MONOGRAFIA PSICOPEDAGOGIA

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SUMÁRIO RESUMO I INTRODUÇÃO 02 II FUNDAMENTACAO TEÓRICA 05 1 O QUE É O TDAH? 05 1.1 CARACTERÍSTICAS E SINTOMAS DO TDAH 05 2. A CRIANÇA COM TDAH 08 2.1 OS OUTROS E A CRIANÇA COM TDAH 10 2.1.1 A FAMÍLIA E A CRIANÇA COM TDAH 11 2.1.2 OS AMIGOS E A CRIANÇA COM TDAH 13 2.1.3 A ESCOLA E A CRIANÇA COM TDAH 13 2.2 - A CRIANÇA COM TDAH E OS OUTROS 16 2.2.1- A CRIANÇA COM TDAH E A FAMÍLIA _______________ 16 2.2.2- A CRIANÇA COM TDAH E OS AMIGOS 17 2.2.3- A CRIANÇA COM TDAH E A ESCOLA 18 3. A AUTO-ESTIMA NAS PESSOAS COM TDAH 19

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Prof. Michele Nunes Sacramento

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SUMÁRIO

RESUMO

I INTRODUÇÃO 02II FUNDAMENTACAO TEÓRICA 05

1 O QUE É O TDAH? 051.1 CARACTERÍSTICAS E SINTOMAS DO TDAH 05

2. A CRIANÇA COM TDAH 08

2.1 OS OUTROS E A CRIANÇA COM TDAH 102.1.1 A FAMÍLIA E A CRIANÇA COM TDAH 112.1.2 OS AMIGOS E A CRIANÇA COM TDAH 132.1.3 A ESCOLA E A CRIANÇA COM TDAH 13

2.2 - A CRIANÇA COM TDAH E OS OUTROS 16

2.2.1- A CRIANÇA COM TDAH E A FAMÍLIA _______________ 16

2.2.2- A CRIANÇA COM TDAH E OS AMIGOS 17

2.2.3- A CRIANÇA COM TDAH E A ESCOLA 18

3. A AUTO-ESTIMA NAS PESSOAS COM TDAH 19

3.1- O PROFESSOR 20

3.1.1- CONTRIBUIÇÕES DO PROFESSOR PARA

A FAMÍLIA 23

3.1.2- CONTRIBUIÇÕES DO PROFESSOR PARA A CONVIVÊNCIA COM

OS AMIGOS- CONVIVÊNCIA SOCIAL 24

3.1.3- CONTRIBUIÇÕES DO PROFESSOR PARA A EDUCAÇÃO DA

CRIANÇA COM TDAH E A PRESERVAÇÃO DE SUA AUTO-ESTIMA

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IV CONCLUSÃO 30V REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 32

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INTRODUÇÃO

Em um lugar onde a diversidade é mais enfatizada a necessidade de mais

questionamentos e mais buscas também se faz. Este lugar é onde eu trabalho, a

APAE de Lavras, instigante. Muitas são as buscas, já que trabalhamos com seres

humanos que são por si só individuais e únicos e é valorização de suas

potencialidades que os fazem especiais.

Como psicopedagoga e também como educadora encontrei e ainda encontro,

muitas pessoas dizendo: _ Esse menino é hiperativo! Daí a preocupação em

buscar definições para que saibamos definir realmente o que é hiperatividade. A

oportunidade de estar em um curso de pós-graduação, na Universidade Federal

de Lavras, cuja ênfase é na educação permite-nos refletir sobre: Como nós

devemos lidar com esta criança, já que educar é um ato de responsabilidade e

como educadores devemos estar cientes de quem é realmente este aluno. Se ao

contrário, se não o conhecemos, corremos o risco de estar ressaltando não as

potencialidades, mas o seu transtorno.

A intenção maior deste trabalho é que possamos refletir sobre nossa prática e

pensar se realmente, estamos fazendo o máximo pelos alunos e em especial por

aquele que tem o transtorno.

Garcia (1998), explica que o Transtorno do Déficit de Atenção e

Hiperatividade não faz parte das dificuldades de aprendizagem (DSM-IV, 1984),

embora os portadores apresentem, em geral, algum tipo de problema escolar, o

qual normalmente não está associado à baixa inteligência, pelo contrário, os

portadores costumam ter inteligência normal ou até acima da média. Hoje, sabe-

se que o Transtorno do Déficit de Atenção é uma síndrome neurológica, de

origem genética, que afeta de 3% a 5% de todas as crianças em idade escolar.

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O tríduo (desatenção, hiperatividade e impulsividade) que normalmente

caracteriza o portador do TDAH1, podem vir acompanhado de outros sintomas

secundários, porém, não obrigatórios, bastante comuns, como a baixa auto-

estima, adquirida em razão de freqüentes e sucessivos fracassos.

Além disso, conforme PHELAN (2005) se você maldosamente tentasse

produzir um ambiente que deixasse uma criança com TDAH louca todos os dias,

não conseguiria inventar nada pior que a escola. Ela exige que a criança fique

parada e se concentre em temas que geralmente considera desinteressantes.

Em muitos casos os professores e as pessoas envolvidas no ambiente

escolar, não estão preparados para lidar com esse tipo de criança somando a elas

rótulos que são atribuídos como preguiçosas, teimosas, bagunceiras, avoadas e

trazem grandes prejuízos a sua vida e, principalmente, à sua auto-estima.

É indispensável, portanto, apesar de todas as dificuldades, que a pessoa

que lida com essa criança conheça o transtorno e todas as suas implicações. Para

GOLDSTEIN (1994) “o sucesso na escola é essencial para a criança hiperativa”.

Pesquisar sobre o tema nos permitirá aprofundar neste assunto e encontrar

meios que possibilite ao professor não gerar tantas frustrações, mas sim, que

trabalhar com os potenciais desta criança, auxiliando-a na manutenção de sua

auto-estima. Assim, a criança, seus pais, amigos e educadores poderão aprender

a conviver com as dificuldades.

Para o desenvolvimento desta pesquisa a autora optou pela pesquisa

bibliográfica. A pesquisa bibliográfica procura explicar um problema a partir de

referências teóricas publicadas, buscando conhecer e analisar as contribuições

culturais ou científicas do passado existente sobre determinado assunto, tema ou

problema.

1 Utilizaremos a sigla TDAH para facilitar a compreensão e a estruturação do texto. Lembrando que esta está se referindo ao Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade.

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O presente estudo será dividido em cinco etapas, a saber: a)

levantamento de referencial teórico; b) seleção do referencial teórico apropriado

a presente investigação; c) leitura crítico-analítica do referencial selecionado; d)

organização dos dados e; e) elaboração do relatório final. Possibilitar uma

abordagem frente à criança com TDAH e os reflexos no meio e frente ao meio e

seus reflexos sobre a criança.

Considerar os reflexos que este transtorno causa sobre à auto-estima dos

portadores. E enfim, buscar nos autores consultados, dicas para uma melhor

forma de atuação do professor em sala de aula no atendimento da criança com o

TDAH tendo como ênfase a preservação de uma boa auto-estima.

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Fundamentação Teórica

1. O QUE É O TDAH?

Conforme MANSANERA e KAJIHARA citado por MARQUEZINE et al

(2003), o transtorno por déficit de atenção/ hiperatividade está sendo estudado

há muitas décadas, e a terminologia empregada para designar este distúrbio já

foi alterada várias vezes. Entretanto, ao longo desse tempo o transtorno

continuou sendo definido como um distúrbio do desenvolvimento que se

manifesta através das alterações no comportamento.

Surge nas últimas décadas, devido a uma enorme demanda da sociedade,

uma explosão de tratamentos, diagnósticos e pesquisas voltadas para o

Transtorno do Déficit de Atenção /Hiperatividade. Afinal,

o TDAH pode não apenas interferir no aprendizado e no controle do comportamento da criança, mas também, como condição neurocomportamental crítica, comprometer profundamente o funcionamento de múltiplas áreas, ao longo de toda a vida. A pesquisa e a experiência clínica sugerem que as dificuldades induzidas pelo TDAH podem levar a significativas disfunções educacionais, ocupacionais e familiares, e podem contribuir, significativamente, para diversos problemas de saúde, sociais e econômicos. (Associação do Transtorno do Déficit citado por COSTA p.22.)

Segundo, GOLDSTEIN (1994, p.19), “a criança hiperativa apresenta um

enorme desafio para pais e professores”. Principalmente porque segundo

MANSANERA e KAJIHARA citado por MARQUEZINE et al (2003), um

aspecto das crianças ainda pouco estudado, principalmente no Brasil, são os

problemas de aprendizagem desta população. Isso, segundo os autores, tem

impedido a elaboração de programas de atendimento educacional específico

para esses escolares.

1.1. CARACTERÍSTICAS E SINTOMAS DO TDAH.

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Para PHELAN (2005), o nome Transtorno do Déficit de Atenção surge pela

primeira vez em 1980, no assim chamado DSM-III (sigla em inglês para o

Manual Diagnóstico e Estatístico dos Distúrbios Mentais, terceira edição). Essa

nova definição deixava claro que o ponto central do problema era a dificuldade

de se concentrar e manter a atenção. Segundo o DSM-III, citado pelo autor,

havia dois tipos de TDA: o TDA com hiperatividade e o TDA sem

hiperatividade.

O DSM III foi revisto em 1987 e os resultados da nova edição eram um tanto controversos. O nome do distúrbio foi alterado para Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade. Por meio desta mudança, reconhecia-se que o fato de que tanto a desatenção quanto a inquietação estavam freqüentemente envolvidos no distúrbio. Eliminado o subtipo TDA sem hiperatividade. (PHELAN, 2005, p.14),

GOLDSTEIN (1994), diz que na mesma época, um grupo de profissionais

decidiu que a maioria das crianças que experimenta problemas de desatenção e

impulsividade também experimenta problemas de agitação psicomotora.

Segundo o autor, essa mudança não foi bem aceita pela comunidade

profissional.

Mas, conforme PHELAN (2005, p.13), esse problema foi remediado no DSM

IV, mas a desastrosa expressão TDAH foi mantida. O TDA sem hiperatividade

reapareceu como “Tipo Predominantemente Desatento”.

Em 1994 DSM-IV (1995), foi dotada a expressão “Transtorno de Déficit de

Atenção/ Hiperatividade”, e a seguinte classificação: “tipo predominantemente

desatento”, “tipo predominantemente hiperativo compulsivo” e “tipo

combinado”.

Abordaremos, neste estudo apenas o Transtorno do Déficit de Atenção com

Hiperatividade, já diagnosticado. É importante ressaltar este fato, pois hoje

tornou-se habitual considerar a criança que não aceita limites ou com falta de

limites, como crianças com o TDAH. Para que seja feito o diagnóstico é

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necessário que se procure um profissional especializado que pesquise a história

de vida2 desta criança. Pois, segundo PHELAN (2005, p.80), “é comum médicos

descartarem a possibilidade de TDAH, simplesmente porque a criança tinha

ficado o tempo todo quieta no consultório.”

Embora muitos sintomas de TDAH sejam observáveis desde muito cedo

na infância, SMITH (2001), afirma que, estes são mais óbvios em situações que

exigem atividade mental prolongada. Por esse motivo, muitos casos não são

percebidos até o início da escola. A autora usa o seguinte quadro de

características para verificação de características do TDAH:

2 Essas informações devem ser obtidas de fontes diversas, geralmente as crianças com TDAH não são boas em registros históricos, ou em alguns casos não se sentem a vontade para admitir algum problema.

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Os déficits de atenção ocorrem com ou sem hiperatividade. Existem também crianças que são primariamente hiperativas e impulsivas e têm menos problemas de atenção. De acordo com o manual mais usado pelos profissionais para identificação do TDAH, seis ou mais sintomas sugerem a presença do transtorno: DESATENÇÃO:

Com freqüência deixa de prestar atenção em detalhes ou comete erros por descuido em atividades escolares, de trabalho ou outras;

Com freqüência, tem dificuldades para manter a atenção em tarefas ou atividades lúdicas; Com freqüência parece não escutar, quando lhe dirigem a palavra; Com freqüência, não segue instruções e não termina seus deveres escolares e tarefas domésticas; Com freqüência, tem dificuldades em organizar tarefas e atividades Com freqüência, reluta em envolver-se em tarefas ou atividades ou evita-as (por exemplo, tarefas

escolares e deveres de casa); Com freqüência, perde coisas (como brinquedos, lápis, e coisas pessoais); Distrai-se facilmente com visões e sons irrelevantes; Com freqüência, apresenta esquecimento em tarefas diárias;

HIPERATIVIDADE E IMPULSIVIDADE: Com freqüência, retorce mãos e os pés, remexendo-se na cadeira; Com freqüência, deixa a cadeira na sala de aula ou em outras situações nas quais se espera que permaneça Corre e sobe demasiadamente nos objetos em situações nas quais isso é impróprio; Tem grande dificuldade de brincar em silencio; Com freqüência, está a “mil” ou age como se “impulsionada por um motor”; Fala excessivamente; Com freqüência, dá respostas precipitadas antes de as questões terem sido completadas; Com freqüência, tem dificuldade em esperar a sua vez; Com freqüência interrompe ou intromete-se nos assuntos de outros (intromete-se em conversas e

brincadeiras)

Adaptado de Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, quarta edição (1994). Washington, DC. American

Psychiatric Association., por SMITH , 2001, P.39.

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Para SILVA (2003, P. 26-27), a hiperatividade divide-se em física e

mental, onde:

“é muito fácil identificar a hiperatividade física de um DDA3. Quando criança, eles se mostram agitados, movendo-se sem parar na sala de aula, em casa ou mesmo no playground. Por vezes chegam a andar aos pulos como se seus passos fossem lentos demais para acompanhar a energia contida em seus músculos. Em ambientes fechados mexem em vários objetos ao mesmo tempo, derrubando grande parte deles.A hiperatividade mental ou psíquica apresenta-se de maneira mais sutil, o que não significa, em hipótese alguma,que seja menos penosa que a física. Ela pode ser entendida como um ‘chiado’ cerebral, tal como um motor de automóvel que acaba de provocar um desgaste bastante acentuado. É o adulto que numa conversa interrompe o outro o tempo todo, que muda de assunto antes que o outro possa elaborar uma resposta, que não dorme a noite, porque seu cérebro fica agitado de tal forma que não consegue desligar.”

Segundo ROSEMBERG (1995), o diagnóstico etiológico de um certo

número de distúrbios do comportamento baseia-se na avaliação de um quadro

clínico que pode ser a resultante comum de diferentes processos patogênicos.

Desta forma, o comportamento hiperativo pode ser conseqüente de fatores

unicamente emocionais ou depender de uma alteração funcional cerebral ou

ainda de ambos, num processo de retroalimentação.

Os conflitos, escolares, familiares, comportamentais e psicológicos podem

ser reduzidos, com diagnóstico precoce e tratamento adequado. Com isso, um

grande número dos problemas como repetência escolar e abandono dos estudos,

depressão, distúrbios de comportamento, problemas de relacionamento, bem

como abuso de drogas e outros vícios podem ser tratados ou, principalmente,

evitados. É preciso que haja um esforço coletivo.

2. A CRIANÇA COM TDAH.

3 Alguns autores utilizam a seguinte denominação para designar este transtorno: DDA (Distúrbio de Déficit de Atenção).

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Uma criança com TDAH tem uma “intensidade” e uma “freqüência”

diferentes, ou seja, tudo nela parece estar “a mais”.

SILVA (2003), cita que algumas crianças podem causar a falsa impressão

de terem TDAHs se tiverem passando por problemas, constantes ou passageiros,

que podem contribuir para deflagrar ou intensificar comportamentos agitados ou

falta de concentração ou atenção. Uma criança pode apresentar-se indisciplinada

e com baixa tolerância à frustração.

Muitos fatores podem estar contribuindo para algum tipo de

comportamento inadequado por parte desta criança e devem ser investigados

cuidadosamente antes de qualquer diagnóstico.

Conforme SMITH & STRCK (2001), existem outras causas de desatenção

na sala de aula, que não podem ser confundidas com TDAH. Por exemplo: as

crianças de doenças e alergias freqüentes, ocasionalmente tem problemas para

focalizar a atenção, em virtude de seus problemas de saúde, ou por efeitos

colaterais de medicamentos. A desatenção e o inquietamento, também podem

ser sinais de problemas na visão ou de audição não detectados. Os estudantes

que não comem o suficiente mostram-se inquietos e desatentos.

Outro fator que pode contribuir para este tipo de comportamento é uma

colocação educacional inadequada. Um estudante aplicado, com um currículo

que privilegia seus companheiros “medianos”, pode deixar de prestar a atenção e

começar a apresentar um comportamento inquieto por tédio. Similarmente, os

alunos imaturos ou atrasados em seu desenvolvimento intelectual podem tornar-

se entediados e desatentos, porque não compreendem completamente o que está

acontecendo. Os estudantes podem ter problemas para manterem a atenção

porque seus estilos de aprendizagem não combinam o modo como as

informações lhes são apresentadas. Uma criança que distrai facilmente, por

exemplo, considera quase impossível concentrar-se em uma sala onde o

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professor decorou cada centímetro com mapas, pôsteres e outros auxílios visuais

considerados úteis.

GOLDSTEIN (1994, p.29), lembra-nos que “a hiperatividade resulta de

quatro tipos de deficiências (atenção, impulsividade, excitação e frustração ou

motivação) que podem causar problemas em casa, na escola e com os amigos.”

Quando a criança apresenta vários sintomas do TDAH, eles podem causar

problemas em várias esferas de sua vida.

Os recém nascidos “futuros TDAH”, segundo PHELAN (2005), tendem a

apresentar mais respostas negativas a novas situações, podem mostrar reações

emocionais intensas, perturbações no padrão de sono e transtornos de

alimentação. Contudo, indicadores mais confiáveis do TDAH surgem quando

essas crianças começam a andar. Muitos especialistas acreditam que seja

possível identificar entre 60% a 70% das crianças com TDAH já na faixa de 2 a

3 anos. Conforme a criança com TDAH fica mais velha, a desobediência em

público pode se tornar um problema maior. Já na fase de 5 a 12 anos de idade

que, segundo o autor, é o “grande momento”, o de ir para a escola.

Segundo RODRIGUES e BOCK (2001), é importante ressaltar que

também o comportamento das crianças hiperativas pode ser confundido como

indisciplina, no entanto, trata-se de um distúrbio genético associado a fatores

ambientais denominado atualmente como TDAH, provocado pelo desequilíbrio

na quantidade de noradrenalina e dopamina, que são neurotransmissores.

2.1- OS OUTROS E A CRIANÇA COM TDAH.

As crianças com transtornos de comportamento em seus relacionamentos, frequentemente, são atrapalhadas por princípios organizacionais primitivos, que governam suas percepções de si mesmas e de outros. Acham difícil compreender que os companheiros têm motivações, características e preferências diferentes das suas próprias, apresentando em vez disso, uma propensão para atribuírem a outros seus próprios sentimentos e pensamentos. Frequentemente, lhes faltam as habilidades

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sociais necessárias e apropriadas à idade para a interação com companheiros. Quando sua necessidade para controlar o ambiente é impedida, agem agressivamente, sendo incapazes de conter seus sentimentos de frustração (KERNBERG e CHAZAN, 1993 P.55)

Conviver com está criança nem sempre é fácil mas, se há interesse, esta

convivência pode se tornar possível, principalmente quando ao invés de

trabalhar/lidar com suas dificuldades passamos a enfatizar suas potencialidades,

auxiliando-o a organizar-se e a realizar as tarefas que ela considera difícil.

Segundo O’BRIEN (2002), crianças com TDAH não conseguem enxergar

com antecedência as conseqüências de uma ação, nem aprendem facilmente as

lições que essas conseqüências trazem. Infelizmente, são pouco compreendidas

e muitas vezes são classificadas como preguiçosas, problemáticas e incapazes.

2.1.1- A FAMÍLIA E A CRIANÇA COM TDAH.

Ter uma criança diferente das demais nem sempre é uma tarefa fácil para

a família, contudo, se existe um problema é por que existem soluções. PAIN

(1987), destaca que:

“a educação diferencial sistemática dentro de uma sala de aula é somente uma parte do que a criança incorpora na formação de sua personalidade integral. A família e o ambiente sócio-econômico no qual participa vão lhe impondo suas normas, seus costumes, valores e ideário. Isso não se realiza por via de uma informação deliberadamente ministrada à criança mas, sobretudo através da aquisição de hábitos, sejam eles de alimentação, de higiene ou de formalismos sociais, através do vocabulário, dos gestos e dos meios de comunicação escolhidos. Em função destes conteúdos e da maneira como lhe são impostos ou reprimidos a criança irá compondo uma imagem do mundo, a qual sofrerá deficiências da representação especifica, ou seja, será uma imagem de mundo estereotipada, arrítmica, confusa e estreita.Para evitar a dissociação entre os conhecimentos adquiridos em aula e aqueles incorporados pela criança em sua vida cotidiana, é necessária uma estreita coordenação entre os dois âmbitos e a inclusão mútua de aspectos que permitam uma continuidade significativa. Para isso contribui a inclusão dos conteúdos trazidos pela criança e convertidos em estímulos para a aprendizagem, mas, sobretudo, a colaboração positiva dos pais

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pode criar as condições favoráveis para tornar a aprendizagem efetiva.” (PAIN 1987, p.127)

GOLDSTEIN (1994), contribui dizendo-nos que uma das prováveis

causas da hiperatividade é a hereditariedade. Muitos pais, culpam a si mesmo

pelo comportamento da criança com TDAH, sobretudo, é importante lembrar

segundo PHELAN (2005, p.63), que o“ TDA é basicamente hereditário. E que

os demais fatores que também podem causar o TDA - ou algo parecido – são os

fatores biológicos , não má criação.” Contudo, segundo o autor esta má criação

pode agravar os sintomas do TDAH, por isso além de tratar a criança também é

necessário simultaneamente o tratamento com os pais.

Geralmente os fatos vão se acumulando que, “muitas famílias

simplesmente param de sair com freqüência, ou mesmo de tirar férias por causa

das cenas terríveis que tem de enfrentar em carros, restaurantes e hotéis”.

(PHELAN, 2005, p.45)

Segundo PHELAN (2005), conforme os anos passam tanto o filho quanto

os pais podem experimentar uma queda contínua da auto-estima e um aumento

da depressão. A primeira pessoa na família a ser esmagada pela existência de

uma criança com TDAH não é a criança: é a mãe. A mãe recebe o choque do

comportamento de um filho difícil. E, considerando que ainda vivemos em uma

sociedade que culpa os pais por tudo que os filhos fazem, os pais – e, em

especial, a mãe – estarão constantemente tentando descobrir o que deu errado

com essa criança.

Ingrediente crucial é o apoio e informação aos pais, afirma SMITH

(2001), para auxiliar a criança com TDAH. Segundo a autora, muitas mães

afirmam que tanto sua sanidade quanto sua própria auto-estima foram salvas,

por atendimentos especializados.

PHELAN (2005, p.64), alerta-nos para o fato de que suas “fraquezas na

criação de seu filho não farão com que ele tenha TDA. Por outro lado, se você

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tem um filho com TDA, é melhor se esforçar para superar essas fraquezas,

porque a vida exigirá muito mais de você do que de outros pais.”

2.1.2- AMIGOS E A CRIANÇA COM TDAH.

A amizade é importante na vida das crianças, através da interação social

ela se desenvolve. Contudo, para a criança com TDAH essa relação muitas

vezes não é fácil.

“Problemas com os colegas também podem surgir conforme a criança passa de brincadeiras paralelas para brincadeiras mais interativas, em que as exigências situacionais de compartilhar, ouvir e ter um bom relacionamento são maiores.” (PHELAN, 2005, p.45)

Segundo PHELAN (2005), tudo é um grande problema para esta criança,

por ser extremamente competitiva, muitas vezes tenta modificar ou criar regras

que atendam a seu objetivo de vencer a todo custo. É muitas vezes mandão e em

certas ocasiões, fisicamente agressivo.

Estas crianças são notoriamente insensíveis a insinuações sociais, verbais e não-verbais, elas acabam não se dando conta do quanto parecem desagradáveis. Os adultos tentam aconselhar a criança a “se acalmar” nessas situações descobrem que as palavras são como jogar gasolina no fogo. É preciso tirar a criança da situação por um tempo para que ela se acalme. (PHELAN 2005, p.41)

Desta forma, os amigos e os pais dos amigos, tendem a não querer a

companhia desta criança. Assim, ela passa a sofrer com também com o

isolamento.

2.1.3- ESCOLA E A CRIANÇA COM TDAH.

A educação brasileira por muito tempo mostrou-se estagnada e por muitas

vezes, vimos que ela atendia somente uma camada da população. Com o passar

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do tempo esse sistema não igualitário não se manteve. Hoje percebemos que

cada aluno é diferente, cada um tem sua bagagem cultural e cada criança tem a

sua particularidade.

A criança com o Transtorno do Déficit de Atenção, por muitos anos, foi

um desafio para a escola. Pois, pensava-se que era “falta de limites” e quantos

mais se impunha, menos esta criança gostava do ambiente escolar. Este ciclo,

desfavorecia estas crianças, que lutavam contra algo que nem elas sabiam o que

era. Desta forma, suas chances de um bom futuro acadêmico também eram

diminuídas.

Por causa da sua dificuldade com regras e com o auto-controle, a criança

com TDAH é muitas vezes uma difícil força na sala de aula. Segundo PHELAN

(2005), ela vai sobressair sobre as demais, e todas as outras crianças estarão

conscientes de quem ela é e de quantos problemas ela causa. Muitas vezes ela

vai entrar num círculo vicioso com a professora, ela pinta o sete, a professora

tenta controla-la, ela resiste fazendo mais travessuras, a professora tenta exercer

maior controle, e assim por diante.

A falta de conhecimento sobre o assunto, por parte dos educadores, os

levam a cometer erros, que interferem diretamente na vida dos alunos. A escola

é responsável juntamente com o apoio da família pela boa educação de seus

educandos.

Conforme VIGOTYSKY (1989), toda aprendizagem da criança na escola

tem uma pré-história, que deve ser levada em consideração durante todo o

processo.

O sistema de avaliação na maioria das escolas ainda é por meio de provas

e notas.

“As notas de uma criança com TDAH são extremamente variáveis. Essa variação é em razão do professor e da sensibilidade a matéria. Também não é incomum, as notas variarem intensamente na mesma matéria ao longo dos quatro bimestres do ano escolar. Desta forma, já que o baixo desempenho é uma

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marca da criança com TDAH, suas notas geralmente não têm a ver com seu nível de habilidade.” PHELAN (2005, p.90)

Com isso, a avaliação a este aluno deve ser flexível e esta escola, não

poderá avaliar este aluno somente pelo sistema convencional. Cabe à família,

buscar profissionais da área de educação, que o orientem e orientem a escola no

sentido de buscar novas alternativas.

A National Education Association, citada por SMITH (2001, P.123),

afirma que para o bom desempenho da inclusão, esta deve ser acompanhada

pelos seguintes aspectos:

Uma faixa plena de colocações e serviços educacionais para os

estudantes (de modo que esses não sejam colocados

inapropriadamente por falta de alternativas viáveis).

Desenvolvimento profissional para a equipe.

Tempo adequado para que os professores planejem e colaborem

uns com os outros.

Turmas com tamanhos sensíveis as necessidades dos alunos.

Profissionais e auxílio técnico apropriados.

Segundo PETRY et al (1999), existem inúmeros procedimentos que a

escola pode adotar , a fim de minimizar as dificuldades de um aluno com esse

transtorno, assim que for estabelecido um diagnóstico de TDAH, que são:

reduzir, no mínimo os estímulos na sala de aula; manter portas e armários

fechados, que os alunos sentem-se longe de portas e janelas. Estas atitudes

simples, podem evitar que o aluno se disperse com outros estímulos.

O apoio de toda a escola a este professor que tem um aluno com TDAH

em sua s ala de aula, é muito importante. A escola deve oferecer apoio técnico-

teórico- metodológico. Além disso, todos os membros da escola devem ter

conhecimento básico, sobre o transtorno.

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2.2 - A CRIANÇA COM TDAH E OS OUTROS.

Assim como para as outras pessoas, a convivência com uma criança com

TDAH não é fácil, é difícil imaginar o quão difícil é para esta criança, ser

rejeitada em todos os lugares onde vá. Segundo GONÇALVES citado por

COSTA, a falta de controle emocional leva a criança a agir sem refletir e sem

avaliar as conseqüências dos seus atos, numa busca imediata de satisfação do

desejo sentido.

2.2.1- A CRIANÇA COM TDAH E A FAMÍLIA.

O apoio e a aprovação da família, é na vida da criança com TDAH, e na

vida de todas as crianças, primordial. É comum observarmos irmãos brigando

pela atenção dos pais, ou então durante uma conversa entre adultos, uma criança

fazer alguma travessura, somente para chamar a atenção. Quando esta criança

percebe que não consegue agradar tanto assim, os seus pais e que ela, ao invés

de agradar, está constantemente fazendo algo inaceitável, é certo que esta sinta-

se rejeitada.

Afirma, PHELAN (2005), que a criança com TDAH vai constantemente

desconcertar seus pais; eles nunca conseguem entender o que o motiva. Ela vai

muitas vezes tornar a ovelha negra da família, da mesma forma que se

transformou na ovelha negra de sua classe. Com freqüência será a fonte de

constantes distúrbios e vai produzir uma série aparentemente interminável de

barulhos. Esta criança é extremamente ciumenta em relação aos irmãos , já que

algumas vezes percebe de maneira acertada que eles são mais amados do que

ela.

Ainda segundo PHELAN (2005, p.39), “em casa a criança com TDAH

não se lembrará das regras ou de suas tarefas. Se solicitada a fazer mesmo as

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menores coisas, pode ter um acesso de birra. Normalmente ela é desleixada, seu

quarto é uma bagunça e não consegue chegar ao fim de nenhuma tarefa.” Pedir

a ela que faça várias coisas em seqüência, normalmente é uma causa perdida.

Assim, é importante lembrar que, neste contexto todos precisam ter um

cuidado especial. A família deve se empenhar, os amigos devem aprender a

compreender, a escola deve se informar, pois estamos lidando com uma criança.

Que é um ser único, que tem inúmeros sentimentos e que como todos os seres

somente quer ser aceita, somente quer às vezes acertar. Não devendo, portanto,

nunca esquecermos que ela é uma criança que deve se trabalhar suas

habilidades, para que desta forma, tenha um futuro mais feliz.

2.2.2- A CRIANÇA COM TDAH E OS AMIGOS

Ela também quer ter amigos e para ela tudo esta correndo bem. No

entanto, o amiguinho discordou dele, ou não quer mais brincar. Ela naturalmente

despede-se do colega com um chute na canela. Segundo PHELAN (2005), o

resultado de todas essas dificuldades sociais é que a criança hiperativa termina

isolada ou é muitas vezes forcada a brincar com crianças mais novas.

“a causa do isolamento é óbvia, mas porque as criança com TDAH têm de brincar com colegas mais novos? Há varias razões. Primeira o grau de maturidade da criança com TDAH é normalmente vários anos inferior a sua idade cronológica, portanto, ela se encaixa melhor nesse grupo. Segunda, ela tende a ser fisicamente maior que as crianças mais novas e, assim, elas a deixarão ser o líder. Isso agrada á criança com TDAH, já que ficará bem menos frustrada se as coisas forem feitas sempre do seu jeito. Esse arranjo também é bom para as crianças mais novas pois elas acham a criança portadora de TDAH , divertida e engraçada. Parece que ela sempre inventa algo interessante para fazer. Pode não ser algo permitido, mas, ao mesmo tempo, é seguro, porque, se forem pegas a criança mais velha é que normalmente levará a bronca. Com isso, se quer dizer que seja ruim para a criança hiperativa brincar com crianças mais novas. Isso é certamente preferível a não ter ninguém para brincar. Algumas dessas crianças com TDAH podem também se dar melhor com crianças mais velhas ou do sexo

17

Page 18: MONOGRAFIA PSICOPEDAGOGIA

oposto. A prova de fogo das habilidades sociais da criança com TDAH é sua capacidade de se dar bem com crianças do mesmo sexo e da mesma idade. (PHELAN, 2005, p.41- 42)

2.2.3- A CRIANÇA COM TDAH E A ESCOLA.

Segundo SMITH (2001), a maior parte das crianças com o Transtorno não

precisa de educação especial. A menos que seus problemas sejam bastante

sérios, esses estudantes podem funcionar bem em salas de aula normais com

auxílio de professores atenciosos, boas técnicas de manejo em sala de aula e,

ocasionalmente, medicamentos. (...) é muito importante ensinar-lhes bons

hábitos de estudo e estratégias de memorização, tais como rimas e visualizações.

Diferentes dos outros estudantes, crianças com problemas de aprendizagem

quase nunca pensam em táticas como essas sozinhas.

Na maioria das vezes, a escola para esta criança é o maior desafio, pois, a

maioria das regras que a escola exige são as que a criança TDAH tem mais

dificuldade.

Na verdade, afirma PHELAN (2005), a maioria das crianças com TDAH ,

assim como as demais crianças, quer ir bem na escola e tem explosões de

felicidade quando consegue isso. No entanto, pelo fato de estarem batendo

cabeça continuas vezes contra um muro invisível de problemas de concentração

e motivação, essas crianças não são capazes de manter o esforço.

Para ela a dificuldade na escola, vem de todos os lados, professores

estressados ou mal informados, os funcionários em geral podem considerá-lo um

aluno bagunceiro, os colegas podem agredi-lo também, e mais, exige-se que ele

permaneça sentado por muitos minutos e até por horas. Com isso, muitas dessas

crianças, principalmente as de classes mais baixas financeiramente sofrem muito

no início de sua vida escolar. Além disso, algumas dessas crianças ainda

apresentam dificuldades de aprendizagem.

18

Page 19: MONOGRAFIA PSICOPEDAGOGIA

“As crianças com TDA realmente apresentam maior tendência a dificuldades de aprendizagem, além do próprio déficit de atenção. Na população geral, talvez 10% a 15% de todas as crianças tenham dificuldade de aprendizado. Na população de crianças com TDA, o número está mais próximo de 30% a 40%. Crianças com Déficit de Atenção, portanto, freqüentemente têm de lidar com duas desvantagens.” (PHELAN 2005, p.36)

3.A AUTO-ESTIMA NAS PESSOAS COM TDAH.

Como já vimos, a auto-estima é um dos aspectos mais afetados na vida da

criança com o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade. Conforme

afirma SMITH (2001), os estudantes com TDAH apresentam riscos para

complicações da saúde mental, como ansiedade e depressão. Problemas de

conduta, baixa auto-estima e fraco desempenho escolar reduzem a chance de tais

alunos terminarem a escolarização.

Mais do que tratar a síndrome, profissionais, pais e educadores devem se unir

para tentar, por todos os meios preservar na criança - a sua auto-estima.

Devemos ajuda-los a acreditar em suas potencialidades. “Os alunos que não

acreditam que são capazes de ter sucesso raramente empenham o esforço

necessário para fazerem isso, tornando o mau desempenho contínuo algo

inevitável.” (SMITH 2001, P.38),

Com uma auto-estima sensível, a criança com TDAH é também

bombardeada por rótulos que lhes são colocados onde vá, na escola, no clube e

em casa. SMITH (2001), sugere que quanto mais rótulos negativos puder

substituir por rótulos neutros ou positivos, melhor será para a criança. Ou seja,

devemos lembrar que estas crianças podem não se interessar muito por história,

mas podem ser músicos talentosos, ou se tornarem vendedores ou empresários

de sucesso.

Segundo SMITH (2001, P.219), para protegermos sua auto-estima é essencial

manter o que pedimos delas em harmonia com o que são capazes de fazer.

19

Page 20: MONOGRAFIA PSICOPEDAGOGIA

“O feedback positivo também aumenta a auto-estima, porque as ajuda a

verem a si mesmas como capazes e responsáveis” (SMITH, 2001, P.246).

Devemos ter, no entanto, um cuidado especial para que sejamos sinceros e não

apenas elogiar e elogiar, mas interessar-se pelo que a criança faz.

E importante ressaltar, que nem sempre pais e educadores conseguem

sozinhos vencer esta batalha, pela conservação da auto-estima da criança com

TDAH. Além disso, muitas crianças podem apresentar outras síndromes

associadas, o que torna necessário a procura de um profissional especializado

que trabalhe de preferência em equipe.

3.1- O PROFESSOR

“Para refletirmos sobre o significado e sentido de ser professor, temos antes de refletir por um instante sobre estes dois termos: significado e sentido em si mesmo e , somente depois de termos feito isso, aplica-lo a condição do profissional do magistério atualmente. Significar alguém ou alguma coisa é assumir diante desta pessoa ou objeto uma atitude de não indiferença, atribuindo-lhe determinado valor para nossa existência. Quando assumimos, diante do que quer que seja, uma atitude de indiferença, isso significa que aquilo não tem para nós valor algum. Quando, ao contrário, significamos algo, esta significação poderá ser positiva ou negativa. Significar, portanto, é valorizar alguma coisa positiva ou negativamente.” “(...) os valores não existem objetivamente, os valores funcionam em nossas vidas não nos momentos em que falamos ou escrevemos sobre ele, mas nos momentos em que decidimos e agimos tomando-os por fundamento, como base de nossas ações.” (COSTA, CASCINO E SAVIANE, 2000, P.14)

Diante do significado e sentido de ser professor, verifica-se que o desgaste

da imagem do educador atual ocorre muito em função da indiferença e descaso

com que ele trata a si próprio. Se uma pessoa não consegue perceber e atribuir

valor a sua existência e ao que faz, quem está ao seu redor também agirá desta

forma. Por isso, é que muitos professores perderam a sua identidade ao longo do

tempo, justamente por tratar a sua profissão com indiferença, ou assumiram a

20

Page 21: MONOGRAFIA PSICOPEDAGOGIA

indiferença com que sempre foram tratados. É necessário que se resgate os

valores da educação.

“Os valores valem quando pesam na balança de nossas tomadas de decisão, quando eles fazem inclinar nossas atitudes ou nossa conduta numa direção, e não em outra. Os valores, ao fazerem nossas decisões e ações tomarem determinado rumo estão funcionando como a fonte do sentido de nossas opções, de nossas escolhas, de nossas decisões, de nossos atos e de nossas ações.” (COSTA, CASCINO E SAVIANE, 2000, P.14)

Para qual será o lado que o professor está inclinado? Qual o significado da

educação em vossa vida? É necessário que o professor entenda que trabalhar

com seres humanos vai muito além... O importante é buscar o equilíbrio.

Equilíbrio este, que é ameaçado sempre, afinal os seres humanos são

imprevisíveis e mais, são únicos.

“o ser humano é ser de relações: ele existe como pessoa, torna-se pessoa, à medida que se relaciona com sigo mesmo, com os outros, com a natureza e com a dimensão transcedente da vida. Somos cotidianamente, convocados para encontros, para a convivência humana. Identificar, incorporar e viver valores é o grande desafio para tornar nossas relações verdadeiramente humanas nos planos interpessoal e social. As práticas e vivencias no dia- a –dia das escolas e das comunidades são exercícios que colocam os educandos diante de si mesmo e do mundo, diante do desafio de valorizar a vida.(COSTA, CASCINO E SAVIANE, 2000, P.18)

A valorização da vida de cada educando, faz do trabalho educacional,

único. Uma criança com o Transtorno do Déficit de Atenção por Hiperatividade

pode apresentar-se como um desafio de difícil enfrentamento. Contudo, este é o

nosso papel: o de pensar em cada criança como única e como capaz de ser feliz,

cada uma dentro de suas possibilidades.

Devemos acreditar! Devemos estudar, pesquisar e experimentar. Fazer um

vínculo da teoria à prática.

Um dos problemas que mais fortemente emerge da análise da problemática da formação dos profissionais de educação é a questão da relação entre teoria e

21

Page 22: MONOGRAFIA PSICOPEDAGOGIA

prática. (...) Trata-se para muitos de uma das questões básica da formação do educador e, para alguns o ponto central de reflexão na busca de alternativas para a melhor formação destes profissionais. Convém salientar que, na questão da relação teoria-prática, se manifestam os problemas e contradições da sociedade em que vivemos que, como sociedade capitalista, privilegia a separação do trabalho intelectual, trabalho manual e consequentemente, a separação entre teoria e prática.” (CANDAU, LELIS, 1995, P.49)

Falar da relação que deve existir entre teoria e prática não é tão simples

conforme parece, pois como as próprias autoras mostraram, o sistema

econômico do país dificulta esse trabalho, visto que uma sociedade capitalista

preocupa-se mais com a produção final, do que com o processo.

Para compreender melhor esta relação CANDAU, LELIS (1995, p.50),

nos diz sobre o sentido de cada palavra e as diferentes conotações que pode

assumir, “ambos termos vem do grego. ‘teoria’ significa originalmente a viagem

de uma missão festiva aos lugares de sacrifício. Daí o sentido de teoria como

observar, contemplar, refletir.” Quanto à palavra prática “ deriva do grego

‘praxis’, ‘praxeos’ e tem o sentido de agir.”

Uma fala de reflexão e a outra de ação. Quando o educador consegue

relacionar e torna possível trabalhar com as duas ao mesmo tempo, ele acaba

entrando num círculo, em que não existe começo nem fim, pois quanto mais

conhecimentos adquirimos, mais relações faremos com o nosso dia-a-dia. O que

torna esta possibilidade remota em alguns momentos é justamente a dificuldade

em se analisar a prática de um ponto de vista teórico, pois isso implica mais

trabalho e dedicação.

Assim, fica evidente que a preocupação com a relação que deve haver

entre a teoria e a prática é necessário tornar esta relação possível.

O educador, precisa além de tudo, gerenciar a sua formação, pois diante

de um mundo que muda a cada instante, é necessária uma formação contínua.

22

Page 23: MONOGRAFIA PSICOPEDAGOGIA

PERRENOUD (2000) “Qual é a reação de um profissional que lê um

referencial que descreve o que supostamente ele deve fazer? É, sem dúvida,

realizar intutivamente, a título pessoal, um pequeno balanço.O primeiro impulso

é de sentir-se ameaçado, de criar complexos, ou de rejeitar. Pode-se também,

conceber usos menos defensivos, dizendo o leitor para si mesmo: eu não domino

todos esses aspectos, mas vou nessa direção.”

Após adquirir o conhecimento teórico, o educador deve seguir em frente,

não há necessidade de esperar que os outros digam o que fazer. Cabe a cada um

colocar a “mão na massa”, fazer a sua parte, acreditar. Sem esquecer que em

tudo isso, que o primordial é que se trabalhe em grupo, a troca de saberes é

muito importante. Buscar, compartilhar e aplicar...

3.1.1- CONTRIBUIÇÕES DO PROFISSIONAL PSICOPEDAGOGO PARA A

FAMÍLIA

Educar é sobretudo saber que “ensinar não é somente transferir

conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a

sua construção”(FREIRE, 1997, p.52). É propiciar uma educação que responda

às necessidades individuais, sociais, intelectuais, técnicas e morais da vida do

educando. O professor, auxilia na construção sadia da criança o que interfere

diretamente na vida familiar. Além disso, manter a família como aliada do

trabalho pedagógico e preocupar-se com seu sucesso.

Segundo MONEREO (2000), a família é o primeiro contexto que acolhe a

criança após o seu nascimento. (...) portanto, a família desempenha uma função

básica e indispensável para o seu desenvolvimento e crescimento e transforma-

se em seu primeiro agente educativo e socializador.

23

Page 24: MONOGRAFIA PSICOPEDAGOGIA

Como primeiro agente educativo a família tem papel fundamental na vida

da criança. Mas, geralmente, é na escola que a criança apresenta os primeiros

sinais de um possível Transtorno.

O professor e a família devem estar sempre em contato e em constante

troca de informação. Muitos dados importantes sobre a criança são obtidos

através dessas conversas. O professor pode sobretudo, ser um parceiro da

família, orientando-a a buscar a ajuda de um profissional especializado.

3.1.2- CONTRIBUIÇÕES DO PROFESSOR PARA A CONVIVÊNCIA COM

OS AMIGOS- CONVIVÊNCIA SOCIAL.

É também na escola que as relações sociais se solidificam. Quando a

criança entra na escola, conhece pessoas diferentes das quais ela estava

acostumada, e agora, seu leque de amizades tende a aumentar.

Para SMITH (2001, P.191), a competência social também tem um

impacto sobre o nível de conforto com o qual um indivíduo funciona no mundo

real. A capacidade para formar e manter relacionamentos não apenas melhora a

qualidade de vida, mas também é uma pedra fundamental na construção da auto-

estima.

Com o passar do tempo criança adquire a maturidade e o professor pode

além de ser um exemplo, orientá-la em suas brincadeiras, ajudá-la a se

organizar e servir de mediador quando surgirem conflitos.

3.1.3- CONTRIBUIÇÕES DO PROFESSOR PARA A EDUCAÇÃO DA

CRIANÇA COM TDAH E A PRESERVAÇÃO DE SUA AUTO-ESTIMA.

O professor como educador de um ser único, com múltiplos saberes a

serem explorados. O professor como educador de inúmeros seres únicos, cada

24

Page 25: MONOGRAFIA PSICOPEDAGOGIA

um com competências a serem exploradas. É histórico que educar não é tarefa

fácil, pois, neste ato estão envolvidos muitos outros. Mas, também é

comprovado que o professor/ educador tem papel fundamental na vida de

qualquer criança. Sobretudo, na vida daquelas crianças que necessitam de um

pouco mais. A atenção do professor para com esta criança pode enfim,

transformar esta criança, pode faze-la acreditar em si e na educação.

Conforme HALLOWELL & RATEY citado por COSTA, não é tarefa do

professor diagnosticar, mas o professor pode e deve questionar. O professor

pode contribuir, e muito neste processo.

“Conheço casos de várias crianças com TDAH que passaram um ano

inteiro sem ir tão mal na escola. Quando isso ocorre, normalmente é em virtude

de um efeito muito positivo de interação com o professor.” (PHELAN, 2005,

p.36),

Atualmente sabe-se bem conforme afirma, SMITH (2001, P.122), “que a

educação e o apoio do professor são chaves para a inclusão bem sucedida dos

estudantes”.

A tarefa fundamental para os professores que se importam com estas

crianças é conforme SMITH (2001, P.38), “preparar o terreno para que elas

possam ter sucesso de forma regular”. O sucesso para a criança com TDAH e as

pequenas vitórias, pode significar muito na manutenção de sua auto-estima. O

educador deve estar atento aos acertos desta criança e também auxilia-la para

que ela também aprenda a reconhecê-los.

Segundo, O’BRIEN (1998), o professor que enfrenta o desafio de uma

criança com TDAH, pode modificar a sala de aula e suas lições para tornar o

ambiente mais feliz e mais tranqüilo para o professor, para o aluno e para as

outras crianças da turma. Aqui vão algumas sugestões da autora:

“1) HORA DA ARRUMAÇÃO:

25

Page 26: MONOGRAFIA PSICOPEDAGOGIA

Avisar com antecedência a criança com TDAH que haverá uma mudança de

atividade, colocando um relógio com alarme para ela saber quanto tempo tem

para a sua arrumação. O professor deve ser firme, mas reforçar positivamente as

transições, elogiando e premiando se ela conseguir se arrumar e se unir ao grupo

antes do alarme soar.

2) HORA DE GRUPO/ HISTORIA:

Deve-se permitir que a criança ajude de alguma maneira (segurando gravuras,

passando coisas) e elogiar e premiar quando ela permanecer junto com o grupo

durante o tempo todo (ou mais tempo do que da última vez). Isto é

extremamente difícil, especialmente para crianças com TDAH muito pequenas.

3) HORA DO LANCHE:

Deve-se ensinar a criança a ficar no seu lugar até que tenha acabado de comer.

Coloque o alarme para ela saber quanto tempo tem para comer. Avise e retire

sua comida se ela sair do lugar. Mostre compreensão para com seu

aborrecimento, mas não devolva a comida. Premiar generosamente quando ela

finalmente conseguir ficar sentada até terminar a refeição.

Observação: Isto pode não funcionar com todas as crianças, principalmente, com

aquelas que não tem fome no horário do lanche devido a medicação. Se a falta

de apetite for um problema, talvez seja necessário permitir um horário

alternativo para o lanche.

4) HORA DO DESCANÇO:

Deve-se seguir mesma rotina a cada vez. Designar um local para o descanso e

colocar a criança no mesmo lugar. Elogia-la por ficar no seu “cantinho” e

permanecer quieta até a hora do descanso terminar. Muito importante: retirar o

maior número de elementos que distraiam.

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Page 27: MONOGRAFIA PSICOPEDAGOGIA

5) MANTER A CLASSE PEQUENA PARA EVITAR EXCESSO DE

ESTIMULAÇÃO:

Se possível, utilizar ajudantes ou outros professores para manter um número não

muito grande de alunos por professor. Demonstrar amor, paciência e aceitação,

pois criança com TDAH, necessita da sua ajuda para focalizar e funcionar.

6) ESTRUTURAR:

Deve-se seguir a mesma rotina dentro da sala de aula, não oferecer mais que

duas atividades ao mesmo tempo e elogiar as que foram completadas.

É importante ensinar as outras crianças que somos todos diferentes, e que todos

devem se ajudar. Com as crianças mais velhas da educação infantil, dramatizar

situações em que uma criança precisa de compreensão, gentileza e ajuda

amorosa. Aplicar os conceitos em situações reais da sala de aula. No trato com

todas as crianças, utilizar e exigir gentileza.”

O aluno com TDAH pode ser criativo, inteligente, talentoso e desejar

agradar os adultos que o rodeia. Ele está habituado a fracassar e a ser

incompreendido pelos outros. Esta criança necessita de aceitação, amor e de

compreensão. Se for encorajada e receber oportunidades, essa criança tem um

grande potencial para o sucesso. É preciso que acreditemos nela e que a

ajudemos a lidar com o seu transtorno.

RIEF (1993), também contribui dando-nos algumas dicas para melhorar o

relacionamento com as crianças com TDAH:

1) Flexibilidade, comprometimento e vontade do professor em trabalhar com o

aluno num nível pessoal: isso significa disponibilizar tempo, energia e esforço

extra para realmente escutar os alunos, dar apoio e fazer mudanças e

acomodações necessárias.

27

Page 28: MONOGRAFIA PSICOPEDAGOGIA

2) Treinamento e conhecimento sobre o TDAH: é essencial que os professores

estejam conscientes que o problema é fisiológico e biológico por natureza.

3) Comunicação Constante entre casa e escola: é muito importante estabelece3r

um bom relacionamento de trabalho com os pais.

4) Proporcionar clareza e estrutura para os alunos: alunos com problemas de

atenção precisam de uma sala de aula estruturada.

A estruturação que os alunos com TDAH necessitam vem através da

comunicação clara, de expectativas, regras e conseqüências bem explicitadas de

acompanhamento.

5) Estratégias de ensino criativas, atraentes e interativas: mantêm os alunos

envolvidos.

6) Respeitar a privacidade do aluno e os aspectos confidenciais: notas e

assuntos relacionados a medicações, não devem ser divulgados.

7) Modificar tarefas reduzindo o trabalho escrito: aquilo que uma criança

comum leva vinte minutos para fazer, este aluno pode levar horas. É importante

aceitar maneiras alternativas de mostrar o conhecimento.

8) Limitar a quantidade de tarefas para casa.

9) Sensibilidade do professor em não constranger ou humilhar o alunos na

frente de seus colegas: alunos com TDAH tem baixa auto-estima e normalmente

se consideram fracassados. Preservar a auto-estima ajuda essas crianças a serem

bem sucedidas na vida. (grifo meu)

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Page 29: MONOGRAFIA PSICOPEDAGOGIA

10) Acreditar no aluno: não se deve desistir quando o plano A, B e C não

funcionam. Sempre vão existir os planos D, E, F...

3.1- CONTRIBUIÇÃO DO PROFISSIONAL PISCOPEDAGOGO

O trabalho em equipe é fundamental já que cada profissional atuará da

melhor forma possível em sua área especifica. Além disso, para que o

profissional atenda com eficiência a criança com TDAH é necessário muita

pesquisa e buscas em literaturas atuais, já que estão surgindo inúmeras pesquisas

destinadas a melhoria da qualidade de vida dessas pessoas, uma vez que ainda

não existe cura para este Transtorno.

3.1.1- CONTRIBUIÇÕES DO PROFISSIONAL PSICOPEDAGOGO PARA A

FAMÍLIA

Segundo MONEREO (2000, p. 95), a família é o primeiro contexto que

acolhe a criança após o seu nascimento. (...) portanto, a família desempenha uma

função básica e indispensável para o seu desenvolvimento e crescimento e

transforma-se em seu primeiro agente educativo e socializador.

Como primeiro agente educativo a família tem papel fundamental na vida

da criança. Mas, geralmente, é na escola que a criança apresenta os primeiros

sinais de um possível Transtorno.

O psicopedagogo deve trabalhar para que a relação professor- família seja

de constante troca de informações. Muitos dados importantes sobre a criança são

obtidos através dessas conversas. O psicopedagogo e o professor podem

sobretudo, serem parceiros da família, orientando-a sobre melhores formas de

manejo com esta criança.

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Page 30: MONOGRAFIA PSICOPEDAGOGIA

3.1.2- CONTRIBUIÇÕES DO PSICOPEDAGOGO PARA A CONVIVÊNCIA

COM OS AMIGOS- CONVIVÊNCIA SOCIAL.

É também na escola que as relações sociais se solidificam. Quando a

criança entra na escola, conhece pessoas diferentes das quais ela estava

acostumada, agora, seu leque de amizades tende a aumentar.

Para SMITH (2001, P.191), a competência social também tem um

impacto sobre o nível de conforto com o qual um indivíduo funciona no mundo

real. A capacidade para formar e manter relacionamentos não apenas melhora a

qualidade de vida, mas também é uma pedra fundamental na construção da auto-

estima.

Com o passar do tempo criança adquire a maturidade e o psicopedagogo,

irá orientá-la em suas brincadeiras, ajudá-la a se organizar e servir de mediador

quando surgirem conflitos. Desta forma, a criança passará através de um

trabalho contínuo e orientado a compreender melhor as regras e a lidar consigo.

Quando ela aprender a controlar seus próprios impulsos, ela passará a viver

melhor com as outras pessoas.

3.1.3- CONTRIBUIÇÕES DO PSICOPEDAGOGO PARA A EDUCAÇÃO DA

CRIANÇA COM TDAH.

Educar é sobretudo saber que “ensinar não é somente transferir

conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a

sua construção”(FREIRE, 1997, p.52). O psicopedagogo trabalhará diretamente

com a melhoria desta educação e orientará para que esta, responda às

necessidades individuais, sociais, intelectuais, técnicas e morais da vida do

educando. Para que os dias da criança com TDAH em sala de aula não sejam de

pesadelos mas, a de novas possibilidades de construção.

30

Page 31: MONOGRAFIA PSICOPEDAGOGIA

O psicopedagogo trabalhará juntamente com o professor pois ele é a peça-

chave do processo.

O professor como educador de um ser único, com múltiplos saberes a

serem explorados. O professor como educador de inúmeros seres únicos, cada

um com competências a serem exploradas. É histórico que educar não é tarefa

fácil, pois, neste ato estão envolvidos muitos outros. Mas, também é

comprovado que o professor/ educador tem papel fundamental na vida de

qualquer criança. Sobretudo, na vida daquelas crianças que necessitam de um

pouco mais. A atenção do professor para com esta criança pode enfim,

transformar esta criança, pode faze-la acreditar na educação.

Contudo, conforme HALLOWELL & RATEY citado por COSTA, não é

tarefa do professor diagnosticar, mas o professor pode e deve questionar. O

profesor pode contribuir, e muito neste processo. Na maioria dos casos, quem

realmente nota que algo não vai bem com aquela criança, é o professor.

“Conheço casos de várias crianças com TDAH que passaram um ano

inteiro sem ir tão mal na escola. Quando isso ocorre, normalmente é em virtude

de um efeito muito positivo de interação com o professor.” (PHELAN, 2005,

p.36). O psicopedagogo, tem como ênfase, a criança, seu processo de

aprendizagem, contudo, ele deve estar sempre atento na relação do professor

com o aluno. Atualmente sabe-se bem conforme afirma, SMITH (2001, P.122),

“que a educação e o apoio do professor são chaves para a inclusão bem sucedida

dos estudantes”.

A tarefa fundamental para o psicopedagogo é conforme SMITH (2001,

P.38), “preparar o terreno para que elas possam ter sucesso de forma regular”. O

sucesso para a criança com TDAH e as pequenas vitórias, pode significar muito.

O psicopedagogo deve estar atento aos acertos desta criança e também auxilia-la

para que ela também aprenda a reconhece-los.

31

Page 32: MONOGRAFIA PSICOPEDAGOGIA

Conclusão

O tema proposto para este estudo é abrangente e certamente o trabalho

apresenta lacunas e limitações que merecerão estudos futuros e maiores

aprofundamentos. Contudo, pudemos lançar um olhar sobre esta criança que

muitas vezes é rotulada injustamente, e que sofre em demasia por não saber

controlar-se.

Durante o texto, por muitas, vezes usamos a palavra “rótulo” para designar

um pré-conceito dos professores, pais e amigos, para (des)qualificar esta criança.

Talvez, por muitos anos, estas, serviram de embalagens para que as pessoas

simplesmente, sem um conhecimento prévio, chegassem e colocassem os rótulos.

Atualmente, vivemos entre, um grande desenvolvimento das ciências e a

consciente desinformação, para isto, é necessário que haja grande engajamento por

parte dos educadores em busca do conhecer. Conhecer o desenvolvimento do ser

humano e suas múltiplas facetas, fazer a junção do teórico ao prático, não é fácil,

mas é possível. Afinal, devemos ser responsáveis no ato de educar.

O Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade é um Transtorno sério

e deve ser diagnosticado por profissionais especializados. Pois estes, além de

diagnosticar, poderão trabalhar juntamente com a família e os professores.

Após, observarmos um pouco sobre cada aspecto da vida da criança,

pudemos notar que a escola permeia todos eles. A escola não é somente uma

passagem pela vida, ela faz parte da vida. Portanto, os educadores são os grandes

incentivadores do crescimento desta criança.

Em nossa vida a auto-estima funciona com um motor, ela nos faz seguir em

frente, seguros de nossa potência. Mas, para que qualquer motor funcione são

necessários, a gasolina, as inúmeras peças e a fagulha que o liga. O professor,

como grande influenciador na vida das crianças com TDAH, age como estas

32

Page 33: MONOGRAFIA PSICOPEDAGOGIA

analogias, ele pode ora ser a gasolina, ora ser alguma peça que esteja faltando, ou

ser a fagulha que também liga o motor e incentivando-os a seguir em frente.

Como educadora, reconheço que não é fácil, afinal, nossa situação é frágil.

Trabalhamos mais de um período, fazemos cursos de especialização e temos

família. É certo, que não vale ficar parado reclamando e sinceramente, acho que

esta época de lamúrias por parte dos educadores, esta passando. Nós, professores,

estamos a cada dia mais empenhados em nossa profissão, porque o que colhemos

com o nosso esforço, é a certeza de um futuro melhor.

Temos consciência de toda a dificuldade, mas, ela não nos impede de

educar. Somente quem tem esta oportunidade, entenderá o que exponho neste

momento de encerramento. Principalmente, quem ao longo de sua carreira,

encontrou uma criança que necessite um pouco mais de seu olhar atencioso.

E se ao encontrar esta criança o professor/educador soube compreender suas

particularidades, soube valorizar suas habilidades e soube buscar novos métodos

para trabalhar com esta criança. Com certeza, este educador influenciou

positivamente na auto-estima, na auto-confiança, na vida desta criança.

A Universidade de Federal de Lavras, com o curso de Pós-graduação

Especialização em Educação, proporcionou-me inúmeras reflexões em todo o

período de aula e estudos. Os professores, engajados com o ideal de uma educação

de qualidade, cada um ao seu modo, instigavam-nos a melhorar a nossa prática. Os

colegas de várias áreas, todos envolvidos com a educação. Alguns ficaram tão

encantados que uniram-se a nós, para poder reforçar o grande time daqueles que

acreditam que ser educador é maravilhoso.

Concluir, neste momento, é o que eu não farei. Pois, o meu esforço para

reunir este material, foi com o intuito de que os educadores que por ventura leiam

este trabalho, façam algo por seus alunos com TDAH, eles merecem. Por isso,

passarei a “bola” para vocês, não deixem-na cair, joguem-na cada vez mais para o

alto...

33

Page 34: MONOGRAFIA PSICOPEDAGOGIA

Bibliografia

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educador. In: CANDAU, V. M. (org): Rumo a uma nova didática. Petrópoles:

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