Monografia - Moda e Espacos Urbanos Estampas Goticas Criadas a Partir de Pisos Das Igrejas Do Recife...

68
UFPE | CAC | dDesign | Bacharelado em Design | 2009.2 Orientadora: Me. Simone Barros | Orientanda: Milena Anunciada Monteiro Recife 2009

Transcript of Monografia - Moda e Espacos Urbanos Estampas Goticas Criadas a Partir de Pisos Das Igrejas Do Recife...

UFPE | CAC | dDesign | Bacharelado em Design | 2009.2 Orientadora: Me. Simone Barros | Orientanda: Milena Anunciada Monteiro

Recife 2009

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

Moda e espaos urbanos: estampas gticas criadas a partir de pisos das igrejas do Recife e aplicadas em corset

Milena Anunciada Monteiro

MILENA ANUNCIADA MONTEIRO

MODA E ESPAOS URBANOS: ESTAMPAS GTICAS CRIADAS A PARTIR DE PISOS DAS IGREJAS DO RECIFE E APLICADAS EM CORSET

Monografia apresentada junto ao curso de Bacharelado em Design da Universidade Federal de Pernambuco, como requisito parcial obteno do ttulo de Bacharel, sob orientao da Professora Me. Simone Barros.

Recife 2009

Monteiro, Milena Anunciada Criao de estampas gticas, baseadas em pisos de Igrejas do centro da cidade do Recife aplicadas em corsets. Recife: UFPE, 2009. Monografia de Graduao em Design. Palavras-Chave: 1. Moda Gtica 2. Estampas 3. Igrejas.

MILENA ANUNCIADA MONTEIRO

MODA E ESPAOS URBANOS: ESTAMPAS GTICAS CRIADAS A PARTIR DE PISOS DAS IGREJAS DO RECIFE E APLICADAS EM CORSET

Monografia submetida ao corpo docente do Curso de Bacharelado em Design da Universidade Federal de Pernambuco - UFPE, aprovada na data a seguir: Recife, 03 de dezembro de 2009

BANCA EXAMINADORA:

______________________________________________ Prof. Me. Simone Barros, departamento de Design UFPE Orientadora

______________________________________________ Prof. Dr. Hans Waechter, departamento de Design UFPE Examinador Interno

______________________________________________ Roberta Bezerra, Designer - Estdio Zero Examinador Externo

Recife 2009

Hoje a cultura existe atravs da manifestao corporal, do culto ao corpo. O mesmo corpo que antes era visto como marginal, feminino e oculto torna-se um objeto de adorao, uma obra de arte. Hoje a esttica nos toma mais tempo que outros pensamentos. (MAFFESOLI, 2008)

Agradeo aos meus pais, Jorge Monteiro e Maurica Monteiro, que mesmo sem entenderem a real definio do curso de design, me deram total apoio, pois sabiam que era a realizao de um desejo de vida pessoal e profissional. Ao meu irmo, Jorge Jnior e sua esposa Tatiana Monteiro, sempre ao meu lado com palavras positivas, me dizendo o quanto possua talento na prtica do design. A todos meus amigos, em especial Viviane Gallindo, Manuela Braga, Rafael Efrem, Petrucio Moura, Gabriele Santos e Thas Siqueira, que muito ouviram as queixas de cansao, nas madrugadas de trabalho, e deram fora com palavras amigas e incentivadoras, obrigada por estarem presentes. Ao meu namorado, Allan Lima, que mesmo fazendo parte de minha vida j no final deste projeto, tornou sua presena extremamente importante, me apoiando tecnicamente e emocionalmente. minha orientadora, pela pacincia nas demoras e nos desencontros, e por ter me guiado durante o projeto. Agradeo especialmente o apoio, as orientaes, as conversas amigas e profissionais importantssimas para o crescimento deste trabalho Angela Ayres, programadora visual, Elizabeth Bittencourt, comunicadora social e especialmente Aurelina Moura, fotgrafa da URB Recife, por estar ao meu lado como guia fotografando as Igrejas da cidade. Agradeo tambm a todos aqueles que fazem parte da cena gtica em Recife, que me ajudaram com muita disposio expondo suas opinies, indicando o caminho correto na busca das informaes e me esclarecendo a fim de compreender corretamente a subcultura. Um agradecimento especial para Srgio Miranda, Mauro Gustavo, Paulo de Tasso, Joycyely Marytza, e Elayne Cristina, profissional atuante na moda gtica recifense, por confeccionar o produto final deste trabalho. E, principalmente, a Luiz Felipe, sem o qual no teria conhecido essas pessoas anteriormente citadas e, sem as quais, este trabalho no seria possvel. Por fim agradeo a Deus, por ter me dado sade e fora para concluir o curso e poder realizar este projeto.

departamento de design - UFPE

A moda propriamente dita considerada pelos estudiosos a partir da quebra das grandes tradies das civilizaes antigas, quando o vesturio apenas servia para separar classes da sociedade e no era feita diferenciao entre sexos. Por volta do incio do sculo XIV, com o rompimento destas tradies, a moda tem seu incio. Homens e mulheres passam a representar no s seus status, mas, tambm, a autonomia de cada um. Com o passar dos tempos, observamos que a moda no apenas diferencia sexos ou classes. Desde o seu surgimento ela sempre atuou e atua como representante de cada civilizao. A cultura de uma sociedade tambm est no modo de vestir. Ela representa as idias, os valores e as formas de vida da sociedade moderna. Hoje, muito mais que em sculos passados, a moda reproduz os eventos conflitantes da sociedade. A roupa um objeto de ao expressiva, de comunicao e transmisso de mensagens. (LAVER, 1990) A partir da metade do sculo XX, a moda que representava um mundo verticalizado d lugar pluralidade e diversidade de estilos: reflexos da globalizao. A moda urbana reflete o estilo de vida de cada pas e de cada cidade. Filhos dessa globalizao, e dentro do contexto da modernizao social, os jovens se utilizam da moda para expressar suas reivindicaes, suas vontades, suas contestaes contra a ordem poltica, cultural e social. Entramos no mundo das tribos urbanas. Dentre elas os Gticos de Recife, filhos do sentimento de desesperana, depois da morte do movimento punk. Uma tribo universal, que tem suas peculiaridades em Recife. Levando em conta a subcultura Gtica, algumas Igrejas do Recife servem como cenrio onde buscamos inspirao para desenvolver estampas e aplic-las em uma pea bastante peculiar e representativa do universo gtico: o corset. A tcnica utilizada ser a estamparia digital, embora ela ainda seja novidade no mercado (representa 10 % da produo total), oferece recursos diferenciados no desenvolvimento de estampas, que enriquecem a criao grfica, desde a qualidade de impresso e exclusividade devido possibilidade de produo em pequenas tiragens. Palavras-Chave: Moda Gtica, Estampas, Igrejas.

departamento de design - UFPE

The fashion properly said is considered by the scholars from the tradition in addition great of the old civilizations, when the clothes only served to separate society classes and it wasn't done differentiation between sexes. For return of the beginning of century XIV, with the disruption of these traditions, the fashion has its beginning. Men and women start to not only represent their status, but also the autonomy of each one. With passing times, we observe that the fashion not differentiates only sex or classes. Since its sprouting it always acted and acts as representative of each civilization. The culture of one society also is in the way to dress. It represents the ideas, the values and the ways of life of the modern society. Today, much more that in passed centuries, the fashion reproduces the conflicting events of the society. The clothes are an object of expressive action, of communication and transmission of messages. (LAVER, 1990) From the half of century XX, the fashion that represented a vertical line world gives place to the plurality and the diversity of styles: consequences of the globalization. The urban fashion reflects the life style of each country and each city. Children of this globalization, and inside the modernization social context, the young uses fashion to express its claims, its wills, and its pleas against the order politics, cultural and social. We enter in the world of the urban tribes. Amongst them the Recife's Goths, children of the hopelessness feeling, after the death of the punk movement. An universal tribe, that have its peculiarities in Recife. Taking in account the Goth subculture, some Churches of Recife serve as the scene where we search inspiration to develop prints and apply them in a sufficiently peculiar and representative part of the Goth universe: the corset. The technique used will be the digital one, even so it still is newness in the market (it represents 10% of the total production), offers resources differentiated in the development of prints, that enrich the graphical creation, since the quality of impression and the exclusiveness being possible also to produce prints in small drawings. Keywords: Gothic Fashion, Prints, Churches.

departamento de design - UFPE

Metodologia ...........................................................................................................08 Fundamentao Terica Moda e Tribos Urbanas ...............................................................................09 A Subcultura Gtica ...................................................................................13 Igrejas do Recife .........................................................................................18 Estamparia Digital .......................................................................................20 PARTE 1 Conhecimento do Problema Evoluo Histrica ......................................................................................25 Comparao de Similares ..........................................................................29 Anlise de Tendncias ................................................................................32 Pesquisa por imerso .................................................................................34 Definio de Personas ................................................................................35 PARTE 2 Gerao de Alternativas Brainstorming Clssico ..............................................................................38 Mtodo 658 - Brainwriting ...........................................................................39 PARTE 3 Evoluo Iterativa Estudo de Forma .........................................................................................41 Primeira Evoluo .......................................................................................44 Segunda Evoluo ......................................................................................46 Terceira Evoluo ........................................................................................50 PARTE 4 Apresentao do Produto Casos de Uso ............................................................................................58 Produo ...................................................................................................59 Consideraes Finais.............................................................................................61 Referncias Bibliogficas........................................................................................62

departamento de design - UFPE

Figura 1: BioEletric Zine .........................................................................................14 Figura 2: Carnificina Gothic Rave 2007 .................................................................16 Figura 3: Happy House 2009 .................................................................................16 Figura 4: Cantora Siouxie Sioux ............................................................................17 Figura 5: Modelo de corset em 1740 .....................................................................25 Figura 6: Modelo de corset em 1837 .....................................................................25 Figura 7: Modelo de corset em 1890 .....................................................................26 Figura 8: Modelo de corset em 1900 .....................................................................26 Figura 9: Modelo de corset em 1905 .....................................................................27 Figura 10: Modelo de corset em 1912 ...................................................................27 Figura 11: Madonna popularizou o corset ..............................................................28 Figura 12: Modelos de corset do sculo XXI .........................................................28 Figura 13: Corset underbust em couro fosco .........................................................29 Figura 14: Corset underbust oxford com fivelas e amarrao ...............................29 Figura 15: Corset overbust popeline com renda e ala removvel .........................29 Figura 16: Corset overbust com busk banhado a ouro ..........................................30 Figura 17: Corset overbust pointed jacquard .........................................................30 Figura 18: Corset underbust crepe kiwi canoa ......................................................30 Figura 19: Corset overbust em brocado preto, passa-fitas frontais .......................31 Figura 20: Corset underbust em brocado preto, tranado frontal ..........................31 Figura 21: Corset overbust l flocada com camura preta ....................................31 Figura 22: Corset com alas removveis ................................................................32 Figura 23: Corset underbust jeans .........................................................................32 Figura 24: Corset de l com botes .......................................................................32 Figura 25: Corset double face ................................................................................32 Figura 26: Corset decote reto ................................................................................33 Figura 27: Corset decote em U ..............................................................................33 Figura 28: Corset decote em V ..............................................................................33 Figura 29: Corset decote geomtrico .....................................................................33 Figura 30: Descrio de comunidade no Orkut .....................................................34 Figura 31: Recado postado em comunidade no Orkut ..........................................34 Figura 32: Recado postado em comunidade no Orkut ..........................................34 Figura 33: Recado postado em comunidade no Orkut ..........................................34 Figura 34: Primeira Persona ..................................................................................35 Figura 35: Segunda Persona .................................................................................35 Figura 36: Terceira Persona ...................................................................................36 Figura 37: Quarta Persona ....................................................................................36 Figura 38: Primeiras idias do modelo do corset ..................................................41 Figura 39: Piso - Estampa 1 ..................................................................................42 Figura 40: Piso - Estampa 2 ..................................................................................42 Figura 41: Piso - Estampa 3 ..................................................................................42 Figura 42: Piso - Estampa 4 ..................................................................................43 Figura 43: Piso - Estampa 5 ..................................................................................43 Figura 44: Piso - Estampa 6 ..................................................................................43 Figura 45: Piso - Estampa 7 ..................................................................................43 Figura 46: Estampa 1 ............................................................................................44 Figura 47: Estampa 2 ............................................................................................44 Figura 48: Estampa 3 ............................................................................................44 departamento de design - UFPE

Figura 49: Estampa 4 .............................................................................................44 Figura 50: Estampa 5 .............................................................................................44 Figura 51: Estampa 6 .............................................................................................44 Figura 52: Estampa 7 .............................................................................................44 Figura 53: Desenho do corset ................................................................................45 Figura 54: Cores selecionadas aplicadas na Estampa 1 .......................................46 Figura 55: Cores selecionadas aplicadas na Estampa 2 .......................................46 Figura 56: Cores selecionadas aplicadas na Estampa 3 .......................................46 Figura 57: Cores selecionadas aplicadas na Estampa 4 .......................................46 Figura 58: Cores selecionadas aplicadas na Estampa 5 .......................................47 Figura 59: Cores selecionadas aplicadas na Estampa 6 .......................................47 Figura 60: Cores selecionadas aplicadas na Estampa 7 .......................................47 Figura 61: Corset com Estampa 1 .........................................................................48 Figura 62: Corset com Estampa 2 .........................................................................49 Figura 63: Corset com Estampa 3 .........................................................................50 Figura 64: Corset com Estampa 4 .........................................................................51 Figura 65: Corset com Estampa 5 .........................................................................52 Figura 66: Corset com Estampa 6 .........................................................................53 Figura 67: Corset com Estampa 7 .........................................................................54 Figura 68: Trs modos de uso ...............................................................................56 Figura 69: Corset produzido com Estampa 6............................................................60

departamento de design - UFPE

XDM - Extensible Design Methods A metodologia utilizada neste projeto, toma por base o processo XDM (Extensible Design Methods). Trata-se de um conjunto de mtodos que tem por objetivo dar o devido direcionamento nos projetos de design. O termo Extensible indica a flexibilidade do processo, permitindo que apenas subconjuntos dos mtodos sejam utilizados, dependendo do tipo do projeto. Possui etapas relacionadas criao, avaliao, descrio e implementao do artefato. Mtodos Utilizados Evoluo Histrica Pesquisar para entender a trajetria do artefato no decorrer do tempo. Comparao de Similares Catalogar imagens e informaes sobre os produtos concorrentes. Anlise de Tendncias Percepo das inclinaes de uso e novas tecnologias. Pesquisa por imerso Conhecer o universo dos usurios e suas necessidades. Definio de personas Traar o perfil do pblico-alvo a atingir. Brainstorming Clssico Gerao de vrias alternativas considerando todas as idias dadas. Brainwriting Gerao de alternativas visando a evoluo das idias anteriores. Evoluo Iterativa Evoluo das alternativas junto com o grupo de usurios. Casos de Uso Diferentes situaes de uso do artefato final. Produo Descrio dos detalhes do artefato e seus componentes.

08

departamento de design - UFPE

Moda e Tribos Urbanas O surgimento da criao e do uso da vestimenta no tem uma data exata. Desde tempos remotos os historiadores consideram que os homens pr-histricos vestiamse por conta das difceis condies ambientais, como o clima ao qual eles estavam expostos. Outro fator considerado o mgico e ritualstico do uso das primeiras roupas. Em relao ao misticismo desse homem pr-histrico, havia duas crenas sobre as caadas: a primeira era que quando ele desenhava os animais que pretendia caar, estava representando sua vitria, e assim a conseguiria; a outra que se vestindo com a pele dos animais caados ele iria adquirir a fora de tal animal. Com o surgimento dos povos antigos como os egpcios, cretenses, assrios e sumrios a roupa j serve como forma de diferenciar um povo civilizado. Roupas drapeadas eram a marca da civilizao e roupas que delineavam as formas do corpo eram consideradas brbaras. Na poca dos senadores romanos, eram as togas. J havia uma espcie de separao de grupos, evidenciada pela sua vestimenta. A cor tambm era algo que fazia certa separao sobre as roupas da Nova Roma e da Velha Roma. Apenas o casal imperial podia usar a cor roxa. O surgimento da moda S podemos dizer que a moda propriamente dita comeou a existir depois da Idade Mdia. A roupa, a partir deste momento, deixa de ter apenas o aspecto de funcionalidade, tornando-se um smbolo de poder e de ostentao. Isso conforme as sociedades vo se desenvolvendo e estruturando. (LAVER, 1990) Com o desenvolvimento das sociedades, surgem as relaes de poder que so muito bem expressas pela moda. A diviso social do trabalho deu origem a diferentes09

departamento de design - UFPE

formas de vestimentas e os homens eram julgados pela sua aparncia. Os grupos comearam a se distinguir conforme suas vestes e a roupa passa a indicar a posio social que o homem ocupava. A vestimenta a partir do Renascimento Na era do Renascimento e do sculo XVI, vemos mais claramente essa diviso de grupos de acordo com sua vestimenta. Os cidados ditos mais prsperos na Alemanha usavam o que se chamava de Schaude, um tipo de roupa que lembrava uma batina sem mangas. Este tornou-se um tpico traje acadmico usado inclusive por Martinho Lutero, fazendo com que fosse definido como o traje do clero luterano at hoje. (LAVER, 1990) Conforme o passar dos anos essa diferena de classes vai se tornando cada vez mais evidente na moda que vai se desenvolvendo. No sculo XVII surgiu, na Frana, a peruca longa, um acessrio usado por todas as pessoas ditas elegantes da poca. Como os primeiros a utiliz-la foram o Rei e o Duque de York, ter uma peruca passou a ser algo essencial para as classes altas e esta moda durou por quase um sculo em toda Europa Ocidental. No sculo seguinte, devido Revoluo Francesa, observa-se a busca pela simplicidade. O legado das roupas extremamente decoradas e das perucas chegava ao fim. As roupas francesas da corte so colocadas de lado, e surge a era das roupas do campo inglesas. Nesta poca a Inglaterra era considerada a terra da liberdade, e inclusive os franceses queriam vestir-se igual aos ingleses. Mas a moda no se limita ao ocidente. A partir de 1800 com a ida de Napoleo Bonaparte ao Egito, o ocidente passa a se guiar pela moda oriental. As roupas masculinas deixam de ser extravagantes e passam a ter menos variedade de cores. No sculo XX, os trajes tambm seguem a linha simplista, graas prtica de esportes ao ar livre, que se torna cada vez mais comum inclusive para as mulheres.10

departamento de design - UFPE

As roupas precisavam ser mais racionais permitindo assim movimentos mais amplos. A primeira guerra mundial um grande marco deste sculo, veio com o efeito de apagar o brilho da moda. Desde ento existem poucas coisas registradas at o fim do conflito. Um fato tambm importante que a depresso ajudou a diminuir as diferenas entre as roupas das diversas classes sociais. A falta de dinheiro, as complicaes da guerra, obrigavam os mais abastados a no gastar tanto como na era da Belle poque, onde gastava-se mais, bebia-se mais e tudo era demasiado. As roupas das pocas de guerra mostram como a moda reflete a situao econmica e poltica de um momento. O individualismo Durante a segunda guerra mundial, a Inglaterra e os Estados Unidos no podiam se inspirar mais em Paris. Ento estes pases passaram a ditar sua prpria moda, expandindo assim os seus mercados. Com isso quebra-se a hegemonia da moda parisiense. a revoluo jovem. As moas agora no querem mais roupas baseadas na moda de suas mes, querem seu prprio estilo. Como cada pas agora tem que andar com seus prprios ps, consequentemente desenvolvem-se as tcnicas de produo em massa, como nos Estados Unidos, que se tornam pioneiros nessa nova era. Na dcada de 1970, com todo desenvolvimento tecnolgico e mudanas sociais no mundo, um fator considerado interessante na histria da moda. o movimento da moda marginal para a alta moda. Por exemplo, a moda punk: correntes nas calas, alfinetes de gancho, brincos na orelha e no nariz, cabelos vermelhos, verdes e azuis. O Punk era uma expresso de violncia numa poca de alto ndice de desemprego para a juventude. Quando fala-se de individualidade nesta poca, no significa adotar um look individual, mas alcanar um estilo prprio de vestir. Este o incio das modas alternativas, do surgimento dos estilos que ir marcar cada tribo. Estes grupos buscam romper com os antigos valores burgueses. Desejam um11

departamento de design - UFPE

visual que corresponda ao seu estilo de vida, definido pelas suas prprias escolhas e pelo seu consumo: seja ele material ou simblico. Tribos Urbanas Nos dias atuais presenciamos um verdadeiro espetculo nas ruas dos centros urbanos. Vivemos na era das tribos, onde cada uma se impe e define seu prprio estilo, o domnio da individualidade. O fennemo das tribos estudado desde o incio da modernidade. O conceito de tribalismo at j foi substitudo para o neotribalismo, segundo Maffesoli. Para ele o tribalismo clssico induz a uma certa estabilidade, efeito contrrio do neotribalismo, que aponta para a disperso. Isso significa que nessa ps-modernidade, a variedade muito maior, e a capacidade de modificao e mudanas dentro das tribos tambm passou a acontecer. Surgem o que se chamam subgrupos ou subculturas urbanas. Um outro conceito de tribo defini-la como algo que remete vida que leva-se no diaa-dia, o que costumeiro. Segundo G. Simmel costume uma das formas mais tpicas da vida social. Por mais teatralizao que haja na vida destas figuras que formam a sociedade, as caractersticas de uma tribo funcionam como um costume, que todos do grupo seguem. E o vesturio um dos pontos que une os integrantes de cada tribo. No mbito da moda, as tribos urbanas so movimentos de cultura de moda que povoam as cidades contemporneas. Os motivos pelos quais esses indivduos se agrupam so discutidos entre grandes cientistas sociais. Para o socilogo Norbert Elias, eles se organizam com o intuito de garantir sua sobrevivncia afetiva enquanto saem da adolescncia para idade adulta. Quando observamos uma tribo, possvel destacar como a forma esttica delineia como se vive e como se exprime o sentimento da coletividade, cada uma em sua individualidade. como um reflexo da democracia, num mundo onde todos podem ousar, e exprimir o seu pensamento de acordo com o que melhor lhe convier.12

departamento de design - UFPE

A variedade de tribos que formam o espao urbano cresce cada vez mais. Grunges, roqueiros, punks, surfistas, emos, gticos, etc. E ainda estes grupos muitas vezes se misturam originando novas tribos com pequenas caractersticas de outras, seja unido por um trao, um estilo musical, uma ideologia, ou algo que os tornem incomuns. A Subcultura Gtica Cultura um todo onde existem conhecimentos, artes, costumes, leis e outros elementos formadores que o homem adquire quando faz parte de uma sociedade. (BADDELEY, 2005). Muitas, so resultado de uma mistura com culturas de povos diferentes, e algumas delas desenvolvem o que chamamos de subcultura (tambm denominada tribo). A subcultura est paralela ao que pode-se denominar cultura oficial. Ela no aceita totalmente a original, mas tambm no luta contra ela, apenas cria um universo a parte que faa sentido para seus membros. A subcultura gtica surgiu na Inglaterra por volta do incio dos anos 1980. O uso do termo gtico foi totalmente irnico e metafrico, foi criado pela mdia e acabou sendo incorporado. Eram apenas pessoas de gostos parecidos, desiludidos com o fim do movimento Punk que descobriram interesses at ento no compartilhados por outro grupo em especfico. Teve como base o post-punk, que foi na verdade a passagem entre o punk e o dark/gtico. vista erroneamente como iniciada apenas por conta de uma cena musical vigente. Foram bandas da dcada de 1980 que colaboraram com a esttica gtica que foi se desenvolvendo. Bandas como Yazoo, Visage, Desireless, Eurythimcs, Billy Idol, Depeche Mode e outras. De forma geral as pessoas tm uma idia bastante errada do que o Gtico. Gticos no so obrigatoriamente pessoas deprimidas que vestem preto e andam pelos cemitrios alimentando um desejo de morte. A depresso uma doena como outra qualquer e no caracterstica dominante da tribo gtica. Eles apenas no fogem dos acontecimentos trgicos da vida. Para eles algo comum e faz parte dela. Muitos os chamam de melanclicos e saudosistas, como se sentissem a falta de alguma coisa.13

departamento de design - UFPE

Como se tivessem perdido algo, mas esta perda facilmente compreendida quando analisa-se a cena do incio dos anos 1980, onde os jovens se viam vencidos pelo sistema. Uma nova viso de mundo estava sendo formada, eles j no sonham com um mundo melhor, este j est perdido, um sentimento de desesperana, de introspeco que toma conta. O jovem do ano de 1980 possui atrelada a esta viso de mundo, uma sensao de resignao que chega substituindo todo sentimento revolucionro que se perde com os punks. Assim pode-se dizer que os gticos herdaram sentimentos e estilos. E por esta herana analisamos o que poderia haver de comum entre um apreciador do estilo medieval e um moicano, mesmo apreciando msicas de estilos diferentes, ambos so gticos. Essa situao deixada pelo fim do movimento punk deixou para estes jovens a viso do mundo como algo nada promissor. A esperana havia sido perdida.

No existem regras especficas para fazer parte da cena gtica. Eles formam um grupo social onde no h delimitao de espao ou territrio. Cada cena, em cada pas, possui as suas peculiaridades, porm, no todo, continuam seguindo uma mesma linha de conduta e de viso de mundo. No h necessidade de cultuar uma religio, seus adeptos so livres para fazer parte daquela que desejarem. Nos anos 90 quando se tem maior destaque das tribos gticas urbanas no Brasil, sendo a cena mais forte em So Paulo. importante citar a existnciaFigura 1: BioEletric Zine

da BioEletric Zine, considerada

14

departamento de design - UFPE

a melhor revista eletrnica que permeia a cena nacional. Bandas brasileiras tambm so bem reconhecidas at no cenrio mundial, como a banda cearense Plastique Noir, com trabalho divulgado na Alemanha onde sempre so convidados a tocar no Wave Gotik Treffen (Feira da Onda Gtica), o maior evento gtico do mundo e CDs lanados na Europa. Juntos com outras pessoas de Campina Grande e Salvador, os integrantes do grupo Plastique Noir criaram o Nordeste Gothic Reunion (NGR), que reunia vrios eventos gticos. Um evento seria dito do NGR quando contasse ao menos com a apresentao de 3 bandas gticas de diferentes estados do Nordeste. A cena gtica em Recife Comparada com outras cidades do Brasil, Recife ainda no possui um grande cenrio gtico. Ainda preciso desmistificar a subcultura. A cena ainda muito recente, mas conta com iniciativas relevantes como o evento Levante Gtico Recifense, realizado em 2006. Este evento reunia pessoas que estavam interessadas em desenvolver a cena em Recife. Era algo simples, onde um dos idealizadores, Jorge (Wintersore), levava seu carro para a praa do Arsenal, no bairro do Recife Antigo e cada semana uma pessoa organizava uma lista de msicas em mp3 e todos a escutavam. A idia era retirar as pessoas da frente de seus computadores: Goths que viviam no ostracismo, segundo Srgio Miranda (idealizador do evento). Em 2007, houve o Carnificina Gothic Rave. Este evento surgiu como um abrir de olhos para os participantes. Foi uma aula de como deveria ser uma festa gtica, muito mais do que apenas o bate-cabea divulgado pelas bandas comerciais. Em 2008 este evento j no aconteceu e o Carnificina no tinha sido bem sucedido. O que ocorriam eram meros encontros casuais no mesmo local, o bairro do Recife Antigo. Foi ento que em setembro de 2008, aconteceu o primeiro Happy House. Uma festa mensal idealizada e organizada por Elaine e Srgio Miranda. O evento conta com msica e literatura e acontece todos os meses atualmente. Na sua stima15

departamento de design - UFPE

edio o evento teve a participao de cerca de 100 pessoas. E j foi realizado em Olinda em conjunto com uma banda de Campina Grande PB, chamada Les Enfants.

Figura 2: Carnificina Gothic Rave 2007

Figura 3: Happy House 2009

Esttica Gtica A indumentria um elemento cultural bastante relevante em qualquer tribo. Isso no quer dizer que o integrante de uma tribo utilize aquele visual todo o tempo. No caso dos gticos, isso bastante notvel. Ainda h um choque muito grande para a sociedade aceitar a vestimenta adotada pelos gticos. No movimento punk, por volta de 1978, os adeptos j se vestiam de forma diferenciada, totalmente fora dos padres aceitveis pela sociedade. Este visual foi se desenvolvendo caminhando lado a lado com a subcultura gtica e, no Brasil, foi chamado inicialmente de Dark. Ainda considervel que a forma de se vestir do gtico se diferencia conforme a regio. Por isso na Inglaterra o visual diferente do Brasil. Diferenas climticas so um dos pontos chaves. A cantora Siouxsie Sioux, foi quem deu origem ao esteritipo da garota gtica dos anos 90. A maquiagem extremamente pesada e o visual andrgino formavam o estilo. Hoje, a definio de quais cores sero usadas varia dentro da prpria tribo, que muda conforme a cena local. Outro fator bastante comum a mistura de elementos16

departamento de design - UFPE

de tendncias diferentes. A subcultura gtica aceita uma grande variedade de visuais. Casacos, corsets, roupas em estilo vitoriano, olhos e lbios maquiados com cores sombrias e peas como crucifixos, pentagramas e anks (cruzes egpcias que representam a vida aps a morte). So objetos que representam a cultura pag. Geralmente peas de cores escuras alcanam um efeito mais dramtico. Por isso o preto o mais utilizado.Figura 4: Cantora Siouxie Sioux

Dentro do universo cinematogrfico possvel citar filmes que constituem caractersticas da esttica gtica como O Corvo, Drcula, Frankstein e, o bastante conhecido, Edward mos de tesoura. Este ltimo no s a esttica como o ideal sentimental bastante reconhecido como identificador de personalidades. Filmes tradicionais que carregam a esttica expressionista como Nosferatu e o Gabinete do Doutor Caligari so de um cinema considerado gtico a partir de 1990. Remetiam questo da desesperana da poca: a dcada de 1920, onde o mundo vivia um dos piores tempos, o incio da primeira grande guerra, a depresso mundial, crash da bolsa de Nova Yorque. Tempos de desesperana e melancolias fazem parte do universo gtico. Na literatura observa-se o Roman Noir ou chamado Gothic Novel, que seguiam a linha dos contos de terror. Esses contos tm importncia at os dias de hoje. Ainda assim relevante lembrar que no h uma literatura gtica, o que pode-se dizer que existem autores de uma denominada literatura de horror que esto muito prximos do sentimento gtico. Alguns autores citados e apreciados entre os gticos so Edgard Allan Poe, Charles Baudelaire e os brasileiros Augusto dos Anjos e lvares de Azevedo, por exemplo.

17

departamento de design - UFPE

Igrejas do Recife De acordo com a pesquisa feita inicialmente com o pblico alvo, mais de 50% dos entrevistados concordam haver uma relao entre o sentimento gtico e as Igrejas. Tendo em vista este resultado, as Igrejas do Recife tornaram-se o ponto de partida para o desenvolvimento das estampas. So reas urbanas ricas, graas a sua riqueza histrica de formas e cores. Num primeiro ato durante a pesquisa, obseramos atentamente todos os detalhes dentro e fora das Igrejas, e devido grande variedade de formas grficas nos pisos destas, surgiu a idia de tom-las como inspirao no desenvolvimento das estampas. So formas belas e sombrias, numa atmosfera escura e solitria, assim como a subcultura gtica que permeia este clima de introspeco e resignao. No foi possvel fazer o trabalho de campo em todas as igrejas da cidade, pois muitas estavam fechadas ou em processo de restaurao, como a Baslica de Nossa Senhora da Penha. Entram para este trabalho os pisos de todas as Igrejas que estavam abertas a visitao na cidade, so elas: Igreja Matriz da Boa Vista: Construda entre os anos de 1784 e 1793, pela Irmandade do Santsssimo Sacramento da Boa Vista, projetada pelo arquiteto Manoel Joaquim da Silva, teve o interior ornamentado durante o sculo XIX. Igreja de Nossa Senhora do Tero: Situada no Ptio do Tero, no bairro de So Jos, construda em 1726 sendo reformada a partir de 1844. A fachada principal revestida de azulejos portugueses. Igreja de So Jos do Ribamar: Iniciada a construo em 1752 e concluda no final do sculo XIX pelos membros da Irmandade de So Jos do Ribamar, padroeiro dos carpinteiros.

18

departamento de design - UFPE

Igreja de Nossa Senhora da Conceio dos Militares: Est situada na Rua Nova, no bairro de Santo Antnio. Em 1725 os militares do Tero da Vila de Santo Antnio solicitaram a criao desta igreja, sendo as obras concludas em 1771, e os acabamentos de seu interior em 1870. Igreja de Nossa Senhora do Livramento: Foi construda no final do sculo XVII pela Irmandade dos Homens Pardos. Possui linhas clssicas coloniais. Igreja de Nossa Senhora do Rosrio dos Homens Pretos: Foi edificada em 1630 pela Irmandade do Rosrio dos Homens Pretos formada por escravos negros. As obras foram concludas em 1777, tpicas das existentes do sculo XVIII.

19

departamento de design - UFPE

Estamparia Digital A tcnica de estampar em tecidos iniciou-se desde o sculo XVI, e desde ento veio evoluindo. Os processos mais utilizados hoje so o rotativo e o feito atravs de cilindros. O primeiro, tambm chamado de estamparia a quadro, se utiliza de telas de nylon que formam os quadros. Cada quadro corresponde a uma cor do desenho. Este o processo mais antigo. O segundo, utiliza-se de anis de metal e cilindros de nquel perfurados, sendo cada cilindro correspondente a uma cor diferente. Ambos podem se utilizar do fotolito para gravar os desenhos das estampas. A estamparia digital a novidade do mundo de criao de estampas. Embora apenas pouco mais de 10% das estampas criadas hoje no Brasil correspondam a produo digital, a previso de que essa quota aumente. Ainda muito caro instalar esse tipo de estampagem numa empresa, os equipamentos variam entre 210 mil at 900 mil dlares. uma das poucas desvantagens do processo. O que faz o sucesso desse processo o fator da personalizao e a exclusividade do tecido. Alm de oferecer maior agilidade na confeco de mostrurio e melhor definio de imagem, para os empresrios representa, ainda, menor custo de mo de obra. Como funciona O processo digital funciona como um scanner: faz no computador e vai direto para o tecido. O tecido preparado previamente com agentes qumicos especiais, o que permite a aderncia da tinta controlando sua penetrao na fibra. Depois de impresso o tecido vaporizado, lavado e secado ou, dependendo da tinta utilizada, passa por um processo de termofixao. Podem ser estampados praticamente todos os tipos de desenhos e principalmente fotos e ilustraes com todas as cores possveis. Isso por que as cores so formadas pelos pixels em jatos de tinta. As tintas so base de gua e os produtores oferecem20

departamento de design - UFPE

uma grande variedade. At mesmo a seda pode ser estampada atravs desse sistema. Existe um diferencial nas tintas pois a tecnologia proporciona aplicar pigmentos em vez de corantes na fabricao das tintas para estampagem digital. Como os pigmentos so mais slidos luz e lavagem do que os corantes, permanecem no tecido por mais tempo. A estamparia digital tambm ajuda a controlar a resoluo da cor, oferecendo possibilidades infinitas de cores, quando a rotativa, por exemplo, trabalha com no mximo 18 cores. O processo digital um diferencial das tcnicas antigas, quando havia uma demora entre o processo de criao e o resultado final. Hoje, muitas dessas etapas, como a elaborao do fotolito para gravao nas matrizes, no feita na tcnica digital, logo a estampa bem mais fiel ao proposto originalmente. O setor da moda hoje tem um consumidor que exige variedade e exclusividade. Isso o que est movendo as tendncias do mercado. Essa exigncia leva necessidade dessa produo digital, de metragens menores, estampas nicas e no prprio estilo de cada um. Por isso este processo s tende a crescer.

21

departamento de design - UFPE

Atravs de uma pesquisa divulgada em sites de relacionamentos direcionados para a tribo gtica, pudemos constatar dados importantes para o desenvolvimento do trabalho. Foi observado que 55% dos entrevistados tm de 20 a 30 anos, o que comprova que fazer parte da tribo gtica no um furor adolescente 64% destes so universitrios. Quando questionados sobre suas cores favoritas, vrias so citadas. Predominam as cores: preto, roxo, vermelho, cinza e branco. As outras citadas apenas uma nica vez. O maior intuito do trabalho foi abordar a esttica gtica na criao de estampas para aplicar em uma pea. certo que o mercado de roupas gticas no muito grande e o pblico sente muita dificuldade em encontr-las. Muitas vezes eles criam suas prprias roupas. Foi constatado na pesquisa entre homens e mulheres que 92% no costumam utilizar roupas de grifes. Dos que responderam sim, citaram apenas duas: Pactus e Estrella Negra (loja virtual em com sede em Recife especializada no estilo gtico). Sobre a questo das estampas (objetivo principal deste trabalho), 27% disseram que nunca viram estampas gticas, mas 57% estariam dispostos a usar, caso existissem. Para 67% muito difcil encontrar roupas do estilo gtico em Recife, 27% diz que encontra com muita dificuldade, contra apenas 9% que diz encontrar tudo o que precisa. Observamos claramente a dificuldade de opes e de encontrar roupas para compor o visual gtico. Diante disto, e da simbologia analisada na pesquisa, pois 55% dos entrevistados afirmaram que Igrejas e a cor preta so o que mais tm relao com a cultura gtica, e levando em conta o estudo sobre a subcultura. O objeto escolhido para aplicao das estampas ser uma pea bastante conhecida e uma das mais representativas da tribo urbana gtica: o corset.

22

departamento de design - UFPE

Corset, corpete ou espartilho (nome original) foi uma pea inicialmente feminina, era como um colete reforado e rgido, usado como roupa de baixo. Hoje esta pea tem outros usos e finalidades. Surgiu na histria da moda por volta do sculo XVI como roupa ntima e servia para suporte e controle das formas do corpo feminino. Manter o corpo ereto e uma postura impecvel, como deveria ser uma dama. Tambm foi utilizado por crianas: meninos e meninas. Como a moda est sempre ao lado da histria, com a Revoluo Francesa e logo depois a asceno de Napoleo Bonaparte, a forma natural da mulher comeava a ser valorizada. Os mdicos da poca comearam a fazer presso sobre o uso dos espartilhos, pois estes apertavam muito e pressionavam os rgos internos, chegando a causar doenas pulmonares. Nesta poca o corset no chegava aos quadris. No comeo do sculo XX h uma queda do uso deste acessrio. Com o surgimento de novos tecidos que proporcionavam uma modelagem do corpo, o corset foi perdendo seu lugar. Mas nos anos de 1970 e 1980 estilistas comearam a usar elementos de fetiche nessas peas, materiais como couro, vinil aplicados nos corsets. Nessa mesma poca, principalmente dos anos 1990 em diante, o corset se tornou um dos elementos fundamentais do estilo gtico. Mesmo no sendo mais usado por toda mulher em busca das formas perfeitas, o corset nunca deixou de ser uma pea desejada. bom lembrar tambm a existncia dos corsets masculinos, pouco usados mas bastante comum de 1820 a 1835. Hoje existem vrios tipos e modelos de corsets, os mais conhecidos so o Underbust, que um corset que no cobre o busto, podendo ser usado com lingerie e sobre a roupa, blusas ou vestidos. O Overbust, que o corset que cobre o busto e o Tight Comfort, um tipo de corset prprio para os praticantes de Tight Lacing (um tipo de tcnica ou treinamento praticado com o intuito de alterar a silhueta reduzindo ao mximo as medidas da cintura).

23

departamento de design - UFPE

Evoluo Histrica Pesquisa em sites para construir uma linha do tempo com imagens claras mostrando o desenvolvimento do objeto a ser produzido. Comparao de Similares Comparao de diferentes modelos de corsets, observando onde os usurios costumam comprar, sejam modelos populares ou os mais desejados. Anlise de Tendncias Pesquisa de novas idias e tecnologias aplicadas ao produto em lojas virtuais, e com corset-makers da cidade. Pesquisa por Imerso Investigao em fruns, e sites de relacionamentos (orkut) onde os usurios expem livremente suas opinies acerca do produto, assim compreendendo o que os motiva a comprar e o que eles desejam. Definio de Personas Conforme os mtodos comentados anteriormente, foi identificado o pblicoalvo de acordo com as caractersticas consideradas mais relevantes, dos que costumam comprar e dos potenciais compradores.

Figura 5: Modelo de corset em 1740

1740 Revestido de linho natural, com formato cnico. O corset em si, era muito duro e as mulheres reclamavam que machucava na parte inferior dos braos. Amarrao de couro, na parte de trs, com cavas na parte frontal para movimento das pernas ao sentar.

Figura 6: Modelo de corset em 1837

1837 Corset feito mo com tecido de algodo com reforos triangulares na altura do busto. Canaleta formada pelas barbatanas em V na parte traseira, e em linha reta na parte frontal, onde as mulheres podiam colocar pedaos de madeira ou qualquer arma para se defenderem de homens que tentassem algo contra sua honra.

25

departamento de design - UFPE

Figura 7: Modelo de corset em 1890

1890 Feito de cetim com flores bordadas. Alas conhecidas na poca como cintas de ombro para levantar os seios e fechamento tradicional na parte traseira. Busto plissado com detalhes internos para acomodar diferentes tamanhos de busto.

Figura 8: Modelo de corset em 1900

1900 Conhecido como espartilho de fita, era utilizado pelas mulheres que no queriam aumentar o busto, mas apenas afinar a cintura. Era geralmente de seda, em diferentes cores com ganchos frontais e fechamento traseiro tradicional.

26

departamento de design - UFPE

Figura 9: Modelo de corset em 1905

1905 Corset esportivo. Nesta poca as mulheres j praticavam esportes ao ar livre, logo precisavam de mais liberdade de movimento. Seu formato curto era apropriado para o desgaste da cavalgada, do tnis e do golf. cortado abaixo do busto, permitindo assim o movimento circular do brao.

Figura 10: Modelo de corset em 1912

1912 Um espartilho muito mais longo do que a maioria de sua poca, chegando at quase metade da perna. Sua modelagem era em S buscando afinar ao mximo a cintura feminina, e foi mais usado por conta do surgimento da saia hobble, uma saia muito apertada que permitia passos pequenos.

27

departamento de design - UFPE

Nos anos seguintes, o uso de corsets comeou a cair. Na dcada de1960 j havia sido abolido. O suti j era usado por muitas mulheres e logo depois acontecia a revoluo feminina onde as mulheres queimavam estas peas, que para elas signifacava pura represso. A pea s volta ao mundo da moda no final dos anos 1980 e 1990 (FERRAZ, 2009). No incio desta poca era o auge da morte do punk e surgimento da subcultura gtica, e o corset tornou-se parte fundamental da vestimenta feminina desta ltima.Figura 11: Madonna popularizou o corset

O uso tambm passou a ser comum entre grandes artistas da msica, o que popularizou o retorno da pea. No sculo XXI, com o boom da tecnologia, nada mais parece impossvel, o sentimento de individualismo invade e novas experincias so feitas, uso de couro, vinil e at PVC. Tecidos, formatos e cores variadas, agora de acordo com o estilo de cada um, no mais como pea ntima. O corset ganha outro significado. As mulheres utilizam sobre as roupas, compondo assim seu visual.

Figura 12: Modelos de corset no sculo XXI28

departamento de design - UFPE

Corsets Populares Estrella Negra Iniciada em 2006 oferece produtos no estilo gtico e industrial, inicou-se vendendo apenas acessrios e hoje disponibiliza roupas nos mais variados estilos femininos e masculinos. Faz peas por encomenda. A loja iniciou em Recife, hoje tem uma filial em Macei. Tambm possui uma loja virtual atravs de site de relacionamentos.Figura 13: Corset underbust em couro fosco

Figura 14: Corset underbust oxford com fivelas e amarrao

Figura 15: Corset overbust popeline com renda e ala removvel

29

departamento de design - UFPE

Corsets mais cobiados Madame Sher Corsets

Uma das primeiras grifes a surgir no Brasil. especializada na esttica dos modelos produzidos no exterior. Possui atelier e loja virtual, recebendo pedidos via e-mail. conhecida pelos apreciadores de corsets como a melhor grife, em qualidade e originalidade.Figura 16: Corset overbust com busk banhado a ouro

Figura 17: Corset overbust pointed jacquard

Figura 18: Corset underbust crepe kiwi canoa

30

departamento de design - UFPE

Corsets mais cobiados Black Cat Corsets Loja virtual nascida em 2005, em So Paulo, tambm conhecida por confeccionar corsets de alta qualidade. Produz diversos estilos, gticos ou corsets para o dia-a-dia.

Figura 19: Corset overbust em brocado preto, passa-fitas frontais

Figura 20: Corset underbust em brocado preto, tranado frontal

Figura 21: Corset overbust em l flocada com camura preta

31

departamento de design - UFPE

Elementos removveis

Tecidos diferenciados

Figura 22: Corset com alas removveis

Figura 23: Corset underbust jeans

Adio de outros elementos

Double face

Figura 24: Corset de l com botes32

Figura 25: Corset double face

departamento de design - UFPE

Decotes diferenciados

Figura 26: Corset decote reto

Figura 27: Corset decote em U

Figura 28: Corset decote em V

Figura 29: Corset decote geomtrico

33

departamento de design - UFPE

Sensualidade e feminilidade Os usurios acham a pea indispensvel e fundamental no aumento da sensualidade e feminilidade.

Figura 30: Descrio de comunidade do Orkut

Personalizao A idia se diferenciar e ter um corset original, conforme suas idias.

Figura 31: Recado postado em comunidade do Orkut

Afinar a cintura O corset usado com o objetivo de modelar a cintura elevando o significado da beleza, mesmo que para isso seja preciso enfrentar algum desconforto.

Figura 32: Recado postado em comunidade do Orkut

Dificuldade de encontrar A pea bastante peculiar, e no se encontra facilmente em lojas comuns.

Figura 33: Recado postado em comunidade do Orkut34

departamento de design - UFPE

Emili

Adora vestir corsets para chamar ateno e sentir-se sensual. Gosta de provocar fazendo com que os outros admirem sua fina e delicada cintura. Usa por baixo da roupa para modelar, e tambm por cima de blusas ou vestidos buscando a feminilidade.Figura 34: Primeira persona

Renata No se considera gtica, mas admira o estilo. Faz uso de corsets pois considera uma pea diferente, que poucas pessoas tm. Gosta de modelos e cores variadas e usa em diversas ocasies.Figura 35: Segunda persona

35

departamento de design - UFPE

Natasha gtica e participa ativamente da cena gtica. Suas cores preferidas so o preto e o roxo e veste-se constantemente no estilo gtico. Acha o corset uma pea fundamental e no abre mo de us-lo.Figura 36: Terceira persona

Anna Anna se considera cyber, um estilo que deriva do gtico. Gosta de cores e formatos diferenciados e faz o tight lacing, modalidade praticada por algumas garotas em busca de uma cintura cada vez mais fina, por isso ela prefere os modelos mais curtos.Figura 37: Quarta persona

36

departamento de design - UFPE

Brainstorming Clssico Reunio com pessoas envolvidas em um determinado problema, onde estas buscam uma soluo dando o mximo de idias possveis, sem que nenhuma seja descartada. O Brainstorming foi realizado virtualmente com 6 usurios do produto a ser desenvolvido, foi exposto o problema e a idia e cada um deu sua sugesto. Mtodo 635 - Brainwriting Com o mesmo grupo citado anteriormente nas mesmas condies de reunio, as idias foram organizadas e amadurecidas, atravs deste mtodo onde 6 pessoas oferecem 3 idias em 5 minutos. Algumas foram eliminadas e outra modificadas para chegar a um resultado final.

1 Corsets estampados devem explorar bem a cor vermelha e preta, com detalhes medievias.

2 No fica bom um corset estampado com uma blusa por baixo ou um vestido. As estampas merecem destaque e no necessrio blusas. 3 Um monte de pentagramas vermelhos num tecido preto, todo num padro, com alguma inovao. 4 Pode exagerar nas listras , mais sempre nas cores preto, branco, roxo, verde escuro e azul marinho, sem muitos detalhes tambm pode vir com uns acessrios. 5 Evitar colocar morcego, bruxinha, cruz etc, por que at quem no gosta do estilo meio dark 38pode curtir. 6 Tecidos planos (sem elasticidade) como: gabardine, brim, oxford, jeans, seda, crepe, brocado, tafet, tricoline, zebeline, shantung, veludo, jaquard.

38

departamento de design - UFPE

Estampas Cores preto, vermelho e roxo (e outras escuras = verde, azul); Detalhes medievais; Repetio padro, com alguma inovao; Evitar desenhos como morcegos, cruz, pois outros estilos e outras ocasies podem usar.

Corset Modelo overbust, pois com estampas, no se utiliza por cima de blusas ou camisetas, pois as estampas merecem destaque; Estampas em corsets modelos mais clssicos, do tipo fetiche, diferentes; Mesclar faixas lisas com faixas estampadas; Utilizao de acessrios; Tecidos planos e mais acessveis.

39

departamento de design - UFPE

Estudo de Forma Foram feitos esboos, vetorizando as principais formas das imagens obtidas dos pisos das igrejas do Recife. O mesmo com o Corset, so apresentados os desenhos com as primeiras idias baseadas nas opinies dos usurios. Primeira Evoluo Os desenhos iniciais foram apresentados ao grupo de usurios e por eles selecionados e discutido a melhor forma de repetio das estampas a serem desenvolvidas. Com o corset, o desenho foi melhor elaborado a partir da idia inicial. Segunda Evoluo As cores foram aplicadas nas estampas, e apresentadas ao grupo de usurios, que foram excluindo as opes que no achavam viveis, ou que no apresentavam boa combinao relacionada com a subcultura gtica. Terceira Evoluo Na ltima fase da evoluo iterativa o objetivo foi o de acrescentar as ltimas modificaes de acordo com as idias dos usurios levando em conta a segunda evoluo.

Corset Esboos de linha De acordo com as idias das fases anteriores e anlises dos modelos j existentes no mercado, este foi o esboo final. Um corset que imita o underbust mas na verdade um overbust, com fivelas, j que um dos modelos mais usados em Recife, e que segundo os usurios o que mais combina em se tratando de uso de estampas.

Figura 38: Primeiras idias do modelo do corset

41

departamento de design - UFPE

Estampas Imagens Selecionadas Foram selecionadas 7 imagens dos pisos, de acordo com a possibilidade de serem vetorizadas algumas partes para desenvolver as estampas atravs da metodologia previamente definida. Algumas foram totalmente descartadas, pois segundo eles no tinham nenhuma relao com a subcultura gtica. Todas as imagens foram previamente estudadas e, de cada uma delas, foi selecionada uma que se identificasse com a subcultura gtica. Estas foram apresentadas ao grupo que deu sugestes em algumas. Conforme suas idias, as imagens originais foram apresentadas e modificadas no que eles entendiam ser o melhor resultado final.

Padres aprovados pelos usurios:

Figura 39: Piso - Estampa 1

Figura 40: Piso - Estampa 2

Figura 41: Piso - Estampa 3

42

departamento de design - UFPE

Figura 42: Piso - Estampa 4

Figura 43: Piso - Estampa 5

Figura 44: Piso - Estampa 6

Figura 45: Piso - Estampa 743

departamento de design - UFPE

Estampas Repeties padro

Figura 46: Estampa 1

Figura 47: Estampa 2

Figura 48: Estampa 3

Figura 49: Estampa 4

Figura 50: Estampa 5

Figura 51: Estampa 6

Os desenhos iniciais foram agrupados de acordo com a esttica gtica, e com as idias dos usurios. Seguiam sempre a linha mais padronizada, e, geralmente, de forma que no ficassem muito poludas.Figura 52: Estampa 7

44

departamento de design - UFPE

Corset Desenho final O desenho foi apresentado ao grupo de usurios que opinou sobre eventuais mudanas no modelo do corset. Aplicao de acessrios como as fivelas da frente so itens importantes e impressindvel a fita atrs de amarrao. O modelo de meia parte estampada e meia parte lisa foi aprovado pelos usurios.

Figura 53: Desenho do corset

45

departamento de design - UFPE

Estampas Aplicao de cores Foram feitos testes com as cores citadas pelos usurios nas pesquisas. Predominando o preto, vermelho e roxo, mas tambm o verde e o azul em tons escuros. As cores escolhidas se concentravam em tons escuros, as combinaes mais claras no foram aceitas.

Figura 54: Cores selecionadas aplicadas na Estampa 1

46

departamento de design - UFPE

Figura 55: Cores selecionadas aplicadas na Estampa 2

Figura 56: Cores selecionadas aplicadas na Estampa 3

47

departamento de design - UFPE

Figura 57: Cores selecionadas aplicadas na Estampa 4

Figura 58: Cores selecionadas aplicadas na Estampa 5

48

departamento de design - UFPE

Figura 59: Cores selecionadas aplicadas na Estampa 6

Figura 60: Cores selecionadas aplicadas na Estampa 7

49

departamento de design - UFPE

Corset O produto final Foram aplicadas as estampas no modelo definido. Algumas idias citadas para serem acrescentadas nesta fase foram eliminadas, pois quando apresentadas as imagens ao grupo de usurios esta soluo foi por eles selecionada como melhor. As imagens a seguir mostram frente e verso do modelo em cada estampa com as possveis cores mais usadas no universo gtico.

Figura 61: Corset com Estampa 1

50

departamento de design - UFPE

Figura 62: Corset com Estampa 2

51

departamento de design - UFPE

Figura 63: Corset com Estampa 3

52

departamento de design - UFPE

Figura 64: Corset com Estampa 4

53

departamento de design - UFPE

Figura 65: Corset com Estampa 5

54

departamento de design - UFPE

Figura 66: Corset com Estampa 6

55

departamento de design - UFPE

Figura 67: Corset com Estampa 7

56

departamento de design - UFPE

Casos de Uso Dentro das possibilidades de uso j demonstradas pelos usurios foram elaborados alguns exemplos mais comuns. Ainda sendo possvel o uso para pessoas no gticas. Produo O modelo definido foi apresentado para uma Corset Maker (pessoa que confecciona corsets), e analisados todos os materiais necessrios para produo do artefato, na melhor condio possvel.

Abaixo alguns desenhos de casos de uso mais comuns, levando em conta os integrantes da tribo gtica da cena recifense, onde ser confeccionado o corset. Os casos mais comuns so o nmero 1 e o nmero 2. Por ser um clima quente, bastante comum utilizar corset com short e saias curtas. Mas o corset tambm poder ser utilizado em uma ocasio mais especial ou de clima mais frio com um saia longa, num estilo gtico, tambm utilizado por apreciadores da subcultura em geral, como mostra o desenho nmero 3. Tambm importante lembrar que este modelo de corset muitas vezes desperta o interesse de quem no gtico, no impedindo de fazer o uso de outras formas, ou com roupas de cores mais alegres, j que o preto a cor fundamental gtica.

1

2

3

Figura 68: Trs modos de uso

58

departamento de design - UFPE

Estampas Os tecidos sero estampados atravs da tcnica de estamparia digital, previamente descrita neste trabalho, mas como a finalidade do tecido estampado era para produzir um corset, o tecido escolhido no pde ser muito fino e nem grosseiro. Tecidos como crepe tripoly ou gabardine so os mais indicados. Como a estamparia digital permite a impresso em vrios tecidos, tambm possvel fazer testes de impresso para ter certeza de que o tecido por inteiro ter um bom resultado final. A estampa deve ser enviada para impresso num formato de arquivo conhecido como rapport (mdulo de repetio), uma forma onde a estampa est pronta para ser repetida de forma que os desenhos se encaixem no deixando defeitos. O padro para o tamanho do tecido geralmente a largura (que varia conforme o tecido) x 1m.

Corset O corset uma vestimenta que tambm tem a finalidade de manter a postura correta, por isso uma pea bastante firme. Para produzir um corset necessrio a confeco de cinco camadas: o tecido de fora, a entretela, a lona, entretela novamente e por fim o forro na parte interna. A entretela um material termo-colante que serve para enrijecer o tecido de fora. Tambm so utilizadas barbatanas no sentido vertical, geralmente de plstico, o que mantm o tecido rgido. As barbatanas podem ser colocadas de vrias formas a critrio do usurio ou da corset-maker definindo vrias formas de modelagem.

59

departamento de design - UFPE

Abaixo so apresentadas algumas imagens de um corset produzido como resultado final deste projeto. A Estampa 6 foi escolhida para esta amostra, e o tecido utilizado foi o Tricoline.

Figura 69: Corset produzido com Estampa 6

60

departamento de design - UFPE

possvel observar que a produo do artefato seria muito difcil ou impossvel de alcanar um resultado positivo por parte dos usurios, se no fosse feito a pesquisa inicial. Em se tratando de tribos urbanas, principalmente tribos to peculiares como a dos gticos, preciso ter muito cuidado na anlise de formas e cores pois, para essas tribos, mais que apenas esttica, existe um sentimento que deve ser respeitado. Quando analisamos no apenas a esttica mas tambm a questo social o projeto de design muito mais satisfatrio. E, graas metodologia aplicada, sempre ouvindo o feedback dos usurios, possvel obter a garantia de que o produto ser produzido mais prximo do desejado, estando sujeito a pequenas modificaes. No trmino deste trabalho tambm foram constatados fatos relevantes como a concluso de que o sentimento e os anseios dos usurios so muito parecidos e se refletem nas suas escolhas; quando estampas florais, mesmo colocadas de forma ? dark, no so escolhidas. Outro fator em relao as estampas o fato de que eles no apreciam a despadronizao. Todos os desenhos que no seguiam linhas retas, verticais ou diagonais no eram aceitos. Vemos refletido nas escolhas o mesmo sentimento de resignao citado quando foi estudada a subcultura gtica. As combinaes de cores tambm no podiam variar muito alm do preto, o que no deixou de resultar em boas combinaes, at mesmo sendo possvel ser usado por pessoas que no fazem o estilo gtico.

61

departamento de design - UFPE

FERRAZ, Q. Histria do Vesturio. Disponvel em: http://www.fashionbubbles.com. Acesso em: 20/03/09. F E R R A Z , Q . M o d a e Tr i b o s U r b a n a s . http://www.fashionbubbles.com. Acesso em 20/03/09. Disponvel em:

DONNICI, M. Tribos Urbanas. Disponvel em: http://www.bolsademulher.com. Acesso em 20/03/09. ITPS, A era da estamparia digital,Por IPTS. Disponvel em: http://www.iptshome.org/artigos.asp?a=artigo&idarea=83&idart=335. Acesso em 21/03/09. ARAJO, R. As mil e uma cores da estamparia digital. Disponvel em: http://www.costuraperfeita.com.br/edicao/mostrar_noticia.php?id=642. Acesso em 21/03/09. SAMPAIO, J. F. C. Tecnologia de estamparia digital para tecidos em pequenas partidas de produo. Disponvel em: http://www.stork.com.br/release8.html. Acesso em 21/03/09. CARVALHO, M. Estamparia Digital - Vitrine, notcias da moda e negcios. Disponvel em: http://69.50.214.22/~vitrine/?p=7. Acesso em 21/03/09. S C H N O O R , T. Te c n o l o g i a F a s h i o n . D i s p o n v e l e m : http://wnews.uol.com.br/site/noticias/materia_especial.php?id_secao=17&id_conte udo=76. Acesso em: 25/03/09. Roteiros do Recife - Uma Viagem na histria e na cultura do Recife. Secretaria de Turismo - Prefeitura do Recife VAINSENCHER, S. A. Igrejas do Recife. Disponvel em: www.fundaj.gov.br. Acesso em 30/04/09. GOTH.NET. Portal internacional para comunidade gtica. Disponvel em: www.goth.net. Acesso em 15/05/09. GOTHIC STATION. Site nacional para comunidade gtica. Disponvel em: http://www.gothicstation.com.br. Acesso em 15/05/09. KIPPER, H. A. A Happy House in a Black Planet: Introduo Subcultura Gtica. Disponvel em: www.gothicstation.com.br. Acesso em 16/05/09. PIMENTA, J.; QUEIROZ, M.; POIRET, P. Voc sabia que o espartilho era feito de barbatana de baleia e foi at usado por homens? o SPFW trendwatch explica tudo. Disponvel em: http://www.spfw.com.br/noticia_det.php?c=666. Acesso em: 24/05/09

62

departamento de design - UFPE

PRYSTHON, A. Cosmopolitismo, Identidade e Tecnologia: embates culturais no contemporneo. Recife, 2008. PRYSTHON, A. Estudos Culturais Latino-americanos Contemporneos: Periferia, Subalternidade, diferena e hibridismo. Disponvel em: http://www.rizoma.net/interna.php?id=154&secao=panamerica. FEGHALI, M. K.; DWYER D. As Engrenagens da moda. Ed. SENAC RIO, 2004 LAVER, J. A roupa e a moda - Uma histria concisa. Companhia das letras, 1990. LIMA, F. G. A. Tesde de mestrado: Moda: Imposio do Gosto - Uma viso da moda (re)produzida em Pernambuco. Mestrado em antropologia UFPE - CFCH, 1987. MAFFESOLI, M. O Tempo das Tribos - O declnio do individualismo nas sociedades de massa. Editora Forense-Universitaria, Rio de Janeiro, 1987. BADDELEY, G. Goth Chic: Um guia para a cultura dark. Rocco, Rio de Janeiro, 2005. MENFER, A.; FRANGIONE B.; DANTAS, J.; ASSUMPO, J.; COHEN, M.; LOPES, M.; BELARMINO, T.; ESCOBAR, T.; ALCANTARA, T. Um passo na escurido - As singularidades do universo gtico. USJT, 2008. Paixes por corset, Espartilho e Corset - Nordeste Comunidades do Orkut, site de relacionamentos. Disponvel em: http://www.orkut.com.br. Acesso em: 02/06/09. BRDEK, Bernhard E. Diseo: Historia, teoria y pratica del diseo industrial. Barcelona: Gustavo Gilli, 1999. NEVES, A. M. M. XDM - Extensible Design Methods. Disponvel em: http://www.xdmbasico.blogspot.com

63

departamento de design - UFPE