Monografia Em Artes Visuais

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SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM COMERCIAL Marcos Carneiro dos Santos XXII Concurso de Telas Para a Escolha do Cartaz do Festival Folclórico de Parintins/2012: a distorção como expressão pictórica voltada para a linguagem cartazista. Parintins 2012

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SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM COMERCIAL

Marcos Carneiro dos Santos

XXII Concurso de Telas Para a Escolha do Cartaz do Festival Folclórico de

Parintins/2012: a distorção como expressão pictórica voltada para a linguagem

cartazista.

Parintins

2012

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SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM COMERCIAL

Marcos Carneiro dos Santos

XXII Concurso de Telas para a Escolha do Cartaz do Festival Folclórico de

Parintins/2012: a distorção como expressão pictórica voltada para a linguagem

cartazista.

Monografia apresentada como requisito final para a

obtenção do título de especialista em Artes Visuais:

cultura e criação pelo Departamento de Pós- graduação do

Senac AM.

Orientador: Felipe Chalfun

Parintins

2012

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Santos, Marcos Carneiro Curso de Especialização em Artes Visuais: cultura e criação / Marcos Carneiro dos Santos, 2012. Orientador: Msc. Felipe Ramos Chalfun Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização) – Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial/SENAC, 2012. Bibliografia: f.

1. Cartaz. 2. Festival Folclórico. 3. Expressão Artística I. Santos, Marcos Carneiro, 2012. II. Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial.

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SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM COMERCIAL

XXII Concurso de Telas para a Escolha do Cartaz do Festival Folclórico de

Parintins/2012: a distorção como expressão pictórica voltada para a linguagem

cartazista.

Marcos Carneiro dos Santos

Monografia de conclusão de curso submetido à Banca Examinadora designada pelo Curso de

Especialização em Artes Visuais: cultura e criação como requisito necessário à obtenção do

título de especialista na área de Artes Visuais.

Banca Examinadora:

___________________________________

Orientador: Msc. Felipe Ramos Chalfun

__________________________________

Avaliadora Externa: Msc. Karla A. Bessa Segundo de Albuquerque

__________________________________

Coordenadora Pedagógica: Esp. Adriana Rodrigues Saraiva

Parintins, 14 de dezembro de 2012.

Page 5: Monografia Em Artes Visuais

Para minha mãe e meu avô (in memorian).

E toda minha família.

Page 6: Monografia Em Artes Visuais

AGRADECIMENTOS

.

À força divina que a ciência não consegue explicar, mas que está presente na fé cristã;

Às nossas queridas coordenadoras que incansavelmente se dedicaram para o bom êxito deste

curso;

Aos cidadãos parintinenses, pela contribuição em prol de nosso trabalho, em particular nossos

entrevistados;

Aos nossos incansáveis tutores (mestres) pelo ótimo desempenho e contribuição.

Aos artistas parintinenses pelo ótimo Festival Folclórico que apresentam.

Page 7: Monografia Em Artes Visuais

Quem nos ensina a ter boas ideias? Se não aprendemos com quem

sabe mais do que nós, dificilmente aprenderemos coisas interessantes.

Aprender em muitos momentos da vida significa “prender” dentro de

nós aquilo que precisamos para sobreviver ou para crescer como

designers, artistas ou como pessoas. Boas ideias também estão nas

paredes das cidades, no cinema, no teatro, na música, em livros etc.

(FERLAUTO, 2009).

Page 8: Monografia Em Artes Visuais

RESUMO

Este TCC do curso de Pós-graduação em Artes Visuais: cultura e criação propõem

um meio de produção estético que valorize a concepção experimental sobre estilos, técnicas, e

costume na elaboração de uma tela voltada para o XXII Concurso de Telas para a Escolha do

Cartaz do Festival Folclórico de Parintins/2012, onde participa um numero razoável de

artistas locais, que apresentam seus trabalhos a um corpo de jurados escolhidos pela

Secretaria de Cultura de Parintins em parceria com a Associação dos Artistas Plásticos de

Parintins (AAPP). O trabalho tem como objetivo participar deste Concurso, apresentando uma

obra impactante, de forma e cores simples em relação a paradigmas conceituais estabelecidos

em Parintins. O conceito distorção fundamenta a obra desenvolvida e permite o sucesso do

objetivo proposto alterando enquanto artes visuais, padrões característicos de composição, e

estereótipos na elaboração de uma imagem utilizada no Cartaz do Festival Folclórico de

Parintins. Como processo de criação utilizou-se desenho, computação gráfica, pintura em tela

e fotografia. A obra é elaborada com uma linguagem objetiva e expressada de maneira irônica

em relação à maneira estética local.

Palavras-chave: Cartaz; Festival Folclórico; Expressão Artística.

Page 9: Monografia Em Artes Visuais

ABSTRACT

This TCC of the course of Masters degree in Visual Arts: culture and creation they

propose a middle of production aesthetic that it values the experimental conception about

styles, techniques, and used to in the elaboration of screens gone back to XXII Contest of

Screens for the choice of the Poster of the Folkloric Festival of Parintins/2012, where it

participates a reasonable number of local artists, that present your works to a group of chosen

jurors for the Clerkship of Culture of Parintins in partnership with the Association of the

Plastic Artists of Parintins (AAPP). The work has the objective to participate of this contest

presenting a impressive work, of form and simple colors in relation to conceptual paradigms

established in Parintins. The concept Distorção bases the developed work and it allows the

success of the proposed objective, altering while visual arts, characteristic patterns of

composition, and stereotypes in the elaboration of an image used in the Poster of the Folkloric

Festival of Parintins. As creation process was used drawing, graphic computation, painting in

screen and picture. The work is elaborated with a language that aims and expresses in ironic

way in relation to the way of the local aesthetics.

Word-key: Poster; Folkloric festival; Artistic expression.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Imagem 1 – Bumbódromo de Parintins....................................................................................13

Imagem 2 – A Ilha de Parintins................................................................................................15

Foto 1 – Cartaz vencedor do Concurso de Cartaz do Festival Folclórico de Parintins/1982...16

Foto 2 – Cartaz do Festival Folclórico de Parintins de 2006...................................................17

Foto 3 – Tela participante do Concurso de Telas para Escolha do Cartaz do Festival Folclórico

de Parintins/2008.......................................................................................................................18

Foto 4 – Tela participante do Concurso de Telas para Escolha do Cartaz do Festival Folclórico

de Parintins/2010.......................................................................................................................19

Foto 5 – Cartaz da 8ª Mostra de Gestão das Escolas Estaduais de Parintins/2012...................20

Imagem 3 – Cartaz do VI Festival Brasília de Cultura Popular................................................21

Imagem 4 – Cartaz do XI Festival de Folclore.........................................................................21

Foto 6 – Detalhe de obra participante do Concurso de Telas para Escolha do Cartaz do

Festival Folclórico de Parintins/2012.......................................................................................23

Foto 7 – Homenagem à N. S. do Carmo...................................................................................24

Imagem 5 – Cadedral de Parintins............................................................................................26

Foto 8 – Pinturas de Irmão Miguel na Catedral de Parintins....................................................27

Imagem 6 – Detalhe de Alegoria do Festival Folclórico de Parintins/2012.............................28

Foto 9 – Tela vencedora do Concurso de Telas para a escolha do Cartaz do Festival Folclórico

de Parintins/2009.......................................................................................................................28

Foto 10 - Tela vencedora do Concurso de Telas para a escolha do Cartaz do Festival

Folclórico de Parintins/2005.....................................................................................................29

Foto 11 - Tela participante do Concurso de Telas para a escolha do Cartaz do Festival

Folclórico de Parintins/2010 ....................................................................................................29

Imagem 7 – Ítem do Boi Caprichoso/2012...............................................................................30

Imagem 8 – Alegoria do Boi Garantido/2012..........................................................................30

Imagem 9 – Nascimento do Dragão, 1981. Boris Vallejo.......................................................31

Imagem 10 – Ascensão de Cristo, 1958. Salvador Dali...........................................................32

Imagem 11 – O Mercador da Morte, 1973. Frank Frazetta. ....................................................33

Imagem 12 – Le Retour, 1940. Rene Magritte........................................................................34

Imagem 13 – Pintura “Antropofagia”.......................................................................................36

Imagem 14 – Pintura”Cinco mulheres na rua”........................................................................37

Foto 12 – Tela vencedora do Concurso de Telas para Escolha do Cartaz do Festival Folclórico

Page 11: Monografia Em Artes Visuais

de Parintins/2007.......................................................................................................................38

Imagem 15 – Cartaz “Moulin Rouge”.....................................................................................45

Desenho 1 – Esboço 1..............................................................................................................52

Desenho 2 – Esboço 2..............................................................................................................53

Desenho 3 – Esboço 3..............................................................................................................54

Desenho 4 – Esboço “ Vaqueirada”.........................................................................................55

Desenhos Gráficos 1 – Motivos da obra..................................................................................56

Montagem Gráfica 1 – Imagem Gráfica da Obra.....................................................................57

Foto 13 – Ateliê improvisado....................................................................................................59

Foto 14 – Etapas da pintura.......................................................................................................59

Foto 15 – Finalizando a pintura................................................................................................60

Foto 16 – Pintura concluida......................................................................................................60

Foto 17 – Obra deste Trabalho de Conclusão de Curso............................................................61

Foto18 – Julgamento das obras participantes do Concurso/2012.............................................62

Foto 19 – Exposição das obras participantes do Concurso/2012..............................................63

Foto 20 – Telas vencedoras do Concurso/2012........................................................................63

Page 12: Monografia Em Artes Visuais

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................11

2 INFLUÊNCIA PICTÓRICA E CARTAZES DO FESTIVAL FOLCLÓRICO DE

PARINTINS............................................................................................................................13

3 REFLEXÃO E PROJETO..................................................................................................22

4 DIÁLOGOS..........................................................................................................................44

5 CONCEITOS........................................................................................................................47

6 DA METODOLOGIA.........................................................................................................49

7 MEMORIAL DA IMAGEM PRODUZIDA......................................................................50

7.1 Escolhas dos Matériais......................................................................................................50

7.2 Processo e Registro de Criação........................................................................................51

7.2.1 Estudo e criação de formas distorcidas dos Bois Bumbás de Parintins...........................52

7.2.2 Estudo e criação de formas chapadas: “Vaqueirada”.......................................................55

7.2.3 Desenhos gráficos dos esboços........................................................................................56

7.2.4 Composição e introdução de cores..................................................................................57

7.2.5 Registro fotográfico da pintura da obra...........................................................................58

7.2.6 Registro fotográfico do Concurso....................................................................................62

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................................64

REFERÊNCIAS......................................................................................................................67

ANEXO A- Memorial em Homenagem a Dom Arcângelo Cerqua. (2012).............................70

ANEXO B- Irmão Miguel entregando prêmio de Concurso de Pintura Sacra. (2007)............71

ANEXO C- Pinturas realizadas por Irmão Miguel na Catedral de Parinti...............................72

ANEXO D- Ficha de inscrição do Concurso/2012..................................................................73

ANEXO E- Telas participantes do Concurso/2012.................................................................74

ANEXO F- Telas participantes do Concurso/2012.................................................................75

ANEXO G - Telas participantes do Concurso/2012...............................................................76

ANEXO H- Telas participantes do Concurso/2012.................................................................77

ANEXO I - Telas participantes do Concurso/2012..................................................................78

ANEXO J- Telas participantes do Concurso/2012...................................................................79

ANEXO K- Telas participantes do Concurso/2012..................................................................80

ANEXO L- Telas participantes do Concurso/2012..................................................................81

ANEXO M - Telas participantes do Concurso/2012................................................................82

Page 13: Monografia Em Artes Visuais

1 INTRODUÇÃO

Na cidade de Parintins é realizado todos os anos no final do mês de junho um festival

denominado: Festival Folclórico de Parintins. Antes é realizado um concurso de telas, onde

selecionam a imagem para a composição do cartaz oficial de divulgação do evento.

Este Concurso é bastante disputado pelos artistas locais, pois é por meio dele que se

divulga não somente o evento, mais também o trabalho dos artistas parintinenses revelando e

consagrando talentos.

É comum no meio artístico e pela sociedade parintinense o gosto pelo estilo clássico.

A escolha do conceito distorção parte do principio estético de subjetividade pictórica em

relação a esse estereótipo. Mesmo tratando da divulgação do evento: Festival Folclórico de

Parintins, que também é o tema frequente deste Concurso de Telas, a abordagem é

direcionada aos participantes deste evento singular na cidade por meio de uma linguagem

visual irônica da realidade deste Concurso. Este trabalho de Conclusão de Curso tem como

objetivo a criação visual de uma obra direcionada ao público específico que participa

diretamente do Concurso.

“As imagens são escolhidas e apresentadas cuidadosamente para que transmitam um

significado específico a um grupo específico de pessoas, o que pode ser realizado por meio de

simbolismo, metáforas, símiles ou tipogramas, além de diversos outros métodos”.

(AMBROSE; GAVIN, HARRIS; PAUL, 2009, p. 67)

Para tanto se realizou análises de obras participantes de concursos anteriores que

mostrem o gosto local e suas interferências a uma elaboração eficaz na proposta de um bom

cartaz publicitário.

Perceber-se em Parintins o quanto o Concurso de Cartaz é importante como potencial

de mostra artística e que serve para divulgar na cidade todo um empenho em prol da arte

local. Por esse motivo a definição do título: XXII Concurso de Telas para a Escolha do Cartaz

do Festival Folclórico de Parintins/2012: a distorção como expressão pictórica voltada para a

linguagem cartazista surgiu.

O conceito distorção fundamenta o trabalho como meio expressivo, revelando

interesse em mostrar uma obra pautada na crítica ao conceito de verossimilhança das obras do

Concurso e pela metonímia visual. Que para Ambrose e Harris (2009) é um método que

consiste no uso de imagens simbólicas para se referir a algo com significado mais literal. Por

exemplo, os símbolos dos bois Bumbás Garantido e Caprichoso (coração e estrela, assim

como as cores vermelho e azul) que servem para identifica-los, no momento em que se muda

Page 14: Monografia Em Artes Visuais

estes símbolos, inserindo o símbolo de um em outro, também troca-se o seu significado. E

este significado que se quer mostrar é que: um não significa nada sem o outro, ou seja, o

Festival depende dos dois para acontecer.

A necessidade de utilizar o conceito distorção na linguagem pictórica como meio

experimental e de desenvolvimento na elaboração de uma obra visual participante deste

Concurso é propor despertar nos participantes, convidados e jurados um novo olhar a arte, por

meio de experiências. Levando em consideração o que já é utilizado em termos pictóricos pela

maioria dos artistas hoje em Parintins, o processo experimental pode se tornar mais

abrangente, e com esse pensamento muitas possibilidades podem surgir em termos de criação

artística.

Pretende-se então despertar o interesse experimental e crítico na classe artística local

por meio de suas obras levando-os a compreender melhor o valor das artes visuais, de acordo

com as necessidades contemporâneas, no que tange a criação artística.

Com esse intuito dialogar-se-á sobre meios alternativos de expressão, propondo

métodos híbridos da linguagem visual pela utilização de uma variedade de elementos

artísticos que vão além da tela, do pincel e da tinta a óleo.

Neste trabalho utilizou-se recursos fotográficos, manipulação gráfica, pintura em tela,

desenho e projeção multimídia em uma composição impactante e irônica despertando e

atraindo o olhar para o diferente e expressivo.

É evidente que Van Gogh não estava principalmente interessado na

representação correta. Usou cores e formas para transmitir o que

sentia a respeito das coisas que pintava e o que desejava que

outros sentissem. Não se importava muito com o que chamava

de "realidade estereoscópica", ou seja, a reprodução

fotograficamente exata da natureza. Exagerava e até mudava a

aparência das coisas, se isso se adequasse ao seu propósito.

Assim, chegara por um caminho diferente a uma conjuntura

semelhante àquela em que Cézanne se encontrou durante esses

mesmos anos. Ambos deram o passo importante de abandonar

deliberadamente a finalidade da pintura como "imitação da

natureza". Suas razões, é claro, foram diferentes. Quando Cézanne

pintava uma natureza-morta, queira explorar as relações de formas e

cores, e só aproveitava da "perspectiva correta" aquela parcela de

que porventura necessitasse para uma determinada experiência. Van

Gogh queria que a sua pintura expressasse o que ele sentia, e, se a

distorção o ajudasse a realizar esse objetivo, utilizaria a

distorção. Ambos tinham chegado a esse ponto sem querer

derrubar os antigos padrões de arte. (GOMBRICH, 1990, p. 413)

Page 15: Monografia Em Artes Visuais

2 INFLUÊNCIA PICTÓRICA E CARTAZES DO FESTIVAL FOLCLÓRICO DE

PARINTINS

Segundo o censo do IBGE (2007), Parintins está localizado na ilha tupinambarana, a

maior do Estado do Amazonas com 5.952 Km², fica distante de Manaus a 420 km em linha

reta, é a segunda maior cidade do Estado com aproximadamente 102.033 habitantes, situa-se à

margem direita do rio Amazonas no Baixo Amazonas, entre Manaus e Belém (capital do

Estado do Pará). O acesso à cidade só acontece por meio de embarcações ou via aérea. A

altitude, aproximadamente, é de 15 metros acima do nível normal do rio.

Nesta cidade é realizado o Festival Folclórico, que ocorre no final do mês de junho e

tem a duração de oito dias. Este festival se destaca com apresentações de quadrilhas

folclóricas, danças, bois Bumbás mirins, entre outras manifestações culturais. Mas são nos

três últimos dias destes festejos que a cidade se transforma e contagia com a apresentação do

Boi Bumbá Caprichoso e do Boi Bumbá Garantido.

Estes dois Bumbás são os grandes responsáveis por este espetáculo popular, que ocorre

na floresta Amazônica, berço de uma grande biodiversidade e, de mitos, lendas, “causos” e

fábulas.

Imagem 1 – Bumbódromo de Parintins.

Fonte: http://acritica.uol.com.br/ (2012)

Page 16: Monografia Em Artes Visuais

O município de Parintins, palco da quase centenária disputa dos Bumbás Caprichoso e

Garantido, recebeu pelo menos 86 mil turistas neste ano. Segundo estimativas da Empresa

Estadual de Turismo do Amazonas (Amazonastur) (2012), que realiza este levantamento há

oito anos, o número estimado é 6% maior em relação a 2011, quando Parintins recebeu pouco

mais de 82 mil turistas. Os dados coletados pela Amazonastur são baseados nos dados do

Boletim de Ocupação Hoteleira (BOH); na Ficha Nacional de Cadastros de Hóspedes (FNCH)

dos meios de hospedagens cadastrados junto ao Cadastur, do Ministério do Turismo; e nas

informações colhidas pelas agências de viagens e empresas que vendem pacotes para o

Festival, além da movimentação do porto e aeroporto do município. No Aeroporto Júlio

Belém, segundo o administrador do aeroporto, Jean Jorge, foram registrados cerca de

oitocentos movimentos de pouso e decolagem de aeronaves. De acordo com a presidente da

Amazonastur, Oreni Braga, os meios de transporte representam 66,67% para as embarcações;

24,71% para aviões e apenas 21,18% utilizaram serviço de agência de viagem.

O sucesso do Festival Folclórico de Parintins é tão grande que ultrapassa os limites do

Brasil, atravessando oceanos, conquistando admiradores, artistas, pesquisadores,

especuladores e outros. Já faz parte das manifestações artísticas que representam o Brasil no

exterior.

No passado, foi apenas, uma pequena brincadeira de rua. Segundo Silva (2005) o

Festival é responsável pela geração de emprego e renda para a população local. Recebe

incentivos dos governos Federal e Estadual e de grandes empresas nacionais e internacionais

que ao investirem divulgam sua marca e seus produtos. Os Bumbás Garantido e Caprichoso

são representados por duas Associações Folclóricas que possuem tradicionalmente uma

grande rivalidade que é explícita na cidade por meio da utilização de suas bandeiras nas cores:

vermelho do Garantido e azul do Caprichoso.

A cor é um dos elementos estéticos das artes visuais que nos proporciona inúmeras

sensações, na qual, em particular, aos parintinenses, que demonstram de maneira singular

todo seu amor à cor específica de seu boi Bumbá.

Ninguém nega que as cores carregam intensa expressividade, mas

ninguém sabe como tal expressividade ocorre. Admite-se, é

amplamente aceito que a expressividade se baseia na associação. Diz-

se que o vermelho é excitante porque nos faz lembrar fogo, sangue e

revolução. O verde suscita os pensamentos restauradores da natureza,

e o azul é refrescante como a água. Mas a teoria da associação não é,

neste caso, mais esclarecedora do que em outras áreas. O efeito da cor

é demasiadamente direto e espontâneo para ser apenas o produto de

uma interpretação ligada ao que se percebe pelo conhecimento.

(ARNHEIN, 1986, p 358)

Page 17: Monografia Em Artes Visuais

Imagem 1 – A ilha de Parintins.

Fonte: http://acritica.uol.com.br/ (2012)

A partir de 1966, quando o boi Garantido e o boi Caprichoso resolveram se enfrentar

formalmente em um Festival Folclórico por motivo das várias brigas que sucediam - se com a

brincadeira nas ruas torna-se também necessário à divulgação do evento. No inicio, o cartaz

do Festival era produzido sem concurso, por meio de encomenda da prefeitura para artistas

locais.

Relatos do Sr. Evanil da Silva Maciel, artista plástico (57 anos) formado em Expressão

Visual pela Universidade Federal do Amazonas em 2007 e acadêmico do curso de artes

plásticas da mesma Universidade, em entrevista, ele afirma que ganhou o primeiro lugar do

Concurso de Cartaz da XXIII versão do Festival Folclórico de Parintins. Concurso este

realizado pela Secretaria Municipal de Cultura no ano de 1988. “Nesta época o cartaz era

elaborado diretamente no papel, onde o próprio artista era o detentor de todo o trabalho

específico de um cartaz”. Como mostra a foto seguinte.

Page 18: Monografia Em Artes Visuais

Foto 1 - Cartaz vencedor do Concurso de Cartaz do Festival Folclórico de

Parintins/1982.

Fonte: Marcos Carneiro dos Santos (2012).

Relatos do Sr. Raimundo de Oliveira Barbosa, artista plástico (51 anos) ex- presidente

da AAPP, também formado em Expressão Visual pela Universidade Federal do Amazonas em

2007 e também acadêmico do curso de artes plásticas da mesma Universidade, em entrevista,

ele afirma que com a fundação da AAPP (Associação dos Artistas Plásticos de Parintins) em

1994 o Concurso de Cartaz torna-se então: Concurso de Telas Para Escolha do Cartaz do

Festival Folclórico de Parintins. “Isso só foi possível com o esforço dos artistas locais em

buscar um novo método de divulgar não somente o Festival mais também suas obras

particulares”.

Dessa forma o cartaz passa a ser elaborado de forma híbrida pelo artista plástico que

compõem a imagem pictórica em sua tela, pelo fotógrafo que captura a imagem e pelo

designer gráfico que realiza a arte final.

Apesar da ideia na época de elaborar a imagem que compõem o cartaz em telas

artísticas e consequentemente um produto de venda como forma de renda para os artistas ser

Page 19: Monografia Em Artes Visuais

uma boa ideia, no sentido financeiro, em contrapartida algumas imagens, e pessoas

desqualificadas que julgam o Concurso, torna ineficaz a primeira função de um cartaz, que

para Moles (2004) seria a da informação imediata.

“Um cartaz moderno será, pois, uma imagem em geral colorida contendo normalmente

um único tema e acompanhado de um texto condutor, que raramente ultrapassa dez ou vinte

palavras, portador de um único argumento.” (MOLES; ABRAHAM ANTOINE, 2004, p. 44).

Foto 2 - Cartaz do Festival Folclórico de Parintins de 2006

Fonte: Marcos Carneiro dos Santos (2006).

Analisando este cartaz de 2006, verifica-se o uso de uma imagem com vários ícones

da Amazônia como: o índio, a onça, uma cachoeira, um rio com vitórias regias, a mata, a

cabocla com coká indígena, a Catedral de Parintins, os bois Bumbás Garantido e Caprichoso,

e o Bumbódromo (local da apresentação do Festival Folclórico). Assim a imagem vincula-se à

Região Amazônica e seu caráter específico em relação ao Festival Folclórico é enfraquecido.

Está imagem seria uma boa divulgação para um anúncio em revista, pois com a

riqueza de detalhes certamente prenderia à atenção do leitor. Para um cartaz, onde a questão,

Page 20: Monografia Em Artes Visuais

tempo de observação é essencial para se transmitir a mensagem, este cartaz anterior se torna

ineficaz pelo excesso de informação imagética. Mais a frente, verifica-se algumas diferenças

entre anúncio publicitário e cartaz.

Assim como este cartaz de 2006, verificou-se uma série de obras participantes de

concursos anteriores com a mesma problemática.

Foto 3 – Tela participante do Concurso de Telas para Escolha do Cartaz do Festival Folclórico

de Parintins/2008.

Fonte: Marcos Carneiro dos Santos (2008).

Page 21: Monografia Em Artes Visuais

Foto 4 – Tela participante do Concurso de Telas para Escolha do Cartaz do Festival Folclórico

de Parintins/2010.

Fonte: Marcos Carneiro dos Santos (2010).

Partindo dessa problemática, propõem-se uma composição limpa, com formas e cores

simples, na qual melhor dialoga com a necessidade de representação no campo da linguagem

objetiva, (cartaz).

Na parte estética escolheu-se o conceito distorção como abordagem ao

convencionalismo artístico local, mostrando uma imagem voltada não somente para a disputa,

e sim em um diálogo estético e expressivo da realidade deste evento. A seguir alguns

exemplos dessa abordagem.

Page 22: Monografia Em Artes Visuais

Foto 5 - Cartaz da 8ª Mostra de Gestão das Escolas Estaduais de Parintins/2012.

Fonte: Marcos Carneiro dos Santos (2012).

Buscou-se analisar outras fontes práticas de elaboração de cartaz publicitário como

meio alternativo para a fundamentação técnica da imagem proposta. Dessa maneira

pesquisou-se imagens que tratam de uma composição adequada à comunicação visual.

Mesmo relacionando e analisando determinados referenciais, a elaboração de um cartaz

publicitário não é o foco principal deste Trabalho de Conclusão de Curso, mas, no entanto,

esse procedimento se torna necessário por tratar-se de uma imagem que concorrerá dentre

outras em um concurso ao qual o destino principal é a elaboração de um cartaz que divulgará

o Festival Folclórico de Parintins.

A seguir imagens de cartazes de festivais folclóricos que mostram de forma objetiva o

tema proposto de determinados festivais. Como critério proposto, de uma composição limpa,

com formas e cores simples estes cartazes propõem bons exemplos.

Page 23: Monografia Em Artes Visuais

Imagem 3 – Cartaz do VI Festival Brasília de Cultura Popular.

Fonte: http://www.funarte.gov.br (2012)

Imagem 4 – Cartaz do XI Festival de Folclore

Fonte: http://ranchofsantonio.blogspot.com.br/ (2012)

Page 24: Monografia Em Artes Visuais

3 REFLEXÃO E PROJETO

No capítulo anterior destacou-se a concepção deste trabalho, local geográfico e um

pouco da história da cidade em relação à sua grandiosa festa junina e do Concurso de Telas

para a Escolha do Cartaz do Festival Folclórico de Parintins. Agora se discute o projeto com a

problemática gerada.

Como projeto de Trabalho de Conclusão do Curso de Especialização em Artes

Visuais: cultura e criação procura-se criar uma imagem que proponha um meio de

composição diferenciado, que valorize a concepção experimental sobre estilos, técnicas e

costume na elaboração do cartaz do Festival Folclórico de Parintins.

O intuito é apresentar uma imagem coerente com os parâmetros relacionados à

elaboração de um cartaz, e propor um processo de retenção cultural no que tange a

experimentação artística.

A obra foi criada, inscrita e apresentada ao XXII Concurso de Telas Para a Escolha do

Cartaz do Festival Folclórico de Parintins/2012. Ela está em diálogo com o conceito

distorção, conceito este muito utilizado por artistas modernos e contemporâneos onde

criticavam e criticam a arte como mero papel de exaltação da natureza por meio da

verossimilhança.

Propõe-se também uma composição limpa, com formas e cores sintéticas na qual

melhor dialoga com a necessidade de representação no campo da linguagem objetiva. (cartaz)

A escolha do conceito distorção parte do principio de empenho em mostrar um

trabalho voltado não somente para disputa e sim em mostrar novos caminhos a arte local que

há tempos estagnou e se propõe ao padronismo estético.

De acordo com o projeto em questão produziu-se uma imagem idealizada para

participar do Concurso de Telas para a Escolha do Cartaz do Festival Folclórico de Parintins

do ano de 2012. Trabalho este realizado mais para participar do que concorrer, pois é neste

momento de Concurso na cidade que se encontra o melhor momento para divulgar e difundir

ideias, reflexões, críticas e etc.

Neste trabalho apresenta-se determinada reflexão em tratar as imagens dos Bumbás de

maneira diferente do convencional, por analisar a maneira e modo como esta grande festa

popular é coordenada e explorada pelos demais segmentos que são responsáveis por ela.

Partindo desse princípio e despojando completamente do intuito de ganhar o prêmio, que na

cidade é como participar de uma grande Bienal, aproveitou-se o ensejo para criticar de

maneira visual estes acontecimentos implícitos nesta grande festa.

Page 25: Monografia Em Artes Visuais

Vale ressaltar que o gosto artístico predominante nesta localidade é o estilo figurativo

e surreal pautadas na verossimilhança com a natureza, como se verifica adiante. Também

ressalta-se que a tradição dos bois Bumbás Garantido e Caprichoso é fortemente ligada aos

símbolos dos mesmos, onde o vermelho e o coração pertencem ao Garantido e a cor azul e a

estrela ao boi Bumbá Caprichoso. Abaixo imagem convencional dos Bumbás com seus

símbolos e cores.

Foto 6 - Detalhe de obra participante do Concurso de Telas para Escolha do Cartaz do

Festival Folclórico de Parintins/2012

Fonte: Marcos Carneiro dos Santos (2012).

Assim como crítica e reflexão, de forma irônica quebra-se está determinada tradição

invertendo as cores e os símbolos dos mesmos como revisão de determinados conceitos

enraizados neste sistema artístico local, e não na tradição simbólica dos bois.

Quais seriam esses conceitos? Distorcer algo pré-estabelecido, quais suas vantagens

em relação às artes visuais? E em relação à linguagem publicitária (cartaz), quais suas

origens, funções e sua relação com a pintura?

Para entender um pouco esses conceitos “pré-estabelecidos” primeiro buscou-se seu

contexto histórico em relação à pintura em Parintins. Assim trata-se da forte influência

Page 26: Monografia Em Artes Visuais

religiosa na cidade como também em toda nação brasileira, por suas imposições dogmáticas

associadas às artes, folclore e cultura dos povos.

A influência religiosa é evidente na festa do Boi – Bumbá de Parintins. Ela é vista no

momento denominado “auto do boi”, no qual o termo “ressurreição” é usado para dar vida

novamente ao boi, morto por pai Francisco e pelas manifestações religiosas em homenagem

aos santos: Nossa Senhora do Carmo (padroeira da cidade); São Pedro; São João; São

Benedito e Santo Antônio.

Foto 7 - Homenagem à N. S. do Carmo.

Fonte: Marcos Carneiro dos Santos (2007).

Segundo Suzano (2006), relatos do padre Henrique Uggé, que é indigenista e exerce

Apostolado na Diocese de Parintins, especificamente com a Tribo Saterê – Maué, desde o ano

de 1972:

Page 27: Monografia Em Artes Visuais

Na Amazônia o princípio da evangelização aconteceu a partir do momento

em que os padres Jesuítas chegaram ao Brasil. Posteriormente com a

expulsão chegaram os Carmelitas. Um desses padres, o Frei José das Chagas

juntamente com outros Sacerdotes difundiram devoção profunda por Nossa

Senhora do Monte Carmelo. Chamado Apóstolo da Mundurucânia, Frei José

falava o “Nhengatú”, língua geral dos indígenas, e fundou uma Missão em

Parintins, na Vila Amazônia.

Suzano (2006), em relação ao boi Bumbá, o Padre Henrique afirma que a festa nasceu

ao redor da Igreja:

Os jesuítas, para unir as três raças existentes no Brasil, a negra, a indígena e

a europeia, desenvolveram uma cultura, onde a dança, o canto e a expressão

corporal tinham papel preponderante, até mesmo porque a dança e o canto

são elementos básicos da cultura africana e indígena. Além de desenvolver

dons e abrir espaços para a criatividade, a dança e o aprendizado das

diversas formas de expressão corporal ocupavam o tempo ocioso do escravo

e do nativo.

Em relação às cores dos Bumbás de Parintins, suas características e distinções, Braga

(2002), faz uma descrição da cor vermelha e azul e sua utilização em festas como: Os Ternos

de Monçabique, Pastoris do Nordeste, Cavalhadas de Pirenópolis, e outros, e conclui que

todas elas de modo velado e evidente, fazem alusão à guerra simbólica de cristãos e mouros

sob o signo da guerra justa onde a cor, vermelho simboliza o mouro e a cor azul o cristão.

Dessa maneira ele observa que às cores vermelho e azul, que são utilizadas no

espetáculo são uma caracterização simbólica, entre cristãos e mouros baseado no plano

estético do código cromático, onde essas cores se opõem e identificam respectivamente seus

Bumbás.

A diferença entre o Festival Folclórico de Parintins é que o mouro é aquele que perde

o festival, e não especificamente o Bumbá que utiliza a cor, vermelho.

A “Congada” que é uma adaptação da “Canção de Rolando”, epopeia

francesa, que chegou até nós através dos jesuítas, dos colonizadores. Eles a

usavam para sublimar o instinto guerreiro do negro, criando uma luta irreal

de cristãos e mouros.

Os jesuítas usaram este bailado na obra de conversão, da catequese. Eles

usavam a cor Azul para representar o Bem (cristão), e o Vermelho para

representar o mal (mouro). Nessa luta sempre o Bem vence o mal, onde os

mouros são batizados. E todos juntos fazem a festa em louvor a São

Benedito, padroeiro dos negros, em todo Brasil. (GONÇALVES, 2000,

p.58).

De acordo com essas citações e sabe-se, entretanto, que em Parintins o estudo artístico

como a pintura, desenho e escultura foi introduzida de maneira informal e empírica pelo bispo

italiano Dom Arcângelo Cerqua, primeiro bispo de Parintins, (ver anexo A) quando trouxe

Page 28: Monografia Em Artes Visuais

para a cidade o pintor e escultor italiano Irmão Miguel de Pasquale (ver anexo B) na década

de 70 para elaborar pinturas sacras na Catedral da cidade, em construção na época.

Imagem 5 – Catedral de Parintins.

Fonte: http://acritica.uol.com.br/ (2012)

Assim, e de acordo com relatos de antigos moradores da cidade, como o Sr. João

Vieira, que nesta época trabalhava como zelador da Catedral e que foi amigo de Irmão Miguel

afirmou que durante e após trabalhos realizados, Miguel dedicou-se a ensinar adolescentes na

arte da pintura, desenho, escultura em argila e artesanato em gesso com motivos religiosos.

Parte desta escola artística de Irmão Miguel concluiu estudos formais na área, com a

introdução do curso de expressão visual, pela Universidade Federal do Amazonas em 2004

que concluiu sua primeira turma em 2007. Pode-se então assim analisar esta referência e

influência empírica que se iniciou em Parintins.

O gosto pelo estilo clássico baseado no forte movimento renascentista italiano do

século XV confirma-se pelos trabalhos realizados de Irmão Miguel na Catedral da cidade,

quanto em seu ateliê. Este gosto estético é difundido pelo forte apelo dos artistas e artesões de

Parintins como conceito verossímil. A seguir trabalho realizado por Irmão Miguel na Catedral

de Parintins.

Page 29: Monografia Em Artes Visuais

Foto 8 - Pinturas de Irmão Miguel na Catedral de Parintins.

Fonte: Marcos Carneiro dos Santos (2012).

Ao analisar algumas obras do mestre Irmão Miguel, percebe-se que suas obras tratam

tão somente de questões técnicas e representativas. (ver anexo C). Vale salientar que até então

na cidade a maioria dos artistas tanto os que trabalham no boi ou não, tiveram sua iniciação

com Irmão Miguel. Este conceito de verossimilhança é transmitido nas telas e nos trabalhos

alegóricos dos Bois de Parintins.

Nos tempos atuais, com a necessidade de representação de mitos, lendas e rituais

indígenas incorporados na apresentação dos Bumbás, o estilo surrealista com certa

semelhança aos trabalhos dos artistas: Salvador Dali; Frank Frazeta; Rene Magritte; Boris

Vallejo dentre outros é percebido. Esta semelhança é percebida na forma como estes artistas

estão intimamente ligados ao estilo clássico de representação das formas e cores. A seguir

relaciona-se algumas imagens que mostra a influência do estilo surrealista com a arte

parintinense. Tanto no campo da fantasia quanto na composição dos motivos e sobretudo

quanto ao hiperrealismo.

Page 30: Monografia Em Artes Visuais

Imagem 6 – Detalhe de Alegoria do Festival Folclórico de Parintins/2012.

Fonte: http://www.band.com.br/parintins (2012)

Foto 9 - Tela vencedora do Concurso de Telas para a escolha do Cartaz do Festival Folclórico de

Parintins/2009.

Fonte: Marcos Carneiro dos Santos (2009).

Page 31: Monografia Em Artes Visuais

Foto 10 - Tela vencedora do Concurso de Telas para a escolha do Cartaz do Festival

Folclórico de Parintins/2005.

Fonte: Marcos Carneiro dos Santos (2005).

Foto 11 - Tela participante do Concurso de Telas para a escolha do Cartaz do Festival

Folclórico de Parintins/2010.

Fonte: Marcos Carneiro dos Santos (2010).

Page 32: Monografia Em Artes Visuais

Imagem 7 – Ítem do Boi Caprichoso/2012.

Fonte: http://www.band.com.br/parintins (2012)

Imagem 8 – Alegoria do Boi Garantido/2012

Fonte: http://www.band.com.br/parintins (2012)

Page 33: Monografia Em Artes Visuais

Imagem 9 – Nascimento do Dragão, 1981. Boris Vallejo.

Fonte: http://www.imaginistix.com/ (2012)

Apaixonado pela arte clássica e pelos surrealistas Rene Magritte e, especialmente

Salvador Dalí, na década de 70 Vallejo ficou impressionado com a arte de Frank Frazetta

(1928-2010), “Suas figuras tão dinâmicas, personagens musculosos e as mulheres

voluptuosas; toda essa energia me abriu os olhos para este tipo de ilustração que eu estava

prestes a desenvolver”. Boris estava também muito interessado em fisiculturismo e a “fantasy

art” lhe oferecia a oportunidade de trabalhar com a figura humana, o que tanto queria.

Page 34: Monografia Em Artes Visuais

Imagem 10 – Ascensão de Cristo, 1958. Salvador Dali

Fonte: http://cultura.culturamix.com/arte/obras-de-salvador-dali (2012)

Salvador Dalí pintou suas obras mais famosas usando um método que envolvia várias

formas de associações irracionais, notadamente imagens que variam conforme a percepção do

observador. Uma característica distinta de Dalí é que, apesar das imagens serem fantásticas

elas eram sempre pintadas com uma técnica acadêmica, impecável e precisão fotográfica que

a maioria dos artistas de vanguarda contemporâneos considerava fora de moda. Dalí também

usou referencias do renascimento em algumas de suas obras, apesar de ter sido um dos

principais ícones do movimento surrealista, suas obras sempre tinham em comum o

figurativismo, o qual representava em suas figuras dotadas de luz, sombra, volume, efeitos e

uma extraordinária técnica de desenho.

Page 35: Monografia Em Artes Visuais

Imagem 11 – O Mercador da Morte, 1973. Frank Frazetta.

Fonte: http://frankfrazetta.net/ (2012)

Frazetta foi um ilustrador de renome mundial e artista de quadrinhos. Nascido em

1928, no Brooklyn, ele desenhava desde os dois anos de idade, e frequentou a Academia de

Belas Artes de Brooklyn com oito anos. Aos 15 anos, Frank iniciou sua carreira na indústria

de quadrinhos, e logo teve vários gêneros artísticos em seu repertório: fantasia, mistério e

quadrinhos. Em seguida, ele trabalhou em muitos cartazes de cinema e capas de livros de

bolso. Com uma nova abordagem para Conan, Frazetta visualmente redefiniu o gênero

espada e feitiçaria, que teve um enorme impacto sobre a nova geração de artistas.

Page 36: Monografia Em Artes Visuais

Imagens 12 – Le Retour, 1940. Rene Magritte.

Fonte: http://www.magrittemuseum.be/ (2012)

Em 1916, Magritte ingressou na Académie Royale des Beaux-Arts, em Bruxelas, onde

estudou por dois anos. Trabalhou em uma fábrica de papel de Parede, e foi designer de

cartazes e anúncios até 1926, quando um contrato com a Galerie la Centaure, na capital belga,

fez da pintura sua principal atividade. Nesse mesmo ano, Magritte produziu sua primeira

pintura surrealista, Le jockey perdu, tendo sua primeira exposição apresentada no ano

seguinte.

René Magritte praticava o surrealismo realista, ou “realismo mágico”. Começou

imitando a vanguarda, mas precisava realmente de uma linguagem mais poética e viu-se

influenciado pela pintura metafísica de Giorgio de Chirico.

Magritte tinha espírito travesso, e, em “A queda”, seus bizarros homens de chapéu-

coco despencam do céu absolutamente serenos, expressando algo da vida como conhecemos.

Sua arte, pintada com tal nitidez que parece muitíssimo realista, caracteriza o amor surrealista

aos paradoxos visuais: embora as coisas possam dar a impressão de serem normais, existem

Page 37: Monografia Em Artes Visuais

anomalias por toda a parte: “A Queda” tem uma estranha exatidão, e o surrealismo atrai

justamente porque explora a compreensão oculta da esquisitice terrena.

Mudou-se para Paris em 1927, onde começou a se envolver nas atividades do grupo

surrealista, tornando-se grande amigo dos poetas André Breton e Paul Éluard e do pintor

Marcel Duchamp.

Com este pequeno estudo sobre estes artistas surrealistas verificou-se que ambos

estudaram em escolas de Belas Artes. Ao comparar a semelhança entre esses artistas e arte

parintinense salienta-se que a educação artística formal só formou sua primeira turma no

município de Parintins no ano de 2007 por meio da Universidade Federal do Amazonas

(UFAM) com o Curso de Formação Específica em Expressão Visual. Curso este elaborado

pela Dr. Rosemara Staub direcionado aos artistas locais. Hoje já se encontra instalado de

maneira permanente o curso de Artes Plásticas.

Com esta declaração quer-se frisar que novos caminhos e algumas mudanças tendem a

acontecer em relação às artes visuais na cidade. Partindo dessas averiguações e por meio de

análises de obras participantes em concursos anteriores propôs-se então uma composição

contrária a estes conceitos e estilos diretamente ligados a métodos e costumes na elaboração

da imagem concorrente do Concurso de Cartaz de Parintins. Assim para fundamentar o

trabalho, na parte estética propôs-se a distorção como conceito e na parte técnica, uma

composição de linguagem objetiva.

Distorcer é dar um caráter diferenciado a algo conhecido, logo é marcar uma

diferença com relação a determinadas ideias ou formas. Na história das artes visuais, essa

diferença é frequentemente entendida como expressão, ou seja, como a visão e a produção de

um indivíduo sobre um mundo de formas e conhecimentos compartilhados.

Para Siqueira (2005) em seu artigo “Destino da Arte” essa questão estética está

relacionada certamente com o problema da ampliação conceitual da arte, no momento em que

esta deixa de cumprir a função tradicionalmente estabelecida de “representação”.

Analisando algumas obras de artistas do bloco conceitual distorção: disponíveis no

CD-ROM do curso de Artes Visuais: cultura e criação do SENAC pode-se claramente

destacar algumas vantagens do conceito distorção em relação às artes visuais, segue:

Magnificência em modificar à estética formal de suas criações considerando cada um

a desconstrução de formas pré-estabelecidas cada um a seu modo;

Suas obras de criação seguem de fato à tendência de ruptura com a estética formalista

subvertendo as formas tradicionais a uma forma mais simples com estética menos

Page 38: Monografia Em Artes Visuais

formal conseguindo assim romper com os limites da sobriedade usando materiais e

cores fortes, próprias do movimento modernista.

Com o processo de desconstrução alguns artistas distorcem a realidade em prol de uma

criação peculiar, redefinindo conceitos até então estabelecidos por movimentos

anteriores.

Verifica-se nesta análise que esse conceito se propõe a inovação, buscando e

manifestando estímulos a novos caminhos para as artes visuais. Conclui-se então que

o ato de desconstrução está no sentido de explorar e experimentar novos meios,

processos, materiais, concepções e percepções em suas e diferentes áreas do

conhecimento. Considerando assim o processo natural da vida e do cosmos, onde este

se encontra sempre em movimento.

Imagem 13 - Pintura “Antropofagia”.

Fonte: SENAC (2005)

Nesta obra de Tarcila do Amaral a distorção dos elementos plásticos é o resultado de

um confronto entre sua aprendizagem cubista no período em que estudou na França e o seu

fascínio pelas formas e cores da cultura de tipos locais como o negro, o caipira e o índio

brasileiro.

Assim, neste trabalho a distorção ocorre como uma exaltação da cultura brasileira,

onde os motivos distorcidos chamam a atenção para um aspecto peculiar em sua obra. Onde

Page 39: Monografia Em Artes Visuais

ela trata as formas e as cores de maneira subjetiva, de acordo com sua relação expressiva

diante dos acontecimentos que ocorriam na época do Manifesto Antropofágico.

O Manifesto exortava a “devoração” da pintura, da literatura e do pensamento

moderno para submetê-lo ao caráter mestiço e tropical do Brasil. Isso ocorreu como parte de

um processo artístico, onde os conhecimentos europeus eram utilizados a favor da arte

brasileira.

Imagem 14 – Pintura “Cinco mulheres na rua”.

Fonte: SENAC (2005)

As obras modernas vieram demonstrar que a arte é o fruto da imaginação de cada

artista, logo existem diversos modos de expressar as sensações que o mundo proporciona a

cada indivíduo. As figuras nesta pintura podem parecer distorcidas de um ponto de vista

realista, mas elas constituem uma expressão singular da realidade. Assim para Kirchner o que

Page 40: Monografia Em Artes Visuais

se privilegia em sua obra é a visão subjetiva do artista, a expressão plástica de seus

sentimentos e sensações diante do mundo.

Logo diante desses aspectos assim como a obra de Tarsila o que se proporciona é a

subjetividade dada a determinado tema. Nesta obra a distorção é feita de maneira amarga e

sombria, as formas e cores mostram um distanciamento da verossimilhança como certa crítica

aos acontecimentos ocorridos em sua época. Os expressionistas alemães deixaram uma visão

angustiada da vida moderna que podem ser analisadas na forma como elaboravam suas obras.

Com está análise trata-se do conceito distorção nas diferentes áreas das artes visuais.

Tratar-se-á agora da análise de uma obra que venceu o Concurso de Telas para a Escolha do

Cartaz do Festival Folclórico de Parintins no ano de 2007, e foi à única que mais se

aproximou do conceito proposto, e da linguagem objetiva, (cartaz).

FOTO 12 – Tela vencedora do Concurso de Telas para

Escolha do Cartaz do Festival Folclórico de Parintins/2007.

Fonte: Marcos Carneiro dos Santos (2007).

Page 41: Monografia Em Artes Visuais

Esta obra, elaborada em tela pelo artista plástico formado no Curso Seqüencial de

Formação Específica em Expressão Visual pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM)

em 2007, e acadêmico do Curso de Artes Plásticas da mesma Universidade, Aldo Simas

Cabral (35 anos) nos transmite a força expressiva da cor, e a rivalidade dos Bumbás, exposto

na harmonia de contraste (cores quentes e frias).

Verificou-se nesta pintura não somente a síntese da forma, mas a composição contrária

das cores: vermelho e azul, em relação aos outros trabalhos. Todas as 39 telas concorrentes no

ano de 2007, com exceção da vencedora, tinham em comum a composição das cores. Isso se

explica pela localização dos currais dos Bumbás, no qual o do Garantido se localiza na parte

de cima da cidade e do Caprichoso na parte de baixo em relação ao rio Amazonas. De acordo

com essas informações os artistas compõem a cor vermelho do Garantido do lado direito da

tela e o azul do Caprichoso do esquerdo, em relação observador x tela. Isto é como se o

observador estivesse olhando a cidade da margem esquerda do rio Amazonas de frente para a

cidade, pois esta se localiza do lado direito para quem desce o rio.

Aldo Cabral pela primeira vez tornou-se campeão deste Concurso, no qual é bastante

concorrido e valorizado pelos artistas locais, e tão pouco pelas autoridades políticas e

culturais de Parintins.

Assim como nações inteiras empunhavam suas bandeiras e suas respectivas cores

como forma de chamar a atenção de seus cidadãos para a guerra. Na qual a cor serve como

símbolo de identificação que desperta sentimentos de amor e paixão. Da mesma forma

acontece em Parintins, todos os anos os parintinenses são convocados a travarem uma

verdadeira guerra em prol do título de campeão de seu boi Bumbá preferido, combate este que

se inicia após a elevação de suas enormes bandeiras em seus mastros, localizados em seus

referidos currais, e seguidos por três meses em seus QGs (Quartel General), até a hora do

confronto final no Bumbódromo (local de apresentação dos bois Bumbás).

Na cidade em geral, assim como nos currais, a ornamentação fica por conta da

criatividade, com um único diferencial: não se pode utilizar a cor oficial do boi contrário.

Em sua dissertação de mestrado pela Universidade de Campinas, Maria Helena

Rodrigues Silva observa essa significação cultural das sensações provocadas por intermédio

das cores em seus estudos:

Johann W. Goethe, estudando a influência das cores sobre o psiquismo

humano, enfatizou-lhes, o seu efeito significativo, na esfera emocional.

Apresenta a hipótese de que as virtudes curativas, antigamente atribuídas às

pedras preciosas, tiveram suas origens na sensação de bem estar que essas

pedras proporcionavam, ocasionadas por suas cores. Na cromoterapia, Johann

Page 42: Monografia Em Artes Visuais

Tobias Mayer in Israel Pedrosa atesta que: “Cor é o alimento da alma. Através

dela podemos correlacionar o mundo da essência imutável, no seu eterno

movimento, e o mundo da matéria transitória na sua aparente solidez. É o

elemento visível no qual o invisível torna-se imperceptível”.

Verifica-se segundo o mesmo, que ao longo da história das civilizações: “as

sociedades organizadas sempre tiveram seus códigos completos, ou então

certos elementos, de uma simbologia das cores, atribuindo-lhes

freqüentemente caráter mágico”.

A multiplicidade de significação, atribuída à cor, ao longo de sua história, está

intimamente ligada ao nível de desenvolvimento social e cultural das

sociedades que as criaram. A simbologia da cor com seus componentes, como

em todos os códigos; visuais, gestuais, sonoros ou verbais, são resultantes: “a

adoção consciente de determinados valores representativos, designativos ou

diferenciadores, emprestados aos sinais e símbolos que compõem tais sinais

ou códigos”.

Percebe-se, então, que a qualidade e o significado dado a símbolos (sinais

sonoros, visuais e verbais), são sempre em função da sua utilização. “Daí

concluí-se que a criação de símbolos mais significativos e duradouros é, via

de regra, ato coletivo de função social, para suprir certas necessidades de

representação e comunicação”. (SILVA, 2005, p. 71-72)

Neste particular Márcia Okida (artigo publicado no site http:// www. tanomuro.com.br, com o

título “Significado das Cores > Cor –relações”) registrou:

Vermelho

Perigo, erotismo, vida, conquista, coragem, euforia, agressividade,

dinamismo, guerra, mulher.

Eleva a pressão arterial acelerando a respiração e batimentos cardíacos,

provoca inquietação e agressividade, bem dosada ajuda no desempenho

esportivo.

Cor erótica, de pessoas sensuais e volúveis. Sua forma é o quadrado, seu

som o de uma fanfarra, seu ritmo o rock, o samba, de aroma afrodisíaco

feminino, ativa a sexualidade masculina, com sabor forte e picante. Cor

erótica feminina. Cor oposta é o verde.

Combinações negativas: vermelho e verde, laranja e vermelho, preto e

vermelho, amarelo e vermelho, roxo e vermelho. Combinações positivas:

azul claro e vermelho, cinza e vermelho, branco e vermelho.

Azul

Amizade, meditação, paz, frio, mar. É sedativo e curativo, diminui a pressão

arterial.

Cor das pessoas equilibradas, altruístas, cor dos pensadores. Sua forma é

um círculo, seu som grave como um violoncelo, com ritmo romântico e

clássico.

Tem aroma doce masculino e possui o sabor dos mares. Laranja é sua cor

oposta. É a cor com a menor velocidade cromática, ou seja, é a última que o

nosso cérebro percebe.Combinações negativas: verde e azul, amarelo e azul,

roxo e azul, vermelho e azul.Combinações positivas: azul e laranja, cinza

claro e azul escuro ou vice versa, preto e azul claro, azul claro e azul escuro,

branco e azul.

Page 43: Monografia Em Artes Visuais

Para Cabral, em entrevista, ele relata que em sua obra, ao trocar a composição das

cores em relação ao método tradicional está quebrando um paradigma local, segundo ele

existe torcedores dos Bumbás de ambos os lados da cidade, por isso justifica a troca

referencial das cores vermelho e azul em seu trabalho.

Este trabalho de Cabral representa o inicio de um novo caminho em relação ao método

convencional na elaboração de imagens que concorrem ao Concurso de Telas para a Escolha

do Cartaz do Festival Folclórico no município de Parintins.

Em relação à linguagem publicitária (cartaz) destaca-se algumas referências de suas

origens, funções e sua relação com a pintura.

Ferlauto (2009) reconhece a origem do cartaz que conhecemos hoje ter suas origens na

Segunda Revolução Industrial e que definiu suas características formais e funcionais no final

do século XIX na Europa, no Japão, nos Estados Unidos e em outras sociedades industriais

desenvolvidas.

Segundo o inglês Richard Hollis (2002, apud Ferlauto; Claudio, 2009) no que diz

respeito a este período o cartaz foi à expressão da vida econômica, social e cultural, operando

para atrair compradores para mercadorias e público para o entretenimento, especialmente para

o teatro e o circo, e um pouco mais tarde para o cinema.

Ferlauto (2009) também ressalta que neste momento histórico a pintura é a grande

imagem que opera sobre o coletivo, comandando a visualidade do período e que será em

breve substituída pela fotografia e pela imagem impressa.

É a partir deste período que surge os primeiros cartazistas, Toulouse-Lautrec um dos

precursores da linguagem publicitária nada mais era que um grande mestre da História da

Arte. Entende-se então uma relação direta entre a pintura e o surgimento do cartaz, por esta

ser nesta época o principal meio de manipulação de imagens. Sabe-se que a imagem em

particular as coloridas garantem um meio eficaz de entendimento de uma mensagem

publicitária. Muitas vezes basta à utilização de cores, sem formas precisas para se divulgar

algo.

Muitos artistas e designer às utilizam como referencia na composição de cartazes que

expressão as sensações humanas.

Page 44: Monografia Em Artes Visuais

A forma é um meio de comunicação mais eficaz do que a cor, mas é através

dela que obtemos impacto expressivo muito maior.

A cor é, portanto, um apelo visual intenso. E a televisão em cores pela sua

rápida aceitação, é uma prova disto. A cor dá vida aos ambientes, à nossa

roupa, à nossa comida, às embalagens, enfim, vivemos num mundo no qual

a cor não é apenas um pano de fundo passivo e inerte. As cores têm sua

linguagem própria, sua simbologia característica é uma dinâmica que o

homem apenas começa a estudar e a compreender.

A cor influencia todos os setores da experiência humana, sendo a linguagem

mais simples e direta, a comunicação mais imediata que existe. (MARTINS,

1986, p. 221)

Para concluir as questões levantadas parte-se agora em apresentar algumas funções do

cartaz. Para isso, primeiro faz-se um breve comentário sobre a diferença entre cartaz e

anúncio publicitário.

Moles (2004) fala, particularmente, que o cartaz teve sua evolução por meio do

anúncio publicitário e que esta evolução foi causada por dois fatores básicos:

1) A possibilidade técnica de ilustração da imagem em grande escala;

2) E a necessidade de redução do texto, devido à velocidade do indivíduo em relação

ao estimulo proposto.

Estas noções estão baseadas segundo Moles (2004) nos conceitos de legibilidade em

função do tempo.

O que difere de cartaz e anúncio, em poucas palavras, é o objetivo. O anúncio se

dispõe em entreter o leitor para divulgar seus objetivos, já para o cartaz, quanto mais rápido a

informação melhor. Para Moles (2004) o anúncio que mais se parece com o cartaz comporta

dois estímulos básicos:

1) Um estímulo forte: a imagem de caráter estético que tem por finalidade reter a

atenção do leitor;

2) Um estímulo mais fraco: o texto que pode ser uma argumentação quanto um

comentário ou uma observação.

Portanto uma reflexão entre a diferença entre anúncio e cartaz torna-se necessária por

perceber-se em análises de telas que já venceram o Concurso de Telas para a Escolha do

Cartaz do Festival Folclórico de Parintins ter a imagem mais próxima ao estimulo de um

anúncio que para um cartaz.

Agora um breve resumo do que Abraham Antoine Moles concluiu sobre as seis

funções do cartaz na cidade, que definiu em seu livro “O Cartaz”.

Page 45: Monografia Em Artes Visuais

A primeira função liga-se mais diretamente à linguística, ou antes, a

uma semântica geral, de que ele constitui um bom exemplo.

Apresenta-se ligado a uma ciência do signo (semiótica), a uma teoria

do esquematismo, concebida como uma técnica de criação de signos,

a uma sintática, enfim, a reger as conjunções de signos (Bense).

A segunda função: propaganda e publicidade relacionam-se ao estudo

e localização do cartaz em face de seus concorrentes na solicitação da

atenção coletiva e ao estudo dos mecanismos econômicos da

sociedade de consumo; constrói-se uma nova economia, em que o

cartaz desempenha papel de motor. Este conhecimento é bastante

complexo e o organograma da Fig. 1-4 só delineia parte dele, a que

concerne à criação e difusão do cartaz; mais tarde teremos de inseri-lo

no ramo sociocultural e no ciclo econômico.

A terceira função é da educação; vincula-se aos problemas do

repertório de conhecimentos, da psicologia social da cultura. O cartaz,

fator de cultura, nos propõem ao mesmo tempo valores e culturemas,

ou átomos de cultura cuja lista seria interessante fazer.

A quarta função, a da ambiência, está ligada à psicologia do ambiente

urbano.

A quinta função, estética, está ligada à técnica de fabricação do cartaz

e nos conduz a esquematizar os processos criadores do artista

submetido a um caderno de encargos.

Enfim, a função criadora do cartaz nos levará a enunciar os elementos

de uma política cultural ao examinar as relações do artista gráfico e

do cartazista com os outros membros da cidade artística e com os

valores da sociedade global. (MOLES, 2004, p. 56 e 57)

Assim partindo deste pequeno estudo sobre funções do cartaz, o que mais se relaciona com o

tema proposto neste projeto é a quinta função. Esta função trata da parte estética de um cartaz, como

se fosse uma poesia, sugere mais do que diz; evoca imagens memorizadas atraindo uma série de

associações que lhe constituem um campo estético superposto ao seu campo semântico.

Desta forma estética, mais despojando da grande regra de agradar, buscando uma nova

estética, a da experimentação, cujos resultados dependem exclusivamente do artista criador; é que se

criou a imagem deste Trabalho. Evidencia-se que a obra apresentada está mais intimamente ligada ao

caráter conceitual que a estética cartazista, salvo que a imagem está direcionada a uma metonímia

visual da realidade do Concurso de Telas para Escolha do Cartaz do Festival Folclórico da cidade de

Parintins.

O capítulo seguinte trata do diálogo com o referencial artístico visual de Enri de Toulouse-

Lautrec, cartaz “Moulin Rouge”, 1891. Que permitiu suporte técnico na elaboração da imagem

produzida.

Page 46: Monografia Em Artes Visuais

4 DIÁLOGOS

Segundo a Wikipédia, a enciclopédia livre (2012) Henri Marie Raymond de Toulouse-

Lautrec Monfa nasceu em Albi, no dia 24 de Novembro de 1864 e morreu em Saint-André-

du-Bois, no dia 09 de Setembro de 1901, foi um pintor pós-impressionista e litógrafo francês,

conhecido por pintar a vida boêmia de Paris do final do século XIX. Sendo ele mesmo um

boêmio, faleceu precocemente aos 36 anos de sífilis e alcoolismo. Trabalhou por menos de

vinte anos mas deixou um legado artístico importantíssimo, tanto no que se refere à qualidade

e quantidade de suas obras, como também no que se refere à popularização e comercialização

da arte.

Testemunha da vida noturna de Montmartre, Henri não apenas faz pinturas, como

também cartazes promocionais dos cabarés e teatros, fazendo-se presente na revolução da

publicidade do século XIX, onde a arte deixa de ser patrocinada e financiada apenas pela

Igreja e os nobres, para ser comprada e utilizada pelo comércio crescente gerado pela

revolução industrial.

O cartaz litográfico colorido é uma nova ferramenta de divulgação de locais de lazer

parisienses. Trilhando o caminho de Jules Chéret, assim como Alfons Mucha, Toulouse-

Lautrec revolucionou o design gráfico dos cartazes, definindo o estilo que seria conhecido

como Art Nouveau.

O dom artístico de Lautrec é bastante reconhecido, tanto pelos seus amigos da classe

baixa quanto por críticos de arte. Participa do Salão dos Independentes em Paris, da exposição

dos Vinte e das galerias de Boussod e Valadin.

Sua habilidade em capturar as pessoas em seu ambiente de trabalho, com a cor e o

movimento da pululante e opulenta vida noturna porém sem o glamour. Usava muito

vermelho, em geral de maneira contrastante, usava o cabelo cor de laranja e a cor verde limão

para traduzir a atmosfera elétrica da vida noturna.

Era um mestre do contorno, podia retratar cenas de grupos de pessoas onde cada

pessoa é individual (e na época podia ser identificada apenas pela silhueta). Frequentemente

ele aplicava a tinta em uma estreita e longilinea pincelada, deixando a base (papel, tela) ou o

contorno aparecer. Sua pintura é gráfica por natureza, nunca encobria por completo o traço

forte do desenho.

O contorno simples era a "marca registrada" de Lautrec desde o início da carreira

como designer de cartazes. Não pintava sombras. Suas pinturas sempre incluiam pessoas (um

Page 47: Monografia Em Artes Visuais

grupo ou um indivíduo) e não gostava de pintar paisagens. O papel usado para os cartazes

frequentemente era amarelo.

Apesar da litografia cheia de cores de seu tempo poder acomodar dezenas de cores em

um só cartaz, Lautrec geralmente escolhia apenas 4 ou 5, as vezes 6. Ao invés de usar uma

multiplicidade de cores, Henri preferiu criar seus efeitos com justaposições e modulações

delicados.

Em 9 de Setembro de 1901, Henri de Toulouse-Lautrec morre nos braços de sua mãe,

no Castelo de Malromé, perto de Bordeaux.

Estima-se que Lautrec tenha pintado mais de 1000 quadros a óleo (737 estão

catalogados), feito mais de 5000 desenhos (275 aquarelas, 5084 desenhos catalogados) e por

volta de 363 gravuras e cartazes. Seu trabalho pode ser dividido em períodos: pinturas,

desenhos e os cartazes.

Neste momento se faz um recorte de interesse na discussão deste cartaz, que serão

dialogadas com a imagem proposta deste projeto.

Imagem 15 – “Cartaz Moulin Rouge”.

Fonte: SENAC (2005).

Page 48: Monografia Em Artes Visuais

O cartaz “Moulin Rouge”, 1891 de Toulouse-Lautrec discute as formas e as cores que

foram propositalmente distorcidas com a intenção de produzir uma imagem comunicativa e

envolvente. No centro do cartaz está à bailarina e em primeiro plano seu parceiro, em terceiro

plano esta a plateia, por estarem em planos distintos com tratamento gráfico diferenciado isso

confere à obra grande dinamismo na composição, e que tem como objetivo incluir o

observador na obra como se dela fizesse parte, por isso o tratamento diferenciado em relação

as cores dos motivos. A bailarina se encontra em cores por ser o foco central da observação às

figuras ao fundo em preto por estarem distantes do observador e a figura em primeiro plano

na cor cinza por este estar bem próximo.

Além disso, a forma do desenho simplificado a extinção de detalhes e o uso de cores

chapadas contribuem bastante para uma composição de linguagem rápida e impactante, que

nesse tempo já indicava um caminho da publicidade moderna.

A escolha deste referencial e seu dialogo com a imagem proposta por este projeto

parte do princípio de Lautrec ser uma das referências da linguagem publicitária, e por ser um

grande mestre da história da arte como pintor. Poderia se ter escolhido um referencial

contemporâneo mais próximo do atual meio publicitário, mas o foco neste trabalho é a

imagem para o Concurso de Telas, e uma crítica a classe artística local, não o cartaz em si, por

isso, o diálogo parte de interesses técnicos.

Assim, em diálogo referencial com o cartaz “Moulin Rouge” de Lautrec, e por

experimentos no computador na composição dos desenhos esboçados e possíveis cores a

serem introduzidas na imagem concluiu-se o desenho gráfico, que serviu como referência para

o trabalho final, a pintura. Considerou-se neste estudo referencial o conceito e o objetivo

principal deste Trabalho de Conclusão de Curso.

Page 49: Monografia Em Artes Visuais

5 CONCEITOS

Dentre os conceitos estudados durante a especialização, os conceitos: movimento;

leveza; sinuosidade e distorção foram os que fizeram parte deste trabalho, mas a distorção foi

o que propôs uma visão mais crítica em relação à problemática gerada.

O movimento ocorre na composição geral do trabalho, onde as figuras centrais estão

rodeadas por outras que sugerem uma brincadeira dinâmica e gestual. As linhas sinuosas

aparente dos motivos dão ao desenho uma forma lúdica que neste projeto representa uma

sátira a forma convencional de ilustração dos Bumbás parintinenses. O conceito leveza se

propõe dado à levitação dos bois Garantido e Caprichoso, isso ocorre pelo fato dos mesmos

não possuírem as pernas das pessoas que brincam embaixo do boi, desta maneira se quer

demonstrar o peso da tradição na brincadeira de boi. Dentre estes conceitos utilizados a

distorção foi o que propôs uma visão mais crítica em relação à problemática gerada.

Ela é percebida de maneira irônica em relação à forma como se representa os bois

Garantido e Caprichoso. Ela ocorre na troca dos principais símbolos: nas cores vermelho e

azul; no coração e na estrela, esta troca inclui também o local onde são convencionalmente

postos. Também aparece nas formas e nas cores chapadas, dando ao trabalho um sentido de

desconstrução e transitoriedade que fortalece a sensação crítica e experimental, em busca de

um novo fazer artístico.

O conceito distorção está tanto na parte pictórica quanto na parte gráfica, a qual o

trabalho se proporciona. A distorção também se propõe pelo fato de, ao contrário de algumas

imagens não se preocuparem com a função final do Concurso, ou seja, a elaboração do cartaz.

Verificado na pesquisa e análise de trabalhos já apresentados em Concursos anteriores.

A distorção na composição produz certa sátira na obra, por ela se opor à convenção de

valores estéticos dado pelos artistas e sociedade local. Assim como forma expressiva e livre

de valores convencionais e de estilos antiquados, propõe-se um olhar moderno no que tange a

experimentação artística em prol de um novo olhar do mundo, principalmente quando a arte

há tempos deixou de representar e passou a expressar.

Para compreendermos ao menos parcialmente essa situação,

precisamos lidar com algumas questões-chave. Uma delas é

certamente o problema da ampliação conceitual da arte, no momento

em que esta deixa de cumprir a sua função tradicionalmente

estabelecida de “representação”. Durante muitos séculos, a principal

tarefa do artista tinha sido a criação de uma “semelhança” com o

mundo real. A criação das imagens respondia ao primado da imitação,

tradução mais comum para o termo grego mimeses, que desde a

Page 50: Monografia Em Artes Visuais

Antiguidade está no cerne da atividade artística. Quando o artista

abandona sua missão de representar o mundo visível, quando substitui

a ação da imitação pela criação, precisa acrescentar à sua obra um

“que” de poesia, de subjetividade. Schapiro, (2002 apud SIQUEIRA,

2005)

A autora levanta elementos dentro da literatura que dão ideia de criação e

subjetividade. Elementos estes que entram em cena por meio do termo “expressão”, termo

este que tem um caráter primordial para a arte moderna. Depois do movimento expressionista,

com vertentes na França e, sobretudo na Alemanha, passa-se a entender este termo como

manifestação de sentimentos que vai da alegria à dor.

No entanto este termo passou a definir não somente as sensações de modo do artista,

mais sim todo um estado de espírito.

Paul Klee, um dos líderes do movimento construtivista e professor da Bauhaus

pensava no termo expressão de forma ainda mais ampla. Para ele o cubismo era como se fosse

um ramo do expressionismo que se tratava da introdução de uma esfera subjetiva em toda

criação artística, que podia adquirir contornos variados como: sensação; pensamento; emoção;

lembrança. Assim, a palavra “expressão” passa a designar essa nova ordem de experiências da

arte: no lugar de representar formas da natureza, cria formas especificas, torna-as visíveis.

Desta maneira, com esse sentido de expressão pessoal, a arte passou a interessar pela

contribuição individual do artista. Assim para o artista que se propõem a este termo artístico,

não basta o registro fiel de representação da natureza, mais sim de certa experiência sensível e

emocional que o artista transpõe em sua obra.

Acredita-se neste momento que a distorção é o melhor método conceitual de

contrapor, fazer surpresas e propor um novo olhar diante do peso do mundo e do cotidiano em

um local onde a semana de arte moderna ainda não ocorreu.

Page 51: Monografia Em Artes Visuais

6 DA METODOLOGIA

O foco neste trabalho está voltado para a conceituação e produção da imagem proposta

pelo título específico, entretanto fontes literárias como apostilas, internet, dissertação de

mestrado, tese de doutorado sobre o Festival de Parintins, livros de autores populares da

cidade foram consultados como fundamentação teórica, assim como livros na área de

designer, como fundamentação técnica na área da linguagem cartazista. Procurou-se descobrir

a influência artística e seus conceitos estabelecidos sobre os primeiros artistas e artesãos em

Parintins, assim como sua relação com a brincadeira de boi na cidade.

Um estudo de obras de Concursos anteriores também foi realizado por meio de

registro de imagens que foi processo de observação in loco, pois há tempos acompanha-se

este evento local.

Permitido o acesso no Concurso por meio de inscrição (ver anexo D), procurou-se

elaborar o processo de criação visual da obra a partir do projeto de TCC e dos estudos

preliminares já realizados. Através da realização de esboços, passou-se à experimentação dos

mesmos e a introdução de cores no computador como planejamento visual da obra. Ao

concluir a composição dos elementos como: figuras, formas e cores; transferiu-se a imagem

para a tela por meio de projeção multimídia garantindo assim melhor uso do tempo e

proporção do desenho. Mas só se chegou à forma final deste trabalho que corresponde ao

tema escolhido e ao conceito motivador em diálogo com os textos e obra de referência, no

momento da pintura, como mostra a seguir o processo e registro de criação.

Após apresentação do trabalho para a Comissão Organizadora, procurou-se

acompanhar a exposição e o julgamento do XXII Concurso de Telas para a Escolha do Cartaz

do Festival Folclórico de Parintins/2012. Usou-se para registro: máquina fotográfica digital da

marca Canon e software de edição e desenho gráfico: Adobe Photoshop versão CS5 e

CorelDRAW X15.

A verificação dos materiais para a revisão literária foi elaborada utilizando-se de

entrevistas, auxiliadas por gravações, utilizando aparelho celular da marca LG. Registrou-se

também os outros trabalhos artísticos apresentados ao Concurso (ver anexos E; F; G; H; I; J;

K; L; M).

Além das observações realizadas procurou-se dialogar com membros da Comissão

Organizadora sobre regulamento e possíveis introduções de novas linguagens e conceitos

visuais no Concurso do próximo ano.

Page 52: Monografia Em Artes Visuais

7 MEMORIAL DA IMAGEM PRODUZIDA

7.1 Escolhas dos Materiais

Para a criação do trabalho: as pinceladas; espatuladas; composição e exclusão de

detalhes se entrelaçam à desconstrução proposital. Esta ação da desconstrução dos símbolos

dos bois Bumbás de Parintins Garantido e Caprichoso é evidenciada no desenho e na pintura

deste TCC.

A obra necessitou se adequar ao regulamento do XXII Concurso de Telas Para

Escolha do Cartaz do Festival Folclórico de Parintins/2012. Por este motivo a técnica, o

tamanho da tela e seu formato são de caráter obrigatório, de acordo com o que consta o

regulamento no Artigo 3⁰- DAS OBRAS PARTICIPANTES DO CONCURSO:

I. Tema: Festival Folclórico de Parintins.

II. Tamanho das Obras: 160 x 120 cm na vertical.

III. Técnica de pintura: livre.

IV. A obra participante, só poderá ser assinada após a realização do evento.

V. As obras participantes não poderão ser molduradas.

VI. A obra não poderá conter letras em forma de arte, e logomarcas.

VII. As obras participantes do concurso deverão ser entregues à comissão organizadora

dia 06 de junho de 2012, no local pré-determinado pela Organização do Evento.

VIII. Não serão aceitas obras entregues na hora do concurso.

IX. A Comissão Organizadora não se responsabilizará pelas obras que não estiverem

aptas ao manuseio.

X. Somente serão aceitas obras inéditas.

XI. As obras vencedoras serão declaradas patrimônio adquirido da Associação dos

Artistas Plásticos de Parintins (AAPP) e será divulgado o nome do artista.

Neste trabalho utilizou-se como material e ferramentas:

• 1,5 m de pano americano grosso;

• um chassi de madeira marupá de 160 x 120 cm;

• grampos para fixação;

• tinta acrílica branca;

• corante acrílico nas cores: verde, amarelo e preto;

• tinta acrílica artística em tubo nas cores: vermelho e azul;

Page 53: Monografia Em Artes Visuais

• verniz acrílico;

• pano para limpeza;

• água;

• lapis 2ab;

• borracha sintética branca;

• papel A4 branco;

• impressora multifuncional;

• microcomputador;

• notebook;

• referenciais fotográficos;

• software gráfico CorelDraw X5 e Fotoshop CS5;

• projetor multimídia;

• pincel n⁰ 12, pelo de boi;

• pincel n⁰ 08, pelo de boi;

• pincel n⁰ 16, pelo sintético;

• trincha 1”, pelo sintético

• trincha 4”, pelo sintético

• espátula n⁰ 502

• espátula n⁰ 503

• espátula n⁰ 508

7.2 Processo e Registro de Criação

No processo de criação da imagem deste Trabalho de Conclusão de Curso, as ações

mais importantes foram registradas por esboços, que viraram desenhos gráficos, e a

composição final no computador. O momento da pintura foi registrado em máquina

fotográfica digital e repassado para o computador que também estão acompanhadas de muitas

reflexões e questionamentos pertinentes ao universo da cultura artística local, do discurso, da

imagem e do conceito utilizado.

Os momentos da criação acabaram por estruturar a apresentação dos registros e

reflexões do processo. As etapas demonstram também o desenvolvimento da criação

contemporânea por meios híbridos no processo de criação.

Page 54: Monografia Em Artes Visuais

7.2.1 Estudo e criação de formas distorcidas dos Bois Bumbás de Parintins.

Segundo Gombrich (1990), Klee argumentou que a própria natureza cria através do

artista; e este poder de criação é o mesmo poder misterioso que gerou as fantásticas formas

dos animais pré-históricos e o reino feérico e sobrenatural da fauna dos mares profundos que

está ainda ativo no espírito do artista e faz suas criaturas crescerem. Tal como Picasso, Klee

acreditava na variedade de imagens que podiam ser produzidas desse modo. Seguindo este

mesmo método de Klee e considerando alguns conceitos como: movimento, leveza,

sinuosidade e distorção passou-se a explorar formas inéditas da figura dos Bumbás de

Parintins.

Desenho 1 – Esboço 1.

Fonte: Marcos Carneiro dos Santos (2012).

Page 55: Monografia Em Artes Visuais

Desenho 2 – Esboço 2

Fonte: Marcos Carneiro dos Santos (2012).

Page 56: Monografia Em Artes Visuais

Desenho 3 – Esboço 3.

Fonte: Marcos Carneiro dos Santos (2012).

De acordo com a primeira etapa do projeto visual, estudo e criação de formas

distorcidas dos Bois Bumbás de Parintins, escolheu-se o esboço de número 3. Este esboço

parte do princípio de formas lúdicas ao qual sugere por meio de seus traços sinuosos o

movimento expressivo dos Bumbás na arena de apresentação dos mesmos (Bumbódromo). A

sensação de leveza foi uma estratégia plástica voltada a princípio contra o que se percebeu

como o “peso” da tradição, na elaboração desta forma. Um peso metafórico, se considerarmos

a imposição da escolha de motivos e linguagens mais naturais, comuns nas escolhas dos

jurados de outros Concursos. Esta leveza esta composta na parte inferior do desenho, por

sugerir levitação, onde propositalmente excluiu-se as pernas do tripa do boi (pessoa que

Page 57: Monografia Em Artes Visuais

brinca embaixo do boi) . A distorção ocorre no conjunto técnico do desenho, na representação

irônica desta forma em relação a outras convencionalmente utilizadas. Deixa-se claro que este

esboço escolhido ainda não é o desenho final. Ele só será concluído nas etapas seguintes, de

acordo com a proposta de utilização de métodos híbridos na elaboração deste trabalho.

7.2.2 Estudo e criação de formas chapadas: “Vaqueirada”

Desenho 4 – Esboço “Vaqueirada”.

Fonte: Marcos Carneiro dos Santos (2012).

Dentre estes esboços escolheu-se o de perfil, que elaborou o primeiro e terceiro plano

da composição. Com apenas um desenho montou-se toda uma vaqueirada, utilizando recursos

gráficos. A vaqueirada é um item que concorre a pontos no Festival Folclórico de Parintins.

Este item foi escolhido para compor a obra por ele ser um dos poucos itens que existe desde

quando a brincadeira de boi era realizada nas ruas de Parintins.

Com estes dois esboços escolhidos: o boi bumbá e o vaqueiro de perfil concluiu-se a

primeira etapa. Agora as etapas seguintes tratam do desenho gráfico dos esboços e de sua

composição no formato da tela.

Page 58: Monografia Em Artes Visuais

7.2.3 Desenhos gráficos dos esboços:

Desenhos gráficos 1 – Motivos da obra.

Fonte: Marcos Carneiro dos Santos (2012).

A partir dos desenhos gráficos prontos passou-se a terceira etapa do processo visual do

trabalho. A composição dos motivos e a introdução de cores.

Page 59: Monografia Em Artes Visuais

7.2.4 Composição e introdução de cores:

Montagem gráfica – Imagem Gráfica da Obra

Fonte: Marcos Carneiro dos Santos (2012).

Page 60: Monografia Em Artes Visuais

7.2.5 Registro fotográfico da pintura da obra:

Com o referencial gráfico pronto tratou-se da elaboração pictórica. Vale ressaltar que

apesar dos estudos preliminares e o referencial impresso para consulta, a pintura em

determinado ponto trilhou um caminho a qual o referencial gráfico foi ignorado dando assim

espaço para liberdade intuitiva de expressão artística.

É sumamente improvável que Klee tivesse pensado nesse estratagema

antes de começar a pintar o quadro. Mas a liberdade onírica de

seu jogo com formas levou-o a essa invenção, que ele depois

completou. É claro, podemos estar certos de que mesmo artistas

do passado confiaram por vezes na inspiração e na boa estrela

do momento. Mas, embora possam ter acolhido jubilosamente um

feliz acidente dessa espécie, tentaram sempre conservar o

controle. Muitos artistas modernos que compartilham da fé de

Klee na natureza criativa consideram errado aspirar sequer a esse

controle deliberado. Acreditam que se deve permitir à obra

"crescer" de acordo com as suas próprias leis. Esse método

recorda-nos de novo as nossas garatujas no caderno de

rascunhos, quando somos surpreendidos pelo resultado de nossos

jogos ociosos de pena - exceto que, para o artista, isso converteu-se

em assunto sério. Seria desnecessário dizer que era e continuou

sendo, sobretudo uma questão de temperamento e de gosto até

que ponto o artista queria que esse jogo com formas o

conduzisse a tais fantasias. (GOMBRICH, 1990, p. 435)

Neste trabalho as cores também foram distorcidas, onde as mesmas foram utilizadas

de maneira diferente dos demais trabalhos analisados no estudo de caso. Buscou-se valorizar

mais o simbolismo das cores mais marcantes na festa do boi de Parintins, ou seja, o vermelho

e o azul. Mesmo assim propôs-se utilizar essas cores de uma forma que chamasse a atenção.

Por isso trocou-se a cor referente a cada Bumbá usando em quantidade bem reduzida dando a

obra junto com seus traços uma atmosfera alegre sem exageros.

As cores, verde e amarelo, usadas no fundo do trabalho representam as cores que

podem ser utilizadas pelas duas Agremiações Folclóricas, pois no Festival de Parintins cada

boi não pode utilizar a cor referente ao outro. A cor cinza em primeiro plano reforça o olhar

do espectador em direção aos motivos principais no centro da tela, assim como o preto em

terceiro plano que limita o foco principal. Ambas as cores foram usadas chapadas, exceto as

cores vermelho e azul que foram utilizadas puras (direto do tubo de tinta) nos símbolos estrela

e coração dos Bumbás mescladas com a tinta base da tela na cor branca.

Page 61: Monografia Em Artes Visuais

Foto 13 – Ateliê improvisado.

Fonte: Marcos Carneiro dos Santos (2012).

Foto 14 – Etapas da pintura.

Fonte: Marcos Carneiro dos Santos (2012).

Page 62: Monografia Em Artes Visuais

Foto 15 – Finalizando a pintura.

Fonte: Marcos Carneiro dos Santos (2012).

Foto 16 – Pintura concluída.

Fonte: Marcos Carneiro dos Santos (2012).

Page 63: Monografia Em Artes Visuais

Foto 17 – Obra deste Trabalho de Conclusão de Curso.

Fonte: Marcos Carneiro dos Santos (2012).

Page 64: Monografia Em Artes Visuais

Este Trabalho de Conclusão de Curso, “Tela pintada para participar do XXII Concurso

de Telas Para Escolha do Cartaz do Festival Folclórico de Parintins/2012” discute as formas e

cores que foram propositalmente distorcidas com a intenção de produzir uma imagem irônica

e atraente. No centro da imagem estão os Bumbás Garantido e Caprichosos, em primeiro e

terceiro plano estão a vaqueirada, que por estarem em planos distintos com tratamento gráfico

diferenciado conferem ao trabalho dinamismo na composição, que tem como objetivo atrair o

olhar do observador ao centro deste, por isso o tratamento diferenciado em relação às cores

dos motivos. Os bois se encontram coloridos por serem o foco central da observação, às

figuras ao fundo em preto por estarem distantes do observador e as figuras em primeiro plano

na cor cinza por estarem bem próximo.

Além disso, a forma do desenho simplificado, a extinção de detalhes e o uso de cores

chapadas contribuem bastante para uma composição de linguagem rápida e impactante, que

nesse caso tem o objetivo principal.

7.2.6 Registro fotográfico do Concurso:

Foto 18 – Julgamento das obras participantes do Concurso/2012.

Fonte: Marcos Carneiro dos Santos (2012).

Page 65: Monografia Em Artes Visuais

Foto 19 – Exposição das obras participantes do Concurso/2012.

Fonte: Marcos Carneiro dos Santos (2012).

Foto 20 – Telas vencedoras do Concurso/2012.

Fonte: Marcos Carneiro dos Santos (2012).

Estas três telas acima foram às telas vencedoras do XXII Concurso de Telas para a

Escolha do Cartaz do Festival Folclórico de Parintins/2012. Da esquerda para a direita a

terceira, a segunda e a primeira colocada. Todas as telas que participaram do evento podem

ser vistas nos anexos: E, F, G, H, I, J, K, L, M.

Page 66: Monografia Em Artes Visuais

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS

De acordo com o Regulamento do XXII Concurso de telas para a escolha do Cartaz do

Festival Folclórico de Parintins/2012 não foi possível apresentar um trabalho hibrido de

materiais, como: colagem, utilização de objetos e até mesmo relevos, pois a técnica era

restrita à pintura.

Por isso a proposta de inclusão de materiais híbridos na elaboração da imagem não

alcançou resultado consistente, entretanto na parte conceitual os resultados foram alcançados.

O trabalho não teve e nem tem pretensão alguma de ensinar métodos ou conceitos

contemporâneos quanto arte à sociedade e classe artística local, ao contrário, apenas propõe

que a arte é livre, independente de qualquer movimento ou estilo.

Em relação aos símbolos dos Bumbás, apenas sugere-se de forma irônica que um

depende de outro em relação à festa folclórica local. Entretanto a distorção destes elementos

transborda repulsa entre os torcedores dos bois Garantido e Caprichoso, está ai um bom

motivo de chamar a atenção.

Quanto à composição gráfica, o objetivo proposto de compor formas e cores simples é

alçando de maneira relevante em relação à escolha dos jurados, pois apesar de apresentar um

trabalho bastante diferente dos demais, com uma concepção mais ligada à crítica, obteu-se a

vigésima nona colocação das trinta e seis telas participantes.

Não existe maior obstáculo à fruição de grandes obras de arte do que

a nossa relutância em descartar hábitos e preconceitos. Uma pintura

que representa um tema conhecido de um modo inesperado é muitas

vezes condenada sem outra razão melhor do que "não parece bem".

Quanto mais vezes tivermos visto uma história representada em arte,

mais firmemente nos convencemos de que ela deve ser sempre

representada de forma semelhante. (GOMBRICH, 1990, p. 23)

Existe muita especulação em relação a esses estereótipos simbólicos dos bois Bumbás

de Parintins. As próprias agremiações contribuem para isso, levando em consideração a

rivalidade, onde cada um desdenha e repulsa a simbologia de outro. Faz parte do folclore e

cultura parintinense essa rivalidade, eternizada por cantos e toadas de desafio.

Concorda-se ainda com a influência exercida pelos povos remanescentes desta ilha,

onde se sabe que de acordo com a História das Artes, que tudo e todos sofrem ou são

influenciados por alguém ou algo.

Page 67: Monografia Em Artes Visuais

A ilha Tupinambarana e regiões próximas possuem registro de habitantes

desde o século XII, de acordo com achados em fragmentos de cerâmica e

objetos líticos. À época do “Descobrimento” do Brasil, eles eram, segundo

fontes pesquisadas de relatos históricos, os Maués, Paruenis, das festas da

tocandira (ou tocandeira), do tipiti, das artes plumárias e dos crânios

reduzidos dos inimigos. Os Mundurucus, também com o costume de reduzir

os crânios dos inimigos e usá-los como trunfos de guerra, das artes

plumárias e corporais, e principalmente das festas grandiosas.

Parauenis, Parintins e Parintintins, nômades, exímios artífices das artes

plumárias e antropófagos. Conforme relatos dos primeiros viajantes, eles

também viviam em imensas festas tribais, se enfeitavam com artefatos ricos

em plumagens, celebrando a vida e a morte, o plantio e a colheita, a guerra

e paz. (SILVA, 2005, p. 34).

Admite-se também a especificação do termo “Folclore” no qual a essência da palavra

trata-se da espontaneidade cultural de um povo.

O folclorista Bruno de Menezes (1972), em seu estudo sobre o Boi –

Bumbá do Pará, considerando-o como “uma variante à parte dos chamados

bumba- meu- boi do Nordeste,” reconhece no auto popular um “ sugestivo

teatro cômico dramático, o brinquedo mais autêntico do folclore junino na

Amazônia brasileira”. Os antropólogos Eduardo Galvão (1955) e Charles

Wagley (1988 ) vêem no Boi – Bumbá uma dança e uma forma de comédia

do folclore tradicional, que, nas palavras deste último, é “ representada por

atores locais em várias cidades do Norte do Brasil e em quase todas

comunidades amazônicas à época das festas juninas “. Ferreira de Castro

(1989) ocupa-se da descrição do Boi – Bumbá nas imediações do rio

Madeira, chamando à atenção para os aspectos da sua apresentação ao

afirmar que era “tanto mais famoso e discutido o Boi – Bumbá quanto mais

se revestisse de bugigangas”. (BRAGA, 2002, p. 25-26).

É fato que hoje o Festival Folclórico de Parintins perdeu um pouco de sua tradição e

espontaneidade, isso vem decorrendo desde 1966, quando o boi Garantido e o boi Caprichoso

resolveram se enfrentar formalmente em um Festival Folclórico. Isso ocorreu por motivo das

várias brigas que sucediam - se com a brincadeira nas ruas. Á disputa por títulos e brigas

políticas elaboram uma nova era na “brincadeira de boi”.

Ao fundamentar o tema, avaliou-se a dificuldade em relação a um assunto que trata

principalmente das emoções humanas, na qual a variedade deste assunto se distribui de

maneira constante. Desta forma, fica-se atrelado apenas ao caráter crítico e a forma subjetiva

do tema proposto; apesar da parte técnica deste trabalho.

Assim como alguns preferem pessoas que usam poucas palavras e gestos,

deixando algo para ser adivinhado, também hà os que gostam de pinturas ou

esculturas que deixem alguma coisa sobre que se possa conjeturar e

meditar. Nos períodos mais "primitivos", quando os artistas não eram

Page 68: Monografia Em Artes Visuais

tão habilidosos quanto hoje na representação de rostos e gestos

humanos, é tanto mais comovente, com freqüência, ver como eles

tentaram, não obstante, expressar os sentimentos que queriam transmitir.

(GOMBRICH, 1990, p. 18)

Quanto à função principal do cartaz (o da informação imediata), alcançou-se o

objetivo por ter participado e apresentado o trabalho ao Concurso, pois ao elaborar este

projeto, o principal público alvo seria os participantes do mesmo, e não a divulgação em

massa do trabalho.

Não se propôs com este trabalho denegrir a imagem visual do Festival Folclórico de

Parintins, e sim propor quanto imagem, uma busca de um novo fazer artístico, antenado e

expressivo, de acordo com as necessidades expressivas da arte contemporânea. É claro que

não se quer interferir na tradição simbólica destas Instituições Folclóricas, pois a tradição é o

único bem folclórico que possuem.

Page 69: Monografia Em Artes Visuais

REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO DOS ARTISTAS PLÁSTICOS DE PARINTINS. Regulamento do XXII

Concurso de Telas Para Escolha do Cartaz do Festival Folclórico de Parintins. Parintins,

Amazonas, 2012.

AMBROSE, Gavin; HARRIS, Paul; (tradução Francisco Araújo da Costa). Design Básico

Imagem. Porto Alegre: Bookman, 2009.

ARNHEIN, Rudolf. Arte e percepção visual: uma psicologia da visão criadora. São Paulo:

USP, 1986.

BRAGA, Sérgio Ivan Gil. Os Bumbás de Parintins. Tese de Doutorado apresentado à USP.

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dos Santos.

MACIEL, Evanil da Silva. História dos Cartazes do Festival Folclórico de Parintins.

Parintins Amazonas, 12 de julho de 2012. Entrevista concedida a Marcos Carneiro dos

Santos.

CABRAL, Aldo Simas. Cartaz do Festival Folclórico de Parintins de 2007. Parintins

Amazonas, 15 de julho de 2012. Entrevista concedida a Marcos Carneiro dos Santos.

Page 72: Monografia Em Artes Visuais

ANEXOS

ANEXO A – Memorial em Homenagem a Dom Arcângelo Cerqua (2012).

Page 73: Monografia Em Artes Visuais

ANEXO B – Irmão Miguel entregando prêmio de Concurso de Pintura Sacra (2007).

Da esquerda para a direita, Irmão Miguel é o segundo.

Page 74: Monografia Em Artes Visuais

ANEXO C – Pinturas realizadas na Catedral de Parintins por Irmão Miguel.

Page 75: Monografia Em Artes Visuais

ANEXO D – Ficha de inscrição do Concurso.

Page 76: Monografia Em Artes Visuais

ANEXO E – Telas participantes do Concurso/2012.

Page 77: Monografia Em Artes Visuais

ANEXO F – Telas participantes do Concurso/2012.

Page 78: Monografia Em Artes Visuais

ANEXO G – Telas participantes do Concurso/2012.

Page 79: Monografia Em Artes Visuais

ANEXO H – Telas participantes do Concurso/2012.

Page 80: Monografia Em Artes Visuais

ANEXO I – Telas participantes do Concurso/2012.

.

Page 81: Monografia Em Artes Visuais

ANEXO J – Telas participantes do Concurso/2012.

Page 82: Monografia Em Artes Visuais

ANEXO K – Telas participantes do Concurso/2012.

Page 83: Monografia Em Artes Visuais

ANEXO L – Telas participantes do Concurso/2012.

Page 84: Monografia Em Artes Visuais

ANEXO M – Telas participantes do Concurso/2012.

Page 85: Monografia Em Artes Visuais