Monografia de ademir gomes
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1
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
ESCOLA DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTOS
Trabalho de Conclusão do Curso
(Monografia)
A Educação Física e Educação de Jovens e Adultos: um relato de experiência
Ademir Gomes da Silva Junior
DRE: 110065126
Orientadora: Profa. Dra. Angela Brêtas Gomes dos Santos
Rio de Janeiro, 2013
2
Ademir Gomes da Silva Junior
A Educação Física e Educação de Jovens e Adultos: um relato de experiência
Trabalho de Conclusão do Curso Apresentado
como Requisito Parcial à Obtenção do Grau de
Bacharelado em Educação Física
Escola de Educação Física e Desportos
Centro de Ciências da Saúde
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Orientadora: Profa. Dra. Angela Brêtas Gomes dos Santos
Rio de janeiro, 2013
3
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
ESCOLA DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTOS
O Trabalho de Conclusão do Curso:
A Educação Física e Educação de Jovens e Adultos: um relato de experiência.
elaborado por:
Ademir Gomes da Silva Junior
e aprovado pelo professor responsável pelo R.C.C., professor orientador e professor convidado foi aceito pela Escola de Educação Física e Desportos como requisito parcial à obtenção do grau de:
BACHARELADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA
PROFESSORES:
Orientador(a): Profa. Dra. Angela Brêtas Gomes dos Santos
Convidado(a): Prof. Me. Marco Aurélio da Gama e Silva
Responsável pelo R.C.C.: Prof. Dr. Marcelo de Paula Melo
Data:
4
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus pelo dom da vida e por tudo que tem
proporcionado, pois o que seria de mim sem a fé que tenho nele.
Aos meus pais, irmãos e a toda minha família que, com muito carinho e apoio,
não mediram esforços para que eu chegasse até esta etapa de minha vida.
A professora Angela Brêtas Gomes dos Santos, pela paciência na orientação e incentivo que tornaram possível a conclusão desta monografia.
Por fim agradeço a todos os professores do curso, que foram tão importantes na minha vida acadêmica e no desenvolvimento desta monografia.
5
RESUMO
Título:
A Educação Física e Educação de Jovens e Adultos: um relato de experiência.
Autoria:
Ademir Gomes da Silva Junior
Orientadora:
Profa. Dra. Angela Brêtas Gomes dos Santos
O trabalho da Educação Física na Educação de Jovens e Adultos (EJA) apresenta uma gama
de relações complexas, nas quais dificuldades se impõem como desafios que ameaçam
comprometer o progresso desta ação. Contudo, o sucesso desta interação tende a contribuir
de maneira significativa para o desenvolvimento dos alunos, logo, buscar meios de driblar as
dificuldades encontradas atualmente se caracteriza como uma necessidade urgente. Para
alcançar este objetivo, é imprescindível, no entanto, conhecer e refletir o processo que
compreende a ação da Educação Física nesta modalidade de ensino dotada de
peculiaridades. Sendo assim, certo da importância da construção de uma análise acerca do
trabalho desenvolvido, o presente estudo adota esta questão como tema central do discurso.
De modo a orientar melhor esta reflexão, a explanação apresenta a EJA em um contexto
geral e se detém mais especificamente no exame da parceria da Faculdade de Educação de
Física com o Programa Integrado da UFRJ para Educação de Jovens e Adultos.
Palavras-chave:
Educação Física Educação de Jovens e
Adultos
Extensão da Universitária
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Sumário
Introdução...................................................................................................................7
Capítulo 1. A Educação de Jovens e Adultos..........................................................11
Capítulo 2. O Programa de Extensão Universitária e o Programa Integrado da UFRJ para a Educação de Jovens e Adultos .........................................................16
Capítulo 3. A relação que foi estabelecida ao longo de minha experiência entre a Educação Física e a EJA..........................................................................................21
Capítulo 3.1 A produção acadêmica resultante da participação no Programa 26
Considerações Finais................................................................................................31
Referências...............................................................................................................34
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A Educação Física e Educação de Jovens e Adultos: um relato de experiência
Introdução
O presente trabalho é um relato de experiência pessoal que tive durante a minha
graduação participando, como bolsista de extensão, do Programa Integrado da UFRJ de
Educação de Jovens e Adultos. Neste Programa, atuo nas turmas de alfabetização de
adultos com a Educação Física, duas vezes por semana. As aulas são elaboradas e
baseadas na Ginástica Laboral, com técnicas de alongamento, flexibilidade, exercícios
de equilíbrio e de agilidade, dentre outros.
Este relato de experiência terá como suporte metodológico uma revisão de
literatura acerca da EJA, sua contextualização e as políticas voltadas para esse público.
Além disso, apresento uma possibilidade de compreensão acerca da situação do ensino
noturno em relação à Educação Física no ambiente escolar, analisando e apontando
algumas alternativas de trabalho, tais como a Ginástica Laboral e aulas expositivas
tematizadas por interesses cotidianos dos alunos como, por exemplo: hipertensão,
diabetes, osteoporose, exercício para idosos, e benefícios para quem pratica atividades
físicas regularmente. Também é objeto de estudo a contribuição do Programa de
Extensão Universitária (PROEXT).
O Programa Integrado da UFRJ de Educação de Jovens e Adultos foi criado em
2003 devido ao grande número de jovens e adultos analfabetos que havia no bairro
Maré. Tal resultado foi obtido através da pesquisa realizada, no ano de 2000, pelo
Censo Maré. A partir destes dados um grupo de moradores procurou a Universidade
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Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) solicitando uma intervenção que solucionasse o
problema.
Deste modo, a partir de 2004, o Programa iniciou suas atividades na Maré e
adjacências com a finalidade de diminuir o alto índice de analfabetos. As aulas
acontecem em salões de igrejas, ONGs, e associações de moradores que cedem os
espaços para sua realização.
O público de alunos da EJA é bastante heterogêneo. Encontramos pessoas com
diferentes idades, sexo, religião, etnias, e é papel do professor respeitá-los e promover a
interação entre eles. É necessário promover o respeito mútuo e a cooperação, para que a
harmonia favoreça uma melhor aprendizagem. Essa diversidade pode ser observada no
relato de Almeida (2011), que afirma que as turmas de EJA são:
“diversificados: uma mesma classe recebe desde adolescentes até idosos. Esses educandos têm níveis de ensino diferentes e são trabalhadores, desempregados, donas-de-casa, portadores de necessidades especiais, de origem rural e urbana, de etnias diferentes, entre outras, que buscam diferentes objetivos: realização pessoal, aumento da autoestima, afirmação e promoção profissional, continuidade nos estudos até chegar ao Ensino Superior, aquisição de leitura da Bíblia, participação político social em seu meio, etc.” (Almeida; Neuma, 2011, p.28)
Tal diversidade pode se constituir em um problema para muitos, mas na realidade, é
uma experiência riquíssima que vale a pena relatar. Por conta disso, o objetivo deste trabalho é
relatar minha experiência pessoal como bolsista de extensão em um programa de
extensão que dialoga com as políticas governamentais de Educação de Jovens e Adultos
(EJA) e que tem a Educação Física como elemento constituinte.
Este trabalho se justifica na medida em que também pode ser considerado como
uma proposta de intervenção da Educação Física na EJA. Minha opinião é de que a
Educação Física tem condições de oferecer conhecimentos e vivências necessárias para
formação de um cidadão melhor, mais integrado e consciente de seu papel na sociedade.
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Neste sentido, o professor, deverá estar preocupado em transmitir conhecimentos e em
conscientizar os alunos acerca dos benefícios da prática de exercícios físicos,
respeitando a individualidade de cada um.
Muito tem se discutido acerca da importância de uma prática sistemática de
exercícios físicos, que pode proporcionar para seus praticantes uma série de benefícios,
tanto psicológicos, afetivos e emocionais quanto fisiológicos.
De acordo com Ferreira (2008) os benefícios estão em todos os níveis,
principalmente, na melhoria da autoestima e no convívio social, permitindo uma
adaptação melhor do indivíduo na sociedade.
Mudar envolve uma série de conceitos, entre eles a adução de práticas que
concretizem o desejo de transformação. Isto é, para que a mudança aconteça, as pessoas
precisam estar em plena convicção que querem realmente mudar e deixar os antigos
hábitos para trás. As grandes vitórias na vida começam com as pequenas mudanças,
uma pessoa sedentária precisa dar o primeiro passo para deixar o sedentarismo, e depois
partir para uma mudança mais completa. Pequenas mudanças podem levar ao recomeço
e a um novo estilo de vida.
“As aulas de Educação Física devem discutir as mudanças no comportamento corporal decorrentes do avanço tecnológico e analisar seu impacto na vida do cidadão.” (Proposta Curricular – 2° Segmento - MEC, s/d p. 194)
Mudar é uma alteração de um momento da vida, uma situação que o tempo não
deixou permanecer. A mudança será um modelo do futuro e pode acontecer por razões
inesperadas ou planejadas.
Pensando nisso busco mostrar como a mudança pode acontecer a fim de
contribuir para um novo trabalho para EJA. Neste sentido, apresento como se
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desenvolve minha atuação com a Educação Física nas 14 turmas de EJA. Atuo, no
Bairro da Maré, duas vezes por semana, entre 19h e 21h.
Este trabalho está organizado da seguinte maneira: no capítulo 1, abordo a
Educação de Jovens e Adultos. No capítulo 2, discuto Extensão Universitária e o papel
do Programa de Extensão Universitária (PROEXT), do Governo Federal; e, no capítulo
3, apresento a relação que foi estabelecida ao longo de minha experiência entre a
Educação Física e a EJA.
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Capítulo 1
A Educação de Jovens e Adultos
“O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de: I- Ensino fundamental obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não tiveram acesso na idade própria“ (Constituição da Republica Federativa do Brasil 1988, 2013, art. 208, par. I, p.35)
A Educação de Jovens e Adultos (EJA) normalmente é destinada a pessoas que
não tiveram tempo para concluir seus estudos na idade certa, denominada distorção
idade-série. São indivíduos que precisavam trabalhar para ajudar no sustento de casa e
só depois de alguns anos fora da escola e que voltam estudar, porém sua idade já não é
mesma.
Segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB - Lei nº
9394/1996, art.37) “A educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não
tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e médio na idade
adequada”. (p.15)
O direito à alfabetização integral e gratuita é garantido pela Constituição
Federal, e a LDB deixa claro que a EJA será destinada as pessoas que não tiveram a
possibilidades de serem letradas no tempo ideal, entretanto as ações governamentais são
insuficientes para atender a demanda desse ensino. Deste modo, é necessária a
implementação de ações que cause mais impacto diante desse problema.
Esse problema pode ser visto e analisado de acordo com os dados da Pesquisa
Nacional por Amostra de Domicílios realizada pelo IBGE, em 2012, na qual se percebe que
a taxa de pessoas analfabetas passou de 8,6% para 8,7%.
Segundo a Proposta Curricular (2001) as turmas de EJA são:
“heterogêneas e é provável que esse processo faça emergir conflitos entre diferentes modos de ser. A diversidade de características dos educandos, que muitas vezes é vista como um obstáculo ao processo de ensino-
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aprendizagem, deve ser encarada como uma oportunidade para que o educador enfrente com o grupo os preconceitos e discriminações sociais” (Educação de Jovens e Adultos – Proposta Curricular – 1° Segmento, 2001, p.174)
Diante dessa heterogeneidade o papel do professor é fundamental para manter a
cooperação entre os alunos, promovendo uma maior interação entre eles. Nas turmas do
Programa o papel do professor também é de extrema importância, pois deve analisar quando
um aluno já está apto para ir para uma turma regular. Transição que pode ser traumática para
o aluno já que ele pode se chocar com o tratamento que tinha e de agora em diante, irá se
modificar.
Antes, na sala de aula, o número de alunos variava de sete a catorze, e agora na
escola pública o número aumentou para algo em torno de quarenta a sessenta alunos por
sala. Se anteriormente o professor podia dar uma atenção mais individualizada para cada
um, isto agora não é mais possível. Tal fato pode causar desânimo e até evasão..
No Programa da UFRJ os alunos, por estarem no nível mais avançado, ou seja,
no término do curso e no final do ano, são encaminhados para turmas de escolas
públicas de ensino regular. Alguns não se adaptam a nova maneira que somada a outros
motivos os levam a parar de estudar. Outros pedem para retornar para as turmas de EJA.
É fundamental o cidadão saber que é dever do Estado disponibilizar a educação
regular para atender a educação de jovens e adultos. Posso dizer que conhecer o
processo de desenvolvimento de EJA no Brasil, levará à compreensão acerca de qual é a
ideia dessa modalidade educacional.
Segundo a Diretrizes Curriculares de Educação de Jovens e Adultos de Curitiba
(2006) a EJA começou a partir:
“de 1925 surgiu o ensino noturno para jovens e adultos, com o intuito de atender aos interesses da classe dominante que, por volta da década de 30 iniciava um movimento contra o analfabetismo, mobilizando por organismos sociais e civis cujo objetivo também era o de aumenta o contingente eleitoral” (Diretrizes Curriculares da Educação de Jovens e Adultos – Curitiba, 2006, p.17)
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Nesse período o país passava por grandes transformações associadas aos
processos políticos e industriais. Na época a população vinha da área rural para as
cidades, porém não eram pessoas letradas. Isso fez com que o Governo Federal
ampliasse a educação por todo território nacional, desde que os estados e municípios
ficassem responsáveis por ela
Entretanto, só depois de alguns anos foi que o Governo Federal resolveu
reconhecer que o analfabetismo era um problema social para todo país, pois atrapalhava
a economia. Pessoas que não sabiam ler e escrever não conseguiam emprego, visto que
precisavam mexer nas máquinas, e para isso, tinham que ler os manuais de operações.
O Governo queria erradicar esse problema e criou muitas escolas supletivas em
um curto período de tempo, mobilizando esforços de diversas áreas e esferas dos órgãos
públicos, privados e voluntários.
Com esta ajuda para erradicar o analfabetismo criou o projeto de educação de
adulto (Campanha de Educação de Adultos). Esse projeto tinha a ideia de que no
desfavorável momento econômico do país o analfabetismo era a causa do problema.
Não havia uma análise mais ampla que procurasse compreender o problema em suas
causas sociais e culturais.
O método de ensino do Programa criado pelo governo consistia na decoração de
silabas das palavras, com a decoração o aluno deveria remontar, depois de memorizar a
silaba, formando novos padrões de palavras. O método e a ideia do projeto foram muito
criticados por causa da deficiência administrativa e financeira. As fortes criticas feitas
ao Programa fizeram com que fossem repensadas as metodologias adotadas,e que
procurassem uma nova visão para a solução da questão.
Intelectuais, estudantes e católicos pressionaram o Governo para adotar uma
metodologia que estava sendo utilizada por vários Programas de Alfabetização no país e
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que fora criada pelo Professor Paulo Freire. Este método era baseado em um novo
entendimento da relação entre a problemática educacional e a social. (Educação de
Jovens e Adultos – Proposta Curricular – 1° Segmento, 2001)
Em sua concepção o analfabeto não era mais a causa da pobreza e da
marginalização. A desigualdade social e financeira, isto é, a pobreza, causava a
marginalização e o analfabetismo. Em seu entendimento, todos são pessoas produtivas e
que possuem cultura. Esta assertiva configurava uma critica ao método antigo, que
compreendia o educando como mero cofre. Os alunos eram levados a decorar as
palavras sem explicar qual era seu significado. Para Paulo Freire devemos pensar que o
alfabetizando é um ser completo e não deixar de lado seu conhecimento de vida.
Segundo este método, para conseguimos alfabetizar os alunos, em primeiro lugar
deve-se conhecer a sua realidade e só depois escolher as palavras a serem trabalhadas,
porém estas devem ser referidas à realidade do aluno.
Todavia, esse método, que é utilizado até hoje por tantos programas de
alfabetização, não conseguiu resistir muito tempo. Com a Ditadura Militar (1964) o
Governo resolveu assumir esse papel criando o Mobral (Movimento Brasileiro de
Alfabetização).
Esse novo projeto se expandiu por todo território nacional com muita rapidez,
pois contou com uma verba federal destinada para a educação de adultos que era a
maior de que todos os outros já realizados. A proposta desse programa desconsiderava
a migração rural existente naquele momento, pois o país vivia uma reforma industrial e
necessitava de mão de obra. Entretanto, esta massa de migrantes era, em sua maioria,
analfabeta.
Este método de ensino apresentava semelhanças com o do professor Paulo
Freire, porém não procurava desenvolver uma experiência com um sentido critico ou
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problematizador. A proposta de letramento partia de palavras que compunham a
vivência do aluno, mas sem trabalhar seu significado na vida do educando. Esta pode ter
sido uma das causas que resultaram no fato de que durante os 15 anos de vigência e dos
40 milhões de pessoas que frequentavam aquele movimento, apenas 10% foram
alfabetizadas, ou seja, somente 4 milhões de alfabetizados. (Diretrizes Curriculares da
Educação de Jovens e Adultos – Curitiba, 2006)
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Capítulo 2
O Programa de Extensão Universitária e o Programa Integrado da UFRJ para a Educação de Jovens e Adultos
“A Extensão é considerada como a atividade acadêmica que articula o Ensino e a Pesquisa e viabiliza a relação entre universidade e sociedade.”(Instituto o Plano Nacional de Extensão Universitária, 2011. P.1)
Atividade de extensão é uma dimensão que ultrapassa os muros da universidade
ao buscar estabelecer diálogos entre a Academia e uma camada da sociedade muitas
vezes esquecida. A extensão é parte dos trabalhos que as Universidades Públicas
precisam realizar para contribuir com o atendimento das necessidades da população e
cumprir com seu papel de produtora de conhecimentos. Buscando esse diálogo o
Governo Federal criou, em 2003, o Programa de Extensão Universitária (PROEXT).
O PROEXT é um edital que abrange programas de extensão universitária, na
mais variadas áreas de atuação, com ênfase na inclusão social, visando aprofundar ações
políticas. (Programa de Extensão Universitária – PROEXT- Edital N°6; 2009).
Com esse apoio as universidades podem desenvolver um maior número de
programas e projetos de extensão para contribuir com a implementação de políticas
públicas e com a melhoria da qualidade de ensino. Uma vez que a ida do aluno de
graduação para as comunidades faz com enxergue a realidade social daquele ambiente e
possa desenvolver uma consciência critica a fim de realizar uma troca de saberes.
Todas as Universidades Públicas têm direito de inscrever seus Programas e
Projetos para obter a verba, mas os trabalhos desenvolvidos devem ser principalmente
nas comunidades ao redor, visando a interação entre a universidade e a comunidade.
Esta relação permite uma forma comum de diálogo, isto é, uma participação em
conjunto.
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A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), sob a responsabilidade da
Pró–Reitoria de Extensão (PR5), iniciou em 2004, o Programa de Integrado da UFRJ
para Educação de Jovens e Adultos já com o apoio do PPROEXT 2003.
Sendo assim, e atendendo à reivindicação da comunidade vizinha à UFRJ, o
Programa de EJA é desenvolvido pela PR5 juntamente com a Faculdade de Educação, a
Faculdade de Letras, a Escola de Serviço Social e o Instituto de Matemática.
Inicialmente, a atuação do Programa restringia-se a alfabetização de jovens e
adultos em espaços populares mediada por bolsistas previamente selecionados em um
curso de extensão para a formação de alfabetizadores. Contudo, no decorrer da última
década, de modo a melhorar o trabalho desenvolvido, suas ações foram expandidas com
o acréscimo de mais quatro núcleos/projeto, que serão tratados mais adiante e que são:
Novos Experimentos no campo da Cultura; Núcleo de Pesquisa e Extensão em
Educação de Jovens e Adultos (NUPEEJA); Projeto de Incentivo à Cultura (Biblioteca
Itinerante), e o Projeto de Educação Física e Saúde. Deste modo, passam a atuar cinco
unidades diferentes da UFRJ – Faculdade de Educação, Escola de Serviço Social,
Faculdade de Letras, Instituto de Matemática e Escola de Educação Física e Desportos.
Coerente com a sua missão acadêmica científica, o Programa prioriza ainda a
produção de trabalhos direcionados para a construção de material didático e
metodologias próprias para o público jovem e adulto, a partir de pesquisa das ações de
extensão.
Atualmente, o Programa conta com aproxidamente 40 bolsistas, que atuam nas
14 turmas, trabalhando de forma multidisciplinar, a partir dos vários diálogos que
podem ser estabelecidos. As atividades acontecem nas comunidades do entorno da
Cidade Universitária, e as aulas são realizadas nos três turnos: manhã, tarde e noite, em
diferentes horários, de segunda a quinta–feira. Deste modo, são ao todo seis projetos no
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Programa cada um com sua metodologia, mas com o mesmo objetivo, que é o
letramento desses estudantes.
Para atuar no Programa o estudante de graduação da UFRJ deve frequentar o
Curso de Extensão para Formação de Alfabetizadores que tem carga horária de 60h e
que reserva 30% de suas vagas para o público externo, mas os alfabetizadores -bolsistas
são escolhidos apenas entre os estudantes da Universidade. O Curso é ministrado pelos
docentes das cinco Unidades Acadêmicas envolvidas no Programa e busca relacionar as
áreas à prática do processo de alfabetização de jovens e adultos. Neste sentido são
ministradas disciplinas, História da Maré, Matemática, Educação Física, História da
EJA e as experiências baseadas no método Paulo Freire, dentre outras.
Depois da avaliação final do Curso de Formação de Alfabetizadores, os alunos
escolhidos para integrarem o Programa, irão compor o Curso de Formação Continuada
de Alfabetizadores, com duração de oitenta horas anuais. A carga horária é distribuída
nos encontros que acontecem todas as sextas-feiras das 14h às 16h. Estes momentos são
propícios para as trocas de experiências entre os alfabetizadores, e para o
aprimoramento das intervenções já que professores das cinco Unidades Acadêmicas
envolvidos no Programa são convidados para dar aulas.
Com relação aos projetos desenvolvidos por estas Unidades Acadêmicas cabem
alguns detalhamentos. Do Projeto Novos Experimentos no Campo da Cultura
participam alunos de todas as Unidades Acadêmicas da UFRJ. Este projeto tem um
duplo objetivo: a) valorização da cultura local; b) ampliação do universo cultural dos
alfabetizandos.
Para alcançá-los são realizadas oficinas nas próprias comunidades e visitas a
espaços, tais como: centro cultural, museu, teatro, cinema, eventos culturais e
científicos. Isso permite ao aluno obter maior conhecimento sobre sua vida, sua cidade e
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seu país. Ademais insere o aluno em diferentes espaços culturais, permitindo que
conheça mais sobre o Estado onde vive, bem como os bairros históricos de sua cidade,
possibilitando, assim, a construção de novos saberes.
Outro projeto é o Núcleo de Pesquisa e Extensão em Educação de Jovens e
Adultos (NUPEEJA). Este reúne agrega pesquisas realizadas pela equipe do Programa e
por alunos de graduação e pós-graduação, que têm as ações do Programa como objeto
de investigação. É composto por trabalhos de pesquisa realizados pelos professores e
alunos da UFRJ em forma de trabalhos de fim de curso, dissertações e/ou teses. Essas
pesquisas contribuem para melhorias no modelo pedagógico com reflexão, análise e
planejamento da prática.
O Projeto de Incentivo à Leitura tem como finalidade estimular e desenvolver o
hábito da leitura junto àqueles que não tenham acesso aos livros. Pretende-se ainda
despertar a visão crítica do alfabetizando em relação à leitura em uma perspectiva
totalizante, ultrapassando a mera leitura de palavras escritas, transformando a leitura em
um ato de prazer.
Através das atividades desenvolvidas, pode-se perceber a todo o momento o
quanto o incentivo à leitura, principalmente na EJA, é uma forma de contribuir para a
redução do índice de analfabetismo, de modo a proporcionar aos alfabetizandos sua
inserção no universo de leitores de forma ativa e crítica. O trabalho tem como objetivo
ampliar o conceito de leitura nas salas de alfabetização, promovendo a discussão crítica
sobre as diversas formas de leitura do mundo no mundo, envolvendo os alfabetizandos
em um processo dinâmico onde, como nos ensina Paulo Freire, “a leitura do mundo
precede a leitura da palavra”. (Educação de Jovens e Adultos – Proposta Curricular – 1°
Segmento, 2001; p.26 )
O Projeto de Educação Física e Saúde, do qual faço parte, tem como ênfase o
desenvolvimento dos laços corporais dos alfabetizandos e a interação interpessoal para,
assim, criar hábitos saudáveis. Entendo que os alunos do Programa são, em sua maioria,
idosos cujas vidas produtivas foram baseadas em trabalhos braçais, e que tiveram
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poucas oportunidades de vivenciar seus corpos de modo mais integrado e completo no
que tange aos conhecimentos sobre si.
O Projeto tem como meta não só o desenvolvimento da autonomia do
pensamento, mas também, da consciência crítica a partir da libertação e do
conhecimento do próprio corpo. Neste sentido trabalha a partir dos três seguintes eixos:
a) Ginástica Laboral; b) Prevenção de Quedas, c) Dança, Corporeidade e Expressão
Corporal. O interesse é levar para os estudantes a possibilidade de um melhor
entendimento corporal, através de uma atividade lúdica e prazerosa. Além disso, busca-
se incentivar a prática regular de uma atividade física fora do ambiente escolar,
exemplificando seus benefícios.
21
Capitulo 3
A relação que foi estabelecida ao longo de minha experiência entre a Educação Física e a EJA
“A Educação Física permite que se vivenciem diferentes práticas corporais advindas das mais diversas manifestações culturais e se enxergue como essa variada combinação de influências está presente na vida cotidiana” (Parâmetros Curriculares Nacionais – Educação Física – 1997, p.24)
Minha experiência como bolsista de extensão começa quando tive a felicidade
de participar do Programa Integrado da UFRJ para Educação de Jovens e Adultos. Após
ter feito o Curso de Formação de Alfabetizadores.
Após concluir o curso fui selecionado para trabalhar na área administrativa, setor
no qual tive a oportunidade de conhecer, a fundo, como é o interior um Projeto de
Extensão Universitária. As tarefas atribuídas ao Apoio, como também é conhecida essa
equipe, consistem em auxiliar o trabalho desenvolvido pelas demais áreas do Programa,
além de prestar atendimento ao público externo.
Dentre as atividades realizadas, destacam-se como sendo de grande importância
o controle de frequência nas classes, a substituição de alfabetizadores nos casos em que
estes necessitam se ausentar, a divulgação do Programa nas comunidades para a
formação de novas turmas, além do preenchimento de vagas ociosas nas já existentes.
Quanto ao controle de frequência, cabe também destacar a relevância da atuação do
setor para a manutenção do vínculo dos alunos às turmas, visto que aqueles que
apresentam grande número de faltas são contatados e motivados a retornarem às aulas.
A ação do Apoio junto à comunidade onde acontecem as aulas, no caso, o bairro
Maré, é imprescindível no tocante a verificação da situação de segurança, de modo a
evitar riscos à integridade dos envolvidos neste trabalho, auxiliando a Coordenação da
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Equipe no processo de suspensão, quando necessária, das atividades e agilizando a
comunicação da decisão de cancelamento, de modo a evitar deslocamentos para a sala
de aula.
Atuei no setor de Apoio até a entrada da Educação Física no Programa. O
interesse pela participação da Educação Física surgiu a partir de um problema que volta
e meia, surgia na sala de uma das alfabetizadoras. Esta professora, sabendo que eu era
de Educação Física solicitou minha ajuda e foi prontamente atendida. Auxiliei-a no que
foi preciso e a partir daí, verificou-se a importância da presença de um profissional de
saúde no Programa.
Ao tomar conhecimento dessa experiência a Coordenadora do Projeto me
chamou para conversar sobre a possibilidade da EF fazer parte do Programa. Minha
função foi convidar um professor da Escola de Educação Física e Desportos que tivesse
o perfil adequado e que aceitasse participar. A proposta ser apresentada e aceita pela a
professora Angela Brêtas.
A professora da EEFD, ao se reunir com a Coordenadora do Projeto, viu a
necessidade de pensar no aluno de EJA como um ser completo e não como uma mera
ferramenta de trabalho. Esta perspectiva se alinhava com a proposta do MEC que afirma
“a inclusão da Educação Física na Educação de Jovens e Adultos representa a
possibilidade para os alunos do contato com a cultura corporal de movimento.”
(Proposta Curricular – 2° Segmento - MEC, s/d, p.193). A ideia é possibilitar que
o aluno se conheça e reconheça, o que lhe dará chances de realizar
novos movimentos e novas aprendizagens que, de outro modo, talvez
não fossem possíveis. Nesta perspectiva, a participação da Educação
Física no Programa Integrado da UFRJ para a Alfabetização de Jovens
23
e Adultos seria estruturada em três grandes áreas: 1 - Dança,
Corporeidade e Expressão Corporal; 2 – Prevenção de quedas de adultos e
idosos, e 3 - Ginástica laboral.
A área de Dança, expressão corporal e corporeidade tiveram como objetivo levar
os alunos a ampliar seu conhecimento acerca do lugar ocupado pelo corpo no processo
de ensino e aprendizagem.
A proposta de trabalho com exercícios específicos para a Prevenção de Quedas
de adultos e idosos foi escolhida visando a prevenção de acidentes domésticos,
uma das principais causas de mortalidade de pessoas acima de 65 anos no Brasil e no
mundo. Esta preocupação deve-se ao fato de que a maioria do público das turmas de
EJA é formado por idosos.
Por último a modalidade, da qual faço parte e, portanto, irei aprofundar neste
trabalho é a Ginástica Laboral. Esta área de atuação surgiu pelo fato de termos muito
alunos trabalhadores que apresentam queixas de dores corporais relacionadas às
atividades desenvolvidas na ocupação, inclusive a doméstica. O objetivo ao propor este
tipo de intervenção é levar o aluno a conhecer seu corpo, fazendo com que reconheça
suas limitações, melhore suas condições físicas e tenha autonomia para exercitar-se caso
sinta necessidade.
A Ginástica Laboral pode ser classificada em três tipos básicos: Preparatória,
Compensatória e Relaxatória. Todavia a Relaxatória e a Preparatória não são muito
utilizadas, pois se caracterizam pela intervenção fora do horário de trabalho. As
atividades referidas ao primeiro tipo acontecem antes, ou logo nas primeiras horas do
início, a segunda no meio e a terceira no final da jornada de trabalho com duração de 10
a 15 minutos. (Lima, 2010)
24
De modo geral, é proposta a realização de exercícios de aquecimento e de
alongamentos específicos para as estruturas exigidas ao longo do dia. Os objetivos são
aumentar a circulação sanguínea; lubrificar e aumentar a viscosidade das articulações e
tendões. A modalidade denominada Preparatória é para atividades que exigem esforço
físico intenso tendo como o objetivo principal o corpo do trabalhador, aquecendo os
grupos musculares que serão solicitados nas suas tarefas e despertando-os para que se
sintam mais dispostos ao iniciar o trabalho.
A Compensatória serve para quem faz atividades que exigem esforço físico
repetitivos, e é realizada durante a jornada de trabalho para executar exercícios
específicos de compensação dos esforços repetitivos e das posturas inadequadas,
solicitadas nos postos operacionais.
A Relaxatória tem o objetivo de oxigenar as estruturas musculares envolvidas
na tarefa diária, evitando o acúmulo de ácido lático e prevenindo as possíveis
instalações e lesões. Fazendo com que o mesmo retorne ao seu convívio pessoal
descansado e em condições de aproveitar seu lazer.
De modo geral, um programa de ginástica laboral é elaborado a partir da análise
das atividades desenvolvidas em cada setor da empresa, de acordo com as principais
causas de afastamentos, com as queixas mais frequentes ou com outro objetivo
relacionado à qualidade de vida.
No caso do Programa Integrado da UFRJ para a Educação de Jovens e Adultos,
a intervenção possui caráter preparatório e compensatório, isto é, são realizadas no
inicio e no meio das aulas, e estão relacionadas às atividades laborais cotidianas. Seu
mais importante objetivo é levar o aluno a voltar atenção para seu corpo, senti-lo e ouvi-
lo um pouco mais para tomar posse dele. Consciência corporal, autonomia funcional e
cuidado de si estão juntos nesta intenção de trabalho.
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Este tipo de abordagem se afina com a proposta dos PCN de Educação Física (1997), que afirmam que:
“Não basta a repetição de gestos estereotipados, com vistas a automatizá-los e reproduzi-los. É necessário que o aluno se aproprie do processo de construção de conhecimentos relativos ao corpo e ao movimento e construa uma possibilidade autônoma de utilização de seu potencial gestual.“ (Parâmetros Curriculares Nacionais – Educação Física – 1997, p. 27)
Desse modo a ginástica laboral passa ser um importante instrumento para que o
aluno se conheça e crie uma autonomia dos seus movimentos. Além disso, visa a
promover o bem-estar da pessoa com a finalidade de prevenir doenças ocupacionais,
conscientizando-o sobre seu corpo, respeitando-o, estimulando-o como também
alertando-o sobre os males do sedentarismo e do estresse. Esta consciência corporal
trará melhorias na qualidade de vida do educando. Esta pausa para os exercícios
também proporciona melhorias no relacionamento e na integração das pessoas que se
encontram diariamente no mesmo ambiente, proporcionando maior interação e
disposição, contribuindo assim para o bem-estar físico, biológico e mental das pessoas
que ali convivem, beneficiando-os ativamente.
No que tange à concretização desta proposta no Programa, os procedimentos
foram os seguintes. Ficou estabelecido que seriam dois estudantes de graduação em
Educação Física por turma de alfabetização. No início, realizaram uma breve explicação
sobre a proposta da ginástica laboral e sobre os benefícios que ela proporciona. Para
saber quais exercícios deveriam ser aplicados em cada turma, foi feita uma anamnese
com dada aluno com informações acerca de sua profissão, patologias e dores no corpo,
dentre outras queixas. Com esses dados em mãos podíamos elaborar um plano de aula
com exercícios específicos para cada aluno.
Na elaboração do questionário levamos em consideração a rotina diária dos
alunos e procuramos obter informações sobre suas vidas no que dizia respeito a
trabalho, alimentação e hábitos de vida. Tal contato foi importantíssimo para sabermos
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mais sobre cada aluno de modo que se pudesse avaliar e reorganizar a forma de
aplicação da ginástica laboral.
Depois dos questionários respondidos, era a hora de planejar as aulas, tomando
cuidado com as individualidades percebidas anteriormente. Em sala, procurávamos
ministrar aula bastante diversificada e alegres, para que a frequência se mantivesse e o
prazer fosse constante. Este objetivo pode ser confirmado em frases proferidas por
alguns alunos, como, por exemplo: “As aulas deixam a gente mais disposta, porque são
divertidas e gostosas”.
3.1 A produção acadêmica resultante da participação no Programa
Minha experiência acadêmica não se esgotou em sala de aula junto aos alunos
das turmas de alfabetização. Desta intervenção resultaram diversos trabalhos que foram
apresentados nos Congressos de Extensão e na Jornada de Iniciação Cientifica, Artística
e Cultural (JICTAC) da UFRJ, desde 2012. Estes eventos acontecem na chamada
Semana de Integração Acadêmica da UFRJ.
Esta Semana tem como objetivo proporcionar um espaço para exposição e
discussão dos trabalhos que estão acontecendo na Universidade e permitir troca de
experiência entre eles. É uma oportunidade única de mostrar à sociedade a totalidade
dos projetos de pesquisa e de extensão desenvolvidos na UFRJ. (Programa 10°
Congresso de Extensão UFRJ – Edital N°10, 2013)
O Congresso de Extensão tem por finalidade avaliar a Extensão Universitária na
UFRJ, por meio dos trabalhos desenvolvidos em Programas e Projetos, a fim de
propiciar um momento de discussão e de reflexão sobre a Extensão Universitária, e sua
contribuição na formação cidadã dos estudantes de graduação. (Programa 10°
Congresso de Extensão UFRJ – Edital N°10, 2013)
27
De acordo com o Edital 2013,
A Jornada Giulio Massarani de Iniciação Científica, Artística e Cultural (JICTAC) tem como objetivo assegurar o espaço para a exposição e a discussão dos trabalhos de iniciação científica, artística e cultural desenvolvidos na UFRJ, proporcionando, desse modo, a troca de experiências entre os alunos de graduação envolvidos em atividades de pesquisa, os alunos de pós-graduação, os professores e pesquisadores. (edital JICTAC 2013)
Foram apresentados cinco trabalhos nas Semanas de Integração Acadêmica, de
2012 e de 2013. No Congresso de Extensão foram quatro, intitulados: 1 - Explicando
como acontece a ginástica laboral nas turmas de EJA; 2 - Os benefícios da atividade
física; 3 - Exercícios funcionais; 4 - Como a informação pode melhorar a vida. Na
JICTAC foi apresentado um trabalho que recebeu o seguinte título - Um estudo sobre
qualidade de vida dos sujeitos do Projeto de Extensão Univertaria “Alfabetização de
Jovens e Adultos de Espaços Populares”
Resumidamente, apresento o conteúdo de cada produção exposta. O primeiro
trabalho informa sobre como a ginástica laboral é uma ferramenta importante na
alfabetização dos educandos, pois mostra os benefícios que gera, além da possibilidade
de trabalho e de desenvolvimento da consciência corporal.
O segundo trabalho informa acerca dos benefícios da atividade física para os
alunos de Educação de Jovens e Adultos, buscando levá-los a uma prática autônoma e
independente da presença do professor em sala de aula.
O Terceiro trabalho está relacionado com os exercícios funcionais e com o modo
pelo qual esta modalidade de ginástica a capacidade funcional da pessoa. O treinamento
funcional tem, portanto o objetivo de promover o resgate da aptidão física do individuo.
O quarto trabalho está relacionado à mudança de hábitos que muitas pessoas
têm e, por isso, seu titulo é “Como a informação melhora a saúde”. Acredito que a
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informação permite ao individuo se alimentar melhor, melhorar a qualidade de vida e,
assim, ser estimulado a modificar seus hábitos.
O trabalho apresentado na JICTAC tinha como objetivo principal mostrar os
resultados da pesquisa sobre a qualidade de vida de alfabetizandos e alfabetizadores do
Programa Integrado da UFRJ para Educação de Jovens e Adultos. Para tanto utilizou o
questionário de saúde da OMS, conhecido por WHOQOL, com cem perguntas, que está
organizado com base no princípio de auto-resposta.
Os trabalhos apresentados foram muito importantes para minha formação
acadêmica e me levaram a refletir sobre o que poderia ser aprimorado na participação da
Educação Física, em especial, no se referia à minha responsabilidade. Mudanças se
faziam necessárias.
De acordo com Laura (2000, p.2) “as mudanças do ambiente externo exigem da
organização a capacidade contínua de resposta rápida e eficaz a estas transformações”.
Algumas das dificuldades encontradas no cotidiano foram: alunos muito
resistentes às mudanças; falta de estrutura adequada para aulas; salas pequenas;
dificuldade de relacionamento entre os adolescentes e os idosos; desmotivação de
alguns no decorrer das aulas que levava a não participação em certas atividades. Tais
fatores, muitas vezes, causavam pequena evasão, mas com as modificações percebi que
foram criadas novas fontes de estímulos.
Uma grande dificuldade observada foi o desconhecimento por parte dos alunos
acerca de exercícios corporais e de atividade física, bem como sua importância na
manutenção da saúde. Uma explicação possível para esta situação é o fato de, como
frequentaram a escola por pouco tempo, são poucas as lembranças positivas que têm
sobre este espaço, além do que, quando na EJA, estabelecem o que é prioritário
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aprender e, na maioria das vezes a Educação Física acaba não sendo inserida neste
contexto.
Contudo, mudar é preciso para crescemos e evoluirmos. Ao final de um ano do
projeto de Educação física no Programa Integrado da UFRJ para Educação Jovens e
Adultos, observamos que os demais estudantes de graduação que o compunham
decidiram sair. Muito o abandonaram antes de seis meses de participação. Deste modo,
com poucos bolsistas, houve necessidade de adequarmos a metodologia de trabalho de
modo a continuar atingindo a todos.
Assim, atualmente, no trabalho realizado com a ginástica laboral passamos a
utilizar jogos de tabuleiros criados por nós, que contém informações relevantes sobre
doenças, modos de tratamento e sobre os benefícios da atividade física regular. Além
disso, os jogos também se utilizam da linguagem matemática, em uma tentativa de
trabalhar a interdisciplinaridade.
O outro jogo foi intitulado ‘Mito e verdade’, e trata de assuntos do cotidiano
relacionados à saúde, como por exemplo: diabetes, hipertensão, obesidade, doenças
coronarianas e fibromialgia, dentre outros O educando escolhe uma carta e terá que
dizer ser aquela pergunta é verdade ou mentira. A resposta está na própria carta de
modo a incentivá-lo a ler a pergunta. No jogo ‘Caça – palavra’ os temas também estão
relacionados à doenças, e eles devem achar as palavras que tem a ver com os sintomas
da doença especifica.
Em todas as aulas são abordados temas referidos às doenças e seus sintomas, o
modo pelo qual podem ser tratadas e qual a interferência da atividade física
sistematizada. Normalmente alunos e professores interagem, sem ter a divisão entre
eles, assim como entre alfabetizandos e alfabetizador não existe distinção, pois todos
somos alunos e podemos aprender uns com outros.
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As aulas são sempre proveitosas, prazerosas e interativas, pois, favorecem a
sociabilização, além de permitirem que o professor-monitor-bolsista conheça melhor
seu aluno e que este o conheça melhor também.
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Considerações Finais
Através dessa monografia mostro que a ginástica laboral é um conteúdo para ser
trabalho nas turmas de educação de jovens e adultos, com potencial para o trabalho com
a diversidade de pessoas, de métodos e de conteúdos.
Como muito alunos de EJA não tiveram tempo para conhecer seu corpo e
chegam quase sempre cansados em casa, depois de um longo dia de trabalho, a
ginástica laboral pode proporcionar uma série de benefícios, tais como, fisiológicos,
sociais e mentais. Esta perspectiva de trabalho se adequa perfeitamente às necessidades
dos alunos que trabalham auxiliando na prevenção de doenças e na formação de hábitos
saudáveis de vida.
Benefícios fisiológicos, além de referidos à prevenção de inúmeras doenças,
também estão relacionados ao prazer, pois em qualquer atividade física o corpo libera
um hormônio chamado endorfina que fornece bem-estar ao individuo.
Benefícios sociais referem-se à possibilidade de o aluno relacionar-se com
pessoas diferentes em termos de idade, ocupação, religião e etnia, o que amplia as
chances do sujeito se conhecer, e de conhecer e respeitar os demais.
No que tange ao beneficio psicológico ou mental, a atividade física permite que
o aluno relaxe e se sinta bem no trabalho, e nos demais lugares, aumentando sua
resistência ao estresse.
Uma vez que a Educação Física proporciona muitos benefícios ao aluno de EJA,
não podemos concordar com o que estabelece a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (Art. 37 da Lei. 9394/1996) no que diz respeito à participação da Educação
Física. Esta não deve ser facultativa nos cursos noturnos. Minha experiência com a
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ginástica laboral mostra que é perfeitamente possível a participação da Educação Física
junto a estudantes de EJA.
Diante de todas essas experiências vivenciadas no Programa Integrado da UFRJ
para Educação para Jovens e Adultos destaco a percepção da importância do
estabelecimento de uma relação dialógica dentro de sala de aula, de modo que o
processo de ensino – aprendizagem se apresenta como uma via de mão dupla, na qual
professor e aluno se ensinam mutuamente.
Pude constatar, por exemplo, que o planejamento de proporcionar aos alunos o
desenvolvimento de suas relações interpessoais também me alcançou na medida em
que, aprender a me relacionar com alunos de perfis tão variados se apresentou como um
desafio enriquecedor.
Os reflexos deste contato com os alunos da EJA são também bastante
significativos no processo de atrelar os conhecimentos adquiridos na faculdade com a
prática em sala de aula, tendo em vista que a interação com as classes impõe urgência
no tratamento das necessidades apresentadas, intensificando a busca por informação e
capacitação.
Outra grande contribuição da relação com as turmas da EJA reside na
oportunidade de atuar ativamente frente à realidade na qual estou inserido, pois minha
ligação com as turmas da EJA transcende os vínculos com a universidade, uma vez que
também integro a comunidade da Maré.
A possibilidade de atrelar o conhecimento do corpo humano, usar o
conhecimento adquirido na faculdade, poder conhecer a extensão universitária, Paulo
freire, retribuir a comunidade (desenvolver para a sociedade), dar oportunidade a quem
não tem,
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Diante das análises da minha monografia, justifica-se a ginástica laboral como
uma das modalidades da Educação Física a ser oferecida como matéria complementar
nas aulas de EF para todos os públicos.
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REFERÊNCIAS
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35
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