Monografia de fahrenheit barbosa amarante no turismo da ufop em 2012

115
UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO Fahrenheit Barbosa Amarante A Operacionalização das Repúblicas Estudantis no Carnaval de Ouro Preto/MG (2012) Ouro Preto 2012

Transcript of Monografia de fahrenheit barbosa amarante no turismo da ufop em 2012

UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO

Fahrenheit Barbosa Amarante

A Operacionalização das Repúblicas Estudantis no Carnaval de Ouro

Preto/MG (2012)

Ouro Preto

2012

UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO

Fahrenheit Barbosa Amarante

A Operacionalização das Repúblicas Estudantis no Carnaval de Ouro

Preto/MG(2012)

Monografia apresentada ao Curso de

Turismo da Universidade Federal de

Ouro Preto, como requisito parcial à

obtenção do título de Bacharel em

Turismo

Orientador: Prof. Dr. Bruno Pereira

Bedim

Co-Orientador: Prof. MSc Ricardo

Eustáquio Fonseca Filho

Ouro Preto

2012

Fahrenheit Barbosa Amarante

A Operacionalização das Repúblicas Estudantis no Carnaval de Ouro

Preto/MG (2012)

COMISSÃO EXAMINADORA:

_______________________________________________

Professor Dr. Bruno Pereira Bedim

Universidade Federal de Ouro Preto

_______________________________________________

Professor Ms. Ricardo Eustáquio Fonseca Filho

Universidade Federal de Ouro Preto

_______________________________________________

Professor Marcos Knupp

Universidade Federal de Ouro Preto

Ouro Preto, 12 de novembro de 2012

Iniciei a minha graduação me

dedicando aos esforços dos meus

pais. Assim, termino a mesma

dedicando este trabalho a eles, sem

a confiança e o empenho deles eu

não estaria aqui, ao meu irmão

Kelvin e a minha filha Ana Luiza

que juntos formam o meu orgulho

e dedicação. Muito obrigada, esta

conquista também é de vocês!

AGRADECIMENTOS

Foram os anos mais proveitosos da minha vida. O curso superior foi um sonho que se encerra

agora. Agradeço a todos que de certa forma me auxiliaram durante todo este percurso na(s)

Universidade(s). Muito obrigada a UFJF pela primeira parte do meu curso e a UFOP pelas

grandes chances que me deu para me graduar como Bacharel em Turismo.

A minha família foi crucial nesta conquista, em especial aos meus pais, meu irmão, Vó

Oswaldina e Tia Luciene por sempre confiarem em mim e me darem suporte ao meu ensino.

Aos amigos de Pedra do Anta, Viçosa (em especial Telma, Elaine, Daniella, Jaque, Rody,

Eduardo e Rodrigo C.); de Juiz de Fora (As Biras – Rariane, Thalia, Thais, Ludimila, Júlia,

Camila, Carol B, Thati Lelis, Fabi e Caio) e aos amigos de Ouro Preto (Diadema, Anne, Lara,

Mayra, Natália, Phillipe, Léo). A amizade de vocês foi fundamental para mim!

Á querida República Belladona, por ter sido meu lar durante a minha graduação. Obrigada pela

amizade: Nádia, Luciana, Tássia, Cyntia, Paula, Lívia.

Às empresas juniores: Rumos (UFJF) e Completur Jr (UFOP) pela oportunidade de aprendizado e

experiência gratificante e inesquecível. O movimento MEJ vai estar comigo para sempre!

Ao projeto Sentidos Urbanos: Patrimônio e Cidadania, que me proporcionou uma vivência

diferenciada em Ouro Preto e a enxergar a cidade “com outros olhos”. Agradeço a Simone e ao

Professor Juca pela excelente oportunidade.

Ao DETUR e aos professores Leandro (pela grande disposição em ajudar nós alunos), Bruno

Bedim e Ricardo pela orientação e co-orientação deste trabalho.

A todo o desenvolvimento deste trabalho se deve à professora Kerley Santos, se não fosse a

dedicação, paciência, vontade de ajudar e a confiança eu não teria chegado até aqui. Esta

conquista também é sua!

Às repúblicas amigas TX, MB pela amizade e admiração pelo sistema republicano de Ouro Preto

Em especial á república Xeque-Mate, além da amizade, por ter permitido e realização deste

trabalho. Muito obrigada!

“Ah...Ouro Preto!!Dizem que é a cidade da

perdição.. É porque nela você faz aquilo que

vai contar para seus netos,bisnetos e tataranetos

um dia!! {...}

(Autor desconhecido)

RESUMO

O Brasil, dentre outras coisas, é reconhecido pela sua cultura, sendo o carnaval uma das

manifestações culturais mais populares. Cidades históricas como Ouro Preto (MG) possuem um

carnaval universitário em moradias estudantis (repúblicas). Estas repúblicas são parte de uma

cultura universitária categorizada como única no país, sendo influência de Portugal. Esse tipo de

moradia é um traço característico ou peculiar dessa cidade: suas regras e tradições tornam-se

mais um atrativo. Graças à isso é frequente o recebimento de hóspedes, principalmente durante o

carnaval, com hospitalidade e pacotes especialmente preparados para o recebimento deste

publico, Estes pacotes oferecem não somente a acomodação, mas também alimentação, bebidas,

festas e o cenário do carnaval de rua de Ouro Preto com seus famosos blocos caricatos, bandas de

marchinhas, além do movimento grande nas ruas do centro histórico durante esta festividade.

Além dessa prática realizada com intuito de obter lucratividade, estabelecem-se relações de

hospitalidade, mesmo que seja com fundo comercial, com os turistas que as frequentam. Faz-se

importante pensar no contexto em que o carnaval de Ouro Preto ocorreu no ano de 2012 mesmo

com a ameaça de fracasso do carnaval por causa das chuvas de janeiro que de certa forma lesou

algumas partes da cidade. A mídia teve um papel crucial para retomar o ânimo dos turistas para

participarem do carnaval de Ouro Preto. Este estudo foi pautado no pressuposto da importância e

representatividade da realização do carnaval das repúblicas estudantis de Ouro Preto, diante do

cenário em que as mesmas se inserem além das formas de hospitalidade estabelecidas pela

relação turista versus anfitrião, tendo como estudo de caso a República Xeque-Mate.

Palavras-chave: Repúblicas estudantis, Hospitalidade, Carnaval e Ouro Preto.

ABSTRACT

This paper discusses the organization of the carnival in the city of Ouro Preto in the universe of

the fraternities, being the Xeque Mate Fraternity the study place, during the carnival of 2012,

emphasizing the hospitality accorded residents with tourists. The Cultural Heritage of humanity

city receives thousands of tourists every year, with an average expected Carnival in 2012 by

40,000 revelers, contributing to the increased flow of people throughout the city, contributing to

the success of the celebration. This type of housing is a characteristic feature of this city, with its

curiosities, traditions become another attraction, where it often receiving guests, especially during

Carnival, where this hospitality is prepared to receive this public, by confections packages that

not only offer accommodation such as eating, drinking, partying and carnival street scene of Ouro

Preto with his famous caricatures blocks, marching bands, besides the big move in the streets of

the historic center during this festival. Even with the threat of failure carnival because of the rain

that in January somehow damaged some parts of the city, the media had a crucial role to regain

the enthusiasm of tourists to participate in the carnival of Ouro Preto.

Keywords: Fraternities/Sororities, Hospitality, Carnival, Ouro Preto.

LISTA DE GRÁFICOS

Figura 1. Gráfico 1 “Motivação da Viagem”

Figura 2. Grágico 2 “Forma de Agrupamento”

Figura 3. Gráfico 3 “Principal Transporte Utilizado na Viagem”

Figura 4. Gráfico 4 “Estados de Origem”

Figura 5. Gráfico 5 “ Cidade de Origem dos Turistas”

Figura 6. Gráfico 6 “Idade dos Visitantes”

Figura 7. Gráfico 7 “Comparativo de Hospedagem: Idade”

Figura 8. Gráfico 8 “Gênero”

Figura 9: Gráfico 9 “ Estado Civil”

Figura 10. Gráfico 10 “Renda Familiar em Salários Mínimos”

Figura 11. Gráfico 11 “Comparativo Hospedagem: Renda Familiar Mensal”

Figura 12. Gráfico 12 “Como ficou sabendo do Carnaval de Ouro Preto”

Figura 13. Gráfico 13 “Número de Vezes no Carnaval de Ouro Preto”

Figura 14. Gráfico 14 “Onde se Hospedaram”

Figura 15. Gráfico 15 “Grau de Escolaridade”

Figura 16. Gráfico 16 “Comparativo Hospedagem: Escolaridade”

Figura 17. Gráfico 17 “Pacotes das Repúblicas”

Figura 18. Gráfico 18 “Itens Oferecidos nos Pacotes das Repúblicas”

Figura 19. Gráfico 19 “Números de Pernoites na Cidade”

Figura 20. Gráfico 20 “Comparativo de Hospedagem:Média de Permanência (Pernoites)”

Figura 21. Gráfico 21 “Comparativo Hospedagem: Público Relativo Recebido”

Figura 22. Gráfico 22 “Avaliação de Serviços/Equipamentos (Nota Média)

Figura 23. Gráfico 23 “Reclamações”

Figura 34. Gráfico 24 “Escolha da República Xeque Mate”

Figura 36. Gráfico 25: “Localização da República Xeque-Mate , Rua Paraná. (Adriana Carneiro,

2012)”

Figura 38. Gráfico 26 “Motivo da escolha da república”

Figura 39. Gráfico 27 “Diferencial da República Xeque Mate”

Figura 40. Gráfico 28 “ Relação turistas/moradores na Xeque-Mate”

Figura 41. Gráfico 29 “Infraestrutura da casa”

Figura 42. Gráfico 30 “Formas de alojamento”

Figura 43. Gráfico 31 “Qualidade da alimentação oferecida”

Figura 45.Gráfico 32 – Conforto nas acomodações

Figura 47. Gráfico 33 – Retorno ao carnaval da República Xeque-Mate

Figura 48. Gráfico 34 – Como soube do carnaval de Ouro Preto

Figura 49. Gráfico 35 – Opinião em relação às festas

Figura 51. Gráfico 36 – o que mais chamou a atenção no carnaval

Figura 52. Gráfico 37 – Faixa etária dos turistas da República Xeque-Mate

LISTA DE TABELAS

Figura 24. Tabela 1 “Nomes de blocos e escolas de samba: Você consegue lembrar nomes de

blocos e escolas de samba tradicionais da cidade? (máximo 3). Nomes mais lembrados”

LISTA DE FIGURAS

Figura 25. “Cartaz do carnaval de Ouro Preto (Adriana Carneiro, 2012)”

Figura 26: Bandeira da República Xeque-Mate (Adriana Carneiro, 2012)

Figura 27: Localização da República Xeque-Mate (Adriana Carneiro, 2012)

Figura 28: Turistas na varanda (área externa) da casa (Adriana Carneiro, 2012)

Figura 29: Turistas acomodados em um dos quartos da República (Adriana Carneiro, 2012)

Figura 30: Turistas almoçando na República (Adriana Carneiro, 2012)

Figura 31: Festa no interior da República (Adriana Carneiro, 2012)

Figura 32: Publicidade de marca de Cerveja (“Operação Skol Folia”.) (SKOL, 2012)

Figura 33: Publicidade de marca de Cerveja (“Operação Skol Folia”.) (SKOL, 2012)

Figura 35: Localização da República Xeque-Mate , Rua Paraná. (Adriana Carneiro, 2012)

Figura 37: Fachada e placa da República (Kerollyne Daniele, 2012)

Figura 44: A alimentação oferecida na República (Kerollyne Daniele, 2012)

Figura 46: A acomodação na República (Adriana Carneiro, 2012)

Figura 50: Festa no interior da República (Kerollyne Daniele, 2012)

LISTA DE ABREVIATURAS

A&B – Alimentos e Bebidas

DETUR – Departamento de Turismo

ENUT – Escola de Nutrição

ICEB – Instituto de Ciências Exatas e Biológicas

IFAC – Instituto de filosofia, Artes e Cultura.

PMOP – Prefeitura Municipal de Ouro Preto

SECTUR-OP – Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Ouro Preto

SETUR/MG – Secretaria Estadual de Turismo de Minas Gerais

UFOP – Universidade Federal de Ouro Preto

UNESCO – Organização das Nações unidas para a Educação, para a Ciência e para a Cultura

UPA – República Unidos por Acaso

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................14

1.2 Objetivos .........................................................................................................................................16

1.2.1 Objetivo Geral ..............................................................................................................................16

1.2.2 Objetivos Específicos ...................................................................................................................16

1.3 Justificativas ...................................................................................................................................17

1.4 Delimitações ....................................................................................................................................19

1.5 Metodologia ....................................................................................................................................19

1.6 Hipóteses .........................................................................................................................................20

2 HOSPITALIDADE E O CONTEXTO DO CARNAVAL DE OURO PRETO (MG) ................22

2.1 Aspectos teóricos da Hospitalidade...............................................................................................22

2.2 Um breve histórico sobre o Carnaval ...........................................................................................27

2.2.1 Origem do Carnaval .....................................................................................................................27

2.2.2 O Carnaval em Ouro Preto ...........................................................................................................31

3 O UNIVERSO DAS REPÚBLICAS ESTUDANTIS E SUA ORGANIZAÇÃO ..........................64

3.1 As Repúblicas Estudantis de Ouro Preto .....................................................................................64

3.2 A República Xeque-Mate ...............................................................................................................68

3.3 O Carnaval de 2012 na República Xeque-Mate ..........................................................................71

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..........................................................................................................106

REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................109

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA .........................................................................................................112

APÊNDICES .............................................................................................................................................113

APÊNDICE 1 – Questionário Hóspedes .................................................................................................113

ANEXOS ...................................................................................................................................................115

14

INTRODUÇÃO

O presente trabalho reside em ressaltar a conceituação do tema hospitalidade e suas

especificidades, principalmente relacionadas com a forma que esta é realizada nas repúblicas de

Ouro Preto durante o carnaval. Sendo essas moradias, um traço marcante da cidade, com suas

organizações, costumes e curiosidades dividem opiniões que as visualizam de maneira

hospitaleira ou hostil.

De acordo com Delgado (2012, p.46) “Atualmente, o carnaval constitui uma das imagens mais

relacionadas ao Brasil, e é considerado por muitos brasileiros não só como a festa mais

representativa da identidade brasileira, mas também como a maior festa do mundo,

principalmente quando se faz referência ao desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro e São

Paulo”.

O carnaval no Brasil de modo geral, além de ser uma festa popular, em que as pessoas se

preparam todos os anos para a participação da mesma, representa meios de geração de renda

porque se interage aos setores de hospedagem, A&B, entretenimento, lazer, entre outros

segmentos, gerando renda e proporcionando divertimento ao público.

Para Rosa (1999) “A festa (Carnaval) é discutida também através do enfoque da civilização, da

urbanização, do capitalismo, analisam-na sob a perspectiva da indústria cultural, ou seja, a festa

enquanto mercadoria, sendo o turismo e a festa vistos como produtos econômicos”. Desta forma,

poderíamos refletir que além de ser uma manifestação folclórica, envolta de alegria, ela tem

cunho econômico o que impulsiona e dinamiza a celebração, tornando-se peça importante na

geração de renda durante este período.

Ouro Preto, uma cidade de reconhecimento internacional abriga além de um patrimônio muito

importante histórico - cultural, tem uma tradição secular: cultura das repúblicas estudantis, que se

dividem em particulares e federais. As repúblicas antecedem a criação da própria Universidade

Federal de Ouro Preto – UFOP -, em 1969. No site da UFOP1 encontramos a listagem das

repúblicas (federais e particulares) de Ouro Preto e Mariana que giram em torno de 440.

1 Disponível em: <http://www..ufop.br>. Acesso em: 15 ago. 2012.

15

Estas moradias de Ouro Preto são únicas no Brasil, no que diz respeito ao regimento interno

independente e autônomo em relação à Universidade. Nenhuma outra cidade universitária tem as

características de moradias estudantis ouro-pretanas. As repúbicas federais são casas mantidas

pela UFOP; e as particulares, mantidas por seus próprios moradores. Elas são hierarquicamente

estruturadas de acordo com o tempo que cada um mora na república. Todas as repúblicas têm

“vida” independente dos moradores, pois elas continuam existindo mesmo após a formatura dos

universitários.

Para tanto, em relação a criação destas moradias, temos que:

“A institucionalização das repúblicas ocorre no período em que a ideologia

desenvolvimentista é a predominante. A Escola de Minas de Ouro Preto é

reconhecidamente um foco nacionalista e seus ex-alunos eram absorvidos

principalmente pelo serviço público, que "tendiam a considerar-se

servidores públicos responsáveis pela condução do país pela rota do progresso"

(Schwartzman, 2001 apud JESUS 2009, p.7)

A hospitalidade tem um importante elemento, que é relação anfitrião x hóspede que nada mais é

do que um relacionamento de trocas entre ambas as partes, em que pode ocorrer com sucesso ou

não. Deste modo, é interessante analisar esta relação durante o carnaval entre os anfitriões e os

forasteiros. O que é i relevante pensar que toda relação tem duas óticas.

Dentro dos domínios da hospitalidade, não podemos situar a república em somente um, muito

pelo contrário, além de pertencer ao espaço privado, essa moradia também pertence ao espaço

comercial, porque há um interesse econômico embutido nessa hospitalidade. Ao falar desse

estabelecimento de moradia, ele é encaixado inicialmente no domínio privado ou doméstico, “do

ponto de vista histórico, o ato de receber em casa é o mais típico da hospitalidade e o que envolve

maior complexidade do ponto de vista de ritos e significados” (CAMARGO, 2004, p. 52).

Mesmo pensando no quesito financeiro, os moradores se preocupam em oferecer serviços

satisfatórios, fazendo uma boa tática e demonstração de hospitalidade, satisfazendo as

necessidades físicas e psicológicas dos mesmos, tentando agradá-las ao máximo, além de garantir

uma acomodação, alimentação para cada um deles.

16

O papel da mídia. foi contraditório no ano de 2012, ora pelos desmoronamentos ocorridos em

janeiro/2012 na cidade, afetando vários pontos, inclusive o terminal rodoviário, ela

insistentemente divulgou essa noticia, causando preocupação para os órgão responsáveis pelo

fomento e execução do carnaval como a Prefeitura Municipal de Ouro Preto, além das repúblicas

que dependem dessa festa para levantar fundos. Ao mesmo passo que o veículo comunicativo

através de propagandas divulgava o carnaval das cidades históricas, além da boa visibilidade que

Ouro Preto obteve saindo na divulgação de uma das cidades de destaque do carnaval de uma

marca de cerveja.

Fazendo elo entre carnaval, república e hospitalidade, para Dencker (2001, p.118) “A

hospitalidade no plano individual, por ocasião de recebimento dos foliões, é um dia de exceção, é

o momento em que o morador se desliga do cotidiano, se enfeita, em que o espaço banalizado

pela vida-de-todo-dia se transforma „num lugar de festa‟”. Mesmo sendo estas repúblicas

sinônimo de festas, elas utilizam das práticas usuais em seus meios e elaboram, aperfeiçoam o

produto para ser comercializado: a festa de carnaval.

Através da abordagem realizada, será possível compreender o funcionamento dessas moradias,

suas relações, a opinião dos turistas em se hospedarem nelas durante o carnaval. É de suma

importância a realização de observações entre as partes integrantes (moradores das repúblicas e

turistas), analisando a maneira que a hospitalidade ocorre.

1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivo Geral

Discutir a hospitalidade e a organização da república Xeque-Mate no carnaval em Ouro

Preto.

1.2.2 Objetivos Específicos

17

Conhecer melhor o universo das repúblicas estudantis de Ouro Preto.

Analisar as relações existentes entre os moradores e os turistas durante o carnaval.

Mostrar como é o funcionamento e organização durante o período do carnaval na

cidade, com enfoque nas repúblicas.

1.3 Justificativas

A escola literária barroca no Brasil pode ser representada na cidade de Ouro Preto localizada na

região central do estado de Minas Gerais. Possui suntuosas construções o que tende a atrair um

elevado número de turistas além dos anos. Ainda sobre a cidade, temos que:

Há de se lembrar que Ouro Preto não é uma cidade comum como às demais, mas uma

cidade que tem vida própria e por si mesma conta a sua história de quase 200 anos de

vida. A cidade foi tombada como patrimônio histórico no ano de 1933, no primeiro

governo de Getúlio Vargas, quando ele declara Ouro Preto Cidade Monumento Nacional

e em 1980 “Patrimônios Cultural da Humanidade” declarado pela UNESCO,portanto

carrega em si sua essência de uma cidade patrimonial, seja, pelas igrejas com seu estilo

Barroco, seja pela história de seus inconfidentes ou mesmo por si própria.

(JESUS, 2007, p.4)

O carnaval é considerado a mais tradicional festa brasileira, O Brasil por ser um país que possui

uma heterogeneidade de culturas, tende a ter uma gama de tradições diferenciadas em cada

região. Da mesma forma, o carnaval no país, tem as suas particularidades, o que faz com que as

decisões de como celebrar a época do carnaval se torne cada vez mais difícil. Exemplos clássicos

de carnavais em alguns estados no país giram em torno dos estados do Rio de Janeiro e de São

Paulo, onde existem os tradicionais desfiles de escolas de samba, e também os grandes blocos de

rua, no estado da Bahia, predomina-se um carnaval de rua, onde ocorre a presença de cantores da

região em trios elétricos; no estado de Pernambuco a alegria gira em torno dos bonecos caricatos

e também do carnaval de rua. .Já no estado de Minas Gerais, os carnavais que ganham mais

destaque são os das cidades históricas como Diamantina, Tiradentes, Sabará, Ouro Preto, além de

outras cidades que possuem um famoso carnaval de rua como Alfenas.

18

Em Ouro Preto, que será o foco desse trabalho, predomina o tradicional desfile de blocos, o

“carnaval de rua” e também ocorre o carnaval de república, que é restrito e ocorre dentro destas

moradias. Ao se falar em república, é importante pensar que:

Para Rosa (1999, p.22)

Por ter algumas das escolas mais antigas do Brasil, a Universidade possui valores que

remetem: tradição, principalmente as suas repúblicas para onde os ex-alunos sempre

voltam, promovendo festas e outras atividades. Aliás, as repúblicas recebem

frequentemente hóspedes e turistas concorrendo com a rede hoteleira.

A cidade ouropretana recebe todos os anos, uma gama de estudantes que se estabelecem em

repúblicas para estudar na Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). Repúblicas as quais que

se dividem em federais (ligadas diretamente à UFOP) e as particulares (casas alugadas pelos

próprios alunos). A UFOP foi fundada na união das Escolas de Farmácia (1839) e Escola de

Minas (1876), mas foi em 21 de agosto de 1969 que a universidade tornou-se legitimamente uma

instituição.

Para Magnani (1984 apud ROSA 1999): “Nestas casas, que são uma das singularidades da

cidade, são famosas por festas, boates e hospedagem. Formam uma rede de sociabilidade. As

pessoas visitam-nas, hospedam-se nelas e retornam trazendo amigos”. Por hora, acaba se

tornando um dos maiores atrativos para os jovens turistas, onde são oferecidos além da

acomodação e alimentação, festas, diversões, para que o hóspede sinta satisfeito em relação à sua

estada durante o carnaval nestas habitações e que queira voltar sempre.

Dessa forma, faz-se importante e interessante adentrar no “mundo” das repúblicas para entender

o porquê desta competição com a rede hoteleira durante o carnaval, que significa o maior evento

da cidade.

19

Além do empenho na organização da PMOP, setor privado para a realização do carnaval durante

todos os anos, é importante entender como as habitações estudantis se planejam para o

recebimento de grande evento na cidade, além de concorrerem com a rede hoteleira, são muitas

repúblicas que realizam este tipo de evento, havendo competição entre as mesmas, fazendo com

que cada uma se organize melhor afim de atrair mais turistas para o seu evento.

É um fator curioso entender o funcionamento destas casas, além de identificar a relação de

hospitalidade formada entre os turistas e os estudantes. Como esses turistas são tratados pelos

moradores das repúblicas que “fazem carnaval”.

1.4 Delimitações

O objeto a ser estudado nesse trabalho é a forma de hospitalidade e organização inerentes às

repúblicas de Ouro Preto durante o período do carnaval.

Para tanto, é necessário que se delimite o objeto, fechando-se na proposta do estudo dessas

práticas analisando de acordo como se dá a organização das mesmas para a realização das

festividades carnavalescas, englobando a relação com os turistas e a hospitalidade aos mesmos.

1.5 Metodologia

A metodologia adotada para a realização desse trabalho se pauta no embasamento teórico, a partir

do levantamento bibliográfico da literatura do tema hospitalidade. O tema das repúblicas, de

hospitalidade e de carnaval será consultado em trabalhos acadêmicos, monografias, artigos, teses,

sites, entrevistas, entre outros meios. Vale ressaltar que o método adotado para esta pesquisa foi

uma análise de qualitativa, sendo a pesquisa de teor exploratório.

20

Para melhor entendimento da organização das repúblicas durante o carnaval, foram realizadas

visitas à república Xeque-Mate com intuito de obter as informações necessárias para o trabalho,

sendo realizadas entrevistas com os moradores, analisando as etapas do pré, trans e pós-evento

(carnaval). Conforme previamente solicitado e combinado entre a pesquisadora e estudantes da

república seus nomes não seriam revelados.

No mês de março de 2012 foi realizada uma entrevista na moradia supracitada com alguns

moradores da mesma, em que foi seguido um questionário para entrevista. A entrevista foi

concedida por dois moradores, sendo esta gravada e transcrita fielmente. Para ocultar a identidade

dos mesmos, foi adotada a identificação sendo como MORADOR 1, MORADOR 2.

Bem como, se deu a realização de pesquisa, via questionários online, com alguns turistas que se

hospedaram na República Xeque-Mate durante o carnaval de 2012. Para tanto, ficou estabelecido

que as identidades fossem mantidas em sigilo, sendo os mesmos identificados como TURISTA 1,

TURISTA 2, TURISTA 3... O número de questionários respondidos foi de 30 durante mês de

maio de 2012 e enviados para o email da pesquisadora.

1.6 Hipóteses

Levando- se em consideração o ambiente da cidade de Ouro Preto, mais especificamente as

repúblicas estudantis, percebemos a complexidade das relações sociais realizadas nesse universo,

que é cercado de admiração e repudiação.

Sabe-se que as repúblicas são alvo de críticas, devido à alguns exageros que ocorrem durante as

festas internas: som muito alto, estudantes deixando o entorno do local da festa demasiadamente

sujo, acúmulo de lixo, pessoas muito alcoolizadas, entre outros. Em contrapartida são referências

21

em hospitalidade quando visto pela ótica dos turistas2 que frequentam esses locais. Há ainda a

relação de afeto entre os moradores e ex-moradores que com o tempo ganham força de laços

familiares, fato que é admirado pela família e amigos dos alunos. Muitas vezes pais de estudantes

se manifestam contrários às normas e costumes da república durante os primeiros meses no qual

seu filho passa na mesma, para anos depois exaltar esta mesma política3. Pode-se pensar na

hipótese que relação entre turistas e repúblicas se torne um atrativo turístico, levando em

consideração que os turistas não procuram essas moradias pelas acomodações e sim pelo fato de

serem as repúblicas e pelas festas que oferecem.

2 Os turistas que frequentam Ouro Preto durante o período de carnaval

3 De açodo com TEODORO (2003) O calouro escolhe uma republica e se tiver vaga mora nela. A partir daí, ele se

torna o “bixo” e deve seguir as instruções dos republicanos mais velhos. Ele é um “faz-tudo” na casa, sempre

obedecendo a hierarquia. Geralmente mora no pior quarto, passa por uma série de trotes, sendo muitas vezes sendo

tirado daí o apelido que possui sentido pejorativo, apontando falha, fraqueza do aluno. Todos dentro da republica são

chamados pelos apelidos, porém ele deve saber o nome completo de todos os moradores. Após este período, o

“bixo”vira semi-bixo, delegando funções ao bixo e subindo na hierarquia, ate que se forme e se torne um ex-aluno,

elevando-se a mais alta hierarquia da casa. Cf. Fazendo Festa, criando histórias e contando estória(s): o Doze em

Ouro Preto, MG. Dissertação de Mestrado em Sociologia da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da

Universidade Federal de Minas Gerais. FAFICH/UFMG: Belo Horizonte, 2003. Disponível em:

<http://www.bdae.org.br/dspace/bitstream/123456789/1989/1/tese.pdf>. Acesso em 21 de Março de 2012.

22

1 HOSPITALIDADE E O CONTEXTO DO CARNAVAL DE OURO PRETO (MG)

1.1 Aspectos teóricos da Hospitalidade

A forma em que a hospitalidade acontece em nossas vidas é tão frequente, que ás vezes nem

percebemos que tais atos são “hospitaleiros”. Desde o receber uma visita em casa, recepcionar

alguém em um hotel, receber pessoas para comer e beber, chegar a uma cidade e ser acolhido, até

visitar e ser recebido no meio virtual. Tudo isto implica em hospitalidade.

Não é raro atrelarmos a ideia de hospitalidade à de hospedagem. Não podemos dizer que este é

um conceito errôneo, mesmo porque a hospitalidade é oriunda da hospedagem. “O início das

civilizações a hospitalidade se restringia em apenas conceder abrigo e alimentação a quem estava

longe de seu domicílio” (DALPIAZ, 2009, s.p).

Segundo Lúcio Grinover, “Hospitalidade é fundamentalmente o ato de acolher e prestar serviço a

alguém que por algum motivo esteja fora o seu local de domicílio” (2002)4. Este conceito de

hospitalidade é de uma forma bastante “geral”, porque esse tema em questão é muito mais

complexo e não se limita apenas a hospedagem ou algo semelhante, não está englobando os

diferentes âmbitos de hospitalidade, o que se torna uma definição bem superficial.

Para Dalpiaz (2009. s.p) “Na Antiguidade surgem, na Grécia e em Roma, as Tavernas e

estalagens como uma necessidade para abrigar os viajantes. Nasce assim a primeira ideia de

hospitalidade.” O que mostra a íntima ligação entre hospedagem e hospitalidade.”.

4 AMARANTE, F.B.“A hospitalidade na República Indignação de Ouro Preto - MG”: Instituto de Ciências

Humanas da UFJF. Juiz de Fora, 2007. 20p. Não publicado.

23

Em sua origem, a hospitalidade designava o ato de acolher pessoas de forma gratuita, como uma

atitude caridosa. Após a Revolução Industrial, o surgimento do capitalismo, a urbanização, o

desenvolvimento científico e tecnológico e a ampliação do poder aquisitivo, surgem mudanças na

forma de hospitalidade.

Analisando a formação da palavra hospitalidade, ela é de origem latina hospitalitas-atis

e traduz-se como: ato de acolher, hospedar; a qualidade do hospitaleiro; boa acolhida;

recepção; tratamento afável, cortês, amabilidade; gentileza. A palavra hospes-itus

significa hóspede, forasteiro, que recebe ou é acolhido de forma hospitaleira, o indivíduo

que se acomoda ou se acolhe provisoriamente em casa alheia, hotel ou outro meio de

hospedagem; estranho (DENCKER, 2001, p. 98-99).

De acordo com a cultura anglo-saxônica a hospitalidade significa oferecer hospedagem acrescida

de alimentação. Já nos dicionários usuais, a hospitalidade significa: hospedar quem está longe de

sua residência, oferecendo-lhe cama, comida e segurança. Encontramos assim no Oxford English

Dictionary o significado da hospitalidade é a “recepção e o entretenimento de hóspedes,

visitantes e estrangeiros”. No Dicionário Online de Português a hospitalidade é definida como

“ação de acolher em casa por caridade ou cortesia: dar hospitalidade”.

Ainda sobre o conceito de hospitalidade em tempos contemporâneos, Dalpiaz (2009, s.p) a define

como:

Atualmente o termo hospitalidade é muito amplo e engloba desde os bens tangíveis

como, hotéis, pousadas, resorts, campings, meios de transportes, entre outros, até os

intangíveis que são os serviços prestados e que proporcionam o bem estar físico e

psíquico do visitante.

Com as definições supracitadas, podemos perceber que este conceito possui certa amplitude,

porém nas primeiras conceituações a hospitalidade está envolvida com hospedagem, alimentação

e ao domicílio. Vale ressaltar, que a mesma possui diversos eixos, o que excluem o fato dela se

aplicar somente em residências (âmbito privado/doméstico), englobando também os âmbitos:

comercial, público e virtual.

24

Categorizando a hospitalidade como prática cultural, pode-se dividi-la em algumas instâncias que

formam a sua “base”. Existem diversas formas de sua ocorrência. Os espaços onde ela ocorre são

dividas em quatro grupos ou domínios:

Domínio Social: cenários sociais em que a hospitalidade e seus atos ocorrem junto com as forças

sociais sobre a produção e consumo de alimentos, bebidas e acomodações. Acontece geralmente

em lugares públicos, onde há o trato com forasteiros, mutualidade, status e prestígio. Podemos até

citar um exemplo de uma cidade hospitaleira que quer dizer, ela tem uma boa estrutura para

atender as pessoas.

Domínio Privado ou Doméstico: considera a oferta da trindade5 no lar. Principais elementos:

anfitrião e hóspede. Está geralmente vinculado aos domicílios, onde as necessidades fisiológicas

e psicológicas têm a intenção de serem satisfatórias. Há uma interação entre as partes. O cenário

doméstico da oferta de hospitalidade pode ser o foro para o inter-relacionamento entre os

aspectos doméstico e social.

Domínio Comercial: oferta da hospitalidade enquanto atividade econômica e inclui setores

públicos e privados. Existe a obtenção de superávit, serviços que têm por finalidade visando o

lucro, existem limitações tanto ao produtor quanto ao mercado.

Seguindo os interesses dos autores, a proposta foi direcionar a hospitalidade dentro da

perspectiva que é oferecida dentro do lar particular, porém com intuito comercial. Assim:

O termo “comercial” é usado precisamente para transmitir a idéia de uma atividade

“considerada com referência ao lucro” (Longman, 1992, p.322) A introdução de

motivações comerciais para a provisão de hospitalidade dentro de um ambiente que

também é refúgio, um local de autenticidade, onde cada um pode ser ele mesmo, que

também é um terreno para relações patriarcais, é especialmente fascinante, suscitando

questões importantes sobre a natureza da hospitalidade (LASHLEY e MORRISON,

2004, p. 153-154).

5 A trindade do turismo diz respeito aos atos de comer- beber -hospedar. No âmbito da trindade da hospitalidade,

temos os atos de dar- receber - retribuir. apud Amarante (não publicado)

25

Existe a hospitalidade comercializada dentro de casa em que os donos dividem o espaço com os

visitantes, onde o grau de integração da visita com a família e suas atividades são fatores que

regem o funcionamento desta relação. Um exemplo típico é o famoso bed and breakfast, onde a

família divide o seu espaço com o hóspede em troca financeira.

Lashley & Morrison (2004, 164) Apud Dann e Cohen (1991, p.163) “se referem às interações

menos autênticas como hospitalidade comercializada, que descreve a troca social e a motivação

do lucro, muitas vezes mascarados atrás de uma fachada amizade ou até mesmo servilismo”. Isso

nos leva a pensar que a hospitalidade realizada dentro de um lar, com o intuito comercial, traz

uma motivação pautada no lucro, onde os bons serviços e a forma “hospitaleira” de recepção,

amizade se ofuscam no desejo de ganho de dinheiro.

Com o passar do tempo, a hospitalidade desenvolveu os atos que englobam o acolhimento de

estranhos, sendo oferecido de acordo com as necessidades do hóspede e as posses do anfitrião:

alimento, pão, bebida, leito podendo ser oferecidos juntos ou separadamente. No contexto atual,

esse “oferecimento” tem sido realizado mediante ao pagamento.

Este caso se aplica às questões das repúblicas estudantis de Ouro Preto durante o ano,

especificamente durante o carnaval, que é o interesse do estudo. Elas oferecem a acomodação,

alimentação, bebidas, além do divertimento mediante ao pagamento do “pacote‟ para passarem o

período desta festa. Desta forma, Lashley e Morrison (2004, p. 54) evidenciam como ocorre esse

acolhimento dos turistas pelos estudantes:

Como afirma Jean-Anthelme Brillat-Savarin, gourmet e escritor de gastronomia do

século XVIII: “Receber um convidado torna [o anfitrião] responsável por sua felicidade,

enquanto a visita estiver debaixo de seu teto”(Brillat-Savarin,1970,p.14) Se esta é uma

essência do anfitrião, diz respeito a algo mais do que alimentos, bebidas e abrigo:

significa que ele deve procurar alegrar um hóspede infeliz, divertir um outro entediado,

cuidar um terceiro adoentado.

Podemos pensar que este tipo de moradia durante o carnaval oferecem muito mais do que simples

hospedagem, alimentação, mas sim convidam-no ao entrar numa atmosfera onde o divertimento

26

se torna o principal foco, em que os moradores se comprometem a “cuidar”do bem-estar, alegria

e satisfação do visitante.

Domínio Virtual: muitas vezes esta instância está vinculada às três anteriores, ela apresenta

características que estabelecem relação, onde emissor de uma mensagem torna-se um anfitrião e

o receptor em hóspede. Ela engloba sites da internet, de cidades, órgãos, indivíduos, etc. Se torna

tão expressivo que é difícil não levar em consideração estes aspectos na hospitalidade futura.

Para tanto, na atualidade o que vem ganhando destaque e muita importância é este âmbito da

hospitalidade, explicado por Dencker:

[...] a inclusão da hospitalidade virtual. Sites na Internet de empresas, cidades, órgãos

públicos, indivíduos, etc, mostram uma tendência de tal forma ascensional que é difícil

imaginar o futuro da hospitalidade sem uma consideração desse campo virtual. ( 2001,

p.18)

Como fora dito que a hospitalidade virtual está vinculada aos domínios privado, público e

comercial, podemos pensar que os próprios estabelecimentos, cidades, que praticam tal atividade

fisicamente, possuem os seus websites, redes sociais, além dos demais recursos multimídia, onde

mostram sua infraestrutura, diferencial dos locais, atenção ao cliente via virtual, além de

venderem a imagem de hospitalidade, o que pode ser um grande atrativo do cliente para a escolha

do determinado local.

Estas descrições dos domínios da hospitalidade partiram do pressuposto de análise do eixo social.

Todavia, há o eixo cultural que Dencker (2001, p. 15-16) classifica da seguinte maneira:

1- Recepcionar ou receber pessoas – nada representa melhor a hospitalidade que o ato de

acolher pessoas que batem à porta; a hospitalidade, antes de se tornar um gesto da vida

social, constitui um ritual da vida privada.

2- Hospedar: ainda que a noção de hospitalidade não envolva necessariamente o ato de

proporcionar pousada ou abrigo aos visitantes, não há como deixar de incluir nessa

categoria o calor humano dedicado a alguém sob a forma da oferta de um teto ou ao

menos um afeto, de segurança, ainda que por alguns momentos.

27

3- Alimentar: em algumas culturas, a oferta de alimento delimita e concretiza o ato de

hospitalidade, ainda que esse alimento seja simbólico, sob a forma de um copo com água

ou do pão que se reparte em algumas culturas.

4- Entreter: ainda que todos os dicionários restrinjam a noção de hospitalidade ao leito e

alimento, é óbvio que receber pessoas implica entretê-las de alguma forma e, por algum

tempo, proporcionar-lhes momentos agradáveis e marcantes do momento vivido.

A hospitalidade se pauta nas relações das pessoas, o que pode variar o meio em que elas ocorrem,

sendo no contexto público, doméstico, comercial e virtual. Devemos levar em consideração que

estes âmbitos possuem ligação, mas “funcionam” bem sem o outro.

A hospitalidade está inserida em diversos atos do nosso cotidiano. Inclui o leito, alimentação, o

“bem-receber” seja em casa, hotel ou cidade. Para tanto, ligamos a primeira ideia de

hospitalidade ao conceito doméstico, assim Lashley e Morrison (2004. p. 14) dizem que: “O

cenário doméstico da oferta de hospitalidade pode ser o foro para o inter-relacionamento entre os

aspectos doméstico e social”.

A hospedagem, apesar de não envolver necessariamente a hospitalidade como prática única, ela

se concretiza através das relações de receber e ser recebido. A alimentação, além de representar

uma necessidade fisiológica humana extremamente importante, ela delimita e concretiza o ato da

hospitalidade.

1.2 Um breve histórico sobre o Carnaval

1.2.1 Origem do Carnaval

O Brasil é intitulado pelo mundo, como sendo o “país do carnaval” isso se deve ao potencial

carnavalesco que o país possui, bem como a presença marcante da alegria na população ao seu

28

universo de cores, festas, o que torna-se um grande referencial e característica do país neste

aspecto. Para RUSSO ([S.P])6.“Hoje o carnaval transformou-se em forte atração turística.

Podemos dizer que o carnaval é, hoje, a maior festa folclórica brasileira”.

Diante de toda a representatividade do carnaval, Tramonte afirma que:

O carnaval é uma vivência cotidiana para o brasileiro. Em todas as classes sociais, em

todos os momentos históricos do último século, anualmente, repete-se sempre o rito do

carnaval. Justamente por ser tão próximo e tão cotidiano o carnaval apresenta o tamanho

do fascínio: faz parte de identidade, família, memória, nosso presente e, certamente, terá

lugar no futuro do povo brasileiro. No Brasil, ele ganha presença destacada como traço

maior da identidade cultural do país. “O país do carnaval”, entretanto apresenta uma

essência sob a capa de aparência pública do desfile. (2003, p 86)

O carnaval se manifesta plenamente no Brasil, mas ele não é “prata da casa” brasileira. Cardoso

([s.p]) afirma que “em vários países esta celebração é realizada, porém cada uma com sua

peculiaridade como em Veneza (Itália), Basiléia (Suíça), Nice e Paris (França), Colônia

(Alemanha), Nova Orleans (Estados Unidos) e Oruru (Bolívia)”.

Em relação à origem do carnaval, encontram-se várias controvérsias. Sob uma ótica, Russo

explana sobre o residente assunto:

Alguns historiadores associam o começo das festas carnavalescas aos cultos feitos pelos

antigos para louvar boas colheitas agrárias, dez mil anos antes de Cristo. Já outros dizem

que seu início teria acontecido mais tarde, no Egito, em homenagem à deusa Ísis e ao

Touro Apis, com danças, festas e pessoas mascaradas. Há quem atribua o início do

carnaval aos gregos que festejavam a celebração da volta da primavera e aos cultos ao

Deus Dionísio. E outros ainda falam da Roma Antiga com seus bacanais, saturnais e

lupercais em honra aos deuses Baco, Saturno e Pã.

(RUSSO, [s.p])

6 Disponível em: UM POUCO DA HISTÓRIA DO CARNAVAL

< http://ilove.terra.com.br/lili/palavrasesentimentos/carnaval_mensagem.asp>

29

Apesar dessa controvérsia de sua origem, o carnaval se caracteriza por festas, divertimentos

públicos, bailes de máscaras e manifestações folclóricas. O carnaval no Brasil recria-se

continuamente, não sendo esta prática uma manifestação folclórica que se repete sempre.

Existem algumas linhas sobre a origem da palavra Carnaval. Ela pode ter vindo de carne vale

(adeus carne) ou de carne levamen (supressão da carne), fazendo alusão ao período anterior ao

da quaresma, tempo em que implica em reflexão espiritual e abdicação de alguns alimentos.

Como também ela pode ter vindo de currus navalis, onde menciona carro naval, existiam

cortejos marítimos ou carros alegóricos em forma de barco na Grécia e Roma no início da

primavera.

O carnaval chegou ao Brasil através dos portugueses por volta de 1723, era conhecido como

Entrudo, caracterizava-se com brincadeiras e festejos carnavalescos. Ainda para RUSSO ([s.p])

“Muitos atribuem o início do nosso carnaval à celebração feita pelo povo para comemorar a

chegada da Família Real. As pessoas saíam comemorando pelas ruas com música, usando

máscaras e fantasias.”.

Segundo Delgado (2012, p.41) “o carnaval brasileiro, surge a princípio como uma representação

adaptada dos festejos carnavalescos de Paris e do entrudo português (ou mela-mela como é

chamado por muitos folcloristas no Brasil), nem por isso o festejo carnavalesco deixa de ser uma

representação „original‟ da identidade brasileira”.

Conforme Tramonte (2003) “[...] em vários lugares do Brasil, as formas carnavalescas vão

adquirindo contorno e importância como reflexos do momento histórico em que se inserem”.

Desta forma, Delgado complementa este pensamento com:

Vale salientar que nos primórdios do festejo havia dois tipos de carnaval, aquele

associado às elites que foi substanciosamente influenciado pelas festividades de Paris e

Veneza, os chamados bailes de máscaras, realizados em espaços fechados, cuja

iniciativa de acordo com Moraes Filho (2002, p.41) foi da cantora Delmastro; e aquele

relacionado ao povo, que ocorria ao ar livre (na rua), cuja origem remota ao entrudo e ao

mela-mela, ou mesmo a pequenos grupos de mascarados errantes. (2012, p.43)

30

Estes dois tipos de carnavais foram intitulados por Nogueira (2008 apud Delgado 2012, p.43)

como Grande Carnaval (das elites) e Pequeno Carnaval (do povo), os mesmos tiveram a junção

com a finalidade de criar e consolidar um elemento que representasse a identidade nacional. Esta

aglutinação deu-se de forma quase que por intermédio de uma negociação entre a elite e o povo.

A partir do século XX, a organização da nova festa carnavalesca (união dos dois carnavais) se

deu com a imposição de regras que se tornavam cada vez mais estruturadas por parte do poder

público, havendo um policiamento presente nos locais onde ocorriam as festas, os lugares eram

pré-definidos como também os roteiros dos grupos carnavalescos.

O carnaval foi se enfeitando mais, ganhando a presença dos carros alegóricos, a grande novidade

foi o Zé Pereira (tocador de bumbu) no Rio de Janeiro, havendo assim o surgimento das escolas

de samba, desfiles, bailes de carnaval em clubes. Tudo isso foi se diversificando para a atual face

do carnaval brasileiro, onde as alegorias e a harmonia evidenciam o nosso folclore mais

representativo e conhecido.

As músicas que embalavam o carnaval eram as marchinhas carnavalescas. Com o decorrer do

tempo, as diversidades musicais começaram a aparecer, além dos ritmos regionais caracterizarem

os seus carnavais. Tomando por exemplo, no nordeste brasileiro manteve-se o carnaval de rua, o

qual é embalado por frevo e maracatu nas cidades de Recife e Olinda, em Salvador há a presença

de trios elétricos ao som de muito axé music. Já Rio de Janeiro e São Paulo são os desfiles são

caracterizados pelas escolas de samba. Através disso cada região comemora seu carnaval de seu

modo, com sua característica peculiar, porém é uma festa marcante quem em todo canto do país

se apresenta de alguma forma.7

O carnaval no Brasil pode ser interpretado como um componente importante, entendido como um

ritual de cunho nacional, o que completa a formação da identidade brasileira. Este evento pode

7 Disponível em: HISTÓRIA DO CARNAVAL < http://www.suapesquisa.com/carnaval/>. Acesso em:

31

ser analisado como algo que pára ou modifica as atividades das pessoas pelo fato de ser carnaval.

Diante destes pressupostos, Bruhns (2000, p.92 apud Delgado, 2012, p. 44):

Os brasileiros vêem no Brasil o país do carnaval. As datas dos compromissos, muitas

vezes, são modificadas (adiantadas ou atrasadas) em razão da proximidade dessa data.

Durante quatro dias, o país „estaciona para pular‟ ou acompanhar os festejos, os quais

recebem grande divulgação dos meios de comunicação de massa. É quase impossível

não se contagiar quando „tudo é carnaval‟.

Diante de todas estas questões levantadas, percebemos o quão o carnaval se faz importante no

contexto nacional. São milhares de turistas, reais e cores. Segundo autoridades locais8, a

festa injeta mais de R$ 2 bilhões por ano. Salvador recebe 500 mil turistas durante cinco dias de

festa; o Rio, 850 mil; Recife, 690 mil. Além disso, o carnaval do Rio ganhou o título de maior do

mundo e o recifense Galo da Madrugada, o de maior bloco do mundo, no Guinness Book. E

apesar do roteiro básico Rio-Salvador-Recife, outras cidades também movimentam o setor com

uma das principais festas brasileiras, como Ouro Preto (MG), Olinda (PE), São Luís (MA) e

Manaus (AM), apesar dos números menores.

1.2.2 O Carnaval em Ouro Preto

O turismo em Ouro Preto se destaca pela sua grande importância, mobilizando interesses

políticos e administrativos. Consegue atingir de maneira direta e/ou indiretamente a maioria dos

autóctones, sendo eles privilegiados economicamente por esta atividade como guias turísticos,

feirantes, comerciantes, desde pessoas que estão em contato direto com os turistas nas ruas,

festas, comemorações e etc. Rosa (1999)

Para Dias (2006 apud Delgado, 2012, p.39) A utilização dos eventos, ou acontecimentos

programados segundo pelo turismo surge como um dinamizador do fluxo turístico e como

instrumento de combate a sazonalidade nos destinos, a „apropriação‟ de eventos culturais pelo

turismo possibilita a agregação de valor ao produto turístico que passa a refletir parte da

identidade local ao turista.

8 CARNAVAL 2012. Disponível em:< http://topicos.estadao.com.br/carnaval-2012>. Acesso em:

32

Segundo Rosa (1999) “A cidade é um „bem patrimonial‟, associando-se ao passado histórico e

artístico. A festa carnavalesca é antiga. No Brasil, até meados do século XIX, caracterizava-se

como Carnaval de famílias. Do final desse século ás primeiras décadas do século XX, Carnaval

burguês. Para Simson (1981 apud Rosa 1999). “A partir deste momento, o que predomina é o

Carnaval popular”.

A organização da festividade em Ouro Preto era realizada pelo poder publico, além dos

presidentes de clubes e comissões das ruas mais frequentadas no carnaval (ruas do Centro

Histórico) usavam de requerimentos para apoio da Prefeitura Municipal da cidade, para conseguir

mais condições financeiras e de infraestrutura para a celebração.

Há relatos (no blog Patrimônio Imaterial)9 do século XIX e XX sobre a incidência do carnaval

em Ouro Preto. São documentos que mostram o pedido de organizadores para a realização da

mesma. Sobre a trajetória do carnaval na cidade, Rosa (1999) mostra que:

O Carnaval está entre as maiores tradições da cidade, desde os velhos tempos do

Entrudo. Foram os empregados do Palácio dos Governadores da Província de Minas que

criaram o Clube dos Lacaios, há quase um século e meio, dando a Ouro Preto o

inconfundível Zé Pereira que, entre clarinadas e batuques, é o bloco mais antigo do

Brasil, (...) Tudo é Carnaval, ou melhor, tudo volta a ser o Grande Carnaval de Ouro

Preto.

Em Ouro Preto o carnaval é reconhecido por inúmeros motivos, sendo os blocos organizados

pelas repúblicas de estudantes da cidade um grande atrativo de publico que perdura por quatro

dias. Atualmente, a festa conta com cerca de 30 blocos, com média de dois mil participantes

cada. (SECTUR/MG). Para atender este público, conta-se com a infraestrutura como opção de

hospedagem: os hotéis, pousadas, repúblicas estudantis, as quais, há anos, recebem pessoas não

somente no carnaval, como em outras festividades, como na Festa de 21 de abril, Festival de

Inverno, Festa do Doze, como meios de angariar fundos para a casa.

9PATRIMÔNIO IMATERIAL OURO PRETO. Disponível em

<http://www.patrimonioimaterialop.blogspot.com.br/search/label/Carnaval%20em%20Ouro%20Preto%202012>

33

Estas moradias, além de cobrarem um preço menor por este serviço, elas podem oferecer todo

clima de festa característico do meio estudantil da cidade. Além do mais, o carnaval das

repúblicas conta com a presença de blocos que dinamizam a relação entre a casa e a rua. “Os

blocos saem das sedes, da casa - a república - desfilam e voltam, encerrando-se em casa

novamente”. (ROSA, 1999, p. 65)

O carnaval de Ouro Preto é abordado nas redes sociais, indicado por terceiros, na mídia e etc. A

festa chama atenção pelo fato de ser em uma cidade mundialmente conhecida, portadora de uma

cultura incomensurável, além de exibir uma das comemorações mais marcantes do carnaval em

Minas Gerais e no Brasil, no qual blocos caricatos e os compostos por micareteiros10

como o

Bloco do Caixão, por exemplo, seguem nas ruas históricas mais reconhecidas da cidade ao som

de bandas de “batuque”.

O carnaval das repúblicas caracteriza-se por alojar turistas/amigos em suas dependências ou casas

de apoio, disponibilizando uma programação pré-estabelecida, por volta de cinco dias de festas,

incluindo alimentação, hospedagem e participação de blocos. A organização do carnaval conta

com um apoio entre os órgãos público (Prefeitura Municipal de Ouro Preto, Governo de Minas,

Circuito do Ouro), privado (rede hoteleira, patrocinadores como a Skol® em 2012) e a sociedade

(com os blocos, entre eles o Zé Pereira)

De acordo com Malta (2008, p.122) “No carnaval de Ouro Preto o público que tem acesso às

repúblicas é menos seleto, pois com a adesão dos blocos de carnaval as fronteiras cotidianas se

descerram e criam um espaço público menos excludente e mais interativo entre ouro-pretanos e

repúblicos”.

No dia 2 de abril de 2012, a SECTUR apresentou um estudo realizado durante o carnaval de

Ouro Preto de 2012 (17 a 21/02/12), com o intuito de traçar o perfil do mesmo. Esta pesquisa

evidenciou a grande dimensão do evento, arrecadando cerca de 12 milhões de reais, além de

traçar o perfil dos consumidores desta festa. Foram analisados os aspectos como: forma de

10

Micareta [Brasil] Festa popular carnavalesca que acontece fora da época do Carnaval. Porém as pessoas que

participam do carnaval também são considerados micareteiros. Disponível em: <

http://www.priberam.pt/dlpo/default.aspx?pal=micareta>

34

agrupamento de viagem, avaliação geral, gênero, estado de origem, faixa etária, avaliação de

segurança, estado civil, reclamações, renda familiar em salários mínimos, taxa de retorno, meio

de hospedagem e outros.

Interpretando os resultados, poderíamos definir perfil do turista do carnaval de Ouro Preto da

seguinte forma:

Gráfico 1 – Motivação da viagem

Fonte: Pesquisa Demanda Turística do Carnaval de Ouro Preto- Perfil do Turista (SECTUR – OP

2012)

A grande maioria das pessoas que chegam em Ouro Preto no período do carnaval é por

motivação de participar da festa, porém não é única. Há pessoas que vem com intuito de

aproveitar o feriado, fazer turismo histórico/cultural, visitar parentes entre outros. Isto evidencia

como o carnaval torna-se um fator que impulsiona o aumento do fluxo de turistas na cidade,

35

mesmo esta recebendo turista o ano inteiro com outros objetivos, o carnaval sem dúvida é o

grande atrativo neste período.

Gráfico 2 – Forma de agrupamento

Fonte: Pesquisa Demanda Turística do Carnaval de Ouro Preto- Perfil do Turista (SECTUR – OP

2012)

De acordo com o gráfico 2, nota-se que a maioria dos turistas se agruparam entre 3 e 5 pessoas

sendo 62% do total. Em seguida, agrupando-se em 2 pessoas obteve 21%, e entre um número

maior de 6 a 15 pessoas com 11%. Sozinho 4% e pessoas 2%. Percebemos então que os turistas

se agrupam em um número de pessoas mais reduzido, isto levando em consideração aos meios de

transporte utilizados influenciam de forma decisiva. Os turistas vêm para a cidade

majoritariamente em grupos, variando apenas o número de pessoas, porém é nítida que muito

pouco turista vai para este tipo de celebração sozinho.

36

Gráfico 3- Principal Transporte Utilizado na Viagem

Fonte: Pesquisa Demanda Turística do Carnaval de Ouro Preto- Perfil do Turista (SECTUR – OP

2012)

O meio de locomoção mais usado pelos turistas com destino a Para chegar em Ouro Preto para o

carnaval, a maior parcela usam o meio de transporte rodoviário: o carro a maioria dos turistas

vem de carro, em seguida de ônibus. Contextualizando este item com as cidades de origem

podemos traçar uma relação. Ora, se a maioria dos turistas vem de cidades vizinhas torna-se mais

viável e barato locomover –se de carro ou ônibus. Para aqueles que moram no Rio de Janeiro ou

São Paulo costumam utilizar ônibus de linha ou fretados para ficar menos custoso e comportar

um número maior de pessoas. O avião é também meio de transporte utilizado, porém em menor

escala por ser ainda um meio de transporte mais oneroso e o deslocamento do aeroporto de

Confins até em Ouro Preto ser mais atribulado.

37

Gráfico 4 – Estados de Origem

Fonte: Pesquisa Demanda Turística do Carnaval de Ouro Preto- Perfil do Turista (SECTUR – OP

2012)

É nítido que O público majoritário recebido em Ouro Preto é proveniente do Estado de Minas

Gerais, computando com mais da metade dos entrevistados. Em seguida os estados do Rio de

Janeiro e São Paulo somam com 16% e 15% respectivamente. Apesar de outras cidades históricas

ou não terem famoso carnavais como por exemplo Diamantina, muitas pessoas optam por Ouro

Preto. Os turistas vindos do Rio de Janeiro tem significativa participação no carnaval,

provenientes de São Paulo. Mesmo estas cidades tendo dois dos mais famosos carnavais do

mundo com desfiles de Escolas de Samba, além de carnaval de rua, tomam como preferência

participar de um carnaval na cidade de Ouro Preto até pelo perfil estudantil intrínseco.

38

Gráfico 5 – Cidades de Origem dos Turistas

Fonte: Pesquisa Demanda Turística do Carnaval de Ouro Preto- Perfil do Turista (SECTUR – OP

2012)

Conforme apontado no gráfico anterior, a maioria dos turistas que participaram do carnaval são

oriundos do estado de Minas Gerais. Ao analisarmos com afinco as cidades que estas pessoas

originam-se que a maioria vem da capital, em seguida do interior de Minas Gerais. Analisando a

terceira posição decorre a cidade do Rio de Janeiro e em quarta a de São Paulo e seus respectivos

interiores. Estima-se que na maioria ser proveniente de Belo Horizonte devido a proximidade

entre as cidades (cerca de 98 km), o que facilita o deslocamento. As demais cidades de Minas

poderiam ser levadas em consideração também pela distância, como também a facilidade de se

chegar em Ouro Preto. Rio de Janeiro e São Paulo são cidades mais distantes, possuem uma

39

motivação diferente com aspecto diferenciado,, mas comparando a distância da cidade

ouropretana com Diamantina acaba que a primeira é muito mais próxima em relação da segunda.

Gráfico 6 – Idade dos visitantes

Fonte: Pesquisa Demanda Turística do Carnaval de Ouro Preto- Perfil do Turista (SECTUR – OP

2012)

Podemos visualizar a situação descrita no gráfico acima a faixa etária predominante no carnaval

de Ouro Preto é de jovens, a partir de 18 a 31 anos. Desta forma, podemos pressupor que o

carnaval como ocorre na cidade é mais atrativo para o público jovem, o que não exclui a

participação dos demais públicos. As atrações do carnaval incluem programação para todas as

40

faixas etárias, mas as festas dentro das repúblicas, seus blocos e demais atividades englobam

majoritariamente o público mais jovem.

Gráfico 7– Comparativo de Hospedagem: Idade

Fonte: Pesquisa Demanda Turística do Carnaval de Ouro Preto- Perfil do Turista (SECTUR – OP

2012)

No quesito hospedagem, quando fazemos uma análise sobre a comparação de público que se

hospeda em hotéis/pousadas e em repúblicas a mesma faixa etária predominante no carnaval de

um modo geral está inserida também em maior parte se hospedando em república: entre 18 a 31

anos. Acima de 31 anos, esta diferença é perceptível onde os hotéis/pousadas são os meios de

41

hospedagem preferidos, onde podemos pensar que os jovens estão mais dispostos à intensa

programação oferecida nas repúblicas com “24 horas de festa”, já as pessoas a partir de 32 anos

têm preferência e pré disposição por acomodações onde ofereçam segurança, conforto,

tranquilidade, não deixando de participar da festa.

Gráfico 8 - Gênero

Fonte: Pesquisa Demanda Turística do Carnaval de Ouro Preto- Perfil do Turista (SECTUR – OP

2012)

Podemos concluir que a maioria do público que esteve presente no carnaval de Ouro Preto em

2012 foi o de mulheres, mesmo a diferença sendo insignificante, o sexo feminino ficou com a

maior participação. De acordo com o IBGE (2010), a proporção da população brasileira é de 100

42

mulheres para 95,9 homens11

. Contabilizando a maioria mulheres, é comum perceber que elas

vão ser o maio número em determinadas pesquisas quantitativas.

Gráfico 9 – Estado Civil

Fonte: Pesquisa Demanda Turística do Carnaval de Ouro Preto- Perfil do Turista (SECTUR – OP

2012)

De um modo geral a festa carnaval é sinônimo de muitas paqueras, agitações. Para tanto, o maior

público indiscutível no carnaval de Ouro Preto conta com de solteiros. Isto decodifica como as

repúblicas, blocos ficam cheios destas pessoas têm intuito de aproveitar o período sem 11

O Censo 2010 mostra também que existem 95,9 homens para cada 100 mulheres no Brasil em 2010, ou seja,

existem mais 3,9 milhões de mulheres a mais que homens no Brasil. Disponível em: <

http://www.estadao.com.br/noticias/cidades,brasil-tem-39-milhoes-de-mulheres-a-mais-que-homens-e-23-mil-

centenarios,646919,0.htm>.

43

preocupações. Logicamente, não podemos descartar os outros estados civis, mas estes

provavelmente devem ficar hospedados em casas de parentes/amigos, hotéis/pousadas ou casas

alugadas, porque o ambiente das repúblicas em pleno carnaval não é propício para as pessoas

casadas, por exemplo.

Gráfico 10 – Renda familiar em salários mínimos

Fonte: Pesquisa Demanda Turística do Carnaval de Ouro Preto- Perfil do Turista (SECTUR – OP

2012)

44

O fator econômico influencia diretamente na escolha do destino de sua viagem. Para o carnaval

não é diferente. Isto implica na escolha de meios de hospedagem que está disposto a pagar,

pacotes de repúblicas, gastos extras, meio de transporte utilizados, entre outros. É evidente que a

maioria das pessoas possuem renda que vão de 2 a 10 salários mínimos, como também há um

número considerável de pessoas com renda acima de 10 salários mínimos. O público recebido

poderia ser enquadrado em classes econômicas B e C.

Gráfico 11 – Comparativo Hospedagem: Renda Familiar Mensal (S.M)

Fonte: Pesquisa Demanda Turística do Carnaval de Ouro Preto- Perfil do Turista (SECTUR

– OP 2012)

Ao realizar a comparação de renda familiar distribuídas entre os meios de hospedagem hoteleiros

e com as repúblicas, poderíamos chegar a seguinte análise: Quanto maior a renda mensal familiar

mais pessoas se hospedam em hotéis/pousadas, levando-se em consideração que estes meios são

mais caros, além desta época utilizarem das tarifas de alta temporada e não incluírem as demais

acima de 20 de 10 a 20 de 05 a 10 de 02 a 05 até 02

8

3632

18

54

28

35

20

13

Comparativo Hospedagem: Renda Familiar Mensal (S.M)

hotel/pousada república

45

despesas já oferecidas nas repúblicas. Pelo mesmo fato, as pessoas com menor renda optam pelos

pacotes das republicas porque os gastos extras são poucos, compensando muito mais.

Gráfico 12- Como ficou sabendo do Carnaval de Ouro Preto

Fonte: Pesquisa Demanda Turística do Carnaval de Ouro Preto- Perfil do Turista (SECTUR – OP

2012)

Atualmente as notícias se espalham muito rápido, devido aos veículos de comunicação,

principalmente as mídias sócias que ganham um destaque inquestionável na disseminação de

46

notícias, ideias e etc. Mediante ao carnaval da cidade a maioria das pessoas serem informadas dos

mesmos através de parentes/amigos/terceiros, o que não descarta que esta informação tenha sido

vista por internet, televisão, entre outros. A tradição do carnaval ouropretano também é um fato

consolidado, fazendo com que as pessoas saibam nem que seja superficialmente sobre a

existência do mesmo. Resumidamente, a mídia é um fator de suma importância para a

disseminação de noticias sobre o carnaval, variando apenas como a forma/ a maneira esta noticia

é passada.

Gráfico 13 – Número de vezes no carnaval de Ouro Preto

Fonte: Pesquisa Demanda Turística do Carnaval de Ouro Preto- Perfil do Turista (SECTUR – OP

2012)

47

O número de vezes que as pessoas frequentaram o carnaval foi um fator que comprovou a

maioria dos entrevistados estavam na festa pela 1 vez. Vimos que à medida que os anos vão

passando, vai reduzindo o número de reincidentes. Pode-se prever que isto pode ocorrer devido a

vários fatores como: não satisfação, interesses novos de conhecer outros carnavais famosos como

o de Diamantina que pensamos em ser um forte concorrente do carnaval de Ouro Preto, se há

falta de incentivo e divulgação da cidade.

Gráfico 14 – Onde se hospedaram

Fonte: Pesquisa Demanda Turística do Carnaval de Ouro Preto- Perfil do Turista (SECTUR – OP

2012)

48

Os meios de hospedagem mais utilizados durante o período do carnaval de 2012 em Ouro Preto

se divide em três itens com a maior incidência: as repúblicas com a maioria dos entrevistados, em

seguida as casas de parentes/amigos e em terceiro hotel/pousada. Um fator interessante é que no

primeiro momento poderíamos pensar que os concorrentes mais fortes da rede hoteleira seriam os

hotéis, mas percebemos que casa de parentes/amigos tem uma porcentagem expressiva e mostra

que as repúblicas são responsáveis “sozinhas”por uma maior ocupação na rede hoteleira.

Gráfico 15 – Grau de Escolaridade

49

Fonte: Pesquisa Demanda Turística do Carnaval de Ouro Preto- Perfil do Turista (SECTUR – OP

2012)

Para o quesito Grau de escolaridade foi evidenciado que a maioria dos frequentadores do

carnaval possui o nível superior sendo uma maior parte predominam com o superior completo e

incompleto. Em seguida tem-se o grau de ensino médio completo. Sendo Ouro Preto uma cidade

universitária, poderia também este fator contribuir para a grande participação deste grupo nas

festas, pensando que esta divulgação poderia ser feita a partir dos próprios universitários que

residem em Ouro Preto para universitários de outras instituições, sendo um chamariz para a

participação do carnaval.

Gráfico 16 – Comparativo Hospedagem: Escolaridade

50

Fonte: Pesquisa Demanda Turística do Carnaval de Ouro Preto- Perfil do Turista (SECTUR – OP

2012)

Novamente abordando a metodologia do comparativo de Hospedagem, quando analisado o grau

de escolaridade diagnosticamos que a maioria dos turistas que hospedam-se em repúblicas são

realmente universitários porque se enquadram no quesito superior incompleto. Diante dos outros

quesitos a maior parcela de pessoas podemos perceber que se hospedam em pousadas e hotéis.

Sendo assim, pode-se pressupor que quanto maior (conforme a escolaridade é maior

proporcionalmente os interesses são diferenciados) a instrução com mais idade a pessoa fica e

consequentemente busca conforto, segurança, tranquilidade, diferente dos universitários que

querem ficar na farra e não se preocupam com estas questões supracitadas.

51

Gráfico 17 – Preços dos pacotes das repúblicas

Fonte: Pesquisa Demanda Turística do Carnaval de Ouro Preto- Perfil do Turista (SECTUR – OP

2012)

As repúblicas prestam os serviços do carnaval e organizam em pacotes. Existem vários perfis e

preços de pacotes. A maioria deles varia de R$ 501,00 a R$900,00. O que vai sofrer alteração em

relação de um pacote e outro além das repúblicas ser diferentes, vai ser o que cada república

oferece época em que os mesmo adquirem o pacote. Lembrando que há diferença entre preços

para pacotes masculino e feminino e que o último costuma ser mais barato.

52

Gráfico 18 – Itens oferecidos nos pacotes das repúblicas

Fonte: Pesquisa Demanda Turística do Carnaval de Ouro Preto- Perfil do Turista (SECTUR – OP

2012)

Após notar as variações de preços dos pacotes, pode-se compreender melhor o que eles oferecem

e entender os preços. Grande parcela das repúblicas oferecem festas, café da manhã, almoço e

bebidas, as demais oferecem festas, bebidas e algum tipo de alimentação almoço ou café da

manhã. De acordo com esses serviços é que variam os preços, podendo diagnosticar que quanto

mais caro o pacote, Mais recheado será o mesmo.

53

Gráfico 19 – Número de pernoites na cidade

Fonte: Pesquisa Demanda Turística do Carnaval de Ouro Preto- Perfil do Turista (SECTUR – OP

2012)

O carnaval no calendário oficial é de quatro dias (sábado a terça), todavia em Ouro Preto e em

outras cidades as comemorações se iniciam antes na quinta ou sexta-feira. O número de pernoites

na cidade para a maioria dos entrevistados foi de 4 a 5 noites. Para os demais foram de 3 a

menos. Os fatores que podem justificar que muitas pessoas não ficam mais dias pelo fato de

trabalho, escolas, poucas folgas, ou mesmo distância porque tem de chegar em sua cidade que é

longe na terça ou quarta por exemplo.

54

Gráfico 19 – Comparativo de Hospedagem: média de permanência (pernoites)

Fonte: Pesquisa Demanda Turística do Carnaval de Ouro Preto- Perfil do Turista (SECTUR – OP

2012)

Através de uma comparação da quantidade de pernoites entre hóspedes de hotéis/pousadas e

repúblicas, aqueles que hospedam-se na segunda permanecem na cidade em média de 4,3

pernoites. Há uma relação entre o fator idade, além dos fatores externos como trabalho, estudo

que já foram mencionados anteriormente, Os hotéis/pousadas também montam pacotes para este

período, porém tem um preço mais elevado e inclui poucos serviços. Se pensarmos em

compromisso, como o maior público das repúblicas é jovem, possuem mais disponibilidade para

um maior tempo no carnaval.

55

Gráfico 20 – Comparativo Hospedagem: Público relativo recebido

Fonte: Pesquisa Demanda Turística do Carnaval de Ouro Preto- Perfil do Turista (SECTUR – OP

2012)

Ponderando os itens avaliados no Comparativo de Hospedagem eis que o público relativo entre

os hotéis/pousadas e as repúblicas nota-se que a grande maioria das pessoas se direcionam ás

moradias estudantis. Novamente seria necessário relacionar a escolaridade, faixa etária e renda,

em que estes quesitos apontam para o público jovem, universitários e com renda média, fatores

estes que determinam na decisiva escolha do meio de hospedagem que vão permanecer durante o

carnaval de Ouro Preto.

56

.

Gráfico 21 – Avaliação de Serviços/Equipamentos (nota média)

Fonte: Pesquisa Demanda Turística do Carnaval de Ouro Preto- Perfil do Turista (SECTUR – OP

2012)

A partir da avaliação dos serviços/equipamentos oferecidos aos turistas durante o carnaval,

observa-se uma série de fatores.a cidade foi bem avaliada no no quesito segurança, geralmente o

carnaval é considerado seguro, possui uma programação que atende a todas as idades, a

57

alimentação e hospedagem possuem bastante opções, mas precisam precisa-se investir na

qualidade, a infraestrutura é um fator que deve ser levado em consideração pelo fato da cidade

não comportar tanta gente nesse período, além de desencadear problemas como falta de água,

acúmulo de lixo, odores desagradáveis entre outros fatores, que implicam na visibilidade dos

turistas na imagem perante a cidade. De acordo com o que precisa melhorar segundo os

entrevistados seriam as informações turísticas que deveria ser muito eficiente nesta época, além

do trânsito ser complicado e e não funcional, a locomoção torna-se conturbada.

Gráfico 22 – Reclamações

Fonte: Pesquisa Demanda Turística do Carnaval de Ouro Preto- Perfil do Turista (SECTUR – OP

2012)

Perante as reclamações listadas pelos entrevistados, o que mais chama atenção seriam os

banheiros, o que implica na infraestrutura são poucos comparados ao número de pessoas

58

recebidas, as filas são longas, além de ficarem muito sujos, impossibilitando o prolongado uso. da

ordem do inabitável A falta de lixeiras na cidade é outro fator que deve ser observado, sem estes

conjunto de fatores indispensáveis bem dispostos as pessoas tendem a jogar todo o lixo no chão,

tornando assim a cidade fique muito suja, interferindo atrapalhando o cortejo dos blocos,

movimentação das pessoas e consequentemente discriminando deixando a imagem da cidade

ruim. Atrelado com a questão do trânsito, a falta de estacionamento é avaliada de maneira ruim,

porque há pouco espaço para os veículos podendo ate imaginar que mais pessoas não retornam

para a cidade com os próprios veículos pela falta de lugar para deixá-los.

Tabela 1 – Nomes de blocos e escolas de samba: Você consegue lembrar nomes de blocos e

escolas de samba tradicionais da cidade? (máximo 3). Nomes mais lembrados

Posição Nome Percentual que foi lembrado

01 Caixão 38,1%

02 Praia 18,9%

03 Cabrobró 10,0%

04 Bandalheira 3,2%

05 Vermelho e Branco 3,0%

06 Forca 2,9%

07 Zé Pereira 2,7%

08 Ouro Pirô 2,4%

09 Chapado 2,1%

10 Kalango Doido 2,0%

11 Mesclado 2,0%

12 Pirata 2,0%

59

13 Diretoria 1,1%

14 Ladera 1,1%

15 Balanço da cobra 0,9%

16 Baú da Xita 0,9%

17 Candongueiros 0,9%

18 O Monstro 0,9%

19 Lajes 0,8%

20 Bloco da Barra 0,6%

21 Chifrudo 0,5%

22 Inconfidência Mineira 0,5%

23 Bloco do Peru 0,3%

24 Escola de Samba Imperial 0,3%

25 Escola São Cristovão 0,3%

26 Deus é bom a beça 0,3%

27 Bloco do Mato 0,3%

28 Vai quem quer 0,3%

29 69 0,2%

30 Os Joãos 0,2%

31 Bloco 1800 0,2%

32 Hospício 0,2%

33 Liga para Rádio 0,2%

34 Quebraê 0,2%

Fonte: Pesquisa Demanda Turística do Carnaval de Ouro Preto- Perfil do Turista (SECTUR – OP

2012)

60

Analisando esta tabela, percebemos que os blocos mais lembrados pelos questionados foram os

de repúblicas com o bloco do caixão, da praia e cabrobó em seguida de outros blocos que

também tem relação com república. Desta forma, ao comprar pacote de determinadas repúblicas,

o turista adquiri também o ingresso para a participação dos blocos, cujo está embutido no valor

pago . Eles já têm os dias programados e geralmente são durante o dia quando as repúblicas não

tem festa.

Diante dos resultados supracitados, podemos fazer uma análise e traçar o perfil do turista do

carnaval de Ouro Preto da seguinte forma:

Este turista agrupa-se em grupos menores, utilizando o carro como principal veículo de

transporte, a maioria são solteiros com predominância do sexo feminino. O modo de ter

conhecimento do carnaval foi por intermédio de amigos/parentes. O público que se hospeda em

hotel e republica se diferem nos seguintes aspectos:

O público majoritário que fica no hotel está na faixa etária de 32 a 40 anos, com renda média

mensal de 10 a 20 salários com a escolaridade de superior completo. Enquanto o público de

república encontra-se na faixa de 18 a 31 anos, renda média mensal de 05 a 10 salários e com

escolaridade predominante no superior incompleto. Comparando o número de pernoites entre

meios hoteleiros e extra hoteleiros a taxa de pernoites é maior para as republicas.

Os pacotes do carnaval oferecidos nas republicas a maioria deles estão na média de R$ 701 a R$

900,00 reais, sendo que grande parte destes incluem tudo: café da manhã, hospedagem, almoço,

festas, blocos e bebidas.

A maioria destes turistas são de Minas Gerais e suas cidades do interior, seguidos de Rio de

Janeiro e São Paulo em menor proporção. Os quesitos mais bem avaliados foram segurança e

61

programação e os piores foram trânsito e decoração, além dos banheiros e falta de lixeiras na

cidade.

A partir deste perfil traçado, ele será utilizado no próximo capítulo dentro do carnaval na

Republica Xeque-Mate.

Figura 1: Cartaz do carnaval de Ouro Preto (Adriana Carneiro, 2012)

62

Mediante ao importante papel do carnaval na cidade de Ouro Preto, faz-se importante considerar

que este evento é um grande atrativo turístico na cidade. Assim Dias (2004, p.95) enfatiza:

O evento não pode ser visto como fenômeno isolado dentro do processo turístico. É

necessária uma política de eventos inserida no planejamento turístico das cidades,

envolvendo órgãos governamentais, empresas de bens de serviços que trabalhem juntos

e integrados em um planejamento estratégico, para que a sociedade participe e se

beneficie dos resultados sociais e econômicos decorrentes. Dessa forma, a política de

eventos deve mobilizar os valores sociais autênticos da localidade, a fim de que estes

sejam sustentáveis e permanentes.

Entretanto, o carnaval a ser estudado neste trabalho, caracteriza-se de como a comemoração

acontece no interior das moradias estudantis da cidade. Geralmente, este carnaval que também

interage com o carnaval das marchinhas, bandas, blocos, coloca o “povo” na rua com as

festividades diurnas, deixando as atividades noturnas para as festas temáticas nas repúblicas.

1.1 Universidade Federal de Ouro Preto –UFOP

A ideia de se ter uma Universidade em Ouro Preto, antiga Vila Rica se deu na época da colônia

no movimento da “Inconfidência Mineira” (1789). Vila Rica chegou a ser a cidade mais rica e

mais importante do Brasil, durante o auge da mineração na capitania de Minas Gerais.

Foi durante o Império que surgiram as primeiras escolas profissionais: a Escola de Farmácia

(1839), Escola de Minas (1876) e a Escola livre de Direito (1892), sendo as duas primeiras

pioneiras nas áreas científicas, enfatizando a imagem de cultura significativa da cidade.

Com a transferência da capital para Belo Horizonte, a Escola de Direito foi transferida para a

mesma, as outras duas ficaram em Ouro Preto, apesar de discussões sobre possíveis

transferências. Entre 1930 a 1960 a Escola de Minas esteve vinculada á Universidade do Brasil

63

(atual Universidade Federal do Rio de Janeiro) e a Escola de Farmácia era estadual, sendo

federalizada em 1950.

A manutenção destas escolas manteve-se importante, segundo Jesus (2009 p.6) “Mesmo distantes

dos novos centros econômicos e de poder, todavia, estas duas instituições sobreviveram,

contando com o peso do significado de Ouro Preto, como cidade palco de passagens”.

A partir da década de 60 houve uma intensa criação de universidades publicas no Brasil, onde a

burguesia transnacional delegou ao Estado a tarefa de preparar a mão de obra para emprego, afim

do país acumular capital e se desenvolver economicamente, pensamento marcado pela ditadura.

Dia 21 de agosto de 1969 o General Presidente Costa e Silva assinou o Decreto-Lei de

criação da Universidade Federal de Ouro Preto, a qual passava a ser integrada pela

Escola de Farmácia, de Minas e o Instituto de Ciências Humanas de Mariana, este até

então pertencente à Universidade Católica de Minas Gerais. Um estudo fora realizado,

levantando as questões de que a fundação da UFOP auxiliou na salvação destas escolas e

de certa forma e também através dos ex-alunos junto ao ministro da educação da época

para o não fechamento das instalações da mesma. Após alguns anos foram criados o

Instituto de Ciências Exatas e Biológicas (ICEB), a Escola de Nutrição (ENUT), o

Instituto de Filosofia, Artes e Cultura (IFAC), e outros. (JESUS, 2009, p.6)

A Universidade Federal de Ouro Preto tem hoje aproximadamente 8.377, dos quais 4.466 são

alunos que estudam na cidade de Ouro Preto, 720 em Mariana, 259, em João Monlevade, que dá

num total de 5.445 só nessa região, sem contar com os alunos que fazem o Cead, que é o ensino à

distância, que contam com mais 2.932 (UFOP, 2012). – ATUALIZAR DADOS

64

2 O UNIVERSO DAS REPÚBLICAS ESTUDANTIS E SUA ORGANIZAÇÃO

2.1 As Repúblicas Estudantis de Ouro Preto

De acordo com Machado (2007b, apud MALTA, 2010, p.48-49) a origem do termo no Brasil,

especificamente em Ouro Preto, se refere ã influência de Coimbra. Primeiramente, a moradia

estudantil era conhecida como Casa dos Estudantes. As relações existentes entre as repúblicas

ouro-pretanas e coimbrãs se apresentam de forma sociossimbólica de forma que a formação das

mesmas em Portugal se deu no período monárquico, em contrapartida no Brasil elas ocorreram

no início do século XX enquanto a monarquia aos poucos cedia lugar ao sistema republicano.

Com a mudança da capital de Minas Gerais para Belo Horizonte, houve uma grande oferta de

imóveis desocupados em Ouro Preto (o que proporcionou uma locação, a baixo custo para os

estudantes) devido ao grande fluxo de migração para a nova capital. Muitos destes domicílios

foram cedidos ou ocupados por estudantes, pois as famílias preferiam deixar os seus sobrados nas

mãos dos estudantes do que outras pessoas estranhas ocuparem seus imóveis ou eles serem

destruídos, pelo ao menos os estudantes cuidariam melhor dos casarões.

Ao decorrer dos anos houve uma série de reivindicações em que os estudantes pediam a compra

de casas para abertura de novas repúblicas para atender um maior número de acadêmicos. Após

muitas lutas foram conseguidas melhorias para eles. A compra das republicas foi oficialmente

estabelecida a partir de 1953, com o auxilio de instituições que auxiliavam os alunos como a

Fundação Gorceix e a Casa do Estudante da Escola de Minas. Assim, seria possível que houvesse

o aumento do número de estudantes que pudessem ser atendidos de forma permanente para

estudarem.

Ainda para Machado (2003, apud MALTA), temos a cronologia das repúblicas ouro-pretanas:

65

Em Ouro Preto a partir da década de 40, houve a fundação da Casa dos Estudantes

(1964) e mais tarde foi fundada a Casa dos Estudantes de Ouro Preto da Escola de Minas

( 1953), ocorreu a construção de casas para estudantes e a compra de antigas casas que

abrigaram várias repúblicas , a exemplo da Canaan, Sparta, Pureza, Reino de Baco e

Formigueiro. A UFOP assume a responsabilidade pelas casas somente em 1975, visto

que as repúblicas tiveram dificuldades em relação `manutenção. (2010, p.64)

.

De acordo com Machado (2001) “As repúblicas de Ouro Preto são únicas no Brasil. Nenhuma

outra cidade universitária tem as características de moradias estudantis ouro-pretanas e só em

Coimbra (Portugal) que se tem notícia de algo parecido”. As moradias estudantis dividem-se em

dois tipos: as federais, casas instaladas em imóveis da UNIÃO que giram em torno de 72, elas

estão localizadas entre o centro histórico e o campus da UFOP – Morro do Cruzeiro. Nestas casas

os estudantes não pagam o aluguel, em contrapartida são responsáveis pelas despesas de luz,

telefone, TV a cabo, “cumadre” (secretária doméstica das republicas) e demais serviços

contratados.

As particulares que estão dispostas em varias partes da cidade, são mantidas por seus próprios

moradores, dividindo entre eles as despesas similares as republicas federais, porém com o

acréscimo do pagamento do aluguel. O número das repúblicas particulares é aproximadamente

300. Tanto as repúblicas particulares e federais são organizadas em masculinas e femininas,

porém existe a República Arte & Manha que é mista, sabe-se de algumas moradias estudantis

particulares que são mistas, mas são poucas e não oficiais.

A organização dessas habitações caracteriza-se por princípios como a autogestão, autonomia e

cooperação. Os estudantes possuem uma autossuficiência em relação à universidade. Elas são

hierarquicamente estruturadas de acordo com o tempo que cada uma mora na república, sendo o

“decano” o mais velho da casa que de certa forma conduz o restante dos moradores. Todas as

repúblicas têm “vida” independente dos moradores, pois elas continuam existindo mesmo após a

formatura dos universitários.

66

Todas as repúblicas possuem um nome. Aliás, o universitário em Ouro Preto, muitas vezes é

conhecido pela sua república e não pelo seu curso, como nas demais universidades, o que torna

um fator ainda mais interessante, onde sua identidade é tida a partir do local onde você mora, sua

republica. Analisando o fenômeno das republicas em Ouro Preto, para Jesus (2009, p.8):

Pode-se aventar a hipótese de que a "REPÚBLICA", res pública, coisa pública -

fenômeno típico de Ouro Preto - é um espaço onde podem acontecer processos variados

de aprendizagem, que vão desde aquisição de sociabilidade, passando por solidariedade,

capacidade de subordinação às regras de grupo, capacidade de renúncia a certos

interesses individuais para lograr adequar-se a ordenamentos hierárquicos coletivos.

Embora não tenham sido criados com propósitos pedagógicos, elas existem em função

de uma instituição pedagógica.

Para Machado (2000) “a republica „é um lugar de grande aprendizado, um dos poucos lugares na

vida universitária que permitem um debate e vivencia cultural, e onde o individualismo é

reduzido e os projetos coletivos estimulados”. Ele ainda ressalta que os estudantes são carregados

de inúmeros sentimentos e atitudes, onde dentro da republica aprendem o real conceito de

cidadania, envolvendo a participação, diálogo, busca do consenso, respeito pelo outro e pela

diferença.

Já para Teodoro (2003, p. 37) o emprego da palavra republica tem um sentido diferente: “O nome

“republica” vem do fato de que a Escola de Minas foi fundada no tempo do Império e muitos dos

seus alunos eram republicanos e, consequentemente, defensores dos ideais republicanos”.

Geralmente nas repúblicas os calouros, conhecidos como bixos, têm de cumprir um estágio,

chamado de batalha, para serem aceitos definitivamente como moradores das casas. Essa é a

época do calouro conhecer os moradores da república, estes também conhecerem o candidato a

morador e avaliar o seu processo de adaptação. A escolha deve ser unânime. Durante esta

batalhar era comum o aluno ser submetido aos trotes. Essa batalha varia muito do perfil de cada

republica, na maioria das vezes nas republicas federais elas estão mais presentes e rígidas, não

67

descartando as mesmas nas particulares, que costumam ser mais “leves”. Acrescentando mais

sobre a vida republicana, Teodoro expõe que:

O modo de vida em republicas exige muito dos seus membros, já que eles tem de

colocar os valores do grupo acima dos interesses pessoais. É claro que há espaço para

que as individualidades possam manifestar-se, desde que não prejudiquem ou coloquem

em risco as relações entre os estudantes, as ações cotidianas e a distribuição de funções.

(2003, p.39)

No contexto em que a hospitalidade republicana se enquadra, um dos fatores que chama

muita atenção é a questão do trote. Para entender como o mesmo ocorre nesse tipo de moradia

estudantil, esboçaremos a etimologia do “trote” que possui correspondentes em vários idiomas:

Trote (espanhol), trotto (italiano), trot (francês), trot (inglês) e trotten (alemão), em todos

esses idiomas e também em português o termo trote se refere à certa forma de se

movimentar os cavalos, uma andadura que se situa entre o passo e o galope.12

É preciso saber que o trote não é uma andadura habitual do cavalo, mas algo que lhe é imposto (muitas

vezes a base de chicotadas e esporadas). Da mesma forma, os calouros são vistos pelos moradores

como alguém que deve “aprender a trotar”, ou seja, eles devem seguir as tradições e respeitar a

hierarquia vigente dentro da republica. Para isso é feito, em suma, os trotes físicos e psicológicos, para

“ensinarem” os calouros.

O trote na história iniciou-se nas primeiras universidades da Europa na Idade Média, havia o hábito de

separar os veteranos dos calouros impedindo que assistissem às aulas no interior de suas respectivas

salas, sendo permitida apenas a prática destas em seus vestíbulos, de onde veio o termo vestibulando

para designar estes novatos. Para identificar o calouro, estes tinham suas cabeças raspadas e, muitas

12

AMARANTE, F.B; DUARTE, S; PEREIRA, V; RIBEIRO, G. “Trote: forma de hospitalidade no curso de

Turismo da UFJF”. Juiz de Fora: Instituto de Ciências Humanas da UFJF, 2006. 10p. Não publicado.

68

vezes, suas roupas eram queimadas. No século XIX, os estudantes brasileiros que fizeram parte do

processo educativo de Portugal trouxeram o trote para o Brasil.

Diante do número crescente da taxa de evasão das republicas federais, o Ministério Público

entrou com um processo de intervenção na conduta dessas moradias. Listou diversos itens que

deveriam ser proibidos, como por exemplo, fazer o cabelo (escrever o nome da republica no

cabelo), usar placa (que possuía o apelido do calouro e sua republica), vento, entre alguns outros

elementos que compunham o processo de batalha, além de exigir a confecção do estatuto dessas

republicas. Cabe salientar que as autogestões dessas casas estariam sendo ameaçadas se as

mesmas não seguissem a conduta estipulada pelo Ministério Público.

Há uma dualidade em relação às republicas. Ora, por uma vertente elas representam um conjunto

de praticas culturais centenárias, papel de destaque na localidade. Elas conseguem influenciar e

serem influenciadas pela cidade. Por outro viés, essas moradias se tornaram sinônimo de grandes

festas e uma imagem Boemia a Ouro Preto. Além de tudo, as repúblicas são singulares, repletas

de tradições, além da relação ex-aluno – república/moradores, o que torna algo inexoravelmente

fascinante e único.

Mesmo dentro de grandes polêmicas na questão das repúblicas, seria importante salientar que as

mesmas possuem um papel muito representativo não só no contexto da UFOP, como na cidade de

Ouro Preto, integra a cultura que já é tão rica e vasta. A relação da república, hospitalidade e

carnaval serão abordados nos próximos itens.

2.2 A República Xeque-Mate

69

A data atribuída à fundação da república é de 19 de abril de 1982, porém em 1999 descobriu-se

que sua real fundação foi em março de 1981. Ela foi criada por três estudantes: Renzo Vieira

Lessa (“Mequinho”), Carlos Ângelo Nunes (“Jacaré”) e Benedito Silvestre (“Bené”).

O primeiro nome da moradia foi “República Socialista Xeque Mate” porque Renzo foi campeão

brasileiro e bicampeão mineiro de xadrez, mas com o tempo a republica ficou como apenas

Xeque Mate. Sua primeira sede na rua Antônio de Paula Ribas, no bairro Água Limpa. Alguns

dos integrantes da republica participaram da fundação da República UPA, mas depois voltaram.

Existia pressão familiar para a venda do imóvel em que a moradia se encontrava para que a

república não ficasse ali, porém Dona Alice resistiu e manteve a mesma no local. E Dona Nadir

era conhecida como a “mãe” dos xequemateanos durante várias gerações.

A república por treze anos (1984-1997) só admitia alunos do curso de farmácia Durante o período

de 1984 a 1997, durante este período existiam muitas festas na cozinha da casa e uma delas quase

destruiu a construção. Em 1995 com próprios recursos conseguiram reformar a casa e elegeu o

hino da Republica Xeque-Mate “A Filha da Chiquita Bacana” de Caetano Veloso.

Em 4 de janeiro de 1997 devido às fortes chuvas houve represamento e desmoronamento da rua

Padre Rolim, levou a destruição da maioria das casas da rua Antônio de Paula Ribas, tendo a

Republica Xeque-Mate perda total. Com este ocorrido, os estudantes mudaram para a rua Dr.

Albino Sartori n 246 na Vila São José. Após reconstrução física os alunos buscaram uma sede

mais satisfatória passando pela rua Dr. Cláudio de Lima n° 30 (de maio de 1997 a novembro de

1998), rua Direita n° 179 ( de novembro de 1998 a novembro de 1999) e hoje está instalada á rua

Paraná n°12. A sede atual da República Xeque-Mate permitiu a esta a sua grande divulgação e

reconhecimento, bem mais acentuados do que em outras épocas, com a realização de sucesso de

inúmeras festas dentre outros eventos importantes promovidos.

70

Hoje a republica conta com 12 moradores, com a faixa etária entre 18 a 28 anos, com moradores

oriundos de varias cidades como Viçosa, Timóteo, Belo Horizonte, Vila Nova, Taquaritinga, São

Paulo, Ipatinga, Coronel Fabriciano, Jaboticabal, Monte Alto e Capitólio. O tempo de

permanência dos moradores varia de 6 anos. O numero de ex-alunos é de 41 e homenageados são

11.

Para ser um morador da Republica Xeque-Mate, o bixo passa pelo processo de batalha já

mencionado, onde tem de cumprir certas obrigações em prol da casa. Passando por este período

de avaliação, ocorre a sua escolha, tornando-se mais um xequemateano.

Figura 2: Bandeira da República Xeque-Mate (Adriana Carneiro, 2012)

71

2.3 O Carnaval de 2012 na República Xeque-Mate

O carnaval além de ser uma festividade muito comemorada no Brasil manifesta-se de modo

folclórico, de modo que se concretiza a cultura diversificada brasileira. Em Ouro Preto não

poderia ser diferente, sobretudo com sua particularidade do carnaval das republicas, tema este

que será abordado neste item.

O carnaval de 2012 aconteceu de 18 a 21/02 (data do calendário), porém na republica Xeque

Mate iniciou-se na quinta-feira dia 16/02. O slogan do carnaval desta república era “ CarnaXeque

6 dias for loko”! Para que ocorresse a realização do carnaval, os xequemateanos iniciaram este

trabalho há muitos meses antes do grande acontecimento.

No momento em que o carnaval do ano acaba alguns meses em junho/julho já se inicia as

discussões sobre o carnaval do ano seguinte, realizando a escolha da programação, divulgação,

divisão das tarefas entre os moradores, para que os resultados sejam alcançados, inclusive o do

lucro. Os pacotes começam a ser vendidos a partir de setembro/outubro.

A importância de realizar uma boa festa deve ser pensada a partir do momento em que a

programação é planejada, levando-se em consideração que o produto carnaval se encaixa no

quesito evento, sendo este intangível, obedecendo simplesmente as expectativas e satisfações de

seus consumidores, para tanto ele deve ser bem administrado, porque senão não terá chance

frente ao mercado competitivo. Por outro lado, Schiffman e Kanuk (2000, p. 123) destacam que

“uma vez que serviços intangíveis, a imagem se torna um fator-chave na diferenciação de um

serviço da concorrência”. (DENCKER, p 127)

72

Dessa maneira, deve-se pensar que o público deve ser surpreendido, dar a ele mais do que esta

acostumado a esperar. Isso é extremamente importante, Dias (2002, p.92) completa: Essa

consideração é importante, tanto no que se refere á criatividade do produto quanto á seleção de

mercado, política de preços ou estratégias de comunicação e marketing, que fazem política de

preços ou estratégias de comunicação e marketing, que fazem parte do plano de identificação e

divulgação do evento. (DIAS, 2002, p. 92)

Antes que a programação e os demais detalhes sejam definidos, faz-se primeiro a divisão das

tarefas por grupos. Estas tarefas incluem vários aspectos e se mantém mesmo quando o carnaval

esta acontecendo. Dividem-se em grupos de hospedagem, compras e etc. Depois disso, abre-se

espaço para as atrações do próximo carnaval. O morador A afirma:

a programação do carnaval se da desta maneira: “Discutido em reunião, as pessoas vão

sugerindo de festas que foram ou ficaram sabendo que aconteceram e que deram certo e

tentamos implantar no carnaval. Festa do sinal alguém viu la em Viçosa, gostou e

implantamos aqui. Se a festa não atender a expectativa, não será mais repetida.”

(MORADOR A, Ouro Preto, 22 mar.2012, Entrevista concedida a Fahrenheit Amarante)

Depois de viabilizarem as atrações, formou-se a programação do carnaval de 2012, que foi a

seguinte. (extraída do site da república)13

“Prepare-se para viver 144 horas de experiências únicas cheias de novas sensações e

fantasias!!!

A República localizada no coração do carnaval de Ouro Preto oferece:

- Tradicional Duelo Brahma X Skol, estupidamente geladas!

- Bebidas Diferenciadas (Steinhagen, Ice, Rum, Jurupinga, Vodka com Energético,

Cachaça Mineira, Refrigerante e Água)

- Boate 24 horas ligada com mega estrutura!

- Festas Temáticas e Tradicionais Blocos de Ouro Preto!

- Café da Manhã e Almoço

PROGRAMAÇÃO:

-Sexta-Feira Chegando e Bebendo!

Recepção calorosa dos foliões com muita bebida e boate no talo!!!

-Sábado agora é pra valer!!!

Café da Manhã, Bloco do Caixão, o melhor bloco de Ouro Preto!! Depois caldo para

renovar as energias, Festa do Semáforo com Banda de Axé!!!

-Domingo vai ser longo!!!

13

Disponível em: <http://www.xequemate.org>. Acesso em: 10 fev 2012.

73

Café da Manhã,Roda de Samba com churrasco, e ainda o maior Bloco Noturno de Ouro

Preto, você vai se surpreender!!!

-Segunda-Feira é dia de Fantasia!!

Café da manhã, tradicional almoço mineiro, e o inovador BLOCO DO BÊRA embalados

por 5 bandas nas sacadas da Rua Paraná!!! A noite é de festa a fantasia, vodka com

energético liberado e Banda de Samba-Rock!!! Premiação: casal com melhor fantasia

ganha replay CarnaXeque 2013!!!

-Terça-Feira do Pijama!!

Café da Manhã, churrasco, e a noite coloque seu pijama pra curtir a banda de Pop

Rock!!!

-Quarta-Feira Insana!!!

Aqui não tem ressaca!!! Café da Manhã, e um churrascão para fechar com chave de ouro

essa experiência inesquecível!”

Diante da programação estabelecida e sendo preparada para ser divulgada, era necessário que

houvesse também a divulgação dos componentes do pacote oferecido. Elas estavam juntas,

faltava somente colocar os preços, onde foram dispostos no site da republica.

Os preços estavam tabelados da seguinte forma: o 1 lote estava: R$ 550,00 o feminino e

R$800,00 o masculino e o 2 lote custava R$ 600,00 feminino e R$900,00 masculino. O pacote

poderia ser dividido em ate 12X sem juros, através do pague seguro. Já o deposito se dividia o

numero de parcelas de acordo com o mês em que o turista comprasse o pacote. Por exemplo: o

turista que comprasse o pacote ate outubro tinha ate fevereiro para pagar o restante. O boleto era

parcela única.

O preço sob a ótica dos xequemateanos era conveniente em relação ao hotel por conta da festa.

Porque alem da hospedagem, eles ofereciam os blocos, festa, alimentação e bebidas, o que

julgam ser vantajoso para o turista. Este pacote oferecia os seguintes itens:

Hospedagem, alimentação (almoço, café-da manha, churrasco, jantar), Festas: festa do

sinal, á fantasia, do pijama, os blocos: do caixão (sábado), corujão (domingo) e do bêra

(segunda-feira- banda na sacada, festa externa, foi uma tentaiva para ver se funcionava

ou não e deu certo, começou na Aquarius, como uma banda na sacada deles,a festa tava

mais concentrada na frente deles, depois passou pra Nau, outra banda. Na Aquarius teve

distribuição de latinhas de cerveja, conseguimos um patrocínio de latinhas, era liberada

para os hóspedes das republicas desta rua, com acesso pelas pulseiras de identificação).

(MORADOR A, Ouro Preto, 22. mar.2012, Entrevista concedida a Fahrenheit

Amarante)

74

Dentre as formas de pagamento é possível através de: cartão de crédito de bandeiras diversas em

até 18 vezes, depósito bancário e pagamento de boleto em bancos diversos.

Para Lashley e Morrison, (2004, p. 63) “se um hospedeiro comercial atende bem aos seus

hóspedes, com um interesse autêntico por sua felicidade, cobrando um preço razoável não

extorsivo por aquilo que oferece, suas atividades poderão ser chamadas de hospitaleiras”.

Com a programação, preço e prazo definidos, faltavam estabelecer a praça, era preciso partir para

a próxima etapa: a divulgação. Ela ocorreu da seguinte forma:

Através de internet, paga um serviço do google que ele coloca a busca sendo uma das

primeiras no topo da pagina, quando a pessoa pesquisa sobre o carnaval de Ouro Preto, o

pacote do carnaval da XM vai estar em um dos primeiros. Este ano a gente também

colocou na rádio a divulgação de um bloco que a gente tava fazendo com outras

republicas, Bloco do Corujão. Através de email, redes sociais: facebook,Orkut, vídeo

promocional no youtube (mostrando como é o carnaval, a programação. ( MORADOR

B, Ouro Preto, 22.mar 2012, Entrevista concedida a Fahrenheit Amarante)

Para que a divulgação atinja o resultado esperado, seria valido levar em consideração a atmosfera

que pode afetar o comportamento dos turistas: tornando–se um atrativo de um especifico público-

alvo, criação de mensagens simbólicas sobre o caráter e qualidade distintivos da localidade e

persuadir as pessoas que vão para os pontos turísticos (no caso seria a republica) determinados.

Para Hawkins(1995, p.504 Apud Dencker 2003, p.125) as variáveis atmosféricas podem ser

categorizadas em quatro itens: condição ambiental levando-se em consideração a temperatura,

qualidade do ar, musica, odor; física com o layout, cores, espaço, equipamentos; social

analisando as características e números dos consumidores , características de vendas e os

símbolos que conferem aos pontos de venda, decoração, sinalização.

75

Além destes serviços oferecidos aos turistas, os moradores da República Xeque-Mate apostam

nos seguintes aspectos:

O espaço, a localização, a gente mora na “principal rua de Ouro Preto”, isso é um

diferencial, mas as festas internas tem um “algo a mais”, que acaba atraindo o pessoal

para querer voltar. Os turistas escolhem a republica também pelo nome que a gente tem,

que já fazemos carnaval já tem muito tempo (mais de 10 anos). Quem vem e gosta

daqui, indica para amigos ou voltam também (MORADOR A, Ouro Preto, 22.mar.2012,

Entrevista concedida a Fahrenheit Amarante)

76

Figura 3: Localização da República Xeque-Mate (Adriana Carneiro, 2012)

Para Dencker (2003, p. 127) “os indivíduos tendem a conferir significados aos quadros de

estímulos percebidos, contrapondo-os a suas expectativas, necessidades, desejos ou interesses.

Dessa forma, ao serem interpretados, os quadros de estímulos servirão como referência para a

avaliação do período de estada do turista, construindo o posicionamento da localidade em sua

mente”.

Os moradores da Xeque-Mate tem em mente sempre fazer um carnaval melhor do que o outro

afim de cativar o hospede. Eles pensam em fazer o melhor carnaval de Ouro Preto, dessa forma lá

o hospede sempre vai querer voltar, alem do bom relacionamento que eles tem com os turistas.

Confirmando tal passagem, o morador A comenta:

Ele fala “poxa, foi um excelente investimento que eu fiz” e quero voltar concerteza e sai

daqui com essa idéia e não arrependido pelo gasto do dinheiro, ele não sai pensando no

tanto que ele gastou, mas sim no tanto que ele aproveitou. As pessoas quando vem

buscam muitas coisas: o bom acolhimento,ela quer ver se a republica cumpre realmente

o que ela propôs no pacote, se são bem recebidos. Eles verificam que tudo que foi

propagado no pacote aconteceu, que o pessoal da casa é gente boa, porque não adianta o

rock ser bom, se eles chegam no lugar e não são bem tratados. O que cativa muito as

pessoas aqui é o tratamento que eles recebem. O bom relacionamento é fundamental.

(MORADOR A, Ouro Preto, 22.mar.2012, Entrevista concedida a Fahrenheit Amarante)

77

Figura 4: Turistas na varanda (área externa) da casa (Adriana Carneiro, 2012)

Para que a república abrigue um evento deste porte, conta com uma infraestrutura para tal. A casa

possui 9 quartos, 3 banheiros ( com chuveiro) mais 2 com o vaso e pia, área de festa grande sala,

boate, área externa da cozinha (onde é feito o churrasco). A casa comporta 54 turistas se

acomodando nas dependências (fora os moradores, porque eles tem um quarto separado para

eles). Nas casas de apoio na Quase Normal (Republica 1) foram 30 turistas e na Eternamente

(Republica 2) 35. Nas festas a casa chega a comportar cerca de 180 pessoas. Durante o período de

carnaval, muitos freezeres são dispostos pela casa para melhor atender os turistas ( na boate, sala,

cozinha, área externa. Todos os quartos são ocupados pelos turistas.

Há um quarto individual com banheiro em que os pertences e coisas de valor dos moradores são

deixados, havia o revezamento de “vagas” para dormir entre os moradores, porque alguns

dormem e outros ficam acordados atendendo os turistas. Os turistas são orientados a levar roupa

de cama e travesseiro, porque a republica oferece apenas o colchão inflável. A área externa de

cima tem uma varanda, onde são postos os moveis desmontados da casa e monta uma tenda, em

que os móveis maiores ficam: sofá, estante, armário, cama,o restante fica No quarto dos

pertences.

78

Figura 5: Turistas acomodados em um dos quartos da República (Adriana Carneiro, 2012)

Como há a divisão das tarefas entre os moradores, o grupo (formado por 3 pessoas) que ficou

responsável em receber os turistas teve de desempenhar tais funções: responder emails, ligar, se

houvesse algum problema com o pagamento do pacote. Os turistas chegaram direto na republica.

Eles costumam chegar na sexta a noite e vão embora na quarta-feira de manha. O contato,

interação fizeram parte tanto dos republicanos como dos turistas, como é mostrado pelo morador

A

Buscamos o turista e ele mantém o contato com a gente através de redes sociais . Os

próprios turistas criaram um grupo no facebook d Carnaval Xeque Mate 2012, eles

buscam interagir com a gente. Inclusive, ali tem gente perguntando como vai ser o

pacote do carnaval em 2013. O contato é mantido, eles perguntam como esta a casa, as

coisas e etc. os turistas que voltam perguntam por moradores que já formaram. Um

grupo do RJ, um turistas chegou perguntando da Festa do Doze que tinha ficado sabendo

desta festa, como funcionava, vou manter contato com vocês no facebook, se vocês

fizerem me fala que minha galera vai voltar., porque nos gostamos daqui. Os turistas

mostram interesse, perguntam quando vai ter festa para voltar.(MORADOR A, Ouro

Preto, 22.mar.2012, Entrevista concedida a Fahrenheit Amarante)

A alimentação varia de acordo com a programação, quando tem churrasco tem almoço (arroz,

vinagrete e farofa). Todos os dias tem café da manha: pão, leite, manteiga, café e toddy. 3 dias de

churrasco: domingo,terça-feira e quarta-feira, sábado foi jantar (caldo de mandioca e feijão)

79

Figura 6: Turistas almoçando na República (Adriana Carneiro, 2012)

Para a realização da limpeza, uma faxineira é contratada para limpar o banheiro todos os dias,

tirando o lixo, arrumando, durante a festa, por volta de 6 horas por dia. A cumadre da casa limpa

a casa de manha, as áreas em comum e algum quarto so era limpo se algum hospede solicitasse,

por questão se segurança. Um dia de carnaval seria descrito por hora desta maneira pelo Morador

B:

Os dias de carnaval são semelhantes, cada dia é um clima. Tem a hora de acordar que

quase é a mesma para todos. Qualquer hora do dia vai ter gente na casa, bebendo,

dançando. A maioria da galera já acorda na hora do almoço, muitos acordam bebendo. A

maior parte do povo bebe, isso fez sobrar muito leite! A boate não desliga, fica ligada 24

horas. O povo se arruma ou pra festa ou bloco, vão formando os grupos entre eles. O que

marcava a “hora da festa começar é algum turista se caracterizava, os outros aproveitam

e se arrumavam também. (MORADOR B, Ouro Preto, 22.mar.2012.Entrevista

concedida a Fahrenheit Amarante)

80

Figura 7: Festa no interior da República (Adriana Carneiro, 2012)

De acordo com Lashley e Morrison (2004,p.27) “a festa e a hospitalidade expressam, consolidam

e/ou estabelecem vínculos entre grupos de parentesco, e são parte integrante dos processos de

desenhar e redesenhar os parâmetros das alianças de tais grupos”.

Os hospedeiros comerciais não escolhem a frequência de acolher e nem selecionam os hóspedes,

não havendo motivos em adotar essas escolhas. Mas pode-se, em primeiro lugar, perguntar os

reais motivos em eleger este trabalho e em desenvolver várias ações em relação aos hóspedes.

Para o anfitrião, os motivos para ser hospitaleiro são basicamente não-pertinentes: o

desejo de suprir com exatidão a quantidade de hospitalidade que assegurará a satisfação

do hóspede, o desejo de limitar o número de reclamações e, esperançosamente, o desejo

de gerar uma visita de retorno enquanto se apura o lucro. Para o hóspede há pouco senso

de obrigação mútua relativo ao contexto doméstico.

(LASHLEY e MORRISON, 2004, p. 19)

Mesmo com toda a divulgação, empenho da equipe em fomentar um bom carnaval, algumas

circunstâncias não estão ao alcance deles. O carnaval de Ouro Preto esteve ameaçado porque em

81

janeiro de 2012 as chuvas estavam caindo fortemente na cidade, destruindo algumas áreas e a

mídia insistente mostrando na televisão toda a situação.

Para reverter este efeito, o governo de Minas fez campanhas publicitárias estimulando o turismo

nas cidades históricas, mostrando que mesmo com as chuvas o carnaval estava seguro. Alguns

turistas ficaram preocupados e começaram a entrar em contato com a Xeque-Mate, mas não

desistiram. A publicidade da SKOL Folia ajudou muito a promover o carnaval de Ouro Preto,

colocando-o entre 1 dos 5 melhores carnavais do Brasil. Houve cancelamentos, mas não por

causa da chuva e sim por perda de folga do trabalho, pessoa que acidentou.

.

Figura 8: Publicidade de marca de Cerveja (“Operação Skol Folia”.) (SKOL, 2012)

82

Figura 9: Publicidade de marca de Cerveja (“Operação Skol Folia”.) (SKOL, 2012)

Em contrapartida, quando surgiu a propaganda da SKOL, colocando Ouro Preto em um dos 5

melhores carnavais do Brasil, estando na lista: Ouro Preto, Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador e

Recife, além do governo de minas ter criado uma propaganda insistente no estímulo para que os

turistas viessem prestigiar o carnaval das cidades históricas de Minas Gerais.

83

Já as republicas, aproveitaram estes dois tipos de divulgação para fortalecer o público-alvo dos

mesmos, além de utilizar as mídias sociais como principais veículos de disseminação da

propaganda do carnaval: Google, Facebook, Twitter e Orkut, além da criação de vídeos

promocionais no site Youtube, mostrando fotos, vídeos de festas, Doze, Carnavais, afim de

incentivarem os turistas a participarem.

Apesar de toda organização, nem sempre as coisas saem como o do jeito planejado. Seria normal

imaginar que no meio de tantas pessoas alcoolizadas pudesse desencadear certo tipo de confusão,

desentendimento. Para isso, o Morador A fala sobre a sua experiência:

Já passei 3 carnavais aqui, teve uma vez que teve um problema com turista que chegou a

estourar um extintor, eles não caem na real muitas vezes que aqui é nossa casa, acham

que é so bagunça. Conversamos com ele, explicamos a situação para ele, Briga,

confusão, nunca teve. Sempre tratamos todo mundo com respeito, até por email, liga

para o hospede para conversar. O hóspede chega aqui e não é um completo

desconhecido, já “conhece”ele diante de um processo de contato, pagamento antes do

carnaval. (MORADOR A, Ouro Preto, 22.mar.2012, Entrevista concedida a Fahrenheit

Amarante)

Assim, torna-se de grande importância a incorporação de evidências concretas aos serviços

entregues ao turista ao longo de sua experiência em determinada localidade. E isso requer que os

serviços utilizados e os ambientes pelos quais ele transita sejam orientados conforme suas

expectativas, construindo uma atmosfera capaz de provocar as sensações por ele esperadas,

como, por exemplo, o sentimento de conforto, aventura, informalidade, modernidade, de

ambiente agreste ou pitoresco. (DENCKER, p. 123)

A hospitalidade tem um importante elemento, que é relação anfitrião e hóspede (o que passa a

impressão de confronto) que nada mais é do que um relacionamento de trocas entre ambas as

partes, em que pode ocorrer com sucesso ou não. Essa ideia é apresentada de acordo com

Lashley e Morrison (2004, p. 26):

84

A função básica da hospitalidade é estabelecer um relacionamento ou promover um

relacionamento já estabelecido. Os atos relacionados com a hospitalidade obtêm este

resultado no processo de troca de produtos e serviços, tanto materiais quanto simbólicos,

entre aqueles que dão hospitalidade (os anfitriões) e aqueles que recebem (os hóspedes).

Dessa maneira, à medida em que os turistas se hospedam nas republicas eles iniciam um processo

de hospitalidade, sendo uma relação completa e multifacetada, o que este trabalho buscar

mostrar e esclarecer, mesmo esta tendo caráter com o fundo comercial.

De acordo com os moradores da República Xeque-Mate, tudo ocorreu bem, acreditam que as

expectativas dos hóspedes foram satisfeitas e que de certa forma deu tudo certo. Mediante aos

questionários respondidos por alguns turistas, temos a confirmação deste pressuposto.

Para Turista 1, ela descreveu o carnaval na Republica Xeque-Mate da seguinte maneira:

“O melhor carnaval de toda a minha vida! Completou a viagem! A alimentação, o local

para dormir que era bem confortável, e com diferentes temas, gostei muito de todas. A

infraestrutura é excelen6te” (TURISTA 1 , questionário respondido para Fahrenheit

Amarante, maio de 2012)

Mediante os questionários respondidos pelos turistas, foram perguntadas alguns itens sobre o

carnaval na república Xeque-Mate. Para tanto, obtivemos o seguinte resultado:

Gráfico 22– Escolha da república Xeque-Mate

85

Fonte: Dados primários desta pesquisa (2012)

Sobre o fator de escolha dos turistas para a escolha da república Xeque-Mate se deve a três

fatores. Devido à sua localização na Rua Paraná, é uma das ruas mais movimentadas da cidade,

onde os blocos desfilam, além de abrigar mais algumas outras repúblicas implicando em um alto

fluxo de gente durante dia e noite, chamando a atenção dos turistas para ficarem na rua mais

animada da cidade. Além da ótima localização, o fator preço influencia muito na escolha, para

uma parcela significativa dos entrevistados o preço foi o fator motivacional da escolha desta

república. Para as pessoas que já conheciam algum dos moradores atribuiu à escolha ao fato de

ser um local de confiança.

86

Figura 10: Localização da República Xeque-Mate , Rua Paraná. (Adriana Carneiro, 2012)

87

Gráfico 23 – Como soube da república Xeque Mate

Fonte: Dados primários desta pesquisa (2012)

De acordo com a maioria dos entrevistados, o mesmo ficou sabendo do carnaval na República

Xeque-Mate através dos amigos. Coincidentemente ou não, é através do mesmo tipo de emissor

que a noticia do carnaval na cidade se espalha. Mas esta indicação dos amigos pode ter sido feita

principalmente via internet, através das redes sociais, onde são postadas fotos, comentários, fazem

a divulgação deste carnaval indiretamente. Há também a busca através de sites, redes sociais.

Além da pesquisa no site de busca onde oferece grande numero de informações e opções para a

escolha do destino.

88

Figura 11: Fachada e placa da República (Kerollyne Daniele, 2012)

89

Gráfico 24 – Motivo da escolha da república

Fonte: Dados primários desta pesquisa (2012)

Ouro Preto já tem a história de um carnaval tradicional consolidada, onde mescla o

carnaval de rua que compõem os blocos caricatos, blocos estudantis, além da mistura

entre turistas, nativos. O fator predominante na escolha de se hospedar em república se

deve a circunstância em se hospedar em alguma moradia estudantil, o que se torna algo

divertido para a maioria deles. Outro fator é a influência de amigos/parentes na decisão

dos turistas, os fatores localização e preços contribuem para a decisão final.

90

Gráfico 25 – Diferencial da República Xeque Mate

Fonte: Dados primários desta pesquisa (2012)

Ouro Preto é uma cidade que possui um número alto de repúblicas, o que proporciona os turistas

a terem várias opções para assim realizar a escolha de onde vão querer se hospedar. Para tanto, se

tratando da República Xeque-Mate, o seu diferencial de acordo com a ótica dos turistas é

majoritariamente pela localização, sendo um dos locais mais movimentados na cidade durante o

período. Para alguns não consideraram nenhum diferencial nesta maioria e poucos ficaram

satisfeitos em relação da alimentação oferecida.

91

Gráfico 26 – Relação turistas/moradores na Xeque-Mate

Fonte: Dados primários desta pesquisa (2012)

Toda forma de hospedagem inclui a relação entre quem é recebido e quem recebe, estabelecendo

uma relação entre os mesmos. Para cada parte envolvida nesta relação tem um significado e é

interpretada de diferentes formas. Para a maioria dos entrevistados esta relação é classificada

como ótima e satisfatória, entenderam que foram bem recebidos pelos moradores da república.

Por outra lado, uma quantidade expressiva considerou os moradores fechados e a relação

estabelecida entres eles quase nula.

92

Gráfico 27 – Infraestrutura da casa

Fonte: Dados primários desta pesquisa (2012)

Uma questão que perceptivelmente é reparada nesta questão é a infraestrutura da casa. Ora, para

metade dos entrevistados ela foi considerada ruim, pelo fato desta habitação ser mais antiga, ter

problemas de goteira, ser mal dividida, poucos banheiros para muita gente, lugares apertados nas

festas, onde eles ficavam amontoados, entre outros fatores. Para a outra metade este quesito foi

93

considerado bom e satisfatório, mesmo porque muitos turistas afirmaram que o importante era a

festa, as bebidas, blocos e não a estrutura que a casa oferecia.

Gráfico 28 – Formas de alojamento

Fonte: Dados primários desta pesquisa (2012)

As repúblicas que fazem o carnaval possuem as casas de apoio para dar suporte à hospedagem

durante o carnaval, pelo fato da casa não ter capacidade de obrigar todas as pessoas. A maioria

dos entrevistados ficaram na própria Xeque-Mate e o restante nas casas de apoio. Geralmente, o

94

número de pessoas costumam ficar nas próprias repúblicas. Porém, os turistas que ficam fora de

onde acontecem as festas só ficam na casa de apoio para tomar banho, se arrumar, porque passam

a maior parte do tempo onde comprou o pacote do carnaval.

Gráfico 29 – Qualidade da alimentação oferecida

Fonte: Dados primários desta pesquisa (2012)

95

A alimentação é uma necessidade básica indispensável, como a República Xeque-Mate em seu

pacote oferecia tudo (alimentação, bebidas, festas e acomodação) a qualidade da alimentação

oferecida foi avaliada pela maioria dos entrevistados como ótima, obtendo a classificação de

satisfatória também. Porém os que afirmaram que esta questão era ruim, complementaram que a

comida era pouca, algumas pessoas ficavam sem comer e o churrasco oferecido era pouco para

tanta gente, limitava-se muito.

Figura 12: A alimentação oferecida na República (Kerollyne Daniele, 2012)

Gráfico 30 – Conforto nas acomodações

96

Fonte: Dados primários desta pesquisa (2012)

Em qualquer lugar em que você for se hospedar a questão de conforto é percebido e avaliado.

Durante o carnaval na República para metade dos turistas a acomodação não havia nenhum

conforto, reclamaram que os colchões infláveis oferecidos a eles eram muito desconfortáveis,

além de dormir um número de pessoas maior do que cabem no local, causando desconforto e

insatisfação dos mesmos. O resultado de razoável também foi considerado e muito conforto por

aqueles que disseram que sabiam das condições, mas estavam dispostos a ficarem desta maneira

afirmando que no carnaval em república você não deve preocupar com o conforto e sim com as

festas e etc.

97

Figura 13: A acomodação na República (Adriana Carneiro, 2012)

Gráfico 31 – Retorno ao carnaval da República Xeque-Mate

98

Fonte: Dados primários desta pesquisa (2012)

Para aquelas pessoas que passaram o carnaval de 2012 na república Xeque-Mate a

maioria deles afirmou que voltariam numa segunda vez para a mesma casa. Porém as

pessoas que não voltariam afirmaram que não foi questão de não gostar, mas sim de

conhecer como funciona o carnaval em outras repúblicas, além de também não querer

muita agitação, bagunça nesta festa.

99

Gráfico 32 – Como soube do carnaval de Ouro Preto

Fonte: Dados primários desta pesquisa (2012)

Mais uma vez percebemos a influencia das noticias se divulgarem através de amigos,

familiares, além de outros meios. A mídia que foi citada foi a televisiva, através de

propagandas que foi realizada pela SETUR-MG para atração de turistas no período do

pós- chuva que causou muitos transtornos em muitas cidades de Minas Gerais, inclusive

Ouro Preto.

100

Gráfico 33 – Opinião em relação às festas

Fonte: Dados primários desta pesquisa (2012)

A opção festas da República é um fator de extrema importância, haja vista que são um dos

componentes que formam o pacote que é um produto/serviço oferecido pela casa. A qualidade

das mesmas implica em satisfação dos turistas em relação ao carnaval como um todo. As

avaliações deste item foram satisfatórias, dividindo as opiniões em suas classificações: animadas,

boas, ótimas e sensacionais. Percebemos que este item obteve uma satisfação dos hóspedes.

101

Figura 14: Festa no interior da República (Kerollyne Daniele, 2012)

Gráfico 34 – o que mais chamou a atenção no carnaval

102

Fonte: Dados primários desta pesquisa (2012)

Avaliando o carnaval como um todo (república, blocos cidade), o que mais chamou a atenção foi

a animação, os blocos que desfilam pela cidade, além de “gente bonita” que circula nas ruas de

Ouro Preto. Percebemos que os turistas gostaram do carnaval e classificaram as melhores

impressões que obtiveram do mesmo.

Gráfico 35 – Faixa etária dos turistas da República Xeque-Mate

103

Fonte: Dados primários desta pesquisa (2012)

Analisando a idade média da faixa etária dos turistas que se hospedaram na República Xeque-

Mate é de 24,37. Percebemos que se enquadra na classificação de um público jovem, com a

maior porcentagem a de 23 a 27 anos, seguindo de 18 a 22 anos. A faixa etária mais propícia a

estar presente neste tipo de eventos é a supracitada.

Após analisarmos estes resultados, podemos pensar que o carnaval na republica satisfez

majoritariamente os turistas na maioria dos quesitos, cumprindo o preceito de hospitalidade,

oferecendo acomodação, comida, entretenimento e presteza. Reforçando a maneira como é

organizado o carnaval da república Xeque-Mate com a hospitalidade, Dencker afirma que:

A forma como uma organização se estrutura e se

comunica para prestar a hospitalidade de hoje em dia

(hospitalidade comercial) ou qualquer outro tipo de

serviço será decisiva na caracterização do seu

104

atendimento e qualidade dos serviços prestados, pois a

estrutura e a comunicação darão a identidade, o perfil,

a personalidade e a cultura da organização, o que se

refletirá diretamente na imagem que o cliente abstrairá

dela. (2003, p. 30)

Para confirmar esta afirmação, alguns turistas falaram sobre a experiência/ sensação do passar o

carnaval em Ouro Preto na República Xeque-Mate:

Para o turistas 1. “foi o melhor carnaval da minha vida”

Para o turista 2: “Perfeito! Só acrescentou, porque eu já conhecia o carnaval de rua, amei

o carnaval de republica.”

Para o turistas 3: “Experiência maravilhosa!”

Para o turista 4: “foi um carnaval forte”.

Para o turista 5: “Carnaval em Ouro Preto é perfeito, Carnaval na República Xeque-

Mate um dos melhores carnavais da minha vida”

Em relação ao carnaval de rua, este tipo de festividade oferece uma programação ampla de

entretenimento para os seus frequentadores. Estes turistas além de acomodação, alimentação,

liberdade para frequentarem este “carnaval de rua”, os blocos, como também frequentar outra

república. O que privilegia a República Xeque-Mate é a localização, está inserida bem ao centro

histórico da cidade, em uma das ruas mais movimentadas (Rua Paraná), onde todos passam para

chegarem á Praça Tiradentes, como também há grande concentração de pessoas na rua pelo fato

de ter mais repúblicas que fazem carnaval na rua: Ninho do Amor, Aquarius, Nau sem Rumo e

Pulgatório, como também ser um dos trajetos para a passagem dos blocos.

Em relação á rede hoteleira, as repúblicas pecam pelo conforto oferecido aos hóspedes, ao invés

de camas são oferecidos a eles colchonetes infláveis, onde dormem geralmente apertados e com

pouco espaço de separação dos colchonetes, com malas próximas, além de serem poucos

banheiros para tantas pessoas.

Em contrapartida, o custo benefício é grande, pelo fato de ser um sistema em que praticamente

tudo é incluído como hospedagem, alimentação, bebidas, o que reduz e muito os gastos com

despesas extras. A experiência de se hospedar em uma republica é muito válida, nenhum outro

105

meio de hospedagem como hotel, pousada, pensão propicia esse mix de sensações, porque por

mais que o conforto não seja eficaz presente, as pessoas que decidem ir ao carnaval para este tipo

de carnaval não relevam tanto este quesito. Afinal, carnaval em Ouro Preto em república tudo é

festa.

106

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho teve como propósito a discussão do carnaval como fenômeno social em um

contexto em que se relaciona a hospitalidade, organização e as relações inerentes às repúblicas

estudantis de Ouro Preto. Foi mostrada a importância da festa carnaval para cidade, além de Ouro

Preto obter renda através do turismo influenciando vários segmentos ligados direta e

indiretamente ao setor. Para melhor entendimento e visualização do assunto, foi elaborado um

estudo de caso na República Xeque-Mate, enfocando a sua organização para tal evento, além do

levantamento da opinião dos turistas que ali passaram o carnaval de 2012.

Pode-se pensar que os eventos turísticos possuem uma importância ímpar, porém é necessário

refletir sobre os impactos causados pelo carnaval entendido como atrativo turístico, porque os

impactos sofridos por esta atividade não são somente os econômicos, como também a

representatividade que este evento tem na cultura brasileira e isso ajuda a formar uma imagem

dos turistas em relação ao Brasil.

A SECTUR apresentou uma pesquisa que traçava o perfil do visitante do carnaval na cidade, no

qual foram levantados principais pontos relativos: faixa etária; comparativo de hospedagem entre

hotéis/pousadas e repúblicas; meios de informações que souberam do carnaval de Ouro Preto,

entre outros já supracitados. Diante da pesquisa mencionada, pode-se visualizar o consumidor do

carnaval de Ouro Preto, separando-os pelos quesitos supracitados, entre outros, e entendendo

melhor como se organizam, participam e avaliam o evento da cidade.

Pela pesquisa pôde-se observar a relevância das moradias estudantis diante do carnaval ouro-

pretano, fazendo pensar que elas se tornam fatores-chave na atratividade dos turistas para este

evento, levando em consideração que a maioria dos entrevistados são jovens, universitários ou

recém-formados, estado civil solteiros, maioria mulheres, com renda média e a maioria se

hospedando em repúblicas estudantis. Porém dentro desta categoria Repúblicas, as formas em

que os turistas são acomodados variam entre as casas de apoio e as que fazem o carnaval.

Comparando esta pesquisa viabilizada pela SECTUR com a realizada pela autora com os turistas

da República Xeque-Mate, percebemos que não há sérias discrepâncias entre os públicos

107

entrevistados. Porém, a segunda pesquisa foi mais direcionada para diagnosticar com mais

precisão a maneira em que esta habitação se organiza para o carnaval, além de questionar a

relação estabelecida pautada na hospitalidade entre as partes envolventes: xequemateanos e

turistas.Seria interessante enxergar pela ótica em que a hospitalidade ouro-pretana se revela

também no momento em que os republicanos demonstram o aspecto de vida de Ouro Preto,

demonstrando a disposição e abertura que possuem com qualquer estranho. As pessoas que

moram nestas casas possuem o ato de bem receber seja ela quem seja, principalmente se tratando

de uma recepção de cunho econômico.

Com o perfil do turista do carnaval de Ouro Preto lançado ficou até mais fácil para as repúblicas

organizarem-se e focar em seu mercado, apesar de que eles já tenham isso em mente e já se

direcionam. Ao saber sobre a opinião dos turistas, percebemos que a maioria dos jovens se

hospedaram em repúblicas e que, apesar do pouco conforto e a alimentação um pouco escassa,

eles preferem este tipo de acomodação pelas opções oferecidas a eles, com o preço acessível,

além da localização privilegiada da República Xeque-Mate. Como existem muitas repúblicas que

se articulam também neste período para obtenção de recursos, é necessário que elas se organizem

bem para despontar na frente dos concorrentes, atraindo um público maior, já que este público é

semelhante diante da categoria das moradias estudantis.

Por hora, apesar da disputa com a rede hoteleira, esta rede extra-hoteleira tem ganhado cada vez

mais pública, e as pessoas que tem a oportunidade de participarem deste círculo querem voltar

em uma próxima vez, evidenciando que houve a presença da hospitalidade, além da satisfação

atendida. Apesar de muitos imaginarem que essas casas são concorrentes diretos com a rede

hoteleira, percebemos que isto não é de fato a realidade. Ficou nítida a diferença entre os públicos

que frequentam tais hospedagens, facilitando inclusive, que os mesmos se programem melhor

para conseguir atrair mais turistas, arrecadando mais renda para seus estabelecimentos,

impulsionando a economia local, contribuindo para melhorias e arrecadação para o município.

Cabe uma melhor compreensão e relação entre as partes inseridas no contexto do carnaval ouro-

pretano (setores públicos e privados,além das repúblicas), se unirem em prol de garantir uma

qualidade cabível para o sucesso do evento, não deixando de lado a importância que cada um

possui nesta festividade e lembrando que nenhum deles se caracteriza como um elemento isolado,

108

possuem uma inter-relação que resultam no carnaval de Ouro Preto que é reconhecido

nacionalmente, que neste ano de 2012 teve um público estimado de 40 mil visitantes.

109

REFERÊNCIAS

CAMARGO, L. O. L. Hospitalidade. São Paulo: Aleph, 2004.

CARDOSO, Monique. A história do carnaval. Disponível em:

<http://www.areliquia.com.br/Artigos%20Anteriores/57HistCarn.htm >. Acesso em: 28 abr.

2012.

CARNAVAL EM MINAS GERAIS. Disponível em:

<http://www.turismo.mg.gov.br/index.php?option=com_content&task=view&id=580>. Acesso

em: 08 mar. 2012.

DALPIAZ, Roni C. C. et al. A Hospitalidade no Turismo: o bem receber. Disponível em:

<http://revista.ulbratorres.com.br/artigos/artigo18.pdf.>. Acesso em: 08 mar. 2012

DELGADO, A.K.C. O carnaval como elemento identitário e atrativo turístico: Análise do

projeto Folia de rua em João Pessoa (PB). CULTUR, ano 06 ‐ nº 04 ‐ Out/2012. Ilhéus.

Disponível em: < http://www.uesc.br/revistas/culturaeturismo/ano6-edicao4/2.carnaval.pdf >.

Acesso em: 08. Out 2012.

DENCKER, Ada de F. M; BUENO, Marielys S.(org) et al. Hospitalidade: Cenários e

Oportunidades. São Paulo: Pioneira Thomson, 2003.

DENCKER et. al Hospitalidade: que bicho é esse? V Seminário da Associação Nacional de

Pesquisa e Pós-graduação em Turismo. Belo Horizonte, 2008. Disponível em:

<http://anptur.org.br/anais/seminario2008/data/113t.pdf>. Acesso em:

DIAS, Célia Maria de Moraes et al. Hospitalidade: reflexões perspectivas. Baurueri: Manole,

2002.

110

GRINOVER, Lucio. Hospitalidade: um tema a ser reestudado e pesquisado. In: DIAS, Célia

Maria de. (Org.) Hospitalidade: reflexões e perspectivas. São Paulo: Manole, 2002.

HISTÓRIA DO CARNAVAL. Sua pesquisa. Disponível em:

<http://www.suapesquisa.com/carnaval/>. Acesso em: 08 mar. 2012.

HISTORIA DO CARNAVAL NO BRASIL. Brasil Escola Disponível em: <

http://www.brasilescola.com/carnaval/historia-do-carnaval-no-brasil.htm> Acesso em: 05 mar

2012.

HOSPITALIDADE. Dicionário Online de Português. Disponível em: < WWW.dicio.com.br.>.

Acesso em: 25 mai.2012.

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas. Disponível em:

<http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/contagem2007/default.shtm>. Acesso em:

12 ago 2012.

JESUS, Fabrícia Matos de. As repúblicas de Ouro Preto e suas histórias. Disponível em:

<http://www.pucgoias.edu.br/ucg/prope/pesquisa/anais/2008/PDFS/resic_4008.pdf>. Acesso em:

26 set. 2012. 23p.

LASHLEY; MORRISON. Em busca da hospitalidade: perspectivas para um mundo

globalizado. Baurueri: Manole, 2004.

Legislação Municipal que dispõe sobre a regulamentação de concentrações e desfiles de

blocos carnavalescos, 2009. Disponível em:

<http://189.80.133.146/sistemas/legislativo/sisnorm/arquivos/NJ_img(5746).pdf>. Acesso em 11

Out. 2012.

MACHADO, Otávio Luiz. As repúblicas estudantis de Ouro Preto. Coimbra, 2003. Disponível

em: <www.ouropreto.com.br/noticias. aps?cod=1932>. Acesso em: 25 mai de 2010.

MALTA, Eder. Identidades e práticas culturais juvenis: As repúblicas estudantis de Ouro

Preto. Dissertação de Mestrado, Núcleo de Pós-graduação e pesquisas em Ciências Sociais.

Universidade Federal de Sergipe, 2010, 155p.

111

NOGUEIRA, R.M.F. Carnaval de Itabuna: Memória, Identidade e Turismo. Dissertação de

Mestrado. Universidade Estadual de Santa Cruz. 2008. 186p. Disponível em: <

http://www.uesc.br/cursos/pos_graduacao/mestrado/turismo/dissertacao/dissertacao_rodrigo_mu

niz.pdf acesso em:

OURO PRETO. Secretaria de Cultura e Turismo. DEMANDA TURÍSTICA DO

CARNAVAL DE 2012: PERFIL DO VISITANTE, 2012. Disponível em

<www.ouropreto.com.br/noticias.asp?cod=1932>.

PATRIMÔNIO IMATERIAL. Disponível em: <

http://www.patrimonioimaterialop.blogspot.com.br/search/label/Carnaval%20em%20Ouro%20Pr

eto%202012>. Acesso em: 24 mar. 2012.

PORTAL Ouro Preto. Disponível em: <www.ouropreto.com.br/acidade/vidaestudantil/republic

as.asp. >. Acesso em: 10 mar. 2012.

TRAMONTE, C. Muito além do desfile carnavalesco: escolas de samba e turismo educativo no

Brasil. Pasos – Revista de Turismo y Património Cultural, v.1, n.1, p.:85-96, 2003.

ROSA, Maria Cristina. Inter-relações de turistas e moradores: um olhar através das

manifestações culturais no carnaval de Ouro Preto. Dissertação de Pós-graduação.

Departamento de Educação Física. Universidade Estadual de Campinas. 185p.

REPÚBLICA XEQUE-MATE. Disponível em:< WWW.<xequemate.org.br>. Acesso em: 10

fev. 2012

TEODORO, Rosa Jacqueline. Fazendo festa, criando história(s) e contando estória(s): o Doze

em Ouro Preto, MG. Dissertação de Mestrado, Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas,

Universidade Federal de Minas Gerais, 93p.

UFOP. Universidade Federal de Ouro Preto. Disponível em: <WWW.ufop.br>. Acesso em 08

mar. 2012

112

RUSSO, Lilian. Um pouco da história e origem do carnaval. Disponível em: <

http://ilove.terra.com.br/lili/palavrasesentimentos/carnaval_mensagem.asp > Acesso em: 08 mar.

2012.

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

ASSIS, Michelle Santana Novaes. Hospitalidade em moradias estudantis: estudo de caso das

repúblicas de Ouro Preto – MG. 2010. 69 p. Monografia (Curso de Turismo) – Departamento de

Turismo, Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto.

BRUHNS, Heloisa Turini. Futebol, carnaval e capoeira: Entre as gingas do corpo brasileiro.

Campinas, SP: Papirus: 2000.

FERREIRA, Felipe. O livro de Ouro do Carnaval Brasileiro. Rio de Janeiro: Ediouro 2004.

Hospitalidade Virtual. Globo.com Disponível em: < Disponivel em http://g1.globo.com/jornal-

da-globo/noticia/2012/05/pesquisa-americana-analisa-o-efeito-que-internet-produz-no-

cerebro.html>. Acesso em: 25 mai. 2012

JAQUES, Mariana Alves. Perfil dos turistas e escolhas do destino e do meio de hospedagem:

um estudo de caso na cidade de Ouro Preto /MG. 2006. Monografia (Curso de Turismo) –

Departamento de Turismo, Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto.

LIMA, Lucas Passos de. O perfil sócio-econômico do turista que participa do carnaval em

república federal e suas motivações: estudo de caso bloco das “lajes”. 2007. 61 p. Monografia

(Curso de Turismo) – Departamento de Turismo, Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro

Preto.

SARDI, Jaime Antonio. Estratégias de Auto-regulação por estudantes universitários em

Ambiente de Exarcebação do Prazer. Revista de Educação Pública. Cuiabá, n. 15 jun/dez. 2000.

QUEIROZ, Maria Isaura Pereira de. Carnaval brasileiro: o vivido e o mito. São Paulo:

Brasiliense, 1999.

113

URRY, John. O Olhar do Turista: lazer e viagens nas sociedades contemporâneas. 3ª edição -

São Paulo, 1996.

APÊNDICES

APÊNDICE 1 – Questionário Hóspedes

Nome:___________________________________ Idade:____ Sexo:___________

Localidade:_______________________________

1) Qual o seu interesse de hospedar- se na republica Xeque Mate no carnaval?

2) Como você ficou sabendo da republica Xeque Mate?

3) Porque a preferência em se hospedar na republica Xeque Mate no carnaval?

4) Você acha que o preço é conveniente pago pelo pacote?

5) Qual o diferencial da republica Xeque Mate, em sua opinião?

6) Como foi a sua relação com os moradores da republica Xeque Mate?

7) O que foi oferecido a você ?

8) O que você achou da infra- estrutura da casa?

9) Como você foi alojado (a)?

114

10) A republica ofereceu alimentação? Era de boa qualidade?

11) Como foi o seu contato com os moradores durante e depois do período que esteve

hospedado? E com os outros turistas?

12) As acomodações te proporcionaram conforto?

13) Como foi se hospedar na republica Xeque Mate para você? Voltaria mais vezes?

14) Como você se sente se hospedando em uma republica em Ouro Preto no carnaval?

15) Como ficou sabendo do carnaval em Ouro Preto?

16) Qual a sua opinião em relação as festas?

17) O que mais chamou a sua atenção no carnaval? O que te faria voltar?

18) Como você descreveria o carnaval em Ouro Preto? E na Republica Xeque Mate?

19) Se quiser acrescentar mais algum comentário, fique á vontade.

115

ANEXOS

ANEXO 1 – Legislação Municipal que dispõe sobre a regulamentação de concentrações e desfiles de

blocos carnavalescos (OURO PRETO, 2009)