aumento de acidez na camada superficial do solo. Com relao ao efeito aleloptico provocado por certas espcies florestais, entre as quais o eucalipto, no existem ainda evidncias cientficas bem fundamentadas e geralmente os efeitos so temporrios e reversveis. Entretanto, h necessidade de se pesquisar mais sobre o assunto. (POGGIANI, 1996).

Tambm, o uso de agro qumicos, fertilizantes, pode causar a contaminao da gua e do solo, eliminando as formas de vida existentes e causando verdadeiros desastres ecolgicos. Cuidado especial deve ser tomado quando se planeja a implantao de florestas de rpido crescimento em reas de baixa pluviosidade, visto que durante o crescimento mais intenso ocorre, geralmente, uma elevada perda de gua por evapotranspirao, podendo provocar um rebaixamento do lenol fretico e o desaparecimento temporrio ou definitivo de nascentes. (POGGIANI, 1996).

2.6.3 Impacto Sobre o Microclima

medida em que a floresta plantada se desenvolve, ocorrem variaes nas caractersticas climticas do local, principalmente em relao temperatura e umidade relativa do ar, velocidade do vento, energia radiante que incide sobre o solo, alterando a estrutura da comunidade microbiana. Se, por um lado, temperaturas mais elevadas do solo estimulam o crescimento do sistema radicular e propiciam um aumento da produtividade; em certos casos, podem ser prejudiciais para a fixao biolgica do nitrognio e para a germinao das sementes estocadas no solo. (POGGIANI, 1996).

O corte raso, ento, acarreta conseqncias bastante srias, visto que altera totalmente as condies de vida da fauna e dos microrganismos do solo dentro do povoamento cortado. Outra conseqncia desfavorvel a destruio do sub-bosque, eventual refgio e fonte de alimento para a fauna silvestre. (POGGIANI, 1996).

2.7 Melhoramento Gentico

Quando no se dispe de informao tcnica sobre o desempenho de espcies florestais em um ambiente extico, a melhor orientao a seguir na escolha de espcies e procedncias so as analogias climticas e das caractersticas do solo entre os locais de origem e dos da regio onde se pretende plantar. Vrias espcies foram introduzidas no Brasil com base nesse princpio. Porm, quando se busca maior refinamento visando maximizar a produtividade, torna-se essencial um estudo detalhado das variveis ambientais predominantes nas origens das espcies a serem introduzidas e nos locais de plantio, especialmente quanto aos fatores como temperatura mnima, dficit ou excesso hdrico, profundidade e caractersticas qumicas que comprovem ou refutem o desempenho esperado das espcies nos variados locais de plantio, possibilitaro uma definio segura quanto s espcies e procedncias mais promissoras em cada situao ecolgica. (Shimizu, 2007)

A destinao do material gentico apropriado para cada ambiente essencial para o sucesso dos empreendimentos florestais. Este desafio se aplica, tambm, na escolha dos gentipos para cada tipo de stio, visto que, na maioria das espcies, ocorrem interaes gentipo-ambiente substanciais. Quando no se leva em conta este aspecto, corre-se o risco de desperdiar altos investimentos no desenvolvimento ou na aquisio de materiais genticos melhorados para plant-los em locais em que no haver o retorno esperado. Tanto a gerao de gentipos superiores quanto a determinao da melhor forma de sua utilizao so temas tratados na implementao de programas de melhoramento gentico, especificamente para a referida espcie, para a regio onde ser plantada e para o tipo de matria-prima desejado. (Shimizu, 2007)

2.8 Ciclo dos nutrientes minerais

O balano equilibrado dos nutrientes no ecossistema florestal imprescindvel para garantir a produtividade contnua do stio. Os nutrientes minerais entram na floresta atravs da chuva, do vento, da adubao e do intemperismo. Na prtica, a contribuio do intemperismo insignificante nos solos tropicais. O nitrognio, porm, pode ser fixado biologicamente, desde que o solo apresente as condies fsico-qumicas e biolgicas necessrias. A existncia de espcies herbceas e arbustivas de leguminosas no sub-bosque, pode colaborar ativamente na fixao deste elemento. (POGGIANI, 1996).

A sada dos nutrientes do ecossistema (no casa da bacia hidrogrfica) ocorre de diversas maneiras, mas principalmente atravs da gua que percola no solo e arrasta os nutrientes em profundidade, do escoamento superficial que leva os nutrientes para os crregos durante as chuvas mais intensas e, principalmente, atravs da colheita da madeira. Se alm da madeira, tambm as folhas, ramos e casca forem exportados, ento a perda de nutrientes do stio poder aumentar ainda mais. (POGGIANI, 1996).

3. Concluso

Vivemos uma poca de conscientizao ambiental, e essa responsabilidade virou negcio para empresrios que se aproveitam dessa propaganda para vender mais produtos, atraindo consumidores que esto preocupados com o meio ambiente e tendem a comprar produtos que em sua embalagem destacam a preocupao com o planeta. No sendo diferente com a implantao da floresta plantada, que visando a necessidade cada vez maior de extrao, preocupados com a escassez da matria-prima, implantaram as tcnicas de manejo florestal atravs das florestas plantadas para suprir a suposta falta que em um futuro prximo viria acontecer se alguma atitude no fosse tomada. Viso capitalista que reduziu e muito o impacto ambiental por eles causados. Esgotamento do solo, perturbao ou extino da fauna local so questes que vem sendo estudadas e resolvidas com sucesso a cada etapa. As tcnicas utilizadas hoje so evoludas a cada dia para se ter uma extrao perfeita e risco zero ao meio ambiente. Com conscientizao, amor e respeito por quem tem suprido as nossas necessidades desde o princpio, conseguiremos reverter a situao em que nos encontramos hoje.

4. Anexos

Discurso da Ministra Marina Silva no evento de 100 Anos de Florestas Plantadas 30/03/2005

Senhoras e Senhores,

Ainda no sculo XVIII, Jos Bonifcio, o Patriarca da Independncia, j esboava as primeiras propostas de reflorestamento com a finalidade de conteno de encostas.

J Dom Pedro II, vislumbrou a importncia de recompor a cobertura florestal para proteger a gua e determinou o plantio da Floresta da Tijuca, hoje uma das maiores florestas urbanas do mundo.

Foi, contudo, no incio do sculo XX que se iniciou um processo sistemtico e perseverante de desenvolvimento da Silvicultura moderna do Brasil.

A comemorao do centenrio da Silvicultura no Brasil um reconhecimento aos obstinados pioneiros como Navarro de Andrade, que iniciaram com os experimentos de Rio Claro um dos primeiros processos estruturados de constituio de cadeias produtivas em bases sustentveis no Brasil.

Desde aquele incio de sculo, foram constitudos mais de 20 mil hectares de experimentos e investidos mais de US$ 500 milhes no desenvolvimento cientifico e tecnolgico, que tornaram a silvicultura brasileira para fins de produo uma das mais competitivas do mundo.

Esse esforo tambm permitiu ao Pas desenvolver tcnicas de reflorestamento para recuperao de reas degradadas que esto entre as mais elaboradas e eficazes do planeta.

Tambm a forma de promoo desse desenvolvimento foi inovadora. Com o objetivo de desenvolver a Silvicultura, as primeiras parcerias universidade-empresa no Brasil foram estabelecidas na dcada de 60.

O Instituto de Pesquisa e Estudos Florestais IPEF de Piracicaba/SP, a Sociedade de Investigaes Florestais SIF de Viosa e a FUPEF Fundao de Pesquisa e Estudos Florestais da Universidade Federal do Paran so exemplos dessas parcerias que deram enorme contribuio para estruturar a silvicultura brasileira e a indstria a ela associada.

Das florestas plantadas do Brasil hoje se obtm produtos madeireiros e no madeireiros que beneficiam diversas cadeias produtivas.

As florestas plantadas, tanto as de uso comercial como aquelas com o fim de proteo, recuperao ou recomposio de reas degradadas, cumprem direta ou indiretamente uma funo importante de proteo da biodiversidade, preveno e controle de incndios, proteo da gua e do solo em situaes frgeis e captao de carbono, entre outros servios.

Senhoras e Senhores,

O desenvolvimento da Silvicultura do Brasil esteve associada de forma marcante a dois fatores:

a interveno forte do estado brasileiro atravs de pesados programas de incentivo fiscal e financiamento pblico; eo estabelecimento de cadeias produtivas altamente verticalizadas e concentradas. Esse processo produziu excelentes resultados mas tambm deixou lacunas fundamentais: O pas de maior biodiversidade do planeta pouco desenvolveu a silvicultura de suas espcies nativas; A participao dos pequenos produtores pequena, o que desfavorece a distribuio de renda e benefcios; e, Conflitos socioambientais relacionados ao desenvolvimento da silvicultura no so raros.

No final dos anos 80, o fim dos incentivos fiscais e a conjuntura econmica instvel e recessiva, provocaram o desestmulo a investimentos de longo prazo. O plantio de florestas foi reduzido drasticamente, enquanto o consumo aumentava expressivamente.Senhor Presidente,

Entre 1990 e 2002 a rea florestal do Brasil caiu de cerca de sete milhes de hectares de florestas plantadas para pouco menos de 5 milhes de hectares plantados.

Em 2002, estvamos colhendo 500 mil hectares de florestas e plantando pouco mais de 320 mil. O quadro era de iminncia de um APAGO FLORESTAL.

Foi nesse quadro dramtico que, ao assumirmos o governo em 2003, o Programa Nacional de Florestas virou uma das prioridades do Presidente Lula.

Definimos uma agenda de trabalho orientada para atingir a meta de ampliar a rea de plantio anual de 320 mil para 500 mil hectares at 2007, dando nfase na recuperao de reas j degradadas e na ampliao da participao de pequenos produtores.

Trabalhamos com afinco nessa agenda.

Criamos trs novas linhas de crdito para a atividade florestal e adaptamos as regras das outras duas existentes.

Como resultado, a tomada de crdito subiu de R$ 2 milhes em 2002 para mais de 20 milhes em 2004 e dever chegar a R$ 50 milhes em 2005, com uma projeo de R$ 100 milhes para 2006.A assistncia tcnica, at ento inexistente para atividades florestais, atingiu j em 2003, mais de oito mil produtores e em 2005 atingir 15 mil famlias.

No tocante regulamentao da atividade de silvicultura, simplificamos fortemente as regras atravs da Instruo Normativa 08 de 2004, que tornou livre o plantio, manejo e colheita de espcies exticas, respeitando-se os limites impostos pelo Cdigo Florestal.

Para promover o fomento das atividades florestais em bases sustentveis, enviamos ao Congresso Nacional, em regime de urgncia constitucional, o Projeto de Lei 4776 que regulamenta a gesto de florestas pblicas e cria, na estrutura do Ministrio do Meio Ambiente, o Servio Florestal Brasileiro e o Fundo Nacional de Desenvolvimento Florestal, que ser formado por recursos oriundos de concesses de manejo florestal em florestas pblicas.

Com esse trabalho ampliamos a rea de plantio florestal anual de 320 mil hectares em 2002 para 465 mil em 2004 e, ainda em 2005, estaremos superando a meta de 500 mil hectares planejada para 2007. E, mais importante, a proporo de plantio realizada por pequenos produtores dobrou.

Nunca, Senhor Presidente, nem nos perodos mais generosos do incentivo fiscal, O Brasil plantou mais florestas do que nos ltimos dois anos. , sem dvida, uma vitria do Brasil e uma conquista do setor produtivo brasileiro.

Mas precisamos ir alm, porque temos muito mais potencial. Precisamos desenvolver as plantaes florestais com as espcies brasileiras e promover os plantios agroflorestais que maximizem os benefcios para as pequenas propriedades.

Por isso o MMA, em parceria com o Ministrio do Desenvolvimento Agrrio, o Ministrio da Cincia e Tecnologia e o Ministrio da Agricultura, est finalizando um plano estruturante, ousado e de longo prazo para desenvolver a Silvicultura de Espcies Nativas e a Agrofloresta no Brasil.

Senhor Presidente,

Ao longo destes ltimos dois anos fui algumas vezes questionada: - Ministra Marina, porque tanta ateno para este setor? Plantio de rvores no floresta.

Estas indagaes me fazem lembrar de uma frase dita na ltima reunio da CONAFLOR pelo representante da Associao Brasileira de Estudantes de Engenharia Florestal: Peixe peixe, boi boi e peixe boi outra coisa.

Da mesma forma, floresta floresta; plantio de rvores plantio de rvore; e floresta plantada outra coisa.Floresta Plantada o plantio de rvores, acrescido de valores ambientais, sociais, culturais, tecnolgicos e econmicos.

a aplicao da soma de conhecimentos gerados pelas universidades, instituies de pesquisas, empresas, com investimentos de mais de 500 milhes de dlares ao longo dos ltimos 35 anos, e que contou com a ativa participao de centenas de pesquisadores especializados e milhares de produtores determinados.

Plantios de rvore, de soja, de milho, de arroz, de feijo e outros so realmente muito semelhantes.

As Florestas Plantadas se diferenciam pela menor intensidade no uso do solo e no uso de defensivos, pelos ciclos mais longos, a manuteno de reas de Preservao Permanente, a integrao com as reas de Reserva Legal, a manuteno as reas protegidas na constituio de corredores ecolgicos, a implantao de procedimentos de colheita de baixo impacto, a promoo do uso mltiplo dos produtos e servios, o forte investimento na qualificao, segurana e sade dos trabalhadores e a ao integrada e construtiva junto comunidade do entorno, atravs de programas educacionais e de fomento.

Esses plantios de rvores, implantados e manejados seguindo os princpios da sustentabilidade, so realmente outra coisa.

A silvicultura brasileira tem muitos exemplos dessa natureza e, por isso tambm, que o Brasil tem enormes oportunidades para se tornar um grande produtor florestal em nvel internacional.

O Frum Socioambiental de Florestas Plantadas que estamos criando hoje tem como objetivo principal remediar os impactos do plantio de rvores em larga escala, promover e multiplicar os benefcios das vitoriosas experincias de desenvolvimento social e ambiental das florestas plantadas.

Senhores e senhoras,

Dizem que para completar o ciclo da vida devemos escrever um livro, ter filhos e plantar uma rvore.

Neste evento hoje reunimos um grupo obstinado de pessoas que no se contentam em plantar uma rvore, nem duas, nem mil. Porque no so plantadores de rvores, so criadores de florestas plantadas.

E nosso dever apoi-los.

Parabns a todos!

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