Monografia Adelaidechao Final Uff

28
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE MATEMÁTICA E ESTATÍSTICA LANTE Laboratório de Novas Tecnologias de Ensino Mídias de Comunicação em ambientes virtuais de aprendizagem: por uma nova Educação na sociedade de informação. ADELAIDE CRISTINA ROCHA DE LA TORRE CHAO DUQUE DE CAXIAS / RIO DE JANEIRO 2013

Transcript of Monografia Adelaidechao Final Uff

Page 1: Monografia Adelaidechao Final Uff

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

INSTITUTO DE MATEMÁTICA E ESTATÍSTICA

LANTE – Laboratório de Novas Tecnologias de Ensino

Mídias de Comunicação em ambientes virtuais de aprendizagem: por uma nova

Educação na sociedade de informação.

ADELAIDE CRISTINA ROCHA DE LA TORRE CHAO

DUQUE DE CAXIAS / RIO DE JANEIRO

2013

Page 2: Monografia Adelaidechao Final Uff

ADELAIDE CRISTINA ROCHA DE LA TORRE CHAO

Mídias de Comunicação em ambientes virtuais de aprendizagem: por uma nova Educação

na sociedade de informação.

Trabalho de Final de Curso apresentado à

Coordenação do Curso de Pós-graduação

da Universidade Federal Fluminense, como

requisito parcial para a obtenção do título de

Especialista Lato Sensu em Planejamento,

Implementação e Gestão da EAD.

Aprovada em Outubro de 2013.

BANCA EXAMINADORA

________________________________________________________________________

Prof. Dr. Ricardo Cordeiro de Farias - Orientador

UFRJ

________________________________________________________________________

Prof. Dra. Andréa Paula Osório Duque

UERJ

________________________________________________________________________

Prof. Dra. Ana Lisa Nishio

UFRRJ

Page 3: Monografia Adelaidechao Final Uff

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus tutores e alunos que ao longo

deste curso me ensinaram que a arte e o dom de Educar

estão refletidos no olhar - do outro, pelo outro e para o outro.

Page 4: Monografia Adelaidechao Final Uff

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus pelo dom de minha vida e a meus avós (in

memoriam) Alvaro Zózimo e Noêmia Rocha, pelo exemplo e

dedicação à Educação ao longo de suas vida.

Agradeço a meus pais, Nilton e Sonia, meu esposo José Luís e meu filho Arthur, pelo

carinho, exemplo, atenção e paciência. Para vocês e por vocês com amor.

Page 5: Monografia Adelaidechao Final Uff

RESUMO

Este trabalho tem como objetivo analisar como a explosão das novas mídias e

tecnologias na sociedade de informação do século XXI tem impactado nos processos e

novos modelos de aprendizagem. Descreve o cenário da aprendizagem na EAD e mostra

como seus profissionais precisam trabalhar para saberem lidar com um novo perfil de aluno

voltado a busca do conhecimento, através das ferramentas online. Através desta pesquisa,

observa-se que é possível atingir o discente, mesmo à distância e permitir que ele se torne

uma pessoa autodidata, criativa, disciplinada, responsável e gestora de sua própria

aprendizagem, à medida que interage e contribui com os demais, por meio das novas

formas de ensinar e aprender, disponibilizadas através das novas tecnologias da

informação e comunicação – NTIC´s.

Palavras–chave: educação à distância; ambientes virtuais; comunicação.

Page 6: Monografia Adelaidechao Final Uff

SUMÁRIO

Nº da página

1 – Introdução 06

1.1 – Justificativa 08

1.2 - Objetivos 08

1.3 – Metodologia 09

1.4 – Organização 10

2 – Pressupostos teóricos 10

3 – Resultados e discussões 19

4 – Conclusões ou considerações finais 23

5 – Referências 24

Page 7: Monografia Adelaidechao Final Uff

6

1. Introdução

O acesso à educação no ambiente virtual permitiu o desenvolvimento da

aprendizagem eliminando algumas barreiras como o uso da autonomia, o deslocamento

físico e o tempo. Agora por meio das novas tecnologias da informação e da comunicação é

possível ampliar seu conhecimento e contribuir com o outro a partir do momento em que o

indivíduo participa de um processo de interação em que acontecem trocas de experiências,

socialização, elaboração de produções textuais e a colaboração entre os pares.

Este trabalho acadêmico para a conclusão do curso de especialização em

Planejamento, Implementação e Gestão da Educação à Distância, foi parcialmente

desenvolvido em grupo por Adelaide Chao, Alessandra Martins e Ana Lucia Gomes, onde

as seções de Introdução, Metodologia, Pressupostos Teóricos e Conclusão são comuns ao

trabalhos individuais. No que se refere às pesquisas individuais, a autora Adelaide Chao

disserta sobre as mídias de comunicação na sociedade da informação, o novo

posicionamento docente para a área e cita o exemplo da aplicação de softwares em

ambiente virtual de aprendizagem aplicado no CAp UERJ1; a autora Alessandra Martins

disserta sobre a aplicação das Novas Tecnologias de Informação e Comunicação no “fazer

pedagógico” de cursos na modalidade à distância e a autora Ana Lucia disserta sobre as

ferramentas utilizadas no AVA comentando sobre suas funcionalidades e

exemplificando-as.

O estudante da educação à distância passa a ser um aluno autônomo, pois precisa

se organizar sozinho para que possa cumprir as propostas de atividades do ambiente

on-line já que, com o uso das NTICs, ele não tem mais a presença física do professor e da

sala de aula. Toda esta relação faz parte de um momento e espaços virtuais.. Nesse novo

ambiente de estudo, o docente passa agora a ser o responsável por seu progresso

enquanto aluno, pois é dele a responsabilidade de se adequar àquela modalidade de

ensino em um tempo que permita o compromisso com seus afazeres educacionais. Se bem

utilizado, esse ambiente permitirá ao aluno um desenvolvimento considerável no que diz

respeito à questão do ensino aprendizagem. Para isso ele precisa saber como usar as

novas tecnologias da informação e da comunicação para seu benefício intelectual.

1 CAp UERJ – Instituto de Aplicação Fernando Rodrigues da Silveira (colégio de aplicação da Universidade do

Estado do Rio de Janeiro.

Page 8: Monografia Adelaidechao Final Uff

7

Nas palavras de Kenski (2001, p. 51),

"pessoas acompanham de seus lugares a mesma linha de

raciocínio, a emoção das descobertas, o suspense do

desvelamento das respostas, o vencer junto o desafio da ignorância

conjuntural, ultrapassar as barreiras do desconhecido, chegar no

limite da aventura, transformar, alcançar, superar e superar-se,

vencer, aprender."

ou seja, é possível à partir de um ambiente virtual, sentir as mesmas emoções do

presencial. E o melhor é que isso pode acontecer à distância e ao mesmo tempo próximos,

através da interação proporcionada via computador.

Para Soares (1996), a informação digital democratizada, trouxe uma relação estreita

entre os indivíduos, facilitando o acesso a dados, de forma planetária, provocando um

entrecruzamento de informações nas redes pessoais, estatais e comerciais, sendo

inevitável e permanente seu crescimento acelerado, pelo fácil acesso à internet e as novas

tecnologias, em tempo real, contribuindo para o desenvolvimento sócio cultural, político,

educacional e econômico.

Com o desenvolvimento descrito, o indivíduo necessita de conhecimento para

acompanhar o avanço da tecnologia. A educação a distância é uma forma de comunicação

tecnológica, disponibilizada para um grande número de pessoas, substituindo a influência

mútua entre professor e aluno na sala de aula, pela ação sistemática e conjunta de

soluções didáticas, e gestão de uma organização, diretoria e tutoria que propiciem a

aprendizagem autônoma do educando.

A partir de diversas leituras e exemplos sobre a aplicação de ferramentas digitais de

aprendizagem, mostramos neste trabalho a necessidade de haver um olhar mais atento,

não apenas para a importância, mas para a concretude dos efeitos que tais metodologias

de ensino causam no processo de aprendizagem, tanto do docente quanto do discente. As

mídias de comunicação já são uma realidade na troca e compartilhamento de informações

de maneira irreversível. Cabe a Educação saber desempenhar suas metodologias, de

forma criativa, cidadã e eficiente.

Page 9: Monografia Adelaidechao Final Uff

8

1.1 Justificativa

A expressão “explosão de novas mídias” refere-se ao surgimento acelerado de

novas mídias e tecnologias, tais como internet, redes sociais, telefonia móvel, audiovisual,

games, dentre outras que no século XXI causam transformações nas comunicações e nas

relações sociais, a exemplo do trabalho e da educação. Através dessas mídias,

informações circulam com velocidade espantosa, caracterizando este século como a

sociedade da informação.

Este estudo pretende analisar como as novas tecnologias de informação e mídias

de comunicação têm sido aplicadas nas práticas pedagógicas da contemporaneidade por

meio de avaliações, revisão de literatura, identificação de ferramentas virtuais e estudo de

caso. Considerando-se que os modelos tradicionais da Escola têm sido criticados por

muitos pesquisadores e pensadores da Educação como obsoletos, faz-se necessário

refletir sobre novos modelos pedagógicos que atentem para a dimensão criativa do

indivíduo. Neste sentido, torna-se relevante um trabalho que reflita sobre a utilização das

NTICs para o favorecimento da criatividade, do aprendizado e do desenvolvimento

educacional. Através dos ambientes virtuais e das mídias de comunicação é necessário

identificar quais representações são atribuídas aos principais agentes do aprendizado

(professores e alunos).

A relevância deste estudo é evidenciar tais ferramentas midiáticas no atual cenário

da Educação brasileira: seus efeitos, práticas e usos que possam nortear futuras

experiências educativas; a importância de investir em EAD, já que os ambientes virtuais e

as mídias de comunicação contribuem de forma singular para o desenvolvimento intelectual

do educando, uma vez que ele consegue se tornar autodidata, disciplinado e responsável à

medida que interage através das novas formas de ensinar e aprender, disponibilizadas

pelas NTICs.

1.2 Objetivos

Analisar como a explosão das novas mídias e tecnologias na sociedade de

informação do século XXI tem impactado nos processos e novos modelos de

aprendizagem.

Esse estudo tem o objetivo de investigar a aplicação das NTICs como práticas

pedagógicas para os alunos de EAD, apropriando-se da avaliação das mídias e sua

utilização no meio virtual visando ampliar o conhecimento do educando.

Page 10: Monografia Adelaidechao Final Uff

9

1.3 Metodologia

A Metodologia deste estudo está concentrada na revisão de literatura que abordará os

temas sobre de mídias de comunicação, metodologias de ensino com utilização destes

recursos, ambientes virtuais de aprendizagens e suas ferramentas, além do novo papel do

professor diante deste cenário. Para exemplificar os conceitos teóricos abordados na

vivência pedagógica de uma escola, haverá uma análise acerca das práticas de ensino com

a utilização de recursos virtuais aplicados. As informações da segunda etapa serão obtidas

através de pesquisa bibliográfica sobre metodologias de ensino para alunos do Ensino

Médio do Instituto de Aplicação Fernando Rodrigues da Silveira (CAp UERJ – Colégio de

Aplicação).

Quanto à revisão de literatura será avaliada a explosão das mídias na sociedade da

informação investigando os pontos positivos e negativos na aplicação das NTICs em EAD.

Serão analisados dados que contemplem os estudos através das mídias de comunicação

com base no avanço da tecnologia e as transformações do mercado de trabalho, já que

surge uma “novo perfil” de aluno que precisa adequar trabalho e tempo para se qualificar e

também um caminho para se ascender profissionalmente, principalmente para aqueles

desprovidos de tempo e espaço, surge a EAD (Educação a Distância), modalidade criada

para o aluno autônomo, que deve ter motivação e disciplina, deve saber administrar bem

seu tempo, expor suas ideias de forma clara e ter conhecimento básico de informática.

Nesse ambiente, a tecnologia possibilita interação e comunicação entre os alunos e sua

melhora de desempenho nas avaliações desde que seu material didático ofereça

interatividade, sequência de ideias e conteúdos, relação teoria e prática, auto avaliação,

linguagem clara e concisa, glossário, exemplificações cotidianas e/ou científicas, resumos e

animações.

Esse trabalho tratará com especificidade dos ambientes virtuais e das mídias de

comunicação voltados ao fazer pedagógico e abordará sua importância para a

aprendizagem em EAD. O uso de tecnologias tornou-se uma necessidade no mundo no

qual vivemos e ao ser inserido no cotidiano escolar tornam-se um elemento facilitador do

ensino-aprendizagem bem como na relação interpessoal favorecendo a troca de

experiências, culturas e ainda se adequando a nova metodologia de ensino à distância.

A importância do tema consiste em incentivar o uso de ferramentas tecnológicas na

educação à distância tomando como base os processos de aprendizagem colaborativa no

Page 11: Monografia Adelaidechao Final Uff

10

ambiente virtual de aprendizagem – AVA, por meio de modernos modelos de ensino, cada

vez mais necessários, acompanhando o desenvolvimento tecnológico e formando um novo

perfil de educadores para a EAD.

Por meio de consultas bibliográficas, serão identificadas as ferramentas atualmente

disponíveis para utilização nos ambientes virtuais de aprendizagem na EAD, com

informações sobre suas funcionalidades, exemplificações para melhor compreensão,

relacionando seus pontos positivos e negativos, avaliando uma ferramenta de maior

aceitabilidade pelos educandos utilizando uma enquete disponível no período de uma

semana. Através de entrevistas e análise de currículos será feita uma avaliação das

aspirações e qualificações do profissional e mediador na EAD com o uso do correio

eletrônico e visualização do perfil.

1.4. Organização do Trabalho

O trabalho se propõe a fazer uma revisão literária discorrendo a respeito das

mídias de comunicação e metodologias de ensino através da utilização destes recursos,

com foco no novo papel do professor diante deste cenário. Realiza uma análise literária

acerca da explosão das mídias na sociedade da informação, investigando os pontos

positivos e negativos na aplicação das NTICs2 em EAD3, identificando as ferramentas

utilizadas no AVA4 comentando sobre suas funcionalidades e exemplificando-as.

2. Pressupostos teóricos

Para refletir sobre a tal “explosão das mídias na Sociedade da Informação” é

importante analisar cada termo desta expressão para evidenciar um atual modo de

reinventar a educação, os usos de práticas pedagógicas e comunicacionais comentadas

por diversos autores, tanto na Educação como na Comunicação. No cotidiano acadêmico,

percebe-se o uso natural e “onipresente” destas ferramentas, compartilhando

conhecimento através da interdisciplinaridade de conteúdos (Assmann, 2000).

Para um entendimento mais direto do conceito de Informação, Muniz Sodré (2002),

recobre uma variedade de formas (filmes, imagens, notícias, sons, etc.) definidas como

2 NTIC´s é a abreviação utilizada para o termo Novas Tecnologias de Informação e Comunicação.

3 EAD é a abreviação utilizada para o termo Educação à Distância.

4 AVA é a abreviação utilizada para o termo Ambientes Virtuais de Aprendizagem.

Page 12: Monografia Adelaidechao Final Uff

11

“fonte de dados”, tecnicamente chamado de BIT e mercadologicamente chamado de

PRODUTO. Para o autor, a “Sociedade da Informação” vem a ser uma onda “planetarista”

da Globalização, preocupada apenas com a velocidade com que ocorrem as trocas

informacionais (processos distributivos de capitais e mensagens).

Comparando a “Revolução da Informação” com a Revolução Industrial do séc. XIX –

é possível perceber que enquanto na modernidade o avanço das tecnologias se refletiam

no domínio do ESPAÇO - ferrovias – levavam pelas estradas de ferro a modernização e

avanços sociais, econômicos, culturais como marco do crescimento; na

contemporaneidade, este avanço se reflete no domínio do VIRTUAL - as infovias5 – vias de

informação que levam através das “estradas midiáticas”, o conhecimento, a

democratização e expansão do capitalismo, etc. Nesta metáfora, a comunicação deixa de

ser linear (como nas ferrovias) e passa a ser em rede (como na Internet, por exemplo). Para

Sodré (2002), o avanço não é da ordem da técnica nos processos sociais, e sim, das

relações intensificadoras destas novas tecnologias com o fluxo temporal. A partir do

computador, surge uma nova forma de vida midiática – a tecnocultura – uma cultura da

simulação ou do fluxo, mediada por novas técnicas. A convergência digital reduz as

barreiras materiais, ampliando o mercado comunicacional através da unificação e novos

usos de várias mídias (televisão, rádio, jornal, internet, telefonia móvel, etc.). Estes reflexos

se dão nas esferas de relações sociais e de consumo nos seus mais variados aspectos,

inclusive na Educação.

Para compreender melhor os conceitos de Comunicação e Informação é necessário

não confundir com a ideia de transmissão, de “difusão cultural” para a expansão das

tecnologias da informação e da comunicação, ou seja, a combinação do processamento de

dados com a eletrônica e as telecomunicações. A Comunicação configura-se como forma

de vida social ou um ecossistema tecnológico com valores humanos pautados pela

realização eletrônica (tablets, smartphones, celulares, tv interativa, etc.) (Sodré, 2002). O

conceito de Comunicação ainda está associado ao conjunto de meios de transmissão e

codificação de sinais (principalmente pelos meios de comunicação de massa), mas é

importante ressaltar os conceitos de Cooley (1909, p.63), sociólogo e psicólogo social que

definia a Comunicação como o mecanismo de existência e desenvolvimento das relações

5 Sodré refere-se ao conceito de Infovias (vias informacionais) citado por Manuel Castells em “A

Sociedade em Rede: A Era da Informação: Economia, sociedade e cultura”. Volume 1, Editora Paz e Terra. São Paulo, 1999.

Page 13: Monografia Adelaidechao Final Uff

12

humanas, incluindo o tempo, espaço, corpo, sentimentos – todo tipo de vinculação humana.

A partir do conceito de “Comunicação Midiatizada” defendida por Miège em meados do

século XX, é que a Informação ganha novos meios de difusão e interação através da

articulação com os meios de comunicação..

Explicando estes conceitos, Sodré assinala o equívoco acadêmico da distinção

entre “sociedade da comunicação” e “sociedade da informação” como se fossem etapas

diferentes de um processo evolutivo. É preciso preservar o sentido original de Informação,

que “é dar estrutura ou forma à matéria, enquanto Comunicação diz respeito à constituição

do comum humano.” A informação pode ser armazenada e a comunicação não.

A interação entre informação e meios para comunicá-la é que constitui a Sociedade

da Informação. O acesso já não tem mais fronteiras. Para Sodré (2002), a Sociedade da

Informação constitui novas formas de comunicação – interação entre tecnologia e mercado.

Em consonância a este pensamento, Assman (2000) aponta para a necessidade da

“sociedade da informação precisar tornar-se uma sociedade aprendente” através das

experiências de aprendizagem complexas e cooperativas e projetos transdisciplinares de

pesquisa. Existe a “onipresença” destas novas tecnologias no cotidiano das diferentes

sociedades que buscam, em comum, mais conhecimento, interação, informação, ainda que

existam riscos de discriminação e desumanização, já que nem todos têm as mesmas

possibilidades e acessos (cultural, social, econômico, políticos e educativos) a novos

conhecimentos. Para o autor, a sociedade da informação está disposta a “intensificar o

pensamento complexo, interativo e transversal criando novas formas de conhecimento

através de trocas de sensibilidade solidária”.

Para definir Sociedade da Informação, o autor analisa os conceitos de dados,

informação e conhecimento para então entrelaçá-los a produção de conhecimento

compartilhado, principalmente a baixo custo. Assmann elucida que no futuro possa haver

modelos diferentes de sociedade de informação, a exemplo dos modelos de sociedade

industrializadas. Mas enfatiza que o mais importante é o desencadeamento de um vasto e

contínuo processo de aprendizagem – planejada, monitorada, reforçando seu caráter

democrático.

As novas tecnologias ampliam o potencial cognitivo do indivíduo, que não significa

estar exposto à “avalanche” de informações, mas preparar-se para decodificá-las (como um

Page 14: Monografia Adelaidechao Final Uff

13

filtro de interesses) – a mistura da tecnologia e da lógica, resultando na inteligência coletiva6

(LEVY, 1999), gerando a inclusão social e digital, modificando, inclusive, as formas criativas

das atividades intelectuais.

É irreversível - a Educação faz parte desta “Sociedade da Informação”. As novas

tecnologias de informação e comunicação estão afixadas no cotidiano da sociedade, nas

trocas comunicacionais e, principalmente, nos processos educacionais na

contemporaneidade. Um aspecto social positivo é que estas tecnologias incluem, agregam

conhecimento e pessoas. Bernini et al. (2009) refletem sobre uma nova postura de

professores e alunos para questões como responsabilidade de conteúdo, trocas e

credibilidade nos ambientes de aprendizagem. As NTICS estão muito além de “aulas-show”

na transmissão de conteúdos. É uma mudança de paradigma, principalmente na

ambientação para explorar os recursos disponíveis (o interesse e a capacitação do “fazer

diferente”). A velocidade e a diversidade exacerbada de informação, oriunda das mídias de

massa e das NTIC´s devem despertar uma análise crítica de conteúdo e ideologias. Deve

haver um filtro consciente para o aprender e para o ensinar.

A (re) significação do que seja ENSINAR diante destas novas ferramentas exige o

comprometimento com as etapas de planejamento, avaliação, discussões programadas,

etc. sempre instigando o aluno ao conhecimento, a curiosidade e a pesquisa – mas sem

haver uma banalização do aprendizado, já que não há garantias de trocas completas na

construção do conhecimento e nos desafios da Educação.

Ainda que as ferramentas de monitoramento e controle nos ambientes virtuais

sejam aprimoradas e eficientes, o desafio do docente será permanente. E este desafio está

na reinvenção da docência e do aprendizado, reinterpretar os modos de fazer a Educação.

Muniz Sodré, em sua obra Reinventando a Educação (2012), condena a atual forma escolar

(estrutura física e pedagógica). Há uma nova ordem educacional na Sociedade da

Informação. A escolarização se dá em qualquer lugar, independe do espaço físico,

principalmente no campo virtual. A escola transcende as paredes, lousas, giz de cera,

papel, etc.

Sodré (2012) e Assmann (2000) concordam que há uma “nova condição humana”

6 Inteligência Coletiva é um termo usado por Pierre Levy , em muitas de suas obras, para explicar o

compartilhamento de funções cognitivas como a memória, a percepção e o aprendizado para gerar conhecimento através da internet.

Page 15: Monografia Adelaidechao Final Uff

14

em comunicar-se e aprender. Esta urgência de mudança reflete no papel do professor

diante de uma dinâmica cognitiva de sensibilidade É necessário reinventar a figura do

professor com uma nova função “iniciática” conduzindo o aluno aos princípios da ética,

saberes, consciência mais madura do agir e pensar.

A Educação está para o professor, assim como paternalizar está para pai e/ou mãe;

o desafio da tecnologia estar no pensar no termo logia, na lógica da técnica, numa outra

ordem (Sodré, 2012). É ter a sensibilidade para acolher uma demanda qualquer do outro,

ainda que através de recursos tecnológicos. É necessário pensar a partir do afetual,

mostrando que o sensível tem uma lógica própria que aparece junto ao equipamento. Para

Muniz Sodré, educar para o sensível é educar para a diversidade, através da ecologia dos

saberes. Eis o desafio maior da Educação: refletir a transdisciplinaridade dos saberes

diversos, exigidas nos currículos, conteúdos e no professor (aquele que inicia, apresenta e

desperta os saberes).

A educação à distância é processo e não mero adestramento, transmissão de

valores estabelecidos. Contempla a possibilidade de outros modos de produzir e pensar

para que possa emergir o novo. É uma preparação permanente de si mesmo para a

construção de uma transformação coerente da ordem social. Educar-se significa

preparar-se para a cidadania plena.

Assmann (2000) alerta que o novo professor envolvido neste universo

tecnomidiático deverá sair da “zona de conforto” - de um transmissor de conteúdo para um

intermediador de conhecimento, “mentores e instigadores ativos de uma nova dinâmica de

pesquisa/aprendizagem”.

A EAD está abrindo portas cada vez mais próximas dos alunos que antes não

tinham acesso a uma universidade por diversos motivos e um deles, talvez o mais comum

entre as pessoas, é a falta de tempo para se dedicar a um curso presencial.

Visto que o acesso à aprendizagem mudou com o uso das NTICs (novas

tecnologias da informação e comunicação), é importante tratar dos mecanismos que

contribuem para o avanço da modalidade "Educação a Distância". É imprescindível

organizar as formas de planejamento, implementação e gestão da EAD para saber com

clareza como desenvolver, pensar, propor, criar, organizar, gerenciar e estabelecer

metodologias de ensino que alcancem o aluno além da sala de aula presencial.

Page 16: Monografia Adelaidechao Final Uff

15

Segundo Moran (1995), cada inovação bem sucedida modifica os padrões

anteriores e muda o patamar de exigência do indivíduo. Essa ideia realmente é visível

através do ensino disponibilizado via EAD, pois o papel do profissional da educação muda

já que ele deixa de ser um mero transmissor de saberes prontos, passando a ser o mentor

e instigador de uma nova dinâmica de aprendizagem. Para que consiga atingir seu aluno

com eficácia é necessário o gerenciamento do conteúdo, a gestão dos usuários, a

infraestrutura de comunicação e distribuição e a produção de conteúdos didáticos,

interativos e virtuais; mecanismos esses de suma importância para levar o aluno a ser o

gestor de sua própria aprendizagem.

Os professores de EAD precisam então, repensar seus papéis já que as NTICs

estão fazendo com que os ambientes virtuais de aprendizagem se desenvolvam e

assumam características e modelos diferentes, o que faz com que os profissionais dessa

modalidade tenham que se capacitarem a cada dia para poderem fazer uso das

ferramentas tecnológicas que permeiam o aprendizado em EAD de forma a atingir

qualificação profissional com qualidade e mostrar o verdadeiro impacto que ela proporciona

à educação.

Os alunos de hoje já fazem uso constante da tecnologia, então o que o professor

precisa fazer é trabalhar com as mídias de comunicação a seu favor utilizando desse meio

para expandir o conhecimento de seu aluno.

Um dos objetivos desse trabalho é investigar a aplicação das NTICs no fazer

pedagógico de cursos a distância, para isso tem-se a intenção de construir o saber do

educando por meio do pensamento, da interação e da discussão a partir do uso de

mecanismos tais como ferramentas on-line, por exemplo, onde se possa disponibilizar

materiais de pesquisa e atividades instigadoras com as quais os alunos se interajam em

busca do conhecimento que se deseja atingir.

A maneira mais eficaz de trabalhar bem se apoiando na tecnologia é tentar se

comunicar perfeitamente com o aluno por meio dela, e isso é possível quando ele pode

entender, com clareza, a atividade proposta, então o professor precisa dominar os

equipamentos que possui e fazer com que eles sejam eficazes na construção do saber, por

exemplo: um chat só será útil se os alunos conseguirem utilizá-lo, um fórum por sua vez só

atingirá a proposta se tiver um professor instigador e que dê um feedback aos alunos e

assim por diante.

Page 17: Monografia Adelaidechao Final Uff

16

Segundo Moran (2000), o importante é cada professor encontrar na tecnologia o

que lhe auxilie a comunicar-se bem para os alunos terem um aprendizado completo. Logo o

domínio das NTICs é fundamental quando se quer expandir o conhecimento através das

mídias de comunicação.

Para que utilizar ferramentas que não dominamos? É inviável tentar passar um

conhecimento a partir de um equipamento do qual não temos um devido controle. Assim,

por exemplo, não conseguiremos atingir um aluno de EAD se não conseguirmos utilizar as

NTICs com eficácia.

É extremamente importante nessa modalidade dominar os mecanismos que a

compõe tais como: plataformas, correio eletrônico, mensagens instantâneas, fóruns, salas

de bate-papo e etc., pois o aluno estará diretamente ligado a eles e sua permanência ou

não em um curso a distância se dará devido à maneira como será conduzido por seu

professor que por sua vez deverá ter um domínio e entender a modalidade na qual está

trabalhando para que seja capaz de prender a atenção daquele educando de modo a

fazê-lo ser um gestor de seu próprio conhecimento.

Moran (2000) diz que "de nada irá adiantar o uso de equipamentos de última

geração se o professor não encontra formas eficazes e eficientes de utilizá-las”. Então, só é

possível atingir o esperado em EAD se soubermos realmente onde queremos chegar e

como chegaremos lá e para isso o uso correto das mídias de comunicação é fundamental.

Às vezes um aluno da educação a distância desiste do seu objetivo por não

conseguir acompanhar o progresso das atividades, por não entender o que foi proposto, por

achar que os outros colegas sabem mais do que ele, por não dominar as ferramentas

necessárias à aquisição daquele saber e etc., neste momento é que entra a atuação do

professor que será fundamental para a correção do problema em tempo hábil. Se para o

docente é complicado entender as ferramentas que utiliza, fica impossível tirar as dúvidas

dos alunos e até mesmo ajudá-los a se desenvolverem sozinhos.

O professor de EAD deve estar familiarizado com o ambiente em que irá atuar

porque entrará em contato com os mais variados meios de comunicação e os novos

instrumentos tecnológicos que o ajudarão a mudar por completo sua maneira de transferir

conhecimento visto que ele passa de palestrante e oráculo para consultor, orientador e

provedor de recursos; se torna um questionador eficiente em vez de um provedor de

Page 18: Monografia Adelaidechao Final Uff

17

respostas; propõe experiências de aprendizagem em vez de somente apresentar

conteúdos; apresenta apenas a estrutura inicial do trabalho do aluno, encorajando-o ao

auto direcionamento crescente; apresenta múltiplas perspectivas sobre cada tópico,

enfatizando aspectos salientes; de solitário ele passa a ser membro de uma equipe de

aprendizagem; deixa de ter total autonomia para utilizar atividades que podem ser

amplamente avaliadas e por fim, em vez de total controle do ambiente de ensino, ele passa

a compartilhá-lo com o aluno como um (co)aprendiz.

Então para se atingir os objetivos esperados em EAD é preciso que o professor

desenvolva habilidades inerentes a essa modalidade como: conhecimento, agilidade,

interesse, companheirismo, acessibilidade, disponibilidade e prontidão, todas fundamentais

para ajudar no desenvolvimento do conhecimento de um aluno da educação a distância.

A proposta é trazer em discussão o ambiente virtual de aprendizagem e as funções

do profissional que deverá estar capacitado para utilizá-lo, sendo assim o domínio das

ferramentas torna-se cada vez mais necessário para o desenvolvimento de novos modelos

de ensino-aprendizagem.

Segundo Soares (2000), a circulação de informações facilita a comunicação em

redes sociais impactando em diversos setores. A cada dia as pessoas vêm vencendo

barreiras, deixando de ficar à margem dessas tecnologias.

Atualmente, é através da internet que ocorre o acesso a informações abrindo novas

perspectivas à sociedade, pois se trata de um dos recursos mais utilizados em nosso

cotidiano, onde o indivíduo ao acessá-lo amplia seus conhecimentos mantendo-se

atualizado o que é primordial na “era da comunicação”, conclui-se que “as modificações

provocadas pelas novas TIC´s, na sala de aula e no processo de troca de informações

podem abrir caminho para um profissional de educomunicação”.

(...) “não se pode deixar de refletir sobre o papel do

educomunicador nesse novo cenário. O que parece ser claro é que

o fluxo de informações nessa nova era tende a ser bem maior do

que a capacidade humana de processá-las. Assim sendo, parece

necessário o surgimento de um profissional especificamente

qualificado para selecionar essas informações em todas as áreas

do conhecimento. Nas áreas de Comunicação e Educação, tudo

indica que esse profissional será o educomunicador”. (SOARES,

2000, p.01)

Page 19: Monografia Adelaidechao Final Uff

18

As instituições de ensino a distância devem constantemente avaliar os profissionais

propondo atualizações nas diversas áreas de conhecimento, procurando assim,

qualificá-los de acordo com os interesses intelectuais e profissionais preparando-os para o

mercado de trabalho.

A EAD não é continuidade natural da educação presencial, mas é

uma ruptura, pois precisa romper com a ideia de que só

aprendemos com um professor falando para nós lá na frente de

uma sala de aula e se estivermos nessa sala no mesmo horário,

todos juntos. Essa ruptura foi possível porque “aconteceu” a

globalização, a exigência de um trabalhador de perfil diferenciado, a

demanda social por educação, o surgimento do

receptor/usuário/navegador, a pressão das corporações por

formação superior e o desenvolvimento digital das

telecomunicações das NTIC´s com suas possibilidades interativas.

(SARTORI, 2005 p.7)

Devido à quebra de paradigmas educacionais, o educando vem buscando

informação, aperfeiçoamento, moldando-se aos novos designs instrucionais através da

EAD, pela necessidade de formação acadêmica e profissional, tornando-se cada vez mais

crítico e exigente com os recursos tecnológicos e seus mediadores.

A educação a distância pode ocorrer pelo uso de correspondência postal ou

eletrônica, rádio, televisão, telefone, fax, computador, internet, etc., técnicas que

possibilitem a comunicação e ensino – aprendizagem.

A educação on-line realizada via internet pode ocorrer de formas síncronas (tempo

real ex: videoconferência, web-conferência, chat) ou assíncrona (temporariamente diferida

ex: correio eletrônico, fórum), utilizando a rede de internet para expandir a informação de

forma mais rápida com uso de softwares interativos como e-mails, fóruns, construção

colaborativa de um site (blog, home Page), grupos sociais, tendo como programas mais

conhecidos ICQ7 e o MSN8.

7 ICQ é um programa de comunicação instantânea pioneiro na Internet que pertence à companhia Mail.ru

Group. A sigla "ICQ" é um acrónimo feito com base na pronúncia das letras em inglês (I Seek You), em português, "Eu procuro você", porém é popularmente conhecido no Brasil como "i-cê-quê". 8 MSN, originalmente The Microsoft Network é um portal e uma rede de serviços oferecidos pela Microsoft

em suas estratégias envolvendo tecnologias de Internet para comunicação via mensagens instantâneas on-line.

Page 20: Monografia Adelaidechao Final Uff

19

3. Resultados e Discussões

Para exemplificar os conceitos anteriormente abordados por Assmann (2000) e

Sodré (2012), no que se refere a novas formas de Educação em tempos de cibercultura,

comentaremos sobre novas estratégias didáticas no ensino de química para alunos do

ensino médio do Instituto de Aplicação Fernando Rodrigues da Silveira, mais conhecido

como CAp UERJ (colégio de aplicação da referida universidade), no Rio de Janeiro.

O CAp UERJ – referência de ensino público de qualidade - é considerado um dos

melhores colégios do país, classificado em 15º lugar no ranking nacional e entre os 05

melhores colégios do Rio de Janeiro.9 Destaca-se pela qualidade de ensino, pesquisa e

extensão de seu corpo discente, aliado às atividades pedagógicas e científicas de toda a

universidade. A inovação é um fator determinante para o bom desempenho dos alunos e da

instituição. Vencer desafios é premissa básica para que os docentes, servidores e técnicos

sintam-se motivados pela busca da excelência de ensino e aprendizagem.

O ensino de química tem se tornado tarefa complexa e considerada por muitos

alunos da educação básica como “desnecessária”. Isto porque estes alunos não se sentem

motivados pela curiosidade a buscar o conhecimento. A carência de novas metodologias de

ensino e professores capacitados a instigar novas formas de aprendizado prejudica o

interesse pelo conteúdo e aplicabilidade da disciplina. A maioria das escolas ainda utilizam

uma metodologia tradicional de transmissão-recepção de regras, termos, fórmulas e

resultados, muitas vezes sem o experimento prático. Desta forma, muitos alunos

questionam a real necessidade do aprendizado da química e sua aplicabilidade no dia-a-dia

da sociedade, porque não conseguem compreender a prática (Merçon et. al., 2012).

Preocupados com a inserção da química no cotidiano e na formação cidadã de seus

alunos, os professores de química do CAp UERJ reuniram-se com o interesse de criar

novas metodologias de ensino da disciplina, com a intensão de aplicar o conhecimento

através da prática de novos recursos didáticos. Dentre as diversas metodologias

apresentadas, os autores ressaltam a aplicação do uso de softwares educacionais e

atividades experimentais (Merçon et. al., 2012). Surgiu neste momento o software Titulando

2004 – CAp UERJ.

9 Classificação ranking desempenho escolas ENEM 2011/2010, disponível em

http://saber.folha.com.br/2010/enem/ranking?estado=RJ&cidade=RIO+DE+JANEIRO e em http://educacao.uol.com.br/noticias/2012/11/22/rio-de-janeiro-tem-2-escolas-publicas-entre-as-20-melhores-do-enem-2011-veja-lista.htm Acessos em 09/09/2013.

Page 21: Monografia Adelaidechao Final Uff

20

Santos et al. (2012, p.03) nos lembra a importância dos Ambientes Virtuais de

Aprendizagem nas metodologias de ensino e nos seus reflexos de aprendizagem na

sociedade contemporânea:

Os AVAs foram desenvolvidos para serem utilizados

pedagogicamente na educação on line. Dotados de interfaces

comunicacionais (síncronas e assíncronas) e de conteúdo, estes se

configuram espaços de convivência e compartilhamento de

saberes, potencializando a autoria, a autonomia, a interatividade

(SILVA, 2010) e a remixagem de informação (LEMOS, 2008).

O CAp UERJ iniciou em 1999 o projeto de aulas práticas de química, após a

mudança para a sede atual e inauguração do laboratório de química e, em 2003, do

laboratório de informática, onde os alunos do ensino médio e do nono ano passaram a ter

aulas neste espaço.

Segundo Merçon et al. (2012) as aulas experimentais no CAp priorizaram a

utilização de materiais caseiros e de baixo custo porque o uso de reagentes e

equipamentos específicos encareceriam o projeto e inviabilizariam sua continuidade.

Utilizando a criatividade e inovação nos fazeres educacionais, Maldonatto e Dell´Orco

(2010) ressaltam que a inovação é uma capacidade de a mente inferir significados

inusitados a partir de informações aparentemente banais, produzindo respostas

divergentes e criativas através de cenários e soluções diferentes de maneira quase casual.

A partir de 2003, com a implantação do laboratório de informática, professores de

química optaram por iniciar o projeto com o uso de softwares livres disponíveis na internet,

direcionando para o ensino da disciplina. Merçon (2012) relata o aumento do interesse e da

participação dos alunos nas aulas práticas incluindo o uso de softwares, o que contribuiu

para a socialização das atividades, através de atividades colaborativas em pequenos

grupos, ressaltando o espírito do trabalho em equipe.

Uma pesquisa foi realizada com o objetivo de identificar o interesse, a permanência

em sala de aula e uso do software Titulando 2004 no processo de ensino-aprendizagem. De

acordo com a avaliação, 95% dos alunos aprovaram as atividades realizadas no laboratório

de informática e identificaram o software como recurso motivador do aprendizado, já que a

experimentação contribuiu para a compreensão e utilidade do procedimento visto

anteriormente na literatura científica e na sala de aula; além disso, 92% dos alunos

Page 22: Monografia Adelaidechao Final Uff

21

consideraram a simulação da realização do experimento através do software, mas

criticaram a necessidade de melhorias visuais e gráficas, como o uso de imagens em

terceira dimensão, conforme gráficos abaixo, apresentados na pesquisa realizada pelos

autores:

Figura 1 – Avaliação dos alunos sobre a eficiência da simulação da titulação (MERÇON et al, 2012)

Page 23: Monografia Adelaidechao Final Uff

22

Figura 2 – Resultados da comparação entre três aulas de titulação: Laboratório de Química x

Simulação x Sala de Aula (MERÇON et al, 2012)

Segundo os autores, idealizadores da pesquisa, as aulas práticas e de informática

com uso de softwares são eficazes como recurso didático importante para o ensino de

química, proporcionando a construção do conhecimento de maneira investigativa,

elaborada, criativa e colaborativa. Nas palavras dos autores,

A aplicação de softwares educativos, em turmas de química da

educação básica, demonstrou que sua inserção na prática

pedagógica, inclusive em conjunto com as aulas experimentais,

favorece a motivação dos alunos, torna as aulas mais dinâmicas e

agradáveis e contribui para o processo de construção do

conhecimento. (MERÇON et al., 2012, p.76)

O exemplo de prática metodológica com o uso de recursos virtuais do CAp UERJ

vem nos confirmar que a docência on line também está inserida em ambientes virtuais que

podem oferecer novas e múltiplas interfaces educacionais que atuam como objetos

mediadores na construção do conhecimento (SANTOS, 2012).

Page 24: Monografia Adelaidechao Final Uff

23

4. Conclusões ou considerações finais

Para os autores (Santos et.al. 2012), o essencial neste momento é discutir a

docência na cibercultura mediada pela mobilidade e ubiquidade da comunicação, através

das redes sociais, dispositivos móveis e ambientes virtuais de aprendizagem,

articulando-os à construção do conhecimento. As autoras ainda ressaltam que as

possibilidades de recursos educacionais abertos (REA) efetivam a hibridização de espaços

geográficos e virtuais associados propiciados pelas tecnologias sociais e em rede. Ou seja,

há uma quebra de fronteiras entre cidades, espaços físicos, redes sociais e ciberespaço em

tempos de cibercultura e as interfaces web 2.0 cumprem esta função através de softwares

livres, softwares sociais, dispositivos móveis (a exemplo de tablets, notebooks,

smartphones), wikis, podcasts, internet de alta velocidade (3G e 4G). Segundo as autoras,

vale ressaltar que

(...) a integração contínua do corpo físico ao espaço virtual é uma

realidade da sociedade da informação. Assim, a delimitação

existente entre o mundo físico e o ciberespaço é rompida, não

sendo possível distinguir onde começa e onde termina cada um.

(SANTOS et. al, 2012)

A reflexão de Santaella (2007, apud Santos et al., 2012) está em sintonia com o

pensamento de Sodré (2012) sobre o fato de a cibercultura fazer parte da cultura

contemporânea, exercendo um papel mediador e inevitável. As relações sociais, e

incluímos aqui as relações de aprendizagem, ultrapassam a esfera do ciberespaço e

estruturam as relações sociais entre cidades, escolas, universidades, empresas, grupos,

enfim, o cotidiano (Santos et. al, 2012).

Neste contexto, onde o espaço físico sugere uma menor relevância para a educação

on line, as autoras reforçam a necessidade e a urgência da formação continuada para

professores que atuam na cibercultura educacional. A mediação docente deve ser

provocadora, como sugerem Santos (2012) e Sodré (2002), através uma nova héxis10

educativa. Retomando autores antigos como Aristóteles, Sodré postula que “Educar implica

10

O termo héxis, vem do latim e significa “habilidade”. Para Muniz Sodré, a hexis educativa afirma-se o sentido de uma prática sem automatismo, uma ação que exprime mudança, transformação. O sujeito se apropria dos costumes herdados e tradicionalmente reproduzidos com a firme decisão de produzir atos justos, equilibrados e propriamente éticos (ações voltadas para o bem comum) (Sodré, 2002, p.85).

Page 25: Monografia Adelaidechao Final Uff

24

ir além da repetição contingente de um costume pela aceitação dos impulsos de liberdade

que transformam ethos 11 em hexis.” (2002, p.85).

Tais habilidades, atreladas às mudanças socioculturais provocadas pelas novas

tecnologias da informação e comunicação (NTIC´s), propõe aos docentes a ampliação do

conhecimento em novos espaços de interação e de aprendizagem. As autoras sugerem

que o docente “precisa pesquisar práticas colaborativas que tragam fundamentos e outras

metodologias nos diversos espaçostempos de aprendizagem.” (SANTOS et. al, 2012:

p.03). Relembrando os conceitos de Castells (1999, apud SANTOS et.al, 2012, p.4), “a

formação docente para uma prática colaborativa exige o reconhecimento das mudanças

trazidas pela sociedade em rede.” E na Educação não é diferente, estando dentro e fora dos

espaços das instituições de ensino, sem restrições.

A diversidade sociocultural e econômica brasileira não permite que se estabeleça

um padrão de utilização, permitindo a criatividade nas metodologias e uso de vários

recursos educacionais, a exemplo dos softwares livres (a exemplo do Titulando 2004) e

outros REA, que são qualquer tipo de material educacional que está disponível para (re)

uso, (re) criação, (re) significação na rede globalizada. (SANTOS, 2012, p.5).

Assim, a docência on line está inserida neste cenário criativo, múltiplo, diverso e

mediador na construção do conhecimento. Cenário da Sociedade da Informação,

midiatizada e múltipla para alunos e professores.

5. Referências Bibliográficas

ALMEIDA, Maria Elizabeth Bianconcini de. Educação à distância na internet: abordagens e contribuições dos ambientes digitais de aprendizagem. Educação e Pesquisa. São Paulo, v. 29, n. 2, Jul. Dez, 2003.

ASSMANN, Hugo. A metamorfose do aprender na sociedade de informação. Ci. Inf., Brasília, v. 29, n. 2, p. 7-15, maio/ago. 2000. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ci/v29n2/a02v29n2.pdf>. Acesso em: 12 mar. 2013.

BERNINI, Denise Simões Dupont; BOLSONI, Evandro Paulo; SOUZA, Carlos Henrique M. de; SILVA, Marcos Antônio da. Nova abordagem nas práticas pedagógicas com o uso das NTICs na Educação Superior. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO - SBIE - UFJF, 2009. Florianópolis. Anais... Florianópolis: UFSC, 2009. Disponível em: <http://wwwexe.inf.ufsc.br/~sbie2009/anais/wmodelos.html>. Acesso em: 20 mar. 2013.

11

O termo ethos é de origem grega e significa “caráter”, “o modo de ser de”.

Page 26: Monografia Adelaidechao Final Uff

25

CAp UERJ – site do Instituto de Aplicação Fernando Rodrigues da Silveira – Cap UERJ. Portal da instituição de ensino. Disponível em <http://www.cap.uerj.br/site/index.php?option=com_content&task=view&id=848&Itemid=239> acesso em 09/09/2013

CARDOSO, Isa. Andragogia em ambientes virtuais de aprendizagem. Belo Horizonte, 2006. 158 p. Dissertação (Mestrado) - Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Programa de Pós-Graduação em Educação.

CARVALHO, Jaciara de SÁ. Indicadores de formação de comunidades virtuais de aprendizagem. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO - SBIE - UFJF, 20. 2009. Florianópolis. Anais... Florianópolis: UFSC, 2009. Disponível em: <http://redeantiga.unifreire.org/jsa/xxsbie-jaciara-carvalho.pdf> Acesso em: 23 mar. 2013.

CASTELLS, Manuel. A Sociedade em Rede: A Era da Informação: Economia, sociedade e cultura. São Paulo: Volume 1, Editora Paz e Terra, 1999.

COOLEY, Charles. Social Organization: a Study of the Larger Mind, New York: Charles Scribner's Sons, 1909.

JENKINS, Henry. A cultura da convergência: a colisão entre os velhos e novos meios de comunicação. São Paulo: Editora Aleph, 2009.

KENSKI, Vani Moreira. Do ensino interativo às comunidades de aprendizagem. Em direção a uma nova sociabilidade em Educação. Revista de Educação e Informática - Acesso, São Paulo, v. 15, p. 49-59, 2001.

LEVI, Pierre. Cibercultura . São Paulo: Editora Trinta e Quatro, 1999

MACIEL, Ira Maria. Educação a Distância. Ambiente Virtual: Construindo Significados. Disponível em: <http://www.senac.br/BTS/283/boltec283e.htm> Acesso em 10 mar. 2013.

MAIO, Ana Zeferina Ferreira; PEREIRA, Alice Cybis. O ambiente, o virtual e a aprendizagem no núcleo de percepção visual do AVA-AD. Departamento de Expressão Gráfica/ UFSC. Liinc em Revista, v.2, n.1, março de 2006, p.103 – 124. Disponível em: <http://revista.ibict.br/liinc/index.php/liinc/article/viewFile/206/121> Acesso em 11 mar. 2013.

MALDONATO, Mauro; DELL’ORCO, Silvia. Criatividade, pesquisa e inovação: o caminho surpreendente da descoberta. B. Téc. Senac: a R. Educ. Prof., Rio de Janeiro, v. 36, n.1, jan./abr. 2010. Disponível em: <http://www.senac.br/BTS/361/artigo1.pdf>. Acesso em: 21 mar. 2013.

MERÇON, Fábio.; SOUZA, Marcelo; (et. al.). CAp-UERJ. Estratégias didáticas no Ensino de Química. In: E-mosaicos – Revista Multidisciplinar de Ensino, Pesquisa, Extensão e Cultura do Instituto de Aplicação Fernando Rodrigues da Silveira (CAp-UERJ). Ano 1 – V.1 – n.1 – junho 2012 – ISSN: 2316-9303. Disponível em <http://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/e-mosaicos/article/view/4386>, acesso em 18/07/2013.

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Ranking ENEM 2011 de escolas públicas e privadas do estado do Rio de Janeiro. Disponível em <http://educacao.uol.com.br/noticias/2012/11/22/rio-de-janeiro-tem-2-escolas-publicas-entr

Page 27: Monografia Adelaidechao Final Uff

26

e-as-20-melhores-do-enem-2011-veja-lista.htm> Acesso em 09/09/2013.

OGLIARI, Celso Luiz; SOUZA, Márcio Vieira de. A educação à distância e as novas tecnologias: web rádio e educação em rede. Araranguá – SC – Abril de 2012. Campus Araranguá - Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Disponível em < http://www.abed.org.br/congresso2012/lista_tcs18ciaed.pdf> Acesso em 12 mar. 2013.

PAZ, Carolina Rodrigues. Aprendizagem de Adultos em Ambientes virtuais on-line. Disponível em: <ftp://ftp.cefetes.br/Cursos/EnsinoMedio/InformaticaBasica/Helaine/PROEJA%20-%20EAD/UAB/artigo_CarolinaPaz.pdf> Acesso em: 09 mar. 2013.

PAZ, Helena Rodrigues. Aprendizagem de Adultos em Ambientes virtuais on-line. Disponível em: <http://www.idilica.com.br/pdfs/F_EJA2001.PDF> Acesso em: 09 mar. 2013.

PELLANDA, Eduardo Campos. Convergência de mídias potencializada pela mobilidade e um novo processo de pensamento. (2003). Trabalho apresentado no Núcleo de Tecnologias da Informação e da Comunicação, XXVI Congresso Anual em Ciência da Comunicação, Belo Horizonte/MG, 02 a 06 de setembro de 2003. Disponível em < http://www.portcom.intercom.org.br/pdfs/129419528759418333834670887469995119541.pdf> Acesso em 12 mar. 2013.

SANTOS, E.; WEBER, A.; Santos,R. & ROSSINI, T.(2012). Docência na cibercultura: possibilidades de usos de REA. In: Okada, A. (Ed.) (2012) Open Educational Resources and Social Networks: Co-Learning and Professional Development. London: Scholio Educational Research & Publishing. Disponível em <http://oer.kmi.open.ac.uk/wpcontent/uploads/cap12_gpdoc.pdf> acesso em 08/09/2013.

SANTOS. Edméa Oliveira. Ambientes virtuais de aprendizagem: por autorias livres, plurais e gratuitas. In: Revista FAEBA, v.12, no. 18.2003 (no prelo).

SARTORI, Ademilde e ROESLER, Jucimara. Imagens digitais, cibercultura e design em EAD. Disponível em: <http://www.pigead.lanteuff.org> Acesso em 28 out. 2005.

SARTORI, Ademilde Silveira. A interlocução entre o desenho pedagógico e as TIC´s na modalidade educacional à distância. (2005) - Pesquisa que resultou na tese de doutorado intitulada Gestão da Comunicação na Educação Superior a Distância, orientada pelo Dr. Adilson Citelli, defendida na ECA/USP, maio de 2005. Disponível em < http://www.portcom.intercom.org.br/pdfs/149068649018782956470519144696321131194.pdf> Acesso em 12 mar. 2013.

SCHWARZELMÜLLER, Anna Friedericka. Tv escola e internet: integração de mídias e disseminação de informação. (2004) Universidade Federal da Bahia, Instituto de Ciência da Informação. Mestrado em Ciência da Informação – Salvador, 2004. Disponível em < http://homes.dcc.ufba.br/~frieda/dissertacao.pdf> Acesso em 23 mar. 2013.

SOARES, Ismar. Educomunicação: um campo de mediações. Comunicação & Educação, São Paulo: Universidade de São Paulo(19): 12 a 24, set./dez. 2000. Disponível em:<http://200.144.189.42/ojs/index.php/comeduc/article/viewFile/4147/3888> Acesso em: 04 mar. 2012.

SODRÉ, Muniz. Antropológica do Espelho: uma teoria da comunicação linear e em rede.

Page 28: Monografia Adelaidechao Final Uff

27

Petrópolis: Vozes, 2002.

SODRÉ, Muniz. Reinventando a educação – diversidade, descolonização e redes. Petrópolis: Vozes, 2012.

TAVARES, Valéria Ribeiro de Carvalho. O ambiente inovador da EAD: agente de mudanças e transformações das práticas pedagógicas. Disponível em: <http://www.universia.com.br/materia/materia.jsp?materia=12902>. Acesso em 02 abr. 2013.

XIMENES, A. C. Ambientes Virtuais de Aprendizagem e a relação professor e aluno. Laboratório de Aprendizagem e Ensino - Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade. São Paulo: EdUSP, 2008.

***********