Monografia China

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SUMÁRIO INTRODUÇÃO .....................................................6 1 HISTÓRIA DA CHINA............................................7 1.1 Pré-história............................................7 1.2 Primeiras Dinastias.....................................8 1.3 Primeira Unificação Chinesa: Dinastias Qin e Han........9 1.4 Fragmentação do Império Chinês.........................10 1.5 Segunda Unificação: Dinastias Sui e Tang...............10 1.6 Nova divisão: A dinastia Song e a invasão mongol.......11 1.7 Dinastia Ming..........................................12 1.8 Dinastia Manchu dos Qing...............................12 1.9 Revolução de 1991 e a República........................14 1.10 República Popular.....................................17 1.12 A China do presente...................................21 2 POLÍTICA DA CHINA...........................................22 3 ECONOMIA....................................................24 3.1 Principais dados e características da economia chinesa. 24 4 GEOGRAFIA...................................................26

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .................................................................................................................6

1 HISTÓRIA DA CHINA.................................................................................................7

1.1 Pré-história.............................................................................................................7

1.2 Primeiras Dinastias................................................................................................8

1.3 Primeira Unificação Chinesa: Dinastias Qin e Han................................................9

1.4 Fragmentação do Império Chinês........................................................................10

1.5 Segunda Unificação: Dinastias Sui e Tang..........................................................10

1.6 Nova divisão: A dinastia Song e a invasão mongol.............................................11

1.7 Dinastia Ming.......................................................................................................12

1.8 Dinastia Manchu dos Qing...................................................................................12

1.9 Revolução de 1991 e a República.......................................................................14

1.10 República Popular..............................................................................................17

1.12 A China do presente..........................................................................................21

2 POLÍTICA DA CHINA................................................................................................22

3 ECONOMIA...............................................................................................................24

3.1 Principais dados e características da economia chinesa.....................................24

4 GEOGRAFIA.............................................................................................................26

4.1 Clima....................................................................................................................27

4.2 Relevo..................................................................................................................27

4.3 Flora........................................................................Erro! Indicador não definido.

4.4 Fauna...................................................................................................................30

Page 2: Monografia China

5 RELIGIÃO..................................................................................................................32

5.1 História.................................................................................................................32

5.2 Práticas................................................................................................................34

6 CULTURA..................................................................................................................35

6.1 Cerâmica..............................................................................................................35

6.2 Artes Marcias Chinesas – O Kung Fu..................................................................36

6.3 Mitologias Chinesas.............................................................................................36

6.3.1 Lao Zi ............................................................................................................36

6.3.2 Doutrina...........................................................................................................36

6.4 Musica da China..................................................................................................36

7 CULINÁRIA...............................................................................................................36

7.1 Cultura do Chá na China........................................................................................43

7.2 Culinária e cidade Shanghai..................................................................................44

7.3 Alguns pratos famosos..........................................................................................45

8 IDIOMA......................................................................................................................48

9 LITERATURA CHINESA...........................................................................................50

9.1 Época Clássica....................................................................................................50

9.2 Época Medieval....................................................................................................52

9.3 Época Moderna....................................................................................................53

9.4 A Arte da Guerra do grande Sun-Tzu..................................................................54

10 CURIOSIDADES......................................................................................................54

10.1 Reportagens do Fantástico sobre a China.........................................................55

10.1.1Reportagem: Sônia Bridi (Guilin, China) Pesca sem anzol...........................55

10.1.2 Reportagem: Sônia Bridi (Wuqiao, China) Fábrica de malabaristas............56

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10.1.3 Reportagem: Sônia Bridi (Guilin, China) Cabelos gigantes.........................59

10.1.4 Reportagem: Sônia Bridi (Yan'an, China)Pés Delicados.............................61

10.1.5 Reportagem: Sônia Bridi (Pequim e Yan'an, China) Pregão de solteiros....63

10.1.6 Reportagem: Sônia Bridi (Yan'an, China) Vida nas cavernas......................66

10.1.7 Reportagem: Sônia Bridi (Lijiang, China) Guardião das ervas chinesas......69

ENTREVISTA...............................................................................................................70

ANEXOS.....................................................................................................................706

REFERÊNCIAS............................................................................................................77

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INTRODUÇÃO

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1 HISTÓRIA DA CHINA

A civilização chinesa tem uma longa história, cuja principal característica foi, até

o século XIX, a imutabilidade de determinados elementos como o cultivo de cereais, a

escrita, a importância da família ou o culto aos antepassados. Assim como outros

povos da antiguidade, os chineses pensavam que a melhor forma de viver não

consistia em modernizar-se, mas em repetir arquétipos do passado.

1.1 Pré-história

Sítios paleontológicos de Zhou Koudian (Chou Kou-tien), próximo de Pequim,

demonstram a presença de hominídeos primitivos, os chamados sinantropos, há mais

de 200.000 anos.

São pouco documentadas as origens da civilização chinesa. Na Mongólia e na

Manchúria desenvolveu-se uma cultura mesolítica de caçadores e agricultores no

período pós-glacial. Em Linxia e Chiiafeng apareceram as primeiras colônias agrícolas

sedentárias. No início do quarto milênio antes da era cristã, surgiu na fértil região do

vale do Amarelo a civilização neolítica de Yangzhou, caracterizada pela pintura em

cerâmica, pelo aperfeiçoamento das técnicas agrícolas (cultivo de cereais) e pela

domesticação de animais.

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1.2 Primeiras Dinastias

No começo do segundo milênio antes da era cristã, a China entrou na idade do

bronze. A descoberta desse metal teve conseqüências importantíssimas. Formou-se

uma vasta civilização caracterizada pela divisão da sociedade entre os nobres,

habitantes das cidades-palácios, e os camponeses. A nobreza reconhecia a

autoridade de um soberano, embora o poder deste, na prática, se limitasse ao campo

religioso. Assim surgiu a primeira dinastia conhecida, denominada Shang (séculos

XVIII-XII a.C.), da qual se tem notícia pelas inscrições encontradas nas escavações de

Anyang. Essa dinastia, enfraquecida pela pressão dos povos vizinhos, foi substituída

entre os séculos XII e III a.C. pela dinastia Zhou (Chou), que transferiu a capital para

Luoyang, na região de Henan (Honan).

A cultura (costumes) inicial viu-se ameaçada pelas cidades vizinhas e pela

pressão dos povos bárbaros vizinhos, sobretudo os do norte, os mongóis, pois os do

sul foram vencidos.Graças à descoberta do ferro foi possível conter os grupos que

ameaçavam as fronteiras.

As guerras desse período vieram acompanhadas de grande florescimento

cultural. Foi nessa época que surgiram as duas principais correntes filosóficas da

China: a confucionismo, que ressaltava os princípios morais, e o taoísmo, criado por

Laozi (Lao-tzu ou Lao-tsé), que defendia uma vida em harmonia com a natureza.

Outra escola importante foi a de Mêncio (em chinês Mengzi, Mengtse ou Meng Ko),

que destacava a importância da educação como meio para aperfeiçoar a natureza

humana.

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1.3 Primeira Unificação Chinesa: Dinastias Qin e Han

Os últimos reis Zhou viveram retirados em Luoyang. Entre os anos 230 e 221

a.C., o estado de Qin (ou Ch’in) destronou a dinastia Zhou e se impôs aos príncipes

locais. Embora de curta duração (221-206 a.C.), a dinastia Qin foi de vital impotância

para a China, pois lançou as bases de um império que haveria de se manter durante

mais de dois milênios.

O império consistia em um território unificado sob controle religioso e político de

um soberano. Mas a custosa política defensiva e centralizadora dos Qin (construção

da Grande Muralha, estradas) provocou uma rebelião generalizada da qual saiu

vencedor o proprietário de terras Liu Pang, que impôs sua autoridade e fundou a

dinastia Han (206 a.C.-220 da era cristã).A política dessa dinastia se voltou para o

fortalecimento do poder real, o que tornava imprescindível enfraquecer os príncipes

feudais. O governo central apoiava-se em um funcionalismo fiel.

A dinastia Han coincidiu com um período de expansão comercial e agrícola que

se manifestou pela rotação de culturas, pela realização de numerosas obras

hidráulicas, pela formação de uma classe mercantil e pela substituição da antiga

aristocracia por um grupo de proprietários de terras mais dinâmicos. Os Han também

adotaram uma política expansionista que resultou na conquista do norte da Coréia, da

região de Um Us e da zona meridional até Cantão. No campo ideológico, essa dinastia

fez o confucionismo a doutrina oficial do estado; as idéias de Confúcio, ensinadas nas

escolas, eram matéria exigida nos concursos ao funcionalismo.

No fim do século II da era cristã, as sublevações populares, de inspiração

taoísta, e os ataques dos nômades instalados nas fronteiras norte-ocidentais

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obrigaram o imperador a entregar o poder a militares e proprietários de terras nas

regiões vizinhas.

1.4 Fragmentação do Império Chinês

A época compreendida entre os anos 220 e 589 é conhecida como a dos três

reinos e das seis dinastias. Nesse período, a China sofreu divisões internas e o ataque

de diversos povos nômades (tibetanos, turcos e mongóis). Alguns desses povos

estabeleceram-se no vale do Amarelo, o que provocou uma intensa emigração para o

curso inferior do Yangzi, onde se produziu uma fecunda fusão cultural. O delta desse

rio tornou-se uma próspera região agrícola, baseada nas culturas de arroz e chá. No

âmbito religioso, difundiram-se o budismo e o taoísmo.

1.5 Segunda Unificação: Dinastias Sui e Tang

Em 581, Yang Jian, alto funcionário do reino Zhou do norte, conseguiu

submeter à sua autoridade a região do sul, depois da conquista de Nanquim. Assim, a

nova dinastia, denominada Sui, reunificou o país depois de três séculos de

fragmentação política, econômica, cultural e lingüística. Durante esse período,

construiu-se o grande canal que uniu o Yangzi ao Amarelo.

Os reveses nas guerras contra coreanos e turcos precipitaram a queda da

dinastia. Li Yuan, comandante dos exércitos do norte, aproveitou o desencadeamento

de uma revolta na região oriental para assassinar o imperador e tomar o poder. A nova

dinastia, a Tang (618-907), continuou a obra reunificadora iniciada pelos Sui. Os Tang

reorganizaram a administração, derrotaram turcos e coreanos e conquistaram o Tibet.

Durante essa época, a China conheceu grande desenvolvimento artístico (poesia e

pintura) e científico (cartografia e matemática) e entrou em contato com outras

civilizações, como a japonesa, a coreana, a indiana e a árabe. O período de

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florescimento cultural e de expansão territorial da dinastia Tang terminou com a

derrota chinesa frente aos árabes em 751, na fronteira norte-ocidental. A partir desse

momento, começou uma fase de decadência e esta resultou em nova fragmentação

que veio em seguida a queda dos Tang, em 907. O período das cinco dinastias e dos

dez estados, entre 907 e 960, caracterizou-se pelo caos político, embora tenha havido

um importante desenvolvimento científico que se plasmou na invenção da imprensa.

1.6 Nova divisão: A dinastia Song e a invasão mongol

A partir de 960, a dinastia Song (Sung) reorganizou o país impondo reformas

tributárias que aliviaram a situação econômica dos camponeses e favoreceram o

comércio. Nessa época houve grande desenvolvimento cultural, com a difusão de

textos impressos e a renovação das doutrinas confucionistas. Contudo, a nova dinastia

perdeu o controle do nordeste do império. No século XI, a China ficou dividida em

duas zonas: a metade meridional, ocupada pelos Song; e a metade setentrional, em

poder do reino mongol de Kitan. No século seguinte, os Ruzhen (Juchen)

estabeleceram o reino Jin (Chin) na China setentrional, onde se mantiveram até a

chegada dos mongóis.

Em 1206, Gengis Khan consolidou seu poder sobre as tribos mongóis das

estepes do lago Baikal. Cinco anos depois, invadiu a China. Com a derrota definitiva

dos Jin em 1234, os mongóis continuaram seu avanço para o sul em 1250. A parte

meridional do país, controlada pela dinastia Song, resistiu com valentia, mas

finalmente, em 1279, todo o território chinês ficou sob a autoridade de uma dinastia

estrangeira, a dos Yuan (Yüan). O neto de Gengis Khan, Kublai-Khan (ou Kubilay-

Khan), transferiu a capital para Khanbalip (a futura Pequim). Durante essa época o

comércio foi favorecido pelo controle da zona acidental, que abriu as rotas para a Ásia

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central e a Europa. A abertura dessas rotas permitiu a chegada das idéias européias

por meio de viajantes como Marco Pólo e Giovanni da Montecorvino.

1.7 Dinastia Ming

Não durou muito o imenso império mongol, assimilado à sociedade e à cultura

chinesas. Em meados do século XIV, uma revolta camponesa transformou-se em

guerra de libertação contra os mongóis, cujo último imperador foi derrubado em 1368,

quando o monge budista Zhu Yuanzhang (Hongwu) fundou a dinastia Ming. Durante

esse período aumentou a atividade humana marítima. As embarcações chinesas

chegavam à Arábia e até mesmo à África oriental. Floresceram as belas-artes

(arquitetura, cerâmica) e multiplicaram-se os contatos com o exterior. No fim do século

XVI os portugueses instalaram-se em Macau e vieram muitas missões jesuíticas. A

partir do fim desse século, os ataques de piratas japoneses geraram grande

instabilidade, que foi aproveitada pelos manchus, descendentes dos Juchen da

Manchúria, que conquistaram todo o império em 1644.

1.8 Dinastia Manchu dos Qing

Até o fim do século XVIII, a China experimentou grande florescimento sob a

nova dinastia Qing (Tsing) manchu. O império logrou sua máxima expansão territorial:

pacificou-se o Tibet e os mongóis foram derrotados; o Annam (o futuro Vietnã),

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Myanmar e o Nepal reconheceram as fronteiras meridionais da China; e Formosa foi

conquistada em 1680.

A introdução de novas culturas, como a do milho e do tabaco, favoreceu o

desenvolvimento agrícola, e o comércio expandiu-se com o estabelecimento de

colônias européias (portuguesas, holandesas e britânicas). Além disso, a população

cresceu muito: passou de 150 milhões de habitantes em 1600 para 400 milhões no

começo do século XIX.

Com o fim do século XVIII, porém ,a China entrou em um período de crise

econômica, política e social. Dessa vez, a ameaça para a dinastia manchu e para a

China tradicional viria da Europa, que pretendia aumentar sua penetração comercial

nesse país, contra a vontade dos imperadores. A instabilidade política interna, fruto da

crise econômica, serviu de brecha aos europeus para forçarem a abertura dos portos

chineses ao comércio.

Em 1839, os ingleses aproveitaram a destruição de um carregamento de ópio

(mercadoria que introduziam na China a partir da Índia) para declarar guerra à dinastia

manchu. A chamada Guerra do Ópio terminou com a derrota chinesa. Os ingleses

forçaram o Tratado de Nanquim (1842), pelo qual os chineses se comprometiam a

abrir ao comércio britânico cinco portos, entre os quais os dois mais importantes do

país, Xangai e Cantão, e além disso cediam o de Hong Kong.

Nos anos seguintes, prosseguiu a instabilidade interna. Em meados da década

de 1850, sucederam-se os levantes muçulmanos das regiões de Xinjiang e Yunnan;e ,

em 1853, o movimento Taiping, de cunho religioso e milenarista, conquistou Nanjing e

tentou expandir seu poder pelo norte da China. Uma intervenção militar franco-

britânica obrigou o governo chinês a fazer novas concessões. Pelo Tratado de

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Pequim, firmado em 1860, abriram-se 11 outros portos no país e ofereceram-se mais

vantagens aos estrangeiros. A China, agora aberta ao comércio, tornou-se presa dos

interesses europeus. O império cedeu aos franceses o território vassalo do Vietnã e

aos japoneses a ilha de Formosa e a península da Coréia.

Em reação à política imperialista praticada pelas potências ocidentais e pelo

Japão, os círculos nobiliárquicos próximos da imperatriz Cizi (Tzu-hsi, Tse-hi)

estimularam uma revolta xenófoba que chegou ao auge em 1900, quando os boxers

(membros de uma sociedade secreta contrária à penetração ocidental), sitiaram as

legações européias em Pequim. Sobreveio a intervenção conjunta de forças

americanas, alemãs, inglesas, francesas, russas e japonesas, que libertaram as

legações e obrigaram a imperatriz a seguir condições de comércio favoráveis aos

estrangeiros.

A região da Manchúria, objeto de disputa entre a Rússia e o Japão, caiu

finalmente em poder dos japoneses depois da guerra de 1904-1905 entre esses dois

países. As concessões feitas pelo governo chinês aos japoneses, junto com a

eliminação dos boxers, abalaram a já agonizante autoridade da dinastia Qing.

1.9 Revolução de 1991 e a República

A partir do início do século, a dinastia manchu realizou uma tímida abertura que

não agradou a nenhum setor da sociedade. Em 1911, a oposição dirigida por Sun

Yixian (Sun Yat-sem), fundador do partido nacionalista conhecido como Guomindang

(Kuomintang), tomou o poder com apoio dos estudantes e dos trabalhadores urbanos.

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Em outubro de 1911, explodiu o movimento revolucionário. Em fevereiro do ano

seguinte abdicou o último imperador manchu, Xuantong (Hsuang-tung). Sun Yixian,

primeiro presidente da república chinesa, renunciou nesse mesmo mês em favor do

general Yuan Shikai, figura mais aceitável para o Ocidente. A constituição democrática

de 1913 não chegou a entrar em vigor, porque Yuan tornara-se um ditador. Sua morte,

em 1916, inaugurou um período de guerras civis, situação que os japoneses

aproveitaram para apoderar-se das possessões alemãs na China (Shandong e

Qingdao).

Em 1923, Sun Yxian obteve o apoio soviético em troca do compromisso de

aliar-se ao recém-fundado Partido Comunista Chinês de Mao Zedong (Mao Tse-tung)

e Chen Duxiu. Sun conquistou Cantão e deu início a importante reformas políticas e

sociais. Morreu em 1925 e teve por sucessor o general Chiang Kai-shek (Jiang Jieshi

em pinyin), que tomou o poder em um golpe de estado e rompeu com os comunistas.

Entre 1926 e 1927, Chiang derrotou os generais, que se haviam tornado senhores

regionais, e unificou o país. Em seguida iniciou a perseguição aos comunistas,

provocando a segunda guerra civil (1927-1936). Os comunistas foram dizimados entre

1927 e 1930 depois de uma série de insurreições fracassadas. Em 1931, porém, Mao

e Lin Biao (Lin Piao) se apoderaram do sul de Jiangzim onde fundaram uma república

do tipo soviético. Os ataques dos nacionalistas forçaram Mao a retirar suas tropas.

Estas, entre outubro de 1934 e outubro de 1925, percorreram dez mil quilômetros

rumo ao interior do país (a longa marcha), atingindo as áridas terras de Xanan, na

região de Shaanxi.

Enquanto isso, em 1931, os japoneses aproveitaram a guerra civil para forçar

Chiang Kai-shek a entregar-lhes a Manchúria (1931), Xangai (1932) e o território de

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Jehol, no norte (1933). Ante a política de concessões de Chiang, que ameaçavam

transformar a China em um protetorado japonês, multiplicaram-se os protestos, o que

obrigou o governo nacionalista a enfrentar os invasores. Em 1936, os japoneses

tomaram Pequim e outras grandes cidades. Em ano depois, Chiang pediu a

colaboração dos comunistas para expulsar os japoneses. A guerra, que só foi

declarada em 1941, começou com um rápido avanço japonês para a Indochina. O

desenvolvimento da Segunda Guerra Mundial enfraqueceu as posições japonesas na

China. As tropas comunistas desse país ampliaram seu domínio sobre o norte e o

leste, enquanto Chiang Kai-shek tinha de enfrentar graves problemas políticos e

econômicos na zona sob seu controle.

Em 1945, com a capitulação japonesa, reacendeu-se a guerra civil. Chiang Kai-

shek contava com um exército mais bem aparelhado e com apoio americano. Mao,

porém, gozava de maior prestígio e do apoio soviético. Em 1947, beneficiando-se da

excessiva dispersão das tropas nacionalistas, o exército comunista lançou-se à

ofensiva e conquistou todo o norte da China. Ao mesmo tempo, a negativa do governo

nacionalista de promover reformas e acabar com a corrupção atraiu para Mao o apoio

de grande parte da burguesia e dos intelectuais da zona controlada por Chiang Kai-

shek. Depois de uma série de campanhas vitoriosas, em 1949, o exército comunista

tomou Nanquim e Xangai, e em outubro do mesmo ano, Mao proclamou a República

Popular da China. No início de 1950, estava conquistado todo o país, à exceção da

ilha de Formosa (Taiwan), onde Chiang Kai-shek constituiu um governo nacionalista

que, até a década de 1970, foi reconhecido como legítimo representante do povo

chinês pelas potências ocidentais.

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1.10 República Popular

Durante os três primeiros anos do novo regime, presidido por Mao e com Zhou

Enlai como primeiro-ministro, a China entrou numa fase de transformação econômica.

Manteve-se o setor privado na indústria e, ao mesmo tempo, decretou-se uma reforma

agrária.

Por outro lado, o novo estado socialista alinhou sua política externa com a da

União Soviética e a dos países europeu do bloco soviético. Na Ásia, invadiu o Tibet

em 1950 e logo enfrentou disputas com outros países vizinhos, como a Índia e o

Paquistão. Em 1950, os chineses intervieram na guerra da Coréia apoiando o governo

comunista do norte contra o do sul, respaldado pelas Nações Unidas.

Em 1952, a reforma agrária acabara com o sistema latifundiário e a economia

se estabilizara. O governo nacionalizou as instituições financeiras e comerciais e, em

1953, pôs em marcha o primeiro plano qüinqüenal, inspirado no modelo soviético. O

objetivo era acelerar o processo de industrialização e incrementar a produção,

formando cooperativas agrícolas e industriais.

Em 1954 foi aprovada a primeira constituição do novo regime, que definia a

China como um estado socialista, estruturado segundo os princípios do centralismo

democrático. Em maio de 1956, iniciou-se a “campanha das cem flores”, que pretendia

estimular a crítica dos erros do regime à luz dos postulados do marxismo-leninismo.

Isso serviu para catalisar a insatisfação de alguns setores, o que obrigou a direção do

partido a lançar uma nova campanha ideológica de cunho antidireitista.

Em 1958, os resultados favoráveis do primeiro plano qüinqüenal estimularam os

governantes a iniciar um ambicioso segundo plano, que ficou conhecido como “o

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grande salto para frente”. Esse plano, que pretendia acelerar a implantação da

sociedade comunista, abandonou o modelo soviético de progresso gradual e procurou

alcançar seus objetivos mobilizando as massas. Os cidadãos eram enquadrados em

comunas populares, em que a vida se tornava coletivizada em todos os seus

aspectos. O resultado foi um fracasso contundente. Paralelamente, surgiram graves

problemas internos e externos. Em 1959 houve uma sublevação no Tibet e, um ano

depois, a China rompeu relações com a União Soviética. A ruptura teve dupla origem:

a luta pela hegemonia na direção do movimento comunista internacional e as disputas

territoriais ao longo da fronteira comum.

Também o partido estava dividido em duas facções: a primeira, que defendia a

pureza ideológica do comunismo chinês, era representada por Mao e Lin Biao e

apoiada pelo exército; a segunda, favorável a uma postura tecnocrática, tinha como

líderes Liu Shaoqi (Liu Shao-chi, presidente do estado desde 1959, após a renúncia

de Mao) e Deng Xiaoping (Teng Hsiao-ping) e contava com o apoio dos sindicatos. O

triunfo do setor ideológico mais radical materializou-se em 1966 com a campanha

“anti-revisionista”, denominada Revolução Cultural, que serviu para depurar o partido e

afastar do poder os elementos moderados (Deng e Liu) e estimular o espírito

revolucionário do povo. A Revolução Cultural paralisou o progresso material e

tecnológico do país. Mesmo assim, a China detonou em 1967 sua primeira bomba de

hidrogênio e em 1970 pôs em órbita seu primeiro satélite artificial.

A direção política e militar do país parecia consolidada e unificada em 1970.

Todavia, em 1971 Lin Bio, vice-presidente do Partido Comunista e provável sucessor

de Mao, opôs-se à política de abertura aos Estados Unidos indicada por Zhou Enlai.

Poucos meses depois, acusado de organizar uma conspiração, morreu na queda do

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avião em que fugia para a União Soviética. Seu cargo passou para Zhou, que

reabilitou algumas figuras políticas pragmáticas, como Deng e Xiaoping.

Na década de 1970, a política internacional da China se orientou no sentido da

distensão e da moderação. Essa nova postura criou condições para o ingresso do país

nas Nações Unidas (outubro de 1971) e para a normalização das relações

diplomáticas com muitos países capitalistas. Além disso, favoreceu a aproximação

com os Estados Unidos, confirmada com a visita do Presidente Nizon à China em

1972.

Em 1975 promulgou-se uma nova constituição, inspirada nos princípios da

revolução cultural. Nesse mesmo ano começou uma nova campanha anti-sionista, que

culminou em abril de 1976 com a destituiçãode Deng Xiaoping, cujo protetor político,

Zhou Enlai, tinha morrido em janeiro. O cargo de Zhou - primeiro-ministro, na prática o

segundo posto em importância no país – foi ocupado por Hua Guofeng (Hua Kuo-

feng).

EM 9 de setembro de 1976 morreu Mao Zedong, “o grande timoneito”. Um mês

depois, Hua, o novo homem forte do país, encarcerou os elementos mais esquerdistas

do regime, o chamado “bando dos quatro” ou “camarilha dos quatro”, entre os quais

estavam Jiang Qing (Chiang Ching), a última esposa de Mao. Hua abandonou as

críticas ao revisionismo e reabilitou Deng Xiaoping. A China entrava um uma era mais

pragmática.

1.11 Pós-maoísmo

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A quinta Assembléia popular Nacional, realizada em 1978, promulgou uma nova

constituição e confirmou a revisão da doutrina maoísta. Na esfera econômica, o

primado cabia à eficiência, e o campo político, consolidava-se a tendência à distensão

com os países ocidentais e ao confronto com a União Soviética. No mesmo ano, Hua

foi confirmado presidente do partido.

A modernização e a liberalização iniciadas após a morte de Mao fortaleceram-

se, enquanto Hua Guofeng perdia prestígio. Em 1980, ele cedeu o cargo de primeiro-

ministro a Zhao Ziyang (Chao Tzu-Yang), íntimo colaborador de Deng Xiaoping, e no

ano seguinte teve de renunciar à presidência do partido em favor de Hu Yaobang,

outro protegido de Deng. Transformado em homem forte do regime, embora se

mantivesse no cargo secundário de vice-presidente do partido, Deng promoveu a

promulgação de uma nova constituição em 1982 e acelerou o processo de

liberalização. O cargo de presidente do partido, criado por Mao, foi abolido de Hu

Yaobang tornou-se secretário-geral.

A abertura traduziu-se em acordos destinados a acabar com os enclaves

coloniais que ainda existiam em território chinês. Um convênio assinado em 1985 com

o Reino Unido devolveria Hong Kong à jurisdição chinesa em 1997, embora Pequim se

comprometesse a respeitar até o ano de 2047 o sistema capitalista desse enclave. Em

1987, formou-se com Portugal acordo semelhante, devolvendo Macau à administração

chinesa.

Contudo, o processo modernizador chinês logo enfrentou dificuldades. Os

jovens passaram a reivindicar mais democracia. Atacado pelos tradicionalistas, Hu

Yaobang renunciou em 1987 à secretaria-geral do partido e foi substituído por Zhao

Ziyang. Li Peng, defensor da linha dura, tornou-se primeiro-ministro.

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Em 1989, milhares de jovens ocuparam a praça da Paz Celestial (Tiananmen)

em Pequim exigindo mais democracia. Após um momento de indecisão, as forças

armadas atacaram os manifestantes, causando centenas de vítimas. Zhao Ziyang,

acusado de simpatizar com o movimento em favor da democracia, foi substituído por

Jiang Zemin. Li Peng manteve-se no cargo de primeiro-ministro.

1.12 A China do presente

Com a proclamação da República Popular da China (RPC) em 1 de outubro de

1949, o país viu-se novamente dividido entre a RPC, no continente, e a República da

China (RC), em Taiwan e outras ilhas. Cada uma das partes se considera o único

governo legítimo da China e denuncia o outro como ilegítimo. Desde os anos 1990, a

RC tem procurado obter maior reconhecimento internacional, enquanto que a RPC se

opõe veementemente a qualquer envolvimento internacional e insiste na "Política de

uma China".

Page 20: Monografia China

2 POLÍTICA DA CHINA

A forma de governo da China ficou definida na constituição de 1954. As

constituições posteriores (1975, 1978, 1982) só modificaram aspectos secundários,

sem alterar a natureza do sistema político. Segundo a constituição, a China é um

estado socialista. O poder legislativo cabe à Assembléia Popular Nacional, cujos

membros são eleitos por votação universal de cinco em cinco anos. A Assembléia se

reúne uma vez por ano; seu presidente exerceu as funções de chefe de estado de

1976 a 1982, período em que vagou o cargo de presidente da república, que é

meramente cerimonial. O poder executivo cabe ao Conselho de Assuntos do Estado,

composto por um gabinete ministerial presidido por um primeiro-ministro.

Boa parte do poder político concentra-se nas mãos do Partido Comunista;

constituição confere-lhe papel central na direção do povo chinês. Formalmente, a

liderança do partido cabe ao comitê central, cujos membros elegem o Politburo, órgão

máximo do poder. Em 1982, aboliu-se o cargo de presidente do partido, substituído

pelo secretário-geral. Na prática, o poder efetivo esteve ora em mãos do presidente ou

do secretário-geral do partido, como em alguns períodos do regime de Mao, ora em

mãos do primeiro-ministro, conforme ocorreu com Zhou Enlai durante alguns anos. Foi

exercido até mesmo pelo ocupante de um cargo secundário do partido, caso de Deng

Xiaoping.

Page 21: Monografia China

2.1 Administração Territorial

Na organização territorial do estado chinês coexistem três níveis

administrativos: as 21 províncias, as cinco regiões autônimas (A Mongólia Interior, o

Tibet, Xinjiang Ningxia e Qinghai) e as três municipalidades (Pequim, Xangai e Tianjin)

Apesar de suas dimensões e da diversidade de povos que habitam, a China

não é um país federativo, mas um “estado multinacional unitário”, expressão que, sob

uma suposta liberdade de ação local, encobre um férreo centralismo administrativo,

característico da milenar tradição imperial.

As províncias e as regiões autônomas se subdividem em prefeituras, distritos e

municípios. Em todos esses níveis existem assembléias populares que elegem os

órgãos locais ou de base, cujos membros, por sua vez, escolhem os componentes das

instituições de nível superior, e assim por diante. Cada assembléia nomeia um comitê

permanente que a representa nos intervalos entre as sessões e assume a

administração de sua circunscrição.

Page 22: Monografia China

3 ECONOMIA

A economia da China é hoje a sexta mais poderosa do planeta (atrás apenas

dos EUA, Japão, Alemanha, Reino Unido e França), e tem a maior taxa de

crescimento anual. No ano de 2004, registrou o espetacular crescimento de 9,5%, com

PIB de US$ 1,65 trilhão. Em valores absolutos, o PIB (soma dos valores de tudo que é

produzido no país) chinês é três vezes maior que o brasileiro.

Tal façanha só foi possível com a política de abertura do governo chinês,

desencadeada e consolidada ao longo da década de 80. A cada ano, até meados dos

anos 90, a China estabelecia mais zonas econômicas especiais e criava mais cidades

e áreas litorais abertas ao investimento exterior.

A partir dessa abertura, permitiu-se maior investimento estrangeiro e incentivou-

se o desenvolvimento de uma economia de mercado e do setor privado --isso apesar

do regime socialista.

Como diz o próprio nome, a República Popular da China é uma nação

comunista (politicamente) e capitalista (economicamente), já que defende a

propriedade privada, o trabalho assalariado e a abertura ao capital estrangeiro. É esse

caminho por duas mãos que faz valer o tradicional lema “Um país, dois sistemas”. O

Produto Interno Bruto (PIB) da China atingiu 2,2 trilhões de dólares em 2006, fazendo

deste país a quarta maior economia do mundo. Estas cifras apontam que a economia

chinesa representa atualmente 13% da economia mundial.

3.1 Principais dados e características da economia chinesa

Page 23: Monografia China

- Entrada da China, principalmente a partir da década de 1990, na economia de

mercado, ajustando-se ao mundo globalizado;

- A China é o maior produtor mundial de alimentos: 500 milhões de suínos, 450

milhões de toneladas de grãos. É o maior produtor mundial de milho e arroz.

- Agricultura mecanizada, gerando excelentes resultados de produtividade

- Aumento nos investimentos na área de educação, principalmente técnica;

- Investimentos em infra-estrutura com a construção de rodovias, ferrovias, aeroportos

e prédios públicos. Construção da hidrelétrica de Três Gargantas, a maior do mundo,

gerando energia para as indústrias e habitantes;

- Investimentos nas áreas de mineração, principalmente de minério de ferro, carvão

mineral e petróleo;

- Controle governamental dos salários e regras trabalhistas. Com estas medidas as

empresas chinesas tem um custo reduzido com mão-de-obra (os salários são baixos),

fazendo dos produtos chineses os mais baratos do mundo. Este fator explica, em

parte, os altos índices de exportação deste país.

- Abertura da economia para a entrada do capital internacional. Muitas empresas

multinacionais instalaram e continuam instalando filiais neste país, buscando baixos

custos de produção, mão-de-obra abundante e mercado consumidor amplo.

- Incentivos governamentais e investimentos na produção de tecnologia.

- Participação no bloco econômico APEC (Asian Pacific Economic Cooperation),

junto com Japão, Austrália, Rússia, Estados Unidos, Canadá, Chile e outros países;

- A China é um dos maiores importadores mundiais de matéria-prima.

Page 24: Monografia China

GEOGRAFIA

A China contém uma larga variedade de paisagens, principalmente com

planaltos e montanhas a oeste e terras de menor altitude a leste. Como resultado, os

rios principais correm de oeste para leste (Chang Jiang, o Huang He (do oriente-

central), o Amur (do nordeste), etc), e, por vezes, em direcção ao sul (Rio das Pérolas,

Rio Mekong, Brahmaputra, etc). Todos estes rios desaguam no Pacífico.Possui uma

área de 9 572 909 km²

No leste, ao longo da costa do Mar Amarelo e do Mar da China Oriental,

encontramos uma extensa e densamente povoada planície aluvial. A Costa do Mar da

China do Sul é mais montanhosa. O relevo da China meridional caracteriza-se por

serras e cordilheiras não muito altas.

A oeste, temos outra grande planície aluvial, a norte. No sul ocidental

encontramos uma meseta calcárea atravessada por cordilheiras montanhosas de

altitude moderada onde, nos Himalaias, se situa o seu ponto mais elevado (Monte

Everest). O sudoeste é ainda caracterizado por altos planaltos cercados pela

paisagem árida de alguns desertos, como o Takla-Makan e o deserto de Gobi, que

está em expansão. Devido à seca prolongada e, provavelmente devido a práticas de

uma agricultura empobrecedora dos solos, as tempestades de poeira tornaram-se

comuns durante a primavera chinesa.

Durante muitas dinastias, a fronteira sudoeste da China foi delineada pelas altas

montanhas de vales escavados de Yunnan, que, hoje, separam a China dos estados

de Burma, Laos e Vietname.

Page 25: Monografia China

4.1 Clima

A maior parte do território chinês se encontra situada na zona temperada do

Norte. O clima é temperado e as quatro estações são marcadas, por isso é favorável

para a vida humana.

O clima da China se caracteriza por monções continentais. Desde Setembro até

Abril do ano seguinte, as monções invernais secas e frias que vêm da Sibéria e da

meseta da Mongólia, se debilitam pouco a pouco do Norte a Sul formando a situação

do clima frio e seco, da existência de diferença de temperaturas no Norte e Sul.

De Abril a Setembro, a corrente do ar úmido vem dos mares de Leste e Sul

formando a situação de alta temperatura e muita chuva, daí a pouca diferença de

temperatura entre o Norte e Sul.

Conforme os índices de temperatura, a China se divide em zonas climáticas de

Sul a Norte: equatorial, tropical, subtropical e temperada.

As precipitações diminuem do Sudeste a Noroeste, e muito grande a diferença

das precipitações entre os distintos lugares do país. As chuvas podem passar para os

1.500 mm3 na costa Sudeste, enquanto no lado noroeste, no interior do Continente as

precipitações não excedem a 200mm3.

4.2 Relevo

China é também um país de grandes montanhas, zonas montanhosas, planícies

e colinas ocupam o 65% da superfície continental. Segundo a alinhação podemos

distinguir cinco sistemas de montanhas. A cordilheira de Kunlun, ao norte do

Page 26: Monografia China

Himalaya, separa a alta planície de Qinghai-Tibete do deserto de Taklamakan, três

dos seus cumes superam os 7.000 metros: Muztag, Muztagata e Kongur; a cordilheira

Tianshan, mais ao norte com as seus cumes nevados; a cordilheira Xingan, no

noroeste da China; e por último a cordilheira Hengduam e Qilian. As montanhas

atingem especial altitude no setor ocidental para descender progressivamente para a

costa. Há montanhas de singular beleza como é a Montanha Huangshan, a única zona

de paisagem exclusivamente montanhosa que encontra-se no sul da província de

Anhui. Trata-se de uma montanha conhecida pelos seus singulares pinhos e pedras

estranhas. Tem mais de setenta afiados picos que estão permanentemente cobertos

por nuvens e nevoeiro. Os aspectos sobressalientes são os pinhos, as rochas, as

nuvens e as fontes termais.

4.3 Flora

A China oferece uma grande variedade de solos que correspondem-se

aproximadamente com as regiões geográficas. Ao norte da China encontramos na

Bacia do Tarim o cinzento desértico, os pardos e férteis loes da planície, o castanho

terreno florestal da Manchuria e as produtivas terras aluviais da Grande Planície do

norte. Na China Central a Bacia Vermelha caracteriza-se por um fértil solo florestal

cinzento-castanho, e a planície e delta do Yangtsé pelos seus terrenos aluviais. Na

China meridional o solo é vermelho com abundantes materiais lateríticos. No Tibete

destacam os terrenos pedregosos, semelhantes aos montanhosos da tundra.

Dado o fato da China ser um enorme país, que abarca os mais variados climas,

não é surpreendente que exista uma grande variedade de espécies vegetais e

Page 27: Monografia China

animais. Parece que a vegetação natural da China estava formada por bosques mistos

discontínuos de caducas e coníferas próprios de zonas temperadas; mas devido ao

cultivo intensivo, esta vegetação desapareceu há muitos séculos. Desgraçadamente o

impacto humano chega a ser considerável, por isso a riqueza natural é rara ou está

em perigo de extinção. O governo tem estabelecido mais de 300 reservas naturais,

protegendo por volta de 1, 8 % do território. O maior problema é a destruição do

habitat causado pela agricultura intensiva, a urbanização e a produção industrial.

A flora tem "progredido" bem, apesar da pressão de mais de 1.000 milhões de

pessoas, mas a desflorestamento, o pastoreio e os cultivos intensivos têm feito

grandes estragos.

A última grande extensão florestal chinesa está na região sub ártica do

nordeste, perto da fronteira russa. Pela sua diversidade de vegetação, a zona em

redor de Xishuangbanna, no sul tropical, é a mais rica do país. Esta região também

procura habitat para manadas de elefantes selvagens; porém, tanto os seres vivos

como a floresta tropical estão sob a pressão da agricultura, da tala e da queimada.

Talvez a planta cultivada mais bela seja o bambu. Há muitas variedades e é

cultivado no sudeste, para ser utilizado como material de construção e alimento.

Outras plantas úteis incluem ervas, entre elas o ginseng, horquilha dourada, angélica e

fritilaria. Uma das árvores mais raras é o abeto branco de Cathay na província de

Guangxi.

Page 28: Monografia China

4.4 Fauna

A variedade de animais selvagens e domésticos é muito ampla. Além de estar

representadas a maior parte das aves canoras e de caça, existem 800 variedades

nativas do país. Ao norte, no nordeste especialmente, habitam animais selvagens

como o tigre, o antílope, o cervo, o goral (antílope cabra), a ovelha azul, o leopardo, o

lobo e os mamíferos de peles. No Tibete pode-se ver ovelhas, yaks, pandas gigantes e

ursos selvagens. No sul proliferam tigres, gibones, macacos e caimanes. Há que

assinalar que o animal mais raro da Ásia Central é o urso formigueiro.

Talvez não exista na China animal mais representativo da beleza e luta pela

vida selvagem do que o urso panda. Estes belos animais, atualmente em perigo de

extinção devido à combinação da caça, a invasão do habitat e os desastres naturais,

sobrevivem graças aos tímidos esforços do governo central. Com escassa densidade,

povoam as regiões de Sichuan, Tibete e Xinjiang, que provêem de habitat a outras

magníficas espécies, como o leopardo das neves e os yaks selvagens. O extremo

noroeste da China está habitado por alguns interessantes mamíferos como renas,

alces, cervos almizcleros, ursos e martas. Também há uma considerável ornitofauna

como grullas, patos, abutardas, cisnes e garças.

A ilha Hainam também possui variada vegetação tropical e vida animal. Há sete

reservas naturais na ilha, embora é justo dizer que ainda algumas espécies em perigo

de extinção, terminam no prato da comida.

Entre os animais domésticos encontram-se cães, gatos, patos, gansos, frangos

e porcos que abundam em todo o território da China. Os búfalos aquáticos são nativos

da zona sul da Península de Shandong. O zebú habita no sul e nordeste da China; no

Page 29: Monografia China

noroeste criam cabras, ovelhas e cavalos. Os camelos e as vacas são importantes

também no nordeste.

Há também variedade de peixes de água doce, sendo o mais comum a carpa.

Também abundam lagartos, rãs, tartarugas e salamandras. Na costa destacam a

lubina, arenque, cavalas, ostras, tubarões e enguias.

A observação de pássaros é algo do que poderá desfrutar o turista,

especialmente na primavera, estação na qual há que dirigir-se à Reserva Natural de

Zhalong, na província de Heilongjiang; ao Lago Qinghai, na província do mesmo

nome; e ao Lago Poyang, ao norte da província de Jiangxi, o lago de água doce maior

da China.

Page 30: Monografia China

5 RELIGIÃO

O Confucionismo e o Taoísmo são consideradas religiões chinesas, mas ambas

começaram como filosofias. Confúcio, do mesmo modo que seus sucessores, não deu

importância aos deuses e se voltou para a ação. Por sua vez, os taoístas apropriaram-

se das crenças populares chinesas e da estrutura do budismo. Como conseqüência,

surgiu uma corrente separada do "taoísmo religioso", diferente do "taoísmo filosófico"

que se associava aos antigos pensadores chineses Lao-Tsé e Zuang-Zi.

O budismo chegou à China pela primeira vez durante o final da dinastia Han,

arraigou-se rapidamente e templos como o da fotografia foram construídos. Os

comunistas eliminaram a religião organizada ao tomarem o poder em 1949 e a maior

parte dos templos foi reorganizada para usos seculares. A Constituição de 1978

restaurou algumas liberdades religiosas e, atualmente, existem grupos budistas e

cristãos ativos na China.

5.1 História

Desde tempos remotos, a religião chinesa consistia na veneração aos deuses

liderados por Shang Di ("O Senhor das Alturas"), além de venerações aos

antepassados. Entre as famílias importantes da dinastia Chou, este culto era

composto de sacrifícios em locais fechados. Durante o período dos Estados

Desunidos (entre 403 e 221 a.C.), os estados feudais suspenderam os sacrifícios. Na

dinastia Tsin, e no início da Han, os problemas religiosos estavam concentrados nos

Page 31: Monografia China

"Mandamentos do Céu". Existiam, também, seguidores do taoísmo-místico-filosófico

que se desenvolvia em regiões separadas, misturando-se aos xamãs e médiuns.

No final da dinastia Han, surgiram grandes movimentos religiosos. Zhang

Daoling, declarou haver recebido uma revelação de Lao-Tsé e fundou o movimento

Tianshidao (O Caminho dos Mestres Celestiais). Esta revelação pretendia substituir os

cultos populares corrompidos. A doutrina transformou-se no credo oficial da dinastia

Wei (386-534), sucessora da Han, inaugurando, assim, o "taoísmo religioso" que se

espalhou pelo norte da China.

A queda da dinastia oriental Jin (265-316) fez com que muitos refugiados se

deslocassem para o sul, levando o Tianshidao. Entre 346 e 370, o profeta Yang Xi

ditou revelações outorgadas pelos seres imortais do céu. Seu culto, o Mao Shan,

combinava o Tianshidao com as crenças do sul. Outros grupos de aristocratas do sul

desenvolveram um sistema que personificava os conceitos taoístas, transformando-os

em deuses. No início do século V, este sistema passou a dominar a religião taoísta.

Durante o século VI, com a reunificação da China nas dinastias Sui e Tang, o

taoísmo se expandiu por todo o império e passou a conviver com outras religiões,

como o budismo e o nestorianismo. O Taoísmo continuou a se desenvolver na dinastia

Song, expulsa em 1126. Sob o domínio de dinastias posteriores, a religião taoísta

desenvolveu a Doutrina das Três Religiões (Confucionismo, Taoísmo e Budismo).

Com o advento do comunismo na China, o Taoísmo religioso foi vítima de

perseguições. Todavia, as tradições foram mantidas na China continental e estão

conseguindo ressurgir.

Page 32: Monografia China

5.2 Práticas

O taoísmo religioso considera três categorias de espíritos: deuses, fantasmas e

antepassados. Na veneração aos deuses, incluem-se orações e oferendas. Muitas

destas práticas originaram-se dos rituais do Tianshidao. O sacerdócio celebrava

cerimônias de veneração às divindades locais e aos deuses mais importantes e

populares, como Fushoulu e Zao Shen. As cerimônias mais importantes eram

celebradas pelos sacerdotes, já os rituais menores eram entregues a cantores locais.

O exorcismo e o culto aos antepassados constituíam práticas freqüentes na religião

chinesa. O taoísmo religioso tem sua própria tradição de misticismo contemplativo,

parte da qual deriva-se das próprias idéias filosóficas.

Page 33: Monografia China

6 CULTURA

Na cultura chinesa os valores tradicionais eram derivados da versão ortodoxa

do confucionismo, que era ensinado nas escolas e fazia até parte dos exames da

administração pública imperial. Os líderes que dirigiram os esforços para mudar a

sociedade chinesa depois do estabelecimento da República Popular da China em

1949 foi elevado na antiga sociedade e foi marcado com seus valores. Embora fossem

revolucionários conscientes, não tiveram nenhuma intenção de transformar a cultura

chinesa completamente. Como administradores práticos, os líderes do partido

comunista chinês buscaram mudar alguns aspectos tradicionais, como a posse da

terra e a educação rural, enquanto conservam outros, como a estrutura familiar. As

mudanças na sociedade chinesa foram menores e menos consistentes do que as

reivindicações dos porta-vozes oficiais.

6.1 Cerâmica

A China é detentora da maior tradição mundial na fabricação de cerâmica e

porcelana. O reconhecido destaque do país neste campo se deve não apenas à

beleza e qualidades técnicas dos produtos, mas também à enorme influência que

tiveram tanto na Ásia quanto no Ocidente. A cerâmica foi produzida na China desde o

III milênio a.C. Alguns exemplos antigos revelam excelente qualidade e belíssima

decoração, mas é apenas a partir da dinastia Han (206 a.C. - 220 d.C.) que tem início

uma tradição contínua de fabricação de cerâmica cozida e vitrificada para uso em

Page 34: Monografia China

túmulos. Da mesma forma que os vasos, os túmulos eram feitos de modo a oferecer

um retrato da vida na época, com celeiros, casas, lagos para peixes, animais e jogos

reproduzidos no barro. Louça cozida também foi produzida, resultando nos produtos

da sexta dinastia (251-589) e da dinastia Tang (251-589). A dinastia Song (960-1279)

representou a idade de ouro da cerâmica chinesa, com os famosos fornos, tanto no sul

quanto no norte da China. O sudeste do país se transformou no mais importante

centro de cerâmica a partir da dinastia Yuan (1279-1368). Os chineses desenvolveram

o controle sobre o pigmento azul, de modo que ele pudesse ser utilizado em detalhes

pincelados. Durante a dinastia Ming (1368-1644), a louça azul e branca alcançou seu

ponto alto, especialmente no século XV. Já na dinastia Qing (1644-1911), os esmaltes

da "família verde" se tornaram populares no reinado do imperador Kangxi (1662-1722)

e a "família rosa" no reinado de Youngzheng (1723-1735). O complexo de fabricação

de cerâmica de Jingdezhen teve hábeis diretores durante o século XVIII e desfrutou do

patrocínio da corte, especialmente no governo do imperador Qianlong (1736-1795),

grande incentivador das artes e colecionador. A cerâmica chinesa produzida após o

século XVIII tem sido vista apenas como hábil imitação dos modelos antigos.

6.2 Artes Marcias Chinesas – O Kung Fu

É originário da China e nasceu da necessidade  de sobrevivência dos

antepassados na luta contra animais ferozes e contra inimigos.

Conta a lenda que certa vez, um monge chinês -Ta Mo - subiu numa montanha

e se pôs a contemplar o movimento dos animais, as posições que tomavam para a luta

e a maneira como se defendiam dos ataques. Observando tais movimentos,

Page 35: Monografia China

desenvolveu um trabalho de adaptação desses animais para  o homem,  

estruturando-os de acordo com as possibilidades físicas do homem. Assim nasceu o

Kung-Fu, como chamam os ocidentais esta luta chinesa.

Esta arte marcial milenar vem orientando as pessoas, bem como ajudando os

jovens a se direcionarem em disciplina, respeito com os colegas.

De um modo geral, estrutura o corpo físico, em combinação com a mente,

extravasando as ansiedades, angústias e estresses acumulados no dia a dia,

fortalecendo-os.Pode ser praticado por adultos e crianças de ambos os sexos.

Combina-se ginástica completa de todo o corpo, bem como movimentos,

denominados Katis, onde compila-se, em seqüências baseadas em movimentos de

animais, mãos e pernas.

Decorrentes das observações dos ataques dos animais, de onde se originou o

Kung-fu, surgiram os vários estilos praticados no mundo, conseqüentes das mutações

e adaptações para o ocidente.

Hoje a realidade brasileira mostra uma arte marcial chinesa (Kung-fu), voltada

para o bem estar físico e mental do praticante. Não há para o seguidor, na medida em

que passa a conhecer o fundamento da doutrina, aspirações de ser um "lutador

profissional", seu treinamento é voltado para o relaxamento da mente e o

desenvolvimento corpóreo, atribuindo-lhe saúde e bem estar.

Page 36: Monografia China

6.3 Mitologia chinesas

6.3.1 Lao Zi

Segundo conta a lenda, a gestação de Lao Zi demorou 81 anos (a quantidade

de capítulos que tem sua obra Dao De Jing) e quando por fim nasceu, já tinha os

cabelos branco, rugas em seu rosto (próprias de um ancião) e orelhas bastante

maiores que as normais. Nascido sob uma ameixeira em uma aldeia do país de Chu,

teve como primeiro nome Li-Er (orelhas de ameixeira) e posteriormente substituído por

Lao Zi (velho sábio).

Logo depois de viajar por países do Oriente, retornou a China e foi funcionário

do Estado de Chu. Anos depois, ao notar a decadência da casa real, Lao Tse se

dirigiu ao país de Qin, no Oeste, num carro conduzido por um boi azul. Quando

chegou próximo do Hien-ku, o guardião de uma fonte chamada Yin-Hi e outra Luan-

Yin reconheceu o filósofo ilustre. Suplicou-lhe que ficasse um ano em sua casa, antes

de partir para seu destino e que escrevesse um livro expondo sua doutrina. O mestre

se deixou convencer, escrevendo o Dao de jing, que quer dizer, o "Livro da Vida e da

Virtude", e depois partiu mais ao oeste, e entrou no país dos Bárbaros, onde foi

perdido seu rastro.

A aplicação de métodos línguisticos, à mais antiga versão do "Daode Jing"

conhecida, sugere que a sua autoria terá sido conjunta. A designação Lao Zi era, na

época da suposta redacção do "Livro da Via e da Virtude", um título honorífico, legado

a um mestre credenciado. Trata-se, provavelmente, de uma simplificação posterior; o

Page 37: Monografia China

taoísmo é um sistema filosófico ("daojia") e religioso ("daojiao") com imemoriais raízes

temporais e culturais. O "Dao de Jing" constituiu uma tentativa de síntese; não é

despropositado, de todo, assumir que a própria figura de Lao Zi é, também ela, uma

tentativa de síntese rectroactiva. Uma análise mais apurada à figura de Zhang Daoling

poderá clarificar as coisas.

6.3.2 Doutrina

O Taoísmo estabelece a existência de três forças: uma positiva, outra negativa

e uma terceira, conciliadora. As duas primeiras se opõem e se complementam

simultaneamente. São:

Símbolo do yin\yang

Yin - Força negativa, feminina, úmida...

Yang - Força positiva, masculina, seca...

Tao - Força convergente, em que yin e yang são fundidos numa existência dual

e complementar.

A igualdade entre as duas primeiras forças estranha a igualdade de suas

manifestações consideradas em abstrato. Por isso o taoísta não considera superior a

vida sobre a morte, não outorga supremacia à construção sobre a destruição, nem ao

prazer sobre o sofrimento, nem ao positivo sobre o negativo, nem à afirmação sobre a

negação. O Tao é simplesmente algo que não pode ser alcançado por nenhuma forma

de pensamento humano. Por isso não existe nome, dado que os nomes derivam de

Page 38: Monografia China

experiências; finalmente e por necessidade de ser descrito ou expressado, o

denominou Tao, que significa "caminho" ou "atalho" (reto ou virtuoso) que conduz à

meta.

Quando Lao Tse fala do Tao procura afastá-lo de tudo aquilo que possa dar

uma idéia de algo concreto. Prefere enquadrá-lo em um plano distinto a tudo o que

pertence ao mundo. "Existia antes do Céu e da Terra", diz, e efetivamente não é

possível dizer de onde provém. É mãe da criação e fonte de todos os seres.

O Tao tampouco é temporário ou limitado; ao tentar observá-lo, não o vê, não o

ouve nem o sente. É a fonte cósmica primária da que provém a criação. É o princípio

de todos, a raiz do Céu e da Terra, a mãe de todas as coisas. Mas, se tentar defini-lo,

olhá-lo ou ouvi-lo, não seria possível: o Tao retorna ao Não-Ser, vai onde é

inacessível, inalcançável e eterno. Todas as coisas sob o Céu gozam do que é, o que

é surge do que não é e retorna ao Não-Ser, com o que nunca deixa de estar ligado.

O Tao do Não-Ser é a força que move tudo o que há no mundo dos fenômenos,

a função, o efeito de tudo o que é: apóia-se no Não-Ser.

O mundo dos seres pode ser renomado com o nome de Não-Ser e o mundo

dos fenômenos com o nome de Ser. As diferenças recaem nos nomes, pois o nome de

um é Ser e o do outro, Não-Ser, mas embora os nomes são distintos, trata-se de um

único fato: o mistério desde cujas profundidades surgem todos os prodígios. Ao

encontrar o caminho que conduz da confusão do mundo para o eterno, estamos no

caminho do Tao.

A princípios do século IV a.C., os filósofos chineses escreviam sobre o yin e o

yang em termos relacionados com a natureza.

Page 39: Monografia China

Observando da perspectiva do Tao, vê-se como todas as coisas se elevam,

voltam-se grandes e logo retornam a sua raiz. Viver e morrer são simplesmente entrar

e sair. As forças da mente não têm poder sobre quem segue o Tao. O caminho do

Não-Ser leva a quietude e a observação e conduz do múltiplo ao único.

Para poder percorrer esse caminho é necessário a preparação interna.

Mediante a prática espiritual, a perseverança, o recolhimento e o silêncio que chega a

um estado de relaxamento que deve ser tão sereno que possibilita a contemplação do

Ser interior, a alma, e assim se consegue ver o invisível, escutar o inaudível, sentir o

inalcançável. Quando avança este caminho, Lao Tse vê e conhece o mecanismo da

magia da observação, mas não lhe interessa tirar proveito destes conhecimentos. Para

ele, como para o taoísmo, o mais elevado é chegar a penetrar a Unidade onde não

existem os opostos. Quando neste caminho se obtém a união com o cósmico, chega-

se à possibilidade de contemplar o Ser. Assim, sem sair da casa, pode-se conhecer o

mundo, sem olhar pela janela se pode apreciar o Tao do céu. Quem mantém esse

objetivo não precisa viajar. Alcança suas metas. Não olhe nada, tem-no tudo claro.

Não trabalha e, entretanto, consegue contemplar tudo.

6.4 Música da China

A música na China parece datar de antes da civilização chinesa, e documentos

e artefatos fornecem evidência de uma cultura musical bem desenvolvida ainda na

Dinastia Zhou (1122 AC - 256 AC).

A Agência de Música Imperial, estabelecida primeiro na Dinastia Qin (221-207

AC), estava muito expandida sob o império do Imperador Han Wu Di (140-87 AC) e

Page 40: Monografia China

ordenou supervisionar a música da corte e a música militar e determinou que a música

folclórica estaria oficialmente reconhecida. Em dinastias subseqüentes, a revelação da

música chinesa estava fortemente influenciada por músicas estrangeiras,

especialmente as da Ásia Central.

A música instrumental é tocada com instrumentos de solo ou conjuntos

pequenos de instrumentos de corda, flautas, e vários pratos, gongos, e tímpanos. A

escala tem cinco notas. Os tubos de bambu estão entre os instrumentos musicais

conhecidamente mais antigos da China. Os instrumentos estão tradicionalmente

divididos em categorias baseadas em seu material de composição: pele, abóbora,

bambu, madeira, seda, barro, metal e pedra. A música escrita mais antiga é Solidão da

Orquídea, atribuído por Confúcio .

Na China antiga a posição dos músicos na sociedade era muito mais baixa que

a dos pintores. O estudo da teoria da música não era o bastante. Mas quase todos

imperadores levaram as músicas folclóricas seriamente.

Page 41: Monografia China

7 Culinária

China tem umas das mais ricas heranças da culinária do planeta. A comida

chinesa sólida é degustada com pauzinhos chineses (hashis)e os líquidos com uma

colher larga e plana (normalmente de cerâmica). O chinês considera ter uma faca na

mesa muito selvagem, assim a maioria dos pratos são preparados em pedaços

pequenos, prontos para serem escolhidos e comidos. A comida chinesa é diferente da

comida ocidental onde a proteína de carne é o prato principal de uma refeição, uma

fonte de carboidratos (arroz, talharim) são normalmente o ingrediente principal de uma

comida chinesa. Por causa da extensa e variada natureza da China, a culinária

chinesa pode ser dividida em muitos estilos regionais diferentes.

7.1 Cultura do Chá na China

A cultura do chá chinês se refere aos métodos de preparação do chá, o

equipamento usado para fazer chá e as ocasiões em que o chá é consumido na

China.

O chá é uma bebida popular desde dos tempos antigos da China. Era

considerado uma das sete necessidades diárias, sendo as outras a lenha, o arroz, o

óleo, o sal, o molho de soja, e o vinagre. A cultura do chá na China difere daquelas da

Europa, Reino Unido ou Japão em tais coisas como nos métodos de preparação,

métodos de degustação e nas ocasiões em que é consumido. Até nos dias atuais, em

ambas as ocasiões, casuais e/ou formais chinesas, o chá é regularmente bebido. Além

Page 42: Monografia China

de ser uma bebida, o chá chinês é usado em medicamentos herbários e na culinária

chinesa.

7.2 Culinária e cidade Shanghai

A cidade de Shanghai, cujo nome significa “Sobre o Mar”, situa-se a 31,14

graus de latitude norte e 121,29 graus de longitude leste, na parte central do litoral

leste da China. Historicamente lembrada por seus antigos nomes -- Hu e Shen --,

Shanghai é o portão de entrada para a grande bacia do Rio Chang (mais conhecido,

fora do País, como Rio Yangtzê).

Com uma população urbana e rural de 13 milhões e uma área de 6 341 km²,

Shanghai possui o porto mais importante da China e se destaca também por sua

riqueza histórica e cultural.

Shanghai é um paraíso também para os apreciadores da boa comida, com mais

de mil restaurantes servindo 16 dos mais famosos estilos da culinária chinesa, como

os de Beijing, Sichuan, Guangdong, Yangzhou e Fujian, da cozinha internacional.

É também uma das culinárias mais famosas. Ela é muito aberta: baseada na

culinária local, ela combinou e absorveu vantagens de diversas culinárias, incluindo

culinárias vegetais e européias. A culinária de Shanghai é leve e delicada, preserva o

sabor original dos ingredientes.

Page 43: Monografia China

7.3 Alguns pratos famosos

Caranguejo cozido no vapor - o segredo do prato é o caranguejo, que é uma

especialidade do Rio Yang Tzé;

Song Shu Gui Yu - peixe na forma de esquilo. O peixe é frito, servido no molho

da cor de ouro. A pele do peixe é crocante, e a carne é fina. Tem sabor doce e

azedo. A forma do peixe parece um esquilo, daí vem o nome do prato;

Qing Tang Yu Wan - Sopa de bolinhos de peixe. A sopa é clara, os bolinhos são

brancos, delicados e lisos. A sopa é feita com bacon, cogumelos, brotos de

bambu e ervilhas;

Chun Juan - rolinho da primavera. É uma comida comum na China, e do sul é

mais famosa. A comida é frita, feita com legumes da primavera enrolados numa

capa de farinha de trigo. Tradicionalmente serve-se a comida na primavera,

hoje em todas as estações;

Yang Zhou Chao Fan - arroz frito à maneira de Yang Zhou. É arroz frito junto

com bacon, ovo, camarão e legumes da estação.

Bolinho de arroz recheado - há 2.200 anos, quando invasores chegaram à

China e o pai do poeta Qu Yuan suicidou-se, Qu Yuan se jogou no rio. Para que

Page 44: Monografia China

o dragão não o ferisse, o povo fez bolinhos de arroz e jogou no rio. Por isso,

todo mês de maio, os chineses fazem esta comida em memória de Qu.

Tofu recheado - Zhu Yuanzhang, o fundador da dinastia Ming (uma das mais

estáveis e autocráticas dinastias chinesas), passava fome quando jovem. Bateu

à porta de uma senhora para pedir comida. A senhora serviu-lhe sobras de tofu,

recheou com carne e acrescentou verduras cozidas. O prato saboroso ficou na

memória do jovem. Ao tornar-se imperador, ordenou que a iguaria constasse do

cardápio real.

Camarão-trovão - é um camarão com molho de tomate pouco apimentado.

Quando jogado em cima do biscoito de arroz para ser servido, reproduz o som

de trovão e chuva. É o único prato que "canta". Na 2ª Guerra Mundial, a

primeira-dama da China, Shong Meilin, fez um banquete para os aliados. Serviu

este prato, e o general americano gostou muito. Ao perguntar o nome, Shong

Meilin respondeu: "Bomba de Tóquio".

Camarão à moda de Shanghai - é um camarão cinza (de 8 a 10 cm) sem casca,

temperado com sal, pimenta-do-reino e maisena. Depois de frito e escorrido, é

refogado rapidamente em fogo alto, com saquê chinês e cebolinha verde.

Além do conceito do yin e yang, existe o conceito dos cinco elementos. Os

chineses acreditam que estejamos cercados por cinco campos de energia: fogo,

madeira, terra, metal e água. Na culinária esses elementos são representados pelos

cinco sabores:

Page 45: Monografia China

Amargo - Fogo

Azedo - Madeira

Picante - Metal

Doce - Terra

Salgado – Água

Page 46: Monografia China

8 IDIOMA

O alfabeto chinês surgiu há cerca de 4500 anos atrás e, segundo a lenda, foi

criado por um homem chamado Cang-Jié ( ). Com o passar dos anos, no entanto,

as letras foram se simplificando. Durante a Revolução Chinesa, foi criado um novo

alfabeto chinês simplificado. O alfabeto simplificado hoje é utilizado na China e em

Singapura, enquanto o alfabeto tradicional é utilizado em Taiwan, Hong Kong, por

imigrantes chineses e vem ganhando força no sul da China. O chinês mandarim é uma

língua sino-tibetana , da família chinesa e oficial na China, Formosa (Taiwán) e

Singapura e falado em Hong Kong, Indonésia e Malásia e pela China ser o país mais

populoso do mundo, o mandarim é a língua mais falada no mundo.

O alfabeto chinês é chamado de kanji ( ). Esse alfabeto é também usado em

parte pelos idiomas japonês e coreano.

Ao contrário do nosso alfabeto latino, onde a letra identifica um som mas não dá

qualquer informação sobre seu significado, no alfabeto chinês cada letra tem um

significado, mas não um som. Ou seja, a não ser que você saiba o som de um caráter,

você não pode saber qual é o som apenas olhando para ele, mas pode saber o

significado. Isso faz com que os vários dialetos possam ler um mesmo texto, mesmo

que sua pronúncia seja diferente. Cada caracter chinês normalmente corresponde a

uma sílaba.

Os caracteres chineses se originaram de desenhos. No entanto, milhares de

anos depois, apenas alguns poucos ainda guardam alguma semelhança, como o

caractere para árvore, por exemplo: (mù).

Page 47: Monografia China

O número de caracteres do alfabeto chinês é bastante grande, se comparado

com o nosso, de apenas 23 letras. Ao contrário do alfabeto latino, uma pessoa não

precisa saber todos os kanjis para poder ler um texto em chinês. Na verdade,

praticamente nenhuma pessoa é capaz de ler todas os kanjis. Normalmente, o número

de kanjis conhecidos por alguém varia de acordo com a escolaridade dessa pessoa.

Deste modo, somente alguém graduado pode ler um texto técnico, por exemplo.

O alfabeto chinês era inicialmente composto por cerca de 50.000 caracteres. Os

sistemas de computador hoje incorporam cerca de 6.500 caracteres na China e 13.000

em Taiwan. Para que se leia um jornal comum, é necessário o conhecimento de 3.000

caracteres chineses (ou 4.000 em Taiwan). Uma pessoa é considerada alfabetizada

na China caso conheça 2.000 caracteres específicos (ou 1.500 se for um agricultor).

Antigamente os caracteres eram escritos somente verticalmente, de cima para

baixo. Hoje, o alfabeto simplificado é escrito horizontalmente, da esquerda para direita,

como o nosso. O alfabeto tradicional ainda é escrito de cima para baixo, exceto em

textos científicos, onde o uso de equações torna essa escrita difícil.

Existe um sistema para a romanização de caracteres chineses, chamado pinyin

( ). Desta forma, é possível escrever as palavras chinesas usando os nossos

caracteres latinos. Esse sistema é usado também para dicionários e para digitação de

textos no computador.

Page 48: Monografia China

9 LITERATURA CHINESA

Existem duas tradições na literatura da china: a literária e a popular ou

coloquial. A última remonta a mais de mil anos antes da era cristã e permanece até

nossos dias. No princípio consistia em poesia mais tarde em teatro e romance, e

depois foi incorporando obras históricas, relatos populares e contos. Os intelectuais da

classe oficial que ditavam os gostos literários, não a creditavam digna de estudos por

a considerarem inferior, sendo que, até o século XX, este tipo de literatura não obteve

o reconhecimento da classe intelectual. Seu estilo brilhante e refinado marca os

princípios da tradição literária ortodoxa, que começou há 2.000 anos.

9.1 Época Clássica

A época clássica é correspondente a da literatura grega e romana. As etapas de

formação tiveram lugar do século VI ao IV a.C. nos períodos da dinastia Chou (c.

1027-256 a.C.). Desta época são as obras de Confúcio, Mencio, Laozi (Lao-tsé),

Zhuangzi e outros grandes filósofos chineses. Culminou com a recopilação dos

chamados cinco clássicos, ou clássicos confucianos, além de outros tratados

filosóficos.

A obra poética mais importante do período clássico foi o Shijing (Livro das odes

ou Clássico da poesia), antologia de poemas compostos em sua maioria entre séculos

X e VII a.C. A lenda diz que foi o próprio Confúcio quem seleccionou e editou os 305

Page 49: Monografia China

poemas que formam a obra. Trata-se de poemas simples e realistas da vida

camponesa e cortesã.

O estilo aristocrático ou cortesão alcança sua máxima expressão com os

poemas de Chu, estado feudal ao sul da China central que foi a terra de Qu Yuan,

primeiro grande poeta chinês.

Durante a dinastia Han (206 a.C.-220 d.C.) as tendências realista e romântica:

deram lugar à escolas poéticas. Os versos de Chu foram o começo de um novo

gênero literário, o fu, o poema em prosa. Mais tarde, a poesia se enriqueceu com

canções populares reunidas por Yüeh-fu, no século II a.C.

Os primeiros trabalhos em prosa formam, junto com o Shijing, os cinco

clássicos. São o I Ching (Anais do Chin), livro de adivinhacões; o Shujing (Livro dos

documentos), um conjunto de antigos documentos de Estado; o Liji (Memória sobre os

ritos), coleção de códigos governamentais e rituais, e o Chunqiu (Anis da primavera), a

história do estado de Lu desde 722 até 481 a.C. Do século VI até o III a.C. foram

escritas as primeiras grandes obras da filosofia chinesa, como os Analectas de

Confucio, aforismos recompilados por seus discípulos; os eloqüentes debates de

Mencio, discípulo de Confúcio; o Doodejing (Clássico da forma e sua virtude), atribuído

a Lao Tse, fundador do taoísmo, e os ensaios de Zhuangzi, o outro grande filósofo

taoísta. Também são importantes os ensaios de Mozi, Xunzi e Han Fei Zi. Sima Qian

escreveu o Shiji (Memórias históricas), história da China até a dinastia Han. Os

discípulos de Confúcio criaram, as bases da tradição literária da prosa chinesa,

adotando uma linguagem literária própria, diferente da linguagem falada.

Page 50: Monografia China

9.2 Época Medieval

Do século III ao século VII d.C., a China estava dividida em estados rivais,

porém com a difusão do budismo vindo da Índia e a invenção de um tipo de imprensa

viveu um dos períodos mais brilhantes da história de sua literatura.

Durante os períodos de agitação política, poetas encontraram refúgio e consolo

no campo. Alguns eram ermitãos e criaram uma escola de poesia a que chamaram

Campo e jardim. Outros escreveram os melhores poemas populares chineses, como

os de amor atribuídos a poetisa Tzu-yeh. O melhor poeta destes séculos turbulentos

foi Tao Qian, também conhecido por Tao Yuanming, que cantava as alegrias da

natureza e da vida solitária.

A melhor poesia chinesa foi escrita durante a dinastia Tang (617-907), da qual

se conservam mais de 49.000 poemas escritos por 2.200 poetas. Os três poetas mais

famosos foram Wang Wei, filósofo e pintor; Li Po, líder taoísta da escola romântica, e

seu amigo e rival Tu Fu, meticuloso em seus esforços para conseguir um realismo

preciosista, cuja obra influenciou o poeta Po Chu-i, que utilizava a poesia como um

meio para a crítica e a sátira.

Durante a dinastia Song (960-1279), Su Tung-po foi o melhor poeta chinês de

tsu (estilo poético que fixa o número de versos e seu comprimento segundo o tom e o

ritmo). A poetisa chinesa Li Qingzhao alcançou grande popularidade por seus versos

tsu sobre sua viudedad. Han Yu, mestre da prosa Tang, exigia a volta da escrita direta

e simples do estilo clássico.

Page 51: Monografia China

A tradição literária prlongou-se na dinastia Song com Ouyang Xiu, mais

conhecido por suas maravilhosas descrições de paisagem. Os engenhosos ensaios de

Su Xun são os melhores do estilo clássico.

O teatro propriamente dito não se desenvolveu até o final do período medieval.

Na época Tang, os atores já ocupavam um lugar importante entre os artistas

populares e se agrupavam em companhias profissionais, que atuavam em teatros

construídos para receber milhares de pessoas.

9.3 Época Moderna

A época moderna começa no século XIII e chega até nossos dias. No século

XIV, a narrativa popular chinesa foi cada vez mais importante. Dois dos primeiros

romances desta época, Sanguozhi Yanyi (Histórias romanceadas dos reinos) e

Shuihuzhuan (À beira d'água), podem ser considerados a épica em prosa do povo

chinês. Cao Xueqin escreveu o romance realista Hongloumeng (Sonho do quarto

vermelha).

No século XVII, apareceram numerosas coleções de breves histórias. A mais

popular é Jinguqiguan (Contos maravilhosos do passado e do presente), composto de

40 histórias.

No século XX, influenciados pela literatura ocidental, os escritores chineses,

guiados por Hu Shi, começaram uma revolução literária conhecida como o

renascimento chinês. Intencionavam utilizar a linguagem coloquial com fins literários.

Com ensaios e histórias mordazes atacavam a sociedade tradicional, e escritores

Page 52: Monografia China

como Lu Xun (pseudônimo de Zhou Shuren) ajudaram ao avanço da revolução

socialista.

Durante os anos da Revolução Cultural (1966-1978) os artistas e escritores se

adaptaram as necessidades do povo e a influência burguesa ocidental foi atacada

duramente. Desde então tem se permitido uma maior liberdade de expressão,

tolerando-se o renovado interesse pelas idéias e as formas ocidentais.

9.4 A Arte da Guerra do grande Sun-Tzu

A Arte da Guerra (" Estratégia Militar de Sun Tzu" ), é um tratado militar escrito

durante o século IV a.C. pelo estrategista conhecido como Sun Tzu . O tratado é

composto por treze capítulos, onde em cada capítulo é abordado um aspecto da

estratégia de guerra, de modo a compor um panorama de todos os eventos e

estratégias que devem ser abordados em um combate racional. Acredita-se que o livro

tenha sido usado por diversos estrategistas militares através da história como

Napoleão, Adolf Hitler e Mao Tse Tung.

Page 53: Monografia China

10 CURIOSIDADES

10.1 Reportagens do Fantástico sobre a China

10.1.1Reportagem: Sônia Bridi (Guilin, China) Pesca sem anzol

Diante de tanta beleza na terra, os chineses buscaram explicação no céu.

Concluíram que um dragão, a mais poderosa das criaturas, criou as montanhas e as

curvas do Rio Li. E se eles acham que esse é o lugar mais lindo do mundo, descendo

as águas claras, levadas suavemente pela correnteza, tendo a concordar. Vejo o

pescador descendo com sua jangada, que é hoje como era quando ainda se

acreditava em dragões. O homem e seus pássaros saem para pescar.

Ele usa um fio de palha para amarrar o pescoço de uma ave. Não há delicadeza

nisso. Já de barriga cheia, o cormorão aceita, resignado. Mas só sai para trabalhar

porque o pescador chacoalha o barco, tornando impossível o descanso. Hábil

pescador, o cormorão tira os peixes da água facilmente. Com a garganta presa, não

consegue engolir. Ao homem, só resta o trabalho de "pescar" na goela do pássaro.

Mas o choque do presente está tornando rara a cena. Depois que chegaram as

redes, quem pesca com cormorão não consegue competir. Sem se apertar, o velho

pescador também achou um jeito moderno de ganhar a vida.

Guilin é um dos lugares preferidos pelos chineses. Virou moda entre os turistas

de aventura do mundo inteiro. E turismo rende dinheiro. O pescador cobra 2 remimbis,

o equivalente a R$ 0,40, para tirar uma foto com turistas. Por quilo de peixe, não

Page 54: Monografia China

ganha mais de R$ 2. Assim, de pescador profissional, pesca para atrair mais turistas

do que peixes.

Alimentado pelo degelo de montanhas muito longe dali, o Rio Li é tão

transparente que dá para ver os peixinhos se escondendo entre as algas. A vegetação

verdinha é o pasto aquático dos búfalos chineses.

Há 2 milhões de anos, toda a região era coberta por um oceano. Quando a

água desapareceu, restaram as montanhas de calcário, que brincam com a

imaginação. Uma delas foi batizada de Montanha dos Nove Cavalos. Meus olhos não

chineses não acham as formas que eles juram que estão vendo. O Morro do Elefante

é o símbolo da cidade. Até o dinheiro chinês homenageia a beleza do lugar.

10.1.2 Reportagem: Sônia Bridi (Wuqiao, China) Fábrica de malabaristas.

Repetir uma, dez, cem mil vezes a mesma pirueta, o mesmo malabarismo, a

mesma travessura. Passar o tempo vendo o mundo invertido e esticar, girar, se

segurar. Concentração em alerta. Um piscar de olhos, e os tubos caem.

Como se já não fosse difícil subir os degraus com 30 quilos nos ombros, um

garoto anda com a escada. Ainda são principiantes. Na maioria das tentativas, erram

no último pulinho. Com disciplina e paciência chinesa, eles vão chegar lá.

Santa persistência em busca da perfeição. He Zhi Yi e Liu Hu são internos de

uma escola de acrobacias nos arredores de Wuqiao, uma cidade ao sul de Pequim

que se tornou a capital mundial das acrobacias. Quinze crianças de idades diferentes

pagam 2 mil remimbis por ano, pouco mais de R$ 500, para viver e aprender no local.

Page 55: Monografia China

Uma escola pobre, que na falta de chão antiimpacto improvisou um sistema de

amortecedor com tábuas soltas.

O sonho vai deixando cicatrizes. Nada que abale quem está decidido a

perseguir o sucesso. Não há professores na sala, mas ninguém faz corpo mole. É

preciso melhorar, aprimorar, tornar perfeita a técnica para conquistar o que todos

querem: fama e dinheiro.

A escola pertence a Jian Zhen Tong, artista que durante 20 anos fez parte de

uma importante companhia de acrobatas. Ele começou aos 8 anos e, aos mais novos,

ensina: aprender leva a vida toda. Jian conta que ganhou algum dinheiro. Vive com

tranqüilidade, mas não ficou rico. O lado bom do trabalho é que viajou muito.

Na China, o nome Wuqiao representa acrobacia como Shaolin representa kung

fu. Diz a lenda que foi na cidade que essa arte nasceu, há 4 mil anos. Jian Zheng

Tong ainda ensina os alunos a raiz da tradição. Na terra pobre, árida, os camponeses

foram descobrindo que fazer truques com as ferramentas rendia uns trocados nas

feiras.

Eles entendem as leis da física na prática: o vento leva a palha leve, e os grãos

pesados ficam no chão. Separando soja ou inventando malabarismos, eles aprendem

a manipular essas leis. O lugar pobre de 270 mil habitantes até hoje é o maior

fornecedor de artistas de circo para o mundo inteiro.

Quem ensina nessas escolas de fundo de quintal ou de fundo de sítio não

estudou educação física para passar as técnicas corretas de preparo físico, mas é

quem tem experiência ensinando quem tem intuição para aprender. E todos motivados

a, literalmente, fazer um malabarismo para fora de uma vida de pobreza.

Page 56: Monografia China

Como na China nove anos de estudo são obrigatórios, os alunos têm também

aulas de chinês, geografia, matemática. Aprendem que todos os movimentos de

acrobacia têm um nome. Eles podem ler uma coreografia como quem lê música.

Em Wuqiao, existem dezenas de escolas, de todos os tamanhos, que misturam

acrobacia às disciplinas tradicionais. Numa delas, são mais de mil alunos – metade

estuda técnicas acrobáticas. Parece uma linha de montagem de artistas.

O professor Wang Hui garante que dois meninos, de 7 e 6 anos, têm um talento

especial. Provavelmente serão grandes artistas. Determinação não falta. Eles

conseguem dar 15 cambalhotas, uma atrás da outra, como se fosse a coisa mais

simples do mundo. Humildes, Lu Wei e Chen Chong falam que não são tão bons

nisso. Ainda pretendem melhorar muito.

No meio de todas essas crianças cheias de sonho, o professor diz que, para

reconhecer um aluno talentoso, basta olhar o corpo – pernas mais longas que o tronco

– e observar o jeito como aprende. Eles são diferentes, especiais. E aluno ajuda aluno.

Na escola como no palco, ser companheiro e poder confiar no colega é fundamental. E

ter um certo charme ajuda.

Uma pequena nasceu com o talento. Aos 3 anos, é cheia de energia. Uma

serelepe. Começou a aprender há pouco tempo e esbanja seu carisma de artista.

Para que servem vasos, sombrinhas e mesas? Para serem equilibrados com

pés. Outra escola é para os que têm mais dinheiro. A mensalidade é cara para os

padrões locais: R$ 400 por mês, ou três salários-mínimos chineses. Na escola, os

alunos têm equipamentos novos e um palco preparado para espetáculos.

Li Ge tem 9 anos e uma vasta experiência. Ela soube da escola numa

reportagem da TV chinesa e ficou encantada. Está há dois anos lá e já ganhou

Page 57: Monografia China

prêmios, medalhas. Li Ge diz que fica um pouco nervosa quando sobe no palco e que

o melhor momento é quando a apresentação acaba e começam os aplausos.

Apesar da riqueza de seus artistas, Wuqiao precisa melhorar as condições de

vida do povo. O governo construiu um parque temático apostando que os turistas vão

ver na cidade o que faz tanto sucesso lá fora. São mais de 20 palcos e capacidade

para receber até cem mil pessoas. É como um grande banco de empregos para quem

não entrou nos circos ou nas companhias de acrobacia. Um adestrador de ratinhos, o

tradicional fantoche e equilibristas por toda parte.

Acrobacia para os chineses é como futebol para os brasileiros. Quem tem

talento pode acreditar no sonho. Todos os dias, as jovens promessas se apresentam

no principal palco do parque. Na platéia, empresários de olho nos futuros craques.

Talvez um deles consiga o que todos querem: um bom contrato de trabalho numa

companhia que os leve pelo mundo, para perto da fama, para longe da pobreza.

10.1.3 Reportagem: Sônia Bridi (Guilin, China) Cabelos gigantes

Ainda é preciso subir quilômetros a pé para alcançar vilas nas montanhas

próximas a Guilin. No caminho, vamos encontrando outra especialidade que faz a

fama do lugar: a pimenta vermelha. Os moradores da região são de uma minoria

étnica: o povo drum.

Isolados há milênios nas montanhas, eles têm língua, costumes, identidade

própria. Ainda usam as roupas tradicionais no dia-a-dia.

Page 58: Monografia China

Encontramos mais mulheres do que homens. Eles estão no fundo das

montanhas, cuidando do maior patrimônio da região: as plantações de arroz. Há

séculos dominaram as montanhas, fizeram das encostas degraus, terraços onde

podem plantar. A perder de vista, um espetáculo que sacia os olhos antes de começar

a matar a fome.

Mulheres pequenas, magrinhas, têm uma força impressionante e carregam

peso montanha acima. Uma delas me leva para conhecer a casa dela, construída na

encosta. A parte de baixo é ocupada pelos porcos. Lá dentro, o que impressiona é o

vazio: um fogãozinho no chão – a mais básica das necessidades – e só. Mas não tem

ar de miséria. É uma pobreza que já conheceu tempos piores.

A vizinha trança sandálias com palha de arroz e agora vende para os turistas.

Para um povo que vivia de cultura de subsistência, o dinheirinho que entra deixou a

vida bem melhor.

Seguimos o caminho e logo adiante encontramos outro povo: os bai. Numa

terra tão apegada a tradições, as mulheres se agarram à força de suas crenças.

Cabelo comprido traz vida boa. E quanto mais longos os fios mais anos de vida. Por

isso, eles medem mais de um metro.

As mulheres bai só cortam o cabelo uma vez, aos 8 anos de idade. É um ritual

de entrada na vida, repetido todos os dias, ao ajeitar as imensas madeixas.

Elas juram que gastam só dez minutos por dia para pentear e enrolar os fios

intermináveis. Mechas de fios que foram caindo são juntadas para aumentar o efeito.

Preso, até parece um turbante indiano. Mas, solto, pesa muito. Para provocar,

pergunto se nunca pensaram em ter um cabelo curto como o meu? A cara delas diz

tudo.

Page 59: Monografia China

Para as mulheres do povo bai, o cabelo é como um troféu para ser oferecido ao

marido. Só no dia do casamento o homem pode ver a noiva com as mechas soltas. E

elas contam que eles ficam maravilhados com o tamanho do presente.

A maneira como o cabelo é preso mostra a posição da mulher na sociedade.

Cabelos cobertos: mulher solteira. Presos com nó na frente: casada e com filho. Sem

o nó: casada, mas ainda não é mãe.

Pesados brincos de prata ajudam a atrair maridos. Quem se importa, então, de

passar a vida toda carregando mais de 50 gramas na orelha?

O fogo no meio da sala aquece a reunião na cozinha comunitária. Elas

preparam um chá tradicional, mas parece que estão fazendo comida. Fritam o arroz,

que fica parecendo pipoca. Misturam gengibre, sal, pimenta e chá, muito chá verde.

É bom. Tem gosto de sopa, não de chá. Deve ser bem nutritivo. Com o sabor

ancestral, me despeço das belezas de Guilin rumo a outro pedaço da China.

10.1.4 Reportagem: Sônia Bridi (Yan'an, China) Sofrimento em nome da beleza

Seguimos pela província de Yan'an em busca de sobreviventes de outros

tempos. Chegamos à vila da estradinha e somos recebidos por um ritual. A Dança do

Dragão, uma dança para chamar chuva, foi ressuscitada por mulheres velhinhas com

a vida profundamente marcada pela história.

Eu me sento ao lado das mais velhas para ver. Quando eram meninas, a beleza

de uma mulher era medida pelo tamanho dos pés. Mulheres de pés grandes eram

Page 60: Monografia China

consideradas feias. Por isso, toda menina de família rica era submetida a uma

deformação física.

Uma vovó sorridente ainda lembra da dor e de como chorava com os pés

amarrados tão forte que os ossos do peito do pé se quebraram. Pés atrofiados, que

perderam sua função de suportar o corpo, são constantemente enfaixados para que

elas consigam ficar em pé. Uma crueldade em nome da beleza. Mas a vovó diz que

elas só podiam aceitar. Quem não tinha pés pequenos não casava. Ela conseguiu um

marido rico.

Depois de viver décadas assim, tirar a faixa é difícil, dolorido. É como mostrar

uma parte muito íntima do corpo. Quando a vovó concorda em tirar uma das faixas,

tiro meu sapato e brinco para ela ficar mais à vontade. Perto dos meus, os pés dela

parecem miniaturas.

Ela conta que o único homem a ver seus pés desnudos foi o marido. No dia do

casamento, um pano separava os dois. Levantando a barra, o noivo viu os pés e ficou

feliz porque eram bem pequenos. "Se fossem grandes, ele se sentiria envergonhado",

ela diz.

Essas mulheres ainda eram recém-casadas quando veio a Revolução

Comunista. Na China de Mao Tse Tung, o símbolo de beleza virou ofensa. As

mulheres de pés atrofiados foram obrigadas a andar com sapatos bem grandes e a

enfrentar uma vida de miséria, trabalho duro, sem ter como se equilibrar. Com o fim da

Revolução Cultural, puderam voltar a fazer e usar seus sapatinhos.

Na vila que fede a esterco – guardado para ser usado como combustível nos

fogões – são as vovós que ainda trabalham duro e mantêm a estrutura de famílias

Page 61: Monografia China

separadas pelo crescimento econômico. Andando pela região só se vêem velhos e

crianças. Os adultos se foram, em busca de trabalho nas cidades.

A Dança do Dragão pode até nem trazer chuva, mas mantém a vitalidade

dessas mulheres que sobreviveram aos maridos e à crueldade do seu tempo. Como

manda a tradição chinesa, a líder do grupo faz um discurso. Me deseja boa sorte,

promoção, aumento, filhos e netos. E me pede para contar a história delas e ajuda

para realizar o sonho de viajar, conhecer o mundo. Quem sabe, o Brasil?

10.1.5 Reportagem: Sônia Bridi (Pequim e Yan'an, China) Pregão de solteiros

O desenvolvimento que transforma a paisagem chinesa com velocidade

espantosa deixa sempre a sensação de que existem duas Chinas. O presente está em

algum lugar entre o passado e o futuro que se ergue.

Um povo que abraça a modernidade e resiste em soltar os pés de tradições

milenares. Como os casais que encontramos na fronteira geográfica da velha e da

nova China.

Sob os portões da cidade proibida, fica o antigo Palácio Imperial em Pequim. O

pequeno parque fica cheio nos fins de semana, com chineses de meia idade.

Gravamos com uma câmera pequena, como se fossemos turistas. Os simpáticos

cinqüentões têm fama de espancar jornalistas que queiram mostrar o que eles estão

fazendo: procurando casamento para os filhos.

Carregam anúncios com a idade, altura e escolaridade dos jovens. Uma mulher

se interessa, acha um que pode ser um bom pretendente para a filha e chama uma

Page 62: Monografia China

amiga pra dar opinião. Um homem quer mais detalhes sobre a educação do candidato

a noivo. As fotos passam de mão em mão.

Fazemos de tudo para disfarçar, mas eles são desconfiados demais. Uma

mulher se sente ofendida porque gravamos o retrato do filho e dá o alarme. O

cinegrafista Paulo Zero sai, para evitar que a câmera seja quebrada. Além do risco de

perder o equipamento e sermos espancados, como gravamos sem permissão das

autoridades, ainda podemos parar na cadeia.

Os filhos não sabem que estão sendo oferecidos em praça pública por pais

desesperados. São vítimas de uma distorção cruel da política de controle da

natalidade, que obriga a maioria dos casais a ter um só filho.

Como a China não têm sistema de previdência para todos e a tradição diz que é

o homem quem cuida dos pais na velhice, muitos chineses fazem qualquer coisa para

garantir que esse filho seja do sexo masculino. O resultado disso é que hoje há 23

milhões de chineses em idade de casar que não conseguem achar uma noiva. Sheng

Qiang é um deles. Passou dos 30 e nunca teve uma namorada estável. Acha que não

encontrou a garota certa, mas reconhece que, se encontrar, vai ter que disputá-la com

outros pretendentes. "Tem homem demais na China", diz ele.

Quem tem alguma desvantagem, física ou financeira, acaba sozinho. Os pobres

do campo, que vão para a cidade trabalhar na construção, são os que geralmente

ficam sobrando. Mas mesmo um rapaz de Pequim, como Luo Hao, pode chegar aos

28 anos sem namorada. Músico, ele diz que mal ganha para se sustentar. Pergunto

que tipo de homem ele acha que consegue arrumar namorada.

"Rico. Quem é rico consegue o que quer. Não interessa se é feio ou bonito", ele

responde.

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Ele é gordinho. O outro tem um ar deprimido. Mas veja o que pensa um

personal trainer, ainda solteiro: "Muitas garotas só querem achar um ricaço com carrão

que pague roupas bonitas. Elas não querem trabalhar".

Chen trabalha, ganha bem e nunca fica com um namorado por mais de um

mês. Ela diz que não escolhe pelo dinheiro, de jeito nenhum. Ela tem que se

apaixonar. Mas... "Para ser franca, eu não acho que vá me apaixonar por um homem

sem trabalho fixo e sem uma boa escolaridade", diz.

Sheng diz que se sente só. Se afunda no trabalho e tenta se conformar. Se ele

acha que pode ser feliz sem casar e ter filho? "Não vou dizer que esse tipo de vida é

feliz, mas a gente tem que aprender a viver se adaptando às circunstâncias",

desabafa.

Esse exército de solteiros preocupa o país. Os médicos são proibidos de falar o

sexo do bebê ao fazer ultra-som para evitar o aborto seletivo. Mas o assassinato e

abandono de meninas recém-nascidas é extremamente alto. Na China, para cada 100

meninas nascidas, há 118 meninos, quando a média mundial é de 104 meninos.

As vilas têm metas de controle populacional. E, às vezes, elas são cumpridas

de forma violenta. Muitas famílias tentam escapar da restrição tendo mais de um filho.

Mas o caso do advogado cego Chen Guancheng mostra como isso ainda é tratado.

Ele está preso porque denunciou que, no interior, mulheres grávidas do segundo filho

estavam sendo seqüestradas pela polícia e forçadas a abortar. Algumas, no nono mês

de gravidez.

O destino de filhos que morrem solteiros fez reviver uma prática chocante para

a cultura ocidental. Os chineses acreditam que os mortos têm as mesmas

necessidades que os vivos. Daí que, quando um homem morre solteiro, muitas

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famílias sentem que o espírito só vai ter paz se tiver uma noiva na outra vida. E aí

saem à procura de uma noiva cadáver para ele. Acham uma família que tenha uma

filha que morreu solteira, negociam um preço pelo corpo, que é transferido para ser

enterrado ao lado do homem solteiro.

A preferência por filhos homens é tão antiga quanto a história da China. Em

épocas de fome, toda a comida ia para os meninos, enquanto as meninas pereciam.

Os solteiros acabavam encontrando um destino no Exército ou nos mosteiros. Mas

com a repressão religiosa e a falta de guerras, são chamados hoje de galhos secos,

que nunca darão frutos. Em nome do progresso nacional, milhares de tragédias

pessoais, de homens sozinhos, de pais que sonham com netos que nunca virão.

10.1.6 Reportagem: Sônia Bridi (Yan'an, China) Vida nas cavernas

A fumaça que brota do chão cobre a paisagem como nuvens. Terra seca e céu

de azul forte. Montanhas que parecem tão sem vida escondem milhares de pequenas

cavernas. E tem gente morando lá dentro. São como grandes edifícios de terra. As

cavernas normalmente têm entre cinco e sete metros de comprimento. Espaço

apertado que a praticidade dos chineses consegue multiplicar.

A casa toda funciona numa peça só: o fogão fica colado na cama, que é

também um sofá onde eles recebem as visitas, onde as pessoas se sentam para

conversar e tomar um chá. O sistema interessante é que a fumaça desse fogão não

sai direto por uma chaminé. Nem se vê a chaminé. Ela vai por tubulações

serpenteando debaixo da cama, que é aquecida, deixa o ambiente quentinho e só

depois vai para fora.

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Cento e vinte milhões de chineses moram em cavernas no vale do Rio Amarelo.

Na entrada das casas de portas semicirculares, panos coloridos cortam o vento e

conservam o calor. Dona Wang Bin Xiang vive com o marido e passa os dias cuidando

do netinho enquanto a filha e o genro trabalham.

A hospitalidade deles é incrível. Quanto mais pobre a família mais coisas eles

oferecem. Para quem já teve tão pouco, a comida é um dádiva. Só nos anos 60, 30

milhões de chineses morreram de fome. Por isso, tudo é aproveitado. Até as cascas

são guardadas para alimentar os animais. Dona Wang Bin Xiang mostra as mãos

cortadas, cheias de calos, de uma vida inteira trabalhando na lavoura e cuidando da

família.

Na China, os bebês não usam fraldas. Eles usam calças com um buraquinho.

Então, quando precisam fazer xixi ou coco, eles já estão prontos. Se abaixam em

qualquer lugar e ali mesmo resolvem o problema.

Medo do diferente. Dona Wang Bin Xiang conta que nunca tinha visto de perto

uma pessoa com olhos claros e nem uma mulher com a minha altura.

Em cada andar da montanha, uma pequena fazenda. O povo das cavernas cria

porcos, cabras, qualquer animal que possa ajudar na sobrevivência da família.

Nos anos 50, as cavernas eram feitas em massa. Um imenso condomínio

daquela época, na universidade local, está sendo reformado e vai ser alojamento de

estudantes. São prédios e continuam sendo cavernas.

Aquelas montanhas guardam muita história. Foram o ponto final da Grande

Marcha – quando o exército comunista, liderado por Mao Tse Tung, atravessou a

China fugindo das tropas do governo. Mao Tse Tung vivia e trabalhava numa caverna.

Por causa dele, a cidade foi tão bombardeada pelos japoneses durante a Segunda

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Guerra Mundial que pouca coisa histórica restou. Só a torre foi poupada porque era

usada pelo inimigo como referência para encontrar a cidade.

No norte da China, durante o inverno, o sol nunca fica a pino. Ao meio-dia,

parece o sol das 17h no Brasil. Na área de montanhas, perto da fronteira com o

deserto, entendemos a força da expressão "um lugar ao sol". A face sul da montanha,

que fica de frente para o sol, está sempre aquecida. Em compensação, a face norte, o

lado escuro da montanha, passa meses sem receber um raio de sol. A neve que caíra

havia uma semana ainda não tinha derretido.

No inverno, a temperatura pode chegar a -30ºC. Já no outono, o gelo ameaça

as plantas. Mas um sistema simples, aproveitando a idéia das cavernas, está

revolucionando a economia do lugar: estufas feitas com paredes grossas de barro de

um lado e, de frente para o sol, uma cobertura de plástico. Esteiras de palha de trigo

sobem de manhã, para deixar o calor entrar, e são abaixadas à noite para conservar a

temperatura. Lá dentro, um clima quase tropical. Os tomates crescem bonitos e

grandes.

Com financiamento do governo local, as famílias que conseguiram construir

uma estufa vivem muito melhor: vendem no inverno culturas de verão e faturam o

equivalente a R$ 2 mil por ano – o que, na China, dá o dobro do poder de compra do

dinheiro no Brasil.

Essa revolução agrícola ajuda a prosperarem cidades como Yan'an, que por

falta de espaço para crescer para os lados, sobe prédios e se espreme no vale do rio.

A nova arquitetura convive com cavernas que ficaram, como um templo cavado nas

montanhas, e hotéis em estilo caverna vão aparecendo nas encostas. Ao entrar na

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modernidade, o vale do Rio Amarelo tenta fazer de um jeito primitivo de viver uma

atração turística.

10.1.7 Reportagem: Sônia Bridi (Lijiang, China) Guardião das ervas chinesas

O homem que guarda os segredos de uma medicina em extinção nos espera na

porta. Se a própria saúde é um cartão de visitas, Doutor Ho deve ser muito bom. Aos

90 anos, fala com vitalidade, num inglês próprio dele.

 

O filho mostra o jardim medicinal que reproduz as espécies encontradas nas

montanhas ali perto. Uma flor amarela ajuda a enxergar melhor. Contra gripe, hortelã.

Rosas para o sangue circular bem. Ervas para asma, para dor de estômago e até para

unir ossos que se quebraram. Um imenso pé de cannabis – uma variedade da planta

da maconha, usada para combater a gripe. Uma erva é especial para tensão pré-

menstrual. O nome dela em chinês quer dizer "bom para mãe".

Mas as plantas nunca são usadas sozinhas. Viram pó e, das combinações,

saem as fórmulas medicinais. Doutor Ho é o guardião da herbologia naxi e tem uma

imensa fama internacional, dividindo opiniões. Para quem duvida da eficiência dos

remédios, doutor Ho mostra a carta que recebeu de um de seus pacientes

americanos.

É o caso de um homem com câncer, que foi tratado só com medicina chinesa.

Ele foi acompanhado pela clínica mayo e o câncer entrou em remissão há mais de dez

anos. O paciente foi declarado curado do câncer só com as ervas do Doutor Ho.

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Ele é outro caso de perseguição durante a Revolução Cultural. Foi considerado

representante do passado e ficou 20 anos sem poder exercer a medicina. Quando

voltou, ao defender a tradição, começou também uma luta pela preservação das

montanhas, berçário das plantas medicinais.

Histórias assim não são raras. Numa casa típica de Lijiang encontramos dona

Yang Si Chun. A falta de escola não impediu que uma mente brilhante se

desenvolvesse. Naquela parte do mundo, as mulheres sobrevivem aos homens. A

explicação dela: "Nós nos mantemos ativas a vida inteira, trabalhando duro. Até casas

ajudei a construir. Eles só querem beber, fumar, jogar e escrever poesia".

Dona Yang Si Chun usa com orgulho um símbolo de como as mulheres eram

oprimidas na cultura naxi. Quando a menina nasce, a mãe geralmente cria uma ovelha

negra. Quando o animal é abatido, a mãe prepara uma pele, que depois é usada pela

menina para aliviar a carga que ela, literalmente, carrega nas costas. Agora, a vovó

carrega isso apenas como um enfeite, uma recordação. É uma coisa que está

desaparecendo na cultura naxi. O trabalho pesado dela agora é só no jardim.

"Ser mulher hoje é muito melhor", conta, enquanto serve um licor de ameixa

muito forte. "Elas vão para a escola, têm emprego, mandam nelas mesmas!".

A senhora Yang, o Doutor Ho. Tão próximos tão emblemáticos do momento que

vive a China. O país corre o risco de perder conhecimento precioso enquanto se

moderniza e se despede de velhas práticas que já vão tarde.

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ENTREVISTA

ANEXOS

REFERENCIAS

O CLIMA DA CHINA. Disponível em:<http://mz2.mofcom.gov.cn/aarticle/aboutchina/climate/200504/20050400079333.html> Acesso em: 03, mês: agosto e ano 2007 ISSN .

http://pt.wikipedia.org/wiki/China 20~31/08/2007 e 3/09/2007

http://www.suapesquisa.com/geografia/economia_da_china.htm 3/09/2007