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Sentimento de impunidade favorece práticas anticoncorrenciais Monopólio na distribuição provoca aumento dos preços As cadeias de distribuição estão a infringir as leis da concorrência. Preços impostos, margens garantidas, recusa de fornecimento são práticas correntes, apesar de expressamente proibidas pela lei da concorrência. A consequência é a cartelização de preços, o agravamento do preço de produtos essenciais e o esmagamento de produtores e operadores de menor dimensão. Segundo apurou a “Vida Económica” , existe um sentimento de impunidade entre os grandes operadores já que as práticas proibidas constam dos contratos e da correspondência comercial trocada com os clientes. Algumas cadeias de distribuição impõem margens garantidas de 52% a fornecedores nacionais. E sempre que detectam preços no mercado abaixo do nível estimado impõem ao fornecedor o pagamento da diferença face à margem garantida. Pág. 5 Nº 1239 / 07 Março de 2008 / Semanal / Portugal Continental 2www.vidaeconomica.pt DIRECTOR João Peixoto de Sousa Apoios ao investimento na agricultura estão suspensos desde 2005 Os apoios ao investimento na agricultura estão parados desde 2005. O atraso na aplicação do PRODER está a afectar milhares de pequenas explorações agrícolas. Luís Mira, secretário-geral da CAP, diz que, nos últimos anos, desapareceram mais de 30 mil agricultores. “Na agricultura, os investimentos têm de ser feitos na altura própria do ano. Assim, é difícil ser competitivo”, afirma. A carteira de crédito às empresas, para o conjunto dos cinco maio- res bancos a operar no mercado nacional - CGD, BCP, BES, San- tanderTotta e BPI – registou, no final de 2007, um crescimento de 17,5%. A CGD lidera, com um aumento superior a 32%. O BCP surge em quarto lugar, atrás do BES e do BPI. Este crescimento é impulsionado pela actividade internacional. Pág. 41 Crédito às empresas cresce 17,5% LEIXÕES QUER GARANTIR POSIÇÃO DE REFERÊNCIA NAS CADEIAS LOGÍSTICAS SUPLEMENTO PORTOS �������������������������������������SEGUROS SEGURADORAS EXIGEM AS MESMAS REGRAS DOS PPR DO ESTADO Pág. 48 MERCADOS BOLSA ESQUIZOFRÉNICA COM UM “TITANIC” CHAMADO BCP Pág. 45 PME VINHO PORTUGUÊS REFORÇA INTERNACIONALIZAÇÃO COM PRESENÇA NA PROWEIN Pág. 41 INFORMÁTICA T-SYSTEMS CRESCE EM PORTUGAL Pág. 36 9 720972 000037 01239 “Ao aumentar o número de dias de férias, o Código do Trabalho criou um problema pelas expectativas que gerou. Está provada a inefici- ência da solução”, afirma António Dornelas, relator do Livro Branco das Relações Laborais, em entrevis- ta à “Vida Económica”. “Código do Trabalho criou um problema desnecessário com o aumento das férias” Pág. 19 Pág. 30

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Sentimento de impunidade favorece práticas anticoncorrenciais

Monopólio na distribuição provoca aumento dos preços

As cadeias de distribuição estão a infringir as leis da concorrência. Preços impostos, margens garantidas, recusa de fornecimento são práticas correntes, apesar de expressamente proibidas pela lei da concorrência. A consequência é a cartelização de preços, o agravamento do preço de produtos essenciais e o esmagamento de produtores e operadores de menor dimensão. Segundo apurou a “Vida Económica”, existe um sentimento de impunidade entre os grandes operadores já que as práticas proibidas constam dos contratos e da correspondência comercial trocada com os clientes.Algumas cadeias de distribuição impõem margens garantidas de 52% a fornecedores nacionais. E sempre que detectam preços no mercado abaixo do nível estimado impõem ao fornecedor o pagamento da diferença face à margem garantida.

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Nº 1239 / 07 Março de 2008 / Semanal / Portugal Continental 2€

www.vidaeconomica.pt

DIRECTORJoão Peixoto de Sousa

Apoios ao investimento na agricultura estão suspensos desde 2005Os apoios ao investimento na agricultura estão parados desde 2005. O atraso na aplicação do PRODER está a afectar milhares de pequenas explorações agrícolas. Luís Mira, secretário-geral da CAP, diz que, nos últimos anos, desapareceram mais de 30 mil agricultores. “Na agricultura, os investimentos têm de ser feitos na altura própria do ano. Assim, é difícil ser competitivo”, afi rma.

A carteira de crédito às empresas, para o conjunto dos cinco maio-res bancos a operar no mercado nacional - CGD, BCP, BES, San-tanderTotta e BPI – registou, no fi nal de 2007, um crescimento de 17,5%.

A CGD lidera, com um aumento superior a 32%. O BCP surge em quarto lugar, atrás do BES e do BPI.Este crescimento é impulsionado pela actividade internacional.

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Crédito às empresas cresce 17,5%

LEIXÕES QUER GARANTIR POSIÇÃO DE REFERÊNCIA NAS CADEIAS LOGÍSTICAS

SUPLEMENTO PORTOS

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SEGUROS

SEGURADORAS EXIGEM AS MESMAS REGRAS DOS PPR DO ESTADO

Pág. 48

MERCADOS

BOLSA ESQUIZOFRÉNICA COM UM “TITANIC” CHAMADO BCP

Pág. 45

PME

VINHO PORTUGUÊS REFORÇA INTERNACIONALIZAÇÃO COM PRESENÇA NA PROWEIN

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INFORMÁTICA

T-SYSTEMS CRESCE EM PORTUGAL

Pág. 36

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“Ao aumentar o número de dias de férias, o Código do Trabalho criou um problema pelas expectativas que gerou. Está provada a inefi ci-

ência da solução”, afi rma António Dornelas, relator do Livro Branco das Relações Laborais, em entrevis-ta à “Vida Económica”.

“Código do Trabalho criou um problema desnecessário com o aumento das férias”

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Longe, por alguns dias, da ebulição da política caseira, interessou-me per-ceber o momento político que se vive em França e, de passagem, acompanhar o debate eleitoral em Espanha, um e outro país, de resto, em tempo de elei-ções – municipais e legislativas respectivamente.

Ao contrário do sentimento que nós, portugueses, alimentamos relativa-mente à (melhor) qualidade de tudo o que se faz fora de portas, retiro, do que vi e li, que não sofremos de qualquer défi ce, nem de qualidades, nem de defei-tos, face ao que vai por esta Europa fora (esquecendo aqui, deliberadamente, o processo eleitoral dos Estados Unidos da América). Afi nal a luta política à nossa volta, hoje, anda muito longe do debate de ideias e de projectos para um futuro que já começou e se apresenta cheio de desafi os, tanto quanto de angústias e oportunidades. Desgraçadamente apenas parece contar, também naquelas disputas eleitorais, a resposta à espuma dos dias, o saber “quem lava-rá mais branco”, as antipatias pessoais e, naturalmente, o caderno de ilusórias promessas habitual.

O que vai fi cando é, manifestamente, a ideia de que os grandes da Europa se renderam já à evidência de que o motor de mudança deste novo mundo está a funcionar na Ásia e por aí fi cará por muito tempo. Daí que se ocupem, no quarteirão que lhes cabe, apenas de questões de caserna.

O que se passa em Portugal não é nada diferente, tão curtas são, também, as nossas actuais ambições na geopolítica mundial (e europeia, em particular). Sinal de que passamos, de facto, o tempo a dar tiros nos nossos pés, veio-me de um artigo de opinião que li no “Público” de 1 de Março, da autoria de Vasco Pulido Valente. O título era: “Um suicídio” e anunciava a morte do partido de Sá Carneiro e de Cavaco. Escrito, decerto, para consumo domés-tico e não longe de um espírito de retaliação recorrente ao seu autor: revela, todavia, quanto a política actual é mesquinha.

A quem interessa comparar um partido político a “um bando, dividido e perigoso, em véspera de um ajuste de contas que só o medo e a ambição precariamente unem”? E mesmo que o diagnóstico esteja correcto, não é a implosão do partido em causa (hoje, amanhã de outro qualquer) que vai resolver as questões nacionais e, logo, a de todos os cidadãos.

Creio que é preciso ir mais fundo na análise e procurar respostas para al-gumas perguntas fortes a que tem sido dada uma atenção fraca. Por exem-plo: como trazer para a vida político-partidária – a montante do exercício ocasional do poder de governar – gente de qualidade, futuros homens de Estado, cidadãos eticamente irrepreensíveis, homens radicalmente livres? É que, enquanto nas mentalidades prevalecerem ideias egoístas e negativas rela-tivamente ao colectivo e a cada um de nós, a política não será nunca uma arte de governação, mas de mera auto-satisfação de interesses pessoais através dos partidos e mediante actuações cada vez mais sofi sticadamente ilegítimas.

EMPRESAS CITADAS

Electronic Arts ........................9

Scania ....................................9

MAN ......................................9

VW .........................................9

Tetra Pak ..............................16

Grupo Pinto Brasil .................16

Vicaima ................................16

Sogrape. ...............................20

Carmim ................................24

Synovate ...............................29

H2Otel .................................29

EasyJet .................................29

IMB .....................................29

Unicre ..................................32

EDP .....................................32

BPI ......................................32

Société Générale ...................32

Diadora .................................32

Listopsis ...............................35

Toshiba .................................35

HP .......................................35

Altitude Software ...................35

Dell ......................................36

T-Systems .............................36

Logiciel ................................37

Inogate .................................37

CA .......................................37

Invesfer ................................40

Imorendimento ......................40

Kendall e Associados .............40

Imocom ................................40

José Maria da Fonseca ...........41

Herdade da Mingorra .............41

Grupo Amorim .......................41

Aveleda. ...............................41

BES .....................................42

BCP .....................................45

Rodex ...................................54

GM Portugal ..........................54

Fiat ......................................54

Iveco ....................................55

Torrié ....................................55

ACTUALIDADE

NESTA EDIÇÃO

Abertura

HUMOR ECONÓMICO

sexta-feira, 07 Março de 2008ACTUALIDADE2

Pág. 19Pág. 33 Pág. 9

“SUPER AFORRO MILLENNIUM REMUNERA

MELHOR QUE OS CERTIFICADOS DE AFORRO”

O artigo com o título em epí-grafe, publicado na edição de 29 de Fevereiro, na Página 41, continha algumas incorrec-ções. É referido que a emissão tem um montante máximo de 100 milhões de euros, quan-do, de facto, trata-se de 500 milhões. É também menciona-da uma comissão de “resga-te”, que não existe.O actual preçário do banco para a recompra de obrigações de caixa emitidas pelo BCP é zero. Quando se diz prémio de permanência de 0,525%, de-veria ser 1,5%, uma vez que as taxas são ao segundo ano de 0,125%, ao terceiro de 0,25%, ao quarto de 0,75% e ao quinto ano de 1,5%. Pelos lapsos cometidos pedimos as nossas sinceras desculpas à instituição fi nanceira visada e aos leitores, em geral.

INTERNACIONAL

EDITOR E PROPRIETÁRIO Vida Económica Editorial, SA DIRECTOR João Peixoto de Sousa COOR-DENADORES EDIÇÃO João Luís de Sousa e Albano Melo REDACÇÃO Virgílio Ferreira (Chefe de Redacção), Adérito Bandeira, Alexandra Costa, Ana Santos Gomes, Aquiles Pinto, Fátima Ferrão, Guilherme Osswald, Martim Porto, Rute Barreira, Sandra Ribeiro e Susana Marvão; E-mail [email protected]; PAGINAÇÃO Célia César, Flávia Leitão, José Barbosa e Mário Almeida; PUBLICIDADE PORTO Rua Gonçalo Cristóvão, 111, 6º Esq 4049-037 Porto - Tel 223 399 400 • Fax 222 058 098 • E-mail: [email protected]; PUBLICIDADE LISBOA Campo Pequeno, 50 - 4º Esq 1000-081 Lisboa • Tel 217 815 410 • Fax 217 815 415 E-mail [email protected]; ASSINATURAS Tel 223 399 456 E-mail [email protected]; IMPRESSÃO Naveprinter, SA - Porto DISTRIBUIÇÃO VASP, SA - Cacém E-mail [email protected] • Tel 214 337 000 - Fax 214 326 009

EMPRESA CERTIFICADA

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TIRAGEM DESTA EDIÇÃO: 21.500

4000 Município (Porto) TAXA PAGARegisto na D G C S nº 109 477 • Depósito Legal nº 33 445/89 • ISSN 0871-4320 • Registo do ICS nº 109 477

MEMBRO DA EUROPEAN BUSINESS PRESS

MINISTÉRIO DAS FINANÇAS ESCLARECE REMUNERAÇÕES DE GESTORES PÚBLICOS

“Na sua edição do passado dia 29 de Fevereiro, o jornal Vida Económica publicou, na página 4, na rubrica Económetro, uma notícia sobre o Mi-nistro de Estado e das Finanças, Fernando Teixeira dos Santos, que era referenciado com uma seta para baixo, devido a uma notícia feita com base em pressupostos falsos. De facto, nunca o Ministro de Estado e das Finanças se pronunciou nos referidos termos, nem no contexto citado, nem em qualquer outro, aos gestores públicos, ao contrário do que diz a notícia. Ou seja, é falso que tenha alguma vez afi rmado que os vencimentos dos gestores públicos devam ser sujeitos às regras do mercado, referindo-se sim aos demais gestores. Os gestores públicos, como é sabido, são regidos pelo Estatuto do Gestor Publico, aprovado pelo Decreto-Lei 71/2007, de 27 de Março.”

Gabinete do Ministro de Estado e das Finanças

VINHO PORTUGUÊS REFORÇA INTERNACIONALIZAÇÃO COM PRESENÇA NA PROWEINSerá a maior comitiva de sempre na ProWein, que decorre de 16 a 18 de Março. O sector vitivinícola nacional parece ter tomado consciência que o mercado é global e que ser bom não chega. A promoção dos seus vinhos é decisiva. As empresas apostam em certames especializados de grande dimensão.

PARAÍSOS FISCAIS FACILITAM A EVASÃO FISCALO problema é recorrente. Os paraísos fi scais continuam a existir e são refúgio de algumas das maiores fortunas do mundo. À me-dida que surgem escândalos de contas secretas, as preocupações são também maiores. Muito se esconde em pequenos estados, os quais representam alguns dos maiores centros fi nanceiros a nível internacional.

“CÓDIGO DO TRABALHO CRIOU PROBLEMA DESNECESSÁRIO COM AUMENTO DAS FÉRIAS”O ministro Vieira da Silva vai apresentar uma proposta ofi cial do Código do Trabalho. A “Vida Económica” entrevistou António Dor-nelas, relator do Livro Branco das Relações Laborais. Na sua ópti-ca, o mercado já está sufi cientemente segmentado, o que tende a benefi ciar os prevaricadores.

RECTIFICAÇÃO

NÓS PODEMOS

É preciso ir mais fundo na análise e procurar respostas para algumas perguntasfortes a que tem sido dada uma atenção fraca.

CAUSAS DO DIA-A-DIA

ANTÓNIO VILARADVOGADO

antoniovilar@antoniovilarpt

NEGÓCIOS E EMPRESAS

DIREITO DE RESPOSTA

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Fonte COMISSÃO EUROPEIA

Fonte INE

13,2 mil milhões de euros

Previsão de dívidas fiscais

para este ano

70 diasPrazo de aprovação dos projectos QREN

TENDÊNCIASECONÓMETRO

PIB PER CAPITA NACIONAL AINDA LONGE DA CONVERGÊNCIA EUROPEIA

VOLUME DE NEGÓCIOS NO COMÉRCIO A RETALHO RECUPERA (variação homóloga, %)

FARIA DE OLIVEIRAA Caixa Geral de Depósitos recebeu autorização para começar a operar no Brasil. Foram dois longos anos de espera, mas finalmente apareceu a anuência das autoridades brasileiras. Banco Caixa Geral Brasil será a designação do maior banco nacional naquele país, o qual continua a oferecer boas oportunidades de negócio. Numa primeira fase, Faria de Oliveira pretende investir cerca de 40 milhões de euros para arrancar com o negócio ainda este ano. Um passo importante para o banco estatal português no seu processo de internacionalização.

JOSÉ SÓCRATESA semana do primeiro-ministro ficou marcada por dois acontecimentos positivos. Por um lado, os PPR do Estado. A adesão dos Portugueses a este produto financeiro superou as expectativas, ainda que a sua aquisi-ção se prenda com a instabilidade económica que se vive. Para todos os efeitos, é um bom instrumento para suscitar a poupança. Por outro lado, foi dada a garantia que os projectos do QREN serão aprovados num prazo máximo de 70 dias, o que é muito positivo para as PME, em particular. Entretanto, outra boa notícia foi a decisão da VW de iniciar a produção de mais um modelo no nosso país, o Scirocco.

MARIANO GAGOO ministro da Ciência e do Ensino Superior poderá ter perante si um grave problema por resolver. O desemprego vai chegar em força ao corpo docente do ensino superior. Tudo indica para que cada um em três pro-fessores deixe de ter trabalho. São sobretudo os assistentes que têm os seus lugares em risco. A medida que impede a nomeação definitiva até tem razão de ser, mas haveria que encontrar soluções dignas e dentro do bom senso para esta situação.

90%Percentagem

dos portugueses com telemóvel

Jan./07 Fev./07 Mar./07 Abr./07 Mai./07 Jun./07 Jul./07 Ago./07 Set./07 Out./07 Nov./07 Dez./07 Jan./07-2

-1

0

1

2

3

4

2001 2002 2003 2004 2005 20060

20

40

60

8072.6 72.5

67.3 66.1 65.866.3

sexta-feira, 07 Março de 2008 3ACTUALIDADE

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Descontos levantam dúvidas fiscais

Os descontos que as cadeias de distribuição atribuem em vales ou cartão susci-

tam questões fiscais complexas.O nível de desconto pode atin-

gir 50%, 60% ou mesmo, 75% (50%+25%) em cadeias como o Jumbo ou a Modelo Continente.

Na primeira compra, as cadeias de distribuição liquidam o IVA pela totalidade (na maior parte dos casos à taxa normal de 21%), pelo que, na realidade, o descon-to concedido sob a forma de cartão ou vales é superior ao incluir o valor do imposto.

Numa compra de J100 com IVA à taxa de 21%, o talão ou factura menciona o valor do produto (J82,64) e o valor do IVA (J17,36). O desconto de 50% creditado representa de facto 60,5% porque a base de cál-culo inclui o IVA e a Administra-ção Fiscal não costuma praticar descontos.

Quando o cliente utiliza o cré-dito do desconto para pagar ou-tros produtos na segunda compra, o IVA volta a ser liquidado pela totalidade e mencionado no talão ou factura porque esta transacção é independente da primeira.

Com descontos mais elevados (60% praticados pela cadeia Jum-bo), ou 75% praticados pela Mo-

delo Continente, 50% + 25%), a receita efectiva do operador é quase residual após a liquidação do IVA.

Num desconto anunciado de 60%, o desconto efectivo após impostos é de 72,6%, recebendo o operador apenas 27,4% do va-lor pago pelo cliente. E com um desconto total de 75%, o descon-to efectivo com o pagamento do IVA atinge 90,7%, recebendo o operador apenas 9,3% do preço

normal do pro-duto. Esta recei-ta quase residual dos operadores que praticam este tipo de descon-tos inclui não só o custo dos pro-dutos devido ao fornecedor mas

também a margem comercial da cadeia de distribuição.

Em face das normas em vigor, não parece haver possibilidade de reduzir a incidência de IVA para contrabalançar a atribuição do desconto. Na medida em que na primeira compra a atribuição do desconto é posterior à transac-ção, tecnicamente, não é possível abater ao valor da factura para reduzir a tributação em IVA. Se fosse feita essa dedução, o cliente poderia não chegar a utilizar pos-teriormente o crédito concedido, pelo que haveria perda efectiva de receita de IVA.

Justiça internacionalé severa nos crimesde cartelização de preços

Um artigo publicado pelo “The Economist” em Fevereiro deste ano, in-

titulado “Ladrões bem vestidos”, aponta para uma justiça eficaz e severa contra os crimes.

O caso ocorreu em Grimsby, uma cidade no estuário de Hum-ber, na costa de Inglaterra. uma localidade pouco óbvia para ser considerada um ponto de refe-rência ao nível da criminalidade de colarinho branco.

Esta cidade, que em tempos se caracterizou pela próspera pesca marítima, agitou as páginas dos jornais há três anos atrás quando a Unilever, uma empresa alimentar, anunciou que pretendia encerrar a sua fábrica de douradinhos (pa-nados de peixe) aí localizada. To-davia, três administradores, dois deles antigos colaboradores da Dunlop Oil and Marine, sediada em Grimsby, serão julgados em Inglaterra pelo seu envolvimento num cartel de fixação preços.

Os três alegaram já a sua ino-cência na América numa conspi-ração que dividiu o mercado das mangueiras marítimas (oleodutos) – utilizados para drenar o petró-leo dos barcos petroleiros para os armazéns. Os arguidos enfrentam pena de prisão de acordo com os termos de um acordo entre a de-fesa e os promotores públicos da acusação nos EUA. O tempo pas-sado nas prisões britânicas será descontado nas sentenças aplica-

Num desconto anunciado de 60%,o desconto efectivo

após impostosé de 72,6%

EFAPEL entra em novos mercados

A EFAPEL – Empresa Fabril de Produtos Eléctricos re-força a sua capacidade de

exportação, estando em vias de entrar em mais quatro novos paí-ses: Dinamarca, Noruega, Mace-dónia e Líbia. A Índia e os Estados Unidos da América são também dois mercados em estudo, onde a empresa poderá vir a distribuir os seus produtos. A concretizarem-se estes planos, a EFAPEL passará a comercializar os seus produtos para mais de 50 países.

“O crescimento sustentado

da vertente da exportação tem garantido à EFAPEL um bom desempenho das suas vendas glo-bais, tendo em conta o clima de forte concorrência que o sector vive em Portugal”, como refere Américo Duarte, presidente do grupo.

A empresa espera manter este ano o forte crescimento das ven-das verificado no ano passado, prevendo uma subida da factu-ração de 24% face a 2007, ano em que atringiu os 18,4 milhões de euros, mais 23% em relação a 2006, em termos globais, e mais de 30% ao nível da exportação. Nos últimos três anos, a empresa registou, assim, um crescimento, em termos acumulados, de 75%.

Investimento reforçado

Além da internacionalização, que é suportada por um forte investimento na participação em feiras internacionais e outras acti-

vidades de promoção, a empresa aplicou uma parte importante das suas receitas – cerca de 11,5%, em 2007 – em investimentos em activos fixos. A maioria dos 2,1 milhões de euros investidos pela empresa em 2007 em activos fi-xos destinaram-se à moderniza-ção de equipamentos industriais com vista a garantir importantes ganhos de produtividade e a au-mentar a capacidade instalada, e ainda ao lançamento de novos produtos.

Este ano, destacam-se também os investimentos previstos nas áreas da formação e da investiga-ção e desenvolvimento, de, res-pectivamente, 156 mil e 800 mil euros.

A empresa de Serpins (distri-to de Coimbra) é especializada no desenvolvimento e fabrico de produtos para instalações eléctri-cas de baixa tensão, telecomuni-cações, som ambiente e calhas técnicas.

Sonaecom apresenta resultados recorde e espera manter crescimentotelevisão digital terrestre e criação de um operador móvel virtualno topo da agenda da operadora para 2008

A Sonaecom apresentou aqueles que, para a em-presa, são os melhores re-

sultados anuais de sempre, após ter alcançado lucros líquidos na ordem dos 36,8 milhões de euros, contra os 9,7 milhões alcançados em período homólogo. Com um volume de negócios consolidado de 892,7 milhões de euros, 8,6% acima do valor registado em 2006, este foi o resultado mais elevado da sua existência. Já o EBITDA consolidado, aumentou 3,3%, para os 162 milhões de euros em 2007, gerando uma margem de 18,1%, em relação à de 19,1% registada em 2006. Na área do negócio móvel, o EBITDA foi de 153,7 milhões de euros, uma redução de 15,3 milhões face a 2006. No fixo, este cifrou-se nos 9,8 milhões de euros, um aumen-to de 16 milhões de euros quando comparado com 2006.

No que se refere às receitas de ser-viços consolidados, estas aumenta-ram 11%, para os 813,6 milhões de euros, quando comparadas com o ano de 2006. Segundo a empre-sa, para este resultado contribuiu o desempenho do negócio fixo e móvel — com um crescimento de 27,8 e 3%, respectivamente —, o aumento de 18,6% das receitas de serviços na SSI e a redução de 8,4% nas receitas de publicidade no jornal “Público”. Os clientes do negócio móvel da empresa au-mentaram em 11,2%, para os 2,89 milhões de euros no final de 2007, com a Optimus a ser o operador que “mais cresceu no ano passa-do”. Os serviços do negócio fixo, incluindo os relativos às recentes aquisições, totalizaram 815,6 mil, tendo a taxa de crescimento anual, numa base comparável, crescido para os 17%.

A entrada nos novos mercados fará aumentar a fatia da exportação para 35% das vendas globais da empresa

sexta-feira, 07 Março de 2008ACTUALIDADE4

das nos EUA. O julgamento bri-tânico será o primeiro de acordo com os novos poderes concedidos em 2003 e reflecte uma linha de actuação mais severa contra a fi-xação de preços nos países desen-volvidos. Há muito que os cartéis são proibidos, mas muitos países adoptaram recentemente sanções criminais. A conspiração com vista a manipular os mercados é punida com pena de prisão na Alemanha, França, Irlanda, Japão e Canada, bem como nos EUA e Inglaterra. A Austrália prepara-se para se juntar ao clube. O seu novo Governo, liderado por Ke-vin Rudd, confirmou o mês pas-sado que incluiria a participação em cartéis nos crimes com direito a pena de prisão.

O Capital Expenditures (CA-PEX) consolidado foi de 235,8 milhões de euros, enquanto o CAPEX operacional foi de 162,8 milhões de euros, um valor 21,4% acima do registo em 2006. Este re-sultado representa 18,2% do volu-me de negócios. De acordo com a empresa, este aumento do CAPEX operacional resulta de elevados in-vestimentos, quer na área de negó-cio móvel quer no fixo. Um capital que foi aplicado no desenvolvi-mento da rede UMTS/HSDPA (36%), na rede GSM (15%), na área de Tecnologias e Informação/Sistemas de Informação (15%), 11% na rede de suporte ao negó-cio directo de banda larga e, até ao terceiro trimestre de 2007, nos custos de desenvolvimento do pro-jecto de Triple Play (capitalizados). O CAPEX consolidado inclui 10,5 milhões de euros relativos à contri-buição para o programa “Socieda-de de Informação” e investimentos em aquisições, que totalizaram 58,6 milhões de euros.

De acordo com o presidente da Sonaecom, Ângelo Paupério, “este crescimento é para manter

em 2008, por via orgânica, e nun-ca abaixo do valor atingido em 2007”, adiantando que, ao nível do EBITDA, é prudente que ve-nha a esperar “o mesmo nível de rentabilidade em euros do que no ano passado”. Em termos de investimento, o responsável asse-gurou que “têm planeados vários, mas que estes não serão ao mesmo nível dos de 2007”. O responsável avançou ainda que o segmento da empresa que mais cresceu foi o da internet móvel.

Em relação ao concurso para a televisão digital terrestre (TDT), Ângelo Paupério admitiu que a empresa está a estudar o que vai fazer em relação a este e se irá concorrer com o suporte de par-cerias, preferindo não adiantar mais pormenores. O adminis-trador da Sonaecom confessou ainda que a empresa mantém o interesse em ter um opera-dor móvel virtual na sua rede da Optimus, depois de ter ficado de fora do dos CTT e da Zon.

TIAGO [email protected]

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Produtos alimentares de primeira necessidade sob forte pressão de subida

Práticas anticoncorrenciais penalizam empresas e consumidores

A “guerra” dos descontos é uma prática comum na grande distribuição. A es-

tratégia comercial é atrair o con-sumidor às promoções de preço. Só que estas promoções são mui-to limitadas, abrangendo apenas alguns produtos. No restante, o consumidor depara-se com pre-ços altos, sobretudo nos bens de primeira necessidade, que aumen-tam quase todos os dias e que têm preços iguais em praticamente quase todos os pontos de venda.

Há explicações para isto. Regra geral, como ninguém dá nada a ninguém, o desconto permitido pelo fornecedor ao distribuidor é concedido a troco de contraparti-das, envolvendo práticas proibi-das pela lei da concorrência.

E há vários exemplos disso. Num caso, que envolveu a FIMA, do grupo Unilever, e um armaze-

ASAE e AdCcom funções trocadas?A apreensão recente, por parte da ASAE, de latas de Coca-Cola, que estavam a ser vendidas nas lojas Intermarché a 19 cêntimos, na sequência de uma denúncia da Refrige, é sinal de que algu-ma coisa está mal no mercado. Tiago Lima, responsável pelas Relações Externas da Refri-ge, disse à VE que a queixa na ASAE sobre a venda com preju-ízo praticada nas lojas Intermar-ché, quanto às latas de 33cl, ti-nha por base a violação da lei da concorrência (DL nº 140/989). A Coca-Cola é um dos produtos que apareceu na lista dos des-contos de 50% oferecidos pelo grupo Sonae, uma prática que aponta também patra a venda com prejuízo. Contudo, quando questionado sobre estes descon-tos, o responsável da Refige diz apenas “não sei responder”.Do lado do Intermarché, con-sideram que a apreensão das referidas latas de Coca-Cola é ilegal, porque, disseram-nos, o produto estava em perfeitas condições de consumo, não havendo, portanto, violação da segurança alimentar.Porque não actua também com igual intensidade a AdC nestas situações de infracção à lei da concorrência é grande questão do momento. Se os descontos sobre o produ-to de 50% e 75% – praticados pelo Continente – apontam para uma igual prática de venda com prejuízo, porque não se actua também sobre esta situação?Será que é preciso – como nos disse um desse pequenos operadores que, com medo de represálias, não dá o nome – tro-car os presidentes da ASAE e da AdC?

PRODUTOS ALIMENTARES SOFREM FORTE PRESSÃO DE SUBIDA

No sector do comércio alimentar impera a leido mais forte. Os grandes operadores e produtores acertam os preços de venda ao público a seu bel- -prazer. A falta de regulação de concorrência potenciaa criação de distorções que são incomportáveispara todos os pequenos intervenientes.No fim da linha, são penalizados os pequenos produtores, os retalhistas e os consumidores.

sexta-feira, 07 Março de 2008 5ACTUALIDADE

Produto Preço 2007

Preço actual*

Variação %

Óleo Fula 0.99J 1.79J 80%

Arroz Extra Longo 0.49J 0.69J 40%Esparguete Milaneza 0.39J 0.59J 51%

Leite Meio Gordo Agros 0.49J 0.64J 30%

Atum Bom Petisco 0.79J 1.29J 63%

Queijo Limiano 5.99J 7.59J 26%

(*) Confirmado pela VE junto das lojas Modelo e Pingo Doce do Grande Porto.

As situações de violação da lei da concorrência impõem um dever de actuação cada vez mais eficaz por parte das entidades competentes.

nista, foi concedido um desconto de 2%, pago em nota de débito, desde que se verificasse, durante quatro meses, o “fim das compras de produtos Fima/Bestfoods da firma X no mercado” e o “cumpri-mento integral dos PVP sugeridos pela FIMA/Bestfoods em todas as categorias de produtos por esta comercializados”

Noutro caso, desta vez envolven-do a Lactogal, a proposta negocio-nal impõe à firma Y, para além do cumprimento dos volumes acor-dados, “que o PVP do leite UHT m/g se situe acima dos �0,465” a partir de determinada data. “Ex-cepcionalmente, na loja de Fama-licão no próximo da 23.06, o PVP de cocolate 200 ml Agros será de 0,17 e o do leite magro e gordo de 0,50, devendo os mesmos estabi-lizar a partir de dia 26.06 para os preços normais de mercado”, pode ler-se na mesma proposta.

Um mês mais tarde, a Lactogal volta a dar instruções à firma Y: “de forma a estabilizar o preço de mercado leite uht meio-gordo Agros, recomendo um PVP míni-mo de 0,51, a partir de amanhã nas três lojas (Famalicão, Porto e Valongo). Caso assim não aconte-ça, e depois de confirmado, outros operadores (tais como Recheio e Macro), regularizaram os respec-tivos PVP? no dia seguinte”.

Por fim, num acordo firmado entre a Cibal/Grupo Sumol e a empresa W, a oferta promocional tem também como contrapartida, entre outras coisas, o cumprimen-to de preços “indicados pela Ci-bal”.

Tudo isto são comportamentos de mercado que violam a Lei nº 18/2003, que proíbe taxativa-mente a prática de acordos entre empresas que se traduzam em “fi-xar, de forma directa ou indirecta, os preços de compra ou de venda ou interferir na sua determinação pelo livre jogo do mercado, indu-zindo, artificialmente, quer a sua alta quer a sua baixa”.

Práticas não aceitespela lei da concorrência

Há práticas que não são aceites pela lei da concorrência.

Primeira situação: a discrimi-nação nas condições de compra. Neste caso, os fornecedores, pressionados pelos grandes gru-pos, promovem fortes diferenças nos preços de venda, asseguran-do uma margem de comercia-lização leonina para os grandes operadores e margens incom-portáveis para os restantes ope-radores.

Operador Preço líquido Contrato em factura Preço mínimo de vendaCom posição dominante 100J 35% 65JRestantes operadores 100J 20% 80J

Conforme se pode verificar no quadro acima, existe uma grande diferença de competitividade entre os dois tipos de operador.

Segunda situação: os preços acordados. Com a finalidade de evitar a promoção de negociação por parte dos clientes, o fornecedor procede ao alinhamento de preços de venda dos produtos. São utiliza-das diversas formas de pressão para assegurar o cumprimento do preço de venda: redução de condições comerciais, bloqueio/atraso de en-tregas etc.

A atribuição de um prémio em valor para assegurar a concertação de preços elimina a competitivida-de e consequente redução de pre-ços ao consumidor final .

Terceira situação: as práticas de margem garantida. Aqui, o forne-cedor firma com os grandes ope-radores um acordo que assegura uma margem de comercialização mínima de X %, margem muito acima da normal do mercado. O preço de venda é acordado com o fornecedor, podendo no entanto o distribuidor reagir a qualquer pre-ço do mercado que encontre num competidor. A perda de rentabili-dade quando o distribuidor reage a um preço do mercado é totalmen-te suportada pelo fornecedor.

Este tipo de acordo, além de dis-torcer a livre competitividade en-tre distribuidores, tem como efei-to perverso a subida artificial dos preços por imposição do fornece-dor para evitar suportar os custos associados à descida de preço dos grandes operadores.

A questão que se levanta neste momento é de que forma a Au-toridade da Concorrência controla com eficácia todas estas práticas contrárias à livre competitividade entre os operadores.

Pequeno empresário, retalhista e consumidor penalizados

Os operadores de menor dimen-são observam que têm sido aprova-das aquisições que asseguram um aumento do poder negocial dos dois maiores operadores nacionais (em alguns fornecedores estes dois operadores chegam a valer 70% da facturação), sem nenhuma ga-rantia, por parte da Autoridade da Concorrência, de nivelamento de condições comerciais entre os di-versos distribuidores.

Mantendo-se as coisas como es-tão, a pequena indústria/agricultu-ra, por falta de dimensão, deixam de ter capacidade de fornecimento

que acompanhe o aumento de di-mensão da grande distribuição. Os fornecedores, que apenas forne-ciam a organização adquirida, per-dem o cliente. A falta de uma fis-calização eficiente aumenta o risco de as discriminações nas condições de compra poderem ser ampliadas por aumento do poder negocial dos grandes operadores.

Perante esta realidade, não é difícil adivinhar que muitos dos pequenos retalhistas em dificulda-des vão ver as suas dificuldades au-mentadas e eventualmente cessar actividade.

Relativamente ao consumidor final, resta saber se é ele que vai pagar a factura da redução de ven-da por M2. A situação promove o aumento da margem de interme-diação e, em resultado, o aumento dos preços a partir de um limite em que os fornecedores já não po-dem dar mais prémios de desconto ao grande distribuidor.

Uma coisa é certa, numa situa-ção de dificuldade para o pequeno empresário, retalhista e consumi-dor final, a falta de regulação de concorrência potencia a criação de distorções que, ao cabo e ao resto, são incomportáveis para todos os pequenos intervenientes.

VIRGILIO [email protected]

Neste momento, existe uma grande pressão inflacio-nista nos produtos alimentares de primeira neces-sidade. Esta é a opinião de alguns operadores de mercado. A subida do preço do petróleo e do custo das ma-térias-primas não explica tudo na forte subida re-gistada em alguns produtos alimentares nos últimos meses. Com a liberalização das licenças assistiu-se a um conjunto de aberturas de grandes superfície por todo o país, algumas delas mal dimensionadas para a sua localização. Os grandes distribuidores procuram salvaguardar as margens de venda e os fornecedores fazem o mes-mo, procurando compensar as campanhas de pro-moção de redução do preço com a salvaguarda de algumas práticas anticoncorrenciais fora da grande distribuição. No fim da linha estão os que não têm poder negocial, nomeamente pequenos produtores, retalhistas e consumidores. Os índicies de inflação, porque consideram um ca-baz específico de compras, não reflectem a evolução

do aumento de preços e do impacto destes aumen-tos no orçamento familiar.Na tabela abaixo, poderemos ver alguns exemplos que confirmam uma subida muito superior às estimativas de 15% e 20% de alguns especialistas na matéria:

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O que é o sucesso?Apercebi-me recentemente de que tenho es-

crito e falado bastante sobre o sucesso, sem nun-ca ter tido a oportunidade de o definir. Ouvi, não há muito tempo, uma definição curiosa que o identificava como a possibilidade de ter todas as coisas que o dinheiro pode comprar, sem abdicar das que não pode. Resolvi reflectir um pouco mais e cheguei a um conceito que me pareceu interessante.

Imagino o sucesso como um diamante. Um perfeito diamante que vamos buscando e lapi-dando ao longos das nossas vidas e que deixare-mos às gerações vindouras.

A ponta superior deste diamante seria a paz de espírito. A possibilidade de viver de uma forma perfeitamente equilibrada e em harmonia com os nossos valores e convicções mais profundas.

Livre de todos os medos. Livre de todas as angústias. Eliminando das nossas vidas tudo aquilo que nos causa algum tipo de stress ou más sensações.

A ponta deste diamante será, depois, sustentada na sua metade superior, por três pilares.

O primeiro será a saúde, forma física e energia. Para que nos sintamos e pareçamos bem será fundamental assegurar este pilar. Para sentirmos a vitali-dade que nos permite perseguir os nossos objectivos. Para sentirmos a alegria de estarmos vivos. Como é que isto se consegue? Acho que, no fundo, todos nós sabemos... Exercício físico, tranquilidade e uma alimentação cuidada são seguramente os caminhos para este objectivo.

O segundo destes pilares será o estabelecimento de relacionamentos emocio-nais gratificantes. Um dos investimentos mais importantes das nossas vidas e de que, por vezes, nos esquecemos. As relações medem o nosso nível de sucesso enquanto seres humanos, uma vez que são a explicação para grande parte das sensações que experimentamos, nomeadamente as de felicidade e infelicida-de. Comecemos, em primeiro lugar, pelas pessoas que nos são mais próximas, como o nosso círculo familiar, passemos depois a um segundo nível onde esta-rão as nossas amizades e a partir daí alargando a área de influência desse anel a novas pessoas.

O terceiro será a independência financeira. Ter o suficiente para que não tenhamos de nos preocupar com dinheiro o tempo todo. Não é o dinheiro que é a origem de todos os males. É a sua falta que é a origem de todos os males! Mas o que é independência financeira? Será a nossa capacidade de viver, con-fortavelmente, dos rendimentos gerados pelos activos que detemos. Ou seja,

nem precisarmos de trabalhar para viver, nem estarmos a consumir a riqueza que antes criámos. Grande parte do stress, ansiedade e preocupações que expe-rimentamos nos dias de hoje são causados pela falta de dinheiro. Dessa forma, sem dinheiro não temos paz de espírito, boas relações e nem sequer saúde.

Descendo para a segunda metade do nosso diamante, teremos um primeiro nível onde encontraremos valores, ideais e objectivos válidos. A vida não vale a pena se não tivermos uma direcção. Se não tivermos algo por que lutar, algo que defender, algo que passar aos outros. O que é que dá sentido às nossas vidas? O que é que nos faz felizes?

Finalmente, na ponta de baixo do diamante, a realização pessoal. E este é mais um conceito que normalmente temos dificuldade em definir. Para mim realização pessoal é a convicção de que somos a melhor pessoa que podemos ser. De que estamos a aproveitar ao máximo o nosso potencial. De que temos razões para nos sentirmos orgulhosos de nós próprios.

Se pensarmos que as nossas empresas nos servem, acima de tudo, para que possamos ir lapidando o nosso diamante pessoal, ou, dito de outra forma, nos servem para termos uma vida melhor, então os princípios de sucesso empresa-rial não deverão andar muito longe dos princípios de sucesso pessoal.

Assim, a empresa deve trazer paz de espírito ao empresário. Deve estar sis-tematizada a ponto de as suas operações funcionarem como um relógio, inde-pendentemente da sua presença. Dessa forma o empresário, para além de viver tranquilo, liberta tempo que lhe dá disponibilidade para outros projectos e continuar a criar riqueza.

O tempo que liberta deverá ainda servir-lhe para que possa cuidar da sua saúde. Que se possa dedicar a actividades de bem-estar, que lhe proporcionarão também mais energia para se concentrar noutros projectos que possa ter, para além de uma maior qualidade de vida.

O ambiente e cultura relacionais devem ser uma prioridade, de forma a que não só todos se sintam bem nos seus locais de trabalho mas também que pos-sam actuar no máximo do seu potencial.

A empresa gerará, consistentemente, o “cash flow” necessário para a nossa vida desafogada e trazer o retorno esperado sobre o nosso investimento e tam-bém criará capital de investimento noutras oportunidades.

Desempenhará um papel activo na sociedade. Defenderá valores e princípios válidos e honrados e estará orientada para servir a comunidade em perfeita harmonia ecológica e de responsabilidade social.

Estará orientada para o crescimento constante e para remunerar todos os “stakeholders”. Para ser sempre melhor e para que nos possamos sentir orgulho-sos dela.

Tanto individualmente como a nível empresarial, é nesta interdependência de factores que descubro aquilo a que me atrevo a chamar de sucesso. Cada parte deste diamante alavanca-se nas outras e juntas dão sentido ao que quere-mos tirar da vida.

Marketing e estratégias comuns são receitas para captar espectadoresDebate promovido pelo IPAM discute sustentabilidade dos clubes de futebol nacionais

Os clubes de futebol devem alterar as suas es-tratégias de gestão a longo prazo e aproximarem-se das comunidades envolventes, no sentido de garantirem a sua viabilidade económica, poten-ciando a atracção dos espectadores aos estádios. Esta foi a principal conclusão do debate promo-vido pelo Instituto Português de Administração e Marketing, que reuniu responsáveis do mundo do futebol, incluindo o presidente da Liga Portu-guesa de Futebol Profissional (LPFP), Hermínio Loureiro.

A liga portuguesa de futebol, na época 2006/2007, ficou em 10ª posição, no conjunto das 39 ligas europeias, no que toca à assistência nos estádios, numa média de 11 mil espectadores, con-tra os 39 mil da Alemanha, 32 mil da Inglaterra, 30 mil de Espanha e 22 mil em Itália, os quatro melhores posicionados. Para Hermínio Loureiro, “existe a tendência para comparar o incomparável”, uma vez que é preciso “ter em conta a dimensão geográfica e económica de Portugal em relação às ligas mais fortes da Europa”. Não obstante, sempre adiantou que, em 2006, “Portugal vendeu cerca de 29 bilhetes por cada mil habitantes, contra 26 na Alemanha e Inglaterra”.

Mas quais as razões pelas quais os espectadores vão ou não aos estádios, afinal o tema principal do debate? Daniel Sá, director do IPAM, referiu seis factores essenciais: motivacionais (diversão, entretenimento); a performance do clube; factores económicos, como os preços dos bilhetes; factores competitivos, como as transmissões televisivas; ra-zões demográficas; aspectos de conforto, segurança ou mobilidade relacionados com os estádios.

Hermínio Loureiro citou um estudo efectuado pela Liga segundo o qual “existem cinco milhões de portugueses que nunca foram ao futebol”, dos quais 1,7 milhões apontavam como razão principal “o elevado preço dos bilhetes”. Nesse sentido, disse, a LPFP “baixou o preço dos ingressos em 15%”, cifrando-se num valor médio de 36,5 euros.

Por outro lado, reconheceu, “a Primeira Liga actual não estimula a ida aos estádios dada a sua reduzida competitividade”, ao contrário do que se passa na Segunda Liga, esta “altamente disputada”. A própria prática do futebol, “tendencialmente de-fensivo”, não contribui para a sua espectacularida-de. Mas, à parte as razões do jogo jogado, existem

causas mais estruturais que conduzem a este estado de coisas.

Hermínio Loureiro garante que “existe um in-dividualismo que prejudica a competição no seu todo”. E interroga-se: “Por que razão é impossível juntar à mesma mesa os presidentes do Sporting CP, FC Porto e SL Benfica?”

Esse individualismo, garante, é prejudicial aos próprios clubes de futebol, “que se vêem impedi-dos de aceder aos fundos comunitários”. O presi-dente da LPFP é da opnião que “o QREN deve ser aberto à possibilidade de melhoria das infra-estru-turas desportivas”.

Aumento das receitas envolve atracção do público feminino

O presidente da SAD do Leixões Sport Club, Carlos Oliveira, assumiu que as receitas de bilhe-teira e sócios representam entre 10% e 15% das receitas do clube, consoante este se encontre a dis-putar a I ou II Liga. Aliás, disse, sempre que um clube baixa de escalão, “as receitas descem 90%, enquanto os custos baixam apenas de 10” a 15%”. O presidente do Varzim SC, Lopes Castro, é da opinião que “o formato da II Liga deve ser repen-sado, pois é economicamente inviável, e ainda mais o é a partir da II Divisão B”.

O presidente da LPFP considerou que a me-lhoria das receitas dos clubes passa pela atracção de mais pessoas aos estádios, nomeadamente mu-lheres.

“É necessário melhorar as receitas da II Liga, que é um mercado de grande potencial, dada a sua competitividade e dispersão geográfica”. Hermínio Loureiro disse que, esta época, o orçamento da LPFO cresceu de seis para 12 ME, dada a criação de uma nova competição, a Taça da Liga, que per-segue esse objectivo: “Pela primeira vez uma com-petição em Portugal irá distribuir três milhões de euros pelos clubes participantes”, sendo que, dos 10 que mais receita arrecadarão, cinco pertencem à II Liga. Também com esta competição, 30% das receitas televisivas serão distribuídas por todos os clubes.

MARC [email protected]

sexta-feira, 07 Março de 2008ACTUALIDADE6

SUCESSO E LIDERANÇA

Paulo de VilhenaPrincipal & General

Manager da ActionCOACH Portugal.

A empresa deve estar sistematizada a ponto de as suas operações funcionarem como um relógio, independentemente da presença do

empresário.

Receitas de bilheteira e de sócios não garantem, por si só, a viabilidade financeira dos clubes de futebol.

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SerenidadeA. MAGALHÃES PINTOEconomista

[email protected]://poliscopio.blogspot.com

Não costumo ser permeável a ape-los das figuras políticas. Tenho por hábito pensar pela minha

cabeça e desconfiar que os apelos são feitos para atingir objectivos não ime-diatamente visíveis. E passo por eles com alguma indiferença. Mas devo confessar que o apelo recentemente efectuado pelo Senhor Presidente da República, a pro-pósito do desaguisado monumental que para aí vai na área da Educação, visando chamar-nos a um momento de serenida-de, mexeu comigo. Mexeu e continua a mexer. Já lhe conto porquê, meu Caro Leitor.

Tudo começou por alturas do início deste ano. Despertava eu para o facto de que as perdas enormes sofridas pelos ac-cionistas do Millennium/BCP – e, por-tanto, por mim também – tinham res-ponsáveis. O Banco havia-se metido em traficâncias ilegais, dando por realizados aumentos de capital que o não tinham sido. O Banco é um eufemismo. Porque o Banco não tem quereres. Quem tem quereres são os responsáveis pelas deci-sões que conduziram à nefasta situação. Pequenino, eu, fui apanhado no meio da tramóia sem ter tido nenhuma oportu-nidade para a detectar, a denunciar e me defender. De alguma maneira, eu estava sentado num sofá, em casa, de pantufas calçadas, crente de que as autoridades públicas a quem incumbe vigiar essas coisas que se aproximam da vigarice ve-lariam por mim. Puro engano. Doeu-me. Sofri. Mas não perdi a serenidade.

A seguir veio a legislação sobre a proi-bição de fumar em diversos espaços, in-cluindo os espaços públicos. Aprovada pelos preocupados deputados da minha Nação. E nos espaços públicos (edifícios do Estado), abertos ou fechados, nem ver o tabaco. Ora aí estava uma lei que tinha a ver comigo. É que eu sou fumador. Po-rém, logo tomei conhecimento de que os mesmíssimos e preocupados deputados tinham reservado umas varandas do edi-fício da Assembleia da República para sa-tisfazerem o vício, aqueles que o tinham. Ainda ameacei perder a calma. Mas foi só ameaço. Não perdi a serenidade.

Quase ao mesmo tempo, a Ministra

da Educação iniciava o seu périplo pelos mais esconsos lugares da sua personali-dade autoritária e determinava: nada de nomes de santos nas escolas públicas, re-tirem-se. Não sei se por detrás da decisão estava algum receio por ela sentido re-lativamente aos radicais muçulmanos. E até nem sou um cristão impecável. Mas a decisão buliu cá dentro. A minha primei-ra escola primária fora a Escola da Santo António, ali para os lados de Grijó. Ago-ra teria que passar a chamar-lhe a escola 2/3/b/5 ou algo parecido. E não me dava jeito. Mas não perdi a serenidade.

Não tive que esperar muito tempo para ter outra provocação. Ao mesmo tempo que assisto à impiedosa liquidação do Estado Social em Portugal, ouço o Pri-meiro-Ministro provocar o Presidente da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal com uma frase que deveria ficar gravada na pedra para que os vindouros bem façam uma apreciação de quem tivemos a ser-vir-nos nestes tempos. Disse ele: “Peçam-me dinheiro! Tenho muito dinheiro para dar!”. Isto faria um preocupado cidadão, a ver desapa-recerem uma a uma as condições de segurança do resto da sua vida, perder as estribeiras. Mas eu mantive a serenidade.

Depois, fazem-me mergulhar no faraó-nico projecto da Ota. Que sim, que sim, só a Ota servia. Que não, que não, havia melhores alternativas. O Ministro em questão – ainda é ministro — insulta a torto e a direito quem se atreve a colocar em dúvida a bondade das escolhas gover-namentais. Até que, graças à insistência da sociedade civil, é obrigado a mudar de opinião e a mudar para Alcochete o que da Ota não saía. Senti-me tonto no meio de tanta calinada. Ou camelada, dá no mesmo. Mas a verdade é que ainda aguentei e não perdi a serenidade.

Grande ameaça à minha serenidade co-meçou a surgir logo a seguir. Começam a nascer concidadãos meus nas ambulân-

cias. Começam a morrer pessoas a cami-nho dos centros de socorro longínquos. As populações começam a ficar assusta-dos. Tudo porque o Governo começa a encerrar urgências e maternidades a torto e a direito, sem precaver as consequên-cias e instalar condições de substituição aceitáveis. É a construção de uma casa sem ser pelos alicerces. Por muito que a casa pudesse vir a ficar bonita, a verdade é que casa sem alicerces cai. Estremeci vigorosamente. Mas, ainda assim, não perdi a serenidade.

Mas estava para vir o melhor. Ou me-lhor, o pior. Surge, subitamente, na vida portuguesa alguém que sabe o que quer, quer o que sabe, pode fazer os outros sa-ber o que sabe e fazer o que ela quer. A Ministra da Educação. Assaltaram-me poderosas dúvidas. Primeiro. Não acre-

dito que a Ministra da Educação seja uma lu-minária tal que saiba tudo, mas mesmo abso-lutamente tudo, sobre a Educação. Ninguém sabe absolutamente tudo seja do que for. Segundo. É verdade que as associações de pais estão com ela, apoiam a sua política. Não sei porque o fazem, mas podemos até admitir

que acham que ela tem razão. Terceiro. Pelo menos em termos de probabilida-de, quem realmente sabe bastante sobre a Educação são os professores, vidas in-teiras a contactar com os problemas e a conhecer porque é que tais problemas existem. Quarto. E os professores salta-ram para a rua a protestar. Não dez, nem cem, nem mil. Milhares e milhares deles, em todo o país.

Tudo isto tido em conta, só uma con-clusão se impõe. As reformas em curso até podem ser, em algum grau, pelo me-nos em parte, correctas. Mas a Ministra da Educação, com a sua arrogância, com o seu ar de quero, posso e mando, es-tropeou tudo. A Educação está um mo-lho de bróculos. Não me venham com as estatísticas do ensino. Com esta Mi-

nistra – como, aliás, já tinha acontecido com os governos de Guterres – foram tão aliviadas as condições de faltas, de apreciação do saber, de disciplina de es-tudo e de programas que, hoje, só fica no mesmo ano de estudo algum aluno que fuja e desapareça. Os outros passam todos. Se calhar, é isto que algumas as-sociações de pais vêem de mérito na po-lítica desenvolvida. Agora, os queridos filhos não reprovam. Mesmo que sejam uns preguiçosos e vadios. Não me falem, por isso, em estatísticas. Pessoas que, como eu, estão na vida profissional acti-va e, de vez em quando, contactam com jovens saídos da escola, ficam de cora-ção apertadinho ao ver a fragilidade da preparação dos jovens para começarem a trabalhar. Passam todos na escola, ge-ralmente com canudo debaixo do braço. E, depois, vão para caixas de hipermer-cado, se tiverem sorte. A certa altura, o Primeiro-Ministro mostrou estar extre-mamente solidário com a sua Ministra. Fica-lhe bem. Mas vai fazer-lhe bastante mal. E aqui fiquei muito perto de per-der a serenidade. Mas consegui, a custo, guardá-la e usá-la.

Atravessei estes acontecimentos sem perder a serenidade. Mas devo hoje con-fessar que o apelo do Senhor Presiden-te da República fez extravasar o copo. Perdi--a. Ao ouvi-lo. Sobretudo porque enfeitou o apelo da afirmação de que lhe incumbia a imparcialidade, “uma vez que o conflito estava a ser partida-rizado”. O filósofo alemão Max Weber teve, um dia, uma frase lapidar, que se cola a esta atitude com perfeição. Disse ele: “Neutro é quem já se decidiu pelo mais forte”. Ficar calado pode ser a mais atroz das parcialidades. Que o digam os feitores de Abril. Foi porque muitos le-varam a sua parcialidade até ao silêncio que lhes demorou meio século a chegar ao destino. Chegado aqui, santa paciên-cia. Com o apelo à serenidade do Senhor Presidente perdi a minha serenidade. So-bretudo porque o apelo à serenidade se dirigiu aos pais e aos professores e deixou o Governo e a sua execrável Ministra da Educação fora do apelo. E porque tam-bém perdi a esperança.

Aceite o desafio para ser bem sucedido!“Eu sou uma boa pessoa”, diz o empresá-

rio para ele próprio.“Porque é que o meu colega é bem suce-

dido e próspero e eu estou continuamente a lutar para sobreviver?”, pergunta a si pró-prio. “Sou um bom marido, bom pai e tra-balho arduamente. Porque é que as coisas não me correm bem?” A vida não lhe pa-rece justa. Considera-se até mais esperto e disposto a trabalhar mais do que os outros seus colegas empresários, a quem lhe pare-ce que têm tudo a correr-lhes de feição. E senta-se no seu sofá e passa mais um serão a ver televisão.

Sr. Empresário, para ser bem sucedido tem que ser mais do que uma “boa pes-soa” e um “bom trabalhador”. Tem que se tornar um bom organizador e um bom so-nhador.

Tem que conseguir ver antecipadamen-te o que vai ocorrer no futuro. Tem que aprender a trabalhar de forma sistemática e disciplinada e enfrentar as fases que lhe são

menos confortáveis até se tornarem com-portáveis.

Para ser bem sucedido, tem que estar preparado para enfrentar os desafios, por-que os desafios constituem parte do pro-cesso para alcançar o sucesso…

Neste momento pode parecer-lhe tudo muito complexo. Contudo, irá descobrir que o processo de transição de um empre-sário médio para um extremamente bem sucedido, na realidade, não é assim tão di-fícil. Pensar nele é, talvez, o ponto mais di-fícil. Procurar antecipar todos os esforços, desafios e competências é, de longe, mais desgastante, do que colocar na prática..

É um desafio tornar-se bem sucedido. Se não o fosse, certamente que mais em-

presários o seriam. Por cada pessoa que experimenta o triunfo empresarial, existem muitas mais a procurá-lo. Esses empre-sários ficam mistificados e perplexos por aquilo que lhes parece algo estranho, com-plexo e até mesmo um segredo iludido que

tem que ser descoberto para se conseguir alcançar e desfrutar do sucesso.

Enquanto a maior parte dos empresários passa a maioria das suas vidas na “luta” para ganhar a vida, a um número muito mais pequeno parece que tudo lhes acon-tece da forma certa. Para além de serem bem recompensados, este grupo mais res-trito parece que está predestinado a gozar a fortuna que construiu. Tudo parece cor-rer-lhes bem, enquanto no grupo maior acontece o oposto, a vida torna-se injusta e complicada.

Costumo dizer que, para termos mais, primeiro temos que nos tornar “mais”. E, para nos tornarmos “mais”, temos que co-meçar a trabalhar mais arduamente sobre nós próprios do que sobre qualquer outra coisa. Mas, adicionalmente, a obtenção de mais conhecimento, novas capacidades e novas experiências também lhe é impor-tante descobrir novas emoções. Aquilo que sente sobre as alternativas que possui

determina a intensidade do seu esforço, determina a forma como acredita ou não acredita.

Gostaria que descobrisse aquilo que o emociona enquanto empresário, aquilo que quer fazer do ponto de vista profissio-nal. Provavelmente, já possui a maioria do conhecimento, da experiência e, inclusive, das capacidades que são necessárias para ter sucesso.

Aquilo que, possivelmente, pode estar a faltar-lhe é um sentimento forte relativamen-te àquilo que quer fazer com determinação.

Pode encontrar-se numa situação, tão envolvido no processo de “ganhar a vida”, que se esquece doutras opções e desafios que possui para desenhar a sua própria ac-tividade empresarial.

Porque não tornar a sua actividade em-presarial num desafio emocionante na sua vida?

Comece já e tenha um GRANDIOSO 2008.

AZUIL BARROSEspecialista no Crescimento de NegóciosPartner & Director Geral da Quantum Portugalwww.QuantumCrescimentoNegocios.com

sexta-feira, 07 Março de 2008 7OPINIÃO

Muitos levaram a sua parcialidade até ao silêncio que lhes demorou meio século a chegar ao destino.

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Augusto Athayde, presidente da assembleia portuguesa da Ordem de Malta, quer dinamizar participação das empresas nas obras de caridade

“Os empresários devem ter cada vez mais consciência social”Cavaco Silva convidou o Grão-Mestre da Ordem de Malta para visitar Portugal, mas o seu débil estado de saúde levou o Governo da Ordem a enviar a Portugal uma comitiva chefiada pelo primeiro-ministro e pelos ministros das Finanças e Saúde. Mas a notícia da morte do Grão-Mestre, a 8 de Fevereiro, levou ao adiamento da visita. À “Vida Económica”, Augusto Atahyde, presidente da assembleia portuguesa da Ordem de Malta, explica como a sua direcção quer dinamizar as obras da ordem e apela à maior participação das empresas lusas nesta missão de inclusão social.

VE – Após o falecimento do Grão-Mestre da Ordem de Malta, como será eleito o próximo Grão-Mestre?

AA – Os cavaleiros de Justiça irão reunir-se e um deles será o escolhido. A Ordem de Malta é uma monarquia electiva, com carácter vitalício, e não é hereditária porque estamos a falar de monges. O escolhido terá de ser um monge com votos de Obediência, Castidade e Pobreza e Grau de Honra e Devoção. No mundo inteiro há pouco mais de três dezenas de cavaleiros de Justiça, mas com esta dupla condição e can-didatos ao cargo de Grão-Mestre não chegarão a dez.

VE – Quantos cavaleiros tem a Ordem de Malta em Portugal?

AA – Somos 160, entre cavaleiros de Obediência, cava-leiros sem votos, capelães magistrais, padres e um capelão-chefe, que é o arcebispo D. Eurico Dias Nogueira. Há dois tipos de critérios para definir os graus dentro da ordem. Há critérios relacionados com as provas de nobreza: Honra e Devoção, quando a nobreza é antiga, Graça e Devoção e Graça Magistral, para quem não tem prova de nobreza, mas adere à Ordem com o seu perfil cristão. E há o critério reli-gioso, distinguindo a Justiça, para os monges, a Obediência, para quem vive da maneira mais perfeita possível, de acordo com os ensinamentos do evangelho, e os simples cavaleiros cristãos, sem qualquer voto especial, que são a maioria no mundo inteiro. Actualmente há 12000 membros da Ordem de Malta espalhados pelos cinco continentes, a maioria não tem qualquer voto e depois há 80000 voluntários que gravi-tam em torno da Ordem.

VE – Que missão têm estas 160 pessoas em Por-tugal?

AA – Participam nas obras assistenciais da assembleia por-tuguesa, onde se inclui o apoio aos peregrinos que se deslo-cam a pé até Fátima, sobretudo em Maio. Há 200 voluntários e alguns cavaleiros que participam nessas missões, com pos-tos móveis nas estradas, com capelães, médicos e enfermei-ros, fornecemos refeições e oferecemos dormidas, contando sempre com o apoio do exército. Por vezes há empresas que patrocinam as campanhas. Foi o caso do Intermarché no ano passado em que atendemos 4000 peregrinos. Ainda na estra-da, prestamos apoio nos caminhos portugueses para Santia-go de Compostela. Depois há grupos de damas e cavaleiros que apoiam lares de terceira idade, como o de Carnide, em Lisboa, os de Évora, Crato e Gavião, um lar de doentes com paralisia cerebral na Ameixoeira e apoio às prisões de Caxias e Belas, dando algum conforto espiritual aos presidiários. E foi recentemente celebrado um protocolo com o Hospital da Ordem Terceira de S. Francisco, em Lisboa, que permitirá inaugurar um consultório médico para prestar apoio médico gratuito à população desfavorecida da cidade.

VE – Como é financiada a Ordem?AA – Basicamente a Ordem sobrevive de donativos, quoti-

zações e jóias de admissão dos novos confrades. Grande parte das nossas realizações são assentes na boa vontade dos mem-bros porque todos são voluntários.

VE – Há muitas personalidades do meio económico

que integram a Ordem de Malta. Há mais solidarieda-de no meio empresarial do que se julga?

AA – Sim, há mais solidariedade do que se pensa. Há va-lores que são tipicamente lusitanos e um deles é o da entre-ajuda, que está ligada a uma certa nobreza de carácter que nós temos. Os portugueses são solidários. Podem não ter os meios necessários e por vezes ser demasiado passivos, mas a sociedade civil assume a grande missão da inclusão social. Na Ordem, cada um ajuda como pode, seja fazendo um do-nativo para ajudar uma obra concreta, seja arregaçando as mangas e indo a Fátima ajudar os peregrinos.

VE – Numa altura em que tantas empresas estão a promover políticas de responsabilidade social, pon-deram associar-se a algumas iniciativas?

AA – Foi isso que aconteceu no ano passado, quando o Intermarché patrocinou os postos de apoio aos peregrinos de Fátima. Mas ainda não tomámos nenhuma iniciativa mais marcante nesse sentido, mas estamos abertos a essa possibili-dade. Como presidente da Assembleia portuguesa, vejo cada vez mais a necessidade de haver uma convergência entre a inclusão social, os esforços solidários e a consciência social de muitas empresas. Noto com agrado que essa consciência está a aumentar nas empresas. O empresário é uma peça-chave da estrutura da sociedade civil, como motor do progresso, mas a sua acção como empresário deve ser uma mais-valia para o tecido social.

ANA SANTOS [email protected]

O Grupo Parlamentar do Par-tido Social Democrata (GP-PSD) organizou em Braga, há cerca de três semanas, um encontro com empresários em que se procurou discutir as políticas públicas de apoio às pequenas e microempre-sas.

Na sequência das conclusões desta sessão em que participaram o Presidente do GP-PSD, Pedro Santana Lopes, algumas dezenas de empresários locais e representantes das principais associações empre-sariais bracarenses, foi já produzida uma intervenção de fundo pelo deputado Almeida Henriques e submetido um projecto de reso-lução sobre os apoios a conceder a esta significativa parcela do tecido empresarial.

Este tema não é claramente ape-nas mais um da dialéctica pública e parlamentar entre o Governo e a Oposição.

No cômputo geral, as micro, pe-quenas e médias empresas do nos-so País representam 99% do nosso tecido económico, 57% do volu-me de negócios e mais de dois mi-lhões de postos de trabalho. Des-tes, quase 1,2 milhões de pessoas encontram-se afectas ao estrato das microempresas independentemen-te de se tratar de projectos ligados ao sector primário, secundário ou

terciário.Quem segue o discurso oficial,

parece que esta enorme parcela da nossa economia é irrelevante ou desprezável, à medida em que só ouvimos o Governo centrar aten-ções nos grandes projectos, nas grandes empresas, nos grandes in-vestimentos.

É, aliás, uma atitude coerente com a prática governativa mais centralista de que há memória, que viabiliza a exibição desta ati-tude de sobranceria sobre este tipo de empresas, com a mesma facili-dade com que se negligenciam os anseios das populações do interior do País ou das pequenas e médias urbes do litoral.

No filme do “Portugal Ideal”, do Plano Tecnológico, das Novas Tecnoclogias e dos projectos de vanguarda nos sectores de ponta, especialmente dirigidos à interna-cionalização da nossa economia, parece não haver espaço para as pe-quenas explorações agro-pecuárias, para os artesãos e pequenos indus-triais, para o comércio tradicional, para os serviços de proximidade da mais diversa natureza.

É certo e sabido, nenhum bar-beiro ou proprietário de café tra-duz o novo paradigma de desen-volvimento de que o País carece, nenhum pode assegurar o ritmo de

crescimento da actividade econó-mica que todos ambicionamos e, muito menos, nenhum consegue assegurar a competitividade exter-na da nossa economia.

Todavia, alguém pode dizer como seria o nosso País sem esse tipo de actividades? Não é neste âmbito, mais do que em qualquer outro contexto, que melhor flo-resce o espírito empreendedor e a

capacidade de criação de emprego que tanto se apregoa?

A aposta nas microempresas é, assim, um instrumento funda-mental da política económica, mas também das políticas sociais e da política de desenvolvimento terri-torial.

Para tal, impõe-se que o Esta-do cumpra os seus prazos de pa-gamento, quer no quadro do seu normal aprovisionamento de bens e serviços quer na esfera da liquida-ção dos pedidos de pagamento das candidaturas submetidas a fundos comunitários.

É totalmente inaceitável que se leia, como aconteceu recentemen-te, um responsável de um progra-ma comunitário assegurar que os atrasos nos pagamentos de tais ver-bas se traduziam num contributo desse Programa para a redução do défice público no ano em apreço. A que custo?

Tanto mais que, em contrapar-tida, o Estado reage sem qualquer tipo de complacência em relação a este tipo de empresas através da máquina fiscal, assumindo-as como alvo preferencial e desen-cadeando mecanismos legais que rapidamente conduzem à sua ex-tinção.

Bem pelo contrário, o Estado devia impulsionar a actividade e

o aparecimento de empresas des-ta natureza, quer pelos apoios ao empreendedorismo (com infra-es-truturas de apoio a esta franja do tecido empresarial) quer pela dina-mização das iniciativas que lhes são dirigidas pelas associações empre-sariais, quer por acesso facilitado a crédito bonificado, a capital de risco e a mecanismos de garantia mútua, quer ainda por consultoria técnica especializada na sua fase de arranque e pelo incentivo à inte-gração de quadros qualificados.

Para muitas destas vertentes, bastaria, de uma vez por todas, que o acesso aos programas comunitá-rios fosse efectivamente facultado a este tipo de empresas, abrindo-lhes porta à afirmação da viabilidade e sustentação dos seus projectos.

Se olharmos, por exemplo, para a realidade do Distrito de Braga, rapidamente podemos identificar um vasto conjunto de actividades que poderiam beneficiar de uma maior abertura do Estado para este tipo de empresas: a componente ar-tesanal em Vila Verde ou Barcelos, a agricultura biológica, a filigrana na Póvoa de Lanhoso, o turismo, os serviços sociais de proximidade, a cultura, o comércio, etc..

Não o fazer é que será, por pa-radoxal que pareça, pensar muito pequenino…

Ricardo [email protected]

http://econominho.blogspot.com

“Alguém pode dizer como seria o nosso País sem esse tipo de actividades?”.

A microeconomia nacional

sexta-feira, 07 Março de 2008OPINIÃO8

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Economia espanhola abranda mais do queo esperado

A economia espanhola está a desacelerar mais do que o previs-to. O Banco de Espanha refere que esse abrandamento será ain-da mais acentuado nos próximos meses. Sobretudo devido à que-bra esperada no investimento em bens de consumo.

Tudo indica que a crise do cré-dito está a ter implicações nas de-cisões de compra de maquinaria, aliás como revela o sentimento de confiança dos empresários do país vizinho. Também a constru-ção não traz boas notícias para a economia espanhola, já que a desaceleração continua a intensi-ficar-se. Isso mesmo é visível na taxa de desemprego e no consu-mo de cimento. O sector dos ser-viços não está melhor, também em desaceleração. Entretanto, as empresas queixam-se do aumento dos custos laborais, o que estará a prejudicar o investimento na mo-dernização dos equipamentos.

Como se não bastasse, o Ban-co de Espanha chama a atenção para a quebra considerável nas exportações, em Dezembro. Foi a maior descida desde há cinco anos atrás. Um reflexo claro do recuo na procura a nível europeu. A única boa notícia, no fecho do ano passado, foi a recuperação nas receitas reais provenientes da actividade turística.

Comissão Europeia “aperta cerco” aos fundos soberanos

A Comissão Europeia está a apertar a vigilância aos fundos so-beranos. Foram apresentadas vá-rias propostas no sentido de uma maior transparência. A ideia é co-nhecer as posições desses fundos, a repartição dos seus investimen-tos, a composição dos activos e a origem dos recursos.

Tudo indica que se está perante objectivos que não são realizáveis, pelo que a intenção de Bruxelas poderá passar pelo estabelecimen-to de um acordo multilateral sobre a gestão dos fundos soberanos no seio das organizações internacio-nais, como a OCDE e o FMI. A realidade é que a União Europeia, por si só, não tem capacidade para exercer um controlo efectivo dos mesmos. Tudo isto decorre, so-bretudo, da chegada dos fundos chineses e russos, cujas intenções são desconhecidas. Entretanto, a Europa também não está interes-sada em abrir mão de tais inves-timentos, em especial quando se está perante uma crise do crédito.

Paraísos fiscais facilitam a evasão fiscalOs paraísos fiscais e os centros “off-shore” são

encarados, cada vez mais, como uma “chan-tagem” sobre a globalização. O caso mais

recente foi o do Liechtenstein, destino de cerca de duas centenas de grandes fortunas. Os escândalos envolvendo contas secretas começam a suscitar for-tes preocupações. A realidade é que nessas zonas está perto de 13% do PIB global.

Não há margem para dúvidas, os paraí-sos fiscais têm consequências muito graves para a estabilidade económica e até geo-estratégica. Vejamos, o FMI e a OCDE assinalam esses territórios como zonas de evasão fiscal, como focos de contágio de crises financeiras, de apelo ao crime or-ganizado e ao tráfico de droga. Também podem funcionar como centros de recur-sos financeiros ao terrorismo internacional. Por ou-tras palavras, há ausência de transparência e falta a supervisão necessária sobre os fluxos de capital. A título de exemplo, por via dos paraísos fiscais, os co-fres dos Estados Unidos perdem perto de 100 mil milhões de dólares todos os anos. Isto quando há fortes preocupações orçamentais.

Os números são deveras surpreendentes, no mí-nimo. As Ilhas Caimão têm activos bancários na ordem de 1,4 triliões de dólares, o que faz com que seja o quinto maior centro financeiro do mundo. Já as Ilhas Virgens têm registadas qualquer coisa como 700 mil empresas. As Bermudas são o país mais rico do mundo, com um rendimento per capita de quase 70 mil dólares, não muito longe do dobro do dos

Estados Unidos.No coração da Europa está um peque-

nos país chamado Liechtenstein, num en-clave entre a Suíça e a Áustria. É o maior espaço de liberdade comercial de todo o mundo, usufrui de baixa tributação e de sigilo bancário. O que não se compre-ende é que a União Europeia continue a deixar que este pequeno Estado se man-

tenha tal como está. Sobretudo porque coloca em causa a sã concorrência entre os países, o mercado único deixa de fazer sentido e a própria fiscalidade acaba por ser um mero logro. Perante os últimos escândalos, pode ser que a postura dos políticos e até dos agentes económicos mude perante o con-ceito de paraíso fiscal.

VW controla Scania e prepara fusão com a MAN

O maior construtor automóvel europeu poderá também assumir a liderança no segmento dos ca-miões. A VW garantiu o controlo da sueca Scania e tem a possibi-lidade de desenvolver uma fusão com outra das suas empresas par-ticipadas, a germânica Man.

A marca automóvel alemã pas-sou a controlar quase 38% do ca-pital da Scania, por via da com-pra de uma participação no valor de 1,9 mil milhões de euros. Por outro lado, a VW é a principal accionista do fabricante de ca-miões MAN. A fusão entre a Scania e a MAN tornará o grupo o maior da Europa no segmen-to de camiões, ultrapassando a Daimler (Mercedes) e a sueca Volvo. Quanto aos investidores, tudo indica que assumem a fu-são como um dado adquirido. As acções da Scania e da MAN registaram valorizações.

Economia alemã com sinais promissores

A economia alemã continua a dar sinais de solidez. O desem-prego tornou a baixar, em Feve-reiro, depois de se ter pensado que as grandes empresas iriam iniciar fortes reduções na sua for-ça de trabalho. Actualmente, a taxa de desemprego é de 8,2%, o que corresponderá a cerca de 3,5 milhões de pessoas.

A boa notícia é também o facto de a criação de postos de trabalho registar consistência. Em 12 me-ses, foram criados perto de 500 mil postos de trabalho. A procura de mão-de-obra é elevada, o que é revelador do bom desempenho da economia germânica. Estes bons resultados serão consequên-cia das reformas introduzidas no mercado laboral, mas também da redução da população activa.

Concentração acelera no sector dos jogosde vídeo

O sector dos jogos de vídeo está em alta. De igual modo, as empresas não querem perder o comboio no processo de concen-tração mundial. A Electronic Arts lançou uma OPA hostil sobre a sua rival Take-Two interactive, num negócio de mais de 1, 3 mil milhões de euros. O objectivo é criar o líder mundial do sector.

Estes dois fabricantes de jogos de vídeo tiveram vendas agrega-das de 4,1 mil milhões de dólares no ano passado, pelo que a sua in-tegração colocaria a nova empre-sa em vantagem relativamente à entidade resultante da fusão para muito breve entre a Activision e a Vivendi. Uma coisa é certa, em perspectiva poderão estar outros negócios não menos interessan-tes. Esta é uma actividade rentá-vel, mas também extremamente competitiva e que obriga a inova-ção constante e até a elevados in-vestimentos. A concentração está em curso e nada a pode parar nos tempos mais próximos.

OCDE pressionada a baixar preços do petróleo

A Agência Internacional de Energia torna a revelar-se preocupada com o impac-

to que o aumento dos preços da energia pode ter na inflação dos países ricos e no crescimento eco-nómico dos pobres. Só a Orga-nização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) tem, neste momento, capacidade de produ-ção para alterar o actual estado de coisas. A organização poderá aumentar a produção em cerca de três milhões de barris diários.

Tendo em conta o actual cená-rio, a decisão de manter as quotas de produção terá consequências muito graves na economia mun-dial. É nestes momentos que se justifica plenamente aumentar a produção. Com alguma insis-tência, o barril tem superado os 100 dólares. A razão é evidente, a oferta continua a não ser sufi-ciente para cobrir a procura. Ora, considera a agência que esta situ-ação não se justifica, quando há

Paraísos Fiscais

afectam a sã concorrência

sexta-feira, 07 Março de 2008 9INTERNACIONAL

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capacidade de produção disponí-vel.

De notar que não há muitas matérias-primas que possam ser produzidas por apenas 20 dólares e vendidas cinco vezes acima des-se preço. Duas razões essenciais levam a que esta situação se torne possível, em termos de mercado. A procura continua a acelerar, so-bretudo devido à China, à Índia e ao Médio Oriente. Depois, a oferta não cresce tanto como se-ria desejável. A estes motivos de carácter estrutural juntam-se dois outros de contrexto, a especula-ção e o dólar fraco. Todavia, as razões estruturais não vão desapa-recer, ainda que o dólar entre em recuperação.

Um outro aspecto está a mudar os fundamentais deste mercado. Mesmo que se verifique uma reces-são nos Estados Unidos, a procura não mudará muito, isto porque este país já não lidera o mercado energético. O mais importante se-

ria uma descida gradual dos preços nos próximos meses. De referir ainda que os países mais desenvol-vidos estão numa situação dupla-mente complicada. Por um lado, o agravamento da inflação, por outro, o abrandamento da econo-mia, em resultado da crise finan-ceira. E a situação torna-se ainda mais complicada para os países em desenvolvimento ou pobres. Estes precisam de preços acessíveis para reforçarem as suas economias. É exactamente o contrário que está a suceder.

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Especialistas na Consultoria a Empresas Familiares e elaboração de Protocolos Familiares

A minha irmã mais velha e eu trabalhamos com o meu pai num negócio familiar de móveis. É uma empresa que nos últimos anos cresceu de forma importante, e na verdade gostamos muito do que fazemos. No entanto, o meu pai toma todas as decisões e não podemos fazer nada sem o consultar previamente. Além do mais, nós os dois temos um salário fixo baixo que o meu pai complementa no final de cada ano com o valor que ele considera que podemos precisar. Nós não estamos de acordo com esta forma de trabalhar. Será que ele tem razão? O que é que podemos e devemos fazer?

Efectivamente, a sua situação é muito comum em casos de negócios familiares, digo negócio, pois ainda não deram o passo rumo à profissionalização da gestão que os equipare a uma empresa de propriedade privada. Nestes casos é frequente que as circunstâncias de trabalho dos diferentes membros da família não estejam organizadas, pelo contrário a empresa é vista como uma continuação da “casa familiar”. Nela todos têm o seu lugar, as pessoas colaboram de acordo com a sua vontade e os prémios e retribuições, bem como os reconhecimentos de desempenho, não são considerados necessários, a componente emocional e pessoal prevalece sobre qualquer consideração de organização laboral. Não obstante, é também verdade que esta situação antecede um momento crítico, pois as pessoas mudam à medida que alcançam a idade adulta, adquirem os seus próprios compromissos pessoais e familiares e encaram um projecto de vida independente da casa paterna. Se não se toma uma atitude e se organiza as relações e o trabalho na empresa familiar as frustrações, os desencontros e o conflito vão acabar por surgir, não tenha duvidas, é apenas uma questão de saber “quando”. O ideal era que tivesse sido o seu pai a colocar-nos a questão. É nas mãos dele que está o poder de tomar a decisão de planear a continuidade da empresa. A ferramenta para isso, o protocolo familiar, oferece máximas garantias de êxito quando é uma decisão do fundador. Falem com o vosso pai, coloquem-lhe com sinceridade as vossas dúvidas e expectativas, não o tentem convencê-lo a agir de determinada forma ou mudar algumas situações, concentrem os vossos esforços em conseguir que recorra a uma empresa profissional externa que vos diga o que devem fazer e vos ajude nesse percurso.

sexta-feira, 07 Março de 2008EMPRESAS FAMILIARES10

CONSULTÓRIO DA EMPRESA FAMILIAR

O Conselho de Administração de qualquer em-presa é o órgão máximo de gestão e o representante dos proprietários. Todavia, numa empresa familiar o Conselho tende a ser percebido como algo des-necessário, a avaliar pelo elevado número de em-presas onde não funciona ou funciona de um modo formal mas sem conteúdo que contribua significati-vamente – como é sua obrigação – para a adminis-tração da empresa.

Vejamos de forma sucinta quais são as principais responsabilidades do Conselho de Administração numa empresa familiar.

• Determinar a Missão da empresa. A Missão es-tabelece a razão de ser da empresa no mercado, o seu propósito. Deve reflectir de forma explícita o negócio-sector no qual queremos que os nossos di-rectores concorram para alcançar o êxito empresa-rial. É evidente que estamos perante uma decisão de administração a longo prazo e não de uma de-cisão de gestão a curto prazo. E como não poderia ser de outra forma compete aos proprietários a sua reflexão e definição.

• Escolher o Director-Geral. Provavelmente a de-cisão mais transcendental que deve ser tomada por um Conselho de Administração é a escolha do ca-pitão que liderará o nosso barco e os nossos mari-nheiros. É responsável por fazer que a empresa ga-nhe dinheiro alcançando os objectivos anualmente estabelecidos no plano de negócio.

• Gerir a “Zona Cinzenta”. Compete ao Conselho fazer uma clara delimitação de competências entre o próprio Conselho e o Director-Geral de forma a que não se verifiquem conflitos entre o Parlamento

e o poder executivo da nossa organização. Esses confrontos fariam com que concen-trássemos as nossas energias e os nossos recursos em problemas internos e não nos nossos clientes.

• Dirigir o executivo principal. Depois de o escolher, delimitar claramente o seu campo de responsabilidades e atribuir-lhe objectivos empresariais, o Conselho deve deixá-lo trabalhar sossegado e supervisio-nar posteriormente os resultados do seu trabalho, ajudado no que for necessário e proporcionando confiança se for o caso. Se tivermos acertado na pessoa os resul-tados vão aparecer.

• Tomar decisões oportunas relativa-mente aos lucros empresariais. Se na altura de colocar dinheiro o esforço cabe aos sócios, é senso comum que sejam es-tes a decidir o que fazer com os lucros quando existem: reparti-los sob a forma

de dividendos ou reinvesti-los na empresa.• Zelar para que a empresa mantenha uma ver-

dadeira orientação ao cliente. Embora todo o pes-soal deva garantir que a empresa em todos os seus âmbitos esteja sempre verdadeiramente orientada ao cliente, os problemas que todos os dias afec-tam a organização fazem com que inevitavelmen-te percam este rumo ensombrados pela pressão dos acontecimentos. Pelo contrário, o Conselho não “vive” directamente estes problemas, estando portanto numa posição ideal para zelar para que o cliente seja o nosso guia e a resposta às nossas perguntas.

• Incentivar a necessária revisão estratégica da empresa. Em determinadas situações as mudan-ças nos mercados criam a necessidade de rupturas na estratégia e no modelo de negócio empresa-rial, às vezes inclusive com difíceis decisões de desinvestimento e novos riscos. Sem o empenho do Conselho dificilmente se pode tomar este tipo de decisões.

• Manter a família informada sobre a realidade da empresa. Se a família conhece a evolução, as difi-culdades e os êxitos da empresa, será muito mais fácil aglutinar e comprometer a vontade de todos os seus membros em torno das necessidades da em-presa. Se o conseguiremos, teremos dado um passo de gigante para garantir a sua continuidade.

Todas estas funções não são delegáveis, são res-ponsabilidade do Conselho e grande parte do futuro êxito da empresa depende do seu correcto funcio-namento.

As funções do Conselho de Administração na empresa

familiar

www.efconsulting.esSantiago Compostela – Valencia – Porto

[email protected]

Jesus e Francisco Negreira del Rio.Professores da Escuela de Negocios Caixanova

Fernando Pessoa cria MBA para empresas familiares

A Universidade Fernando Pes-soa, em parceria com a Associação de Empresas Familiares (APEF) e com o apoio do BES, vai arrancar com o primeiro MBA, em Por-tugal, direccionado para a gestão de grupos familiares. Trata-se de dotar estas empresas de recursos humanos que suportem o proces-so de sucessão e garantam a sua continuidade no mercado global.

O MBA em Gestão, Governo e Sucessão de Empresas Familiares representa uma aposta no desen-volvimento de produtos formati-vos dirigidos, essencialmente, para o meio empresarial. De notar que apenas 30% das empresas familia-res sobrevivem à primeira geração e15% à segunda. A estrutura as-senta em diversas vertentes da ges-tão e sucessão de empresas fami-liares, sendo que o MBA decorre fora dos horários de trabalho, em Lisboa. É um passo importante da Universidade Fernando Pessoa, no sentido de garantir a sobrevivência das empresas familiares.

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7 de Março de 2008 | Suplemento Nº125Espaço dedicado às Pequenas e Médias Empresas de Portugal

*Através deste barómetro pretende-se auscultar e conhecer a opinião e hábitos dos utilizadores on-line do Portal das PME, relativamente a temas da actualidade económica.

BARÓMETRO PME*Todas as semanas, exprima a sua opinião no Portal das PME

Resultados da Semana de 25 de Fevereiro a 5 de Março de 2008:A crise fi nanceira mundial e os problemas nalgunsbancos nacionais estão a afectar as PME?Sim – 93%Não – 7%Não sabe – 0%

Tema em auscultação até 12 de Março de 2008:Em 2007, o fi sco inspeccionou, em Portugal, as contas de 1067 contribuintes (um aumento de 27%). Concorda com o levantamento do sigilo bancário?

Participe. Dê o seu contributo em:

www.pmeportugal.pt

PME-Portugal promove ciclo de workshops no Porto, Lisboa e Leiria

Quadros qualifi cados. PME mais competitivas.Dotar as empresas de jovens quadros qualificados é o principal objectivo do Programa Gestores PME. Por isso, desde há dois anos, a Associação das PME-Portugal, promotora deste programa, investe na formação es-pecializada dos jovens, antes destes avançarem para estágio nas empresas aderentes.

Actualmente, o Gestores de PME está a realizar forma-ções, no Porto, Lisboa e Lei-ria, ao nível da Gestão de

Qualidade e da Gestão de Segurança e Higiene no Trabalho. Este projecto proporciona vantagens a ambos os participantes porque, para além de integrar jovens no mercado de traba-lho, permite às empresas acolherem pessoas qualifi cadas em áreas espe-cificas que poderão ser de elevada importância para o desenvolvimento empresarial.Para complementar e re-forçar esta formação, a PME-Portugal está a realizar um ciclo de workshops

dirigidos aos jovens formandos, tendo para tal convidado algumas entidades que considera poderem contribuir para o enriquecimento profi ssional destes jovens. No Porto, no passado dia 22 de Fevereiro, sob o tema da Hi-giene e Segurança no Trabalho, a ACT – Autoridade para as Condições de Trabalho foi representada pelo Inspec-tor do Trabalho João Fraga de Oliveira que apresenta um vasto curriculum de mais de 35 anos de experiência no ter-reno e diversos trabalhos publicados em revistas da especialidade. Ontem, em Lisboa, para debate da área da Ges-tão da Qualidade, estiveram presentes

Patrícia Pereira, directora de certifi -cação da SGS e Manuel Carvalhosa, perito qualifi cado RCCTE. A abertura da sessão foi da responsabilidade de Gabriel Goucha, vice-presidente da Associação PME-Portugal. O ciclo de workshops encerra, hoje, em Lei-ria, com as intervenções na área da Higiene e Segurança no Trabalho da Inspectora do Trabalho Alexandra Almeida, em representação da ACT – Autoridade para as Condições de Trabalho (Direcção Regional Centro), e do empresário Maurício Pedrosa, da empresa Purifi cadora de Óleos Vitória Lavos, Lda..

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A crise do imobiliário em Es-panha não assusta a Cimpor. A cimenteira comprou três centrais de betão no país vizinho, por

15,5 milhões de euros. O negó-cio foi realizado através das suas subsidiárias Hormigones Hercu-

les e Occidental de Hormigones, duas na região de Sevilha e outra em Huelva.

Mas a Cimpor foi ainda mais longe quan-to à área do betão. As-sim, adqui-riu a tota-lidade das acções repre-sentativas do capital social da empresa e s p a n h o l a Arenor Hor-migones, a qual possui três centrais de betão, também na região de Sevilha. As seis centrais, em conjun-

to, representarão uma produ-ção adicional anual na ordem dos 400 mil m3. A informação

foi transmitida à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

Entretanto, a Cimpor apos-tou num outro segmento. Por via da sua subsidiária Occidental de Áridos, adquiriu cerca de 75% do capital social da espanhola Arenor Áridos. O negócio en-volveu o montante de 24,45 mi-lhões de euros. Trata-se de uma empresa que explora um con-junto de pedreiras, na região de Andaluzia. Neste caso, o volume anual de produção de agregados é de mais de 2,5 milhões de to-neladas. A cimenteira justifica es-tas aquisições no âmbito da sua estratégia de integração vertical. Deste modo, reforçou a respecti-va posição no mercado espanhol dos betões e inertes, isto numa altura em que o mercado imobi-liário, em especial habitacional, passa por dificuldades. No entan-to, nem por isso deixa de ser um mercado com potencial de cresci-mento, dada a sua dimensão.

Pedro Arroja assume direcção de departamento na Autónoma de Lisboa

Pedro Arroja assumiu a direc-ção do Departamento de Ciên-cias Económicas e Empresariais (DCEE) da Universidade Autó-noma de Lisboa. O seu objectivo é implementar uma nova dinâmi-ca a este departamento, no sen-tido de aproximar o ensino das

exigências reais do mercado de trabalho. Está prevista a abertura de novos MBA de carácter multi-disciplinar.

O economista tem uma vasta experiência no mundo empresa-rial e académico. Formado pela Faculdade de Economia da Uni-

versidade do Porto, tem exercido a docência em diversas institui-ções nacionais e internacionais. Além disso, tem desempenhado cargos ao nível de algumas ins-tituições públicas, o que lhe dá uma perspectiva mais prática do mercado laboral.

“Jamais!”Neste “jardim à beira-mar

plantado”, “jamais”, em tempo algum, alguém:

- Meteu uma “cunha” ou foi be-neficiário dela, por mais pequeni-ninha que tivesse sido;

- Ofereceu na quadra natalícia uma caixa de bom vinho ao Sr. Notário, Sr. Conservador ou Sr. Chefe de Finanças, que não fos-se ditado, exclusivamente, pela fraternidade e bons sentimentos cristãos;

- Deixou, para efeitos fiscais, de declarar o real valor da casa comprada, passar o recibo verde pelo serviço prestado ou os pro-veitos auferidos com o “aluguer à quinzena” do apartamento sito em zona balnear;

- Deixou de voltar atrás ao res-taurante, não para reclamar de uma sobremesa que, afinal, viu que pagara a mais, mas que lhe não fora, ao invés, e por lapso, li-quidada;

- Encontrou uma carteira com dinheiro e não procurou saber quem era o “coitadinho” do res-pectivo dono para lha entregar;

- Copiou em exames ou levou cábulas para os mesmos, dispu-tando as últimas carteiras da sala onde o olhar míope do professor

não enxergasse; - Riscou o automóvel de ter-

ceiro com o carrinho de compras do supermercado no parque de estacionamento do mesmo e dei-xou de procurar saber quem era o respectivo proprietário para o in-demnizar do dano;

- Deixou de procurar o revisor para lhe “picar” o bilhete, se este, distraído, não o tiver feito;

- Enfim, misturou água no vi-nho, óleo no azeite ou seduziu com uns apetitosos seios, que, depois, tivessem vindo a revelar como sabendo a silicone!

Só o Sócrates, para destoar des-te país de “virgens”, públicas vir-tudes e melhores costumes pri-vados, terá, segundo o jornal “Público”, propriedade da, pelos vistos, imaculada fortuna do Eng.º. Belmiro de Azevedo, assinado, há cerca de vinte anos, uns projec-tos de que não teria sido o autor material, ainda por cima, pelo que foi mostrado nas TV, em jornais e revistas, respeitante a casas de mui-to mau gosto arquitectónico!

Num país assim, ainda o Vati-cano se muda para cá!

PS – Nas barras dos tribunais depara-se, não raro, com pessoas que mentem com tanta convicção que chegam, elas próprias, a con-vencer-se da verdade da mentira.

- Sócrates evoca, constante-mente, um Portugal tão «cor-de-rosa», que se começa a desconfiar se, num mecanismo psicológico idêntico, não andará mesmo con-vencido disso!

Luís GanhãoAdvogado

“Sócrates evoca, um Portugal tão “cor-de-rosa”, que se começa a desconfiar se, não andará mesmo convencido disso!.”

sexta-feira, 07 Março de 2008PME12

Cimpor compra empresas espanholas de betão e inertes A Adere-Minho, Associação

para o Desenvolvimento Regional do Minho, e a Casa do Professor assinaram um protocolo de co-laboração. O objectivo é as duas entidades estreitarem esforços e criarem uma rede de sinergias, no sentido da implementação de interesse mútuo, em especial nas áreas da cultura e do desenvolvi-mento.

O protocolo expressa a vonta-

de comum a ambas as instituições de desenvolver projectos condu-centes à realização de objectivos, não apenas de carácter interno – o desenvolvimento das pró-prias instituições, mas sobretudo de cariz externo, especialmente a promoção territorial da região do Minho, através da valorização da riqueza patrimonial e cultural na diversidade das suas manifesta-ções.

Adere-Minho e Casa do Professor assinam protocolo de colaboração

O vice-ministro da Hotelaria e Turismo de Angola esteve em Portugal na chefia uma missão oficial, acompanhado de empre-sários do sector da restauração e hotelaria daquele país, tendo par-ticipado nas diversas iniciativas que decorreram no âmbito das Jornadas ARESP 2008, dedica-das ao tema «Constrangimentos e Oportunidades na Restauração e Turismo».

Neste encontro, foi assinado um protocolo de cooperação en-tre aquela associação e a AHO-

RESIA- Associação de Hotéis, Restaurantes, Similares e Catering de Angola, visando o desenvolvi-mento de um modelo de parceria associativa.

Estas jornadas decorreram no âmbito da HOREXPO – Fei-ra Internacional de Hotelaria, Restauração e Vending, no Par-que das Nações – FIL – Lisboa, na qual teve lugar, para além do congresso ARESP, o Campeonato do Mundo de Jovens Pasteleiros, com a presença de representantes dos cinco continentes.

ARESP firma protocolo com congénere angolana

O Quadro de Referência Es-tratégico Nacional (QREN) reformou os sistemas de incen-tivos, com uma renovada aposta na Investigação e Desenvolvi-mento Tecnológico (I&DT).

Os sistemas de incentivos visam o aumento da compe-titividade das empresas, em parceria com entidades do Sistema Cienti-fico e Tecnoló-gico Nacional (SCT), como o Ideia Atlântico.

São aceites projectos liga-dos à investiga-ção industrial e/ou desenvolvimento experimen-tal que conduzam à criação de novos e inovadores projectos ou à melhoria de processos e produ-

tos já existentes. No caso das parcerias serem

feitas com entidades do SCT, como o Ideia Atlântico, a taxa de comparticipação pode atingir os 75%.

Para projectos de pequena di-mensão está disponivel o Vale

I&DT, dado a PME para aqui-sição de serviços de I&DT a en-tidades do SCT.

O incentivo é não reembon-sável até aos 25.000 euros quando se trate do vale I&DT ou 1.000.000 euros para os

benefeciários empresas. A taxa de comparticipação de incentivo é de 25%, com majorações espe-cíficas sobre este valor.

MARIANA PINTO

Incentivos a projectos do QREN em parceria com o Ideia Atlântico chegam aos 75% de comparticipação

Novos incentivos aumentam competitividade das empresas

O Grupo Gamobar apresentou, na passada sexta-feira, a quarta edição do concurso AcrobActic 2008. O evento, que esteve na origem do lançamento de nomes como Katty Xiomara ou Nuno Baltazar, pretende abrir novos ca-

minhos para o design da moda nacional. Na final, estiveram 18 jovens criadores que se destaca-ram pela sua visão actual sobre a beleza e a moda. Cristina Vaz Pinto foi a vencedora do “Melhor Coordenado Feminino”.

Grupo Gamobar lança novos talentos da moda

Aceites projectos ligados à investigação industrial e/ou desenvolvimento experimental.

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A Comissão Europeia solici-tou formalmente a Portu-gal que reveja a sua prática

quanto ao regime especial prati-cado para as agências de viagens. O pedido foi efectuado sob for-ma de um parecer fundamenta-do, que constitui a segunda fase dos processos por infracção pre-

vistos no artigo 226.º do Tratado da União.

Em causa está a chamada Direc-tiva IVA, a qual inclui um regime especial destinado a simplificar a aplicação do IVA pelas agências de viagens que vendem viagens organizadas, incluindo serviços, a viajantes. O regime não se aplica,

contudo, a agências de viagens que vendam pacotes de férias a outros sujeitos passivos, nomea-damente agências de viagens que revendam os serviços de viagem.

De forma a eliminar as vanta-gens concorrenciais desleais de que beneficiam alguns organiza-dores de circuitos turísticos devi-do, por um lado, à não aplicação do IVA aos operadores não-co-munitários que vendem pacotes de férias a residentes na UE e, por outro, à aplicação desigual das normas em vigor pelos vários Estados-membros, a Comissão propôs, em 2002, alargar o regi-me especial em vigor, de forma a abranger as vendas às agências de viagens

Para além de Porfugal, também Países Baixos, Polónia, França, Itália, Finlândia, Grécia e Re-pública Checa foram alvo deste pedido formal da CE. Caso os Estados-membros em questão não cumpram o parecer funda-mentado no prazo de dois meses, a Comissão poderá remeter o caso para o Tribunal de Justiça das Co-munidades Europeias. Com vista a eliminar a distorção da concor-rência decorrente da aplicação desigual das normas em vigor, a Comissão iniciou processos por infracção contra os referidos pa-íses.

O principal motivo desses pro-cessos reside na aplicação do regi-me especial pelos Estados-mem-bros em questão aos casos em que o cliente é um sujeito passivo que revende os serviços de viagem. O

regime deveria apenas ser aplicá-vel nos casos em que o cliente é o viajante.

Segundo o comissário Kovács, responsável pela Fiscalidade e União Aduaneira, “a aplicação não-uniforme da legislação co-munitária nos Estados-membros pode determinar vantagens con-correnciais para os operadores estabelecidos em alguns Estados membros. Tal facto é incompa-tível com o mercado interno. A extensa lista dos países implica-dos em processos por infracção mostra, uma vez mais, a neces-sidade de simplificar as normas em matéria de IVA aplicáveis às agências de viagens, sublinhando, assim, a oportunidade de reiniciar o debate sobre a proposta apre-sentada pela Comissão em 2002 com o objectivo de simplificar as normas aplicáveis às agências de viagens.”

Regime especial visa proteger concorrência leal

Na ausência do regime espe-cial, uma agência de viagens que, por exemplo, compra serviços de restaurante e de aluguer de automóveis a terceiros noutros Estados-membros e os combina numa viagem organizada, que revende por sua conta, seria pas-sível de IVA relativamente aos serviços fornecidos no seu pró-prio Estado-membro. A agência teria direito ao reembolso do IVA cobrado no estrangeiro rela-tivamente aos serviços de restau-

rante e outros, mas com o incon-veniente de ter de solicitar esse reembolso a um Estado-membro distinto do seu. Além disso, o preço da viagem organizada seria muito influenciado pela taxa de imposto aplicável no seu Estado-membro, apesar de a viagem poder ter lugar noutro Estado-membro.

Deste modo, no âmbito do re-gime especial, todos os elementos de uma viagem organizada são inequivocamente objecto de tri-butação no Estado-membro em que a viagem tem lugar. O im-

posto correspondente é pago pelo operador turístico, sem possibi-lidade de dedução ou reembolso do imposto pago a montante. Por outro lado, no respeitante à via-gem organizada que vende, o or-ganizador de circuitos turísticos é apenas passível de IVA, no Esta-do-membro em que se encontra estabelecido, relativamente à sua margem (que constitui o seu va-lor acrescentado).

Em causa aplicação do regime especial do IVA das agências de viagens

Comissão Europeia adopta medidas contra Portugal

Associação nacional do sector contesta decisão de Bruxelas

Comissão Europeia leva Portugal a tribunal por causa dos centros de inspecção automóvel

A Comissão Europeia (CE) decidiu intentar no Tribu-nal de Justiça Europeu uma

acção contra Portugal, devido a restrições ao estabelecimento de centros de inspecção automóvel. Num parecer enviado em 15 de Dezembro de 2006, a CE apre-sentou quatro motivos de queixa relacionados, nomeadamente, com a subordinação da conces-são das novas autorizações ao interesse público, a exigência de um capital social mínimo de 100 mil euros, a limitação do objec-to social das empresas e as regras de incompatibilidade com outras actividades por parte dos sócios, gerentes e administradores.

A 5 de Fevereiro de 2007, o Governo português reconheceu os quatro motivos de queixa e prometeu alterar a legislação na-cional em conformidade. Porém, passado um ano, após a resposta favorável, as alterações legislati-

vas necessárias não foram ainda adoptadas, por isso é que Bruxe-las leva, agora, Lisboa a tribunal.

Esta é uma questão que, no caso de Portugal vir a ser obri-gado a alterar o actual estado das coisas, poderá ter influência no dia-a-dia dos automobilistas, já que o número de centros de ins-pecção pode aumentar a médio prazo. Porém, fonte do Automó-vel Club de Portugal adiantou à “Vida Económica” que o depar-tamento jurídico “nunca recebeu qualquer queixa dos sócios relati-va a essa temática”.

ANCIA defende a manutenção das regras

A Associação Nacional de Cen-tros de Inspecção Automóvel (ANCIA) contesta a decisão da CE. Fonte da associação referiu ao nosso jornal que “a exigência de um capital social mínimo de

100 mil euros, a limitação do objecto social e as incompatibili-dade previstas na lei constituem regras de acesso ao exercício desta actividade que todas as entidades actualmente autorizadas em Por-tugal tiveram que respeitar”.

Segundo o mesmo responsável, as regras são aplicáveis a qual-quer pessoa colectiva, nacional ou estrangeira, “e não restrições incompatíveis com a liberdade de estabelecimento. Segundo a ANCIA, estas regras justificam-se e os resultados das inspecções técnicas em Portugal “legitimam a sua manutenção, nomeadamen-te, o evidente reconhecimento in-ternacional da capacidade técnica dos operadores do nosso país e, mais visivelmente, o contributo importante na diminuição da si-nistralidade em Portugal”.

Quanto ao entendimento da CE de que a concessão de novos centros de inspecção, não deve es-

tar subordinada ao interesse públi-co, a nossa fonte defende que “se justifica e exige a manutenção”. Acrescenta ainda que a realização de inspecções é da competência originária do Estado, que, através de um diploma próprio, permitiu que a mesma também pudesse ser

exercida por entidades privadas, pelo que a ANCIA entende que “a definição do que deve ou não estar subordinado ao interesse público compete único e exclusivamente ao Estado português”.

AQUILES [email protected]

O organizador de circuitos turísticos é apenas passível de IVA, no Estado-membro em que se encontra estabelecido

sexta-feira, 07 Março de 2008 13PME

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Contratos Públicos

O Regime Jurídico da Urbanização e da Edificação alterado já está em vigor

Na altura da publicação da Lei no 60/2007, a 4 de Setembro do ano passado, foi publicado nesta coluna um artigo sobre alguns dos aspectos relativos à sexta altera-ção do Regime Jurídico da Urbanização e da Edificação (Decreto Lei no 555/99, de 16 de Dezembro).

Actualmente já está em vigor a referi-da alteração, mais concretamente desde a presente semana – do dia 3 de Março, o que justifica voltarmos a abordar este tema, nomeadamente a relembrar alguns aspec-tos respeitantes às novas regras e procedi-mentos.

A figura do gestor do procedimento é uma das novidades da reforma. Este é, des-de logo, identificado aquando do início do processo, ou seja, no recibo de apresenta-ção do requerimento para licenciamento, informação ou comunicação prévia.

A sua função consiste em assegurar o desenvolvimento da tramitação processual de forma eficaz, sendo o mesmo responsá-vel por todas as fases do processo. Nesses termos, deve acompanhar o cumprimento dos diversos prazos, assim como prestar as informações ou esclarecimentos necessários aos interessados.

Outro aspecto que sofreu alteração re-lativamente ao anterior regime foi o do

controlo prévio das operações urbanísticas, sendo certo que se verifica uma diminuição do mesmo com o objectivo de se simplifi-car o procedimento de licenciamento.

Nesse sentido, deixou de existir o proce-dimento de autorização e mantiveram-se somente as duas figuras do licenciamento e da comunicação prévia.

Assim, verifica-se que, a partir de agora, certas obras estão isentas de controlo esta-tal. É o caso de obras de escassa relevância urbanística, salvo se as mesmas forem a exe-cutar em edifícios classificados de interesse nacional ou interesse público e respectivas zonas de protecção. Trata-se, também, das situações de alteração ou conservação no interior dos edifícios, desde que estas não impliquem modificações na estrutura de estabilidade, da cércea, da fachada ou da forma dos telhados dos mesmos.

Por outro lado, passa a vigorar o regime da comunicação prévia para determinado tipo de obras, tais como as obras de reconstrução com preservação de fachadas, obras de cons-trução de piscinas associadas a uma edifica-ção principal, obras de urbanização e traba-lhos de remodelação de terrenos em área não abrangida por operação de loteamento.

Sucede, no entanto, que o reverso da efectiva diminuição do controlo prévio se

traduz num aumento da fiscalização mu-nicipal, bem como numa maior responsa-bilização das empresas e dos técnicos. E, em consequência, a realização de operações urbanísticas, independentemente da sujei-ção a qualquer tipo de controlo prévio, está sujeita a fiscalização administrativa.

No que diz respeito às empresas, verifica-se um agravamento das contra-ordenações aplicáveis, sendo as coimas graduadas de 500,00 até 450.000,00 Euros.

Em relação aos técnicos, o diploma prevê, para além da responsabilidade civil, crimi-nal ou disciplinar, sanções acessórias graves que lhes podem ser aplicadas, tais como a interdição de exercício da profissão ou ac-tividade conexas com a infracção praticada no município em causa, o que pode ir até ao período máximo de quatro anos.

A simplificação passa, ainda, pelo facto de se ter optado pela informatização total dos processos, com recurso a um sistema informático próprio que permite a entrega dos requerimentos e comunicações, a con-sulta pelos interessados do estado dos pro-cedimentos, a submissão destes a consulta por entidades externas aos municípios, a disponibilização da informação prévia re-lativa aos procedimentos de comunicação prévia admitida para efeitos de registo pre-

dial e matricial. Os requerimentos pode-rão ser preenchidos e entregues através da internet, desde que sejam instruídos com assinatura digital qualificada.

Mas se a reforma trouxe algumas van-tagens, foi, no entanto, pouco ambiciosa, sobretudo no que toca às situações de in-cumprimento por parte da Administração. É o caso das situações em que qualquer órgão municipal deve praticar um acto no âmbito do procedimento de licenciamento e não o realiza.

As referidas situações continuam, tal como acontecia no regime anterior, a não ter consequências concretas nesta reforma e a impor, tal como acontecia anteriormente, o recurso aos Tribunais – através da inti-mação judicial para a prática de acto legal-mente devido.

Assim, salvo nos casos de outro tipo de actos que não sejam os acima menciona-dos e em que se consideram tacitamente deferidas as pretensões dos particulares, as garantias destes continuam a implicar que o interessado peça ao Tribunal Administra-tivo de Círculo da área da sede da autori-dade requerida a intimação da autoridade competente para proceder à prática do acto que se mostre devido.

[email protected] de Advogados

NOTAS SOBRE

ANA MEDEIROS

Advogada

sexta-feira, 07 Março de 2008PME14

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Ernesto Santos: uma empresa globalizada que produze vende nos mercados externos Empresários portugueses têm medo de arriscar fora do país

Algo que verificamos com alguma frequência: a existência de empresas cada vez mais globaliza-das, que apostam nos mercados externos para

evoluir. É o caso da Ernesto Santos, mais uma em-presa que fomos encontrar na Export Home, e que, como seria de esperar, trabalha na área da decoração, das obras decorativas, com destaque para os quadros.

Como nos explicou o seu director-geral, Ernes-to Santos, tudo começou há 10 anos atrás, quando se aperceberam que o mercado nacional não podia mais satisfazer toda a sua sede de desenvolvimento. Daí até agora, somam-se sucessos. Os números são a prova: hoje, os mercados externos representam para esta empresa, com sede, em Braga, nada mais nada menos do que 83% da sua facturação.

Os mercados, onde a Ernesto Santos está de forma directa ou indirecta, através de revendedores, esses, chegam a ser 38. “Exportamos para 38 países”, des-taca Ernesto Santos à VE. Entre alguns deles con-tam-se a Espanha, a Itália, Angola, Índia e, mesmo, o Dubai. Aliás, este, cada vez mais, um mercado de interesse para os empresários nacionais. Ernesto Santos explica que, neste país, Portugal beneficia de uma imagem positiva fruto ainda da nossa presen-ça no mundial de futebol, em Riade. Algo que nos leva a perguntar: a Ernesto Santos depare-sa com o preconceito que, por vezes, existe em relação às em-presas portuguesas? Ernesto Santos, apesar de reco-nhecer que isto está a mudar, também não deixa de afirmar que a imagem do industrial português ainda carece de alguma qualidade. Algo, como já vimos, que não afecta esta empresa de Braga, até porque,

como explica Ernesto Santos, “quando vamos para as feiras, tentamos não vender o produto, mas antes o nome da empresa”.

E tanto assim é que a internacionalização desta empresa não se fica pelas vendas e passa também pela produção. É que, além de Portugal, a Ernesto Santos possui também unidades de fabrico, ao todo três, em Espanha e na Roménia. Este, diz o seu di-rector-geral, um país promissor que vai servir, no futuro, de plataforma de expansão para os mercados que lhe estão próximos. Na base deste crescimento, e tal como outras empresas, está a presença contínua da Ernesto Santos em feiras cá e lá fora. “Fazemos, a nível mundial, 15 a 25 feiras por ano”, revela Ernes-to Santos à VE.

Empresas nacionaiscom medo do desconhecido

Quando se fala de internacionalização, acaba por se falar de outras empresas e do que o país tem feito nesta área. A opinião de Ernesto Santos sobre o as-sunto é clara: “O empresário português tem medo, não acredita nele”. E este empresário continua ao afirmar que “a maior parte, quando sai de Portugal, já sai derrotado, porque tem medo”. Ernesto Santos considera, contudo, que é possível dar a volta a este sentimento, dizer não e competir no exterior com sucesso. Afinal, como destaca, há lá fora um merca-do de 600 milhões de pessoas para aproveitar.

SANDRA RIBEIRO [email protected]

Export Home celebra 20 anose quer afirmar-se pelo seu

carácter internacional

Uma feira que já atingiu a idade adulta. É isso que se pode dizer da

Export Home – o certame de Exponor que se dedica aos sec-tores do mobiliário, iluminação e artigos de casa para exporta-ção – quando sabemos que esta acaba de celebrar 20 anos de ac-tividade. Os seus promotores, em comunicado de imprensa, falam de um evento – este rea-lizou-se de 26 de Fevereiro a 1 de Março — que se apresenta com “uma força revigorada e de novas propostas, mas com a qualidade de sempre”. Algo que passa pelo seu carácter interna-cional.

Pelo menos, é isto que a Ex-ponor dá a conhecer ao dizer que a Export Home, só na úl-tima edição, foi visitada por 2099 estrangeiros, oriundos de mais de 20 países. Espanha vem à cabeça, logo seguida da França, Bélgica, Itália e ainda a Rússia. Por este motivo, des-tacam ainda os responsáveis deste certame, a Export Home assume-se, “a cada edição que passa, como o momento mais importante do ano para quem procura internacionalizar o seu negócio ou para quem já deu este passo, consolidar a pre-

sença em mercados interna-cionais, com especial destaque para os países emergentes da Europa”.

E para que estas afirmações sejam mais do que isso mes-mo, a Export Home fala do es-forço realizado para trazer até nós compradores estrangeiros. “Para garantir o êxito da Ex-port Home, a organização teve a preocupação de incrementar as visitas de compradores, pelo que foi reforçado o programa de “Hosted Buyers”, destacam. E como?, poderá o leitor per-guntar.

Aqui, as mesmas pessoas fa-lam num espaço, o pavilhão um, dedicado não só às maio-res novidades do sector como também à demonstração dos projectos de interesse nacional portugueses. Estes, como di-zem, geradores de uma elevada oferta de mobiliário.

A par da feira propriamente dita, quem visitou ou partici-pou na Export Home teve ain-da direito a outras iniciativas: o Evento Design e a Passarela da Inovação são dois dos exem-plos. Resta dizer que, nesta feira, marcaram presença 330 expositores, isto numa área to-tal de 53 mil m2.

Feiras precisam de rever o conceito que está na sua origem

A opinião chega de uma pessoa avali-zada na matéria ou não tivesse a em-presa que gere, a Mundos Perdidos

– esta trabalha só para profissionais na área da decoração, com um forte acento na área da iluminação -, feito, já lá vão três anos, da presença em feiras a sua grande rampa de lançamento. Estamos a falar de Filipa Neves, uma das pessoas que entrevistamos na Export Home, e que considera que estas precisam de rever o seu conceito. “Talvez, as feiras necessitem de mudar um pouco o conceito” que lhes está na origem.

O que leva Filipa Neves a falar desta forma? Aqui, a gerente da Mundos Perdi-dos, uma empresa de Gondomar, destaca o facto de este tipo de certames já não ser-virem para fechar negócios, mas, apenas, para exporem os produtos. Os clientes vêm às feiras, destaca, observam as novidades e só depois fecham os negócios. “Acaba por ser um investimento muito grande para um retorno um pouco tardio”, diz ainda. Como solucionar esta questão? Filipa Neves sugere a diminuição do custo das feiras.

Sobre a Export Home, em particular, e para além desta questão, Filipa Neves mos-tra-se satisfeita com os resultados. A Mundos Perdidos já participa pelo segunda vez nes-

sexta-feira, 07 Março de 2008 15PME

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te certame e a sua gerente diz que a Export Home tem interesse, até pela vertente inter-nacional que lhe está associada. Sobretudo se falarmos dos clientes que chegam do merca-do espanhol. A Mundos Perdidos também já vende para Espanha, uma vez mais as feiras tiveram aqui um papel fundamental, mas, ainda assim, ficou surpreendida com a quan-tidade de pessoas do mercado aqui do lado que nos visitaram nesta Export Home. A que é que se pode atribuir isto? Filipa Neves, ou-tras pessoas disseram-nos o mesmo, fala de um avanço de Portugal nesta área do design. “Eles vêm, aqui, procurar o que não encon-tram no país deles”, destaca esta responsável.

E tanto assim é que a Mundos Perdidos quer reforçar a sua presença no mercado vi-zinho. “Temos que consolidar a nossa pre-sença, em Espanha, uma vez que estamos nestes há, apenas, um ano”, relata Filipa Neves. E acrescenta: “Este ano, vamo-nos dedicar literalmente ao mercado espanhol”. Mas a Mundos Perdidos não quer ficar por aqui e, depois deste passo, é bem provável que vá um pouco mais longe, ou seja, até ao mercado francês. Como seria de esperar, a entrada neste país deverá passar pela pre-sença da Mundos Perdidos numa feira pari-siense ligada ao sector.

Um certame que aposta no design

Como é que se pode conquistar mer-cados, sobretudo o internacional? Cada vez mais, as empresas por-

tuguesas sabem que isto passa pela aposta em conceitos como a inovação ou o design, sobretudo as que estão nas Export Home e ligadas à decoração. Afinal, estamos a falar de um certame que conta com um evento de design – é assim mesmo que se denomina: Evento de Design e já vai na oitava edição —, este ano, con-sagrado a uma mesa que dá pelo nome de

“Memories”. Esta venceu toda a concorrên-cia, ficou em primeiro lugar, e é da autoria de Carlos Faria. Este, como seria de esperar, um designer que trabalha para a empresa Opos-tos. O segundo lugar coube a Ana João Silva, da AM Móveis e Filhos, com a peça Mistery. Já o terceiro prémio, com o bar “Metamor-phosis” e design do gabinete Xis 77, foi para a empresa José de Castro Carneiro e Filhos. Resta-nos dizer que este projecto é organiza-do pela Associação Empresarial de Paredes, em parceria com a Exponor.

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A Vicaima, empresa produtora de portas interiores, está a desenvolver um projecto ambiental que vai reduzir as emissões de dióxido de carbono em 290 toneladas. Os objectivos deste investi-mento de 700 mil euros passam por ga-rantir uma maior eficiência energética e contribuir para a preservação do ambiente.

Várias medidas estão a ser colocadas em prática, como a aquisição de mo-tores de alto rendimento para aspiração de resíduos, substituição de empilhado-res a gasóleo por eléctricos, implementação de um sis-tema de gestão integrado de energia, utilização de controladores de temperatura e sistema de controlo de climatização de edifícios. Garantem os seus responsáveis que o investimento nesta área é para continuar, tendo em conta as preocupações sociais e ecológi-

cas que fazem parte da filosofia da em-presa.

A realidade é que, em apenas três anos, a Vicaima investiu cerca de três milhões de euros na defesa do ambiente. Aliás, já detém a respectiva certificação ambien-tal. Entre as várias medidas tomadas

com impacto ambiental, destaque para a criação de uma ETAR própria, a aqui-sição de uma linha de en-vernizamento ecológica e a implementação de um sis-tema de recolha de resíduos gerados no processo produ-tivo. De salientar que estes investimentos têm facilita-do o processo de interna-

cionalização. Cada vez mais são exigidos produtos que passam por sistemas de produção amigos do ambiente, em es-pecial quando se trata de mercados mais exigentes e de maior valor acrescentado.

Sentimento de optimismo regressa à construção

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Em poucos meses, os empresários portugueses do sector da construção deixaram de ser os mais pessimistas da Europa. Gradualmente, começa a insta-lar-se um clima de optimismo, como há muito não se verificava. A Federação da Construção (Fepicop) sente-se satisfeita por, finalmente, os políticos estarem a dar ouvidos aos profissionais e às asso-ciações representativas desta actividade, determinante para o tecido económico do país.

Agora as empresas também estão conscientes que têm que investir em grande volume. Isto porque em perspec-tiva está um elevado número de obras, depois de sucessivos adiamentos. Ainda assim, aquela federação lamenta que os sucessivos governos não tivessem avan-çado com as necessárias adjudicações, “ao invés de quase levarem ao limite da exaustão a maior parte das construtoras nacionais, deixando-as à míngua de tra-balho”.

Perante este cenário, os próximos anos parecem ser, pelo menos em termos de obras públicas, tempos de alguma recu-

peração. Basta ter em conta o plano de construção de novas barragens, o pla-no de construção de novos hospitais, a renovão do parque escolar, o novo ae-roporto de Lisboa ou a construção da linha do comboio de alta velocidade. Apesar desta agenda, a estrutura patro-nal continua preocupada com o proble-ma da construção residencial. E falta, sobretudo, assegurar que o sector tenha um desempenho estável e sustentado.

De igual modo, espera a Fepicop que a nova legislação relativa aos pagamen-tos tenha aplicação ao nível prático. Outra preocupação é a recuperação ou a requalificação urbana. Até agora as medidas introduzidas pouco impacto tiveram, o que significa que não serão as mais adequadas, face à actual realida-de do mercado. Um bom indicador que traduz o sentimento de maior confiança por parte dos empresários é que houve um aumento de quase 10% nas obras de engenharia civil, no passado mês de Janeiro. Neste mesmo período, a habita-ção teimou em não entrar no tão deseja-do terreno positivo.

Tetra Pak junta operações ibéricas

A Tetra Pak, empresa mundial de embalagem e processamento de produtos alimentares e bebidas, procedeu à unificação das suas operações em Portugal e Espanha. Foi criada a Tetra Pak Ibérica, uma das cinco maiores empresas do grupo. A fusão pretende capitali-zar as competências das duas em-presas e desenvolver um negócio integrado à escala ibérica.

Há algum tempo que o grupo está num processo de reestrutu-ração a nível mundial, de modo a garantir o reforço da sua presença no mercado global de tratamen-to e embalagem de alimentos. A estrutura existente em Portugal vai manter-se, mas a sede fica nos arredores de Madrid. No ano passado, as operações conjuntas ascenderam a cerca de 7,3 mil mi-lhões de embalagens. À frente dos destinos da nova empresa fica um gestor do país vizinho.

Actualmente, a Tetra Pak con-ta com 20 mil colaboradores, os quais estão em 165 países. O gru-po detém 68 empresas de mercado e 48 centros de serviços. Para dar resposta à necessidade de garantir o princípio da inovação, gere 17 centros de formação técnica e 12 centros de investigação e desenvol-vimento.

Grupo Pinto Brasil com facturação recorde na Roménia

A MTS – Mechanical Tecno Systems, subsidiária do grupo Pin-to Brasil, a operar no fabrico de linhas de montagem e periféricos para o sector automóvel, obteve um volume de vendas de 120 mil euros no passado mês de Janeiro. Foi um recorde, devendo ultrapas-sar este valor no mês seguinte.

A facturação ficou a dever-se a projectos de linhas de montagem e periféricos envolventes para ca-blagens de automóveis de empre-sas como a Yazaki, a Ford ou a Delphi. A MTS tem-se dedicado à produção e venda de linhas de montagem e materiais com tec-nologia avançada, difíceis de en-contrar localmente. A casa-mãe contribui com soluções de enge-nharia para os projectos em curso. A internacionalização é um dado adquirido por parte deste grupo de Guimarães.

Há cerca de cinco anos, a em-presa especializada na concepção e fabricação de equipamentos e má-quinas de teste para a indústria de cablagens automóveis, optou pela internacionalização.

Em três anos foram investidos três milhões de euros

Vicaima investe na redução das emissões de dióxido de carbono

sexta-feira, 07 Março de 2008PME16

CASAS-RETIRO NA SERRA DA ESTRELA

Pretendemos implementar um projecto de investimen-

to no Parque Natural da Serra da Estrela, que consiste na reconstrução de 5 casas velhas de pastores e algumas infra-estruturas.

O projecto de construção foi aprovado pela Câ-mara Municipal e classificado pela Direcção Geral do Turismo com Casas da Natureza na modalidade de Casas-Retiro.

O investimento é o seguinte:Reconstrução das 5 casas conforme projecto ............................................. 175 000 JConstrução de caminhos de acesso ...... 20 000 JConstrução de uma ponte .................... 15 000 JConstrução de reservatório de água e condutas ........................................ 25 000 JLimpeza de caminhos e canadas ............10 000 JRamal e cabina .....................................25 000 JVedações .............................................15 000 JMóveis e decorações ............................65 000 JTotal .................................................. 350 000 JPodemo-nos candidatar ao QREN? RESPOSTAPodem-se candidatar ao Sistema de Incentivos

à Inovação desde que cumpram as condições gerais de acesso do promotor e do projecto, previstas no enquadramento nacional e as condições específicas de acesso do promotor e do projecto previstas no Regulamento do SI Inovação.

No SI Inovação e no QREN em geral, as constru-ções e as obras de construção civil não são apoiadas, ao contrário dos QCA`s anteriores. No entanto, nos projectos do sector do turismo, em casos devidamente justificados, bem como nos projectos enquadrados em estratégias de eficiência colectiva, podem constituir despesas elegíveis a construção de edifícios, obras de remodelação e outras construções, desde que direc-tamente relacionadas com o exercício da actividade, assim como a aquisição de material circulante que se traduza em si mesmo numa actividade de animação declarada de interesse para o turismo.

Uma das condições essenciais é que os projectos de arquitectura e as memórias descritivas do investimento estejam previamente aprovadas, o que é o caso.

No caso do projecto ser avaliado positivamente pelas entidades competentes, o apoio previsto assume a forma de incentivo reembolsável, sem juros e com um prazo de financiamento com o limite máximo de 10 anos, com um período de carência de capital até 3 anos (condições previstas para a construção de novos estabelecimentos hoteleiros), sendo as amortizações efectuadas em prestações semestrais iguais e sucessivas.

O valor do incentivo corresponde a uma taxa base máxima de 35%, acrescida de uma majoração de 20% (majoração tipo de empresa), isto é 55%, ou seja, 192 500 J.

Igualmente, poderá haver uma majoração “em-preendedorismo feminino ou jovem”, conforme os casos.

É de notar que o empréstimo referido poderá ser convertido em incentivo não reembolsável (fundo perdido), em função da avaliação do desempenho do projecto (comparação entre o mérito do projecto (MP) real, medido no ano pós-projecto e o MP esperado, previsto no contrato de concessão de incentivos), até ao montante de 75% do incentivo reembolsável concedido, isto é, 144.375 J.

No entanto, o enquadramento nacional estabelece o limite máximo de 40% (em ESB) para os investimentos produtivos de inovação (pequena empresa), pelo que aquele valor será reduzido para 140 000 J.

CONSULTÓRIO DE FUNDOS COMUNITÁRIOS

[email protected].: 228348500

Colaboração:[email protected].: 228348500

O mercado residencial representa, neste momento, a maior preocupação para as empresas de construção.

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Num enquadramento económico próximo da recessão (em parte importada, mas em grande parte

devida ao sensível aumento de impostos e de custos reais de alguns bens essenciais – saúde, educação, etc.), o mercado imo-biliário encontra-se numa difícil situação, também devido às influências recíprocas – e tão fortes — dos dois aspectos: econo-mia global e mercado imobiliário.

Não esqueçamos as consequências dos erros acumulados das políticas seguidas relativamente à propriedade imobiliá-ria (desde o congelamento das rendas ao NRAU, sobretudo relativamente ao mercado do arrendamento e o excessi-vo incentivo estatal à compra de habita-ção própria), sempre divergentes do seu funcionamento em mercado livre e con-correncial, aspecto que se prova estatis-ticamente1 ser de efeitos contrários à ex-pansão económica global nas economias correspondentes.

Assim, no tocante ao sector habitacio-nal e no subsector do arrendamento, não deixam de se sentir grandes carências, não só devido ao ligeiro aumento populacio-nal mas principalmente à continuação da migração interna na direcção dos maio-res centros urbanos (sobretudo Porto e a região de Lisboa) e a redução do nume-ro médio de pessoas por fogo (divórcios, idosos e solteiros vivendo em habitação própria, etc)

O regimes restritivos do livre funciona-mento deste submercado travam “social-mente” a subida das rendas, mas, como sempre, traduzem-se não só em novas ca-rências nele próprio como na emergência de outros malefícios, neste caso — com a alternativa da compra de habitação pró-pria, a manutenção já desnecessária do in-centivo estatal para tal fim, e a aceitação do prolongamento dos prazos de amortização das hipotecas, com a sensível redução, en-tretanto verificada internacionalmente, no nível das taxas de juro — o forte acrésci-mo do endividamento familiar até níveis próximos dos 120% do rendimento anual respectivo.

Dada a necessidade, na gestão bancária, de aumentar constantemente o volume do crédito distribuído — e isso em muito maior volume devido à referida redução das taxas de juro — (no âmbito europeu ainda mais, devido à perda dos benefícios dos câmbios por via da criação da moeda única) — para melhorar os resultados de exploração e a sua cotação bolsista, é gran-de a tentação de “facilitar” mais esse cré-dito, sobretudo com garantia real, como é o caso do imobiliário, começando a atrair ou aceitar as camadas mais insolventes da população.

Ora é sempre bom observar o que se passou e passa à nossa volta para daí adqui-rirmos noções que nos evitem más experi-ências, e nesse sentido observar que é este cenário a que só falta a possibilidade (para repartir riscos) de titularização do crédito hipotecário para nos situar nas condições

que suscitaram, de princípio nos Estados Unidos, a já famosa “crise do sub-prime”.

Mas, ainda sem este recurso, também não foi fácil, nos mesmos Estados Unidos, em 1990, a saída da situação com a imedia-ta insolvência de uma grande quantidade de instituições de crédito e a indispensável intervenção da FED que se cifrou por uma perda de muitos milhões de dólares para o tesouro americano.

É que os súbitos aumentos da procura, que ocasionalmente sempre ocorrem no mercado imobiliário pela via do arrenda-mento ou da compra, só podem ter uma resposta da oferta que é paulatinamente desenvolvida, devido ao longo ciclo de produção do imobiliário, no qual influem preponderantemente os longos prazos para obtenção dos licenciamento.

É nestas condições inevitável, nos perío-dos imediatos à ocorrência dessas “cristas” da procura e pelo simples efeito da “lei da oferta e da procura”, a ocorrência de sen-síveis elevações de preços, situação que é tanto menos prolongada (como bem prova Milton Friedman com base no terramoto de S. Francisco e na carência de habitações subsequente), quan-to menos se procura intervir, adminis-trativamente e com fins “sociais”, com uma limitação auto-ritária dos preços de mercado.

Como bem prova a experiência mais recente, a única solução, quanto às crises financei-ras provocadas por excesso de oferta imobiliária, é antes, pelo menos como lenitivo, a antecipa-damente informada contenção da oferta (que chega “atrasada”à conjuntura), nas épocas em que ela tem ainda tendência para subir, mas quando a procura já deu mostras de estar em declínio, como é o caso presente no mercado imobiliário de compra-venda.

E essa contenção só é possível de con-seguir-se através de uma acção restritiva na concessão de crédito à promoção para construções novas, o que, nas condições actuais acima descritas, é orientação pouco compatível com as necessidades da gestão bancária, mas em cuja ausência se origi-nou a recente crise do “sub-prime”.

Isto porque qualquer intervenção só é efectiva quando feita ao nível da oferta ou da procura, e não dos preços, como para todos é já hoje evidente (e até corrente-mente praticado) como exemplo flagrante, no mercado de capitais.

É quanto ao caso simétrico do excesso de procura no mesmo mercado de com-pra-venda que tem papel preponderante o sub-mercado do arrendamento – natural-mente como importantíssima alternativa

- é este que tem que ter sempre capacidade excedentária para travar a acorrência em excesso da procura no mercado de com-pra-venda, ao contrário do que se verifica entre nós, caso em que essa sobrecapacida-de, se existe não está disponível.

E, de novo, não são as soluções autori-tárias incidindo sobre preços-custos-ren-dimentos (como entre nós é agora a so-brecarga fiscal sobre habitações devolutas) que têm eficácia real, porque sempre as subjacentes engrenagens da economia vão dar origem a outros inconvenientes, em-bora seja certo que serão — não os actuais — mas outros políticos a ter de enfrentá-las…

É, pelo contrário, a introdução de estí-mulos positivos relativamente aos agentes económicos correspondentes ao factor em falta (e não negativos, como é o caso da-quela medida), que dão lugar a resultados benéficos para todos.

Como está provado através do “boom” imobiliário verificado em muitas eco-nomias desenvolvidas de todo o mundo (impropriamente designado por “bolha”), os capitais volantes, hoje provenientes

até das economias emergentes (como, principalmente, a da China), procu-ram aplicação em qualquer parte, em troca, naturalmen-te, de segurança de reembolso no seu valor real, e, se pos-sível, de algum ren-dimento.

No imobiliário (onde tal rendi-mento em princípio pode ser muito inte-ressante), à medida que, por virtude da

crescente acorrência de capitais onde tal se verifica e em face da maior estabilida-de dos rendimentos correspondentes, este vai baixando, e também se vai reduzindo a aparição de novos compradores.

Esses novos compradores continuarão a fazer esse investimento como investimen-to imobiliário e com esses dois benefícios, pelo menos até a um nível de taxas de re-torno da ordem dos 3,5% como sucedeu por exemplo na Austrália, nível esse que ali corresponderia sensivelmente aos ine-rentes “custos de manutenção”, resultando disso um rendimento líquido aproximada-mente nulo.

Ora, como no imobiliário estão sempre presentes as possibilidades de valorização ao longo do tempo (mais-valia) – conso-ante a natureza do imóvel, a sua localiza-ção, etc. —, tais aplicações ainda poderão continuar mais abaixo desses rendimentos, mas então já como investimentos em “va-lores-refúgio” (menos correntes e portanto globalmente menos volumosos), aliás em perfeito paralelo com os que são feitos em ouro, jóias, obras de arte, etc., visto que

estes também não auferem rendimentos, e só beneficiam de possíveis mais valias.

Será a partir desse nível que essas apli-cações de capitais começarão a deixar de se verificar, reduzindo-se a procura e es-tabilizando-se os correspondentes valores de mercado.

Ora estas aplicações só voltarão a atrair nova procura por via dos aumentos de rendimento bruto (rendas) que os imó-veis correspondentes possam ir registando (maior valorização local, novas utilizações, etc.).

De todo este encadeado de conclusões se deduz que, onde os encargos desses investimento (por via de maiores riscos, maiores imposições fiscais, maiores neces-sidades de conservação, maiores amorti-zações, maiores custos e tempo de despejo dos inquilinos faltosos, etc., o que pode corresponder a mais 4 a 10 pontos per-centuais), este tipo de aplicação não atrai capitais, o que significa que deixa de se re-alizar construção para tal fim (com preju-ízo que se repercute em toda a economia local), que a oferta para arrendamento tende para se anular, dando lugar a uma correspondente escassez, e que, finalmen-te, os valores das rendas inevitavelmente subirão.

É para que tal não suceda que se tor-na necessário que os governos, em vez de estimularem excessivamente a compra de habitação própria ao mesmo tempo que impõem reduções de rendimentos nos imóveis para arrendamento (controle de rendas) e aumento de custos (acréscimos fiscais), procedam no sentido dos tais estí-mulos positivos e da redução do que acima designamos por encargos adicionais do in-vestimento.

E até em maiores proporções, se se qui-ser conseguir que haja sempre uma sobre-oferta para arrendamento, evitando que as camadas mais modestas da população se-jam também “empurradas” para a compra de casa, e, portanto, para o sobreendivi-damento.

Ora isto é o que infelizmente se não se tem feito entre nós, com as consequências que aqui logicamente se deduzem (ausên-cia de informação estatística sobre a situa-ção de cada tipologia relativamente ao seu “ciclo”, longos períodos para o licencia-mento das construções, subida das rendas com simultânea vacatura de habitações, sobreendividamento das camadas mais modestas, crise na edificação e respectiva repercussão na economia global) e não são devidas a “especulações” nem a “bolhas”, porque, como se viu, estas nunca “reben-tam”, já que os valores que com elas se re-lacionam passam sempre por evoluções e não por quebras bruscas,

E depois não se diga que o mercado não funciona e é necessário corrigi-lo…

Nota1 Por exemplo, através do Índex da Heritage

Foundation deduzido desde há anos relativa-mente a 150 países de todo o mundo

A situação actual do mercado imobiliário

MANUEL JOAQUIM MONTEIRO DE BARROSConsultor imobiliário

sexta-feira, 07 Março de 2008 17NEGÓCIOS E EMPRESAS

O mercado imobiliário encontra-se numa difícil situação, também devido às influências recíprocas – e tão fortes — dos dois aspectos: economia global e mercado imobiliário.

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Os bancos portugueses não deverão nas suas contas a desva-lorização das casas dos seus clien-tes, caso estas desvalorizem. Esta a opinião manifestada por João Salgueiro, presiden-te da Associação Portuguesa de Ban-cos (APB), à “Vida Económica”. Isto porque, na sua opi-nião, não existem condições, nem fun-damentos, para tal medida.

A questão foi co-locada àquele responsável, na se-quência do apelo do presidente da Reserva Federal, Ben Bernanke, para que os bancos dos Estados Unidos reflectissem nas suas con-tas a desvalorização das casas dos respectivos clientes. Basicamente,

tratar-se-ia de um alargamento das amortizações de activos rela-cionados com o crédito à habita-ção aos empréstimos concedidos e cujas avaliações dos imóveis se

situem em níveis mais baixos. Ora, o presidente daque-la associação acha que tal medida não se aplica ao nosso país.

“A situação dos Estados Unidos é muito diferente daquela que se vive

em Portugal, neste âmbito. Logo à partida, muito do crédito con-cedido, nos Estados Unidos, nem sequer o foi por bancos. Por ou-tro lado, as hipotecas são muitas vezes utilizadas para possibilitar o levantamento de dinheiro, o

que não sucede por cá. A bolha imobiliária, por outro lado, só se verifica nalguns países europeus, como a Espanha, a Holanda, o Reino Unido e a Irlanda. Tal não ocorre no mercado nacional”.

Referiu ainda outros aspectos não menos importantes. Apesar de estarmos endividados, consi-dera, é um facto que não temos uma bolha especulativa, para além de que não existe um mer-cado do arrendamento efectivo. Finalmente, lembrou que os mer-cados apenas traduzem expecta-tivas e não os fundamentais. O caso das normas internacionais de contabilidade também não ajuda. Estas apontam para a existência de um valor de mercado, o que não corresponde à realidade. Daí ter que haver cuidados acrescidos na transposição das directivas.

Cadilhe defende que país está em recessão grave

O ex-ministro das Finanças de Cavaco Silva, Miguel Cadilhe, considera que o país está em re-cessão económica há quatro anos consecutivos. Isto porque se tem verificado uma quebra conti-

nuada no p r o d u t o efectivo.

Cadilhe d e f e n d e que Portu-gal deveria r e c o r r e r aos ins-trumentos de apoio prev i s tos no Pacto

de Estabilidade e Crescimento (PEC) para fazer face ao actual cenário negativo. Ainda que o país se enconte numa situação de recessão grave, os políticos não gostam de o reconhecer. O mes-mo acontece com os eurocratas, na sua óptica.

Muitas empresas irregulares na construção e mediação imobiliária

O Instituto da Construção e do Imobiliário (InCI) realizou, entre 2005 e 2007, inspecções a um total de 4237 empresas de cons-trução, das quais 975 estavam em situação irregular. E foram inspeccionadas 955 empresas de mediação imobiliária, sendo que cerca de 58% das mesmas esta-vam em situação irregular.

No primeiro caso, os ilícitos detectados prenderam-se com o exercício ilegal, a inexistência de cópia de alvará em obra e a sub-contratação de construtores ile-gais. Foram autuadas no terreno 567 empresas. Na mediação imo-biliária, as irregularidades respei-taram sobretudo a falta de arqui-vo de contratos, exercício ilegal e falta de livro de reclamações.

A qualidade da pesquisa nos dias da informação

O dispêndio de tempo a efec-tuar pesquisas e a sua qualidade são temas de maior importância nos dias de hoje. O melhoramen-to da procura e captação da infor-mação estão actualmente no seu auge, tanto na indústria como a educação. Por essa razão, o grupo de gestão do Programa UT Aus-tin-Portugal levou a cabo o semi-nário “Making Search Better”, leccionado por Don Turnbull, professor na Universidade de Austin, no Texas. A palestra pro-curou rever uma série de ideias e investigação em desenvolvimen-to incluindo a personalização, a filtragem e a arquitectura da in-formação que trazem tanto opor-tunidades de desenvolvimento e investigação com potencial im-pacto para a utilidade da pesquisa avançada.

Na opinião de João Salgueiro

Bancos não devem reflectir nas contas desvalorização dos imóveis

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Fazer obras é agora mais simples

Com a entrada em vigor das no-vas regras do Regime Jurídico da Urbanização e Edificação (RJUE) passou a ser bastante mais sim-ples fazer obras em casa. Deixou de ser necessário pedir qualquer autorização à câmara, desde que o edifício não seja classificado ou esteja em vias de o ser.

As vistorias camarárias, por seu lado, passam a ser realizadas ape-nas em casos excepcionais, sendo que as câmaras podem fazer fisca-lizações com poderes reforçados. Acontece que os promotores e os técnicos passam a ser mais respon-sabilizados, o que significa que te-rão, em caso de irregularidade, de pagar coimas e multas avultadas. Por sua vez, muitos dos processos poderão ser simplificados, já que os procedimentos podem ser fei-tos via internet.

A Ordem dos Engenheiros já se manifestou contra as novas regras, considerando que as mes-mas podem colocar em causa a

sexta-feira, 07 Março de 2008NEGÓCIOS E EMPRESAS18

Em Portugal, não há bolha especulativa no imobiliário

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Luís Mira, secretário-geral da CAP, afirma

Apoios ao investimento na agricultura estão suspensos desde 2005Portugal não gasta todo o dinheiro dos fundos comunitários de apoio à agricultura a que tem direito. No Programa Ruris, ficaram por utilizar 240 milhões de euros. Luís Mira, secretário-geral da CAP – Confederação dos Agricultores de Portugal, diz que esta ineficiência do Estado na utilização dos fundos retira capacidade competitiva aos nossos agricultores. “Os apoios ao investimento não existem desde 2005, temos o sector agrícola parado já há quase três anos”, salienta. Na campanha passada desapareceram 30 mil agricultores do sistema, num total de 240 mil.

Vida Económica - Como avalia a execução do Programa Ruris?

Luís Mira - Tivemos conheci-mento de um relatório elaborado agora pelo Ministério da Agricul-tura relativo à execução do progra-ma Ruris, que é um programa que pagava a prestação das terras agrí-colas no período 2001/2006. Por-tugal não utilizou 240 milhões de euros nesse período, o que é uma situação constrangedora para os agricultores. Esse dinheiro foi uti-lizado por outros países, como a Espanha e a Itália. Exige-se muito dos agricultores competitividade e melhoria das condições, quando o Governo português não tem capa-cidade para utilizar as verbas que tem disponíveis e assim não pode-mos crescer ao mesmo ritmo do que a Europa. É por isso que nós crescemos 1% e os nossos vizinhos espanhóis crescem 3,8%.

VE - Isso também tem a ver com aqueles contratos que existiam?

LM - Sim. O cancelamento dos contratos é uma das nódoas negras no processo de agro-ambientais. O cancelamento destes contratos significou 50 milhões. O proble-ma é que um Estado que não é eficiente, que não utiliza as verbas que tem à sua disposição, nunca pode permitir aos seus cidadãos serem competitivos numa Europa que anda toda a grande velocidade e que ninguém deixa dinheiro por

utilizar como nós. Portanto, isso é uma coisa que urge terminar e que neste momento não vemos nenhuma melhoria. Antes pelo contrário, vemos um retrocesso na forma de utilizar as verbas comu-nitárias.

VE - Refere-se ao QREN?LM - Refiro-me ao QREN. Na

agricultura chama-se PRODER. Os apoios ao investimento não existem desde de 2005, temos o sector agrícola parado já há quase três anos. Mais uma vez o Governo ainda não conseguiu pôr cá fora o

programa. É verdade que Bruxelas atrasou mais, mas também é ver-dade que não houve nenhum es-forço por parte do Governo para contrariar isso. Na agricultura, os investimentos têm de ser feitos na altura própria do ano, não é in-diferente ser hoje ou daqui a três meses. Assim, é difícil ser com-petitivo, concorrer com outros estados-membros, onde a grande preocupação é proporcionar ao máximo condições e incentivos para que a agricultura seja uma re-alidade, ao contrário do que temos verificado em Portugal, em espe-

cial, nestes últimos três anos.

VE - Continua a não haver quadro legal para os apoios nes-te momento?

LM - Não há.

VE - Tem alguma expectati-va?

LM - O Sr. Ministro, em Ou-tubro de 2006, dizia que era em Janeiro de 2007. Não só passámos Janeiro de 2007 como também passámos Janeiro de 2008. Por-tanto, não faço comentários a es-sas afirmações.

Este Governo abriu um perío-do especial de candidaturas e nós criticámos em Setembro de 2007, propondo aos agricultores um adiantamento. O que é facto é que as candidaturas foram feitas sem adiantamento, nem pagamentos.

Quando os agricultores e os cidadãos assumem um compro-misso para pagar um imposto ao Estado, não há desculpas de que “o meu patrão se atrasou”.

Tenho de assumir as responsabi-lidades com que me comprometi. O Estado hoje em Portugal não assume as responsabilidades que realiza com os cidadãos.

Isto é complicado porque as pessoas têm de pagar impostos, empréstimos aos bancos, têm a sua vida para governar. Há com-promissos e prazos que não são cumpridos. Este Governo não tem respeito nenhum pelo interior do país, vejam-se todas as medidas desde a questão das urgências à questão da agricultura em que se está a promover uma desertifica-ção total do interior do país.

VE - Não há nenhuma contri-buição para o financiamento do movimento associativo de agri-cultura?

LM - Penso que o Governo ain-da não percebeu, e isso vai custar caro ao país, que durante 20 anos houve um determinado modelo que se seguiu de menos Estado, melhor Estado.

Havia quatro confederações que prestavam serviço ao Minis-tério da Agricultura de realização de candidaturas e que recebiam um pagamento por isso. Agora, este Governo diz que não quer pagar.

Cerca de 85% dos agricultores em Portugal têm menos de cinco hectares, andámos durante estes 20 anos de porta em porta a mo-tivar os agricultores para se can-didatarem, muitas vezes a verbas reduzidas, mas era dinheiro que permitia a estas pessoas que vivem no mundo rural terem um incen-tivo para aí permanecerem.

Este Governo diz que têm de ser os agricultores a suportarem isso e têm de fazer de forma a serem

eventualmente as direcções regio-nais a receberem as candidaturas. Actualmente, existem 1200 postos de recepção de candidaturas com 1200 terminais informáticos pa-gos pelo Ministério da Agricultu-ra. Passando isto só para as direc-ções regionais passamos de 1200 postos para 200.

Um agricultor que vive em Vi-mioso tem de vir a Bragança para se candidatar quando tem lá uma organização onde o pode fazer. É mais uma vez não ter consideração nem respeito pelos agricultores nem pelo esforço que eles têm de fazer para que isso aconteça.

É uma linha completamente ao contrário do que qualquer governo que tem alguma consideração pelo meio rural faz, que é possibilitar às pessoas de menores recursos candi-datarem-se. Na campanha passada desapareceram 30 mil agricultores do sistema, num total de 240 mil. O Governo acha normal. Eu acho preocupante.

Agricultores querem a restituição

de taxas indevidamente cobradas

A CAP exige que o prazo para apresentação dos pedidos de reembolso das taxas indevida-mente cobradas pelo IFADAP durante a vigência do II Quadro Comunitário de Apoio seja pro-longado, uma vez que “o insti-tuto não foi capaz de executar aquilo a que se propôs”.Face ao “não funcionamento da metodologia criada pelo IFAP”, a confederação quer que o pro-cesso passe a ser automático, “de forma a que os beneficiá-rios não tenham de apresentar elementos que estão na posse do IFAP, alguns deles com mais de 10 anos”. “Com efeito, até ao dia de hoje, o IFAP ainda não cumpriu a decisão do Tribunal de Justiça Europeu, que o obriga a resti-tuir todas as taxas indevida-mente cobradas no período de programação do II Quadro Co-munitário de Apoio, no âmbito dos programas co-financiados pelo FEOGA e pelo IFOP.” “Até hoje, nenhuns dos 31 mil beneficiários de 43 mil projectos receberam qualquer montante dos 22 milhões de euros que lhes foram retirados indevidamente, apesar de estar previsto que os pagamentos po-diam ser feitos a partir de 1 de Janeiro”, diz a CAP.A CAP recorda que “o IFAP comprometeu-se a enviar, no decurso da segunda quinzena de Janeiro, um mailing a todos os beneficiários com direito à restituição das taxas com da-dos sobre os projectos e valores a serem devolvidos, de forma a que os requerentes só tivessem de assinar o pedido de resti-tuição. Tal acabou por não se verificar”.

sexta-feira, 07 Março de 2008 19NEGÓCIOS E EMPRESAS

“O nosso país tem mais condições e capacidades naturais para fazer floresta do que cereais, embora existam zonas do país que são altamente compe-titivas em cereais, como o Ribatejo” - afirma Luís Mira. Relativamente à subida dos preços dos cereais, o secretário-geral da CAP entende que ela advém do fim da intervenção dos cereais por parte da Comis-são Europeia. “Houve aqui mais factores psicológicos do que fac-tores reais. Todos os economistas criticaram durante 20 anos que a PAC era muito intervencionista e não que deixava o mercado funcionar e tanto batalharam que sobre o mercado dos cereais a PAC deixou de ser intervencionista.” “Nos primeiros três meses em que o mercado fun-ciona vejo os mesmos economistas dizerem que isto não pode subir tanto.” “Quando se acaba com os mecanismos de interven-ção, o que acontece é que os grandes operadores do mercado começam a fazer a sua especulação. Na Bolsa de Londres de matérias agrícolas, o títu-lo mais valorizado em 2007 foi o trigo. Aqui quem produz está sempre em desvantagem face a quem transforma”, refere. Ainda assim, Luís Mira prefere o mercado livre. Até porque “o preço do cereal subiu mas ainda não está ao preço que estava em 1986. As ajudas pagas pelo orçamento comunitário serviam para manter o preço baixo”. Hoje, ainda há pagamentos feitos hoje pela Comis-são Europeia, mas condicionados ao cumprimento de um conjunto de regras, mais restritivas do que no passado. “A PAC criou a fama de gastar muito dinheiro. Ago-ra estamos no oposto, porque a Europa deixou de ter a sua reserva estratégica de alimentos, logo está dependente dos produtores. Neste momento, os sto-

cks de cereais são nulos. A Europa tem de pensar nesta questão. Porque não pode ficar totalmente de-pendente de terceiros países e de não ter nenhuma capacidade de stock. Ao contrário do que acontece com os combustíveis, nos alimentos não há nenhu-ma obrigação”, conclui.

Grande distribuição reorganiza produção

A grande distribuição obrigou a uma reorganiza-ção por parte da produção. Isso leva a uma entrega constante e padronizada, que, segundo Luís Mira, “dificulta muito a vida aos pequenos produtores”. “Vêem-se hoje, em todo o país, supermercados abastecerem se de forma diferente, já não é cen-tral. As coisas evoluíram e os agricultores têm de se adaptar.” Face à globalização, “a grande arma de defesa de um país são os próprios cidadãos. Veja-se o caso dos espanhóis, consomem e valorizam preferencial-mente o que é espanhol. Portugal valoriza pouco o que é seu, e isto tem a ver com uma questão quase cultural”.

“A PAC CRIOU A FAMA DE GASTAR MUITO DINHEIRO”

“O cancelamento dos contratos é uma das nódoas negras no processo de agro-ambien-tais.”, afirma Luís Mira.

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Novo Portugal quer dar opções à nova geraçãoChama-se Novo Portugal,

é um movimento nasci-do no seio da ANJE e da

Sedes – Associação para o Desen-volvimento Económico e Social, apartidário mas que se assume como um grupo de pressão. A proposta de Tiago Gali Mace-do, comissário geral, é simples: este fim-de-semana, dias 7 e 8 de Março, um grupo de 100 ilustres convidados irá embarcar no Hotel Douro Queen e durante dois dias, em pleno Douro, vai discutir sete temas, fundados em reflexões pré-vias de especialistas. Este fim-de-semana de trabalho irá culminar na elaboração de um documento com as principais conclusões do qual se vai extrair os “7 Desígnios de uma Geração para Portugal”.

Mas o que fez despoletar a ne-cessidade deste grupo de reflexão? Em entrevista à “Vida Económi-ca”, Tiago Gali Macedo garante que foi a consciência de que Por-tugal tem resolvido os problemas do dia-a-dia em detalhes, não havendo, contudo, uma profun-da reflexão do modelo. E é preci-samente aqui, para a revisão des-te modelo, que o Novo Portugal quer contribuir. “As pessoas estão fartas de andar a fazer gestão diá-

ria. Uma gestão feita por políticos todos iguais, divergindo apenas o nome e a cor partidária, mas que na prática é toda idêntica. Temos consciência da inviabilidade do modelo e, por isso, temos duas al-ternativas: ou emigramos ou ten-tamos, dentro do que nos for pos-sível, alterá-lo. E então resolvemos juntar a geração até aos 45 anos e criar um grupo de trabalho.”

O objectivo final? Deixar à pró-xima geração, “quando lhe passar-mos o testemunho, um modelo mais viável”.

Os 100 convidados são um gru-

po extremamente heterogéneo, que abarca profissionais de todas as áreas desde a cultura à econo-mia. Sobretudo, salientou Gali Macedo, “temos a certeza que são 100 portugueses escolhidos pela sua qualidade e não pelo seu me-diatismo ou do reconhecimento político-partidário. Ou seja, pes-soas que apenas se evidenciaram na vida dentro das estruturas par-tidárias não foram para nós mote de escolha”.

Com temas bastante abrangen-tes – Pessoas, Valores, Recursos, Conhecimento, Espaço, Orga-

nização e Cultura –, cada equipa de trabalho, dirigida por um co-ordenador, vai agora discutir as respostas dadas a um questionário previamente elaborado. Segundo explicou a organização, preten-deu-se “que cada uma das equipas de trabalho tivesse um elevado grau de liberdade na preparação do questionário relativo ao seu tema de reflexão particular”.

O que vai ser pedido aos convi-dados, diz o advogado, é que “pen-sem fora da caixa”. “Porque dentro da caixa só se tem ressonância. É esse a grande exigência que já fiz a todos e que vou reiterar”. O sis-tema político, tal qual está, resolve as questões? Será que os nossos parcos recursos devem ser empre-gues no desenvolvimento das nos-sas relações com o Atlântico, com a Europa ou com a Ásia. Qual deverá ser a intervenção do estado na economia? Estes são alguns dos exemplos das questões que foram colocadas.

Para este projecto, Gali Ma-cedo garante que as reacções dos convidados têm sido, sobretudo, de uma demonstração de grande orgulho e responsabilidade, mis-turado com um grande empenho e entusiasmo.

“Acabou o período de a socieda-de civil estar em casa calada a co-mentar. É hora de passar à acção. É que, apesar do apartidarismo deste movimento, o Novo Portu-gal assume-se como um grupo de pressão”, salientou o comissário. “As conclusões a que chegarmos vão ser entregues a quem de di-reito e iremos exigir e pressionar que os políticos venham a actuar em conformidade. A sociedade civil é um elemento vivo e muito importante. A partidocracia está em decadência. As pessoas cada vez mais votam menos”, alertou. O objectivo é que este documento seja posteriormente entregue ao Presidente da República, Cavaco Silva.

“Esta geração tem características muito próprias, fomos a primeira a sentir o fenómeno da globaliza-ção, da comunicação e da igual-dade da mulher… Tudo impactos fabulosos mas que não deixam de ser impactos e que fazem com que os modelos que poderiam ser mui-to viáveis para outra realidade ago-ra estejam de certa forma desloca-dos”. Daí que o propósito deste Novo Portugal seja precisamente a validação de um novo modelo para o nosso país.

SUSANA MARVÃ[email protected]

sexta-feira, 07 Março de 2008NEGÓCIOS E EMPRESAS20

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Quinta dos Carvalhais com nova página “online”

A Sogrape lançou recentemente o sítio www.quintadoscarvalhais.eu, dedicado à divulgação dos seus vinhos produzidos na quinta, como a marca Duque de Viseu ou Quinta dos Carvalhais, ao mesmo tempo que pretende promover e divulgar a região vitivinícola do Dão.

Trata-se de uma página que pretende “demonstrar o cuidado que a marca tem tido em acompanhar a evolução natural dos gostos dos consumidores e, ao mesmo tempo, revelar todo o potencial da região”. Por esse motivo, “a criação desta platafor-ma atractiva e inovadora reflecte toda a distinção e elegância de Quinta dos Car-valhais”.

A história de uma marca de renome em Portugal, os segredos dos seus grandes vi-nhos e imagens das campanhas são apenas

alguns elementos que convidam a visitar o “site” www.quintadoscarvalhais.eu. Mas a página possibilita ainda a hipótese de rece-ber grátis uma garrafa de Quinta dos Car-valhais, para o que convida a arriscar-se no jogo interactivo proposto no sítio.

MARC [email protected]

Fundação Montepio oferece frota solidária com consignação fiscal

A Fundação Montepio utilizou os 290 mil euros que recebeu de consigna-ção fiscal do IRS – que permite que

0,5% do imposto liquidado reverta para uma instituição particular de solidarieda-de social ou pessoa colectiva de utilidade pública – de 2005 para apoiar dez insti-tuições particulares de solidariedade social (IPSS) com um automóvel adaptada.

A Frota Solidária, assim a baptizou o Montepio, foi oferecida ao CERCITOP – Centro de Educação e Reabilitação de Deficientes de Todo o País –, à CERCIAV – Cooperativa para a Educação e Reabili-tação dos Cidadãos Inadaptados de Avei-ro –, à SPEM – Sociedade Portuguesa de Esclerose Múltipla –, à PROSAUDESC –

Associação de Promotores de Saúde, Am-biente e Desenvolvimento Sócio-Cultural –, à ASSACM – Associação de Solidarie-dade Social do Alto da Cova da Moura –, à Fundação Cardeal Cerejeira, à Associação Casapiana de Solidariedade, à Comunida-de Vida e Paz, à Associação Bem-Haja e à Liga dos Amigos do Hospital dos Capu-chos.

De referir que as viaturas foram entre-gue a estas dez IPSS por outros tantos pi-lotos automóveis: Elisabete Jacinto, Rui Madeira, Bernardo Villar, Pedro Mello Breyner, Lourenço Beirão da Veiga, Ma-nuel Mello Breyner, Bruno Magalhães, Miguel Barbosa, Pedro Grancha e Filipe Albuquerque.

“Apesar do apartidarismo deste movimento, o Novo Portugal assume-se como um grupo de pressão”, afirma Tiago Gali Macedo.

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Martifer é um caso de sucesso em PortugalActualmente, a Martifer é um dos casos

de maior sucesso da economia portuguesa.No final do primeiro semestre de 2007,

a empresa registava já um volume de ne-gócios superior a 200 milhões de euros e iniciava a sua cotação na Bolsa de Valores de Lisboa.

Carlos Martins, fundador e presidente do conselho de administração do grupo Martifer, foi o convidado de Daniel Bessa, presidente da direcção da Escola de Gestão do Porto, para, a pretexto de mais uma ses-são do Ciclo de Seminários de Quinta-Fei-ra À Noite da Escola de Gestão do Porto, conversar sobre a história e a estratégia de futuro do grupo Martifer.

Desde a sua constituição, em 1990, a Martifer tem conquistado um contínuo aumento do volume de negócios, que em termos médios tem rondado os 30% ao ano, que a conduziu à liderança ibérica do segmento das construções metalomecâni-ca.

A estratégia da Martifer sempre se baseou na “solidificação e crescimento orgânico na área das estruturas metálicas, caminhando dia-a-dia para a liderança do sector”. Nesse sentido, e após seis anos da sua fundação, a empresa adquiriu parcialmente a Martinox e, três anos depois, em 1999, a Martifer Alumínios. Nesse mesmo ano, a empresa começou a trilhar o seu caminho de inter-nacionalização, que a levou já a 18 países nos cinco continentes, com a constituição da Martifer Espanha e, em 2003, da Mar-tifer Polónia. Entre a constituição das duas empresas internacionais, a Martifer expan-diu-se também a nível nacional, com a abertura da Martifer Benavente, em 2002.

Iniciando o seu percurso como uma empresa de construções de estruturas me-tálicas, rapidamente a Martifer estendeu a área industrial ao fabrico de equipamentos

para a energia, iniciando posteriormente, em 2004, a produção de energia a partir de energias renováveis, diversificando as suas áreas de negócio e visando “aproveitar as oportunidades geradas pelo tratado de Quioto e, gradualmente, crescer na área de equipamentos para energia, investindo em energias renováveis”.

Hoje em dia, a diversificação das activi-dades alargou-se ao fornecimento de sis-temas de energia (eólica, solar), através da Martifer Energia, à geração de electricida-de (a partir de recursos renováveis), através da Eviva, e assumiu um importante estatu-to na cadeia de produção do biodiesel, na Europa, através da Prio.

Martifer quer criar “cluster” indus-trial para parques eólicos “offshore”

No sector eólico, a grande aposta da Martifer passa pelo desenvolvimento de uma série de investimentos industriais em Portugal, no quadro do consórcio Ventin-veste, onde detém uma participação de 33%, e no seguimento da vitória no con-curso público de atribuição de 400 MW de potência eólica.

Neste âmbito, o grupo Martifer pre-tende, em parceria com a indiana Suzlon, instalar em Portugal um “cluster industrial para a produção de equipamentos para parques eólicos offshore, que poderá vir a ser o maior exportador português”, adian-tou Carlos Martins.

Não adiantando qualquer detalhe sobre este projecto, o presidente da Martifer as-segurou que, “em parceria com a Suzlon e a Repower, queremos que Portugal seja a plataforma deste ‘cluster’ para a Europa e a América”.

Entretanto, Carlos Martins revelou tam-bém que, no sector das estruturas metáli-

cas, a Martifer tinha, na passada semana, conquistado a adjudicação do concurso para a construção das estruturas metálicas do aeroporto espanhol de Málaga, “um contrato que deverá gerar para o grupo português uma facturação da ordem dos 17 milhões de euros”. Este projecto enqua-dra-se no ambicioso projecto de expansão do aeroporto de Málaga, situado no sul de Espanha, que deverá quase duplicar a sua capacidade para 20 milhões de passageiros anuais.

Por último, e de acordo com um comu-nicado emitido para a Comissão do Mer-cado de Valores Mobiliários (CMVM), a Martifer, através da Martifer-Solar, assinou um contrato com a Enfinity, na Bélgica, que prevê o fornecimento de instalações de aproveitamento solar fotovoltaico até

30MWp no total.Ainda de acordo com o mesmo comu-

nicado, “o contrato foi assinado com a Enfinity, com a qual a Martifer já tem um contrato para a entrega de um conjunto de parques solares em Espanha totalizando 8MWp. Este segundo contrato vem refor-çar as relações entre a Martifer-Solar e a Enfinity, abrindo perspectivas para novos contratos no futuro”. “Este mercado tem grande expressão em países como a Alema-nha, França, Espanha e Itália, e com cer-teza, num futuro próximo, em Portugal, fruto da nova legislação sobre a microgera-ção”, adiantou Carlos Martins, presidente do conselho de administração do grupo Martifer.

FERNANDA SILVA TEIXEIRA

sexta-feira, 07 Março de 2008 21EMPRESAS

Quebra nos resultados da PT acentuada por rescisões de contratos

Depois de um turbulento ano de 2007, a Portugal Telecom (PT) apresentou resultados operacionais com uma quebra de 14%, para 741,9 milhões de euros, face ao exercício anterior. A separação da PT Multimédia e a redução de efectivos fo-ram apontadas por Henrique Granadeiro, CEO da operadora, como as principais razões para o crescimento mais lento. Não fossem estes factores, a empresa teria registado uma subida de 26,3% para 608,1 milhões.

Assim, em 2007, as receitas operacionais consolidadas tota-lizaram 6,1 milhões de euros, representando um acréscimo de 6,6%, face a 2006.

O resultado operacional antes de amortizações (EBITDA) do período aumentou 5,3%, face a 2006, para 2,3 milhões de euros, equivalente a uma margem de 38,3%, e o resultado ope-racional registou um acréscimo de 11,5%, face a 2006, para 1,2 milhões de euros.

O resultado líquido do período foi de 742 milhões de euros, representando um decréscimo de 14,4% face ao ano anterior. Em 2007 os custos com o programa de redução de efectivos aumentou para 276 milhões de euros contra os 19 milhões gastos em 2006. A restruturação da empresa tem obrigado ao reajuste do qua-dro de pessoal nos últimos anos. No total, saíram da empresa cerca de mil trabalhadores, mais 232 que em 2006. Em 2008, a administração aposta no rejuvenescimento e requalificação de quadros e pouco fala de rescisões.

O objectivo é que todos tenham, pelo menos o 12º ano em 2010. Em conferência de imprensa, Henrique Granadeiro falou ainda sobre a importância da convergência de serviços e da integração de plataformas, numa altura em que a Sonaecom está presente no fixo, móvel e televisão; a Zon tem telefone fixo e lidera o mercado da televisão paga e dos conteúdos; e a Vodafone, de-tida por um gigante mundial de comunicações móveis, oferece fixo e móvel.

O ainda CEO da Portugal Telecom recordou que 2007 foi o ano do rescaldo da OPA e também o ano em que a PT teve de cumprir os compromissos que assumiu com os ac-cionistas e o mercado: pagar 5,8 mil milhões de euros para que estes não vendessem na OPA e separar a PT Multimédia (actual Zon) como forma de assegurar a concorrência no mercado.

Portucel Soporcel constrói mais sofisticada fábrica de papel do mundo

O Primeiro-Ministro José Socrates colocou, na terça-feira, a primeira pedra na nova fábrica de papel da Portucel Soporcel. A mais sofistica-da fábrica do mundo representou um investimento de J550 milhões e deve começar a funcionar em Agosto do próximo ano.

Encarada como um importante projecto para a economia do país, a nova Fábrica de Papel do Grupo Portucel Soporcel, situada em Se-túbal, começou ontem a ser cons-truída. O Primeiro-Ministro José Sócrates foi recebido por Pedro

Queiroz Pereira e por José Honó-rio, respectivamente Presidente do Conselho de Administração e Pre-sidente da Comissão Executiva do grupo Portucel Soporcel, e presidiu à cerimónia de lançamento da pri-meira pedra da nova fábrica.

A nova fábrica vai acolher a maior e mais sofisticada máquina do mun-do para a produção de papéis finos não revestidos (UWF). A máquina deve produzir cerca de 500.000 to-neladas/ano de papéis de escritório de elevada qualidade.

Este é um importante projecto

para o desenvolvimento da região de Setúbal, já que deve criar 350 postos de trabalhos directos alta-mente qualificados, mais um nú-mero significativo de trabalhadores indirectos e mobilizar cerca de 1200 trabalhadores para a construção da fábrica.

A nova fábrica reforça a competi-tividade do Grupo Portucel Sopor-cel no mercado internacional, assu-mindo a liderança a nível europeu e reforçando a posição relevante já alcançada no mercado norte-ame-ricano.

MARIANA PINTO

RCP dá voz às “20 personalidades mais influentes do Porto”

Chama-se “Via Porto” e é a mais recente aposta da Rádio Clube Por-tuguês para conquistar o público da Invicta. Durante cerca de um mês, jornalistas portuenses vão entrevis-tar “As 20 personalidades mais in-fluentes do Porto”.

O Rádio Clube Português vai estrear um novo programa de en-trevistas já no próiximo dia 10 de Março. De segunda a sexta, do meio-dia às cinco horas, e até ao dia 5 de Abril, vinte dos mais conhe-cidos jornalistas portuenses vão en-

trevistar as 20 personalidades mais influentes do Porto”.

Esta nova aposta do RCP reforça a sua posição junto do público do Norte e chega “Via Porto” a todo o país, com temas de relevo para a cidade, como a revitalização da Baixa do Porto ou o futuro do Mercado do Bolhão.

Além das entrevistas com algu-mas das personalidades mais in-fluentes da cidade, o programa vai dar a conhecer instituições de peso como a Casa da Música ou o Museu de Serralves.

O primeiro programa, já no dia 10 de Março, tem como convidado Pina Moura, actual Presidente do Conselho de Administração da Me-dia Capital, e vai ser conduzido por Carlos Magno. No dia 12, Rodri-gues Guedes de Carvalho entrevista D. Manuel Clemente.

Nomes como Sobrinho Simões, Siza Vieira, Manoel de Oliveira, Belmiro de Azevedo e Pinto da Costa são alguns dos convidados que vão estar no “Via Porto”.

MARIANA PINTO

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Os Jogos Olímpicos de 2008, que terão lugar em Pe-quim, são encarados pelas autoridades chinesas como uma forma de potenciar as capacidades turísticas do Império do Meio, dada a elevada atractividade que um evento deste género possui. Este será, aliás, um dos temas em destaque no Marketing Events, realizado no Porto, ao qual daremos destaque na próxima edição.

Dadas as características mediáticas que os Jogos Olímpicos encerram, a cidade de Pequim tem vindo a sofrer enormes revo-luções urbanísticas e estéticas, no sentido de a preparar para o evento, a ter lugar entre 8 e 24 de Agosto, mas, igualmente, para antecipar o futuro turístico da capi-tal chinesa.

Foram investidos 27,8 mil milhões de euros em novas infra-estruturas, entre as quais se contam 37 novos equipamentos desportivos. Destes, apenas um, o já céle-bre estádio «Ninho de Pássaro», onde res-saltam as suas formas exteriores, se encontra por concluir, devendo estar operacional três meses antes da cerimónia de abertura das Olimpíadas de Pequim. Este terá capaci-dade de receber 91 mil espectadores e será o palco onde se desenrolarão as modalidades de futebol e atletismo, bem como a cerimónia de encerramento do certame.

China será primeiro destino em 2020

A escolha, em 2001, da capital chinesa, em detrimento de outras importantes cidades como Toronto, Paris, Istam-

bul e Osaca, representa para a China uma oportunidade de mostrar a pujança do país — nunca uma edição dos Jogos Olímpicos tinha atraído tantos patrocinadores, pois nin-guém quererá ficar de fora deste mercado. A dinâmica que se espera obter é de tal forma elevada que serão criados, em todo o país, 200 mil novos hotéis até 2015, segundo assegura a Agência de Turismo chinesa.

Aliás, todas as previsões apontam para que, em 2020, aquele gigante asiático seja o primeiro destino turístico mundial, com uma quota de mercado de 8,3% e 130 mi-lhões de turistas anuais. Por outro lado, a China encontra-se a construir simultanea-mente cerca de 500 aeroportos.

Mas nem tudo parece estar a correr bem. Os mais de 10 mil atletas que esta-rão presentes no evento desportivo mais importante do mundo temem os efeitos do calor de Agosto, aos quais se juntam a elevada poluição sentida numa cidade

altamente industrializada e onde circulam diariamente três milhões de automóveis. Nada que pareça incomodar as autoridades chinesas, tal como as constantes acusações de violação dos direitos humanos não deverão interpor-se num bem sucedido evento.

Aliás, a tradição dos Jogos na história da China foi de-batida no Fórum Internacional de Sinologia, realizado em Lisboa e Vila Nova de Gaia, onde se discutiram te-mas como a tradição ancestral dos jogos na China e as potencialidades na divulgação do país e seus reflexos na dinamização turística, encontro esse que foi abrilhantado

pelas exibições demonstrativas de artes marciais e Dança do Leão e Dança do Dragão da Academia de Artes Mar-ciais Chinesas She-Si.

MARC [email protected]

Fenómeno em análise no encontro Events Marketing Experience

Jogos Olímpicos catapultam dinâmica turística chinesa

Congresso Nacional da AHP dedicou especial atenção às questões da informação

Turismo português conta com novo centro de análiseA criação de um “think tank” para o sector

do turismo português foi o desafio lançado pela Associação Hoteleira de Portugal, no seu XXI Congresso Nacional de Hotelaria e Turismo. Nesse âmbito, o professor do Instituto Superior Técnico de Lisboa, José Manuel Tribolet, referiu o conhecimento e a capacidade de antecipar tendências são fulcrais para o sucesso da actividade do sec-tor. Por esse motivo, o académico deixou algumas recomendações, como a inclusão no portal do Tourism Think Tank (TTT) de “ferramentas de suporte às comunidades de prática”, bem como o “lançamento de desa-fios out-of-the-box, para a comunidade dos profissionais, a serem respondidos usando estas ferramentas”.

Na sua perspectiva, “quem tem “know-ledge” sabe como agir adequadamente num

dado contexto”, o que envolve “actores, in-formação e contextos, tudo isto orientado à acção”. Salientando que o TTT necessitará de instrumentos que suportem as suas estruturas, o “Knowledge Management implica acção e reflexão”, no sentido de gerar “conhecimento relevante”. E deu um exemplo: “Que tipo de vivências os nossos clientes gostariam de ter? Conhecer isso, antecipando tendências, ino-vando e excedendo expectativas”, constitui uma mais-valia competitiva fundamental. A “extracção” desse conhecimento caberá “aos profissionais do sector, estudantes e clientes”, numa soma que envolve inovação e acção, bem como organização e formação.

No congresso foram ainda apresentadas as principais expectativas e desafios que o sector conhecerá em 2008. Os resultados de um inquérito mostram que os factores que

maior atenção poderão merecer ao turismo nacional passam pela instabilidade económi-ca (58,7% das opiniões), segurança (30,3%) e aumento do preço dos combustíveis (10,3%). Numa antevisão do negócio hote-leiro em 2012, os principais desafios que se colocarão ao sector hoteleiro a nível mundial abrangem a implementação de estratégias de diferenciação (53,3%), o crescimento e estabilidade económica dos países emissores (20%), a implementação de estratégias de fidelização (11,3%), a evolução do negócio “low cost” (5,3%) e o desenvolvimento de marcas fortes (10%)

Já a possibilidade do turismo nacional atingir, até 2015, 20 milhões de turistas es-trangeiros, é encarada pelos operadores do sector como realista (46,8%), pouco realista (42,6%) ou irrealista (10,6% das opiniões).

A qualidade do serviço (44,1%) e a educação e formação dos recursos humanos (29,4%) são considerados os aspectos mais importan-tes para o aumento da competitividade do turismo nacional.

Sinergias com clientes e fornecedores

Por seu turno, José Ramalho Fontes, pro-fessor de Operações da AESE, explicou que o sector deve apostar no que designa por “strategic sourcing”. Isto porque “se exige de todos uma nova atitude com base em “benchmarking” no melhor que se faz, com níveis de exigência superiores na gestão e na capacidade de servir o cliente”.

MARC [email protected]

TurismoChina investe 27,8 mil milhões de euros na realização dos Jogos

Olímpicos

Turistas europeus manifestam

comportamentos semelhantes

sexta-feira, 07 Março de 200822

Agência de Turismo chinesa garante construção de 200 mil novos hotéis até 2015

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Vida Económica - Qual a actividade da Fundação enquanto pólo de actividade e os efeitos indirectos que tem sobre a cidade?

Odete Patrício - Temos cinco áreas de actividade: o mu-seu, o parque, a biblioteca, a casa e o auditório. Temos projectos especiais para além das actividades correntes.

Estamos também a desenvolver outros projectos. É o caso do Serralves II, que é um projecto equivalente ao que existe mas que vai ser desenvolvido em Matosinhos. É um projecto pluridisciplinar, que vai ter as nossas componen-tes, mas com uma importância diferente. A área expositiva será menos importante do que aqui. A ideia inicial era ser um armazém para conservação, restauro e armazenagem de obras de arte. A partir daí, o projecto foi-se desenvolvendo, sendo hoje um projecto pluridisciplinar que vai ter área de

formação, expositivas, um núcleo de indústria têxtil. É um projecto com características completamente diferentes deste mas em termos de dimensão é equivalente ao actual.

VE - É um investimento da Fundação?OP - Ainda estamos a definir o modelo de financiamen-

to do projecto, mas será sempre um projecto de Serralves. Vai ter que ter obviamente um financiamento significativo dos fundos comunitários, portanto o QREN. Ainda esta-mos a estudar a engenharia financeira para a contraparti-da nacional, até porque estamos a falar de valores bastante significativos. Ainda é muito cedo para falarmos do valor exacto porque ainda estamos a estudar as propostas que os arquitectos nos apresentaram, mas será um montante signi-ficativo. Na altura, Serralves custou 30 milhões de euros.

Temos muitas iniciativas diferenciadas, nomeadamente, o Serralves em Festa, que todos os anos é um grande even-to da Fundação. Estamos a desenvolver novos projectos na área da reflexão sobre a contemporaneidade. Desenvolve-mos também muitos projectos com as autarquias, sobretu-do com as da área metropolitana do Porto. Vamos lançar agora um curso de formação para autarcas. Colaboramos também com a Câmara de Bragança, onde vamos abrir um Centro Cultural cuja responsabilidade é nossa.

VE - Por um lado, os privados têm uma grande oferta aqui. Mas também eles podem utilizar as instalações para criarem os seus próprios eventos?

OP - Não. Alugamos espaços. De facto, temos uma área comercial que estabelece parcerias com as empresas, mas

Serralves aparece como um prestador de serviços para es-sas empresas. É uma área que nos dá alguns rendimentos, mas, no fundo, é uma área que desenvolvemos de suporte às nossas actividades principais.

VE - Cada vez tem mais autonomia a fundação e depende menos do financiamento do Estado?

OP - O subsídio do Estado é um fixo, actualizado à inflação. O nosso volume de negócios é superior a nove milhões de euros. Enquanto o subsídio do Estado é cerca de três milhões. A Fundação tem vindo a crescer à custa das receitas privadas: o mecenato ou as receitas comerciais. A cobertura financeira das nossas actividades é feita 40% pelo Estado e essa percentagem tem vindo a decair. A taxa do crescimento do subsídio é a inflação, mas nós temos

vindo a crescer muito mais. Portanto, o financiamento ex-tra que é necessário é feito à custa das nossas receitas.

Em termos de mecenato, temo-nos mantido estáveis. Não é fácil fazer o mecenato crescer.

VE - Até o enquadramento fiscal é desfavorável?OP - Temos de passar declarações aos mecenas dizendo

que as contrapartidas que nós lhes damos não são mais de 5%. A lei do mecenato é muito penalizadora. Não acho que em termos de benefícios para as empresas, a lei seja má, porque permite, no caso de Serralves, que os donati-vos que nos são dados sempre majorados em 120% e en-tram totalmente nas contas da empresa.

VE - Os eventos que a Fundação organiza têm peso no desenvolvimento do turismo do Porto?

OP - Estamos envolvidos em tudo o que é turismo no Porto, porque achamos que o turismo é fundamental. Para se ter uma política de tratamento do turismo é preciso criar produtos turísticos. Não é dizer ao turista o que há, é preciso criar pacotes de oferta turística. Penso que Serral-ves é um parceiro imprescindível no turismo da cidade do Porto. Os operadores, em conjunto com todas as autorida-des que têm responsabilidade no turismo no Porto, têm de construir uma oferta integrada.

Temos uma série de atributos patrimoniais notáveis, por um lado, e, por outro lado, temos um conjunto de inicia-tivas constantes.

VE - Já são o museu mais visitado do país.OP - Tivemos perto de 365 mil visitantes.

VE - Daqui a cinco anos, quanto acha que pode ser o orçamento da fundação?

OP - É muito difícil fazer futurologia. Considerando que o projecto em Matosinhos se vai autonomizar, o nosso desejo é de crescimento e expansão. A relação do Estado com Serralves é relativamente equilibrada. Também acha-mos que é fundamental que o Estado nos dê uma estabili-dade financeira mas também não deve ser dominante. Te-mos uma parceria entre privados e o Estado de 50% para cada lado. Ultimamente, Serralves tem vindo a explodir em termos de crescimento e o Estado tem mantido o mes-mo nível de participação actualizada à inflação. Desde que consigamos financiar-nos por outras vias, o Estado deve manter-se nos 50%. Também não queremos que tenha um peso excessivo. Somos uma sociedade gestora de projec-tos, gerimos vários negócios. Cada projecto é diferente do outro e exige uma abordagem diferente, logo não há uma padronização.

JOÃO LUÍS DE SOUSA E PATRÍCIA FLORES

Odete Patrício, directora-geral da Fundação de Serralves, afirma

Serralves é um parceiro imprescindível no turismo da cidadeA Fundação de Serralves assume-se como um parceiro inprescindível do turismo na cidade do Porto. Esta é a opinião de Odete Patrício, directora-geral da Fundação. “É preciso criar pacotes de oferta turística. Os operadores, em conjunto com todas as autoridades que têm responsabilidade no turismo no Porto, têm de construir uma oferta integrada”, diz Odete Patrício.A Fundação de Serralves está também a lançar alguns projectos especiais, com particular relevo para o Serralves II. “A lei do mecenato é muito penalizadora”, refere Odete Patrício.

sexta-feira, 07 Março de 2008 23TURISMO

Museu de Arte Contemporânea - Exposições de Arte contemporânea de artistas na-cionais e estrangeiros, no Museu, no País e no Es-trangeiro. - Colecção de Arte Contemporânea.- Publicações.

Serviço Educativo - Programas para escolas com visitas orientadas, ofici-nas escolares, projecto com escolas e formação.- Programas abertos ao público:

visitas orientadas; cursos temáticos (Arte Contemporânea: Abordagens e Perspectivas e À Volta do Jardim: Conhecimento e Prácticas); Oficinas Temáticas para crianças e Comemoração de dias Especiais.

Parque de Serralves- Exposições sobre o tema Jardins; Conferências; Even-tos Performativos; Curso de Conservadores de Jardins; Passeios no Parque; Publicações e Turismo Cultural.

Auditório- Ciclos de cinema; Concertos de música experimen-tal; Jazz no parque e eventos performativos.

Casa de Serralves- Cursos de história da Arte; Viagens de turismo cultu-ral; Palestras e Colóquios e Publicações.

Biblioteca - Fundos Bibliográficos próprios e temáticos: Museu, Casa e Parque, Arquitectura, Arte Contemporânea, Parque e Jardins; Livros de Artistas.

FUNDAÇÃO DESENVOLVE VÁRIAS VERTENTES DE CULTURA

“Portugal é fundamental na es-tratégia de internacionalização dos novos Rioja”, segundo afirmou Jorge Cabral, da Artnort, distri-buidora para a Galiza e Portugal das Bodegas y Vinedos Puente del Ea, que através do seu director e enólogo, Óscar Riano Villaverde terminou no Porto, recentemente, um périplo ibérico promocional que passou por Madrid e Lisboa.

Para Óscar Riano Villaverde, a sua empresa é um jovem clássico da Rioja. Esta aparente contra-

dição de termos resulta da fusão entre a experiência acumulada de gerações que ao longo de mais de cinco séculos produziram, e o curto histórico das Bodegas y Vinedos Puente del Ea, criadas em 2001. A empresa representa a autonomização dos investimen-tos da família Riano Villaverde no sector dos vinhos, e a criação de marcas próprias, que sucede à actividade enquanto produtores para outrem, tradicional na Rio-ja. Representa também a materia-

lização de um sonho do director e enólogo, que passou antes por empresas de referência como Vir-gen del Valle, Florentino de Le-canda, Martinez Lacuesta e Val-sanzo.

“ Os vinhos que estão a sair para o mercado são uns Rioja de perfil moderno, produzidos por uma jovem empresa, mas que têm por detrás uma mais-valia representa-da pelo capital intelectual acumu-lado por gerações de produtores, e um contributo dado pela minha

experiência profissional”.A empresa realizou cinco ac-

ções, em Madrid, Lisboa e Porto, destinadas a jornalistas, críticos e profissionais de restauração e distribuição especializada, dese-nhadas com apoio da consultora PGQ e apoio da Artnort, que re-presenta osvinhos nos mercados português e galego. Em Madrid houve um almoço para a impren-sa no Viridiana e um evento num espaço de arte contemporânea, no âmbito da ARCO, que reuniu

centenas de pessoas. Em Lisboa, um almoço para crítica no res-taurante “O Jacinto” e uma prova para profissionais no Bairro Alto Hotel, que no Porto foi realizada no “l’Fresco”. Segundo Jorge Ca-bral, “foram, à excepção da recep-ção de Madrid, que se destinava a um público alargado e interna-cional, eventos concebidos para contactar decisores, responsáveis por compras, distribuidores e opinion makers em cada um des-tes mercados” .

Bodegas y Vinedos Puente del Ea apresentam-se em Madrid, Porto e Lisboa

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OPORTUNIDADE DE COMPRA E VENDA DE EMPRESAS

VENDAGRANDE PORTO

Restaurante no Porto. Cozinha tradicional portuguesa. Excelente notoriedade. Boa localização. Pratos premiados em con-cursos gastronómicos. Ref. PT 003 PG 020 03 04

Clínica de Medicina no Trabalho, Higiene e Segurança. Imagem forte, boa carteira de clientes e significativa abrangência geográfica. Preço Pedido: J 185.000. Ref. PT 004 JP 016 0104

Empresa de Construção Civil a actuar em Portugal e Espanha, em forte crescimento nestes dois mercados. Empresa certifi-cada pela AENOR e com alvará de classe 5. Com projecto de internacionalização em curso para outros países. Vol. Ven-das 2006: J 3.000.000. Previsão 2007: J 4.000.000. Venda parcial. Venda de participação, baseada no valor total da empresa (100%) de J 3.500.000,00. Ref. PT 004 MCA 046 0607

Escritório de Contabilidade – Vila do Con-de. 20 anos de actividade; carteira de 120 clientes fidelizados; mercado do Grande Porto. Valor pedido: J 190.000. Ref. PT 0004 TSA 0001 0208

Panificação – Indústria e Comércio. Dis-trito do Porto. Mais de 25 anos de ex-

periência no mercado. Preço pedido: J 3.200.000,00. Ref. PT 0004 MCA 0050 1107

2 Pastelarias de Renome no Grande Porto. Empresa opera em 2 Estabelecimentos com excelente localização no Grande Porto e elevada Notoriedade. 20 Anos de Experiência. Oferta diversificada e de excelência. Óptima Carteira de Clien-tes. Vários Prémios. Preço pedido: J 2.500.000,00. Ref. PT 004 JP 040 11 06

Restaurante com ambiente acolhedor e sofisticado onde predomina o requinte e a qualidade dos seus serviços. Envolvido por uma imagem histórica, onde é conju-gada a tradição com conceitos inovado-res, o restaurante fornece o espaço ideal para a realização de um elevado leque de eventos. Vendas: J 900.000. Ref. PT 005 PR 013 0606

Comércio/ Design de Vestuário e Acessó-rios Têxteis. Empresa dinâmica e versátil vocacionada para importação, exporta-ção e comércio de vestuário e acessórios têxteis com departamento de design. Procura de parceiro para projecto de in-vestimento. Vendas: 11.000.000J. Ref. PT 005 PR 012 12 04

Projecto de Investimento Inovador na Área da Saúde Dentária. Preten-de potenciar e alargar o acesso a cuidados de saúde oral por parte da população em geral e, simultanea-mente, melhorar as condições ac-tuais dos dentistas. Ref. PT 0004 MCA 1037 0707

Parafarmácia – Norte Litoral. Co-mercialização de produtos para fins hospitalares e para farmácias, comércio de produtos dietéticos. Empresa localizada em Braga, fi-nanceiramente saudável, com vasta carteira de clientes. Com bom po-tencial de crescimento e diversifica-ção. Preço pedido: J 550.000,00. Ref. PT 004 MC 034 03 06

Empresa têxtil localizada na região Norte do país, especializada na confecção de artigos em malha. Empresa em fase de crescimento, com uma facturação aproximada de J 2.500.000. Grande capacidade em desenvolver colecções e exce-lente reputação no mercado. Acti-vidade fortemente orientada para o mercado externo. Preço pedido: J 1.750.000,00. Ref. PT 004 MC 017 03 04

COMPRA

Clínicas de Radiologia / Imagiologia. Ref. PT 0004 MCA 1007 0507

Empresas de Estética – Âmbito Nacional e Ilha da Madeira. Ref. PT 0004 MCA 1027 1007

Imóveis com inquilinos ou com potenciali-dade de arrendamento; yield de 8%. Ref. PT 0004 MCA 1026 1007

Laboratórios de Análises Clínicas. Ref. PT 0004 MCA 1011 0507

Farmácia em qualquer localidade. Ref. PT 0005 PRA 1014 1007

Empresas de Vending Alimentar, situadas a sul de Coimbra com mais de 100 má-quinas instaladas. Só interessam empre-

sas que se dedicam à distribuição (não fabricantes). Ref. PT 0009 JCL 1012 1007

Indústria cerâmica decorativa (Zona Cen-tro). Ref. PT 0014 VFE 1002 0108

NORTE E SUL

NORTE

Agência de Viagens e Turismo e de Outras Actividades de Apoio. Vocacionada para o segmento corporate/empresa-rial, organização de congressos e eventos. Preço pedido: J 1.200.000,00. Ref. PT 004 JP 044 0107

Empresa Manutenção Industrial, Certificada, localizada em Lisboa. Vendas de 1,9 M Euros. Boa Carteira de Clientes.

Ref. PT 009 JC 028 05 06

Grossista de vinhos e bebidas alcoólicas, com marca própria, vocacionada para a importação e distribuição de grandes marcas nacionais e estrangeiras, com contrato com as prin-cipais grandes superfícies (Distribuição moderna). Ref. PT 0009 JCL 0030 1207

Cabeleireiro e Centro de Estética, em Lisboa, numa zona pri-vilegiada e em franca expansão. Ref. PT 0009 JCL 0032 0208

Restaurante no Centro de Lisboa. Excelente localização. Con-ceito totalmente inovador a nível mundial. Ref .PT 0009 JCL 0011 1007

LISBOA E VALE DO TEJO

sexta-feira, 07 Março de 2008COMÉRCIO EXTERNO24

CENTROEmpresa líder regional de Gestão de Resíduos Industriais, situada no centro do país, em forte crescimento. Vol. Vendas 2006: J 1.500.000. Ref. PT 0003 HBE 0054 0807

Indústria e Comércio de Lacticínios em Portu-gal. Vasta Experiência. Marcas registadas. Preço pedido: J 2.500.000. Ref. PT 004 JP 047 0707

Indústria de calçado de protecção. Preço pe-dido: J 1.650.000. Ref. PT 0014 VFE 0010 06 07

Indústria de Moldes para plásticos. Preço pe-dido: J 820.000. Ref. vPT 0014 VFE 0020 1207

Empresa de fabricação de artigos em plástico. Ref. PT 0014 VFE 0011 0807

Restaurante no Centro de Cidade. Preço pedido: J 500.000. Ref. PT 0014 VFE 0022 0108

Projecto de empreendimento hoteleiro. Preço sob pedido. Ref. PT 0017 MMO 0001 0807

Distribuição, implementação, desenvolvimento e assistência técnica de soluções e serviços in-formáticos. Comercialização de equipamentos informáticos e material de escritório. Ref. PT 0016 FMV 0002 0108

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SERVIÇOS E PRODUTOS PARA EMPRESAS

CARMIM entra na ÍndiaA CARMIM, empresa produ-

tora de vinhos de Reguengos de Monsaraz, acaba de entrar no mercado indiano com a entrega da primeira encomenda de 12 mil garrafas das marcas Terras d’ El Rei, Reguengos e Monsaraz.

Fruto de um acordo com um distribuidor local, a presença da CARMIM num dos maiores mercados mundiais, com uma população de cerca de mil mi-lhões, acontece após mais de um ano de negociações.

A penetração no mercado em causa enquadra-se na estratégia da Carmim de ter parcerias fortes nas economias emergentes e de grande aglomerado populacio-nal.

De momento, a CARMIM

encontra-se apenas no estado de Goa, contudo futuramente vai alargar a distribuição a outros es-tados.

Os consumidores indianos têm a partir de agora à disposição vi-nhos alentejanos das marcas Ter-

ras d’ El Rei Branco e Tinto, Re-guengos DOC Branco e Tinto e Monsaraz Branco, Tinto e Rosé.

A CARMIM exporta principal-mente para a Europa, EUA, Bra-sil e Angola, abrindo agora novos caminhos a Oriente.

Manutenção Técnica de Edifícios; Higiene e Limpeza; Pest Control / HACCP; Trabalho Temporário; Espaços Verdes

ISS Facility ServicesRua Moinho da Barrunchada, 4 - 1º D. 2790-109 CarnaxideTel. 214 246 760 Fx. 214 246 799email: [email protected] �����������

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Outro aspecto distintivo da nossa empresa relaciona-se com a formação qualificada dos nossos colaboradores. São vigilantes, pessoas formadas e certificadas pelo Ministério da Administração Interna, não são amadores e, infelizmen-te no nosso mercado, há muitas empresas que recorrem a indivíduos não habilitados para o serviço.

VE - Como está o mercado da segurança em Portu-gal?

CV - Nós somos a empresa mais cara e não temos ver-gonha disso, pois não somos a mais cara para explorar o cliente mas sim porque temos consciência dos meios que utilizamos para prestar um serviço, e disso não abdicamos. Porque todos os investimentos que fazemos e porque paga-mos aos nossos colaboradores como manda a lei, e porque investimos na melhor tecnologia. Tudo isso implica custos. Temos de chegar a um preço que pague o nosso serviço. O nosso princípio é que para não ser assim mais vale não ser, porque o resto não é segurança. Há muita gente que hoje em dia paga por serviços de segurança que não têm subs-trato. Fico triste com isso porque sei aquilo que fazemos, a forma como o fazemos bem feito.

Por outro lado, dá-se importância à segurança, mas, no fundo não se dá, porque não se faz nada para a preservar.

Se calhar mais facilmente uma pessoa compra um LCD do que um alarme para a casa.

VE - Quantas pessoas estão a tra-balhar para a Prosegur Activa?

CV - Temos vindo a crescer, éra-mos talvez uns 300, mas temos tido um crescimento gradual de ano para ano, porque a empresa também tem vindo a crescer nos seus negócios. Ac-tualmente, somos 313, temos nove delegações em todo o país (Porto, Braga, Coimbra, Leiria, Lisboa, Cas-cais, Setúbal, Évora e Faro) e somos líderes de mercado com cerca de 40

mil ligações de alarme.

VE - Sei que organizam uma convenção anual para os colaboradores. Qual o objectivo?

CV - Procuramos que esta seja uma empresa agradável para se trabalhar, onde as pessoas se sintam bem. Acredito que isso é um dos segredos para o êxito de uma empresa. Nós, felizmente, temos tido esse êxito desde que me en-tregaram este projecto, porque acredito nas pessoas e isto

Vida Económica - Qual o balanço que faz ao fim de um ano como empresa independente da casa-mãe?

Carlos Vaqueirinho - É muito positivo e é já uma se-quência de três anos de crescimento consecutivo. Por exemplo, em vendas, ao longo dos três anos, crescemos 73%, um número bastante significativo para a média do sector. Fechámos 2007 com uma facturação de 16 milhões de euros e 5100 alarmes vendidos.

VE - Porque sentiram, na altura, necessidade de tor-nar a Prosegur Activa autónoma?

CV - Foi uma decisão estratégica, ao nível dos accionis-tas, da gestão de topo. A Prosegur tinha quatro áreas de actividade: a vigilância humana, o transporte de valores, sistemas tecnológicos e, por último, Prosegur Alarmes, que actualmente, somos nós. Tornámo-nos autónomos porque, por um lado, entendemos que o mercado-alvo, os clientes, são diferentes e por outro, o que também presidiu a esta separação, sem dúvida nenhuma, foi o aprofundamento e a especialização que alcançariamos mais dificilmente se não estivéssemos independentes.

VE – Porquê?CV – Porque estando no seio de uma empresa que tem o

enfoque em várias áreas, às vezes não se vêem certos pormenores em que aqui podemos especializar-nos e diferenciar-nos melhor perante a concorrência.

VE - O que marca a diferença da Prosegur Activa face à concorrên-cia?

CV - Nós não estamos focados em instalar um sistema de alarme por si só, não é essa a nossa vocação. Acreditamos que isso não é segurança, isso é vender um alarme que pode servir para assus-tar, para dissuadir, mas e quando a pes-soa não está em casa? E quando a pessoa está a ser violentada ou ameaçada? Não vai ninguém acudi-la? O grande elemento diferenciador é termos CRA (Centrais Receptoras de Alarme). Apesar de não sermos a única empresa a tê-las, somos a única que não vende sem existir essa ligação á central. Por definição, te-mos uma coluna vertebral muito recta, entendemos que se estamos no sector da segurança é para prestar realmente se-gurança ao cliente, e portanto, não abdicamos disso. Como entendemos que um alarme sozinho, per si, não faz o traba-lho completo, não o vendemos em separado.

Carlos Vaqueirinho, director-geral da Prosegur Activa, adianta

“Estamos abertos à aquisição de outras empresas”Pouco mais de um ano depois de ter ganho autonomia, a Prosegur Activa é uma empresa de sucesso. O negócio tem crescido de forma consolidada, o número de colaboradores também. E, para Carlos Vaqueirinho, director-geral da Prosegur Activa, o segredo está na oferta de produtos integrados que são verdadeiras soluções de segurança.Em conversa com a “Vida Económica”, o responsável da Prosegur Activa falou ainda sobre a estratégia de compra de empresas seguida pela sua organização. Uma postura que pode ajudar a disciplinar o mercado, visto existirem, a seu ver, algumas irregularidades, por exemplo no que diz respeito à formação dos colaboradores. De facto, “há empresas que fazem as coisas mal feitas no sector e é importante que o Estado se dê conta que nós não somos um sector rico, mas que a segurança é um factor chave”.

Depois de em Novembro de 2006 se ter separado da casa-mãe, a Prosegur Activa tem um balanço positivo e o objectivo é continuar a crescer

não é daquelas coisas que digo porque fica bem dizer. E de facto temos todos os anos uma convenção anual em que trazemos todas as pessoas que fazem parte da empresa, de todos os níveis, obviamente que nos revezamos, pois temos que continuar a prestar um serviço de 24 horas, logo não se podem ausentar todos de uma vez.

VE - Como correu a última convenção, que decorreu há umas semanas?

CV - Decorreu no hotel Altis e foi um dia de muito en-tusiasmo. Celebrámos o sucesso que tivemos num ano e perspectivámos o futuro. É esse o objectivo, aliado também ao convívio e à partilha de experiências.

VE - Que outras iniciativas levam a cabo em termos de recursos humanos?

CV - Algumas. Há pouco tempo tivemos o tradicional jantar de natal, outra das iniciativas que temos é no dia da criança, que no fundo não é mais do que dar a conhecer o local de trabalho dos pais aos filhos. Ficam aqui ao lon-go desse dia, convivem, fazem desenhos, brincam... Mas é uma coisa muito interna, não há propriamente convi-dados externos. Não quer dizer que não venham a haver num futuro próximo. A ideia é dar corpo ao que lhe disse anteriormente, que as pessoas são importantes. Isto não é falso, é sentido, e as pessoas agradecem. Acho que temos um muito bom ambiente de trabalho e isso é fundamental também para os resultados.

VE - Quais as principais estratégias para este ano?CV - Queremos enveredar por duas vias estratégicas em

2008. Por um lado, dar continuidade ao nosso crescimento com os meios que temos, de forma orgânica, relocalizando e fazendo crescer a equipa de vendas. Por outro, gostaría-mos que o mercado soubesse que estamos disponíveis para considerar aquisições de empresas que estejam disponíveis para conversar connosco nesse sentido, empresas como um todo, mas também podendo chegar-se a entendimentos ao nível de parcerias para, por exemplo, a aquisição só da car-teira, ligar-se à nossa CRA. As empresas podem continuar a ter a sua vida própria, os seus equipamentos mas ligados ao nosso serviço central.

Outro passo que queremos dar é especializarmo-nos ainda mais no mercado residencial, não abandonando o comércio, até porque constitui a maior parte da nossa car-teira (60%), mas queremos aumentar a percentagem de residências.

MARISA [email protected]

sexta-feira, 07 Março de 2008 25EMPRESAS

A empresa de recrutamento do grupo Espirito Santo viu o seu negócio crescer,

em três anos, 77%, passando de 26 milhões de euros em 2005 para os 46 milhões em 2007. E, segundo o seu presidente, Afonso Batista, o objectivo para 2008 é manter o crescimento na ordem dos 28 por cento. O outsourcing de serviços é o que mais contri-bui para a facturação (55%), se-guindo-se o trabalho temporário (40%) e o recrutamento e selec-ção (5%). O volume de negócios da área dos recursos humanos,

que inclui outsourcing, traba-lho temporário e recrutamento e selecção, registou uma “subida significativa” nos últimos três anos, passando de 13 milhões de euros em 2005, para 31 milhões de euros, em 2007. O financeiro destaca-se com 28% do negócio, seguindo-se as teçecomunicações (21%), outros serviços (16%), indústria (11%), institutos pú-blicos (9%), distribuição (9%), hotelaria (5%), saúde e cosmética (ambas com 2 por cento).

As lojas de recrutamento, de-nominadas de Espaço Emprego,

foram essenciais para os valores de 2007 e fundamentais para a estratégia deliniada para 2008. Neste momento a Multipessoal já tem três lojas (duas em Lisboa e uma no Porto), mas o objecti-vo é o de abrirem mais três lojas até ao início de 2009.

Em termos de clientes, o pró-prio grupo Espirito Santo repre-senta 25% do negócio, enquan-to a Nokia Siemens é a maior conta gerida pela Multipessoal: são cerca de 300 engenheiros informáticos que pertencem aos da Multipessoal e que estão alo-

cados nas instalações da Nokia Siemens. Algo que tradicional-mente não está associado a uma empresa de recrutamento, out-sourcing e trabalho temporário. Outro cliente paradigmático é o Instituto da Segurança Social. A Multipessoal é responsável pela parte de recursos humanos da comissão de protecção de jo-vens e menores. Trata-se de um projecto a nível nacional, que envolve cerca de 130 psicólogos, dos quais 90% são da Multipes-soal.

Uma área importante e que ti-

picamente se associa a trabalho temporário é a dos “call centers”. Aqui, o maior cliente é a PT Contact. E, na Administração Pública, Afonso Batista afirma, orgulhosamente, que dos sete concursos em que se inscreveram ganharam seis. É um cliente que já representa 10% do negócio.

A internacionalização, dada a dimensão do mercado nacional, não poderia ficar de fora dos pla-nos de qualquer empresa.

ALEXANDRA [email protected]

Multipessoal com vendas de 46 milhões de euros

“Temos um muito bom ambiente de trabalho e isso é fundamental.”, afirma Car-los Vaqueirinho

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A COTEC Portugal, com o apoio da Caixa Geral de Depósitos, organizou esta recentemente o 1.º Encontro PME Inova-ção — Oportunidades de Financiamento, na Culturgest. O principal objectivo foi promover a interacção entre as empresas da rede e investidores, bem como falar sobre a questão do financiamento, como o próprio nome da iniciativa indica.

Os pontos mais altos do evento foram o

“Reverse Road Show”, momento em que cada empresa fez uma breve apresenta-ção do seu negócio, e os encontros One-to-One, onde efectivamente se reuniram com os potenciais investidores a quem de-monstraram interesse. Um momento que, segundo Rogério Carapuça, presidente da Novabase, não é habitual no meio empre-sarial nacional.

Apesar de terem estado apenas presentes

16 das 55 empresas da rede PME Inova-ção, o responsável considerou o evento um êxito, sublinhando que “é uma primeira iniciativa, e o indicador mais relevante do sucesso é o número de reuniões que atingiu os 40”, tendo comparecido 26 investido-res.

Belmiro de Azevedo, “Chairman” da Sonae, acredita que muitas empresas falta-ram, “por não precisarem de capital ou por não estarem ainda preparadas para sessões desta natureza”. “ Há pouco associativismo em Portugal, apesar de existirem muitas as-sociações”, acrescentou.

Durante uma breve apresentação, su-bordinada ao tema “O desenvolvimento das Empresas Inovadoras: Financiamento, parcerias, Fusões e Aquisições”, o professor António Borges, vice-presidente da Gol-dman Sachs International, focou, entre outros aspectos, alguns dos problemas do caso português, como a competitividade. Aquele responsável salientou que “somos o país que mais sofre com a concorrên-cia dos países emergentes”, facto a que se junta a falta de coragem das empresas em irem para a Bolsa. “As bolsas internacionais estão ávidas por este tipo de projectos”, acrescentou.

Segundo o especialista, “ temos de pen-sar em projectos que tenham uma visão de grande amplitude, tendo em conta a escala internacional”, salientando que é impos-sível criá-los “sem uma boa capacidade de gestão e de diálogo e sem competências fi-nanceiras”.

MARISA [email protected]

Encontro Cotec aproxima PME e investidores

É notável como podemos partir do princípio que a humanidade acom-panha os desenvolvimentos da so-

ciedade, sem nos darmos conta que ape-nas um grupo de “early birds” acompanha a mudança e é capaz de a compreender, podendo prever com maior facilidade os próximos passos na matéria. Este grupo de vanguarda é composto por pessoas de todos os quadrantes, com uma predomi-nância entre os 15 e os 35 anos, dividindo-se entre si por áreas com-plementares (electróni-ca, ciência, saúde, co-mércio, engenharia…) e apesar de representar uma minoria da socie-dade é um meganicho do mercado global, com centenas de milhões de membros. Em particu-lar, é curioso verificar que, mesmo nos paí-ses mais desenvolvidos ,poucas são as empresas que abordam o mercado de forma a optimizar a tendên-cia de metamorfose progressiva de “con-sumers to prosumers”.

O contrário do que seria de esperar de um sector empresarial que aborda com co-nhecimento e racionalidade os problemas e os correspondentes métodos, abordagens e

soluções para atingir os objectivos, o mun-do empresarial parece simultaneamente va-garoso na mudança e bipolar no estágio em que se encontra. No mesmo planeta onde milhões de consumidores já interagem de forma activa e frequentemente decisiva nas soluções dos produtos que eles próprios consomem (“prosumers”), há consagrados economistas que ainda questionam a natu-reza da competitividade em mercado aber-

to. Entre outros casos, Octávio Teixeira veio há dias ao jornal “Expresso” opinar alegremente so-bre a necessidade de um Estado europeu intervir na regulação de um ban-co, como se as excepções definissem a própria re-gra e a esta se substituís-sem, potenciando argu-mentos que conduziam à conclusão do fracasso do modelo de mercado livre. A celeridade do de-

senvolvimento é condicionada pela teimo-sia dos que resistem para lá da razão e do argumento, em uso do justo usufruto do direito à opinião própria.

Noutro estágio estão as empresas que abrem as suas portas e as dos seus pro-dutos para que os seus clientes em larga medida decidam sobre o melhor futuro

de cada produto ou serviço, fidelizando-se superiormente e tornando-se em simultâ-neo “defensores/advogados” da empresa. Esta nova abordagem não se limita às em-presas/produtos/serviços que assim foram definidas de base e em que são os pro-sumers a fazer praticamente a totalidade (ex: Wikipedia, Linux, Gnome, MySQL, Ubuntu), sendo frequentemente alguns clientes a ascenderem a “operadores” ou “coordenadores” que ba-lizam grandes áreas de operação e gestão diária de actividades ligadas aos projectos. Centenas de empresas de topo a nível mundial utili-zam hoje o Innocentive (www.innocentive.com), colocando problemas a centenas de milhares de cientistas, engenheiros, marketeers ou gestores, que em qualquer parte do globo estudam e pro-põem soluções.

Empresas de primeira linha como a IBM abriram a porta aos seus clientes para finalmente mexerem, alterarem, mis-turarem e remixarem os seus produtos. acreditando firmemente que o resultado conduzirá a novas e mais céleres alterações e inovações. De facto, o tempo em que a

Inovação dependia de um departamento com esse nome parece ter acabado. Cada vez mais as empresas tendem a deixar para os “prosumers” (intermédios ou finais) tarefas de pura inovação, incorporando pessoas para lançarem desafios, receberem e filtrarem alterações, procurando incor-porar para o grande consumo (e em breve também para o B2B) as que fizerem senti-do tecnológico, social e económico.

Num mundo em que o conhecimento huma-no duplica a cada cinco anos, deixou de ser su-ficiente deixar a inova-ção aos I&D – embora em indústrias específi-cas tal vá permanecer assim ainda por algum tempo – e tornou-se obrigatório para quem quer ascender ou per-manecer na primeira linha dar a palavra aos consumidores, tornan-

do abertos os seus sistemas e fomentando o “mashup” (modificação e resmistura, in-tegrando mesmo conexões com ferramen-tas de concorrentes) pelos utilizadores. É preferível prescindir de uma parte do controlo aos consumidores do que ceder o terreno a um concorrente mais hábil e aberto aos “prosumers”.

sexta-feira, 07 Março de 2008 26EMPRESAS

Num mundo em que o conhecimento humano duplica a cada cinco anos, deixou de ser suficiente deixar a inovação aos I&D

“Mashup”Empresas de primeira linha como a IBM abriram a porta aos seus clientes para finalmente mexe-rem, alterarem, misturarem e re-mixarem os seus produtos

Pedro Barbosa

Director do Parque Nascente e Docente do [email protected]

Centenas de empresas de topo a nível mundial utilizam hoje o Innocentive

Juan Antonio Fernandez afirma na Universidade Lusófona

Disputa eleitoral em Espanha cria “saldos” a nível fiscal

Qualquer que seja o resultado das elei-ções em Espanha, vai haver restituição de impostos - afirmou Juan António Fernan-dez, coordenador de Processos Eleitorais da ODEC, na Universidade Lusófona do Porto.

O superavit orçamental e a disputa eleito-ral fazem com que os dois partidos prome-tam cortes fiscais significativos. Enquanto o PSOE promete uma restituição de 300 euros de IRS a todos os contribuintes, o PP propõe utilizar o saldo orçamental positivo para isentar de IRS todas as famílias com menores rendimentos.

“As eleições legislativas em Espanha de-vem reforçar o bipartismo do sistema po-lítico” – considera Juan António Fernan-dez.

É provável uma vitória curta do PSOE, continuando os partidos nacionalistas a ter um papel decisivo na estabilidade do futuro Governo — prevê o especialista espanhol que se deslocou ao nosso país a convite de Paulo Morais, ex-vice presiden-te da Câmara do Porto e actual director da Universidade Lusófona.

Na semana que antecede as eleições, há uma situação de empate técnico com ligei-ra vantagem do PSOE. “O balanço final vai depender do nível de participação dos eleitores”, salienta Juan António Fernan-dez.

A campanha eleitoral foi muito polariza-da e com permanente desqualificação dos adversários políticas num clima de crispa-ção.

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Pela primeira vez temos um quadro comunitário de apoio que tem uma estratégia definida para a formação profissional, com objectivos prioritários e dinheiro alocado para cumprir esses objec-tivos. José Alberto Leitão, director do departamento de formação do Instituto do Emprego e Forma-ção Profissional (IEFP) não podia ser mais claro na intervenção que fez na Universidade Católica do Porto, numa iniciativa da Foresis – Associação Florestal de Portu-gal. “Nos anteriores, inventamos forma de gastar o dinheiro”, de-nunciou o responsável.

José Alberto Leitão chamou ainda a atenção para a necessidade de realizar um trabalho enquadra-do no contexto europeu ao nível da educação e da formação, isto apesar de não ser uma política co-mum, logo não sendo obrigatória a sua contextualização. Mesmo assim, o responsável defende que devemos reger-nos pelas mesmas regras que os nossos congéneres europeus.

É necessário um novo para-digma na formação. Que privile-gie não propriamente a maneira como as pessoas aprendem mas, antes, a forma como vão aplicar esses conhecimentos. “Vamos va-lorizar os contextos não formais e formais. O mais importante tem de ser os resultados da aprendi-zagem”, disse na intervenção que proferiu na Universidade Católi-ca do Porto.

Promover a mobilidade foi ou-tro dos temas enfatizados pelo director do departamento de formação do IEFP. A mobilidade dos recursos só pode ser encetada quando sustentada numa clara

transparências dos sistemas de qualificação. “Essa transparência vai permitir que os recursos hu-manos sejam transferíveis para os demais países europeus. De resto como já acontece com o ensino superior. No não superior é que isso ainda não é possível”, reflec-tiu José Alberto Leitão. “O Qua-dro Europeu, de resto a referên-cia de Portugal, vai precisamente permitir essa transparência que resulta numa efectiva maior mo-bilidade dos recursos”.

E a nível nacional, como es-tamos em termos de formação profissional? Segundo José Alber-to Leitão, estamos a abraçar um desafio. “Temos bons enquadra-mentos legais, falamos bem, es-crevemos melhor mas depois… aplicamos mal. Há um claro défi-ce perante os resultados. Executa-mos pouco. Vamos ver se é desta que conseguimos”.

Para isso há necessidade de ir às opões de fundo. José Alberto Leitão defende a aprendizagem ao longo da vida, com um aces-so generalizado à formação, para além de um reconhecimento e valorização dos conhecimentos adquiridos. Tudo isto a par da cer-tificação e upgrade das qualifica-ções. O responsável advoga ainda a educação e a formação profis-sional baseada em competências, a par da modularização. “Hoje, a modularização é uma tendência. Porque é mais flexível e adequada a quem acede ao novo sistema de qualificações”. Por outro lado, a focalização nos resultados e não nos processos de aprendizagem foram igualmente salientados pelo director do departamento de formação do IEFP.

Inicie um negócio em Espanha em 2008 (IV)Terminamos hoje a nossa

análise dos diferentes ins-trumentos que existem em

Espanha para o exercício de uma actividade comercial, dos mais simples até aos mais complexos, e chegamos à situação mais co-mum: a sociedade comercial, por quotas ou anónima. Naturalmen-te, a grande vantagem aqui, rela-tivamente às opções já vistas, é a limitação da responsabilidade.

O veículo preferido continua a ser a sociedade por quotas (“socie-dad limitada” - SL), que pode ser unipessoal ou não, e cujos sócios podem ser pessoas singulares ou colectivas, nacionais ou estran-geiras. O capital social é dividido em quotas (participaciones), sem valor mínimo, e que são, nor-malmente, numeradas. Encon-tramos, portanto, uma diferença com a legislação societária portu-guesa: os sócios podem ter mais do que uma quota no momento da constituição da sociedade. Outra diferença significativa tem a ver com o capital social míni-mo: 3006 euros.

Os órgãos da sociedade são a Assembleia Geral (“Junta Gene-ral”) e a gerência (“administra-ción”). A sociedade pode ter um ou vários administradores indivi-duais ou constituir um Conselho

de Administração. O exercício do cargo é sempre gratuito, salvo disposição em contrário dos esta-tutos.

Neste domínio não podemos deixar de referir a “sociedad li-mitada nueva empresa” (SLNE), uma modalidade especial de so-

ciedade por quotas com algumas características interessantes. Em Espanha surgiu como o protó-tipo da “empresa na hora”, mas que foi ultrapassada pelo modelo português.

Para além do processo de cons-tituição, mais simples, esta moda-lidade apresenta vantagens fiscais. Nesse sentido, o “Impuesto de Sociedades” (IRC) pode ser di-ferido durante dois períodos; o “Impuesto de Transmisiones Pa-trimoniales y Actos Jurídicos Do-cumentados” (Imposto do Selo) que tributa a constituição da em-presa pode ser diferido durante um período; também podem di-ferir-se as retenções do Impuesto sobre la Renta de las Personas Fí-sicas (IRS) durante um período.

O capital mínimo requerido é de 3012 euros e o máximo poderá atingir 120.202 euros. A partir de quantias superiores a SLNE de-verá transformar-se quer em SL, quer em SA. As entradas do capi-tal, no momento da constituição, deverão ser sempre em dinheiro; após a constituição já será possível fazer entradas em espécie.

A sociedade anónima também pode ser unipessoal e ter como sócios pessoas singulares e co-lectivas, nacionais ou estrangei-ras. O capital social mínimo é

de 60.096 euros, e, pelo menos, 25% deverá encontrar-se realiza-do no momento da constituição. O capital divide-se em acções e, neste ponto, a lei também não es-tabelece um valor mínimo.

Os órgãos de administração são a Assembleia Geral (“Junta Gene-ral”) e a administração. Importa sublinhar que a partir de três ad-ministradores deverá constituir-se um Conselho de Administração. O exercício do cargo não poderá superar o prazo de seis anos, em-bora os adminis-tradores podem ser reeleitos uma ou várias vezes por períodos de igual prazo.

Existe ainda um tipo de so-ciedade espe-cífico quando a maioria do capital social é detida por tra-balhadores com contrato sem termo, que prestam serviços na sociedade e que são retribuídos. Neste caso estamos perante uma sociedade anónima laboral ou so-ciedade limitada laboral (SAL ou SLL). Outra particularidade diz respeito ao limite máximo de par-

ticipação por parte dos sócios no capital social, que não poderá ul-trapassar um terço. Desta forma, podemos concluir que o número mínimo de sócios nestas socieda-des será sempre três.

Os trâmites de constituição e início de actividade são parecidos em todos os casos: pedido de cer-tificado de denominação social; escritura pública de constituição; inscrição na Conservatória do Registo Comercial competente;

obtenção do CIF (código de identificação fis-cal); registo jun-to das Finanças, Segurança So-cial e Inspecção de Trabalho; ob-tenção das licen-ças necessárias para o exercício da actividade em causa.

Em conclusão, há uma grande

variedade de possibilidades para escolhermos aquela mais ajusta-da ao nosso investimento. E, lo-gicamente, conforme a evolução do negócio, sempre poderemos optar por uma ou outra situação, transformando a nossa sociedade ou constituindo novas estruturas.

Formação profissional com estratégia de apoio definida

Adianta uma das administradoras da Logic

Terciarização da logística é cada vez mais hipótese para os empresários

“Cada vez mais verificamos que há mais gestores a ponde-rarem a terceirização das opera-ções logísticas como uma hipó-tese válida a considerarem nas definições estratégicas das suas empresas”, disse à “Vida Econó-mica” Carla Fernandes, uma das administradoras da Logic. De resto, foi nesse sentido, segundo a mesma fonte, que empresa de logística tem em curso uma al-teração de imagem. “Um dos es-forços com a mudança de ima-gem foi também dar a conhecer esta actividade porque para muitos era totalmente desco-nhecida”, reconhece. “A comu-nicação com os clientes tornou-se mais clara, o que permitiu atingir os objectivos de vendas a que nos tínhamos proposto. E, por outro lado, aumentou sig-nificativamente a visibilidade da empresa no sector e no tecido empresarial português”, afirma Carla Fernandes.

Esta alteração da imagem corporativa arrancou em 2006 e está praticamente concluída. “Com a conclusão do site pode-mos dar por concluída a fase de implantação da nova imagem. Temos ainda projectos de re-forço de colocação de imagem Logic nas lonas dos camiões”, acrescenta a mesma responsável pela empresa.

O mercado português de lo-gística, até por não ser ainda

reconhecido pela totalidade dos empresários nacionais, vai continuar a crescer na ordem dos 10% ao ano, segundo um estudo da consultora DBK. Isso deve-se, segundo Carla Fernan-des, “em grande medida devido ao facto de haver ainda muitas empresas que poderão fazer o ‘outsourcing’”. De acordo com a entrevistada, esta subida do sector, vai fazer com que a pe-netração do serviço vá atingir o mesmo nível que a média dos mercados europeus. “Ra-pidamente iremos atingir esse patamar, a questão é que a lo-gística em Portugal tem cerca de 15 anos e no Reino Unido tem cerca de 50. Há que vencer algumas barreiras culturais mas a maior parte do caminho já foi percorrido”, recorda Carla Fer-nandes.

Tendo em conta esta envol-vente, o objectivo da Logic para 2008, segundo a sua adminis-tradora, é consolidar o cresci-mento verificado em 2007 e preparar o próximo triénio. Em relação ao ano passado, a ges-tora faz um balanço positivo. “Registámos um crescimento superior ao previsto – o que co-locou alguma pressão nas ope-rações – mas que rapidamente foi superado. Foi também um ano que nos permitiu preparar a continuação do crescimento em 2008”, explica.

A médio prazo, os objectivos passam, de acordo com Carla Fernandes, por a empresa “ter capacidade de investimento” para adaptar-se às novas tecno-logias em desenvolvimento no

sector, “nomeadamente o RFID, as chamadas etiquetas inteligen-tes” e responder à questão do petróleo e do desenvolvimento sustentável “num sector em que o peso dos transportes rodoviá-rios é muito elevado”.

AQUILES [email protected]

sexta-feira, 07 Março de 2008 27EMPRESAS

ANTONIO VIÑAL MENÉNDEZ-PONTE

Antonio Viñal & Co. Abogados. Lisboa

[email protected]

“O veículo preferido continua a ser a sociedade por quotas, que pode ser unipessoal ou não.”

O capital mínimo requerido é de 3012 euros e o máximo poderá atingir 120.202 euros.

“Um dos esforços com a mudança de imagem foi também dar a conhecer esta actividade porque para muitos era total-mente desconhecida”, reconhece Carla Fernandes, administradora da Logic.

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lhão, perto da Escola das Pedras (junto à Águas de Gaia)”, que será utilizado preferencialmente pelo FC de Gaia, revelou.

Mais, “depois de uma fase de infra-estruturação básica e de re-cuperação do concelho a vários níveis, surge agora um novo capí-tulo na história de Gaia. Um con-celho virado para a contempora-neidade, para o indivíduo, para a excelência, para o incitar do enge-nho, para o desporto e para a cul-tura e para a qualidade de vida,” afirmou Guilherme Aguiar.

Já para o clube, este momen-to, além de histórico, representa uma oportunidade de revitaliza-ção. “O Futebol Clube de Gaia é indiscutivelmente um patri-mónio, mais que desportivo, do concelho que lhe dá nome. No momento em que comemora 100 anos, o clube não pode perder a oportunidade de voltar a elevar-se como o símbolo maior de um concelho rico em tradições, usos e costumes que lhe conferem uma alma única no país. O Mu-nicípio de Gaia revelou, uma vez mais, uma visão acima da média, e acarinhou o projecto desde a primeira hora”, rematou Auré-lio Morais, presidente de FC de Gaia.

FERNANDA SILVA TEIXEIRA

“Gaia 100” abre novo capítulo na história de Gaia

A comemorar cem anos de actividade, o Futebol Clube de Gaia, em colaboração com a Câ-mara Municipal de Gaia, criou a marca “Gaia 100”, que indu-zirá não apenas a celebração do passado, mas, sobretudo, através do desporto e da cultura, a afir-mação de um desígnio colectivo para o concelho de Gaia.

O Futebol Clube de Gaia vai assinalar, este ano, o seu cente-nário de uma forma original. Em parceria com uma agência de publicidade (a Slogan) e com o apoio da Gaianima, foi criada uma marca (Gaia 100) que irá organizar cem eventos, em cola-boração com colectividades do concelho, que serão apadrinhados por outras tantas personalidades. A agência encontrou também cem patrocinadores, que finan-ciaram uma centena de tabelas de basquetebol, a colocar em espaços públicos e em escolas. Até ao final do ano será ainda publicado o li-vro “Gaia 100 – Cem anos, cem factos” e organizado um concerto para a juventude.

Guilherme Aguiar, vereador e responsável pela Gaianima, refe-riu que o clube está a atravessar uma fase de reconversão. “Em breve irá ser lançado o concurso para a construção de um pavi-

Export Home ‘08 comemorou o seu 20º aniversário

O principal certame dedicado ao mobiliário apresentou-se com uma força revigorada e novas pro-postas, mas com a qualidade de sempre. Estiveram presentes cerca de 330 expositores, representantes do melhor que se faz em Portugal, e no resto do mundo, na área dos móveis.

A Export Home é, sobretudo, uma feira com carácter internacio-nal tendo sido já visitada por países como Espanha, França, Bélgica, Itália e Rússia. Também por este motivo, este certame assume-se, a cada edição que passa, como o momento mais importante do ano para quem procura internacionali-zar o seu negócio ou, para quem já deu esse passo, consolidar a pre-sença em mercados internacionais, com especial destaque para os paí-ses emergentes da Europa.

A actual situação económica e a crise foram as palavras mais “re-feridas” pelos expositores na Ex-port Home quando questionados como observam o momento actu-al e como perspectivam o futuro do sector.

“O mercado neste momento não nos é favorável, está parado. A crise está instalada, e essa é uma realidade que tentamos não trans-mitir ao cliente, mas que se sente”, referiu Fernando Nogueira, Di-rector de Marketing da empresa F. Nogueira – Mobiliário, Lda.

Para Sandra Leal, Marketeer da ALEAL, “o sector mobiliário já teve melhores dias, antigamente as pessoas viviam muito o conceito casa, neste momento vive-se mais o conceito viagens, restaurantes, bares, discotecas, a casa fica para segundo plano. A oferta e a con-corrência também são elevadas”.

Contudo, e tendo em conta este panorama de crise instalada, algu-mas empresas procuram apostar na diferenciação e no design. “Não está fácil, porque a oferta é supe-rior à procura. Então apostamos na diferenciação: novos designers, novos acabamentos de interiores e exteriores, entre outros”, salienta Agostinho Moreira, Administra-dor da JetClass.

Alberto Barbosa, proprietário da MAB, frisa: “Embora a crise exista, sem trabalho nada se faz. Qualidade, perseverança, dedica-ção e identidade são a chave para a sobrevivência”. Prova desta aposta da MAB foi a atribuição do pré-mio de Design da Feira Interna-cional do Móvel de Madrid em Abril de 2007.

Relativamente às razões que le-varam os diversos expositores a participarem nesta feira, foram so-bretudo a procura de crescimento do volume de vendas e da expor-tação. “Aumentar a internacionali-zação da empresa e angariar novos clientes” é a aposta de António

relacionais”, ou seja, “investir em pessoas que possam abrir portas nos corredores do poder”.

País está mais inclinado para Lisboa

Subscrevendo a posição de Pires de Lima, o padre Lino Maia afir-mou também que “não está muito optimista relativamente à possibili-dade de se contrariar o crescimento do desemprego”.

Na opinião do presidente da CNIS, “a situação seria bastante mais grave se não fossem as insti-tuições de solidariedade social”, cuja actuação, refere, “absorve mui-to do impacto negativo causado pelo desemprego”, particularmente o desemprego feminino.

Para Lino Maia, o combate ao desemprego deve passar pela inclu-são, sendo que “o novo nome da inclusão é capaz de ser a educação”, porém, actualmente “só existe uma preocupação com a escolaridade e não com a educação”.

Os dois comentadores convergi-ram ainda na ideia que a perda de fulgor e competitividade da região se deve também à centralização dos poderes político e económico, como resumiu o padre Lino Maia, “o país está mais inclinado para Lis-boa”.

A exposição geral inicial sobre o desemprego na região Norte esteve a cargo da professora Pilar Gonza-lez, da Faculdade de Economia do Porto (FEP).

Segundo esta especialista, “a re-gião Norte tem vindo a apresen-tar uma trajectória de emprego desfavorável em relação ao resto do país”, sendo, paralelamente, “a região com mais desempregados” e a região onde este indicador “mais cresceu no período 2000 – 2007”. Pilar Gonzalez frisou ainda que o “desemprego não é neutro”. “Atin-ge mais as mulheres, os jovens, os desempregados à procura de novo emprego e os de longa duração e os menos escolarizados”, disse.

Segundo um estudo elaborado por Pilar Gonzalez, realizado com base na população economicamen-te activa, registada como desem-pregada no Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) em Dezembro de 2007, a taxa de de-semprego nos concelhos do Gran-de Porto, concluiu que Espinho é a zona mais afectada, seguida de Gaia, Valongo, Porto, Vila do Con-de, Maia e Matosinhos. “Uma das razões para esta realidade regional é o facto de haver menos criação de empresas”, razão pela qual “tem existido um défice de criação de emprego”.

Associada a este facto, a recente criação de empresas tem incidido sobretudo no grupo das micro e pequenas empresas, gerando, des-te modo, um défice adicional na criação de emprego face ao encer-ramento de empresas de maior di-mensão.

Pilar Gonzalez deixou ainda algumas interrogações, nomeada-mente sobre a “consciência da fun-ção social por parte das empresas”, e identificou “um risco de pobreza e exclusão social” nesta região com origem no desemprego crescente. Na verdade, “mais de 30 por cento dos beneficiários da Rendimento Social de Inserção (RSI) vivem no Norte do país”.

Governantes deviam adoptar uma visão mais realista

O presidente da Unicer, António Pires de Lima, defendeu que “os governantes deviam adoptar uma visão mais realista sobre o desem-prego em vez de continuarem a ter miragens. Custa-me muito ver determinados políticos prometer futuros próximos de melhoria da situação”, frisou.

Não ilibando as empresas da sua responsabilidade social, o também presidente do conselho nacional

do CDS-PP acredita ser “difícil antever, a curto prazo, uma solução para este problema”, sendo que “é pouco provável que o desemprego diminua de forma sustentada no Norte e no país”.

Para este gestor, “os governantes deviam adoptar uma visão mais realista”, admitindo que o desem-prego deverá atingir os nove ou dez por cento, nos próximos anos. Nes-te sentido, Pires de Lima relembrou o exemplo espanhol que, “quando mudou de paradigma empresarial, gerou taxas de desemprego brutais, atingindo mesmo valores próximos dos 15 por cento, e encontra-se

hoje com uma taxa de desempre-go inferior à por-tuguesa”.

Na opinião do empresário, a ac-tual situação en-contra também justificativo no predomínio dos tradicionais mo-delos de gestão, nomeadamente na invariável di-ficuldade em “se-parar o capital da gestão”. “A região Norte está mais pobre, em boa

medida, devido à sua incapacidade em antecipar o que era evidente e que este modelo empresarial não ia subsistir”, referiu.

Mais uma vez apontando o exemplo de Espanha, o presidente da Unicer entende que seria im-portante realizar uma séria reflexão sobre o tema da regionalização, porque “o poder político é uma condição fundamental para que o poder económico possa florescer”.

Em conclusão, Pires de Lima deixou ainda um conselho às em-presas nortenhas: “para certos campeonatos empresariais, é im-portante investir nas competências

FERNANDA SILVA [email protected]

Realizou-se, na passada semana, mais uma conferência do ciclo “Olhares Cruzados sobre o Porto”, or-ganizado pela Universidade Católica e pelo jornal “Público. Esta conferência foi dedicada à temática do desemprego na região Norte. António Pires de Lima, presidente da UNICER e presidente do conselho nacional do CDS-PP, e o padre Lino Maia, presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade Social (CNIS), parti-ciparam como comentadores na conferência, moderada pelo economista Alberto Castro.

Faria, sócio-gerente da Megamó-veis.

Para a empresa Souto Home, o objectivo é “apresentar as novas colecções aos clientes actuais e ten-tar conquistar novos segmentos de mercado através da aposta no mo-biliário contemporâneo”, referiu Ricardo Souto, director executivo.

Miguel Correia, sócio-gerente da Orisfaber, é mais optimista, participando pela primeira vez na feira, apenas pretende “angariar novos clientes e encomendas, pro-jectar a imagem de Portugal como país de referência de qualidade no sector”.

As perspectivas de futuro para as diversas empresas entrevistadas passam todas um pouco pelo mes-mo: expansão do negócio. “Con-quistar, neste caso aumentar o mercado estrangeiro de 20% para 40% se possível no próximo ano”, é o desejo de Manuel Silva, Admi-nistrador da J. Moreira da Silva & Filhos, S.A.

Outras perspectivas passam também “pelo desenvolvimento de colecções próprias”, como re-feriu Lopes da Cruz, Sócio-Ge-rente da empresa Olman, Lda., e pela forte aposta na “qualidade, na diferenciação e no design” como defendeu Paulo Miguel, sócio-ge-rente do Atelier dos Tecidos, Lda.

FERNANDA SILVA TEIXEIRA

Norte é a região com mais desempregados

sexta-feira, 07 Março de 2008EMPRESAS28

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O grupo IMB está a de-senvolver um complexo ho-teleiro e termal em Unhais da Serra, designado H2otel, cujo investimento global irá rondar 15 milhões de euros. Este investimento na Serra da Estrela vem na sequência da estratégia do grupo IMB – Imobiliária Manuel Brancal, SA, sedia-do na Covilhã, com uma aposta clara no turismo de natureza e no eco-turismo. Para tal investiu na certifi-

cação ambiental, tendo al-cançado para todas as suas unidades a norma ECO-Hotel.

O H2otel, que integra o complexo termal de Unhais da Serra, consagra a forte ligação à temática da água. Inovador e arrojado, o pro-jecto visa alcançar dimen-são internacional, apostan-do em valências como um Mountain Spa, termas e piscinas termolúdicas.

Classificado com quatro estrelas, o hotel dispõe de 90 quartos, sen-do 17 “suites” e dú-plex. Para além disso, constitui-se como a primeira oferta inte-grada que ficará liga-do fisicamente à área

termal, ao medical spa e ao espaço termolúdico, que se estende para o exterior. A equipa médica que servirá

o novo balneário termal irá dar apoio clínico aos trata-mentos termais e aos trata-mentos anti-“stress”.

O espaço termolúdico “Aquadome”, constitui um produto turístico estrutu-rado, com piscinas e hidro-massagens em diferentes

planos e ligadas ao exterior que permitem usufruir de um conjunto de experiên-cias, apoiadas na geoter-mia das águas termais de Unhais da Serra.

Recorde-se que o grupo começou por recuperar uma quinta tradicional na Covi-lhã, transformando-a num “country club” denomina-do Clube de Campo da Co-vilhã. Mais tarde, em 1996, adquiriu o Hotel Turismo da Covilhã que, com avul-tadas obras de ampliação, se transformou na melhor e mais completa unidade no destino. Em 2006 adquiriu o Hotel Vanguarda, na cida-de da Guarda, unidade que tinha sido inaugurada dois anos antes.

Aproveitando a mobi-lização internacional em torno da ARCO, que em Fevereiro levou a Madrid milhares de visitantes, o Bairro Alto Hotel e o Choupana Hilss realiza-ram um evento na Gale-ria Juana de Aizpuru, em parceria com a consultora Força Motriz, que desen-volve acções em Espanha desde 2004.

Os dois hotéis, sediados em Lisboa e no Funchal, in-tegram a cadeia internacio-nal Leading Hotels of the World, que reúne unidades que operam no mercado do luxo, e que em Abril deste ano promove um encontro

mundial em São Paulo. No entanto fundiu os univer-sos da arte contemporânea e da alta gastronomia, as denominações de origem portuguesas serviram de base ao trabalho do chefe Luís Rodrigues, do restau-rante Flores, em Lisboa e antigo colaborador de Ser-gi, que criou um menu de degustação de 10 pratos, em homenagem ao traba-lho de Miroslaw Balka, o artista polaco cuja exposi-ção foi inaugurada a 15 de Fevereiro.

O reuniu mais de 500 convidados do mundo das artes e cultura internacio-nais.

Turistas europeus com comportamentos semelhantesUm estudo desenvolvi-

do pela empresa Synovate para a multinacional NH Hoteles analisa o compor-tamento dos viajantes eu-ropeus e a sua relação com os estabelecimentos que se alojam em cinco mercados chave - Espanha, Itália, Reino Unido, Alemanha e Holanda.

O estudo demonstra que, ao contrário do que se poderia pensar, existem grandes semelhanças entre as formas e costumes de viajar dos turistas destes mercados. No que concer-ne ao tempo anual gasto em viagens, verifica-se que são dedicados em média 10 dias para conhecer no-vos lugares ou descansar longe de casa e quem mais dedica tempo a viajar são os espanhóis (13 dias) e os

italianos (11). O trabalho também obriga a fazer des-locações, mas, neste caso, apenas durante cinco dias por ano. Os italianos, com uma média de oito dias, são os mais habituados a este tipo de viagens de negócios, enquanto os ale-mães, com apenas quatro dias, situam-se no extremo oposto.

O Verão continua a ser o momento propício para as viagens, seguido dos fins-de-semana. No entanto, o estudo destaca comporta-mentos curiosos. Mais de metade dos holandeses não aproveita as pontes para conhecer novos lugares, ao contrário dos britânicos e dos alemães (acima dos 86%). Por outro lado, tam-bém são os mais caseiros na época do Natal: apenas

26% dos holandeses via-jam nesta época, ao contrá-rio de 53% dos italianos ou 44% dos espanhóis.

Assim, espanhóis e italia-nos são os que mais tem-po dedicam a organizar as suas deslocações e são tam-bém os mais exigentes na hora de reservar e avaliar o conforto de um hotel e o equipamento de um quar-to. Ingleses e holandeses, pelo contrário, dão menos importância aos pequenos detalhes, têm menos in-teresse nos serviços extras que podem ser oferecidos pelo hotel e dão maior peso aos aspectos práticos.

Mais de 80% dos turistas europeus considera muito importante para a realiza-ção de uma reserva o facto de o quarto ter duche ou banheira, e mais de 60%

reconhece que a sua pri-meira acção ao instalar-se no quarto é verificar a casa de banho. Por outro lado, 39% dos utilizadores ape-nas visita o restaurante do hotel se tiver o pequeno-almoço incluído no preço, e 20% compra comida fora para levar para o seu quar-to. Piscina e spa com ho-rários amplos e serviço de massagens são os serviços pelos quais os turistas estão mais dispostos a pagar um preço extra ao hotel.

Mais de 50% dos holan-deses avalia positivamente a disponibilidade de quar-tos desenhados para ho-mens ou mulheres. Uma nota final: holandeses e britânicos costumam es-colher o mesmo lado da cama que utilizam em casa para dormir.

Dez mil voos em Portugal para a easyJet

A companhia aérea “low-cost” easyJet celebrou o seu voo n.º 10 mil, o qual chegou ao aeroporto de Lisboa proveniente de Londres (Luton). Em menos de dois anos e meio a easyJet transportou mais de 1 350 000 passa-geiros desde que iniciou operações em Lisboa a 30 de Outubro de 2005 com a rota Lisboa-Genebra.

Segundo dados oficiais da ANA, a easyJet conseguiu em 2007 converter-se na companhia aérea com maior crescimento, acima das companhias tradicionais: du-plicou o número de passageiros, com mais de 750 705 transportados em 2007, conseguindo uma quota de 5,6% do tráfego total de passageiros. Só no mês de Janei-ro de 2008, a easyJet cresceu cerca de 61,2%, com uma quota de 8% do tráfego total de passageiros do aeropor-to de Lisboa (mais 2,7% quando comparado com o ano anterior). Estes números mostram que a easyJet possui

49,3% de quota no segmento, cerca de mais 11,45% face ao período homólogo do ano anterior.

Beatriz Fernández, directora de marketing para Espa-nha e Portugal, afirmou que “Lisboa é a cidade europeia que regista mais passageiros transportados sem ser base aérea da easyJet”.

A easyJet iniciou operações em Lisboa a 30 de Outubro de 2005 com a rota Lisboa-Genebra. Actualmente dispo-nibiliza um total de 10 destinos a partir de Lisboa: Lon-dres, dois aeroportos, Genebra, Paris, Berlim, Basileia, Milão, Madrid, Bristol, Liverpool e lançou já a 11ª rota com destino a Lyon que inicia operações a partir de 4 de Abril. A easyJet tem actualmente a operar 152 aviões em 383 rotas, entre 103 aeroportos, em 26 países diferentes. A companhia transportou 38 milhões de passageiros nos últimos 12 meses.

IMB desenvolve H2otel

Turismo de Évora promove artesanatoA região de turismo de

Évora encontra-se a desen-volver acções de promoção que visam atrair turistas nos segmentos de turismo rural, cultural e gastronó-mico, afinal as grandes po-tencialidades do Alentejo profundo. Desta forma, a região pretende, segundo Andrade Santos, presidente da RT Évora, cativar turis-tas nacionais para descobri-rem as virtudes da região. No campo do artesanato, destacam-se o recém-inau-

gurado Museu do Artesana-to de Évora, localizado no edifício do antigo Celeiro Comum, onde são retrata-das as ancestrais artes manuais da região, acentua-das na tradição de olaria do Redon-do, como sejam as praticadas na Ola-ria do Redondo, Artesanato Martelo Júnior, ou na Olaria Mértola, para além da típica manufactura

dos Tapetes de Arraiolos, patente no atelier da Casa

Isilda Vieira.MARC BARROS

[email protected]

Fluviário de Mora e Monte Selvagem firmam parceria

O Fluviário de Mora e o Monte Selvagem assinaram um protocolo para a pro-moção conjunta dos dois espaços, de modo a gerar sinergias que possibilitem dinamizar a atractividade das suas ofertas turísticas. O acordo implica a dis-ponibilização mútua nas bilheteiras e sítios web de promoções conjuntas. Venda cruzada de bilhetes, campanhas externas con-juntas e criação de progra-

mas pedagógicos comuns para as centenas de escolas que anualmente vi-sitam os dois locais são outros pontos a desenvolver com este acordo. O Fluviário e o Mon-te Selvagem distam apenas 30 quiló-metros, facto que indicia um poten-cial de crescimento de visitantes. Em 2007, os dois espaços receberam em

conjunto mais de 250 mil visitantes, gerando uma

notoriedade crescente à re-gião mais oeste de Évora.

Bairro Alto Hotel e Choupana Hills promovem apresentação em Madrid

Investimento de 15 milhões em unidade termal e medical spa

sexta-feira, 07 Março de 2008 29EMPRESAS

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Vida Económica – O ministro do Trabalho revelou re-centemente que “durante as próximas semanas” apre-sentará uma proposta de revisão do Código do Traba-lho. Que aproveitamento vai ser dado ao LBRL?

António Dornelas – E tenho perfeita noção de que não devo fazer qualquer comentário sobre o que sei ou deixo de sa-ber sobre o que vão ser as propostas do Governo, pela simplís-sima razão de que a Comissão já se extinguiu, extinguiu-se no dia da apresentação do Relatório ao senhor ministro. Quanto ao que se passará com o Livro Branco e qual o grau de utiliza-ção do Livro Branco e o que é que o ministro e o Governo vão decidir fazer não é a nenhum dos membros da Comissão que compete fazer declarações, é ao senhor ministro do Trabalho, ao senhor Primeiro-Ministro. É aos senhores deputados, a ou-tras pessoas que não certamente aos ex-membros da Comissão do Livro Branco.

VE – Numa entrevista à “Vida Económica” há uns me-ses, o professor Júlio Gomes [da Universidade Católica do Porto] dizia que a “Concertação Social é responsável por muitos abortos jurídicos”. Teme que a discussão em Concertação Social da proposta do Governo para alterar o Código possa desvirtuar o resultado final?

AD – Eu não quero comentar a posição do professor Júlio Gomes, que é um jurista que eu estimo e respeito e que é cer-tamente um dos bons juristas portugueses. Ele fez a afirmação e está feita e eu não quero comentá-la. Quanto à Concertação Social, eu não vou participar nos trabalhos e por conseguinte a minha posição não é mais qualificada. Não tenho nada de re-levante a acrescentar. Logo se verá. Prefiro não me pronunciar sobre hipóteses que não estão verificadas.

VE – Falemos sobre as propostas da Comissão. Suge-rem a eliminação da terceira renovação do contrato a termo certo. Chegaram à conclusão de que essa possi-bilidade não teve efeitos positivos?

AD – A Comissão fez essa proposta ao Governo por duas ordens de razões: em primeiro lugar, porque não lhe pareceu indispensável mantê-la, porque a Comissão entende que o mercado de trabalho já está suficientemente segmentado para ser razoável fazer uma proposta de limitação dos contratos a termo, a termo certo. E apenas esses. Em segundo lugar, por-que os seus efeitos mostraram que isso acontecia na realida-de. É uma possibilidade que tende a beneficiar prevaricadores mais do que as necessidades reais de funcionamento. E foi pouco usada.

VE – E em relação a férias e à bonificação de três dias em função da assiduidade?

AD – Aí a Comissão não chegou a nenhuma conclusão. Há aqui um problema que não existia e que foi criado pelo Códi-go. Está mais ou menos mostrada a ineficiência da solução e está de facto criado um problema pelas expectativas que criou nas pessoas. Não há, do ponto de vista da Comissão, crité-rios científicos para dizer que devem ser x dias ou y dias, é uma decisão política. Senhor ministro, não o podemos ajudar. Verificámos que há aqui um problema, que precisa de uma solução política, mas a nossa opinião não vale mais do que a dos outros. Tudo quanto fazemos é dizer ‘olhe, está aqui um problema, que era desnecessário e, portanto, senhor ministro, pense o que quer fazer em relação a isto’.

VE – Por que é que não chegaram a conclusões sobre essa matéria? Havia o problema dos consensos…

AD – Imagine uma discussão dessas em concreto. Que argu-mentos havia para ser mais um dia ou dois ou três [de férias]? Não há argumentos. Há sensibilidades políticas, sensibilidades sociais, maior proximidade dos interesses A, maior proximi-dade dos interesses B, mas não mais do que isso. Se não há critérios científicos, qual é a competência da Comissão para decidir?

VE – E qual é a sua sensibilidade sobre esta questão? Parece-lhe que o bónus nas férias incentiva a assidui-dade?

AD – Se os problemas do absentismo fossem tão fáceis de resolver, acha que as empresas bem geridas do mundo já não tinham resolvido o problema há mais tempo? O absentismo é das questões mais complexas do mundo do trabalho, porque se jogam normas, atitudes e comportamentos individuais. As empresas que obtiveram bons resultados no combate ao ab-sentismo não jogaram apenas nas normas, mas na motivação do absentismo. Se for entrevistar os dirigentes da Autoeuropa, descobre que, quando eles tinham um discurso muito rígido sobre a necessidade de rever a lei para combater o absentismo, não obtiveram resultados. A lei manteve-se. Eles mudaram o director de pessoal. O novo director de pessoal passou a ser preocupado com os casos concretos e com a desmotivação das causas sociais do absentismo e o absentismo caiu a pique. E não houve nenhuma alteração legislativa.

VE – Este é também um problema de incentivo re-muneratório?

AD – Não, não é tanto um problema de remuneração. A questão é: a pessoa falta porque os miúdos adoecem. Bom, se os miúdos tiverem cuidados médicos de melhor qualidade ou se houver um infantário nas proximidades do local de traba-lho, a mãe tem menos razões para ficar com o miúdo em casa. E isto, no limite, pode ser bom para a empresa porque o custo com o infantário pode ser inferior ao que ela paga em absentis-mo. Não há soluções universais. O que é bom para o [sector] têxtil ou para o automóvel ou para a banca ou para o jornalis-mo televisivo ou para o pessoal de cabine dos aviões. Provavel-mente o absentismo varia de sector para sector, varia com as tradições. É por isso que a solução do Código me parece uma solução fácil, é a solução dos simplistas, que acreditam que as normas são como tudo o que dá para governar as sociedades. Ora, isso não é verdade. Há muito mais coisas que governam as nossas vidas além de normas.

VE – No LBRL aponta-se – e o senhor também mos-trou aqui o “slide” com essa conclusão, ainda que sem se referir a ela – para um reforço do papel da Autorida-de para as Condições de Trabalho e até do Ministério Público. Que opinião tem sobre isso?

AD – A minha opinião pessoal é que os problemas de ine-fectividade da lei não se resolvem com um polícia atrás de cada incumpridor ou de cada empresário. Quem pensa que a efecti-vidade das normas se resolve pela repressão está enganado. Isso não significa que, além dos aspectos profilácticos, pedagógicos, a administração do trabalho não deva ter funções repressivas. Acho que deve. Agora deve fazer repressão inteligente, isto é, com impactos maiores do que o número dos punidos. E isso exige a lubrificação dos canais entre a administração do trabalho e as magistraturas. É um problema complicado, que envolve mais coisas que a mexida no Código do Trabalho, mas que são muito importantes porque a efectividade é um requi-sito muito importante para a inclusão do mercado de trabalho. Não apenas para os trabalhadores, mas também para os em-presários. Porque é da efectividade das normas que depende a regulação da concorrência, senão estamos sempre a beneficiar o infractor.

VE – Qual é a sua opinião em relação à afirmação do Dr. Paulo Nunes de Almeida, da ATP, proferida aqui, de que os despedimentos em Portugal, além de difíceis, são caros?

AD – A opinião das organizações internacionais que avaliam Portugal é essa. E isso é, em si mesmo, um problema. Mesmo se os pressupostos não forem verdadeiros, porque as pessoas geram convicções de que é assim e tendem a tomar decisões a partir desses pressupostos, mesmo não sendo verdadeiros. Isso influencia os comportamentos. Acho que é preciso, dentro dos limites da Constituição e com a prudência adequada, recali-brar a flexibilidade externa. Por mim vivo muito bem com as propostas da Comissão do Livro Branco. Acho que são equi-libradas.

VE – Está a referir-se à simplificação do procedimen-to disciplinar…

AD – Simplificação que, a meu ver, não reduz as garantias de defesa do trabalhador mas torna o [processo] mais célere, mais simples, mais realizável, com vantagens para toda a gente, se é que toda a gente tem a mesma opinião.

TERESA [email protected]

António Dornelas, relator do Livro Branco das Relações Laborais, em entrevista

“Código do Trabalho criou um problema desnecessário com o aumento das férias”O ministro Vieira da Silva deverá apresentar ao país, “durante as próximas semanas”, uma proposta oficial de revisão do Código do Trabalho. Em entrevista à “Vida Económica” à margem de um seminário na Universidade do Minho, o sociólogo António Dornelas, relator do Livro Branco das Relações Laborais (LBRL), fala das causas e das formas de combater o absentismo e da proposta da Comissão para a eliminação da terceira renovação nos contratos de trabalho a termo certo. As justificações estão à vista: “o mercado de trabalho já está suficientemente segmentado” e essa possibilidade, além de ter sido “pouco usada”, “tende a beneficiar prevaricadores mais do que as necessidades reais de funcionamento” das empresas.

“O que mais me preocupa é a competitividade das em-presas, porque nos últimos anos houve uma alteração pro-funda nos mercados com que trabalhamos. Antes havia protecção relativa em relação às trocas comerciais, mas hoje não, vivemos num mundo globalizado”. A afirmação é de Paulo Nunes de Almeida, presidente da Associação Portuguesa do Têxtil e Vestuário (ATP), e serviu de mote à sua intervenção na conferência da semana passada orga-nizada pelo departamento de Economia da Universidade do Minho.

Reforçando a ideia de que “as empresas têm de per-ceber que estão num mercado global”, em que as regras nem sempre são iguais – “não teríamos receio em estar num mercado global se as regras fossem, não diria iguais, mas parecidas” -, Paulo Nunes de Almeida lembrou a ne-cessidade de os empresários actualizarem conhecimentos

e formação e de a mesma ser extensível aos trabalhado-res. “Temos de ver se as pessoas que temos dentro de portas são aquelas de que precisamos, porque temos de ter valências que nos permitam sermos competitivos”. A relação dessa afirmação com as dificuldades de renovação das empresas foi, aliás, o ponto forte da sua intervenção, afirmando que “Portugal é um dos países onde o despedi-mento não só é mais difícil como é mais caro”.

Uma ideia contrariada por Joaquim Dionísio, jurista da CGTP, que lembrou que a rigidez da nossa legislação, de que tanto se fala, apenas tem a ver com “as normas do despedimento individual”, mas que “o despedimento in-dividual não serve para fazer as reestruturações das em-presas”.

TERESA [email protected]

“EM PORTUGAL O DESPEDIMENTO NÃO SÓ É MAIS DIFÍCIL COMO É MAIS CARO”

“O absentismo é das questões mais complexas do mundo do trabalho, porque se jogam normas, atitudes e comportamentos individuais”, ex-plicou António Dornelas à “Vida Económica”.

sexta-feira, 07 Março de 2008EMPRESAS30

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Vida Económica – Referiu na sua in-tervenção na cerimónia de apresenta-ção do Camelia Hotel Senior&Homes o carácter inovador deste projecto e que a Câmara de Guimarães acolhe com bons olhos projectos desta natureza. Estão abertos a novos investimentos na área da saúde?

António Magalhães – Projectos na área da saúde mas não só. Nós estamos tentados a todo o custo a não esquecer o nosso mer-cado e a reabilitar aquilo que, do nosso pon-to de vista, merece uma atenção especial, como tem acontecido até aqui, mas temos consciência de que o futuro não fica dentro das muralhas daquilo que foi o nosso centro histórico. Ao nível da inovação, de projectos inovadores, de dimensão internacional, se for caso disso, como aconteceu com outro empreendimento a cujo lançamento assisti-mos há dias, isso é fundamental para conse-guirmos encontrar soluções que aquilo que foi a indústria tradicional entre nós só por si não consegue gerar ao nível do emprego e da competitividade. E é por isso que este tipo de projectos, bem como outros que se perfilam para serem sediados entre nós, tem todo o nosso apoio e carinho, ainda que dentro da legislação que comete à Câmara determinadas responsabilidades. Os investi-dores que quiserem vir até nós terão toda a receptividade conferida por lei.

VE – A localização deste projecto, com esta dimensão e volumetria [ocu-pa uma área de 6200 m2 e tem ca-pacidade para 50 suites individuais e 12 duplas], num espaço rural, é com-patível com a legislação camarária em vigor?

AM – É compatível, mas queria dizer-lhe que não estamos bem num espaço rural. Estamos numa zona de transição, entre o espaço urbano e um espaço semi-rural, se quiser. Guimarães tem uma componente a três níveis: tem um espaço urbano mui-to característico e muito tradicional, temos uma cintura de vilas que corresponde a um grau de evolução da indústria tradicional e depois há o espaço rural. Nós estamos aqui na franja mais próxima desta transição, que não é espaço rural. E aqui, naturalmente, a Câmara Municipal prima por cumprir o que a lei determina. Não comete erros.

VE – Não houve alteração ao PDM para que se pudesse licenciar este projecto?

AM – Não, não houve alteração ao PDM. Nós, normalmente, não fazemos alterações ao PDM. Nós temos um PDM que, mesmo ao nível de outros países, tem margem de manobra para muitas coisas. Não precisa-mos de o alterar pela positiva aos olhos de alguns, mas temos de ter alguns cuidados. Aqui não foi preciso alterar o PDM para re-solver a questão.

VE – Focou também a falta de oferta ao nível geriátrico. Qual é a situação real do concelho?

AM – É uma realidade que há uma certa escassez. Há uns meses atrás, inaugurámos o Espaço Paraíso, em Pevidém, porventu-ra não tão requintado quanto este, que tem tido procura e que vem resolver alguns pro-blemas. Mas para a população mais caren-ciada precisamos de rapidamente encontrar respostas à altura das preocupações.

VE – Disse que a autarquia não se demite das suas responsabilidades a esse nível. Tem previsto algum projec-to neste âmbito?

AM – Como julgo que saberá, a Câmara só por si não tem condições de assumir um projecto desta dimensão, porque as valên-cias ao nível do pessoal especializado, das contratações, não pode ser feitas com a Câ-mara. A Câmara incentiva, dá sinais claros daquilo que são as nossas preocupações ao nível das IPSS ou dos investidores, como aconteceu aqui. Em parceria também, se nos for proposta e se se revelar profícua para os nossos concidadãos não estamos alheios a poder pensá-la, ponderá-la e, porventura, estimulá-la.

VE – E ao nível hospitalar? Que ca-racterização faz da situação em Gui-marães?

AM – Não estamos mal. Temos é um pro-blema que é comum a uma cidade da nossa dimensão: do nosso ponto de vista não es-pecializado – e assumo-o aqui -, o nosso ser-viço de urgência não está a funcionar como gostaríamos que estivesse. Chegam-nos al-gumas queixas, estamos preocupados, que-ríamos que as coisas corressem um pouco melhor. Há sinais de alguma preocupação, já o transmiti a quem de direito e é preciso que esta situação seja acautelada.

VE – A que níveis se verificam essas queixas?

AM – Julgo que é ao nível dos médicos disponíveis e do espaço de tempo que é preciso para que as pessoas sejam atendi-das na urgência. Os casos de maior gravi-dade têm tido um grau de resposta à al-tura daquilo que é o papel do hospital de Guimarães, mas aqueles que na triagem de Manchester ficam para segundo e terceiro lugar demoram muito e as pessoas come-çam a dar sinais de impaciência. É preci-so travar rapidamente isto. Precisamos de pôr a urgência a funcionar porque o pior que nos pode acontecer é encontrarmos soluções já depois de as coisas não terem conserto.

VE – E ao nível da oferta privada hospitalar? Como olha para os inves-timentos que estão a surgir em Gui-marães?

AM – Há aqui uma unidade [hospita-lar] que estará pronta para funcionar talvez em Outubro, pela informação que tenho agora, e a partir daí penso que haverá con-dições para estarmos mais ou menos bem equipados também a esse nível. Guimarães tem passado à margem dos problemas que o país tem sentido, por duas razões: porque tem infra-estruturas de qualidade, mesmo as públicas, e porque tem uma dimensão que corresponde àquilo que tem que ter. Agora temos o problema da urgência, que não pode ser adiado por muito mais tempo. É um problema complexo, mas que tem de ser de ser resolvido porque senão temos de o resolver depois de uma grande confusão que não aproveita a ninguém.

TERESA [email protected]

Presidente da autarquia vimaranense em entrevista à “Vida Económica”

Guimarães quer projectos geradores de emprego e de competitividade“Precisamos de projectos inovadores, com carácter internacional, se possível”, porque as funções adstritas à autarquia “não conflituam com a actividade de todos os que trabalham e que, através da sua acção empresarial, contribuem para um Portugal melhor”. A afirmação é do presidente da Câmara de Guimarães, António Magalhães, durante a apresentação, a semana passada, do Camelia Hotel Senior&Homes para a terceira idade. Em entrevista à “Vida Económica” à margem do encontro, o edil foi claro: “os investidores que quiserem vir até nós terão toda a receptividade conferida por lei”.

Unidade de luxo para idosos

em Guimarães concluída em 2009

Foi apresentada publicamente em Covas, Guimarães, a semana passada, o Camélia, Hotel Sénior & Homes, uma unidade de luxo para idosos (com mais de 65 anos), promovida pelo o médico e empresário Jorge Areias e pela Casa de Saúde de Guimarães, liderada por Te-ófilo Ribeiro Leite. Trata-se de um in-vestimento “entre os 7,5 e os 8 milhões de euros”, que ocupa uma área de 6200 m2, localizada numa quinta, e que terá capacidade para 50 suites individuais e 12 duplas.

Em declarações à “Vida Económica” à margem do encontro, o médico Jor-ge Areias focou as carências ao nível da oferta geriátrica em Portugal, designa-damente no Norte do país, lembran-do que “não podemos deixar que tudo o que tenha a ver com a terceira idade tenha uma conotação institucionaliza-da, de lar, pois há pessoas dessa idade, sem ou com pequeníssimas limitações, que querem ter uma forma de viver com mais qualidade”.

A unidade em construção é, pois, equivalente a “um hotel de 4/5 estrelas, destinada a um segmento médio/médio alto, em que as pessoas que para cá vi-rão terão aqui a sua residência definitiva contando com um apoio total, também na saúde, o que é muito importante, através de uma parceria com a Casa de Saúde de Guimarães e o futuro Hospital Privado de Guimarães”, explicou Jorge Areias à “Vida Económica”.

Os empresários Jorge Areias e Teófi-lo Leite estão convictos de que, dentro de poucos anos, “Portugal será um dos países da União Europeia com maior percentagem de idosos (32% de pessoas com mais de 65 anos) e menor percen-tagem de população activa”. Daí a apos-ta naquele que é a primeira de uma rede de unidades para a terceira idade.

Em vista estão já mais três unidades na mesma área. “Brevemente iremos anun-ciar mais três projectos, localizados aqui na região Norte, que são projectos em fase já bastante avançada relativamente aos quais teremos anúncios antes do Ve-rão”, adiantou Teófilo Leite à VE.

O também presidente da Associação Portuguesa de Hospitalização Privada (APHP) disse ainda que está “atento” ao segmento do turismo de saúde em Por-tugal e às oportunidades de investimen-to que aí podem surgir.

“Temos vindo a verificar que há uma grande potencialidade na área do turismo de saúde e aí podemos identificar quer o Vale do Douro quer a zona do Alqueva, quer a do Algarve, as quais reúnem con-dições potenciais significativas. Não te-mos nada adiantado, mas estamos aten-tos à situação”, referiu Teófilo Leite.

TERESA [email protected]

“Este tipo de projectos, bem como outros que se perfilam para serem sedeados entre nós, tem todo o nosso apoio e carinho”, disse à “Vida Económica” António Magalhães, presidente da Câmara de Guimarães (à direita), durante a apresentação do Camélia Hotel, em Guimarães.

“A Câmara Municipal de Guimarães percebeu, desde a primeira hora, a mais-valia que o projec-to representava, a vários níveis, para o concelho”, refere Jorge Areias.

sexta-feira, 07 Março de 2008 31EMPRESAS

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VIDROA indústria vidreira portuguesa tem em

curso um plano de expansão que poderá, em 2015, multiplicar por cinco as vendas actuais.

Na generalidade, os investimentos nas vidreiras envolvem a reconstrução ou substituição de fornos que chegaram ao fim do ciclo de vida e na área logística. No total, o plano das cinco unidades ron-

dam os 230 milhões de euros. O desígnio é que as vendas de 350 milhões do sector cresçam aceleradamente, muito acima dos mil milhões.

O vidro ajuda a cortar o défice da ba-lança externa. As exportações represen-tam metade da produção, pelo que a expansão fabril terá de contar com um notável impulso exportador.

Talvez influenciados pela aprendizagem científica assente na tentativa e no erro, generalizou-se a ideia de que errar não só é humano como até é virtuoso. Afinal, só não erra quem não arrisca nem decide e, por isso, a gestão é complacente com os que erram.

Mais vale errar do que nada fazer, é um fórmula que ganha cada vez mais adeptos. Já o pre-sidente Sarkozy não bebe desta cultura e não aceita as suaves explicações do responsável da Société Générale, como se dela-pidar cinco mil milhões de eu-ros fosse um pequeno lapso.

A verdade é que, como dizia um humorista, se o erro não fizesse parte da natureza huma-na, alguns de nós não teríamos passado da fase animal. Ilustres como Óscar Wilde ou Leonardo da Vinci reflectiram sobre o alcance do erro. E nos dois casos é fácil estar de acordo com eles.

Wilde verificou que “Experiência é afi-nal o nome que damos aos erros que co-metemos”, enquanto Da Vinci registou que “Pensa pouco, erra muito”. Menos divulga-do é um pensamento de Bento Jesus Caraça que, nos tempos que correm, de arrogância

e prepotência estatais, deveria ser difundida em “outdoors” e canais afins. “Se não receio o erro, é porque estou sempre pronto a cor-rigi-lo”.

Vídeo-convite

&ÓcioNegócios

O Conselho Geral da AEP escolhe hoje, dia 7, o sucessor

do engenheiro Ludgero. A reunião promete ser agitada, apesar de estar programada

para durar apenas uma hora.

“ T-shirt Cultura do erro

O QUE SE DIZ

BOAVISTAUma teia

de rumores contraditó-rios envolve o Boavista e a gestão de João Lou-reiro. Entre negócios es-

tranhos e facturas exageradas no preço e quantidade, comenta-se que a auditoria

detectou um conjunto de irregularidades. Mas, também, letras avalizadas pessoal-mente por João Loureiro. Por exemplo, um financiamento de um milhão de euros vencia a semana passada e, pelos vistos, o clube não iria pagar. A dívida sobrará por isso para João Loureiro. Seguro é que o clube volta a mudar de fornecedor de equipamento no fim da época, encerran-do a parceria de um ano com a italiana Diadora.

DIA D NA AEPRima e é verdade. Hoje, 7 de Março, é

um dia especial para a Associação Empre-sarial de Portugal.

A reunião do Conselho Geral destina-se a escolher o perfil e o nome do sucessor do engenheiro Ludgero Marques, após 23 anos de presidência. Ludgero escolheu José António Barros, presidente da Socie-dade Portuguesa de Garantia Mútua. Bar-ros, 64 anos, termina este mês o mandato como presidente da SGPM e tenciona transferir-se para a AEP como presidente profissional e remunerado.

Este modelo é o próprio perfil do suces-

sor não convencem a franja mais jovem e rebelde da AEP que, nos últimos dias, tem-se desdobrado em contactos para evitar esta solução, ameaçando com uma segunda lista.

Essa tendência apoia Nunes de Almei-da, vice-presidente da CIP e que beneficia da bênção do ministro Manuel Pinho e do próprio José Sócrates. Para esta ala, a solu-ção seria uma lista única, encabeçada por Nunes de Almeida, com Barros a vice-presidente. Mas ameaçam avançar com uma lista concorrente se a sua proposta não for aceite.

O exemplo não é novo mas é um sím-bolo da verdadeira globalização. Uma simples “t-shirt” que chega ao mercado a cinco euros pode ter viajado por vá-rios continentes e acumulado milhares de milhas, antes de chegar ao consumi-dor final.

Se as “t-shirts” falassem, contariam verdadeiras histórias de encantar. A par-tir da compra de uma peça na Florida uma investigadora americana seguiu-lhe o rasto e verificou que entre os in-tervenientes figuravam cristãos, judeus, muçulmanos, asiáticos, americanos e africanos. Em resumo, o algodão fora criado numa exploração no Texas. Dali seguiu para os subúrbios de Xangai para ser transformado em fio numa fábrica de fiação, viajando depois para uma se-gundo unidade que lhe fica próxima.

A China exporta camisolas a 13 dó-lares a dúzia. A camisola viajou para a Florida para receber a estampagem, no caso um papagaio palrador.

A empresa de estampagem importa “t-shirts” de países de mão-de-obra ba-rata, na generalidade da América Lati-

na. No caso de um dia se desfazer dela, a investigadora pensa oferecê-la a uma ONG que opere em África. A sua ca-misola será reenviada para a Tanzânia, Sudão ou Chade.

A ala mais jovem da AEP quer um sucessor que não assuste o passado, mas garanta o futuro.

Dizia-se, antigamente, que os publicitários eram uns exagerados. Agora, pode-se dizer que estes consultores são um espectáculo. A menos que a ideia tenha surgido da cabeça do próprio António Ramalho, presidente da Unicre. O ex-banqueiro encontrou uma nova fórmu-la para convidar os representantes da imprensa para as iniciativas da sua companhia e chamar a atenção para acções pioneiras no mercado dos cartões. A novidade é que o próprio presidente dá a cara e voz, através de um vídeo pessoal. Alguns (seleccionados) jornalistas recebe-ram um vídeo a convidá-los para uma apresentação e almoço na passada semana. Outros (menos selecciona-dos) receberam um vídeo semelhante, convidando-os a descobrir o novíssimo site da Unicre…

“Espero que me perdoe esta intromissão no seu local de trabalho. Há já algum tempo que não nos vemos, e,

nesse sentido (…)”.É assim que começa o convite de Ramalho para a apre-

sentação das novidades em primeira mão. Na sua men-sagem de 30 segundos, adianta que, no final da apresen-tação, “gostava que pudéssemos continuar a conversa ao almoço, de forma bastante mais livre e informal, como é nosso hábito”.

Se a moda pega, é provável que gestores mais des-contraídos e informais como António Mexia (EDP) ou mesmo Fernando Ulrich (BPI) adoptem este modelo de mensagem. No caso da Unicre, as novidades passavam por um cartão que faz automaticamente os pagamentos em prestações de 3 ou 6 vezes, sem juros, até uma “sala de imprensa” virtual, para onde os jornalistas podem colocar questões e vê-las respondidas em tempo recor-de…

CONTEÚDOSO “Diário de Notícias” vendia 25 mil

exemplares e, através de um qualquer curso de línguas, aumentou as vendas para 40 mil. A caixa de ferramentas do JN vale mais 20 mil jornais nesse dia. Ao sábado, os leitores do “Expresso” comen-tam no café o filme ou série que o sema-nário oferece, pouco se incomodando com as manchetes ou as cachas. O “Sol”, do arquitecto Saraiva, jurou manter-se afastado das ofertas e, no entanto, teve de cometer o feio pecado da mentira.

Nos jornais, os conteúdos desvaloriza-ram-se e tornaram-se na embalagem que disfarça a oferta. Más notícias, por isso, para o jornalismo e os jornalistas. De-

pois do “jornalismo de sarjeta” perfila-se o “jornalismo do brinde”. Um brinde ao fim de um certo jornalismo.

sexta-feira, 07 Março de 200832

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A Comissão Europeia enviou para Portugal um pedido formal de alteração da legislação relativa às regras de tributação aplicáveis aos investimentos efectuados por instituições financeiras es-tabelecidas fora do país. O que acontece é que, nalguns casos, os rendimentos resultantes des-tes investimentos podem sofrer uma tributação superior àquela que incide sobre os rendimentos dos investimentos efectuados em território nacional.

As regras aplicadas pelo nosso país obrigam a que os rendimen-tos de capitais provenientes de fontes nacionais e estrangeiras fi-quem sujeitos a retenção na fonte, a título definitivo, a uma taxa de 20%. No en-tanto, o que sucede é que, em determina-das categorias de rendimen-tos de capitais provenientes de fontes na-cionais ou estrangeiras colocadas à disposição por instituições financeiras es-tabelecidas em Portugal, os con-tribuintes podem optar por taxas de tributação progressivas.

Ora, as taxas de tributação progressivas aplicáveis sobre os rendimentos de pessoas sin-gulares variam entre 10,5% e

42%. Neste âmbito, para muitas destas pessoas – no-meadamente aquelas cuja taxa marginal do imposto é inferior a 20% — o t r a t a m e n -to fiscal dos rendimentos resul tantes de investi-

mentos financeiros no território nacional representa uma carga fiscal inferior àquela que incide

sobre rendimentos resultantes de investimentos realizados fora do país.

Na perspectiva da Comissão Europeia, está-se perante uma procedimento que representa uma restrição à livre circulação de capitais. Está-se perante uma situação em que há uma clara intenção de dissuadir os residen-tes de efectuarem investimentos noutros países da União Euro-peia, o que não é aceitável. Caso Portugal não dê um seguimento satisfatório ao parecer emitido pela Comissão no prazo de dois meses, corre o risco do processo ser remetido para o Tribunal de Justiça da Comunidade Euro-peia. O pedido foi efectuado sob a forma de uma “parecer funda-mentado”.

MARÇOAté ao dia 10

• IVA - Imposto sobre o valor acrescentado- Periodicidade Mensal – Envio obrigatório via Internet da declaração periódica relativa às operações realizadas no mês de Janeiro. O pagamento pode ser efectuado através das caixas automáticas Multibanco, nas Tesourarias de Finanças informatizadas e nos balcões dos CTT. O pagamento pode ainda ser efectuado via Internet. Conjunta-mente com a declaração periódica deve ser enviado o Anexo Recapitulativo, referente às transmissões intracomunitárias isentas, efectuadas no mês de Janeiro.

• IRS - Imposto sobre o rendimento das pessoas singularesOs notários, conservadores, secretários judiciais e secretários técnicos de justiça devem entregar à Direcção-Geral dos Im-postos a relação dos actos praticados no mês anterior susceptíveis de produzir ren-dimentos sujeitos a IRS.

Até ao dia 15• IRS - Imposto sobre o rendimento das pessoas singulares- Entrega da declaração de rendimentos mo-delo 3 em suporte de papel, pelos sujeitos passivos com rendimentos da Categoria A

(trabalho dependente) e H (pensões). No caso de entrega pela internet, o prazo de entrega decorre entre 10 de Março e 15 de Abril.

Até ao dia 20• IRC - Imposto sobre o rendimento das pessoas colectivas- Entrega das importâncias retidas no mês de Fevereiro sobre os rendimentos sujeitos a retenção na fonte de IRC.

• IRS - Imposto sobre o rendimento das pessoas singulares- Entrega, pelas entidades obrigadas a efectuar retenção, do imposto deduzido em Fevereiro pela aplicação das taxas liberató-rias previstas no artº 71º do CIRS. - Entrega, pelas entidades que disponham ou devam dispor de contabilidade orga-nizada, das importâncias deduzidas em Fevereiro sobre rendimentos de capitais e prediais e rendimentos de propriedade in-telectual ou industrial e prestações de ser-viços (Categoria B).- Entrega do imposto deduzido em Feve-reiro sobre os rendimentos do trabalho de-pendente e de pensões, com excepção das de alimentos. • Imposto de Selo- Entrega, por meio de guia, nas tesoura-rias da Fazenda Pública, do imposto cobra-do em Fevereiro, pelas entidades a quem incumbe essa obrigação.

Até dia 30

• IRC - Imposto sobre o rendimento das pessoas colectivas-1ª prestação do pagamento especial por conta de Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Colectivas (IRC) de entidades resi-dentes que exercem, a título principal, ac-tividade de natureza comercial, industrial ou agrícola e não residentes com estabele-cimento estável, com exclusão dos sujeitos passivos abrangidos pelo regime simplifi-cado de tributação.

• IVA - Imposto sobre o valor acrescentado – Entrega da Declaração Modelo 1074, em triplicado, donde constarão as aquisições

efectuadas durante o ano anterior pelos re-talhistas sujeitos ao regime de tributação previsto no art. 60º do CIVA.

Até ao dia 31

• IRS - Imposto sobre o rendimento das pessoas singulares – Entrega da declaração de alterações, pelos sujeitos passivos de IRS, que, tendo anteriormente optado por utilizar a conta-bilidade organizada como forma de deter-minação do rendimento, queiram renovar a opção, bem como todos os que, reunindo os pressupostos de inclusão no regime sim-plificado, estejam em condições de exercer a opção.

Fiscalidade

Portugal acusado de discriminação nos investimentos efectuados a partir do estrangeiro

AGENDA FISCAL

PRÁTICA FISCAL

sexta-feira, 07 Março de 2008 33

IRS – despesas de saúde efectuadas AlemanhaUm contribuinte efectuou despesas de saúde na Alemanha. Foi fiscali-zado pelo fisco, que, com base na convenção de Haia de 5 de Outu-bro de 1961 e na Circular 14 de 28/09/2001, que diz que em caso de fundadas dúvidas acerca da sua autencidade, as despesas careciam de apostilha a ser elaborado pelo consulado da Alemanha, o Consu-lado diz que os documentos fiscais não têm valor de acta pública e com base na mesma convenção diz que estes não podem ser Apostilhados.A solução do Fisco: ou o contribuin-te tira as despesas de saúde e apre-senta uma declaração de substitui-ção pagando a respectiva multa, senão o fisco faz a liquidação sem as despesas de saúde pagando o contribuinte o dobro da multa. Agra-decia que me informassem sobre o que se poderá fazer-se neste caso além da solução do fisco.

Resposta da Assessora FiscalOs funcionários dos serviços de finanças estão vinculados ao cum-primento das instruções adminis-trativas. Caso apresente a declara-ção de substituição ou os serviços promovam a elaboração oficiosa de declaração, poderá, após a sua liquidação, reclamar no prazo de 120 dias e se esta for indeferida poderá ainda recorrer hierarquica-mente no prazo de 30 dias ou im-pugnar no prazo de 90 dias.

Obrigação de comunicação à administração tributária

Entra em vigor no dia 15 de Maio o DL 29/2008, de Fevereiro, que veio estabelecer os deveres de comunicação, informação e esclarecimento à administração tributária do planeamento fiscal abusivo.No âmbito deste regime, qualquer instituição de crédito e/ou instituição financeira, os revisores e sociedades de revisores oficiais de contas, os advogados, as sociedades de advogados, os solicitadores e as sociedades de solicitadores, bem como os TOC e outras entidades com serviços de contabilidade que prestem assistência à realização de um “esquema”, ou realizem qualquer “actuação” que possam conduzir à obtenção de vantagens fiscais para os seus clientes, devem comunicar tais situações ao Direc-tor-Geral dos Impostos.

PLANEAMENTO FISCAL ABUSIVO

Informação elaborada pela APOTEC - Associação Portuguesa de Técnicos

de Contabilidade • [email protected]

Contribuintes podem optar por taxas de tributação

progressivas

Legislação portuguesa compromete funcionamento

do mercado interno

Impostos especiais de consumo colocam Governo no Tribunal Europeu

A Comissão Europeia remeteu Portugal para o Tribunal de Justiça, tendo em conta determinadas dispo-sições que não respeitam a legislação comunitária relativa à circulação e detenção de produtos sujeitos a im-postos especiais de consumo. Isto porque, segundo Bruxelas, as dis-posições portuguesas geram para os operadores um encargo despropor-cionado, relativamente ao objectivo pretendido.

A legislação nacional exige que o documento administrativo de acom-panhamento seja enviado à instância aduaneira competente, no mínimo seis horas antes de os produtos sujei-tos a impostos especiais de consumo saírem dos entrepostos situados no seu território. Refere a Comissão: “A legislação portuguesa é passível de compromoter o funcionamento correcto do mercado interno, relati-vamente a estes produtos, e não é jus-tificável como meio necessário para evitar a fraude fiscal”.

Por outro lado, é imposto que os depositários constituam uma garan-tia ligada à detenção de produtos su-jeitos a impostos especiais de consu-mo. A garantia é, geralmente, de 2% do montante médio dos impostos especiais de consumo pagos no ano anterior. Mais uma vez, a Comissão considera que o valor desta garantia é desproporcionada.

Na perspectiva da Comissão Europeia, está-se perante uma procedimento que representa uma restrição à livre circulação de capitais.

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Na situação em que um cliente se en-contra em processo de insolvência e que já tenha sido reclamado o valor em dívidas, mas não haja recuperação dos créditos, é possível recuperar o IVA liquidado do valor em falta? Em caso afirmativo, como fazer?

O Código do IVA prevê que para os créditos incobráveis, e verificados determi-nados pressupostos, poderá a empresa re-cuperar o IVA liquidado nas vendas. Prevê então o CIVA, no nº 8 do artigo 71º, que, nesta situação, os sujeitos passivos poderão deduzir ainda o imposto respeitante a cré-ditos considerados incobráveis em processo de execução após o registo da suspensão de instância a que se refere a alínea c) do nº 2 do artigo 806º do Código do Processo Ci-vil ou em processo de insolvência quando a mesma seja decretada.

Perante a exibição de uma certidão emi-tida pelo Tribunal, na qual se declara de-cretada a insolvência, se especifica que esta já transitou em julgado e se certifica que na reclamação de créditos, foi reclamada pelo sujeito passivo a quantia de que é credor (é imprescindível conter na certidão que

o sujeito passivo é credor daquela dívida), encontram-se reunidos os condicionalis-mos estabelecidos no nº 8 do artigo 71º, para que a regularização do IVA possa ser efectuada. De acordo com o artigo 91º, nº 2, do CIVA terá o prazo de quatro anos à contar da data da sentença judicial. As-sim, não basta a publicação em “Diário da República” do registo a comunicar que à empresa se encontra em processo de insol-vência.

Encontram-se, igualmente, reunidas as condições para poder deduzir o IVA, de acordo com aquela disposição legal, quan-do se esteja na posse da certidão emitida por um tribunal, na qual se identifiquem os créditos incobráveis, decorrente de processo de execução, de processo ou me-dida especial de recuperação de empresas.

Por outro lado, o nº 9 do mesmo artigo permite ainda a regularização do imposto em casos muito específicos que, para uma completa compreensão, transcrevemos na íntegra:

“Os sujeitos passivos podem igualmen-te deduzir o imposto respeitante a outros créditos desde que se verifiquem qualquer das seguintes condições:

a) O valor do crédito não seja superior a J 750, IVA incluído, a mora do pagamen-to se prolongue para além de seis meses e o devedor seja particular ou sujeito pas-sivo que realize exclusivamente operações isentas que não confiram direito a dedu-ção;

b) Os créditos sejam superiores a J 750 e inferiores a J 8000, IVA incluído, e o devedor, sendo particular ou sujeito pas-sivo que realize exclusivamente operações isentas que não confiram direito a de-dução, conste no registo informático de execuções como executado contra quem foi movido processo de execução anterior entretanto suspenso por não terem sido encontrados bens penhoráveis;

c) Os créditos sejam superiores a J 750 e inferiores a J 8.000, IVA incluído, tenha havido aposição de fórmula executória em processo de injunção ou reconhecimento em acção de condenação e o devedor seja particular ou sujeito passivo que realize exclusivamente operações isentas que não confiram direito a dedução;

d) Os créditos sejam inferiores a J 6.000, IVA incluído, deles sendo devedor sujeito passivo com direito à dedução e tenham sido reconhecidos em acção de condenação ou reclamados em processo de execução e o devedor tenha sido citado

editalmente.”Em relação a estas situações, previstas

no nº 9 do artigo 71º do CIVA, o valor global dos créditos referidos no núme-ro anterior, o valor global do imposto a deduzir, a realização de diligências de co-brança por parte do credor e o insucesso, total ou parcial, de tais diligências devem encontrar-se documentalmente compro-vados e ser certificados por revisor oficial de contas (artigo 71º, nº 10 do CIVA).

Atendendo ao disposto no nº 12 do ci-tado artigo 71º, nos casos previstos no nº 8 e na alínea d) do nº 9 do mesmo artigo, torna-se indispensável que seja comunica-do ao adquirente do bem ou serviço, que seja sujeito passivo do imposto, a anula-ção, total ou parcial, do imposto para efei-to de rectificação da dedução inicialmente efectuada. Tudo se passa, afinal como se o devedor do imposto ao Estado, respeitan-te à rectificação, seja o adquirente.

Na posse dos documentos adequados, essa dedução do imposto pode ser efectu-ada, sem qualquer outra formalidade que não seja a inserção dos respectivos mon-tantes a deduzir no campo 40 do quadro 06 da declaração periódica, bem como a sua normal contabilização.

(INFORMAÇÃO ELABORADA PELA CÂMARA DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS)

Empresa com créditos incobráveis pode recuperar IVA liquidado nas vendas

A guarda dos menores pode ser exercida pela mãe ou pelo pai, ou por ambos, em si-multâneo. A guarda conjunta de menores ainda não é uma situação muito comum em Portugal, apesar de já se encontrar alguma jurisprudência dos tribunais portugueses que tem concluído que ao regime da guarda con-junta ou guarda alternada afigura-se mais em conformidade com o interesse da criança por-que lhe possibilita contactos em igual propor-ção com o pai, a mãe e respectivas famílias.

Os benefícios decorrentes desta opção pela guarda conjunta dos menores estão compro-vados. Aliás, só através da guarda conjunta é que se consegue dar pleno cumprimento aos direitos fundamentais da criança ga-rantindo o direito do menor a relacionar-se com ambos os progenitores e promovendo a igualdade de direitos e de responsabilidades entre os pais, fomentando a saúde emocional do menor e evitando hostilidades no relacio-namento entre os progenitores. Assim, por via da guarda conjunta, os progenitores pro-curam promover o desenvolvimento físico, intelectual e moral do menor, mantendo este uma relação afectiva mais profunda, pois proporciona equilíbrio e harmonia na estru-tura familiar pós-divórcio, pós-separação ou pós-declaração de nulidade do casamento e possibilita a manutenção de uma relação de cooperação entre os próprios progenitores e entre estes e o menor.

Ora, a guarda conjunta significa que o menor vive, coabita, pernoita com ambos os pais, de forma alternada. Desde que obtido o acordo dos pais, o poder paternal e a guarda do menor podem ser exercidos em comum por ambos os pais, que decidirão as ques-tões relativas à vida do menor em condições

idênticas às que vigoravam na constância do matrimónio, passando a criança a residir com cada um dos progenitores de forma al-ternada. Assim, na realidade, o que a criança adquire são duas residências cada qual com as suas características próprias, que permi-tem o contacto constante e efectivo com os dois pais, não devendo esquecer-se a extraor-dinária capacidade de adaptação das crianças a novas situações. Por isso, não se deve valo-rar em demasia o facto de po-der representar inconveniente para a criança a mudança de residência pela in s tab i l idade criada, visto que a instabilidade é uma realidade presente e fu-tura na vida de qualquer criança com pais separa-dos.

Assim, a guar-da dos menores distingue-se do poder paternal na medida em que este determina que com-pete aos pais, no interesse dos filhos, velar pela segurança e saúde destes, prover ao seu sustento, dirigir a sua educação, representá-los e administrar os seus bens, de harmonia com o disposto no art. 1878º, nº 1 do Có-digo Civil.

Em tal contexto, a posição dos pais peran-te o filho não se altera, no plano jurídico,

com o divórcio, a separação ou a declaração de nulidade do casamento.

Em termos fiscais, a composição do agre-gado familiar está definida no art. 13º, nº 3, do Código do IRS, adiante CIRS, e abrange as seguintes pessoas:

a) Os cônjuges não separados judicialmen-te de pessoas e bens e os seus dependentes;

b) Cada um dos cônjuges ou ex-cônju-ges, respectivamente, nos casos de separa-

ção judicial de pessoas e bens ou de declaração de nulidade ou dissolução do casamento, e o dependentes a seu cargo;

c) O pai ou a mãe solteiros e os dependentes a seu cargo; e,

d) O adoptan-te solteiro e os dependentes a seu cargo.

Por força do estabelecido no nº 6 do mesmo preceito legal,

nenhuma pessoa pode simultaneamente fa-zer parte de mais do que um agregado fami-liar nem, integrando um agregado familiar, ser considerado sujeito passivo autónomo.

Também a tabela de retenção na fonte que tem em conta os dependentes só pode ser aplicada relativamente ao progenitor que incluir os dependentes no seu agregado fa-miliar. Relativamente ao outro, não podem

ser tidos em consideração os menores.E, no que respeita à pensão de alimen-

tos, a partir de 1 de Janeiro de 2005, esta só pode ser considerada como abatimento ao rendimento pelo progenitor que não tiver os menores incluídos no seu agregado familiar nem relativamente aos mesmos tiver direito a qualquer dedução à colecta nos termos dos art. 78º e 56º do mencionado diploma. Destarte, não é pois possível, face à lei, ve-rificar-se a possibilidade de os progenitores apresentarem o mesmo menor como depen-dente de ambos.

Por conseguinte, atento o teor das normas acima referenciadas, o pai e a mãe têm, por isso de decidir, em qual dos agregados se integra cada um dos menores. Porém, nos casos de guarda conjunta, ambos os pais têm despesas com o menor, razão pela qual tam-bém não é atribuída nenhuma pensão de ali-mentos ao menor, pois ambos têm a guarda a seu cargo.

Pelo exposto, e salvo melhor opinião, ten-do em consideração as mudanças sociais que se fazem sentir, ainda que paulatinamente, deveria pensar-se na regulamentação desta matéria de forma a permitir, aos cônjuges separados judicialmente de pessoas e bens, aos ex-cônjuges, aquando de declaração de nulidade ou dissolução do casamento, aos pais e mães solteiros que optem pela guarda conjunta, a possibilidade de apresentarem como dependente o mesmo menor relativa-mente às despesas que de facto tenham com ele, pois nestes casos o menor está à guarda de ambos os progenitores, não sendo, devida nenhuma pensão de alimentos àquele que possa ser considerada como abatimento ao rendimento.

Guarda conjunta de menores – regime fiscal

Contas & Impostos

FILIPA RODRIGUES PEREIRAJurista da CTOC

Não basta a publicação em Diário da República do registo a comunicar que a empresa se encontra em processo de insolvência.

sexta-feira, 07 Março de 2008FISCALIDADE34

Deveria pensar-se na regulamentação desta matéria de forma a permitir, aos cônjuges separados judicialmente de pessoas e bens que optem pela guarda conjunta, a possibilidade de apresentarem como dependente o mesmo menor relativamente às despesas que de facto tenham com ele.

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Marcas expostas vão desde Toshiba e Fujitsu-Siemens a HP e Brother

Listopsis lança “outlet” na zona de Lisboa

Informática CA nomeia Pedro Ligero director-geral

para o mercado ibérico

A Listopsis está a promover até ao final do mês de Mar-ço uma exposição com diversos equipamentos de marcas informática a preços reduzidos. Os equipamentos variam desde o equipamento em segunda mão, totalmente re-condicionado (tratado, actualizado e ao qual é adiciona-do uma garantia) até ao produto novo cujo modelo vai ser substituído pelo lançamento de outro da mesma gama mas com mais inovações. Laurentina Gomes, respon-sável pela empresa, avançou à “Vida Económica” que em alguns casos os descontos podem ir até aos 50%. As marcas expostas vão desde a Toshiba e a Fujitsu-Siemens à HP e Brother. A res-ponsável explicou que os preços destes equipamentos são calculados com base numa avaliação feita pela equipa técni-ca da Listopsis e variam em função do tipo, características e estado do equipa-mento. “No caso dos equipamentos de gestão documental Toshiba, o valor do desconto pode mesmo chegar até aos 50%”, disse.

O conceito do “outlet” que a Listopsis anuncia visa, so-bretudo, o reaproveitamento de equipamentos, ainda em perfeitas condições de utilização, tendo por base, garan-tem, preocupações ecológicas. “Os equipamentos de ges-tão documental e os projectores Toshiba em exposição são produtos usados e, posteriormente, recondicionados pela

nossa equipa técnica certificada pela marca, sendo recolo-cados no mercado a preços muito atractivos. Temos tam-bém em destaque produtos de informática, em marcas de renome como HP, Fujitsu Siemens e Brother. Estes equi-pamentos percorreram já as várias fases do ciclo de vida do produto, sendo que o “outlet” consiste na última etapa

de saída para o mercado, a preços mais reduzidos”.

Os equipamentos em outlet encon-tram-se expostos no “showroom” da Listopsis, em Lisboa, aberto ao pú-blico de segunda a sexta-feira das 9 h às 18 h. Laurentina Gomes enfatiza o facto de existir uma equipa de consul-tores comerciais, disponível “on-site” e “on-line”, para prestar todo o apoio e aconselhamento comercial. Este conceito destina-se principalmente a clientes empresariais, com forte inci-dência em PME.

Aliás, este conceito não é novo para esta empresa. E, segundo a responsável, tem vindo a evo-luir conforme as necessidades “que vamos sentido por par-te dos nossos clientes e à medida que vamos, cada vez mais, adoptando medidas amigas do ambiente. Em última aná-lise, também o portefólio de produtos tem aumentado, re-sultado do êxito que foi a edição de 2007 e que nos levou, mais uma vez, a apostar neste conceito”. Apesar de não

divulgar grandes pormenores, a empresa está a preparar a sua expansão para o mercado nortenho, nomeadamente Porto e Braga.

SUSANA MARVÃ[email protected]

Possuindo todos os programas adequados a Bolonha

Universidade Aberta tem todos os cursosleccionados pela internet

Altitude Software

certificadamundialmente

A Altitude Software recebeu a certifi-cação ISO 9001:2000 para os servi-ços de assistência técnica e apoio ao cliente prestados através dos seus 18 escritórios em todo o mundo. “Na nos-

sa empresa, os clientes são mesmo o centro da actividade, por isso, demos prioridade aos nossos serviços de as-sistência técnica no processo de certi-ficação de qualidade. Sabemos que os nossos clientes valorizam muito a nossa reconhecida capacidade de os apoiar reactiva e proactivamente nas suas operações e no seu negócio”, afirmou Gastão Taveira, CEO da Altitude Sof-tware. “Tanto quanto é do nosso conhe-cimento, são muito poucos os vendors do nosso sector com uma certificação de qualidade atribuída aos seus servi-ços de apoio ao cliente.”

Acaba hoje a primeira época das candidaturas aos exames de acesso à Universidade Aberta (UAb) para o ano lectivo 2008-9, ocasião em que a UAb se torna na primeira universidade em Portugal a leccionar todas as licenciaturas e mestrados pela Internet, em regime de e-learning, através de um modelo pedagógico virtual desenvolvi-do por esta instituição, segundo informações veiculadas por um comunicado enviado à impren-sa.

Possuindo todos os cursos adequados a Bolonha, a UAb (www.univ-ab.pt) disponibiliza em 2008-9 as licenciaturas em Ciências da Informação e da Documentação; Ciências do Ambiente; Educação; Línguas Aplicadas; Matemática e Apli-cações; Ciências Sociais; Es-tatística e Aplicações; Estudos Europeus; Estudos Portugueses e Lusófonos; Gestão; História; Informática; Línguas, Literatu-ras e Culturas (duas variantes: Estudos Portugueses; Línguas Estrangeiras).

A segunda época das candi-daturas aos exames de acesso à UAb realiza-se de 31 de Março a 11 de Abril e, para os can-didatos com idade superior a 23 anos, efectuam-se de 26 de Março a 9 de Abril, sendo con-dição necessária para ingressar na UAb ter mais de 21 anos de idade.

Quanto aos mestrados, no próximo ano lectivo, a UAb apresenta MBA em Gestão; Comércio Electrónico e Inter-net; Administração e Gestão Educacional; Arte e Educação; Cidadania Ambiental e Partici-pação; Ciências do Consumo Alimentar; Comunicação Edu-cacional Multimédia; Estatísti-ca, Matemática e Computação; Estudos do Património; Estu-dos Euro-Asiáticos; Estudos Francófonos; Estudos Ingleses e Americanos; Estudos Portu-gueses Multidisciplinares; Ex-pressão Gráfica e Audiovisual; Gestão da Informação e Bi-bliotecas Escolares; Literatura e Cultura Portuguesas; Rela-ções Interculturais; Supervisão

Pedagógica. As candidaturas para os mestrados abrem bre-vemente.

Os programas são leccio-nados através de um modelo pedagógico próprio, baseado numa plataforma de e-learning e desenvolvido por investigado-res do Laboratório de Ensino a Distância da Universidade

Aberta. “O Modelo Pedagógico Virtual da UAb permite que, pela primeira vez, uma univer-sidade portuguesa dissemine uma metodologia de ensino e de aprendizagem totalmente online, com modalidades como a Classe Virtual, o Cartão de Aprendizagem e o e-Fólio, en-tre outras”.

AVG Apresenta AVG 8.0

sexta-feira, 07 Março de 2008 35

Os equipamentos encontram-se expostos no “showroom” da Listopsis, em Lisboa, aberto ao público de segunda a sexta-feira, das 9 h às 18 h

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T-Systems quer ser número três na Península Ibéricae crescer em Portugal

Dell lança nova formade suporte técnico

A Dell lançou o denominado Dell Pro-Support, uma oferta global de serviços de suporte técnico que vai desde os produtos comerciais da Dell até aos catálogos de so-luções. De forma a romper o formato da sua oferta de produtos tradicio-nais, a Dell reuniu mais de 10 servi-ços em dois pacotes personalizados com opções flexíveis, de acordo com os diferentes níveis de serviço. As no-vas soluções permitem uma gestão pró-activa.

“Pela primeira vez, os clientes da Dell podem personalizar e adaptar os serviços a fim de ajustá-lo aos seus conhecimentos técnicos”, explicou a empresa em comunicado de impren-sa. Actualmente, salientam, os portefólios mais competentes não são necessariamente os mais complicados, nem os que obrigam os clientes a seleccionar uma série de op-ções genéricas que não são fáceis de adap-tar.

“Os nossos clientes e parceiros pedi-ram-nos que acabássemos com a rigidez dos suportes técnicos standard que são habitualmente oferecidos, de forma a que pudessem superar as necessidades das di-versas operações informáticas que são cada vez mais globais e críticas”, disse no mesmo documento Steve Schuckenbrock, Presi-

dente de Serviços Globais e Administrador de Informática e de Sistemas da Dell.

A empresa advoga que o ProSupport vai mais além da resolução de problemas de

forma reactiva e do suporte técnico de har-dware, incluindo programas de gestão acti-va. “Com as opções adequadas, os clientes podem reduzir o número de falhas técnicas até 37% e o tempo de inactividade crítica até 48%”. A nova oferta oferece novos ní-veis de qualidade que permitem opções mo-dulares e soluções recomendadas para supe-rar os desafios tecnológicos diários. “Com o ProSupport, tanto as operações críticas de centros de dados, equipas comerciais mó-veis/remotas como as falhas de virtualização podem ter suporte pró-activo, que ajuda a simplificar as operações diárias”.

Depois de Madrid e Barcelona, Lisboa é a cidade ibérica que mais gasta em TIC (Tecnologias da Informação e Comunica-ção). Esta constatação serviu de ponto de partida para a redefinição da estratégia da T-Systems para Portugal, que contou com o apoio da consultora Arthur D. Little. Esta ajudou a empresa de origem alemã a repensar o seu posiciona-mento de forma a conse-guir atingir os objectivos ambiciosos a que se pro-põe no nosso país, depois de concluir que “Portugal é um mercado necessário para atingir os objectivos na Península Ibérica”.

Sob o lema “T-Systems Portugal 2012” e a reno-vada direcção de Carles Peyra, o novo director-geral para Portugal, a empresa seguirá de perto as oportunidades detectadas no nos-so mercado, dando início a uma nova etapa da sua presença no país.

A convergência no sector das TI, que cada vez mais anda de mãos dadas com as telecomunicações, é um dos exemplos de mercado com potencial de crescimento.

Carles Peyra destaca, a este nível, referên-cias como a da “internet on train” de alta velocidade, uma tecnologia já disponibili-zada com êxito pela T-Systems noutros pa-íses da Europa. Segundo ele, sectores como o dos Transportes são essenciais para a ex-pansão da empresa no mercado português. “Portugal representa actualmente cerca de

25% das linhas de Alta Velocidade em constru-ção na Europa”, ilustrou. O novo aeroporto de Lisboa será, na sua opi-nião, outro importante impulso para o seu cres-cimento.

Os sectores Automó-vel, Administração Pú-blica e Saúde são as res-tantes prioridades para a T-Systems. “Estes são

os sectores verticais mais atractivos para nós”, explicou Carles Peyra. Em qualquer um deles, a empresa fará valer o seu mais valioso factor crítico de sucesso: “Somos o único fornecedor de TI detentor de uma operadora de telecomunicações”. Este in-grediente de peso, em conjunto com as previsões da consultora Gartner, que estima

que o mercado de convergência das TIC a nível mundial cresça de 7% em 2006 para 25% em 2010 (num mercado estimado de 200 mil milhões de euros), antecipa uma receita de sucesso.

A posição de relevo que a empresa ocu-pa a nível ibérico em cada uma destas áre-as verticais contribui também para que a aposta em Portugal venha a resultar. Por exemplo, a T-Systems dispõe já de uma forte presença no sector automóvel, sendo número um em Espanha e no mundo, e tendo na Autoeuropa (onde chegou por via da aquisição da Gedas Ibéria em 2006) um cliente de referência e com enorme peso no mercado nacional. Ao nível dos trans-portes, Carles Peyra reitera a importância

do aeroporto de Lisboa que é hoje a quarta maior referência europeia em remodelação aeroportuária.

De entre os projectos anunciados faz parte também a possibilidade de Portugal vir a ter um centro de desenvolvimento de software, um elemento que, a concretizar-se, criará de imediato a massa crítica neces-sária a alavancar um crescimento rápido no negócio da T-Systems. Neste campo Por-tugal concorre com a cidade de Valência, em Espanha, outro dos candidatos a rece-ber o novo centro. Contudo, na opinião de Carles Peyra, o nosso país tem vantagens, nomeadamente, devido à facilidade com as línguas estrangeiras e aos preços competiti-vos que pratica ao nível da mão-de-obra.

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Em quatro anos, a empresa do grupo Deutche Telekom pretende quadruplicar o seu volume de negócios em Portugal, o que lhe abrirá as portas ao top 10 nacional de empresas de outsourcing de tecnologias de informação.

sexta-feira, 07 Março de 2008INFORMÁTICA36

Carles Peyra desde Agosto que é o responsável pelo mercado português da T-System.

A convergência das TI é um dos exemplos de mercado com potencial de crescimento.

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Logiciel reforça apostano mercado da construção civil

A Logiciel, fabricante nacio-nal de sistemas de gestão, acaba de alargar o seu programa Logi-gestão Obras com a inclusão dos módulos de Medição e Factura-ção, no sentido de responder às necessidades de pequenas em-presas relacionadas com o sector da construção, revelou a empresa em comunicado distribuído à im-prensa.

Segundo explicou esta “softwa-re house”, os módulos de Medi-ção e Facturação permitem não só controlar os autos de medição por orçamento, dos autos não facturados por cada orçamento e rubrica, como também os valores medidos e facturados com infor-mação do necessário, em quanti-dade, valor e percentagem. Com estes módulos, existe ainda a pos-sibilidade de guardar a imagem do estado do auto de medição, para consulta futura.

Uma vez aberta a respectiva

obra, o sistema Logigestão Obras faz o controlo de custo/orçamen-to, por fases, com análise dos desvios. O registo dos custos e proveitos é definido por rubricas, que são criadas livremente pelo utilizador em função das necessi-dades do seu negócio. Este pro-grama permite ainda emitir várias listagens, em função da situação e tipos de obras.

Além da análise dos desvios em valores, os módulos de Medição e Facturação incluem o cálculo dum índice de rentabilidade, para rapi-damente o gestor analisá-lo e com-pará-lo com o índice previsto.

Segundo Rui Beirão, director-geral da Logiciel, “com a criação destes dois novos módulos, o Logigestão Obras torna-se ainda mais eficaz e utilitário para a ges-tão de obras, melhorando o fun-cionamento interno de pequenas empresas do sector da constru-ção”.

A CA anunciou uma nova so-lução de Recovery Management, que, segundo esta empresa de sof-tware, permite aos seus parceiros capitalizar o crescimento poten-cial do mercado de backup e re-covery management, bem como explorar as oportunidades apre-sentadas por mercados de menor dimensão. A empresa avança ain-da que esta nova solução vai ser distribuída exclusivamente atra-vés do seu canal de parceiros.

O produto, que integra as so-luções CA ARCserve Backup, CA XOsoft High Availability e CA XOsoft Replication, “vem per-mitir que os parceiros da CA aju-dem os seus clientes a reduzir o tempo que até agora se despendia na gestão de protecção de dados e de recuperação de informação”.

Outra valência desta solução é o facto de permitir também que os distribuidores consigam ex-plorar o crescimento significativo no mercado de backup e reco-very management que, segundo a IDC, valerá 3,57 mil milhões de dólares em 2011 face aos 2,68 mil milhões de dólares atingidos em 2006. “Além disso, o foco na continuidade de negócio e disas-ter recovery está no topo das pre-ocupações das pequenas e médias empresas que deixaram de fazer o simples backup para começarem

a pensar em disaster recovery e continuidade de negócio. Esta atitude representa uma enorme oportunidade de crescimento para os parceiros, e que revela ser uma possibilidade concreta de aumentar o volume de negócios a realizar com a CA”.

Actualmente há uma série de preocupações por parte dos clien-

tes, nomeadamente o crescimento descontrolado de dados. Aliás, de acordo com a IDC, as exigências ao nível da capacidade de arma-zenamento estão a crescer a uma taxa próxima dos 60%. Outro aspecto enfatizado pelos clientes prende-se com a protecção e pri-vacidade dos dados, área que cada vez mais tem maior peso e que se tornam muito mais visíveis junto do público, estando na lista de

prioridades da maioria dos direc-tores de TI.

Outra preocupação tida pelos clientes são as pressões de “com-pliance” que continuam a afectar directamente os negócios, uma vez que existe uma necessidade contínua por parte das empresas em estarem em conformidade, particularmente com as políticas

de conservação de dados.A CA defende que esta nova

solução representa o mais signifi-cativo conjunto de novas ofertas de produtos de gestão de armaze-namento da CA, desde a aquisi-ção da XOsoft em Julho de 2006. “Isto para além de demonstrar a importância crescente do desen-volvimento do produto como componente central na sua estra-tégia de crescimento”.

CA lança nova geração de softwarede recovery management

Paulo Janeiro, CEO da Inogate, conta a experiência desta consultora em inovação empresarial

Inovação “Made in Portugal”

Numa experiência profissional anterior, Paulo Janeiro, CEO da Inogate, sentiu na pele as di-ficuldades que as empresas têm em medir a inovação e por isso avançou, em 2004, com o pro-jecto Inogate, uma consultora em inovação empresarial que hoje é muito mais do que isso. A empre-sa, com escritórios em Portugal, Espanha, México e Argentina, já desenvolve os seus próprios mo-delos e ferramentas tecnológicas que suportam e estruturam o processo de inovação.

O seu cliente tipo são empre-sas de todas as áreas de negócio, sedeadas em qualquer parte do mundo. “Fazemos isto com uma visão global”, afirma Paulo Janei-ro. O responsável da Inogate asse-gura que esta visão não acontece por estarmos a falar de um nicho, apesar da dimensão do mercado português. “Os nossos clientes são directores de inovação, figu-ras que começam agora a existir, mas que existem muito mais lá fora do que em Portugal”.

E as fronteiras não existem no negócio da Inogate. O mercado de língua espanhola é uma das apostas para 2008 pois represen-ta boas oportunidades de cresci-mento. A abertura do escritório em Espanha, em Setembro passa-do, veio criar uma base de pro-

ximidade que pode agora servir de trunfo à entrada mais directa noutros locais, como, por exem-plo, a Argentina (onde a empresa já abriu escritórios também no final de 2007). “O mercado es-panhol representa uma excelen-te oportunidade de crescimento para a Inogate, onde muitas em-presas contam já com responsá-veis específicos de inovação, que necessitam de aumentar o grau de maturidade da sua governação da inovação”, explica o CEO.

Esta aposta representa um passo

claro na postura global da Inoga-te, tendo a consultora portuguesa executado já diversos projectos no exterior, desde a Alemanha até ao México. Paulo Janeiro ex-plica que “este é um passo natu-ral” na estratégia da Inogate, em linha com o rápido crescimento sustentado da empresa que, ape-sar de global, actua com especial ênfase nos países de língua oficial portuguesa e espanhola.

Paulo Janeiro compara o mer-cado da consultoria de inovação com o da qualidade. “Este está

hoje como estava a qualidade há 15 anos. Toda a gente falava mas ninguém sabia exactamente o que era. Só quando apareceram modelos, ferramentas e métricas é que se expandiu. Hoje é bási-co”, explica. Apesar disso, é mui-to difícil definir inovação e ainda mais explicar aos clientes como se processa a sua implementação. “A Inovação corresponde a uma nova ou significativamente me-lhorada solução para a empresa, novo produto, processo, método organizacional ou de marketing, com o objectivo de reforçar a sua posição competitiva, aumentar o desempenho ou o conhecimen-to”, desvenda Paulo Janeiro.

Sob o lema “nada é permanen-te excepto a mudança”, a Inogate está a estabelecer um novo padrão enquanto “innovation enabler”, desenvolvendo e implementando modelos e soluções tecnológicas que aumentam o desempenho inovador dos seus clientes. As so-luções da tecnológica portuguesa focam-se na necessidade de supe-rar o “gap” entre a teoria e a prá-tica, garantindo impacte real no negócio. Para medir e quantificar essas diferenças, a Inogate desen-volveu um “framework”, necessá-rio para implementar a inovação com sucesso de forma continuada – o KIEL Model. Este modelo es-

timula e sustenta a inovação em ambiente real, visando aumentar o grau de maturidade da dinâmica de inovação nas suas duas dimen-sões, a maturidade da adesão efec-tiva ao processo (grau de partici-pação das unidades de negócio e dos colaboradores no processo), e a maturidade do desenho do pro-cesso (nível de eficiência e eficácia das metodologias e ferramentas específicas utilizadas). “A Inogate desenvolve a sua actividade com a certeza de que um bom desem-penho inovador não é acidental e que a inovação deve ser estimula-da, sustentada, disciplinada e foca-da”, acrescenta Paulo Janeiro.

As soluções da Inogate focam-se na necessidade de superar o gap entre a teoria e a prática, garantindo impacto real no negó-cio. Como resultado, “as empre-sas conseguem aumentar o retor-no da inovação, consolidando-o no seu DNA enquanto prática criativa de sucesso, encaixando todas as peças do puzzle”.

Em permanente expansão, a Inogate prevê chegar ainda este ano a novos mercados, nomea-damente, Brasil, França e Estados Unidos. Contudo, a estratégia para fora da Europa será diferen-te, assente numa rede de parcei-ros, adiantou ainda o CEO da empresa.

FÁTIMA FERRÃ[email protected]

Inovar significa avaliar antes de fazer, antecipando necessidades. É um processo que contribui para todos os sectores da economia e um dos segredos do sucesso, ou fracasso, de Portugal no “comboio” europeu. Este é também o posicionamento da Inogate, empresa nacional de visão global, que procura contribuir para melhorar os processos nas organizações.

“Os nossos clientes são directores de inovação, figuras que começam agora a existir, mas que existem muito mais lá fora do que em Portugal”.

sexta-feira, 07 Março de 2008 37INFORMÁTICA

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Segundo a Confi dencial Imobiliário, nos últimos três meses, a evolução do índice tem apontado para um padrão de compor-tamento que indicia uma revisão em baixa do valor, após um período de valorizações mensais sucessivas. Assim, após um ou dois meses de baixa, o ICI consolida o nível de valor atingido, retomando nova trajectória de valorização. “Esse poderá ser o caso do mês de Janeiro de 2008, durante o qual o mercado descontinuou a evolução dos últi-mos meses”, lê-se em comunicado.

Tal situação traduziu-se numa menor taxa de variação homóloga, que passou para 1,5 % (contra 2,0% em Dezembro de 2007), não tendo tido, contudo, implica-

ções a nível da taxa de valorização média anual.

Importa sublinhar que o segmento de habitação nova foi o principal responsável pelo abrandamento do ritmo de valoriza-ção do mercado, com a taxa de valorização média anual a cair 0,1 pontos percentu-ais, situando-se nos 1,6% em Janeiro – o segundo mês consecutivo a registar uma correcção em baixa, após quatro meses de subida.

Por seu turno, o mercado de usados re-velou uma performance positiva, confi r-mando-se a tendência de crescimento da taxa de valorização anual, que superou, em Janeiro, os 1,0% pela primeira vez nos últi-

mos onze meses, atingindo 1,1%.Em relação ao período homólogo, o

segmento de novos registou uma descida para 0,9% depois de um pico de 2,7% em Dezembro do ano passado, enquanto no segmento dos usados a variação homóloga atingiu os 1,7%, um padrão inverso que, a confi rmar-se nos próximos meses, deverá traduzir-se numa convergência de ambos os segmentos para uma mesma taxa de va-lorização.

Habitação na AMP valoriza 2,3% em Janeiro

De acordo com o Índice Confi dencial Imobiliário, no passado mês de Janeiro, a Área Metropolitana do Porto (AMP) registou uma valorização média anual de 2,3%. Trata-se de um resultado mais favorável, comparativamente ao total do Continente, mantendo o mesmo nível de valorização média anual alcançada em Dezembro.

O segmento de fogos novos foi um dos principais impulsionadores desta taxa de valorização, registando uma valorização média anual de 3,9%. Pelo contrário, no segmento dos usados, foi visível uma desa-

celeração, que se iniciou em Agosto do ano passado, alcançando os 1,2% em Janeiro, depois de ter atingindo 1,4% no mês an-terior.

A mais longa série sobre imobiliário em Portugal, o início do Índice Confi dencial

Imobiliário remota a Janeiro de 1988. Tra-ta-se de um indicador de infl ação do valor da habitação em oferta no Continente. O ICI recorre à informação disponível no portal imobiliário LardoceLar.com que, em 2006, registou um total acumulado de 320 mil imóveis, provenientes de 1388 empre-sas de mediação. Para além do Continente, o índice incide sobre a Área Metropolitana de Lisboa, a Área Metropolitana do Porto, as regiões Norte, Centro, Alentejo e Algar-ve.

Mirafl ores-Porto Salvo destaca-se na oferta qualifi cada

Imobiliário

Lisbon Prime index

O Lisbon Prime Index iniciou 2008 com um menor ritmo de negócios, o que apesar de ser natural neste começo do ano, revela uma actividade abaixo do período homólogo transacto. Recorde-se, no entanto, que o último trimestre foi especial-mente dinâmico com um grande número de empresas a preferir tomar a decisão de mudança antes do início de um novo ano económico.

Os negócios de Janeiro concentraram-se em especial em edifí-cios novos, com o eixo Mirafl ores-Porto Salvo a revelar uma boa performance pela oferta qualifi cada disponível para ocupação imediata, destacando-se no último mês o edifício Cyprium, o edifício Orange e o complexo do Lagoas Park, que mantém nos últimos meses um bom ritmo de ocupação.

Os valores de arrendamento, com que se fechou o quarto

trimestre, podem explicar ou servem de suporte à preferência demonstrada neste mês por edifícios novos, localizados em complexos de escritórios pensados à medida das necessidades das empresas.

As rendas praticadas nos últimos três meses do ano transacto levaram à redução do prémio pago pelo facto do edifício ser de construção recente, esta diferença entre valores médios dos dois segmentos só tem comparação com os primeiros três meses do ano.

A redução ocorrida deve-se sobretudo ao aumento da renda média praticada nos edifícios usados para um patamar, pela pri-meira vez durante esse ano, acima dos 12 J/m2, acompanhada pela manutenção do valor médio do segmento novo num nível inferior aos 13J/m2.

Proibida a reprodução

do

LISBON PRIME INDEX

Mercado de usados com performance positiva

Habitação nova foi o principal responsável pelo abrandamento do ritmo de

valorização

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JAN2005

MAR2005

MAI2005

JUL2005

SET2005

NOV2005

JAN2006

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MAI2006

JUL2006

Índice Confidencial Imobiliário (2005=100)

Taxa de variação média dos últimos 12 meses

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sexta-feira, 07 Março de 200838

Interrompendo a trajectória de aceleração que tinha vindo a fazer-se nos últimos seis meses, em Janeiro de 2008, o mercado habitacional estabilizou o ritmo de valorização. De acordo com o Índice Confi dencial Imobiliário (ICI), no primeiro mês deste ano, o mercado registou uma taxa de valorização média anual (que compara a variação dos últimos 12 meses face aos 12 meses anteriores) de 1,3%, sendo este um valor idêntico ao alcançado em Dezembro de 2007, mês em que se completou um ciclo de sete meses abaixo dessa fasquia.

Índice Confi dencial Imobiliário

Habitação estabiliza ritmo de valorização em Janeiro

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Uma parte substancial da legis-lação que rege o sector imobili-ário não se encontra adequada à realidade portuguesa, em aspec-tos tão importantes como o regi-me que regula a actividade de an-gariação imobiliária ou os alvarás das empresas de construção. Estas conclusões foram avançadas no decurso do balanço da actividade de inspecção do InCI (Instituto da Construção e do Imobiliário) no triénio 2005 – 2007.

O presidente do instituto, Pon-ce de Leão, recordou que as ins-pecções arrancaram em 2002, sendo que os “últimos três anos demonstram um sentido de con-tinuidade” no comportamento do mercado.

O presidente do InCI afi rmou ainda que também a lei dos alva-rás das empresas de construção deverá ser alterada. “Já em 2004, data da última revisão, afi rmei que esta não era a melhor para o sector, pois está desenquadrada da sua realidade”. Reconhecen-do as transformações que o sec-tor vem atravessando, uma vez que “os últimos cinco anos foram os de maior crise”, Ponce de Leão admite que existem “problemas ao nível do legislador”, que mui-tas vezes desconhece a realidade das empresas.

Na sua perspectiva, a nova lei deverá “promover a clarifi cação do sector”, dando prioridade aos chamados “subempreiteiros”,

empresas que trabalham apenas para grandes empreiteiros e “vi-vem debaixo do seu guarda-chu-va”. Por outro lado, o presidente do InCI defende a interligação de um novo regime dos alvarás com o Código dos Contratos Públi-cos, que deverá entrar em vigor dentro de “cinco ou seis meses” e que, considera, trará maior res-ponsabilização a todos os interve-nientes da obra pública.

Também a nova Plataforma Tecnológica Portuguesa da Cons-trução será importante para “le-var inovação ao sector”, através do trabalho conjunto entre as empresas, as universidades e ins-titutos de inovação, o que permi-te às empresas ganhar vantagem

competitiva no seu processo de internacionalização.

No que se refere às actividades de inspecção do InCI, Ponce de Leão considera verifi car-se uma “grande evolução desde 2002 até hoje”, pois existe “uma habitua-ção no cumprimento de regras por parte das empresas”, apesar de as empresas do sector de cons-

trução, no geral, acatarem melhor as decisões do InCI, ao contrário da mediação imobiliária, revelou Filipe Silva. Para este responsável, “temos hoje uma inspecção ra-zoavelmente madura”, facto que Ponce de Leão enalteceu, dado dispor apenas de 19 inspectores, número que considera adequado.

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ImobiliárioNEWSLETTER

I M O B I L I Á R I A

PORTUGUESA Mercado residencial

triplica valor em

20 anos

O Índice Confidencial imobiliário

completa 20 anos com a publicação

dos resultados de Dezembro de 2007.

A série remonta a Janeiro de 1988,

permitindo apurar uma valorização

acumulada de 208%.

20 Anos de Estatísticas em Revista

Director�Ricardo Guimarães | Janeiro 2008

061929323540

AM Lisboa: oferta habitacional sobe 3,4%

Cascais nos novos e Lisboa nos usados contribuem para maior oferta.

As vendas realizadas tiveram um desconto médio de 1,3%.

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Reabilitação urbana em Santarém

Dina Vieira e Pedro Gouveia da autarquia escalabitana apresentam

a visão de uma nova cidade, virada para o Tejo.

O QREN, uma oportunidade

Exposição sobre o QREN, assinada por José Furtado, Vice-Presidente

do IAPMEI, e João Carvalho das Neves, do ISEG.

Inovação no Imobiliário

Artigos sobre a gestão eficiente da água, pelo Urban Land Institute,

e o mercado de derivados sobre o índice IPD.

Medidas orçamentais para 2008

O Orçamento de Estado para 2008 e suas implicações no imobiliário,

por Manuela Silva Marques, da Abreu Advogados.

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Inovação no Imobiliário Land Institute,

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Margem Sul do Tejo consolida-se no imobiliário industrial e logísticoZona regista maior dinamismo da ProcuraNovo aeroporto em AlcochetePromoção de industrial mantém-se dinâmicaPONTO DE VISTA: Miguel Queiroz, DTZ

EDIÇÃO PORTUGAL

www.vidaimobiliaria.com | nº 120 JANEIRO 2008

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72% da angariação imobiliária em situação ilegal

Entre 2005 e 2007 foram inspec-cionadas 4237 empresas de cons-trução civil, das quais 975, cerca de 23%, encontravam-se – segun-do dados do InCI — em situação irregular, cujos ilícitos detectados se prenderam com exercício ilegal (41%), inexistência de cópia de al-vará em obra (23%), subcontrata-ção de construtores ilegais (16%), violação do dever de identifi cação em obra (10%) e outros (10%). Durante os três anos foram autua-das no terreno 567 empresas.

No mesmo período foram tam-bém inspeccionadas 955 empresas de mediação imobiliária, sendo que estavam em situação irregular 58%. Foram autuadas 459 empre-sas de mediação imobiliária.

No que se refere à angariação imobiliária, entre 2005 e 2007 foram inspeccionadas 427 enti-dades, das quais apenas 33% esta-vam em situação regular. Destas, o ilícito mais comum foi o exercício ilegal (72%), sendo que muitos destes profi ssionais encontram-se em contencioso com o fi sco e se-gurança social. O sector é forma-do por cerca de 50 a 55 mil em-presas de construção civil, 3500 empresas de mediação imobiliária e mil angariadores imobiliários.

INEGI coloca instalações no mercado

Com as novas instalações no Campus da FEUP praticamente fi nalizadas, o INEGI está agora empenhado em vender de ime-diato os restantes seis pavilhões in-dustriais, num total de cinco mil m2, situados no Complexo do Barroco, em Leça do Balio.

O instituto espera obter com esta venda cerca de milhão e meio de euros. As novas instalações têm um custo de cinco milhões, três dos quais fi nanciados com apoios comunitários.

Regulamentação do sector imobiliário desfasada da realidade

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A angariação imobiliária e os alvarás devem ser repensados, defende Ponce de Leão.

sexta-feira, 07 Março de 2008 39IMOBILIÁRIO

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uma eventual ruptura num des-se canos temos que ter presente que, de acordo com as regras da repartição dos encargos de conservação e fruição previstas para a propriedade horizontal, as despesas relativas às partes comuns do prédio que sirvam exclusivamente algum dos con-dóminos ficam a cargo do(s) que delas se serve(m).

Pelo exposto e porque de acordo com o que o leitor refe-re tudo indica que cada um dos canos serve exclusivamente uma só fracção, as despesas inerentes à reparação da ruptura de um deles e respectiva indemnização deverão ficar a cargo do pro-

prietário da fracção autónoma correspondente.

De referir que a solução supra se aplica caso a ruptura ocorra sem a intervenção activa de al-guém, pois, nesse caso, como é óbvio, será essa pessoa a respon-sável quer pela reparação quer pelos prejuízos provocados pela ruptura da canalização.

No que concerne à proprieda-de horizontal a lei começa por dispor que cada condómino é proprietário da fracção que lhe pertence e comproprietário das partes comuns do edifício, em conjunto com os demais condó-minos.

Quando a lei enumera as par-

tes imperativamente comuns do prédio, indica, entre outras, as instalações gerais de água.

Muito embora se possa admi-tir que os dez canos que o lei-tor refere constituam parte das instalações gerais de água do edifício, para determinar quem deverá assumir as despesas de

FII Prime Value vende terreno em Famalicão à Tesco

O Prime Value, fundo de inves-timento imobiliário (FII) gerido pela Imorendimento, anunciou a conclusão do negócio de ven-da de um terreno em Famalicão à Tesco, multinacional japonesa de componen-tes automóveis e subsidiária da Honda, que aí vai instalar a sua nova unidade in-dustrial em Por-tugal.

Localizado na freguesia de Ri-beirão, concelho de Famalicão, este terreno apresenta uma área bruta de 34.000 m² e uma área de construção de cerca de 8000 m², estando previsto o início da produção da Tesco na nova uni-

dade a partir de Setembro deste ano.

A estratégia de investimento do fundo Prime Value foca-se em operações de development land (desenvolvimento de solo),

actuando na organização e l icenciamento de terrenos para posterior venda a utilizadores finais ou a pro-motores. No seu portefólio incluem-se inú-meras operações de alienações de

terrenos estruturados e licencia-dos, entre os quais a venda de uma área residencial no Porto, adquirida pela Reyal Urbis, atra-vés da Euroimobiliária.

Legal & ImobiliárioPropriedade horizontal

Responsabilidade por ruptura de canalizações“Num prédio de cinco andares, com 10 apartamentos, os con-tadores da água de todos os apartamentos ficam localizados na parede do lado esquerdo logo que se entra, à entrada do prédio. Deste local ramificam dez canos de ferro fundido autónomos e individualizados que transportam a água, um para cada aparta-mento, através da parede exterior (na zona comum) aos aparta-mentos.Se houver uma rotura nestes canos a sua reparação e os danos provocados são da responsabilidade do condomínio ou dos pro-prietários da fracção servida pelo cano que teve a rotura?”

sexta-feira, 07 Março de 2008IMOBILIÁRIO40

K&A – Kendall e Associados é a parceira exclusiva na Loja da Reabilitação Urbana da Porto Vivo

A K&A – Kendall e Associados, é a nova parceira exclusiva da Loja da Reabilitação Urbana da Porto

Vivo – Sociedade de Reabilitação Urbana, cabendo-lhe agora a me-

diação dos edifícios localizados na Baixa e Centro Histórico da cidade do Porto, dentro da Zona de Intervenção Prioritária (ZIP). A mediadora, especializada em zonas nobres da cidade Invicta, foi seleccionada após um concur-so público lançado em 2007 pela Porto Vivo, SRU.

“Somos uma mediadora espe-cializada em zonas nobres, e deci-dimos apostar na Baixa Portuense porque acreditamos na estratégia que a Porto Vivo, SRU traçou

para a Reabilitação da Baixa e do Centro Histórico do Porto”, ex-plicou José Luís Kendall.

Na opinião deste responsável, “esta é a altura certa para se inves-tir na Baixa do Poryo, pois alguns projectos da Porto Vivo SRU, já em curso, asseguram o bom ca-minho desta tão necessária Rea-bilitação, que conta já com vários quarteirões em procedimento de Reabilitação Urbana”, além da quantidade de investimentos pri-vados.

Palácio da Quinta Resort & Spa comercializado a 25%

A cerca de um ano da sua inau-guração, o Palácio da Quinta Resort & Spa já tem comercia-lizado 25% dos apartamentos de tipologias T1, T2, T3 e T4 e moradias. Entre os compradores incluem-se clientes na-cionais e estrangeiros, entre os quais irlande-ses, ingleses, espanhóis e alemães.

Na semana passada decorreu a primeira apresentação interna-cional do projecto, em Dublin, na Irlanda. Para Alejandro Martins, presidente do Grupo Imocom, “o resultado desta pri-meira acção de comercialização espelha o interesse crescente que está a existir em relação ao “Palá-cio da Quinta Resort & Spa”, um resort cuja qualidade, inovação e requinte marcará a diferença em Portugal e na Europa”.

Resultado de um acordo de pre-ferência entre o grupo Imocom e a cadeia hoteleira Hilton, este é o

primeiro resort Conrad na Euro-pa e o primeiro hotel com concei-to de seis estrelas em Portugal.

Localizado na Quinta do Lago, no Algarve, o projecto corres-ponde a um investimento global

de 88,63 milhões de euros. Tem como objectivo a construção e ex-ploração de um hotel apartamen-to de luxo, equiparado a um hotel com conceito de seis estrelas.

Vai ocupar 6,2 hectares e será constituído por uma oferta de 160 quartos e 80 apartamentos. Numa área de construção de 30.000 m², dará origem a um to-tal de 620 camas.

Rendas de escritórios da Invesfer podem render 2,7 milhões de euros

A Invesfer prevê obter uma receita de 1,4 milhões de euros com o arrendamento de escri-tórios em imóveis da Refer em 2008. Em declarações ao “Jornal de Negócios”, o presidente da Comissão Executiva da Invesfer, José Ferrão Morgado, avançou que estimativas apontam para que esse montante quase dupli-que em 2009, atingindo os 2,7 milhões de euros.

Entre os principais projectos de escritórios promovidos pela Invesfer, destaque para o Centro Campanhã, no Porto, com cerca de 6000 m² de ABL, e a Estação do Rossio, que criou 3200 m² de nova oferta neste segmento.

No exercício de 2008, a Inves-fer estima vir a obter um volu-me de negócios de 11,6 milhões de euros, um valor que poderá vir a ser triplicado em 2009, caso a empresa consiga concre-tizar todos os seus planos. Para o próximo ano está previsto “o arranque das obras em Alcânta-ra, onde será construída a sede da Refer e onde haverá mais 40 ou 50.000 m² para comerciali-zação”, disse Ferrão Morgado. Este projecto poderá vir a in-

cluir escritórios, apartamentos ou imobiliário turístico, pois, segundo aquele responsável, o uso “há-de ser o que o mercado quiser”.

Com o objectivo de renta-

bilizar alguns terrenos da Re-fer, actualmente, a Invesfer está também a promover alguns pro-jectos de habitação, nomeada-mente em Viana do Castelo e Sines.

MARIA DOS ANJOS GUERRA

[email protected]

A estratégia de investimento

do fundo Prime Value foca-se

em operações de development land

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Vinho português reforça internacionalização com presença na ProWeinSerá a maior comitiva portuguesa de sempre na ProWein, que terá lugar entre 16 e 18 de Março. O sector vitivinícola nacional parece ter finalmente entendido que o mercado é global e que ser bom não basta. A promoção dos seus vinhos é decisiva, pelo que as empresas apostam na presença em certames especializados de grande dimensão.

Conquistar os mercados exter-nos parece ser definitivamente a palavra de ordem entre os agentes do sector vitivinícola português. Esse dado pode ser constatado através da presença de empresas portuguesas na ProWein, feira alemã de vinhos de Dusseldorf. Serão cerca de 150 as empresas que estarão naquele certame, que terá lugar entre 16 e 18 de Março. Trata-se da maior comitiva portu-guesa de sempre no evento, o que poderá traduzir a vontade das em-presas em alargar e consolidar os seus mercados externos.

De acordo com António Men-donça, responsável comercial da Aveleda, empresa do segmento de vinhos verdes, “o peso das expor-tações no nosso volume de negó-cios, que é hoje de mais de 50% do total vendido anualmente, jus-tifica e obriga à nossa presença em feiras internacionais de renome”. Por outro lado, continua, “a Ale-manha é um dos nossos maiores mercados de exportação e, além disso, a Prowein atrai agentes de toda a Europa Central e de Leste”, com “uma importância crescente na sua área de influência”.

Recorde-se que a Alemanha consome actualmente mais de 20 milhões de hectolitros, mais do dobro da sua produção anual, sendo que uma parte deste vo-lume é exportada. “Com 12 mi-lhões de hectolitros importados por ano, está no topo da lista dos importadores europeus, alternan-do a liderança com a Inglaterra”, resume António Mendonça. O mercado golbal de vinhos na Ale-manha representou 10,7 biliões de euros em 2007.

Aproveitar dinâmicas instaladas

Por outro lado, a Prowein “con-grega muitos dos compradores e

agentes de todo o mundo, tornan-do-se assim numa feira realmente internacional e não só dedicada ao mercado alemão. A nível de no-vos mercados, é uma feira muito forte no Leste Europeu, pelo que temos bastante interesse em estar presentes”, estima Teresa Pereira, da sadina José Maria da Fonseca (JMF).

Nesse sentido, “dar a conhecer os nossos vinhos no estrangeiro, contando com alguns importado-res com que já temos negócios, e contactar outros de países que nos interessa começar a trabalhar”, como disse Dalila Perdigão, da Herdade da Mingorra, são alguns dos motivos que levam as empre-sas portuguesas a investir naque-la presença. Também a Sogrape refere a importância do evento “sobretudo pelo contacto directo com os distribuidores, clientes e retalhistas do Norte e Leste da Europa”.

Aproveitar dinâmicas instaladas é outro dos motes: “Após o suces-so alcançado com a presença na Vinexpo, em 2007, entendemos ser necessário aproveitar esta fei-ra de modo a conhecê-la como evento e tentar obter dela um “output” positivo no que respeita

ao contacto com os mercados do centro da Europa que desejamos conquistar”, revelou Paula Costa, da Quinta Nova de Nossa Senho-ra do Carmo, que integra o grupo Amorim.

Leste e Ásia são mercados emergentes

A visibilidade externa alcan-çada através da participação em certames de grande envergadura internacional parece ser uma das formas consolidadas de promoção externa dos vinhos portugueses. London Wine and Spirits Fair, Expovinis de S. Paulo, Alimenta-ria de Barcelona, Vinexpo de Bor-déus ou Vinexpo Asia, para citar as mais relevantes, serão alguns dos certames em que as empre-sas nacionais mais apostarão em 2008.

Os reflexos nos seus volumes de negócios são significativos. Para António Mendonça, “a Aveleda aposta fortemente no aumento das exportações para consolidar o seu crescimento. Temos tido uma performance bastante positiva nos nossos principais mercados de ex-portação, alguns deles com cresci-mentos da ordem dos 25 a 30%.

No seu conjunto, os mercados de exportação têm um peso cada vez mais crescente nas nossas contas e estamos fortemente apostados em investir na nossa presença no exte-rior e no desenvolvimento da nos-sa actividade comercial nos cinco continentes para onde actualmen-te exportamos os nossos vinhos”.

Também a José Maria da Fon-seca exporta actualmente cerca de 75% das suas vendas. Porém, “ainda assim acreditamos que po-deremos melhorar este indicador, sobretudo com o crescimento dos mercados emergentes”, explicou Teresa Pereira. “Existem vários mercados onde o consumo per capita de vinho é ainda muito baixo, como são o caso do Brasil, Índia, China e México e, com o desenvolvimento da distribuição nestes mercados, podemos ter um crescimento considerável das exportações”. Para além destes, “temos os mercados já maduros como a América do Norte e Euro-pa, onde temos planos para cres-cer através do aumento da quota de mercado”.

Já a duriense Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo estima que “nos mercados onde estamos implantados as exportações deverão aumentar ligeiramente. Em merca-dos novos contamos com um a dois anos de arranque ligeiro. Temos um trabalho muito recente no mercado, sob a nova estratégia Amorim, pelo que tudo decorre com uma relativa calma, perante um muito curto his-tórico de relacionamento” externo, disse Paula Costa.

Por seu turno, a Sogrape, empre-sa portuguesa de maior dimensão no sector dos vinhos, quer refor-çar a sua posição de grande expor-tador, já que a maior parte da sua produção destina-se aos mercados externos, com presença em 125 países. Não obstante, “acredita-mos particularmente no desen-

volvimento da Europa de Leste e da Ásia, mercados que até à data representam ainda uma pequena fatia das nossas exportações, mas cujo potencial de crescimento é significativo”.

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Produtores portugueses avessos a parcerias

O reforço da visibilidade e presença dos vinhos nacionais nos mercados externos requer, dada a escassa dimensão do país, a conjugação de esforços entre todas as empresas e instituições ligadas directa ou indirectamente ao sector do vinho. Mas há obstáculos importantes a ultrapassar. “É fundamental aumentar a cooperação en-tre os agentes do sector”, concorda Teresa Pereira, da José Maria da Fonseca. “Infe-lizmente, ainda somos um país de invejas e de pouca cooperação, o que certamente não ajuda quando enfrentamos a concor-rência de países como a Austrália, o Chile, Argentina e África do Sul, com uma escala e uma força muito superior à nossa”.

Na sua óptica, “é crucial ganharmos mas-sa crítica e peso nos mercados internacio-nais e isso só se consegue com a agregação de esforços”. Aquela responsável deu como

exemplos positivos o G7 ou a ViniPortu-gal. “Ainda assim, há um caminho muito longo a percorrer”, constata.

A Sogrape, por seu turno, “acredita na concentração de esforços para a promoção dos vinhos portugueses”, mas segundo um modelo de “empenho centralizado” como “a única forma de se obter massa críti-ca para os nossos vinhos e assim ganhar mais visibilidade nos mercados externos. A imagem global dos vinhos portugueses no mundo constrói-se pelo êxito de diversas marcas, pelo que é crucial um alinhamento de estratégia a nível sectorial”.

Já Paula Costa, da Amorim, acredita que a via a seguir passa pelas “organizações do sector e entre os produtores mais peque-nos, de forma a ganharem dimensão inter-nacional”. Porém, alerta, “não em demasia, pois exagerados compromissos nas parce-

rias geram burocracias contraproducentes. Todo o restante negócio será sempre feito individualmente por aqueles que se sou-berem adaptar às mudanças do mercado mundial”. Até porque, adianta, “Darwin tinha razão e a teoria da selecção natural está ainda muito actual”.

O papel do Estado

Nesta lógica deverá entrar ainda, como reclamou Dalila Perdigão, da alentejana Herdade da Mingorra, “o apoio do Estado e mais colaboração dos «ICEP´s»”. Antó-nio Mendonça, da Aveleda, é da opinião que “o Estado, em sentido lato, deve dar especial atenção à preservação da paisagem rural, ambiente e a problemas sociológicos associados, pois o “place branding” das re-giões e o seu potencial turístico associado são factores que permitem alavancar e pro-jectar o interesse e curiosidade pelos nossos vinhos além fronteiras. Ninguém está inte-ressado em visitar uma região cheia de lixo ou com um desenvolvimento urbanístico caótico ou com más vias de acesso e sem

equipamentos de apoio”. E se “a imagem dos vinhos portugueses

tem beneficiado de um trabalho consolida-do”, existem limitações. “No mercado glo-bal, as marcas são importantíssimas, em-bora alguns destes organismos que não têm como missão a promoção de marcas em particular, mas sim da marca genérica da sua região ou do país, só devam efectuar esta parte do trabalho, cabendo às empre-sas ou grupos de empresas a promoção das marcas” .

Desta forma, o trabalho complementar de promoção das marcas terá que passar “por outras estruturas e sobretudo pela capacidade de investimento e empreen-dedorismo das próprias empresas”, por exemplo, “recrutando recursos humanos de elevada qualidade especializados em marketing e “branding” ou organizando-se em grupos que permitam a candidatura a fundos de financiamento nacionais ou co-munitários para aplicação directa na pro-moção das suas marcas”, explicou António Mendonça.

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A cooperação entre os agentes do sector é essencial. Nenhum dos inquiridos pela “Vida Económica” mostrou dúvidas de maior quanto a esta necessidade. Porém, as formas para atingir o nível de cooperação desejado e a participação do Estado neste esforço são divergentes.

Apesar de se registar uma evolução considerada positiva no que concerne às exporta-ções de vinhos portugueses, o sector encontra-se “aquém das suas reais potencialidades”, considera António Mendon-ça, da Aveleda. “As empresas deverão estar atentas a novas oportunidades e concentrar os seus recursos no desenvolvi-mento tecnológico e nos mer-cados que entenderem como prioritários. Só as empresas com capacidade de investi-mento e de expansão poderão interessar os maiores players internacionais e desta forma começar a construir aquilo que se aproximará de verda-deiras marcas globais, com qualidade e consistência”.

Por sua vez, a criação de sinergias entre empresas de menor dimensão, através da formação de “agrupamentos de produtores”, bem como “criar marcas e avançar para o mercado com mais agres-sividade”, serão outras alter-nativas. “O vinho português bate-se num mercado extre-mamente competitivo e não basta pensarmos que já somos bons para ter o sucesso garan-tido. Temos que convencer o mundo de que somos de facto tão bons ou melhores que os outros”, concluiu.

EXPORTAÇÕES PORTUGUESAS

AQUÉM DAS POTENCIALIDADES

sexta-feira, 07 Março de 2008 41EM FOCO

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Empresários do “rent-a-car” satisfeitos com redução do ISV para o sector

A Associação dos Industrias de Aluguer de Automóveis Sem Condutor (ARAC) “con-gratula-se com a medida incluída” no Orça-

mento de Estado (OE) para 2008 relativa à reforma da tributação automóvel que concede a isenção de 50% do montante do Imposto Sobre Veículos (ISV) aos modelos ligeiros de passageiros e de utilização mista que se destinem à actividade de aluguer de au-tomóveis sem condutor. Segundo o secretário-geral da ARAC, “esta medida aproximou, ainda que não totalmente, em matéria de fiscalidade, o aluguer de automóveis sem condutor em regime de curta du-ração ao nosso concorrente mais directo: Espanha”. Robalo de Almeida refere que a aproximação não completa àquilo que esta entidade preconiza em ter-mos fiscais, porque no país vizinho não existe im-posto de matrícula, logo, as empresas de “rent-a-car” têm uma vantagem face às congéneres portuguesas.

Para o dirigente associativo, a medida, “aliada a outras já em vigor” – a simplificação documental do Simplex e a formação profissional instituída no âmbito do protocolo entre a ARAC e o Turismo de Portugal são dois exemplos avançados por Robalo de Almeida –, têm dotado “o sector de aluguer de veículos sem condutor de ferramentas com as quais as empresas portuguesas possam desenvolver-se e ombrear com as suas congéneres europeias”.

As restantes medidas relativas à reforma global da tributação automóvel inseridas no OE para 2008, que concretizam a segunda fase anunciada de um processo iniciado em Julho do ano passado, procu-ram, de acordo com o secretário-geral da ARAC, “tornar o sector automóvel em Portugal mais com-petitivo, colocando sempre o enfoque na importan-te componente ambiental, a qual passa de 30% para 60%, em detrimento da componente cilindrada, que passou, em Janeiro de 2008, a pesar apenas 40% no cálculo do imposto. Segundo a mesma fonte, este

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sexta-feira, 07 Março de 2008EM FOCO42

Pedreiras têm oportunidade única para se legalizarem

O Governo introduziu um con-junto de alterações à actual lei das pedreiras, tendo em conta a ne-cessidade de permitir uma melhor adequação à realidade do país e das próprias explorações. A ANIET, enquanto associação representati-va do sector da extracção e trans-formação das rochas ornamentais, industriais e minas, considera que esta é uma oportunidade única de legalizar as pedreiras que estão em situação irregular.

O diploma prevê a obrigato-riedade de os exploradores das pedreiras já licenciadas, que não cumpram as exigências previstas, adaptarem as suas explorações às exigências estabelecidas, tendo que requerer uma vistoria num prazo de seis meses. As pedreiras cujos processos tiverem sido apro-vados ou venham a sê-lo em 180 dias ficam dispensadas de novo procedimento de adaptação. A associação coloca-se à disposição para esclarecer as dúvidas que se coloquem, quer na instrução de processos para viabilização do li-cenciamento das explorações ile-gais quer próprio licenciamento, quer ainda nas adaptações que seja necessário efectuar. E chama a atenção para o facto de os pra-zos serem apertados.

ASAP elegeu órgãos sociais para triénio 2008/2010

A Associação das Socieda-des de Advogados de Portugal (ASAP) elegeu os seus novos órgãos sociais em sede de assem-bleia geral. A única lista que se apresentou ao mandato para o triénio de 2008/2010 é formada por Pedro Cardigos, da ABBC, como presidente do Conselho Director, Fernando Campos Ferreira, da PLMJ, como pre-sidente da Mesa da Assembleia Geral, e Pedro Rebelo de Sousa, da Simmons & Simmons, Rebe-lo de Sousa, como presidente do Conselho Fiscal.

Segundo Pedro Cardigos, “a ASAP foi constituída com o ob-jectivo de defender os interesses das sociedades de advogados portuguesas e lhes prestar apoio nos problemas e desafios que en-frentam”. A intenção da direcção que agora assume funções passa por ”assegurar a continuidade do trabalho até agora desenvol-vido e potenciar o envolvimento das suas associadas nas diversas iniciativas promovidas pela asso-ciação”. Fundada em 2002 por cinco sociedades de advogados, a ASAP conta actualmente com mais de 50 associadas.

FEDERAÇÃO PORTUGUESA DE FUTEBOLCOM CONDIÇÕES ESPECIAIS NO BES

O BES e a Federação Por-tuguesa de Futebol as-sinaram um acordo de

cooperação que permite aos cola-boradores desta última entidade acederem a uma oferta exclusiva de produtos e serviços bancários. Compreende a contratação de crédito à habitação e crédito indi-vidual em condições de mercado preferenciais mais favoráveis. Do protocolo constam ainda condi-ções especiais na domiciliação do vencimento e na área dos seguros, bem como descontos para os co-laboradores que subscreverem um dos produtos de poupança e inves-timento da instituição bancária ou adquirirem viagens na agência Top Atlântico. Mestrados e doutora-mentos também se incluem neste pacote.

REPSOL EXPANDE PETROQUÍMICA DE SINES

A petrolífera espanhola Rep-sol pretende investir 32,8 mil milhões de euros nos

próximos quatro anos, no âmbito do plano estratégico recentemente apresentado. O objectivo é triplicar os resultados e duplicar o resultado operacional. Serão investidos cerca de dez mil milhões na Península Ibérica.

Entre os investimentos previstos, está a ampliação da petroquímica de Sines. São 10 projectos centrais que concentram 60% dos investimen-tos do “core business” do grupo. Trata--se do programa mais ambi-cioso e realista jamais apresentado pela Repsol, de acordo com os seus promotores. De notar que a maioria dos seus activos, em 2012, está em países pertencentes à OCDE.

Segundo o secretário-geral da ARAC, “esta medida aproxi-mou, ainda que não totalmente, em matéria de fiscalidade o aluguer de automóveis sem condutor em regime de curta duração ao nosso concorrente mais directo: Espanha”.

facto “realça a preocupação ambiental que esteve na génese deste novo imposto, de forma a estimular cada vez mais a aquisição de veículos amigos do am-biente, a par da redução da carga fiscal do ISV, sem transferência para o IUC, o que vem de encontro às preocupações da ARAC”.

AQUILES [email protected]

Gestão de Empresas: o fundamental da contabilidade27 DE FEVEREIRO– Das 09h00 às 18h00 – (8 horas)

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LEGAL & ILEGAL

Sou sócio de uma sociedade por quotas e pretendia saber por que formas poderei ser remunerado pela minha actividade na socie-dade, bem como as consequências fiscais e para a Segurança Social das possíveis es-colhas.

A remuneração do sócio-gerente vem con-sagrada no artigo 255º do Código das So-ciedades Comerciais (CSC). Nos termos do nº 1 daquele preceito, em regra, o gerente (sócio ou não) tem direito a uma remunera-ção. Assim não será quando o contrato de sociedade contenha uma cláusula que dis-ponha em sentido contrário. A remuneração é fixada em Assembleia Geral, mediante de-liberação dos sócios. Em regra, a remunera-ção do gerente não pode consistir, total ou parcialmente, em participação nos lucros da sociedade. Assim não será quando o contra-to de sociedade preveja expressamente essa possibilidade.

No que diz respeito à questão da tributa-ção do rendimento auferido pelo sócio-ge-rente, é necessário distinguir o tipo de vín-culo contratual que une o sócio à sociedade: se estamos perante um contrato de trabalho ou outro tipo de vinculação (por exemplo, um mandato).

Contrato de trabalho é aquele pelo qual uma pessoa se obriga, mediante retribuição, a prestar a sua actividade a outra ou outras pessoas, sob a autoridade e direcção des-tas (cfr. artigos 10º do Código do Trabalho e 1152º do Código Civil). O elemento fun-damental do contrato de trabalho é, pois, o da subordinação jurídica (“sob a autoridade e direcção”).

Ao contrário do contrato de trabalho, o mandato é aquele em que uma das partes se obriga a praticar um ou mais actos jurí-dicos por conta da outra (artigo 1157º do Código Civil). No fundo, os elementos dis-

tintivos entre um e outro contrato são três: ao contrário do contrato de trabalho, que é sempre retribuído, o contrato de mandato pode ou não ter remuneração; no contrato de trabalho um dos contraentes obriga-se a prestar ao outro o seu trabalho; o mandato tem por objecto o resultado do trabalho e não o trabalho em si e, para chegar a esse resultado, o obrigado não fica sujeito à auto-ridade e direcção do outro contraente.

Dito isto, cumpre-nos analisar o regime fiscal aplicável.

Consideram-se rendimentos do trabalho dependente, pertencen-tes à categoria A, todas as remunerações pagas ou postas à disposição do seu titular provenien-tes de contrato de tra-balho por conta de ou-trem prestado ao abrigo de contrato de trabalho ou de outro a ele legal-mente equiparado. Con-sideram-se rendimentos do trabalho dependente as remunerações dos membros dos órgãos es-tatutários das pessoas colectivas e entidades equiparadas (artigo 2º, nº 1, alínea a) e nº 3, alínea a) do Código do Imposto Sobre o Ren-dimento das Pessoas Singulares – CIRS).

São rendimentos da categoria B, entre outros, os auferidos no exercício de qual-quer actividade comercial ou os auferidos no exercício, por conta própria, de qualquer actividade de prestação de serviços (artigo 3º, nº 1, alíneas a) e b) do CIRS).

Ora, se o sócio celebra um contrato de trabalho com a sociedade, os rendimentos por ele auferidos e pagos pela sociedade enquadram-se na referida categoria A. Se o

trabalho é exercido em regime de mandato, estaremos, neste caso, perante rendimentos da categoria B.

Por fim, cumpre-nos analisar o regime da segurança social aplicável ao sócio.

No domínio dos descontos para a segu-rança social, também é necessário distin-guir a qualidade do beneficiário: se é um trabalhador por conta de outrem ou se é um trabalhador independente.

O Decreto-Lei nº 328/93, de 25 de Se-tembro, que revogou o anterior Decreto-Lei nº 8/82, de 18 de Janeiro, regula o regime

da segurança social dos trabalhadores indepen-dentes. Encontram-se abrangidos pelo regi-me dos trabalhadores independentes “os in-divíduos que exerçam actividade profissional sem sujeição a contra-to de trabalho (…) e não se encontrem (…) obrigatoriamente abran-gidos pelo regime geral de segurança social dos trabalhadores por conta de outrem” (artigo 4º do referido diploma). São

aqueles indivíduos que se obrigam a pres-tar a outrem, sem subordinação, o resultado da sua actividade. Estamos, assim, peran-te situações em que o trabalhador não se encontrada vinculado por contrato de tra-balho. Contudo, nos termos do artigo 14º, nº 1 daquele diploma, “não são abrangidos pelo regime regulado no presente diploma (…) os membros dos órgãos estatutários das pessoas colectivas e entidades equiparadas, ainda que seus sócios”. O regime destes profissionais é objecto de regulamentação própria no Decreto-Lei nº 327/93, de 25 de

Setembro. Nos termos do artigo 3º desse di-ploma, “são abrangidos pelo regime geral de segurança social dos trabalhadores por con-ta de outrem, (…) os membros dos órgãos estatutário das pessoas colectivas, ainda que seus sócios ou membros (…)”. A alínea a) do artigo 5º refere-se, em especial, aos gerentes das sociedades, como é o caso.

A base de incidência das contribuições auferidas pelos membros dos órgãos esta-tutários das pessoas colectivas (aos geren-tes em particular, ainda que sócios) vem consagrada no artigo 9º do Decreto-Lei nº 327/93. A base da incidência das contribui-ções devidas pelas entidades contribuintes em função de beneficiários abrangidos pelo Decreto-Lei nº 327/93 corresponde ao va-lor das remunerações por eles efectivamen-te auferidas, com o limite mínimo igual ao valor da remuneração mínima mensal mais elevada garantida por lei à generalidade dos trabalhadores e o limite máximo igual a 12 vezes o valor da mesma remuneração míni-ma.

Em conclusão, se o gerente se encon-tra vinculado por contrato de trabalho, os rendimentos por ele auferidos e pagos pela sociedade enquadram-se na referida catego-ria A. Se a actividade é exercida em regime de mandato, estaremos, neste caso, peran-te rendimentos da categoria B. A base da incidência das contribuições devidas pelas entidades contribuintes corresponde ao va-lor das remunerações por eles efectivamen-te auferidas, com o limite mínimo igual ao valor da remuneração mínima mensal mais elevada garantida por lei à generalidade dos trabalhadores e o limite máximo igual a 12 vezes o valor da mesma remuneração míni-ma.

PAULO SÁGabinete de Advogados António Vilar & Associados

[email protected]

Remuneração de sócio-gerente e respectiva tributação

sexta-feira, 07 Março de 2008 43DIREITOS

É necessário distinguir o tipo de vínculo contratual que une o sócio à sociedade: se um contrato de trabalho ou um mandato).

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Sony Ericsson com dois novos modelos de terminais

Mais dois terminais que chegam ao mercado. Desta feita, pe-las mãos da Sony Ericsson que fala do T270i e do T280i como uma dupla de telefones que se adequa tanto ao típico homem de negócios como ao utilizador que deseja um telefone clássico para o seu dia-a-dia.

Os T270i e o T280i, dizem ainda em comunicado, oferecem o “clássico estilo pocket-size”. Com “uma espessura de menos de 13 mm e um acabamento em aço inoxidável, estes modelos destacam-se por um design Premium a um preço muito aces-sível”, acrescentam. O que distingue o primeiro, aquele que é mais dirigido ao mundo dos negócios?

Aqui, a Sony Ericsson fala do seu novo telemóvel como um “verdadeiro assistente pessoal”. O T270i, continuam, “combina um estilo elegante e adulto com um conjunto de característi-cas técnicas a pensar nas necessidades do profissional de negó-cios”. Os exemplos? O fabricante destaca as “teclas de acesso rápido que permitem o acesso a funcionalidades como contac-tos, calendário ou mensagens”. E para aqueles que precisam de comunicar à distância, a Sony Ericsson proporciona um terminal com altifalante. Este, como já adivinhou, possibilita a realização de conference calls.

Falemos agora do outro membro do par: o T280i. Este dis-tingue-se pela rapidez na escrita de mensagens escritas, pelo fácil acesso à câmara de 1.3 megapixeis pela possibilidade que existe de tirar fotografias, como dizem, com uns simples cliques. Resta dizer que um e outro, tanto o T270i como o T280i, são compatíveis com o auricular bluetooth.

As comunicações móveis ao serviço da medicina

De que forma as comunicações móveis podem ajudar os pro-fissionais de saúde? Ora, a Vodafone,

através da sua fundação, encontrou uma forma ao criar um sistema de monitorização remota de epilepsia pediátrica. Este foi apresentado, há pouco tempo, no hospital de Egas Moniz, em Lisboa, e tem um ob-jectivo claro: aumentar o número e a capacidade de sucesso das in-tervenções cirúrgicas em crianças com epilepsia.

E isto porque, como explica a Vodafone, “os médicos passam a poder observar os respectivos exa-mes num computador ou PDA, à distância e a qualquer momento, mesmo, fora do ambiente hospi-talar”. A rapidez, alertam ainda, deste novo processo de análise dos

traçados e das crises, pelo médico, permite uma tomada de decisão mais

fundamentada e precoce, optimizando o tempo e as condições de diagnóstico e, portanto, a segurança da criança e o seu próprio conforto”.

AR Telecom duplica velocidade de acesso à internet

Mais um investimento de um operador no segmento da banda larga. Desta feita, estamos a falar da AR Telecom, a empresa triple play do grupo SGC, de João Pereira Coutinho, que acaba de anunciar a duplicação da velocidade da sua oferta de internet para os quatro e os 10 Mb. As principais vantagens?

Aqui, a AR Telecom destaca os melhores descarregamentos, messaging mais rápido, jogos online com melhor performance e ainda streaming de vídeo com melhor qualidade. Estamos ainda a falar de uma oferta, sem qualquer alteração de preço, e “vá-lida para novos clientes e para os actuais”. Mas as novidades do operador do grupo Pereira Coutinho não ficam por aqui, com este a dizer, em comunicado, que se mantém em vigor a oferta de tráfego ilimitado nas chamadas “happy hours”, ou seja, das 0 h às 9 h.

Lembramos ainda que, com base na sua rede TMAX, a AR Telecom é capaz de oferecer televisão digital com 43 canais, internet de banda larga e telefone sem assinatura mensal.

Para o Governo, em concreto, para o gabinete do coordenador nacional do Plano Tecnológico, não há margem para dúvidas: Portugal está no bom caminho no segmento da banda larga. Es-tes responsáveis falam num “cres-cimento exponencial da banda larga móvel” e num crescimento contínuo da banda larga fixa.

Aquilo que podemos ler no comunicado que chegou às re-dacções é revelador: “Portugal assistiu, no último semestre de 2007, a um crescimento expo-nencial da penetração da banda larga móvel com um aumento de 37% no número de utilizadores”, atingindo, desta forma, um valor global superior a 1,2 milhões.

Na banda larga fixa, as notícias não são tão animadoras, mas, ainda assim, o Governo, como já vimos, fala de um desenvol-vimento contínuo do país neste segmento. Carlos Zorrinho, o coordenador do Plano Tecno-lógico, através do seu gabinete, destaca o facto de a nossa taxa de penetração chegar, aqui, aos 15,65%. Ou seja e segundo um relatório recente da ECTA – as-sociação europeia ligada ao sec-tor das telecomunicações –, uma subida de 1,75% face ao estudo anterior. E este organismo lem-bra ainda que a soma agregada de utilizadores de banda larga fixa e móvel nos coloca nos 2,8 milhões de utilizadores. E o que justifica este anunciado desen-volvimento?

O Governo volta a falar da im-portância de considerar a banda larga móvel – “a relevância que assume, em Portugal, a utiliza-ção da banda larga móvel é um exemplo de como é fundamen-tal considerar as duas formas de acesso para avaliar a penetração de banda larga num país”, su-blinham –, afirmando que o seu crescimento se deve, em grande parte, aos operadores e ao pró-prio Governo.

Associação dos operadores com uma leitura oposta da realidade

Os dois protagonistas – Gover-no e operadores – não poderiam ter uma visão mais antagónica da mesma realidade. Sem dar qual-quer tipo de relevo à banda larga móvel, a Apritel – a associação dos operadores de telecomunicações – fala de um número já adiantado pelo Governo, os 15,6% de taxa de penetração de banda larga fixa, claro está, mas isto, como alertam, numa Europa a 27, onde a pene-tração média neste segmento che-ga já aos 19,6%. Apesar de tudo, será que este valor significa um crescimento da nossa posição?

Ora, uma vez mais, podemos afir-mar que a opinião da Apritel sobre o assunto é a oposta do Governo. Se este fala, como já vimos, em cresci-mento, a associação dos operadores fala em abrandamento. “A taxa de crescimento da banda larga, em Portugal, abrandou, no terceiro tri-mestre de 2007, para 7%, aumen-tando assim o fosso existente face à média europeia que é de 10%”, explicam em comunicado.

Comentando directamente aquilo que diz o Governo, a Apri-tel afirma à VE que a diferença entre os dois mercados – banda larga fixa e móvel – só vem refor-çar o que esta associação sempre defendeu: “mercados como o mó-vel originam concorrência, inova-ção e progresso, enquanto os mer-cados sem concorrência por falta de regulação eficaz ou com regula-ção que protege e defende o mo-nopólio e o incumbente originam atraso e falta de inovação e inves-timento”. E deixam um apelo: “A

satisfação do Governo no móvel devia ser acompanhada de medi-das de estímulo da concorrência e competitividade do fixo, desig-nadamente no que diz respeito às redes de nova geração”.

AIP diz que o acesso à internet é relativamente baixo nas pequenas empresas

O que pensam os empresários sobre o assunto? Contáctamos al-gumas associações sobre o assunto, mas só obtivemos uma resposta da AIP e do seu presidente, Rocha de Matos. Este dirigente associativo, sem deixar de dizer que os dois estudos, do Governo e da Apri-tel, “poderão ter razão” – o país tem registado um crescimento nos dois segmentos, banda larga móvel e fixa –, não deixa, contu-do, de lembrar um estudo da AIP. Rocha de Matos destaca o Relató-rio de Competitividade de 2007 elaborado pela associação que go-verna e das suas conclusões neste âmbito: “O acesso à internet, em Portugal no contexto da União é relativamente baixo nas famílias e nas pequenas empresas”. Os nú-meros são uma prova: enquanto, nas nossas PME, a taxa de acesso era de 80%, na União a 15 era já de 93% e, na UE a 27, de 91%. O mesmo não se passa com as médias e grandes empresas, onde, como diz Rocha de Matos, a nossa situação não será muito diferente do resto da Europa. De qualquer modo, mais importante do que o número de pessoas que acedem à internet, é o que elas fazem com este ferramenta. Em jeito de con-clusão, Rocha de Matos lembra à VE que a “banda larga não é um fim, mas sim um instrumento po-deroso para mudar aspectos im-portantes do funcionamento da economia e das empresas”.

SANDRA RIBEIRO [email protected]

Portugal com 2,8 milhões de utilizadores

AIP fala do relativo atraso das pequenas empresas e lembra que a banda larga é um instrumento e não um fim

Governo destaca evolução do país na área da banda larga e operadores contestam

sexta-feira, 07 Março de 2008TELECOMUNICAÇÕES44

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MercadosJERÓNIMOMARTINS:

-11%desde

o início do ano

CIMPOR:

-11%desde

o início do ano

Eurodólar (Fecho) (05/03) 1,5283Var. Semana 0,41%Var. 2008 3,82%

Euro Libra (Fecho) (05/03) 0,7663Var. Semana 0,30%Var. 2008 4,49%

Euro Iene (Fecho) (05/03) 159,17Var. Semana -0,71%Var. 2008 -3,49%

ÍNDICES

PSI 20 (Fecho) (05/03) 10782,35Var. Semana -3,07%Var. 2008 -18,28%

Dow Jones (Fecho) (05/03) 12341,21Var. Semana -2,78%Var. 2008 -6,96%

Nasdaq (Fecho) (05/03) 1767,28Var. Semana -1,81%Var. 2008 -15,24%

Ibex (Fecho) (05/03) 12948,1Var. Semana -3,76%Var. 2008 -14,72%

Dax (Fecho) (05/03) 6683,71Var. Semana -4,49%Var. 2008 -17,15%

CAC 40 (Fecho) (05/03) 4756,42Var. Semana -4,27%

Var. 2008 -15,28%

PSI20

CAMBIALEURODÓLAR

Euribor 6m (Fecho) (05/03) 4.4060Var. Abs. Semana 0,0160%Var. Abs. 2008 -0,3010%

Euribor 3m (Fecho) (05/03) 4,4010Var. Abs. Semana 0,0150%Var. Abs. 2008 -0,2830%

Euribor 1Y (Fecho) (05/03) 4,4040Var. Abs. Semana 0,0140%Var. Abs. 2008 -0,3410%

MONETÁRIOEURIBOR 6M

Petróleo (Brent) (05/03) 101,69Var. Semana 2,70%Var.2008 7,80%

Ouro (Fecho) (05/03) 985,85Var. Semana 1,41%Var. 2008 18,32%

Prata (Fecho) (05/03) 20,7Var. Semana 4,60%Var. 2008 40,15%

MERCADORIASPETRÓLEO

Santander Totta o mais eficiente e sólido

em 2007

sexta-feira, 07 Março de 2008 45

Os mercados accionistas estão frenéticos ou mesmo esquizofrénicos, pois tão depressa atingem valorizações expressivas como rapidamente invertem a tendência para quedas ainda mais significativas. A Bolsa de Lisboa não é excepção neste contexto de turbulência financeira, onde a publicação de um novo indicador económico ou a divulgação de mais um caso de perdas relacionadas com a crise do “subprime” definem a tendência global das bolsas. Acresce a tudo isto a performance depressiva do BCP. A queda do maior banco privado nacional, e do restante sector, foi fundamental para o mês globalmente negativo do PSI-20.

As Bolsas por todo o Mundo têm andado num sobe e desce constante, fazendo disparar a vola-tilidade para os valores mais altos dos últimos anos. De facto, desde o rebentar da “bolha especulativa” das “tech-stocks” e o período que se seguiu aos ataques terroristas do 11 de Setembro em 2001 que o PSI-20 e os seus pares não regis-tavam um nível de risco tão eleva-do como o actual. De acordo com dados da Bloomberg, a volatilida-de média anualizada dos últimos dez dias do PSI 20 é de 52%, um valor que contrasta com os 20% da volatilidade média anualizada das últimas 250 sessões.

Claro está que este aumento da volatilidade “intraday” é também em si uma fonte de oportunidades de retornos rápidos, mas ao alcan-ce dos inves-tidores mais afoitos.

Nesta tur-bulência, na-vegou qual “Titanic”, o papel do BCP. O mês de Fe-vereiro foi um dos mais ne-gros na histó-ria das acções da banca em geral e em es-pecial para a do BCP, com o mer-cado a descontar o aumento de capital maior do que o esperado e a especular sobre o desconto a aplicar às novas acções. A queda do maior banco privado nacional, e do restante sector, foi funda-mental para o mês globalmente negativo do PSI-20.

De facto, o banco agora lidera-do por Santos Ferreira foi o pro-tagonista do mês, ao apresentar quedas sucessivas dos seus títulos para níveis históricos. Decorreu tudo isto do anúncio quanto à realização de um aumento de ca-pital de 1,3 mil milhões de euros, valor que surpreendeu o mercado,

por excesso, e levantou a especula-ção em torno de qual o desconto a aplicar às novas acções. As casas de investimento lançaram-se na aventura de adivinhar o que ape-nas a nova equipa de gestão do banco sabe, apontando para des-contos que colocariam os títulos, no pior dos cenários, na casa dos 1,10 euros.

Além de tentarem adivinhar o desconto a que as acções vão ser alienadas, os analistas avança-ram também com novas avalia-ções para o BCP, em resultado das revisões em baixa das estimativas para os lucros do banco. Os novos “targets” baixaram, na sua maioria, a fasquia dos dois euros e coloca-ram ainda mais pressão nos títulos do BCP já bastante penalizados este ano. Em 2008, as acções do

banco já per-deram mais de 40%, re-tirando 4,35 mil milhões de euros ao valor de mer-cado do BCP que está ago-ra avaliado em 6,2 mil milhões. As notícias de perdas re-l ac ionadas

com a utilização de “off shores” também pesaram na cotação do BCP. Esses prejuízos terão supe-rado largamente os 200 milhões de euros.

Banca penalizada

Mas o BCP não esteve só nas quedas. O BPI e o BES seguiram-no, acompanhando a queda do sector europeu. De facto, todo o sector viveu um mês negativo, a acompanhar a tendência dos con-géneres europeus que voltaram a apresentar contas abaixo do espe-rado e a revelar novas perdas de milhares de milhões de euros por

causa da crise financeira do “sub-prime”.

Note-se, no entanto, que de to-dos os títulos financeiros o banco liderado por Ricardo Salgado é um dos menos penalizados, mas, ainda assim, já perdeu 1,49 mil milhões e está agora avaliado no mercado em seis mil milhões.

Estas quedas da banca, às quais se juntaram as desvalorizações de títulos como a Energias de Portugal e a Portugal Telecom, levaram o índice PSI-20 a ceder globalmente no cômputo do mês de Fevereiro, uma movimentação em linha com a generalidade dos mercados accionistas da Europa.

Sonae Capital: entrar a turbulência

A Bolsa nacional conheceu, no início do mês de Fevereiro, uma nova empresa, a Sonae Capital. A “holding” do grupo Sonae avan-çou para o mercado, mas numa altura conturbada, partindo com um valor de mercado de 420 mi-lhões de euros, o que corresponde à vigésima quarta maior capita-lização bolsista entre as mais de cinquenta empresas listadas na Euronext Lisboa.

Claro está que a acção Sonae Capital foi prejudicada com o nervosismo nas bolsas, onde os investidores procuraram refúgio em empresas de maior dimensão, o que não é o caso da Sonae Ca-pital, que conta com um estatuto de “small cap”. Contudo, numa perspectiva de mais longo prazo, a Sonae Capital poderá ser uma revelação, na medida que traz um novo sector à praça nacional, o tu-rismo, além disso, a maior visibili-dade do “portfólio”, e a cobertura por parte dos analistas pode ter um impacto positivo nas acções.

De acordo com o Santander a nova cotada da praça portuguesa tem ainda potencial para mais su-bidas em Bolsa. O banco de inves-timento avaliou a Sonae Capital

em três euros por acção, ou 750 milhões de euros. O Santander tem uma recomendação de “com-prar” para a empresa, justificando o potencial atribuído à empresa pela perspectiva de melhoria nos resultados a partir do final deste ano, criação de valor através do processo de reestruturação, maior visibilidade do complexo de Tróia e um maior apetite do mercado por “small caps”.

Nem tudo foi negativo

Houve excepções à queda gene-ralizada, como foi o caso da Mota-Engil, animada pela assinatura de um contrato de construção e concessão de uma auto-estrada no México, obra avaliada em 400 milhões de euros. Além disso, a construtora liderada por António Mota ficou também pré-qualifica-da para uma obra na Hungria.

Entre os títulos com “luz verde” no mês sublinhe-se ainda a Cim-por e a Sonaecom, que benefi-ciou do anúncio de investimento de mais de 240 milhões, em três anos, em redes de nova geração, com o objectivo de disponibili-zar estas redes em um milhão de casas (correspondendo a 25% da população portuguesa). Fora do índice principal, a Novabase con-seguiu ganhos significativos, uma valorização para a qual contribuiu o anúncio da assinatura de um contrato de “outsourcing” global de tecnologias de informação com a Electricidade dos Açores no va-lor de 11,5 milhões de euros. No campo das tecnológicas, destaque também para a ParaRede, com a empresa liderada por Pedro Rebe-lo Pinto, cujas acções, que atingi-ram a cotação mais baixa de pelo menos 52 semanas em Janeiro, mais do que duplicaram de valor no último mês. A impulsionar os títulos esteve o anúncio de acordo fusão com a Consiste.

MARTIM PORTO

Bolsa “esquizofrénica” com um “Titanic” chamado BCP

10 60010 80011 000

28-02 29-02 3-03 4-03 5-03

1.51001.52001.5300

28-02 29-02 3-03 4-03 5-03

4.374.394.41

28-02 29-02 3-03 4-03 5-03

98.00

101.00

104.00

28-02 29-02 3-03 4-03 5-03

Estas quedas da banca, às quais se juntaram as desvalorizações de Energias de Portugal e a Portugal Telecom, levaram o índice PSI-20 a ceder

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www.thinkfn.comO Think Finance é um site que resulta do trabalho e experiência de uma equipa que, desde há longos anos, segue o mercado das mais diversas perspectivas, desde a gestão de fundos mobiliários e de pensões, passando pelo trabalho como “brokers” em corretoras, até ao investimento como meros investidores particu-lares. Da fusão de toda essa experiência com o saber académico e os sucessos e insucessos no mercado nasceu este site, que pretende a todos os que aqui acedem compreender o mercado, como funciona, o que faz e porque o faz. Os artigos publicados no site estão subdivididos por várias áreas distintas: “Comentários” com artigos que visam comentar à priori ou à posteriori o que se espera/se passou num dado dia com o mercado, ou

alguns sectores/papéis em particular, por exemplo no âmbito da divulgação de resultados, eventos; “Artigos e Ideias” com artigos sobre aspectos interessantes do mercado de capitais, com um carácter mais dura-douro que os Comentários do dia. Potenciais Ideias fundamentadas para investir ou especular; “Aprendi-zagem” com artigos que visam explicar e ensinar as mais diversas facetas do mercado a quem ainda não as conhece, desde o seu funcionamento, à avaliação de empresas, a formas de investir e especular; “Teses e Ineficiências” com artigos pouco frequentes, que examinam padrões e ineficiências recorrentes do mer-cado, para que os nossos leitores fiquem avisados e em condições de as explorar, quando existam; “Artigos Externos” para expor artigos presentes na Internet, em outros sites, com os links para os ditos, bem como uma breve explicação do que trata o artigo externo; “Ferramentas e Utilitários” com programas e links que permitem melhor seguir o mercado, ou manter o funcionamento do seu computador em condições óptimas; e “Off Topic” com artigos não relacionados com o mercado e sugestões para gastar o que ganhou de uma forma eficiente.

NET INVESTIDOR

RICARDO ARROJA

Pedro Arroja Gestão de Patrimónios S.A.www.pedroarroja.comCapital de risco do Estado

Nas últimas semanas, esta crónica tem incidido so-bre as recentes intervenções do Estado na econo-mia e no sistema financeiro. Depois de ter escrito

sobre fundos soberanos, empresas bandeira e sobre o PPR Público lançado há dias, esta semana é a vez de versar acerca do fundo de capital de risco que o Estado se prepa-ra para criar. O objectivo do fundo, anunciado pelo secre-tário de Estado da Indústria e Inovação, é apoiar projectos nascentes desenvolvidos por pequenas e médias empresas. São os projectos que se encontram nas fases iniciais que, em geral, se designam de “seed capital” ou “start-up”, e conduzidos por empresários que têm ideias mas a quem falta capital. A dotação do fundo será de 370 milhões de euros. A iniciativa é louvável.

No mundo ocidental, o capital de risco é uma das prin-cipais alavancas do investimento e da inovação. Nos países desenvolvidos, as sociedades gestoras de fundos de capital de risco são uma alternativa aos bancos. Aquela ideia pe-regrina de que “para os bons projectos há sempre capital disponível” só é verdade devido às capitais de risco. São estas que, ao contrário dos bancos, financiam muitos pro-jectos de garagem, numa perspectiva de sociedade, que com o tempo se tornam negócios multinacionais. Nos

Estados Unidos ou no Norte da Europa, muitas empre-sas não teriam ganho massa crítica se não tivessem tido o apoio destes agentes. Foram estes que acreditaram no potencial do projecto, que investiram e ajudaram no de-senvolvimento do plano de negócios. E que depois, mais tarde, após terem cumprido o seu papel, contribuíram para o lançamento e dispersão da empresa em bolsa.

A ideia associada ao capital de risco pressupõe que o in-vestimento se realize na fase nascente do projecto. É assim que sucede nos países onde o conceito tem maior adesão. O objectivo do gestor do fundo de capital de risco é inves-tir em vários pequenos projectos, sabendo de antemão que o mais provável é que a maioria falhe. Contudo, o gestor também sabe, assumindo que fez o trabalho de casa, que cada projecto de sucesso tem o potencial de multiplicar por dez o investimento realizado inicialmente. Este gestor conhece as regras do jogo: vai falhar muitas vezes, mas, em compensação, por cada uma em que acertar ganhará muito mais do que aquilo que perderá quando falhar. Por-tanto, o valor esperado é positivo.

Em Portugal, o capital de risco tem estado, até aqui, fo-calizado quase que exclusivamente no chamado capital de desenvolvimento, o que, em linguagem corrente, também

sexta-feira, 07 Março de 2008MERCADOS46

Um livro que surge como um alerta para disciplinar as redes de venda, a fim de utilizarem com mais frequência as novas técnicas de informação, e se ajustarem às realidades do mer-cado segurador, cuja evolução tem sido vertiginosa.

De uma forma objectiva e simples, este livro apresenta, não só conceitos mas orientações e acções práticas para se conseguir uma maior fidelização dos clientes. Sobretudo, preten-de-se alertar para a principal vantagem que, todos devem reconhecer, é a implementação rápida de respostas, para que o cliente saia, sempre, com uma Apólice na mão.

Uma ferramenta muito útil para todos aqueles que querem singrar no sector segurador.

DINÂMCA COMERCIAL

NA ACTIVIDADESEGURADORA

Autor: Luís DanielFormato: 17 x 23,5 cmNº de páginas: 169Preço: A 15

NOVIDADE

Na obra são abordados os seguintes temas:

• Factores de venda;• Vender melhor;• Técnicas de vendas;• Uma equipa eficaz;• Animar uma rede de vendas;• Serviço ao cliente e fidelização;•Atendimento;•Prospecção e Gestão do tempo.

Nome

Morada C. Postal

Nº Contribuinte E-mail

� Solicito o envio de exemplar(es) da obra “Dinâmica Comercial na Actividade Seguradora”.

� Para o efeito envio cheque/vale nº , s/ o , no valor de A

� Debitem A , no meu cartão com o nº , Cód. Seg. emitido em nome de e válido até / .

� Solicito o envio à cobrança. (Acrescem A 4 para despesas de envio e cobrança).

ASSINATURA

Pedidos para:Vida Económica - R. Gonçalo Cristóvão, 111, 6º esq. • 4049-037 PORTO

Tel. 223 399 400 • Fax 222 058 098 • E-mail: [email protected]

se designa por “aumento de capital”. Nos últimos anos, têm também surgido, aqui e acolá, alguns fundos sagazes, como o Explorer ou o Magnum, capazes de identificar empresas mal geridas e conseguir dar-lhes a volta – em geral, despedindo os antigos gestores e contratando gente da sua confiança. Mas a regra não tem sido essa. Na ge-neralidade, os agentes de capital de risco em Portugal têm estado associados aos aumentos de capital de empresas que, repetidamente, têm demonstrado que o melhor que lhes podia acontecer era fechar as portas de uma vez por todas. Ora, o capital de risco, na sua concepção original, não é isto. O objectivo não é levantar cadáveres. É, sim, transformar crianças em adultos saudáveis.

Este fundo de capital de risco é um passo na boa direc-ção. Só é pena ser do Estado. Os contornos práticos do fundo não estão ainda definidos, mas a principal dúvida diz respeito à legitimidade de aplicar dinheiro público – os investidores são os contribuintes – em empresas pri-vadas que, à partida, poderão não produzir bens públicos e cuja taxa de mortalidade é elevada. Ou seja, as regras e os critérios de elegibilidade dos projectos financiados têm de ser muito claros de modo a não criar situações incompatíveis. Por outro lado, o Estado, ao ter a iniciati-va, está a dar o exemplo do que se deve fazer e oxalá este veículo possa ter continuidade noutros geridos pelo sector privado. Por fim, o benefício maior: a prazo, a existência de muitos fundos de capital de risco, os puros, conduzirá à colocação em bolsa de dezenas de novas empresas. E à propagação da modernidade, tão apregoada em Portugal e de que tanto precisamos.

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A FED reviu em baixa as suas previsões para o crescimento da riqueza nos Estados Unidos, fi-xando agora a evolução do PIB entre 1,3% e 2%, que compara com as previsões de Outubro que apontavam para um intervalo en-tre 1,8% e 2,5%. Deste modo, o ponto médio do intervalo de crescimento em 2008 foi, assim,

revisto para 1,7% face a 2,2% an-teriormente.

Por sua vez, o desemprego foi revisto em alta para o intervalo entre 5,2% e 5,3%, enquanto a Reserva Federal, apesar do abran-damento do crescimento, não es-pera que a inflação abrande subs-tancialmente, tendo sido revista em alta a variação dos preços no

consumidor excluindo energia e alimentos para 2% a 2,2%.

De entre os factores condicio-nantes da evolução dos principais agregados da economia norte-americana destaque-se o mercado imobiliário. Ou seja, o desenvol-vimento da economia norte-ame-ricana em 2008 será perscrutado tendo como ponto de referência o sector imobiliário. E, deste ponto de vista, de acordo com os últi-mos dados publicados, o cenário é pouco animador: apesar de a construção de novas habitações ter aumentado 0,8% em Janeiro face a Dezembro, no mesmo perí-odo assistiu-se a uma contracção de 3% nas licenças de constru-ção concedidas, um indicador avançado do comportamento do sector, que atingiu o mínimo dos últimos 16 anos; para além disso, segundo a Countrywide Financial Corp., as prestações

de crédito à habitação em atraso atingiram em Janeiro o nível mais elevado dos últimos seis anos e a execução de hipotecas atingiu os 1,5% o que aumenta a oferta de casas no mercado, aumentando os desequilíbrios existentes.

As vendas de casas usadas vol-taram também a cair em Janeiro, confirmando que a correcção do mercado imobiliário ainda não ter-minou, devendo continuar a pesar negativamente no desempenho da economia. Naquele mês foram vendidas 4,89 milhões da casa, me-nos 0,4% do que no mês anterior; o número de casas por vender au-mentou 5,5% e o preço médio caiu 4,6% face ao período homólogo.

Confiança continua a cair

A confiança do consumidor norte-americano caiu mais do que o esperado, o índice de pre-ços das casas continuou a mostrar queda dos preços da habitação e o comportamento dos preços no produtor veio intensificar os re-ceios quanto a um possível cená-rio de estagflação.

De acordo com o Conference Board, a confiança do consumi-dor caiu para 75 em Fevereiro contra 87,3 no mês anterior, o nível mais baixo dos últimos cin-co anos; e o índice de preços S&P / Case Shiller de Dezembro caiu 2,1% em termos mensais e 9,1% em termos homólogos. Parale-lamente, o índice de preços no produtor de Janeiro aumentou 1% face a Dezembro e 7,4% face a Janeiro de 2007. Face ao com-portamento do IPP, o mercado reduziu a probabilidade atribuída a um corte de taxas por parte da Reserva Federal Fed na reunião de Março para 82%.

No entanto, no final da semana passada, Bem Bernake reiterou que no actual cenário a principal preocupação da Reserva Federal é

o crescimento, considerando que os riscos continuam no sentido de maior enfraquecimento da econo-mia. De acordo com o presidente da FED, estes riscos prendem-se com uma possível deterioração mais pronunciada das condições no mercado imobiliário e de tra-balho. O discurso do presidente da Reserva Federal veio confir-mar a forte probabilidade de que a FED anuncie mais um corte de 50 pontos base na reunião de 18 de Março, colocando a taxa dos “fed-funds” em 2,5%.

Sinais contraditórios na UE

Na Alemanha, o indicador IFO surpreendeu positivamen-te, aumentando para 104,1 em Fevereiro, contra 103,4 no mês anterior. Este comportamento reflectiu uma melhoria da avalia-ção das condições correntes, es-pecialmente no sector do retalho, sugerindo uma possível melhoria do consumo privado no primeiro trimestre deste ano. Entretanto, a última estimativa para o cres-cimento do PIB confirmou que a principal economia da UEM cresceu 0,3% em cadeia e 1,8% em termos homólogos.

Por componentes destaca-se a contracção do consumo privado alemão, enquanto as exportações, que cresceram 1,3% e o inves-timento, que aumentou 1,1%, foram determinantes para o cres-cimento alemão no último tri-mestre de 2007. A taxa de desem-prego, por sua vez, voltou a cair, em Fevereiro, de 8,1% para 8%, com o número de desempregados a reduzir-se em 75 mil.

Em França a confiança do con-sumidor caiu para -35, em Feve-reiro, o seu nível mais baixo dos últimos 20 anos. As expectativas apontavam para que mantivesse o valor de Janeiro (-34).

Martim Porto

Reserva Federal revê em baixa previsões para o PIB

Estados Unidos devem crescer entre 1,3% e 2%A Reserva Federal confirmou na semana passada o que toda a gente anda a dizer: a economia norte-americana está a abrandar para níveis, não recessivos, mas de fraco crescimento. As projecções económicas daquele organismo monetário para a evolução anual em 2008 do PIB foi revisto em baixa para o intervalo entre 1,3% e 2%. Como principais condicionantes apresenta-se a forte contracção no mercado imobiliário e a limitação do acesso ao crédito por famílias e empresas.

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(valores em euros)PRIVATIZAÇÕES E OPV

Nota: * Preços corrigidos pelos “stock-splits” e aumentos de capital entretanto realizados** As cotações das acções da Brisa foram ajustadas, no âmbito do aumento de capital por incorporação de reservas efectuado pela empresa.

sexta-feira, 07 Março de 2008 47MERCADOS

PIB E COMPONENTES DA DESPESANOS ESTADOS UNIDOS (VAR. HOM. EM %)

Fonte: Bureau of Economic Analysis

Privatizações Data da Privatização Capital Disperso Preço da OPV

Corrigido (J)Preço Actual

(J) Variação face OPV

Portugal Telecom 1a fase 6/1/95 14.21% 2.79 8.48 203.51%Portugal Telecom 2a fase 6/11/96 6.66% 3.61 8.48 134.77%Portugal Telecom 3a fase 10/9/97 26.00% 7.45 8.48 13.79%Portugal Telecom 4a fase 7/12/99 3.84% 7.50 8.48 13.07%Portugal Telecom 5a fase 12/4/00 20.00% 9.40 8.48 -9.79%Cimpor - 1a Fase 7/4/94 20.00% 1.51 5.43 260.39%Cimpor - 2a Fase 10/15/96 45.00% 1.98 5.43 174.76%Cimpor - 3a Fase 5/18/98 25.00% 4.05 5.43 33.99%EDP - 1a Fase 6/16/97 29.90% 2.16 3.88 79.63%EDP - 2a Fase 6/29/98 17.45% 4.29 3.88 -9.56%EDP - 4a Fase 7/3/00 25.00% 3.10 3.88 25.16%Brisa - 1a Fase 11/24/97 35.00% 2.42 9.90 309.26%Brisa - 2a Fase 11/9/98 31.00% 4.17 9.90 137.70%Brisa - 3a Fase 5/24/99 20.00% 4.35 9.90 127.59%Brisa - 4a Fase 7/16/01 4.00% 4.95 9.90 100.00%Galp Energia 10/23/06 23.00% 5.81 15.30 163.34%Portucel 3a Fase 11/13/06 25.72% 2.15 2.09 -2.79%

OPV’s Data da OPV Capital Disperso Preço da OPV Corrigido (J)

Preço Actual (J) Variação face OPV

Lisgráfica 6/2/98 26.18% 20.95 0.19 -99.09%Finibanco 6/22/98 21.13% 2.40 2.87 19.58%SAG 7/13/98 25.00% 2.59 1.97 -24.06%Orey Antunes 7/29/98 - 2.31 2.79 20.91%ParaRede 6/28/99 31.50% 1.63 0.17 -89.58%ZON Multimédia 11/16/99 23.55% 13.50 0.00 -100.00%SonaeCom 6/2/00 20.99% 10.00 2.28 -77.20%Impresa 6/6/00 30.00% 10.25 1.61 -84.29%Novabase 4/7/00 33.00% 8.50 3.41 -59.88%Ibersol 9/21/97 49.90% 2.00 7.35 267.50%REN 9/7/07 - 2.75 3.40 23.64%Grupo Media Capital 3/31/04 - 4.35 5.50 26.44%SL Benfica 5/22/07 - 5.00 2.02 -59.60%Martifer 6/26/07 33,33% 8.00 7.73 -3.37%

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As seguradoras não receberam bem o novo regime para os certificados de reforma, vulgarmente designados como PPR do Estado, e querem que o Estado aceite sentar-se à mesma mesa para negociar condições mais equilibradas para a disponibilização dos certificados de reforma. Jaime d’Almeida, presidente da Associação Portuguesa de Segu-radores (APS), entidade que representa mais de 99% das companhias a operar no mercado português, acusou esta semana o Estado de estar a promover condições desiguais para produtos concorrentes de captação de poupanças para a reforma. “Os privados têm condições mais exigen-tes na comercialização e produção dos PPR”, constata Jai-me d’Almeida, lembrando desde logo que as seguradoras são supervisionadas pelo Instituto de Seguros de Portugal, enquanto os novos certificados de reforma não estão su-jeitos a supervisão. Como tal, as seguradoras são obriga-das a cumprir requisitos de capital, tendo que constituir provisões para fazer face ao risco de insolvência, o que não

acontece com o Estado. As companhias seguradoras estão ainda obrigadas a cumprir requisitos de gestão, com regras próprias para gestão de risco e controlo interno, que ten-dencialmente se tornarão mais apertadas com a directiva Solvência II. E cumprem também requisitos de transpa-rência, no que diz respeito à informação pré-contratual disponibilizada e a à publicidade dos produtos. “Tudo isto tem custos”, lembra o presidente da APS, que não vê semelhantes encargos nos certificados de reforma dispo-nibilizados desde sábado. Além disso, os PPR do Estado não são penhoráveis e estão sujeitos a um regime fiscal di-ferenciado.

“Não queremos tirar este produto do mercado, apenas queremos que os PPR públicos e privados concorram em condições de igualdade”, anuncia Jaime d’Almeida, que até considera positiva a introdução de um novo instrumento para reforçar o terceiro pilar da Segurança Social, onde os cidadãos assumem parte da sua responsabilidade na prepa-ração financeira da sua própria reforma, em complemento aos pilares da entidade empregadora e do Estado. Sobre este assunto, Jaime d’Almeida não hesita em considerar que “os portugueses ainda se preparam mal para reforma”. Ainda assim, o presidente da APS acredita que o apare-cimento dos certificados de reforma poderá ajudar a in-centivar os portugueses a preparar melhor o seu sustento após a vida activa. “Não temo que as seguradoras venham a perder mercado, muito pelo contrário. Os cidadãos vão sentir-se mais mobilizados nesta matéria”, prevê Jaime d’Almeida, que admite que as seguradoras venham a sentir

necessidade de adaptar os seus produtos de poupança para a reforma às novas exigências do mercado.

Mercado em crescimento

O mercado de planos poupança reforma tem vindo a crescer e abrange actualmente quase 20% da população portuguesa. Sofreu um revés no início da década, quando o Estado retirou os benefícios fiscais a estes produtos, mas a partir de 2006 os subscritores de PPR puderam voltar a fazer deduções à colecta de 20% dos montantes aplicados, com um limite máximo que varia entre os 300 e os 400 euros, consoante a idade do subscritor. Os bancos e os mediadores de seguros têm sido os principais canais de distribuição dos PPR, que em 2007 voltaram a sofrer novo abalo, não só por causa da conjuntura económica difícil do país, que impediu muitos portugueses de reservar poupanças, mas também pelo fim dos benefícios fiscais para os reformados, que dei-xaram de canalizar as suas poupanças para estes planos. No entanto, os reformados estão também impossibilitados de aderir aos novos certificados de reforma, que apenas podem ser subscritos por trabalhadores no activo ou que, pelo me-nos, descontem regularmente para esquemas obrigatórios de protecção social. Só nos primeiros três dias, o Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social registou 338 subscrições de certificados de reforma, das quais dois terços foram efec-tuados via Internet. Pelo menos 30% das subscrições foram efectuadas por beneficiários com mais de 50 anos.

ANA SANTOS [email protected]

As seguradoras querem negociar com o Estado um regime de concorrência mais justo para os Planos de Poupança Reforma (PPR) privados e públicos. Diferenças nos benefícios fiscais concedidos e nos requisitos de capital, de transferência e de gestão estão na origem da discórdia. O presidente da Associação Portuguesa de Seguradores (APS), Jaime d’Almeida, não teme, no entanto, que as seguradoras venham a perder o mercado já conquistado entre os portugueses que já poupavam para a reforma.

PPR privados (vendidos por bancos e seguradoras) PPR do Estado (Regime Público de Capitalização)

Quem pode aderir

Qualquer cidadão, independentemente dos rendimentos. Pode estar no activo, desempregado, reformado ou ainda nem ter sequer começado a trabalhar.

Pessoas singulares que já descontem para a Segurança Social ou para outros regimes de protecção social de enquadramentos obrigatório. Não está disponível para reformados ou para jovens que ainda não façam descontos para a Segurança Social.

Forma de adesãoSubscrição ao balcão de um banco, seguradora ou junto de um mediador de se-guros.

Preenchimento de um formulário disponível nos balcões de atendimento da Segu-rança Social ou na página da Segurança Social na Internet, em www-seg-social.pt

Montante de subscrição

Cada instituição define a sua política comercial para as entregas mensais, que geralmente são fixadas a partir dos 25 euros mensais. São também admitidas entregas extraordinárias de valores variáveis, consoante a vontade do cliente.

Entregas obrigatoriamente mensais, sob a forma de desconto sobre o vencimento. Beneficiários com menos de 50 anos escolhem entre taxa de 2% ou 4%, a somar aos seus descontos obrigatórios. Para os beneficiários com mais de 50 anos ape-nas está disponível um desconto de 6%.

DuraçãoAté aos 60 anos do beneficiário ou do cônjuge, se for um bem comum. Há possi-bilidade de resgate antecipado, com penalizações.

Até à idade de reforma, sem possibilidade de resgate antecipado. Anualmente, o beneficiário pode suspender as contribuições. Se não o fizer, a renovação é automática.

Protecção

Capital pode ser levantado em situação de reforma por velhice, desemprego de longa duração (do titular ou familiar), incapacidade permanente para o trabalho (do titular ou familiar), doença grave (do titular ou familiar) ou quando o titular atingir os 60 anos.

Capital pode ser levantado em situação de reforma por velhice ou invalidez abso-luta do titular.

Benefícios Fiscais

Dedução à colecta de IRS de 20% dos valores aplicados, com o limite de 400 euros para beneficiários até 35 anos; 350 euros para beneficiários dos 35 aos 50 anos e 300 euros para maiores de 50 anos.

Dedução à colecta de IRS de 20% dos valores aplicados, com o limite de 350 eu-ros. Este benefício fiscal é acumulável com benefícios fiscais dos PPR privados.

Investimentos

Seguradoras podem definir política de investimentos, com limite máximo de 55% em acções, de 20% em imobiliário, de 20% em dívidas de curto prazo e de 20% em empréstimos hipotecários. Sem limite para investimentos em dívida pública e dívida privada.

Limite mínimo de 50% em dívida pública, máximo de 40% em dívida privada, máximo de 25% em acções, máximo de 10% em fundos de investimento imo-biliários, máximo de 10% em fundos imobiliário mistos e máximo de 15% em exposição cambial não coberta.

Rendimento Beneficiário pode escolher produtos com rendimento garantido, com rendimento de capital ou sem qualquer garantia.

Sem garantia de rendimento ou de capital.

Penhoras Penhorável. Impenhorável.

Quem gere As seguradoras com as quais foi celebrado o contrato. Instituto de Gestão de Fundos de Capitalização da Segurança Social.

Supervisão Instituto de Seguros de Portugal. Sem exigências.

Reembolso

Beneficiário pode escolher entre várias modalidades:- receber o capital por inteiro;- receber o capital em entregas periódicas a definir;- receber rendas mensais vitalícias;- outra modalidade de combinação das hipóteses anteriores.

Por defeito, o capital é recebido sob a forma de renda vitalícia, como complemen-to da reforma, mas o beneficiário pode optar por receber a totalidade do capital ou transferi-lo para o regime de capitalização público do cônjuge ou dos filhos. Pode também optar por uma modalidade combinada das hipóteses anteriores.

Transmissão por morteSe a morte ocorrer antes das situações protegidas, os herdeiros recebem a totali-dade do plano. Após as situações protegidas, e em caso de reembolso por rendas, beneficiário pode acordar com seguradora a modalidade de transmissão.

Se a morte ocorrer antes das situações protegidas, os herdeiros recebem a totali-dade do plano. Nos três primeiros anos após a morte, e em caso de reembolso por rendas, o capital restante reverte a favor do Estado.

COMPARATIVO DE PLANOS POUPANÇA REFORMA

sexta-feira, 07 Março de 2008MERCADOS48

Presidente da Associação Portuguesa de Seguradores quer chegar a acordo com o Estado sobre os certificados de reforma

Seguradoras querem mesmas regras de concorrência para PPR do Estado

Jaime d’Almeida, presidente da Associação Portuguesa de Seguradores (APS).

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Actividade internacional dos grandes bancos portugueses em 2007 explica subida

Crédito às empresas cresce 17,5% A carteira de crédito para o conjunto dos

cinco maiores bancos a operar no mercado nacional — CGD, BCP, BES, Santander-Totta e BPI — registou, no final de 2007, um crescimento médio da ordem dos 14% face ao final de 2006, assim distribuído: 11,4% para o segmento dos particulares e 17,5% para o das empresas.

Se atentarmos no mais baixo ritmo de crescimento global do crédito — 5,9% — ele verifica-se no SantanderTotta que, estando integrado num grande grupo a nível mundial, não exerce, ou seja, não as-sume autonómicamente uma estratégia de internacionalização. Analiticamente, de-vemos pois observar o comportamento da actividade internacional dos outros quatro grandes bancos da amostra, concluindo que desde logo a respectiva taxa de cresci-mento do crédito em 2007 rondou global-mente os 15%, sendo que na área interna-cional o crescimento foi de 31,5% versus 12,5% na área doméstica.

Verifica-se, pois, uma crescente interna-cionalização dos grandes bancos nacionais, o que pode ser bem evidenciado no peso relativo que a actividade no exterior teve em 2007 nos resultados líquidos (média de 18% para o conjunto referido dos quatro bancos) e no volume da carteira de crédito (mais de 15% para a mesma amostra e período). BES e BCP apresentam uma maior importância relativa do contributo das res-pectivas actividades no exterior, mas temos que destacar na CGD o au-mento de 5% para 12% do contributo da área internacional para os resultados líqui-dos finais.

Caixa Geral de Depósitos cresce 32,5% no crédito a empresas

Interessa agora desdobrar a análise pelos segmentos dos particulares e das empresas. Para a mesma amostra dos cinco maiores bancos, temos em 2007, como atrás se re-feriu, uma taxa de crescimento do crédito global de 11,4% para os particulares e de 17,5% para o segmento das empresas, e negócios. O peso deste segmento represen-ta — para esta amostra - 52% do crédito global, e complementarmente 48% estão afectos aos particulares (onde o crédito à habitação representa mais de 80%).

No crédito a particulares, devemos sobretudo destacar o Millennium Bcp com uma taxa de crescimento de 15,1% — 15,7% no crédito habitação — taxa esta bastante acima da média verificada (11,4%) e devemos também constatar que todos os outros quatro bancos rondam apenas valores próximos dos 10% de cres-cimento anual.

No crédito às empresas e negócios (taxa

média de crescimento de 17,5% para a amostra em análise), cabe destacar o di-namismo verificado na CGD (crescimen-to de 32,5%!), no BES (21,5%) e, mais atenuadamente, no BPI (18,5%). Por sua vez, o MillenniumBcp apresenta um dina-mismo abaixo da média neste segmento, mas é o SantanderTotta que menor cres-cimento evidencia — apenas 2,5%. E isto apesar do esforço que tem feito na pene-tração no domínio das micro empresas e das PME, onde o crescimento do crédito em 2007 chegou aos 16,5%, contrariado pela desaceleração de cerca de 11% na car-teira de crédito às grandes empresas cujo peso é ainda de facto mais relevante.

Internacionalização dos bancos alavanca crédito às empresas

Como atrás se referiu, os valores globais obtidos pelos grandes bancos nacionais para a carteira de crédito foram, de certo modo, alavancados pela sua actividade in-ternacional. A reiterar esta afirmação estão os dados (relativos a 2007) disponibili-zados pelo recente Boletim Estatística do

Banco de Portugal no que se refere ao crédito interno concedido pelo sistema bancário a par-ticulares e às empresas. Ora se a taxa global de crescimento do crédito interno foi de 10,2% para os particulares, ou seja, um pouco mais baixa que a da média dos grandes bancos (11,4%), já no caso das empresas os dados

do Banco de Portugal apontam para um crescimento da ordem dos 14%, valor bas-tante mais baixo que os 17,5% alcançados pelos bancos da amostra.

É pois óbvio que a internacionalização da banca — procurando a diversificação de mercados e dos riscos, bem como no-vos patamares de rendibilidade - é tam-bém motor da própria lógica de expan-são estratégica das empresas, sendo pois compreensível que neste segmento das empresas a variação do crédito global dos bancos seja mais significativa face ao valor estrito do crédito interno. Certamente que este adicional de crédito não tem “servido” propriamente as microempresas e as PME, que constituem a maioria do tecido pro-dutivo nacional. Mas não deixa por isso de constituir um indicador específico, ainda que parcial, da própria internacionalização da economia portuguesa que os bancos as-sumem como objectivo instrumental.

Santander Totta: o melhor posicionado na qualidade do crédito, eficiência operativa e solvabililade

Quanto à qualidade da carteira de cré-

dito dos bancos integrados na amostra analisada, medida pela relação do crédito vencido há mais de 90 dias face ao total do crédito, constatamos um valor mé-dio muito aceitável, cerca de 1%. O va-lor mais baixo deste rácio encontra-se no SantanderTotta (0,46%), aliás banco onde é maior o grau de cobertura deste crédi-to por provisões (378,2%). Por sua vez, o valor mais elevado deste rácio situa-se na CGD (1,8%), precisamente a instituição onde o grau de cobertura por provisões é mais baixo, ainda que suficiente (137,9%). O MillenniumBcp apresenta um rácio bastante baixo da ordem dos 0,7% e no BES e BPI o valor é de 1%, todos eles com bons níveis de cobertura do risco.

A eficiência constitui inquestionavel-mente uma das preocupações basilares da actividade dos grupos bancários pois per-mite através da contenção de custos gerar novos patamares de lucratividade. Em re-gra, medida pelo rácio “cost to income”, a eficiência revela-se particularmente no-tória no Santander Totta (44,5%) e tam-bém no BES (47,5%), ao mesmo tempo que evidencia uma menor performance no MillenniumBcp (62%). Na CGD e BPI os valores são, respectivamente, de 56,3% e 53,7%.

Interessante é comparar o valor destes rácios com o de grandes bancos interna-cionais (só como exemplo o Banco Popu-lar-Espanha apresenta uma eficiência no-

tável abaixo dos 40%) para concluirmos o caminho que as instituições bancárias por-tuguesas vão continuar a trilhar na busca de ganhos efectivos de produtividade.

Uma abordagem complementar a uma rubrica sensível e fulcral no âmbito do Ba-sileia II: a solidez financeira dos bancos, ou seja, a sua solvabilidade, que deve tra-duzir uma adequação dos capitais próprios dos bancos ao nível dos seus activos pon-derados pelos respectivos riscos.

Torna-se de facto um indicador da maior ou menor possibilidade de expansão sem riscos inadequados, sendo que o indicador de medida “strictus sensu” é o Tier1. Den-tro dos cinco grandes bancos analisados, a melhor situação neste domínio é do a Santander Totta, com um valor de 9,5% (recorde-se que também apresentou os melhores níveis de eficiência e de rentabi-lidade dos capitais próprios) e a pior verifi-ca-se no BCP (5,5% e tendência de pioria nos últimos meses). O Tier 1 para CGD, BES e BPI era no final de 2007 de Interr 6,8%, 7,4% e 6,2%. respectivamente.

Uma referência final aos resultados lí-quidos consolidados que em 2007, e para a amostra dos cinco maiores bancos, acu-saram um acréscimo de apenas 8% (2% na actividade domestica e mais de 60% na in-ternacional). Refira-se que a CGD repre-sentou 30% dos resultados do conjunto, cabendo ao BCP a pior “performance”.

A.M.

sexta-feira, 07 Março de 2008 49MERCADOS

A internacionalização da banca nacional é também um motor da estratégia de expansão das empresas

Fonte: Bancos e Banco de Portugal

TAXA DE CRESCIMENTO ANUAL DO CRÉDITO EM DEZ. 07 POR SEGMENTO (5 MAIORES BANCOS)

Particulares Empresas

CGD 10.10% 32.10%

BCP 15.10% 13.10%

BES 9.50% 21.50%

S.TOTTA 9.00% 2.50%

BPI 10.60% 18.30%

GERAL 11.40% 17.50%

Sistema Bancário Créd-Interno 10.20% 14.00%

INTERNACIONALIZAÇÃO DOS MAIORES BANCOS2007 (INDICADORES)

Taxa de crescimento anual Resultados liquidos

Taxa Crescimento Anual Crédito

Área Doméstica Área Internacional Área Doméstica Área

InternacionalCGD 8.20% 175.00% 15,7% (a) 18,3%(a)BCP -37.20% 64.70% 8.30% 45.00%BES 42.00% 51.90% 13.50% 38.50%S.TOTTA 20.00% (b) 5.90% (b)BPI 15.10% 14.70% 14.90% 54.00%

GERAL 2.00% 62.80% 12.50% 31.50%(a) estimativa com base no doc de apresentação de resultados (b) O Santander Totta actua especificamente só em Portugal no âmbito do Grupo Internacional Santander.Fonte: Bancos

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A nossa análise

Renda Certa Especial 2008 (2ª Série) do BCP pode chegar aos (mas não garante) 4,3%O “Renda Certa Especial 2008 (2ª Série)”, comercializado pelo Millennium BCP, na modalidade de seguro de capitalização, oferece uma taxa de remuneração apelativa: taxa média a oito anos de 4,3%. No entanto, importa sublinhar que se trata de taxas indicativas, que são também taxas máximas, e que não está garantido o capital inicialmente investido.

O “Renda Certa Especial 2008 (2ª Série)” como produto de aforro “unit-linked”, beneficia, de um regime fiscal favorável e de uma rendibilidade potencial bastante atractiva. Para além disso, existe a possibilidade de alteração das opções de investimento, em função da evolução do mercado de capitais e de obtenção de liquidez imediata (por resgate ou endosso). Mais, os investidores são activos na definição/gestão do seu próprio investimento.

CONSELHO

MARTIM [email protected]

Sem capital garantido

O BCP tem no mercado um seguro de capitalização “unit-linked (produtos de poupança de médio e longo prazo, sob a forma de seguros de vida que investem os seus prémios num fundo autónomo de investimento, garantindo liquidez e com benefícios fiscais), o “Renda Certa Especial 2008 (2ª Série)”, com o pagamento trimestral de rendimentos e com um plano de resgates parciais programados.Note-se, no entanto, que este produto não garante os montantes inicialmente investidos, existindo por isso o risco de perda de capital. O “Renda Certa Especial 2008 (2ª Série)” tem um prazo de oito anos e um dia, iniciando-se no próximo dia 26 de Março e terminando a 27 de Março de 2016), remunerando o capital investido com uma taxa anual nominal líquida crescente: 4% entre o primeiro e o terceiro ano, 4,2% entre o quarto e o quinto ano, 4,25% no sexto e sétimo ano e 5,5% no último período. Em

Apesar de o “Renda Certa Especial 2008 (2ª Série)” ter uma taxa de remuneração apelativa (taxa média a oito anos de 4,3%), a mesma não é garantida. Ou seja, este produto não atribui participação nos resultados, pelo que as taxas de remuneração, além de indicativas, são também taxas máximas. Acresce sublinhar que também não está garantido o capital inicialmente investido.

CONSELHO

A evolução da platina não foge à regra do que se tem passado no mercado das maté-rias-primas. Esta semana, atingiu valores recordes em Londres. Des-de o início do ano, a sua va-lorização já ascende a 50%, pelo que o preço rondou os 2272 dólares a onça.

Esta situação de alta acele-rada fica a dever-se sobretudo ao maior produtor mundial, a África do Sul. As minas estiveram fechadas durante cinco dias no mês passado e a exploração está a atravessar um período de restrição. As necessidades normais estão

a ser utilizadas cerca de 10% abaixo do ha-bitual. Por sua vez, a procura continua a crescer no mercado das matérias-primas.

De facto, a tendência dos investidores é para encon-trarem refúgio neste tipo de produtos quando se afastam dos mercados de capitais, devido à sua volatilidade. Também representa uma es-capatória à inflação crescen-te. De salientar que todas as matérias-primas têm regista-do aumentos dos respectivos

custos, sendo que os metais preciosos, em especial o ouro, estão na linha da frente.

Platina atinge máximos na praça londrina

sexta-feira, 07 Março de 2007MERCADOS50

termos médios, o “Renda Certa Especial 2008 (2ª Série)” garante uma TANL de 4,3%.Este “unit-linked” permite o resgate a partir do primeiro trimestre e no final de cada trimestre, sujeito ao valor da unidade de conta na data de resgate, e com um máximo do capital investido e ainda não resgatado; ao valor de resgate total será deduzida a tributação em sede de IRS, à taxa correspondente à anuidade em que o resgate é efectuado, sobre os rendimentos obtidos; caso o resgate ocorra antes do oitavo ano, haverá lugar a tributação de 20% sobre o rendimento se o resgate ocorrer até ao quinto ano, ou 16%, se ocorrer entre o quinto e o oitavo, estando a taxa de 8%, que corresponde à tributação em sede de IRS a partir do oitavo ano (na data de vencimento do contrato), já considerada no cálculo da taxa de valorização anual respectiva.Para além disso, permite o endosso total, em qualquer momento, mas sujeito a uma comissão de 0,25%, com máximo de 100 euros. Note-se, no entanto, que, embora a figura do endosso esteja prevista, não estão especificadas as condições em que o mesmo se realiza.

Produto com risco variável

O “Renda Certa Especial 2008 (2ª Série)”, devido a ter uma taxa indicativa atraente, não raras vezes faz com que os aforradores/investidores ignorem as restantes características deste tipo de seguros. Deste modo, de forma a não tomar a decisão sem estar completamente informado, deve ser referido que este produto transfere o risco de uma carteira de obrigações para os clientes. Ou seja, tal como o prospecto informativo do seguro esclarece, o “Renda Certa Especial 2008 (2ª Série)” possui uma carteira de obrigações com diferentes riscos subjacente: obrigações do grupo de construção Soares da Costa, da pasteira Celbi e do grupo José de Mello, que não possuem notação de risco, e dos grupos financeiros internacionais UBS Capital (AA pela S&P e Fitch), Groupe Caisse d’Epargne (AA pela S&P), Dexia Funding Lux (AA+ pela Fitch), Credit Agricole (AA- pela S&P) e BNP Paribas (AA+ pela S&P).Finalmente, note-se que este produto é considerado “Não Normalizado”, por ultrapassar o limite de 10% de exposição a uma única entidade, sendo classificado como um ICAE (instrumento de captação de aforro estruturado) e comercializado no âmbito da actividade seguradora, pelo que, dentro do grupo BCP, é a companhia de seguros de vida Ocidental a responsável pela sua exploração.

A papeleira Portucel tem objectivos am-biciosos. Pretende aumentar as suas expor-tações em cerca de 350 milhões de euros até ao final da década, o que se cifraria em cerca de 1,7 mil milhões de euros, quanto às exportações nacionais, contra 1,23 mil milhões obtidos no ano passado.

Caso aquele objectivo seja alcançado, então o aumento pretendido representa-ria perto de 74% do total previsto das exportações nacionais de pasta e papel até ao fim da década. Esta a perspectiva manifestada por José Honório, presiden-te do grupo, durante a apresentação do projecto da nova fábrica em Setúbal. A nova unidade vai representar um investi-

mento de cerca de 500 milhões de euros para o maior produtor nacional de pasta e papel.

Entretanto, o empresário fez saber que está a considerar a possibilidade de cons-trução de outras unidades produtivas de celulose, para o que serão destinados 1,5 mil milhões de euros. No entanto, não foi adiantado se esses investimentos serão realizados interna ou externamente. Num momento em que a concorrência se faz sentir cada vez mais também neste mer-cado, as empresas do sector sentem-se na necessidade de reforçarem a sua capacidade produtiva, de resposta e com preços com-petitivos.

Portucel quer acelerar exportações

Todas as matérias-primas têm registado aumentos dos respectivos custos

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XETRA DAX

Esta semana ti-vemos reunião do BCE, mas a ex-pectativa continua a ser de manuten-ção das taxas em 4%. Os últimos dados económicos foram razoáveis, mas a inflação não dá mostras de que-rer recuar, mesmo

com o euro a subir a novos máximos face ao dólar passando a barreira dos 1,50.

Esta semana, alguns membros do BCE,

inclusivamente Trichet, deram a entender estar preocupados com a recente evolução do euro. Frisaram que esta é a primeira vez que o Banco Central se mostra verdadeira-mente preocupado com a situação, que na sua opinião não reflecte os fundamentais económicos do mercado. Mesmo com esta evolução do dólar, a inflação na Zona Euro em Fevereiro terá batido novo máximo, fixando-se nos 3,2%. A inflação no pro-dutor também não pára de subir, e com o emprego a subir na Alemanha, existe o ris-co de mais sindicatos conseguirem aumen-tos significativos. Por todos estes efeitos, o mercado já desistiu de acreditar em cortes

de taxas até Maio, tendo a expectativa de cortes até final do ano caído de 1,00% para 0,50%. Olhando para as Euribor, conclui- -se também que a situação não melhora. Os prazos a partir de 3 meses estão basicamente a 40 bps da taxa de referência, reflectindo as notícias que quase todos os dias dão conta das dificuldades que muitas instituições fi-nanceiras estão a passar. No que respeita a dados económicos, os últimos têm sido mo-deradamente postivos para a Zona Euro. A confiança dos empresários alemães voltou a subir, se bem que a componente de expec-tativas futuras tenha voltado a piorar.

O mercado obrigacionista voltou a subir,

reflectindo a aversão ao risco quer nas ac-ções quer em crédito. Nos EUA os sinais de uma recessão são cada vez mais fortes, levando ao refúgio em títulos de Tesouro a curto prazo, forçando os 2 anos a um ren-dimento de 1,69%. Também na Europa os títulos de Tesouro têm tido maior procura, com os 10 anos a regressarem aos 3,90%.

Os FRA para o segundo semestre conti-nuam a parecer atractivos, em especial con-tra a Euribor 6 meses, pois, para além de incorporarem cortes até 50 bps, reflectem a eventualidade de um mercado monetário normal.

Análise de mercados produzida a 04-Mar-2008

FILIPE [email protected]

Eur/Usd finalmente quebra 1,50

Mercado Monetário Interbancário

Mercado Cambial

YIELD CURVE EURO E DÓLAR EURIBOR - 3 M, 6 M E 1 ANO YIELD 10 anos euro benchmark

EUR/USDCom a quebra em alta de

1,50, o padrão de consolidação triangular que já durava há al-guns meses foi finalmente ultra-passado no Eur/Usd. O cenário de médio longo prazo do euro

continua a apontar valores mais altos, com o Eur/Usd já a cotar em novos máximos de sempre. O primeiro objectivo em alta após a quebra foi já alcança-do acima de 1,52, na paralela da linha inferior do triângulo.

No entanto, no médio prazo, a quebra da consolidação poderá apontar para valores na casa de 1,57 dólares.

No sentido descendente, apenas a quebra em baixo dos 1,4700 dólares coloca em causa o cenário de alta do Eur/Usd.

EUR/JPYO iene voltou a não conseguir

sequer chegar acima de 162, re-cuando rapidamente mais de 5 “figuras”. O contexto de médio prazo do “cross” continua bas-tante indefinido.

Há suportes nos 155,90, 154,80 e 152 ienes.

Resistências nos 159,60, 161,50 e 162,30 ienes.

EUR/GBPO “cross” registou um novo

ANÁLISE TÉCNICA - PSI-20 - XETRA DAX

EUR/USD 1.5196 -0.05% 2.19% 3.23%

EUR/JPY 157.65 0.55% -0.18% -4.41%

EUR/GBP 0.7685 0.33% 2.78% 4.79%

EUR/CHF 1.5807 0.13% -1.52% -4.47%

EUR/NOK 7.8565 -0.86% -2.72% -1.28%

EUR/SEK 9.3627 -0.03% -1.16% -0.83%

EUR/DKK 7.4493 -0.02% -0.05% -0.12%

EUR/PLN 3.5291 0.06% -2.63% -2.01%

EUR/AUD 1.6405 0.80% -1.66% -2.10%

EUR/NZD 1.9076 0.06% 0.61% 0.27%

EUR/CAD 1.5084 0.91% 1.60% 4.39%

EUR/ZAR 11.7997 -1.58% 6.19% 17.65%

EUR/BRL 2.5452 -0.98% -3.01% -1.63%

Taxas MMIT/N 3.981 W 4.032 W 4.091 M 4.112 M 4.213 M 4.316 M 4.319 M 4.311 Y 4.31

CONDIÇÕES DOS BANCOS CENTRAIS DATA

Euro Refinancing Rate 4,00% 26/06/07BCE Euro Marginal Lending 5,00% 26/06/07 Euro Deposit Facility 3,00% 26/06/07

EUA FED Funds 3,00% 30/01/08R.Unido GB Prime Rate 5,25% 07/02/08Suíça Target Libor 3M 2,75% 13/09/07Japão Repo BoJ 0,50% 21/02/07

EURO FRA’SForward Rate AgreementsTipo* Bid Ask1X4 4.348 4.3683X6 4.195 4.2051X7 4.320 4.3403X9 4.090 4.1106X12 3.765 3.78512x24 3.420 3.440*1x4 - Período termina a 4 meses, com início a 1M

EURO IRSInterest Swaps vs Euribor 6MPrazo Bid Ask2Y 3.847 3.8673Y 3.833 3.8485Y 3.944 3.9598Y 4.173 4.19310Y 4.311 4.33120Y 4.626 4.66630Y 4.634 4.674

Evolução euribor (em basis points) 05.Mar.08 10.Agos.07 31.Agos.07

1M 4.203% 4.239% -0.036 4.459% -0.2573M 4.399% 4.454% -0.055 4.743% -0.3441Y 4.404% 4.634% -0.231 4.779% -0.376LEILÕES BCE Last Tender 4/Mar.Fev.08Minium Bid 4,00%Marginal Rate 4,11%

PSI-20 - Numa perspectiva de longo prazo, o índice contínua numa tendência de alta, se analisado na esca-la linear. Existe uma linha de tendência ascendente em vigor desde meados de 2003, que continua em vigor. Actualmente essa linha “vale” cerca de 10 000 pontos (na escala logarítmica a mesma linha foi quebrada mo-mentaneamente, estando o índice de novo acima dela). Durante os anos de 2006 e 2007 o índice afastou-se da linha de tendência, mas está agora a aproximar-se da mesma através de um movimento lateral, algo que sucedeu entre 2004 e 2005, como se pode observar no gráfico. Parece-nos que só a quebra em baixa desta linha de tendência poderá significar o fim deste movimento de alta do PSI20 para o longo prazo. Para já os argu-mentos técnicos parecem favorecer uma repetição dos movimentos de 2004 e 2005, mas há que reconhecer uma desaceleração do índice e sobretudo de registar um “lower-high” na última tentativa em alta.

XETRA DAX - Após o DAX ultrapassar a resistên-cia “crucial” entre 8135 e 8150 pontos, valor que já tinha limitado o índice em alta no ano 2000, iniciou-se um processo correctivo.

A linha de tendência de alta “equivalente” à do PSI20 foi já quebrada, ainda que o índice tenha posteriormente recuperado. O “topo” de médio prazo parece formado e o DAX parece estar em modo de correctivo no médio prazo.

Há suportes a 6385/6400 pontos, com 6200 pontos a seguir. O DAX tem tentado reagir à que-da recente, mas não conseguiu ir mais longe do que os 7085 pontos, primeiro “fibonacci” desta descida. Do um ponto de vista de médio prazo, o cenário pode deteriorar-se na perda de 6400 pon-tos. Tendo em conta as correcções de “fibonacci”, os objectivos do DAX de médio prazo são 5850 e 5150 pontos.

FIXING Variação Variação Variação 05.Mar.08 Semanal (%) no mês (%) desde 1 Jan. (%)

BCE preocupado com o euro

PSI-20

máximo na semana passada, junto de 0,7680 libras por euro. No curto prazo, esse é o nível de resistência a ter em conta, já que foi testado três vezes.

A sua eventual quebra deverá conduzir a uma extensão do mo-vimento em pelo menos 70 pips.

Suporte de curto prazo nos 0,7610, com 0,7515 a seguir.

EUR/DÓLAR

sexta-feira, 07 Março de 2008 51MERCADOS

4.250

4.350

4.450

4.550

4.650

4.750

4.850

3-Aug 2-Sep 2-Oct 1-Nov

3.8

3.9

4.0

4.1

4.2

4.3

4.4

4.5

Aug Sep Oct Oct Nov Dec Jan Feb2.50

3.00

3.50

4.00

4.50

5.00

1 W 1 M 2 M 3 M 6 M 9 M 1 Y 1 Y 2 Y 5 Y 10Y

30Y

EUR

USD

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Como se pode descrever o comportamento da acção da Jerónimo Martins nas últimas duas semanas?O pior parece já ter passado, pois o pior período foi a semana que sucedeu à apresentação dos resultados do exercício de 2007, com a acção a cair em termos acumulados mais de 20%, depois de ter derrapado 10% na sessão que se seguiu à apresentação dos referidos resultados. Acontece que na base deste movimento recessivo está uma razão caricata. Descre-va-se: a Jerónimo Martins apresentou um aumento nos lucros de 13% para 131,3 milhões de euros, isto quando os analistas estimavam que os lucros da empresa tives-sem aumentado 13,5% para uma média de 131,86 milhões de euros. Ou seja, uma diferença de menos de um ponto percen-tual foi a pedra-de-toque para que a acção perdesse mais de 20% do seu valor!E nem a notícia de que o negócio da com-pra da rede Plus, ao grupo Tengelmann, em Portugal e na Polónia anunciada no fi-nal do ano, deverá obter a deliberação da Autoridade da Concorrência ainda durante o primeiro semestre deste ano conseguiu animar as acções.

Concentremo-nos então no essencial e descrevam-se os fundamentais de 2007 da Jerónimo Martins?A segunda maior empresa retalhista apre-sentou, para além do referido aumento nos lucros de 13% para 131,3 milhões de euros, um “cash flow” operacional a subir 10,2%, para 351,4 milhões de euros, e vendas de

5,3 mil milhões de euros (+21,4% face ao mesmo período de 2006).Note-se, no entanto, que do total das ven-das consolidadas 44,7% foram realizadas pela rede “discount” polaca Biedronka, 21,2% pela rede de supermercados Pin-go Doce, 15% pela rede de hipers e mini-hipermercados Feira Nova, 11,7% pela actividade grossista da recheio e 4,6% pela operação industrial, onde a JM está presente via parceria com a multinacional Unilever. Na Polónia o crescimento foi de

39,5% em euros, com um aumento de 21,15 para o mesmo parque de lojas, sem aberturas ou encerramentos. Em Portugal, o Pingo Doce cresceu 17,5% em vendas totais, enquanto na rede Feira Nova os mesmos indicadores resultaram num avan-ço de 8,3% e num decréscimo de 4,3%, respectivamente. Já os resultados financeiros sofreram um agravamento de 39,9%, de 42,3 milhões de euros negativos para 59,2 milhões de euros negativos, o que a administração justifica pelo programa de investimento do grupo (a Jerónimo Martins investiu 468,5 milhões de euros em 2007, dos quais 57,3% em Portugal e 47,7% na Polónia), pelo aumento do custo médio da dívida re-sultante do aumento das taxas directoras e pelos custos das operações de “hedging” da taxa de juro. Nos resultados não recor-rentes, destaque para a mais-valia de 22,3 milhões obtida com a alienação de acções do BCP e venda de imóveis não afectos à operação da companhia.

Como é que os analistas reagiram a estes resultados no seu conjunto?A maior parte dos analistas refere que a margem operacional ficou aquém das ex-pectativas, sobretudo por acção da área industrial, que terminou o ano com uma margem de 14,1% quando era esperada na casa dos 17%, decorrente do aumento do preço de algumas matérias-primas. Foi relevada também a importância do ne-gócio na Polónia para os resultados con-solidados do grupo Jerónimo Martins, su-blinhando que a melhor do que esperada performance das margens na Polónia com-pensou parcialmente a mais baixa do que o previsto performance em Portugal. Para além da performance operacional da área industrial e do comportamento do retalho em Portugal, os analistas relevam também os custos financeiros, que foram mais ele-vados do que o previsto.

Martim Porto

CONSULTÓRIO FINANCEIRO

Jerónimo Martins penalizada apesar de lucros subirem 13%

Até à apresentação dos resultados de 2007 a Jerónimo Martins era uma das acções da praça portuguesa que melhor resistiam às quedas nos mercados. No entanto, pelo simples facto

de os lucros terem subido menos um ponto percentual que o estimado — ainda assim, subiram 13%—, o mercado penalizou este título ao ponto de o fazer cair mais de 20%!

3/12/2007 5/3/20084.5

4.7

4.9

5.1

5.3

5.5

5.7

ACÇÃO JERÓNIMO MARTINS CAI DEPOIS DO “MINI-CRASH”.

sexta-feira, 07 Março de 2008MERCADOS52

Citi Portugal alarga oferta na banca de retalhoO Citi Portugal lançou, recentemente,

a sua nova área de negócio no mercado nacional. Trata-se da banca de retalho, o que alarga a sua oferta de produtos na banca de consumo. Até agora, a sua actuação estava centrada nos cartões de crédito.

O banco norte-americano pretende, deste modo, “refrescar” o leque de oferta bancária no mercado português, por via da disponibilização de produtos de depó-sito. A sua política assenta na simplicidade e sem riscos adicionais para os clientes. No crédito, também se pretende que o proces-so seja rápido, simples e sem burocracias. Refere o banco a este propósito: “De modo a possuir a oferta mais competitiva ao ní-vel das contas à ordem e crédito pessoal, o banco aposta numa abordagem mais di-recta e cómoda para o cliente, através dos canais internet e telefone.”

O Citi representa a maior empresa do mundo de serviços financeiros, com mais de 200 milhões de clientes em 100 países. Possui produtos de banca de retalho e de crédito ao consumo, banca de investimen-to e para empresas, corretagem de títulos e gestão de património. Inclui as marcas Citibank, CitiFinancial, Primerica, Smith Barney, Banamex e Nikko.

Interbolsa desenvolve

novo sistema de liquidação

em moeda estrangeira

A Interbolsa tem no mercado um novo sistema de liquidação em moeda estran-geira. A empresa gestora refere, em comu-nicado, que o sistema recorre, para efeitos de liquidação financeira, a pagamentos em moeda estrangeira do tipo do operado pela CGD. Possibilita o pagamento de juro, amortizações e liquidação de operações de mercado, na Euronext Lisbon.

O novo sistema aceita operações a li-quidar financeiramente em dólares nor-te-americanos, libras esterlinas, ienes e francos suíços. A Interbolsa adianta que, numa fase posterior, haverá a possibilidade de proceder à extensão a outras moedas es-trangeiras. Com a iniciativa, complementa a entidade gestora, pretende-se contribuir para o desenvolvimento do mercado de capitais nacional e dos sistemas de liqui-dação.

O sistema de pagamentos em moeda estrangeira, neste caso concreto, segue o conceito e os princípios do Commercial Bank Money. Basicamente, trata-se de complementar os serviços de liquidação de operações sobre valores mobiliários, em euros, prestados pela Interbolsa. Consiste em apoiar os potenciais emitentes de valo-res denominados em moeda diferente do euro, ainda segundo a empresa.Fonte: Jerónimo Martins

RESULTADOS 2007 VS. 2007 DA JERÓNIMO MARTINS

2007 2006Δ%

milhares de euros % milhares de euros %

Proveitos 5 349 678 4 407 175 21.4%

Margem 1 224 754 22.9% 1 042 915 23.7% 17.4%

Custos operacionais -869 000 -16.2% -721 568 -16.4% 20.4%

Provisões -4 323 - 0.1 % -2 565 -0.1 68.6%

EBITDA 351 4.30 6.6% 318 782 7.2% 10.2%

Depreciações -126 721 -2.4% -107 028 -2.4% 18.4%

Res. Antes Enf. fi-nanc. e Imp.

224 708 4.2% 211 754 4.8% 6.1%

Res. fin. Liq. corren-tes

-59 238 - 1.1 % -42 345 -1.0% 39.9%

Itens não recorrentes 22 296 0.4% 19 943 0.5% 11.8%

Res. antes impo. 187 766 3.5% 189 352 4.3% -0.8%

Impostos -36 857 -0.7% -38 444 -0.9% -4.1%

Res. líquidos 150 909 2.8% 150 908 3.4% 0.0%

Interesses monetá-rios

-19 648 -0.4% -34 756 -0.8% -43.5%

Lucro liquido atribui-vel a JM

131 261 2.5 116 152 2.6 13.0%

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A preocupação de alguns ministros das Finanças relativamente à valorização do euro tem amplificado os receios dos analistas relativamente a uma crise geral nos mercados.

As empresas ligadas à energia estão a ser o mais recente alvo dos investidores que, perante um cenário de contracção económica, preferem desfazer posições. Na Euronext Lisbon, a Galp e a EDP são casos a seguir.

Nos mercados financeiros reina ain-da a incerteza quanto à evolução das taxas de juro. À hora de fecho desta edição, ainda não era conhecida a deci-são da Autoridade Monetária Europeia quanto à manutenção ou descida da taxa de referência, mas tudo indicava que o BCE iria manter os 4%. Investi-dores, analistas e muitos políticos estão a perder a paciência com a valorização

da divisa europeia face à moeda ameri-cana. As autoridades continuam a acre-ditar que a intenção americana vai no sentido de um dólar forte, mas a ver-dade é que a economia americana precisa de corrigir o défice exter-no e estimular a eco-nomia interna. Está a fazê-lo com incentivos cambiais e fiscais.

A questão do petró-leo está longe de estar resolvida, já o nível dos 100 dólares do bar-ril de crude parece ter sido assumido como a última meta. O próxi-mo nível poderá ser 10 ou 12 dólares acima.

A OPEP acredita que estes níveis são

compatíveis com uma economia em crescimento na Europa e nos EUA e, por isso, prefere evitar uma queda gene-ralizada dos valores, optando por cortar

a produção. A Europa irá sentir um impacto menor na subida do preço da energia pelo efeito contrário da va-lorização da moeda.

No mercado nacio-nal, são de realçar al-guns movimentos de sentido negativo ou a caminhar para lá, caso do sector bancário, onde se perspectivam maiores dificuldades este ano. O Millen-

nium bcp tem-se mantido no nível de 1,88 euros, depois de ser conhecido o

valor do reforço de capital. O mercado espera pelas condições. No caso do BPI ,ainda não está definitivamente assumi-da essa necessidade.

Os analistas salientam o facto de estar ser um dos momentos mais difíceis para qualquer grande empresa ir ao mercado buscar fundos.

Na Euronext Lisboa regista-se a queda das acções da Zon Multimédia, embora no mercado se continue a registar infor-mações sobre o interesse do Grupo So-nae numa convergência de interesses. O Millennium bcp atribuiu, esta semana, um potencial de “upside” da ordem dos 55%, a um ano, à Sonae Capital.

O mercado financeiro continua muito atento a todas as empresas com forte ex-posição ao exterior, nomeadamente no caso das construtoras e de algumas em-presas a nível industrial.

Mercados financeiros receiam abrandamento na Zona Euro

VÍTOR [email protected]

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O Millennium bcp tem-se mantido no nível de 1,88 euros, depois de ser conhecido o valor do reforço de capital.

Título Última Cotação Variação Semanal Máximo 52 Sem Mínimo 52 Sem EPS Est Act EPS Est Fut PER Est Act PER Est Fut Div. Yield Ind Div. Yield Est Data Act Hora ActALTRI SGPS 4.39 -4.67% 7.41 3.45 0.35 0.29 12.54 15.14 1.14% 1.46% 05-03-2008 16:24:47BANIF-SGPS 2.93 -7.86% 6.75 2.62 0.45 0.53 6.50 5.49 4.10% 6.16% 05-03-2008 16:25:20B. COM. PORT. 1.83 -5.91% 4.30 1.68 0.20 0.21 9.39 8.76 4.64% 4.85% 05-03-2008 16:25:34B.ESP. SANTO 11.69 -2.26% 17.98 11.10 1.22 1.40 9.56 8.35 3.42% 4.70% 05-03-2008 16:25:54B. POP. ESP. 10.28 2.49% 16.04 6.72 1.13 1.21 9.09 8.50 4.40% 5.26% 05-03-2008 14:06:11BANCO BPI 3.45 5.34% 6.96 3.00 0.48 0.55 7.19 6.30 5.42% 5.79% 05-03-2008 16:25:55BRISA 9.90 -1.00% 10.46 8.94 0.33 0.37 30.18 26.69 2.83% 3.15% 05-03-2008 16:25:40“CIMPOR,SGPS” 5.41 -2.87% 7.72 4.75 0.43 0.47 12.52 11.61 3.97% 4.22% 05-03-2008 16:25:38“COFINA,SGPS” 1.43 -4.67% 2.07 1.20 0.10 0.10 14.30 14.30 2.45% 2.45% 05-03-2008 16:13:54CORT. AMORIM 1.55 -3.13% 2.19 1.28 0.17 0.20 9.12 7.75 3.55% 3.55% 05-03-2008 16:23:00EDP 3.88 -5.03% 5.00 3.67 0.24 0.26 16.01 14.73 2.84% 3.43% 05-03-2008 16:25:40MOTA ENGIL 4.76 -1.45% 8.35 3.53 0.20 0.25 23.80 19.43 2.31% 2.45% 05-03-2008 16:25:51FINIBANCO 2.87 -4.97% 5.10 2.87 -- -- -- -- 2.61% -- 05-03-2008 14:37:42GALP ENERGIA 15.26 -9.97% 19.50 7.00 0.60 0.64 25.35 23.70 1.00% 2.30% 05-03-2008 16:25:54“IMPRESA,SGPS” 1.59 5.30% 3.23 1.29 0.12 0.15 13.83 10.46 0.00% 0.63% 05-03-2008 16:21:54J. MARTINS 4.87 -11.37% 5.73 3.63 0.23 0.27 21.45 17.90 1.81% 2.19% 05-03-2008 16:25:52MARTIFER 7.70 5.34% 12.00 5.40 0.25 0.13 31.43 60.16 0.00% 0.00% 05-03-2008 16:23:15NOVABASE 3.49 13.31% 5.28 2.01 0.25 0.33 13.90 10.58 0.00% 0.00% 05-03-2008 16:18:45PARAREDE 0.17 -5.56% 0.26 0.10 -- -- -- -- 0.00% -- 05-03-2008 16:15:05P. TELECOM 8.36 2.96% 9.67 7.91 0.63 0.71 13.27 11.86 6.88% 6.90% 05-03-2008 16:25:59PORTUCEL 2.09 0.00% 3.18 1.63 0.20 0.18 10.50 11.94 3.35% 4.52% 05-03-2008 16:23:59REDES E. NAC. 3.41 -0.58% 4.08 2.75 0.31 0.21 11.07 16.24 0.00% 3.37% 05-03-2008 16:22:56SAG GEST 1.99 0.51% 3.10 1.67 0.15 0.20 13.27 10.21 4.54% 6.53% 05-03-2008 15:54:35S. COSTA 1.51 -4.43% 2.89 0.83 0.09 0.13 17.77 12.08 0.00% -- 05-03-2008 16:21:19SEMAPA 8.21 0.37% 13.70 7.43 1.18 1.14 6.96 7.20 2.82% 2.78% 05-03-2008 16:19:02SONAECOM 2.29 -6.35% 5.24 2.15 0.04 0.10 51.93 22.40 0.00% 0.45% 05-03-2008 16:24:41“SONAE,SGPS” 1.21 -1.63% 1.98 1.05 0.07 0.08 17.46 15.25 2.49% 3.02% 05-03-2008 16:24:20SONAE IND. 4.73 -2.88% 11.04 4.18 0.53 0.58 8.94 8.10 0.00% 2.92% 05-03-2008 16:25:51TEIX. DUARTE 1.46 2.10% 4.23 1.10 0.37 0.35 3.95 4.23 1.16% 1.71% 05-03-2008 16:25:46Z. MULTIMEDIA 8.02 -5.09% 12.74 7.53 0.32 0.39 25.38 20.62 2.49% 3.44% 05-03-2008 16:25:43

PAINEL BANCO POPULARTÍTULOS EURONEXT LISBOA

PAINEL BANCO POPULARTÍTULOS MERCADOS EUROPEUSTítulo Última Cotação Variação Semanal Máximo 52 Sem Mínimo 52 Sem EPS Est Act EPS Est Fut PER Est Act PER Est Fut Div. Yield Ind Div. Yield Est Data Act Hora ActB.POPULAR 10.33 1.97% 16.07 8.51 1.13 1.21 9.13 8.54 4.39% 5.24% 05-03-2008 16:36:00INDITEX 33.53 -5.39% 53.90 31.00 1.97 2.26 17.01 14.82 2.51% 3.55% 05-03-2008 16:36:00REPSOL YPF 21.72 -5.19% 30.59 18.27 2.40 2.41 9.06 9.03 3.96% 4.90% 05-03-2008 16:36:00TELEFONICA 18.66 -4.94% 23.48 15.19 1.62 1.86 11.50 10.04 2.14% 5.28% 05-03-2008 16:36:00FRA. TELECOM 22.01 -4.43% 27.33 18.88 1.99 2.14 11.06 10.30 5.91% 6.17% 05-03-2008 16:25:57LVMH 67.71 -5.66% 89.36 61.95 4.71 5.20 14.37 13.02 2.36% 2.60% 05-03-2008 16:25:44BAYER AG O.N. 48.36 -10.58% 66.45 41.03 3.74 4.33 12.92 11.16 2.79% 2.83% 05-03-2008 16:25:52DEUTSCHE BK 72.68 -5.73% 118.51 67.00 9.82 10.94 7.41 6.65 6.19% 6.21% 05-03-2008 16:25:48DT. TELEKOM 12.33 -4.57% 15.87 12.05 0.77 0.88 15.99 14.06 6.33% 6.40% 05-03-2008 16:25:53VOLKSWAGEN 152.8 1.46% 199.70 90.01 11.90 13.59 12.84 11.24 1.18% 1.30% 05-03-2008 16:25:49ING GROEP 21.99 -7.25% 34.74 18.77 3.53 3.73 6.24 5.89 6.73% 6.95% 05-03-2008 16:25:59

Este relatório foi elaborado pelo Centro de Corretagem do Banco Popular, telf 210071800, email: [email protected], com base em informação disponível ao público e considerada fidedigna, no entanto, a sua exactidão não é totalmente garantida. Este relatório é apenas para informação, não constituindo qualquer proposta de compra ou venda em qualquer dos títulos mencionados.

sexta-feira, 07 de Março de 2008 53MERCADOS

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Rodex com o melhor pós-venda Mazda A Rodex, concessionário da Mazda na Maia, foi considerada o me-

lhor concessionário pós-venda da marca em Portugal. O presidente do conselho de administração do grupo MFS, em que a Rodex está incluída, Mário Silva, dá o mérito deste prémio a os colaboradores da empresa, “que diariamente fazem o melhor para garantir a satisfação dos clientes e o crescimento da Rodex e da marca”. A distinção foi en-tregue pela Mazda Motor de Portugal no passado dia 15 de Fevereiro, na Quinta dos Loridos, no Bombarral.

Fundado em 1972, na Maia, o grupo MFS, com sede na Maia, ac-tua em várias áreas de negócio, mas a principal é o sector automóvel. É concessionário, além da Mazda, da Mitsubishi (Maivex), da Saab (Maiauto), da Suzuki (Maiauto), da Hyundai (Maivex). O grupo tem ainda a mediadora de seguros Seguropa e a “rent-a-car” Rodex.

Fiat 500 em exposição na baixa de LisboaEnquanto não chega ao mercado nacional, o aguardado Fiat 500

desembarcou em Portugal. O modelo está exposto de forma divertida dentro de uma caixa, simulando uma miniatura, na baixa pombalina de Lisboa, mais concretamente na no Chiado.

O sucesso que o icónico modelo conheceu um pouco por toda a Eu-ropa levou a que o lançamento no mercado português tenha conheci-do sucessivos adiamentos. A última data avançada pelo importador da marca italiana é o mês de Março, mas os muitos apaixonados que es-peram a chegada do 500 querem ver para crer. O charme do novo Fiat 500 não deixou indiferente o júri do Carro do Ano 2008. Esta é apenas a segunda vez que um modelo do segmento A recebe a distinção, tendo a primeira vez sido também um Fiat, no caso o Panda, em 2004.

O novo 500 tem três portas e dimensões compactas: 3,55 m de com-primento, 1,65 de largura, 1,49 de altura e uma distância entre eixos de 2,3. Em termos de motores, o modelo vai oferecer três opções, um 1.3 turbodiesel com 75 cv, um 1.2 com 69 cv e um 1.4 com 100 cv, estes dois últimos a gasolina. Estes motores estarão disponíveis com caixas de velocidades manuais com cinco ou seis marchas.

Guillermo Sarmiento é o novo director-geral da GM Portugal

A General Motors (GM) Portugal já anunciou Guillermo Sarmiento como sucessor de Herman De Backer, que decidiu aposentar-se depois de 38 anos de carreira no grupo, como director-geral. Casado e pai de três filhos, este espanhol nascido em 1953 vai assumir as novas funções a 1 de Maio. Licenciado em Gestão de Empresas pela Universidade de Madrid, e em Engenharia Industrial pela Universidade Polítécnica de Madrid, possuindo ainda uma pós-graduação em Gestão Financei-ra pelo European Management Centre de Bruxelas, Sarmiento conta com um longo percurso internacional na GM, que incluiu Portugal entre 1992 e 1996, e experiência acumulada nas áreas comercial e fi-nanceira.

O executivo ingressou na GM no início de 1981 para integrar a equipa que liderou o projecto de arranque da fábrica espanhola de Fi-gueruelas, na região de Saragoça. Tendo desempenhado várias funções de responsabilidade na área financeira da GM Espanha, em 1989 é nomeado Comptroller na fábrica da Vauxhall em Luton, no Reino Unido. Três anos depois, muda-se para o nosso país, para assumir os cargos de director financeiro da operação portuguesa da GM e de con-selheiro da GM Holding em Portugal. Em 1996, cruza o atlântico rumo à GM Chile, onde é nomeado director administrativo-financei-ro e de relações institucionais. Daí transfere-se para a Argentina, em 1999, assumindo a responsabilidade da área financeira da subsidiária da GM. A sua transição efectiva para a área comercial ocorre ainda na GM Argentina, quando é nomeado director comercial (vendas e marketing). Em 2003, regressa a Espanha para liderar a operação da Chevrolet, posição que manteve até agora.

AutomóvelNovidadesIveco vai lançar

Massif em Portugal

GM PortugalNovo director-geral

já anunciado

sexta-feira, 07 Março de 200854

O valor acrescentado de uma proposta de “outsourcing” completo no aluguer ope-

racional de viaturas (AOV) cons-trói-se com base num modelo de gestão baseado em três premissas fundamentais: gestão operacional, táctica e estratégica (OTE). Para uma empresa exigir a aplicação deste modelo de gestão é necessá-rio que a gestora de frota possua a capacidade de criar um programa de parceria, o qual é composto pe-las três premissas seguintes:

1º Total Cost of Ownership (TCO) – Análise do custo da ges-tão da frota

2º Company Car Policy (CCP) – Política de frota interna

3º Service Level Agreement (SLA) - É vital para a saúde da parceria este acordo ao nível do serviço a prestar.

Depois de termos falado no mês passado sobre o TCO, um proces-so que simplifica a escolha das via-turas e ajuda na definição da CCP, este é o segundo passo no valor da gestão eficiente de uma frota. As-sim, uma CCP é um acordo en-tre a entidade empregadora e os colaboradores relativamente aos veículos da empresa, formalizando todos os direitos e deveres entre ambas as partes. Quais os benefícios da existência deste do-cumento interno? Acima de tudo, clarifica e dá co-nhecimento à entidade empregadora e colaborador de quais são os direitos e deveres, quando é entregue uma viatura que pertence a uma terceira entidade (gestora de frota) mas que a empresa confia ao utili-zador a responsabilidade na sua utilização diária. Para isso é necessário que as regras sejam transparentes e sem ambiguidades para a protecção de todas as partes deste processo.

Para a empresa os benefícios são:- Possuir um conjunto consistente de regras claras e

comuns para todos os utilizadores a quem a empresa cede uma viatura;

- Apoia a política e estratégia dos recursos huma-nos;

- Confere uma gestão mais simples e eficaz da frota;- Redução do segundo maior custo da empresa;- Apoia e ajuda na implementação da estratégia da

empresa;- Limita alguns riscos (legais, sociais, higiene e se-

gurança);- Reduz o tempo despendido na frota, transmitindo

esse ónus para a gestora, passando mais tempo no seu “core business”.

Para o condutor, os benefícios são:- Possuir um conjunto consistente de regras claras

na utilização do veículo;- Regras justas com respeito às necessidades especí-

ficas do condutor.Para a gestora de frota, existem também benefí-

cios:- Demonstra perícia na sua construção, provando a

capacidade de consultoria; - Justifica a sensibilidade que possui face às necessi-

dades transmitidas pela empresa;- Ajuda a demonstrar onde a empresa pode reduzir

custos vs. aumentar a motivação dos condutores.Existem três componentes essenciais na construção

de uma CCP:

- Normas legais e tributárias & direitos e deveres dos utilizadores;

- Definição dos veículos e orça-mento autorizado pelos diferentes níveis;

- Manual de utilização do veícu-lo entregue ao condutor no mo-mento da entrega de uma viatura nova.

Nos direitos e deveres devem es-tar os termos do acordo para um determinado colaborador receber uma viatura, quais as responsabi-lidades a ter durante o período em que lhe é concedido este benefí-cio ou ferramenta de trabalho, as normas legais e tributárias a que podem estar sujeitos, bem como a sensibilidade acrescida em aspec-tos de impacto ambiental na sua utilização.

No que concerne à definição dos veículos e orçamento ou “plafond”, deve estar referido quais são as via-turas e opções no equipamento dentro de um leque limitado e ao qual podem ou não escolher com base nas funções que possuem dentro da empresa, que tipo de utilização estão autorizados dentro e fora do horário de trabalho.

Por último, no manual de utilização do veículo, o condutor recebe os procedimentos operacionais, por forma a respeitar todos os eventos obrigatórios que determinada viatura exige ao longo do período con-tratual e quilometragem percorrida, também deve res-ponder a todas as perguntas potenciais e que ocorrem quando é atribuída uma viatura que não lhe perten-ce, nomeadamente o que fazer se for envolvido num acidente, como deve proceder nas revisões, etc. Este manual liberta em grande medida constantes perdas de produtividade não só ao próprio condutor quando surgem dúvidas no decorrer de um contrato em AOV mas também à própria empresa.

Uma CCP deve ser também o reflexo de duas rea-lidades: a estratégia financeira onde o custo da frota está assente e a satisfação do condutor, que possui um grande impacto na política dos recursos humanos e motivação dos colaboradores. Deste modo, antes de avançar para a criação de uma CCP, a empresa deve definir a qual destas duas realidades se quer aproximar sabendo que são sempre opostas – custo vs, satisfação.

Deve ser uma obrigação do parceiro, isto é a empresa que fornece o AOV, dar um suporte decisivo na cons-trução desta política, oferecendo os seus serviços de consultoria analisando todos os aspectos e realidades da empresa, bem como o perfil dos utilizadores por forma a recomendar a política de frota ideal para um deter-minado momento. Nesta análise consultiva deve-se ter em atenção aspectos como: a frota existente é mono ou multimarca; que período contratual e quilometragem existe caso esteja já em AOV; a determinação das mar-cas e modelos foi através de um TCO prévio ou apenas pelo custo da renda final; o tipo de combustível e o seu consumo é tomado em consideração; qual o índice de sinistralidade existente em toda a frota e a frequência de sinistros por utilizador; qual a política ambiental e social que a empresa possui e se está incutida na frota.

Após a definição do TCO e agora da CCP fica a faltar a definição do contrato ajustado ao cliente para criar um compromisso mútuo entre a empresa e o seu parceiro de AOV – criação do SLA. Tema que será abordado no próximo artigo.

ÓSCAR MENDESdirector comercial da Arval Portugal

“Uma CCP é um acordo entre a

entidade empregadora e os colaboradores

relativamente aos veículos da empresa, formalizando todos os direitos e deveres entre ambas as partes.”

A criação de valor acrescentado no Aluguer Operacional

de Viaturas – parte II

RENAULT PORTUGAL FACTUROU 619 MILHÕES

A notícia sobre os resultados da Renault, que a “Vida Económica” pu-blicou na edição 1237, de 22 de Fevereiro, referia, erradamente, que a filial portuguesa do grupo francês realizou um volume de negócios em 2007 de 610 milhões de euros, quando na realidade esse valor ascen-deu a 619 milhões de euros. Na mesma edição, referimos que o modelo Laguna Break tem como níveis de equipamento o Dynamique S, o Privilége e o Initiale, quando os patamares são o Dynamique S, o Luxe e o Initiale.Feito o esclarecimento deste duplo lapso, resta-nos pedir desculpa à Renault e aos leitores.

RECTIFICAÇÃO

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Vida Económica- Que ba-lanço faz a Iveco Portugal de 2007?

João Almeida- A Iveco Por-tugal teve uma excelente perfor-mance em 2007, crescendo em todas as áreas de negócio, e atin-gindo uma facturação de 81,4 milhões de euros, o que significa um crescimento de 21% em re-lação ao ano anterior. De fac-to, quer nos comerciais ligeiros onde o produto Daily assumiu a liderança do segmento das 3,5 às 6,5 toneladas com uma quota de 18,3%, quer na gama média, com um crescimento de 12% unidades vendidas e quer princi-palmente na gama dos pesados de mercadorias, onde a Iveco cresceu 61,1% em vendas e de 4,3% para 7,3% de quota de mercado, todos contribuíram para que a Iveco ti-vesse pela primeira vez atingido o patamar da marca mais vendida em Portugal na gama de comer-ciais acima das 3,5 toneladas. No que respeita à gama bus, também a Irisbus/Iveco registou um no-tável crescimento de 85,5% nas vendas, a que corresponderam a ascensão ao segundo lugar do ranking dos pesados de passa-geiros, com 13,1% de quota de mercado.

VE- Quais as perspectivas para 2008?

JA- Para 2008, a Iveco tem objectivos ambiciosos, com cres-cimento de novo em todas as ga-mas, em especial na gama pesa-da, onde se perspectivam quase

mais 50% de unidades vendidas, ou seja, 470 unidades no ano. A gama Ligeira com 1800 Daily, e as 160 Eurocargo da gama média, completam com 140 autocarros o leque de desafios de elevada fas-quia, que motivam toda a equipa da Iveco Portugal e da sua rede de concessionários para mais um ano histórico de resultados.

VE- No que se refere aos pe-sados, a importação de usados é uma ameaça ao negócio de novos?

JA- No caso da Iveco, a im-portação de usados não constitui uma ameaça actualmente, até porque o aumento de procura por parte dos mercados de Leste desta tipologia de veículos tem origina-do uma deslocalização das frotas antigas para esses mercados.

VE- Como comenta este ne-gócio?

JA- A livre concorrência é um bem que devemos preservar e in-centivar, pelo que o importante é que política e legalmente sejam criadas condições de igualdade entre os operadores nacionais e os de outros países da União Eu-ropeia, por um lado, e por outro, incentivar as empresas nacionais para a renovação das suas frotas no sentido da aquisição de viatu-ras tecnologicamente mais evolu-ídas e consequentemente menos poluentes e que permitam meno-res consumos de combustível. Se esses factores forem assegurados, deixaremos decerto de receber o lixo dos outros países europeus, no que diz respeito à qualidade e idade do seu parque automóvel e bens de equipamento.

VE- A Iveco vai comercializar em Portugal o todo-o-terreno Massif e, assim, entrar num novo segmento em Portugal?

JA- Sim. A Iveco irá comercia-lizar o Massif [à partida vai chegar em Abril], posicionando-o para o nicho de mercado de uso profis-sional, onde o produto tem carac-terísticas ímpares, constituindo uma oportunidade de alargar ain-da mais todo o leque de opções para veículos de trabalho que a marca oferece globalmente e par-ticularmente na gama “off-road”, onde se incluem o novo Daily 4 x 4 e as versões Eurocargo 4 x 4 e a gama Trakker.

VE- A propósito de veículos “duros”, têm perspectiva de vender a Portugal o veículo mi-litar LMV?

JA- Inteiramente projectado e construído pela Iveco Defen-se Vehicles de Bolzano, o LMV tira vantagem da mais sofisticada tecnologia e os seus pontos fortes são a excepcional mobilidade e capacidades de protecção anti-minas, algo que foi provado em múltiplas ocasiões nas diversas missões de paz em que foi utili-zado. Equipa já as forças arma-das de Espanha, Itália, Bélgica, Croácia e do Reino Unido, onde o veículo passou com distinção os exigentes testes das provas de selecção. A isto adiciona-se o re-cente e importante acordo de fornecimento de veículos para a Noruega e a República Checa. Também em Portugal, o veículo

poderá responder aos concursos específicos das entidades de de-fesa e protecção civil, habituais compradores de viaturas para os objectivos para os quais o LMV foi concebido e está totalmente vocacionado.

AQUILES [email protected]

Afirma o director-geral da filial nacional da marca, João Almeida

“Iveco Portugal teve uma excelente performance em 2007”A filial portuguesa da Iveco teve um “excelente performance” no ano passado, segundo o director-geral, ao registar um volume de negócios superior a 81 milhões de euros, mais 21% do que no exercício anterior. “Para 2008, a Iveco tem objectivos ambiciosos, com crescimento de novo em todas as gamas”, avança João Almeida à “Vida Económica.”

Crescimento em vários mercados

O crescimento que a Iveco conheceu em Portugal con-tribuiu para que a marca do grupo Fiat conseguisse a li-derança do mercado ibérico. Isto porque no país vizinho li-dera o mercado com especial destaque para os subsegmen-tos de ligeiros entre as 3,5 e as seis toneladas, pesados acima de 16 toneladas e nos autocarros.A nível global, as receitas da Iveco excederam em 2007 os 11 mil milhões de euros, um crescimento de 22,5% em comparação com 2006, resultado dos mais elevados volumes de vendas na Europa Oriental e Ocidental e melhor cálculo de preço. Durante o ano passado, a Iveco entregou um total de 211 700 veículos (incluindo 13 300 unidades com compromisso assumido de “buy back”), um aumen-to de 16,6% em relação a 2006, alimentado pelos seg-mentos ligeiros e pesados. Na Europa Ocidental as vendas aumentaram 9,1%, para 147 500 unidades.

Pilotos com muitas dificuldades para obterem patrocínios

Abrandamento da economia desacelera ralisA crise que a economia atravessa au-

menta os obstáculos à presença de mais equipas no Campeonato de Portugal de Ralis, que arranca este fim-de-semana,

com o Rali Torrié. A prova disso é que a competição, que se disputa entre Póvoa do Lanhoso e Veira do Minho, conta ape-

nas com 27 equipas inscritas à partida, contra 51 no ano passado.

Um dos exemplos é o do consagrado pi-loto Rui Madeira, que não conseguiu reu-

nir apoios necessário para fazer o nacional da competi-ção, apesar de o seu currícu-lo dispensar apresentações, já que chegou a ser campeão do mundo de produção. “Quando é preciso cortar nos custos é, naturalmente, nos patrocínios que as em-presas cortam primeiro”, reconheceu o piloto no co-lóquio Ralis em Português, que o departamento de mecânica da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto e o jornal “Motor” organizaram.

Estas dificuldades já não são de agora e já em 1996, no ano seguinte a ser cam-peão do mundo de produ-ção, esteve muito perto de conseguir um lugar numa equipa de fábrica para dis-putar o grupo A, a disciplina máxima de então. “Não fui

companheiro de Carlos Sainz [na Toyota] por apenas 350 mil euros”, afirma Madei-ra.

“Falta promoção” e…

Bruno Magalhães, actual campeão na-cional e piloto da Peugeot, uma das duas equipas oficiais da competição, a outra é a Fiat, lamenta que este campeonato não seja mais profissionalizado. “Só com a presença oficial das marcas é que isso é possível e só assim é que a modalidade poderia ser promovida como deve ser, permitindo a presença das televisões e consequente vi-sibilidade para os patrocinadores e, assim, facilitar a internacionalização dos pilotos portugueses. O problema é que são só duas marcas e não dez”, afirma Magalhães.

José Pedro Fontes, o outro piloto de marca do pelotão, no caso da Fiat, defen-de que falta uma melhor promoção para o campeonato. “Preocupa-me que os ralis sejam a modalidade do desporto automó-vel com mais adeptos e que mesmo assim tenha menos retorno mediático do que o futsal”, lamenta o portuense.

O director desportivo da Peugeot, Car-los Barros, considera que “há provas a mais em Portugal”, recordando o recente Cam-peonato Open de Ralis. Esta é uma prova que vai no segundo ano de organização e que conta com muito mais inscritos por ter custos muito reduzidos. “Devíamos juntar várias competições”, aconselha este profissional que defende que, nesse caso, “em vez de 20 inscritos tínhamos 70, com

maior promoção e sinergias de custos para as equipas”. Mas nem todos os especialistas concordam com isso. “Não é só juntando provas que se ganha visibilidade, até por-que o piloto que vencesse a categoria Open não teria o mesmo retorno do vencedor da geral”, afirma Rui Madeira.

O “desporto é muito caro”

Numa coisa Barros e Madeira, tal como outros entendidos, estão de acordo: os cus-tos são demasiado elevados. “Não há um troféu com carros com custos mais contro-lados, o carro mais barato custa 50 mil eu-ros”, lamenta Fernando Peres, um dos pilo-tos portugueses de ralis mais experientes e que já foi várias vezes campeão nacional.

De facto, uma equipa que queira lutar por um lugar no “top” cinco do Campeo-nato de Portugal de Ralis tem de abrir bem mais os “cordões à bolsa”. Por exemplo, um S2000 com as duas equipas de marca se apresentam em prova pode custar entre 250 e 300 mil euros, enquanto um quatro rodas motrizes competitivo do grupo de produção ascende a cerca de 150 mil euros. A estes va-lores, há que acrescentar outros custos regu-lares, também estes elevados. Por exemplo, um pneu custa cerca de 250 euros e permite fazer cerca de 50 km. Além disso, a gasolina especial custa seis euros o litro.

AP

sexta-feira, 07 Março de 2008 55AUTOMÓVEL

João Almeida não é contra a importação de usados, desde que “sejam criadas condições de igualdade entre os operadores nacionais e os de outros países da União Europeia”.

A desaceleração da economia e a “velocidade” dos custos de participação abrandam o nacional de ralis.

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As vendas de automóveis ligeiros de passageiros cresceram em Fevereiro, face a igual mês do ano passado, 22,9% para 17 337 unidades.

No acumulado dos dois primeiros me-

ses, regista-se uma aceleração de 16,2% face a 2007, com 33 186 automóveis. Por marcas, a Renault liderou os ligei-ros de passageiros até Fevereiro, com uma subida de 1,1%. O crescimento foi uma constante entre as marcas do “top” dez, em que apenas a Peugeot (-10,1%) e a Citroën (-2,1%) perderam. E houve subidas bem aceleradas, como compro-vam os casos da Fiat (46,6%), da Seat (38,6%) e da BMW (35,8%).

Em sentido inverso mantêm-se os co-merciais ligeiros, que perderam 10,8%, para 4437 veículos, em Fevereiro e 15,7%, para 8778 unidades no acumu-lado. A justificação é a alteração fiscal a este segmento, que passou, em Julho de 2007, a pagar mais imposto de matrícu-la.

Nº 1239 / 07 Março 2008 Semanal J 2 Portugal Continental

NOTA DE FECHO

O Plano AttaliO ex-assessor socialista (du-

rante 10 anos) do presidente Mitterrand apresentou recente-mente o plano de seu nome.

Objectivo? 316 medidas para liberalizar a França e assim libertar o crescimento da eco-nomia. Somando um ponto percentual à actual previsão de 2/2,5% de crescimento do PIB.

Sendo certo que os países mais ricos do mundo são tam-bém os mais livres economica-mente e vice-versa (a correlação é de +0,83 com a probabilidade de zero por cento de ser devido ao acaso), o plano Attali per-

corre transversalmente a França à procura de restrições à liberdade económica. O objectivo é simples: removê-las.

Imigração? Sim, desde que selectiva, porque 1) permite a reunificação familiar; 2) o rejuvenescimento da popu-lação; e 3) preenche qualificações em falta. Cada 50 mil imigrantes implicam um crescimento adicional de 0,1% do PIB.

Administração pública? Desburocratização, acabando com os departamentos entre as regiões e os municípios. Além da redução da dívida em um ponto percentual ao ano (sobre o PIB) e a substituição de cada três funcionários por apenas dois.

Nos preços, liberalização total, incluindo nos supermer-cados. Em França, tal como em Portugal, as verbas dadas aos supermercados pelos fornecedores no início de cada

ano para publicidade, distribuição, etc. não podem ser le-vadas em conta para abater aos preços dos produtos. Pre-tende-se acabar com isto.

Da hotelaria aos cinemas, passando pelas estações de ser-viço, farmácias, cabeleireiros (!), notários e taxistas, uma série de medidas desregulamentam a actividade e põem um fim às barreiras à entrada.

No campo das reformas, as alterações são profundas. Adiar a idade da reforma. Aumentar o seu valor se for após 65 anos de idade. Fim às pré-reformas. Trabalhar até se querer. Poder acumular o salário com a reforma.

Pequenas empresas? Simplificação fiscal e contabilísti-ca. O Estado pagar aos fornecedores a 30 dias (em Portugal a administração central paga a 153 dias e a administração local a 7 meses). O IVA? Ser reembolsado a 10 dias. Acesso facilitado ao mercado de capitais.

No mercado de trabalho, flexibilização e fazer contra-tos de evolução entre o Estado e os desempregados.

Os resultados esperados são mais 500 euros por família de poder de compra; cento e cinquenta mil novos empre-gos; redução do desemprego de 7,9% para 5%; diminui-ção do número de pobres de 7 para 3 milhões; e redução de 4 mil euros de dívida pública por pessoa.

Mas, para se produzir este efeito, Attali alerta para dois aspectos fundamentais na implementação. Primeiro: as medidas têm que ser tomadas todas em conjunto e não em avulso, “à la carte”. E segundo: não devagarinho, “à fur et measure”, mas já: todas implementadas até Junho 2009.

Será que vai ser assim? E será que tem que ser assim? O prefácio do plano Attali responde. À primeira questão, com uma frase de Sarkozy quando este encomendou o estudo: o que propuserem, faremos. À segunda, com uma constatação: os empregados têm de perceber que o futuro não está no sector público e as empresas que o futuro não está nos subsídios.

Vindo de um (ex-)socialista, é de tirar o chapéu, melhor dizendo “le chapeau”. É que percebeu finalmente aquilo que Churchill dizia: “Os socialistas acham que os lucros são um vício; mas vício são os prejuízos”.

Sendo certo que os países mais ri-cos do mundo são também os mais livres economicamente e vice-versa o plano Attali percorre transversal-mente a França à procura de res-trições à liberdade económica. O objectivo é simples: removê-las.

Portucel interessada

em construir uma nova fábrica na América Latina

Depois de Setúbal pode-rá seguir-se a América La-tina. Estamos, claro está, a falar da Portucel que, depois de assentar a pri-meira pedra da fábrica da cidade do Sado, não perde tempo e anuncia um novo investimento. Este poderá ultrapassar os mil milhões de euros e ainda que, como já vimos, a América Latina seja o local mais provável, são, de igual forma, adian-tados outros, como Por-tugal e África. E porquê a América Latina?

Aqui, notícias vindas a público falam de um mer-cado competitivo, o mais competitivo do mundo, a que se soma um ritmo de crescimento das espécies – leia-se eucaliptos – mais acelerado do que em Por-tugal. Há ainda alguns pa-íses, como, por exemplo, o Uruguai que apresentam algumas vantagens com-petitivas, como é o caso da isenção de impostos.

JORGE A. VASCONCELLOS E SÁ

Mestre Drucker SchoolPhD Columbia University

Professor Catedrá[email protected]

ASAE apreende 220 toneladas de alimentos

A ASAE (Autoridade de Segurança Alimentar e Econó-mica) acaba de apreender mais de 220 toneladas de gé-neros alimentícios em situação ilegal, algo que acontece após algumas semanas de investigação e é fruto de uma operação que decorreu um pouco por todo o país.

Só em Lisboa, foram apreendidas 58 toneladas de géne-ros alimentícios. Destas 36 estavam estragadas, as restantes 22 tinham problemas de rotulagem, como por exemplo, ultrapassagem do prazo de validade. Mais a Sul, em Sesim-bra, mais toneladas de produtos apreendidos. Desta feita, 20 toneladas de pescado a que somam outras 40, agora, em Peniche. No Algarve, por sua vez, as apreensões da ASAE chegaram às 100 toneladas de géneros alimentícios. Lembramos que, só este ano, a Autoridade de Segurança Alimentar já foi responsável pela apreensão de mais de 330 toneladas de produtos congelados, os quais apresentavam, claro está, risco para a saúde pública.

Siemens Portugal ganha contrato de 600 milhões de euros

A Siemens Portugal acaba de assinar um contrato para o fornecimento e manutenção da nova central de ciclo com-binado integrada na central termoeléctrica do Pego, em Abrantes. Esta propriedade da Tejo Energia.

Estamos a falar de um projecto chave na mão no valor de 600 milhões de euros – este contrato tem um período de validade de 25 anos – e que vai representar, no pico de construção da central, a criação de mil postos de trabalho, directos e indirectos. Composta por duas unidades de ci-clo combinado de eixo único – as turbinas a gás vão ser alimentadas a gás natural -, esta ‘empreitada’ vai ter uma capacidade instalada de 830 Mw.

A Siemens Portugal fala ainda da futura central como uma infra-estrutura capaz de “cumprir os mais exigentes requisitos ambientais”. Esta vai ter uma eficiência energética acima dos 58%. Um valor que a coloca, destacam, entre “uma das mais eficientes centrais de ciclo combinado do mundo”.

CP com prejuízos de 183 milhões

de euros

A CP conseguiu melhorar os seus resultados, em 2007, mas estes continuam negativos. Os números dão conta disto mes-mo: o resultado líquido da em-presa melhorou em 10 milhões de euros, mas esta apresenta ain-da um prejuízo de 183 milhões de euros. Em 2006, este tinha chegado aos 193 milhões.

Um evolução que faz com que a taxa de cobertura tenha pas-sado dos 72% de 2006 para os 76%, em 2007. O investimen-to da CP, esse, chegou aos 17,5 milhões de euros, 55% dos quais em aquisição, modernização e beneficiação do material circu-lante. Em 2007, a CP conseguiu transportar mais 1,5 milhões de passageiros e mais 804 mil tone-ladas de carga do que em 2006.

Vendas de automóveis ligeiros de passageiros aceleraram em Fevereiro

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Um dos principais objectivos do Porto de Leixões é tornar-se numa referência efectiva para as cadeias logísticas da facha-

da atlântica da Península Ibérica. O plano estratégico de desenvolvimento foi projec-

tado para um prazo de dez anos. Ricardo Fonseca, presidente da APDL, explicou, em entrevista à “Vida Económica” o que está em causa para tornar Leixões mais competitivo. São 21 acções projectadas e centradas em quatro áreas, designada-mente ordenamento logístico e territorial, marketing portuário, sistemas de gestão e integração e ambiente urbano.

O responsável de Leixões revela-se op-timista e acredita que é possível atingir as metas definidas nos prazos definidos. Muito mudou nos últimos anos no Porto de Leixões, prova evidente disso mesmo é que se têm atingido recordes sucessivos na carga movimentada. Os investimentos estão a ter lugar e estes começam a ter um impacto efectivo na actividade portuária. Aliás, esta é uma situação comum aos principais portos do país, numa perspec-tiva integrada.

PORTOS VidaEconómicaESTE SUPLEMENTO FAZ PARTE INTEGRANTE DA VIDA ECONÓMICA Nº 1239, de 07 de Março de 2008,

E NÃO PODE SER VENDIDO SEPARADAMENTE

INVESTIMENTOS NOS PORTOS representam novas oportunidades para os transportadores

INTERMODALIDADE alavanca actividade portuária e sector dos transportes

Comunidade receia especulação na zona ribeirinha

A decisão governamental de ceder à CML os terrenos da zona ribeirinha não ocupados por actividades portuárias está a suscitar forte polémica. Na linha da frente desta contestação está a Comunidade Por-tuária de Lisboa. Considera esta entidade que se pode cair na especulação imobiliá-ria e acusa o processo de estar inquinado de falta de transparência.

João Carvalho, presidente daquela enti-dade representativa da actividade portuária, acusa a tutela de nem sequer ter ouvido as partes interessadas. Por isso, avançou com uma audição parlamentar, tendo chegado à conclusão que parece existir por parte dos deputados falta de informação sobre o diploma legal que sustenta o processo de transferência de competências para a au-tarquia. Garante também que pode abrir precedentes de risco.

Autoridades satisfeitas com estratégia do Governo

O Governo definiu, até ao final da dé-cada, um investimento global de 304 mi-lhões de euros nos cinco maiores portos nacionais. Um terço desse valor está em curso. As autoridades portuárias ouvidas pela “Vida Económica” revelam-se satis-feitas com a política delineada pela tutela para este importante sector do tecido eco-nómico nacional.

Ainda que as consequências dos investi-mentos realizados não sejam imediatas, é um facto que a actividade portuária se tor-nou um dos pilares da política económica do actual Governo. A Espanha está bas-tante mais avançada nesta área, mas Por-tugal tem agora uma oportunidade única de igualar a competitividade dos portos do país vizinho. Também é cada vez notório que a operacionalidade e a gestão adequa-das começam a dar resultados.

Actividade portuária deve assentar

numa abordagem integradaLeixões quer garantir posição de referência nas cadeias logísticas

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RANGEL FAZ MAIOR INVESTIMENTO DE SEMPRE EM TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO

Vida Económica – Como enca-ra a Luís Simões a intermodali-dade e a importância crescente dos portos marítimos? Não se trata de uma ameaça para o vosso sector de actividade?

José Luís Simões - Não é uma ameaça, mas sim uma oportuni-dade. A utilização complementar do transporte rodoviário/ferrovi-ário/marítimo pode conduzir a operações ainda mais eficientes. A implementação do projecto Portugal logístico visa promover a intermodalidade, através da requalificação e o aumento das infra-estruturas implícitas aos transportes alternativos ao ca-mião. O transporte marítimo é amplamente utilizado pela nossa empresa e tem mesmo um mo-delo próprio, pelo que vemos com bastante optimismo o inves-timento que está a ser realizado em novas plataformas portuárias. É agora necessário que os secto-res privado e público unam es-forços.

VE – Defendem a utilização de “giga liners”?

JLS – Quanto mais eficiente for a cadeia logística, melhor. Esta eficiência vai potenciar que os portos e estações de cami-nhos-de-ferro ganhem mais mas-sa crítica. Mas o percurso entre os portos e as estações têm que ser feitos por camiões. Como tal, todos ficam a ganhar. O recente Livro Branco dos Transportes da União Europeia defende que o transporte rodoviário vai conti-nuar a crescer. A crescente exi-gência dos consumidores obriga a que os operadores recorram a todos os meios que possam ga-rantir a rápida disponibilidade dos produtos. A eficácia do sis-tema de transportes e logística depende desta adaptação ao mer-cado. Não é realista conceber o funcionamento do sector sem a utilização de semi-reboques ou contentores.

Carga fiscal está a dificultar o desenvolvimento do sector

VE – Apresentou uma pers-pectiva optimista do sector. Mas também há entraves ao desenvolvimento...

JLS – A carga fiscal praticada em Portugal é, sem dúvida, um entrave ao desenvolvimento das empresas nacionais e acaba por retirar competitividade face a Espanha e até a outros mercados europeus. Perante a diminuição da actividade económica, o Go-verno deveria aliviar a tributação sobre as empresas do sector, sob pena de uma estagnação econó-mica. A legislação existente, com penalização do transporte pro-fissional, também tem causado obstáculos ao sector. O trans-porte profissional, assegurado por empresas trasportadoras, é responsável por apenas 35% das toneladas transportadas. Mas possui uma produtividade 58% mais elevada que a frota provada. Através destes valores não é di-fícil compreender por que razão Portugal é o país europeu menos eficiente no que respeita a este sector de actividade.

VE – E de que forma os ope-radores podem proteger-se face aos sucessivos aumentos dos preços dos combustíveis?

JLS – No nosso caso, a solução passou por negociar e adquirir combustível em mercados mais competitivos, como Espanha. Se o Estado português estabelecesse formas de incentivar a compra de

combustível em território nacio-nal, seria o ideal. Mas como não há medidas no sentido de impul-sionar o sector, tivemos mesmo que recorrer ao mercado externo. Além disso, estamos a reduzir o consumo, por via das motoriza-ções e por uma diminuição dos quilómetros em vazio.

VE – Quais são as vossas principais vantagens competi-tivas, num mercado extrema-mente concorrencial?

JLS – Uma das nossas princi-pais mais-valias é actuarmos em todo o território ibérico. Conse-guimos chegar onde o comboio e o barco não chegam e temos uma forte rede de distribuição regional, aliada a uma forte ca-pacidade de armazenamento nos locais de maior dimensão populacional. Depois, o merca-do espanhol é encarado como o principal motor de crescimento da empresa. Espanha tem um peso cada vez maior na Europa. O objectivo é que este país, por razões óbvias de dimensão, assu-ma um maior peso no volume de negócios da Luís Simões. O facto de apostarmos em tecnologias de informação é também importan-te em termos de competitividade face aos concorrentes mais direc-tos. Entretanto, o crescimento da economia europeiua, aliado à integração de novos Estados-membros também leva a pensar num aumento da actividade. Isto a par do reconhecimento, por parte das empresas, do valor dos serviços logísticos.

GUILHERME OSSWALD

GRUPO OREY CHEGA AOS AÇORESA Orey Técnica Naval e Industrial, empresa do grupo Orey, abriu a sua quarta “estação de serviços” para equipamentos de salvamento no mar. Fica localizada na Ilha de São Miguel, nos Açores. Depois de Lisboa, Leixões e Algarve, a em-presa abriu mais esta unidade para prestar serviços às frotas açorianas de pesca, marinha mercante, em-barços turísticas e de recreio.Deste modo, passa a ser possível

reduzir os tempos de espera e paragem a que estavam sujeitas as embarcações. Por outro lado, permite uma descida dos custos, já que o serviço era executado no Continente. Além disso, a empresa também disponibiliza acções de formação às comunidades locais, no âmbito da segurança. A nova estação fica localizada na Zona In-dustrial dos Portões Vermelhos.

BREVESPresidente da Luís Simões considera

Investimentos portuários representam novas oportunidades para os transportadores A actividade portuária tem uma forte influência para os trasportadores rodovários e operadores logísticos. A Luís Simões considera que a crescente intermodalidade e a importância acrescida dos portos marítimos são aspectos determinantes para a economia do país. Todos saem a ganhar. O projecto Plano Portugal Logístico representa uma oportunidade para o nosso país se tornar mais competitivo e atrair o fluxo de mercadorias que provêm das rotas intercontinentais e europeias. O presidente do grupo, José Luís Simões, avisa que a eficácia do sistema de transportes e logística depende da correcta adaptação ao mercado.

sexta-feira, 07 Março 2008 PORTOS2

O grupo Rangel realizou um dos seus maiores investimentos de sempre em tecnologias de infor-mação. A escolha recaiu na SAP para fornecimento de uma solução inovadora. A solução tecnológica integra todas as áreas de negócio do grupo, aduaneira, logística,

“courier”, aéreo, marítimo e ter-restre. É criada uma plataforma de negócio que suporta toda a estra-tégia de crescimento e internacio-nalização da Rangel.O investimento visa a criação de novas ferramentas, necessárias a uma internacionalização consis-tente e integrada nos mercados onde a empresa opera, ao mesmo tempo que reflecte a importân-cia da solução tecnológica para a melhoria da qualidade dos ser-viços disponibilizados. Por outro lado, consiste num investimen-to necessário e urgente, face ao

crescimento da empresa. Com a implementação desta solução, a Rangel espera uma obter maiortes visibilidades global e transversal, no âmbito de todas as operações do seu negócio.De notar que a operação envolve a SAP AG, através dos responsá-

veis mundiais desta tecnológica para as áreas da logística e dos transportes, já que se trata de um projecto inovador, não apenas para o grupo Rangel como para todo o sector a nível internacio-nal. A empresa vai utilizar uma plataformka integrada e várias aplicações da SAP, incluindo a principal aplicação de planea-mento de recursos empresariais, bem como aplicações para gestão do relacionamento com clientes, gestão de comércio internacional e para fornecedores de serviços de logística.

EXTREMADURA ESPANHOLA É MERCADO POTENCIAL PARA PORTO DE SETÚBAL

O Porto de Setúbal tem grande po-tencial para escoar e receber mer-cadorias provenientes ou com des-tino à região da Extremadura. De facto, este porto pode representar a opção mais ade-quada para as ca-deias de transporte que fazem a ligação entre o Atlântico e aquela região de Es-panha.Esta uma das prin-cipais conclusões que foi possível re-tirar dos trabalhos integrados na visita de uma comitiva de representantes de empresas da Extre-madura espanhola ao Porto de Se-túbal, integradas na Câmara de Co-mércio de Badajoz. Os responsáveis da delegação espanhola chamaram a atenção para o facto de existirem possibilidades de contactos para

negócios entre a plataforma logísti-ca de Elvas/Badajoz, a referida câ-mara de comércio e os operadores do Porto de Setúbal. Foi ainda des-tacada a importância da construção

de um aeroporto na região de Setú-bal, para além da necessidade de o Governo nacional avançar com o projecto de alta velocidade ferrovi-ária, para impulsionar os contactos entre as duas regiões.

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Governo satisfeito com avanços realizados

Actividade dos portos deve assentar numa abordagem integrada

A actividade portuária não pode ser enca-rada como ponto de ruptura das cadeias lo-gísticas, constituindo-se antes como um elo facilitador da cadeia global. O Ministério das obras Públicas, Transportes e Comunicações alinha, definitivamente, pela estratégia adop-tada pela Comissão Europeia e que assenta numa abordagem integrada. É essencial apostar no desenvolvimento de soluções avançadas de logística de transportes, em que os portos têm um peso determinante.

Considera o actual Go-verno que existe um con-junto de documentos que traduz os desenvolvimen-tos nas opções das políticas do transporte marítimo, dos portos e das cadeias logística, incluindo o Plano de Acção para a Logística, a Comunicação sobre Portos e o estudo sobre os projec-tos das Auto-Estradas do Mar. Ora, é esta abordagem integrada, que junta o transporte marítimo, as auto-estradas do mar e a logística, que o Executivo garante estar a seguir. Disso mes-mo é um exemplo o plano Portugal Logísti-co. Aquele ministério defende a necessidade do desenvolvimento do transporte marítimo de curta distância, transporte ferroviário e por vias navegáveis interiores, bem como o desenvolvimento de sistemas de transporte inteligentes e do transporte sustentável.

Um aspecto muito positivo é que existe consenso que os portos são pontos funda-mentais da transferência modal e vitais para o desenvolvimento da logística, do transpor-te marítimo de curta distância e das auto-es-tradas do mar. Um caso paradigmático desta realidade é o PortMos – Auto-Estradas do Mar Portuguesas. Os seus dois projectos-pi-loto possibilitarão uma transferência modal, entre este ano e 2012, correspondente a 160 mil camiões de mercadorias. Foi concep-

tualizada, desenvovida e testada toda a infra-estru-tura de apoio não apenas às auto-estradas do mar, mas também constituiu uma “janela única logísti-ca” para toda a cadeia de transporte, numa lógica “porta-a-porta”.

Entretanto, o Governo reclama a necessidade de simplificar e redesenhar procedimentos e processos

de modo a reduzir a carga administrativa no desenvolvimento do transporte marítimo de curta distância. Também defende a uti-lização de soluções integradas e intermodais de transporte, reiterando a importância ao apoio aos centros de promoção de transpor-te marítimo de curta distância e à extensão do seu âmbito de actividades, de forma a in-cluir a promoção da intermodalidade e das auto-estradas do mar.

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R Æ

4/0

7

Competitividade, eficiência, logística...

24 horas por dia, 365 dias por ano.

O aumento da capacidade de navega-

bilidade, -12 m (ZHL), proporcionando

o acesso a navios tipo "panamax", o

alargamento dos serviços prestados, a

segurança de navegação e a rapidez

das operações de carga e descarga são

o factor distintivo do Porto de Leixões,

uma referência para as cadeias logísti-

cas da fachada atlântica da Península

Ibérica.

" CHEGAR & ZARPAR! "

PORTOS 3sexta-feira, 07 Março de 2008

Comunidade portuária receia especulação imobiliária na zona ribeirinha

A decisão governamental de ceder à Câ-mara Municipal de Lisboa os terrenos da zona ribeirinha não ocupados por activida-des portuárias está a suscitar viva polémica entre as partes. Na linha da frente da con-testação a esta medida está a Comunidade Portuária de Lisboa (CPL). Aumentam os receios que aquela zona seja destinada à especulação imobiliária. Aliás, aquela enti-dade considera mesmo que o processo de transferência ocorre num cenário muito pouco transparente.

É um facto que esta situação era previsí-vel de criar atritos entre os agentes portuá-rios e a autarquia, com as questões de cariz político de permeio. O presidente da CPL, João Carvalho, tece duras críticas à forma como tem sido orientado este processo. Na sua óptica, foi um processo que se iniciou e “tem decorrido de forma pouco transpa-rente, desde logo porque não tem em linha de conta a opinião das diferentes entidades e interesses que integram a comunidade portuária”. Face a este cenário, a entidade que agrega várias associações do sector por-tuário levou as suas preocupações junto dos grupos parlamentares.

João Carvalho aponta ainda uma outra circunstância que mereceria mais atenção por parte das forças políticas. “Parece que existe uma completa ausência de informa-ção sobre o diploma legal que sustenta todo este processo de transferência dos terrenos das zonas ribeirinhas para as autarquias.” Ou seja, a comunidade coloca em questão

a legalidade do diploma que permite essa transferência. E também se levanta a possi-bilidade de muitas outras autarquias avan-çarem pelo mesmo caminho. A acontecer tal, a construção poderá disparar nas zonas de lazer e livres da especulação imobiliária.

Ainda assim, a CPL assume que não tem uma posição fundamentalista sobre esta questão, ou seja, a zona ribeirinha não é um “feudo” da Administração do Porto de Lisboa. Entende sim que “a gestão dessa zona deve envolver e responsabilizar todas as entidades a ela ligadas, à semelhança do que sucede na generalidade das grandes ci-dades portuárias europeias”.

A Comunidade Portuária de Lisboa dei-xa o aviso para as graves consequências que pode representar para a cidade a eventual inviabilização, por uso indevido dos ter-renos, da previsível necessidade de acessi-bilidade e desenvolvimento da actividade portuária em Lisboa. E dá o exemplo do aeroporto da Portela, que foi asfixiado por uma malha urbana que impediu o seu de-senvolvimento.

Assim, pretende-se garantir que a actual actividade portuária não será afectada, asse-gurar que serão acauteladas as condições de expansão desta actividade e “impedir que as tentadoras mais-valias geradas pela espe-culação imobiliária se imponham também na zona ribeirinha, como, infelizmentte, tem sido prática em todo o país, com os tristes exemplos de construção em cima do mar”.

Esta abordagem integrada junta o transporte marítimo, as auto-estradas do mar e a logística,

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Vida Económica – O Porto de Leixões está num pro-cesso de mudança. A competitividade é essencial, pelo que as acessibilidades assumem especial impor-tância. Durante muito tempo foi um dos principais problemas à sua evolução. Qual a actual situação?

Ricardo Fonseca – Inserida nos projectos de melhoria das acessibilidades já realizados encontra-se a ponte mó-vel, a quarta maior do mundo do género. Esta obra visou a substituição da antiga ponte móvel por uma estrutura mais ligeira e rápida na abertura e fecho. Esta interven-ção contemplou ainda o alargamento do canal navegável, o alargamento do tabuleiro e dos respectivos viadutos de acesso e a melhoria dos acessos rodoviários à ponte.

Neste momento, está em fase de conclusão a emprei-tada de aprofundamento do canal de acesso às docas interiores e bacia de rotação do Porto de Leixões. Esta obra vai permitir a navegabilidade do porto e representa um investimento de cerca de 13,5 milhões de euros. Esta inter-venção vai estar ligada ao terminal de contentores de Leixões (TCL) e vai re-sultar na aquisição de um novo pórtico – do tipo “panamax” - que permitirá que navios de maiores dimensões pas-sem a escalar Leixões.

VE – E quanto aos acessos rodo-viários?

RF – De notar que está concluída a instalação da nova portaria, que irá ficar apoiada numa via rodoviária exclusiva, a Via Interna de Ligação ao Porto de Leixões (VILPL). É uma obra num investimento de 15 mi-lhões de euros e contempla a instalação de equipamentos de identificação e de registo de veículos e carga. Fica assim assegurada a comunicação entre os agentes económicos, instituições e terminais, passando-se a controlar, de forma efectiva, as entrada e saídas de mercadorias e veículos.

Entretanto, está em construção um novo terminal mul-tiusos, que prevê a criação de uma nova frente de acosta-gem perpendicular ao molhe sul e a criação de um aterro adicional para a área de apoio. Consiste num investimento de 14 milhões de euros e destina-se, essencialmente, ao tráfego “Ro-Ro” e a carga geral.

VE – Qual a situação do terminal de cruzeiros, um projecto que poderá valorizar muito o Porto de Leixões e a própria região?

RF – É um projecto ainda por concretizar. Contempla um cais para cruzeiros com capacidade de acostagem de navios até 300 metros e fundos até dez metros, uma es-tação de passageiros, que inclui um piso destinado ao co-mércio e à restauração, um porto de recreio com capacida-de para 300 embarcações e respectivos serviços de apoio e estacionamentos. O terminal vai ficar localizado no molhe sul e terá um custo na ordem dos 35 milhões de euros. A sua conclusão está prevista para o ano de 2011.

Plataforma logística integra-se no plano estraté-gico

VE – A logística assume um papel central na activi-dade portuária. O que está previsto neste aspecto?

RF – Está prevista, também no enquadramento do pla-no estratégico, a instalação de uma plataforma logística, distribuída por dois pólos, Gonçalves e Guifões. O objec-tivo é servir as cadeias logísticas que passam pelo Porto de Leixões e irá propociar um conjunto de serviços às empre-sas que aí se instalem. Destaque para a área intermodal, os serviços aduaneiros, os serviços de gestão da informa-ção e transmissão de dados, a vigilância e a segurança da plataforma, o fornecimento de energia, água e recolha e tratamento de águas residuais e lixo, parqueamento para pesados, serviços gerais de apoio aos negócios, utilizadores e veículos.

De referir que esta plataforma tem um custo estimado de 100 milhões de euros e o seu objectivo é efectuar ope-

rações de valor acrescentado às cargas e alcançar ganhos, em resultado das sinergias obtidas pela concentração da actividade num espaço conveniente-mente estruturado para o efeito.

VE – Numa altura em que as ques-tões ambientais estão na ordem do dia, o que se tem sido feito no Porto de Leixões a esse nível?

RF – No ano passado, a APDL apre-sentou o seu primeiro Relatório de Sus-tentabilidade Ambiental nos Portos. É um relatório que procura traduzir o de-sempenho ambiental da empresa. Nes-ta área estão em curso vários projectos,

como a implementação de planos de monitorização do ar, do ruído, de sedimentos e águas superficiais, limpeza da área molhada do porto e a adesão à Ecoports. Ainda du-rante o ano serão levadas a cabo outras intervenções de combate à poluição, sendo utilizadas nestas acções barrei-ras de contenção e mantas absorventes.

VE – Como posiciona o Porto de Leixões no cenário nacional e internacional da actividade portuária?

RF – Trata-se da maior infra-estrutura portuária do Norte do país e uma das mais importantes a nível nacio-nal. Desempenha um papel central ao servir várias activi-dades industriais e comerciais localizadas no seu “hinter-land”, em particular no Norte e Centro e que se estende ao Noroeste da Península Ibérica. Representa cerca de 25% do comércio externo português. Ao movimentar cerca de 15 milhões de toneladas anuais, Leixões pode ser conside-rado um dos portos mais polivalentes e competitivos na sua área natural de actuação, por onde passam cerca de três mil navios, mais de 255 mil contentores e todo o tipo de mercadorias. Possui modernos equipamentos e avançados sistemas informáticos de gestão de navios.

VE – Um dos maiores problemas que se colocava ao Porto de Leixões, não há muitos anos, tinha a ver com as acessibilidades. Qual a actual situação neste âmbito?

RF – Desde logo, importa notar que o porto está aberto à navegação 24 horas por dia, todo o ano, e encontra-se li-gado ao “hinterland” através das principais vias nacionais. O porto dispõe de uma cintura de circulação interna, que liga todas as áreas de exploração portuária, assim como a Via Interna de ligação ao Porto de Leixões, um acesso ex-clusivo ao porto, que, por sua vez, está ligada à Via Rápida Interior e esta ao IP4 e à A29. O porto está ligado à rede ferroviária nacional, por intermédio da linha de cintura do porto, ligação esta estabelecida através da Linha do Norte que, por seu lado, possibilita a ligação à rede espanhola. O acesso ferroviário ao porto é garantido pela sua linha de cintura, que dá ligação aos vários terminais portuários.

GUILHERME [email protected]

De acordo com Ricardo Fonseca, presidente da APDL

Leixões quer garantir posição de referência nas cadeias logísticasUm dos grandes objectivos do Porto de Leixões é tornar-se numa referência para as cadeias logísticas da fachada atlântica da Península Ibérica. O plano estratégico de desenvolvimento foi projectado para ser concretizado num prazo de dez anos. Ricardo Fonseca, presidente da APDL, explicou à “Vida Económica” o que está em causa e como decorrem os investimentos previstos. São 21 acções projectadas e centradas em quatro áreas, ordenamento logístico e territorial, marketing portuário, sistemas de gestão e integração e ambiente urbano.

sexta-feira, 07 Março de 2008 PORTOS4

O presidente da APDL diz que o Porto de Leixões tem aumentado bastante a sua competividade a todos os níveis.

O Porto de Leixões desempenha um papel central ao servir várias actividades industriais e comerciais localizadas no seu “hinterland”.

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Aveiro será um dos mais dinâmicos e competitivos portos da faixa atlântica da Península Ibérica nos transportes de cur-ta e média distâncias. Possuirá um amplo pólo de desenvolvimento logístico e indus-trial, garante a sua administração. Actual-mente, o movimento é de 3,2 milhões de toneladas, mas até 2017, tendo em conta a actual procura, deverá chegar a 5,9 milhões de tonelas.

As perspectivas optimistas prendem-se com a definição de objectivos estratégicos que pretendem alargar a área de influência do porto, rentabilizar o potencial da sua área de reserva e melhorar os respectivos serviços. “A concretização dos objectivos pressupõe seis linhas de desenvolvimento, que se baseiam na melhoria dos acessos, no ordenamento territorial, na passagem para

o modelo “landlord port”, na melhoria do enquadramento organizacional e regula-mentar, na promoção da actuação comer-cial e no envolvimento da comunidade portuária.”

De referir que as linhas estratégicas de desenvolvimento compreendem 34 ac-ções/projectos, devidamente programados em termos do seu cronograma temporal, entidades a envolver e recursos financeiros a afectar. Estes projectos completam o pro-grama de investimentos iniciado em 2000 e que pretende dotar o Porto de Aveiro de condições operacionais para a presta-ção de serviços portuários mais eficientes e permitir a sua integração nas cadeias logísticas. Referem os seus responsáveis a este propósito: “Estando já concluídos os investimentos destinados ao aumento da

capacidade de movimentação de cargas, torna-se essencial para a sua viabilização e concretização da estratégia de desenvolvi-mento melhorar os acessos ao hinterland e foreland, bem como dotar o porto de uma plataforma vocacionada para o desenvolvi-mento de actividades logísticas.”

Face a este cenário, as linhas de desenvol-vimento estratégico assentam em três ver-tentes essenciais. Desde logo, a melhoria dos acessos, o que implica as expropriações no âmbito da construção da terceira fase da Via de Cintura Portuária, dragagens e estabilização da entrada da barra e do canal principal de navegação e projecto técnico de execução da reconfiguração do acesso e barra do porto. O segundo pilar tem a ver com a melhoria do enquadramento orga-nizacional e regulamentar, isto é, certifica-

ção ambietal e participação nos projectos PORTMOS e Procedimentos e Informa-ção Portuária Electrónica. Finalmente, será

elaborado um estudo de marketing e de plano comercial.

Aveiro aumenta competitividade nos transportes de curta e média distâncias

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Autoridades portuárias satisfeitas com a estratégia do Governo

O actual Governo definiu como meta, até ao final da primeira década, investir cerca de 304 milhões de euros nos cinco maiores portos nacionais. Neste momento, aproximadamente um terço desse valor está em curso. Os investimentos têm como ori-gem as autoridades portuárias e os fundos comunitários. Ainda que o aumento da ac-tividade, em termos globais, nos principais portos, tenha sido relativo, a realidade é que o sector está satisfeito com os esforços realizados pela tutela.

A actividade portuária tem características muito particulares. Desde logo, qualquer investimento estatal ou comunitário tem reflexos no interesse suscitado junto dos privados. Os mais variados portos têm em curso investimentos e o que é um facto in-contestável é que os privados não têm per-dido tempo a envolverem-se nas operações. As autoridades portuárias não enjeitam a responsabilidade assumida pelo actual Go-verno, no sentido de tornar os portos na-cionais mais competitivos, sobretudo face aos espanhóis.

Aliás, a Espanha representa um bom exemplo do que pode ser feito. Se é po-sitivo, o esforço que tem sido feito para tornar os nossos portos mais adequados à nova realidade do mercado, a realidade é que o processo ainda é algo lento. Ora, a Espanha tem acelerado os investimentos. Em Portugal, os cinco principais portos cresceram cerca de 2,4%, no ano passado, enquanto no mercado espanhol foi o do-bro. O Governo apenas adianta que é ne-cessário esperar algum tempo para que os investimentos realizados surtam o retorno esperado.

Apesar das condicionantes que se verifi-cam, não é menos verdade que os portos estão mais operacionais e que a sua gestão sofreu profundas alterações. Conhecidos alguns números do ano passado, a con-clusão que se chega é que a maior parte tem crescimentos consideráveis, em valor. Curiosamente, há casos em que a carga até é inferior ao exercício anterior, mas o va-lor é superior, o que é revelador da maior operacionalidade e da profissionalização da gestão dos portos.

Tendo em conta que apenas pouco mais de um terço do investimento está a decor-rer, é de prever que este venha a acelerar substancialmente ao longo dos próximos tempos. As acessibilidades e a logística es-tão na linha da frente.

PORTOS 5sexta-feira, 07 Março de 2008

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Porto de Setúbal reforça posição na carga geral e na náutica de recreio

O Porto de Setúbal está num profundo processo de mudan-ça. As linhas de actuação apon-tam para que se assuma como a melhor solução até Madrid em tempo e custo. De acordo com a sua administração, não se trata apenas de impulsionar a activida-de relacionada com a carga. Tam-bém a náutica de recreio é uma das grandes apostas deste porto.

O Plano Estratégico estabe-lece como objectivo a afirmação do Porto de Setúbal, com a apre-sentação de ofertas inovadoras no conjunto dos serviços portuários e logísticos, numa perspectiva de ser uma referência aos níveis ambiental e de segurança. Daí ter a possibilidade de garantir a melhor solução até Madrid, em termos de tempo e de custo. Dois aspectos determinantes nesta área de actividade, no âmbito da res-pectiva competitividade.

“A orientação estratégica do Governo define para o Porto de Setúbal o reforço da posição no segmento da carga geral, nome-adamente como primeiro porto nacional para carga Ro-Ro e de suporte à instação industrial cor-relacionada, o desenvolvimento da vocação para carga geral con-tentorizada e o reforço da sua posição na movimentação de grainéis sólidos. A par da afirma-

ção do sistema logístico nacional, através da ligação à plataforma urbana nacional do Poceirão e à plataforma transfronteiriça de Elvas/Caia”, adiantou à “Vida Económica” a Administração do Porto de Setúbal.

Consideram os seus respon-sáveis que, neste momento, estão criadas excelentes condições para o serviço logístico-portuário no segmento de contentores, com resultados já visíveis: a oferta de serviços de transporte marítimo aumentou com a escala de duas novas linhas regulares de conten-tores no terminal multiusos Zona 2 (Sadoport), Linha Portugal – Norte da Europa da Holand Maas e Linha Guiver da Portline. O transporte terrestre da mer-cadoria é assegurado através de

camião e da ligação ferroviária diária para contentores e carga geral entre o terminal Sadoport, o terminal da Bobadela de Lis-boa e Mérida, pelo grupo Conte parque. Além disso, “a operação portuária também foi melhora-da com a recente aquisição, pelo concessionário Sadoport, de um pórtico de contentores”.

Preços competitivos a nível ibérico

Em termos de custos, os pre-ços praticados nos terminais por-tuários de Setúbal são semelhantes aos dos restantes portos da Penín-sula Ibérica, garante a entidade. “Nas taxas portuárias foi criada a figura do carregador estratégico e não são imputados aos clientes

custos adicionais decorrentes da implementação das normas ISPS (International Ship and Port Fa-cility Security Code).”

Por outro dado, a competiti-vidade deste porto também pode ser medida por um conjunto de factores, condições e soluções que o transformam numa exce-lente opção, como são os casos dos acessos ferro-rodoviários, um porto sempre aberto à navegação, infra-estruturas modernas e com terminais especializados, oferta logística diversificada e operado-res profissionais.

Entre os principais projectos em curso, destaque para um estudo que tem como objectivo a melho-ria das acessibilidades marítimas ou a garantia da entrada de navios de maior calado no porto. “Trata-se de acompanhar a tendência actual de aumento de dimensão e calado dos navios do tráfego comercial, posicionando o Porto de Setúbal no patamar dos portos ibéricos de média dimensão.”

Quanto às infra-estruturas portuárias, está em curso a cons-trução do terminal Teporset, des-tinado à produção e exportação de cimentos, e o projecto de recu-peração ambiental e funcional do terminal graneleiro da Eurominas e a construção do respectivo aces-so ferroviário.

Investir na náutica de recreio

A náutica de recreio é vista como uma vertente muito im-portante para o binómio porto e cidade de Setúbal. “Representa um conjunto de actividades em franco crescimento, associado à relevante dimensão turística da região. A doca de recreio das Fon-tainhas fornece abrigo para 150 embarcações, actualmente em ampliação para mais de 200 luga-res, com todas as necessárias in-fra-estruturas de apoio, incluindo posto de abastecimento de com-bustível.”

A doca dispõe ainda de um espaço para embarcações tradi-cionais do estuário do Sado e outras da vertente marítimo-tu-rística. A doca do clube Naval Se-tubalense tem espaço para mais 60 embarcações e proporciona a prática de diversos desportos náutico. Quanto a fundeadores de Verão, permitem o estaciona-mento de perto de duas centenas de embarcações. “Está ainda a ser elaborado um estudo sobre as possíveis localizações de novas infra-estruturas de apoio às acti-vidades marítimo-turísticas e da náutica de recreio, com o objec-tivo de oferecer mais e melhores condições aos utentes.”

A Garland pretende manter uma taxa de crescimento anual na ordem dos 20%, tal como sucedeu nos três ultimos exercí-cios. No ano passado, a Garland obteve um volume de negócios de 55 milhões de euros. Objectivo perfeitamente alcan-cável, na óptica dos seus responsáveis, já que a estratégia assenta na consolidação dos investimentos realizados durante o ano transacto.

De facto, foram feitos investimentos importantes, que se reflectirão no desem-penho da transportadora e na área logís-tica, com forte ligação à actividade portu-ária. Desde logo, foi criada uma empresa de camionagem, a Garland Transportes, verticalizando a oferta do serviço de transporte rodoviário. Houve ainda a preocupação de diversificar a actividade para outras áreas de negócio, tendo sido criada a Garland Luxury Travel, uma em-presa destinada ao turismo de luxo. Foi também iniciada a internacionalização, abrindo-se a Garland Sud-America, no Chile, investindo numa softwarehouse local, a Anaconda Web.

Os investimentos para este ano vão assentar essencialmente em sistemas e tecnologias da informação, como a aqui-sição de um dos melhores sistemas de gestão para a área da logística e a aqui-sição e o desenvolvimento de redes de comunicação interna e externa, assentes em tecnologias de comunicação VOIP. Importante é o desenvolvimento dos sistemas/serviços de extranet, intranet, “track & trace”, booking online e “elec-tronic invoice”.

Duas outras vertentes assumem espe-cial importância para o grupo Garland. Com efeito, o investimento vai continuar a incidir na qualidade do trabalho e na formação, para melhorar a qualidade e o serviço de atendimento ao cliente. Além disso, é intenção estender a rede de trans-portes para criar/melhorar as ligações a todas as zonas do globo. Os seus res-ponsáveis chamam a atenção para o facto de o crescimento ser realizado de forma orgânica, isto é, com base nos recursos internos, pelo que estes têm que ser va-

lorizados.“Com a consolidação dos negócios

e com os novos investimentos, o grupo pretende manter o mesmo nível de cres-cimento, eventualmente superá-la. É evidente que num mundo em mudança haverá que ter a capacidade de adaptação às novas realidades do mercado, redese-nhando a estratégia sempre que neces-sário, pelo que a estratégia, pelo menos no curto prazo, passa pela necessária fle-xibilidade operacional a todos os níveis”, adiantam os seus responsáveis.

Garland consolida investimentos e diversifica actividade

sexta-feira, 07 Março de 2008 PORTOS6

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David Claxton, director-geral da McLane, está optimista

Intemodalidade alavanca actividade portuária e sector dos transportes

Vida Económica – Até que ponto é importante para a vossa actividade os investimentos que estão a ser realiza-dos no sector portuário?

David claxton – Não restam quaisquer dúvidas que a intermodalidade represen-ta o caminho a seguir e está relacionada com a importância que o transporte ma-rítimo de mercadorias tem assumido. O crescente papel da China e da Índia na economia mundial e as medidas legisla-tivas da União Europeia reflectem essa nova realidade. A integração dos dife-rentes meios de transporte mostra que, mais do que concorrentes, os mesmos são complementares.

VE – O desenvolvi-mento dos portos não representa uma amea-ça para o o vosso sec-tor de actividade?

DC – Pelo contrário. O Plano Portugal Lo-gístico, por si só, con-traria em absoluto essa ideia. Trata-se de um plano fundamental para suportar o crescimento das plataformas logísticas nacionais, as quais já contam com o posicionamento estratégico dos portos do Atlântico Sul, Lisboa, Setúbal e Sines. A plataforma multimodal do Poceirão, cuja primeira fase já se encontra em desenvolvimento e deverá estar concluída em 2009, vai criar uma ligação essencial entre o transporte marítimo do Atlântico Sul e a Penínsu-la Ibérica e, consequentemente, entre os outros países da Europa. Já para não falar dos empregos criados e do cresci-

mento económico que beneficiará toda a região.

VE - E quanto aos desafios que se colocam ao sector dos transportes e logística?

DC – A principal ameaça é o constan-te aumento do preço dos combustíveis, o que está a pesar muito na factura dos operadores. É urgente o desenvolvimento de energias alternativas que possibilitem diminuir a dependência do petróleo.

Existe também um fenómeno genera-lizado de “dumping”. Há operadores a oferecerem serviços que não cumprem os

preceitos legais e clientes a optarem por fornece-dores seguindo apenas o critério do preço. Desta forma o mercado não pode evoluir. A carga fis-cal portuguesa é também um factor penalizante. Quanto a esta matéria, apenas o Governo possui as devidas ferramentas regulatórias.

VE – Naturalmente, também há oportunidades...

DC - Sem dúvida, mas é preciso estar muito atento para as aproveitar. No nosso caso em concreto, a proximidade à plata-forma multimodal do Poceirão representa um factor positivo. A proximidade de um local que articula de forma tão eficiente os transportes marítimo, ferroviário e ro-doviário permite dar uma resposta ainda mais rápida e eficaz aos serviços solicita-dos. Mesmo quando os produtos a im-portar ou exportar respeitam a mercados

tão distantes como a China ou a Índia.

Mercado nacional muito competi-tivo

VE – Este é um mercado muito con-correncial. Como é possível as empre-sas manterem-se competitivas?

DC – De facto, o mercado nacional é ex-tremamente competitivo. Há operadores muito bons, o que dificulta a penetração de novos concorrentes. Para se ter sucesso nesta actividade é fundamental possuir factores diferenciadores de negócio. No nosso caso, para além da experiência de um século de experiência internacional, temos presença a nível mundial, o que permite aproveitar e potenciar sinergias que acrescentam valor aos clientes. Ou-tro aspecto importante tem a ver com a disponibilização de serviços únicos no mercado. Por exemplo, a McLane oferece uma “bolsa de cargas” própria, que per-mite aos parceiros optimizar custos e até pode incluir a componente burocrática aduaneira.

VE – Mas vale a pena estar no mer-cado nacional, para uma empresa com a dimensão da vossa?

DC – O grupo McLane é uma mul-tinacional norte-americana e a entrada em Portugal deveu-se a um estudo estra-tégico que apontou o mercado nacional como um dos mais aliciantes da Europa. A actividade foi iniciada em 2000 e desde então procedemos à aquisição de quatro operadores logísticos. Os investimentos ascendem a mais de 30 milhões de eu-ros. Mas queremos ir mais longe. Ainda recentemente foi realizado um investi-mento de 700 mil euros em tecnologia de armazém. O nosso objectivo é aumentar a produtividade através de uma gestão lo-gística mais rápida e eficiente. A procura de parcerias estratégicas de longo prazo é outro dos nossos objectivos principais. É privilegiado o “outsourcing” contratu-al, medida que permite ajustar o fluxo da frota às necessidades dos clientes.

GUILHERME [email protected]

Comissão pretende corredores exclusivos para transporte ferroviário de mercadorias

A Comissão Europeia adoptou várias iniciativas para impulsionar o transpor-te ferroviário de mercadorias e garantir uma maior operacionalidade em termos de actividades portuárias.

Esta estratégia inclui incentivos para a implementação de corredores ferrovi-ários exclusivos em cada país da União Europeia.

Bruxelas pretende que, até 2012, cada um dos Estados-membros tenha, pelo menos, um corredor ferroviário exclusi-vamente dedicado a transporte de mer-cadorias, dando prioridade a projectos integrados em cadeias logísticas e com

ligação a portos marítimos. Por sua vez, esta política também tem como objec-tivo sensibilizar as empresas gestoras de infra-estruturas a investirem na constru-ção de terminais e estações intermodais de mercadorias.

Deste modo, será possível potenciar a complementaridade entre modos de transporte e vaibilizar a utilização dos corredores ferroviários por parte das empresas operadoras. Por cada projecto aprovado será realizado um plano de in-vestimentos, destinado a apoiar os custos de reabilitação ou alteração das infra-es-truturas já existentes.

PORTOS 7sexta-feira, 07 Março de 2008

Portugal, pela sua posição estratégica, tem todas as condições para alavancar a produtividade do sector dos transportes. Neste processo, a intermodalidade assume um papel determinante. É uma realidade incontornável, a que os transportadores têm que estar particularmente atentos. O “Plano Portugal Logístico” é crucial para suportar o crescimento das plataformas logísticas nacionais. David Claxton, director-geral da McLane Portugal, empresa de transporte rodoviário e logística, é de opinião que a principal ameaça reside no constante aumento do preço dos combustíveis e que há que tirar o máximo benefício das oportunidades que se colocam.

Portugal e França querem desenvolver auto-estradas marítimas

Portugal e França acordaram a criação de um grupo de trabalho para estudar o de-senvolvimento das auto-estradas marítimas durante a terceira cimeira luso-francesa, que ocorreu em Lisboa. Vão ter lugar en-contros regulares, no sentido de identificar um possível serviço de auto-estradas do mar que interesse às duas partes.

O apoio à definição e execução de uma política marítima integrada para a União Europeia também ficou definido no âmbi-to da declaração final da referida cimeira. No documento ficou inscrita a ideia que a política marítima integrada europeia está implícita no quadro da Estratégia de Lis-

boa para o crescimento e o emprego, tal como no da estratégia europeia do desen-volvimento sustentável. O que significa, em termos muito objectivos, que a política marítima e portuária tem que contribuir para a competitividade europeia e para a protecção do meio e dos ecossistemas ma-rinhos. Trata-se de agir de acordo com os objectivos de um desenvolvimento susten-tável. É referido ainda naquele documento que importa continuar a colocar em práti-ca os mecanismos necessários para reforçar a coordenação da política marítima entre os Estados-membros e as instâncias euro-peias.

David Claxton, director-geral da McLane Portugal

O preço dos combustíveis, o que está a pesar muito na factura dos operadores

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Depois do sucesso em Salamanca

Leixões acolhe II Encontro Empresarial Luso-Espanhol de Logística

Leixões vai ser palco do II Encon-tro Empresarial Luso-Espanhol de Logística. O ano passado, o evento

decorreu em Salamanca e contou com a participação de mais de 200 empresas e autoridades de Portugal e Espanha que debateram a cooperação transfronteiri-ça entre estas regiões. Para este ano, os promotores – Porto de Leixões, Porto de Aveiro e Zaldesa - Plataforma Logística de Salamanca – querem ainda mais.

O encontro deste ano vai realizar-se nos dias 10 e 11 de Abril e tem como prin-cipal objectivo aprofundar as relações já estabelecidas e potenciar a actividade logística como factor de crescimento e

desenvolvimento do Norte e Centro de Portugal e da região Castela-Leon.

No final dos dois dias os promotores querem, sobretudo, atingir quatro prin-cipais metas. A primeira baseia-se no melhoramento das inter-relações das pla-taformas de ambos os países, o que, de-fendem, permitirá reduzir os custos para as empresas, melhorar a sua competitivi-dade e acelerar o seu crescimento. Por ou-tro lado, pretendem fomentar as relações empresariais entre ambas as regiões. Con-cretizar projectos conjuntos para respon-der às exigências actuais da presença num mercado global é outra das metas que a organização anseia atingir. Por último,

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pretendem dar a conhecer aos agentes económicos novas infra-estruturas logís-ticas previstas.

Num encontro promovido com a im-prensa para apresentar o evento Ricardo Fonseca, presidente da APDL garantiu que este não pretende ser apenas mais um seminário mas, antes, um palco para pro-mover um encontro de empresários e ca-tapultar novos negócios fruto de parcerias conjuntas. “É uma grande responsabili-dade tendo em conta o nível que no ano passado alcançámos em Salamanca”, disse aos jornalistas. Até porque, salientou, o encerramento contou com a presença de Ana Paula Vitorino, Secretária de Estado dos Transportes. “Não nos pouparemos a esforços”.

Pablo Hoya, director da Zaldesa, foi de encontro às palavras de Ricardo Fonseca, salientando que o objectivo fundamental é precisamente estreitar as relações entre Porto de Aveiro, de Leixões e a Platafor-ma de Salamanca, que “abre a porta para Castela e Leon”. O responsável explicou que, no primeiro encontro, realizado o ano passado, tiveram noção “da impor-tância que foi unirmo-nos. Mas isto tem de ir para além do institucional. É uma excelente oportunidade para promoção de negócios entre os dois países”.

José Luís Cacho, presidente do Porto de Aveiro, falou em janela de oportunidades e na perspectiva tripartida que pode efec-tivamente contribuir para a melhoria das trocas comerciais entre as três zonas.

Para já, o programa está previsto abrir a 10 de Abril com João Pedro Braga da Cruz, director da APDL – Administra-ção dos Portos do Douro e Leixões que

irá falar precisamente sobre a plataforma logística de Leixões, “uma oferta para os clientes que exigem um serviço integra-do”.

Pires da Fonseca, presidente da Takargo Rail vai falar sobre o “novo Hinterland do Porto de Aveiro, posicionamento no Portugal Logístico”. O terceiro orador deste primeiro dia vai ser Lopo Feijó, que explanará aos presentes o Projecto Agro-Alimentar no Porto de Aveiro.

O último convidado para o primeiro dia é Jaime Vieira dos Santos, director do TCL – Terminal de Contentores de Lei-xões, com uma apresentação subordinada ao tema: “O Porto de Leixões no contexto do Nó de Transportes de Mercadorias da Área Metropolitana do Porto – caracterís-ticas e articulação com a Plataforma Lo-gística de Salamanca”.

No segundo dia, 11 de Abril, é a vez de Espanha entrar em campo. “A rede Cylog e a sua relação com o Norte e Centro de Portugal” é o tema que abre os trabalhos, sob a batuta de José António Cabrejas G’mez, director-geral de Transportes (consejeria de Formento). Segue-se Fer-nando Rodriguez Alonso, vice-presiden-te da Zaldesa que falará sobre o projecto “Zaldesa-Aveiro-Leixões: um mesmo ob-jectivo”.

Para finalizar este segundo dia vai ha-ver a apresentação do projecto “Vale do Douro: a logística do Vinho”, painel mo-derado por Cristina Alvarez, directora da Associação Cylog e que contará com a presença de representantes das empresas de vinho espanholas e representantes das empresas portuguesas de vinhos do Dou-ro e Porto.

sexta-feira, 07 Março de 2008 PORTOS8

O porto de Leixões vai ser o centro das atenções do sector na Península Ibérica nos próximos dias 10 e 11 de Abril, altura em que vai receber II Encontro Empresarial Luso-Espanhol de Logística. “É uma grande responsabilidade tendo em conta o nível que no ano passado alcançámos”, considera o presidente da APDL, Ricardo Fonseca. Em 2007, o evento decorreu em Salamanca e contou com a participação de mais de 200 empresas e autoridades de Portugal e Espanha que debateram a cooperação transfronteiriça entre estas regiões.

SUSANA MARVÃ[email protected]