Monografia Completa Zandra

79
1 FACULDADE VERDE NORTE – FAVENORTE CURSO DE QUÍMICA ELIZANDRA ROSA FROTA O CONSUMO DE BEBIDAS ALCOÓLICAS ENTRE OS ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO DA ESCOLA ESTADUAL PREFEITO ODÍLIO FERNANDES COSTA

Transcript of Monografia Completa Zandra

Page 1: Monografia Completa Zandra

1

FACULDADE VERDE NORTE – FAVENORTE

CURSO DE QUÍMICA

ELIZANDRA ROSA FROTA

O CONSUMO DE BEBIDAS ALCOÓLICAS ENTRE OS

ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO DA

ESCOLA ESTADUAL PREFEITO ODÍLIO

FERNANDES COSTA

MATO VERDE – MG

Page 2: Monografia Completa Zandra

JULHO - 2011

2

Page 3: Monografia Completa Zandra

ELIZANDRA ROSA FROTA

O CONSUMO DE BEBIDAS ALCOÓLICAS ENTRE OS

ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO DA

ESCOLA ESTADUAL PREFEITO ODÍLIO

FERNANDES COSTA

Trabalho apresentado à Faculdade Verde Norte –

FAVENORTE, como requisito obrigatório do curso de

Química para obtenção do título de licenciatura em

Química.

Área de concentração: Química

Orientador: Prof. Wesley dos Reis Mesquita

MATO VERDE – MG

JULHO - 2011

3

Page 4: Monografia Completa Zandra

4

FROTA, Elizandra Rosa. O consumo de bebidas

alcoólicas entre os alunos do ensino fundamental e

médio da Escola Estadual Prefeito Odílio Fernandes

Costa

Mato Verde: FAVENORTE/MG

Curso de Química/2011

Número de páginas: 54

Monografia (licenciatura)

Page 5: Monografia Completa Zandra

FACULDADE VERDE NORTE – FAVENORTE

CURSO DE LICENCIATURA EM QUÍMICA

ATA DE DEFESA DE TRABALHO DE

CONCLUSÃO DE CURSO

ACADÊMICO (A): ELIZANDRA ROSA FROTA

TÍTULO: O CONSUMO DE BEBIDAS ALCOÓLICAS ENTRE OS ALUNOS DO ENSINO

FUNDAMENTAL E MÉDIO DA ESCOLA ESTADUAL PREFEITO ODÍLIO FERNANDES COSTA

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi avaliado adequado à obtenção do grau de

Licenciado em QUÍMICA e APROVADO (A) em sua forma final pelo Curso de

Licenciatura em Química da Faculdade Verde Norte – FAVENORTE.

Mato Verde – MG, ___ de julho de 2011.

___________________________________________________

Coordenadora: Alisson Rondinelly

Faculdade Verde Norte – FAVENORTE

___________________________________________________

Prof. Wesley dos Reis Mesquita

Faculdade Verde Norte – FAVENORTE

AGRADECIMENTOS

5

Page 6: Monografia Completa Zandra

Agradeço à Deus primeiramente, meu pai, minha mãe,

Além de meus colegas e amigos e parentes que me

Deram total apoio para chegar até aqui.

6

Page 7: Monografia Completa Zandra

Dedico este trabalho a todos que direta ou

indiretamente contribuíram para que eu

pudesse chegar até aqui, principalmente meus

professores e colegas de classe, além é claro

de minha família que sempre esteve comigo

nos momentos difíceis.

7

Page 8: Monografia Completa Zandra

“(...) O adolescente busca elaborar uma síntese

dessas contradições: encontrar um novo

sentido para si mesmo e como ser-no-mundo.

Tudo isso caracteriza a crise de identidade que

permeia essa etapa da vida, cuja elaboração é

de fundamental importância para a

personalidade (ZAGO, 2002).”

8

Page 9: Monografia Completa Zandra

RESUMO

Nos últimos anos o consumo de bebidas alcoólicas por adolescentes tem crescido abruptamente devido a forte influência neste aspecto exercida pela mídia, pela sociedade em geral, pela família e principalmente por uma visão utópica da bebida como sendo algo que alegra, socializa e é sempre usada em datas comemorativas. O perigo destas constatações não reside somente no aspecto social, físico e psicológico do usuário, mas evidencia também problemas escolares, familiares e até mesmo de comportamento, sendo que o jovem alcoólatra pode estar abrindo a porta para drogas bem mais potentes como maconha, cocaína ou crack. Os efeitos devastadores desta utilização massiva do álcool vão desde a euforia até o coma, passando pelo câncer, cirrose hepática e outras dezenas de possíveis enfermidades e nesse sentido a presente pesquisa monográfica pretende analisar este grave problema social buscando alternativas efetivas para a solução a curto e médio prazo deste problema e tomando como base o público estudantil dos anos finais do Ensino Fundamental e Médio da Escola Estadual Prefeito Odílio Fernandes Costa de Santo Antônio do Retiro - MG onde será realizada uma pesquisa direta de campo e para maiores constatações será realizada também uma pesquisa bibliográfica com Almeida (2008), Zago (2007), Soldera et.al. (2004), Lepre (2005), Catozzi (2010), Pinsky (1995), dentre outros.

Palavras-chave: Bebida alcoólica. Estudantes. Família.

9

Page 10: Monografia Completa Zandra

ABSTRACT

In recent years the consumption of alcohol by teenagers has risen steeply due to the strong influence exerted by the media in this regard by society in general, and especially the family of a utopian vision of the drink as something that cheers, socialize and is always used in anniversaries. The danger of these findings lies not only in social, psychological and physical user, but also shows problems in school, family and even behavior, and the young alcoholic may be opening the door to much more potent drugs such as marijuana, cocaine or crack. The devastating effects of this massive use of alcohol ranging from euphoria to coma, going through cancer, liver cirrhosis and dozens of other possible illnesses and in that sense this research monograph to examine this serious social problem and seeking effective alternatives to solve the short and medium term this issue and building on the student audience of the final years of the Elementary and Middle School State Odílio Mayor Fernandes Costa de Santo Antônio do Retiro - MG will be held where a lookup field and for further findings will be also carried out a search literature with Almeida (2008), Zago (2007), Soldera et.al. (2004), Lepre (2005), Catozzi (2010), Pinsky (1995), among others.

Keywords: Alcoholic beverage. Students. Family.

10

Page 11: Monografia Completa Zandra

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1:RELAÇÃO SENSIBILIZAÇÃO X TOLERÂNCIA ...............................17

FIGURA 2: EFEITOS DO ÁLCOOL......................................................................18

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1: RISCOS À SAÚDE X CONSUMO DE ÁLCOOL.............................23

QUADRO 2: CONTEÚDO DAS PRINCIPAIS BEBIDAS EM NOSSO MEIO.......30

LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1: USO DA BEBIDA ALCÓOLICA......................................................40

GRÁFICO 2: IDADE DA PRIMEIRA EXPERIÊNCIA COM ÁLCOOL.................41

GRÁFICO 3: O ÁLCOOL E OS ACIDENTES DE TRÂNSITO.............................41

GRÁFICO 4: OS PROBLEMAS QUE O ÁLCOOL PODE CAUSAR....................42

GRÁFICO 5: RELAÇÃO FAMILIA E ALCOOLISMO...........................................43

GRÁFICO 6: CAUSAS PARA A UTILIZAÇÃO DO ÁLCOOL..............................44

GRÁFICO 7: O ÁLCOOL E A ESCOLA...............................................................45

11

Page 12: Monografia Completa Zandra

SUMÁRIO

1 – INTRODUÇÃO................................................................................................12

1.1 – FORMULAÇÃO DO PROBLEMA ................................................................12

1.2 – OBJETIVOS.................................................................................................12

1.2.1 – Objetivo Geral ...........................................................................................12

1.2.2 – Objetivos Específicos................................................................................13

1.3 – JUSTIFICATIVA ..........................................................................................13

1.4 – HIPOTESES ................................................................................................13

2 - REVISÃO DE LITERATURA...........................................................................14

2.1 – O adolescente e o álcool..............................................................................14

2.2 – Os efeitos do álcool no corpo.......................................................................20

2.3 – Causas, consequências e possíveis soluções para o uso do álcool pelos

adolescentes.........................................................................................................26

3 – METODOLOGIA.............................................................................................40

3.1 – Caracterização de estudo.............................................................................40

3.2 – População.....................................................................................................40

3.3 – Amostra........................................................................................................40

3.4 – Instrumentos.................................................................................................40

3.5 – Procedimento de coleta de dados................................................................41

3.6 – Dados estatísticos........................................................................................40

3.7 – Cuidados éticos............................................................................................40

4 – DISCUSSÃO...................................................................................................42

5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................49

6 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS ..............................................................50

7 – APÊNDICE .....................................................................................................50

12

Page 13: Monografia Completa Zandra

1. INTRODUÇÃO

O alcoolismo é um problema social e traz consigo consequências

desastrosas para o usuário, o alcoolismo apesar de ser uma doença crônica é

tratável e se caracteriza pelo uso contínuo do álcool, interferindo em diversas áreas

sociais.

Dados recentes sobre o uso do álcool pela população brasileira apontam

que 25% d população brasileira adulta, ou seja, cerca de 30 milhões de brasileiros

consomem bebidas alcóolicas mais de uma vez na semana e os bebedores

frequentes e pesados chegam a 10% dos brasileiros, em número isso corresponde a

12 milhões de pessoas (LARANJEIRA et.al.(2007); ZORZELTO,(2007)). De acordo

com Zorzelto (2007) no Brasil 10% das mortes e doenças tem o álcool como

responsável direto e indireto, as passo que no mundo esse índice está entre 3% e

4%. Os acidentes de trânsito são as principais causas dessas mortes, especialmente

no Brasil, 20 mil pessoas morrem todos os anos em acidentes.

No contexto dessa discussão sobre o uso de álcool e outras substâncias

psicoativas, os adolescentes formam o grupo mais vulnerável ao uso de drogas e

aos problemas decorrentes desses. De acordo com Pinsey e Bessa (2004) o período

da adolescência é caracterizado por conflitos psicossociais, pela busca de

integração social e independência, além da consolidação da identidade sexual, tais

processos, entre outros, são fontes de emoções conflitantes e de difícil

entendimento para o próprio jovem.

1.1-FORMULAÇÃO DO PROBLEMA

Quais as consequências causadas aos estudantes do ensino fundamental e médio

da Escola Estadual Prefeito Odílio Fernandes Costa pelo consumo excessivo de

bebidas alcoólicas.

1.2 – OBJETIVOS

1.2.1 – Objetivo Geral

Analisar a prevalência do alcoolismo em escolares e sua influência no ensino.

13

Page 14: Monografia Completa Zandra

1.2.2 – Objetivos Específicos

Avaliar o grau de consumo de bebidas alcoólicas entre escolares;

Analisar fatores predisponentes ao consumo de bebida alcoólica;

Avaliar a percepção dos adolescentes ao hábito do alcoolismo;

Investigar junto aos participantes, experiências de beber com os amigos.

1.3 – JUSTIFICATIVA

No mundo atual a popularização e liberação das chamadas drogas lícitas tem

levado adultos e adolescentes a um elevado consumo de álcool e cigarro, fator que

tem preocupado vários estudiosos do assunto, médicos, demais profissionais da

área da saúde, familiares e amigos. Os motivos para tal abuso diferem de pessoa

para pessoa, porém a legalização, facilidade de acesso e os problemas emocionais

são muitas vezes fatores determinantes para que principalmente os jovens se

insiram nesta vida ilusória, problemática e insalubre. As consequências deste

problema não estão relacionadas somente com o usuário, mas com familiares,

amigos, cônjuges e até pessoas desconhecidas que podem sofrer certos abusos por

uma pessoa fora de si. Por tudo isso é fundamental compreender os motivos e

consequências deste elevado consumo de álcool pelo público adolescente, em

especial os estudantes de ensino fundamental e médio, buscando alternativas

práticas e efetivas para prevenir e combater o abuso do álcool por este público.

1.4 – HIPÓTESES

H0 – O uso excessivo de bebidas alcoólicas influencia na qualidade do ensino;

H1 – O uso de bebidas alcoólicas não influencia na qualidade do ensino;

14

Page 15: Monografia Completa Zandra

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 – O ADOLESCENTE E O ÁLCOOL

Segundo Fishman (1998) o período fundamental do desenvolvimento dos

indivíduos, a adolescência marca a transição da infância para a maturidade. É

caracterizada pelo aumento da liberdade e por maior mobilidade social e exige o

rápido desenvolvimento de habilidades em muitas áreas. Os adultos começam a

esperar atitudes mais responsáveis por parte das pessoas que deixam de ser

crianças e cobram dos adolescentes a adoção de comportamentos compatíveis com

os seus. E imitar o comportamento dos adultos inclui beber.

Em 13 de julho de 1990 a Lei Federal 8069 aprovou o Estatuto da Criança e

do Adolescente (ECA), que estabeleceu a faixa etária de 12 a 18 anos como o

período da adolescência. Dividido em duas partes, na primeira o ECA versa sobre os

direitos da criança e do adolescente; e na segunda sobre as providências para

cumprir a primeira parte e as sanções ou consequências de seu não cumprimento.

Para o Estatuto da Criança e do Adolescente (1990) crianças e adolescentes

são indivíduos em desenvolvimento que necessitam de atenção especial e garantias

de defesa. Portanto, o Estatuto define também que crianças e adolescentes são

cidadãos com direitos, como o direito à convivência familiar e comunitária, direito a

saúde e alimentação, direito à liberdade, respeito e dignidade, direito à educação,

esporte, lazer, ao trabalho e à profissionalização. O ECA prevê também a proteção

integral, a existência de políticas básicas e as medidas de proteção no caso de ação

ou omissão do Estado, da sociedade ou dos pais ou dos responsáveis. Defende,

então, a ação socioeducativa e a proteção, ao invés de ações assistencialistas e

medidas repressivas. O ECA determina que todos são responsáveis pelas crianças

e adolescentes: pais, comunidade, sociedade e Estado.

Becker (1985) apud Zago (2007) aborda que num contexto em que atuam

fatores sociais, culturais, familiares e pessoais, os jovens assumem ideias e

comportamentos completamente diferentes. Há os que querem reproduzir a vida e

os valores da família e da sociedade, há os que contestam, rejeitam e querem

mudar; os que fogem, os que lutam, os que assistem, os que atuam... Enfim,

existem inúmeras escolhas.

15

Page 16: Monografia Completa Zandra

Fierro (1995) explica que quanto ao curso das relações sociais durante a

adolescência, ele está vinculado a vários fatores, principalmente ao desenvolvimento

da personalidade. Importantes elementos evolutivos da identidade pessoal possuem

componentes de relações sociais que, por sua vez, desempenham um papel

importante na gênese dessa mesma identidade.

Zago (2007) afirma que a adolescência, assim, é uma etapa de aquisições,

por exemplo, das operações formais, da internalização da moralidade, de um novo

modo de consciência; e também de profundas e significativas mudanças: físicas,

emocionais, sociais, culturais. Mudanças físicas repentinas, determinadas pela ação

dos hormônios, que muitas vezes incomodam a autoimagem do adolescente;

expectativas próprias, da família e da sociedade quanto a buscar um novo espaço

social, a busca da independência e o temor do fracasso, valores aprendidos na

família contrastados com o do grupo de companheiros, a necessidade de adotar ou

não as normas desse grupo para ser aceito, o desenvolvimento da autoestima, o

despertar para a sexualidade e para a paixão são alguns dos elementos conflitantes

do mundo adolescente. Dada sua capacidade agora de abstração, o adolescente

percebe também que o mundo exterior é contraditório. Isso se agrava quando o

ambiente familiar do adolescente é desorganizado no sentido das relações ali

estabelecidas, em função de problemas psicológicos e sociais que individualmente

os pais vivem e que influenciam a relação conjugal e consequentemente as relações

com os filhos.

Galduroz et.al. (2004) defende que a população jovem é vulnerável às

consequências negativas, e muitas vezes trágicas, do uso de bebidas alcoólicas.

Nos Estados Unidos, o álcool está envolvido nas quatro primeiras causas de morte

entre indivíduos na faixa de 10–24 anos: acidentes de trânsito, ferimentos não

intencionais, homicídio e suicídio. Dados brasileiros associados ao uso de álcool e

estas consequências ainda são escassos. Sabe-se, porém, que os acidentes de

trânsito são frequentemente relacionados à alta concentração de álcool no sangue.

Tais acidentes acontecem mais frequentemente à noite e aos finais de semana e a

maioria dos envolvidos são homens, majoritariamente jovens e solteiros.

Por isso que a adolescência é segundo Zago (2007) o período por excelência

de risco para o ingresso no uso de substâncias psicoativas. Não só pelo fato de

querer experienciar o novo, buscar novas emoções e desafios, mas também

encontrar nessas novas buscas "respostas" para o seu viver. A sociedade, em seus

16

Page 17: Monografia Completa Zandra

diversos segmentos e o poder midiático influenciando o comportamento social, na

maioria das vezes, apontam caminhos mais para a obtenção de objetos de

consumo, menos preocupados então com respostas visando o crescimento interior.

No meio de profundas desigualdades sociais e de uma mídia apelativa para o

consumismo e para pseudovalores da vida, os indivíduos sentem-se incluídos

socialmente quando cumprem com eficácia essas expectativas, ou seja, quando se

movem socialmente para um status considerado melhor pelo consumo, pela mera

aquisição e pela acumulação de objetos. A ideologia, linguagem dos que controlam

o poder, exatamente inculca a confusa percepção social de que padrão de vida é o

mesmo que qualidade de vida. Padrão e qualidade de vida não se excluem, mas o

jogo ideológico faz com que os indivíduos aceitem que basta melhorar o padrão de

vida que a qualidade virá por acréscimo.

Neste sentido o próprio Zago (2007) afirma que:

É em meio a essas contradições que o adolescente ora se mostra altruísta e cooperante, ora se mostra egoísta e transgressor de normas; ora idealista e reformador, ora sem iniciativa de cuidar de seus pertences; ora onipotente e inatingível, ora fragilizado e com baixo limiar à frustração. O adolescente se percebe despojado de sua infância e, ao mesmo tempo, frente a caminhos incertos. Então, com grande carga de angústia, o adolescente busca elaborar uma síntese dessas contradições: encontrar um novo sentido para si mesmo e como ser-no-mundo. Tudo isso caracteriza a crise de identidade que permeia essa etapa da vida, cuja elaboração é de fundamental importância para a personalidade (ZAGO, 2007).

Para Kalina & Grynberb (1985) a adolescência é o segundo nascimento. O

primeiro, evidentemente, é o nascimento biológico, do qual nada lembramos. O que

sabemos do nascimento biológico é pelas informações de nossos pais. Já, a

adolescência, é um novo despertar para vida. É o segundo nascimento, em todos os

sentidos, incluindo o físico, pois o corpo passa por significativas transformações. O

adolescente não pode abrir mão de elaborar esse novo nascimento; precisa ser

sujeito de sua história.

Para Zago (2007) o meio social oferece mais riscos que proteção aos

adolescentes. Não apenas ao problema das drogas, mas no todo. Pais preocupados

com seus filhos adolescentes não se sentem seguros ou tranquilos quando os filhos

saem de casa, mesmo que essas saídas sejam para locais considerados

tradicionalmente seguros, por exemplo, a escola e a Igreja. Pairam, principalmente,

o temor das drogas e o da violência. No que se refere ao álcool, o problema é mais

17

Page 18: Monografia Completa Zandra

grave. Por ele estar tão próximo, tão acessível, deixa a impressão de que é

semelhante a um animal doméstico que não causa mal algum. O álcool está inserido

na cultura, presente nos lazeres e encontros adolescentes, presente dentro das

casas, presente tanto na vida profana como no ritual religioso. Desse modo,

consumir álcool pode parecer normal para o adolescente, sem muita censura ou

orientação por parte dos pais, no entanto o consumo de álcool constitui um grave

problema de saúde pública, com complicações que podem atingir a vida pessoal,

familiar, escolar, ocupacional e social do usuário.

Soldera et.al. (2004) acredita que o uso de bebidas alcoólicas inicia-se cedo

na vida, entre o início e meio da adolescência, com o grupo de amigos ou mesmo

em casa. Este uso implica consequências médicas, psicológicas e sociais, podendo

ser, para muitos indivíduos, o início da trajetória que conduz à dependência do

álcool. Sendo assim, o conhecimento de fatores associados ao uso de álcool na

adolescência é de grande relevância, pois permite intervenções no sentido de

reduzir comportamentos de risco.

Sobre a legalização do álcool Zago (2007), comenta que:

Embora o álcool seja uma droga legalizada e inserida na cultura, há restrições legais quanto a venda e o consumo de bebida alcoólica. A venda de bebida alcoólica é proibida para menores de 18 anos, ratificado pelo artigo 81 do ECA que proíbe a venda a menores de 18 anos "de substâncias com risco de criar dependência”. E o decreto-lei 28.643, em vigor desde agosto de 1998, proíbe a comercialização de bebidas alcoólicas a menos de 100 metros dos estabelecimentos de ensino. Na prática sabemos que adolescentes consomem bebida alcoólica publicamente, sem que sejam obrigados, pelos locais de venda, a apresentar documento que comprove idade igual ou superior a 18 anos para que a bebida seja vendida. A Lei Estadual (São Paulo) 10.501 de 16 de fevereiro e 2000, determina que estabelecimentos que comercializam bebidas alcoólicas devem manter em local visível, e próximo às bebidas expostas, cartazes com os dizeres "Bebida Alcoólica é Prejudicial à Saúde, à Família e à Sociedade" também não é rigorosamente observada (ZAGO, 2007).

Para Lepre (2005) ao contrário das drogas ilícitas, o primeiro contato que a

maioria dos adolescentes tem com o álcool é dentro de casa, sob o olhar

complacente da família, que aceita e tolera esse tipo de substância, passando a

imagem de que o álcool, quando “devidamente” utilizado, tem boas funções, como

promover o encontro social ou o relaxamento após um dia estafante. O problema é

que esse uso nem sempre é devido e o exemplo exibido não é o da taça de

champanha para brindar o ano novo ou o de um copo de chope no final de semana,

18

Page 19: Monografia Completa Zandra

mas de doses diárias para “esquecer” dos problemas ou ficar “um pouco mais

alegre”.

Além da alta prevalência do consumo de álcool por adolescentes, dois

outros fatores são relevantes: a idade de início do uso de álcool e o padrão de

consumo. Estudos sugerem que a idade de início vem se tornando cada vez mais

precoce – no Brasil, a média de idade para o primeiro uso de álcool é 12,5 anos. Por

sua vez, quanto mais precoce a experimentação, pior as consequências e maior o

risco de desenvolvimento de abuso e dependência de álcool (MELONI &

LARANJEIRA, 2004).

Zago (2007) argumenta que pelo álcool estar tão próximo, tão acessível,

deixa a impressão de que é semelhante a um animal doméstico que não causa mal

algum. O álcool está inserido na cultura, presente nos lazeres e encontros

adolescentes, presente dentro das casas, presente tanto na vida profana como no

ritual religioso. Desse modo, consumir álcool pode parecer normal para o

adolescente, sem muita censura ou orientação por parte dos pais. Conforme estudo

apresentado pela UNESCO, "estudantes começam a beber por curiosidade, pelo

desejo de inserção social, para esquecer problemas e para ‘ter coragem’ nas

‘paqueras’”.

Na elaboração de sua identidade o adolescente pode segundo Zago (2007)

perceber que o álcool pode amenizar momentos de angústias e interferir na

elaboração da busca do novo sentido de si mesmo, porém, esse amenizar, pode

implicar num sentido de vida fragilizado. Geralmente, o adolescente percebe que

quando consome álcool "teoricamente as coisas ficam mais fáceis", contudo, não

percebe que, inadvertidamente, pode transformar o consumo de álcool como parte

da busca de seu sentido de vida e de ser-no-mundo, ou seja, tornar o consumo de

álcool como ingrediente indispensável na elaboração de sua crise.

Há segundo Zago (2007) duas espécies de consumidores adolescentes de

álcool o fraco e o forte:

O adolescente fraco (sensível) para o beber é aquele que com uma ou duas doses de bebida alcoólica já se sente alterado e, ao mesmo tempo, pode passar mal com isso. Não consegue então beber mais que isso, porque não se sente bem. No dia seguinte ao uso ou ao abuso de álcool, o fraco para beber não pode ver bebida alcoólica em sua frente. Sente os efeitos do álcool: mal estar, dor de cabeça, problemas abdominais, indisposição. O adolescente forte (tolerante) para o beber é o que suporta beber quantias maiores sem muita alteração. Desenvolve também, com o aprendizado de beber, a tolerância comportamental, quer dizer, a capacidade de executar tarefas mesmo sob o efeito do álcool (SHUCKIT, 1999). É aquele que é

19

Page 20: Monografia Completa Zandra

enaltecido pela turma pelo fato de aguentar a beber. É o que ajuda a levar para a casa um colega que não passou bem com a bebida, isto é, o colega fraco para beber. No dia seguinte, o forte para o beber, mesmo sentido alguns efeitos do consumo de álcool do dia anterior, mostra disposição para beber novamente (ZAGO, 2007).

Catozzi (2010) afirma que o consumo de álcool, por si só, pode trazer

importantes prejuízos ao organismo e ao desenvolvimento do adolescente. Mas o

hábito de beber muito e regularmente também está frequentemente associado a

uma série de comportamentos de risco que aumentam as chances de envolvimento

em acidentes, violência sexual e até participação em gangues. "O consumo de

bebidas alcoólicas na adolescência está fortemente associado a morte violenta,

queda no desempenho escolar, dificuldades de aprendizado e prejuízos no

desenvolvimento e estruturação das habilidades cognitivo-comportamentais e

emocionais do jovem", alerta o psiquiatra Flávio Pechansky, da UFRGS.

Para Catozi (2010) Os jovens estão bebendo mais e cada vez mais cedo, o

que aumenta o risco de boa parte desta juventude desenvolver o alcoolismo. Esta

equação se repete em praticamente todo o mundo, inclusive no Brasil, apesar de as

pesquisas sobre o tema ainda serem bem escassas por aqui.

FIGURA 1 – RELAÇÃO SENSIBILIZAÇÃO X TOLERÂNCIA

Fonte: Goudie & Emmett-Oglesby, 1989

Zago (2007) aborda que conforme apresentado na figura 1, quando qualquer

efeito de uma substância psicoativa é reduzido em magnitude sobre o

comportamento, referimos à tolerância . Já a sensibilização é o aumento em

magnitude de qualquer efeito da substância sobre o comportamento. Em outras

palavras, a tolerância é a diminuição do efeito da substância psicoativa conforme é

consumida de forma repetida, sendo necessário que seja com mais frequência e em

20

Page 21: Monografia Completa Zandra

maiores quantidades para se obter o efeito desejado. Na sensibilização a resposta à

uma substância psicoativa é mantida mesmo que se diminua a quantidade da

substância consumida. Tolerância e sensibilização quando uma mesma dose de

droga é administrada repetidamente. No exemplo, as primeiras administrações da

droga têm o efeito de aumentar a resposta; à medida que a droga continua sendo

administrada, o organismo pode desenvolver tolerância (linha cinza) ou

sensibilização (linha preta). A linha pontilhada indica o momento em que a droga

começou a ser administrada.

Na tolerância, o álcool é um reforçador positivo, fazendo com que aumente a

frequência de consumo. No decorrer do uso, o valor reforçador do álcool,

emparelhado com outros estímulos ambientais, desenvolve condicionamentos e

reforçadores secundários. Conforme se instala a dependência, o álcool passa a ser

um reforçador negativo porque alivia o organismo dos sintomas de abstinência. Na

sensibilidade, o álcool pode ser um reforçador positivo, mas os efeitos ruins

experimentados posteriormente ao uso do álcool pelo organismo pode tornar o

álcool um estímulo aversivo. (ZAGO, 2007).

2.2. OS EFEITOS DO ÁLCOOL NO CORPO

FIGURA 02 – EFEITOS DO ÁLCOOL

FONTE: GOOGLE IMAGENS

21

Page 22: Monografia Completa Zandra

De acordo com Reis (2008) é considerada bebida alcoólica aquela que

contém 0.5 grau Gay-Lussac ou mais de concentração, incluindo-se bebidas

destiladas, fermentadas e outras preparações, como a mistura de refrigerantes e

destilados, além de preparações farmacêuticas que contenham teor alcoólico igual

ou acima de 0.5 grau Gay-Lussac”. O álcool é uma substância capaz de causar

danos através de três diferentes mecanismos: toxicidade direta e indireta sobre

diversos órgãos e sistemas corporais, a intoxicação aguda, e a própria dependência

química.

Zago (2007) aborda que quanto aos marcadores da quantidade de consumo

de álcool, eles se referem aos riscos à saúde física. Embora o uso regular de álcool

dentro dos parâmetros que não constituem risco à saúde (física), por sua vez, no

decorrer do tempo, pode implicar no aprendizado do beber e, num futuro, constituir

um quadro de alcoolismo. Uma dificuldade quanto a esses marcadores, é que

adolescentes ou jovens podem estar consumindo bebidas alcoólicas em grupos de

colegas, o que dificulta ao certo a quantidade de gramas de álcool ingerida. Além

disso, há uma tendência não só do jovem, mas da maioria das pessoas que

consomem álcool, minimizar sobre a quantidade consumida. O mesmo se refere às

Escalas para avaliação do consumo de álcool. O adolescente que está consumindo

álcool, de maneira a causar a preocupação dos pais, geralmente não é receptivo à

ajuda dos familiares quando tentam encaminhá-lo para um profissional ou a um

serviço especializado.

De acordo com o trabalho de Balbach (s.d) apud Almeida (2008) podemos

listar como principais efeitos do álcool na saúde:

1. Efeitos do álcool sobre o esôfago, o estômago e os intestinos. O álcool

provoca irritações na mucosa gástrica e nas paredes do intestino, prejudicando a

digestão e diminuindo o apetite. Além disso, o câncer no estômago é mais frequente

nos alcoólatras que nos abstinentes e, 90% dos casos de câncer do esôfago são

devidos ao abuso do álcool;

2.   Efeitos do álcool sobre o fígado. Autoridades competentes reconhecem que 90

% dos casos de cirrose hepática têm como causa o alcoolismo. Quando o fígado

sofre engrossamento pela cirrose as veias procedentes do intestino são

constringidas e o sangue é obrigado a deixar escapar, por escoamento, a parte

líquida, reunindo muito líquido no ventre. Daí, a ascite, vulgarmente conhecida como

“barriga d’água”;

22

Page 23: Monografia Completa Zandra

3.    Efeitos do álcool sobre os rins. O álcool provoca irritação nos rins, prejudicando

seu funcionamento normal, acarretando a hidropisia (infiltração da água da urina nos

tecidos) e, posteriormente, a uremia (presença de grande quantidade de substâncias

tóxicas no sangue).

4.   Efeitos do álcool sobre os brônquios e os pulmões. Parte do álcool é eliminada

pelos pulmões e pelos brônquios, provocando irritações nesses órgãos. Os

alcoólatras são muito sujeitos às bronquites, e também às afecções pulmonares,

especialmente à tuberculose.

5.   Efeitos do álcool sobre o coração. O álcool, a princípio, acelera as contrações

cardíacas. Em seguida, o coração diminui seus batimentos e a circulação sanguínea

se torna mais lenta, acarretando má circulação do sangue. Além disso, o álcool

provoca lesões nas fibras nervosas e nos vasos do próprio coração.

6.      Efeitos do álcool sobre o sistema vascular. O álcool é responsável por cerca de

25% dos casos de arteriosclerose. Ele também atua aumentando a pressão arterial

e maximizando os riscos de acidente vascular cerebral (AVC);

7.      Efeitos do álcool sobre o sistema nervoso. O álcool prejudica o funcionamento

dos centros de coordenação motora e o sistema nervoso sensitivo. Ao agir sobre os

centros superiores do cérebro, priva o indivíduo, momentaneamente, do uso da

razão. Esse estado de loucura passageira é um fator muito importante na produção

de crimes. É também um fator de risco para uma diversidade de doenças mentais.

Segundo Freudenrich (2008) o corpo responde ao álcool em estágios, que

correspondem a um aumento de CAS, (É um número de registro único no banco de

dados do Chemical Abstracts Service), os efeitos do álcool, podem ser descritos

como:

Euforia (CAS = 0,03 a 0,12%), as pessoas se tornam mais autoconfiantes ou

atrevidas; sua atenção diminui; elas podem parecer coradas; seu raciocínio

não é tão bom - elas podem dizer a primeira coisa que vier à cabeça, em vez

de fazer um comentário adequado a dada situação; elas têm problemas com

movimentos finos, como escrever ou assinar o próprio nome.

Excitação (CAS = 0,09 a 0,25%) elas ficam sonolentas; elas têm problemas

para compreender ou se lembrar de coisas (mesmo acontecimentos

recentes); elas não reagem a situações rapidamente (se elas derramarem

bebida podem apenas ficar olhando); os movimentos do corpo não são

coordenados; elas começam a perder o equilíbrio facilmente; sua visão fica

23

Page 24: Monografia Completa Zandra

embaralhada; elas podem ter problemas com os sentidos (audição, paladar,

tato, etc.).

Confusão (CAS = 0,18 a 0,30%), elas não conseguem saber onde estão ou o

que estão fazendo; elas ficam zonzas e podem cambalear; elas podem ficar

muito emotivas - agressivas, introvertidas ou muito afetivas; elas não

conseguem ver muito bem; elas ficam sonolentas; elas apresentam fala

indistinta; não coordenam os movimentos (têm problemas em pegar um

objeto quando atirado para elas); podem não sentir dor tão prontamente

quanto uma pessoa sóbria.

Letargia (CAS = 0,25 a 0,4%): elas mal podem se mover; elas não respondem

a estímulos; não conseguem ficar em pé ou caminhar; podem vomitar; podem

ter lapsos de memória.

Coma (CAS = 0,35 a 0,50%); elas ficam inconscientes; seus reflexos são

depressivos, ou seja, suas pupilas não respondem adequadamente a

mudanças de luminosidade; elas sentem frio (temperatura do corpo mais

baixa do que o normal); sua respiração é mais lenta e não muito profunda;

seus batimentos cardíacos ficam mais lentos; elas podem morrer.

Morte (CAS mais de 0,50%).

Os efeitos em longo prazo podem ser descritos segundo Freudenrich (2008)

como: A atividade aumentada no fígado causa a morte das células e o

endurecimento do tecido (cirrose hepática); as células cerebrais em vários centros

morrem, reduzindo a massa encefálica total; úlceras estomacais e intestinais podem

se formar por causa do constante uso do álcool, que irrita e degenera as partes

internas desses órgãos; a pressão sanguínea aumenta à medida que o coração

compensa a redução inicial da pressão sanguínea causada pelo álcool; a produção

de esperma (célula sexual masculina) diminui por causa da redução da secreção

hormonal sexual do hipotálamo/pituitária e, possivelmente, pelos efeitos diretos do

álcool nos exames; nutrição pobre reduz os níveis de ferro e vitamina B, levando à

anemia; como os alcóolicos perdem o equilíbrio e caem com frequência, eles sofrem

mais frequentemente de hematomas e ossos fraturados, especialmente à medida

que envelhecem.

Finalmente Freudenrich (2008) aborda que o abuso e a dependência do

álcool causam problemas emocionais e sociais. Como o álcool afeta os centros

emocionais no sistema límbico, os alcóolicos se tornam ansiosos, depressivos e até

24

Page 25: Monografia Completa Zandra

mesmo suicidas. Os efeitos emocionais e físicos do álcool podem contribuir para

problemas conjugais e familiares, incluindo violência doméstica, bem como

problemas relacionados ao trabalho, como faltas excessivas e fraco desempenho.

Embora o alcoolismo tenha efeitos devastadores no ambiente social e na saúde de

uma pessoa, há tratamentos médicos e psicológicos para solucionar o problema.

Lepre (2005) aborda ainda que outro fato bastante comum são os acidentes

de trânsito, na maioria das vezes envolvendo vítimas, com adolescentes que dirigem

embriagados. O uso abusivo de álcool faz o adolescente sentir-se, muitas vezes,

onipotente, o que o leva a adotar posturas de risco, como correr excessivamente,

dar “cavalos de pau”, derrapar com o carro, tirar “rachas”. As bebidas alcóolicas

estimulam a produção de betaendorfinas (dopaminas e analgésicos naturais do

organismo), responsáveis pela sensação de euforia, saciedade e poder. Já a

embriaguez e a dificuldade de discernimento, que aparecem junto com o quadro de

agitação, são consequências da depressão do Sistema Nervoso Central, também

provocada pelo álcool.

O álcool entra rapidamente no cérebro com inúmeros efeitos nos neurônios,

ou seja, sobre boa parte dos sistemas neuroquímicos, provocando alterações nos

neurotransmissores serotoninérgicos, nos dopaminérgicos no VTA e no núcleo

acumbente e na liberação de peptídeos opióides no sistema nervoso central que

causam seus efeitos prazerosos. A exposição ao álcool em um pequeno período de

tempo reduz os impulsos elétricos dos neurônios determinando a depressão da

atividade cerebral e dos nervos, como consequência do aumento da atividade do

GABA nos receptores GABA-érgicos já que diminui a ação dos aminoácidos

excitatórios, por exemplo, o glutamato ao nível dos receptores NMDA (HYMAN &

NESTLER, 1993; HUNT, 1993; FERREIRA & LARANJEIRA, 1998; SHUCKIT, 1999)

apud Zago (2007).

Zago (2007) afirma que a ação depressora do álcool no cérebro produz

mudanças emocionais e comportamentais. Os efeitos do uso crônico de álcool

podem causar alterações no lobo frontal e em diferentes áreas corticais e

subcorticais do cérebro, bem como déficits psicológicos específicos na memória de

figuras e na habilidade abstrata e verbal, além de problemas clínicos graves, entre

eles a dependência física e a síndrome de abstinência.

Ivankovich (2001) apud Zago (2007) aborda em pesquisa com adolescentes

verificou que o uso abusivo de álcool, além de diminuir o prazer sexual, faz com que

25

Page 26: Monografia Completa Zandra

eles tenham menos cuidado nas relações sexuais. O pesquisador constatou que dos

42% de jovens que mantêm relação sexual depois de beber, 13% não usam a

camisinha frequentemente, expondo-se, assim, aos riscos das DSTs, incluindo a

AIDS e gravidez não planejada.

Ao ser metabolizado, o álcool transforma-se em acetaldeído, que tem forte

ação sobre os neurotransmissores, prejudica o aproveitamento das proteínas e

interfere no DNA, material genético das células. Mas não para por aí. Compromete,

ainda, a coordenação motora e libera emoções reprimidas ao derrubar o superego,

nossa censura interna. (TIBA, 1999).

Segundo Galduróz et. al. (2000), um estudo toxicológico com 5.960 amostras

de sangue e vísceras de vítimas com ferimentos fatais realizado em 1994 no

Instituto de Medicina Forense em São Paulo mostrou que 48,3% das vítimas tinham

alcoolemia positiva. As proporções, entretanto, variaram com a causa da morte: foi

detectada a presença de álcool no sangue em 64,1% das vítimas de afogamento;

52,3% dos homicídios; 50,6% das vítimas de acidentes de trânsito e 32,2% dos

casos de suicídio. Especificamente quanto à relação entre uso de álcool e homicídio,

estudo realizado entre 1990 e 1995 na cidade de Curitiba (Paraná) mostrou que

53,6% das vítimas e 58,9% dos autores dos crimes estavam intoxicados no

momento do crime.

O uso do álcool é perigoso na gravidez, em indivíduos que fazem uso de

medicamentos cujos efeitos são adversos com o álcool, para indivíduos com

problemas clínicos relevantes, em indivíduos que estejam recuperando de

alcoolismo ou para indivíduos com transtornos psiquiátricos que podem ser

intensificados pelo uso do álcool, como a esquizofrenia e a depressão maior

(SHUCKIT, 1999). Robins e Regier (1991) estimaram que cerca de 70% dos adultos

consomem álcool, sendo que 25% desenvolvem abuso ou dependência em algum

período da vida (FERREIRA & LARANJEIRA, 1998).

QUADRO 1. RISCOS À SAÚDE X CONSUMO DE ÁLCOOL

Risco Mulheres Homens

Baixo Menos de 14 unidades por semana Menos de 21 unidades por semana

Moderado 15 a 35 unidades por semana 22 a 50 unidades por semana

26

Page 27: Monografia Completa Zandra

Alto Mais de 36 unidades por semana Mais de 51 unidades por semana

Fonte: LARANJEIRA & PINSKY, 1997.

2.3 – CAUSAS, CONSEQUÊNCIAS E POSSÍVEIS SOLUÇÕES PARA

O USO DO ÁLCOOL PELOS ADOLESCENTES

Lepre (2005) aborda que um grande número de teorias atuais sobre o uso

abusivo de álcool por adolescentes acredita que a maioria dos adolescentes que se

iniciam no uso de álcool o fazem por pressões externas, pressões estas vindas do

próprio grupo que podem ser diretas, através de frases, ameaças, ironias ou de

forma indireta, através de sutilezas como olhares reprovadores, escassez de

convites para participar das atividades do grupo, preconceitos.

Segundo o médico Pechansky em Catozzi (2010) é preciso uma restrição

severa à imensa penetração da mídia na adolescência. "Há uma total liberdade para

propagandas de cerveja, bebida de baixo teor alcoólico. A legislação atual só regula

os horários de transmissão para bebidas com teor alcoólico acima de 13%", explica.

De fato há uma disputa, no mínimo, desproporcional entre as belas imagens

produzidas em um comercial e a tarja preta governamental, sóbria e obrigatória,

pedindo para o jovem "beber com moderação" ou "não dirigir, se beber".

Outro fator estimulante ao consumo segundo Catozzi (2010) é todo o glamour

associado ao ato de beber nesta idade. "Para os jovens, consumir álcool não é um

hábito apenas socialmente aceitável, mas quase uma necessidade se eles quiserem

participar dos grupos ao qual almejam pertencer. O bar se tornou o ponto de

encontro usual para eles, o centro da sua vida social. Para alguns, o único que

existe", escreve o psiquiatra irlandês John Cooney, especialista em dependência

alcoólica, em seu livro Sóbrio.

Lepre (2005) acredita que fatores sociais, psicológicos e religiosos, bem como

problemas temporários podem influenciar a decisão de beber tanto no adolescente

quanto no adulto jovem. Dada a alta taxa de prevalência de indivíduos que, por

qualquer motivo, num momento ou outro da vida fizeram uso de álcool, torna o beber

um fenômeno praticamente universal.

Entretanto, fatores que podem influenciar a decisão de beber ou fatores que

contribuem para problemas temporários, podem ser diferentes daqueles que

27

Page 28: Monografia Completa Zandra

contribuem para os problemas recorrentes e graves da dependência de álcool

(SHUCKIT, 1999).

Fatores sempre postos em evidência são os genéticos. Dados que apoiam as

influências genéticas no alcoolismo são: familiares próximos apresentam um risco

quatro vezes maior que indivíduos que não têm familiares alcoolistas; o gêmeo

idêntico de um indivíduo com problemas de alcoolismo apresenta maior risco que

um gêmeo fraterno; e filhos de alcoolistas que foram adotados têm o risco quatro

vezes maior de apresentar alcoolismo, mesmo que separados dos pais após o

nascimento. A maioria dos estudos sobre a determinação genética no alcoolismo

aponta que geralmente indivíduos que um dos pais é ou foi alcoolista têm alto risco

para o alcoolismo (SHUCKIT, 1999).

Lewontin (2002) questionou a visão da biologia moderna fundamentar o

desenvolvimento dos organismos apenas em termos de genes e organelas

celulares, onde o ambiente teria um papel meramente passivo ou de cenário. Ou

seja, os genes no ovo fertilizado determinariam todo o desenrolar até o estado final

do organismo. Nisso também está contida a ideia de tendência. Metaforicamente,

seria como a revelação do filme fotográfico que, quando exposto à temperatura e

aos líquidos apropriados, produz a imagem que nele está imanente.

Zago (2007) aborda que assim, o ponto de vista genético implicaria que um

indivíduo portador de um gene ou genes determinantes do alcoolismo estaria

praticamente condenado a ser um dependente de álcool, pois a sociedade ocidental

é estimuladora ao beber alcoólicos. Em sua crítica, Lewontin assim se posicionou

sobre essa visão unilateral da biologia:

"Existe já há muito tempo um vasto conjunto de evidências segundo as quais a ontogenia de um organismo é consequência de uma interação singular entre os genes que ele possui a sequência temporal dos ambientes externos aos quais está sujeito durante a vida e eventos aleatórios de interações moleculares que ocorrem dentro das células individuais. São essas as interações que devem ser incorporadas em uma explicação adequada acerca da formação de um organismo. (...) Não é possível formular a pergunta ‘Que genótipo produziu o melhor crescimento? ’ sem especificar o ambiente em que o crescimento se deu." (LEWONTIN, 2002).

O que temos observado segundo Zago (2007) na prática clínica é que o

conceito de determinismo genético, de modo geral, acaba sendo erroneamente

utilizado ou como uma defesa por muitos alcoolistas como forma de aceitar

passivamente o próprio comportamento de beber alcoólicos, entendendo-o como

28

Page 29: Monografia Completa Zandra

parte intrínseca, portanto, insuperável de sua natureza humana; isto é, um destino

irreversível que inviabiliza, a priori, movimentos ou tentativas de mudanças.

Não há ainda certeza científica, mesmo que aproximada, sobre qual fator é o

mais determinante na etiologia do alcoolismo. Estudos apontam evidências para as

várias condições, mas sem conclusão definitiva. Em vários estudos realizados nas

três últimas décadas com o objetivo de diferenciar os etilistas e o restante da

população, nada se concluiu sobre um perfil do alcoolista, quer do ponto de vista

genético, quer da personalidade (LARANJEIRA & PINSKY, 1997).

A mídia é segundo Lepre (2005) um bom exemplo de pressão externa no que

se refere à manipulação da opinião dos adolescentes. Fica claro que a veiculação

atual das empresas de bebidas alcóolicas, sobretudo as cervejarias, tem como foco

principal o público adolescente. A estratégia tem sido a de promover eventos

culturais, esportivos e musicais a fim de relacionar a cerveja aos jovens; além de

tentar vender uma imagem positiva dessa bebida chamando a atenção para o “baixo

índice” de teor alcóolico na sua constituição (em torno de 6%).

Lepre (2005) afirma que segundo um estudo realizado pelo Cebrid (Centro

Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas) em 1999, ao lado das

propagandas de bebidas alcóolicas, os principais fatores que levam o adolescente a

beber abusivamente são o incentivo da sociedade e dos grupos para que as

pessoas bebam em situações sociais e a facilidade de menores adquirirem bebidas

em supermercados e lojas.

No entanto Lepre (2005) aborda que o fato da mídia desse setor ser apelativa, não

justifica isoladamente o uso abusivo de álcool pelos adolescentes. Apesar de todos

os fatores que possam levar os jovens ao abuso, não é possível atribuir única e

exclusivamente aos fatores externos a responsabilidade pelo problema, pois

estaríamos subestimando a capacidade do adolescente de decidir sobre si mesmo.

O que normalmente acontece é que o adolescente pode encontrar nas drogas, e

mais especificamente no álcool, a identidade que busca nesse período da vida. Os

grupos acabam se formando levando em conta algumas condições: aqueles que

transam e aqueles que não transam, os que estudam e os que não estudam, os

que fazem uso de bebidas alcóolicas e os que não fazem e assim por diante.

Tendo como base os estudos de Fishman (1988) e Vieira et al. (2007),

podem-se listar seis principais fatores que influenciam o comportamento de beber:

1. Contexto Familiar e Social. A crença de que uma reunião social possa não ser

29

Page 30: Monografia Completa Zandra

agradável sem que inclua consumo de álcool é comum na nossa sociedade.

Os adolescentes são inclinados a imitar os pais, outros parentes e heróis da

televisão, dos livros, do rádio ou do cinema. É comum um adolescente dizer

que começou a beber porque viu que isso era um hábito de alguém que ele

admira. Uma pesquisa realizada por VIEIRA et.al. (2007) com estudantes de

Paulínia (SP), revela que 40,4% dos alunos relataram que familiares foram os

primeiros a lhes oferecer bebida alcoólica e, que quase metade (47,9%)

afirmou que há alguém na família que bebe demais;

2. Curiosidade e Experimentação. Muitos adolescentes sentem curiosidade de

experimentar o sabor da bebida que eles vêem os outros os outros ingerir.

Além disso, querem explorar os efeitos da bebida, por meio do abuso.

Querem saber como é estar embriagado ou intoxicado;

3. Pressão dos amigos. Para muitos garotos e garotas seguir a moda pode ser

uma necessidade, assim como gostar de certos tipos de música. Nesse

estágio eles se encontram psicologicamente imaturos para exercer o senso

crítico e a capacidade de julgamento, absorvendo influências sem refletir

sobre elas. Se beber está na moda entre determinado grupo de adolescentes,

poucos serão dotados de segurança e senso crítico suficiente para criticar a

bebida ou simplesmente recusar-se a beber. No estudo de VIEIRA et.al.

(2007), 35,5% dos alunos disseram que amigos foram os primeiros a lhes

oferecer bebida alcoólica e 62,4% relatam beber mais frequentemente na

companhia de amigos.

4. Prazer. Muitos adolescentes usam o álcool como estimulante para a diversão

e o namoro, isto é, para os prazeres. Incluem bebidas em festas, idas ao

cinema ou ao jogo de futebol como elementos favoráveis ao prazer. Trata-se

de um mecanismo cultural que identifica o álcool com o prazer e que deve ser

desmascarado.

5. Problemas emocionais. Um dos efeitos imediatos do álcool é o de

tranquilizante ou de causador de euforia e bem-estar. Um indivíduo que esteja

enfrentando momentos de tensão, nervosismo, conflitos com a família, com

amigos ou dificuldades no relacionamento pode entregar-se ao álcool para

suprimir temporariamente a depressão, a ansiedade e os sentimentos de

medo. Acabam aí agravando os problemas em vez de resolvê-los.

6. Facilidade de acesso. Além de tudo que já foi citado, outro fator que contribui

30

Page 31: Monografia Completa Zandra

fundamentalmente para o uso do álcool entre adolescente é a disponibilidade

comercial e o preço. As bebidas alcoólicas são encontradas facilmente, em

qualquer lugar e com preços acessíveis aos jovens. Apesar de existirem leis

que proíbem a venda de bebidas a menores de 18 anos, essa é uma prática

comum e que deve ser combatida.

Segundo Blackson e Tarter (1994), o uso de álcool e outras drogas acaba

sendo o fator determinante na identificação e união dos adolescentes em grupos.

Fazer uso abusivo de bebidas alcóolicas representa, muitas vezes, a entrada

no mundo dos adultos. Dessa forma, beber, fumar, transar, funcionam como

referências aos adolescentes que estão passando por um período de confusão de

papéis.

Segundo Erikson (1972) essa confusão está relacionada a definição da

identidade que se configura em três áreas básicas: a identidade sexual, a

profissional e a ideológica. Dentre essas áreas, a ideológica é a que está mais

diretamente relacionada ao nosso estudo, ainda que não possamos pensar nesses

itens isoladamente no comportamento do adolescente, uma vez que esse é uma

pessoa integral. No entanto, a identidade ideológica refere-se aos posicionamentos

que o adolescente, em permanente reconstrução interna, deve tomar frente ao

mundo.

Lepre (2005) aborda que a construção da identidade envolve diversos fatores

como a personalidade individual, a consciência subjetiva, as relações sociais e os

fatores externos. Dessa forma, o adolescente se autodefinirá através da interação

entre esses fatores, sendo todos igualmente importantes para posteriores decisões.

É justamente neste momento de tomada de posições e decisões que o adolescente

pode “escorar-se” no álcool ou nas drogas em geral, associando uma fragilidade

(disponibilidade) interna e possibilidades (reforços) externos.

Segundo Osório (1989) há dois grandes equívocos relacionados ao uso de

drogas pelos adolescentes:

1) Por parte dos próprios adolescentes, a ilusão de que as drogas são sinônimo de

liberdade ou livre expressão, quando na verdade essas escravizam e submetem seu

usuário aos interesses, por exemplo, dos traficantes.

2) Por parte dos pais, que pensam que ao usar drogas os filhos estão protestando

ou desafiando a moral doméstica quando na verdade os estão imitando. Pais que

fumam, bebem ou fazem uso indiscriminado de tranquilizantes ou outras drogas,

31

Page 32: Monografia Completa Zandra

estão transmitindo aos filhos a mensagem implícita de que as drogas têm sua

função no “mundo dos adultos.”

Com tais considerações não se está simplesmente procurando inocentar os

adolescentes ou incriminar os pais pela incidência, reconhecidamente cada vez

maior, das toxicomanias em geral entre os jovens, mas antes buscando assinalar

que uma abordagem compreensiva do uso de tóxicos na adolescência não é

possível sem incluir, ao lado dos estudos das motivações conscientes e

inconscientes dos jovens, a avaliação correta do papel dos pais e da sociedade na

gênese e manutenção do problema (OSÓRIO, 1989).

A idade do primeiro drinque (13-15 anos), a idade da primeira intoxicação (15-

17 anos) e a idade do primeiro problema relacionado ao consumo de álcool (16-22

anos) observados em indivíduos que desenvolveram alcoolismo, não diferem

basicamente do esperado da população geral que não tem problema posterior de

abuso ou dependência de álcool (SHUCKIT, 1999). Em suma, não há um consenso

entre os pesquisadores de que uma explicação causal para o alcoolismo seja mais

determinante do que outra.

É importante ressaltar que não é necessário um indivíduo ser dependente de

álcool para que possa apresentar transtornos relacionados ao álcool. Conforme

Romelsjo (1995) "Não existe consumo de álcool isento de riscos." (Citado por

MARQUES & RIBEIRO, 2002). Há muito mais indivíduos não diagnosticados

medicamente como alcoolistas, mas que consomem álcool de forma prejudicial à

saúde. Há fatores sociais com tanto poder de persuasão para a prevenção quanto

para estimular padrões inadequados para o beber, por exemplo, demanda e oferta

de bebida, informação e propaganda (LARANJEIRA & PINSKY, 1997).

Zago (2007) aborda que uma dose de bebida alcoólica é definida como algo

consistindo entre 10 a 12 gramas de etanol, que equivale a uma unidade de álcool

puro. A quantidade de unidades de álcool é determinada pela concentração de álcool

num volume de uma bebida: Unidades de álcool = % da concentração de álcool em

dada quantidade (ml) de bebida ÷ 10

Com base nesses valores foram identificados padrões de quantas unidades

de álcool um adulto sadio poderia consumir semanalmente (LARANJEIRA, 1997;

LARANJEIRA & PINSKY, 1997; SHUCKIT, 1999). Por exemplo, uma dose de

aguardente – 50ml – com a concentração de álcool de 50%, conteria 25 gramas de

álcool ou 2,5 unidades de álcool. Uma lata de cerveja de 350ml com concentração

32

Page 33: Monografia Completa Zandra

de 5% de álcool teria o equivalente a 17 gramas de álcool, aproximadamente 1,5

unidades de álcool (LARANJEIRA & PINSKY, 1997).

Zago (2007) aborda que assim, por esses padrões, que podemos denominar

de critérios da quantidade de consumo, é possível determinar as unidades de álcool

que um indivíduo vem consumindo. No quadro 1 são apresentadas as bebidas mais

consumidas em nosso meio com as respectivas concentrações de álcool, gramas de

álcool e unidades de álcool. No quadro 2 os padrões dos riscos à saúde pelo

consumo de álcool.

Quadro 2. Conteúdo das principais bebidas em nosso meio

 

Bebidas Uma dose de bebida alcoólica é definida como algo

consistindo entre 10 a 12 gramas de etanol, que equivale a

uma unidade de álcool puro. A quantidade de unidades de

álcool é determinada pela concentração de álcool num

volume de uma bebida: Unidades de álcool = % da

concentração de álcool em dada quantidade (ml) de bebida

÷ 10

Concentração de

álcool/gramas de álcool

Unidades

de álcool

1 lata de cerveja – 350 ml 5% = 17 gramas de álcool 1,5

1 dose de aguardente – 50 ml 50% = 25 gramas de álcool 2,5

1 copo de chope – 200 ml 5% = 10 gramas de álcool 1

1 copo de vinho – 90 ml 12% = 10 gramas de álcool 1

1 garrafa de vinho – 750 ml 12% = 80 gramas de álcool 8

1 dose de destilados (uísque, pinga, vodca etc.) – 50 ml 40%-50% = 20 g-25 gramas

de álcool

2 – 2,5

1 garrafa de destilados – 750 ml 40%-50% = 300 g-370

gramas de álcool

30 – 37

Fonte: LARANJEIRA & PINSKY, 1997. Reproduzido com permissão dos autores.

É importante esclarecer que esses padrões de consumo se referem às

unidades de álcool consumidas ao longo de uma semana, portanto, o consumo da

quantidade semanal de unidades de álcool em apenas um dia implicaria mais danos

à saúde do que quantidades um pouco maior, mas divididas durante a semana

(LARANJEIRA & PINSKY, 1997).

33

Page 34: Monografia Completa Zandra

O consumo agudo de álcool torna o sujeito mais vulnerável a problemas de

saúde, por exemplo, intoxicação alcoólica, e propensão a acidentes. E o limite

permitido por lei é de 0,57 g de álcool por litro de sangue (MARQUES & RIBEIRO,

2002).

Nas mulheres, em comparação com os homens, o álcool atinge maiores

concentrações no sangue e é absorvido em maiores quantidades devido a

proporção de gordura corpórea maior e de menor quantidade de líquido corporal nas

mulheres que nos homens. Desse modo, o álcool causa mais problemas físicos nas

mulheres, comparadas com homens com o mesmo peso corporal. Tal padrão de

consumo refere-se a mulheres não grávidas, pois na gravidez é recomendável a

abstinência total de álcool (LARANJEIRA & PINSKY, 1997).

Lepre (2005) afirma que os riscos e as consequências do uso abusivo de

álcool na escola relacionam-se à queda acentuada no desempenho escolar.

Adolescentes que bebem demais se ausentam com maior frequência das aulas

perdendo a totalidade do processo pedagógico. Aqueles que conseguem frequentar

as aulas apresentam sonolência, lentidão e dificuldade para entender o que o

professor diz. Algumas pesquisas, ainda não confirmadas, mas dignas de atenção,

apontam para danos cerebrais (no hipocampo) causados pelo uso abusivo de álcool

envolvendo o aprendizado e a memória.

Conforme estudo apresentado pela UNESCO, "estudantes começam a beber

por curiosidade, pelo desejo de inserção social, para esquecer problemas e para ‘ter

coragem’ nas ‘paqueras’." (NOSSA 2002).

Segundo Herculano-Houzel (2002), neurocientista brasileira, o hipocampo é o

local do cérebro onde a memória é formada e depois distribuída para o resto do

cérebro, onde é guardada. Danos no hipocampo poderiam prejudicar a formação de

novas memórias o que atrapalharia muito as novas aprendizagens.

Pesquisa envolvendo as 24 maiores cidades do Estado de São Paulo

(cidades com mais de 200 mil habitantes) revelou que o uso na vida de álcool na

faixa etária de 12 a 17 anos foi de 37,7% para o sexo masculino e 32,3% para o

sexo feminino e o uso regular foi de 0,7% para o sexo masculino e de 1,9% par a o

feminino. Na mesma faixa etária a prevalência de dependentes de álcool foi de 5,3%

para o sexo masculino e de 2,5% para o sexo feminino (GALDURÓZ, NOTO,

NAPPO & CARLINI, 2000).

34

Page 35: Monografia Completa Zandra

Zakabi (2002) apud Zago (2007) afirma que a prevalência de casos de

alcoolismo entre garotas tem aumentado, bem como o envolvimento em acidentes

de carro quando embriagadas. Isso significa que vem ocorrendo uma mudança de

comportamento na última década: as garotas têm mais liberdade para frequentar

locais e eventos onde se consome bebida alcoólica antes mais restrito a

adolescentes do sexo masculino, aprendendo, então, os mesmos comportamentos

de consumo.

Segundo Soldera et. al.(2004) desde 1997, o Centro Brasileiro de

Informações sobre Drogas Psicotrópicas (CEBRID) vem realizando levantamentos

sobre o uso de drogas por estudantes brasileiros dos ensinos fundamental e médio,

em dez capitais brasileiras. Esses levantamentos têm sido muito importantes, pois,

além de metodologia adequada, abrangem uma amostra muito grande (15.503

estudantes). O uso pesado de álcool (20 vezes ou mais por mês) nesses

levantamentos (1987, 1989, 1993 e 1997) foi significativo (de 3,3% a 10,1%). Além

disso, os levantamentos indicaram que o uso pesado de álcool aumentou em 8 das

10 capitais estudadas no período de 1987 a 1997. O quarto estudo (1997) mostrou

que o uso pesado de álcool foi maior nos estudantes do gênero masculino (5,2%)

em relação ao feminino (4,8%); na classe social A (10,7%) em relação à B (9,1%), C

(7,6%), D (6,8%) e E (4,9%); e nos que tinham defasagem escolar – entre os

estudantes que faziam uso pesado de álcool, 96,1% apresentavam defasagem

escolar. Os fermentados foram as bebidas mais consumidas e os bares foram os

locais preferidos entre os que fizeram uso pesado. Este estudo revelou também que

68,4% dos pais bebem muito, contra 6,2% das mães. Vários estudos internacionais

também mostraram a associação entre uso pesado de álcool por estudantes e

variáveis demográficas e psicossociais. Assim, o uso pesado de álcool mostrou-se

associado ao nível socioeconômico mais alto, à defasagem escolar e ao beber do

pai.

Cruz (2011) aborda em depoimento sua trajetória no mundo do àlcool:

“Comecei beber aos 14 anos junto com supostos amigos, pequenas doses que, aos poucos, foram aumentando”. Quando bebia ficava violento e não tinha medo de nada – o alcoolista se acha o “super-homem”. “Eu usava a bebida como válvula de escape para meus problemas, tentando sair da realidade, mas depois que o efeito acabava, os problemas retornavam e a frustração aumentava”, declara Luiz Antônio da Cruz, assistente de administração, alcoolista recuperado há 13 anos, aos longo tratamento. “Minha esposa me abandonou e minha família disse que se não parasse de beber iria morar na rua”. Resolvi tentar. Fui com minha mãe à Associação antialcoólica de São Paulo, assisti a vários depoimentos, que me deram

35

Page 36: Monografia Completa Zandra

uma luz, e senti uma felicidade muito grande. “Foi então que decidi mostrar à minha esposa e família que nunca mais ninguém iria me chamar de bêbado”, conta Luiz Antônio. Hoje ele é responsável pelo site www.alcoolismo.com.br. (CRUZ, 2011).

Para Catozzi (2010) o último Levantamento Nacional sobre o Uso de Drogas,

realizado pelo Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid)

e pela Secretaria Nacional Antidrogas (Senad), revela que o consumo de álcool por

adolescentes de 12 a 17 anos já atinge 54% dos entrevistados e desses, 7% já

apresentam dependência. O estudo foi realizado em 2004 e mostrou que entre

jovens de 18 a 24 anos, 78% já fizeram uso da substância e 19% deles são

dependentes. Para se ter uma ideia de como o consumo de bebidas alcoólicas na

adolescência aumentou, no levantamento anterior, realizado em 2001, apenas 5%

dos adolescentes pesquisados preenchiam os critérios para dependência do álcool.

Segundo recente estudo divulgado pela Organização das Nações Unidas (ONU), em

comparação com os países da América Latina, o Brasil aparece em terceiro lugar no

consumo de álcool entre os adolescentes. A pesquisa foi feita com estudantes do

ensino médio e incluiu 347.771 meninos e meninas, de 14 a 17 anos, do Brasil, da

Argentina, da Bolívia, do Chile, do Equador, do Peru, do Uruguai, da Colômbia e do

Paraguai. Entre os brasileiros, 48% admitiu consumir álcool.

Segundo Vieira et al. (2007), apesar das diferenças socioeconômicas e

culturais entre os países, a Organização Mundial de Saúde (OMS) aponta o álcool

como a substância psicoativa mais consumida no mundo e também como a droga

de escolha entre crianças e adolescentes. No Brasil, o álcool também é a droga

mais usada em qualquer faixa etária e o seu consumo entre adolescentes vem

aumentando, principalmente entre os mais jovens (de 12 a 15 anos de idade) e entre

as meninas.

Catozzi (2010) aborda que o consumo de álcool, por si só, pode trazer

importantes prejuízos ao organismo e ao desenvolvimento do adolescente. Mas o

hábito de beber muito e regularmente também está frequentemente associado a

uma série de comportamentos de risco que aumentam as chances de envolvimento

em acidentes, violência sexual e até participação em gangues. "O consumo de

bebidas alcoólicas na adolescência está fortemente associado a morte violenta,

queda no desempenho escolar, dificuldades de aprendizado e prejuízos no

desenvolvimento e estruturação das habilidades cognitivo-comportamentais e

emocionais do jovem", alerta o psiquiatra Flávio Pechansky, da UFRGS.

36

Page 37: Monografia Completa Zandra

Zago (2007) aborda que a falta de uma política adequada de controle à

propaganda maciça de bebidas alcoólicas pelos meios de comunicação social,

geralmente associada aos "bons momentos da vida", e a facilidade de se obter o

produto, quer pela disponibilidade e variedade, quer pelo baixo preço, tornam o

álcool uma droga atrativa, acessível e presente nas mais diversas formas de

entretenimento do universo da juventude. Além disso, tanto as famílias quanto a

sociedade aceitam com certa naturalidade um adolescente consumir alcoólicos.

Alguma censura pode ocorrer em caso de algum abuso por parte desse

adolescente, contudo, de forma geral, o uso de bebida alcoólica por jovens é comum

e tolerada na vida familiar, em momentos de comemorações, na convivência grupal,

etc.

Ainda segundo Zago (2007) se de um lado, para considerável parcela de

adolescentes, como qualquer outra substância psicoativa, além do apelo da

propaganda, o álcool tem seu poder de atração, por outro não tem a força de

censura atribuída às substâncias ilegais, dado que o uso do álcool, na prática, é

livre. Isso significa que um adolescente pode beber alcoólicos sem a culpa de estar

cometendo uma transgressão (que na realidade está) como poderia sentir se

consumisse alguma droga ilícita. Se consumir determinada droga ilícita, o

adolescente fará isso de forma velada a fim de não se expor, pois sabe que estará

transgredindo a lei ou ao menos emitindo um comportamento passível de

repreensão ou censura.

Se os familiares descobrem ou são informados de que o filho ou filha

adolescente está fazendo uso de uma droga ilícita, por exemplo, a maconha, os

pais, de uma maneira ou de outra, iniciam um processo de trabalhar a questão. Esse

modo de trabalhar a questão varia muito, desde a desconfiança, sondagem e

interrogatório até a frustração ou formas claras de explosão, raiva ou violência. A

droga ilícita, provavelmente por tal caráter e pela censura que desperta na

sociedade, desencadeia um pânico na família, denominado por KALINA &

KOVADLOFF (1976) de síndrome de alarme, na qual as pessoas próximas do

usuário estabelecem uma resistência criando um conflito. Ou seja, o uso de uma

droga ilícita simplesmente não é aceito de forma natural por aqueles que convivem

com o usuário. Com o álcool, dado seu caráter legal e de estar inserido na cultura,

tal síndrome de alarme não ocorre. Portanto, a bebida alcoólica, além de seu poder

atrativo, não contém poder de censura.

37

Page 38: Monografia Completa Zandra

Kaminer e Szobot (2004) referem que existe pouco conhecimento sobre a

efetividade de diferentes tipos de tratamento para adolescentes, em relação ao

conhecimento disponível na área do tratamento para adulto. Os autores ressaltam

que mesmo para aqueles conhecidamente efetivos, ainda nos deparamos com as

maiores taxas de abandono e menor sucesso terapêutico em comparação com os

tratamentos para transtorno mental.

De acordo com Kaminer (2001), estudos regionais nos Estados Unidos da

América mostram que, de 7 a 10% dos adolescentes necessitam de algum tipo de

tratamento para uso de álcool ou outras drogas, porém, somente uma pequena

parcela desse grupo é atendida, aqueles com uso severo, com comorbidades

psiquiátricas, ou com problemas com a lei. Para o autor, isso acontece devido aos

limites de recursos disponíveis e destinados para essa questão, como também pela

inexistência de programas específicos para essa faixa-etária e pela falta de

consenso sobre as estratégias de tratamento mais adequadas.

Embora sejam poucos os estudos no Brasil, específicos sobre essa situação,

dos que se propuseram a realizar uma reflexão sobre a adesão ao tratamento para o

uso de álcool e drogas e as possíveis estratégias de enfrentamento, grandes

contribuições podem ser destacadas.

Pinsky et al. (1995) propuseram a realização de um estudo para investigar os

motivos para o abandono do tratamento apresentados por adultos atendidos na

unidade para tratamento de dependência de álcool e outras drogas do

Departamento de Psicobiologia da Universidade Federal de São Paulo e pessoas

próximas a eles entre os anos de 1990 e 1993.

Segundo os autores, o abandono do tratamento é um dos problemas

enfrentados por profissionais que atuam na área. Citam autores que discutiram essa

questão nas décadas de 70, 80 e 90, do século passado, onde apresentam dados

que sugerem maior abandono nos tratamentos ambulatoriais do que em regime de

internação (Pinsky et.al., 1995).

A maioria dessas pesquisas tenta identificar as características “pré-

tratamento” dos pacientes que poderiam estar relacionadas com a interrupção do

programa. Essas características incluem variáveis sóciodemográficas, experiência

anterior de tratamento, características psicológicas do paciente, tipos de drogas,

gravidade da dependência, histórico escolar e de trabalho.

38

Page 39: Monografia Completa Zandra

Apesar do grande número de pesquisas naquela época sobre essa questão,

os autores comentam que é pequena a relação existente entre o abandono do

tratamento e fatores como desemprego, múltiplas dependências, idade, problemas

psicológicos e etc. Os motivos mais citados tanto pelos usuários dos serviços, como

pelas pessoas próximas a eles foram os fatores ambientais, as recaídas ou pioras e

a melhora (Pinsky et.al., 1995, p.02).

No entanto, os autores enfatizam que a investigação junto aos próprios

usuários dos serviços sobre a questão da não adesão ao tratamento ainda é uma

estratégia pouco explorada (Pinsky et.al., 1995).

Marques, Buscatti e Formigoni (1995) entrevistaram 155 pessoas que buscaram

voluntariamente a mesma Unidade de Dependência de Drogas no período de 1993 à

1995, com os objetivos de observar a frequência de abandono nas diferentes fases

do tratamento; analisar o perfil dos pacientes que abandonaram o tratamento e;

estudar os fatores preditores do abandono.

Dos resultados obtidos, destacam-se as baixas taxas de abandono na fase

prévia ao tratamento, logo após o seu início e no período de tratamento. Poucos

interromperam antes de iniciar a avaliação, assim como após a primeira consulta,

muito provavelmente porque a expectativa e a confiança eram altas em relação ao

serviço e ao tratamento oferecido. Na etapa final do tratamento, o abandono foi 30%,

maior que os demais, em qualquer fase do tratamento. A recaída foi um fator que

apresentou tendência a se mostrar preditivo de abandono (Marques, Buscatti e

Formigoni, 1995).

Muitas vezes, apenas o conhecimento sobre os efeitos nocivos do consumo do

álcool podem não ser suficientes para evitar que os adolescentes se iniciem ao

consumo e abuso do álcool. Sendo o alcoolismo uma doença biopsicossocial, que

provoca danos gravíssimos ao organismo, é fundamental haver estratégias de

prevenção do alcoolismo na adolescência que envolvam as camadas sociais mais

jovens.

Tendo em conta que o acesso a bebidas alcoólicas é facilitado pela

nossa economia de super consumo, os jovens que tenham historiais de alcoolismo

na família correm um grave risco de se iniciar neste padrão de dependências caso

não sejam devidamente acompanhados. É para isso necessário que os médicos de

família estejam preparados para alertar e apoiar devidamente tanto o jovem como a

39

Page 40: Monografia Completa Zandra

sua família. Como forma de prevenção do alcoolismo na adolescência devemos

também incutir-nos mais jovens a importância de um estilo de vida saudável.

Proibir apenas os adolescentes de beber como forma de prevenção do

alcoolismo na adolescência não adianta enquanto existirem bebidas alcoólicas de

fácil acesso, é necessário que haja uma sensibilização para a promoção da saúde e

segurança. Fazer seminários didáticos e interativos onde se expõem os perigos e

danos do uso e abuso do álcool. Proceder ao incentivo a atividades recreativas e

desportivas para os jovens ocuparem o seu tempo livre (fora das horas de estudo), e

para isso existem muitas alternativas de ocupação dos tempos livres.

É fundamental que todos os adolescentes tenham uma visão crítica sobre os

danos que o álcool pode provocar no corpo físico e que a dependência e abuso

podem causar danos irreversíveis nas suas vidas e a partir daqui tem de, tomar as

suas decisões e responsabilizar-se pelas suas opções. É urgente ter uma verdadeira

consciência do que é o alcoolismo, a prevenção das tendências de uso, abuso e

dependências do álcool como forma de prevenção do alcoolismo na adolescência.

40

Page 41: Monografia Completa Zandra

3. METODOLOGIA

3.1 CARACTERÍSTICAS DE ESTUDO

A presente pesquisa que aborda o tema: O consumo de bebidas alcoólicas

entre os alunos do ensino fundamental e médio da Escola Estadual Prefeito Odílio

Fernandes Costa é uma pesquisa direta de campo, de natureza descritiva, fazendo

uma abordagem qualitativa e quantitativa, onde a amostragem foi feita através de

um corte transversal.

3.2 POPULAÇÃO

A população desta pesquisa foi composta por alunos do Ensino Fundamental

e Médio da Escola Estadual Prefeito Odílio Fernandes Costa de Santo Antônio do

Retiro - MG

3.3 AMOSTRA

Para esta pesquisa realizada na Escola Estadual Prefeito Odílio Fernandes

Costa foram entrevistados 50 alunos dos últimos anos do Ensino Fundamental e

Ensino Médio.

3.4 INSTRUMENTOS

Os instrumentos para a seguinte pesquisa foram 01 questionário com 07

questões de múltipla escolha, microcomputador e impressora e copiadora.

3.5 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS

Para se obter os dados da seguinte pesquisa foi realizada uma pequena

abordagem com os professores e direção da escola para que se diagnosticassem

possíveis candidatos à pesquisa e logo após, já com todos os entrevistados, fez-se

uma explanação dos objetivos propostos pela pesquisa e logo em seguida distribui-

se os questionários.

41

Page 42: Monografia Completa Zandra

3.6 - TRATAMENTO ESTATÍSTICO

Os dados foram tratados estatisticamente e os resultados foram

analisados com base nos fundamentos do referencial teórico e serão apresentados

em forma de gráficos, onde foi utilizado para a apresentação gráfica dos mesmos o

pacote estatístico será o Windows Microsoft Excel 2010.

3.7 - CUIDADOS ÉTICOS

Os dados coletados tiveram todas as salvas guardas estabelecidas perante o

sigilo de identidade dos alunos pesquisados. Não foram informados dados pessoais

dos pesquisados como nome e outras características.

42

Page 43: Monografia Completa Zandra

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A Escola Estadual Prefeito Odílio Fernandes Costa está situada na Praça

Sete de Setembro Nº.14, centro de Santo Antônio do Retiro.

Constatou-se que dos 50 alunos entrevistados com idades entre 11 a 18

anos, 60% eram do sexo feminino e 40% do sexo masculino, sendo que dentre os

entrevistados 33 tinham menos de 14 anos e 15 mais de 14 anos.

GRÁFICO 1 – USO DA BEBIDA ALCÓOLICA

FONTE: DADOS DA PESQUISA

Dentre os 50 alunos pesquisados notou-se que 60% dos mesmos já fizeram

uso de bebida alcoólica e 40% disseram que não, como se pode observar no gráfico

acima, algo explicitado em Soldera (2004) que acredita que o uso de bebidas

alcoólicas inicia-se cedo na vida, entre o início e meio da adolescência, com o grupo

de amigos ou mesmo em casa. Este uso implica consequências médicas,

psicológicas e sociais, podendo ser, para muitos indivíduos, o início da trajetória que

conduz à dependência do álcool.

43

Page 44: Monografia Completa Zandra

GRÁFICO 2 – IDADE DA PRIMEIRA EXPERIÊNCIA COM ÁLCOOL

FONTE: DADOS DA PESQUISA

Os alunos foram questionados com respeito à idade da primeira utilização do

álcool, neste sentido 8% disseram que ocorreu antes dos 12 anos, 40% afirmaram

que ocorreu entre 12 e 13 anos, 12% disseram que aconteceu depois dos 13 anos e

40% disseram que nunca beberam, como se pode observar no gráfico acima, neste

sentido aborda-se Meloni e Laranjeira (2004) ao qual afirmam que no Brasil, a média

de idade para o primeiro uso de álcool é 12,5 anos.

GRÁFICO 3 – O ÁLCOOL E OS ACIDENTES DE TRÂNSITO

FONTE: DADOS DA PESQUISA

44

Page 45: Monografia Completa Zandra

Foi perguntado aos alunos se eles achavam que o álcool pode causar

acidentes de trânsito, nesta questão 98% disseram que sim e 2% disseram que não,

como observado no gráfico abaixo, e indo de encontro a Lepre (2010) que aborda

ainda que outro fato bastante comum são os acidentes de trânsito, na maioria das

vezes envolvendo vítimas, com adolescentes que dirigem embriagados. O uso

abusivo de álcool faz o adolescente sentir-se, muitas vezes, onipotente, o que o leva

a adotar posturas de risco, como correr excessivamente, dar “cavalos de pau”,

derrapar com o carro, tirar “rachas”.

GRÁFICO 4 – OS PROBLEMAS QUE O ÁLCOOL PODE CAUSAR

FONTE: DADOS DA PESQUISA

Quando questionados sobre o conhecimento dos problemas que o álcool

pode causar os discentes responderam da seguinte maneira, assim como mostrado

acima no gráfico, 80% disseram que sim e 20% afirmam que não conhecem os

problemas que o álcool pode causar, porém estes dados podem se confrontados

com Zago (2002) que argumenta que pelo álcool estar tão próximo, tão acessível,

deixa a impressão de que é semelhante a um animal doméstico que não causa mal

algum. O álcool está inserido na cultura, presente nos lazeres e encontros

adolescentes, presente dentro das casas, presente tanto na vida profana como no

ritual religioso. Desse modo, consumir álcool pode parecer normal para o

adolescente, sem muita censura ou orientação por parte dos pais. Conforme estudo

45

Page 46: Monografia Completa Zandra

apresentado pela UNESCO, "estudantes começam a beber por curiosidade, pelo

desejo de inserção social, para esquecer problemas e para ‘ter coragem’ nas

‘paqueras’”. E ????? que aborda que é fundamental que todos os adolescentes

tenham uma visão crítica sobre os danos que o álcool pode provocar no corpo físico

e que a dependência e abuso podem causar danos irreversíveis nas suas vidas e a

partir daqui tem de, tomar as suas decisões e responsabilizar-se pelas suas opções.

É urgente ter uma verdadeira consciência do que é o alcoolismo, a prevenção das

tendências de uso, abuso e dependências do álcool como forma de prevenção do

alcoolismo na adolescência.

GRÁFICO 5 – RELAÇÃO FAMILIA E ALCOOLISMO

FONTE: DADOS DA PESQUISA

A próxima questão foi relacionada ao conhecimento da família sobre o uso do

álcool pelos estudantes, neste sentido 40% disseram que sim, os pais sabiam que

seus filhos já tinham usado bebidas alcóolicas, 20% disseram que não, seus pais

não sabiam que eles tinham utilizado bebidas alcóolicas e 40% afirmaram que nunca

usaram bebidas alcóolicas. Neste sentido aborda-se Lepre (2011) que afirma que ao

contrário das drogas ilícitas, o primeiro contato que a maioria dos adolescentes tem

com o álcool é dentro de casa, sob o olhar complacente da família, que aceita e

46

Page 47: Monografia Completa Zandra

tolera esse tipo de substância, passando a imagem de que o álcool, quando

“devidamente” utilizado, tem boas funções, como promover o encontro social ou o

relaxamento após um dia estafante. O problema é que esse uso nem sempre é

devido e o exemplo exibido não é o da taça de champanha para brindar o ano novo

ou o de um copo de chope no final de semana. E ????? que explicam que Além

disso, tanto as famílias quanto a sociedade aceitam com certa naturalidade um

adolescente consumir alcoólicos. Alguma censura pode ocorrer em caso de algum

abuso por parte desse adolescente, contudo, d

e forma Geral, o uso de bebida alcoólica por jovens é comum e tolerada na vida

familiar, em momentos de comemorações, na convivência grupal, etc.

GRÁFICO 6 – CAUSAS PARA A UTILIZAÇÃO DO ÁLCOOL

47

Page 48: Monografia Completa Zandra

FONTE: DADOS DA PESQUISA

A próxima questão a ser respondida pelos entrevistados, que afirmaram já ter

bebido álcool, diz respeito ao porquê de terem experimentado o álcool, nesta

questão 20% disseram que utilizaram por curiosidade, 30% disseram que foi por

problemas emocionais, 40%afirmaram ter bebido por pressão dos amigos e 10%

citaram a facilidade de acesso como causa da primeira utilização. Neste quesito

Fishman (1988) e Vieira et. al. (2007), citam como possíveis causas da primeira

utilização do álcool pelos adolescentes: Contexto familiar e social, curiosidade e

experimentação, pressão dos amigos, busca pelo prazer, problemas emocionais,

facilidade de acesso.

GRÁFICO 7 – O ÁLCOOL E A ESCOLA

48

Page 49: Monografia Completa Zandra

FONTE: DADOS DA PESQUISA

A última questão a ser respondida pelos discentes foi a seguinte: O uso do

álcool interfere no desempenho escolar? Nesta questão 90% disseram que sim e

10% afirmaram que não. Neste sentido aborda-se ???? que afirma que os riscos e

as consequências do uso abusivo de álcool na escola relacionam-se à queda

acentuada no desempenho escolar. Adolescentes que bebem demais se ausentam

com maior frequência das aulas perdendo a totalidade do processo pedagógico.

Aqueles que conseguem frequentar as aulas apresentam sonolência, lentidão e

dificuldade para entender o que o professor diz. Algumas pesquisas, ainda não

confirmadas, mas dignas de atenção, apontam para danos cerebrais (no hipocampo)

causados pelo uso abusivo de álcool envolvendo o aprendizado e a memória.

Com os dados obtidos ficou evidente que há uma massiva utilização de

bebidas alcóolicas pelos discentes pesquisados, (60%) e que apesar de não constar

no questionário 50% é do sexo feminino e 10% do sexo masculino, e que estes

começam a utilizá-lo entre os 12 e 13 anos (40%), ao que se pode inferir um

princípio de problematização social, pois crianças com tão pouca idade, não tem

maturidade ou mesmo capacidade física para suportar os efeitos devastadores do

álcool no corpo.

Uma ambiguidade relacionada à pesquisa é o conhecimento dos problemas

causados pelo álcool por parte dos adolescentes (80%), dos problemas do álcool no

trânsito (98%) e mesmo assim fazem uso da bebida alcoólica.

49

Page 50: Monografia Completa Zandra

Outro dado importante observado na pesquisa foi o fato de que 40% dos pais

estão cientes que seus filhos já beberam algum tipo de bebida alcoólica e que a

pressão dos amigos (40%), problemas emocionais (30%), curiosidade (20) e

facilidade de acesso (10) são as maiores causas dentre o público pesquisado para a

primeira utilização do álcool pelos estudantes. Neste sentido observou-se que a

utilização do álcool é um problema social fortemente alicerçado na conivência dos

pais e da sociedade em geral, haja vista que o fato de ser uma droga lícita bastante

difundida nos meios sociais e ser considerada um meio de interação faz do álcool

um problema de difícil solução. Ao fato dos amigos serem os maiores incentivadores

para o aumento deste número de usuários infere-se que a necessidade de se criar

elos com determinados grupos sociais é ainda um forte determinante social para uso

de drogas lícitas como o álcool.

É evidente que o álcool não traz qualquer benefício para um estudante, pois

qualquer que seja o motivo para se utilizá-lo é evidente que as consequências serão

bem piores do que os resultados que se deseja.

A conscientização por parte da escola, centros de saúde e principalmente dos

pais é fundamental para se solucionar este terrível problema, pois principalmente

nas festas e comemorações não há qualquer fiscalização na utilização de bebidas

por adolescentes da mais tenra idade, mesmo sendo proibido por lei a

comercialização de bebidas alcoólicas por menores de 18 anos.

50

Page 51: Monografia Completa Zandra

5 - CONSIDERAÇÕES FINAIS

Um dos fatores mais preocupantes quanto ao alcoolismo por parte de jovens

estudantes do Ensino Fundamental e Médio é o fato de grande parte da sociedade e

principalmente da família não considerar este fator um problema e o que é ainda

pior, muitas vezes o próprio pai ou mãe são incentivadores deste consumo, fator que

dificulta bastante a solução deste grande mal social.

Encontrar benefícios no uso prolongado e massivo do álcool é algo

extremamente errôneo, pois já se comprovou cientificamente os grandes males da

bebida alcoólica e que esta obrigatoriamente encaminha o usuário para diversos

tipos de doenças e para uma morte prematura.

Buscar soluções para este problema é extremamente importante, mas para

que isso aconteça é necessário inicialmente um trabalho de conscientização dos

pais, demais familiares e sociedade, haja vista que para se chegar a esta solução é

necessário a participação de todos e o fim de antigos hábitos como oferecer bebida

para os adolescentes, deixar de fazer uso em datas comemorativas e ainda deve-se

denunciar comerciantes que vendem bebidas para menores, além é claro de uma

conversa franca com os adolescentes sobre os riscos do alcoolismo.

51

Page 52: Monografia Completa Zandra

6 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA, José Robério de Souza. Álcool e adolescentes: Fatores de risco e

consequências desta relação. 2008. Disponível em

<http://www.webartigos.com/a> Acesso em 25/06/2011.

BLACKSON, T. C. e TARTER, R. E. Individual, family and peer affiliation factors

predisposing to early-age onset of alcohol and drug use. Alcoholism: Clin. Exper.

Research, 1994.

BRASIL - GOVERNO FEDERAL. Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

São Paulo: IMESP, 1990.

CATOZZI, Adriano. Alcoolismo na juventude. 2010. Disponível em

<http://revistavivasaude.uol.com.br/> Acesso em 25/06/2011.

ERIKSON, E. H. Identidade, juventude e crise. Rio de Janeiro: Zahar, 1972.

FERREIRA, M.P. & LARANJEIRA, R.R. Dependência de substâncias psicoativas.

Em L. ITO editor. Terapia Cognitivo Comportamental Porto Alegre: Artes Médicas,

1998.

FIERRO, A. Relações sociais na adolescência. Em C. COLL, J. PALACIOS &

MARCHESI editores. Desenvolvimento Psicológico e Educação, I (pp. 299-305).

Porto Alegre: Artes Médicas, 1995.

FISHMAN, Ross. Alcoolismo. Coleção tudo sobre Drogas. São Paulo: Nova

Cultural, 1988.

FREUDENRICH, Craig. Como funciona o álcool. 2008. Disponível em

<http://saude.hsw.uol.com.br/alcool5.htm> Acesso em 01/07/2011.

52

Page 53: Monografia Completa Zandra

GALDURÓZ, J.C.F., NOTO, A.R., NAPPO, S.A. & CARLINI, E.A. I Levantamento

Domiciliar Nacional Sobre o Uso de Drogas Psicotrópicas. Parte A: Estudo

envolvendo as 24 Maiores Cidades do Estado de São Paulo - 1999. São Paulo:

CEBRID - Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas : UNIFESP -

Universidade Federal de São Paulo, 2000.

GALDUROZ, J.C.F.; NOTO, A.R.; FONSECA, A.M.; CARLINI, E.A.. V levantamento

nacional sobre o consumo de drogas psicotrópicas entre estudantes do ensino

fundamental e médio da rede pública de ensino nas 27 capitais brasileiras.

Centro Brasileiro de informações sobre Drogas psicotrópicas, 2004. Disponível em:

http://www.scielo.br/scielo. php?. Acesso em: 20/06/2011.

HERCULANO-HOUZEL, S. O cérebro nosso de cada dia: descobertas da

neurociência sobre a vida cotidiana. 2. Ed. Rio de Janeiro: Vieira & Lent, 2002.

KALINA, E. & GRYNBERG, H. Aos Pais de Adolescentes. Rio de Janeiro:

Francisco Alves, 1985.

KALINA, E. & KOVADLOFF, S. Drogadicção: Indivíduo, Família e Sociedade. Rio

de Janeiro: Francisco Alves, 1976.

KAMINER Y , SZOBOT C. O tratamento de adolescentes com transtornos por

uso de substâncias psicoativas. In: Pinsky I , Bessa MA, organizadores.

Adolescência e drogas. São Paulo: Contexto; 2004.

KAMINER Y. Adolescent Substance Abuse Treatment: Where do we go from

here?. Psychiatric Services. 2001.

LARANJEIRA, R. & PINSKY, I. Alcoolismo. São Paulo: Contexto, 1997.

LEPRE, Rita Melissa. Adolescência e uso abusivo do álcool. 2005. Disponível em

<http://www.psicopedagogia.com.br> Acesso em 15/06/2011.

53

Page 54: Monografia Completa Zandra

LEWONTIN, R. A Tripla Hélice: Gene, Organismo e Ambiente. São Paulo:

Companhia das Letras, 2002.

MARQUES, A.C.P.R. & RIBEIRO, M. Abuso e dependência de álcool. Em R.

LARANJEIRA, coordenador, et al. Usuários de Substâncias Psicoativas: Abordagem,

Diagnóstico e Tratamento (pp. 29-47). São Paulo: Conselho Regional de

Medicina/Associação Médica Brasileira, 2002.

MELONI, J.N.; LARANJEIRA R.. Custo social e de saúde do consumo do álcool.

Revista Brasileira de Psiquiatria, 2004. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.

php?. Acesso em: 25/06/2011.

NOSSA, L. Estudo mostra uso de drogas por estudantes. O Estado de S. Paulo.

São Paulo, 12 de novembro de 2002.

OSÓRIO, L. C. Adolescente hoje. Porto Alegre: Artes Médicas, 1989.

PINSKY I, Silva EA, MARQUES, AC, FORMIGONI ML. Abandono de tratamento

por dependentes de álcool e drogas: um estudo qualitativo do motivo. Revista

ABP-APAL. 1995.

REIS. Gisselli Veloso dos. O consumo de bebida alcoólica entre alunos do

ensino fundamental e médio. UNIPAR, Paranavaí/PR, 2008.

SCHUCKIT, M.A. Transtornos relacionados ao álcool. Em I.H. KAPLAN & B.S.

SADOCK e cols. Tratado de Psiquiatria Compreensiva (pp. 838-855). Porto Alegre:

Artmed, 1999.

SOLDERA, Meire; DALGALARRONDO, Paulo; FILHO, Heleno Rodrigues Corrêa;

SILVA, Cleide Aparecida M. Uso pesado de álcool por estudantes dos ensinos

fundamental e médio das escolas centrais e periféricas de Campinas (SP):

Prevalência de fatores associados. Revista Brasileira de Psiquiatria, Campinas

(SP), 2004.

54

Page 55: Monografia Completa Zandra

TIBA, Içami. Anjos caídos: como prevenir e eliminar as drogas na vida do

adolescente. 10. Ed. São Paulo: Gente, 1999.

VIEIRA, Denise Leite; RIBEIRO, Marcelo; ROMANO, Marcos; LARANJEIRA,

Ronaldo R.  Álcool e adolescentes: estudo para implementar políticas

municipais. Revista Saúde Pública, 2007. Disponível em:

http://www.scielo.br/scielo. php?. Acesso em: 15/06/2011.

ZAGO, José Antônio. Álcool e Adolescência. 2007. Disponível em

<http://www.psicologia.org.br/> Acesso em 22/06/2011.

55

Page 56: Monografia Completa Zandra

7. APÊNDICE

QUESTIONÁRIO DA PESQUISA DE CAMPO AOS ALUNOS DOS ANOS FINAIS

DO ENSINO FUNDAMENTAL E ENSINO MÉDIO DA ESCOLA ESTADUAL

PREFEITO ODÍLIO FERNANDES COSTA

Sexo: ________________ Idade: ____________________

1. VOCÊ JÁ USOU ALGUM TIPO DE BEBIDA ALCOÓLICA?

a. ( ) Sim b. ( ) Não

2. CASO VOCÊ JÁ TENHA BEBIDO, COM QUANTOS ANOS ACONTECEU?

a. ( ) Antes dos 12

b. ( ) De 12 a 13

c. ( ) Depois dos 13

d. ( ) Nunca Bebi

3. VOCÊ ACREDITA QUE O ÁLCOOL PODE CAUSAR ACIDENTES DE

TRÂNSITO?

a. ( ) SIM

b. ( ) NÃO

4. VOCÊ CONHECE OS PROBLEMAS QUE O ÁLCOOL PODE CAUSAR?

a. ( ) SIM

b. ( ) NÃO

5. SUA FAMÍLIA SABE QUE VOCÊ JÁ BEBEU?

a. ( ) SIM

b. ( ) NÃO

c. ( ) NUNCA BEBI

6. CASO JÁ TENHA BEBIDO POR QUAL MOTIVO VOCÊ BEBEU

a) ( ) CURIOSIDADE

b) ( ) PROBLEMAS EMOCIONAIS

c) ( ) PRESSÃO DOS AMIGOS

d) ( ) FACILIDADE DE ACESSO

7. O USO DO ÁLCOOL INTERFERE NO DESEMPENHO ESCOLAR?

a) ( ) SIM

b) ( ) NÃO

56