Monografia sobre a educação do Deficiente Visual

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Monografia sobre a educação do Deficiente Visual Monografia sobre a educação do Deficiente Visual Autor: Gilmar de Freitas Mariano 1 INTRODUÇÃO Esta pesquisa foi concluída em Dezembro de 2006 e busca-se saber os problemas encontrados pela escola na tarefa de atender e incluir os alunos com deficiência visual. Pretende-se responder as seguintes indagações: Será possível atender estes alunos na rede regular de ensino? O que é preciso para tanto? Pode-se utilizar o computador e outras tecnologias para ajudar no processo de inclusão destes alunos? Este Trabalho de Conclusão de Curso refere-se à avaliação final do Curso de Pedagogia da Faculdade Internacional de Curitiba, como título Atendimento da Pessoa com Deficiência Visual e o Uso das tecnologias Assistivas. Trata-se de pesquisa bibliográfica sobre o tema e está dividido em Introdução, Desenvolvimento e Considerações Finais. O desenvolvimento inicia apresentando a história do atendimento à pessoa com deficiência visual no Brasil, o qual teve inicio no século XIX com a criação do Imperial Instituto dos Meninos Cegos no Rio de Janeiro.Nas décadas de 20, 30 e 40 do século seguinte, foram criados Institutos de Cegos em quase todos os estados e também houve a criação da Associação Pró Biblioteca e Alfabetização dos Cegos e a Fundação para oLivrodo Cego no Brasil.

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Monografia sobre a educação do Deficiente Visual

Monografia sobre a educação do Deficiente Visual

Autor: Gilmar de Freitas Mariano

1 INTRODUÇÃO

Esta pesquisa foi concluída em Dezembro de 2006 e busca-se saber os

problemas encontrados pela escola na tarefa de atender e incluir os alunos com

deficiência visual. Pretende-se responder as seguintes indagações: Será possível

atender estes alunos na rede regular de ensino? O que é preciso para tanto?

Pode-se utilizar o computador e outras tecnologias para ajudar no processo de

inclusão destes alunos?

Este Trabalho de Conclusão de Curso refere-se à avaliação final do Curso de

Pedagogia da Faculdade Internacional de Curitiba, como título Atendimento da

Pessoa com Deficiência Visual e o Uso das tecnologias Assistivas. Trata-se de

pesquisa bibliográfica sobre o tema e está dividido em Introdução,

Desenvolvimento e Considerações Finais.

O desenvolvimento inicia apresentando a história do atendimento à pessoa com

deficiência visual no Brasil, o qual teve inicio no século XIX com a criação do Imperial

Instituto dos Meninos Cegos no Rio de Janeiro.Nas décadas de 20, 30 e 40 do século

seguinte, foram criados Institutos de Cegos em quase todos os estados e também houve

a criação da Associação Pró Biblioteca e Alfabetização dos Cegos e a Fundação para

oLivrodo Cego no Brasil.

Na década de 60 o governo criou a Campanha Nacional de Educação dos Cegos

- CNEC e também instalou os Serviços de Educação Especial em todas as Secretarias

Estaduais de Educação. Na década de 70 o Ministério da Educação e Cultura criou o

Centro Nacional de Educação Especia lCENESP. Na década de 90 o Brasil assinou a

Declaração de Salamanca, na qual se comprometia a seguir as recomendações da

educação inclusiva mundial. Nesta década o Brasil também aprova em sua lei de

diretrizes e bases da educação nacional - LDBEN um capítulo específico sobre a

educação especial.

Seguindo a apresentação do atendimento da pessoa com deficiência Visual, em

seguida descreve-se a importância que o Instituto Benjamin Constant tem na área

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educacional e o atendimento no Estado do Paraná,onde são apresentados o histórico do

atendimento no Instituto Paranaense de Cegos e em sua escola especial. O histórico do

atendimento da Secretaria do Estado da Educação e o histórico do atendimento na Seção

Braille da Biblioteca Pública do Paraná.

Em seguida são apresentados e explicados os recursos existentesparaa educação

dapessoacomdeficiênciaVisual,começandopeloSistema Braille, depois os

materiaisparaoSistemaBraillecomo:Reglete, Punção, Máquina Braille e a

ImpressoraBraille.Tambémdescreve-seo sistema de cálculo com o Sorobã. São

apresentados os principais recursos e tecnologias assistivas, presentes na locomoção e

na inclusão educacional e social das pessoas com deficiência visual.

Nas considerações finais, apresenta-se contribuições para a reflexão sobre os

benefícios e possibilidades dos recursos e tecnologias trouxeram e trarão para a inclusão

educacional e social das pessoas com deficiência visual.

2 DESENVOLVIMENTO

2.1 HISTÓRICO DO ATENDIMENTO À PESSOA COM DEFICIÊNCIA VISUAL

NO BRASIL

O atendimento à pessoa com deficiência visual no Brasil começou através dos institutos

para cegos. O primeiro foi criado no século XIX no Rio de Janeiro e se chamava

Imperial Instituto dos Meninos Cegos. O instituto

existe até hoje com o nome de Instituto Benjamin Constant. Foi criado

por iniciativa do Governo Imperial, por D. Pedro II através do Decreto

Imperial n.º.428, de 12 de setembro de 1854. Trinta e seis anos mais

tarde, o ex-diretor do Instituto, Sr. Benjamin Constant, na qualidade de

Ministro de Estado que compunha o Governo da recém proclamada República

da época, assinou junto ao presidente um novo regulamento onde

reformulava a orientação educacional ofertada e apontava providências

para o encaminhamento dos alunos cegos do Instituto na sociedade. Assim

sendo, a educação dos cegos veio se expandindo lentamente, acompanhando

o sistema educacional brasileiro como um todo.

No século seguinte, como ainda não existia a educação especial

na rede regular de ensino, a exemplo do Imperial Instituto dos Meninos

Page 3: Monografia sobre a educação do Deficiente Visual

Cegos que visava um melhor atendimento do cego na sociedade, começaram a

surgir outros Institutos de Cegos. Na década de 20 foram criados três

instituições: a União dos Cegos do Brasil no Rio de Janeiro (1924), o

Instituto Padre Chico em São Paulo e o Sodalício da Sacra Família também

no Rio de Janeiro, ambos em 1929. Dando continuidade à criação de

instituições especializadas para cegos, nas décadas seguintes de 30 e 40

foram criados os Institutos de Cegos em quase todas as capitais

brasileiras. No estado do Paraná, o Instituto Paranaense dos Cegos teve sua

inauguração em 1939, estando em atividade até aos dias de hoje.

Além destes Institutos foram inaugurados a Associação Pró-Biblioteca e

Alfabetização dos Cegos em São Paulo (1942) e União Auxiliadora dos

Cegos do Brasil no Rio de Janeiro (1943).

Também na década de 40, com o objetivo de produzir e distribuir livros em Braille por

todo o Brasil foi criada a Fundação para o Livro do Cego no Brasil, atualmente com o

nome de Fundação Dorina Nowill para Cegos.

Segundo Bueno (1996):

O surgimento de instituições privadas de

atendimento à pessoa com deficiência visual marca

o início de duas

tendências principais da educação especial no

Brasil, de um lado a inclusão da educação especial

no âmbito das instituições filantrópico-assistenciais

e por outro a sua privatização, pois a escola regular

pública não atendia de maneira satisfatória esta

parcela da sociedade.

(BUENO, 1996)

Ainda segundo Bueno (1996), as instituições filantrópico-assistenciais

e as privadas permaneceram em destaque em toda a história, devido à

grande influência que estas exerceram na política educacional e na

quantidade de atendimentos especializados oferecidos.

Page 4: Monografia sobre a educação do Deficiente Visual

Junto com o crescimento da rede particular de ensino, a educação

especial pública brasileira veio se ampliando através da criação de

classes e escolas especiais. Na década de 60, com a alta concentração de renda no

Brasil, a educação especial particular atendia somente uma pequena parcela da

sociedade.

Foi neste período que o governo criou as campanhas nacionais em

favor da educação dos deficientes, as quais faziam parte de um grande

movimento de Campanhas Nacionais pela educação. Estas visavam dar

encaminhamento às grandes questões sociais como a alfabetização e as

endemias. Neste contexto, foi criada a Campanha Nacional de Educação dos

Cegos-CNEC (Decreto n. 44.236, de 31/05/60). Na década seguinte (70) dando

continuidade a esta ampliação do atendimento na rede pública de

ensino, o governo instalou os Serviços de Educação Especial em todas as

Secretarias Estaduais de Educação, e em 1973, o MEC cria o Centro Nacional

de Educação Especial - CENESP, o qual colocou a educação especial como

uma das prioridades da educação através de sua inclusão no Plano

Setorial de Educação e Cultura - 1972/1974.

Na década de 80, após sete anos da criação do Centro Nacional

de Educação Especial – CENESP - a população atendida pela educação especial no

Brasil teve um aumento de 81,7%.

Segundo o MEC (1987), sete anos depois, os dados demonstram novamente um

aumento significativo no número de alunos atendidos na rede particular e pública

(55,8%), de 1981 a 1987, porém devido a ampliação de 41,70 % da rede particular de

ensino em 1981 esta passou a ser responsável por 44,4% do total de atendimentos

oferecidos.

Somente no fim do século XX o Brasil começou a seguir as recomendações da educação

inclusiva mundial no sentido de que todas as escolas estivessem preparadas para receber

todos os alunos, inclusive os que

apresentassem algum tipo de deficiência, recomendações que foram resultado das

discussões no encontro mundial de Salamanca na Espanha em 1994, encontro que deu

origem à Declaração de Salamanca onde o Brasil estava representado. Um outro grande

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avanço nesta década foi a promulgação da LDBEN 9394/96 Lei de Diretrizes e Bases da

Educação Nacional, vigente até hoje.

A Lei através do seu Capítulo V EDUCAÇÃO ESPECIAL destaca medidas a serem

tomadas pelas escolas visando a importância e urgência de promover uma educação

mais igualitária por meio dos sistemas de educação federais, estaduais, municipais e a

rede particular de ensino.

2.2 O ATENDIMENTO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA VISUAL NO PARANÁ

No Estado do Paraná a educação da pessoa com

deficiência visual começou em 1939 através do Instituto Paranaense de

Cegos. No início o ensino era assistemático. Em janeiro de 1940 surgiram

os primeiros passos para o ensino e a educação da pessoa com deficiência

visual. As aulas de alfabetização eram ministradas alicerçadas pelo professor

Erasmo Piloto.

O próximo passo foi à sugestão da criação de uma Escola para crianças

cegas e em março do mesmo ano (1940), foi inaugurada a Escola de

Alfabetização Benjamin Constant. Com seu crescimento a Escola de Alfabetização

Benjamin Constant passou a funcionar em prédio Instituto, sendo mantida pelo mesmo

com vistas à cooperação dos poderes públicos, construindo sua autonomia pedagógica

através de convênios firmados com a secretaria de estado de educação.Em julho de

1975, numa homenagem ao professor Máximo Asinelli, que em vida se dedicou

inteiramente ao ensino neste estabelecimento na qualidade de Diretor Educacional.

Mais tarde, passou a ser denominada Escola de Braille Professor Máximo Asinelli e

posteriormente, Escola de Braille Professor Osny Macedo Saldanha, homenageando

também um educador que muito contribuiu para a educação da pessoa com deficiência

visual nessa escola.

Através da Resolução nº. 4948/78 da Secretaria de Estado da Educação publicada no

Diário Oficial de 12/05/78 a escola foi autorizada a oferecer 1ª a 4ª séries do Ensino

Fundamental Regular.

Em 1998 com a nova Lei de Diretrizes e Bases - LDB 9394/96, a

Deliberação n.º 98 - CEE aprovada em 02/07/1998, pela Resolução

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3120/98, a instituição passou a ser denominada Escola de Educação

Especial Professor Osny Macedo Saldanha - Ensino Fundamental, pioneira neste

Estado, com proposta de educação específica para deficientes visuais.

Segundo dados disponíveis em site oficial, no link do Departamento de

Educação Especial da Secretaria de Educação do Paraná, é ofertado

algum tipo de atendimento especializado, em 368 dos 399 municípios do

Paraná. Isso representa 92% de cobertura nesta modalidade de ensino.

Dos 60.000 alunos atendidos, o Departamento afirma que 38.825 recebem

atendimento na rede conveniada (instituições especializadas),

representadas pelas escolas especiais e, 21.175 na rede regular de ensino, ou seja,

64,71% estudam nas redes conveniadas e 35,29% na rede regular de ensino.

Estes dados do Paraná a exemplo de outros Estados demonstram que a rede regular de

ensino no Brasil não está totalmente preparada para atender o educando com

necessidade especial.

2.2.1 Atendimento da pessoa com deficiência visual no Instituto Benjamin Constant-RJ

O Instituto Benjamin Constant foi criado pelo Imperador D. Pedro II através do Decreto

Imperial n.º.428, de 12 de setembro de 1854. Inicialmente recebeu o nome de Imperial

Instituto dos Meninos Cegos.

Atualmente, o Instituto Benjamin Constant é reconhecido pelo governo e a

sociedade como um Centro de Referência nacional, para questões da

deficiência visual, além de: Manter uma escola, capacitar profissionais da área da

deficiência visual, assessorar escolas e instituições, realizar consultas oftalmológicas,

reabilitar a pessoa com deficiência visual na sociedade, produzir material especializado,

imprimir em Braille e publicar uma revista científica.

Observa-se que o Instituto possui diversas atividades, mas cabe destacar

aqui as de cunho pedagógico que são desenvolvidas pelo Departamento de

Educação da instituição. Resume-se nas seguintes ações:

Estimulação Precoce - Atende crianças cegas e de visão subnormal dos 0 aos

3 anos;

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<!--[if !supportLists]--><!--[endif]-->Educação Infantil - Atende crianças

de 4 a 6 anos;

<!--[if !supportLists]--><!--[endif]-->Classes de Alfabetização (CA) -

Alunos a partir dos 7 anos de idade são iniciados na leitura e escrita;

<!--[if !supportLists]--><!--[endif]-->Ensino Fundamental - Corresponde à

grade curricular da 1ª a 8ª séries;

<!--[if !supportLists]--><!--[endif]-->Educação Física - Atende a todos os

alunos e reabilitandos matriculados no IBC;

<!--[if !supportLists]--><!--[endif]-->Ensino Musical - Inserido desde o

início da vida do aluno no IBC, atua como elemento de sua formação;

<!--[if !supportLists]--><!--[endif]-->Programa Educacional Alternativo

(PREA) - Atende a alunos com outras deficiências além da deficiência

visual;

<!--[if !supportLists]--><!--[endif]-->Laboratório de Educação a Distância

adaptado para as pessoas com

deficiência.

2.2.2 O Atendimento no Instituto Paranaense de Cegos

O Instituto Paranaense de Cegos foi fundado em 1939 e é reconhecido de Utilidade

Pública Federal com registro no Conselho Nacional de Serviço Social. Desde o início de

suas atividades, esta instituição

abriga pessoas com deficiência visual, dando-lhes moradia, alimentação e

incentivo ao estudo e a prática de esporte.

Hoje, com 67 anos de existência, o Instituto Paranaense de Cegos já atendeu

diretamente ou indiretamente, milhares de pessoas. Atualmente atende pessoas com

deficiência visuais vindas de todo o Paraná e de outros estados brasileiros, também

abriga e dá auxilio para o estudo a onze Angolanos.

Suas atividades são divididas em seis programas: o Programa Escola de Educação

Especial, Programa de Abrigamento, Programa Centro Dia, Programa Paradesportivo,

Programa de Inclusão Digital e Programa Asilamento, todos com área de abrangência

Page 8: Monografia sobre a educação do Deficiente Visual

em Curitiba, Região Metropolitana e interior do Estado do Paraná com caráter eventual

a outros Estados e até mesmo outros países

O Programa de Abrigamento objetiva atender as necessidades básicas de crianças,

jovens e adultos, de ambos os sexos, com perda total ou parcial da visão. Para isto, a

instituição realiza parceria com outras entidades, escolas, comunidade e órgãos do poder

público visando facilitar seu acesso à rede de ensino regular, ensino supletivo, ensino

profissionalizante ou superior, e ao mesmo tempo, garantir o acesso à habilitação ou

reabilitação, buscando sempre a inclusão social dos atendidos através de sua inclusão no

mundo da educação e no mundo do trabalho.

O Programa Centro Dia objetiva ampliar o atendimento às pessoas com deficiência

visual total ou parcial, as quais não são atendidas pelo programa

abrigamento, visando sua inclusão social através de projetos de ação

artísticas, culturais, terapêuticas, profissionalizantes entre outras.

Outro programa desenvolvido pelo Instituto Paranaense de Cegos, atende à questão

esportiva. O Programa Centro Paraesportivo objetiva o desenvolvimento da prática

esportiva das pessoas com deficiência visual total ou parcial, como atividade

complementar ao atendimento prestado, visando ao mesmo tempo proporcionar o

acesso ao mundo do esporte adaptado e até mesmo sua profissionalização quando de

interesse do usuário.

O Programa de Inclusão Digital é o mais novo com dois anos de existência e visa a

inclusão digital das pessoas com deficiência visual total ou parcial. O programa

funciona num telecentro temático dentro da instituição, em parceria com o Governo do

Estado do Paraná. Neste programa são disponibilizados todos os softwares leitores de

telas, os quais possibilitam aos usuários a realização de pesquisas na internet, trabalhos

escolares, digitalização e preenchimento de currículo para as empresas, receber e enviar

e-mails, criar sites, se relacionar com outras pessoas através de programas como o

MSN, Skype, Orkut.

O Programa Asilamento nasceu de uma necessidade social específica e tem como

objetivo atender às necessidades básicas das pessoas com deficiências visuais total ou

parciais, adultos, idosos, sem vínculos familiares e com transtornos mentais associados.

Este atendimento é realizado em regime de

internato na própria instituição. Segundo o Instituto este programa originou-se num

momento em que a entidade tinha como missão além da habilitação ou reabilitação, a

Page 9: Monografia sobre a educação do Deficiente Visual

assistência social, o amparo, a proteção aos deficientes pobres, doentes, idosos e

abandonados. (Instituto Paranaense de Cegos -

http://www.ipcnet.org.br/asilamento.htm)

Verifica-se que nos 67 anos de existência o Instituto desenvolve um papel

fundamental na sociedade, pois além de ofertar a educação especial da 1ª a 4ª série do

ensino fundamental, oferece apoio especializado para os alunos com necessidades

educativas especiais na continuação de seus estudos. O que diferencia o Instituto de

outras instituições especializadas no Paraná é o fato dele abrigar pessoas com

deficiência visual. Sendo assim, muitas pessoas que nascem ou ficam deficientes no

decorrer da vida e sua cidade ou país não oferece nenhum tipo de atendimento

especializado, encontram no Instituto a oportunidade de estudar ou continuar seus

estudos. Porém, no que diz respeito ao uso das tecnologias assistivas, apesar de existir

um telecentro adaptado dentro da instituição, a mesma não oferece o uso pedagógico da

informática, bem como não disponibiliza nenhum laboratório de aprendizagem.

(Informações de Mônica Alves, diretora da escola de educação especial mantida pelo

Instituto Paranaense de Cegos).

2.2.3 O Atendimento das Pessoas com Deficiência Visual na Biblioteca

Pública do Paraná

A Seção Braille da Biblioteca Pública do Paraná existe há mais de 20

anos. Trata-se de um espaço dedicado ao atendimento da pessoa com

deficiência visual. O acervo consiste em diferentes tipos de livros

como: livro Braille, livro falado, digitalizado e infantil, os quais atendem

as necessidades do público infantil, juvenil e adulto. A

Seção Braille tem um papel fundamental na formação escolar, cultural e

profissional de inúmeras pessoas com deficiência visual.

Segundo dados cedidos pela funcionária da Seção Braille (Cleunice Basar Ribeiro) em

09 de novembro de 2006 durante visita pessoal, o acervo é formado da seguinte

maneira:

livros Digitais: 10987

livros Falados: 1656

livros Braille: 1251

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livros infantis: 382

A maior quantidade de livros digitais apresentados nos dados acima, deve-se ao

fato do baixo custo de produção, da facilidade de disseminação deste formato entre as

pessoas com deficiência visual, promovendo assim, trocas de informações.

Os livros digitais são digitalizados ou scaniados para a leitura por

meio dos softwares de leitura de telas no computador. Também é possível imprimir

estes livros em diferentes fontes para atender a necessidade

visual de cada leitor.

Os livros falados quando não vêm de outras bibliotecas ou fundações são gravados ou

copiados em fitas cassete nos estúdios da Seção Braille através de leitores voluntários.

Os livros em Braille são impressos no Sistema Braille pelas entidades

especializadas ou na própria Seção Braille. Os livros infantis também são impressos no

Sistema Braille, sendo que a maioria é produzida artesanalmente e permitem à criança

perceber as ilustrações através do tato.

Todos estes livros são emprestados para os usuários cadastrados na Seção por 15

dias, podendo ser renovado por mais 15 dias. Para o cadastro na

Seção Braille o usuário deverá fazer sua inscrição de acordo com as

normas para inscrição de leitor e empréstimo de livros na Seção de

Circulação e depois solicitar o cadastramento na Seção Braille (informações de

http://www.pr.gov.br/bpp).

Ainda segundo a mesma fonte, as pessoas com deficiência visual que moram em

outras cidades paranaenses deverão efetuar a solicitação através da biblioteca municipal

local, a

qual se ainda não prestar o serviço deverá solicitar os serviços da

REDECEG.Abaixo estão descritos outros recursos pedagógicos, visando

o atendimento especializado nas próprias instalações da Biblioteca:

Figura 1 – Estante

<!--[if !vml]--><!--[endif]-->Na parte de periódicos encontramos diversos títulos de

revista, boletins e folhetos em Braille.

Fonte: clipart

Page 11: Monografia sobre a educação do Deficiente Visual

Figura 2 – Livro Falado

<!--[if !vml]--><!--[endif]-->

Na parte de áudio encontramos aparelhos de sons, fones de ouvido, CDs e fitas cassetes

para serem ouvidas.

Fonte: clipart

<!--[if !vml]--><!--[endif]-->Figura3 – Reglete – Sorobã – Punção

Fonte: clipart

Na parte de jogos são encontrados diversos jogos adaptados para pessoas com

deficiência visual e na parte de equipamentos para escrita e cálculos, encontram-se as

máquinas de datilografia Braille, regletes, punções e sorobãs.

Na parte destinada às pessoas com baixa visão são encontrados equipamentos para

ampliação de imagens e de textos como: Lupas e um CCTV - ampliador de imagens e

textos (informações de http://www.pr.gov.br/bpp).

Figura 4 – Lupa

<!--[if !vml]--> <!--[endif]-->

Fonte: clipart

Na parte de equipamentos de informática encontram-se quatro computadores com os

sintetizadores de voz Dosvox e Jaws, sendo que dois são de uso público e os outros dois

são de uso interno. Estes computadores

possibilitam ao público a leitura de livros e textos e para os

funcionários e estagiários possibilitam a realização das tarefas rotineiras como:

cadastro, pesquisa, empréstimo e devolução dos livros, informações de Cleunice Basar

Ribeiro (funcionária da Seção Braille).

Figura 5 – Recursos Tecnológicos

Page 12: Monografia sobre a educação do Deficiente Visual

<!--[if !vml]--> <!--[endif]--

>Fonte: clipart

A Seção Braille também presta serviços ao público não deficiente. São eles: visitas

orientadas - Apresentação da Seção Braille aos grupos de alunos de

diferentes níveis educacionais; Orientação no uso e no funcionamento do sistema

Braille, com demonstração dos computadores com softwares leitores de tela; Apoio a

outras bibliotecas públicas da rede paranaense; Encontros no Auditório que são o bate-

papo com amigos e torneio de dominó.

2.3 RECURSOS E TECNOLOGIAS ASSISTIVAS QUE ATENDEM AS PESSOAS

COM DEFICIÊNCIA VISUAL

2.3.1Sistema Braille

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Segundo a história do Sistema Braille (http://www.ipcnet.org.br/braille.htm), ele é um

método universal de leitura e escrita para pessoas com deficiência visual. Foi inventado

na França por Louis

Braille em 1825 e disseminado por todo o mundo. Atualmente a pessoa com

deficiência visual tem acesso à leitura e escrita através do computador,

mas o sistema Braille ainda é indispensável devido ao seu baixo custo,

seu fácil transporte em relação ao computador e, principalmente, o seu uso

para a alfabetização da pessoa com deficiência visual.

Page 13: Monografia sobre a educação do Deficiente Visual

Figura 6 - Busto de Louis Braille

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Fonte: www.sac.org.br

O sistema Braille de leitura e escrita tátil é formado por seis pontos

em relevo, dispostos em duas colunas, uma no lado esquerdo e outra no

lado direito. Sendo os pontos 1, 2 e 3, na coluna esquerda contado de

cima para baixo e 4, 5 e 6, na coluna direita também contado de cima

para baixo (posição de leitura). Os seis pontos formam a chamada cela

Braille

Figura 7 - Cela Braille

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<!--[endif]-->

Fonte: www.sac.org.br

A diferente disposição desses seis pontos permite a formação de 63

combinações ou símbolos Braille. As dez primeiras letras do alfabeto são

formadas pelas diversas combinações possíveis dos quatro pontos

superiores (1-2-4-5). As dez letras seguintes são as combinações das dez

primeiras letras, acrescidas do ponto 3 e formam a 2ª linha de sinais. A terceira linha é

formada pelo acréscimo dos pontos 3 e 6 às combinações da 1ª linha. O Sistema Braille

aplica-se à estenografia, à música e às anotações

científicas em geral, através do aproveitamento das 63 combinações em

Page 14: Monografia sobre a educação do Deficiente Visual

códigos especiais. É utilizado nas diferentes línguas e escritas da Europa, Ásia e da

África. Sua principal vantagem é a facilidade que a

pessoa com deficiência visual tem de ler e também escrever através da

reglete e do punção.

2.3.2Materiais para o Sistema Braille

2.3.2.1Reglete e Punção

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<!--[endif]-->

O aparelho de escrita usado por Louis Braille era formado por

uma prancha, uma régua com duas linhas com janelas correspondentes às

celas Braille, que se encaixa pelas extremidades laterais na prancha e o

punção (objeto perfurador utilizado para fazer o ponto Braille na prancha ou na reglete).

O papel era encaixado entre a prancha e a régua, o que permitia à pessoa com

deficiência visual pressionar o papel com o

punção e escrever os pontos em relevo. Atualmente as regletes são avanços desse

aparelho de escrita de Louis Braille. A reglete, o punção e as folhas especiais para a

escrita Braille são utilizadas pela pessoa

com deficiência visual assim como a pessoa que não possui a deficiência

utiliza o lápis, a caneta e o caderno para anotações. Todas as regletes

modernas, seja ela modelo de mesa ou de bolso, consiste essencialmente

de duas placas de metal ou plástico, fixas de um lado com dobradiças, de

modo a permitir o melhor ajuste e encaixe do papel.

Figura 8 - Reglete e Punção

Page 15: Monografia sobre a educação do Deficiente Visual

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Fonte: www.sac.org.br

A placa superior funciona como a primitiva régua e possui as janelas

correspondentes às celas Braille. Diretamente sob cada janela, a placa inferior possui,

em baixo relevo, a configuração de cela Braille.

Ponto por ponto as pessoas cegas com o punção, formam o símbolo Braille

correspondente às letras, números ou abreviaturas desejadas. Na reglete, escreve-se o

Braille da direita para a esquerda, na seqüência normal de letras ou símbolos.

A leitura é feita normalmente da esquerda para a direita. Conhecendo-se a numeração

dos pontos, correspondente a cada símbolo torna-se fácil tanto a leitura quanto a escrita

feita em reglete.

Figura 9 – cela Braille Letra “a”

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Fonte: www.sac.org.br

Page 16: Monografia sobre a educação do Deficiente Visual

2.3.2.2 Máquina Braille

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Além da reglete, o Braille pode ser produzido através de máquinas

especiais de datilografia, de 7 teclas, sendo que cada tecla corresponde

a um ponto e a sétima com um tamanho maior corresponde ao espaço.

O papel é fixo e enrolado em rolo comum, deslizando normalmente quando

pressionado o botão de mudança da linha. O toque de uma ou mais teclas

simultaneamente produz a combinação dos pontos em relevo, correspondente ao

símbolo desejado.

Ao contrário da reglete, na máquina o Braille é produzido da esquerda para a direita,

podendo ser lido sem a retirada do papel da máquina de datilografia Braille, tendo sido a

primeira delas inventado por Frank H. Hall, em 1892 nos Estados Unidos da América.

Figura 10: Modelos de Máquina de datilografar em Braille

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<!--[endif]-->

Fonte: www.sac.org.br

Page 17: Monografia sobre a educação do Deficiente Visual

2.3.2.3Impressora Braille

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<!--[endif]-->

A impressora Braille é semelhante às máquinas especiais de datilografia,

sendo, porém, elétricas. Com essas máquinas é

possível imprimir a escrita Braille nas duas faces do papel, possibilitando assim, uma

leitura corrente, um aproveitamento melhor do

papel, bem como a redução do volume dos livros e textos transcritos para

o sistema Braille.

Hoje, materiais em Braille podem ser produzidos em grandes escalas

pela automatização através de recursos modernos dos computadores aliados

aos avanços tecnológicos.

Figura 11 - Impressora em Braille

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Fonte: www.sac.org.br

2.3.2.4 Sorobã

O Sorobã é um aparelho de cálculo usado já há muitos anos no Japão pelas escolas,

casas comerciais e engenheiros, como máquina de calcular de grande rapidez de

maneira simples. Na escrita de números reside a

principal vantagem, que recomenda o sistema sorobã como método ideal de

cálculo para pessoa com deficiência visual.

Page 18: Monografia sobre a educação do Deficiente Visual

O Sorobã está dividido em dois retângulos: um largo com quatro bolinhas em

cada eixo e outro estreito com apenas uma bolinha. As quatro bolinhas na unidade

simples correspondem aos números 1, 2, 3 e 4, na dezena corresponde aos números 10,

20, 30 e 40. Já a bolinha solitária na

unidade simples corresponde ao número 5, na dezena corresponde ao número

50, na centena o número 500 e assim por diante. Para separar os retângulos existe uma

linha chamada régua que tem de 3 em 3 eixos um

ponto em relevo para separar as classes.

Cada classe possui um eixo chamado de unidade, um outro chamado de

dezena e o último chamado de centena. Deslocando as bolinhas até a régua é possível

escrever, ler e modificar os algarismos.

Para se calcular com o Sorobã coloca-se o mesmo sobre uma mesa de modo

que o retângulo largo fique mais próximo da pessoa que vai calcular.

Figura 12: Sorobã

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Fonte: www.sac.org.br

2.4 MEIOS DE LOCOMOÇÃO

2.4.1 Bengala

A bengala ‚ o instrumento que dá às pessoas com deficiência visual a liberdade,

a independência e a autonomia para a vida em sociedade. Nela é depositada toda a

esperança e expectativa de mobilização livre por todos os lugares que a pessoa precise

ir. No Paraná as bengalas são confeccionadas pela Universidade Tecnológica do Paraná

e distribuídas gratuitamente.

Page 19: Monografia sobre a educação do Deficiente Visual

2.4.2 Cães guia ou cães de assistência

Segundo informações do site: http://www.caoguia.org.br, cães guia são aqueles

treinados com a finalidade de guiar pessoas com deficiência visual. A escolha de um

cão guia deve ser feita por um profissional habilitado, o qual deverá fazer a seleção do

filhote na ninhada, levando em consideração os diferentes temperamentos e assim,

selecionar somente aqueles que apresentarem independência, serenidade, equilíbrio e

pro atividade.

Depois de selecionado e desmamado, o cão irá para o processo de socialização

com uma família voluntária, o que ocorre durante quatro meses (dos dois aos seis meses

de idade). Após isto, o cão começa o treinamento que dura em média seis meses e

somente entre cão e treinador.

O próximo passo é estudar o alinhamento de personalidade e estatura do cão

com seu usuário. Este passo é seguido pelo matching, ou seja, a adaptação de um cego

com o seu cão. Este processo dura de cinco a sete meses e é o passaporte para vida

social da dupla. No Brasil os treinamentos de cão guia são realizados pelo Projeto

Integrar da Polícia Federal do Distrito Federal e por treinadores autônomos. O custo

médio mensal com alimentação e higiene de um cão guia é de R$100,00.

Também são chamados de cães de assistência, pois se treinados desempenham

outras atividades assistivas como, por exemplo: avisar a pessoa com deficiência auditiva

que o telefone ouacampainha está tocando, alertar para ruídos não comuns, etc; auxiliar

pessoascom dificuldade motora, ajudando-as a ir da cadeira de rodas para a camaou para

um banco comum ou de carro; auxiliar pessoascomepilepsia,pois cerca de 10 minutos

antes de ter umacriseepilética,asfeiçõesda pessoa sofrem algumas alterações de muito

difícilpercepçãohumana,o cão reconhece essas alterações e alerta a pessoa

eaindaauxiliapara que, durante a crise, osdanosfísicossejamminimizadosousequer

existam.

2. 5 A INFORMÁTICA COMO RECURSO PARA A PESSOA COM DEFICIÊNCIA

VISUAL

No Brasil, não diferente de vários outros países, a informática vem

fazendo parte da educação, do trabalho e da vida em geral das pessoas com

deficiência visual. Em qualquer computador com multimídia poderá ser instalado. Os

Page 20: Monografia sobre a educação do Deficiente Visual

programas chamados de leitores de telas, os quais permitem total autonomia à pessoa

com deficiência visual. Os três programas mais utilizados atualmente são: Sistema

Dosvox, Virtual Vision e Jaws.

Figura 13 - Computador com programa DOS VOX

<!--[if !vml]--> <!--[endif]-->

Fonte: www.sac.org.br

2.5.1Sistema DosVox

De acordo com a univercidade Federal do Rio de Janeiro, O Sistema Dosvox funciona

em microcomputadores da linha PC, e faz com que o computador se comunique com o

usuário por meio de voz humana com um sintetizador de voz, facilitando assim, uma

maior independência no estudo, no trabalho e na vida em geral.

O sistema realiza a comunicação por meio de síntese de voz em Português,

sendo que a síntese de textos pode ser configurada para outros idiomas,

conforme pode-se verificar nna opção de configuração do mesmo. Ainda de

acordo com a UFRJ, o que diferencia o DOSVOX de outros sistemas voltados

para uso por

pessoas com deficiência visual é que no DOSVOX a comunicação homem-

máquina é muito mais simples, e leva em conta as especificidades e limitações

dessas pessoas, já que ao invés de simplesmente ler o que está escrito na tela, o

DOSVOX estabelece uma comunicação amigável, através de programas

específicos

e interfaces adaptativas o que o torna insuperável em qualidade e

facilidade de uso. Sendo assim, os usuários encontram no computador um meio

facilitador de sua inclusão educacional e social.

Page 21: Monografia sobre a educação do Deficiente Visual

Conforme verifica-se ao usar o Sistema Dosvox, a maioria das mensagens

sonoras emitidas por ele são gravadas em voz humana. Por isso e de acordo com

a UFRJ, ele é um sistema com baixo índice de

estresse para o usuário, mesmo com uso prolongado.

A UFRJ ainda afirma que Ele é compatível com a maior parte dos sintetizadores de voz

existentes, pois usa a interface padronizada SAPI do Windows. Isso garante que o

usuário pode adquirir no mercado os sistemas de síntese de fala mais

modernos e mais próximos à voz humana, os quais emprestarão ao DOSVOX

uma excelente qualidade de leitura.

O DOSVOX é desenvolvido pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e sua

distribuição é gratuita. Em dezembro de 2002 o sistema tinha cerca de 6000 usuários no

Brasil e alguns países da América Latina. Nesta época, o número de usuários que

acessava a Internet era estimado em cerca de 1000 pessoas.

2.5.2Virtual Vision

O Virtual Vision permite que pessoas com deficiência visual utilizem o ambiente

Windows, os aplicativos Office, naveguem pela Internet com a Internet Explorer ou

qualquer outro aplicativo desenvolvido para esta plataforma. Ele se destaca no Brasil

devido ser um software nacional e por isto possui uma alta qualidade de leitura

utilizando síntese de voz em português original e não traduzido de outra língua.

<!--[if !supportLists]-->2.5.3<!--[endif]-->JAWS

O Jaws for Windows é o mais eficiente leitor de tela do mundo. O Jaws é um popular

programa utilizado pelas pessoas com deficiência visual. Ele foi fabricado e é atualizado

constantemente pela empresa Norte Americana Henter-Joyce, pertencente ao grupo

Freedom Scientific.

O Jaws com certeza é o mais preferido leitor de tela e se tornou famoso entre as pessoas

com deficiência visual devido à sua extraordinária acessibilidade na utilização dos

principais aplicativos em ambiente Windows. Sua leitura é completa e possui tradução

para mais de trinta idiomas inclusive o português do Brasil.

<!--[if !supportLists]-->2.6<!--[endif]-->A INCLUSÃO DA PESSOA COM

DEFICIÊNCIA VISUAL NA SOCIEDADE

Page 22: Monografia sobre a educação do Deficiente Visual

A inclusão acontece através dos dedos das mãos, ouvidos, bengala, através dos olhos de

um ser humano ou de um cão guia.

Quando se perde um sentido, passa-se a usar mais os outros e por ser necessário, aguça-

se os que restaram. O tato é desenvolvido e uma pessoa com a deficiência visual

reconhece formatos, objetos e tudo mais que possa ser tateado.

Através do Braille (sistema de leitura e escrita para pessoa com deficiência visual), o

cego pode ler qualquer informação ou conteúdo. Livros, revistas, e outros materiais

publicados em Braille, gravados em fitas cassete ou cd, possibilitam a inclusão da

pessoa com deficiência visual no mundo da cultura.

Os softwares de vozes, os quais podem ser instalados em qualquer computador

equipado com multimídia, propiciam aos cegos o acesso ao mundo da informática. Os

softwares lêem com uma voz audível tudo que vai aparecendo na tela, menos as

imagens sem descrição e alguns tipos de tabelas, mas se o site obedecer às normas de

acessibilidade na WEB, a pessoa com deficiência visual ou qualquer outra deficiência

terá total autonomia para navegar.

Através da audição é possível atravessar uma rua, reconhecer pessoas trabalhar com

sons e etc. Já a bengala possibilita uma maior independência, pois auxilia na locomoção

para a escola, para o serviço, para a casa do amigo (a) e etc.

Quando a cidade possui acessibilidade urbanística e o povo tem consciência, ou seja,

não tem buracos, bicicletas andando nas calçadas, carros estacionados irregularmente,

placas publicitárias, orelhões sem alinhamento adequado e outros obstáculos nas

calçadas, a pessoa com deficiência visual e os demais cidadãos se locomovem

independentemente sem riscos de acidentes e confiantes no instrumento.

O guia humano é útil em certas ocasiões como, por exemplo, em uma corrida ou num

lugar que não tenha nenhum tipo de acessibilidade, dentro de ambientes desconhecidos

e outros. O cão guia, assim como a bengala facilita a independência, mas no Brasil

ainda há poucos, devido o preço do animal e de seu treinamento que acontece somente

no exterior até pouco tempo atrás. Desde 2002 há na cidade de Brasília - Distrito

Federal, a única escola de treinamento a cães guias.

O alto valor e a falta de informação contribuem para inclusive, aqueles que têm um cão

guia, ainda encontrarem preconceito em relação a entrarem em espaços públicos

Page 23: Monografia sobre a educação do Deficiente Visual

guiados por seus cães. Em outros países de cultura mais desenvolvida o cão guia faz

parte da vida de muitos deficientes visuais e não causam constrangimentos, permitindo

à pessoa com deficiência visual uma independência e autonomia nas tarefas mais

simples do dia-a-dia.

2.6.1 Laramara<!--[if !supportFootnotes]-->[1]<!--[endif]--> - Prestadora de serviços e

produtos especializados para pessoas com deficiência visual

A Laramara dispõe de dois principais departamentos, a fábrica de máquinas Braille e

Bengalas e o Laratec. O trabalho com as máquinas Braille é realizado por meio de

parcerias internacionais, as quais possibilitam a Laramara montar, importar e distribuir

para todo o Brasil diferentes modelos de máquina Braille.

As bengalas produzidas são de diversos tamanhos com as seguintes características:

Bengala dobrável de alumínio leve com cabo de borracha anatômico (macio e de

fácil manuseio), pintura eletrostática que reflete a luz,

ponteira fixa ou rolle de nylon 6.0 diâmetro 20 mm que dá maior

durabilidade, elástico revestido c/nylon - 4 voltas que oferece maior

resistência.

A Laratec é um departamento de tecnologias criado pela Laramara e

objetiva o acesso à tecnologia de ponta do primeiro mundo.

A Laramara comercializa produtos e serviços da mais alta

tecnologia feita para assistir a pessoa com deficiência visual e

oferece cursos diversos, dentre eles o curso de inclusão, o curso de fundamentos, leitura

e escrita Braille e o curso de cálculos através do sistema Sorobã, ambos destinados aos

professores da rede regular de ensino, (informações de http://www.laramara.org.br).

Segundo o site da Lara Mara citado acima, Os principais produtos comercializados são:

Software Jaws e Jaws Talke

Diferentes tipos de Bengalas

Diferentes tipos de relógios

Impressoras Braille

Diversos modelos de Máquinas Braille.

Page 24: Monografia sobre a educação do Deficiente Visual

Os principais serviços oferecidos são:

Suporte diferenciado ao usuário

Atendimento personalizado

Pesquisa permanente

Materiais informativos que divulga o que existe de mais atualizado em

tecnologia assistiva para pessoas com deficiência visual.

A empresa Bengala Branca Importação e Comercio LTDA, situada em Porto

Alegre/RS, importa e comercializa produtos e serviços especializados que tornam a

pessoa com deficiência visual mais independente.

Os principais produtos comercializados são:

Agendas Braille

Bengalas de Locomoção

Calculadoras Falantes

Gráficos Táteis

Impressoras Braille

Jogos Adaptados

Jogos Pedagógicos

Lupas e Ampliadores de Imagem

Papéis para Escrita e Impressão Braille

Regletes

Relógios Braille e Falante

Software Jaws e Outros

Além de outros produtos diversos

Os principais Serviços comercializados são:

Gráfica Braille: impressão em Braille e encadernação:

- Adaptações ao Braille de textos em geral como livros, apostilas, cardápios e

manuais.

- Adaptações ao Braille de diversos tipos imagens como gráficos·matemáticos

tabelas e mapas.

Page 25: Monografia sobre a educação do Deficiente Visual

Suporte Técnico: Oferece pessoal especializado para auxiliar os clientes no uso

de softwares e equipamentos.

Manutenção: Possui Assistência Técnica autorizada e pessoal Treinados pelos

fabricantes: Enabling Technologies, Freedom Scientific, ONCE, Americam

Thermoform Corporation e Howe Press of Perkins School for the Blind,

(informações de http://www.bengalabranca.com.br).

2.7 OS RECURSOS E TECNOLOGIAS ASSISTIVAS E OS DESAFIOS PARA A

INCLUSÃO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA VISUAL

A expressão tecnologia assistiva é toda e qualquer tecnologia criada ou

adaptada visando assistir pessoas com limitações físicas, sensoriais,

cognitivas, motoras e qualquer outra deficiência ou incapacidade de

natureza humana.(http://www.etodos.org) Trata-se de atender as necessidades

específicas que uma pessoa com deficiência tem para desempenhar as atividades do dia-

a-dia

como à locomoção, à aprendizagem, à comunicação, à profissionalização, à

interação social, em fim, qualquer tecnologia que facilite a inclusão

familiar, escolar, social e profissional.

É uma variedade de recursos e aparatos tecnológicos, desenvolvidos para estes fins

como: relógios, bengalas, equipamentos, produtos, sistemas, softwares, sites,

ferramentas, acessórios, dispositivos, utensílios, artefatos e qualquer

outra tecnologia ou recurso com acessibilidade ou adaptação estratégica

que contribui com o desenvolvimento das potencialidades humanas, proporcionando

assim, segurança, autonomia, conforto, agilidade e total

independência para as crianças, jovens e adultos que destes necessitem

durante a vida. (http://www.bancodeescola.com)

Através de visitas realizadas na Seção Braille, Escola de Educação Especial Professor

Osny Macedo Saldanha, Associação dos Deficientes Visuais do Paraná e de acesso a

vários sites de instituições especializadas no Brasil, verifica-se que ouso de máquinas de

escrever em Braille, do computador com softwares leitores de telas e impressoras

Braille, entre outros meios tecnológicos acessíveis são apontados por especialistas como

tecnologias assistivas

que facilitam a aprendizagem das pessoas com deficiência visual.

Page 26: Monografia sobre a educação do Deficiente Visual

A produção de material pedagógico em Braille, a adaptação dos

mobiliários e do espaço físico escolar, urbano, rural ou familiar e os

serviços de apoio, entre outros, são caracterizados pelos especialistas

como modalidades de tecnologias assistivas.

Observa-se através das leis, deliberações e tratados internacionais que qualquer

professor é responsável pela aprendizagem de todos os alunos, inclusive daquele que

tem algum tipo de deficiência. Nesse sentido, é necessário e urgente que todas as

instituições educacionais rompem com suas metodologias de ensino tradicionais e se

utilizem das novas perspectivas curriculares,

dos percursos específicos de aprendizagem e das estratégias pedagógicas

que objetivam uma educação igualitária.

Verifica-se por meio das visitas e conversas com diretores e professores de instituições

especializadas que a inclusão social e educacional da pessoa com

deficiência visual, acontece principalmente devido à mudança de atitudes do educador e

da sociedade em geral e por conseqüência disto, começa a

disponibilização constante dos recursos adaptados e das tecnologias

assistivas. Outra constatação é que as escolas e faculdades superam as

dificuldades encontradas no dia-a-dia (falta de tecnologia assistiva e capacitação

específica) por meio da criatividade, da adaptação e compromisso dos educadores

preocupados com a educação de todos. Observa-se que estes educadores, na maioria das

vezes, fazem a confecção ou elaboração do material pedagógico com propósito de

facilitar a aprendizagem do conteúdo.

A forma mais utilizada observada foi a forma artesanal, onde os educadores se utilizam

de materiais concretos e reciclados. Dando assim, maior simplicidade, eficiência e

rapidez na aprendizagem, já que estes materiais são de fácil acesso e de baixo custo.

Segundo as diretrizes internacionais estabelecidas pela Conferência da Educação

para Todos (UNESCO 1990) e Fórum de Dakar (2000), os sistemas educacionais

fracassaram na sua tarefa de promover o acesso a uma educação de qualidade e

igualitária em termos de oportunidades de aprendizagem para todos, inclusive às

pessoas com deficiências.

Neste sentido, a educação inclusiva, de acordo com as Declarações de

Salamanca (1994), assinada pelo Brasil, defende que: "a escola centrada na criança

Page 27: Monografia sobre a educação do Deficiente Visual

como a base do treino para uma sociedade baseada no povo, que respeita tanto as

diferenças quanto a dignidade de todos os seres humanos". Ainda afirma que: “a escola

inclusiva reconhece todos os alunos identificando as diferenças, promovendo a

aprendizagem e atendendo às necessidades de cada um”.

“Toda criança com necessidade especial tem direito à escola, exercendo sua

cidadania”. Seguindo estes e outros tratados internacionais, em 1996 o Brasil aprova em

sua lei de diretrizes e bases da educação nacional um capítulo específico sobre a

educação especial. Porém, a lei estabelece que esta educação deve ser ofertada

preferencialmente na rede regular de ensino, o que reconhece a importância das escolas

especiais e a despreparo da rede regular. Observa - se que há dificuldade do governo, da

escola e do professor da rede regular para tornar a educação inclusiva uma realidade

nacional, onde pudesse substituir o termo "preferencialmente" da LDBEN, por

"obrigatoriamente" numa próxima alteração da lei.

Com base nesta pesquisa acredita-se que é necessário que os professores aceitem e

contemplam em seus planos de aulas as necessidades especiais dos alunos e as

instituições educacionais estabeleçam objetivos e metas para atender as leis,

deliberações, recomendações e desafios traçados por especialistas da educação

inclusiva, os quais participam do grupo de discussão do bancco mundial

([email protected]),dentre eles destacam-se:

Formação de professores nos cursos básicos de magistério e de

pedagogia contemplando a diversidade do alunado, dentre elas a

especificidade da deficiência visual;

Criação de laboratórios de aprendizagem acessível com recursos

atraentes e desafiadores para todos os alunos;

Manutenção de laboratórios de informática nas escolas, instituições

especializadas e outros espaços que visam a democratização do uso da

informática equipados com computadores e softwares especiais como o

Dosvox, assim como dispositivos de acessibilidade que favoreçam a

versatilidade, a interdisciplinaridade, a construção do conhecimento e o

desempenho autônomo constante das pessoas com deficiência visual.

Disponibilidade de tecnologia assistiva específica para atender alunos com

deficiência visual desde a 1ª série do ensino fundamental;

Page 28: Monografia sobre a educação do Deficiente Visual

Consultores de tecnologia à disposição das escolas e da comunidade;

Viabilização de novas tecnologias de aprendizagem colaborativas a

distância para suprir dificuldades existentes nesta modalidade;

Percepção da figura do tutor como agente colaborativo;

Criação de centros de referência, estabelecimento de parcerias e

articulação de redes de atendimento como formas de trocar experiências

e viabilizar a inclusão bem sucedida de todos os alunos;

Autonomia na definição do projeto político pedagógico de cada escola;

Viabilizar computador com sintetizador de voz nas faculdades e

universidades públicas e privadas para uso exclusivo de pessoas com

deficiência visual;

Associar a Tecnologia como uma concepção plural de escola, a ser

aplicada na sala de aula como ferramentas que possibilitam: construir

representação gráfica de fenômenos, cartazes e pesquisas, apresentação e síntese

de conteúdos, expressão musical, artística e visual multimídia,

concepção virtual de espaço etc.

2.8 ACESSIBILIDADE PARA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA VISUAL

Os limites e facilidades de acesso ao mundo da informática através dos leitores

de tela são conhecidos por uma designação que pode servir a quase tudo que se refira a

obstáculos e facilidades, virtuais ou não, neste sentido, a acessibilidade é a viabilidade

que uma pessoa com deficiência visual tem para perceber algo por meio do ouvido, tato

e olfato.

Busca-se aqui abordar especificamente a acessibilidade virtual. Para promover

esta acessibilidade é indispensável entender como a pessoa com deficiência visual opera

o computador. Toda a intervenção feita pelo usuário é realizada através do teclado, ou

seja, o mouse não é utilizado, o que explica isto é o simples fato dele exigir a

coordenação visual (mira).

O teclado é a solução facilitadora e apesar de existir o teclado em Braille, o

teclado utilizado pela grande maioria é o teclado comum que já vem de fabrica com um

alto relevo na parte inferior das teclas "F" e "J", devido a uma antiga norma

internacional de datilografia. Como muitos podem imaginar, as imagens não são

problemas para nós, basta-se descrevê-la. Dando assim, seu equivalente textual. Uma

Page 29: Monografia sobre a educação do Deficiente Visual

outra solução é a utilização das teclas de atalho , as quais são comuns na maioria dos

programas e aplicativos que funcionam em plataforma Windows. Para exemplificar

seguem alguns comandos mais utilizados no dia-a-dia e testado por mim em diversos

leitores de tela.

Figura 15 – Teclado

Fonte: clipart

CTRL+ALT+D - ativa o

sistema Dosvox;

CTRL+ALT+J - ativa o Jaws

For Windows;

CTRL+ALT+V - ativa o Virtual

Vision

Botão iniciar+P - vai direto para os programas instalados no computador.

Nos sites, a forma de navegar é utilizar a tecla "TAB, o que faz o leitor de tela ler os

links de cima para baixo e para ler na ordem inversa basta pressionar simultaneamente

"CHIFT+TAB". Quando o usuário quiser ler o conteúdo de um link é só teclar enter e

após o carregamento deste realizar a leitura com as setas direcionais. Para entrar em um

link é só dar ENTER para voltar a página anterior, basta teclar ALT mais seta para a

esquerda , ALT mais f4 fecha a janela atual do Windows, estes são somente alguns dos

inúmeros comandos via teclado.

Essas teclas de atalho e inúmeras outras são comuns aos navegadores e qualquer

pessoa pode utilizá-las na falta de um mouse ou simplesmente para teste.Dessa maneira

as pessoas com deficiência visual vão navegando, realizando tarefas e muitas coisas

antes impossíveis.

O acesso da pessoa com deficiência visual aos softwares, sites e aos sistemas

diversos é possível devido os screanreaders (leitores de tela ou sintetizadores de voz.

Estes softwares são de origem americana e começaram a chegar no Brasil na linha de

micro computadores em 1993, desde então eles vêm evoluindo tecnicamente a cada

nova versão).

<!--[if !supportLists]--><!--[endif]-->Técnicas de Acessibilidade

Page 30: Monografia sobre a educação do Deficiente Visual

Hoje existem diversas técnicas para que um software, site e outros sejam acessíveis

às pessoas com deficiência visual, as quais são conhecidas como diretrizes de

acessibilidade, como as do W3C ( World Wide Web Consortium ) Através do WCAG

( WebContents Accessibility Guidelines ) que, se seguidas em suas recomendações

básicas, possibilita um melhor acesso aos conteúdos off e on lines.

No Brasil, apesar de poucas, existem leis de acessibilidade. Um exemplo é o

Decreto-lei 5296, de 2004, o qual torna obrigatória a adequação dos sites do governo.

Atualmente, Existem várias empresas que promovem acessibilidade virtual. Entre elas

destacam-se os bancos, quase todos possuem o Internet Bancking acessível.

Figura 16 – Treinamento de pessoas com deficiência visual

Fonte: www.tele-centros.org<!--[if !vml]-->

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A hipótese levantada no início desta pesquisa foi: se o atendimento educacional

da pessoa com deficiência visual está satisfatório, e quais os recursos que poderiam

contribuir para a inclusão educacional e social e como viabilizar que as tecnologias

assistivas se tornem um tema constante nas práticas pedagógicas e como viabilizar o uso

destes recursos.

A constatação foi de que as empresas não especializadas e a escola regular não

estão totalmente preparadas para incluir estas pessoas, apesar dos dispositivos legais

apontarem a necessidade de uma igualdade de oportunidade e condições sociais e

também uma educação igualitária para todos. O que pude perceber foi que o uso dos

recursos e das tecnologias assistivas deixa a pessoa com deficiência visual num patamar

de equidade social. Sendo assim, o correto uso destes facilitarão num médio ou longo

prazo um acesso igualitário aos meios competitivos de sobrevivência da sociedade atual.

Por tanto, é preciso que as escolas e empresas buscam viabilizar e democratizar o acesso

Page 31: Monografia sobre a educação do Deficiente Visual

a todas estas armas a favor da inclusãopara desfazer o quadro excludente historicamente

formado.

Para cumprir com os objetivos desta pesquisa realizei um histórico atual do

atendimento da pessoa com deficiência visual no Brasil e no Paraná. Este estudo revelou

que o atendimento especializado no Brasil iniciou através da criação dos institutos de

cegos e os mesmos existem até hoje. Com a existência destes institutos e com o maior

número de alunos atendidos pelas escolas especiais nos dias atuais, conforme mostram

os dados, conclui-se que estes tem um papel fundamental em quanto instituições

especializadas.

Em paralelo ao atendimento destas pessoas e de acordo com suas necessidades

de inclusão social, minha pesquisa possibilitou verificar que houve a criação ou

adaptação de vários recursos e tecnologias, os quais facilitam a inclusão, tanto no

âmbito escolar, tanto no social da pessoa com deficiência visual. A dificuldade que

encontrei tanto no ensino especial como no regular foi que apesar da maioria dos

profissionais usarem a criatividade para incluir os alunos diferentes<!--[if !

supportFootnotes]-->[2]<!--[endif]-->, as escolas não possuem as tecnologias

assistivas e quando possuem há falta de profissionais qualificados, bem como estas

instituições não desenvolvem projetos que viabilizam o uso de tecnologias assistivas de

forma pedagógica.

No que diz respeito ao uso da informática na educação, o pedagogo tem a

responsabilidade principal de saber os benefícios e os malefícios desta nova maneira de

ensino aprendizagem. As atividades de experiências com criança e adolescentes devem

ser realizadas ao vivo e quando isto não for possível acredito que estas poderão ser

simuladas, não de uma forma tão abstrata, divorciada da realidade, mas contextualizada

e este é um dos motivos para repensar e rever com olhos pedagógicos a programação e

aplicação destas simulações.

É necessário formar pessoas e não maquininhas, por tanto, o pedagogo deve

orientar os educadores para a construção de um mundo virtual que transmita o real e que

respeite os valores humanos formados ao longo da sociedade. O educador deve ser

capacitado para ter a competência de reconhecer e recusar as pragas virtuais que

prejudicam a relação humana em todo o seu sentido.

Page 32: Monografia sobre a educação do Deficiente Visual

O Brasil caminha (ou deveria caminhar) em direção a um país desenvolvido, justo,

humano e acessível para todos. Neste sentido, tenho certeza que a educação contribui e

muito para este objetivo e o uso da informática e outras tecnologias nas escolas,

respeitando-se estes princípios trará um grande avanço.

Baseado em minha realidade e na de vários outros alunos beneficiários das boas aulas

de informática, antes mesmo dos meus 16 ou 17 anos, chego a conclusão que a inclusão

digital através da escola especial e regular é uma necessidade real e o pedagogo não

deve ser contra ela. É a inclusão digital que tem facilitado a minha vida e a de muitas

outras pessoas com deficiência visual (beneficiárias dos sintetizadores de voz) além das

pessoas com dificuldades de locomoção ou de limitações de alguns movimentos do

corpo, a exemplo de muitas outras pessoas que encontram na informática a

oportunidade de acesso, independência, qualificação, profissionalização, capacitação

entre outros.

Acredito que o uso da informática na educação é necessário desde o ensino

fundamental, é claro que com o devido acompanhamento de educadores capacitados

para tanto, desta forma, evitando que o ensino seja proporcionado por maus professores.

Para isto, se faz necessário repensar, rever, mudar as práticas pedagógicas excludentes e

capacitar pedagogos e educadores para o uso da informática na educação, pois o virtual

deve mostrar o real e o ensino virtual deve formar para o real.

No âmbito profissional o que observo são diferentes empresas, diferentes

funcionários, mas funções semelhantes, cada pessoa com um computador equipado com

hedfone, o cliente / outro na linha ou em sua frente e, no monitor, várias janelas que

trazem: informações cadastrais, scripts de venda, orientações operacionais, bancos de

dados, documentos e tabelas de preços, software de discagem eletrônica, softwares de

registro de produtos e serviços, páginas com formulários para cadastramento diversos e,

todos esses funcionários interagindo com clientes ou não, seja eles internos ou externos,

outras empresas ou órgãos fornecedores e essas telas informatizadas. Ali junto com

estes vários há alguns funcionários com deficiência visual, desempenhando o mesmo

papel e cumprindo as mesmas metas da empresa, bastando para isto haver instalado no

computador um leitor de tela como o Virtual Vision ou Jaws. Esta é a realidade em

bancos e muitas outras empresas que atualmente empregam pessoas com deficiência

visual em seus quadros de funcionários por força da lei de cotas ou não. Observo que

estes profissionais vem provando que quando uma empresa respeita as limitações e as

Page 33: Monografia sobre a educação do Deficiente Visual

necessidades especiais de um semelhante, se adaptando para melhor atendê-los

(software de voz, rampa, sinalização especial), estará contribuindo para o

desenvolvimento humano e social.

Apesar do desvio estético (para o padrão social moderno), algumas pessoas com

deficiência, quando têm oportunidade, estão mostrando que são eficientes,

desempenhando funções antes não vistas devido à maneira preconceituosa que a

sociedade tratava, e trata ainda, esses indivíduos deficientes.

O Brasil possui uma das maiores populações de pessoas com deficiência do

mundo, e uma das menores taxas de participação no mercado de trabalho. Cabe a cada

um de nós contribuirmos para a inclusão dos deficientes na sociedade onde vivem

visando o desenvolvimento local e global e contribuindo assim na construção de um

mundo mais justo, acessível e humano para todos. O atendimento a essas pessoas não

pode continuar restrito somente às entidades especializadas e não podemos admitir que

a grande maioria dessas pessoas continue excluída da vida social para não incomodar

àquelas consideradas normais. Por outro lado, observo que há várias políticas públicas

que se destinam ao atendimento às pessoas com deficiências, verifica-se que algumas

são necessárias, mas sem a devida fiscalização, são ineficientes. Já outras, comprovam a

ignorância dos nossos políticos. Um exemplo claro são as assessorias de assistência e

apoio aos deficientes, as quais têm uma visão assistencialista / paternalista, assim como

algumas das entidades ditas especializadas. Constata-se que é preciso criar junto aos

governos e empresas privadas assessorias / consultoria para a criação de políticas

públicas e ações efetivas de inclusão social da pessoa com deficiência e retirar as

discussões / ações da visão assistencialista para elevá-las ao nível de uma compreensão

científica e realista, ou seja, ultrapassar o senso comum, pois este entendimento ainda é

predominante em nossa sociedade atual.

4 REFERÊNCIAS

BRASIL, Lei n. 9394, de 20.12.96. Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação

Nacional, Diário Oficial, Brasília, v. CXXXIV, n. 248, de 23.12.96, p.27.833-27.8d I,

1996.

Bueno, S.G.José.Educação especial brasileira integração/ segregação do aluno

diferente. SÃO PAULO: EDUC,1993.

Page 34: Monografia sobre a educação do Deficiente Visual

Sites:

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www.diaadiaeducacao.pr.gov.br >. Acesso em: 02 nov.2006.

Fundação Dorina Nowil. Histórico fundação Dorina Nowil. Disponível em: < htpp://

www.fundacaodorina.org.br >. Acesso em 06 de jul. 2006.

História e programas do Instituto Paranaense de Cegos. Disponível em: < htpp//

www.ipcnet.org.br >. Acesso em: 16 jul. 2006.

Instituto Benjamin Constant. História e atividades pedagógicas. Disponível em : <

htpp// www.ibcnet.gov.br >. Acesso em : 05 nov. 2006.

Jaws. História e dados. Disponível em: www.hj.com Acesso em: 15 / Ago 2006.

Sistema Dosvox. História e informações de seus utilizadores. Disponível em:

http://intervox.nce.ufrj.br/dosvox<http://intervox.nce.ufrj.br/dosvox> Acesso em 15

/Ago 2006.

Virtual Vision. Informações. Disponível em: http://www.micropower.com.br Acesso

em 15 / Ago 2006.

www.tele-centros.org acesso em 30-11-2006 12h15min

www.mec.gov.br

De acordo com censo brasileiro de 2000, 16,5 milhões de pessoas sofrem de deficiência

visual e 159 mil são incapazes de enxergar. Cabe a todos, aceitar e aprender a conviver

com estas diferenças, diminuindo assim o preconceito.

os olhos de um cego são os dedos das mãos;

Os olhos de um cego são os ouvidos;

Page 35: Monografia sobre a educação do Deficiente Visual

O olho de um cego é a bengala;

Os olhos de um cego são os olhos de um ser humano ou de um cão guia;

Quando perdemos um sentido, passamos a usar mais os outros e por ser necessário,

aguçamos os que nos restaram.

O tato é desenvolvido e um cego reconhece formatos, objeto e tudo mais que possa ser

tateado. Através do Braille (sistema de leitura e escrita para deficientes visuais), o cego

pode ler qualquer informação ou conteúdo.

Livros, revistas, e outros materiais publicados em Braille ou gravados em fitas cassete

ou cd, possibilitam a inclusão dos cegos no mundo da cultura.

Os softwares de vozes, os quais podem serem instalados em qualquer computador

equipado com multimídia, propicia aos cegos o acesso ao mundo da informática. Os

softwares lê com uma voz audível tudo que vai aparecendo na tela, menos as imagens

sem descrição e alguns tipos de tabelas, mas se o site obedecer as normas de

acessibilidade na WEB, não só os deficientes visuais como todos os outros deficientes

terão total autonomia para navegarem.

Através da audição um cego atravessa uma rua, reconhece as pessoas, trabalha com sons

e etc.

A bengala possibilita um cego ser independente, é através dela que o cego vai se

locomover para a escola, para o serviço, para a casa do amigo (a) e etc.

Quando a cidade tem acessibilidade urbanística e o povo tem consciência , ou seja, não

tenha buracos, bicicleta,

carro, placas publicitárias, orelhões sem alinhamento adequado e outros nas calçadas, os

cegos e os demais cidadãos se locomovem independentemente.

O guia humano é útil em certas ocasiões, como por exemplo em uma corrida, num lugar

que não tenha nenhum tipo de acessibilidade, dentro de ambientes desconhecidos e

outros. Já o cão guia, assim como a bengala facilita a independência de um deficiente

visual, mas no Brasil ainda a poucos devido seu preço e a falta de informação. Em

Page 36: Monografia sobre a educação do Deficiente Visual

outros países mais desenvolvidos o cão guia faz parte da vida de muitos deficientes

visuais.

"havendo acessibilidade, humanidade, eu digo que um cego vê tudo mas, o mundo não é

só o que se vê!!!"

historia do braille no brasil

historia do braille no brasil

O Sistema Braille no Brasil

O Sistema Braille, utilizado universalmente na leitura e na escrita por pessoas cegas,

foi inventado na França por Louis Braille, um jovem cego, reconhecendo-se o ano

de 1825 como o marco dessa importante conquista para a educação e a integração

dos deficientes visuais na sociedade.

Antes desse histórico invento, registram-se inúmeras tentativas em diferentes países,

no sentido de se encontrarem meios que proporcionassem às pessoas cegas

condições de ler e escrever. Dentre essas tentativas, destaca-se o processo de

representação dos caracteres comuns com linhas em alto relevo, adaptado pelo

francês Valentin Hauy, fundador da primeira escola para cegos no mundo, em 1784,

na cidade de Paris, denominada Instituto Real dos Jovens Cegos. Foi nesta escola,

onde os estudantes cegos tinham acesso apenas à leitura, através do processo de

Valentin Hauy, que estudou Louis Braille. Até então, não havia recurso que

permitisse à pessoa cega comunicar-se pela escrita individual.

Louis Braille, ainda jovem estudante, tomou conhecimento de uma invenção

Page 37: Monografia sobre a educação do Deficiente Visual

denominada sonografia ou código militar, desenvolvida por Charles Barbier, oficial

do exército francês. O invento tinha como objetivo possibilitar a comunicação

noturna entre oficiais nas campanhas de guerra. Baseava-se em doze sinais,

compreendendo linhas e pontos salientes, representando sílabas na língua francesa.

O invento de Barbier não logrou êxito no que se propunha, inicialmente. O bem

intencionado oficial levou seu invento para ser experimentado entre as pessoas

cegas do Instituto Real dos Jovens Cegos.

A significação tátil dos pontos em relevo do invento de Barbier foi a base para a

criação do Sistema Braille, aplicável tanto na leitura como na escrita por pessoas

cegas e cuja estrutura diverge fundamentalmente do processo que inspirou seu

inventor. O Sistema Braille, utilizando seis pontos em relevo, dispostos em duas

colunas, possibilita a formação de 63 símbolos diferentes que são empregados em

textos literários nos diversos idiomas, como também nas simbologias matemática e

científica, em geral, na música e, recentemente, na Informática.

A partir da invenção do Sistema Braille, em 1825, seu autor desenvolveu estudos

que resultaram, em 1837, na proposta que definiu a estrutura básica do sistema,

ainda hoje utilizada mundialmente. Comprovadamente, o Sistema Braille teve plena

aceitação por parte das pessoas cegas, tendo-se registrado, no entanto, algumas

tentativas para a adoção de outras formas de leitura e escrita e, ainda outras, sem

resultado prático, para aperfeiçoamento da invenção de Louis Braille.

Apesar de algumas resistências mais ou menos prolongadas em outros países da

Europa e nos Estados Unidos, o Sistema Braille, por sua eficiência e vasta

aplicabilidade, se impôs definitivamente como o melhor meio de leitura e de escrita

para as pessoas cegas.

Em 1878, um congresso internacional realizado em Paris, com a participação de

onze países europeus e dos Estados Unidos, estabeleceu que o Sistema Braille

deveria ser adotado de forma padronizada, para uso na literatura, exatamente de

acordo com a proposta de estrutura do sistema, apresentada por Louis Braille em

1837, já referida anteriormente.

Os símbolos fundamentais do Braille utilizados para as notações musicais foram,

também, apresentados pelo próprio Louis Braille na versão final dos estudos

constantes da proposta de estrutura do Sistema concluída em 1837.

Page 38: Monografia sobre a educação do Deficiente Visual

Hoje, a musicografia braille‚ já é adotada uniformemente por todos os países. Para

tanto, contribuíram, principalmente, os congressos realizados em Colônia

(Alemanha), 1888, em Paris (França), 1929 e, finalmente, num congresso realizado

em Nova Iorque, 1954, onde foram adaptados símbolos, de acordo com novas

exigências da musicografia.

A aplicação do Sistema Braille à Matemática foi também proposta por seu inventor

na versão do Sistema editada em 1837. Nesta, foram apresentados os símbolos

fundamentais para os algarismos, bem como as convenções para a Aritmética e para

a Geometria.

Esta simbologia fundamental, entretanto, nem sempre foi adotada nos países que

vieram a utilizar o Sistema Braille, verificando-se, posteriormente, diferenças

regionais e locais mais ou menos acentuadas, chegando a prevalecer, como hoje,

diversos códigos para a Matemática e as ciências em todo o mundo.

Com o propósito de unificar a simbologia braille para a Matemática e as ciências,

realizou-se na cidade de Viena, em 1929, um congresso, reunindo países da Europa

e os Estados Unidos. Apesar desse esforço, a falta de acordo fez com que

continuassem a prevalecer as divergências, que se acentuaram, face à necessidade de

adoção de novos símbolos, determinada pela evolução técnica e científica do século

XX.

O Conselho Mundial para o Bem-Estar dos Cegos, criado em 1952, hoje União

Mundial dos Cegos, com apoio da UNESCO, passou a se preocupar, através de seus

especialistas, com o problema da unificação da simbologia matemática e científica,

a nível mundial.

Com esse propósito, a Organização Nacional de Cegos da Espanha (ONCE), em

princípios da década de 1970, desenvolveu estudos, através da análise e comparação

de diferentes códigos em uso no mundo, para, finalmente, propor um código

unificado a que denominou "Notacion Universal".

A Conferência Ibero-Americana para a Unificação do Sistema Braille, realizada em

Buenos Aires, 1973, foi uma tentativa de se estabelecer um código único para países

de língua castelhana e portuguesa. Na oportunidade, foram apresentados três

trabalhos, elaborados pela Espanha, Argentina e Brasil. A acentuada divergência

entre os códigos inviabilizou um desejável acordo.

Page 39: Monografia sobre a educação do Deficiente Visual

O Conselho Mundial para o Bem-Estar dos Cegos, reunido por seu Comitê-

Executivo na cidade de Riyadh, Arábia-Saudita (1977), criou o Subcomitê de

Matemáticas e Ciências, integrado por representantes da Espanha, Estados Unidos,

União Soviética, Alemanha Ocidental e Inglaterra, com a finalidade principal de

promover, em diferentes países, estudos e experiências de âmbito nacional e

regional, visando a unificação dos diversos códigos em uso.

A nível de países de língua castelhana, finalmente, foi possível um acordo para a

unificação da simbologia matemática, celebrado em 1987 na cidade de Montevidéu,

durante uma reunião de representantes de imprensas braille dos países que falam o

referido idioma. A esta reunião compareceram representantes brasileiros, como

observadores.

A nível mundial, o esforço para a unificação dos códigos matemáticos e científicos

ainda não alcançou o êxito desejado.

Especialistas no Sistema Braille do Brasil, especialmente ligados ao Instituto

Benjamin Constant e à, hoje, Fundação Dorina Nowill para Cegos, a partir da

década de 70, passaram a se preocupar com as vantagens que adviriam da unificação

dos códigos de Matemática e das ciências, uma vez que a tabela Taylor, adotada no

Brasil desde a década de 40, já não vinha atendendo satisfatoriamente à transcrição

em Braille, sobretudo, após a introdução dos símbolos da Matemática Moderna,

revelando-se esta tabela, insuficiente para as representações matemáticas e

científicas em nível superior.

Deste modo, o Brasil participou inicialmente dos estudos desenvolvidos pelo

Comitê de especialistas da ONCE e, posteriormente, acompanhou os estudos

desenvolvidos pelo Comitê da ONCE, deles resultando o Código de Matemática

Unificado.

Em 1991 foi criada a Comissão para Estudo e Atualização do Sistema Braille em

uso no Brasil, com a participação de especialistas representantes do Instituto

Benjamin Constant, da Fundação Dorina Nowill para Cegos, do Conselho Brasileiro

para o Bem-Estar dos Cegos, da Associação Brasileira de Educadores de Deficientes

Visuais e da Federação Brasileira de Entidades de Cegos, com o apoio da União

Brasileira de Cegos e o patrocínio do Fundo de Cooperação Econômica para

Iberoamérica - ONCE-ULAC. Os estudos desta comissão foram concluídos em 18

Page 40: Monografia sobre a educação do Deficiente Visual

de maio de 1994, constando das principais resoluções a de se adotar no Brasil o

Código Matemático Unificado para a Língua Castelhana, com as necessárias

adaptações à realidade brasileira.

Por orientação da União Brasileira de Cegos, especialistas da Comissão na área da

Matemática vêm realizando estudos para o estabelecimento de estratégias, visando a

implantação, em todo o território brasileiro, da nova simbologia matemática

unificada.

Sob o ponto de vista histórico, a utilização do Sistema Braille no Brasil pode ser

abordada em três períodos distintos:

1854 a 1942 - Em 1854 o Sistema Braille foi adotado no Imperial Instituto dos

Meninos Cegos (hoje, Instituto Benjamin Constant), sendo assim, a primeira

instituição na América Latina a utilizá-lo. Deve-se isto aos esforços de José Alvares

de Azevedo, um jovem cego brasileiro, que o havia aprendido na França.

Diferentemente de alguns países, o Sistema Braille teve plena aceitação no Brasil,

utilizando-se praticamente toda a simbologia usada na França. A exemplo de outros

países, o Brasil passou a empregar, na íntegra, o código internacional de

musicografia braille de 1929.

1942 a 1963 - Neste período verificaram-se algumas alterações na simbologia braille

em uso no Brasil. Para atender à reforma ortográfica da Língua Portuguesa de 1942,

o antigo alfabeto braille de origem francesa foi adaptado às novas necessidades de

nossa língua, especialmente para a representação de símbolos indicativos de acentos

diferenciais.

Destaca-se, ainda, a adoção da tabela Taylor de sinais matemáticos, de origem

inglesa, em substituição à simbologia francesa até então empregada.

A Portaria no. 552, de 13 de novembro de 1945, estabeleceu o Braille Oficial para

uso no Brasil, além de um código de abreviaturas, da autoria do professor José

Espínola Veiga. Esta abreviatura teve uso restrito, entrando em desuso,

posteriormente.

A Lei no. 4.169, de 4 de dezembro de 1962, que oficializou as convenções braille

para uso na escrita e leitura dos cegos, além de um código de contrações e

Page 41: Monografia sobre a educação do Deficiente Visual

abreviaturas braille, veio a criar dificuldades para o estabelecimento de acordos

internacionais, pelo que, especialistas brasileiros optaram por alterar seus conteúdos,

em benefício da unificação do Sistema Braille.

1963 a 1995 - Os fatos marcantes deste período podem ser assim destacados: em 05

de janeiro de 1963 foi assinado um convênio luso-brasileiro, entre as mais

importantes entidades dos dois países, para a padronização do Braille integral (grau

1) e para a adoção, no Brasil, de símbolos do código de abreviaturas usado em

Portugal.

Em relação à Matemática, educadores e técnicos da Fundação para o Livro do Cego

no Brasil e do Instituto Benjamin Constant, principalmente, complementaram a

tabela Taylor com o acréscimo de símbolos braille aplicáveis à teoria de conjuntos.

A atuação profissional de pessoas cegas no campo da Informática, a partir da década

de 70, fez com que surgissem diferentes formas de representação em Braille desta

matéria, com base, sobretudo, em publicações estrangeiras. A nível de imprensas e

centros de produção de Braille, finalmente, foi acordada em 1994, a adoção de uma

tabela unificada para a Informática.

Durante todo este período, o Brasil participou dos esforços do Conselho Mundial

para o Bem-Estar dos Cegos (hoje, União Mundial de Cegos) para a atualização e a

unificação do Sistema Braille, como o demonstram a contribuição brasileira à

Conferência Íbero-Americana para Unificação do Sistema Braille (Buenos Aires,

1973), a participação de técnicos brasileiros, como observadores, na Reunião de

Imprensas Braille de Países de Língua Castelhana (Montevidéu, 1987), a criação da

Comissão para Estudo e Atualização do Sistema Braille em Uso no Brasil (1991-

1994), a atuação de especialistas brasileiros na Conferência: O Sistema Braille

Aplicado à Língua Portuguesa (Lisboa, 1994), além de outras iniciativas e

atividades desenvolvidas. Destaque-se, em todo este período, o trabalho conjunto da,

hoje, Fundação Dorina Nowill para Cegos e do Instituto Benjamin Constant, através

de seus especialistas, aos quais se reuniram, muitas vezes, competentes profissionais

de outras importantes entidades brasileiras.

As tentativas de destacadas entidades de e para cegos, no sentido de se criar, em

âmbito federal, uma comissão nacional de Braille não foram bem sucedidas. O

insucesso, porém, foi certamente compensado pelo trabalho profícuo e harmonioso

dos especialistas em Braille do Brasil.

Page 42: Monografia sobre a educação do Deficiente Visual

A União Brasileira de Cegos, na assembléia-geral ordinária de 28 de agosto de

1995, realizada no Instituto Benjamin Constant, homologou a criação, no âmbito

dessa entidade, da Comissão Brasileira de Braille, constituída de cinco membros.

Os membros da Comissão deverão atender aos critérios de serem, preferentemente,

usuários do Sistema Braille e de terem conhecimento e experiência reconhecidos no

campo da produção de material braille e da educação de cegos.

FINALIDADES DA COMISSÃO BRASILEIRA DE BRAILLE

1 - Propor às autoridades competentes e diligenciar por sua execução, a nível

nacional, a política de diretrizes e normas para o uso, o ensino, a produção e a

difusão do Sistema Braille em todas as suas modalidades de aplicação,

compreendendo, especialmente, a Língua Portuguesa, a Matemática e outras

ciências, a Música e a Informática.

2 - Propor ao Governo Federal a promulgação de leis, a edição de decretos e

regulamentações concernentes ao uso do Sistema Braille no Brasil, visando,

inclusive, a unificação das aplicações do referido Sistema a nível internacional,

especialmente nas línguas portuguesa e castelhana.

3 - Cumprir e fazer cumprir, no que lhe couber, os acordos internacionais referentes

ao uso do Sistema Braille.

4 - Funcionar como equipe técnica de assessoria sobre questões eletivas ao uso do

Sistema Braille, junto a entidades públicas e privadas.

5 - Avaliar, permanentemente, a simbologia braille adotada no país, atentando para a

necessidade de adaptá-la ou alterá-la, face à evolução técnica e científica,

particularmente, procurando compatibilizar esta simbologia, sempre que possível,

com as adotadas nos países de línguas portuguesa e castelhana.

6 - Manter intercâmbio permanente com comissões de Braille de outros países, de

acordo com a política de unificação do Sistema Braille, a nível internacional.

7 - Estabelecer, com base em estudos realizados, conteúdos, metodologias e

estratégias a serem adotados em cursos de aprendizagem do Sistema Braille com

Page 43: Monografia sobre a educação do Deficiente Visual

caráter de especialização, treinamento e reciclagem de professores e de técnicos,

como também nos cursos destinados a usuários do Sistema e à comunidade, em

geral.

8 - Estabelecer critérios e fixar estratégias para a implantação de novas simbologias

braille que alterem ou substituam os códigos em uso no Brasil, prevendo a

realização de avaliações sistemáticas com vistas a modificações de procedimentos,

sempre que necessário.

9 - Manter, com objetivos de estudo e de pesquisa, acervo bibliográfico de origem

nacional e estrangeira, acerca do Sistema Braille, compreendendo códigos, manuais,

tabelas e outras publicações afins.

10 - Elaborar catálogos, manuais, tabelas e outras publicações que facilitem o

processo ensino-aprendizagem e o uso do Sistema Braille em todo o território

nacional.

Esta iniciativa da União Brasileira de Cegos nivela o Brasil com os países em que as

questões referentes à leitura e à escrita das pessoas cegas são da competência de

verdadeiras "Autoridades Braille".

Edison Ribeiro Lemos - Ex professor do Instituto Benjamin Constant, advogado,

Livre Docente em Educação, Presidente do Conselho Brasileiro para o Bem Estar

dos Cegos e Coordenador da Comissão Brasileira de Braille.

Jonir Bechara Cerqueira - Professor, ex Diretor Geral do Instituto Benjamin

Constant e membro da Comissão Brasileira de Braille e do Conselho Editorial da

Revista Benjamin Constant.

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Dicas para se relacionar com deficientes

Dicas para se relacionar com deficientes

Page 44: Monografia sobre a educação do Deficiente Visual

Quando Você Encontrar Uma Pessoa Deficiente ...

Tradução livre e adaptação de folheto publicado por Henry Enns, do Canadá

Muitas pessoas não deficientes ficam confusas quando encontram alguém que é

"diferente". Uma pessoa que tem medo de dizer alguma coisa "errada" a uma pessoa

deficiente pode até evitar uma comunicação. Este mal estar pode ser evitado se

pessoas deficientes e não deficientes se virem e interagirem mais freqüentemente no

trabalho e na sociedade.

Grande parte desse mal estar é causado pela falta de informação a respeito da

deficiência. Já que muitas pessoas não deficientes (e mesmo alguns deficientes) não

estão conscientes das implicações da deficiência, é importante que todos sejam

pacientes e mantenham abertas as comunicações.

Quando alguém age de maneira inadequada, é bom lembrar que todo mundo comete

erros de vez em quando, e tentar lidar com a situação com humor e delicadeza.

Aceite o fato de que a deficiência existe. Não tomar conhecimento de uma

deficiência é o mesmo que não tomar conhecimento do sexo ou da altura de alguém.

Mas fazer perguntas pessoais a respeito da deficiência seria impertinente, enquanto

não houver um relacionamento mais próximo, que torna mais natural este tipo de

pergunta.

Trate a pessoa deficiente como uma pessoa saudável. Quando alguém tem uma

limitação funcional, isso não quer dizer que a pessoa seja doente. Algumas

deficiências não trazem problema de saúde.

Em alguns casos, a pessoa deficiente pode reagir às situações de um modo não

convencional, ou ainda, pode dar a impessão de que não está tomando conhecimento

da sua presença. Lembre-se de que ela pode não ouvir bem, ou ter outra deficiência

que afete os movimentos ou dificulte o contato.

Fale sempre diretamente com a pessoa deficiente, não com terceiros, por exemplo,

um acompanhante ou um intérprete. Ao caminhar ao lado de uma pessoa usando

bengala ou muletas, procure acompanhar seu ritmo.

Ofereça ajuda, se quiser, mas espere que seu oferecimento seja aceito, antes de

ajudar. Se a pessoa precisar de ajuda, vai aceitar sua oferta e explicar exatamente o

que você deve fazer para ser útil a ela.

Page 45: Monografia sobre a educação do Deficiente Visual

Quando você encontrar um deficiente visual...

Se parecer que o deficiente visual está precisando de ajuda, identifique-se e faça-o

perceber que você está falando com ele.

Para guiar um deficiente visual, espere que ele segure no seu braço; o deficiente

visual irá acompanhar o movimento do seu corpo enquanto você vai andando. Para

fazer o deficiente visual sentar, guie-o até a cadeira e coloque a mão dele no braço

ou no encosto da cadeira, e deixe que a pessoa sente-se sozinha.

Fique a vontade para usar palavras como "veja" e "olhe". Nem você nem o

deficiente visual podem evitá-las, já que não existem outras para substitui-las.

Por mais tentador que seja acariciar um cão-guia, lembre-se de que esses cães têm a

responsabilidade de guiar um dono que não enxerga. O cão nunca deve ser distraído

do seu dever de guia.

Quando for embora, avise sempre o deficiente visual.

O que é baixa visão ou visão subnormal?

Page 46: Monografia sobre a educação do Deficiente Visual

O que é baixa visão ou visão subnormal?

1) O que é baixa visão ou visão subnormal?

Resumidamente, é a acuidade visual máxima que se situa entre 5% e 30% no melhor

olho de uma pessoa já com a correção obtida com óculos convencionais, lentes de

contato, tratamento clínico ou cirurgia. Na faixa abaixo de 5% de visão no melhor

olho até sem nenhuma percepção de luz neste olho, considera-se cegueira legal,

porém uma parte dessas pessoas ainda poderá se beneficiar dos produtos indicados

para a baixa visão, sem terem que recorrer à leitura Braille.

2) Quais são as causas mais comuns da baixa visão?

As causas mais comuns de baixa visão na criança são retinopatia da prematuridade,

catarata congênita bilateral, a coriorretinite macular bilateral e o glaucoma

congênito; no adulto idoso, os numericamente mais acometidos pela baixa visão, as

causas mais comuns são a degeneração macular relacionada à idade, a retinopatia

diabética, as coriorretinites maculares bilaterais e o glaucoma avançado.

3) Quais os sinais de alerta da baixa visão? Quando se deve procurar um

especialista?

Deve-se suspeitar que um indivíduo apresenta baixa visão quando, ao exame

oftalmológico, esta pessoa se situa na faixa de visão acima relacionada. O

oftalmologista deve, então, encaminhar para outro oftalmologista ou fazer ele

mesmo, exames para adaptação de recursos ópticos ou eletrônicos para proporcionar

a este indivíduo visão útil para suas atividades diárias para longe e perto, como

leitura, assistir aula, ver TV, por exemplo.

4) O que se deve fazer para evitar a baixa visão?

Nem sempre é possível evitar a baixa visão, mas medidas como a adequada

oxigenação e monitoramento da retina de bebês prematuros e o controle clínico

rigoroso de diabéticos, por exemplo, podem contribuir para a diminuição de

incidência de retinopatias nestas pessoas e, por conseguinte, diminuir a incidência

de baixa visão nestes casos. Toda pessoa acima dos 40 anos deve ter sua pressão

intra-ocular medida pelo oftalmologista, pelo menos uma vez por ano, como medida

para prevenir, e caso se torne necessário, tratar o glaucoma. Caso tenha alguma

pessoa na família com glaucoma, esta medida deve ser antecipada. A hipertensão

arterial descontrolada e o uso de colírios de corticóide de maneira prolongada são

fatores de risco para o aparecimento do glaucoma com todas as suas complicações.

Leia matéria: Glaucoma avança entre mais jovens

Page 47: Monografia sobre a educação do Deficiente Visual

Também são importantes medidas preventivas básicas que são úteis de maneira

geral, tais como a alimentação saudável, a prática de exercícios físicos, não

consumir álcool em excesso e não fumar. Leia matéria sobre a importância da

alimentação equilibrada para a saúde ocular e também Má alimentação prejudica a

visão; Excesso de sal pode causar danos à visão.

5) O que é importante saber em relação aos equipamentos para a baixa visão?

Os produtos de auxílio baseiam-se no princípio da ampliação ou aumento da

imagem. Atualmente mais novidades têm surgido nos equipamentos que utilizam

câmeras, pois elas estão se tornando mais acessíveis, de melhor qualidade e

tamanhos cada vez menores. Porém, deve-se ter cuidado com as novidades, com

aquelas que são apenas variações umas das outras e que não acrescentam qualidades

que irão interferir efetivamente no dia-a-dia dos usuários, como a facilidade e o

conforto do uso, a simplificação dos procedimentos, a praticidade na substituição de

peças caso o aparelho passe a apresentar algum problema. Deve-se pensar se

realmente o usuário irá necessitar de todos os recursos que um determinado produto

apresenta, pois recursos em excesso, sem haver a necessidade, podem ser fatores

complicadores para o uso fácil e rápido da função básica que ele precisa, que é

ampliar a imagem.

É importante pensar em outros pontos além da incorporação de recursos

sofisticados, como por exemplo, na idade do usuário, na maneira como ele vai usar

o equipamento, na sua autonomia, nas suas necessidades, nos locais de uso. Pode ser

que um produto mais simplificado preencha essas necessidades e ainda permita que

ele tenha mais autonomia ao utilizá-lo, sem ter que depender da ajuda de outra

pessoa para ligar, instalar ou ajustar o aparelho.

Atualmente não existe nenhum recurso para a baixa visão que represente uma

panaceia para todos os tipos de problemas, situações e necessidades dos indivíduos,

resolvendo-se todos os problemas com um só produto. O paciente com visão

subnormal, no seu dia-a-dia, em geral poderá necessitar de alguns tipos diferentes de

auxílios, dependendo da atividade que irá realizar.

Todos os produtos para a baixa visão apresentam características que devem ser

levadas em consideração, em conjunção com o problema e com as necessidades do

paciente, no momento da indicação; por isso, é importante que o oftalmologista

conheça o produto que está indicando, para poder explicar que aquele equipamento

irá funcionar bem naquela determinada situação e, no caso de uma situação

diferente, poderá ser preciso utilizar um outro produto, e assim por diante.

Page 48: Monografia sobre a educação do Deficiente Visual

6) Porque a pessoa com baixa visão precisa ampliar ou aumentar as imagens

para ver?

Porque as imagens que ela vê apresentam “falhas”, como se fossem manchas sem

visão ou então como se houvesse uma “nuvem” sobre essas imagens. Dessa

maneira, a imagem aumentada favorece a interpretação dessa imagem pelo cérebro.

Quanto maiores forem essas “falhas”, maior deverá ser a ampliação, para facilitar a

interpretação.

No caso específico da leitura, a pessoa com baixa visão, ao visualizar a página

inteira de um livro, de uma revista, ou jornal, vê essas “manchas”, que podem

impedir a visão de grandes grupos de palavras. Quando se aumenta a imagem da

página, por meio de uma lupa óptica ou eletrônica, e essa “mancha” passar a cobrir

apenas parte de uma palavra, a pessoa ainda consegue “adivinhar” qual é essa

palavra, por causa da maneira como aprendemos a ler, que é visualizando a imagem

geral das palavras e, baseados em experiências anteriores, saber que ali está escrito

uma coisa e não outra.

Existem até algumas “brincadeiras”, quando se escreve, por exemplo, a palavra

“PATA” trocando a letra A pelo número 4, sem prejuízo da informação; assim:

“P4T4″.

Por isso, é importante que a pessoa consiga visualizar sempre uma palavra inteira,

por causa da maneira do ser humano ler; por exemplo, onde está escrita a palavra

PR_GR_MA, o deficiente visual que tem essa “mancha” pode estar lendo apenas

uma parte das letras, mas, com a ampliação, consegue interpretar, baseado nas

experiências de leitura do passado, que a palavra é PROGRAMA.

Complementando, não é muito bom que as pessoas usem equipamentos cuja

ampliação permita ver apenas as sílabas das palavras, porque assim a pessoa vai ter

que depender de uma boa memória para unir essas sílabas e interpretar a palavra que

está lendo.

7) Quais as principais diferenças entre as lupas ópticas e as lupas eletrônicas?

As lupas ópticas (com lentes) apresentam as seguintes características:

- o tamanho do aumento das imagens vai até um certo ponto, geralmente não muito

grande, porque quanto maior o aumento, menor será a lente, a tal ponto que, com

lentes de aumento muito grande, a pessoa passará a ler somente sílaba por sílaba ou

só letra por letra, dificultando a leitura.

- o modo de usar sempre irá requerer que o usuário olhe por elas, em geral com o

Page 49: Monografia sobre a educação do Deficiente Visual

olho que tiver melhor visão que o outro, aproximando o olho da lente.

- são práticas, fáceis para transportar.

As lupas eletrônicas:

- podem proporcionar maiores aumentos da imagem

- são mais confortáveis para usar, porque o usuário olha para uma tela; a câmera de

vídeo do aparelho vai transmitir a imagem para uma tela de TV ou de computador

- se o usuário estiver usando o computador e quiser acessar qualquer outro trabalho

(arquivo, internet), é só minimizar a imagem que vem da Lupa Eletrônica e

continuar a usar o arquivo ou a internet; para voltar à Lupa Eletrônica bastará

maximizar a imagem novamente.

- a Lupa Eletrônica com zoom da Bonavision permite que se escreva olhando para a

tela do computador ou da TV; o usuário pode escrever sem ter que abaixar a cabeça

para poder ler o que escreveu; ela permite que se veja o que se escreve ou desenha

em tempo real.

A escolha irá depender do tipo de atividade do usuário e do aumento que ele

necessita.

8 ) Como é a reabilitação das pessoas que tem baixa visão? É possível reverter o

processo?

A habilitação, no caso da criança pequena ou a reabilitação, em quem teve baixa

visão mais tarde, ocorre com a participação do indivíduo, do oftalmologista, da

escola, da família e mesmo da sociedade no entorno. A baixa visão no horizonte do

curto prazo ainda não pode ser revertida, apenas mitigada com o uso de auxílios

ópticos e eletrônicos.

Deve haver uma interação entre os educadores e o paciente, a família (para apoio

psicológico e continuação da reabilitação em casa) e o oftalmologista para otimizar

o uso dos equipamentos visuais para as atividades cotidianas do paciente na escola,

trabalho, lazer ou em outras situações.

9) Qual a faixa etária dos portadores? Qual a tendência para o futuro ?

Os idosos são numericamente a maioria das pessoas com visão subnormal e seu

número tende a aumentar, tanto pelo aumento da expectativa de vida da população

em todo o mundo quanto pela não existência no horizonte de curto prazo de cura

para a mais frequente das doenças causadoras de visão subnormal no idoso, que é a

degeneração macular relacionada à idade do tipo seca.

Page 50: Monografia sobre a educação do Deficiente Visual

Embora as crianças sejam minoria numérica, devem ser consideradas em função da

longa expectativa de vida, e, portanto, devem ter acesso aos recursos que irão

conferir qualidade a essa vida. A ação principal, em relação às crianças, deve ser

possibilitar e facilitar o acesso à educação, pois só ela irá tornar real a inclusão

social dos adultos que serão no futuro.

10) Há especificidades para o atendimento do paciente com baixa visão?

No atendimento, além do exame num consultório padrão de oftalmologia, há que se

ter à disposição alguns recursos específicos para este trabalho, os auxílios ópticos e

eletrônicos, usados em testes para que o paciente escolha aquele que melhor se

adapte a suas necessidades de longe e perto.

11) Que orientações são importantes para a prescrição de auxílios ópticos para

portadores de baixa visão?

É importante o oftalmologista estar preparado para lidar com este tipo de problema.

Diferentemente das pessoas com visão dentro da normalidade, que resolvem seu

problema visual com um óculos apenas, que pode ser de visão simples, bifocal ou

multifocal, o portador de visão subnormal, por ter que ampliar as imagens para que

veja adequadamente, poderá necessitar de diversos equipamentos, a saber, para

perto, para longe, um portátil para leituras rápidas, outro para leituras prolongadas

com mais conforto. Daí, nota-se a complexidade deste tipo de tratamento.